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Infecção Hospitalar em Recém-Nascidos

Hospital Infections in Newborns

Albert Bousso'; Celso de Moraes Terra'; Fábio Ricardo Picchi Martins1; Flávio Adolfo Costa Vaz2.
UTI Pediátrica da Divisão de Pediatria do Hospital Universitário - USP
Unitermos: Infecção Hospitalar. Recém-nascidos
Keywords: Hospital Infections. Newborn

RESUMO: Uma vez detectada a infecção hospitalar, o seu


A infecção hospitalar continua sendo um desafio tratamento deverá respeitar os princípios gerais
na prática clínica do atendimento ao recém-nasci- para o uso racional dos antibióticos, levando-se
do internado. A sua ocorrência determina um em conta os padrões de resistência característicos
aumento considerável na morbiletalidade, parale- de cada serviço, considerando ainda a sua vari-
lamente a uma grande elevação dos custos hospi- ação ao longo do tempo.
talares. Os instrumentos principais para a redução dos
O recém-nascido, em especial o prematuro, é par- índices de infecção hospitalar são pautados nas
ticularmente suscetível à infecção hospitalar, medidas preventivas gerais, especialmente a
dadas as suas peculiaridades imunitárias, associa- lavagem das mãos, no rígido seguimento das nor-
das a uma alta invasividade dos procedimentos mas de conduta dirigidas à redução do impacto
diagnósticos e terapêuticos. Destes fatores, desta- dos fatores de risco e na indicação criteriosa dos
ca-se o uso dos antibióticos de largo espectro, métodos diagnósticos e terapêuticos.
muitas vezes de forma indiscriminada. As estratégias para aumentar a sensibilidade dos
Para a racionalização das medidas de detecção, métodos de vigilância das infecções nosocomiais
prevenção e controle da infecção hospitalar, é tm-se mostrado também um instrumento funda-
fundamental o completo conhecimento dos mental para a determinação dessas regras e con-
fatores epidemiológicos envolvidos, da etiopato- dutas. Dentre estas tentativas, destaca-se a
genia e, para o tratamento, do padrão de sensibil- importância da aplicação de novos sistemas mul-
idade dos principais agentes. Além das constantes ticêntricos de vigilância em hospitais brasileiros,
mudanças nos padrões de sensibilidade das enter- como o NNISS (National Nosocomial Infection
obactérias, preocupa a emergência de infecções Surveillance System).
fúngicas, o recrudescimento das infecções Na presente revisão os autores destacam a
estafilocócicas e a crescente incidência das importância do problema com ênfase nas princi-
infecções oportunísticas, incluindo as de etiolo- pais medidas para detecção precoce e controle
gia viral. das infecções hospitalares.

