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AMENORREIA
O que é? + estrogênio: atuam positivamente na hipófise para
gerar um pico de liberação de LH no meio do ciclo.
A amenorreia é diagnosticada em mulheres
Além da liberação de LH, os estrogênios circulantes
(1) que ainda não tenham menstruado aos 14 anos de estimulam o desenvolvimento de revestimento
idade e não apresentem outras evidências de endometrial proliferativo espesso.
dsenvolvimento puberal;
Após a ovulação, o LH estimula a luteinização das
(2) que não tenham menstruado aos 16 anos de idade, células foliculares da granulosa e das células tecais
mesmo estando presentes outros sinais de puberdade; circunvizinhas, formando o corpo lúteo.
ou
Se houver gravidez, o corpo lúteo é “salvo” pela
(3) que já tenham menstruado, mas estejam sem gonadotrofina coriônica humana (hCG)
menstruar por período total equivalente a três ciclos
prévios ou seis meses. Se a gravidez não se concretizar, a secreção de
progesterona e de estrogênio é interrompida,
Ciclo menstrual resultando em descamação endometrial.

O endométrio deve estar apto a responder


normalmente à estimulação hormonal, e o colo, a
vagina e o introito devem estar presentes e patentes.

Classificação
Primária-

Ausência de menarca até 13ª e sem DSS ou >= 15 A com


DSS

Secundária-

Ausência de fluxo por 3m consecutivos em mulheres


com ciclos regulares ou por 6m em mulheres com ciclo
Em primeiro lugar, o eixo hipotálamo-hipófise-ovário > 35 dias
deve estar funcional.

O hipotálamo libera pulsos de hormônio liberador da


gonadotrofina (GnRH)

O GnRH estimula a síntese e a secreção das


gonadotrofinas (LH) e (FSH), pelas células
gonadotróficas da adeno-hipófise.

LH e FSH - Atuam no ovário para estimular o


desenvolvimento folicular e a produção de hormônios
ovarianos.

hormônios esteroides (estrogênio,


progesterona e androgênios),

hormônio peptídeo inibina (bloqueia a síntese


e a secreção do FSH)

o desenvolvimento de folículos maduros resulta em


elevação rápida nos níveis de estrogênio.
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Distúrbios Anatômicos
Herdados- Mais frequentes em adolescentes
1. Obstrução distal do trato genital

O volume de sangramento uterino é normal, mas as


vias normais para eliminação do sangue estão
obstruídas ou ausentes.

Sintomas comuns: podem apresentar sintomas pré- Mayer- Rokitansky


menstruais, como sensibilidade nas mamas, desejos
Na agenesia mülleriana total, mais conhecida como
alimentares e mudanças no estado de humor,
síndrome de Mayer- -Rokitansky-Kuster-Hauser, as
atribuíveis a níveis elevados de progesterona. Além
pacientes não conseguem desenvolver nenhuma das
disso, o acúmulo do sangue menstrual obstruído com
estruturas müllerianas, e o exame revela apenas uma
frequência causa dor abdominal cíclica.
pequena depressão vaginal.
Complicações: Em mulheres com obstrução do trato
Sd de Morris
genital, o aumento na menstruação retrógrada pode
resultar no desenvolvimento de endometriose e O quadro de agenesia mülleriana total pode ser
complicações associadas, como dor crônica e confundido com o da síndrome da insensibilidade
infertilidade. completa aos androgênios (SIA) ou Sd de Morris
caracterizada pela incapacidade parcial ou total das
Tratamento: Em sua maioria os casos são tratados
células para responder aos andrógenos, como a
precocemente com estrogênio tópico e/ou separação
testosterona. Na SIA, a paciente apresenta cariótipo
manual
46,XY e testículos funcionais, como seus corpos são
2. Malformações Mullerianas incapazes de responder aos hormônios andrógenos
(masculinos), eles podem ter características sexuais
A agenesia mülleriana (mal formação da parte superior
principalmente femininas ou sinais de
da vagina) pode ser parcial ou total.
desenvolvimento sexual ambíguo, masculino e
A amenorreia pode resultar de obstrução do trato de feminino
saída ou de ausência de endométrio nos casos que
Já as malformações uterinas não obstrutivas costumam
envolvam agenesia uterina.
ser assintomáticas, a não ser que associadas a septos
vaginais, que podem levar à dispareunia (dor para ter
relação).

