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#metodologia
queempodera
2023
© Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de
1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas
ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem
como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora.
Título | Apostila Bases da Medicina - Residência Médica: Cirurgia I - Trauma e Cirurgia Geral
Autores | Rodrigo Camargo Leão Edelmuth
Vergilius José Furtado de Araujo Neto
Coordenador | Vergilius José Furtado de Araujo Neto
Líder Editorial | Gustavo Almeida
Produção Editorial | Renata Acácio Rocha
Projeto gráfico | Richard Veiga Editoração
Diagramação | Thiago Almeida
Capa | Bruno Brum
Edição de textos | Editora Papagaio
Joelma Santos da Conceição
Renata Panovich Ferreira
Tony Roberson de Mello Rodrigues
Conselho editorial | Matheus Feliciano da Costa Ferreira
Vinícius Côgo Destefani
Caio Nunes
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP)
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes – CRB-8 8846
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A663a Araujo Neto, Vergilius José Furtado de (coord.).
Apostila Bases da Medicina – Residência Médica: Cirurgia I - Trauma e Cirurgia Geral / Coordenador: Vergilius José
Furtado de Araujo Neto; Autores: Rodrigo Camargo Leão Edelmuth e Vergilius José Furtado de Araujo Neto. – 1. ed. –
Salvador, BA : Editora Sanar, 2023.
372 p.; il.
E-book: 9.9 Mb; PDF.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-5462-462-0.
1. Cirurgia Geral. 2. Medicina. 3. Residência. 4. Trauma. I. Título. II. Assunto. III. Coordenador. IV. Autores.
CDD 617
CDU 616-089
Cirurgião geral e cirurgião do aparelho digestivo Coordenador e professor de cirurgia da Sanar. Possui
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São graduação em medicina pela Faculdade de Medi-
Paulo (FMUSP). Título de especialista em cirurgia do cina da Universidade de São Paulo. Atua na área de
aparelho digestivo pelo CBCD. Foi médico preceptor cirurgia geral e cirurgia de cabeça e pescoço pelo
da residência de cirurgia geral do Hospital Israelita Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Albert Einstein (HIAE) entre 2018 e 2020. Além de USP. Título de especialista em cirurgia de cabeça e
plantonista cirúrgico do pronto atendimento da pescoço pela SBCCP. Professor de Técnica opera-
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mesma instituição, atualmente é Research Fellow tória e cirurgia de cabeça e pescoço na Faculdade
na Weill Cornell Medical College, em Nova Iorque. de Medicina da Universidade Nove de Julho.
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COMO GARANTIR UMA APRENDIZAGEM
EFICAZ E UMA RETENÇÃO DURADOURA?
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1. MAPAS MENTAIS
u Como fazer: A partir do Título e da sua lista de palavras, comece a criar o seu Mapa:
a) Enquanto estuda um assunto, comece a escrever uma lista de palavras importantes que
você não pode deixar de entender e reter na sua memória. Enquanto faz isso, pense em
como essas palavras se conectam entre si.
b) Coloque o título no centro da folha. A partir dele, puxe linhas que conectem as informações
associadas ao título, que serão algumas das palavras da sua lista.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
d) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu mapa por categorias, por
exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas, use
eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos.
e) Use cores diferentes para deixar o seu mapa mental ainda mais claro e conectado. Defina
as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão.
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Essa tarefa pode até demorar um pouco mais no começo, mas, com um pouco
de prática, você não vai gastar mais do que 10 minutos para garantir um enten-
dimento aprofundado e uma aprendizagem mais eficaz e duradoura.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
2. FLUXOGRAMAS
u Quando fazer: Os Fluxogramas são ideais para consolidar processos e passo a passos! Por
exemplo, você pode começar o seu Fluxograma com uma suspeita diagnóstica, para depois
passar pela classificação e chegar até o tratamento.
u Como fazer: A partir do seu objetivo, defina o título e os assuntos que irão entrar no seu
Fluxograma:
a) Depois de ter estudado um assunto mais amplo, pense no quadro completo que você
precisa entender e saber. A partir disso, crie a lista de palavras, conceitos e frases mais
importantes que você precisa incluir para atingir o seu objetivo.
b) Coloque o Título no centro da folha. A partir do título, puxe linhas que conectem as infor-
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mações associadas ao título, que serão algumas das palavras ou frases da sua lista.
e) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu fluxograma por categorias,
por exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas,
use eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos.
f) Use cores diferentes para deixar o seu fluxograma ainda mais claro e conectado. Defina
as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
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No final, você terá um grande Fluxograma que não só vai garantir o seu entendi-
mento, mas facilitará a revisão dos assuntos mais amplos e ajudará o seu cérebro
a aprender, reter e saber usar as informações estudadas.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
3. RESUMOS
u Quando fazer: Sempre que estudar! Resumos de fechamento são essenciais para a apren-
dizagem.
u Como fazer: Para executar essa estratégia você irá precisar só de alguns minutos, mas tam-
bém de concentração e reflexão.
b) Marque ou grife as palavras chave no texto ou as anote no seu caderno caso você esteja
assistindo uma videoaula.
c) Assim que terminar de estudar informações novas, olhe para as suas palavras chave e
reflita sobre 2 perguntas:
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• O que acabei de aprender sobre o assunto?
• Como isso se conecta ou se relaciona com o que eu já sabia?
d) Comece a escrever breves respostas de no máximo 10 linhas para cada uma dessas per-
guntas.
e) Garanta que o seu texto seja sucinto, sem repetições e descrições desnecessárias, mas
que responda bem às perguntas acima.
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CONHEÇA A APOSTILA
Importância/prevalência
do capítulo: Frequência do
conteúdo em questões de
provas de residência.
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o que realmente cai na prova.
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Conheça a apostila
Número do capítulo.
Subcapítulos em destaque.
Indicação da especialidade
ou área do capítulo.
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Sumário nas aberturas dos módulos,
com indicação dos níveis de
importância de cada capítulo.
importância/prevalência
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Conheça a apostila
Indicação da especialidade
Título do capítulo. ou área do capítulo.
Título do capítulo.
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Gabarito e comentário das questões,
com explicação do professor tanto
da resposta correta quanto do motivo
de as outras estarem incorretas.
dificuldade: Fácil
dificuldade: Intermediário
dificuldade: Difícil
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Conheça a apostila
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Ao final da apostila e de alguns capítulos você
encontrará espaços para construir mapas mentais,
fluxogramas ou fazer resumos e, assim, fixar seu conhecimento!
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SUMÁRIO
TRAUMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
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5. E
– Exposição (prevenção de hipotermia) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
6. X – XABCDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6.1. Torniquete . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
7. A
valiação secundária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7.1. H
istória ampla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7.2. Radiografias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
TRAUMA NA GESTANTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1. Anatomia da gestante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2. Fisiologia da gestante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3. Conduta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
TRAUMA PEDIÁTRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1. A – Via aérea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.1. G
uedel (cânula orofaríngea) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.2. Intubação orotraqueal (IOT) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.3. V ia aérea cirúrgica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2. B – Ventilação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3. C – Circulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.1. T
rauma abdominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4. D – Neurológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
15
Sumário
5. E
– Exposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Mapa mental. ATLS – atendimento inicial ao politraumatizado. . . . . . . . . . . . . . . 40
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
5. P
revendo uma via aérea difícil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.1. C
lassificação de Mallampati . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
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6.5. S equência correta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.6. P ossíveis complicações da IOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
7. V
ia aérea cirúrgica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
8. M
áscara laríngea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Mapa mental. ATLS – via aérea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3. Pneumotórax simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4. Hemotórax maciço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5. P
neumotórax aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
6. Drenagem de tórax . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
6.1. Cuidados com o paciente e com o dreno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
7. T
órax instável e contusão pulmonar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
16
Sumário
8. T
amponamento cardíaco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
8.1. Tratamento (punção de Marfan) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
9. T
oracotomia no trauma e zona “perigosa” de Ziedler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
9.1. Toracotomia no trauma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
10. R
uptura traumática de aorta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
11. Contusão miocárdica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Mapa mental. ATLS – trauma torácico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
capítulo 4. ATLS – CHOQUE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
2. Choque hemorrágico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
2.1. P
recisamos repor o volume perdido e controlar a hemorragia! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
2.2. P erda sanguínea estimada e classes do choque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
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2.3. F onte de sangramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
2.4. Hipotensão permissiva/reanimação hipotensiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
2.5. Reposição de sangue e o protocolo de transfusão maciça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
2.6. R esposta à reposição volêmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
3. Choque cardiogênico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4. Choque obstrutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
5. C
hoque neurogênico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.1. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
17
Sumário
7. F
ratura de Chance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
7.1. S
índrome do tanque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
7.2. Delgado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
7.3. C ólon e reto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
8. T
rauma de grandes vasos: hematoma de retroperitônio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
9. S
índrome compartimental abdominal e cirurgia de controle de danos . . . . . . . . . . . . 140
9.1. Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
9.2. Repercussões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
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9.3. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
9.4. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
9.5. C irurgia de controle de danos: damage control . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
1. Uretra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
2. Bexiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
3. Trauma urológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
3.1. T
rauma uretral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
18
Sumário
5. L
esões intracranianas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
5.1. H
ematoma extradural (epidural) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
5.2. Herniação de úncus e tríade de Cushing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
5.3. H ematoma subdural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
5.4. C ontusões e hematomas intraparenquimatosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
5.5. Lesões cerebrais difusas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
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capítulo 8. ATLS – TRAUMA DE COLUNA VERTEBRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
2. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
3. Choque neurogênico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
4. Bexiga neurogênica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
5. L
esões específicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
Mapa mental. ATLS – trauma de coluna vertebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
1. Pele . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
1.1. Epiderme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
1.2. Derme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
2. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205
19
Sumário
5. G
rande queimado e transferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
6. Cuidados com a queimadura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
6.1. Antibioticoterapia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212
6.2. Tratamento cirúrgico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212
7. Complicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
7.1. Insuficiência respiratória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
7.2. S índrome compartimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
7.3. I nsuficiência renal aguda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
7.4. Gastrointestinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
7.5. Úlcera de Marjolin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
8. Q
ueimadura química . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
9. O
que fazer com queimaduras simples no PS? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
Mapa mental. ATLS – queimaduras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
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Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
5. T
rauma de grandes vasos: hematoma de retroperitônio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
6. Ruptura traumática de aorta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
7. T
rauma musculoesquelético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
7.1. C
ontrole de sangramento de membros e extremidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234
20
Sumário
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 238
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
2. Abordagem das fraturas ósseas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
2.1. Maxila . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
2.2. Órbita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
2.3. Nariz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
2.4. Mandíbula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255
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1.1. Anatomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255
1.2. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257
1.3. Z onas de trauma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258
3. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 260
Mapa mental. Trauma de pescoço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271
2. Capacidade Funcional e Status Performance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272
2.1. Mets . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272
2.2. Karnofsky . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272
3. ASA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273
4. Exames complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273
21
Sumário
5. Comorbidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
5.1. Hipertensão Arterial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
5.2. Insuficiência Cardíaca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
5.3. Coronariopatias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275
5.4. Arritmias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275
5.5. DPOC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275
5.6. Asma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276
5.7. Diabetes Melito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276
5.8. Risco Cardiovascular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276
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Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281
Mapa mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 282
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
2. Tipos de anestesia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
2.1. Sedação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
22
Sumário
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1.4. Modulação da REMIT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 314
2. Procedimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332
2.1. Suturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332
2.2. Acesso Venoso Central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 334
2.3. A
cesso Guiado por Ultrassonografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
23
Sumário
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 340
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 340
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345
2. Complicações da ferida operatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345
2.1. Seroma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345
2.2. Hematoma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 347
2.3. Infecção de Ferida Operatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 347
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5. T
romboembolismo venoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354
6. Complicações pulmonares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354
6.1. Atelectasia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354
6.2. Pneumonia e Pneumonite Pós-Aspiração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354
7. C
omplicações gastrointestinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 357
7.1. Íleo Paralítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 357
7.2. Deiscências Gastrointestinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 358
7.3. Fístulas Gastrointestinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359
7.4. Outras Complicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360
Mapa mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361
Mapa mental (continuação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 362
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25
TRAUMA
Trauma
Sumário
Prevalência/importância
1. ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado . . . . . . .
2. ATLS – Via aérea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3. ATLS – Trauma torácico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4. ATLS – Choque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5. ATLS – Trauma abdominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6. ATLS – Trauma geniturinário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7. ATLS – Trauma cranioencefálico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8. ATLS – Trauma de coluna vertebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9. ATLS – Queimaduras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10. Trauma vascular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
11. Trauma de face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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12. Trauma de pescoço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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ATLS – ATENDIMENTO INICIAL Capítulo
AO POLITRAUMATIZADO 1
importância/prevalência
• A: Alergias;
• M: Medicamentos;
• P: Passado médico/prenhez (avaliar antecedentes pessoais e risco de gestação);
• L: Líquidos e alimentos ingeridos recentemente;
• A: Ambiente relacionado ao trauma e mecanismo de trauma.
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u No trauma, não se esqueça de saber as peculiaridades dos atendimentos de crianças. Ainda que os parâ-
metros e a ordem se mantenham, existem algumas diferenças no manejo e na correção de alterações
decorrentes do trauma.
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
Foi o início de uma mudança radical na abordagem ao cardiovasculares e cânceres. Quando consideramos
politraumatizado e que em pouco tempo passaria a ser apenas a população menor de 45 anos, ele passa a
adotada por vários países ao redor do mundo.
representar a primeira causa de morte. Desse modo,
afeta principalmente a população economicamente
ativa, trazendo consequências socioeconômicas
Figura 1. Foto do avião pilotado pelo dr. Styner, em 1976. importantes, seja pelo óbito em si ou pela morbidade
(sequelas definitivas irreversíveis) que pode causar.
u 9 mortes/minuto por trauma ou violência;
u 5,8 milhões de mortes/ano;
u 12% dos gastos mundiais com saúde.
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Com o avanço da Medicina e o melhor atendimento
ao paciente, essa curva tem se modificado e torna-
do-se bimodal. Isso é observado especialmente em
países desenvolvidos, nos quais há um sistema de
trauma bem-organizado. O gráfico abaixo facilita
nosso entendimento:
28
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
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DICA
O atendimento inicial do politrau-
matizado consiste em uma rápida avalia-
É também nesse primeiro momento que precisa-
ção primária com o objetivo de identificar
e tratar imediatamente as situações com
mos garantir a proteção da coluna cervical! Muitos
risco de morte, não devendo ultrapassar 5 pacientes já chegam trazidos pelo resgate com colar
a 10 minutos. cervical em prancha rígida; caso isso não ocorra,
é sua obrigação estabilizar a cervical do paciente
(primeiro, de forma manual), até que alguém coloque
o colar cervical. Não confunda: nesse momento,
FLASHCARD devemos proteger a coluna cervical, mas não a
Qual a sequência de atendimento do paciente poli- avaliar. Não é agora que vamos palpar a coluna,
traumatizado? perguntar para o doente se ele tem dor ou buscar
• A – Via aérea + coluna cervical sinais de trauma raquimedular.
• B – Respiração
• C – Circulação
• D – Neurológico
• E – Exposição e prevenção de hipotermia
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
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Possíveis fontes de sangramento no trauma
potencialmente letais, como pneumotórax hiperten-
sivo, lesão de árvore traqueobrônquica, hemotórax • Tórax
maciço e pneumotórax aberto. Além de fazer esses • Abdome
diagnósticos, devemos tratá-los imediatamente. • Pelve e retroperitônio
• Ossos longos
• “Chão”: meio externo
FLASHCARD
Fonte: Elaborado pelo autor.
Após constatado o choque, temos que:
Buscar a fonte de sangramento, parar o sangramento
e repor o volume perdido.
4. D – AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA
30
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
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Pior escore possível: 3
do ambiente (Exposure e Environment). Devemos
Fonte: Elaborado pelo autor. despir todo o paciente e examiná-lo da cabeça
aos pés, buscando lesões que podem ter passado
despercebidas até o momento.
DICA
A Escala de Coma de Glasgow (ECG)
Devemos rodar o paciente em monobloco, visando
baseia-se na abertura ocular, na resposta
verbal e na resposta motora. buscar lesões em dorso, nádegas e períneo. Lem-
bre-se: sempre temos que garantir a estabilidade
de coluna vertebral.
Em 2018 foi proposta uma atualização da escala de Após exposição completa do paciente e avaliação,
coma de Glasgow, na qual a reatividade pupilar entra devemos prevenir a hipotermia. A temperatura do
no cálculo. Mas tomem cuidado, ela NÃO substituiu ambiente deve ser controlada; o paciente precisa
a escala original e a edição mais recente do ATLS ser protegido com cobertores ou manta térmica.
(10ª edição, 2018) não cita essa nova escala! O pró- Lembre-se: a infusão de fluidos deve ser feita com
prio autor do estudo original escreve no artigo que soro previamente aquecido a 39 graus.
a nova escala (ECG-P: escala de coma de Glasgow Também nessa etapa podemos realizar algumas
pupilar) não deve substituir a escala clássica, mas partes do exame físico ainda não realizadas, além
sim adicionar informações e que ambas deverias de passar sondas.
ser registradas em prontuários!
A ECG-P varia de 1 – 15, pois devemos subtrair da FLASHCARD
escala original conforme os achados da reatividade
Contraindicação absoluta para passagem de SNG?
pupilar.
Fratura de base de crânio.
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
Lembre-se: no caso de doentes politraumatizados, A edição mais recente do PHTLS (2018, 9ª edição)
o toque retal e vaginal faz parte do exame físico. introduziu um novo conceito, o X-ABCDE. A 10ª edi-
ção do ATLS (2018) somente menciona o X-ABCDE
Como o toque pode nos ajudar no trauma?
em um dos capítulos apêndices, quando se refere
u Sangramento: possibilidade de lesões de alças. ao ATLS-OE (U.S. Military’s Advanced Trauma Life
u Espículas ósseas: fratura de ossos pélvicos. Support for the Operational Environment). O ATLS-OE
u Tônus do esfíncter: hipotonia pode sugerir trau- é voltado para um ambiente operacional e hostil,
ma raquimedular. Em pacientes chocados, temos como a guerra.
que lembrar do choque neurogênico. Portanto, preste atenção e tome cuidado! A regra
u Altura da próstata (próstata móvel ou alta/cefa- para a prova e para a vida é o ABCDE. A VIA AÉREA
lizada): classicamente, esse achado pode signi- vem ANTES do sangramento na MAIORIA das vezes!
ficar lesão de uretra. Entretanto, a 10ª edição do
Afinal, o que é o X-ABCDE?
ATLS diz que a palpação da próstata não é um
sinal confiável de lesão prostática. u X – EXsanguinante;
u A – Via aérea;
O toque retal pode ser feito no C (Circulação), pois u B – Respiração;
ajuda a diagnosticar possíveis causas de choque;
u C – Circulação;
no D (Neurológico), visando avaliar tonalidade do
esfíncter; ou na fase final da avaliação (E). u D – Neurológico;
u E – Exposição.
A passagem da sonda vesical de demora pode ter
sido feita no C (avaliação da reposição volêmica),
O X refere-se a hemorragias exsanguinantes e MUITO
mas não é errado deixá-la para o E, ou até mesmo
severas, como sangramentos arteriais em jato ou
para a avaliação secundária.
maciços. Nesses casos EXCEPCIONAIS, a contenção
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A passagem de sonda gástrica (nasogástrica ou da hemorragia externa grave deve ser realizada antes
orogástrica) também pode ser feita agora, tendo mesmo do manejo das vias aérea. Esse conceito
como objetivo esvaziar o estômago e prevenir a é válido para o atendimento pré-hospitalar e em
aspiração de conteúdo gástrico. cenários hostis.
Não se esqueça: nunca podemos passar sondas por
via nasal em pacientes com suspeita de fratura de
DICA
base de crânio: olhos de guaxinim, sinal de Battle, ATLS é ABCDE! Somente utilize o
rinorreia, otorreia, otorragia, rinorragia. Se fizermos conceito de XABCDE se o autor for muito
claro ao afirmar que há um sangramento
isso, podemos locar a sonda dentro do cérebro!
arterial ativo e incompatível com a vida!
6. X – XABCDE
O controle da hemorragia externa maciça pode ser
feito de duas maneiras:
Na abordagem inicial, deve ser dada ênfase à manu- u Compressão direta
tenção das vias aéreas, à estabilização da coluna u Torniquete (caso o sangramento seja em membros)
cervical, ao controle da hemorragia externa e à
imobilização do paciente para o transporte – neste
último caso, empregando uma prancha longa.
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
Fonte: vzmaze/shutterstock.com4
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(A) Colocação acima da lesão, nunca sobre ela. (B) Gire o torniquete até a cessação completa do sangramento. (C) Trave o torniquete.
(D) Anote o horário em que ele foi realizado.
Fonte: Acervo Sanar.
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
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do plantão, a sequência ABCDE deverá sempre ser res-
Ambiente relacionado ao trauma/meca- peitada – mas, claro, com bom senso!
A
nismo de trauma
Exemplo: Chegou pela porta da emergência um adulto
Fonte: Elaborado pelo autor. gritando de dor e pedindo socorro, pois cortou a mão
com uma serra elétrica; o sangue está jorrando no teto,
direto da artéria radial. Fica óbvio que a prioridade, nesse
7.2. R ADIOGRAFIAS
paciente, é comprimir o ferimento que tem sangramento
arterial ativo (até porque ele está gritando e, portanto, sua
Precisamos solicitar duas radiografias básicas para via aérea está pérvia). Se esse mesmo paciente chegasse
todo paciente vítima de trauma: desacordado, poderíamos perder 5 segundos colocando
uma compressa sobre o sangramento e pedir para que
u RX de tórax no leito (anteroposterior – AP); a enfermeira ou o auxiliar de enfermagem mantivessem
u RX de pelve no leito. a compressão local, enquanto avaliamos a via aérea e a
ventilação.
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
TRAUMA NA GESTANTE
A gestação é responsável por inúmeras mudanças aumentada em virtude da gestação, o que aumenta
na fisiologia. Essas alterações podem alterar sinais o risco de sangramentos intensos.
vitais e sintomas da paciente vítima de trauma,
A partir da 20ª semana, o útero gravídico é capaz de
dificultando ou falseando a avaliação inicial.
comprimir as estruturas retroperitoneais (principal-
O médico emergencista responsável pelo manejo mente quando a gestante assume a posição supina),
da gestante traumatizada precisa ter em mente gerando compressão de aorta e veia cava inferior,
que está a frente de dois pacientes: mãe e feto. que podem produzir: edema de membros inferio-
Entretanto, o manejo inicial e as prioridades são os res; diminuição da pré-carga e do débito cardíaco;
mesmos de uma paciente não gestante. e dilatação pielocalicial e ureteral, principalmente
do lado direito, gerando hidronefrose e hidroureter
sem significado patológico.
DICA
O melhor tratamento para o feto Com o crescimento uterino, sua parede tende a se
está na estabilização clínica da mãe! tornar mais fina e, consequentemente, mais vulne-
rável ao avançar do último trimestre. A placenta
é uma estrutura pouco elástica e também pode
1. ANATOMIA DA GESTANTE sofrer dano na ocorrência de trauma. Ademais,
sua vascularização é maximizada a fim de produzir
uma região de baixa resistência para transferência
Com o avançar da gestação, o útero cresce e pro- de oxigênio e nutrientes ao feto. Assim, no caso
jeta-se para fora da pelve a partir da 12ª semana. de choque hipovolêmico materno, com o aumento
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Já na 20ª semana, pode ser palpável ao nível da compensatório da resistência periférica há uma
cicatriz umbilical e, entre a 34ª e 36ª semanas, redução da oxigenação fetal. A partir do sétimo mês,
alcança a margem costal. Com isso, ocorre uma a sínfise púbica e os espaços entre as articulações
leve compressão do diafragma – elevando-se cerca sacroilíacas aumentam, favorecendo subluxações e
de 4 cm –, o que produz uma redução no volume dificultando a interpretação de radiografias pélvicas.
residual pulmonar. À medida que a cabeça do feto
posiciona-se na pelve para o parto, a altura uterina
reduz sutilmente. Nesse estágio, fraturas pélvicas
podem causar trauma cranioencefálico fetal. 2. FISIOLOGIA DA GESTANTE
35
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
A despeito da redução no volume residual referida de 12 mil ou até 25 mil durante o parto. O fibrino-
anteriormente, ocorre um aumento de 40% (200 mL) gênio e demais fatores de coagulação se elevam,
no volume corrente pulmonar, que gera uma PaCO2 produzindo um tempo de protrombina e tempo de
média de 30 mmHg (alcalose) na gestante. A taxa de ativação parcial de tromboplastina encurtados. As
filtração glomerular e o fluxo sanguíneo renal costu- plaquetas também podem estar diminuídas. Por fim,
mam estar aumentados e, por consequência, a crea- o eixo do eletrocardiograma pode estar deslocado
tinina sérica e ureia nitrogenada caem. A alcalose em 15 graus para a esquerda e apresentar ondas
respiratória leva a um aumento da excreção renal T achatadas ou invertidas nas derivações III, aVF
de bicarbonato e, assim, tem-se valores menores e precordiais, sem que signifique alteração patoló-
de bicarbonato sérico (19-20 mEq/L). A contagem gica. Além disso, batimentos ectópicos são mais
de leucócitos aumenta, não sendo incomum valores frequentes durante a gravidez.
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Renais:
u Hemodiluição (redução de creatinina e do ácido úrico
u Aumento da TFG;
plasmático).
u Aumento do volume plasmático.
De coagulação:
u Aumento dos fatores de coagulação (I, VII, X e XII);
u Risco de tromboembolismo aumentado
u Aumento do fibrinogênio;
u Aumento do fator de Von Willebrand.
Gastrointestinais:
u Aumento da gastrina; u Maior risco de broncoaspiração (aumento da secre-
u Redução da atividade do esfíncter esofagiano; ção gástrica).
u Redução da motilidade gastrointestinal.
Fonte: Elaborado pelo autor.
36
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
TRAUMA PEDIÁTRICO
O trauma continua sendo a causa mais comum de Figura 6. Note que o grande occipício faz uma flexão
morte e de incapacitação na infância. passiva da cabeça e bloqueia a via aérea (a). Quando
colocamos um coxim abaixo de todo o torso da criança,
Na infância, a mortalidade por trauma é maior do permitimos o alinhamento e sua abertura (b).
que a mortalidade por todas as demais causas
juntas. A anatomia, a fisiologia e os mecanismos
de trauma causam padrões de lesões diferentes
daqueles causados nos adultos.
As principais causas de trauma na criança são:
u Acidente automobilístico;
u Afogamento;
u Incêndio;
u Homicídio/Maus-tratos;
u Queda: crianças pequenas (< de 2 meses) caem
do colo de pessoas. Já crianças acima dessa
idade tendem a cair de móveis.
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mesma aplicada ao adulto: sequência ABCDE, sem
exceções. Vamos lá.
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
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Quando é contraindicada a cricotireoidostomia cirúr-
gica em crianças? “avisam” ao médico que vão piorar: a piora é abrupta.
Em lactentes e crianças (< 12 anos), visto que a cartila-
gem cricoide é o principal pilar da laringe nessa idade.
Veja na Tabela 1 os valores normais dos sinais vitais,
pois eles diferem bastante dos adultos.
Faixa Etária
Sinal
0 – 12 meses 1 – 2 anos 3 – 5 anos 6 – 12 anos ≥ 13 anos
Frequência
< 160 < 150 < 140 < 120 < 100
Cardíaca (bpm)
Pressão Arterial
> 60 > 70 > 75 > 80 > 90
(mmHg)
Frequência
> 60 < 40 < 35 < 30 < 30
Respiratória (ipm)
A reposição volêmica por acesso periférico continua volêmica após dois bolus de cristaloide, a transfusão
sendo a primeira opção, com solução isotônica sanguínea está indicada.
(soro fisiológico ou ringer lactato aquecido): 20 mL/
kg em bolus. Se ainda for necessária a reposição
38
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
O acesso intraósseo (em fêmur distal ou tíbia proxi- A criança tem maior superfície corpórea em relação
mal) é uma alternativa a pacientes com impossibi- ao peso, e tem a cabeça maior (proporcionalmente)
lidade de acesso periférico (após duas tentativas). ao resto do corpo. Portanto, ela perde mais calor.
Além disso, tem a pele mais fina e menor isolamento
3.1. TRAUMA ABDOMINAL pelo tecido subcutâneo.
FLASHCARD
4. D – NEUROLÓGICO
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utilizada para crianças. Entretanto, para menores
de 4 anos, precisamos modificar os critérios da
resposta verbal.
4 Choro consolável
2 Inquieto e agitado
1 Não responde
Fonte: Elaborado pelo autor.
5. E – EXPOSIÇÃO
39
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
ATLS
Atendimento inicial ao
paciente vítima de trauma
Proteção da
A – Via aérea
coluna cervical
B – Respiração
C – Circulação
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D - Neurológico
E – Exposição e
controle da hipotermia
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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American College of Surgeons. Advanced Trauma Life Support
– ATLS. 10. ed. Chicago: American College of Surgeons; 2018.
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
QUESTÕES COMENTADAS
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multislice de corpo inteiro, expansão volêmica rizada de crânio.
com hemoderivados e soluções cristaloides
⮧ máscara de oxigênio, cânula orofaríngea e to-
aquecidas a 39ºC.
mografia computadorizada de crânio.
⮧ indicar o lavado peritoneal diagnóstico para con-
⮨ máscara de oxigênio, anteriorização da mandí-
fir- mação de hemorragia intrabdominal, solicitar
bula e tomografia computadorizada de crânio.
tipa- gem sanguínea e um acesso venoso central
para reposição volêmica. ⮩ cateter de oxigênio, cânula orofaríngea e tomo-
grafia computadorizada de crânio.
⮨ acesso venoso central guiado por US POCUS
para reposição volêmica, solicitar tipagem san- ⮪ cateter de oxigênio, anteriorização da mandíbula
guínea e hemograma, rX de tórax e bacia, na e tomografia computadorizada de crânio.
sala do trauma, e indicar laparotomia imediata.
⮩ deslocar útero para a esquerda, dois acessos ve- Questão 3
nosos periféricos, expansão volêmica, rX da pel-
ve, na sala do trauma, e E-FAST + US obstétrico. (HOSPITAL SÃO JOSÉ DO AVAÍ – 2017) De acordo com a dis-
tribuição trimodal das mortes por trauma, é COR-
⮪ indicar protocolo de transfusão maciça imedia-
RETO afirmar que:
ta e administrar imunoglobulina para aloimuni-
zação RH. ⮦ Só a prevenção é capaz de reduzir significati-
vamente a mortalidade no primeiro pico, já que
poucas vítimas podem ser salvas, devido à gra-
Questão 2
vidade das lesões.
(SUS - SP - 2022) Um homem de trinta anos de idade foi ⮧ Dentre as causas de morte no segundo pico,
levado ao pronto-socorro após ser agredido, com encontra-se a apneia por traumas cranianos ou
uma paulada na cabeça. Ele falava e respirava sem raquimedulares.
42
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
⮨ O primeiro pico é chamado de “hora de ouro” do pacientes evoluindo com incapacidades temporárias
atendimento pós-trauma. ou permanentes. A melhor maneira de evitar essa
⮩ Mortes por traumas hepáticos e esplênicos ocor- morbimortalidade e o gasto relacionado a ela está
rem no terceiro pico. na prevenção do trauma. A mortalidade no trauma
está diretamente relacionada ao tempo e à gravi-
⮪ Morte por lesões viscerais associadas a perdas
dade da lesão, podendo ser caracterizada por um
sanguíneas significativas ocorrem principalmen-
fenômeno tipicamente trimodal. A esse respeito,
te no primeiro pico.
indique a alternativa INCORRETA:
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nicar-se verbalmente sem dificuldades com o
⮩ O objetivo do ATLS (Advanced Trauma Life Su-
examinador, pode prontamente passar para o “B”.
port) é centrado em prevenir óbito no segundo
⮨ O “B” refere-se à respiração e à ventilação, de pico das mortes por trauma; no primeiro pico,
forma que a presença de corpo estranho e de considerando-se o grau de dificuldade de man-
secreções na cavidade oral deve ser corrigida ter vivo um paciente grande traumatizado, pouco
nessa etapa da avaliação primária. pode ser feito.
⮩ No “C”, etapa referente à Circulação com Controle ⮪ No método ATLS, pode-se tratar os traumatizados
de Hemorragias, os fluídos devem ser adminis- por padronização do atendimento, com avaliação
trados criteriosamente, já que a ressuscitação inicial paralela e simultânea aos procedimentos
agressiva antes do controle do sangramento de- de reanimação, porém, o diagnóstico definitivo
monstrou aumentar a mortalidade e a morbidade. deve ser estabelecido logo no primeiro momento.
⮪ No “E”, pode-se lançar mão de aquecimento de
fluidos e de hemocomponentes em aparelhos de
micro-ondas até a temperatura de 39°C, com o Questão 6
intuito de evitar hipotermia.
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2017)
Homem de 22 anos perde o controle da motoci-
Questão 5
cleta e colide contra um muro. É levado ao pron-
to atendimento por transeuntes. Ao exame físico,
(FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – 2017) O apresenta: vias aéreas com estridor respiratório,
trauma é, atualmente, a principal causa de morte sangue em cavidade oral e fratura de mandíbula;
entre 1-44 anos, desde o início da década de 1980. frequência respiratória (FR) de 32 irpm; oximetria
As consequências epidemiológicas variam desde de pulso (ar ambiente) de 96%; tórax com murmú-
óbito até o tratamento médico e hospitalar, com rio vesicular (MV) diminuído à esquerda, enfisema
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
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anos foi vítima de facada no epigástrio. Deu entrada
no centro de trauma hipotenso e com veias disten- (GRUPO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA – MG – 2020) Tendo
didas no pescoço. A ausculta pulmonar mostrou em vista os princípios da padronização do aten-
murmúrio vesicular presente bilateralmente, ainda dimento inicial ao politraumatizado preconizados
que a ventilação fosse superficial. Sequência mais pelo Suporte Avançado de Vida no Trauma (ATLS),
apropriada de atendimento e tratamento: assinale a alternativa INCORRETA.
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
dispneico, sudoreico, com Glasgow de 14, pulso ⮩ Abertura de vias aéreas, colocação de colar
de 130 bpm, pressão arterial de 80/60 mmHg, fre- cervical, entubação orotraqueal, aquisição de 2
quência respiratória de 35 ipm e murmúrio vesicular acessos venosos periféricos, administração de
diminuído no hemitórax esquerdo. Com base nes- cristaloide, ponderar hemoderivados, caso per-
se caso hipotético e nos conceitos médicos a ele sista hipotenso, bem como infusão de drogas
associados, julgue o item a seguir. A aplicação de vasoativas. Encaminhar para centro operatório
uma máscara de oxigênio está indicada no momen- para laparotomia exploradora.
to da chegada do paciente na sala de emergência.
⮪ Aquisição de 2 acessos periféricos, administra-
ção de 20 mL/kg de cristaloide, podendo ser
⮦ CERTO
repetido até 3 vezes, ponderar hemoderivados.
⮧ ERRADO Proceder, em seguida, cuidados com a via aérea
(abertura seguida de entubação orotraqueal). En-
caminhar para tomografia de corpo inteiro para
Questão 11
programação de possível intervenção cirúrgica.
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das medidas recomendadas é:
da. C: sem sangramento externo ativo, PA 160 X 90
mmHg, FC 95 bc/min, TEC 2s, abdome doloroso em
⮦ Abertura de vias aéreas, colocação de colar flanco esquerdo, pelve estável. D: Glasgow 12, pupi-
cervical, entubação orotraqueal, aquisição de las sem alterações, sem déficit neurológico focal. E:
2 acessos venosos periféricos, administração dorso e extremidades com pequenas escoriações.
de coloide seguida de hemoderivados, encami- Colocada máscara de oxigênio, com melhora da
nhamento para tomografia de corpo inteiro para saturação para SpO² 90%. Realizada ultrassonogra-
programação de possível intervenção cirúrgica. fia à beira do leito (eFAST), que evidenciou: 1 cm
⮧ Aquisição de 2 acessos periféricos, administra- de líquido livre em espaço hepatorrenal; “sinal da
ção de 20 mL/kg de cristaloide, podendo ser praia” presente e linhas B ausentes em hemitoráx
repetido até 3 vezes; ponderar hemoderivados. esquerdo. Antecedentes pessoais: fibrilação atrial
Proceder, em seguida, cuidados com a via aérea em uso de varfarina. Qual a conduta mais adequa-
(abertura seguida de entubação orotraqueal). da para esse paciente?
Encaminhar para centro operatório para lapa-
⮦ Drenagem de tórax e laparotomia exploradora.
rotomia exploradora.
⮧ Drenagem de tórax, radiografia de tórax e tomo-
⮨ Abertura de vias aéreas, colocação de colar
grafia de crânio e abdome.
cervical, entubação orotraqueal, aquisição de
2 acessos venosos periféricos, administração ⮨ Lavado peritoneal diagnóstico e tomografia de
de cristaloide, ponderar hemoderivados, caso crânio e tórax.
persista hipotenso, bem como infusão de dro-
⮩ Radiografia cervical, tórax e pelve e tomografia
gas vasoativas. Encaminhar para tomografia
de crânio.
de corpo inteiro para programação de possível
intervenção cirúrgica. ⮪ Tomografia de corpo inteiro.
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
Questão 13
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ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Questão 3 dificuldade:
a primeira opção de acesso.
Alternativa C: INCORRETA. O acesso venoso perifé- Resolução: a mortalidade trimodal do trauma refe-
rico calibroso continua sendo a primeira opção de re-se ao conceito de que existem três picos de in-
acesso e ainda não há indicação de laparotomia cidência de mortalidade decorrentes do trauma. O
nesse caso. primeiro, que ocorre imediatamente após o trauma,
deve-se a lesões graves, como ruptura completa
Alternativa D: CORRETA. Gestantes no 2º e 3º trimes-
da aorta e lacerações do SNC. O atendimento mé-
tres são suscetíveis, quando na posição supina, a
dico, mesmo que imediato, não consegue salvar
uma profunda hipotensão devido à compressão
essas vítimas, sendo indicadas, então, medidas
aorto-cava provocada pelo útero (principalmente
de prevenção, com o objetivo de evitar que os aci-
quando o dorso fetal se situa à direita): síndrome
dentes aconteçam. Exemplo: lei seca, fiscalização
da hipotensão supina.
de rodovias, medidas para educação no trânsito.
Alternativa E: INCORRETA. Antes de iniciar o protocolo Os outros dois picos de incidência são: minutos a
de transfusão maciça, precisamos deslocar o útero horas após o evento (hemorragias, pneumotoráx,
e avaliar a resposta da paciente. “hora de ouro” no atendimento); dias a semanas,
✔ resposta: D geralmente após complicações intra-hospitalares
(sepse, disfunção multiorgânica).
✔ resposta: A
Questão 2 dificuldade:
Dica do autor: Paciente com TCE que evoluiu com Questão 4 dificuldade:
rebaixamento do nível de consciência após a ava-
liação intestina! Em pacientes arresponsivos (glas- Dica do professor: a questão exige o conhecimen-
gow < 9), uma via aérea definitiva é mandatória para to das etapas da avaliação primária “ABCDE” do
47
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
ATLS (o que representa cada letra e o que é feito incompatíveis com a vida. O atendimento médico,
em cada etapa). mesmo que imediato, não consegue salvar essas
Alternativa A: INCORRETA. O “D” é a etapa que abran- vítimas, sendo indicadas, então, medidas de pre-
ge a avaliação neurológica (nível de consciência; venção, com o objetivo de evitar que os acidentes
tamanho e reação pupilar). A Escala de Coma de aconteçam. Exemplo: lei seca, fiscalização de ro-
Glasgow permite avaliar, de forma breve, o nível de dovias, medidas para educação no trânsito.
consciência, tornando possível suspeitar de hipogli- Alternativa B: CORRETA. A alternativa é autoexpli-
cemia e intoxicação como causas de rebaixamento cativa! O segundo pico de morte acontece entre
do nível de consciência. Funciona como uma escala minutos e horas após o trauma, sendo as causas
de “triagem”, e não diagnóstica. mais comuns a insuficiência respiratória aguda por
Alternativa B: INCORRETA. O “A” não se refere apenas obstrução de via aérea, hemo ou pneumotórax, TRM
à patência das vias aéreas. Enquanto as medidas com instabilidade cervical e choque hipovolêmico.
para estabelecer uma via aérea patente são toma- Alternativa C: CORRETA. Alternativa também autoex-
das, deve-se garantir a restrição do movimento da plicativa. Não vamos fazer Ctrl+C e Ctrl+V de novo!
coluna. Além disso, se o paciente for capaz de se
Alternativa C: CORRETA (?). Interrogamos essa alter-
comunicar verbalmente, presume-se que as vias
nativa porque ela está parcialmente correta. Real-
aéreas não estejam em risco imediato, mas é reco-
mente o ATLS é voltando a evitar o óbito no 2º pico.
mendada a avaliação repetida da permeabilidade
Mas discordamos de que pouco pode ser feito no
das vias aéreas.
1º pico: as medidas de prevenção e saúde pública,
Alternativa C: INCORRETA. O “B” refere-se à respiração como educação no trânsito e consciência, conse-
e à ventilação, quando são identificadas/tratadas guem mudar esses números.
lesões, como pneumotórax hipertensivo, hemotó-
Alternativa E: INCORRETA. O diagnóstico definitivo
rax maciço, pneumotórax aberto e lesões traqueais
não é estabelecido no primeiro momento. Pense
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ou brônquicas. A presença de corpo estranho e de
comigo: Como você vai identificar uma laceração
secreções na cavidade oral relaciona-se com a pa-
hepática no pré-hospitalar? Pode-se até suspeitar,
tência de vias aéreas, portanto deve ser corrigida
mas o diagnóstico definitivo só vai se realizado em
na 1ª etapa da avaliação primária, o “A”.
um segundo momento. Não adianta brigar com a
Alternativa D: CORRETA. A hemorragia é uma causa banca e pedir anulação da questão por causa da
importante de morte no contexto do trauma. Por letra D. A alternativa E realmente está “mais” errada.
isso, na etapa “C” são avaliados pressão arterial,
✔ resposta: E
perfusão, aspecto da pele e do pulso. A 10ª edição
do ATLS traz que “Os fluidos são administrados cri-
teriosamente, pois a ressuscitação agressiva antes
Questão 6 dificuldade:
do controle do sangramento demonstrou aumentar
a mortalidade e a morbidade”. Resolução: paciente vítima de trauma com moto,
Alternativa E: INCORRETA. No “E”, deve-se expor o pa- apresenta-se com estridor respiratório, sangue em
ciente e prevenir a hipotermia. Para isso, pode-se cavidade oral e fratura de mandíbula. Além disso,
usar um micro-ondas para aquecer fluidos crista- está dispneico, embora não esteja hipoxêmico. À
loides, mas ele nunca deve ser usado para aquecer ausculta pulmonar, MV diminuído à esquerda e
hemocomponentes. enfisema subcutâneo, sugerindo pneumotórax.
Apresenta-se hemodinamicamente estável, sem al-
✔ resposta: D
terações no FAST de abdome e pelve. Entretanto, o
ECG 7 (< ou = 8) sinaliza a necessidade de uma via
Questão 5 dificuldade: aérea definitiva. Para resolver a questão, deve-se
lembrar do protocolo ABCDE do Advanced Trauma
Alternativa A: CORRETA. O 1º pico decorre logo Life Support (ATLS). De imediato, as alternativas A
no momento do trauma e é secundário a lesões e D seriam eliminadas, pois a primeira conduta é
48
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
inserir o COLAR CERVICAL para a estabilização da tamponamento cardíaco e iminência de PCR, até
coluna, além da suplementação de oxigênio (“A”, a possibilidade de toracocentese.
de airway). Esse paciente certamente precisará de Alternativa E: INCORRETA. O diagnóstico de tampona-
uma VIA AÉREA DEFINITIVA, que, nesse caso, deve mento cardíaco, nossa principal suspeita, é feito pela
ser cirúrgica. Por fim, o seu possível pneumotórax clínica associada ao FAST ou à janela pericárdica,
precisará ser drenado, em selo d’água. A máscara com pouco papel da radiografia de tórax. Apesar
laríngea é um excelente dispositivo de via aérea de a esternotomia mediana ser trazida pelo ATLS
avançada, mas não é uma via aérea definitiva! É um como uma opção terapêutica, sabemos que é um
bom instrumento de resgate quando a intubação não procedimento mais demorado e de difícil execução
é possível ou quando a ventilação sob máscara for quando comparado à toracotomia, sendo pouco
insatisfatória (alternativa C incorreta). utilizado em pacientes politraumatizados instáveis.
✔ resposta: B ✔ resposta: B
Dica do professor: questão fácil cobrando a aborda- Tema que vem caindo cada vez mais nas provas.
gem inicial do paciente politraumatizado. Lembre- Cabe ao aluno detectar um quadro que faz diagnós-
-se: a avaliação e manejo sempre devem seguir a tico diferencial com TEP, diante de uma fratura de
ordem do ABCDE. osso longo. Paciente com CONFUSÃO MENTAL +
HIPOXEMIA + RASH PETEQUIAL constitui a tríade
Alternativa A: INCORRETA. O acesso venoso é um
da EMBOLIA GORDUROSA. TEP geralmente ocorre
procedimento para controle hemodinâmico/car-
APÓS O TERCEIRO DIA DE INTERNAÇÃO, enquanto a
diovascular (C), e não é o primeiro passo. Não é
embolia gordurosa aparece nas PRIMEIRAS 12-72h,
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preconizada a obtenção de acesso venoso central
por obstrução da microvasculatura por micropartí-
de rotina nos pacientes politraumatizados, sendo
culas de gordura, e consequente vasculite inflama-
a reposição volêmica feita por acesso venoso pe-
tória. Qual a conduta diante da embolia gordurosa?
riférico calibroso.
SUPORTE (oxigênio + expansão volêmica), já que
Alternativa B: CORRETA. A – Vias aéreas: paciente anticoagulação e trombolíticos não exercem qual-
instável, apesar de descrição pobre da avaliação de quer efeito benéfico. Como preveni-la? Tratamento
vias aéreas, é candidato à IOT. B – Respiração: sem ortopédico precoce!
alterações específicas. C – Cardiovascular: paciente
✔ resposta: D
hipotenso, precisa de reposição volêmica (acesso
venoso) e busca de foco de sangramento, sendo o
FAST um ótimo exame diagnóstico. Questão 9 dificuldade:
49
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma
do estado clínico do doente que indique necessi- nível de consciência e instabilidade hemodinâmica,
dade de intervenção adicional. além de abdome tenso e equimose periumbilical.
Alternativa A: CORRETA. A história detalhada ou a Qual sequência devemos sempre seguir? ABCDE! As
avaliação secundária só devem ser iniciadas após únicas alternativas que seguem essa sequência são
a avaliação primária e quando todas as medidas de A, C e D. Entretanto, a A está incorreta, pois, além de
estabilização tiverem sido tomadas. escolher “coloides”, não deve ser feita Tomografia
Computadorizada nesse paciente instável. A letra
Alternativa B: INCORRETA. Como citado anteriormen-
C também erra nesse sentido, pois indica TC de
te, a avaliação primária e a sua repetição frequente
corpo inteiro, em lugar de encaminhar o paciente
são fundamentais para o melhor manejo do paciente
imediatamente para laparatomia, devido à instabili-
vítima de trauma.
dade hemodinâmica, em que muito provavelmente
Alternativa C: CORRETA. Em acidentes com múltiplas o foco é abdominal.
vítimas (porém, não em casos nos quais há vítimas
✔ resposta: D
em massa, excedendo a capacidade hospitalar e
da equipe), aqueles com risco de vida iminente e
os doentes com traumas multissistêmicos devem Questão 12 dificuldade:
ser atendidos primeiro.
Resolução: A questão nos traz um paciente vítima
Alternativa D: CORRETA. A busca pelo diagnóstico
de politrauma com lesões em todo o corpo. Vamos
não deve retardar os cuidados iniciais, a fim de es-
avaliar o quadro clínico e estabelecer as condutas:
tabilizar o quadro.
1) TCE moderado (Glasgow = 12). Conduta: TC de
✔ resposta: B
crânio.
2) Trauma torácico com fratura de costelas e contu-
Questão 10 dificuldade: são pulmonar (dor em gradil costal e SpO2 = 88%).
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Conduta: TC de tórax.
Dica do professor: conforme o ATLS, uma rápida ava-
3) Trauma de abdome contuso (FAST com líquido
liação do ABCDE no doente traumatizado deverá ser
livre no espaço hepatorrenal). Conduta: TC de ab-
realizada. A – Via aérea com proteção da coluna
dome e pelve.
cervical; B – Ventilação e respiração; C – Circulação
com controle da hemorragia; D Disfunção, estado Ou seja, devemos realizar uma tomografia de COR-
neurológico; E – Exposição/controle do ambiente: PO INTEIRO.
despir completamente o doente, mas prevenindo ✔ resposta: E
a hipotermia. A prevenção da hipoxemia depende
da via aérea protegida e desobstruída e da ventila-
ção adequada, e tem prioridade absoluta sobre o Questão 13 dificuldade:
50
ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1
pode ocorrer imediatamente após o traumatismo da Alternativa D: INCORRETA. Assim como foi comenta-
medula espinhal, mesmo que a lesão medular não do na alternativa A, não precisamos de um exame
seja completa e permanente, e, nessa situação, o de imagem mais fidedigno para retirar a prancha.
paciente apresenta ausência total da sensibilidade, Alternativa E: INCORRETA. A prancha rígida é fator de
dos seus movimentos e do reflexo bulbocarvenoso, risco importante para úlcera de pressão, especial-
que normalmente está presente. O retorno desse mente em pacientes com déficits sensitivos. Esses
reflexo, que pode ser obtido por meio da estimula- não sentem dor local no sacro e não sabem que
ção do pênis ou clitóris, provocando contração do estão tendo necrose de pele e subcutâneo.
esfíncter anal, indica o término do choque medular,
✔ resposta: C
permitindo a determinação do déficit neurológico
após a lesão.
Alternativa C: CORRETA. A prancha é instrumento de
TRANSPORTE, e deve ser retirada tão logo quanto
possível.
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Capítulo
ATLS – VIA AÉREA
2
importância/prevalência
u A prioridade no tratamento de um paciente politraumatizado é avaliar a via aérea e colocar colar cervical.
u A Intubação Orotraqueal (IOT) é a primeira opção, e está indicada em pacientes com TCE grave (Glasgow
≤ 8). Na impossibilidade de IOT, a cricotireoidostomia está indicada (cirúrgica ou por punção).
u A cricotireoidostomia por punção tem um tempo máximo de 30-45 minutos, devido à hipercapnia.
u A cricotireoidostomia cirúrgica está contraindicada em crianças < 12 anos. Nesses casos, devemos realizar
a traqueostomia cirúrgica de urgência. A traqueostomia, no trauma, é exceção da exceção, e fica reservada
a crianças < 12 anos ou em casos de fratura de laringe, cuja intubação não foi possível.
u A Sequência Rápida de Intubação (SRI) é: oxigenação, analgesia, sedação, relaxamento muscular; intu-
bar com visualização das cordas vocais, insuflar o balonete e auscultar epigástrio e tórax, para checar
posicionamento.
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Figura 1. Visualização ótima da laringoscopia.
BASES DA MEDICINA
53
ATLS – Via aérea Trauma
A prevenção da hipoxemia depende da via aérea u Retirada de corpo estranho (dentes, por exemplo).
protegida e desobstruída e da ventilação adequada, u Fornecer oxigênio a 100%, em alto fluxo, com
e tem prioridade absoluta sobre o controle de todas máscara não reinalante (pelo menos 10 L/min).
as outras condições. u Técnicas básicas:
W Manobra de Tração da Mandíbula (Jaw-Thrust).
FLASHCARD W Manobra de Elevação do Mento (Chin-Lift).
Qual a primeira conduta no paciente politraumatizado? W A estabilidade da coluna cervical é de funda-
Avaliar a via aérea. mental importância nesses casos.
u Cânula orofaríngea (“Guedel”).
O primeiro passo é avaliar e garantir a permeabi-
lidade da via aérea! Sempre! Pacientes que “con- Não devemos aguardar queda da saturação ou cia-
versam” têm uma via aérea pérvia (pelo menos nose para tratar a via aérea! As medidas acima são
temporariamente). válidas para todos os pacientes vítimas de trauma.
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Não! São sinais tardios.
A Cânula de Guedel é um dispositivo utilizado para
o manejo das vias aéreas. Ela evita que a base da
u Respiração ruidosa. língua obstrua a orofaringe em pacientes com rebai-
u Rouquidão e estridor. xamento do nível de consciência. Deve ser utilizada
u Taquidispneia. somente em pacientes inconscientes, pois pode
u Uso de musculatura acessória e tiragem intercostal. estimular o reflexo do vômito.
u Hipoxemia. A introdução da cânula orofaríngea no adulto é de
u Cianose (sinais tardios). “ponta-cabeça”, com sua concavidade voltada para
u Agitação (sinal de hipóxia). cima e rotação de 180° na transição do palato duro
u Torpor (sinal de hipercapnia).
para o palato mole. Já em crianças, a cânula deve
ser introduzida com sua concavidade voltada para
u Trauma maxilofacial extenso.
baixo, pois o palato duro da criança é mole e pode
u Trauma cervical.
ser facilmente lesado. Nesses casos, a utilização
do abaixador de língua é muito útil.
FLASHCARD
54
ATLS – Via aérea Cap. 2
FLASHCARD
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u Apneia e inconsciência.
u Sinais sugestivos de fratura de base de crânio
Um conceito teórico necessário para a prova é o (olhos de guaxinim, sinal de Battle, rinorreia,
de via aérea definitiva: tubo na traqueia, com o otorreia).
cuff insuflado abaixo das cordas vocais, fixado,
conectado a alguma forma de ventilação assistida, A intubação traqueal (oral ou nasal) deve ser sempre
enriquecida com oxigênio. Não podemos confundir: a primeira opção! Caso haja contraindicação formal
cricotireoidostomia por punção e máscara laríngea ou falha na intubação, podemos prosseguir para
não são vias aéreas definitivas! uma via aérea cirúrgica. As indicações para a via
aérea cirúrgica são:
u Obstrução da via aérea superior, não passível
4. Q UAIS AS INDICAÇÕES DE de intubação.
UMA VIA AÉREA DEFINITIVA? u Trauma facial grave, com hemorragia orofarín-
gea extensa.
u Fraturas maxilofaciais graves. u Fratura de laringe que impossibilite a intubação.
u Risco de obstrução: hematoma cervical, lesão u Edema de glote que impossibilite a intubação.
de traqueia ou laringe.
u Estridor. O trauma extenso de face não é contraindicação
absoluta para a intubação orotraqueal. Há casos em
u Risco de aspiração: sangramento e vômitos.
que o trauma é tão extenso que a glote é facilmente
u Inconsciência: Glasgow ≤ 8. visualizada. A via aérea cirúrgica é uma conduta de
u Apneia. exceção, quando a intubação naso ou orotraqueal
não foi possível.
55
ATLS – Via aérea Trauma
• Realizada na mem-
brana cricotireoidia- • Primeira opção de via aé- • < 12 anos (cirúrgica)
Cricotireoidostomia na. Pode ser por pun- rea cirúrgica se falhou a
ção (máximo de 45 intubação • Trauma de laringe
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minutos) ou cirúrgica
Cirúrgica
• Após falha de intubação no
• Tecnicamente difícil
trauma de laringe
Traqueostomia • É exceção da exce- –
• Necessidade de via aérea ci-
ção
rúrgica na criança < 12 anos
Fonte: Elaborado pelo autor.
5.1. C
LASSIFICAÇÃO DE MALLAMPATI Figura 3. Classificação de Mallampati.
56
ATLS – Via aérea Cap. 2
DICA
Devido ao seu rápido início de ação,
6. S EQUÊNCIA RÁPIDA
meia-vida curta e bom risco-benefício, so-
DE INTUBAÇÃO bretudo por não causar alterações na pres-
são arterial sistêmica, o etomidato é conhe-
cido como um dos melhores agentes seda-
A indução da anestesia por meio da técnica de tivos para Sequência Rápida de Intubação.
Sequência Rápida de Intubação (SRI) é utilizada
principalmente para proteger as vias aéreas, quando
há risco de aspiração do conteúdo gástrico. Essa
u Propofol (2 mg/kg EV): medicação mais comum
técnica tem sido utilizada amplamente em pro-
utilizada para SRI. Tem início rápido (30-45 se-
cedimentos de emergência quando a anestesia
gundos), suprime reflexos de via aérea, induz
geral está indicada. A SRI consiste na realização
apneia. Duração de 5 a 10 minutos, medicação
de medicação indutora seguida imediatamente
de escolha para grávidas.
de um bloqueador neuromuscular de ação rápida,
objetivando inconsciência e paralisia muscular, para
Entretanto, causa hipotensão por vasodilatação
realização da intubação. O uso das medicações é
venosa e arterial e é inotrópico negativo.
precedido por pré-oxigenação, a qual ocorre sem
necessidade de ventilação por pressão positiva.
u Quetamina (1-2 mg/kg EV): em pacientes com
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sistema nervoso autonômico intacto, causa au-
A técnica envolve oxigenação prévia, hipnose, anal- mento do tônus simpático. Tem ação discreta
gesia, relaxamento muscular e aplicação de pressão direta cardiodepressora. A quetamina já é um
na cartilagem cricoide. Deve-se evitar a aplicação potente analgésico, não precisando de analge-
de ventilação com pressão positiva até que o tubo sia complementar. Tem também efeito bronco-
traqueal com cuff esteja corretamente posicionado. dilatador (medicação de escolha em quadros de
São necessárias três classes de drogas para a SRI broncoespasmo).
com a finalidade de:
u Sedação. 6.2. ANALGESIA
u Analgesia.
u Relaxamento muscular. A analgesia é opcional na SRI.
u Fentanil (1-3 µg/kg EV): deve ser infundido três
minutos antes da indução.
FLASHCARD
u Lidocaína (1-1,5 mg/kg EV): infundir dois minu-
O que é Sequência Rápida de Intubação (SRI)?
tos antes da indução. Suprime o reflexo de tosse,
Oxigenação + analgesia + sedação + relaxamento
muscular. prevenindo aumentos temporários de pressão
intracraniana durante intubação.
57
ATLS – Via aérea Trauma
DICA
Sabemos que a droga fez efeito,
pois a maioria dos pacientes apresenta fas- 6.5. SEQUÊNCIA CORRETA
ciculações (espasmos musculares).
u Oxigenar o doente com oxigênio a 100%.
u Manobras de Sellick e BURP.
u Rocurônio (1-1,2 mg/kg EV): tempo de ação em u Administrar um analgésico (ex.: fentanil).
55 a 75 segundos, com duração de efeito de
u Administrar um sedativo (ex.: etomidato).
53 a 73 minutos. Não traz problemas para pa-
cientes hipercalêmicos ou com potencial para u Administrar um bloqueador neuromuscular (ex.:
hipercalemia. succinilcolina).
u Cisatracúrio (0,4 mg/kg EV): paciente com hiper- u Intubar por via orotraqueal, com laringoscopia e
tensão intracraniana estabelecida ou possibilidade. visualização direta das pregas vocais.
u Insuflar o balonete.
Muita coisa para decorar? Muitos remédios? Muitos
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u Auscultar epigástrio e tórax.
nomes? Então guarde os mais clássicos para SRI:
u Sedação: etomidato.
6.6. POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA IOT
u Analgesia: fentanil.
u Relaxamento muscular: succinilcolina. As principais alterações ocorridas durante laringos-
copia e intubação orotraqueal são:
6.4. M
ANOBRA DE SELLICK E BURP u Aumento de pressão intracraniana.
u Aumento de fluxo sanguíneo cerebral.
A pressão na cartilagem cricoide contra a coluna u Aumento da resistência das vias aéreas.
vertebral tornou-se prática universal durante a indu-
u Arritmias ventriculares.
ção da anestesia, a fim de permitir a compressão
do esôfago e evitar a broncoaspiração. É conhecida u Broncoconstricção.
como Manobra de Sellick, sendo rotineiramente
utilizada. Sua eficácia é bastante controversa.
7. V IA AÉREA CIRÚRGICA
FLASHCARD
58
ATLS – Via aérea Cap. 2
u Cirúrgica (aberta), com introdução da cânula de Quadro 2. LEMON – avaliação de via aérea difícil.
cricotireoidostomia na membrana cricotireoi- LEMON: avaliação de via aérea difícil
deana, entre a cartilagem cricoide e a tireoide.
• Mandíbula pequena, língua gran-
u Por punção, com jelco calibroso, geralmente 14, L Look: inspeção de, dentes grandes, pescoço
também na cartilagem cricotireoideana. curto
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8. M ÁSCARA LARÍNGEA
DICA
As únicas indicações de traqueos-
tomia no trauma são: 1) crianças < 12 anos;
2) insucesso de intubação no trauma de
laringe.
59
ATLS – Via aérea Trauma
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Fonte: Gaszynski.3
60
ATLS – Via aérea Cap. 2
ATLS
Atendimento inicial ao
paciente vítima de trauma
A – Via aérea
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Aspiração Tração da mandíbula
Máscara laríngea é
Falha na intubação?
uma opção de via
Cricotireoideostomia
aérea avançada, mas
não definitiva
Indicação absoluta
de traqueostomia
Insucesso de intubação
no trauma laríngeo
61
ATLS – Via aérea Trauma
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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ATLS – Via aérea Cap. 2
QUESTÕES COMENTADAS
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⮧ cricotireoidostomia por punção.