Introdução dezenove. As palavras infecção hospitalar e nosoco-


mial serão utilizadas como sinônimas durante o texto,
"It may seem a strange principle to enunciate as the uma vez que "nosocomial" tem origem latina (noso-
very first requirement in a hospital that it should do the comium), significando uma designação arcaica para a
sick no harm " palavra hospital. Desta forma, infecções nosocomiais
correspondem às infecções adquiridas durante a per-
FLORENCE NIGHTINGALE manência do paciente no hospital. O seu estudo
reveste-se de grande importância, uma vez que deter-
Desde a Antigüidade já eram descritas infecções mina impacto importante na morbidade, mortalidade,
relacionadas à hospitalização, embora maior atenção no tempo de permanência hospitalar e consequente-
ao problema tenha se iniciado apenas no século mente nos custos da internação (38,47,53). o melhor
1 - Médicos Assistentes da UTI Pediátrica do Hospital Universitário da USP
2 - Professor Associado do Departamento de Pediatria da FMUSP
conhecimento a respeito da epidemiologia e do con- do manifestações clínicas variadas. O CDC (Center for
trole das infecções hospitalares determinou mudanças Disease Control) tem publicado vários artigos nas duas
importantes nos cuidados relacionados aos recém- últimas décadas, visando uma normalização e uni-
nascidos. As práticas onde os berçários eram consi- formização da nomenclatura para o diagnóstico das
derados autênticas fortalezas, visando a proteção dos infecções hospitalares. As definições do CDC foram
recém-nascidos, foram substituídas por sistemas mais implantadas pelo National Nosocomial Infection
abertos, com maior rotatividade, como o Alojamento Surveillance System (NNIS) a partir de janeiro de 1988
conjunto. Esta técnica de cuidados a recém-nascidos e tem servido como base para estudo na maioria dos
valoriza o binômio mãe-filho, ao mesmo tempo em países (34). Destacamos os princípios básicos em que
que diminui de forma considerável os índices de foram baseadas essas normalizações:
infecção hospitalar. As técnicas antigas, que incluiam - PRIMEIRO: as informações usadas para determi-
o uso indiscriminado de gorros, aventais, máscaras por nar a presença e classificação de uma infecção envol-
parte do "staff", assim como a rotina de longos perío- vem dados clínicos, laboratoriais, associados a outros
dos de internação visando a "proteção" dos recém- métodos diagnósticos. As evidências laboratoriais ba-
nascidos, levaram paradoxalmente a um aumento das seiam-se em resultados de culturas, pesquisas de de-
taxas de infecção (38>. Atualmente, com a maior sobre- tecção de antígenos e anticorpos, métodos de micro-
vida dos recém-nascidos prematuros e de baixo peso, scopía, além dos resultados de RX, ultra-som, TAC
freqüentemente submetidos a procedimentos inva- (Tomografia Axial Computadorizada), procedimentos
sivos diagnósticos e terapêuticos, temo-nos defrontado endoscópicos e resultado de biópsias.
com novos desafios. Os índices de infecção hospitalar - SEGUNDO: O diagnóstico de infecção pode ser
nas unidades de tratamento intensivo neonatal têm se apenas clínico ou cirúrgico, derivado da observação
revelado inaceitavelmente elevados 0*7,00,49). O estudo durante cirurgias, endoscopias ou outros procedimen-
continuado a respeito da eficácia das medidas de pre- tos diagnósticos, baseado em juízo clínico e com
venção e controle da infecção hospitalar certamente critérios aceitáveis.
determinarão um impacto positivo nestes índices. - TERCEIRO: Para uma infecção ser considerada
hospitalar ela não deve estar clinicamente evidente ou
em incubação, antes da admissão hospitalar. Existem
Definições duas situações especiais que são consideradas como
infecções hospitalares: l-infecção adquirida no hospi-
Consideramos Infecções Hospitalar (IH) como: tal que se manifesta após a alta hospitalar. 2-infecções
"uma doença causada por um vírus, bactéria, fungo ou do recém-nascido durante a passagem pelo canal de
parasita, que não estava presente e nem em incubação parto.
à admissão hospitalar, e que se desenvolve durante a - QUARTO: Constituem-se em infecções especiais
hospitalização" «477). A manifestação clínica desta e que NÃO são consideradas hospitalares: l-infecção
doença pode ocorrer durante a hospitalização (mais que é associada com uma complicação ou extensão de
comum) ou após a alta, principalmente quando foi uma infecção já presente na admissão hospitalar. 2-
adquirida próxima a esta. infecções do recém-nascido que são adquiridas por via
Outros dois conceitos importantes são a transplacentária e que podem tornar-se evidentes logo
COLONIZAÇÃO e a INFECÇÃO. Para o recém-nasci- após o nascimento (herpes simples, toxoplasmose,
do em especial, ambos são eventos intra-hospitalares. rubéola, citomegalovírus e sífilis).
O recém-nascido durante a gestação está envolvido - QUINTO: Como regra geral, não existe duração
por líquido amniótico, portanto em ambiente estéril. de tempo determinada, antes ou após a hospitalização,
Ao nascimento, sofre colonização por germes da flora que determine se a infecção é hospitalar ou adquirida
vaginal materna e secundariamente por agentes exis- na comunidade. Portanto, para o CDC, o diagnóstico
tentes no berçário. A colonização constituir-se-ía, na maior parte das vezes, é baseado em uma avaliação
desta forma, pela presença de flora bacteriana na pele individualizada de cunho clínico, laboratorial e epi-
e mucosas do recém-nascido. Parte destes recém- demiológico. Existe uma tendência em considerar os
nascidos, principalmente os prematuros, poderiam casos duvidosos como sendo de origem hospitalar.
desenvolver infecção, que se constituiria por invasão Como vimos acima, o CDC não considera as infecções
local ou sistêmica por micro-organlsmos, determinan- transplacentárias como intrahospitalares, mas consi-
dera as adquiridas no canal de parto (perinatais) como 3,8% de todos os pacientes acometidos por esta com-
o sendo. Esta normalização tem gerado polêmica entre plicação. Não sabemos qual a real importância e o
os autores ('34,77,71). Alguns classificam como infecções impacto financeiro desta complicação em nosso meio.
neonatais apenas aquelas que se manifestam após as A incidência de infecção hospitalar varia considera-
primeiras 48 e 72 horas de vida, desconsiderando o velmente e é influenciada por vários fatores como ve-
canal de parto como relacionado à aquisição hospita- remos a seguir. As taxas de infecção hospitalar pediá-
lar (38). Mesmo assim, nos deparamos com situações trica são habitualmente mais baixas quando compara-
onde esta divisão se torna impossível. Outro problema das com unidades que atendem adultos, principal-
a ser resolvido é o tempo após a alta em que ainda mente as cirúrgicas. Alguns estudos mostram que estas
consideraremos uma infecção como sendo associada à diferenças seriam minimizadas, caso a exploração da
hospitalização. Por exemplo, o Staphylococcus aureus etiología viral fosse realizada rotineiramente na identi-
pode manifestar-se clinicamente com impetigo, até ficação da infecção hospitalar. As infecções hospita-
uma semana após a 'altao®. O National Nosocomial lares em crianças são freqüentemente de etiología viral
Infection Surveillance System (NNIS) considera todas (23 a 27% de todas as etiologías comparada com
as infecções adquiridas até os primeiros 28 dias de menos de 5% em adultos) e freqüentemente não são
vida como nosocomiais <™. Todas as maternidades notificadas (38,77,30.97,29). Com relação à faixa etária, sabe-
deveriam, desta forma, ponderar a importância da vi- mos que as taxas de infecção são muito mais elevadas
gilância rotineira após a alta, seja através de retornos em crianças com menor idade. Ford-Jones e cois, iden-
ambulatoriais, contatos telefônicos ou mesmo de cor- tificaram taxas de Infecção Hospitalar de 11,5% para
respondências. O conhecimento e a padronização dos crianças menores de 23 meses, 3,6% para crianças de
critérios para o diagnóstico de infecção hospitalar nos 2 a 4 anos e 2,6% para os maiores de 5 anos <&>. Outro
vários serviços são importantes para que possamos fator importante quando analisamos as taxas de
compará-los e posteriormente tentar implantar medi- infecção hospitalar é o local em que o doente está
das que visem diminuir as taxas de colonização e internado. As taxas são 2 a 5 vezes mais elevadas em
infecção neonatais. Outro fator importante é o segui- Unidades de Terapia Intensiva, provavelmente
mento das taxas no decorrer do tempo, permitindo a refletindo a maior utilização de procedimentos inva-
detecção precoce de epidemias em berçários e sivos e a presença de doenças debilitantes, atingindo
avaliando a eficácia da implantação de novas medidas níveis superiores a 30% em Unidades de Terapia
de controle. No Berçário do Hospital Universitário da Intensiva Neonatais (49,77,30). Wenzel e cois, demons-
USP, são consideradas as normas do CDC, com traram que 25% de todas as infecções hospitalares e
tendência a não considerar como nosocomiais as 33-45% das bacteremias ocorreram nas Unidades de
infecções adquiridas no canal de parto, quando de Terapia Intensiva, sendo que estas perfaziam menos
apresentação clínica muito precoce (menos de 24 de 8% do total de leitos <w>. Estudo prospectivo recente
horas). São realizados retornos ambulatoriais relacionou o risco de IH com o aumento do tempo de
rotineiros, visando acompanhamento inicial do recém- internação, duração da permanência de catéteres arte-
nascido e orientação das mães, além da realização de riais e venosos, intubação traqueal, ventilação mecâni-
investigação epidemiológica relacionada à detecção ca, monitorização da pressão intracraniana e uso de
das infecções hospitalares. bloqueio neuromuscular. O CDC reportou em 1984
uma taxa média de IH para recém-nascidos de 1,4%
em um estudo envolvendo 51 hospitais americanos. As
Incidência taxas variaram de 0,9% para hospitais gerais, 1,7% em
hospitais universitários de referência (71,48,97). Outro
Como vimos anteriormente, a infecção hospitalar ponto que deve ser destacado, foi que entre os hospi-
está envolvida diretamente com a morbiletalidade e tais estudados havia um grande número de centros de
com os custos da internação (47,53,77,35). É estimado que atendimento primário, revelando que essas crifras
5 a 10% das 38 milhões de internações que ocorrem espelham a infecção hospitalar no recém-nascido de
nos Estados Unidos da América por ano sejam com- termo não patológico. Em contraste com essas baixas
plicadas pela infecção hospitalar (32,48,43). Estas compli- taxas de IH entre recém-nascidos de termo, observa-
cações aumentam o tempo de internação por 9 dias mos taxas muito mais elevadas em recém-nascidos
em média. Atribui-se à infecção hospitalar a morte de prematuros internados em Unidades de Terapia
Intensiva Neonatal. De 1976 a 1977, Manguire e cols, Alguns autores mostraram relação importante entre
documentaram um índice de IH de 16,9% em uma UTI o tempo total de internação do recém-nascido e a pos-
neonatal do Iowa (EUA), comparado com um índice sibilidade de desenvolver infecção nosocomial.
de 0,6% no berçário de recém-nascidos normais ww. Gaynes e cois, demonstraram um aumento nas taxas
Em 1987, Jams e cois, relataram um índice de IH em de IH de 12% para 20% quando o tempo de internação
UTI neonatal de 13,4% nos hospitais que participaram passou de 10 para 50 dias es). Na figura nQ l observa-
do National Nosocomial Infection Surveillance System, mos a apresentação gráfica dos dados obtidos por
coordenado pelo CDC (Centers for Disease Control) Gayne em 1991.
(38,49). Na Europa, Hoogkam-Korstanje relatou um Outros autores relacionam os valores altos do
índice global em UTI neonatal de 30,4% entre 1977 e Pediatric Risk of Mortality (PRISM Score), com a possi-
