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PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL

Problema 6

Objetivo 1: Estudar a epidemiologia e fatores de risco para Câncer


Colorretal (CCR)

FONTE: Zaterka e Martins 2016, Robbins Patologia Basica 9ed

Introdução

O câncer colorretal (CCR), apesar de ser uma doença passível de


prevenção por meio do diagnóstico precoce, ainda ocupa a terceira
posição entre os tumores malignos mais frequentes nos homens e
o segundo entre as mulheres. Cerca de 60% dos casos ocorrem em Sequência adenoma-adenocarcinoma
regiões mais desenvolvidas. No Brasil, segundo recente estimativa O conceito da sequência adenoma-adenocarcinoma do cólon e do
publicada pelo Instituto Nacional de Câncer-INCA,1 a falta de reto foi observado primeiro por Dukes, 6 no Hospital St. Marks de
informação e do diagnóstico precoce faz que o número de casos Londres, em 1926. Tornou-se amplamente aceito, sendo hoje o
continue alto. racional de abordagem para prevenção secundária do carcinoma
Epidemiologia colorretal, a partir da polipectomia por colonos - copia. Numerosos
estudos com base em registros de tumores, registros hospitalares
A idade é o fator de risco de maior importância, sendo que 90% dos e diagnósticos patológicos de espécimes cirúrgicos e de
casos são diagnosticados após os 50 anos, e o risco tende a colonoscopias demonstram a coexistência de adenomas e
aumentar com a idade.2 O risco relativo de pessoas entre 80 e 84 adenocarcinoma do cólon e do reto, variando de 13 a 62%.8
anos terem câncer é sete vezes o da população de 50 a 54 anos.
Fatores dietéticos
No Brasil, em 2014, foram estimados 15.070 novos casos de câncer
de cólon e reto em homens e 17.530 em mulheres. Esses valores O cólon está constantemente exposto a substâncias ingeridas pelos
correspondem a um risco de 15,44 novos casos a cada 100 mil humanos. No entanto, a relação da dieta com a gênese do câncer
homens e de 17,24 a cada 100 mil mulheres.1 colorretal ainda não está clara. Estudos nessa área são difíceis de
ser conduzidos, pelo fato de a exposição ser multifatorial e de a
A raça e os fatores étnicos podem influenciar o risco de câncer maioria dos trabalhos ser observacional e de curta duração.
colorretal. Os judeus asquenazes têm risco aumentado em relação
à população em geral.3 Isso pode ser atribuído à mutação I1307K Gorduras alimentares
do gene da polipose adenomatosa (APC), que confere maior risco A gordura alimentar, especialmente a gordura animal saturada, tem
de câncer colorretal. Nos Estados Unidos, a incidência de CCR é sido implicada na carcinogênese do cólon e do reto. Países com
maior na população afro-americana, em ambos os sexos, quando histórico populacional de ingesta de alto teor de gorduras
comparada a caucasianos. As outras etnias (hispânicos, asiáticos, demonstra - ram risco aumentado de CCR quando comparados a
nativos americanos, entre outros) têm menor incidência que os populações com dieta pobre em gorduras. 9
caucasianos.
Carne vermelha
Há uma importante variação geográfica na incidência de câncer
colorretal, ocasionando índices relativamente altos na América do Há uma série de potenciais mecanismos carcinogênicos não
Norte, no Oeste Europeu e na Austrália, em comparação a baixas relacionados ao conteúdo de gordura que podem resultar na
incidências na África e na Ásia.4 Tais observações remetem à relação causal entre carne vermelha e CCR. A carne vermelha é
hipótese de Burkitt;5 ele acredita que diferenças dietéticas, rica em ferro, que pode aumentar a produção de radicais livres no
especialmente relacionadas à ingesta de fibras e de gorduras, cólon, os quais podem provocar danos crônicos à mucosa ou
podem estar relacionadas a diferentes incidências. promover outros tipos de carcinogênese. Em humanos, a ingesta
de carne vermelha estimula a produção de componentes nitrosos,
Etiologia e Patogênese os quais são carcinógenos conhecidos. A formação de aminas
Assim como em outras malignidades, a etiologia e a patogênese do heterocíclicas e hidrocarbonos policíclicos aromáticos a partir do
câncer colorretal não são completamente conhecidas. Muitos cozimento excessivo da carne, ou diretamente na chama, podem
fatores são considerados de risco para o seu desenvolvimento, ser fatores carcinogênicos importantes já relatados em modelos
assim como algumas condições clínicas são consideradas animais.1
precursoras do câncer colorretal
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PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
Fibras Terapia de reposição hormonal

Em 1969, Burkitt 5 foi quem primeiro hipotetizou a associação de Os possíveis mecanismos de ação incluem a redução da secreção
dieta rica em fibras como fator protetor contra a carcinogênese do de ácidos biliares (potenciais pro motores e iniciadores do CCR),
CCR. No entanto, os dados atuais são conflitantes. Alguns bem como o efeito do estrógeno no epitélio colônico, tanto
mecanismos protetores foram propostos, como: a fibra acelerando diretamente como a partir de alterações de fatores de crescimento.
o trânsito intestinal, reduzindo, assim, a exposição do cólon a No entanto, o risco de efeitos colaterais, principalmente do
carcinógenos, além de as fibras teoricamente diluírem ou desenvolvimento do câncer de mama em longo prazo, não permite
absorverem alguns carcinógenos, em particular, os sais biliares. Em a utilização de TRH como estratégia primária de prevenção de
geral, a consistência dessa evidência é fraca. Mais uma vez CCR.
acredita-se que a proteção contra o CCR provém de fatores
associados, já que as fibras podem estar ligadas a uma vida mais Obesidade
saudável. A existência de diferentes tipos de fibras (solúveis, não A obesidade parece aumentar o risco de CCR em homens e
solúveis, polissacarídicas e não polissacarídicas) pode ainda ter mulheres em pós-menopausa por intermédio da resistência à
influência sobre o risco de CCR. insulina, que resulta em hiperinsulinemia e ação aumentada da IGF.
Cálcio Níveis altos de IGF-1 estão associados à proliferação celular, que
pode desencadear neoplasia colônica.
Evidências epidemiológicas e experimentais comprovam o efeito
benéfico do cálcio na prevenção de neoplasias colorretais. O cálcio Atividade física
tem a capa - cidade de se conectar e precipitar os ácidos biliares, Mais atividades físicas (ocupacionais, de lazer ou atividades totais)
podendo influenciar diretamente na proliferação de células da estão relacionadas a risco reduzido de CCR. Os mecanismos que
mucosa. No entanto, nem todos os estudos observacionais que explicam a relação entre atividade física e CCR são pouco
avaliam a influência do cálcio da dieta demonstraram um efeito conhecidos. A atividade física ocasiona mudanças na sensibilidade
protetor contra o CCR à insulina e aos níveis de IGF, que estão envolvidos na
Ácido fólico carcinogênese colorretal. Outros mecanismos são: o efeito do
exercício sobre a síntese de prostaglandinas, efeito sobre as
O ácido fólico é importante para a metilação normal do DNA. A defesas imunes antitumorias e a redução da porcentagem de
deficiência de folato pode desencadear o câncer a partir da quebra gordura corporal associada ao exercício.
da síntese e reparo do DNA ou perda do controle da atividade de
proto-oncogenes. Em 15 estudos retrospectivos epide miológicos Tabagismo
avaliando a associação entre o folato e o risco de CCR, a maioria Estudos mais recentes observaram nítida associa ção entre o
demonstrou significância estatística ou tendência à relação hábito de fumar e o desenvolvimento de adenomas colorretais,
significante entre a ingesta alta de folato e o risco reduzido de CCR havendo de duas a três vezes mais riscos em relação a não
ou de formação de adenomas fumantes. O cigarro pode alterar o efeito de micronutrientes, por
Álcool exem plo, betacaroteno, vitaminas C e, ou seja, o efeito protetor
dessas substâncias pode ser cancelado pela ação do tabaco.
O álcool tem um possível papel na carcinogênese colorretal a partir
da alteração da absorção de folato, reduzindo a biodisponibilidade Doença inflamatória intestinal
deste, o que aumenta o risco de CCR. Além disso, o acetaldeído, Pacientes portadores de doença inflamatória intestinal de longa
produto do metabolismo do álcool, pode contribuir para uma duração sabidamente apresentam maior risco de CCR, entretanto,
metilação anormal do DNA. Análise envolvendo 489.979 pessoas este é difícil de ser quantificado. A extensão da doença na RCUI
de cinco países observou que a in gestão de duas doses ou mais parece ter influência significante sobre o risco de CCR. Um estudo
de bebida alcoólica por dia podem aumentar o risco de CCR em sueco observou um risco aumentado em 1,7 vezes para pacientes
todo o cólon e reto, tanto em homens quanto em mulheres.12 No com proctite, comparado a 2,8 vezes na colite esquerda e 14,8
entanto, não foram diferenciados os tipos de bebidas alcoólicas vezes para a pancolite. Em pacientes com colite extensa e de longa
(destiladas ou não) nem o tempo de exposição ao álcool. duração, a colectomia profilática pode ser uma opção, assim como
Aspirina e anti-inflamatórios não hormonais o acompanhamento colonoscópico para displasias e/ou o uso de
agentes quimiopreventivos. A relação entre a doença de Crohn e o
Existe evidência considerável de que o uso de aspirina e de anti- CCR parece ter menor importância prática. Estudos mais recentes
inflamatórios não hormonais (AINH) tenha um efeito protetor em apresentam dados conflitantes, impossibilitando a afirmação de que
todos os estágios da carcinogênese colorretal (focos de criptas há um aumento do risco e a quantificação do impacto deste.
aberrantes, adenoma, carcinoma) e morte por CCR. O mecanismo
de ação antineoplásica não é total mente compreendido, mas Histórico familiar
acredita-se que ambas as vias da ciclo-oxigenase (COX)- Indivíduos com história familiar de CCR ou pólipos podem ter risco
dependente e da COX-independente tenham um papel importante. aumentado em até 20%. Um indivíduo com parente de primeiro grau
Os efeitos colaterais, principalmente gastrointestinais, e o custo da portador de CCR apresenta risco relativo aumentado em 2,25 vezes
utilização prolongada limitam o uso extenso dessa terapêutica. em relação àqueles sem histórico familiar. O risco aumenta ainda

