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Gerais
ADAPTAÇÃO – capacidade de o indivíduo ser sensível ao ambiente (irritabilidade) e produzir respostas que
permitam adaptá-lo (variações bioquímicas e fisiológicas). É uma propriedade geral dos seres vivos, variável
entre eles e dependente da genética.
SAÚDE – é o estado de perfeita adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico e social, de modo que
o indivíduo se sinta bem (saúde subjetiva) e não apresente sinais e alterações orgânicas (saúde objetiva).
• Saúde e doença devem ser avaliadas dentro do contexto do indivíduo.
• Sintoma – o que o paciente relata.
• Sinal – o que é detectável.
DOENÇA – é o estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico ou social. O indivíduo se este mal
(sintoma) e/ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis (sinais).
• Doença tem causa, que age por determinados mecanismos, os quais produzem alterações morfológico-
moleculares, que resultam em alterações funcionais, produzindo manifestações subjetivas (sintomas) e
objetivas (sinais).
• Saúde Normal – saúde é utilizada em relação ao indivíduo, e normal representa os parâmetros estruturais e
funcionais mais comuns, estabelecidos estatisticamente.
SUBCLASSIFICAÇÃO DA PATOLOGIA
1. Etiologia – estuda as causas da doença;
2. Patogênese (patogenia) – estuda os mecanismos;
3. Fisiopatologia – estuda as alterações funcionais;
4. Morfopatologia – subdividida em anatomia patológica (estuda as alterações morfológicas,
macroscopicamente) e histopatologia (estuda as características microscópicas das lesões).
1.2 Variações da pressão atmosférica – o organismo tem capacidade de adaptar-se a pequenas variações de
pressão atmosférica.
• Suportamos mais o aumento de até 3 vezes a pressão atmosférica do que sua diminuição.
• Redução da pressão atmosférica em 50% já produz lesões.
Síndrome da descompressão: durante a descompressão rápida, os gases dissolvidos no plasma e líquidos intra e
extracelulares formam êmbolos e alteram a estrutura intracelular. Comum em mergulhadores, trabalhadores de sondas
submarinas e plataformas de petróleo.
Efeito das grandes altitudes: condições hipobáricas (altitudes elevadas) reduzem a tensão de O2 nos alvéolos, o que
causa hipóxia. Leva a vasoconstrição periférica: desvia sangue para o baço e aumenta a quantidade de sangue que
chega aos pulmões. A hipóxia lesa o endotélio e favorece o aparecimento de edema localizado ou generalizado. Há
também taquipnéia na tentativa de compensar a baixa tensão de O2.
Adaptações as grandes altitudes: aumento do hematócrito; aumento da quantidade do 2,3-bifosfoglicerato nos
eritrócitos (aumenta a liberação de O2 para os tecidos) – única alteração imediata; aumento do número de capilares nos
músculos, cérebro e miocárdio; aumento da quantidade de mioglobina; e aumento no número de mitocôndrias.
Explosões: variações abruptas da pressão atmosférica (blast) que produzem lesão por meio do deslocamento do ar,
água ou corpo sólido. As lesões dependem do órgão atingido.
Síndromes observadas em pessoas não adaptadas: doença aguda da altitude (cefaleia, lassidão, anorexia, fraqueza,
insônia); edema pulmonar e cerebral (aumento da permeabilidade vascular induzida pela hipóxia, vasoconstrição
periférica e aumento do débito do VD); edema sistêmico.
1.5 Radiações: são emissões de energia que se propagam como ondas eletromagnéticas ou partículas.
• Seu poder de penetração é inversamente proporcional ao comprimento da onda.
• As mais penetrantes são raios X e gama.
• As radiações particuladas são originadas em laboratório. As mais relevantes são radiações alfa, beta, neutrinos,
etc.
• As radiações naturais são encontradas na atmosfera e crosta terrestre e se originam de elementos naturalmente
radioativos. São responsáveis por doenças genéticas.
• As lesões decorrem:
1. Inalação ou ingestão de poeira ou alimentos com partículas radioativas;
2. Exposição de radiações com fins terapêuticos ou diagnósticos;
3. Contato acidental com artefatos nucleares e aparelhos de radioterapia;
4. Bombas nucleares.
• O efeito independe da fonte ou tipo de radiação.
• Lesam o tecido por 2 mecanismos:
1. Ação direta em macromoléculas (proteínas, lipídeos, ácidos nucleicos, carboidratos), onde produz
quebras, novas ligações e ionização de radicais, alterando sua função.
2. Produção de radicais livres por ionizar a água.
Interferem nas lesões:
• Dose e tempo de exposição (doses repetidas são mais lesivas);
• Quanto maior a disponibilidade de O2 no tecido maior a radiossensibilidade;
• Substâncias análogas às bases pirimídicas aumentam o poder lesivo;
• Elementos que removem radicais livres fornecem efeito radioprotetor;
• Células em G2 ou M são mais sensíveis (a menor sensibilidade ocorre na fase S);
• Células com maior atividade mitótica são mais sensíveis (CA pode ser radiossensível ou radiocurável).
Efeitos locais:
a. FASE AGUDA
• Lesões degenerativas (degeneração hidrópica ou necrose);
• Inibição da proliferação e aparecimento de mitoses atípicas;
• Células com núcleos pleomórficos decorrentes de aneuploidia e poliploidia;
• Células gigantes com núcleos bizarros;
• Aberrações cromossômicas (quebras, deleções, translocações, inversões, etc.);
• Vasodilatação e vacuolização de células endoteliais;
• Aumento da permeabilidade vascular (edema) com ruptura da parede, hemorragia, formação de trombos.
b. FASE TARDIA
• Vasos com proliferação endotelial, fibrose hialina na parede e redução da luz;
• Telangiectasias;
• Migração de fagócitos (cicatrização) atraídos por quimiotaxia gerada pelo fibrinogênio, proteólise de células
mortas, proteínas inflamatórias de baixo peso molecular secretadas.
Irradiação total do corpo: pode produzir pequenas alterações funcionais, doença aguda grave, morte, aumento da
incidência de CA e aceleração do envelhecimento. As lesões aparecem primeiro nos órgãos mais radiossensíveis.
Irradiação e CA: as irradiações tem capacidade de induzir mutações genéticas, translocações ou deleções
cromossômicas, podendo alterar genes neoplásicos (oncogenes e genes supressores de tumor).
Irradiação no período pré-natal e de crescimento: se a irradiação ocorre durante a blástula, há aborto. Se no
período embrionário predispõe a malformações e o abortamento é comum. Se a exposição à irradiação ocorre no
período fetal pode haver retardo mental, disfunção reprodutiva, distúrbios de crescimento, aumento da incidência de
cânceres na infância e adolescência.
2.6 Sons (ruídos): pessoa submetida a ruídos fortes apresenta perda progressiva da capacidade distinguir
frequências altas, possivelmente por lesões nas células do órgão de Corti (acuidade auditiva).
Ultrassom: uso em diagnósticos por imagem. Sem efeitos deletérios. Uso fisioterápico nas dores musculares
espasmódicas e aceleração da cicatrização.
BACTÉRIAS: a capacidade de bactérias produzirem lesões é denominada patogenicidade ou virulência. Ela depende
da expressão de genes bacterianos que codificam os fatores de virulência.
• Fatores de virulência – relacionam-se a:
1. Facilidade com que a bactéria penetra no organismo.
2. Inibição de fatores inespecíficos de defesa.
3. Inibição da resposta imune.
4. Resistência à ação de fagócitos.
5. Produção de toxinas.
• Pele e mucosas: barreira protetora. Nelas há queratina (barreira mecânica); secreção sebácea, digestiva e muco
(barreira química); secreção de IgA e tecido linfático associado (barreira imune); microbiota residente normal
(barreira biológica).
• Para lesarem as bactérias necessitam encontrar uma solução de continuidade ou serem inoculadas. Não há
penetração ativa.
• Para facilitar a invasão, há:
a. Produção de substâncias antibióticas para eliminar a flora normal, favorecendo a competição e aderência
sobre as células epiteliais;
b. Liberação de enzimas que facilitam sua penetração no muco e disseminação no interstício;
c. Expressão de moléculas de adesão que permitem reconhecer e aderir às células do hospedeiro.
• A aderência pode ser específica ou inespecífica e a liberação de toxinas depende dela.
• Exotoxinas são produzidas por bactérias Gram-positivas e negativas. Tem efeito citopático durante a fase de
crescimento.
• Endotoxinas de bactérias Gram-negativas são liberadas após desintegração da bactéria. Elas ativam sistema do
complemento, coagulação, fibrinólise, liberação de citocinas inflamatórias, ativação de linfócitos e células
fagocitárias.
• Existem toxinas que causam lesão apenas a nível molecular, sem alterações morfológicas.
• Bactérias podem penetrar na circulação (bacteremia) e induzir síndromes graves por ativação de múltiplos
mecanismos de defesa.
LESÕES POR AGENTES QUÍMICOS
• Os mecanismos gerais incluem:
1. Absorção – substâncias químicas chegam ao organismo pelas vias cutânea, mucosa (digestiva, respiratoria e
urogenital) ou parenteral (intradérmica, SC, IM ou IV). A absorção se dá através da membrana por difusão
simples, transporte facilitado ou transporte ativo.
2. Transporte e distribuição – uma vez absorvido, o agente químico cai no interstício, alcança a circulação
sanguínea diretamente ou passando pela circulação linfática. No sangue, se dissolve ou se conjuga a proteínas
plasmáticas. Sua distribuição depende do fluxo sanguíneo. A saída da circulação para o interstício se faz pelos
poros interendoteliais.
3. Biotransformação – os agentes químicos são geralmente metabolizados antes de ser excretado. A
metabolização pode inativá-los ou originar substâncias com maior capacidade lesiva. A biotransformação
ocorre no REL do fígado (principalmente), eritrócitos, epitélio brônquico e células renais, através de reações
de fase I (oxirredução – dependente do citocromo P450) ou fase II (conjugação).
4. Excreção – pode ocorrer na sua forma nativa ou após a biotransformação, pelos rins, tubo digestivo, sistema
biliar (fezes), sistema respiratório e através da pele. Algumas substâncias se depositam (ex., metais pesados).
• Os efeitos lesivos dos agentes químicos dependem da constituição genética do individuo, idade (indivíduo mais
jovem é mais suscetível por causa da maior quantidade de água corporal), gênero (fatores hormonais) e doenças
preexistentes no momento da exposição.
DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA
• Lesão celular reversível causada pelo acúmulo de água e eletrólitos no interior de células.
Etiopatogênese – provocada por distúrbios no equilíbrio hidroelétrico que resultam em retenção de eletrólitos e
acúmulo de água nas células.
• O trânsito de eletrólitos depende de bombas eletrolíticas.
• Essas bombas podem depender de ATP ou da estrutura da membrana e das proteínas que formam o complexo
enzimático da bomba.
• Assim, se uma agressão diminui o funcionamento da bomba por alterações na produção ou consumo de ATP; se a
integridade da membrana é afetada; se há modificações nas moléculas que formam a bomba; temos uma
degeneração hidrópica.
• Independente do agente lesivo haverá retenção de Na+, redução de K+ e aumento da pressão osmótica intracelular,
resultando em entrada de água no citoplasma e expansão isosmótica da célula.
• Os agentes lesivos são:
a. Hipóxia: redução da produção de ATP por desacopladores, inibidores da cadeia respiratória e agentes que
lesam a membrana mitocondrial. ↓[O2] ↓[ATP] altera o funcionamento das bombas.
b. Hipertermia exógena ou endógena (febre): aumenta o consumo de ATP, que pode desnaturar proteínas que
formam os canais iônicos.
c. Toxinas com atividade de fosfolipase (altera membranas) ou agressões que geram radicais livres (lesam as
membranas diretamente).
d. Substâncias que inibem a Na+/K+ ATPase.
Aspectos morfológicos das células e macroscópicos do órgão – as células ficam tumefeitas, com volume
aumentado.
• As bombas eletrolíticas do REL são mais sensíveis, por isso é o primeiro compartimento a expandir.
• Depois se expande o citosol. As organelas são rearranjadas, o que confere aspecto granuloso ao citoplasma na
MO.
• Citoplasma torna-se menos basófilo e mais acidófilo.
• Em estados avançados, as células apresentam pequenos vacúolos de água distribuídos regularmente no citoplasma.
• Hepatócitos: há formação de grandes vacúolos, que dão aspecto baloniforme (degeneração baloniforme).
• Ao ME:
- Redução das vilosidades.
- Formação de bolhas na membrana citoplasmática.
- Dilatação do retículo endoplasmático.
- Contração da matriz mitocondrial.
- Expansão da câmara mitocondrial externa.
- Condensação da cromatina.
• Órgão com peso e volume aumentados.
• Coloração mais pálida do órgão. As células degeneradas ficam com volume aumentado e comprimem os capilares,
diminuindo o aporte de sangue neste.
DEGENERAÇÃO HIALINA
• Acúmulo de material protéico e acidófilo no interior de células.
Etiopatogênese – pode resultar da:
• Condensação de filamentos intermediários e proteínas associadas, que formam de corpúsculos dentro das células;
• Acúmulo de material de origem viral (corpos apoptóticos);
• Proteínas endocitadas.
Aspectos morfológicos das células e macroscópicos do órgão – acidófila. Há formação de corpúsculos.
• Corpúsculo hialino de Mallory – encontrado em hepatócitos de alcoólatras crônicos e na esteato-hepatite não
alcoólica, cirrose juvenil da Índia e no carcinoma hepatocelular. É formado por filamentos intermediários
(citoceratina) associados a outras proteínas do citoesqueleto. A ME, tem aspecto filamentoso ou amorfo. São
formados por ação de radicais livres sobre citoceratinas, que induzem a peroxidação e facilitam ligações
transversais. Assim há formação de aglomerados que se precipitam.
• Corpúsculos de Councilman e Rocha Lima: correspondem a hepatócitos em apoptose. Está presente na febre
amarela (hepatite viral).
• Corpúsculos de Russel: frequentes em processos inflamatórios. Resulta do acúmulo de imunoglobulinas nos
plasmócitos (linfócitos B).
• Degeneração hialina de fibras musculares esqueléticas e cardíacas ocorre por ação de endotoxinas bacterianas,
agressão de linfócitos T e macrófagos (miocardite e miosite chagásica).
DEGENERAÇÃO MUCÓIDE
• Acúmulo de mucina.
Etiopatogênese – ocorre por dois mecanismos:
• Hiperprodução de muco por células caliciformes dos tratos digestivo e respiratório, que ficam com excesso de
glicoproteínas (mucina). Esse excesso no interior da célula pode causar morte celular.