1978. No berçário do Hospital Universitário da USP, bilidade de desenvolvimento de IH CBLSB).
durante o ano de 1993, a taxa de IH no berçário de Baseado nesses múltiplos fatores que podem inter-
recém-nascidos normais foi de 2,8%, comparado com ferir na prevalência e na incidência de infecção noso-
24,6% na UTI neonatal. Alguns serviços porém, comial (peso de nascimento, hospital primário/ter-
relataram taxas significativamente mais baixas do que ciário, PRISM, uso de procedimentos invasivos, etc), o
as anteriormente expostas ®D. No Children's Hospital CDC, através de protocolos do National Nosocomial
Medical Center em Boston, a taxa de IH estava em Infection Surveillance System, tem criado novos
5,8% na UTI neonatal entre 1974 e 1977, caindo para índices, que já estão sendo utilizados e que permitirão
1,8% nos dois anos subseqüentes, após reestruturação uma comparação com maior confiabilidade entre os
da área física tf^i). vários serviços (93). A descrição e análise destes novos
Fator relevante com relação ao risco de desen- índices serão apresentados e discutidos mais adiante
volvimento de IH é o peso de nascimento (38,39). Isto nesta monografia.
deve-se ao fato dos recém-nascidos prematuros serem O fator primordial que determina maior suscepti-
mais freqüentemente submetidos a internações pro- bilidade do recém-nascido prematuro às infecções é a
longadas e necessitarem de procedimentos invasivos, sua imaturidade imunológica. A seguir, faremos uma bre-
tais como a utilização de ventilação mecânica, ve revisão do sistema imunológico do recém-nascido.
catéteres vasculares e nutrição parenteral prolongada.
Um estudo realizado no Children's Hospital Medicai
Center de Boston mostrou que os recém-nascidos que Resposta Imune do Recém-Nascido
desenvolveram infecção neonatal grave tinham um
peso médio ao nascer de 1.581g, contra 2.600g para Nos últimos anos foram realizados notáveis
recém-nascidos que não apresentavam infecção hospi- avanços no entendimento das peculiaridades da
talar «8,39). o risco global de infecção aumentou em 3% resposta imune do recém-nascido normal e do pre-
para cada queda de 500g do peso ao nascimento. maturo. O conceito da 'imaturidade imunológica' do
recém-nascido não tem sido mais aceito, pois
aparentemente este nasce com suas defesas adaptadas
para responder aos agravos mais freqüentes. Os
déficits da imunidade tornam-se mais evidentes nos
prematuros e nos recém-nascidos de termo, quando
são submetidos a agravos infecciosos maiores.
Faremos agora uma breve revisão dos vários compo-
nentes do sistema imune do recém-nascido, enfatizan-
do os aspectos que os tornam mais susceptíveis às
infecções.
- Barreira Mecânica: A pele e as mucosas dos
recém-nascidos mostram-se mais permeáveis aos
antígenos externos, quando comparados aos adultos e
crianças maiores. Provavelmente t este fato está rela-
cionado ao menor desenvolvimento do extrato córneo
que ocorre em torno da vigésima sexta semana de ges-
tação. Harpin e Rutter estudaram o efeito da aplicação Este fato parece estar relacionado a maior susceptibi-
da fenilefrina (potente vasoconstritor) na pele de 70 lidade dos neonatos a desenvolverem sepsis por bac-
recém-nascidos com idade gestacional entre 25 e 41 térias gram-negativas quando submetidas a agravos e
semanas, notando que houve vasoconstrição cutânea procedimentos invasivos. Com relação a IgA, só é
e diminuição da perda hídrica local apenas naqueles detectada no recém-nascido após 2 semanas de vida.
com idade gestacional maior que 37 semanas (23,46). Os Os níveis semelhantes aos adultos só serão atingidos
recém-nascidos menores de 37 semanas não em torno do segundo ano de vida. Este fato, associa-
mostraram resposta a droga, denotando imaturidade e do ao hipodesenvolvimento dos tecidos linfóides,
hiporesponsividade local. Outro estudo mostra que parecem contribuir para o aumento da susceptibili-
após 2 semanas de idade pós-natal, independente da dade às infecções digestivas e respiratórias.
idade gestacional prévia, ocorre maturação da barreira - Fagocitos: Os fagocitos (polimorfonucleares e o
mecânica cutânea. sistema monócito-macrófago) constituem-se no princi-
- Linfóticos T: As células precursoras (stem cells) pal mecanismo de defesa inicial para infecções do
são encontradas a partir da sexta semana de gestação organismo. Embora os estudos mostrem dados muitas
no saco vitelino e na medula óssea em torno da se- vezes contraditórios, parece haver imaturidade fun-
gunda metade da gestação. Os dados clínicos e experi- cional dos polimorfonucleares do recém-nascido, prin-
mentais sugerem uma maturação precoce da imu- cipalmente quando submetidos a stress. Isto poderia
nidade celular, fato que permite a sobrevivência do estar relacionado à maior susceptibilidade às infecções
feto em gestações alogênicas «2,66). o desenvolvimento por bactérias extracelulares, como o Staphylococcus
precoce da imunidade fetal impede a sua rejeição por aureus, enterobactérias e o Streptococcus beta hemo-
parte das células imunes maternas. Por outro lado, a lítico do grupo B. No aspecto quantitativo não nota-
função das células T no auxílio das células B para o mos diferença nos polimorfonucleares em relação aos
reconhecimento antigênico e produção de anticorpos, adultos, embora a reserva medular pareça ser menor,
não se faz adequadamente a não ser em torno do e portanto, mais facilmente exaurida em condições de
sexto mês de vida pós-natal. Bryson demonstou que a stress infeccioso intensivo (sepsis) «59,14). Com relação a
síntese de interferon gama é muito baixa em recém- capacidade migratória em direção ao sítio de lesão, os
nascidos w. Os estudos sobre a produção de linfocinas polimorfonucleares neonatais apresentam uma respos-
mostram-se contraditórios na literatura. ta deficiente. Não sabemos ao certo se estaria rela-
- Linfócitos B: Os plasmócitos, células produtoras cionado à uma menor capacidade do soro do recém-
de imunoglobulinas não existem em recém-nascidos nascido em liberar fatores quimiotáticos, ou seria um
normais de termo, sendo encontrados apenas em problema intrínseco do polimorfonuclear 02,07,74).
recém-nascidos acometidos por infecções congênitas Estudos indicam que a primeira possibilidade parece
<12>. Com relação à síntese de imunoglobulinas, o ser mais plausível, uma vez que estes polimorfonu-
recém-nascido é capaz de produzir apenas IgM. Ao cleares tem capacidade migratória normal, quando
nascimento a IgM encontra-se com valores 5 a 20% suspensos em soro de adultos. A capacidade fagoc-
dos encontrados em adultos. Praticamente toda a IgG itária parece ser reduzida em situações de stress. O sis-
encontrada no recém-nascido é de origem materna, tema macrófago-monócito tem sido menos estudado
através da passagem transplacentária. Os níveis de IgG no recém-nascido. Carneiro-Sampaio demonstrou
encontrados no cordão umbilical de neonatos a termo migração normal dos monócitos em sangue extraído
é semelhante ao dos adultos normais. Como a maior do cordão umbilical u D. Não temos outros dados no
passagem transplacentária de IgG ocorre nas últimas momento que permitam definir a capacidade fago-
semanas de gestação, os prematuros freqüentemente citária das células mononucleares.
apresentam níveis baixos desta imunoglobulina (12,66,15). - Sistema Complemento: O sistema complemen-
Com relação a atividade destas imunoglobulinas con- to é onstituído por inúmeras proteínas séricas que par-
tra agentes específicos, notou-se bons níveis contra o ticipam do processo imune, como opsoninas e fatores
sarampo, rubéola, caxumba, poliomielite e antitoxinas quimiotáticos, contribuindo para a lise de bactérias
(anti diftérica e tetánica). Com relação a atividade (principalmente gram-negativas) e de alguns vírus. Ao
antibacteriana, os títulos anti-Haemophylus influenzae nascimento, os fatores do complemento atingem con-
e Neisseria meningitidis são muito baixos e os anti- centrações em torno de 50 a 70% dos adultos, com
corpos contra enteropatógenos não são detectados. exceção do C9, que encontra-se em baixas concen-
trações. A deficiência do C9 pode ser crítica na capaci- diminuição importante na freqüência desse agente. Na
dade do neonato lisar bactérias gram-negativas, urna década de 60, os bacilos gram-negativos passam a pre-
vez que este fator é um dos componentes mais impor- dominar, principalmente através de surtos de infecção
tantes na fase final de lise bacteriana 02,50). Carneiro- por Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli. Na
Sampaio encontrou valores de C50, C3 e C4 em década de 70, o estreptococo beta hemolítico do
recém-nascidos, significativamente mais baixos que grupo B surge como agente importante, relacionado
em adultos o1). principalmente a transmissão vertical. Na década de 80
Por fim, gostaríamos de ressaltar a importância do ressurge o Staphylococcus aureus e também o Staphy-
colostro e do leite materno auxiliando a resposta lococcus epidermidis. Finalmente na década de 90
imune tanto humoral como celular. O leite materno temos a manutenção do Staphylococcus aureus, embo-
contém apreciáveis quantidades de IgA, interferon, ra com padrão de sensibilidade do tipo meticilino-
complemento, fator bífido, lactoferrina e lisozima. resistente; o Staphylococcus epidermidis relacionado à
Chama também a atenção, as alterações da com- utilização de próteses e as especiais de Cândida, prin-
posição do leite materno, observada em nutrizes que cipalmente as do gênero C. albicans. No momento as
geraram recém-nascidos de termo e prematuros, indi- estatísticas tem variado nos vários serviços, freqüente-
cando ocorrer verdadeira adaptação nutricional e mente havendo predomínio dos cocos gram-positivos,
imunológica. bacilos entéricos gram-negativos e da cândida albicans
(26
>. Atualmente a etiología viral tem sido cada vez mais
valorizada como etiología das infecções hospitalares,
Etiología embora muitos autores ainda não a pesquisem de
forma sistematizada. No Children's Hospital Medicai
Os agentes etiológicos relacionados à infecção Centre em Boston, os agentes etiológicos mais fre-
hospitalar tem mudado no decorrer dos anos, com qüentemente envolvidos foram os bacilos gram-nega-
uma peridiocidade próxima a 10 anos ^«,32). o perfeito tivos, principalmente a Klebsiella pneumoniae, a Pseu-
conhecimento da flora hospitalar local é fundamental domonas aeruginosa e a Pseudomonas cepacia (40\ Na
no sentido de buscarmos as medidas mais efetivas Universidade de Utah também predominaram os baci-
para o seu controle, além de propiciar uma escolha los gram negativos (45%), principalmente a Esche-
terapêutica antimicrobiana mais adequada. Nas richia coli <47). Em levantamento realizado de setembro
décadas de 30 a 40, os agentes mais comuns eram o de 1992 a março de 1994 na UTI Pediátrica do Hospital
estreptococo beta hemolítico do grupo A e o Universitário da USP, encontramos: 54,8% bacilos
Staphylococcus aureus. Na década 50 o Staphylo- gram-negativos, 28,5% de cocos gram-positivos, 15%
coccus aureus passa a ser o agente isolado mais fre- de fungos e 1,7% de vírus (dados não publicados). Na
qüentemente. Com a utilização rotineira do hexacloro- figura nQ 2, observamos a estratificação dos vários
feno para o banho dos neonatos, ocorre uma agentes envolvidos em nosso serviço.
Singh-Naz e Rodriguez estudando apenas neonatos tabela nQ 1 observamos a proporção de infecções hos-
internados em UTI, encontrou resultados semelhantes pitalares pediátricas causadas por categorias de
aos nossos: 42% de bacilos gram-negativos, 32% de agentes etiológicos específicos, em 6 grandes estudos
cocos gram-positivos, 16% de fungos, 7% de sepsis nos Estados Unidos da América e no Canadá C49.7D.
clínica sem agente isolado e 3% de infecções virais. Na

