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ENUNCIADO Nº 38

A revisão dos parâmetros médicos efetuada em sede de benefício por incapacidade não rende
ensejo à devolução dos valores recebidos, se presente a boa-fé objetiva.

Editado pela Resolução CRPS nº 4 de 20.11.2013, DOU de 21.11.2013

Decisão do Presidente do CRPS publicada no DOU de 22.11.2013, suspende ad referendum os


efeitos deste Enunciado.

* Vide Resolução CRPS nº 1, de 27.02.2014, DOU de 05.03.2014, que mantém este Enunciado.

ENUNCIADO Nº 37

REVOGADO

O tempo de serviço laborado como professor pode ser enquadrado como especial, nos termos do
código 2.1.4 do Quadro anexo ao Decreto 53.831/64, até 08/07/1981, data anterior à vigência da
Emenda Constitucional nº 18/1981.

Editado pela Resolução CRPS nº 3 de 20.11.2013, DOU de 21.11.2013

* Vide Resolução CRPS nº 39, de 27.10.2015, DOU de 01.12.2015, que revoga a decisão do
Presidente do Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS, de 21.11.2013, que suspendeu
"ad referendum" deste Conselho Pleno, os efeitos deste enunciado e da provimento, por
unanimidade, ao pedido da Procuradoria Federal Especializada junto ao Instituto Nacional do
Seguro Social, de acordo com o voto e sua fundamentação, para revogar o Enunciado 37, editado
por meio da Resolução CRPS nº 3 em 20.11.2013.

ENUNCIADO Nº 36

É permitida a cumulação de auxílio-suplementar ou auxílio-acidente com aposentadoria de


qualquer espécie, concedida de 25/07/1991 a 10/11/1997.

Editado pela Resolução CRPS nº 2 DE 19.11.2013, DOU de 20.11.2013.

Decisão do Presidente do CRPS publicada no DOU de 22.11.2013, suspende ad referendum os


efeitos deste Enunciado.

ENUNCIADO Nº 35
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Os pareceres da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social aprovados pelo Ministro


de Estado, bem como as súmulas e pareceres normativos da Advocacia-Geral da União vinculam o
Conselho de Recursos da Previdência Social em suas atividades, exceto nas de controle
jurisdicional.

Editado pela Resolução CRPS nº 1 de 19.11.2013, DOU de 20.11.2013.

Decisão do Presidente do CRPS publicada no DOU de 22.11.2013, suspende ad referendum os


efeitos deste Enunciado.

* Vide Resolução CRPS nº 17, de 27.11.2014, DOU de 09.12.2014, que revoga este Enunciado e a
Decisão do Presidente do CRPS publicada no DOU de 22.11.2013.

ENUNCIADO Nº 34

O prazo prescricional quinquenal, disposto no parágrafo único do art. 103 da Lei nº 8.213, de
1991, aplica-se às revisões previstas nos artigos 144 e 145 do mesmo diploma legal.

Editado pela Resolução CRPS nº 2, de 27 de junho de 2012 - DOU de 29/06/2012

ENUNCIADO Nº 33

Para os efeitos de reconhecimento de tempo especial, o enquadramento do tempo de atividade


do trabalhador rural, segurado empregado, sob o código 2.2.1 do Quadro anexo ao Decreto nº
53.831, de 25 de março de 1964, é possível quando o regime de vinculação for o da Previdência
Social Urbana, e não o da Previdência Rural (PRORURAL), para os períodos anteriores à unificação
de ambos os regimes pela Lei nº 8.213, de 1991, e aplica-se ao tempo de atividade rural exercido
até 28 de abril de 1995, independentemente de ter sido prestado exclusivamente na lavoura ou na
pecuária.

Editado pela Resolução CRPS nº 1, de 27 de junho de 2012 - DOU de 29/06/2012

ENUNCIADO Nº 32

"A atividade especial efetivamente desempenhada pelo (a) segurado (a), permite o
enquadramento por categoria profissional nos Anexos aos Decretos nº 53.831/64 e nº 83.080/79,
ainda que divergente do registro em Carteira de Trabalho da Previdência Social - CTPS - e/ou Ficha
de Registro de Empregados, desde que comprovado o exercício nas mesmas condições de
insalubridade, periculosidade ou penosidade."

Editado pela Resolução MPS/CRPS de 30 de junho de 2011.

ENUNCIADO Nº 31
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Nos períodos de que trata o artigo 15 da Lei 8.213/91, é devido o salário maternidade à segurada
desempregada que não tenha recebido indenização por demissão sem justa causa durante a
estabilidade gestacional, vedando-se, em qualquer caso, o pagamento em duplicidade.

(Editado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 07.05.2007)

ENUNCIADO Nº 30

Em se tratando de responsabilidade solidária o fisco previdenciário tem a prerrogativa de


constituir os créditos no tomador de serviços mesmo que não haja apuração prévia no prestador
de serviços.

(Editado pela Resolução MPS/CRPS nº 1, de 31.01.2007)

ENUNCIADO Nº 29

Nos casos de levantamento por arbitramento, a existência do fundamento legal que ampara tal
procedimento, seja no relatório Fundamentos Legais do Débito - FLD ou no Relatório Fiscal -
REFISC garante o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, não gerando a nulidade do
lançamento.

(Editado pela Resolução CRPS nº 6, de 13.12.2006)

ENUNCIADO Nº 28

Não se aplica o disposto no artigo 76 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo


Decreto 3.048/99, para justificar a retroação do termo inicial do benefício auxílio doença
requerido após o trigésimo dia do afastamento da atividade, nos casos em que a perícia médica do
INSS fixar a data de início da incapacidade anterior à data de entrada do requerimento, tendo em
vista que esta hipótese não implica em ciência pretérita da Previdência Social.

(Editado pela Resolução MPS/CRPS nº 5, de 29.11.2006)

ENUNCIADO Nº 27

Cabe ao contribuinte individual comprovar a interrupção ou o encerramento da atividade pela


qual vinha contribuindo, sob pena de ser considerado em débito no período sem contribuição. A
concessão de benefícios previdenciários, requeridos pelo contribuinte individual em débito, é
condicionada ao recolhimento prévio das contribuições em atraso, ressalvada a alteração
introduzida pelo Decreto nº 4.729/2003, no artigo 26, § 4º e no artigo 216, I, "a", do Decreto
3.048/99, que, a partir da competência Abril/2003, torna presumido o recolhimento das
contribuições descontadas dos contribuintes individuais pela empresa contratante de seus
serviços.
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(Editado pela Resolução MPS/CRPS nº 4, de 19.10.2006)

ENUNCIADO Nº 26

A concessão da pensão por morte ao cônjuge ou companheiro do sexo masculino, no período


compreendido entre a promulgação da Constituição Federal de 1988 e o advento da Lei nº 8.213
de 1991, rege-se pelas normas do Decreto nº 83.080, de 24 de janeiro de 1979, seguido pela
Consolidação das Leis da Previdência Social (CLPS) expedida pelo Decreto nº 89.312, de 23 de
janeiro de 1984, que continuaram a viger até o advento da Lei nº 8.213/91, aplicando-se tanto ao
trabalhador do regime previdenciário rural quanto ao segurado do regime urbano.

(Editado pela Resolução MPS/CRPS nº 3, de 29.08.2006)

ENUNCIADO Nº 25

A notificação do sujeito passivo após o prazo de validade do Mandado de Procedimento Fiscal -


MPF - não acarreta nulidade do lançamento.

(Editado pela Resolução MPS/CRPS nº 1 de 23.02.2006)

ENUNCIADO Nº 24

* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

A mera progressão da pena do instituidor do benefício ao regime semi-aberto não ilide o direito
dos seus dependentes ao auxílio reclusão, salvo se for comprovado exercer ele atividade
remunerada que lhes garanta a subsistência.

(Editado pela Resolução CRPS nº 1 de 11.11.1999)

ENUNCIADO Nº 23

O pecúlio previsto no inciso II do artigo 81 da Lei nº 8.213/91, em sua redação original que não foi
pago em vida ao segurado aposentado que retornou à atividade quando dela se afastou, é devido
aos seus dependentes ou sucessores, relativamente às contribuições vertidas até 14/04/94, salvo
se prescrito.

(Editado pela Resolução CRPS nº 1 de 11.11.1999)

ENUNCIADO Nº 22

* Alterado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Considera-se segurada especial a mulher que, além das tarefas domésticas, exerce atividades
rurais com o grupo familiar respectivo, aproveitando-se-lhe as provas materiais apresentadas em
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nome de seu cônjuge ou companheiro, corroboradas por meio de pesquisa, entrevista ou


Justificação Administrativa.

(Editado pela Resolução CRPS nº 1 de 11.11.1999)

ENUNCIADO Nº 21

O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo empregador não


exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser
considerado todo o ambiente de trabalho.

(Editado pela Resolução CRPS nº 1 de 11.11.1999)

ENUNCIADO Nº 20

Salvo em relação ao agente agressivo ruído, não será obrigatória a apresentação de laudo técnico
pericial para períodos de atividades anteriores à edição da Medida Provisória nº 1.523-10, de
11/10/96, facultando-se ao segurado a comprovação de efetiva exposição a agentes agressivos à
sua saúde ou integridade física mencionados nos formulários SB-40 ou DSS-8030, mediante o
emprego de qualquer meio de prova em direito admitido.

(Editado pela Resolução CRPS nº 1 de 11.11.1999)

ENUNCIADO Nº 19

* Alterado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Transcorrido mais de dez anos da data da concessão do benefício, não poderá haver sua
suspensão ou cancelamento na hipótese de o interessado não mais possuir a documentação que
instruiu o pedido, exceto em caso de fraude ou má-fé.

(Editado pela Resolução CRPS nº 1 de 11.11.1999)

ENUNCIADO Nº 18

Não se indefere benefício sob fundamento de falta de recolhimento de contribuição


previdenciária quando esta obrigação for devida pelo empregador.

(Editado pela Resolução CRPS nº 1 de 11.11.1999)

ENUNCIADO Nº 17

* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Não terá seguimento pedido de avocatória ministerial visando o reexame de matéria de fato.
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(Editado pela Resolução CRPS nº 1 de 11.11.1999)

ENUNCIADO Nº 16

* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Referência: Art. 15 do Decreto nº 611/92.

Remissão: Prejulgado nº 18-A.

A insubsistência da inscrição irregular do segurado e a apuração da responsabilidade civil podem


ser promovidas a qualquer tempo.

ENUNCIADO Nº 15

* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Referência: Art. 19 do Decreto nº 611/92.

Remissão: Prejulgado nº 14-B.

A existência de beneficiária preferencial não impede que o segurado inscreva, para fins
meramente declaratórios, pessoa que viva sob sua dependência econômica.

ENUNCIADO Nº 14

* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Referência: Art. 14, IV, do Decreto nº 611/92.

Remissão: Prejulgado nº 13-D.

Não sendo inválido o filho e o dependente designado, mesmo solteiros, perdem aos 21 anos de
idade o direito à cota da pensão previdenciária.

ENUNCIADO Nº 13

Referência: Art. 19, parágrafo 6º, do Decreto nº 611/92.

Remissão: Prejulgado nº 12.

A dependência econômica pode ser parcial, devendo, no entanto, representar um auxílio


substancial, permanente e necessário, cuja falta acarretaria desequilíbrio dos meios de
subsistência do dependente.

ENUNCIADO Nº 12
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* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Referência: Art. 19, parágrafo 6º, do Decreto nº 611/92.

Remissão: Prejulgado nº 11-M.

A exigência de inscrição formal do dependente econômico pode ser suprida pelo propósito do
segurado, manifestando através de documentos hábeis, de deixá-lo amparado.

ENUNCIADO Nº 11

* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Referência: Art. 20, parágrafo 4º do Decreto nº 611/92.

Remissão: Prejulgado nº 11-G.

A designação, limitada a uma única pessoa, é ato formal de manifestação de vontade, cuja falta
não pode ser suprida por simples prova testemunhal ou circunstancial, mesmo que produzida em
juízo.

ENUNCIADO Nº 10

* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Referência: Arts. 10 e 11 do Decreto nº 611/92.

Remissão: Prejulgado nºs 7-D e 8

O desempregado ou o segurado licenciado do emprego, sem auferir remuneração só manterá o


vínculo com a Previdência Social durante os prazos legalmente previstos, os quais só garantirá pelo
pagamento da contribuição como segurado facultativo.

ENUNCIADO Nº 9

* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Referência: Arts. 10 e 11 do Decreto nº 611/92.

Remissão: Prejulgado nº 7-B.

Não corre o prazo prescricional do direito ao benefício, embora o segurado tenha interrompido as
contribuições por mais 12 meses, se seu vínculo empregatício estava sub judice.

ENUNCIADO Nº 8
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Referência: Art. 11 c/c Art. 240 do Decreto nº 611/92.

Remissão: Prejulgado nº 7-A.

Fixada a data do início da incapacidade antes da perda da qualidade de segurado, a falta de


contribuição posterior não prejudica o seu direito as prestações previdenciárias.

ENUNCIADO Nº 7

Referência: Art. 6º do Decreto nº 611/92.

Remissão: Prejulgado nº 5-B.

O tempo de serviço prestado no exterior a empresa não vinculada à Previdência Social brasileira
não pode ser computado, salvo tratado de reciprocidade entre Brasil e Estado Estrangeiro onde o
trabalho, prestado num, seja contado no outro, para os efeitos dos benefícios ali previstos.

ENUNCIADO Nº 6

Referência: Art. 7º c/c Art 8º do Decreto nº 611/92.

Remissão Prejulgado nº 3-c

O ingresso do segurado em regime próprio de previdência pelo mesmo emprego, importa a sua
exclusão automática da Previdência Social para o qual não pode contribuir como facultativo.

ENUNCIADO Nº 5

Referência: Art. 1º do RBPS (Decreto nº 611/92).

Remissão: Prejulgado nº 1.

A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao
servidor orientá-lo nesse sentido.

ENUNCIADO Nº 4

* Alterado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Consoante inteligência do § 3º, do artigo 55, da Lei nº 8.213/91, não será admitida como eficaz
para comprovação de tempo de contribuição e para os fins previstos na legislação previdenciária,
a ação Reclamatória Trabalhista em que a decisão não tenha sido fundamentada em início
razoável de prova material contemporânea constante nos autos do processo.

ENUNCIADO Nº 3
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* Revogado pela Resolução 01/95

Redação do Enunciado Revogado:

Referência: Art. 195, 1. CF e Art. 3º da Lei nº 7.787/89.

Para efeito de incidência de contribuição previdenciária, a expressão "folhas de salário" tem


sentido amplo, sendo entendida como o total da remuneração paga pela empresa aos segurados
empregados autônomos, avulsos, diretores, administradores, sócios e titulares de firma individual.

ENUNCIADO Nº 2

* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Salário-Maternidade Custeio - Lei nº 7.787/89. A Lei nº 7.787, de 30/06/89, assegurou a fonte de


custeio para pagamento total dos cento e vinte dias do salário-maternidade pela Previdência
Social, a partir de 1º de setembro de 1989, data do início da sua vigência.

ENUNCIADO Nº 1

* Revogado pela Resolução MPS/CRPS nº 2, de 30.03.2006, DOU de 07.04.2006.

Os Presidentes das Juntas de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social, ouvidas as


respectivas Assessorias Técnicas-Médicas, decidirão da admissibilidade ou não à instância
superior, esgotando-se nas JR/CRPS a via recursal administrativa para julgamento de processos
que envolvam matéria exclusivamente de médica, em que as conclusões periciais sejam
convergentes.

DECISÕES DO CRPS

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1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.255802/2014-19

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CARAZINHO

Benefício: 21/051.396.312-0

Espécie: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA


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Recorrente: MARLI SURKAMP - Procurador

Recorrente: DORALINA ALVES PEREIRA - Titular Capaz

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: RESTITUIÇÃO DE IMPORTÂNCIA RECEBIDA INDEVIDAMENTE

Relator: CAIO CESAR AUADA

EMENTA:

PENSÃO POR MORTE. APURAÇÃO DE IRREGULARIDADE. REVISÃO DA RMI PARA MINORAR O


BENEFÍCIO. FATO GERADOR DA REVISÃO OCORRIDO A MAIS DE 10 (DEZ) ANOS. INEXISTÊNCIA DE
MÁ-FÉ. DECADÊNCIA DO DIREITO DO INSS DE REVISAR O BENEFÍCIO. ART. 103-A DA LEI 8.213/91.

RECURSO CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório

Trata-se de recurso especial interposto por DORALINA ALVES PEREIRA contra decisão da 10ª Junta
de Recursos, proferida em apuração de irregularidade em Pensão por Morte (NB
21/051.396.312-0)

Em homenagem ao princípio da celeridade processual e eficiência administrativa, utilizo-me do


relatório redigido pela Junta de Recursos em sua decisão colegiada:

Trata-se de pensão por morte motivada pelo falecimento de Atalíbio da Luz em 07.04.90,
concedida e rateada com outro dependente cadastrado, qual seja: Loreni Pereira da Luz (filha
maior inválida/capaz), recebedora do NB: 01/051.767.809-8 (evento 1 documento PROCESSO
CONCESSÓRIO).

Abaixo as características do presente benefício (página 23):

NB: 051.396.312-0

Titular: Doralina Alves Pereira (companheira)

DIB (data de início do benefício): 07.04.90

Como informa a Autarquia em suas contrarrazões, após revisão efetuada foi constatada a
irregularidade no recebimento dos benefícios supracitados, já que o recebimento das pensões por
morte se deu com valores superiores à cota parte, tendo em vista que cada benefício foi pago com
valores integrais (evento 4 documento CONTRARRAZÕES INSS).
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Os ofícios emitidos pelo INSS, que oportunizaram a apresentação de defesa escrita/documental


(página 44) e a interposição de recurso ao CRPS (página 60), se encontram nos autos, constando
ciência pela recorrente, do último comunicado, em 10.10.14 (página 61).

Na defesa escrita apresentada foi informado pela postulante que a irregularidade decorreu de
erro administrativo, inexistindo má-fé por sua parte, não havendo, portanto, débitos com a
previdência Social, devido ao caráter alimentar do benefício (página 49).

Recurso datado em 03.11.14, no qual a interessada reitera os termos dispostos em sua defesa
escrita (evento 1 documento RECURSO ORDINÁRIO).

Em sua decisão colegiada, a Junta de Recursos decidiu por conhecer e negar provimento ao
recurso, mantendo a decisão do INSS.

Não concordando com a decisão proferida, a interessada apresenta Recurso Especial, sustentando
que não utilizou de má-fé, sendo que foi erro administrativo, portanto não deve ser punida por
isto.

Em suas contrarrazões, o INSS sustenta que não foram trazidos aos autos elementos capazes de
modificar a decisão proferida.

É o relato.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 29/07/2015 para sessão nº 0235/2015, de 06/08/2015.

Voto

O feito é de fácil compreensão e também com decisão direta.

A interessada recebe benefício de pensão por morte desde antes da edição da Lei 8.213/91, sendo
que do mesmo fato gerador da pensão, sua filha maior de 21 anos e incapaz também é
beneficiária.

Tenta o INSS aplicar o revogado art. 144 da Lei 8.213/91, para recalcular a pensão da interessada,
reduzindo a RMI para 50% do valor, bem como cobrar valores recebidos indevidamente a maior.

Contudo, entendo que não existe a possibilidade de referido ato acontecer, em razão do instituto
da decadência, para melhor análise trago o art. 103-A, também da Lei 8.213/91:

Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.
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Observe-se nos autos que não houve a comprovação da má-fé, bem como o fato gerador da
revisão ter ocorrido a mais de 10 anos (início de vigência da Lei 8.213/91), portanto aplica-se a
decadência.

Assim, ante o exposto, voto no sentido de conhecer o recurso especial e dar-lhe provimento, para
que o INSS cesse com a cobrança do indébito, restabeleça a RMI de 100% e pague os valores das
parcelas vencidas e vincendas, desde que a RMI foi reduzida para 50% até o seu restabelecimento
para o valor integral.

CAIO CESAR AUADA

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

LUSIA MASSINHAN

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

ERALDO SERGIO ARAUJO DE MEDEIROS

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 2833 / 2015

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) LUSIA MASSINHAN.

CAIO CESAR AUADA

Relator(a)

ERALDO SERGIO ARAUJO DE MEDEIROS


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Presidente

2ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.255335/2014-19

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CARAZINHO

Benefício: 21/051.767.809-8

Espécie: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA

Recorrente: LORENI PEREIRA DA LUZ - Titular Incapaz (Maior 18 anos)

Recorrente: MARLI SURKAMP - Representante

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: RESTITUIÇÃO DE IMPORTÂNCIA RECEBIDA INDEVIDAMENTE

Relator: MARIA CECILIA DE ARAUJO

EMENTA:

PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA. REVISÃO PREVISTA NO ARTIGO 11 DA LEI 10.666/2003.


APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA DECADÊNCIA, NOS TERMOS DO ARTIGO 103-A DA LEI 8.213/91: O
PARECER CJ/MPS Nº 3.509/2005 FIXOU TESE JURÍDICA CUJOS EFEITOS VINCULAM OS
CONSELHEIROS DO CONSELHO DE RECURSOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL-CRPS, NOS TERMOS DO
ARTIGO 69 DO REGIMENTO INTERNO DO CRPS - RI/CRPS, APROVADO PELA PT/MPS Nº 548/2011
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório

As fls. Citadas referem-se ao processo completo digitalizado (visualizador e-recursos).

Trata-se de Recurso Especial interposto pela interessada LORENI PEREIRA DA LUZ, por intermédio
de sua representante legal, contra a decisão da 10ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da
Previdência Social - JR/CRPS, prolatada por meio do Acórdão Nº 1232/2015 (evento 12), que
NEGOU PROVIMENTO ao recurso ordinário, “entendendo que a mesma deve devolver os valores
recebidos a maior e estabelecendo o percentual de 10% a ser descontado do valor de seu
benefício.”
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EM “Ctrl+L”, ao abrir uma caixa de diálogo lateral, faça
sua pesquisa direcionada.
____________________________________________

A ciência da interessada com relação à decisão de 1ª instância ocorreu em 10/03/2015, por meio
de Aviso de Recebimento (AR) anexado ao Evento 17.

As Razões de Recurso Especial foram anexadas em 13/03/2015 (Evento 18), onde, em suma,
solicita a reforma da decisão da JR/CRPS, alegando erro administrativo do INSS e recebimento de
boa fé dos valores de benefício.

As contrarrazões do INSS ao recurso especial foram anexadas em 23/03/2015 - Evento 20, onde
solicita a manutenção da decisão da JR/CRPS.

Os documentos que instruíram a concessão do presente benefício foram juntados ao Evento1,


PROC_CONC 1.

O Recurso Ordinário foi anexado ao Evento 1 - RECURSO2 e as contrarrazões do INSS ao recurso


ordinário foram juntadas ao Evento 4 - CONTRAINSS1.

Na análise do Recurso Ordinário a JR/CRPS trouxe as seguintes informações em seu relatório, as


quais peço vênia para transcrever:

Recurso interposto por LORENI PEREIRA DA LUZ, representada por Marli Surkamp, contra decisão
do INSS que determinou a restituição dos valores recebidos a maior no benefício de pensão por
morte, número 01/051767809-8 (Evento 01, Processo Concessório). A interessada é beneficiária
de pensão por morte de seu genitor por se enquadrar na categoria de filha maior incapaz desde
02/01/1991 (Evento 01, Processo Concessório). Por equívoco da Autarquia, a interessada e a sua
genitora receberam o valor total do benefício cada, ao invés dos 50% (cinquenta por cento)
devidos, o que foi constatado em 12/09/2014 (Evento 01, Processo Concessório). Em relação
detalhada de créditos, foi apurado o valor de R$ 22.240,62 recebidos indevidamente obedecendo
a prescrição quinquenal, o que foi comunicado à requerente por meio do Ofício no. 605/2014
(Evento 01, Processo Concessório). A interessada apresentou defesa, em 25/09/2014, alegando
que recebeu o benefício de boa-fé e a impossibilidade de restituir o valor à Autarquia (Evento 01,
Processo Concessório). A defesa apresentada não foi suficiente para alterar a decisão exarada, o
que foi comunico por meio do Ofício no. 653/2014 (Evento 01, Processo Concessório).
Inconformada com a decisão do Instituto, a interessada apresentou recurso, em 05/11/2014,
alegando, em síntese, que o caso é de erro administrativo, que recebeu os valores de boa-fé e que
não pode ser sacrificada por isso (Evento 01, Recurso Ordinário). Consta nos autos a ciência da
interessada em 10/10/2014 (Evento 02, Aviso de Recebimento). Nas contrarrazões, o Instituto se
manifestou pela manutenção do indeferimento (Evento 04, Contrarrazões INSS).

O Extrato do sistema plenus anexado às fls. 22 demonstra que a interessada teve o presente
benefício concedido com data de início (DIB) em 02/01/1991, na qualidade de filha maior inválida
(instituidor : genitor da interessada), sendo representada no presente processo.
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____________________________________________

Em 12/09/2014 o INSS veio a verificar que estaria pagando o benefício a interessada em valor
maior ao realmente devido (visto que a pensão do pai da interessada deveria estar sendo rateada
na proporção de 50% entre a interessada e sua mãe e ao invés disso a autarquia pagou o valor
integral). Esta constatação está no Relatório Individual de Constatações às fls. 36/38, datado de
12/09/2014, e a relação de créditos pagos a maior e que deveriam ser devolvidos pela interessada
consta às fls. 38/56.

A interessada foi informada, por meio do Ofício nº 605/2014, datado de 15/09/2014, que o INSS
fez a Revisão do artigo 11 da Lei nº 10.666/2003 (Revisão da Concessão) em seu benefício e
identificou indício de irregularidade, abrindo prazo de 10 dias para apresentação de defesa - fls.
57/58.

A Defesa foi apresentada pela interessada às fls. 62/63, onde alega erro do INSS e recebimento de
boa fé, dentre outros, e foi considerada insuficiente pelo INSS, o qual manteve a decisão de
cobrança dos valores recebidos a maior (conforme alega) - fls. 72/74, anexando novo
demonstrativo/planilha de cálculo de valores para devolução às fls. 76/78.

Novo Ofício nº 653/2014, de 07/10/2014, do INSS à interessada, informando sobre o


indeferimento da defesa, manutenção da decisão de cobrança e abrindo prazo para a
apresentação de recurso.

Conforme eventos 21/25 encaminhou-se o recurso especial à análise e julgamento deste


colegiado.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 28/07/2015 para sessão nº 0367/2015, de 04/08/2015.

Voto

As fls. Citadas referem-se ao processo completo digitalizado (visualizador e-recursos).

Da análise dos autos e das datas mencionadas no relatório observa-se que o recurso especial é
tempestivo e segue-se à análise do mérito.

Conforme relatado, trata-se de Recurso Especial interposto pela interessada LORENI PEREIRA DA
LUZ, por intermédio de sua representante legal, contra a decisão da 10ª Junta de Recursos do
Conselho de Recursos da Previdência Social - JR/CRPS, prolatada por meio do Acórdão Nº
1232/2015 (evento 12), que NEGOU PROVIMENTO ao recurso ordinário, “entendendo que a
mesma deve devolver os valores recebidos a maior e estabelecendo o percentual de 10% a ser
descontado do valor de seu benefício.”
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O presente caso trata da Revisão da Concessão da presente Pensão por morte previdenciária, sob
alegação feita pelo INSS de indício de irregularidade na concessão, no que tange ao valor pago
pelo INSS à interessada (ao invés de o INSS dividir o valor da pensão entre mãe e filha,
dependentes do mesmo segurado instituidor, pagou o valor integral a cada uma delas).

Conforme relatado: O Extrato do sistema plenus anexado às fls. 22 demonstra que a interessada
teve o presente benefício concedido com data de início (DIB) em 02/01/1991, na qualidade de
filha maior inválida (instituidor : genitor da interessada), sendo representada no presente
processo. Em 12/09/2014 o INSS veio a verificar que estaria pagando o benefício a interessada em
valor maior ao realmente devido (visto que a pensão do pai da interessada deveria estar sendo
rateada na proporção de 50% entre a interessada e sua mãe e ao invés disso a autarquia pagou o
valor integral).

Esta constatação está no Relatório Individual de Constatações às fls. 36/38, datado de 12/09/2014,
e a relação de créditos pagos a maior e que deveriam ser devolvidos pela interessada consta às fls.
38/56. A interessada foi informada, por meio do Ofício nº 605/2014, datado de 15/09/2014, que o
INSS fez a Revisão do artigo 11 da Lei nº 10.666/2003 (Revisão da Concessão) em seu benefício e
identificou indício de irregularidade, abrindo prazo de 10 dias para apresentação de defesa - fls.
57/58.

Portanto, a comunicação oficial à interessada sobre o processamento da revisão e o recebimento a


maior do valor do benefício ocorreu por meio de Ofício, enviado somente em 15/09/2014 (fls.
57/58).

A Revisão ora processada pelo INSS tem fulcro na Revisão de ofício prevista no artigo 11 da Lei
10.666/2003 (conforme fundamentação de ofício de fls. 44), verbis:

Art. 11. O Ministério da Previdência Social e o INSS manterão programa permanente de revisão da
concessão e da manutenção dos benefícios da Previdência Social, a fim de apurar irregularidades e
falhas existentes.

§ 1º Havendo indício de irregularidade na concessão ou na manutenção de benefício, a


Previdência Social notificará o beneficiário para apresentar defesa, provas ou documentos de que
dispuser, no prazo de dez dias.

§ 2º A notificação a que se refere o § 1º far-se-á por via postal com aviso de recebimento e, não
comparecendo o beneficiário nem apresentando defesa, será suspenso o benefício, com
notificação ao beneficiário.
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§ 3º Decorrido o prazo concedido pela notificação postal, sem que tenha havido resposta, ou caso
seja considerada pela Previdência Social como insuficiente ou improcedente a defesa apresentada,
o benefício será cancelado, dando-se conhecimento da decisão ao beneficiário.

Destaque-se o que prevê o artigo 103-A da Lei 8.213/91, in verbis:

Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.

(Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004)

§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do


primeiro pagamento. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004)

§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa


que importe impugnação à validade do ato. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004)

No que tange ao prazo decadencial supracitado, para que o INSS possa Revisar benefícios
concedidos e em manutenção, segue o entendimento do Parecer Normativo da CONJUR/MPS nº
3.509/2005 - AGU, aprovado pelo senhor Ministro de Estado da Previdência Social, que fixa tese
jurídica sobre o “Prazo de Decadência para revisão ex officio”, ementado nos seguintes termos, in
verbis:

PARECER/MPS/CJ/Nº 3509/2005-AGU

REFERÊNCIA: Parecer CJ/MPS nº 2.434/2001; ASSUNTO: Prazo de decadência para revisão ex


officio dos atos administrativos praticados pela Previdência Social; EMENTA: Decadência. art. 54
da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Prazo decadencial de cinco anos para a Administração
rever os atos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários. Termo A quo para os atos
anteriores à publicação da Lei. Data do início da vigência da Lei - 1º de fevereiro de 1999. Medida
Provisória nº 138, de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei nº 10.839, de 5 de fevereiro de
2004. Extensão do prazo decadencial para dez anos em relação aos atos da previdência Social
referentes à matéria de benefício. Interpretação do § 2º do art. 54 da Lei nº 784/99; - Parecer
normativo; APROVADO pelo Ministro dia 26/04/2005; Publicado na íntegra no DOU de
28/04/2005; - Em vigor.

Desta forma, o entendimento expresso no Parecer CJ/MPS nº 3.509/2005 com relação ao prazo
decadencial para que a Administração da Previdência Social revise os benefícios por ela
concedidos e mantidos é o seguinte, in verbis:

56. Ante todo o exposto, esta Consultoria manifesta-se no seguinte sentido:


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a) o Parecer CJ/MPS nº 2.434/2001 deve ser declarado nulo, ficando sem efeito desde sua
aprovação e publicação, em face da posição adotada pela Corte Especial do STJ, pela
Advocacia-Geral da União e pela doutrina mais abalizada, bem como frente ao princípio
constitucional da irretroatividade das leis;

b) por conseguinte, o prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99, quanto aos atos a
ela anteriores, começa a correr apenas a partir de 1º de fevereiro de 1999, data da vigência de tal
diploma;

c) quanto especificamente aos atos da Previdência Social relativos à matéria de benefício,


praticados antes do advento da Lei nº 9.784/99, o prazo decadencial foi estendido para dez anos
(Medida Provisória nº 138, de 19/11/2003, convertida na Lei nº 10.839, de 05/02/2004) e, da
mesma forma, só começa a correr a partir de 1º de fevereiro de 1999;

d) em consequência, o direito da Previdência Social de anular os atos de que decorram efeitos


favoráveis a seus beneficiários, quando praticados antes da Lei nº 9.784/99, decairá apenas a
partir de 1º de fevereiro de 2009, quando se completam dez anos contados do início da vigência
daquele diploma;

e) todavia, nos termos do § 2º do art. 103-A da Lei nº 8.213/91, em sua redação original, qualquer
medida da autoridade competente que importe impugnação à validade do ato representa
exercício do direito de anular, desde que adotada dentro do prazo decenal mencionado, de sorte
que, em tal hipótese, a decadência não se opera, ainda que a anulação efetiva ocorra apenas
depois de transcorrido tal lapso;

f) a redação conferida ao art. 103-A da Lei nº 8.213/91 pela recente Medida Provisória nº 242, de
24/03/2005, não altera tal conclusão, mas a deixa expressa, ao determinar que a impugnação à
validade do ato da Previdência Social “interrompe” (cabendo, em respeito ao princípio da
segurança jurídica, interpretar tal termo como se de suspensão se tratasse) o decurso do prazo
decadencial enquanto pendente de decisão o procedimento revisional, pelo prazo máximo de três
anos (§§ 2º e 3º), ao final do qual tal lapso recomeça a correr a partir do momento em que havia
sido suspenso;

g) finalmente, a Administração Previdenciária, em todos os casos de revisão ex officio, deve


notificar a parte interessada para apresentar defesa no prazo de vinte dias, em estrita observância
às garantias constitucionais do contraditório e ampla defesa. À consideração do Sr.
Coordenador-Geral de Direito Previdenciário.

Então, em suma, o entendimento manifestado no mencionado parecer é de que o prazo


decadencial para que a Previdência Social revise de ofício os benefícios por ela concedidos e
mantidos é de 10 (dez ) anos e este prazo também se aplica aos atos praticados antes da vigência
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da Lei 9.784/99, que é o caso versado nos presentes autos, sendo que, para estes, começou a fluir
a partir da vigência da Lei nº 9.784/91, ou seja, em 1º de Fevereiro de 1999 e expirou em
01/02/2009 (conforme Conclusão do mencionado Parecer, itens b, c e d).

Portanto, pela inteligência do supracitado parecer normativo, este entendimento se aplica não
somente aos casos de anulação de concessão, mas também de anulação de qualquer ato
praticado na concessão pela autarquia que implique em alteração dos benefícios em manutenção.

A própria Lei 8.213/91, em seu artigo 103-A, afirma expressamente que: O direito da Previdência
Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus
beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados [...]. É nítido que a
intenção do legislador não foi de aplicar a decadência somente aos casos de anulação de
concessão, mas sim a qualquer ato administrativo do qual decorram efeitos favoráveis aos
beneficiários.

Para reforçar os argumentos acima mencionados e a tese jurídica fixada pelo Parecer supracitado,
destaca-se um trecho doutrinário, extraído de Monografia apresentada pela “Associação de
Procuradores do Estado do Acre”, que trata sobre a “invalidação de atos administrativos”, in
verbis:

“3.3 - Princípios da segurança jurídica e da boa fé como estabilizadores dos efeitos de atos eivados
de vícios:

O Princípio da Legalidade é a base para a atuação da Administração Pública. É o fundamento da


invalidação e da convalidação. Porém, ao lado desse princípio, coexistem outros princípios
igualmente relevantes, como o da segurança jurídica e o da boa-fé, que podem obstar a
convalidação e, principalmente, a invalidação, findando em estabilização dos efeitos dos atos
viciados. Inicialmente há que se analisar um pretenso paradoxo entre o princípio da segurança
jurídica e o da legalidade. No seu respeitável parecer para o Tribunal de Contas da União, sobre a
contratação de professores anterior à EC nº 11/96, o Ministro Relator Marcos Vinícios Vilaça
afirma que esses são princípios que receberam status constitucional, não havendo prevalência de
um sobre ou outro, se complementam, de modo que não há como dissociar um do outro. O ilustre
Ministro faz a seguinte definição sobre esses princípios:

“O Princípio da legalidade, lato sensu, repousa na subordinação de todos, cidadãos e Estado, aos
comandos da Lei.

Assim é que, em um Estado de Direito, a lei é o principal instrumento de que dispõem as pessoas
sujeitas ao império estatal para evitar a arbitrariedade e a injustiça.
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[...] A Segurança jurídica, por sua vez, pode ser entendida como a certeza de que essa mesma lei,
que deve, tanto quanto possível, ser clara e estável, será efetivamente aplicada dentro do seu
limite temporal de vigência, permitindo assim aos cidadãos prever as consequências jurídicas dos
atos que pretendem praticar.”

[...] O Direito dá ao particular interessado a faculdade de impugnar um ato administrativo. À


Administração é dado o dever de invalidar um ato viciado. Mas há um limite temporal para essa
atuação.

[...] Weida Zancaner defende que, no caso de atos inconvalidáveis, o prazo prescricional só surte
efeito se for entendido como prazo decadencial. [...] Já a decadência é a extinção do próprio
direito, pelo fim do prazo legal estabelecido para o seu exercício. Segundo essa autora, em se
tratando de atos inconvalidáveis, no Direito Público, o Princípio da Segurança Jurídica só fica
resguardado pelo instituto da decadência, por conta de a Administração não ter exercido o seu
direito no tempo estabelecido legalmente. (texto disponível em:
www.pge.ac.gov.br/site/arquivos/bibliotecavirtual/monografias/DA_INVALIDAcaO_DOS_ATOS.pdf
)

Para que não fosse aplicado o prazo decadencial ao presente caso a única ressalva feita pela lei
seria no caso de comprovada má fé (art. 103-A, caput da Lei 8.213/91), comprovação essa que não
ocorreu nos autos.

Destaque-se ainda um princípio geral em matéria de direito no sentido de que a má fé, quando
alegada por uma das partes, deverá ser inequivocamente comprovada e nunca poderá ser
presumida, já que o comportamento contrário ao direito não pode ser tomado como regra e sim
como exceção.

Registre-se que a interessada não colaborou para o erro da Administração Pública (INSS), que por
sua vez admitiu que o “sistema” não fez o rateio dos benefícios. (palavras constantes do Relatório
Individual de Constatações - Item 3 - fls. 36).

Ressalte-se ainda que, em razão da aprovação ministerial, o supracitado Parecer CJ/MPS nº


3.509/2005 tem caráter normativo, nos termos da Lei Complementar nº 73/93, artigo 42, in
verbis:

Art. 42. Os pareceres das Consultorias Jurídicas, aprovados pelo Ministro de Estado, pelo
Secretário-Geral e pelos titulares das demais Secretarias da Presidência da República ou pelo
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, obrigam, também, os respectivos órgãos autônomos
e entidades vinculadas.
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O Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social-RI/CRPS, aprovado pela


Portaria/MPS nº 548/2011, expressamente menciona que tais pareceres (aprovados pelo Ministro
de Estado da Previdência Social) também vinculam os órgãos julgadores do CRPS à tese jurídica
que fixarem, sob pena de responsabilidade administrativa quando da sua não observância,
conforme previsto em seu artigo 69, in verbis:

Art. 69 Os pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, quando aprovados pelo Ministro de Estado,
nos termos da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, vinculam os órgãos julgadores
do CRPS, à tese jurídica que fixarem, sob pena de responsabilidade administrativa quando da sua
não observância.

Diante de todos os fundamentos expostos, entende-se que o presente benefício deve ser mantido
na forma como foi concedido, sendo indevida a cobrança de qualquer valor pelo INSS, em razão da
aplicação do instituto da decadência, nos termos do artigo 103-A da Lei 8.213/91 e da vinculação
deste conselho à tese jurídica fixada pelo Parecer Ministerial Normativo CONJUR/MPS nº
3.509/2005 - AGU, nos termos do artigo 69 do Regimento Interno do CRPS - RI/CRPS, aprovado
pela PT/MPS nº 548/2011.

CONCLUSÃO: Isso posto, VOTO no sentido de CONHECER DO RECURSO DA INTERESSADA, para no


mérito DAR-LHE PROVIMENTO.

MARIA CECILIA DE ARAUJO

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

ANA LUÍSA DE ENTRE RIOS CHAGAS FILGUEIRA

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

DANIELA MILHOMEN SOUZA

Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).


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MARIA CECILIA DE ARAUJO

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 2226/2015

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 2ª


Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR PROVIMENTO AO
RECORRENTE, POR UNANIMIDADE,

de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros ANA LUÍSA DE ENTRE RIOS CHAGAS
FILGUEIRA e DANIELA MILHOMEN SOUZA.

MARIA CECILIA DE ARAUJO

Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, 03 de Março de 2014

Embargante: CELIO DOS SANTOS MELO

Protocolo: 44232.019840/2013-11

NB: 46/160.144.049-6

Assunto: Aposentadoria especial

DECISÃO

1 - Analisado.

2 - O Sr. Célio, devidamente representado por FRANCISCO ASSIS DE LIMA, interpõe


tempestivamente pedido de Embargos de Declaração alegando, em apertada síntese, que houve
omissão no Acórdão 286/2013 quanto a análise da atividade especial de 08/03/1999 até
31/12/2003 e de 01/04/2008 até 31/05/2009.

3 - Quanto aos Embargos de Declaração, regulamenta a Portaria Ministerial MPS Nº 548/2011, in


verbis:
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"Art. 58. Caberão embargos de declaração quando houver no acórdão dos órgãos julgadores do
CRPS, obscuridade, ambiguidade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos ou
quando for omitido ponto sobre o qual deveriam pronunciar- se."

4 - De fato, há omissão neste ponto.

5 - Tem razão o embargante. DEFIRO o pedido.

6 - Verifico cumpridos os requisitos da tempestividade; da regularidade formal, haja vista o


cumprimento das formalidades inerentes às peças processuais; do interesse recursal; da
legitimidade da parte; e da inexistência de fato extintivo do direito de recorrer; além de,
principalmente, haver a omissão no Acórdão.

7 - Assim, em respeito ao § 3º do artigo 58 do Regimento do CRPS, defiro o pedido de Embargos


de Declaração e encaminho ao Conselheiro Relator para voto e pronunciamento sobre cada um
dos pontos suscitados pelo Embargante, e posterior submissão ao colegiado.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.019840/2013-11

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CORNÉLIO PROCÓPIO

Benefício: 46/160.144.049-6

Espécie: APOSENTADORIA ESPECIAL

Embargante: FRANCISCO ASSIS DE LIMA - Procurador

Embargante: CELIO DOS SANTOS MELO

Embargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: INDEFERIMENTO

Relator: CAIO CESAR AUADA

EMENTA:
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____________________________________________

APOSENTADORIA ESPECIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO POR OMISSÃO DA ANÁLISE DA


ESPECIALIDADE DE ATIVIDADES DO SEGURADO. COM RAZÃO O EMBARGANTE. RECONHECIMENTO
DA ESPECIALIDADE DAS ATIVIDADES OMITIDAS NO ACÓRDÃO ANTERIORMENTE PROFERIDO, EM
RAZÃO DO AGENTE NOCIVO RUÍDO. ACRÉSCIMO NO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL JÁ
RECONHECIDO. IMPLEMENTAÇÃO DOS REQUISITOS CONCESSIVOS DO BENEFÍCIO. CONCESSÃO DA
APOSENTADORIA ESPECIAL. EMBARGO CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório

Trata-se de Embargos de Declaração apresentado pelo Sr. Célio dos Santos Melo, face o acórdão
nº 286/2013 proferido por esta 1ª C. A. da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, nos autos do
requerimento administrativo de aposentadoria (NB 46/160.144.049-6).

No requerimento de aposentadoria o segurado requereu o reconhecimento de atividades comuns


e especiais, alegando ter preenchido o tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria
almejada.

Este colegiado, em julgamento de minha relatoria, proferiu decisão no sentido de aplicar conhecer
parte do período especial requerido, entretanto não reconhecendo o direito a aposentadoria
especial, que era a única aceita pelo segurado.

Agora o segurado opõe embargos, sustentando que houve omissão no julgado quanto ao pedido
de reconhecimento como especial da atividade exercida de 08.03.1999 a 31.12.2003, de
01.04.2008 a 31.05.2009 e de 01.06.2009 a 27.09.2012.

É o relato.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 11/03/2014 para sessão nº 0055/2014, de 19/03/2014.

Voto

Da Tempestividade

Os embargos de declaração são tempestivos, visto que não consta nos autos a data em que o
embargante tomou ciência da decisão colegiada.

Dos Embargos Declaratórios

Assiste razão ao embargante quanto a omissão apontada, porquanto não foi analisada a
especialidade das atividades exercidas de 08.03.1999 a 31.12.2003, de 01.04.2008 a 31.05.2009 e
de 01.06.2009 a 27.09.2012.
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____________________________________________

Quanto aos documentos apresentados para comprovar a especialidade, destaco:

- Formulário da atividade exercida na empresa Metso Brasil Indústria e Comércio Ltda., constando
atividade de Ajudante Prático de Fundição, exercida de 08.03.1999 a 31.03.2000, estando exposto
ao agente nocivo ruído em níveis de 91,3 dB(A);

- Formulário da atividade exercida na empresa Metso Brasil Indústria e Comércio Ltda., constando
atividade de Paneleiro Oficial, exercida de 01.04.2000 a 31.12.2003, estando exposto ao agente
nocivo ruído em níveis de 91,3 dB(A);

- Formulário da atividade exercida na empresa Vitopel do Brasil Ltda., constando atividade de


Ajudante de Produção, exercida de 01.04.2008 a 31.05.2009, estando exposto ao agente nocivo
ruído em níveis de 88,9 dB(A), calor a IBUTG 20°C/LT 30,5°C e óleos minerais/hidrocarbonetos
aromáticos; e também na atividade de Operador de Produção III, exercida de 01.06.2009 até a
27.09.2012, estando exposto ao agente nocivo ruído em níveis de 88,2 dB(A), calor a IBUTG
30°C/LT 30,5°C e óleos minerais/hidrocarbonetos aromáticos.

Quanto ao fundamento jurídico, reitero as razões apresentadas no voto de mérito.

Portanto, flagrante o equívoco deste relator naquele julgamento, porquanto quedei omisso na
análise dos períodos acima descritos.

Contudo, sempre alerta, o segurado razão tem nos seus embargos de declaração.

Assim, voto por fazer parte daquele julgado de mérito, o presente julgado aos Embargos de
Declaração, para ver também reconhecido como especiais todos os períodos omissos, cito de
08.03.1999 a 31.12.2003, de 01.04.2008 a 31.05.2009 e de 01.06.2009 a 27.09.2012, em razão do
agente nocivo ruído.

Naquele julgado, já haviam sido reconhecidos 18 anos, 1 mês e 10 dias de exercício de tempo de
contribuição especial pelo embargante.

Com o acréscimo do tempo aqui reconhecido, o embargante passa a contar com 28 anos e 5
meses de tempo de contribuição especial, fazendo jus ao benefício de Aposentadoria Especial
almejado.

ANTE O EXPOSTO, voto por conhecer dos embargos de declaração, dando-lhe provimento para:

a) Reconhecer a omissão desta 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS


quando a análise da especialidade de atividades exercidas pelo segurado embargante;

b) Reconhecer a especialidade das atividades exercidas de 08.03.1999 a 31.12.2003, de


01.04.2008 a 31.05.2009 e de 01.06.2009 a 27.09.2012;
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____________________________________________

c) Reconhecer o direito do segurado embargante em se aposentar pela Aposentadoria Especial.

CAIO CESAR AUADA

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

LUSIA MASSINHAN

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO EMBARGO DO
RECORRENTE E DAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a)
Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros LUSIA MASSINHAN e SANDRA


MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS.

CAIO CESAR AUADA

Relator(a)

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente
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1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, 02 de Maio de 2014

Embargante: CELIO DOS SANTOS MELO

Protocolo: 44232.019840/2013-11

NB: 46/160.144.049-6

Assunto: Aposentadoria especial

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

“Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável.”

