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Infecções sexualmente transmissíveis

maiores: HIV, sífilis e hepatites virais


Disciplina IMT0001 – Conceitos em Saúde Internacional e em Viagens

Profa. Gerusa Figueiredo


Departamento de Medicina Preventiva
Instituto de Medicina Tropical
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Algumas infecções sexualmente transmissíveis
• Aids
• Hepatites virais
• Sífilis
• Modos de transmissão
• Distribuição no Brasil e mundo
• Prevenção e controle
Microrganismos sexualmente transmissíveis
⚫ Bactérias - Neisseria gonorrhoeae,
⚫ Vírus - Herpes (HSV 1 e 2,
Chlamydia trachomatis, Treponema HHV8/KSHV), hepatites B e
pallidum (sífilis), Haemophilus ducreyi C, A, Papilomavírus humano
(cancróide), Klebsiella granulomatis (HPV), Molluscum, HIV,

(donovanose). HTLV, Ebola, Zika.

⚫ Protozoários - Trichomonas vaginalis,

Entamoeba histolytica, Giardia lamblia. ⚫ Ectoparasitas - pediculose


pubiana, escabiose.
⚫ Fungos - Candida albicans.
Introdução
Por que as IST são importantes?
• Comuns

• Complicações e sequelas

• Frequentemente assintomáticas

• Mais frequente em pessoas em idade reprodutiva

• Muito frequentes em Populações chave – maior vulnerabilidade

• Interação com HIV

• Impacto financeiro

• Custo social (estigma)


HIV//Aids
Aids/HIV HIV

Mapa da região do Lago Vitória, Uganda, África,


Um dos possíveis epicentros da emergência da epidemia de
HIV/aids

➢ Epidemia de HIV surgiu depois de infecção zoonótica (infecção de animais) com


o vírus simian immunodeficienty , de primatas não humanos africanos.
➢ Maartens, G et al www.thelancet.com 2014 384: 258-71
HIV
➢ O primeiro grupo infectado pelo HIV1 foi provavelmente o de caçadores de
carne de animais selvagens.
➢ 4 grupos de HIV1 existem: M, N, O e P
➢ 3 (M, N e O), que representam eventos de transmissão de chimpanzés e
➢ 1 (P) de gorilas.
➢ Grupo M teve início há 110 anos é a causa da pandemia global. Tem 9 subtipos
=A-D, F-H, J e K
➢ Subtipo C predomina na África e Índia.
➢ Subgrupo B predomina na Oeste da Europa , América e Austrália.
➢ HIV2 – confinado no oeste da África, quadro similar, mas progride mais
lentamente que o HIV1. Maartens, G et al www.thelancet.com 2014 384: 258-71
Modos de transmissão do HIV/Aids HIV

✓ Sexual, parenteral (através do sangue), vertical (da mãe para o bebe),


inclusive pelo leite materno.

✓ Período de transmissibilidade:

✓ Infecção é transmitida durante todas as fases da infecção, isso se a


pessoa não está utilizando a terapia antiretroviral (TARV), ou
usando sem adesão.

✓ Outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), em especial as


que cursam com lesões ulcerativas como a sífilis aumentam o risco
de transmissão.
Locais onde o vírus de concentra e vias de transmissão HIV
Hepatite B, C e D
Sangue e fluidos corporais

Parenteral
Vertical (Para o VHB
a maioria ocorre na hora
do parto, mas pode ocorrer
intra útero )

Sexual
Crack: suas formas de uso HIV
HIV
HIV
Número de pessoas recebendo ARV por região e sexo
HIV
Declínio da incidência e mortalidade por HIV HIV
1990-2016
4 000 000

3 500 000 People newly infected with HIV


globally
3 000 000

2 500 000

2 000 000

1 500 000

1 000 000

500 000

0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Source: UNAIDS/WHO estimates.