Sintomas comuns:

as anomalias obstrutivas, em que o útero tem um


endométrio funcionante que não tem comunicação, ou
está associado à aplasia (ausência) ou à displasia
(alteração) do colo do útero e/ou da vagina.

geralmente dor cíclica – devido à retenção da


menstruação, com hematometra (acúmulo de
sangue no útero) e hematocolpos (acúmulo de
sangue na vagina), endometriose,
endometriomas, incapacidade em estabelecer
uma vida sexual, além de dificuldades
reprodutivas (mesmo sob tratamento de
reprodução assistida).

malformações uterinas não obstrutivas costumam ser


assintomáticas, a não ser que associadas a septos
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vaginais, que podem levar à dispareunia (dor para ter As sinéquias intrauterinas caracteristicamente se
relação). apresentam como falhas de enchimento irregulares e
anguladas no interior da cavidade uterina.
Adquiridos
A ultrassonografia transvaginal, pode ajudar a
1. Estenose do colo uterino
esclarecer esses casos difíceis, mas o diagnóstico
Causa: Fibrose pós-operatória e estenose do colo definitivo requer histeroscopia.
uterino podem se seguir a procedimento de dilatação e
Tratamento: A lise histeroscópica de aderências é o
curetagem (D&C), excisão eletrocirúrgica por alça
tratamento cirúrgico preferencial
diatérmica, infecção e neoplasia. Alterações atróficas
ou radioterápicas graves também podem causar a
estenose que obstrui a passagem do fluxo sanguíneo

Sintomas: incluem amenorreia, sangramento anormal,


dismenorreia e infertilidade. As mulheres pós-
menopáusicas geralmente se mantêm assintomáticas
até que haja acúmulo de líquido, exsudato ou sangue.

Avaliação: A impossibilidade de introduzir o dilatador


na cavidade uterina é diagnóstica. Se a obstrução for
total, palpa-se útero aumentado e de consistência
macia.

Tratamento: O manejo das pacientes com estenose do


colo uterino envolve dilatação cervical e exclusão de
neoplasia
2. Sindrome de Asherman

Também conhecidas como aderências intrauterinas e,


quando sintomáticas, síndrome de Asherman, o
espectro de fibrose inclui aderências finas, bandas
densas ou obstrução total da cavidade uterina

A destruição do endométrio basal impede que haja


espessamento endometrial em resposta aos esteroides
ovarianos. Portanto, não há menstruação. Não há
formação de tecido, nem o seu deslocamento por
ocasião da queda hormonal ao final da fase lútea.

Sintomas: É possível haver amenorreia nos casos com


fibrose intrauterina extensiva. Nos casos menos graves,
as pacientes podem se apresentar com hipomenorreia
ou com perdas recorrentes de gravidez causadas por
placentação anormal.

Causas: Curetagem, Aborto e o dano também pode


resultar de outras cirurgias uterinas, incluindo
metroplastia, miomectomia ou parto cesariano, ou de
infecções relacionadas ao uso de dispositivos
intrauterinos.

Avaliação: Quando há suspeita de sinéquias


intrauterinas, a histerossalpingografia é o exame
indicado.
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Distúrbios endócrinos Síndrome do ovário resistente mutação nos receptores


de LH e FSH que impedem a resposta a gonadotrofinas

1. Hipogonadismo Hipergonadotrófico ou c) Anormalidades adquiridas:


Insuficiência Ovariana Prematura pode ser adquirido por meio de infecções, doenças
autoimunes, tratamentos medicamentosos ou outras
(1) a função ovariana esteja reduzida ou ausente
causas.
(hipogonadismo) e
A insuficiência ovariana iatrogênica é uma forma de
(2) as gonadotrofinas, em razão da ausência de apresentação relativamente comum. Nesse grupo estão
feedback negativo, LH e FSH, encontrem-se pacientes submetidas à remoção cirúrgica total dos ovários
aumentadas no soro (hipergonadotrófico). em razão de cistos recorrentes, endometriose ou doença
inflamatória pélvica grave.
Essa categoria de distúrbio implica disfunção primária
ao nível do ovário, e não em nível central, no é uma condição em que os ovários não funcionam
hipotálamo ou na hipófise. adequadamente antes dos 40 anos de idade. Essa condição
leva a uma diminuição na produção de hormônios sexuais,
Avaliação: O diagnóstico é determinado por duas incluindo o estrogênio, e pode resultar em sintomas
dosagens séricas de FSH acima de 40 mUI/mL, obtidas semelhantes à menopausa, como irregularidades
com intervalo mínimo de um mês e PRL normal menstruais, ondas de calor, secura vaginal e dificuldade para
engravidar.
Causas:
a) Defeito cromossômico- Disgenesia gonadal:

uma condição em que as gônadas não se desenvolvem


adequadamente caracterizada pela presença de
apenas um cromossomo X (45,X) ou por anormalidades
estruturais do cromossomo X. Mulheres com Síndrome
de Turner têm gônadas subdesenvolvidas ou ausentes,
o que resulta na falta de desenvolvimento dos ovários.

