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A313p
Akaishi, Patricia.
1º manual de condutas blefaroplastia / Patricia Akaishi,
Filipe José Pereira e Allan Pieronni. – Goiânia : Conexão Propaganda
e Editora, 2019.
108 p. ; il.
Inclui referências bibliográficas
ISBN 978-85-68764-17-6
1. Blefaroplastia. 2. Plástica ocular. I. Limongi, Roberto
Murilo. II. Pereira, Filipe José. III. Pieronni, Allan. IV.Titulo.
CDU 617.7
Tiragem
2.000 exemplares
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2020
PREFÁCIO
Patricia Akaishi
Presidente SBCPO 2020-2022
3
4
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
PREFÁCIO
5
pós- operatórias, que poderão fornecer orientações importantes aos médicos que
praticam esta cirurgia.
E ainda teremos temas recentes como “Avanço do Músculo Frontal”. Tive-
mos a ajuda de um grande parceiro, que é o laboratório Genom, que patrocinou
essa obra, então conseguiremos, além de ter uma tiragem para todo o Brasil da
obra impressa, ter uma versão digital que poderá ser consultada gratuitamente
tanto no Google Play como no Apple Store.
Muito honrado de coordenadar esta importante obra e agradecido pela con-
fiança em mim depositada pela atual presidente Patrícia Akaishi. Agradeço ainda
os amigos Filipe Pereira e Allan Pieronni pela co-autoria deste livro e pelo apoio in-
condicional desde o nascimento da idéia destes “Manuais de Conduta”da SBCPO.
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
AUTORES
PATRICIA AKAISHI
Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular
Doutora em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP
Chefe dos setores de Estética Periocular e Vias Lacrimais, departamento de Oftalmologia, Otorrinola-
ringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HCFMRP-USP
ALLAN PIERONNI
Professor de Pós-Graduação da disciplina de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da USP
Chefe do serviço de Plastica Ocular da Faculdade de Medicina do ABC
7
COLABORADORES
ALINE PIMENTEL
Fellowship no Stein Eye Hospital/ UCLA e na Santa Casa de SP. Doutoranda na UNIFESP
ALLAN PIERONNI
Professor colaborador da pós-graduação da Disciplina de Oftalmologia da FMUSP
Chefe do serviço de Plástica Ocular da Faculdade de Medicina do ABC – SP
DAVI ARAF
Doutor em Oftalmologia e Assistente do Setor de Cirurgia Plástica Ocular do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP)
Chefe do Setor de Cirurgia Plástica Ocular, Órbita e Vias Lacrimais do Hospital Cema- São Paulo
EDUARDO SOARES
Professor Titular do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFMG.
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
ELIANA FORNO
Doutora em Ciências Médicas pela FMUSP .Especialista em Plástica Ocular pela FMUSP
FABIANE P. MARQUES
Chefe do Setor de Plástica Ocular e Vias Lacrimais do Serviço de Oftalmologia do Hospital Federal de
Bonsucesso - Rio de Janeiro
Professora da Faculdade de Medicina - UNIGRANRIO
FAUSTO CAZORLA
Fellowship em Cirurgia Plástica Ocular pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Docente da graduação do curso de Medicina da PUC-Goiás
FERNANDO PROCIANOY
Professor Adjunto da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/HCPA)
Doutor pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP).
FILIPE PEREIRA
Mestrado e “Fellowship” em Oculoplástica pela USP - Ribeirão Preto
Médico da CCPO – Clínica Catarinense de Pálpebras e Olhos em Florianópolis.
GUILHERME HERZOG
Prof. Titular de Oftalmologia da UFF (Universidade Federal Fluminense)
Ex-Presidente da SBCPO
GUSTAVO SIQUEIRA
Responsável pelo setor de Plástica Ocular do Instituto Oftalmológico de Maringá-PR.
Ex-fellow de Plástica Ocular da FMRP-USP.
HELCIO BESSA
Médico dos Oculistas Associados do Rio de Janeiro
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JOSÉ VITAL FILHO
Chefe do Setor de Oculoplástica da Santa Casa de São Paulo
JULIANA MEDRADO
Médica responsável pelo setor de Oculoplástica do serviço de oftalmologia da faculdade de medicina
da universidade federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO)
LEONARDO LINS
Coordenador do Fellowship em Oculoplástica do CEPOA
Chefe do serviço de Oculoplástica do Hospital do Olho Júlio Candido de Brito.
LUCIANO PEREIRA
Coordenador do ambulatório de Neuroftalmologia do Centro de Referência em Oftalmologia da Uni-
versidade Federal de Goiás
Chefe do Setor de Órbita e Neuroftalmologia do Instituto Panamericano da Visão, Goiânia
MIDORI H. OSAKI
Coordenadora da Divisão de Estética Palpebral e Periorbital, Setor de Plástica Ocular, Depto de Of-
talmologia da Universidade Federal de São Paulo – EPM Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica Ocular
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
PATRICIA AKAISHI
Presidente da SBCPO 2020-2021. Chefe dos setores de Vias Lacrimais e Estética Periocular do HCFMR-
P-USP (Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto)
RICARDO MÖRSCHBÄCHER
Professor Adjunto de Oftalmologia da Universidade Federal das Ciências em Saúde de Porto Alegre
ROBSON SOARES
Fellowship em Plástica Ocular no Centro de Referência em Oftalmologia – Universidade Federal de
Goiás
Médico Colaborador do Setor de Plástica Ocular do serviço de Oftalmologia do Centro de Referência
em Oftalmologia - Universidade Federal de Goiás
SIMONE STUMPF
Coordenadora da residência de Oftalmologia do HNSC (CBO) - Hospital Nossa Senhora da Conceição
Preceptora do Setor de Plástica Ocular do HNSC.
SUZANA MATAYOSHI
Professora Associada da Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo
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TAMMY HENTONA OSAKI
Chefe do Setor de Oculoplástica do Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina/
Universidade Federal de São Paulo (EPM/ UNIFESP)
Professora Afiliada do Depto de Oftalmologia da EPM/ UNIFESP
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
ÍNDICE
CAPÍTULO 1
ANATOMIA CIRÚRGICA E PROPEDÊUTICA DA PTOSE PALPEBRAL 13
CAPÍTULO 2
CIRURGIA DA APONEUROSE POR VIA ANTERIOR 33
CAPÍTULO 3
CIRURGIA VIA POSTERIOR 45
CAPÍTULO 4
SUSPENSÃO AO FRONTAL 55
CAPÍTULO 5
AVANÇO DO MÚSCULO FRONTAL 67
CAPÍTULO 6
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS 79
CAPÍTULO 7
COMPLICAÇÕES E INSUCESSO CIRÚRGICO 93
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
CAPÍTULO 1
ANATOMIA CIRÚRGICA E
PROPEDÊUTICA DA PTOSE
PALPEBRAL
Helcio Bessa
Ricardo Mörschbächer
Silvana Artioli Schellini
Lívia Carla de Souza Nassar Bianchi
Leonardo Lins
Sergio Daniel Leite Crivelin
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ANATOMIA CIRÚRGICA E PROPEDÊUTICA DA PTOSE PALPEBRAL
1. INTRODUÇÃO
Definição de ptose palpebral: a ptose palpebral ocorre quando a margem
da pálpebra superior cobre mais do que 1 mm do limbo superior. Há diversas
causas e diferentes graus de ptose palpebral. A correção da ptose depende es-
sencialmente do grau de ptose e da função do músculo levantador, sendo estes
dois pontos fundamentais na propedêutica palpebral.
Conhecer a anatomia e a posição palpebral é essencial para qualquer tipo
de reparação/reconstrução que se pretenda realizar.
2. ASPECTOS FUNDAMENTAIS
2.1 Anatomia cirúrgica da pálpebra superior
Em posição primaria do olhar, a pálpebra superior de crianças tangencia o
limbo superior e dos adultos, cobre 1 a 2 mm do limbo superior. A pálpebra inferior
tangencia o limbo inferior.
A fenda palpebral vertical em jovens mede cerca de 10 a 11 mm. Em idosos
mede cerca de 8 a 10 mm. A fissura horizontal tem 30 a 31 mm aos 15 anos, com
tendência de redução com o aumento da idade. O canto lateral se situa 2 a 3 mm
mais alto do que o medial.
O ângulo entre a pálpebra superior e inferior, tanto no setor medial, como
no lateral, é agudo, medindo cerca de 60°. Com o passar da idade, os cantos se
tornam mais arredondados devido a frouxidão dos ligamentos, com alteração dos
ângulos.
Anteriormente as pálpebras são revestidas por pele que tem como carac-
terística ser a mais fina do corpo. A pálpebra superior possui uma prega, deno-
minada prega palpebral que é uma indentação formada por expansões de fibras
superficiais do levantador da pálpebra que se dirigem para o músculo orbicular
e subcutâneo. Nos caucasianos, a prega palpebral no setor medial da pálpebra
superior fica 8 a 11 mm da margem palpebral, 4 a 5 mm medialmente e 5 a 6 mm
lateralmente. Existe uma prega bem menos desenvolvida na pálpebra inferior que
atua retraindo a pele da pálpebra inferior no olhar para baixo.
Abaixo da fina pele palpebral se encontra o músculo orbicular. Anatomica-
mente pode-se dividir o músculo orbicular em 3 porções: pre-tarsal, pre-septal e
orbital (Fig.1). A principal função do músculo orbicular é o fechamento palpebral.
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Figura 1. Figura esquemática demonstrando a palpebra superior e o olho. A pálpebra superior é composta
pela pele, músculo orbicular, placa tarsal e conjunctiva. A aponeurose do levantador se insere na parte supe-
rior do tarso. O músculo orbicular pre-tarsal emite expansões para a pele que irão formar o sulco palpebral
superior. (Esquema retirado de Dutton JJ. The eyelids and anterior orbit. In: Dutton JJ, editor. In: Atlas of Clini-
cal and Surgical Orbital Anatomy. Philadelphia, PA: W.B. Saunders Company; 1994. pp. 113–38).
Figura 2. Anatomia da região fronto-palpebral- plano de dissecção mais superficial a esquerda, com o múscu-
lo frontal (seta) e orbicular (seta branca)em posição. Músculo frontal e sua relação com o supercilio. A direita,
observa-se plano abaixo do orbicular, com presença da aponeurose do músculo levantador (estrela) e a for-
mação do ligamento cantal medial. (Arquivo pessoal dos colaboradores).
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ANATOMIA CIRÚRGICA E PROPEDÊUTICA DA PTOSE PALPEBRAL
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Figura 3. Observar a gordura pre-aponeurótica rebatida (seta) e a aponeurose do músculo levantador (estrela).
Ligamento de Whitnall (seta grossa). (Gentileza da Dra. P. Akaishi).
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ANATOMIA CIRÚRGICA E PROPEDÊUTICA DA PTOSE PALPEBRAL
Figura 4 – Relação entre a aponeuroses do levantador e os ligamentos de Whitnall (seta) e cantais (medial e
lateral). (Arquivo pessoal).
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Figura 5. Aspecto branco nacarado da aponeuroses do levantador próximo a região da placa tarsal (Gentileza
da Dra. P. Akaishi).
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ANATOMIA CIRÚRGICA E PROPEDÊUTICA DA PTOSE PALPEBRAL
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
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ANATOMIA CIRÚRGICA E PROPEDÊUTICA DA PTOSE PALPEBRAL
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Ptose aponeurótica
Este é o tipo de ptose mais encontrado nos idosos, decorrendo da desin-
serção da aponeurose do músculo levantador, caracterizada pelo sulco palpe-
bral superior alto e boa excursão do levantador. São as de melhor resultado ao
tratamento cirúrgico.