⮨ traqueostomia. Questão 4
Questão 3
Questão 5
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RP DA
USP -2021) Paciente de 25 anos foi trazido à sala de (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – SP – 2021) Um
urgência após ter sido vítima de espancamento há paciente foi levado pelo resgate ao pronto-socorro,
63
ATLS – Via aérea Trauma
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de 12 anos. pronto-socorro após ter sido vítima de explosão
⮧ deve ser realizada apenas em pacientes que não em ambiente fechado, com inalação de monóxido
são bons candidatos à traqueostomia. de carbono, sendo arremessado contra um pilar.
Queixa-se de muita dor abdominal, está agitado,
⮨ requer o uso de um tubo endotraqueal com me-
com ultrassom FAST positivo, Glasgow de 14, fre-
nos de 4 mm de diâmetro.
quência cardíaca de 156 bpm, pressão arterial de
⮩ pode ser substituída pela traqueostomia per- 80 x 60 mmHg e má perfusão periférica. A avalia-
cutânea. ção das queimaduras mostrou superfície de área
queimada maior que 70%. Com base nessa situa-
ção hipotética, a prioridade no atendimento inicial
Questão 7
do paciente será realizar:
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CASSIANO ANTÔNIO DE MORAES
– UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) Paciente ⮦ Laparotomia exploradora, devido ao FAST po-
submetido à colectomia, evoluiu com choque sép- sitivo, se o paciente estiver instável hemodina-
tico e se mantém grave em cuidados intensivos na micamente.
Unidade de Terapia Intensiva, submetido à assistên- ⮧ Reposição volêmica pela regra de Parkland, de-
cia ventilatória mecânica com tubo orotraqueal há vido à extensa queimadura.
10 dias. Após discussão junto à equipe da UTI e à ⮨ Tomografia de corpo inteiro, para melhor avalia-
equipe cirúrgica assistente, optou-se pela realização ção das lesões.
de procedimento objetivando minimizar possíveis
⮩ Drenagem de tórax, para tratar o pneumotórax
complicações futuras associadas à entubação pro-
do paciente.
longada. O procedimento correto a ser escolhido é:
⮪ Intubação orotraqueal, para proteger a via aérea
⮦ Cricotireoidostomia do paciente.
64
ATLS – Via aérea Cap. 2
Questão 10 Questão 12
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – 2020) Ho- (FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – 2020) Ho-
mem, 22a, vítima de colisão frontal de carro a 90 mem, 22a, procura atendimento médico por aci-
km/hora, em banco dianteiro, sem usar cinto de se- dente na região cervical anterior com linha de cerol.
gurança, colidindo a cabeça contra o para-brisas. Exame físico: PA = 124x78 mmHg, FC = 80 bpm,
Exame físico na cena: inconsciente, FR = 30 irpm, FR= 16 irpm, oximetria de pulso (ar ambiente) =
FC= 110 bpm, PA = 130x80 mmHg; oximetria (más- 97%; neurológico: Escala de Coma de Glasgow =
cara de oxigênio 10 litros/minuto) = 90%, trauma de 15 e pupilas isofotorreagentes; região cervical: le-
face, sangue em cavidade oral e anisocoria. Após são cortante horizontal em torno de 2,5 cm abaixo
duas tentativas frustradas de intubação orotraqueal da cartilagem tireoide, com entrada e saída de ar
com o uso de medicações apropriadas, optou-se conforme movimento respiratório e mínimo san-
pela ventilação através de máscara laríngea. Ad- gramento. A CONDUTA INICIAL É:
mitido após 20 minutos em ambiente hospitalar,
mantinha boa saturação de oxigênio e estabilida- ⮦ Via aérea definitiva
de hemodinâmica após receber 500 mL de Ringer ⮧ Sutura do ferimento
lactato. A CONDUTA É: ⮨ Curativo compressivo
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⮩ Realizar cricotireoidostomia por punção e tomo-
grafia computadorizada de crânio.
Questão 11
⮦ Fentanil
⮧ Etomidato
⮨ Cetamina
⮩ Succinilcolina
⮪ Noradrenalina
65
ATLS – Via aérea Trauma
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do autor: Autor que saber se o aluno conseguiu Y Dica do autor: As características ideais do blo-
compreender que a face do paciente está comple- queador neuromuscular a ser utilizado na ISR com-
tamente deformada e que não é possível tentar a preendem um rápido início de ação, para minimi-
intubação orotraqueal (rauma facial complexo com zar o risco de aspiração, um tempo de ação curto
profuso sangramento em cavidade oral e nasal). e previsível, para facilitar o retorno da ventilação
Além disso, paciente rebaixado com glasgow < 9. espontânea se houver falha de intubação, e míni-
Precisamos garantir uma via aérea definitiva para mos efeitos hemodinâmicos ou sistêmicos. Com
evitar broncoaspiração. características farmacológicas favoráveis como
Alternativa A: INCORRETA. Traumas extensos de face rápido início de ação, curta duração e relaxamento
estão associados a fratura de base de crânio e, por satisfatório, a succinilcolina ou suxametônio, um re-
este motivo, a passagem de qualquer dispositivo laxante muscular despolarizante, é ainda a escolha
por via nasal deve ser evitada. dos anestesistas e intensivistas na abordagem de
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pacientes com estômago cheio ou com preditivos
Alternativa B: INCORRETA. A cricotireoidostomia por
de via aérea difícil, mesmo após seis décadas de
punção é uma excelente alternativa para ventilar o
uso. Um artigo de revisão intitulado “INTUBAÇÃO
paciente na urgência. Entretanto, como não há cuff
TRAQUEAL E O PACIENTE COM O ESTÔMAGO
na via aérea, não conseguimos proteger o paciente
CHEIO” traz o seguinte trecho que finaliza a discus-
de um quadro de broncoaspiração.
são dessa questão: “[...] Em uma meta-análise que
Alternativa C: INCORRETA. A traqueostomia no trauma comparou a frequência de condições excelentes
é conduta de exceção e fica reservada para quando de intubação traqueal, os autores concluíram que
há contraindicação de cricotireoidostomia cirúrgi- a succinilcolina foi mais eficaz quando comparada
ca: (i) crianças < 12 anos ou (ii) impossibilidade de ao rocurônio”.
intubação no trauma de laringe.
✔ resposta: C
Alternativa D: INCORRETA. Da mesma forma que a
cricotireoidostomia por punção, a máscara laríngea
não é uma via aérea definitiva. Questão 3 dificuldade:
Alternativa E: CORRETA. A cricotireoidostomia é uma
Y Dica do autor: Estamos frente a um paciente com
via aérea definitiva e está indicada em casos de
TRM e que evolui com insuficiência respiratória,
fratura maxilofacial grave, quando a intubação não
muito provavelmente secundária ao próprio TRM,
for possível.
pois a lesão foi alta (cervical).
✔ resposta: E
Alternativa A: INCORRETA. Não existe contraindica-
ção para intubação nesse caso.
Alternativa B: CORRETA. A intubação é o procedimen-
to padrão nos casos de urgência.
66
ATLS – Via aérea Cap. 2
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de traqueostomia no trauma é o insucesso de intu-
bação no trauma de laringe; (ii) crianças < 12 anos
bação no trauma de larínge.
quando há falha na IOT. Não podemos fazer crico-
Alternativa C: INCORRETA. A cricotireoidostomia ci- tireoidostomia cirúrgica em crianças.
rúrgica é formalmente contraindicada nos traumas
✔ resposta: A
de laringe.
Alternativa D: INCORRETA. Realmente a cricotireoi-
dostomia por punção pode ser realizar na urgência, Questão 6 dificuldade:
mas o autor perguntou qual a MELHOR forma de
ventilar o paciente. A cricotireoidostomia por pun- Y Dica do professor: consiste na abertura da membra-
ção não é uma via aérea definitiva. na cricotireoidiana, permitindo a comunicação com
o meio externo. É um procedimento de emergência
✔ resposta: B
com o intuito de obter uma garantia de respiração
temporária quando a intubação orotraqueal não for
Questão 5 dificuldade: efetiva. Pode ser ABERTA/CIRÚRGICA, com intro-
dução de uma cânula, ou POR PUNÇÃO, quando há
Y Dica do professor: questão bastante controversa. introdução de um jelco calibroso (geralmente 14).
Certamente ficamos entre IOT e cricotireoideosto- A crico por punção NÃO É uma via aérea definitiva,
mia. O autor é bastante enfático e informa que o pois não há cuff insuflado. Além disso, deve ser
trauma de face foi extenso, com provável fratura temporária (30-45 minutos). De forma geral, a crico
de mandíbula. Por esse motivo, muitos assinalaram é a VA cirúrgica de escolha, por ser mais facilmente
“cricotireoidostomia”. Entretanto, o autor não falou executada e reduzir sangramento. Há duas contrain-
se havia sangue em cavidade oral ou grande defor- dicações: I) crianças < 12 anos; II) trauma de laringe.
midade em boca, que impossibilitasse a intubação Nesses casos, deve-se optar pela traqueostomia.
67
ATLS – Via aérea Trauma
Por fim, a crico é indicada geralmente a pacientes Alternativa D: CORRETA. Como foi dito acima, o melhor
com via aérea obstruída (sangramento profuso, procedimento para prevenção de lesões laringotra-
unidades dentárias ou outros artefatos) com trau- queais pós-intubação prolongada é a traqueostomia.
ma de face grave, culminando em impossibilidade ✔ resposta: D
de intubação.
Alternativa B: INCORRETA. A traqueostomia deve ser Y Dica do professor: questão direta sobre trauma
realizada na impossibilidade de crico. em paciente de 22 anos, com lacerações em face e
Alternativa C: INCORRETA. Utiliza-se um tubo em C, crânio, rebaixamento do nível de consciência e ins-
geralmente com diâmetro maior (os de alguns fa- tabilidade hemodinâmica. Nesse caso, o protocolo
bricantes têm 5,6 mm). a ser seguido é o ABCDE, e há necessidade de via
aérea definitiva (indicada em trauma maxilofacial
Alternativa D: INCORRETA. A traqueostomia é um pro- extenso, distorção anatômica, impossibilidade de
cedimento mais complexo e, portanto, realizado na visualização de cordas vocais, dentre outros), sendo
impossibilidade da crico. a intubação orotraqueal a via preferencial.
Alternativa A: CORRETA.
✔ resposta: A
Alternativa B: INCORRETA. A traqueostomia é uma
possibilidade quando não é possível a realização da
Questão 7 dificuldade:
IOT ou de cricotireoidostomia, mas não se constitui
via aérea definitiva.
Y Dica do professor: após um período prolongado Alternativa C: CORRETA. O protocolo de reanima-
de intubação orotraqueal, podem surgir lesões la- ção maciça é indicado para pacientes em choque
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ringotraqueais. Por conta disso, está indicada a hemorrágico classe IV: hipotenso, FC > 140 bpm,
realização de traqueostomia, visando à prevenção FR > 35 irpm, débito urinário ausente, confuso/
dessas lesões. Atualmente, não existe um consenso letárgico.
que define o tempo exato para indicar a traqueos- Alternativa D: INCORRETA. Pacientes instáveis he-
tomia nesses casos, mas geralmente estão aptos modinamicamente não devem ser submetidos à
ao procedimento aqueles pacientes que não terão tomografia computadorizada de crânio.
desmame num período de 1-3 semanas da intuba- Alternativa E: INCORRETA. A cricotireoidostomia ci-
ção orotraqueal. rúrgica pode ser utilizada quando não se consegue
Alternativa A: INCORRETA. A cricotireoidostomia é ou há contraindicação à realização da IOT.
um procedimento temporário, devendo ser conver- ✔ resposta: C
tida para uma traqueostomia dentro de 24-72h. Por
isso, não é a mais recomendada para esse paciente.
Questão 9 dificuldade:
68
ATLS – Via aérea Cap. 2
sem esse comemorativo, como fazemos questão você é um ninja bom de prova, viu logo que a per-
de enfatizar, a prioridade no trauma é sempre a VIA gunta da questão é: Qual droga NÃO UTILIZAR na
AÉREA do paciente. ABCDE. Nesse caso, nada de obtenção de via aérea desse paciente? Vamos dis-
cânula, nada de máscara. O correto é partir para cutir as assertivas:
uma intubação de sequência rápida, de preferência
realizada por profissional experiente, porque a cada Alternativa A: NÃO PODE! O fentanil é um agonista dos
minuto que passa há edema, e a laringoscopia se receptores opioides. Seus efeitos começam dentro
torna mais dificultosa. de dois a três minutos após a administração; sua
duração de ação é de 30 a 60 minutos. O fentanil
✔ resposta: E pode causar depressão respiratória e hipotensão.
Em pacientes com status hemodinâmico tênue, o
fentanil deve ser evitado ou administrado em do-
Questão 10 dificuldade: ses mais baixas.
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Alternativa B: CORRETA. Precisamos providenciar ra- te estável com broncoespasmo grave quanto no
pidamente uma via aérea definitiva. A intubação no paciente em choque e instável (de preferência em
ambiente hospitalar e com equipe bem-treinada é baixa dose: 1 mg /Kg). Além disso, vem ganhando
factível, uma vez que o insucesso de intubação se popularidade nessa circunstância, pois permite ao
deu no pré-hospitalar. paciente manter o movimento respiratório enquanto
fornece analgesia, amnésia e sedação. Suas pro-
Alternativa C: INCORRETA. Essa alternativa acerta na priedades analgésicas permitem que seja usada
TC de corpo inteiro, mas erra na manutenção da como o único agente nas vias aéreas traumatizadas
máscara laríngea. com sangue, quando é improvável que a anestesia
Alternativa D: INCORRETA. Como mencionado na dica, tópica funcione efetivamente.
a crico por punção deve ser feita em situações es- Alternativa D: PODE! A succinilcolina é absolutamente
peciais e tem limite de tempo, completamente ina- contraindicada em pacientes com histórico pessoal
propriada para o caso. ou familiar de hipertermia maligna e em pacientes
✔ resposta: B
considerados com alto risco de desenvolver hiper-
calemia grave (grandes queimados).
69
ATLS – Via aérea Trauma
Questão 12 dificuldade:
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dentes ou na língua; sangue, vômito ou secreções.
(IV) Observe se existem obstáculos para a coloca-
ção de um laringoscópio e tubo endotraqueal. (V)
Inspecione e apalpe o pescoço anterior em busca
de lacerações, hemorragia, crepitação, inchaço ou
outros sinais de lesão.
resposta A: principais características o fato de ser car-
dioestável e gerar leve aumento de PA e FC. Além disso,
ela é indicada para pacientes com broncoespasmo
devido a seu efeito broncodilatador. Seu principal
efeito colateral é o potencial de causar agitação e
sintomas indesejáveis ao despertar.
Alternativa B: INCORRETA. O midazolam é um seda-
tivo com grande potencial de causar hipotensão.
Alternativa C: INCORRETA. O propofol, assim como
o midazolam, também tem grande potencial car-
diodepressor.
Alternativa D: INCORRETA. O fentanil é um droga anal-
gésica opioide, sem efeito sedativo.
✔ resposta: A
70
Capítulo
ATLS – TRAUMA TORÁCICO
3
importância/prevalência
u Alguns traumas devem ser diagnosticados e tratados ainda na avaliação primária e no momento em que
são identificados, pois apresentam risco imediato à vida do paciente. São eles: pneumotórax hipertensivo,
pneumotórax aberto, hemotórax maciço, tamponamento cardíaco e lesão de árvore traqueobrônquica.
u No pneumotórax hipertensivo, temos a diminuição do débito cardíaco por compressão cardíaca direta.
O diagnóstico é clínico; a conduta inicial é a toracocentese de alívio (punção torácica com jelco calibroso).
Importante: classicamente, a punção de alívio era feita na linha hemiclavicular, no 2º espaço intercostal;
agora, ela pode ser feita no local da drenagem de tórax (linha axilar, 4º ou 5º espaço).
u A percussão é fundamental nesses casos: no pneumotórax hipertensivo, temos hipertimpanismo, enquanto
no hemotórax nota-se macicez à percussão.
u A conduta final para ambos é a drenagem sob selo d’água.
u Lembre-se: no tamponamento cardíaco, temos a Tríade de Beck: hipotensão, abafamento das bulhas
cardíacas e distensão jugular. O diagnóstico pode ser dado por FAST; o tratamento é a Punção de Marfan.
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1. A NATOMIA SUPERFICIAL W Linha média: indica a interseção do plano mediano
com a parede anterior do tórax.
DO TÓRAX
W Linhas hemiclaviculares: são paralelas à linha média;
cruzam os pontos médios das clavículas.
W Linha axilar anterior: corre verticalmente ao longo da
BASES DA MEDICINA
prega axilar anterior (que é formada pela margem do
peitoral maior).
Diversas linhas imaginárias facilitam as descrições ana-
W Linha axilar média: corre do ápice da axila; é paralela
tômicas, a identificação de áreas do tórax e a localização
à linha axilar anterior.
de lesões, como ferimentos por Ferimentos por Armas
Brancas (FAB). W Linha axilar posterior: também paralela à linha axilar
anterior; traçada verticalmente, ao longo da prega
axilar posterior.
71
ATLS – Trauma torácico Trauma
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u
ponamento cardíaco.
u Lesão esofágica.
72
ATLS – Trauma torácico Cap. 3
2.1. Q
UADRO CLÍNICO CLÁSSICO
u MV reduzido ou abolido.
u Hipertimpanismo.
u Desvio de traqueia.
u Enfisema de subcutâneo.
u Turgência jugular (se o paciente não apresentar
choque hemorrágico associado).
u Hipotensão e taquicardia.
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no 5º espaço intercostal, na linha axilar média, com
agulha grossa (jelco 14 ou 16). Não podemos nos
esquecer de que a punção é medida de urgência e
transforma o pneumotórax hipertensivo em pneu-
motórax simples. Fonte: Acervo Sanar.
FLASHCARD
73
ATLS – Trauma torácico Trauma
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d’água. Nesses casos, não precisamos realizar a
descompressão torácica com jelco ou dedo! Quadro 1. Diferenciais no exame físico: pneumotórax
hipertensivo X hemotórax volumoso.
Figura 4. RX de tórax com pneumotórax Pneumotórax
simples à esquerda. Hemotórax volumoso
hipertensivo
74
ATLS – Trauma torácico Cap. 3
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Qual a conduta no hemotórax maciço?
Drenagem pleural sob selo d’água.
5. PNEUMOTÓRAX ABERTO
A indicação da toracotomia de urgência não deve
ser baseada somente no volume de sangue após a O pneumotórax aberto ocorre quando há grandes
drenagem, mas sim, no estado hemodinâmico do lesões da parede torácica (defeito de pelo menos
paciente após as medidas iniciais. Sabemos que 2/3 da luz traqueal).
pacientes que apresentem saída de mais de 1.500
mL de sangue na drenagem inicial ou saída de 200 O tratamento do pneumotórax aberto no atendimento
mL/h por 2 a 4 horas pós-trauma têm altas chances inicial é a oclusão do orifício em parede torácica,
de ser submetidos à toracotomia de urgência. com curativo oclusivo de três pontas (formando
uma válvula unilateral). Logo após a realização do
curativo, devemos prosseguir com a drenagem de
FLASHCARD
tórax.
Qual o volume de sangue no dreno de tórax que cos-
tuma indicar a toracotomia de urgência?
1.500 mL de sangue ou saída de 200 mL/h por 2 a 4 FLASHCARD
horas pós-trauma. Qual a conduta no pneumotórax aberto?
Curativo oclusivo de três pontas, seguido de drena-
gem sob selo d’água.
75
ATLS – Trauma torácico Trauma
Figura 7. Curativo de três pontas para tratamento do Alguns conceitos referentes ao dreno de tórax cos-
pneumotórax aberto. Note que o curativo faz uma válvula. tumam cair em prova. Vamos revisá-los.
6.1. C
UIDADOS COM O PACIENTE
E COM O DRENO
DICA
Quando retirar o dreno?
W Causa-base revertida.
Fonte: Acervo Sanar.
W Baixo débito (número é divergente na li-
teratura, mas volume deve ser < 50-200
mL/24 h).
DICA W Débito seroso.
Não podemos utilizar o orifício do
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trauma para realizar a drenagem de tórax! W Pulmões expandidos na radiografia.
Sempre devemos fazer outro orifício!
W Ausência de escape aéreo.
W Paciente em ventilação espontânea
(sem pressão positiva por CPAP ou ven-
FLASHCARD
tilação mecânica).
Vimos que a drenagem de tórax é um dos principais É possível apresentar contusão pulmonar sem fra-
tratamentos para lesões torácicas, devendo ser tura de costelas?
utilizada em diversas situações: pneumotórax sim- Sim, em crianças.
ples, pneumotórax hipertensivo, hemotórax maciço,
hemotórax, pneumotórax aberto etc.
76
ATLS – Trauma torácico Cap. 3
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“secar” o pulmão, permitir melhor troca gasosa
e evitar derrame pleural.
DICA
Fratura de costelas altas e clavícu-
la: força intensa! Trauma muito importante,
com alto risco de mortalidade, devido às
lesões associadas.
Fonte: Karim4.
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ATLS – Trauma torácico Trauma
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u
estar atento ao traçado do ECG/monitor cardíaco,
u Abafamento de bulhas cardíacas. pois alterações podem significar contato com o
u Distensão jugular. miocárdio. A retirada de pequenos volumes (15-20
mL) já promove uma melhora na hemodinâmica
FLASHCARD
enquanto o paciente não é admitido para a cirurgia.
O tratamento definitivo deve ser de urgência, em
Qual exame complementar pode fazer esse diag-
nóstico? um centro especializado e com cirurgião de trauma
FAST. (toracotomia anterolateral esquerda de urgência).
somente 35% dos casos, mas, na sua prova, ela Qual o tratamento padrão-ouro para o tamponamen-
estará! to cardíaco?
Toracotomia.
Fique tranquilo!
Esses pacientes também podem apresentar pulso
paradoxal, que é a redução de ≥ 10 mmHg na PAS
durante a inspiração. 9. TORACOTOMIA NO TRAUMA E
Lembre-se do FAST! Ele é extremamente importante ZONA “PERIGOSA” DE ZIEDLER
nesses casos e faz o diagnóstico.
A pericardiocentese (ou punção de Marfan) é uma Nos ferimentos cardíacos, 70% deles provêm de
medida heroica que pode esvaziar o saco pericár- lesões na Região de Ziedler. Seus limites são:
dico. Se possível, a punção pericárdica deve ser
realizada guiada por ultrassom. A janela pericárdica
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ATLS – Trauma torácico Cap. 3
u Superiormente: linha horizontal sobre o Ângulo A única indicação para toracotomia de reanima-
de Louis (2º espaço intercostal) OU manúbrio. ção é quando há PCR em AESP, em doentes com
u Inferiormente: linha horizontal imaginária sobre ferimentos torácicos penetrantes, na presença de
o processo xifoide (10º espaço intercostal). cirurgião habilitado.
u Lateral direita: borda paraesternal direita.
u Lateral esquerda: linha axilar anterior esquerda. 10. RUPTURA TRAUMÁTICA
DE AORTA
Figura 9. Zona “perigosa” de Ziedler.
DICA
O local mais comum de ruptura é a
aorta descendente, junto ao ligamento arte-
rioso e distal à artéria subclávia esquerda.
FLASHCARD
Qual o mecanismo de trauma que deve levar à sus-
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peita de lesão de aorta?
Fonte: Acervo Sanar. Desaceleração.
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mobilidade da parede cardíaca e alterações eletro-
DICA cardiográficas. Podem ocorrer diversas alterações
O exame padrão-ouro para o diag-
eletrocardiográficas, como no segmento ST, fibrila-
nóstico de lesão de aorta no trauma é a
tomografia computadorizada helicoidal de
ção atrial, taquicardia sinusal. A troponina pode se
tórax com contraste. apresentar elevada na confusão miocárdica, mas
seu uso no diagnóstico de contusão miocárdica é
inconclusivo. Pacientes com contusão miocárdica
diagnosticada por alterações eletrocardiográficas
FLASHCARD têm um risco aumentado para arritmias e devem
Qual o exame padrão-ouro para o diagnóstico de le- ser monitorizados durante as primeiras 24 horas.
são de aorta no trauma?
TC helicoidal de tórax com contraste.
DIA A DIA MÉDICO
80
ATLS – Trauma torácico Cap. 3
Figura 11. A – localização do probe na região anterior do tórax, entre o 3º e o 5º espaços intercostais da
linha hemiclavicular direita; B – imagem ultrassonográfica pulmonar normal (presença de linhas A e B).
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é um sinal indireto de que existe ar entre as pleuras. Na
presença de um pneumotórax, não há o deslizamento
entre as pleuras, pois o ar existente entre elas inibe o
deslizamento pleural.
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ATLS – Trauma torácico Cap. 3
ATLS
Atendimento inicial ao
paciente vítima de trauma
B – Ventilação
Risco de morte
imediata
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Pneumotórax Hemotórax Pneumotórax Lesão Tamponamento
hipertensivo maciço aberto laringotraqueal cardíaco
Toracocentese de Pericardiocentese
Drenagem de Manutenção da via
alívio no 4º EIE, na Curativo em 3 pontas guiada por ultrassom
tórax e reposição aérea e necessidade
linha axilar (mesmo e drenagem torácica seguida de toracotomia
volêmica adequada de reparo cirúrgico
local da drenagem) de urgência
83
ATLS – Trauma torácico Trauma
REFERÊNCIAS
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Lorenzo RG. Utilização do FAST-Estendido (EFAST-Exten-
ded Focused Assessment with Sonography for Trauma) em
terapia intensiva. Rev Bras Ter Intensiva 2010;22(3):291-
299. https://doi.org/10.1590/S0103-507X2010000300012.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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ATLS – Trauma torácico Cap. 3
QUESTÕES COMENTADAS
⮦ Movimento paradoxal pelo retalho móvel. (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL - 2021) São con-
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⮧ Contusão pulmonar e dor pelas fraturas. dutas aceitas no paciente vítima de trauma com he-
mopericardio e tamponamento cardíaco, EXCETO:
⮨ Hipotensão arterial.
⮩ Hemotórax à direita. ⮦ Pericardiocentese subxifoidea.
⮧ Janela pericárdica.
Questão 2 ⮨ Mediastinoscopia para descompressão peri-
cárdica.
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ⮩ Toracotomia submamária esquerda.
ESTADUAL – SP – 2021) Um paciente de 56 anos sofreu
trauma por guindaste na região lateral direita do
tórax. Foi levado pelos colegas de trabalho ao pron- Questão 4
to-socorro e deu entrada no setor de emergência
(UNIEVANGÉLICA DE ANÁPOLIS – 2016) Paciente vítima de
com área de crepitação em costelas (8.a, 9.a e 10.a)
colisão entre moto e caminhão é admitido na emer-
do lado direito, que se movimentava irregularmente
gência, trazido pelo Corpo de Bombeiros, com colar
durante a respiração (paradoxal). Murmúrio vesi-
cervical e prancha. Encontrava-se com vias aéreas
cular presente e simétrico, crepitações à palpação
pérveas, queixando-se de dor torácica, saturação de
de costelas (8.a, 9.a e 10.a) do lado direito, sem fe-
oxigênio de 95% com máscara de oxigênio e estável
rimentos locais. Frequência cardíaca de 120 bpm,
hemodinamicamente. O murmúrio vesicular estava
frequência respiratória de 28 ipm e pressão arte-
discretamente reduzido à esquerda. Realizou to-
rial de 140 x 90 mmHg. Com base nessa situação
mografia de tórax, que demonstrou hemotórax em
hipotética, assinale a alternativa que apresenta,
hemitórax esquerdo e alargamento mediastinal.
correta e respectivamente, a lesão mais provável
Nesse caso, qual a melhor conduta?
e a abordagem inicial.
85
ATLS – Trauma torácico Trauma
⮦ Drenagem torácica, analgesia e observação. direita por pneumotórax. Na avaliação clínica, de-
⮧ Aortografia. tectou-se tórax instável com contusão pulmonar,
sem outras lesões. Foi encaminhado para a UTI,
⮨ Ressonância nuclear magnética.
onde chegou lúcido, ainda com dor em hemitórax
⮩ Toracotomia anterior esquerda. direito, SatO2 de 94% com máscara de Venturi a
40%, frequência respiratória de 30 incursões por
Questão 5 minuto; frequência cardíaca de 115 bpm, pressão
arterial de 120 x 70 mmHg e Glasgow 15. Indique
(HOSPITAL REGIONAL DE MS – ROSA PEDROSSIAN – 2017) A três medidas de suporte recomendas para o trau-
drenagem torácica fechada com selo d’água é um ma torácico desse paciente:
procedimento médico rotineiro, muito utilizado no
tratamento de afecções resultantes de trauma torá- ⮦ Intubação traqueal, sedação e ventilação mecâ-
cico. Quando da ocorrência de hemotórax maciço, nica protetora.
qual volume de sangue drenado de imediato indi- ⮧ Melhora da analgesia, pressão positiva não in-
ca a realização de uma toracotomia de urgência? vasiva e antibioticoterapia profilática.
⮨ Melhora da analgesia, pressão positiva não in-
⮦ > 750 mL
vasiva e evitar sobrecarga hídrica.
⮧ > 2000 mL
⮩ Intubação traqueal, fixação cirúrgica das coste-
⮨ > 900 mL las e evitar sobrecarga hídrica.
⮩ > 1000 mL
⮪ > 1500 mL
Questão 8
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(H. U. BETTINA FERRO DE SOUZA/JOÃO BARROS BARRETO – 2017) dos à drenagem pleural fechada:
L. H. S., feminino, 56 anos, deu entrada no PS com
⮦ Ausência de oscilação de líquido em sistema
ferimento por arma branca localizada na Zona de
coletor.
Ziedler. Paciente falando, murmúrio vesicular dimi-
nuído à esquerda, pulso – 86 bat/min, pele quente ⮧ Telerradiografia de tórax sem velamento de seio
e TA – 110 x 70 mm/Hg. Glasgow 15. Após a drena- costofrênico.
gem torácica à esquerda, que deu saída a 150 mL ⮨ Ausência de fuga aérea em selo d’água.
de sangue, paciente encontra-se estável hemodi- ⮩ Ausência de dor pleural.
namicamente. A melhor conduta é:
⮪ Melhora da leucocitose após drenagem de em-
⮦ Internação para cirurgia torácica. piema pleural.
⮧ Toracotomia anterior esquerda.
⮨ Janela pericárdica. Questão 9
⮩ Toracotomia anterolateral (HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS – SP – 2021) Vítima de queda de
⮪ Toracotomia anterior direita. motocicleta, um homem de 32 anos foi atendido e
estabilizado na sala de emergência, permanecen-
do estável todo o período. A cinética do trauma foi
Questão 7
baixa, porém o paciente tem dor à palpação de gra-
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) Homem de 44 anos deado costal esquerdo. A radiografia de tórax não
foi vítima de colisão automóvel x automóvel. Chegou mostra alteração pleural, mas identifica fratura do
ao pronto-socorro imobilizado em prancha rígida, oitavo arco costal esquerdo. Pelo achado, foi sub-
com colar cervical. Realizada drenagem torácica à metido à tomografia que, além da fratura, mostra
pneumotórax laminar à esquerda. Pulso: 90 bpm, FR:
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ATLS – Trauma torácico Cap. 3
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discreto pneumotórax à direita (15%). 28 anos, vítima de queda de motocicleta, necessitou
Qual é a melhor conduta para o caso acima? de drenagem de tórax por hemotórax associado a
fratura de dois arcos costais à direita. Não apre-
⮦ Acompanhamento clínico senta outras lesões significativas. Está estável e
⮧ Punção pleural consciente. Está hoje no quinto dia pós-drenagem.
⮨ Toracotomia Débitos diários do dreno: 1o dia: 400 mL, conteúdo
hemático; 2o dia: 300 mL, conteúdo sero-hemático,
⮩ Drenagem pleural
escuro (espesso); 3o dia: 300 mL, conteúdo sero-
-hemático, claro; 4o dia: 150 mL, conteúdo seroso;
Questão 11 5o dia: 90 mL, conteúdo seroso. O dreno continua
oscilante. Não há evidência de escape aéreo, mes-
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – 2017) São sinais radio- mo com manobra de Valsalva. Murmúrio vesicular
lógicos da hérnia diafragmática traumática: presente bilateralmente, simétrico. FR: 14 irpm; sa-
turação: 98%, em ar ambiente. Em relação à retirada
⮦ Hemopneumotórax esquerdo e baço visível do
do dreno, é correto afirmar:
hemitórax esquerdo.
⮧ Hemopneumotórax esquerdo e pneumomedias- ⮦ Independentemente do débito, manter o dreno,
tino direito. pois ainda está oscilante.
⮨ Apagamento do seio costofrênico esquerdo e ⮧ Retirar apenas quando o débito for inferior a 50
pneumomediastino direito. mL por dia.
⮩ Apagamento do seio costofrênico esquerdo ⮨ Sacar já, pois o débito é inferior a 100 mL por
e sonda nasogástrica visível no hemitórax es- dia, sendo o conteúdo seroso.
querdo. ⮩ Ponderar a retirada apenas após nova avaliação
⮪ Apagamento do músculo psoas ilíaco à direita. tomográfica.
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ATLS – Trauma torácico Trauma
Questão 14
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ATLS – Trauma torácico Cap. 3
GABARITO E COMENTÁRIOS
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instável à insuficiência respiratória NÃO é apenas estase jugular. O tamponamento cardíaco costuma
a respiração paradoxal em si. Certamente, para ter ser secundário a traumas penetrantes no pré-cordio.
causado esse estrago, o trauma deve ter sido bas- O diagnóstico pode ser feito por meio do ultrassom
tante forte, sendo comum acontecer CONTUSÃO FAST, pela punção de alívio (punção de Marfan) ou
PULMONAR. Associado a isso, é um paciente que uma janela pericárdica. Tanto a pericardiocentese
está sentindo uma intensa DOR, e não é para me- quanto a janela pericárdica podem aliviar os sinto-
nos. Uma analgesia potente é um dos pilares do mas e servir de ponte para o tratamento cirúrgico
tratamento dessa condição. definitivo (toracotomia de urgência).
✔ resposta: B Alternativa D: INCORRETA. Para haver um pneumotó-
ax aberto, existe a necessidade de ter um ferimento
aberto na parede torácica, de pelo menos 2/3 do
Questão 2 dificuldade: diâmetro da traqueia. A clínica é a mesma do pneu-
motórax (MV reduzidos ou abolidos + hipertimpanis-
Y Dica do professor: questão clássica de tórax instá-
mo). O tratamento inicial consiste no curativo de 3
vel com contusão pulmonar. O paciente apresenta
pontas e na drenagem torácica em OUTRO orifício.
respiração paradoxal (ele inspira e o tórax afunda).
Já o tratamento definitivo costuma ser cirúrgico,
Para que exista um tórax instável, são necessários
para reconstruir a parede do tórax.
pelo menos dois pontos de fratura em duas ou mais
costelas consecutivas). Alternativa E: CORRETA! Qual o tripé do tratamento da
contusão pulmonar? (i) Analgesia, (ii) fisioterapia
Alternativa A: INCORRETA. Pneumotórax hipertensivo
respiratória intensiva e (iii) balanço hídrico negati-
é igual à ausência de murmúrios vesiculares e hiper-
vo. Pacientes com dor não conseguem ventilar de
timpanismo de um lado, associado à hipotensão.
forma adequada e fazem inspirações superficiais, o
Pode haver também desvio de traqueia e turgência
que impede a expansão alveolar. A hiper-hidratação
jugular. O tratamento para o pnmtx hipertensivo
89
ATLS – Trauma torácico Trauma
“encharca” os pulmões/alvéolos e também prejudi- lesões penetrantes na parede anterior com tampo-
ca a troca gasosa. namento cardíaco • feridas na caixa torácica com
✔ resposta: E grandes dimensões • lesões de vasos nobres no
tórax com instabilidade hemodinâmica • lesões
traqueobrônquicas extensas • evidência de perfu-
Questão 3 dificuldade: ração esofageana.
Y Dica do autor: Questão bem direta! Exceto a me- Resolução: para fazer a toracotomia de urgência, o
diastinoscopia, todas as alternativas são opções volume de sangue drenado é > 1.500 mL.
para o tratamento do tamponamento cardíaco! A ✔ resposta: E
pericardiocentese com agulha, guiada por ultrassom
é uma medida temporária que pode salvar vidas, a
Questão 6 dificuldade:
janela pericárdica é uma alternativa melhor a pun-
ção e a toracotomia é a conduta padrão e definitiva Y Dica do autor: o correto nesse caso seria investigar
para lesões cardíacas! o pericárdio, com o FAST! Entretanto, o autor não
✔ resposta: C nos deu essa alternativa. Não adianta brigar com a
questão. É melhor marcar a alternativa “menos pior”!
Alternativa A: INCORRETA. Não necessariamente pre-
Questão 4 dificuldade:
cisamos do cirurgião torácico nesse caso.
Resolução: quando suspeitamos de lesão traumá- Alternativa B: INCORRETA. A saída de 150 mL de san-
tica de aorta (trauma por desaceleração associa- gue da drenagem não indica toracotomia.
do a alterações radiográficas, sendo a principal o Alternativa C: CORRETA. Lembrar da Zona de Ziedler:
alargamento mediastinal), devemos confirmá-la pode ter havido lesão cardíaca, fazendo um tampo-
através de exame mais fidedigno, sendo os princi- namento. Portanto, é necessário que se faça uma
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pais a angiotomografia e a arteriografia, para poste- janela pericárdica para investigação.
riormente realizar tratamento adequado. Devemos
Alternativa D: INCORRETA. Não há indicação de to-
lembrar também de que o paciente vítima dessa
racotomia.
lesão apenas chega vivo ao hospital porque não
houve ruptura completa da aorta (o sangramen- Alternativa E: INCORRETA. Não há indicação de to-
to geralmente é contido por tecidos periaórticos racotomia.
pleurais ou pela túnica adventícia do vaso). Sendo ✔ resposta: C
assim, como não há descrição de instabilidade he-
modinâmica e o paciente está saturando 95% com
máscara de oxigênio, está contraindicado realizar Questão 7 dificuldade:
drenagem torácica nesse momento, devido ao risco Alternativa A: INCORRETA. Paciente estável hemodi-
de destamponamento da lesão e possível ruptura. namicamente, saturando 94%, não requer IOT.
Primeiro devemos realizar a aortografia para con-
Alternativa B: INCORRETA. Não há indicação de anti-
firmar o diagnóstico de trauma de aorta.
bioticoterapia na contusão pulmonar.
✔ resposta: B
Alternativa C: CORRETA. Em pacientes estáveis, sem
hipóxia, podemos otimizar a analgesia, fazer pres-
Questão 5 dificuldade: são positiva não invasiva e tomar cuidado com a
hidratação, pois pode piorar o quadro pulmonar.
Y Dica do autor: devemos saber as indicações de
Alternativa D: INCORRETA. Como na Alternativa A,
toracotomia. São elas: • hemotórax maciço ou seja,
não há necessidade de IOT; não fazemos fixação
drenagem imediata de 1.500 mL (ou 1/3 da volemia)
das costelas.
pelo dreno tubular da toracoscopia ou saída de 200
✔ resposta: C
a 300 mL/h nas 2 a 4 primeiras horas (principal) •
90
ATLS – Trauma torácico Cap. 3
Y Dica do autor: questão direta acerca de critérios Y Dica do autor: questão fácil sobre tratamento do
de retirada de dreno de tórax. Vamos recordar os pneumotórax. Paciente com provável pneumotó-
critérios para a retirada do dreno de tórax: esta- rax espontâneo chega ao PS sintomático, FR 32,
bilidade hemodinâmica e melhora dos sintomas Sat 80%.
do paciente, pulmões totalmente expandidos na Alternativa A: INCORRETA. Paciente extremamente
radiografia de tórax e, em casos de derrame pleu- sintomático! A conduta expectante transformará
ral, a melhora do débito do dreno (inferior a 100 esse pneumotórax em hipertensivo, levando o pa-
mL em 24h); em diagnóstico de pneumotórax, a ciente a óbito.
ausência de fuga aérea em selo d’água por mais
Alternativa B: INCORRETA. A punção é realizada so-
de 48h a 72h.
mente no pneumotórax hipertensivo.
✔ resposta: C
Alternativa C: INCORRETA. A cirurgia não está indica-
da nos casos de pneumotórax simples.
Questão 9 dificuldade: Alternativa D: CORRETA. A drenagem pleural é a con-
duta padrão nos casos de pneumotórax.
Y Dica do professor: questão para o aluno que gos-
✔ resposta: D
ta de trauma e sempre acompanhava os casos no
pronto-socorro. O pneumotórax oculto é definido
como um pneumotórax visto na tomografia com- Questão 11 dificuldade:
putadorizada, mas não na radiografia simples.
Alternativa A: INCORRETA. Claro que o pneumotórax Resolução: na presença de uma hérnia diafragmática
em questão é um pneumotórax simples (há ar na com herniação, o conteúdo intra-abdominal tende
cavidade pleural, sem repercussão hemodinâmica). a migrar para a região intratorácica, sendo os prin-
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Mas, por definição, ele foi visto somente na tomo- cipais achados radiológicos o apagamento do seio
grafia. Então, é um pneumotórax oculto. costofrênico e a visualização da sonda nasogástrica
em região intratorácica. Geralmente, essas lesões
Alternativa B: INCORRETA. O diagnóstico está correto,
são mais diagnosticadas à esquerda, pois o fígado
mas a conduta não. Pneumotórax pequenos, que
dificulta a herniação à direita.
não são visíveis na radiografia e unicamente na to-
mografia, podem (e geralmente são) ser manejados ✔ resposta: D
de forma conservadora.
Alternativa C: INCORRETA. A conduta do pneumo- Questão 12 dificuldade:
tórax simples após trauma é sempre a drenagem,
isto é, se o pneumotórax é visto na radiografia, ele Resolução: Após drenagem, o selo d’água deve ser
deve ser drenado. trocado a cada 24 horas, sendo posicionado no
piso, ficando abaixo do paciente. A inspeção e a
Alternativa D: INCORRETA. A drenagem não é man-
troca diária do curativo são obrigatórias. Caso não
datória nesse caso.
haja contraindicações à deambulação, o paciente
Alternativa E: CORRETA. Atualmente a conduta mais poderá deambular com o dreno, evitando outras
aceita é a conservadora, com reavaliação e nova complicações associadas ao decúbito contínuo
radiografia em 24h e 48h, para garantir que não (trombose, atelectasias etc.).
houve aumento do pneumotórax.
✔ resposta: C
✔ resposta: E
91
ATLS – Trauma torácico Trauma
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Questão 14 dificuldade:
92
Capítulo
ATLS – CHOQUE
4
importância/prevalência
u Sempre temos que nos lembrar da sequência ABCDE em um politraumatizado. Manejo da via aérea, colar
cervical e avaliação da ventilação vêm antes do controle hemodinâmico. Isso é seguir o ATLS.
u Choque hemorrágico: sempre é a principal hipótese diagnóstica; a conduta inicial diante de um paciente
nesse estado é repor volume (dois acessos periféricos calibrosos) e achar a fonte de sangramento. TCE
não é causa de choque hemorrágico.
u Não podemos assumir que temos só uma causa de choque. Devemos saber diferenciar os outros choques.
Choque cardiogênico: contusão miocárdica; choque obstrutivo: tamponamento cardíaco e pneumotórax
hipertensivo; choque neurogênico: perda do sistema simpático = hipotensão sem taquicardia; e choque
séptico: associado a lesões de vísceras, tem apresentação tardia.
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CARDIOVASCULAR
BASES DA MEDICINA
1.1. PRÉ-CARGA
É a pressão na aorta que se opõe à saída de sangue do
ventrículo. Essa pressão aórtica depende da resistência
BASES DA MEDICINA vascular da circulação sistêmica. Dessa forma, a pós-carga
pode ser considerada a resistência que a circulação
oferece à ejeção do sangue. Com a elevação da pós-
É a pressão de enchimento à qual o ventrículo se submete -carga (por conta de uma vasoconstricção periférica, por
ao final da diástole – ou seja, é a pressão ventricular exer- exemplo), o ventrículo esquerdo responde primeiro com o
cida pelo Volume Diastólico Final (VDF), ao final do seu bombeamento de um volume de ejeção diminuído, o que
enchimento. Essa pressão depende do VDF, que, por sua ocasiona o aumento do Volume Sistólico Final (VSF), já
vez, é determinado pelo retorno venoso. Numa situação que “sobra” mais sangue em seu interior após a sístole.
em que há diminuição do retorno venoso, a pré-carga
ventricular é consequentemente reduzida, como nos Em situações ideais, o retorno venoso se mantém cons-
casos de sangramentos agudos decorrentes de trauma. tante; portanto, o aumento do VSF é acompanhado por
uma elevação no VDF e, consequentemente, por um
aumento no comprimento das fibras miocárdicas. Devido
à Lei de Frank-Starling, essa alteração no comprimento
diastólico final das fibras finalmente possibilita ao ven-
trículo bombear um volume de ejeção normal contra a
maior pós-carga; porém, à custa de maior pressão de
enchimento envolvida.
93
ATLS – Choque Trauma
1.3. D
ÉBITO CARDÍACO E 1.4. REFLEXO BARORRECEPTOR
MECANISMOS EXTRÍNSECOS
PARA SUA MANUTENÇÃO E
DA PRESSÃO ARTERIAL BASES DA MEDICINA
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ou a pós-carga, melhorando indiretamente o desempenho O Sistema Nervoso Simpático atua de diferentes maneiras
cardíaco. para promover a elevação da pressão arterial:
Mas, como dito, tais mecanismos têm um limite fisioló- W Elevando a FC, pois intensifica a automaticidade das
gico, como explicitado com a distensão excessiva das células do nó AS (aumentando, assim, o débito car-
fibras miocárdicas. díaco),
W Aumentando diretamente a contratilidade miocárdica
(aumentando, assim, o volume sistólico ejetado),
W Promovendo vasoconstricção periférica de arteríolas,
para manutenção da pressão arterial e venoconstricção
(que, por sua vez, mobiliza mais sangue para circulação,
elevando-se a pré-carga e o débito cardíaco).
94
ATLS – Choque Cap. 4
Contra�lidade
Pré-Carga Pós-Carga
miocárdica
Volume
FC
Sistólico
Resistência
Débito cardíaco periférica
PA
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Uma vez garantida a via aérea, a ventilação e a
respiração, podemos prosseguir para a avaliação 2. C HOQUE HEMORRÁGICO
hemodinâmica do doente.
FLASHCARD
FLASHCARD
Qual a causa mais comum de choque no paciente ví- Conduta inicial em um paciente com choque he-
tima de trauma? morrágico?
Hemorragia. Repor o volume e controlar a hemorragia.
95
ATLS – Choque Trauma
2.1. P
RECISAMOS REPOR O VOLUME Caso o acesso periférico não seja possível, temos
PERDIDO E CONTROLAR três opções:
A HEMORRAGIA! u Dissecção de veia safena.
u Punção intraóssea (platô tibial, úmero, porção
Devemos tratar com reposição volêmica todo doente distal do fêmur ou esterno).
em choque! A conduta inicial consiste em dois aces-
u Acesso venoso central.
sos venosos calibrosos, de preferência em fossas
anticubitais, com a infusão de 1 l de cristaloide
aquecido a 39°C. O volume inicial a ser infundido 2.2. PERDA SANGUÍNEA ESTIMADA
foi tema de discussão nas últimas edições do ATLS. E CLASSES DO CHOQUE
Na 8ª edição (2008), a infusão inicial era de 2 litros;
na 9ª edição (2012), modificou-se para 1 a 2 litros; É fácil entender que, no choque hemorrágico, nosso
finalmente, na edição atual (2018), esse volume paciente estará taquicárdico e malperfundido.
inicial foi alterado para 1 litro! Portanto, fique atento A volemia reduzirá à custa de sangramento; con-
a pegadinhas na prova. Não sabemos se a banca sequentemente, o volume sistólico será menor. Na
estará tão atualizada! tentativa de manter um débito cardíaco adequado,
nosso organismo tentará compensar isso com
FLASHCARD
taquicardia. Observe a Figura 1, para compreender
melhor.
O que fazer quando não conseguimos o acesso pe-
riférico? O choque hemorrágico é subdividido em quatro
Punção intraóssea, dissecção de safena ou aces- classes, conforme sua gravidade e volume de perda
so central.
sanguínea. Houve uma mudança importante na
última edição do ATLS, que retirou dados objetivos/
O importante é saber que a infusão deve ser con- numéricos e os substituiu por setas, representando
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trolada e rigorosa, baseada na resposta clínica do redução, normalidade ou elevação do parâmetro. As
doente! Não podemos infundir muito volume de tabelas vão facilitar seu entendimento.
uma única vez sem antes reavaliar nosso paciente.
Normal ou
Pressão de pulso Diminuída Diminuída Diminuída
aumentada
Moderadamente
Estado mental Levemente ansioso Ansioso, confuso Confuso, letárgico
ansioso
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ATLS – Choque Cap. 4
Fc ←→ ←→/↑ ↑ ↑/↑↑
PA ←→ ←→ ←→/↓ ↓
Pressão de pulso ←→ ↓ ↓ ↓
Fr ←→ ←→ ←→/↑ ↑
Diurese mL/h ←→ ←→ ↓ ↓↓
Glasgow ←→ ←→ ↓ ↓
Protocolo de
Transfusão Expectante Possível Sim
transfusão maciça
Fonte: American College of Surgeons.2
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mento e controlá-la! média para manter a pressão de perfusão cerebral
Etiologia do choque hemorrágico: (PPC = PAM – PIC).
u Tórax.
u Abdome.
DICA
O TCE é contraindicação à hipoten-
u Pelve e retroperitônio.
são permissiva.
u Ossos longos.
u “Chão”: meio externo.
2.5. R
EPOSIÇÃO DE SANGUE E O
2.4. HIPOTENSÃO PERMISSIVA/ PROTOCOLO DE TRANSFUSÃO MACIÇA
REANIMAÇÃO HIPOTENSIVA
E quando vamos transfundir?
normal, pois a elevação da pressão arterial, de forma No paciente com TCE, deve-se manter uma PAM maior
muita rápida, sem o controle da hemorragia, pode para manter a pressão de perfusão cerebral?
fazer com que a perda sanguínea seja exacerbada. Sim.
97
ATLS – Choque Trauma
FLASHCARD FLASHCARD
Qual a indicação de transfusão no trauma? Quais os sinais vitais que devem ser avaliados na re-
posição volêmica?
Choque hemorrágico graus III e IV.
Redução de FC, elevação da PA, melhora da perfusão
periférica, melhora do status neurológico e ausência
de taquidispneia.
A transfusão de mais de dez concentrados de hemá-
cias nas primeiras 24 horas associada à transfusão
de plaquetas e plasma é conduta de exceção e
2.6. RESPOSTA À REPOSIÇÃO VOLÊMICA
fica reservada a politraumatizados muito graves,
com choque hemorrágico intenso (grau IV). A essa
conduta, dá-se o nome de Protocolo de Transfusão Existem diversas maneiras de avaliar a resposta
Maciça. Esse tema nunca foi cobrado em prova, mas da infusão volêmica no paciente vítima de trauma.
sabemos que é algo muito discutido na Universidade Todos os sinais vitais precisam ser avaliados, e
de São Paulo (USP). As principais complicações nossa meta deve ser:
desse protocolo são: hipocalcemia, hipercalemia u Redução da frequência cardíaca.
e alcalose respiratória. u Elevação da PA, próximo a valores normais.
Outra novidade na nova edição do ATLS é o uso do u Melhora da perfusão periférica (menor tempo de
ácido tranexâmico (transamin), um fármaco antifi- enchimento capilar).
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brinolítico que atua no controle da hemorragia se u Melhora do status neurológico.
prescrito até 3 horas após o trauma. Há indicação u Ausência de taquidispneia.
em traumas graves com choque hemorrágico graus
III e IV, que geralmente evoluem com coagulopatia.
FLASHCARD
98
ATLS – Choque Cap. 4
• Melhora transitória
Sinais Vitais Retorno à normalidade • Nova queda de PA Não houve alteração
• Aumento da FC
DICA
O ácido tranexâmico é um medi- FLASHCARD
camento usado para neutralizar o siste- Quando suspeitar de choque cardiogênico?
ma fibrinolítico (bloqueia a formação de O paciente terá uma contusão miocárdica caracteri-
plasmina) – ou seja, é classificado como zada por fratura ou impacto no esterno, hipotensão
antifibrinolítico, inibindo a dissolução do e arritmias (presentes no ECG).
coágulo já formado. Fazemos uma dose
de ataque de 1 g IV em bolus, seguida por
uma dose de manutenção de 1 g IV a cada Outras causas (muito raras) de choque cardiogênico
8 horas. Mas muito cuidado: as evidências são: rotura de miocárdio, dissecção de coronárias,
atuais só recomendam que seja infundido trombose de coronárias/IAM ou lesão valvar.
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até 3 horas após o trauma!
4. C HOQUE OBSTRUTIVO
3. C HOQUE CARDIOGÊNICO
FLASHCARD
99
ATLS – Choque Trauma
Choque Choque
É uma afecção rara, mas pode ser vista quando há hemorrágico neurogênico
lesões medulares altas (cervical ou torácica alta,
Normal ou
acima de T6). O choque neurogênico é um choque Fc Taquicardia
bradicardia
distributivo! É resultado da perda do tônus simpá-
Extremidades/ Quentes,
tico, que gera vasoplegia e vasodilatação, levando perfusão
Frias, pálidas
pegajosas
à hipotensão.
Responsivo
Responde Não responde
Notem que não há redução do débito cardíaco a fluidos
nesses casos, pois a hipotensão é secundária à
Cristaloides
vasodilatação periférica! Tratamento Droga vasoativa
e sangue
u Hipotensão. Fonte: American College of Surgeons.2
u Bradicardia ou normocardia (não há taquicardia
compensatória, pois houve perda do sistema
simpático). 6. C HOQUE SÉPTICO
FLASHCARD
É causa incomum de choque logo após o trauma,
No choque neurogênico ocorre vasodilatação, causan-
do uma hipotensão por perda do sistema simpático? mas pode ocorrer naqueles casos em que o aten-
Sim. dimento médico foi retardado por algum motivo.
Geralmente está associado a lesões de vísceras
ocas ou traumas musculoesqueléticos.
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5.1. TRATAMENTO
DICA
Uso cauteloso de vasopressores (é a única indica- A lesão esofágica é muito rara, mas
ção de fármaco vasoativo no trauma!). A infusão deve ser lembrada em casos de choque
de fluidos não alterará a pressão nesses pacientes, séptico sem causa aparente após 48 a 72
horas de trauma torácico fechado.
pois há vasodilatação de todo o sistema.
DICA
TCE isolado não causa choque.
Temos que pesquisar outras lesões.
100
ATLS – Choque Cap. 4
ATLS
Atendimento inicial ao
paciente vítima de trauma
Choque
continua…
Choque hipovolêmico
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Hemorrágico Não hemorrágico
Exs.: desidratação ou
PRINCIPAL CAUSA DE pancreatite aguda grave
CHOQUE NO TRAUMA!
Classificação:
• Grau 1
• Grau 2
• Grau 3
• Grau 4
1L de solução Acesso venoso
cristaloide aquecida periférico calibroso
Avaliar necessidade
Hipotensão permissiva
de transfusão precoce
101
ATLS – Choque Trauma
…continuação
Choque não
hipovolêmico
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Cardiogênico Obstrutivo Distributivo
Trauma cardíaco
Neurogênico
contuso Tamponamento Pneumotórax
TEP
cardíaco obstrutivo
IAM Séptico
Pericardiocentese Toracocentese de
guiada de US + alívio no 4o EIE,
toracotomia linha axilar média
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ATLS – Choque Cap. 4
REFERÊNCIAS
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ATLS – Choque Trauma
QUESTÕES COMENTADAS
⮩ Sequestro de líquido para o terceiro espaço. (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – 2016) O mais
⮪ Queimadura elétrica. aceito conceito de “choque” é o de “perfusão ina-
dequada dos tecidos”. Qual é a principal razão do
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choque neurogênico?
Questão 2
⮦ Dilatação e rapto volumétrico nos MMII.
(HOSPITAL EVANGÉLICO DE VILA VELHA – ES – 2020) Sobre o ⮧ Perda de tônus simpático.
choque no trauma, é correto afirmar, EXCETO:
⮨ Perda de força ejetora.
⮦ A hemorragia é a causa mais comum de choque ⮩ Diminuição da capacidade ventilatória.
no trauma. ⮪ Sequestro sanguíneo em vísceras abdominais.
⮧ Fratura de pelve isolada pode cursar com cho-
que grave.
Questão 5
⮨ A primeira alteração no choque hemorrágico é
a queda da pressão arterial. (GRUPO SANTA CASA DE MISERICÓRIDA – MG – 2020) A prin-
cipal causa do choque no trauma é a hipovolemia.
⮩ O choque neurogênico se caracteriza por hipoten- O choque hemorrágico pode ser dividido nas clas-
são e frequência cardíaca normal ou diminuída. ses I, II, III e IV. A perda de sangue estimada, em
⮪ Lesões intracranianas isoladas não causam percentual do volume sanguíneo, para as classes
choque. I, II, III e IV é, respectivamente, de:
⮦ 0, 20, 30 e 40.
Questão 3 ⮧ até 15, de 15 a 30, de 30 a 40 e maior que 40.
(FACULDADE DE MEDICINA DO ABC – 2015) Em qual das alter- ⮨ até 5, de 5 a 10, de 10 a 20 e maior que 20.
nativas descritas a seguir a variável hemodinâmica ⮩ até 10, de 10 a 20, de 20 a 25 e maior que 25.
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ATLS – Choque Cap. 4
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dome tenso e equimose periumbilical. A sequência
⮩ F – V – F – V das medidas recomendadas é:
⮪ F – F – F – F
⮦ Abertura de vias aéreas, colocação de colar
cervical, entubação orotraqueal, aquisição de
Questão 7 2 acessos venosos periféricos, administração
de coloide, seguido de hemoderivados, enca-
(HOSPITAL E MATERNIDADE DONA IRIS – GO – 2020) Das al-
minhado para tomografia de corpo inteiro para
ternativas, qual NÃO corresponde ao choque hipo-
programação de possível intervenção cirúrgica.
volêmico?
⮧ Aquisição de 2 acessos periféricos, administra-
⮦ Configura uma das principais causas de morte ção de 20 mL/kg de cristaloide, podendo ser
evitáveis no trauma, nesse contexto sendo res- repetido até 3 vezes, ponderar hemoderivados.
ponsável por 30 a 40% dos óbitos e a principal Proceder, em seguida, cuidados com a via aérea
causa de choque. (abertura seguida de entubação orotraqueal).
⮧ As novas estratégias de reposição volêmica do Encaminhar para centro operatório para lapa-
paciente traumatizado incluem reduzir a perda rotomia exploradora.
sanguínea, restabelecer a perfusão tecidual e ⮨ Abertura de vias aéreas, colocação de colar
a abordagem precoce da coagulopatia, que se cervical, entubação orotraqueal, aquisição de
resumem a grandes reposições de cristaloides 2 acessos venosos periféricos, administração
e hemácias. de cristaloide, ponderar hemoderivados, caso
⮨ A coagulopatia iatrogênica no trauma configura persista hipotenso, bem como infusão de dro-
quadro desencadeado por reposição volêmica gas vasoativas. Encaminhar para tomografia
excessiva com hemodiluição e depleção de fato- de corpo inteiro para programação de possível
res de coagulação, que, associada à coagulopatia intervenção cirúrgica.
105
ATLS – Choque Trauma
⮩ Abertura de vias aéreas, colocação de colar carro x carro. EF: consciente, orientada e imobilizada
cervical, entubação orotraqueal, aquisição de 2 em prancha rígida e colar cervical. FC = 110 bpm,
acessos venosos periféricos, administração de PA = 90 x 60 mmHg, MV + sem ruídos adventícios,
cristaloide, ponderar hemoderivados, caso per- abdome globoso, doloroso à palpação de flanco e
sista hipotenso, bem como infusão de drogas hipocôndrio esquerdos, com presença de hemato-
vasoativas. Encaminhar para centro operatório ma e discreta irritação peritoneal em hipocôndrio
para laparotomia exploradora. esquerdo. Hb: 9,8 g/dL. Após infusão endovenosa
⮪ Aquisição de 2 acessos periféricos, administra- de 3 litros de cristaloide, paciente apresenta FC =
ção de 20 mL/kg de cristaloide, podendo ser 95 bpm e PA = 110 x 60 mmHg. Realizou TC de ab-
repetido até 3 vezes, ponderar hemoderivados. dome: laceração esplênica de 3 cm de profundidade,
Proceder, em seguida, cuidados com a via aérea com presença de líquido periesplênico. A conduta é:
(abertura seguida de entubação orotraqueal). En-
⮦ Laparotomia exploradora
caminhar para tomografia de corpo inteiro para
programação de possível intervenção cirúrgica. ⮧ Videolaparoscopia diagnóstica
⮨ Observação do paciente em esquema de UTI
Questão 9 ⮩ Lavado peritoneal diagnóstico
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arterial.
vesicular presente bilateral, SpO2 88%, FR 22 ir/min,
⮩ A evidência de perfusão tecidual inadequada. forte dor e escoriações em gradil costal à esquer-
da. C: sem sangramento externo ativo, PA 160 X
90 mmHg, FC 95 bc/min, TEC 2s, abdome doloroso
Questão 10
em flanco esquerdo, pelve estável. D: Glasgow 12,
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBU- pupilas sem alterações, sem déficit neurológico fo-
CO – PE – 2018) Mulher, 21 anos, atropelada há 1 hora, cal, E: dorso e extremidades com pequenas escoria-
admitida em choque (PA: 80 x 40 mmHg) e deso- ções. Colocada máscara de oxigênio, com melhora
rientada. FAST positivo para sangue em janela es- da saturação para SpO2 90%. Realizada ultrassono-
plênica. Prescrito ácido tranexâmico e levada para grafia à beira do leito (eFAST), que evidenciou: 1 cm
cirurgia. O uso desse ácido promove: de líquido livre em espaço hepatorrenal; “sinal da
praia” presente e linhas B ausentes em hemitoráx
⮦ Imunocompetência por estímulo de células B. esquerdo. Antecedentes pessoais: fibrilação atrial
⮧ Neuroproteção por ativação glial. em uso de varfarina. Qual, das opções abaixo, é a
⮨ Menos infecção por ação bactericida. primeira escolha para reversão do efeito anticoa-
gulante cumarínico da varfarina?