Finalmente, em 1994, Fanaroff e cois, estudando os cocos do grupo A a.7,10). Normalmente estas crianças
agentes etiológicos em 24l6 recém-nascidos abaixo de sofrem colonização precoce (primeiros 3 dias) e vão
1.500 gramas encontrou: 53% de cocos gram-positivos, desenvolver infecções não invasivas no domicílio
22,4% de gram-negativos e 16% de fungos <26\ Entre os (conjuntivite, impetigo e onfalite). Surtos de gas-
bacilos gram-negativos houve predomínio a trenterite em berçários de recém-nascidos normais tem
Escherichia coli (8,5%) seguido pelo Enterobacter ocorrido com alguma freqüência, tendo como princi-
(5,6%) e da Klebsiella sp (5,6%). Entre os cocos gram- pal agente etiológico a Escherichia coli.
positivos houve predomínio do Staphylococcus coag- Nos recém-nascidos internados em Unidades de
ulase negativo (17,6%) e do Staphylococcus aureus Terapia intensiva Neonatal, segundo Goldmann, a co-
(15,8%). Lembramos da importância atual do Staphy- lonização é mais tardia (8 dias) e por enterobactérias,
lococcus coagulase negativo como agente etiológico chegando a 100% com um mês de internação <4°>.
da infecção hospitalar, mesmo sabendo das dificul- Quando ocorre infecção, esta geralmente é invasiva e
dades em identificar muitas vezes as verdadeiras infec- ameaçadora da vida. Hemming e cois, estudando 904
ções por este agente, da simples colonização e muitas recém-nascidos em UTI neonatal reportou 15,3% de
vezes da contaminação no momento da realização das taxa de infecção nosocomial, sendo 14% de bac-
culturas. teremias, 29,3% de pneumonias, 8,1% de infecção de
Lembramos que, atualmente, as infecções hospita- feridas no pós-operatório, 4,5% de infecções urinarias
lares em recém-nascidos normais de termo, são deter- e 4,5% de meningites «732).
minadas pelo Staphylococcus aureus e pelos estrepto-
Colonização Neonatal e Modos de binômio colonização-infecção, descrevemos os princi-
Transmissão pais modos de transmissão das doenças.
A transmissão das doenças no hospital pode acon-
As infecções hospitalares habitualmente desen- tecer através do contato, de fluídos contaminados, de
volvem-se a partir da colonização da pele, sistema res- partículas aéreas em suspensão e por vetores. A mais
piratorio ou digestivo dos recém-nascidos. Em algu- importante se faz através do contato, podendo ser
mas ocasiões pode ser devida à invasão direta da cor- dividida em:
rente sangüínea, principalmente quando existe quebra
das barreiras anatômicas (ex. catéter venoso). Desta 1.1 - CONTATO DIRETO: é a transmissão entre o
forma, os fatores que interferem na colonização serão indivíduo colonizado ou infectado e outro susceptível,
fatores determinantes da maior incidência de infecções podendo ser doente-doente ou staff-doente. O grande
hospitalares. Entre os principais podemos citar: flora veículo de transmissão é a mão do staff. Vários autores
vaginal materna, rotura prematura de membranas, tem descrito a relação entre os agentes presentes nas
mãos do "staff", superfícies horizontais dos quartos, mãos do staff com surtos de infecção hospitalar (77,40,52).
uso de antibióticos de amplo espectro e tipo de leite Exs.: diarréia, hepatite, infecção de catéteres venosos,
utilizado na alimentação. Exemplificaremos mostrando etc.
a importância da flora vaginal materna como determi-
nante da infecção perinatal. Os Estreptococcus são 1.2 - CONTATO INDIRETO: envolve o contato de
encontrados em 2 a 25% das mulheres normais, entre- um objeto inanimado infectado com um hospedeiro
tanto, 58% dos neonatos nascidos de parto normal se susceptível. Ex. termômetros, aparelhos de ventilação
tornarão colonizados por este micro-organismo. mecânica, material cirúrgico, etc.
Destes, l a 2% desenvolverão doença invasiva e grave.
Este risco aumentará para 10 a 15% caso ocorram fato- 1.3 - CONTATO ATRAVÉS DE GOTÍCULAS (perdi-
res associados: - a) se o recém-nascido colonizado ti- gotos): característico de pequenas distâncias, elimi-
ver menos de 37 semanas de idade gestacional - b) se nadas através da tosse ou espirro do indivíduo colo-
ocorrer rotura prematura de membranas por mais de nizado ou infectado.
24 horas - c) se houver amnionite ou - d) se ocorrer
bacteremia materna pelo Estreptococcus do tipo B w. 2 - FLUIDOS CONTAMINADOS: é a contaminação
Os recém-nascidos de termo, como permanecem através de líquidos contaminados que serão infundi-
internados por períodos curtos e não são submetidos dos no hospedeiro susceptível. Pode relacionar-se a
a procedimentos invasivos, normalmente colonizam-se nutrição parenteral, leite, sangue, etc.
com agentes da flora habitual, incluindo estreptococos
3 - TRANSMISSÃO ATRAVÉS DE GOTÍCULAS
alfa hemolíticos, Staphylococcus aureus na pele e no
trato respiratório; e Lactobacillus, anaerobios e E. coli AÉREAS EM SUSPENSÃO (droplets)
no trato digestivo cr?,»). Contaminação através de gotículas que per-
Os recém-nascidos prematuros colonizam-se com mancem por várias horas em suspensão. Ex. varicela.
bacilos gram-negativos, não havendo competição com
a flora normal (resistência à colonização). Desta 4 - TRANSMISSÃO ATRAVÉS DE VETORES
forma, o trato gastrointestinal dos recém-nascidos pas- Forma rara em nosso meio, necessitando de um
vetor que colocará em contato o sangue ou secreções
sa a ser o reservatório dos patógenos gram negativos
do paciente infectado, com o hospedeiro susceptível.
intra-hospitalares. Goldmann e cois descrevem que até
um terço dessas crianças não são colonizadas até o Ex. Malária, dengue e febre amarela.
terceiro dia de internação. Quando a colonização
acontece, é devida a flora patogênica de gram-nega-
tivos multirresistentes. Nas hospitalizações prolon- Fatores de Risco
gadas (mais de l mês), a taxa de colonização por
gram-negativos é de 100% C77,4o). Alguns autores rela- As infecções nosocomiais no período neonatal
cionam o uso de antibióticos com a colonização por estão claramente associadas a presença de fatores de
agentes mais agressivos. Para entendermos melhor o risco. Na tabela-2 estão listados os principais fatores de
risco descritos como predisponentes ao desenvolvi-
mentó de uma infecção nosocomial. Os fatores de cal, intubação endotraqueal e a sondagem gástrica ou
risco não são mutuamente excludentes, e com fre- enteral.
qüência vários fatores estão presentes num mesmo
paciente.
Bacteremia associada ao uso de catéteres
intravasculares