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PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
mais se houver dois ou mais parentes de primeiro grau com CCR, A avaliação macroscópica do espécime cirúrgico pode distinguir
se o diagnóstico for feito antes dos 45 anos e, também, quando há quatro tipos de lesões: ulcerada, polipoide, anular e infiltrativa. A
parente de primeiro grau com adenomas. Os grupos de risco entre ulcerada é a forma mais comum e apresenta um formato circular
famílias podem ser atribuídos a suscetibilidade hereditária, irregular e de bordas elevadas. As lesões polipoides têm aspecto
exposições ambientais, ou combinação de ambos os fatores. As fungoide, projetando-se para o lúmen do órgão. O aspecto anular
heranças genéticas ocorrem em porcentagem pequena de casos, estenosante é mais encontrado no cólon esquerdo e tende a ocupar
sendo a maior parte dos CCR considerados esporádicos. toda a circunferêcia. As lesões difusamente infiltrativas comportam
se como a linite plástica do estômago, espessando o órgão, sem,
As heranças genéticas autossômicas dominantes mais conhecidas no entanto, provocar lesões específicas na mucosa. A região
e estudadas em nosso meio são a polipose adenomatosa familiar retossigmoideana é mais atingida por esse tipo, que pode acometer,
(PAF) e a síndrome do câncer colorretal hereditário sem polipose ainda, qualquer outra região do cólon.
(HNPCC – hereditary non-poliposis colorectal cancer).
Microscopia
A PAF está ligada a alterações no cromossomo 5 do gene APC e
representa em torno de 1% das neoplasias colorretais. Suas A histologia dos CCR está diretamente relaciona - das ao
principais manifestações são a presença de múltiplos pólipos ao prognóstico. O tipo histológico para adenocarcinoma mais comum
longo do trato gastrointestinal, principalmente no cólon, no é o moderadamente diferenciado (60%), sendo que os tipos bem
estômago e no duodeno, além da formação de tumores desmoides diferenciados e pouco diferenciados têm uma incidência
em partes moles. Os pólipos são adenomatosos no cólon e em geral semelhante, em torno de 20%. A incidência de metástases
são diagnosticados na segunda década de vida. O risco de linfonodais segue o grau de diferenciação, sendo de aproximada -
desenvolvimento de CCR é virtualmente de 100% até os 40 anos, mente 25% nos tumores bem diferenciados, 50% nos
portanto, o tratamento preconizado é a remoção cirúrgica do cólon moderadamente diferenciados e 80% nos pouco diferenciados. A
e do reto doentes logo após a puberdade.14 diferenciação histológica pode, ainda, influenciar na sobrevida em
cinco anos, que está por volta de 77% nos bem diferenciados, 61%
A incidência do HNPCC pode variar de 5 a 9% aproximadamente. nos moderadamente e 29% nos pouco diferenciados.
Nessa síndrome, ocorre a mu - tação de um dos genes de reparo
do DNA (genes MMR), tornando a célula epitelial mais suscetível a Disseminação tumoral
alterações genéticas que poderão causar carcinogênese. A
característica da síndrome está na presença de CCR em adultos O câncer colorretal pode se disseminar em uma ou mais das
jovens com idade inferior a 50 anos, precedida ou não por pólipos seguintes maneiras: continuidade ou contiguidade, transperitoneal,
nos segmentos colônicos proximais. A presença de lesões linfática e hematogênica. A disseminação por continuidade ocorre
sincrônicas ou metacrônicas é comum. no senti do tranversal do cólon, em geral tomando um quarto da
circunferência a cada seis meses. A aderência em órgãos como
A prevenção de pacientes de risco deve ser feita com colonoscopia outras vísceras abdominais, órgãos pélvicos e parede abdominal
anual ou bienal a partir dos 20 anos. O diagnóstico de CCR ocorre com mais frequência. Lesões localizadas na face
associado a HNPCC implica colectomia total para os casos de retroperitoneal podem invadir estruturas como a fáscia perirrenal,
câncer localizado no cólon e proctocolectomia total quando o câncer os uréteres, o duodeno, a parede posterior do abdome ou os
está localizado no reto. O papel da colectomia profilática para músculos ilíaco e psoas. O CCR pode gerar implantes em qualquer
pacientes com pesquisa genética positiva é controverso, pois o local do peritônio, incluindo o omento (invasão transcelômica). A
risco de CCR é desconhecido denominada carcinomatose peritoneal pode ocorrer em até 10%
dos pacientes com CCR. A disseminação linfática é de importância
PATOGENESE ímpar para os princípios cirúrgicos. Em geral, a disseminação segue
Atualmente, a teoria da “sequência adenoma-carcinoma” atribui que uma sequência iniciada nos gânglios paracólicos. A metástase
a maioria (80%) dos CCR originam--se de pólipos adenomatosos, hematogênica representa a disseminação sistêmica do CCR. Os
que evoluem a partir de displasia de baixo, para médio, alto e, locais mais comuns de disseminação são o fígado, os pulmões e os
finalmente, para carcinoma invasivo. Essa transformação ocorre, ossos. O fígado é o órgão de escolha, em razão de drenagem
em média, ao longo de 10 anos. Estima-se que os outros 15% dos venosa portal do cólon
CCR esporádicos originem-se a partir do grupo de pólipos PATOGENIA Estudos de carcinogênese colorretal forneceram
serrilhados, que inclui os hiperplásicos, adenomas serrilhados ideias funda mentais sobre os mecanismos gerais de evolução do
sésseis e serrilhados tradicionais, estes com potencial maligno câncer. A combinação de eventos moleculares que levam a um
variavel, principalmente quando ocorrem no cólon direito. Os 5% ade nocarcinoma do cólon é heterogênea e inclui anormalidades
restantes são denominados carcinoma de novo, ou seja, o genéticas e epigenéticas. Pelo menos duas vias genéticas distintas
surgimento do CCR independe de lesão adenomatosa ou displásica de via APC/b-catenina foram descritas. Em termos mais simples,
prévia. O risco de CCR nos pacientes com pólipos adenomatosos esses são os distúrbios que levam ao aumento da sinalização de
relaciona-se ao tamanho, ao número e ao tipo histológico (p. ex., WNT, e a via de instabilidade microssatélite que está associada a
adenomas vilosos possuem mais risco do que os tubulares), por defeitos no reparo de DNA (Tabela 14- 7). Ambas as vias envolvem
isso, existem recomendações de acompanhamento com o acúmulo gradual de mutações múltiplas, mas os genes envolvidos
colonoscopia de acordo com o grupo de risco3 e os mecanismos pelos quais as mutações acumulam diferem.
Macroscopia Eventos epigenéticos, sendo que o mais comum é o silenciamento

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do gene induzido por metilação, podem aumentar a progressão ao codificação do receptor TGF-b tipo II e a proteína proapoptótica
longo de ambas as vias. BAX (Fig. 14-37). Pelo fato de o TGF-b inibir a proliferação de
células epiteliais do cólon, mutantes do receptor TGF-b tipo II
• Via APC/b-catenina. A sequência clássica de adenoma- podem contribuir para o crescimento celular descontrolado,
carcinoma, que responde por até 80% dos tumores de cólon enquanto a perda de BAX pode aumentar a sobrevida de clones
esporádicos, geralmente envolve a mutação do supressor de tumor geneticamente anormais. Mutações no oncogene BRAF e
APC no início do processo neoplásico. Ambas as cópias do gene silenciamento de grupos distintos de genes devido à hipermetilação
APC devem ser funcionalmente inativadas, por mutação ou por da ilha CpG também são comuns em cânceres que se desenvolvem
eventos epigenéticos, para os adenomas desenvolverem-se. O através de defeitos de reparo do DNA. Por outro lado, KRAS e TP53
APC é um regulador negativo importante de b-catenina, um tipicamente não são mutados. Assim, a combinação de
componente da via de sinalização WNT. A proteína APC instabilidade microssatéli te, mutação de BRAF e metilação de
normalmente se liga à degradação de b-catenina e a promove. Com alvos específicos, como MLHI, é a assinatura dessa via de
a perda da função de APC, a b-catenina se acumula e transloca carcinogênese
para o núcleo, onde ativa a transcrição de genes, como os que
codificam MYC e ciclina Dl, que promovem a proliferação. Isso é Rastreamento
acompanhado por mutações adicionais, como mutações de
ativação em KRAS, que também promovem o crescimento e evitam Para a população em geral, sem fatores adicionais de risco, está
a apoptose. A conclusão de que a mutação de KRAS é um evento indicado o rastreamento para CCR a partir dos 50 anos. Entre os
tardio é sustentada pela observação de que as mutações estão métodos disponíveis, o menos invasivo consiste na pesquisa anual
pre sentes em menos de 10% de adenomas com menos de 1 cm de sangue oculto nas fezes, pelo método com guáiaco ou por
de diâmetro, em 50% dos adenomas maiores do que 1 cm de imuno-histoquímica, este último considerado mais sensível e
diâmetro e em 50% dos adenocarcinomas invasivos. A progressão específico. Os outros métodos de rastreamento são:
neoplásica também está associada a mutações em outros genes retossigmoidoscopia flexível a cada 5 anos, colonoscopia a cada 10
supressores de tumor, como os que codificam anos ou colonoscopia virtual a cada 5 anos, respeitando esses
interva-los caso os exames não apresentem alterações. Para
SMAD2 e SMAD4, que são efetores de sinalização de TGF-b. Pelo pacientes em grupos de alto risco, especialmente indivíduos com
fato de a sinalização do TGF-b normalmente inibir o ciclo celular, a histórico pessoal ou familiar de pólipos adenomatosos ou câncer,
perda desses genes pode
possibilitar cres cimento celular
descontrolado. O gene
supressor de tumor TP53 está
mutado em 70-80% dos
cânceres do cólon, mas é pouco
frequentemente afetado em
adenomas, sugerindo que
mutações de TP53 também
ocorrem em fases tardias da
progressão do tumor. A “perda
da função” de TP53 e outros
genes supressores de tumor
frequentemente é causada por
deleções cromossômicas,
destacando a instabilidade
cromossômica como um marco
da via APC/b-catenina.
Alternativamente, os genes supressores de tumor podem ser
com idade inferior a 60 anos, as recomendações mudam, conforme
silenciados por metilação de ilhas de CpG, uma região 5´ de alguns
descrito nos Quadros 1 a 32
genes que frequentemente inclui o promotor e o local de início da
transcrição. A expressão de telomerase também aumenta à medida
que as lesões se tornam mais avançadas.