⮩ Inibição da resposta metabólica ao trauma.
⮪ Antifibrinólise, diminuindo sangramento. ⮦ Complexo protrombínico
⮧ Plasma fresco congelado e vitamina K
Questão 11 ⮨ Concentrado de plaquetas
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ATLS – Choque Cap. 4
Questão 13
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ATLS – Choque Trauma
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Alternativa C: INCORRETA. Primeiro existe uma ta-
uma mudança na 10ª edição do ATLS, que retirou
quicardia compensatória. A hipotensão só estará
dados objetivos/numéricos, substituindo-os por
setas, que representam redução, normalidade ou presente a partir do choque grau III (> 1.500 mL de
elevação do parâmetro. Aqui não há muito o que sangue perdido).
fazer: imprima a tabela e cole-a na parede. Revi-
Alternativa D: CORRETA. O choque medular ocorre por
se-a SEMPRE. As setas podem apontar para cima
interrupção das fibras nervosas simpáticas, abaixo
(aumento do parâmetro), para baixo (redução do
do nível da lesão. A inervação parassimpática (vago)
parâmetro) ou para os lados (normalidade). Os pa-
râmetros avaliados são: Frequência Cardíaca (FC), prevalece sem oposição, resultando em bradicardia,
Pressão Arterial (PA), Pressão de Pulso (PP), Fre- vasodilatação, hipotensão, aumento da capacidade
quência Respiratória (FR), Diurese e Glasgow. CLAS- venosa, hipovolemia relativa, arreflexia, paralisia flá-
SE I – 15% de perda. A maioria dos parâmetros não cida, íleo adinâmico e atonia vesical, diferentemente
se altera. A transfusão é considerada expectante. do choque NEUROGÊNICO, um choque distributivo
CLASSE II – 15-30% de perda. Frequência cardía- que ocorre por conta da perda da resistência vas-
ca elevada; pressão de pulso reduzida. Transfusão cular periférica, devendo ser corrigido com volume
possível. CLASSE III – 31-40% de perda. FC eleva- e droga vasoativa.
da; PA normal ou reduzida; PP reduzida; FR normal
ou aumentada; diurese reduzida; queda na pontua- Alternativa E: CORRETA. Antes de um sangramento
ção do Glasgow. Transfusão indicada. CLASSE IV intracraniano repercutir hemodinamicamente, o
– > 40% de perda. FC consideravelmente elevada; paciente já teria falecido por lesão cerebral secun-
PA reduzida; PP reduzida; FR elevada; diurese con- dária à hipertensão intracraniana.
sideravelmente reduzida; queda na pontuação do
Glasgow. Transfusão maciça indicada. ✔ resposta: C
108
ATLS – Choque Cap. 4
Questão 3 dificuldade:
Resolução: no choque classe IV, o paciente se encontra muito grave, e um dos órgãos mais afetados é o
rim, que reduz a diurese para praticamente anúria. Todas as outras alternativas estão corretas.
Normal ou
Pressão de pulso Diminuída Diminuída Diminuída
aumentada
Moderadamente
Estado mental Levemente ansioso Ansioso, confuso Confuso, letárgico
ansioso
✔ resposta: D
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Y Dica do autor: questão fácil, que deseja saber a Y Dica do professor: o choque hipovolêmico é ca-
razão principal do choque neurogênico. racterizado pela diminuição do volume sanguíneo
Alternativa A: INCORRETA. A dilatação e o acúmulo circulante, resultando em um débito cardíaco re-
de volume se dão em toda a periferia, e não somen- duzido, que não supre as demandas teciduais.
te nos MMII. A diminuição da volemia reduz as pressões car-
díacas de enchimento, gerando um menor volume
Alternativa B: CORRETA. O choque neurogênico é
sistólico, que é compensado, inicialmente, pela
causado pela súbita diminuição do tônus vascular
taquicardia. Quando essa compensação não é
simpático por lesão no Sistema Nervoso Central.
mais possível, ocorre redução absoluta do débito
Alternativa C: INCORRETA. Perda de força ejetora cardíaco, resultando em hipoperfusão tecidual.
ocorre no choque cardiogênico. A clínica do choque hipovolêmico inclui rebaixa-
Alternativa D: INCORRETA. Diminuição de capacida- mento do nível de consciência, hipotensão arterial,
de ventilatória não se relaciona à fisiopatologia do extremidades frias, taquipneia, taquicardia, oli-
choque neurogênico. gúria, pele fria e pegajosa, entre outros achados.
Alternativa E: INCORRETA. O volume intravascular A primeira intervenção a ser realizada no paciente
do paciente no choque neurogênico fica retido na com essa condição é a reposição volêmica, a fim
periferia devido à perda do tônus simpático, e não de evitar um quadro de isquemia generalizada e
nas vísceras abdominais. disfunção orgânica múltipla. Geralmente, preco-
niza-se a reposição de 20-30 mL/kg, via acesso
✔ resposta: B
venoso periférico. Em seguida, é preciso identi-
ficar e corrigir prontamente a causa do choque
hipovolêmico. Esse tipo de choque pode ser cau-
sado por hemorragia, desidratação ou sequestro
109
ATLS – Choque Trauma
de líquidos para o terceiro espaço. Independen- aberto”. Sabemos que a infusão de volume (exce-
temente da causa, o choque é dividido em quatro to sangue) causa diluição e acaba aumentando a
classes, com base na perda de sangue estimada, mortalidade do paciente por propiciar boa parte
em percentual do volume sanguíneo, sendo que: da tríade letal: acidose, coagulopatia e hipotermia.
Classe I: < 15%; Classe II: 15-30%; Classe III: 30-
40%; Classe IV: > 40%. Alternativa A: CORRETA. O choque hipovolêmico é
altamente prevalente no trauma, podendo ser de
✔ resposta: B diferentes origens, sejam sangramentos externos
ou internos
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✔ resposta: B
anafilático e neurogênico ocorre um acúmulo de
sangue nos vasos periféricos, levando ao chamado
“choque distributivo”.
Questão 8 dificuldade:
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ATLS – Choque Cap. 4
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Questão 10 dificuldade: Questão 13 dificuldade:
Questão 11 dificuldade:
111
Fixe seus conhecimentos!
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112
Capítulo
ATLS – TRAUMA ABDOMINAL
5
importância/prevalência
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abdominal voltada para a prática cirúrgica.
BASES DA MEDICINA
113
ATLS – Trauma abdominal Trauma
BASES DA MEDICINA
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O Forame de Winslow (ou forame omental) esta-
belece a comunicação entre a cavidade peritoneal BASES DA MEDICINA
maior e a retrocavidade dos epíplons (ou bolsa
omental). Seus limites são representados por liga-
O retroperitônio é um espaço anatômico atrás (retro) da
mento hepatoduodenal anteriormente, veia cava cavidade abdominal. Ele não tem estruturas anatômicas
posteriormente, fígado superiormente e duodeno específicas que o delimitem. É a região situada entre a
inferiormente. parede abdominal posterior e o peritônio parietal posterior.
114
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
FLASHCARD
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u Temos três exames complementares que pode-
mos usar para nos auxiliar:
W Lavado Peritoneal Diagnóstico (LPD).
115
ATLS – Trauma abdominal Trauma
LPD FAST TC
• Diagnóstico precoce
• Diagnóstico precoce • Não invasivo • Alta especificidade e sensi-
bilidade
• Alta sensibilidade • Rápido
Vantagens • Não invasivo
• Pode detectar lesão intestinal • Pode ser repetido
• Avalia bem retroperitônio, par-
• Feito à beira-leito • Alta sensibilidade tes moles e ossos
• Feito à beira-leito
• Invasivo
• Interfere nos achados de USG e • Operador dependente
• Não pode ser feito à beira-leito
TC subsequentes
Desvantagens • Não avalia diafragma • Estabilidade hemodinâmica é
• Baixa especificidade
• Não avalia retroperitônio mandatória
• Não avalia retroperitônio nem
diafragma
1.4. F
AST: FOCUSED ASSESMENT Não podemos nos esquecer que o FAST é um exame
SONOGRAPHY FOR TRAUMA operador-dependente! Contudo, nas mãos de radio-
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logistas experientes, tem alta sensibilidade quando
A avaliação ultrassonográfica direcionada para o há pelo menos 250-300 mL de líquido livre na cavi-
trauma é de extrema importância e está indicada dade. É bastante útil para detecção de sangramento
para pacientes instáveis hemodinamicamente, proveniente de vísceras parenquimatosas (baço
quando há suspeita de sangramento intra-abdo- e fígado), mas tem baixa acurácia para lesões de
minal. O FAST tem alta sensibilidade e baixa espe- vísceras ocas (estômago, delgado e cólon) devido
cificidade, isto é: ele consegue dizer se há líquido ao baixo volume de líquido na cavidade.
livre na cavidade, mas não identifica a origem do
líquido (sangue, líquido entérico, bile, urina etc.). No FLASHCARD
cenário de trauma com um paciente instável, pode-
Trauma de abdome, instabilidade hemodinâmica e
mos assumir que esse líquido seja sangue, mas não FAST positivo. Conduta?
conseguimos saber a etiologia do sangramento. Laparotomia!
FLASHCARD
DICA
Trauma de abdome e choque. Exame? Paciente instável e FAST positivo?
FAST ou LPD. Laparotomia exploratória é mandatória!
FLASHCARD
DICA
Trauma abdominal em paciente ins- Quais as 4 janelas do FAST?
tável? FAST ou LPD. Espaço hepatorrenal, espaço esplenorrenal, janela
suprapúbica e saco pericárdico.
116
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
É um exame fácil, rápido e não invasivo. As janelas Figura 7. FAST positivo em quadrante superior
do FAST são: direito (Espaço de Morrison) – imagem anecoica
(preta) entre o rim e o fígado (indicada pela seta).
u Saco pericárdico (avalia tamponamento cardíaco).
u Espaço hepatorrenal (Espaço de Morrison).
u Espaço esplenorrenal (quadrante superior es-
querdo).
u Janela suprapúbica (Fundo de saco de Douglas).
DICA
O FAST avalia líquido livre na cavida-
de peritoneal; portanto, lesões retroperito-
neais, de pâncreas ou de duodeno podem
existir, mesmo com FAST negativo!
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Fonte: Flato et al.1
117
ATLS – Trauma abdominal Trauma
Figura 9. Janela suprapúbica normal: a grande Quando não devemos realizar o LPD? Caso nosso
imagem preta (anecoica) é a bexiga paciente já tenha indicação absoluta de cirurgia!
u Ferimentos por arma de fogo
u Vítimas de FAB com peritonite
u Eviscerados
u Peritonite em pacientes com trauma fechado
1.6. TÉCNICA
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para análise laboratorial.
O LPD ainda é tema frequente de prova, apesar de
ser raramente realizado na prática.
DICA
Assim como o FAST, o LPD avalia
Na ausência do FAST ou de pessoa habilitada a
somente a cavidade peritoneal; portanto,
fazê-lo, podemos utilizar o LPD, pequeno proce- lesões retroperitoneais, de pâncreas ou
dimento cirúrgico realizado à beira-leito; portanto, de duodeno podem existir, mesmo com
existe a necessidade de médico com conhecimentos LPD negativo.
básicos de cirurgia.
Pode ser realizado em trauma abdominal fechado
em pacientes instáveis. Quadro 2. LPD positivo.
118
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
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FLASHCARD
119
ATLS – Trauma abdominal Trauma
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Fonte: USP4.
120
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
TC de abdome
Ausência de
Pneumoperitônio
pneumoperitônio
Lesão de víscera
Laparotomia
parenquimatosa
Presença de líquido
Sem líquido livre
livre
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Ausência de
• Líquido em grande suspeita clínica
quantidade
• Mecanismo de
trauma importante
(marca do cinto Exame físico seriado
de segurança) Monitorização
• Dor intensa Exames laboratoriais
• Alteração de seriado
sinais vitais
Provável Cirurgia
121
ATLS – Trauma abdominal Trauma
Trauma abdominal
fechado
Cirurgia
Estável Instabilidade
hemodinamicamente hemodinâmica
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2. TRAUMA PÉLVICO Figura 11. Fratura em livro aberto. Note a
importante disjunção da sínfise púbica.
Após atendimento inicial e exame físico da pelve, Inicialmente, a estabilização da pelve pode ser feita
devemos fazer a radiografia de pelve, exame essen- com lençol, ainda na sala de trauma. O lençol deve
cial na sala de trauma. ser colocado com tensão ao redor da pelve, a fim
de fechar o anel pélvico, que está deformado. Ele
deve ser posto na altura dos trocanteres maiores.
122
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
Além do lençol, existem dispositivos específicos cintas, mas eles não estão disponíveis facilmente
para fixação temporária da pelve, como faixas e no dia a dia.
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Essa fixação (lençol ou cinta) é temporária; ela u Arteriografia com embolização.
vai reduzir o sangramento, mas não vai cessá-lo u Fixação externa.
completamente! Costuma ser eficaz somente para
sangramentos venosos. A arteriografia com embolização é o melhor exame
para tentar controlar sangramento com origem
FLASHCARD arterial e costuma ser a primeira opção antes da
fixação externa. Quando indisponível, pode ser
Três opções de tratamento para fratura de pelve?
• Arteriografia com embolização
substituída pelo tamponamento pré-peritoneal com
• Tamponamento pré-peritoneal compressas. Após esses procedimentos, o paciente
• Fixação externa deverá ser submetido à fixação externa da pelve
pela ortopedia.
Lembre-se: existe uma relação direta entre trauma Quando a laparotomia exploradora está indicada, o
pélvico e lesões intra-abdominais. Portanto, deve- cirurgião pode realizar o packing no mesmo tempo
mos investigar se existe líquido livre na cavidade. cirúrgico e depois encaminhar o doente para a
Esse paciente provavelmente estará instável, por fixação externa. Infelizmente, essa conduta não é
isso será submetido a FAST ou LPD. Caso esses regra absoluta.
exames venham negativos, podemos assumir que o
choque hemorrágico tem origem na fratura pélvica.
E qual a conduta nesses casos?
Temos três opções de tratamento para fratura de
pelve:
u Tamponamento pré-peritoneal (packing).
123
ATLS – Trauma abdominal Trauma
SIM NÃO
Fixação externa
Figura 13. Exemplo de fixação externa da pelve. Figura 14. Exemplo de fixação externa da pelve.
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Fonte: Yo_onepiece/Shutterstock .com6.
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ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
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Seu tratamento consiste em: Fonte: Elaborado pelo autor.
u Limpeza do ferimento.
Figura 16. Abdome e transição toracoabdominal.
u Desbridamento.
u Hemostasia.
u Tamponamento com compressas.
u Colostomia/derivação de trânsito/transversos-
tomia.
u Lavagem do coto distal.
u Antibioticoterapia sistêmica.
u Curativos programados. Fonte: Acervo Sanar.
O fechamento dessas lesões, seja com sutura pri- No cenário de trauma, como podemos fazer esse
mária ou retalho cutâneo, nunca deve ser realizado! diagnóstico?
u Mecanismo de trauma.
u RX sugestivo (veja as imagens).
3. TRAUMA DE TRANSIÇÃO
u Bolha gástrica intratorácica ou presença de al-
TORACOABDOMINAL E
ças no tórax.
LESÃO DIAFRAGMÁTICA
u Presença de SNG no tórax.
125
ATLS – Trauma abdominal Trauma
FLASHCARD
4. TRAUMA ABDOMINAL
Qual é a conduta de escolha para lesão em transição PENETRANTE
toracoabdominal?
Videolaparoscopia.
Quadro 5. Quais os órgãos mais lesados,
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de acordo com o tipo de trauma?
Mas então… O que cai na prova?
Tiro = Tripa (FAF = lesão de delgado)
A conduta.
Batida = Baço (Trauma fechado = lesão esplênica)
Atenção agora! Pacientes com lesão em transição Facada = Fígado (FAB = lesão hepática)
toracoabdominal devem ser submetidos à lapa-
Fonte: Elaborado pelo autor.
roscopia para avaliação do diafragma! Não existe
exame de imagem que avalie bem sua integridade;
O trauma abdominal penetrante pode ser decorrente
assim, nada de pedir TC ou FAST!
de armas brancas (FAB) ou por projéteis de arma
de fogo (FAF). Essa distinção é importante, pois o
DICA
Hénia diafragmática = videolaparos-
tipo de lesão intra-abdominal varia conforme o tipo
copia diagnóstica e terapêutica. de ferimento:
FLASHCARD
126
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
• Delgado (50%)
Trauma por • Cólon (40%)
arma de fogo • Fígado (30%)
• Estruturas vasculares (25%) Cirurgia se:
• Fígado (40%) • Evisceração
Trauma por • Delgado (30%) • Instabilidade he-
arma branca • Diafragma (20%) modinâmica
• Cólon (15%) • Sinais claros de
peritonite
Fonte: Elaborada pelo autor.
• Sangramento di-
gestivo (hematê-
Pacientes com FAF em região anterior do abdome mese, sangue em
SNG ou sangue
têm uma chance extremamente elevada de lesões retal)
intra-abdominais. Por esse motivo, a conduta cirúr-
gica é indicada na maioria dos casos de FAF!
Trauma penetrante por arma branca. Em pacientes estáveis e sem peritonite, a exploração
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digital da ferida deve ser realizada (com luva estéril
Ferimentos por arma branca no abdome podem
e anestesia local) para avaliar se houve violação da
ou não penetrar a cavidade abdominal. Por esse
cavidade peritoneal.
motivo, a laparotomia nem sempre é indicada (dife-
rentemente da conduta nos FAFs). Havendo violação da cavidade, ou em caso de
dúvida/suspeita, a internação é mandatória, com
E agora? Quando vamos indicar cirurgia nesses
exame físico seriado, exames laboratoriais e vigi-
casos?
lância hematimétrica (Hb 8/8 horas) por 24 horas!
DICA
A penetração da cavidade por si só
não é indicação absoluta de cirurgia!
127
ATLS – Trauma abdominal Trauma
Exploração digital
Evidência de penetração na
cavidade ou supeita de Sem penetração da cavidade
penetração
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seriado e Hb 8/8h possível alta
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ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
Lembre-se de que, quando o ferimento por arma Figura 18. Manobra de Pringle: clampeamento
branca acomete flanco ou dorso e o paciente se do pedículo hepático para controle vascular
em sangramentos hepáticos.
apresenta estável, está indicada a tomografia com-
putadorizada de abdome com triplo contraste (intra-
venoso, oral e retal).
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5. M ANOBRAS CIRÚRGICAS
NO TRAUMA
129
ATLS – Trauma abdominal Trauma
Figura 19. Manobra de Cattel-Brasch: mobilização medial do cólon direito, a fim de acessar as
estruturas retroperitoneais (veia cava inferior, aorta, vasos renais e vasos ilíacos).
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Fonte: Acervo Sanar.
Figura 20. Manobra de Kocher: mobilização medial Figura 21. Manobra de Kocher.
do duodeno retroperitoneal (2ª porção) e cabeça
do pâncreas: acesso ao pâncreas, face posterior do
duodeno, veia cava inferior, aorta e vasos renais.
130
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
Figura 22. Manobra de Mattox: mobilização medial do cólon esquerdo para exposição da aorta e
seus ramos (em especial, controle vascular do tronco celíaco e artéria mesentérica superior).
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6. TRAUMA ABDOMINAL: LESÕES 6.2. BAÇO
DE ÓRGÃOS ESPECÍFICOS
É o órgão mais acometido em traumas contusos.
131
ATLS – Trauma abdominal Trauma
• Subcapsular 10-50%
II • 1-3 cm, sem comunicação com vasos trabeculares
• Intraparenquimatoso < 5 cm
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• Fragmentação esplênica
V –
• Lesão hilar com desvascularização
Fonte: Moore et al.8
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ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
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Fonte: Acervo Sanar.
Quais as opções cirúrgicas terapêuticas? A rafia do baço e a esplenectomia parcial vêm sendo
pouco utilizadas. Como geralmente indicamos cirurgia
Quando o tratamento conservador não é possível,
apenas para casos muito graves (grau V), em que há
devido à piora clínica ou à ausência de radiologia
avulsão do hilo esplênico e desvascularização do ór-
intervencionista, podemos optar por:
gão, a única conduta possível é a esplenectomia total.
u Esplenorrafia (sutura do parênquima).
Mesmo lesões esplênicas graves, com múltiplas
u Esplenectomia parcial.
lacerações de parênquima, podem ser tratadas de
u Esplenecotmia total. forma conservadora se o paciente estiver muito
bem clinicamente, sem peritonite e sem choque,
como na Figura 24.
133
ATLS – Trauma abdominal Trauma
Fonte: USP4.
DICA
A vacinação contra pneumococo, A opção pelo tratamento conservador segue a
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meningo e haemophilus é mandatória após mesma linha de raciocínio do trauma de baço.
esplenectomias totais.
O paciente deve estar hemodinamicamente estável
e sem peritonite.
FLASHCARD
134
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
Em traumas hepáticos muito graves, a cirurgia de veia cava inferior (segmento retro-hepático) ou das
controle de danos costuma ser uma opção (veja a veias hepáticas.
seção de Cirurgia de Controle de Danos).
Figura 25. Manobra de Pringle: clampeamento
Caso a conduta cirúrgica seja tomada, devemos
do pedículo hepático para controle vascular
sempre optar por ressecções hepáticas pequenas em sangramentos hepáticos.
ou compressões manuais com compressas.
O que é a Manobra de Pringle?
É o clampeamento do hilo hepático, isto é, da
tríade portal (veia porta, artéria hepática e via biliar
comum). Ao realizar essa manobra, todo o fluxo
venoso e arterial do fígado é bloqueado.
DICA
A Manobra de Pringle é essencial
no trauma hepático.
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Quadro 8. Classificação de trauma hepático.
IV • Ruptura parenquimatosa envolvendo 25% a 75% do lobo hepático ou 1-3 segmentos de Couinaud
• Ruptura parenquimatosa envolvendo > 75% do lóbulo hepático ou > 3 segmentos de Couinaud dentro
V de um único lobo
• Lesões venosas justapostas, ou seja, veia retro-hepática
135
ATLS – Trauma abdominal Trauma
6.4. V
IAS BILIARES EXTRA-HEPÁTICAS
DICA
Mecanismo de trauma pancreático
clássico: acidentes de bicicleta com crian-
FLASHCARD ças, com trauma abdominal direto pelo gui-
Conduta cirúrgica na lesão hepática? dão em abdome superior.
Instabilidade hemodinâmica ou TC com lesão grau ≥
VI (“fígado = 6 letras”).
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ciação com trauma esplênico.
Não confunda: drenagem da cavidade (colocar
o dreno na cavidade peritoneal, junto à rafia ou Qual cirurgia?
anastomose) é diferente de drenagem da via biliar
(colocar o dreno dentro da via biliar).
FLASHCARD
136
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
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ou perda de tecido II do duodeno
• Transecção distal ou lesão parenquimatosa, • Ruptura < 50% da circunferência
III
com lesão do ducto
• Ruptura de 50%-75% da circunferência da
• Transecção proximal ou lesão parenquima- segunda porção do duodeno
IV III
tosa envolvendo ampola • Ruptura de 50%-100% da circunferência da pri-
meira, terceira e quarta porções do duodeno
V • Ruptura maciça da cabeça pancreática
• Ruptura envolvendo mais de 75% da circun-
Fonte: Moore et al.9 ferência da segunda porção do duodeno
IV
• Envolvendo ampola ou ducto biliar comum
distal
6.7. DUODENO
• Ruptura maciça duodenopancreática
V
Lembre-se: o duodeno é, em sua maior parte, retro- • Desvascularização do duodeno
peritoneal (2ª e 3ª porções). Assim como o pâncreas, Fonte: Moore et al.9
o duodeno é mais difícil de ser acometido!
7. FRATURA DE CHANCE
DICA
Mecanismo de trauma duodenal
clássico: acidentes de bicicleta com crian-
ças (guidão em abdome superior) ou coice É um tipo de fratura de vértebras toracolomba-
de cavalos em epigastro. res: envolve uma divisão horizontal da vértebra,
começando no processo espinhoso e nas lâminas,
estendendo-se pelos pedículos e corpo vertebral,
sem causar dano às estruturas ligamentares.
137
ATLS – Trauma abdominal Trauma
DICA
Marca do cinto de segurança e fra-
tura de vértebra lombar? Risco de lesão de
duodeno e pâncreas.
7.2. DELGADO
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Lesão de delgado não é lesão de duodeno: não
confunda!
DICA
O sinal do cinto de segurança tem
uma correlação direta com trauma de del-
gado e trauma de mesentério.
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ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
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tamponados naturalmente pelo organismo. Por
esse motivo, os pacientes não apresentam franco
4. Lesão de reto baixo (reto extraperitoneal): deri-
choque hemorrágico nem líquido livre na cavidade
vação de trânsito intestinal e drenagem de pelve
peritoneal. Os hematomas retroperitoneais são
e reto.
divididos em três zonas.
Quadro 11. Classificação de trauma de cólon.
Figura 28. Divisão dos hematomas de
Graus Descrição da lesão retroperitônio (Zonas 1, 2 ou 3).
IV • Transecção do colón
Zona 3
139
ATLS – Trauma abdominal Trauma
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Zona Principais estruturas Conduta
A Síndrome Compartimental Abdominal (SCA) é
Aorta, veia cava
inferior, origem uma situação grave, decorrente da elevação sus-
dos vasos renais tentada e intensa da Pressão Intra-Abdominal (PIA),
e principais vasos com consequentes disfunções orgânicas). Temos a
Abordagem
I viscerais (tronco
celíaco, mesentérica
cirúrgica sempre ocorrência de SCA quando a PIA supera valores de
superior e 20 mmHg associados à disfunção orgânica.
mesentérica inferior),
duodeno e pâncreas
9.1. ETIOLOGIA
Se ferimento
penetrante = cirurgia
Qualquer anormalidade que induza à elevação da
Adrenais, rins, vasos Se ferimento contuso pressão no interior da cavidade abdominal pode
II = exploração somente
renais, ureter e cólon
se hematoma levar à HIA. Destacaremos as mais comuns para
em expansão ou a sua prova:
sangramento ativo u Pós-operatório de hérnias volumosas com perda
Conduta não cirúrgica: de domicílio.
Vasos ilíacos, ureter
III embolização ou
distal, sigmoide e reto
packing pré-peritoneal
u Trauma abdominal e pós-operatório de trauma
abdominal.
Fonte: Elaborado pelo autor.
u Complicações de abdome agudo inflamatório
(em especial, pancreatite e diverticulite).
u Pós-operatório de cirurgias abdominais complexas.
u Transfusão maciça.
140
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
Aumento da pressão
⬆ PIC
abdominal
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IRA ⬇ Retorno Venoso ⬆ Pressão Intratorácica
⬇ Fluxo renal
⬇ Débito cardíaco Hipoxemia
⬇ Débito Urinário
⬇ Volume de ejeção Hipercarbia
⬆ Volume diastólico final Dificuldade de ventilação
⬆ Resistência vascular periférica
Isquemia de
extremidades ⬆ Pressão venosa central
⬆ Pressão em via aérea
Isquemia orgânica
141
ATLS – Trauma abdominal Trauma
Repercussões clínicas
Sistema cardiovascular:
• Hipovolemia
• Diminuição do débito cardíaco
• Diminuição do retorno venoso
• Aumento da PAP e da PVC
• Aumento da resistência vascular periférica
Sistema respiratório:
• Elevação da pressão intratorácica
• Aumento das pressões ventilatórias
• Diminuição da complacência torácica
• Alteração da relação ventilação/perfusão
Sistema digestivo:
• Diminuição do fluxo sanguíneo esplâncnico
• Isquemia de mucosa e aumento da translocação bacteriana
Sistema urinário:
• Diminuição do débito urinário
• Diminuição da perfusão renal
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• Diminuição da taxa de filtração glomerular
Parede abdominal:
• Diminuição da complacência abdominal
Fonte: Elaborado pelo autor.
142
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
Agentes estimuladores da motilidade gastrintesti- um ciclo vicioso composto por acidose metabó-
nal – como bromoprida, metoclopramida ou neos- lica, hipotermia e coagulopatia. Esse ciclo, se não
tigmina – ainda não demonstraram evidências cessado, levará o paciente à exaustão fisiológica e
confiáveis de seus efeitos sobre a evacuação do à morte, mesmo sob as mãos do mais habilidoso
conteúdo intraluminal do intestino e a consequente cirurgião. A cirurgia de controle de danos visa, por-
diminuição do volume total da víscera. No entanto, tanto, controlar de maneira não definitiva as lesões
tais medicamentos são rotineiramente utilizados do doente, antes que a tríade letal se instaure.
por diversos serviços.
FLASHCARD
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⁃ Sedação
⁃ Analgesia Se estivermos diante de um trauma muito grave, com
⁃ Bloqueio neuromuscular um paciente chocado, recebendo muito volume de
• Redução da pressão intra-abdominal sangue, e o autor nos disser que ele está hipotérmico
⁃ Sonda nasogástrica e com pH baixo, devemos lembrar da Cirurgia de
⁃ Sonda retal/enema Controle de Danos! Ela consiste em:
⁃ Descompressão endoscópica u Controle do sangramento (tamponamento hepá-
• Estimuladores da motilidade gastrintestinal tico com compressas).
⁃ Bromoprida u Controle da contaminação da cavidade: sutura
⁃ Metoclopramida
de orifícios ou ressecção de alças. Não devemos
⁃ Neostigmina
reconstruir o trânsito ou realizar anastomoses
• Laparotomia descompressiva nesse momento! Podemos deixar alças gram-
Fonte: Elaborado pelo autor. peadas em fundo cego.
143
ATLS – Trauma abdominal Trauma
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Figura 30. Curativo de peritoneostomia a com o exame sendo realizado pelo médico radiologista,
vácuo (Cirurgia de Controle de Danos). com formação específica. Poucos serviços do país dis-
põem de radiologista de plantão nas 24 horas do dia, e
menos ainda têm um aparelho de ultrassom disponível
na sala de urgência do pronto-socorro. O ultrassom em
emergências e trauma deve ser realizado por um médico
com a devida capacitação. Sabe-se que é um método
operador-dependente, com alta sensibilidade e espe-
cificidade em mãos treinadas, usualmente de médicos
radiologistas, mas o exame pode ser realizado por outro
especialista, desde que adequadamente treinado. É uma
arma propedêutica importantíssima que vem ganhando
cada vez mais espaço, mesmo em pacientes estáveis. Não
temos dúvidas de que o ultrassom é o novo estetoscópio.
144
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
Trauma abdominal
Contuso Penetrante
Estabilidade
hemodinâmica FAF FAB
Conduta Laparotomia de
Estável Instável cirúrgica em urgência se:
99% dos casos • Evisceração Alguns centros de
trauma sugerem
• Choque realizar TC em
TC LDP ou FAST • Peritonite casos específicos
• Sangramento
digestivo
Conduta conforme
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FAST +
achados tomográficos
Se negativos,
há indicação de
Laparotomia
exploração digital
FAST negativo
Aponeurose Evidência de
Buscar outras íntegra penetração na cavidade
fontes de
choque
• Internação
Laparotomia de urgência se: Utilizada em alguns
• Jejum
• Evisceração centros de trauma
• Hb seriado
• Choque
• Peritonite
• Sangramento digestivo
• Queda Hb
• Leucocitose
145
ATLS – Trauma abdominal Trauma
1. Flato UAP, Guimarães HP, Lopes RD, Valiatti JL, Flato American College of Surgeons. Advanced Trauma Life Support
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3. Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP – SP. org/cases/22191/studies/22216?lang=us.
Prova de Residência Médica; 2021. Mandell SP. Overview of the diagnosis and initial management
4. Universidade de São Paulo – USP – SP. Prova de Resi- of traumatic retroperitoneal injury. UpToDate [Internet]; 2018
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5. Panella A, Notarnicola A, Solarino G, Moretti B. "Open-book" com/contents/overview-of-the-diagnosis-and-initial-mana-
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nakacris@live.com | 243a571b-f024-46d9-8e8b-1d5a2b63e7c8
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9. Moore EE, Cogbill TH, Jurkovich GJ, Shackford SR, Malan-
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jem.2012.9.12646. PMID: 23599852; PMCID: PMC3628464.
146
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
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busca de sinais de lesão de víscera oca.
⮩ Realização de tomografia computadorizada de
abdome e pelve.
Questão 2
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ATLS – Trauma abdominal Trauma
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micamente normal. Ao exame físico, nota-se equi-
mose transversal e horizontal ao longo da região Questão 7
do hipogástrio, exatamente onde estava o cinto de
(SANTA GENOVEVA COMPLEXO HOSPITALAR – 2017) No trau-
segurança. Refere mínima dor à palpação abdo-
ma abdominal contuso, a víscera MAIS frequente-
minal. O exame Focused Abdominal Sonogram for
mente lesada é:
Trauma – (FAST) mostra presença de líquido livre
na cavidade abdominal confirmado por tomografia ⮦ Intestino delgado.
de abdome, a qual não mostra lesão de vísceras
⮧ Diafragma.
parenquimatosas. A principal causa dos achados
⮨ Íleo.
de imagem é:
⮩ Baço.
⮦ Perfuração de cólon
⮧ Lesão de intestino delgado
Questão 8
⮨ Hematoma duodenal
⮩ Fratura de bacia (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – SP – 2021) Homem,
21a, chega ao pronto-socorro vítima de acidente
⮪ Ruptura de estômago
motociclístico. Exame físico: consciente, orienta-
do, PA= 117 x 78 mmHg, FC = 92 bpm, FR = 16 irpm,
Questão 5 oximetria de pulso (ar ambiente) = 99%; abdome:
escoriações em parede anterior priumbilical. Rea-
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) Homem de 24 lizado FAST (Focused Assessment With Sonogra-
anos foi vítima de ferimento por faca em 7º espa- phy For Trauma):
ço intercostal, linha axilar média esquerda. Está
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ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
Questão 9
Questão 10
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te. Após reanimação volêmica, fez tomografia de
corpo inteiro, com os seguintes achados: fratura de
maxilar, hemossinus, fratura dos 3 arcos costais
inferiores à esquerda, hemotórax, lesão esplênica
grau II e lesão renal grau II. Foi submetido à dre-
nagem de tórax, com saída de 200 mL de sangue.
Recebeu 3 litros de cristaloide aquecido. Apresenta
agora: pulso: 100 bpm, PA: 110 x 80 mmHg. Melhor
conduta, em condições ideais, em relação às lesões
de baço e de rim:
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ATLS – Trauma abdominal Trauma
Questão 11
Questão 12
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idade, vítima de ferimento por arma branca (faca de
cozinha) em região abdominal, durante tentativa de
assalto. Trazido por familiares ao pronto socorro,
com tempo de transporte de 20 minutos. Admissão:
paciente contactante, fonação preservada, ausculta
torácica sem alterações, frequência respiratória: 20
incursões/minuto, saturação periférica de O₂, em ar
ambiente: 97%, frequência cardíaca: 88 batimentos/
minuto, pressão arterial: 110 x 90 mmHg. Abdome
plano com ferida corto contusa, de 3cm em região
de flanco direito, com pequeno sangramento local.
Na tentativa de exploração digital, não foi possível
definir se houve penetração na cavidade. Qual deve
ser a conduta inicial neste caso?
150
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
GABARITO E COMENTÁRIOS
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investigação. Contudo, a regra é indicar cirurgia.
ção absoluta de cirurgia, pois está eviscerado. A
✔ resposta: A
tomografia poderia ser realizada caso ele estives-
se estável hemodinamicamente com o ferimento
penetrante, mas SEM evisceração. dificuldade:
Questão 4
✔ resposta: B
Comentário: Vítima de acidente automobilístico, que
estava no banco da frente (carona) do carro, apre-
Questão 2 dificuldade: senta-se com equimose transversal e horizontal
ao longo da região do hipogástrio, exatamente no
Comentário: Tema cada vez mais cobrado em pro-
local do cinto de segurança. Ao FAST, presença de
va: tratamento conservador de trauma de vísceras
líquido livre na cavidade abdominal, confirmado
parenquimatosas! Mesmo com um baço “explodi-
por TC de abdome, que não mostra lesão de vís-
do”, essa conduta é possível em pacientes estáveis
ceras parenquimatosas, como fígado ou baço, as
hemodinamicamente, clinicamente bem e sem pe-
mais comuns no trauma contuso. Portanto, esta-
ritonite! Nessas questões, o autor vai nos colocar
mos diante de uma provável lesão de víscera oca,
diante de dois cenários distintos:
bastante sugestiva diante de um quadro de trauma
1. Paciente grave, chocado, com muita dor e que abdominal com líquido livre + ausência de lesão em
responde mal à reanimação volêmica inicial. víscera oca. Pela localização e maior exposição aos
2. Paciente também grave, mas que respondeu ao traumas, o intestino delgado é que provavelmente
atendimento inicial: melhoraram os parâmetros foi lesionado nesse paciente em questão.
clínicos (não está mais hipotenso nem taquicárdico) ✔ resposta: B
e tem dor, mas não tem peritonite.
151
ATLS – Trauma abdominal Trauma
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lesão de orgãos parenquimatosos é questão clás-
Comentário: É a típica questão que demanda um
sica de prova! Cada vez mais as condutas tendem
conteúdo decorado. Segundo o ATLS, o baço é o
a ser conservadoras. As condutas cirúrgicas ficam
órgão mais acometido nos traumas abdominais
reservadas a pacientes muito graves, que mantêm
fechados (40 a 55%), seguido de fígado (35-45%)
instabilidade hemodinâmica mesmo após o aten-
e intestino delgado (10%). Batida = lesão de Baço.
dimento inicial, reposição volêmica e que apresen-
✔ resposta: D tem peritonite.
Alternativa A: INCORRETA. O autor não nos disse que
Questão 8 dificuldade:
há blush arterial (extravasamento arterial). Em caso
positivo, haveria indicação de embolização por ar-
Y Dica do professor: questão direta de radiologia! teriografia.
O autor não nos pergunta a conduta nesse caso, Alternativa B: CORRETA. O paciente encontra-se rela-
mas qual seria? Temos um paciente estável com tivamente bem, sem peritonite e estável hemodina-
FAST positivo. Ele deve realizar uma tomografia micamente após reposição volêmica inicial.
de abdome para melhor avaliar a etiologia desse
Alternativa C: INCORRETA. A cirurgia de urgência nes-
líquido. A laparotomia sem a tomografia não está
ses casos fica reservada para pacientes instáveis,
indicada, pois ele está estável!
que não respondem ao manejo inicial com crista-
Alternativa A: CORRETA. Na primeira imagem, con- loides e/ou sangue.
seguimos ver líquido livre no espaço hepatorrenal Alternativa D: INCORRETA. Como já dito, a emboliza-
(espaço de Morison). Repare que há uma imagem ção só tem indicação quando há extravasamento
hipoecoica (preta) entre o rim e o fígado. O FAST da de contraste na tomografia.
figura 2 é NEGATIVO. Não há líquido entre o baço
e o rim. Perceba que, ao redor dos orgãos, há uma
152
ATLS – Trauma abdominal Cap. 5
Alternativa E: INCORRETA. Não há indicação de esple- Alternativa B: INCORRETA. Essa conduta estaria cor-
nectomia em pacientes com boa resposta, mesmo reta para FAB em parede anterior sem os sinais
com trauma grave do orgão (que não é o caso). descritos acima.
✔ resposta: B Alternativa C: INCORRETA. A videolaparoscopia é um
excelente método para avaliar cavidade peritonetal
(FAB de parede anterior). Nos flancos, precisamos
Questão 11 dificuldade: lembrar de lesões renais e retroperitoneais.
Y Dica do autor: Questão cada vez mais clássica em Alternativa D: CORRETA. Para lesões de flanco e dor-
prova: qual a conduta em trauma hepático, esplênico so, precisamos solicitar tomografia com constras-
ou renal (vísceras parenquimatosas) em paciente te venoso em 3 fases: arterial, venosa e excretora.
com relativa estabilidade hemodinâmica? A mais ✔ resposta: D
conservadora possível!
Alternativa A: INCORRETA. A videolaparoscopia no
trauma tem duas importantes indicações: (i) avaliar
lesão diafragmática em FAB na região tóraco-abdo-
minal ou (ii) avaliar lesão de serosas, mesentério ou
bexiga quando a TC evidencia líquido livre na cavida-
de na ausência de lesão de víscera parenquimatosa.
Alternativa B: CORRETA. O que indica a cirurgia nos
traumas abdominais contusos é o quadro geral do
paciente e seu estado hemodinâmico, não o grau
da lesão na tomografia.
Alternativa C: INCORRETA. Indicamos cirurgia somen-
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te para pacientes instáveis hemodinamicamente
ou para aqueles que não responderam a reposição
volêmica inicial.
Alternativa D: INCORRETA. A arteriografia com embo-
lização (radidologia intervencionista) fica reservada
quando há sangramento arterial visto na tomografia
(blush arterial).
✔ resposta: B
Questão 12 dificuldade:
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Fixe seus conhecimentos!
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Capítulo
ATLS – TRAUMA GENITURINÁRIO
6
importância/prevalência
2. B EXIGA
BASES DA MEDICINA
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Vamos aproveitar e relembrar rapidamente a anatomia
do trato geniturinário? BASES DA MEDICINA
A uretra é dividida em duas porções: segmento anterior Em sua região posterior, a bexiga reflete-se sobre o útero,
e segmento posterior. A porção anterior é composta pela na mulher, e sobre o reto, no homem. Em sua base, a
uretra navicular, peniana e bulbar. Já a posterior é com- região de forma triangular formada pelos dois óstios
posta pelas uretras prostática e membranosa. ureterais e pelo orifício interno da uretra é chamada de
trígono vesical.
155
ATLS – Trauma geniturinário Trauma
A lesão de uretra posterior (segmentos prostático O cateterismo vesical está formalmente contrain-
e membranoso) tem relação direta com fraturas dicado nesses casos, pois pode agravar a lesão.
pélvicas. A porção membranosa é mais acometida O diagnóstico é feito por meio da uretrografia retró-
do que a porção prostática. Isso é fácil de entender grada, e o tratamento consiste na cistostomia supra-
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quando lembramos que a porção prostática está púbica. A uretroplastia é realizada tardiamente.
mais protegida, pois está dentro da próstata. Já a
lesão de uretra anterior (uretra peniana e bulbar) tem
associação com trauma contuso, fratura peniana,
4. TRAUMA VESICAL
queda a cavaleiro (esmagamento da uretra) e lesões
iatrogênicas.
A lesão da bexiga é mais frequente após trauma-
tismo fechado, geralmente associado à fratura de
DICA
Trauma Pélvico tem relação com bacia (70% dos casos) ou à contusão, acometendo
lesão de uretra Posterior (segmentos pros- o andar inferior do abdome.
tático e membranoso).
FLASHCARD
156
ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6
O principal sinal de lesão vesical é hematúria franca. Sempre devemos suspeitar em caso de acidentes
Se estivermos diante de uma suspeita de lesão de automobilísticos com contusão direta e fratura de
bexiga, devemos solicitar uma cistografia retrógrada. costelas inferiores, sobretudo se houver hematúria!
Lembre-se disto: a hematúria, apesar de inespecífica,
é a manifestação mais frequente do trauma renal.
DICA
A uretrocistografia retrógrada é
o exame de escolha para avaliar trauma FLASHCARD
vesical.
Quando pensar em trauma renal?
Hematúria + história de contusão em flanco.
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Figura 2:
Fonte: HIAE1.
157
ATLS – Trauma geniturinário Trauma
• Hematoma perirrenal não expansivo. Laceração do córtex renal com extensão inferior
II
a 1 cm. Sem extravasamento urinário. Conservadora
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As indicações cirúrgicas em pacientes estáveis
ficam reservadas para quando há extravasamento
urinário extenso, lesão do “pedículo renal” ou trom-
bose de veia renal.
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ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6
Trauma urinário
Uretra Bexiga
• Uretrorragia
• Equimose perineal Lesão intraperitoneal Lesão extraperitoneal
• Bexigoma/retenção urinária
Anterior Posterior
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• Lesão iatrogênica
Cistostomia
Avaliar grau da
Cistostomia lesão por TC
Instabilidade
Pacientes estáveis
hemodinâmica
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ATLS – Trauma geniturinário Trauma
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
nakacris@live.com | 243a571b-f024-46d9-8e8b-1d5a2b63e7c8
[acesso em 27 out 2019]. Disponível em: https://radiopaedia.
org/cases/bladder-rupture-5?lang=us.
Platter DL, Vaccaro JP, Nelson EL. Bladder Trauma Imaging.
Medscape [Internet]; 2018 [acesso em 27 out 2019]. Disponível
em: https://emedicine.medscape.com/article/377735-o-
verview.
160
ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 2
(SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS - BAHIA - 2021) Paciente, (HOSPITAL CENTRAL DA POLÍCIA MILITAR/RJ – 2014) No trauma
32 anos de idade, sexo feminino, vítima de aci- de bexiga, as opções abaixo estão corretas, EXCETO:
dente de motocicleta, há 45 minutos, é trazida ao
Pronto Socorro pelo SAMU. A paciente estava na ⮦ A associação com fratura de ossos da pelve é
moto usando capacete e foi ejetada para mais de bastante comum.
10 metros, após a colisão. Chega ao hospital em ⮧ Hematúria é o sinal mais frequente.
prancha rígida e usando colar cervical; foi infundido ⮨ As lesões extraperitoneais costumam ser cau-
1500mL de solução cristaloide por cateter venoso sadas por perfuração de fragmentos ósseos
periférico no pré-hospitalar. Ao exame inicial, Via adjacentes.
aérea pérvia, mantido colar cervical, SatO2: 94% ⮩ As lesões de reto associadas ocorrem principal-
com cateter de O2 15L/min; murmúrios vesicula- mente no trauma aberto.
res bem distribuídos e sem ruídos adventícios, FR:
⮪ O manejo da maioria das lesões intraperitoneais
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18ipm; Bulhas rítmicas e normofonéticas em dois
é conservador, não cirúrgico, devendo apenas
tempos, FC: 130bpm, PA: 82x52mmHg, abdome in-
manter sonda de Foley por 14 dias.
dolor à palpação, pelve instável e toque retal sem
alterações; D: escala de coma de Glasgow=13, pu-
pilas isocóricas e fotorreagentes; escoriações em Questão 3
abdome e pelve. Realizada ultrassonografia focada
para o trauma, na sala de emergência, não sendo (USP – SP – 2018) Homem de 36 anos de idade é vítima
evidenciado líquido livre em cavidade. Foi realizada de acidente automobilístico (colisão entre dois au-
também uma radiografia de pelve, na sala do trau- tomóveis de passeio). Chega ao pronto-socorro de
ma. De acordo com o caso clínico e o exame de um hospital terciário imobilizado por colar cervical
imagem, Indique o exame complementar que deve e com vias aéreas protegidas. No exame clínico,
ser realizado, caso a paciente apresente hematoma está hemodinamicamente estável. Pontuação na
em períneo e hematúria. Escala de Coma de Glasgow: 15; apresenta dor à
palpação de flanco esquerdo. O resultado do FAST
⮦ Urografia excretora. na sala de emergência é negativo. A tomografia
⮧ Uretrocistografia retrógrada. computadorizada de abdome e pelve evidenciou
⮨ Cistoscopia. volumoso hematoma perirrenal à esquerda e ex-
travasamento de contraste na fase arterial. Qual é
⮩ Tomografia computadorizada de abdome e pelve.
a conduta para o caso?
⮪ Limites auxiliares para tratamento da hemorra-
gia oculta por embolização. ⮦ Nefrectomia total esquerda.
⮧ Embolização por arteriografia.
⮨ Laparotomia exploradora e controle de danos.
⮩ Observação clínica em terapia intensiva.
161
ATLS – Trauma geniturinário Trauma
Questão 4 Questão 6
(UNIVERSIDADE DE RIO VERDE – GO – 2020) Paciente de 35 (HOSPITAL DA AERONÁUTICA DE SÃO PAULO – SP – 2020) Pa-
anos, vítima de acidente motociclístico, com trauma ciente, sexo masculino, 48 anos, chegou à UPA
direto em bacia por compressão, junto ao tanque com história de queda em domicilio com impacto
da motocicleta. Não apresentou lesões associadas abdominal, referindo intensa dor em região de hi-
(crânio, tórax, abdome), exceto por escoriações pogástrio acompanhado de hematúria. Após reali-
em membro superior direito. Após avaliação inicial zação de exames de imagem, verificou-se trauma
(ABCDE), apresentou dificuldade para urinar, porém de bexiga intraperitoneal. Qual a melhor conduta?
tinha RX de bacia normal. Qual a melhor hipótese
diagnóstica e conduta? ⮦ Cistostomia.
⮧ Sondagem vesical com irrigação da bexiga para
⮦ Trauma de bexiga extraperitonial, sondagem aliviar a hematúria + Cistostomia.
vesical de demora.
⮨ Cirurgia imediata.
⮧ Trauma de uretra bulbar, uretrografia retrógrada
⮩ Sondagem vesical, cistostomia e acompanha-
e cistostomia.
mento do fechamento da lesão vesical com
⮨ Trauma de uretra posterior, uretrografia retró- USG 2/2 dias.
grada e cistostomia.
⮩ Trauma de uretra prostática, uretrografia retró-
Questão 7
grada e sondagem vesical de demora.
(SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE VOLTA REDON-
DA – RJ – 2020) Paciente admitido vítima de atropela-
Questão 5
mento. Após estabilizado, realizada passagem de
(H.U. BETTINA FERRO DE SOUZA/JOÃO BARROS BARRETO – PA – sonda vesical de demora. Esse procedimento está
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2020) Paciente, sexo masculino, 35 anos, foi trazido contraindicado se houver:
ao Pronto Atendimento com história de acidente au-
tomobilístico. No acidente, houve esmagamento da ⮦ Uretrorragia.
região perineal pelas ferragens do automóvel, mas ⮧ Hematúria.
sem outros traumas evidentes (membros, crania- ⮨ Sangue no toque retal.
no, tórax ou abdome). Após o atendimento inicial, ⮩ Fratura de fêmur.
observou-se que o paciente não conseguia urinar
⮪ Equimose extensa em flanco.
e a rotina da radiologia do trauma não evidenciou
fratura da bacia. A hipótese diagnóstica e a condu-
ta adequada são: Questão 8
⮦ trauma de uretra posterior, uretrografia retrógra- (HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS – SP – 2021) Vítima de colisão
da e cistostomia. de moto com poste, um homem de 22 anos tem
⮧ trauma de uretra bulbar, sondagem vesical de dor em hipogástrio e hematúria. Na investigação,
demora. a tomografia de corpo inteiro, feita com contras-
⮨ trauma de uretra posterior, sondagem vesical te venoso, mas apenas com fase arterial e portal,
de demora. evidenciou líquido livre em pelve. Não teve outros
achados, exceto fratura estável de bacia. Diagnós-
⮩ trauma de uretra bulbar, uretrografia retrógrada
tico mais provável e melhor conduta:
e cistostomia.
⮪ trauma de uretra prostática, uretrocistoscopia e ⮦ Nada se pode afirmar − Uretrocistografia retró-
sondagem vesical de demora. grada.
⮧ Lesão de uretra posterior − Exploração cirúrgica.
162
ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6
⮨ Trauma renal − Fazer a fase excretora da tomo- ⮦ exploração cirúrgica da lesão, com renorrafia.
grafia, para planejamento cirúrgico. ⮧ internação, repouso no leito e dosagem seriada
⮩ Lesão de bexiga extraperitoneal − Sondagem do hematócrito.
vesical. ⮨ drenagem do hematoma por via percutânea.
⮪ Lesão de bexiga intraperitoneal − Exploração ⮩ tratamento ambulatorial e orientação de não
cirúrgica. praticar esportes.
Questão 9 Questão 12
(SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE VOLTA REDON- (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – SP – 2017) Ho-
DA – RJ – 2020) Paciente masculino, 15 anos, vítima de mem, 23 anos, vítima de queda de moto com trauma
politrauma por queda de bicicleta, apresenta fratura em região lombar esquerda é atendido na sala de
de pelve, uretrorragia, retenção urinária e hemato- emergência. Seus dados vitais são: pressão arte-
ma perineal, qual a porção da uretra é afetada com rial igual a 90 x 60 mmHg, pulso de 110 batimentos
maior frequência? por minuto, frequência respiratória de 22 movimen-
tos respiratórios por minuto e escala de coma de
⮦ Uretra membranosa.
Glasgow igual a 14. Ausculta pulmonar normal e
⮧ Uretra bulbar. FAST negativo. A sonda vesical mostra hematúria.
⮨ Uretra Prostática. O paciente refere dor em região lombar esquerda,
⮩ Uretra Peniana. na qual nota-se hematoma local. Foi realizada repo-
⮪ Uretra Anterior. sição volêmica com 1000 mL de solução cristaloide
aquecida, com boa resposta. Devido à cinemática
do trauma, realizou-se tomografia de corpo inteiro,
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Questão 10 que mostrou lesão renal grau IV, segundo a classi-
ficação da American Association for the Surgery of
(UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – BELÉM – PA) O órgão do
Trauma (AAST), com blush. A melhor conduta em
trato urinário mais comumente lesado no trauma é:
relação a esse achado, é realizar:
⮦ rim.
⮦ lombotomia e nefrectomia esquerda.
⮧ bexiga.
⮧ tratamento não operatório.
⮨ uretra.
⮨ laparotomia mediana e nefrectomia esquerda.
⮩ ureter direito.
⮩ drenagem do hematoma guiado por ultrasso-
⮪ ureter esquerdo. nografia.
⮪ cistoscopia e passagem de duplo J, que deve
Questão 11 ser mantido por duas semanas.
163
ATLS – Trauma geniturinário Trauma
GABARITO E COMENTÁRIOS
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esmagamento e lesões iatrogências) ou posterior
(trauma contuso) ou extraperitoneal (associado à
(prostático e membranoso, associação com fra-
fratura de bacia, podendo cursar com lesões de ou-
turas pélvicas). A tríade clássica da lesão uretral
tros órgãos pélvicos, como o reto), e o tratamento
é composta por: uretrorragia, retenção vesical e
diverge de acordo com o local da ruptura. O trauma
globo vesical palpável (bexigoma). Sendo assim, o
de bexiga intraperitoneal é mais grave e necessita
cateterismo vesical está formalmente CONTRAIN-
de intervenção cirúrgica para sutura do órgão, en-
DICADO, visto que pode agravar a lesão. O diag-
quanto o trauma extraperitoneal é tratado de forma
nóstico é feito através da uretrografia retrógrada,
conservadora, apenas com sondagem vesical de
e o seu tratamento consiste na cistostomia supra-
demora por 10 a 14 dias.
púbica, com realização de uretroplastia em outro
✔ resposta: E tempo. Sabendo do mecanismo do trauma desse
caso (contuso), a lesão de uretra provavelmente é
anterior (em segmento peniano ou bulbar).
Questão 3 dificuldade:
✔ resposta: B
Resolução: Questão que nos traz um paciente com
trauma renal, com extravasamento de contraste e
volumoso hematoma perirrenal, e que a conduta em Questão 5 dificuldade:
164
ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6
questão, pela ausência de fratura, nos aproxima do integridade do trato urinário antes da inserção da
diagnóstico de lesão de uretra anterior. Sempre que sonda e inclui o toque retal para investigação de
há essa suspeita (como em casos de sangue pelo crepitação, presença de espículas ósseas e alte-
meato, hematomas na região perineal ou obstrução rações do tônus esfincteriano. Também deve-se
urinária), não devemos fazer a sondagem do pacien- atentar para presença de sangue no meato uretral,
te e o exame feito é a uretrografia retrógrada. Se hematoma escrotal, equimose perineal e achados
confirmado, devemos fazer uma cistostomia, pre- como espículas ósseas durante o toque retal. Todas
ferencialmente cirúrgia, para eliminação de urina. essas circunstâncias contraindicam a sondagem
vesical e a conduta preconizada é a uretrocistogra-
Alternativa A: INCORRETA. Para uretra posterior, es-
fia retrógrada após estabilização hemodinâmica.
peraríamos fratura de pelve.
Esse método permite avaliação da uretra anterior
Alternativa B, C e E: INCORRETAS. Nunca devemos masculina e consiste em exame radiológico com
sondar paciente diante da suspeita ou confirmação introdução retrógrada de contraste por via uretral.
de trauma de uretra.
✔ resposta: A
✔ resposta: D
Questão 8 dificuldade:
Questão 6 dificuldade:
Y Dica do professor: A lesão da bexiga é mais fre-
Y Dica do professor: A lesão da bexiga pode ser ex- quente após traumatismo fechado, geralmente
traperitoneal ou intraperitoneal. A lesão intraperito- associado à fratura de bacia (70% dos casos) ou à
neal ocorre comumente associada a traumatismos contusão, acometendo o andar inferior do abdome.
fechados em andar inferior de abdome (como no Temos um paciente com trauma, hematúria e dor
caso em questão), principalmente se a bexiga estiver em hipogastro!
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cheia, ocorrendo "explosão" da bexiga. A cistografia
Alternativa A: INCORRETA. A tomografia já evidenciou
da ruptura intraperitoneal é clássica, podendo-se
que há líquido na cavidade abdominal.
observar o extravazamento do contraste para a ca-
vidade peritoneal, entre as alças intestinais (pode Alternativa B: INCORRETA. A lesão de uretra cursa
formar uma imagem "em orelha de cachorro"). O com uretrorragia, retenção urinária (incapacidade
tratamento da lesão intraperitoneal é a laparotomia de urinar), bexigoma, equimose perineal, sangue
imediata com rafia da lesão. no saco escrotal e próstata em posição cefalizada
ao toque retal (próstata flutuante). Mais especifi-
Alternativas A, B e D: INCORRETAS. A conduta conserva-
camente, a lesão de uretra posterior (segmentos
dora fica reservada para a lesão extraperitoneal, para
prostático e membranoso) tem relação direta com
qual se preconiza a realização de descompressão
fraturas pélvicas. Enquanto a lesão de uretra anterior
vesical com sonda de foley por no mínimo 14 dias.
(uretra peniana e bulbar) tem mais associação com
✔ resposta: C trauma contuso, fratura peniana, queda à cavaleiro
(esmagamento da uretra) e lesões iatrogênicas.
Alternativa C: INCORRETA. O trauma renal não cursa
Questão 7 dificuldade:
com líquido livre intraperitoneal, pois os rins são
Y Dica do professor: O melhor e mais utilizado pa- vísceras retroperitoneais.
râmetro para avaliar resposta à reposição volêmi- Alternativa D: INCORRETA. As lesões extraperitoneais
ca é a diurese, motivo pelo qual todo paciente em de bexiga estão associadas à fratura da pelve por
choque deve ter o débito urinário monitorizado por perfuração dos fragmentos ósseos. A conduta está
sonda vesical, a menos que haja contraindicações. correta e é conservadora com descompressão
Em situações como trauma de bacia a sondagem vesical (sonda de Foley por 14 dias). Entretanto, a
vesical deve sempre ser precedida pelo exame do lesão extraperitoneal não cursa com líquido livre
períneo. O objetivo do exame deve ser garantir a intra cavitário.
165
ATLS – Trauma geniturinário Trauma
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Lesões graus I, II e III sempre são de conduta expec-
Questão 10 dificuldade:
tante, com repouso, analgesia, reavaliação clínica e
Y Dica do professor: os órgãos mais lesados no trau- vigilância hematimétrica. Há quem defenda cirurgia
ma abdominal contuso são o baço (40% a 55%) e para os traumas renais grau IV, mas a tendência atual é
fígado (35% a 45%), seguido do mesentério e dos adotarmos uma conduta não operatória em pacientes
rins. Já no trauma perfurante temos predomínio hemodinamicamente estáveis, sobretudo quando a
das lesões no fígado, intestino delgado, diafragma lesão do rim foi decorrente de contusão abdominal.
e cólon. Um aliado importante no sucesso de tratamento não
✔ resposta: A
operatório é a angioembolização seletiva guiada por
radiologia intervencionista, principalmente quando
identificado pseudoaneurisma ou fístula arteriove-
nosa na TC.
O tratamento cirúrgico tem fica reservado quando há
hemorragia renal com instabilidade hemodinâmica
e risco de óbito OU hematoma perirrenal pulsátil
em Zona II de retroperitônio (significa trauma renal
Grau V).
✔ resposta: B
166
ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6
Questão 12 dificuldade:
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ATLS – TRAUMA Capítulo
CRANIOENCEFÁLICO 7
importância/prevalência
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• TC → lente biconvexa.
• Intervalo lúcido.
u Hematoma subdural:
• Veias-ponte.