Sucedendo os
Objetivos do
Milênio
Metas até 2021 HIV

➢ Rastreamento e tratamento: (90/90/90)

➢ garantir que 90% das pessoas vivendo com HIV saibam seu
status sorológico;

➢ garantir que 90% das pessoas diagnosticadas com HIV


recebam terapia anti-retroviral;

➢ garantir que 90% das pessoas vivendo com HIV, em


tratamento, consigam a supressão da carga viral.
1.500.000

UNAIDS/WHO
55%♂ 68%♀

UNAIDS/WHO estimates
Metas até 2021 (cont.)
➢ Mortes relacionadas ao HIV:

➢ Reduzir o número de mortes por HIV no mundo abaixo de 500 000;

➢ Reduzir as mortes por tuberculose entre as pessoas que vivem com HIV
em 75%;
▪ 1/3 da mortes de aids devido à TB

➢ Reduzir as mortes por hepatite B e C entre as pessoas coinfectadas com


HIV em 10%, em consonância com as metas de mortalidade das infecções
por hepatite B e C.
HIV

690.000
Metas até 2021 (cont.)

➢ Discriminação:

➢ zerar leis, regulamentos e políticas discriminatórias relacionadas ao HIV;

➢ zerar discriminação relacionada ao HIV em todos os equipamentos sociais,


especialmente os de saúde;

➢ que 90% das pessoas vivendo com HIV e populações-chave não relatem
discriminação no setor da saúde.
HIV/aids Brasil
2020 = 15.220 novos HIV
Acumulados = 381.793 (2014 -2020)
37.308 casos de aids
▪ 1.045.5355 casos de AIDS acumulados
(1980-20)

Depto DST/AIDS/IST/HV,
Ministério da Saúde
HIV/aids Brasil
▪ Prevalência de infecção por HIV = 0,6%
(15 – 49 anos)

Departamento to
DST/AIDS/IST/HV,
Ministério da Saúde
Coeficiente de mortalidade padronizado de aids (por 100.000
hab.), segundo UF e capital de residência. Brasil, 2020

MS/SVS- Boletim Epidemiológico, 2021


HIV/aids/Brasil

< 1% população geral


≠ Em subgrupo populacional ▪
▪ Epidemia concentrada

Depto DST/AIDS/IST/HV,
Ministério da Saúde
Populações chaves no Brasil
Populações chaves no Brasil
Taxa de detecção de aids por faixa etária por 100 hab.
em homens, por ano diagnóstico, Brasil, 2010 – 2020

MS/SVS- Boletim Epidemiológico, 2021


Taxa de detecção de aids por faixa etária por 100 hab.
em homens, por ano diagnóstico, Brasil, 2010 – 2020

MS/SVS- Boletim Epidemiológico, 2021


Medidas de Prevenção e Controle
➢ Prevenção primária – Procurar impedir que a pessoa se infecte
▪ Sexo mais seguro
▪ Prevenção da transmissão parenteral (sangue)
▪ redução de danos
▪ triagem em bancos de sangue
➢ Sangue, órgãos e esperma obrigatória no Brasil desde 1994

➢ Zonas de conflito?

▪ Prevenção da transmissão materno-infantil


▪ Outras biotecnologias médicas
Medidas de Prevenção e Controle
➢ Prevenção primária

 Outras tecnologias biomédicas:

▪ circuncisão masculina voluntária – em outros países.

▪ PrEP – profilaxia pré-exposição.

▪ PEP – profilaxia pós-exposição.


Medidas de Prevenção e Controle

➢ Gestante e criança exposta:


➢ Uso de antiretroviral durante a gestação, no momento do
parto e para o recém nascido por um tempo período
determinado (a depender da situação da carga viral da mãe.
➢ Parto cesárea ou normal em função dos exames da mãe
(precisa estar sem HIV detectável no exame de sangue).
Outras tecnologias biomédicas
▪ Circuncisão masculina voluntária – países africanos muçulmanos.

▪ PrEP – profilaxia pré-exposição –usado durante todo o período em


que a pessoa achar que está sob risco (pares sorodiscordantes, épocas
da vida, trabalhadores do sexo, entre outros.
▪ PEP – profilaxia pós-exposição – Uso de antiretroviral durante 28
dias , iniciada preferencialmente nas primeiras duas horas após a
exposição e no máximo em até 72 horas e por 28 dias .
▪ Acidente de trabalho com materiais pérfuro cortantes
▪ Exposição sexual:

• violência sexual

• exposição sexual acidental


Outras tecnologias biomédicas
▪ Circuncisão masculina voluntária – países africanos muçulmanos.