Embora a administração intravenosa de fluídos e


medicações seja hoje a base da terapêutica de qual-
quer berçário, em particular nos de alto risco, o uso
dos catéteres venosos, necessários para isto, trouxe
um significativo incremento na incidência de infecções
nosocomiais.
Estudos prospectivos tem indicado que a taxa geral
de culturas.positivas da ponta do catéter varia de 3,8
à 57% para catéteres plásticos, enquanto que a
incidência de sepsis relacionada à catéter é de apro-
ximadamente 2% podendo chegar a 8% conforme o
autor estudado «2). Batton e cois, encontraram uma
taxa de 4% de culturas positivas de pontas de catéteres
periféricos em recém-nascidos prematuros &, ao passo
que Durand e cois., estudando catéteres centrais,
descrevem um índice de 2,8 episódios sépticos para
1000 dias/cateter em RNs com peso entre 510 e 3920g
w. Recentemente Gaynes e cois, compilaram os dados
do risco de infecção associada à catéter em 35 UTIs
neonatais, correlacionando este risco com o peso de
nascimento dos RNs. Houve uma prevalência signi-
O peso de nascimento e a idade gestacional tem ficativamente maior de infecções no grupo de RNs <
sido considerados como importantes fatores predispo- 1500g, com média de 14,9 infecções/1000 dias catéter,
nentes para infecções hospitalares. Enquanto que a in- em comparação com os RNs > 1500 g que tiveram 5,1
cidência geral de sepsis no período neonatal é de infecções/1000 dias catéter «5).
1-2/1000 nascidos vivos, o risco aumenta de 4 - 10 Os catéteres podem se tornar contaminados duran-
vezes para RNs com baixo peso (P < 2500g) e varia de te a instalação ou como resultado de uma manutenção
forma inversamente proporcional com a idade gesta- inadequada. As bacteremias associadas ao catéter,
cional, chegando até uma incidência d 160/1000 nasci- mais freqüentemente, são causadas por germes da flo-
dos vivos em RNs de muito baixo peso (P < 1500g) CSD.
Estes dados são conseqüência da menor capacidade ra cutânea do paciente. Os agentes mais comumente
imunitária do recém-nascido pré-termo, como já foi responsáveis por estas infecções são os Gram-posi-
descrito acima. tivos como o S. aureus, S. epidermidis e o enterococo;
O uso de antibióticoterapia de largo espectro foi os Gram-negativos como a Klebsiella, Serratia,
um dos primeiros fatores de risco para infecção hos- Enterobacter e a P. aeruginosa; e quando o catéter está
pitalar descritos, tanto para recém-nascidos quanto associado ao uso de nutrição parenteral tornam-se sig-
para adultos e crianças. O uso indiscriminado destes nificativas as infecções fúngicas.
antibióticos, além de induzir a emergência de cepas Ainda em relação a catéteres intravasculares,
hospitalares multirresistentes, predispõe ao super- alguns comentários se fazem necessários a respeito
crescimento de germes, em especial a Cândida, de dos catéteres umbilicais. Nestes casos, além do risco
origem endógena <5D. de sepsis, vários relatos mostram uma significativa
Outro grupo de fatores de risco muito importante ocorrência de enterocolite necrotizante. Mokrohisky
é aquele relacionado à quebra de barreira anatômica relata uma incidência de 6,8% de sepsis e de 4,1% de
natural contra infecções. Estão neste grupo, por enterocolite necrotizante com o uso de catéter em
exemplo, o uso de catéteres venosos; sondagem vesi- artéria umbilical (68\
A tabela 3 lista algumas das medidas necessárias Intubação Endotraqueal
para se obter uma redução no número de infecções
relacionadas a catéter, descritas por Maki e cois (62). O uso de tubos endotraqueais, também predispõe
o recém-nascido à infecção, pois além de abolir o
reflexo da tosse e diminuir o clearance ciliar, propicia
uma interface para colonização do trato respiratório
inferior com bactérias da orofaringe e da via aérea su-
perior. A assistência ventilatória superimposta abre
uma porta de entrada para os microorganismos oriun-
dos de circuitos do respirador e das mãos do "staff",
que, estejam eventualmente contaminados, resultando
em pneumonia e sepsis intra-hospitalares w.
Sprunt e cois, mostraram haver boa correlação
entre os germes colonizantes do trato respiratório com
aqueles isolados de culturas de recém-nascidos com-
provadamente infectados ®2>. O tipo de intubação (oro-
traqueal X nasotraqueal) parece não influenciar a
Sondagem Vesical incidência de colonização ou infecção como foi
demonstrado por McMillan e cols. <64>.
A sondagem vesical é uma ferramenta indispen- Atualmente, as infecções respiratórias nosocomiais
sável e muito útil para a monitorização do débito tem sido causadas mais freqüentemente por bacilos
urinario de recém-nascidos criticamente enfermos. O Gram-negativos (Klebsiella, Enterobacter, E. coli,
uso destas sondas está, entretanto, associado com um Proteus e Pseudomonas); Gram-positivos, com
aumento significativo do risco de infecção urinaria e destaque para o S. aureus, e pelos fungos com espe-
sepsis. Com isto em mente, é imperativo que a sua cial freqüência para a Cândida sp.
indicação esteja apoiada na absoluta necessidade A redução do risco de pneumonia intra-hospitalar,
deste procedimento para o bem estar do paciente, depende da rígida adesão do "staff" às normas gerais
lembrando que estas sondas devem ser retiradas assim de controle e prevenção de infecção intra-hospitalar
que possível. descritas abaixo.
O risco estimado de infecção do trato urinario após
uma sondagem simples de alívio é da ordem de l - Sondagem Naso-gástrica e Naso-duodenal
2%. Entretanto, estudos com sistemas de drenagem
abertos tem mostrado uma forte correlação entre o O uso de sondas para administração de dietas pela
tempo de permanência da sonda e o risco de infecção, via enteral pode predispor o recém-nascido à bac-
chegando a praticamente 100% após 4 - 5 dias de uso. teremia, pois resultam numa colonização do trato
Em sistemas fechados o risco de bacteriúria cai signi- digestivo alto por bactérias invasivas. Este risco pode
ficativamente na primeira semana, embora com o uso ser muito aumentado se houver contaminação no
continuado a contaminação do trato urinario baixo, preparo das dietas. Ainda hoje existe grande contro-
com germes do perineo do próprio paciente, é prati- vérsia sobre qual a melhor forma de se administrar a
camente inevitável «2). dieta, seja pré-pilórica ou pós-pilórica, mas a maior
Os agentes mais freqüentemente implicados nas parte dos autores tem mostrado menor risco de aspi-
infecções urinarias são as enterobactérias, os entero- ração e infecção com o uso da técnica pós-pilórica
cococos, as Pseudomonas e as leveduras, sendo co- (nasojejunal) CTD.
mum a ocorrência de infecção cruzada nestes pa- Várias drogas tem sido implicadas como facilitado-
cientes. ras para a aquisição de infecções nosocomiais. As mais
Os únicos métodos comprovadamente eficazes em importantes serão discutidas a seguir:
reduzir o risco de infecção são a técnica asséptica de
instalação e a manutenção adequada através de sis- Bloqueio da Secreção Ácida Gástrica
temas de drenagem fechados &2\ Recém-nascidos criticamente enfermos são neces-
sanamente submetidos à uma série de intervenções poderia estar associado ao desenvolvimento de
terapêuticas que caracterizam uma situação de "stress" enterite necrotizante.
e que tornam o RN suscetível ao desenvolvimento de Fiber e cois w em estudo retrospectivo concluíram
gastrites e úlceras com conseqüente sangramento que RNs com peso < 1250g tratados com vitamina E
digestivo. Neste sentido, vários autores estabeleceram por via oral tinham uma incidência significativamente
a recomendação para o uso profilático de blo- maior de enterocolite necrotizante em comparação
queadores da secreção ácida w>, como por exemplo os com aqueles que não receberam a droga. Por outro
bloqueadores H2 (cimetidina e ranitidina). Mais recen- lado, no mesmo artigo os autores não encontraram
temente esta recomendação tem sido contestada com diferenças na ocorrência de enterite quando a vitami-
base no fato de que bloqueando a secreção gástrica, a na E era administrada pela via intramuscular. Phelps e
barreira ácida à colonização bacteriana estaria com- cols, em importante trabalho prospectivo duplo-cego
prometida e por conseguinte predisporia o RN à randomizado não encontrou diferença estatística na
infecções de origem hospitalar w. Um consenso a este freqüência de sepsis ou de enterocolite nos RNs que
respeito está na dependência de futuros estudos. Uma receberam vitamina E por via endovenosa e via oral
possível solução para o problema, seja o uso do em comparação com aqueles que receberam placebo,
Sucralfato, que protege a mucosa gástrica sem afetar a mas apenas para os RNs em que o nível sérico de vita-
secreção ácida. Estudos recentes tem mostrado uma mina E foi mantido entre 3 - 3,5mg/dl. Até que a con-
redução significativa na incidência de pneumonia trovérsia se resolva, parece aceitável admitir que não
nosocomial com o uso de sucralfato em comparação há risco aumentado de sepsis ou de enterocolite
com os bloqueadores H2 w. necrotizante quando os níveis séricos de vitamina E
são < 3,5mg/dl cr».
Por fim, em relação aos fatores de risco, recente-
Corticoterapia mente foram desenvolvidos "scores" prognósticos e de
gravidade para o período neonatal como o SNAP
A administração de corticóides parece estar associ- (Score of Neonatal Acute Physiology) <83) e o CRIB
ada à uma melhora da função pulmonar em modelos (Clinical Risk Index for Babies) (96) que em conjunto
animais e em estudos clínicos com recém-nascidos com os sistemas de vigilancia para infecções nosoco-
prematuros acometidos de displasia broncopulmonar miais, como o NNISS (ver abaixo), talvez permitam
(DBP). Quatro trabalhos prospectivos randomizados e avaliar de maneira mais refinada o real impacto que
controlados tentaram avaliar o impacto do uso da cada um dos fatores citados acima tem gênese da in-
Dexametasona para DBP em RNs de baixo peso, na fecção hospitalar.
incidência de infecção e sepsis (3,2,10,45). Nenhum destes
estudos conseguiu documentar um risco aumentado
de sepsis com o uso de corticóides, mas é ainda pru- Abordagem Terapêutica
dente o emprego cauteloso destas drogas uma vez que
as casuísticas analisadas por estes autores foi pequena. A introdução dos antibióticos para uso clínico tem
hoje praticamente 50 anos. Estas 5 décadas foram mar-
Vitamina E cadas por um desenvolvimento contínuo de novos e
potentes agentes antimicrobianos ao passo em que se
A vitamina E é um antioxidante lipossolúvel en- observou paralelamente o surgimento e disseminação
dógeno cujo uso clínico é ainda muito controverso no de significativa resistência aos antibióticos entre as
que se refere tanto à sua eficácia na DBP ou na reti- bactérias patogênicas. O médico contemporâneo tem
nopatia da prematuridade, quanto à sua toxicidade. hoje a sua disposição uma ampla variedade de
Em relação aos efeitos adversos, como a vitamina E antibióticos com comprovada eficácia contra germes
age bloqueando a geração de radicais superóxidos dos suscetíveis, eficácia esta muitas vezes, entretanto,
neutrófilos, justamente um dos mecanismos de defesa acompanhada de toxicidade significativa. É fato
anti-bacteriana, poderia haver uma maior suscetibili- inquestionável que o uso, muitas vezes indiscrimina-
dade às infecções com o seu uso. Outro aspecto bas- do, destes dito "novos antibióticos" tem produzido um
tante considerado é que sendo uma medicação com efeito muito potente na definição das características
elevada osmolaridade, o seu emprego pela via oral das infecções nosocomiais.
Isto posto, faremos a seguir algumas considerações
sobre os princípios gerais que devem reger a escolha
da antibióticoterapia e a sua relação com a indução de
resistência, para em seguida comentar os tratamentos
específicos para as infecções hospitalares propria-
mente ditas.

Princípios gerais para escolha de um


antimicrobiano

A escolha de um antibiótico deve seguir uma roti-


na em que obrigatoriamente devemos procurar Como já foi citado acima, há uma estreita relação
respostas para alguns questionamentos. O primeiro entre o uso de antimicrobianos e o Desenvolvimento
deles envolve tentar relacionar a idade do paciente de resistência bacteriana. McGowan em 1983 (69) des-
com o foco primário e procurar inferir qual o agente creveu muito bem as evidências que sustentam este
infectante mais provável. A pergunta seguinte é saber fato e que são apresentadas a seguir:
se o germe é de origem hospitalar ou comunitária, e, 1) A resistência antimicrobiana é mais prevalente
em sendo de origem hospitalar qual o padrão de sen- nas bactérias causadoras de infecção nosocomial que
sibilidade vigente para cada instituição. Uma prob- nas causadoras de infecção comunitária.
lemática especial, comum nos casos de infecção hos- 2) Em situações de surto de infecção hospitalar por
pitalar, é a que ocorre nas situações em que o paciente um determinado germe, os pacientes infectados com
já foi submetido à antibióticoterapia previa. Este fato, as cepas multirresistentes são mais provavelmente
além de dificultar a escolha do esquema terapêutico aqueles que receberam antibióticoterapia prévia. Este
mais adequado, diminue sobremaneira a possibilidade fato é especialmente verdade para o Staphylococcus
de identificação do germe. aureus.
Outro fator a ser considerado é o estado imunitário 3) Mudanças no padrão de uso de determinado
da criança ou recém-nascido, que como já foi visto antibiótico podem determinar mudança paralela no
tem características muito peculiares. É de fundamental padrão de sensibilidade à este mesmo antibiótico.
importância também, que o pediatra esteja familiariza- 4) As áreas do hospital em que há um maior uso
do com as propriedades farmacológicas específicas de de antimicrobianos são as que tem uma maior
cada droga, conhecendo a sua distribuição tecidual, prevalência de germes multirresistentes.
como por exemplo a sua penetração em sistema ner- 5) Um aumento da exposição de um doente à
voso central e no trato uinário; os efeitos colaterais e antibióticos dentro do ambiente hospitalar geralmente
as vias metabólicas para poder ajustar as doses nos aumenta o risco de colonização e infecção por bac-
casos de insuficiência renal ou hepática, além é claro térias resistentes.
dos ajustes que são necessários para os recém-nasci- 6) Quanto maior a dose do antibiótico a ser admi-
dos, notadamente nos prematuros, que apresentam nistrada, maior a chance de ocorrência de superin-
uma farmacocinética especial conforme o antibiótico fecção ou colonização por germes resistentes.
em questão. 7) Por fim, a terapêutica antibiótica promove
Vale ressaltar, que deve-se procurar priorizar os efeitos marcantes na flora endógena do hospedeiro,
antibióticos ditos clássicos em relação aos de última exercendo uma pressão seletiva para a emergência de
geração, pois estas drogas contam com uma vasta germes resistentes.
experiência de uso clínico e tem menor tendência à
induzir resistência. Prova disto é que ainda hoje Tratamento antimicrobiano de infecções
muitos germes são sensíveis à "velha" e boa Penicilina. nosocomias específicas em recém-nascidos
A tabela-4 resume os critérios básicos para escolha
antibiótica. # Staphylococcus aureus:
Doenças causadas pelo S. aureus tem sido des- # Streptococcus Beta-hemolíticos do grupo B:
critas crescentemente em berçários nos E.U.A. «o^ Estima-se que 60% dos recém-nascidos de mães
sendo classicamente caracterizadas por infecções de colonizadas pelo estreptococos do grupo B irão se
pele ou quadros sépticos. Os S. aureus meticilino- tornar também colonizados, mas apenas l - 2% destes
resistentes são, desde a década de 70, importantes RNs desenvolvem a doença. Em RNs com idade gesta-
agentes de infecção nosocomial, cujos surtos epidêmi- cional < 37 semanas a chance de adquirir a doença
cos são normalmente resultantes de falhas nas técnicas passa para 10 - 15% (23).
de controle de infecção, em particular na lavagem de Existe, ainda hoje, grande controvérsia a respeito
mãos tf?). Estes agentes são resistentes às penicilinas do uso profilático da penicilina para RNs considerados
anti-estafilocóccicas, às cefalosporinas, à Clindamicina de risco, mas admite-se que o uso preventivo da peni-
e aos aminoglicosídeos, mas tem demonstrado sensi- cilina esta bem indicado para irmãos gêmeos não afe-
bilidade à Vancomicina, à Rifampicina, à Sulfa- tados de irmãos doentes e para mulheres com história
Trimetoprim e à Teicoplanina. A opção preferencial prévia de recém-nascido infectado por esta bactéria.
tem sido a Vancomicina, pois apesar da sua significa- No tratamento da infecção instalada, a antibióticote-
tiva toxicidade, a ocorrência de cepas resistentes é rapia de escolha recai sobre a mesma Penicilina indi-
extremamente rara até o momento <69). cando-se doses eventualmente maiores nos casos de
meningite e sepsis.
# Staphylococcus Coagulase-negativos:
A experiência indica que esta bactéria, é respon- # Infecções pelos Enterococos
sável por aproximandamente 10% dos casos de sepsis Deste grupo de bactérias, as infecções, no período
em unidades de terapia intensiva neonatais GD. As neonatal, são causadas pelo Enterococcus faecalis e
infecções por estafilococcos coagulase negativos são, pelo Enterococcus faecium «°). Descrevem-se dois
em essência, de caráter nosocomial e resultam num padrões de acometimento pelos enterococos. O
prolongamento substancial do tempo de internação primeiro, acometimento precoce, ocorre em RNs < 7
dos RNs afetados. O risco de infecção por estes ger- dias e não está associado à presença de fatores de
mes aumenta de forma linear quanto menor o peso de risco. Já a infecção tardia, normalmente acomete RNs
nascimento e quanto menor a idade gestacional <70). de baixo peso em pós-operatório de cirurgia abdomi-
Pacientes com válvulas ventrículo-peritoneais estão nal. Surtos de sepsis nosocomial pelo enterococo em
especialmente sujeitos a este tipo de infecção. É digno unidades de terapia intensiva neonatais já foram bem
de nota que estas bactéias, quando infectando documentadas, e tem um taxa de mortalidade de até
catéteres ou válvulas, tem a capacidade de produzir 17% 09).
um material viscoso (Slime) para se proteger contra as Alguns enterococos ainda são sensíveis à Penicilina
defesas celulares e dificultando o acesso dos antibióti- e à Ampicilina, embora a maioria das cepas hospita-
cos C75). lares tenham desenvolvido resistência através da pro-
As opções terapêuticas restringem-se basicamente dução de betalactamases. Nestes casos, a opção tem
à Vancomicina, à Teicoplanina e à Rifampicina. Alguns recaído sobre a Vancomicina.
autores tem demonstrado sinergismo na associação de
Vancomicina com Rifampicina <&,7o\ # Infecções por Bacilos Gram-negativos
A E.coli é a bactéria Gram-negativa mais fre-
# Streptococcus Beta-hemolírteos do grupo A: qüentemente envolvida nos quadros de sepsis no
As infecções pelos estreptococos do grupo A ja período neonatal. Em seguida tem importância as
foram importante causa de infecção hospitalar em cepas de Klebsiella e as de Enterobacter.
recém-nascidos. Atualmente, embora a incidência Os antibióticos de escolha como primeira linha,
tenha caído, é ainda considerado um importante mesmo nas cepas hospitalares, são os aminoglicosí-
patógeno de infecções em berçários normais. deos com alguma preferência para a Amicacina. Nos
O tratamento se faz com o uso da Penicilina. Em casos de acometimento de sistema nervoso central ou
surtos epidêmicos, indica-se o emprego da penicilina, naqueles em que há resistência comprovada aos ami-
de forma profilática, inclusive para os RNs assin- noglicosídeos, pode-se lançar mão de uma cefalospo-
tomáticos colonizados por esta bactéria. rina de terceira geração como a ceftriaxona ou a cefo-
taxima, esta última mais adequada nos casos em que mente subestimada, em particular no nosso meio. Os
há ictericia neonatal associada. vírus mais freqüentemente implicados nos surtos de
unidades de cuidado de recém-nascidos são: o vírus
# Infecções por Pseudomonas: sincicial respiratório; os enterovírus; o vírus da vaseo-
As sepsis por Pseudomonas aeruginosa são em la; o citomegalovírus e o herpes simplex vírus (».
geral muito temidas devido à sua agressividade e à Destes, são passíveis de tratamento, o vírus sincicial
imprevisibilidade da resposta terapêutica. Ocasional- respiratório (VSR), o citomegalovirus (CMV) e o her-
mente estão presentes as lesões de pele com halo cen- pes simplex (HS).
tral necrótico, tão características da ectima por O VSR é altamente contagioso, havendo descrições
Pseudomonas. de surtos em unidades pediátricas em que 50% do
No tratamento, deve-se optar por antibióticos com "staff" e dos pacientes foram acometidos (^\ Em
especial ação anti-pseudomonas, como é o caso, por recém-nascidos, Hall e cois, identificaram um surto
exemplo, da Tobramicina nos aminoglicosídeos e da por este vírus em seu berçário e verificaram que 35%
ceftazidima nas cefalosporinas de terceira geração. A dos RNs haviam sido acometidos (44\
associação Imipenen-cilastatina embora eficaz tem A opção terapêutica disponível para o VSR é o uso
experiência limitada para uso rotineiro no período da Ribavirina administrada por nebulização contínua.
neonatal. Caso semelhante ocorre com as Quinolonas, Esta droga está indicada nos casos considerados de
como o cirpofloxacin, que ainda não foram aprovadas alto risco como em broncodisplásicos e em cardió-
para uso em pacientes pediátricos. patas (56). Deve-se atentar que esta é uma medicação
cara, cujo manuseio envolve o cuidado em se previnir
# Infecções por Fungos: a possível precipitação da droga nos circuitos de ne-
As infecções fúngicas ocorrem em até 5% dos RNs bulização, além do duvidoso efeito teratogênico afe-
de baixo peso ^80>. A maior parte corresponde às tando mulheres gestantes que por ventura façam parte
infecções causadas pelo gênero Cândida, em especial da equipe.
a Cândida albicans. Recentemente tem sido crescente Acredita-se que, embora pelo menos 1% dos
o número de relatos dando destaque para as infecções recém-nascidos nos Estados Unidos excretam o vírus
causadas por outras Candidas, como a Candida tropi- da citomegalia na urina, o risco de transmissão noso-
calis, a C. parapsilosis e a C. glabra tá («<». comial seja pequeno ^2\ Nos recém-nascidos doentes
Uma causa fúngica de sepsis deve ser fortemente a alternativa a ser considerada é o emprego do
considerada num recém-nascido pesando menos de Ganciclovir. É droga mielotóxica, existindo muita con-
1500g, com prolongado tempo de internação, uso de troversa a respeito da sua real eficácia nas
nutrição perenteral através de catéter central e que ciomegaloviroses em geral. Talvez a única indicação
está sob antibióticoterapia de largo espectro. Reforçam precisa até o momento seja nos quadros de acometi-
mais ainda esta hipótese se este RN tiver alguma doen- mento ocular pelo CMV
ça gastro-intestinal ou se estiver em pós-operatório de A infecção pelo herpes simplex virus pode deter-
cirurgia abdominal. minar uma evolução catastrófica em neonatos.
O tratamento da sepsis fúngica instalada tem até o Manifesta-se habitualmente como infecção cutânea,
momento como única droga de consenso a Anfo- sistêmica ou de sistema nervoso central. Envolve um
tericina B. Alternativamente é possível se considerar o risco de mortalidade de 65% e os sobreviventes com
uso de Fluconazol caso a infecção invasiva seja loca- freqüência apresentam seqüelas neurológicas graves.
lizada, como por exemplo no trato urinario, sem re- O tratamento instituido precocemente melhora o
percussões sistêmicas. É importante lembrar que a prognóstico mas, mesmo assim, persistem taxas de
Anfotericina B é droga altamente tóxica, necessitando mortalidade da ordem de 40% «9>. As drogas reco-
alguma comprovação microbiológica antes da sua in- nhecidamente eficazes são a Vidarabina e o Acyclovir,
trodução, e que exige um controle muito próximo dos embora estudos recentes mostram melhor evolução
possíveis efeitos adversos (10>. com o uso do acyclovir. A dose preconizada hoje é de
30 mg/kg/dia em 3 doses administrada em infusão
# Infecções por vírus: contínua por l hora para se evitar a sua cristalização a
As infecções nosocomiais de origem viral são um nível de túbulo renal <99).
problema cuja magnitude está ainda, muito provavel-
Outras Modalidades Terapêuticas: rial e supervisão microbiológica (71,7,72), Cabe a esta
equipe:
a) Imunuglobulina intravenosa # a definição e implantação de critérios clínicos e
Existe hoje um grande número de evidências que laboratoriais para o diagnóstico precoce e preciso de
sugerem que a administração de imuneglobulina infecção hospitalar
humana intravenosa, e em particular aquelas tipo- # o desenvolvimento de normas para o apropriado
específicas, seja benéfica no tratamento da sepsis neo- manejo de pacientes portadores de doenças passíveis
natal. Isto é especialmente verdadeiro para as sepsis de transmissão
por estreptococos do grupo B e para as causadas pela # o desenvolvimento e aplicação de um sistema de
E.coli. Autores como Fisher e cois. (28> e Christensen e vigilância fifedigno para registro e análise dos casos
cois. d3) mostraram, além da eficácia clínica, que o de I.H., provendo informações periódicas quanto à
nível dos anticorpos administrados poderia persistir incidência e prevalência
por 8 dias após a infusão. São vários os esquemas te- # instituir, baseado nas informações coletadas no
rapêuticos propostos. Uma opção é a de se adminis- processo de vigilância, ações corretivas e preventivas
trar 400mg/kg/dose uma vez por semana. O uso pro- envolvidas na patogênese da I.H.
filático será comentado abaixo (101). # acompanhar de forma rigorosa e intensiva os
processos de identificação e cultivo microbiológico ao
b) Transfusão de Granulócitos: nível individual e global da unidade
Os estudos sobre a eficácia da transfusão de gra- # promover a educação continuada da equipe mul-
nulócitos são conflitantes, mas a recomendação atual tiprofissional da unidade, para instrução das técnicas
é para o seu uso com extrema cautela em recém-nasci- de prevenção das infecções nosocomiais e promoção
dos sépticos em que não houve resposta com a tera- de mudanças comportamentais
pêutica convencional nos quais é possível demonstrar # promover e estimular o relacionamento com a
uma redução clara no "pool" de reserva medular (101). equipe médica, enfermagem, serviços de apoio, atuan-
do em cada setor potencialmente envolvido na
c) Fibronectina: patogênese de uma I.H.
A administração de fibronectina como reposição A atuação da equipe de controle de I.H. depende
de opsoninas, na sepsis neonatal continua sendo uma do apoio administrativo e da autonomia e autoridade
medida meramente especulativa, e para a qual são conferidas à mesma, no que se refere à supervisão
necessárias maiores informações sobre a sua real efe- plena e instituição de condutas e procedimentos nas
tividade e sua segurança e farmacocinética no recém- unidades sob vigilância (7,72,25,78). Estudos com equipe
nascido dói). própria, e a forma passiva ou espontânea, demonstram
na mesma unidade, uma casuística de infecções noso-
comiais 100% superior no primeiro método (7). Esse
Prevenção e Controle fato demonstra a elevada sensibilidade dos programas
ativos de busca e vigilância.
Um programa de prevenção e controle das Descreveremos a seguir rotinas e procedimentos
infecções nosocomiais inicia-se necessariamente na comprovadamente envolvidos nas taxas de infecção
formação de uma equipe multiprofissional com a nosocomial. Cada um dos conceitos discutidos na
atribuição e a responsabilidade da implantação de um seqüência deve ser alvo de continua investigação e
programa amplo e abrangente que vai da adequação análise, possibilitando implantar novos e mais efetivos
do ambiente físico ao estabelecimento de normas de métodos de controle na transmissão de infecções.
conduta, bem como da aplicação de técnicas de vi-
gilância epidemiológica e microbiológica.
Dessa equipe ou comissão devem fazer parte Ambiente Físico:
médicos e enfermeiras com treinamento nas técnicas
de controle de I.H. e experiência infectológica. A atu- Algumas recomendações dirigidas ao dimensiona-
ação desses profissionais deve preferencialmente ser mento e implantação da área física são universalmente
independente e autônoma em relação ao "staff" da aceitos. O distanciamento adequado entre os berços e
unidade-alvo, contando ainda com o suporte laborato- equipamentos tem direta influência na redução das
taxas de infecção das unidades de atendimento neona- material contaminado deve ser também observado,
tal. As normas preconizadas pela Academia Americana assim como a disposição de um recipiente com tampo
de Pediatría (74,75) dispõem uma área de 2 a 2.5 m2 por por berço, para despejo do material de uso.
berço no setor de recém-nascidos normais, 4.5 m2 para
o setor de cuidados intermediários e entre 7.5 a 9-5 m2
por "ilha de antendimento" na área de cuidado inten- Dimensionamento e Controle de Saúde
sivo neonatal. da Equipe
Os estudos realizados até o momento não indicam
aumento da incidência de I.H.s no sistema de aloja- No planejamento de uma unidade neonatal deve-
mento conjunto, incentivando a sua aplicação em se ter em mente que tanto o excesso como o número
grande número de serviços (71,78,33). Esses programas reduzido de funcionários podem ser causa de elevação
tem o potencial de reduzir os riscos relacionados à das taxas de infecção intrahospitalar. A equipe de
superlotação dos berçários e à possibilidade do cruza- médicos e enfermagem deve ser planejada para uma
mento de infecções. adequação e contínua atenção aos neonatos, sem
Recintos separados para isolamento são raramente sobrecarga de trabalho ou ociosidade, reservando
indicados para recém-nascidos, desde que algumas tempo para a educação continuada e, durante o
condições sejam garantidas (71> horário de atuação na unidade, para a observação das
1. o adequado número de enfermeiras e outros normas de prevenção da transmissão de infecções,
profissionais seja disponível, com tempo suficiente na principalmente da técnica de lavagem de mãos. Em se
rotina de trabalho para a execução das normas de tratando ainda de unidades de atendimento neonatal,
controle de I.H., principalmente na técnica de lavagem com suas características e peculiaridades, do aloja-
de mãos. mento conjunto à UTI, é fundamental contar com uma
2. distanciamento suficiente entre os leitos ou equipe estável e exclusiva, sem rotatividade com ou-
"ilhas" de atendimento, de pelo menos 1.5 m tros setores do hospital. O número de enfermeiras e
3. lavatorios em número e disposição adequados, auxiliares previsto pela Academia Americana de
cercando a rotina de lavagem de mãos de facilidade e Pediatria em cada área de atuação é apresentado a
praticidade SegUir (78,33);

