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Universidade Federal da Bahia - UFBA

FAR B12 – Saúde, Drogas e Ficção

Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)


e a Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS).

Bruna de Santa Bárbara Barbosa;


Mestranda em Ciências Farmacêuticas;
Área de Concentração: Bioprospecção e Planejamento de Fármacos.
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)
human immunodeficiency virus

● Partícula esférica (100 a 120nm de diâmetro);


● Gênero: Lentivirus; Família: Retroviridae;

Fonte: Ministério da
Saúde. Manual Técnico
do HIV, 2018.
Transmissão
Fonte: MNCP, 2019
Fonte: Ministério da
Saúde. Manual Técnico

Fases da Infecção pelo HIV


do HIV, 2018.

AIDS
Latência 8-10 anos Síndrome da
Exposição
Clínica Imunodeficiência

nas
ao HIV Humana

4-12
sema
Fase assintomática.
0-4 semanas

Infecção
Primária
febre, fadiga,
inchaço dos gânglios
linfáticos e erupção
cutânea.
Genoma do HIV
HIV-1 and HIV-2

● Três genes estruturais:


gag, env e pol;
● Genes Regulatórios: tat,
rev e nef,
● Genes Acessórios:
HIV-1: vif, vpr e vpu;
HIV-2: vpx.

Fontes: Ministério da Saúde. Manual técnico para diagnóstico pelo HIV em adultos e adolescentes. 2018.
Ferreira et al., 2010. Doi: https://www.scielo.br/j/qn/a/YcnBsJYMxyvv9DnhCm8mdzB/?format=pdf&lang=pt
Fonte: Ministério da
Saúde. Manual Técnico
do HIV, 2018.

➔ Teste de Elisa;
➔ Western Blot.

p24: monitorar carga viral.


gp120: liga-se ao receptor
CD4.

Marques, 2015. doi:


https://www.semanticscholar.org/paper/Interactions-bet
ween-HIV%2C-microorganisms-and-immune-Marques/7
d614f4e365bbe6170c5262920a73298a1cacbad
Fonte: Ministério da
Ciclo replicativo do HIV-1 Saúde. Manual Técnico
do HIV, 2018.
Classificação filogenética do HIV

Fontes: Ministério da Saúde. Manual técnico para diagnóstico pelo HIV em adultos e adolescentes. 2018.
Ferreira et al., 2010. Doi: https://www.scielo.br/j/qn/a/YcnBsJYMxyvv9DnhCm8mdzB/?format=pdf&lang=pt
Fonte: Ministério da
Diagnóstico Saúde. Manual Técnico
do HIV, 2018.

Imunoensaio
1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 4ª Geração

Detecta: Janela Sanduíche: Teste Ag/Ac; Mais usados,


anticorpos Imunológica IgM e IgG. maior sensibilidade; menor
anti-HIV; menor. janela; Detecta: p24. IgM e

Menor Detecta: IgG.

sensibilidade; anti-HIV.
Detecta Maior
apenas IgG sensibilidade
e tempo.

Testes rápidos (TR)


Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - PCDT

Atenção Integral às Manejo da infecção Manejo da infecção Profilaxia Pós Exposição


Pessoas com IST. pelo HIV em adultos. pelo HIV em crianças e (PEP) de Risco à Infecção
adolescentes. pelo HIV

Profilaxia Pré Exposição


(PrEP)
Fonte: Departamento de Vigilância,
Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids
e das Hepatites Virais
Diagnóstico
Encaminhado para um
Amostras serviço especializado

Resultado Positivo
e/ou saliva.
em HIV/AIDS

A Unidade do Garcia atende pessoas


vivendo com HIV/ Aids, pessoas com
infecções sexualmente transmissíveis (ISTs),
tem ambulatório de atenção à saúde de
pessoas transgênero e ambulatório para
tratamento de prevenção a pessoas em pré
➔ Atenção Primária. exposição ao HIV (PrEP).
Etapas do Cuidado Contínuo

Adesão ao tratamento:
Paciente de primeira linha;
Paciente de resgate.
Condições Clínicas.