▪ PrEP – profilaxia pré-exposição –usado durante todo o período em


que a pessoa achar que está sob risco (pares sorodiscordantes, épocas
da vida, trabalhadores do sexo, entre outros.
▪ PEP – profilaxia pós-exposição – Uso de antiretroviral durante 28
dias , iniciada preferencialmente nas primeiras duas horas após a
exposição e no máximo em até 72 horas e por 28 dias .
▪ Acidente de trabalho com materiais pérfuro cortantes
▪ Exposição sexual:

• violência sexual

• exposição sexual acidental


Outras tecnologias biomédicas
▪ Circuncisão masculina voluntária – países africanos muçulmanos.

▪ PrEP – profilaxia pré-exposição –usado durante todo o período em


que a pessoa achar que está sob risco (pares sorodiscordantes, épocas
da vida, trabalhadores do sexo, entre outros.
▪ PEP – profilaxia pós-exposição – Uso de antiretroviral durante 28
dias , iniciada preferencialmente nas primeiras duas horas após a
exposição e no máximo em até 72 horas e por 28 dias .
▪ Acidente de trabalho com materiais pérfuro cortantes
▪ Exposição sexual:

• violência sexual

• exposição sexual acidental


Medidas de Prevenção e Controle

➢Prevenção secundaria- individuo já infectado


➢diagnóstico precoce
➢tratamento específico
Sífilis
Sífilis: um tema negligenciado
❖Doença infecciosa causada pelo Treponema palidum, de transmissão
predomintemente sexual, que se não tratada pode evoluir para formas
secundária e terciária.

❖Importantíssimo problema de Saúde Pública, com pouca visibilidade


na sociedade como um todo e também na área da saúde.

❖Abordagem inadequada ou ausente de parceiros sexuais de gestantes


positivas para sífilis nos serviços de saúde.
Taxas estimadas de incidência e Clamídia,
tricomoníase, gonorreia e sífilis (curáveis)
Revisão sistemática e metanálise de estudos entre 2009 e 2016
➢ Total estimado de casos incidentes:

➢ 376.4 milhões

➢ Tricomoníase - 156 milhões(IC 95%: 103.4 - 231.2)

➢ Clamídia -127.2 milhões (IC 95% : 95.1 - 165.9)

➢ Gonorreias - 86.9 milhões (IC 95% : 58.6 -123.4)

➢ Sífilis - 6,3 milhões (IC 95% : 5.5 - 7.1)


Jane Rowley et al. Chlamydia, gonorrhoea, trichomoniasis and syphilis: global prevalence and incidence estimates, 2016.
Bull World Health Organ 2019;97:548–562P | doi: http://dx.doi.org/10.2471/BLT.18.228486
Heterogeneidade da distribuição mundial de ISTs

Fonte: Global progress report on HIV, viral hepatitis and sexually


transmitted infection/ WHO/2021
Estimativa de sífilis materna e sífilis congênita e caso de
ABO* associados a cobertura de ANC**, por região da WHO

*ABO – Adverse
bith outcome

**ANC – Antinatal
care

Eline L. Korenromp - Global burden of maternal and congenital syphilis and associated adverse birth outcomes—Estimates for 2016 and progress
since 2012. PLOS ONE | https://doi.org/10.1371/journal.pone.0211720 February 27, 2019
Detalhamento da sífilis
 Estimativa global sífilis em gestantes (denominador = grávidas ) em 2016 foi de 0.70

(IC 95% 0.57–0.81%);

 Taxa global de sífilis congênita 473 casos por 100.000 nascidos vivos,

 661.000 casos de sífilis congênita,

 Incluindo 355,000 desfechos não favoráveis ao nascer:

 306.000 casos não clínicos de SC (lactentes sem sinais clínicos, nascidos de mães
não tratadas),

 143.000 óbitos fetais e natimortos,

 61.000 óbitos neonatais,

 41.000 prematuros ou com baixo peso.