• Via de instabilidade de microssatélites. Em pacientes com


deficiência de reparo de DNA (devido à perda de genes de reparo,
como discutido anteriormente), as mutações se acumulam em
repetições microssatélites, uma condição chamada de instabilidade
microssatélite. Essas mutações geralmente são silenciosas porque
os microssatélites tipicamente estão localizados em regiões não
codificadoras, mas outras sequências microssatélites estão
localizadas nas regiões de codificação ou promotoras de genes
envolvidos na regulação do crescimento celular, como aquelas de
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PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
hipercromasia, com alongamento e estratificação nuclear. Essas
alterações são mais facilmente
apre ciadas na superfície do
adenoma porque o epitélio não
amadurece à medida que as células
migram para fora da cripta.
Adenomas pedunculados têm
pedúnculos fibromusculares finos
que contêm vasos sanguíneos
proeminentes derivados da
submucosa. O pedúnculo é
Objetivo 2 - Estudar a importância dos pólipos no geralmente coberto por epitélio não neoplásico, mas o epitélio
desenvolvimento do CCR displásico às vezes está presente. Os adenomas podem ser
classificados como tubulares, tubulovilosos ou vilosos com base na
Fonte: Zaterka – Martins – Robbins
sua arquitetura. Essas categorias, no entanto, têm pouco
Adenomas significado clínico isoladamente. Os adenomas tubulares tendem a
ser pólipos pequenos, pedunculados, compostos por glândulas
Qualquer lesão expansiva neoplásica no trato gastrointestinal pode arredonda das ou tubulares pequenas. Em contrapartida, os
produzir uma protrusão da mucosa, ou pólipo. Os pólipos adenomas vilosos, que frequentemente são maiores e sés seis, são
neoplásicos mais comuns e clinicamente importantes do cólon são cobertos por vilosidades delgadas. Os adenomas tubulovilosos têm
adenomas colônicos, pólipos benignos que dão origem à maioria uma mistura de elementos tubulares e vilosos. Embora focos de
dos adenocarcinomas colorretais. A maioria dos adenomas, no invasão sejam mais frequentes nos adenomas vilosos do que nos
entanto, não evolui para adenocarcinoma. Adenomas colorretais adenomas tubulares, a arquitetura das vilosidades isoladamente
são caracterizados pela presença de displasia epitelial. Esses não aumenta o risco de câncer quando o tamanho do pólipo é
crescimentos vão desde pólipos pequenos, frequentemente considerado. Os achados histológicos de adenomas sésseis
pedunculados, até lesões sésseis grandes. Não há predileção por serrilhados sobrepõem-se aos de pólipos hiperplásicos e não há
sexo, e eles estão presentes em quase 50% dos adultos que vivem características citológicas típicas de displasia. No entanto, essas
no mundo ocidental que estão entrando nos 50 anos de idade. lesões, que são mais comuns no cólon direito, têm potencial
Como esses pólipos são precursores de câncer colorretal, as maligno semelhante ao de adenomas tradicionais. A característica
recomendações atuais são de que todos os adultos nos Estados histológica mais útil que distingue
Unidos submetam-se a colonoscopia de vigilância a partir de 50
anos de idade. Como as pessoas com história familiar estão em os adenomas sésseis serrilhados e os pólipos hiperplásicos é a
risco de desenvolver câncer de cólon mais cedo na vida, elas presença de arquitetura serrilhada em todo o comprimento total das
normalmente são triadas pelo menos 10 anos antes da idade glândulas, incluindo a base das criptas, associada à dilatação das
criptas e crescimento lateral,
na primeira. Em contrapartida,
a arquitetura serrilhada
tipicamente está restrita à
superfície dos pólipos
hiperplásicos. Embora a
maioria dos adenomas
colorretais seja de lesões
benignas, pequena proporção
pode abrigar câncer invasivo
no momento da detecção. O
tamanho é a característica
mais importante que se
correlaciona com o risco de
mínima em que um parente foi diagnosticado. Embora os adenomas malignidade. Por exemplo, embora o câncer seja extremamente
sejam menos comuns na Ásia, a sua frequência tem aumentado raro em adenomas menores do que 1 cm de diâmetro, alguns
(paralelamente ao aumento da incidência de câncer colorretal), à estudos sugerem que cerca de 40% das lesões maiores que 4 cm
medida que dietas e estilos de vida ocidentais tornam-se mais de diâmetro contêm focos de câncer. Além do tamanho, displasia
comuns. de alto grau é fator de risco para o câncer em pólipo individual (mas
nenhum outro pólipo no mesmo paciente)
MORFOLOGIA Adenomas típicos variam de 0,3-10 cm de diâmetro
e podem ser pedunculados ou sésseis, sendo que a superfície de
ambos os tipos têm textura semelhante à de veludo ou framboesa,
devido ao padrão de crescimento epitelial anormal.
Histologicamente, a marca citológica da displasia epitelial é a

