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PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDENCIÁRIO

Fontes normativas específicas do PAP:


- Instrução Normativa INSS77/2015 (arts.574/600 - 658/702);
- Regimento Interno do CRPS.
Fonte geral: Lei nº 9.784/99.

De acordo com o INSS, considera-se processo administrativo previdenciário o conjunto de atos administrativos pra-
ticados através dos Canais de Atendimento da Previdência Social, iniciado em razão de requerimento formulado
pelo interessado, de ofício pela Administração ou por terceiro legitimado, e concluído com a decisão definitiva no
âmbito administrativo. Artigo 658 da Instrução Normativa INSS 77/2015.

Ainda com base na normatização da autarquia previdenciária, o processo administrativo previdenciário será dividido
nas seguintes fases:
a) Fase inicial;
b) Fase instrutória;
c) Fase decisória;
d) Fase recursal;
e) Fase de cumprimento das decisões administrativas.

Art. 659. Nos processos administrativos previdenciários serão observados, entre outros, os seguintes preceitos:
I - presunção de boa-fé dos atos praticados pelos interessados;
II - atuação conforme a lei e o Direito;
III - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes e competências, salvo
autorização em lei;
IV - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
V - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
VI - condução do processo administrativo com a finalidade de resguardar os direitos subjetivos dos segurados,
dependentes e demais interessados da Previdência Social, esclarecendo-se os requisitos necessários ao benefício
ou serviço mais vantajoso;
VII - o dever de prestar ao interessado, em todas as fases do processo, os esclarecimentos necessários para o
exercício dos seus direitos, tais como documentação indispensável ao requerimento administrativo, prazos para a
prática de atos, abrangência e limite dos recursos, não sendo necessária, para tanto, a intermediação de terceiros;
VIII - publicidade dos atos praticados no curso do processo administrativo restrita aos interessados e seus repre-
sentantes legais, resguardando-se o sigilo médico e dos dados pessoais, exceto se destinado a instruir processo
judicial ou administrativo;
IX - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior
àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
X - fundamentação das decisões administrativas, indicando os documentos e os elementos que levaram à
concessão ou ao indeferimento do benefício ou serviço;
XI - identificação do servidor responsável pela prática de cada ato e a respectiva data;
XII - adoção de formas e vocabulário simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e
respeito aos direitos dos usuários da Previdência Social, evitando-se o uso de siglas ou palavras de uso interno da
Administração que dificultem o entendimento pelo interessado;
XIII - compartilhamento de informações com órgãos públicos, na forma da lei;
XIV - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à inter-
posição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;
XV - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as prevista em lei;
XVI - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; e
XVII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se
dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

FASE INICIAL

Art. 660: São legitimados para realizar o requerimento do benefício ou serviço:


I - o próprio segurado, dependente ou beneficiário;
II - o procurador legalmente constituído;

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III - o representante legal, assim entendido o tutor, curador, detentor da guarda ou administrador provisório do
interessado, quando for o caso;
IV - a empresa, o sindicato ou a entidade de aposentados devidamente legalizada, na forma do art. 117 da Lei nº
8.213, de 1991 (convênio); e
V - o dirigente de entidade de atendimento de que trata o art. 92, § 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente -
ECA, na forma do art. 493.
Parágrafo único. No caso de auxílio-doença, a Previdência Social deve processar de ofício o benefício, quando tiver
ciência da incapacidade do segurado, mesmo que este não o tenha requerido (…)

Lei 8.213/91 –
Art. 117. A empresa, o sindicato ou a entidade de aposentados devidamente legalizada poderá, mediante convênio
com a Previdência Social, encarregar-se, relativamente a seu empregado ou associado e respectivos dependentes,
de:
I - processar requerimento de benefício, preparando-o e instruindo-o de maneira a ser despachado pela Previdência
Social;
II - submeter o requerente a exame médico, inclusive complementar, encaminhando à Previdência Social o
respectivo laudo, para efeito de homologação e posterior concessão de benefício que depender de avaliação de
incapacidade;
III - pagar benefício.

Art. 661. É facultado à empresa protocolar requerimento de auxílio-doença ou documento dele originário de seu
empregado ou contribuinte individual a ela vinculado ou a seu serviço, observado o inciso IV do art. 660.
Parágrafo único. A empresa que adotar o procedimento previsto no caput terá acesso às decisões administrativas
a ele relativas.

Art. 667. O requerimento de benefícios e serviços deverá ser solicitado pelos canais de atendimento do INSS,
previstos na Carta de Serviços ao Usuário do INSS de que trata o art. 11 do Decreto nº 9.094, de 17 de julho
de 2017, tais como: (Nova redação dada pela IN INSS/PRES nº 96, de 14/05/2018)
I - Portal do INSS: www.inss.gov.br;
II - Central de Teleatendimento 135;
III - Central de Serviços Meu INSS; e
IV – Unidades de Atendimento.

Art. 667-A: Institui-se a central de serviços Meu INSS, disponível na Internet e em aplicativos de celulares, como
principal canal para emissão de extrato e solicitação de serviços perante o Instituto.
Parágrafo único. Os serviços e extratos disponíveis ao cidadão pela central de serviços, quando solicitados presen-
cialmente nas Unidades de Atendimento, passarão a ser realizados somente após requerimento prévio efetuado
pelo cidadão, preferencialmente por meio dos canais Remotos (Central 135, Internet e outros), com definição de
data e hora para atendimento da solicitação.