Eline L. Korenromp - Global burden of maternal and congenital syphilis and associated adverse birth outcomes - Estimates for 2016 and progress since 2012
PLOS ONE | https://doi.org/10.1371/journal.pone.0211720 February 27, 2019
Complicações e sequelas das IST
• Adultos • Crianças

 Doença inflamatória pélvica


 Natimortalidade
 Gravidez ectópica
 Aborto expontâneo
 Abortamentos espontâneos
 Prematuridade, baixo peso ao nascer, óbito fetal
 Infecções pós-parto
 Infecão congênita
 Infertilidade

 e/ou  Conjuntivite e cegueira

 Câncer (anal, peniano, cervical, ➢ Pneumonia


vulvar,, fígado, sarcoma de Kaposi )
 Aumento de risco de aquisição/transmissão HIV
 Aumento de risco de
aquisição/transmissão HIV
Custos associados às IST

 1. Custos para o indivíduo

 2. Custos para a sociedade


Custos associados às IST e estigma
 1. Custos para o indivíduo:

 Tratamento,

 Impacto para a saúde (incluindo aspectos psicológicos),

 Impacto social.
Custos associados às IST e estigma
Impacto social das IST sobre o indivíduo (cont.)
 Estigma e discriminação

 Consequências da notificação de parceiros


 problemas familiares
 violência de gênero

 Infertilidade
exclusão social
Taxa de detecção de sífilis adquirida (100 mil hab.,
segundo UF, Brasil, 2020

Fonte: MS/SVS/Departamento de condições crônicas e IST. Boletim Epidemiológico, de sífilis, 20213


Taxa de detecção de sífilis em gestantes e taxa de incidência de sífilis
congênita por 1.000 nascidos vivos, segundo região.
BRASIL, 2020 *

* Epidemiológico, de sífilis, 2021


Fonte: MS/SVS/Departamento de condições crônicas e IST. Boletim
Percentual tratamento sífilis em gestantes por uf Brasil, 2020

Fonte: MS/SVS/Departamento de condições crônicas e IST. Boletim Epidemiológico, de sífilis, 2021


Custos associados às IST
 2. Custos para a sociedade
Brasil
• 1,4 dolar em média para detecção 1 caso sífilis ativa,

• 29 dolar para detecção caso sífilis em gestante,

• 2,8 milhões dolares para procedimentos medicos médio e alto custo


(sífilis adquirida e congênita), incluindo internações, dos quais um
número significativo estava diretamente relacionado à sífilis e à sífilis
congênita.

Fonte: Boletim Epidemiológico de Sífilis | Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da


Saúde 3 Volume 49 | Nº 45 | Out. 2018
Prevenção e Controle

Sífilis

R0 - índice básico de reprodução da infecção


• R0 = número médio de casos secundários gerados por
um caso primário (índice) numa determinada população
de pessoas sexualmente ativas.
Dinâmica de transmissão – fatores associados

c: no. de pessoas
β: eficiência de suscetíveis expostas
Transmissão: Respiratória,
através de gotículas
e aerosóis
• Gotículas respiratórias
liberadas pela tosse, espirro
Antes dos 1os ou fala, por meio do ar,
sintomas caindo no chão ou em
até o 10º dia alguma superfície.
• Não ficam suspensas muito
tempo no ar por serem
R0 = βxcxD muito pesadas
D: período de
Transmissibilidade Os aerossóis ainda menores que permanecem
suspensas no ar por algumas horas e podem ser
carregadas por correntes de ar, movimentando-se
Intervenções
❖ Sobre β (eficiência de transmissão):

 métodos de barreira – etiqueta respiratória, uso de máscara

 Distanciamento social, quarentena e isolamento

 Depende também do ambientes, circulação de ar, densidade populacional

❖ Sobre c:

❖ Diminuição de aglomeração

❖ sobre D (período de infectividade):

 diagnóstico e isolamento de casos e quarentena de contatos


Prevenção e Controle
Dinâmica de transmissão – fatores associados

c: no. de parceiros sexuais


β: eficiência de suscetíveis e no. de relações
transmissão/
ato sexual sexuais

D: período de
R0 = βxcxD
Transmissibilidade
Prevenção e Controle
Possíveis intervenções
❖ Sobre β (eficiência de transmissão):

• métodos de barreira - preservativo

• práticas de sexo mais seguro


❖ Sobre c (parceiros):
• redução do número

❖ sobre D (período de infectividade):


• busca de tratamento (educação)
• diagnóstico e tratamento precoce
Objetivos do controle das IST