Isso significa que há baixa produção de hormônios


sexuais (estrógeno em mulheres) pelas gônadas
(ovários), mas níveis elevados dos hormônios FSH
(Folículo Estimulante Hormônio) e LH (Luteinizante
Hormônio) produzidos pela glândula pituitárialevando
ao hipogonadismo hipergonadotrófico.

b) Defeitos genéticos:

Síndrome do X frágil gera nos pacientes infantilismo


sexual e amenorreia primária em razão da ausência de
secreção estrogênica.
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2. Hipogonadismo Hipogonodotrófico estímulo dos hormônios sexuais produzidos pelo
hipotálamo e pela glândula pituitária. Isso resulta na
A denominação hipogonadismo hipogonadotrófico
falta de desenvolvimento sexual secundário, incluindo
indica que a anormalidade primária está no eixo
a amenorreia em mulheres e a falta de
hipotálamo-hipófise.
desenvolvimento sexual em homens.
A redução na estimulação dos ovários pelas
Adquirida-
gonadotrofinas leva a perdas na foliculogênese
ovariana. abrange três grandes categorias: transtornos
alimentares, excesso de exercícios e estresse.
a) Distúrbios hipotalâmicos
É importante enfatizar que, para cada causa de
Hereditários – amenorreia hipotalâmica funcional, é possível haver
• Sd de Kallman: contribuição de uma ou todas essas vias.

Essa síndrome pode ser herdada como um distúrbio • Transtornos alimentares.


ligado ao X, autossômico dominante, ou autossômico Os transtornos alimentares, anorexia e bulimia, podem
recessivo no gene KAL1. resultar em amenorreia.
Expresso durante o desenvolvimento fetal, KAL1 é um A anorexia nervosa está associada a restrições calóricas
gene codifica a anosmina 1, proteína que é essencial graves, perda de peso, indução ao vômito, uso
para a migração normal do GnRH e de neurônios excessivo de laxantes e exercícios compulsivos. Na
olfativos, a falta de sua expressão resulta em déficits anorexia o nível de leptina normalmente está reduzido.
auditivos e reprodutivos
a hipótese de que a redução na produção de leptina
Como resultado, o GnRH secretado no local é incapaz causada por perda de peso poderia secundariamente
de estimular a secreção de gonadotrofinas pela adeno- estimular o neuropeptídeo Y (NPy), que é conhecido
hipófise. A redução acentuada na produção de por estimular o apetite e alterar a pulsatilidade do
estrogênio ovariano resulta em ausência de GnRH.
desenvolvimento das mamas e de ciclos menstruais.
• Amenorreia induzida por exercícios.
Sintomas comuns-
é mais comumente encontrada em mulheres cujo
falta de características sexuais secundárias, amenorreia
regime de exercício esteja associado à perda
primária em meninas, falta de virilização em meninos).
significativa de gordura, como balé, ginástica e corridas
• Sd. De Hipogonadismo Hipogonadotrófico de longa distância
Idiopático Particularmente, os exercícios foram associados a
aumento nos níveis de opiáceos endógenos (b-
endorfinas), produzindo a sensação conhecida como
“estado eufórico dos corredores” (runner’s high).
• Sd. De Prader-Willi Os opiáceos alteram a pulsatilidade do GnRH,
conforme demonstrado com o tratamento de humanos
Ela é causada por uma anomalia genética na qual genes
e de modelos animais com antiopiáceos, como a
específicos localizados no cromossomo 15 (na região
naloxona.
15q11-q13) estão ausentes ou desativados.
Como parte da resposta ao estresse, cada uma dessas
A disfunção no cromossomo 15 pode afetar a função do condições pode aumentar a liberação do hormônio
hipotálamo devido a alterações nos genes localizados liberador da corticotrofina (CRH, de corticotropin-
nessa região e às vias de sinalização que regulam a releasinghormone) pelo hipotálamo, o que, por sua
produção de hormônios. vez, resulta na secreção de cortisol pela suprarrenal.

Indivíduos com SPW frequentemente desenvolvem O CRH altera o padrão da secreção pulsátil de GnRH,
hipogonadismo hipogonadotrófico, o que significa que enquanto o cortisol age direta ou indiretamente para
seus ovários (em mulheres) ou testículos (em homens) interromper a função neuronal do GnRH.
não funcionam adequadamente devido a uma falta de
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• Amenorreia induzida por estresse. b) Distúrbios da adeno-hipófise

A amenorreia induzida por estresse pode estar A adeno-hipófise é formada por gonadotrofos
associada a eventos traumáticos da vida cotidiana, lactotrofos tirerotrofos, corticotrofos e somatotrofos
essa observação pode ser considerada apenas em
Embora vários distúrbios possam afetar diretamente os
parte, porque esses problemas, em geral, não são
gonadotrofos, algumas causas de amenorreia com
encontrados isoladamente.
origem na hipófise também podem ocorrer após
anormalidades em outros tipos de células hipofisárias,
que, por sua vez, alteram a função gonadotrófica

Hereditários – mutações em genes que codificam o LH

Adquiridas- adenomas e tumores hipofisários, nível


elevado de prolactina e síndrome de shehan são alguns
exemplos.

