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PROPÓSITO
Compreender a anatomia com base na análise radiográfica, identificando alterações e achados
de suspeita patológica.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar, procure livros ou manuais de Anatomia Humana, nas bibliotecas virtuais de
sua universidade, para revisar os conceitos gerais e melhorar sua compreensão do conteúdo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a anatomia observada nas radiografias de crânio e face e achados relevantes para a
investigação de doenças
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
A cabeça e a coluna são estruturas altamente complexas e as mais críticas em serviços de
emergência. Acidentes de trânsito, acidentes domésticos, brigas e projéteis de arma de fogo
são alguns dos motivos de admissão de pacientes no hospital. Neste tema, você irá conhecer
os exames radiográficos para a avaliação óssea da cabeça e da coluna. Serão apresentadas as
rotinas básicas mais recorrentes em serviços de emergência e ortopedia. Você aprenderá a
reconhecer estruturas anatômicas importantes em radiografias com aspecto normal e
identificar padrões típicos nas patologias mais recorrentes. Ao final, esperamos que você, além
de diferenciar radiografias normais de imagens patológicas, seja capaz de avaliar se os traços
suspeitos são derivados de falha operacional nos equipamentos ou imperícia. Bons estudos!
MÓDULO 1
Descrever a anatomia observada nas radiografias de crânio e face e achados relevantes
para a investigação de doenças
CRÂNIO NEURAL
CRÂNIO VISCERAL
Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
Alike 2.1 Japan.
Divisão anatômica dos ossos da cabeça.
Sua principal função é dar suporte e proteger a estrutura encefálica e, em razão disso, o crânio
neural é dividido em calota craniana e base.
A calota craniana tem a função de proteger, sendo composta pelo frontal (anterior), parietais
(látero-superiores) e occipital (póstero-inferior).
Da mesma forma, a base tem a função de suporte, servindo como um assoalho para acomodar
o encéfalo, composta de temporais (látero-inferiores), esfenoide (médio-inferior) e etmoide
(médio-anterior).
O occipital também tem função de suporte, pois aloja o cerebelo, a ponte, o bulbo e a saída
medular por uma estrutura chamada forame magno.
Parietais (azul)
Temporais (laranja)
Occipital (verde)
Esfenoide (rosa)
Etmoide (vermelho)
Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
Alike 2.1 Japan
Modelagem 3D com os ossos do neurocrânio.
AP AXIAL
(Método de Towne)
PA 0º
PA AXIAL
(Método de Caldwell)
LATERAL
VAMOS CONHECÊ-LAS?
Imagem: Shutterstock.com
Radiografia axial do crânio (método de Towne), com 37° de angulação.
Na projeção posteroanterior zero grau (PA 0°), o crânio é visualizado de frente. Quando o
exame é realizado sem angulação, o osso frontal é visualizado por inteiro, a asa maior do
esfenoide é vista sobre a margem superior das órbitas e a pirâmide petrosa preenche
totalmente a região interna das órbitas, deixando-a totalmente radiopaca. Os mastoides são
visualizados em radiotransparência. Nesse exame, a cabeça está inclinada com a linha do olhar
paralela ao chão e perpendicular ao receptor de imagem.
RADIOGRAFIA DO CRÂNIO
Projeção em PA 0° de angulação.
RADIOGRAFIA DO CRÂNIO
Na projeção posteroanterior com 15 graus (PA 15°), a grande diferença está na pirâmide
petrosa, que é localizada apenas no terço inferior da órbita, enquanto a asa maior do esfenoide
fica posicionada no terço superior da órbita. O osso frontal e a sutura lambdoide aparecem em
sobreposição. Esta incidência é mais utilizada para exame de seios da face. Este exame é
conhecido como método de Caldwell, também em radiografias para avaliação dos seios de
face.
Imagem: Shutterstock.com
Radiografia do crânio, projeção em PA (método de Caldwell), com 15° de angulação.
A projeção lateral do crânio, por sua vez, mostra praticamente todos os ossos do crânio neural,
com destaque para as cavidades sinusais e as estruturas anatômicas da sela turca (dorso,
processos clinoides anterior e posterior). Nesta incidência, a pirâmide petrosa fica entre o
esfenoide e as células mastoides. Como em todo exame lateral, o objetivo é avaliar a
profundidade da lesão, principalmente nos ossos parietais, temporais e occipital.
Imagem: Shutterstock.com
Radiografia do crânio, projeção lateral, sem angulação.
O esfenoide é um dos principais ossos da base do crânio, juntamente com os ossos temporais.
Uma de suas estruturas importantes é a sela turca, responsável por alojar e proteger a hipófise
ou glândula pituitária: uma das mais importantes glândulas do corpo humano. O nome de “sela
turca” foi atribuído em razão de seu formato selar: a hipófise se encaixa em uma pequena
fossa (dorso da sela), com elevações ósseas anteriores e posteriores (processos clinoides).
Abaixo da sela turca fica localizado o seio esfenoidal, que estudaremos nas próximas seções.
Osso esfenoide, em animação 3D transparente do crânio. Imagem: © The Database Center for
Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share Alike 2.1 Japan
Na primeira imagem, veja a posição anatômica do osso esfenoide dentro da caixa craniana
ocupando todo o assoalho do andar superior do crânio.
Osso esfenoide, em animação 3D transparente destacada. Imagem: © The Database Center for
Life Science / Wikimedia Commons / Attribution-Share Alike 2.1 Japan.
Na segunda animação, você observa os acidentes anatômicos mais importantes do esfenoide:
sela turca, asa maior e asa menor.
Abaixo, observe a semelhança com uma sela árabe de montaria. Na radiografia lateral do
crânio, é possível ver com nitidez sela turca e asa maior (linha mais radiopaca, em direção à
borda superior da órbita). A asa menor aparece muito sobreposta em vista lateral.
Imagem: Shutterstock.com
Fraturas cranianas podem ser apresentadas de forma linear, basilar, em formato de depressão
ou por afundamento. Fraturas lineares, como o próprio nome sugere, ocorrem em linhas retas,
geralmente no frontal ou nos parietais. No caso a seguir, observe o traço de fratura, que surge
da região posterosuperior do osso parietal e bifurca para os ossos temporal e occipital.