4. educação continuada da equipe, visando a con-


scientização quanto ao modo de transmissão das # Berçário de normais: l enfermeira ou auxiliar
infecções interpacientes. para 6 a 8 recém-nascidos
Quando esses critérios não são plenamente aplica- # Alojamento conjunto: l enfermeira ou auxiliar
dos, recintos separados para isolamento podem even- para cada 4 a 5 pares mãe-filho
tualmente ser requeridos. # Risco intermediário: l enfermeira para 3 a 4
A instalação dos lavatorios para as mãos deve pacientes
seguir as regras citadas acima quanto ao número e dis- # Cuidado intensivo: l enfermeira para l ou 2
posição, devendo estar sempre próximos ao leito a ser pacientes
manipulado, nunca colocados nos balcões e preferen-
cialmente acionados pelos pés. Da mesma forma, por- Os serviços de promoção de saúde do "staff" hos-
tas e dispensadores de antissépticos devem ser acio- pitalar devem ser mais rigorosos no controle de fun-
nados por controles acionados pelos pés ou joelhos. cionários lotados no setor neonatal (71,23,100). Os progra-
O revestimento de pisos, paredes, portas, balcões e mas de detecção da imunidade sorológica à rubéola e
demais peças do mobiliário deve ser executado com suscetibilidade à varicela devem ser reforçados, com
material liso e impermeável, possibilitando mais fácil e imunização ativa no primeiro caso ou prevenção de
efetiva limpeza e desinfecção ^^. contato nos indivíduos suscetíveis. Da mesma forma, a
Sistemas com fluxo de ar unidirecionado ou com pesquisa anual para detecção da tuberculose e a
déscontaminação de ar ambiente são também detecção sorológica para hepatite B devem ser efetu-
descritos, incorrendo porém em custos elevados, nem adas, visando a imunização ativa para esta última,
sempre relacionados à efetiva redução das taxas de notadamente naqueles com contato constante com
I.H. pacientes, sangue e secreções.
Fluxo diferenciado para o encaminhamento de Infecções estreptocócicas, estafilocócicas, infec-
ções do trato respiratório, gastroenterites, dermatites, necessidade e continuidade do procedimento em
lesões cutâneas abertas e conjuntivites são condições questão, priorizando a retirada precoce, meio mais
que contraindicara o contato direto com recém-nasci- efetivo de reduzir os riscos.
dos, devendo ser prontamente relatadas. Duas situa-
ções são especialmente discutidas na transmissão de
doenças do "staff" para o RN: a colonização nasal ou Procedimentos
cutânea por Stafiloccocus aureus e as infecções labiais
por herpes simples do tipo I. No primeiro caso os por- Muitos procedimentos restritivos utilizados no pas-
tadores assintomáticos podem ser admitidos na rotina sado mostraram com a evolução serem rituais com
de trabalho, desde que reforcem a adesão aos pro- pouco ou nenhum impacto nas taxas de infecção
cedimentos de prevenção. Na infecção labial herpéti- nosocomial. Assim é que o uso de máscaras, gorros,
ca, o trabalho pode ser continuado desde que sejam proteção para barba e aventais ou mesmo medidas
cobertas as lesões por máscaras, evitado o contato das extremamente rigorosas na limitação às visitas tem
mãos com as lesões e observado extremo rigor na sido descartados como rotinas universais. Pais e médi-
lavagem das mãos ww. cos consultantes devem ter o acesso facilitado às
O risco de transmissão nosocomial do vírus da unidades neonatais. Uma visão mais contemporânea
imunodeficiência adquirida (HIV) levou à imposição demonstra que precauções excessivas ou complexas
de inúmeras precauções ditas universais para a profi- podem não só serem inefetivas e onerosas, mas poten-
laxia das infecções associadas ao contato com sangue cialmente constituir desestímulo à adesão aos proced-
e secreções. Mais do que na transmissão do HIV, o imentos realmente eficazes ou até desencorajar médi-
maior impacto dessas medidas para o "staff" hospitalar cos e enfermeiras a dispensar o exame cuidadoso ao
tem sido verificado em doenças como a hepatite B, paciente.
hepatite C e citomegalovírus <78>.
O comitê de infecção hospitalar deve estar conti- Lavagem de mãos
nua e profundamente envolvido no programa de con- A chave para o controle efetivo das infecções em
trole de saúde de pessoal, no sentido de promover a berçário é a estrita adesão à técnica de lavagem das
educação continuada, onde sejam ressaltados em mãos, vital para a interrupção da rota fecal-oral de
forma de aulas e palestras, a suscetibilidade neonatal transmissão principalmente de gram-negativos (73,94,57).
às infecções e a eficácia das medidas de controle, e a A faixa neonatal com sua especial suscetibilidade à
motivação para a participação ativa na vigilância das infecção por contaminação tegumentar tem na
infecções nosocomiais. lavagem das mãos o meio fundamental de prevenção
dessas infecções. Estudos tem demonstrado porém
que os profissionais de saúde trabalhando em
Equipamentos unidades de cuidado intensivo lavam suas mãos em
apenas 20 a 40% das ocasiões após o contato com o
Os equipamentos de uso comum entre vários paciente &,&>, chamando a atenção para a necessidade
recém-nascidos, como por exemplo estetoscopios nos antes de tudo de uma mudança de comportamento
berçários de normais, devem ser limpos antes e após frente à questão da infecção hospitalar CD. Com a com-
o uso com soluções alcoólicas ou antissépticos ioda- preensão das limitações na resposta imune do recém-
dos. No recinto da UTI neonatal, cuidados inter- nascido, é imperativo que a colonização inicial e sub-
mediários ou no setor de prematuros ou baixo peso, sequente deste ser previamente sem contato micro-
esse tipo de material deve ser individual, não dispen- biano, seja protegido do impacto de uma flora sempre
sando os cuidados com a desinfecção periódica. potencialmente muito agressiva.
Outros equipamentos, notadamente envolvendo Os procedimentos recomendados à entrada da
gasoterapia, máscaras e circuitos de respiradores, son- unidade neonatal incluem:
das de aspiração ou mesmo materiais com contato - remoção de anéis, relógios e pulseiras
com a pele devem ser autoclavados ou submetidos à - lavagem inicial com escovação com agente antis-
esterilização por óxido de etileno. séptico por 2 minutos, incluindo antebraço até cotove-
Pacientes com equipamentos invasivos devem ser los e meticulosa limpeza ungueal
submetidos à uma avaliação crítica diária quanto à real - lavagem subsequentes mais rápidas, em torno de
15 segundos, sempre antes e após a manipulação dos número de pias, a pronta reposição de soluções
pacientes e equipamentos, evitando tocar em roupas, saponáceas ou antissépticas e toalhas de papel, uso de
pele ou cabelos (do próprio examinador). veículos agradáveis ao tato e à visão, evitando quais-
As mãos são colonizadas por uma flora transitória, quer fatores que representem desestímulo à esta roti-
facilmente removida com a lavagem cuidadosa mesmo na.
com saponáceos comuns, e uma flora residente, geral-
mente não removível pelos métodos de rotina cs2). Os Paramentação e vestuário:
microorganismos da flora permanente podem ter seu O uso contínuo de aventais pela equipe de atendi-
número reduzido ou serem parcialmente inativados mento, embora tradicional em berçários e unidades de
pela adequada técnica de escovação associada ao uso cuidado intensivo, não tem papel comprovado pela
de agentes antissépticos, como o hexaclorofeno, os literatura na interrupção ou prevenção da transmissão
antisépticos iodados e mais recentemente do cloro- de microorganismos. Estudos comparativos não
hexidine (71,78,33,76). demonstram nenhuma diferença significativa na taxa
A escolha de um agente antissépico deve basear-se global de infecção, na taxa de colonização umbilical
na eficácia do mesmo frente à prevalência e à sensi- por S.aureus, na maior ou menor adesão ao procedi-
bilidade das bactérias e fungos no berçário e na tole- mento da lavagem de mãos ou na taxa de colonização
rabilidade e aceitação por parte do "staff" (8>61>. Embora de catéteres quando aventais são utilizados (31,1,20,21).
haja inequívoca atividade microbicida nessas soluções, Alguns autores concordam porém no uso de aventais
discute-se ainda se o efeito final nas taxas de infecção de manga longa, em uso individual por criança, nas
se deve realmente ao seu uso, ou simplesmente a uma seguintes situações:
maior adesão à lavagem de mãos, motivada pela pre-
sença desses antissépticos ou facilidades conjunta- # no ato de carregar, segurar ou amamentar o
mente implantadas para a técnica. recém-nascido, evitando assim o contato corporal com
O hexaclorofene (3%) foi largamente utilizado há o "staff"
algumas décadas. Seus efeitos irritativos para a pele, a # para. o cuidado e exame de recém-nascidos em
possibilidade da absorção transcutânea com toxici- certos tipos de isolamento, como o de contato ou
dade sistêmica e seu limitado espectro antibacteriano entérico
restringiu seu uso a alguns surtos de IH por S. aureus # em visitantes, médicos consultantes, técnicos de
(78) . laboratório e funcionários da limpeza, sobre a roupa
Os antissépticos iodados tem amplo espectro de habitual
atividade, incluindo agentes gram-negativos e gram- # em procedimentos cirúrgicos, usando aventais
positivos, tendo substituído, nos anos 70, o hexaclo- estéreis
rofeno. Alguns efeitos indesejáveis, como a irritação
da pele ou a indução de dermatites e a possibilidade Tem-se tornado rotina para o "staff" dessas
de absorção e inibição tireoidiana limitaram seu uso, unidades o uso de "roupa cirúrgica", incluindo calça e
até a introdução de novas fórmulas, melhor toleradas jaleco próprios da unidade e de uso restrito em seu
e utilizadas atualmente (78). interior, proporcionando higiene e conforto para as
O clorohexidine (4%) veio na última década sub- pessoas que permanecem muitas horas atuando nesse
stituir os compostos anteriores, associando amplo local.
espectro antimicrobiano com boa tolerabilidade Máscaras, gorros e luvas não devem ser utilizados
cutânea, sendo a solução mais utilizada nos serviços de rotina, salvo em situações especiais de isolamento
em nosso meio (71,78,8,60. ou em procedimentos invasivos.
Mais importante que a escolha de uma solução A Academia Americana de Pediatria em "Standards
antisséptica específica é a conscientização da necessi- and Recomendations for Hospital Care of Newborn
dade da técnica adequada na lavagem inicial e nas Infants" recomenda que os lençóis utilizados na UTI
subsequentes, garantindo a remoção da flora tran- neonatal, no cuidado intermediário e continuado e na
sitória e impedindo dessa forma a transmissão inter- sala de admissão devem ser esterilizados por auto-
pacientes. Importante ainda é cercar o ritual de clavagem (3D. Essa recomendação porém não é univer-
lavagem das mãos de facilidade, praticidade e espon- salmente aceita pela maioria dos berçários norte-ame-
taneidade, para isso concorrendo o posicionamento e ricanos, nem houve comprovação de que roupas e
lençóis adequadamente lavados na rotina do próprio potencial de absorção transcutânea, mesmo no cuida-
hospital (assim considerados livres de germes c^)) do umbilical, possibilitando a supressão tireoideana
sejam fonte de infecção para o recém-nascido. neonatal. O hexaclorofeno pode ser utilizado apenas
Considerando o custo daquela recomendação, não há eventualmente e em banho único diário, com o obje-
subsídios para a adesão estrita a essa norma. tivo de reduzir a colonização e interromper surtos de
infecção por S. aureus. Não deve ser utilizado em pre-
Cuidados com coto umbilical, pele e olhos do RN: maturos. O clorohexidine tem bom espectro antibacte-
1. Coto umbilical: riano, baixa toxicidade e não é absorvido pela pele
Após a ligadura estéril do cordão umbilical, há íntegra, sendo utilizado com freqüência em serviços
controvérsia quanto ao melhor método de assepsia. europeu, tanto para o cuidado à pele e como para o
Agentes tópicos específicos tem seu uso defendido coto umbilical ^78>. Não há porém consenso para o seu
por alguns autores, como o corante triplo (verde-bri- uso rotineiro.
Ihante, hemisulfato de proflayina e violeta-cristal em Vale novamente ressaltar que nenhuma técnica ou
solução aquosa), o creme de sulfadiazina de prata e a solução específica substitui ou supera a lavagem rigo-
pomada de bacitracina, sendo efetivos na redução da rosa das mãos da equipe e assistência como método
colonização do coto por S.aureus, embora retardando de redução das taxas de infecção nosocomial.
sua queda cr®. Outros dão preferência ao cuidado seco
do coto umbilical, com assepsia periódica com solu- Olhos:
ções alcoólicas, levando à precoce queda do mesmo. Muitos agentes tópicos tem-se mostrado efetivos
Não foi possível ainda definir-se o melhor método, já na prevenção da oftalmia gonocócica. Na maioria dos
que comparadas aos agentes anteriores, as soluções estados norte-americanos o tipo e o método de profi-
alcoólicas tem pequena eficácia do ponto de vista de laxia são mais precisamente estabelecidos por lei
ação antibacteriana. Não havendo porém superiori- estadual. A profilaxia com nitrato de prata a 1%, embo-
dade comprovada de um método em relação a outro, ra efetiva, tem a desvantagem de freqüentemente
dá-se preferência em nosso meio à assepsia periódica causar uma conjuntivite química e não prevenir a
e freqüente com soluções alcoólicas. infecção conjuntival pela Chlamydia.
O cuidado à pele do recém-nascido tem sido tam- A utilização de pomadas oftálmicas com eritromici-
bém objeto de debate. A opinião corrente na literatu- na (0,5%) ou tetraciclina (1%) em doses individuais,
ra sustenta que a chamada técnica seca de limpeza tem sido efetivas na prevenção da conjuntivite pela N.
diminui a ocorrência dê traumas à pele, reduz a perda gonorrhoeae, com cobertura razoável para a C. tra-
de calor, evita a toxicidade potencial pela absorção chomatis, evitando assim a conjuntivite química pelo
cutânea de agentes químicos, interferindo com menor nitrato w\ Na impossibilidade do uso de soluções
intensidade na aquisição da flora cutânea normal c/us). oftálmicas, geralmente por recusa dos pais na admin-
Essa técnica pressupõe a limpeza inicial com água e istração de medicamentos oculares, preconiza-se a
esponjas estéreis e eventualmente com saponáceos injeção intramuscular de dose única de 125 mg de cef-
neutros, sem uso de antissépticos tópicos, priorizando triaxone, eficaz para a prevenção ou tratamento da
subseqüentemente a limpeza ou mesmo a lavagem oftalmia causada por gonococos resistentes à penicili-
perineal. Alguns relatos de literatura descrevem no na (54,42).
entanto taxas endêmicas de infecção e mesmo a ocor-
rência de surtos por S. aureus, possivelmente rela- Visitas de familiares:
cionados a esse modo de cuidado v8®. Em nosso meio A sofisticada e crescente tecnologia empregada nas
várias unidades neonatais não seguem essa rotina, unidades de cuidado intensivo neonatal tem prolonga-
preconizando o banho de imersão diário, com uso de do consideravelmente o tempo de internação dessas
saponáceos neutros, sem antissépticos neutros, crianças, tornando a participação familiar parte impor-
aparentemente não alterando as taxas de infecção tante do tratamento. Os poucos estudos disponíveis
relacionadas ao sistema tegumentar. não demonstram alterações ou influência da visita de
O uso de soluções antissépticas normalmente uti- pais e irmãos na colonização bacteriana dos recém-
lizadas para a escovação cirúrgica e lavagem das mãos nascidos ou nas taxas de infecção I.H., devendo ser
não deve fazer parte da rotina de cuidado à pele do encorajados para essa rotina e participação «3,85).
recém-nascido. O uso de detergentes iodados tem o Pais e irmãos devem seguir, ao entrar na unidade,
a mesma rotina de lavagem e escovação das mãos 3. Catéteres intravasculares:
descrita para o "staff da unidade. Aventais de manga A instalação de catéteres intravasculares deve obe-
longa devem ser colocadas sobre a roupa normal. decer em sua rotina aos critérios de assepsia e antis-
Devem ainda ser instruídos para não tocar em equipa- sepsia preconizados para os procedimentos cirúrgicos.
mentos e em outros bebês, A limpeza local com antissépticos e a oclusão com
A verificação de doenças respiratórias ou de lesões curativo elaborado com técnica e material estéreis
infectadas em mãos ou face, devem impedir a entrada deve ser um procedimento diário, sendo o uso de
no recinto do berçário ou da UTI neonatal. No caso antibióticos tópicos no pertuito ainda controvertido.
dos irmãos deve haver uma breve entrevista prévia Algumas técnicas e rotinas podem ter direta influência
para a verificação de doenças respiratórias, cutâneas nas taxas de infecção relacionadas ao catéter, como a
ou história de gastroenterites, assim como da técnica de tunelização, a troca dos catéteres de local
exposição recente a doenças infecto-contagiosas. ou por fio guia, o cuidado na contaminação das
Como regra geral a visitação deve ser limitada aos coneões e o uso de catéteres siliconizados de duplo
períodos e número de vezes que permitam uma ade- ou triplo lúmen.
quada recepção e supervisão dos visitantes pela equi- Na suspeita de bacteremia ou sepsis relacionada ao
pe da unidade, além de não dever interferir no aten- catéter, hemocultura pelo catéter e hemocultura peri-
dimento médico e da enfermagem a esse paciente. férica devem ser obtidas, além do envio da ponta para
cultura semiquantitativa. A infecção local do pertuito
sem hemocultura ou cultura de ponta positivas, sendo
Procedimentos Especiais porém evidente indício de colonização em evolução.
O uso de antibióticos sistêmicos profilaticos não é
1. Coleta e armazenamento de leite materno: recomendado, assim como o tratamento da sepsis rela-
O leite coletado manual ou mecanicamente deve cionada ao catéter sem a retirada do mesmo.
ser acondicionado em recipientes estéreis, sob refrig-
eração, podendo ser reservado para o uso por até 48 4. Rotina no uso de soluções de nutrição
horas, ou segundo alguns autores, por até 5 dias GO). parenteral:
Com a técnica adequada e asséptica de coleta e O preparo dessas soluções deve ser sempre feito
armazenamento ^ o leite pode ser considerado em local apropriado e exclusivo, sob fluxo aéreo lami-
estéril, não havendo a necessidade de coleta de cul- nar, não se permitindo qualquer violação do recipi-
turas previamente ao uso. A criação de bancos de ente. Preferencialmente as linhas de infusão dessas
leite, proveniente de múltiplos doadores não tem sido soluções devem ser de uso exclusivo, com extremo
uniformemente recomendada, dada a ocorrência de rigor de assepsia na manipulaçnao das conexões.
surtos de infecção por Salmonella sp, Klebsiella e out-
ros microoganismos <84>. Em bancos de leite é man- 5- Uso de antibióticos:
datória a execução periódica de culturas para bactérias A introdução e manutenção de antimicrobianos e a
patogênicas nas amostras do leite estocado, antes de eventual e rara indicação profilática deve seguir as
sua liberação para o consumo dos recém-natos. normas gerais do uso racional dos agentes antiinfec-
ciosos, já abordado anteriormente.
2. Utilização de sangue e derivados:
Em adição aos testes de rotina para o antígeno da 6. Imunoprofilaxia:
hepatite B e para anticorpos do vírus da imunodefi- Uma abordagem ainda em estudo para a pre-
ciência adquirida, é recomendado que apenas sangue venção de infecções nosocomiais em recém-nascidos
sem anticorpos para o citomegalovírus seja ministrado é a administração profilática da gamaglobulina endo-
para recém-nascidos. Em alguns hospitais essa venosa logo após o nascimento. Há um considerável
restrição é aplicada apenas aos RNs pré-termo. Uma embasamento teórico para essa abordagem, conside-
alternativa é o uso de sangue congelado e degli- radas as limitações da função de linfócitos T e B no
cerolizado, inativando o citomegalovírus, ou o uso de recém-nascido, além da deficiência na passagem
sangue do qual os leucocitos tenham sido filtrados por transplacentária de imunoglobulinas maternas no pre-
leucoferese «6,95). maturo. Outra proposta terapêutica é a administração
da gamaglobulina para a mãe de prematuro durante o "'Culturas de rotina de hemoderivados, fluidos
trabalho de parto. A gamaglobulina porém não atra- infundidos e N.P.P.
vessa adequadamente a barreira placentária até 32
semanas da gestação. *Uso de antimicrobianos tópicos em catéteres vas-
Os resultados são ainda conflitantes, mas a maior culares e em meato urinario de pacientes sondados
evidência é favorável ao uso terapêutico, não se reco-
mendando o uso profilático mesmo em prematuros.
Estudos multicêntricos recentes (Fanaroff et ai, 1994) Isolamento:
w não demonstraram qualquer redução na incidência
de infecções nosocomiais em prematuros, pelo uso Como já foi salientado o uso de salas separadas
profilático da gamaglobulina, reforçando a recomen- para o isolamento é raramente indicado para recém-
dação anterior. nascidos, desde que condições adequadas estejam
presentes no rigor nas técnicas de assepsia e pre-
venção de infecção hospitalar (71,23).
7. Descontaminação seletiva: Um conceito incorreto envolvendo precauções de
isolamento para recém-nascidos e prematuros é o de
O emprego de agentes antibacterianos e antifúngi- que o uso de incubadoras substitui plenamente o uso
cos tópicos não absorvíveis tem sido advogado para a de quartos separados para isolamento. As incubadoras
profilaxia de pneumonias nosocomiais e da translo- podem filtrar o fluxo de entrada de ar, mas não o fluxo
cação bacteriana e fúngica pelo trato gastrointestinal. de saída para o ambiente da UTI. Além disso a super-
Os esquemas mais freqüentemente utilizados incluem fície desses equipamentos podem facilmente colo-
a associação de tobramicina, de anfotericina B e de nizar-se com organismos patogênicos, constituindo
polimixina, administrados por via enteral e na forma fonte de infecção para as mãos e antebracos dos ele-
de pastas orais (in ora base). mentos do "staff" e indiretamente para outros RNs.
A experiência dessa forma de profilaxia ainda é Incubadoras são portanto satisfatórias para o isola-
reduzida na faixa etária pediátrica, com grande con- mento reverso dos neonatos, mas não podem ser tidas
trovérsia em sua indicação, risco de efeitos adversos e como um meio adequado para a prevenção da trans-
custos. No período neonatal em especial é pouco missão de infecções.
provável que haja um consenso a curto prazo para a As precauções de isolamento para um recém-
introdução dessa terapia. nascido infectado ou colonizado, ou para um RN
de mãe com suspeita infecciosa, devem ser determi-
Práticas Abandonadas ou de Benefício nadas:
Improvável na Prevenção da I.H.: (43,87,86,17,18)
* pelo patógeno bacteriano ou viral suspeito
"Vigilância de rotina com coleta de culturas de
ambiente, pessoal e equipamentos * pelas manifestações clínicas