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PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
Objetivo 3 – Câncer Colorretal Não Polipose Hereditário
Estudar os tumores malignos colorretais, identificando os
fatores de risco para carcinogênese, síndromes hereditárias, O câncer colorretal não polipose hereditário (CCNPH), também
quadro clínico (correlacionar a sintomatologia conforme a conhecido como síndrome de Lynch, foi originalmente descrito
localização do tumor) diagnóstico, estadiamento (identificar os como agregação familiar de câncer em vários locais, incluindo
exames diagnósticos, incluindo os endoscópicos, radiológicos cólon, endométrio, estômago, ovário, ureteres, cérebro, intestino
e marcador tumoral. delgado, trato hepatobiliar e pele. Os cânceres de cólon em
FONTE: ZATERKA, MARTINS, ROBBINS pacientes com CCNPH tendem a ocorrer em idades mais jovens do
que os cânceres de cólon esporádicos e muitas vezes estão
Síndromes Familiares
localizados no cólon direito. Assim como a identificação de
Várias síndromes associadas a pólipos colônicos e aumento das mutações do APC na PAF forneceram conhecimentos moleculares
taxas de câncer de cólon têm sido descritas. A base genética sobre a patogenia de grande parte dos cânceres de cólon
desses transtornos foi estabelecida e melhorou substancialmente a esporádicos, a dissecção dos defeitos no CCNPH lançou luz sobre
compreensão atual do câncer de cólon esporádico. Polipose os mecanismos responsáveis pela maioria dos casos esporádicos
Adenomatosa Familiar A polipose adenomatosa familiar (PAF) é restantes. O CCNPH é causado por mutações herdadas da linha
germinativa em
genes que
codificam
proteínas
responsáveis
pela detecção,
excisão e
reparo de erros
que ocorrem
durante a
replicação do
uma doença autos sômica dominante marcada pelo surgimento de DNA. Pelo
inúmeros ade nomas colorretais na adolescência. É causada por menos cinco desses genes de reparo foram reconhecidos, mas a
mutações do gene de polipose adenomatosa coli (APC). Uma maioria dos casos de CCNPH envolve MSB2 ou MLH1.
contagem de pelo menos 100 pólipos é necessária para o Pacientes com CCNPH herdam um gene mutado de reparação de
diagnóstico de PAF clássica, e vários milhares podem estar DNA e um alelo normal. Quando a segunda cópia é perdida através
presentes. Exceto para os seus números notáveis, esses da mutação ou si lenciamento epigenético, defeitos de reparo levam
crescimentos são morfologicamente indistinguíveis dos adenomas ao acúmulo de mutações em taxas até 1.000 vezes superiores ao
esporádicos. normal, principalmente nas regiões que contêm sequências curtas
O adenocarcinoma colorretal se desenvolve em 100% dos de DNA de repetição chamadas de DNA microssatélite. O genoma
pacientes com PAF não tratada, muitas vezes antes dos 30 anos humano contém cerca de 50.000-100.000 microssatélites, que são
de idade. Como resultado, a colectomia profilática é a terapia- propensos a sofrer expansão durante a replicação de DNA e
padrão para pessoas portadoras de mutações de APC. No entanto, representam os locais mais frequentes de mutações em CCNPH.
os pacientes permanecem em risco de manifestações As consequências de defeitos de reparo e a instabilidade
extraintestinais, como neoplasia em outros locais. Mutações microssatélite resultante são discutidas adiante, no contexto do
específicas de APC são também associadas ao desenvolvimento adenocarcinoma do cólon
de outras manifestações de PAF e explicam variantes como a QUADRO CLINICO
síndrome de Gardner e a síndrome de Turcot. Além de pólipos
intestinais, as características clínicas da síndrome de Gardner, uma Atualmente, a maioria dos pacientes com CCR é diagnosticada
variante da PAF, podem incluir osteomas de mandíbula, crânio e somente após início dos sintomas, já em estadiamento avançado.
ossos longos; cistos epidérmicos; tumores desmoides e da tireoide; Tais pacientes costumam apre-sentar hematoquezia ou melena,
e anormalidades dentárias, como dentes não erupcionados e dor abdominal, alteração do hábito intestinal e anemia ferropriva.
supranumerários. Alguns desenvolvem quadro de obstrução ou perfuração intestinal,
com distensão abdominal, náuseas e vômitos, diagnosticados em
A síndrome de Turcot é mais rara e caracterizada por adenomas situação de emergência.
intestinais e tumores do sistema nervoso central. Dois terços dos
pacientes com síndrome de Turcot têm mutações do gene APC e Os sinais e sintomas dependem da localização do tumor. Alteração
desenvolvem meduloblastomas. O terço restante tem mutações em do hábito intestinal é queixa frequente em tumores do cólon
um dos vários genes envolvidos no reparo do DNA e desenvolve esquerdo, porque o conteúdo fecal é líquido no cólon proximal e o
glioblastomas. Alguns pacientes que têm PAF sem lúmen mais largo. Sangramento é causado, principalmente, por
tumores no retossigmoide. Anemia ferropriva sem exteriorização de
perda de APC têm mutações do gene de reparo por excisão de base sangramento é mais frequente no CCR de cólon direito. Dor
MUTYH. O papel desses genes no desenvolvimento do tumor é abdominal pode ser apresentação de qualquer localização,
discutido adiante.
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PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
podendo ser decorrente de obstrução, disseminação peritoneal ou homem mais velho ou na mulher na pós-menopausa é o câncer
perfuração seguida de peritonite. Os tumores no reto causam dor, gastrointestinal até prova em contrário. Adenocarcinomas
tenesmo e redução do calibre das fezes. O diagnóstico do CCR em co lorretais do lado esquerdo podem produzir sangramento oculto,
estadiamento precoce é extremamente desejável, em razão do mudanças nos hábitos intestinais ou desconforto no quadrante
prognóstico favorável e do tratamento por métodos menos inferior esquerdo, com cólicas. Embora padrões histológicos pouco
invasivos. Embora frequentemente assintomático, o diagnóstico é diferenciados e mu cinosos estejam associados a pior prognóstico,
possível em decorrência do rastreamento os dois fatores prognósticos mais importantes são profundidade de
invasão e presen ça ou ausência de metástases linfonodais. A
Doença metastática invasão na muscular própria significa sobrevida significativamente
Estima-se que cerca de 20% dos pacientes nos Estados Unidos reduzida, que é diminuída ainda mais pela presença de metástases
sejam diagnosticados já com doença metas-tática no início. A linfonodais. Esses fatores foram originalmente reconhecidos por
disseminação pode ocorrer por via hematogênica, linfática ou por Dukes e Kirklin, e formam o núcleo da classificação TNM (tumor-
contiguidade, e os sítios mais comuns de metástase são linfonodos linfonodo-metástase) e o sistema de es tadiamento da American
regionais, fígado, pulmão e peritônio. Nos tumores do cólon, em Joint Committee on Can cer. Independentemente do estágio, no
razão da drenagem venosa via sistema porta, o primeiro local de entanto, alguns pacientes com pequeno número de metástases
disseminação hematogênica é o fígado, seguido por pulmão, ossos passam bem durante anos após a ressecção de nódulos tumorais
e cérebro. Os tumores do reto distal, no entanto, metastizam mais distantes. Essa observação mais uma vez enfatiza a
frequentemente para o pulmão, em razão da drenagem pela veia heterogeneidade clínica e molecular dos carcinomas colorretais. As
cava inferior. Em caso de perfuração local, há associações com metástases podem envolver linfonodos regionais, pulmões e os
formação de fístulas (colovesical ou enterocólica), além de sepse ossos, mas, por causa da drenagem portal, o fígado é o local mais
por Streptococcus bovis e Clostridium septicum; fe-bre de origem comum de lesões metastáticas. O reto não drena através da
indeterminada; abscessos hepático, retro-perioneal ou intra- circulação portal, e metástases de carcinomas da região anal
abdominal. Pacientes sintomáticos ao diagnóstico têm doença mais frequentemente circundam o fígado.
avançada e pior prognóstico, bem como os que apresentam DIAGNÓSTICO
obstrução e perfuração
Métodos para diagnóstico e estadiamento
Sintomatologia
Exame proctológico completo
O sangramento anal é provavelmente o sintoma mais comum no
doente com CCR. A causa mais frequente de sangramento anal é A inspeção externa do canal anal pode demonstrar alterações,
a doença hemor roidária, que, associada à negligência do próprio como pólipos extruídos através do canal anal ou lesões próximas
pa ciente, dificulta o diagnóstico precoce e preciso de lesões da margem anal. O toque retal faz parte do exame físico, sendo
colorretais. Principalmente em pacientes de meia-idade ou mais importante na detecção de lesões suspeitas no reto médio e distal.
velhos, esse sintoma deve ser valorizado e investigado. A alteração Ao toque do dedo, o coloproctologista consegue determinar a
do hábito intestinal, seja diarreia ou constipação, é o segundo mobi lidade da lesão, turgor e suspeita de invasão da parede
sintoma mais comum, devendo ser valorizada em pacientes com posterior da vagina ou outros órgãos da pelve.
suspeita de CCR. As lesões no cólon proximal podem não
apresentar alteração do hábito intestinal até estarem bastante Anuscopia e retossigmoidoscopia rígida
avançadas. No cólon distal, esses sintomas são mais frequentes A anuscopia é útil para determinar a origem de sangramento retal
em virtude do menor calibre e da presença de fezes formadas. vermelho vivo como sendo de do ença hemorroidária, a partir da
Outros sintomas associados são: dor abdominal, que, de maneira avaliação dos 5 cm distais do reto até o canal anal.
geral, é inespecífica. Descarga de muco, perda ponderal, anemia e
febre esporádica podem estar presentes. A anemia pode estar A retossigmoidoscopia rígida é essencial na avaliação de lesões de
rela cionada a lesões principalmente em cólon proximal, podendo reto e sigmoide por extensão de até 25 cm, para determinar a
predizer o diagnóstico em pacientes idosos com perdas crônicas. distância exata da borda distal do tumor e a borda anal, observação
das características macroscópicas e mobilidade por meio de leve
ROBBINS pressão na margem distal. Tumores móveis podem ser tracionados
Características Clínicas com essa manobra. Finalmente, é possível avaliar toda a extensão
da lesão, que será documentada, e retirar espécimes para
A disponibilidade de triagem endoscópica combinada com o histologia. Esse exame permite avaliar a altura do acometimento no
reconhecimento de que a maioria dos carcinomas surge dentro dos reto em relação às válvulas de Houston, a fim de planejar o
adenomas apresenta uma oportunidade única para a prevenção do tratamento adequado.
câncer. Infelizmente, cânceres colorretais se desenvolvem
insidiosamente e podem, portanto, passar despercebidos por Retossigmoidoscopia flexível
longos períodos. Os cânceres de ceco e outros tipos de câncer do A retossigmoidoscopia flexível tem a vantagem de avaliar uma
lado direito do cólon na maioria das vezes chamam a atenção dos extensão maior de intestino e de mucosa. Tal exame não substitui
médicos pela aparência de fadiga e fraqueza devido à anemia a retossigmoidoscopia rígida para determinar a distância de uma
ferropriva. Assim, é uma máxima clínica de que a causa subjacente lesão do reto à borda anal.
da anemia ferropriva em um
7
PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
Colonoscopia A USER tem a capacidade de distinguir as diferen - tes camadas
anatômicas da parede do reto, apresen - tando, portanto, vantagens
A colonoscopia tem sido recomendada como exame pré-operatório sobre a PET e a RMN, para avaliar penetração do tumor na parede
para detectar a presença de lesões sincrônicas benignas ou retal. Por outro lado, essa modalidade é operador-dependente, tem
malignas. Evidências recentes sugerem que a colonoscopia tem baixa aceitação do paciente, penetração limitada na profundidade
papel importante na avaliação, já que carcinomas sincrônicos da pelve e é contraindicada para le - sões estenóticas ou no reto
podem estar presentes em 2 a 7% dos casos, e a colonoscopia pré- proximal.16
operatória pode alterar o procedimento cirúrgico em até ⅓ dos
pacientes. A colonoscopia é considerada padrão-ouro para a Antígeno carcinoembrionário (CEA) Marcador tumoral
detecção precoce do CCR. Trata-se de método com fins
diagnósticos, que também possibilita o tratamento imediato de identificado em 1965, presente em adenocarcinoma de cólon e de
pólipos que posteriormente serão avaliados quanto à presença de reto e em cólon fetal, mas ausente em tecido colônico adulto
malignidade e à necessidade de ampliação de margens ou normal. Produzido pelas células da mucosa gastrointestinal, e na
ressecção radical. presença de neoplasia maligna ocorre elevação dos níveis séricos.
Os níveis pré-operatórios do CEA apresentam algum significado
Colonoscopia virtual ou colonografia por tomografia para o prognóstico, visto que o nível de elevação está relacionado
computadorizada à carga corporal do tumor. A ocorrência de recidiva é indicada por
um nível crescente de CEA, sendo a doença clinicamente
A colonoscopia virtual é um método minimamente invasivo de detectável quase sempre precedida de um aumento do marcador
avaliação estrutural de todo o cólon e o reto, e que recentemente tumoral. No entanto, em alguns casos, não há relação do nível do
tem sido considerado um método alternativo efetivo para CEA com recidiva ou com o volume da doença, pois há tumores que
rastreamento do CCR. Atualmente, a colonoscopia virtual tem indi não expressam o CEA.
cação importante na elucidação de lesões sincrônicas ou pólipos
em pacientes com lesões neoplásicas obs - trutivas à colonoscopia Laboratoriais Anemia ferropriva pode ser encontrada. No
que serão submetidos a trata - mento cirúrgico. entanto, se ausente, não exclui o diagnóstico. Perfil hepático
também pode ser útil na avaliação de metástase hepática .
Tomografia computadorizada ( TC)