• Alcoolistas e idosos.
• TC → lesão em lua crescente.
• HIC progressiva.
u Diferenciar concussão cerebral de lesão axonal difusa.
1. FISIOLOGIA DO SNC
BASES DA MEDICINA
169
ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
1.1. DOUTRINA DE MONRO-KELLIE um hematoma), algo tem que sair! Na fisiologia normal,
o organismo primeiro retira líquor e depois o sangue
venoso, tentando compensar. Entretanto, esse meca-
nismo de compensação tem um limite. A partir de certo
BASES DA MEDICINA ponto, o volume arterial será comprometido, resultando
em isquemia, e o parênquima cerebral será comprimido.
O crânio é um compartimento fechado e não compressí- A Doutrina de Monro-Kellie explica de forma fácil esse
vel. Por esse motivo, se algo novo aparece lá dentro (ex.: mecanismo!
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O volume do conteúdo intracraniano permanece constante. Se a adição de uma massa, tal como um hematoma, resultar na saída forçada
de um volume igual de Líquido cefalorraquidiano (LCR) e sangue venoso do crânio, a Pressão Intracraniana (PIC) permanece normal. Entre-
tanto, quando esses mecanismos de compensação são esgotados, ocorre um aumento exponencial da PIC, mesmo para um pequeno
aumento no volume do hematoma.
Fonte: Acervo Sanar.
170
ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7
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promete diretamente a autorregulação cerebral! Se esse isquemia.
mesmo paciente tivesse um TCE associado, o cérebro já
estaria sofrendo com hipoperfusão tecidual.
As lesões cranioencefálicas encontram-se entre os
O conteúdo intracraniano é inicialmente capaz de com- tipos de trauma mais frequentes. Muitos pacientes
pensação quando surge uma nova massa intracraniana
morrem antes de chegar ao hospital, e quase 90%
(hematoma extradural ou subdural). Uma vez que o volume
dessa massa atinja um limite crítico, frequentemente ocorre das mortes pré-hospitalares relacionadas ao trauma
um aumento rápido da pressão intracraniana, que pode envolvem lesão cerebral. As vítimas sobreviventes
levar à redução ou cessação do fluxo sanguíneo cerebral. de TCE frequentemente apresentam dano neurofi-
siológico que resulta em invalidez, comprometendo
Figura 2. Curva Volume-Pressão.
o trabalho e as atividades sociais. Portanto, mesmo
uma pequena redução na mortalidade e na morbi-
dade secundária ao TCE teria importante impacto
socioeconômico.
171
ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
1 Ausente
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Fonte: Elaborado pelo autor.
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ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7
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• Déficits neurológicos fo-
4.1. TCE LEVE (GLASGOW 13-15) • Idade > 65 anos
cais
• Uso de anticoagulantes
O TCE leve é definido por uma história de desorien- Fonte: Elaborado pelo autor.
tação, amnésia ou perda transitória da consciência Figura 3. Hematoma em mastoide (Sinal de
em um doente que está consciente e falando. Se Battle): sugestivo de fratura de base de crânio.
o doente estiver assintomático, completamente
acordado, em alerta e neurologicamente normal,
poderá ser observado por algumas horas, reexami-
nado e, se ainda estiver normal, receber alta com
segurança. Em alguns casos, precisaremos internar
esse paciente para observação seriada:
u Traumatismo penetrante de crânio.
u Piora do nível de consciência.
u Cefaleia moderada ou grave.
u Intoxicação significativa por álcool/drogas.
u Fratura de crânio.
u Perda de LCR (otorreia, rinorreia).
u Outros traumas importantes associados.
u Déficits neurológicos focais.
173
ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
Figura 4. Olhos de guaxinim (hematoma periorbitário). 4.2. TCE MODERADO (GLASGOW 9-12)
4.3. T
CE GRAVE (GLASGOW ≤ 8)
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110 mmHg e uma saturação de oxigênio > 98%!
Além disso, existem outras medidas:
u Cabeceira elevada e centrada (30° ou 45°) – me-
dida simples e eficaz que melhora a perfusão
intracraniana.
u Sedação com propofol, midazolam e opioides,
pois a agitação pode aumentar a Pressão Intra-
craniana (PIC). Esses agentes têm potencial para
Fonte: Acervo do autor (Dr. Rodrigo Edelmuth).
ajudar na redução da PIC, mas não são isentos
de efeitos colaterais. Em geral, pacientes vítimas
FLASHCARD
de TCE grave com HIC são sedados de forma
intensa ou moderada nos primeiros dias após
Quais as principais fraturas de base do crânio?
o trauma. A avaliação dessa sedação pode ser
Sinal do guaxinim e sinal de Battle.
feita conforme a Escala de Agitação e Sedação
de Richmond (RASS).
174
ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7
0 Alerta e calmo –
Adormecido, mas acorda ao ser chamado (estímulo verbal) e mantém os olhos abertos
−1 Sonolento
por mais de 10 segundos
−2 Sedação leve Despertar precoce ao estímulo verbal, mantém contato visual por menos de 10 segundos
−3 Sedação moderada Movimentação ou abertura ocular ao estímulo verbal, mas sem contato visual
Sem resposta ao ser chamado pelo nome, mas apresenta movimentação ou abertura
−4 Sedação intensa
ocular ao toque (estímulo físico)
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na, mas, por outro lado, gera maior isquemia! Por
esse motivo, a hiperventilação profilática (pCO2
< 25 mmHg) não deve ser utilizada. DICA
Nunca devemos fornecer manitol
para pacientes em choque hemorrágico,
A hiperventilação/hipocapnia pode ser utilizada pois o efeito hiperosmolar do manitol pio-
de forma moderada e pelo menor tempo possí- rará a hipotensão do paciente!
vel. A recomendação atual é manter a PaCO2 no
limite inferior da normalidade (35 mmHg; referência:
35 mmHg a 45 mmHg). Breves períodos de hiper-
u Solução salina hipertônica (salgadão): tem as
ventilação (PaCO2 de 25 a 30 mmHg) podem ser
mesmas indicações que o manitol, mas apresen-
utilizados em casos raros, em que há iminência de
ta a vantagem de não ser diurético, podendo ser
herniação uncal e deteriorização clínica progressiva.
utilizado em pacientes hipotensos.
u Anticonvulsivantes devem ser utilizados de ma-
DICA
A hiperventilação profilática (PaCO2 neira seletiva! Não há indicação absoluta de
< 25 mmHg) não deve ser utilizada! profilaxia de convulsões em TCE graves! Alguns
centros utilizam a fenitoína profilática em TCEs
graves por 7 dias.
u Manitol: tem efeito diurético importante, redu- u Profilaxia de úlcera de estresse com inibidor da
zindo o edema cerebral e, consequentemente, a bomba de prótons está indicada para todo TCE
pressão intracraniana. Mas fica reservado a ca- grave.
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ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
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Concussões
Lesões difusas Figura 5. Hematoma extradural bilateral.
LAD
Fonte: Elaborado pelo autor.
FLASHCARD
Hematoma Extradural?
Artéria meníngea média.
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ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7
FLASHCARD
FLASHCARD
FLASHCARD
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DICA
Midríase ipsilateral à lesão expansi- TC com lua em crescente. Diagnóstico?
va + hemiplegia contralateral = herniação Hematoma subdural.
do úncus.
u Mais frequente (até 30% dos TCEs graves).
u Ocorre por dilacerações de vasos superficiais
Para facilitar: a pupila aponta o lado da lesão! Pupila pequenos ou vasos-ponte do córtex cerebral.
aberta à direita (hematoma à direita).
u Localização frontotemporoparietal.
Você é curioso e quer entender o porquê desses u Mecanismo de trauma difuso e maior (acelera-
achados? É muita ciência, e não deve cair na prova, ção/desaceleração); queda, em idosos.
mas vou lhe contar:
u Hemiplegia contralateral: compressão direta da
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via motora no mesencéfalo (a via motora vai cru-
Qual a origem do sangue no hematoma subdural?
zar para o outro lado na decussação das pirâmi-
Veias-ponte.
des no bulbo; por isso, hemiplegia contralateral).
u Midríase ipsilateral: comprime diretamente o III
par craniano (nervo oculomotor), causando mi- u Maior possibilidade de outras lesões adjacentes
dríase. As fibras do III par não cruzam; portanto, (sangramento intraparenquimatoso ou contusões).
achado ipsilateral. u Mais frequente em idosos e alcoólatras (atrofia
do córtex e, consequentemente, maior espaço
subdural).
u Relação com uso de anticoagulantes.
u TC: imagem em lua crescente.
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ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
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Fonte: Acervo do autor (Dr. Rodrigo Edelmuth).
Fonte: FMRP-USP 2.
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ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7
Origem do Localização
Tipo Frequência Dica Mecanismo TC
sangramento do hematoma
Idosos,
Hematoma Mais comum, alcoólatras Queda ou Frontotem- Imagem em
Veias em ponte
subdural 30% dos TCE e uso de desaceleração poroparietal lua crescente
anticoagulantes
Fonte: Elaborado pelo autor.
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1. Edema de partes moles; 2. Fratura de crânio com afundamento; 3. Hemorragia subaracnoide; 4. Edema cerebral com desvio de linha
média; 5. Hematoma subdural; 6. Hematoma extradural; 7. Contusão cerebral frontal.
Fonte: Lara Filho et al.3
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ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
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Perda imediata e duradoura da consciência (> 6 ho-
ras) com TC de crânio normal.
DICA
Boxeador com nocaute que recu-
pera a consciência após alguns instantes?
Concussão cerebral!
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ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7
TCE
Glasgow
13 – 15 9 – 12 3–8
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Vômitos (mais de
Suspeita de fratura
2 episódios)
de base de crânio
(hemotímpano, olhos de
guaxinim, hematoma de Concussão LAD
Battle, otorreia, rinorreia) Idade > 65 anos
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ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Gerwin BD, Kline LB. Friday Night Football: A Problem on
the Field. EyeNet Magazine [Internet]; 2019 [acesso em abr
2019]. Disponível em: https://www.aao.org/eyenet/article/
friday-night-football-problem-on-field.
Hematoma Subdural. Wikipedia. [Internet]. [acesso em Abril
2018]. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hema-
toma_subdural#/me – dia/File:Trauma_subdural_arrow.jpg.
Iaccarino C, Schiavi P, Picetti E, Goldoni M, Cerasti D, Caspani
M, et al. Patients with brain contusions: predictors of outcome
and relationship between radiological and clinical evolution.
J Neurosurg. 2014; 120(4): 908-18.
O’Brien WT Sr, Caré MM, Leach JL. Pediatric Emergencies:
Imaging of Pediatric Head Trauma. Semin Ultrasound CT
MR. 2018; 39(5): 495-514.
Watanabe K, Wataru Kl. Battle’s Sign. N Engl J Med. 2012;
367: 1135.
182
ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 ⮦ Hiperventilação
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oscilação do padrão respiratório; via aérea pérvia;
FC-48 bpm; PA- 150x100 mmHg; pupilas anisocóri-
cas. Diante desse quadro qual medida clínica deve
ser tomada:
⮦ Manitol
⮧ Iniciar ainti-hipertensivo
⮨ Expansão volêmica
⮩ Instalar ventilação não invasiva
Questão 3
183
ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
doentes devem ser tratados sem a tomografia. Coma de Glasgow com 8 pontos, midríase em pupila
Você opta por transferir: direita e um episódio de vômito. Com base nessa
situação hipotética, é correto inferir que a lesão, sua
⮦ Um homem de 33 anos, que caiu de um ban- gênese, a lateralidade acometida e o tratamento
quinho, não perdeu a consciência e tem um fe- são, respectivamente,
rimento cortocontuso no couro cabeludo, com
sangramento moderado. ⮦ Lesão axional difusa por concussão cerebral e
⮧ Uma mulher de 23 anos, que bateu o carro em contragolpe à esquerda e tratamento conser-
baixa velocidade, estava com cinto de seguran- vador.
ça, acha que desmaiou, mas está plenamente ⮧ Hematoma subdural por lesão de vasos corti-
consciente, não tem sinais externos de trauma cais à direita e craniotomia descompressiva à
e nega cefaleia. esquerda.
⮨ Um senhor de 72 anos que caiu da escada, diz ⮨ Hematoma epidural agudo por sangramento da
que não perdeu a consciência, mas não se lem- artéria meníngea média à direita e craniotomia
bra bem do que aconteceu e pergunta sempre descompressiva à direita.
as mesmas coisas (repetitivo), embora pareça ⮩ Fratura da base do crânio com extensão à direita,
entender o que lhe dizem e estar orientado quan- hemorragia do polígono de Willis e abordagem
to à sua vida. cirúrgica com acesso mastoideo à direita.
⮩ Um ciclista de 45 anos, que estava de capacete, ⮪ Hematoma subaracnoideo traumático por san-
e lembra-se muito bem da queda. gramento da artéria vértebro-basilar à esquerda
⮪ Um homem de 62 anos, com hálito alcoólico, e abordagem endovascular.
que caiu da própria altura e já teve um episódio
de vômito no pronto-socorro.
Questão 6
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Questão 4
(HOSPITAL EVANGÉLICO DE LONDRINA – 2017) Em relação
ao Trauma Cranioencefálico (TCE), são lesões ce-
(UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO – 2016) Utilizando a Escala rebrais difusas, EXCETO:
de Glasgow, qual o fator que apresenta maior rela-
ção com a gravidade do TCE e com a sobrevida do ⮦ Swelling
paciente? ⮧ Hemorragia subaracnoide
⮨ Contusões
⮦ Resposta verbal.
⮩ Lesão axonal difusa
⮧ Resposta motora.
⮪ Lesão axonal difusa e hemorragia subaracnoide
⮨ Abertura ocular.
⮩ Glasgow < ou = 10.
Questão 7
184
ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7
Questão 8 Questão 11
(HOSPITAL SANTA MARTA – 2017) Dentre as opções abaixo, (HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS – 2018) O Traumatismo
assinale a única medida que NÃO pode ser utilizada Crânio Encefálico (TCE) representa a principal causa
como estratégia para redução de pressão intracra- de morbimortalidade em indivíduos jovens. Ocor-
niana em contexto de neurotrauma: re em 40% das vítimas de trauma e não raramente
evolui com insuficiência respiratória e necessida-
⮦ Elevação de cabeceira em 30º de de suporte ventilatório. Os principais pontos de
⮧ Uso de solução salina hipertônica controvérsia na ventilação do TCE são hiperventi-
lação e a utilização do PEEP. Sobre esses tópicos,
⮨ Sedação profunda com barbitúricos
aponte a alternativa INCORRETA:
⮩ Hipotermia induzida
⮦ A hiperventilação leva à diminuição do PCO2
⮪ Hipercapnia permissiva
com consequente vasoconstrição e diminuição
da pressão intracraniana, porém ocorre queda
Questão 9 do fluxo sanguíneo cerebral, podendo levar a
posterior isquemia cerebral.
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE – 2017) Você
⮧ Segundo as diretrizes brasileiras de ventilação
atende a um jovem de 23 anos, vítima de acidente
mecânica, a hiperventilação profilática é reco-
motociclístico com Traumatismo Cranioencefálico
mendada nas primeiras 24h, para prevenção da
(TCE). A tomografia mostra hérnia de úncus à di-
hipertensão intracraniana.
reita. Assinale a alternativa que corresponda a um
ACHADO esperado no exame físico desse paciente: ⮨ PEEP pode ser utilizada (0-12 cmH2O), pois não
houve aumento estatisticamente significante
⮦ Quinze pontos na Escala de Coma de Glasgow da pressão intracraniana, além de não alterar a
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pressão de perfusão cerebral.
⮧ Pupila com miose ipsilateral
⮨ Localização ipsilateral ao estímulo doloroso ⮩ A pressão intracraniana não é afetada enquanto
estiver acima da pressão venosa central gerada
⮩ Reflexo fotomotor ipsilateral negativo pela PEEP.
Questão 10 Questão 12
(HOSPITAL MEMORIAL ARTHUR RAMOS – 2018) É INCORRETO (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS –
afirmar sobre o Hematoma Subdural Agudo que: 2017) Paciente que sofreu acidente de moto é atendido
pelo pré-hospitalar. Apresenta dados vitais estáveis,
⮦ se apresenta na tomografia computadorizada
abertura ocular ao estímulo verbal, resposta verbal
como uma imagem hiperdensa em crescente.
com sons incompreensíveis e resposta motora com
⮧ o comprometimento cerebral subjacente costu- flexão normal (retirada). Sobre esse paciente com
ma ser mais grave devido à presença de lesão diagnóstico de TCE (Trauma Crânio Encefálico),
parenquimatosa concomitante. pode-se afirmar que ele apresenta:
⮨ a apresentação clínica clássica é o intervalo
⮦ Classificação na Escala de Glasgow de 9, TCE
lúcido, no qual o paciente encontra-se acorda-
moderado.
do e, depois de minutos ou horas, pode evoluir
para o coma. ⮧ Classificação na Escala de Glasgow de 10, TCE
grave.
⮩ ocorre mais frequentemente por dilaceração de
vasos superficiais pequenos ou vasos ponte do ⮨ Classificação na Escala de Glasgow de 8, TCE
córtex cerebral. leve.
185
ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
Questão 13
Questão 14
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te dos pediatras e neurologistas pela compreensão
do impacto dos traumas cranianos em crianças. O
Traumatismo Craniano (TC) é uma das causas mais
comuns de trauma em crianças, sendo responsá-
vel por alto índice de internamento hospitalar, com
significativa taxa de morbidade e mortalidade. Em
relação ao TC, é INCORRETO afirmar que:
186
ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Alternativa A: INCORRETA. Em alguns casos exepcio- que promove a vasoconstrição das arteríolas pela
nais, podemos realizar uma hipocapnia permissiva, autorregulação, levando à diminuição do volume
mas é conduta de exceção, pois a hipocapnia leva sanguíneo cerebral com consequente diminuição
à vasoconstrição cerebral e, consequentemente, da PIC. Esse mecanismo é rápido e transitório. Em
à piora da isquemia. Os protocolos mais atuais um segundo momento, há aumento da osmolari-
recomendam manter a pCO2 no limite inferior da dade sérica, desidratando o parênquima cerebral
normalidade. e reduzindo ainda mais a PIC.
Alternativa B: CORRETA. Em casos de herniação grave, Alternativa B: INCORRETA. É importante lembrar que
podemos infundir soluções hiperosmolares, como a pressão de perfusão cerebral (PPC=PAM-PIC)
manitol ou NaCl 20%. deve ser mantida adequada. Portanto, a hipertensão
Alternativa C: INCORRETA. Devemos manter a nor- arterial leve deve ser tolerada, pois pode ser meca-
motermia. nismo compensatório para manutenção da PPC.
Alternativa D: INCORRETA. Não há indicação de cor- Alternativa C: INCORRETA. Não há recomendação de
ticoide nos casos de edema cerebral por trauma. expansão volêmica para manejo da HIC. A solução
✔ resposta: B salina hipertônica (cloreto de sódio a 3%) pode ser
realizada na dose de 5mL/Kg em 10 a 60 min.
Alternativa D: INCORRETA. Em TCE, deve ser realiza-
Questão 2 dificuldade: . da a IOT quando houver sinais de hipertensão in-
Y Dica do autor: A pressão intracraniana (PIC) é tracraniana, glasgow </= 8 ou queda do glasgow >
mantida por três compartimentos: cérebro (fixo), 3 pontos independentemente da pontuação inicial,
líquoe e sangue. Quando há uma lesão expansiva, anisocoria > 1mm, lesão da medula cervical com
há a tentativa de manter a PIC estável por meio da
187
ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
comprometimento da respiração, hipoxemia refra- a presença de coma com duração > 6 horas (obri-
tária ou insuficiência respiratória. gatoriamente!), fenômeno que diferencia a LAD da
✔ resposta: A concussão cerebral clássica (coma < 6 horas). Além
disso, observa-se alteração importante no nível de
consciência já no momento do trauma. A LAD cos-
Questão 3 dificuldade: tuma acometer com maior frequência em estrutu-
ras inter-hemisféricas (corpo caloso), secundária à
Resolução: na questão, temos cinco doentes que
lesão por cisalhamento por forças de aceleração e
sofreram Traumatismo Cranioencefálico (TCE) leve
desaceleração entre camadas corticais e subcorti-
(Escala de Coma de Glasgow [ECG] entre 13 e 15).
cais (aceleração rotacional da cabeça). Embora se
As vítimas de TCE leve devem ser tomografadas
distribua de forma difusa, existem achados clássi-
em casos específicos, como:
cos, como hemorragia intraventricular e encefálica
• ECG < 15, 2 horas após o trauma. múltipla, assim como hemorragias do fórnix, cavum
• Suspeita clínica de fratura aberta ou afundamento e septo pelúcido (petéquias em corpo caloso).
de crânio. Alternativa B: INCORRETA. O intervalo lúcido é ca-
• Presença de sinal de fratura de base de crânio racterístico do hematoma extradural. O hematoma
(sinal de Battle ou hematoma periorbitário). subdural é decorrente de sangramento venoso (va-
• Mais de dois episódios de vômitos. sos-ponte), mais comum em idosos e alcóolatras
(pacientes com atrofia cortical). É mais comum que
• Idade > 65 anos.
o hematoma extradural, localiza-se na região fron-
• Perda da consciência testemunhada por mais totemporo-parietal. Geralmente, é secundário a um
de 5 minutos. mecanimo de trauma mais intenso e difuso (dife-
• Presença de amnésia retrógrada por mais de 30 rentemente do extradural: impacto direto em região
minutos. temporal). Na TC, apresenta-se em “lua crescente”.
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• Mecanismo de lesão perigoso. Alternativa C: CORRETA. Classicamente, o intervalo
• Déficit neurológico focal atribuído ao cérebro. lúcido ocorre quando estamos diante do hemato-
• Uso de anticoagulantes. ma extradural. Após o TCE, o paciente perde mo-
mentaneamente a consciência devido à concussão
✔ resposta: C
cerebral (impacto direto). Logo após, ele recobra
a consciência e fica orientado por um período de
Questão 4 dificuldade:
tempo, enquanto o sangramento arterial aumenta,
decorrente da artéria meníngea média. Em uma
Resolução: dentre as alternativas referentes à Escala terceira fase, há deterioração neurológica franca
de Coma de Glasgow (ECG), a avaliação que apre- graças a um maior acúmulo de sangue no espaço
senta maior relação com a gravidade do traumatis- extradural (entre a dura-máter e a tábua óssea in-
mo cranioencefálico (TCE) é a resposta motora (é terna do crânio). Essa piora pode ser representada
a que vale mais pontos!). por aumento de pressão intracraniana e herniação
✔ resposta: B do úncus (região do giro para-hipocampal). O ún-
cus herniado comprime o mesencéfalo, levando ao
comprometimento da via motora que ali passa –
Questão 5 dificuldade: justificando a hemiparesia contralateral, uma vez
que a via motora vai cruzar na decussação das pi-
Y Dica do professor: lembre-se do hematoma epi-
râmides no bulbo – e comprime também o terceiro
dural – impacto direto em região temporal (fratura
par, ocasionando midríase ipsilateral.
da têmpora), intervalo lúcido, sangramento arterial
e herniação uncal! Alternativas D e E: INCORRETAS. As alternativas não
fazem sentido algum: o autor misturou nomes,
Alternativa A: INCORRETA. A LAD realmente é de tra-
tamento conservador. Entretanto, se manifesta com
188
ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7
termos e condutas somente para confundir o aluno aumento da PIC. O ideal, nesse caso, seria promover
mais desatento. uma hipocapnia através da hiperventilação.
✔ resposta: C ✔ resposta: E
Resolução: as lesões intracranianas traumáticas po- Resolução: a hérnia de úncus é um quadro gravíssi-
dem ser focais ou difusas. As difusas são as que mo, cursando com rebaixamento de consciência e
acometem de forma difusa todo o parênquima, sintomas neurológicos focais. Um acometimento
como a lesão axonal difusa e o edema cerebral, clássico é o do nervo oculomotor, gerando midríase
geralmente não sendo claras e visíveis na TC. As ipsilateral (e não miose) e perda do reflexo fotomo-
lesões focais são as que se apresentam com alte- tor do mesmo lado.
ração anatômica localizada e identificável na tomo- ✔ resposta: D
grafia, hematoma extradural, hematoma subdural
e contusões (hematomas intraparenquimatosos).
Alguns autores discutem se a HSA não poderia ser Questão 10 dificuldade:
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rístico hematoma extradural. Após o TCE, o pacien-
Questão 7 dificuldade: te perde momentaneamente a consciência devido
à concussão cerebral (impacto direto). Logo após,
Resolução: alguns alunos devem estar questionan-
recobra a consciência e fica orientado por um pe-
do se não existem duas alternativas corretas (B e
ríodo de tempo, enquanto o sangramento arterial
D). Realmente a presença de uma simples síncope
aumenta, decorrente da artéria meníngea média.
após o trauma (< 5 minutos) não é indicação abso-
Em uma terceira fase, há deterioração neurológi-
luta de TC de crânio. O ATLS preconiza somente
ca franca graças a um maior acúmulo de sangue
realização quando há perda da consciência maior
no espaço extradural (entre a dura-máter e a tábua
que 5 minutos. Mas não adianta brigar com a ques-
óssea interna do crânio).
tão. A reposta deve ser a alternativa B! A contrain-
dicação clássica é a instabilidade hemodinâmica. Alternativa D: CORRETA. Os vasos lesionados, nes-
ses casos, são veias superficiais de pequeno porte
✔ resposta: B
(vasos-ponte).
✔ resposta: C
Questão 8 dificuldade:
189
ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma
Alternativa B: INCORRETA. Hiperventilação não é uti- na (manitol, corticoide, cabeceira elevada, solução
lizada no contexto de profilaxia. Como vimos na hipertônica, hipotermia), entretanto a questão quer
alternativa acima, essa medida pode trazer dano saber duas medidas básicas para evitar progressão
ao paciente e, portanto, fica reservada para o tra- da lesão cerebral durante o atendimento INICIAL do
tamento da hipertensão intracraniana. traumatizado, sendo a oxigenação e a reanimação
Alternativa C: CORRETA. Essa deixou alguns na dú- volêmica essenciais para qualquer atendimento, de
vida, mas também está correta. PEEP até valores modo a manter uma perfusão cerebral adequada.
moderados (por volta de 12 cmH20) pode ser usa- ✔ resposta: A
da, pois não atrapalha o retorno venoso de forma
significativa.
Questão 14 dificuldade:
Alternativa D: CORRETA. Alternativa autoexplicativa.
✔ resposta: B Y Dica do autor: O TCE pode ser didaticamente divi-
dido em leve (ECG entre 13 e 15), moderado (ECG
entre 9 e 12) e grave (ECG igual ou menor que 8).
Questão 12 dificuldade: Além disso, dentre as lesões intracanianas, temos
Y Dica
as focais (hematomas extradural, epidural e intra-
do autor: para resolver essa questão, deve-
cerebrais) e difusas (concussão leve, concussão
mos saber a Escala de Coma de Glasgow:
cerebral clássica e lesão axonal difusa).
Escala de Coma de Glasgow Alternativa A: CORRETA. As contusões cerebrais fo-
Abertura ocular: cais são frequentes e geralmente vistas nas regiões
4 – espontânea basal frontal e temporal, áreas suscetíveis devido
3 – ao estímulo verbal ao impacto direto nas superfícies basais do crânio
2 – ao estímulo doloroso em lesões por aceleração.
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1 – nenhuma Alternativa B: INCORRETA. O hematoma subdural é
composto por sangue venoso, pela ruptura das veias
Resposta verbal:
ponte no interior do espaço subdural. Temos hemor-
5 – orientado
ragia de origem arterial no hematoma extradural,
4 – confuso
pela ruptura de ramos da artéria meníngea média.
3 – palavras inapropriadas
2 – palavras incompreensíveis Alternativa C: CORRETA. A lesão axonal difusa é uma
1 – nenhuma consequência devastadora do traumatismo cra-
nioencefálico, e decorrem de mecanismos de de-
Resposta motora:
saceleração e rotação associados, podendo levar
6 – obedece a comandos
à morte neuronal extensa.
5 – localiza dor
4 – movimentos de retirada
Alternativa D: CORRETA. Os hematomas extradurais
são tipicamente associados a vasos durais rompi-
3 – flexão anormal
dos, como artéria meníngea média, podendo tam-
2 – extensão anormal
bém ter origem venosa. O aspecto tomográfico é de
1 – nenhuma
uma imagem hiperdensa com formato biconvexo,
Resolução: paciente apresenta-se com GSC de 9; ao passo que o hematoma subdural apresenta-se
portanto, TCE moderado. como imagem hiperdensa côncavo-convexa.
✔ resposta: A ✔ resposta: B
Questão 13 dificuldade:
190
ATLS – TRAUMA DE Capítulo
COLUNA VERTEBRAL 8
importância/prevalência
u Traumas na coluna vertebral são frequentes em acidentes automobilísticos. Na abordagem inicial do trauma,
isto é, logo no item A, deve-se restringir a mobilidade da coluna cervical com colar cervical e prancha rígida.
u A região mais acometida é a cervical, devendo-se proceder, na vigência de suspeita, com a investigação
radiológica nessa região.
u Diante de possíveis lesões sensitivo-motoras, busque identificar os principais dermátomos e miótomos
que permitem determinar a topografia das lesões medulares.
u Diante de um trauma da coluna vertebral, há várias possíveis lesões, como perda do tônus simpático abaixo
da lesão (choque neurogênico) e perda da capacidade de esvaziamento cervical (bexiga neurogênica),
na qual se procede com o cateterismo vesical. Além delas, algumas lesões específicas, como fraturas e
secções incompletas da medula, podem levar a perdas sensitivo-motoras nas vítimas do trauma.
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1. A NATOMIA DA COLUNA V Articulações entre os processos articulares.
VERTEBRAL V Articulação entre lâminas, processos espinhosos
e transversos.
BASES DA MEDICINA
1.2. ARTICULAÇÕES DOS
CORPOS VERTEBRAIS
A coluna vertebral é formada por 33 vértebras: 7 cervicais,
12 torácicas e 5 lombares, além do sacro (5 vértebras
fundidas) e do cóccix (4 vértebras fundidas).
BASES DA MEDICINA
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ATLS – Trauma de coluna vertebral Trauma
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Figura 1. Dermátomos.
Fonte: stihii/Shutterstock.com1.
192
ATLS – Trauma de coluna vertebral Cap. 8
1.4.1. Miótomos
2. I NTRODUÇÃO
BASES DA MEDICINA
Os acidentes automobilísticos são a principal causa
de Trauma Raquimedular (TRM). Apesar de não ser
Cada nervo segmentar (raiz nervosa) inerva mais de um causa comum de mortalidade, o TRM é causa de
músculo, e a maioria dos músculos é inervada por mais
grande morbidade e de sequelas irreversíveis. Trau-
de uma raiz nervosa. Entretanto, para simplificar o exame,
certos músculos ou grupos musculares são identificados mas cervicais altos com lesão medular atingindo
como representando uma única raiz nervosa espinal. até C3 são os mais letais, pois causam compro-
metimento respiratório imediato, por paralisia do
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nervo frênico.
Quadro 1. Principais miótomos.
T1 Abdutor do dedo mínimo Pacientes com TRM têm grandes chances de apre-
L2 Flexor do quadril (iliopsoas) sentar outras lesões concomitantes. A associação
com trauma craniano é alta, e até 10% dos casos
Extensores do joelho (quadríceps e reflexo
L3 – L4 apresentam lesão em outro segmento medular não
patelar)
contíguo. A região cervical é a mais afetada, sendo
L4, L5, S1 Extensores do joelho (isquiotibiais)
responsável por 55% dos TRMs.
Dorsiflexores do tornozelo e do hálux (tibial
L5
anterior e extenso longo do hálux) Segundo o ATLS, todo paciente politraumatizado
deve ser inicialmente abordado como se tivesse
Flexores plantares do tornozelo (gastroc- uma lesão vertebral. Na 10ª edição do ATLS houve
S1
nêmio e sóleo)
uma atualização, com mudança da nomenclatura:
Fonte: Elaborado pelo autor. agora é utilizado o termo “Restrição da mobilidade
da coluna cervical” – deve-se inicialmente colocar
o colar cervical e imobilizar em prancha rígida,
aceitando algumas exceções. O objetivo final não
é o colar cervical, mas a imobilização. É válido
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ATLS – Trauma de coluna vertebral Trauma
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transoral, para visualização do processo odontoide.
Figura 2. Presença de fratura completa Choque neurogênico é uma condição causada pela
do corpo vertebral de C5 (seta). perda do tônus simpático, com consequente bradi-
cardia e vasodilatação periférica. O TRM até T6 pode
lesar as fibras simpáticas descendentes, resultando
em um choque distributivo, com queda da resistência
vascular periférica, hipotensão com extremidades
quentes, bem perfundidas e com manutenção do
débito urinário. Esse quadro é diferente das outras
causas de hipotensão no trauma que cursam com
taquicardia e déficit de perfusão.
Seu tratamento deve ser baseado na recuperação
do tônus vascular por meio de drogas vasoativas.
Fonte: Tomatheart/Shutterstock.com2.
A infusão de cristaloides tem pouco resultado nes-
ses casos.
194
ATLS – Trauma de coluna vertebral Cap. 8
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causada pela retropulsão do disco ou fragmentos
por transbordamento. Em ambos os casos, a melhor
do corpo vertebral para o interior do canal, levan-
conduta para evitar complicações, como infecção
do a uma secção apenas dos tratos anteriores e
urinária de repetição, refluxo vesical e perda de
preservando os posteriores.
função renal, é o cateterismo vesical intermitente
pelo próprio paciente a cada quatro horas. u Síndrome de Brown-Sequard (hemissecção me-
dular): perda motora e proprioceptiva ipsilateral,
com perda de sensibilidade dolorosa e térmica
FLASHCARD
contralateral. Causada pela hemissecção, geral-
Qual a conduta em pacientes com bexiga neurogêni- mente associada a traumas penetrantes.
ca após um trauma raquimedular?
Cateterismo vesical intermitente.
Dentre os vários tipos de fraturas da coluna vertebral,
alguns epônimos são mais cobrados em provas:
u Fratura de Jefferson (atlas /C1): fratura em ex-
5. LESÕES ESPECÍFICAS plosão dos arcos anteriores e posteriores, com
afastamento das massas laterais. Causada por
compressão axial (vertical) do crânio – história
O trauma da coluna vertebral pode causar lesões clássica de pulo em piscina rasa. A lesão medular
ósseas ou medulares, e uma lesão não necessa- é rara, pois a medula ocupa apenas 1/3 do canal
riamente implica a outra. Por exemplo, lesões das vertebral na coluna cervical alta.
vértebras cervicais altas geralmente não estão u Fratura do processo odontoide: dividida em tipos
associadas a lesões medulares, pois nessa topo- I, II (mais comum) ou III, a depender de a linha de
grafia o canal medular é largo. fratura ocorrer no ápice, na base ou em parte do
corpo da vértebra, respectivamente.
195
ATLS – Trauma de coluna vertebral Trauma
u Fratura do enforcado (espondilolistese de C2): W Sem lesões distrativas (ex.: fratura de fêmur).
fratura bilateral dos pedículos de C2 devido à hi- Esses são os critérios NEXUS para baixa probabilidade
perextensão associada à distração do corpo de de lesão cervical. Entretanto, podemos manter o colar
C3. Atualmente, o seu mecanismo mais comum e solicitar exames de imagem em casos nos quais o
são os acidentes automobilísticos. mecanismo de trauma tenha sido muito importante e o
risco de TRM exista, como quando há ejeção do veículo
u Fratura de chance (“do cinto de segurança”): ou mergulho de cabeça em uma piscina sem água. Em
fratura toracolombar associada a colisões auto- situações nas quais o mecanismo de trauma é significa-
mobilísticas e uso de cinto de segurança abdo- tivo, o médico tem o direito e o dever de suspeitar de uma
minal. O movimento de distração-flexão leva ao lesão, mesmo em pacientes alertas, Glasgow 15, sem dor
rompimento horizontal dos elementos posterio- cervical e sem déficits focais.
res (processo espinhoso, processo transverso e
pedículos). Devido à alta energia abdominal, está
muito associada ao trauma abdominal fechado, DIA A DIA MÉDICO
em 50-60% dos casos.
PRACHA RÍGIDA
DIA A DIA MÉDICO A prancha rígida é um instrumento de transporte, e não
de imobilização/proteção da coluna. Devemos retirar a
COLAR CERVICAL: QUANDO PODEMOS RETIRAR? prancha tão logo quanto possível, a fim de evitar úlceras
de pressão. Sabe-se que o risco de escaras de decúbito
Exames de imagem são exames complementares. Eles é muito elevado em pacientes que ficam mais de 2 horas
não estão indicados sempre! Podemos retirar o colar sobre a prancha.
cervical, sem necessidade de investigação radiológica,
se o paciente apresentar todas as características abaixo: Ao final da avaliação inicial do paciente politraumatizado,
quando realizamos a rotação em monobloco, já podemos
W Sem dor cervical, tanto à palpação quanto à movimen- retirar a prancha e manter o paciente em decúbito dorsal
tação (passiva e ativa).
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horizontal (DDH). O DDH na cama é tão seguro quanto a
prancha rígida. Se não o fosse, todo paciente com TRM e
W Sem sinais de intoxicação por álcool ou outras drogas.
fratura de vértebra ficaria na prancha rígida por semanas
W Glasgow 15, completamente alerta e orientado. ou meses! Caso haja suspeita de lesão raquimedular, o
importante é manter a movimentação em monobloco.
W Sem déficits neurológicos focais.
Fluxograma 1. Fluxograma coluna cervical. Regra Canadense para avaliação de trauma de coluna cervical (C-Canadian Spine Rule).
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ATLS – Trauma de coluna vertebral Cap. 8
TRM
Avaliação cervical no
cenário de trauma
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Retirada do colar após
avaliação inicial?
Mecanismo de trauma
perigoso (ejeção de veículo,
capotamento, queda > 1 m)
Dor cervical
Parestesias, plegias
ou quaisquer déficits
sensitivos e/ou motores
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ATLS – Trauma de coluna vertebral Trauma
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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ATLS – Trauma de coluna vertebral Cap. 8
QUESTÕES COMENTADAS
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de trauma com história de ter caído da cama há 6 ho-
Questão 2 ras. Ao exame físico, encontra-se com cianose de ex-
tremidades, palidez cutânea, frequência respiratória
(FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRAO PRETO – SP – 2021) (FR) irregular de 10 a 15 irpm, tórax com boa expan-
Paciente de 25 anos foi trazido à sala de urgência sibilidade sem retrações intercostais, pulmão com
após ter sido vítima de espancamento há cerca de murmúrio vesicular presente, simétrico, sem ruídos
8 horas. Sua avaliação inicial confirmou diagnóstico adventícios (RA). Coração: 2 bulhas rítmicas normo-
de traumatismo raquimedular cervical, sem outras fonéticas (BRNF), sem sopros, FR: 78 irpm, pressão
lesões traumáticas. Após 2 horas de internação, arterial (PA): 130 × 50 mmHg, pulsos cheios, perfusão
passou a apresentar quadro clínico compatível com de 2 segundos. Abdome: semigloboso, com discreto
insuficiência respiratória. Qual a conduta? aumento da tensão, RH+, fígado e baço não palpá-
veis. SN: não responde ao chamado verbal, abertura
⮦ Somente cricotireoidostomia, intubação contrain-
ocular ao estímulo doloroso, extensão de membros
dicada.
ao estímulo doloroso central. Quais o diagnóstico e
⮧ Intubação orotraqueal ou nasotraqueal. a conduta?
⮨ Traqueostomia de emergência.
⮦ Traumatismo cranioencefálico (TCE) grave com Es-
⮩ Ventilação não invasiva até realização de tratamen-
cala de Coma de Glasgow (ECG) 7. Intubação com
to cirúrgico definitivo.
sequência rápida (ISR) utilizando tubo endotraqueal
nº 4,0 com cuff. Deve-se realizar hiperventilação
Questão 3 por alguns minutos e administrar manitol 0,25 g/kg.
⮧ TCE grave devido a maus-tratos com ECG 5. ISR
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2018) Mu-
utilizando tubo endotraqueal nº 4,5 com cuff, ele-
lher de 24 anos de idade é encaminhada a hospital
vação da cabeceira a 30 graus, hiperventilação por
de referência, após capotamento em alta velocidade
poucos minutos e salina hipertônica a 3%.
na estrada. Ao exame físico, apresentou-se conscien-
te, orientada e hemodinamicamente estável. No ou- ⮨ TCE grave com ECG 6 e tríade de Cushing. ISR utili-
tro serviço, relatou dor no pescoço, sendo realizada zando tubo endotraqueal nº 4,5 sem cuff, elevação
da cabeceira e salina hipertônica.
199
ATLS – Trauma de coluna vertebral Trauma
⮩ TCE grave e choque neurogênico devido a maus ⮦ retirada apenas após resultado da tomografia.
tratos, com ECG 6. ISR utilizando tubo endotraqueal ⮧ retirada apenas após a volta do reflexo bulboca-
nº 5,0 sem cuff, elevação da cabeceira e salina hi- vernoso.
pertônica a 3%.
⮨ prontamente retirada, mantendo-se o paciente
imobilizado e movimentando-se o mínimo possí-
Questão 5 vel, sempre em monobloco.
(SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS – SP – 2016) Um homem de ⮩ mantida até esclarecimento do diagnóstico por
32 anos de idade caiu da laje de aproximadamente 4 ressonância nuclear magnética.
metros de altura há cerca de 1 hora. Dados no local: P ⮪ mantida até a avaliação e liberação pela neuro-
de 120 bpm; pressão arterial (PA) de 150 × 80 mmHg; cirurgia.
Escala de Coma de Glasgow (ECG) 15. Na chegada
ao hospital: A – via aérea pérvia, respiração aparen-
Questão 7
temente normal; B – murmúrio vesicular presente bi-
lateralmente, sem ruídos adventícios, saturação de O2 (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS – SP – 2016) Um motociclista
de 96%, com máscara com 15 L/min; frequência res- de 39 anos de idade colidiu contra um carro. Atendi-
piratória (FR) de 14 irpm; C – frequência cardíaca (FC) do em pronto-socorro (PS) de hospital secundário,
de 92 bpm, pressão arterial (PA) de 110 × 90 mmHg, constatou-se em coma (Escala de Coma de Glasgow
extremidades quentes, tempo de enchimento capilar: [ECG] 6), tendo sido imediatamente intubado. Demais
1 segundo, sem estase jugular; abdome indolor, sem informações: frequência cardíaca (FC) de 120 bpm;
hipersensibilidade; toque retal – esfíncter hipotônico, pressão arterial (PA) de 88 × 60 mmHg; saturação
sem sangue, próstata tocável, regular, pelve estável, de O2 de 99%. Depois de receber 2 L de solução fisio-
focused assessment sonography in trauma (FAST): lógica (SF) aquecida, a PA aumentou para 115 × 65
negativo, sondagem vesical – urina clara; D – ECG 15, mmHg e a FC para 100 bpm. O focused assessment
pupilas isocóricas e fotorreagentes, reflexo bulbocaver- sonography in trauma (FAST) é positivo. Solicita-se a
noso ausente; E – palpação de deformidade dolorosa transferência para um centro de maior complexidade
em coluna vertebral, na transição toracolombar. Tem que dispõe de recursos para o tratamento definitivo.
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paraparesia e paraplegia crural com flacidez e déficit No entanto, o paciente volta a ficar taquicárdico e sua
de sensibilidade em membros inferiores. Os familia- PA decai para 90 × 58 mmHg. Além de continuar a
res perguntaram se o paciente ficará definitivamente reanimação volêmica com cristaloide, é necessário:
paraplégico. A resposta mais adequada é:
⮦ Insuflar um balão intra-aórtico pela femoral.
⮦ Como não há sinais de choque neurogênico nem
⮧ Transfundir sangue e manter a transferência do
medular, é provável que a paraplegia seja transitória
paciente para outro centro.
e ocorra a recuperação da motricidade.
⮨ Fazer laparotomia de controle de danos e transferir
⮧ O paciente já está em choque medular e, por isso,
o paciente logo depois.
a paraplegia é definitiva.
⮩ Tratar como choque neurogênico e acelerar a
⮨ Deve-se esperar as 12 horas de choque medular
transferência do paciente.
para reavaliação e definição sobre a paraplegia
ser definitiva. ⮪ Inserir cateter central e administrar medicamentos
vasoativos, mantendo a transferência do paciente.
⮩ O choque neurogênico deve ser revertido, antes
de se poder avaliar o prognóstico da paraplegia.
⮪ Não se pode afirmar nada sobre a evolução do Questão 8
quadro, pois o paciente ainda está na fase de cho-
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – 2016) O mais
que medular.
aceito conceito de choque é a perfusão inadequa-
da dos tecidos. Qual é a principal razão do choque
Questão 6 neurogênico?
(HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS – SP – 2021) Um paciente de 40 ⮦ Dilatação e rapto volumétrico nos MMII.
anos, vítima de queda de paraquedas, é transferido
⮧ Perda de tônus simpático.
para o centro de trauma, devido a trauma raquimedular.
Estável, tem nível sensitivo em T10. O esfíncter anal ⮨ Perda de força ejetora.
é hipotônico. Na palpação da coluna vertebral tem ⮩ Diminuição da capacidade ventilatória.
muita dor e um hematoma no nível torácico baixo. ⮪ Sequestro sanguíneo em vísceras abdominais.
A prancha rígida usada para o transporte deve ser:
200
ATLS – Trauma de coluna vertebral Cap. 8
GABARITO E COMENTÁRIOS
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via aérea definitiva nesse momento.
Questão 2 dificuldade: Alternativa D: CORRETA. É necessário prosseguir a
avaliação da coluna a procura de outras lesões.
Comentário: Estamos frente a um paciente com TRM
e que evolui com insuficiência respiratória, muito ✔ resposta: D
201
ATLS – Trauma de coluna vertebral Trauma
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Questão 8 dificuldade:
prancha, até porque ele pode ficar ausente por se-
manas ou meses! Esse reflexo é de grande impor- Comentário: Questão fácil que deseja saber a razão
tância na avaliação dos pacientes com TRM que principal do choque neurogênico.
apresentam choque medular. O choque medular
Alternativa A: INCORRETA. A dilatação e o acúmulo
pode ocorrer imediatamente após o traumatismo da
de volume se dão em toda a periferia, e não somen-
medula espinhal, mesmo que a lesão medular não
te nos MMII.
seja completa e permanente, e, nessa situação, o
paciente apresenta ausência total da sensibilidade, Alternativa B: CORRETA. O choque neurogênico é
dos seus movimentos e do reflexo bulbocarvenoso, causado pela súbita diminuição do tônus vascular
que, normalmente, está presente. O retorno desse simpático por lesão no sistema nervoso central.
reflexo, que pode ser obtido por meio da estimula- Alternativa C: INCORRETA. Perda de força ejetora
ção do pênis ou clitóris, provocando contração do ocorre no choque cardiogênico.
esfíncter anal, indica o término do choque medular, Alternativa D: INCORRETA. Diminuição de capacida-
permitindo, então, a determinação do déficit neuro- de ventilatória não se relaciona à fisiopatologia do
lógico após a lesão. choque neurogênico.
Alternativa C: CORRETA. A prancha é instrumento de Alternativa E: INCORRETA. O volume intravascular
TRANSPORTE, e deve ser retirada tão logo quanto do paciente no choque neurogênico fica retido na
possível. periferia devido à perda do tônus simpático, e não
Alternativa D: INCORRETA. Da mesma forma que foi nas vísceras abdominais.
comentado na alternativa A, não precisamos de ✔ resposta: B
um exame de imagem mais fidedigno para retirar
a prancha.
202
Capítulo
ATLS – QUEIMADURAS
9
importância/prevalência
u As prioridades são iguais às do ATLS: A – avaliar rouquidão, estridor e nível de consciência; B – complica-
ções respiratórias; C – acesso e reanimação volêmica; D – Disfunção neurológica; E – exposição.
u Garantir a via aérea precocemente em casos de lesão por inalação.
u Classificação da queimadura: 1º, 2º e 3º graus.
u Reposição volêmica: Regra dos Nove e Fórmula de Parkland (SCQ x Peso X 2).
u Decidir se precisa de atendimento em Centro Especializado em Tratamento de Queimados (CETQs) e
definir “grande queimado”.
u Complicações, como insuficiência respiratória, síndrome compartimental, insuficiência renal aguda e
gastrintestinais.
u Fisiopatologia:
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1. PELE W Epiderme: epitélio estratificado pavimentoso quera-
tinizado.
W Derme: tecido conjuntivo.
BASES DA MEDICINA
W Hipoderme/fáscia subcutânea: tecido conjuntivo
frouxo e adiposo.
O sistema tegumentar recobre o corpo, protegendo-o con- A pele apresenta diferenças segundo a sua localização.
tra o atrito, a perda de água, a invasão de microrganismos A palma das mãos e a planta dos pés, que sofrem um atrito
e a radiação ultravioleta. Tem papel na percepção sensorial maior, têm uma epiderme constituída por várias camadas
(tato, calor, pressão e dor), na síntese de vitamina D, na celulares e por uma camada superficial de queratina
termorregulação, na excreção de íons e na secreção de bastante espessa. Esse tipo de pele é denominado pele
lipídios protetores e de leite. É o maior órgão do corpo, grossa (ou espessa). Não tem pelos e glândulas sebáceas,
sendo composto de: mas as glândulas sudoríparas são abundantes. A pele
do restante do corpo tem uma epiderme com poucas
camadas celulares e uma camada de queratina delgada,
tendo sido designada pele fina (ou delgada).
203
ATLS – Queimaduras Trauma
O epitélio estratificado pavimentoso queratinizado da O limite entre a epiderme e a derme, sobretudo na pele
epiderme pode ser dividido em camadas: estrato basal, grossa, é bastante irregular, devido a projeções da derme
estrato espinhoso, estrato granuloso, camada lúdica e para a epiderme (papilas dérmicas) e projeções da epi-
estrato córneo. derme para a derme (cristas epidérmicas). Essas projeções
aumentam a área de contato entre a derme e a epiderme,
a) Estrato basal: é o estrato mais profundo, caracterizado
dando maior resistência à pele. A derme é subdividida em:
por apoiar-se sobre a lâmina basal do epitélio. É res-
ponsável pela constante renovação da epiderme, forne- W Derme papilar (camada superficial): corresponde às
cendo células para substituir aquelas que são perdidas na papilas dérmicas; constituída por tecido conjuntivo
camada córnea. O estrato basal contém as células-tronco frouxo.
da epiderme; por esse motivo, também é conhecido como
W Derme reticular (camada profunda): corresponde à
estrado germinativo. É composto de células colunares.
maior parte da derme, de tecido conjuntivo denso não
É também no estrato basal que se localizam os melanó-
modelado. As fibras colágenas dispostas em diferentes
citos e as Células de Merkel. Os melanócitos são células
sentidos conferem resistência ao estiramento.
arredondadas com longos prolongamentos, citoplasma
claro e núcleo ovoide. As Células de Merkel são seme- As camadas papilar e reticular contêm fibras elásticas,
lhantes aos melanócitos ao microscópio de luz, mas são o que dá elasticidade à pele. A derme contém anexos
mais escassas – portanto, difíceis de observar. Na base cutâneos (pelos, glândulas sebáceas e sudoríparas),
da célula, formam-se junções sinápticas com terminações vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e terminações
nervosas sensitivas. Essas células são receptores táteis nervosas sensoriais. A hipoderme é formada por tecido
(mecanorreceptores), abundantes nas pontas dos dedos conjuntivo frouxo, associado a uma camada variável de
e na base dos folículos pilosos. tecido adiposo, constituindo o panículo adiposo.
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b) Estrato espinhoso: é o estrato mais espesso da epi-
derme. Contém células poligonais ou cuboides, com
núcleo central e expansões citoplasmáticas que se unem
por meio de desmossomas, o que dá à célula um aspecto
espinhoso. Nesse estrato, são mais facilmente vistas as
Células de Langerhans, apresentadoras de antígenos,
originando-se de precursores da medula óssea. Essas
células fagocitam e processam os antígenos estranhos
na pele, fazendo parte dos processos das dermatites alér-
gicas por contato e da rejeição de transplantes cutâneos.
c) Estrato granuloso: é composto de células achatadas
com núcleo central, que contém numerosos grânulos de
querato-hialina (basófilos).
d) Estrato lúdico: é formado por uma camada de células
achatadas e translúcidas, ricas em queratina. Em algu-
mas regiões do corpo em que a pele é muito fina, não é
possível notar a sua presença.
e) Estrato córneo: as células mortas constituem o estrato
córneo. São células pavimentosas, anucleadas e queratini-
zadas. Esse estrato confere proteção contra atrito, invasão
de microrganismos e perda de água. Sua espessura varia,
sendo maior na pele grossa, submetida a mais fricção do
que a pele fina.
204
ATLS – Queimaduras Cap. 9
Estrato lúcido
Estrato granuloso
Queratinócitos vivos
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essencial, pois os sinais de obstrução podem ser
inicialmente sutis.
É muito importante que você suspeite de queimadura 2.1. 1º GRAU
de via aérea na presença de queimadura de face,
pelos nasais, cílios, tosse com carbono/carvão. É a famosa queimadura de sol! É muito superficial,
limitada à epiderme. Os principais achados são:
Quadro 1. Sinais sugestivos de lesão por inalação. u Eritema.
• Queimaduras faciais e/ou cervicais u Dor moderada.
• Chamuscamento dos cílios e das vibrissas nasais u Sem bolhas.
• Expectoração carbonácea (depósitos de carbono na
boca/nariz)
u Sem comprometimento dos anexos (folículos
• Rouquidão/estridor pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas).
• Alterações inflamatórias em orofaringe: eritema e edema
• Confinamento no local do incêndio (sugerindo inala- O tratamento é simples e não requer cuidados
ção de ar quente) especiais, somente analgesia e hidratação oral.
• Níveis séricos de carboxi-hemoglobina > 10% As queimaduras de 1º grau têm excelente resul-
Fonte: Elaborado pelo autor. tado estético e não precisam de abordagem ou
seguimento.
Se nosso paciente apresentar os sinais e sintomas
que acabamos de ver, temos que prontamente reali-
DICA
zar a intubação, pois há suspeita de queimadura de Queimaduras de 1º grau não são
via aérea. Em pouco tempo, essa via aérea vai ede- contabilizadas nas fórmulas de SCQ!
maciar, impossibilitando a ventilação e a intubação!
205
ATLS – Queimaduras Trauma
FLASHCARD
É fácil de guardar: as queimaduras de segundo grau Sua aparência é de couro: o famoso branco naca-
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superficiais acometem da epiderme até porções rado! Essas queimaduras geralmente são endure-
superficiais da derme (camada papilar). São muito cidas e indolores! A redução da sensibilidade tátil
dolorosas, apresentam bolhas e têm uma superfície se deve à lesão direta dos receptores nervosos. Se
rosada e úmida. Geralmente apresentam resultados não temos receptores nervosos, não temos como
estéticos bons e não requerem tratamento cirúrgico, sentir dor. Mas tome cuidado com isso, pois, na
pois não cicatrizam (elas regeneram), diferentemente prática, ninguém tem somente queimaduras de
das queimaduras de 2º grau profundas ou de 3º grau. 3º grau. Ao lado, sempre temos queimaduras de
A cicatrização costuma durar aproximadamente 1º ou 2º grau, portanto o paciente sentirá dor (ele
três semanas. não terá dor em locais específicos – os de quei-
maduras de 3º grau).
Figura 3. Queimadura de 2º grau superficial.
FLASHCARD
DICA
Aspecto de couro (branco nacara-
do) e indolor = 3º grau.
206
ATLS – Queimaduras Cap. 9
Fonte: Chaikom/Shutterstock.com4.
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• Queimadura de sol: seca, vermelha,
1º grau • Epiderme • 3-6 dias
dolorosa
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ATLS – Queimaduras Trauma
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Fonte: Acervo Sanar.
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ATLS – Queimaduras Cap. 9
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Ringer lactato. pele, há um aumento da permeabilidade vascular.
Esse fenômeno ocasiona perda de líquido do meio
Esse volume deve ser infundido em 24 horas (metade intravascular para o terceiro espaço, agravando a
do volume total nas primeiras 8 horas, incluindo o desidratação.
que já foi feito no atendimento pré-hospitalar, e os
outros 50% nas 16 horas subsequentes).
DICA
Lembre-se: não deve ser adminis-
trado coloide nas primeiras 24 horas, mas
DICA Ringer lactato.
Cuidado com pegadinhas na prova:
esse valor inclui o que já foi infundido no
pré-hospitalar!
209
ATLS – Queimaduras Trauma
Elétrica Qualquer idade Peso x SCQ x 4 mL 1-1.5 mL/kg/hr até urina clara
A Regra dos 9 é o método mais utilizado no dia padrão, por fornecer uma avaliação mais detalhada
a dia, pois é muito fácil. Entretanto, a estimativa e fiel, de acordo com a idade e a profundidade da
da SCQ não é tão fidedigna. Em muitos centros queimadura.
de queimados, o Diagrama de Lund-Browder é o
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ATLS – Queimaduras Cap. 9
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apresenta:
u SCQ ≥ 25% (faixa etária de 10 a 40 anos).
u SCQ ≥ 20% (crianças < 10 anos ou adultos > 40 DICA
Grande queimado:
anos).
W 1. Área grande
u SCQ ≥ 10% em queimaduras de terceiro grau.
W 2. Local especial
u Qualquer queimadura envolvendo olhos, ouvidos,
W 3. Queimadura especial
face, mãos, pés ou períneo.
W 4. Paciente com comorbidades
u Queimaduras elétricas de alta voltagem.
u Toda queimadura complicada por trauma grave
ou lesão por inalação.
u Todos os pacientes queimados que apresentam
comorbidades graves. 6. CUIDADOS COM A QUEIMADURA
211
ATLS – Queimaduras Trauma
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6.2. TRATAMENTO CIRÚRGICO
u reduzir a colonização bacteriana/fúngica.
Nas queimaduras de 2º grau profundas e de 3º grau,
FLASHCARD existe a necessidade de enxertia de pele, pois essa
Qual é a conduta para queimadura de 2º grau su- pele não regenera. A cicatrização se dará à custa
perficial? da contração da ferida e de fibrose. O tratamento
Limpeza, curativo. consiste em limpeza e desbridamento extenso da
área queimada, com enxertia de pele retirada de
áreas doadoras do próprio paciente.
6.1. ANTIBIOTICOTERAPIA
FLASHCARD
212
ATLS – Queimaduras Cap. 9
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DICA
Na queimadura térmica de via aérea
superior, pode ocorrer insuficiência respira-
tória imediata, por isso há necessidade de
IOT precoce. Na lesão pulmonar por inala-
ção de vapor d’água quente, a insuficiência
respiratória pode aparecer nas primeiras 24
horas, sendo o tratamento a nebulização
com broncodilatadores e/ou nebulização
com heparina. Fonte: Milner et al6.
FLASHCARD
213
ATLS – Queimaduras Trauma
Cuidado: existe também a indicação de fasciotomia. Figura 12. Alívio da pressão após fasciotomia
O quadro clássico ocorre em vítimas de queimaduras e retorno arterial e venoso.
elétricas, que desenvolvem um edema importante
dentro do compartimento fascial e, consequen-
temente, síndrome compartimental. Nesse caso,
não adianta incisar somente a pele; é necessário
abrir a fáscia muscular para aliviar a pressão do
compartimento.
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Fonte: Acervo Sanar.
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ATLS – Queimaduras Cap. 9
Fonte: Pthawatc/Shutterstock.com7.
Pode ocorrer no grande queimado por desidrata- u Úlcera gástrica/de estresse (Úlcera de Curling):
ção, caso ele não tenha um atendimento inicial por esse motivo, está indicada a profilaxia com
adequado. O caso clássico de prova é a queimadura bloqueadores H2 ou IBP!
elétrica, quando existe extensa lesão muscular e, u Íleo adinâmico: presente nos primeiros dias após
consequentemente, rabdomiólise. Todos sabemos a queimadura.
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que a mioglobinúria pode levar à Necrose Tubular u Síndrome de Ogilvie (pseudo-obstrução colônica).
Aguda (NTA).
u Colecistite alitiásica: geralmente ocorre em pa-
A fórmula de Parkland pode ser utilizada nesses cientes críticos, como no grande queimado em
casos, mas com cautela, pois a pele representa UTI. O tratamento inicial consiste na drenagem
somente a “ponta do iceberg”. O acometimento de percutânea da vesícula (colecistostomia) asso-
tecidos profundos pela corrente elétrica costuma ciada à antibioticoterapia.
ser muito mais importante, com lesão de órgãos e
musculatura! Sendo assim, esses pacientes devem
FLASHCARD
ser hidratados de forma a manter um débito uriná-
rio de 100 mL/h em adultos e 1-1,5 mL/kg/h em Há indicação de profilaxia de úlcera gástrica em gran-
des queimados?
crianças com menos de 30 kg. A coloração escura
Sim, com bloqueadores H2 ou IBP. Epônimo: úlcera
da urina nos indica que a reposição volêmica deve de Curling.
ser mais agressiva!
FLASHCARD
7.5. Ú
LCERA DE MARJOLIN
Vítimas de queimadura elétrica podem desenvolver
insuficiência renal aguda por qual motivo? É uma complicação desenvolvida muitos anos após
Rabdomiólise e mioglobinúria. a fase aguda; consiste em um carcinoma de célu-
las escamosas na cicatriz da queimadura. Tem
Medidas adicionais, como alcalinização da urina, são comportamento agressivo, com 35% dos pacien-
controversas, mas utilizadas em muitos serviços: tes apresentando metástases nodais à época do
com infusão contínua endovenosa de bicarbonato diagnóstico.
de sódio 8,4% diluído em soro glicosado a 5%.