➢ 1. Evitar as complicações e sequelas

➢ 2. Interromper a transmissão

➢ 3. Reduzir o risco de aquisição e de trasmissão da infecção


por HIV
Plano de eliminação da OMS

➢ Controlar as IST e diminuir seu impacto como problema de saúde pública até 2030

➢ Eliminar Sífilis Congênita - 2,5 por 1000 nascidos vivos, em 80% dos países
Plano de eliminação da OMS
➢ A OMS estabeleceu a certificação por meio de Selos de Boas Práticas a países
com elevada prevalência de HIV e sífilis em gestantes com indicadores e
metas de impacto e processo próximos da eliminação da transmissão vertical
desses agravos.

➢ São gradativas de acordo com as categorias bronze, prata e ouro.

➢ Quanto maior o nível do selo alcançado, mais próximo da certificação da


eliminação da transmissão vertical se encontra o país (WHO, 2017a).
Plano de eliminação da transmissão vertical de
HIV e sífilis no Brasil.

Nesse contexto, para municípios e estados, o Brasil adotou o


chamado Selo de Boas Práticas rumo à Eliminação da
Transmissão Vertical de HIV e/ou Sífilis.
Eliminação do HIV pediátrico e sífilis congênita
Eliminação da do HIV pediátrico e sífilis congênita
Quem já eliminou HIV e/ou sífilis/Brasil
Quem já eliminou HIV e/ou sífilis/Brasil
Hepatites virais
Distribuição das hepatites B e C no mundo
Hepatite B - Estimativa global de pessoas vivendo com hepatite B em 2015,
definida como tendo HBsAg +, é de 257 milhões de pessoas e 887 mil casos de
mortes
http://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/hepatitis-b

Hepatite C – Estimativa global de pessoas vivendo com infecção crônica pelo HCV em
2015 foi de 71 milhões de pessoas, com 399 mil mortes a cada ano
http://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/hepatitis-c

As hepatites virais estão entre as principais causas de morte em todo o mundo,


tendo sido o hepatocarcinoma o único câncer que aumentou substancialmente
entre os anos 1990 e 2013.
Global burden of Disease 2013 Mortality and Causes of Death Collaborators. Global, regional, and national age-sex specific all cause and causes-specific for 240 causes of death,
1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study. GBD 2013 Mortality and Causes of Death Collaborators. Lancet 2015; 385 (9963):117-171.
Estudo de prevalência de base populacional
Hepatite B

Prevalência de anti-HBc Região Prevalência (IC(95%))


faixa etária de 10 a 69 anos
Norte 10,9% (8,87 – 12,9)
40
Nordeste 9,13% (7,87 – 10,4)
35
Centro-Oeste 4,30% (3,71 – 4,88)
30 Distrito Federal 3,07% (2,28 – 3,87)

25
Sudeste 6,33% (5,32 – 7,33)
Prevgalência (%)

Sul 9,59% (8,46 – 10,7)


20
Brasil 7,40% (6,82 – 8,05)
15

10

0
Norte Nordeste Centro-Oeste Distrito Federal Sudeste Sul Brasil

Ricardo A. A. Ximenes, Gerusa M. Figueiredo et al. Population-Based Multicentric Survey of Hepatitis B Infection and Risk Factors in the
North, South, and Southeast Regions of Brazil, 10–20 Years After the Beginning of Vaccination. The American Journal of Tropical Medicine
and Hygiene, v.26, p.15-0216 - , 2015.
Estudo de prevalência de base populacional
Hepatite B
Prevalência de HBsAg Região Prevalência (IC(95%))
faixa etária de 10 a 69 anos
5

Norte 0,63% (0,22 – 1,04)


4,5

4
Nordeste 0,42% (0,16 – 0,67)

3,5 Centro-Oeste 0,31% (0,16 – 0,46)

3 Distrito Federal 0,26% (0,03 – 0,49)


Prevgalência (%)

2,5 Sudeste 0,31% (0,09 – 0,53)