Síndrome de Shehan

A denominação síndrome de Sheehan refere-se ao pan-


hi- popituitarismo. Classicamente, ocorre após
• Pseudociese hemorragia massiva pós-parto com hipotensão
associada. A hipotensão abruta e grave leva à isquemia
Essas pacientes acreditam que estão grávidas e, em e necrose da hipófise
seguida, apresentam uma série de sinais e sintomas de
gravidez, incluindo amenorreia.

Uma ligação comum entre essas pacientes é o histórico


de algum sofrimento profundo, como abortamento
recente ou morte de um lactente.

• Destruição anatômica

Processos que destruam o hipotálamo e afetem o Gnrh.


Os tumores mais comumente associados à amenorreia
incluem craniofaringiomas, germinomas, tumores de
seio endodérmico, granuloma eosinofílico (síndrome
de Hand-Schuller- -Christian) e gliomas, assim como
lesões metastáticas.

O mais comum desses tumores, o craniofaringioma,


localiza-se na re- gião suprasselar, e as pacientes, com
frequência, apresentam-se com cefaleia e alterações
visuais.

Há também casos de comprometimento da secreção de


GnRH relacionado a infecções, como a tuberculose, e a
doen- ças infiltrativas, como a sarcoidose. Trauma ou
irradiação do hipotálamo também podem resultar em
disfunção hipotalâmi- ca e amenorreia subsequente.
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3. Amenorreia eugonadotrófica tumor ovariano produtor de estrogênios ou de
androgênios. Dentre os exemplos desse tipo de tumor
Vários distúrbios que produzem amenorreia não estão
estão tumores das células da granulosa, tumores das
associados a níveis gonadotróficos significativamente
células da teca e teratomas císticos maduros.
anormais.
d) Hiperprolactinemia e hipotireoidismo
Nessas mulheres, a secreção crônica de esteroide
sexual interfere com a retroalimentação normal entre
ovário e eixo hipotálamo-hipofisário.

A ausência de ciclicidade interfere na maturação


normal de oócitos e na ovulação, impedindo a
ocorrência de menstruação.

a) Síndrome do ovário policístico (SOP)

a causa mais comum de anovulação crônica com


estrogênio presente

Sintomas: As pacientes com SOP podem se apresentar


com uma ampla variedade de quadros menstruais. A redução primária nos níveis circulantes de hormônio
da tireoide provoca aumento compensatóriode TH. o
- Primeiro, ocorre amenorreia total seguindo-se à TRH aumenta o TSH estimulando os tireotrofos
anovulação. Sem ovulação, não há progesterona e sem hipofisários. Além disso, o TRH liga-se também aos
a queda súbita de progesterona não há fluxo lactotrofos hipofisários, aumentando a secreção de
menstrual. prolactina.
- Contudo, em algumas mulheres com SOP, a O aumento da prolactina circulante resulta em aumen-
amenorreia pode ser causada pela capacidade dos to compensatório da dopamina central, o principal
androgênios, elevados nessas pacientes, de atrofiar o inibidor da secreção de prolactina. O aumento nos
endométrio. níveis centrais de dopamina altera a secreção de GnRH,
rompendo, consequentemente, a secreção
- Alternativamente, é possível haver menometrorragia gonadotrófica cíclica normal e impedindo a ovulação.
secundária à estimulação estrogênica endometrial sem Observe que esse aumento da prolactina pode ser
oposição. No interior desse endométrio instável, primário, por exemplo. o causado por prolactinoma, ou
espessado em fase proliferativa, episódios de colapso se- cundário, em razão de elevação no TRH
estromal com descolamento levam a sangramento
irregular. Níveis séricos significativamente elevados de prolactina
quase sempre são causados por um tumor hipofisário,
b) Hiperplasia suprarrenal congênita com início na como o adenoma secretor de prolactina.
vida adulta
De qualquer forma, ao realizar a anamnese, é
Esse quadro é extremamente semelhante ao da SOP, importante lembrar que muitos medicamentos e
com hiperandrogenismo e ciclos menstruais fitoterápicos foram associados à galactorreia, sendo
irregulares. possível predizer que prejudiquem a ciclicidade
Na maioria dos casos, é causada por uma mutação no menstrual.
gene CYP21, que codifica a enzima 21-hidroxilase Os medicamentos antipsicóticos provavelmente sejam
Pacientes portadoras de HSRC não são capazes de os mais comumente encontrados nesse cenário clínico.
converter uma porcentagem adequada de
progesterona em cortisol e aldosterona, desviando,
consequentemente, os precursores de progesterona
para a via androgênica

