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INFECÇÕES

HOSPITALARES
• As infecções hospitalares ou nosocomiais
são atualmente denominadas infecções
relacionadas à assistência à saúde (IRAS)

CONCEITOS
• Infecção hospitalar • Na maior parte das vezes, não apresentam
➢ aquela adquirida após a admissão do maior virulência → letalidade relacionada
paciente e que se manifeste durante a com o estado clínico do paciente e
internação ou após a alta, devendo ser resistência aos antimicrobianos
relacionada com a internação ou
procedimentos hospitalares JANELA DE INFECÇÃO
➢ quando, na mesma internação, foi
• Período de 7 dias durante os quais são
diagnosticada infecção comunitária,
identificados todos os elementos necessários
for isolado um germe diferente
para atender ao critério diagnóstico
seguido do agravamento das
epidemiológico de uma IRAS específica
condições clínicas do paciente
➢ quando se desconhecer o período de • Para a identificação do período de janela da
incubação do microrganismo e não infecção deve-se considerar 3 (três) dias
houver evidência clínica e/ou dado antes e 3 (três) dias depois da:
laboratorial de infecção no momento da ➢ data da coleta do primeiro exame
internação, convenciona-se infecção laboratorial com resultado positivo
hospitalar toda manifestação clínica OU
de infecção que se apresentar a partir ➢ realização do primeiro exame de
de 48 horas após a admissão imagem com resultado
➢ são também convencionadas infecções positivo/alterado OU,
hospitalares aquelas manifestadas antes ➢ na ausência de exames, a data do
de 48 horas da internação, quando primeiro sinal OU
associadas a procedimentos ➢ sintoma específico presente no critério
diagnósticos e/ou terapêuticos, diagnóstico daquela IRAS.
realizados durante este período;
➢ as infecções no recém-nascido são
hospitalares, com exceção das
transmitidas de forma
transplacentária e aquelas associadas à
bolsa rota superior a 24 horas

AGENTES PREVALENTES
• Data da infecção → data em que ocorreu o
• Os microrganismos que causam infecções
primeiro elemento (sinal, sintoma ou
hospitalares são, na maioria das vezes,
realização de exames de imagens ou
diferentes daqueles que causam infecções
laboratoriais com resultado
adquiridas na comunidade
positivo/alterado) necessário para a
• Staphylococcus aureus, Pseudomonas definição da infecção, dentro do período
aeruginosa e outros bacilos gram-negativos de janela da infecção.
resistentes são os agentes mais preocupantes
• Infecção presente na admissão → data da
➢ Mas a microbiota infectante varia muito infecção ocorrer até o 2º dia de internação
entre as instituições
IRAS ASSOCIADA AO USO DE • No Brasil, ICS possui mortalidade de 40%

DISPOSITIVOS INVASIVOS • Cerca de 40% das Klebsiella spp.no Brasil já


são resistentes a carbapenêmicos
• Para ser considerada uma IRAS associada a ➢ No Acinetobacter spp., cerca de 80%
dispositivo invasivo, pcte deve ter utilizado
o dispositivo invasivo por um período
maior que 2 (dois) dias consecutivos
➢ na data da infecção o paciente deve
estar em uso do dispositivo OU este
deve ter sido removido no dia anterior.
• Se o dispositivo invasivo for retirado e
inserido um novo dispositivo no mesmo
dia ou no dia seguinte, a contagem de
tempo de uso de dispositivo invasivo
segue normalmente, portanto, não se inicia
uma nova contagem

NOTIFICAÇÃO DE IPCS
• Critério 1
➢ Paciente acima de 28 dias de idade com
agente patogênico identificado em
uma ou mais hemoculturas E
• As IRAS associadas aos dispositivos
➢ O microrganismo identificado não
invasivos são de notificação obrigatória:
está relacionado a outro foco
➢ Infecção primária da corrente infeccioso
sanguínea associada ao cateter central
➢ Pneumonia associada a ventilação • Critério 2
mecânica (PAV) ➢ Paciente apresenta pelo menos um dos
➢ Infecção do trato urinário (UTI) seguintes sinais ou sintomas: febre
associada ao CVD (>38°C), calafrios, hipotensão (pressão
sistólica ≤ 90 mmHg)
INFECÇÃO PRIMÁRIA DE ➢ E
➢ O microrganismo identificado não está
CORRENTE SANGUÍNEA (IPCS)
relacionado a outro foco infeccioso
• Presença de um ou mais microrganismos na ➢ E
corrente sanguínea, cuja origem dos ➢ Duas ou mais hemoculturas, coletadas
mesmos não está relacionada a nenhum em momentos distintos no mesmo dia
outro foco de infecção (foco primário) ou no máximo no dia seguinte, positivas
para agentes contaminantes de pele:
• Infecção primária da corrente sanguínea Corynebacterium spp. (exclui C.
laboratorialmente confirmada associada a diphtheriae), Bacillus spp. (exclui B.
cateter central →pcte com CVC por > 2 dias anthracis), Propionibacterium spp.,
consecutivos (a partir de D3) Staphylococcus coagulase negativa,
➢ Na data da infecção o paciente estava Streptococcus do grupo viridans,
usando o cateter ou o tirou no dia Aerococcus spp. e Micrococcus spp
anterior
• Critério 3 INFECÇÃO X COLONIZAÇÃO
➢ Para crianças > 28 dias e < 1ano; pelo
menos um dos seguintes sinais ou • Colonização de cateter
sintomas: febre (>38°C), hipotermia ➢ Ponta de cateter com presença de >
(<36°C), apneia, bradicardia E 15 UFC por cultura semiquantitativa
➢ Duas ou mais hemoculturas, (técnica rolamento) ou > 100 UFC por
coletadas em momentos distintos no cultura quantitativa
mesmo dia ou no máximo no dia
seguinte, positivas para agentes • Infecção relacionada ao cateter
contaminantes de pele ➢ Infecção no sítio de saída: drenagem
purulenta do sítio de saída do cateter
INFECÇÃO DE CORRENTE ou eritema, edema até 2 cm do sítio de
SANGUÍNEA RELACIONADA AO saída do cateter
CATETER ➢ Infecção do reservatório (port-
pocket): eritema e necrose na pele
• Critério 1 acima do reservatório dos cateteres
totalmente implantáveis ou secreção
➢ Crescimento em ponta de cateter (em
purulenta subcutânea originária do
geral dos 5cm distais de um cateter
reservatório
removido de forma asséptica) acima
➢ Infecção do túnel: eritema, edema e
do ponto de corte para o método
induração no tecido que recobre o
empregado (>15 UFC/ placa para a
cateter, estendendo-se por mais de 2
técnica de rolagem ou “semi
cm do orifício de saída
quantitativa” e >100 UFC/ ml para as
técnicas “quantitativas”) E ETIOLOGIA E PATOGÊNESE
➢ Crescimento de patógeno verdadeiro
em 1 ou mais hemocultura coletada • A etiologia da infecção reflete a forma com
por venopunção periférica OU que o microrganismo atinge a corrente
crescimento de comensal de pele em sanguínea
2 ou mais hemoculturas coletadas por
venopunções periféricas distintas de • Migração de microrganismos da pele para
mesma espécie e perfil de o sítio de inserção e posterior colonização
antibiograma do isolado em ponta de do cateter é a forma mais comum de infecção
cateter
• A frequência dos microrganismos isolados
• Critério 2 tem mudado de acordo com os anos
➢ Crescimento de microrganismo em • Dentre as espécies microbianas mais
pelo menos 1 hemocultura coletada prevalentes temos:
por venopunção periférica E
➢ Staphylococcus coagulase negativo
➢ Crescimento do mesmo
(27%), S. aureus (16%), Enterococcus
microrganismo em sangue coletado
(8%), Gram-negativos (19%), E. coli
através de lúmen de AVC com
(6%), Enterobacter spp (5%), P.
crescimento ocorrendo no mínimo
aeruginosa (4%), K. pneumoniae (4%)
120 mais rápido na amostra central do
e Candida spp (8%).
que na periférica
• Os mecanismos de colonização do cateter
• Critério 3
podem ocorrer de duas formas:
➢ Crescimento em pelo menos 1
hemocultura de venopunção • 1 - colonizados através da microbiota
periférica E própria da pele, das mãos dos
➢ Crescimento do mesmo profissionais e dos anti-sépticos
microrganismo em sangue de lúmen contaminados
de AVC com crescimento no mínimo
• 2 - Superfície interna: a propagação de
3x maior na amostra central do que na
bactérias pela superfície interna do cateter
periférica
pode ocorrer por dois mecanismos
principais:
➢ Manipulação inadequada do canhão • Uso de avental: A utilização de aventais e
do cateter, também chamado de hub luvas é restrita ao quarto do paciente de
➢ Contaminação das soluções de forma que não haja circulação de
infusão por manipulação direta da profissionais paramentados nos corredores
substância administrada ou durante o
processo de fabricação industrial da • Quarto Privativo: O paciente
solução preferencialmente deve ser alocado em um
quarto privativo ou sistema de coorte, que

PREVENÇÃO DE deve receber uma sinalização clara e visível


• 5 momentos da HIGIENE DAS MÃOS:
INFECÇÕES ➢ Antes de tocar o paciente
➢ Antes de realizar procedimento
limpo/asséptico
MEDIDAS DE PRECAUÇÃO ➢ Após risco de exposição a fluidos
corporais
• são um conjunto de ações que visam ➢ Após tocar no paciente
prevenir/controlar a transmissão de ➢ Após tocar superfícies próximas ao
microrganismos nos ambientes de paciente
assistência à saúde, podendo ser
classificadas em: QUARTO PRIVATIVO/COORTE
➢ medidas de precaução padrão
➢ precaução baseada na forma de • O paciente infectado/colonizado por MDR
transmissão de microrganismos deve preferencialmente ser alocado em um
(gotículas, aerossóis e de contato) quarto individual.

• As medidas de precauções padrão devem • Na ausência desta possibilidade, é indicado


ser aplicadas a todos os pacientes então o sistema de coorte, ou seja, alocação
independentemente de serem portadores de de pacientes portadores do mesmo
MDR ou não microrganismo em um quarto, ala, unidade,
com profissionais exclusivos para esse grupo
• Medidas de precaução padrão:
➢ Higiene das mãos LIMPEZA E DESINFECÇÃO DOS
➢ Uso de luvas AMBIENTES
➢ Uso de aventais
➢ Etc • São considerados como fontes de
disseminação, as superfícies e os
• Precaução baseada na forma de equipamentos que entram e/ou estão em
transmissão é adicional à precaução contato com o paciente tais como:
padrão sendo aplicada em situações como: ➢ grades da cama, mesa de alimentação,
➢ Contato: pacientes com régua de gases, sofá, janela, maçanetas;
infecção/colonização causada por ➢ no banheiro, o vaso sanitário, chuveiro,
microrganismos epidemiologicamente pia
importantes, transmitidos através do ➢ Os equipamentos envolvem:
contato com mãos, superfícies e estetoscópio, esfigmomanômetro,
equipamentos termômetro
➢ Gotículas: pacientes com infecção (ou
suspeita) causada por microrganismo • Há a limpeza concorrente e a limpeza
que é transmitido através de gotículas terminal
respiratórias ➢ Limpeza Concorrente → inclui a
➢ Aerossóis: pacientes com infecção (ou limpeza do piso, mobílias acessórias,
suspeita) causada por microrganismo equipamentos, maçanetas,
transmitido pelas vias aéreas tais instalações sanitárias
como tuberculose, sarampo ➢ Limpeza Terminal → paredes, pisos,
teto, equipamentos, camas, colchões,
• Uso de luva: indicado, sempre que houver macas, armários, janelas, vidros, portas,
contato com o paciente, seus objetos e filtros e grades de ar condicionado.
superfícies próximas ao leito.
• Desinfecção → processo de destruir • Se ocorrer mal funcionamento do cateter, a
microrganismos na forma vegetativa, troca do acesso central deverá ser
presentes em superfícies/equipamentos, por realizada com nova punção, não é
meio de um processo físico, químico ou recomendada a troca por fio guia
físico- químico.
• a antibioticoterapia empírica deverá sempre
➢ A desinfecção das superfícies em levar em conta os germes mais prevalentes
serviços de saúde, após limpeza com
da instituição
água e sabão ou detergente neutro, é
indicada na presença de matéria ESCOLHA DO LOCAL
orgânica visível ou microrganismos
multirresistentes e em unidades de • Ordem de preferência na escolha do local de
isolamento passagem:
➢ Punção venosa periférica (dar
ASSEPSIA E ANTISEPSIA preferência aos membros superiores,
evitando os locais de dobras cutâneas).
• Deve-se usar degermantes químicos no
➢ Acesso venoso central de inserção
cuidado a pacientes críticos e antes da
periférica percutânea (PICC), mais
realização de procedimentos invasivos
utilizado em unidades de neonatologia
➢ Devem agir na microbiota da pele → e pediatria.
não depende da ação mecânica da ➢ Acesso subclávio (preferência)
escovação, diminuindo a agressão à ➢ Acesso jugular (deve ser evitado
pele dos profissionais de saúde quando houver traqueostomia).
➢ Femoral (maior risco de infecção)
PREVENÇAO DE INFECCÇÃO ➢ Em recém-nascidos, veia umbilical ou
RELACIONAD A CATETER supraumbilical.
➢ Dissecção venosa em membros
superiores (deve ser evitada pelo alto
risco de infecção).

INSTALAÇÃO DOS CATETERES


VENOSOS
• As mãos devem ser lavadas com
antisséptico (povidona-iodo – PVPI –
degermante ou clorexidina a 2%)
• A seguir: usar paramentação completa
(gorro, máscara, avental longo e luvas
estéreis);

GUIDELINES 2002 • realizar a antissepsia com solução de


povidona-iodo ou clorexidina alcoólica,
• Treinamento e educação continuada da mantendo o mesmo princípio ativo, em
equipe de saúde campo ampliado
➢ Vistoria rotineira diária do local de • usar campos estéreis
inserção durante os curativos
➢ questionar se o paciente sente • Após a instalação do cateter, manter
desconforto no local e anotar o tempo curativo oclusivo com gaze seca ou
de permanência do cateter curativo transparente semipermeável.

• Não realizar culturas rotineiras das pontas CURATIVOS E TROCA DE CATETERES


dos cateteres sem que exista dúvida clínica
sugestiva de infecção; • Nas 24 h iniciais após a punção central,
usar curativo oclusivo com gaze, porque
• Remoção precoce dos cateteres, caso não pode ocorrer sangramento ou solução de
sejam mais necessários continuidade
➢ Após 24h, é recomendado trocar o Os principais objetivos de uma vigilância
curativo de gaze por curativo com filme epidemiológica são:
plástico, com troca programada para 5 ➢ Definir as taxas endêmicas de
a 7 dias; infecção hospitalar.
• Curativos de gaze e esparadrapo devem ser ➢ Identificar aumentos acima dos
limites endêmicos.
trocados a cada 24 horas.
➢ Identificar fatores de risco das
• Realizar antissepsia preferencialmente com infecções hospitalares.
clorexidina alcoólica em cada troca de ➢ Informar os profissionais envolvidos
curativo, após inspeção do local de inserção. na assistência aos pacientes sobre os
riscos dos procedimentos aplicados aos
• Fixar bem o cateter → para não ficar tendo doentes.
muito contato com a pele ➢ Produzir uma série histórica com
• Usar técnica asséptica para manipulação dos evidencias das ações implantadas para a
cateteres e conexões diminuição das taxas de infecção.

• Não se recomenda a troca rotineira de


acessos centrais MECANISMOS DE
➢ Sempre avaliar a necessidade da
manutenção do acesso central RESISTÊNCIA
➢ A retirada do cateter em pacientes
apenas com febre não é • As bactérias podem expressar resistência:
recomendada, pois pode acarretar ➢ intrínseca (inerente) → mecanismos de
complicações mecânicas relacionadas resistência naturais de um gênero ou
com novas punções espécie bacteriana
➢ resistência adquirida → originada a
• Remover o cateter quando houver suspeita partir de mutações nos próprios genes
de infecção local na pele, colonização ou ou pela aquisição de resistência de
de infecção da corrente sanguínea outras bactérias
relacionada ao seu uso
• principais mecanismos de resistência
• Nos pacientes com traqueostomia, ou
➢ produção de enzimas que degradam
quando a cateterização for necessária por
ou modificam antibióticos;
período prolongado, é preferível a
➢ redução da permeabilidade da
utilização da veia subclávia (menor
membrana externa;
incidência de contaminação do cateter)
➢ sistemas de efluxo hiperexpressos;
• Álcool gel deve ser usado antes do contato ➢ alteração do sítio alvo (de ligação) do
com os pacientes, previamente ao preparo antibiótico;
de medicações e como complemento, após ➢ bloqueio ou proteção do sítio alvo do
a higienização das mãos de procedimentos antibiótico
invasivos de curta duração.
PRODUÇÃO DE ENZIMAS QUE
VIGILÂNCIA DAS INFECÇÕES DEGRADAM OU MODIFICAM ATB
HOSPITALARES
ENZIMAS QUE DEGRADAM
• Sistema de vigilância epidemiológica → ANTIBIÓTICOS
observação contínua, ativa e sistemática
das infecções → define níveis endêmicos, • As principais enzimas que degradam
distribuição dentro do hospital, bem como antibióticos são denominadas beta-
as condições que aumentam ou diminuem lactamases
seu risco de infecções. ➢ Catalisam a hidrólise do anel beta-
• Permite conhecer os principais problemas lactâmico
do hospital → permite instituir medidas de
controle mais lógicas e eficazes
• Beta lactamases são divididas em: CARBAPENEMASES
➢ Serina beta-lactamases → possuem
aminoácido serina no sítio catalítico • Carbapenemases são as beta-lactamases
das enzimas com o maior espectro/potencial de
➢ Metalo-beta-lactamases ou MBL → degradação, e o termo deve-se à
necessitam de metal como co-fator capacidade de degradar carbapenêmicos
para atividade catalítica • São enzimas codificadas por genes
• Penicilinases, cefalosporinases, cromossômicos ou plasmideais.
cefamicinases, beta-lactamases de • Várias espécies podem causar infecção, mas
espectro estendido (ESBL) e Escherichia coli, Klebsiella spp. e
carbapenemases → principais Enterobacter spp. são os principais agentes
➢ Geralmente as beta-lactamases com associados às Infecções Relacionadas à
maior espectro/potencial de Assistência à Saúde
degradação (ex.: carbapenemases) têm
também potencial para degradar as • causam infecções graves como infecções de
de menor espectro/potencial de corrente sanguínea, e foram associadas com
atividade (ex.: penicilinas naturais) altas taxas de mortalidade
• As carbapenemases adquiridas por
PENICILINASES plasmídeos possuem destaque na
disseminação da resistência aos
• produzidas por uma variedade de bactérias
carbapenêmicos e são divididas em dois
como Staphylococcus aureus (cocos gram-
grupos:
positivos), Haemophilus influenzae (coco-
bacilo gram-negativo) e bacilos gram- METALO-CARBAPENEMASES (MBL)
negativos em geral.
• tem potencial para degradar todos os beta-
• Possuem atividade restrita de degradação, lactâmicos, exceto monobactâmico
geralmente, direcionada para as penicilinas (aztreonam).
lábeis (ex.: penicilina, amoxicilina)
• Exemplos:
• Oxacilina é uma penicilina estável à ação
➢ IMP (Imipenemase)
das penicilinases → não é degradada
➢ VIM (Verona imipenemase)
➢ NDM (New Delhi Metallo-beta-
ESBLS, CEFALOSPORINASES, lactamase)
CEFAMICINASES E CARBAPENEMASES ➢ SPM (São Paulo Metalo-beta-lactamase)
- endêmica e restrita ao território
• são produzidas por bacilos gram-negativos
brasileiro
tais como enterobactérias (Klebsiella, E.
coli, Enterobacter, etc) e bactérias não- SERINA-CARBAPENEMASES
fermentadoras(principalmente Pseudomona
aeruginosa e Acinetobacter baumannii). • tem potencial para degradar todos os beta-
lactâmicos, cujo principal exemplo é a:
ESBL E CEFAMINASES
➢ KPC (Klebsiella pneumoniae
• possuem potencial para degradar todas as carbapenemase): detectada em
penicilinas, todas as cefalosporinas e diversos gêneros ou espécies de bacilos
monobactâmico (aztreonam), porém a gram-negativos, não sendo exclusiva,
sensibilidade às cefamicinas e como pode sugerir o nome, de K.
carbapenêmicos geralmente é preservada pneumoniae

• possuem capacidade de degradação a ENZIMAS QUE ALTERAM ATB


cefalosporinas de 3ª e 4ª geração
• As principais enzimas que modificam
• A característica primária de degradar antibióticos são as enzimas modificadoras
cefamicinas (ex.: cefoxitina) pertence às de aminoglicosídeos (AME, do inglês
cefamicinases (ex.: AmpC). aminoglycoside modifying enzymes)
• alteram a estrutura química destes • Um dos principais exemplos são as mutações
antibióticos, inativando a sua ligação com as cromossômicas em regiões determinantes
subunidades do ribossomo de resistência às quinolonas
• conferem resistência aos principais • Mutações nos genes gyrA e/ou parC (mais
aminoglicosídeos: comuns) alteram as enzimas
➢ amicacina, gentamicina, tobramicina topoisomerase IV e/ou DNA gyrase que
e kanamicina. atuam na duplicação do DNA bacteriano e
são os alvos das quinolonas
REDUÇÃO DA PERMEABILIDADE DA
• Outro exemplo é a alteração nas proteínas
MEMBRANA EXTERNA ligadoras de penicilina (PBPs, do inglês
Penicillin-Binding Proteins)
• As bactérias gram-negativas são
intrinsecamente menos permeáveis a muitos ➢ conferem resistência variada aos
antibióticos por possuírem membrana antibióticos beta-lactâmicos.
externa na constituição de sua parede celular • Alterações de sítio alvo podem também ter
➢ Logo, esse mecanismo é exclusivo das origem na aquisição de um elemento
BGN genético denominado SCCmec, que
carrega o gene mecA que codifica uma PBP
• A redução da permeabilidade da
alterada (PBP 2A), que está presente no S.
membrana externa pode ocorre por
aureus resistente à meticilina (MRSA) – no
alterações na estrutura das porinas ou
Brasil, é oxacilina
mesmo pela perda da porina → resulta em
permeabilidade mais seletiva ou até ➢ Na presença de resistência induzida por
mesmo impermeabilidade às drogas uma PBP alterada, a síntese da parede
celular bacteriana ocorrerá
• Este mecanismo pode afetar principalmente normalmente na presença de qualquer
a entrada de antibióticos beta-lactâmicos e antibiótico beta-lactâmico → se a
de fluoroquinolonas resistência à oxacilina for detectada,
➢ A perda de algumas porinas pode isto significa que haverá resistência a
diminuir de 4 a 8 vezes a sensibilidade à todos os antibióticos beta-lactâmicos
cefotaxima e ao cefepime disponíveis; usar então glicopeptídeos
➢ Costuma afetar pouco os
• Alterações no terminal D-alanina-D-alanina
carbapenêmicos
(D-Ala D-Ala), que é precursor do
• Estes mecanismos ocorrem em bactérias peptidoglicano da parede celular bacteriana,
como E. coli, K. pneumoniae, Enterobacter acarreta resistência aos antibióticos
e P. aeruginosa glicopeptídeos, como a vancomicina
➢ Pois esse terminal é o sítio alvo dos
SISTEMAS DE EFLUXO glicopeptídeos
HIPEREXPRESSOS ➢ Essa alteração está presente geralmente
em Enterococcus resistentes à
• A atividade dos sistemas de efluxo pode ser vancomicina → VRE
inespecífica ou pode ser uma atividade
específica para uma droga, classe e PROTEÇÃO OU BLOQUEIO DO SÍTIO
subclasse de antibiótico ALVO DO ATB
ALTERAÇÃO DO SÍTIO ALVO DO ATB • Produção de enzimas Qnr → se ligam e
protegem o DNA topoisomerase tipo II
• A maioria dos antibióticos liga-se contra ação de quinolonas
especificamente a um ou mais alvos na célula
bacteriana. ➢ PMQR → plasmid-mediated
quinolone resistence
➢ Alterações na estrutura do alvo do
antibiótico impedem a eficiente ligação • Espessamento da parede celular em S.
ou diminuem a afinidade dessa aureus mediado pela expressão de um
interação conjunto de genes cromossômicos →
bloqueia acesso de glicopeptídeos
➢ Resistência intermediária aos
MECANISMO DE AÇÃO
glicopeptídeos → S. aureus
intermediário à vancomicina ou • O amplo espectro de ação dos
glicopeptídeos (VISA/GISA) carbapenêmicos é explicado por três
➢ Resistência total nos S. aureus propriedades:
resistentes à vancomicina
(VRSA/GRSA) • 1) Tamanho da molécula: essas moléculas
são bastante pequenas e possuem
CARBAPENÊMICOS características de carga que lhes permitem
usar porinas especiais nas membranas de
bactérias Gram- para obter acesso às
• São betalactâmicos, mas possuem espectro
proteínas de ligação da penicilina (PBPs).
de ação mais amplo que a maioria dos
outros betalactâmicos • 2) estrutura resistente à clivagem pelas
➢ São muitas vezes a última linha de betalactamases: incluindo ESBL e AmpC.
defesa contra microorganismos
• 3) Afinidade por PBPs de diferentes tipos
• Doripenem, ertapenem, imipenem e de bactérias.
meropenem → amplamente ativos contra a
• Assim, os carbapenêmicos inibem a síntese
maioria dos gram+ e gram- aeróbicos e
anaeróbicos da parede celular, ligando-se,
covalentemente, às PBPs na membrana
citoplasmática, interrompendo a síntese do
QUÍMICA peptídeoglicano que forma a parede celular
bacteriana
➢ Eles atravessam a membrana externa
de bactérias Gram- por meio de
proteínas da membrana externa
específicas (OMPs) para alcançar o
espaço periplasmático
➢ Eles se ligam preferencialmente às
PBPs 1a, 1b, 2 e 4 e, em menor grau, o
PBP3, que é o alvo primário das
aminopenicilinas e das cefalosporinas

RESISTÊNCIA
• 1) Produção de betalactamase
carbapenem resistente.
• Os carbapenemicos tem um anel
betalactamico acoplado a uma estrutura • 2) Diminuição da permeabilidade devido à
anelar de 5 membros com cadeias laterais alteração da expressão de certas proteínas da
variaveis. membrana externa.