Figura 3 – Ptose involucional bilateral moderada. Caracteriza-se pelo sulco palpebral alto. O músculo frontal
auxilia na abertura dos olhos. (Arquivo pessoal).
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ANATOMIA CIRÚRGICA E PROPEDÊUTICA DA PTOSE PALPEBRAL
ptoses que podem se acentuar durante o decorrer do dia, como no caso das
miopatias.
Procurar identificar doenças sistêmicas, como o diabetes descompensado
que pode cursar com ptose, assim como outros fatores concomitantes ou desen-
cadeantes da ptose palpebral.
Antes de tudo devemos avaliar tratamentos prévios e história familiar.
Exame físico do paciente com ptose palpebral – como deve ser feito:
1. avaliar a acuidade visual com o intuito de verificar se há presença
de ambliopia.
2. avaliar a refração, buscando anisometropia ou astigmatismo.
3. avaliar o grau da ptose – as ptoses podem ser categorizadas de acordo
com o grau ou intensidade de queda da pálpebra. A distância entre a
margem da pálpebra superior e o reflexo de uma fonte luminosa na pu-
pila é conhecida por distancia reflexo-margem (DRM). A DMR pode ser
tomada com relação a pálpebra superior, conhecida por DMR1; ou com
relação a pálpebra inferior, conhecida por DMR2. A medida normal para
a DMR1 é 3,5 à 4,5mm. Quando a DMR1 é cerca de 3 mm, considera-se
que existe ptose leve. Se a MRD1 é igual a 2 mm a ptose é classificada
como moderada (Fig. 1). MRD1 menor que 0-2 mm (a pálpebra superior
cobre a pupila), considera-se que a ptose é grave (Fig. 2).
4. avaliar a função do músculo levantador da pálpebra superior – o pa-
ciente deve olhar para baixo, colocando-se o zero de uma regra milime-
trada coincidindo com a margem palpebral e bloqueando-se o múscu-
lo frontal, exercendo pressão sobre a região do supercilio. Em seguida,
pede-se que o paciente olhe para cima, mantendo-se a régua fixa como
colocada anteriormente, observando-se, então, a posição da margem
da pálpebra superior em relação a numeração da régua milimetrada. A
excursão normal do músculo levantador deve ser maior do que 10 mm;
a excursão é considerada fraca se for menor que 4 mm e será conside-
rada moderada se for entre 4 a 8 mm (Vídeo 1).
5. examinar a posição e forma da prega palpebral superior que pode ser
dupla nas ptoses por desinserção.
6. examinar a posição do sulco palpebral superior que se encontra alto
nas ptoses involucionais (Fig. 3).
7. verificar se há outras deformidades palpebrais associadas ou mo-
vimentos anômalos, como na síndrome de Marcus Gunn que corres-
ponde a ptose palpebral associada a movimentos anômalos da man-
díbula cruzados com movimentos de retração palpebral à mastigação
(Vídeo 2).
Pesquisa do fenômeno de Bell – durante o sono ou quando os olhos se
fecham, a posição de repouso normal é se ter elevação dos olhos. Deve ser pes-
26
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
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ANATOMIA CIRÚRGICA E PROPEDÊUTICA DA PTOSE PALPEBRAL
Figura 4. Teste da fenilefrina: apos instilar fenilefrina am abos os olhos observa-se que houve resposta positi-
va. Esta paciente pode responder bem à técnica de Mullerectomia. (Gentileza da Dra. P. Akaishi).
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
O tratamento da ptose palpebral é cirúrgico, maioria das vezes feito com
ressecção da aponeurose do levantador (em geral, nas ptoses miogênicas) ou
com reinserção do levantador (nas ptoses involucionais). É de extrema impor-
tância se discutir quando a cirurgia deve ser indicada. Em geral, depende do
grau de ptose, sendo que uma ptose grave deve ser operada independentemen-
te da idade do paciente risco de ambliopia.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Latting MW, Huggins AB, Marx DP, Giacometti JN. Clinical evaluation of blepha-
roptosis: distinguishing age-related ptosis from masquerade conditions. Semin
Plast Surg. 2017 Feb; 31(1): 5–16
Nerad JA. Evaluation and treatment of the patient with ptosis. In: Nerad JA,
editor. Oculoplastic surgery: the requisites in ophthalmology. St. Louis: Mosby;
2001. p. 157-92.
Dutton JJ. The eyelids and anterior orbit. In: Dutton JJ, editor. In: Atlas of Clinical
and Surgical Orbital Anatomy. Philadelphia, PA: W.B. Saunders Company; 1994.
pp. 113–38.
Knop E, Knop N, Zhivov A, Kraak R, Korb DR, Blackie C, Greiner JV, Guthoff R. The
lid wiper and muco-cutaneous junction anatomy of the human eyelid margins:
an in vivo confocal and histological study. J Anat. 2011 Apr; 218(4): 449–461.
29
Passe aqui seu
Video 1- Demonstração da semiologia da ptose palpebral. leitor de QR Code
Sim 59,3
Não 28.2%
Abstenções 12.5%
Nota: O mais indicado é usar o colírio a 2.5% pois o colírio a 10% pode induzir aumento da pressão arterial,
além de dilatar a pupila. No entanto, o colírio de fenilefrina 10% está disponível a todos, podendo ser usado.
Sim 9.3%
Não 90.7%
Abstenções 0%
Nota: O teste da fenilefrina está indicado nas ptoses leves. Ele denota a função do músculo de Muller e deve
sempre ser realizado quando se pretende realizar a Mullerectomia.
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
3. Você acha válido que se realize o teste da fenilefrina em todos casos de ptose
adquirida?
Sim 56.3%
Não 40.6%
Abstenções 3.1%
Nota: Nas ptoses leves o teste da fenilefrina é útil. Entretanto, muitos cirurgioes pensam que nas ptoses
moderadas e graves o teste da fenilefrina não precisa ser realizado.
Sim 96.7%
Não 3.1%
Abstenções 0%
Nota: Sem dúvida sim. Se o fenômeno de Bell está ausente, o risco de exposição corneana após a correção
cirúrgica é grande, com possibilidade de ulcerações da córnea.
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ANATOMIA CIRÚRGICA E PROPEDÊUTICA DA PTOSE PALPEBRAL
Sim 15.6%
Não 84.4%
Abstenções 0%
Nota: As técnicas que se baseiam em não alterar a fenda palpebral, como a transposição da fenda, ou aque-
las que permitem a conexão da pálpebra superior com o músculo frontal são as mais seguras e podem ser
utilizadas sem o risco de exposição corneana.
Sim 9.3%
Não 78,2%
Abstenções 12.5%
Nota: Expansões da aponeurose do levantador formam os cornos lateral e medial que se inserem no
ligamento cantal medial e lateral. Os cornos podem ser cortados nas cirurgias de retração palpebral e nas
ptoses quando há necessidade de grandes avançamentos. Se o músculo orbicular tem boa função não há
problema. Entretanto, se há flacidez horizontal e se faz ressecção ampla combinada com secção dos cornos,
pode-se ter tarsal kinking e ectrópio. Nas cirurgias de refixação do tendão não há necessidade, devendo-se
evitar a secção dos cornos.
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 34.5%
Não 59.4%
Abstenções 6.3%
Nota: Sabe-se que a prega palpebral alta indica que há desinserção do levantador. No entanto, quando há
enoftalmia a prega palpebral pode estar alta sem significar que a aponeurose está desinserida.
Sim 28.2%
Não 68.7%
Abstenções 3.1%
Nota:Na ptose senil, em geral, a prega palpebral está presente e é bem delineada. Nestas condições não há
necessidade de refazer a prega durante a cirurgia de reinserção da aponeurose. A prega deverá ser refeita
utilizando suturas entre a pele-tarso ou aponeurose do músculo levantador – pele quando não há prega
palpebral definida.
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ANATOMIA CIRÚRGICA E PROPEDÊUTICA DA PTOSE PALPEBRAL
Sim 100%
Não 0%
Abstenções 0%
Nota: A correção da ptose palpebral leva a exposição maior da superfície ocular. Assim, portadores de
olho seco poderão ter sintomas mais acentuados após a cirurgia da ptose. A presença de olho seco não vai
contraindicar a correção da ptose, mas deve ser investigada porque o paciente e o cirurgião precisam estar
cientes disso.
Sim 59.3%
Não 37.6%
Abstenções 3.1%
Nota: O músculo orbicular pre-septal está situado imediatamente a frente da aponeurose do músculo le-
vantador da pálpebra. O levantador se insere na placa tarsal, não sendo difícil identificá-lo a partir da placa
tarsal. No entanto, a remoção de uma pequena faixa de orbicular pode facilitar esta exposição e poderá, a
critério do cirurgião, ser realizada, desde que se retire parte do músculo orbicular pre-septal. Nunca deve-se
retirar o músculo orbicular pre-tarsal.
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
CAPÍTULO 2
CIRURGIA DA APONEUROSE
POR VIA ANTERIOR
Ana Estela B. P. P. Sant’Anna
Midori H. Osaki
Eliana Forno
Juliana Medrado
Luciano Pereira
37
CIRURGIA DA APONEUROSE POR VIA ANTERIOR
1. INTRODUÇÃO
A correção da ptose palpebral pode ser realizada por via anterior (trans-
cutânea) ou posterior (transconjuntival). Ambas têm vantagens e desvantagens
e a escolha depende da preferência do cirurgião.
A correção da ptose palpebral via anterior inclui:
1. Reinserção(avanço) da aponeurose do músculo levantador da pál-
pebra superior (MLPS) ao tarso;
2. Ressecção da aponeurose do MLPS.
A correção da blefaroptose por via anterior pode ser realizada em todos os
graus de ptose, mesmo em casos com função reduzida do MLPS, e permite ava-
liar a altura e o contorno da pálpebra no intra-operatório. No entanto, a curva de
aprendizado desta técnica é maior e é necessária sutura cutânea. Este capítulo
abordará as técnicas por via anterior; a via posterior será abordada no Capítulo 3.
2. ASPECTOS FUNDAMENTAIS
É importante determinar a causa da ptose palpebral por meio da história
(época de aparecimento, fatores de melhora/ piora, cirurgias prévias, presença
de outras alterações locais ou sistêmicas, comorbidades, antecedente familiar)
e do exame clínico (função do MLPS, fenda palpebral, DMR-1, fenômeno de Bell,
motilidade ocular extrínseca, força do orbicular e outros exames específicos de
acordo com a suspeita clínica da causa da ptose).
A reinserção/ avanço da aponeurose do MLPS é indicada para as ptoses
palpebrais aponeuróticas (ptose involucional; por lente de contato; pós-infla-
matórias e pós cirurgia ocular). Este tipo de ptose caracteriza-se por apresentar
função normal do MLPS e a prega palpebral pode encontrar-se em posição mais
alta. Em alguns casos de ptose aponeurótica é indicada pequena ressecção da
aponeurose, de acordo com a necessidade de elevar a pálpebra, observada du-
rante o intra-operatório (ver figura 1).
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Figura 1. Observação da íris por transparência em paciente com desinserção da aponeurose do MLPS.