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O INSS suscita que o Acórdão 659/2014 viola o art. 170 do Decreto 3.048/99, uma vez que a
perícia médica não concorda com a decisão. Aduz também, que viola o art. 58, parágrafo 2º da Lei
8.213/91, uma vez que entende que a eficácia do EPI afasta a atividade nociva. Em síntese, aponta
que o CRPS descumpriu os artigos 64, 65, 68 e 170 do Decreto 3.048/99 e art. 58, § 2º da Lei
8.213/91.

4 - Analiso.

5 - Vejamos o que dispõe os artigos 64, 65, 68 e 170 do Decreto 3.048/99:


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“Art. 64. A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida ao segurado
empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este somente quando cooperado filiado
a cooperativa de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e
cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003)

§ 1º A concessão da aposentadoria especial prevista neste artigo dependerá da comprovação,


durante o período mínimo fixado no caput: (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

I - do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente; e (Incluído pelo Decreto nº
8.123, de 2013)

II - da exposição do segurado aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou a associação de


agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física. (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 2º Consideram-se condições especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física aquelas


nas quais a exposição ao agente nocivo ou associação de agentes presentes no ambiente de
trabalho esteja acima dos limites de tolerância estabelecidos segundo critérios quantitativos ou
esteja caracterizada segundo os critérios da avaliação qualitativa dispostos no § 2º do art. 68.
(Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

Art. 65. Considera-se tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de forma não
ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do
cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço.
(Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput aos períodos de descanso determinados pela
legislação trabalhista, inclusive férias, aos de afastamento decorrentes de gozo de benefícios de
auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez acidentários, bem como aos de percepção de
salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse exposto aos fatores
de risco de que trata o art. 68. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de aposentadoria
especial, consta do Anexo IV.

§ 1º As dúvidas sobre o enquadramento dos agentes de que trata o caput, para efeito do disposto
nesta Subseção, serão resolvidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Ministério da
Previdência e Assistência Social.
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§ 2º A avaliação qualitativa de riscos e agentes nocivos será comprovada mediante descrição:


(Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

I - das circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente nocivo ou associação de


agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho durante toda a jornada; (Incluído pelo Decreto
nº 8.123, de 2013)

II - de todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentes mencionados no inciso I; e


(Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

III - dos meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias de absorção, a intensidade da
exposição, a frequência e a duração do contato. (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 3º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições
ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do
trabalho. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 4º A presença no ambiente de trabalho, com possibilidade de exposição a ser apurada na forma


dos §§ 2º e 3º, de agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos em humanos, listados pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, será suficiente para a comprovação de efetiva exposição do
trabalhador. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 5º No laudo técnico referido no § 3º, deverão constar informações sobre a existência de


tecnologia de proteção coletiva ou individual, e de sua eficácia, e deverá ser elaborado com
observância das normas editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e dos procedimentos
estabelecidos pelo INSS. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 6º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos
existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de
comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita às
penalidades previstas na legislação. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 7º O INSS estabelecerá os procedimentos para fins de concessão de aposentadoria especial,


podendo, se necessário, confirmar as informações contidas nos documentos mencionados nos §
2º e 3º.

§ 8º A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico do trabalhador,


contemplando as atividades desenvolvidas durante o período laboral, documento que a ele deverá
ser fornecido, por cópia autêntica, no prazo de trinta dias da rescisão do seu contrato de trabalho,
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sob pena de sujeição às sanções previstas na legislação aplicável. (Redação dada pelo Decreto nº
8.123, de 2013)

§ 9º Considera-se perfil profissiográfico, para os efeitos do § 8º, o documento com o histórico


laboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS, que, entre outras informações, deve
conter o resultado das avaliações ambientais, o nome dos responsáveis pela monitoração
biológica e das avaliações ambientais, os resultados de monitoração biológica e os dados
administrativos correspondentes. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 10. O trabalhador ou seu preposto terá acesso às informações prestadas pela empresa sobre o
seu perfil profissiográfico, podendo inclusive solicitar a retificação de informações quando em
desacordo com a realidade do ambiente de trabalho, conforme orientação estabelecida em ato do
Ministro de Estado da Previdência Social. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

§ 11. A cooperativa de trabalho e a empresa contratada para prestar serviços mediante cessão ou
empreitada de mão de obra atenderão ao disposto nos §§ 3º, 4º e 5º com base nos laudos
técnicos de condições ambientais de trabalho emitidos pela empresa contratante, quando o
serviço for prestado em estabelecimento da contratante. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de
2013)

§ 12. Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do disposto no Anexo IV, a
metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat
Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO. (Incluído pelo Decreto nº
8.123, de 2013)

§ 13. Na hipótese de não terem sido estabelecidos pela FUNDACENTRO a metodologia e


procedimentos de avaliação, cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego definir outras instituições
que os estabeleçam. (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)”

“Art. 170. Compete privativamente aos servidores de que trata o art. 2º da Lei nº 10.876, de 2 de
junho de 2004, a realização de exames médico-periciais para concessão e manutenção de
benefícios e outras atividades médico-periciais inerentes ao regime de que trata este
Regulamento, sem prejuízo do disposto no mencionado artigo. (Redação dada pelo Decreto nº
6.939, de 2009) ”

6 - Deste modo, vejo que os arts. 64, 65 e 68 apontados pelo INSS, no qual alega que o CRPS
violou, foram alterados no Decreto 3.048/99 pelo Decreto nº 8.123 de 16 de outubro de 2013.

7 - Não podemos nos afastar de outro dispositivo previsto no Decreto 3.048/99:


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“Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade
comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: (Redação dada pelo Decreto nº 4.827, de 2003).

§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá


ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. (Incluído pelo Decreto nº
4.827, de 2003)”

8 - Também precisamos verificar o que a Lei 9.784/99, que regulamenta o Processo Administrativo
Federal, determina como parâmetro para a análise dos processos previdenciários:

“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”

9 - Efetuando uma interpretação sistemática e teleológica dos dispositivos legais dispostos, é


possível depreender que a Lei 9.784/99 nos proíbe aplicar nova interpretação de forma retroativa.

10 - Também, o próprio Decreto 3.048/99, no § 1º do seu art. 70, define da mesma forma,
garantindo a segurança jurídica vedando a retroação da nova norma. Para não violarmos literal
disposição do § 1º do art. 70 do Decreto 3.048/99, deve ser observado o tempo de serviço
disciplinado pela lei em vigor à época em que efetivamente exercido, passando a integrar, como
direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. Desse modo, uma vez prestado o serviço
sob a égide de legislação, o segurado adquire o direito à contagem como tal, bem como à
comprovação das condições de trabalho na forma então exigida.

11 - Assim, é claríssimo que a eficácia do EPI só deve ser aplicado aos casos posteriores a vigência
do Decreto 8.123/2013. Se retroagirmos essa interpretação, estaremos violando literalmente o §
1º do art. 70.

Mas pior do que isso, estaremos desobedecendo a Lei 9.784/99. Portanto, até a vigência do
Decreto 8.123/2013, deve prevalecer o Enunciado 21 do Conselho Pleno do CRPS, a saber: "o
simples fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo empregador não
exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser
considerado todo o ambiente de trabalho".
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12 - Adentrando nesta seara, devo expor também que o Regimento do CRPS vincula os
Conselheiros a aplicar os Enunciados do Conselho Pleno do CRPS, e o Nº 21 dispõe que "O simples
fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo empregador não exclui a
hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser considerado todo
o ambiente de trabalho". Afastar o Enunciado do Conselho Pleno importa em desobedecer o art.
63 da ordem ministerial.

13 - Quanto à alegação de violação ao art. 170 do Decreto 3.048/99, teço as seguintes


fundamentações.

14 - O parecer médico é um ato administrativo médico. No tocante ao ato médico, a matéria


requer especialidade e vejo que somente outro médico poderia contestar ou desfazer. Mas
quanto ao ato administrativo, deve respeitar o ordenamento jurídico e, esta parte, esta sob o
controle jurisdicional do Ministério da Previdência Social através do Conselho de Recursos da
Previdência Social. Não é por ser um ato administrativo médico que seja absoluto, e devemos ver,
restritamente no âmbito jurídico, se encontra validade. Os fundamentos jurídicos apontados pelo
médico perito estão sujeitos ao controle jurisdicional das decisões do CRPS. Se o art. 303 do
Decreto 3.048/99 excetuasse da competência do MPS/CRPS o controle sobre os atos jurisdicionais
da perícia médica, então teria razão o INSS.

Ou então se o Regimento fizesse essa previsão. Mas essa previsão regimental não existe, e não nós
podemos inovar sob pena de descumprirmos o determina a Portaria Ministerial.

15 - Além do mais, a ordem do Presidente do CRPS, através da do art. 3º da INSTRUÇÃO


NORMATIVA MPS/CRPS Nº 01, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2011 (DOU DE 05/12/2011) é a de que
"Os Órgãos Julgadores não estão adstritos ao pronunciamento técnico da assessoria médica ou
jurídica, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos,
desde que fundamentada a decisão, sob pena de nulidade".

16 - Por fim, rejeito o pedido do INSS e, em restrita obediência à ordem ministerial insculpida no
art. 60 do Regimento do CRPS, indefiro o pedido de Revisão de Ofício.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, 08 de Maio de 2014


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Recorrente: NAHIR TOMACHESKI BAISER

Protocolo: 44232.062506/2013-87

NB: 32/136.797.858-8

Assunto: Aposentadoria por invalidez previdenciária

1 - Visto.

2 - A Portaria Ministerial 548/2011, que aprova o Regimento do CRPS, determina em seu artigo 56:

“Art. 56. É vedado ao INSS escusar-se de cumprir, no prazo regimental, as diligências solicitadas
pelas unidades julgadoras do CRPS, bem como deixar de dar efetivo cumprimento às decisões do
Conselho Pleno e acórdãos definitivos dos órgãos colegiados, reduzir ou ampliar o seu alcance ou
executá-lo de modo que contrarie ou prejudique seu evidente sentido.

§ 1º É de trinta dias, contados a partir da data do recebimento do processo na origem, o prazo


para o cumprimento das decisões do CRPS, sob pena de responsabilização funcional do servidor
que der causa ao retardamento.”

3 - Além do mais, diferente dos Embargos de Declaração (§ 2º do art. 58), não há previsão
regimental para suspender o cumprimento da decisão do CRPS quando é solicitada a Revisão de
Ofício.

4 - Considerando que o INSS foi cientificado da decisão desta Câmara de Julgamento em


20/03/2014 e só interpôs o pedido de Revisão de Ofício em 08/05/2014, após o prazo de trinta
dias, fica caracteriza a inobservância ao art. 56 da Portaria Ministerial MPS 548/2011.

5 - Retorne ao INSS para que cumpra o art. 56 da Portaria Ministerial 548/201 juntando o
comprovante da reativação do benefício e, após, retorne os autos para esta Câmara de
Julgamento.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - Analisado.
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2 - O INSS interpõe tempestivamente pedido de Embargos de Declaração alegando, em apertada


síntese, que é proibido o instituto Reformatio in Pejus pelo Código de Processo Civil e que a
interpretação do colegiado deveria ser reformada.

3 - A respeito dos pontos suscitados pelo INSS no pedido de Embargos de Declaração, vejamos.

4 - A Lei 9.784/99, que normatiza a respeito dos Processos Administrativos Federais, abrangendo
os processos administrativos previdenciários do INSS e CRPS, assim normatiza:

“Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou
revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.”

5 - Em obediência ao art. 64 da Lei 9.784/99, regulamenta o Regimento do CRPS, aprovado pela


Portaria MPS/GM 548/2011, litteris:

“Art. 30. Das decisões proferidas no julgamento do recurso ordinário caberá recurso especial
dirigido às Câmaras de Julgamento, órgãos de última instância recursal administrativa, ressalvada
a competência exclusiva das Juntas de Recursos definida no art. 18 deste Regimento.

Parágrafo único. A interposição tempestiva do recurso especial suspende os efeitos da decisão de


primeira instância e devolve à instância superior o conhecimento integral da causa.

Art. 72. Nos casos de omissão deste Regimento, aplicam-se sucessivamente, se houver
compatibilidade das regras, as disposições pertinentes da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,
que institui o Código de Processo Civil e da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o
processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal."

6 - Por tais razões, tanto a Lei 9.784/99 quanto o Regimento do CRPS autorizam que a decisão
venha a abranger toda a matéria, e não apenas o ponto recorrido. O instituto Reformatio in Pejus
é necessário na Administração Pública, em razão dos atos administrativos serem necessariamente
vinculados à Lei. Sendo o ato ilegal, deve ser corrigido. A necessidade de cumprir a Lei é tão
importante e necessária, que a própria Lei 9.784/99 normatiza que o Recurso, ainda que seja
intempestivo ou solicitado por parte ilegítima, não afasta o dever da Administração Pública de
corrigir o ato ilegal, conforme podemos observar lendo o § 2º do art. 63 da Lei 9.784/99.

7 - Quanto aos Embargos de Declaração, regulamenta a Portaria Ministerial MPS Nº 548/2011, in


verbis:

"Art. 58. Caberão embargos de declaração quando houver no acórdão dos órgãos julgadores do
CRPS, obscuridade, ambiguidade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos ou
quando for omitido ponto sobre o qual deveriam pronunciar- se."
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8 - Não vislumbro obscuridade, ambiguidade ou contradição que justifique o pedido de Embargos


de Declaração. Indefiro.

9 - Retorne ao INSS para cumprimento do Acórdão.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, 11 de Maio de 2014

Embargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Protocolo: 44232.070938/2013-61

NB: 42/162.671.155-8

Assunto: Aposentadoria por tempo de contribuição

DECISÃO

1 - O INSS, através de Embargos de Declaração, suscita que o Acórdão 1135/2014 enquadrou


como especial o tempo de contribuição de 01/03/1984 a 03/01/1991 sem o formulário definido no
Decreto 3.048/99.

2 - Analiso.

3 - Vejamos o que dispõe a Lei de Benefícios da Previdência Social:

“Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria
especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei
nº 9.528, de 1997)

§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social — INSS, emitido pela
empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho
expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. (Incluído pela Lei nº
9.528, de 1997) ”
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4 - Deste modo, vejo que o INSS tem razão ao afirmar que é necessário o formulário, após a
alteração promovida pela Lei 9.528/97. Entretanto, precisamos analisar outros dispositivos
previstos no próprio Decreto 3.048/99:

“Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade
comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: (Redação dada pelo Decreto nº 4.827, de 2003).

§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá


ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. (Incluído pelo Decreto nº
4.827, de 2003)”

5 - Para não violarmos literal disposição do § 1º do art. 70 do Decreto 3.048/99, deve ser
observado o tempo de serviço disciplinado pela lei em vigor à época em que efetivamente
exercido, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. Desse
modo, uma vez prestado o serviço sob a égide de legislação, o segurado adquire o direito à
contagem como tal, bem como à comprovação das condições de trabalho na forma então exigida.

6 - Também precisamos verificar o que a Lei 9.784/99, que regulamenta o Processo Administrativo
Federal, determina como parâmetro para a análise dos processos previdenciários:

“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”

7 - Efetuando uma análise sistemática e teleológica dos dispositivos legais dispostos, é possível
depreender que a Lei 9.784/99 nos proíbe a aplicar nova interpretação de forma retroativa.
Também, o próprio Decreto 3.048/99, no § 1º do seu art. 70, define da mesma forma, garantindo
a segurança jurídica vedando a retroação da nova norma. Assim, é claríssimo que a imposição legal
para as empresas elaborarem formulários de atividade especial para seus empregados só se deu
em 1997. Se retroagirmos essa interpretação, estaremos violando literalmente o § 1º do art. 70.
Mas pior do que isso, estaremos desobedecendo a Lei 9.784/99.

8 - A exigência de formulário para o reconhecimento da atividade especial só foi imposta por Lei
em 10/12/1997. Nos dias de hoje, sempre que ocorre a rescisão contratual de empregado, a
empresa é obrigada a lhe entregar o formulário PPP. Mas isso é nos dias de hoje. Nas décadas de
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70, 80 e até o ano de 1997, tal obrigação não existia. Exigir do administrado formulários para
enquadramento até 1997 está em desacordo com o § 1º do artigo 70 do Decreto nº 3.048/99. A
CANSB não é lei.

9 - Quanto aos Embargos de Declaração, regulamenta a Portaria Ministerial MPS Nº 548/2011, in


verbis:

“Art. 58. Caberão embargos de declaração quando houver no acórdão dos órgãos julgadores do
CRPS, obscuridade, ambiguidade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos ou
quando for omitido ponto sobre o qual deveriam pronunciar-se.

§ 1º Os embargos de declaração serão opostos pelas partes do processo, mediante petição


fundamentada, dirigida ao Presidente do órgão julgador, no prazo de trinta dias contados da
ciência do acórdão.

§ 2º A oposição dos embargos de declaração interromperá o prazo para cumprimento do acórdão,


sendo restituído todo o prazo de trinta dias após a sua solução, salvo na hipótese de embargos
manifestamente protelatórios, ocasião em que a decisão deverá ser executada no prazo máximo
de cinco dias da ciência do setor responsável pelo cumprimento do acórdão, sob pena de
responsabilização funcional do servidor que der causa ao retardamento.”

10 - Não vislumbro obscuridade, ambiguidade ou contradição que justifique o pedido de Embargos


de Declaração, e decido indeferir o pedido em restrita obediência ao art. 58 da Portaria Ministerial
548/2011.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - Analisado.
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2 - O Acórdão 349/2014 tem o escopo de conceder o benefício à recorrida MAURA xxxxx, negando
provimento ao Recurso do INSS. No entanto, a decisão foi de dar provimento ao recorrente,
quando este, na verdade, é o INSS.

3 - Tem razão o Órgão Previdenciário quanto a contradição.

4 - Verifico cumprido os requisitos da tempestividade; da regularidade formal, haja vista o


cumprimento das formalidades inerentes às peças processuais; do interesse recursal; da
legitimidade da parte; e da inexistência de fato extintivo do direito de recorrer; além de,
principalmente, haver a contradição no Acórdão.

5 - Destarte, em respeito ao § 3º do artigo 58 do Regimento do CRPS, defiro o pedido de Embargos


de Declaração e encaminho ao Conselheiro Relator para voto e posterior submissão ao colegiado.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - Analisado.

2 - Em apertadíssima síntese, o embargante justifica que apresentou os documentos que


comprovam o tempo de contribuição em condições especiais de 1991 a 1998 ANTES da Data do
Pedido de Revisão (DPR) e, portanto, tem direito ao pagamento das diferenças devidas desde a
DER e não da DPR.

3 - Verifico que foi juntado ao processo concessório formulário PPP para a especialidade no
período de 1991 a 1998 antes da revisão, uma vez que está nas fls. 27/33 e o processo só foi
despachado (DDB) em 20/05/2013 (fl. 46). Há, inclusive, pronunciamento da perícia médica sobre
a especialidade da atividade antes da conclusão do benefício, conforme fl. 44.

4 - Todavia, verifico que a decisão colegiada omitiu as razões fáticas que justificam a aplicação do
§ 4º do art. 347 do Decreto 3.048/99, litteris: "No caso de revisão de benefício em manutenção
com apresentação de novos elementos extemporaneamente ao ato concessório, os efeitos
financeiros devem ser fixados na data do pedido de revisão. (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de
2008)."

5 - Tem razão o Embargante.


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6 - Assim, verifico cumpridos os requisitos da tempestividade; da regularidade formal, haja vista o


cumprimento das formalidades inerentes às peças processuais; do interesse recursal; da
legitimidade da parte; e da inexistência de fato extintivo do direito de recorrer; além de,
principalmente, haver a omissão no Acórdão.

7 - Destarte, em respeito ao § 3º do artigo 58 do RICRPS, defiro o pedido de Embargos de


Declaração e encaminho ao Conselheiro Relator para voto e pronunciamento sobre cada um dos
pontos suscitados pela Autarquia, e posterior submissão ao colegiado.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - Analisado.

2 - O INSS interpõe tempestivamente pedido de Embargos de Declaração alegando, em apertada


síntese, que houve omissão no tocante ao trabalho urbano desenvolvido pelo marido da
recorrente. Entende a Autarquia o labor urbano do cônjuge afasta o regime de economia familiar
e, portanto, o benefício não deve ser concedido.

3 - Antes de me pronunciar sobre o pleito do SRD, vejamos o que, de fato e oficialmente, entende
o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS nos termos na Instrução normativa Nº 45/2010:

"Art. 115. A comprovação do exercício de atividade rural do segurado especial, observado o


disposto nos arts. 63 a 66, será feita mediante a apresentação de um dos seguintes documentos:

III - comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA,


através do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural - CCIR ou qualquer outro documento emitido
por esse órgão que indique ser o beneficiário proprietário de imóvel rural ou exercer atividade
rural como usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgado, comodatário ou
arrendatário rural;

§ 4º Os documentos referidos nos incisos I, III a VI, e VIII a X deste artigo, ainda que em nome do
cônjuge ou, em caso de comprovação da união estável, do companheiro ou companheira, inclusive
os homoafetivos, que tenha perdido a condição de segurado especial, poderão ser aceitos para os
demais membros do grupo familiar, desde que corroborados com a declaração do sindicato que
represente o trabalhador rural e confirmado o exercício da atividade rural e condição sob a qual
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foi desenvolvida, por meio de entrevista com o requerente, e se for o caso, com testemunhas, tais
como vizinhos, confrontantes, entre outros. (NR)"

4 - Observando o que o próprio INSS normatiza, e que gera efeito vinculante aos seus agentes
públicos, percebo que o pedido do SRD acaba por ser uma afronta àquilo que o INSS normatiza.
Não é esse o entendimento oficial do INSS.

5 - A recorrente apresentou documentos CCIR das terras em nome do marido, anos 1987, 1997,
2007, 2008, 2011 e 2012, a Declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campos que
informa que a requerente exerceu atividade rural em regime de economia familiar nas terras de
seu marido no período de 1984 a 2013, conforme exposto no Relatório do Acórdão.

6 - Alega também a Autarquia que a entrevista rural "não foi conclusiva". Na verdade foi, pois nela
verificamos o depoimento de uma típica trabalhadora rural. O entrevistador não registrou
qualquer declaração de empregados permanentes, outras fontes de renda dela como aluguéis ou
arrendamentos, ou algum elemento que a descaracterize como trabalhadora rural.

7 - Também, vejamos o que orienta o INSS na Orientação Interna INSS/DIRBEN 172/2007, em seu
artigo 59, exemplo 7:

"Exemplo 7:

Segurada especial requereu aposentadoria por idade em março/2004, apresentando os seguintes


documentos:

- comprovante de cadastro do INCRA, emitidos em época própria, em nome esposo para os anos
de 1989, 1993, 2000 e 2003;

- declaração do sindicato dos trabalhadores rurais atestando a condição de segurado especial de


janeiro/88 até dezembro/2004.

Análise:

1. em consulta ao sistema CNIS, verificou-se que o esposo da requerente é trabalhador urbano de


1980 até hoje;

2. ainda que os documentos apresentados estejam em nome do esposo, os mesmos poderão ser
considerados para os demais membros do grupo familiar, desde que corroborados pela declaração
do STR e confirmado o exercício da atividade rural e condição sob a qual foi desenvolvida, por
meio de entrevista, e se for o caso, termo de depoimento com testemunhas;
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3. após consulta ao CNIS em nome da requerente, se restar comprovado o exercício da atividade


rural, bem como o vínculo familiar, poderá ser homologado o período de janeiro/88 a
dezembro/2004;

4. observar que esta situação somente se aplica quando da apresentação dos documentos
discriminados nos incisos II, V, VI, VII do art. 57;

5. caso os documentos apresentados não atendam ao contido no item anterior, a requerente


deverá apresentar documentos em seu nome, e se for o caso, ser considerada como segurada
especial com exercício da atividade individualmente."

8 - Resta minha preocupação, pois é o SRD quem dissemina junto às APS a aplicação das normas
do INSS. Sugiro leitura minuciosa da OI 172/2007, bem como da IN vigente.

9 - Lamento, também, pois este benefício deveria ter sido concedido já na análise concessória,
pois assim determina as próprias normas do INSS. Se de fato a recorrente não é segurada especial,
deveria ter o INSS apresentado uma prova, como a existência de empregados permanentes, ou de
que ela reside em município não limítrofe, ou ela receber renda com aluguéis, arrendamentos, etc.
Mas não existem. O indeferimento é puramente subjetivo pois não encontra qualquer respaldo
normativo, nem mesmo nas normas internas do INSS. Portanto, se é fora dos limites legais, o
indeferimento é arbitrário e precisa imediatamente ser modificado.

10 - Quanto aos Embargos de Declaração, regulamenta a Portaria Ministerial MPS Nº 548/2011, in


verbis:

"Art. 58. Caberão embargos de declaração quando houver no acórdão dos órgãos julgadores do
CRPS, obscuridade, ambiguidade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos ou
quando for omitido ponto sobre o qual deveriam pronunciar- se.

§ 2º A oposição dos embargos de declaração interromperá o prazo para cumprimento do acórdão,


sendo restituído todo o prazo de trinta dias após a sua solução, salvo na hipótese de embargos
manifestamente protelatórios, ocasião em que a decisão deverá ser executada no prazo máximo
de cinco dias da ciência do setor responsável pelo cumprimento do acórdão, sob pena de
responsabilização funcional do servidor que der causa ao retardamento.”

11 - Como o Instituto Previdenciário aponta omissão quanto a informação de que o marido da


recorrente é trabalhador urbano, vejamos o que consta no Acórdão impugnado:

"Relatório:

Ainda o INSS juntou aos autos tela do Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS do marido
da recorrente que trás as seguintes informações:”
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“1. vínculos urbanos intervalados no período de 04.03.1992 a 26.05.1995;

2. benefício desde 11.11.1993 até a presente data.

Voto

Desta forma, apesar de constar vínculo, bem como aposentadoria urbana para o marido, é
comprovado pelos documentos a posse das terras, o plantio e a venda da cana plantada”

12 - Não vislumbro qualquer obscuridade, ambiguidade ou contradição que justifique o pedido de


Embargos de Declaração. Indefiro o pedido.

13 - Também verifico que o pedido de Embargos de Declaração tem natureza protelatória, uma
vez que está em desacordo com a Portaria Ministerial 548/2011. Deste modo, deve ser cumprido o
julgado em até cinco dias.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - Analisado.

2 - O INSS interpõe intempestivamente pedido de Embargos de Declaração alegando, em apertada


síntese, que (1) foi reconhecido o período de 01/08/1978 a 28/03/1979 e de 22/09/1980 a
31/07/1981 como atividade especial o qual não foi requerido pelo recorrente; que (2) discorda do
reconhecimento da especialidade do período de 01/08/1978 a 28/03/1979, e que (3) houve
omissão quanto ao reconhecimento da especialidade do período de 28/07/2008 a 27/04/2009.

3 - A respeito dos pontos suscitados pelo INSS no pedido de Embargos de Declaração, vejamos.

4 - A Lei 9.784/99, que normatiza a respeito dos Processos Administrativos Federais, abrangendo
os processos administrativos previdenciários do INSS e CRPS, assim normatiza:

“Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou
revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.”

5 - Em atendimento ao art. 64 da Lei 9.784/99, regulamenta o Regimento do CRPS, aprovado pela


Portaria MPS/GM 548/2011, ipsis litteris:
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“Art. 30. Das decisões proferidas no julgamento do recurso ordinário caberá recurso especial
dirigido às Câmaras de Julgamento, órgãos de última instância recursal administrativa, ressalvada
a competência exclusiva das Juntas de Recursos definida no art. 18 deste Regimento.

Parágrafo único. A interposição tempestiva do recurso especial suspende os efeitos da decisão de


primeira instância e devolve à instância superior o conhecimento integral da causa.

Art. 72. Nos casos de omissão deste Regimento, aplicam-se sucessivamente, se houver
compatibilidade das regras, as disposições pertinentes da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,
que institui o Código de Processo Civil e da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o
processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal."

6 - Por tais razões, tanto a Lei 9.784/99 quanto o Regimento do CRPS autorizam que a decisão
venha a abranger toda a matéria, e não apenas o ponto recorrido.

7 - Quanto ao segundo pedido, não houve omissão aos fundamentos do reconhecimento da


especialidade de 01/08/1978 a 28/03/1979. Também, o ruído não é de 77 dB(A) como menciona o
INSS, mas sim entre 77 dB(A) a 95 dB(A).

8 - No tocante ao terceiro ponto, que é a especialidade no período de 28/07/2008 a 27/04/2009,


verifico que o Acórdão pronuncia-se sobre tal período e ainda afasta o reconhecimento da
especialidade. Aduz nos seguintes termos no voto do Relator: "28/07/2008 a 27/04/2009 - WHB
Componentes Automotivos S/A. Exposição ao agente nocivo ruído nos mais diversos níveis,
citando 77,3 dB(A), 86,6 dB(A), 76 dB(A), 70,3 dB(A) e 78,8 dB(A); exposição a poeira, manganês e
ferro. (...) Não reconheço a exposição ao agente nocivo ruído em razão de a média aritmética ser
inferior ao limite legal previsto como salubre, em razão de não terem sido especificadas as poeiras
que o segurado estava exposto e em razão dos demais agentes químicos não serem considerados
insalubres na forma em que se apresentavam."

9 - Por fim, não posso deixar de mencionar que o INSS teve ciência da decisão desta Corte
Administrativa em 16/01/2014 (evento 28) e só solicitou Embargos de Declaração em 24/04/2014
(evento 29), sendo largamente intempestivo.

10 - Quanto aos Embargos de Declaração, regulamenta a Portaria Ministerial MPS Nº 548/2011, in


verbis:

“Art. 58. Caberão embargos de declaração quando houver no acórdão dos órgãos julgadores do
CRPS, obscuridade, ambiguidade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos ou
quando for omitido ponto sobre o qual deveriam pronunciar-se.
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§ 1º Os embargos de declaração serão opostos pelas partes do processo, mediante petição


fundamentada, dirigida ao Presidente do órgão julgador, no prazo de trinta dias contados da
ciência do acórdão.

§ 2º A oposição dos embargos de declaração interromperá o prazo para cumprimento do acórdão,


sendo restituído todo o prazo de trinta dias após a sua solução, salvo na hipótese de embargos
manifestamente protelatórios, ocasião em que a decisão deverá ser executada no prazo máximo
de cinco dias da ciência do setor responsável pelo cumprimento do acórdão, sob pena de
responsabilização funcional do servidor que der causa ao retardamento.”

11 - Não vislumbro obscuridade, ambiguidade ou contradição que justifique o pedido de Embargos


de Declaração, e somado à intempestividade, decido indeferir o pedido em restrita obediência ao
art. 58 da Portaria Ministerial 548/2011.

12 - Também verifico que o pedido de Embargos de Declaração tem natureza protelatória, pois é
ampla a intempestividade, infundados os pedidos e, principalmente, viola o art. 56 da Portaria
Ministerial MPS 548/2011. Deste modo, deve ser cumprido o julgado em até cinco dias.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - O Pedido de Uniformização de Jurisprudência é um instituto previsto no art. 64 da Portaria MPS


548/2011, que aprova o Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

“Art. 64. O Pedido de Uniformização de Jurisprudência poderá ser requerido em casos concretos,
pelas partes do processo, dirigido ao Presidente do respectivo órgão julgador, nas seguintes
hipóteses:

I - quando houver divergência na interpretação em matéria de direito entre acórdãos de Câmaras


de Julgamento do CRPS, em sede de recurso especial, ou entre estes e resoluções do Conselho
Pleno; ou

II - quando houver divergência na interpretação em matéria de direito entre acórdãos de Juntas de


Recursos do CRPS, nas hipóteses de alçada exclusiva previstas no artigo 18 deste Regimento, ou
entre estes e Resoluções do Conselho Pleno.
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§ 1º A divergência deverá ser demonstrada mediante a indicação do acórdão divergente, proferido


nos últimos cinco anos, por outro órgão julgador, composição de julgamento, ou, ainda, por
resolução do Conselho Pleno.

§ 2º É de trinta dias o prazo para o requerimento do Pedido de Uniformização de Jurisprudência e


para o oferecimento de contrarrazões, contados da data da ciência da decisão e da data da
intimação do pedido, respectivamente.

§ 3º Reconhecida em sede cognição sumária a existência da divergência pelo Presidente do órgão


julgador, o processo será encaminhado ao Presidente do Conselho Pleno para que o pedido seja
distribuído ao relator da matéria.

§ 4º Do não recebimento do pedido de uniformização pela Presidência do órgão julgador, caberá


recurso ao Presidente do CRPS, no prazo de trinta dias da ciência da decisão comprovada nos
autos.”

2 - O INSS intempestivamente suscita, em apertada síntese, que a decisão proferida no Acórdão


706/2014 do Ministério da Previdência Social, através do CRPS, subverte a ordem jurídica por
aplicar o direito em sintonia com o Poder Judiciário, interpretando a norma antiga norma do Poder
Executivo de reconhecer a atividade de eletricista como especial nos termos do Decreto
53.831/64, após 05/03/1997.

3 - Analiso.

4 - A Constituição da República, o Documento Maior que constitui a existência do nosso Estado,


formaliza-nos como nação, protege os direitos fundamentas e sociais, organiza o Estado e seus
Poderes, assim determina:

“Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.”

5 - O Pergaminho Pátrio assegura a participação dos representantes das classes trabalhadora e


empregadora nos órgãos colegiados de interesse previdenciário. Este órgão é o CRPS.

6 - A Lei de Benefícios da Previdência Social, nº 8.213/91, normatiza a concessão da Aposentadoria


Especial nos seguintes termos:

“Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao
segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a
lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
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(...)

§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o


Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem
intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o
período mínimo fixado. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

(...)

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria
especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei
nº 9.528, de 1997)

§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela
empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho
expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da
legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a


existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente
agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento
respectivo. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos
existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de
comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à
penalidade prevista no art. 133 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as


atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de
trabalho, cópia autêntica desse documento. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) ”

7 - A aplicação do direito pela Administração Pública (INSS e CRPS) é regida pela Lei 9.784/99, que
regulamenta o Processo Administrativo Federal. Esta lei, que todos devemos obedecer, assim
determina:

“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.
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Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito;

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou


competências, salvo autorização em lei;

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou


autoridades;

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;

V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na


Constituição;

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em


medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

VIII - observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e
respeito aos direitos dos administrados;

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas


e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
litígio;

XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”

8 - Analisando ao texto normativo, é de fácil percepção de que a Administração Pública deve


aplicar a lei e o Direito. Portanto, é possível sim as decisões administrativas fundarem-se, também,
em outras fontes que moldem o Direito.

9 - Dentre elas, encontramos a Jurisprudência, que por sua vez reflete o direito aplicado pelo
Poder Judiciário. O Ministério da Previdência Social, através do CRPS, efetua o controle
jurisdicional das decisões do INSS de interesse dos beneficiários (art. 303 do Decreto 3.048/99), se
aproxima dos precedentes da natural autoridade judicante. Não se distancia daquilo que a
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sociedade precisa e que são providas pelo Poder Judiciário. Por tais razões, a jurisprudência, em
respeito à legalidade promovida pelo inciso I do art. 2º da Lei 9.784/99, é fundamento jurídico
para a aplicação do Direito Previdenciário.

10 - O Poder Judiciário, em todos os Tribunais Regionais Federais distribuídos pelo país, tem
decidido de forma reiterada pelo reconhecimento da especialidade:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. EXPOSIÇÃO A AGENTES


NOCIVOS. ELETRICIDADE. RUÍDO MÉDIO. FORMULÁRIOS (PPP). EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO.
RECONHECIMENTO DO TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO EM ATIVIDADE ESPECIAL. POSSIBILIDADE.
PERÍODO ANTERIOR A DEZ/1980 E POSTERIOR A 28.05.1998. CABIMENTO. FATOR DE CONVERSÃO.
INAPLICABILIDADE DA REGRA DE TRANSIÇÃO. TERMO INICIAL. CORREÇÃO. JUROS. HONORÁRIOS
INCABÍVEIS. SENTENÇA REFORMADA. 1. O cômputo do tempo de serviço deverá observar a
legislação vigente à época da prestação laboral, tal como disposto no § 1º, art. 70, do Decreto nº
3.048/99, com redação do Decreto nº 4.827/03. 2. Estando comprovado o exercício de atividade
profissional considerada prejudicial à saúde, com a apresentação de formulários e laudos periciais
fornecidos pelas empresas empregadoras, o segurado tem direito ao reconhecimento do tempo
de atividade especial para fins previdenciários. 3. As profissões de eletricistas, cabistas,
montadores e outras devem ser consideradas atividade especial, por enquadramento de categoria
profissional (Decreto nº 53.831/1964, código 2.1.1, e Decreto nº 83.080/1979, anexo II, código
2.1.1), cuja sujeição a agentes nocivos é presumida até a Lei nº 9.032/95. 4. No caso de exercício
da profissão de eletricista e congêneres exigia-se para a configuração da atividade especial o mero
enquadramento da categoria profissional, por presunção de sujeição à periculosidade. Até
28.04.1995, desnecessária a apresentação de laudo pericial e formulários específicos para o
reconhecimento da atividade especial. A partir de 28.04.1995 e até 05.03.1997, quando excluída a
eletricidade do rol de agentes nocivos, deve ser apresentado laudo e formulários com
comprovação de sujeição a tensões superiores a 250 volts. 5. "Em se tratando de periculosidade
por sujeição a altas tensões elétricas, não é necessário o requisito da permanência, já que o tempo
de exposição não é um fator condicionante para que ocorra um acidente ou choque elétrico,
tendo em vista a presença constante do risco potencial, não restando desnaturada a especialidade
da atividade pelos intervalos sem perigo direto" AC 0007957-65.2002.4.01.3800/MG, Rel. JUIZ
FEDERAL MIGUEL ÂNGELO DE ALVARENGA LOPES, 3ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 p. 1071 de
03/08/2012. 6. Um nível equivalente de pressão sonora (ruído médio) tem o mesmo potencial de
lesão auditiva que um nível variável considerado no mesmo intervalo de tempo. A exposição a
níveis inferiores a 80 ou 90 decibéis é compensada pela maior agressividade representada pela
exposição a níveis superiores a tais patamares. 7. Deve ser considerado como tempo de serviço
especial, aquele laborado com exposição a tais patamares. 7. Deve ser considerado como tempo
de serviço especial, aquele laborado com exposição a ruídos (médios) superiores a 80,0 dB até
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05.03.1997 (Decreto 2.172/1997) e, a partir de então, acima de 85,0 dB, na forma do Decreto
4.882/2003, desde que aferidos esses níveis de pressão sonora por meio de perícia técnica, trazida
aos autos ou noticiada no preenchimento de formulário expedido pelo empregador. 8. No caso
dos autos, restou comprovado, por meio de Formulários PPP correspondentes, que, nos períodos
de 01.09.1982 a 30.09.1990 e de 01.10.1990 a 27.04.1995, o autor esteve sujeito à atividade
especial, por enquadramento de categoria (eletricista sujeito a tensão superior a 250 volts), bem
como em razão de sujeição de ruídos médios de 93 dB. De 28.04.1995 a 05.03.1997, o autor
esteve sujeito ao agente perigoso eletricidade, com tensão superior a 250 volts, bem como em
razão de sujeição de ruídos médios de 93 dB. Nos períodos de 06.03.1997 a 31.12.1998 e de
01.02.2003 a 22.08.2007 a nível de ruído médio superior a 90 dB, e de 01.01.1999 a 31.01.2003, a
nível de ruído médio de 89 dB, fazendo jus à contagem do tempo de serviço como especial. 9. O
uso de equipamentos de proteção não descaracteriza a situação de agressividade ou nocividade à
saúde ou à integridade física no ambiente de trabalho. 10. Na conversão do tempo de serviço
especial em tempo comum deve ser aplicado o fator de conversão conforme o ordenamento
vigente à época em que requerida a aposentadoria, utilizando-se, no presente caso, o fator de 1.4
previsto na Lei n. 8.213/91. 11. É possível o reconhecimento do exercício de atividade nociva em
período anterior à edição da legislação que instituiu a aposentadoria especial e a especialidade de
atividade laboral (AgRg no REsp 1015694/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, julgado em

16/12/2010, DJe 01/02/2011), bem como continua válida a conversão de tempo de serviço
especial para comum mesmo após 1998 (Resp 1.151.363/MG- representativo de controvérsia). 12.
Não é cabível a aplicação, no caso concreto, do entendimento firmado pelo Egrégio Supremo
Tribunal Federal, no julgamento do RE 575.089/RS, com repercussão geral, tendo em vista que as
premissas fáticas são diversas nos julgados em questão, já que naquele julgado o STF apreciou
apenas a forma de cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário, não analisando a
possibilidade de contagem de tempo de serviço, posterior a EC 20/98, para efeitos de concessão
de aposentadoria por tempo integral e especial, sem regras de transição 13. O segurado faz jus à
conversão do tempo especial em comum, com a utilização do fator 1.4., que somado ao tempo de
serviço comum é suficiente à concessão da aposentadoria integral, desde 22.08.2007, quando
contava com 35 anos, 01 mês e 09 dias de serviço. 14. O termo inicial do benefício é a data do
requerimento administrativo. No entanto, tratando-se de mandado de segurança, os efeitos
financeiros retroagem à data da impetração, ressalvando-se as vias ordinárias para cobrança dos
demais valores vencidos. 15. A correção monetária e os juros devem incidir na forma do Manual
de Cálculos da Justiça Federal. 16. Honorários advocatícios e custas processuais incabíveis na
espécie. 17. Apelação a que se dá provimento para, reformando a sentença, conceder a
segurança. (AC 200738140047340, DESEMBARGADORA FEDERAL ÂNGELA CATÃO, TRF1 -
PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 DATA: 24/01/2014 PÁGINA: 395.)
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EMENTA QUESTÃO DE ORDEM. PREVIDENCIÁRIO. ERRO MATERIAL NA CERTIDÃO DE


JULGAMENTO. QUESTÃO DE ORDEM ACOLHIDA. - Trata-se de questão de ordem, visando à
correção de erro material na certidão de julgamento do processo em questão, na sessão realizada
em 27/11/2013, cuja conclusão alcançada na votação foi no sentido do Voto de fls. 08/19 e do
acórdão de fls. 21/22, dos autos físicos, em que foi negado provimento ao recurso do INSS e dado
provimento parcial à remessa, para que as prestações em atraso sejam corrigidas
monetariamente, desde quando devida cada parcela e os juros de mora devem incidir, a partir da
citação, nos termos da lei. - Entretanto, foi lançado na certidão de julgamento de fl. 20 o seguinte
resultado: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso e à remessa necessária, nos
termos do voto do Relator". - Nestas condições, apresento esta questão de ordem, a fim de que
seja alterada a certidão de julgamento, para que passe a constar a seguinte redação:? Decide a
Segunda Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por unanimidade, negar
provimento ao recurso e dar parcial provimento à remessa, nos termos do voto do Relator,
constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.? - Questão de ordem
acolhida, para alterar a certidão de julgamento de fl. 20, na forma supra. EMENTA
PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
PROVENTOS INTEGRAIS. REQUISITOS PREENCHIDOS. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ESPECIAL
COMPROVADO. ELETRICIDADE. FATOR DE CONVERSÃO. 1,4. HONORÁRIOS. MANTIDOS NOS 5%
SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. RECURSO NÃO PROVIDO E REMESSA PARCIALMENTE
PROVIDA. - Pretende o autor a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, com
proventos integrais, mediante o reconhecimento, como especial do período entre 25/10/78 a
01/09/2000 e de 20/08/2007 a 12/05/2009, exposto a eletricidade acima de 250 Volts, em que
esteve vinculado à empresa LIGHT S/A. - Muito embora a eletricidade não conste expressamente
do rol de agentes nocivos previstos no Decreto nº 2.172/97, sua condição especial permanece
reconhecida pela Lei nº 7.369/85 e pelo Decreto nº 93.412/86. Acrescente-se que este
entendimento é corroborado pela jurisprudência no sentido de que é admissível o
reconhecimento da condição especial do labor exercido, ainda que não inscrito em regulamento,
uma vez comprovada essa condição mediante laudo pericial, a teor da Súmula 198 do ex-TFR,
segundo a qual é sempre possível o reconhecimento da especialidade no caso concreto, por meio
de perícia técnica (STJ, 6ª Turma, AgRg no REsp 1184322 / RS, Rel. Min. OG FERNANDES, Dje de
22/10/2012). - No caso dos autos, o autor comprovou a efetiva exposição ao agente nocivo
(tensões elétricas superiores a 250 volts, nos termos do Decreto 53.831/64, Código 1.1.8) de
forma habitual e permanente, mediante Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), emitido pela
empresa, subscrito pelo gerente de segurança e medicina ocupacional, com base em laudo técnico
de condições ambientais do trabalho, expedido pelo engenheiro de segurança do trabalho,
relativamente à empresa LIGHT S.A.. - No que tange à conversão do tempo de serviço especial em
tempo comum deve ser aplicado o fator de conversão conforme o ordenamento vigente à época
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em que requerida a aposentadoria, utilizando-se, no presente caso, o fator de 1.4. Precedentes. -


Honorários advocatícios mantidos em 5% (cinco) por cento sobre o valor da condenação,
observada a Súmula 111/STJ. - Recurso do INSS não provido e remessa parcialmente provida.
(APELRE 201151200018548, Desembargador Federal MESSOD AZULAY NETO, TRF2 - SEGUNDA
TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data: 17/03/2014.)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. AGRAVO PREVISTO NO § 1º DO ART. 557 DO CPC. ATIVIDADE


ESPECIAL. CARACTERIZAÇÃO. ELETRICISTA. RISCO À INTEGRIDADE FÍSICA. I - O documento
expedido pela Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S/A, atesta que o autor
exerceu atividade especial no período de 06.03.1997 a 21.09.2012, por exposição a tensão elétrica
superior a 250 volts, na função de eletricista, agente nocivo previsto no código 1.1.8 do Decreto
53.831/64. II - Mantidos os termos da decisão agravada que reconheceu o exercício de atividade
sob condições especiais nos referidos períodos laborado após 05.03.1997, tendo em vista que o
artigo 58 da Lei 8.213/91 garante a contagem diferenciada para fins previdenciários ao
trabalhador que exerce atividades profissionais prejudiciais à saúde ou à integridade física
(perigosa). III - Agravo do INSS improvido (art. 557, § 1º do CPC). (APELREEX
00012766820134036183, DESEMBARGADOR FEDERAL SERGIO NASCIMENTO, TRF3 - DÉCIMA
TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA: 19/02/2014.)