A TC do tórax, do abdome e da pelve tem seu principal papel na


avaliação de possíveis lesões secundárias em fígado, pulmão, Marcadores tumorais: antígeno carcinoembrionário O antígeno
linfonodos abdomi - nais, além de ser capaz de avaliar a extensão carcinoembrionário (CEA) possui baixa acurácia diagnóstica em
locor - regional do CCR, suspeitando da invasão de órgãos decorrência da sobreposição com doenças benignas, incluindo
adjacentes ou parede abdominal. gastrite, diverti-culite, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC),
diabete, doença hepática, entre outras inflamações agudas ou
Ressonância nuclear magnética (RNM) crônicas. O CEA também é mais elevado em tabagistas que em não
A RNM é uma técnica que cria imagens a partir da avaliação do tabagistas31 . A Sociedade Americana de Oncologia Clínica não
núcleo de absorção ou emissão de energia eletromagnética, na reg Figura 3. Colonografia por TC em reconstrução endoluminal
presença de um campo magnético estável. com lesão estenosante no ângulo esplênico (imagem cedida por
Dra. Angela H. Motoyama Caiado, radiologista do InRad –
A RNM de pelve é utilizada nos casos de câncer do reto para HCFMUSP). comenda dosagem sérica de CEA ou CA 19-9 para
avaliação da invasão tumoral na parede do reto e na avaliação dos detec-ção de CCR, entretanto, os níveis de CEA são úteis no
linfonodos; além disso, permite uma visão geral da relação do tumor prognóstico e no acompanhamento pós-tratamento desses
com outras estruturas da pelve, incluindo bexiga, próstata, útero e pacientes. Níveis de CEA maiores que 5 ng/mL ao diagnóstico
anexos, o que pode modificar o planejamento cirúrgico. A RNM tem indicam pior prognóstico. No pós-operatório, o CEA deve ser
aplicabilidade não somente para o estadiamento inicial da dosado regularmente durante 5 anos nos pacientes com
neoplasia, mas também para reestadiamento pós-neoadjuvância e estadiamentos II e III. Aumento nos valores de CEA sugere recidiva
seguimento pós-operatório para detecção de recidiva. da doença
Tomografia por emissão de pósitrons ( P E T) Enema opaco
A PET é um método de imagem que utiliza um componente Pode ser útil para avaliar pacientes sintomáticos com CCR, porém
isotópico que emite pósitrons, o qual é incorporado ao processo não substitui a colonoscopia. O enema opaco não é recomendado
bioquímico dos órgãos e tecidos do corpo. As características para o diagnóstico ou o rastreio de câncer, já que a eficácia para a
morfológicas de outros exames são mais bem definidas, como a TC detecção de pólipos é inferior à colonoscopia virtual3
e a RNM, mas a PET fornece informações sobre a natureza e a
fisiologia da função celular do tecido. Assim, tem sido utilizada na Diagnóstico diferencial
avaliação de neoplasias, incluindo o CCR. O isótopo mais Algumas doenças podem causar sinais e sintomas semelhantes,
amplamente utilizado em nosso meio é a fluordeoxiglicose. A PET como hemorroidas, diverticulite, doença inflamatória intestinal e
tem papel importante na determinação de atividade tumoral após a outros tumores malignos (linfoma, sarcoma de Kaposi, carcinoide).
ressecção cirúrgica ou, se já no seguimento, quando há suspeita de Linfoma não Hodgkin do cólon geralmente acomete ceco, cólon
recidiva de atividade tumoral. Ultrassonografia endorretal (US E R) direito ou reto, caracterizando-se por massa única, embora possam
8
PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
ocorrer lesões polipoides múltiplas.. Colonoscopia virtual com lesão Câncer colorretal avançado
estenosante no cólon sig‐moide (imagem cedida por Dra. Angela H.
Motoyama Caiado, radiolo‐gista do InRad – HCFMUSP). dice, no O CCR é considerado avançado quando invade para além da
ceco e no reto e desenvolvem-se mais precoce-mente em camada muscular da mucosa. A classificação endoscópica de
comparação com os adenocarcinomas. Nessas localizações, Borrmann para tumor avançado foi inicialmente proposta para
frequentemente manifestam-se como nódulos submucosos câncer gástrico, no entanto, atualmente é utilizada para todo o trato
gastrintestinal
menores que 2 cm e indolentes. Quando ocorrem no cólon, podem
ocasionar grandes massas, clinicamente agressivos e metastáticos
Metástases de outros tumores malignos primários, como neoplasia
de ovário, podem ser similares ao CCR

Câncer colorretal

Segundo a Sociedade Japonesa de Câncer Colorretal, os tumores


com invasão limitada à camada mucosa ou submucosa são
denominados CCR precoce, sem levar em consideração presença
ou não de metástases linfonodais. O termo precoce não significa
que a lesão foi detectada logo após seu aparecimento; indica que é
precoce o suficiente para tratamento curativo. Esse termo não
reflete, portanto, o tempo evolutivo do tumor, nem representa sua
natureza biológica35 . Com o avanço da técnica colonoscópica, por
meio g Figura 5. Colonoscopia mostrando lesão estenosante no
cólon sig‐moide (imagem cedida por Dra. Angela H. Motoyama
Caiado, radiolo‐gista do InRad – HCFMUSP). de magnificação de
imagens e cromoscopia, é possível detectar mais lesões em
estadiamento precoce, poden-do ser planas, deprimidas ou
discretamente elevadas3

Segundo a classificação de Paris baseada na classificação da


Sociedade Japonesa de Câncer Colorretal, o aspecto endoscópico
macroscópico do CCR precoce pode ser classificado conforme a
MORFOLOGIA
Figura 11. As indicações de tratamento endoscópico das neoplasias
colorretais superficiais são: adenomas, independentemente do grau Em geral, os adenocarcinomas são distribuídos de maneira
de displasia; adenocarcinoma intramucoso; adenocarcinoma aproximadamente igual ao longo de todo o comprimento do cólon.
invasivo da submucosa (bem diferenciados, com invasão até Os tumores no cólon proximal geralmente crescem como massas
muscular da mucosa, e sem invasão angiolinfática) polipoides, exofíticas, que se estendem ao longo de uma parede do
ceco de grosso calibre e cólon ascendente; esses tumores
raramente causam obstrução. Em contrapartida, os carcinomas do
cólon distal tendem a ser lesões anulares que
produzem constrições em “anel de guardanapo” e
estreitamento luminal (Fig. 14- 38), às vezes até o
ponto de obstrução. Ambas as formas crescem na
parede do intestino ao longo do tempo e podem ser
palpáveis como massas sólidas. As características
gerais microscópicas de adenocarcinomas do cólon
dos lados direito e esquerdo são semelhantes. A
maioria dos tumores é composta de células
colunares altas que se assemelham ao epitélio
displásico encontrado em adenomas. O componente
invasivo desses tumores desencadeia uma resposta
desmoplásica estromal forte, que é responsável pela
sua consistência firme característica. Alguns tumores
pouco diferenciados formam poucas glândulas (Fig.
14-39, B). Outros podem produzir mucina abundante
que se acumula na parede intestinal, e estes têm
prognóstico sombrio. Os tumores também podem ser
compostos por células em anel de sinete, que são
semelhantes àquelas dos cânceres gástricos

ESTADIAMENTO
9
PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
Uma vez diagnosticado o CCR, deve-se determinar a extensão local
e a distância para estabelecer prognóstico e tratamento
direcionado. O sistema de classificação TNM é o mais utilizado
(Quadros 4 a 6), e a sobrevida em 5 anos é inversamente
proporcional ao estadiamento (Tabela 1)40 .