2 Sul 0,48% (0,21 – 0,75)
1,5
Brasil 0,37% (0,25 – 0,50)
1

0,5

0
Norte Nordeste Centro-Oeste Distrito Federal Sudeste Sul Brasil

Pereira, LMMB; Martelli et al. A Population-Based Multicentric Survey Of Hepatitis B Infection and Risk Factor Differences Among
Three Brazilian Regions among Three Regions in Brazil. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, V. 81, P. 240-247, 2009.
Estudo de prevalência de base populacional
Hepatite C
Prevalência de anti-HCV
Região Prevalência (IC 95%)
faixa etária de 10 a 69 anos
Norte 2,10% (1,409 – 2.796)
10

9 Nordeste 0,68% (0,399 – 0,960)


8
Centro-Oeste 1,33% (0,951 – 1,700)
7

6 Distrito Federal 0,86% (0,458 – 1,252)


Prevgalência (%)

5
Sudeste 1,27% (0,910 – 1,635)
4

3 Sul 1,19% (0,765 – 1,614)


2
Brasil 1,37% (1,119 – 1,636)
1

0
Norte Nordeste Centro-Oeste Distrito Federal Sudeste Sul Brasil

1. Pereira, LMMB; Martelli, CMT; Moreira, R.; Merchan-Hamann, E.; Stein, Airton T; Mra; Figueiredo, G. M.; Montarroyos, Ulisses; Braga, C.; Coral,
Gabriela; Turchi, MD; Crespo, D.; Lima, MlC; Alencar, LCA; Costa, Marcelo; Santos, A. A.; Ximenes, Ricardo A A. Prevalence and Risk Factors of
Hepatitis C Virus Infection in Brazil, 2005 through 2009: A Cross-Sectional Study. BMC Infectious Diseases (Online), V. 13, p. 60, 2013.
Hepatite C/ transmissão parenteral
Até o final do século 20 as transfusões de sangue e o uso de drogas injetáveis
foram considerados os dois principais fatores de risco para a infecção pelo HCV
em todo o mundo.

Nos países desenvolvidos, os testes em doadores praticamente eliminou


infecções transfusionais transmitidas aos pacientes parenteralmente.

Miriam J Alter. HCV Routes of Transmission: What Goes Around Comes Around. Seminars in Liver Disease 2011;Volume 31, Number 4.
Hepatite C/ transmissão parenteral
Injeções terapêuticas

❖A reutilização de seringas de vidro, durante a campanha para


tratar esquistossomose no Egito, parece ter sido responsável pelo
maior contingente de transmissão iatrogênica de um patógeno de
transmissão sanguínea, já registrado.
Frank C, Mohamed MK, Strickland GT, et al. The role of parenteral antischistosomal therapy in the spread of hepatitis C virus in Egypt.
Lancet 2000;355(9207):887–891.22
Transmissão sexual
➢ HBV – uma das principais formas de transmissão.
➢ HCV - evidência acumulada indica que o HCV pode ser transmitido
por relações sexuais com um parceiro infectado, presumivelmente pela
exposição da mucosa a sangue infectado.
Centers for Disease Control and Prevention. Recommendations for prevention and control of hepatitis C virus (HCV) infection and HCV-related chronic disease. MMWR Recomm Rep
1998;47(RR-19):1–39

➢ No entanto, a atividade sexual é muito menos eficiente para transmitir


HCV, do que outras doenças sexualmente transmissível, como vírus da
hepatite B e do HIV.
Terrault NA. Sexual activity as a risk factor for hepatitis C. Hepatology 2002;36(5, Suppl ):S99–S105.
Hepatite C/ transmissão sexual
MAS...

Desde 2000, surtos de hepatite aguda pelo HCV entre HSH, HIV-
positivos, não usuários de drogas injetáveis.
➢ Relatos têm sido relatados na Europa, Estados Unidos, Canadá e
Austrália.

Trata-se de mudança significativa na epidemiologia do HCV, tornando-


o uma infecção sexualmente transmissível emergente dentro desta
população.