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ATLS – Queimaduras Trauma
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zados em queimados, para seguimento.
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ATLS – Queimaduras Cap. 9
Vítima de queimadura
ABCDE
Sinais de queimadura
de via aérea?
• Eritema e edema em
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orofaringe
• Confinamento no local do 2 x SCQ x Peso
incêndio 1º grau 2º grau 3º grau
Total em 24h:
• 50% em 16h
Intubação orotraqueal Queimadura solar Bolhas • Branco nacarado • 50% nas 8h subse-
imediata • Indolor quentes
• Necessidade de
enxertia
Débito urinário é o melhor
marcador para avaliação
Boa recuperação
estética • Recuperação
estética ruim com
fibrose e contra-
ção da ferida.
• Há necessidade
de enxertia
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ATLS – Queimaduras Trauma
REFERÊNCIAS
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7. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis-
ponível em: <https://www.shutterstock.com/pt/image-
-photo/fasciotomy-leg-due-circumferential-second-de-
gree-1217239411>. Acesso em: 09 de novembro de 2022.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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ATLS – Queimaduras Cap. 9
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2020) (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO MARANHÃO – 2016) Os
Homem, 21a, é levado ao pronto-socorro por sofrer critérios clássicos da Associação Americana para
queimaduras por fogo. Exame físico: consciente, Queimaduras visando à transferência de paciente
orientado, PA = 132 x 76 mmHg, FC = 87 bpm, FR para um centro especializado em queimaduras
= 16 irpm, Oximetria de pulso (em ar ambiente) = incluem:
100%, P = 70 kg. Pele: lesões térmicas distribuídas
⮦ Queimaduras de terceiro grau em qualquer faixa
nas faces anteriores do tórax, abdome, membros
etária e queimaduras químicas.
inferiores; primeiro grau = 11% e segundo grau =
25%. Considerando a fórmula de Parkland, o volu- ⮧ Todas as queimaduras de segundo grau.
me correto para reposição é: ⮨ Queimaduras em crianças.
⮩ Queimaduras em pacientes sem comorbidades.
⮦ 10.080 mL em 24 horas
⮪ Não inclui queimaduras por raio.
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⮧ 2.520 mL em 8 horas
⮨ 1.750 mL em 12 horas
Questão 4
⮩ 3500 ml em 24 horas.
(FACULDADE DE MEDICINA DE PETRÓPOLIS – 2017) Um traba-
lhador de 33 anos foi vítima de queimadura elétrica
Questão 2 de alta voltagem. A entrada da corrente elétrica foi
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE RIBEIRÃO PRETO - SP - 2022) na mão esquerda e, a saída, na panturrilha direita.
Homem de 52 anos, bombeiro civil, com 74 kg de A saída corresponde a uma área de queimadura de
peso, sofreu queimaduras de 3o grau em 64% da terceiro grau de cerca de 5 cm². Tem dor na perna
área de sua superfície corporal total durante o direita, mas a perfusão é boa e o pulso pedioso é
combate a um incêndio. De acordo com as atuais normal à palpação. Não se detectam alterações de
recomendações da 10a edição do ATLS, o volume sensibilidade nem de motricidade na perna afeta-
total de solução cristaloide indicado para a reposi- da. Após 8 horas, contudo, a dor na perna aumenta
ção volêmica do paciente nas primeiras 24 horas muito e o pé fica pálido e frio. O pulso pedioso desa-
deverá ser de: parece. O diagnóstico e a conduta, neste momento,
são respectivamente:
⮦ 4 736 mL.
⮦ Compressão pela escara e escarotomia.
⮧ 5 260 mL.
⮧ Síndrome compartimental e fasciotomia.
⮨ 6 380 mL. ⮨ Embolia arterial e arteriografia.
⮩ 7 104 mL. ⮩ Trombose arterial e administração de estrepto-
⮪ 9 472 mL. quinase.
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ATLS – Queimaduras Trauma
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(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES – UFRN – 2017) Pa-
ciente do sexo masculino, 50 anos, dá entrada em Questão 8
pronto-socorro vítima de queimaduras de segundo e
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP – 2019) De acordo
terceiro graus envolvendo toda a circunferência dos
com a fórmula de Parkland, qual volume deve ser
membros superiores e aproximadamente metade
infundido, nas primeiras 24 horas, em um paciente
da face anterior do tronco, causadas por incêndio
adulto, com 80 Kg e queimadura de segundo grau
doméstico. Está consciente, orientado e refere dor
em 27% da superfície corporal?
intensa nas áreas queimadas. Sinais vitais: pulso =
100 bpm; pressão arterial = 140 x 100 mmHg; fre- ⮦ 4.320 mL
quência respiratória = 32 irpm; temperatura = 37,9°C.
⮧ 8.640 mL
Das medidas a seguir, aquela que NÃO é recomen-
dada no atendimento inicial desse paciente é: ⮨ 6.480 mL
⮩ 2.160 mL
⮦ Sondagem vesical de demora
⮪ 10.800 mL
⮧ Analgesia com opioide por via venosa
⮨ Antibioticoprofilaxia sistêmica
⮩ Escarotomia dos membros superiores
Questão 9
220
ATLS – Queimaduras Cap. 9
de costas para o tanque. Outros funcionários sofre- do tórax e do abdome. A solução aquecida e o vo-
ram queimaduras graves e houve óbitos no local, lume a ser resposto nas primeiras 24 horas são:
em decorrência de traumatismos consequentes da
explosão. O paciente apresenta-se consciente, com ⮦ Ringer com lactato; 9.000 mL
queimaduras que acometem toda a região dorsal, ⮧ Solução fisiológica; 9.000 mL
membros superiores e inferiores. Há contusões em ⮨ Ringer com lactato; 12.600 mL
tórax. A avaliação inicial estima queimadura superior ⮩ Solução fisiológica; 12.600 mL
a 60% da área corpórea. Apresenta dispneia com
ausculta pulmonar ruidosa e a fala é rouca. Asso-
ciado à superfície corpórea, quais outros fatores Questão 12
devem ser considerados na manipulação de flui-
(PROCESSO SELETIVO UNIFICADO/MG – 2018) DEF, 38 anos,
dos durante a ressuscitação volêmica nesse caso?
sexo masculino, brigadista, foi vítima de queima-
⮦ Risco de lesão inalatória dura de terceiro grau em cerca de 35% do corpo,
⮧ Nível de consciência e idade principalmente em tórax e membros superiores. Em
relação a esse caso e esse tipo de lesão, assinale
⮨ Tipo de agente combustível
a alternativa CORRETA:
⮩ Nível de consciência e óbitos no local
⮦ A pressão coloidosmótica intersticial fica bas-
tante diminuída em relação ao intravascular, po-
Questão 10 dendo acarretar perda proteica e choque.
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) No tratamento agudo ⮧ Deve-se aguardar a formação de tecido de gra-
do paciente queimado, a utilização de antimicrobia- nulação, que é um ótimo leito receptor para o
nos tópicos é indicada na redução da colonização enxerto cutâneo, com bom resultado estético.
bacteriana da ferida. Consequentemente, reduz o ⮨ Nas lesões de terceiro grau, em que ocorre gran-
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risco de infecções sistêmicas. A sulfadiazina de de destruição local, é mais intensa a reação in-
prata e o acetato de mafenide são agentes farma- flamatória celular intralesional.
cológicos com boa efetividade, mas a absorção ⮩ O paciente corre risco de desenvolver hemólise
cutânea pode acarretar efeitos sistêmicos adver- tardia e hemoglobinúria.
sos. Qual alternativa abaixo cita os efeitos adversos
mais frequentes para a sulfadiazina e o mafenide,
respectivamente? Questão 13
221
ATLS – Queimaduras Trauma
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⮧ Intubação orotraqueal.
⮨ Lavagem das feridas e curativo com sulfadiazi-
na de prata.
⮩ Reposição volêmica com Ringer lactato.
222
ATLS – Queimaduras Cap. 9
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do professor: questão tranquila sobre re- Resolução: são indicações de transferência do pa-
posição volêmica no paciente queimado, mas re- ciente para um centro de referência em queimados:
quer atenção. O enunciado já traz a superfície em queimadura de terceiro grau, independentemente
porcentagem (%), dado extremamente importante da extensão ou faixa etária, queimaduras químicas/
para determinar o volume a ser reposto. Na hora de elétricas, queimaduras de espessura parcial envol-
contabilizar a superfície corporal queimada, devem vendo mais de 10% da superfície corporal, lesões
ser consideradas queimaduras de 2º ou de maior por inalação, queimaduras em pacientes com co-
grau! Lembre-se dos marcos: cabeça: 9% (4,5% morbidades graves que podem ser agravadas pelo
frente e 4,5% atrás); braço: 9% (4,5% frente e 4,5% trauma, queimaduras envolvendo face, mãos, pés,
atrás); perna: 18% (4,5% frente e 4,5% atrás); tórax genitália, períneo, incapacidade de cuidado próprio.
+ abdome 18% frente e 18% costas; região íntima: ✔ resposta: A
1%. Preste bastante atenção nisso: a fórmula de
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Parkland determina como a reposição volêmica
deve ser feita. Como você é um Ninja Sanar e está Questão 4 dificuldade:
primeiras 8 horas e o 50% restante nas outras 16 Y Dica do professor: ATENÇÃO TRIPLICADA! Questão
horas. O fluído de escolha é ringer lactato aquecido. direta (e capciosa) sobre reposição volêmica no pa-
✔ resposta: E
ciente queimado. Preste atenção: a recomendação
do ATLS para reposição volêmica em queimadura
por combustão se dá com base na fórmula atua-
lizada em 2018 (2 x SCQ % X Peso). A FÓRMULA
223
ATLS – Queimaduras Trauma
DE PARKLAND antiga pressupõe RV = 4 x SCQ % devem ser infundidos nas primeiras 8 horas terão
x Peso. A infusão deve ser feita em 24 horas, sendo que ser infundidos, na verdade, em 5 horas! Por isso,
50% nas 8 primeiras e 50% nas 16 restantes, ok? a resposta é que a velocidade de infusão deve ser
Resolução: Na nova atualização, a Fórmula de Par- de 20 mL/hora. Se você errou, saiba que acabou de
kland original fica reservada a queimaduras elétricas. sair mais ninja dessa.
Depois disso, e sem brigar com a questão, vamos ✔ resposta: C
lembrar de contabilizar a superfície corporal quei-
mada – atentando-se ao fato de que são conside-
radas queimaduras de 2º ou de maior grau! Questão 6 dificuldade:
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você REDOBRE a atenção: já se passaram 3 horas do paciente.
do evento e o paciente está em programação de
✔ resposta: C
transferência, concorda? Então os 50% (6 L) que
Questão 7 dificuldade:
Y Dica do professor: vamos aproveitar a questão para relembrar quando precisamos internar o paciente
vítima de queimadura: queimadura de espessura parcial (2º grau) > 10%; queimadura de áreas nobres
(face, mãos, pés, genitália, períneo ou grandes articulações); queimaduras de 3º grau (qualquer exten-
são); lesão por inalação da via aérea; queimaduras elétricas graves; queimaduras químicas; pacientes
com doenças prévias, que podem dificultar ou prolongar o tratamento e aumentar a mortalidade; víti-
ma de queimadura associada a trauma; crianças atendidas em hospitais sem equipe qualificada e sem
material e equipamento adequados; queimadura em pacientes que precisem de intervenções especiais
sociais, emocionais ou reabilitação prolongada.
Elétrica Qualquer idade Peso x SCQ x 4 mL 1-1,5 mL/kg/hr até urina clara
224
ATLS – Queimaduras Cap. 9
Y Dica do professor: questão direta sobre reposição Resolução: questão decoreba, então vamos aprender
volêmica no paciente queimado. A famosa fórmula com o conceito explorado. A sulfadiazina de prata
de Parkland nos traz a quantidade de volume a ser realmente pode levar à leucopenia, mas nosso autor
infundida nas primeiras 24h após o trauma (meta- forçou a barra ao dizer que esse efeito adverso é
de nas primeiras 8h e a outra metade nas 16 horas o mais comum causado por essa medicação, uma
subsequentes). vez que esse efeito é encontrado em menos de 0,1%
Resolução: Vale ressaltar que, em 2018, o ATLS atua- dos pacientes. Outro efeito adverso desse agente
lizou a fórmula, a fim de evitar infusão volêmica é a discromia cutânea. Em relação ao acetato de
desnecessária nos pacientes: mafenide, pouco utilizado no nosso dia a dia, ele
pode gerar acidose metabólica pela inibição da
• Fórmula clássica e antiga: 4 mL x SCQ x Peso
anidrase carbônica.
• Fórmula NOVA (após 2018): 2 mL x SCQ x Peso
✔ resposta: C
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Utilizando a fórmula tradicional, temos 4 mL x 27% x 80
kg: 8.640 ml em 24horas (alternativa B). Se usarmos o
cálculo segundo a nova recomendação, o resultado é Questão 11 dificuldade:
4.320 mL (letra A). A questão foi aplicada na prova do
ano da mudança e, portanto, corretamente anulada. Resolução: questão sobre queimaduras. Para resolvê-
-la, precisamos saber calcular a Superfície Corporal
✔ resposta: A ou B (Questão anulada) Queimada (SCQ) e, posteriormente, saber hidratar
esse paciente. Primeiro, qual a SCQ desse pacien-
Questão 9 dificuldade: te? Cuidado com a pegadinha, pois queimaduras
de primeiro grau não entram no cálculo – portan-
Resolução: paciente vítima de trauma sempre deve to, apenas faces anteriores do MSE (4,5), tórax (9)
ser avaliado quanto ao ABCDE. Para queimados, não e abdome (9), o que resulta numa soma de 22,5.
é diferente. No caso descrito, observamos alguns De acordo com a fórmula de Parkland, obteremos
sinais de alerta que podem indicar acometimento o quanto precisamos hidratar o paciente nas pri-
de via aérea pela queimadura: dispneia e fala rouca. meiras 24 horas: Peso (kg) x SCQ (%) x 4. Portanto,
Portanto, a principal prioridade nesse caso é a ava- 100 x 22,5 x 4 = 9.000 mL/24h. E se a questão per-
liação da via aérea, que pode ter sofrido lesão por guntasse o volume a ser infundido nas primeiras 8
inalação da fumaça em alta temperatura, levando horas? Divide-se o valor obtido por 2, com metade
o paciente à insuficiência respiratória. do volume nas primeiras 8 horas, e a outra metade
✔ resposta: A nas 16 horas restantes. Qual o cristaloide de esco-
lha em queimados? Ringer lactato!
225
ATLS – Queimaduras Trauma
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Alternativa A: INCORRETA. Não há nenhum indício
Questão 13 dificuldade:
de pneumotórax.
Alternativa A: INCORRETA. O paciente queimado tem Alternativa B: CORRETA. O ATLS segue sempre a mes-
alto risco de hipotermia, e as compressas não po- ma sequência: ABCDE. A via aérea continua sendo
dem, de forma alguma, ser com água gelada! De- prioridade, mesmo em casos de queimaduras. Essa
vem ser utilizados lençóis ou cobertores secos para paciente foi vítima de explosão, dentro de ambiente
evitar a hipotermia! fechado e tem hiperemia de orofaringe.
Alternativa B: INCORRETA. A prevenção da hipoter- Alternativa C: INCORRETA. Antes dos cuidados locais
mia é fundamental e deve ser feita com lençóis ou com as queimaduras precisamos garantir a via aé-
cobertores secos. rea e a reposição volêmica adequada.
Alternativa C: INCORRETA. No paciente queimado, Alternativa D: INCORRETA. Muitos alunos talvez te-
existe lise celular e, portanto, hipercalemia! Não nham marcado essa alternativa, assumindo que não
devemos repor Potássio! há risco de lesão inalatória nesse caso. O autor foi
Alternativa D: CORRETA. Paciente grande queimado, um pouco maldoso, ele realmente poderia ter dado
com rouquidão, apresenta risco iminente de obstru- outros indícios de lesão de via aérea, além da hipe-
ção de vias aéreas! A IOT deve ser feita de imediato! remia de orofaringe.
Alternativa E: INCORRETA. De imediato, o paciente ✔ resposta: B
deve ser afastado da fonte de calor e ter suas roupas
e adornos retirados, para evitar isquemia tecidual!
✔ resposta: D
226
Capítulo
TRAUMA VASCULAR
10
importância/prevalência
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• Parar sangramento externo com compressão direta. Torniquetes podem ser usados em casos excepcionais.
O sistema vascular é responsável pela distribuição de O endotélio é uma camada única e contínua de células
diversos elementos que atuam na homeostase corporal, organizadas em forma de fuso que separa o sangue da
como nutrientes, hormônios, gases, metabólitos, entre parede vascular e do interstício. Em condições fisio-
outras inúmeras substâncias. Estruturalmente, é com- lógicas, o endotélio é responsável pela manutenção
posto pelo coração, artérias, capilares e veias, que estão do tônus vascular e da homeostase intravascular. Atua
combinados em um sistema fechado por onde o sangue conservando o fluxo sanguíneo laminar, preservando a
circula de forma contínua. Didaticamente, o sistema vas- fluidez da membrana plasmática, criando mecanismos
cular pode ser subdividido em dois componentes básicos: anticoagulantes, inibindo a proliferação e migração celu-
lares e controlando a resposta inflamatória. Ele se apoia
W sistema arterial;
sobre uma camada subendotelial de tecido conjuntivo
W sistema venoso. frouxo, formando a túnica íntima. Já o tecido muscular é
composto por células musculares lisas que se distribuem
em camadas concêntricas, formando a túnica média. Entre
essas camadas existe a matriz extracelular, composta
por fibras de diversas naturezas. Nas grandes artérias
elásticas como, por exemplo, a aorta, essa camada é
composta por uma série de lâminas elásticas, sendo
227
Trauma vascular Trauma
fundamentais para que o fluxo sanguíneo seja estabili- u Fratura de esterno, de 1ª costela e de escápula
zado em seu percurso nesses vasos. Já a camada mais são frequentemente associadas à lesão de aorta
externa é a túnica adventícia, que se torna gradualmente
e tronco supra-aórtico.
contínua com o tecido conjuntivo das estruturas por onde
o vaso passa. De forma geral, a organização histológica u Fratura pélvica é frequentemente associada à
dos vasos arteriais segue essa disposição, com pequenas lesão de plexo venoso pélvico e de ramos arte-
alterações conforme o tipo de artéria, com adelgaçamento riais hipogástricos.
progressivo das camadas até os capilares.
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O trauma contuso inclui mecanismos de lesão como As lesões vasculares podem ser isquêmicas ou
estiramento, torção, aceleração-desaceleração, hemorrágicas.
impacto direto e esmagamento – este por trombose
Agudamente, todas as lesões podem estar asso-
de pequenos vasos pela necrose muscular.
ciadas a algum grau de vasoespasmo reflexo, o
Lesões vasculares contusas têm acometimento que contribui para hemostasia nas manifesta-
mais difuso, isto é, prejudicam inclusive a circulação ções hemorrágicas, porém piora a isquemia em
colateral da área lesada, tendo pior prognóstico. geral, não só por reduzir o fluxo, mas por contribuir
Muitas vezes o diagnóstico é desafiador, pois mani- também para trombose secundária (pela estase).
festações podem ser tardias. É importante salientar que estamos aqui discutindo
sobre vasoespasmo secundário, muito prevalente.
Há algumas lesões ortopédicas por trauma inercial Vasoespasmo primário é diagnóstico de exclusão
de alta energia que vale a pena serem ressaltadas, em manifestações isquêmicas de trauma.
pois têm alto risco de lesão vascular associada,
Lesões da íntima em geral têm manifestações tar-
sendo indicada a investigação mesmo na ausência
dias, podendo evoluir com dissecção ou trombose
de sintomas vasculares.
tardia, sendo que esta pode levar à isquemia distal.
u Fratura de terço distal do fêmur, luxação de joelho
e fratura de planalto tibial são frequentemente Hematomas intramurais ou tromboses intramu-
associadas à lesão de vasos poplíteos. rais podem também levar à redução do fluxo, com
isquemia distal.
u Fratura de terço distal do úmero e luxação de
cotovelo são frequentemente associadas à le- Lacerações totais ou transecções manifestam-se
são de artéria braquial, veia cefálica e basílica. como hemorragia e isquemia, pois há o sangramento
228
Trauma vascular Cap. 10
decorrente da lesão, e este motiva o vasoespasmo Vamos aqui enumerar alguns cuidados específicos
e a retração dos cotos, que tamponam o sangra- de trauma vascular que devem ser adotados no
mento, porém reduzem o fluxo distal, podendo levar manejo inicial:
à isquemia u extremidade traumatizada deve ser preservada
Lacerações parciais são as lesões associadas aos (não puncionar para acessos ou coleta de exames);
maiores sangramentos, mas há manutenção de u hemorragias externas ativas devem ser preferen-
fluxo distal, ou seja, trata-se de uma manifestação cialmente comprimidas diretamente:
puramente hemorrágica na fase aguda. Entretanto, W se fratura associada, antes da compressão
se não tratada nessa fase, frequentemente evolui deve-se reduzir, alinhar e imobilizar para, en-
para pseudoaneurismas, principalmente, ou fístulas tão, comprimir o sangramento diretamente;
arteriovenosas. W se lesão por FAF, a compressão deve ser feita
Pseudoaneurismas são a complicação tardia mais no meio da trajetória do projétil, mais eficien-
frequente de lesões parciais, sendo que o hema- te do que se realizada no orifício de saída ou
toma em organização compõe a parede. Há sopro entrada;
sistólico, hematoma pulsátil, e manutenção de fluxo W evitar clamps ou ligaduras às cegas.
distal inicialmente, porém podem evoluir com trom-
bose e embolização distal, com possível evolução Pacientes estáveis sem sinais “duros” (hard-signs*)
para isquemia. de trauma vascular grave e sem outras indicações
Outras complicações de pseudoaneurismas são: cirúrgicas de urgência por traumas não vasculares
devem ser submetidos à avaliação complementar.
u rotura;
O Quadro 1 apresenta os hard-signs de trauma vas-
u crescimento; cular grave e, a seguir, vamos enumerar os principais
u compressão de estruturas vizinhas; exames e suas indicações.
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u erosão para estruturas vizinhas;
Quadro 1. Hard-signs de trauma vascular grave.
u fístulas arterioviscerais e arteriocutâneas.
• Choque
Fístulas arteriovenosas são complicação de lesão • Hemorragia externa incontrolável
parcial de artéria associada à lesão parcial de veia, • Hematoma pulsátil volumoso
ou decorrente de hematoma/pseudoaneurisma • Hematoma expansivo
arterial que erode a veia formando uma comuni- • Isquemia com déficit neurológico focal
cação entre artéria e veia. Nesses casos, há sopro Fonte: Elaborado pelo autor.
sistólico + diastólico, hematoma pulsátil, frêmito
palpável, manutenção de fluxo distal, edema do
3.1. USG-DOPPLER ARTERIAL
membro, desenvolvimento de rede colateral venosa
e pode até ter repercussões de insuficiência cardíaca
quando de alto fluxo.
u Trauma em zona cervical II, na ausência de enfi-
sema subcutâneo, se angioTC indisponível.
u Trauma penetrante em extremidades com trajeto
3. M ANEJO INICIAL tangencial a vasos.
u Trauma contuso de extremidades associado a
luxações de joelho ou cotovelo sem manifesta-
Expusemos que traumas vasculares podem se ção clínica de isquemia.
manifestar com hemorragia, isquemia ou ambos.
Pacientes vítimas de politrauma com trauma vas-
cular devem ser avaliados e manejados conforme 3.2. ANGIOTOMOGRAFIA (ANGIOTC)
o ATLS (ABCDE).
u Trauma cervical.
229
Trauma vascular Trauma
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W
W Politrauma com um dos seguintes achados: A síndrome compartimental aguda é uma urgên-
dor, peritonismo, alta energia, Escala de Coma cia ortopédica e vascular que se caracteriza pelo
de Glasgow (GCS) 14, fratura de costelas ou aumento da pressão no interior de um comparti-
pelve, hematúria. mento fechado. O atraso na identificação e na instau-
W Extremidades: alternativa à arteriografia, em ração do tratamento pode causar danos irreversíveis,
especial em lesões suprageniculares ou de como amputação do membro e contraturas.
membros superiores. Os músculos estão agrupados em compartimentos
fasciais bem definidos nos membros superiores e
3.3. ARTERIOGRAFIA inferiores. As fáscias são estruturas que recobrem
os músculos e têm capacidade elástica limitada.
É o exame padrão-ouro e é mais bem indicada se A perna, por exemplo, tem quatro compartimentos
houver intervenção programada (pois é invasiva). fasciais: anterior, lateral, posterior profundo e pos-
Existe a necessidade de levar o paciente para o terior superficial.
centro cirúrgico, puncionar uma artéria e avaliar O aumento de pressão em um compartimento inex-
em tempo real, com a injeção de contraste, se há tensível (como as lojas fasciais) leva à isquemia e à
ou não lesão. Nesse momento, é possível realizar necrose dos tecidos contidos nesse compartimento,
o reparo de lesões com passagem de endopróte- resultando em perda definitiva da função dessas
ses/stents. estruturas.
Veja abaixo algumas indicações de arteriografia
conforme a localização das lesões:
u Extremidades: principalmente se dúvida diagnós-
tica ou associação com fratura de ossos longos:
230
Trauma vascular Cap. 10
4.2. CAUSAS
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u esmagamentos;
u compressão por gesso/talas. Fonte: Pthawatc/Shutterstock.com1.
4.3. DIAGNÓSTICO
5. TRAUMA DE GRANDES
Os sintomas que se associam ao diagnóstico de VASOS: HEMATOMA DE
síndrome compartimental aguda são dor despro-
RETROPERITÔNIO
porcional e edemas pronunciados. A dor da sín-
drome compartimental é lancinante e intolerável
pelo paciente, e não cede às medidas convencionais A principal causa de hematomas retroperitoneais são
de analgesia. os ferimentos penetrantes de abdome. Por serem
retroperitoneais, esses sangramentos geralmente
Caso não seja diagnosticada precocemente, a
são tamponados naturalmente pelo organismo. Por
parestesia e a paralisia são os próximos sintomas
esse motivo, esses pacientes não apresentam franco
a aparecerem. Após um certo período, o edema
choque hemorrágico nem líquido livre na cavidade
é tão importante que impede o fluxo arterial por
peritoneal. Os hematomas retroperitoneais são
completo e o membro fica pálido e há diminuição
divididos em 3 zonas, conforme mostra a Figura 2.
da perfusão tecidual.
u Dor desproporcional.
u Edema importante.
231
Trauma vascular Trauma
Figura 2. Divisão dos hematomas de principais ramos. São consideradas graves e deman-
retroperitônio (Zonas 1, 2 ou 3). dam abordagem cirúrgica imediata.
Os hematomas da Zona 2 têm localização lateral,
Zona 1
ao redor da loja renal. Geralmente são decorren-
tes de lesões dos vasos renais ou do parênquima
renal. O hematoma ocasionado por lesão abdominal
penetrante deve sempre ser explorado cirurgica-
Zona 2 Zona 2 mente. No trauma abdominal fechado, devemos
explorar somente os hematomas que estiverem
em expansão!
A Zona 3 é a porção inferior do abdome (região
pélvica). Hematomas dessa região são secundá-
rios a fraturas pélvicas (mais comuns) ou lesão
dos vasos ilíacos. De forma geral, a conduta não é
Zona 3
cirúrgica, pois seu “destamponamento” pode resul-
tar em intenso sangramento. Métodos alternativos
Fonte: Acervo Sanar. como angioembolização ou packing (tamponamento
pré-peritoneal com compressas) são boas opções
Os hematomas de Zona 1 são hematomas da linha nesse caso.
média secundários a lesões da aorta ou de seus
A Tabela 1 apresenta a conduta a ser tomada con-
forme localização do hematoma retroperitoneal.
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Tabela 1. Conduta conforme localização do hematoma retroperitoneal.
É uma importante causa de morte na cena, pois O mecanismo classicamente associado a essa lesão
a rotura completa da aorta é incompatível com a é o de desaceleração! Sempre precisamos lembrar
vida. Entretanto, alguns doentes apresentam ruptura de trauma aórtico quando há lesão com altíssima
cinética de trauma.
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Trauma vascular Cap. 10
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de sangue, externamente ou dentro do membro ou
pélvis. As lesões do sistema musculoesquelético
correspondem a 85% dos traumas. São as fraturas,
luxações, entorses e amputações. Ao enfrentar um
paciente em estado grave, o prestador de cuidados
pré-hospitalar deve ter algumas considerações
primárias sobre lesões nos membros:
u manter prioridades de avaliação;
u não se distrair com lesões musculoesqueléticas
dramáticas e não fatais;
Fonte: Radiology St Vincent’s University Hospital2.
u detectar lesões musculoesqueléticas potencial-
mente fatais;
Caso haja suspeita diagnóstica, seja pelo meca- u identificar o mecanismo de lesão, a força que
nismo de trauma, seja por algum achado radiológico, resultaram em lesões musculoesqueléticas e
devemos prosseguir com a investigação. o potencial para outras lesões fatais causadas
pela transferência de energia.
O quadro clínico é bastante inespecífico e pode
apresentar dor torácica, assimetria de pulsos e Se uma lesão potencial ou real ameaçadora for
de PA entre MMSS e MMII, sopro sistólico, frê- descoberta durante a revisão primária, o tratamento
mito interescapular e/ou desvio da traqueia para secundário não deve ser iniciado. Quaisquer proble-
a direita. mas encontrados durante a revisão primária devem
ser corrigidos antes de passar para o secundário.
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Trauma vascular Trauma
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mais força ou cause mais lesões do que foi sofrido
durante o momento do trauma, e há desvantagens
substanciais de deixar um membro em uma posição
severamente deformada por um longo tempo.
Já o controle da hemorragia externa maciça pode
ser feito de duas maneiras:
u por meio de compressão direta;
u utilização de torniquete (caso o sangramento
seja em membros).
7.1.1. Torniquete
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Trauma vascular Cap. 10
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(A) Colocação acima da lesão, nunca sobre ela. (B) Gire o torniquete até a cessação completa do
sangramento. (C) Trave o torniquete. (D) Anote o horário em que ele foi realizado.
Fonte: Acervo Sanar.
235
Trauma vascular Trauma
Trauma vascular
Associação
Para a prova
com fraturas
Avaliar pulsos no
exame físico Síndrome Hematomas Lesão traumática
compartimental retroperitoneais de aorta
Alargamento do
Dor desproporcional ao exame mediastino no RX
físico + edema tenso + palidez
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Fasciotomia
Tamponamento
Conduta pré-peritoneal
conservadora/
minimamente
invasiva
Arteriografia com
embolização
Hematoma em expansão
ou instabilidade
hemodinâmica
Cirurgia
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Trauma vascular Cap. 10
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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de fasciotomia para tratamento de síndrome compartimental
associada à fratura da tíbia. Rev Bras Ortop. 2017;52(1):103-6.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.12.003
Karadsheh M. Hand and forearm compartment syndrome.
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ponível em: https://www.orthobullets.com/trauma/1064/
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Mandell SP. Overview of the diagnosis and initial manage-
ment of traumatic retroperitoneal injury. UpToDate [Internet];
2021 [acesso em 09 nov 2022]. Disponível em: https://www.
uptodate.com/contents/overview-of-the-diagnosis-and-initial-
-management-of-traumatic-retroperitoneal-injury.
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Trauma vascular Trauma
QUESTÕES COMENTADAS
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(HOSPITAL EVANGÉLICO DE VILA VELHA – ES – 2017) São sinais Questão 4
de ruptura traumática do arco aórtico no trauma
(UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – 2020) Os
fechado, EXCETO:
ferimentos vasculares estão associados aos trau-
⮦ Alargamento do mediastino. mas por acidentes automobilísticos, ferimentos
por arma branca e de fogo, procedimentos médi-
⮧ Presença de derrame extra pleural apical.
cos invasivos etc. Sobre isso, assinale a alterna-
⮨ Hemotórax direito. tiva incorreta.
⮩ Desvio de traqueia para direita.
⮦ Fratura do fêmur, do terço distal do úmero e lu-
⮪ Apagamento de botão aórtico.
xação do cotovelo estão associados com risco
elevado de lesão vascular.
Questão 3 ⮧ O trauma fechado representa a causa dominante
dos ferimentos vasculares, responsável por 90%
(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE PIRACICABA – SP – 2019)
das lesões arteriais.
Paciente masculino, de 44 anos, sofre acidente por
arma de fogo com ferimento na coxa esquerda. ⮨ Os acidentes automobilísticos são a principal
Houve lesão da artéria femoral superficial. Realiza- causa das lesões aórticas nos traumatismos
do reparo com interposição de veia safena dentro fechados.
de quatro horas do acidente. Após o procedimento, ⮩ A maioria dos ferimentos carotídeos é devido ao
os pulsos distais estavam bons e não haviam défi- trauma penetrante, sendo a carótida comum a
cits neurológicos. Cinco horas depois, o paciente mais acometida.
238
Trauma vascular Cap. 10
Questão 5
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Questão 8
vascular.
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE MACEIÓ – AL – 2018) É IN-
CORRETO sobre a ruptura de aorta traumática que:
Questão 6
⮦ a incidência de ruptura é maior na aorta ascen-
(HOSPITAL ESTADUAL DO ACRE – AC – 2019) Na Síndrome
dente.
compartimental em MIE, na reperfusão sanguínea
pós-oclusão arterial aguda, uma vítima de trauma ⮧ são mais comuns em trauma fechado.
deve ser primeiramente tratada com: ⮨ menos de 20% dos pacientes com ruptura de
aorta descendente chegam vivos ao hospital.
⮦ Analgesia e antibióticos.
⮩ mais de 30% dos que chegam a ter atendimento
⮧ Analgesia e heparinização sistêmica.
hospitalar têm possibilidade de morrer nas seis
⮨ Analgesia e alcalinização da urina. primeiras horas.
⮩ Fasciotomias amplas.
Questão 9
Questão 7
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UEL – PR – 2017) A respeito
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2020) dos traumatismos vasculares, assinale a alterna-
Homem, 27 anos, motociclista, trazido à Unidade tiva correta.
de pronto atendimento referindo que colidiu em alta
velocidade contra anteparo fixo. PA=148x92 mmHg, ⮦ A maioria das lesões contusas da aorta ocorre
FC= 87bpm, FR= 17irpm, oximetria de pulso (ar am- entre a origem da artéria subclávia esquerda e
biente) = 98%. Radiograma de tórax: a carótida comum esquerda.
239
Trauma vascular Trauma
Questão 10
⮦ Sangramento pulsátil.
⮧ Hematoma expansivo.
⮨ Pulsos diminuídos.
⮩ Parestesia.
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240
Trauma vascular Cap. 10
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Alternativa B: INCORRETA. O desenluvamento é um
trauma no qual há descolamento da pele, podendo Comentário: A síndrome compartimental é uma cas-
atingir diferentes graus de profundidade, mas que, cata de eventos que se autoperpetua. Começa com
habitualmente, não lesa planos profundos onde es- o edema do tecido que normalmente ocorre após a
tão localizados grandes feixes vasculares. lesão (p. ex., por edema ou hematoma de tecidos
moles). Se o edema ocorre dentro do compartimen-
Alternativa C: CORRETA. Nesse caso, há grande pro-
to fascial, normalmente, no compartimento anterior
babilidade de lesão vascular, sendo a arteriografia
ou posterior do membro inferior, há pouco espaço
uma opção para confirmação do diagnóstico.
para expansão do tecido; dessa maneira, a pressão
Alternativa D: INCORRETA. A presença de hematoma intersticial (compartimental) aumenta.
pulsátil em expansão já nos indica o diagnóstico de
A síndrome compartimental é fundamentalmente
lesão vascular, sem necessidade de novos exames,
uma doença dos membros, sendo mais comum na
devendo partir para instituição da terapia.
parte inferior do membro inferior e no antebraço.
Alternativa E: INCORRETA. A crepitação geralmente No entanto, a síndrome compartimental também
tem relação com infecções, fraturas ósseas ou le- pode ocorrer em outros locais (p. ex., no membro
sões de órgãos aerados, não com trauma vascular. superior, no abdome e na região glútea).
✔ resposta: C As causas comuns da síndrome compartimental são:
• fraturas;
Questão 2 dificuldade: • contusões graves ou lesões por esmagamento;
Comentário: A ruptura traumática do arco da aorta • lesão de reperfusão após lesão vascular e reparo.
geralmente decorre de traumas fechados que ge- Causas raras incluem mordidas de cobra, queima-
rem desaceleração horizontal aguda. À radiografia, duras, esforço severo, superdosagem de fármaco
241
Trauma vascular Trauma
(heroína, cocaína), gesso, curativos apertados e a 45%. Menos frequentemente, as vísceras ocas
outros fechamentos rígidos que limitem o edema podem ser lesadas no trauma contuso. É incorre-
e, assim, aumentem a pressão compartimental. to afirmar que o trauma fechado representa causa
A pressão prolongada de um músculo durante o dominante dos ferimentos vasculares, visto que os
coma pode causar rabdomiólise. ferimentos por arma de fogo constituem 90% dos
O sintoma inicial da síndrome compartimental é a casos de lesão vascular.
piora da dor. ✔ resposta: B
É tipicamente desproporcional à gravidade da lesão
aparente, sendo agravada por estiramento passivo
Questão 5 dificuldade:
dos músculos no interior do compartimento (p. ex.,
no compartimento anterior do membro inferior, Comentário: A lesão vascular é a causa primária de
por flexão plantar passiva do tornozelo e flexão do morte do trauma abdominal. Qualquer paciente com
pododáctilo, o que estira os músculos do compar- trauma abdominal ao chegar ao pronto-socorro deve
timento anterior). A dor é um dos cinco sintomas ser considerado como tendo uma lesão vascular,
da isquemia do tecido, é seguida de outros quatro: sendo essencial sua investigação aprofundada.
parestesia, paralisia, palidez e pulso ausente. Os As lesões vasculares representam entre 10 a 20%
compartimentos podem estar tensos à palpação. de todos os pacientes que são submetidos à lapa-
O tratamento inicial da síndrome compartimental rotomia por traumatismo penetrante. Deggiannis
é a remoção de qualquer estrutura constritiva (p. (1996), citaram o choque hemorrágico como a causa
ex., gesso ou tala) em volta do membro, correção imediata mais comum de morte nos doentes com
da hipotensão, analgesia e administração de suple- lesões vasculares abdominais. Durante a avaliação
mentação de oxigênio, como necessário. inicial de um doente traumatizado no departamento
Normalmente, a menos que a pressão comparti- de emergência, o cirurgião deve determinar rapida-
mente se o doente tem uma hemorragia intra-abdo-
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mental caia rapidamente e os sintomas diminuam,
é necessário fazer uma fasciotomia de urgência. minal potencialmente fatal e prosseguir prontamen-
A fasciotomia deve ser feita através de grandes te com o controle da sangria. Para tal, é essencial
incisões na pele para abrir todos os compartimen- o conhecimento anatômico dos vasos arteriais e
tos da fácia no membro e, assim, aliviar a pressão. venosos intra-abdominais, sendo que os grandes
Deve-se inspecionar cuidadosamente todos os vasos se localizam na região de retroperitônio de
músculos em termos de viabilidade, e qualquer mesentério abdominal. O cirurgião deve realizar
tecido não viável deve ser desbridado. imediatamente três tarefas durante a celiotomia
para evitar uma hemorragia com exsanguinação
A amputação é indicada se a necrose for extensa.
no abdome: a) identificação da localização do vaso
✔ resposta: D
ou dos vasos lesados; b) exposição cirúrgica dos
vasos traumatizados; c) realização da hemostasia
dificuldade:
e restauração do fluxo sanguíneo crítico. As arté-
Questão 4
rias ou veias sangrantes podem ser reparadas ou
Comentário: No trauma contuso de abdome, as vís- ligadas; a decisão do cirurgião é influenciada pelos
ceras são submetidas a movimentos de aceleração, benefícios da hemostasia imediata em comparação
desaceleração, compressão e cisalhamento nas com os riscos da isquemia. A reconstrução dos
diversas direções. As vísceras parenquimatosas, vasos em um campo contaminado pelo conteúdo
tanto pelo seu tamanho, como pelo peso são, par- entérico complica as decisões acerca da conduta
ticularmente, suscetíveis às lacerações, cisalha- ideal de substituição. Nos traumas fechados, se não
mentos de pedículos vasculares, esmagamentos e identificado choque e sangramento ativo, a conduta
roturas no local de transição e fixação anatômica. pode ser endoscópica, assegurando procedimen-
O baço é o órgão lesado em cerca de 40 a 55% das tos menos invasivos e com resolutividade; e para
laparotomias por trauma contuso e o fígado em 35 diagnóstico, em muitos casos, é possível identificar
242
Trauma vascular Cap. 10
a partir da tomografia computadorizada sem con- Alternativa B: CORRETA. Pacientes que sobrevivem
traste. É incorreta apenas a afirmativa C. De acordo ao trauma inicial e que se apresentam estáveis he-
com essa classificação, Feliciano (1999) e Ombrel- modinamicamente e com contenção da lesão aór-
laro (1997) situaram o hematoma retroperitoneal de tica pelas estruturas adjacentes, permitindo que o
linha média inframesocólico (zona I central/medial) diagnóstico seja estabelecido, e o tratamento, exe-
como suspeito de provável lesão aórtica ou de veia cutado. Os principais sinais que dirigem o foco do
cava inferior. Coimbra (1996) e Feliciano (1990) cha- diagnóstico para a lesão da aorta são: a informação
maram a atenção para um aspecto extremamente do mecanismo de lesão (quando envolve impacto
relevante para a sobrevivência do doente com le- frontal e desaceleração), a associação de trauma de
são de grandes vasos abdominais: a integridade do coluna, escoriações torácicas e esternais e fratura
retroperitônio. Essa condição está intimamente re- de arcos costais, particularmente da primeira cos-
lacionada à condição volêmica à admissão na sala tela. A radiografia de tórax pode evidenciar sinais
de emergência, e é por si mesma um fator preditivo indiretos de lesão aórtica, sendo o alargamento do
de prognóstico. Na evidência de lesão de zona I, há mediastino o mais comum, definido como largura
indicação de conduta por laparotomia. maior do que 8 cm no nível do arco aórtico.
✔ resposta: C Alternativa C: INCORRETA. Ocorre quando três cos-
telas adjacentes estão fraturadas no mínimo em
dois pontos. O resultado é a perda da continuidade
Questão 6 dificuldade: da parede torácica com a separação de um seg-
Comentário: A síndrome compartimental após re- mento. A radiografia de tórax mostra as fraturas
perfusão é uma complicação muito prevalente nos de arcos costais.
procedimentos vasculares. Se deve ao edema mus- Alternativa D: INCORRETA. O traumatismo fechado de
cular, que é contido pela fáscia, um tecido pouco tórax pode produzir lesão cardíaca de intensidade
elástico, o que vai gerar um aumento de pressão variável. As consequências podem ser: distúrbios
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no compartimento, impedindo uma correta circu- no sistema de condução, arritmias, redução do dé-
lação sanguínea, o que causará necrose muscular. bito cardíaco, tamponamento cardíaco, ruptura de
O principal tratamento a ser realizado é a fascio- miocárdio ou válvulas. Suspeitar quando a vítima
tomia ampla, para que haja redução da pressão e apresenta contusão ou fratura esternal ou meca-
retorne a perfusão para o tecido muscular. nismo de lesão compatível.
✔ resposta: D ✔ resposta: B
Comentário: Temos um caso de trauma torácico. Comentário: A ruptura traumática da aorta é res-
Paciente de motocicleta (assim como acontece ponsável por cerca de oito mil mortes por ano nos
nos esportes de alto impacto e energia, conheci- Estados Unidos, causadas principalmente por aci-
dos como esportes radicais) envolve aceleração e dentes automobilísticos, atropelamentos, quedas
desaceleração súbitas e quedas sob velocidades e esmagamentos torácicos. A grande maioria dos
elevadas. A questão é direta e se baseia na avalia- pacientes tem morte instantânea.
ção da radiografia de tórax – evidencia alargamen- Alternativa A: INCORRETA. A maioria das rupturas
to de mediastino. Não há fratura de costelas, nem da aorta ocorre perto do ligamento da artéria, no
alteração do parênquima pulmonar, nem desvio de arco aórtico.
mediastino. Alternativa B: CORRETA. Decorrentes de um impacto
Alternativa A: INCORRETA. No raio X de tórax, a con- importante com abrupto deslocamento aórtico, a
tusão pulmonar é caracterizada por imagem de ruptura aórtica é mais comum em traumas fechados,
opacidade. onde são responsáveis por quase 90% dos casos.
243
Trauma vascular Trauma
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outra estrutura, fazendo um tampão contra o san-
gramento, e permitindo presença de pulso distal.
No entanto, não quer dizer que não há lesão arterial.
Alternativa D: INCORRETA.
Alternativa E: INCORRETA. Não existem estudos epide-
miológicos acerca de fístulas arteriovenosas após
trauma transfixante, mas sabe-se que elas podem
formar-se após lesões penetrantes e se acredita
que sua incidência esteja aumentando devido ao
maior número de casos de ferimentos por armas
de fogo e por armas brancas.
✔ resposta: Questão ANULADA por não haver resposta
correta.
Questão 10 dificuldade:
244
Capítulo
TRAUMA DE FACE
11
importância/prevalência
u Prioridades em ATLS:
• A – Manter as vias aéreas pérvias e a estabilidade da coluna cervical.
• C – Controlar sangramentos de grande monta.
• D – Pensar em trauma de crânio associado.
• E – Pensar em deformidades que comprometam a funcionalidade e a estética.
u Fraturas de maxila (Classificação de Lefort):
• I: Disfunção dentoalveolar.
• II: Fratura piramidal (não acomete o assoalho da órbita).
• III: Fratura de base de crânio (acomete o assoalho da órbita).
u Estigmas de fratura de base de crânio: cuidado com procedimentos pelo nariz.
u Saber quando indicar o tratamento cirúrgico.
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1. I NTRODUÇÃO
BASES DA MEDICINA
245
Trauma de face Trauma
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Fonte: Acervo Sanar.
W Nervos: O 5º par craniano (NCV), conhecido como A maior parte da motricidade da face é dada pelo 7º par
trigêmeo, é responsável pela sensibilidade da face craniano, o nervo facial, que sai pelo forâmen estilo-mas-
por meio de suas três grandes divisões. toideo e passa no meio da glândula parótida. Além disso,
parte da movimentação dos músculos da mastigação se
V V1: orbital: sai do crânio pela fissura orbitária
dá pelo ramo mandibular do nervo trigêmeo (V3), glosso-
superior.
faríngeo (IX) e vago (X).
V V2: maxilar: sai do crânio pelo forâmen redondo.
V V3: mandibular: sai do crânio pelo forâmen oval.
246
Trauma de face Cap. 11
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protocolos de atendimento. E qual protocolo de forme (que corresponde ao teto do nariz) pode estar
fraturada, e qualquer intervenção pelo nariz (tubo ou
atendimento vem à sua cabeça quando você pensa
sonda) está contraindicada pelo risco de violação do
em trauma? Sim, o ATLS. sistema nervoso central.
Sempre respeite as prioridades do ALTS: W Fraturas de mandíbula e maxila podem até facilitar a
u A: vias aéreas pérvias e estabilidade da coluna laringoscopia, porém tornam a ventilação com bolsa
valsa-máscara difícil, especialmente se houver lesão/
cervical.
edema de partes moles, ou ainda se houver sangra-
u B: ventilação. mento associado. Além disso, apesar de a inserção do
u C: circulação e hemodinâmica. laringoscópio às vezes estar facilitada, a visualização
das estruturas da laringe propriamente dita pode ser
u D: déficits neurológicos. bastante difícil pela deformidade anatômica. Sendo
u E: exposição e controle de hipotermia e outros assim, esteja sempre com aspirador de ponta rígida
agressores externos. em mãos e preparado para uma via aérea difícil, com
necessidade de realizar cricotireoidosotomia.
Em traumas de face, especialmente em alta energia, W Lembre-se sempre de que parte do A do ATLS é garan-
dar atenção em particular para: tir a estabilidade da coluna cervical, que pode estar
comprometida especialmente em traumas de alta
u vias aéreas. energia nas porções superiores do corpo.
u estabilidade da coluna cervical.
u sangramentos.
247
Trauma de face Trauma
2.1. M AXILA
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assunto é trauma de face. Não é tão complicado,
acompanhe comigo:
u LeFort III: a linha de fratura separa as articula-
ções frontozigomática e frontomaxilar, seguindo
u Le Fort I: é a disjunção dentoalveolar. A linha de
transversalmente pela parede lateral da órbita
fratura é transversal à maxila, separando o su-
até se fechar no osso nasal. Resulta em uma
porte dos alvéolos do corpo da maxila (Figura 2).
disjunção craniofacial (Figura 4).
248
Trauma de face Cap. 11
Fraturas na porção central do osso etmoide (lâmina fraturas podem envolver um ou mais elementos da
cribiforme) podem estar associadas à fístula liquó- parede da órbita, de seu conteúdo, ou de ambos.
rica, resultando em saída de líquor pelo nariz e Os fatores que influenciam a localização e a exten-
anosmia. Mais uma vez, reforçamos que, diante da são incluem o mecanismo de trauma e a idade do
suspeita de qualquer estigma de fratura de base paciente. Lesões a estruturas adjacentes podem
de crânio, procedimentos pelo nariz (intubação e também ocorrer:
passagem de sondas) estão contraindicados. u Fratura da porção orbital do zigomático: um dos
locais mais frequentes de fratura.
2.2. ÓRBITA u Fratura nasoetmoidal (fratura o nariz e a órbita).
u Fratura do assoalho da órbita: fraturas em blow
out, tipicamente quando um objeto pequeno e
BASES DA MEDICINA redondo (como uma bola de baseboll, ou um pu-
nho fechado) bate contra o olho.
A órbita é uma cavidade óssea formada por porções de u Fratura do teto da órbita: pode causar pneumo-
vários ossos da face:
crânio e lesão do globo ocular.
W Superiormente: osso frontal (placa orbital) e asa
menor do esfenoide. A abordagem da fratura de órbita inclui identifica-
W Inferior: maxila, osso zigomático e osso palatino ção de sinais de alarme, que normalmente estão
(processo orbital). associados à queda da acuidade visual:
W Medial: etmoide (lâmina orbital), lacrimal, esfenoide u Ruptura de globo ocular.
e maxila. u Hematoma orbitário.
W Lateral: zigomático e asa maior do esfenoide. u Hematoma comprimindo o nervo óptico.
Descolamento de retina.
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u
249
Trauma de face Trauma
Quando houver algum desses sinais, pode-se pedir W Fraturas do tipo Lefor, pelo déficit funcional.
um raio X, porém a tomografia com cortes finos é W Múltiplas fraturas de face em pacientes vítimas de
o melhor exame no pronto-socorro, se disponível. traumas de alta energia.
As lesões nasais, quando levam a algum desses W Lesões do globo ocular ou de órbita com perda de
sinais, podem necessitar de redução de fratura e, acuidade visual.
eventualmente, abordagem cirúrgica pelo especia-
lista, que deve ser chamado para avaliar.
Hematomas de septo estão associados à necrose
da região se não tratados e drenados assim que
3. PROFILAXIA COM ANTIBIÓTICO
possível.
O tratamento inicial de fraturas nasais consiste em
gelo e cabeça elevada. Idealmente, se a lesão for em A profilaxia com antibiótico não está indicada em
menos de seis horas, pode ser reduzida manualmente. todos os casos. Atentar para as indicações:
Entretanto, alguns otorrinolaringologistas preferem u Mordeduras.
esperar de três a sete dias para permitir que o edema u Feridas com áreas de necrose e desvasculariza-
se resolva. Fraturas isoladas do osso nasal com mais ção (lembrar da necessidade de desbridamento
de 10 dias são encaminhadas para acompanhamento de tecidos desvitalizados também).
ambulatorial com a otorrinolaringologia.
u Ferimentos penetrantes na mucosa oral ou lábio.
u Ferimentos expondo cartilagem da orelha ou
2.4. M ANDÍBULA
do nariz.
u Contaminação grosseira.
O formato em U da mandíbula e a presença de
estruturas adjacentes torna quase impossível uma
u Fraturas expostas.
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fratura isolada da mandíbula. Por causa disso, o raio u Hemossinus (para profilaxia de meningite, por
X panorâmico simples da mandíbula é um exame conta da drenagem venosa da região medial da
ruim para avaliar lesões de alta energia na região, face diretamente para o seio cavernoso).
sendo mais indicada a tomografia.
Fraturas complexas de mandíbula podem causar
dificuldade de abertura da boca, trismo ou instabi-
lidade na mastigação, devendo ser avaliadas pelo
especialista. Lembrando que a obstrução de via
aérea deve ser identificada e tratada na etapa A da
avaliação primária ao trauma, já no atendimento
inicial, às vezes com necessidade de cricotireoi-
dostomia de urgência.
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Trauma de face Cap. 11
Trauma de face
Maxila Órbita
Acuidade visual
Alinhamento da
Nariz Partes moles TCE associado
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mordedura
Desalinhamento Estética
Alimentação Via aérea
Sangramento Desbridamento
Trismo Fr de base de crânio?
Sangramentos
251
Trauma de face Trauma
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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252
Trauma de face Cap. 11
QUESTÕES COMENTADAS
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D: Escala de coma de Glasgow 15, pupilas isocó- co: dificuldade de movimentação do globo ocular,
ricas e fotorreagentes; E: ferimento corto-contuso sem sinais de fratura do rebordo orbitário inferior.
medindo 4 cm em lábio inferior do lado esquerdo, Nessa condição, devemos suspeitar de
acometendo pele e mucosa oral, bordas irregulares,
lesão da musculatura sem perda de substância e ⮦ fratura do zigomático.
apresentando sangramento ativo e pequena quanti- ⮧ enoftalmo traumático do tipo I.
dade. Considerando o quadro, após o atendimento ⮨ fratura orbitária do tipo blow-out.
inicial, indique a conduta MAIS adequada.
⮩ lesão do IV par craniano à esquerda.
⮦ Solicitar radiografia de tórax, pelve e cervical.
⮧ Fazer hidratação com solução cristaloide. Questão 4
⮨ Fazer síntese do ferimento da boca com anes-
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – SP – 2020) Um dos
tesia local.
achados do exame físico em um paciente com trau-
⮩ Observar por seis horas e fazer curativo no lábio. ma facial que indica a necessidade de tratamento
cirúrgico para redução e fixação de fratura orbito-
Questão 2 zigomática é a diminuição da:
253
Trauma de face Trauma
GABARITO E COMENTÁRIOS
Questão 2 dificuldade:
Questão 4 dificuldade:
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Comentário: Essa questão cobra indiretamente o co-
face. Vamos às alternativas:
nhecimento das consequências perigosas de fratu-
Alternativa A: INCORRETA. A classificação de Le Fort ra do assoalho da órbita, especialmente da parede
é para fratura de maxila, não de mandíbula. medial (osso etmoide), com compresso dos nervos
Alternativa B: INCORRETA. As alterações de sensibi- que saem da fissura orbitária superior (III, IV, VI e o
lidade do nervo infraorbitário podem ocorrer nas primeiro ramo do V), pois a compressão nervosa
fraturas de maxila, não de mandíbula. desses nervos pode ser irreversível.
Alternativa C: INCORRETA. A oclusão dentária altera- Vamos às alternativas:
da indica fratura de maxila ou de mandíbula, não Alternativa A: INCORRETA. A abertura palpebral fre-
de osso nasal. quentemente é prejudicada pelo próprio edema
Alternativa D: CORRETA. Por ser um osso proeminen- ou hematoma periorbitário, não sendo indicação
te e mais exposto, costuma ser o mais frequente de cirurgia.
a ser fraturado. Alternativa B: INCORRETA. A motricidade da mímica
✔ resposta: D facial ipsilateral é sugestiva de fratura de osso tem-
poral, com lesão do nervo facial, e não costuma ter
relação com fraturas orbitozigomáticas.
Questão 3 dificuldade:
Alternativa C: INCORRETA. A abertura oral não costuma
Comentário: Devemos pensar em fratura em blow- ter relação com fraturas da órbita e do zigomático,
-out quando o paciente recebe um trauma fechado estando mais relacionadas a fraturas de mandibular.
no olho. O aumento súbito da pressão intraorbitá- Alternativa D: CORRETA. Conforme a explicação do
ria pode levar à fratura, normalmente do osso mais início do comentário.
frágil, que é a parede medial, no osso etmoide, cha- ✔ resposta: C
mado de “lâmina papirácea”. Essa parede forma a
254
Capítulo
TRAUMA DE PESCOÇO
12
importância/prevalência
u O atendimento ao trauma de pescoço deve respeitar as prioridades do ATLS e, nesse caso, fique atento
à patência de via aérea, que pode estar prejudicada por hematomas cervicais expansivos ou por trauma
direto na via aérea; à estabilidade da coluna cervical, por causa da possibilidade de trauma de coluna
associado; ao controle de sangramentos causados por lesão dos grandes vasos do pescoço; e ao trauma
de tórax associado, especialmente na zona I.
u Saber as zonas cervicais do trauma:
• I: da clavícula até a cricoide;
• II: da cricoide até o ângulo da mandíbula;
• III: do ângulo da mandíbula até a base do crânio.
u Reconhecer os sinais de alarme: mnemônico ODISSEIA.
u Saber indicar os exames complementares quando não houver sinais de alarme.
u Saber indicar cervicotomia exploratória quando houver sinais de alarme.
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1. I NTRODUÇÃO central e compartimento lateral (direito e esquerdo).
Lembra-se daquelas aulas de anatomia em que o pro-
fessor falava de vários triângulos do pescoço? É sobre
isso que estamos falando. Mas não se assuste. Aqui,
1.1. ANATOMIA
quero que você se lembre apenas do triângulo anterior,
que é o compartimento central, e do triângulo posterior,
que é o compartimento lateral. Quem é o músculo que
BASES DA MEDICINA delimita esses triângulos? É o músculo mais “famoso”
do pescoço: o músculo esternocleidomastoideo.
255
Trauma de pescoço Trauma
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Trauma de pescoço Cap. 12
Diferentemente da face, o pescoço contém uma A primeira (e mais intuitiva) é: o paciente apresenta
série de estruturas vitais em um pequeno espaço; algum sinal de gravidade/instabilidade? (Discutire-
por isso, traumas nessa região podem alcançar até mos mais adiante quais são).
20% de mortalidade. É essencial que seja feita uma
Nessas situações, a conduta é realizar as medidas
abordagem sistematizada para identificar todas as
iniciais na sala de emergência preconizadas no ATLS
lesões associadas.
(garantia de via aérea, compressão do sangramento,
A abordagem inicial é, como sempre, a via aérea iniciar reposição volêmica com cristaloide e sangue,
e, em caso de trauma cervical, é especialmente se necessário etc.) e cervicotomia exploratória
importante. A via aérea pode estar comprometida imediata.
por lesão direta dos órgãos envolvidos (laringe ou
O paciente estável pode ser classificado conforme
traqueia) ou por compressão, especialmente em
o tipo de ferimento: penetrante ou contuso.
hematoma expansivo.
O ferimento penetrante, por sua vez, pode ainda
Atentar para sinais de hipóxia, distorção, hematoma,
ser dividido em 2:
cornagem, estridor e disfonia.
u Superficial: quando não ultrapassa o músculo
Na identificação desses sinais, considerar intubação platisma.
precoce antes de o paciente evoluir para insuficiên- u Profundo: quando ultrapassa o músculo platisma.
cia respiratória.
Outro ponto muito importante, ainda no A do ATLS, A abordagem cirúrgica será necessária se for identi-
é garantir a estabilidade da coluna cervical com a ficada lesão de órgãos cervicais. Porém, no contexto
utilização do colar. de um paciente estável, é possível realizar exames
complementares para adequada investigação e
planejamento operatório, sem a necessidade de
1.2. CLASSIFICAÇÃO
cervicotomia ampla e bilateral, cuja morbidade é
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significativa.
O trauma de pescoço pode ser dividido de algumas
formas.
Lesão de órgãos?*
Superficial Profundo
Cirurgia
Não Sim
* A investigação de lesão de órgãos em pacientes estáveis deve ser feita com exame físico + exames complementares.
Fonte: Elaborado pelo autor.
257
Trauma de pescoço Trauma
1.3. Z
ONAS DE TRAUMA
u Zona I (Figura 3)
W Limites: da clavícula à cricoide → raiz do pes- W Estruturas nobres: vasos mediastinais, tireoi-
coço, transição cervicotorácica. de, ducto linfático, traqueia, veia jugular inter-
na, carótida comum, veia subclávia, esôfago.
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Figura 3. Estruturas da Zona 1.
258
Trauma de pescoço Cap. 12
u Zona II
W Limites: da cricoide até o ângulo da mandíbula. 2. A PRESENTAÇÃO CLÍNICA
W Estruturas nobres:
V via aérea: laringe; No trauma cervical, as principais lesões que podem
V via digestiva: esôfago e hipofaringe; ocorrer são:
V nervos cranianos (VII, X, XI, XII); u lesão em coluna cervical;
V nervo frênico; u lesões laringotraqueais;
V veia jugular interna e tributárias; u lesões esofágicas;
V carótida comum, bulbo carotídeo, carótida u lesões vasculares.
interna e externa;
V assoalho da boca; É importante lembrar de que mais de uma dessas
lesões pode ocorrer ao mesmo tempo.