O estadiamento do paciente com CCR se inicia pelo exame clínico,


pesquisando ascite, linfonodomegalias e hepatomegalia. Exames
laboratoriais podem levantar a suspeita de metástase hepática em
razão do aumento de enzimas canaliculares, hiperbilirrubinemia
direta e alterações da função hepática em casos mais avançados,
como hipoalbuminemia e alteração do tempo de protrombina41
Todos os pacientes com estadiamento II, III ou IV devem realizar
tomografia computadorizada de abdome, pelve e tórax. Os exames
radiológicos podem evidenciar complicações relacionadas ao
tumor, como obstrução ou perfuração, bem como
linfonodomegalias e metástases em outros órgãos. Não é
recomendada a realização rotineira de PETscan na avaliação pré-
operatória. O exame está indicado quando há suspeita de Objetivo 4 -Noções do tratamento do CCR
recorrência da doença em pacientes com elevação dos níveis
séricos de CEA, mas sem alterações em outros métodos de FONTE: zaterka, clinica medica
imagem41 Manejo do câncer colorretal

Tratamento endoscópico

Parte-se da premissa que as neoplasias colorretais precoces, sem


risco de metástases linfonodais, podem ser tratadas pela ressecção
mucosa endoscópica (mucosectomia). Do ponto de vista
histológico, os cânceres com invasão limitada à camada muscular
da mucosa e neoplasias intraepiteliais de alto grau apresentam
risco mui-to baixo de metástases linfonodais e, portanto, podem ser
tratadas pela ressecção local sem necessidade de dissecção
linfonodal42

. Lesões que invadem profundamente a camada sub-mucosa ou


infiltram vasos linfáticos ou venosos, por ou-tro lado, devem ser
obrigatoriamente ressecadas cirurgi-camente com esvaziamento
ganglionar42

A frequência de metástases linfonodais em tumores que invadem,


superficialmente, a camada submucosa tem sido descrita entre 2 e
3%, em contraste com os 8 a 12% para neoplasias com invasão
maciça da camada submucosa. A existência de linfonodos regionais
comprometidos piora o estadiamento anatomopatológico do CCR,
sendo, então, considerada doença doença com potencial de
disseminação sistêmica, o que necessita de discussão de
quimioterapia adjuvante, além do tratamento cirúrgico local

Segundo dados do National Cancer Center Hospital de Tóquio, que


analisaram 1.075 casos de CCR com invasão da camada
submucosa, o risco de metástases linfo-nodais aumenta quanto
maior a profundidade de inva-são do tumor. As lesões com invasão
superficial da submucosa (≤ 500 mm da muscularis mucosa)
apresenta-ram risco de 2% (6/326) de envolvimento linfonodal em
comparação a 11% nos casos de comprometimento de 50% da
camada submucosa (50/444) ou 15% para lesões com
comprometimento até a camada muscularis propria (45/305)42

Na experiência de Park et al., os principais fatores de risco para


metástases linfonodais foram: lesões com invasão maciça da
camada submucosa, de grau histológico indiferenciado, formato
10
PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
séssil, com invasão angiolinfáti-ca e lesões planas (sem é comumente considerada para o câncer retal com critérios clínicos
componente adenomatoso como na teoria do câncer de novo)43 de doença localmente avançada. No câncer de reto, as recidivas
ocorrem com maior frequência, em virtude da anatomia e da
Tratamento dificuldade técnica de ressecção das margens. Nos pacientes com
Tratamento cirúrgico doença avançada que inicialmente foram submetidos a
procedimento cirúrgico, a terapia adjuvante tem eficácia mais
A maioria dos casos está localizada na parede colônica ou acomete definida com maiores chances de cura a longo prazo. Já nos
também linfonodos regionais. Para esses pacientes, a cirurgia é o tumores colônicos, não é habitual a indicação de tratamento
tratamento curativo, cujo objetivo é a ressecção completa do tumor, neoadjuvante, sendo a ressecção cirúrgica o tratamento inicial de
o pedículo vascular e a drenagem linfática do segmento afetado. A eleição.
ressecção é idealmente realizada de forma segmentar.
Recomenda-se ressecção. A Societar, preferencialmente com Quimioterapia adjuvante (pós-operatória)
margens proximal e distal a pelo menos 5 cm do tumor41,42 de, no tem o ob-jetivo de eliminar micrometástases e, dessa forma, dimi-
mínimo, 12 linfonodos regionais, incluindo linfonodos no trajeto dos nuir a recidiva sistêmica da doença com incremento em chances de
vasos mesentéricos. A sociedade Americana de Oncologia Clínica cura a longo prazo. Seus benefícios foram de-monstrados em
indica avaliação para complementação do tratamento cirúrgico com pacientes com estágio III (acometimento linfonodal regional),
quimioterapia adjuvante nos casos em que sejam ressecados quando usada combinação de fluoropirimidinas (5FU ou
menos de 12 linfonodos. A colectomia por via capecitabina) com oxaliplatina; e no estágio II de alto risco com
videolaparoscópica é possível em pacientes sem complicação, proficiência das proteínas do sistema de reparo do DNA (ou seja,
entretanto, depende da experiência do cirurgião. Hemicolectomia em não portadores da síndrome de Lynch) com uso de
direita é realizada nos tumores de ceco, cólon ascendente e, em fluoropirimidinas isoladas, com redução do risco de recorrência da
alguns casos, em ângulo hepático. Já nas lesões acometendo cólon ordem de 30% independentemente de tratar-se de estádio II ou III.
transverso proxi-mal, deve-se proceder à colectomia direita
estendida. Hemicolectomia esquerda é adequada para neoplasia Diversas características são consideradas de maior risco de
em transverso distal ou descendente, e até o cólon sigmoide recidiva para os tumores colorretais estádio II, por exemplo: menos
proximal. Colectomia subtotal ou total está indicada se existiem de 12 linfonodos ressecados; estágio pT4; histologia pouco
lesões sincrônicas nos cólons direito e esquerdo. Em pacientes com diferenciada, com invasão perineural ou angiolinfática;
PAF e CCR hereditário não polipose, a colectomia total é o apresentação clínica de obstrução intestinal ou perfuração ao
procedimento de escolha. Para tumores localmente avançados, que diagnóstico.
invadem estruturas adjacentes, é recomendada ressecção multivis-
ceral em bloco, apesar de ser pouco utilizada na prática47 A Todavia, para indicar quimioterapia a esse grupo de pacientes,
anastomose primária pode ser confeccionada na maior parte dos devem ser considerados outros fatores, como a toxicidade
pacientes submetidos à colectomia não complicada, porém, a relacionada à terapia, as comorbidades de cada paciente e a
colostomia ou ileostomia de proteção são necessárias quando há pesquisa de proficiên-cia do sistema de reparo do DNA, que pode
peritonite generalizada, perfuração ou obstrução do cólon ser feita por técnica de imuno-histoquímica. Pacientes que
esquerdo. O momento da reconstrução do trânsito intestinal apresentam deficiência no sistema de reparo do DNA (síndrome de
depende de diversos fatores, como a resolução dos eventos Lynch) não apresentam benefício de quimioterapia adjuvante
supracitados. Se for optado por quimioterapia adjuvante, a baseado em fluoropirimidinas apenas a despeito de terem tumores
reconstru-ção deve ser adiada. Para os tumores localizados no reto, com características de alto risco de recidiva. São possíveis efeitos
a cirurgia é considerada curativa em casos de excisão total do tumor colaterais da quimioterapia: mucosite, náuseas, vômitos, diarreia,
com margens livres, bem como a ressecção total do neutropenia febril, perda de cabelo, síndrome mão-pé e
mesorreto41,48 indicada em tumores superficiais limitados à cardiotoxicidade. Felizmente, a maioria desses sintomas é
camada submucosa (T1), menores que 3 cm de diâmetro, sem me- reversível com a suspensão da quimioterapia, com exceção da
tástase linfonodal, situados nos retos médio e distal, com histologia neuropatia associada à oxaliplatina, que pode persistir. Os
de baixo risco . Anteriormente, os tumores de reto distal deveriam esquemas mais utilizados no tratamento adjuvante no estágio III
ser tratados por ressecção abdominoperineal (RAP), en-tretanto, são FOLFOX (oxaliplatina, fluorouracil infu-sional e leucovorin) e
em virtude da recomendação de preservar margens livres de 2 cm, XELOX (oxaliplatina com capecita-bina). Para o tratamento da
ampliaram-se as indicações para cirurgias com preservação doença avançada (metastáti-ca), além dos esquemas citados
esfincteriana, como a ressecção anterior do reto distal. anteriormente, também é muito utilizado o esquema FOLFIRI
(irinotecano, fluorou-racil infusional e leucovorin). Recentemente,
Essa abordagem tem indicação para pacientes com tumores anticorpos monoclonais com ação antiangiogênica (bevacizumabe)
invasivos além da camada submucosa e histologia com margens e contra o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR),
negativas. . A excisão local via transanal ou transesfincteriana está cetuximabe e panitumumabe também foram dis-ponibilizados para
Sendo assim, a RAP é considerada para tumores de reto distal o tratamento do CCR avançado, em as-sociação a esquemas de
localmente avançados, recidivas ou quando a ressecção anterior quimioterapia ou de forma isolada no caso dos anticorpos anti-
distal não possibilita margens livres adequadas4 EGFR

Terapia neoadjuvante e adjuvante Doença metastática

Quimiorradioterapia neoadjuvante (pré-operatória)


11
PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
Embora a quimioterapia tenha aumentado a sobre-vida de 6 para estadiamento precoce, que apresentam melhores taxas de
mais de 30 meses nos dias atuais, menos de 10% dos pacientes sobrevida.
tratados apenas com quimioterá-picos sobrevivem em 5 anos1
Objetivo 5- Rever a anatomia do intestino delgado, grosso, reto
Mesmo pacientes com doença irressecável podem sebeneficiar de e ânus (território de irrigação e drenagem – venosa e linfática)
cirurgia paliativa para sintomas obstrutivos ou
hemorrágicos. Por outro lado, a cirurgia é uma
opção com potencial curativo em alguns pacientes
com metás-tase limitada a pulmão e fígado