• A cadeia lateral trans-1alfa-hidroxietila na • 3) Efluxo de fármaco através da membrana


transconfiguracao em C6 confere a externa.
excelente estabilidade a betalactamases, • 4) Produção de PBPs de baixa afinidade
que está associada ao amplo espectro de (que é mais relevante em bactérias Gram+).
atividade dessas drogas
• Muitas vezes a resistência acontece por
• IMIPENEM interação mecanismos, como produção de
➢ o imipenem é degradado in vivo por betalactamase, permeabilidade prejudicada
uma desidropeptidase renal e deve ser e efluxo melhorado
coadministrado com cilastatina, um
antagonista seletivo desta enzima • Principais produtoras de KPC
➢ Pseudomonas aeruginosa
• MEROPENEM, ERTAPENEM e DORIPENEM ➢ Enterobacteriaceae – crescente
➢ Administrados sem a cilastatina
FARMACOCINÉTICA • O doripenem é o carbapenem mais ativo
contra P. aeruginosa, incluindo cepas
• Tipicamente administrados via EV hiperprodutoras de betalactamase AmpC
➢ já o ertapenem não tem atividade contra
• Ertapenem e imipenem podem ser P. aeruginosa
administrados IM (ertapenem é irritante via
IM, por isso, é formulado com lidocaína) • Ertapenem tem atividade relativamente
baixa contra P. aeruginosa e A. baumannii.
• Esses fármacos penetram adequadamente
nos tecidos e líquidos corporais, inclusive • As cepas susceptíveis de Acinetobacter
no líquido cerebrospinal baumannii são inibidas por baixas dosagens,
porém a resistência aos carbapenêmicos é
• Todos sofrem extensa eliminação renal e, cada vez mais relatada nessa espécie
portanto, requerem ajuste de dose em
pacientes com função renal reduzida, mas
não em pacientes com insuficiência hepática TOXICIDADE
• Imipenem, meropenem e doripenem → • O uso de carbapenem é associado a vários
farmacologicamente similiares eventos adversos, incluindo náuseas e
➢ Meia vida plasmática de 1h → vômitos, diarreia, exantema e febre por
administrar a cada 8h droga

• Ertapenem → administrar a cada 4h • Convulsões são preocupantes, e mais


comum com imipenem (1 a 2%)

USO CLÍNICO • Paciente com doença prévia do SNC e


insuficiência renal possuem maior risco
• Apenas não atuam contra bacilos Gram- dessas complicações
não fermentadores, como Acinetobacter e
Pseudomonas, MRSA e Klebsiella • Alérgicos a penicilinas podem ser
produtora de KPC alérgicos a carbapenêmicos → tomar
cuidado
• úteis para tratamento de muitas infecções
moderadas a graves, sendo a droga de
escolha em infecções por microrganismos
multirresistentes, incluindo condições de:
➢ bacteremia, pneumonia associada a
serviços de saúde, infecções
abdominais, ITU complicada,
infecções ósseas, obstétricas e
ginecológicas
• são ativos em infecções por enterococos
que produzem betalactamases ESBL e
AmpC, mas não contra os microrganismos
que produzem KPC
• Imipenem, meropenem e doripenem são
terapeuticamente equivalentes e
intercambiáveis na maioria das situações
clínicas
➢ imipenem um pouco mais ativo contra
os organismos Gram+ do que o
meropenem e o doripenem
(especialmente E. faecalis)
➢ meropenem e doripenem →
ligeiramente mais ativos contra
organismos Gram- do que imipenem
Ze capa god

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