Thijs J.W. van de Laara, Gail V. Matthewsb, Maria Prinsa,c and Mark Dantad. Acute hepatitis C in HIV-infected men who have
sex with men: an emerging sexually transmitted infection. AIDS 2010, Vol 24 No 12
Grupos mais vulneráveis - maior circulação de
vírus em populações específicas

HCV
População privadas de liberdade
Moradores de rua
Usuários de drogas, atualmente crack no Brasil
Homens que fazem sexo com homens.
Medidas de prevenção e controle
HBV
Vacina contra o vírus da hepatite B:
 Atualmente para a população em geral.
 No calendário vacinal infantil desde 1998.
Vacina nas primeiras 12 horas de vida para prevenção da transmissão
vertical para todo recém nascido.
Vacina mais imunoglobulina hiperimune humana (HBIG) em recém nascido
de mãe com hepatite B (se faz triagem no pré natal para hepatite B, sífilis,
HIV)
Medidas de prevenção e controle do HBV

 Controle da transmissão transfusional - controle em

bancos de sangue desde 1975.

 Uso de preservativo.

 Diagnóstico precoce.

 Manejo da infecção crônica.


Medidas de prevenção e controle
HCV
 Controle da transmissão transfusional implantado no

Brasil em 1993.

 Intervenções em fatores de risco.

 Diagnóstico precoce.

 Tratamento da infecção crônica.


, HIV/sífilis, hepatite B, hepatite C
Doença Nº de casos Nº de mortes no Tem vacina Tem tratamento
no mundo mundo
Aids 37.9 milhões 770 mil Não Sim

Sífilis 655 mil casos Não Sim e muito


congênita barato
Hepatite B 257 milhões 887 mil Sim Sim

Hepatite C 71 milhões 399 mil Não Sim


Hepatites A e E
Vias de transmissão
Transmissão alimentar extrínseca: fecal oral
Água e alimentos (hortaliças e frutas) contaminados:
A
E (genótipo 1 e 2)
Objetos inanimados (fômites) na A.
Práticas sexuais (oro-retal/dígito-retal) na A.
Vias de transmissão
Transmissão alimentar intrínseca: Somente HEV, genótipo 3 e 4
➢ Suínos, javali, cervos, gado.
➢ Portanto, reservatório animal.

Hepatite E. Nassim Kamar, Richard Bendall, Florence Legrand-Abravanel, Ning-Shao Xia , Samreen Ijaz, Jacques Izopet, Harry
R Daltonb .The lancet 2012. 379 (30): 2478-84.
Estudo de prevalência de base populacional Hepatite A
Prevalência de anti-HAV IgG
Região Prevalência
faixa etária de 5 a 19 anos
(IC(95%))
100 Norte 58,3% (49,4 –
90
67,2)
Nordeste 53,1% (47,5 –
80 58,7)
Centro-Oeste 54,1% (47,7 –
70
60,5)
60
Distrito Federal 41,6% (38,6 –
Prevgalência (%)

44,6)
50 Sudeste 32,5% (28,6 –
36,3)
40
Sul 30,8% (25,6 –
30 36,1)
Brasil 39,5% (36,5 –
20 42,5)
10

0
Norte Nordeste Centro-Oeste Distrito Federal Sudeste Sul Brasil
Ximenes, R A A; Celina Maria Turchi Martelli; Harmman EM; Montarroyos U; Braga MC; Lima LC; Turchi, M D; Cardoso, MRA; Costa M; Alencar CA; Moreira, RC ;
Figueiredo, G M; Pereira, L M M B. Multilevel Analysis Of Hepatitis A Infection in Children and Adolescents: A Household Survey in The North-East and Central-West Regions of
Brazil. International Journal of Epidemiology, V. 37, P. 852-861, 2008.
Estudo de prevalência de base populacional Hepatite A

Prevalência de anti-HAV IgG


faixa etária de 5 a 9 e 10 a 19 anos

Fonte:www.aids.gov.br/publicacao/2010/estudo_de_prevalencia_de_base_populacional_das_infeccoes_pelos_virus_das_hepatites_a_b_c
Taxa de incidência de casos de hepatite A segundo região
de residência e ano diagnóstico, Brasil, 2010 a 2020
Taxa de incidência de casos de hepatite A segundo
faixa etária e ano diagnóstico, Brasil, 2010 a 2020
Hepatite A no município de São
Paulo/2017-2018
Distribuição geográfica/Hepatite E

O vírus foi inicialmente pensado que ocorresse em países em desenvolvimento.


Mas:
• A descoberta de casos adquiridos localmente nos países desenvolvidos tem
mudado substancialmente a compreensão da infecções HEV.
• Infecção autóctone da hepatite E tem sido detectado em todos os países
desenvolvidos em que tem sido procurado.