V glândula submandibular;
V cauda da parótida; No trauma contuso, o desafio no diagnóstico é a
lesão em grande porção do pescoço, não sendo
V polo superior da tireoide.
sempre possível saber onde está a lesão apenas
u Zona III examinando o doente, como seria no caso de feri-
W Limites: do ângulo da mandíbula até a base mentos penetrantes, especialmente com orifícios
do crânio (occipital); de entrada e saída.
W Transição cervicofacial.
W Estruturas nobres: 2.1. P
RINCIPAIS SINAIS CLÍNICOS
V raízes nervosas;
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V parótida;
u Laringe: a lesão de laringe se manifesta com cor-
nagem, estridor, edema, dor importante abaixo do
V nervo facial e seus ramos;
osso hioide e crepitação da cartilagem da tireoide.
V carótida externa, temporal superficial e a. u Traqueia: pode levar à pneumotórax (inclusive
maxilar;
hipertensivo, especialmente se paciente sob ven-
V veia jugular interna e veia facial e retroman- tilação mecânica), e à enfisema de subcutâneo,
dibular; especialmente no pescoço e na parede torácica.
V estruturas da face; u Esôfago: mais comum em traumas penetrantes,
V base do crânio. não muito em trauma contuso, porque é uma es-
trutura mais profunda do pescoço. Manifesta-se
com hematêmese, disfagia, odinofagia, crepitação
DICA
Decore para a prova os principais em subcutâneo e, na imagem, pneumomediastino.
pontos de reparo do pescoço: clavícula, u Vasculares: atentar para hematoma expansivo ou
cricoide e mandíbula. Tanto os níveis cer- alteração de pulsos. Pode haver sintomas neu-
vicais quanto as zonas cervicais de trauma rológicos, por compressão ou lesão de carótida
utilizam esses reparos, de forma intuitiva.
comum ou interna.
No trauma, “de baixo para cima”: clavícula
→ cricoide → mandíbula. u Lesões nervosas:
W Trauma raquimedular → segunda maior preo-
cupação, perdendo apenas para a via aérea.
W Vago (X): disfonia e paralisia de pregas vocais.
W Acessório (XI): dificuldade de encolher os
ombros.
259
Trauma de pescoço Trauma
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tam sangramento ativo, hematoma em expansão
Agora, se o paciente estiver estável e sem outras lesões
ou sinais de lesão do trato aéreo digestivo (ferida
que ameacem a vida, exames de imagem estão indicados
soprante, enfisema subcutâneo, estridor etc.) têm para guiar o tratamento.
indicação de abordagem cirúrgica imediata.
Claro que, em um paciente com trauma penetrante super-
As lesões penetrantes que não apresentam essas ficial, com lesão acima do músculo platisma, é seguro
características devem ser investigadas para lesões assumir que nenhuma estrutura nobre foi lesada, e essa
vasculares (angiotomografia de pescoço ou ultras- lesão pode ser tratada como um FCC simples, com lava-
gem, com desbridamento e sutura primária. Nas outras
sonografia com Doppler), lesões do trato digestivo
situações, normalmente o primeiro exame é a tomografia
(endoscopia ou esofagografia contrastada) ou aéreo computadorizada de pescoço com contraste.
(laringoscopia ou broncoscopia). Devido à distância
Os achados vão guiar os próximos passos:
anatômica, lesões em zona III podem dispensar a
investigação do trato aéreo digestivo e devem ser W Lesões vasculares.
complementadas com tomografia de crânio e coluna W Se sintomas neurológicos (alteração do nível de cons-
cervical. A presença de alteração em qualquer um ciência ou déficit motor contralateral) → correção
desses exames indica tratamento cirúrgico. cirúrgica.
A abordagem cirúrgica do pescoço deve ser feita W Se não houver sintomas neurológicos → angiografia
→ programação de correção endovascular ou aberta,
por meio de uma incisão oblíqua ao longo da borda
a critério do cirurgião vascular.
anterior do músculo esternocleidomastoideo do
lado da lesão. Lesões bilaterais podem ser abor- W Lesões de laringe → laringoscopia.
dadas por meio de uma incisão em colar, na região W Lesões de traqueia → traqueobroncoscopia.
inferior. Essas técnicas permitem uma boa visua- W Lesões de esôfago → EED (Estudo Contrastado de
lização de vasos e outras estruturas cervicais Esôfago-Estômago-Duodeno) com contraste hidros-
solúvel ou endoscopia.
260
Trauma de pescoço Cap. 12
Avaliação
Instabilidade/Sinais Estabilidade/sem
de gravidade sinais de gravidade
Cirurgia de urgência
Lesão laríngea ou
Lesão vascular Lesão esofágica
traqueal
Sintomas (neurológico
ou hematoma?) Sintomática Assintomática
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IOT/TQT* Observação
Sim Não
Considerar
Angiografia Laringoscopia/
Bronco se
dúvida
Correção
programada
(endo ou aberta)
Assintomática Sintomática*
Observação
Considerar
EDA/EED **
se dúvida
261
Trauma de pescoço Trauma
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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North Am. 1989; 69:111.
Thoma M, Navsaria PH, Edu S, Nicol AJ. Analysis of 203
patients with penetrating neck injuries. World J Surg. 2008;
32:2716.
Rasslan S, Birolini D, Utiyama EM. Procedimentos básicos
em cirurgia. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2012
Vassiliu P, Baker J, Henderson S, et al. Aerodigestive injuries
of the neck. Am Surg. 2001; 67:75.
262
Trauma de pescoço Cap. 12
QUESTÕES COMENTADAS
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computadorizada região cervical.
⮧ Caso haja suspeita de lesão vascular, o exame ⮧ Zona II é o espaço entre o ângulo da mandíbula
de escolha inicial seria a angio TC. e a cartilagem tireóidea.
Questão 2 Questão 4
(HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS – RJ – 2021) O pescoço pode (HOSPITAL ESTADUAL DIRCEU ARCOVERDE - PI – 2020) Homem
ser uma das regiões mais devastadas no caso de de 39 anos foi trazido pelo SAMU ao pronto socor-
lesão grave. Sobre este tema, é correto afirmar que: ro do HEDA, vítima de ferimento por uma faca em
zona II cervical à esquerda. Com base nesse caso,
⮦ classicamente o pescoço é dividido em 4 zonas. assinale a alternativa que apresenta a circunstância
⮧ a zona 1 se estende do anel torácico superior à em que não está indicada a cervicotomia explorada
cartilagem tireoidea. no tipo de lesão do paciente.
⮨ a zona 3 contém as artérias carótidas e verte- ⮦ presença de lesão de músculo cervical.
brais, veias jugulares e estruturas do trato ae-
⮧ sinais de saída de ar pelo orifício da lesão.
rodigestório.
⮨ presença de sangramento ativo pelo orifício.
⮩ no caso de trauma penetrante, os pacientes
devem ser levados imediatamente ao centro ⮩ presença de hematoma cervical em expansão.
cirúrgico. ⮪ presença de saliva no orifício da lesão
263
Trauma de pescoço Trauma
Questão 5 Questão 8
(INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA - RJ - 2020) No trauma- (INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA – RJ – 2020) No trauma-
tismo cervical associado à hematoma expansivo tismo cervical associado a hematoma expansivo
na zona II, a exposição das estruturas do pescoço na zona II, a exposição das estruturas do pescoço
deve ser feita por: deve ser feita por
⮦ incisão ao longo da borda medial do músculo ⮦ incisão ao longo da borda medial do músculo
platisma no lado da lesão. platisma no lado da lesão.
⮧ incisão ao longo da borda anterior do músculo ⮧ incisão ao longo da borda anterior do músculo
esternocleidomastóideo no lado da lesão. esternocleidomastóideo no lado da lesão.
⮨ incisão cervical mediana. ⮨ incisão cervical mediana.
⮩ incisão cervical ampla em arco, 2,0cm acima da ⮩ incisão cervical ampla em arco, 2,0 cm acima
fúrcula esternal. da fúrcula esternal.
Questão 6 Questão 9
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO - SP – 2020) Um (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP – 2020) Motociclista é
paciente de 45 anos de idade, vítima de ferimento vítima de ferimento cervical por linha de pipa (“pa-
por uma faca em zona II cervical à esquerda, foi le- pagaio”) com cerol. Durante a avaliação inicial,
vado ao serviço de emergência. Com base nesse nota-se escape de ar quando o paciente fala. Qual
caso hipotético, assinale a alternativa que apresenta deve ser a primeira conduta a ser adotada?
a circunstância em que não está indicada a cervi-
cotomia exploradora no tipo de lesão do paciente.
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⮦ presença de sangramento ativo pelo orifício.
⮧ presença de lesão de músculo cervical.
⮨ sinais de saída de ar pelo orifício da lesão.
⮩ presença de hematoma cervical em expansão.
⮪ presença de saliva no orifício da lesão.
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Trauma de pescoço Cap. 12
GABARITO E COMENTÁRIOS
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tigação de lesão vascular é a angioTC. fúrcula esternal até a cartilagem cricoide.
✔ resposta: B Alternativa B: INCORRETA. A zona II se estende da
cartilagem cricoide até o ângulo da mandíbula.
Questão 2 dificuldade: Alternativa C: CORRETA. A zona III se estende do
ângulo da mandíbula até a base do crânio. Lesões
Y Dica do professor: Questão de trauma cervical ruim, penetrantes no pescoço na zona III são muito difí-
baseada em conduta antiga. Porém, é possível de ceis de acessar cirurgicamente.
responder por eliminação, marcando a menos er- Alternativa D: INCORRETA.: Pela classificação as zo-
rada. Vamos às alternativas: nas vão de 1 a 3, não havendo zona 4.
Alternativa A: INCORRETA. São 3 zonas cervicais de
✔ resposta: C
trauma.
Alternativa B: INCORRETA. A zona 1 é das clavículas
até a cartilagem cricoide. Questão 4 dificuldade:
265
Trauma de pescoço Trauma
clínica entre aquelas vítimas estáveis e instáveis. entre as clavículas e a cartilagem cricoide; o nível II
São indicações precisas de cervicotomia explorató- é o maior e mais lesado, vai da cartilagem cricoide
ria a presença de sangramento ativo, instabilidade ao ângulo da mandíbula; já o nível III vai do ângulo
hemodinâmica, hematoma em expansão ou tenham da mandíbula à base do crânio (mastoide). São in-
uma evidência clara de comprometimento do trato dicações de exploração cirúrgica imediata nesse
aerodigestivo, como enfisema subcutâneo ou saída tipo de trauma: sangramento ativo importante, he-
de saliva pelo orifício da lesão. No restante dos ca- matoma cervical em expansão e evidências claras
sos, como em lesões musculares, independente da de lesão do trato aerodigestivo.
zona afetada, é necessário avaliarmos os pacientes Alternativa A: INCORRETA. A presença de sangramen-
através de métodos complementares antes de uma to indica trauma vascular, o que, na zona II, pode
possível intervenção cirúrgica. significar lesão de vasos importantes como a arté-
✔ resposta: A ria carótida comum e a veia jugular interna, sendo
mandatório a exploração cirúrgica.
Alternativa B: CORRETA. Paciente com lesão apenas
Questão 5 dificuldade:
muscular e estabilidade hemodinâmica pode ser
Y Dica do professor: O traumatismo da região cervi- candidato a tratamento conservador, com realização
cal destaca-se por sua alta complexidade e elevada de angio TC, EDA e/ou laringoscopia para avaliar o
morbidade, visto que o pescoço abriga estruturas grau de comprometimento.
vitais, como vasos arteriais (carótidas e artérias Alternativa C: INCORRETA. A saída de ar pelo orifício
vertebrais) e os componentes do trato aerodiges- indica lesão de vias aéreas, o que requer tratamen-
tivo (faringe, esôfago, laringe e traqueia). O trauma to cirúrgico.
cervical pode ser dividido com base na profundida- Alternativa D: INCORRETA. A presença de hematoma
de da lesão, em sua localização anteroposterior e em expansão indica trauma vascular, o que, na zona
cefalocaudal, além de haver uma diferenciação clí-
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II, pode significar lesão de vasos importantes como
nica entre aquelas vítimas estáveis e instáveis. São a artéria carótida comum e a veia jugular interna,
indicações precisas de cervicotomia exploratória a sendo mandatório a exploração cirúrgica.
presença de sangramento ativo, instabilidade he-
Alternativa E: INCORRETA. A presença de saliva na
modinâmica, hematoma em expansão ou tenham
lesão indica lesão do trato digestivo, o que torna
uma evidência clara de comprometimento do trato
necessária exploração cirúrgica.
aerodigestivo, como enfisema subcutâneo ou saí-
da de saliva pelo orifício da lesão. No restante dos ✔ resposta: B
266
Trauma de pescoço Cap. 12
assim, a única alternativa possível, que NÃO indica • Zona I: da clavícula até a cricoide;
cervicotomia exploradora, é a alternativa A. • Zona II: da cricoide até o ângulo da mandibular;
✔ resposta: A • Zona III: do ângulo da mandibular até a base do
crânio.
Questão 8 dificuldade:
Por conta da maior exposição, com menos prote-
ção de estruturas ósseas, a zona mais atingida é
Y Dica do professor: Questão um pouco controversa, a zona II.
pois a alternativa correta não é a ÚNICA possível, ✔ resposta: C
porém a mais classicamente indicada.
Diante de lesão UNILATERAL em zona II, entre
cricoide e ângulo da mandíbula, a incisão que ofe-
rece exposição mais rápida para evacuação de
um hematoma é pela borda anterior do músculo
esternocleidomastóideo. Essa incisão tem como
desvantagens não dar um acesso adequado ao
compartimento cervical contralateral e arriscar
uma lesão de feixe jugulo-carotídeo, mas, como
comentado no início, é a incisão mais clássica.
✔ resposta: B
Questão 9 dificuldade:
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guntando o bê-á-bá do atendimento inicial. Priorida-
de é ATLS, especialmente em lesões grandes, com
possibilidade de lesão de via aérea e hematoma
cervical expansivo. Garantir a via aérea é o passo
inicial, feito por meio da intubação orotraqueal, se
possível.
✔ resposta: B
Questão 10 dificuldade:
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CIRURGIA GERAL
CIRURGIA GERAL
Sumário
Prevalência/importância
13. Pré e pós-operatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14. Princípios da anestesia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
15. Resposta metabólica e nutrição em cirurgia . . . . . . . . . . . .
16. Bases da cirurgia e procedimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
17. Complicações cirúrgicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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270
Capítulo
PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO
13
importância/prevalência
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1. INTRODUÇÃO residência médica, no que tange aos Cuidados
Perioperatórios.
271
Pré e pós-operatório Cirurgia Geral
W Obesidade;
Atividade METS
W Presença de apneia obstrutiva do sono;
Fazer trabalhos pesados em casa,
W Uso de álcool, tabaco e outras substâncias; como esfregar/lavar o piso, levantar 8
ou deslocar móveis pesados?
W Antecedente pessoal ou familiar de complicações
anestésicas. Correr uma distância curta? 8
Fonte: Gualandro1.
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DIA A DIA MÉDICO
(através da estimativa do consumo de oxigênio/kg/
min), sendo avaliado a partir das atividades diárias
Como, de forma um pouco simplificada, triar, logo na
do paciente, no intuito de inferir sua capacidade anamnese, se o paciente tolera ou não 4 METs?
funcional habitual.
Lembre-se de perguntar 4 coisas: “Você:
Como avaliamos esses METS?
W Sobe 2 lances de escadas?
Fazer trabalhos no jardim/quintal, A escala de Karnofsky, por sua vez, avalia o paciente
como usar o rastelo, juntar folhas ou 4.5
em seu Performance Status. No entanto, ela o avalia
usar a máquina de cortar grama?
não numa situação de demanda energética, como
Subir um lance de escada ou no METS, mas, sim, no quão comprometido está o
5.5
caminhar em uma subida?
estado basal do paciente.
Participar de atividades esportivas, como
7.5
natação, tênis individual ou futebol?
272
Pré e pós-operatório Cap. 13
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0% Óbito. sem a cirurgia efeito de massa.
Fonte: Adaptada pelo autor de Gualandro et al.1 Morte Paciente que será submetido à
VI
encefálica cirurgia de captação de órgãos.
273
Pré e pós-operatório Cirurgia Geral
Radiografia de tórax
5. COMORBIDADES
Eletrocardiograma
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Fonte: Adaptada pelo autor de Gualandro et al.1
5.1. HIPERTENSÃO ARTERIAL
Esses exames servem para nortear alguns cuidados
com o paciente e, sobretudo, como ponto de par- Quando não controlada, aumenta a incidência de
tida para a avaliação complementar pós-cirúrgica complicações cardíacas, neurológicas e renais
deste. São realizados na maioria das cirurgias de (exemplos: edema agudo de pulmão, AVC e injúria
grande porte em adultos e de acordo com a idade renal aguda). Portanto, seu controle é importante!
do paciente. A idade a partir da qual se solicita O alvo pressórico é que é controverso.
exames, bem como a combinação de exames a ser
O ideal é um controle ótimo da pressão arterial
solicitada por idade, varia na literatura. De acordo
para níveis normais. Entretanto, para pacientes
com as Diretrizes Brasileiras, e seguindo a tendên-
demasiadamente descontrolados (vamos supor,
cia da literatura, a partir dos 40 anos passamos a
sustentando níveis pressóricos de cerca de 210
pedir exames complementares aos pacientes em
x 160 mmHg), toleram-se níveis não ideais de até
pré-operatório.
160 x 110 mmHg.
Dessa forma, uma das informações mais impor-
Para esses pacientes, devemos solicitar eletrocardio-
tantes que tiramos daqui é que, em pacientes <40
grama, função renal e eletrólitos no pré-operatório.
anos, ASA 1, não há necessidade de solicitar nenhum
exame complementar (salvo se a cirurgia em si o
demandar). 5.2. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
274
Pré e pós-operatório Cap. 13
será útil para caracterizar e quantificar as disfunções O pulo do gato aqui, porém, é identificar o paciente
de câmaras e válvulas e medir o débito cardíaco. sem diagnóstico prévio, oligossintomático ou sob
risco coronariano: leia o enunciado em busca da
A presença de insuficiência cardíaca por si só con-
descrição de sintomas anginosos, IAM prévio rela-
figura alto risco cardiovascular, sobretudo se na
tado direta ou indiretamente, ou aquele traçado de
presença de disfunção valvar importante – assim,
sequela de IAM prévio no ECG. Todos esses pacien-
é importante atentar e procurar uma doença coro-
tes, assim como aqueles que tolerem menos que 4
nariana associada. A presença de insuficiência
METS, deverão passar por avaliação com especia-
cardíaca classe funcional lV, em cirurgias eletivas,
lista e investigação complementar: ecocardiograma
é responsável por adiar o procedimento cirúrgico.
de estresse, cintiolografia miocárdica, angiotomo-
grafia coronariana ou cineangiocoronariografia.
5.3. CORONARIOPATIAS
5.4. ARRITMIAS
São, naturalmente, doenças de alto risco cardio-
vascular. A presença de uma coronariopatia clínica
Pacientes com bradiarritmias devem ter uma estra-
já conhecida motiva avaliação especializada no
tégia de manejo clara da frequência cardíaca, com
pré-operatório, com cardiologista, que realizará
atropina a postos para a cirurgia, se necessário. Pode
investigação complementar. De acordo com sua
ser necessário o uso de marca-passo transcutâneo
avaliação clínica e complementar, o cardiologista
ou transvenoso.
inicialmente irá estratificar o risco cardiovascular
coronariano do paciente e, após isso, propor uma Pacientes com taquiarritmias devem estar em uso
estratégia de controle e otimização do quadro. Essa correto dos fármacos que suprimem ou controlam
estratégia pode envolver desde medidas medica- a frequência cardíaca. Nas ditas arritmias de alto
mentosas simples até angioplastia ou revasculari- grau, com destaque para os bloqueios atrioventri-
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zação cirúrgica do miocárdio. culares, há um alto risco cardiovascular associado.
Os pacientes com angina estável devem ter sua
avaliação clínica com METS realizada e, se neces- 5.5. DPOC
sário, exames complementares. A terapia prévia
condiciona-se ao estado coronariano do paciente A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma comor-
e pode ser clínico-medicamentosa ou mesmo inter- bidade grave e de importância pré-operatória. O
vencionista/cirúrgica. paciente deve ser estimulado a cessar o tabagismo,
Pacientes com angina instável são de muito alto caso ainda seja tabagista ativo. A avaliação pelo
risco cardiovascular e, a princípio, só devem ser pneumologista se torna necessária e é comple-
operados em situações de exceção ou emergência. mentada por uma espirometria.
Caso contrário, é de suma importância seu controle Pacientes Gold I e II, em geral são candidatos à
coronariano prévio (angioplastia/revascularização). maioria das cirurgias. Mas os pacientes Gold III e IV
Os pacientes com IAM recente têm que ser avaliados são de alto risco respiratório e deve ser ponderado
quanto a terem ou não recebido anteriormente a o risco vs. benefício cirúrgico.
terapia de revascularização. Após revascularizados, Buscando-se evitar complicações no pós-operatório
funcionam como o paciente da angina estável. É (exacerbação de doença/pneumonia/broncosco-
digno de nota, porém, que, após o infarto, depen- pasmo), pode-se lançar mão de terapia inalatória
dendo do cenário, pode-se operar tão precoce quanto pré-operatória com B2 agonista de longa duração,
em 30 dias, mas o ideal é aguardar pelo menos 6 ipratrópio e/ou corticoide inalatório, associada ou
meses (e vale lembrar que esse paciente muito pro- não à ventilação não invasiva no pós-operatório
vavelmente estará em uso de dupla antiagregação (desde que não haja contraindicação cirúrgica). A
plaquetária com AAS + clopidogrel). fisioterapia respiratória é também importante, tanto
no pré quanto no pós-operatório.
275
Pré e pós-operatório Cirurgia Geral
METS <4
5.7. DIABETES MELITO
Fonte: Gualandro1.
Doença EXTREMAMENTE prevalente na nossa
população e nos enunciados de questão. Traz risco Encontrou um paciente com alto risco cardiovascular
aumentado de eventos desfavoráveis no pós-ope- no enunciado? Fique tranquilo. Esse paciente deve
ratório, sejam eles cardiovasculares, renais ou neu- receber AAS e sinvastatina. Se ele tolera 4 METS,
rológicos, além dos propriamente endócrinos e mas tem fatores de risco, deve ser submetido a
cirúrgicos. É importante o controle da doença no um teste de esforço. Se ele não tolera esses 4
pré-operatório. METS e tem fatores de risco, deve-se realizar teste
com estresse farmacológico. Além disso, pode ser
Deve-se dosar a glicemia de jejum e a hemoglobina
necessário um exame mais profundo e específico,
glicada no pré-operatório. Assim como na hiperten-
como angiotomografia coronária ou cineangioco-
são, o controle ideal a níveis normais de glicemia
ronariografia.
e hemoglobina glicada pode não ser alcançado,
tolerando-se limites de glicemia de jejum de até
130 e hemoglobina glicada de até 7,0.
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6. TRANSFUSÃO DE
Para esses pacientes, devemos solicitar eletro- HEMOCOMPONENTES
cardiograma, hemograma, glicose, função renal e
eletrólitos no pré-operatório.
Deve-se transfundir concentrado de hemácias no
pré-operatório a pacientes com anemias significati-
5.8. RISCO CARDIOVASCULAR
vas, com hemoglobina <7,0, no geral. Transfunde-se
mais precocemente a Hb <9,0, em casos específi-
O mais importante dos “riscos” pré-operatórios é a
cos, como coronariopatas ou cirurgias de alto risco
avaliação de risco cardiovascular. Existem escores
específico de sangramento.
e classificações para tal, como Goldman, que você,
felizmente, não precisa decorar. Quanto às plaquetas, utiliza-se o limiar de 50.000
para uma cirurgia eletiva, e plaquetopenias inferiores
O risco cardiovascular refere-se à tentativa de iden-
a esse valor devem ser corrigidas. Para as cirurgias
tificar fatores de risco para a ocorrência de eventos
oftalmológicas e neurais, deve-se utilizar o valor de
cardiovasculares maiores no pós-operatório, como
100.000 plaquetas como ponto de corte.
a síndrome coronariana aguda e, a partir daí, pros-
segue-se à investigação ou à terapia cardiovascular Por fim, uma coagulopatia manifestada ao labora-
no pré-operatório. tório com RNI alargado >1,5 deve também ser corri-
gida. A correção é feita com transfusão de Plasma
Fresco Congelado. Se em tempo hábil, a injeção de
Vitamina K por 3 dias pode corrigir o problema e,
assim, economizar a necessidade do plasma.
276
Pré e pós-operatório Cap. 13
7.5. ANTICOAGULANTES
7. M EDICAMENTOS NO
PRÉ-OPERATÓRIO A Varfarina é um potente anticoagulante e eleva
muito o risco de sangramento intraoperatório. Para
A regra, no geral, vai ser MANTER as medicações. reversão da anticoagulação pela Varfarina, quando
Vamos nos dedicar aqui, então, às medicações que necessário (como na impossibilidade de se aguardar
devem ser ajustadas, substituídas ou suspensas. a autorreversão após a suspensão do fármaco),
pode-se lançar mão de reposição de Vitamina K por
3 dias ou transfusão de plasma fresco congelado.
7.1. BETABLOQUEADORES
Havendo tempo hábil, porém, a Varfarina é descon-
São fármacos cardioprotetores e devem sempre tinuada pelo menos 5 dias antes do procedimento,
ser mantidos. Sua suspensão acarreta aumento e é necessário verificar o RNI num coagulograma.
de eventos cardiovasculares pós-cirúrgicos. Em Nesse intervalo, o paciente é mantido sob anticoa-
coronariopatas, caso não haja uso prévio da medi- gulação com heparinização plena.
cação, esta deve ser introduzida cerca de uma As heparinas em uso terapêutico pleno, sejam elas
semana antes do procedimento, com o mesmo não fracionadas ou de baixo peso molecular, são
intuito cardioprotetor. suspensas 12h antes do procedimento cirúrgico e
reintroduzidas 12-24h após o procedimento.
7.2. ANTI-HIPERTENSIVOS Por fim, os novos anticoagulantes orais, como a
rivaroxabana (Xarelto®): para os pacientes que uti-
Medicamentos anti-hipertensivos, como inibidores lizam os novos antiagregantes plaquetários, como
da ECA, devem ser continuados, sem alterações em a rivaroxabana, devem ser interrompidos 24 a 48
seu plano de uso. horas antes do procedimento.
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7.3. ESTATINAS 7.6. CORTICOIDES SISTÊMICOS
277
Pré e pós-operatório Cirurgia Geral
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gastrointestinais, capacidade funcional, estresse e
demanda metabólica associados a dados específi-
Quadro 2. Medicações no pré-operatório. cos de exame físico, como perda de gordura/massa
Medicação Manejo muscular e edema de partes moles.
Antidiabéticos orais
Substituir por Aponta para desnutrição pré-operatória a presença
insulina rápida de dois ou mais dos sinais abaixo:
Insulina intermediária Substituir por insulina
prévia rápida + intermediária
Tabela 5. Sinais de desnutrição pré-operatória.
Betabloqueadores Manter
Sinal Caracterização
Manter OU Suspender
AAS >10% em 6 meses,
7 dias antes Perda ponderal
OU >5% em 1 mês
Suspender 7-10 dias
AAS + clopidogrel Subjetiva ou
antes, sempre Ingesta calórica
objetivamente (<50%
Estatinas Manter insuficiente
do ofertado)
Varfarina Suspender 5-7 dias Perda de massa muscular Quadríceps e deltoides
Heparina terapêutica Suspender 12-24h Perda de tecido
Tríceps e tórax
subcutâneo
Manter + dose extra
Corticoides
na indução e por 48h Medida no handgrip
Piora do estado funcional
(aperto de mão)
Levotiroxina Manter
IMC reduzido <17
Anti-hipertensivos Manter
Edema de partes moles Sacral e perimaleolar
Fonte: Elaborada pelo autor.
278
Pré e pós-operatório Cap. 13
Sinal Caracterização
O cateter nasoentérico tem caráter transitório, sendo
utilizado como ponte a uma via alternativa definitiva
Tireomegalia cirúrgica ou até a correção da causa da má aceita-
Úlceras de pressão ção da dieta. É muito utilizado no pré-operatório de
Outros sinais pacientes que têm uma doença cirúrgica, causando
Alopecia
impossibilidade alimentar (um tumor esofágico, por
Glossite e queilite angular exemplo), ou então em pacientes que aguardam
Fonte: Elaborada pelo autor. uma gastrostomia definitiva.
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A dieta oferecida ao paciente pode ser plena ou nistrada num cateter venoso central.
mesmo hiperproteica e hipercalórica, mas fique
tranquilo(a): a avaliação das necessidades nutri-
Quadro 3. Reabilitação nutricional no
cionais do paciente e o cálculo da oferta não são paciente desnutrido no pré-operatório.
o foco das nossas provas. O mais importante é a
determinação da via alimentar. Conduta no paciente desnutrido
no pré-operatório
279
Pré e pós-operatório Cirurgia Geral
O jejum pré-operatório tem o objetivo de trazer segurança O primeiro dado é a classificação de Mallampati,
à via aérea. Espera-se um tempo adequado para o esvazia- ao se inspecionar a orofaringe por oroscopia. Os
mento gástrico máximo, de forma a minimizar o risco de
Mallampati III e IV apontam para Via Aérea Difícil.
broncoaspiração à indução anestésica e intubação. Mas
será que o tempo de jejum pré-operatório necessário é o
mesmo ao se beber um copo de água ou comer, digamos, Tabela 7. Classificação de Mallampati.
um prato de feijoada?
Mallampati O que você vê
Líquidos claros Água, chá Duas horas palato mole, fauces e base
III
da úvula visíveis
Líquidos
Quatro a IV Apenas palato duro visível
opacos/com Sucos, leite
seis horas
resíduo
Fonte: Elaborada pelo autor.
Carne,
Dieta sólida Oito horas
massas etc.
Também apontam para via aérea difícil outros dados
Fonte: Elaborada pelo autor. clínicos como: anquilose cervical, obesidade cervical
anterior (“papo”), microstomia e abertura oral ina-
Portanto, veja que é bem possível manter uma ingesta de dequada, alteração anatômica orofaríngea/glótica
líquidos claros até bem próximo do horário da cirurgia. (como tumores).
Com isso, nós conseguimos tirar o paciente do “soro de
manutenção” pré-operatório, usado nos jejuns prolonga-
dos. É possível manter o paciente sem soro e em jejum ao
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longo do período de espera cirúrgica e o manter hidratado DICA
A prova normalmente pergunta so-
com oferta calórica, permitindo, até duas horas antes da bre o Mallampati lll. A dica é olhar para a
cirurgia, água e xarope de maltodextrina por via oral – o que úvula: úvula e outras estruturas da orofarin-
é o ideal, pois a hidratação venosa excessiva no paciente ge visíveis são Mallampati l. Apenas a úvula
cirúrgico traz riscos: hiperidratação e congestão pulmonar,
visível é Mallampati ll. Úvula parcialmente
edema de extremidades e íleo adinâmico pós-operatório.
visível é lll e úvula não vista é lV. Lembre-se
Em urgências abdominais, porém, não se deve aguardar um da úvula e mate a questão.
tempo de jejum pré-operatório. É uma urgência cirúrgica
e o maior tempo de espera para a abordagem acarreta
maior risco de agravamento do quadro. E, ainda que
aguardasse, não haveria esvaziamento gástrico adequado, Tabela 8. Sinais de Via Aérea Difícil.
visto que, em abdomes agudos, há um mau esvaziamento
gástrico. Nesses casos, o anestesista presume risco de Apontam para via aérea difícil
broncoaspiração e procede à estratégia de Intubação em
Mallampati III e IV
Sequência Rápida.
Anquilose cervical
280
Pré e pós-operatório Cap. 13
REFERÊNCIAS
DIA A DIA MÉDICO
Reconhecer um paciente com potencial via aérea difícil 1. Gualandro DM, Yu PC, Caramelli B, Marques AC, Calderaro
é fundamental para realizar intubação eletiva. Além dos D, Fornari LS, et al. 3ª Diretriz de Avaliação Cardiovascular
critérios citados acima, um de fundamental importância é Perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq
o antecedente pessoal de via aérea difícil. Se o paciente Bras Cardiol. 2017;109(3 – supl. 1):1-104.
lhe conta que já houve tentativa prévia de intubação em
outra ocasião e que foi difícil, esse fator, ainda que não
haja nenhum outro presente, deve ser levado em consi-
deração, e você deve considerar esse paciente com via BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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aérea difícil até que se prove o contrário.
E, diante de um paciente com via aérea difícil, o que você
faz? Wells PS, Anderson DR, Rodger M, Ginsberg JS, Kearon C,
Gent M, et al. Derivation of a simple clinical model to cate-
gorize patients with a probability of pulmonary embolism:
increasing the models utility with the SimpliRED D-dimer.
W Otimizar o posicionamento do paciente;
Thromb Haemost. 2000;83:416-20.
W Otimizar sua técnica de laringoscopia, inclusive com
manobras específicas (pode ser a Manobra de Sellick
ou a Manobra de BURP);
W Otimizar material: tubos e laringoscópios de tamanhos
diferentes;
W Deixar dispositivos que otimizam a ventilação à dis-
posição (cânula de Guedel, máscara laríngea, tubo
laríngeo, por exemplo);
W Deixar separado material para puncionar a membrana
cricotireoidea e, também, para obter via aérea cirúr-
gica de forma emergencial, se necessário, através da
cricotireoidostomia convencional.
281
Pré e pós-operatório Cirurgia geral
Mapa mental
Pré e pós-operatório
Paciente Cuidados
Identificação e Solicitação
Nutricionais
Controle de estratificação de de exames
comorbidades riscos clínicos
e cirúrgicos
Para quem
Avaliar :
- estado
pedir
nutricional
O que -via alimentar
avaliar? -necessidade A: age > 40a
de reabilitação B: Bucha
alimentar (porte 3 ou 4)
C: Compromet.
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estado geral
Via aérea Capacidade Performance D: Dois (ASA
difícil? funcional status 2 ou +
Medicamentosos
Específicos
Varfarina -->
ASA ponte com
Substituir enoxaparina
Em função da
Metformina
comorbidade
--> Insulina -
de resgate
Aumentar
dose Corticoide
282
Pré e pós-operatório Cap. 13
QUESTÕES COMENTADAS
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⮩ Também é utilizado no diagnóstico de coagula- ⮨ Os pacientes que recebem orientações no pré-
ção intravascular disseminada. -operatório não apresentaram redução da an-
⮪ Avalia o efeito do clopidogrel, rivaroxabana e siedade quanto à anestesia, cirurgia e dor pós-
dabigatrana. -operatória.
⮩ A cessação do tabagismo e do etilismo no pré-
-operatório reduz as complicações intra e pós-
Questão 2
-operatórias.
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL-RS-2021) São
fatores de risco para complicação pulmonar
Questão 4
pós-operatória:
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE-MG-2021)
⮦ Idade >60 anos, tabagismo e classificação ASA I.
Os exames pré-cirúrgicos devem sempre ser:
⮧ Insuficiência cardíaca congestiva, IMC 18-24 kg/
m² e hipertensão pulmonar. ⮦ Solicitados somente se houver dúvidas quanto
⮨ Transfusão perioperatória, ASA I e IMC 18-24 ao procedimento.
kg/m². ⮧ Discutidos com a equipe que irá participar da
⮩ São fatores de risco para complicação pulmonar cirurgia.
pós-operatória: ⮨ Solicitados, mas basta uma avaliação do anes-
tesista para a realização do procedimento.
⮩ Reavaliados quanto à sua necessidade antes do
Questão 3
procedimento.
(AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE APUCARANA-PR-2021)
Os protocolos de recuperação otimizada após as
283
Pré e pós-operatório Cirurgia Geral
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Questão 6
⮧ A anestesia geral não poderá ser realizada pois
(FUNDAÇÃO HOSPITALAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS-MG-2021) trata-se de cirurgia em regime ambulatorial.
Paciente de 25 anos de idade, portador de hérnia
⮨ A associação de hipertensão e diabetes deveria
umbilical, será submetido a tratamento cirúrgico.
contraindicar a realização desta cirurgia em re-
Em seu preparo pré-operatório, é fundamental que
gime ambulatorial.
seja realizado(a):
⮩ A raquianestesia poderá ser realizada desde que
⮦ Radiografia do tórax. não haja contraindicações específicas.
⮧ Eletrocardiograma.
⮨ Dosagem de glicemia em jejum. Questão 9
⮩ Anamnese e exame físico detalhados.
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MÜLLER -MT-2021) A des-
nutrição peroperatória impacta negativamente na
Questão 7 evolução do paciente cirúrgico com aumento de
morbidade e mortalidade relacionado à cirurgia.
(PROCESSO SELETIVO UNIFICADO- MG-2021) A terapia nutri- Sobre o tema, assinale a afirmativa correta.
cional adequada é muito útil no manejo de pacientes
com fístulas intestinais, interferindo diretamente em ⮦ As necessidades nutricionais do paciente inde-
seu prognóstico. Em relação ao emprego de terapia pendem do seu peso.
nutricional em pacientes com fístulas digestivas, ⮧ A redução da ingestão de calorias resulta em
assinale a alternativa ERRADA: perda de gordura, músculo até massa visceral
e óssea com consequente perda de peso e re-
⮦ A nutrição enteral deve ser considerada como
tração do volume líquido corporal extracelular.
opção em pacientes com fístulas de esôfago,
íleo distal e cólon.
284
Pré e pós-operatório Cap. 13
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terapia respiratória. ⮦ Biópsia por ecoendoscopia.
⮪ Dieta líquida, trocar os curativos cirúrgicos, mes- ⮧ Avaliação da coagulação.
mo que limpos, repouso absoluto.
⮨ Dosagem de aminotransferases e bilirrubinas.
⮩ Eletrocardiograma e radiografia de tórax.
285
Pré e pós-operatório Cirurgia Geral
GABARITOS E COMENTÁRIOS
Y Dica do autor: O tempo de protrombina ou TP é Y Dica do autor: O projeto ERAS foi um estudo que
um exame de sangue que avalia a capacidade do objetivou definir medidas para recuperação ace-
sangue para coagular, isto é, o tempo necessário lerada do paciente cirúrgico. Tal estudo mostrou
para estancar uma hemorragia. Neste caso a via que o jejum pré-operatório deve ser abreviado; a
avaliada é a via extrínseca da coagulação com os realimentação deve ser precoce, de acordo com
fatores VIIa, Xa, IIa, sendo os atingidos pelos efei- a aceitação do paciente, na maioria das vezes; de-
tos dos anticoagulantes cumarínicos. vemos prevenir náuseas e vômitos; reduzir fluidos
✔ resposta: B endovenosos para no máximo 30mL/kg/dia; uso
racional de sondas e drenos; analgesia regular, evi-
tando o uso de opiáceos; mobilização ultraprecoce;
Questão 2 dificuldade: tricotomia apenas após a indução anestésica; cor-
reção de anemia e distúrbios hidroeletrolíticos no
Y Dica do autor: As complicações respiratórias no
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pré-operatório; cessação do etilismo e tabagismo;
pós-operatório costumam surgir 5 dias após o
dentre outros. Porém, sabe-se que a orientação do
procedimento cirúrgico em decorrência, principal-
paciente acerca da cirurgia, anestesia e pós-opera-
mente, de atelectasia e restrição da musculatura
tório está associada á redução da ansiedade. Logo,
respiratória . O ARISCAT é um dos escores mais
a alternativa incorreta é a presente na letra C.
utilizados para estratificar o risco desse paciente.
✔ resposta: C
Entre os fatores de risco que contribuem para o de-
senvolvimento de complicações pulmonares estão:
insuficiência cardíaca congestiva, a classificação dificuldade:
Questão 4
de risco cirúrgico (ASA) II ou maior, a dependência
funcional, assim como idade avançada > 60 anos, Y Dica do autor: A avaliação pré-operatória é base
redução de saturação periférica de oxigênio, infec- fundamental para o manuseio do paciente cirúrgico
ção respiratória no mês antecedente ao procedi- e pode reduzir riscos e contribuir para um melhor
mento cirúrgico, anemia, incisão cirúrgica próxima desfecho da cirurgia. Nesse contexto destacam-se
ao diafragma, longa duração da cirurgia e cirurgia a história clínica e o exame físico, que são respon-
de emergência. Em cirurgias não cardíacas, ainda sáveis, na maioria dos casos, pelo diagnóstico da
podem ser elencados outros fatores: albumina < 3g/ doença. A seleção de exames laboratoriais pré-ope-
dl, DPOC, anestesia geral, pCO2>45 mmHg, raio-x ratórios (testes específicos ou exames por ima-
de tórax alterado, tabagismo nas últimas 8 meses, gens) deve ser feita como medida complementar
uso de SNG. à suspeita clínica. A solicitação indiscriminada e
✔ resposta: D rotineira é desnecessária e implica, além de cus-
tos adicionais para a instituição, a possibilidade de
resultados falso-positivos, com repercussões mais
ou menos graves nos pacientes.
286
Pré e pós-operatório Cap. 13
Alternativa A: INCORRETA. Solicitados, quando ne- pré-anestésica com o que toda consulta deve ter:
cessários, como medida complementar a suspeita anamnese e exame físico.
clínica do procedimento ou para avaliar risco. ✔ resposta: D
Alternativa B: CORRETA. Toda equipe deve estar cien-
te e bem informada sobre o quadro específico do Questão 7 dificuldade:
paciente.
Y Dica do autor: Pacientes desnutridos têm maior pro-
Alternativa C: INCORRETA. Avaliados por toda equi-
babilidade de apresentarem complicações, sepse,
pe cirúrgica.
retardo no fechamento da fístula e maior mortali-
Alternativa D: INCORRETA. Sempre reavaliados antes dade. A presença de fístula está associada à ano-
do procedimento. rexia, ao aumento das perdas hídricas, eletrolíticas
✔ resposta: B e nutricionais e ainda ao aumento das necessida-
des nutricionais, vitamínicas e de micronutrientes,
favorecendo a desnutrição rápida.
Questão 5 dificuldade:
Alternativa A: CORRETA! Fístulas altas (esofágicas,
Y Dica do autor: Os algoritmos de avaliação de ris- estomacais, duodenais), colônicas e naquelas onde
co perioperatório utilizam os dados obtidos da seja possível passar sonda distalmente, podemos
história e do exame físico e modificam o risco du- utilizar nutrição enteral.
rante e após o período perioperatório.. O estudo Alternativa B: INCORRETA. Um dos propósitos da nu-
dos registros médicos em prontuários e de fichas trição entérica (indicada em casos de fístulas como
anestésicas é útil para resgatar informações pré- descrito acima) é manter a integridade da mucosa
vias. Entre as informações obtidas da história para gastrointestinal, prevenindo sua atrofia. Não há
orientar a avaliação do risco cirúrgico, estão: in- obrigatoriedade em se lançar mão de formulações
formações sobre a doença de base que indicou o oligoméricas (indicadas especialmente em casos
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procedimento cirúrgico, incluindo informações do com condições disabsortivas).
cirurgião sobre o risco e o local do procedimento;. Alternativas C e D: CORRETAS! Consideramos de alto
a disponibilidade de suporte técnico de pessoal e débito aquelas que superam 500 mL/ dia. Caso
de equipamentos; o tipo de anestesia; o tempo ci- ocorra aumento expressivo do débito, devemos
rúrgico estimado e a necessidade de transfusão; regredir da nutrição enteral para parenteral total.
dados clínicos, sociodemográficos e culturais, como
✔ resposta: B
idade, sexo, tipo sanguíneo, sorologia positiva para
vírus C e aceitação de transfusão; dados para ava-
Questão 8 dificuldade:
liar o estado psicológico/psiquiátrico do paciente;
investigação minuciosa de antecedentes cirúrgicos Y Dica do autor: ABCDE dos melanomas: Assimetria,
ou anestésicos, que podem revelar complicações Bordas irregulares, Coloração suspeita, Diâmetro
potencialmente evitáveis ou alergias; e determina- maior que 6 mm e Evolução desfavorável.
ção da capacidade funcional, indagando sobre as Alternativas A e C: INCORRETAS. A menos que tivés-
atividades do cotidiano. semos descrição de se tratar de um melanoma
✔ resposta: A enorme, cheio de neovascularização.
Alternativa B: INCORRETA. Novamente, não há obriga-
toriedade nem de técnica geral nem local, cabendo
Questão 6 dificuldade:
a equipe de anestesiologia a decisão.
Y Dica do autor: Questão clássica sobre exames Alternativa D: CORRETA! Consta-se nos protocolos
pré-operatórios. Pela questão, o paciente sem co- de fast-tracking a raquianestesia em regime am-
morbidades (ASA 1), < 40 anos e cirurgia de bai- bulatorial, a depender das condições cirúrgicas e
xo risco NÃO demanda necessidade de nenhum disponibilidade técnica e de equipe habilitada!
exame complementar. Apenas de uma consulta
✔ resposta: D
287
Pré e pós-operatório Cirurgia Geral
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classicamente perda de gordura, músculo e, mais a absorção de vitaminas lipossolúveis, a exemplo
tarde, massa visceral. Com tudo, associado, ocor- da vitamina K, que atua nos fatores II, VII, IX e X.
re aumento do volume extracelular, com edema
Alternativa A: INCORRETA. Não há necessidade de
e, mais raramente, anasarca. Uma das causas do
biópsia guiada por ECO-EDA.
edema é a redução da pressão coloidosmótica do
plasma por redução dos níveis de proteína sérica. Alternativa B: CORRETA. O quadro de icterícia pode
alterar a função hepática – consequentemente, da
Alternativa C: CORRETA. A resposta orgânica ao trau-
cascata de coagulação –, devido à diminuição da
ma pode levar ao aparecimento ou agravamento de
absorção de vitaminas lipossolúveis, como a vita-
desnutrição pré-existente, queda da qualidade de
mina K.
imunidade do paciente e possibilidade de falha de
cicatrização e aparecimento de infecções. Alternativa C: INCORRETA. Apesar de ser aceita e
realizada em diversos serviços, a questão pergunta
Alternativa D: INCORRETA. O balanço nitrogenado
sobre o exame ESSENCIAL.
do indivíduo somente torna-se positivo após o ter-
ceiro dia no pós-operatório, por predominância Alternativa D: INCORRETA. Não há necessidade de
de catabolismo sobre anabolismo, com perda de ECG e radiografia de tórax em um paciente ASA 1
massa magra. com 38 anos.
✔ resposta: C ✔ resposta: B
Questão 10 dificuldade:
288
Capítulo
PRINCÍPIOS DA ANESTESIA
14
importância/prevalência
u A anestesia geral consiste em uma técnica que promove inconsciência completa, abolição da dor e ate-
nuação das respostas somáticas nociceptivas e autonômicas. Quando submetido à anestesia geral, o
paciente perde a capacidade de respirar espontaneamente, sendo necessária a intubação ou o suporte
ventilatório assistido. Didaticamente, dividimos essa técnica em três fases: indução anestésica, manuten-
ção e recuperação anestésica.
u Anestesia neuroaxial: obtida pela ação dos anestésicos locais nas raízes nervosas espinhais. Na aneste-
sia raquidiana é injetado conteúdo anestésico no espaço subaracnoide, através de uma punção lombar,
gerando um bloqueio que se estende caudal à altura realizada. Já na anestesia peridural é injetado conteúdo
anestésico no espaço peridural, promovendo anestesia em faixa.
u Nos bloqueios regionais, o objetivo é alcançar analgesia na área inervada pelo nervo em questão que foi
bloqueado.
u Os anestésicos locais são usados em diversas pequenas cirurgias, suturas e diversos procedimentos
percutâneos, após injeção tecidual. A eficácia deles depende do volume, da concentração, da solubilidade
lipídica e da pKa.
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1. INTRODUÇÃO 2. TIPOS DE ANESTESIA
289
Princípios da anestesia Cirurgia geral
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Já o bloqueio das respostas autonômicas (respiração, mento muscular, necessário para intubar o paciente
hemodinâmico, sudomotor e hormonal) necessita de e melhorar o acesso cirúrgico, faz parte do bloqueio
maior profundidade anestésica.
da resposta motora ao estímulo nociceptivo. A
No quadro abaixo podemos ver os estímulos e as respos- anestesia geral pode ser alcançada com medica-
tas a serem abolidas na anestesia geral, com dificuldade ções inalatórias ou venosas. O paciente perde a
crescente de supressão.
capacidade de respirar espontaneamente, sendo
necessário suporte ventilatório.
290
Princípios da anestesia Cap. 14
sedação, analgesia e relaxamento muscular têm checamos todo o equipamento, tomamos conhecimento
influência direta no intra e no pós-operatório. A das comorbidades e características do paciente e do pro-
cedimento cirúrgico para planejarmos as medicações a
sedação superficial ou a analgesia inadequada
serem utilizadas, os acessos, a monitorização etc., além
podem ocasionar resposta adrenérgica no intraope- de checar os protocolos de segurança. A fase de indução
ratório. O relaxamento muscular no intraoperató- seria o momento de decolagem da aeronave: paciente
rio é de suma importância para alguns tipos de perde a consciência e o controle da própria ventilação.
cirurgia, pois possibilita fechamento de estrutu- Nesse momento, ele será intubado ou assistido manual-
ras, como parede abdominal com maior facilida- mente pelo anestesiologista. A fase de manutenção seria
o voo propriamente dito, momento em que utilizamos
de pelo cirurgião, além de manter a imobilidade
medicações para manter a inconsciência, a analgesia e
do paciente e a ausência de reflexos musculares o relaxamento muscular, que dura o tempo necessário
involuntários. A analgesia adequada no pós-ope- para a realização do procedimento cirúrgico. E, por fim,
ratório também é fundamental: paciente com dor a fase de recuperação seria a aterrissagem do avião,
evita movimentar-se, evita expansão adequada momento em que o paciente retoma o controle da sua
da caixa torácica. Portanto, paciente que rece- função ventilatória, da sua consciência e dos seus movi-
mentos musculares.
beu uma analgesia adequada no intraoperatório,
nessa fase de manutenção, associada à correta
analgesia no pós-operatório, poderá deambular
precocemente e expandir de maneira adequada 3.1. ANESTESIA RAQUIDIANA
os pulmões, diminuindo o risco de tromboses e
atelectasias, respectivamente.
BASES
u Recuperação: é o despertar da anestesia. Fase
em que o paciente assume a função ventilatória,
As meninges espinhais têm três membranas protetoras:
o nível de consciência e a capacidade de contra-
dura-máter, aracnoide e pia-máter. Dura-máter é a mais
ção muscular. externa e mais densa. O espaço entre o ligamento amarelo
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e a dura-máter é chamado de peridural. Entre a dura-máter
e a aracnoide fica o espaço subdural. E entre a aracnoide
DIA A DIA MÉDICO e a pia-máter fica o espaço subaracnoideo (a pia-máter
é a membrana que está em volta da medula espinal).
Paciente sob efeito de bloqueador neuromuscular com
inadequado plano anestésico pode ter uma complicação
que chamamos “despertar transoperatório” ou Recall. O anestésico (anestésico local e/ou opioides) é
Quando esse despertar dura mais tempo, pode ocorrer injetado dentro do espaço subaracnoideo através
memória explícita (o paciente relata fatos ocorridos no de uma punção lombar, gerando um bloqueio pre-
intraoperatório). As consequências podem ser graves, coce e esperado que se estende de forma caudal
propiciando o desenvolvimento de transtorno de estresse à altura realizada (podendo ser influenciado pela
pós-traumático a longo prazo. Por outro lado, paciente
densidade do fármaco). Nessa técnica, o anestésico
sob anestesia geral muito profunda tem uma lentifica-
ção excessiva da atividade cerebral, sendo bastante se mistura com o líquido cefalorraquidiano, por isso
prejudicial para idosos e paciente críticos. Taquicardia, são necessárias baixas doses para o efeito dese-
hipertensão, sudorese, lacrimejamento, taquipneia e jado. É utilizado para cirurgias no andar inferior do
movimento podem ser sinais indiretos de inadequação abdome ou nos membros inferiores. Pode levar à
de profundidade anestésica. Porém, existem monitores bradicardia e à hipotensão, caso haja bloqueios dos
específicos que medem e interpretam a atividade elétrica
nervos simpáticos cardíacos. Outra complicação
cerebral, como o BIS (Índice biexpectral). Valores médios
entre 40-60 indicam plano anestésico adequado para o comum, acontecendo em até 1/5 dos casos, é a
paciente submetido à anestesia geral. Valores superiores retenção urinária aguda (principalmente quando se
a 60 podem indicar superficialização, e valores inferiores administram opiáceos), que tem evolução benigna,
a 40, supressão excessiva da atividade elétrica. com resolução espontânea ou após sondagem
Na prática clínica da anestesiologia, fazemos uma asso- vesical de alívio.
ciação didática com a aviação: antes de iniciar o “voo”,
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Princípios da anestesia Cirurgia geral
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e não do espaço intratecal. Leva a um bloqueio de na primeira tentativa, pode-se tentar uma segunda.
dermátomos específicos, de acordo com a raiz ner- Importante lembrar que a cefaleia pós-punção é mais
vosa bloqueada. A gordura peridual tem importância comum em mulheres jovens, quando a anestesia raqui-
na duração do efeito do fármaco. Quanto menos diana foi difícil, ou seja, quando foram necessárias múl-
lipossolúvel a medicação (por exemplo, a morfina), tiplas punções ou quando houve o que chamamos de
acidente de punção, que consiste na perfuração da dura-
menor será a absorção e maior o tempo de elimina-
-máter com agulha grossa no momento da peridural, já
ção (ou seja, seu efeito durará mais). Traz grandes que, neste caso, o orifício remanescente é maior.
benefícios no controle álgico pós-cirúrgico, pois é
usual deixar um cateter após a punção para repetir
a analgesia durante ou até após o procedimento. A 3.3. BLOQUEIOS REGIONAIS
anestesia peridural pode ser usada em combinação
com outros tipos de anestesia para proporcionar
Bloqueio de plexos nervosos ou nervos específicos
mais conforto aos pacientes. Nos últimos anos,
com anestésicos locais. Causa analgesia apenas
diversos estudos têm mostrado que esse método
na área inervada pelo nervo em questão. É utilizado
traz benefícios pós-operatórios, reduzindo a taxa
para bloquear um membro superior ou inferior, de
de complicações pulmonares, cardíacas, gastroin-
diferentes formas. Antigamente era realizado apenas
testinais e até mortalidade em pacientes de alto
com base na anatomia e na parestesia, mas, com
risco. Além disso, o controle superior da dor reduz
o advento da ultrassonografia e dos estimuladores
a necessidade de opioide parenteral, diminuindo a
de nervos, a técnica vem sendo mais utilizada pelo
incidência dos seus efeitos adversos. A anestesia
aumento da segurança e pela facilitação na sua
peridural requer maior quantidade de anestésico
realização. Bloqueios periféricos estão associados
para que haja o efeito proposto e é de instalação
à melhor qualidade de recuperação pós-cirúrgica e
mais lenta e menos previsível.
menor tempo de internação.
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Princípios da anestesia Cap. 14
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É a droga mais utilizada, por ter uma boa relação
Diferentemente dos agentes inalatórios, nenhum
custo-benefício. É mais seguro que o halotano e
agente venoso sozinho tem a capacidade de garantir
contém pouco metabolismo sistêmico. Tem um forte
todos os princípios da anestesia. Por isso, eles são
odor, desagradável e irritante, para as vias aéreas,
utilizados em conjunto.
fazendo com que seja necessária a utilização de
outro agente, comumente um anestésico venoso,
durante a indução. Leva à redução da pressão arte- 5.1. PROPOFOL
rial, sobretudo pela redução da resistência vascular
sistêmica. Apresenta mínima depressão miocárdica, Tem apenas efeitos hipnóticos. É um sedativo
mantendo o débito cardíaco pelo aumento da fre- potente, com tempo de ação e despertar extrema-
quência cardíaca. Tem efeito cardioprotetor. Nos mente rápidos. É encontrado em formulações aquo-
pulmões, leva à diminuição do volume corrente e sas ou em emulsão contendo óleo de soja, lecitina
ao aumento da frequência respiratória, e inibe a e glicerol. Pode ser utilizado em infusão única para
resposta à hipóxia e à hipercapnia. Por ser pungente indução ou em infusão contínua de manutenção
e irritante, pode causar tosse e laringoespasmo na para garantir sedação em uma anestesia venosa
indução inalatória. total. É bastante utilizado em procedimentos endos-
cópicos e sedações em geral pelo despertar rápido
4.4. SEVOFLURANO (cerca de 2-8 min após injeção única). O propofol
induz à vasodilatação tanto venosa quanto arterial,
levando à hipotensão e à depressão miocárdica.
Tem rápido efeito de sedação e despertar. Está
Seu mecanismo de ação é pela potencialização
indicado para manutenção e indução de anestesia
dos receptores GABA-A e, quando administrado em
geral em pacientes adultos e pediátricos por con-
altas doses, produz padrão de supressão do EEG.
ter odor bem tolerado e causar mínima irritação
no trato respiratório superior. Leva à redução do
293
Princípios da anestesia Cirurgia geral
5.3. ETOMIDATO
DIA A DIA MÉDICO
5.2. CETAMINA
Etomidato causa alta incidência de náuseas e vômitos,
bem como dor local à injeção (por ter propilenoglicol na
formulação), que pode ser previamente atenuada com
BASES injeção de lidocaína ou opioide. Também pode induzir
mioclonias que podem ser atenuadas com uso de ben-
zodiazepínicos.
O isômero S é 3-4 vezes mais potente do ponto de vista
analgésico e apresenta metabolização e recuperação
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mais rápidas e com menos efeitos colaterais. Produz
depressão do SNC dose-dependente, com profunda anal- 5.4. BENZODIAZEPÍNICOS
gesia e amnésia, embora o paciente possa permanecer
consciente e manter reflexos de via aérea.
Classe de sedativos cujos principais representantes
são o Midazolan (ação curta), Lorazepam (ação
Tem efeito dissociativo, garantindo sedação super- intermediária) e o Diazepam (ação longa). Muito
ficial e analgesia. Tem como efeito o aumento da usados por terem efeitos ansiolíticos, amnésicos
pressão arterial e da frequência cardíaca, além de e anticonvulsivantes. Atuam como agonistas do
ser broncodilatador; por isso é indicada em paciente GABA (hiperpolarizam os neurônios e reduzem a
com hipovolemia e choque circulatório (ação vaso- excitabilidade neuronal). O Flumazenil é um antídoto
constritora por estímulo simpático). Causa pouca para essa classe.
depressão respiratória e pode ser utilizada isolada-
mente para pequenos procedimentos. 5.5. DEXMEDETOMIDINA
294
Princípios da anestesia Cap. 14
Inalterada
PA Sistêmica Diminui Aumenta Diminui Diminui
ou diminui
Inalterada Inalterada
FC Inalterada Aumenta Diminui
ou diminui ou diminui
Inalterada Inalterada
RVS Diminui Aumenta Diminui
ou diminui ou diminui
Inalterada
Ventilação Diminui Inalterada Inalterada Inalterada
ou diminui
Inalterada
FR Diminui Inalterada Inalterada Inalterada
ou diminui
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Consumo Aumentado
Diminui Inalterada Diminui Inalterado ou diminui
cerebral de O2 ou inalterado
Inalterada
Pressão intracraniana Diminui Inalterada Diminui Inalterada
ou diminui
Fonte: Elaborado pelo autor(a).
BASES
São substâncias derivadas do ópio e atuam em
receptores específicos do sistema nervoso cen-
Morfina é um opioide natural considerado forte e é o tral, levando à analgesia importante. Tem diversos
protótipo contra o qual os demais opioides são compa-
representantes (morfina, oxicodona, tramadol, remi-
rados em termos de potência. Tem início de ação lento
(mínimo 10 min após injeção IV) e meia-vida de eliminação fentanil, fentanil, sufentanil, alfentanil, codeína e
em torno de 3 horas (podendo se prolongar em neona- outros), sendo o sufentanil mil vezes mais forte que
tos e idosos). É metabolizada no fígado, gerando dois a morfina. O remifentanil tem a menor meia-vida
metabólitos: M3G (predominante, com pouca afinidade (poucos minutos) e independe da função renal ou
pelos receptores e, portanto, sem poder analgésico, mas hepática. São muito utilizados em associação com
associado à tolerância e neurotoxicidade) e M6G (com alta
agentes venosos e inalatórios. Em altas doses, têm
afinidade pelos receptores u, sendo mais potente que a
morfina em termos analgésicos). Tantos os metabólicos pequenos efeitos sedativos e levam à depressão
quanto a morfina não modificada têm eliminação renal, cardiovascular e respiratória. Seu antagonista é o
naloxone.