As metástases hepáticas estão presentes no


diagnóstico em 15 a 20% dos casos, porém apenas
10 a 15% são ressecáveis. O tratamento para
metástases hepáticas de CCR inclui ressecção
cirúrgica, ablação com álcool ou radiofrequência,
quimioembolização ou radioterapia. Atualmente, as
indicações de ressecção tendem a ser menos
restritas, de acordo com a experiência do serviço. O
que define a ressecabilidade da metástase hepática
é a possi-bilidade de ressecção completa, com
adequada reserva funcional do fígado
remanescente, sem envolvimento de artéria
hepática, ductos biliares principais, veia porta ou
linfonodos para-aórticos e celíacos. O tamanho e o
nú-mero das lesões hepáticas, assim como a
presença de doen-ça extra-hepática, não constituem
fatores limitantes ab-solutos para o tratamento5

Metástases pulmonares

A sobrevida em 5 anos após ressecção de


metástase pulmonar é de aproximadamente 35 a
56%. Fatores prognósticos incluem o número de
nódulos, nível de CEA pré-toracotomia, ausência de linfonodos Fonte: moore anatomia
regionais, e o intervalo entre o início da doença e surgimento de
Intestino delgado
metástase. A presença de metástases hepáticas não contraindica a
ressecção pulmonar52 O intestino delgado, formado pelo duodeno, jejuno e íleo, é o
principal local de absorção de nutrientes dos alimentos ingeridos.
. Critérios para ressecção: lesões completamente ressecáveis por Estende-se do piloro até a junção ileocecal, onde o íleo une-se ao
exame prévio de imagem (TC de tórax); reserva cardiopulmonar ceco (a primeira parte do intestino grosso). A parte pilórica do
adequada; tumor primário controlado52 estômago esvazia-se no duodeno, sendo a admissão duodenal
controlada pelo piloro.
Acompanhamento após ressecção

A Sociedade Americana de Oncologia recomenda, para pacientes


com CCR estágios II e III ressecados: con-sulta médica e dosagem
de CEA a cada 3 a 6 meses nos primeiros 5 anos, TC de abdome e
tórax anual nos primeiros 3 anos; e, em casos de câncer de reto,
TC pél-vica anual por 3 a 5 anos; colonoscopia em um ano e, se
negativa, após 5 anos; retossigmoidoscopia semestral por 2 a 5
anos em casos de câncer de reto sem radioterapia32 Vale ressaltar
que, em pacientes submetidos à cirurgia de urgência por abdome
obstrutivo ou perfurativo, deve-se realizar colonoscopia após 3 a 6
meses da cirurgia para avaliar a presença de tumores sincrônicos32

O câncer colorretal é a neoplasia maligna de maior prevalência no


trato digestivo, no Brasil, com elevado impacto na qualidade de
vida, alto custo de tratamento e alta taxa de mortalidade,
especialmente, quando diagnosticado em estadiamento avançado.
Diante do exposto, é importante destacar a importância da
implementação de políticas públicas de prevenção e rastreamento,
a fim de detectar pólipos adenomatosos e cânceres em
12
PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
Intestinos delgado e grosso. A. Observe as alças do
intestino delgado in situ, circundadas nos três lados pelo
intestino grosso e reveladas pelo rebatimento do omento
maior. B. As alças do intestino delgado foram afastadas
superiormente para mostrar o mesentério. C. Este
desenho de orientação do sistema digestório mostra a
posição geral e as relações dos intestinos. D. Irrigação
sanguínea da região ileocecal
As artérias do duodeno originam-se do tronco celíaco e da
artéria mesentérica superior. O tronco celíaco, por
intermédio da artéria gastroduodenal e seu ramo, a artéria
pancreaticoduodenal superior, supre a parte do duodeno
proximal à entrada do ducto colédoco na parte
descendente do duodeno. A artéria mesentérica superior,
por meio de seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal
inferior, supre o duodeno distal à entrada do ducto
colédoco. As artérias pancreaticoduodenais situam-se na
curvatura entre o duodeno e a cabeça do pâncreas e
irrigam as duas estruturas.
A anastomose das artérias pancreaticoduodenais superior
e inferior (i. e., entre o tronco celíaco e a artéria
mesentérica superior) ocorre entre a entrada do ducto
colédoco e a junção das partes descendente e inferior do
duodeno. Aqui ocorre uma importante transição na
irrigação do sistema digestório: na parte proximal,
estendendo-se oralmente (em direção à boca) até
inclusive a parte abdominal do esôfago, o sistema
digestório é irrigado pelo tronco celíaco; na região distal,
estendendo-se aboralmente (afastando-se da boca) até a
flexura esquerda do colo, o sangue provém da AMS. A
base dessa transição na irrigação sanguínea é
embriológica; esse é o local da junção do intestino anterior
com o intestino médio.
As veias do duodeno acompanham as artérias e drenam
para a veia porta, algumas diretamente e outras
indiretamente, pelas veias mesentérica superior e
esplênica (Figura 5.41).
Os vasos linfáticos do duodeno acompanham as artérias. Os vasos
linfáticos anteriores drenam para os linfonodos
pancreaticoduodenais, localizados ao longo das artérias
pancreaticoduodenais superior e inferior, e para os linfonodos
pilóricos, situados ao longo da artéria gastroduodenal. Os vasos
linfáticos posteriores seguem posteriormente à cabeça do pâncreas
e
drenam para os linfonodos mesentéricos superiores. Os vasos
linfáticos eferentes dos linfonodos duodenais drenam para os
linfonodos celíacos.

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PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
para o jejuno e o íleo (ver também Figuras 5.54 e 5.55). As artérias
se unem para formar alças ou arcos,
chamados arcos arteriais, que dão origem a
artérias retas, denominadas vasos retos (Figuras
5.48B e 5.49B).
A veia mesentérica superior drena o jejuno e o
íleo (Figura 5.49B). Situa-se anteriormente e à direita
da AMS na raiz do mesentério (Figura 5.49A). A VMS
termina posteriormente ao colo do pâncreas, onde se
une à veia esplênica para formar a veia porta (Figura
5.44C).
Os vasos linfáticos especializados nas vilosidades
intestinais (pequenas projeções da túnica mucosa)
que absorvem gordura são denominados lactíferos.
Eles drenam seu líquido leitoso para os plexos
linfáticos nas paredes do jejuno e do íleo. Por sua
vez, os vasos lactíferos drenam para os vasos
linfáticos entre as camadas do mesentério. No
mesentério, a linfa atravessa sequencialmente três
grupos de linfonodos (Figura 5.50):
•Linfonodos justaintestinais: localizados perto da
parede intestinal
•Linfonodos mesentéricos: dispersos entre os arcos arteriais
JEJUNO E ÍLEO
•Linfonodos centrais superiores: localizados ao longo da parte
A segunda parte do intestino delgado, o jejuno, começa na flexura proximal da AMS. Os vasos linfáticos eferentes dos linfonodos
duodenojejunal, onde o sistema digestório volta a ser mesentéricos drenam para os linfonodos mesentéricos superiores.
intraperitoneal. A terceira parte do intestino delgado, o íleo, termina Os vasos linfáticos da parte terminal do íleo seguem o ramo ileal da
na junção ileocecal, a união da parte terminal do íleo e o ceco artéria ileocólica até os linfonodos ileocólicos.
(Figuras 5.43C e 5.47). Juntos, o jejuno e o íleo têm 6 a 7 m de
comprimento, o jejuno representa cerca de dois quintos e o íleo
cerca de três quintos da parte intraperitoneal do intestino delgado.
A maior parte do jejuno está situada no quadrante superior
esquerdo (QSE) do compartimento infracólico, enquanto a maior
parte do íleo está no quadrante inferior direito (QID). A parte
terminal do íleo geralmente está na pelve, de onde ascende,
terminando na face medial do ceco. Embora não haja uma linha de
demarcação nítida entre o jejuno e o íleo, eles têm características
distintas, que são cirurgicamente importantes (Figura 5.48B a E;
Quadro 5.8). O mesentério é uma prega de peritônio em forma de
leque que fixa o jejuno e o íleo à parede posterior do abdome
(Figuras 5.43B e 5.48A). A origem ou raiz do mesentério (com
aproximadamente 15 cm de comprimento) tem direção oblíqua,
inferior e para a direita (Figura 5.49A). Estende-se da flexura
duodenojejunal no lado esquerdo da vértebra L II até a junção
ileocólica e a articulação sacroilíaca direita.
O comprimento médio do mesentério, desde a raiz até a margem
do intestino, é de 20 cm. A raiz do mesentério cruza
(sucessivamente) as partes ascendente e horizontal do duodeno,
parte abdominal da aorta, VCI, ureter direito, músculo psoas maior
direito e vasos testiculares ou ováricos direitos. Entre as duas
camadas do mesentério estão os vasos mesentéricos superiores,
linfonodos, uma quantidade variável de gordura e nervos
autônomos.

A artéria mesentérica superior (AMS) irriga o jejuno e o íleo


via artérias jejunais e ileais (Figura 5.49B).
A AMS geralmente origina-se da parte abdominal da aorta no
nível da vértebra L I, cerca de 1 cm inferior ao tronco celíaco, e
segue entre as camadas do mesentério, enviando 15 a 18 ramos

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PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
(Figuras 5.52 e 5.53). Se for distendido por fezes ou gases, o ceco
pode ser palpável através da parede anterolateral do abdome

A irrigação arterial do ceco é realizada pela artéria ileocólica,


o ramo terminal da AMS (Figuras 5.54 e 5.55; Quadro 5.9). A
artéria apendicular, um ramo da artéria ileocólica, irriga o
apêndice vermiforme. A drenagem venosa do ceco e do
apêndice vermiforme segue por uma tributária da VMS, a veia
ileocólica

A drenagem linfática do ceco e do apêndice vermiforme segue


até os linfonodos no mesoapêndice e até os linfonodos
ileocólicos situados ao longo da artéria ileocólica (Figura
5.56B). Os vasos linfáticos eferentes seguem até
os linfonodos mesentéricos superiores.