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. APOSENTADORIA POR TEMPO DE


SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. TÉCNICO EM TELECOMUNICAÇÕES DA CRT - BRASIL TELECOM S/A.
ATIVIDADE ESPECIAL. ELETRICIDADE. ALUNO-APRENDIZ. ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DE PELOTAS.
SÚMULA 96 DO TCU. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 20, DE 1998. IDADE MÍNIMA. PEDÁGIO. LEI DO
FATOR PREVIDENCIÁRIO. 1. Cabível o reconhecimento da especialidade do labor do segurado que
foi exposto, de forma habitual e permanente, ao agente nocivo eletricidade: (a) período anterior a
05-03-1997: enquadramento no código 1.1.8 do Quadro Anexo do Decreto n. 53.831/64, e Lei n.
7.369, de 20-09- 1985, regulamentada pelo Decreto n. 93.412, de 14-10-1986 (tensões superiores
a 250 volts); (b) período posterior a 05-3-1997: a despeito da ausência de previsão legal no
Decreto n. 2.172/97, possível o reconhecimento da especialidade uma vez que ainda em vigor a
Lei n. 7.369, de 20-09-1985, regulamentada pelo Decreto n. 93.412, de 14-10-1986, e com base na
Súmula 198 do TFR, segundo a qual é sempre possível o reconhecimento da especialidade no caso
concreto, por meio de perícia técnica. 2. Em se tratando do agente periculoso eletricidade, é ínsito
o risco potencial de acidente, de forma que não é exigível a exposição de forma permanente. A
periculosidade inerente ao manuseio de redes energizadas dá ensejo ao reconhecimento da
especialidade da atividade, porque sujeita o segurado à ocorrência de acidentes que poderiam
causar danos à sua saúde ou à sua integridade física. 3. Para fins de reconhecimento do tempo de
serviço prestado na condição de aluno-aprendiz, é necessária a comprovação de (1) prestação de
trabalho na qualidade de aluno-aprendiz e (2) retribuição pecuniária à conta do Orçamento,
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admitindo-se, como tal, o recebimento de (a) alimentação, (b) fardamento, (c) material escolar e
(d) parcela de renda auferida com a execução de encomendas por terceiros. Caso em que não
restaram comprovados os requisitos necessários à qualificação do autor como aluno-aprendiz no
período requerido, porquanto apenas certificado o "tempo de frequência", sendo, ainda,
imprestável para a demonstração da existência de contraprestação às atividades desenvolvidas
durante o vínculo com a Escola Técnica Federal de Pelotas a mera certificação de que as despesas
ordinárias com os alunos da instituição eram custeadas pela União. Precedente desta Terceira
Seção (EIAC n. 2003.71.00.005271-6/RS, rel. Des. Federal Luís Alberto D'Azevedo Aurvalle, D.E. de
10-03-2010). 4. Caso em que o Embargado: (a) não tem direito à aposentadoria proporcional em
28-11-1999, por ocasião da edição da Lei n. 9.876/99 (Lei do Fator Previdenciário, bem como na
DER (28-02-2002), porque não implementado o requisito etário de 53 anos; (b) tem direito à
aposentadoria proporcional por tempo de serviço pelas regras anteriores à Emenda Constitucional
nº 20, em vigor desde 16-12-1998, uma vez que, naquela data, implementara os requisitos
necessários à inativação (tempo de serviço e carência), calculado o salário de benefício nos termos
da redação original do art. 29 da Lei n. 8.213/91; (c) tem direito à aposentadoria integral por
tempo de contribuição na DER, sendo irrelevante, na hipótese, o não implemento do requisito
etário, porquanto inexigível para a inativação integral, incidindo, no cálculo do salário de
benefício, o fator previdenciário. 5. Condenação do INSS à concessão do benefício mais vantajoso
ao segurado, fixado o respectivo marco inicial, em qualquer caso, na DER (28-02-2002). (EINF
200271000078180, CELSO KIPPER, TRF4 - TERCEIRA SEÇÃO, D.E. 23/04/2010.) ”

11 - A Turma Nacional de Uniformização - TNU - cuja atribuição é unificar as interpretações no


âmbito dos Juizados Especiais Federais, confirma nosso entendimento:

“RELATÓRIO - O recorrente ajuizou a presente ação pretendo a concessão de aposentadoria


especial mediante o reconhecimento da especialidade do período de 12.06.79 a 05.05.05. A
sentença de I Grau julgou improcedente o pedido entendendo que o autor não fez prova do
exercício da atividade especial. A r. Primeira Turma de Recursos de SC deu parcial provimento ao
recurso do autor, para reconhecer a especialidade do período de 12.06.79 a 05.03.97, com a
aplicação do fator de conversão 1.4. No entanto, entende o autor que faz jus ao reconhecimento
do todo o período laborado em atividade especial, inclusive do período compreendido entre
06.03.97 a 05.05.05. Traz como paradigma acórdão da Primeira Turma Recursal dos Juizados
Especiais da Seção Judiciária do Estado de Goiás manifestou entendimento convergente ao do
autor. No que diz respeito ao exercício de atividade especial por exposição à eletricidade
posteriormente a 05.03.97, a Turma Recursal de Goiás, que o trabalho com exposição à
eletricidade, devidamente demonstrado através de formulário e laudo técnico, se enquadra no
Anexo do Decreto nº 93.412/86, que por sua vez, regulamenta a Lei nº 7.369/85, que instituiu o
adicional de periculosidade; bem como, considerou aplicável o princípio da prevalência da
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realidade, em razão da omissão da legislação previdenciária no que diz respeito à especialidade da


atividade com exposição à eletricidade (proc. 2004.35.00.721370-9, em anexo). Conforme evento
31, o LTCAT comprova a exposição habitual e permanente à tensão elétrica de 380 a 13.800 Volts.
Há que se ressaltar o fato de que a empresa empregadora do autor é uma Cooperativa de
eletrificação, cuja atividade principal é a distribuição de energia elétrica, razão pela qual recolhe a
alíquota de 3% (para as de risco “grave”). Ou seja, a atividade preponderante da empresa expõe os
seus funcionários, de modo geral, a um alto grau de risco de acidente de trabalho. Essa outra
espécie de contribuição a que a empresa está sujeita, portanto, está diretamente relacionada ao
financiamento do benefício previsto nos artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91. Acrescente-se ainda
que o Decreto nº 2.173/97 não deixou de classificar o trabalho relacionado à produção e
distribuição de energia elétrica como de risco grave (grau 3 - item 40.10-0). O incidente merece ser
conhecido tendo em vista que foi juntada reprodução de julgado disponível na Internet, com
indicação da respectiva fonte (endereço url) versando sobre a mesma matéria e na qual foi
reconhecida como atividade especial mesmo após 5/3/1997 a exposição à eletricidade. O Acórdão
recorrido afastou tal possibilidade de reconhecimento tendo em vista que a Turma Regional de
Uniformização da 4ª Região reviu entendimento outrora pacificado, fixando um marco final para o
reconhecimento das atividades sujeitas à exposição à eletricidade, qual seja 05.03.1997. Citou a
referida decisão: "INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. APOSENTADORIA
ESPECIAL. ELETRICIDADE. TEMPO DE SERVIÇO POSTERIOR A 05/03/1997. IMPOSSIBILIDADE. 1. O
enquadramento pelo agente nocivo eletricidade não se demonstra possível no interregno
posterior a 05-3-1997, em razão de não haver mais previsão legal no Decreto 2.172/97. 2. A Lei nº
7.369/85 apenas institui vantagem financeira para a hipótese que trata, nada dispondo sobre
eventual direito dos empregados à aposentadoria especial aos 25 anos de tempo de serviço. 3.
Incidente de uniformização de jurisprudência conhecido e não provido. (IUJEF
2008.70.53.001612-7, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora p/ Acórdão Susana
Sbroglio Galia, D.E. 09/04/2010)" Destarte, entendeu que deveria ser dado parcial provimento ao
recurso para reconhecer a especialidade no período de 12.06.1979 a 05.03.1997, em razão da
exposição do autor à eletricidade, É o relatório do necessário. VOTO - Quanto ao agente agressivo
eletricidade, o Decreto nº 53.831/64, considerava, no item 1.1.8 do seu anexo, como atividade
perigosa a realização de trabalhos em instalações ou equipamentos elétricos com riscos de
acidentes, desenvolvidas por eletricistas, cabistas, montadores e outros, com exposição a tensão
superior a 250 volts. O INSS (bem como o acórdão recorrido) só reconhece até 05/03/1997 como
atividade especial o trabalho exercido em exposição à eletricidade superior a 250 v, pois o agente
Eletricidade não é mais contemplado no Anexo IV do Dec. 2172/97 (em seu anexo IV, estabeleceu
novo quadro de agentes nocivos a ser utilizado para a caracterização da atividade especial e, em
seu artigo 261, expressamente revogou os anexos ao Decreto nº 83.080/79). O INSS sustenta que
não há nenhuma ilegalidade ou inconstitucionalidade nesta alteração de agentes nocivos por
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parte do Poder Executivo, pelo contrário, é até prudente, quando detectado que o nível de
proteção dos trabalhadores impede que seja considerado como agente nocivo. Deste modo,
entende que o fato do agente Eletricidade ter deixado de ser nocivo à saúde ou integridade física
desde a entrada em vigor do dec. 2172/97, impediria qualquer reconhecimento. De fato, há
jurisprudência do STJ a amparar a tese do INSS. Neste sentido, transcrevo o acórdão:
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONVERSÃO DE TEMPO DE
SERVIÇO ESPECIAL PARA COMUM. EXPOSIÇÃO AO AGENTE ELETRICIDADE. DECRETO 2.172/97.
AGRAVO IMPROVIDO. 1. O segurado que presta serviço em condições especiais faz jus ao cômputo
do tempo nos moldes previstos à época em que realizada a atividade. Isso se verifica à medida que
se trabalha. 2. O agente agressivo eletricidade (acima de 250 volts) teve enquadramento no
Decreto 53.831/64 até 5/3/97, data da edição do Decreto 2.172, que não mais o relacionou entre
os agentes nocivos. 3. Agravo regimental improvido. (STJ, AgResp 992855, Rel. Min. Arnaldo Lima,
DJE 24/11/2008 Todavia, tal precedente do STJ não pode ser considerado jurisprudência
dominante. Com efeito, a jurisprudência do STJ é no sentido de que a utilização de Equipamento
de Proteção Individual (EPI) não descaracteriza a natureza especial da atividade exercida possa
consentir com alteração de agentes patogênicos. Ora, se mesmo com a utilização de EPI há
configuração de atividade especial, por igual razão não se pode concluir que um determinado
agente deixe de ser nocivo por ‘decreto’. Outrossim, a caracterização de atividade como especial é
também decorrente do risco da exposição a um agente nocivo, o que causa estresse no
trabalhador. Deste modo, exposição a eletricidade superior a 250 v é, e sempre foi, nociva,
perigosa ao trabalhador. Assim, a nocividade não é decorrente meramente de um decreto que
reconhece a exposição como nociva, mas sim do próprio agente. Com efeito, o extinto Tribunal
Federal de Recursos já tinha edito a Súmula 198 dispondo que “atendidos os demais requisitos, é
devida a aposentadoria especial, se perícia judicial constata que a atividade exercida pelo
segurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita em regulamento”. O próprio
Decreto adverte na nota 1 de seu anexo II que “A relação das atividades profissionais
correspondentes a cada agente patogênico tem caráter exemplificativo”, e prossegue na nota 2
que “A doença profissional ou do trabalho será caracterizada quando diagnosticada a intoxicação
ou afecção, se verifica que o empregado exerce atividade que o expõe ao respectivo agente
patogênico, constante deste anexo” finalizando em sua nota 3 que “Se o agente patogênico, na
hipótese da nota anterior, não constar deste anexo, é aplicado o disposto neste Regulamento”. No
mais, há que se registrar que o conceito de periculosidade difere do de insalubridade. Neste caso
(insalubridade) é a exposição por tempo prolongado a agentes agressivos que causa danos à saúde
do trabalhador, enquanto na periculosidade, é a exposição do trabalhador à atividade de risco que
a torna especial. Observa-se que com o Decreto 2.172/97, passaram a ser listados apenas os
agentes considerados nocivos ao trabalhador, e os agentes assim considerados seriam, tão
somente, aqueles classificados como químicos, físicos ou biológicos. Não havia no Decreto
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nenhuma menção ao item periculosidade. Todavia, entendo que a mesma deva sim ser
considerada como agente nocivo apto a qualificar a atividade exercida como especial, posto que
um único contato com o agente nocivo pode ser fatal. É o caso da parte autora, um único contato
com corrente elétrica de alta voltagem, pode ter sua saúde comprometida, quando não a sua
própria morte, conforme entendimento da jurisprudência abaixo transcrito: PREVIDENCIÁRIO.
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. CONTAGEM RECÍPROCA. APOSENTADORIA PROPORCIONAL POR
TEMPO DE SERVIÇO. CONSTRUÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ELÉTRICA. ATIVIDADE PERIGOSA.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. CAMPO ELETROMAGNÉTICO ACIMA DE 250 VOLTS. PRESENÇA DE LINHAS
PARALELAS E/OU CRUZANTES JÁ ENERGIZADAS. DESCARGAS ATMOSFÉRICAS. RISCO POTENCIAL
IMINENTE. EPI. COMPROVAÇÃO. SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE. APELAÇÃO
DESPROVIDA. REMESSA OFICIAL PROVIDA EM PARTE. SÚMULA 111 DO STJ. 1. O Apelado laborou
na construção de linhas de transmissão elétrica na Sociedade Brasileira de Eletrificação - SBE,
empresa sucedida pela Asea Brown Boveri Ltda. - ABB (cf. fls. 19), nos seguintes períodos: de
11.01.67 a 04.08.71 (na função de montador); 13.09.71 a 31.01.76 (montador); 01.02.76 a
18.01.78 (na função de chefe de turma); 17.05.78 a 14.04.83 (montador) e de 10.09.84 a 10.03.87
(na função de chefe de turma), cf. fls. 09/15, onde ficava exposto a voltagem acima de 250 volts. 2.
Segundo o quadro a que se refere o art. 2º do Decreto n. 53.831/64 do Regulamento Geral da
Previdência Social, em seu item 1.1.8 é classificada como de natureza especial a atividade exercida
no campo de aplicação que envolve eletricidade, ou seja, trabalhos permanentes em instalações
ou equipamentos elétricos com risco de acidentes, a exemplo dos eletricistas, cabistas,
montadores e outros. No mesmo sentido informam as cópias da CTPS e, principalmente, os
formulários SB-40, que descrevem as funções de montador, de chefe de turma e de seus
subordinados (trabalhadores braçais), exercidas pelo segurado em caráter habitual e permanente,
sujeitos - todos eles - a ação de campo eletromagnético acima de 250 volts, uma vez que as
atividades se constituem, em suma, em lançar cabos para instalação de para-raios e montar torres
metálicas, na construção de linhas de transmissão de energia elétrica em obra de campo, a céu
aberto. 3. A utilização de equipamento de proteção individual (EPI) possui a finalidade precípua de
resguardar a saúde do trabalhador, para que não sofra lesões, não detendo o condão de
descaracterizar a situação de insalubridade/periculosidade. Precedente deste Sodalício: AMS
2001.38.00.017669-3/MG, Relator Des. Federal Tourinho Neto, 2ª Turma, DJ 24/10/2002). 4. "O
agente nocivo eletricidade (acima de 250 volts) tem enquadramento no Decreto nº 53.831/64 até
05-03-97. Após, é necessária a verificação da periculosidade no caso concreto, por meio perícia
judicial, a teor da Súmula 198 do extinto TFR. Em se tratando de periculosidade por sujeição a
altas tensões elétricas, não é necessário o requisito da permanência, já que o tempo de exposição
não é um fator condicionante para que ocorra um acidente ou choque elétrico, tendo em vista a
presença constante do risco potencial, não restando desnaturada a especialidade da atividade
pelos intervalos sem perigo direto. O uso de equipamentos de proteção individual não neutraliza
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nem elimina o risco potencial de acidente inerente à atividade perigosa. A conversão do tempo de
serviço especial em comum é devida para o labor exercido tão somente até 28-05-98, a teor do
art. 28 da Lei nº 9.711/98. Precedentes das Egrégias Quinta e Sexta Turmas do STJ". (AC
20037000011786-1, 5ª Turma do Eg. TRF/4ª Região, DJU de 06.07.2005). 5. Sentença parcialmente
mantida. 6. Apelação desprovida. Remessa oficial parcialmente provida para que se faça incidir a
Súmula 111 do STJ. No caso dos autos, o recorrido logrou fazer prova do trabalho sob condições
especiais prejudiciais à sua saúde, de forma habitual e permanente em relação ao período
reconhecido na sentença, enquadrada no código 1.1.8 do quadro a que se refere o art. 2º do
Decreto nº 53.831/1964, conforme formulário DSS 8030 e laudo pericial anexado nos autos. (TRF
1, AC 200001000686134, Rel. Juiz Federal Itelmar Raydan Evangelista, DJ 04/12/2006, p. 15).
Outrossim, a Turma Recursal de São Paulo já pontuou que: “O agente nocivo eletricidade (acima
de 250 volts) tem enquadramento no Decreto nº 53.831/64 até 05-03-97. Após, é necessária a
verificação da periculosidade no caso concreto, por meio perícia judicial, a teor da Súmula 198 do
extinto TFR. Em se tratando de periculosidade por sujeição a altas tensões elétricas, não é
necessário o requisito da permanência, já que o tempo de exposição não é um fator condicionante
para que ocorra um acidente ou choque elétrico, tendo em vista a presença constante do risco
potencial, não restando desnaturada a especialidade da atividade pelos intervalos sem perigo
direto. O uso de equipamentos de proteção individual não neutraliza nem elimina o risco potencial
de acidente inerente à atividade perigosa” (TR SP, Processo n. 00082371620054036309). Do
mesmo modo o acórdão da Turma Recursal de Goiás trazido com paradigma. De outro giro, a
mesma lógica permeia o reconhecimento da atividade de vigilante portador de arma como
especial, tal qual decidido pela TNU Ante o exposto, VOTO NO SENTIDO DE FIXAR A TESE DE QUE É
POSSÍVEL O RECONHECIMENTO DO EXERCÍCIO DO TRABALHO EM EXPOSIÇÃO À ELETRICIDADE
SUPERIOR A 250 v COMO ATIVIDADE ESPECIAL, desde que devidamente comprovado por meio
laudo técnico-pericial, razão pela qual CONHEÇO E DOU PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR
PARA JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO RECONHECENDO COMO ESPECIAL o período compreendido
entre 06.03.97 a 05.05.05 determinando sua conversão em comum pelo fator 1,4. É como voto.
Brasília, 25 de abril de 2012. (PEDILEF 200872570037997, JUIZ FEDERAL VLADIMIR SANTOS
VITOVSKY, TNU, DOU 08/06/2012.)”

12 - O Superior Tribunal de Justiça, órgão do Poder Judiciário que possui autoridade constitucional,
preconizada no artigo 105, inciso II, “a” da Constituição da República, para julgar em única ou
última instância as decisões que contrariam lei federal, assim decide:

“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. AGENTE NOCIVO ELETRICIDADE APÓS A EDIÇÃO DO
DECRETO N. 2.172/97. POSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO FIXADO NO JULGAMENTO
DO RESP N. 1.306.113/SC SUBMETIDO À SISTEMÁTICA DO ARTIGO 543-C DO CPC. 1. Nos termos
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do que assentado pela Primeira Seção no julgamento do REsp n. 1.306.113/SC "[...] o rol de
atividades especiais, constantes nos regulamentos de benefícios da Previdência Social, tem caráter
exemplificativo". Assim, o fato de o Decreto n. 2.172/97 não ter previsto o agente agressivo
eletricidade como causa para se reconhecer período de atividade de natureza especial, não afasta
o direito do segurado à contagem de tempo especial se comprovada a sua exposição de forma
habitual e permanente a esse fator de periculosidade. No mesmo sentido, confiram-se: AgRg no
REsp 1.314.703/RN, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 27/05/2013; AgRg no REsp
1.348.411/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 11/04/2013; AgRg no REsp
1.168.455/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, DJe 28/06/2012; AgRg no REsp
1.284.267/RN, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, DJe 15/2/2012. 2. No caso, ficou
comprovado que o recorrido esteve exposto ao agente agressivo eletricidade, com tensão acima
de 250 volts, de forma habitual e permanente entre 01.12.1979 a 28.11.2006, motivo pelo qual
deve ser mantida a sentença que reconheceu o direito à aposentadoria especial. 3. Agravo
regimental não provido. (AGARESP 201200286860, BENEDITO GONÇALVES, STJ - PRIMEIRA
TURMA, DJE DATA: 25/06/2013)”

13 - A hermenêutica adotada pelos Tribunais Judiciários não poderia ser diferente da aplicada
pelos Tribunais Administrativos. A Administração Pública tem o dever imposto pelo inciso XIII do
art. 2º da Lei 9.784/99 de interpretar a norma administrativa da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige. Então devemos refletir: qual é o fim público da
Aposentadoria Especial? E a resposta é a mesma contida no texto constitucional e legal: dar
contagem especial ao tempo de contribuição para os trabalhadores que estiveram sujeitos a
condições especiais que prejudicassem a saúde ou a integridade física, devidamente comprovadas
nos termos da Lei.

14 - O Poder Executivo vem regulamentando as atividades nocivas desde os primórdios da


Aposentadoria Especial, reconhecendo que a atividade de eletricista sujeito ao labor de forma
habitual em permanente a eletricidade acima de 250V é uma atividade especial nos termos do
Decreto 53.831/64. O fato deste Decreto ter sido revogado, não afasta a natureza da atividade
insalubre. Além do mais, o Decreto 3.048/99 instituiu no Anexo IV um rol exemplificativo de
atividades que ensejam a Aposentadoria Especial, nos termos do art. 64. Portanto, não estamos
inovando ao reconhecer uma atividade especial, uma vez que o Poder Executivo já a reconheceu.

15 - Não é tarde ressaltar que a especialidade da atividade, conforme Parecer CONJUR 616/2010,
é "72 - Ora, se fosse imprescindível a comprovação de que houve prejuízo efetivo para a saúde ou
integridade física do segurado, estaríamos diante de uma modalidade de benefício por
incapacidade, o que não é o caso. Basta referir que não há qualquer previsão de a perícia médica
avaliar da condição de saúde do segurado, para fins da aposentadoria especial". Portanto,
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segundo o Parecer da CONJUR, basta apenas que haja o risco de prejuízo, e não o efetivo prejuízo
à saúde ou integridade física.

16 - Após leitura das decisões reiteradas por todos os Tribunais Federais, TNU e STJ, e
principalmente, dos artigos 57 e 58 da Lei 8.213/91, e do art. 68 do Decreto 3.048/99,
interpretando a norma da forma como determina a Lei 9.784/99 e observando o parecer CONJUR
616/2010, e analisando o ordenamento jurídico de forma sistemática como um conjunto
interligado de princípios e regras, verifico que o segurado cumpre com o requisito disposto na Lei
8.21391, que é trabalhar sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, comprovado por meio de formulário definido pelo INSS e emitido com base em laudo
técnico expedido por médico ou engenheiro em segurança do trabalho.

17 - Ressalto, também que não se trata de violar literal disposição do Decreto, pois este jamais
determinou entendimento diverso.

18 - Portanto, verifico que o Acórdão impugnado não violou qualquer artigo do Decreto 3.048/99
e, portanto, não infringiu o art. 70 do Regimento do CRPS. Apenas interpretou a norma em
consonância com o ordenamento jurídico, com a decisão do Poder Judiciário, cumprindo o que a
Lei determina nos incisos I e XIII do parágrafo único do art. 2º da Lei 9.784/99, e artigos 57 e 58 da
Lei 8.213/91.

19 - Por todos estes motivos, em total obediência ao que determina a ordem ministerial
normatizada no art. 60 do Regimento do CRPS, vislumbro que não cabe Revisão de Ofício.

20 - Considerando que o INSS pede a Uniformização de Jurisprudência, segundo o rito previsto no


art. 64 do Regimento do CRPS, constatou que o INSS aponta em seus fundamentos Acórdão
divergente proferido pela 3ª Câmara de Julgamento.

21 - Entretanto, verifico que o INSS acabou por descumprir o artigo 56 do Regimento do CRPS, por
ter em seu poder o processo por mais de trinta dias e sem haver cumprido o julgado.

22 - E, por fim, considerando que o INSS teve ciência da decisão em 20/03/2014 (evento 30) e
protocolou o pedido incidental em 30/04/2014 (evento 33), sou obrigado a indeferir o Pedido de
Uniformização de Jurisprudência em obediência à ordem ministerial prevista no § 2º do art. 64 da
Portaria MPS 548/2011.

23 - Ao Presidente do Conselho Pleno.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná


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Matrícula 1449889

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, 06 de Maio de 2014

Recorrente: JOAQUIM CALDAS ROLIM DE OLIVEIRA

Protocolo: 36086.004466/2012-71

NB: 42/161.268.049-3

Assunto: Aposentadoria por tempo de contribuição

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O INSS suscita, em apertada síntese, que a decisão proferida no Acórdão 341/2014, a qual
reconheceu a especialidade da atividade em razão de haver comprovação de exposição a agente
nocivo eletricidade acima de 250 volts, aplicou norma revogada (código 1.1.8 do Dec. 53.831/64).

4 - Analiso.

5 - A Constituição da República, o Documento Maior que constitui a existência do nosso Estado,


formaliza-nos como nação, protege os direitos fundamentas e sociais, organiza o Estado e seus
Poderes, assim determina:
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“Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.”

6 - O Pergaminho Pátrio assegura a participação dos representantes das classes trabalhadora e


empregadora nos órgãos colegiados de interesse previdenciário. Este órgão é o CRPS.

7 - A Lei de Benefícios da Previdência Social, nº 8.213/91, normatiza a concessão da Aposentadoria


Especial nos seguintes termos:

“Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao
segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a
lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

(...)

§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o


Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem
intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o
período mínimo fixado. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

(...)

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria
especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei
nº 9.528, de 1997)

§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela
empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho
expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da
legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a


existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente
agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento
respectivo. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos
existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de
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comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à


penalidade prevista no art. 133 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as


atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de
trabalho, cópia autêntica desse documento. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) ”

8 - A aplicação do direito pela Administração Pública (INSS e CRPS) é regida pela Lei 9.784/99, que
regulamenta o Processo Administrativo Federal. Esta lei, que todos devemos obedecer, assim
determina:

“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito;

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou


competências, salvo autorização em lei;

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou


autoridades;

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;

V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na


Constituição;

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em


medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

VIII - observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e
respeito aos direitos dos administrados;

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas


e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
litígio;
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XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”

9 - Analisando ao texto normativo, é de fácil percepção de que a Administração Pública deve


aplicar a lei e o Direito. Portanto, é possível sim as decisões administrativas fundarem-se, também,
em outras fontes que moldem o Direito.

10 - Dentre elas, encontramos a Jurisprudência, que por sua vez reflete o direito aplicado pelo
Poder Judiciário. O Ministério da Previdência Social, através do CRPS, efetua o controle
jurisdicional das decisões do INSS de interesse dos beneficiários (art. 303 do Decreto 3.048/99), se
aproxima dos precedentes da natural autoridade judicante. Não se distancia daquilo que a
sociedade precisa e que são providas pelo Poder Judiciário. Por tais razões, a jurisprudência, em
respeito à legalidade promovida pelo inciso I do art. 2º da Lei 9.784/99, é fundamento jurídico
para a aplicação do Direito Previdenciário.

11 - O Poder Judiciário, em todos os Tribunais Regionais Federais distribuídos pelo país, tem
decidido de forma reiterada pelo reconhecimento da especialidade:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. EXPOSIÇÃO A AGENTES


NOCIVOS. ELETRICIDADE. RUÍDO MÉDIO. FORMULÁRIOS (PPP). EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO.
RECONHECIMENTO DO TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO EM ATIVIDADE ESPECIAL. POSSIBILIDADE.
PERÍODO ANTERIOR A DEZ/1980 E POSTERIOR A 28.05.1998. CABIMENTO. FATOR DE CONVERSÃO.
INAPLICABILIDADE DA REGRA DE TRANSIÇÃO. TERMO INICIAL. CORREÇÃO. JUROS. HONORÁRIOS
INCABÍVEIS. SENTENÇA REFORMADA. 1. O cômputo do tempo de serviço deverá observar a
legislação vigente à época da prestação laboral, tal como disposto no § 1º, art. 70, do Decreto nº
3.048/99, com redação do Decreto nº 4.827/03. 2. Estando comprovado o exercício de atividade
profissional considerada prejudicial à saúde, com a apresentação de formulários e laudos periciais
fornecidos pelas empresas empregadoras, o segurado tem direito ao reconhecimento do tempo
de atividade especial para fins previdenciários. 3. As profissões de eletricistas, cabistas,
montadores e outras devem ser consideradas atividade especial, por enquadramento de categoria
profissional (Decreto nº 53.831/1964, código 2.1.1, e Decreto nº 83.080/1979, anexo II, código
2.1.1), cuja sujeição a agentes nocivos é presumida até a Lei nº 9.032/95. 4. No caso de exercício
da profissão de eletricista e congêneres exigia-se para a configuração da atividade especial o mero
exercício da profissão de eletricista e congêneres exigia-se para a configuração da atividade
especial o mero enquadramento da categoria profissional, por presunção de sujeição à
periculosidade. Até 28.04.1995, desnecessária a apresentação de laudo pericial e formulários
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específicos para o reconhecimento da atividade especial. A partir de 28.04.1995 e até 05.03.1997,


quando excluída a eletricidade do rol de agentes nocivos, deve ser apresentado laudo e
formulários com comprovação de sujeição a tensões superiores a 250 volts. 5. "Em se tratando de
periculosidade por sujeição a altas tensões elétricas, não é necessário o requisito da permanência,
já que o tempo de exposição não é um fator condicionante para que ocorra um acidente ou
choque elétrico, tendo em vista a presença constante do risco potencial, não restando
desnaturada a especialidade da atividade pelos intervalos sem perigo direto" AC
0007957-65.2002.4.01.3800 / MG, Rel. JUIZ FEDERAL MIGUEL ÂNGELO DE ALVARENGA LOPES, 3ª
TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 p. 1071 de 03/08/2012. 6. Um nível equivalente de pressão sonora
(ruído médio) tem o mesmo potencial de lesão auditiva que um nível variável considerado no
mesmo intervalo de tempo. A exposição a níveis inferiores a 80 ou 90 decibéis é compensada pela
maior agressividade representada pela exposição a níveis superiores a tais patamares. 7. Deve ser
considerado como tempo de serviço especial, aquele laborado com exposição a ruídos (médios)
superiores a 80,0 dB até 05.03.1997 (Decreto 2.172/1997) e, a partir de então, acima de 85,0 dB,
na forma do Decreto 4.882/2003, desde que aferidos esses níveis de pressão sonora por meio de
perícia técnica, trazida aos autos ou noticiada no preenchimento de formulário expedido pelo
empregador. 8. No caso dos autos, restou comprovado, por meio de Formulários PPP
correspondentes, que, nos períodos de 01.09.1982 a 30.09.1990 e de 01.10.1990 a 27.04.1995, o
autor esteve sujeito à atividade especial, por enquadramento de categoria (eletricista sujeito a
tensão superior a 250 volts), bem como em razão de sujeição de ruídos médios de 93 dB. De
28.04.1995 a 05.03.1997, o autor esteve sujeito ao agente perigoso eletricidade, com tensão
superior a 250 volts, bem como em razão de sujeição de ruídos médios de 93 dB. Nos períodos de
06.03.1997 a 31.12.1998 e de 01.02.2003 a 22.08.2007 a nível de ruído médio superior a 90 dB, e
de 01.01.1999 a 31.01.2003, a nível de ruído médio de 89 dB, fazendo jus à contagem do tempo de
serviço como especial. 9. O uso de equipamentos de proteção não descaracteriza a situação de
agressividade ou nocividade à saúde ou à integridade física no ambiente de trabalho. 10. Na
conversão do tempo de serviço especial em tempo comum deve ser aplicado o fator de conversão
conforme o ordenamento vigente à época em que requerida a aposentadoria, utilizando-se, no
presente caso, o fator de 1.4 previsto na Lei n. 8.213/91. 11. É possível o reconhecimento do
exercício de atividade nociva em período anterior à edição da legislação que instituiu a
aposentadoria especial e a especialidade de atividade laboral (AgRg no REsp 1015694/RS, Rel.
Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 16/12/2010, DJe
01/02/2011), bem como continua válida a conversão de tempo de serviço especial para comum
mesmo após 1998 (Resp 1.151.363/MG- representativo de controvérsia). 12. Não é cabível a
aplicação, no caso concreto, do entendimento firmado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do RE 575.089/RS, com repercussão geral, tendo em vista que as premissas fáticas são
diversas nos julgados em questão, já que naquele julgado o STF apreciou apenas a forma de
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cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário, não analisando a possibilidade de


contagem de tempo de serviço, posterior a EC 20/98, para efeitos de concessão de aposentadoria
por tempo integral e especial, sem regras de transição 13. O segurado faz jus à conversão do
tempo especial em comum, com a utilização do fator 1.4., que somado ao tempo de serviço
comum é suficiente à concessão da aposentadoria integral, desde 22.08.2007, quando contava
com 35 anos, 01 mês e 09 dias de serviço. 14. O termo inicial do benefício é a data do
requerimento administrativo. No entanto, tratando-se de mandado de segurança, os efeitos
financeiros retroagem à data da impetração, ressalvando-se as vias ordinárias para cobrança dos
demais valores vencidos. 15. A correção monetária e os juros devem incidir na forma do Manual
de Cálculos da Justiça Federal. 16. Honorários advocatícios e custas processuais incabíveis na
espécie. 17. Apelação a que se dá provimento para, reformando a sentença, conceder a
segurança. (AC 200738140047340, DESEMBARGADORA FEDERAL ÂNGELA CATÃO, TRF1 -
PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 DATA: 24/01/2014 PÁGINA: 395.)

EMENTA QUESTÃO DE ORDEM. PREVIDENCIÁRIO. ERRO MATERIAL NA CERTIDÃO DE


JULGAMENTO. QUESTÃO DE ORDEM ACOLHIDA. - Trata-se de questão de ordem, visando à
correção de erro material na certidão de julgamento do processo em questão, na sessão realizada
em 27/11/2013, cuja conclusão alcançada na votação foi no sentido do Voto de fls. 08/19 e do
acórdão de fls. 21/22, dos autos físicos, em que foi negado provimento ao recurso do INSS e dado
provimento parcial à remessa, para que as prestações em atraso sejam corrigidas
monetariamente, desde quando devida cada parcela e os juros de mora devem incidir, a partir da
citação, nos termos da lei. - Entretanto, foi lançado na certidão de julgamento de fl. 20 o seguinte
resultado: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso e à remessa necessária, nos
termos do voto do Relator". - Nestas condições, apresento esta questão de ordem, a fim de que
seja alterada a certidão de julgamento, para que passe a constar a seguinte redação:?Decide a
Segunda Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por unanimidade, negar
provimento ao recurso e dar parcial provimento à remessa, nos termos do voto do Relator,
constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.? - Questão de ordem
acolhida, para alterar a certidão de julgamento de fl. 20, na forma supra. EMENTA
PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
PROVENTOS INTEGRAIS. REQUISITOS PREENCHIDOS. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ESPECIAL
COMPROVADO. ELETRICIDADE. FATOR DE CONVERSÃO. 1,4. HONORÁRIOS. MANTIDOS NOS 5%
SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. RECURSO NÃO PROVIDO E REMESSA PARCIALMENTE
PROVIDA. - Pretende o autor a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, com
proventos integrais, mediante o reconhecimento, como especial do período entre 25/10/78 a
01/09/2000 e de 20/08/2007 a 12/05/2009, exposto a eletricidade acima de 250 Volts, em que
esteve vinculado à empresa LIGHT S/A. - Muito embora a eletricidade não conste expressamente
do rol de agentes nocivos previstos no Decreto nº 2.172/97, sua condição especial permanece
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reconhecida pela Lei nº 7.369/85 e pelo Decreto nº 93.412/86. Acrescente-se que este
entendimento é corroborado pela jurisprudência no sentido de que é admissível o
reconhecimento da condição especial do labor exercido, ainda que não inscrito em regulamento,
uma vez comprovada essa condição mediante laudo pericial, a teor da Súmula 198 do ex-TFR,
segundo a qual é sempre possível o reconhecimento da especialidade no caso concreto, por meio
de perícia técnica (STJ, 6ª Turma, AgRg no REsp 1184322 / RS, Rel. Min. OG FERNANDES, Dje de
22/10/2012). - No caso dos autos, o autor comprovou a efetiva exposição ao agente nocivo
(tensões elétricas superiores a 250 volts, nos termos do Decreto 53.831/64, Código 1.1.8) de
forma habitual e permanente, mediante Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), emitido pela
empresa, subscrito pelo gerente de segurança e medicina ocupacional, com base em laudo técnico
de condições ambientais do trabalho, expedido pelo engenheiro de segurança do trabalho,
relativamente à empresa LIGHT S.A.. - No que tange à conversão do tempo de serviço especial em
tempo comum deve ser aplicado o fator de conversão conforme o ordenamento vigente à época
em que requerida a aposentadoria, utilizando-se, no presente caso, o fator de 1.4. Precedentes. -
Honorários advocatícios mantidos em 5% (cinco) por cento sobre o valor da condenação,
observada a Súmula 111/STJ. - Recurso do INSS não provido e remessa parcialmente provida.
(APELRE 201151200018548, Desembargador Federal MESSOD AZULAY NETO, TRF2 - SEGUNDA
TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data: 17/03/2014.)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. AGRAVO PREVISTO NO § 1º DO ART. 557 DO CPC. ATIVIDADE


ESPECIAL. CARACTERIZAÇÃO. ELETRICISTA. RISCO À INTEGRIDADE FÍSICA. I - O documento
expedido pela Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S/A, atesta que o autor
exerceu atividade especial no período de 06.03.1997 a 21.09.2012, por exposição a tensão elétrica
superior a 250 volts, na função de eletricista, agente nocivo previsto no código 1.1.8 do Decreto
53.831/64. II - Mantidos os termos da decisão agravada que reconheceu o exercício de atividade
sob condições especiais nos referidos períodos laborado após 05.03.1997, tendo em vista que o
artigo 58 da Lei 8.213/91 garante a contagem diferenciada para fins previdenciários ao
trabalhador que exerce atividades profissionais prejudiciais à saúde ou à integridade física
(perigosa). III - Agravo do INSS improvido (art. 557, § 1º do CPC). (APELREEX
00012766820134036183, DESEMBARGADOR FEDERAL SERGIO NASCIMENTO, TRF3 - DÉCIMA
TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA: 19/02/2014)

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. APOSENTADORIA POR TEMPO DE


SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. TÉCNICO EM TELECOMUNICAÇÕES DA CRT - BRASIL TELECOM S/A.
ATIVIDADE ESPECIAL. ELETRICIDADE. ALUNO-APRENDIZ. ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DE PELOTAS.
SÚMULA 96 DO TCU. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 20, DE 1998. IDADE MÍNIMA. PEDÁGIO. LEI DO
FATOR PREVIDENCIÁRIO. 1. Cabível o reconhecimento da especialidade do labor do segurado que
foi exposto, de forma habitual e permanente, ao agente nocivo eletricidade: (a) período anterior a
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05- 03-1997: enquadramento no código 1.1.8 do Quadro Anexo do Decreto n. 53.831/64, e Lei n.
7.369, de 20-09- 1985, regulamentada pelo Decreto n. 93.412, de 14-10-1986 (tensões superiores
a 250 volts); (b) período posterior a 05-3-1997: a despeito da ausência de previsão legal no
Decreto n. 2.172/97, possível o reconhecimento da especialidade uma vez que ainda em vigor a
Lei n. 7.369, de 20-09-1985, regulamentada pelo Decreto n. 93.412, de 14-10-1986, e com base na
Súmula 198 do TFR, segundo a qual é sempre possível o reconhecimento da especialidade no caso
concreto, por meio de perícia técnica. 2. Em se tratando do agente periculoso eletricidade, é ínsito
o risco potencial de acidente, de forma que não é exigível a exposição de forma permanente. A
periculosidade inerente ao manuseio de redes energizadas dá ensejo ao reconhecimento da
especialidade da atividade, porque sujeita o segurado à ocorrência de acidentes que poderiam
causar danos à sua saúde ou à sua integridade física. 3. Para fins de reconhecimento do tempo de
serviço prestado na condição de aluno-aprendiz, é necessária a comprovação de (1) prestação de
trabalho na qualidade de aluno-aprendiz e (2) retribuição pecuniária à conta do Orçamento,
admitindo-se, como tal, o recebimento de (a) alimentação, (b) fardamento, (c) material escolar e
(d) parcela de renda auferida com a execução de encomendas por terceiros. Caso em que não
restaram comprovados os requisitos necessários à qualificação do autor como aluno-aprendiz no
período requerido, porquanto apenas certificado o "tempo de frequência", sendo, ainda,
imprestável para a demonstração da existência de contraprestação às atividades desenvolvidas
durante o vínculo com a Escola Técnica Federal de Pelotas a mera certificação de que as despesas
ordinárias com os alunos da instituição eram custeadas pela União. Precedente desta Terceira
Seção (EIAC n. 2003.71.00.005271-6/RS, rel. Des. Federal Luís Alberto D'Azevedo Aurvalle, D.E. de
10-03-2010). 4. Caso em que o Embargado: (a) não tem direito à aposentadoria proporcional em
28-11-1999, por ocasião da edição da Lei n. 9.876/99 (Lei do Fator Previdenciário, bem como na
DER (28-02-2002), porque não implementado o requisito etário de 53 anos; (b) Previdenciário,
bem como na DER (28-02-2002), porque não implementado o requisito etário de 53 anos; (b) tem
direito à aposentadoria proporcional por tempo de serviço pelas regras anteriores à Emenda
Constitucional nº 20, em vigor desde 16-12-1998, uma vez que, naquela data, implementara os
requisitos necessários à inativação (tempo de serviço e carência), calculado o salário de benefício
nos termos da redação original do art. 29 da Lei n. 8.213/91; (c) tem direito à aposentadoria
integral por tempo de contribuição na DER, sendo irrelevante, na hipótese, o não implemento do
requisito etário, porquanto inexigível para a inativação integral, incidindo, no cálculo do salário de
benefício, o fator previdenciário. 5. Condenação do INSS à concessão do benefício mais vantajoso
ao segurado, fixado o respectivo marco inicial, em qualquer caso, na DER (28-02-2002). (EINF
200271000078180, CELSO KIPPER, TRF4 - TERCEIRA SEÇÃO, D.E. 23/04/2010.) ”

12 - A Turma Nacional de Uniformização - TNU - cuja atribuição é unificar as interpretações no


âmbito dos Juizados Especiais Federais, confirma nosso entendimento:
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“RELATÓRIO - O recorrente ajuizou a presente ação pretendo a concessão de aposentadoria


especial mediante o reconhecimento da especialidade do período de 12.06.79 a 05.05.05. A
sentença de I Grau julgou improcedente o pedido entendendo que o autor não fez prova do
exercício da atividade especial. A r. Primeira Turma de Recursos de SC deu parcial provimento ao
recurso do autor, para reconhecer a especialidade do período de 12.06.79 a 05.03.97, com a
aplicação do fator de conversão 1.4. No entanto, entende o autor que faz jus ao reconhecimento
do todo o período laborado em atividade especial, inclusive do período compreendido entre
06.03.97 a 05.05.05. Traz como paradigma acórdão da Primeira Turma Recursal dos Juizados
Especiais da Seção Judiciária do Estado de Goiás manifestou entendimento convergente ao do
autor. No que diz respeito ao exercício de atividade especial por exposição à eletricidade
posteriormente a 05.03.97, a Turma Recursal de Goiás, que o trabalho com exposição à
eletricidade, devidamente demonstrado através de formulário e laudo técnico, se enquadra no
Anexo do Decreto nº 93.412/86, que por sua vez, regulamenta a Lei nº 7.369/85, que instituiu o
adicional de periculosidade; bem como, considerou aplicável o princípio da prevalência da
realidade, em razão da omissão da legislação previdenciária no que diz respeito à especialidade da
atividade com exposição à eletricidade (proc. 2004.35.00.721370-9, em anexo). Conforme evento
31, o LTCAT comprova a exposição habitual e permanente à tensão elétrica de 380 a 13.800 Volts.
Há que se ressaltar o fato de que a empresa empregadora do autor é uma Cooperativa de
eletrificação, cuja atividade principal é a distribuição de energia elétrica, razão pela qual recolhe a
alíquota de 3% (para as de risco “grave”). Ou seja, a atividade preponderante da empresa expõe os
seus funcionários, de modo geral, a um alto grau de risco de acidente de trabalho. Essa outra
espécie de contribuição a que a empresa está sujeita, portanto, está diretamente relacionada ao
financiamento do benefício previsto nos artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91. Acrescente-se ainda
que o Decreto nº 2.173/97 não deixou de classificar o trabalho relacionado à produção e
distribuição de energia elétrica como de risco grave (grau 3 - item 40.10-0). O incidente merece ser
conhecido tendo em vista que foi juntada reprodução de julgado disponível na Internet, com
indicação da respectiva fonte (endereço url) versando sobre a mesma matéria e na qual foi
reconhecido como atividade especial mesmo após 5/3/1997 a exposição à eletricidade. O Acórdão
recorrido afastou tal possibilidade de reconhecimento tendo em vista que a Turma Regional de
Uniformização da 4ª Região reviu entendimento outrora pacificado, fixando um marco final para o
reconhecimento das atividades sujeitas à exposição à eletricidade, qual seja 05.03.1997. Citou a
referida decisão: "INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. APOSENTADORIA
ESPECIAL. ELETRICIDADE. TEMPO DE SERVIÇO POSTERIOR A 05/03/1997. IMPOSSIBILIDADE. 1. O
enquadramento pelo agente nocivo eletricidade não se demonstra possível no interregno
posterior a 05-3-1997, em razão de não haver mais previsão legal no Decreto 2.172/97. 2. A Lei nº
7.369/85 apenas institui vantagem financeira para a hipótese que trata, nada dispondo sobre
eventual direito dos empregados à aposentadoria especial aos 25 anos de tempo de serviço. 3.
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Incidente de uniformização de jurisprudência conhecido e não provido. (IUJEF


2008.70.53.001612-7, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora p/ Acórdão Susana
Sbroglio Galia, D.E. 09/04/2010)" Destarte, entendeu que deveria ser dado parcial provimento ao
recurso para reconhecer a especialidade no período de 12.06.1979 a 05.03.1997, em razão da
exposição do autor à eletricidade, É o relatório do necessário. VOTO - Quanto ao agente agressivo
eletricidade, o Decreto nº 53.831/64, considerava, no item 1.1.8 do seu anexo, como atividade
perigosa a realização de trabalhos em instalações ou equipamentos elétricos com riscos de
acidentes, desenvolvidas por eletricistas, cabistas, montadores e outros, com exposição a tensão
superior a 250 volts. O INSS (bem como o acórdão recorrido) só reconhece até 05/03/1997 como
atividade especial o trabalho exercido em exposição à eletricidade superior a 250 v, pois o agente
Eletricidade não é mais contemplado no Anexo IV do Dec. 2172/97 (em seu anexo IV, estabeleceu
novo quadro de agentes nocivos a ser utilizado para a caracterização da atividade especial e, em
seu artigo 261, expressamente revogou os anexos ao Decreto nº 83.080/79). O INSS sustenta que
não há nenhuma ilegalidade ou inconstitucionalidade nesta alteração de agentes nocivos por
parte do Poder Executivo, pelo contrário, é até prudente, quando detectado que o nível de
proteção dos trabalhadores impede que seja considerado como agente nocivo. Deste modo,
entende que o fato do agente Eletricidade ter deixado de ser nocivo à saúde ou integridade física
desde a entrada em vigor do dec. 2172/97, impediria qualquer reconhecimento. De fato, há
jurisprudência do STJ a amparar a tese do INSS. Neste sentido, transcrevo o acórdão:
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONVERSÃO DE TEMPO DE
SERVIÇO ESPECIAL PARA COMUM. EXPOSIÇÃO AO AGENTE ELETRICIDADE. DECRETO 2.172/97.
AGRAVO IMPROVIDO. 1. O segurado que presta serviço em condições especiais faz jus ao cômputo
do tempo nos moldes previstos à época em que realizada a atividade. Isso se verifica à medida que
se trabalha. 2. O agente agressivo eletricidade (acima de 250 volts) teve enquadramento no
Decreto 53.831/64 até 5/3/97, data da edição do Decreto 2.172, que não mais o relacionou entre
os agentes nocivos. 3. Agravo regimental improvido. (STJ, AgResp 992855, Rel. Min. Arnaldo Lima,
DJE 24/11/2008 Todavia, tal precedente do STJ não pode ser considerado jurisprudência
dominante. Com efeito, a jurisprudência do STJ é no sentido de que a utilização de Equipamento
de Proteção Individual (EPI) não descaracteriza a natureza especial da atividade exercida possa
consentir com alteração de agentes patogênicos. Ora, se mesmo com a utilização de EPI há
configuração de atividade especial, por igual razão não se pode concluir que um determinado
agente deixe de ser nocivo por ‘decreto’. Outrossim, a caracterização de atividade como especial é
também decorrente do risco da exposição a um agente nocivo, o que causa estresse no
trabalhador. Deste modo, exposição a eletricidade superior a 250 v é, e sempre foi, nociva,
perigosa ao trabalhador. Assim, a nocividade não é decorrente meramente de um decreto que
reconhece a exposição como nociva, mas sim do próprio agente. Com efeito, o extinto Tribunal
Federal de Recursos já tinha edito a Súmula 198 dispondo que “atendidos os demais requisitos, é
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devida a aposentadoria especial, se perícia judicial constata que a atividade exercida pelo
segurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita em regulamento”. O próprio
Decreto adverte na nota 1 de seu anexo II que “A relação das atividades profissionais
correspondentes a cada agente patogênico tem caráter exemplificativo”, e prossegue na nota 2
que “A doença profissional ou do trabalho será caracterizada quando diagnosticada a intoxicação
ou afecção, se verifica que o empregado exerce atividade que o expõe ao respectivo agente
patogênico, constante deste anexo” finalizando em sua nota 3 que “Se o agente patogênico, na
hipótese da nota anterior, não constar deste anexo, é aplicado o disposto neste Regulamento”. No
mais, há que se registrar que o conceito de periculosidade difere do de insalubridade. Neste caso
(insalubridade) é a exposição por tempo prolongado a agentes agressivos que causa danos à saúde
do trabalhador, enquanto na periculosidade, é a exposição do trabalhador à atividade de risco que
a torna especial. Observa-se que com o Decreto 2.172/97, passaram a ser listados apenas os
agentes considerados nocivos ao trabalhador, e os agentes assim considerados seriam, tão
somente, aqueles classificados como químicos, físicos ou biológicos. Não havia no Decreto
nenhuma menção ao item periculosidade. Todavia, entendo que a mesma deva sim ser
considerada como agente nocivo apto a qualificar a atividade exercida como especial, posto que
um único contato com o agente nocivo pode ser fatal. É o caso da parte autora, um único contato
com corrente elétrica de alta voltagem, pode ter sua saúde comprometida, quando não a sua
própria morte, conforme entendimento da jurisprudência abaixo transcrito: PREVIDENCIÁRIO.
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. CONTAGEM RECÍPROCA. APOSENTADORIA PROPORCIONAL POR
TEMPO DE SERVIÇO. CONSTRUÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ELÉTRICA. ATIVIDADE PERIGOSA.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. CAMPO ELETROMAGNÉTICO ACIMA DE 250 VOLTS. PRESENÇA DE LINHAS
PARALELAS E/OU CRUZANTES JÁ ENERGIZADAS. DESCARGAS ATMOSFÉRICAS. RISCO POTENCIAL
IMINENTE. EPI. COMPROVAÇÃO. SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE. APELAÇÃO
DESPROVIDA. REMESSA OFICIAL PROVIDA EM PARTE. SÚMULA 111 DO STJ. 1. O Apelado laborou
na construção de linhas de transmissão elétrica na Sociedade Brasileira de Eletrificação - SBE,
empresa sucedida pela Asea Brown Boveri Ltda. - ABB (cf. fls. 19), nos seguintes períodos: de
11.01.67 a 04.08.71 (na função de montador); 13.09.71 a 31.01.76 (montador); 01.02.76 a
18.01.78 (na função de chefe de turma); 17.05.78 a 14.04.83 (montador) e de 10.09.84 a 10.03.87
(na função de chefe de turma), cf. fls. 09/15, onde ficava exposto a voltagem acima de 250 volts. 2.
Segundo o quadro a que se refere o art. 2º do Decreto n. 53.831/64 do Regulamento Geral da
Previdência Social, em seu item 1.1.8 é classificada como de natureza especial a atividade exercida
no campo de aplicação que envolve eletricidade, ou seja, trabalhos permanentes em instalações
ou equipamentos elétricos com risco de acidentes, a exemplo dos eletricistas, cabistas,
montadores e outros. No mesmo sentido informam as cópias da CTPS e, principalmente, os
formulários SB- 40, que descrevem as funções de montador, de chefe de turma e de seus
subordinados (trabalhadores braçais), exercidas pelo segurado em caráter habitual e permanente,
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sujeitos - todos eles - a ação de campo eletromagnético acima de 250 volts, uma vez que as
atividades se constituem, em suma, em lançar cabos para instalação de para-raios e montar torres
metálicas, na construção de linhas de transmissão de energia elétrica em obra de campo, a céu
aberto. 3. A utilização de equipamento de proteção individual (EPI) possui a finalidade precípua de
resguardar a saúde do trabalhador, para que não sofra lesões, não detendo o condão de
descaracterizar a situação de insalubridade/periculosidade. Precedente deste Sodalício: AMS
2001.38.00.017669-3/MG, Relator Des. Federal Tourinho Neto, 2ª Turma, DJ 24/10/2002). 4. "O
agente nocivo eletricidade (acima de 250 volts) tem enquadramento no Decreto nº 53.831/64 até
05-03-97. Após, é necessária a verificação da periculosidade no caso concreto, por meio de perícia
judicial, a teor da Súmula 198 do extinto TFR. Em se tratando de periculosidade por sujeição a
altas tensões elétricas, não é necessário o requisito da permanência, já que o tempo de exposição
não é um fator condicionante para que ocorra um acidente ou choque elétrico, tendo em vista a
presença constante do risco potencial, não restando desnaturada a especialidade da atividade
pelos intervalos sem perigo direto. O uso de equipamentos de proteção individual não neutraliza
nem elimina o risco potencial de acidente inerente à atividade perigosa. A conversão do tempo de
serviço especial em comum é devida para o labor exercido tão somente até 28-05-98, a teor do
art. 28 da Lei nº 9.711/98. Precedentes das Egrégias Quinta e Sexta Turmas do STJ". (AC
20037000011786-1, 5ª Turma do Eg. TRF/4ª Região, DJU de 06.07.2005). 5. Sentença parcialmente
mantida. 6. Apelação desprovida. Remessa oficial parcialmente provida para que se faça incidir a
Súmula 111 do STJ. No caso dos autos, o recorrido logrou fazer prova do trabalho sob condições
especiais prejudiciais à sua saúde, de forma habitual e permanente em relação ao período
reconhecido na sentença, enquadrada no código 1.1.8 do quadro a que se refere o art. 2º do
Decreto nº 53.831/1964, conforme formulário DSS 8030 e laudo pericial anexado nos autos. (TRF
1, AC 200001000686134, Rel. Juiz Federal Itelmar Raydan Evangelista, DJ 04/12/2006, p. 15).
Outrossim, a Turma Recursal de São Paulo já pontuou que: “O agente nocivo eletricidade (acima
de 250 volts) tem enquadramento no Decreto nº 53.831/64 até 05-03-97. Após, é necessária a
verificação da periculosidade no caso concreto, por meio perícia judicial, a teor da Súmula 198 do
extinto TFR. Em se tratando de periculosidade por sujeição a altas tensões elétricas, não é
necessário o requisito da permanência, já que o tempo de exposição não é um fator condicionante
para que ocorra um acidente ou choque elétrico, tendo em vista a presença constante do risco
potencial, não restando desnaturada a especialidade da atividade pelos intervalos sem perigo
direto. O uso de equipamentos de proteção individual não neutraliza nem elimina o risco potencial
de acidente inerente à atividade perigosa” (TR SP, Processo n. 00082371620054036309). Do
mesmo modo o acórdão da Turma Recursal de Goiás trazido com paradigma. De outro giro, a
mesma lógica permeia o reconhecimento da atividade de vigilante portador de arma como
especial, tal qual decidido pela TNU Ante o exposto, VOTO NO SENTIDO DE FIXAR A TESE DE QUE É
POSSÍVEL O RECONHECIMENTO DO EXERCÍCIO DO TRABALHO EM EXPOSIÇÃO À ELETRICIDADE
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SUPERIOR A 250 v COMO ATIVIDADE ESPECIAL, desde que devidamente comprovado por meio
laudo técnico-pericial, razão pela qual CONHEÇO E DOU PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR
PARA JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO RECONHECENDO COMO ESPECIAL o período compreendido
entre 06.03.97 a 05.05.05 determinando sua conversão em comum pelo fator 1,4. É como voto.
Brasília, 25 de abril de 2012. (PEDILEF 200872570037997, JUIZ FEDERAL VLADIMIR SANTOS
VITOVSKY, TNU, DOU 08/06/2012.)”