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Princípios da anestesia Cirurgia geral
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fenda sináptica e permanece ocupando o receptor,
fazendo com que a placa motora permaneça des-
polarizada por um tempo prolongado. Os canais se 6.2.1. Hipertermia maligna
fecham, o potencial de ação desaparece e a mem-
brana muscular retorna ao seu estado de repouso,
É uma condição que ocorre em pacientes suscetíveis
resultando em relaxamento muscular. Como é um
(herança autossômica dominante), caracterizada
bloqueio não competitivo, uma nova contração
somente poderá ocorrer quando o bloqueador sair da por uma resposta hipermetabólica à exposição de
placa motora e esta se repolarizar. A Succinilcolina algumas drogas anestésicas (halotano, enflurano,
é o único bloqueador neuromuscular despolarizante isoflurano e succinilcolina). É uma condição latente,
disponível e é um dos BNM mais utilizados por ter potencialmente letal, que se manifesta de imediato
rápido início e curta duração. Devido ao seu meca- quando em contato com determinadas drogas anes-
nismo de ação, pode levar à hipercalemia, devendo tésicas (principalmente a succinilcolina), levando à
ser evitado em grandes queimados e pacientes com hipertermia, contratura muscular excessiva, hiper-
traumas musculares extensos. tensão e acidose grave. Sempre que o paciente
apresentar elevação dos níveis de CO2 expirado à
capnografia (sinal mais precoce), trismo durante
6.2. NÃO DESPOLARIZANTES a IOT e febre no intra ou pós-operatório imediato,
(COMPETITIVOS)
essa condição deve ser suspeitada. O diagnóstico
definitivo se dá pela biópsia muscular. Entretanto,
Atuam de forma competitiva com a acetilcolina na sempre que suspeitado, deve-se iniciar o tratamento
placa neuromuscular, ou antagonistas, por isso são com resfriamento corpóreo, suporte ventilatório e
considerados reversíveis. Eles se ligam aos recep- clínico e modificar a técnica de manutenção anes-
tores de acetilcolina da placa motora, impedindo a tésica para venosa total.
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Princípios da anestesia Cap. 14
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entre formas não ionizadas (ativas) e ionizadas
(não ativas). Por definição, pKa é o pH em que
determinada substância estará metade em forma DICA
ionizada e metade não ionizada. Os anestésicos Lidocaína a 2% significa que há
20 mg para cada ml de solução
locais têm pKa altos, ou seja, em ambientes de
Lidocaína a 1%, 10 mg/ml
pH neutro, apresentam-se mais na forma ioniza-
da (não ativa) do que não ionizada (ativa). Assim,
quanto menor o pKa do anestésico, maior a sua
potência, pois maior será sua proporção de forma Os anestésicos locais podem ser associados a um
ativa. É esse o motivo pelo qual os anestésicos vasoconstritor, levando à redução da velocidade de
têm pouca eficiência em ambientes inflamados absorção (aumento do tempo de ação e redução
e com abscessos, que são ambientes de pH da toxicidade) e redução do sangramento. A preo-
baixo (ácidos). Pelo mesmo motivo, a diluição cupação dessa mistura encontra-se na promoção
do anestésico em solução com bicarbonato de de isquemia, principalmente quando infundido em
sódio reduz a dor durante a infusão. extremidades como dedos, nariz e orelha.
Tabela 2. Tabela comparativa dos anestésicos locais com valores aproximados para infusão intradérmica.
Lidocaína 1a4 4 7
Ropivacaína 4 a 12 3 —
Bupivacaína 5 a 15 2 3
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Princípios da anestesia Cirurgia geral
Mapa mental
Anestesia
Sedação A. geral
pcte
ventilação necessita
responde a
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permanece de auxílio incosciência promovida despertar da
comandos
expontânea ventilatorio e relaxamento por drogas anestesia
verbais
muscular inalatórias e
endovenosas
Pcte assume
perda do "drive função
mantém o respiratória
respiratório"
paciente
inconsciente
e sem dor
Recuperação
do nível de
consciência
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bloqueio
danos C.V e neurológicos anestésico de tônus lipídica
-Ideal --> BIS entre 40 e 60 no espaço cimpático -toxicidade
subaracnoideo e pka
instalação
memória explícita punção lombar lenta e menos
previsível
Doses
Complicações
-SNC: convulção
-CV: hiportensão
e arritmias
299
Princípios da anestesia Cirurgia geral
Mapa mental
Drogas Anestésicas
Inalatórias Endovenosos
Enflurano Receptores
Receptor Gaba A
GABA- A
sedação Ação
superficial e vasoconstritora
Isoflurano analgésica
procedimentos proteção do SNC
endoscópicos estabilidade
e sedação Utilizada hemodinâmica
Sevoflurano em geral no choque não usar em
circulatório,
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casos de SEPSE
hemorragico
e pctes com (supressão adrenal)
Desflurano efeito
hipótico e SEPSE
sedativo
potentes
efeito
colateral:
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Princípios da anestesia Cap. 14
Dexnedetomidina
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Anticonvulsivantes -rocurônio
-succinilcolina -pancurônio 2A - analgesia,
Atuam nos -vecurônio sedação, hipnose
receptores -cisatracúrio 2B - hipnose
Midazolam do SNC 2C- analgesia
(ação curta) + hipotermia
Lorazepam
(ação interm.) Analgesia receptores
Diazempam importate nicotínicos
(ação lomnga)
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Princípios da anestesia Cirurgia geral
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Princípios da anestesia Cap. 14
QUESTÕES COMENTADAS
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comparado ao halotano. correta:
⮩ O halotano é o agente que apresenta maior Con-
⮦ Os anestésicos locais sofrem uma dissociação
centração Alveolar Mínima (CAM), por isso é
iônica parcial quando em solução aquosa ou
considerado o agente inalatório mais potente.
quando injetados no meio aquoso do organis-
mo. A parte não ionizada é a que interage com
Questão 2 os canais iônicos, bloqueando-os, e a ionizada
é responsável por sua difusão.
(PREFEITURA MUNICIPAL DE FRANCA – SP – 2020) Paciente
⮧ São exemplos de anestésicos locais do grupo
de 42 anos, sexo feminino, sem comorbidades, foi
éster: benzocaína, clorprocaína, tetracaína e
encaminhada para exérese de nevo. Observado pre-
lidocaína.
paro pré-operatório e antissepsia, iniciado o proce-
dimento com anestesia local. No momento em que ⮨ Os ésteres são metabolizados pela pseudocoli-
se iniciou a incisão na pele, paciente referiu gosto nesterase para PABA, com eliminação renal rá-
metálico na boca, vertigem e turvação visual. Passou pida. Em caso de prejuízo da função enzimática,
a ficar agitada, movimentando-se constantemente o risco de efeitos colaterais é maior.
e comprometendo a segurança do procedimento. ⮩ Os anestésicos locais interrompem a condução
Qual é a causa mais provável dessas alterações e do estímulo nervoso por bloquearem a condutân-
qual deve ser a conduta imediata do cirurgião? cia dos canais de cálcio e, consequentemente,
impedirem a deflagração do potencial de ação.
⮦ Intoxicação sistêmica por anestésico local lido-
caína; interromper ou abreviar o procedimento,
promover oxigenação, monitorização contínua
de sinais vitais.
303
Princípios da anestesia Cirurgia geral
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relação à hipertermia maligna, analise as afirmati- Questão 8
vas abaixo.
(PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG -MG-2021)
I. Trata-se de uma desordem muscular esquelética Paciente de 59 anos, sexo feminino, sem comorbi-
de caráter autossômico recessivo. dades, será submetida a ressecção de lesão suges-
II. A succinilcolina e os anestésicos inalatórios tiva de melanoma na região do tórax. Foi realizada
halogenados são desencadeadores da crise. anestesia local com lidocaína a 1%. Após cerca de
III. São manifestações clínicas: rigidez muscular, uma hora da administração do anestésico local
trismo, hipertermia importante e hipocapnia. a paciente queixou-se de dor no local da cirurgia.
Considerando as informações acima, assinale a
IV. O tratamento é feito com dantrolene.
que apresenta a explicação MAIS PROVÁVEL para
Está correto o que se afirma em a ocorrência de dor neste caso.
304
Princípios da anestesia Cap. 14
Questão 9 Questão 11
(HOSPITAL DO CÂNCER DE GOIÁS-GO-2021) Após a indução (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OT-
de uma anestesia eletiva, o anestesiologista depa- TAVIANO-RJ-2021) A anestesia peridural associada à
ra-se com uma via aérea difícil não prevista, com anestesia geral facilita o pós-operatório de cirurgia
falha de intubação na primeira tentativa. abdominal. A despeito desta qualidade, esta técni-
De acordo com o algoritmo proposto pela Sociedade ca tem limitações e efeitos colaterais que podem
Americana de Anestesiologia (ASA) e adotado pela interferir em determinados períodos do período
Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), o pós-operatório. Entre os seus efeitos destaca-se:
anestesiologista deverá buscar a:
⮦ O aumento do consumo de analgésicos no pós-
⮦ restauração da ventilação, seja retornando à -operatório.
ventilação espontânea, ventilando sob máscara ⮧ A redução do risco de intoxicação por anesté-
facial ou inserindo um dispositivo extraglótico. sico local.
⮧ realização de nova laringoscopia antes de ven- ⮨ A melhora da analgesia pós-operatória.
tilar o paciente, pois o tempo é o fator mais im- ⮩ O aumento da resposta adrenérgica.
portante durante uma intubação.
⮪ Aumento do íleo.
⮨ realização de traqueostomia em situação emer-
gencial.
⮩ intubação com fibroscópio, utilizando tubo orotra-
queal de calibre inferior ao da tentativa anterior.
Questão 10
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(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OT-
TAVIANO-RJ-2021) O mecanismo de ação dos anesté-
sicos locais é:
305
Princípios da anestesia Cirurgia geral
GABARITOS E COMENTÁRIOS
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concentração necessária de um fármaco para dei- 40 anos).
xar 50% da população insensível ao estímulo do- Alternativa E: INCORRETA.
loroso. Se um anestésico volátil não for potente o
✔ resposta: B
suficiente para levar à analgesia e sedação, ele não
poderá ser utilizado de forma isolada para manter
a anestesia do paciente, uma vez que a elevação
excessiva da concentração alveolar do anestésico Questão 2 dificuldade:
volátil, causa redução correspondente da fração Y Dica do professor: a presença de gosto metálico
inspiratória de O2. na boca associado à turvação visual e à vertigem é
Alternativa A: INCORRETA. O óxido nitroso é pouco uti- muito indicativa de intoxicação por anestésico local.
lizado de forma isolada hoje em dia para a indução Diante desse quadro, devemos primeiro interromper
e manutenção anestésica, por apresentar uma CAM de forma imediata o uso do anestésico; posterior-
muito elevada. Por isso, o seu uso normalmente ele mente, devemos realizar manobras de ressuscita-
é usado apenas como adjuvante, com o intuito de ção, se necessário, seguindo com monitorização,
diminuir agir como agonista de outras substâncias, oxigenioterapia e venóclise. Portanto, a alternativa
reduzindo a dose de anestésicos necessárias para correta é a letra a.
levar à anestesia. No caso específico da hiperten-
✔ resposta: A
são abdominal, é necessária a realização de uma
anestesia que preserve a estabilidade hemodinâ-
mica, uma vez que a piora da hipotensão nesses
pacientes causa redução da perfusão dos órgãos Questão 3 dificuldade:
intra-abdominais, tornando o óxido nítrico um anes- Y Dica do professor: anestésico local pode ser defi-
tésico ruim para estes pacientes. nido como uma droga que pode bloquear de forma
Alternativa B: CORRETA. O halotano é um agente de reversível a transmissão do estímulo nervoso no
alta transformação hepática, gerando um metabólito local onde for aplicado, sem ocasionar alterações
altamente tóxico. Ele causa hepatite leve em 20% no nível de consciência.
306
Princípios da anestesia Cap. 14
Alternativa A: INCORRETA. A forma ionizada do anes- Assertiva II: CORRETA. Na hipertermia maligna, o re-
tésico local liga-se de modo específico aos canais laxante muscular mais envolvido é succinilcolina.
de sódio, inativando-os e impedindo a propagação Em relação aos anestésicos inalatórios, o mais
da despolarização celular. Porém, a ligação espe- envolvido é halotano, embora outros, como isoflu-
cífica ocorre no meio intracelular, por isso é neces- rano, sevoflurano e desflurano, também possam
sário que o anestésico local em sua forma molecu- desencadear a crise.
lar ultrapasse a membrana plasmática, para então Assertiva III: INCORRETA. As manifestações podem
bloquear os canais de sódio. incluir rigidez muscular, trismo, hipertemia, taqui-
Alternativa B: INCORRETA. Os exemplos de ésteres cardia, taquipneia, rabdomiólise. A HIPERCAPNIA
incluem a cocaína e a ametocaína. As drogas lis- pode ser um sinal precoce.
tadas são exemplos de anestésicos locais do gru- Assertiva IV: CORRETA. O tratamento é feito com dan-
po amidas. trolene, um relaxante muscular que age por ação no
Alternativa C: CORRETA. O metabolismo da maioria receptor de rianodina, associado ao resfriamento
dos ésteres resulta na produção de ácido para-a- dos pacientes da forma mais rápida e efetiva possí-
minobenzoico (PABA), que pode ser associado a vel, para prevenir danos ao sistema nervoso central.
reações alérgicas, enquanto as amidas raramente Portanto, estão corretas apenas as afirmações II e IV.
causam reações alérgicas. Por essas razões, atual-
mente as amidas são mais utilizadas. ✔ resposta: D
✔ resposta: C
muito utilizada para anestesia local em procedi-
mentos de pequeno porte com excisões, punções
ou suturas. Existem outros usos para a droga, como
na intubação orotraqueal. As doses são aplicas por
Questão 4 dificuldade:
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mg/kg, a depender da apresentação (com ou sem
Y Dica do professor: se o frasco de lidocaína tem vasoconstritor associado). O uso de vasoconstritor
20 mL de lidocaína a 2%, isso quer dizer que há [CORRETO] permite maior dose, pois reduz a quanti-
0,5% de lidocaína a cada 5 mL. Se o cirurgião dese- dade de anestésico que “escapa” para a circulação
ja utilizar apenas 0,5% de lidocaína, ele pode retirar sistêmica. Para saber quantos mg tem em mL, bas-
5 mL do frasco e diliuir, para formar uma solução ta saber a concentração da droga. Se a lidocaína é
de 20 mL com 0,5% de lidocaína. a 1%, significa haver 10 g de lidocaína a cada litro.
Simplificando, teremos 10 mg/mL. Já a droga a 2%
✔ resposta: D
é o dobro disso, 20 mg/mL. Com essas informações
e sabendo a dose com ou sem vasoconstritor, é
possível calcular a quantidade em mL para cada
Questão 5 dificuldade:
paciente. A dose de lidocaina recomendada sem
Y Dica do professor: a hipertermia maligna é uma adrenalina (vasoconstritor) varia entre 4 e 5 mg/Kg
doença de hereditariedade autossômica dominan- do paciente, enquanto, com vasoconstritor, a dose
te, que afeta os receptores de rianodina do múscu- aumenta para 7 mg/Kg.
lo esquelético. Devido a essa mutação, diante da ✔ resposta: A
exposição a alguns anestésicos ocorre a saída do
cálcio a partir do retículo sarcoplásmico do mús-
culo esquelético em pacientes suscetíveis. Como Questão 7 dificuldade:
resultado, as reações bioquímicas induzidas por
cálcio são aceleradas, causando várias contrações Y Dica do autor: O termo wide-awake indica a cirurgia
musculares intensas e elevação da taxa metabólica, da mão/punho com o paciente totalmente acorda-
resultando em acidose metabólica e respiratória. do. WALANT é o termo mais atual e preferido para
Agora, vamos analisar as afirmações: explicar que o procedimento é feito com o paciente
Assertiva I: INCORRETA. Trata-se de uma desordem não sedado, sob anestesia local e sem torniquete.
muscular esquelética de caráter autossômico DO- Corresponde à primeira letra das palavras wide-a-
MINANTE. wake local anesthesia no torniquet. Nessa técnica
307
Princípios da anestesia Cirurgia geral
somente dois medicamentos são usados nos pa- checar a profundidade da anestesia, do relaxamento
cientes, lidocaína e epinefrina. São benefícios do muscular e reduzir a pressão cricóidea. Se a dificul-
WALANT: não sedação e nenhum torniquete, o que dade permanecer, por exemplo, se a saturação está
aumenta o conforto do paciente e a conveniência; caindo ou há pouco dióxido de carbono sendo ex-
a eliminação dos componentes de anestesiologia/ pirado, deve-se pedir ajuda para permitir a técnica
sedação, o que diminui o tempo cirúrgico para os com 2 pessoas (4mãos), mudar o operador e pedir
procedimentos de tratamento da síndrome do túnel os dispositivos para vias aéreas difíceis. Caso isto
do carpo, tenossinovite estenosante de De Quervain não melhore a situação e a saturação esteja <90%
e dedo em gatilho; e, durante o procedimento, a pos- deve-se considerar uma MV impossível.
sibilidade de observar e corrigir os tendões sutura-
✔ resposta: A
dos e verificar a estabilidade de uma osteossíntese
com a gama completa dos movimentos ativos e de Questão 10 dificuldade:
forma confortável e cooperativa.Pelo paciente, pos-
sibilita melhores resultados no reparo do tendão, Y Dica do autor: Lembre-se que os anestésicos locais
transferência de tendão e fixação de uma fratura bloqueiam a ação de canais iônicos na membrana
de falange. Não são indicados para esse método celular neuronal, impedindo a neurotransmissão
pacientes que apresentem contraindicações ao uso do potencial de ação. A forma ionizada do anesté-
da anestesia local, tais como recusa – desejo de sico local liga-se de modo específico aos canais de
adormecer – e presença de infecções no local da sódio, inativando-os e impedindo a propagação da
administração do anestésico local. despolarização celular. Porém, a ligação específica
ocorre no meio intracelular, por isso é necessário
✔ resposta: C
que o anestésico local em sua forma molecular ul-
Questão 8 dificuldade: trapasse a membrana plasmática para então blo-
quear os canais de sódio. É provável que exista um
Y Dica do autor: Além do tempo de ação mais cur- segundo mecanismo de ação dos AL, que envolve a
to, devemos nos lembrar dos riscos de intoxicação inativação dos canais de sódio pela incorporação de
por lidocaína, cuja sintomatologia inclui parestesia moléculas de AL na membrana plasmática (teoria
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perioral, dificuldade na articulação das palavras, da expansão da membrana plasmática). Esse se-
sabor metálico, redução do nível de consciência e gundo mecanismo de ação seria gerado pela for-
convulsões, além de potenciais arritmias! ma não ionizada dos anestésicos locais, atuando
Alternativa A: INCORRETA. O pKa da lidocaína é de de fora para dentro. As fibras nervosas possuem
7.9, de forma que no pH fisiológico cerca de 25% sensibilidades diferentes aos anestésicos locais,
do medicamento estará em sua forma não-ionizada sendo as fibras pequenas mais sensíveis que as
(capaz de penetrar nas células). Sua importância jaz grandes, e as fibras mielizadas são bloqueadas
quando da aplicação em tecidos infectados, cujo mais rapidamente que as não mielizadas de mes-
pH é mais ácido (e desta forma, é menor ainda a mo diâmetro. O bloqueio das fibras nervosas ocorre
fração não-ionizada dos anestésicos). gradualmente, iniciado com a perda de sensibilida-
de à dor, à temperatura, ao toque, à propriocepção
Alternativa B: CORRETA.
e finalmente perda do tônus músculo esquelético.
Alternativas C e D: INCORRETAS. O local evidentemen- Por essa razão os indivíduos podem ainda sentir o
te está inflamado em decorrência do ato cirúrgico, toque no momento em que a dor já está ausente
sendo tal condição prevista na aplicação de anes- após aplicação do anestésico local.
tésicos! É esperado o tempo de ação relativamente
curto da lidocaína, de forma que o tempo cirúrgico ✔ resposta: D
prolongado exige repique ou outra técnica anes-
tésica.
✔ resposta: B
Questão 9 dificuldade:
308
Princípios da anestesia Cap. 14
Questão 11 dificuldade:
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309
Fixe seus conhecimentos!
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310
RESPOSTA METABÓLICA E Capítulo
NUTRIÇÃO EM CIRURGIA 15
importância/prevalência
u Na vigência de um trauma ao organismo, ele responde com alterações endócrinas, metabólicas e imuno-
lógicas. Nesse contexto, você deve saber identificar os principais hormônios que exercem papel central
nessa resposta, bem como as principais consequências clínicas (processo catabólico) provocadas por
essas reações metabólicas.
u De suma importância também é o manejo do status nutricional do indivíduo. Procure saber as formas de
manutenção desse status tanto previamente ao trauma quanto posteriormente, assim como é relevante
identificar as indicações de cada via de alimentação, além das complicações relacionadas à nutrição
parenteral.
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AO TRAUMA (REMIT)
médica se faz imprescindível para a manutenção
da vida.
Todo trauma, toda agressão que leve a uma resposta
inflamatória, não importa sua etiologia (cirúrgico, A lesão celular provoca alterações celulares diver-
físico, infeccioso etc.), gera no corpo uma série sas, que causam o aumento da permeabilidade da
de alterações que têm o objetivo final de reparar membrana celular e a liberação de substâncias intra-
a lesão e restaurar a homeostase do organismo. celulares que executam diversas ações. O aumento
Através de complexas interações coordenadas da permeabilidade vascular possibilita a perda de
entre as vias metabólicas, endócrinas e imunoló- plasma sanguíneo no local do traumatismo, onde
gicas, o corpo se mobiliza para fornecer nutrientes se acumulam substâncias e há formação de edema.
necessários ao reparo tecidual e à conservação do
volume intravascular. 1.1. RESPOSTA IMUNOLÓGICA
O principal deflagrador da REMIT é o trauma teci-
dual e sua intensidade será proporcional ao trauma
sofrido e à quantidade de tecido lesado. Grandes BASES DA MEDICINA
311
Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cirurgia geral
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u Fator de necrose tumoral alfa (TNF-α): também mulado pela IL-6, produz uma série de proteínas que
conhecido como catequina, é um mediador libe- vão ter diversas funções fisiológicas no sistema
rado por macrófagos ativados que têm a função imune. Clinicamente, a proteína C reativa tem uma
de estimular as defesas imunológicas. Estimula importante função por servir de quantificador da
a liberação de outras citocinas, como as inter- resposta inflamatória. Além dela, fatores do com-
leucinas 1, 6 e 8, além de auxiliar na liberação de plemento, da ceruloplasmina e da ferritina fazem
agentes oxidantes. Em suma, sua atuação culmina parte desse grupo.
com o aumento da atividade fagocitária, ativação
do complemento, produção de colagenase, ação 1.2. RESPOSTA METABÓLICA
tóxica no endotélio e perpetuação na resposta
inflamatória. Pode ser inibido por meio de anti- Após o trauma, o corpo busca, através da ativação
corpos monoclonais, anti-inflamatórios e cortisol. de vias catabólicas, disponibilizar todo o suprimento
u Interleucina-1 (IL-1): produzida por macrófagos, energético possível para manter a população de
linfócitos e células epiteliais, é responsável pela células inflamatórias e garantir o reparo tecidual
estimulação de produção hepática de proteínas necessário. A glicose é a primeira, e mais eficiente,
de fase aguda, TNF, IL-6 e IL-8. Está relacionada linha energética. Armazenada na forma de glico-
com a indução da febre através da associação gênio no fígado (principalmente) e nos músculos,
com as prostaglandinas. ela é quebrada por meio da glicogenólise e será a
u Interleucina-2 (IL-2): estimula a resposta infla- principal fonte energética pelas primeiras 12 a 24
matória, tanto inata quanto adaptativa. Atua na horas, entretanto seus estoques são limitados e
liberação do TNF-α. outras fontes energéticas são necessárias.
312
Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cap. 15
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quando não há mais glicose ou glicogênio disponível, mônio Liberador da Corticotrofina (CRF), este vai
nosso corpo inicia o processo de gliconeogênese, agir na hipófise, levando à produção e à secreção da
reação que, apesar de energeticamente ineficiente, Corticotrofina (ACTH); por sua vez, o ACTH vai agir
transforma aminoácidos, lactato (através do ciclo no córtex da suprarrenal, estimulando a secreção
de Cori) e glicerol em glicose. do cortisol.
O cortisol é um dos primeiros e mais importantes
1.2.1. FASES CATABÓLICA E ANABÓLICA
hormônios a se elevar. Por definição, o cortisol é
Conceitualmente, costuma-se dividir a REMIT em um hormônio catabólico, e sua ação se concentra
duas fases. A primeira, conhecida como fase cata- na mobilização de proteínas para realização de
bólica, tem início no momento do trauma e dura até gliconeogênese e formação de proteínas de fase
o 3º ou 5º dia (variável, a depender da extensão do aguda. De forma geral, o cortisol atinge seu pico
trauma). É o momento de intenso catabolismo. Todo nas primeiras 24 horas e tende a normalizar em 5
o metabolismo está ativado para aumentar o aporte dias. Entretanto, em situações de cronificação da
de nutrientes e tentar restabelecer a homeostase. inflamação, a manutenção dos altos níveis de cor-
tisol pode levar à perpetuação da fase catabólica.
É quando agem os principais hormônios, citocinas
inflamatórias e proteínas de fase aguda vistas aqui. A incapacidade de produzir cortisol em resposta a
De forma geral, na fase catabólica, encontramos traumas inflamatórios é uma condição grave que
um paciente que apresenta: leva a choque circulatório e óbito, caso não haja
u Febre; suplementação externa.
u Taquicardia;
u Oligúria;
u Hiperglicemia;
313
Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cirurgia geral
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1.3.4. INSULINA
Importante hormônio anabólico que leva ao arma- Mantendo o sentido da preservação energética,
zenamento de glicose na forma de glicogênio, for- nas primeiras 24 horas após o trauma acontece
mação proteica e lipídica. Em consonância com uma queda nos níveis de T3, relacionada à redução
as outras ações hormonais, a insulina mantém-se da conversão periférica e ao aumento do turnover
baixa nos dias iniciais após o trauma para elevar a hormonal. A manutenção dos níveis normais de TSH
glicemia. A hipoinsulinemia é decorrente da supres- se deve à alteração na regulação dos mecanismos
são pelos hormônios contrainsulínicos e tende a se de retroalimentação, envolvendo a expressão gênica
normalizar após a fase catabólica. de TRH. Essa situação é comumente chamada de
eutireoideo doente.
1.3.5. HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO (ADH)
1.4. MODULAÇÃO DA REMIT
Como já conhecemos e como o próprio nome já
diz, o ADH vai aumentar a reabsorção hídrica nos
rins, reduzindo o débito urinário e preservando um Como falado anteriormente, a REMIT é proporcional
maior volume plasmático. Para ajudar nessa tarefa, ao trauma tecidual, por isso a redução na ferida ope-
o ADH se eleva nos primeiros 5 dias e também eleva ratória e a manipulação cirúrgica são as principais
a vasoconstricção esplâncnica. medidas para controlar a resposta inflamatória ao
trauma. A utilização da videolaparoscopia é uma
1.3.6. ALDOSTERONA técnica efetiva nesse sentido e deve ser empre-
gada sempre que possível, pois modula a resposta
A queda do volume intravascular, devido ao aumento imunológica ao trauma. A utilização excessiva do
da permeabilidade vascular e sequestro para o ter- bisturi elétrico segue o mesmo raciocínio, sendo
ceiro espaço, é o principal responsável pela ativação desencorajada a cauterização excessiva. Cirurgias
314
Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cap. 15
planejadas também levam ao melhor controle da não aceitação ou presença de vômitos devem ser
REMIT, uma vez que é possível fazer a devida ava- vistas como um sinal de alarme. Nesses casos, deve-
liação e correção dos distúrbios pré-operatórios. -se interromper a progressão e avaliar a presença
de complicações operatórias. Como já discutido no
A anestesia tem grande influência na modulação
capítulo de complicações cirúrgicas, anastomoses
REMIT. Sua atuação vai desde a utilização de medi-
intestinais não são contraindicações absolutas para
das ansiolíticas pré-operatórias a técnicas espe-
alimentação oral ou enteral.
cíficas, como anestesia peridural e epidural, que
atenuam a resposta endócrina por bloquear as
vias aferentes (neuroeixo), reduzindo a produção de 2.1. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
ACTH, cortisol, ácidos graxos livres e aldosterona.
Existem diversos métodos que objetivam a quantifi-
cação das reservas de nutrientes de cada paciente.
DIA A DIA MÉDICO
O primeiro e mais importante será sempre anam-
nese e exame físico. Histórico de perda de 10%
No dia a dia do cirurgião, é importante que ele respeite
do peso não intencionalmente, anorexia, fraqueza
princípios técnicos fundamentais, para que a agressão
cirúrgica seja a menor possível. Entre esses princípios, com incapacidade para realizar atividades diárias,
destacamos: IMC <18,5 ou 20% abaixo do peso ideal podem ser
sinais de desnutrição. Ferramentas complementares
W Manipulação correta e cuidadosa das estruturas orgâ-
nicas, que resulta em menor tempo de cirurgia; como a bioimpedância podem ser utilizadas para
alcançar valores mais exatos.
W Escolha correta da via de acesso, procurando o cami-
nho mais eficiente e menos agressivo possível; Marcadores laboratoriais também podem ser de
W Hemostasia correta, individualizada e precisa, para grande ajuda para avaliar o status nutricional do
que haja a menor perda hemorrágica possível; paciente. Classicamente, a quantificação da albu-
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mina e transferrina são utilizadas em tal função,
W Cautela com o uso do bisturi elétrico, pelo risco de
traumas térmicos e elétricos; entretanto, por ter uma meia-vida relativamente
longa (15 a 20 dias e 8 a 10 dias, respectivamente),
W Rigoroso cuidado com a assepsia.
podem não representar a real situação. A pró-albu-
mina tem sido usada em seu lugar por ter meia-vida
menor (3 dias).
2. SUPORTE NUTRICIONAL
Atualmente, a calorimetria indireta é a melhor ferra-
menta para quantificação dos gastos energéticos.
Déficits nutricionais ocasionam dificuldade na cica- Através da quantificação do oxigênio e gás carbô-
trização, alterações na resposta imune, catabo- nico trocados na respiração é possível fazer uma
lismo exacerbado, aumento na disfunção orgânica, estimativa de qual foi a produção calórica, uma vez
atraso na recuperação e, em último caso, maior que o O2 é consumido e o CO2 liberado durante a
mortalidade. Por isso, todo paciente internado deve respiração celular.
ser avaliado quanto ao status nutricional e ter sua
meta calórica alcançada, especialmente aqueles 2.2. PRÉ-OPERATÓRIO
na vigência de um processo inflamatório (causado
por trauma ou doença clínica). O suporte nutricional deve ser considerado no pré-
O jejum deve ser evitado ao máximo e todo paciente -operatório para todos os pacientes em risco nutri-
deve ter uma via de alimentação. Pacientes cirúrgi- cional, mesmo que, para isso, a cirurgia tenha que ser
cos devem retomar a alimentação o quanto antes, de atrasada em até 14 dias (quando possível esperar):
acordo com sua aceitação. A progressão da consis- u Desnutrição;
tência da dieta deve ser avaliada diariamente, e sua u Perda de 10 a 15% de peso em 6 meses;
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Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cirurgia geral
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u Fístulas gastrintestinais.
Ultimamente, devido à redução dos seus custos
A via preferencial de alimentação é a oral. Quando e maior confiança na técnica, o uso da NP tem se
impossibilitada por sedação, sequelas neurológicas tornado mais permissiva, sendo iniciada de forma
ou por não alcançar a meta nutricional, o próximo mais precoce (primeiras 48 ou 72 horas) e até em
passo será a infusão de dieta via enteral através de conjunto com a nutrição enteral para suplementar
sondas. As sondas podem ser posicionadas por a oferta calórica.
meio do nariz e da boca, chegando ao estômago,
duodeno ou jejuno. De forma geral, utiliza-se a As maiores complicações associadas à dieta paren-
sonda nasoentérica por garantir mais conforto ao teral têm relação com o procedimento de passagem
paciente e evitar a distensão gástrica, entretanto do acesso venoso central: pneumotórax, hematoma,
as especificidades que indicam cada uma delas trombose e infecção. É interessante ressaltar que
devem ser avaliadas caso a caso. Para pacientes os cateteres utilizados para NP têm uma taxa de
com previsão de manter a dieta via sonda por mais infecção superior àqueles utilizados com outras
de 4 semanas, é indicada a avaliação e confecção finalidades. Isso ocorre por que a solução infundida
de uma gastrostomia como via alimentar. fornece melhor meio para o crescimento bacteriano.
Além disso, a utilização de NP leva ao aumento da
As dietas oral e enteral têm uma grande vantagem
resposta inflamatória.
em relação à nutrição parenteral: além do suporte
nutricional, proporcionam a homeostase do trato
gastrintestinal, mantendo o trofismo da mucosa,
do fluxo sanguíneo, da flora intestinal e reduzindo a
possibilidade de translocação bacteriana. Pacientes
com instabilidade hemodinâmica e uso de altas
doses de droga vasoativa (>0,5 mcg/kg/min) não
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Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cap. 15
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cirurgia geral
Mapa mental
Remit
Proporcional ao trauma
tecidual sofrido
Modulação Endócrina
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Bisturi diminuição
elétrico de produção
Cirurgias de ACTH,
planejadas cortisol,
Ácidos
graxos livres,
Aldosterona
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diminui nos Retém Na+
preserva
primeiros
volume
dias pós-
plasmático
-trauma
Elimina
K+ e H+
Está
aumentado
nos primeiros
5o dias
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Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cirurgia geral
Suporte nutricional
Perda
ponderal
>10%
Anorexia Vômitos
Fraqueza Não
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IMC <20% aceitação
Acesso Acesso da dieta
do ideal
venoso venoso
periférico central
íleo fístuas
paralítico gastrintestinais
jejum
prolongado
320
Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cap. 15
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBU- (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL-RS-2021) A res-
CO-PE-2021) A nutrição enteral precoce é reconheci- peito da reação metabólica ao trauma cirúrgico,
da por trazer vantagens para o paciente cirúrgico e assinale a INCORRETA.
criticamente enfermo. Qual das assertivas abaixo
NÃO está relacionada a essa terapêutica? ⮦ Nas primeiras 24 horas de pós-operatório, a
febrícula (até 37,8ºC pode ser considerada um
⮦ Aumenta a quebra do ácido araquidônico pela sinal normal.
fosfolipase. ⮧ O íleo adinâmico é uma alteração esperada so-
⮧ Aumenta o trofismo nas células epiteliais mente após cirurgias abdominais com anasto-
⮨ Aumenta a produção de IgA secretória moses intestinais.
⮩ Reduz a transformação virulenta de patógenos ⮨ Atelectasia é uma complicação pulmonar que,
intestinais. na maioria dos casos, melhora com fisioterapia
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respiratória.
⮪ Atenua o stress metabólico.
⮩ O cortisol sérico eleva-se desde a incisão cirúr-
gica até 5 a 7 dias de pós-operatório, como res-
Questão 2 posta ao trauma cirúrgico.
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO
-PE -2021) A IL-1 e o TNF (fator de necrose tumoral) Questão 4
são as principais citocinas liberadas na REMIT e na
SIRS. Essas substâncias promovem a morte celular (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE-MG-2021)
programada de linfócitos, levando à imunossupres- A respeito de nutrição em pacientes cirúrgicos, as-
são na sepse e no pósoperatório. Assinale a que sinale a incorreta.
indica o nome do conjunto de enzimas envolvidas
⮦ Pacientes com instabilidade hemodinâmica de-
nesse processo.
vem ser nutridos exclusivamente pela via enteral.
⮦ Tirosinaquinases ⮧ O íleo pós-operatório (dismotilidade intestinal
⮧ Cicloxigenases transitória) representa uma dificuldade à pro-
gressão da dieta oral.
⮨ Fosfolipases
⮨ Pacientes com quadro de desnutrição se be-
⮩ Caspases
neficiam de preparo nutricional pré-operatório,
⮪ Girases reduzindo índices de complicação.
⮩ O tempo de jejum pré-operatório pode variar de
acordo com o porte cirúrgico e tipo de cirurgia
ou de anestesia.
321
Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cirurgia geral
Questão 5 Questão 8
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO- (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – 2018) A
-PE-2021) Qual, dentre os mediadores abaixo, possui resposta endócrino-metabólica e imunológica ao
atividade anti-inflamatória na resposta endócrina e trauma (Remit) corresponde a uma série de altera-
metabólica ao trauma? ções no organismo, que têm como objetivo manter
a homeostase e a vida. Com relação a esse proces-
⮦ TNF-alfa (fator de necrose tumoral). so, assinale a alternativa CORRETA:
⮧ IL-6 (interleucina 6).
⮦ Inicialmente ocorre uma fase catabólica, que tem
⮨ IFN-gama (interferon).
como objetivo fornecer glicose para a utilização
⮩ TGF-beta (fator transformador de crescimento). das células através da glicogenólise e da glico-
⮪ IL-1 (interleucina 1). neogênese. Nessa fase, há um aumento de hor-
mônios, como catecolaminas, cortisol e insulina.
Questão 6 ⮧ Essa resposta deveria ser fisiológica, porém,
quando as lesões são graves ou ocorre uma
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE PERNAMBUCO – PE –
infecção secundária, pode haver perda maciça
2020) Na Remit (Resposta Endócrina – Metabólica –
do tecido do organismo e disfunção de múlti-
Imunológica ao Trauma), observamos a hipotonia/
plos órgãos.
atonia intestinal, que leva ao íleo paralítico. Quais
das substâncias abaixo estão envolvidas nessa ⮨ A proteólise tem como objetivo a liberação de
fisiopatologia? aminoácidos que serão utilizados na glicogenó-
lise, para ser convertida em glicose.
⮦ Aldosterona e IGF-1 ⮩ A Remit pode ser atenuada através da via de
⮧ Vasopressina e Glucagon acesso laparoscópica e da raquianestesia.
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⮨ Renina e pepitídeo atrial natriurético ⮪ Dentre as consequências da Remit ocorridas no
⮩ ACTH e insulina pós-operatório, pode-se citar: íleo paralítico, fe-
⮪ Adrenalina e opioides endógenos bre, edema de ferida operatória e hipoglicemia.
Questão 7
Questão 9
(PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG – 2020) Adulto do sexo
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE DUTRA – 2017) Em
masculino, 41 anos, hígido, vítima de traumatismo
relação à resposta metabólica ao trauma anesté-
cranioencefálico, evoluiu com sequelas neurológi-
sico e cirúrgico, assinale a alternativa INCORRETA:
cas, incluindo “engasgo” e aspiração ao tentar se
alimentar por via oral. Durante cinco semanas, re- ⮦ O trauma e a infecção induzem a mudanças
cebeu dieta enteral através de cateter de Dobbhoff substanciais no metabolismo de carboidratos,
(com extremidade distal do cateter em posição gás- lipídios e proteínas na maioria dos órgãos e teci-
trica). Reavaliações neurológica e fonoaudiológica dos; a resposta metabólica inicial é caracteriza-
definiram a impossibilidade de o paciente retornar da pelo realce na gliconeogênese, glicogenólise,
com a alimentação oral nos próximos meses. Não proteólise da musculatura esquelética e lipólise.
há comorbidades, cirurgias prévias e complicações.
⮧ O grau de dano tissular e a duração da cirurgia
A via de acesso MAIS ADEQUADA para manter a
correlacionam-se com os níveis de liberação da
administração de dieta é:
interleucina-6, a qual estimula a síntese hepática
⮦ Gastrostomia cirúrgica (Stamm). das proteínas de fase aguda, tal como proteína C
reativa, fator 3 do complemento e procalcitonina.
⮧ Gastrostomia com extensão jejunal.
⮨ Gastrostomia endoscópica peroral.
⮩ Jejunostomia laparoscópica.
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Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cap. 15
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Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cirurgia geral
GABARITOS E COMENTÁRIOS
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Alternativa B: INCORRETA. Manutenção da integri- ponto de apoio na rede de moléculas sinalizado-
dade funcional e trofismo do trato gastrointestinal ras independentes, cuja função é a regulação da
(TGI), assim como impedir a quebra de barreira e expressão gênica. As PTKs estão relacionadas a
o aumentar a permeabilidade das células epiteliais diversos processos fundamentais, como a prolife-
são benefícios da TNE. ração, diferenciação, mobilidade e sobrevivência
Alternativa C: INCORRETA. Manter o funcionamento ou morte celular.
do tecido linfoide intestinal e a liberação de IgA Alternativa B: INCORRETA. A prostaglandina H2 sinta-
também são benefícios da TNE. se, também conhecida como cicloxigenase (COX),
Alternativa D: INCORRETA. Ao reduzir o hipermeta- é uma glicoproteína dimérica integral da membra-
bolismo e catabolismo associados à resposta in- na, encontrada predominantemente no retículo
flamatória sistêmica e manter o funcionamento do endoplasmático. Atua como efetor secundário na
tecido linfoide intestinal, a TNE reduz a transforma- via metabólica da cascata do ácido araquidônico.
ção virulenta de patógenos intestinais. Alternativa C: INCORRETA. A fosfolipase é uma enzi-
Alternativa E: INCORRETA. A TNE evita possível des- ma que hidrolisa as ligações éster presentes nos
nutrição e, assim, previne um maior estresse meta- fosfolípidos. Existem quatro classes de fosfolipa-
bólico que já pode estar no presente crítico. ses, chamadas A, B, C e D.
✔ resposta: A Alternativa D: CORRETA.
Alternativa E: INCORRETA. A DNA-girase é uma topoi-
somerase do tipo II A presente em procariotos, sendo
Questão 2 dificuldade:
muito bem estudada em bactérias Escherichia coli.
Y Dica do autor: As caspases são um tipo de pro- A girase é uma topoisomerase tipo II especializada,
teases ou classe de enzimas que decompõe outras capaz de introduzir superenrolamentos negativos
324
Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cap. 15
em um DNA circular através de uma reação depen- intestinal da alimentação, ou a via parenteral, que
dente de ATP, uma característica que a torna única será realizada por meio de acessos venosos do pa-
entre as topoisomerases. Todas as outras topoiso- ciente. Daremos sempre preferência pela via ente-
merases, com exceção da girase reversa, apenas ral, por ser a mais fisiológica e a que permitir uma
relaxam superenrolamentos. adequada trofia dos tecidos intestinais. Vamos às
✔ resposta: D alternativas.
Alternativa A: INCORRETA. Pacientes que se apresen-
tam com instabilidade hemodinâmica, possuem
Questão 3 dificuldade: contraindicação formal para a nutrição enteral pelo
Y Dica do autor: O procedimento cirúrgico desenca-
risco de broncoaspiração que correm.
deia uma reação endócrina e metabólica semelhan- Alternativa B: CORRETA. Comum após a realização de
te à encontrada em qualquer situação de stress ou procedimentos cirúrgicos com manipulação de alça
trauma a que o organismo seja submetido. Níveis de intestinal, o íleo pós-operatório se caracteriza pela
hormônios catabólicos como o cortisol, glucagon e diminuição da peristalse intestinal e consequência
catecolaminas ficam elevados adrenocorticotrófica dificuldade à progressão da dieta oral.
e estimulam a hipófise a liberar ACTH, ADH e endor- Alternativa C: CORRETA. Precisamos entender que
finas. O objetivo dessa resposta é garantir a estabi- durante o pós-operatório, o paciente irá precisar
lidade hemodinâmica, do indivíduo, preservando o de suas reservas energéticas para conseguir pas-
seu aporte de O2, mobilizando glicose, diminuindo sar pelo REMIT de maneira adequada. Assim, em
a dor e garantindo a manutenção da temperatura. alguns casos, se faz necessário um preparo nutri-
Alternativa A: INCORRETA. Realmente nas primeiras cional durante o pré-operatório para reduzir os ín-
48 horas de pós-operatório, temperaturas até 38ºC dices de complicações.
em consequência à elevação do metabolismo e ao Alternativa D: CORRETA. Relativo ao risco de bron-
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trauma cirúrgico, são aceitáveis. coaspiração e juntamente com o tipo de anestesia
Alternativa B: CORRETA. A atividade intestinal em que será realizado. O tempo de jejum necessário
procedimentos intra e extra-abdominais é modifi- para o paciente irá variar de acordo com o porte
cada, sendo que a atividade do jejuno costuma ser da cirugia e de sua anestesia.
retomada nas primeiras horas de pós-cirúrgico, já a ✔ resposta: A
atividade colônica costuma retornar em 3 a 5 dias.
Alternativa C: INCORRETA. A afirmativa é verdadeira,
Questão 5 dificuldade:
a atelectasia é a complicação pulmonar mais co-
mum no pós-operatório, surgindo nas primeiras 48h. Y Dica do autor: Questão que aborda REMIT é o tipo
Clinicamente o paciente apresenta-se com febre, de questão recorrente. Vale a pena dar uma olhada
taquipneia e taquicardia neste período. na tabela que lista as citocinas.
Alternativa D: INCORRETA. O início do procedimento Alternativa A: INCORRETA. TNF-alfa é uma citocina
cirúrgico desde a incisão até outros estímulos pro- inflamatória que promove febre, cefaléia, anorexia,
vocam elevação da ACTH e cortisol, isso por conta aumento no ACTH, hipercortisolemia, hipotensão,
da resposta neuroendócrina ao trauma, permane- neutrofilia, aumento nas proteínas de fase aguda,
cendo elevados 5-7 dias do pós-operatório. aumento de outras citocinas inflamatórias.
✔ resposta: B Alternativa B: INCORRETA. IL-6 é uma citocina infla-
matória que promove febre, maturação de células
B, estímulo ao eixo hipótalamo-hipófise-adrenal,
Questão 4 dificuldade:
aumento de proteínas de fase aguda.
Y Dica do autor: Quando pensamos na nutrição Alternativa C: INCORRETA. IFN-gama é inflamatória
de nosso paciente, precisamos ter em mente que aumenta a expressão de moléculas MHC classe I
existem duas vias, a enteral, que representa a via e inibe a replicação viral.
325
Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cirurgia geral
Alternativa D: CORRETA. TGF-beta tem ação anti-infla- abdome. A gastrostomia permite que nutrição, flui-
matória com inibição da secreção de imunoglobuli- dos e medicamentos sejam colocados diretamen-
nas, downregulation de células NK, aumento na pro- te no estômago, sem passar pela boca e esôfago.
dução de proteínas extracelulares por fibroblastos. ✔ resposta: C
Alternativa E: INCORRETA. IL-1 também é uma cito-
cina inflamatória com propriedades semelhantes Questão 8 dificuldade:
ao do TNF-alfa.
Y Dica do autor: a resposta metabólica ao trauma
✔ resposta: D
corresponde a uma tentativa do organismo de rea-
gir a uma agressão, no intuito de fornecer glicose
Questão 6 dificuldade:
e água para os locais que mais necessitam. Esse
Y Dica do professor: resposta metabólica ao trauma processo se dá através da liberação de determina-
(Remit) é a designação dada ao conjunto de altera- dos hormônios (contrainsulínicos) e mediadores
ções neuroendócrinas e imunológicas que ocorrem pró-inflamatórios. Pode ser exacerbado quando a
após a injúria, com objetivo de restabelecer a ho- agressão é muito intensa, como também pode ser
meostase. O aumento da secreção de hormônios
atenuado, de acordo com algumas medidas.
hipofisários, a ativação do Sistema Nervoso Sim-
pático e a liberação de citocinas pró-inflamatórias Alternativa A: INCORRETA. A primeira fase da Remit
constituem as principais alterações metabólicas é a chamada fase catabólica ou adrenérgica-corti-
associadas ao trauma. A estimulação do Sistema coide. Nela, catecolaminas, cortisol, GH, glucagon,
Nervoso Simpático resulta no aumento da secreção ACTH, ADH e aldosterona encontram-se aumenta-
de adrenalina na região medular da adrenal, e de no- dos. Por serem hormônios contrarreguladores da
radrenalina nas terminações nervosas simpáticas
insulina, a insulina encontra-se reduzida.
pós-ganglionares. As catecolaminas induzem vaso-
constrição arteriolar, inotropismo e cronotropismo, Alternativa B: CORRETA. Quando o trauma é muito in-
além de estimular glicogenólise, lipólise, proteólise tenso, a resposta pode ser tão exacerbada, que pode
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e resistência insulínica – e, por outro lado, atonia provocar distúrbios orgânicos e descompensação
intestinal e íleo paralítico. A estimulação pancreá- clínica do paciente, podendo levar à insuficiência
tica por ação das catecolaminas provoca redução
de múltiplos órgãos.
da secreção de insulina e aumento de glucagon,
gerando hiperglicemia. Ademais, além dos opioi- Alternativa C: INCORRETA. A proteólise é uma via
des administrados no intraoperatório e pós-ope- diferente e independente da glicogenólise. A pro-
ratório para o alívio da dor, grande quantidade de teólise é responsável pelo processo de gliconeo-
evidências sugere que os opioides endógenos, cuja gênese, em que as proteínas são convertidas em
liberação é desencadeada pela dor e manipulação aminoácidos (alanina e glutamina), sendo que a
intestinal, podem desempenhar papel significativo
alanina, através do ciclo de Felig, é transformada
na patogenia da disfunção intestinal.
em glicose pelo fígado. Já a glicogenólise corres-
✔ resposta: E
ponde à degradação de glicogênio hepático e do
tecido muscular em glicose. Ambas as vias são
Questão 7 dificuldade:
ativadas pela Remit.
Y Dica do professor: paciente com traumatismo cra-
Alternativa D: INCORRETA. A cirurgia videolaparos-
nioencefálico importante, com reavaliações neuro- cópica é responsável pela diminuição da resposta
lógica e fonoaudiológica que definiram a impossi- imunológica ao trauma. Já o bloqueio peridural é
bilidade de o paciente retornar com a alimentação responsável pela diminuição da resposta endócrina
oral nos próximos meses. Dessa maneira, se torna ao trauma. A raquianestesia não tem essa capaci-
mandativa a obtenção de via definitiva de alimenta- dade de atenuar a Remit.
ção, sendo a mais utilizada no momento a gastroso-
Alternativa E: INCORRETA. Como na Remit há diminui-
tomia por via endoscópica minimamente invasiva.
ção da ação da insulina, geralmente há hiperglice-
A gastrostomia endoscópica percutânea é um pro-
mia. As demais alterações estão corretas.
cedimento no qual uma sonda flexível de alimenta-
ção é passada ao estômago através da parede do ✔ resposta: B
326
Resposta metabólica e nutrição em cirurgia Cap. 15
Questão 9 dificuldade:
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ção de água e sal.
Alternativa D: CORRETA. O fígado é responsável por
armazenar glicogênio e metabolizar aminoácidos
e ácidos graxos, participando ativamente dos pro-
cessos de glicogenólise e gliconeogênese na Remit.
Alternativa E: INCORRETA. As citocinas pró-inflama-
tórias, em conjunto com os hormônios contrarre-
guladores da insulina, têm efeito hiperglicemiante.
✔ resposta: E
327
Fixe seus conhecimentos!
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BASES DA CIRURGIA E Capítulo
PROCEDIMENTOS 16
importância/prevalência
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uma apendicite complicada, uma úlcera venosa infectada
1. BASES DA CIRURGIA ou osteomielites.
A violação da barreira da pele e a manipulação cirúrgica
dos órgãos podem ser a porta de entrada para infecções,
o que torna tão importante o conceito de profilaxia anti-
1.1. PROFILAXIA ANTIMICROBIANA microbiana.
329
Bases da cirurgia e procedimentos Cirurgia geral
bons exemplos as cirurgias de pele e de hérnias. Quadro 1. Classificação das cirurgias quanto
Nesses casos, apenas se lida com a microbiota da à contaminação/antimicrobianos.
pele, que sofreu adequada antissepsia. Em geral, Classificação Indicação Esquema
nesses casos, não se usa antimicrobiano. Mas se,
Limpa Utiliza-se prótese/tela Cefazolina
como nas hérnias, houver uso de telas, lança-se
mão de cefazolina ou cefalotina, cefalosporinas Limpa Cefazolina OU
Utilizar sempre*
de primeira geração, que cobrem adequadamente contaminada Cefoxitina
a microbiota da pele. Cefoxitina OU
Uma cirurgia potencialmente contaminada ou lim- Contaminada Utilizar sempre Metronidazol
+ Ceftriaxona/
pa-contaminada é aquela em que se viola um trato
Ciprofloxacino
pouco colonizado do corpo, de forma controlada,
sem que haja grande contaminação do sítio cirúr- Metronidazol
Utilizar em duração
Infectada + Ceftriaxona/
gico. São exemplos: gastrectomias e colecistecto- terapêutica
Ciprofloxacino
mias. Nessas cirurgias, lança-se mão de cefazolina
* Exceção: colecistectomia videolaparoscópica eletiva.
ou, a critério do cirurgião, uma droga que cubra
Fonte: Elaborado pelo autor.
mais especificamente a microbiota envolvida. No
caso de cirurgias do tubo digestivo, a cefoxitina,
uma cefalosoporina de segunda geração, é uma Outros sítios cirúrgicos têm suas peculiaridades. Por
ótima escolha. Vale ressaltar que, de acordo com o exemplo: as cirurgias do sistema nervoso central
Sabiston, não é mais indicada a antibioticoprofilaxia recebem sempre profilaxia antimicrobiana, ainda que
obrigatória nas colecistectomias. limpas, pois uma eventual infecção é catastrófica.
Cirurgias do trato geniturinário, por sua vez, usam
Já a cirurgia contaminada, por sua vez, é aquela que mão de quinolonas com maior frequência, haja
viola de forma não controlada tratos pouco coloni- vista a microbiota local. Cirurgias da orofaringe,
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zados ou, então, controladamente tratos bastante por fim, utilizam amoxicilina-clavulanato, que cobre
colonizados, como em colectomias. Nesses casos, adequadamente as populações de gram-positivos
utilizamos drogas para cobrir de forma mais ou e anaeróbios locais.
menos intensa a microbiota local envolvida. Para
cirurgias digestivas, temos como opções a cefoxi-
tina acima mencionada ou, mais especificamente, DIA A DIA MÉDICO
a associação de metronidazol a ceftriaxona ou a
ciprofloxacino. Existem algumas medidas não medicamentosas que
As cirurgias infectadas não são difíceis de ser com- devem ser tomadas para evitar a infecção no pós-ope-
ratório. Fique sempre atento a elas no centro cirúrgico:
preendidas: são aquelas em que há infecção do sítio
cirúrgico decorrente da doença inicial. Um bom W A sala de operação deve estar limpa, com portas
exemplo é a apendicite complicada com infecção fechadas;
adjacente, como um abscesso. O detalhe aqui é: W Número restrito de pessoas dentro da sala, todas com
não é profilaxia antimicrobiana, mas, sim, TERAPIA devido treinamento para não causar contaminação;
antimicrobiana. O antimicrobiano será escolhido de W Paramentação adequada de toda a equipe cirúrgica;
acordo com o foco infeccioso e seu uso é prolon-
W Tricotomia feita com tricôtomo elétrico imediatamente
gado. Para infecções do trato digestivo, lança-se antes da cirurgia. Não usar lâmina fria, nem realizar o
mão de metronidazol associado à ceftriaxona ou procedimento na noite anterior à cirurgia;
ao ciprofloxacino.
W Temperatura adequada da sala.
330
Bases da cirurgia e procedimentos Cap. 16
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Doenças oncológicas
331
Bases da cirurgia e procedimentos Cirurgia geral
O tratamento é com anticoagulação plena (hepa- probabilidade. E os escores intermediários 2-6 sig-
rinização plena) em ambiente hospitalar, seguido nificam moderada possibilidade.
de anticoagulação oral domiciliar (varfarina) por 6
O diagnóstico do TEP é firmado por uma angioto-
meses. O D-dímero estará elevado, mas de forma
mografia de tórax em protocolo TEP. O tratamento é
inespecífica, considerando que é usual sua elevação
feito com anticoagulação plena, como a TVP. Entre-
no pós-operatório.
tanto, casos com repercussão hemodinâmica grave
podem ser candidatos à fibrinólise medicamentosa.
1.2.5. TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
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te inespecífico). um ferimento deve ter boa vascularização e estar
Também existe um escore para estratificar o risco livre de tecido desvitalizado. Na avaliação inicial, toda
de TEP: ferida deve ser lavada com soro abundante e explo-
rada para retirar contaminações, corpos estranhos,
Tabela 2. Escore de Wells. além de verificar seus limites, buscar acometimento
de vasos sanguíneos, nervos, tendões e ossos. Para
Escore de Wells – TEP Pontos
alcançar melhor visualização e limpeza, isso pode
TVP ou TEP prévios +1,5 ser repetido após a anestesia da ferida.
Frequência cardíaca >100 Quanto aos tipos de fechamento, podemos clas-
+1,5
batimentos por min
sificá-los em:
Cirurgia recente ou imobilização +1,5 u Fechamento primário (primeira intenção): é o
Sinais clínicos de TVP +3 fechamento imediato da lesão através de sutu-
Diagnóstico alternativo menos ras, enxertos e retalhos. É o ideal, pois alcança
+3 rápida epitelização (24 a 48 horas), levando a
provável que TEP
melhor resultado estético (há pouca contração
Hemoptise +1
da ferida devido à aproximação das suas mar-
Câncer +1 gens) e funcional.
Fonte: Wells et al.1 u Fechamento secundário (segunda intenção): a
cicatrização acontece sem a junção ativa das
Não se preocupe em decorar os valores dos pontos bordas; é deixada aberta para fechamento por
da tabela, apenas se familiarize com ela e saiba granulação e retração dos tecidos. É mais demo-
que: um escore de Wells >7 significa alta probabi- rada e pode levar alguns meses, a depender do
lidade de TEP/TVP. Um escore <1 significa baixa tamanho da ferida. Esse tipo é utilizado apenas
332
Bases da cirurgia e procedimentos Cap. 16
quando há intensa contaminação local, já que Geralmente são causadas por úlceras por pressão,
leva à contração e defeitos estéticos. feridas nos membros inferiores de pacientes diabé-
u Fechamento terciário (primário retardado): a fe- ticos, úlceras vasculogênicas e feridas por radiação.
rida é inicialmente deixada aberta (por infecção A utilização de antibioticoprofilaxia não tem apli-
ou contaminação), até ser tratada com desbrida- cação prática de forma rotineira, não sendo útil
mentos, curativos e antibióticos. Em um segundo para evitar infecções de feridas, mesmo em lesões
momento é fechada através de sutura, enxerto extensas.
ou retalho.
Os objetivos da sutura de um ferimento são evitar 2.1.1. FIOS DE SUTURA
infecção, auxiliar a hemostasia e garantir um resul-
tado estético satisfatório. Fechamento primário é Os fios de sutura utilizados podem ser absorvíveis
sempre a primeira opção, pois apresenta melhor ou inabsorvíveis, monofilamentados ou multifilamen-
resultado estético e funcional. Entretanto, fecha- tados. Os fios absorvíveis, com tempo de absorção
mento por segunda intenção deve ser realizado mais curto, são utilizados em mucosas, enquanto os
nos casos de contaminação importante, mordedura fios com maior tempo de absorção são utilizados na
animal, perfurações por arma de fogo e atendimento derme. O náilon é um fio inabsorvível monofilamen-
após 18-24 horas. O tempo não é o fator decisivo tar que causa pouca reação tecidual e é utilizado
para que uma ferida possa ser fechada por primeira preferencialmente na maioria das suturas.
intenção ou não, mas, sim, uma equação entre os Os fios multifilamentares apresentam maior faci-
benefícios estéticos e o grau de vitalidade da ferida. lidade de manuseio e capacidade maior de reter
Feridas cortantes apresentam melhor prognóstico, o nó, já os monofilamentares apresentam menor
menor risco de infecção e melhor cicatrização, coeficiente de atrito, portanto causam menor grau
quando comparadas a feridas contusas. De forma de lesão tecidual em sua passagem pelo tecido,
geral, pode-se suturar uma ferida na face até 24, 72 mas com menor capacidade de retenção do nó. O
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horas após o trauma e, em membros, até 18 horas. termo absorvível aplica-se a fios que são degradados
Feridas que acometem áreas extensas, represen- e acabam por desaparecer ao longo do tempo, ao
tando uma ameaça à viabilidade de um membro ou passo que os inabsorvíveis atingem um ponto de
risco de vida, são chamadas feridas complexas. Tais equilíbrio com o organismo, permanecendo estáveis
feridas apresentam uma evolução imprevisível e cos- ao longo do tempo.
tumam necessitar da avaliação de um especialista.
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Bases da cirurgia e procedimentos Cirurgia geral
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contraindicado em pacientes renais crônicos
(impede a confecção de fístulas de hemodiálise).
u Cateter venoso central implantado (Portocath):
É um cateter central em que a sua extremidade
externa fica tunelizada e implantada abaixo do
subcutâneo. Em sua extremidade, tem uma esfera
de silicone que pode ser “puncionada” através da
Fonte: Gama-Rodrigues et al.2 pele para se utilizar o cateter. É muito utilizado
para quimioterapia, pois tem grande meia-vida e
pode ser utilizado por pacientes ambulatoriais. O
2.2. ACESSO VENOSO CENTRAL
paciente vai para casa com o Portocath e, quan-
do volta para nova sessão de quimioterapia, ape-
A utilização de acessos venosos é extremamente nas se punciona a esfera de silicone e aplica-se
comum. Eles são fundamentais para a aplicação o medicamento.
de substâncias (medicamentos, fluidos, nutrientes
etc.) parenterais e monitorização. Existem diversos 2.2.1. INDICAÇÕES
tipos de acessos venosos e, antes de falar sobre os
acessos venosos centrais, vamos fazer uma rápida O acesso venoso central é um procedimento extre-
revisão nos diversos tipos de acessos venosos mamente comum na vida do médico. Em algum
disponíveis. momento da vida, ele se confrontará com a neces-
u Acesso venoso periférico: cateterização de curta sidade de uma indicação ou de realização da pas-
duração de veias periféricas dos membros supe- sagem do acesso.
