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Disciplina: Farmácia Hospitalar

Prof. Dr. Renan Gomes Bastos


6º período de Farmácia – FEPI

ANTIMICROBIANOS E CONTROLE DE
INFECÇÃO HOSPITALAR
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS ANTIMICROBIANOS
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 Antimicrobianos – são fármacos


utilizados para o tratamento das mais
diferentes formas de infecções por
microrganismos
 Principais tipos de microrganismos
causadores de infecções em hospitais:
 Bactérias – Gram-positivas, Gram-
negativas, micobactérias, etc.
 Fungos – filamentosos e leveduras
 Vírus – simples e retrovírus
 Protozoários

 Antibiótico  antimicrobiano
PROPRIEDADES GERAIS DOS
3 ANTIMICROBIANOS

1) Toxicidade seletiva
2) Amplo espectro de ação
3) Não agir contra microbiota da flora normal
4) Solubilidade em líquidos corporais
5) Alcançar altas concentrações nos tecidos e
sangue
6) Não ser afetado pela acidez estomacal ou
proteínas do sangue
7) Não produzir efeitos colaterais
8) Alta disponibilidade e baixo custo
CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS
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 Quanto ao tipo de ação:


Bactericidas, fungicidas, viricidas ou
protozocidas
Matam os microrganismos
Efeito irreversível

Bacteriostáticos, fungistáticos,
viristáticos ou protozostáticos
Inibem o crescimento e
multiplicação dos microrganismos
Efeito reversível
CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS
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 Quanto à classe (bactérias):

 Penicilinas – amoxicilina, ampicilina, meticilina, oxacilina,


piperacilina
 Cefalosporinas – cefazolina, cefalexina, cefalotina,
cefuroxima, ceftazidima, ceftriaxona, cefepima
 Carbapenêmicos – imipenem, meropenem, ertapenem
 Macrolídeos – azitromicina, claritromicina, eritromicina
 Aminoglicosídeos – amicacina, gentamicina, neomicina,
estreptomicina
 Glicopeptídeos – teicoplanina, vancomicina
 Monobactâmicos – aztreonam
 Polipeptídicos – bacitracina, polimixina B
CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS
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 Quinolonas – ciprofloxacino, norfloxacino,


levofloxacino, ofloxacino, etc.
 Sulfonamidas – sulfametoxazol, sulfadiazina,
sulfassalazina, sulfanilamida, etc.
 Tetraciclinas – tetraciclina, doxiciclina, minociclina, etc.
 Lincosamidas – clindamicina, lincomicina
 Nitrosaminas – nitrofurantoína
 Agentes anti-anaeróbicos – metronidazol
 Anfenicois – cloranfenicol, etambutol
 Fosfatídicos – fosfomicina, ácido fusídico, furazolidona
CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS
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 Quanto à classe (fungos):


 Polienos – nistatina, anfotericina B
 Azóis – fluconazol, miconazol, cetoconazol, clotrimazol,
itraconazol, etc.
 Alilaminas – terbinafina, ciclopiroxolamina,
griseofulvina, etc.
 Equinocandinas – caspofungina, micafungina, etc.

 Quanto à classe (vírus):


 Antivirais – aciclovir, tenofovir,
zidovudina, zanamivir,
oseltamivir, indinavir, saquinavir, nevirapina, etc.
CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS
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 Quantoao espectro de ação:


Estreito – atuam sobre uma ou poucas
espécies de microrganismos

Amplo – atuam sobre várias espécies


CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS
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 Quanto ao uso:
 Profilático – prevenção de infecções que podem
aparecer ou então infecções de curta duração e/ou
patologia leve (ex: pré e pós-cirurgia, candidíase,
infecções de pele, etc.)

 Restrito – tratamento de infecções graves já pré-


existentes ou aqueles de alta taxa de resistência
microbiana ao tratamento (ex: infecção renal,
pneumonias, infecções cardíacas, infecções
intestinais, etc.)