13 - O Superior Tribunal de Justiça, órgão do Poder Judiciário que possui autoridade constitucional,
preconizada no artigo 105, inciso II, “a” da Constituição da República, para julgar em única ou
última instância as decisões que contrariam lei federal, assim decide:

“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. AGENTE NOCIVO ELETRICIDADE APÓS A EDIÇÃO DO

DECRETO N. 2.172/97. POSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO FIXADO NO JULGAMENTO


DO RESP N. 1.306.113/SC SUBMETIDO À SISTEMÁTICA DO ARTIGO 543-C DO CPC. 1. Nos termos
do que assentado pela Primeira Seção no julgamento do REsp n. 1.306.113/SC "[...] o rol de
atividades especiais, constantes nos regulamentos de benefícios da Previdência Social, tem caráter
exemplificativo". Assim, o fato de o Decreto n. 2.172/97 não ter previsto o agente agressivo
eletricidade como causa para se reconhecer período de atividade de natureza especial, não afasta
o direito do segurado à contagem de tempo especial se comprovada a sua exposição de forma
habitual e permanente a esse fator de periculosidade. No mesmo sentido, confiram-se: AgRg no
REsp 1.314.703/RN, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 27/05/2013; AgRg no REsp
1.348.411/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 11/04/2013; AgRg no REsp
1.168.455/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, DJe 28/06/2012; AgRg no REsp
1.284.267/RN, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, DJe 15/2/2012. 2. No caso, ficou
comprovado que o recorrido esteve exposto ao agente agressivo eletricidade, com tensão acima
de 250 volts, de forma habitual e permanente entre 01.12.1979 a 28.11.2006, motivo pelo qual
deve ser mantida a sentença que reconheceu o direito à aposentadoria especial. 3. Agravo
regimental não provido. (AGARESP 201200286860, BENEDITO GONÇALVES, STJ - PRIMEIRA
TURMA, DJE DATA: 25/06/2013)”

14 - A hermenêutica adotada pelos Tribunais Judiciários não poderia ser diferente da aplicada
pelos Tribunais Administrativos. A Administração Pública tem o dever imposto pelo inciso XIII do
art. 2º da Lei 9.784/99 de interpretar a norma administrativa da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige. Então devemos refletir: qual é o fim público da
Aposentadoria Especial? E a resposta é a mesma contida no texto constitucional e legal: dar
contagem especial ao tempo de contribuição para os trabalhadores que estiveram sujeitos a
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condições especiais que prejudicassem a saúde ou a integridade física, devidamente comprovadas


nos termos da Lei.

15 - O Poder Executivo vem regulamentando as atividades nocivas desde os primórdios da


Aposentadoria Especial, reconhecendo que a atividade de eletricista sujeito ao labor de forma
habitual em permanente a eletricidade acima de 250V é uma atividade especial nos termos do
Decreto 53.831/64. O fato deste Decreto ter sido revogado, não afasta a natureza da atividade
insalubre. Além do mais, o Decreto 3.048/99 instituiu no Anexo IV um rol exemplificativo de
atividades que ensejam a Aposentadoria Especial, nos termos do art. 64. Portanto, não estamos
inovando ao reconhecer uma atividade especial, uma vez que o Poder Executivo já a reconheceu.

16 - Não é tarde ressaltar que a especialidade da atividade, conforme Parecer CONJUR 616/2010,
é "72 - Ora, se fosse imprescindível a comprovação de que houve prejuízo efetivo para a saúde ou
integridade física do segurado, estaríamos diante de uma modalidade de benefício por
incapacidade, o que não é o caso. Basta referir que não há qualquer previsão de a perícia médica
avaliar da condição de saúde do segurado, para fins da aposentadoria especial". Portanto,
segundo o Parecer da CONJUR, basta apenas que haja o risco de prejuízo, e não o efetivo prejuízo
à saúde ou integridade física.

17 - No caso concreto, restou comprovada a especialidade da atividade por meio de formulário


PPP emitido pela empresa COMPANHIA ENERGÉTICA DO CEARÁ - COELCE, cuja atividade é
distribuir energia elétrica pela Região Nordeste. O referido formulário, juntado às fls. 17/20 do
processo de benefício, segue os padrões estabelecidos pelo INSS, emitido com base em Laudo
Técnico emitido pelo Engenheiro de Segurança do Trabalho Harley Nobre Albuquerque. Tais
documentos são suficientes, nos estritos termos do parágrafo 3º do art. 68 do Decreto 3.048/99,
para comprovar a atividade especial.

18 - Após leitura das decisões reiteradas por todos os Tribunais Federais, TNU e STJ, e
principalmente, dos artigos 57 e 58 da Lei 8.213/91, e do art. 68 do Decreto 3.048/99,
interpretando a norma da forma como determina a Lei 9.784/99 e observando o parecer CONJUR
616/2010, e analisando o ordenamento jurídico de forma sistemática como um conjunto
interligado de princípios e regras, verifico que o segurado cumpre com o requisito disposto na Lei
8.21391, que é trabalhar sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, comprovado por meio de formulário definido pelo INSS e emitido com base em laudo
técnico expedido por médico ou engenheiro em segurança do trabalho.

19 - Ressalto também que não se trata de violar literal disposição do Decreto, pois este jamais
determinou entendimento diverso.
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20 - Portanto, verifico que o Acórdão impugnado não violou qualquer artigo do Decreto 3.048/99
e, portanto, não infringiu o art. 70 do Regimento do CRPS. Apenas interpretou a norma em
consonância com o ordenamento jurídico, com a decisão do Poder Judiciário, cumprindo o que a
Lei determina nos incisos I e XIII do parágrafo único do art. 2º da Lei 9.784/99, e artigos 57 e 58 da
Lei 8.213/91.

21 - Por todos estes motivos, em total obediência ao que determina a ordem ministerial
normatizada no art. 60 do Regimento do CRPS, vislumbro que não cabe Revisão de Ofício.

22 - Considerando que o INSS pede a Uniformização de Jurisprudência, segundo o rito previsto no


art. 64 do Regimento do CRPS, constatou que o INSS aponta em seus fundamentos Acórdão
divergente proferido pela 3ª Câmara de Julgamento, cumprindo com o requisito preliminar
previsto no § 3º do art. 64.

23 - Ao Presidente do Conselho Pleno.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.064006/2013-80

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SÃO BERNARDO DO CAMPO

Benefício: 57/164.613.872-1

Espécie: APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO DE PROFESSOR (EMENDA CONSTITUCIONAL


Nº 18/81)

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: SILVANA MARIA BRIQUESI FERRARI - Titular Capaz

Assunto: INDEFERIMENTO

Relator: CAIO CESAR AUADA

EMENTA:
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APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO DE PROFESSOR. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE QUE


CONSISTE EM AUXILIAR PROFESSOR. ATIVIDADE DE ORIENTAÇÃO DISCIPLINAR. ADI 3772 QUE FOI
JULGADA NO SENTIDO DE ABRANGER ESTAS ATIVIDADES COMO DE MAGISTÉRIO. A ATIVIDADE DE
MAGISTÉRIO SERVE PARA O PROFESSOR DE CARREIRA, QUE EVOLUI DE CARGO, COMO É NO CASO
CONCRETO. DIFERENTE DE PROFISSIONAIS DE OUTRAS ÁREAS QUE EXERCEM CARGOS DE DIREÇÃO
OU ORIENTAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO

Relatório

Em 26.03.2013 a Sra. Silvana Maria Briquesi Ferrari procurou o INSS requerendo para si o benefício
de Aposentadoria por Tempo de Serviço de Professor (NB 57/164.613.872-1), alegando já ter
preenchido os requisitos necessário para percepção deste benefício Para comprovar seu direito, a
segurada juntou aos autos documentos pessoais de identificação, requerimento de concessão do
benefício em específico e extrato do CNIS.

Antes de proferir a decisão de mérito, o INSS expediu carta de exigências solicitando que a
segurada providenciasse junto à empregadora Liga das Senhoras Católicas de SP onde trabalhou
declaração, em papel timbrado, informando as funções lá exercidas e qual o tipo da instituição.

A segurada apresentou os seguintes documentos:

- Diploma de licenciatura em pedagogia, expedido em 10.03.1988;

- 03 CTPS com vínculos diversos;

- Atestado de tempo de serviço emitido pelo Colégio Santa Amália, informando o exercício de
atividade da segurada, especificando as seguintes funções: 26.07.1981 - auxiliar de classe, atuando
dentro de sala de aula com a professora;

27.07.1981 a 28.02.1982 - assistente de período; 01.03.1982 a 31.03.1997 - professora; 01.04.997


a 01.01.1998 - professora substituta; 02.01.1998 a 31.01.1999 - orientador disciplinar; e
01.02.1989 a 02.05.2003 - auxiliar de orientação educacional.

O INSS elaborou planilha de cálculo com o tempo de contribuição da requerente, computando 24


anos, 5 meses e 22 dias de tempo de contribuição, com 295 meses para fins de carência.

Assim, foi indeferido o requerimento apresentado, sustentando na falta de comprovação de


tempo de exercício da atividade de professora.

Inconformada com a decisão proferida, a segurada recorreu ao CRPS, sustentando que de


27.07.1981 a 28.02.1982 exerceu a atividade de assistente de período, que teria equiparação com
a atividade de auxiliar de professora, juntado documentos e requerendo a reforma da decisão.
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Com o recurso foi novamente apresentada a declaração do Colégio Santa Amália, com anotações
diferentes da declaração anterior, notadamente no período de 27.07.1981 a 28.02.1982 onde está
consignado que a atividade era exercida dentro de sala de aula auxiliando a professora.

Antes de submeter o feito ao crivo do CRPS, o INSS expediu nova carta de exigências solicitando o
que segue:

Para darmos andamento RECURSO em referência, solicitamos comparecer na APS AGÊNCIA DA


PREVIDÊNCIA SOCIAL SÃO BERNARDO DO CAMPO, no endereço AV. NEWTON MONTEIRO DE
ANDRADE, 140 - SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP) DE 2ª E 3ª FEIRA/ DAS 10 ÁS 11 HS / SENHA Y
munido dos seguintes documentos:

P/ COLÉGIO SANTA AMÁLIA (LIGA SRAS. CATÓLICAS S PAULO): ESCLARECER SE COMO


PROFESSORA SUBSTITUTA EXERCEU AS MESMAS ATIVIDADES DA PROFESSORA TITULAR DENTRO
DA SALA DE AULA TODO O PERÍODO DE 01/04/97 À 01/01/98, OU SOMENTE EVENTUALMENTE.

ESCLARECER AINDA DE 02/01/98 À 31/01/99 AS ATRIBUIÇÕES COMO ORIENTADORA DISCIPLINAR


BEM COMO SE EXERCEU ATIVIDADES DE COORDENAÇÃO E ASSESSORAMENTO PEDAGÓGICO DE
MODO HABITUAL E PERMANENTE, TODO O PERÍODO.

A segurada apresentou nova declaração do Colégio Santa Amália, descrevendo o exercício das
atividades nos seguintes interregnos e das seguintes formas: 26.07.1981 - auxiliar de classe,
atuando dentro de sala de aula com a professora; 27.07.1981 a 28.02.1982 - assistente de período,
atuando dentro de sala de aula auxiliando a professora;

01.03.1982 a 31.03.1997 - professora; 01.04.997 a 01.01.1998 - professora substituta, exercendo


as mesmas funções de professora, dentro de sala de aula; 02.01.1998 a 31.01.1999 - orientador
disciplinar, atuando diretamente com alunos; e 01.02.1989 a 02.05.2003 - auxiliar de orientação
educacional, também atuando diretamente com alunos.

Com o novo documento apresentado, o segurado recalculou o tempo de contribuição da


requerente, reconhecendo desta vez 19 anos, 8 meses e 15 dias de tempo de contribuição, com
238 meses para fins de carência.

Justificou a recontagem nas seguintes argumentações:

Em fase recursal apresentou alegações (doc RECURSO3) pleiteando direito ao benefício face
apresentação de declaração do Colégio Santa Amália da Liga Sras. Católicas São Paulo datada de
05/07/2013 informando que de 27/07/81 à 28/02/82 como "assistente de período" atuou dentro
de sala de aula auxiliando a professora e no período de 01/04/97 à 01/01/98 como professora
substituta exerceu as mesmas atividades da Professora na sala de aula conforme nova declaração
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datada de 07/08/2013 (DECLARACOES1), podendo assim ser computadas na contagem como


atividades de magistério, entretanto já nos períodos exercidos como "Orientadora Disciplinar" e
"Orientadora Educacional" a referida declaração datada de 07/08/2013 não elucida tratar-se de
assessoramento pedagógico ou especialista em educação, sendo que este último ficou excluído do
direito à aposentadoria de professor conforme contido Memorando-Circular nº 16/ DIRBEN de
12/07/2012 - I - 1.1 (docs MEMO1).

Os autos foram remetidos para a 12ª Junta de Recursos, que em decisão colegiada proferiu
julgamento de provimento do recurso apresentado, sustentando que:

Em vista da alteração introduzida, em que foi ampliado o conceito de magistério, a atividade de


Auxiliar de Ensino desempenhada pela recorrente passa a ser considerada para a contagem de
tempo da Aposentadoria de Professor.

Assim, conforme esclarecimento, sob as penas da lei, fornecido pelo COLÉGIO SANTA AMÁLIA, a
função de Assistente de período se equipara a de Auxiliar de professora, assim como Auxiliar de
classe, devendo ser considerado.

No mesmo sentido a função de Professora substituta se equipara a de professora titular, com


atividades de ensino em sala de aula.

As atividades de Orientadora Disciplinar e Auxiliar de Orientação Educacional, são funções de


coordenação e assessoramento pedagógico, também devendo ser consideradas.

Somente o vínculo de 01/11/03 a 05/10/04, em que a recorrente desempenhou a função de


Auxiliar Administrativo, não deve ser considerada para efeito da aposentadoria de professor.

Assim, este relator realizou contagem de tempo de contribuição, considerando os períodos


computados para a Aposentadoria Especial de Professor e apurou até a DER 25 anos, e 16 dias,
suficientes para a concessão do presente benefício, conforme dispõe o art. 56, §§ 1º e 2º do RPS,
aprovado pelo Decreto 3.048/99.

Desta vez, quem recorre da decisão é o INSS, sustentando que em parte das atividades exercidas
pela segurada, sua função não era de magistério.

Sem contrarrazões.

É o relato.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 07/03/2014 para sessão nº 0053/2014, de 19/03/2014.


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Voto

Da Tempestividade

O recurso especial é tempestivo, visto que o recorrente teve ciência da decisão em 12.11.2013 e
interpôs seu pedido de reforma em 06.12.2013, dentro do prazo de 30 dias concedido para tal ato.

Do Caso Concreto

No caso dos autos, restou controverso o reconhecimento como atividade de magistério parte do
período total laborado pela recorrida, são os seguintes períodos:

Escola Tartaruguinha - de 01/03/1980 - 20/12/1980 - auxiliar de professora;

Instituto Santa Amalia - de 03/02/1981 a 26/07/1981 - auxiliar de classe;

Instituto Santa Amalia - de 27/07/1981 a 28/02/1982 - assistente de período;

Instituto Santa Amalia - de 02/01/1998 a 31/01/1999 - Orientadora Disciplinar; e

Instituto Santa Amalia - de 01/02/1999 a 02/05/2003 - Auxiliar de Orientação Educacional.

Sobre o tema, o STF já proferiu julgamento, cito a ADI 3772, cuja ementa transcrevo:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MANEJADA CONTRA O ART. 1º DA LEI


FEDERAL 11.301/2006, QUE ACRESCENTOU O § 2º AO ART. 67 DA LEI 9.394/1996. CARREIRA DE
MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL PARA OS EXERCENTES DE FUNÇÕES DE DIREÇÃO,
COORDENAÇÃO E ASSESSORAMENTO PEDAGÓGICO. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 40, § 5º, E 201,
§ 8º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE,
COM INTERPRETAÇÃO CONFORME. I - A função de magistério não se circunscreve apenas ao
trabalho em sala de aula, abrangendo também a preparação de aulas, a correção de provas, o
atendimento aos pais e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção
de unidade escolar. II - As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico
integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico,
por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as
desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, § 8º, da
Constituição Federal. III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com interpretação
conforme, nos termos supra. (ADI 3772, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão:
Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 29/10/2008, DJe- 059 DIVULG
26-03-2009 PUBLIC 27-03-2009 REPUBLICAÇÃO: DJe-204 DIVULG 28-10-2009 PUBLIC 29-10-2009
EMENT VOL-02380-01 PP-00080 RTJ VOL-00208-03 PP-00961)
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Observe-se que o próprio STF fez questão de incluir em sua ementa as vastas atividades do
magistério, sendo que estas não estão limitadas as de professor.

Não há necessidade de laudos, pareceres ou até mesmo declarações de instituições para


reconhecer a atividade, porquanto seu enquadramento não necessita de aguçada análise.

Não vejo motivo para que sejam excluídos da contagem de tempo de magistério os períodos
recorrido, porquanto auxiliar professor, auxiliar na classe, assistente de período, orientação
disciplinar e auxiliar na educação são atividades que deixam transparecer o seu caráter de
magistério.

Corroborando com o enquadramento, temos a declaração da instituição de ensino apresentada,


que explica expressamente o que a segurada fazia em suas atividades, mesmo que
superficialmente.

Inclusive, é de se reparar que algumas das atividades citadas constam na ementa do julgamento
da ADI acima colacionada.

O INSS traz a tona alegação de que supostamente a segurada poderia ser especialistas em
educação, o que não daria direito ao reconhecimento da atividade como de magistério.

Neste sentido, uma simples leitura no julgamento da ADI 3772 elucida qualquer dúvida,
especialmente na discussão tida quando do proferimento do voto vencedor por maioria do Min.
Ricardo Lewandowski:

O SR. MINISTRO GILMAR MENDES (PRESIDENTE) - No sentido de deixar claro que seriam
professores no exercício, também, da atividade de direção de unidade, de coordenação e
assessoramento pedagógico. Portanto, Vossa Excelência propõe uma procedência parcial, dando
uma interpretação conforme.

O SR. MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - Exatamente.

Ou seja, o professor que está exercendo a atividade de orientação, têm direito ao enquadramento
da atividade, com o intuito de proteger o professor de carreira, o que se aplica ao caso concreto.

Essa foi uma tentativa de exclusão desta aposentadoria, daqueles que não são professores, mas
exercem cargos dentro da escola, como de direção e orientação (que também podem ser
exercidos por professores).

ANTE TODO O EXPOSTO, voto no sentido de conhecer o recurso especial interposto, mantendo a
decisão proferida pela Junta de Recursos a quo.

CAIO CESAR AUADA


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Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

LUSIA MASSINHAN

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 634 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros LUSIA MASSINHAN e SANDRA


MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS.

CAIO CESAR AUADA

Relator(a)

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente
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1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.099615/2013-50

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL EUNÁPOLIS

Benefício: 21/158.162.227-6

Espécie: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA

Recorrente: ALAIDE TEIXEIRA BATISTA DE JESUS - Titular Capaz

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: REVISÃO

Relator: RAFAELA COBRA CASSETARI

EMENTA:

PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTE MENOR DE 16 ANOS. HABILITAÇÃO APÓS 30 DA DATA DO


ÓBITO. POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO RETROATIVO À DATA DO ÓBITO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório

Trata-se de recurso especial interposto pela beneficiária ALAÍDE TEIXEIRA BATISTA DE JESUS na
data de 04/12/2013 em face da decisão da 7ª Junta Recursal que negou provimento ao pedido do
pagamento retroativo em decorrência do processamento de revisão para inclusão de dependente
no benefício de pensão por morte NB 21/158.162.227-6.

A beneficiária, ora recorrente, é titular do benefício pensão por morte com data da entrada do
requerimento em 27/11/2012 (DER 27/11/2012) pelo falecimento de seu cônjuge ocorrido em
25/11/2007.

Pensão Por Morte NB 21/158.162.227-6

Data da Entrada do Requerimento DER 27/11/2012

Data do Óbito do segurado instituidor 25/11/2007

Data do Início do Benefício DIB 27/11/2012

Data do Início do Pagamento DIP 27/11/2012


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Na data de 19.12.2012, a recorrente requereu a revisão do referido benefício solicitando a


inclusão do filho do casal, nascido em 19/06/2007, no rol dos dependentes, com apresentação da
Certidão de Nascimento (fls. 33).

A revisão foi processada e deferida incluindo o filho menor de idade no rol de dependentes a
partir da data do Pedido de Revisão (19.12.2012) por se tratar de habilitação tardia (quando há
dependente já habilitado recebendo o benefício) com a apresentação da Certidão de Nascimento
somente no pedido de revisão, portanto, sem direito a pagamentos retroativos (fls. 53).

Data do Pedido de Revisão DPR 19.12.2012

Motivo da Revisão Inclusão de filho menor de idade no rol de dependentes

Data de Nascimento DN 19.06.2007

Idade do menor ao momento da Revisão 15 anos e seis meses

Data do Início do Pagamento DIP 19.12.2012

Importante destacar que, num primeiro momento (fls. 42) a reviso foi concluída com retroação da
data do início do pagamento à data do óbito, resultando em processamento de cálculos para o
período compreendido entre a data do óbito (25.11.2007) e o dia anterior ao requerimento do
benefício (26.11.2012), e, num segundo momento, quando do procedimento para autorização dos
créditos, é que se verifica que a Certidão de Nascimento, documento hábil à comprovação de
dependência, não consta no processo concessório, mas somente a partir do pedido de revisão,
devendo a APS apurar se houve apresentação do referido documento no momento da concessão.

Na declaração a termo, a beneficiária (fls. 45) informou que apresentou a certidão nascimento do
menor na data do requerimento do benefício e que o referido documento foi dispensado pelo
servidor.

Tomando ciência da decisão (19.08.2013) a recorrente interpõe recurso ordinário suscitando que
apresentou a Certidão de casamento e também as certidões dos filhos na data do requerimento
administrativo; que foi dispensada a certidão de nascimento pelo servidor; que, conforme a lei, o
seu filho, menor de 16 anos, tem direito ao recebimento aos valores referentes ao benefício a
partir do óbito.

Nas contrarrazões apresentadas, o INSS sustentou não há direito aos pagamentos requeridos,
tendo em vista o disposto no art. 76 da Lei 8.213/91.
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Em decisão colegiada, a 07ª Junta de Recursos decidiu por negar provimento ao apelo
apresentado por não assistir razão aos pagamentos retroativos à data do óbito por se tratar de
habilitação tardia.

Em sede de recurso especial, interposto em 14.12.2013, suscita a recorrente que, ao requerer a


concessão do benefício, o servidor da APS não acostou aos a Certidão de Nascimento do filho na
condição de dependente: que ao verificar na Carta de Concessão do Benefício a ausência do nome
do filho menor dirigiu-se à agência para regularização do feito: que o filho, nascido em 19.06.1997,
poderia requerer o benefício até a data que completasse 16 anos e 30 dias, com direito ao
recebimento das parcelas retroativas à data do óbito, conforme disposição legal.

Requer, portanto, o pagamento de todas as parcelas referentes ao benefício desde a data do óbito
em favor do filho menor.

Contra-arrazoando o recurso do segurado, o INSS sustentou que, em se tratando de habilitação


tardia, a data do início do pagamento deve ser fixada na data do novo requerimento
administrativo e não do óbito, conforme disposto no artigo 319 da IN 45/ 2010.

Eis o relatório.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 06/03/2014 para sessão nº 0070/2014, de 18/03/2014.

Voto

Preliminarmente

O art. 31 da Portaria MPS nº 548/2011 (Regimento Interno deste CRPS) prevê o prazo de trinta
dias para que aquele que se sentir lesado pela decisão proferida pela Junta de Recursos apresente
seu recurso especial:

Art. 31. É de trinta dias o prazo para a interposição de recurso e para o oferecimento de
contrarrazões, contado da data da ciência da decisão e da data da intimação da interposição do
recurso, respectivamente.

A contagem deste prazo ocorre na forma estabelecida no art. 26 do mesmo regimento, senão
vejamos:

Art. 26. Os prazos estabelecidos neste Regimento são contínuos e começam a correr a partir da
data da ciência da parte, excluindo-se da contagem o dia do início e incluindo-se o do vencimento.
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____________________________________________

§ 1º O prazo só se inicia ou vence em dia de expediente normal no órgão em que tramita o recurso
ou em que deva ser praticado o ato.

§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento ocorrer em
dia em que não houver expediente ou em que este for encerrado antes do horário normal.

§ 3º Os prazos previstos neste Regimento são improrrogáveis, salvo em caso de exceção expressa.

Consoante se verifica no andamento processual, não há notificação de recebimento por parte do


segurado da decisão proferida pelo colegiado de primeira instância.

Portanto, considero tempestivo o presente Recurso Especial, posto inexistir informação quanto a
data de notificação do segurado, em relação ao julgamento da Junta de Recursos.

No que tange o mérito, assiste razão a recorrente.

O benefício pensão por morte é benefício de prestação continuada, destinado aos dependentes do
segurado, homem ou mulher, que falecer, titular de aposentadoria ou não, conforme expressa
disposição no artigo 201, V, da Constituição Federal e do artigo 74 da Lei 8.213/91.

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,
aposentado ou não, a contar da data:

I - do óbito, quando requerida até 30 dias depois deste;

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior.

III - da decisão judicial no caso de morte presumida.

Pois bem, no caso dos autos, a discussão gira em torno da Data de Início do Benefício pensão por
morte concedida ao filho do falecido instituidor, que contava com 15 anos, 07 meses e 09 dias na
data do pedido de revisão administrativa (DPR 28.01.2013).

Para definição desta data, é necessário levar em conta a legislação vigente no momento do óbito e
a capacidade do dependente que requereu o benefício.

Quanto à legislação, analiso da seguinte forma:

1. Para óbitos ocorridos até o dia 10.11.1997(anterior à publicação da Lei 9.528/97), conta-se a
partir da data:

Do óbito, tratando-se de dependente capaz ou incapaz, observada a prescrição quinquenal de


parcelas vencidas ou devidas, ressalvado o pagamento integral dessas parcelas aos dependentes
menores de dezesseis anos e aos inválidos incapazes.
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2. Para óbitos ocorridos após 11.11.1997 (Lei 9.528/97) a contar da data:

Do óbito, quando requerido até 30 dias destes;

Do requerimento, se requerido depois de 30 dias do óbito;

O beneficiário de 16 anos poderá requerer até 30 dias após completar esta idade, retroagindo ao
dia do óbito.

Analisando os autos, verifico que, no momento do novo requerimento, o menor contava com
menos de 16 anos de idade, tratando-se então, de absolutamente incapaz, contra quem não corre
a prescrição, de acordo com o novo Código Civil, artigos 3º e 198.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a
prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Art. 198. Também não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;

II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;

III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Entendo que contra o absolutamente incapaz não se pode considerar prazos prescricionais ou
decadenciais pois não há como exigir de pessoa incapaz para os atos da vida civil que defenda seus
direitos ou que seja responsável pela preservação deles.

E nesse sentido, aduz o artigo 79 da Lei 8.213/91:

Art. 79. Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensionista menor, incapaz ou ausente,
na forma da lei.

Observo que a decisão recorrida, para o deslinde do caso trouxe à baila o disposto no artigo 105, I
do Decreto 3.048/99.

Vejamos:
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Art. 105. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,
aposentado ou não, a contar da data:

I - do óbito, quando requerido até trinta dias depois deste; (Redação dada pelo Decreto nº 5.545,
de 2005);

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso I; ou

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.

§ 1º No caso do disposto no inciso II, a data de início do benefício será a data do óbito, aplicados
os devidos reajustamentos até a data de início do pagamento, não sendo devida qualquer
importância relativa ao período anterior à data de entrada do requerimento. (Nova redação dada
pelo Decreto nº 5.545, de 22/9/ 2005 - DOU DE 23/9/2005).

Ocorre que a r. decisão deixou de atentar que o INSS aplicou essa regra até a edição da Instrução
Normativa INSS/PRES n. 40, de 17.07.2009, que autorizou a considerar devida a pensão por morte
desde a data do óbito, quando requerida pelo dependente menor de dezesseis anos, até trinta
dias após completar essa idade.

Da mesma forma é a regra contida no artigo 318 da Instrução Normativa INSS/PRES n. 45/2010.

Art. 318. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,
aposentado ou não, observando que:

I - para óbitos ocorridos até o dia 10 de novembro de 1997, véspera da publicação da Lei 9.528 de
1997, a contar da data:

a) do óbito, conforme o Parecer MPAS/CJ nº 2.630, publicado em 17 de dezembro de 2001,


tratando-se de dependente capaz ou incapaz, observada a prescrição quinquenal de parcelas
vencidas ou devidas, ressalvado o pagamento integral dessas parcelas aos dependentes menores
de dezesseis anos e aos inválidos incapazes;

b) da decisão judicial, no caso de morte presumida; e

c) da data da ocorrência, no caso de catástrofe, acidente ou desastre; e

II - para óbitos ocorridos a partir de 11 de novembro de 1997, data da publicação da Lei 9.528 de
1997, a contar da data:

a) do óbito, quando requerida:

1. pelo dependente maior de dezesseis anos de idade, até trinta dias da data do óbito; e
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2. pelo dependente menor até dezesseis anos, até trinta dias após completar essa idade, devendo
ser verificado se houve a ocorrência da emancipação, conforme disciplinado no art. 23;

b) do requerimento do benefício protocolizado após o prazo de trinta dias, ressalvada a


habilitação para menor de dezesseis anos e trinta dias, relativamente à cota parte;

c) da decisão judicial, no caso de morte presumida; e

d) da data da ocorrência, no caso de catástrofe, acidente ou desastre, se requerida até trinta dias
desta.

§ 1º Na contagem dos trinta dias de prazo para o requerimento previsto no inciso II do caput, não
é computado o dia do óbito ou da ocorrência, conforme o caso.

§ 2º Para efeito do disposto no caput, equiparam-se ao menor de dezesseis anos os incapazes de


exercer pessoalmente os atos da vida civil na forma do art. 3º do Código Civil assim declarados
judicialmente.

Os inválidos capazes equiparam-se aos maiores de dezesseis anos de idade.

§ 3º Independentemente da data do óbito do instituidor, tendo em vista o disposto no art. 79 e


parágrafo único do art. 103 da Lei 8.213/91 combinado com o inciso I do art. 198 do Código Civil
Brasileiro, para o menor absolutamente incapaz, o termo inicial da prescrição, previsto nos incisos
I e II do art. 74 da citada lei, é o dia seguinte àquele em que tenha alcançado dezesseis anos de
idade ou àquele em que tenha se emancipado, o que ocorrer primeiro, somente se consumando a
prescrição após o transcurso do prazo legalmente previsto.

§ 4º Por ocasião do requerimento de pensão do dependente menor de vinte e um anos, far-se-á


necessária a apresentação de declaração do requerente ou do dependente no formulário
denominado termo de responsabilidade, no qual deverá constar se o dependente é ou não
emancipado, além de outros dados.

Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso especial e no mérito dar- lhe
provimento retroagindo a data do Início do benefício à data do óbito do segurado instituidor
(25.11.2007) com direito ao pagamento retroativo referente ao período de 25.11.2007 a
26.11.2012.

RAFAELA COBRA CASSETARI

Relator(a)

Declaração de Voto
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Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Voto divergente

Em análise ao pedido de recurso verificamos que o benefício de pensão por morte NB


21/158.162.227-6 foi requerido em 27/11/2012, sendo concedido com data de início do benefício
- DIB, em 25/11/2007 e data de início do pagamento - DIP, em 27/11/2012, visto ter sido
requerido após o prazo de 30 dias do óbito.

Inicialmente a pensão foi concedida somente à requerente, visto não ter sido apresentada
certidão de nascimento do filho menor, que teria sido rejeitada pelo servidor do INSS, segundo
alegações da mesma, em fase recursal. Porém, observa-se que nada consta nos autos, que
comprovem suas declarações.

Em 19/12/2012, solicitou revisão de seu benefício para fins de inclusão de seu filho Renato Batista
de Jesus, como dependente/filho, no mesmo benefício, cujos procedimentos de revisão foram
efetivados em 02/2013.

Nesse caso deve ser observado o disposto no Art. 74 e Art. 76, da Lei 8.213/91 - Art. 74. A pensão
por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não,
a contar da data: (Redação alterada pela MP nº 1.596-14, de 10/11/97, convertida Lei nº 9.528, de
10/12/97)

I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste;

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior;

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.

Art. 76. A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro
possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou
inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação.

Nesses termos, uma vez que o benefício foi requerido após trinta dias da data do óbito do
instituidor, fixa-se a data de início do pagamento - DIP, na data do requerimento administrativo,
que, no caso em apreço, ocorreu somente em 27/11/2012, cinco anos após a data do óbito.
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De acordo com o art. 76 da Lei 8.213/91, podemos inferir que a habilitação, no caso inclusão,
posterior do dependente somente deverá produzir efeitos a contar desse episódio, de modo que
não há que falar em efeitos financeiros para momento anterior à inclusão do dependente.

Esta relatora entende que não se trata de requerimento de benefício, em favor de menor de 16
anos, mas de revisão para inclusão do dependente, em data posterior à concessão do benefício
que foi efetivada em favor somente da Sra. Alaíde Teixeira Batista de Jesus, haja vista não ter sido
apresentados documentos relativos aos outros dependentes (filhos), o que configura habilitação
tardia de dependente.

A concessão do benefício para momento anterior à inclusão do dependente/filho, acarretaria a


inobservância dos arts. 74 e 76 da Lei 8.213/91.

Ademais, a concessão do benefício e/ou inclusão do dependente somente se efetiva mediante a


comprovação de sua condição através de documentos comprobatórios, o que somente ocorreu
em 19/12/2012, quando protocolou pedido de revisão para alterar dependentes da pensão, de
benefício já concedido em data anterior.

Diante do exposto, considero que não merece reforma a decisão proferida pela 07ª Junta de
Recursos/CRPS, através do Acórdão nº 5477/2013, pelos fundamentos acima mencionados.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de preliminarmente conhecer do recurso e, no


mérito NEGAR-LHE provimento.

SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo

Declaração de Voto

Concordo com a Relatora.

A Lei 9.784/99 claramente atribui à Administração Pública o dever de orientar o administrado, in


verbis: "Art. 6º Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de
documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais
falhas.”

A Lei também determina que a Administração deve atuar de ofício, imputando a ela o dever de
produzir as provas necessárias, como podemos depreender se simples leitura do inciso XII do art. 2
da Lei 9.784/99, litteris: "XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da
atuação dos interessados;"
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No âmbito previdenciário, a Lei 8.213/99 atribui ao INSS a responsabilidade de orientar os


beneficiários, nos termos do art. 88: "Art. 88. Compete ao Serviço Social esclarecer junto aos
beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles
o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social,
tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade."

Portanto, é claro nas leis que é a atribuição do INSS para orientar a beneficiária quanto seus
direitos.

Ela compareceu na APS requerendo sua pensão. Apresentou a Certidão de Óbito (fl. 07) com a
informação de que o falecido deixou filhos. O dever legal imposto ao INSS era para que, de ofício,
impulsionasse a apresentação dos documentos para a comprovação dos filhos como dependentes.
Não consta registro no processo de que houve a correta instrução processual, nem ao menos uma
carta de exigência solicitando certidão de nascimento do filho. Omitiu-se a Autarquia em cumprir
sua responsabilidade em prejuízo do administrado, violando todos os dispositivos legais que
mencionei.

Portanto, não pode a Autarquia lograr êxito por sua desídia, por não ter descumprido o que a Lei a
determina.

Voto com a relatora.

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 775/2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR MAIORIA, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros ANA PAULA FERNANDES e SANDRA


MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS.

RAFAELA COBRA CASSETARI

Relator(a)

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN


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Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.061183/2013-12

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL JUIZ DE FORA - SÃO DIMAS

Benefício: 31/553.876.116-5

Espécie: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO

Recorrente: CARLOS HENRIQUE DA FONSECA - Titular Capaz

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: RESTABELECIMENTO

Relator: MARILEIA TONIETTO

EMENTA:

POSSIBILIDADE DE PRORROGAÇÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO. COMPROVAÇÃO DA


PERSISTÊNCIA DA INCAPACIDADE LABORATIVA MEDIANTE APRESENTAÇÃO DE ATESTADOS
MÉDICOS PELO SEGURADO. PARECER TÉCNICO DO INSS DESCONSIDERADO, COM BASE NO ARTIGO
50 DA LEI Nº 9.784/99. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório

Trata-se de Recurso Especial interposto pelo Sr. CARLOS HENRIQUE DA FONSECA, ora Recorrente,
contra decisão proferida pela 9ª Junta de Recursos, mediante Acórdão nº 3489/2013, que
manteve indeferimento do INSS, ora Recorrido, negando pedido de prorrogação do benefício de
auxílio-doença previdenciário (NB: 31/553.876.116-5).

O benefício foi requerido em 04/11/2012 e cessado em 21/06/2013.

O Recorrente alega não conseguir fazer esforços físicos, o que lhe impossibilita de desempenhar a
função de servente de obras. Fundamenta sua alegação em receituário e atestado médicos
emitidos em 28/06/2013, onde consta sua incapacidade para o trabalho.

Documentos são encaminhados à perícia médica para que se pronuncie. Em 07/08/2013 é


“realizada revisão analítica recursal” e emitido “Parecer Técnico Fundamentado”, mantendo a DCB
anterior.
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Sob a apreciação da 9ª Junta de Recursos, o pedido do Recorrente é indeferido, em 04/10/2013,


com base nos “pareceres médicos que instruem os autos” e no fato de o segurado não ter
“apresentado novos elementos médicos que pudessem alterar a decisão recorrida”.

Inconformado, o Recorrente interpôs, em 18/11/2013, Recurso a presente Câmara, anexando aos


autos receituário e atestado médicos, datados de 01/11/2013, que reafirmam sua condição de
incapacidade para o trabalho. Apresenta, também, exame nº 7264 - radiografia da coluna lombar.

Em contrarrazões, o INSS solicita manutenção da decisão da primeira instância administrativa.

Esse o relatório.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 05/03/2014 para sessão nº 0050/2014, de 12/03/2014.

Voto

Recurso considerado tempestivo, conforme § 1º do art. 305 do Regulamento da Previdência


Social-RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 e pelo art. 31, da Portaria Ministerial nº 548/2011,
vez que inexiste nos autos comprovação de recebimento da comunicação da decisão.

O art. 78 do Decreto 3.048/99 dispõe que:

“O auxílio-doença cessa pela recuperação da capacidade para o trabalho, pela transformação em


aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer natureza, neste caso se resultar
sequela que implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia”.

A lide reside na controvérsia quanto à cessação do benefício sem que o Recorrente tenha
condições de retornar ao trabalho.

“Parecer técnico” emitido por médico perito do INSS conclui pela manutenção da cessação do
benefício.

Entretanto, o laudo, intitulado “Parecer Técnico Fundamentado”, é genérico e totalmente


imotivado. Não estabelece nenhuma relação entre o trabalho exercido pelo segurado e sua
capacidade para exercê-lo. Restringe-se à lacônica informação: “não apresenta dados novos que
comprovem incapacidade laborativa. Mantenho DCB anterior”.

Portanto, com base no artigo 50, especialmente os incisos I e V, da Lei nº 9.784/99, não há como
levar em consideração tal “Parecer Técnico Fundamentado”, em razão de sua total ausência de
fundamentação.
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Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

Assim, considerando que os atestados médicos anexados aos autos pelo Recorrente informam sua
incapacidade para o trabalho e diante da impossibilidade de realização de exames periciais por
médicos cedidos ao CRPS em razão da publicação da Portaria Conjunta CRPS/INSS/nº 19/2012,
entendo que o segurado faça jus à prorrogação do benefício de auxílio-doença até a data de
realização de avaliação médica pelo INSS, que indicará a cessação ou a continuidade de
recebimento do benefício.

Perante o exposto, voto por CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO DO SEGURADO.

MARILEIA TONIETTO

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

BRUNA CORREIA

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN


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Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 575 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) BRUNA CORREIA.

MARILEIA TONIETTO

Relator(a)

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 35601.001624/2013-82

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CAMPINAS AMOREIRAS

Benefício: 41/160.986.438-4

Espécie: APOSENTADORIA POR IDADE

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: KIKUO WATANABE

Assunto: REVISÃO DO ATO CONCESSÓRIO

Relator: AMANDA DE MIRANDA MAISTER

EMENTA:

APOSENTADORIA POR IDADE. REVISÃO DO BENEFÍCIO. VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECONHECIDO


PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. POSSIBILIDADE. EXIGÊNCIA DE PROVA MATERIAL PARA CONVOLAR
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SENTENÇA TRABALHISTA. INSEGURANÇA JURÍDICA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS PROTETIVOS DA


PREVIDÊNCIA SOCIAL. RECURSO CONHECIDO E NEGADO AO INSS.

Relatório

KIKUO WATANABE, através de procurador devidamente constituído, procurou o INSS para


requerer a revisão de aposentadoria por idade que lhe foi concedida a partir de 13/05/2013, sob o
número de benefício NB 160.986.438-4.

Instruiu os autos com os seguintes documentos:

- RG e CPF, certidão de casamento, comprovante de residência;

- Reclamatória trabalhista.

O requerimento de revisão protocolado em 24/05/2013 pelo segurado, solicita revisão do


benefício para inclusão do período trabalhado para a empresa FENES - FÁBRICA DE ENGRENAGENS
ESPECIAIS LTDA., conforme descrição do processo judicial da 03ª Vara do Trabalho de Campinas.

Através de carta de exigências a Autarquia solicitou que o segurado apresentasse original ou cópia
autenticada integral do processo trabalhista.