Contagem das Células CD4.


Inicialmente: a cada 4-6m.

Acompanhamento
necessário.
Fonte: Departamento de Vigilância,
Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids
e das Hepatites Virais
Genotipagem pré-tratamento
Eficácia clínica; Resistência.

➔ Detectar a resistência genotípica (mutações do HIV).

INDICAÇÕES

1. Pacientes com diagnóstico de coinfecção tuberculose e HIV.


2. Crianças até 12 anos - O critério para a realização do exame é a carga viral
superior a 1.000 cópias/mL.
3. Pessoas que tenham se infectado com parceiro em uso de TARV (atual ou
pregresso) - O critério para a realização do exame é a carga viral superior a 1.000
cópias/mL.
4. Gestantes infectadas pelo HIV - O critério para a realização do exame é a carga
viral superior a 1.000 cópias/mL;
Tratamento
Combinação de Medicamentos
● Medicamentos antirretrovirais (ARV)
● Terapia antirretroviral (TAR)
● Terapia antirretroviral altamente ativa Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes
(HAART): 4 classes. Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo
HIV em Adultos

TERAPIA INICIAL
Pacientes 1°
RECOMENDAÇÕES linha
Lamivudina (3TC) e tenofovir
Combinações de três ARV: dois (TDF) – associados ao inhibidor
inibidores da transcriptase reversa de integrase (INI) – dolutegravir
associados a uma outra classe de (DTG).
antirretrovirais.
Um pouco da evolução do tratamento

Estavudina (D4T): 1994 INDINAVIR: 1996


Substituídos.
Efeitos Colaterais:
Ex. distúrbios gastrointestinais,
cálculos renais, neuropatia
periférica, lipodistrofia.
2014: Oferta da dose tripla combinada

Primeira e
segunda
linha.
Atualmente, existem 22 medicamentos, em 38 apresentações farmacêuticas, conforme relação
abaixo:

Fonte: Ministério da Saúde, 2022.


Fonte: Ministério da Saúde | Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, 2019.

Principais Classes dos Medicamentos Antirretrovirais (ARV)

1 - Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - ITRN


A enzima viral denominada transcriptase reversa recodifica o material genético do HIV,
convertendo-o de RNA para DNA.
➔ Ação: Inibir a transcriptase reversa do HIV e, conseqüentemente, impedir a
formação do DNA viral.

EXEMPLOS: Lamivudina (3TC)


ZIDOVUDINA (AZT) HIV e Hepatite B crônica.
O primeiro aprovado: 1987.
Inibição da a transcriptase
Utilização reduzida.
reversa do HBV (vírus da
Efeitos colaterais: dores de cabeça hepatite B).
e musculares, fadiga, entre outros. Indicados: Gestantes.
Terapias mais avançadas/eficazes.
1 - Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - ITRN

TENOFOVIR
Profilaxia pré-exposição
TDF (Tenofovir disoproxil (PrEP)
fumarato). ● Tenofovir
alafenamida/emtricitabina
TAF: Tenofovir alafenamide: (TAF/FTC)
Menos tóxico para os rins e ● Tenofovir disoproxil (TDF) +
emtricitabina (FTC): Truvada.
ossos.
Maior absorção.

Fonte: Ministério da Saúde | Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, 2019.


1 - Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - ITRN

ABACAVIR (ABC)
PrEP.
Gestantes.
Primeira e segunda linha.
Necessário:
teste de hipersensibilidade

Abacavir + Lamivudina (3TC): Kivexa ou Epzicom.

Abacavir + Lamivudina + Dolutegravir:


Triumeq;
Abacavir + Zidovudina + Lamivudina:
Trizivir (Mais antiga, não muito usual).
Fonte: Ministério da Saúde | Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, 2019.
2 - Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - INNRTIs
Interferem na ação da Não competitiva. Agem numa região
transcriptase reversa. Inibição alostérica. específica da enzima.
Não fazem parte da cadeia de
DNA em crescimento EFAVIRENZ (EFZ)

Primeiros aprovados.
Resistência. Regimes de tratamento
Necessidade de adesão de 1° linha.
ao tratamento rigosa. Efeitos colaterais:
Combinados com os Redução do uso.
inibidores de protease e
integrase.