• Síntese exagerada de mucinas em adenomas e adenocarcinomas. Extravessam para o interstício, e conferem
aspecto de tecido mucóide.
ESTEATOSE
• Acúmulo de gorduras neutras (mono, di ou triglicerídeos) no citoplasma de células que normalmente não as
armazenam. Comum no fígado, epitélio tubular renal, miocárdio, músculos esqueléticos e pâncreas.
Hepatócitos: utilizam ácidos graxos para [1] produzir colesterol e seus ésteres; [2] sintetizar lipídeos
complexos (fosfolipídeos e esfingolipídios) ou glicerídeos (mono, di ou tri – saem em vesículas do complexo
de Golgi e são conjugados as apoproteínas, formando lipoproteínas); [3] gerar energia pela β-oxidação até
acetil CoA e formar de corpos cetônicos.
Etanol: é oxidado a acetaldeído e acetil CoA, com redução do NAD a NADH. Se em excesso, o acetil CoA
favorece a síntese de ácidos graxos, que originam triglicerídeos que se acumulam nas células. Esse acúmulo é
favorecido porque o acetaldeído e os radicais livres gerados no metabolismo do etanol alteram microtúbulos e
microfilamentos e por consequência, o transporte de lipoproteínas.
• O etanol é a causa mais conhecida de esteatose hepática.
• Esteatose resulta de:
1. Menor disponibilidade de NAD, que também é necessário para oxidação de lipídeos. Assim há acúmulo de
lipídeos nos hepatócitos;
2. Maior disponibilidade de acetil CoA, que induz síntese de ácidos graxos, que originam triglicerídeos que se
acumulam nas células.;
3. Comprometimento do transporte das vesículas de lipoproteínas devido ao acetaldeído e radicais livres gerados
do metabolismo do etanol no REL sobre microtúbulos e microfilamentos, levando a acúmulo de triglicerídeos;
4. Pode ser agravada pela desnutrição por redução da disponibilidade de proteínas para formação de
lipoproteínas
Etiopatogênese – a lesão aparece quando um agente interfere no metabolismo de ácidos graxos da célula:
a. Aumentando síntese dos ácidos graxos;
b. Dificultando utilização dos ácidos graxos;
c. Dificultando transporte dos ácidos graxos;
d. Dificultando excreção dos ácidos graxos.
Consequências dos agentes lesivos: eles interferem no metabolismo lipídico por gerarem (* números em [ ]
relacionados as causas gerais)
a. Maior aporte de ácidos graxos por ingestão excessiva ou lipólise aumentada [1];
b. Síntese de ácidos graxos a partir do excesso de acetil CoA que não encontra condições de rápida oxidação no
ciclo de Krebs [1/4];
c. Redução na utilização de triglicerídeos ou de ácidos graxos para síntese de lipídeos complexos, por carência
de fatores nitrogenados e de ATP [1/3/4];
d. Menor formação de lipoproteínas por deficiência na síntese de apoproteínas [1];
e. Distúrbios no deslocamento de vesículas de lipoproteínas por alterações funcionais no citoesqueleto [1].
Causas gerais:
1. Agentes tóxicos– lesão o RER e redução da síntese de proteínas, que por consequência, afeta a síntese de
lipoproteínas.
2. Hipóxia (anemia, insuficiência cardíaca ou respiratória) – há menor disponibilidade de O2 por redução na
síntese de ATP. A esteatose é resultante do aumento da síntese de ácidos graxos a partir do excesso de acetil
CoA (devido à redução do ciclo de Krebs). Os ácidos em grande quantidade formam de triglicerídeos, que se
acumulam no citoplasma. A redução de ATP também dificulta síntese de lipídeos complexos e diminui
utilização de triglicerídeos e ácidos graxos, que se acumulam.
3. Alterações na dieta (desnutrição protéico-energética) – a carência de proteínas leva a deficiência na síntese
das apoproteínas, reduz formação de lipoproteínas e excreção de triglicerídeos. O déficit de ingestão calórica
também leva a mobilização de lipídeos do tecido adiposo, o que aumenta o aporte de ácidos graxos para o
fígado.
4. Distúrbios metabólicos de origem genética.
Aspectos morfológicos das células e macroscópicos do órgão – a microscopia, os triglicerídeos acumulam-se em
pequenas vesículas ou glóbulos revestidos por membrana (lipossomos).
• Na fase inicial são encontrados vários vacúolos, que vão se fundindo.
• Classicamente, os hepatócitos apresentam um grande vacúolo de gordura no citoplasma, o núcleo é deslocado para
a periferia e a célula fica com aspecto de adipócito (esteatose macrovesicular).
• Na esteatose microvesicular a gordura se acumula em pequenas gotículas que se distribuem na periferia da célula
e núcleo permanece centralizado.
• Por aparecerem como grandes vacúolos vazios na microscopia de luz, para não ser confundido com degeneração
hidrópica, é realizada a técnica de coloração de Sudam.
• Macroscopicamente, o fígado aumenta de volume e de peso, sua consistência está diminuída, as bordas ficam
arredondadas e adquire uma coloração amarelada.
LIPIDOSES
• Lesões por acúmulo intracelular de outros lipídeos que não triglicerídeos.
• Geralmente há acúmulo de colesterol e seus ésteres
• Podem ser localizadas ou sistêmicas
Depósitos de colesterol: podem ser formados nas artérias (aterosclerose), na pele (xantomas) em inflamações
crônicas.
Aterosclerose: depósitos de colesterol, ésteres de colesterol, fosfolipídeos e glicerídeos na camada íntima de artérias
de médio e grande calibre.
• Etiologia: fatores ambientais e genéticos: dislipidemia (aumento de triglicerídeos e colesterol – principal fator de
risco); HAS; tabagismo; DM; estresse; sedentarismo; e fatores genéticos (genes relacionados ao metabolismo
lipídico).
• Patogenia: é uma doença inflamatória.
1º – Agressão do endotélio por causas físicas, químicas e biológicas, inclusive hipercolesterolemia.
2º – Ativação do endotélio que passa a expressar moléculas de adesão. Há captura de monócitos circulantes.
3º – Na íntima, macrófagos capturam LDL. Por oxidar e incorporar lipídeos sem controle, apresentam o aspecto de
células espumosas. Células musculares também endocitam LDL e originam células espumosas.
4º – Linfócitos T também liberam citocinas que ativam macrófagos.
5º – Macrófagos produzem mais citocinas e quimiocinas que favorecem ativação endotelial e exsudação de mais
monócitos para a íntima.
6º – Macrófagos ativados liberam fatores de crescimento que induzem neoformação de vasos, a migração e a
multiplicação de células musculares lisas na íntima.
7º – Macrófagos ativados possuem maior capacidade de endocitar LDL oxidada, além de favorecerem a excreção do
colesterol para a MEC por apoptose ou por necrose.
8º – Macrófagos morrem por necrose ou por apoptose. Os restos misturam-se com depósitos lipídicos extracelular.
Células musculares transformam-se em miofibroblastos e passam a sintetizar matriz extracelular, contribuindo para
formar a capa fibrosa que envolve o núcleo lipídico.
• Placa mole ou ateroma típico: lesão na íntima do vaso, excêntrica, em forma de placa que faz saliência na luz
arterial. Centralmente possui lipídeos extracelulares sob a forma de cristais de colesterol, tendo em volta células
espumosas (macrófagos e células musculares lisas com colesterol), macrófagos e células musculares lisas sem
colesterol, linfócitos e mastócitos. Nas margens, é observado vasos neoformados e MEC. Essas placas são
também conhecidas como placas instáveis pelo maior risco de complicarem.
• Placa fibrosada ou dura: alta quantidade de músculo liso na região subendotelial, uma cápsula fibrosa,
centralmente há menos células espumosas, nas margens existem vasos neoformados e poucas células
inflamatórias. São também denominadas placas estáveis pelo menor risco de complicarem.
• Placas complicadas: sofrem fissuras ou rachaduras, que provocam ulceração ou erosão, favorecendo a trombose.
Hemorragias são comuns.
• Arteriolosclerose – o colesterol e seus ésteres, lipídeos e proteínas plasmáticas podem se depositar na íntima de
pequenas artérias e arteríolas (ex., rins de indivíduos com HAS). Os lipídeos depositados, originados do plasma,
associam-se a proteínas e formam depósitos lipo-hialinos na íntima.
• Xantomas – são lesões de pele sob forma de nódulos ou placas. Quando superficiais, têm coloração amarelada.
Microscopicamente são formados por acúmulos de macrófagos carregados de colesterol, aspecto espumoso.
• Esfingolipidoses – são doenças de armazenamento de esfingolipídios e seus produtos por falta ou deficiência de
enzimas lisossômicas que os degradam. Comum em doenças genéticas. Os depósitos são encontrados nos
lisossomos.
GLICOGENOSES
Doenças genéticas caracterizadas pelo acúmulo de glicogênio em células do fígado, rins, músculos esqueléticos e
coração. É causada por deficiência de enzimas envolvidas no processo de sua degradação. O deposito pode ser no
citosol ou nos lisossomos.
MUCOPOLISSACARIDOSES
Depósitos anormais de poliglicanos e/ou proteoglicanos. Ocorrem em doenças metabólicas genericamente
denominadas mucopolissacaridoses. Também é causada por deficiência enzimática.
Pigmentações
PIGMENTO – substância que tem cor própria com origem, composição química e significado biológico
diverso.
PIGMENTAÇÃO – processo de formação ou acúmulo, normal ou patológico, de pigmentos no organismo.
• Pigmentação patológica – é o acúmulo ou redução anormal de pigmentos em certos locais do organismo, como
resultado de alterações bioquímicas importantes.
Tipos de pigmentos:
1. Endógenos – sintetizados pelo próprio organismo.
2. Exógenos – formados por via respiratoria, digestiva ou parenteral. Penetram e se depositam nos órgãos.
PIGMENTAÇÕES ENDÓGENAS
Resultantes da hiperprodução e acúmulo de pigmentos sintetizados pelo próprio organismo.
1. Derivados da hemoglobina (Hb)
Pigmentos biliares
• Principal pigmento: bilirrubina (Bb).
• Derivado da fração heme da Hb e outras hemoproteínas.
• A Bb atua como antioxidante, modula o sistema imune.
• Importante no diagnóstico de doenças hepáticas e hematológicas.
• O aumento de produção ou defeito na remoção leva a um quadro de hiperbilirrubinemia. A icterícia é o sinal
clínico.
• Aumento de excreção de Bb na bile (doenças hemolíticas crônicas) pode levar a formação de cálculos biliares,
constituídos de bilirrubinato de cálcio.
Formação da Bb
• 80% da Bb vem da Hb que sofre hemocaterese (destruição fisiológica da Hb pelos macrófagos do fígado, baço e
medula óssea). 20% vêm de hemoproteínas hepáticas (citocromo P450).
• Bb não tem ferro (é o que sobra do grupo heme além do ferro).
• A hemácia vai ser fagocitada por um macrófago (após esse estágio de senescência) e então ocorrerá a liberação da
porção não proteica (radical heme). Esse radical heme vai sofrer então a primeira reação, dentro do macrófago:
Radical Heme heme-oxidase Biliverdina
• Ainda dentro do macrófago, a biliverdina-redutase vai converter a biliverdina em bilirrubina.
Biliverdina biliverdina-redutase Bilirrubina
Transporte no sangue
• A Bb é lançada no sangue de forma não-conjugada, sendo insolúvel em soluções aquosas.
• Não pode ser eliminada.
• No fígado é conjugada com o ácido glicurônico para ser eliminada.
• No sangue é transportada por albumina (91%) e apoproteínas (9%).
Captação e transporte pelos hepatócitos
• O complexo bilirrubina-albumina cai na circulação. Chegando ao fígado, tem que entrar no hepatócito. Para isso,
necessita de um carreador chamado tapazina, um receptor de superfície de membrana expresso no lado apical do
hepatócito (ela apenas facilita a entrada do complexo no hepatócito).
• Quando o complexo entra no hepatócito, torna-se necessária outra reação. Há duas enzimas que estão no
citoplasma do hepatócito: ligandina (ou proteína Y) e uma que se chama proteína Z. Elas recebem esse
complexo e o carreiam até o REL.
Conjugação com ácido glicurônico
• No REL a enzima glicuronil-transferase, faz uma esterificação na bilirrubina, fazendo com que ela fique
totalmente polar. Se ela está polar, ela pode trafegar livremente pela circulação e passa a ser independente da
albumina.
Excreção
• A bilirrubina sai então do hepatócito, mas para isso precisa da proteína resistente à múltiplas substâncias. Essa
proteína faz com que a bilirrubina caia nos canalículos hepáticos.
• A bilirrubina então vai para o duodeno, e começa a trafegar no intestino.
• Pela ação da microbiota no intestino grosso, é transformada em urobilinogênio (um dos pigmentos da coloração da
urina) e estercobilinogenio (que está presente na coloração das fezes).
• Esta mesma bilirrubina, sofre agora receptação (ainda no intestino) para ficar na circulação enterohepática,
migrando para a vesícula biliar, onde fica armazenada para formação de sais biliares.
Icterícia
• Na criança a bilirrubina pode formar o kernicterus que é a impregnação da bilirrubina no SNC.
• Nessa patologia é visto um pigmento marrom-acastanhado no SNC, sendo um processo irreversível que culmina
com a morte da criança.
• A bilirrubina passa na criança pelo fato da barreira hematoencefálica não estar plenamente formada.
• Icterícia é o principal sinal clínico (mais visível) do aumento dos níveis plasmáticos da bilirrubina. A pessoa fica
amarelada, mas não coça e nem dói.
• MO – pigmentos marrons acastanhados.
• O que pode levar a um aumento de bilirrubina?
1. Morte de hemácias em excesso (anemias hemolíticas): gera aumento do radical heme, e assim, tem-se o
aumento das reações para a formação de bilirrubina.
2. Captação hepática reduzida.
3. Conjugação hepática comprometida.
4. Fluxo biliar comprometido (gera uma doença chamada colestase).
5. Excreção hepatocelular comprometida.
2. Hematoidina
• É um pigmento lipídico semelhante à bilirrubina, porém, desprovida de ferro.
• Forma-se em áreas de hemorragia após degradação das hemácias extravasadas pelos macrófagos.
• MO – cristais variando de amarelo-ouro, amarelo-alaranjado e vermelho-alaranjado.
Não tem repercussão para o organismo e não cora em hematoxilina-eosina.