Art. 667-B. O cidadão que comparecer às Unidades de Atendimento deverá ser informado acerca da nova
modalidade, devendo ser adotados os seguintes procedimentos:
I - caso o cidadão não possua senha e cadastro no Meu INSS, o atendente, na triagem, deverá emitir senha do
Meu INSS via Sistema de Atendimento - SAT, e orientá-lo a acessar a central de serviços;
II - quando a solicitação do requerimento for por meio das Agências da Previdência Social de Teleatendimento
(Central 135), deverá ser oferecido primeiramente o cadastro no Meu INSS; e
III - caso o cidadão não obtenha sucesso no cadastro do Meu INSS, ou não opte pelo seu cadastramento, o
requerimento deverá ser efetuado conforme disposto no parágrafo único do art. 667-A.

Art. 669. Qualquer que seja o canal de atendimento utilizado, será considerada como DER a data de solicitação do
agendamento do benefício ou serviço, ressalvadas as seguintes hipóteses:
I - caso não haja o comparecimento do interessado na data agendada para conclusão do requerimento;
II – nos casos de reagendamento por iniciativa do interessado, exceto se for antecipado o atendimento; ou
III - no caso de incompatibilidade do benefício ou serviço agendado com aquele efetivamente devido, hipótese na
qual a DER será considerada como a data do atendimento.

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§ 1º Para fins do disposto no inciso III, a DER será mantida sempre que o benefício requerido e o devido fizerem
parte do mesmo grupo estabelecido em cada inciso a seguir, na forma da Carta de Serviços ao Cidadão:
I - aposentadorias;
II - benefícios por incapacidade;
III - benefícios aos dependentes do segurado;
IV - salário-maternidade; e
V - benefícios assistenciais.

Art. 671. Conforme preceitua o art. 176 do RPS, a apresentação de documentação incompleta não constitui motivo
para recusa do requerimento do benefício ou serviço, ainda que, de plano, se possa constatar que o segurado não
faz jus ao benefício ou serviço que pretende requerer, sendo obrigatória a protocolização de todos os pedidos ad-
ministrativos cabendo, se for o caso, a emissão de carta de exigência ao requerente.

Art. 672. Todo atendimento presencial deverá ser realizado mediante apresentação de pelo menos um dos seguintes
documentos de identificação:
I - Carteira de Identidade;
II - Carteira Nacional de Habilitação;
III - Carteira de Trabalho;
IV - Carteira Profissional;
V - Passaporte;
VI - Carteira de Identificação Funcional; ou
VII - outro documento dotado de fé pública que permita a identificação do cidadão.

Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
Caso o interessado não apresente documento de identificação com foto, não poderá ser realizado o atendimento
pretendido.

Art. 674. Na formalização do processo será suficiente a apresentação dos documentos originais ou cópias
autenticadas em cartório ou por servidor do INSS, ou ainda conforme previsto no art. 676, podendo ser solicitada a
apresentação do documento original para verificação de contemporaneidade ou outras situações em que este
procedimento se fizer necessário.
§1º O servidor, após conferir a autenticidade dos documentos apresentados, deverá devolver os originais ao
requerente e providenciar, quando necessário, a juntada das cópias por ele autenticadas ao processo, mediante
aposição de carimbo próprio.
§2º Quando for apresentada cópia de vários documentos para serem conferidos com o original, é facultado ao
servidor certificar a autenticidade em despacho, fazendo referência às folhas em que esses documentos foram
inseridas no processo.
§3º A reprografia dos documentos, para fins de juntada ao processo, poderá ficar a cargo do INSS.

Art. 675. As certidões de nascimento, casamento e óbito são dotadas de fé pública e o seu conteúdo não poderá
ser questionado, nos termos dos arts. 217 e 1.604, ambos do Código Civil.
§ 1º Existindo indício de erro ou falsidade do documento, caberá ao INSS adotar as medidas necessárias para
apurar o fato.

FASE INSTRUTÓRIA

Art. 680. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os requisitos legais para o reconhecimento
de direito aos benefícios e serviços da Previdência Social serão realizadas pelo INSS, seja o processo constituído
por meio físico ou eletrônico.
Parágrafo único. O não cumprimento de um dos requisitos legais para o reconhecimento de direitos ao benefício ou
serviço não afasta o dever do INSS de instruir o processo quanto aos demais.

Art. 681. Os dados constantes do CNIS relativos a vínculos, remunerações e contribuições valem como prova de
filiação à Previdência Social, tempo de contribuição e salários de contribuição, salvo comprovação de erro ou fraude.

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Art. 682. A comprovação dos dados divergentes, extemporâneos ou não constantes no CNIS cabe ao requerente.
§ 1º Nos casos de dados divergentes ou extemporâneos no CNIS cabe ao INSS emitir carta de exigências na forma
do § 1º do art. 678.
§2º Quando os documentos apresentados não forem suficientes para o acerto do CNIS, mas constituírem início de
prova material, o INSS deverá realizar as diligências cabíveis, tais como:
I - consulta aos bancos de dados colocados à disposição do INSS;
II - emissão de ofício a empresas ou órgãos;
III - Pesquisa Externa; e
IV - Justificação Administrativa.

