Você está na página 1de 31

CONCEITOS GERAIS:

SAÚDE, DOENÇA, ETIOLOGIA, PATOGENIA

Prof. Nery Oliveira Jr

1
Patologia

significa estudo das doenças (do grego pathos = doença, sofrimento e


logos = estudo, doutrina) e de modo prático pode ser conceituado como
a ciência que estuda as causas das doenças, os mecanismos que as
produzem, as sedes e as alterações morfológicas e funcionais que
apresentam.

2
SAÚDE E DOENÇA

A definição de doença relaciona-se com o conceito biológico de adaptação.


Adaptação é uma propriedade dos seres vivos que se traduz pela capacidade de ser
sensível às variações do meio ambiente (irritabilidade) e de produzir respostas (variações
bioquímicas e fisiológicas); essa capacidade é variável e depende de mecanismos
moleculares vinculados, direta ou indiretamente, ao patrimônio genético.

3
Saúde é o estado de adaptação do organismo ao ambiente
físico, psíquico ou social em que vive, sentindo-se bem (saúde
subjetiva) e sem apresentar sinais ou alterações orgânicas
evidenciáveis (saúde objetiva).

Doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente


físico, psíquico ou social no qual o indivíduo sente-se mal
(sintomas) e apresenta alterações orgânicas evidenciáveis
(sinais).

4
Saúde e normalidade não têm o mesmo significado.

A palavra saúde é utilizada em relação ao indivíduo, enquanto o termo normalidade

é utilizado em relação a parâmetros de parte estrutural ou funcional, estabelecido a

partir da media de varias observações de um determinado parâmetro, utilizando-se

para o seu cálculo métodos estatísticos.

5
Todas as doenças têm causa (ou causas) que age por determinados mecanismos,
os quais produzem alterações morfológicas e/ou moleculares nos tecidos, que
resultam em alterações funcionais do organismo ou de parte dele, produzindo
manifestações subjetivas (sintomas) ou objetivas (sinais).
A patologia engloba áreas diferentes como a Etiologia (estudo das causas), a
Patogênese (estudo dos mecanismos), a Anatomia Patológica (estudo das alterações
morfológicas dos tecidos que, em conjunto, recebem o nome de lesões) e a
Fisiopatologia (estudo das alterações funcionais dos órgãos afetados).

6
Diferentes doenças têm componentes comuns:
Pneumonite lobar, meningite purulenta e tuberculose são doenças diferentes que têm
em comum o fato de serem causadas por bactérias e de apresentarem lesões
inflamatórias. Considerando esse aspecto, a Patologia pode ser dividida em dois grandes
ramos: Patologia geral e Patologia Especial.

7
PATOLOGIA GERAL

Estuda os aspectos comuns às diferentes doenças no que se refere às


suas causas, mecanismos patogenéticos, lesões estruturais e alterações
da função.

PATOLOGIA ESPECIAL
Ocupa das doenças de um determinado órgão ou sistema (Patologia do
Sistema Respiratório etc.) ou estuda as doenças agrupadas por suas causas
(Patologia das doenças produzidas por fungos, Patologia das doenças
causadas por radiações etc.).

8
SAÚDE/DOENÇA

SAÚDE: DOENÇA
• Estado de perfeita adaptação do Estado de falta de adaptação.
organismo ao ambiente físico, É uma alteração orgânica geralmente
psíquico ou social. constatada a partir de alterações na
função (sintomas) de um órgão ou
tecido, decorrentes de alterações
bioquímicas e morfológicas causadas
por alguma agressão.

OMS: é o bem-estar físico, social e mental.

9
DOENÇA Causa

Mecanismo de ação

Produzem alterações morfológica/moleculares nos


tecidos

Resultam em alterações funcionais

Produzindo sintomas

10
Discussão sobre saúde/ doença como processo

CAUSAS
i

PERÍODO DE INCUBAÇÃO Sem manifestações

PERÍODO PRODRÔMICO Sinais e sintomas inespecíficos

PERÍODO DE ESTADO Sinais e sintomas típicos

cura Sem sequela


EVOLUÇÃO
cronificação Com sequela

complicações

óbito
ELEMENTOS DE UMA DOENÇA

Causas Mecanismos Lesões Alterações Funcionais

Etiologia Patogênese Anatomia Fisiopatologia


Patológica (sintomas)
(sinais)

PATOLOGIA

12
Sinais e sintomas

Patogenia:

13
A capacidade de entender a doença depende do nível de resolução no
qual as informações são captadas.
Comprometimento molecular celular e tissular e celular orgânico e tissular sistêmico e
causado pela subcelular orgânico
agressão:

Nível de resolução Bioquímico Ultraestrutural Histopatológico Anátomo Clínico


Patológico

Constatação por Técnicas Microscopia Microscopia óptica Olho nú Sintomas


moleculares Eletrônica
MACROSCOPIA

MICROSCOPIA

15
Modalidades de Estudo da Patologia

Exame Anatomopatológico-Necropsia
Exame Citológico

16
Modalidades de Estudo da Patologia
Cultura Celular

17
Modalidades de Estudo da Patologia

Imunocitoquímica- é o conjunto de procedimentos que utiliza anticorpos como


reagentes específicos para detecção de antígenos presentes em células ou tecidos.

Tipos principais: Imunoflorescência direta ou indireta e imunoperoxidase direta e


indireta/ Peroxidase-antiperoxidase e avidina-biotina-peroxidase.