3. Hemossiderina
• Uma das principais formas de armazenamento de ferro (a outra é a ferritina).
• Absorvemos 1mg/dia de ferro, porém, esse está estocado 65-70% na forma de hemoglobina; 10% em citocromos,
mioglobinas e enzimas que contêm ferro; 20-25% na forma de ferrirtina e hemossiderina.
Ferritina = Ferro + Apoferritina – nas células.
Locais de armazenamento de ferritina são: hepatócitos e macrófagos do fígado, baço, medula óssea e linfonodos.
• Quando há oferta excessiva de ferro, a ferritina forma hemossiderina, pelas seguintes etapas:
1. Incorporação da ferritina do citosol sob a forma de agregados pelo REL, constituindo vacúolos autofágicos.
2. Fusão desses vacúolos com lisossomos.
3. Degradação enzimática.
4. Persistência de agregados maciços e insolúveis de ferro, a hemossiderina.
Tipos de hemossiderose
• Hemossiderose localizada: hematomas. A área fica vermelha pelo aumento do aporte sanguíneo. Depois fica
arroxeado, pois o sangue começa a ficar desoxigenado e há alta pressão de CO2. Posteriormente, começa a ficar
esverdeado pela biliverdina. E por fim, amarelado pela bilirrubina. A bilirrubina em contato com a luz solar, muda
sua conformação e consegue ser excretada pela pele – por isso que paciente ictérico deve ser exposto a luz.
• Hemossiderose sistêmica: depósito em diversos órgãos e tecidos. Causas:
1. Aumento na absorção intestinal de ferro;
2. Anemias hemolíticas;
3. Transfusão de sangue
Hemocromatose primária ou hereditária: doença autossômica recessiva caracterizada pelo aumento da absorção
intestinal de ferro.
• É um tipo de hemossiderose.
• Há deposição excessiva de hemossiderina em macrófagos, interstício, hepatócitos, pâncreas, pele, hipófise,
coração, o que pode causar hipotrofia e fibrose do parênquima, levando a cirrose hepática, hipotrofia do pâncreas
exócrino e endócrino (DM), hipogonadismo e insuficiência cardíaca.
4. Pigmento malárico
• Também denominado hemozoína.
• Resulta da degradação hemoglobina ingerida pelos plasmócitos.
• Pigmento acumula-se sob a forma de grânulos castanho-escuro nos macrófagos do fígado, baço, medula óssea e
linfonodos.
5. Pigmento esquistossomótico
• Proteases do parasita degradam a hemoglobina.
• Forma um cristal semelhante a hemozoína.
• Acumula-se como grânulos castanho-escuro ou negros nos macrófagos do fígado, baço e tecido conjuntivo dos
espaços portobiliares.
• Não traz repercussões ao organismo.
6. Melanina
• Pigmento endógeno, produzido pelos melanócitos.
• Varia do marrom escuro ao preto.
• Dá a diversidade da cor da pele, por isso é associada às diferentes etnias humanas.
Funções:
a. Proteção contra radiação UVB.
b. Ação antioxidante.
c. Absorção de calor.
Tipos de melanina:
1. Eumelanina – insolúvel. Função fotoprotetora e antioxidante.
2. Feomelanina – função antioxidante.
Melanoses:
• Aumento de produção de melanina, podendo ocorrer na pleura, meninges, coração, músculos e fígado.
• Macroscopia: manchas planas, negras e de tamanho e forma variadas.
• Microscopia: pigmentos negros no interior de melanócitos.
• Não interfere na função do órgão.
Hipopigmentação melânica:
• Congênita (albinismo) ou adquirida (vitiligo). Causas:
a. Migração e deposição anormal de melanoblastos;
b. Redução da atividade das tirosinases;
c. Estrutura anormal dos melanossomos;
d. Redução da transferência de melanossomos para os queratinócitos;
e. Aumento da degradação dos melanossomos nos melanócitos.
Sinais clínicos:
• Manchas ou placas hipopigmentadas (no caso do albinismo consegue-se ver até a retina da pessoa).
7. Lipofucsina
• Também chamado de pigmento do desgaste ou lipocromo.
• É considerado um marcador biológico do envelhecimento celular.
• Enquanto hemossiderina estará na hemorragia e no fígado, lipofuscina estará nos tecidos em geral.
• Grânulos delicados intracitoplasmáticos pardo-amarelados
• Deposita-se em neurônios, células musculares cardíacas e esqueléticas, e na retina.
• Sua formação é decorrente da peroxidação de material autofagocitado no interior dos lisossomos.
Origem:
• Aumento da autofagia ou captação celular de material não completamente degradável.
• Redução da síntese de enzimas lisossômicas.
• Diminuição da eliminação de resíduos não degradáveis.
• Acumulam-se metabólitos oxidados ao longo da vida em células que se multiplicam menos (neurônios, músculo
cardíaco, esquelético e epitélio da retina).
Constituição:
• Proteínas e lipídeos degradados
PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS
Provocadas por pigmentos que penetram no organismo juntamente com o ar inspirado e com os alimentos deglutidos,
ou introduzidos por via parenteral.
1. Antracose
• Deposição de carvão, encontrada em fumantes, moradores das grandes cidades e trabalhadores de minas de
carvão.
• Pigmentos enegrecidos, vistos da mesma forma, tanto macroscopicamente quanto microscopicamente – visível no
parênquima pulmonar.
• Associado a reação inflamatória crônica.
2. Argíria
• Deposição de sais de prata nos tecidos.
• Ocorre normalmente pela impregnação mecânica da pele em trabalhadores de minas de prata, manufatura de joias,
processamento de material fotográfico, tratamento odontológico com o uso de amálgama.
3. Tatuagem
• Pigmentação exógena limitada à pele, resultante da introdução de pigmentos insolúveis na pele.
• Tatuagens extensas: podem causar linfadenomegalia.
• Pseudotatuagem (tatuagem de henna): as substâncias usadas podem causar dermatite de contato.
• A tatuagem tende a ficar mais clara porque quando o macrófago morre, ele libera o conteúdo no interstício. Por
isso é necessário retocar a tatuagem.
4. Crisíase
• Impregnação de ouro.
Morte Celular
Aspectos Gerais
• Agentes lesivos causam lesões reversíveis ou morte celular (depende do ponto de não-retorno).
• Indicativos de irreversibilidade da lesão (ponto de não-retorno): tumefação mitocondrial, perda de cristas,
depósitos floculares da matriz, bolhas e solução de continuidade na membrana.
• Nem sempre a morte celular vem antecedida de lesões degenerativas, já que o agente agressor pode ser intenso o
suficiente para matar rapidamente.
NECROSE
• Morte em organismo vivo, seguida de autólise.
• Autólise: degradação enzimática dos componentes celulares por enzimas da própria célula liberadas de lisossomos
após a morte celular.
• Quando a agressão interrompe as funções vitais, os lisossomos perdem a capacidade de conter as hidrolases no seu
interior e as soltam no citosol, onde são ativadas pelo Ca2+.
• As hidrolases digerem os subtratos celulares.
Alterações microscópicas
1. Alterações nucleares
• Picnose: intensa contração e condensação da cromatina, tornando núcleo altamente basófilo, homogêneo e menor.
• Cariólise: digestão da cromatina, impossibilitando-a de ser corada (ausência de núcleo na célula).
• Cariorrexe: núcleo se fragmenta e se dispersa no citoplasma.
Todas essas alterações de morfologia do núcleo se devem ao abaixamento de pH na célula, o que condensa o núcleo.
Além disso, há ação de desoxirribonucleases e proteases.
2. Alterações Citoplasmáticas
• Acidofilia: desacoplamento de ribossomos e proteólise parcial, expondo radicais acidófilos.
• Com a evolução, adquire aspecto granuloso e há formação de massas amorfas com o rompimento da membrana
celular.
Causas da necrose
a. Redução de energia (obstrução vascular ou inibição dos processos respiratórios).
b. Produção de radicais livres.
c. Inibição enzimática e de processos vitais.
d. Agressão à membrana citoplasmática, criando canais hidrofílicos pelos quais as células perdem eletrólitos.
Tipos de necrose
1. Necrose por coagulação ou necrose isquêmica
• Causa mais frequente: isquemia, logo necrose isquêmica.
• Macroscopicamente: área esbranquiçada e saliente. A área que circunda a necrose tem aspecto hiperemiado (halo
avermelhado) para tentar compensar a isquemia.
• Alterações nucleares: cariólise.
• Citoplasma de aspecto coagulado: acidófilo e granuloso, gelificado.
• Típico dessa necrose: arcabouço celular preservado (fantasma).
2. Necrose por liquefação
• Consistência mole, semifluida, liquefeita.
• Comum após anóxia no tecido nervoso, suprarrenal ou mucosa gástrica.
• Causada por liberação de enzimas lisossômicas em grande quantidade.
• Comum também em inflamações purulentas, causada por liberação de enzimas lisossômicas de leucócitos
exsudados.
3. Necrose lítica
• Denominação para necrose de hepatócitos durante hepatites virais (sofrem lise ou esfacelo).
4. Necrose caseosa
• Microscopicamente: massa homogênea, acidófila, núcleos picnóticos e, na periferia, cariorrexe.
• Células perdem contorno celular e detalhes estruturais.
• Comum em tuberculose, paracoccidioidomicose e tularemia.
• Originada de mecanismos imunitários de agressão vindos de linfotoxinas de linfócitos T e produtos citotóxicos de
macrófagos. Além disso, há um componente da hipóxia, já que os granulomas são hipovasculares.
5. Necrose gomosa
• Variedade de necrose por coagulação.
• Aspecto elástico, de borracha.
• Comum na sífilis tardia.
6. Esteatonecrose
• Também denominada necrose enzimática do tecido adiposo.
• Comum na pancreatite aguda necro-hemorrágica, com liberação de enzimas dos ácinos pancreáticos, que atuam
sobre triglicerídeos. Os ácidos graxos liberados saponificam, com aspecto de pingo de vela.
Gangrena
• Forma de evolução da necrose que resulta da ação de agentes externos sobre o tecido necrótico.
Gangrena seca
• Originada por desidratação da região atingida, especialmente em contato com o ar. Aspecto mumificado
• Ocorre mais nas extremidades de dedos, nariz.
• Consequência comum de lesões vasculares na DM.
• A zona afetada tem cor escura, azulada ou negra devido impregnação de pigmentos derivados da hemoglobina.
• É comum a presença de uma linha limitante nítida entre área saudável e necrosada (reação inflamatória).
Gangrena úmida ou pútrida
• Decorre da invasão do tecido necrosado por microrganismos anaeróbios. Estes produzem enzimas que liquefazem
o tecido necrótico e produzem gases fétidos.
• Comum em necrose do tubo digestivo, pulmões e pele (umidade facilita).
• Absorção de produtos tóxicos dessa gangrena pode levar à sepse
Gangrena gasosa
• Secundária a contaminação do tecido necrosado por Clostridium sp.
• Estes produzem enzimas proteolíticas, lipolíticas e muito gás, culminando com a formação de bolhas gasosas.
APOPTOSE (“caindo fora”)
DEFINIÇÃO – é uma via de morte celular induzida e rigorosamente regulada, no qual as células ativam enzimas
capazes de degradar seu próprio DNA, proteínas nucleares e citoplasmáticas. Há formação de fragmentos. A
membrana celular permanece intacta, mas é alterada de tal forma que os fragmentos passam a serem alvos de
fagócitos. A célula é removida antes que seu conteúdo extravase, por isso não induz resposta inflamatória. Serve para
eliminar células prejudiciais ou células senis.
CAUSAS FISIOLÓGICAS – elimina células que não são mais necessárias ou busca manter a população de células
constante.
1. Morte programada na embriogênese – organogênese, involução e metamorfose.
2. Involução de tecidos hormônios-dependentes sob privação de hormônio – ex., células endometriais durante a
menstruação; mama após o período de amamentação.
3. Perda celular em populações proliferativas – manter número de células constante. Ex., cripta intestinal.
4. Morte de células que já tenham comprido seu papel – ex., neutrófilos após uma inflamação aguda, linfócitos
após reação imune.
5. Eliminação de linfócitos autorreativos potencialmente nocivos – impede instalação de doenças autoimunes.
6. Morte celular induzida por linfócitos T citotóxicos – defesa contra neoplasias e células infectadas por vírus.
CAUSAS PATOLÓGICAS – elimina células que possuem alterações genéticas ou estão lesadas de modo que não
podem ser reparadas.
1. Lesão de DNA – lesão direta ou por formação de radicais livres. Exemplos: radiação, drogas citotóxicas
anticâncer, extremos de temperatura e hipóxia. A eliminação da célula é a melhor alternativa, pois tentativas
de reparo pode ocasionar mutações com DNA danificado e progredir para uma malignidade. Isso ocorre se o
insulto for leve. Em casos graves, haverá necrose.
A indução de apoptose me células cancerosas é o efeito desejado pelos agentes quimioterápicos. Muitos funcionam
danificando o DNA.
2. Acúmulo de proteínas mal dobradas – mutações em genes que codificam proteínas por fatores extrínsecos
(ex., radicais livres). Leva uma condição conhecida como estresse do RE, uma vez que essas proteínas se
acumulam nessa organela, levando a célula a apoptose.
3. Lesão celular em certas infecções – principalmente infecções virais. A apoptose pode ser decorrente da
indução do vírus (adenovírus e vírus da AIDS) ou pela resposta imune do hospedeiro (hepatite viral).
MORFOLOGIA – em H&E, as células apoptóticas aparecem de forma oval ou arredondada, citoplasma eosinofílico,
núcleos em vários estágios de condensação e agregação de cromatina e, finalmente cariorrexe. A célula se retrai, há
formação dos corpos apoptóticos compostos por vesículas envoltas de membrana contendo citosol e organelas. Esses
corpos são rapidamente fagocitados. Evento muito rápido, pode ser indetectável.
MECANISMOS – evento fundamental é a ativação de caspases (proteases). As caspases clivam vários alvos, e
culminam na ativação de: nucleases (degrada DNA), enzimas que degradam nucleoproteínas e enzimas que degradam
proteínas do citoesqueleto. A ativação das caspases depende de um equilíbrio entre as vias pró e antiapoptóticas. Duas
vias podem ativar as caspases, são elas: via intrínseca (via mitocondrial) e via extrínseca (via receptor de morte).
I. Via intrínseca – as mitocôndrias contêm proteínas capazes de induzir a apoptose: citocromo C e
antagonistas de inibidores de apoptose citosólicos endógenos. Uma família de mais de 20 proteínas
controla a permeabilidade mitocondrial. O protótipo dessa família é a BC-2.