*Uso geral de antibióticos profiláticos * pela fonte e possíveis modos de transmissão

*Desinfecção ambiental com luz ultravioleta * pelo número de RNs colonizados ou infectados

*Desinfecção da pele com compostos quaternários Outros fatores a serem analisados são as condições
de amonio gerais da criança e o tipo de atenção exigindo, a
disponibilidade de espaço e facilidade de manejo e
Troca rotineira de cánulas endotraqueais monitorização em isolamento, a relação do número de
enfermeiras por paciente e finalmente o tamanho e
* Troca de circuitos e nebulizadores em intervalos complexidade da unidade neonatal.
inferios a 24 horas O quadro seguinte apresenta as recomendações do
CDC para a indicação de isolamento na faixa etária
:I;
Esterilização da maquinaria interna dos respi- neonatal.
radores
Em adição às técnicas e indicações de isolamento, Durante surtos de infecção, recém-nascidos com
o agrupamento de recém-nascidos em coortes pode infecção manifesta ou colonização, o pessoal contac-
ser aplicado para manter em taxas mínimas a trans- tante e eventualmente já portadores e os RNs expostos
missão de microorganismos ou doenças infecciosas devem ser colocados em confinamento de grupo, se-
entre grupos de RNs em berçários de grande capaci- parando os casos com doença daqueles pacientes
dade. expostos.
O confinamento em coortes (71,78,30 consiste no O sucesso da técnica de agrupamento em coortes
agrupamento de pacientes suscetíveis e também dos depende grandemente da aceitação do método pela
componentes do "staff", tomando esse grupo como equipe de enfermagem e equipes auxiliares, seguindo
uma unidade epidemiológica, com precauções apro- estritamente as regras de não cruzamento de áreas e as
priadas para o grupo durante o período de conta- normas de controle das infecções nosocomiais.
giosidade potencial. O sucesso dessa técnica em con-
ter um surto de infecção hospitalar depende do perío- Vigilância das Infecções Hospitalares em
do de incubação da doença em questão, da duração Unidades de Cuidado Neonatal:
do período de contagiosidade antes da doença clínica A vigilância de infecções hospitalares em unidades
e da freqüência de infecções subclínicas. A variedade neonatais requer um organizado è eficaz sistema de
é o exemplo clássico de doença cujo surto tem no detecção e registro, uma intensa e mútua colaboração
confinamento em grupos, o principal e mais efetivo entre a equipe de atendimento e a comissão de con-
meio de contenção. trole de infecção e um alto grau de suspeição por
parte de médicos e enfermeiras durante a assistência importante em procedimentos invasivos. Detalhes
ao RN. Acrescente-se a essas dificuldades o pequeno desses procedimentos devem ser discutidos com a
tempo útil para reconhecimento de condições patológ- comissão de controle de IH, podendo inclusive ser
icas em RNs que serão liberados no segundo ou ter- esse novo procedimento passível de vigilância micro-
ceiro dia de vida, podendo manifestar uma infecção biológica prospectiva, para melhor monitorização
nosocomial vários dias após. As unidades de cuidado desse potencial.
intensivo, por sua vez, demandam uma monitorização
ainda mais criteriosa, dados os riscos exponencial-
mente aumentados com a duração da internação. Técnica de Vigilância Propriamente Dita:
Em geral as rotinas de coleta de culturas dos RNs, Sistema "NNISS"
dos componentes do "Staff" e do ambiente não fazem
parte da técnica de vigilância em tempos livres de sur- Um sistema de vigilância de IH deve suprir os
tos epidêmicos, não havendo embasamento micro- seguintes objetivos:
biológico, epidemiológico ou de relação custo: bene- # prover um método eficiente, fidedigno e
fício para o empregado dessa rotina (71,6,42). A maior abrangente de coleta de dados dos RNs internados nas
parte das infecções em berçário são disseminadas de áreas de normais ou de risco, incluindo a identificação
um recém-nascido para outro recém-nascido, funda- de infecções após a alta hospitalar
mentalmente através das mãos dos prestadores de # considerar o impacto da gravidade e complexi-
assistência. A transmissão de infecções primariamente dade clínica, bem como do grau de invasão terapêuti-
do bebê para um funcionário ou vice-versa é um ca nos índices de infecção na unidade de cuidado
evento não usual. Da mesma forma a superfície de intensivo
equipamentos e do ambiente não costuma ser a fonte # estabelecer periodicamente padrões e tendências
de infecção em berçários bem estruturados. Estudos no comportamento das infecções nosocomiais, de
demonstram que o valor preditivo de culturas de acordo com as características e peculiaridades de cada
superfície (ambiente e equipamentos) para a infecção unidade
nosocomial situa-se em torno de 7,5% apenas tfo. # identificar padrões de sensibilidade dos microor-
Se um surto epidêmico se perpetua dentro da ganismos obtidos
unidade neonatal, a despeito de uma técnica de isola- # permitir o reconhecimento de surtos epidêmicos
mento e identificação de contactantes bem aplicada e muitas vezes com indícios de sua patogênese, basea-
do reforço da rotina de lavagem das mãos, aí sim deve do nos padrões pré-estabelecidos de cada unidade
ser levantada a possibilidade de uma fonte ambiental # permitir a definição de estratégias de controle
ou portador no "staff" como determinantes do proble- frente aos padrões de risco constatados
ma. Só nessa situação se justifica a pesquisa de even- # obter dados comparativos de IH entre hospitais
tuais portadores assintomáticos e de fontes ambientais, com casuísticas similares, para avaliação de prevenção
incluindo soluções endovenosas e hemoderivados. e medidas de controle por eles realizados
Por exemplo, se o agente do surto de infecção noso-
comial é uma bactéria gram-negativa entérica, tipica- O sistema denominado NNISS (National Noso-
mente transmitida por via fecal-oral, grande é a chance comial Infection Surveillance System) 03,25) é o que
de transmissão pelas mãos de uma ou mais fontes. Se melhor tem se aproximado do desempenho dessas
a infecção é do trato respiratório inferior, em bebês funções e objetivos. O NNISS é um sistema idealizado
intubados e ventilados, a análise dos procedimentos e implantado na década de 70 de modo multicêntrico,
de aspiração e pesquisa microbiológica no material envolvendo inicialmente 116 hospitais norte-ameri-
utilizado podem ser requeridos. Sepsis súbita, com rá- canos, no sentido de padronizar a coleta de dados e
pida evolução para choque e óbito, principalmente obter números comparativos mais fidedignos e
em prematuros, deve trazer a forte suspeita de conta- abrangentes, nos seus quatro componentes de apli-
minação das soluções infundidas por via intravenosa, cação, utilizados a partir de 1984: Componente geral,
incluindo hemoderivados. Componente UTI adulto e pediátrica, Berçário de alto
Quando novos procedimentos são introduzidos risco e Componente cirúrgico. Esse método tem como
em um berçário, seu potencial para a infecção noso- méritos:
comial deve ser considerado. Isso é particularmente 1. a valorização dos fatores de risco e do impacto
de procedimentos invasivos nas taxas de infecção. No metodologia ideal, que reflita de modo completo e
caso do berçário de alto risco, avaliam-se os dados a absoluto a ocorrência dessas infecções. Por ora a ação
luz de três categorias de peso e dois procedimentos mais importante para esse fim é utilizar todos os recur-
invasivos: cateterização venosa ou umbilical e uso de sos disponíveis para a detecção precoce e precisa de
respirador uma IH e lançar mão do máximo rigor com mínima
2. a valorização do tempo de permanência na subjetividade na busca ativa desta condição.
unidade
Summary:
O compronente "Berçário de Alo Risco" do NNISS Hospital Infections in Newborn
pressupõe a coleta dos seguintes dados:
# a determinação do número de pacientes expos- The authors present a review concerning hos-
tos para denominador da taxa global de infecção. pital infections in the Neonatal Pediatrics área.
Entende-se como pacientes expostos a soma dos RNs
presentes no primeiro dia do mês com o número de Referências Bibliográficas
admissões ocorridas durante esse período.
# a determinação do número de pacientes - dia, ou 01. ALBERT, R.K.; CONDIE, F. Handwashing patterns
seja, do registro diário do número cumulativo de in Medical Intensive Care Units. N. Eng. J. Med.,
pacientes na unidade em cada período de 24 horas, 304: 1465-1469, 1981.
contabilizados no final do mês como o total de 02. ARIAGNO, R.L., SWEENEY, T.J., BALDWIN, R.B., et
pacientes-dia al. The effects of dexamethasone on lung func-
# a estratificação de cada uma dessas determi- tion and risks in three week old ventilator depen-
nações acima, de acordo com as faixas de peso ao dent preterm infants. Rev Resp Dis, 4:17, 1988.
nascimento: < que 1500 g; entre 1500 g e 2500 g e 03. AVERY, G.B., FLETCHER, A.B., KAPLAN, M., et al.
acima de 2500 g Controlled trial of dexamethasone therapy in
# a determinação do tempo médio de permanên- infants with bronchopulmonary dysplasia.
cia (ALOS - Average Lenght of Stay) dos RNs em cada Pediatrics, 75:106-111, 1985.
categoria acima para posterior ajuste das taxas de 04. BALEY, J.E. NEONATAL CANIDIASIS: The Current
infecção pelo quociente por esse valor. Challenge. Clin Perinatol, 18: 263-279, 1991.
As determinações e registros acima efetuados per- 05. BATTON, D.G, MAISELS, J., APPELBAUM, P. Use
mitem o cálculo das seguintes taxas de infecção: of peripheral intravenous cannulas in prema-
1. Taxa global de infecção hospitalar por 100 ture infants: A controlled Study. Pediatrics, 70:
pacientes expostos, em cada categoria de peso 487-490, 1982.
2. Taxa global de IH por 1000 RNs-dia, por cate- 06. BELANI, A. et al Outbreak of staphylococcal infec-
goria de peso tion in two hospital nurseries traced to a single
3. Taxa de utilização de procedimentos por 100 nasal carrier. Infect Control., 7:487-490, 1986.
pacientes, por categoria de peso 07. BRACHMAN, P.S. Nosocomial Infections Surveil-
4. Taxa de infecção associada ao procedimento lance. Inf. Control and Hosp. Epidemiology,
pelo número de procedimentos - dia 14,4: 194-197, 1993.
5. Taxas ajustadas pelo tempo de permanência 08. BRAWLEY, R.L. et al Evaluation of Handwash
Agents using brief contact time. Program and
Taxas de infecção que não são ajustadas por cate- Abstracts of the 24 th Interscience Conference
goria de peso ao nascer não podem ser comparadas, on Antimicrobial Agents and Chemotherapy,
mesmo que ajustadas pelo ALOS, pois elas ignoram o 20, 184, 1984.
mais simples e importante fator de risco para infecções 09. BRYSON Y.J. et al: Deficiency of immune interfer-
em RNs criticamente doentes, o peso de nascimento. on production by lymphocytes of normal new-
A introdução do método NNISS em seus vários borns. Cell. Immunol, 55:191, 1980.
componentes, acima apresentada de modo bastante 10. BUTLER, K.M., RENCH, M.A., BEKER, C.J.
sucinto, veio acrescentar novos subsídios e parâmetros Amphotericin B as a single agent in the treat-
para o diagnóstico epidemiológico das infecções noso- ment of systemic candidiasis in neonates.
comiais. Seguramente porém ainda não chegamos à Pediatr Infect Dis J., 9:51, 1990.
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