Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cirurgia Plástica
Neligan
TERCEIRA EDIÇÃO Editado por
Peter C. Neligan
Volume Quatro
Peter C. Neligan MB, FRCS(I), FRCSC, FACS
Volume Quatro
Song
Extremidade Inferior, Tronco e Queimaduras
Expert Consult – conteúdo on-line e impresso
Plástica
David H. Song MD, FACS
Cirurgia
Este livro oferece a cada paciente o melhor resultado Volume 1: Princípios
possível com a mais atualizada fonte de conhecimento em Editado por Geoffrey C. Gurtner,
MD, FACS
cirurgia plástica! Totalmente atualizado para atender às de-
ISBN: 978-85-352-7786-9
mandas do cirurgião plástico do século XXI. Esta terceira edição
de Cirurgia Plástica, apresenta a liderança de um novo espe- Volume 2: Estética
cialista, uma organização original, conteúdos on-line inovadores
Cirurgia
Editado por Richard J. Warren,
com informações inéditas – tudo o que é necessário para você MD FRCSC
superar qualquer desafio. Pesquisadores renomados fornecem ISBN: 978-85-352-7590-2
orientações, com base em evidências, para ajudá-lo a tomar as
Volume 3: Cirurgia Craniofacial,
melhores decisões clínicas, obter os melhores resultados em cada
de Cabeça e Pescoço
procedimento, evitar complicações e exceder as expectativas Cirurgia Plástica Pediátrica
Plástica
de seus pacientes. Editado por Eduardo D. Rodriguez, MD,
DDS and Joseph E. Losee,
Extremidade Inferior,
Volume 5: Mama
950 fotografias e ilustrações. Editado por James C. Grotting, Extremidade
• Veja como executar técnicas essenciais com 12 vídeos MD, FACS
Inferior,
cirúrgicos disponíveis on-line.
• Acesse o conteúdo em inglês completo e totalmente
ISBN: 978-85-352-7591-9
Tronco e
Queimaduras Tronco e Queimaduras
on-line e faça o download de tabelas e figuras no site
expertconsult.com!
Editor do Volume
David H. Song
Volume Quatro
Extremidade Inferior,
Tronco e Queimaduras
Editor-chefe
Peter C. Neligan
MB, FRCS(I), FRCSC, FACS
Professor of Surgery
Department of Surgery, Division of Plastic Surgery
University of Washington
Seattle, WA, USA
NOTA
Como as novas pesquisas e a experiência ampliam o nosso conhecimento, pode haver necessidade de
alteração dos métodos de pesquisa, das práticas profissionais ou do tratamento médico. Tanto médicos
quanto pesquisadores devem sempre basear-se em sua própria experiência e conhecimento para avaliar e
empregar quaisquer informações, métodos, substâncias ou experimentos descritos neste texto. Ao utilizar
qualquer informação ou método, devem ser criteriosos com relação a sua própria segurança ou a segurança
de outras pessoas, incluindo aquelas sobre as quais tenham responsabilidade profissional.
Com relação a qualquer fármaco ou produto farmacêutico especificado, aconselha-se o leitor a cercar-se da
mais atual informação fornecida (i) a respeito dos procedimentos descritos, ou (ii) pelo fabricante de cada
produto a ser administrado, de modo a certificar-se sobre a dose recomendada ou a fórmula, o método
e a duração da administração, e as contraindicações. É responsabilidade do médico, com base em sua
experiência pessoal e no conhecimento de seus pacientes, determinar as posologias e o melhor tratamento
para cada paciente individualmente, e adotar todas as precauções de segurança apropriadas.
Para todos os efeitos legais, nem a Editora, nem autores, nem editores, nem tradutores, nem revisores ou
colaboradores, assumem qualquer responsabilidade por qualquer efeito danoso e/ou malefício a pessoas
ou propriedades envolvendo responsabilidade, negligência etc. de produtos, ou advindos de qualquer uso
ou emprego de quaisquer métodos, produtos, instruções ou ideias contidos no material aqui publicado.
O Editor
S683c
3. ed.
Song, David H.
Cirurgia plástica : tronco, extremidade inferior e queimaduras, v. 4 / David H.
Song ; coordenação Peter C. Neligan ; [tradução Edianez Chimello]. - 3. ed. - Rio de
Janeiro : Elsevier, 2015.
il. ; 27 cm.
Tradução de: Plastic surgery
Inclui bibliografia e índice
ISBN 978-85-352-7587-2
1. Cirurgia plástica. 2. Tórax - Cirurgia. I. Neligan, Peter C. II. Título.
15-19724 CDD: 617.95
CDU: 616-089-844
COORDENAÇÃO DO VOLUME 4
Miguel Luiz Antônio Modolin
Professor Assistente da Divisão de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP)
REVISÃO CIENTÍFICA
Dimas Andre Milcheski (Cap. 1)
Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP)
Médico Assistente dos Grupos de Feridas e de Cirurgia da Mão da Divisão de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP)
TRADUÇÃO
Edianez Chimello (Caps. 1 e 2 )
Tradutora — São Paulo, SP
Capítulo 2: Tratamento de trauma das extremidades inferiores Capítulo 10: Reconstrução do tórax
2.01 Retalho alternativo de borda alternativa 10.01 Fixação rígida
Michel Saint-Cyr David H. Song e Michelle C. Roughton
Capítulo 3: Reconstrução linfática das extremidades Capítulo 12: Reconstrução da parede abdominal
3.01 Anastomose linfaticovenosa 12.01 Inovação da separação do componente
David W. Chang Peter C. Neligan
3.02 Procedimento de Charles Capítulo 13: Reconstrução dos defeitos genitais masculinos
Peter C. Neligan
13.01 Reconstrução peniana total e parcial
Capítulo 4: Reconstrução de sarcoma das extremidades Stan Monstrey, Peter Ceulemans, Nathalie Roche, Philippe
Inferiores Houtmeyers, Nicolas Lumen e Piet Hoebeke
4.01 Tratamento da reconstrução de sarcoma Capítulo 19: Reconstrução de extremidade com queimadura
das extremidades inferiores
Goetz A. Giessler e Michael Sauerbier 19.01 Reconstrução de extremidade com queimadura
Lorenzo Borghese, Alessandro Masellis e Michele Masellis
Capítulo 6: Diagnóstico e tratamento do neuroma doloroso
e da compressão de nervos nas extremidades inferiores Capítulo 21: Tratamento de queimaduras faciais
21.01 Tratamento de queimaduras faciais: técnica de
6.01 Diagnóstico e tratamento do neuroma doloroso
desengorduramento de enxerto total
e da compressão de nervos nas extremidades inferiores 1
Robert J. Spence
6.02 Diagnóstico e tratamento do neuroma doloroso
e da compressão de nervos nas extremidades inferiores 2
6.03 Diagnóstico e tratamento do neuroma doloroso
e da compressão de nervos nas extremidades inferiores 3
A. Lee Dellon
Sammy Al-Benna, MD, PhD Shannon Colohan, MD, FRCSC Medical College of Wisconsin
Specialist in Plastic and Aesthetic Surgery Clinical Instructor, Plastic Surgery Milwaukee, WI, USA
Department of Plastic Surgery Department of Plastic Surgery
Piet Hoebeke, MD, PhD
Burn Centre, Hand Centre, Operative University of Texas Southwestern Medical
Full Senior Professor of Paediatric Urology
Reference Centre for Soft Tissue Sarcoma Center
Department of Urology
BG University Hospital Bergmannsheil, Ruhr Dallas, TX, USA
Ghent University Hospital
University Bochum
Peter G. Cordeiro, MD, FACS Ghent, Belgium
Bochum, North Rhine-Westphalia, Germany
Chief
Joon Pio Hong, MD, PhD, MMM
Christopher E. Attinger, MD Plastic and Reconstructive Surgery
Chief and Associate Professor
Chief, Division of Wound Healing Memorial Sloan-Kettering Cancer Center
Department of Plastic Surgery
Department of Plastic Surgery Professor of Surgery
Asian Medical Center University of Ulsan
Georgetown University Hospital Weill Cornell Medical College
School of Medicine
Georgetown, WA, USA New York, NY, USA
Seoul, Korea
Jonathan Bank, MD A. Lee Dellon, MD, PhD
Philippe Houtmeyers, MD
Resident, Section of Plastic and Professor of Plastic Surgery
Resident
Reconstructive Surgery Professor of Neurosurgery
Plastic Surgery
Department of Surgery Johns Hopkins University
Ghent University Hospital
Pritzker School of Medicine Baltimore, MD, USA
Ghent, Belgium
University of Chicago Medical Center
Sara R. Dickie, MD
Chicago, IL, USA Michael A. Howard, MD
Resident, Section of Plastic and
Clinical Assistant Professor of Surgery
Ruediger G.H. Baumeister, MD, PhD Reconstructive Surgery
Division of Plastic Surgery
Professor of Surgery Emeritus Department of Surgery
University of Chicago, Pritzker School
Consultant in Lymphology University of Chicago Medical Center
of Medicine
Ludwig Maximilians University Chicago, IL, USA
Northbrook, IL, USA
Munich, Germany
Joseph J. Disa, MD, FACS
Jeffrey E. Janis, MD, FACS
Lorenzo Borghese, MD Attending Surgeon
Associate Professor
Plastic Surgeon Plastic and Reconstructive Surgery in the
Program Director
General Surgeon Department of Surgery
Department of Plastic Surgery
Department of Plastic and Maxillo Facial Memorial Sloan Kettering Cancer Center
University of Texas Southwestern Medical
Surgery New York, NY, USA
Center
Director of International Cooperation South
Gregory A. Dumanian, MD, FACS Chief of Plastic Surgery
East Asia
Chief of Plastic Surgery Chief of Wound Care
Pediatric Hospital “Bambino Gesu”
Division of Plastic Surgery, Department of President-Elect
Rome, Italy
Surgery Medical Staff
Robert C. Cartotto, MD, FRCS(C) Northwestern Feinberg School of Medicine Parkland Health and Hospital System
Attending Surgeon Chicago, IL, USA Dallas, TX, USA
Ross Tilley Burn Centre
Joel S. Fish, MD, MSc, FRCSC Dennis S. Kao, MD
Health Sciences Centre
Medical Director Burn Program Hand Fellow
Toronto, ON, Canada
Department of Surgery, University of Toronto, Department of Plastic Surgery
Peter Ceulemans, MD Division of Plastic and Reconstructive Surgery Medical College of Wisconsin
Assistant Professor Hospital for Sick Children Milwaukee, WI, USA
Department of Plastic Surgery Toronto, ON, Canada
Abdullah E. Kattan, MBBS, FRCS(C)
Ghent University Hospital
Goetz A. Giessler, MD, PhD Clinical Fellow
Ghent, Belgium
Plastic Surgeon, Hand Surgeon, Associate Division of Plastic Surgery
David W. Chang, MD, FACS Professor of Plastic Surgery, Fellow of the Department of Surgery
Professor European Board of Plastic Reconstructive University of Toronto
Department of Plastic Surgery and Aesthetic Surgery Toronto, ON, Canada
MD. Anderson Centre BG Trauma Center Murnau
Marwan R. Khalifeh, MD
Houston, TX, USA Murnau am Staffelsee, Germany
Instructor of Plastic Surgery
Mark W. Clemens, MD Ginard I. Henry, MD Department of Plastic Surgery
Assistant Professor Assistant Professor of Surgery Johns Hopkins University School of Medicine
Department of Plastic Surgery Section of Plastic Surgery Washington, DC, USA
Anderson Cancer Center University of Texas University of Chicago Medical Center
Grant M. Kleiber, MD
Houston, TX, USA Chicago, IL, USA
Plastic Surgery Resident
Lawrence B. Colen, MD John Hijjawi, MD, FACS Section of Plastic and Reconstructive Surgery
Associate Professor of Surgery Assistant Professor University of Chicago Medical Center
Eastern Virginia Medical School Department of Plastic Surgery, Department Chicago, IL, USA
Norfolk, VA, USA of General Surgery
Mathew B. Klein, MD, MS Michele Masellis, MD, PhD Michael Sauerbier, MD, PhD
David and Nancy Auth-Washington Research Plastic Surgeon Chairman and Professor
Foundation Endowed Chair for Restorative Former Chief Department for Plastic, Hand and
Burn Surgery Professor Emeritus Reconstructive Surgery
Division of Plastic Surgery Department of Plastic Surgery and Burn Unit Cooperation Hospital for Plastic Surgery of the
University of Washington ARNAS Civico Hospital University Hospital Frankfurt
Program Director and Associate Professor Palermo, Italy Academic Hospital University of Frankfurt
Division of Plastic Surgery a. Main
Stan Monstrey, MD, PhD
Harborview Medical Center Frankfurt, Germany
Professor in Plastic Surgery
Seattle, WA, USA
Department of Plastic Surgery Loren S. Schechter, MD, FACS
Stephen J. Kovach, MD Ghent University Hospital Assistant Professor of Surgery
Assistant Professor of Surgery Ghent, Belgium Chief, Division of Plastic Surgery
Division of Plastic and Reconstructive Surgery Chicago Medical School
Peter C. Neligan, MB, FRCS(I), FRCSC,
University of Pennsylvannia Health System Chicago, IL, USA
FACS
Assistant Professor of Surgery
Professor of Surgery Navin K. Singh, MD, MSc
Department of Orthopaedic Surgery
Department of Surgery, Division of Plastic Assistant Professor of Plastic Surgery
University of Pennsylvannia Health System
Surgery Department of Plastic Surgery
Philadelphia, PA, USA
University of Washington Johns Hopkins University School of Medicine
Robert Kwon, MD Seattle, WA, USA Washington, DC, USA
Plastic Surgeon
Andrea L. Pusic, MD, MHS, FRCSC Laura Snell, MSc, MD, FRCSC
Regional Plastic Surgery Center
Associate Attending Surgeon Assistant Professor
Richardson, TX, USA
Department of Plastic and Reconstructive Division of Plastic Surgery
L. Scott Levin, MD, FACS Memorial Sloan-Kettering Cancer Center University of Toronto
Chairman of Orthopedic Surgery New York, NY, USA Toronto, ON, Canada
Department of Orthopaedic Surgery
Natalie Roche, MD David H. Song, MD, MBA, FACS
University of Pennsylvania School of Medicine
Associate Professor Cynthia Chow Professor of Surgery
Philadelphia, PA, USA
Department of Plastic Surgery Chief, Section of Plastic and Reconstructive
Otway Louie, MD Ghent University Hospital Surgery
Assistant Professor Ghent, Belgium Vice-Chairman, Department of Surgery
Division of Plastic and Reconstructive Michelle C. Roughton, MD The University of Chicago Medicine &
Surgery Chief Resident Biological Sciences
Department of Surgery Section of Plastic and Reconstructive Surgery Chicago, IL, USA
University of Washington Medical Center University of Chicago Medical Center
Seattle, WA, USA Robert J. Spence, MD
Chicago, IL, USA Director
Nicholas Lumen, MD, PhD Hakim K. Said, MD National Burn Reconstruction Center
Assistant Professor of Urology Assistant Professor of Surgery Good Samaritan Hospital
Urology Division of Plastic Surgery Baltimore, MD, USA
Ghent University Hospital University of Washington
Ghent, Belgium Lars Steinstraesser, MD
Seattle, WA, USA Heisenberg-Professor for Molecular Oncology
Alessandro Masellis, MD Michel Saint-Cyr, MD, FRCSC and Wound Healing
Plastic Surgeon Associate Professor Plastic Surgery Department of Plastic and Reconstructive
Department of Plastic Surgery and Burn Department of Plastic Surgery Surgery, Burn Center
Therapy University of Texas Southwestern Medical BG University Hospital Bergmannsheil, Ruhr
Ospedale Civico ARNAS Palermo Center University
Palermo, Italy Dallas, TX, USA Bochum, North Rhine-Westphalia, Germany
1
Anatomia abrangente das extremidades inferiores
Ginard I. Henry e Grant M. Kleiber
Isquiádica
Femoral profunda Isquiádica
Poplítea
Tibial posterior
B Femoral Perfurante
Tibial anterior
Isquiádica Ramo comunicante superior
Poplítea
Dorsal do pé
Ramo medial do calcâneo
Ramo lateral do calcâneo
Plantar lateral
D E
Plantar medial
Plantar lateral
Ligamento iliolombar
Crista ilíaca
Ligamento supraespinal
Espinha ilíaca superior posterior
Ligamentos sacroilíacos posteriores
Tubérculo ilíaco
Forames sacrais posteriores
Forame ciático maior
Ligamento
Fossa iliolombar
ilíaca
Profundo Ligamentos
sacrococcígeos Lábio externo
Superficial posteriores
Zona intermediária
Crista ilíaca
Tubérculo ilíaco
Ligamento Lábio interno
sacrococcígeo lateral
Vista Posterior Ligamento sacroilíaco anterior
Promontório da base do sacro
Forame ciático maior
Espinha ilíaca superior anterior
Ligamento sacrotuberal
Ligamento sacroespinal
Espinha ilíaca inferior anterior
Espinha isquiática
Forames
Linha arqueada sacrais
Linha Forame ciático menor anteriores
Cóccix
iliopectínea Eminência iliopúbica
Ligamentos
Ramo superior do púbis sacrococcígeos
Linha pectínea anteriores
do púbis
Forame obturador
Ramo púbico inferior
Vista Anterior Sínfise
Tubérculo púbico púbica
Fig. 1.2 Ossos e ligamentos da pelve. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Vista Anterior
Origem do músculo psoas maior
M. ilíaco a partir das laterais dos corpos
vertebrais, discos intervertebrais
M. sartório e processos transversos (T12-L4)
MM. obturador
interno e gêmeos M. pectíneo
superior e inferior M. adutor longo
M. piriforme M. adutor curto
M. glúteo
mínimo M. grácil
M. vasto M. obturador
lateral externo Vista Posterior
M. adutor
Linha intertrocantérica M. glúteo médio
magno
M. quadrado M. glúteo mínimo
M. vasto medial femoral
M. vasto M. iliopsoas M. tensor da fáscia lata
intermédio M. glúteo
máximo M. sartório
M. gêmeo M. reto femoral
superior
Origens M. gêmeo M. obturador externo
Inserções inferior M. glúteo médio
M. quadrado
femoral M. quadrado femoral
M. obturador interno M. iliopsoas
M. poplíteo
M. semimembranoso
M. poplíteo
Obs.: A largura da área dos anexos até o aspecto
posterior do fêmur (linea aspera) está bastante aumentada.