Art. 684. Quando o requerente declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes em qualquer
órgão público a Unidade de Atendimento procederá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas
cópias.

Art. 685. Caso o segurado requeira novo benefício, poderá ser utilizada a documentação de processo anterior para
auxiliar a análise.

Art. 686. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de documentos por terceiros, poderá
ser expedida comunicação para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento.

Art. 678. A apresentação de documentação incompleta não constitui motivo para recusa do requerimento de
benefício, ainda que, de plano, se possa constatar que o segurado não faz jus ao benefício ou serviço que pretende
requerer, sendo obrigatória a protocolização de todos os pedidos administrativos.
§ 1º Não apresentada toda a documentação indispensável ao processamento do benefício ou do serviço, o servidor
deverá emitir carta de exigências elencando providências e documentos necessários, com prazo mínimo de trinta
dias para cumprimento.
§ 2º O prazo previsto no § 1º deste artigo poderá ser prorrogado por igual período, mediante pedido justificado do
interessado.
§ 3º Emitida carta de exigências no momento do atendimento, deverá ser colhida a assinatura de ciência na via a
ser anexada no processo administrativo, com entrega obrigatória de cópia ao requerente.
§ 4º Na hipótese do § 1º deste artigo, poderá ser agendado novo atendimento, sendo imediatamente comunicado
ao requerente a nova data e horário agendados.
§ 5º Caso o interessado solicite o protocolo somente com apresentação do documento de identificação, deverá ser
protocolado o requerimento e emitida carta de exigência imediatamente e de uma só vez, não sendo vedada a
emissão de novas exigências caso necessário.
§ 6º É vedado o cadastramento de exigência para apresentação de procuração.
§ 7º Esgotado o prazo para o cumprimento da exigência sem que os documentos tenham sido apresentados, o
processo será decidido com observação ao disposto neste Capítulo, devendo ser analisados todos os dados
constantes dos sistemas informatizados do INSS, para somente depois haver análise de mérito quanto ao pedido
de benefício.
§ 8º Caso o requerente declare formalmente não possuir os documentos solicitados na carta de exigência emitida
pelo servidor, o requerimento poderá ser decidido de imediato.

COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

FASE INSTRUTÓRIA

Art. 665. A Unidade de Atendimento na qual tramita o processo administrativo deverá comunicar os interessados
sobre exigências a cargo destes, bem como sobre as decisões e seus fundamentos.
§ 1º A comunicação deverá conter:
I - identificação do interessado e, se for o caso, do terceiro interessado;
II - a finalidade da comunicação;
III - data, hora e local em que deve comparecer, acompanhado ou não de testemunhas, se for o caso;
IV - informação se o interessado deve comparecer acompanhado de seu representante legal;
V – informação da continuidade do processo independentemente do comparecimento; e
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.

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§ 2º A comunicação deverá ser realizada na primeira oportunidade, preferencialmente por ciência nos autos. Quando
não houver ciência nos autos, a comunicação deverá ser feita via postal com aviso de recebimento, telegrama ou
outro meio que assegure a ciência do interessado, devendo a informação ficar registrada no processo administrativo.
§ 3º Presumem-se válidas as comunicações dirigidas ao endereço para correspondência declinado nos autos pelo
interessado, cabendo a ele atualizar o respectivo endereço sempre que houver modificação temporária ou definitiva,
iniciando a contagem do prazo a partir da data da ciência.
§ 4º As comunicações serão consideradas ineficazes quando feitas sem observância das prescrições legais , mas o
comparecimento do interessado ou de seu representante legal supre sua falta ou irregularidade, iniciando neste
momento a contagem do prazo.
§ 5º Para complementar informações ou solicitar esclarecimentos, a comunicação ao interessado poderá ser feita
por qualquer meio, inclusive comunicação verbal, direta ou telefônica, correspondência, telegrama, fax ou correio
eletrônico, registrando-se a circunstância no processo, caso necessário.
§ 6º As intimações para comparecimento observarão a antecedência mínima de três dias úteis.
§ 7º Todos os prazos previstos em relação aos pedidos de interesse dos segurados junto ao INSS começam a correr
a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento,
observando-se que:
I - considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver
expediente ou este for encerrado antes da hora normal;
II - os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo; e
III - os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data e se, no mês do vencimento, não houver o
equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.

Art. 666. O não atendimento da comunicação não implica no reconhecimento da verdade dos fatos de modo desfa-
vorável à pretensão formulada pelo interessado.

FASE DECISÓRIA

Súmula 05, do Conselho de Recursos do Seguro Social,


“a Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo
nesse sentido”.

Entendimento repetido no artigo 687, da Instrução Normativa INSS 77/2015.

Art. 687. O INSS deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientar nesse
sentido.

Art. 688. Quando, por ocasião da decisão, for identificado que estão satisfeitos os requisitos para mais de um tipo
de benefício, cabe ao INSS oferecer ao segurado o direito de opção, mediante a apresentação dos demonstrativos
financeiros de cada um deles.
§ 1º A opção deverá ser expressa e constar nos autos.
§ 2º Nos casos previstos no caput, deverá ser observada a seguinte disposição:
I - se os benefícios forem do mesmo grupo, conforme disposto no art. 669 , a DER será mantida; e
II - se os benefícios forem de grupos distintos, e o segurado optar por aquele que não requereu inicialmente, a DER
será fixada na data da habilitação do benefício, conforme art. 669.

Art. 689. Se por ocasião do atendimento estiverem presentes as condições necessárias, será imediatamente
proferida a decisão.

Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado que na DER o segurado não satisfazia os requisitos
para o reconhecimento do direito, mas que os implementou em momento posterior, deverá o servidor informar ao
interessado sobre a possibilidade de reafirmação da DER, exigindo-se para sua efetivação a expressa concordância
por escrito.
Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as situações que resultem em benefício mais vantajoso ao
interessado.

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Art. 691. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre
solicitações ou reclamações em matéria de sua competência, nos termos do art. 48 da Lei n° 9.784, de 29 de janeiro
de 1999.
§ 1º A decisão administrativa, em qualquer hipótese, deverá conter despacho sucinto do objeto do requerimento
administrativo, fundamentação com análise das provas constantes nos autos, bem como conclusão deferindo ou
indeferindo o pedido formulado, sendo insuficiente a mera justificativa do indeferimento constante no sistema cor-
porativo da Previdência Social.
§ 2º A motivação deve ser clara e coerente, indicando quais os requisitos legais que foram ou não atendidos, po-
dendo fundamentar- se em decisões anteriores, bem como notas técnicas e pareceres do órgão consultivo compe-
tente, os quais serão parte integrante do ato decisório.
§ 3º Todos os requisitos legais necessários à análise do requerimento devem ser apreciados no momento da
decisão, registrando- se no processo administrativo a avaliação individualizada de cada requisito legal.
§ 4º Concluída a instrução do processo administrativo, a Unidade de Atendimento do INSS tem o prazo de até trinta
dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.
§ 5º Para fins do § 4º deste artigo, considera-se concluída a instrução do processo administrativo quando estiverem
cumpridas todas as exigências, se for o caso, e não houver mais diligências ou provas a serem produzidas.

Art. 692. O interessado será comunicado da decisão administrativa com a exposição dos motivos, a fundamentação
legal e o prazo para interposição de recurso.

Art. 693. Sempre que a decisão gerar efeitos em relação a terceiros, o INSS deverá comunicá-los e oferecer prazo
para recurso.

Art. 694. Tratando-se de titular empregado, após a concessão de aposentadoria por invalidez ou especial, o INSS
cientificará o empregador sobre a DIB.

Da desistência do processo

Art. 695. O interessado poderá, mediante manifestação escrita e enquanto não proferida a decisão, desistir do pe-
dido formulado.
§1º O pedido de desistência atinge somente aquele que o solicitou.
§ 2º A desistência não prejudica o prosseguimento do processo se a Administração considerar que o interesse
público assim o exige.

Decreto 3.048/99: Art. 181-B. As aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas pela
previdência social, na forma deste Regulamento, são irreversíveis e irrenunciáveis.
Parágrafo único. O segurado pode desistir do seu pedido de aposentadoria desde que manifeste esta intenção e
requeira o arquivamento definitivo do pedido antes da ocorrência do primeiro de um dos seguintes atos:
I - recebimento do primeiro pagamento do benefício; ou
II - saque do respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou do Programa de Integração Social.

Da conclusão do processo administrativo

Art. 696. Conclui-se o processo administrativo com a decisão administrativa, ressalvado o direito de o requerente
solicitar recurso ou revisão nos prazos previstos nas normas vigentes.
Parágrafo único. Constatado erro, ainda que em fase de novo requerimento, o processo administrativo anterior, já
concluído, deverá ser reaberto de ofício para a concessão do benefício, observado a decadência e a prescrição.

Das vistas, cópia e da retirada de processos

Art. 697. É assegurado o direito de vistas e cópia de processo administrativo, mediante requerimento, aos seguintes
interessados:
I - o titular do benefício, o representante legal e o procurador; e
II – ao advogado, em relação a qualquer processo, independentemente de procuração, exceto matéria de sigilo.

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Art. 698. As cópias poderão ser entregues em meio físico ou digital, observando-se que o custo das cópias entregues
em meio físico será ressarcido pelo requerente, conforme disposto em ato específico.
Parágrafo único. Quando o interessado optar pela realização das cópias fora da Unidade, deverá ser acompanhado
por servidor, que se responsabilizará pela integridade do processo.

Art. 699. O advogado poderá retirar os autos da Unidade, pelo prazo máximo de dez dias, mediante requerimento
e termo de responsabilidade com compromisso de devolução tempestiva, observados os impedimentos previstos
no art. 702.
§ 1º Para processos em andamento, o deferimento da carga depende da apresentação de procuração ou
substabelecimento.
§ 2º Para processos findos, é dispensada a apresentação de procuração, exceto quando houver documentos su-
jeitos a sigilo, observado o inciso II do art. 697.
§ 3º O requerimento de carga deverá ser decidido no prazo improrrogável de dois dias úteis.
§ 4º É admitido o deferimento da carga àquele que não é advogado somente nas hipóteses de estagiário inscrito na
OAB e que apresente o substabelecimento ou procuração outorgada pelo advogado responsável, nos termos do §
2º do art. 3º da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994.
§ 5º Quando aberto prazo para interposição de recurso ou contrarrazões do interessado, a data de devolução do
processo não será posterior ao termo final do prazo para a prática do ato, ainda que inferior a dez dias.

Art. 700. Não sendo devolvido o processo no prazo estabelecido, a Unidade de Atendimento deverá comunicar o
fato à PFE local para adoção das medidas cabíveis.

Art. 701. Quando da entrega e da devolução do processo em carga, a Unidade


deverá:
I - verificar a sua integridade;
II - conferir a numeração de folhas;
III - apor o carimbo de carga previsto no Anexo VII;
IV – reter termo de responsabilidade no qual fique expressa a obrigatoriedade de devolução tempestiva; e
V - efetuar o registro em livro ou sistema específico.

Art. 702. Não será permitida a retirada do processo nos seguintes casos:
I – quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração;
II - processos durante apuração de irregularidades;
III - processos com prazo em aberto para recurso ou contrarrazões por parte do INSS;
IV - processos em andamento nos quais o advogado deixou de devolver os respectivos autos no prazo legal, e só
o fez depois de intimado; e
V - processos que, por circunstância relevante justificada pela autoridade responsável, devam permanecer na uni-
dade.

FASE RECURSAL

O recurso é dirigido para o Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, vinculado ao Ministério da
Economia.

O CRPS é formado por:


- 29 (vinte e nove) Juntas de Recursos – JR nos diversos estados que julgam matéria de benefício em primeira
instância;
- 4 (quatro) Câmaras de Julgamento – CaJ, localizadas em Brasília, que julgam em segunda e última instância
matéria de benefício.

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Recurso Ordinário
- Da decisão tomada pelo INSS nos processos de interesse dos beneficiários, caberá recurso ordinário no prazo
de 30 dias ao CRPS.
- O recurso segue para Junta de Recursos

Recurso Especial
Art.30. Das decisões proferidas no julgamento do Recurso Ordinário caberá Recurso Especial dirigido às Câmaras
de Julgamento.
§1º O INSS recorrerá das decisões das Juntas de Recurso quando:
I - violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria ministerial;
II - divergirem de Súmula ou de Parecer do Advogado Geral da União, editado na forma da Lei Complementar nº
73/1993.
III – divergirem de pareceres da Consultoria Jurídica do MDSA, dos extintos MTPS e MPS ou da Procuradoria
Federal Especializada -INSS, aprovado pelo Procurador-Chefe;
IV – divergirem de enunciados editados pelo Conselho Pleno do CRPS;
V – tiverem sido fundamentadas em laudos ou pareceres médicos divergentes emitidos pela Assessoria Técnico-
Médica no âmbito do CRPS e pelos médicos peritos do INSS, ressalvados os benefícios de auxílio-doença, nos
termos do inciso I do §2º deste artigo; e (Retificado no DOU de 22/05/2017- seção1- pág.57)
VI – contiverem vício insanável.

§2º Constituem alçada exclusiva das Juntas de Recursos, não comportando recurso às Câmaras de Julgamento,
as seguintes decisões:
I- fundamentada exclusivamente em matéria médica, relativa aos benefícios de auxílio-doença; (Retificado no DOU
de 22/05/2017-seção1-pág.57)
II- proferidas sobre reajustamento de benefício em manutenção, em consonância com os índices estabelecidos em
lei, exceto quando a diferença na Renda Mensal Atual –RMA decorrer de alteração da Renda Mensal Inicial - RMI.
§ 3º A interposição tempestiva do Recurso Especial suspende os efeitos da decisão de primeira instância e devolve
à instância superior o conhecimento integral da causa.

Art. 31. É de 30 dias o prazo para a interposição de recurso e para o oferecimento de contrarrazões, contado da
data da ciência da decisão e da data da intimação da interposição do recurso, respectivamente.

Art. 32. Quando solicitado pelas partes, o órgão julgador deverá informar o local, data e local de julgamento, para
fins de sustentação oral das razões do recurso.

Art. 33. Admitir ou não o recurso é prerrogativa do CRPS, sendo vedado a qualquer órgão do INSS recusar o seu
recebimento ou sustar-lhe o andamento, exceto nas hipóteses expressamente disciplinadas neste Regimento.

Art. 34. O INSS pode, enquanto não tiver ocorrido a decadência reconhecer expressamente o direito do interessado
e reformar sua decisão, observado o seguinte procedimento:
I - quando o reconhecimento ocorrer na fase de instrução do Recurso Ordinário o INSS deixará de encaminhar o
recurso ao órgão competente;
II – quando o reconhecimento ocorrer após a chegada do recurso no CRPS, mas antes de qualquer decisão
colegiada, o INSS deverá encaminhar os autos ao respectivo órgão julgador, devidamente instruído com a
comprovação da reforma de decisão e do reconhecimento do direito do interessado, para julgamento do mérito;
III- quando o reconhecimento ocorrer após o julgamento da Junta de Recurso ou da Câmara de Julgamento, o INSS
deverá encaminhar os autos ao órgão julgador que proferiu a última decisão, devidamente instruído com a
comprovação da reforma de sua decisão e do reconhecimento do direito do interessado, para que, se for o caso,
seja proferida nova decisão.
Parágrafo único. Na hipótese de reforma parcial de decisão do INSS, o processo terá seguimento em relação à
questão objeto da controvérsia remanescente.

Art. 35. Em qualquer fase do processo, desde que antes do julgamento do recurso pelo órgão competente, o
recorrente poderá, voluntariamente, desistir do recurso interposto.
§1º. A desistência voluntária será manifestada de maneira expressa, por petição ou termo firmado nos autos do
processo.

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§2º. Uma vez interposto o recurso, o não cumprimento pelo interessado, de exigência ou providência que a ele
incumbiriam, e para a qual tenha sido devidamente intimado, não implica em desistência tácita ou renúncia ao direito
de recorrer, devendo o processo ser julgado no estado em que se encontra, arcando o interessado com o ônus de
sua inércia.

Art.36. A propositura, pelo interessado, de ação judicial que tenha objeto idêntico ao pedido sobre o qual versa o
processo administrativo importa em renúncia tácita ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do
recurso interposto.
§1º Considera-se idêntica a ação judicial que tiver as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido
do processo administrativo.
§2º. Certificada a ocorrência da propositura da ação judicial, os prazos processuais em curso ficam suspensos e o
INSS dará ciência ao interessado ou a seu representante legal para que se manifeste no prazo de 30 (trinta) dias.
Expirado o prazo, os autos serão encaminhados para julgamento.
§3º. Caso o conhecimento da propositura da ação judicial seja posterior ao encaminhamento do recurso ao CRPS
e este ainda não tenha sido julgado administrativamente, o INSS comunicará o fato à Junta ou Câmara incumbida
de proferir decisão, acompanhado dos elementos necessários para caracterização da renúncia tácita.
4º Na hipótese em que o conhecimento da propositura da ação judicial seja posterior ao julgamento do recurso
administrativo, se a decisão administrativa definitiva for favorável ao interessado e não existir decisão judicial
transitada em julgado, o INSS comunicará o fato à Procuradoria Federal Especializada para:
I- orientar como proceder em relação ao cumprimento da decisão administrativa; e
II- se for o caso, estabelecer entendimento com o autor da ação judicial objetivando a extinção do litígio.
§5º Se o conhecimento da propositura da ação judicial for posterior ao julgamento do recurso administrativo e houver
decisão judicial transitada em julgado com o mesmo objeto do processo administrativo, conforme orientação da
Procuradoria Federal Especializada, a coisa julgada prevalecerá sobre a decisão administrativa.

Art.45. Apregoado o processo, o Presidente do órgão julgador dará a palavra ao Conselheiro relator, que
apresentará o seu relatório, após o que será facultada ao recorrente e ao recorrido, sucessivamente, a oportunidade
de sustentar suas razões, pelo tempo de até quinze minutos para cada um, nessa ordem, prosseguindo-se o voto.

Art.46. Após o voto do relator, os demais Conselheiros poderão usar a palavra e debater sobre questões pertinentes
ao processo, proferindo seus votos na seguinte ordem de votação:
I- representante do governo;
II- representante dos trabalhadores;
III- representante das empresas; e
IV- presidente da composição de julgamento

4º Em caso de empate, o Presidente proferirá voto de desempate.

Art.52. As decisões das composições julgadoras serão lavradas pelo relator do processo, redigidas na forma de
acórdão, deverão ser expressas em linguagem discursiva, simples, precisa e objetiva, evitando- se o uso de
expressões vagas, de códigos, de siglas e de referências a instruções internas que dificultem a compreensão do
julgamento.

Art. 53. As decisões proferidas pelas Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos poderão ser de:
I – conversão em diligência;
II - não conhecimento;
III – conhecimento e não provimento;
IV – conhecimento e provimento parcial;
V - conhecimento e provimento; e
VI - anulação.

Art. 54. Constituem razões de não conhecimento do recurso:


I – a intempestividade;
II – a ilegitimidade ativa ou passiva de parte;
III - a renúncia à utilização da via administrativa para discussão da pretensão, decorrente da propositura de
açãojudicial;
IV – a desistência voluntária manifestada por escrito pelo interessado ou seu representante;

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V – qualquer outro motivo que leve à perda do objeto do recurso; e
VI – a preclusão processual.

PROCESSO JUDICIAL PREVIDENCIÁRIO

COMPETÊNCIA JURISDICIONAL PREVIDENCIÁRIA


Regra geral: competência da Justiça Federal

COMPETÊNCIA JURISDICIONAL PREVIDENCIÁRIA

“CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RECO-


NHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. INSS COMO PARTE OU POSSUIDOR DE INTERESSE NA CAUSA. COM-
PETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. O Supremo Tribunal Federal firmou sua jurisprudência no sentido de que,
quando o INSS figurar como parte ou tiver interesse na matéria, a competência é da Justiça Federal. Precedente.
2. Agravo regimental improvido”
(STF, RE 545.199 Agr, de 24.11.2009).

PROCEDIMENTO NO JEF – 1º GRAU

A maioria das ações que tramitam contra o INSS na Justiça Federal é de competência dos Juizados Especiais
Federais, regulamentados pela Lei nº 10.259/2001, aplicando-se de maneira supletiva, no que for compatível, a Lei
nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Estaduais).

COMPETÊNCIA JURISDICIONAL PREVIDENCIÁRIA

Súmula nº 689, STF: O segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o Juízo Federal do
seu domicílio ou nas Varas Federais da capital do Estado-membro.
Se aplica ao rito do JEF? Polêmica ainda.

Ações acidentárias: competência originária da Justiça Estadual


Súmula 501, STF: Compete à Justiça Ordinária Estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das
causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias, empresas públicas ou
sociedades de economia mista.

Também abarca os benefícios decorrentes do acidente de trabalho por equiparação (art. 21, Lei nº 8.213/91).
Informativo 542, STJ: “Compete à Justiça Estadual - e não à Justiça Federal - processar e julgar ação que tenha
por objeto a concessão de pensão por morte decorrente de óbito de empregado ocorrido em razão de assalto sofrido
durante o exercício do trabalho. (...)”

Quais são os benefícios por acidente do trabalho?

Quais são os segurados que possuem direito a benefícios por acidente de trabalho?
-empregado, doméstico, trabalhador avulso e segurado especial

STJ: Contribuinte individual SEMPRE na Justiça Federal.


“(...) 4. O acidente sofrido por trabalhador classificado pela lei previdenciária como segurado contribuinte individual,
por expressa determinação legal, não configura acidente do trabalho, não ensejando, portanto, a concessão de
benefício acidentário, apenas previdenciário, sob a jurisdição da Justiça Federal. 5. Conflito negativo de competên-
cia conhecido para declarar a competência da Justiça Federal (CC 140943, 1ª Seção, 8/2/2017).

STJ: 3ª Seção entendia que demandas envolvendo benefícios previdenciários por acidente de trabalho dos segura-
dos especiais deveriam tramitar na Justiça Federal.

Primeiro entendimento do STJ:


Entendeu a 3ª Seção do STJ que as demandas envolvendo benefícios previdenciários por acidente de trabalho dos
segurados especiais deverão tramitar na Justiça Federal:

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“PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO ESPE-
CIAL, NA CONDIÇÃO DE TRABALHADOR RURAL, PARA FINS DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ACIDENTÁ-
RIO. PARECER DO MPF PELA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDE-
RAL.
1. A jurisprudência deste Tribunal Superior é assente quanto à competência residual da Justiça Estadual para
processar demanda relativa a acidente de trabalho. Entretanto, a comprovação da qualidade de segurado especial,
para fins de concessão de benefício perante a Autarquia Previdenciária, como no caso, é matéria estranha à
competência da Justiça Estadual, devendo ser a demanda processada pela Justiça Federal, nos termos do art. 109,
I da CF. 2. Somente seria possível o processamento da presente ação no Juízo Estadual, se a Comarca do domicílio
do segurado não fosse sede de Vara Federal, o que, entretanto, não configura a hipótese dos autos. 3. Conflito de
Competência conhecido para declarar a competência do Juízo Federal da 17a.Vara da Subseção Judiciária de
Petrolina da Seção Judiciária de Pernambuco, o suscitante, para processar e julgar a presente demanda, inobstante
o parecer do MPF” (CC 86.797, de 22/08/2007).

Atualmente:

STJ - AgInt no CC 152187 / MT


S1 - PRIMEIRA SEÇÃO - 13/12/2017
“(...) 4. Diante das razões acima expostas e do teor das Súmulas 15/STJ e 501/STF, chega-se à conclusão de
que deve ser alterado o entendimento anteriormente firmado pela Terceira Seção, a fim de se reconhecer a
competência da Justiça estadual para a concessão de benefícios derivados de acidente de trabalho aos
segurados especiais.”

Na hipótese de mandado de segurança contra autoridade do INSS, mesmo que a causa de pedir seja decorrente
de acidente de trabalho, a competência para o seu julgamento permanecerá na Justiça Federal, pois prevalece a
competência funcional para o julgamento.

“CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO.MANDADO DE SEGURANÇA.


RESTABELECIMENTO DE BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO. OBSERVÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO DA AUTORIDADE
IMPETRADA. ATOS DE MÉDICO PERITO E DO SUPERINTENDENTE DO INSS.COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA
JUSTIÇA FEDERAL”
(CC 123.518, 1ª Seção, de 19/09/2012).

Competência estadual por delegação


CF, art. 109...
§3º: Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as
causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de
vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também proces-
sadas e julgadas pela justiça estadual.

§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área
de jurisdição do juiz de primeiro grau.
Essa hipóteses NÃO é aplicada quando o INSS é o autor da demanda, pois o objetivo da norma foi facilitar o acesso
do segurado à jurisdição.

“Em ação movida pelo INSS para obter o cancelamento de benefício previdenciário obtido mediante fraude, é in-
competente a Justiça Estadual para o seu julgamento, por afigurar-se inviável a invocação da competência federal
delegada prevista no § 3o do artigo 109 da Magna Carta, dado o seu caráter social, tese de há muito referendada
pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual se trata de garantia instituída em favor do segurado e
que visa garantir o acesso dos segurados à justiça, sob pena de subverter, por vias transversas, a regra geral de
distribuição de competência funcional prevista no artigo 109, I, da C.F. já aventado.”
AC 1.035.246, TRF-3, de 31.03.2008.

STJ: A Justiça Estadual não poderá adotar o rito dos Juizados Especiais Federais, nem poderá delegar os processos
aos Juizados Estaduais.
“(...)1. Em razão do próprio regramento constitucional e infraconstitucional, não há competência federal delegada
no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais, nem o Juízo Estadual, investido de competência federal delegada

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(artigo 109, parágrafo 3º, da Constituição Federal), pode aplicar, em matéria previdenciária, o rito de competência
do Juizado Especial Federal, diante da vedação expressa contida no artigo 20 da Lei nº 10.259/2001. 2. Recurso
especial provido” REsp 661.482, de 05.02.2009.

A criação de Juizado Especial Federal em localidade que não era dotada de Vara Federal não gera a remessa dos
processos em curso, que continuarão a tramitar na Justiça Estadual, por força de determinação contida no artigo
25, da Lei 10.259/2001.

Nesse sentido, STJ:

“1. A Terceira Seção desta Corte entendeu ser da Justiça Estadual a competência para o julgamento das ações
ajuizadas em data anterior à instalação do Juizado Especial Federal, a teor do disposto no art. 25 da Lei nº
10.259/2001, o qual estabelece, expressamente, que tais demandas não serão remetidas aos referidos Juizados
Especiais. 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da Vara Única de Monte Santo de
Minas”
CC 62.373, de 11.10.2006.

Na hipótese de pedido de indenização por danos morais contra o INSS, se esta postulação decorrer do pedido
principal de concessão de benefício previdenciário, o STJ pronunciou a competência delegada da Justiça Estadual:

“(...) 1. Extrai-se dos autos que o pedido do autor consiste na concessão de aposentadoria por idade, bem como na
condenação do INSS ao pagamento de indenização por danos morais. 2. O autor optou pela Justiça Estadual
localizada no foro de seu domicílio, que por sua vez não possui Vara Federal instalada, nos termos do art. 109, §
3º, da CR/88. 3. Entende esta Relatoria que o pedido de indenização por danos morais é decorrente do pedido
principal, e a ele está diretamente relacionado. 4. Consoante regra do art. 109, § 3º, da CR/88, o Juízo Comum
Estadual tem sua competência estabelecida por expressa delegação constitucional. (...)”
(3ª Seção STJ, CC 111.447, em 23.06.2010)

Tutela de urgência e juiz incompetente:


Informativo 524, STJ: “Ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente, é válida a decisão que, em ação
civil pública proposta para a apuração de ato de improbidade administrativa, tenha determinado, até que haja pro-
nunciamento do juízo competente, a indisponibilidade dos bens do réu a fim de assegurar o ressarcimento de su-
posto dano ao patrimônio público.”

Nesse sentido preceitua o CPC/2015:


Art. 64, §4º: “Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente”.

LEGITIMIDADE

A legitimidade ativa ordinária para propor uma ação para a concessão ou revisão de benefício ou serviço previden-
ciário do RGPS será do segurado ou do seu dependente, que, acaso incapazes, deverão ser representados por
seus pais, tutores ou curadores.

Legitimidade extraordinária: para que a empresa requeira, em nome do segurado, benefício por incapacidade labo-
rativa. Art. 76-A, Regulamento da Previdência Social:

Decreto nº 3048/99 –
Art. 76-A: É facultado à empresa protocolar requerimento de auxílio-doença ou documento dele originário de seu
empregado ou de contribuinte individual a ela vinculado ou a seu serviço, na forma estabelecida pelo INSS.
Parágrafo único. A empresa que adotar o procedimento previsto no caput terá acesso às decisões administrativas
a ele relativas.

É possível que haja litisconsórcio passivo necessário por disposição legal ou, quando pela natureza da controvérsia,
a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes, conforme Art. 114, CPC/2015.

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Exemplos:

Alteração da Lei nº 8.213/91 –


Art. 74...
§ 3º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição de dependente, este poderá requerer a sua habilita-
ção provisória ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de rateio dos valores com outros depen-
dentes, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a existên-
cia de decisão judicial em contrário.
§ 4º Nas ações em que o INSS for parte, este poderá proceder de ofício à habilitação excepcional da referida pensão,
apenas para efeitos de rateio, descontando-se os valores referentes a esta habilitação das demais cotas, vedado o
pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a existência de decisão
judicial em contrário. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 5º Julgada improcedente a ação prevista no § 3º ou § 4º deste artigo, o valor retido será corrigido pelos índices
legais de reajustamento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas cotas
e o tempo de duração de seus benefícios. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 6º Em qualquer caso, fica assegurada ao INSS a cobrança dos valores indevidamente pagos em função de nova
habilitação.

PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO

“(...)2. A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando


ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para
sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o exaurimento
das vias administrativas. 3. A exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o
entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado. 4. Na hipótese de
pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o
INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado
diretamente em juízo – salvo se depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da
Administração –, uma vez que, nesses casos, a conduta do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito
da pretensão. (...)”
RE N. 631.240-MG RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO

Exige-se, em regra, o prévio requerimento administrativo como condição para a propositura da ação judicial contra
o INSS, sob pena de extinção do processo sem o julgamento do mérito por carência de interesse-necessidade de
agir.

Dispensa-se o prévio requerimento administrativo nas seguintes hipóteses:

A) Tese jurídica notoriamente rejeitada pelo INSS;


B) Negativa comprovada de protocolo do pedido administrativo;
C) Nas ações de revisão de benefício previdenciário, salvo se depender de dilação probatória a cargo do segurado
ou de seu dependente;
D) Extrapolação do prazo para tomada da decisão administrativa na Agência do INSS (45 dias para a Lei 8213/91
e 90 dias na decisão do STF);

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