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DESCRIÇÃO

Estudo da anatomia topográfica dos ossos da cabeça e da coluna para interpretação de


imagens radiográficas e comparação a fim de identificar alterações e aspectos patológicos.

PROPÓSITO
Compreender a anatomia com base na análise radiográfica, identificando alterações e achados
de suspeita patológica.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar, procure livros ou manuais de Anatomia Humana, nas bibliotecas virtuais de
sua universidade, para revisar os conceitos gerais e melhorar sua compreensão do conteúdo.
OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever a anatomia observada nas radiografias de crânio e face e achados relevantes para a
investigação de doenças

MÓDULO 2

Listar as estruturas anatômicas de interesse apresentadas nas radiografias de coluna, seus


aspectos normais e sinais típicos de processos patológicos

INTRODUÇÃO
A cabeça e a coluna são estruturas altamente complexas e as mais críticas em serviços de
emergência. Acidentes de trânsito, acidentes domésticos, brigas e projéteis de arma de fogo
são alguns dos motivos de admissão de pacientes no hospital. Neste tema, você irá conhecer
os exames radiográficos para a avaliação óssea da cabeça e da coluna. Serão apresentadas as
rotinas básicas mais recorrentes em serviços de emergência e ortopedia. Você aprenderá a
reconhecer estruturas anatômicas importantes em radiografias com aspecto normal e
identificar padrões típicos nas patologias mais recorrentes. Ao final, esperamos que você, além
de diferenciar radiografias normais de imagens patológicas, seja capaz de avaliar se os traços
suspeitos são derivados de falha operacional nos equipamentos ou imperícia. Bons estudos!

MÓDULO 1
 Descrever a anatomia observada nas radiografias de crânio e face e achados relevantes
para a investigação de doenças

ANATOMIA DOS OSSOS DA CABEÇA


O estudo radiográfico dos ossos da cabeça é didaticamente dividido em duas partes:

CRÂNIO NEURAL


CRÂNIO VISCERAL

MAS O QUE SERIA ISSO?

Como é visto em anatomia humana, a cabeça é composta de 22 ossos. O crânio neural ou


neurocrânio, formado por 8 ossos, é a região onde fica alojado o encéfalo (cérebro, cerebelo e
tronco encefálico). O crânio visceral ou viscerocrânio é a região onde ficam localizadas as
vísceras da face, sendo composto de 14 ossos. Você vai perceber que a maioria dos ossos da
cabeça é par, o que facilita a memorização e a identificação na radiografia. Na imagem, a
região marcada em vermelho representa o neurocrânio e a região em azul, o viscerocrânio.

Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
Alike 2.1 Japan.
 Divisão anatômica dos ossos da cabeça.

ESTUDO RADIOGRÁFICO DO CRÂNIO NEURAL


O crânio neural é composto de 8 ossos: 1 frontal, 2 parietais, 2 temporais, 1 occipital, 1
esfenoide e 1 etmoide.

Sua principal função é dar suporte e proteger a estrutura encefálica e, em razão disso, o crânio
neural é dividido em calota craniana e base.

A calota craniana tem a função de proteger, sendo composta pelo frontal (anterior), parietais
(látero-superiores) e occipital (póstero-inferior).

Da mesma forma, a base tem a função de suporte, servindo como um assoalho para acomodar
o encéfalo, composta de temporais (látero-inferiores), esfenoide (médio-inferior) e etmoide
(médio-anterior).

O occipital também tem função de suporte, pois aloja o cerebelo, a ponte, o bulbo e a saída
medular por uma estrutura chamada forame magno.

Veja, na imagem, os ossos cranianos pela legenda de cores:


Frontal (amarelo)

Parietais (azul)

Temporais (laranja)

Occipital (verde)

Esfenoide (rosa)

Etmoide (vermelho)

Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
Alike 2.1 Japan
 Modelagem 3D com os ossos do neurocrânio.

São quatro projeções básicas para a avaliação radiográfica do crânio:

AP AXIAL

(Método de Towne)
PA 0º

PA AXIAL

(Método de Caldwell)

LATERAL

VAMOS CONHECÊ-LAS?

No método de Towne, o crânio é visualizado a uma inclinação de 30 a 37°. Isso possibilita


visualizar o osso occipital (que é mais inferior), o dorso da sela turca (acidente anatômico do
esfenoide) projetado dentro do forame magno e a região petrosa formada pelo esfenoide (asas
maior e menor) e pelo etmoide (mastoides e pirâmide petrosa). Também são vistos os ossos
frontal e parietais, assim como as suturas coronal, sagital e lambdoide. A primeira imagem foi
adquirida com 30 graus e a segunda, com 37 graus. Veja a diferença:

Imagem: Hellerhoff/ Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

Radiografia axial do crânio (método de Towne), com 30° de angulação.

Imagem: Shutterstock.com
Radiografia axial do crânio (método de Towne), com 37° de angulação.

Na projeção posteroanterior zero grau (PA 0°), o crânio é visualizado de frente. Quando o
exame é realizado sem angulação, o osso frontal é visualizado por inteiro, a asa maior do
esfenoide é vista sobre a margem superior das órbitas e a pirâmide petrosa preenche
totalmente a região interna das órbitas, deixando-a totalmente radiopaca. Os mastoides são
visualizados em radiotransparência. Nesse exame, a cabeça está inclinada com a linha do olhar
paralela ao chão e perpendicular ao receptor de imagem.

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA DO CRÂNIO

Projeção em PA 0° de angulação.

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA DO CRÂNIO

Projeção em PA com pequena variação de angulação.

Na projeção posteroanterior com 15 graus (PA 15°), a grande diferença está na pirâmide
petrosa, que é localizada apenas no terço inferior da órbita, enquanto a asa maior do esfenoide
fica posicionada no terço superior da órbita. O osso frontal e a sutura lambdoide aparecem em
sobreposição. Esta incidência é mais utilizada para exame de seios da face. Este exame é
conhecido como método de Caldwell, também em radiografias para avaliação dos seios de
face.

Imagem: Shutterstock.com
 Radiografia do crânio, projeção em PA (método de Caldwell), com 15° de angulação.

A projeção lateral do crânio, por sua vez, mostra praticamente todos os ossos do crânio neural,
com destaque para as cavidades sinusais e as estruturas anatômicas da sela turca (dorso,
processos clinoides anterior e posterior). Nesta incidência, a pirâmide petrosa fica entre o
esfenoide e as células mastoides. Como em todo exame lateral, o objetivo é avaliar a
profundidade da lesão, principalmente nos ossos parietais, temporais e occipital.

Imagem: Shutterstock.com
 Radiografia do crânio, projeção lateral, sem angulação.

CRÂNIO NEURAL E SELA TURCA

O esfenoide é um dos principais ossos da base do crânio, juntamente com os ossos temporais.
Uma de suas estruturas importantes é a sela turca, responsável por alojar e proteger a hipófise
ou glândula pituitária: uma das mais importantes glândulas do corpo humano. O nome de “sela
turca” foi atribuído em razão de seu formato selar: a hipófise se encaixa em uma pequena
fossa (dorso da sela), com elevações ósseas anteriores e posteriores (processos clinoides).
Abaixo da sela turca fica localizado o seio esfenoidal, que estudaremos nas próximas seções.

Osso esfenoide, em animação 3D transparente do crânio. Imagem: © The Database Center for
Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share Alike 2.1 Japan

Na primeira imagem, veja a posição anatômica do osso esfenoide dentro da caixa craniana
ocupando todo o assoalho do andar superior do crânio.

Osso esfenoide, em animação 3D transparente destacada. Imagem: © The Database Center for
Life Science / Wikimedia Commons / Attribution-Share Alike 2.1 Japan.
Na segunda animação, você observa os acidentes anatômicos mais importantes do esfenoide:
sela turca, asa maior e asa menor.

Abaixo, observe a semelhança com uma sela árabe de montaria. Na radiografia lateral do
crânio, é possível ver com nitidez sela turca e asa maior (linha mais radiopaca, em direção à
borda superior da órbita). A asa menor aparece muito sobreposta em vista lateral.

Imagem: Shutterstock.com

Fotografia de uma sela de montaria

Imagem: Tomáš Vendiš / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

Radiografia do crânio, projeção lateral, mostrando a sela turca

PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO CRÂNIO NEURAL

Para entender a natureza e o aspecto radiográfico de uma patologia, precisamos relembrar a


função da caixa craniana. Retomando o que falamos no início do módulo, o crânio tem função
de suporte e proteção do encéfalo. Por isso, sua estrutura é formada por ossos robustos,
espessos e formam uma calota na parte superior. Ao fazer um corte transversal na borda desta
calota craniana, percebemos uma estrutura formada por osso compacto e por osso esponjoso,
denominada díploe. Sua função é tentar amortecer qualquer impacto físico externo e auxiliar na
fixação da pele e do couro cabeludo.  Por serem espessos e compactos, os ossos cranianos
terão aspecto radiopaco, alternando em tons de cinza conforme a maior ou menor espessura
ou densidade. Nesta seção, estudaremos alguns tipos de fraturas cranianas mais comuns e
lesões decorrentes de alteração na biologia óssea, como tumores ósseos e Doença de Paget,
também comum em ossos longos. Vamos começar?

Fraturas cranianas podem ser apresentadas de forma linear, basilar, em formato de depressão
ou por afundamento. Fraturas lineares, como o próprio nome sugere, ocorrem em linhas retas,
geralmente no frontal ou nos parietais. No caso a seguir, observe o traço de fratura, que surge
da região posterosuperior do osso parietal e bifurca para os ossos temporal e occipital.

A primeira radiografia a seguir (Towne) apresenta uma fratura linear entre os ossos parietais
(na sutura sagital), irradiando para o osso frontal. A segunda (PA 0°) e terceira (lateral) imagens
são do mesmo paciente (infantil). Na projeção frontal, a fratura linear aparenta ser no osso
parietal ou no temporal esquerdo. Já na projeção lateral, vemos que a fratura está localizada
também no occipital. Na quarta imagem (PA 15°), a fratura está localizada no frontal, na borda
esquerda.

Imagem: Doc. MUDr. Jan Šprindrich CSc. / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA AXIAL DO CRÂNIO (TOWNE)

Evidenciando fratura linear.


Imagem: Nevit Dilmen Wikimedia / CC 3.0 unported, CC 2.5 generic, CC 2.0 e 1.0 generic

RADIOGRAFIA PEDIÁTRICA

Projeção PA 0°, mostrando fratura linear.

Imagen: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported, CC 2.5 generic, CC 2.0 e 1.0
generic

RADIOGRAFIA PEDIÁTRICA

Projeção lateral, mostrando extensão da fratura.

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA PEDIÁTRICA

Projeção PA 15° (Caldwell), mostrando fratura linear.

Fraturas por afundamento ou depressão ocorrem em traumas de alta energia (uma pancada,
por exemplo) e a superfície óssea se rompe com o fragmento ósseo ficando interno à caixa
craniana, dependendo da intensidade do impacto. Traumas de alto impacto podem afundar a
díploe, sem rompê-la também. Veja as imagens a seguir:

Imagem: National Institute of Health / Wikimedia / Domínio Público.

RADIOGRAFIA LATERAL DO CRÂNIO, MOSTRANDO


FRATURA POR AFUNDAMENTO DA CALOTA CRANIANA.

Veja na imagem uma radiografia pediátrica com afundamento sem rompimento da díploe.
Observe o hematoma (zona escura) formado acima da lesão.

Imagem: Shutterstock.com.

RADIOGRAFIA LATERAL DO CRÂNIO, MOSTRANDO


AFUNDAMENTO NO OCCIPITAL

Agora, temos duas lesões: na parte superior, entre o frontal e o parietal, e outra lesão na altura
do occipital. Veja o desnível entre as bordas ósseas no occipital, o que também caracteriza
afundamento.

Imagem: Shutterstock.com

CORTE AXIAL DE TC, EVIDENCIANDO AFUNDAMENTO NA


BORDA TEMPOROPARIETAL ESQUERDA.