1º – Lesão. Privação de fatores de crescimento ou hormônios tróficos; Exposição a agentes que lesam DNA; Acúmulo
de proteínas mal dobradas.
2º – Ativação de sensores da família Bcl-2. Inibição das moléculas antiapoptóticas Bcl-2 e Bcl-XL.
3º – Ativação de dois membros pró apoptóticos: Bax e Bak.
4º – Bax e Bak se dimerizam, se inserem na membrana mitocondrial através dos quais o citocromo C e outras
proteínas mitocondriais extravasam para o citosol.
5º – Citocromo C + cofatores ativam caspase-9 (INICIADORA).
6º – Outras proteínas bloqueiam a atividade das antagonistas de caspases (inibidores fisiológicos da apoptose).
7º – Ativação da cascata de caspases (EXECUTORAS).
8º – Fragmentação nuclear.
Se as células são expostas a fatores de crescimento e outros sinais de sobrevivência, elas sintetizam membros
antiapoptóticos da família Bcl-2.
II. Via extrínseca – células expressam moléculas de superfície, chamadas de receptores de morte, que
disparam a apoptose. São receptores, membros da família TNF (fator de necrose tumoral), que contém em
suas regiões citoplasmáticas um “domínio de morte”. Esses receptores de morte são TNF I e Faz (CD95).
O ligante de Fas (Faz-L) é uma proteína de membrana expressa em linfócitos T ativados.
1º – Os linfócitos T reconhecem células que expressam Fas.
2º – As moléculas Fas se ligam por reação cruzada ao seu ligante (Fas-L).
3º – Fas + Faz-L + proteínas adaptadoras se ligam a caspase 8.
4º – Ativação da cascata de caspases.
5º – Caspase 8 pode clivar e ativar Bid, um membro da família Bcl-2 (ativação combinada via intrínseca/extrínseca).
FLIP, um antagonista, bloqueia a ação das caspases. Alguns vírus produzem homólogos de FLIP para manter as
células infectadas vivas.
EXEMPLOS DE APOPTOSE
1. Privação de Fator de Crescimento
As células sensíveis a hormônios, privadas deste; os linfócitos que não são estimulados por antígenos e citocinas; e os
neurônios privados de fator de crescimento nervoso morrem por apoptose. Em todas essas situações, a apoptose é
iniciada pela via mitocondrial. Há ativação de membros pró-apoptóticos da família Bcl-2 e à diminuição de síntese de
Bcl-2 e Bcl-xL.
2. Lesão de DNA
Quando o DNA é lesado, a proteína p53 se acumula nas células. Primeiro, ela interrompe o ciclo celular (na fase G1)
para conceder tempo para o reparo. Entretanto, se o dano for grande para ser reparado com sucesso, a p53 desencadeia
a apoptose, principalmente por ativação de Bax e Bak, e por aumento da síntese de membros pró-apoptóticos da
família Bcl-2.
Quando a p53 está mutada ou ausente (ex., câncer), ela é incapaz de induzir apoptose, de modo que as células com o
DNA lesado sobrevivem.
3. Acúmulo de Proteínas Anormalmente Dobradas: Estresse do RE
Proteínas não dobradas ou anormalmente dobradas se acumulam no RE devido a mutações herdadas ou perturbações
ambientais, induzem uma resposta celular protetora, chamada de resposta de proteína não dobrada. Essa resposta
ativa as vias de sinalização que aumentam a produção de chaperonas (proteínas que controlam o dobramento de
proteínas recentemente sintetizadas) e retardam a translação da proteína, reduzindo, os níveis de proteínas mal
dobradas na célula. Em circunstâncias nas quais o acúmulo de proteínas mal dobradas ultrapassa essas adaptações, o
resultado é o estresse do RE, que ativa caspases que levam à apoptose.
O acúmulo intracelular de proteínas dobradas anormalmente, causadas por mutações, envelhecimento ou fatores
ambientais desconhecidos, pode causar doenças pela redução da disponibilidade da proteína normal ou por induzir a
lesão celular. A morte celular causada por uma proteína anormalmente dobrada é atualmente reconhecida como
característica de uma gama de doenças neurodegenerativas, incluindo as doenças de Alzheimer, Huntington e
Parkinson, e provavelmente diabetes tipo II.
4. Apoptose de Linfócitos Autorreativos
Linfócitos capazes de reconhecer antígenos próprios são produzidos normalmente. Se eles encontram antígenos
próprios, as células morrem por apoptose. A via mitocondrial e a via receptor de morte Fas têm sido implicadas nesse
processo. A deficiência de apoptose dos linfócitos autorreativos é uma das causas de doenças autoimunes.
5. Apoptose Mediada por Linfócito T Citotóxico
Os linfócitos T citotóxicos (LTC) reconhecem antígenos estranhos, apresentados na superfície de células hospedeiras
infectadas e de células tumorais. Sob ativação, os grânulos dos LTC contendo proteases chamadas de granzimas
penetram nas células-alvo, clivam as proteínas nos resíduos de aspartato ativando as caspases. Desse modo, o LTC
elimina as células-alvo induzindo diretamente a fase efetora da apoptose, sem a participação das mitocôndrias ou dos
receptores de morte. Eles também expressam Fas-L em sua superfície e podem eliminar células-alvo pela ligação dos
receptores de Fas.
INFLAMAÇÃO
Inflamação reação vascular + resposta celular (ativadas por mediadores derivados das proteínas plasmáticas e de
várias células).
• É uma resposta protetora que envolve:
1. Células do hospedeiro;
2. Vasos sanguíneos;
3. Proteínas e;
4. Outros mediadores.
Objetivo – eliminar a causa da lesão celular, as células e os tecidos necróticos que resultam da lesão original e
iniciar o processo de reparo.
Mecanismo geral:
1º – Micróbio penetra ou o tecido é lesado.
2º – Macrófagos, células dendríticas, mastócitos e outros tipos celulares percebem a presença de infecção ou
lesão. APRESENTAM O ANTÍGENO.
3º – Essas células secretam citocinas e outros mediadores que induzem e regulam a resposta inflamatória.
4º – Mediadores inflamatórios também são produzidos a partir das proteínas plasmáticas que reagem com o
agente agressor.
5º – Alguns mediadores agem nos capilares sanguíneos e promovem a saída de plasma e recrutamento dos
leucócitos.
6º – Leucócitos recrutados são ativados e tentam remover o agente lesivo, por fagocitose. Um efeito colateral
pode ser a lesão a tecidos normais.
Sinais cardinais da inflamação – (alterações externas) ocorrem devido às alterações vasculares e ao
recrutamento dos leucócitos. Incluem:
1. Calor (aquecimento);
2. Rubor (vermelhidão)
3. Tumor (edema);
4. Dor;
5. Perda de função.
A inflamação é normalmente controlada e autolimitada.
• As células e mediadores são ativados apenas em resposta à lesão. Tem vida curta, são degradados ou tornam-se
inativos quando o agente agressor é eliminado.
• Vários mecanismos anti-inflamatórios são ativados.
• Se o agente nocivo não for rapidamente eliminado, o resultado pode ser a inflamação crônica.
Inflamação Aguda
1. Alterações vasculares:
• Vasodilatação – aumento do fluxo sanguíneo local. (ERITREMA e CALOR)
• Aumento da permeabilidade vascular – permite que proteínas plasmáticas deixem a circulação. (EDEMA)
• Adesão e migração dos leucócitos – proporcionada pela ativação das células endoteliais.
2. Eventos celulares:
• Recrutamento e ativação dos leucócitos – neutrófilos são leucócitos polimorfonucleares.
ALTERAÇÕES VASCULARES
1. Alterações no fluxo e calibre vasculares:
1º– vasoconstrição transitória;
2º– vasodilatação arteriolar, resultando em aumento do fluxo sanguíneo e abertura dos leitos capilares. Gera o eritema
(vermelhidão) e o calor.
3º– aumento da permeabilidade vascular (microcirculação), possibilitando a saída de proteínas para os tecidos
extravasculares. Essa perda de líquido faz com que as hemácias fiquem mais concentradas, aumento assim a
viscosidade do sangue e diminuindo a velocidade da circulação (estase).
4º– quando há estase, os leucócitos (neutrófilos) começam a se acumular na superfície endotelial – marginação.
EVENTOS CELULARES
Células efetoras (imunidade inata): macrófagos (apresentadores), neutrófilos (recrutados pelo sistema do
complemento – C3a e C5a; fatores plaquetários e citocinas), plaquetas e eosinófilos.
FEBRE
• A elevação da temperatura corporal é uma das manifestações mais proeminentes na fase aguda.
• É produzida em resposta a substâncias pirogênicas, que atuam estimulando a síntese de prostaglandina nas células
vasculares e perivasculares do hipotálamo.
• Os produtos bacterianos, como o lipopolissacarídio (LPS; chamado pirogênio exógeno) estimula os leucócitos a
liberarem IL-1 e TNF (chamados pirogênios endógenos) que aumentam os níveis de cicloxigenases que
convertem o ácido araquidônico em prostaglandinas.
• No hipotálamo, as prostaglandinas, especialmente PGE2, estimulam a produção de neurotransmissores, os quais
funcionam para reajustar a temperatura em nível mais alto.
• Os AINEs, incluindo a aspirina, reduzem a febre, inibindo a cicloxigenase, bloqueando assim a síntese de
prostaglandina.
Inflamação Crônica
• Duração prolongada (semanas, meses ou anos).
• Inflamação ativa, destruição tecidual e reparação por fibrose ocorrem simultaneamente.
• Ao longo do tempo leva a destruição tissular – déficit de função.
• Exemplos: tuberculose, fungos, sífilis, doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico), asma, bronquiectasias.
Características:
• Infiltração de células mononucleares – macrófagos, linfócitos e plasmócitos (imunidade adquirida).
• Destruição tecidual – induzida pelos produtos das células inflamatórias.
• Reparo – angiogênese e fibrose.
2. Linfócitos
• Mobilizados sob qualquer estímulo imune específico (ex., infecções), na inflamação não mediada
imunologicamente (ex., necrose isquêmica ou trauma) e são os principais orientadores da inflamação em doenças
autoimunes e inflamatórias crônicas.
• São ativados por antígenos, macrófagos e células apresentadoras de antígeno.
• A ativação de linfócitos B e T é parte da resposta imune adaptativa em infecções e doenças imunológicas.
• Os linfócitos T e B migram para os locais inflamatórios usando as mesmas moléculas de adesão e quimiocinas que
recrutam outros leucócitos.
• Nos tecidos, os linfócitos B podem se desenvolver em plasmócitos, que secretam anticorpos, e os linfócitos T
CD4+ são ativados para secretar citocinas.
• Por secretar citocinas, os linfócitos T CD4+ promovem a inflamação e influenciam a natureza da reação
inflamatória.
• Existem três subgrupos de células T auxiliadoras CD4+ que secretam diferentes de citocinas e suscitam diferentes
tipos de inflamação:
a. Células TH1 – produzem a citocina IFN-γ, que ativa macrófagos na via clássica.
b. Células TH2 – secretam IL-4, IL-5 e IL-13, que recrutam e ativam eosinófilos. São responsáveis pela via
alternativa de ativação de macrófagos.
c. Células TH17 – secretam IL-17 e outras citocinas que induzem a secreção de quimiocinas responsáveis pelo
recrutamento de neutrófilos e monócitos para a reação.
• TH1 e TH17 estão envolvidas na defesa contra bactérias, vírus e doenças autoimunes.
• As células TH2 são importantes na defesa contra parasitas helmintos e na inflamação alérgica.
• Linfócitos e macrófagos interagem de modo bidirecional, e essas interações têm um papel importante na
inflamação crônica.
• Macrófagos apresentam os antígenos às células T, expressam moléculas de membrana (chamadas coestimulado-
ras) e produzem citocinas (IL-12 e outras) que estimulam as respostas da célula T.
• Linfócitos T ativados produzem citocinas que recrutam e ativam macrófagos, promovem apresentação do antígeno
e secreção de citocinas. O resultado é um ciclo de reações que abastece e mantém a inflamação crônica.
• Em reações inflamatórias crônicas severas, o acúmulo de linfócitos, de células apresentadoras de antígenos e
plasmócitos pode assumir as características morfológicas de órgãos linfoides com aparência de linfonodos. Esse
padrão é observado frequentemente na sinóvia da artrite reumatoide e na tireoidite autoimune.
3. Outras Células
3.1 Eosinófilos
• Encontrados nos locais inflamatórios, em infecções parasitárias ou reações imunes mediadas por IgE,
tipicamente associadas com as alergias.
• Recrutamento dirigido por moléculas de adesão semelhantes às usadas pelos neutrófilos e por quimiocinas
específicas (ex., eotaxina) derivadas de leucócitos e células epiteliais.
• Os grânulos de eosinófilos contêm a proteína básica principal, tóxica para parasitas, mas que causa necrose
epitelial.
3.2 Mastócitos
• Típico em reações alérgicas.
• São células sentinelas amplamente distribuídas nos tecidos conjuntivos.
• Podem participar das respostas inflamatórias agudas e crônicas.
• Em indivíduos atópicos (propensos a reações alérgicas), os mastócitos estão “armados” com IgE específico para
certos antígenos ambientais.
• Quando esses antígenos são encontrados, são induzidos a liberar histamina e metabólitos do ácido araquidônico
que suscitam as alterações vasculares iniciais da inflamação aguda.
• Os mastócitos com IgE são centrais nas reações alérgicas, incluindo o choque anafilático.
• Também produzem também citocinas, como TNF e quimiocinas, e podem exercer um papel benéfico em
infecções.
Embora a presença de neutrófilos seja a marca clássica da inflamação aguda, muitas formas de inflamação crônica
podem continuar a mostrar infiltrados neutrofílicos, como resultado da persistência das bactérias e células necróticas
ou dos mediadores produzidos pelos macrófagos. Tais lesões inflamatórias são chamadas de “aguda em crônica”.
INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA
• É um padrão distintivo de inflamação crônica, caracterizada por agregados de macrófagos ativados com linfócitos
esparsos.
• Tentativa de isolar a inflamação.
• Leva a destruição tissular.
• Sua formação do granuloma depende de um sistema imune competente.
• São encontrados em certos estados patológicos específicos.
• Podem se formar de três modos:
1. Nas respostas persistentes de células T a certos microrganismos (micobactérias e fungos), nos quais as
citocinas derivadas de célula T são responsáveis pela ativação crônica do macrófago.