c) Tumor ovariano

Embora pouco comum, a anovulação crônica com


estrogênio presente também ocorre em casos com
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Avaliação são as que esclarecem sobre cessação precoce da


menstruação ou histórico de doença autoimune,
incluindo doença da tireoide, capazes de sugerir risco
ANAMNESE aumentado de IOP.
1. perguntas sobre o desenvolvimento puberal. Antecedentes de irregularidade menstrual ou sinais de
A paciente teve puberdade normal em termos de início produção excessiva de androgênios podem ser
e progressão? observados nas mulheres com SOP.

Chegou a ter ciclicidade menstrual regular? É possível que tenha havido casos de morte súbita
neonatal em membros de famílias com mutações no
Deve-se caracterizar intervalo e duração do ciclo bem gene CYP21, responsável pela HSRC clássica.
como a quantidade de fluxo menstrual.
6. história social
É importante determinar quando foi observada
alteração nesse padrão, e se tal alteração foi abrupta deve-se investigar exposição a toxinas ambientais,
ou gradual. incluindo cigarros.

2. O desenvolvimento da amenorreia É necessária atenção a qualquer medicamento sendo


utilizado, em especial aqueles que aumentem os níveis
foi associado à infecção pélvica, cirurgia, radioterapia, de prolactina, como os antipsicóticos.
quimioterapia ou outra doença?
EXAME FÍSICO
3. A história cirúrgica
A aparência geral é útil na investigação de casos de
deve se concentrar em procedimentos pélvicos amenorreia.
anteriores, particularmente os intrauterinos, incluindo
dilatação e curetagem. • IMC baixo, talvez em conjunto com desgaste do
esmalte dos dentes resultante de vômitos
Deve-se buscar identificar complicações associadas às recorrentes, é altamente sugestivo de
cirurgias realizadas, principalmente infecções. transtorno alimentar.
4. A revisão dos sintomas • É muito importante buscar sinais de síndrome
de Turner, incluindo baixa estatura e outros
Por exemplo, cefaleias de início recente ou alterações estigmas, como pescoço alado ou tórax em
visuais podem ser indicações da presença de tumor no forma de escudo. O
SNC ou na hipófise. • Os defeitos na linha facial média, como fenda
palatina, são consistentes com algum defeito
Tumores hipofisários podem comprimir o quiasma
no desenvolvimento hipotalâmico ou
óptico resultando em hemianopsia bitemporal, ou seja,
hipofisário.
perda dos campos visuais externos direito e esquerdo.
• A presença de hipertensão arterial em
Galactorreia bilateral espontânea é consistente com o pacientes pré-púberes é consistente com
diagnóstico de hiperprolactinemia. mutações no gene CYP17 com desvio da via
esteroidogênica para a produção de
A presença de doença da tireoide pode estar associada
aldosterona.
à intolerância ao calor ou ao frio, alterações de peso ou
• Alterações no campo visual, em particular
do sono.
hemianopsia bitemporal, indicam tumores
Fogachos e ressecamento vaginal sugerem hipofisários ou no SNC.
hipogonadismo hipergonadotrófico, ou seja, • A inspeção da pele pode revelar acantos e
insuficiência ovariana prematura. nigricante, hirsutismo ou acne, que indicam
SOP
Com frequência, hirsutismo e acne são observados em
• No exame das mamas, galactorreia bilateral
pacientes com SOP ou com HSRC de início tardio.
implica presença de hiperprolactinemia.
A dor pélvica cíclica indica obstrução do trato genital
inferior.

5. antecedentes familiares
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EXAME GINECOLÓGICO exames solicitados podem ser modificados em função
• O exame da genitália inicia-se com a da história clínica e do exame físico da paciente
verificação no padrão de distribuição dos pelos
pubianos.
o Pelos pubianos ausentes ou com
distribuição feminina esparsa podem
ser causados por ausência de
adrenarca ou por SIA.
o Por outro lado, níveis elevados de
androgênios resultam em padrão
masculino de distribuição dos pelos
genitais.
• Níveis acentuadamente altos de androgênios
também podem produzir sinais de virilização,
em especial a clitoromegalia. essas mulheres
também podem apresentar engrossamenTo da
voz e padrão masculino de calvície
• as evidências de produção estrogênica incluem
vagina úmida de cor rosada e muco cervical.
• O esfregaço vaginal demonstrará
predominância de células epiteliais superficiais
• caracterização de anomalias müllerianas por
meio do exame físico.
• O toque retal e vaginal pode ajudar a
identificar a presença de útero acima de
obstrução ao nível do introito vaginal ou na
vagina.