Por último, repare no segmento inteiro da calota deprimido, entre parietal e temporal, no lado
esquerdo do paciente. Em imagens tomográficas de estruturas bilaterais, você pode comparar
com o outro lado, considerando que as bordas são semelhantes.

Fraturas basilares do crânio ocorrem nos ossos temporais e no esfenoide. Esse tipo de fratura
dificilmente é visto em radiografia, devido à irregularidade da estrutura e da alta sobreposição
gerada. Dessa forma, esse tipo de fratura requer cortes de TC para melhor visualização. No
entanto, esse tipo de fratura deixa o paciente com os olhos roxos, sinal físico que pode auxiliar
no diagnóstico. Como a fratura ocorre na base do crânio, é comum causar lesão interna,
edemas ou hematomas intracranianos. A fratura causa a ruptura de uma das meninges,
extravasando fluido para a cavidade ocular, formando uma equimose (roxo) periorbital. O nome
“olhos de guaxinim” é dado em razão da semelhança com o fundo escuro dos olhos deste
animal. Veja:

Foto: Shutterstock.com

Anamnese física de equimose periorbital (olhos de guaxinim)

Foto: Darkone / Wikimedia Commons / CC 2.5 generic

Fotografia de um guaxinim, para comparativo com a anamnese física

Na imagem tomográfica, a lesão ocorreu em dois locais: no osso temporal esquerdo (à direita
da imagem), próximo ao canal auditivo e próximo ao seio esfenoidal, no mesmo lado.

Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC 4.0 international


 Corte tomográfico da base do crânio, na altura do seio esfenoidal.

PAF ou projéteis de armas de fogo são facilmente visualizados. As munições são feitas de
chumbo e, por isso, os artefatos aparecem radiopacos na imagem. A posição e a profundidade
do projétil são sempre dadas com incidências de frente (AP ou PA) e lateral. A aparência dos
fragmentos na imagem depende do calibre da arma. Disparos com armas de pequeno calibre
(pistolas, por exemplo) liberam fragmentos grandes e raramente liberam estilhaços. Armas de
grosso calibre (espingardas, por exemplo) liberam vários fragmentos circunscritos e
radiopacos por toda região. Neste caso, quanto maior a distância, mais espalhados serão os
fragmentos.

Na imagem ao lado, temos um PAF com fragmento único. Perceba que, na projeção lateral,
conseguimos apenas dimensionar a profundidade, mas não temos como saber se o projétil
está à esquerda ou à direita. Por isso, a necessidade de 2 projeções no mínimo.

Imagem: Shutterstock.com
 Radiografia lateral do crânio, com fragmento radiopaco no meio do crânio.

Já nas imagens abaixo, temos um PAF com múltiplos fragmentos. Nesse caso clínico, é
possível determinar a posição real dos fragmentos à esquerda do paciente por terem sido
realizadas as duas imagens (frente e lateral).

Imagem: Shutterstock.com
Radiografia do crânio em PA do mesmo paciente.

Imagem: Shutterstock.com

Radiografia lateral do crânio, com múltiplos fragmentos.

Hematomas intracranianos são coleções de sangue extravascular, causadas por trauma no


crânio. Essas lesões são visualizadas como grandes massas hipodensas (pela baixa
viscosidade do sangue) ou isodensas (quando o aglomerado de sangue coagula, tornando-se
mais denso que o normal, similar ao tecido lesionado). Quando esses hematomas não se
apresentam como grandes bolhas, e sim como finas camadas de sangue dentro das meninges,
a visualização é possível apenas por cortes axiais de TC/RM. Hematomas geralmente são
epidurais, subdurais ou extradurais. Porém, a diferença entre eles só é vista nos cortes axiais.

Imagem: Shutterstock.com

RADIOGRAFIA LATERAL DO CRÂNIO, COM ZONA


HIPODENSA NA REGIÃO FRONTAL.

Na primeira imagem, a radiografia lateral do crânio revela uma área mais hipodensa (escura) na
região frontal, próximo ao local da lesão física.

Imagem: Shutterstock.com

RADIOGRAFIA LATERAL DO CRÂNIO, COM ZONA


HIPODENSA NA REGIÃO OCCIPITAL

Na segunda imagem, o mesmo padrão hipodenso é visto mais circunscrito na porção posterior,
próximo ao occipital (veja o padrão ultrapassando a borda da díploe).

Imagem: Shutterstock.com

CORTE DE TC DO CRÂNIO, EVIDENCIANDO A REGIÃO


ENCEFÁLICA E O HEMATOMA HIPERDENSO.

A terceira e quarta imagens são cortes tomográficos. Embora não seja o objetivo deste
material estudar cortes de TC, perceba a coleção de líquido na região temporal esquerda do
paciente e no lado direito, comprimindo a massa encefálica.

Imagem: Shutterstock.com

CORTE DE TC DO CRÂNIO, EVIDENCIANDO A REGIÃO


ENCEFÁLICA E O HEMATOMA SUBDURAL HIPODENSO.

Na quarta imagem, o corte tomográfico revela concentrado hipodenso, o que caracteriza


coleção hemorrágica típica em hematomas subdurais.

Tumores podem se desenvolver na estrutura óssea da caixa craniana ou no encéfalo, mas, em


ambos os casos, produzem alterações sutis na radiografia do crânio. O aspecto da lesão
depende do tipo de tumor diagnosticado. As células tumorais podem produzir áreas císticas
(cavidades escuras), zonas de tecido necrosado ou grandes aglomerados de tecidos densos,
osteoides ou calcificações.

Imagem: Medicalpal / Wikimedia Commons / CC 4.0 International

RADIOGRAFIA LATERAL DO CRÂNIO, COM LESÕES


OSTEOLÍTICAS BEM DEFINIDAS.

Observe o padrão de lesões transparentes, circunscritas e de grandes proporções, típico em


tumores osteolíticos (osteoclastoma, por exemplo).

Imagem: Shutterstock.com

RADIOGRAFIA LATERAL DO CRÂNIO, COM LESÕES


OSTEOLÍTICAS SOLITÁRIAS NA REGIÃO PARIETAL.

O mesmo padrão pode ser visto nessa imagem, em menor quantidade, mais perto ao parietal.

Mielomas múltiplos são tumores malignos que se caracterizam pela desordem na produção
monoclonal de células plasmáticas, produzindo várias lesões circunscritas, osteolíticas e de
forma proliferada e difusa na estrutura cortical e trabecular óssea.

 VOCÊ SABIA

As lesões são apresentadas como aspecto em “saca-bocado”, uma vez que o tecido ósseo
parece ter sido perfurado várias vezes por esse instrumento vazador, de perfurar couro (cintos,
bolsas etc.).
Na primeira imagem, note que a maioria das lesões tem o mesmo tamanho e está próxima. A
segunda imagem apresenta um corte de TC, evidenciando lesões osteolíticas também dentro
da estrutura cortical. A terceira e quarta imagens mostram lesões tumorais em um tamanho
mais reduzido. Nesses casos, a lesão é associada a um sinal radiográfico denominado sinal de
gota de chuva ou sinal de sal e pimenta.  

Imagem: Shutterstock.com

RADIOGRAFIA LATERAL DO CRÂNIO

Apresentando mielomas múltiplos.


Imagem: Shutterstock.com

CORTE DE TC DO CRÂNIO

Evidenciando lesões múltiplas na calota craniana.

Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC 4.0 international


ASPECTO RADIOGRÁFICO EM GOTAS DE CHUVA

(Mieloma múltiplo).

Imagem: Shutterstock.com

ASPECTO RADIOGRÁFICO DE SAL E PIMENTA

(Mieloma múltiplo).

SINAL DE GOTA DE CHUVA

Está relacionado ao aspecto “respingado”, como gotas de chuva na janela.


Está associado ao aspecto “salpicado” da lesão, como se tivesse espalhado sal ou
pimenta sobre o crânio.

A imagem a seguir mostra as mesmas lesões espalhadas pelos ossos do antebraço. Vale frisar
que mielomas múltiplos são tumores oriundos de células da medula óssea. Portanto, têm
origem em ossos longos e se espalham para outros ossos com maiores proporções, como os
ossos do crânio, por exemplo.

Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported



Mielomas múltiplos presentes nos ossos do antebraço e úmero distal

Os tumores podem ser secundários a doenças crônicas, de natureza endócrina ou metabólica,


como é o caso da Doença de Paget. Neste caso, ocorre a produção descontrolada de matriz
óssea nova sobre tecido ósseo velho em razão do desequilíbrio metabólico na atividade de
osteoblastos e osteoclastos. Cada fase da doença se apresenta com um aspecto radiográfico
diferente:

FASE QUENTE
Na fase quente (osteolítica), o aspecto radiotransparente predomina no córtex ósseo em razão
da reabsorção descontrolada.

FASE INTERMEDIÁRIA
Na fase intermediária, temos a neoformação óssea, o que confere à radiografia um aspecto
opaco e difuso em razão do espessamento causado pela remodelação óssea excessiva. As
bordas ósseas ficam mais grosseiras, com contornos mal definidos e pouco nítidos. É nesta
fase que encontramos o sinal de “algodão-doce”, pois a região periosteal grosseira se
assemelha a chumaços de algodão ou a um algodão-doce no palito.
FASE FRIA
Por fim, na fase fria (esclerótica), temos o alargamento do osso pelo excesso de matriz. Nesta
fase, temos a radiopacidade aumentada, juntamente com deformação do aspecto normal do
osso.

A primeira imagem mostra um processo inicial da doença de Paget (fase quente), caracterizada
pelas áreas grandes, osteolíticas e bem demarcadas. Nesta fase, Paget pode se assemelhar a
qualquer outra lesão tumoral osteolítica, como um osteoclastoma, por exemplo.

Imagem: Greenspan; Beldran (2017, p. 944)


 Aspecto radiográfico da “fase quente” da lesão.

A fase intermediária, vista na segunda imagem, é caracterizada pelo aumento grosseiro da


osteogênese. O sinal de “algodão-doce” mostra um tecido ósseo altamente radiopaco e as
bordas ósseas da calota craniana altamente difusas, como um novelo de algodão.

Imagem: Greenspan; Beldran (2017, p. 947)


 Fase intermediaria da lesão e o sinal de algodão-doce.

Na terceira imagem, a fase fria é evidente pelo aumento excessivo da radiopacidade, provocado
pela remodelação óssea descontrolada. Nessa imagem, algumas zonas ficam altamente
opacas, enquanto outras aparecem mais transparentes. Embora seja mais evidente em ossos
longos, é possível ocorrer deformação óssea na base do crânio e nos ossos da calota.

Imagem: Greenspan; Beldran (2017, p.949)


 Aspecto radiográfico da fase fria da lesão.

ANATOMIA RADIOGRÁFICA DO CRÂNIO


VISCERAL
O crânio visceral ou viscerocrânio é a estrutura óssea responsável por alojar e proteger as
vísceras da face. Todos os ossos do frontal para baixo fazem parte da estrutura facial. Ao total,
são 14 ossos e apenas 2 deles são únicos: mandíbula (queixo e arcada dentária inferior) e
vômer (parte do septo nasal). Além desses, temos 2 nasais, 2 lacrimais, 2 conchas nasais, 2
maxilares, 2 zigomáticos e 2 palatinos.

Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
Alike 2.1 Japan.
 Modelagem 3D com os ossos da face em destaque.

Deixaremos um roteiro didático para a identificação dos ossos faciais, considerando sua
posição anatômica e quantidade de ossos. Comece a avaliação pela região medial da face,
passando pela parte lateral, interna e finalizando na região inferior. Sendo assim, considere
localizar primeiro os ossos:
Nasais (rosa)

Lacrimais (azul-claro)

As conchas nasais (verde-claro)

Maxilares (amarelo)

Zigomáticos (verde-escuro)

E os palatinos (vermelho) internamente, encerrando os ossos pares.

Por fim, o vômer (azul-escuro) e a mandíbula (roxo) encerram os 14 ossos faciais.

Veja os ossos faciais em diferentes vistas, para treinar sua acuidade visual:

Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
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OSSOS FACIAIS, EM VISTA ANTERIOR


Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
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OSSOS FACIAIS, EM VISTA LATERAL

Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
Alike 2.1 Japan.
OSSOS FACIAIS, EM VISTA POSTERIOR

Imagem: © The Database Center for Life Science / Wikimedia Commons / CC Attribution-Share
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OSSOS FACIAIS, EM VISTA INFERIOR

As projeções radiográficas padrão para avaliar os ossos faciais são: posteroanterior (PA) e
lateral. Entretanto, dependendo do osso a ser estudado, podem ser requeridos exames
específicos. Mesmo assim, a rotina básica evidencia fraturas, processos neoplásicos ou
infecciosos, como ocorre com mais frequência nos seios paranasais, que estudaremos na
próxima seção. Na imagem ao lado, observe a fratura no colo do côndilo mandibular direito.

Imagem: Hellerhoff / Wikimedia / CC 4.0 International


 Radiografia axial da mandíbula.

ANATOMIA RADIOGRÁFICA DOS SEIOS


PARANASAIS
Seios paranasais são cavidades ocas dentro de alguns ossos da cabeça. Os seios maxilares
são os únicos localizados na face (seios frontal, esfenoidal e etmoidal estão localizados no
crânio). De todos, seios frontais e maxilares são mais superficiais, ficando apenas uma fina
camada óssea sobre a cavidade. O seio esfenoide é mais interno, localizado abaixo da sela
turca. O seio etmoidal é dividido em várias cavidades aglomeradas: as células etmoidais.
Anatomicamente, os seios frontais e maxilares aparecem sem sobreposição. Por sua vez, seios
etmoidais e esfenoidal aparecem sobrepostos, sendo o seio etmoidal anterior ao esfenoidal.
Revise estas informações no diagrama a seguir:

Imagem: Patrick J. Lynch, medical illustrator derivative work: M•Komorniczak -talk / Wikimedia
Commons / CC 2.5 generic

Posição anatômica dos seios paranasais.

 ATENÇÃO

Os ossos que contêm cavidades internas são chamados de ossos pneumáticos. Essas
cavidades ajudam a reduzir o peso da cabeça, a manter o equilíbrio dela e a circulação de ar e
fluidos nas vias nasais. Além dos humanos, as aves voadoras também são dotadas de ossos
pneumáticos para reduzir o peso corporal, o que facilita o voo.

Todas essas cavidades sinusais se intercomunicam por um sistema de escoamento chamado


de complexo ostiomeatal, que drena o muco produzido de todas as cavidades sinusais para os
orifícios nasais. Esse complexo, juntamente com a estrutura anatômica do nariz, produz 3
efeitos importantes:

LIMPEZA DO AR

Por meio dos pelos internos das narinas.


UMIDIFICAÇÃO DO AR

Por meio do muco nasal.

AQUECIMENTO DO AR

Com o turbilhonamento provocado pela passagem do ar externo pela estrutura interna do


complexo ostiomeatal.

Assim, o ar está em condições biológicas ideais para prosseguir pelas vias aéreas até os
pulmões. O formato do complexo ostiomeatal é como se observa neste corte coronal de TC
dos ossos faciais. Veja:

Imagem: Mikael Häggström, M.D./ Wikimedia Commons / CC.4.0 International



Corte de TC, em projeção coronal, mostrando o complexo ostiomeatal.

 ATENÇÃO

Os seios paranasais ainda não estão desenvolvidos até os 6 anos de idade. Logo, em exames
pediátricos, não é possível observá-los em todos os pacientes. Isso é importante para não
confundir a ausência da cavidade com doenças que envolvem inflamação da mucosa.
Nas radiografias para avaliação dos seios paranasais, as cavidades são vistas com dificuldade
devido à sobreposição de estruturas dos ossos do crânio. Como se trata de cavidades aéreas,
espera-se que a imagem dos seios paranasais esteja radiotransparente, com bordas nítidas.
Tonalidades mais claras (velamento) ou com perda de nitidez podem sugerir alteração do
líquido sinusal. O exame é realizado com 3 projeções básicas:

Fronto-nasal (método de Caldwell)

Lateral

Mento-nasal(método de Waters)

MENTO-NASAL

É um exame específico para avaliar os seios etmoidais sem sobreposição com o seio
esfenoidal por meio da angulação da cabeça.

Imagem: Saurabh Patil / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported


POSIÇÃO DA FACE E DO FEIXE DE RAIOS X NO MÉTODO
DE CALDWELL

Imagem: Dr Matt A. Morgan, Radiopaedia.org, rID: 35611 / Wikimedia Commons / CC 3.0


unported

POSIÇÃO ALTERNATIVA PARA EXECUÇÃO DO MÉTODO DE


CALDWELL

Imagem: Saurabh Patil / Wikimedia commons / CC 3.0 unported

POSIÇÃO DA FACE E DO FEIXE DE RAIOS X NO MÉTODO


DE WATERS

Nas duas primeiras imagens, temos duas formas de posicionar o paciente no método de
Caldwell.

Na primeira forma, a cabeça está em posição natural, em linha horizontal alemã, com o feixe de
raios X perpendicular ao receptor de imagem.

A segunda forma é colocar a cabeça do paciente em linha horizontal americana e o feixe de


raios angulado em 15° caudais (para baixo).

A terceira imagem apresenta uma vista angulada no método de Waters, pela qual visualizamos
a profundidade do seio frontal e dos maxilares, inclinando o queixo em direção ao receptor.

 DICA
As linhas de posicionamento do crânio ajudam a colocar a inclinação necessária para cada
radiografia. O nome técnico das linhas tem o meato acústico externo (orifício auditivo) como
ponto de origem e vários pontos do rosto como pontos de destino. Por exemplo, a linha
órbitomeatal (LOM) parte do meato e perpassa pela região central da órbita. A linha infra-
órbitomeatal (LIOM) também parte do meato, mas perpassa a base da órbita. No jargão
técnico, LOM é conhecida como linha horizontal americana e LIOM, como linha horizontal
alemã.

VAMOS ANALISAR AS RADIOGRAFIAS A SEGUIR?

Na projeção fronto-nasal (Caldwell), seios frontal e maxilares são vistos perfeitamente. O seio
esfenoidal fica encoberto pelas células etmoidais, que não são bem visualizadas em razão da
sobreposição. Nesta projeção, a pirâmide petrosa deve ficar posicionada no terço inferior das
órbitas para não obstruir a visualização das células etmoidais. O seio frontal é visto de frente e
a crista etmoidal geralmente parece dividi-lo. Pode apresentar um ou dois ramos e costuma ser
maior em homens. Os seios maxilares aparecem laterais à abertura piriforme. Na segunda
imagem, observe que o paciente pediátrico ainda não tem seio frontal desenvolvido. Veja o
tamanho da mandíbula desproporcional ao tamanho da caixa craniana, fator típico em
crianças.

Imagem: Shutterstock.com

RADIOGRAFIA PARA SEIOS DE FACE, PROJEÇÃO EM PA, MÉTODO DE


CALDWELL

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported


RADIOGRAFIA PARA SEIOS DE FACE, PROJEÇÃO EM PA, MÉTODO DE
CALDWELL, PACIENTE INFANTIL

Na projeção mento-nasal (Waters), é possível avaliar a profundidade dos seios frontal e


maxilares em razão da vista axial produzida. Outra vantagem deste exame é a possibilidade de
avaliar os seios etmoide e esfenoide sem sobreposição. Neste caso, as células etmoidais
aparecem exatamente dentro da cavidade nasal e o seio esfenoidal aparece abaixo dela. Para
visualizá-lo, é preciso realizar uma variação do exame, solicitando que o paciente mantenha a
boca aberta. Isso é feito para que a mandíbula não se sobreponha ao seio esfenoidal. Veja:

Imagem: Shutterstock.com

Radiografia para seios de face, projeção em PA, método de Waters, posição clássica.

Imagem: Shutterstock.com

Radiografia para seios de face, projeção em PA, método de Waters, variação com a boca
aberta.

Nesta terceira radiografia, projeção lateral, todas as cavidades sinusais são vistas
perfeitamente. Apenas o seio maxilar direito aparece sobreposto ao esquerdo, por ficarem
anatomicamente justapostos. Vale lembrar que as cavidades são visualizadas em sua
profundidade, pois esta é a principal aplicação das incidências laterais. O seio esfenoide
aparece posterior às células etmoidais e o seio frontal (cavidade bem rasa) é visto
superiormente às células etmoidais. Os seios maxilares são os mais profundos, fazendo limite
com a cavidade faríngea.

Imagem: Mnolf / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported


 Radiografia para seios de face, projeção lateral e colimação fechada nos ossos faciais.

PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO
VISCEROCRÂNIO
Os ossos faciais são bem laminares, irregulares, finos e, portanto, facilmente sujeitos a
fraturas. Ossos nasais, zigomáticos, maxilares e mandíbula são os mais acometidos,
geralmente fraturados por pancadas no rosto, muito comuns em artes marciais, esportes
radicais, acidentes de trânsito ou em brigas de rua. Vamos ver alguns exemplos a seguir?

Nas radiografias da mandíbula a seguir:


Imagem: Shutterstock.com

Radiografia da face, método de Caldwell, com lesão mandibular.

Identifique a fratura completa no ramo esquerdo.

Imagem: Shutterstock.com

Radiografia axial de mandíbula, evidenciando lesão no ramo direito

Observe que a lesão foi mais discreta, no ramo direito.


Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia commons / CC 3.0 unported

Radiografia lateral da mandíbula, evidenciando a extensão da lesão.

Perceba que a projeção em perfil nos dá uma dimensão do local exato em que ocorreu a
descontinuidade, próximo à raiz do último dente da arcada inferior até a porção inferior.

Nas fraturas dos ossos nasais é evidente o descolamento da sutura que os une ou o
rompimento de uma das bordas. Radiografias em perfil evidenciam esta fratura pelo
desalinhamento dos ossos ou pela visualização dos fragmentos. Observe:

Imagem: 05F2uIhfx0Rv / Wikimedia Commons / CC 4.0 International

RADIOGRAFIA LATERAL PARA OSSOS NASAIS.

Na primeira imagem, veja que existe a fratura (linha transparente perpassando o osso), sem
desalinhamento.

Imagem: Nevit Dilmen derivative work: Nevit / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA LATERAL PARA OSSOS NASAIS, MOSTRANDO O


DESALINHAMENTO DAS BORDAS.

Na segunda imagem, temos uma fratura com desalinhamento do segmento mais inferior.

 ATENÇÃO

O osso nasal não é somente a linha mais radiopaca que aparece na imagem. Reveja a
modelagem 3D da seção sobre anatomia facial e perceba que o osso nasal é muito maior. A
região mais radiopaca é somente a junção das duas bordas, dos dois ossos.

Os ossos zigomáticos têm uma contribuição significativa na conformação do aspecto facial de


cada indivíduo. Conhecidos como as “maçãs” do rosto, os ossos zigomáticos também são
formados por uma lâmina que se conecta ao osso temporal, denominada arco zigomático. A
maioria das fraturas no rosto ocorre lá, principalmente em atletas de artes marciais, em razão
dos variados golpes no rosto. Esteticamente, uma fratura no arco zigomático produz um
afundamento na lateral do rosto, pois os músculos ficam inseridos neste arco e o osso maxilar
é mais recuado.
Na primeira radiografia, observe a fratura completa no osso zigomático esquerdo, próximo ao
arco. Perceba também o seio maxilar esquerdo em velamento, o que caracteriza quadro de
sinusite traumática em decorrência do impacto físico.

Imagem: Shutterstock.com
 Radiografia da face, método de Waters, mostrando fratura no zigomático esquerdo.

Já na segunda imagem, projeção de Hirtz, podemos identificar uma fratura na porção central
do arco zigomático, que acabou acarretando fraturas nas extremidades. Somente nesta
projeção podemos ver o arco zigomático completo.

Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported


 Radiografia da face, método de Hirtz, mostrando fratura no arco zigomático esquerdo.

O método de Hirtz, também conhecido como incidência submentovértice, é realizado com uma
hiperextensão da cabeça, de forma que o topo da cabeça fique apoiado no receptor e o feixe de
raios entre no meio da parte inferior do queixo. Assim, a imagem radiográfica evidencia uma
vista inferior dos ossos cranianos e faciais.

SINUSITE
É um processo inflamatório da mucosa paranasal, provocado por infecção bacteriana ou
fúngica. Nesses casos, o muco presente nas cavidades sinusais torna-se mais denso, viscoso
e supurado (pus), dificultando a passagem do ar pelas cavidades. A inflamação mais intensa é
conhecida como sinusite aguda. Quando o processo inflamatório se torna frequente, o quadro é
caracterizado como sinusite crônica. Quando a inflamação é induzida por variações de
umidade, odores fortes ou alguns focos alérgicos, o quadro é denominado rinossinusite. No
caso da sinusite crônica, começam a se formar placas de infecção aderidas às paredes
sinusais, que podem propagar a infecção para os ossos. Em outros casos, a infecção pode ter
origem dentária e infiltrar nos seios maxilares, causando a infecção da mucosa.
VAMOS ANALISAR ALGUMAS RADIOGRAFIAS
AGORA?

Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons/ CC 4.0 International

RADIOGRAFIA PARA SEIOS DE FACE, MÉTODO DE


CALDWELL, MOSTRANDO NÍVEIS HIDROAÉREOS
NORMAIS NOS MAXILARES.

Na primeira imagem, o seio maxilar esquerdo aparece parcialmente repleto de velamento


radiopaco, com um comprometimento inicial do maxilar direito. A linha horizontal formada se
dá em razão do nível hidroaéreo, com o paciente sentado ou em pé durante o exame.

Imagem: SCiardullo / Wikimedia Commons / CC 4.0 International

RADIOGRAFIA PARA SEIOS DE FACE, MÉTODO DE


CALDWELL, MOSTRANDO REPLEÇÃO TOTAL DO MAXILAR
ESQUERDO.

Na segunda radiografia, note que o seio maxilar esquerdo está totalmente comprometido e
mais radiopaco que a imagem anterior, indicando infecção mais aguda.

Imagem: SCiardullo / Wikimedia Commons / CC 4.0 international

RADIOGRAFIA PARA SEIOS DE FACE, MÉTODO DE


WATERS, SEIOS MAXILAR E FRONTAL COM VELAMENTO.

Na terceira imagem, além do seio maxilar esquerdo repleto, é possível identificar níveis líquidos
no seio frontal.

Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC 3.0 unreported

RADIOGRAFIA PARA SEIOS DE FACE, MÉTODO DE


WATERS, DESTACANDO O SEIO MAXILAR DIREITO.

Na quarta radiografia, veja uma imagem ampliada no nível hidroaéreo acentuado no seio
maxilar direito. Em radiografias simples, raramente conseguimos identificar facilmente sinusite
esfenoidal ou etmoidal, comuns em fases mais crônicas.

Para ilustrar, embora não seja o objetivo específico deste material, vamos identificar as
mesmas lesões em cortes de TC. No primeiro, observe uma área mais hiperdensa (opaca) no
seio frontal (na parte superior da imagem). No segundo, veja o seio maxilar direito totalmente
repleto e as paredes do seio maxilar esquerdo espessas, o que caracteriza um quadro de
sinusite crônica. No terceiro, um quadro severo de sinusite crônica com hiperespessamento
das paredes maxilares e formação de pólipo no maxilar direito. No quarto corte, é possível
observar o acometimento do seio esfenoidal (no centro) e parte das células etmoidais.

Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC 4.0 International

CORTE AXIAL DE TC

Mostrando hiperdensidade no seio frontal.

Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC 4.0 international


CORTE AXIAL DE TC

Mostrando hiperdensidade no seio maxilar.

Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

CORTE AXIAL DE TC

Mostrando pólipos sinusais, típicos em fase crônica de sinusite.


Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC 3.0 unreported

CORTE AXIAL DE TC

Mostrando hiperdensidade no seio esfenoidal e células etmoidais.

OSTEOMA OSTEOIDE
É um tipo de tumor benigno que afeta células osteogênicas (osteoblastos). Com isso, temos a
formação de massas duras, formadas por matriz óssea fora da composição padrão de um
osso. O aspecto da lesão é radiopaco, geralmente circunscrita e de volume regular. Nos ossos
da cabeça, é comum surgir nos seios maxilares e no seio frontal. Radiograficamente, esse tipo
de lesão pode se confundir com processos inflamatórios, como focos de sinusite. A diferença
entre eles se dará na abordagem clínica do médico, uma vez que sinusite apresenta sintomas
bem característicos, tais como: febre, cefaleia, dor local na face e produção de catarro, por
exemplo.

Imagem: Shutterstock.com

RADIOGRAFIAS DA FACE, PROJEÇÕES PA E LATERAL

Mostrando osteoma osteoide no seio frontal.

Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported


RADIOGRAFIAS DA FACE, MÉTODO DE WATERS

Osteoma osteoide em destaque no seio frontal.

Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA LATERAL DA FACE

Mostrando a profundidade do osteoma osteoide frontal.


IDENTIFICAÇÃO DA INCIDÊNCIA
A seguir, o especialista discutirá a visualização radiográfica e o método utilizado para obtenção
da radiografia:

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. O CRÂNIO É UMA DAS ESTRUTURAS QUE COMPÕEM O ESQUELETO AXIAL


DO CORPO HUMANO. COM A FUNÇÃO DE PROTEGER O ENCÉFALO, O CRÂNIO
É FORMADO POR 8 OSSOS, QUE SE CONFORMAM EM 2 REGIÕES BÁSICAS:
CALOTA E BASE DO CRANIANA. COM BASE NESSES DADOS, AVALIE AS
AFIRMAÇÕES A SEGUIR:

I – O SEIO FRONTAL É ANATOMICAMENTE ANTERIOR E NÃO TEM CAVIDADE


SINUSAL ATÉ OS 12 ANOS DE IDADE.

II – O OSSO ESFENOIDE TEM CAVIDADE SINUSAL, FORMA A BASE DO


CRÂNIO E SUPORTE PARA A HIPÓFISE.

III – O OSSO ETMOIDE É UM OSSO PNEUMÁTICO E FORMA A PORÇÃO


INFERIOR DO SEPTO NASAL ÓSSEO.

MARQUE A OPÇÃO QUE CONTENHA APENAS AFIRMAÇÕES CORRETAS:

A) Apenas I.

B) Apenas II.

C) Apenas III.

D) Apenas I e II.

E) Apenas II e III.

2. A SINUSITE É UM DOS PROBLEMAS INFECCIOSOS QUE MAIS ACOMETEM


INDIVÍDUOS NO MUNDO INTEIRO. SEJA POR AÇÃO BACTERIANA, FÚNGICA
OU ALÉRGICA, A FISIOPATOLOGIA É BASICAMENTE A MESMA: INFLAMAÇÃO
DAS PAREDES SINUSAIS, AUMENTO DA VISCOSIDADE DO MUCO INTERNO E
AVANÇO PROGRESSIVO DA SUPURAÇÃO (FORMAÇÃO DE PUS) DESSA
MUCOSA. COMO REAÇÕES FÍSICAS, O PACIENTE DÁ ENTRADA NA
EMERGÊNCIA COM FORTES DORES DE CABEÇA, PONTOS ESPECÍFICOS DE
DOR NA FACE E, EM ALGUNS CASOS, PODE DESENVOLVER EDEMA NOS
OLHOS, DENOMINADO CELULITE ORBITAL. COM BASE NESSAS
INFORMAÇÕES SOBRE SINUSITE, AVALIE AS AFIRMAÇÕES A SEGUIR:

I – O EXAME DEVE SER FEITO COM O PACIENTE SENTADO OU EM PÉ, PARA


AVALIAR OS NÍVEIS HIDROAÉREOS.

II – A VISUALIZAÇÃO DOS SEIOS ESFENOIDAL E ETMOIDAL É POSSÍVEL


APENAS NO MÉTODO DE CALDWELL.

III – A INFECÇÃO SINUSAL É PERCEBIDA PELO VELAMENTO (OPACIDADE) DA


CAVIDADE ACOMETIDA.

É INCORRETO O QUE SE AFIRMA EM:

A) Apenas I.

B) Apenas II.

C) Apenas III.

D) Apenas I e II.

E) Apenas II e III.

GABARITO

1. O crânio é uma das estruturas que compõem o esqueleto axial do corpo humano. Com a
função de proteger o encéfalo, o crânio é formado por 8 ossos, que se conformam em 2
regiões básicas: calota e base do craniana. Com base nesses dados, avalie as afirmações a
seguir:

I – O seio frontal é anatomicamente anterior e não tem cavidade sinusal até os 12 anos de
idade.

II – O osso esfenoide tem cavidade sinusal, forma a base do crânio e suporte para a hipófise.

III – O osso etmoide é um osso pneumático e forma a porção inferior do septo nasal ósseo.

Marque a opção que contenha apenas afirmações corretas:

A alternativa "B " está correta.

A lâmina perpendicular do osso etmoide forma a porção superior do septo nasal. Quanto ao
osso frontal, a cavidade sinusal começa a se desenvolver a partir dos 6 anos de idade.

2. A sinusite é um dos problemas infecciosos que mais acometem indivíduos no mundo


inteiro. Seja por ação bacteriana, fúngica ou alérgica, a fisiopatologia é basicamente a
mesma: inflamação das paredes sinusais, aumento da viscosidade do muco interno e avanço
progressivo da supuração (formação de pus) dessa mucosa. Como reações físicas, o paciente
dá entrada na emergência com fortes dores de cabeça, pontos específicos de dor na face e,
em alguns casos, pode desenvolver edema nos olhos, denominado celulite orbital. Com base
nessas informações sobre sinusite, avalie as afirmações a seguir:

I – O exame deve ser feito com o paciente sentado ou em pé, para avaliar os níveis
hidroaéreos.

II – A visualização dos seios esfenoidal e etmoidal é possível apenas no método de Caldwell.

III – A infecção sinusal é percebida pelo velamento (opacidade) da cavidade acometida.

É incorreto o que se afirma em:

A alternativa "B " está correta.

Os seios esfenoidal e etmoidal ficam sobrepostos em radiografias com vista frontal (Caldwell).
É possível ter uma primeira impressão com radiografias laterais ou projeção de Waters com a
boca aberta. No entanto, como a infecção do seio esfenoide já caracteriza um quadro crônico,
o método mais indicado é o exame de tomografia para seios paranasais. Neste método, são
feitos cortes axiais com reconstrução coronal para obter mais detalhes clínicos.

MÓDULO 2

 Listar as estruturas anatômicas de interesse apresentadas nas radiografias de coluna,


seus aspectos normais e sinais típicos de processos patológicos
ASPECTOS GERAIS DA COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral ou espinal é uma estrutura óssea formada pelo empilhamento de várias
unidades ósseas: as vértebras. O empilhamento produz uma coluna óssea vertical, cujo
objetivo é proteger a medula espinal e oferecer suporte para a fixação do sistema apendicular e
distribuição do peso corporal. As vértebras não se articulam diretamente. Entre elas existem
bolsas fibrocartilaginosas, cujo objetivo é amortecer o impacto, o atrito e o peso exercido sobre
as vértebras. Essas estruturas são chamadas de discos intervertebrais. Além disso, são os
discos os responsáveis pela flexibilidade da coluna vertebral e pelo seu movimento.

As vértebras são as unidades de composição da coluna vertebral. Conforme sua posição e


função na coluna, as vértebras têm tamanhos e formatos específicos. Anatomicamente, as
vértebras são consideradas ossos irregulares, embora tenham estruturas comuns a todos, mas
também tenham estruturas específicas para uma seção própria da coluna.

Quando se enquadra no primeiro caso, consideramos uma vértebra típica.

Quando a vértebra possui características muito específicas, próprias para determinada função,
é chamada de vértebra atípica.

São características típicas de uma vertebra qualquer: corpo, forame medular, dois processos
transversos e um processo espinhoso.

 EXEMPLO

O papel da primeira vértebra é suportar e favorecer o movimento da cabeça. Como é a primeira


via de passagem da medula, esta vértebra possui um forame maior e não possui corpo ósseo,
com o formato de um grande anel. Por sua função muito específica, dizemos que se trata de
uma vértebra atípica.

Imagem: Shutterstock.com

Estrutura anatômica da primeira vértebra cervical, em vista superior.

A coluna é composta por 33 vértebras, aproximadamente. O nome da vértebra é composto pela


primeira letra da seção onde está localizada mais a sua posição no empilhamento.

 EXEMPLO

A 4ª vértebra lombar é denominada L4.

A coluna não é rigorosamente ereta. Para que haja equilíbrio na distribuição do peso, existem
dois tipos de curvaturas naturais ou congênitas. Essas curvaturas são longitudinais ao plano
mediossagital (PMS) e o nome de cada uma depende da posição da concavidade.

Imagem: Shutterstok.com
 Curvaturas da coluna vertebral.

Cifose

Quando a concavidade é anterior, a curvatura é chamada de cifose.


Lordose

Caso a concavidade seja posterior, a curvatura é chamada de lordose.

ANATOMIA RADIOGRÁFICA DA COLUNA


CERVICAL
A coluna cervical compõe a região posterior do pescoço. O nome cervical é derivado do
vocábulo cerviz, que significa nuca, pescoço. São 7 vértebras que se dispõem em curvatura
lordótica. A cervical possui:

Imagem: Anatomography / Wikimedia Commons / CC 2.1Japan


 Animação 3D com a localização das vértebras cervicais.

TRÊS VÉRTEBRAS ATÍPICAS:

C1, C2 e C7.

QUATRO VÉRTEBRAS TÍPICAS:

C3, C4, C5 e C6.


Imagem: Shutterstock.com

Aspecto típico das vértebras cervicais.

A primeira vértebra cervical se chama atlas ou C1. Sua função é oferecer suporte ao crânio e
permitir a passagem do maior calibre da medula espinal. Por isso, radiograficamente, parece
um anel com aspecto mais fino em vista anterior e possui processos transversos e espinhoso
curtos. Encaixada dentro de C1, temos a vértebra axis ou C2. Embora pareça uma vértebra
típica, C2 tem um eixo em formato de pivô, chamado de processo odontoide.
Embriologicamente, o processo odontoide é considerado o corpo de C1, que se funde a ela no
processo de desenvolvimento e maturação óssea. A função deste pivô é favorecer a
movimentação da cabeça, uma vez que o processo odontoide está intimamente ligado à C1.

Imagem: Shutterstock.com
 Relação C1-C2, para movimentos de rotação do crânio.

 VOCÊ SABIA

Atlas foi um titã, figura mitológica grega que fazia oposição à posse de Zeus como deus
supremo do Olimpo. Titãs eram figuras de beleza, porte e força inigualáveis. Como
consequência de sua rebeldia, Atlas foi condenado por Zeus a sustentar o peso da Terra e dos
céus para sempre em seus ombros. Dele, surgiu o atlas como mapa-múndi, o termo atleta para
esportistas e o design da atual taça da Copa do Mundo. Portanto, atribuir este nome à primeira
vértebra cervical (C1), responsável por suportar o peso da cabeça para sempre, não foi
arbitrário.

As vértebras de C3 a C6 são típicas e vão apenas aumentando de volume. A vértebra C7 é


chamada de proeminente, devido a seu processo espinhoso maior e mais horizontal que os
demais. Esta estrutura pode ser palpada posteriormente e representa o limite entre as seções
cervical e torácica da coluna vertebral.

Imagem Shutterstock.com
 Anatomia de uma vértebra cervical (C6).

EXAMES RADIOGRÁFICOS PARA AVALIAÇÃO DA


COLUNA CERVICAL

Na imagem radiográfica, as vértebras devem aparecer com aspecto radiopaco. Os discos


intervertebrais, como são cartilaginosos, geram um aspecto radiotransparente. A região central
da coluna pode aparecer com uma espessa linha escura, que representa o ar dentro da
traqueia. Por isso, o exame é realizado em apneia expiratória: para reduzir esse artefato na
imagem.

A rotina básica para o estudo da coluna cervical são as projeções anteroposterior (AP) e lateral.
Na radiografia em AP, são bem visualizados os corpos vertebrais, os discos intervertebrais e os
processos transversos. A contagem correta das vértebras deve ser realizada partindo do
primeiro par de costelas, localizando T1. É feito dessa forma, pois as duas primeiras vértebras
cervicais podem ficar sobrepostas às sombras do occipital ou da mandíbula, em um grande
borramento radiopaco. Isso prejudica a localização correta.

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA DE COLUNA CERVICAL, PROJEÇÃO


ANTEROPOSTERIOR (AP).

Imagem: Shutterstock.com

RADIOGRAFIA LATERAL DA COLUNA CERVICAL, COM


ANOTAÇÕES.

O exame em projeção oblíqua é complementar, útil para avaliar os forames intervertebrais


(estruturas por onde passam os nervos espinais). Como o próprio nome sugere, os forames
são formados pela união de duas vértebras cervicais, formadas pelos arcos das incisuras
vertebrais superior e inferior. São localizadas lateralmente, mas são mais bem visualizadas nas
incidências em oblíqua, onde aparecem sem sobreposição dos processos transversos.

Imagem: Shutterstock.com
 Radiografia oblíqua da coluna cervical e os forames intervertebrais.

Já as radiografias em perfil mostram os corpos vertebrais e o comprimento dos processos


espinhosos. No entanto, os processos transversos são apresentados em sobreposição.
Incidência importante para mostrar desalinhamento de vértebras e fraturas de processos
espinhosos e pedículos, além de demonstrar processo de retificação de cervical e herniações
de disco, comuns em lesões na coluna cervical. Uma boa análise de uma radiografia lateral de
cervical deve demonstrar 4 linhas de suporte:

LINHA VERTEBRAL ANTERIOR


LINHA VERTEBRAL POSTERIOR
LINHA ESPINOLAMINAR
LINHA ESPINHOSA POSTERIOR

LINHA VERTEBRAL ANTERIOR

Alinha as faces anteriores dos corpos vertebrais.


LINHA VERTEBRAL POSTERIOR

Alinha as faces posteriores dos corpos vertebrais.

LINHA ESPINOLAMINAR

Alinha os espaços entre as lâminas e a base do processo espinhoso.

LINHA ESPINHOSA POSTERIOR

Alinhamento da ponta dos processos espinhosos.

As duas primeiras linhas devem aparecer quase que paralelas. A terceira linha descreve uma
leve concavidade posterior e a quarta linha descreve a curvatura típica da coluna cervical.

Imagem: Mikael Häggström, M.D. / Wikimedia Commons / CC 1.0 universal

Radiografia lateral e corte coronal (TC) de cervical, mostrando o alinhamento entre as


vértebras.

Imagem: Mikael Häggström, M.D. / Wikimedia Commons / CC 1.0 universal

Radiografia lateral e corte coronal (TC) de cervical, mostrando o alinhamento entre as


vértebras.

Quando é necessário avaliar lesões na relação C1-C2 (por exemplo, a fratura de Jefferson, que
iremos ver mais adiante), é realizada uma incidência em AP com a boca aberta. Isso permite
remover a sobreposição natural da mandíbula sobre as primeiras vértebras cervicais. Note o
dente do axis, o arco anterior e as massas laterais de C1.

Imagem: Lucien Monfils / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA LATERAL DE CERVICAL

Mostrando a relação C1-C2.

Imagem: Lucien Monfils / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported


RADIOGRAFIA AP CERVICAL

Com a boca aberta: relação C1-C2.

ANATOMIA RADIOGRÁFICA DA COLUNA


TORÁCICA OU DORSAL
As vértebras torácicas compõem a parte posterior do gradil costal. Ao total, são 12 vértebras:
uma para cada par de costelas. Seus processos espinhosos são mais inclinados inferiormente,
principalmente a partir de T5. Os processos transversos são compostos de facetas ou fóveas
costais, que têm a função de alojar a cabeça e tubérculo das costelas. Em geral, o corpo é mais
volumoso e alto, se comparado com as vértebras cervicais, por sustentarem mais peso.

Imagem: Anatomography / Wikimedia Commons / CC 2.1 Japan


 Animação 3D, mostrando a localização da coluna dorsal associada ao gradil costal.

DE T1 A T4
As vértebras similares das vértebras cervicais.

DE T5 A T8

São consideradas vértebras torácicas típicas.

DE T9 A T2

São mais volumosas e se assemelham às vértebras lombares.

Vértebras torácicas são mais encorpadas e, por isso, o aspecto radiográfico é mais radiopaco.
Além das vértebras, é possível visualizar os pares costais na sequência. A caixa torácica possui
outras vísceras, como os pulmões, miocárdio, vasos e a árvore brônquica, que se estende
desde a traqueia até a região interna dos pulmões. Isso produz muita sobreposição na imagem.
Como a coluna é anatomicamente posterior, os exames são realizados em incidência
anteroposterior, para evitar a sobreposição e acentuar mais as imagens das estruturas
próximas ao receptor.

Imagem: Shutterstock.com
 Esquema ilustrativo das vértebras dorsais: vista posterior, lateral e anterior.

Imagem: Shutterstock.com

Anatomia de uma vértebra torácica (T1).

EXAMES RADIOGRÁFICOS PARA AVALIAÇÃO DA


COLUNA TORÁCICA

Os exames radiográficos de rotina são as projeções em AP e lateral. Na incidência em AP,


identificamos T1 pelo seu arco costal com curvatura mais acentuada e vertical. As duas
regiões mais radiopacas dentro do corpo vertebral representam os pedículos. O terceiro ponto,
entre os dois e mais inferior, representa o processo espinhoso. Além disso, é por meio desta
projeção que se diagnostica a escoliose. Mais detalhes sobre a patologia serão tratados a
seguir.

A projeção lateral é importante para avaliar o grau de hipercifose torácica. Além disso, é
possível analisar a profundidade do corpo vertebral, espaços intervertebrais, forames
intervertebrais, processos articulares superiores e inferiores e um grande borramento na alta
opacidade posterior formada pela sobreposição dos arcos costais.

Imagem: Whoisjohngalt / Wikimedia commons / CC 4.0 international

PROJEÇÃO ANTEROPOSTERIOR DA COLUNA DORSAL OU


TORÁCICA

Imagem: Shutterstock.com
PROJEÇÃO LATERAL DA COLUNA DORSAL OU TORÁCICA

Neste exame, é importante que a projeção seja realizada em anteroposterior (AP). Quando o
paciente é posicionado desta forma, a coluna fica mais próxima do receptor de imagem, o que
melhora a resolução de contraste e reduz a sombra das vísceras cardiorrespiratórias,
principalmente o mediastino por causa da maior opacidade do miocárdio. Veja, a seguir, a
diferença entre imagens em AP e PA:

RADIOGRAFIAS DA COLUNA TORÁCICA

imagem: Software institucional RPACS Cloud® (imagem: Raio-X 028)

PROJEÇÃO EM AP

imagem: Software institucional RPACS Cloud® (imagem: Raio-X 028)

PROJEÇÃO EM PA

ANATOMIA RADIOGRÁFICA DA COLUNA


LOMBAR
A coluna lombar é composta por 5 vértebras típicas, empilhadas em curvatura lordótica. Em
razão de sua localização e da sobrecarga de peso que recebem, as vértebras lombares têm
uma estrutura diferenciada, contando com um corpo volumoso e processos articulares mais
robustos, que facilitam o suporte. Os processos transversos são mais curtos e os processos
espinhosos, mais chatos. Como são vértebras típicas, não têm nenhuma estrutura diferenciada
das demais.

Imagem: Anatomography / Wikimedia commons / CC 2.1 Japan


 Animação 3D com a localização das vértebras lombares.

Entretanto, como seus processos transversos são inclinados posteriormente e os processos


articulares superior e inferior são mais robustos, no empilhamento, as lâminas – união entre o
processo espinhoso, pedículos e os processos articulares – formam uma “ponte”, uma zona
radiopaca denominada pars articularis. Esta região é importante para a compreensão de
algumas patologias lombares. Lembre-se dela!

Imagem: Princekareem / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

Pars articularis em evidência em peça anatômica da coluna lombar.

Imagem: Shutterstock.com

Diagrama que evidencia as facetas articulares da coluna lombar.


Como são mais volumosas, as vértebras lombares tendem a ter um aspecto mais radiopaco na
imagem. Entretanto, como a região é recoberta pelas vísceras abdominais, tende a haver muita
sobreposição de imagens, o que prejudica a interpretação da radiografia.

 ATENÇÃO

Por isso, em exames para avaliação da coluna lombar é recomendável o uso de laxativos e
antigases, para eliminar resíduos fecais e gases das alças intestinais. Estas estruturas geram
artefatos radiotransparentes na imagem, o que pode gerar falsos positivos na caracterização
de alguma lesão. Este preparo é feito, geralmente, de 3 a 4 dias antes do exame.

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia commons / CC 3.0 unported

IMAGEM RADIOGRÁFICA PADRÃO DA COLUNA LOMBAR


FEITA COM PREPARO INTESTINAL

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia commons / CC 3.0 unported

IMAGEM RADIOGRÁFICA SEM O USO DE LAXATIVOS E


ANTIGASES DO PREPARO INTESTINAL

Imagem: Shutterstock.com

Anatomia de uma vértebra lombar (L1).
EXAMES RADIOGRÁFICOS PARA AVALIAÇÃO DA
COLUNA LOMBAR

Os exames de rotina para avaliação da coluna lombar são as incidências em AP e lateral. Na


primeira, é possível visualizar os corpos vertebrais e os espaços intervertebrais. Os processos
articulares superiores se sobrepõem aos processos transversos, o que gera duas marcas
radiopacas nas laterais do corpo vertebral. Da mesma forma, como ocorre nas vértebras
torácicas, a marca radiopaca entre as outras duas mais inferior representa o processo
transverso. Note que ele aparece mais radiopaco, uma vez que é mais volumoso.

Imagem: Shutterstock.com
 Rotina radiográfica para a avaliação da coluna lombar.

Na projeção em AP, a vértebra L5 parece mais achatada. Essa vértebra é que faz a transição
com a coluna sacra. Na incidência lateral, é possível visualizar perfeitamente os forames
intervertebrais. No entanto, os processos espinhosos parecem fusionados pela proximidade
com os processos articulares superiores da vértebra abaixo. Os processos transversos
aparecem sobrepostos às lâminas e aos processos articulares. Outro problema associado ao
exame lateral da coluna lombar é a sobreposição da pelve sobre as últimas vértebras lombares,
o que pode aumentar a opacidade e prejudicar a visualização de detalhes.

Imagem: Shutterstock.com

Radiografia de coluna lombar, projeção AP.

Imagem: Shutterstock.com

Radiografia de coluna lombar, projeção lateral.


Imagem: Shutterstock.com

Radiografia lateral de coluna lombar, com melhor ajuste de contraste.

A incidência do “cão escocês” é uma projeção oblíqua, cujo objetivo é verificar lesões na pars
articularis, que são de difícil visualização nos exames de rotina. Como a radiografia lombar em
oblíqua gera muita sobreposição, preste atenção no padrão radiográfico do “cão escocês”. Um
exame em posição oblíqua perfeita de 45º deve mostrar uma figura similar e um cachorro
terrier.

Imagem: Shutterstock.com

DETALHE DA PEÇA ANATÔMICA LOMBAR EM OBLÍQUA POSTERIOR. TENTE


IDENTIFICAR O CÃO ESCOCÊS.

Imagem: Shutterstock
FOTOGRAFIA DE UM EXEMPLAR DO TERRIER ESCOCÊS. VOLTE NA IMAGEM
ANTERIOR E COMPARE A SEMELHANÇA.

Cada parte deste cão representa uma estrutura anatômica da vértebra. A orelha e a pata
dianteira representam os processos articulares superior e inferior. O focinho e o rabo
representam os processos transversos, a pata traseira representa o processo espinhoso, o
pescoço representa o pars articularis e o olho seria a projeção do pedículo.

Imagem: Software institucional RPACS Cloud® (imagem: Raio-X 015)


 Incidência oblíqua de coluna lombar: identifique as partes do “cão escocês”.

ANATOMIA RADIOGRÁFICA DA COLUNA


SACRAL E COCCÍGEA
O sacro é uma estrutura em formato de pirâmide invertida. São 5 ossos que se fundem,
formando um único osso no adulto, em curvatura cifótica. As porções laterais são as asas
sacrais, que se articulam com os ossos ilíacos, formando as articulações sacro ilíacas e a
região posterior da pelve. A transição entre o sacro e a quinta vértebra lombar é feita pela
estrutura chamada promontório. O ápice é inferior e faz conexão com o cóccix. Este é um
prolongamento ósseo, formado por quatro vértebras fundidas.

Imagem: BodyParts3D is made by DBCLS/Wikimedia/ CC 2.1 japan


 Animação 3D com a localização da estrutura sacrococcígea

Imagem: Shutterstock.com

Anatomia sacral e coccígea

Radiograficamente, tanto sacro quanto cóccix têm aparência radiopaca. No entanto, devido à
sobreposição com as estruturas abdominais e pélvicas, podem aparecer sob gradiente de cinza
na imagem. Um dos pontos mais importantes é a transição L5-S1, em que o disco
intervertebral é mais robusto e se inicia o processo de cifose, o que deixa o espaço
intervertebral mais acentuado. O cóccix é uma massa radiopaca conectada ao final do sacro.
Embora não tenham função expressiva, fraturas coccígeas tendem a ser doloridas e passíveis
de cirurgia corretiva.

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA DO SACRO

Projeção AP, em aspecto normal.


Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA DO SACRO

Projeção AP, com diástase (afastamento) da sínfise púbica.

PATOLOGIAS ASSOCIADAS À COLUNA


VERTEBRAL
A coluna vertebral, juntamente com os ossos da cabeça, tem um papel fundamental na
arquitetura do corpo humano: proteger os órgãos do sistema nervoso central (SNC).

Na maioria dos casos, as lesões na coluna têm origem na desordem entre equilíbrio e peso
exercido sobre ela.

Traumas de alta energia respondem por boa parte dessas lesões, mas vale frisar que o
excesso de peso corporal também pode causar lesões na coluna.
 EXEMPLO

Vamos considerar problemas de ordem ocupacional (profissões que exijam o transporte de


cargas) e problemas nutricionais (obesidade). Essa carga comprime uma vértebra sobre a
outra, causando desalinhamentos e compressões: seja nos discos, nos nervos ou até mesmo
na medula espinal. Além disso, lesões de natureza metabólica, endócrina ou tumoral podem
afetar a estrutura anatômica e fisiológica da coluna.

Vamos conhecer as principais lesões e estudar o aspecto radiográfico de cada uma.

LESÕES CERVICAIS

As lesões mais preocupantes e delicadas são aquelas que comprometem o suporte e


movimento da cabeça, além da proteção da medula. Qualquer lesão mais grave na medula
espinal em nível cervical, quando não conduz ao óbito, pode causar paresias ou tetraplegia.
Portanto, lesões ósseas que comprometam a matriz óssea, luxações e fraturas são os tipos de
lesões mais recorrentes.

 ATENÇÃO

Paresia e plegia são termos que causam muita confusão nos estudantes. Ambos são reações
fisiológicas a lesões medulares. No entanto, paresia é uma redução da amplitude do
movimento e plegia é a perda do movimento voluntário, transitória ou permanente.

A fratura do escavador de argila (clay shoveler), também conhecida como fratura em pá de


pedreiro, é uma fratura oblíqua no processo espinhoso. Ocorre por hiperflexão aguda do
pescoço, assim como ocorria com pedreiros que levantavam grandes quantidades de argila na
pá. O excesso de carga causa a fratura, que geralmente é decorrente de acidentes de trânsito.
A lesão pode ocorrer entre C5 e T1 e a projeção lateral é a mais indicada, demonstrando melhor
essa fratura.
A primeira e segunda imagens mostram projeções em extensão e flexão da cervical,
respectivamente. A terceira imagem mostra uma radiografia lateral com o terço médio do
processo de espinhoso de C6 e o terço distal do processo espinhoso de C7 fraturados: quadro
típico de fratura do escavador de argila.

Imagem: Stillwaterising / Wikimedia Commons / Domínio Público

RADIOGRAFIA DE COLUNA CERVICAL EM EXTENSÃO

(Inclinação da cabeça para trás)


Imagem: Stillwaterising / Wikimedia commons / Domínio Público

RADIOGRAFIA DE COLUNA CERVICAL EM FLEXÃO

(Inclinação da cabeça para frente)

Imagem: Shutterstock
RADIOGRAFIA LATERAL DE CERVICAL (NORMAL)

Evidenciando fratura no processo espinhoso.

Imagem: Shutterstock

RADIOGRAFIA LATERAL DE CERVICAL (INVERTIDA)

Evidenciando fratura no processo espinhoso.

A fratura do enforcado (ou do carrasco) ocorre nos pedículos de C2, com ou sem subluxação
de C2 e C3. Decorre de uma hiperextensão extrema em acidentes de trânsito ou enforcamento.
O paciente, quando ainda está vivo, não permanece com o pescoço estável, pois o dente é
pressionado posteriormente no tronco cerebral. A lesão é melhor demonstrada em incidência
lateral da cervical. Nela, visualiza-se o deslocamento anterior de C2, padrão típico desta fratura.

Imagem: Lucien Monfils / Wikimedia Commons / CC 3.0, 2,5, 2,0, 1.0

RADIOGRAFIA LATERAL DE CERVICAL ANOTADA, EVIDENCIANDO A FRATURA


DO ENFORCADO.

Imagem: Shutterstock.com
CERVICAL EM VISTA LATERAL. A LESÃO PARECE OCORRER NO PROCESSO
ESPINHOSO, MAS, NA VERDADE, OCORRE NOS PEDÍCULOS.

Imagem: Greenspan; Beldran (2017, p.434)



Tipos e graus da fratura do enforcado.

A fratura de Jefferson é um trauma cominutivo, decorrente de inclinação brusca do esqueleto


axial. Ocorre quando uma pessoa bate com a parte superior da cabeça, comprimindo-a contra
o pescoço, muito comum quando se mergulha em águas rasas, por exemplo. Com a batida da
calota craniana no chão, os côndilos occipitais comprimem C1 e os arcos anterior e posterior
são fraturados quando o crânio comprime o anel. O exame padrão para visualizar a fratura é a
incidência AP de boca aberta e lateral, que mostram assimetria na visualização do dente do
axis e deslocamento das massas laterais de C1 lateralmente.

 VOCÊ SABIA

Esse nome foi dado em homenagem ao médico Sir. Geoffrey Jefferson.


Imagem: Greenspan; Beldran (2017, p. 429)

Radiografia AP com boca aberta (A) e lateral de cervical (B).

Na primeira imagem, a radiografia com a boca aberta (A) mostra o desvio das massas laterais
de C1. Na radiografia lateral (B), note o fragmento anterior do anel vertebral de C1.

Imagem: Shutterstock.com

Modelagem 3D, vista superior, mostrando fratura de Jefferson.

A segunda imagem mostra os pontos mais comuns de lesão na fratura de Jefferson.


Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia commons / CC 4.0 International

Radiografia lateral de cervical, evidenciando fratura de Jefferson.

Na última imagem, além da fratura no arco posterior de C1 (seta vermelha), veja que ocorreu
também a fratura do processo odontoide de C2 (seta azul).

A fratura em gota de lágrima é uma das lesões mais graves dentre as listadas neste material,
pois envolve maior risco de lesão medular. Neste caso, em decorrência de um trauma frontal de
alto impacto no pescoço, o corpo vertebral é desviado para trás e a borda inferior na frente do
corpo vertebral é fraturada, gerando um fragmento em avulsão (destacado). O problema é que,
com o impacto para dentro, o corpo vertebral avança para o canal medular. Na radiografia, o
que pode ser visto é um desnível da linha vertebral anterior e o fragmento avulso na parte
anterior da vértebra.

 ATENÇÃO

A lesão pode ocorrer por hiperflexão (nesta descrição) ou hiperextensão do pescoço. O que
muda é a direção do desvio do corpo vertebral (para trás ou para frente).

Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC 4.0 International

Radiografia lateral de cervical, mostrando fratura em lágrima de C3.

Na primeira imagem, temos uma radiografia lateral de cervical, evidenciando o desalinhamento


interno da linha vertebral anterior e o fragmento em avulsão de C3: quadro típico de fratura em
lágrima por hiperflexão.

Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC 4.0 International


Corte sagital de TC da coluna cervical mostrando o mesmo quadro clínico

Na segunda imagem, a reconstrução multiplanar (TC) em corte sagital do mesmo paciente


mostra o fragmento em avulsão, no detalhe (seta).

Agora, observe as radiografias pré e pós-operatório:

Radiografias pré-operatório de fratura em lágrima da vértebra C5. Imagem: Moquito 17 /


Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

PRÉ-OPERATÓRIO

Lesão no corpo vertebral de C5 e o deslizamento posterior da vértebra.

Radiografias pós-operatório de fratura em lágrima da vértebra C5. Imagem: Moquito 17 /


Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

PÓS-OPERATÓRIO

Correção ortopédica.

Por fim, a retificação cervical é a redução ou ausência da curvatura natural do pescoço. Essa
falha pode estar associada a alterações genéticas ou, ainda, a falhas no desenvolvimento.
Pesquisas clínicas associam a retificação cervical à aceleração no processo do andar bípede
do bebê. Especialistas alegam que o andar quadrúpede (engatinhar) favorece o
desenvolvimento natural da coluna, uma vez que a criança precisa olhar para frente durante o
engatinhar, o que ajuda na formação da curvatura cervical. Em indivíduos adultos, retificações
cervicais podem causar dores crônicas, compressões nervosas e paresias de longo prazo.

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported


 Radiografia lateral, mostrando retificação de lordose cervical.

LESÕES DORSAIS

A coluna dorsal ou torácica, além de sua atribuição como parte integrante da coluna vertebral,
tem o papel de oferecer suporte ao gradil costal do tórax. Portanto, uma lesão dorsal pode
comprometer várias estruturas simultaneamente. Além de lesões traumáticas, como fraturas e
desalinhamentos, a coluna dorsal é acometida por outro problema postural denominado
escoliose, sobre o qual também falaremos nesta seção. Neste material, você vai conhecer
alguns tipos de lesões, comuns em rotina de atendimento médico.

A fratura de Chance, também conhecida como fratura do cinto de segurança, é uma fratura
transversal que atravessa um corpo vertebral lombar e estende-se até a lâmina e o processo
espinhoso. A flexão violenta da coluna vertebral para frente, embora contida pelo cinto de
segurança abdominal durante a desaceleração súbita, faz com que as vértebras situadas acima
do cinto sejam empurradas para frente e desprendidas da parte inferior fixa da coluna vertebral.
A fratura de Chance clássica consiste na separação horizontal das vértebras a partir do
processo espinhoso ou da lâmina, estendendo-se pelos pedículos e pelo corpo vertebral, sem
lesionar as estruturas ligamentares.

Imagem: Shutterstock.com
 Diagrama em 3D mostrando a fratura no corpo vertebral e processo espinhoso

Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RADIOGRAFIA LATERAL DA COLUNA DORSAL

Mostrando a fratura no corpo vertebral e região posterior.


Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RECONSTRUÇÃO SAGITAL DE TC DORSAL

Mostrando fratura transversal no corpo vertebral.

 VOCÊ SABIA

O nome foi dado em homenagem ao médico George Quentin Chance.

Espondilite anquilosante é uma doença sistêmica que envolve a coluna e as articulações


maiores. Em terminologia clínica, espondilite é o processo inflamatório em vértebras e discos.

Na região torácica, a lesão afeta as articulações costovertebrais, gerando calcificação


paraespinhal e anquilose (adesão óssea permanente) das articulações.

O desenvolvimento da lesão se inicia com um quadro inflamatório nas facetas articulares e


espaços intervertebrais. Em seguida, desenvolvem-se ossificações paravertebrais
(sindesmófitos).
O processo inflamatório reabsorve os discos e se inicia o processo de fusão.

Na coluna torácica, o processo ocorre nas articulações intervertebrais e costovertebrais. 

Observe no diagrama ilustrativo a seguir:

Imagem: Senseiwa / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported



Diagrama de desenvolvimento da espondilite anquilosante.

A lesão também pode afetar as vértebras lombares e cervicais, como você pode observar nas
imagens a seguir:

Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia Commons / CC 4.0 International

ESPONDILITE ANQUILOSANTE NA COLUNA TORÁCICA

Imagem: Glitzy queen00 / Wikimedia Commons / Domínio Público


ESPONDILITE ANQUILOSANTE NA COLUNA LOMBAR

Imagem: James Heilman, MD / Wikimedia commons / CC 4.0 International

ESPONDILITE ANQUILOSANTE NA COLUNA CERVICAL

Quadros mais severos produzem um sinal radiográfico denominado coluna em bambu, em


referência ao aspecto da planta.

Imagem: Shutterstock.com

Aspecto físico de um bambu: as anquiloses intervertebrais se assemelham aos “nós” da vara


de bambu.

Imagem: Shutterstock.com

Radiografia de coluna lombar, projeção AP, mostrando o aspecto da coluna em bambu.

Escoliose é o nome dado à curvatura lateral na coluna torácica. É mais comum o surgimento
em crianças entre 10 e 14 anos, do sexo feminino, e o agravo ao longo da vida, em razão de má
postura.

Na região torácica, a escoliose pode prejudicar a função respiratória, assim como prejudica a
marcha quando ocorre no segmento mais inferior, próximo da transição com a coluna lombar.

A escoliose geralmente é adquirida por maus hábitos de postura, como transportar bolsas ou
mochilas em um dos ombros ou ainda o uso excessivo de calçados com salto muito elevado.

A lesão é calculada pelos médicos com base no ângulo de Cobb, pelo qual a lesão é
classificada pelo maior grau do ângulo de curvatura.

ÂNGULO ATÉ 10°


É clinicamente tolerável.

ÂNGULO ATÉ 30°


É considerada escoliose leve.
ANGULAÇÕES ENTRE 30° E 45°
Classificam a escoliose como moderada.

ÂNGULOS MAIORES QUE 45°


São considerados severos.

A PARTIR DE 60° DE ANGULAÇÃO


O paciente passa por problemas frequentes de respiração.

Embora seja fácil identificar, tome como base o plano mediossagital (PMS) para medir a
curvatura. Veja as imagens a seguir:

Imagem: No machine-readable author provided. Skoliose-Info-Forum.de~commonswiki


assumed (based on copyright claims) / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

DIAGRAMA COM AS MEDIDAS DO ÂNGULO DE COBB


Imagem: Shutterstock.com

RADIOGRAFIA TORÁCICA

Evidenciando escoliose com grau leve no ângulo de Cobb.

Imagem: Shutterstock.com
RADIOGRAFIA LOMBAR

Também destacando grau leve de escoliose.

Imagem: Gkiokas A et al / Wikimedia Commons / cc 2.0 generic

RADIOGRAFIA TORACOLOMBAR

Mostrando escoliose severa, com 74° entre T4 e T10.


Imagem: Braus, Hermann / Wikimedia Commons / Domínio Público

ILUSTRAÇÃO MÉDICA, DE 1921, REPRESENTANDO


QUADRO SEVERO DE ESCOLIOSE.

Costelas cervicais são supranumerárias e se formam nos processos transversos de C7.


Costumam ser bilaterais, com tamanhos assimétricos e tendem a ser assintomáticas para a
maioria dos indivíduos. No entanto, em alguns casos, essas proeminências podem comprimir o
plexo braquial (nervos e vasos braquiais), provocando formigamento e dificuldade de
circulação. Na imagem radiográfica, costelas cervicais costumam ser mais finas, menores e
tendem a ser mais verticais ou mais próximas da primeira costela. Na imagem ao lado, um
exame radiográfico simples da coluna cervical evidencia protuberâncias laterais. Veja que o
prolongamento ósseo esquerdo é maior que o direito, o que tipifica costelas cervicais.

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia Commons /cc 3.0 unported


 Radiografia de coluna cervical, projeção AP, mostrando costelas cervicais.

LESÕES LOMBARES

As lesões lombares, ao contrário das demais áreas da coluna vertebral, não são o principal alvo
de lesões traumáticas. Como estão no último estágio da coluna, juntamente com o sacro,
suportam a maior parte do peso corporal. Por isso, a maioria das patologias associadas à
coluna lombar está relacionada a lesões de longo prazo nas cartilagens: as osteocondroses.
Embora sejam vértebras maiores, mais robustas, os discos intervertebrais sofrem mais com o
peso e os problemas posturais. Vamos conhecer as principais lesões que acometem a lombar
nesta seção.

Imagem: Shutterstock.com
 Diagrama dos estágios de uma osteocondrose (de cima para baixo).

A hérnia de núcleo pulposo (HNP), vulgarmente conhecida como hérnia de disco, é uma lesão
em que a parte interna do disco intervertebral (núcleo pulposo) sobressalta pela camada
fibrosa externa, pressionando a medula espinal e os nervos. O disco pode começar em um
processo de protrusão (deslizamento) e o estágio mais crítico ocorre com a extrusão
(rompimento da cartilagem e a deformação do núcleo pulposo), que hérnia (escorre) para a
parte interna do forame medular. Ocorre geralmente nos níveis da L4-L5, causando ciatalgia
(irritação do nervo ciático, na parte posterior da perna). Veja como funciona:

Imagem: Shutterstock.com.

No primeiro, núcleo pulposo e anel fibroso estão dentro dos limites do corpo vertebral e do
cordão espinal (medula).

Imagem: Shutterstock.com

No segundo, temos o disco herniado (protrusão) para o forame medular, comprimindo a


medula e o nervo espinal, o que causa irritação e episódios de dor aguda.

Radiografias simples não demonstram tal condição, mas podem ser úteis para descartar outras
patologias como a espondilolistese, por exemplo. A mielografia já foi o método padrão para
visualizar hérnias discais. No entanto, as reações alérgicas aos meios de contraste e o avanço
tecnológico fizeram com que entrasse em desuso.

Imagem: Greenspan; Beldran (2017, p. 469)

RADIOGRAFIA LATERAL DA LOMBAR, MOSTRANDO PROTRUSÕES


ANTERIORES.
Na primeira imagem, temos uma radiografia simples, sem contraste, evidenciando protrusão
anterior em três discos lombares. Perceba que o espaço intervertebral está mais leitoso e os
osteófitos anteriores são reações ósseas comuns a esta condição patológica.

Imagem: Greenspan; Beldran (2017, p. 472)

MIELOGRAFIA LOMBAR, MOSTRANDO ESTENOSE MEDULAR ENTRE L4 E L5

Na segunda imagem, veja uma mielografia lombar com protrusão posterior entre L4 e L5,
visualizada por meio da estenose da medula.

Em substituição à mielografia, a ressonância magnética (RM) é a modalidade mais indicada por


ser mais sensível a tecidos moles e mostrá-los em vários planos anatômicos e ponderações
(filtros). Na imagem, temos um corte sagital em ponderação T2, que permite visualizar
estruturas líquidas em hipersinal (brancas). Veja que o disco entre L5-S1 está nitidamente
herniado para o canal medular. Acima, os espaços entre L3-L4-L5 têm protrusões discretas.