 Doenças de epidemia/pandemia – ex: gripes,


tuberculose, etc.
POLÍTICA DE USO DOS ANTIMICROBIANOS EM HOSPITAIS
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 São medicamentos que requerem controle especial


– RDC nº 44/2010
 Panorama do uso de antimicrobianos em hospitais:
 30 a 50% dos pacientes usam pelo menos um
antimicrobiano (ex: centros cirúrgicos, UTIs)
 Representam25 a 35% dos custos com
medicamentos
 Cerca de 50% apresentam uso inadequado
 Alta incidência de reações adversas
 Amplo arsenal – dificulta avaliação precisa do
paciente
POLÍTICA DE USO DOS ANTIMICROBIANOS EM HOSPITAIS
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❖ Maioria dos casos é


irracional:
❖ Falta de aplicação de uma
legislação mais rígida
❖ Formação incompleta dos
médicos prescritores
❖ Prevalência da terapia
empírica (sem evidências
científicas)
❖ Pressão da indústria
farmacêutica
ATENÇÃO...
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Infecção hospitalar Infecção comunitária

É aquela adquirida após É aquela constatada


a admissão do no ato de admissão do
paciente e que se paciente no hospital,
manifeste durante a desde que não
internação ou após a relacionada com
alta internação anterior no
mesmo hospital
PRINCIPAIS CAUSAS DE INFECÇÕES HOSPITALARES
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 Condições clínicas do paciente


 Falta de vigilância epidemiológica adequada
 Uso irracional dos antimicrobianos –
resistência ao tratamento
 Utilização excessiva de procedimentos
invasivos (cateteres, sondas, entubação,
etc.)
 Métodos de proteção anti-infecciosa
ineficazes ou inexistentes
 30 a 40% da infecções são decorrentes
das mãos não-higienizadas corretamente
PRINCIPAIS CAUSAS DE INFECÇÕES COMUNITÁRIAS
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 Infecção em recém-nascido, cuja aquisição


por via transplacentária é conhecida ou foi
comprovada (ex: herpes, toxoplasmose,
rubéola, sífilis, etc.)
 Infecções adquiridas pela ingestão de
alimentos ou água contaminados em
ambiente externo ao hospital (ex:
restaurantes, bares, ambiente domiciliar,
etc.)
 Infecções adquiridas pelo contato com
secreções de pacientes contaminados na
comunidade (ex: gripe, pneumonia, etc.)
REGRAS PARA USO DE ANTIMICROBIANOS EM HOSPITAIS
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 Conhecimento do microrganismo causador


da infecção
 Análise microbiológica de amostras
biológicas do paciente
 Conhecimento do antimicrobiano ideal e
de suas propriedades farmacológicas
 Mecanismo de ação, efeitos adversos,
farmacocinética, interações, etc.
 Avaliação clínica do paciente
 Verificar alergias, estado de saúde,
doenças associadas, etc.
REGRAS PARA USO DE ANTIMICROBIANOS EM HOSPITAIS
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 Terapêutica combinada (+ de 1
antimicrobiano por paciente)
 Infecções polimicrobianas
 Evitar a resistência
 Necessidades de efeitos sinérgicos

 Sempre avaliar criteriosamente,


efetividade e custo dos fármacos de
última geração
 Escolha em conjunto com a Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)
DISPENSAÇÃO DE ANTIMICROBIANOS DE USO
17 PROFILÁTICO

 Livre
dispensa somente com a
prescrição médica

 Nãohá necessidade de
preenchimento de termo próprio
pelo médico

 Ex:maioria das penicilinas,


cefalosporinas (exceto
ceftazidima e cefepima),
macrolídeos, maioria dos
antifúngicos e antivirais
DISPENSAÇÃO DE ANTIMICROBIANOS DE USO RESTRITO
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 Como são usados para o tratamento de


infecções específicas...
 Dispensa somente é feita mediante o
preenchimento de um formulário de
uso restrito pelo médico (termo de
uso restrito da RDC 44)
 Deve conter todas as informações
(nome do paciente, medicamento,
dose, posologia, tempo de
tratamento, motivo de uso, etc.)
 Ex:ceftazidima, cefepima,
vancomicina, metronidazol,
meropenem, clindamicina, etc.
DISPENSAÇÃO DE ANTIMICROBIANOS DE USO RESTRITO
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DISPENSAÇÃO DE ANTIMICROBIANOS PARA TRATAMENTO
20 DE EPIDEMIAS/PANDEMIAS

 A dispensa é feita mediante o


preenchimento de um formulário próprio,
estabelecido pela Vigilância Epidemiológica
do município
 Também deve conter todas as informações
(nome do paciente, medicamento, dose,
posologia, tempo de tratamento, motivo de
uso, etc.)
 O farmacêutico deverá, obrigatoriamente,
encaminhar todos os formulários
preenchidos à Vigilância a cada 10 dias
 Ex: tuberculostáticos, oseltamivir (Tamiflu®)
DISPENSAÇÃO DE ANTIMICROBIANOS NÃO-
21 PADRONIZADOS