EXAMES LABORATORIAIS

O diagnóstico diferencial de amenorreia é extenso, mas


a investigação na maioria dos casos é relativamente
simples. Assim como para qualquer distúrbio, os
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Tratamento
O tratamento da amenorreia depende da etiologia e
dos objetivos da paciente, como desejo de tratar
hirsutismo ou de engravidar

Reposição estrogênica

Esse tipo de terapia deve ser aplicado basicamente em


todas as pacientes com hipogonadismo para evitar a
incidência de osteoporose. Assim como ocorre em
mulheres após a menopausa, a perda óssea é acelerada
nos primeiros anos de privação estrogênica.

Infertilidade

Para as mulheres que pretendam engravidar haverá


necessidade de abordagens alternativas. O tratamento
adequado da hiperprolactinemia e da doença da
tireoide resulta em ovulação e fertilidade normais na
maioria.

Educação das pacientes

Para finalizar, como em todas as condições médicas, as


pacientes devem receber orientações adequadas sobre
seu diagnóstico, implicações em longo prazo e opções
de tratamento.
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Síndrome de Ovários A resistência à insulina é outro importante elemento


dessa síndrome. Mulheres obesas, com SOP têm uma
sobrecarga da resistência à insulina relacionada com a
Policísticos sua adiposidade. A resistência à insulina parece ser a
responsável pela associação entre essa síndrome e o
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é a diabetes tipo 2. Também, pode estar associada com
endocrinopatia mais comum de mulheres no período fatores de risco cardiovascular, como dislipidemia e
reprodutivo. hipertensão.

Fisiopatologia A resistência à insulina associada com a


hiperinsulinemia compensatória também são fatores
Na SOP, a produção de gonadotrofinas pode estar importantes na fisiopatologia, estando relacionados
alterada. com o excesso de andrógenos e anovulação.
O hipotálamo, através da liberação pulsátil de A insulina estimula a produção de andrógenos pelos
hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), ovários por meio da ativação de receptores IGF-1 (fator
estimula o aumento da produção de hormônio de crescimento insulina-símile-1), e as mulheres com
luteinizante (LH) e hormônio folículo estimulante (FSH). SOP parecem ter uma hipersensibilidade a esse
Quanto mais rápida for a secreção de GnRH, maior será estímulo, mesmo quando os tecidos muscular e
a produção de LH e quanto mais lenta for a liberação de adiposo manifestam resistência a insulina.
GnRH, maior a síntese de FSH. Além disso, a hiperinsulinemia inibe a produção
Nas mulheres, os andrógenos são sintetizados pelos hepática de SHBG, enzima ligada a 80% da
ovários, fígado, adrenais, músculo, pele e tecido testosterona, umentando os níveis de testosterona
adiposo. livre, que causa hirsutismo, acne e alopecia, e o de
estradiol livre, que contribui como fator de risco para
Nos ovários, a ação do LH nas células da teca, corpo câncer de endométrio. Finalmente, a insulina impede a
lúteo e estroma, e a ação do FSH nas células granulosas, ovulação, seja diretamente afetando o
controlam a produção de estrógenos, a partir dos desenvolvimento folicular, ou indiretamente
andrógenos. aumentando os níveis intraovarianos de andrógenos ou
Na SOP, a secreção de GnRH está desregulada, de alterando a secreção de gonadotrofinas.
modo que há um aumento na relação de LH/FSH que Quadro clinico
muda de 2/1 para 3/1.
distúrbio menstrual e hiperandrogenismo cutâneo. Em
O aumento do LH eleva a secreção de andrógenos geral, há infertilidade na idade adulta e risco de
ovarianos (androstenodiona e testosterona) causando desenvolvimento de doenças cardiometabólicas,
desregulação em todo o eixo hipotálamo-hipófise-
ovários.

Além disso, o aumento da testosterona causa sintomas


de hiperandrogenismo e o aumento de
androstenodiona causa um aumento no nível de
estrona que contribui para o desenvolvimento de
câncer de endométrio.

Outro mecanismo que contribui para o


hiperandrogenismo é o aumento da produção de
andrógenos pelas adrenais, presente em 25% das
mulheres com SOP. Esse aumento ocorre devido a A etiologia da SOP ainda é desconhecida. Vários
fatores genéticos ou em resposta à elevada secreção de investigadores postulam que seria uma desordem
andrógenos ovarianos. genética.