Tal exigência foi atendida.

Mesmo assim o INSS indeferiu tal pedido.

Diante do exposto assim decidiu a 07ª Junta de Recursos do CRPS através de acórdão de nº
4877/2013:

Ressaltados os dispositivos acima e em atenção à pretensão recursal, efetuada a análise da


documentação apresentada e na instrução do processo, verificando-se que a pretensão visa a
inclusão do período referente ao vínculo empregatício com a empresa Fenes-Fábrica de
Engrenagens Especiais Ltda., conforme sentença proferida no processo judicial da 3ª Vara do
Trabalho de Campinas, processo nº 1049/01/6, sendo que toda a documentação acostada no
referido processo foi devidamente apreciada pelo juízo trabalhista em primeira e segunda
instâncias, sendo exarada a sentença reconhecendo-se o período de 18/06/99 a 18/05/2001 como
vínculo empregatício com a referida empresa, constando à p. 562/563 os recolhimentos
previdenciários via GPSs, portanto, não pode o INSS efetuar análise de valoração das provas
documentais dos autos da ação trabalhista, uma vez que já o foram pelo juízo competente, não
sendo plausível se valer de Orientações Internas e/ou Instruções Normativas, em detrimento da
segurança jurídica que o Acórdão prolatado pelo Tribunal do Trabalho representa, inclusive, há
reservas na legislação previdenciária quando se verifica a instrução de ação trabalhista baseada
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em provas exclusivamente testemunhais, o que não aconteceu no presente caso, portanto, não se
sustenta a fundamentação do INSS em manter a decisão recorrida.

Diante do exposto acima, entende esta Conselheira que deverá o INSS efetuar a revisão solicitada
pelo segurado para proceder à inclusão do período de 18/06/99 a 18/05/2001 no cômputo do
tempo de contribuição do benefício concedido, efetuando-se as devidas alterações que
produziram referida inclusão.

Assim sendo, cabe a reforma da decisão, atendendo-se à pretensão recursal.

Submeto este entendimento aos demais Conselheiros do presente Colegiado.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO PELO CONHECIMENTO DO RECURSO para, no mérito, DAR-LHE
PROVIMENTO, conforme fundamentado no voto.

Inconformado o INSS recorre a este colegiado através de recurso especial fundamento em síntese
seu recurso que o segurado apresentou cópia do processo trabalhista e que o Acórdão em última
instância reconhece o período de 18/06/99 a 18/05/2001 como empregado, tecendo
considerações sobre a documentação presente no referido processo e que nestes casos tem sido
considerado como prestação de serviços autônomo, de acordo com o art. 92 da OI 172/207 e arts.
90 a 91 da IN/45 determina que o tempo de contribuição dependerá da existência de indício de
prova material e que os documentos não formam convicção quanto à prestação de serviços na
qualidade de empregado e que, usualmente, tem sido considerado como prestador de serviços,
mantendo-se o indeferimento.

Sem contrarrazões por parte do recorrido.

É o relatório, apresento o feito para julgamento em mesa.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 13/02/2014 para sessão nº 0043/2014, de 11/03/2014.

Voto

Preliminarmente ressalta-se que o Recurso foi tempestivamente interposto nos moldes do § 1º do


art. 305 do Decreto 3.048/99.

A Constituição Federal de 1988, na redação original de seu artigo 201, § 4º, assim dispunha:

"Art. 201. (...)


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§ 4º Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para


efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na
forma da lei."

Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, a norma em apreço passou a


integrar o parágrafo 11 do artigo 201 da mesma Constituição, com redação idêntica à original.

No plano legislativo, o artigo 29, § 3º, da Lei nº 8.213/91, em sua redação original, assim dispunha:

"Art. 29. (...)

§ 3º Serão considerados para o cálculo do salário de benefício os ganhos habituais do segurado


empregado, a qualquer título, sob forma de moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais tenha
incidido contribuição previdenciária."

A mesma norma, na redação dada pela Lei nº 8.870, de 1994, assim dispõe:

"Art. 29. (...)

§ 3º Serão considerados para cálculo do salário de benefício os ganhos habituais do segurado


empregado, a qualquer título, sob forma de moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais tenha
incidido contribuições previdenciárias, exceto o décimo terceiro salário (gratificação natalina)."

Diante dessas premissas, indaga-se acerca do direito do segurado empregado de agregar, aos
salários de contribuição incluídos no período básico de cálculo de seu benefício, verbas
trabalhistas que, não tendo sido adimplidas normalmente, por seu empregador, tenham
constituído objeto de reclamatória trabalhista julgada procedente.

Pois bem esta relatora entende que tais verbas devem ser agregadas aos salários de contribuição
dos meses do período básico de cálculo a que corresponderem, desde que, por força de lei, ou por
sua natureza, elas integrem tais salários de contribuição.

No caso, tenho que a sentença proferida em reclamatória trabalhista constitui prova suficiente
para a análise da situação. É que a aludida reclamatória é contemporânea ao período do
desligamento do segurado. Ademais, inexistem evidências de qualquer conluio entre empregador
e empregado, pois a decisão não foi meramente homologatória, constituindo-se em sentença
condenatória (reconhecendo a relação do emprego entre os demandantes e condenando a
empresa FENES - FÁBRICA DE ENGRENAGENS ESPECIAIS LTDA. a salário, aviso prévio e demais
consectários legais.

Cumpre ainda ressaltar que a empresa reclamada fez o recolhimento previdenciário após a
condenação.
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____________________________________________

Não pode a autarquia invalidar ou não reconhecer o pronunciamento de um Poder da República, e


mais, produzido dentro do contraditório e do devido processo legal, autênticos corolários
republicanos.

Pensar desta forma é o mesmo que passar uma borracha em todo o ofício judicante da
especializada e afirmar que de nada valeu.

Imprimir a exigência da prova material para convolar a sentença trabalhista dentro do Direito
Previdenciário é abrigar um temido choque institucional entre os poderes republicanos, além de
dificultar, ao arrepio da lei, o acesso ao constitucional pacote protetivo denominado Previdência
Social, sem falar da indesejada insegurança jurídica.

Portanto não há o que se falar em reforma do acórdão, pois tal decisão está em conformidade
com o Decreto nº 3.048/99 em seu artigo 347.

Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do recurso interposto pelo INSS e no mérito
NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos termos da fundamentação.

AMANDA DE MIRANDA MAISTER

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 462 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR
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____________________________________________

PROVIMENTO AO INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) ANA PAULA FERNANDES.

AMANDA DE MIRANDA MAISTER

Relator(a)

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.070938/2013-61

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BARRA MANSA

Benefício: 42/162.671.155-8

Espécie: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Recorrente: CARLOS ROBERTO BRITO ALVES

Recorrente: GERALDO PEDRO NAZARENO DA SILVA

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: INDEFERIMENTO

Relator: BRUNA CORREIA

EMENTA:

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ART. 56 DO DECRETO 3.048/99. ATIVIDADES


ESPECIAIS NÃO RECONHECIDAS PELA AUTARQUIA. ENQUADRAMENTO POR CATEGORIA
PROFISSIONAL. POSSIBILIDADE POR QUALQUER MEIO DE PROVA. VIGIA/VIGILANTE. CÓDIGO 2.5.7
DO DECRETO 53.831/64. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório
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____________________________________________

GERALDO PEDRO NAZARENO DA SILVA, doravante denominado Recorrente, interpôs recurso


contra o acórdão nº 2045 / 2013, proferido pela 12ª JRPS, em favor do INSTITUTO NACIONAL DO
SEGURO SOCIAL - INSS, doravante denominada Recorrida.

Trata-se de requerimento administrativo para a concessão de aposentadoria por tempo de


contribuição, espécie 42, NB 162.671.155-8, efetuado em 09/05/2013, quando o Recorrente
contava com 54 anos de idade.

O benefício foi indeferido, pois se computou 33 anos, 03 meses e 26 dias de tempo de


contribuição até a DER, insuficientes, portanto, para a concessão do benefício requerido.

Para o cômputo acima, todos os vínculos em CTPS foram considerados, bem como o período de
01/08/1994 a 28/04/1995, sob condições especiais dado o desempenho da atividade de motorista
de caminhão. Todavia não houve conversão do período de 01/07/1986 a 03/01/1991, laborado na
condição de vigilante.

O Órgão Julgador de 1ª Instância manteve o indeferimento sob o seguinte fundamento: “Impende


salientar que, para o período alegadamente trabalhado como vigilante, de 01/07/1986 a
03/01/1991, não foram apresentados formulários PPP/DSS-8030, sendo que consta no campo
“Cargo”, da CTPS do Recorrente, “Fiscal de Loja”, pelo que não pode ser considerado para análise
por categoria profissional.” (sic).

Irresignado, o Recorrente interpôs Recurso Especial a este Colegiado, alegando, em síntese, que
nas anotações da CTPS anexa, pág. 55, a partir de 01/03/1984 passou a exercer a função de vigia e
conforme anotação na pág. 56 do mesmo documento, a partir de 01/07/1986, sua função foi
alterada para vigilante, inclusive portando arma de fogo.

A Recorrida apresentou contrarrazões, solicitando a manutenção da decisão recorrida, haja vista a


inexistência de formulário para o período requerido como especial.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 16/04/2014 para sessão nº 0117/2014, de 08/05/2014.

Voto

Ressalta-se, preliminarmente, a tempestividade do recurso interposto nos moldes do § 1º do art.


305 do Decreto 3.048/99.

Cumpre salientar, primordialmente, que o Conselheiro no exercício de sua atividade, não está
vinculado à manifestação da Perícia Médica e sim aos princípios do livre convencimento motivado
e da persuasão racional do julgador, como estabelece o Código de Processo Civil, de aplicação
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____________________________________________

subsidiária aos julgamentos desta Corte, por determinação do art. 71 do Regimento Interno do
Conselho de Recursos da Previdência Social.

Outrossim, A Instrução Normativa nº 01 do CRPS em seu art. 3º dispõe que: “Os Órgãos Julgadores
não estão adstritos ao pronunciamento técnico da assessoria médica ou jurídica, podendo formar
a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, desde que fundamentada a
decisão, sob pena de nulidade”.

- BREVE RESUMO QUANTO A VERIFICAÇÃO DA ATIVIDADE ESPECIAL

- somente é admissível a conversão de atividade especial em comum, sendo vedada a conversão


de atividade comum em especial, nos termos do § 5º do art. 57 da Lei nº 8.213/91, eis que a Lei nº
9.032/95 passou a vedar essa conversão.

Desde então, o deferimento de aposentadoria especial reclama que todo o período seja especial.
Possuindo o segurando tempo de serviço especial e tempo de serviço comum, transforma-se todo
o período em comum;

- até a vigência da Lei nº 9.032/95 (28.04.1995) é possível a caracterização da atividade especial


pela categoria profissional do segurado, existindo a presunção da insalubridade, penosidade ou
periculosidade. Ou, no caso de presença de agentes nocivos, verificava-se se o agente descrito no
formulário da empresa constava dos anexos dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79. A prova da
exposição ao agente nocivo poderá ser realizada por qualquer meio, exceto para ruído e calor
quando será necessária a apresentação de laudo técnico, ainda que emitido pela empregadora;

- após a Lei nº 9.032/95 (29.04.1995) até 05.03.97 (primeiro dia anterior a vigência do Decreto nº
2.172/97), exige-se a demonstração efetiva de exposição, de forma permanente, não ocasional
nem intermitente, a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física. A prova da exposição
poderá ser feita por qualquer meio de prova (exceto ruído), considerando-se suficiente a
apresentação de formulário padrão emitido pela empresa, sem exigência de embasamento em
laudo técnico;

- a partir de 06.03.97 (data que entrou em vigor o Decreto nº 2.172/97), o enquadramento da


atividade como especial exige a comprovação da efetiva exposição aos agentes nocivos de forma
habitual e permanente, não ocasional nem intermitente, por meio de laudo técnico ou por meio
de perícia técnica;

- é possível a conversão da atividade especial em comum mesmo após a vigência da Lei nº


9.711/98, em razão da flagrante inconstitucionalidade da não utilização de critérios diferenciados
para o trabalhador exposto a condições notoriamente insalubres, perigosas e penosas. Este,
inclusive, é o entendimento aplicado na via administrativa pelo INSS;
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- quanto ao agente insalubre ruído, o tempo de trabalho laborado com exposição a este agente é
considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80
decibéis, que vigora até 05.03.1997, termo final da vigência das disposições relativas ao agente
físico ruído estabelecidas pelo Decreto nº 53.831/64; de 06/03/1997 a 06/05/1999, superior a 90
decibéis conforme anexo IV do Decreto n. 2.172/97; de 07.05.1999 a 18.11.2003, superior a 90 dB
(A) como dispõe o anexo IV do Decreto n. 3.048/99, em sua redação original. Nesse contexto,
destacamos que a Turma Nacional de Uniformização, na Oitava Sessão Ordinária de 9 de outubro
de 2013, aprovou, por unanimidade, o cancelamento da Súmula nº 32 (PET 9059/STJ), dada a
impossibilidade de retroação da norma mais recente para período anterior a sua vigência. A partir
de 19.11.2003, superior a 85 decibéis conforme anexo IV do Decreto n. 3.048/1999 com a
alteração introduzida pelo Decreto n. 4.882/2003.

- no caso de ruído, a notícia de fornecimento de equipamento de proteção individual não enseja a


descaracterização da especialidade da atividade desenvolvida, nestes termos, a súmula 09 da TNU
prescreve que “o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a
insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial
prestado”. A doutrina pátria, também tem se posicionado nesse sentido, como muito bem leciona
Marina Vasques Duarte: “(...) estudos científicos demonstram que o ruído pode ser nocivo não
apenas por redução auditiva, mas também por impactar a estrutura óssea, hipótese em que o
protetor auricular fornecido como EPI não é hábil a afastar toda e qualquer possibilidade de
prejuízo à saúde” (DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 4ª ed. Verbo Jurídico. p. 181).
Ademais, o Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS, já pacificou este entendimento ao
editar o enunciado nº 21. “O simples fornecimento de equipamento de proteção individual de
trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos
à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de trabalho.”

- DO CASO CONCRETO

Vislumbra-se em cópia da CTPS acostada em fase recursal, que para o período controverso seu
registro possui como função a denominação de "fiscal de loja". Todavia, na página 55 do aludido
documento, há informação de que a partir de 01/03/1984 passou a exercer a função de vigia e a
partir de 01/07/1986 a função de vigilante (fls. 166/167 dos autos).

Insta salientar, que estas informações são corroboradas pelas anotações que tratam das
alterações de salário.

Nesse sentido, o código 2.5.7 do Decreto 53.831/64 previa enquadramento por categoria
profissional ao guarda, cabendo, ainda, extensão ao vigia ou vigilante.
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Muito se discute acerca da imprescindibilidade da utilização de arma de fogo, no entanto, o


Decreto não previu esta exigência. Outrossim, o risco está justamente no exercício da atividade
que se faz pela proteção aos crimes contra o patrimônio, independente do porte.

"(...) Ressalto, por oportuno, que o fato de não ter ficado comprovado que o autor desempenhou
suas atividades munido de arma de fogo não impede o reconhecimento do tempo especial, uma
vez que o Decreto 53.831 /64, código 2.5.7, não impõe tal exigência para aqueles que tenham a
ocupação de "guarda", a qual, como exposto, é a mesma exercida pelos vigilantes". (TRF3,
APELREEX 2559 SP 0002559-50.2005.4.03.6105, Relatora DESEMBARGADORA FEDERAL
THEREZINHA CAZERTA, Julgamento 26/08/2013, Órgão Julgador: Oitava Turma).

Portanto, os períodos de 01/03/1984 a 03/01/1991 merecem enquadramento pelo código 2.5.7


do Decreto 53.831/64.

Com o enquadramento alhures, o Recorrente passa a obter mais de 35 anos de tempo de


contribuição, fazendo jus a percepção do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição
na forma integral, como pressupõe o art. 56 do Decreto 3.048/99.

DISPOSITIVO

Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso e, no mérito, DAR-LHE provimento.

BRUNA CORREIA

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

AMANDA DE MIRANDA MAISTER

Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 1135 / 2014


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Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) AMANDA DE MIRANDA MAISTER.

BRUNA CORREIA

Relator(a)

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.071253/2013-32

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NOVA FRIBURGO

Benefício: 87/700.352.757-0

Espécie: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL À PESSOA COM


DEFICIÊNCIA

Recorrente: ROSENILDA GOMES - Tutor

Recorrente: MARCOS VINICIUS GOMES MUNHOOZ

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: INDEFERIMENTO

Relator: SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

EMENTA:

BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL À PESSOA COM DEFICIÊNCIA.


DIREITO CONFIGURADO. DESNECESSÁRIA A COMPROVAÇÃO INCAPACIDADE COM IMPEDIMENTO
DE LONGO PRAZO. BASTA COMPROVAÇÃO DE IMPEDIMENTO PARA EXERCÍCIO DE ATIVIDADE
LABORAL PARA O PRÓPRIO SUSTENTO RECURSO CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório
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Trata o presente de recurso especial interposto pela Sra. Rosenilda Gomes da Paixão, recorrente,
contra a decisão proferida pela 10ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência
Social, através do Acórdão nº 1846/2013, em que foi negado provimento ao seu pedido de
recurso, sendo mantida a decisão de indeferimento de seu benefício proferida pelo Instituto
Nacional do Seguro Social, ora recorrido.

A interessada Sra. Rosenilda Gomes da Paixão protocolou em 28/06/2013, pedido de benefício de


amparo social ao portador de deficiência em favor de seu filho Marcos Vinicius Gomes Munhooz,
quando além de dos documentos de identificação, apresentou requerimento em formulário
próprio em que declara que vivem sob o mesmo teto: o requerente, seus pais e 03 irmãos: Jéssica,
Yasmin e Miguel, com renda mensal familiar de R$ 803,00.

O requerimento foi indeferido pelo INSS, em 05/07/2013, pelo motivo: Não há incapacidade para
a vida e para o trabalho.

Contra a decisão do Órgão Previdenciário, a interessada interpôs recurso à Junta de Recursos do


Conselho de Recursos da Previdência Social, em que requer, em síntese, a concessão do benefício
para poder custear as despesas com o tratamento de seu filho.

Através do Acórdão nº 1846/2013, proferido pela 10ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos
da Previdência Social, evento 14, foi negado provimento ao recurso, conforme a conclusão: Para
que seja concedido o amparo assistencial ao deficiente físico, faz-se necessário a comprovação de
forma inequívoca quanto à deficiência física que a torne incapacitada para a vida laborativa, e
ainda, a comprovação de não possuir meios de prover a própria manutenção ou de não tê-la
provida por seus familiares. Fatos esses não comprovados. Desta forma, diante do que foi
discorrido e por não estarem presentes os pressupostos necessários ao reconhecimento do
benefício, de que tratam os §§ 2º e 3º do art. 20 da Lei 8.742/93, entendo que o recorrente não
faz jus ao benefício pleiteado.

Irresignada, a interessada, apresenta recurso especial a esta Câmara de Julgamento do Conselho


de Recursos da Previdência Social, em 28/11/2013, evento 19, em que manifesta sua
inconformidade com a decisão de indeferimento de seu pedido de recurso, visto que ele precisa
do benefício para manutenção de sua família.

As contrarrazões apresentadas pelo INSS convergem no sentido de manter a decisão da 10ª Junta
de Recursos/CRPS, em seus precisos termos, pela manutenção do indeferimento do benefício,
visto que consta dos autos, eventos DESP1 e DESP2, despacho conjunto da perícia médica e
assistência social no qual se conclui que o requerente não preenche os requisitos para concessão
do benefício.

Inclusão em Pauta
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Incluído em Pauta no dia 18/03/2014 para sessão nº 0070/2014, de 18/03/2014.

Voto

Recurso considerado tempestivo, conforme § 1º do Art. 305 do Regulamento da Previdência Social


- RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 e pelo Art. 31, da Portaria Ministerial nº 548/2011.

Observando o disposto no Art. 20, da Lei 12.435/2011 - “Art. 20 - O benefício de prestação


continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65
(sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família.

§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, considera-se:

1. I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física,
intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas;

2. II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida
independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.

§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família


cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

Observamos que no critério renda familiar, o requerente se enquadra de acordo com a legislação
vigente, pois, com renda mensal de R$ 803,00 para o grupo familiar composto por 06 pessoas,
resulta em renda per capta inferior a ¼ do salário mínimo. Sendo objeto da controvérsia o
reconhecimento da incapacidade para a vida e para o trabalho que caracterize impedimento de
longo prazo.

De acordo com os documentos acostados aos autos, em que pese os pareceres técnicos da Perícia
Médica do INSS, em perícia médica inicial e em fase recursal e diante da ausência de novos
elementos que possam alterar a decisão, decidimos por manter o indeferimento, visto que o
requerente não possui as condições exigidas para obtenção do benefício requerido, de acordo
com os § 2º do Art. 20, da Lei 12.435/2011.

Isto posto, diante da ausência de novos elementos que possam suscitar a realização de nova
avaliação médico pericial, concluímos que não há como alterar a decisão proferida através do
Acórdão nº 1846/2013, da 10ª Junta de Recursos/CRPS, devendo ser mantido o indeferimento do
benefício pelos fundamentos acima mencionados.
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CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de preliminarmente conhecer do recurso e, no


mérito NEGAR-LHE provimento.

SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

Relator(a)

Voto divergente vencedor

Em que pese o respeitável entendimento da Relatora, discordo do seu posicionamento no tocante


a alegação de que o requerente não tenha direito a concessão do Benefício Assistencial, por não
ter logrado êxito em comprovar a deficiência de longo prazo.

As Leis nº 12.435/2011 e 12.470/2011 alteraram a redação da LOAS no que se refere ao requisito


da deficiência do postulante ao benefício, passando a exigir que os impedimentos sejam há longo
prazo, o qual foi estipulado em, no mínimo, dois anos.

A discussão é hermenêutica, e reside na seguinte questão: se a reforma legislativa representa uma


modificação de fundo no conceito de deficiente para fins de concessão do BPC, ou se é apenas
redacional. Considerando que a Lei nº 8.742/93 foi editada para tornar aplicável o artigo 203, V da
Constituição Federal, por ter sido ele considerado de eficácia limitada pelo Supremo Tribunal
Federal, conclui-se que qualquer alteração legislativa não pode infringir o núcleo essencial do
artigo 203, V da CF, sob pena de ser considerando inconstitucional.

Em outras palavras, o direito ao benefício assistencial foi previsto na Constituição Federal (artigo
203, inciso V), a qual delimitou os requisitos básicos, cabendo à lei de regência, no caso, a Lei nº
8.742/93 (LOAS), apenas “esmiuçar” o comando constitucional. Por esta razão, a interpretação
possível acerca da alteração trazida pelas Leis nº 12.435/2011 e 12.470/2011, que modificaram a
redação do artigo 20 da LOAS apenas será a de que não houve mudança na essência dos
requisitos, em especial de pessoa portadora de deficiência, sob pena de afronta à Constituição.

Em relação ao requisito da deficiência, o texto constitucional exige que o beneficiário seja


deficiente, enquanto o artigo 20 § 2º da Lei nº 8.742/93 na redação original determinava que esta
pessoa fosse incapacitada para o trabalho e para a vida independente,

A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU), a propósito, já firmou
posicionamento no sentido de que, para se aferir a incapacidade para os atos da vida
independente para fins de concessão do BPC, não se exige que o indivíduo seja totalmente
dependente de terceiros para os atos da vida cotidiana, mas, sim, que o pretendente ao benefício
tenha efetivamente comprometida sua capacidade produtiva lato sensu. Neste sentido, a TNU
editou a súmula nº 29, com o seguinte teor:
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“Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente
não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a
impossibilita de prover ao próprio sustento.”

Saliente-se que, após a vigência das Leis nº 12.435/2011 e 12.470/2011, a jurisprudência continua
considerando o requisito da deficiência como a incapacidade para o exercício de atividades
laborativas, nos mesmos termos da redação original da LOAS. A manutenção deste entendimento,
mesmo após a alteração legislativa, reforça o argumento de que a nova redação do artigo 20 da
Lei nº 8.742/93 não consistiu em alteração substancial dos requisitos para a concessão do
benefício, continuando a ser considerada a deficiência sob o aspecto econômico, que incapacita o
requerente a exercer atividade laborativa apta ao sustento.

Em relação ao grau de incapacidade para fins de concessão do benefício, a incapacidade para a


vida independente não precisa ser total, podendo o BPC ser concedido quando é constatada pela
perícia médica a incapacidade parcial, principalmente se considerarmos a condição social, cultural
e intelectual da pessoa. A incapacidade parcial (conceito médico) que, aliada a outros fatores,
impossibilita a inserção no mercado de trabalho também preenche o requisito para concessão do
benefício assistencial.

Logicamente que não é qualquer caso de incapacidade parcial que autoriza a concessão do BPC.
Para fins de benefício assistencial, a incapacidade parcial deve estar aliada à impossibilidade de
inserção do mercado de trabalho devido à idade, grau de instrução e tipo de doença. No caso de
incapacidade parcial em que haja possibilidade de reabilitação para o trabalho, o requisito da
deficiência não estará preenchido, o que acarretará no indeferimento do benefício. Não sendo
constatada incapacidade para o exercício de atividade laborativa, o benefício não é devido, por
estar ausente um dos requisitos essenciais.

Entretanto, no caso em tela, observo que a requerente é portador Transtornos globais do


desenvolvimento, F -84, a qual conforme laudo do médico particular corresponde a doença
congênita incurável, o que se confirma através do parecer técnico fundamentado elaborado pela
médica perita do INSS (Patrícia Maria da Costa - Médica Perita - matrícula 1503174), a qual
confirma que o requerente possui doença congênita a qual há previsão de que seja de longo
prazo, embora no momento só possa confirmar impedimento de curto/médio prazo.

Desta forma, com base em toda argumentação explanada, a concessão do Benefício Assistencial
ao portador de deficiência, não está adstrita à comprovação do requisito: doença de longo prazo.
O benefício será devido enquanto perdurar a incapacidade para o trabalho.

Não há que se falar em prejuízo aos cofres públicos, uma vez que o benefício é de caráter precário
podendo ser revisto a qualquer tempo.
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Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, RECEBER o recurso e julgá-lo PROCEDENTE
para os fins acima propostos.

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

RAFAELA COBRA CASSETARI

Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores

Voto divergente

Presidente discorda do voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 576 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR DESEMPATE, de acordo com o voto vencedor do (a)
Conselheiro (a) ANA PAULA FERNANDES e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros ANA PAULA FERNANDES e RAFAELA


COBRA CASSETARI.

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento


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Número do Processo: 44232.099615/2013-50

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL EUNÁPOLIS

Benefício: 21/158.162.227-6

Espécie: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA

Recorrente: ALAIDE TEIXEIRA BATISTA DE JESUS - Titular Capaz

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: REVISÃO

Relator: RAFAELA COBRA CASSETARI

EMENTA:

PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTE MENOR DE 16 ANOS. HABILITAÇÃO APÓS 30 DA DATA DO


ÓBITO. POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO RETROATIVO À DATA DO ÓBITO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório

Trata-se de recurso especial interposto pela beneficiária ALAÍDE TEIXEIRA BATISTA DE JESUS na
data de 04/12/2013 em face da decisão da 7ª Junta Recursal que negou provimento ao pedido do
pagamento retroativo em decorrência do processamento de revisão para inclusão de dependente
no benefício de pensão por morte NB 21/158.162.227-6.

A beneficiária, ora recorrente, é titular do benefício pensão por morte com data da entrada do
requerimento em 27/11/2012 (DER 27/11/2012) pelo falecimento de seu cônjuge ocorrido em
25/11/2007.

Pensão Por Morte NB 21/158.162.227-6

Data da Entrada do Requerimento DER 27/11/2012

Data do Óbito do segurado instituidor 25/11/2007

Data do Início do Benefício DIB 27/11/2012

Data do Início do Pagamento DIP 27/11/2012


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Na data de 19.12.2012, a recorrente requereu a revisão do referido benefício solicitando a


inclusão do filho do casal, nascido em 19/06/2007, no rol dos dependentes, com apresentação da
Certidão de Nascimento (fls. 33).

A revisão foi processada e deferida incluindo o filho menor de idade no rol de dependentes a
partir da data do Pedido de Revisão (19.12.2012) por se tratar de habilitação tardia (quando há
dependente já habilitado recebendo o benefício) com a apresentação da Certidão de Nascimento
somente no pedido de revisão, portanto, sem direito a pagamentos retroativos (fls. 53).

Data do Pedido de Revisão DPR 19.12.2012

Motivo da Revisão Inclusão de filho menor de idade no rol de dependentes

Data de Nascimento DN 19.06.2007

Idade do menor ao momento da Revisão 15 anos e seis meses

Data do Início do Pagamento DIP 19.12.2012

Importante destacar que, num primeiro momento (fls. 42) a reviso foi concluída com retroação da
data do início do pagamento à data do óbito, resultando em processamento de cálculos para o
período compreendido entre a data do óbito (25.11.2007) e o dia anterior ao requerimento do
benefício (26.11.2012), e, num segundo momento, quando do procedimento para autorização dos
créditos, é que se verifica que a Certidão de Nascimento, documento hábil à comprovação de
dependência, não consta no processo concessório, mas somente a partir do pedido de revisão,
devendo a APS apurar se houve apresentação do referido documento no momento da concessão.

Na declaração a termo, a beneficiária (fls. 45) informou que apresentou a certidão nascimento do
menor na data do requerimento do benefício e que o referido documento foi dispensado pelo
servidor.

Tomando ciência da decisão (19.08.2013) a recorrente interpõe recurso ordinário suscitando que
apresentou a Certidão de casamento e também as certidões dos filhos na data do requerimento
administrativo; que foi dispensada a certidão de nascimento pelo servidor; que, conforme a lei, o
seu filho, menor de 16 anos, tem direito ao recebimento aos valores referentes ao benefício a
partir do óbito.

Nas contrarrazões apresentadas, o INSS sustentou não há direito aos pagamentos requeridos,
tendo em vista o disposto no art. 76 da Lei 8.213/91.
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Em decisão colegiada, a 07ª Junta de Recursos decidiu por negar provimento ao apelo
apresentado por não assistir razão aos pagamentos retroativos à data do óbito por se tratar de
habilitação tardia.

Em sede de recurso especial, interposto em 14.12.2013, suscita a recorrente que, ao requerer a


concessão do benefício, o servidor da APS não acostou aos a Certidão de Nascimento do filho na
condição de dependente: que ao verificar na Carta de Concessão do Benefício a ausência do nome
do filho menor dirigiu-se agência para regularização do feito: que o filho, nascido em 19.06.1997,
poderia requerer o benefício até a data que completasse 16 anos e 30 dias, com direito ao
recebimento das parcelas retroativas à data do óbito, conforme disposição legal.

Requer, portanto, o pagamento de todas as parcelas referentes ao benefício desde a data do óbito
em favor do filho menor.

Contra-arrazoando o recurso do segurado, o INSS sustentou que, em se tratando de habilitação


tardia, a data do início do pagamento deve ser fixada na data do novo requerimento
administrativo e não do óbito, conforme disposto no artigo 319 da IN 45/ 2010.

Eis o relatório.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 06/03/2014 para sessão nº 0070/2014, de 18/03/2014.

Voto

Preliminarmente

O art. 31 da Portaria MPS nº 548/2011 (Regimento Interno deste CRPS) prevê o prazo de trinta
dias para que aquele que se sentir lesado pela decisão proferida pela Junta de Recursos apresente
seu recurso especial:

Art. 31. É de trinta dias o prazo para a interposição de recurso e para o oferecimento de
contrarrazões, contado da data da ciência da decisão e da data da intimação da interposição do
recurso, respectivamente.

A contagem deste prazo ocorre na forma estabelecida no art. 26 do mesmo regimento, senão
vejamos:

Art. 26. Os prazos estabelecidos neste Regimento são contínuos e começam a correr a partir da
data da ciência da parte, excluindo-se da contagem o dia do início e incluindo-se o do vencimento.
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§ 1º O prazo só se inicia ou vence em dia de expediente normal no órgão em que tramita o recurso
ou em que deva ser praticado o ato.

§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento ocorrer em
dia em que não houver expediente ou em que este for encerrado antes do horário normal.

§ 3º Os prazos previstos neste Regimento são improrrogáveis, salvo em caso de exceção expressa.

Consoante se verifica no andamento processual, não há notificação de recebimento por parte do


segurado da decisão proferida pelo colegiado de primeira instância.

Portanto, considero tempestivo o presente Recurso Especial, posto inexistir informação quanto a
data de notificação do segurado, em relação ao julgamento da Junta de Recursos.

No que tange o mérito, assiste razão a recorrente.

O benefício pensão por morte é benefício de prestação continuada, destinado aos dependentes do
segurado, homem ou mulher, que falecer, titular de aposentadoria ou não, conforme expressa
disposição no artigo 201, V, da Constituição Federal e do artigo 74 da Lei 8.213/91.

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,
aposentado ou não, a contar da data:

I - do óbito, quando requerida até 30 dias depois deste;

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior.

III - da decisão judicial no caso de morte presumida.

Pois bem, no caso dos autos, a discussão gira em torno da Data de Início do Benefício pensão por
morte concedida ao filho do falecido instituidor, que contava com 15 anos, 07 meses e 09 dias na
data do pedido de revisão administrativa (DPR 28.01.2013).

Para definição desta data, é necessário levar em conta a legislação vigente no momento do óbito e
a capacidade do dependente que requereu o benefício.

Quanto à legislação, analiso da seguinte forma:

1. Para óbitos ocorridos até o dia 10.11.1997(anterior à publicação da Lei 9.528/97), conta-se a
partir da data:

Do óbito, tratando-se de dependente capaz ou incapaz, observada a prescrição quinquenal de


parcelas vencidas ou devidas, ressalvado o pagamento integral dessas parcelas aos dependentes
menores de dezesseis anos e aos inválidos incapazes.
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2. Para óbitos ocorridos após 11.11.1997 (Lei 9.528/97) a contar da data:

Do óbito, quando requerido até 30 dias destes;

Do requerimento, se requerido depois de 30 dias do óbito;

O beneficiário de 16 anos poderá requerer até 30 dias após completar esta idade, retroagindo ao
dia do óbito.

Analisando os autos, verifico que, no momento do novo requerimento, o menor contava com
menos de 16 anos de idade, tratando-se então, de absolutamente incapaz, contra quem não corre
a prescrição, de acordo com o novo Código Civil, artigos 3 e 198.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a
prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Art. 198. Também não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;

II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;

III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Entendo que contra o absolutamente incapaz não se pode considerar prazos prescricionais ou
decadenciais pois não há como exigir de pessoa incapaz para os atos da vida civil que defenda seus
direitos ou que seja responsável pela preservação deles.

E nesse sentido, aduz o artigo 79 da Lei 8.213/91:

Art. 79. Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensionista menor, incapaz ou ausente,
na forma da lei.

Observo que a decisão recorrida, para o deslinde do caso trouxe à baila o disposto no artigo 105, I
do Decreto 3.049/99.

Vejamos:
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Art. 105. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,
aposentado ou não, a contar da data:

I - do óbito, quando requerido até trinta dias depois deste; (Redação dada pelo Decreto nº 5.545,
de 2005);

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso I; ou

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.

§ 1º No caso do disposto no inciso II, a data de início do benefício será a data do óbito, aplicados
os devidos reajustamentos até a data de início do pagamento, não sendo devida qualquer
importância relativa ao período anterior à data de entrada do requerimento. (Nova redação dada
pelo Decreto nº 5.545, de 22/9/ 2005 - DOU DE 23/9/2005).

Ocorre que a r. decisão deixou de atentar que o INSS aplicou essa regra até a edição da Instrução
Normativa INSS/PRES n. 40, de 17.07.2009, que autorizou a considerar devida a pensão por morte
desde a data do óbito, quando requerida pelo dependente menor de dezesseis anos, até trinta
dias após completar essa idade.

Da mesma forma é a regra contida no artigo 318 da Instrução Normativa INSS/PRES n. 45/2010:

Art. 318. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,
aposentado ou não, observando que:

I - para óbitos ocorridos até o dia 10 de novembro de 1997, véspera da publicação da Lei 9.528 de
1997, a contar da data:

a) do óbito, conforme o Parecer MPAS/CJ nº 2.630, publicado em 17 de dezembro de 2001,


tratando-se de dependente capaz ou incapaz, observada a prescrição quinquenal de parcelas
vencidas ou devidas, ressalvado o pagamento integral dessas parcelas aos dependentes menores
de dezesseis anos e aos inválidos incapazes;

b) da decisão judicial, no caso de morte presumida; e

c) da data da ocorrência, no caso de catástrofe, acidente ou desastre; e

II - para óbitos ocorridos a partir de 11 de novembro de 1997, data da publicação da Lei 9.528 de
1997, a contar da data:

a) do óbito, quando requerida:

1. pelo dependente maior de dezesseis anos de idade, até trinta dias da data do óbito; e
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2. pelo dependente menor até dezesseis anos, até trinta dias após completar essa idade, devendo
ser verificado se houve a ocorrência da emancipação, conforme disciplinado no art. 23;

b) do requerimento do benefício protocolizado após o prazo de trinta dias, ressalvada a


habilitação para menor de dezesseis anos e trinta dias, relativamente à cota parte;

c) da decisão judicial, no caso de morte presumida; e

d) da data da ocorrência, no caso de catástrofe, acidente ou desastre, se requerida até trinta dias
desta.

§ 1º Na contagem dos trinta dias de prazo para o requerimento previsto no inciso II do caput, não
é computado o dia do óbito ou da ocorrência, conforme o caso.

§ 2º Para efeito do disposto no caput, equiparam-se ao menor de dezesseis anos os incapazes de


exercer pessoalmente os atos da vida civil na forma do art. 3º do Código Civil assim declarados
judicialmente.

Os inválidos capazes equiparam-se aos maiores de dezesseis anos de idade.

§ 3º Independentemente da data do óbito do instituidor, tendo em vista o disposto no art. 79 e


parágrafo único do art. 103 da Lei 8.213/91 combinado com o inciso I do art. 198 do Código Civil
Brasileiro, para o menor absolutamente incapaz, o termo inicial da prescrição, previsto nos incisos
I e II do art. 74 da citada lei, é o dia seguinte àquele em que tenha alcançado dezesseis anos de
idade ou àquele em que tenha se emancipado, o que ocorrer primeiro, somente se consumando a
prescrição após o transcurso do prazo legalmente previsto.

§ 4º Por ocasião do requerimento de pensão do dependente menor de vinte e um anos, far-se-á


necessária a apresentação de declaração do requerente ou do dependente no formulário
denominado termo de responsabilidade, no qual deverá constar se o dependente é ou não
emancipado, além de outros dados.

Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso especial e no mérito dar- lhe
provimento retroagindo a data do Início do benefício à data do óbito do segurado instituidor
(25.11.2007) com direito ao pagamento retroativo referente ao período de 25.11.2007 a
26.11.2012.

RAFAELA COBRA CASSETARI

Relator(a)

Declaração de Voto
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Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Voto divergente

Em análise ao pedido de recurso verificamos que o benefício de pensão por morte NB


21/158.162.227-6 foi requerido em 27/11/2012, sendo concedido com data de início do benefício
- DIB, em 25/11/2007 e data de início do pagamento - DIP, em 27/11/2012, visto ter sido
requerido após o prazo de 30 dias do óbito.

Inicialmente a pensão foi concedida somente à requerente, visto não ter sido apresentada
certidão de nascimento do filho menor, que teria sido rejeitada pelo servidor do INSS, segundo
alegações da mesma, em fase recursal. Porém, observa-se que nada consta nos autos, que
comprovem suas declarações.

Em 19/12/2012, solicitou revisão de seu benefício para fins de inclusão de seu filho Renato Batista
de Jesus, como dependente/filho, no mesmo benefício, cujos procedimentos de revisão foram
efetivados em 02/2013.

Nesse caso deve ser observado o disposto no Art. 74 e Art. 76, da Lei 8.213/91 - Art. 74. A pensão
por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não,
a contar da data: (Redação alterada pela MP nº 1.596-14, de 10/11/97, convertida Lei nº 9.528, de
10/12/97)

I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste;

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior;

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.

Art. 76. A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro
possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em exclusão ou
inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação.

Nesses termos, uma vez que o benefício foi requerido após trinta dias da data do óbito do
instituidor, fixa-se a data de início do pagamento - DIP, na data do requerimento administrativo,
que, no caso em apreço, ocorreu somente em 27/11/2012, cinco anos após a data do óbito.
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De acordo com o art. 76 da Lei 8.213/91, podemos inferir que a habilitação, no caso inclusão,
posterior do dependente somente deverá produzir efeitos a contar desse episódio, de modo que
não há que falar em efeitos financeiros para momento anterior à inclusão do dependente.

Esta relatora entende que não se trata de requerimento de benefício, em favor de menor de 16
anos, mas de revisão para inclusão do dependente, em data posterior à concessão do benefício
que foi efetivada em favor somente da Sra. Alaíde Teixeira Batista de Jesus, haja vista não ter sido
apresentados documentos relativos aos outros dependentes (filhos), o que configura habilitação
tardia de dependente.

A concessão do benefício para momento anterior à inclusão do dependente/filho, acarretaria a


inobservância dos arts. 74 e 76 da Lei 8.213/91.

Ademais, a concessão do benefício e/ou inclusão do dependente somente se efetiva mediante a


comprovação de sua condição através de documentos comprobatórios, o que somente ocorreu
em 19/12/2012, quando protocolou pedido de revisão para alterar dependentes da pensão, de
benefício já concedido em data anterior.

Diante do exposto, considero que não merece reforma a decisão proferida pela 07ª Junta de
Recursos/CRPS, através do Acórdão nº 5477/2013, pelos fundamentos acima mencionados.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de preliminarmente conhecer do recurso e, no


mérito NEGAR-LHE provimento.

SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo

Declaração de Voto

Concordo com a Relatora.

A Lei 9.784/99 claramente atribui à Administração Pública o dever de orientar o administrado, in


verbis: "Art. 6º Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de
documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais
falhas.”

A Lei também determina que a Administração deve atuar de ofício, imputando a ela o dever de
produzir as provas necessárias, como podemos depreender se simples leitura do inciso XII do art. 2
da Lei 9.784/99, litteris: "XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da
atuação dos interessados;"
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No âmbito previdenciário, a Lei 8.213/99 atribui ao INSS a responsabilidade de orientar os


beneficiários, nos termos do art. 88: "Art. 88. Compete ao Serviço Social esclarecer junto aos
beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles
o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social,
tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade."

Portanto, é claro nas leis que é a atribuição do INSS para orientar a beneficiária quanto seus
direitos.

Ela compareceu na APS requerendo sua pensão. Apresentou a Certidão de Óbito (fl. 07) com a
informação de que o falecido deixou filhos. O dever legal imposto ao INSS era para que, de ofício,
impulsionasse a apresentação dos documentos para a comprovação dos filhos como dependentes.
Não consta registro no processo de que houve a correta instrução processual, nem ao menos uma
carta de exigência solicitando certidão de nascimento do filho. Omitiu-se a Autarquia em cumprir
suas responsabilidade em prejuízo do administrado, violando todos os dispositivos legais que
mencionei.

Portanto, não pode a Autarquia lograr êxito por sua desídia, por não ter descumprido o que a Lei a
determina.

Voto com a relatora.

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 775 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR MAIORIA, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros ANA PAULA FERNANDES e SANDRA


MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS.

RAFAELA COBRA CASSETARI

Relator(a)

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN


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Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.002838/2012-21

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CANOAS

Benefício: 32/535.513.671-7

Espécie: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA

Recorrente: JULIA CAROLINA LONGHI KOSCIUK - Procurador

Recorrente: NAIDE FERREIRA STUDIER - Titular Capaz

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: RESTABELECIMENTO

Relator: GUSTAVO MOREIRA BAVOSO

EMENTA:

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - CONSTATAÇÃO DE REMUNERAÇÃO NO DECORRER DE


BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - COMPROVADA “NECESSIDADE DE SOBREVIVÊNCIA” -
ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL PELA NÃO DEVOLUÇÃO DOS VALORES - BENEFÍCIO FOI POR
INÚMERAS VEZES FOI CESSADO ERRONEAMENTE PELA PERÍCIA DO INSS - BENEFÍCIO MANTIDO
ATRAVÉS DE PARECER DO SST - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório

Trata-se de Aposentadoria por Invalidez implantada em 17.05.2009 (DDB) por determinação


judicial, através da ação judicial n. 2008.71.62.002561-2 que fixou a DIB e a DIP em 01.11.2008.

Consta nos autos informação de que a interessada gozou dos seguintes Auxílios Doença:

1. B31 - 517.284.095-4 - DIB 12.07.2006 e DCB 13.09.2007;

2. B31 - 525.410.076-8 - DIB 29.12.2007 e DCB 17.04.2008;

3. B31 - 531.786.640-1 - DIB 21.08.2008 e DCB 31.10.2008, este sendo transformado no presente
benefício a partir de 01.11.2008.
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Ocorre, que após auditoria interna e cruzamento de informações, verificou-se remunerações no


Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS em períodos intervalados entre 12.07.2006 e
04/2009.

O INSS oficiou a empregadora solicitando mais informações a respeito do possível retorno ao


trabalho da interessada.

Em resposta, o empregador informou que no referido período, a requerente trabalhou alguns


meses, faltou injustificadamente alguns dias, apresentou inúmeros atestados médicos e gozou de
auxílios doença.

Em vista dos fatos, a interessada teve ciência da irregularidade através de ofício que lhe abriu
prazo para apresentar defesa.

Através de sua procuradora, Dra. Juliana Cruz Becker inscrita na OAB/RS n. 37.971, apresentou sua
defesa nos seguintes termos: “diante dos indeferimentos e cessações dos benefícios por
incapacidade pela Autarquia, não restava outra alternativa a segurada senão continuar a sua
atividade laboral para prover seu sustento, mesmo não apta para tanto, conforme constatou a
perícia médica-judicial”.

Em análise da defesa pelo INSS, conclui-se que: “as contrarrazões apresentadas não alteram a
decisão exarada (…), entendemos que a interessada agiu de má-fé, visto que retornou ao trabalho
e continuou recebendo benefício por incapacidade (…) considerando que a segurada se encontra
aposentada por invalidez desde 2008, retornou ao trabalho, porém já está desligada da empresa,
deverá ser realizada nova avaliação médico pericial”.

Foi solicitada avaliação médico pericial que foi realizada em 27.04.2012, porém o médico não foi
claro em sua conclusão quanto a manutenção do benefício, desta forma, foi marcada para
03.07.2012 nova avaliação, pera reanálise pelo Serviço de Saúde do Trabalhador - SST, porém
nesta oportunidade a interessada não compareceu.

Foi convocada novamente e na data de 07.08.2012, foi submetida a nova avaliação pelo SST, que
“após análise pericial, concluiu-se por modificar o parecer médico anterior, concluindo-se que há
persistência da incapacidade laborativa (…) assim, sugerimos a manutenção da aposentadoria por
invalidez”.

Apesar de mantido o benefício, entende o INSS que a interessada deve restituir os valores pegos
concomitantes ao que laborou.
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Em vista da decisão, a interessada impetrou Recurso Ordinário, DOC 28, alegando que “tem se por
óbvio que o exercício de atividade remunerada em período que estiver atestada a incapacidade
laboral, não se pressupõe capacidade laborativa (...)”.

Assim requer a não devolução dos valores.

Os autos forma encaminhados a 19ª Junta de Recursos, DOC 34, que proferiu sua decisão através
do Acórdão n. 30/2012 que negou provimento ao pleito da interessada, entendendo que a mesma
deve restituir os valores ao INSS.

Em vista da decisão de 1ª instância, impetrou Recurso Especial, DOC 36, mantendo as mesmas
alegações.

O INSS apresentou suas contrarrazões no DOC 39, requerendo a manutenção da decisão da Junta
de Recursos.

É o sucinto relatório.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 29/01/2014 para sessão nº 0025/2014, de 11/02/2014.

Voto

Recurso tempestivo.

Foi constatada irregularidade, pois o INSS pode revisar os benefícios a qualquer tempo de acordo
com o art. 11 da Lei 10.666/03:

Art. 11. O Ministério da Previdência Social e o INSS manterão programa permanente de revisão da
concessão e da manutenção dos benefícios da Previdência Social, a fim de apurar irregularidades e
falhas existentes.