 Em alguns casos, é necessária a dispensação Nestes casos,


de antimicrobianos não-padronizados no deve-se entrar em
hospital contato com a
 Uso de mais de 5 antibióticos durante o diretoria técnica e
período de hospitalização administrativa do
hospital, para
 Tratamento contínuo por 1 mês autorização quanto
à compra
 Antibioticoprofilaxia em cirurgia maior do
que 48 horas
 Prescriçãode medicamentos recentemente
lançados no mercado, de elevado custo e
de amplo espectro
TERMOS USADOS EM TERAPIA ANTIMICROBIANA
22 HOSPITALAR

➢ Dose diária definida (DDD)


➢ Dose diária média de manutenção de um
antimicrobiano a um paciente de um setor hospitalar

➢ Potência (Pot)
➢ Corresponde à porcentagem de efeito de um
determinado antimicrobiano, quando comparado a um
padrão de referência

➢ Concentração inibitória (Cinib)


➢ Concentração do antimicrobiano necessária apenas
para impedir a proliferação microbiana
TERMOS USADOS EM TERAPIA ANTIMICROBIANA
23 HOSPITALAR

➢ Concentração inibitória mínima (CIM50)


➢ Concentração do antimicrobiano necessária para inibir
50% de crescimento microbiano

➢ Concentração microbicida (Ccida)


➢ Concentração do antimicrobiano necessária para
destruir 100% do microrganismo

➢ Quanto maior a Pot, melhor o efeito do antimicrobiano

➢ Quanto menores forem a Cinib, a CIM50 e a Ccida, melhor


o efeito do antimicrobiano
COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
24 (CCIH)

❖ Órgão que controla as atividades


de investigação, prevenção e
controle das complicações
infecciosas relacionadas com a
hospitalização do paciente

❖ Composição da comissão:
❖Serviço médico, enfermagem,
farmácia, laboratório de
microbiologia, administração e
técnicos de nível superior
PAPEL DO FARMACÊUTICO HOSPITALAR NA CCIH
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❖ Participar das reuniões da CCIH


❖ Participar da revisão da padronização de
antimicrobianos
❖ Participar da elaboração de protocolos de
tratamento com antimicrobianos
❖ Elaborar relatórios periódicos sobre o consumo,
custo e frequência de uso de antimicrobianos
❖ Participar de programas de monitorização
terapêutica de antimicrobianos
❖ Fornecer informações sobre interações,
incompatibilidades e interferência laboratorial de
medicamentos
COMO A CCIH VERIFICA O USO RACIONAL DE
26 ANTIMICROBIANOS?

1. Indicadores microbiológicos dos pacientes


2. Avaliação da DDD
3. Auditorias e planilhas de monitoramento de
consumo
4. Feedback das taxas de resistência antimicrobiana
pelos médicos
5. Observação das escolhas e duração da terapia
antimicrobiana aos pacientes
6. Gastos com compras de antimicrobianos
CONSIDERAÇÃO FINAL
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REFERÊNCIAS
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 BENICHOU, C. Guia Prático de Farmacovigilância. 2ª ed. São Paulo: Andrei, 1999.


 GOMES, M. J. V. M.; REIS, A. M. M. Ciências Farmacêuticas: Uma abordagem em Farmácia
Hospitalar. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2001.
 FERRACINI, F. T.; FILHO, W. M. B. Prática Farmacêutica no ambiente hospitalar. 1ª ed. São Paulo:
Atheneu, 2005.
 BARBIERI, J. C; MACHLINE, C. Logística hospitalar: teoria e prática. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
 JULIANI, R. G. M. Organização e funcionamento de farmácia hospitalar. 1ª ed. São Paulo: Érica,
2014.
 BURMESTER, H; HERMINI, A. H; FERNANDES, J. A. L. Gestão de materiais e equipamentos
hospitalares. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
 CARVALHO, F. D; CAPUCHO, H. C; BISSON, M. P. Farmacêutico hospitalar: conhecimentos,
habilidades e atitudes. São Paulo: Manole, 2014.
 GONÇALVES, E. L. et.al. Gestão hospitalar: administrando o hospital moderno. São Paulo: Saraiva,
2016.

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