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Bases da cirurgia e procedimentos Cap. 16
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sários vasos de maior calibre, portanto hemodiá- vago. É a bainha carotídea.
lise e plasmaférese.
u Passagem de marca-passo transvenoso. A veia jugular interna está localizada posteriormente
u Colocação de filtro de veia cava. ao músculo esternocleidomastoide e lateralmente
u Posicionamento de stents (praticamente a es- em relação à artéria carótida. Pode ser facilmente
pecialidade hemodinâmica gira em torno de puncionada através dos marcos anatômicos da
acesso central). divisão da cabeça clavicular e esternal. Além da
facilidade técnica, a possibilidade de ser comprimida,
2.2.2. CONTRAINDICAÇÕES evitando a formação de hematomas (especialmente
se punção arterial por acidente), é uma vantagem
Assim como todo procedimento em medicina, o desse acesso. Pelo fato de estar mais longe, as
acesso venoso central também tem contraindica- complicações pulmonares (pneumotórax, hemo-
ções, porém não existe nenhuma contraindicação tórax) são menores, mas não inexistentes. Devido
absoluta, apenas relativa. A coagulopatia (RNI >1,5) à anatomia pulmonar, prefere-se realizar a punção
e a trombocitopenia (plaquetas <50.000) são as do lado direito, pois desse lado a cúpula pulmonar
principais delas e, nesses casos, deve-se medir o é mais baixa.
risco-benefício. As recomendações da literatura
nesses casos são de que se dê preferência a sítios
compressíveis (a exemplo do femoral) e realização DIA A DIA MÉDICO
do procedimento guiado por USG, para evitar aciden-
tes de punção e diminuir a quantidade de sangra- Algumas dicas para puncionar a veia jugular interna com
mento. Alterações anatômicas dos locais de punção mais facilidade:
ou lesões de pele na área de punção (queimadura,
infecção) também são contraindicações relativas
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Bases da cirurgia e procedimentos Cirurgia geral
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presença do osso anteriormente, não se consegue Figura 3. Anatomia dos vasos femorais.
comprimir a região em caso de punção arterial,
sendo formalmente contraindicada em pacientes
com elevado risco de sangramento.
Fonte: Blamb/Shutterstock.com.4
2.2.4. COMPLICAÇÕES
336
Bases da cirurgia e procedimentos Cap. 16
u Arritmias – devido à passagem do fio-guia ou mesmos para todos. Atualmente utiliza-se a técnica
posicionamento do cateter dentro das câmaras de Seldinger com auxílio do fio-guia para executar
cardíacas direitas.; o procedimento.
u Embolia gasosa – principalmente durante a re- 1. Preparação dos materiais;
tirada do cateter;
u Lesão do ducto torácico (com abordagem da veia 2. Posicionamento do paciente;
subclávia esquerda); 3. Assepsia e antissepsia do local da punção;
u Posição incorreta do cateter;
4. Anestesia local da pele;
u Pneumotórax ou hemotórax (principalmente na
punção da veia subclávia). 5. Punção da veia com agulha;
As complicações tardias são: 6. Passagem do fio-guia por dentro da agulha;
u Infecção; 7. Retirada da agulha mantendo o fio-guia no lugar;
u Trombose venosa;
8. Incisão da pele (no local da punção adjacente
u Embolia pulmonar; ao fio-guia para facilitar a introdução do cateter);
u Estenose venosa;
9. Introdução e retirada do dilatador pelo fio-guia;
u Migração do cateter;
u Embolização por cateter; 10. Passagem do cateter pelo fio-guia;
u Perfuração do miocárdio; 11. Retirada do fio-guia;
u Lesão nervosa. 12. Checagem do fluxo e refluxo em cada via do
A punção venosa central deve ser tratada como um cateter;
procedimento cirúrgico; portanto, toda a parte de
preparação será feita da mesma forma como em 13. Fixação do cateter;
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qualquer intervenção. Então, o paciente deve estar 14. Curativo.
ciente do procedimento a que será submetido, deve
haver uma adequada assepsia e antissepsia, bem
como posicionamento adequado do paciente e de
todos os materiais.
337
Bases da cirurgia e procedimentos Cirurgia geral
Mapa mental
Bases da Cirurgia
Profilaxia Profilaxia
para TEV antimicrobiana
Inserção de
>60 anos 30-60 min
prótese/tela
Obesidade antes da
Específicas Gerais anestesia
Doença
oncológica Cefazolina
AVC prévio
Imobilização Paciente
no leito com TVP
Cirurgias
Fratura de
potencialmente No máx
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mmii e quadril
contaminadas 24-48 h
Filtro de veia
cava inferior
Fator de
risco para Cefazolina ou
TEV >2 cefoxitina
Indicação para
anticoagulação Não
Compressão medicamentosa
Cirurgias
intermitente contaminadas
de mmii
meias
elásticas Cefoxitina ou
12 a 24 h antes metronidazol
da cirurgia + Ceftriaxona /
deambulação ciprofloxacino
precoce
Medcicamentosa
heparina de
baixo peso
molecular
(clexane)
heparina
não
fracionada
338
Bases da cirurgia e procedimentos Cap. 16
Procedimentos
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1ª, 2ª e 3ª Posicionamento
intenção do cateter
-V. cava superior
-V. cava inferior
hemostasia -Átrio direito
dificuldade de
Simples acesso periférico
Donnatti
Em x
Barra grega incompatibilidade
Chuleio (simples da droga c/ acesso
e ancorado) ven. profundo
ex: vasopressores
quimioterápicos
nutrição parenteral
339
Bases da cirurgia e procedimentos Cirurgia geral
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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gement of thoracostomy tubes and catheters in adults and
children. UpToDate [Internet]; 2019 [acesso em 25 jul 2021].
Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/place-
ment-and-management-of-thoracostomy-tubes-and-cathe-
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Elsevier; 2007.
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tese está associada à redução da mortalidade em pacien-
tes hospitalizados com cirrose e ascite. Clin Gastroenterol
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Runyon BA, Comitê de Diretrizes Práticas da AASLD. Manejo
de pacientes adultos com ascite por cirrose: uma atualização.
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Feldman M, Friedman L, Brandt LJ, editores. Gastrointestinal
e doenças hepáticas de Sleisenger e Fordtran. 8. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier; 2010. p. 1517.
340
Bases da cirurgia e procedimentos Cap. 16
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 4
(CENTRO MÉDICO DE CAMPINAS – SP – 2020) Consti- (SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SÃO PAULO-
tui etapa fundamental na realização de drenagem -SP-2021) A respeito das infecções associadas aos
pleural eletiva: cuidados de saúde assinale a alternativa correta.
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(SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SÃO PAULO-
morbimortalidade
-SP-2021) Com relação ao uso de antibióticos profi-
láticos em cirurgias, assinale a que indica procedi- ⮩ A higiene das mãos deve ser realizada preferen-
mento cirúrgico que justifica tal medida. cialmente com água e sabonete, evitar álcool
em gel.
⮦ Colecistectomia videolaparoscópica ⮪ O manejo de paciente hospitalizado deve se dar
⮧ Colectomia com preparo de cólon por cuidadores de saúde, deixando a enfermagem
⮨ Mastectomia radial a Sobre a prevenção de infecções associadas a
dispositivos invasivos, assinale a correta postos
⮩ D: Herniorrafia inguinal
apenas para intercorrências.
⮪ Tireoidectomia radical
Questão 3
⮦ Limpa contaminada
⮧ Contaminada
⮨ Infectada
⮩ Limpa
⮪ Nenhuma das alternativas anteriores
341
Bases da cirurgia e procedimentos Cirurgia geral
Questão 5 Questão 6
(SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SÃO PAULO-SP-202) (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS - RORAIMA -RR -2021)
Sobre a prevenção de infecções associadas a dis- Analise as afirmativas abaixo sobre o acesso vas-
positivos invasivos, assinale a alternativa correta. cular por canulação venosa central.
I. O posicionamento distal de um dispositivo
⮦ São indicações corretas do uso de cateter ve- apropriado de acesso vascular deve ter sua
sical de alivio: obstrução ouretenção urinária e extremidade posicionada na veia cava superior
irrigação terapêutica da bexiga. ou inferior, dependendo do local da inserção
⮧ A cabeceira do leito elevada em 30 a 45 graus é periférica;
uma das medidas para a prevenção de escaras II. Deve ser dada preferência ao lado direito, pois
de decúbito. a cúpula pleural é mais baixa com menor risco
⮨ A profilaxia cirúrgica deve ser iniciada imedia- de pneumotórax;
tamente após o término do procedimento, para III. Devem-se evitar punções de veia subclávia
que seja efetiva. esquerda pelo fato de o ducto torácico desembo-
⮩ Algumas das indicações corretas de uso de ca- car nessa posição com maior risco de quilotórax;
teter venoso central são: instabilidade hemodi- V. As principais indicações incluem monitorização
nâmica, nutrição parenteral e ausência de aces- hemodinâmica invasiva (pressão venosa central,
so venoso periférico (se o paciente necessitar pressão de artéria pulmonar, débito cardíaco por
tratamento com medicamento endovenoso). termodiluição) e acesso vascular para a infusão
⮪ O cateter venoso central, quando higienizado e de soluções cáusticas, irritantes, hiperosmóticas
assepsia do local de punção, pode permanecer e vasoativas.
sem troca por até 90 dias.
Assinale as alternativas que indica todas as afir-
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mativas corretas.
342
Bases da cirurgia e procedimentos Cap. 16
GABARITOS E COMENTÁRIOS
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pode ser dispensável quando o volume de líquido Alternativa E: INCORRETA. Cirurgia limpa, não re-
é muito pequeno ou quando se tem um diagnós- quer antibiótico.
tico óbvio como causa (ex.: insuficiência cardíaca
✔ resposta: B
descompensada).
Alternativa B: INCORRETA. Oxigênio suplementar
é fornecido conforme necessário. Questão 3 dificuldade:
Alternativa C: CORRETA. Recomenda-se a explora- Y Dica do professor: as cirurgias podem ser classi-
ção digital da cavidade torácica antes da inserção do ficadas segundo o grau de contaminação – limpas:
dreno torácico durante a drenagem, com objetivo de corte cirúrgico com antissepsia adequada, sem pe-
averiguar a possibilidade de hérnia diafragmática. netração nos tratos respiratório, digestório e genituri-
Alternativa D: INCORRETA. O ultrassom ou outras nário, com fechamento por primeira intenção; limpas
modalidades de imagem (por exemplo, fluoroscopia, contaminadas (ou potencialmente contaminadas):
tomografia computadorizada) podem ser usados ferida operatória com penetração nos tratos respira-
para orientar a colocação do dreno torácico, prin- tório, digestório ou geniturinário sob condições con-
cipalmente em um paciente com aderências pleu- troladas e sem contaminação não usual; contamina-
rais, pleurodese prévia ou cirurgia pulmonar prévia. das: cirurgia com grande quebra na técnica estéril ou
✔ resposta: C traumática, derramamento grosseiro de conteúdo do
trato gastrointestinal ou penetração em tecidos, com
inflamação aguda não purulenta; infectadas: ferida
Questão 2 dificuldade: traumática com tecido desvitalizado retido, corpos
estranhos, inflamação grave ou presença de pus.
Y Dica do autor: A antibioticoprofilaxia deve ser
realizada nas cirurgias classificadas como poten- ✔ resposta: B
343
Bases da cirurgia e procedimentos Cirurgia geral
Alternativa A: CORRETA.
Alternativa B: INCORRETA. Por mais que sejam Questão 6 dificuldade:
esperadas são completamente evitadas desde que
Y Dica do autor: Os acessos venosos centrais são
ocorra o correto manejo assim como correta indi-
cação do procedimento. indicados principalmente em casos de dificuldade
de acesso venoso periférico, incompatibilidade da
Alternativa C: INCORRETA. O tratamento para ger-
droga com o acesso venoso periférico (como, por
mes multi resistente em geral contempla mais de
exemplo, drogas vasoativas, quimioterápicos, nutri-
uma classe de fármaco, incluindo nisso antibioti-
ção parietal --> podem causar flebites se adminis-
coterapia escalonada.
trados em vasos de menor calibre) e monitorização
Alternativa D: INCORRETA. O álcool gel tem impor- hemodinâmica invasiva.
tância impar, ainda mais no momento atual, devendo
Afirmativa I: CORRETA. O posicionamento da ex-
complementar a higienização com sabão.
tremidade distal esperado após um acesso venoso
Alternativa E: INCORRETA. central de fato deve ocorrer em uma das veias ca-
✔ resposta: A vas, dependendo-se do local da punção.
Afirmativa II: CORRETA. O lado direito deve ser
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preferido para a realização dos acessos venosos
Questão 5 dificuldade:
centrais realmente por este fato da cúpula pleural
Y Dica do autor: Ninja, as infecções associadas ao ser mais baixa.
uso de dispositivos invasivos, especialmente em Afirmativa III: CORRETA. Realmente deve-se evitar
unidade de terapia intensiva, revelam um cenário a realização da punção da veia subclávia esquerda
preocupante, principalmente, ao se considerar o pelo desembocamento do ducto torácico, podendo
desfecho dos pacientes acometidos com alta taxa levar à formação de um quilotórax.
de mortalidade.
Afirmativa IV: CORRETA. Conforme mencionado na
Alternativa A: INCORRETA. O cateterismo vesical dica, estas são indicações do acesso venoso central.
intermitente pode ser indicado como modalidade
de esvaziamento vesical assistido em diferentes
patologias que cursam com prejuízo da contração
do detrusor ou dificuldade de relaxamento do es-
fíncter uretral de forma temporária ou definitiva,
não sendo indicada na irrigação.
Alternativa B: INCORRETA. Esta é uma das principais
medidas para evitar broncoaspiração dos pacientes.
Alternativa C: INCORRETA. A profilaxia antibiótica
em cirurgia tem como objetivo a redução do risco
de infecção em sítio cirúrgico. Não é concebida
para prevenir outras infecções pós-cirúrgicas como
pneumonia ou de trato urinário. Considera-se que
o momento principal da contaminação da ferida
344
Capítulo
COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS
17
importância/prevalência
u Comorbidades prévias têm grande influência no resultado final e nas complicações de uma cirurgia.
u Ainfecção de ferida operatória acontece em até 30 dias após a cirurgia ou em 1 ano, se houver uso de
implante. O principal agente encontrado é o Staphylococcus aureus.
u Deiscência
é a abertura das suturas cirúrgicas. As principais causas são infecção da ferida operatória,
seroma, hematoma e aumento da pressão abdominal.
u Éimportante atentar às várias situações que o paciente pode apresentar no pós-operatório, como febre,
tromboembolismo venoso, íleo paralítico e fístulas gastrointestinais.
1. INTRODUÇÃO 2. COMPLICAÇÕES DA
FERIDA OPERATÓRIA
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Complicações cirúrgicas fazem parte do dia a
dia de qualquer cirurgião. Podem acontecer por 2.1. SEROMA
uma variedade de motivos: condição intrínseca do
paciente, comorbidades, má técnica cirúrgica ou, até
O seroma é uma coleção de gordura liquefeita, soro
mesmo, sem motivo aparente. A principal medida
e líquido linfático que se forma sob a incisão cirúr-
para evitá-las é ter uma prática cirúrgica cuidadosa,
gica. Esse líquido geralmente é claro, amarelado e
criteriosa, com indicações corretas, atenção ao
um pouco viscoso, sendo encontrado na camada
pós-operatório, análise crítica e construtiva das
subcutânea, logo abaixo da derme. São represen-
complicações que já ocorreram e sempre realizar
tantes das complicações mais benignas após um
um pré-operatório bem-feito, com identificação dos
procedimento cirúrgico, ocorrendo quando se cria
fatores de risco e correção dos fatores modificáveis.
um grande retalho de pele no curso da operação,
Interromper tabagismo, perder peso, fazer o controle
como visto nos casos de mastectomias, dissec-
glicêmico, corrigir desnutrições são medidas de
ções auxiliares, dissecção da região inguinal e em
extrema importância e com eficácia comprovada
grandes hérnias ventrais. No geral, apresentam-se
na redução de complicação. A extensão da cirurgia
como um edema localizado e bem circunscrito, com
está diretamente ligada às suas complicações, por
desconforto à pressão e ocasional drenagem de
isso a utilização de procedimentos menos invasivos,
líquido claro pela ferida imatura. A prevenção pode
como a laparoscopia, em detrimento de cirurgias
ser obtida pela colocação de drenos de sucção sob
extensas e abertas, é outra medida que beneficia
os retalhos de pele ou no potencial espaço morto
o paciente, reduzindo as taxas de complicações.
criado pela linfadenectomia, de modo que a reti-
rada prematura desses drenos resulta, por vezes,
em grandes seromas, que requerem aspirações
repetidas, sob condições estéreis, seguidas pela
345
Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
Fonte: Scott1.
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comuns e, por definição, é uma coleção de líquido abaixo
da ferida (no subcutâneo). Tem caráter benigno, é indolor
e se apresenta como um líquido citrino, amarelado, que
drena pela incisão operatória. Origina-se da liquefação da
gordura, transudação serosa e extravasamento linfático,
por isso ocorre com mais frequência em obesos, cirurgias
com grandes descolamentos de pele e linfadenectomias.
Seu tratamento pode ser observação e curativo compres-
Fonte: Elaborado pelo autor. sivo, em casos menores, ou drenagem com expressão
da ferida, punção da coleção. A colocação de drenos
subcutâneos, especialmente em cirurgias de risco, pode
ser uma estratégia para evitá-lo.
346
Complicações cirúrgicas Cap. 17
Trata-se de uma coleção anormal de sangue, geral- É definida como a infecção da ferida operatória que
mente na camada subcutânea de uma incisão acontece em até 30 dias após a cirurgia (ou 1 ano,
recente ou em um espaço potencial na cavidade se houver uso de implante e próteses). É uma com-
abdominal após exérese de um órgão, como o plicação muito temida que pode ocasionar desde
hematoma na loja esplênica após uma esplenec- comprometimento estético até o aparecimento de
tomia. É uma complicação mais preocupante do hérnias incisionais.
que os seromas, pois tem um maior potencial para
Geralmente tem etiologia de germes de pele, Sta-
infecções secundárias. A formação do hematoma
phylococcus aureus (na maioria das vezes) e outros
se dá com sangramento na camada envolvida após
germes gram-positivos. Ela pode ser vista como
o fechamento da pele, estando relacionado com a
um espectro de complicações que vai mudar de
hemostasia, depleção dos fatores da coagulação e
acordo com a camada de acometimento da infecção,
presença de coagulopatia. As manifestações clínicas
variando em gravidade e tratamento.
variam de acordo com o tamanho e a localização
do hematoma, podendo se manifestar como uma
u Infecção superficial: envolve apenas a pele e o
tumefação expansiva ou como dor na área da incisão subcutâneo. Apresenta-se com hiperemia local,
cirúrgica, ou, ainda, como ambas. Quanto aos locais dor, edema ou drenagem purulenta. O tratamen-
de surgimento, tem-se diferentes manifestações, to deve ser feito com abertura dos pontos para
como: no pescoço: comprometimento de via aérea; facilitar a drenagem e os curativos diários. Anti-
no retroperitônio: íleo paralítico, anemia e outras; bióticos só devem ser utilizados caso o paciente
extremidades e cavidade abdominal: síndrome com- apresente sinais de celulite (hiperemia, além da
partimental. Para prevenção do hematoma, deve-se ferida operatória) e comprometimento sistêmico.
corrigir no pré-operatório qualquer anormalidade u Infecção profunda: envolve os planos profundos
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da coagulação e descontinuar medicamentos que (músculo e fáscia), mas não atinge órgãos inter-
a alterem. Quando o hematoma é pequeno, não nos. Abscessos ou deiscência da sutura podem
exige nenhuma intervenção e acabará sendo reab- estar presentes. Aqui deve ser feita a exploração
sorvido, mas hematomas maiores ou que possam da ferida para avaliar a extensão e, caso haja te-
comprometer funções vitais (como obstrução de cido desvitalizado, o desbridamento pode ser in-
vias aéreas) podem ser drenados. dicado. Antibioticoterapia semelhante à infeção
superficial. A cultura é pouco útil, pois existe alta
taxa de contaminação.
DIA A DIA MÉDICO u Infecção de órgãos ou cavidade: envolve qual-
quer parte que foi aberta e manipulada durante
Várias condições podem favorecer o surgimento dos o procedimento cirúrgico. Presença de drena-
hematomas por se relacionarem com a coagulopatia, gem purulenta, abscesso ou cultura positiva de
como: distúrbios mieloproliferativos, insuficiência hepática secreção intracavitária fecham seu diagnóstico.
e renal, septicemia, de ciência dos fatores de coagulação
Antibiótico será sempre necessário, associado
e também do uso de medicamentos (aspirina, clopidogrel,
heparina e outros). a alguma técnica de drenagem da secreção (ci-
rurgia ou punção).
Conceito importante: não confundir o termo “hematoma”
com “equimose”.
Equimose é a alteração dermatológica, o “roxo” na pele,
enquanto hematoma é a coleção de sangue formada e
organizada.
347
Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
Fonte: Townsend2.
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temidas, pois há possibilidade de evisceração e conservadoramente, cobrindo a ferida com gaze
necessidade de intervenção imediata, além de haver umedecida e uma bandagem abdominal, e, no caso
possibilidade de deiscência repetida, infecção da de evisceração, os intestinos devem ser cobertos
ferida e formação de hérnia incisional. Essa compli- com uma compressa estéril umedecida com solu-
cação ocorre em cerca de 1%–3% dos pacientes sub- ção salina, e o paciente deve ser preparado para
metidos a operações abdominais, ocorrendo com retornar à sala de operação com urgência. Durante
maior frequência com 7–10 dias de pós-operatório, a reabordagem cirúrgica, realiza-se uma exploração
mas pode ocorrer a qualquer momento, entre 1 e completa da cavidade abdominal para exclusão de
até mais de 20 dias. No geral está relacionada com foco séptico ou deiscência anastomótica que possa
erros técnicos de suturas muito próximas à margem, ter predisposto à deiscência da incisão cirúrgica. O
muito distantes ou sob grande tensão, e a infecção tratamento da infecção tem importância crítica antes
profunda é uma das causas mais comuns de separa- de se tentar o fechamento da parede abdominal. Se
ção localizada da ferida, além de outros fatores que a fáscia estiver infectada ou necrótica, realiza-se
podem contribuir, como: pressão intra-abdominal seu desbridamento. Se, após isso, as margens da
aumentada e fatores que influenciam adversamente fáscia não puderem ser aproximadas sem tensão
a cicatrização da ferida. A deiscência pode ocorrer indevida, deve-se considerar o fechamento com tela
sem aviso e a evisceração torna o diagnóstico óbvio, absorvível ou com as próteses biológicas.
e, nos casos iniciais, a investigação pode ser feita
com um aplicador de ponta de algodão estéril ou
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Complicações cirúrgicas Cap. 17
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evolui com uma hérnia incisional. Seu tratamento é a peso antes da cirurgia ou melhorar o estado nutri-
ressutura da parede, da aponeurose, em caráter eletivo cional antes do procedimento, além de orientar a
precoce, na mesma internação. cessação do tabagismo, podem contribuir para a
prevenção.
349
Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
Feridas
operatórias
Complicações
Deiscência de
Seroma Hematoma Infecção Ferida crônica
ferida operatória
Coleção:
Separação das Contaminação
Gordura liquefeita; Coleção: Cicatrização
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camadas bacteriana
Soro; Sangue incompleta
musculoaponeuróticas do sítio operatório
Líquido linfático
Prevenção: Prevenção:
Prevenção: Potencial para
Suturar com pontos Antibióticos
Drenos de sucção Infecções secundárias
separados MEV
Tratamento: Tratamento:
Tratamento: Tratamento:
Drenagem Conservador ou
Drenagem Antibioticoterapia
Observar (pequenos) Reabordagem cirúrgica
350
Complicações cirúrgicas Cap. 17
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um episódio de hipertermia maligna em 1 a cada 5 min, depois 1–2 mg/kg/h, até normalização ou
30.000–50.000 adultos. Trata-se de uma doença que desaparecimento dos sintomas; checagem e moni-
é herdada e autossômica dominante, com 2 genes toramento do paciente (gasometria arterial, creatina
de suscetibilidade identificados em seres humanos cinase, eletrólitos, lactato e mioglobina), além de
e 4 mapeados de cromossomos específicos mas eletrocardiograma, sinais vitais e débito urinário, e
não identificados definitivamente. Essa mutação devem-se adotar medidas de suporte.
resulta em regulação alterada do cálcio no músculo
esquelético na forma de fluxo aumentado desse
4.2. ENTRE O 2º E O 4º DIA DO
íon proveniente do retículo sarcoplasmático no
PÓS-OPERATÓRIO
mioplasma. Alguns agentes anestésicos (halotano,
urano e outros) e relaxantes musculares despola-
rizantes (succinilcolina e suxametionina) causam Destacam-se as condições inflamatórias não infec-
elevação na concentração do cálcio mioplásmico. ciosas, como a resposta endócrina metabólica ao
Quando isso acontece nos pacientes suscetíveis, trauma (REMIT) ou atelectasia. Outras complica-
ocorre uma liberação anormal de cálcio, que provoca ções, como trombose venosa, embolia gordurosa,
ativação prolongada dos filamentos de músculo, cul- hematoma e seroma, também podem ser respon-
minando em rigidez e hipermetabolismo, o que gera sáveis. Nesses casos, o paciente não apresenta
hipóxia celular, acidose lática e hipercapnia, além da alterações sistêmicas associadas e o tratamento
geração excessiva de calor, que, se não for tratada, é de suporte.
culmina na morte de miócitos e na rabdomiólise (que A fasceíte necrotizante é uma infecção profunda da
leva à hipercalemia e à mioglobinúria). Por fim, o ferida operatória que, devido a sua rápida evolução,
paciente desenvolve coagulopatia disseminada, ICC, pode se manifestar nos primeiros dias. Hipere-
isquemia intestinal e síndrome compartimental. Sus- mia, além das bordas da ferida com progressão
peita-se de suscetibilidade à HM no pré-operatório em horas e presença de gás, podem ser sinais.
351
Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
Antibioticoterapia e intervenção cirúrgica com des- em até 2/3 dos pacientes, e a sua causa é infecciosa
bridamento extenso da área acometida devem ser em cerca de 1/3 dos casos. Quando a febre surge antes
de 72 horas de pós-operatório em especial, quando tem
imediatas.
surgimento nas primeiras 24–48 horas, deve-se pensar
em atelectasia, que normalmente evolui com uma febre
4.3. APÓS O 3º DIA DE PÓS-OPERATÓRIO baixa. Além disso, outras causas podem ser: infecção
necrosante do sítio cirúrgico ou peritonite difusa (cursa,
geralmente, com: febre, distensão abdominal e vômitos).
As causas infecciosas passam a ser mais prevalen-
tes: infecções urinárias em primeiro lugar, seguidas O paciente que apresenta febre precoce merece uma ava-
de pneumonias, infecções associadas a cateteres e liação adequada da ferida operatória, justamente devido à
possibilidade de infecção necrosante do sítio operatório.
ferida operatória. O tratamento deve ser direcionado
Já a febre que surge após as 72 horas está associada com
para o foco infeccioso suspeito. outras causas, como: infecção do trato urinário, infecção
Entre o 5º e o 7º dia, atenção especial deve ser dada da ferida operatória (na forma não necrosante), deiscência
anastomótica, sinusite, tromboembolismo venoso pro-
aos pacientes com anastomose do trato digestivo,
fundo e colite pseudomembranosa (paciente que fez uso
pois esses são os dias mais preocupantes para uma prévio de antibióticos). O tratamento é determinado pelos
deiscência dessa anastomose e extravasamento de resultados da avaliação do paciente (etiologia da febre/sítio
conteúdo entérico. da infecção), sendo que muitos cirurgiões recomendam
a diminuição da temperatura com o uso de antitérmicos
e, caso haja suspeita de infecção, deve-se entrar com o
antibiótico mais adequado para o sítio infeccioso.
DIA A DIA MÉDICO
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352
Complicações cirúrgicas Cap. 17
Descontinuação da droga +
Hiperventilação + Dantrolene
Crise hipermetabólica
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Intraoperatório
Febre
353
Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
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BASES DA MEDICINA (com secreção espessa), leucocitose e radiografia
de tórax, revelando infiltrados. Caso o paciente
Sabe-se que diversos fatores contribuem para uma semio- não seja prontamente diagnosticado e tratado,
logia pulmonar anormal após um procedimento cirúrgico, poderá evoluir de forma rápida para insuficiência
como: diminuição na capacidade residual funcional (rela- respiratória e necessitar de intubação. A prevenção
cionada com distensão abdominal, incisão dolorosa na
da atelectasia e da pneumonia está associada ao
região abdominal superior, obesidade, tabagismo, DPOC,
decúbito dorsal prolongado e sobrecarga de líquidos, que
controle da dor, que permite que o paciente respire
pode levar a um edema pulmonar). A capacidade vital profundamente e consiga tossir. Encoraje o paciente
desses pacientes pode estar reduzida em até 50% do nor- a tossir com a aplicação de um travesseiro sobre o
mal, durante os 2 primeiros dias de pós-operatório. Além local da incisão abdominal, além de encorajá-lo a
disso, o uso de narcóticos inibe de forma significativa o respirar profundamente, sendo essa a abordagem
impulso respiratório.
de tratamento isolada mais valiosa na resolução da
atelectasia e da pneumonia.
Alterações pulmonares após procedimentos cirúr-
gicos são muito comuns: a capacidade pulmonar 6.2. PNEUMONIA E PNEUMONITE
pode reduzir-se em até 50% nos primeiros 2 dias PÓS-ASPIRAÇÃO
de pós-operatório, sem haver nenhuma patologia
associada (atelectasia, embolia ou infecção). Sabe-se que a aspiração de conteúdos orofarín-
geos ou gástricos para o trato respiratório é uma
6.1. ATELECTASIA complicação grave das intervenções cirúrgicas. A
pneumonite por aspiração (relacionada com contato
do conteúdo gástrico com a mucosa pulmonar), tam-
A atelectasia é a complicação respiratória mais
bém chamada de Síndrome de Mendelson, descreve
comum no pós-operatório. Ela ocorre através da
354
Complicações cirúrgicas Cap. 17
uma lesão pulmonar aguda que resulta da inalação PaO2 reduzida, e outros pacientes podem ter mani-
de conteúdos gástricos regurgitados, enquanto a festações mais graves, com apneia e sibilo que
pneumonia por aspiração resulta da inalação de progressivamente evoluem para edema pulmonar
secreções orofaríngeas que são colonizadas por e SARA. A prevenção da aspiração é obtida com
bactérias patogênicas. Dentre os fatores de risco medidas que reduzem o conteúdo gástrico, mini-
para regurgitação e aspiração, estão: lesão dos mizam a regurgitação e protejem a via aérea. Além
esfíncteres esofágicos e reflexos laríngeos, motili- disso, é importante que, no pós-operatório, evite-se
dade GI alterada e ausência de jejum pré-operatório, o uso de narcóticos em excesso, que haja incentivo
e, quanto à aspiração orofaríngea, sabe-se que o à deambulação e a alimentação seja adaptada para
idoso é bastante suscetível, além dos pacientes os pacientes obnubilados, idosos ou debilitados.
com tubo nasogástrico ou debilidade de deglutir e Com a suspeita de aspiração, o paciente deve ser
limpar suas vias aéreas. Quanto à clínica, o paciente prontamente monitorado e, se necessário, deve ser
com aspiração, no geral, apresenta história de vômi- intubado, seguido de aspiração agressiva da árvore
tos associado à aspiração, manifestando-se com brônquica. Nos pacientes com pneumonite sem 48
sibilos e respiração ruidosa, enquanto os pacien- horas, está indicada a antibioticoterapia empírica,
tes que aspiram conteúdo gástrico cursam com e aqueles com pneumonia por aspiração também
tosse e sibilos. Vale lembrar que alguns pacientes devem receber antibióticos, em especial que cubram
apresentam aspirações silenciosas, sugeridas pela os gram-negativos.
presença de infiltrado na radiografia de tórax ou
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Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
COMPLICAÇÕES
CIRÚRGICAS
ATELECTASIA PNEUMONIA
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Devido aos anestésicos Etiologia
Lembrete: A aspiração
gástrica pode ocasionar uma Síndrome de Mendelson
pneumonite por aspiração.
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Complicações cirúrgicas Cap. 17
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cirúrgico abdominal, como: estresse cirúrgico e
manipulação do intestino, resultando em atividade
simpática inibitória sustentada e liberação de hor-
mônios e neurotransmissores, bem como ativa-
ção da resposta inflamatória local, que resulta em
supressão do aparelho neuromuscular. Além disso,
no pós-operatório imediato, a restrição alimentar
e a analgesia narcótica também contribuem para
a alteração da motilidade intestinal. A obstrução
intestinal mecânica precoce é comumente causada
por aderências (cerca de 92% dos casos), flegmão
ou abscesso, hérnia interna, isquemia intestinal ou
intussuscepção. O íleo pós-operatório afeta prima-
riamente o estômago e o cólon. No íleo adinâmico,
o estômago, o delgado e o cólon são acometidos.
Quanto à obstrução mecânica, sabe-se que ela
pode ser completa ou parcial, podendo ocorrer na
parte proximal ou distal do delgado. A extensão das
manifestações clínicas varia com a causa, o grau e Fonte: Supermaterial – complicações em cirurgia3.
o nível de obstrução. Nos casos de obstrução alta,
há vômitos no início do curso da doença, que podem
As medidas preventivas devem ser iniciadas no
apresentar distensão mínima ou não apresentar dis-
período intraoperatório e continuadas no período
tensão, além da presença de vômito bilioso. Aqueles
pós-operatório imediato. Durante o ato cirúrgico, o
com obstrução distal vomitam tardiamente no curso
médico deve manipular de forma suave os tecidos
357
Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
e limitar a dissecção peritoneal somente ao essen- diversos, mas principalmente em cirurgias abdominais.
cial, além de ser evitada a lesão de alças intestinais O paciente desenvolve um quadro de obstrução funcional,
uma aperistalse devido à manipulação cirúrgica das alças
causadas por instrumentos e utilização de medidas
intestinais, alterações inflamatórias (REMIT, infecções) e
como barreiras antiadesão. No período pós-operató- metabólicas (principalmente hipocalemia). Alguns medi-
rio, os eletrólitos devem ser monitorados e qualquer camentos, como opioides, podem agravar o quadro. Após
alteração deve ser corrigida. Formas de analgesia um procedimento cirúrgico é normal que haja uma lenti-
alternativa aos narcóticos podem ser usadas, como ficação transitória na peristalse do trato gastrointestinal.
os AINEs e a colocação de uma epidural torácica O intestino delgado costuma ser o primeiro a recuperar
seu trânsito em poucas horas, seguido pelo estômago
com anestésico local.
(24 a 48 horas) e cólon (48 a 72 horas). O íleo paralítico
Por fim, quando há suspeita ou diagnóstico de uma é uma condição diferente: o seu quadro clínico é de dor e
obstrução pós-operatória, uma abordagem em 3 distensão abdominal, com parada/redução de eliminação
de fezes e flatos, náuseas, vômitos, desidratação e queda
etapas deve ser seguida: reanimação, investigação e
do estado geral. Na radiografia poderá ser observada
intervenção cirúrgica. Logo, uma relaparotomia deve dilatação de alças (sobretudo delgado), inclusive com
ser realizada se houver uma obstrução de intestino níveis hidroaéreos. Esse quadro é chamado de “pseudo-
em alça fechada de alto grau ou complicada, intus- -obstrução intestinal do delgado”. Diferencia-se, porém,
suscepção ou peritonite. O íleo adinâmico é tratado de uma obstrução verdadeira, por apresentar ruídos
mediante a resolução de algumas das anormalidades hidroaéreos abolidos (em vez de aumentados) e ter curso
benigno de evolução. O íleo, em geral, é conduzido de
(possíveis etiologias) e, esperando-se a cura, geral-
forma expectante e conservadora, enquanto se aguarda a
mente não sendo exigida intervenção cirúrgica. A autorresolução: jejum, hidratação, correção de distúrbios
obstrução mecânica parcial, inicialmente, é tratada hidroeletrolíticos e passagem de sonda nasogástrica.
de forma expectante, caso o paciente se mantenha
estável e com melhora clínica e radiológica. Caso
sejam detectados sinais de deterioração, ou se não
ocorrerem melhoras, a cirurgia está indicada. 7.2. DEISCÊNCIAS GASTROINTESTINAIS
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As anastomoses gastrointestinais podem, por vários
DIA A DIA MÉDICO motivos, evoluir desfavoravelmente, com deiscên-
cias (abertura) e consequente extravasamento de
Em resumo, leve para a vida que o íleo adinâmico ou conteúdo gastrointestinal para dentro da cavidade
metabólico é uma situação frequente em pós-operatórios abdominal.
358
Complicações cirúrgicas Cap. 17
Essa grave complicação, quando presente, irá gerar u Mudança na quantidade e/ou no aspecto do dre-
um quadro de febre, dor abdominal, sinais de peri- no de vigilância;
tonite, leucocitose e saída de secreção purulenta/ u Leucocitose.
fecaloide pela ferida. Uma estratégia que não reduz
O aspecto do dreno, inclusive, dá pistas sobre a
a taxa de complicação, porém reduz a gravidade
origem da fístula. Por exemplo, um débito leitoso,
dessa situação, é a atitude de deixar um dreno de
após um esvaziamento cervical, deve levantar a
vigilância perto da anastomose. Nesse caso, ao
hipótese diagnóstica de fístula linfática. Da mesma
mínimo sinal de saída de secreção fecaloide pelo
forma, um débito bilioso após uma reconstrução
dreno, pode-se fazer o diagnóstico.
gastrointestinal deve levantar a hipótese diagnóstica
O tratamento vai variar de acordo com a evolução de fístula de coto duodenal ou refluxo bilioso em
do doente. Caso a contaminação se espalhe na uma gastroenteronastomose.
cavidade, e o paciente esteja com sepse ou com-
Em caso de dúvida diagnóstica, pode-se, ainda,
prometimento do estado geral, será necessária
dosar componentes específicos do débito do dreno,
uma nova abordagem cirúrgica para: drenagem da
como exemplo, amilase ou triglicérides.
coleção acumulada; lavagem da cavidade; desvio
do trânsito intestinal com confecção de ileostomia Diante do diagnóstico de fístula, o tratamento está
ou colostomia. A tentativa de fechamento da deis- baseado em dois elementos principais:
cência com sutura cirúrgica é pouco eficaz devido u Suporte nutricional: e importante lembrar de
ao processo inflamatório. Caso essa contaminação derivar o trânsito intestinal do ponto da fístula.
fique localizada, pode-se realizar uma drenagem Isso pode ser feito através da passagem de uma
percutânea ou, quando já com drenos abdominais, sonda nasoenteral, se a fístula for em uma esôfa-
prosseguir com jejum, hidratação, suporte nutricional go-gastro-anastomose, ou a confecção de uma
(nutrição parenteral) e observação. Em um segundo jejunostomia, se a fístula for na gastroenteroa-
momento, após reduzido o débito da fístula, pode-se nastomose, por exemplo. Agora, se a fístula for
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reintroduzir a dieta. de coto duodenal em uma reconstrução a BII ou
em Y de Roux, ela está fora do trajeto de trânsito
7.3. FÍSTULAS GASTROINTESTINAIS intestinal e a dieta pode ser mantida pela via mais
fisiológica possível, como a via oral.
Fístulas podem surgir de complicações de anas- u Suporte infeccioso: avaliar se não há infecção
tomoses cirúrgicas que evoluem para deiscência, sistêmica acontecendo. Se ocorrer, deve-se im-
processos inflamatórios (doença de Crohn) ou, até plementar o uso de antibióticos parenterais e
mesmo, de forma intencional (colostomia, ileostomia garantir que não estejam se formando focos de
e cistostomia). A depender do conteúdo da fístula, coleção. Em outras palavras, a fístula deve estar
desnutrição e diferentes distúrbios hidroeletrolíticos bem drenada.
podem aparecer. Fístulas altas (gástricas e entéri- Note que não falamos, em um primeiro momento,
cas) podem levar à desidratação importante, pelo de reabordagem cirúrgica. Nesses casos de fís-
alto débito, e à hipocalemia. Fístulas pancreáticas tula, o tempo é melhor que o cirurgião. A fístula,
ou duodenais podem levar à acidose metabólica bem drenada, com adequado suporte nutricional
pela perda de bicarbonato. e infeccioso, se fecha sozinha.
A suspeita diagnóstica de uma fístula anastomótica Existem duas exceções a essa regra que devem
deve ocorrer a partir do quinto dia de pós-opera- ser apontadas:
tório, quando o paciente apresenta algum desses u Se o paciente foi submetido a uma rafia na pare-
sintomas: de do estômago por úlcera gástrica, e, precoce-
u Taquicardia; mente, ocorre deiscência dessa rafia, o problema
u Febre; cirúrgico original do paciente (que era o “buraco
u Dor abdominal;
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Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
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de hormônio antidiurético; hepatobiliar – Lesão de
plastia de paciente pós-bariátrico: relato de caso. Rev. Bras.
ducto biliar; neurológico – delírio; distúrbio cogni- Cir. Plást. 2019;34(2):41-4.
tivo; psicose; convulsões; AVC e AIT; ouvido, nariz e
Rodrigues AJ, Évora PRB, Vicente WVA. Postoperative Respi-
garganta – epistaxe; perda auditiva aguda; sinusite ratory Complications. Medicina. 2008;41(4):469-76.
nosocomial; parotidite.
360
Complicações cirúrgicas Cap. 17
Mapa mental
Complicações Cirúrgicas
Obstrução
Superficial Atelectasia contínua
intestinal
Coleção Íleo
intracavitária paralítico
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Ogilvie
Mecânica
Bridas
Hérnias
361
Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
Complicações Cirúrgicas
Orgânicas Febre
Abdominais Abdominais
Tempo
Sangramento
POI Infecção preexistente
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Trombose Reação transfusional
TVP
1o - 2o PO Não infecciosas
TEP
REMIT
Atelectasia
3o a 5o PO Infecções
Urinária
Pneumonia
Acessos
Ferida operatória
5o a 7o PO Deiscências
7o a 10 PO Coleções intracavitárias
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Complicações cirúrgicas Cap. 17
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 ⮦ Atelectasia.
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febre e com evacuação pastosa. Nesse caso, qual lesão jejunal e síntese fascial de parede abdominal
é a principal hipótese diagnóstica? com sutura contínua. Durante visita beira leito de
enfermaria, no sétimo dia de pós-operatório, já em
⮦ Deiscência da aponeurose.
boas condições gerais, apresentou saída de grande
⮧ Fístula da anastomose. quantidade de líquido pela incisão cirúrgica ao se
⮨ Infecção de ferida operatória. levantar. FERIDA OPERATÓRIA. Qual é o diagnós-
⮩ Abscesso intraperitoneal. tico e a abordagem com melhor resultado para o
paciente e menor custo para o sistema de saúde?
Questão 2
363
Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
⮦ Seroma de pele e subcutâneo; retirada de alguns ⮦ Fístula do coto duodenal; manter dieta via oral.
pontos e curativos oclusivos e absortivos. ⮧ Fístula do coto duodenal; laparotomia explora-
⮧ Hematoma da loja esplênica; exame de imagem dora.
e drenagem percutânea. ⮨ Fístula da gastroenteroanastomose; nutrição
⮨ Infecção de ferida operatória; remoção dos pon- parenteral.
tos da pele e aplicação de terapia por pressão ⮩ Fístula da gastroenteroanastomose; tratamento
negativa. endoscópico.
⮩ Deiscência da ferida operatória; palpação, explo-
ração digital e ressutura da parede abdominal.
Questão 5
⮪ Deiscência da ferida operatória; palpação, explo-
ração digital e ressutura da parede abdominal. (AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE APUCARANA -PR -2021)
As fístulas enterocutâneas pós-operatória represen-
tam mais de 90% de todas as fístulas intestinais e
Questão 4
estão quase sempre relacionadas com alguma das
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP - 2021) Mulher de 73 principais complicações da cirurgia do aparelho
anos de idade está no 5º pós-operatório de gastrec- digestivo. Indique corretamente os fatores deter-
tomia subtotal com reconstrução à Billroth II devi- minantes para a sua cicatrização:
do à hemorragia digestiva alta por úlcera pilórica.
⮦ Realização de sutura primária.
Encontra-se em leito de semi-intensiva, recebendo
tratamento fisioterápico (respiratório e motor). Está ⮧ Realização de enema glicerinado.
deambulando no corredor com auxílio. Introduzida ⮨ Curativos com antibióticos tópicos.
dieta com água, chá e gelatina há um dia, com boa ⮩ Ausência de infecção e ausência de obstrução.
aceitação e sem vômitos. Equipe da enfermagem
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notou que o débito do dreno no flanco direito mudou
de característica (imagem a seguir) nas últimas 24 Questão 6
horas, com débito de 110 ml. Ao exame físico está (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE-MG-2021)
em bom estado geral, FC: 80 bpm, PA: 130x80mmHg, Sobre a aquisição e a precaução contra infecção
afebril, FR: 18ipm. Semiologias pulmonar e cardíaca hospitalar, assinale a alternativa correta.
sem alterações. Abdome com incisão da laparoto-
mia mediana de bom aspecto, flácido, pouco dolo- ⮦ Recipientes para coleta de perfurocortantes so-
roso à palpação, sem irritação peritoneal. Dreno no mente devem ser usados quando se tem certeza
flanco direito conforme imagem (cerca de 90 ml). de que o material está contaminado.
Exames Laboratoriais: Hb: 9,7 g/dl; Ht: 30%; Leuco: ⮧ A precaução de contato, quando indicada, e a
11.570/mm3, PCR: 43 mg/dl; função renal normal. correta higienização das mãos têm baixo im-
Qual é a principal hipótese diagnóstica e conduta pacto no controle das infecções hospitalares.
neste momento?
⮨ São poucas as bactérias capazes de sobrevi-
ver em superfícies e instrumentos do ambiente
hospitalar, como monitores, bombas de infusão
e estetoscópio.
⮩ O ambiente hospitalar é um grande reservatório
de bactérias resistentes, constituindo em uma
fonte de infecção para os pacientes.
364
Complicações cirúrgicas Cap. 17
⮩ Fístula biliar por lesão inadvertida do ducto he- ⮩ Infecção que surge dentro das primeiras 72 horas
pático comum. não é considerada como sendo do sítio cirúrgico.
Questão 10
Questão 8
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(HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN-SP-2021) Um homem (HOSPITAL DO CÂNCER DE GOIÁS-GO-2021) Uma mulher de
de 35 anos está no segundo pós-operatório de sutu- 50 anos, deu entrada no pronto-socorro com dor
ra de úlcera gástrica, com patch de omento. Ainda abdominal há 72 horas. É hipertensa, diabética,
não foi realimentado após a operação. Refere dor obesa e tabagista. Na época, foi feito diagnóstico
abdominal de intensidade 7, em escala analógica de abdome agudo perfurativo, sendo submetida à
de 0 a 10. Está com náuseas. Pulso: 110 bpm, PA: laparotomia exploradora que evidenciou diverticu-
110 × 70 mmHg, temperatura: 37,2 °C. O abdome lite aguda perfurada. A cirurgia realizada foi uma
está um pouco distendido e é doloroso difusamen- retosigmoidectomia com anastomose primária. No
te, mas a descompressão brusca é negativa. Pelo quinto dia de pós-operatório, a paciente apresentou
dreno abdominal saíram 600 mL de líquido bilioso saída de grande quantidade de líquido sero-hemático
nas últimas 24 horas. Conduta mais adequada no por entre os pontos da ferida operatória. A pacien-
momento: te encontra-se hemodinamicamente estável, sem
febre e com evacuação pastosa. Nesse caso, qual
⮦ Tomografia de abdome com contraste oral, para é a principal hipótese diagnóstica?
confirmar a suspeita diagnóstica.
⮦ Deiscência da aponeurose.
⮧ Nutrição parenteral e observação clínica rigoro-
sa, com jejum, sonda gástrica aberta e antibioti- ⮧ Fístula da anastomose.
coterapia, reservando-se possível reabordagem ⮨ Infecção de ferida operatória.
cirúrgica para o caso de apresentar piora clínica. ⮩ Abscesso intraperitoneal.
⮨ Jejum, sonda nasogástrica aberta e antibioti-
coterapia. Fazer tomografia para diagnóstico e
drenagem de eventuais coleções não contem-
pladas pelo dreno.
365
Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
Questão 14
Questão 12
(HOSPITAL PROFESSOR EDMUNDO VASCONCELOS-SP-2021) Mu-
(HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO-SP-2021) Paciente
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lher, 73 anos de idade, ASA III, submetida a hernior-
53 anos, ASA 2, no 2º dia pós-operatório de gas-
rafia femoral direita eletiva, sendo que no 1° dia de
trectomia subtotal por laparotomia devido a tumor
pós-operatório evoluiu com tosse e dispneia leve.
gástrico (cirurgia realizada sem intercorrências), se
A principal hipótese diagnóstica é:
encontra na UTI clinicamente estável e ainda não
saiu do leito. Evolui com episódio febril aferido de ⮦ Infecção urinária.
37,8°C. Qual a principal hipótese de causa da febre? ⮧ Infecção de ferida operatória.
⮦ Infecção de ferida operatória. ⮨ Lesão de alça intestinal.
⮧ Fístula da anastomose. ⮩ Atelectasia pulmonar.
⮨ Infecção de cateter central. ⮪
⮩ Atelectasia.
⮪ Nenhuma das anteriores.
Questão 13
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Complicações cirúrgicas Cap. 17
GABARITO E COMENTÁRIOS
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ralmente ocorre entre o 5°-8° dia do pós-operatório. principal causa de febre no pós-operatório IMEDIA-
Como consequência da deiscência da aponeurose, TO, geralmente após no máximo 2°-3° DPO. Ela é
podemos ter 2 cenários: a eventração, que ocorre resultado da deficiência de recrutamento alveolar
quando mesmo com a deiscência a pele continua após anestesia geral, ocorrendo principalmente em
íntegra, e a evisceração, que acontece quando há cirurgias de abdome superior.
abertura tanto da aponeurose como da pele. Alternativa B: INCORRETA. Na infecção de ferida ope-
Alternativa B: INCORRETA. As fístulas consistem na ratória, geralmente o paciente apresenta-se com dor,
comunicação entre duas estruturas, onde uma de- hiperemia e secreção nos bordos da incisão cirúr-
las é uma víscera oca, geralmente o paciente pode gica. Esse quadro tipicamente ocorre até o 5°DPO.
se apresentar com sepse, distúrbios hidroeletrolí- Alternativa C: INCORRETA. A pneumonia pós-operató-
ticos, mas não com efusão serossanguinolenta da ria é diferente da pneumonia comunitária. Geralmen-
ferida operatória. te ocorre após 4, 5 dias da operação e se associa
Alternativa C: INCORRETA. Na infecção do sítio ci- a longos períodos de intubação ou pacientes que
rúrgico, o paciente costuma apresentar febre as- têm dificuldade de deglutir as secreções.
sociada à hiperemia, à dor e ao calor no colar da Alternativa D: INCORRETA. A bile é extremamente ir-
incisão. Apesar de poder ocorrer até o 10° DPO, é ritante para o peritônio. Por isso, diante de lesões
mais comum ocorrer até o 5° DPO. da via biliar, geralmente temos peritonite.
Alternativa D: INCORRETA. O abscesso intra-abdo- ✔ resposta: A
minal geralmente cursa com taquicardia, febre e
distensão abdominal, ocorrendo principalmente
após o 7° e 10° DPO.
✔ resposta: A
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Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
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cutâneo costuma ser mais tardio, desenvolvendo-se Sendo assim, a alternativa que engloba dois desses
após o sétimo dia cirúrgico. três pontos é a alternativa D: controle de infecção
Alternativa B: INCORRETA. O hematoma de loja es- e ausência de obstrução.
plênica não cursaria com saída de secreção seros- ✔ resposta: D
sanguinolenta pela ferida operatória, mas, sim, com
um quadro infeccioso devido ao hematoma ser um Questão 6 dificuldade:
ótimo meio de cultura para bactérias. O paciente se
Y Dica do autor: As infecções hospitalares são um
apresentaria séptico.
grande problema de saúde pública nas instituições
Alternativa C: INCORRETA. Se houvesse infecção,
de saúde no Brasil, estando presente em cerca de
o paciente apresentaria provavelmente sintomas
14% das internações. Apesar da sua presença pro-
sistêmicos como febre, além de saída de secre-
nunciada, a medida preventiva mais importante é
ção purulenta pela ferida. Deveria ser tratada com
a lavagem das mãos. Além disso, deve-se priorizar
antibioticoterapia.
a higienização dos ambientes, observar a necessi-
Alternativa D: CORRETA. Conforme a dica. dade de isolamento de pacientes e a vigência de
✔ resposta: D protocolos de prevenção.
Alternativa A: INCORRETA. Todo e qualquer objeto
perfurocortante deve ser descartado na caixa es-
Questão 4 dificuldade:
pecífica, assim evitando acidentes de trabalho.
Y Dica do professor: Temos aqui uma paciente que Alternativa B: INCORRETA. A lavagem das mãos é a
está no 5º PO de uma cirurgia em que anastomo- medida inicial, a de menor custo e a de maior im-
ses abdominais foram confeccionadas. Devemos pacto para prevenção de infecções hospitalares na
lembrar, logo de cara, que é a partir do 5º PO que as precaução de contato.
deiscências ocorrem, quando são por intercorrências
368
Complicações cirúrgicas Cap. 17
Alternativa C: INCORRETA. A colonização de superfí- Alternativa A: INCORRETA. Não seria necessária a to-
cies por bactérias é comum. mografia, o uso de contraste oral com observação
Alternativa D: CORRETA. O ambiente hospitalar oferece do dreno evidenciará a saída do corante em menos
não somente um número diverso de cepas bacteria- de um minuto após a ingestão.
nas, mas também é um agente estressor, podendo Alternativas B e C: INCORRETA. NÃO É pra ter bile fora
conter bactérias resistentes ao tratamento habitual. das vias biliares e intestino! Não há conduta con-
✔ resposta: D servadora que vá fechar o pertuito aberto.
Alternativa D: INCORRETA. Aí a endoscopia não encon-
tra nada, pois a deiscência (ou fístula) era mais baixa.
Questão 7 dificuldade:
Alternativa E: CORRETA. Temos alto débito de conteú-
Y Dica do autor: As complicações pós-operatórias do biloso após abordagem cirúrgica gastrointestinal.
são temas frequentes nas provas de residência Pode ter ocorrido lesão iatrogênica de vias biliares,
médica. A principal dica para acertar esse tipo de deiscência ou mesmo fistulização jejunogástricas
questão é prestar atenção no tempo entre a cirurgia (apesar de a complicação ser muito precoce). Sem
e o início dos sintomas. Note que o enunciado nos abordagem cirúrgica, na pior das hipóteses, este
apresenta uma paciente no segundo dia de pós-ope- paciente virá a óbito; num cenário muito otimista,
ratório de uma colecistectomia aberta com incisão evoluiria com fístula cutânea!
subcostal, queixando-se de febre, ligeira dispneia ✔ resposta: E
e dor na ferida operatória. Para as provas, sempre
a principal causa de febre nos primeiros 2 a 3 dias
do pós-operatório é ATELECTASIA PULMONAR. Questão 9 dificuldade:
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TO, geralmente após no máximo 2° – 3° DPO. Ela é
resultado da deficiência de recrutamento alveolar Vamos às alternativas
após anestesia geral, ocorrendo principalmente em Alternativa A: INCORRETA. Isoladamente a hiperco-
cirurgias de abdome superior. lesterolemia não tem relação com aumento da taxa
de infecção cirúrgica
Alternativa B: INCORRETA. Na infecção de ferida ope-
ratória geralmente o paciente apresenta dor, hipe- Alternativa B: CORRETA.
remia e secreção nos bordos da incisão cirúrgica. Alternativa C: INCORRETA. A presença do dreno não
Esse quadro tipicamente ocorre até o 5°DPO. deve alterar o tempo do uso de antibiótico.
Alternativa C: INCORRETA. A pneumonia pós-operató- Alternativa D: INCORRETA. Infecção de ferida opera-
ria é diferente da pneumonia comunitária. Geralmen- tória é considerada do Poi até 30 dias depois da ci-
te ocorre após 4 a 5 dias da operação e se associa rurgia. Normalmente ocorre após 5 dias, mas pode
a longos períodos de intubação ou pacientes que ocorrer antes.
tem dificuldade deglutir as secreções. ✔ resposta: B
Alternativa D: INCORRETA. A bile é extremamente ir-
ritante para o peritônio. Por isso, diante de lesões
Questão 10 dificuldade:
da via biliar, geralmente temos peritonite.
✔ resposta: A Y Dica do autor: Questões abordando os diferentes
tipos de complicações cirúrgicas despencam nas
provas de residência médica. Uma dica para acertar
Questão 8 dificuldade:
todas as questões é prestar atenção nos sintomas
Y Dica do autor: Existe uma entidade relativamente referidos e no dia de pós-operatório que a paciente
rara conhecida como úlcera péptica pós-operatória, se encontra. O enunciado nos apresenta uma mu-
que surge próxima à região abordada! lher com história de saída de líquido sero-hemático
369
Complicações cirúrgicas Cirurgia geral
pela ferida operatória 5 dias após uma retossig- prótese); antes de termos ao menos uma direção
moidectomia. diagnóstica, teríamos o risco de aumentar as lesões.
Alternativa A: CORRETA. A principal causa de efluente ✔ resposta: A
serossanguinolento na ferida operatória é a deis-
cência de aponeurose. Essa complicação cirúrgica
geralmente ocorre entre o 5°a 8° dia do pós-opera- Questão 12 dificuldade:
tório. Como consequência da deiscência da apo- Y Dica do autor: Aumento de temperatura subfebrik
neurose, podemos ter dois cenários: a eventração, batendo febre de 37,8º no 2º PO, nos faz pensar em
que ocorre quando mesmo com a deiscência a pele causas inflamatórias e ainda não infecciosas, como
continua íntegra e a evisceração, que ocorre quan- o próprio REMIT e atelectasia. Aqui, o paciente se
do há abertura tanto da aponeurose como da pele. encontra em UTI, não saiu do leito. Principal hipó-
Alternativa B: INCORRETA. As fístulas consistem na tese: atelectasia.
comunicação entre duas estruturas, uma delas é
✔ resposta: D
uma víscera oca. Geralmente o paciente pode se
apresentar com sepse, distúrbios hidroeletrolíticos,
mas não com efusão serossanguinolenta da ferida Questão 13 dificuldade:
operatória.
Y Dica do autor: A incidência de abscessos hepáticos
Alternativa C: INCORRETA. Na infecção do sítio cirúrgi-
era quase sempre fatal até o emprego de antibióti-
co, o paciente costuma apresentar febre associada
cos e drenagem. Atualmente, emprega-se bastante
a hiperemia, dor e calor no colar da incisão. Ape-
a antibioticoterapia venosa associada à drenagem
sar de pode ocorrer até o 10° DPO, é mais comum
percutânea. Drenagem cirúrgica e ressecção he-
ocorrer até o 5°DPO.
pática ficam reservadas para casos mais graves.
Alternativa D: INCORRETA. O abscesso intra-abdo-
Alternativa A: INCORRETA. Segundo o Sabiston, “(...)
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minal geralmente cursa com taquicardia, febre e
séries dos anos de 1990 registram abscessos es-
distensão abdominal, ocorrendo principalmente
téreis em 10% a 20% dos casos. Muitos abscessos
após o 7° a 10° DPO.
hepáticos são polimicrobianos e respondem por
✔ resposta: A cerca de 40% dos casos. Tem sido sugerido que
os abscessos solitários são mais suscetíveis de
serem polimicrobianos.”
Questão 11 dificuldade:
Alternativa B: INCORRETA. Nessa situação, a drena-
Y Dica do autor: Desnutrição, imunocomprometimen- gem percutânea é indicada.
to, infecções, peritonite bacteriana, doença de Crohn, Alternativa C: CORRETA. A bactéria mais comumente
cirrose, isquemia intestinal são alguns dos fatores envolvida é a Escherichia coli em dois terços dos
de risco para evolução com fistulização digestiva! casos. Outros organismos comuns incluem Strep-
Alternativa A: CORRETA. Realizamos imagens seriadas tococcus faecalis, Klebsiella e Proteus vulgaris. Or-
para avaliar o trânsito indicado pelo bário; extrava- ganismos anaeróbicos, como Bacteroides fragilis
samento para sítios indevidos confirma a fístula! também são vistos com frequência.
Alternativa B: INCORRETA. É «só» o padrão-ouro junto Alternativa D: INCORRETA. Não há um tempo bem es-
à seriografias superiores! tabelecido para a antibioticoterapia, sendo baseado
Alternativa C: INCORRETA. São métodos excelentes em critérios de resposta clínica. No entanto geral-
e relativamente simples; porém podem resultar em mente são feitos por pelo menos duas semanas.
falso NEGATIVO, com alguma frequência, caso a Alternativa E: INCORRETA. Geralmente ressecção he-
fístula não se comunique com o dreno. pática é reservada para malignidade hepática infec-
Alternativa D: INCORRETA. Idealmente utilizaremos tada, hepatolitíase ou estenose biliar intra-hepática.
a endoscopia para TERAPÊUTICA (inserção de ✔ resposta: C
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Complicações cirúrgicas Cap. 17
Questão 14 dificuldade:
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cursar com infecção intra-abdominal, que poderia
levar a sinais de sepse.
Alternativa D: CORRETA. É nossa principal suspeita
no caso.
✔ resposta: D
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Fixe seus conhecimentos!
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