A tuberculose é o protótipo de doença granulomatosa causada por infecção.
2. Os granulomas podem também se desenvolver em algumas doenças inflamatórias imunomediadas,
principalmente na doença de Crohn (doença inflamatória intestinal).
3. Os granulomas também são vistos em uma doença de etiologia desconhecida chamada sarcoidose, e podem se
desenvolver em resposta a corpos estranhos relativamente inertes (ex., sutura ou farpa), formando os
conhecidos granulomas de corpos estranhos.
• Efetivamente, a formação de um granuloma “encerra” o agente ofensor e, portanto, é um mecanismo útil de
defesa.
• Entretanto, a formação do granuloma nem sempre leva à eliminação do agente causal, o qual frequentemente é
resistente à destruição ou degradação e, em algumas doenças, como a tuberculose, a inflamação granulomatosa,
com fibrose subsequente, pode ser a principal causa da disfunção do órgão.
MORFOLOGIA
• H&E – macrófagos ativados exibem citoplasma granular róseo com limites celulares indistintos. São chamados de
células epitelióides por sua semelhança com o epitélio.
• Tipicamente, os agregados de macrófagos epitelióides são circundados por um colar de linfócitos.
• Granulomas mais antigos podem ter uma orla de fibroblastos e tecido conjuntivo.
• Frequentemente células gigantes (células de Langhans) multinucleadas são encontradas. Elas derivam da fusão de
macrófagos ativados.
• Nos granulomas associados com certos microrganismos infecciosos (tuberculose), a combinação de hipóxia e
lesão por radical livre leva a uma zona central de necrose.
• Macroscopicamente, essa zona possui aparência granular caseosa e é por isso chamada de necrose caseosa.
Microscopicamente, esse material necrótico aparece como restos granulares amorfos e eosinofílicos, com perda
dos detalhes celulares.
• Os granulomas associados com doença de Crohn, sarcoidose e reações a corpos estranhos não exibem centros
necróticos e são chamados de “não caseosos”.
• A cura dos granulomas é acompanhada de fibrose, que pode ser bastante extensa.
Reparo de Lesões
Lesões teciduais que se acompanham de morte celular e/ou destruição da MEC, sofrem um processo de cura que se dá
por cicatrização ou por regeneração.
REGENERAÇÃO
• Tecido é substituído por outro morfofuncionalmente idêntico.
• Ocorre a partir de células diferenciadas em G0, células-tronco ou células progenitoras residentes.
• Fígado – feita a partir de hepatócitos ou epitélio biliar diferenciado em agressões agudas. Em agressões crônicas,
a regeneração se faz a partir de células-tronco e de células progenitoras residentes.
a. Agressão aguda em hepatócitos: regeneração depende de fatores de crescimento liberados por células
inflamatórias que migram para o local ou por células vizinhas estimuladas por TNF-α e IL-6. Os receptores
dessas citocinas, uma vez ativados nos hepatócitos vizinhos aos que morreram, ativam fatores de transcrição,
que estimulam genes para receptores de EGF, IGF e HGF. Esses receptores estimulam os hepatócitos a entrar
em G1 e progredir no ciclo celular.
b. Agressão crônica em hepatócitos: são acionadas células progenitoras e células-tronco residentes ou vindas da
circulação, que entram em proliferação e se diferenciam em hepatócitos.
• Tecidos em que as células não se dividem, a regeneração é mais difícil, mas pode ocorrer em algumas
circunstâncias.
CICATRIZAÇÃO
• Processo pelo qual um tecido lesado é substituído por tecido conjuntivo vascularizado.
• Para que ocorra a cicatrização, deve haver:
1º – reação inflamatória;
2º – proliferação fibroblástica e endotelial, formando o tecido conjuntivo cicatricial;
3º – o tecido cicatricial sofre remodelação, resultando em redução do volume da cicatriz ou desaparecimento.
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO
1. Cicatrização primária ou por primeira intenção:
• Ferida cujas bordas foram aproximadas por sutura e que não tenha sido infectada.
• Mais rápida, forma cicatrizes menores.
• Há uma reação inflamatória a partir da liberação de mediadores originados do coágulo e tecido conjuntivo das
bordas da lesão.
• IL-1 e TNF-α estimulam as células endoteliais a expressarem moléculas de adesão, para os leucócitos.
• Com a lesão, a liberação de histaminas dos mastócitos, favorece a vasodilatação arteriolar, e consequentemente a
saída de leucócitos (neutrófilos) para o local da lesão.
• Fagócitos fagocitam o coágulo.
• Inicia-se a produção do tecido conjuntivo cicatricial e a regeneração do epitélio.
• Fibroblastos proliferam, deslocam-se e depositam componentes da matriz: inicialmente, proteoglicanos (ácido
hialurônico) e colágeno do tipo III (fibras finas).
• Simultaneamente, há formação de novos capilares, a partir do endotélio de capilares na margem da ferida:
a. Fatores de crescimento atuam sobre as células endoteliais que se proliferam e se deslocam atraídas por
estímulos quimiotáticos.
b. As células endoteliais que se deslocam, formam um broto celular que cresce em direção ao coágulo, no qual
está ocorrendo à deposição da MEC neoformada.
c. As células endoteliais começam a sintetizar membrana basal e, a partir daí, o broto se reorganiza, formando a
luz do novo capilar, em comunicação com o capilar de origem.
d. Dessa maneira, forma-se uma rede capilar que acompanha a nova matriz que está sendo produzida, originando
um tecido conjuntivo vascularizado.
• Esse tecido conjuntivo frouxo, rico em capilares sanguíneos, contendo leucócitos e MEC formada por colágeno do
tipo III, ácido hialurônico e proteoglicanos, recebe o nome de tecido de granulação.
• O tecido de granulação é edemaciado porque o endotélio capilar não apresenta estruturas juncionais completas e
permite a passagem de líquidos para o interstício.
• Ainda durante sua formação, começa a remodelação do tecido cicatricial:
a. A quantidade de colágeno aumenta. Com o tempo, o colágeno do tipo I passa a predominar em relação ao do
tipo III, e as fibras colágenas tornam-se mais grossas e compactas, comprimindo os capilares e reduzindo seu
número.
b. As células fagocitárias vão desaparecendo (por apoptose), e o tecido de granulação passa a ser constituído por
um tecido conjuntivo progressivamente mais denso e menos vascularizado.
c. Como a ferida é estreita desde o início e se forma poucos miofibroblastos, há pouca contração nesse tipo de
cicatrização.
FIBROSE
• Aumento do estroma conjuntivo de um órgão devido à:
1. Cicatrização de lesão prévia.
2. Processo reacional em que a produção de MEC não está relacionada com o processo reparativo.
• Em consequência das modificações na arquitetura do órgão (remodelação) e das alterações na função das células
parenquimatosas secundárias a fibrose, podem surgir transtornos funcionais.
Fibrose Hepática
• MEC do fígado tem características diferentes nos espaços porta, no interior dos lóbulos e na região em torno da
veia centrolobular.
• Os componentes da MEC são sintetizados por:
1. Fibroblastos portais (nos espaços porta);
2. Células perissinusoidais armazenadoras de gordura (células de Ito, ou células estreladas);
3. Células endoteliais dos sinusoides nos espaços de Disse e em torno da veia centrolobular.
• Se a necrose for muito extensa, o estroma reticular colaba-se e os hepatócitos regenerados, não encontrando o
retículo que orienta seu alinhamento adequado, formam nódulos que crescem e ficam envoltos por MEC
colabada.
• Nessa matriz colabada, ocorre deposição de mais moléculas de colágeno dos tipos I e III que formam septos
fibrosos envolvendo os nódulos de regeneração.
• Esse tipo de fibrose, em que há neoformação conjuntiva, regeneração nodular de hepatócitos e subversão da
arquitetura do órgão, é denominado cirrose hepática.
• A expressão fibrose hepática, por outro lado, é empregada para condições em que a conjuntivização do órgão
sem subversão da arquitetura lobular.
• A deposição de componentes da MEC depende de ativação de células estreladas, que se transformam em
miofibroblastos e produzem colágeno.
• Essas células são ativadas pelo acetaldeído e por radicais livres originados do etanol.
Fibrose cardíaca
• Fibrose no miocárdio é frequente, especialmente as cicatrizes que se formam em áreas de infarto.
• Na coronariopatia aterosclerótica, há hipóxia do miocárdio, o que leva a necrose e apoptose.
• Em consequência, forma-se fibrose focal, com numerosos focos, conferindo o aspecto conhecido por
miocardioesclerose.
• A síntese da MEC no coração é feita por fibroblastos dispostos ao longo das células musculares cardíacas, células
endoteliais e células musculares lisas dos vasos.
Fibrose do miocárdio na hipertrofia cardíaca:
• Quando há hipertrofia de cardiomiócitos, há também aumento do estroma, especialmente dos componentes da
MEC. Na hipertrofia provocada por HAS, coarctação da aorta ou defeitos valvares, a fibrose reacional é intensa e
desproporcional à hipertrofia.
Fibromatoses
• Doenças de etiologia desconhecida, caracterizadas por proliferação exagerada de tecido conjuntivo e
hiperprodução de fibras colágenas espessas que formam massas irregulares ou nódulos.
• Nas fibromatoses palmar e plantar, as células proliferadas são miofibroblastos, razão pela qual a lesão tende a
contrair e provocar deformidades.
Regressão de fibroses:
Fibroses podem involuir ou desaparecer caso desapareça o estímulo que as induziu.
A involução depende de fatores fibrolíticos (metaloproteases).
Se o estímulo fibrogênico deixar de existir, é possível que metaloproteases iniciem e completem a degradação da
MEC.
Distúrbios da circulação
• Alterações hídricas intersticiais Edema
Trombose
Embolia
• Alterações por obstrução intravascular
Isquemia
Infarto
Hiperemia
• Alterações no volume sanguíneo Hemorragia
Choque
Edema
• Do grego oídema = inchaço, tumefação.
• É o acúmulo de líquido no interstício ou em cavidades do organismo.
• Edema de cavidades recebe nomes particulares, formados pelo prefixo hidro seguido do local do edema (ex.,
hidrotórax, hidropericárdio, hidroperitônio ou ascite).
• Quando o edema é generalizado, fala-se em anasarca.
• Edema pode ser localizado ou sistêmico.
• De acordo com sua composição, transudato ou exsudato.
TRANSUDATO: líquido com baixo conteúdo proteico. Sua existência indica que a permeabilidade continua
preservada, permitindo a passagem de água, mas não a de macromoléculas de proteínas. Macroscopicamente,
o transudato é um líquido claro e seroso (ex., bolhas).
EXSUDATO: líquido rico em proteínas. Indica um processo inflamatório, no qual há liberação de
mediadores químicos que aumentam a permeabilidade vascular. Macroscopicamente o líquido é turvo. O
exame citológico desse líquido revela a presença de células inflamatórias.
ETIOPATOGÊNESE
• O volume do LEC no organismo representa 20% do peso corporal (4% correspondem ao volume sanguíneo, e
16%, ao líquido intersticial).
• A homeostase dos líquidos corporais é regulada por:
1. Receptores de pressão intraluminal;
2. Receptores de volume;
3. Concentração de Na+ no plasma.
• Essa regulação é feita pela liberação do fator natriurético atrial e pela renina. O sistema nervoso também participa
do processo mediante controle da ingestão (mecanismo da sede).
• Para compreender o edema, é preciso entender os fatores que regulam o transporte de líquidos na microcirculação.
• A diferença das pressões hidrostática e coloidosmótica (ou oncótica – [ ] de macromoléculas, principalmente
proteínas) movimenta os líquidos entre os vasos e o interstício (forças de Starling).
• Quando a diferença entre as pressões hidrostáticas intra e extravascular é maior que a diferença entre as pressões
oncóticas intra e extravascular, ocorre saída de líquidos dos vasos. Quando a situação se inverte, ocorre
reabsorção.
• Primeira teoria para explicar a troca contínua de líquidos na microcirculação, é a filtração do lado arterial e
reabsorção no lado venoso de um mesmo capilar:
No lado arterial, a diferença de pressões hidrostáticas ultrapassa a diferença de pressão oncótica, levando à saída de
líquidos para o interstício. Com isso, a pressão hidrostática no lado venoso diminui, enquanto a pressão oncótica
aumenta (pela perda de água sem perda significativa de proteínas), favorecendo a entrada de líquidos.
• Segunda teoria é a filtração e reabsorção em um vaso com motilidade rítmica:
Durante a contração do vaso, a pressão hidrostática se eleva, o que promove a filtração ao longo de todo o capilar;
com a dilatação subsequente, a pressão hidrostática cai e há reabsorção no mesmo vaso.
EDEMA GENERALIZADO
• Caracteriza-se por aumento de LIC em muitos ou em todos os órgãos.
• Manifesta-se no subcutâneo, sendo mais evidente nos pés, tornozelos e pernas em pacientes não acamados e na
área sacral em indivíduos deitados.
• É provocado por fatores que atuam de maneira sistêmica.
• Forma-se nas seguintes situações:
1. Redução da pressão oncótica: desnutrição, lesões gastrointestinais com perda de proteínas e doenças do fígado
ou rins podem causar hipoproteinemia. Redução de proteínas plasmáticas provoca diminuição da pressão
oncótica do plasma e acúmulo de água no interstício dos órgãos. Com redução do volume intravascular, o
sistema renina-angiotensina-aldosterona é ativado e promove retenção de Na+ e água pelos rins, realimentando
o edema.
2. Insuficiência cardíaca: na insuficiência cardíaca esquerda, há aumento da pressão capilar pulmonar e
hiperemia passiva. Dependendo da intensidade da congestão e se o aumento da pressão capilar for súbito,
surge edema pulmonar. Quando a insuficiência é do coração direito, aparece edema nos MMII, na região
sacral e nas cavidades pleural, pericárdica ou peritoneal (ascite).
3. Edema Renal: há diminuição da excreção de Na+ e água, o que pode resultar em edema generalizado. Muitas
glomerulopatias acompanham-se de perda de albumina na urina (proteinúria), que é uma causa muito
importante e frequente de anasarca.
4. Outras causas: cirrose hepática leva a edema generalizado por vários motivos: (1) redução da síntese proteica
no fígado; (2) dilatação arterial periférica, que estimula o sistema renina-angiotensina-aldosterona; (3) reflexo
hepatorrenal, que promove retenção de Na+ pelos rins.
EDEMA LOCALIZADO
• Provocado por um fator que atua localmente.
• Pode ser a manifestação inicial de edema generalizado.