Ocorre, que no presente caso, ficou constatado que a interessada laborou nos seguintes períodos,
07/2006 a 09/2006, 03/2007 a 04/2007, 09/2007 a 01/2008 e 04/2008 a 04/2009, apesar disso,
sabe-se que as perícias do INSS são demoradas e nem sempre tem o resultado esperado, desta
forma, entendo que a interessada, apesar de ter retornado ao trabalho em alguns períodos
intervalados, estas se tratavam de tentativas de manter o emprego em caso de cessação do
benefício, que ocorreu em várias oportunidades, haja visto o número de vezes em que esteve em
gozo de benefício por incapacidade.

Em breve pesquisa, identifiquei que os períodos alegados pelo INSS que a requerente retornou ao
trabalho se referem a intervalos entre um benefício e outro, período em que teve alta na perícia
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de prorrogação e só foi restabelecido o benefício através da perícia de reconsideração e durante


todo o tempo em que durou a Ação Judicial que implantou a presente aposentadoria.

Portanto, como já é entendimento jurisprudencial, entendo por isentar a interessada da devolução


dos valores, pois de acordo com a Turma Nacional de Uniformização - TNU o que aconteceu no
caso concreto é a chamada “necessidade de sobrevivência” conforme segue:

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRABALHO EXERCIDO NO


PERÍODO EM QUE RECONHECIDO INCAPACIDADE LABORAL PELA PERÍCIA MÉDICA. DIREITO AO
BENEFÍCIO DESDE O INCORRETO CANCELAMENTO PELO INSS. 1. Embora não se possa receber,
concomitantemente, salário e benefício, o trabalho exercido pelo segurado no período em que
estava incapaz decorre da necessidade de sobrevivência, com inegável sacrifício da saúde do
obreiro e possibilidade de agravamento do estado mórbido. 2. O benefício por incapacidade deve
ser concedido desde o indevido cancelamento, sob pena de o Judiciário recompensar a falta de
eficiência do INSS na hipótese dos autos, pois, inegavelmente, o benefício foi negado
erroneamente pela perícia médica da Autarquia. 3. Incidente conhecido e provido. (Processo nº
2008.72.52.004136-1, DJ: 18/03/2011).

Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e no mérito Dar-lhe provimento.

GUSTAVO MOREIRA BAVOSO

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

MARILEIA TONIETTO

Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 319 / 2014


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Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) MARILEIA TONIETTO.

GUSTAVO MOREIRA BAVOSO PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Relator(a) Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.028027/2013-31

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NANUQUE

Benefício: 87/700.101.900-4

Espécie: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL À PESSOA COM


DEFICIÊNCIA

Recorrente: ADENILSON SILVA SANTOS

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: INDEFERIMENTO

Relator: SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

EMENTA:

BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL À PESSOA COM DEFICIÊNCIA.


DIREITO CONFIGURADO. REQUISITO DEFICIÊNCIA E MISERABILIDADE COMPROVADO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório

Trata o presente de recurso especial interposto pela Sra. Laurita Oliveira Passos, recorrente,
contra a decisão proferida pela 20ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência
Social, através do Acórdão nº 2714/2013, em que foi dado provimento ao pedido de recurso da
Sra. Maria Raimunda da Cunha, ora recorrida.
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A interessada Sra. Laurita Oliveira Passos, nascida em 08/01/1964, protocolou em 24/05/2012,


pedido de benefício de amparo social ao portador de deficiência, quando além de seus
documentos de identificação, apresentou requerimento em formulário próprio em que declara
que vive com as filhas Jailane Passos Santos e Jaina Passos Santos, sem renda mensal.

Submetida à perícia médica obteve parecer contrário quanto à existência de incapacidade para a
vida e para o trabalho.

O requerimento foi indeferido pelo INSS, em 12/06/2013, pelo motivo: Não há incapacidade para
a vida e para o trabalho.

Contra a decisão do Órgão Previdenciário, interpôs recurso à Junta de Recursos do Conselho de


Recursos da Previdência Social, inconformada com o indeferimento de seu pedido em razão de
não ter condições de trabalhar para comprar remédios da filha e sustentar a casa, vive com os
filhos, de aluguel.

Em fase recursal foi emitido relatório médico-pericial em que foi mantida a decisão, anterior.

Através do Acórdão nº 2714/2013, proferido pela 20ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos
da Previdência Social, foi negado provimento ao recurso, visto que a Perícia Médica oficial não
acolheu incapacidade de longo prazo, quer na fase inicial quer na fase recursal. Conclusão: o
benefício não poderá ser regularmente concedido Contra a decisão, o INSS, apresenta recurso
especial a esta Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social, em
07/01/2014, evento 23, em que argumenta que a natureza das sequelas incapacitantes e as
condições pessoais da segurada, baixa qualificação profissional e educacional, resta demonstrado
que a mesma é insuscetível de reabilitação para o exercício de outra atividade profissional que lhe
garanta a sua subsistência digna, a hipótese enseja a concessão do benefício. Requer que a mesma
seja avaliada por uma equipe multiprofissional do SUS ou do INSS e afim de que seja expedido
laudo para comprovação da doença como determina o § 6º do Art. 20, da Lei 8742/93.

Em suas contrarrazões o INSS argumenta que o Parecer Técnico Fundamentado em Perícia Médica
Recursal (ev11, lau2, 1-3/3) mantém o entendimento da Perícia Médica inicial.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 18/03/2014 para sessão nº 0070/2014, de 18/03/2014.

Voto

Recurso considerado tempestivo, conforme § 1º do art. 305 do Regulamento da Previdência Social


- RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 e pelo Art. 31, da Portaria Ministerial nº 548/2011.
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Observando o disposto no Art. 20, da Lei 12.435/2011 - “Art. 20. O benefício de prestação
continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65
(sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família.

§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família


cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

Quanto à renda do grupo familiar destacamos o contido nos incisos V e VI do Art. 4º do Decreto
7617/2011 - V - família para cálculo da renda per capita: conjunto de pessoas composto pelo
requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na ausência de um deles, a
madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados,
desde que vivam sob o mesmo teto; e VI - renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos
brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos,
pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro-desemprego,
comissões, pró-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado
informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício
de Prestação Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 19.

Observamos que para se obter o valor da renda per capita, considerou-se o valor informado pelo
Sr. Adenilson Silva Santos, de R$ 250,00, obtida com a venda de picolés. Porém, de acordo com o
informado, às razões recursais, o recorrente não está sendo capaz de gerir sua própria vida.

Conforme exposto pelo recorrente a controvérsia do presente recurso reside na constatação de


renda per capita familiar superior a ¼ do salário mínimo na data de entrada do requerimento, que
não corresponde a sua realidade.

A nosso ver o cerne da questão está nas condições socioeconômicas do recorrente, ou seja, se o
mesmo é capaz de prover, ou não, a sua manutenção ou de tê-la garantida pelo seu grupo
familiar.

Cabe ressaltar que de acordo com o parecer da perícia médica o recorrente se encontra incapaz
para o trabalho e para suas atividades habituais.

Para comprovação das reais condições em que vive o recorrente, os autos foram convertidos em
diligência na forma acima proposta. Resultou em resposta negativa, haja vista as declarações
colhidas no endereço informado de que o requerente não possui residência fixa, não sendo
possível os esclarecimentos solicitados e nem mesmo obtenção de dados para elaboração do
Parecer Social.
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Desta forma, diante da ausência de novos elementos, concluo que não merece reforma a decisão
proferida pela 07ª JR/CRPS, através do Acórdão nº 2989/2013, pelos fundamentos acima
mencionados.

CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de preliminarmente conhecer do recurso e, no


mérito, NEGAR-LHE provimento.

SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

Relator(a)

Voto divergente vencedor

Em que pese o respeitável entendimento da Relatora, discordo do seu posicionamento no tocante


a alegação de que o postulante não tenha direito a concessão do Benefício Assistencial, por não
ter logrado êxito em comprovar sua miserabilidade.

O benefício assistencial representa um dos pilares da solidariedade social àqueles que não têm
nada, sequer dignidade.

A controvérsia fica por conta do critério da renda per capta. Entretanto não há dúvidas de que a
limitação de ¼ do salário mínimo como renda per capta é um requisito que deve ser analisado
caso a caso. Conforme já vem acontecendo na jurisprudência, observe-se o recente julgado do TRF
4, no qual se refere a miserabilidade comprovada e não em limite de renda per capta:

Processo: 0008029-12.2013.404.9999. Data da Decisão: 16/07/2013. Órgão Julgador: QUINTA


TURMA - TRF 4 REGIÃO. RELATOR: RICARDO TEIXEIRA DO VALLE PEREIRA. DECISÃO: Vistos e
relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Colenda 5ª Turma do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e à
remessa oficial, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte
integrante do presente julgado.

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 203, INCISO V, DA CONSTITUIÇÃO


FEDERAL. REQUISITOS PREENCHIMENTOS. CONSECTÁRIOS.

1. A Constituição Federal exige apenas dois requisitos no tocante ao benefício assistencial de que
trata o art. 203, V: (a) possuir o beneficiário deficiência incapacitante para a vida independente ou
ser idoso, e (b) encontrar-se a família do requerente em situação de miserabilidade. 2. A exigência,
para a percepção do benefício, de ser a pessoa incapaz para a vida independente, se entendida
como incapacidade para todos os atos da vida, não se encontra na Constituição. Ao contrário, tal
exigência contraria o sentido da norma constitucional, seja considerada em si, seja em sintonia
com o princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), ao objetivo da assistência social
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de universalidade da cobertura e do atendimento (CF, art. 194, parágrafo único, I) e à ampla


garantia de prestação da assistência social (CF, art. 203, caput). 3. O requisito incapacidade para a
vida independente (a) não exige que a pessoa possua uma vida vegetativa ou que seja incapaz de
locomover-se; (b) não significa incapacidade para as atividades básicas do ser humano, tais como
alimentar-se, fazer a higiene e vestir-se sozinho; (c) não impõe a incapacidade de expressar-se ou
de comunicar-se; (d) não pressupõe dependência total de terceiros; (e) apenas indica que a pessoa
portadora de deficiência não possui condições de autodeterminar-se completamente ou depende
de algum auxílio, acompanhamento, vigilância ou atenção de outra pessoa, para viver com
dignidade. 4. Comprovada a hipossuficiência da parte autora e a sua incapacidade para o trabalho,
é de ser concedido o benefício assistencial, cujo termo inicial deve recair na data do requerimento
administrativo.

Note-se que a Carta Magna, em seu art. 7º, determina que nenhuma pessoa deve viver de renda
que seja insuficiente para atender à suas necessidades vitais básicas e a de sua família:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:

(...)

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

Assim, partindo do fundamento de proteção à dignidade da pessoa humana, a Constituição


Federal, traz também a previsão descrita pelo art. 203, inc. V:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

(...)

V- a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao


idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei.

Salienta-se ainda, que o limite per capto de ¼ do salário mínimo, já citado, gerou discussões a
ponto de ser amplamente debatido pelo Ordenamento Jurídico, culminando na decisão do
Plenário do Supremo Tribunal Federal que confirmou na data de 18.04.2013, a
inconstitucionalidade do parágrafo 3º, do artigo 20, da Lei Orgânica da Assistência Social (Lei
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8.742/1993). O indigitado artigo prevê como critério para a concessão de benefício a idosos ou
deficientes, a renda familiar mensal “per capita” inferior a um quarto do salário mínimo, que foi
tudo como inconstitucional, por considerar o STF, que esse critério está defasado para caracterizar
a situação de miserabilidade.

Tal requisito da renda per capta, já vem, inclusive, sendo desconsiderado como critério objetivo
pelas Turmas do TRF da 4ª Região, tendo em vista a decisão do STF, neste sentido:

ACÓRDÃO TRF 4 REGIÃO - Processo: 0006522-16.2013.404.9999/PR Órgão Julgador: SEXTA


TURMA. Data da Decisão: 03/07/2013. RELATOR JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA. DECISÃO: Vistos e
relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 6ª Turma do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, dar parcial provimento à apelação e à remessa
oficial e manter a tutela antecipada deferida na sentença, nos termos do relatório, votos e notas
taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. EMENTA PREVIDENCIÁRIO.
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. CONCESSÃO. IDADE E ESTADO DE MISERABILIDADE COMPROVADOS.
PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. 1. Inexistindo critério numérico atual
tido por constitucional pelo STF (Declaração de Inconstitucionalidade do critério de ¼ do salário
mínimo, previsto no § 3º do art. 20 da LOAS - Rcl nº 4374), inviável o indeferimento do benefício
pelo simples fato de a renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo. Cuidando-se de renda
que pouco supera esse parâmetro e consideradas as restantes circunstâncias do caso concreto,
tenho por verificada a situação de miserabilidade. 2. Para fins de composição da renda mensal
familiar, entendo que não pode ser computado o benefício de aposentadoria por idade recebido
pelo esposo idoso da autora, de valor mínimo, considerado necessário a sua sobrevivência digna
(aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03, Estatuto do Idoso). 3.
Tendo restado comprovados os requisitos etário e a situação de miserabilidade, é de ser mantida a
sentença que condenou o INSS a conceder à autora o benefício assistencial. 4. Apenas as parcelas
anteriores ao quinquênio que antecede a propositura da ação é que são alcançadas pela
prescrição. Súmula nº 85 do STJ. 5. Atendidos os pressupostos do art. 273 do CPC - a
verossimilhança do direito alegado e o fundado receio de dano irreparável -, é de ser mantida a
antecipação da tutela deferida na sentença.

Dessa forma, o benefício previsto na LOAS deve ser imediatamente concedido, pois no caso em
tela, embora tenha havido uma aparente indicação de contrariedade, essa resta desconfigurada
com a análise pontual da situação fática. Dois são os requisitos para concessão do almejado
benefício: deficiência e miserabilidade. Há nos autos, a comprovação de ambos os requisitos, o da
deficiência da recorrente, a qual restou reconhecida pelo INSS e ainda a comprovação do estado
de miserabilidade do postulante.
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A renda per capta advinda da venda de picolés, no importe de aproximadamente R$ 250,00, é de


valor irrisório, e indica a necessidade do deficiente em receber o benefício assistencial pleiteado.

A alegação de que o requerente não possui residência fixa, o que foi utilizado como argumento
para negar o benefício, não pode prosperar, pois em nenhum momento a Constituição Federal faz
esta restrição, e nem seria plausível, vez que o objetivo é atender pessoas em situação de extrema
necessidade.

Assim, acolho a pesquisa externa realizada em 28.01.2014, como prova válida da miserabilidade
do requerente, pois todos os entrevistados afirmaram que o interessado vive na rua, e, portanto,
resta comprovado o requisito miserabilidade.

E assim sendo, não assiste razão o acórdão da Junta de Recursos, nem as alegações do INSS, sendo
devido o benefício de amparo assistencial, requerido pelo recorrente.

Ante o exposto, voto por CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, nos termos da
fundamentação acima explanada.

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

RAFAELA COBRA CASSETARI

Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores

Voto divergente

Presidente discorda do voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 579 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
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PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR DESEMPATE, de acordo com o voto vencedor do (a)


Conselheiro (a) ANA PAULA FERNANDES e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros ANA PAULA FERNANDES e RAFAELA


COBRA CASSETARI.

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Ministério da Previdência Social

Conselho de Recursos da Previdência Social

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.018131/2013-18

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL FREDERICO WESTPHALEN

Benefício: 42/159.843.571-7

Espécie: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Recorrente: ADRIANA ADAM BALESTRIN - Procurador

Recorrente: JOAO DE QUADROS - Titular Capaz

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: INDEFERIMENTO

Relator: CAIO CESAR AUADA

Relatório

Em 05.11.2012 o Sr. João de Quadros, nascido em 15.01.1959, através de sua procuradora Andreia
Viviane Socowoski, procurou o INSS requerendo para si o benefício de Aposentadoria por Tempo
de Contribuição (NB 42/159.843.571-7), alegando ter exercido atividade especial e comum.
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Para comprovar seu direito, juntou aos autos documentos pessoais de identificação, CTPS e os
seguintes documentos:

- Requerimento para utilização de documentos apresentados em requerimento de aposentadoria


anterior (NB 155.704.559-0);

- Formulário das atividades exercidas na empresa Auto Posto Coradini Ltda. (01.04.1975 a
30.09.1975), exercendo a atividade de lavador de carros, estando exposto ao agente nocivo
umidade;

- Formulário das atividades exercidas na empresa Auto Bela Vista Ltda. (01.10.1975 a 05.06.1978),
exercendo a atividade de lavador de carros, estando exposto ao agente nocivo umidade;

- PPP das atividades exercidas na empresa Transportadora Boleio Ltda. (01.08.1978 a 09.02.1983),
exercendo a atividade de motorista de caminhão de carga, Mercedes Benz Truck;

- Formulário das atividades exercidas na empresa Ana Maria Piazza (01.07.1983 a 02.01.1988),
exercendo a atividade de motorista de caminhão de carga, com a indicação a exposição aos
agentes nocivos calor, frio, poeira, trepidação e ruído, sem a indicação de seus níveis;

- Requerimento de justificação administrativa, para comprovar o exercício da atividade de


motorista de caminhão autônomo nos períodos de 03.01.1988 a 05.10.2008 e de 15.08.2009 a
02.02.2011;

- Certidão municipal de pagamento de tributos para o exercício da atividade de motorista


autônomo, nos anos de 1988 a 2003;

- Recibo de transportes realizados pelo requerente em 06.04.1978, 30.07.1988, 05.03.1990,


04.09.1993, 29.05.1996, 14.11.2001, 03.03.2003, 11.07.2005, 03.04.2006, 14.10.2009, 02.03.2010
e outros com datas ilegíveis;

Dos autos do primeiro requerimento de aposentadoria do segurado foram juntados os seguintes


procedimentos:

- Requerimento de atualização do CNIS, para inclusão das contribuições de competência 10.1989,


08.1992, 07.1993, 11.1993, 01.1994 e 04.1994; bem como, a emissão de planilha de cálculo
referente pagamento em atraso das contribuições de 10.1997 a 05.1998, 12.1998 a 06.1999,
08.1999 a 02.2003, 04.2003, 08.2003, 10.2003, 11.2004, 04.2005, 02.2006 a 04.2006, 06.2006,
06.2008 a 08.2009 e 10.2009 a 05.2011; com a apresentação dos carnês de contribuição das
competências para inclusão;
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- Análise do INSS quanto ao pedido de inclusão de contribuições e emissão de planilha de cálculo


para contribuições em atraso, sendo que a decisão quanto as contribuições para inclusão foi de
procedência, considerando as contribuições como válidas e contemporâneas. Também foi
calculado o valor das contribuições em atraso, conforme requerido pelo segurado, chegando-se ao
valor de R$ 26.239,97;

- Histórico de condutor apontando habilitação para categoria “E” desde 27.06.1995;

- Formulário das atividades exercidas na empresa Auto Bela Vista Ltda. (01.10.1975 a 05.06.1978),
exercendo a atividade de lavador de carros, estando exposto ao agente nocivo umidade;

- PPP das atividades exercidas na empresa Auto Bela Vista Ltda. (01.10.1975 a 05.06.1978),
exercendo a atividade de lavador de carros, indicando a presença de agentes nocivos, sem indicar
qual;

- PPP das atividades exercidas na empresa Transportadora Boleio Ltda. (01.08.1978 a 09.02.1983),
exercendo a atividade de motorista de caminhão de carga, Mercedes Benz Truck;

- PPP das atividades exercidas na empresa Transportes Geral Ltda. (06.10.2008 a 14.08.2009),
exercendo a atividade de motorista de caminhão;

- Indeferimento do requerimento de justificação administrativa, sustentando que a J. A. só é


possível quando não existem outros meios de comprovar o alegado e que para a atividade especial
não seria possível comprovar a atividade especial pela J. A.;

- Análise da perícia técnica quanto a períodos especiais, com opinião de reconhecimento da


atividade especial exercida de 01.10.1975 a 05.06.1978 e de 01.04.1975 a 30.09.1975 em razão do
agente nocivo umidade; e não constatou a existência de insalubridade no período de 06.10.2008 a
14.08.2009;

- Decisão colegiada da 18ª Junta de Recursos de manutenção de decisão do INSS (entretanto não
foi juntada aos autos).

Após a juntada dos documentos acima, o INSS expediu carta de exigências para que o segurado
informasse se concordava com a Aposentadoria Proporcional; e apresentasse comprovantes das
prestações de serviço das competências 11.2003; 01.2004; 04.2004 a 07.2004; 09.2004; 10.2004;
12.2004; 01.2005; 06.2005; 09.2005; 01.2006 e 05.2006.

Foram apresentadas cartas frete datadas de 03.03.2003, 21.05.2003, 27.12.2005, 07.12.2005,


03.04.2006 e 15.02.2006.
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____________________________________________

Com todo o conjunto probatório apresentado, o INSS proferiu decisão de mérito reconhecendo
como atividade especial as exercidas de 01.04.1975 a 30.09.1975, 01.10.1975 a 05.06.1978,
01.08.1978 a 09.02.1983 e 01.07.1983 a 02.01.1988, computando um total de 32 anos, 8 meses e
27 dias de tempo de contribuição e 339 contribuições para fins de carência.

Da decisão do INSS, destacam-se os seguintes trechos:

Os elementos de filiação na categoria de contribuinte individual foram considerados, em virtude


de cumprir os requisitos do artigo 60 inciso I do Decreto 3.048/99 e estar em conformidade com o
artigo 84 da IN 45/2010 e os recolhimentos efetuados foram somados integralmente ao cálculo do
tempo de contribuição. Observa-se, no entanto as competências 11/2003; 01/2004; 04/2004;
07/2004; 09/2004; 10/2004; 12/2004; 01/2005; 06/2005 a 09/2005; 01/2006; 05/2006 não podem
ser consideradas, ou por constar marca de extemporaneidade ou por estarem abaixo do salário
mínimo.

[…]

Foi emitida carta de exigência solicitando que se manifestasse se concordava com a aposentadoria
proporcional, no entanto, não houve resposta, o que permite com que o benefício seja indeferido.

Inconformado com a decisão, o segurado apresentou recurso ordinário, requerendo o


reconhecimento como especial a atividade exercida de 03.01.1988 a 05.10.2008 e de 15.08.2009 a
02.02.2011 como motorista de caminhão autônomo; requer o processamento da Justificação
Administrativa; e requer a intimação do INSS para que emita planilha de cálculo para pagamento
em atraso de vários períodos.

Em suas contrarrazões, o INSS sustenta a intempestividade do recurso; que o segurado não


concordou com a aposentadoria proporcional; e que o segurado não comprovou o exercício da
atividade autônoma para emissão de planilha de pagamento das contribuições em atraso.

Em decisão colegiada, a 12ª Junta de Recursos proferiu decisão de indeferimento do recurso


apresentado, sustentando que:

De acordo com o art. no art. 9º, § 15, incisos I e II do mesmo Regulamento “O condutor autônomo
de veículo rodoviário, assim considerado aquele que exerce atividade profissional sem vínculo
empregatício, quando proprietário, coproprietário ou promitente comprador de um só veículo” e
“aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em
automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei nº 6.094, de 30 de agosto de
1974”.
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Ao contrário do que alega o recorrente na fase recursal, o mesmo não comprovou através de
documentos contemporâneos o exercício da atividade de motorista de caminhão autônomo,
assim sendo, os períodos de 03/01/88 a 05/10/08 e 15/08/09 a 02/02/11, não podem ser
considerados na contagem de tempo de contribuição para a aposentadoria pretendida.

Cumpre observar que não consta dos autos a opção do recorrente pela concessão de
aposentadoria proporcional, assim sendo, só fará jus à aposentadoria integral aos 35 anos de
tempo de contribuição.

Ainda inconformado com a decisão proferida, o segurado apresenta recurso especial, reiterando
as argumentações apresentadas no seu recurso ordinário e informando que concorda com a
Aposentadoria Proporcional.

Os autos foram remetidos para esta 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS,
sendo que antes de proferir decisão de mérito, foi decidido por baixar os autos em diligência para
a juntada da íntegra dos autos administrativos nº 155.704.559-0; o processamento da Justificação
Administrativa para enquadramento como especial dos períodos de 03/01/1988 até 28/04/1995; e
a digitalização de páginas ilegíveis.

Foi juntado o processo administrativo previdenciário requerido, sendo que não existe nenhum
documento relevante que já não tenha sido anteriormente apresentado para instrução deste
segundo requerimento de aposentadoria.

Houve o processamento da Justificação Administrativa, que foi realizada de forma truncada, sem
riqueza de detalhes, mas com a afirmação de duas testemunhas de que conhecem o segurado há
30 anos aproximadamente e a terceira há 20 anos, sendo que todas afirmam que o recorrente é
motorista de caminhão de carga em todo o período em que o conheceram.

Com o processamento da justificação administrativa, o INSS manteve o indeferimento,


sustentando sua decisão no art. 151 do Decreto 3.048/99.

Agora os autos voltaram para julgamento.

É o relato.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 07/03/2014 para sessão nº 0053/2014, de 19/03/2014.

Voto

Da Aposentadoria
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Hoje temos no nosso ordenamento jurídico diferentes aposentadorias concedidas com base no
tempo contribuído com o RGPS.

Uma delas está prevista na Emenda Constitucional nº 20/98, a chamada Aposentadoria


Proporcional, que para concessão é necessário que o segurado inscrito na Previdência Social antes
da vigência da Emenda Constitucional tenha um tempo de contribuição mínimo, cumpra um
pedágio de tempo de contribuição e tenha mais do que uma idade preestabelecida, conforme o
texto:

Art. 9º Observado o disposto no art. 4º desta Emenda e ressalvado o direito de opção a


aposentadoria pelas normas por ela estabelecidas para o regime geral de previdência social, é
assegurado o direito à aposentadoria ao segurado que se tenha filiado ao regime geral de
previdência social, até a data de publicação desta Emenda, quando, cumulativamente, atender aos
seguintes requisitos:

I - contar com cinquenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos de idade, se
mulher; e

[...]

§ 1º O segurado de que trata este artigo, desde que atendido o disposto no inciso I do "caput", e
observado o disposto no art. 4º desta Emenda, pode aposentar-se com valores proporcionais ao
tempo de contribuição, quando atendidas as seguintes condições:

I - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:

a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e

b) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do tempo que, na data
da publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da alínea anterior;

A outra é a Aposentadoria Integral, que na Constituição Federal de 1988 está previsto no art. 201,
§ 7º, I, quando só é exigido a implementação do tempo de contribuição mínimo:

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,


obedecidas as seguintes condições:

I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;

Além, é claro, do implemento da carência mínima de 180 meses de efetiva contribuição para com
o RGPS, conforme art. 25, II, da Lei 8.213/91, ou da exigida pela tabela do art. 142 da mesma Lei.

Do Salário de Benefício
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Com a contagem do tempo de contribuição, pode ser que se constate que o segurado já poderia
ter se aposentado em momento anterior a data do requerimento administrativo.

Dependendo da data em que é constatado que o segurado atingiu o direito em se aposentar, o


cálculo de seu benefício varia com a legislação.

Para o segurado em que se constata que poderia ter se aposentado até a EC 20/98 (16/12/1998) o
seu salário de benefício será 70% da média dos últimos 36 salários de contribuição antecedentes a
data em que implementou os requisitos, acrescido de mais 6% para cada ano de trabalho além do
tempo mínimo exigido, até o máximo de 100%.

Conforme texto do art. 53, I e II da Lei de Benefícios da Previdência Social.

Aqueles que teriam direito em se aposentar já na vigência da EC 20/98, mas até a entrada em
vigor da Lei 9.876/99 (28/11/1999), sua aposentadoria corresponderá a 70% da média dos últimos
36 salários de contribuição antecedentes a data em que implementou os requisitos, acrescido de
mais 5% para cada ano de trabalho além do tempo mínimo exigido, até o máximo de 100%. Com
base no art. 6º da Lei 9.786/99 c/c a redação original do art. 29 da Lei 8.213/91.

Por fim, com a Lei 9.876/99 foi introduzido no cálculo da aposentadoria o fator previdenciário,
sendo que o salário de benefício corresponderá ao cálculo do benefício conforme art. 29, I, da Lei
8.213/91:

Art. 29. O salário de benefício consiste:

I - para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso I do art. 18, na média aritmética
simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o
período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário;

Do Tempo de Contribuição

A Lei 8.213/91 traz a relação do que conta como tempo de contribuição para a concessão da
aposentadoria:

Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento,


compreendendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados
de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado:

I - o tempo de serviço militar, inclusive o voluntário, e o previsto no § 1º do art. 143 da


Constituição Federal, ainda que anterior à filiação ao Regime Geral de Previdência Social, desde
que não tenha sido contado para inatividade remunerada nas Forças Armadas ou aposentadoria
no serviço público;
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II - o tempo intercalado em que esteve em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez;

III - o tempo de contribuição efetuada como segurado facultativo;

IV - o tempo de serviço referente ao exercício de mandato eletivo federal, estadual ou municipal,


desde que não tenha sido contado para efeito de aposentadoria por outro regime de previdência
social;

V - o tempo de contribuição efetuado por segurado depois de ter deixado de exercer atividade
remunerada que o enquadrava no art. 11 desta Lei;

VI - o tempo de contribuição efetuado com base nos artigos 8º e 9º da Lei nº 8.162, de 8 de janeiro
de 1991, pelo segurado definido no artigo 11, inciso I, alínea "g", desta Lei, sendo tais
contribuições computadas para efeito de carência.

§ 1º A averbação de tempo de serviço durante o qual o exercício da atividade não determinava


filiação obrigatória ao anterior Regime de Previdência Social Urbana só será admitida mediante o
recolhimento das contribuições correspondentes, conforme dispuser o Regulamento, observado o
disposto no § 2º.

§ 2º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de vigência desta
Lei, será computado independentemente do recolhimento das contribuições a ele
correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme dispuser o Regulamento.

§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação
administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada
em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na
ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.

§ 4º Não será computado como tempo de contribuição, para efeito de concessão do benefício de
que trata esta subseção, o período em que o segurado contribuinte individual ou facultativo tiver
contribuído na forma do § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, salvo se tiver
complementado as contribuições na forma do § 3º do mesmo artigo.

Da Atividade Especial

Existe ainda contagem diferenciada do tempo de contribuição com atividades exercidas sob a
influência de agentes nocivos para a saúde do segurado, cujas regras são ditadas pelas normas
vigentes na época do exercício da atividade, em obediência ao princípio tempus regit actum e ao
Direito Adquirido à contagem diferenciada do tempo de contribuição (AR n. 3320/PR, Rel. Ministra
Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 24-09-2008; EREsp n. 345554/PB, Rel. Ministro José Arnaldo
da Fonseca, DJ de 08-03-2004; AGREsp n. 493.458/RS, Quinta Turma, Rel. Ministro Gilson Dipp,
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DJU de 23-06-2003; e REsp n. 491.338/RS, Sexta Turma, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, DJU de
23-06-2003).

Assim, importante fazer uma localização no tempo da legislação pertinente ao tema:

- Até 28/04/1995 existia o enquadramento por atividade (Lei 3.807/60, suas alterações e a Lei
8.213/91, na sua redação original), sendo possível a contagem especial do tempo de contribuição
quando o segurado tem sua atividade enquadrada nos decretos regulamentadores, legislação
especial e por qualquer meio de prova para ruído e calor (STJ, AgRg no REsp n. 941885/SP, Quinta
Turma, Rel. Ministro Jorge Mussi, DJe de 04-08-2008; e STJ, REsp n. 639066/RJ, Quinta Turma, Rel.
Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJ de 07-11-2005).

- A partir de então foi extinto o enquadramento por atividade profissional com a vigência da Lei
9.032/95, passando a ser exigida a comprovação da efetiva exposição ao agente nocivo de forma
permanente, por qualquer meio de prova, mesmo que seja somente através do formulário
preenchido pela empresa, mesmo que preenchido sem base em laudo técnico, com exceção do
calor e ruído, os quais exigem a prova técnica.

- Por fim, a partir de 06/03/1997 passou-se a exigir a comprovação da atividade por meio de prova
técnica, mesmo que seja somente com a apresentação do formulário emitido pela empresa
embasado na avaliação ambiental, devido às mudanças na legislação trazidas pela MP 1.523/96,
mas que só foram regulamentadas com o Decreto 2.172/97 (STJ, AgRg no REsp 877972 / SP,
Relator Ministro Haroldo Rodrigues, DJe 30/08/2010).

Quanto à conversão desta atividade em comum, esta é possível pela previsão legal do art. 57, § 5º,
da Lei 8.213/91, já tendo o STJ decidido no sentido de que não houve revogação desta norma:

PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL APÓS 1998. MP N. 1.663-14,


CONVERTIDA NA LEI N. 9.711/1998 SEM REVOGAÇÃO DA REGRA DE CONVERSÃO.

1. Permanece a possibilidade de conversão do tempo de serviço exercido em atividades especiais


para comum após 1998, pois a partir da última reedição da MP n. 1.663, parcialmente convertida
na Lei 9.711/1998, a norma tornou-se definitiva sem a parte do texto que revogava o referido § 5º
do art. 57 da Lei n. 8.213/91.

2. Precedentes do STF e do STJ.

As atividades são enquadradas como especiais até 28/04/1995 com as regras estabelecidas nos
Decretos 53.831/64, 72.771/73 e 83080/79.
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Até 05/03/1997 o enquadramento dos agentes nocivos estão estabelecidos nos mesmos decretos
e nos decretos 2.172/97 e 3.048/99 a partir de 06/03/1997. Ressalvando-se o ruído, ao qual se
aplica também o Decreto 4.882/03.

Por fim, ressalto que o simples fornecimento de EPI não afasta a insalubridade da atividade
devendo ser comprovado a sua efetividade, conforme enunciado 21 do CRPS.

Do Caso Concreto

De todos os períodos que o segurado requereu ou apresentou indícios de exercício de atividade


especial, restou apenas controverso o período de 03.01.1988 a 05.10.2008 e de 15.08.2009 a
02.02.2011.

Ainda, existem diversos períodos nos interregnos acima sem contribuição, entretanto que o
recorrente alega ter trabalhado e requer seja feito cálculo para o pagamento das contribuições em
atraso.

Primeiramente, quanto aos períodos de contribuição em atraso, é perfeitamente possível o seu


recolhimento.

Existe nos autos prova suficiente de que o segurado sempre exerceu a atividade autônoma, com
documentos apresentados e corroborado com a prova testemunhal produzida, que não foi
desqualificada pelo INSS e não existe razão para que isto seja feito.

Assim, voto por reconhecer o exercício da atividade de motorista de caminhão autônomo de


03.01.1988 a 05.10.2008 e de 15.08.2009 a 02.02.2011, sendo que o INSS deve calcular e expedir
cobrança para os meses de competência em que não houve o recolhimento previdenciário.

Ainda, voto para que as contribuições dos períodos anteriores a vigência da Lei 9.032/95 não
sejam cobrados com a incidência de juros moratórios e multa, pois carecia de previsão legal até
então, conforme entendimento do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA. CONTAGEM DE TEMPO DE


SERVIÇO RURAL. RECOLHIMENTO EXTEMPORÂNEO DAS CONTRIBUIÇÕES. PERÍODO ANTERIOR À
EDIÇÃO DA MP 1.523/96. NÃO INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS E MULTA. ART. 45, § 4º, DA
LEI Nº 8.212/91. 1. É inexigível a cobrança de juros de mora e multa com relação às contribuições
previdenciárias recolhidas em atraso, referentes a lapso anterior ao advento da Lei nº 9.032, de
28/4/95, a teor do disposto no art. 45, § 4º, da Lei nº 8.212/91. 2. Agravo regimental a que se nega
provimento. (AGRESP 200801438994, OG FERNANDES, STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:
01/07/2009)
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Quanto ao período acima reconhecido, existem provas de que o caminhão operado pelo
recorrente é de carga, conforme consta nas cartas de frete emitidas, com descrição do caminhão
utilizado.

Ainda, esta prova foi corroborada com as testemunhas ouvidas, dizendo que o recorrente sempre
operou caminhões de carga.

Estas informações nos trazem a verdade real, que deve ser aplicada ao caso concreto, para que a
mais lídima justiça seja aplicada, com aval do art. 1º da Lei 9.784/99.

Em razão do reconhecimento do fato acima, deve ser reconhecido como especial as atividades
exercidas pelo recorrente de 03.01.1988 a 28.04.1995, por força do item 2.4.4, do Quadro A, do
Decreto 53.831/64.

O período de 29.04.1995 a 05.10.2008 e de 15.08.2009 a 02.02.2011 não devem ser reconhecidos


como especiais, pois, conforme acima exposto, o reconhecimento da atividade especial por
enquadramento só é possível até 28.04.1995. Sendo que não existe a comprovação da existência
de outros agentes nocivos para as atividades nestes dois interregnos.

Antes de ser proferida decisão de mérito, saliento a necessidade de baixar os autos mais uma vez
em diligência, pois esta CaJ não pode emitir decisões que condicionem o recorrente a fazer
determinada ação para que seu direito seja efetivado, que no caso é o pagamento das
contribuições em atraso.

ANTE O EXPOSTO, voto por converter o julgamento em diligência, para que seja calculado pelo
INSS o valor para pagamento das contribuições em atraso dos interregnos não contribuídos entre
03.01.1988 a 05.10.2008 e de 15.08.2009 a 02.02.2011, ressaltando que os juros moratórios e a
multa só devem incidir sobre as contribuições vencidas depois da vigência da Lei 9.032/95.

Após cálculo, voto pela intimação do segurado para pagamento das contribuições.

CAIO CESAR AUADA

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

LUSIA MASSINHAN

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto
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Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Decisão: 119 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, DECIDEM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, CONVERTER O JULGAMENTO EM
DILIGÊNCIA, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros LUSIA MASSINHAN e SANDRA


MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS.

CAIO CESAR AUADA

Relator(a)

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.069092/2013-17

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BIRIGÜI

Benefício: 32/502.207.193-9

Espécie: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS


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Recorrido: ANGELA ADRIANA BATISTELA - Procurador

Recorrido: ARNALDO LEME DE ALMEIDA JUNIOR

Assunto: RESTABELECIMENTO

Relator: CAIO CESAR AUADA

EMENTA:

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ARTIGO 31 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA


SOCIAL 548/2011 PREVÊ PRAZO DE TRINTA DIAS PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL,
COM CONTAGEM FEITA NA FORMA DO ARTIGO 26 DA MESMA PORTARIA. RECURSO ESPECIAL
INTERPOSTO APÓS REFERIDO PRAZO. RELEVAÇÃO DA INTEMPESTIVIDADE RESERVADA AO
CONSELHEIRO RELATOR NOS CASOS DE DIREITO INEQUÍVOCO. MATÉRIA RECURSAL PERTINENTE A
DEVOLUÇÃO DE VALORES ENTENDIDA COMO CONTROVERTIDA PELO RELATOR IN CASU. RECURSO
DO SEGURADO NÃO CONHECIDO FACE SUA INTEMPESTIVIDADE. INSS RECORRE ALEGANDO
VIOLAÇÃO DE RESOLUÇÃO DA PRESIDÊNCIA DO INSS. RECURSO ESPECIAL COM FUNDAMENTAÇÃO
SEM AUTORIZAÇÃO RECURSAL. ART. 16 DA PORTARIA 548 DO MPS (REGIMENTO INTERNO DO
CRPS). NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. RECURSO DO INSS NÃO CONHECIDO.

Relatório

Em 09.06.2004 o Sr. Arnaldo Leme de Almeida Junior teve deferido para si o benefício de
Aposentadoria por Invalidez (NB 32/502.207.193-9).

Após muito tempo recebendo o benefício, em 20.03.2013 o INSS iniciou processo de apuração de
irregularidade, em razão de ter constatado contribuições previdenciárias como Contribuinte
Individual em períodos que já era pago o benefício ao segurado, conforme extrato de CNIS e
INFBEN juntados aos autos.

Para melhor instruir o procedimento, o INSS convocou o segurado para realização de perícia
médica, visando constatar a continuidade da incapacidade laborativa.

O parecer médico atestou a incapacidade total e permanente.

Salientando-se que o segurado apresentou exames e atestados médicos de seus assistentes no


mesmo sentido.

De posse dos pareceres exarados e documentos apresentados, o INSS decidiu por manter o
benefício pago e cobrar os valores pagos em concomitância com as atividades laborais exercidas,
respeitada a prescrição quinquenal.
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Desta feita, expediu ofício de cobrança de R$ 19.044,40 relativos à restituição dos valores pagos
indevidamente.

O segurado requereu cópia dos autos, o que foi atendido.

Irresignado com a decisão, através de sua advogada Angela Adriana Batistela, apresentou defesa
administrativa suscitando que necessitou trabalhar em períodos esporádicos em razão de
necessidade financeira; que a busca pela complementação da renda foi necessária em razão da
necessidade de tratamento médico; alegou a irrepetibilidade dos alimentos; alegou a existência de
boa-fé; e requereu a reforma da decisão administrativa.

Sem contrarrazões.

Em decisão colegiada, a 10ª Junta de Recursos decidiu por dar parcial provimento ao apelo
apresentado, mantendo a cobrança dos valores pagos indevidamente, entretanto reduzindo o
percentual de descontos para 10% sobre o benefício recebido pelo recorrente.

Irresignado com a reforma parcial de sua decisão, o INSS interpôs recurso especial, sustentando
que a decisão não guarda simetria com a Resolução nº 185/PRES/INSS; que o percentual fixado
pela junta de recursos se assemelha ao perdão da dívida; e requer a reforma da decisão proferida.

Em suas contrarrazões, o segurado reiterou os argumentos do recurso ordinário e, também


apresentou recurso especial com as mesmas alegações.

Contra-arrazoando o recurso do segurado, o INSS sustentou que a aposentadoria por invalidez


condiciona o segurado ao afastamento de todas as atividades laborais e fez remissão aos
argumentos utilizados na decisão administrativa originária.

É o relato.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 20/01/2014 para sessão nº 0015/2014, de 05/02/2014.

Voto

Da Intempestividade do Recurso do Segurado

Conforme andamento processual o segurado recorrente teve ciência da decisão da Junta de


Recursos em 22.10.2013 e apresentou seu recurso especial em 06.12.2013.

O art. 31 da Portaria MPS nº 548/2011 (Regimento Interno deste CRPS) prevê o prazo de trinta
dias para que aquele que se sentir lesado pela decisão proferida pela Junta de Recursos apresente
seu recurso especial:
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Art. 31. É de trinta dias o prazo para a interposição de recurso e para o oferecimento de
contrarrazões, contado da data da ciência da decisão e da data da intimação da interposição do
recurso, respectivamente.

A contagem deste prazo ocorre na forma estabelecida no art. 26 do mesmo regimento, senão
vejamos:

Art. 26. Os prazos estabelecidos neste Regimento são contínuos e começam a correr a partir da
data da ciência da parte, excluindo-se da contagem o dia do início e incluindo-se o do vencimento.

§ 1º O prazo só se inicia ou vence em dia de expediente normal no órgão em que tramita o recurso
ou em que deva ser praticado o ato.

§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento ocorrer em
dia em que não houver expediente ou em que este for encerrado antes do horário normal.

§ 3º Os prazos previstos neste Regimento são improrrogáveis, salvo em caso de exceção expressa.

Assim sendo, o recorrente teve até dia 21.11.2013 para que apresentasse seu recurso, sendo que
não respeitou o elastecido prazo.

Na forma do art. 54, I, do Regimento Interno do CRPS, a intempestividade é razão autorizadora


para o não conhecimento do recurso apresentado, só podendo ser relevada por proposta do
conselheiro relator, na forma do art. 13, II, da mesma portaria:

Art. 13. Incumbe ao Conselheiro relator das Câmaras e Juntas:

[…]

II - propor à composição julgadora relevar a intempestividade de recursos, no corpo do próprio


voto, quando fundamentadamente entender que, no mérito, restou demonstrada de forma
inequívoca a liquidez e certeza do direito da parte;

Não vislumbro que o direito submetido ao crivo desta Câmara de Julgamento seja inequívoco,
porquanto se trata de matéria pertinente a devolução de valores indevidamente pagos, cuja
discussão é extremamente controvertida e que gera os mais diversos entendimentos.

Da Falta de Autorização Recursal da Matéria Apresentada Pelo INSS

No âmbito recursal administrativo do CRPS o INSS tem autorização restrita para apresentação de
recurso especial, estão elas dispostas no art. 16 do Regimento Interno deste conselho recursal:

Art. 16. Compete às Câmaras de Julgamento julgar os Recursos Especiais interpostos contra as
decisões proferidas pelas Juntas de Recursos.
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Parágrafo único. O INSS poderá recorrer das decisões das Juntas de Recursos somente quando:

I - violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria ministerial;

II - divergirem de súmula ou de parecer do Advogado Geral da União, editado na forma da Lei


Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de pareceres da Consultoria Jurídica do MPS ou da Procuradoria Federal


Especializada - INSS, aprovados pelo Procurador-Chefe;

IV - divergirem de enunciados editados pelo Conselho Pleno do CRPS;

V - tiverem sido fundamentadas em laudos ou pareceres médicos divergentes emitidos pela


Assessoria Técnico-Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos peritos do INSS; e

VI - contiverem vício insanável, considerado como tal as ocorrências elencadas no § 1º do art. 60.

A alegação é de violação de Resolução própria do INSS, notadamente a Resolução nº


185/PRES/INSS, que não é lei, decreto ou portaria ministerial, não autoriza a interposição de
recurso especial pelo INSS.

Apesar de extrema valia e de ser uma norma lotada da melhor aplicação jurídica das regras
previdenciárias, esta Resolução nada mais é que diretrizes lançadas pelo emérito presidente
daquele instituto.

Dispositivo

ANTE TODO O EXPOSTO, voto no sentido de não conhecer o recurso especial interposto pelo
segurado em razão da intempestividade e por não conhecer o recurso especial do INSS por falta de
autorização recursal, mantendo a decisão proferida pela Junta de Recursos a quo.

CAIO CESAR AUADA

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto
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Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 251 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em NÃO CONHECER DO RECURSO DO
INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) ANA PAULA FERNANDES.

CAIO CESAR AUADA PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Relator(a) Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.096837/2013-11

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL IPATINGA

Benefício: 31/600.660.076-9

Espécie: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: CREUSMAR SANTANA RODRIGUES

Assunto: INDEFERIMENTO

Relator: BRUNA CORREIA

EMENTA:

AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO. COBRANÇA DE VALORES AUFERIDOS INDEVIDAMENTE FACE


CONSTATAÇÃO DE IRREGULARIDADE NA CONCESSÃO. RETIFICAÇÃO DA DIB E DA DII PELA
AUTARQUIA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO PELO ÓRGÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA.
INTERPOSIÇÃO RECURSAL DA AUTARQUIA. BOA FÉ OBJETIVA POR PARTE DA TITULAR DO
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BENEFÍCIO. ENUNCIADO 38 DO CRPS. PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE DOS ALIMENTOS.


PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. RECURSO CONHECIDO E NEGADO AO INSS.

Relatório

Trata-se de recurso interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, doravante
denominada recorrente, contra o acórdão nº 3087/2013, parcialmente provido pela 21ª JRPS em
favor de CREUSMAR SANTANA RODRIGUES, doravante denominada Recorrida.

O recurso foi interposto devido a cobrança de valores recebidos indevidamente no benefício de


espécie e nº 31/600.660.076-9, face constatação de irregularidade na concessão.

Conforme se extrai do sistema Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), o ingresso da


Recorrida no RGPS ocorreu em 04/2011.

Após análise de novos exames e revisão médica houve a alteração da DID - Data do Início da
Doença e da DII - Data do Início da Incapacidade, de modo que se constatou sua incapacidade
laborativa anterior ao ingresso no RGPS. As datas foram retificadas da seguinte forma:

- DID alterada de 26/02/2001 para 02/02/1998;

- DII alterada de 30/01/2013 para 19/01/2011.

O benefício foi cancelado e efetuada a cobrança dos valores recebidos indevidamente no


montante de R$ 2.069,36 (dois mil e sessenta e nove reais e trinta e seis centavos).

O órgão julgador de 1ª instância proveu em parte o recurso interposto, de modo que decidiu pela
cessação do benefício e pela suspensão da cobrança dos valores auferidos.

Inconformada, a Recorrente interpôs recurso a este órgão Colegiado, requerendo a reforma do


decisum, no sentido de condenar a Recorrida a devolução de todo o valor auferido indevidamente.
Fundamenta seu pleito no art. 154, § 3º, do Decreto 3.048/99, que independentemente de ter
recebido de boa-fé persiste a obrigação de restituição ao erário, pois a única benesse legal
concedida nesses casos é a possibilidade de parcelamento do débito.