Fonte: Ministério da Saúde | Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, 2019.


2 - Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - INNRTIs

NEVIRAPINA (NVP)
terapia antirretroviral altamente ativa, ou HAAR.

O ETRAVIRINA (ETR)
● Reserva;
● Casos de resistência;
● Menos Efeitos Colaterais.

● Prevenção transmissão vertical.


● PrEP;
● Primeira linha;
● Recomenda-se teste de
hipersensibilidade. Fonte: Ministério da Saúde | Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, 2019.
3 - Inibidores de Protease
No Brasil: segunda linha;
(IPs) Pós exposição;
Atuam na enzima protease, Prevenção da Transmissão
bloqueando sua ação e vertical.
impedindo a produção de
novas cópias de células
infectadas com HIV.
Exemplos:
Atazanavir (ATV); Darunavir (DRV);
Fosamprenavir (FPV); Lopinavir
(LPV);
Nelfinavir (NFV); Ritonavir (RTV);
Saquinavir (SQV); Tipranavir (TPV).
Potencializador farmacocinético;
Aumenta a eficácia;
Reduz a doses.
4 - Inibidores de Integrase - INSTIs Facilitar o tratamento: add. 1x ao dia, via
Bloqueiam a atividade da enzima oral.

integrase, responsável pela inserção


do DNA do HIV ao DNA humano
(código genético da célula). Assim,
inibe a replicação do vírus e sua
capacidade de infectar novas células.
Exemplos:
Mais antigo, ad. 2x ao dia.
Dolutegravir (DTG) - Distribuído na
Rede Pública a partir de Março/17
Raltegravir (RAL);
Elvitegravir (EVG):
combinação com RTV - Retonavir.
Biktarvy® Aprovado em ANVISA e FDA 2016.
adultos e crianças ( >6 anos; >25kg); com infecção pelo HIV-1; não
(BIC/FTC/TAF)
apresentem resistência aos seus componentes. Apresentar maior segurança
renal.
Análises de evidências clínicas e econômicas,
informaram:
sem evidências para garantir o uso;
Não foram demonstradas superioridade ou inferioridade da
tecnologia em avaliação em relação aos tratamentos já
disponíveis, nem tampouco que sua incorporação ao SUS
seria vantajosa.
Não incorporação.

https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2021/Sociedade/20220105_resoc293_biktarvy_hiv_final.pdf
5 - Inibidores de Fusão 6 - Inibidores de Entrada

Impedem a entrada do vírus Também impedem a entrada do vírus.

HIV nas células de defesa do Reservados.

organismo, impedindo a sua Exemplo: Maraviroc (MRV)

reprodução. Bloqueio dos receptores CCR5

Exemplos: (proteína localizada na superfície dos


macrófagos - células do sistema
Enfuvirtida (T20).
imunológico) impedindo a entrada do
HIV e a infecção destas células.
Falta: raltegravir (RAL)
100 mg granulado para
suspensão oral.
Usar: nevirapina (NVP)
para crianças com 37
semanas ou mais de
idade gestacional.
6 mg/kg por dose 2x por
dia por 4 semanas.
https://www.saude.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/9/2018/06/Nota-Informativa-23-l-Uso-de-antirretrovirais-no-manejo-da-crianca-exposta-e-crianca-vivendo-com-HIV.pdf
Recomendações para substituição do raltegravir granulado granulado para crianças
expostas vivendo com HIV em idade acima de dois anos.
Fonte: Fiocruz; Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.