A diminuição da secreção de FSH impede a completa


maturação do folículo levando à anovulação crônica.
Além disso, há redução da síntese de estrógeno.
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Índice de Ferriman Galleway

hiperprolactinemia, síndrome de Cushing,


acromegalia e hiperplasia adrenal congênita.
Classificação da gravidade do hirsutismo em mulheres. Avaliação
Cada uma das 9 áreas do corpo mais sensíveis ao
andrógeno é atribuída uma pontuação de 0 (sem Clínica:
cabelo) a 4 (francamente viril), e estes são somados
• Histórico de disfunções menstruais:
para fornecer uma pontuação de hirsutismo hormonal.
amenorreia associada com ganho de peso,
O hirsutismo “focal” (pontuação de 1 a 7) é uma menarca em tempo normal ou em atraso,
variante normal comum, ciclos irregulares.
• Níveis hormonais: prolactina sérica e estradiol
enquanto o hirsutismo generalizado (pontuação de 8
sérico elevados
ou mais) é anormal
• Resistência insulínica: acantose nigricans na
8-15: leve região cervical posterior, axilar e inguinal
• Obesidade: hiperglicemia, IMC, medidas da
16-25: moderado
circunferência de quadril e cintura, relação
26-36: grave cintura quadril > ,0.85
• Hiperandrogenismo: início dos sintomas,
Fatores de risco histórico pessoal ou familiar de hiperplasia
• Pode estar associada à obesidade e/ou a adrenal ou de doenças metabólicas
resistência insulínica, Exame físico e Complementares:
• diabetes mellitus tipo 1, tipo 2 ou diabetes
gestacional, • Antropometria: IMC, medidas da
• adrenarca prematura, circunferência de quadril (> ou = a 80cm) e
• parentesco de 1º grau com pacientes que cintura, relação cintura quadril > ,0.85
apresentam SOP, doenças cardiovasculares e • Medida da PA > 130/85 mmHg
drogas antiepiléticas. • Glicemia de jejum > 100 mg/dL (pesquisa de
• crianças com baixo peso ao nascimento diabetes e de resistência insulínica)
• ou macrossômicas (mais de 4.500 g) ao • Pele com acantose ou hiperandrogenismo
nascimento (hirsutismo, acne – face, dorsal e peitoral)
• dosagem de colesterol total, LDL, triglicérides
Diagnóstico e HDL servem para auxiliar no diagnóstico de
Baseado nos Critérios de Rotterdam síndrome metabólica e controle da obesidade.
• A dosagem de testosterona total e de SHBG
são necessárias para o cálculo de testosterona
livre no sangue, que pode estar aumentada ou
normal na SOP.
• A testosterona livre calculada é o marcador
mais útil e sensível de hiperandrogenemia em
• Diferenciais mulheres, e pode ser usada para diagnóstico e
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seguimento conjuntamente com a avaliação Pode ser realizada a combinação de
clínica
• acetato de ciproterona (2mg) mais etinil
• A ultrassonografia é o exame de imagem mais
estradiol (35 µg) por 21 dias (Dunia 35, Diane
útil para o diagnóstico de SOP.
35, artemidis 35, Lady tem 35 ou SOP) ou
o A ultrassonografia transvaginal deve
ser solicitada para a detecção de
ovários policísticos e ser realizada
entre a fase pré-menstrual e o terceiro
dia do ciclo.
o Os achados de SOP incluem: mais de
12 cistos foliculares com diâmetro
entre 2 e 9 mm no córtex ovariano,
aumento da densidade no estroma e
volume ovariano maior que 10 cm

• drospirenona (3mg) mais etinil estradiol


(30µg) por 28 dias. (molieri 30, iumi, ginina 30
e lyllas)

O efeito antiandrogênico é devido à redução do LH e,


consequentemente, da produção ovariana de
andrógenos pelo componente estrogênico.
o
• A tomografia computadorizada e a Os estrógenos também aumentam a síntese de SHBG,
ressonância magnética são utilizadas para a reduzindo, assim, testosterona livre.
exclusão de outras patologias, como por
O resultado é melhor na acne (50%) e menor no
exemplo, o tumor adrenal.
hirsutismo, necessitando de mais tempo de
administração.

Tratamento Os efeitos adversos dos anticoncepcionais na


resistência insulínica, tolerância à glicose, reatividade
1. Contraceptivos Orais
vascular e coagulabilidade devem ser considerados, em
Os contraceptivos orais (CO) são utilizados para especial após a disponibilidade das drogas que
diminuem a concentração de insulina.
• a prevenção de câncer de endométrio,
• ara regularização dos ciclos menstruais e 2. Terapia antiandrogênica
• para tratar os sintomas de hiperandrogenismo 2.1 Espironolactona
por meio da diminuição da produção de é um antagonista da aldosterona e trata
andrógenos ovarianos e pelo aumento da efetivamente o hirsutismo, na qual é
produção hepática do hormônio sexual frequentemente utilizada em combinação com
vinculado à globulina, contraceptivos orais pelo fato do efeito aditivo da
supressão androgênica (contraceptivos orais) e
Tipos: bloqueio androgênico (Espironolactona).