Nassim Kamar, Richard Bendall, Florence Legrand-Abravanel, Ning-Shao Xia , Samreen Ijaz, Jacques Izopet, Harry R Daltonb . The lancet 2012. 379 (30): 2478-84.
Distribuição geográfica/Hepatite E
• HEV3 autóctone na Europa, Nova Zelândia.
• HEV3 e HEV4 estão presentes no Japão.
• Na China França, Reino Unido e Japão, hepatite aguda E é mais comum do
que a hepatite A.
• No sudoeste da França, HEV é hiperendêmcia.
• Poucos casos tem sido relatados nos EUA, mas não há testes de diagnóstico
atualmente licenciadas para uso em seres humanos.

Nassim Kamar, Richard Bendall, Florence Legrand-Abravanel, Ning-Shao Xia , Samreen Ijaz, Jacques Izopet, Harry R Daltonb . The lancet 2012. 379 (30): 2478-84.
Distribuição geográfica/Hepatite E

• Os genótipos 1 e 2 do HEV são endêmicos nos países em desenvolvimento.


• Genótipo 1 é uma das principais causas de hepatite aguda nos países
asiáticos, especialmente na Índia.
Kmush et al. 2013

• Genótipo 2 prevalece na África e América Central.

• O genótipo 4 é predominante no sudeste da Ásia.


• Identificado genótipo 3 no Brasil.
Colson et al. 2012
Jeblaoui et al. 2013.
Distribuição geográfica/Hepatite E/Brasil
No Brasil, os números encontrados são também variados e de difícil
interpretação.

• A soroprevalência em doadores de sangue variou de 2.0% a 10.0%.


Parana R et al. Prevalence of hepatitis E virus IgG antibodies in patients from a referral unit of liver diseases in Salvador, Bahia, Brazil. Am J Trop Med Hyg 1997; 57(1):60-1

Passos-Castilho et al. High prevalence of hepatitis E virus antibodies in Sao Paulo, Southeastern Brazil: analysis of a group of blood donors representative of the general population. Brazilian
Journal of Infectious Diseases 2017; 21(5):535-539 .

• Na população rural de 2.0% a 13.0%.


Trinta KS et al. Hepatitis E vírus infection in selected Brazilian populations. Mem Inst Oswaldo Cruz 2001; 96(1):25-9

Vitral CL et al. Hepatitis A and E seroprevalence and associated risk factors: a community-based cross-sectional survey in rural Amazonia. BMC Infect Dis. 2014; 14:458.

• Em trabalhadores que mantinham contato com suínos, de 4.0% a 6.3%.


Silva SM et al. Prevalence of hepatitis E virus antibodies in individuals exposed to swine in Mato Grosso, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 2012; 107(3):338-41 .
Vitral CL et al. Serological evidence of hepatitis E virus infection in different animal species from the Southeast of Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2005
Controle e prevenção da hepatite A
 Medidas de saneamento ambiental com tratamento adequado de água.

 Higienização hortaliças e frutas


Vacina contra o vírus da hepatite A:
• Oferecida a portadores de hepatite B e C crônicas.
• Entrou no calendário vacinal em 2014, com 1 dose
• Estudo de custo efetividade utilizando dados do inquérito nacional mostrou
ser custo efetivo e econômico para o SUS sua introdução .
• Município de São Paulo oferece a homossexuais masculinos que procuram Centros
de Testagem e Aconselhamento e locais que oferecem o PreP.
Controle e prevenção da hepatite E

 Mas as mesmas precauções para evitar transmissão de origem

extrínseca devem ser tomadas.

 A inativação eficiente de HEV em produtos alimentares derivados

de fígado de porco infectado foi conseguida apenas depois de um


tempo de cozedura de pelo menos 20 min a uma temperatura
interna de 71°C.

Feagins AR et al. Inactivation of infectious hepatitis E virus present in commercial pig livers sold in local grocery stores in the United States. Int. J.
Food Microbiol. 2008; 123: 32–37 .
Barnaud E et al. Thermal inactivation of infectious hepatitis E virus in experimentally contaminated food. Appl. Environ. Microbiol 2012; 78:5153–
5159

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