Fig. 1.3 Anexos ósseos dos músculos da nádega e da coxa. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Anatomia da fáscia glútea Tabela 1.1 Sistema de classif cação de Mathes-Nahal para
suprimento vascular de músculos
O sistema fascial da região glútea e do membro inferior contém
várias permutações de uma camada fascial superficial e profunda Tipo de suprimento
quase contínua. O sistema superficial está localizado dentro vascular de músculos Descrição
da gordura subcutânea, geralmente como uma camada divisória
I Pedículo vascular único
onde as veias e os nervos superficiais atravessam para atingir
a pele suprajacente. As camadas superficiais são mais finas que a II Pedículo vascular dominante e um ou
camada profunda, que se torna mais fina com a idade, até o ponto mais pedículos menores
em que sua presença é descrita como variável. A camada fascial
III Dois pedículos dominantes
profunda é mais espessa e, com frequência, pode ser vista como
uma faixa fibrosa de camada dupla. Usualmente, ela repousa IV Pedículos vasculares segmentares
diretamente sobre a musculatura subjacente do membro e sua V Pedículo vascular dominante único e
fáscia apropriada. pedículos segmentares secundários
A fáscia superficial da região glútea é contínua àquela da porção
inferior do dorso e continua para baixo até a coxa proximal. A
fáscia profunda que cobre os músculos glúteos varia em espes-
sura. Sobre o glúteo máximo ela é fina, mas sobre os dois terços
anteriores do glúteo médio ela forma a aponeurose glútea forte Vários músculos pequenos surgem da pelve medial e se inserem
e espessa. Esta fica anexa à borda lateral da crista ilíaca na parte no trocânter maior do fêmur, funcionando coletivamente para
superior e se divide anteriormente para abranger o músculo tensor girar o quadril externamente. Esses músculos incluem: piriforme,
da fáscia lata e posteriormente o glúteo máximo. gêmeos superior e inferior, quadrado femoral, obturador interno
e obturador externo.
Músculosdas nádegas
V
asculatura glútea
O glúteo máximo é o maior músculo do corpo e repousa super-
ficialmente na região glútea, originando-se da linha glútea A artéria glútea superior é o último ramo do tronco posterior
posterior do ílio e da porção dorsal do sacro (Fig. 1.4). As fibras da artéria ilíaca interna. Ela sai da pelve através do forame ciá-
superficiais coalescem em uma expansão tendínea espessa tico maior superior ao piriforme, dividindo-se em dois ramos
que contribui para a faixa iliotibial da fáscia lata, enquanto as (Fig. 1.5). O ramo profundo corre profundo ao glúteo médio,
fibras profundas se inserem na tuberosidade glútea do fêmur. dividindo-se em ramos superior e inferior. O ramo superior
O glúteo máximo atua como um extensor do quadril quando viaja lateralmente até a espinha ilíaca superior anterior e se
este está em posição fletida. Quando o membro inferior está fixo conecta com o ramo ascendente da circunflexa femoral lateral
em uma posição – como em pé – o glúteo máximo gira a pelve e a ilíaca circunflexa profunda. O ramo inferior supre o glúteo
e o torso em sentido dorsal. O suprimento vascular deriva médio e mínimo e o último se une à circunflexa femoral lateral.
primariamente dos vasos glúteos inferiores, que alimentam os O ramo superficial da artéria glútea superior perfura o glúteo
dois terços inferiores do músculo. Os vasos glúteos superio- máximo, unindo-se de forma intramuscular com os ramos da
res suprem a porção superior e o primeiro ramo perfurante artéria glútea inferior e enviando perfurantes musculocutâneas
da femoral profunda contribui para o suprimento vascular do para a pele de cobertura. A artéria glútea inferior surge do tron-
músculo na região lateral. Neste capítulo, por facilidade co anterior da ilíaca interna e sai da pelve pelo forame ciático
de descrição, o sistema de classificação de Mathes-Nahai é maior, inferior ao piriforme. Esse vaso corre profundo ao glúteo
usado quando se discute o suprimento vascular ao músculo máximo, alimentando esse músculo e a pele de cobertura com
( Tabela 1.1 ) . O suprimento vascular do glúteo máximo com perfurantes musculocutâneas. A artéria continua para baixo
dois pedículos dominantes (artérias glúteas superior e inferior) pela coxa posterior, conectando-se com os ramos perfurantes
é considerado como tipo III. para suprir a pele.
A inervação ao glúteo máximo é fornecida pelo nervo glúteo
inferior. Por baixo do glúteo máximo ficam as três bolsas: trocan- Inervação glútea
térica, gluteofemoral e, às vezes, a isquiofemoral, que permite o
movimento sem fricção sobre as estruturas subjacentes. O glúteo O nervo cutâneo posterior da coxa sai da pelve com os vasos
médio, situado imediatamente profundo ao glúteo máximo, glúteos inferiores (Fig. 1.5). Vários ramos se enrolarão ao redor
surge da superfície externa da asa ilíaca e se insere no trocânter da borda inferior do glúteo máximo e correrão em orientação
maior do fêmur. Ele é alimentado pelo nervo glúteo superior superior para inervar a pele de cobertura das nádegas, enquanto
e funciona para abduzir o quadril e girar o fêmur em sentido o nervo cutâneo posterior continua descendo para a coxa pos-
medial. O suprimento sanguíneo a esse músculo é fornecido terior profundamente em relação à fáscia lata, enviando ramos
pelo ramo profundo da artéria glútea superior e pela conexão cutâneos segmentares para a pele da coxa posterior. Os músculos
trocantérica. glúteos são inervados pelos nervos glúteos superior e inferior.
O glúteo mínimo repousa profundo no glúteo médio e surge O nervo glúteo superior corre com a artéria glútea superior e
da superfície externa do ílio. Suas fibras se unem à aponeurose se divide em ramos superior e inferior, os quais correm, res-
do glúteo médio para se inserirem no trocânter maior, e os dois pectivamente, com os ramos superior e inferior da artéria glútea
músculos funcionam juntos para abduzir o quadril. O glúteo míni- superior profunda, alimentando os glúteos médio e mínimo. O
mo é inervado pelo nervo glúteo superior e recebe suprimento ramo inferior corre lateralmente para também inervar o tensor
sanguíneo da artéria glútea superior e da conexão trocantérica. da fáscia lata. O nervo glúteo inferior corre com a artéria glútea
Fig. 1.4 Músculos do quadril e da coxa: vistas posteriores. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Dissecção profunda
Crista ilíaca
Nervos clúnios superiores
Aponeurose glútea e músculo
Músculo glúteo máximo glúteo médio (cortado)
(cortado)
Artéria e nervo glúteos superiores
Nervos clúnios médios
Músculo glúteo mínimo
Artéria e nervo glúteos inferiores
Músculo tensor da fáscia lata
Nervo pudendo
Músculo piriforme
Nervo para o obturador
interno (e gêmeo superior) Músculo glúteo médio (cortado)
Nervo ciático
Músculo vasto lateral
e trato iliotibial
Ramos musculares do nervo ciático
Adutor mínimo (parte do)
Músculo semitendinoso (retraído) Músculo adutor magno
Fig. 1.5 Artérias e nervos da coxa: dissecção profunda (vista posterior). (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos
reservados.)
inferior, saindo da pelve abaixo do piriforme e penetrando o ramos da segunda artéria perfurante da artéria femoral profunda
glúteo máximo. (Fig. 1.7) penetram e fornecem suprimento sanguíneo endosteal.
Esses forames geralmente correm junto da linea aspera (termo em
latim para “linha áspera”) na superfície posterior do fêmur, no ter-
Acoxa ço médio da diáfise femoral. A vascularidade perióstea ao longo do
fêmur recebe nutrição vascular ou diretamente da artéria femoral
A coxa exerce a função dupla de ajudar no suporte do tronco e profunda ou de seus ramos perfurantes. A região metafisária distal
posicionar o joelho no espaço; os dois processos são críticos à do fêmur também possui vários forames vasculares que derivam
deambulação. Na coxa, essas função são geralmente ordenadas do sistema arterial genicular.
por vários músculos que funcionam de forma redundante. Os Esse sistema genicular, baseado na artéria femoral superficial,
músculos da coxa são alguns dos maiores do corpo e sua cober- é a base anatômica para o retalho clinicamente relevante de osso
tura fasciocutânea correspondente é também grande e relativa- periosteal do fêmur medial. Usando-se a artéria descendente
mente redundante. O conhecimento abrangente da anatomia do joelho (um ramo medial da artéria femoral superficial) como
da coxa é um componente essencial que permite a exploração pedículo, pode-se coletar osso cortical, esponjoso e do periósteo
dessas redundâncias. Esses atributos da coxa permitem que essa a partir do fêmur medial como um retalho vascularizado. Usado
estrutura represente uma fonte generosa de cultura de tecidos geralmente como retalho livre (com ou sem um coxim associado
para opções cirúrgicas de reconstrução local, regional e a dis- de pele do território da artéria safena), o retalho de osso perios-
tância. teal do fêmur medial é aplicado como tratamento efetivo para
não uniões ósseas recalcitrantes da clavícula, úmero, tíbia e rádio
(Fig. 1.8).