Devidamente cientificada, a Recorrida não apresentou contrarrazões.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 19/02/2014 para sessão nº 0048/2014, de 12/03/2014.

Voto
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Ressalta-se, preliminarmente, a tempestividade do recurso interposto nos moldes do § 1º do art.


305 do Decreto 3.048/99.

O procedimento de revisão da concessão bem como de apuração do indébito estão previstas no


art. 11 da Lei 10.666/03, onde se extrai:

Art. 11. O Ministério da Previdência Social e o INSS manterão programa permanente de revisão da
concessão e da manutenção dos benefícios da Previdência Social, a fim de apurar irregularidades e
falhas existentes.

§ 1º Havendo indício de irregularidade na concessão ou na manutenção de benefício, a


Previdência Social notificará o beneficiário para apresentar defesa, provas ou documentos de que
dispuser, no prazo de dez dias.

§ 2º A notificação a que se refere o § 1º far-se-á por via postal com aviso de recebimento e, não
comparecendo o beneficiário nem apresentando defesa, será suspenso o benefício, com
notificação ao beneficiário.

§ 3º Decorrido o prazo concedido pela notificação postal, sem que tenha havido resposta, ou caso
seja considerada pela Previdência Social como insuficiente ou improcedente a defesa apresentada,
o benefício será cancelado, dando-se conhecimento da decisão ao beneficiário.

A irregularidade consiste no recebimento indevido do benefício previdenciário pelo período de


30/01/2013 a 01/04/2013, pelo fato de haver retificação da DID e DII da Recorrida para momento
anterior, em que não preenchia o requisito de segurada do RGPS.

Os benefícios previdenciários, que por excelência são substitutivos de renda, apontam-se como
verba alimentar e, portanto, direito patrimonial indisponível, salvo no caso de fraude.

Vale ressaltar, que a Data do Início da Incapacidade - DII, foi implementada pela própria
Recorrente, de modo que não há como se caracterizar o dolo, tampouco fraude pela Recorrida.

Nas situações em que a autarquia federal identifica qualquer irregularidade na concessão e/ou
manutenção dos benefícios previdenciários, tem como regra a cobrança dos valores recebidos
indevidamente, independentemente, do fato gerador que caracterizou a irregularidade.

Em que pese a argumentação da Recorrente que este órgão possui vinculação com o Decreto
3.048/99, bem como com os pareceres da Consultoria Jurídica, insta salientar que este assunto já
foi pacificado pelo Conselho de Recursos da Previdência Social.
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Por sorte, com a publicação recente do Enunciado n. 38 do CRPS, tal assunto restou assim
dirimido: “A revisão dos parâmetros médicos efetuada em sede de benefício por incapacidade não
rende ensejo à devolução dos valores recebidos, se presente a boa-fé objetiva”.

Tem-se, portanto, caminhado para análise da boa-fé objetiva por parte do titular do benefício, e
não havendo dolo quanto a percepção do benefício, uma vez caracterizada o equívoco da própria
Recorrida, aplica-se o princípio da irrepetibilidade dos alimentos.

Sob o outro prisma, devemos observar o disposto no artigo 2º da Lei 9.784/1999:

“A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,


motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito”.

Portanto, a administração pública não está vinculada, tão somente, a letra fria da lei, mas deve
reger seus atos observando os critérios de Direito.

Assim, a luz dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, bem como da
razoabilidade e da proporcionalidade, tem-se pacificado o entendimento jurisprudencial de que as
parcelas dos benefícios previdenciários, mesmo que irregulares, sendo recebidos de boa fé,
tornam-se irrepetíveis, não devendo, portanto, serem objeto de cobrança.

Por tratar-se a jurisprudência de uma das fontes do Direito, é mister transcrever o entendimento
do judiciário a respeito:

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO. AUXÍLIO-DOENÇA. RESTITUIÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS.


IMPOSSIBILIDADE. NATUREZA ALIMENTAR DO BENEFÍCIO. PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE DOS
ALIMENTOS.

I - A jurisprudência é pacífica no sentido de ser indevida a restituição das verbas de caráter


alimentar percebidas de boa-fé, indiscutível no caso dos autos, e em respeito ao princípio da
irrepetibilidade dos alimentos.

II - Não se trata de propiciar o enriquecimento sem causa, mas sim de, em obediência ao princípio
constitucional da proporcionalidade, render-se aos ditames da dignidade da pessoa humana.

III - Agravo a que se nega provimento. (TRF3, Processo: AMS 1618 SP 0001618-87.2011.4.03.6106,
Relator(a): DESEMBARGADOR FEDERAL WALTER DO AMARAL, Julgamento: 20/08/2013, Órgão
Julgador: DÉCIMA TURMA).
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MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DESCONTO DOS VALORES


PAGOS A MAIOR. EQUÍVOCO ADMINISTRATIVO. CARÁTER ALIMENTAR DAS PRESTAÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS. 1. Esta Corte vem se manifestando no sentido da impossibilidade de repetição
dos valores recebidos de boa-fé pelo segurado, dado o caráter alimentar das prestações
previdenciárias, sendo relativizadas as normas dos arts. 115, II, da Lei nº 8.213/91, e 154, § 3º, do
Decreto nº 3.048/99. 2. Hipótese em que, diante do princípio da irrepetibilidade ou da não
devolução dos alimentos, deve ser afastada a cobrança dos valores determinada pela autarquia.
(TRF4, APELREEX 2008.72.11.001599-4, Quinta Turma, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira,
D.E. 03/05/2010).

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA. RMI INDEVIDA. ERRO DA ADMINISTRAÇÃO.


BOA-FÉ DO SEGURADO. DEVOLUÇÃO. DESCABIMENTO. CARÁTER ALIMENTAR. SENTENÇA
REFORMADA.

1. A jurisprudência dos Tribunais pátrios tem se firmado no sentido de que, em se tratando de


benefício previdenciário, que possui natureza alimentar, afigura-se descabida a devolução de
valores recebidos indevidamente, se decorrentes de erro exclusivo da Administração e recebidos
de boa-fé pelo administrado, como no caso dos autos. Precedentes desta Corte e do STJ. (TRF1,
Processo: AC 25762920124019199 MG 0002576-29.2012.4.01.9199, Relator(a): DESEMBARGADOR
FEDERAL NEY BELLO, Julgamento: 18/09/2013, Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA, Publicação:
e-DJF1 p. 637 de 11/10/2013).

Dessa forma, a tentativa de restituição dos valores pagos pela Recorrente em razão de erro
administrativo na implementação da DID e na DII não se mostra razoável, pois foram auferidos de
boa-fé pela parte.

DISPOSITIVO

Voto por CONHECER do recurso e, no mérito, NEGAR-LHE provimento.

BRUNA CORREIA

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

MARILEIA TONIETTO

Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores

Declaração de Voto
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Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 538 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR
PROVIMENTO AO INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) MARILEIA TONIETTO.

BRUNA CORREIA

Relator(a)

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.057826/2013-15

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SALVADOR-CENTRO HISTÓRICO

Benefício: 42/162.540.561-5

Espécie: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: PAULO AUGUSTO ALMEIDA DOS SANTOS - Procurador

Recorrido: JOAO BOSCO FERREIRA LIMA - Titular Capaz

Assunto: INDEFERIMENTO

Relator: SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS


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EMENTA:

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. DIREITO NÃO CONFIGURADO. APESAR DO


ACRÉSCIMO DE PERÍODOS CONVERTIDOS AO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO INICIALMENTE APURADO
O REQUERENTE NÃO IMPLEMENTA O TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO EXIGIDO. FUNDAMENTAÇÃO
LEGAL: ART. 56, DECRETO 3.048/99, ANEXO DO DECRETO 53831/64. RECURSO CONHECIDO E
NEGADO AO INSS.

Relatório

Trata o presente de recurso especial interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,
recorrente, contra a decisão proferida pela 11ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da
Previdência Social, através do Acórdão nº 1519/2013, em que foi dado parcial provimento ao
pedido de recurso, interposto pelo Sr. João Bosco Ferreira Lima, ora recorrido.

O interessado Sr. João Bosco Ferreira Lima, nascido em 03/10/1955, através de representante
legal, requereu em 01/10/2012, benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, quando
além de seus documentos de identificação, apresentou para fins de comprovação de tempo de
contribuição, os seguintes documentos:

1. 03 CTPS nº 48716 S 422, com vínculos em períodos compreendidos entre 03/12/1974 e


14/10/2011, cujas cópias se encontram nos autos, pág. 10/49;

2. Cópias de declarações da empresa UNIMAR - Supermercados S/A, de que o recorrente esteve a


serviço da referida empresa nos períodos de 11/01/1985 a 16/09/1985 e 17/09/1985 a
05/01/1987, exercendo as funções de vigilante e vigia noturno (págs. 50/51).

3. Cópia de declaração da empresa Paes Mendonça S/A, de que o recorrente esteve a serviço da
referida empresa no período de 23/02/1987 a 12/08/1991, exercendo a função de vigia (pág. 52).

4. Formulário PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário, emitido pela empresa Gerdau Aços
Longos S/A, para os períodos de 14/10/1976 a 16/10/1978, 17/10/1978 a 31/12/1979,
01/01/1980 a 30/06/7980 e 01/07/1980 a 06/07/1983, nas ocupações de servente, ajudante de
operação, operador de dobradeira e operador de ponte rolante, Setor: Adm. e laminação, com
exposição aos fatores de risco: ruído de 96,5 dB (A) e calor de 27,55 a 29,1°C - PPP, laudo anexo
(págs. 53/59);

5. Formulário PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário emitido pela empresa André Guimarães
Ltda., para o período de 26/09/2008 a 17/04/2009, na ocupação de servente, Setor: prédios -
fatores de risco: poeiras e esforço físico (NA), sem laudo (págs. 60/61);
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6. Formulário PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário emitido pela empresa Consórcio


Integração, para o período de 14/09/2009 a 15/09/2011, na ocupação de operador de ponte
rolante, Setor: movimentação de cargas, com exposição ao fator de risco: ruído de 94.1 - PPP (pág.
85).

Conforme Análise e Decisão Técnica de Atividade Especial realizada pela Perícia Médica do INSS,
em págs. 76 e 117, concluindo pelo enquadramento do período de 17/10/1978 a 06/07/1983, e
não enquadramento dos períodos de 14/10/1976 a 16/10/1978 e de 26/09/2008 a 17/04/2009,
por ter sido considerado que os PPP analisados, não contêm elementos para comprovação da
efetiva exposição aos agentes nocivos contemplados na legislação e do período de 14/09/2009 a
15/09/2011, por considerar que a exposição ao ruído está atenuada eficazmente pelo uso de EPI,
não havendo enquadramento no código 2.0.1, do Anexo IV do Decreto 3.048/99.

O requerimento foi indeferido pelo INSS, em 15/03/2013, pelo motivo de falta de tempo de
contribuição, atividades descritas nos DSS 8030 e Laudos Técnicos não foram considerados
especiais pela Perícia Médica, tendo sido apurado o tempo de 26 anos, 09 meses e 08 dias de
tempo de contribuição, até 14/10/2011.

Contra a decisão do Órgão Previdenciário, interpôs recurso à Junta de Recursos do Conselho de


Recursos da Previdência Social, em 27/05/2013, em que solicita o enquadramento do período
trabalhado na empresa Consórcio Integração, baseando-se no que aduz a Súmula nº 09;
enquadramento administrativo dos períodos trabalhados nas empresas Unimar Supermercados e
Paes Mendonça S/A, na função de vigilante e concessão do pedido de aposentadoria mesmo de
forma proporcional.

Através do Acórdão nº 1519/2013, proferido pela 11ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos
da Previdência Social, evento 13, foi dado parcial provimento ao recurso, uma vez que se tem que
restou induvidoso o exercício das atividades de vigia/vigilante, pelo recorrente, nos períodos de:
11/01/1985 a 16/09/1985 e 17/09/1985 a 05/01/1987, 23/02/1987 a 12/08/1991, também o
período de 03/02/1992 a 30/10/1992, conforme se verifica em CTPS, declarações e CNIS/CBO, o
que resultou na conversão dos mesmos, por esta Junta. Todavia, mesmo quando acrescida a
conversão de períodos enquadrados por categoria profissional, por esta Junta, de: 11/01/1985 a
16/09/1985 e 17/09/1985 a 05/01/1987, 23/02/1987 a 12/08/1991 e 03/02/1992 a 30/10/1992, o
recorrente totaliza tempo ainda insuficiente para a concessão da aposentadoria pretendida,
portanto restando incabível a concessão do benefício, conforme artigo 188 do Decreto nº
3.048/99, mas somente o deferimento parcial do pedido para considerar os períodos acima
admitidos.

Contra a decisão, o Órgão Previdenciário recorre através de recurso especial a esta Câmara de
Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social, por não concordar com o decisório a
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11ª Junta de Recursos, pelos motivos, em síntese: Não consta nos autos comprovação de extinção
das empresas, nem de pedido de Justificação Administrativa de segurado. Após análise do tempo
de contribuição, a APS concluiu pelo indeferimento do benefício, por motivo de falta de tempo de
contribuição. Total do TC = 26a 09m 08d. Esclarecemos que todos os vínculos constantes nas CTPS
apresentadas foram reconhecidos, tendo sido realizadas algumas alterações nas datas de
admissão e demissão, consoante as CTPS, por haver divergência com o CNIS. Quanto ao
enquadramento dos períodos supracitados, entendemos que face à ausência dos formulários de
atividade especial, não há como reconhecê-los.

Deste modo, permanece o tempo de contribuição apurado inicialmente pela APS, insuficiente até
mesmo para uma Aposentadoria Proporcional.

Em suas contrarrazões o requerente reitera o solicitado às razões do recurso ordinário, ou seja o


reconhecimento como atividade especial de todos os períodos elencados no recurso interposto
pelo Instituto, onde o segurado trabalhou como vigilante e vigia. Solicita, também, reavaliação dos
outros documentos apresentados, bem como, autoriza a concessão de seu benefício mesmo de
forma proporcional.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 15/01/2014 para sessão nº 0029/2014, de 12/02/2014.

Voto

Recurso considerado tempestivo, conforme § 1º do art. 305 do Regulamento da Previdência Social


- RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 e pelo Art. 31, da Portaria Ministerial nº 548/2011.

De acordo com o Art. 56, do Decreto 3.048/99 - “A aposentadoria por tempo de contribuição será
devida ao segurado após trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher,
observado o disposto no art. 199-A.”

Quanto às atividades exercidas sob condições especiais, destaco o contido no § 1º do Art. 70, do
Decreto 3.048 - “A caracterização e a comprovação de tempo de atividade, sob condições
especiais, obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço”.

Conforme as contrarrazões apresentadas pelo INSS, a matéria controversa refere-se ao


enquadramento de atividade especial com base, tão somente, nos dados constantes na CTPS, eis
que não foram apresentados formulários DSS8030 ou PPP, para tanto.

Em abril de 1995, com a edição da Lei nº 9.032, o artigo 57 da Lei nº 8.213, 1991, sofreu
significativa alteração que resultou numa nova roupagem à aposentadoria especial. O critério de
concessão por categoria profissional foi excluído de vez do Ordenamento Jurídico e as atividades
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expostas ao perigo deixaram de ser consideradas especiais, prevalecendo apenas aquelas que
implicam em prejuízo a saúde ou a integridade física do segurado.

Ressalta-se que a redação original do artigo 57, da Lei nº 8.213, de 1991, já havia suprimido a
periculosidade do rol de atividades especiais; no entanto, como ainda havia sido mantido o critério
de concessão por categoria profissional e os decretos que fixavam tais categorias foram
integralmente mantidos pelo Decreto nº 611, de 1992, entende-se que as atividades expostas ao
perigo efetivamente deixaram de existir com o advento da Lei nº 9.032, de 1995.

Há de se ressaltar o disposto na Súmula nº 49 - TNU - DOU de 15/03/2012 - Para reconhecimento


de condição especial de trabalho antes de 29/4/1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou à
integridade física não precisa ocorrer de forma permanente.

E ainda, o disposto no Enunciado nº 20 - CRPS - DOU de 18/11/1999 - “Salvo em relação ao agente


agressivo ruído, não será obrigatória a apresentação de laudo técnico pericial para períodos de
atividades anteriores à edição da Medida Provisória nº 1.523 -10, de 11/10/96, facultando-se ao
segurado a comprovação de efetiva exposição a agentes agressivos à sua saúde ou integridade
física mencionados nos formulários SB-40 ou DSS-8030, mediante o emprego de qualquer meio de
prova em direito admitido.”

No entender desta relatora muito embora não conste dos autos o formulário exigido para o INSS
não podemos deixar de considerar que o enquadramento de atividade especial por categoria
profissional se refere a vínculos empregatícios devidamente anotados em CTPS, cuja ocupação
está informada na CTPS como vigilante e/ou vigia, corroborados pelas declarações da empresa
empregadora Paes Mendonça S/A, sucessora da UNIMAR - Supermercados S/A, relativa ao cargo
ocupado pelo requerente de vigia e/ou vigilante.

No que se refere a necessidade de porte de arma de fogo para fins de equiparação do cargo de
vigilante ou vigia à de guarda, conforme o Anexo do Decreto 53.081/64, já na IN n. 20, de
11/10/2007 observa-se que essa exigência não mais se faz presente, conforme a conceituação:

II - guarda, vigia ou vigilante até 28 de abril de 1995:

a) entende-se por guarda, vigia ou vigilante o empregado que tenha sido contratado para garantir
a segurança patrimonial, impedindo ou inibindo a ação criminosa em patrimônio das instituições
financeiras e de outros estabelecimentos públicos ou privados, comerciais, industriais ou
entidades sem fins lucrativos, bem como pessoa contratada por empresa especializada em
prestação de serviços de segurança, vigilância e transporte de valores, para prestar serviço relativo
a atividade de segurança privada a pessoa e a residências.
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Observo que os formulários exigidos para comprovação de atividade especial são indispensáveis
para traduzir a realidade dos fatos alegados, especialmente nos casos de exposição a agentes
nocivos e dados inerentes a estas situações peculiares. Porém, em relação ao enquadramento por
categoria profissional o formulário em si, somente transcreveria os dados anotados em CTPS, haja
vista, a não obrigatoriedade de listar exposição a agentes nocivos e a não exigência de
comprovação de risco à integridade física de modo permanente conforme a Súmula n. 49 - TNU.

Assim, em se tratando de enquadramento por categoria profissional específica a habitualidade do


exercício da atividade de vigilante está contida na própria atividade em si, pela designação da
ocupação para a qual foi contratado, enquanto que o desempenho de forma permanente implica
na prevalência de suas atividades, que são relativas ao cargo ocupado.

Desta forma, conclui-se que é devido o enquadramento até 28-04-1995, por categoria profissional,
no Código 2.5.7 do quadro anexo ao Decreto n. 53.831 /64, para o vigia/vigilante, por analogia à
função de guarda, independentemente do fato de o segurado portar, ou não, arma de fogo no
exercício de sua atividade profissional, nos períodos controversos.

Quanto à atividade especial relativa ao vínculo com a empresa Consórcio Integração, para o
período de 14/09/2009 a 15/09/2011, na ocupação de operador de ponte rolante, Setor:
movimentação de cargas, com exposição ao fator de risco: ruído de 94.1 - PPP, não enquadrado
como atividade especial pelo INSS, em razão do uso do EPI considerado eficaz, deve-se observar
que se trata de matéria já pacificada pelo Enunciado nº 21 - CRPS e Súmula nº 09 - TNU.

Súmula nº 09, da TNU (Turma Nacional de Uniformização) - O uso do Equipamento de Proteção


Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não
descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.

Enunciado nº 21- Editado pela Resolução Nº 1/1999, publicada no DOU de 18/11/1999 - “O


simples fornecimento de equipamento de proteção individual de trabalho pelo empregador não
exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser
considerado todo o ambiente de trabalho.”

Diante de todo o exposto concluo que não merece reforma o Acórdão nº 1519/2013, da 11ª Junta
de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social, no que se refere ao mérito do
provimento parcial ao pedido de recurso.

Contudo, concluo que deverá ser acrescido o período de 14/09/2009 a 15/09/2011, aos períodos
de 11/01/1985 a 16/09/1985 e 17/09/1985 a 05/01/1987, 23/02/1987 a 12/08/1991 e
03/02/1992 a 30/10/1992, já enquadrados pela douta 11ª Junta de Recursos/CRPS, como
atividade especial, cujos períodos convertidos devem sem somados ao tempo de contribuição
inicialmente apurado, pelos fundamentos acima mencionados.
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CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de preliminarmente conhecer do recurso do INSS e,


no mérito NEGAR-LHE provimento.

SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

RAFAELA COBRA CASSETARI

Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 360 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR
PROVIMENTO AO INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros ANA PAULA FERNANDES e RAFAELA


COBRA CASSETARI.

SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN


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Relator(a) Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.089676/2013-17

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL QUEIMADOS

Benefício: 25/161.517.781-4

Espécie: AUXÍLIO-RECLUSÃO

Recorrente: DENISE CALDEIRA ALVES - Pais

Recorrente: ADRIANA CALDEIRA ALVES DE SOUZA - Titular Incapaz (Menor 18 anos)

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: INDEFERIMENTO

Relator: RAFAELA COBRA CASSETARI

EMENTA:

AUXÍLIO-RECLUSÃO. RECLUSÃO EM DELEGACIA DE POLÍCIA E APÓS EM REGIME SEMIABERTO.


POSSIBILIDADE. NÃO APLICAÇÃO DE PRESCRIÇÃO CONTRA MENORES E INCAPAZES. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório

Trata-se recurso especial interposto pela menor Adriana Caldeira Alves de Souza, nestes autos
representada por sua mãe, Denise Caldeira Alves de Souza em face da decisão proferida pela 7ª
Junta de Recursos que negou provimento ao recurso apresentado.

Ocorre que a beneficiária, ora recorrente, requereu o benefício auxílio-reclusão em 06/06/2013,


em decorrência da prisão do seu pai, Adriano Barbosa de Souza.

Por não restar comprovado o efetivo recolhimento à prisão (fls. 33/34), a beneficiária, ora
recorrente, apresentou suas razões recursais em 05/08/2013 (fls. 39), apresentado em
19/08/2013 (fls. 03), alegando que apresentou o atestado que comprova o efetivo recolhimento à
prisão e que se não tivesse apresentado o mesmo, não teria dado entrada no processo.
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Para comprovação dos fatos, a recorrente juntou o Atestado de Reclusão informando o


cumprimento de pena em regime prisional aberto desde 18/04/2013 (fls. 04 e 13) e os
documentos pessoais (fls. 05/07).

Promovida consulta ao Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS (fls. 25/28 e 41/45).

Foi exigido por parte do INSS que a requerente apresentasse os documentos originais do
instituidor. Sendo a exigência cumprida, p. 14/23.

Contra-arrazoando, a autarquia previdenciária manteve o ato recorrido (fls. 48/51), informando


que o segurado instituidor não cumpre as determinações da legislação vigente, uma vez que
cumpre sua pena em regime aberto.

Em decisão colegiada, a 07ª Junta de Recursos decidiu por negar provimento ao recurso por não
haver amparo legal para concessão de auxílio- reclusão no caso do segurado instituidor cumprir
pena em regime aberto.

Irresignada com a r. decisão, a beneficiária interpõe recurso especial suscitando que comprovou a
reclusão do segurado instituidor no momento do requerimento administrativo para concessão do
benefício.

A recorrente juntou (fls. 62) Atestado de Permanência onde consta a permanência do segurado
instituidor na unidade SEAPAT, em regime semiaberto, em 14 de setembro de 2013.

Requer, então a reforma do r. decisum.

Em sede de contrarrazões o INSS pugna pela manutenção da decisão do colegiado de primeira


instância por não haver novos elementos que altere o entendimento esposado.

Eis o relatório.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 18/03/2014 para sessão nº 0070/2014, de 18/03/2014.

Voto

Preliminarmente

O art. 31 da Portaria MPS nº 548/2011 (Regimento Interno deste CRPS) prevê o prazo de trinta
dias para que aquele que se sentir lesado pela decisão proferida pela Junta de Recursos apresente
seu recurso especial:
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Art. 31. É de trinta dias o prazo para a interposição de recurso e para o oferecimento de
contrarrazões, contado da data da ciência da decisão e da data da intimação da interposição do
recurso, respectivamente.

A contagem deste prazo ocorre na forma estabelecida no art. 26 do mesmo regimento, senão
vejamos:

Art. 26. Os prazos estabelecidos neste Regimento são contínuos e começam a correr a partir da
data da ciência da parte, excluindo-se da contagem o dia do início e incluindo-se o do vencimento.

§ 1º O prazo só se inicia ou vence em dia de expediente normal no órgão em que tramita o recurso
ou em que deva ser praticado o ato.

§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento ocorrer em
dia em que não houver expediente ou em que este for encerrado antes do horário normal.

§ 3º Os prazos previstos neste Regimento são improrrogáveis, salvo em caso de exceção expressa.

Consoante se verifica no andamento processual, o recurso foi interposto dentro do prazo legal.

Portanto, considero tempestivo o presente Recurso Especial.

No que tange o mérito, não assiste razão a recorrente.

O benefício auxílio-reclusão é devido para os dependentes do segurado de baixa renda recolhido à


prisão que não receber remuneração da empresa e nem estiver em gozo de auxílio-doença ou
aposentadoria, conforme disciplina o artigo 80 da Lei 8.213/91.

Art. 80. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos
dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem
estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.

Parágrafo único. O requerimento do auxílio-reclusão deverá ser instruído com certidão do efetivo
recolhimento à prisão, sendo obrigatória, para a manutenção do benefício, a apresentação de
declaração de permanência na condição de presidiário.

De acordo com o parágrafo único do referido artigo, faz jus ao auxílio-reclusão o segurado
enquanto permanecer preso ou recluso, e assim, para manutenção do benefício deverá ser
apresentada, trimestralmente, a declaração de que o segurado permanece cumprindo pena
privativa de liberdade.

Pelos documentos acostados aos autos, percebe-se que a recorrente, no momento da concessão,
não deu conta em comprovar o efetivo recolhimento na prisão.
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Embora tenha anexado junto às razões de recurso, o Atestado de Permanência declarando o


ingresso em Regime semiaberto, a permanência se dá a partir de 14.09.13.

Na data do requerimento administrativo para concessão do benefício (DER 06. 06.13) a declaração
apresentada declarava o ingresso em regime aberto desde 18.04.13.

Dessa forma, a recorrente não tem direito ao benefício pleiteado, visto que o recolhimento à
prisão refere-se ao ingresso ao sistema previdenciário em regime fechado ou semiaberto.

Nessa esteira, segue o parecer exarado pela Consultoria Jurídica do MPAS, acerca da
caracterização do direito em face do regime prisional, concluindo que as famílias dos segurados
presos sob o regime fechado e semiaberto fazem jus ao auxílio-reclusão, ainda que exerçam
alguma atividade remunerada e que “as famílias dos segurados em cumprimento de pena sob
regime aberto não têm direito ao recebimento do auxílio-reclusão”. (Parecer CJ n. 2.583, de
24.9.01 - in Revista RPS 252/834 de novembro de 2001).

Então, mantenho o decisum proferido pela 07ª Junta de Recursos por não ter direito a recorrente
ao auxílio-reclusão pleiteado em decorrência do segurado instituidor cumprir pena em regime
aberto.

Isto posto, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO interposto e, no mérito, NEGAR-LHE


PROVIMENTO.

RAFAELA COBRA CASSETARI

Relator(a)

Voto divergente vencedor

Em que pese o respeitável entendimento da relatora, discordo, tendo como base o parecer
exarado pela Consultoria

Jurídica do MPAS, senão vejamos:

(...) acerca da caracterização do direito em face do regime prisional, concluímos que as famílias
dos segurados presos sob o regime fechado e semiaberto fazem jus ao auxílio- reclusão, ainda que
exerçam alguma atividade remunerada e que “as famílias dos segurados em cumprimento de pena
sob regime aberto não têm direito ao recebimento do auxílio-reclusão”. (Parecer CJ n. 2.583, de
24.9.01 - in Revista RPS 252/834 de novembro de 2001).

A beneficiária, por sua vez, anexou junto às razões de recurso, o Atestado de Permanência do
prisioneiro, declarando que este esteve recolhido junto a Delegacia de Pavuna - RJ, desde
18.04.13, ou seja, quase dois meses antes do pedido administrativo. Já o ingresso em Regime
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semiaberto se deu a partir de 14.09.13, quando o preso foi transferido da Delegacia para a
Penitenciária.

Assim, embora na data do requerimento administrativo, não tenha restado claro o regime de
encarceramento, a certidão emitida pela SEAPAT e SEAPCN, e anexada pela requerente em sede
recursal é suficientemente esclarecedora dos fatos.

O recolhimento em Delegacias de Polícia, após a lavratura do delito, por longo período de tempo,
é proibido em nossa Legislação Penal, entretanto, pela falta de recursos ocorre com certa
naturalidade.

Por questões obvias, se este tipo de reclusão não esta prevista na lei, não possui um regime
específico a ser identificado na declaração dada pela Secretaria de Segurança Pública. Contudo,
uma questão meramente formal como esta não pode obstar o direito da parte, quanto mais, num
processo administrativo, cujo principio norteador é o da verdade real. Assim, restando claro que o
segurado esteve por todo período recluso, em regime fechado e ou semiaberto, conforme a
legislação e pareceres da Consultoria Jurídica do MPAS, mister se faz a concessão do benefício aos
seus dependentes.

Considerando o objetivo da norma que instituiu o auxílio-reclusão, e sua importância social, este
deve ser concedido a requerente desde 18.04.2013, data na qual o segurado foi recolhido à prisão,
vez que contra os dependentes menores de 18 anos e inválidos não corre a prescrição, conforme
previsão expressa do art. 198 do Código Civil. Saliento que fato da genitora responsável pela
menor desconhecer seu direito e ter requerido o auxílio, quase 60 dias após a prisão do segurado,
é irrelevante.

Pelo exposto, VOTO no sentido de RECEBER o recurso DAR-LHE PROVIMENTO para o fim de que
lhe seja concedido o auxílio-reclusão pleiteado.

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS

Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo

Voto divergente
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Presidente discorda do voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 662 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR DESEMPATE, de acordo com o voto vencedor do (a)
Conselheiro (a) ANA PAULA FERNANDES e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros ANA PAULA FERNANDES e SANDRA


MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS.

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.066551/2013-19

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DOIS CÓRREGOS

Benefício: 88/124.153.730-2

Espécie: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: PATRICIA RAQUEL LANCIA MOINHOZ - Procurador

Recorrido: ANA LUIZA DE OLIVEIRA RODRIGUES - Titular Capaz

Recorrido: CATIA LUCHETA CARRARA - Procurador

Assunto: RESTABELECIMENTO
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____________________________________________

Relator: LUSIA MASSINHAN

EMENTA:

BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO - BENEFÍCIO DA


ESPÉCIE 88. LEI 8742/93 ACUMULADO COM BENEFÍCIO PENSÃO POR MORTE IMPOSSIBILIDADE DE
COBRANÇA DE VALORES FACE AO INSTITUTO DA DECADÊNCIA VISTO A INÉRCIA DA AUTARQUIA.
MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE ESPÉCIE 88, VISTO SUA INCORPORAÇÃO E SEU
CARÁTER ALIMENTAR - CONTRARRAZÕES DA RECORRIDA INTEMPESTIVAS. RECURSO CONHECIDO
E IMPROVIDO. RECURSO CONHECIDO E NEGADO AO INSS.

Relatório

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, doravante denominada Recorrente, interpôs


recurso especial contra o acórdão nº 4096/2013, proferido pela 27ª JRPS em data de 26/09/2013,
parcialmente provido em favor de ANA LUIZA DE OLIVEIRA RODRIGUES, doravante denominada
Recorrida.

Trata-se de requerimento administrativo em face da determinação da 27ª JRPS que determinou a


cessação do benefício assistencial, espécie 88 - Amparo Social ao Idoso (NB 88 - 124.153.730-2)
por recebimento simultâneo deste com o benefício, espécie 21 - Pensão por Morte (NB 21-
076.537.434-0) e o indeferimento da obrigação da devolução de valores pagos indevidamente -
restituição ao erário.

O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, após avaliação de que trata o artigo 11 da Lei 10.666
de 08/05/2003, no programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos
benefícios da previdência, identificou a presente irregularidade que consiste na acumulação dos
benefícios de Pensão por Morte e Amparo Social ao Idoso.

Conforme o CNIS a segurada recebeu benefício Pensão por Morte em razão do falecimento de seu
esposo, e recebeu também, através de Sentença Judicial Federal proferida no Processo
0061170014000, o Benefício Social ao Idoso com DIB em 21/02/1994 e a data do início do
pagamento fora concretizado em 10/04/2002 - DDB.

O INSS por meio de Carta enviada em 16/04/2013 a Segurada informando que a concessão
simultânea destes benefícios não é autorizada pela legislação vigente, solicitou esclarecimentos
sobre a existência de autorização judicial para o recebimento conjunto de ambos os benefícios e,
caso contrário que a mesma apresentasse objeção a cessação do amparo social ao idoso e a
consequente cobrança dos valores recebidos indevidamente.
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A Procuradoria Federal, por meio do Procurador Dr. Wagner Morostica emitiu parecer
entendendo pela cessação do benefício assistencial depois de assegurado amplo defesa e
contraditório a segurada. Após o exame da eventual defesa e dos recursos e havendo decisão
favorável ao INSS deverá ocorrer a cobrança das parcelas nos termos do artigo 115 da Lei
8.213/91, observado o prazo prescricional quinquenal.

A segurada apresentou defesa alegando que “conforme entendimento do Superior Tribunal de


Justiça que tratando-se de benefício previdenciário concedido a data anterior a Lei 9.784/99, o
INSS tem até 10 anos para rever o ato de concessão, a contar da data da publicação da Lei e para
os benefícios concedidos após a vigência da Lei a contagem do prazo será a partir da data de
concessão do benefício” por fim, afirma que a Autarquia Previdenciária não pode mais pretender
que lhe sejam devolvidos quaisquer valores.

Em data de 07/06/2013 houve a suspensão do benefício, espécie 88, amparo social ao idoso por
motivo de acumulação indevida de benefício, sendo apresentado cálculo e atualização monetária
dos valores recebidos indevidamente, calculados no período de 18/05/2008 à 31/05/2013
totalizando R$ 36.119,94 a ser devolvido pela segurada.

A segurada apresentou Recurso Ordinário alegando o caráter alimentar do benefício


previdenciário, afirmando ainda que “50% do valor dos benefícios percebidos pela segurada são
destinados ao pagamento de pensão alimentícia (NB 140.209.296-0) ás suas netas sem data de
cessação determinada, alegando que a segurada resta a percepção de um salário-mínimo para sua
mantença, requerendo a declaração de decadência do INSS em rever o ato da concessão do
benefício”.

O INSS apresentou suas contrarrazões requerendo a responsabilidade da recorrente em restituir o


Instituto em face dos valores recebidos indevidamente no período de 18/05/2008 a 30/04/2013.

Em 26/09/2013 a 27ª JRPS proferiu o Acórdão nº 4096/2013 concedendo parcial provimento ao


recurso determinando a cessação do benefício assistencial NB 88- 124.153.730-2 e indeferindo da
obrigação da devolução dos valores pagos por culpa exclusiva da autarquia, que deixou
transcorrer o prazo decadencial de dez anos, para somente depois informar a ilegalidade do ato
concessório.

A recorrente interpôs Recurso Especial em 18/10/2013 solicitando a reforma da decisão de não


devolução das quantias irregulares recebidas pela interessada.

Em 18/10/2013 foi enviado Carta à Segurada para querendo, apresentar contrarrazões ao Recurso
Especial. Houve a confirmação do aviso de recebimento (AR) em data de 23/10/2013. A recorrida,
em 27/11/2013 apresentou suas contrarrazões após o prazo de 30 dias.
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O processo foi encaminhado para julgamento perante as Câmaras do CRPS em 27/11/2013.

É o sucinto Relatório. Apresento o feito em Mesa.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 23/01/2014 para sessão nº 0012/2014, de 04/02/2014.

Voto

Ressalta-se, preliminarmente, a tempestividade do recurso especial interposto pelo INSS, contudo,


as contrarrazões da Recorrida foram apresentadas intempestivamente visto que, o AR foi recebido
em 23/10/2013, o prazo findou-se em 22/11/2013 e as contrarrazões foram protocoladas em
27/11/2013, após o prazo preconizado no § 1º do art. 305 do Decreto 3.048/99.

A Constituição Federal instituiu o benefício assistencial ao deficiente e ao idoso nos seguintes


termos:

“Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente da
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: (...)

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao


idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei.”

A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Nº 8.742 de 7 de dezembro de 1993, também


normatizou a matéria nos seguintes termos:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa


com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir
meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.

§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou


companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros,
os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.

(...)

§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer
outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da
pensão especial de natureza indenizatória.

A Constituição da República define Seguridade Social como um conjunto de ações destinados a


assegurar direitos relativos à saúde, previdência e assistência social. Preceito insculpido no seu
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artigo 194. Assim, a Seguridade Social é composta pela Saúde Pública, Previdência Social e a
Assistência Social.

A Lei 8.213/91 normatiza o Regime Geral da Previdência Social, e não se confunde com a Lei
8.742/93 que normatiza a matéria relativa à Assistência Social. Do mesmo modo, o Decreto
3.048/99 não se aplica a benefícios assistenciais, mas sim o Decreto 6.214/07, pois este é o
Regulamento do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social.

O objeto da lide em questão reside na legalidade do INSS em cobrar os valores pagos no benefício
da assistência social e ainda, na permanência do mesmo.

O poder-dever da Administração de desconstituir seus próprios atos por vícios de nulidade


condiciona-se à comprovação das referidas ilegalidades em processo administrativo próprio, com
oportunização ao administrado, das garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório
conforme artigo 5º, LV, da Constituição Federal e Súmula 160 do extinto TFR.

O Decreto 6.214/07 assim normatiza:

“Art. 49. Cabe ao INSS, sem prejuízo da aplicação de outras medidas legais, adotar as providências
necessárias à restituição do valor do benefício pago indevidamente, em caso de falta de
comunicação dos fatos arrolados nos incisos I a III do caput do art. 48, ou em caso de prática, pelo
beneficiário ou terceiros, de ato com dolo, fraude ou má-fé. (Redação dada pelo Decreto nº 7.617,
de 2011)

§ 1º O montante indevidamente pago será corrigido pelo mesmo índice utilizado para a
atualização mensal dos salários de contribuição utilizados para apuração dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social, e deverá ser restituído, sob pena de inscrição em Dívida Ativa e
cobrança judicial. (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011)

§ 2º Na hipótese de o beneficiário permanecer com direito ao recebimento do Benefício de


Prestação Continuada ou estar em usufruto de outro benefício previdenciário regularmente
concedido pelo INSS, poderá devolver o valor indevido de forma parcelada, atualizado nos moldes
do § 1º, em tantas parcelas quantas forem necessárias à liquidação do débito de valor equivalente
a trinta por cento do valor do benefício em manutenção.

§ 3º A restituição do valor devido deverá ser feita em única parcela, no prazo de sessenta dias
contados da data da notificação, ou mediante acordo de parcelamento, em até sessenta meses, na
forma do art. 244 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de
1999, ressalvado o pagamento em consignação previsto no § 2º. (Redação dada pelo Decreto nº
7.617, de 2011)
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§ 4º Vencido o prazo a que se refere o § 3º, o INSS tomará providências para inclusão do débito
em Dívida Ativa.

§ 5º O valor ressarcido será repassado pelo INSS ao Fundo Nacional de Assistência Social.

§ 6º Em nenhuma hipótese serão consignados débitos originários de benefícios previdenciários em


Benefícios de Prestação Continuada. (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011)”

Contudo, se faz necessário observar os períodos concernentes a prescrição e a decadência, razão


pela qual, inicialmente, aponto a diferenciação entre esses institutos, ressaltando as afirmações de
Washington de Barros Monteiro, citando Clovis Bevilacqua na obra de Jefferson Luis Kravchychyn
(Referência: KRAVCHYCHYN, Jefferson Luis. Pratica Processual Previdenciária Administrativa e
Judicial. 4ª ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 587.) a saber:

Prescrição é a perda da ação atribuída a um direito, e de toda a sua capacidade defensiva, em


consequência do não uso dela, durante determinado espaço de tempo.

(…)

A decadência é observada quando o direito é outorgado para ser exercido dentro de determinado
prazo; se não exercido, extingue-se.

A prescrição atinge diretamente a ação e por via oblíqua faz desaparecer o direito por ela
tutelado; a decadência ao inverso, atinge diretamente o direito e por via oblíqua, ou reflexa,
extingue a ação.

No que se refere a Decadência Previdenciária cumpre ressaltar que o prazo que vigora,
atualmente, para o INSS anular os atos administrativos de que resultem benefícios indevidos a
segurados e dependentes é de 10 anos contados da data em que estes foram praticados, salvo
comprovada má-fé, conforme as disposições da MP nº 138 de 19/11/2013, convertida na Lei
10.839 de 05/02/2004, que incluiu o artigo 103-A no texto da Lei 8.213/91.

No entanto, relembro que o prazo decadencial sofreu diversas alterações ao longo do tempo,
conforme pode ser extraído do julgamento do AI nº 0003392-13.2011.404.0000/RS, TRF da 4ª
Região, 5ª Turma, Rel. Des. Federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira, DE em 27/05/2011:

- Lei nº 6.309/75; previa em seu artigo 7º que os processos de interesse de beneficiários não
poderiam ser revistos após 5 (cinco) anos, contados de sua decisão final, ficando dispensada a
conservação da documentação respectiva além desse prazo.
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- Lei 8.422 de 13/05/1992: revogou a Lei 6.309/75 (art. 22) Assim, em se tratando de benefício
deferido sob a égide da Lei nº 6.309/75, caso decorrido o prazo de cinco anos, inviável a revisão da
situação, ressalvada as hipóteses de fraude, pois esta não se consolida com o tempo.

- Lei nº 9784 de 29/01/1999 (art. 54): institui prazo decadencial de cinco anos do desfazimento de
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, incluindo os atos de
concessão de benefício previdenciário.

- Medida Provisória 138, de 19/11/2003 (convertida na Lei nº 10.839 de 05/02/2004: institui o


artigo 103-A da Lei 8.213/91, estabelecendo prazo decadencial de dez anos para a Previdência
Social anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus
beneficiários. Como quando a MP nº 138 entrou em vigor não havia decorrido cinco anos a contar
do advento da Lei nº 9.784/99, os prazos que tiveram início sob a égide desta Lei foram acrescidos,
de tanto tempo quanto necessário para atingir o total de dez anos. Assim, na prática todos os
casos subsumidos inicialmente a regência da Lei nº 9.784/99, passaram a observar o prazo
decadencial de dez anos, aproveitando-se todavia, o tempo já decorrido sob a égide da norma
revogada.

Sobre este tema, a subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, na exposição de motivos da MP
nº 138/2003 de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei 10.839/2004, reconheceu os prejuízos
causados pelas modificações trazidas ao direito brasileiro pela decadência e procurou justificar a
urgência para o elastecimento do prazo para os originais 10 anos, in verbis:

Trata-se de questão que, embora há muito venha reclamando reexame por parte do Poder
Público, revela-se urgente a medida que se aproxima o início da eficácia plena de dispositivos que
introduziram inovações na matéria cujos efeitos serão prejudiciais tanto aos cidadãos quanto a
própria Administração.

No que se refere ao art. 103 da Lei 8.213, de 1991, a Medida Provisória nº 1.523-9, de 27 de junho
de 1997, inovou o direito previdenciário ao alterar esse dispositivo da Lei de Benefícios para
instituir o prazo decadencial de dez anos para todo e qualquer direito ou ação do segurado ou
beneficiário para a revisão do ato de concessão do benefício, a contar do dia primeiro do mês
seguinte ao recebimento da primeira prestação, ou quando for o caso, do dia em que o segurado
tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo. No entanto a
Medida Provisória nº 1.663, de 22 de outubro de 1998, convertida em Lei nº 9.711, de 20 de
novembro de 1998, alterou novamente o dispositivo para fixar cinco anos o prazo decadencial.

A inovação mostrou-se necessária à medida que a própria Administração deve seguir prazos para
promover a revisão de seus atos, não sendo, portanto, adequado que inexistisse qualquer
limitação à revisão de atos provocada pelo interessado.
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(…) Ainda que o entendimento possa ser unânime é de se considerar que melhor atende ao
interesse público que se promova a dilação do prazo decadencial, evitando-se por conflito de
normas de interpretação, a aplicação imediata da interpretação restritiva, quer pelo Poder
Judiciário, quer pelo Poder Executivo, razão pela qual se impõem ampliar para dez anos o prazo de
decadência ora firmado pelo art. 103 da Lei 8.213/99 na forma ora proposta.

Finalmente, por respeito ao Princípio da Igualdade e para melhor resguardar o direito da


coletividade de beneficiários e contribuintes da previdência social, bem como para manter a
coerência do sistema, também se altera o prazo para a Administração Previdenciária rever atos
administrativos por ela editados.

Referência: SILVA, José Dirceu de Oliveira e. EMI nº 57/CC/AGU/MPS, de 19 de novembro de 2003.


Retirado do site: http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/45/2003/138.html.
Disponibilizada na íntegra no Anexo 7.1.

Assim, segundo os apontamentos da Doutrina, salientando Jefferson Luis Kravchychyn, Gisele


Lemos Kravchychyn, Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari em sua obra Pratica
Processual Previdenciária (KRAVCHYCHYN, Jefferson Luis. e outros. Pratica Processual
Previdenciária Administrativa e Judicial. 4ª ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 596.), em se
tratando de prazo decadencial, a Lei 8.213/1991 deverá ser interpretada da seguinte forma:

PERÍODO FUNDAMENTAÇÃO LEGAL PRAZO

De 24/07/1991 até 27/06/1997 Lei 8.213/91 Sem Prazo

De 28/06/1997 a 22/10/1998 MP nº 1.523-9/97, convertida na Lei nº 9.528/97


Estabelece o prazo de dez anos

De 23/10/1998 a 19/11/2003 MP nº 1.663-15/98, convertida na Lei nº 9.711/98 Diminui o


prazo para cinco anos

A partir de 20/11/2003 até os dias atuais MP nº 138 de 19/11/2003 que foi convertida na
Lei nº 10.839 de 05/02/2004 Reestabelece o prazo de dez anos

Visto que no caso em tela, a recorrida obteve o direito ao benefício, espécie 88, Amparo Social ao
Idoso através de Sentença Judicial e que a Justiça Federal ao firmar seu posicionamento, afirmou
que “a perícia médica a que se submeteu comprova que é mulher muito doente portadora de
hipertensão arterial e quadro de artrose de joelho sequelar a trauma doméstico aos 16 anos. Há
também provável vestibulopatia (labirintite), cujos males são inerentes a faixa etária. O assistente
técnico do INSS além de constatar as doenças da autora foi conclusivo em afirmar que ela é
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portadora de invalidez definitiva, total, omniprofissional, sob o ponto de vista médico faz jus a
renda mensal vitalícia”.

Em análise ao processo verifiquei que a sentença do Processo 0061170014000 fora prolatada em


20/08/1995 e após o trâmite de todos os atos recursais, em 18/02/2002 o INSS foi intimado a
cumprir a sentença e conceder o benefício à recorrida.

Ressalta-se que este benefício foi requerido (DER) em 10/04/2000, sendo que somente a partir de
30/04/2002 a recorrida munida de sua Comunicação pode receber o pagamento do benefício
junto a instituição financeira, sendo calculado o período do benefício desde 1994, data do
ajuizamento da ação judicial.

Portanto, em termos de período para prazo decadencial conclui-se que na época do pagamento
do benefício a recorrida estava sob a égide da MP nº 1.663-15/98, a qual foi convertida na Lei nº
9.711/98, sendo assim a Administração possuía o prazo decadencial de 5 anos para requerer a
anulação de sua decisão.

LEI Nº 9.711, DE 20 DE NOVEMBRO DE 1998.

Art. 24. Os arts. 6º, 94, 103 e 126 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passam a vigorar com as
seguintes alterações:

(…)

"Art. 103. É de cinco anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado
ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês
seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar
conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.

Deste modo, a Lei determina a utilização do critério decadencial para inibir a Previdência Social de
rever atos administrativos após o decurso do tempo, neste caso, 5 anos, salvo má-fé. Reafirmo
que Decadência é a extinção do direito, e seu exercício após o prazo decadencial importa em
nulidade, afinal, não há mais direito. Não se confunde com prescrição, em que subsiste o direito,
mas não se pode mais exercê-lo, todavia, se for exercido após a prescrição cumprir-se-á o direito.