A primeira radiografia a seguir (Towne) apresenta uma fratura linear entre os ossos parietais
(na sutura sagital), irradiando para o osso frontal. A segunda (PA 0°) e terceira (lateral) imagens
são do mesmo paciente (infantil). Na projeção frontal, a fratura linear aparenta ser no osso
parietal ou no temporal esquerdo. Já na projeção lateral, vemos que a fratura está localizada
também no occipital. Na quarta imagem (PA 15°), a fratura está localizada no frontal, na borda
esquerda.
Imagem: Doc. MUDr. Jan Šprindrich CSc. / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported
Imagem: Nevit Dilmen Wikimedia / CC 3.0 unported, CC 2.5 generic, CC 2.0 e 1.0 generic
RADIOGRAFIA PEDIÁTRICA
Imagen: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported, CC 2.5 generic, CC 2.0 e 1.0
generic
RADIOGRAFIA PEDIÁTRICA
RADIOGRAFIA PEDIÁTRICA
Fraturas por afundamento ou depressão ocorrem em traumas de alta energia (uma pancada,
por exemplo) e a superfície óssea se rompe com o fragmento ósseo ficando interno à caixa
craniana, dependendo da intensidade do impacto. Traumas de alto impacto podem afundar a
díploe, sem rompê-la também. Veja as imagens a seguir:
Veja na imagem uma radiografia pediátrica com afundamento sem rompimento da díploe.
Observe o hematoma (zona escura) formado acima da lesão.
Imagem: Shutterstock.com.
Agora, temos duas lesões: na parte superior, entre o frontal e o parietal, e outra lesão na altura
do occipital. Veja o desnível entre as bordas ósseas no occipital, o que também caracteriza
afundamento.
Imagem: Shutterstock.com
Por último, repare no segmento inteiro da calota deprimido, entre parietal e temporal, no lado
esquerdo do paciente. Em imagens tomográficas de estruturas bilaterais, você pode comparar
com o outro lado, considerando que as bordas são semelhantes.
Fraturas basilares do crânio ocorrem nos ossos temporais e no esfenoide. Esse tipo de fratura
dificilmente é visto em radiografia, devido à irregularidade da estrutura e da alta sobreposição
gerada. Dessa forma, esse tipo de fratura requer cortes de TC para melhor visualização. No
entanto, esse tipo de fratura deixa o paciente com os olhos roxos, sinal físico que pode auxiliar
no diagnóstico. Como a fratura ocorre na base do crânio, é comum causar lesão interna,
edemas ou hematomas intracranianos. A fratura causa a ruptura de uma das meninges,
extravasando fluido para a cavidade ocular, formando uma equimose (roxo) periorbital. O nome
“olhos de guaxinim” é dado em razão da semelhança com o fundo escuro dos olhos deste
animal. Veja:
Foto: Shutterstock.com
Na imagem tomográfica, a lesão ocorreu em dois locais: no osso temporal esquerdo (à direita
da imagem), próximo ao canal auditivo e próximo ao seio esfenoidal, no mesmo lado.
PAF ou projéteis de armas de fogo são facilmente visualizados. As munições são feitas de
chumbo e, por isso, os artefatos aparecem radiopacos na imagem. A posição e a profundidade
do projétil são sempre dadas com incidências de frente (AP ou PA) e lateral. A aparência dos
fragmentos na imagem depende do calibre da arma. Disparos com armas de pequeno calibre
(pistolas, por exemplo) liberam fragmentos grandes e raramente liberam estilhaços. Armas de
grosso calibre (espingardas, por exemplo) liberam vários fragmentos circunscritos e
radiopacos por toda região. Neste caso, quanto maior a distância, mais espalhados serão os
fragmentos.
Na imagem ao lado, temos um PAF com fragmento único. Perceba que, na projeção lateral,
conseguimos apenas dimensionar a profundidade, mas não temos como saber se o projétil
está à esquerda ou à direita. Por isso, a necessidade de 2 projeções no mínimo.
Imagem: Shutterstock.com
Radiografia lateral do crânio, com fragmento radiopaco no meio do crânio.
Já nas imagens abaixo, temos um PAF com múltiplos fragmentos. Nesse caso clínico, é
possível determinar a posição real dos fragmentos à esquerda do paciente por terem sido
realizadas as duas imagens (frente e lateral).
Imagem: Shutterstock.com
Radiografia do crânio em PA do mesmo paciente.
Imagem: Shutterstock.com
Imagem: Shutterstock.com
Na primeira imagem, a radiografia lateral do crânio revela uma área mais hipodensa (escura) na
região frontal, próximo ao local da lesão física.
Imagem: Shutterstock.com
Na segunda imagem, o mesmo padrão hipodenso é visto mais circunscrito na porção posterior,
próximo ao occipital (veja o padrão ultrapassando a borda da díploe).
Imagem: Shutterstock.com
A terceira e quarta imagens são cortes tomográficos. Embora não seja o objetivo deste
material estudar cortes de TC, perceba a coleção de líquido na região temporal esquerda do
paciente e no lado direito, comprimindo a massa encefálica.
Imagem: Shutterstock.com
Imagem: Shutterstock.com
O mesmo padrão pode ser visto nessa imagem, em menor quantidade, mais perto ao parietal.
Mielomas múltiplos são tumores malignos que se caracterizam pela desordem na produção
monoclonal de células plasmáticas, produzindo várias lesões circunscritas, osteolíticas e de
forma proliferada e difusa na estrutura cortical e trabecular óssea.
VOCÊ SABIA
As lesões são apresentadas como aspecto em “saca-bocado”, uma vez que o tecido ósseo
parece ter sido perfurado várias vezes por esse instrumento vazador, de perfurar couro (cintos,
bolsas etc.).
Na primeira imagem, note que a maioria das lesões tem o mesmo tamanho e está próxima. A
segunda imagem apresenta um corte de TC, evidenciando lesões osteolíticas também dentro
da estrutura cortical. A terceira e quarta imagens mostram lesões tumorais em um tamanho
mais reduzido. Nesses casos, a lesão é associada a um sinal radiográfico denominado sinal de
gota de chuva ou sinal de sal e pimenta.
Imagem: Shutterstock.com
Imagem: Shutterstock.com
CORTE DE TC DO CRÂNIO
(Mieloma múltiplo).
Imagem: Shutterstock.com
(Mieloma múltiplo).
A imagem a seguir mostra as mesmas lesões espalhadas pelos ossos do antebraço. Vale frisar
que mielomas múltiplos são tumores oriundos de células da medula óssea. Portanto, têm
origem em ossos longos e se espalham para outros ossos com maiores proporções, como os
ossos do crânio, por exemplo.
FASE QUENTE
Na fase quente (osteolítica), o aspecto radiotransparente predomina no córtex ósseo em razão
da reabsorção descontrolada.
FASE INTERMEDIÁRIA
Na fase intermediária, temos a neoformação óssea, o que confere à radiografia um aspecto
opaco e difuso em razão do espessamento causado pela remodelação óssea excessiva. As
bordas ósseas ficam mais grosseiras, com contornos mal definidos e pouco nítidos. É nesta
fase que encontramos o sinal de “algodão-doce”, pois a região periosteal grosseira se
assemelha a chumaços de algodão ou a um algodão-doce no palito.
FASE FRIA
Por fim, na fase fria (esclerótica), temos o alargamento do osso pelo excesso de matriz. Nesta
fase, temos a radiopacidade aumentada, juntamente com deformação do aspecto normal do
osso.
A primeira imagem mostra um processo inicial da doença de Paget (fase quente), caracterizada
pelas áreas grandes, osteolíticas e bem demarcadas. Nesta fase, Paget pode se assemelhar a
qualquer outra lesão tumoral osteolítica, como um osteoclastoma, por exemplo.
Na terceira imagem, a fase fria é evidente pelo aumento excessivo da radiopacidade, provocado
pela remodelação óssea descontrolada. Nessa imagem, algumas zonas ficam altamente
opacas, enquanto outras aparecem mais transparentes. Embora seja mais evidente em ossos
longos, é possível ocorrer deformação óssea na base do crânio e nos ossos da calota.
Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
Alike 2.1 Japan.
Modelagem 3D com os ossos da face em destaque.
Deixaremos um roteiro didático para a identificação dos ossos faciais, considerando sua
posição anatômica e quantidade de ossos. Comece a avaliação pela região medial da face,
passando pela parte lateral, interna e finalizando na região inferior. Sendo assim, considere
localizar primeiro os ossos:
Nasais (rosa)
Lacrimais (azul-claro)
Maxilares (amarelo)
Zigomáticos (verde-escuro)
Veja os ossos faciais em diferentes vistas, para treinar sua acuidade visual:
Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
Alike 2.1 Japan.
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OSSOS FACIAIS, EM VISTA POSTERIOR
Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
Alike 2.1 Japan.
As projeções radiográficas padrão para avaliar os ossos faciais são: posteroanterior (PA) e
lateral. Entretanto, dependendo do osso a ser estudado, podem ser requeridos exames
específicos. Mesmo assim, a rotina básica evidencia fraturas, processos neoplásicos ou
infecciosos, como ocorre com mais frequência nos seios paranasais, que estudaremos na
próxima seção. Na imagem ao lado, observe a fratura no colo do côndilo mandibular direito.
Imagem: Patrick J. Lynch, medical illustrator derivative work: M•Komorniczak -talk / Wikimedia
Commons / CC 2.5 generic
Posição anatômica dos seios paranasais.
ATENÇÃO
Os ossos que contêm cavidades internas são chamados de ossos pneumáticos. Essas
cavidades ajudam a reduzir o peso da cabeça, a manter o equilíbrio dela e a circulação de ar e
fluidos nas vias nasais. Além dos humanos, as aves voadoras também são dotadas de ossos
pneumáticos para reduzir o peso corporal, o que facilita o voo.
LIMPEZA DO AR
AQUECIMENTO DO AR
Assim, o ar está em condições biológicas ideais para prosseguir pelas vias aéreas até os
pulmões. O formato do complexo ostiomeatal é como se observa neste corte coronal de TC
dos ossos faciais. Veja:
ATENÇÃO
Os seios paranasais ainda não estão desenvolvidos até os 6 anos de idade. Logo, em exames
pediátricos, não é possível observá-los em todos os pacientes. Isso é importante para não
confundir a ausência da cavidade com doenças que envolvem inflamação da mucosa.
Nas radiografias para avaliação dos seios paranasais, as cavidades são vistas com dificuldade
devido à sobreposição de estruturas dos ossos do crânio. Como se trata de cavidades aéreas,
espera-se que a imagem dos seios paranasais esteja radiotransparente, com bordas nítidas.
Tonalidades mais claras (velamento) ou com perda de nitidez podem sugerir alteração do
líquido sinusal. O exame é realizado com 3 projeções básicas:
Lateral
Mento-nasal(método de Waters)
MENTO-NASAL
É um exame específico para avaliar os seios etmoidais sem sobreposição com o seio
esfenoidal por meio da angulação da cabeça.
Nas duas primeiras imagens, temos duas formas de posicionar o paciente no método de
Caldwell.
Na primeira forma, a cabeça está em posição natural, em linha horizontal alemã, com o feixe de
raios X perpendicular ao receptor de imagem.
A terceira imagem apresenta uma vista angulada no método de Waters, pela qual visualizamos
a profundidade do seio frontal e dos maxilares, inclinando o queixo em direção ao receptor.
DICA
As linhas de posicionamento do crânio ajudam a colocar a inclinação necessária para cada
radiografia. O nome técnico das linhas tem o meato acústico externo (orifício auditivo) como
ponto de origem e vários pontos do rosto como pontos de destino. Por exemplo, a linha
órbitomeatal (LOM) parte do meato e perpassa pela região central da órbita. A linha infra-
órbitomeatal (LIOM) também parte do meato, mas perpassa a base da órbita. No jargão
técnico, LOM é conhecida como linha horizontal americana e LIOM, como linha horizontal
alemã.
Na projeção fronto-nasal (Caldwell), seios frontal e maxilares são vistos perfeitamente. O seio
esfenoidal fica encoberto pelas células etmoidais, que não são bem visualizadas em razão da
sobreposição. Nesta projeção, a pirâmide petrosa deve ficar posicionada no terço inferior das
órbitas para não obstruir a visualização das células etmoidais. O seio frontal é visto de frente e
a crista etmoidal geralmente parece dividi-lo. Pode apresentar um ou dois ramos e costuma ser
maior em homens. Os seios maxilares aparecem laterais à abertura piriforme. Na segunda
imagem, observe que o paciente pediátrico ainda não tem seio frontal desenvolvido. Veja o
tamanho da mandíbula desproporcional ao tamanho da caixa craniana, fator típico em
crianças.
Imagem: Shutterstock.com
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Radiografia para seios de face, projeção em PA, método de Waters, posição clássica.
Imagem: Shutterstock.com
Radiografia para seios de face, projeção em PA, método de Waters, variação com a boca
aberta.
Nesta terceira radiografia, projeção lateral, todas as cavidades sinusais são vistas
perfeitamente. Apenas o seio maxilar direito aparece sobreposto ao esquerdo, por ficarem
anatomicamente justapostos. Vale lembrar que as cavidades são visualizadas em sua
profundidade, pois esta é a principal aplicação das incidências laterais. O seio esfenoide
aparece posterior às células etmoidais e o seio frontal (cavidade bem rasa) é visto
superiormente às células etmoidais. Os seios maxilares são os mais profundos, fazendo limite
com a cavidade faríngea.
PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO
VISCEROCRÂNIO
Os ossos faciais são bem laminares, irregulares, finos e, portanto, facilmente sujeitos a
fraturas. Ossos nasais, zigomáticos, maxilares e mandíbula são os mais acometidos,
geralmente fraturados por pancadas no rosto, muito comuns em artes marciais, esportes
radicais, acidentes de trânsito ou em brigas de rua. Vamos ver alguns exemplos a seguir?
Imagem: Shutterstock.com
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Perceba que a projeção em perfil nos dá uma dimensão do local exato em que ocorreu a
descontinuidade, próximo à raiz do último dente da arcada inferior até a porção inferior.
Nas fraturas dos ossos nasais é evidente o descolamento da sutura que os une ou o
rompimento de uma das bordas. Radiografias em perfil evidenciam esta fratura pelo
desalinhamento dos ossos ou pela visualização dos fragmentos. Observe:
Na primeira imagem, veja que existe a fratura (linha transparente perpassando o osso), sem
desalinhamento.
Imagem: Nevit Dilmen derivative work: Nevit / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported
Na segunda imagem, temos uma fratura com desalinhamento do segmento mais inferior.
ATENÇÃO
O osso nasal não é somente a linha mais radiopaca que aparece na imagem. Reveja a
modelagem 3D da seção sobre anatomia facial e perceba que o osso nasal é muito maior. A
região mais radiopaca é somente a junção das duas bordas, dos dois ossos.
Imagem: Shutterstock.com
Radiografia da face, método de Waters, mostrando fratura no zigomático esquerdo.
Já na segunda imagem, projeção de Hirtz, podemos identificar uma fratura na porção central
do arco zigomático, que acabou acarretando fraturas nas extremidades. Somente nesta
projeção podemos ver o arco zigomático completo.
O método de Hirtz, também conhecido como incidência submentovértice, é realizado com uma
hiperextensão da cabeça, de forma que o topo da cabeça fique apoiado no receptor e o feixe de
raios entre no meio da parte inferior do queixo. Assim, a imagem radiográfica evidencia uma
vista inferior dos ossos cranianos e faciais.
SINUSITE
É um processo inflamatório da mucosa paranasal, provocado por infecção bacteriana ou
fúngica. Nesses casos, o muco presente nas cavidades sinusais torna-se mais denso, viscoso
e supurado (pus), dificultando a passagem do ar pelas cavidades. A inflamação mais intensa é
conhecida como sinusite aguda. Quando o processo inflamatório se torna frequente, o quadro é
caracterizado como sinusite crônica. Quando a inflamação é induzida por variações de
umidade, odores fortes ou alguns focos alérgicos, o quadro é denominado rinossinusite. No
caso da sinusite crônica, começam a se formar placas de infecção aderidas às paredes
sinusais, que podem propagar a infecção para os ossos. Em outros casos, a infecção pode ter
origem dentária e infiltrar nos seios maxilares, causando a infecção da mucosa.
VAMOS ANALISAR ALGUMAS RADIOGRAFIAS
AGORA?
Na segunda radiografia, note que o seio maxilar esquerdo está totalmente comprometido e
mais radiopaco que a imagem anterior, indicando infecção mais aguda.
Na terceira imagem, além do seio maxilar esquerdo repleto, é possível identificar níveis líquidos
no seio frontal.
Na quarta radiografia, veja uma imagem ampliada no nível hidroaéreo acentuado no seio
maxilar direito. Em radiografias simples, raramente conseguimos identificar facilmente sinusite
esfenoidal ou etmoidal, comuns em fases mais crônicas.
Para ilustrar, embora não seja o objetivo específico deste material, vamos identificar as
mesmas lesões em cortes de TC. No primeiro, observe uma área mais hiperdensa (opaca) no
seio frontal (na parte superior da imagem). No segundo, veja o seio maxilar direito totalmente
repleto e as paredes do seio maxilar esquerdo espessas, o que caracteriza um quadro de
sinusite crônica. No terceiro, um quadro severo de sinusite crônica com hiperespessamento
das paredes maxilares e formação de pólipo no maxilar direito. No quarto corte, é possível
observar o acometimento do seio esfenoidal (no centro) e parte das células etmoidais.
CORTE AXIAL DE TC
CORTE AXIAL DE TC
CORTE AXIAL DE TC
OSTEOMA OSTEOIDE
É um tipo de tumor benigno que afeta células osteogênicas (osteoblastos). Com isso, temos a
formação de massas duras, formadas por matriz óssea fora da composição padrão de um
osso. O aspecto da lesão é radiopaco, geralmente circunscrita e de volume regular. Nos ossos
da cabeça, é comum surgir nos seios maxilares e no seio frontal. Radiograficamente, esse tipo
de lesão pode se confundir com processos inflamatórios, como focos de sinusite. A diferença
entre eles se dará na abordagem clínica do médico, uma vez que sinusite apresenta sintomas
bem característicos, tais como: febre, cefaleia, dor local na face e produção de catarro, por
exemplo.
Imagem: Shutterstock.com
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e II.
E) Apenas II e III.
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e II.
E) Apenas II e III.
GABARITO
1. O crânio é uma das estruturas que compõem o esqueleto axial do corpo humano. Com a
função de proteger o encéfalo, o crânio é formado por 8 ossos, que se conformam em 2
regiões básicas: calota e base do craniana. Com base nesses dados, avalie as afirmações a
seguir:
I – O seio frontal é anatomicamente anterior e não tem cavidade sinusal até os 12 anos de
idade.
II – O osso esfenoide tem cavidade sinusal, forma a base do crânio e suporte para a hipófise.
III – O osso etmoide é um osso pneumático e forma a porção inferior do septo nasal ósseo.
A lâmina perpendicular do osso etmoide forma a porção superior do septo nasal. Quanto ao
osso frontal, a cavidade sinusal começa a se desenvolver a partir dos 6 anos de idade.
I – O exame deve ser feito com o paciente sentado ou em pé, para avaliar os níveis
hidroaéreos.
Os seios esfenoidal e etmoidal ficam sobrepostos em radiografias com vista frontal (Caldwell).
É possível ter uma primeira impressão com radiografias laterais ou projeção de Waters com a
boca aberta. No entanto, como a infecção do seio esfenoide já caracteriza um quadro crônico,
o método mais indicado é o exame de tomografia para seios paranasais. Neste método, são
feitos cortes axiais com reconstrução coronal para obter mais detalhes clínicos.
MÓDULO 2
Quando a vértebra possui características muito específicas, próprias para determinada função,
é chamada de vértebra atípica.
São características típicas de uma vertebra qualquer: corpo, forame medular, dois processos
transversos e um processo espinhoso.
EXEMPLO
Imagem: Shutterstock.com
Estrutura anatômica da primeira vértebra cervical, em vista superior.
EXEMPLO
A coluna não é rigorosamente ereta. Para que haja equilíbrio na distribuição do peso, existem
dois tipos de curvaturas naturais ou congênitas. Essas curvaturas são longitudinais ao plano
mediossagital (PMS) e o nome de cada uma depende da posição da concavidade.
Imagem: Shutterstok.com
Curvaturas da coluna vertebral.
Cifose
Lordose
C1, C2 e C7.
Imagem: Shutterstock.com
Aspecto típico das vértebras cervicais.
A primeira vértebra cervical se chama atlas ou C1. Sua função é oferecer suporte ao crânio e
permitir a passagem do maior calibre da medula espinal. Por isso, radiograficamente, parece
um anel com aspecto mais fino em vista anterior e possui processos transversos e espinhoso
curtos. Encaixada dentro de C1, temos a vértebra axis ou C2. Embora pareça uma vértebra
típica, C2 tem um eixo em formato de pivô, chamado de processo odontoide.
Embriologicamente, o processo odontoide é considerado o corpo de C1, que se funde a ela no
processo de desenvolvimento e maturação óssea. A função deste pivô é favorecer a
movimentação da cabeça, uma vez que o processo odontoide está intimamente ligado à C1.
Imagem: Shutterstock.com
Relação C1-C2, para movimentos de rotação do crânio.
VOCÊ SABIA
Atlas foi um titã, figura mitológica grega que fazia oposição à posse de Zeus como deus
supremo do Olimpo. Titãs eram figuras de beleza, porte e força inigualáveis. Como
consequência de sua rebeldia, Atlas foi condenado por Zeus a sustentar o peso da Terra e dos
céus para sempre em seus ombros. Dele, surgiu o atlas como mapa-múndi, o termo atleta para
esportistas e o design da atual taça da Copa do Mundo. Portanto, atribuir este nome à primeira
vértebra cervical (C1), responsável por suportar o peso da cabeça para sempre, não foi
arbitrário.
Imagem Shutterstock.com
Anatomia de uma vértebra cervical (C6).
A rotina básica para o estudo da coluna cervical são as projeções anteroposterior (AP) e lateral.
Na radiografia em AP, são bem visualizados os corpos vertebrais, os discos intervertebrais e os
processos transversos. A contagem correta das vértebras deve ser realizada partindo do
primeiro par de costelas, localizando T1. É feito dessa forma, pois as duas primeiras vértebras
cervicais podem ficar sobrepostas às sombras do occipital ou da mandíbula, em um grande
borramento radiopaco. Isso prejudica a localização correta.
Imagem: Shutterstock.com
Imagem: Shutterstock.com
Radiografia oblíqua da coluna cervical e os forames intervertebrais.
LINHA ESPINOLAMINAR
As duas primeiras linhas devem aparecer quase que paralelas. A terceira linha descreve uma
leve concavidade posterior e a quarta linha descreve a curvatura típica da coluna cervical.
Quando é necessário avaliar lesões na relação C1-C2 (por exemplo, a fratura de Jefferson, que
iremos ver mais adiante), é realizada uma incidência em AP com a boca aberta. Isso permite
remover a sobreposição natural da mandíbula sobre as primeiras vértebras cervicais. Note o
dente do axis, o arco anterior e as massas laterais de C1.
DE T1 A T4
As vértebras similares das vértebras cervicais.
DE T5 A T8
DE T9 A T2
Vértebras torácicas são mais encorpadas e, por isso, o aspecto radiográfico é mais radiopaco.
Além das vértebras, é possível visualizar os pares costais na sequência. A caixa torácica possui
outras vísceras, como os pulmões, miocárdio, vasos e a árvore brônquica, que se estende
desde a traqueia até a região interna dos pulmões. Isso produz muita sobreposição na imagem.
Como a coluna é anatomicamente posterior, os exames são realizados em incidência
anteroposterior, para evitar a sobreposição e acentuar mais as imagens das estruturas
próximas ao receptor.
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Esquema ilustrativo das vértebras dorsais: vista posterior, lateral e anterior.
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Anatomia de uma vértebra torácica (T1).
A projeção lateral é importante para avaliar o grau de hipercifose torácica. Além disso, é
possível analisar a profundidade do corpo vertebral, espaços intervertebrais, forames
intervertebrais, processos articulares superiores e inferiores e um grande borramento na alta
opacidade posterior formada pela sobreposição dos arcos costais.
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PROJEÇÃO LATERAL DA COLUNA DORSAL OU TORÁCICA
Neste exame, é importante que a projeção seja realizada em anteroposterior (AP). Quando o
paciente é posicionado desta forma, a coluna fica mais próxima do receptor de imagem, o que
melhora a resolução de contraste e reduz a sombra das vísceras cardiorrespiratórias,
principalmente o mediastino por causa da maior opacidade do miocárdio. Veja, a seguir, a
diferença entre imagens em AP e PA:
PROJEÇÃO EM AP
PROJEÇÃO EM PA
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ATENÇÃO
Por isso, em exames para avaliação da coluna lombar é recomendável o uso de laxativos e
antigases, para eliminar resíduos fecais e gases das alças intestinais. Estas estruturas geram
artefatos radiotransparentes na imagem, o que pode gerar falsos positivos na caracterização
de alguma lesão. Este preparo é feito, geralmente, de 3 a 4 dias antes do exame.
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Anatomia de uma vértebra lombar (L1).
EXAMES RADIOGRÁFICOS PARA AVALIAÇÃO DA
COLUNA LOMBAR
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Rotina radiográfica para a avaliação da coluna lombar.
Na projeção em AP, a vértebra L5 parece mais achatada. Essa vértebra é que faz a transição
com a coluna sacra. Na incidência lateral, é possível visualizar perfeitamente os forames
intervertebrais. No entanto, os processos espinhosos parecem fusionados pela proximidade
com os processos articulares superiores da vértebra abaixo. Os processos transversos
aparecem sobrepostos às lâminas e aos processos articulares. Outro problema associado ao
exame lateral da coluna lombar é a sobreposição da pelve sobre as últimas vértebras lombares,
o que pode aumentar a opacidade e prejudicar a visualização de detalhes.
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A incidência do “cão escocês” é uma projeção oblíqua, cujo objetivo é verificar lesões na pars
articularis, que são de difícil visualização nos exames de rotina. Como a radiografia lombar em
oblíqua gera muita sobreposição, preste atenção no padrão radiográfico do “cão escocês”. Um
exame em posição oblíqua perfeita de 45º deve mostrar uma figura similar e um cachorro
terrier.
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FOTOGRAFIA DE UM EXEMPLAR DO TERRIER ESCOCÊS. VOLTE NA IMAGEM
ANTERIOR E COMPARE A SEMELHANÇA.
Cada parte deste cão representa uma estrutura anatômica da vértebra. A orelha e a pata
dianteira representam os processos articulares superior e inferior. O focinho e o rabo
representam os processos transversos, a pata traseira representa o processo espinhoso, o
pescoço representa o pars articularis e o olho seria a projeção do pedículo.
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Anatomia sacral e coccígea
Radiograficamente, tanto sacro quanto cóccix têm aparência radiopaca. No entanto, devido à
sobreposição com as estruturas abdominais e pélvicas, podem aparecer sob gradiente de cinza
na imagem. Um dos pontos mais importantes é a transição L5-S1, em que o disco
intervertebral é mais robusto e se inicia o processo de cifose, o que deixa o espaço
intervertebral mais acentuado. O cóccix é uma massa radiopaca conectada ao final do sacro.
Embora não tenham função expressiva, fraturas coccígeas tendem a ser doloridas e passíveis
de cirurgia corretiva.
RADIOGRAFIA DO SACRO
RADIOGRAFIA DO SACRO
Na maioria dos casos, as lesões na coluna têm origem na desordem entre equilíbrio e peso
exercido sobre ela.
Traumas de alta energia respondem por boa parte dessas lesões, mas vale frisar que o
excesso de peso corporal também pode causar lesões na coluna.
EXEMPLO
LESÕES CERVICAIS
ATENÇÃO
Paresia e plegia são termos que causam muita confusão nos estudantes. Ambos são reações
fisiológicas a lesões medulares. No entanto, paresia é uma redução da amplitude do
movimento e plegia é a perda do movimento voluntário, transitória ou permanente.
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RADIOGRAFIA LATERAL DE CERVICAL (NORMAL)
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A fratura do enforcado (ou do carrasco) ocorre nos pedículos de C2, com ou sem subluxação
de C2 e C3. Decorre de uma hiperextensão extrema em acidentes de trânsito ou enforcamento.
O paciente, quando ainda está vivo, não permanece com o pescoço estável, pois o dente é
pressionado posteriormente no tronco cerebral. A lesão é melhor demonstrada em incidência
lateral da cervical. Nela, visualiza-se o deslocamento anterior de C2, padrão típico desta fratura.
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CERVICAL EM VISTA LATERAL. A LESÃO PARECE OCORRER NO PROCESSO
ESPINHOSO, MAS, NA VERDADE, OCORRE NOS PEDÍCULOS.
VOCÊ SABIA
Na primeira imagem, a radiografia com a boca aberta (A) mostra o desvio das massas laterais
de C1. Na radiografia lateral (B), note o fragmento anterior do anel vertebral de C1.
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Na última imagem, além da fratura no arco posterior de C1 (seta vermelha), veja que ocorreu
também a fratura do processo odontoide de C2 (seta azul).
A fratura em gota de lágrima é uma das lesões mais graves dentre as listadas neste material,
pois envolve maior risco de lesão medular. Neste caso, em decorrência de um trauma frontal de
alto impacto no pescoço, o corpo vertebral é desviado para trás e a borda inferior na frente do
corpo vertebral é fraturada, gerando um fragmento em avulsão (destacado). O problema é que,
com o impacto para dentro, o corpo vertebral avança para o canal medular. Na radiografia, o
que pode ser visto é um desnível da linha vertebral anterior e o fragmento avulso na parte
anterior da vértebra.
ATENÇÃO
A lesão pode ocorrer por hiperflexão (nesta descrição) ou hiperextensão do pescoço. O que
muda é a direção do desvio do corpo vertebral (para trás ou para frente).
PRÉ-OPERATÓRIO
PÓS-OPERATÓRIO
Correção ortopédica.
Por fim, a retificação cervical é a redução ou ausência da curvatura natural do pescoço. Essa
falha pode estar associada a alterações genéticas ou, ainda, a falhas no desenvolvimento.
Pesquisas clínicas associam a retificação cervical à aceleração no processo do andar bípede
do bebê. Especialistas alegam que o andar quadrúpede (engatinhar) favorece o
desenvolvimento natural da coluna, uma vez que a criança precisa olhar para frente durante o
engatinhar, o que ajuda na formação da curvatura cervical. Em indivíduos adultos, retificações
cervicais podem causar dores crônicas, compressões nervosas e paresias de longo prazo.
LESÕES DORSAIS
A coluna dorsal ou torácica, além de sua atribuição como parte integrante da coluna vertebral,
tem o papel de oferecer suporte ao gradil costal do tórax. Portanto, uma lesão dorsal pode
comprometer várias estruturas simultaneamente. Além de lesões traumáticas, como fraturas e
desalinhamentos, a coluna dorsal é acometida por outro problema postural denominado
escoliose, sobre o qual também falaremos nesta seção. Neste material, você vai conhecer
alguns tipos de lesões, comuns em rotina de atendimento médico.
A fratura de Chance, também conhecida como fratura do cinto de segurança, é uma fratura
transversal que atravessa um corpo vertebral lombar e estende-se até a lâmina e o processo
espinhoso. A flexão violenta da coluna vertebral para frente, embora contida pelo cinto de
segurança abdominal durante a desaceleração súbita, faz com que as vértebras situadas acima
do cinto sejam empurradas para frente e desprendidas da parte inferior fixa da coluna vertebral.
A fratura de Chance clássica consiste na separação horizontal das vértebras a partir do
processo espinhoso ou da lâmina, estendendo-se pelos pedículos e pelo corpo vertebral, sem
lesionar as estruturas ligamentares.
Imagem: Shutterstock.com
Diagrama em 3D mostrando a fratura no corpo vertebral e processo espinhoso
VOCÊ SABIA
A lesão também pode afetar as vértebras lombares e cervicais, como você pode observar nas
imagens a seguir:
Imagem: Shutterstock.com
Imagem: Shutterstock.com
Escoliose é o nome dado à curvatura lateral na coluna torácica. É mais comum o surgimento
em crianças entre 10 e 14 anos, do sexo feminino, e o agravo ao longo da vida, em razão de má
postura.
Na região torácica, a escoliose pode prejudicar a função respiratória, assim como prejudica a
marcha quando ocorre no segmento mais inferior, próximo da transição com a coluna lombar.
A escoliose geralmente é adquirida por maus hábitos de postura, como transportar bolsas ou
mochilas em um dos ombros ou ainda o uso excessivo de calçados com salto muito elevado.
A lesão é calculada pelos médicos com base no ângulo de Cobb, pelo qual a lesão é
classificada pelo maior grau do ângulo de curvatura.
Embora seja fácil identificar, tome como base o plano mediossagital (PMS) para medir a
curvatura. Veja as imagens a seguir:
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RADIOGRAFIA TORÁCICA
Imagem: Shutterstock.com
RADIOGRAFIA LOMBAR
RADIOGRAFIA TORACOLOMBAR
LESÕES LOMBARES
As lesões lombares, ao contrário das demais áreas da coluna vertebral, não são o principal alvo
de lesões traumáticas. Como estão no último estágio da coluna, juntamente com o sacro,
suportam a maior parte do peso corporal. Por isso, a maioria das patologias associadas à
coluna lombar está relacionada a lesões de longo prazo nas cartilagens: as osteocondroses.
Embora sejam vértebras maiores, mais robustas, os discos intervertebrais sofrem mais com o
peso e os problemas posturais. Vamos conhecer as principais lesões que acometem a lombar
nesta seção.
Imagem: Shutterstock.com
Diagrama dos estágios de uma osteocondrose (de cima para baixo).
A hérnia de núcleo pulposo (HNP), vulgarmente conhecida como hérnia de disco, é uma lesão
em que a parte interna do disco intervertebral (núcleo pulposo) sobressalta pela camada
fibrosa externa, pressionando a medula espinal e os nervos. O disco pode começar em um
processo de protrusão (deslizamento) e o estágio mais crítico ocorre com a extrusão
(rompimento da cartilagem e a deformação do núcleo pulposo), que hérnia (escorre) para a
parte interna do forame medular. Ocorre geralmente nos níveis da L4-L5, causando ciatalgia
(irritação do nervo ciático, na parte posterior da perna). Veja como funciona:
Imagem: Shutterstock.com.
No primeiro, núcleo pulposo e anel fibroso estão dentro dos limites do corpo vertebral e do
cordão espinal (medula).
Imagem: Shutterstock.com
Radiografias simples não demonstram tal condição, mas podem ser úteis para descartar outras
patologias como a espondilolistese, por exemplo. A mielografia já foi o método padrão para
visualizar hérnias discais. No entanto, as reações alérgicas aos meios de contraste e o avanço
tecnológico fizeram com que entrasse em desuso.
Na segunda imagem, veja uma mielografia lombar com protrusão posterior entre L4 e L5,
visualizada por meio da estenose da medula.
ATENÇÃO
Em Medicina, hérnia é qualquer deslizamento parcial ou total de um órgão por um orifício. Além
da hérnia de disco, um caso clínico comum é a hérnia inguinal, condição em que parte do
intestino delgado desliza para fora da parede muscular do abdome, próximo à virilha.
A espondilólise é um defeito na pars articularis, causado por trauma de alta energia em atletas
ou em adolescentes. Casos provocados por má formação genética são os menos comuns.
Com a abertura na pars, o corpo vertebral perde comunicação com os processos articulares e
com o processo transverso. Isso faz com o que o corpo vertebral fique desalinhado, se
comparado com os demais. O desalinhamento gera desgaste no disco intervertebral e provoca
pinçamento dos nervos das pernas, como o ciático por exemplo, gerando lombalgia e ciatalgia.
ATENÇÃO
É comum o uso do termo anterolistese, mesmo sendo de conhecimento que a maioria das
lesões ocorre com o deslizamento anterior do corpo vertebral.
Para facilitar o estudo, divida o corpo vertebral em 4 partes iguais. Agora, veja quantos desses
traços deslizaram da vértebra inferior:
Imagem: Chester J Donnally III, Annotated by Mikael Häggström, M.D. / Wikimedia commons /
4.0 International
Este corte sagital de ressonância magnética, ponderação T2, revela anterolistese de metade
(50%) do corpo vertebral de L5, o que caracteriza grau II.
Por último, observe que o deslocamento ocupa três daqueles traços. Portanto, a lesão é
classificada como grau III. Quando ocorre a luxação total, a lesão é diagnosticada como grau
IV.
Por fim, osteófitos são protuberâncias ósseas formadas nas bordas dos corpos vertebrais, em
reação ao atrito intervertebral e degeneração discal. Essa lesão é vulgarmente conhecida como
“bico de papagaio”, em razão da junção da borda superior de uma vértebra com a borda inferior
da vértebra acima. Nas radiografias, essas alterações nas bordas são vistas como traços
radiopacos e proeminentes.
Imagem: Nevit Dilmen, crop and annotation by Mikael Häggström, M.D. / Wikimedia Commons /
cc 3.0 unported
Na primeira imagem, as bordas são vistas entre L2-L3 e na região entre L4-L5.
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Na segunda imagem, é possível identificar a formação dos osteófitos nas bordas laterais das
vértebras L3 e L4, pois a imagem foi adquirida em projeção AP.
LESÕES SACROCOCCÍGEAS
A região sacral, por ser mais extensa, volumosa e plana, é comumente acometida por
patologias ósseas, tais como osteossarcomas, tumores benignos e doença de Paget, como
você já conheceu. No entanto, algumas lesões são bem específicas. Por isso, estudaremos as
lesões mais recorrentes: síndrome de Bertolotti e spina bífida.
A síndrome de Bertollotti é a fusão parcial ou total da vértebra L5 com o sacro. Por esse
motivo, a lesão também é conhecida como sacralização de L5. É frequentemente associada à
dor lombar e limitação do movimento, que pode vir acompanhada de alteração nervosa. Na
radiografia, essa lesão é vista como a fusão da vértebra L5 (geralmente os processos
transversos) por um defeito no desenvolvimento do sacro.
Pode ocorrer em vários graus de abertura, em qualquer uma das vértebras lombares, sendo
mais comum entre L4 e S1. A abertura posterior do canal medular pode acarretar outras
complicações, como meningocele (protrusão da meninge medular) e mielose (exposição da
medula sem cobertura meníngea), por exemplo.
Na primeira imagem, temos um caso de spina bífida em S1. Veja o vão radiotransparente em
destaque.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e II.
E) Apenas II e III.
2. MARQUE A OPÇÃO QUE MELHOR DEFINE PROTRUSÃO E EXTRUSÃO
DISCAL:
A) Extrusão ocorre apenas nos corpos vertebrais e a protrusão apenas no disco intervertebral.
C) Protrusão é um estágio mais avançado e a extrusão é a fase mais branda da hérnia de disco.
GABARITO
A fratura do escavador de argila ocorre nos processos espinhosos entre C5 e T1, enquanto a
fratura de Jefferson acomete a vértebra C1.
A protrusão é uma reação inicial da pressão excessiva produzida entre duas vértebras. Com
isso, o disco tende a deslizar para fora do espaço intervertebral. Em estágios mais graves, o
núcleo pulposo se rompe e o conteúdo extravasa da cápsula fibrosa do disco, escapando
também do espaço intervertebral.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo da anatomia radiológica do esqueleto axial é de suma importância para monitorar o
padrão da qualidade dos exames radiográficos e para auxiliar na interpretação dos achados.
Dessa forma, o profissional se torna apto a diferenciar os achados, considerando a
possibilidade de falha humana e de representarem algum tipo de patologia, de fato. O estudo
continuado de anatomia radiológica melhora a acuidade visual do profissional e agiliza a
liberação dos exames.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BONTRAGER, K. L.; LAMPIGNANO, J. Tratado de posicionamento radiográfico e anatomia
associada. 8.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
GREENSPAN, A.; BELTRAN, J. Radiologia ortopédica: uma abordagem prática. 6.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
SZEJNFELD, J.; ABDALA, N.; AJZEN, S. Diagnóstico por imagem. 2.ed. Barueri: Manole, 2016.
EXPLORE+
Para aprofundar os conteúdos adquiridos neste tema, pesquise:
Radiopaedia: uma enciclopédia médica com vasto material sobre Radiologia, Anatomia e
Patologia. Além disso, você encontrará muitos casos clínicos para estudar.
Anatomia Papel e Caneta: um site educativo, bem humorado, que trata sobre anatomia
humana. Tem conteúdos sobre imaginologia, história da anatomia e um canal no YouTube
com vídeos educativos.
3D Bones and Organs: um app 100% gratuito, com um modelo 3D para estudo do corpo
humano. Várias ferramentas e opções de visualização.
CONTEUDISTA
Raphael de Oliveira Santos
CURRÍCULO LATTES