Estrutura do esqueleto da coxa
A região da coxa é, geralmente, definida como a porção proximal Composição fascial da coxa
cilíndrica do membro inferior que se estende em sentido distal
desde a crista infraglútea e o ligamento inguinal até a articulação Como acontece com o abdome, a coxa tem um sistema fas-
tibiofemoral. A maior parte da musculatura anterior da coxa se cial superficial e profundo. A fáscia superficial repousa no
origina do osso pélvico e, portanto, a inter-relação da estrutura interior da gordura subcutânea da coxa, envolvendo toda a
óssea entre a pelve e o fêmur é a principal base anatômica. estrutura. Vasos e nervos superficiais passam ao longo dessa
A cabeça do fêmur se articula com o acetábulo pélvico para estrutura e perfuram essa fáscia ao viajarem de suas tributárias
formar a única articulação esférica (de bola e soquete) verdadeira mais profundas e da superfície para os territórios cutâneos
do corpo, que permite estabilidade mediante carga, assim como superficiais. A espessura da fáscia varia em toda a área da coxa,
movimentos multiplanares suaves. Uma cápsula ligamentosa mas se espessa em sentido proximal na região inguinal. No
densa cerca a articulação do quadril em sentido circunferencial, ligamento inguinal, a fáscia superficial se funde com a fáscia
estendendo-se desde ao redor do acetábulo pélvico para englobar a profunda da coxa.
cabeça do fêmur e inseri-la no colo femoral (Fig. 1.6). Os ligamentos A estrutura da fáscia profunda do membro inferior é um
da articulação do quadril são: iliofemoral, pubofemoral, isquiofe- tecido fi rme, fi broso e bem vascularizado que repousa abai-
moral, acetabular transverso e o ligamento redondo. Conforme o xo da fáscia superficial e de toda a gordura subcutânea. Essa
quadril se movimenta, assim também ocorre com os ligamentos estrutura fibrosa envolve e restringe a musculatura da coxa em
capsulares. Esses ligamentos são reforçados com espessamentos uma bainha quase completa, frequentemente notada como de
capsulares que se enrolam e desenrolam, espessando-se ao redor duas camadas. A fáscia profunda da coxa tem sido referida e
do quadril e afetando a estabilidade, a excursão e a capacidade descrita por várias denominações, tornando a terminologia relati-
da articulação. vamente confusa. A fáscia profunda da coxa é conhecida tam-
O osso pélvico serve como a principal base para a muscula- bém como fáscia de revestimento profunda da coxa; fáscia
tura da coxa. Onze dos 17 músculos da coxa se originam da lata ( lata, termo em latim para “larga” ou “ampla”); ou, para
pelve. Duas proeminências ósseas surgem do colo do fêmur confundir ainda mais, “a camada espessa da fáscia superficial”.
aproximadamente a 90° uma da outra – os trocânteres maior A fáscia profunda da coxa se une posteriormente ao sacro e ao
e menor. Essas proeminências ósseas servem, primariamente, cóccix, anteriormente ao ligamento inguinal e lateralmente à
como sítios de inserção para os efetores do quadril (Fig. 1.3 ). crista ilíaca. No ligamento inguinal, onde a fáscia superfi cial
O trocânter maior recebe inserções dos músculos quadrado se une à fáscia profunda, fica a fossa oval. A fossa oval é uma
femoral, glúteo médio, obturador externo, piriforme, obturador abertura nas duas camadas fasciais através da qual passam a
interno e gêmeo. O trocânter menor é a meta de inserção para veia safena maior, os ramos superficiais da artéria femoral e os
o músculo iliopsoas. A ação de flexores múltiplos, extensores vasos linfáticos, viajando entre as camadas profunda e superfi-
e rotadores internos e externos sobre a articulação do quadril cial da coxa (Fig. 1.9). Essa abertura é coberta por uma camada
serve para estabilizar e posicionar o torso durante o complexo membranosa de fáscia superficial chamada de fáscia cribriforme
processo da deambulação. (derivada do latim cribrum ou peneira). Existe um espessamento
O suprimento vascular do osso femoral surge de várias fontes. dos tecidos fibrosos no aspecto lateral da fáscia profunda (fáscia
A cabeça e o colo do fêmur são envolvidos por uma arcada de lata) que é chamado de faixa ou trato (Fig. 1.10). O trato iliotibial
conexão arterial auxiliada pelas artérias circunflexas medial e fica anexo à porção proximal do músculo tensor da fáscia lata
lateral, com contribuição menos significativa dos vasos glúteos e, juntos, essa unidade miofascial ajuda a manter a extensão
superior e inferior. Esses vasos se unem à cápsula sinovial da arti- do joelho.
culação do quadril e formam um anel intra-articular subsinovial. A Septos passam da bainha fascial profunda para os ossos no
diáfise femoral tem vários forames nutrientes por meio dos quais interior, confinando os grupos musculares funcionais dentro de
Ligamento iliofemoral
Bolsa iliopectínea
Espinha ilíaca
inferior anterior Ligamento pubofemoral
Crista do obturador
Trocânter
maior Ramo púbico
superior
Superfície semilunar
(articular)
do acetábulo
Eminência iliopúbica
Linha Cartilagem
intertrocantérica Trocanter menor articular
Lábio acetabular
Ligamento da
cabeça do fêmur Ligamento
acetabular
transverso
Tuberosidade do ísquio
Lábio acetabular
Ligamentos e cápsula
da articulação
Vista lateral
Membrana sinovial
Artérias retinaculares
Placa epifisária
Ramo acetabular
Artéria obturatória
Artéria circunflexa
medial da coxa
Corte coronal
Fig. 1.6 Articulações e ligamentos do quadril. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Colo Colo
Crista intertrocantérica
Trocanter menor
Calcar
Linha pectínea
Tuberosidade glútea
Forame
nutriente
Linha de repercussão da
cápsula fibrosa (não fixada)
Superfície poplítea
Tubérculo adutor
Côndilo lateral
Côndilo medial
Côndilo lateral Superfície patelar Fossa intercondilar
Fig. 1.7 Osteologia do fêmur. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
V. safena maior
NN. cutâneos femorais
anteriores da coxa Ramos do n. cutâneo Ramos do n. cutâneo
(do n. femoral) posterior da coxa lateral da coxa
Ramos cutâneos
do n. obturador
Fig. 1.9 Anatomia de superfície: veias e nervos superficiais. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
usualmente tolerada com técnicas apropriadas de centralização borda da fossa poplítea e o tendão do bíceps femoral cursando
da musculatura remanescente e com a fisioterapia adequada. Esse lateralmente e formando a outra borda (Fig. 1.14).
potencial de recuperação é um fator primário na habilidade de O compartimento adutor abriga o adutor magno, o curto e
usar o músculo reto femoral tipo II vascular para reconstruções o longo, assim como o grácil e o pectíneo ( Figs. 1.15 e 1.16 e
regionais e distantes. O pedículo dominante do ramo descendente Tabela 1.5). Todos os cinco músculos cruzam a articulação do
da artéria circunflexa lateral permite a transposição ampla do mús- quadril, mas apenas um – o grácil – cruza o joelho. O grácil é
culo reto femoral ou do retalho musculocutâneo sem sacrificar a também o músculo mais superficial do compartimento adutor.
função do joelho após a centralização dos flexores remanescentes Ele tem sua origem no osso púbico como um músculo amplo e
dessa articulação. achatado que se afunila para baixo e para um tendão estreito
A musculatura do compartimento posterior é composta dos mús- que se insere na pata anserina . Por causa da sua localização
culos de flexão do joelho, conhecidos como isquiotibiais (Tabela 1.4). superficial, seu suprimento vascular tipo II e um ramo vascular
Os três músculos desse compartimento facilitam a flexão do joelho. O associado que irriga a pele de cobertura, o músculo grácil é
bíceps – como o nome já diz – tem duas cabeças, cada uma com uma escolha frequente para um retalho muscular ou musculo-
origem e ação ligeiramente diferentes. Esses três músculos abarcam cutâneo. Devido a sua posição e estrutura muscular, o restante
o joelho posterior, com os tendões dos músculos semitendinoso e dos músculos adutores não se presta por si mesmo facilmente à
semimembranoso cursando em sentido medial e formando uma transposição de retalhos.
Músculo oblíquo
Crista ilíaca externo
Músculo sartório
Músculo glúteo máximo
Músculo tensor
da fáscia lata
Trato iliotibial
Cabeça longa
Músculo bíceps
femoral
Cabeça curta Côndilo lateral da tíbia
e tubérculo de Gerdy
Músculo semimembranoso
Retináculo lateral da patela
Ligamento patelar
Cabeça da fíbula
Músculo fibular
(peroneiro) longo Músculo tibial anterior
Fig. 1.10 Músculos do quadril e da coxa: vista lateral. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Fig. 1.11 Cortes em série da coxa. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Relacionado 1 Ilíaco Pelve – fossa ilíaca Trocânter menor Flexão do quadril e — — Nervo femoral
com o quadril do fêmur – borda rotação interna intra-abdominal
inferior
2 Psoas maior Espinha torácica e Trocânter menor do Flexão do quadril e — — Nervos da
lombar fêmur – região média rotação interna espinha lombar
Compartimento 3 Sartório Espinha ilíaca Medial, tíbia Flexão, abdução Ramos múltiplos Segmentar (tipo IV) Nervo femoral
anterior superior anterior proximal (pes e rotação externa para a artéria femoral (divisão
(EISA) anserinus) da coxa no quadril; superf cial anterior)
f exão e rotação
interna da perna no
joelho
4 Reto femoral EISA e ílio Tendão do Flexão do quadril e Ramo descendente da Um pedículo dominante e Nervo femoral
quadríceps – tendão extensão do joelho ACFL (dominante); ramo pedículos menores (tipo II) (divisão
da ascendente da ACFL posterior)
patela – tuberosidade (menor), ramo muscular
da tíbia da artéria femoral
superf cial (menor)
5 Vasto lateral Diáf se do fêmur – Tendão do Extensão do joelho Ramo descendente Um pedículo dominante e Nervo femoral
linha intertrocantérica quadríceps - tendão da ACFL (dominante); pedículos menores (tipo II) (divisão
superior, base do da ramo transverso da posterior)
trocânter maior, linea patela - tuberosidade ACFL (menor), ramos
aspera lateral, crista da tíbia (aspecto posteriores da profunda
supracondilar lateral lateral) femoral (menor), ramo
e septo intermuscular da artéria genicular
lateral superior (menor)
(Continua)
A coxa
15
04/02/15 7:53 PM
16
C0005.indd 16
Tabela 1.2 Musculatura da coxa (Cont.)
Tipo de suprimento
Músculo Origem Inserção Função Suprimento sanguíneo sanguíneo do retalho Inervação
6 Vasto medial Diáf se do Tendão do Extensão do joelho, Ramo da artéria femoral Um pedículo Nervo femoral
SEÇÃO I
10 Semitendíneo T uberosidade do Medial, tíbia proximal Extensão do Primeiro ramo perfurante Um pedículo Nervo tibial
ísquio – superfície (pes anserinus) – quadril, f exão e da profunda femoral dominante e
medial abaixo da inserção rotação medial do (dominante); ramo da pedículos menores
do grácil joelho artéria glútea inferior (tipo II)
(menor), segundo ou
terceiro ramo perfurante da
profunda (menor), ramo da
artéria femoral superf cial
(menor)
04/02/15 7:53 PM
C0005.indd 17
11 Semimembranoso T uberosidade do Côndilo medial Extensão do Primeiro ramo perfurante Um pedículo Nervo tibial
ísquio – superfície quadril, f exão e da profunda femoral dominante e
lateral rotação medial do (dominante); ramo pedículos menores
joelho muscular da artéria glútea (tipo II)
inferior (menor), ramo
descendente da ACFM,
artéria genicular medial
inferior
Compartimento 12 Adutor magno Osso púbico – Diáf se femoral, Adução do quadril, Ramos das artérias — Nervo obturador
adutor ramo isquiopúbico inferior – linha glútea rotação interna do obturadora, profunda (divisão posterior)
inferior e linea aspera quadril femoral e femoral
superf cial
13 Adutor longo Osso púbico – Fêmur – aspecto Adução do quadril, Ramo da profunda femoral — Nervo obturador
tubérculo púbico inferior da linea rotação interna do (artéria para os adutores): (divisão anterior)
aspera quadril ramos da ACFM, ramo
distal da artéria femoral
superf cial
14 Adutor curto Osso púbico – Fêmur – aspecto Adução do quadril Variável – ramo da — Nervo obturador
ramos superior e superior da linea profunda femoral versus (divisão anterior)
inferior aspera ramo da ACFM; artéria
obturadora
15 Grácil Osso púbico – Medial, tíbia proximal Adução do quadril, Ramo ascendente da Um pedículo Nervo obturador
ramo isquiopúbico (pes anserinus), f exão do joelho e ACFM (dominante); 1-2 dominante e (divisão anterior)
abaixo do sartório rotação interna ramos da artéria femoral pedículos menores
superf cial (tipo II)
16 Pectíneo Osso púbico Fêmur proximal – Adução do quadril, Ramos da ACFM, — Nervo femoral
abaixo do trocânter f exão do joelho e artérias femoral comum e (divisão anterior)
menor rotação interna obturadora
Extracompartimental 17 Tensor da fáscia Crista ilíaca Trato iliotibial – Manter a extensão Ramo ascendente da ACFL Uma artéria Nervo glúteo
lata côndilo da tíbia do joelho (ajudar o dominante (tipo I) superior
lateral (superfície glúteo máximo) e a
anterior) abdução do quadril
ACFL = artéria circunf exa femoral lateral; ACFM = artéria circunf exa femoral medial.
A coxa
17
04/02/15 7:53 PM
18 SEÇÃO I • 1 • Anatomia abrangente das extremidades inferiores
Nervo, artéria
e veia femorais Nervo para
o músculo
Músculo pectíneo vasto medial
Fig. 1.12 Artérias e nervos da coxa: vistas anteriores. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Semitendíneo
Crista ilíaca
Músculo ilíaco
Músculo semitendíneo
Músculo psoas maior
Músculo bíceps femoral
Ligamento inguinal (cabeça longa)
Músculo adutor magno
Tubérculo púbico
Músculo iliopsoas Músculo semimembranoso
Músculo gastrocnêmio
Músculo vasto medial
Tendão do m. sartório
Dissecção superficial: vista posterior
Tendão do m. grácil Pes anserinus
Tendão semitendíneo
Tuberosidade da tíbia
Fig. 1.14 Músculos da coxa. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Músculo pectíneo
Músculo tensor da fáscia lata (origem)
Músculo reto femoral (origem)
Trocânter maior
Músculo iliopsoas (cortado)
Músculo adutor longo
Músculo grácil
Músculo sartório
Músculo reto femoral*
Músculo vasto lateral*
Músculo vasto intermédio*
Músculo vasto medial*
Trato iliotibial
Fig. 1.15 Músculos da coxa: vista anterior. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Fig. 1.16 Músculos da coxa, dissecção profunda: vista anterior. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
dentro do canal femoral (Fig. 1.17). Ela corre junto com a veia Na coxa proximal, a artéria femoral se bifurca 4 cm abaixo do
femoral por toda a bainha do fêmur, um canal curto composto ligamento inguinal em profunda femoris (também chamada de arté-
de continuação da fáscia transversal anteriormente e da fáscia ria femoral profunda) e artéria femoral superficial. Embora existam
ilíaca posteriormente. Essas camadas fasciais se fundem com a controvérsias quanto à terminologia da origem e progressão distal
adventícia vascular cerca de 4 cm abaixo do ligamento inguinal. da artéria femoral, ela é usualmente descrita como: a artéria ilíaca
A artéria femoral cruza por baixo do músculo sartório e penetra externa se torna artéria femoral após cruzar o ligamento inguinal; a
no canal dos adutores (canal de Hunter), um canal fibromus- seguir, a artéria femoral se ramifica em femoral profunda e femoral
cular limitado lateralmente pelo vasto medial, inferiormente superficial. A profunda geralmente se ramifica a partir do aspecto
pelos adutores longo e magno e em sentido anteromedial pelo posterolateral da artéria femoral e a seguir passa profunda ao
sartório. A artéria femoral sai do canal dos adutores através músculo adutor longo, entre as inserções dos septos intermus-
do hiato adutor, entrando na fossa poplítea, quando então seu culares lateral e medial, e corre posterior à linea aspera do fêmur
nome muda para artéria poplítea. (Figs. 1.11 e 1.18).