1. contraceptivos orais Administrada inicialmente na dose de 25mg 2x/dia


e, se bem tolerada, aumentada para 50mg 2x/dia;
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caso não haja benefícios após três meses, doses láctica, insuficiência cardíaca congestiva, doença
altas podem ser consideradas. pulmonar hipóxica crônica, uso abusivo de bebidas
alcoólicas e hipersensibilidade à metformina. Ainda
Efeitos adversos mais comuns são irregularidades
não há estudos que comprovem a segurança do uso de
menstruais e dolorimento mamário.
metformina durante a gravidez.
A espironolactona também contribui para
3.2 As tiazolidinedionas (TZDs)
melhorar a acne.
aumentam a sensibilidade à insulina por meio da
2.2 O acetato de ciproterona (25mg a 50mg nos
ativação de múltiplos genes, e estimulam o estoque de
primeiros 10 dias do ciclo)
ácidos graxos livres no tecido adiposo, poupando o
Inibe a ligação da testosterona e da fígado, o músculo esquelético e, provavelmente, as
diidrotestosterona no receptor de andrógenos, células β das ilhotas pancreáticas da lipotoxicidade.
diminui a secreção de andrógenos ovarianos por
Tal como acontece com metformina, as TZDs são
inibir a liberação de gonadotrofinas e rduz a
relatadas a afetar síntese esteroidal ovariana
concentração da 5α-redutase da pele.
diretamente, embora a maioria das evidências indique
A melhora do hirsutismo ocorre após intervalo de que a redução da insulina é responsável pela
três a seis meses de tratamento. diminuição das concentrações circulantes de
andrógenos
2.3 A finasterida
A administração de rosiglitazona (4 mg/ dia) ou de
é um inibidor da 5α- redutase. É administrada, no pioglitazona (30 mg/dia) a mulheres obesas e não
hirsutismo, na dose de 5mg/dia, e a melhora ocorre obesas com SOP levou à mehora da resistência à
após três meses. insulina, diminuição da produção androgênica
2.4 A flutamida ovariana, independente da alteração dos níveis de LH,
restauração da ovulação espontânea e diminuição dos
é um potente antiandrógeno não esteroide efetivo níveis circulantes de SDHEA.
no tratamento do hirsutismo, administrada
preferivelmente em dose baixa de 125 mg, duas As TZDs não devem ser usadas em pacientes com
vezes ao dia, por 6 a 12 meses. hepatopatia. Também não é recomendado o uso em
pacientes com insuficiência cardíaca das classes 3 e 4
Havendo a possibilidade de gravidez, deve ser
associada com um contraceptivo trifásico. 4. Indutores da ovulação

Os efeitos colaterais mais comuns são asteatose e O citrato de clomifeno (CC),


aumento do apetite. um estimulador indireto da secreção de FSH, foi o
3. Agentes Hipoglicemiantes primeiro indutor da ovulação a ser utilizado e ainda
3.1 A metformina está sendo indicado como fármaco de primeira linha no
tratamento da infertilidade na SOP.
diminui a gliconeogênese hepática e eleva a
sensibilidade à insulina no tecido muscular e adiposo, A dose inicial é de 50 mg diariamente por 5 dias,
reduzindo a concentração da insulina e de glicose sérica começando no 3º ou 5º dia do ciclo menstrual, e se a
e, consequentemente, diminuindo a produção de ovulação não ocorrer no primeiro ciclo do tratamento,
andrógenos pelas células da teca. a dose é aumentada para 100 mg e,
subsequentemente, para um máximo de 150 mg.
A administração é realizada na dose de 500mg 3x/dia
ou 850mg 3x/dia. Os efeitos colaterais são raros, dependente da dose, e
raramente interfere com a terapia, nos quais incluem
Os efeitos colaterais são as reações gastrointestinais fogachos, visão turva e a inibição do crescimento do
como diarreia, náuseas, vômitos, flatulência e anorexia, endométrio mediada pelo estrogênio.
diminuição dos níveis de vitamina B12 (6 a 9%) e gosto
metálico (3%). O risco mais significativo com o CC é a gravidez
múltipla, que ocorre em até 6% das gestações. Pelo fato
As contraindicações são: doença renal, acidose de aumentar a ovulação em algumas mulheres, pode
metabólica, hepatopatia, história pregressa de acidose
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também aumentar a frequência de desprendimento do
endométrio e pode ajudar no controle do ciclo

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