No caso em tela, a prática da cumulação, ou melhor, a ”data em que foi praticada” a acumulação é
05/2002, quando foi concedido Amparo ao Idoso e não foi cessado, como deveria, os demais
benefícios.

Tendo a primeira parcela recebida pela segurada em 02/05/2002 (evento 26) e a apuração da
irregularidade iniciada e m 16/04/2013, não pode mais a Previdência Social exercer o direito de
anular seus atos administrativos, pois se passaram mais de 11 anos e decaiu o direito.
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Assim, ainda que o recorrente não tenha direito de receber cumulativamente os benefícios, a
Previdência Social (INSS e CRPS) também não tem mais o direito de suspender o benefício,
devendo permanecer ambos os benefícios (Pensão por Morte e Assistência Social) e continuarem
a ser pagos.

Em nossa região, entende o Tribunal Regional Federal:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. EX-COMBATENTE. REVISÃO


DE BENEFÍCIO NA VIA ADMINISTRATIVA. ERRO ADMINISTRATIVO. DECADÊNCIA.
VEROSSIMILHANÇA COMPROVADA. PRAZO PARA CUMPRIMENTO. MULTA. 1. A Administração
Previdenciária pode e deve rever seus próprios atos, desde que eivados de vícios que os tornem
ilegais, assegurado o contraditório e a ampla defesa. Súmula 473-STF. 2. Em respeito à segurança e
estabilidade jurídica, aliada à boa-fé do beneficiário, devem ser convalidados os atos consolidados
pelo longo decurso de tempo, representado pelo transcurso de cinco anos previsto no art. 207 do
Dec. 89.312/84 e art. 54 da Lei nº 9784/99 e, mais recentemente, se ultrapassado o marco de dez
anos, previsto no art. 103-A da Lei nº 8.213/91, com a redação imposta pela Lei nº 10.839/04,
DOU de 06-02-04, originária da MP 138, de 19-11-2003, sendo que esta não pode retroagir para
alcançar benefícios concedidos anteriormente. Precedentes. 3. Inexistindo má-fé ou fraude, não
há que se falar em revisão de ato administrativo decorrente de erro administrativo, máxime
quando superado em muito o prazo decadencial, devendo serem suspensos os descontos no
benefício da autora, bem como seja restabelecido o valor integral do benefício no montante
percebido mensalmente antes da revisão administrativa efetuada pelo INSS. 4. Determinada a
suspensão dos descontos no benefício de pensão por morte de ex-combatente da agravante, bem
como o restabelecimento do valor originalmente concedido, no prazo de 45 (quarenta e cinco)
dias, sob pena de multa diária de R$ 50,00 (cinquenta reais), em caso de descumprimento, de
acordo com os parâmetros adotados por esta Turma.”

Ressalta-se ainda que, o recorrente deixou de cumprir com as determinações da Lei Orgânica da
Assistência Social (LOAS), Nº 8.742 de 7 de dezembro de 1993 o qual prevê a revisão do benefício
a cada dois anos:

Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação
da continuidade das condições que lhe deram origem.

§ 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas as condições


referidas no caput, ou em caso de morte do beneficiário.

§ 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua concessão ou utilização.


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§ 3º O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de


atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de
suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência.

§ 4º A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa com deficiência não


impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em
regulamento.

Embora na data em que fora requerido judicialmente o benefício do Amparo Social já existisse
renda mínima relativa à pensão por morte da qual a recorrida era titular desde 1983, tem-se que
este fato não fora levantado em momento algum do processo judicial que concedeu o benefício,
sendo que ambos, segurada e INSS quedaram-se sobre o fato.

Portanto, uma vez que foi concedido o benefício assistencial à recorrente sem ao menos a
verificação de renda por parte da autarquia, sem consulta ao sistema para verificação de
recebimento de benefício, e que tal fato não fora observado pelo Recorrente em prazo
determinado em Lei, sendo informado o erro somente em 16/04/2013, quando ultrapassado mais
de onze anos do primeiro pagamento a recorrida, caracterizando-se assim claro e evidentemente
o prazo decadencial.

Desta forma, não há que se falar ainda, em devolução das quantias recebidas, uma vez que cabia a
autarquia ter realizado previamente a análise do caso e não ter concedido o amparo assistencial,
uma vez que existia renda advinda de benefício previdenciário administrado também pelo próprio
INSS, fato este que deveria ter sido informado em sua contestação à ação proposta pela
recorrente, ainda em 1994, fato jurídico este que afrontaria o art. 20 § 4º da Lei 8.742/93 em sua
versão original, vigente em 1994, que à época, determinava:

§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer
outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica.

Por fim, concluo que a Administração, em atenção ao Princípio da Legalidade, tem o poder-dever
de anular os seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais. Entretanto, este
poder-dever deve ser limitado no tempo visto o prazo decadencial e ainda, observado das
peculiaridades circunstanciais que exija a proteção jurídica de beneficiários de boa-fé, em
decorrência dos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança.

Posto isto, em razão da inércia do Recorrente, determino a reativação do benefício espécie 88,
Amparo Social ao Idoso o qual foi cessado em 07/06/2013. Determino ainda que as parcelas
eventualmente descontadas sejam ressarcidas ao beneficiário, por considerar que o mesmo já se
incorporou a renda familiar da recorrida, possui caráter nitidamente falimentar e ainda, que a
segurada é pessoa idosa, constante atualmente de 87 anos.
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Quanto à devolução dos valores percebidos, desobrigada está à recorrida, pelos fatos e
fundamentos acima delineados, acrescidos do caráter alimentar da prestação, razão pelo qual não
se presta a ser repetido (devolvido).

Neste diapasão, ressalta-se ainda, o Parecer da CONJUR/MPS nº 616/2010, a saber:

Questão 22. O direito da Previdência Social de anular os atos de que decorram efeitos favoráveis a
seus beneficiários, quando praticados antes da Lei nº 9.784/99, decai apenas a partir de 1-2-2009
(cf. Parecer MPS/CJ n. 3509/2005)? A dúvida deve-se a existência de prazo fixado antes da Lei n.
9.784/1999, pelo art. 207 do Dec. 89.312/1984. Esse artigo estabelecia um prazo geral de
decadência contra o INSS ou impedia apenas a revisão de decisões tomadas em grau de recurso
administrativo?

138. Esse artigo impedia apenas a revisão de decisões tomadas em grau de recurso administrativo.
Vejamos o texto do citado dispositivo da CLPS/1984, constante do título específico que trata do
recurso administrativo e da revisão dos julgados do Conselho de Recursos da Previdência Social:
"Art. 207. O processo de interesse do beneficiário ou empresa não pode ser revisto após 5 (cinco)
anos contados de sua decisão final, ficando dispensada a conservação da documentação
respectiva além desse prazo".

139. Atualmente, é de dez anos o prazo decadencial para o INSS anular os atos de que decorram
efeitos favoráveis aos seus beneficiários, contados do dia primeiro do mês seguinte ao do
recebimento do primeiro pagamento, salvo comprovada má-fé. É o que dispõe o art. 103-A, da Lei
nº 8.213, de 1991, acrescentado pela Lei nº 10.839, de 5 de fevereiro de 2004, fruto da conversão
em lei da Medida Provisória nº 138, de 19 de novembro de 2003.

140. Por sua vez, o prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999,
quanto aos atos a ela anteriores, começa a correr apenas a partir de 1º de fevereiro de 1999, data
da vigência da referida Lei. Por conseguinte, o direito de a Previdência Social anular os atos de que
decorram efeitos favoráveis a seus beneficiários, quando praticados antes da Lei nº 9.784, de
1999, decairá apenas a partir de 1º de fevereiro de 2009, quando se completam dez anos
contados do início da vigência da referida Lei.

141. Ressalte-se que a Lei nº 8.213, de 1991, também estabeleceu o prazo decadencial de dez
anos de todo e qualquer direito, ou do segurado, ou beneficiário para a revisão do ato de
concessão do benefício (art. 103). Não se deve confundir esse prazo com o de prescrição
quinquenal que fulmina toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer
restituições ou diferenças devidas pelo INSS aos seus beneficiários, ressalvado o direito dos
menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil (art. 103, parágrafo único)
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142. Em síntese: concedido o benefício, inicia-se a contagem de dois prazos decadenciais distintos,
de dez anos, um para o INSS e outro para o beneficiário.

143. Nos termos do art. 103-A da Lei nº 8.213, de 1991, o INSS dispõe de dez anos para instaurar o
processo de anulação do ato de concessão do benefício deferido por erro ou em valor superior ao
devido, salvo comprovada má-fé.

Se ficar comprovada a má-fé do beneficiário, o ato de concessão do benefício fraudulentamente


alcançado poderá ser revisto a qualquer tempo.

144. Já os segurados ou beneficiários, a luz do disposto no art. 103 da Lei nº 8.213, de 1991,
também deverão acionar o INSS dentro do prazo de dez anos para revisão da renda mensal inicial
do benefício, sob pena de decadência.

Contudo, poderão ser efetivamente cobradas diferenças resultantes do ato de revisão apenas em
relação aos últimos cinco anos de recebimento, por força da prescrição quinquenal, nos termos do
parágrafo único do art. 103 da Lei nº 8.213, de 1991.

Por fim, em obediência à Lei 8.212/91 e ao Código Tributário Nacional, é ilegal a cobrança
promovida pelo INSS de períodos prescritos, não podendo a autarquia cobrar por GPS e nem
descontando do benefício previdenciário.

Em virtude do artigo 57 da Portaria Ministerial 548/2011, caso a decisão proferida neste Acórdão
não seja cumprida no prazo de trinta dias, a recorrida poderá reclamar para o e-mail
corregedoria.crps@previdencia.gov.br apresentando este documento e solicitando providências.

Reafirmo assim, a concordância parcial com o Acórdão proferido pela primeira instância recursal.

Não me manifesto das contrarrazões da requerida em razão da intempestividade do mesmo e


visto que as fundamentações apresentadas já são satisfatórias a elucidação do caso.

DISPOSITIVO

Pelo exposto, VOTO por conhecer do recurso e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

LUSIA MASSINHAN

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

AMANDA DE MIRANDA MAISTER


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Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 211 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR
PROVIMENTO AO INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) AMANDA DE MIRANDA MAISTER.

LUSIA MASSINHAN PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Relator(a) Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.064343/2013-77

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NOVA FRIBURGO

Benefício: 21/106.464.436-5

Espécie: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA

Recorrente: NILCE GUADAGNINI MACHADO

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: PEDIDO DE ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA

Relator: CAIO CESAR AUADA

EMENTA:
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PENSÃO POR MORTE. PEDIDO DE RETROAÇÃO DA ISENÇÃO NO IMPOSTO DE RENDA. INSS ATUA
NOS DESCONTOS DO IMPOSTO DE RENDA COMO FACILITADOR DA RELAÇÃO DO CONTRIBUINTE
COM A RECEITA FEDERAL. NO CASO DE RETROAÇÃO DA ISENÇÃO, EM RAZÃO DE IMPLICAR NA
DEVOLUÇÃO DE VALORES QUE JÁ NÃO ESTÃO MAIS SOB PODER DO INSS, O PEDIDO DEVE SER
FORMULADO DIRETAMENTE NA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. RECURSO CONHECIDO E JULGADO
IMPROCEDENTE POR INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA QUANTO A MATÉRIA, SEM ADENTRAR AO
MÉRITO. RECURSO CONHECIDO E NEGADO AO SEGURADO.

Relatório

Em 14.06.2013 a Sra. Nilce Guadagnini Machado procurou o INSS requerendo a retroação da data
de isenção do imposto de renda que é descontado da sua Pensão por Morte (NB
21/106.464.436-5) para 06.11.2009.

Acompanhando seu requerimento, a segurada apresentou documentos pessoais e parecer médico


datado de 03.06.2013, atestando que:

A paciente Nilce Guadagnini Machado é portadora de Degeneração Macular Relacionada à Idade


em ambos os olhos, em fase cicatricial.

A paciente foi examinada pela 1ª vez em 06.11.2009 com doença em fase ativa e foi submetida a
infusões intraoculares de substância quimioterápica anti-angiogênica.

Apresenta Cicatriz Disciforme Macular em ambos os olhos, e acuidade visual de 20/200 no olho
direito e 20/800 no olho esquerdo, configurando baixa visual incompatível com atividade
laborativas que dependam da visão.

Em despacho, a Gerência Executiva do INSS explicou que não existem elementos que autorizem a
retroação da isenção no Imposto de Renda; que, mesmo se fosse reconhecido o direito de
retroação, como fonte pagadora o INSS só pode retroagir a isenção para o primeiro mês do
ano-exercício corrente; e que se deseja retroagir a isenção para período anterior, a segurada
deveria procurar a Receita Federal do Brasil.

Assim sendo, o requerimento apresentado foi indeferido.

Inconformada com a decisão, a segurada apresentou recurso ao CRPS, requerendo a reforma da


decisão proferida, sustentando que desde 06.11.2009 apresenta problemas nos olhos
autorizadores da retroação da isenção.

Reapresentou laudos médicos e juntou parecer da IBOL - Instituto Brasileiro de Oftalmologia para
corroborar com seu requerimento.
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Antes dos autos serem encaminhados para julgamento, foi realizada perícia analítica, que
confirmou o parecer anteriormente firmado de que só existe certeza do direito a isenção no
Imposto de Renda desde 14.11.2012.

Sem contrarrazões.

Em decisão colegiada, a 10ª Junta de Recursos decidiu por conhecer do recurso e negar-lhe
provimento, sustentando que:

Em que pese a manifestação da segurada, apontando que sua necessidade de deferimento da


retroação da isenção solicitada, não há nos autos elementos que demonstrem inequivocamente
ser o quadro clínico do segurado, justificador da concessão da isenção retroativa solicitada.

Ainda inconformada, a segurada apresentou recurso especial sustentando que preenche os


requisitos legais para isenção no Imposto de Renda; que apresentou elementos que levam a
convicção na retroação de sua isenção; e requer a reforma da decisão proferida.

Em suas contrarrazões, o INSS requer a manutenção da decisão proferida em razão do parecer


médico que confirma seu entendimento.

É o relato.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 20/01/2014 para sessão nº 0015/2014, de 05/02/2014.

Voto

Da Tempestividade

O recurso especial é tempestivo, visto que não consta nos autos a data em que a recorrente
tomou ciência da decisão proferida.

Do Caso Concreto

No caso dos autos, constato a incompetência tanto do INSS, quanto deste conselho de recursos,
para julgar a matéria.

O requerimento da recorrente é de retroação da isenção tributária, o que não compete ao INSS


analisar, nem mesmo a este conselho, que analisa matérias previdenciárias.

O INSS ao descontar ou deixar de descontar o Imposto de Renda da recorrente, atua na forma


desconcentrada do Poder Público, exercendo função que é de outro órgão, mas que exerce em
função da economia da máquina pública.
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Desta feita, só atua com os tributos que venham a ser descontados, do requerimento em diante.

Não consegue analisar o que já passou, pois o tributo foi repassado para o órgão competente, que
neste caso é a Receita Federal do Brasil.

Se a segurada procura a retroação da sua isenção e a consequente devolução de valores


descontados, o órgão competente para isto é a própria receita, não o INSS, que cessou sua
atuação no exercício do poder desconcentrado.

Neste sentido, temos o art. 8º da Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.300/2012:

Art. 8º O sujeito passivo que promoveu retenção indevida ou a maior de tributo administrado pela
RFB no pagamento ou crédito a pessoa física ou jurídica, efetuou o recolhimento do valor retido e
devolveu ao beneficiário a quantia retida indevidamente ou a maior, poderá pleitear sua
restituição na forma do § 1º ou do § 2º do art. 3º ressalvadas as retenções das contribuições
previdenciárias de que trata o art. 18.

ANTE TODO O EXPOSTO, voto no sentido de conhecer o recurso especial interposto, julgando pela
improcedência, sem adentrar ao mérito, por incompetência absoluta deste conselho.

CAIO CESAR AUADA

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

ANA PAULA FERNANDES

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 228 / 2014


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Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) ANA PAULA FERNANDES.

CAIO CESAR AUADA PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Relator(a) Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, 23 de Abril de 2014

Recorrente: ADENILSON SILVA SANTOS

Protocolo: 44232.028027/2013-31

NB: 87/700.101.900-4

Assunto: Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social à pessoa com deficiência

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.
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3 - O INSS suscita, em apertada síntese, que a decisão proferida no Acórdão 579/2014 está em
desacordo com o § 3º do art. 20 da Lei 8.742/1993 (LOAS), uma vez que considerou como
comprovada a condição de miserabilidade com base em constatação e parecer de Assistente
Social do INSS ainda que a renda per capta seja superior a 1/4 do salário mínimo vigente. Alega a
Autarquia (1) que a decisão do STF na Reclamação 4374 não afastou o dispositivo legal por
inconstitucionalidade. Também, justifica (2) que a decisão da Administração Pública que se funda
na jurisprudência não possui amparo legal, e acaba por afastar-se da legalidade. Por fim, suscita
(3) que a decisão colegiada violou o art. 70 do Regimento do CRPS por afastar um dispositivo legal
por inconstitucionalidade sem a Resolução do Senado Federal.

4 - Analiso.

5 - A Constituição da República, o Documento Maior que constitui a existência do nosso Estado,


formaliza-nos como nação, protege os direitos fundamentas e sociais, organiza o Estado e seus
Poderes, assim determina:

“Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.”

6 - O Pergaminho Pátrio assegura a participação dos representantes das classes trabalhadora e


empregadora nos órgãos colegiados de interesse previdenciário. Este órgão é o CRPS.

7 - A aplicação do direito pela Administração Pública (INSS e CRPS) é regida pela Lei 9.784/99, que
regulamenta o Processo Administrativo Federal. Esta lei, que todos devemos obedecer, assim
determina:

“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito;

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou


competências, salvo autorização em lei;

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou


autoridades;

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;


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V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na


Constituição;

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em


medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

VIII - observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e
respeito aos direitos dos administrados;

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas


e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
litígio;

XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”

8 - Analisando ao texto normativo, é de fácil percepção de que a Administração Pública deve


aplicar a lei e o Direito. Portanto, é possível sim as decisões administrativas fundarem-se, também,
em outras fontes que moldem o Direito.

9 - Dentre elas, encontramos a Jurisprudência, que por sua vez reflete o direito aplicado pelo
Poder Judiciário. O CRPS, que efetua o controle jurisdicional das decisões do INSS de interesse dos
beneficiários (art. 303 do Decreto 3.048/99), deve se aproximar dos precedentes da natural
autoridade judicante. Não pode se distanciar daquilo que a sociedade precisa e quer, e que são
providas pelo Poder Judiciário. Por tais razões, a jurisprudência, em respeito à legalidade
promovida pelo inciso I do art. 2º da Lei 9.784/99, é fundamento jurídico para a aplicação do
Direito Previdenciário.

10 - A interpretação da norma administrativa, que não é mera aplicação mas uma hermenêutica
jurídica, de ser feita da forma que a própria Lei estabeleceu, ou seja, que MELHOR GARANTA o
atendimento do FIM público a que se dirige. No caso do BPC/LOAS, qual é o fim público? Sem
dúvida, a garantia, por via da proteção, da dignidade da pessoa humana, que deve estar a salva de
situação de vulnerabilidade social que o coloque em risco. A Lei 9.784/99 claramente permitiu a
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quem decide administrativamente interpretar a regra e de atender à finalidade para a qual foi
criada.

11 - Quanto a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei 8.742/1993 (LOAS), tem razão o INSS


em afirmar que o STF não o declarou inconstitucional a ponto de afastá-lo do ordenamento
jurídico. A bem da verdade, declarou parcial inconstitucionalidade, sem declarar sua nulidade,
conforme transcrito abaixo:

“Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da


Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da
Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário
mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir
meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei
8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI
1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção
da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a
1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei teve sua
constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente
miserabilidade social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto
constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo
Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3. Decisões judiciais
contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos
critérios definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não
pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da renda familiar per capita
estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de se
contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado de
miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas
leis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais,
tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o
Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei
9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem
programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal
Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da
intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do processo de
inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e
jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios
de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de
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inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5.
Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 567985, MARCO AURÉLIO, STF.) ”

12 - Após a leitura da decisão do STF, podemos concluir que o Plenário da Corte Constitucional da
República Federativa do Brasil, repito, o Plenário da Corte Constitucional entendeu que a
interpretação de que apenas aqueles que têm renda per capita inferior a 1/4 do Salário Mínimo
vigente cumprem o requisito de miserabilidade é inconstitucional. Como não há nulidade da
norma, não há requisição ao Senado Federal.

13 - A hermenêutica a ser utilizada a esta espécie de benefício deve ser conduzida pela busca da
conciliação entre o postulado constitucional do mínimo existencial, inciso III do art. 1º da
Constituição da República que tutela a dignidade da pessoa humana, e o propósito maior da LOAS,
expresso no seu art. 4º, III, é dizer, o "respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu
direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária,
vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade".

14 - Estabelecidas tais premissas, o requisito pobreza (ou miserabilidade) disposto no § 3º do


artigo 20 da LOAS deve ser entendido como um limite objetivo, presumindo que todos cuja renda
per capita seja menor que um quarto do salário mínimo estejam nessa condição. Passa-se a ser um
critério objetivo uma vez que todas as pessoas cuja renda per capita seja menor que um quarto do
salário mínimo estão em condições de hipossuficiência, automaticamente.

15 - Contudo, é possível ser hipossuficiente econômico possuindo renda per capita superior a este
limite, não sendo o § 3º do artigo 20 da LOAS o único critério válido. Outros fatores podem ser
considerados para a constatação do estado de pobreza, sendo admitidos outros meios de prova. A
avaliação da pobreza do grupo familiar, na hipótese da superação daquele limite, não deve ser
procedida abstratamente, e sim avaliada caso a caso. Nessa linha, deverá ser considerada a real
situação econômica e de penúria da família, levando-se em conta as despesas com medicação,
alimentação, taxas, impostos e também se analisando as condições de moradia e a necessidade de
constante atendimento ao requerente, para só então concluir-se se a renda familiar auferida
afigura-se insuficiente para o seu sustento.

16 - A constatação da Assistente Social do INSS, profissional da área do Serviço Social, serve como
prova de miserabilidade por força do artigo 332 do Código de Processo Civil, nos termos “Todos os
meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são
hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa”, aplicável em razão
da permissão do artigo 72 do Regimento do CRPS, a saber “Nos casos de omissão deste
Regimento, aplicam-se sucessivamente, se houver compatibilidade das regras, as disposições
pertinentes da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, que institui o Código de Processo Civil e da
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Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da


Administração Pública Federal”.

17 - Portanto, verifico que o Acórdão impugnado não afastou o § 3º do artigo 20 da LOAS e,


portanto, não violou o art. 70 do Regimento do CRPS. Apenas interpretou a norma em
consonância com o ordenamento jurídico, com a decisão do STF, cumprindo o que a Lei determina
nos incisos I e XIII do parágrafo único do art. 2º da Lei 9.784/99.

18 - Por fim, o ordenamento jurídico deve ser analisado de forma sistemática, com um conjunto
interligado de princípios e regras.

19 - Por todos estes motivos, indefiro o pedido do INSS.

20 - Lembro o pedido de Revisão de Ofício não enseja em suspensão da decisão do Acórdão


proferido por esta Corte Administrativa, razão pela qual deve ser cumprido o julgado.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

10ª Junta de Recursos

Número do Processo: 44232.069092/2013-17

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BIRIGÜI

Benefício: 32/502.207.193-9

Espécie: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA

Recorrente: ANGELA ADRIANA BATISTELA - Procurador

Recorrente: ARNALDO LEME DE ALMEIDA JUNIOR

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: RESTABELECIMENTO

Relator: FRANCESCO MARIA ZACCARIA DONATO

EMENTA:
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APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PREVIDENCIÁRIA. RETORNO VOLUNTÁRIO AO TRABALHO.


DEVIDA A COBRANÇA DE VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS DURANTE OS PERÍODOS DE RETORNO
VOLUNTÁRIO AO TRABALHO. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: ARTS. 43, 44, 46 E 154 DO (RPS)-DECRETO
3.048/99. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO
PARCIALMENTE.

Relatório

Arnaldo Leme de Almeida Junior recorre do ato do INSS cobrando valores indevidamente pagos
em virtude do retorno voluntário ao trabalho, referentes aos períodos em que, comprovadamente
exerceu atividade laboral, como prestador de serviços (contribuinte individual), durante a
percepção do benefício de aposentadoria por invalidez previdenciária.

Ao interessado foi concedido do benefício de espécie 32, de Aposentadoria por Invalidez


Previdenciária, conforme INFBEN (Informações do Benefício), (Evento 1, Proc.Conc. 3), a partir de
09/06/2004, que vem sendo pago com uma Renda Mensal de R$ 1.119,29 (um mil, cento e
dezenove reais e vinte nove centavos).

Segundo Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), (Evento 1, PADM2), o interessado


voltou ao trabalho nos períodos a seguir:

De 01/01/2007 a 31/01/2007;

De 01/03/2007 a 31/01/2008;

De 01/03/2008 a 31/05/2008;

De 01/07/2008 a 31/03/2010;

De 01/11/2010 a 30/11/2010.

O interessado foi convocado para ser submetido a exame médico pericial.

Realizado o exame em perícia médica, (Evento 1, PADM2), a conclusão foi de que continua
incapacitado para todo e qualquer trabalho.

O despacho datado de 03/04/2013, (Evento 1, PADM2), sugere manutenção do benefício, porém


cobrando os valores percebidos durante os períodos de prestação de serviços.

A autarquia, na data de 24/04/2013, emitiu Ofício de Defesa (Evento 1, PADM2) informando ao


interessado a irregularidade constatada pela volta voluntária ao trabalho nos períodos de
01/03/2008 a 31/05/2008; de 01/07/2008 a 31/03/2010 e de 01/11/2010 a 30/11/2010, cobrando
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os valores indevidamente pagos, e excluiu da cobrança os períodos atingidos pela prescrição


quinquenal.

Apresentou defesa datada de 09/05/2013, a qual foi considerada insuficiente conforme Análise de
Defesa, (Evento 1 PADM 2) e em seguida a autarquia abriu prazo para apresentação de recurso,
conforme ofício datado de 06/06/2013, (Evento 1, PADM2), informando ao interessado que restou
mantida a cobrança dos valores indevidamente pagos.

Recurso datado de 27/06/2013 (Evento 1, Recurso 1), onde em síntese, através de sua
representante não concorda com a devolução dos valores, argumentando a miserabilidade, a
irrepetibilidade dos alimentos, a falta de dolo ou má-fé, visto que a prestação de serviços (bicos)
foi em vista de complementação da renda para sua manutenção e custear seu tratamento médico.

Contrarrazões (Evento 3, ContraINSS1), onde a autarquia mantém a decisão de cobrança, pois a


documentação apresentada pelo segurado não é suficiente para alterar a decisão inicial.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 26/08/2013 para sessão nº 0156/2013, de 16/09/2013.

Voto

Trata-se de recurso tempestivo.

Inicialmente cabe observar que para o processamento da questão foi observado o disposto no art.
179 e seu parágrafo 1º do Regulamento da Previdência Social (RPS) Decreto 3.048/99, e foi
atendido o pressuposto do princípio constitucional do contraditório, e o disposto no art. 305
parágrafo 1º do Regulamento precitado.

A manutenção do benefício de aposentadoria por invalidez previdenciária está sujeita às regras


estabelecidas nos arts. 43, 44 e 46 do Regulamento da Previdência Social (RPS)-Decreto 3.048/99.

No presente caso, se deve ressaltar que caberia a suspensão do benefício se a perícia médica não
tivesse constatado a manutenção das condições iniciais da concessão do benefício, ou seja, em
novo exame médico-pericial, a perícia médica do INSS confirmou a incapacidade total para o
trabalho do interessado.

No caso em questão, conforme relatado, o interessado retornou voluntariamente ao trabalho nos


períodos acima relacionados, e esta constatação fere o quanto prescrito no § 3º do art. 44 do
Regulamento precitado:

“A concessão de aposentadoria por invalidez, inclusive mediante transformação de auxílio-doença


concedido na forma do art. 73, está condicionada ao afastamento de todas as atividades.”
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Assim sendo, é devida a cobrança dos valores indevidamente pagos conforme estabelecido no art.
154 do (RPS) - Decreto 3.048/99 e, visto que não houve a comprovação de dolo ou má fé, o
desconto deverá ser de até no máximo 10% (dez por cento) da renda mensal do benefício em
questão, para os períodos em que houve retorno ao trabalho.

Conclusão: Face ao exposto, e com base na legislação citada, VOTO no sentido de,
preliminarmente, CONHECER DO RECURSO para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL.

FRANCESCO MARIA ZACCARIA DONATO

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

JOSE ANTONIO PINTO BENEVENTE

Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

MARCELO AUGUSTO CARNEIRO PIRES

Conselheiro(a) Representante das Empresas

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

ANTONIO PADUA DE ASSIS

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 1909 / 2013

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 10ª
Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR
UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros JOSE ANTONIO PINTO BENEVENTE e


MARCELO AUGUSTO CARNEIRO PIRES.
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FRANCESCO MARIA ZACCARIA DONATO ANTONIO PADUA DE ASSIS

Relator(a) Presidente

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, 11 de Maio de 2014

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Protocolo: 44232.145122/2013-07

NB: 31/601.317.735-3

Assunto: Auxílio-doença previdenciário

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O INSS suscita, em apertada síntese, que houve um equívoco quanto aos documentos juntados
na fundamentação do Recurso Especial, e pleiteia nova análise do mérito sob os argumento do
evento 36.

4 - Analiso.
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5 - Em que muito pese os argumentos da Autarquia Previdenciária, o motivo por ela exposto não
nos autoriza a realizar novo julgamento, uma vez que não há previsão Regimental para tal feito. O
motivo apontado pelo INSS não se enquadra no rol do art. 60 do Regimento do CRPS.

6 - Além do mais, tal deferimento importaria em "disparidade de armas" e violação literal ao inciso
I do art. 125 do Código de Processo Civil, em razão de tal oportunidade não ser oferecida aos
administrados em geral.

7 - Por todos estes motivos, indefiro o pedido do INSS, em cumprimento ao que me determina o
art. 60 da Portaria MPS 548/2011.

8 - Lembro o pedido de Revisão de Ofício não enseja em suspensão da decisão do Acórdão


proferido por esta Corte Administrativa, razão pela qual deve ser cumprido o julgado nos termos
do art. 56 do Regimento do CRPS.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.023396/2013-38

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CRICIÚMA

Benefício: 94/020.788.825-6

Espécie: AUXÍLIO-ACIDENTE POR ACIDENTE DO TRABALHO

Recorrente: JOSE HONORATO

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: RESTABELECIMENTO

Relator: LUSIA MASSINHAN

EMENTA:

APOSENTADORIA POR IDADE ACUMULADO COM BENEFÍCIO AUXÍLIO-ACIDENTE. O ACIDENTE QUE


GEROU DIREITO AO BENEFÍCIO É ANTERIOR A ALTERAÇÃO LEGISLATIVA TRAZIDA PELA LEI
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9.528/97. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO DA ACUMULAÇÃO DOS BENEFÍCIOS. CONCEDIDO O


REESTABELECIDO DO BENEFÍCIO AUXÍLIO-ACIDENTE (Nº 94/020.788.825-6) E AS PARCELAS
EVENTUALMENTE DESCONTADAS DEVERÃO SER RESSARCIDAS AO REQUERENTE. IMPOSSIBILIDADE
DE COBRANÇA VISTO SUA INCORPORAÇÃO E O CARÁTER ALIMENTAR DO BENEFÍCIO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO.

Relatório

JOSÉ HONORATO, doravante denominado Recorrente, interpôs recurso especial em favor do


INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, doravante denominado Recorrido.

Trata-se de requerimento administrativo em face da acumulação de benefícios. O Segurado


recebe benefício Auxílio-Acidente nº 020.788.825-6 com DIB em 16/06/1979 e benefício de
Aposentadoria por Idade - Segurado Especial nº 127.590.352-2 com DIB em 11/04/2003.

Em 19/12/2012 o Recorrente recebeu o Ofício nº 1371/2012 do INSS informando que a concessão


simultânea dos benefícios não é autorizada pela legislação vigente, sendo facultado o prazo de 10
dias para apresentação de documentação atestando a regularidade da acumulação dos benefícios.

Em 10/01/2013 o INSS emitiu Carta de Indeferimento de Revisão comunicando o requerente “que


o benefício rural não permite inclusão do B94” (auxílio-acidente).

Em 16/01/2013 o Recorrente recebeu o Oficio INSS/APSSC-CRI nº 49/2013 informando que o


pagamento do benefício auxílio-acidente foi cessado em 01/01/2013 e o valor do débito satisfaz o
montante de R$ 15.101,66 atualizado em 11/12/2012.

O segurado, por meio de sua advogada Dra. Daniela Dál-Bo Gava, OAB/SC 14.418, apresentou
defesa afirmando que “os valores recebidos não podem ser devolvidos, haja vista que foram
recebidos de boa-fé”. Alegou que “é possível acumular aposentadoria por idade e auxílio-acidente,
desde que o fato que originou a incapacitação do beneficiário tenha ocorrido na vigência da
norma que possibilite a acumulação, mesmo que uma alteração posterior na lei inviabilize tal
situação, como é o caso do recorrente que a DIB auxílio-acidente é de 16/06/1979, portanto antes
da Vigência da Lei 9.528/97 que veda a acumulação do auxílio-acidente com qualquer
aposentadoria”. Afirmou que “a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) (AEREsp
362811) e também de entendimentos da própria TNU (PEDILEF 200672950192311) permitem a
acumulação, desde que o fato causador da incapacidade tenha ocorrido antes da Lei 9.528/97”,
Ressaltou que o “recorrente deve continuar a receber o benefício, e não existe nenhum débito”.
Finaliza o recurso alegando que “a jurisprudência de nossos tribunais pacificou o entendimento de
que nos casos de boa-fé, não há necessidade de repetição dos valores percebidos, dado o caráter
alimentar das prestações previdenciárias”.
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A 20ª JRPS proferiu em 24/10/2013 o Acórdão nº 2490/2013 negando provimento ao recurso


afirmando que incomprovada a regularidade da manutenção concomitante dos dois benefícios, o
benefício auxílio-doença não poder ser regularmente mantido. Quanto a cobrança das parcelas a
contestação apropriada parece residir na esfera judicial.

O Recorrente impetrou Recurso Especial em 05/11/2013 requerendo que o benefício


auxílio-doença seja revisto em razão da necessidade de sobrevivência do beneficiário, alega estar
com 70 anos de idade e possuir despesas com aluguel, luz, gás, água e medicamentos que não tem
na rede do SUS, por fim, alega que até hoje possui sequelas em seu pé.

O recorrido apresentou suas contrarrazões em 26/11/2013.

É o sucinto Relatório. Apresento o feito em Mesa.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 31/01/2014 para sessão nº 0013/2014, de 04/02/2014.

Voto

Ressalta-se, preliminarmente, a tempestividade do recurso em conformidade as determinações do


§ 1º do art. 305 do Decreto 3.048/99.

O auxílio-acidente é um benefício previdenciário pago mensalmente ao segurado acidentado


como forma de indenização, sem caráter substitutivo do salário, pois é recebido cumulativamente
com o mesmo, quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer
natureza - e não somente de acidentes do trabalho, resultarem sequelas que impliquem redução
da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia - Lei nº 8.213/91, art. 86 caput.

Conforme disposto na Lei nº 6.367/76, conhecida como lei de acidentes do trabalho, o


auxílio-acidente é o benefício normatizado no artigo 6º, quando o acidentado ficasse incapacitado
para a função que habitualmente exercia.

“Art. 6º O acidentado do trabalho que, após a consolidação das lesões resultantes do acidente,
permanecer incapacitado para o exercício de atividade que exercia habitualmente, na época do
acidente, mas não para o exercício de outra, fará jus, a partir da cessação do auxílio-doença, a
auxílio-acidente.

§ 1º O auxílio-acidente, mensal, vitalício e independente de qualquer remuneração ou outro


benefício não relacionado ao mesmo acidente, será concedido, mantido e reajustado na forma do
regime de previdência social do INPS e corresponderá a 40% (quarenta por cento) do valor de que
trata o inciso II do Art. 5º desta lei, observado o disposto no § 4º do mesmo artigo.
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No que se refere ao auxílio-acidente, conforme se verifica do artigo 6º, § 1º, acima transcrito,
tratava-se de auxílio vitalício e independente de qualquer outro benefício não relacionado ao
mesmo acidente.

A Lei 8.213/91 revogou a lei de acidentes do trabalho e a Lei nº 3.807/60 (LOPS) que tratava de
outros benefícios não oriundos de acidente do trabalho. Deste modo, o auxílio-acidente está
previsto no artigo 86, da Lei nº 8.213/91.

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (Redação dada pela
Lei nº 9.528, de 1997)

§ 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinquenta por cento do salário de benefício e será


devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a
data do óbito do segurado. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença,


independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada
sua acumulação com qualquer aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 3º O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria,


observado o disposto no § 5º, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente
(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 4º A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do


auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença,
resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia. (Restabelecido com nova redação pela Lei nº 9.528, de 1997)

Cumpre ressaltar as alterações promovidas pela Lei nº 9.528/97 que proibiu a acumulação de
benefícios, dando nova redação aos artigos 31 e 86 da Lei Nº 8.213/91 e modificando a sistemática
do auxílio-acidente, para que o valor mensal deste benefício passasse a integrar o salário de
contribuição, a ser utilizado no cálculo da aposentadoria, deixando, então, de ser acumulável com
esta.

O artigo 129 do Decreto nº 3.048/99 dispõe que “o segurado em gozo de auxílio-acidente terá o
seu benefício encerrado na data da emissão da certidão de tempo de contribuição”. Com a devida
vênia, a leitura do artigo 86 da Lei do RGPS não autoriza tal interpretação.
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Neste sentido, ressalto o entendimento de Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari
em seu livro Manual de Direito Previdenciário (15ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 789) ao
destacar que a Lei nº 9.528 de 10/12/1997 ao vedar a acumulação do auxílio-acidente com
qualquer aposentadoria, estabeleceu como compensação que “o valor mensal do auxílio-acidente
integra o salário de contribuição, para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer
aposentadoria, observado no que couber, o disposto no artigo 29 e no artigo 86 § 5º”. Dessa
forma, o legislador procurou amenizar os efeitos da nova norma - que afastou o caráter da
vitaliciedade ao auxílio-acidente - possibilitando ao segurado recuperar parte do prejuízo com a
elevação do valor da aposentadoria a ser concedida pelo RGPS.

Os nobres doutrinadores, esclarecem que “o INSS tem se excedido na interpretação da Lei


9.528/97 e está cancelando o auxílio-acidente dos segurados que obtêm aposentadoria por outro
regime previdenciário”. Alegam ainda, que “a normatização interna do INSS prevê, também de
modo ilegal a cessação do benefício de auxílio-acidente 'quando da emissão de certidão de tempo
de contribuição', situação que não guarda nenhuma congruência com a Lei 8.213/91, tampouco
com o Regulamento”. Por tal razão a jurisprudência vem criticando o procedimento:

A MERA EMISSÃO DE CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NÃO AUTORIZA O CANCELAMENTO


DO AUXÍLIO-ACIDENTE. EVENTUAL CUMULAÇÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE COM APOSENTADORIA
POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, VIABILIDADE, NO CASO EM TESTILHA. AUXÍLIO-ACIDENTE
CONCEDIDO EM CARÁTER VITALÍCIO, OU SEJA, ANTERIORMENTE AO ADVENTO DA MEDIDA
PROVISÓRIA 1596-14 DE 10-11-97. DIREITO ADQUIRIDO. RECURSO IMPROVIDO. (TJSP, AI
7513305600, 16ª Câmara de Direito Público, Rel. Des. Valdecir José do Nascimento, publ.
8.05.2008)

Para a concessão do benefício de aposentadoria por idade, de acordo com os arts. 48, caput, e 25,
inciso II, ambos da Lei 8.213/91, faz-se necessário o atendimento dos requisitos da idade mínima
de 65 anos para homens, e de 60 anos para mulheres, assim como do tempo mínimo de carência.

Em conformidade ao disposto no art. 48 de Lei nº 8.213/91 os trabalhadores rurais são


condicionados ao preenchimento de dois requisitos: a idade mínima de 60 anos para os homens e
55 anos para as mulheres e a comprovação do exercício de atividade rural, nos termos do art. 143
da referida Lei.

No que se refere à carência, que representa o número mínimo de contribuições indispensáveis


para que o beneficiário faça jus à prestação previdenciária (artigo 24 da Lei 8.213/91), deve ser de
180 contribuições mensais em se tratando de aposentadoria por idade. É o que estabelece o art.
25, inciso II, daquele diploma legal. Entretanto, em se tratando de segurado já inscrito na
Previdência Social antes do dia 24 de julho de 1991, deve ser aplicada a regra de transição
veiculada pelo art. 142, também da Lei nº 8.213/91.
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Em análise ao caso concreto, verifica-se que o recorrente recebeu auxílio-acidente com data do
início do benefício (DIB) em 16/06/1979, período este que não vigorava qualquer vedação a
acumulação de benefícios, ou seja, somente a partir da vigência da Lei 9.528/97 é que houve a
proibição da acumulação do benefício auxílio-acidente com aposentadoria.

Neste sentido, aponto o entendimento Jurisprudencial sobre o caso:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE E APOSENTADORIA. CUMULAÇÃO. MOLÉSTIA SURGIDA


ANTES DA LEI Nº 9.528/97. POSSIBILIDADE. 1. Conforme matéria já pacificada pela Terceira Seção
deste Tribunal, tendo a moléstia acidentária acometido o autor antes da vigência da Lei nº
9.528/97, que proíbe a cumulação do auxílio-acidente com qualquer aposentadoria, em respeito
ao princípio do tempus regit actum, deve ser garantida a percepção dos benefícios pleiteados. 2.
Embargos de divergência acolhidos para negar provimento ao recurso especial. (STJ - 3ª seção -
EREsp 481921/SP; EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL 2003/0100806-5 -
Relator(a): Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA - Data do Julgamento: 10.05.2006 - Data da
Publicação/Fonte: DJ 29.05.2006 p. 157)

Ressalta-se que o Superior Tribunal de Justiça, como órgão judiciário responsável pela
uniformização da jurisprudência acerca da legislação federal, firmou entendimento no sentido de
ser possível a acumulação do benefício de auxílio-acidente com a aposentadoria quando o
infortúnio ocorrer antes da alteração legislativa promovida pela Lei 9528/97.

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA E


AUXÍLIO-ACIDENTE. CUMULAÇÃO. DEFINIÇÃO DA LEI APLICÁVEL. DATA DA JUNTADA DO LAUDO
PERICIAL EM JUÍZO. 1. Na concessão do benefício previdenciário, a lei a ser observada é a vigente
ao tempo do fato que lhe determinou a incidência, da qual decorreu a sua juridicização e
consequente produção do direito subjetivo à percepção do benefício. Precedentes da 3ª Seção. 2.
Para se decidir a possibilidade de cumulação do auxílio-acidente com a aposentadoria, em face do
advento da Lei 9.528/97, deve-se levar em consideração a lei vigente ao tempo do acidente causa
da incapacidade para o trabalho, incidindo, como incide, nas hipóteses de doença profissional ou
do trabalho, a norma inserta no artigo 23 da Lei 8.213/91. (...)" (REsp nº 373.890/SP, da minha
Relatoria, in DJ 24/6/2002). 3. Em se tratando de incapacidade resultante de doença do trabalho e
inexistindo nos autos qualquer notícia da data do início da incapacidade laborativa para o exercício
da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, impõe-se a fixação do dia do acidente
na data em que foi realizado o diagnóstico, assim considerada a data da juntada do laudo pericial
em juízo. 4. Elaborado que foi o laudo pericial, já na vigência da Lei nº 9.528/97, não há como se
pretender cumular o auxílio-acidente com qualquer aposentadoria. 5. Agravo regimental
improvido.” (AgRg no REsp 686483 / SP. Min. Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, publicada em
DJ 06.02.2006 p. 384)
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Portanto, o Colendo Superior Tribunal de Justiça tem aplicado o princípio do tempus regit actum,
determinando que seja observada a legislação vigente na época do fato gerador (eclosão da
moléstia) para se verificar a possibilidade de acumulação.

Conforme exposto, não há dúvidas de que somente haverá vedação a acumulação de


auxílio-acidente ou aposentadoria dos pedidos que tiveram os fatos geradores posteriores à
referida alteração legislativa.

Ainda sobre o tema, ressalto a Instrução Normativa nº 45/2010 a qual determina:

Artigo 421. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos
seguintes benefícios, inclusive decorrentes de acidente do trabalho:

(...)

"V - auxílio-acidente com aposentadoria, quando a consolidação das lesões decorrentes de


acidentes de qualquer natureza ou o preenchimento dos requisitos da aposentadoria sejam
posteriores às alterações inseridas no art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, pela Medida Provisória nº
1.596-14, convertida na Lei nº 9.528/97 (NR);"

Por fim, aponto o Enunciado da AGU nº 65 de 05/06/2012 que alterou a Súmula nº 44 da AGU que
passou a vigorar com a seguinte redação:

Para a acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria, a lesão incapacitante e a


concessão da aposentadoria devem ser anteriores as alterações inseridas no art. 86 § 2º da Lei
8.213/91, pela MP 1.596-14, convertida na Lei 9.528/97.

Tendo em vista que o recorrente obteve o auxílio-acidente em 16/06/1979 é cristalino o


entendimento de que neste período não havia na legislação vedação a acumulação deste benefício
com o benefício de aposentadoria.

Diante de todo o exposto, VOTO pela reforma da decisão proferida pela 20ª Junta de Recursos
para constar que o recorrente deverá continuar a receber o auxílio-acidente (nº 94/020.788.825-6)
acumulado com o benefício aposentadoria por idade - trabalhador rural (nº 41/127.590.352-2).
Assim, o benefício deverá ser reativado e as parcelas eventualmente descontadas deverão ser
ressarcidas. Por fim, destaco que não existindo óbice ao pagamento destes benefícios não há que
se falar em débitos, nem sequer em devolução do montante de R$ 15.101,66, visto que os valores
recebidos são de direito do recorrente, e ainda, foram consagrados de boa-fé, não havendo assim
necessidade de repetição dos valores percebidos, dado o caráter alimentar das prestações
pecuniárias.

DISPOSITIVO:
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Pelo exposto, VOTO por conhecer do recurso e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO.

LUSIA MASSINHAN

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

AMANDA DE MIRANDA MAISTER

Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores

Declaração de Voto

Concordo com a relatora, mas por outros fundamentos.

Vejo que se faz necessário observar os períodos concernentes a prescrição e a decadência, razão
pela qual, inicialmente, aponto a diferenciação entre esses institutos, ressaltando as afirmações de
Washington de Barros Monteiro, citando Clovis Bevilacqua na obra de Jefferson Luis Kravchychyn
a saber:

Prescrição é a perda da ação atribuída a um direito, e de toda a sua capacidade defensiva, em


consequência do não uso dela, durante determinado espaço de tempo.

(…)

A decadência é observada quando o direito é outorgado para ser exercido dentro de determinado
prazo; se não exercido, extingue-se.

A prescrição atinge diretamente a ação e por via oblíqua faz desaparecer o direito por ela
tutelado; a decadência ao inverso, atinge diretamente o direito e por via oblíqua, ou reflexa,
extingue a ação. (KRAVCHYCHYN, Jefferson Luis. Pratica Processual Previdenciária Administrativa e
Judicial. 4ª ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 587).

No que se refere a Decadência Previdenciária cumpre ressaltar que o prazo que vigora,
atualmente, para o INSS anular os atos administrativos de que resultem benefícios indevidos a
segurados e dependentes é de 10 anos contados da data em que estes foram praticados, salvo
comprovada má-fé, conforme as disposições da MP nº 138 de 19/11/2013, convertida na Lei
10.839 de 05/02/2004, que incluiu o artigo 103-A no texto da Lei 8.213/91.
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No entanto, relembro que o prazo decadencial sofreu diversas alterações ao longo do tempo,
conforme pode ser extraído do julgamento do AI nº 0003392-13.2011.404.0000/RS, TRF da 4ª
Região, 5ª Turma, Rel. Des. Federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira, DE em 27/05/2011:

- