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SUMMARY
Along with efforts aimed at optimizing recognition of infectious focus, knowledge of antibiotic resistant profiles and correct
interpretation of culture results, standardization of antibiotic therapy is of paramount importance in reducing mortality as-
sociated with sepsis in the ICU. Although there are enough scientific evidences related to reduced mortality and adequate
antibiotic therapy, standardizing therapy relies on local data or studies with low levels of evidence. We present in this review
the best evidences for adequate initial antibiotic therapy in the main infections in ICU patients.
Key Words: infection, pneumonia, fungemia, meningitis, bacteremia, antibiotic therapy
A
s infecções adquiridas dentro da Unidade de Te- introduzido empiricamente. Os tempos de internação e de
rapia Intensiva respondem por considerável mor- ventilação mecânica e o uso prévio de antimicrobianos, são
bimortalidade, excesso de internação e custo. Da os principais parâmetros epidemiológicos considerados para
mesma maneira, infecções graves que ocasionam admissão avaliar o risco de agentes multiresistentes e os critérios para
na UTI estão associados a considerável mortalidade. Evidên- escolha de agentes de última linha. Os pacientes com mais de
cias implicam a inadequação da antibioticoterapia, entendi- sete dias de internação e uso prévio de antibióticos de amplo
da como administração de drogas com dose e/ou espectro de espectro são propensos a infecções por agentes multiresisten-
ação inadequados ou mesmo a não introdução de terapia, tes, enquanto que os pacientes com menos de 72 horas de
está diretamente relacionada a aumento da mortalidade em internação, apresentam infecções, mesmo associadas à venti-
pacientes em Unidade de Terapia Intensiva. Desta maneira, lação mecânica, por agentes comumente encontrados na co-
além de esforços no sentido de identificar corretamente focos munidade. Candida spp. muito raramente causa pneumonia
infecciosos, conhecimento de perfis de resistência e adequada em pacientes em UTI5,6.
interpretação de resultados de culturas, a padronização da Embora não haja um consenso sobre o tempo ideal para
terapia antimicrobiana é de valor fundamental na redução da a duração do tratamento, há uma tendência para redução do
mortalidade relacionada a sepse em UTI. tempo de tratamento, não devendo ultrapassar 14 dias.
As propostas terapêuticas propostas a seguir (Tabelas 1,
Pneumonia Hospitalar 2, 3, 4 e 5) baseiam-se em fatores de risco, resultados de es-
tudos não aleatórios e opinião de sociedades de especialistas
As pneumonias hospitalares ocorrem com maior freqü- (Nível de Evidência de V – Grau de recomendação E ).
ência em pacientes sob ventilação mecânica (> 70%) e, em
muitas situações, os conceitos de fisiopatologia, diagnóstico
e tratamento são direcionados para pneumonia associada ao Tabela 1 – Proposta para Tratamento de Pneumonia
ventilador (PAV)1. Associada à Ventilação Mecânica que se Desenvolve
As PAV são as infecções mais freqüentes em UTI brasi- até Cinco Dias após a Internação Hospitalar.
leiras e européias. Nos Estados Unidos, ocorrem anualmente Primeira
150.000 a 300.000 pneumonias hospitalares2,3. Em geral, a Alternativas Observações
Opção
mortalidade atribuída situa-se entre 5% e 20%, sendo maior Ceftriaxona Levofloxacina, Considerar cobertura para agentes
em pacientes clínicos que cirúrgicos4,5. gatifloxacina, atípicos em casos mais graves com
piperacilina/ eritromicina ou claritromicina
Tratamento tazobactan, (exceto com o uso de quinolonas)
cefuroxime Considerar cobertura para
(casos mais estafilococos (clindamicina
Independente da opção terapêutica utilizada, o tratamen-
leves) ou oxacilina) em pacientes
to para pneumonia hospitalar, em particular para VAP, deve neurológicos (neurotrauma ou
ser introduzido o mais precocemente possível. Os parâmetros acidente vascular encefálico (AVE)
clínicos e radiológicos devem ser utilizados como parâmetros Cobertura mais agressiva para
para decidir pelo início do tratamento. Os resultados de cul- pacientes provenientes de casas de
tura devem ser usados para ajustar o esquema de tratamento repouso ou similares
1. Doutor em Medicina; Supervisor do CTI – HIAE; Chefe da CCIH – Hospital do Rim (UNIFESP)
2. Doutor em Medicina; Médico do CTI – Hospital Sírio Libanês; Professor da Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias (UNIFESP)
Apresentado na Assembléia do Consenso Brasileiro de Sepse em fevereiro de 2003
Aceito para publicação em Dezembro de 2004
Endereço para correspondência: Rua Barão de Santa Eulália, 170/21 - Real Parque - 05685-090 São Paulo, SP
aleatórios e opinião de sociedades de especialistas (Nível de 04. Heyland DK, Cook, DJ, Griffith L et al - The attributable morbidity and mor-
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Além de esforços no sentido de identificar corretamen- 06. Chastre J, Fagon JY - Ventilator-associated pneumonia. Am J Respir Crit Care
te focos infecciosos, conhecimento de perfis de resistência e Med, 2002;165:867-903.
07. Blumberg HM, Jarvis WR, Soucie JM et al - Risk factors for candidal blood-
adequada interpretação de resultados de culturas, a padroni- stream infections in surgical intensive care unit patients: the NEMIS prospec-
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