COLO
O colo é dividido em quatro partes – ascendente, transversa,
descendente e sigmoide – que sucedem uma à outra
formando um arco (Figuras 5.43C e 5.52). O colo circunda o
intestino delgado, o colo ascendente à direita do intestino
delgado, o colo transverso superior e/ou anteriormente a ele,
o colo descendente à esquerda e, por fim, o colo sigmoide
inferiormente a ele.

Linfonodos mesentéricos. Os linfonodos mesentéricos superiores Irrigação arterial do intestino.


formam um sistema no qual os linfonodos centrais, na raiz da artéria
mesentérica superior, recebem linfa dos linfonodos mesentéricos, A irrigação arterial do colo ascendente e da flexura direita do colo
provém de ramos da AMS, as artérias ileocólica e cólica direita
ileocólicos, cólicos direitos e cólicos médios, que, por sua vez,
(Figuras 5.54 e 5.55; Quadro 5.9).
recebem linfa dos linfonodos justaintestinais. Os linfonodos
justaintestinais adjacentes ao intestino são mais abundantes. Há Essas artérias anastomosam-se entre si e com o ramo direito da
menos linfonodos ao longo das artérias. artéria cólica média, o primeiro de uma série de arcos
anastomóticos que é continuado pelas artérias cólica esquerda e
sigmóidea para formar um canal arterial contínuo, o arco justacólico
(artéria ou arco marginal do colo). Essa artéria é paralela ao colo e
Intestino grosso
acompanha todo seu comprimento perto de sua margem
O intestino grosso é o local de absorção da
água dos resíduos indigeríveis do quimo
líquido, convertendo-o em fezes
semissólidas, que são temporariamente
armazenadas e acumuladas até que haja
defecação. O intestino grosso é formado
pelo ceco; apêndice vermiforme; partes
ascendente, transversa, descendente e
sigmoide do colo; reto e canal anal (Figura
5.52).

CECO E APÊNDICE VERMIFORME

O ceco é a primeira parte do intestino


grosso; é contínuo com o colo ascendente.
É uma bolsa intestinal cega, que mede
aproximadamente 7,5 cm de comprimento e
mesentérica.
largura. Situa-se na fossa ilíaca do quadrante inferior direito do
abdome, inferiormente à sua junção com a parte terminal do íleo
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PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
A drenagem venosa do colo ascendente segue por meio de
tributárias da VMS, as veias cólica direita e ileocólica (Figura
5.56A).

A drenagem linfática segue primeiro até os linfonodos epicólicos e


paracólicos, perto dos linfonodos cólicos direitos intermediários e
ileocólicos, e daí para os linfonodos mesentéricos
superiores (Figura 5.56B). A inervação do colo
ascendente é derivada do plexo mesentérico superior (

A irrigação arterial do colo transverso provém


principalmente da artéria cólica média (Figuras 5.54 e
5.55; Quadro 5.9), um ramo da AMS. Entretanto, o colo
transverso também pode receber sangue arterial das
artérias cólicas direita e esquerda por meio de
anastomoses, parte da série de arcos anastomóticos
que coletivamente formam o arco justacólico (artéria ou
arco marginal do colo).

A drenagem venosa do colo transverso é feita pela VMS


(Figura 5.56A). A drenagem linfática do colo transverso
se dá para os linfonodos cólicos médios, que, por sua
vez, drenam para os linfonodos mesentéricos
superiores (Figura 5.56B).

A irrigação arterial do colo descendente e do colo


sigmoide provém das artérias cólica esquerda e
sigmóideas, ramos da artéria mesentérica inferior
(Figura 5.54; Quadro 5.9). Assim, aproximadamente na
flexura esquerda do colo, há uma segunda transição na
irrigação da parte abdominal do sistema digestório: a
AMS que irriga a parte oral (proximal) à flexura
(derivado do intestino médio embrionário), e a AMI que
irriga a parte aboral (distal) à flexura (derivada do
intestino posterior embrionário). Durante a ressecção
cirúrgica do colo a visualização da anastomose da
artéria mesentérica superior e da AMI é importante para
garantir irrigação sanguínea contínua. As artérias
sigmóideas descem obliquamente para a esquerda,
onde se dividem em ramos ascendentes e
descendentes. O ramo superior da artéria sigmóidea
superior anastomosa-se com o ramo descendente da artéria cólica
Veias, linfonodos e nervos do intestino grosso. A. A drenagem
esquerda, assim formando uma parte da artéria marginal. A
venosa pelas veias mesentéricas superior e inferior corresponde ao
drenagem venosa do colo descendente e do colo sigmoide é feita
padrão das artérias mesentéricas superior e inferior. B. A linfa do
pela veia mesentérica inferior, geralmente fluindo para a veia
intestino grosso flui em sequência para os linfonodos epicólicos
esplênica e, depois, para a veia porta em seu trajeto até o fígado
(sobre o intestino), linfonodos paracólicos (ao longo da margem
A drenagem linfática do colo descendente e do colo sigmoide é mesentérica), linfonodos cólicos médios (ao longo das artérias
conduzida por vasos que seguem até os linfonodos epicólicos e cólicas) e, depois, para os linfonodos mesentéricos superiores ou
paracólicos e depois através dos linfonodos cólicos intermediários inferiores e os troncos intestinais. C. A inervação do colo é feita por
ao longo da artéria cólica esquerda (Figura 5.56B). A linfa desses plexos periarteriais mistos que se estendem a partir dos gânglios
linfonodos segue para os linfonodos mesentéricos inferiores mesentéricos superiores e inferiores ao longo das respectivas
situados ao redor da AMI. Entretanto, a linfa proveniente da flexura artérias. D. As fibras parassimpáticas dos níveis S2 da medula
esquerda do colo também pode drenar para os linfonodos espinal ascendem independentemente a partir dos plexos
mesentéricos superiores. hipogástricos inferiores (pélvicos) até chegarem ao colo sigmoide,
ao colo descendente e à parte distal do colo transverso

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PROBLEMA 6 – DOR ABDOMINAL
Reto
O reto é a parte pélvica do sistema digestório, mantendo Problema 6: Estou me cansando com facilidade.
continuidade proximal com o colo sigmoide e distal com o canal
anal. A junção retossigmóidea situa-se anteriormente à vértebra Homem com 65 anos apresenta-se com dispneia ao fazer
S III. Nesse ponto, as tênias do colo sigmoide afastam-se para exercício e angina. Os sintomas habituais do paciente surgiram há
formar uma lâmina longitudinal externa contínua de músculo liso, e aproximadamente 3-4 semanas. Ele nega ter tosse, perda de peso
os apêndices omentais adiposos são interrompidos e sintomas do trato gastrointestinal (GI). Sua história clínica
pregressa é significativa para hipertensão, angina estável e
pólipos colônicos que foram removidos há 7-8 anos por
IRRIGAÇÃO ARTERIAL E DRENAGEM VENOSA DO RETO colonoscopia. O exame físico revela homem bem nutrido e sem
desconforto agudo.
A artéria retal superior, a continuação da artéria mesentérica
 Exame físico: achados de cabeça e pescoço,
inferior abdominal, irriga a parte proximal do reto (Figura 6.32). As
cardiopulmonares e neurológicos normais. Toque retal não
artérias retais médias direita e esquerda, que normalmente
revela massas, sua próstata está lisa e aumentada.
originam-se das divisões anteriores das artérias ilíacas internas na
 Exames laboratoriais: leucometria normal, hemoglobina de
pelve, irrigam as partes média e inferior do reto. As artérias retais
8,7 g/dL, hematócrito 29% e volume celular médio de 72fL
inferiores, originadas das artérias pudendas internas no períneo,
(VR 76-100 fL). Eletrólitos e exames de função hepática são
irrigam a junção anorretal e o canal anal. Anastomoses entre as
normais. Tem teste de sangue oculto nas fezes positivo para
artérias retais superior e inferior podem garantir a circulação
guáiaco.
colateral em potencial, mas as anastomoses com as artérias retais
médias são esparsas. O sangue do reto drena pelas veias retais  Eletrocardiograma: ritmo sinusal normal, hipertrofia ventricular
superiores, médias e inferiores (Figura 6.32B). Há anastomoses direita leve.
entre as veias portas e sistêmicas na parede do canal anal. Como  RX-Tórax: silhueta cardíaca normal, sem infiltrados ou
a veia retal superior drena para o sistema venoso porta e as veias derrames pleurais.
retais média e inferior drenam para o sistema sistêmico, essas
anastomoses são áreas clinicamente importantes de anastomose
portocava (ver Figura 5.75A). O plexo venoso retal submucoso
circunda o reto e comunica-se com o plexo venoso vesical nos
homens e com o plexo venoso uterovaginal nas mulheres. O plexo
venoso retal tem duas partes (Figura 6.32B): o plexo venoso retal
interno, imediatamente profundo à túnica mucosa da junção
anorretal, e o plexo venoso retal externo subcutâneo, externamente
à parede muscular do reto. Embora esses plexos levem o nome
retal, são basicamente “anais” em termos de localização, função e
importância clínica.
Artérias e veias do reto e canal anal.
A. Apesar de seu nome, as artérias retais inferiores, que são ramos
das artérias pudendas internas, suprem principalmente o canal
anal. As três flexuras laterais agudas do reto refletem a forma como
o lúmen atravessa as pregas transversas do reto (mostradas na
parte B) na face interna. B. Este corte coronal do reto e do canal
anal mostra o suprimento arterial e a drenagem venosa. Os plexos
venosos retais interno e externo estão relacionados mais
diretamente ao canal anal. As flexuras e pregas transversas do reto
ajudam a sustentar o peso das fezes.

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