Histórico
● 1977/1978: Primeiros Casos nos Estados Unidos; Haiti, África Central;
● 1980: Brasil, São Paulo;
● 1982/1983: Primeiros Casos de AIDS registrados: SP e RJ;
Identificação da transmissão por transfusão sanguínea.
Adoção temporária do termo Doença dos 5 H

Homossexuais, Hemofílicos, Haitianos,


Heroinômanos (usuários de heroína injetável),
Hookers (profissionais do sexo em inglês).

● 1983: Primeiro caso em criança;


Primeiro caso de Aids em mulheres;
Pimeiros relatos de transmissão heterossexual do
vírus e de contaminação de profissionais de saúde.
1983: HIV-1 é isolado e caracterizado no Instituto
Pasteur, na França;
Estados Unidos registram 3 mil casos da doença e
1.283 óbitos

1984: Vírus da Aids é isolado nos EUA;


Disputa: pesquisadores franceses e americanos;
Estrutura do Programa para Controle da Aids no
Brasil.
1985: Identificação do agente etiológico.
Human Immunodeficiency Virus (HIV).
Surge primeiro teste diagnóstico para a doença.

1986: Criação do Programa


Nacional de DST e Aids do
Ministério da Saúde.
Fonte: Fiocruz; Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.
1987: HIV-1 é isolado na América Latina;
Início da administração da AZT;
1/12 Dia Mundial da Luta Contra Aids.

1988-1990
20% no preço da AZT.
Criação do SUS.
Falecimento de Cazuza.
> 6 mil casos registrados no Brasil.

1991: Distribuição gratuita de antirretrovirais.


O antirretroviral Videx (ddl) é aprovado nos Estados
Unidos e a fita vermelha torna-se o símbolo mundial de luta
contra a Aids.
1992: Combinação entre AZT e Videx inaugura o
coquetel anti-aids.

Fonte: Fiocruz; Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.


1993: produção de AZT no BR.
Aprovação da OMS a testes para a vacina em países
pobres. Implantação da Rede Nacional de Isolamento
do HIV-1 no Brasil.

1995: Aprovação nos EUA: os inibidores de


protease.

1996: Primeiro consenso em terapia


antirretroviral regulamenta a prescrição de
medicamentos anti-HIV no Brasil:
O tríplice esquema de antirretrovirais:
dois inibidores de transcriptase reversa e um
de protease.
A Lei 9.313 estabelece a distribuição gratuita de
medicamentos aos portadores de HIV.

Fonte: Fiocruz; Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.


Questões Norteadoras
1 - Quanto à questão ética, a Aids desnudou uma variedade de desafios
legais e, especialmente, éticos, quais foram eles?
2 - Como a discriminação impactam pessoas vivendo com HIV e AIDS
no Brasil? O que mudou até os dias de hoje?
3 - Qual a influência da religiosidade no conviver com o HIV?
4 - Qual a importância das ONGs na História do HIV e da AIDS, e sua
relação de acolhimento com os indivíduos infectados?
5- Quais foram as principais barreiras que as pessoas enfrentavam ao
tentar obter tratamento para o HIV?
Questionário HIV - Acesse pelo QR-Code ou link no ava.
Questionário é para ser realizado
em dupla.
Referências
FIOCRUZ. Fundação Oswaldo Cruz. A Epidemia da Aids através do tempo. Disponível em:
https://www.ioc.fiocruz.br/aids20anos/linhadotempo.html . Acesso em 01 set 2013.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente
Transmissíveis. 2022. Disponível em: >https://www.gov.br/aids/pt-br/assuntos/hiv-aids/tratamento<. Acesso em 01 set 2023.
Ministério da Saúde | Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Disponível em:
>https://giv.org.br/HIV-e-AIDS/Medicamentos/index.html<. Acesso em 01 set 2023.

Ministério da Saúde. Manual Técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV em adultos. 2018. Disponível em:
https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/2018/manual_tecnico_hiv_27_11_2018_web.pdf . Acesso em 29
agosto 2023.

Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP). Informações sobre HIV e Aids. 2019. Disponível em:
https://mncp.org.br/informacoes-sobre-hiv-aids/. Acesso em 03 set 2023.

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