Ramo ascendente
Sistema da artéria circunf exa femoral lateral
da artéria circunflexa O sistema da artéria circunflexa femoral lateral é particularmente
femoral lateral Artéria circunflexa
relevante para o cirurgião plástico de reconstrução por causa das
femoral medial
Ramo transverso
várias opções de tecido doador desenvolvidas com base nesse
Artéria femoral
da artéria circunflexa sistema. A descrição tradicional da artéria circunfl exa femoral
Artéria profunda da coxa lateral é a do segundo ramo principal da profunda femoris que
femoral lateral
Primeira artéria perfurante se enrola em sentido superolateral e se divide em três ramos na
Segunda artéria perfurante borda lateral do triângulo femoral, a saber: o ramo ascendente,
o ramo transverso e o ramo descendente ( Fig. 1.19 ). O ramo
Terceira artéria perfurante ascendente viaja ao longo da linha intertrocantérica, alimentando
o trocânter maior, o tensor da fáscia lata, a crista ilíaca anterior
Artéria descendente do joelho e a pele que cobre o quadril, antes de se unir aos vasos glúteo
superior e ilíaco circunflexo profundo. O ramo transverso passa
Ramo descendente Ramo articular da artéria pelo vasto lateral e se enrola posteriormente ao redor do fêmur,
da artéria circunflexa descendente do joelho unindo-se ao circunflexo medial. O ramo descendente viaja no
femoral lateral septo intermuscular entre o vasto intermédio e o reto femoral
Ramo safeno da artéria
descendente do joelho suprajacente. A partir desses ramos, os perfurantes cutâneos
Artéria lateral ou viajam pela musculatura (perfurantes musculocutâneos) ou
superior do joelho Artéria medial superior do joelho entre a musculatura ao longo dos septos fibrosos intervenientes
Artéria lateral (perfurantes septocutâneos).
inferior do joelho O sistema da artéria circunflexa femoral lateral apresenta varia-
Artéria medial inferior do joelho bilidade significativa e a descrição tradicional da localização dos
Ramo fibular Artéria poplítea vasos e de seus cursos nem sempre é mantida. Mais de 20% das
circunflexo da artéria pessoas apresentam o ponto de partida da artéria circunflexa
tibial posterior
femoral lateral em local diferente daquele da profunda femoris.
Ele pode surgir da própria artéria femoral (16%), apresentar-se
como artéria separada viajando da artéria femoral e da profunda
femoris separadamente (3%), surgir de uma origem comum para
a profunda femoris e a artéria circunflexa femoral medial (MCFA)
Artéria tibial anterior (5%), da própria MCFA (5%) ou ramos separados da artéria circun-
flexa femoral lateral podem desenvolver-se a partir de vários
Artéria fibular Artéria tibial posterior outros sítios (4%).
O número, tamanho, posição e curso dos perfurantes cutâneos
que surgem da artéria circunflexa femoral lateral também variam,
Artéria maleolar
mas ainda seguem padrões generalizados que são usados para
anterior lateral Artéria maleolar anterior medial
explorar este sistema arterial versátil. O padrão mais comum de
Artéria dorsal do pé membros da artéria circunflexa femoral lateral é o de três ramos
Artéria tarsal lateral Artéria tarsal medial arteriais: (1) ascendente; (2) transverso (também chamado oblíquo);
e (3) descendente. A posição e o ponto de partida desses ramos
Artéria arqueada
também podem demonstrar grande variabilidade.
Apesar dessa multiplicidade de variações anatômicas, esse sis-
tema fornece um suprimento sanguíneo interconectado e consis-
tente para pele, músculos, fáscia e ossos. Isso pode ser explorado
para uma grande variedade de composições de retalhos em várias
orientações. Em feridas complexas, a transferência de tecidos do
Fig. 1.17 Artérias femoral e profunda.
sistema da artéria circunflexa femoral lateral pode ser desenhada
para abranger retalhos compostos com vários tipos de tecido.
Se o sistema for dissecado adequadamente, pode-se obter um
retalho composto ou músculo reto femoral, pele anterolateral da
coxa e fáscia, músculo tensor da fáscia lata e osso da crista ilíaca
Profunda femoris (Fig. 1.20).
Na coxa, a profunda femoris é a fonte predominante de supri-
mento sanguíneo. Existem algumas contribuições importantes Sistema da artéria circunf exa femoral medial
para a musculatura da coxa oferecidas pela artéria femoral
superficial (os músculos adutores, o sartório e o vasto medial), A MCFA (na sigla em inglês) é, tipicamente, o primeiro ramo
mas a principal distribuição vascular para os três compar- principal de alimentação da coxa surgindo da artéria femoral.
Ramos musculares
Artéria profunda femoris
(femoral profunda)
Ramos perfurantes
Fig. 1.18 Artérias da coxa e do joelho: esquema. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Reto
femoral
Ramo transverso
da artéria circunflexa Artéria
femoral lateral circunflexa
femoral lateral
Artéria profunda
da coxa
Artéria femoral
Crista ilíaca
Ramo descendente lateral
da artéria circunflexa
femoral lateral
Fig. 1.20 Sistema da artéria circunflexa femoral lateral. (Cortesia de Lawrence
Gottlieb.)
M. vasto intermédio
magno, ela se divide em ramos descendente e transverso. O ramo
transverso passa posteriormente ao fêmur e se une ao ramo trans-
M. vasto lateral verso da artéria circunflexa lateral e da artéria glútea inferior,
conhecida como conexão cruzada. O ramo descendente da MCFA
M. reto femoral
se ramifica em vários ramos musculares para suprir o músculo
grácil na maioria dos casos. O sistema da MCFA espelha a artéria
circunflexa femoral lateral como um nexo de ramificações que
supre vários músculos diferentes e regiões cutâneas, mas os
ramos da MCFA são menores que aqueles da artéria circunflexa
femoral lateral.
Artéria descendente
do joelho
Inervação cutânea
A inervação cutânea da coxa é compartilhada pelos dois nervos
cutâneos puros que se ramificam diretamente do plexo lombos-
sacro (nervos cutâneos femorais lateral e posterior) e ramos cutâ-
neos dos dois nervos mistos (femoral e obturador) (Figs. 1.22–
1.24). O nervo cutâneo femoral lateral surge dos ramos dorsais
Ramo descendente
da artéria circunflexa
do segundo e terceiro ramos lombares. Ele corre desde a região
femoral lateral intra-abdominal e atrás do cólon descendente para sair para
a coxa por baixo ou através do ligamento inguinal. O nervo
cutâneo femoral lateral se divide em ramos anterior e posterior.
O ramo anterior perfura a fáscia lata e se torna superficial – 10 cm
abaixo da espinha ilíaca superior anterior. O ramo posterior
perfura a fáscia lata mais para cima que o ramo anterior e supre
a região cutânea ao redor do trocânter maior e medial da coxa.
O ramo anterior supre a pele anterolateral da coxa para baixo
até o joelho.
O nervo cutâneo femoral posterior surge do primeiro e
Fig. 1.21 Ramos perfurantes da artéria femoral profunda. segundo ramos sacrais. Ele deixa a pelve via o forame ciático
maior e desce em orientação distal sob o glúteo máximo com os
vasos glúteos inferiores. Ele corre em sentido descendente pela
coxa, superficial à cabeça longa do bíceps femoral, mas ainda
femorais posteriores e se unem aos ramos da MCFA e da artéria sob a fáscia lata, e perfura a fáscia profunda atrás do joelho, con-
poplítea. tinuando para baixo, para a área medial da panturrilha, onde
seus ramos terminais se comunicam e colaboram com o nervo
sural. O nervo cutâneo femoral posterior supre a maior parte
da pele da coxa posterior por meio dos ramos que perfuram a
Inervação da coxa fáscia lata para correrem pela superfície. A pele sobre a fossa
poplítea é também alimentada pelo nervo cutâneo femoral
posterior.
Inervação motora O curso do nervo femoral já foi descrito anteriormente. Sua
O suprimento neural dos compartimentos na coxa segue um divisão anterior supre a pele da coxa medial superior e inferior
padrão “um compartimento, um nervo”. O nervo femoral por meio dos nervos cutâneo intermédio e cutâneo medial da
supre o compartimentos anterior, o nervo obturador supre o coxa. O nervo obturador surge do segundo para o quarto ramos
compartimento medial e o nervo ciático supre a musculatura lombares. Ele sai da pelve, inicialmente em sentido descendente
T12
Nervo cutâneo femoral lateral (L2,3) L1
L2
Plexo lombar
Nervo femoral (L2, 3, 4) L3
L4
Nervo obturador
Tronco lombossacral
Músculo ilíaco
Músculo sartório
(cortado e refletido)
Nervo cutâneo
Músculo pectíneo femoral lateral
Ramo infrapatelar
do nervo safeno
Nervos cutâneos
crurais mediais
Obs.: São mostrados somente (ramos do nervo safeno)
os músculos inervados pelo
nervo femoral.
Inervação
cutânea
Fig. 1.22 Nervo femoral e nervos cutâneos femorais laterais. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Nervo cutâneo
femoral posterior
(S1, 2, 3)
Forame ciático maior
Nervos clúnios inferiores
Músculo semitendíneo
Nervo fibular
Músculo semimembranoso (peroneiro) comum
Nervo tibial
Ramo
articular Nervo cutâneo
femoral posterior
Ramo articular
Nervo cutâneo
Músculo plantar sural lateral
Nervo cutâneo
sural medial Ramo
comunicante
sural
Nervo fibular
Músculo gastrocnêmio (peroneiro) comum
via nervo cutâneo
sural lateral
Nervo sural
Nervo cutâneo
sural medial
Músculo sóleo Ramo
comunicante sural Nervo fibular
(peroneiro) superficial
Nervo tibial
Nervo sural
Ramos calcâneos Nervo tibial
Ramos calcâneos laterais via ramos
mediais calcâneos
mediais
Nervo cutâneo
Nervos plantares lateral dorsal
medial e lateral
Fig. 1.23 Nervo ciático (L4, L5; S1, S2, S3) e nervo cutâneo femoral posterior (S1, S2, S3). (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc.
Todos os direitos reservados.)
L1
Nervo ílio-hipogástrico
L2
Plexo lombar
L3
Nervo ilioinguinal
L4
Nervo cutâneo
femoral lateral
Nervo femoral
Ramo posterior
Ramo articular
Músculo adutor curto
Ramo articular da
articulação do joelho
Hiato adutor
Fig. 1.24 Nervo obturador. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
dentro do psoas maior e finalmente através do forame obturador, para fornecer estabilidade à articulação do joelho ( Fig. 1.26 ) .
em sentido anteroposterior aos vasos obturadores. Esse nervo se Os meniscos medial e lateral são estruturas cartilaginosas
ramifica em divisões anterior e posterior. Os ramos que saem da semilunares arrumadas em lâminas crescêntricas que apro-
divisão anterior fornecem inervação cutânea à coxa inferomedial fundam a superfície de articulação na tíbia, que recebe os
(Fig. 1.24). côndilos femorais ( Fig. 1.27 ) . Os meniscos são conectados às
estruturas ao redor dos ligamentos periféricos e estabilizam
ainda mais o joelho, assim como sustentam a carga de suporte
de peso do fêmur ( Fig. 1.27 ).
Aperna Apesar de não ser um componente direto do joelho, a arti-
culação tibiofibular contribui para o funcionamento da perna.
As principais funções da articulação tibiofibular proximal são
À medida que o membro inferior se estende da coxa para a perna,
distribuir as forças de torção aplicadas ao tornozelo durante os
as estruturas anatômicas se estreitam significativamente e mudam
movimentos de inclinação e resistir às forças de tensão criadas com
de função primariamente do quadril e do joelho para o movimento
o suporte de peso. Embora não seja um contribuinte significativo
do tornozelo e do pé. O joelho e o tornozelo são os ápices da cons-
para o suporte de peso, a articulação tibiofibular aceita um sexto
trução cônica da coxa e da perna, que abrangem as terminações
da carga axial da perna.
de suas estruturas musculotendíneas. À medida que se caminha
A inserção terminal do músculo quadríceps extensor do joelho
distalmente pela perna, os tecidos se tornam mais compactos e
é a tuberosidade da tíbia. Os músculos quadríceps coalescem para
intrincados. A quantidade de partes moles que estava presente na
o tendão do quadríceps, envolvem a patela e então se inserem
coxa não está disponível na pele; existe também menos redundân-
na região lisa proximal da tuberosidade da tíbia como o tendão
cia de músculos de funcionamento similar. Essas questões tornam
patelar. Essa tuberosidade é uma área pequena, triangular e ele-
a perna mais um alvo de reconstrução de tecidos que uma fonte
vada onde ocorre a fusão das superfícies condilares anteriores. A
de coleta de tecidos.
retração do quadríceps é lateral ao movimento da linha média da
articulação patelofemoral devido à localização medial da tíbia em
Estrutura esquelética do joelho e da perna relação ao fêmur.
As diáfises da tíbia e da fíbula criam formações em formato
Estrutura esquelética do joelho triangular quando visualizadas a partir de um corte cruzado.