Edema Cerebral:
• Aumento de líquido intersticial e/ou intracelular no tecido nervoso, (nos demais órgãos ou estruturas, o edema é
entendido somente como aumento de líquido intersticial).
• Como o cérebro não dispõe de drenagem linfática e como a calota craniana é rígida, pequenos aumentos do
volume cerebral são suficientes para causar aumento da pressão intracraniana e, assim, vários transtornos
funcionais, inclusive comprometimento da perfusão sanguínea.
• O edema cerebral é dividido em quatro tipos:
1. Edema vasogênico – aumento da barreira hematoencefálica por ruptura das junções entre células endoteliais.
2. Edema citotóxico – surge em casos de hipóxia ou em outros distúrbios metabólicos que resultam em aumento
da água intracelular por retenção de Na+ nas células.
3. Edema intersticial periventricular – casos de hidrocefalia.
4. Edema por desequilíbrio osmótico – quando a osmolaridade plasmática é muito inferior à osmolaridade
intracelular, favorecendo a movimentação de água dos vasos para as células.
DISTÚRBIOS DA OSMOLARIDADE
• Alterações da osmolaridade do plasma (equivalente à osmolaridade do meio extracelular).
• Hiposmolaridade do plasma: causa aumento de água no interior das células.
• Hiperosmolaridade plasmática: as células perdem água e reduzem seu volume.
• Como a hiperosmolaridade acompanha-se de desidratação, os pacientes podem apresentar a inda hipovolemia e,
ocasionalmente, choque.
• Nos casos de queda rápida da osmolaridade plasmática (hiponatremia, secreção aumentada de hormônio
antidiurético), surge edema intracelular, principalmente no cérebro. Este ocorre também em indivíduos com altas
taxas plasmáticas de ureia, nos quais a ureia difunde-se lentamente para o interior das células, se ocorrer queda
abrupta da ureia plasmática, forma-se edema celular, que pode ser fatal.
Trombose
Hemostasia normal – processos que mantêm o sangue fluido, sem coágulos e com capacidade de formar rapidamente
um tampão hemostático no sítio de lesão vascular.
Trombose – formação de coágulo sanguíneo (trombo) dentro de vasos intactos.
Hemostasia e trombose envolvem 3 elementos:
1. Parede vascular;
2. Plaquetas;
3. Cascata de coagulação.
Fibrinólise
• Endotélio sintetiza o ativador de plasminogênio do tipo tecidual, que cliva plasminogênio para plasmina. A
plasmina cliva a fibrina e degrada o trombo.
PLAQUETAS
• São fragmentos celulares anucleados descartados na circulação por megacariócitos.
• Têm papel na formação do tampão hemostático e uma superfície que recruta e concentra os fatores de coagulação.
• Sua função depende dos receptores, citoesqueleto e 2 tipos de grânulos:
1. Grânulos α – expressam selectina P e contêm fibrinogênio; fibronectina; fatores V e VIII; fator 4
plaquetário; fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e fator β de transformação de crescimento
(TGF-β).
2. Corpos densos (grânulos δ) – contêm ADP, ATP, Ca2+, histamina, serotonina e epinefrina.
• Após a lesão, as plaquetas encontram com fvW e desencadeia à adesão, ativação e agregação plaquetária.
Adesão Plaquetária
• Inicia a formação do coágulo.
• Depende do fvW e da Gp1b.
• Sob estresse de cisalhamento, o fvW altera sua conformação e permite sua ligação ao colágeno da MEC e à Gp1b
plaquetária.
Deficiências genéticas do fvW e da Gp1b, resultam em desordens hemorrágicas.
Ativação Plaquetária
• Durante a ativação, as plaquetas sofrem alteração na forma, passando de discos lisos para esferas com extensões
longas e espiculadas. Também secretam seus grânulos.
• As alterações de forma aumentam a agregação e a área de superfície para interação com os fatores de coagulação e
com fibrinogênio.
• Sua membrana passa a expressar fosfolipídeos com carga negativa que fornecem ligação para o Ca2+ e fatores de
coagulação.
• Ca2+ liberado dos grânulos δ é utilizado por fatores de coagulação.
• ADP liberado dos grânulos δ ativa plaquetas em repouso.
• Plaquetas ativadas sintetizam TxA2, que ativa plaquetas próximas.
Agregação Plaquetária
• Estimulada por fatores que induzem a ativação (TxA2).
• É promovida pela ligação entre o fibrinogênio e os receptores GpIIb/IIIa nas plaquetas.
Uma deficiência herdada de GpIIb/III está associada a sangramento e incapacidade de agregação das plaquetas.
• A concomitante ativação da cascata de coagulação gera trombina que estabiliza o tampão por 2 mecanismos:
1. Trombina ativa o receptor ativado por protease (PAR), que junto com ADP e TxA2 aumenta a agregação.
Há contração plaquetária e formação do tampão hemostático secundário definitivo.
2. Trombina converte fibrinogênio em fibrina, cimentando o tampão plaquetário.
• Hemácias e leucócitos também são encontrados nos tampões.
• Leucócitos aderem às plaquetas por meio de selectina P e ao endotélio por meio de moléculas de adesão. Eles
contribuem para a resposta inflamatória que acompanha a trombose.
• Trombina promove inflamação estimulando a adesão de neutrófilos e monócitos, e gerando produtos de divisão
da fibrina quimiotáticos durante clivagem do fibrinogênio.
• PGI2, sintetizada pelo endotélio normal, é um vasodilatador e inibe a agregação plaquetária, enquanto TxA 2,
sintetizado por plaquetas ativadas, é um potente vasoconstritor. O equilíbrio entre PGI2 e TxA2 varia: em vasos
normais, os efeitos da PGI2 dominam e a agregação plaquetária é impedida. Na lesão endotelial, há diminuição da
produção de PGI2 e agregação plaquetária pela produção de TxA2.
• Aspirina (um inibidor de COX irreversível) auxilia na redução do risco de trombose coronariana por ser capaz de
bloquear permanentemente a produção de TxA2 pelas plaquetas. Embora a produção de PGI2 endotelial também
seja inibida, as células endoteliais podem ressintetizar a COX.
REGULAÇÃO DA HEMOSTASIA
1. VASOCONSTRIÇÃO
1º – Lesão vascular causa vasoconstrição arteriolar transitória, reflexa e rápida pela secreção de endotelina
(vasoconstritor derivado do endotélio).
O efeito é rápido. O sangramento retornaria se não fosse a ativação de plaquetas e dos fatores de coagulação.
2º – Lesão endotelial expõe a MEC subendotelial. Facilita a adesão, ativação e agregação plaquetária.
2. HEMOSTASIA PRIMÁRIA
1º – Plaquetas ligam os receptores de Gp Ib ao fvW na MEC.
2º – Plaquetas são ativadas.
3º – Alteram a forma (se achatam) e liberam grânulos contendo ADP e TxA2.
4º – ADP eTxA2 recrutam mais plaquetas pela ligação de receptores Gp IIb-IIIa ao fibrinogênio.
5º – A lesão endotelial também expõe o fator tecidual (fator III ou tromboplastina), pró-coagulante, sintetizado
pelas células endoteliais.
Essa agregação plaquetária forma o tampão hemostático primário.
3. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA
1º – Ativação local da cascata de coagulação pela interação fator III + fator VII.
2º – A ativação da cascata de coagulação culmina na ativação da trombina, outro ativador de plaquetas.
3º – Trombina cliva o fibrinogênio a fibrina.
4º – Polimerização de fibrina, “cimentando” as plaquetas. Tampão hemostático secundário. Maior e mais estável
que primário, contém hemácias e leucócitos.
4. CONTRARREGULAÇÃO ANTITROMBÓTICA
• Liberação de t-PA (ativador de plasminogênio tecidual) e trombomodulina (atua na cascata), limitam o processo.
• Fator III + fator VII – gatilho da cascata de coagulação que culmina na ativação da trombina.
• Trombina ativada forma um coágulo insolúvel de fibrina por clivagem de fibrinogênio.
• À medida que o sangramento é controlado, mecanismos contrarregulatórios asseguram que a formação de coágulo
seja limitada ao local da lesão.
CASCATA DE COAGULAÇÃO
• É uma série sucessiva de reações enzimáticas amplificadoras.
• A cada etapa, uma pró-enzima sofre proteólise fica ativa e faz a proteólise da pró-enzima seguinte, levando à
ativação da trombina e à formação de fibrina.
• Os polímeros de fibrina são estabilizados por ligação cruzada do fator XIIIa, também ativado pela trombina.
• Cada reação na via depende de um complexo composto por:
1. Enzima – fator de coagulação ativado;
2. Substrato – pró-enzima seguinte;
3. Cofator – acelerador da reação.
• Esse complexo é montado em uma superfície fosfolipídica (endotélio ou plaquetas) e mantido junto por
interações que dependem dos Ca2+
A coagulação sanguínea é impedida por quelantes de cálcio.
• A capacidade dos fatores II, VII, IX e X de se ligarem ao Ca2+ necessita do ácido glutâmico e a vitamina K como
cofator.
A reação é antagonizada por drogas como o coumadin (anticoagulante).
• A coagulação sanguínea divide-se em vias extrínseca e intrínseca, convergindo na ativação do fator X.
Via extrínseca – exige um deflagrador exógeno (lesão).
Via intrínseca – exige o fator XII (fator de Hageman) e uma superfície com carga negativa (ex., vidro).
• A via extrínseca é a mais relevante na coagulação após dano vascular. É ativada pelo fator tecidual expresso no
local de lesão.
Trombina – catalisa as etapas finais na cascata de coagulação, têm efeitos sobre a vasculatura local e
participa da limitação da extensão do processo hemostático.
• Seus efeitos ocorrem por receptores ativados por protease (PAR), proteínas transmembrana.
• PAR estão presentes em plaquetas, endotélio, monócitos e linfócitos T.
• A trombina ativa PAR cortando os domínios extracelulares e alterando sua conformação, de forma que ativa a
proteína G associada.
• Trombina gera fibrina por clivagem de fibrinogênio, ativa o fator XIII, que é responsável pela ligação da fibrina
no coágulo insolúvel. Também ativa outros fatores de coagulação, amplificando assim a cascata.
• Por meio do PAR, a trombina ativa:
1. Agregação plaquetária e a secreção de TxA2;
2. Endotélio responde gerando moléculas de adesão leucocitária, mediadores fibrinolíticos (t-PA), vasoativos
(NO, PGI2) ou citocina (PDGF);
3. Leucócitos aumentam sua adesão ao endotélio ativado.
TROMBOSE
Principais anormalidades que levam à formação de trombo (tríade de Virchow):
1. Lesão endotelial;
2. Estase ou fluxo turbulento;
3. Hipercoagulabilidade do sangue.
1. Lesão Endotelial
• Exemplos: a formação de trombos nas câmaras cardíacas após IAM; sobre placas ulceradas em artérias
ateroscleróticas ou em locais de lesão vascular traumática ou inflamatória (vasculite).
• A perda de endotélio expõe a MEC subendotelial adesão plaquetária liberação do fator tecidual reduz a
produção local de PGI2 e de ativadores de plasminogênio.
O endotélio não precisa ser desnudado ou rompido fisicamente para contribuir com o desenvolvimento de trombose.
Qualquer perturbação do equilíbrio dos efeitos pró-trombóticos pode influenciar a coagulação.
• Endotélio elabora mais fatores pró-coagulantes e sintetiza menores quantidades de moléculas anticoagulantes.
• Indução da lesão: HAS, fluxo sanguíneo turbulento, produtos bacterianos, lesão por radiação, anormalidades
metabólicas, e toxinas da fumaça de cigarro.
Causas:
• Placas ateroscleróticas ulceradas expõem a MEC subendotelial e causam turbulência.
• Aneurismas criam estase local.
• IAM resulta em não contração. Trombos murais cardíacos formam-se em decorrência de estase.
• Estenose da valva mitral é um local de estase.
• Síndromes de hiperviscosidade aumentam a resistência ao fluxo e causam estase dos pequenos vasos.
• Anemia falciforme causa oclusões vasculares, e a estase resultante predispõe à trombose.
3. Hipercoagulabilidade
• Fator de risco para trombose venosa.
• É definida como qualquer alteração das vias de coagulação que predisponha à trombose.
• Pode ser dividida em desordens primárias (genéticas) e secundárias (adquiridas).
Hipercoagulabilidade secundária – estase ou lesão vascular pode ser o fator mais importante.
• A hipercoagulabilidade associada ao uso de contraceptivos orais e ao estado de gravidez pode estar relacionada a
aumento da síntese hepática dos fatores de coagulação e à redução da síntese de antitrombina III.
• Em cânceres, a liberação de produtos tumorais prócoagulantes (p. ex., mucina do adenocarcinoma) predispõe à
trombose.
• A hipercoagulabilidade observada com o avançar da idade é atribuída ao aumento da agregação plaquetária e
reduzida liberação de PGI2 do endotélio.
• Tabagismo e obesidade promovem a hipercoagulabilidade por mecanismos desconhecidos.
EVOLUÇÃO DO TROMBO
• Propagação – aumenta por acréscimos de plaquetas e fibrina.
• Embolização – trombo ou parte se desloca e é transportado para outra parte na vasculatura.
• Dissolução – ativação dos fatores fibrinolíticos pode levar dissolução. Em trombos antigos, a extensa
polimerização da fibrina o torna mais resistente à proteólise.
• Organização e recanalização – trombos antigos se organizam pelo crescimento do endotélio, da musculatura lisa
e fibroblastos. Formam-se capilares que restabelecem a continuidade do lúmen. Ocasionalmente, o centro de um
trombo sofre digestão enzimática por liberação de enzimas lisossomais dos leucócitos capturados.
TROMBOSE VENOSA
• Embora possam causar congestão e edema, são preocupantes por seu potencial para embolizar para os pulmões e
causar óbito.
• A maior parte ocorre nas veias superficiais ou profundas da perna.
• Surgem no sistema safeno, especialmente nas varicosidades.
• Raramente embolizam, mas podem ser dolorosos, causar congestão local e edema, predispondo a pele ao
desenvolvimento de infecções e úlceras varicosas.
• TVP nas veias poplítea, femoral e ilíaca, são mais sérias pela propensão a embolizar.
• A obstrução venosa com frequência é envolvida por canais colaterais. Consequentemente, são assintomáticas em
cerca de 50% dos pacientes.
• TVP estão associadas à estase e aos estados hipercoaguláveis.
• Na gravidez, a infusão do líquido amniótico na circulação no momento do parto, a pressão produzida pelo
aumento de tamanho do feto e do útero pode produzir estase nas veias das pernas.
• A gravidez tardia e o período pós-parto estão associados à hipercoagulabilidade.
• Independentemente do quadro clínico, o risco de TVP é maior em pessoas com mais de 50 anos.
Embolia
• Existência de um corpo sólido, líquido ou gasoso (êmbolo) transportado pelo sangue e capaz de obstruir um vaso.
• A obstrução ocorre geralmente após uma ramificação, quando o diâmetro vascular fica menor do que o do
êmbolo.
• Maioria se origina de trombos (tromboembolia).
• Menos comumente, são formados por fragmentos de placas ateromatosas, vesículas lipídicas ou bolhas de gases.
Êmbolos originados de trombos venosos (exceto no sistema porta) são levados aos pulmões.
• Trombos arteriais (coração ou grandes artérias) dão êmbolos que se dirigem à grande circulação e se alojam no
cérebro, intestino, rins, baço e membros inferiores.
TROMBOEMBOLIA PULMONAR
• Origina-se de trombos formados nas veias íleo-femorais profundas ou veias profundas da panturrilha.
• As consequências da embolia pulmonar dependem do tamanho e do numero dos êmbolos.
1. Êmbolos de grande volume – obstruem o tronco da artéria pulmonar causam bloqueio mecânico do leito
arterial, agravado por vasoconstrição reflexa, o que cria redução anatômica e funcional do leito vascular
pulmonar. A pressão pulmonar aumenta, causando sobrecarga aguda no VD (cor pulmonale agudo). Por causa
do bloqueio arterial, há redução do sangue que chega ao AE, podendo resultar cm choque.
2. Êmbolos de médio volume – podem ser assintomáticos, pois a irrigação pelas artérias brônquicas é capaz de
evitar a necrose no território que sofreu obstrução. Em pacientes com insuficiência cardíaca, a pressão nas
artérias brônquicas não é suficiente paia superar o aumento da pressão nas veias pulmonares e, assim, o fluxo
sanguíneo se torna lento e incapaz de manter o parênquima vivo. A necrose que se instala é hemorrágica
porque ainda existe um fluxo mínimo de sangue. A região de necrose tem forma triangular, com base voltada
para a pleura.
3. Êmbolos de pequeno volume – oclusão de mais de 30% do leito pulmonar causa hipertensão pulmonar e cor
pulmonale.
TROMBOEMBOLIA ARTERIAL
• Êmbolos se originam de trombos formados no coração (infarto do miocárdio, fibrilação atrial, doença de Chagas,
dilatação do VE por insuficiência cardíaca, aneurismas do VE, lesão de valvas cardíacas) ou na aorta (aneurismas
ou placas ateromatosas).
• As principais sedes de obstrução vascular são:
a. Encéfalo, gerando AVC isquêmico;
b. Artérias mesentéricas, podendo provocar infarto intestinal;
c. Baço ou rins, resultando em infartos;
d. Membros inferiores, provocando isquemia e dor. Se a obstrução não é desfeita, surge necrose nas
extremidades, podendo comprometer grande parte do membro afetado.
EMBOLIA GASOSA
• Presença de bolhas de gás que obstruem vasos sanguíneos.
• Pode ser venosa ou arterial.
• Embolia gasosa venosa – ocorre nas seguintes situações:
a. Punções, traumatismos e cirurgias na região da cabeça, pescoço e tórax, com abertura de uma grande veia
permitindo a entrada de ar durante a inspiração (pressão negativa);
b. Pneumotórax com ruptura de veias;
c. Parto ou aborto com entrada forçada de ar em grandes veias do útero devido às contrações;
d. Bolhas de ar em sistemas de infusão.
• O ar chega às câmaras cardíacas direitas e aos ramos da artéria pulmonar, onde se mistura com o sangue e forma
uma espuma que pode funcionar como "barreira de ar" que se expande na diástole e assim compromete a função
de bomba do VD. Além disso, bolhas de ar pequenas passam para as veias pulmonares.
• O contato do ar com o sangue ativa a coagulação, gerando fibrina e agregados plaquetários.
• Mais tarde, pode ocorrer edema pulmonar, devido à ativação de granulócitos e ao aumento de neutrófilos nos
pulmões, com dano ao endotélio das artérias onde as pequenas bolhas de ar ficam presas.
• Uma situação particular é a doença da descompressão. Indivíduos submetidos a uma queda brusca da pressão
atmosférica (mergulhadores com retorno rápido à superfície, despressurização em cabines dc avião) sofrem
expansão dos gases dissolvidos no sangue e tecido adiposo, formando microbolhas gasosas. Estas obstruem
capilares e promovem formação de fibrina, agregação plaquetária e ativação sistêmica de leucócitos e do sistema
complemento.
EMBOLIA GORDUROSA
• Presença de gotículas de lipídeos na circulação sanguínea.
• Glóbulos de lipídeos intravasculares se formam em várias situações:
1. Fraturas de ossos longos com medula óssea gordurosa;
2. Traumatismo extenso ou queimadura no tecido adiposo;
3. Procedimentos de lipoaspiração;
4. Doenças variadas, como DM, anemia falciforme, pancreatite, necrose hepática aguda, intoxicações e acidentes
anestésicos.
5.
• Além de obstrução capilar por gotículas de gordura, há liberação de ácidos graxos que resultam em lesão do
endotélio, aumento da permeabilidade vascular e coagulação intravascular disseminada.
Isquemia
• Do grego ischo = reter e haima = sangue.
• Significa redução ou falta do suprimento sanguíneo em determinado órgão ou estrutura.
• A intensidade depende do grau da obstrução vascular (total ou parcial) e pode ocorrer de forma rápida (ex.,
trombo) ou lenta (ex., placa de aterosclerose).
• Isquemia se instala toda vez que a oferta de sangue é menor do que as necessidades básicas do órgão em
determinado momento.
Causas
1. Diminuição da pressão em artérias e veias – acontece nos estados de choque, pela redução da pressão arterial.
2. Obstrução da luz vascular – causa mais frequente e importante. Pode ocorrer em artérias ou veias e é provocada
por:
a. Obstrução anatômica, decorrente de compressão do vaso por tumores, hematomas etc.
b. Espessamento da parede arterial (aterosclerose).
c. Bloqueio intraluminal, provocado por trombos ou êmbolos.
d. Espasmos vasculares.
3. Aumento da viscosidade do sangue – diminui o fluxo sanguíneo na microcirculação.
4. Aumento da demanda – quando associado a redução do suprimento por qualquer motivo.
FISIOPATOLOGIA E CONSEQUÊNCIAS
• Com a redução do fluxo sanguíneo, o metabolismo celular passa para a via anaeróbica, reduzindo a quantidade de
energia obtida de cada molécula de glicose.
• Aumento de íons fosfato (pelo catabolismo de ATP e a partir da creatina) e da adenosina irrita as terminações
nervosas para dor, causando o quadro clínico de angina.
• Em alguns casos, a isquemia é indolor (isquemia silenciosa),
• Se o fluxo sanguíneo não é restabelecido e os níveis de ATP continuam caindo, a energia disponível se torna
insuficiente para manter a integridade da estrutura celular e surgem sinais de degeneração, ultrapassado um limite
crítico (ponto de não-retorno), a célula morre.
• Isquemia pode ser relativa ou absoluta, temporária ou persistente. Suas consequências dependem do tipo do órgão
atingido (se mais ou menos sensível à hipoxia ou anóxia), do tipo de irrigação, da existência de circulação
colateral, da velocidade da obstrução (aguda ou crônica), do momento funcional do órgão (ex., sobrecarga) e da
capacidade do sangue de transportar O2.
Isquemia relativa temporária – obstrução vascular parcial quando há aumento da atividade metabólica de
um órgão. O exemplo mais conhecido é o da isquemia miocárdica (angina) que surge em indivíduos com
aterosclerose coronariana submetidos a esforço físico ou a emoções (no repouso a circulação coronariana é
suficiente para manter o trabalho cardíaco. surgindo dor apenas quando há sobrecarga).
• Em geral, a energia não cai abaixo do limite crítico, as células não morrem e nem há sequelas morfológicas.
• Quando a isquemia dura um pouco mais, pode haver morte de células parenquimatosas isoladas, enquanto as do
estroma conjuntivo-vascular sobrevivem.
• Obstruções vasculares que se formam lentamente (ex., placa ateromatosa que cresce durante meses ou anos)
estimulam o desenvolvimento de uma rede de vasos colaterais.
Isquemia persistente – provocada por placas de aterosclerose, trombos e êmbolos, que causam bloqueio total
ou subtotal da irrigação por tempo prolongado.
• Isquemia de pequena intensidade resulta em degenerações e hipotrofia.
• Quando intensa e prolongada, provoca necrose da área atingida, condição denominada infarto.
Infarto
• Consiste em uma área circunscrita de necrose tecidual causada por isquemia absoluta prolongada devido a
distúrbio da circulação arterial ou venosa.
• Sendo prolongada, resulta em consumo da reserva energética na área afetada, provocando necrose tanto das
células parenquimatosas como das estromais.
• Pode ser branco ou vermelho:
1. Infarto branco: ocorre quando há obstrução arterial em órgãos sólidos com circulação terminal (com pouca
ou nenhuma circulação colateral). Encontrados tipicamente no coração, baço e rins.
2. Infarto vermelho: aquele em que a região atingida tem cor vermelha por causa da intensa hemorragia que se
forma na área de necrose. É encontrado em órgãos frouxos (ex., pulmão) e naqueles com irrigação dupla ou
com rica circulação colateral.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS
Macroscopicamente:
• Infarto branco: área em forma de cunha com ápice no ponto de obstrução vascular e base voltada para a superfície
do órgão. No início, a região afetada é pálida (pela falta de sangue) e suas margens são pouco definidas. Nos dias
seguintes, adquire coloração branco-amarelada e se torna bem delimitada. Nas suas margens pode haver halo
hiperêmico-hemorrágico. Após algumas semanas ou meses, é transformado em uma cicatriz conjuntiva, que forma
uma depressão no local.
• Infarto vermelho: tem a mesma configuração do branco, só que sua cor ó vermelho-escura.
Microscopicamente:
• O infarto é caracterizado por necrose de coagulação, exceto no cérebro, onde é do tipo liquefativo. A partir de seis
a oito horas de sua instalação, começa a demarcação leucocitária. No segundo dia, torna-se evidente a reação
inflamatória com exsudato de neutrófilos e macrófagos, os quais fagocitam os restos celulares. Em seguida,
forma-se tecido de granulação e cicatriz fibrosa. O infarto vermelho tem a mesma forma do branco, mas a área
infartada é vermelho-escura, tem consistência dura e faz saliência na superfície.
Hiperemia
• Aumento da quantidade de sangue no interior dos vasos de um órgão ou território orgânico.
• Pode ser ativa ou passiva, aguda ou crônica.
HIPEREMIA ATIVA
• Dilatação arteriolar com aumento do fluxo sanguíneo local. A vasodilatação é de origem simpática ou humoral e
leva à abertura de capilares "inativos", que resulta na coloração rósea intensa ou vermelha do local e aumento da
temperatura.
• Ao microscópio, os capilares encontram-se repletos de hemácias.
• Hiperemia ativa pode ser:
a. Fisiológica – quando há necessidade de maior irrigação. Ex., músculos esqueléticos durante o exercício,
mucosa gastrintestinal durante a digestão, pele em ambientes quentes ou face frente a emoções.
b. Patológica – acompanha principalmente as inflamações agudas.
HIPEREMIA PASSIVA
• Também conhecida como CONGESTÃO.
• Decorre da redução da drenagem venosa, que provoca distensão das veias distais, vênulas e capilares. Por isso, a
região adquire coloração vermelho-escura devido à alta concentração de hemoglobina desoxigenada.
• Pode ser localizada (obstrução de uma veia) ou sistêmica (insuficiência cardíaca).
• Congestão pode ser causada por obstrução extrínseca ou intrínseca de uma veia (compressão do vaso, trombose,
torção de pedículo vascular etc.) ou por redução do retorno venoso, como acontece na insuficiência cardíaca.
• Na insuficiência cardíaca esquerda ou estenose ou insuficiência mitral, surge congestão pulmonar.
• Na insuficiência cardíaca direita, há congestão sistêmica.
Evolução
• As hemácias extravasadas podem sofrer lise ou ser fagocitadas por macrófagos.
• A hemoglobina liberada se transforma em biliverdina e depois em bilirrubina.
• O ferro da hemoglobina transforma-se em hemossiderina e pode ser encontrado no interior de macrófagos.
• No primeiro dia hematomas na derme ou subcutâneos são vermelhos, mudando para o tom azul-violáceo nos dias
seguintes. Por volta de uma semana, são esverdeados, adquirindo cor amarelada em torno de dez dias, e depois
desaparecem.
• Histologicamente, nas fases iniciais encontram-se hemácias íntegras ou no interstício. No período tardio,
hemorragia pode ser constatada pela presença da hemossiderina.
• Hemorragia digestiva pode exteriorizar-se pela boca ou pelo ânus.
• Na hemorragia digestiva baixa, o sangue é eliminado junto comas fezes sem sofrer transformação e, por isso, tem
cor vermelho-viva.
• Nas hemorragias digestivas altas, após contato com o suco gástrico, a hemoglobina se transforma em hematina,
que tem cor negra.
• O sangue que sai junto com as fezes é escuro (semelhante à borra de café), e o sangramento é chamado de melena.
Quando o sangue permanece por pouco tempo no estômago (ex., ruptura de varizes do esôfago com sangramento
volumoso que provoca vômito), o sangue não é "digerido" e tem cor vermelha. Esse quadro constitui a
hematêmese.
CONSEQUÊNCIAS E COMPLICAÇÕES
• As consequências dependem da:
1. Quantidade de sangue perdido;
2. Velocidade da perda;
3. E do local afetado.
Etiopatogênese
• A hipoperfusão pode ser provocado por:
• Distúrbio inicial da macrocirculação por falha da bomba cardíaca (choque cardiogênico) ou por redução do
volume sanguíneo (choque hipovolêmico);
• Distúrbio da distribuição do volume sanguíneo (distúrbio inicial da microcirculação, que ocorre no choque
séptico, anafilático ou neurogênico).
• Em todos os casos haverá queda de pressão na microcirculação, resultando em baixa perfusão generalizada.
1. Choque cardiogênico – coração se torna incapaz de bombear adequadamente. Ocorre quando há destruição
do miocárdio (infarto com destruição de massa muscular do VE), por impossibilidade de contração eficaz
(arritmias cardíacas), por tamponamento cardíaco etc. Desde o início o DC fica bastante reduzido.
2. Choque hipovolêmico – há perda súbita de quantidade apreciável de líquidos do organismo, podendo ser
provocado por sangramento intenso, perda de plasma (queimaduras extensas) ou desidratação (diarreia
profusa, calor excessivo).
3. Choque séptico – provocado por infecções por bactérias Gram-negativas produtoras de endotoxinas
(lipopolissacarídeos) e, menos frequentemente, por bactérias Gram-positivas, fungos e toxinas bacterianas. Os
lipopolissacarídeos formam um complexo com leucócitos e células endoteliais. Há liberação de vários
mediadores químicos, podendo ocorrer ativação generalizada de leucócitos. Liberação de citocinas e TNF-α
ativa as células endoteliais e aumenta a adesão de leucócitos, a produção de radicais livres e a liberação de
proteases que lesam o endotélio.
4. Choque anafilático – resulta de uma reação antígeno-anticorpo mediada por IgE na superfície de mastócitos e
basófilos (reação de hipersensibilidade do tipo 1), provocando dilatação de vasos na microcirculação, o que
resulta em queda da PA e do RV ao coração.
5. Choque neurogênico – se caracteriza por desregulação neurogênica que resulta em redução do tônus das
artérias e veias, queda na resistência vascular periférica e diminuição do RV. Suas causas principais são
afecções agudas do sistema nervoso central, sobretudo traumatismos, sangramento ou insolação.
Distúrbios do crescimento e da diferenciação celular
METAPLASIA
• Mudança de um tipo de tecido epitelial ou mesenquimal em outro da mesma linhagem.
• Resulta da inativação de genes que condicionam a diferenciação e desrepressão dos que condicionam um novo
tipo de diferenciação.
• É um processo adaptativo que surge em resposta a agressões repetidas:
1. Mecânicas;
2. Térmicas;
3. Químicas;
4. Inflamações crônicas.
• Tecido metaplásico é mais resistente às agressões.
Tipos frequentes:
1. Epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado em queratinizado – irritação prolongada;
2. Epitélio pseudoestratificado ciliado em estratificado pavimentoso queratinizado ou não – tabagismo;
3. Epitélio mucossecretor em estratificado pavimentoso, com ou sem queratinização;
4. Epitélio glandular seroso em epitélio mucíparo;
5. Tecido conjuntivo em tecido cartilaginoso ou ósseo;
6. Tecido cartilaginoso em tecido ósseo.
Leucoplasia – tipo particular de metaplasia. As lesões se apresentam como placas ou manchas brancas em mucosas.
Corresponde à metaplasia de um epitélio escamoso não queratinizado em queratinizado, contendo várias camadas de
queratina.
DISPLASIA
• Alterações do crescimento e diferenciação celular acompanhadas de redução ou perda da diferenciação.
• Estão associadas a tecidos metaplásicos ou se originam neles.
• Nem sempre uma displasia progride para o câncer.
• Atipia importante – cariomegalia, resultante de alterações do conteúdo de DNA.
• Há alterações na expressão dos genes que regulam a proliferação e a diferenciação de modo mais acentuado do
que nas metaplasias, razão pela qual, são consideradas lesões pré-cancerosas.
• Displasias nos epitélios: neoplasias intra-epiteliais.
• Quanto mais grave, maior o risco de evoluir para um câncer.
Displasia também é empregada em processos patológicos cuja patogênese é variada e pouco conhecida.
NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO
• Na prática: neoplasias = tumor.
• Tumor – qualquer lesão expansiva ou intumescimento localizado. Pode ser causado por vários processos
patológicos (inflamações, hematomas).
• Termo tumor pode ser empregado como sinônimo de neoplasia, ou seja, a lesão expansiva formada por
proliferação celular.
• Câncer – qualquer neoplasia maligna.
• Cancerologia ou oncologia – parte da Medicina que estuda os tumores.
• Cancerígeno ou oncogênico – estímulo ou agente causador de câncer.
• Os tumores podem ser classificados de acordo com:
a. Comportamento clínico (benignos ou malignos);
b. Aspecto microscópico;
c. Origem da neoplasia.
• O critério mais usado é o histomorfológico.
Regras:
• Neoplasia identificada pelo tecido ou célula que está proliferando + sufixo – oma: neoplasia benigna. Se em
tecido epitelial de revestimento – PAPILOMA. Se em tecido epitelial glandular – ADENOMA.
• Sufixo carcinoma – tumor maligno de epitélio de revestimento. Tecido + carcinoma = tumor maligno.
• Sufixo sarcoma – neoplasia maligna mesenquimal.
• Sufixo blastoma – tumor neoplásico que reproduz estruturas de características embrionárias.
• O nome de um tumor também pode conter termos que indicam propriedades da lesão ou sua diferenciação. Ex.,
carcinoma epidermóide (diferenciação semelhante à da epiderme).
TERATOMA
• Tumores benignos ou malignos originados de células toti ou multipotentes que se formam nas gônadas.
• As células que dão origem ao tumor podem ser embrionárias persistentes ou células germinativas.
• Teratomas de mulheres tem padrão XX e os do testículo podem ser XX ou XY.
• São constituídos por tecidos derivados de mais de um folheto embrionário.
• Benignos – há diferenciação dos tecidos em estruturas organoides variadas (pele e anexos, ossos, dentes, olho),
porém misturados desordenadamente.
• Malignos – diferenciação limitada, raros esboços organoides.
Neoplasias Benignas
• Causam transtornos por seu volume e localização (obstrução de órgãos ou estruturas ocas, compressão de órgãos,
produção de substâncias em maior quantidade), podendo levar a morte.
CÉLULAS:
• Bem diferenciadas.
• Podem ser indistinguíveis das células normais.
• Atipias celulares e de arquiteturais são discretas.
• Tem baixo índice mitótico – crescimento lento.
• Células crescem unidas entre si.
TUMOR:
• Reproduz o tecido de origem.
• Não infiltram os tecidos vizinhos e formam uma massa esférica.
• O crescimento expansivo.
• Provoca compressão das estruturas adjacentes, que podem hipotrofiar.
• Forma-se uma cápsula fibrosa em torno do tumor constituída pela compressão do estroma adjacente.
• Bem delimitada, pode ser completamente removida cirurgicamente.
• Em geral, não recidivam após ressecção cirúrgica.
• Crescimento lento permite o desenvolvimento de vasos sanguíneos, assegurando boa nutrição.
• Degenerações, necroses e hemorragias são pouco comuns. Por essa razão e por não infiltrar ou destruir os tecidos
vizinhos, não levam à ulceração.
• Não compromete a nutrição e nem produz substâncias que podem produzir anemia ou caquexia.
• Certos tumores podem ser fatais (ex., gliomas e tumores pancreáticos secretores).
Neoplasias Malignas
CÉLULAS:
• Têm propriedades bioquímicas, morfológicas e funcionais diferentes.
• Alto índice mitótico.
• Crescimento rápido.
• Estroma e os vasos sanguíneos se desenvolvem mais lentamente, resultando em degenerações, necroses,
hemorragias e ulcerações. Por isso frequentemente sangram e apresentam áreas de necrose.
• Devido ao crescimento infiltrativo, não apresentam cápsula.
• São mais volumosas, sobretudo pelo aumento do núcleo (aumento da relação núcleo/citoplasma).
• Cromatina irregular e mais compacta (hipercromasia nuclear).
• Pode haver células bi ou multinucleadas.
• Anomalias cromossômicas são comuns, sobretudo tri- e tetraploidia.
• Aneuploidia é frequente nas neoplasias agressivas.
• Hipercelularidade – comum. Maior quantidade de células por área.
• Citoplasma se altera – variações no volume e forma das células (pleomorfismo celular).
• Anaplasia – atipia acentuada e perda completa das características morfológicas da célula.
• Não se organizam segundo a orientação do tecido normal.
• São menos aderentes entre si.
• Podem se movimentar e infiltrar os tecidos adjacentes.
• Em torno da lesão principal existem ilhotas ou cordões de células que proliferam e podem dar origem a novos
tumores.
• Durante a evolução inicial dos carcinomas, as células ficam restritas ao epitélio e limitadas pela membrana basal.
Não há invasão do estroma e fala-se em carcinoma in situ (CIS). Lembram células embrionárias, com ribossomos
livres, pouco RE, um ou mais nucléolos, relacionados à produção de ribossomos para a síntese de proteínas
necessárias a divisão celular.
• Células tendem a perder a capacidade de sintetizar proteínas para exportação.
Metabolismo
• Obtenção rápida de grande quantidade de energia, necessária para manter a alta taxa de divisão celular.
• Enzimas catalisam vias metabólicas menos complexas.
• Captam aminoácidos em maior velocidade e realizam a glicólise com mais eficiência (suportam melhor a hipóxia).
• Aptidão para captar aminoácidos e sintetizar proteínas. Multiplica-se mesmo quando a disponibilidade de
aminoácidos é pequena.
• Tem alta atividade glicolítica, responsável pela produção da maior parte do ATP.
• Metabolismo dos lipídeos é pouco alterado.
• A composição das gorduras nas células tende a ser semelhante à da dieta do hospedeiro, devido aos seguintes
mecanismos:
1. Modificações e irregularidades na membrana plasmática;
2. Diminuição ou ausência de estruturas juncionais;
3. Redução de moléculas de adesão entre células (caderinas);
4. Diminuição da fibronectina, que fixa as células ao interstício;
5. Grande eletronegatividade na face externa da membrana, aumentando a repulsão eletrostática entre as células;
6. Diminuição do Ca2+, que atua neutralizando as cargas negativas;
7. Liberação de enzimas proteolíticas que alteram o glicocálice;
8. Irregularidades nas microvilosidades, que diminuem o contato entre as células;
9. Aumento do ácido siálico nas proteínas da membrana, que diminui a adesividade das células ao colágeno e à
fibronectina.
10. Motilidade devida à menor adesividade, perda da inibição por contato e ao maior desenvolvimento e
modificação do citoesqueleto.
• As células neoplásicas podem adquirir funções não existentes nas células normais. Ex., neoplasias de células não
endócrinas que passam a produzir hormônios. São responsáveis pela síndrome paraneoplásica.
• As células neoplásicas podem provocar indução no estroma.
TUMOR:
• Cístico ou sólido.
• Macroscopicamente, assumem quatro tipos:
1. Nodular – tende a ser esférica. É característico de tumores benignos e malignos originados em órgãos
compactos (fígado, pulmões e rins).
2. Vegetante – tumores benignos ou malignos que crescem em superfície (pele ou mucosas). Forma-se uma
massa de crescimento exofítico, que pode assumir os tipos:
a. Poliposo;
b. Papilomatoso;
c. Couve-flor.
Neoplasias vegetantes tendem a ulcerar.
3. Infiltrativo – exclusivo dos tumores malignos. Há infiltração, mas sem formar nódulos ou vegetações. O
órgão se torna espessado, mas fica menos deformado. Quando se origina em órgãos ocos, e especialmente
quando é do tipo anular (compromete a circunferência do órgão), provoca estenose.
4. Ulcerado – sofre ulceração precoce. Exclusivo de neoplasias malignas. A lesão cresce infiltrando tecidos
adjacentes e ulcera-se no centro, formando uma cratera de bordas endurecidas, elevadas e irregulares.
• Em muitos casos há combinações – ex., neoplasia ulcerovegetante.
METÁSTASE
• Formação de uma nova lesão tumoral a partir da primeira, mas sem continuidade entre as duas.
• Sua formação envolve:
1. Destacamento das células da massa tumoral original;
2. Deslocamento da MEC;
3. Invasão de vasos linfáticos ou sanguíneos;
4. Sobrevivência das células malignas na circulação;
5. Adesão ao endotélio vascular no órgão aonde irão se instalar;
6. Saída dos vasos nesse órgão;
7. Proliferação no órgão invadido;
8. Indução de vasos para o suprimento sanguíneo da nova colônia.
• A formação depende de alterações na expressão de oncogenes, genes supressores de tumor e de sinais gerados
no estroma.
GENÉTICA DA METASTÁSE
• A expressão de certos genes pode favorecer metástases e explicar porque, dentro de um mesmo tumor, há clones
com potencial metastático diferente.
• A supressão funcional de outros genes, por deleção, mutação inativadora ou silenciamento epigenético, não
favorece as metástases, tendo esses genes sido denominados genes supressores de metástases.
• São genes promotores de metástases: H-ras, MTA-1 e 2.
• Genes que codificam TIMP são considerados supressores de metástases, uma vez que seu produto inibe proteases
que facilitam a invasão das células neoplásicas.
• Da mesma forma, supressão da expressão, mutação inativadora ou deleção dos genes das caderinas favorecem as
metástases, pois redução ou ausência dessas moléculas facilita o deslocamento das células cancerosas.
2. Via sanguínea:
• Células cancerosas que penetram na corrente sanguínea podem ser levadas a qualquer parte do corpo.
• Tumores dos órgãos tributários do sistema porta dão metástases no fígado.
• O número de células malignas que conseguem penetrar em um vaso sanguíneo é muito maior do que o número
daquelas que originam metástase.
• A sobrevivência das células neoplásicas na circulação é maior quando formam agregados entre si e com plaquetas,
linfócitos e fibrina.
• A capacidade das células tumorais de formar agregados depende de componentes de sua superfície e confere
vantagem em termos de potencial metastático.
• Outro fator para a sobrevivência das células malignas na circulação é a sua capacidade de deformação para
atravessar a microcirculação.
3. Outras vias:
• Transporte de células neoplásicas pode ser feito por canais, ductos ou cavidades naturais.
• Movimentos das vísceras ou dos líquidos dessas cavidades deslocam as células.
• Metástases podem se implantar no trajeto de feridas cirúrgicas ou de agulhas utilizadas para punções biópsias.
Hipótese da "semente e do solo" – a célula maligna que tem potencial de originar metástases (a semente) só forma
novo tumor quando encontra um ambiente favorável (o solo).
ASPECTOS CLÍNICOS
• Principais padrões de manifestação:
a. O tumor primitivo é identificado e removido cirurgicamente,sem se identificar metástases, as quais aparecem
meses depois;
b. O tumor primitivo é diagnosticado e já existem metástases;
c. Identificam-se metástases, mas não se encontra o tumor primitivo;
d. O tumor primitivo é identificado e extirpado, não se identificando metástases, que aparecem anos depois
(metástases dormentes);
e. O tumor primitivo é identificado já com metástases e, após sua remoção cirúrgica, as metástases regridem.