18
Modalidades de Estudo da Patologia

Citometria de fluxo é uma técnica utilizada para contar, examinar e classificar


partículas microscópicas suspensas em meio líquido em fluxo.
Permite a análise de vários parâmetros simultaneamente, sendo conhecida
também por citometria de fluxo multiparamétrica.

19
Modalidades de Estudo da Patologia

A autoradiografia é uma das técnicas empregues para estudar o metabolismo


celular e para localização de substâncias na célula. Tem sido aplicada principalmente no
estudo da síntese e da localização dos ácidos nucleicos e das proteínas.

Morfometria é o estudo matemático das formas de objetos pertencentes à mesma


população estatística. Uma das suas aplicações é a identificação de populações de
organismos vivos, que podem assumir formas ou tamanhos diferentes conforme o
ambiente em que se desenvolveram.

20
Modalidades de Estudo da Patologia
Técnicas de Biologia Molecular: PCR

A técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction – Reação em Cadeia da Polimerase) é


atualmente amplamente utilizada para o sequenciamento de genes e diagnóstico de
doenças hereditárias, identificação de impressões digitais do material genético e
detecção e diagnóstico de doenças infecciosas.

21
Modalidades de Estudo da Patologia

• Técnicas de Biologia Molecular: Hibridização molecular, Reação de


Hibridização.

22
CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES - NOMENCLATURA

Ao atingirem o organismo, as agressões comprometem um tecido (ou um órgão), no


qual existem: a) células, parenquimatosas e do estroma; b) componentes intercelulares
ou interstício; c) circulação sanguínea e linfática; d) inervação.
Após agressões, um ou mais desses componentes podem ser afetados,
simultaneamente ou não.

23
Desse modo, podem surgir lesões celulares, danos ao interstício, transtornos locais
da circulação, distúrbios locais da inervação ou alterações complexas que envolvem
muitos ou todos os componentes teciduais.
Por essa razão, as lesões podem ser classificadas nesses cinco grupos, definidos de
acordo com o alvo atingido, lembrando que, dada a interdependência entre os
componentes estruturais dos tecidos, as lesões não surgem isoladamente nas doenças,
sendo comum sua associação.

24
As agressões podem modificar o metabolismo celular, induzindo o acumulo de
substancias intracelulares (degenerações), ou podem alterar os mecanismos que
regulam o crescimento e a diferenciação celular (originando hipotrofias, hipertrofias,
hiperplasias, hipoplasias, metaplasias, displasias e neoplasias).
Outras vezes acumulam-se nas células pigmentos endógenos ou exógenos,
constituindo as pigmentações.
As lesões letais são representadas pela necrose (morte celular seguida de
autólise) e pela apoptose (morte celular não seguida de autólise).

25
As alterações do interstício englobam as modificações da substância
fundamental amorfa e das fibras elásticas, colágenas e reticulares, que podem
sofrer alterações estruturais e depósitos de substancias formadas in situ ou
originadas da circulação.
O depósito de cálcio e a formação de concreções e cálculos no meio
extracelular, por exemplo.

26
Os distúrbios da circulação incluem: aumento, diminuição ou cessação do fluxo
sanguíneo para os tecidos (hiperemia, hipovolemia e isquemia), coagulação do sangue no
leito vascular (trombose), aparecimento na circulação de substancias que não se
misturam ao sangue e causam oclusão vascular (embolia), saída de sangue do leito
vascular (hemorragia) e alterações das trocas de líquidos entre o plasma e o interstício
(edema).

27
A lesão mais complexa que envolve todos os componentes teciduais é a
inflamação.
Esta se caracteriza por modificações locais da microcirculação e pela saída de
células do leito vascular, acompanhadas por lesões celulares e do interstício
provocadas principalmente pela ação das células fagocitárias e pelas lesões
vasculares que acompanham o processo.

28
Não se pode esquecer que lesões localizadas quase sempre se acompanham de
respostas sistêmicas, induzidas não somente por estímulos nervosos aferentes como
também por substâncias diversas (citocinas) liberadas nos tecidos lesados.
Essas respostas se relacionam à adaptação do organismo à agressão, facilitando os
mecanismos defensivos, mas também modulando seus efeitos.

29
Causas das lesões celulares

• Ausência de oxigênio: Isquemia #Hipóxia


• Agentes físicos: Trauma mecânico,Temperaturas  P.A., radiação, choque
• Agentes químicos e drogas: Glicose/sal , venenos, alcool, narcóticos
• Agentes infecciosos: Vírus, bactérias, protozoários, fungos, etc.
• Reações Imunológicas: Auto-imune
• Distúrbios genéticos: Anormalidades cromossomicas, falta de enzimas, etc.
• Desequilíbrios nutricionais: Deficiências protéico-calóricas, de vitaminas ou excessos

30
Referências

• KUMAR V, ABBAS AK, ASTER JC. Robbins Patologia Básica. 9a ed. Elsevier
Brasil. 2013. 1140p.
• BRASILEIRO FILHO G. Bogliolo, Patologia Geral. 5a ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan. 2013. 463p.
• FRANCO M; MONTENEGRO MR; BRITO T; BACCHI CE; ALMEIDA PC. Patologia
- Processos Gerais. 6a ed. São Paulo: Editora Atheneu. 2015. 362p.

31

Você também pode gostar