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CIRURGIA DA APONEUROSE POR VIA ANTERIOR
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
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CIRURGIA DA APONEUROSE POR VIA ANTERIOR
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
A complicação mais frequente das técnicas de correção de ptose é a hi-
pocorreção e pode ser necessária revisão cirúrgica, principalmente nas ptoses
congênitas com função mais baixa do MLPS.
Podem ocorrer ainda hipercorreção (transitória ou não), deformidade de
contorno da pálpebra, assimetria de prega, lagoftalmo (costuma ser temporá-
rio) e alterações da margem palpebral. A ocorrência de infecção é muito rara.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sant’Anna AE, Osaki TH. Correção de ptose palpebral por via anterior. In: Osaki
TH, Osaki MH, Kikkawa DO, Eds. Rejuvenescimento palpebral e periorbital. Else-
vier, 2019.
Allen RC, Saylor MA, Nerad JA. The current state of ptosis repair: a comparison of
internal and external approaches. Curr Opin Ophthalmol. 2011;22(5):394-9.
Simon GJ, Lee S, Schwarcz RM, McCann JD, Goldberg RA. External levator advan-
cement vs Müller’s muscle-conjunctival resection for correction of upper eyelid
involutional ptosis. Am J Ophthalmol. 2005;140(3):426-32.
43
CIRURGIA DA APONEUROSE POR VIA ANTERIOR
Nerad JA. Evaluation and treatment of the patient with ptosis. In: Techniques in
Ophthalmic Plastic Surgery – A personal tutorial. Elsevier, 2010.
Korn BS. Congenital ptosis repair by levator resection. In: Korn BS, Kikkawa DO,
Eds. Video Atlas of Oculofacial Plastic and Reconstructive Surgery. Elsevier, 2017.
Daut PM, Steinemann TL, Westfall CT. Chronic exposure keratopathy complica-
ting surgical correction of ptosis in patients with chronic progressive external
ophthalmoplegia. Am J Ophthalmol. 2000;130(4):519-21.
SooHoo JR, Davies BW, Allard FD, Durairaj VD. Congenital ptosis. Surv Ophthal-
mol. 2014;59(5):483-92.
Lucarelli MJ, Lemke BN. Small incision external levator repair: technique and
early results. Am J Ophthalmol. 1999;127(6):637-644.
Frueh BR, Musch DC, McDonald HMB. Efficacy and efficiency of a small-incision,
minimal dissection procedure versus a traditional approach for correcting apo-
neurotic ptosis. Ophthalmology. 2004;111(12):2158-2163.
Osaki TH, Osaki MH, Belfort R Jr, Osaki T, Sant’anna AE, Haraguchi DK. Ma-
nagement of progressive myopathic blepharoptosis with daily application
of octyl-2-cyanoacrylate liquid bandage. Ophthalmic Plast Reconstr Surg.
2009;25(4):264-6.
Callahan MA, Beard C. Beard’s Ptosis, 4th. ed. Birmingham: Aesculapius, 1990.
Lee JH, Aryasit O, Kim YD, Woo KI, Lee L, Johnson ON 3rd. Maximal levator
resection in unilateral congenital ptosis with poor levator function. Br J
Ophthalmol. 2017;101(6):740-746.
Cruz AA, Akaishi PM, Mendonça AK, Bernadini F, Devoto M, Garcia DM. Suprama-
ximal levator resection for unilateral congenital ptosis: cosmetic and functional
results. Ophthalmic Plast Reconstr Surg. 2014;30(5):366-71.
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
45
CIRURGIA DA APONEUROSE POR VIA ANTERIOR
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
SEÇÃO INTERATIVA
CAPÍTULO 2
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CIRURGIA DA APONEUROSE POR VIA ANTERIOR
Sim 37,50%
Não 62,50%
Abstenções 0%
Nota: A abordagem da aponeurose do músculo levantador por via anterior pode ser realizada com incisão
mínima (incisão de 8-12 mm centrada sobre a córnea). Estudos na literatura mostram resultados compa-
ráveis à incisão tradicional para casos de reinserção da aponeurose em pacientes que não apresentam
dermatocálaze associada à ptose palpebral.
Sim 84,37%
Não 12,50%
Abstenções 3,12%
Nota: Na verdade, quando isto ocorre, estamos diante de ptose bilateral e manifestação da lei de Hering: ao
se corrigir o lado com a ptose palpebral mais evidente, reduz-se a inervação para ambos os lados, e conse-
quentemente, a ptose do lado contralateral torna-se evidente.
48
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 59,37%
Não 40,62%
Abstenções 0%
Nota: A divergência observada nas respostas dos especialistas sugere que não é regra encontrar a borda da
aponeurose do músculo levantador desinserida do tarso durante a correção da ptose involucional por via
anterior.
Sim 12,50%
Não 81,25%
Abstenções 6,24%
Nota: A concordância negativa indica que a maioria dos cirurgiões não considera necessária uma dissecção
ampla da aponeurose em relação à borda do tarso na correção da ptose involucional por via anterior.
49
CIRURGIA DA APONEUROSE POR VIA ANTERIOR
Sim 15,62%
Não 78,12%
Abstenções 6,25%
Nota: A concordância negativa indica que a maioria dos cirurgiões não considera necessária a ressecção de
uma faixa do tendão do MLPS para melhor aderência dos tecidos na correção da ptose involucional por via
anterior.
Sim 46,87%
Não 37,50%
Abstenções 15,62%
Nota: Não houve unanimidade das respostas pois sabe-se que pode ser realizada ressecção supra máxima
do MLPS para ptoses congênitas com função do MLPS abaixo de 4mm
50
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
7. Nos casos de ptose congênita com função do MLPS < 4mm, indica-se
ressecção supra-máxima?
Sim 34,37%
Não 37,50%
Abstenções 28,12%
Nota: Estudos mostram que a ressecção supramáxima do MLPS para ptoses congênitas com função do MLPS
abaixo de 4mm apresenta resultados comparáveis à suspensão ao frontal. Alguns tem preferido esta abor-
dagem em relação à suspensão ao frontal, pois a ressecção supramáxima é considerada uma técnica mais
fisiológica em relação à suspensão ao frontal.
Sim 53,12%
Não 31,25%
Abstenções 15,62%
Nota: Pacientes com ptoses por miopatias e Bell pobre ou ausente apresentam maior risco de exposição
corneal e muitas vezes, a correção cirúrgica tradicional é contra-indicada. Quando realizado procedimento
cirúrgico para correção dessas ptoses, deve-se hipocorrigir. Procedimentos alternativos como
uso temporário de cola podem ser indicados nesses casos.
51
CIRURGIA DA APONEUROSE POR VIA ANTERIOR
Sim 28,13%
Não 68,75%
Abstenções 3,12%
Nota: Existem normogramas na literatura, como o proposto por Beard e Finsterer. Porém, muitos cirurgiões
seguem o seu próprio normograma e, em geral, a quantidade a ser ressecada é avaliada no próprio intra-
-operatório, em que se resseca “quantidade suficiente para” se obter bom posicionamento palpebral.
10.O fio de sutura utilizado para fixação da aponeurose ao tarso deve ser,
preferencialmente, o Seda 6-0?
Sim 56,25%
Não 37,50%
Abstenções 6,24%
Nota: Além do seda 6-0, podem ser usados outros fios de sutura, como o vicryl 6-0, prolene 6-0 ou 7-0 e o
nylon 6-0 ou 7-0.
52
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
CAPÍTULO 3
53
CIRURGIA VIA POSTERIOR
1. INTRODUÇÃO
A correção cirúrgica da ptose pode ser realizada por inúmeras técnicas e
a escolha dependerá da etiologia da ptose, da função do músculo elevador da
pálpebra superior e da preferência do cirurgião.
Assim como ocorre na via anterior, pela via posterior pode-se realizar di-
ferentes técnicas como: conjuntivomullerctomia, Fasanella-Servat (excisão do
tarso, m. de Muller e conjuntiva), reinserção e a ressecção da aponeurose EPS
via posterior. Portanto o termo cirurgia de correção de ptose via posterior não
deve ser utilizado como sinônimo de conjuntivomullerectomia. Neste capítulo
discutiremos As diversas técnicas da via posterior.
2. ASPECTOS FUNDAMENTAIS
2.1 Conjuntivomullerectomia
Em 1975 Putterman & Urist publicaram o artigo “ Muller muscle-conjunc-
tiva resection Technique for treatment of blepharoptosis”. Trata-se de uma evo-
lução da técnica de Fasanella-Servat (tarsoaponeurectomia ) descrita em 1961,
com a vantagem de se poupar o tarso. Nos últimos anos percebeu-se uma ten-
dência mundial em se utilizar cada vez mais a conjuntivomullerectomia e cada
vez menos a técnica de Fasanella-Servat.
O princípio da conjuntivomullerectomia é realizar um encurtamento do
músculo de Muller (MM). Diversos estudos já foram publicados com variações
técnicas e de normograma para resseção de conjuntiva e muller, demonstran-
do ser um tema bastante controverso na literatura. O algoritmo clássico para
o tamanho da ressecção em relação à elevação desejada é descrito pela “regra
4:1”, em que para cada 4mm de ressecção, pode-se esperar 1mm de elevação
palpebral.
Outro normograma baseia-se na resposta palpebral à fenilefrina para de-
cisão da quantidade de tecido a ser ressecada, se a resposta for 1mm acima da
desejada a excisão será de 6mm, se a pálpebra estiver na altura desejada após
fenilefrina será de 8mm, e 1mm abaixo será uma ressecção de 10mm, este o
preferido dos autores.
Por último, há estudos demonstrando que a conjuntivomullerectomia
apresenta bons resultados com uma quantidade fixa de tecido ressecado, e de-
fine a excisão padrão de 7mm, com resultados cirúrgicos sem diferenças signifi-
cativas às cirurgias realizadas com a “regra 4:1”.
A partir desses dados, pode ser razoável, embora desafiador, aceitar que
uma ressecção padrão possa ser aplicada a todos os casos, independentemente
da medida pré operatória de DMR-1 ou da resposta à fenilefrina.
Estes resultados também depõem contra a cirurgia de conjuntivomullerc-
tomia ser um mecanismo puramente mecânico relacionado apenas a ressecção
da conjuntiva e músculo de Muller, sugerindo que o resultado cirúrgico deve es-
54
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
55
CIRURGIA VIA POSTERIOR
56
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Figura 2. Equivalência entre a via anterior e a via posterior. Para a mesma situação de desinserção do complexo
elevador observa-se a comparação entre a via anterior (1A a 1D) e a via posterior (1E a 1I).
Figura 3. Técnica cirúrgica detalhada: 2A sutura intermarginal e eversão sobre um Desmarres; 2B evidencia o
bordo tarsal livre e a formação de sulco abaixo do retrator, denotando a deiscência do complexo elevador;
2C, 2D, 2E, incisão da conjuntiva ao nível do bordo superior do tarso, na pinça está apreendida a conjuntiva
e parte do M. Muller e logo acima se observa a “linha branca” que corresponde à aponeurose; 2F demonstra
a face anterior do tarso; 2G, 2H, o ligeiro movimento de báscula do Desmarres facilita a passagem da agulha
sob a linha branca (face posterior da aponeurose e M. Muller); 2L com a passagem da agulha na face anterior
do tarso em seu terço superior e central (podem ser necessárias suturas adicionais em pálpebras com muita
frouxidão horizontal); 2J após enodamento das suturas que ficam embutidas; não há suturas de conjuntiva e
a lamela posterior da pálpebra se acomoda perfeitamente após o reposicionamento do tarso.
57
CIRURGIA VIA POSTERIOR
Figura 4. Resultados da cirurgia da aponeurose via posterior para correção de ptose isoladamente. 3A, 3B: pré
e pós operatório de ptose pós múltiplas cirurgias intraoculares; 3C,3D pré e pós operatório de ptose por uso
de lentes de contato; 3E, 3F pré e pós operatório da PSD em posição primária; 3G, 3H pré e pós operatório na
supraversão da mesma paciente; 3I, 3J pré e pós operatório de ptose PSE por uso de LC no OE, já submetida
à blefaroplastia previamente.
58
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Figura 6 – sutura contínua simples atrás da convexidade das pinças com mononylon 6.0
59
CIRURGIA VIA POSTERIOR
3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
O Teste da fenilefrina baseia-se na estimulação direta dos receptores adre-
nérgicos do músculo de Muller pela instilação de colírio de fenilefrina 2,5% no
olho com ptose ou no de maior ptose, avaliando-se o efeito 3 a 5 minutos após:
se a pálpebra superior se eleva ao nível palpebral normal ou simétrico em rela-
ção à outra, o teste é positivo, caso olho contralateral fique com MRD-1 menor,
realiza-se o teste neste olho.
O Teste da Fenilefrina na Reinserção da Aponeurose Via Posterior não tem
papel na indicação e no planejamento da cirurgia da aponeurose do MEPS. É rea-
lizado em todos os casos, mas com o objetivo de detectar bilateralidade em casos
assimétricos e aparentemente unilaterais, bem como simular o resultado final.
O Teste da Fenilefrina na Conjuntivomullerctomia é realizado em todos os
casos também para detectar bilateralidade da ptose e para simular o resultado
final, mas principalmente para a indicação clássica da técnica na qual se utiliza
alguns normogramas para planejamento da excisão cirúrgica da conjuntiva e do
m. de Muller.
Classicamente, para que haja a indicação da técnica de conjuntivomullercto-
mia a resposta ao teste de fenilefrina deve ser positivo. Entretanto, muitos relatos
surgiram ao longo dos anos expandindo as indicações para pacientes com respos-
ta moderada à fenilefrina. Há inclusive um estudo questionando a relação da boa
resposta à fenilefrina com o bom resultado da correção da ptose, concluindo que o
60
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Fasanella RM, Servat J. Levator resection for minimal ptosis: another simplified
operation. Arch Ophthalmol. 1961;65:493-6.
Putterman AM, Urist MJ. Muller muscle-conjunctiva resection. Technique for tre-
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Brown MS, Putterman AM. The effect of upper blepharoplasty on eyelid position
when performed concomitantly with Muller muscle-conjunctival resection. Oph-
thalmic Plast Reconstr Surg. 2000;16(2):94-100.
Golbert M, Pereira FJ, Garcia DM, Cruz AAV. Contour Symmetry of the Upper Eye-
lid Following Bilateral Conjunctival-Müller’s Muscle Resection. Aesthet Surg J.
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Glatt HJ, Fett DR, Putterman AM. Comparison of 2.5% and 10% phenylephrine in
the elevation of upper eyelids with ptosis. Ophthalmic Surg. 1990 Mar;21(3):173-6
Baker RH, de Silva JD, Henderson HW, Kirkpatrick N, Joshi N. A novel technique
of harvesting temporalis fascia autografts for correction of recurrent blepharop-
tosis. Ophthal Plast Reconstr Surg. 2005 Jul;21(4):298-300
Soares EJC, Figueiredo ARP, Souza GL et al. In:Blefaroptose. São Paulo: Roca,
1997 Cirurgia plástica ocular.
61
CIRURGIA VIA POSTERIOR
Ng DS, Chan E, Ko ST. Minimal incision posterior approach levator plication for
aponeurotic ptosis. Eye 2015, 1-9.
Rootman DB, Karlin J, Moore G, Goldberg R. The role os Tissue Resection Length
in the Determination of Post- Operative Eyelid Position for Muller’s Muscle-Con-
junctival Resection surgery. Orbit. 2015; 34(2):92-98.
Rootman DB, Sinha KR, Goldberg RA. Change in Eyelid Position Following Mul-
ler’s Muscle-Conjunctival Resection With a Standard Versus Variable Resection
Length. Ophtahl Palst Reconstr Surg. September2017:1
Ben Simon GJ, Lee S, Schwarcz RM, Mc Cann JD, Goldberg RA. Muller’s muscle
conjunctival resection for correction of upper eyelid ptosis: relantionship betwe-
en phenylephrine testing and the amount of tissue resected with final eyelid po-
sition. Arch Facial Plast Surg.2007;9(6):413-17.
62
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
63
CIRURGIA VIA POSTERIOR
64
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
SEÇÃO INTERATIVA
CAPÍTULO 3
65
CIRURGIA VIA POSTERIOR
1.Para corrigir uma ptose com boa função do MLPS e teste da fenilefrina positi-
vo a conjuntivomullerectomia é sua técnica de eleição?
Sim 65.6%
Não 28.2%
Abstenções 6.2%
Nota: Observa-se que a maioria considera a conjuntivomullerectomia a melhor técnica nesses casos,
provavelmente pela previsibilidade e fácil execução, mas outras técnicas podem ser utilizadas como
Fasanella-Servat (tarsoconjuntivomullerectomia), além do avançamento ou refixação
da aponeurose do MLPS via anterior ou posterior.
Sim 43.8%
Não 46.9%
Abstenções 9.3%
Nota: Observa-se que não há concordância em relação ao tipo de fio utilizado na conjuntivomullerectomia.
O fio absorvível tem como vantagem não necessitar retirada e não exteriorização palpebral da sutura, mas a
sutura contínua simples com fio absorvível (Mononylon 6-0) gera menos atrito corneano e pode-se modular
o pós-operatório com retirada mais ou menos precoce da sutura.
66
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 28.2%
Não 50%
Abstenções 21.8%
Nota: Não há consenso em relação ao ajuste intraoperatório nessa técnica, mas a maioria dos especialistas
considera que classicamente não há necessidade de ajuste intra-operatório na reinserção da aponeurose
via posterior. Adicionalmente a sedação proporciona o conforto intraoperatório mas dificultaria
a colaboração do paciente para que seja realizado o ajuste.
Sim 87.5%
Não 9.3%
Abstenções 3.2%
Nota: A grande maioria dos participantes concorda que os protocolos são bastante fidedignos, uma vez que
a DMR pós-operatória coincide com o teste da fenilefrina no pré-operatório.
67
CIRURGIA VIA POSTERIOR
5. Na via posterior com boa função do MLPS e teste fenilefrina positivo mas
levemente hipocorrigido minha técnica de eleição é sempre Fasanella-Servat?
Sim 9.3%
Não 84.5%
Abstenções 6.2%
Nota: A maioria dos participantes não indicaria a cirurgia de Fasanella-Servat nesse caso, provavelmente
por não se familiarizar com a técnica ou não desejar a ressecção de tarso concomitante com o m. de Muller
e conjuntiva, mas pode ser utilizada com normograma adequado em hipocorreção no teste da fenilefrina,
além de ressecção maior na Conjuntivomullerectomia (10mm) e também acesso à aponeurose do MLPS via
anterior ou posterior.
Sim 40.6%
Não 40.6%
Abstenções 18.8%
Nota: Não existe um consenso entre os participantes em relação à via posterior em ptose congênita, com
equilíbrio das respostas possivelmente pelo enunciado referir “nunca”, em discussão com os participantes
referiram que prefeririam a cirurgia de aponeurose via anterior; porém há casos de ptose mais leve em que
a via posterior pode ser útil com teste da fenilefrina positivo.
68
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 25%
Não 68.8%
Abstenções 6.2%
Nota: A maioria dos participantes indicaria outras técnicas cirúrgicas quando o teste é negativo, como aces-
so à aponeurose do MLPS via anterior ou posterior.
Sim 28.2%
Não 62.5%
Abstenções 9.3%
Nota: Quanto ao uso de LCT de rotina no pós-operatório de conjuntivomullerectomia, a maioria dos espe-
cialistas não considera necessário, uma vez que uma parcela significativa de pacientes não têm queixas
relacionadas à abrasão corneana pelo fio de sutura, mas quando ocorre é o tratamento padrão ouro.
69
CIRURGIA VIA POSTERIOR
Sim 50%
Não 37.5%
Abstenções 12.5%
Nota: A maioria dos participantes acredita que é possível realizar nova Conjuntivomullerectomia nesse caso,
mas um número significativo de especialistas prefere a reoperação com outras técnicas nessa situação. Se o
teste é novamente positivo a falha na técnica pode ter sido por não englobamento adequado do m. Muller
na pinça de Putterman ou hemostáticas, comenta-se também de avançar somente o muller poupando
conjuntiva.
Sim 65.6%
Não 28.2%
Abstenções 6.2%
Nota: A grande maioria dos participantes prefere utilizar a pinça de Putterman com técnica
fechada pela sua praticidade, mas muitos colegas preferem outros métodos como
utilização de pinças hemostáticas ou técnica aberta.
70
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
CAPÍTULO 4
SUSPENSÃO AO FRONTAL
Patricia Akaishi
Guilherme Herzog
Rodrigo Brito
Fausto Cazorla
Rubem Lima
71
SUSPENSÃO AO FRONTAL
1. INTRODUÇÃO
A ação primária do músculo frontal é a elevação do supercílio. Sua ação
secundária é elevar a pálpebra superior, porém esse efeito é de menor magnitu-
de. A contração máxima do músculo frontal é capaz de elevar o supercilio em 7
mm e a pálpebra superior em até 2mm (Figura 1).
2. ASPECTOS FUNDAMENTAIS
2.1. Critérios para indicação da cirurgia.
A indicação primária para corrigir uma ptose palpebral com a técnica de
suspensão ao frontal é que se tenha uma função pobre do músculo levantador.
72
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Esta função deve ser, portanto, menor que 5 mm, para o emprego da suspensão
ao frontal, o que indica que o músculo levantador não tem contratilidade ou for-
ça suficiente para que possa elevar a pálpebra mesmo que esta seja reforçada/
encurtada/ressecada o máximo possível.
O que se pode fazer neste tipo de ptose é unicamente substituir o músculo
levantador por outro elemento elevador da pálpebra. Obviamente, este mate-
rial somente permite abrir a pálpebra de uma forma menos eficiente que um
músculo levantador normal, já que o material empregado não tem contratilida-
de ou elasticidade. O que se faz é fixar o material suspensor simultaneamente ao
tarso e ao músculo frontal, que é um músculo acessório de elevação da pálpebra
superior.
Pode-se observar que nas ptoses unilaterais moderadas a severas que o
paciente tende a elevar o supercílio do mesmo lado que o da ptose palpebral. É
importante notar que a suspensão ao frontal só vai funcionar se o músculo fron-
tal tiver uma força normal ou próxima ao normal.
A força do músculo frontal deve sempre ser avaliada para podermos indi-
car o procedimento de suspensão ao frontal. Este músculo pode estar compro-
metido nas paralisias do nervo facial e nas miopatias, como a distrofia miotôni-
ca de Steinert.
Se o paciente apresentar uma ptose congênita com função do músculo le-
vantador (FMEPS) maior que 5 mm, o procedimento de escolha indicado não é
a suspensão ao frontal mas sim um procedimento de reforço/ressecção do mús-
culo levantador que será abordado em outro capítulo.
Para indicar este procedimento devemos sempre avaliar também os me-
canismos de proteção ocular que são: qualidade e quantidade do filme lacrimal,
posição da pálpebra inferior, frequência e qualidade do piscar, a exoftalmome-
tria e o fenômeno de Bell. Isto se faz importante porque o elemento suspensor
irá provocar um lagoftalmo secundário que tende a provocar exposição da su-
perfície do olho mesmo em condições normais e até mesmo nos olhos sem defi-
ciência dos mecanismos de proteção.
Caso haja deficiência de qualquer fator protetor as possibilidades de ce-
ratite e exposição aumentam. Nestes pacientes, a suspensão frontal, se for im-
prescindível, deve ser realizada de forma conservadora (Figura 2).
73
SUSPENSÃO AO FRONTAL
Figura 2. Paciente com miopatia mitocondrial e fenômeno de Bell ausente. A. Abertura palpebral mínima
apesar da contração frontal máxima. B. Após cirurgia conservadora com fáscia autógena, o mesmo paciente
consegue abertura palpebral satisfatória, com a mesma intensidade de contração frontal. C. Ausência de la-
goftalmo residual com o relaxamento do músculo frontal garante a proteção ocular em paciente miopático e
ausência do fenômeno de Bell.
74
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Figura 3. A. Extrusão tardia do silicone em região frontal. B. A remoção do silicone não causa recorrência da
ptose devido a fibrose.
75
SUSPENSÃO AO FRONTAL
Figura 4. A. Marcação da
posição do trato iliotibial
entre a côndilo lateral da
tíbia e porção anterior da
crista ilíaca antero-supe-
rior. B. Marcação do local
da incisão, a 10 cm acima
do joelho.
76
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Figura 5. A. Incisão pequena (3 mm). B e C. A tração das bordas da incisão no sentido longitudinal permite
remoção de segmento de 6 x 1 cm de fáscia lata. D. A divisão da fascia cria 2 segmentos de 3 x 1cm, que é
suficiente para suspender o tarso superior ao músculo frontal na técnica em tira única.
77
SUSPENSÃO AO FRONTAL
O tecido subcutâneo é suturado com fio 4-0 ou 5-0 absorvível e a pele com
fio inabsorvível (mononylon 5-0). A região é enfaixada por 24hs com um curativo
levemente compressivo usando-se bandagens elásticas.
78
Figura 8. Planos de dissecção da fossa temporal.
Figura 11. Na técnica linear, um segmento de fáscia de 2,5-3,0 x 1 cm é suficiente para elevar a pálpebra ao
músculo frontal.
Figura 13. A. A fáscia retangular é dividida parcialmente em 2 metades, permitindo que cada metade seja
transferida a região frontal com auxilio de agulha e Wright. B. Em tira única, a fáscia pode atingir o músculo
frontal com auxilio de uma incisão ao nível do supercílio. Em ambas as situações, a fáscia é levada até a su-
perfície do músculo frontal por meio de suturas que se exteriorizam-na pele.
Figura 14. A Plano retroseptal na dissecção palpebral; B. Plano subcutâneo na dissecção frontal (pinça indica
o músculo frontal); C. “Túnel” conectanWdo região palpebral e frontal; D. Tira única de fáscia suturada ao tar-
so com seda 6-0; E. Extremidade superior da fáscia levada ao músculo frontal com nylon 4-0 (note que a fáscia
não é suturada ao frontal). F. Exteriorização da sutura pela pele.
Figura 15. Incisões mínimas cutâneas na suspensão frontal com fio 2-0 utilizando passador de fio delicado.
3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
- Quando se usa configuração geométricas, seja com material autógeno
ou aloplástico, podemos utilizar técnica fechada, onde o material é inserido por
meio de pequenas incisões, ou técnica aberta, com incisão ao nível do sulco pal-
pebral, o que permite fixar o elemento suspensor ao tarso e criar a prega palpebral.
- As incisões nos supercílios são biseladas na direção dos pêlos do supercí-
lio, minimizando-se o trauma aos folículos pilosos próximos.
- A sutura de Frost é necessária para proteção corneana em adultos e crian-
ças nas primeiras 24 horas após a cirurgia.
- Fáscia lata e fáscia temporal autógenas podem ser obtidas a partir dos 3
anos de idade.
Figura 17. Ajuste tardio do silicone em caso de hipocorreção. A. O manguito que segura as extremidades do
silicone é identificado por palpação e exposto por meio de incisão cutânea. B. As extremidades são traciona-
das permitindo o ajuste.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Crawford JS. Repair of ptosis using frontalis muscle and fascia lata. Trans Am
Acad Ophthalmol Otolaryngol. 1956 Sep-Oct;60(5):672-8
Sidney A Fox. Congenital Ptosis: II. Frontalis Sling, Journal of Pediatric Ophthal-
mology and Strabismus. 1966;3(2):25-28, https://doi.org/10.3928/0191-3913-
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Patrinely JR, Anderson RL. The septal pulley in frontalis suspension. Arch Oph-
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Evereklioglu C. ‘Kite-tail’ fascia lata strips technique: frontalis suspension using
a non-endoscopic minimally invasive single-thigh incision approach. Br J Oph-
thalmol. 2012 Apr; 96(4):570-5. doi: 10.1136/bjophthalmol-2011-300400. Epub
2011 Nov 17
Crowell Beard, In: Ptosis Chap. 01, History. pg 1-11. The CV Mosby Company, St.
Louis , second edition, 1976.
Korn BS, Kikkawa DO. In: Atlas de Cirurgia Plástica Oculofacial e Reconstrutiva.
Cap. 15. pg. 104-110. Elsevier, Second edition, 2017.
Nunes, Tânia Pereira, Sardinha, Mariluze, Cardoso, Laura, Buzalaf, Flávio, & Ma-
tayoshi, Suzana. (2004). Uso da fáscia temporal na suspensão frontal: descrição
da técnica cirúrgica - Relato de caso. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 67(2),
323-324.
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Vídeo-1 obtenção preparo fáscia temporal
87
SUSPENSÃO AO FRONTAL
88
SEÇÃO INTERATIVA
CAPÍTULO 4
SUSPENSÃO AO FRONTAL
Sim 37.5%
Não 59.4%
Abstenções 3.1%
Nota: Há vários materiais disponíveis para a Suspensão Frontal. Não há um consenso sobre um material de
escolha entre os membros da SBCPO
Sim 41.9%
Não 51.6%
Abstenções 6.5%
Nota: Após a Suspensão Frontal, o músculo frontal passa a controlar a abertura palpebral. Dependendo
do material utilizado, a cirurgia será: Hipercorretora, ou seja, planejada para obter uma abertura palpebral
imediata grande, levando-se em consideração a distensibilidade do material; Normocorretora, quando a
posição palpebral fica na posição desejada com mínima ação frontal; Hipocorretora, quando a abertura
palpebral só ocorre com a contração do músculo frontal.
90
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 65,6%
Não 31,3%
Abstenções 3,1%
Nota: A magnitude do lagoftalmo após a cirurgia de Suspensão Frontal depende do material e técnica utili-
zada, no entanto o lagoftalmo é uma ocorrência comum após a cirurgia.
4. Paciente com Miopatia com ptose severa mas com boa função músculo frontal,
minha técnica de eleição é a conexão ao frontal(suspensão ao frontal sem tração)?
Sim 50%
Não 40.6%
Abstenções 9.4%
Nota: A correção da ptose severa em pacientes miopáticos requer cuidados adicionais. Na ausência do
reflexo de Bell e redução da força contrátil do orbicular, a cirurgia deve ser hipocorretora a fim de permitir
abertura palpebral suficiente sem causar qualquer lagoftalmo
91
SUSPENSÃO AO FRONTAL
5. Paciente com Miopatia com ptose severa mas com boa função músculo fron-
tal, minha técnica de eleição deve ser a transposição de fenda palpebral?
Sim 21.9%
Não 71.9%
Abstenções 6.3%
Nota: Embora a técnica de transposição da fenda palpebral seja útil, ela é preferencialmente aplicada para
casos de ptose severa em pacientes miopáticos que não utilizam o músculo frontal
Sim 18.8%
Não 78.1%
Abstenções 3.1%
Nota: A fáscia temporal é uma opção autógena para a suspensão frontal. Entretanto, ela não é a primeira
opção para a maioria dos oculoplásticos brasileiros.
92
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 83.9%
Não 12.9%
Abstenções 3.2%
Nota: A maioria dos oculoplásticos prefere utilizar sutura inabsorvível para fixar o elemento suspensor ao
tarso. As opções mais utilizadas são: mersilene 5-0, seda 6-0 e prolene 6-0.
Sim 43.8%
Não 56.3%
Abstenções 0%
Nota: Há um equilíbrio em relação a preferencia nacional pelo uso de materiais aloplásticos e autógenos.
93
SUSPENSÃO AO FRONTAL
Sim 65.6%
Não 25%
Abstenções 9.4%
Nota: A vantagem de manter o elemento suspensor no plano profundo, abaixo do músculo orbicular, é reduzir
sua visibilidade na área palpebral. Porém, para que ele exerça um efeito dinâmico, é necessário que ele esteja
em contato com a face anterior do músculo frontal. Como músculo frontal e orbicular se interdigitam ao nível
do rebordo orbital, deve haver uma transição entre os planos suborbicular e suprafrontal neste nível.
10. Você acha que o entrópio secundário a suspensão frontal também denominado
“tarsal buckling” ocorre mais comumente nas cirurgias com exposição da placa
tarsal, quando o elemento suspensor é fixado próximo a margem palpebral ao invés
do terço superior do tarso?
Sim 65.6%
Não 31.3%
Abstenções 3.1%
Nota: A complicação denominada tarsal buckling refere-se ao quadro clinico de entrópio secundário a
cirurgia de correção da ptose. Não há consenso na literatura e nem entre os cirurgiões oculoplásticos sobre
a causa dessa complicação.
94
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
CAPÍTULO 5
AVANÇO DO MÚSCULO
FRONTAL
95
AVANÇO DO MÚSCULO FRONTAL
1. INTRODUÇÃO
O avanço do músculo frontal para a correção de ptoses com má função
do elevador não é uma técnica nova embora só recentemente esteja recebendo
atenção na literatura ocidental1. A proposta desse procedimento é bem simples.
Ao invés da ptose ser corrigida por meio de um elemento suspensor exógeno, a
elevação palpebral se dá por meio de retalho do próprio músculo frontal que é
suturado diretamente ao tarso. A cirurgia evita, portanto, o emprego de mate-
riais sintéticos bem como os problemas de remoção de tecido autógeno fora da
área cirúrgica como os das fáscias lata e temporal.
2. ASPECTOS FUNDAMENTAIS
Como o procedimento se trata, basicamente, da confecção de um retalho
muscular é preciso que o cirurgião esteja familiarizado com alguns aspectos da
anatomia cirúrgica da transição fronto-orbicular. O primeiro ponto fundamental
diz respeito à inervação do músculo frontal pelo ramo fronto-temporal do ner-
vo facial. Embora o curso desse nervo na fossa temporal seja bem conhecido,
ele trafega obliquamente a fossa na face profunda da fáscia têmporo-parietal,
a sua distribuição terminal no músculo frontal tem sido menos estudada. Re-
centemente, Zang et al. mostraram, em 20 cadáveres (40 lados), que a menor
distância do rebordo orbitário superior que esse ramo penetra no músculo fron-
tal é em média 7.6 mm2. Considerando o desvio padrão encontrado de 1.5 mm,
pode-se afirmar que em alguns casos já há fibras neurais inervando o músculo
frontal a 3.6 mm da margem orbitária superior. Isso significa que para se minimi-
zar o risco de denervação do músculo frontal deve-se evitar incisões verticais na
porção lateral do músculo frontal.
Um segundo ponto importante é a dissecção submuscular além do re-
bordo superior da órbita. Esse plano é preenchido pela gordura retroorbicular
(“ROOF” – retro orbicularis oculi fat) também conhecida como galea fat pad3.
Essa dissecção deve ser cuidadosa e não muito extensa pois há um rico
plexo venoso nessa região composto principalmente pela veia supra-orbitária
transversa4. A lesão desse vaso é fonte de sangramento importante que se não
for controlado dificulta o isolamento do músculo frontal.
A dimensão horizontal do retalho é outro fator que deve ser cuidadosa-
mente considerado. A fim de se evitar lesões desnecessárias da artéria e ner-
vo supraorbitário, a extensão medial do retalho deve ser lateral ao forame
supraorbitário.
O último aspecto a ser considerado é a interdigitação entre o músculo
frontal e a porção orbitária do músculo orbicular e a relação dessa união inter-
muscular com o supercílio e o músculo corrugador. Esse detalhe anatômico é
de fundamental importância para a correta identificação do músculo frontal. Se-
gundo Hwang et al5. as fibras verticais do músculo frontal se unem às horizontais
96
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Figura 1. Dissecção romba no plano do ROOF. A posição do rebordo superior é indicada pelas duas pinças.
97
AVANÇO DO MÚSCULO FRONTAL
mente a maioria dos cirurgiões tendem a fazer apenas uma ou duas pequenas
incisões verticais no orbicular.1 Em casos de ptoses miopáticas o retalho pode
ser alongado com a incorporação de diferentes extensões do músculo orbicular
pré-septal.
98
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
O avanço direto do músculo frontal tem sido avaliado positivamente na
literatura atual, oriunda principalmente, de países asiáticos. A complicação
mais comumente relatada é a hipocorreção que varia de 1.8 % a 38% (mediana
= 12.2%). O lagoftalmo pós-operatório é mínimo e a ceratite de exposição pouco
frequente.
4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2. Zang L, Qin H, Chen W et al. Frontalis muscle flap suspension surgery for the
treatment of blepharoptosis based on the anatomical study of the frontal mus-
cle nerve in the third of the eyebrow. Int. J. Morphol. 2016; 34:197-204.
5. Hwang K, Kim DJ, Hwang SH. Insertion of Frontalis Muscle Relating to Blepha-
roptosis Repair. The Journal of Craniofacial Surgery 2005; 16: 965-967.
99
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Vídeo-1 Avanço do Músculo Frontal
SEÇÃO INTERATIVA
CAPÍTULO 5
AVANÇO DO MÚSCULO FRONTAL
Sim 34.4%
Não 25%
Abstenções 40.6%
Nota: O lagoftalmo está presente em ambas as técnicas, sendo imprescindível o uso de colírios e pomadas
no pós operatório. Existe um controle um pouco maior da abertura palpebral na transferência do frontal,
dessa forma o lagoftalmo é um pouco menor.
Sim 81.2%
Não 0%
Abstenções 18.8%
Nota: A concordância da grande maioria em realizar uma sutura reforçada na transferência do frontal indica
a real necessidade da realização da mesma. O músculo frontal apresenta uma força muito maior do que o
músculo levantador da pálpebra superior, por exemplo; necessitando uma sutura mais reforçada.
102
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 25%
Não 37.5%
Abstenções 37.5%
Nota: Assim como na literatura, a realização de incisões verticais no músculo frontal está sendo cada vez
menos utilizada, embora alguns cirurgiões ainda as realize. O que corresponde às respostas divergentes nes-
sa questão. É importante evitar a realização de relaxantes verticais no músculo frontal, para que não ocorra
comprometimento da inervação local, com consequente diminuição da força muscular.
Sim 43.8%
Não 40.6%
Abstenções 15.6%
Nota: Alguns cirurgiões têm preferido a transferência do frontal por ser rápida, segura, não utilizar um
material haloplástico (p ex: silicone) e não precisar de um outro sítio cirúrgico para a doação de material
suspensório (p ex: fáscia lata ou fáscia temporal), porém não há unanimidade nessa questão.
103
AVANÇO DO MÚSCULO FRONTAL
Sim 34.3%%
Não 46.9%
Abstenções 18.8%
Nota: Em adultos, muitos cirurgiões ainda preferem utilizar um material haloplástico para a realização da
cirurgia de suspensão frontal. Por ser rápida e ser facilmente realizada sob anestesia local, por isso essa
discreta preferência por outras técnicas.
Sim 18.8%
Não 46.9%
Abstenções 34.3%
Nota: Os resultados são semelhantes aos encontrados por outras técnicas de suspensão ao frontal.
104
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 6.2%
Não 59.5%
Abstenções 34.3%
Nota: Existe uma pequena possibilidade de ter entrópio no pós operatório, que aumenta se não for
realizada uma boa confecção de sulco palpebral. A realização do sulco, já está bem padronizada
na realização da técnica, o que diminui a ocorrência do entrópio.
8. Você optaria pela técnica de frontalis transfer como tratamento de escolha após
a falência da realização de outra técnica de suspensão ao músculo frontal?
Sim 59.4%
Não 25%
Abstenções 15.6%
Nota: Essa técnica possibilita uma boa previsibilidade do resultado cirúrgico, podendo ser uma grande
indicação nos casos de reoperação de ptose.
105
AVANÇO DO MÚSCULO FRONTAL
Sim 56.2%
Não 25%
Abstenções 18.8%
Nota: É uma técnica que vem se consagrando cada vez mais, porém apresenta uma curva de aprendizado
maior e apresenta detalhes que devem ser respeitados para a realização da mesma.
Sim 6.2%
Não 72%
Abstenções 21.8%
106
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
CAPÍTULO 6
CUIDADOS
PÓS-OPERATÓRIOS
Tammy Hentona Osaki
Nilson Lopes da Fonseca
José Vital Filho
Simone Stumpf
Fabiane P. Marques
107
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS
1. INTRODUÇÃO
Cuidados pós-operatórios também contribuem para que bons resultados
sejam obtidos após correção de ptose palpebral. Estes cuidados visam permitir
uma boa recuperação pós-cirúrgica e evitar complicações.
Recomendações gerais pós-operatórias incluem:
• Compressas geladas com água filtrada nos primeiros 2-3 dias, seguido
de compressas mornas por mais 3-4 dias;
• Restrição de atividades no pós-operatório: evitar carregar peso e reali-
zar atividades extenuantes nos primeiros 15 dias;
• Restringir o fumo pelo menos 1 mês antes e duas semanas após a cirur-
gia, pois o tabaco interfere na cicatrização de feridas;
• Evitar exposição solar;
• Dieta balanceada e controle da glicemia.
No caso de pacientes em uso de anticoagulantes, normalmente a anticoa-
gulação é reintroduzida na dose pré-operatória, assim que a hemostasia esteja
assegurada, em geral, 12 h após o procedimento. A reintrodução do anticoagu-
lante deverá ser retardada nos casos de pacientes que permaneçam com san-
gramento ativo.
Nos casos de alto risco de trombose, os pacientes devem ser mantidos
com heparina até que o INR alvo do anticoagulante oral seja atingido. O manejo
da anticoagulação perioperatória deve ser conduzido pelo médico clínico que
acompanha o paciente e discutido com a equipe cirúrgica.
2. ASPECTOS FUNDAMENTAIS
Nas cirurgias de correção de ptose palpebral, pode-se realizar a sutura
de Frost para prevenir ceratite por exposição no pós-operatório. Esta sutura cos-
tuma ser realizada principalmente após procedimento de suspensão ao frontal
e ressecção da aponeurose do músculo levantador da pálpebra superior (MLPS)
para correção de ptose congênita por via anterior. Quando realizada, é em geral
removida após 24 a 48 horas. Se houver um risco aumentado de exposição cor-
neal, recomenda-se passar a sutura através de um tubo de silicone na pele para
que a tração possa ser reajustada, se necessário (ver figura 1).
108
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
109
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS
inflamação e controle da dor equivalente aos narcóticos e que o seu uso não foi
associado a um risco aumentado de sangramento pós-operatório em pacientes
submetidos a cirurgia plástica de diversos sítios (face, mama e outras limitadas
a partes moles).
Novos estudos adicionais serão necessários para elucidar essa questão,
mas evidências sugerem que o ibuprofeno é seguro no pós-operatório de pa-
cientes submetidos a procedimentos rotineiros de cirurgia plástica de tecidos
moles.
Em relação ao uso de géis e colírios lubrificantes no pós operatório, ambos
estão indicados com o objetivo de aliviar os sintomas relacionados à exposição
corneal por eventual lagoftalmo. A freqüência do uso do lubrificante depende
do tipo de ptose, da técnica cirúrgica empregada, do grau de lagoftalmo e da
presença de ceratopatia de exposição.
Em geral, inicialmente, recomenda-se que o gel lubrificante seja instilado
pelo menos quatro vezes ao dia. Após 1 semana, o gel pode ser utilizado apenas
à noite e o colirio lubrificante a cada 2 a 4 horas durante o dia. Em muitos pacien-
tes, é possível descontinuar todos os lubrificantes após 1 mês, principalmente
em jovens.
Pacientes que apresentam ptoses palpebrais com função pobre do MLPS,
limitação da motilidade ocular, fenômeno de Bell pobre ou ausente e lagoftalmo
(ex: distrofia oculofaríngea, oftalmoplegia crônica progressiva, paralisia de III
nervo) apresentam maior risco de exposição corneal crônica e em alguns casos,
o procedimento cirúrgico é contra-indicado.
Nos casos em que é realizada a cirurgia, preconiza-se a hipocorreção e es-
tes pacientes precisam ser acompanhados de perto, necessitando de dose maior
de lubrificante e gel ocular e uso de câmara úmida noturna. Em geral, cirurgias
de suspensão ao frontal requerem uso de lubrificante ocular e gel noturno por
um período mais prolongado.
Recomenda-se também evitar o uso de lentes de contato durante 2 sema-
nas após a cirurgia.
3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Não há consenso estabelecido na literatura para a prescrição de antibió-
tico perioperatório para cirurgias palpebrais de rotina. O uso de antibióticos in-
travenosos perioperatório é incomum nas cirurgias palpebrais eletivas e a pres-
crição de antibióticos orais varia de cirurgião para cirurgião.
Segundo pesquisa realizada com cirurgiões oculoplastas de vários países, o
uso de antibióticos tópicos pós-operatórios é uma prática comum, e na maioria
das vezes parece ser suficiente para cirurgias palpebrais rotineiras, como a corre-
ção de ptose palpebral. Não se recomenda o uso de pomada oftálmica após corre-
ção de ptose palpebral por via posterior aberta (sem síntese da conjuntiva).
110
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Nerad JA. Evaluation and treatment of the patient with ptosis. In: Techniques in
Ophthalmic Plastic Surgery – A personal tutorial. Elsevier, 2010.
Sant’Anna AE, Osaki TH. Correção de ptose palpebral por via anterior. In: Osaki
TH, Osaki MH, Kikkawa DO, Eds. Rejuvenescimento palpebral e periorbital. Else-
vier, 2019.
Figueiredo ARP, Castela G. Correção de ptose palpebral por via posterior. In: Osaki TH,
Osaki MH, Kikkawa DO, Eds. Rejuvenescimento palpebral e periorbital. Elsevier, 2019.
Collin JRO. A Manual of Systematic Eyelid Surgery. 3 ed. London: Elsevier Health
Sciences, 2006.
111
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS
Kelley B; Bennett K et al. Ibuprofen May Not Increase Bleeding Risk in Plastic
Surgery: A Systematic Review and Meta-Analysis. Plastic and Reconstr Surg.
2016; 137(4): 1309–16.
Koka K, Patel BC. Ptosis Correction. 2019 Sep 16. StatPearls [online]. Treasure
Island (FL): StatPearls Publishing; Available from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/
books/NBK539828/
Shah-Desai SD, Aslam SA, Pullum K, Beaconsfield M, Rose GE. Scleral contact
lens usage in patients with complex blepharoptosis. Ophthalmic Plast Reconstr
Surg. 2011; 27(2): 95-8.
Daut PM, Steinemann TL, Westfall CT. Chronic exposure keratopathy complica-
ting surgical correction of ptosis in patients with chronic progressive external
ophthalmoplegia. Am J Ophthalmol. 2000; 130(4):519-21.
Ahn J, Kim NJ, Choung HK, Hwang SW, Sung M, Lee MJ, Khwarg SI. Frontalis sling
operation using silicone rod for the correction of ptosis in chronic progressive
external ophthalmoplegia. Br J Ophthalmol. 2008;92(12):1685-8.
Allen RC, Jaramillo J, Black R, Sandoval D, Morrison L, Qualls C, Carter KD, Nerad
JA. Clinical characterization and blepharoptosis surgery outcomes in Hispanic
New Mexicans with oculopharyngeal muscular dystrophy. Ophthalmic Plast Re-
constr Surg. 2009; 25(2): 103-8.
Wagner RS, Mauriello JA Jr, Nelson LB, Calhoun JH, Flanagan JC, Harley RD. Tre-
atment of congenital ptosis with frontalis suspension: a comparison of suspen-
sory materials. Ophthalmology.1984; 91(3):245-8.
Lelli GJ Jr, Musch DC, Frueh BR, Nelson CC. Outcomes in silicone rod frontalis
suspension surgery for high-risk noncongenital blepharoptosis. Ophthalmic
Plast Reconstr Surg. 2009; 25(5): 361-5.
Fay A, Nallasamy N, Bernardini F, Wladis EJ, Durand ML, Devoto MH, Meyer D,
Hartstein M, Honavar S, Osaki MH, Osaki TH, Santiago YM, Sales-Sanz M, Vadala
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2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Oh SR, Korn BS. Frontalis suspension with silicone rod. In: Korn BS, Kikkawa DO,
Eds. Video Atlas of Oculofacial Plastic and Reconstructive Surgery. Elsevier, 2017.
Merkur AB, Jardeleza MSR et al. Periocular Petrolatum. Ophthalmic Plast Re-
constr Surg 2005; 21 (1): 23–31.
113
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS
114
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
SEÇÃO INTERATIVA
CAPÍTULO 6
115
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS
Sim 31,25%
Não 65,62%
Abstenções 3,12%
Nota: Painel mostra que a maioria dos cirurgiões não realiza revisão de reinserção de aponeurose do MLPS
no 1º dia pós-operatório. No entanto, não foi atingida concordância negativa.
Sim 87,5%
Não 12,5%
Abstenções 0%
Nota: A concordância positiva indica que a maioria dos cirurgiões prescreve colírios lubrificantes após corre-
ção de ptose palpebral, independente da técnica utilizada.
116
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 68,75%
Não 31,25%
Abstenções 0%
NNota: A sutura de Frost é realizada por muitos cirurgiões após a suspensão ao frontal, porém a prática não
é consenso entre os participantes.
Sim 6,25%
Não 93,75%
Abstenções 0%
Nota: A concordância negativa indica que a maioria dos cirurgiões não oclui os olhos no PO imediato de
correção de ptose palpebral. A conduta varia de acordo com a técnica utilizada.
117
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS
5. Deve-se prescrever anti-inflamatório por via oral após cirurgia para correção
de ptose palpebral?
Sim 40,62%
Não 56,25%
Abstenções 3,12%
Nota: Não houve concordância entre os especialistas quanto à prescrição de anti-inflamatório por via oral
após cirurgia para correção de ptose palpebral. O uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) antes ou
após a cirurgia pode aumentar o risco de sangramento.
Sim 46,87%
Não 53,12%
Abstenções 0%
Nota: Não houve concordância entre os especialistas quanto à prescrição de pomada dentro dos olhos,
antes de dormir, após correção de qualquer tipo de ptose palpebral. O uso de pomada/ gel noturno é reco-
mendado quando há presença de lagoftalmo, que é mais comumente observado após ressecção do MLPS e
suspensão ao frontal.
118
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 81,25%
Não 15,62%
Abstenções 3,12%
Nota: A concordância positiva indica que a maioria dos cirurgiões remove a sutura de Frost no primeiro dia
pós-operatório.
8. Após ressecção da aponeurose do MLPS para correção de ptose congênita por via
anterior, deve ser sempre realizada a sutura de Frost?
Sim 53,12%
Não 40,62%
Abstenções 6,25%
Nota: Não houve concordância entre os especialistas quanto à realização de sutura de Frost após correção
de ptose congênita por via anterior.
119
9. Após refixação da aponeurose do MLPS para correção de ptose adquirida por
via anterior, deve ser sempre realizada a sutura de Frost?
Sim 6,25%
Não 93,75%
Abstenções 0%
Nota: A concordância negativa indica que a maioria dos cirurgiões não realiza sutura de Frost após
refixação da aponeurose do MLPS para correção de ptose adquirida por via anterior.
10. A retirada dos pontos de pele nunca deve ser feita antes do sétimo dia pós-op.?
Sim 31,25%
Não 65,62%
Abstenções 2,12%
Nota: Em geral, os pontos são retirados com 7 dias, porém em alguns casos de incisões menores e sem ten-
são, há possibilidade de se avaliar a retirada dos pontos antes do sétimo pós-operatório.
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
CAPÍTULO 7
COMPLICAÇÕES E
INSUCESSO CIRÚRGICO
Suzana Matayoshi
Eduardo Soares
Allan Pieronni
Gustavo Siqueira
Maria Antonieta Ginguerra Nascimento
121
COMPLICAÇÕES E INSUCESSO CIRÚRGICO
1.Introdução
2.Aspectos Fundamentais
2.1.Hemorragias e hematomas
Os hematomas pós-operatórios frequentemente comprometem o resulta-
do final, podendo causar deiscência de suturas, alteração do nível da correção
palpebral e até mesmo a perda total da cirurgia. Os cuidados para prevenir a
hemorragia iniciam-se no pré-operatório com a avaliação clínica do paciente,
exames hematológicos e orientação do paciente para suspender qualquer me-
dicação que possa alterar a coagulação do sangue. No per-operatório deve-se
fazer uma cuidadosa hemostasia dos vasos sangrantes com cautério bipolar.
Outro cuidado per-operatório importante consiste em fazer a infiltração local
com anestésico contendo vasoconstrictor, mesmo quando a cirurgia estiver sen-
do realizada sob anestesia geral. Devemos enfatizar que a cauterização excessi-
va é por outro lado maléfica, podendo levar à fibrose ou a uma necrose tecidual.
Os cuidados pós-operatórios imediatos consistem em fazer compressas
geladas em intervalos regulares nas primeiras 24 horas e repouso no leito com a
cabeça elevada. A presença de uma hemorragia ou hematoma exige reoperação
imediata para identificação e hemostasia do vaso sangrante.
O quadro I apresenta os sítios de sangramento e/ou momentos cirúrgicos
associados nas diversas técnicas operatórias
Momento/ local de sangramento
Refixação do tendão elevador Dissecção de m.orbicular
Ressecção do tendão elevador Dissecção de m.orbicular
Conjuntivomullerectomia/Fasanella- Servat Infiltração M.Muller
Suspensão ao m. Frontal m. orbicular e no m. frontal
Frontalis transfer (Avanço do Músculo Frontal) Dissecção do m. frontal
Quadro 1: local e momento de hemorragia/ formação de hematoma na cirurgia de ptose
122
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
2.4 Lagoftalmo
A presença do lagoftalmo não significa necessariamente hipercorreção. É
previsível nos casos de ressecções extensas da aponeurose e nas fixações ao li-
gamento de Whitnall bem sucedidas. A margem palpebral fica situada na altura
ideal, mas o paciente apresenta dificuldade de piscar e de ocluir completamente
a fenda palpebral, dificuldade essa que diminui com o passar dos anos.
Ocorre como complicação causada por falha técnica quando a impossi-
bilidade de oclusão da fenda palpebral é devida à dissecção inadequada ou ao
aprisionamento do septo nas suturas de fixação.
Os quadros clínicos de exposição discreta podem ser tratados conserva-
doramente com os recursos descritos nas hipercorreções e além disso usar a
sutura de Frost. Os fios longos da rédea são presos na região Frontal tracionando
a pálpebra inferior para cima afim de possibilitar uma boa proteção da córnea
durante o sono. Ao acordar os fios são transpostos para a bochecha, deixando a
fenda aberta para que sejam feitas as possibilitar lubrificação e massagens.
Em casos de lagoftalmos graves já consolidados causando sofrimento cor-
neano, torna-se imperativo reoperar afim de desfazer as aderências responsá-
veis pela inextensibilidade da pálpebra.
123
É ainda a principal complicação inicial relacionada ao Frontalis transfer.
Segundo estudo de 2016 de Kim e col, todos os pacientes operados desenvol-
vem lagoftalmo. É como se a pálpebra superior ficasse presa e imóvel devido à
excursão reduzida.
Assim é importante frisar a necessidade de lubrificação e proteção corne-
ana com pomada, gel e colírios, além da sutura de Frost que deve permanecer
por 48 horas no mínimo. Com o passar dos dias, melhora a motilidade palpebral
e a oclusão. Se houver sinais de piora da ceratopatia (fig. 1), impõe-se revisão
cirúrgica.
Fig. 1 Lagoftalmo – coloração com fluoresceína mostra área de ceratopatia operado pela técnica de Frontalis
transfer
Figura 2. Pré e pós operatório com hipocorreção à direita, após Conjuntivomullerectomia bilateral de 8 mm
em paciente usuária crônica de lente de contato
COMPLICAÇÕES E INSUCESSO CIRÚRGICO
126
mento normal (fig.3). A hipercorreção leve pode ser tratada com uma conduta
conservadora através de massagens, contrações forçadas do músculo orbicular
e eversões repetidas da pálpebra superior. Esses procedimentos devem ser re-
alizados nos primeiros dias de pós-operatório, enquanto não houver a cicatri-
zação completa dos tecidos. A manutenção da sutura de Frost ajuda a proteção
noturna da córnea.
Nas hipercorreções mais severas a conduta deve ser cirúrgica, podendo
ser indicada as técnicas de tenotomias, de recessão ou de preferência de alon-
gamento da aponeurose.
Na CJMM, uma hipercorreção leve pode ser comum e observada nos pri-
meiros pós operatórios, caso seja verdadeira e se mantenha após 3 meses, deve
ser corrigida cirurgicamente salvo casos de importante sofrimento da superfície
ocular (nesse caso a reintervenção deve ser precoce).
Se mesmo a retirada precoce da sutura não for o suficiente, pode-se rea-
lizar a incisão da conjuntiva e músculo de Muller por via posterior mesmo. Esse
relaxamento deve ser gradual sob leve sedação (ou só anestesia local) com me-
dida da altura palpebral no próprio ato. (semelhante à técnica de Mullerectomia
realizada em cirurgia de retração palpebral).
Na suspensão ao músculo Frontal, apesar de menos frequente, quando
ocorre, necessita de uma reintervenção precoce na maioria dos casos devido ao
risco de exposição crônica do globo ocular e suas complicações.
Quando a hipercorreção é leve, os casos de ceratites de exposição são me-
nos comuns, especialmente se o fenômeno de Bell estiver presente, assim pode-
-se aguardar por mais tempo e assumir conduta expectante.
2.10 Entrópio
A causa dessa complicação é o mal posicionamento da sutura da apo-
neurose na face anterior do tarso. Também pode aparecer após encurtamento
excessivo das camadas posteriores da pálpebra ( tarso-conjuntivo-mullerecto-
mias) (fig. 5).
Nos casos de entrópio leve com ausência de sinais de sofrimento da cór-
nea a conduta pode ser conservadora. Porém, na grande maioria dos casos, essa
complicação necessita revisão cirúrgica imediata. A reoperação consiste no re-
posicionamento das suturas em sua altura normal na face anterior do tarso.
Nos casos de ressecções exageradas da lamela posterior, com encurta-
mento do fórnice superior, está indicado um enxerto de mucosa labial ou mes-
mo ou de palato quando o tarso apresenta-se muito curto.
Na suspensão ao m. Frontal e no Frontalis transfer, o entrópio está rela-
cionado ao encurtamento da lamela posterior/média não compensado com a
lamela anterior. Assim torna-se imperativa a retirada de uma faixa de pele e or-
bicular com confecção de prega palpebral em toda extensão horizontal.
O entrópio causa ceratite mecânica intensa no pós-operatório imediato.
Sua correção deve ser precoce.
Figura 5. Entrópio após encurtamento excessivo de lamela posterior. Foi abordado com enxerto de mucosa
bucal restaurando a posição da margem palpebral.
2.11 Ectrópio
É uma complicação mais rara. É causada por uma ressecção exagerada da
lamela anterior com fixação da aponeurose muito baixa no tarso e com perda
total ou parcial do orbicular pré-tarsal. Isolada ou associadamente esses fato-
res causam eversão da margem palpebral. Comprovada a desproporção entre a
lamela anterior e a posterior, deve-se proceder um aumento da lamela anterior
com enxerto de pele, complementado com o reposicionamento da inserção da
aponeurose.
Na suspensão ao músculo Frontal e no Frontalis transfer, o ectrópio se re-
laciona também com a posição inadequada das suturas no tarso gerando ins-
tabilidade. A conduta também é cirúrgica com exploração e reposicionamento
de suturas.
2.12 Granuloma
Aparece quando uma sutura profunda é exposta através da ferida cirúr-
gica. São observados mais frequentemente nos locais de enodamento da apo-
neurose no tarso, seja quando as extremidades das suturas ficam em contato
com os lábios da incisão da pele ou quando a agulha transfixa o tarso deixando
o fio exposto na superfície conjuntival. Geralmente sofre infecção secundária e
podem formar micro-abcessos. Mais raramente são consequentes à reação de
rejeição ao fio de sutura usado para fixar a aponeurose no tarso ou para recons-
truir a prega palpebral.
Nas cirurgias por via transconjuntival, a formação de granuloma pode
ocorrer num pós-operatório mais tardio. São suspeitados quando o paciente re-
fere aumento anormal de secreção ocular e desconforto ocular. Frente a esses
sintomas deve-se everter a pálpebra e examinar a cicatriz, caso observe o granu-
loma, esse deve ser excisado.
Na suspensão frontal, pode haver formação de granuloma principalmente
na região das suturas na região dos supercílios, consequente à exteriorização
dos fios de sutura e dos elementos suspensores. Em geral requer retirada dos
elementos de suspensão, com reoperação concomitante ou não dependendo se
há ou não processo infeccioso associado.
2.13 Infecção
Os casos de infecção pós-operatória na cirurgia de ptose palpebral são ra-
ros. A avaliação clínica pré-operatória, principalmente dos pacientes diabéticos,
a esterilização adequada do bloco e a técnica cirúrgica perfeita são cuidados
importantes para evitar essa complicação.
A antibiótico-profilaxia é somente feita em casos especiais, nas suspen-
sões ao músculo Frontal e nos casos de Frontalis transfer administrando-se an-
tibiótico endovenoso antes do início da cirurgia.
A infecção deve ser tratada clínicamente com antibiótico de largo espec-
tro, mas pode ser necessário fazer um debridamento da ferida operatória com
remoção do material necrótico, suturas e elementos de suspensão infectados.
3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
A cirurgia de correção da ptose palpebral é uma das mais desafiadoras de
Oculoplástica. Isso porque está relacionada à ruptura do mecanismo natural de
abertura e fechamento da pálpebra. A pálpebra superior se eleva mas tem como
outra função o fechamento dessa mesma fenda. Na ocorrência da ptose palpe-
bral, o mecanismo de defesa natural (fechamento) está em vantagem, mas toda
vez que interferimos artificialmente para aumentar a força ou as condições para
uma abertura maior, podemos desencadear um desequilíbrio nesse mecanismo
de fechamento, o que pode ser nocivo para a superfície ocular.
A função do cirurgião se resume então em causar o menor desequilíbrio
possível que restaure a elevação palpebral com a melhor estética possível tam-
bém.
O resultado perfeito (quando possível) somente é observado quando, con-
juntamente com a elevação da pálpebra à posição adequada, esta apresenta a
simetria em relação aos contornos das margens, à formação das pregas palpe-
brais, ao direcionamento dos cílios e principalmente aos movimentos associa-
dos com o globo ocular. A somatória de todos esses requisitos por vezes pode
necessitar cuidados adicionais como foram explicitados ao longo do presente
capítulo. O bom cirurgião deve dominar a técnica mas acima de tudo saber ma-
nejar as complicações e os resultados insatisfatórios.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Phenylephrine Test Revisited. Ophthalmic Plastic and Reconstructive
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Levator Resection in Patients With Monocular Elevation Deficiency Associated
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35 -Issue 3 - p 251–255.
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Progressive External Ophthalmoplegia. Ophthalmic Plastic and Reconstructive
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Fasanella RM. Surgery for minimal ptosis: the Fasanella- Servant operation.
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Blepharoptosis Arch Plast Surg. 2016 Mar; 43(2): 172–180.
SEÇÃO INTERATIVA
CAPÍTULO 7
COMPLICAÇÕES E INSUCESSO CIRÚRGICO
Sim 78%
Não 9%
Abstenções 13%
Nota: A conduta inicial vai depender do grau de hipercorreção; se leve com quadro clínico de exposição
discreta pode-se tratar conservadoramente com gel, colírios lubrificantes periódicos e massagem, também
pode-se usar sutura de Frost e aguardar a melhora. Em casos de lagoftalmos graves causando sofrimento
corneano, torna-se imperativo reoperar afim de desfazer as aderências responsáveis pela inextensibilidade
da pálpebra.
Sim 78%
Não 21%
Abstenções 1%
Nota: Nos procedimentos Fasanela-Servat e CJMM a hipocorreção é mais comum que a hipercorreção. Na
CJMM, uma hipercorreção leve pode ser observada nos primeiros pós operatórios, caso não se observe
sofrimento corneano com ceratite de exposição; assim pode-se aguardar e tratar conservadoramente. Caso
seja verdadeira e se mantenha após 3 meses, deve ser corrigida cirurgicamente.
136
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 31%
Não 56%
Abstenções 13%
Nota: Quando a hipocorreção é discreta, especialmente nos casos de avançamento da aponeurose, é mais
prudente aguardar três a seis meses para reoperar. Alguns pacientes recuperam a função com o passar de
um tempo mais prolongado.
Sim 78%
Não 16%
Abstenções 6%
Nota: A hipocorreção leve é uma complicação comum na correção da ptose por ressecção do tendão do
elevador, ocorrendo quando a ressecção é inadequada, devida a uma resposta insuficiente do músculo
elevador, ou ainda por deiscência da sutura de fixação no tarso.
137
COMPLICAÇÕES E INSUCESSO CIRÚRGICO
Sim 62%
Não 19%
Abstenções 19%
Nota: Frente a essa complicação, o mais apropriado é aguardar pelo menos 1 mês para ver se a altura palpe-
bral não se recupera. Deve-se diferenciar entre hipocorreção e recorrência precoce da ptose por deiscência
de suturas. No caso de deiscência, pode-se intervir precocemente.
Sim 62%
Não 22%
Abstenções 16%
Nota: A correção da hipocorreção de procedimentos pela via posterior pode ser realizada por via anterior,
onde a anatomia da aponeurose é melhor avaliada e se tem uma medida intraoperatória da altura palpebral
ou alternativamente, a reintervenção pode ser via posterior, mas nesse caso, deve se evitar a ressecção da
conjuntiva para evitar encurtamento de fórnice superior.
138
2º MANUAL DE CONDUTAS - PTOSE PALPEBRAL
Sim 44%
Não 31%
Abstenções 25%
Nota: Havendo insucesso após uso da técnica de “Frontalis Transfer”, dependendo da intensidade e caso
permaneça uma obstrução do eixo visual, a nova abordagem poderá ser com revisão e novo “Frontalis
Transfer” ou com Suspensão Frontal, lembrando que ambas as técnicas estão indicadas no caso de baixa
função do MLPS.
Sim 19%
Não 75%
Abstenções 6%
Nota: O entrópio decorrente da correção de ptose palpebral após ressecção do TMLPS é uma complicação
muito temida. Decorre da reinserção em posição inadequada do TMLPS encurtado na placa tarsal, na gran-
de maioria dos casos, essa complicação necessita revisão cirúrgica imediata pois causa ceratite mecânica
intensa, inflamação ocular importante e abrasão corneana. A reoperação consiste no reposicionamento das
suturas em sua altura normal na face anterior do tarso ou alongamento da lamela posterior com enxerto de
mucosa labial ou palato duro.
139
COMPLICAÇÕES E INSUCESSO CIRÚRGICO
Sim 3%
Não 72%
Abstenções 25%
Nota: Normalmente não é causada por contaminação pré-operatória. Na suspensão frontal, pode haver
formação de granuloma principalmente na região das suturas na região dos supercílios, consequente à
exteriorização dos fios de sutura e elementos suspensores. Em geral requer retirada dos elementos de sus-
pensão, com reoperação concomitante ou não, dependendo se há ou não processo infeccioso associado.
Sim 88%
Não 9%
Abstenções 3%
Nota: Independente da técnica realizada para correção da ptose palpebral, a hipocorreção é a complicação
mais comum e decorre de várias causas. Pode ser resultante de avanço ou ressecção insuficiente da aponeu-
rose do elevador, perda ou deiscência da sutura de fixação no tarso, dissolução de fios absorvíveis, edemas e
hematomas. A alteração do contorno palpebral também acontece com certa frequência.
140
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