Imagem: Davidjr74 / Wikimedia Commons / Domínio Público


 RM de coluna lombar, corte sagital em ponderação T2.

 ATENÇÃO

Em Medicina, hérnia é qualquer deslizamento parcial ou total de um órgão por um orifício. Além
da hérnia de disco, um caso clínico comum é a hérnia inguinal, condição em que parte do
intestino delgado desliza para fora da parede muscular do abdome, próximo à virilha.

A espondilólise é um defeito na pars articularis, causado por trauma de alta energia em atletas
ou em adolescentes. Casos provocados por má formação genética são os menos comuns.
Com a abertura na pars, o corpo vertebral perde comunicação com os processos articulares e
com o processo transverso. Isso faz com o que o corpo vertebral fique desalinhado, se
comparado com os demais. O desalinhamento gera desgaste no disco intervertebral e provoca
pinçamento dos nervos das pernas, como o ciático por exemplo, gerando lombalgia e ciatalgia.

Imagem: Greenspan; Beldran (2017, p. 464)


 Diagrama ilustrativo do defeito na pars articularis.

Na radiografia em projeção lateral, podemos observar uma área radiotransparente na pars


articularis, que representa justamente o defeito ou a fratura no local. Outro ponto de análise é o
desalinhamento da vértebra com relação às demais. Na primeira imagem, a radiografia em
projeção AP mostra discretamente a lesão. No entanto, na segunda imagem, perceba que a
radiografia lateral mostra com muito mais detalhe a descontinuidade transparente no local da
lesão. A terceira imagem já evidencia a falha com um deslizamento maior do corpo vertebral.

Imagem: Hellerhoff / Wikimedia commons / 4.0 International

RADIOGRAFIA AP DA COLUNA LOMBAR, MOSTRANDO


ESPONDILÓLISE EM L4, À DIREITA

Imagem: Kinderradiologie Olgahospital Klinikum Stuttgart/ Wikimedia Commons / cc 4.0


International

RADIOGRAFIA LATERAL DA COLUNA LOMBAR,


MOSTRANDO ESPONDILÓLISE EM L5

Imagem: Hellerhoff / Wikimedia Commons / 3.0 unported

RADIOGRAFIA LATERAL DA COLUNA LOMBAR,


MOSTRANDO A MESMA LESÃO, COM ESPAÇAMENTO
MAIOR

Além do desalinhamento visualizado na projeção lateral, é possível visualizar esse defeito na


incidência em oblíqua, em que o cão escocês aparece com uma "coleira" radiotransparente no
pescoço, indicando a descontinuidade da pars articularis. Veja na imagem a seguir:

Imagem: Greenspan; Beldran (2017, p. 464)



Diagrama e radiografia mostrando a “coleira” do cão escocês.

A espondilolistese é uma lesão decorrente de uma espondilólise, na qual o corpo vertebral


desliza anteriormente sobre a vértebra debaixo. É mais comum na transição L5-S1, mas
também pode ocorrer entre L4-L5. Casos graves requerem uma intervenção cirúrgica, a fim de
realizar uma fusão vertebral.

 ATENÇÃO

É comum o uso do termo anterolistese, mesmo sendo de conhecimento que a maioria das
lesões ocorre com o deslizamento anterior do corpo vertebral.

A literatura médica aponta 4 (quatro) graus de deslizamento. Veja na imagem a seguir:


Imagem: Greenspan; Beldran (2017, p. 467)



Graus de deslocamento vertebral, em casos de espondilolistese.

Para facilitar o estudo, divida o corpo vertebral em 4 partes iguais. Agora, veja quantos desses
traços deslizaram da vértebra inferior:

Imagem: Chester J Donnally III, Annotated by Mikael Häggström, M.D. / Wikimedia commons /
4.0 International

RADIOGRAFIA LATERAL DA LOMBAR L5-S1 COM


MARCAÇÕES, MOSTRANDO GRAU I (25%) DE
ESPONDILOLISTESE.

Este corte sagital de ressonância magnética, ponderação T2, revela anterolistese de metade
(50%) do corpo vertebral de L5, o que caracteriza grau II.

Imagem: PumpingRudi / Wikimedia Commons / CC 3.0 unported

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA LOMBAR, CORTE SAGITAL,


PONDERAÇÃO T2, EVIDENCIANDO GRAU II DE
ESPONDILOLISTESE EM L5-S1.

Por último, observe que o deslocamento ocupa três daqueles traços. Portanto, a lesão é
classificada como grau III. Quando ocorre a luxação total, a lesão é diagnosticada como grau
IV.

Autor desconhecido / Wikimedia Commons / Domínio Público

LATERAL DA LOMBAR L5-S1 COM MARCAÇÕES,


MOSTRANDO GRAU III (75%) DE ESPONDILOLISTESE.

Por fim, osteófitos são protuberâncias ósseas formadas nas bordas dos corpos vertebrais, em
reação ao atrito intervertebral e degeneração discal. Essa lesão é vulgarmente conhecida como
“bico de papagaio”, em razão da junção da borda superior de uma vértebra com a borda inferior
da vértebra acima. Nas radiografias, essas alterações nas bordas são vistas como traços
radiopacos e proeminentes.

Imagem: Nevit Dilmen, crop and annotation by Mikael Häggström, M.D. / Wikimedia Commons /
cc 3.0 unported

OSTEÓFITOS EM COLUNA LOMBAR, MOSTRANDO


OSTEÓFITOS VERTEBRAIS.

Na primeira imagem, as bordas são vistas entre L2-L3 e na região entre L4-L5.

Imagem: Shutterstock.com

RADIOGRAFIA DE COLUNA LOMBAR, PROJEÇÃO AP,


MOSTRANDO OSTEÓFITOS DE GRANDES PROPORÇÕES
EM L4 E L3.

Na segunda imagem, é possível identificar a formação dos osteófitos nas bordas laterais das
vértebras L3 e L4, pois a imagem foi adquirida em projeção AP.

LESÕES SACROCOCCÍGEAS

A região sacral, por ser mais extensa, volumosa e plana, é comumente acometida por
patologias ósseas, tais como osteossarcomas, tumores benignos e doença de Paget, como
você já conheceu. No entanto, algumas lesões são bem específicas. Por isso, estudaremos as
lesões mais recorrentes: síndrome de Bertolotti e spina bífida.

A síndrome de Bertollotti é a fusão parcial ou total da vértebra L5 com o sacro. Por esse
motivo, a lesão também é conhecida como sacralização de L5. É frequentemente associada à
dor lombar e limitação do movimento, que pode vir acompanhada de alteração nervosa. Na
radiografia, essa lesão é vista como a fusão da vértebra L5 (geralmente os processos
transversos) por um defeito no desenvolvimento do sacro.

Imagem: Nevit Dilmen / Wikimedia commons / cc 3.0 unported/

Radiografia de coluna lombar, projeção AP, mostrando posição correta de L5 e sacro.

Imagem: Patrick87 / Wikimedia Commons / cc 3.0 unported


Radiografia de coluna lombar, projeção AP, mostrando a fusão do corpo e o processo
transverso esquerdo de L5 sobre S1, o que caracteriza a síndrome de Bertolotti.

Spina bífida é um processo de malformação óssea congênita, no qual ocorre um defeito no


fechamento do arco vertebral, na altura dos pedículos ou das lâminas (posteriormente). Com
isso, o arco fica dividido com duas pontas, daí o termo bífida.

Pode ocorrer em vários graus de abertura, em qualquer uma das vértebras lombares, sendo
mais comum entre L4 e S1. A abertura posterior do canal medular pode acarretar outras
complicações, como meningocele (protrusão da meninge medular) e mielose (exposição da
medula sem cobertura meníngea), por exemplo.

Imagem: Autor desconhecido / Wikimedia Commons / Domínio Público

Radiografia da região pélvica, projeção AP, destacando spina bífida em S1

Na primeira imagem, temos um caso de spina bífida em S1. Veja o vão radiotransparente em
destaque.

Imagem: Couraco / Wikimedia Commons / CC 4.0 International

Radiografia da região pélvica, projeção AP, mostrando spina bífida em L4 e L5

Na segunda imagem, a abertura do canal medular está localizada em L5 e L4.

ANATOMIA RADIOLÓGICA DA COLUNA


ESPINAL
Para finalizar, o especialista apresentará a anatomia radiológica da coluna espinal e discorrerá
acerca dos erros mais comuns em diagnósticos da coluna.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. LEIA AS AFIRMAÇÕES A SEGUIR SOBRE LESÕES ASSOCIADAS A


VÉRTEBRAS CERVICAIS:

I – A FRATURA DO ESCAVADOR DE ARGILA OCORRE NOS PEDÍCULOS DE C1.

II – RETIFICAÇÃO DE CERVICAL É UMA CONDIÇÃO ANORMAL E ADQUIRIDA.

III – A FRATURA DE JEFFERSON É UM TRAUMA COMINUTIVO QUE ACOMETE


C2.

MARQUE A OPÇÃO QUE CONTENHA APENAS AFIRMAÇÕES CORRETAS:

A) Apenas I.

B) Apenas II.

C) Apenas III.

D) Apenas I e II.

E) Apenas II e III.
2. MARQUE A OPÇÃO QUE MELHOR DEFINE PROTRUSÃO E EXTRUSÃO
DISCAL:

A) Extrusão ocorre apenas nos corpos vertebrais e a protrusão apenas no disco intervertebral.

B) Protrusão é o rompimento do núcleo pulposo e extrusão é o deslizamento anterior do disco.

C) Protrusão é um estágio mais avançado e a extrusão é a fase mais branda da hérnia de disco.

D) Protrusão é o deslizamento do disco e extrusão é o rompimento do núcleo pulposo.

E) Protrusão e extrusão são sinônimos, usados em situações clínicas distintas.

GABARITO

1. Leia as afirmações a seguir sobre lesões associadas a vértebras cervicais:

I – A fratura do escavador de argila ocorre nos pedículos de C1.

II – Retificação de cervical é uma condição anormal e adquirida.

III – A fratura de Jefferson é um trauma cominutivo que acomete C2.

Marque a opção que contenha apenas afirmações corretas:

A alternativa "B " está correta.

A fratura do escavador de argila ocorre nos processos espinhosos entre C5 e T1, enquanto a
fratura de Jefferson acomete a vértebra C1.

2. Marque a opção que melhor define protrusão e extrusão discal:

A alternativa "D " está correta.

A protrusão é uma reação inicial da pressão excessiva produzida entre duas vértebras. Com
isso, o disco tende a deslizar para fora do espaço intervertebral. Em estágios mais graves, o
núcleo pulposo se rompe e o conteúdo extravasa da cápsula fibrosa do disco, escapando
também do espaço intervertebral.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo da anatomia radiológica do esqueleto axial é de suma importância para monitorar o
padrão da qualidade dos exames radiográficos e para auxiliar na interpretação dos achados.
Dessa forma, o profissional se torna apto a diferenciar os achados, considerando a
possibilidade de falha humana e de representarem algum tipo de patologia, de fato. O estudo
continuado de anatomia radiológica melhora a acuidade visual do profissional e agiliza a
liberação dos exames.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
BONTRAGER, K. L.; LAMPIGNANO, J. Tratado de posicionamento radiográfico e anatomia
associada. 8.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

CHEW, F. S. Radiologia esquelética. 3.ed. São Paulo: Manole, 2014.

DAFFNER, R. H. Radiologia Clínica Básica. 3.ed. São Paulo: Manole, 2003.

GREENSPAN, A.; BELTRAN, J. Radiologia ortopédica: uma abordagem prática. 6.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

LEWER, M. H. M. (org). Tecnologia Radiológica. Rio de Janeiro: MedBook, 2019.

SZEJNFELD, J.; ABDALA, N.; AJZEN, S. Diagnóstico por imagem. 2.ed. Barueri: Manole, 2016.

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Patologia. Além disso, você encontrará muitos casos clínicos para estudar.

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CONTEUDISTA
Raphael de Oliveira Santos
 CURRÍCULO LATTES

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