O ápice da tíbia é orientado anteriormente com uma superfície
O joelho é a maior articulação sinovial do corpo, porque é medial curvilínea lisa e uma superfície lateral semelhante a uma
formado pelo maior osso longo do corpo (fêmur) e pelo maior projeção em forma de prateleira que suporta a musculatura do
osso sesamoide (patela). O tendão do quadríceps está inves- compartimento lateral. O ápice triangular da fíbula é orientado
tido na patela. Os tendões do vasto lateral, vasto medial, vasto lateral e a 90° daquele da tíbia. A membrana interóssea cruza a
intermédio e reto femoral se confluem na superfície da patela. E, perna na área do terço anterior e fica anexa entre as cristas interós-
apesar de se unirem para formar o tendão do quadríceps, cada um seas da tíbia e da fíbula (Fig. 1.28).
deles tem localização levemente específica de inserção na pate-
la. O sistema extensor do tendão do quadríceps tem fibras que
envolvem a patela e ajudam a formar o tendão patelar, que corre
Estrutura esquelética da perna
distalmente para se inserir na tuberosidade da tíbia (Fig. 1.25). O suprimento vascular para a tíbia e a fíbula é fornecido
O papel funcional primário da patela é ajudar na extensão do por várias fontes. A tíbia recebe vascularização endosteal
joelho. A patela aumenta a alavancagem do sistema extensor maior por meio do forame nutriente proximal que fica
do quadríceps, aumentando o braço de alavancagem de sua próximo à linha do sóleo. Essa linha é uma crista óssea
linha de tração. A presença da patela amplia a força do extensor orientada obliquamente no aspecto superoposterior da
em cerca de 30%. tíbia, em curso desde a articulação da tíbia com a fíbula
O joelho é formado por duas articulações: patelofemoral e inferiormente para a margem medial da tíbia na borda
tibiofemoral. A primeira articulação ajuda a produzir a flexão entre seus terços médio e superior. Essa crista é o sítio de
e a extensão da perna na articulação tibiofemoral. Além da inserção do poplíteo e a origem dos músculos: sóleo, flexor
flexão e extensão, graus variáveis de rotação ativa medial longo dos dedos e tibial posterior ( Fig. 1.29 ) . O suprimento
para lateral são possíveis no joelho. A articulação tibiofemo- sanguíneo endosteal para a tíbia penetra essa área após
ral é uma articulação sinovial de dois compartimentos cuja se ramificar da artéria tibial posterior, quando sai da fos-
estabilidade e amplitude de movimento são governadas por sa poplítea. Como alternativa, esse ramo tibial nutritivo
uma interação complexa entre a anatomia óssea e suas res- também pode originar-se da bifurcação poplítea da artéria
trições de partes moles. Os côndilos femorais, suas superfícies tibial anterior e do tronco tibiofibular. O suprimento perios-
articulares na tíbia e as regiões intercondilares apresentam teal à diáfise tibial surge de vários ramos segmentares dire-
todos um formato peculiar e assimétrico. Isso fornece ao joe- tamente da artéria tibial anterior e de ramos perfurantes
lho a translocação lateral e o movimento de rotação excedente da musculatura circundante. O segmento distal da tíbia é
a qualquer outra articulação em dobradiça. Os elementos de suprido por ramos da conexão ao redor do tornozelo, entre
partes moles do joelho restringem o movimento em excesso, os vasos fibular e tibial posterior.
mas permitem ampla latitude em mobilidade, assim como A fíbula recebe seu suprimento sanguíneo endosteal para a
o suporte e o acolchoamento dos componentes ósseos de região da diáfise de um ramo da artéria fibular que penetra o
suporte de peso. Os ligamentos: colateral medial (tibial), osso através de um forame nutriente no terço médio da diáfise,
colateral lateral (fibular), cruzado anterior, cruzado pos- com a maior parte do forame posicionado no ponto médio do
terior, popliteofibular, transverso, coronário e tibiofibular osso. Mais frequentemente, existe somente um vaso nutriente,
trabalham todos em cooperação com os anexos musculares mas menos de 10% da população pode ter dois ou mais. O ramo
Articulação do joelho
Vista lateral Vista medial
Trato iliotibial M. sartório
M. vasto
M. bíceps femoral lateral M. grácil
cabeça longa, M. vasto medial M. semitendíneo
cabeça curta M. semimembranoso
Bursa sob o Tendão do Tendão do m. adutor magno
trato iliotibial m. reto femoral Ligamento colateral tibial,
Ligamento colateral fibras paralelas,
fibular e bursa Patela fibras oblíquas
M. plantar Retináculo Bursa sob o
Tendão e bursa do lateral da patela tendão semimembranoso
bíceps femoral
Retináculo
N. fibular Bursa anserina
medial da patela
comum sob o tendão
Cabeça da fíbula semitendíneo,
M. gastrocnêmio grácil e
Cápsula da articulação tendão do sartório
M. sóleo
Ligamento patelar M. gastrocnêmio
M. fibular
longo Tuberosidade da tíbia M. poplíteo
M. tibial
anterior
Vista anterior Fêmur
M. articular do joelho
M. vasto lateral M. vasto medial
Trato iliotibial Tendão do reto femoral
Retináculo lateral da patela Patela
Côndilo lateral do fêmur Côndilo medial do fêmur
Ligamento colateral fibular e bursa Retináculo medial da patela
Tendão e bursa do bíceps femoral Ligamento colateral tibial
Bursa sob o trato iliotibial
Tendão semitendíneo,
Inserção do trato iliotibial grácil e
na linha oblíqua da tíbia sartório
N. fibular comum Bursa anserina
Fig. 1.25 Articulação do joelho (vistas lateral, medial e anterior). (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos
reservados.)
Côndilo lateral do
fêmur (superfície Côndilo medial do fêmur
articular) (superfície articular)
Menisco medial
Tendão poplíteo
Ligamento
transverso do joelho Tuberosidade da tíbia
Cabeça da fíbula
Joelho direito em
extensão: vista posterior
Tubérculo de Gerdy
Ligamento meniscofemoral
posterior
Tubérculo adutor sobre
o epicôndilo medial do fêmur
Côndilo lateral do
fêmur (superfície
Côndilo medial do fêmur articular)
(superfície articular)
Tendão do poplíteo
Menisco medial
Ligamento
colateral fibular
Ligamento colateral tibial
Menisco lateral
Fig. 1.26 Joelho: ligamentos cruzado e colateral. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Joelho: Interior
Vista inferior
Vista superior
Tendão semimembranoso
Ligamento meniscofemoral posterior
Ligamento poplíteo oblíquo
Ligamento poplíteo arqueado
Ligamento cruzado posterior
Ligamento fibular colateral
Ligamento colateral tibial
Bursa (parte profunda misturada
Tendão poplíteo ao menisco medial)
Articulação aberta,
flexão leve do joelho
Fig. 1.27 Joelho (vistas interior, superior e anterior). (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Vista anterior com anexos do ligamento camadas de tecido areolar, mas as camadas também podem ser
Ligamentos
densamente aderentes e parecerem uma só. Dentro dessas camadas
Posterior
Anterior cruzados ficam os vasos e nervos superficiais. Na perna, as veias safenas
Trato iliotibial maior e menor e os nervos sural e safeno viajam ao longo da fáscia
Ligamento
Ligamento colateral fibular
colateral tibial
superficial (Fig. 1.30).
Tendão do bíceps femoral
Ligamento anterior
da cabeça da fíbula Tubérculo
de Gerdy
Fáscia profunda da perna
Cabeça da fíbula
A fáscia profunda da perna (também chamada de fáscia de reves-
Ligamento patelar
timento profunda da coxa ou fáscia crural) envolve e restringe
Tuberosidade da tíbia toda a musculatura da perna. A fáscia profunda é, na verdade,
a continuação da fáscia lata da coxa e recebe expansões fasciais
dos tendões dos músculos extensor e flexor do joelho. A fáscia
profunda varia em espessura em diferentes regiões e está intima-
mente anexa às estruturas teciduais, logo abaixo dela. Em sentido
Borda anterior
proximal, ela fica anexa ao tendão patelar, à tuberosidade da tíbia,
Borda interóssea
aos côndilos e à cabeça da fíbula. No aspecto posterior da per-
Borda interóssea na, a fáscia profunda é espessada pelas fibras transversais sobre
Membrana interóssea
a fossa poplítea e denominada fáscia poplítea. Nessa região, a
veia safena menor e o nervo sural penetram a fáscia da superfície
para a profundidade à medida que cursam de distal, no espaço
subcutâneo, para profundo entre as cabeças musculares do gas-
trocnêmio (Fig. 1.9). O aspecto medial é aderente ao periósteo da
Fíbula Tíbia tíbia. A porção anterior da fáscia profunda se espessa e se funde
com a fáscia muscular do tibial anterior e do extensor longo dos
dedos; lateralmente, ela cobre o fibular longo. Na perna posterior,
a fáscia profunda se afina ao cursar sobre a fáscia do gastrocnêmio
e do sóleo.
Membranainteróssea
A membrana interóssea da perna (também chamada de liga-
mento tibiofibular médio) é uma faixa de fibras densas orienta-
Ligamento das obliquamente que se estende entre as cristas interósseas da
Maléolo medial
tibiofibular anterior tíbia e da fíbula (Fig. 1.30). Ela separa o compartimento anterior
(dorsiflexão do tornozelo) do posterior (flexão plantar do tor-
Maléolo lateral Ligamento medial nozelo). Os músculos que ficam diretamente sobre a membrana
(deltoide) do tornozelo
Ligamento calcaneofibular Ligamento (anteriormente — tibial anterior, extensor longo do hálux; poste-
talofibular
anterior
riormente – tibial posterior, flexor longo do hálux) usam a mem-
brana como sítio de origem muscular. No aspecto superior da
Fig. 1.28 Tíbia e fíbula. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. membrana interóssea existe uma abertura oval que permite a pas-
Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.) sagem dos vasos tibiais anteriores que cursam desde a bifurcação
poplítea na fossa poplítea até a porção inferior da perna. Na mar-
gem inferior da membrana interóssea existe outra abertura que
permite a passagem de ramos perfurantes a partir da artéria fibu-
lar distal. O aspecto mais inferior do ligamento interósseo con-
tribui com o ligamento interósseo (tibiofibular). Esse ligamento
nutritivo penetra a fíbula na superfície posteromedial, posterior
interósseo é uma estrutura distinta que ajuda a restringir a articu-
à membrana interóssea. A fíbula também recebe um suprimento
lação tibiofibular, mas permite um leve movimento de translação
sanguíneo periosteal de ramos múltiplos a partir da artéria fibular.
no tornozelo proximal.
A cabeça da fíbula recebe um suprimento sanguíneo separado. A
artéria tibial anterior dá origem a ramos recorrentes e ambas as
artérias geniculares laterais inferiores podem suprir a cabeça e o Compartimentos da perna
colo da fíbula. A região metafisária distal da fíbula é alimentada Ao visualizarmos a perna em corte transversal, a fáscia profunda
pela conexão do tornozelo, entre os vasos fibular e tibial posterior, cria um círculo periférico de tecido fibroso de limitação com a
similar à tíbia distal. fíbula, tíbia e membrana interóssea, como um eixo central fora do
centro (Fig. 1.30). Septos intermusculares se irradiam a partir desse
Composição fascial da perna eixo central para a fáscia de revestimento profunda e dividem a
musculatura da perna em compartimentos. Esses compartimen-
A estrutura fascial da perna é contínua ao sistema fascial da coxa, tos organizam a musculatura do membro inferior em grupos de
que, por sua vez, é contíguo a alguns dos principais componentes funcionamento similar. As faixas de fáscia interveniente também
do abdome. A fáscia superficial da perna repousa no interior do fornecem aos músculos superfícies de inserção aumentadas e
tecido subcutâneo. Ela está sempre presente em duas ou mais ajudam na atividade de contração.
Músculo
Músculo semimembranoso
bíceps femoral
Músculo sartório
Músculo grácil Pes anserinus
Músculo fibular
(peroneiro) longo Músculo
semitendíneo
Músculo
poplíteo
Músculo tibial
Músculo quadríceps Músculo posterior
Músculo extensor do fêmur via sóleo
longo dos dedos ligamento patelar
Músculo tibial
anterior
Músculo extensor Músculo flexor
longo do hálux Músculo flexor
longo dos dedos longo do hálux
Músculo fibular
(peroneiro) curto Origens
Músculo fibular
Inserções (peroneiro) curto
Músculo fibular
(peroneiro) curto
Músculo
Músculo fibular tibial anterior
(peroneiro)
terceiro
Músculo
fibular
Músculo extensor (peroneiro)
longo dos dedos longo
Músculo
flexor longo
Músculo flexor dos dedos
Músculo longo do hálux
extensor
longo do hálux
Fig. 1.29 Anexos ósseos dos músculos da perna. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Fáscia profunda
da perna (fáscia crural) Membrana interóssea
Fig. 1.30 Perna: cortes cruzados e compartimentos fasciais. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Esses septos intermusculares dividem a perna em compar- principal (fibular profundo) (Figs. 1.31 e 1.32). Esses músculos
timentos osteofasciais anterior, lateral e posterior. O comparti- do compartimento anterior são responsáveis pela dorsiflexão
mento muscular anterior é embalado, em sentido medial, pela do tornozelo, do pé e dos dedos (Tabela 1.7). O tibial anterior
superfície lateral da tíbia e pela membrana interóssea como seu é o músculo mais superficial no compartimento e se origina do
assoalho. O teto do compartimento anterior é a fáscia profunda côndilo lateral da tíbia, os dois terços proximais da diáfise tibial
da perna e a parede lateral é o septo intermuscular que divide o e a membrana interóssea (Fig. 1.29). Ele cobre os vasos tibiais
compartimento anterior do compartimento lateral. Portanto, esse anteriores e o nervo fibular profundo no aspecto proximal da
compartimento lateral está localizado bem lateral ao comparti- perna. O tibial anterior prossegue distalmente e seu tendão
mento anterior; seu assoalho é a superfície anterior da fíbula, passa através dos compartimentos mediais dos retináculos
o teto é a fáscia de revestimento profunda da perna e a outra superior e inferior extensores do pé, inserindo-se na superfície
parede é o septo intermuscular que divide o compartimento inferomedial do cuneiforme medial e na base do primeiro osso
lateral do posterior. O compartimento posterior é o maior dos metacárpico ( Fig. 1.33 ) . Seu mecanismo específi co de ação é
três compartimentos osteofasciais principais e repousa inferior a dorsiflexão e inversão do pé. O tibial recebe seu suprimen-
à membrana interóssea. O compartimento posterior tem duas to sanguíneo da artéria tibial anterior, geralmente em ramos
subdivisões. O septo intermuscular transverso cria uma linha de organizados em duas colunas. Essas colunas dão origem a
divisão a partir da parede da fáscia profunda lateral até a parede 8 a 12 ramos e, portanto, o suprimento de sangue ao músculo
da fáscia profunda medial, separando o compartimento pos- tibial anterior é classificado como segmentar. O extensor longo
terior em camadas profunda e superficial. A camada superficial dos dedos repousa lateral ao tibial anterior, no compartimento
é então o único compartimento que não possui um componente anterior. Sua origem é posicionada da mesma forma que a do
ósseo. A superfície medial da tíbia é exposta, sem cobertura mus- tibial anterior (côndilo tibial lateral, os dois terços proximais da
cular periférica e, portanto, não existe compartimento medial diáfise tibial e a membrana interóssea). O extensor longo dos
(Fig. 1.30). dedos corre em sentido distal no aspecto lateral do tornozelo
e passa para tendão aproximadamente no mesmo ponto que o
Síndromecompartimental tibial anterior. Ele se divide em quatro tiras que progridem para
o segundo até o quinto dedos. Da mesma forma que o extensor
A vantagem funcional da organização de compartimentos dos dedos na mão, o extensor longo dos dedos tem vários pontos
osteofasciais pode se transformar em uma desvantagem clí- de inserção na articulação metatarsofalângica e o sistema
nica quando o volume dentro do compartimento se expande extensor dos dedos do pé, na falange proximal dorsal. O extensor
patologicamente contra suas bordas fasciais minimamente longo dos dedos se estende para os dedos do pé, executa uma
expansíveis. Trauma, infecção e extravasamento intravenoso dorsiflexão sinérgica com o tibial anterior e o extensor do hálux
de fluidos podem aumentar o volume do compartimento por e everte o pé. Ele tem suprimento sanguíneo segmentar da
meio de edema, inflamação e/ou acréscimo direto de volume. artéria tibial anterior, semelhante àquele do tibial anterior. O
À medida que o volume de um compartimento aumenta, o extensor longo do hálux tem a mesma origem do extensor longo
mesmo ocorre com a pressão dentro desse compartimento, por dos dedos, mas se insere na base da falange distal do primeiro
causa da natureza rígida das margens fasciais. À medida que dedo. Seu mecanismo de ação é a dorsiflexão do primeiro dedo
a pressão extravascular dentro do compartimento aumenta e do pé. Como todos os músculos no compartimento anterior,
acima da pressão de preenchimento capilar e arterial, a per- seu suprimento sanguíneo é segmentar da artéria tibial anterior.
fusão e o fl uxo vascular diminuem ou cessam. Surge então a Isso então limita a mobilidade e o arco de rotação dos reta-
isquemia dos tecidos e por fim a necrose das estruturas dentro lhos musculares do compartimento anterior. O terceiro fibular
do compartimento. Assim, é fundamental a compreensão da (também chamado de fibular terceiro – peroneiro “terceiro”
localização e da arquitetura dos compartimentos para prevenir ou músculo relacionado com a fíbula) é um músculo único na
e tratar adequadamente a síndrome compartimental. Uma vez espécie humana. Junto com o poplíteo, ele é o músculo mais
que a fáscia de revestimento profunda da perna é mais espessa curto da perna. O terceiro fibular se origina no terço distal da
na superfície anterior, o compartimento anterior é o menos fíbula, inferior aos fibulares longo e curto. O terceiro fibular se
expansível dos quatro compartimentos principais da perna. O insere na base do quinto osso do metatarso. Seu mecanismo de
aspecto posterior da fáscia cervical profunda da perna é o mais ação é trabalhar em colaboração com os outros músculos do
maleável, portanto, o compartimento posterior superfi cial é compartimento anterior para a flexão dorsal e eversão do pé,
muito mais expansível e está levemente menos em risco de sín- especialmente durante a fase de equilíbrio da marcha. Todos os
drome que seu compatriota mais profundo. músculos do compartimento anterior são inervados pelo nervo
fibular profundo.
Musculaturada perna
Compartimento anterior Compartimento lateral
A perna possui 14 músculos. Todos eles, com exceção do poplí- O compartimento lateral é composto de apenas dois músculos – os
teo, causam amplitude de movimentos no tornozelo, pé ou fibulares longo e curto (Fig. 1.31 e Tabela 1.8). Ambos se originam
dedos. A composição dos compartimentos da perna acompanha da fíbula e estão anatomicamente relacionados com ela – o signifi-
uma ordem congruente. Os componentes musculares de cada cado da palavra “peroneiro”. O fibular longo é o mais superficial
compartimento compartilham funções similares no tornozelo e dos dois e tem origem mais superior na fíbula que o fibular curto
no pé (Tabela 1.6). O compartimento anterior (compartimento (Tabela 1.6). Os dois músculos se convertem em estruturas tendí-
extensor) é composto pelos quatro músculos (tibial anterior, neas no tornozelo e cursam em um sulco atrás do maléolo lateral. A
extensor longo dos dedos, extensor longo do hálux e fi bular seguir, eles viajam pela superfície plantar do pé até suas inserções
terceiro), uma artéria principal (tibial anterior) e um nervo misto (Fig. 1.34). O fibular curto se insere na superfície plantar da base
C0005.indd 38
Tabela 1.6 Musculatura da perna
SEÇÃO I
Compartimento 1 Tibial anterior Diáf se da tíbia Cuneiforme medial e Dorsif exão e inversão do Tibial anterior Tibial anterior Segmentar (IV) Nervo f bular
1
04/02/15 7:55 PM
C0005.indd 39
8 Gastrocnêmio Côndilo femoral Calcâneo via tendão Flexão plantar do pé; Gastrocnêmio Tibial posterior Um pedículo vascular (I) Nervo tibial
lateral lateral (Aquiles) f exão da perna lateral
9 Plantar Crista Calcâneo Flexão plantar do pé; Plantar Tibial posterior Segmentar (IV) Nervo tibial
supracondilar f exão da perna
lateral do fêmur
10 Sóleo Diáf ses da tíbia e Calcâneo via tendão Flexão plantar do pé Sóleo Tibial posterior Pedículos dominantes e Nervo tibial
da fíbula (Aquiles) pedículo menor (II)
Compartimento 11 Poplíteo Côndilo lateral do Diáf se da tíbia medial Flexão da perna; liberação Poplíteo Artérias medial Segmentar (IV) Nervo tibial
posterior fêmur da extensão total do joelho e lateral do
profundo por meio de rotação lateral joelho
do fêmur sobre a tíbia
12 Flexor longo Diáf se da tíbia Falanges distais dos Flexão das falanges Flexor longo Ramos tibiais Segmentar (IV) Nervo tibial
dos dedos quatro dedos laterais distais dos quatro dedos dos dedos posteriores
laterais; f exão plantar
do pé; suporte dos
arcos medial e lateral
longitudinal do pé
13 Flexor longo Diáf se da fíbula Base da falange distal Flexão da falange distal do Flexor longo Ramos Segmentar (IV) Nervo tibial
do hálux do hálux hálux; f exão plantar do pé; do hálux f bulares
suporte do arco medial
longitudinal
14 Tibial posterior Diáf ses da Tuberosidade do Flexão plantar do pé; Tibial Tibial posterior Segmentar (IV) Nervo tibial
tíbia e da fíbula osso navicular e do inversão do pé nas posterior e f bular
e membrana cuneiforme medial articulações subtalar
interóssea e transversa do tarso;
suporte do arco medial
longitudinal do pé
A perna
39
04/02/15 7:55 PM
40
C0005.indd 40
Músculos da Perna (Dissecção Superficial): Vista Anterior
Fig. 1.31 Músculos da perna (dissecção superficial): vista anterior. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
04/02/15 7:55 PM
A perna 41
Tendões do extensor longo dos dedos (corte) Artérias dorsais dos metatarsos
Tendões do extensor curto dos dedos (corte) Tendão extensor longo do hálux (corte)
Fig. 1.32 Músculos da perna (dissecção profunda): projeção anterior. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos
reservados.)
Fig. 1.33 Músculos do dorso do pé: dissecção superficial. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
C0005.indd 44
Músculos da Planta do Pé: Segunda Camada Músculos da Planta do Pé: Terceira camada
Artéria e nervo plantares mediais Tuberosidade do 5º osso metatársico Tendão do flexor longo dos dedos (corte)
• Anatomia abrangente das extremidades inferiores
Fig. 1.34 Músculos da sola do pé: segunda camada. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
04/02/15 7:55 PM
A perna 45
Borda anterior
Borda interóssea
a estabilidade. O suprimento de sangue para o flexor longo dos
Borda interóssea
dedos é fornecido por múltiplos ramos segmentares da artéria
Membrana interóssea
tibial posterior. O flexor longo do hálux, com sua origem a
partir da fíbula, é suprido pela artéria fibular via vários ramos
segmentares. O tibial posterior é o músculo mais profundo do
Fíbula Tíbia
compartimento posterior. Sua origem fica adjacente ao terço
proximal e médio da membrana interóssea e da tíbia e fíbula
ao redor dela. À medida que o tibial posterior progride para a
junção musculotendínea, ele corre posterior ao maléolo medial
com o flexor longo dos dedos e cruza a superfície plantar do pé,
por baixo do retináculo dos flexores. O tendão do tibial posterior
Maléolo medial se insere no cuneiforme navicular e medial. Seu suprimento
Ligamento tibiofibular anterior
sanguíneo é fornecido por múltiplos ramos da artéria tibial
Maléolo lateral
posterior. O nervo tibial inerva o tibial posterior. Por causa de
Ligamento calcaneofibular
sua localização profunda e suprimento sanguíneo altamente
Ligamento medial
(deltoide) do tornozelo segmentar, o tibial posterior não é uma escolha comum para
retalhos.
Fig. 1.35 Músculos da perna (dissecção intermediária): vista posterior. (Ilustração
de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos
reservados) V
asculatura da perna
A artéria poplítea fornece a vascularização completa da perna
(Fig. 1.37). Essa artéria é uma extensão da artéria femoral após sua
saída do canal adutor (canal de Hunter) e cruza a fossa poplítea.
Compartimento posterior – camada profunda Logo antes de penetrar na fossa, ela dá origem a vários ramos
geniculares que formam um plexo vascular rico que se envolve
O compartimento posterior profundo (ou grupo flexor profun- anteriormente ao redor do joelho. As artérias geniculares supe-
do) é composto de quatro músculos: poplíteo, flexor longo dos riores se conectam com os ramos descendentes da artéria circun-
dedos, flexor longo do hálux e tibial posterior (Tabela 1.10; ver flexa femoral lateral e se ramificam diretamente da artéria femoral
também Tabela 1.6). Esses músculos repousam abaixo da fáscia superficial (Fig. 1.18). Ao deixar a fossa poplítea na borda distal
transversa profunda e possuem várias funções, incluindo: flexão do músculo poplíteo, a artéria poplítea produz seu primeiro ramo
do joelho, flexão dos dedos e flexão plantar do pé (Fig. 1.36). O terminal, a artéria tibial anterior.
poplíteo é um músculo achatado que corre obliquamente pela A artéria tibial anterior passa entre as cabeças do tibial poste-
fossa poplítea a partir de sua origem no aspecto posterior da rior e penetra na abertura oval, no aspecto superior da membrana
diáfise da tíbia proximal. Esse músculo se caracteriza como o interóssea. A seguir, ela penetra no compartimento anterior, onde
que “destrava” a articulação do joelho da extensão total. Ele alimenta toda a musculatura desse compartimento. A artéria tibial
gira a tíbia em sentido medial do fêmur para permitir o início anterior desce pela superfície anterior da membrana interóssea
da flexão do joelho. O flexor longo dos dedos e o flexor longo até atingir o tornozelo. Nesse sítio, essa artéria é posicionada a
do hálux possuem inserções e funções semelhantes. Ambos se meio caminho entre os maléolos lateral e medial, na superfície
originam no terço médio da perna, com o flexor longo dos dedos anterior do tornozelo, e penetra no pé como artéria dorsal do pé
surgindo da tíbia e o flexor longo do hálux surgindo da fíbula. (Fig. 1.17).
O flexor longo dos dedos desce pela perna e seu tendão corre No joelho, após a ramificação da artéria tibial anterior a partir
posterior ao maléolo medial e pela sola do pé, para se inserir da artéria poplítea, existe normalmente um segmento curto de
nas superfícies plantares da base das falanges distais. O flexor vaso que continua por um pequeno trecho em sentido distal e
longo do hálux corre a partir de sua origem fibular em sentido então se divide nos vasos tibial posterior e fibular. Esse tronco
descendente até o tornozelo, com a maior parte do ventre mus- tibiofibular pode estar presente, mas em alguns casos esses vasos
cular tipicamente ainda presente no nível do calcâneo. Ele cruza podem surgir diretamente da artéria poplítea, criando uma trifur-
a sola do pé sob o flexor longo dos dedos para se inserir na base cação verdadeira com a artéria tibial anterior. As artérias tibial
da superfície plantar da falange distal do primeiro dedo. Tiras posterior e fibular se dividem a partir da artéria poplítea em
de tendões passam no meio e provocam interconexões múltiplas sentido distal ao músculo poplíteo (Fig. 1.38). Ambas as artérias
entre o flexor longo dos dedos e o flexor longo do hálux. Isso permanecem na camada profunda do compartimento posterior,
permite a flexão coordenada dos dedos para manter seus coxins com a artéria fibular cursando mais profunda e lateralmente,
firmemente em contato com o solo, o que melhora o equilíbrio e intimamente relacionada com a fíbula. A artéria tibial posterior
Músculo
gastrocnêmio (corte) Nervo safeno
(L3,4)
Nervo sural (S1, 2)
Nervo para o músculo via ramos cutâneos
poplíteo calcâneo lateral
e dorsal lateral
Músculo poplíteo
Músculo sóleo
(cortado e parcialmente Retináculo Ramo calcâneo
retraído) do flexor lateral do nervo sural
Fig. 1.36 Nervo tibial. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Artéria femoral
Cabeça medial
do gastrocnêmio
Cabeça lateral
Artéria poplítea do gastrocnêmio
Poplíteo
Sóleo
Artéria fibular
Fibular longo
Tibial posterior
Fibular curto
Flexor longo do hálux
Artéria fibular
Ramo comunicante
Ramo perfurante
Tendão do calcâneo
desce pela perna, inicialmente levemente mais superficial que a Inervação cutânea da perna
artéria fibular, e então corre mais profunda sob a fáscia transversa
profunda. À medida que progride em sentido distal, ela se torna A inervação cutânea da perna é compartilhada pelos ramos dos
mais localizada na superfície, até aparecer coberta somente pela nervos mistos maiores do membro inferior (nervos femoral e ciá-
pele e pela gordura subcutânea ao atravessar o tornozelo posterior tico) e pelo nervo cutâneo posterior da coxa (Figs. 1.22 e 1.23). Os
ao maléolo medial. O nervo tibial corre com a artéria posterior na nervos que alimentam as superfícies da pele do joelho e da per-
panturrilha posterior. Cerca de cinco vasos perfurantes fasciocu- na são: safeno, cutaneofemoral posterior, fibular comum, fibular
tâneos surgem entre o músculo flexor longo dos dedos e o sóleo superficial, sural medial e sural.
para passarem através da fáscia profunda para a pele (Figs. 1.39 O nervo safeno surge do nervo femoral no terço distal da coxa
e 1.40). À medida que a artéria tibial circunda o maléolo medial, e corre ao longo do canal adutor por certa distância, saindo medial
ela se divide em seus ramos terminais – as artérias plantares ao músculo sartório. Ele passa em sentido medial e sob o sartório e
medial e lateral. então se dirige superficial entre o sartório e o grácil. Aqui, os nervos
safenos perfuram a fáscia lata e entram no espaço subcutâneo. Ao
descer em sentido inferior, ele dá origem ao ramo infrapatelar que
inerva o joelho medial e os ramos mediais crurais que alimentam
Anatomia neural da perna toda a porção medial da perna.
O nervo cutâneo femoral posterior é um nervo sensitivo puro
Topograf a neural da perna que se ramifica diretamente do plexo sacral na região glútea. Ele
A inervação da perna deriva, quase totalmente, dos ramos tibial desce por baixo do glúteo máximo com a artéria glútea inferior e
e fibular do nervo ciático. Esse nervo se bifurca em nervo tibial e corre sob a fáscia até o meio da coxa, onde perfura a fáscia lata e
nervo fibular comum na fossa poplítea. O nervo tibial continua penetra no espaço subcutâneo. Aqui ele envia múltiplos ramos
para baixo pelo compartimento posterior profundo, correndo para a coxa posterior, mas continua em orientação distal para iner-
junto com a artéria tibial posterior (Fig. 1.36). Ele inerva toda a var o joelho posterior, onde também forma ramos comunicantes
musculatura dos dois compartimentos posteriores: profundo e com o nervo sural.
superficial. O nervo tibial acompanha a descida da artéria tibial O curso do nervo fibular comum na porção proximal da perna
posterior até o tornozelo e ambos correm juntos atrás do maléolo já foi discutido anteriormente. Ao formar uma curva lateral ao colo
medial, sob o do músculo flexor. À medida que o nervo tibial deixa da fíbula, esse nervo dá origem a ramos cutâneos que inervam a
o tornozelo e penetra na superfície plantar do pé, ele se bifurca nos pele do joelho lateral. Por baixo do músculo fibular longo, o nervo
nervos plantares: medial e lateral. fibular comum se divide em nervos fibulares superficial e profundo
Na fossa poplítea o nervo fibular comum se ramifica lateral- (Fig. 1.41).
mente do nervo ciático e então passa do aspecto posterior para O nervo fibular superficial é responsável pelo suprimento
o aspecto lateral da perna (Fig. 1.36). Ele faz uma curva lateral nervoso cutâneo para a área do terço médio da perna lateral
ao colo da fíbula, profundamente ao músculo fibular longo, e se (Fig. 1.41). Ao cursar a perna em sentido descendente na mus-
divide em nervos fibulares superficial e profundo (Fig. 1.41). O culatura do compartimento lateral, ele dá origem a ramos cutâneos
nervo fibular superficial corre para baixo em sentido distal pela que inervam essa área. A inervação cutânea do nervo fibular super-
perna entre os fibulares e o extensor longo dos dedos. Nos dois ficial continua em sentido distal ao tornozelo anterior. Os ramos
terços proximais da perna, ele dá origem à inervação motora para
os músculos do compartimento lateral. À medida que prossegue
para baixo até o terço distal da perna, o nervo fibular superficial Tabela 1.11 Músculos inervados pelo nervo f bular profundo
corre pela superfície para perfurar a fáscia profunda da perna e
Tibial anterior
penetrar no espaço subcutâneo. Aqui ele se bifurca nos ramos
Extensor longo do hálux
medial e lateral que fornecem inervação à pele da porção inferior
Extensor longo dos dedos
da perna e ao pé.
Fibular terceiro
O nervo fibular profundo inicia seu curso separando-se do
fibular comum entre a fíbula e a parte proximal do fibular longo.
Ele cruza em sentido medial do compartimento lateral da perna
até o aspecto profundo do compartimento anterior. Lá, ele corre
para baixo pela perna, em frente à membrana interóssea, atrás do Tabela 1.12 Músculos inervados pelo nervo f bular superf cial
extensor longo dos dedos, e desce para o tornozelo junto com a
artéria tibial anterior, enviando ramos terminais para as articula- Fibular longo
ções do pé e para a pele dorsal. Fibular curto
Artéria femoral
Vasto medial
Perfurantes
do gastrocnêmio
Artéria poplítea
Gastrocnêmio
Perfurantes
da artéria tibial anterior
Gastrocnêmio
Sóleo
Ramo calcâneo
Ramo perfurante anterior
da artéria fibular
da artéria peroneira
ornozelo
T
O tornozelo é composto de duas articulações: (1) a articulação
fibulares superficial e profundo saem do tornozelo para o pé para entre as superfícies distais da fíbula (maléolo lateral) e tíbia
fornecer a inervação cutânea dorsal. Na porção dorsal do pé, o (maléolo medial) com o aspecto superior do talo; e (2) a articulação
nervo fibular profundo corre embaixo do retináculo superior dos subtalar – a articulação do aspecto inferior do talo com o aspecto
músculos extensores; o nervo fibular superficial, para acima do superior do calcâneo e de quatro ossos: (1) maléolo lateral; (2)
retináculo no espaço subcutâneo. A maior parte da inervação da maléolo medial; (3) talo e (4) calcâneo (Fig. 1.42 ). Ligamentos
porção dorsal do pé é fornecida pelo nervo fibular. O nervo fibular poderosos suportam essa estrutura por todo o seu movimento
profundo só tem uma área pequena e única de inervação cutânea multiplanar. Os ligamentos tibiofibulares anterior e inferior pos-
em todo o membro inferior: a primeira comissura interdigital, o terior, o ligamento interósseo e a membrana interóssea atuam
aspecto medial do segundo dedo e o aspecto lateral do dorso do em sinergia para estabilizar a articulação. O tornozelo já foi des-
hálux (Fig. 1.41). A inervação cutânea do aspecto lateral do dorso crito como uma articulação em dobradiça (ou seja, gínglimo) ou
do pé é também fornecida pelo nervo sural, via o ramo cutâneo de encaixe. Tanto a dobradiça quanto o encaixe implicam um
dorsal lateral. movimento limitado mais rígido, mas isso conceitualmente dá a
O sistema do nervo sural é um complexo intercomunicante falsa ideia de que, além dos movimentos de flexão plantar e dorsi-
de ramos neurais que correm entre os nervos fibular comum e flexão, os movimentos de rotação e de inversão-eversão também
tibial. A terminologia se torna um pouco confusa, pois a nomen- ocorrem no tornozelo.
clatura para alguns ramos não é uniforme. Basta dizer que o
termo “sural” significa panturrilha e esses ramos servem às Pé
regiões cutâneas do restante da perna. Existe um ramo sural O tornozelo e o pé são análogos à mão de várias maneiras. Da mes-
medial do tibial que alimenta a porção posterior medial da ma forma que os ossos do carpo são organizados em uma ordem
perna e um nervo sural lateral originário do nervo fibular proximal e distal, assim ocorre com os ossos do tarso. O talo e o
comum que supre a porção posterior lateral da perna. O nervo calcâneo formam a ordem proximal no pé, enquanto os cuneifor-
sural é composto de vários ramos cutâneos intercomunicantes mes medial, intermediário e lateral e o cuboide compõem a ordem
possíveis diferentes da perna. Os ramos coalescem na porção distal. O navicular é o único elemento não análogo no pé, pois
proximal da perna e formam o nervo sural. Esse nervo perfura está entremeado entre o talo e o cuneiforme, embora se possam
a fáscia profunda da perna na borda inferior da rafe mediana observar uma forma análoga e aspectos de posição similares ao
da cabeça do gastrocnêmio e corre para baixo no espaço sub- escafoide. Os ossos dos dedos do pé são muito semelhantes aos
cutâneo com a veia safena menor, inervando o terço distal da da mão, com o segundo ao quinto dedos consistindo em falan-
pele da perna. ges metatársicas, proximais, mediais e distais. O hálux – como o
O nervo sural tem importância clínica específica por ser um ner- polegar – tem apenas três ossos de comprimento e não contém a
vo comum cultivado como enxerto neural. Ele é facilmente locali- falange média (Fig. 1.43).
zado posterior ao maléolo lateral, possui um número relativamente
pequeno de ramos e sua remoção resulta em um defeito anestésico
tolerável no aspecto lateral da perna e do pé. Essas razões levam a Composição da fáscia do tornozelo e do pé
considerar o uso do enxerto do nervo sural como muito atraente
para a reconstrução neural, especialmente no membro superior. No tornozelo e no pé, o amplo sistema fascial abrangente que está
presente na coxa e na perna dá origem à formação de discretas
faixas retinaculares de fáscia profunda que agrupa tendões e evita
estrangulamento. Essas faixas criam uma separação importante
de unidades funcionais em um espaço compacto e fornece pontos
O tornozelo e o pé de apoio para a ação musculotendínea de deslizamento e alavan-
cagem.
Tornozelo e pé são o sustentáculo das forças de posicionamen- O pé e o tornozelo contêm três retináculos fasciais principais:
to de todo o corpo humano na posição ereta. Trata-se de uma (1) o retináculo dos músculos extensores está localizado no dorso
área altamente funcional com cobertura de partes moles sobre do pé; (2) o retináculo dos músculos flexores está localizado na
Ramos articulares
Cabeça da fíbula
Nervo fibular (peroneiro) profundo
Músculo fibular
(peroneiro) longo
(corte) Músculo tibial anterior
Músculo fibular
(peroneiro) longo Músculo extensor
longo do hálux
Músculo fibular
(peroneiro) curto
Nervo cutâneo
sural lateral
Fig. 1.41 Nervo fibular (peroneiro) comum. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Vista medial
Tabela 1.14 Estruturas contidas pelo retináculo dos músculos
extensores
Fíbula
Tíbia
Membrana interóssea
Vasos tibiais anteriores
Nervo f bular profundo
Ligamento
tibiofibular Tendão do tibial anterior
Talo posterior Extensor longo do hálux
Extensor longo dos dedos
Ligamento
talofibular Terceiro f bular
Ligamento inferior posterior
medial
(deltoide) Ligamento
do tornozelo calcaneofibular
Tendões fibulares Tabela 1.15 Estruturas contidas pelo retináculo dos músculos
Ligamento (peroneiros) em
talocalcâneo retináculo fibular f exores
posterior (peroneiro) inferior
Vasos tibiais posteriores
Vista posterior Nervo tibial
com ligamentos Tendão do tibial posterior
Tendão do f exor longo dos dedos
Tendão do f exor longo do hálux
Ligamento
tibiofibular
anterior
Maléolo
lateral Maléolo medial. A faixa distal se envolve ao redor da parte dorsal do arco
medial
do pé (instep) e se insere na aponeurose plantar (Fig. 1.44). Esse
retináculo retém o terceiro fibular, o extensor longo dos dedos, os
Ligamento Ligamento
talofibular medial (deltoide) vasos tibiais anteriores, o nervo fibular profundo e o extensor longo
Ligamento anterior do tornozelo do hálux (Tabela 1.14).
calcaneofibular
Fig. 1.42 Articulações do tornozelo. (Ilustração de Netter obtida de www. Retináculo dos f exores
netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
O retináculo flexor (também chamado de ligamento laciniado) é
uma faixa fascial localizada na porção média do tornozelo que
restringe o encurvamento dos tendões de flexão plantar que cor-
rem da perna para o pé posteriores ao maléolo medial (Fig. 1.44).
Esse retináculo está ligado em sentido anterossuperior ao maléolo
porção medial do tornozelo e (3) o retináculo do músculo fibular medial e se espalha amplamente em sentido posteroinferior para
está localizado no tornozelo lateral. Cada um possui tendões de o calcâneo e a aponeurose plantar. O retináculo flexor retém os
funcionamento similar. A região plantar também contém múltiplas tendões do flexor longo dos dedos, do flexor longo do hálux e
divisões fasciais que se estendem dos tarsos e metatarsos até a pele do tibial posterior, os vasos tibiais posteriores e o nervo tibial
da planta do pé. (Tabela 1.15). Geralmente, os tendões se localizam anteriormente,
com as estruturas neurovasculares posteriormente.
Retináculos dos extensores Uma passagem osteoligamentosa é criada superficialmente pelo
retináculo flexor e pelo talo e calcâneo na profundidade. Essa estru-
Existem duas faixas de retináculos fasciais que mantêm os tendões tura é chamada também de túnel do tarso e é análoga, de várias
da musculatura de dorsiflexão do tornozelo e do pé para baixo: os maneiras, ao túnel do carpo na mão. Os dois túneis contêm tendões
retináculos superior e inferior dos músculos extensores. O retiná- flexores e um nervo motor e sensorial misto que supre os músculos
culo superior dos extensores restringe dorsalmente os tendões do intrínsecos e a pele lisa do membro distal. Similaridade significa-
tibial anterior, do extensor longo do hálux, do extensor longo dos tiva é a falta de elasticidade dos dois túneis osteoligamentosos. A
dedos e do terceiro fibular no nível da articulação tibiofibular. Esse maleabilidade nos tetos do ligamento é muito limitada em ambos
retináculo está anexado lateralmente à extremidade distal da borda os túneis e não existe no assoalho ósseo. Se o espaço do túnel for
anterior da fíbula e medialmente à borda anterior da tíbia, logo comprometido por qualquer etiologia intrínseca (p. ex., uma lesão
acima da proeminência dos maléolos lateral e medial (Fig. 1.33). Os ocupadora de espaço [gânglio, lipoma, tumor neural ou da bainha
vasos tibiais anteriores e o nervo fibular profundo correm abaixo neural ou veias varicosas], inchaço, inflamação das bainhas dos
do retináculo superior extensor; o nervo fibular superficial passa tendões), pode ocorrer compressão do nervo. As proeminências
acima do retináculo, no espaço subcutâneo. ósseas e as exostoses também podem criar pressões extrínsecas
O retináculo inferior dos músculos extensores é uma faixa que causam o transtorno.
fascial em forma de “Y” cujo tronco se origina lateralmente na No túnel do tarso, caso a pressão aplicada ao nervo tibial seja
superfície superior do calcâneo. O aspecto medial do retináculo se suficiente, ocorrerá isquemia local e disfunção na condução neural.
divide em duas faixas que separam tendões diferentes e se inserem Da mesma forma que a síndrome do túnel do carpo, os pacientes
em dois sítios distintos. A faixa proximal envolve os tendões do podem sofrer parestesias e disestesias e demonstrar sinal de Tinel
extensor longo do hálux e do tibial anterior e se insere no maléolo positivo no túnel tarsal e estudo anormal de condução neural.
Ossos do pé
Vista plantar
Vista dorsal Tuberosidade
Tubérculo lateral Processo medial
Tubérculo Processo lateral
Calcâneo Tubérculo medial lateral
Processo Sustentáculo do talo
Corpo
Sulco para posterior Tubérculo
fibular Sulco para o tendão
o tendão do medial do flexor longo
(peroneiro) Talo
flexor longo do hálux
Tróclea Processo
do hálux
posterior Tróclea fibular
Seio do tarso Tróclea
Cabeça (peroneira)
Articulação Colo
transversa Cabeça
do tarso Articulação Cuboide
Cuboide transversa Tuberosidade
Navicular do tarso Sulco para o tendão
Tuberosidade Navicular do fibular (peroneiro)
Tuberosidade
do 5º osso Tuberosidade longo
metatársico Lateral
Intermediário Ossos cuneiformes
Medial Lateral Tuberosidade
Ossos Intermediário do 5º osso
cuneiformes Medial metatársico
Articulação tarsometatársica
Ossos Articulação
metatársicos Base Base
tarsometatársica
Distal
Tuberosidade
Talo Navicular
Cabeça
Tróclea Intermediário
Ossos cuneiformes
Lateral
Processo lateral
Articulação tarsometatársica
Processo posterior
Ossos metatársicos
Falanges
2
1
Tuberosidade
Tuberosidade
do 1º osso metatársico
Sulco para o tendão do Calcâneo
flexor longo do hálux
Osso sesamoide
Sustentáculo do talo
Fig. 1.43 Ossos do pé. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Capuzes do extensor
Ligamentos metatársicos
transversos superficiais
Artérias e nervos
digitais plantares próprios
Ramo superficial
da artéria plantar medial
Fascículos transversos
Tiras digitais
da aponeurose plantar
Aponeurose plantar
Faixa lateral da aponeurose
plantar (ligamento
calcaneometatársico)
Fig. 1.45 Planta do pé: dissecção superficial. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Quatro compartimentos
interósseos (músculos Compartimento medial
interósseos plantares
e dorsais)
Flexor curto Músculo flexor
do dedo curto do hálux
mínimo
Músculo abdutor
Músculo do hálux
abdutor
do dedo
mínimo
Compartimento lateral
Compartimento superficial Compartimento do adutor
central (flexor curto dos dedos) (adutor do hálux)
Compartimento profundo central
(quadrado plantar)
Incisões dorsais de fasciotomia
Incisões mediais
de fasciotomia
Fig. 1.46 Músculos do pé e do tornozelo. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Músculos lumbricais
Cabeça lateral
Tendões do flexor curto dos e
dedos cobrindo os Cabeça medial do
Tendões do flexor longo dos dedos músculo flexor curto
do hálux
Músculo abdutor
do dedo mínimo
Processo medial
e
Processo lateral Ramos calcâneos mediais do nervo
da tibial e da artéria tibial posterior
Tuberosidade
do calcâneo
Fig. 1.47 Músculos da planta do pé: primeira camada. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Primeira camada Abdutor do hálux Todos os três se estendem do calcâneo para os dedos e criam um grupo
Flexor curto dos dedos funcional que ajuda na manutenção da concavidade do pé
Abdutor do dedo mínimo
Segunda camada Flexor acessório dos dedos Uma lesão do ramo de suprimento motor para o nervo tibial aos lumbricais
Músculos lumbricais pode causar deformidade dos dedos
Terceira camada Flexor curto do hálux Musculatura signif cativamente inter-relacionada que contribui para a
Adutor do hálux manutenção do arco plantar longitudinal
Flexor curto do dedo mínimo
Quarta camada Interósseo dorsal A atividade de adução-abdução dos interósseos se baseia no eixo do
Interósseo plantar segundo dedo (diferente do terceiro dedo da mão). Portanto, o segundo
dedo é o último móvel das articulações metatarsofalângicas. Os tendões do
tibial posterior e do f bular longo são considerados partes da quarta camada
Musculatura dorsal Extensor curto dos dedos Se o extensor adicional dos dedos ou o extensor longo dos dedos for
cortado, os dedos ainda se estenderão e não impedirão a deambulação. Um
retalho muscular útil para pequenos defeitos cutâneos e como interposição
articular para prevenir fusão (p. ex., barra calcaneonavicular). Pedículo
vascular maior da perfurante dorsal do pé e pedículo menor da perfurante da
artéria f bular
Extensor curto do hálux Intimamente associado ao extensor curto dos dedos e às vezes considerado
segmento variante do extensor curto dos dedos
músculo abdutor do dedo mínimo recebe seu pedículo dominante baseia no eixo do segundo dedo (diferente do terceiro dedo na
do ramo lateral da artéria plantar lateral proximal. mão). Por isso, o segundo dedo é o menos móvel das articulações
A primeira camada para a região plantar do pé é separada metatarsofalângicas. Os tendões do tibial posterior e do fibular
da segunda camada pelos tendões dos músculos extrínsecos do longo são considerados parte da quarta camada.
flexor longo dos dedos e do flexor longo do hálux. Além disso, a O dorso do pé contém dois músculos: o extensor curto dos
artéria e o nervo plantar medial e lateral se dividem a partir da dedos e o extensor curto do hálux (Fig. 1.33). Esses músculos
artéria tibial posterior e do nervo tibial nesse plano intermediário desempenham função acessória de extensão dos dedos para os
(Fig. 1.34). extensores extrínsecos dos dedos. A perda desses músculos não
A segunda camada consiste nos flexores dos dedos acessórios afeta significativamente a extensão dos dedos nem impede a deam-
(também chamado de músculo quadrado da planta do pé) e nos bulação. O extensor curto dos dedos estende do segundo ao quinto
músculos lumbricais do pé. O quadrado da planta é um dos poucos dedos, enquanto o extensor curto do hálux estende esse dedo. O
músculos do pé que não possui uma estrutura análoga na mão. Ele extensor curto dos dedos recebe seu suprimento de sangue da
tem duas cabeças que se estendem da borda medial e lateral do artéria lateral tarsal, um ramo que se origina da dorsal do pé. O
calcâneo e se insere no tendão do flexor longo dos dedos e ajuda extensor curto dos dedos é um retalho muscular útil para defeitos
na flexão plantar do segundo ao quinto dedos. Os lumbricais do pequenos da pele do pé e do tornozelo (Fig. 1.48). Além disso, ele
pé espelham os da mão em seu atributo único de se originar e pode ser usado como interposição articular para prevenir a fusão
se inserir nos tendões. Eles consistem em quatro músculos que em articulações do tarso proximais (p. ex., a barra calcaneonavi-
surgem do aspecto medial do flexor longo dos dedos e se inserem cular). Intimamente associado ao extensor curto dos dedos fica
no sistema extensor da segunda até a quinta falanges (Fig. 1.34). Os o extensor curto do hálux. Trata-se de um músculo pequeno e
lumbricais do pé seguem o mesmo curso que os da mão, flexionam variável que é, às vezes, considerado um segmento variante
as articulações metatarsofalângicas e estendem as articulações do extensor curto dos dedos.
interfalângicas.
A terceira camada consiste no flexor curto do hálux, no adutor
do hálux e no flexor curto do dedo mínimo (Fig. 1.34). Essas estru-
Vasculatura do pé e do tornozelo
turas formam uma musculatura intrínseca profunda e pequena O pé e o tornozelo recebem seu suprimento sanguíneo de três fon-
que contribui para a manutenção do arco plantar longitudinal e tes proximais principais: a artéria dorsal do pé, os ramos terminais
participa na estabilização da intercalação e do equilíbrio osteoli- da artéria tibial posterior e os ramos terminais da artéria fibular.
gamentoso intrínseco do pé.
A quarta camada é o compartimento interósseo que contém os Dorsaldo pé
interósseos plantar e dorsal. Os três músculos interósseos plantares
aduzem os dedos. Os quatro músculos interósseos dorsais abdu- A artéria dorsal do pé é uma extensão direta da artéria tibial
zem os dedos. A atividade de adução-abdução dos interósseos se anterior e o principal suprimento vascular para o dorso do pé.
A B
Ela passa embaixo do retináculo extensor e viaja por baixo do A artéria plantar lateral é análoga à artéria ulnar na mão e, da
extensor curto dos dedos. A artéria dorsal do pé passa entre mesma forma, é o suprimento sanguíneo dominante para o arco
os tendões do extensor longo do hálux e o extensor longo dos arterial plantar (Fig. 1.36). No primeiro espaço intermetatársico,
dedos lateralmente. Ao cruzar sobre o tarso e continuar sobre o um ramo perfurante da dorsal do pé mergulha da superfície
espaço entre o primeiro e o segundo metatarsos, ela dá origem dorsal do pé para a superfície plantar e se une ao arco arterial
a um ramo terminal maior que mergulha profundamente entre plantar via a artéria plantar lateral. Juntos, o ramo dorsal do pé
o primeiro espaço intermetatársico e se une à artéria plantar e o arco plantar lateral alimentam os dedos através de ramos
lateral para completar o arco arterial plantar ( Fig. 1.49 ). Essa metatársicos. Esses ramos, por sua vez, se unem aos ramos da
ramificação é significativa porque fornece comunicação entre a artéria plantar medial para completar o suprimento sanguíneo
circulação dorsal do pé alimentada principalmente pela dorsal do de conexão para os dedos.
pé com a circulação plantar suprida pela artéria tibial posterior
(via as artérias plantares lateral e medial). Outro ramo terminal Ramos arteriais f bulares
principal da dorsal do pé é a artéria dorsal do primeiro metatarso
que corre em sentido distal e supre a pele dorsal do primeiro e A contribuição da artéria fibular no membro inferior distal é,
segundo dedos. principalmente, para o suprimento sanguíneo do tornozelo
Na região média da porção anterior do pé, a artéria dorsal do (Fig. 1.50). Os ramos terminais da artéria fibular se unem com
pé (e variavelmente a artéria dorsal do primeiro metatarso) dá os ramos calcâneos e maleolares laterais do sistema da artéria
origem a ramos septocutâneos que alimentam a pele dorsal dos tibial posterior, na porção posterior do tornozelo e do calcanhar.
dois terços mediais do pé. Essa área de pele pode ser levantada Usualmente, a artéria fibular encerra sua contribuição ao membro
com a artéria dorsal do pé como um retalho fasciocutâneo dorsal inferior no calcâneo (Fig. 1.51). Entretanto, o tamanho e a extensão
do pé. do sistema da artéria fibular estão em proporção inversa à das
outras artérias do tornozelo e do pé. Dependendo do tamanho e
Artéria tibial posterior – artérias plantares medial e da perfusão proveniente dos sistemas da artéria tibial posterior
e da artéria tibial anterior, o sistema da artéria fibular pode ser
lateral visualizado expandido para aumentar o suprimento vascular do
A artéria tibial posterior corre por baixo do retináculo flexor e se pé e do tornozelo.
divide em artérias plantares medial e lateral ao penetrar na sola
do pé entre a primeira e segunda camadas (Fig. 1.36). A bifurcação Anatomia neural do tornozelo e do pé
ocorre sob o músculo abdutor do hálux e as duas artérias planta-
res lateral e medial se ramificam para dar origem a ramos para Inervação cutânea do pé
os dedos. A artéria plantar medial tem calibre menor que aquele
da lateral. Ela corre ao longo do aspecto medial do pé e contribui A inervação cutânea do pé é compartilhada pelos nervos fibular
com as artérias digitais plantares do primeiro ao terceiro dedos. superficial, fibular profundo, safeno, sural e ramos terminais tibiais
Vista dorsal
Nervo cutâneo Nervo cutâneo dorsal Nervo fibular Nervo Artéria Nervo sural:
dorsal medial: intermédio: profundo: alimenta fibular tibial alimenta as
alimenta a pele alimenta a pele no os músculos tibial superficial anterior áreas dorsal
nos aspectos aspecto lateral do anterior, extensor e calcânea
mediais e dorso dorso do pé, tornozelo longo do hálux, extensor da pele
do pé, e lados e lados adjacentes longo dos dedos e fibular do pé
adjacentes do 3º, 4º e 5º dedos terceiro e a articulação
do 2º e 3º dedos do tornozelo
Artérias laterais
Nervo cutâneo do tarso
dorsal lateral
(ramo do nervo
sural)
Nervo
tibial
Artéria
tibial
posterior
Artérias Nervo safeno:
maleolares alimenta a pele no aspecto
Artérias anterior e medial do pé e, com
Artérias Artérias Artérias Artéria maleolares medial frequência, a articulação
digitais metatársicas Artéria mediais dorsal laterais posterior metatarsofalângica
dorsais dorsais arqueada do tarso do pé anteriores alucial
Fig. 1.49 Anatomia do pé: nervos. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos reservados.)
Inervação motora do pé
O suprimento motor ao músculo intrínseco do pé vem dos
mesmos nervos que os da inervação cutânea e é organizado da
mesma maneira. Os músculos dorsais do extensor curto do hálux
e do extensor curto dos dedos são inervados pelo nervo fibular
profundo. Todos os músculos intrínsecos da superfície plantar
são inervados pelo nervo tibial via os nervos plantares medial
e lateral.
Os nervos plantares medial e lateral seguem o curso das arté-
rias plantares medial e lateral correspondentes. A artéria plantar
medial segue um padrão de inervação semelhante ao do nervo
mediano. Os músculos para o primeiro dedo (abdutor do hálux,
flexor curto dos dedos, flexor curto do hálux e primeiro lumbrical)
e a região cutânea plantar medial, incluindo o primeiro ao terceiro
dedos, são supridos pela artéria plantar medial. O nervo plantar
lateral espelha o nervo ulnar, pois inerva os músculos profundos
(interósseos, segundo ao quarto lumbricais, adutor do hálux,
flexor curto dos dedos e flexor acessório dos dedos e abdutor
do dedo mínimo) e o aspecto lateral da pele plantar, incluindo o
quarto e quinto dedos.
Nervo tibial
Músculo flexor longo do hálux (retraído)
Fig. 1.51 Músculos, artérias e nervos da perna: dissecção profunda. (Ilustração de Netter obtida de www.netterimages.com. Copyright Elsevier Inc. Todos os direitos
reservados.)
Cirurgia Plástica
Neligan
TERCEIRA EDIÇÃO Editado por
Peter C. Neligan
Volume Quatro
Peter C. Neligan MB, FRCS(I), FRCSC, FACS
Volume Quatro
Song
Extremidade Inferior, Tronco e Queimaduras
Expert Consult – conteúdo on-line e impresso
Plástica
David H. Song MD, FACS
Cirurgia
Este livro oferece a cada paciente o melhor resultado Volume 1: Princípios
possível com a mais atualizada fonte de conhecimento em Editado por Geoffrey C. Gurtner,
MD, FACS
cirurgia plástica! Totalmente atualizado para atender às de-
ISBN: 978-85-352-7786-9
mandas do cirurgião plástico do século XXI. Esta terceira edição
de Cirurgia Plástica, apresenta a liderança de um novo espe- Volume 2: Estética
cialista, uma organização original, conteúdos on-line inovadores
Cirurgia
Editado por Richard J. Warren,
com informações inéditas – tudo o que é necessário para você MD FRCSC
superar qualquer desafio. Pesquisadores renomados fornecem ISBN: 978-85-352-7590-2
orientações, com base em evidências, para ajudá-lo a tomar as
Volume 3: Cirurgia Craniofacial,
melhores decisões clínicas, obter os melhores resultados em cada
de Cabeça e Pescoço
procedimento, evitar complicações e exceder as expectativas Cirurgia Plástica Pediátrica
Plástica
de seus pacientes. Editado por Eduardo D. Rodriguez, MD,
DDS and Joseph E. Losee,
Extremidade Inferior,
Volume 5: Mama
950 fotografias e ilustrações. Editado por James C. Grotting, Extremidade
• Veja como executar técnicas essenciais com 12 vídeos MD, FACS
Inferior,
cirúrgicos disponíveis on-line.
• Acesse o conteúdo em inglês completo e totalmente
ISBN: 978-85-352-7591-9
Tronco e
Queimaduras Tronco e Queimaduras
on-line e faça o download de tabelas e figuras no site
expertconsult.com!
Editor do Volume
David H. Song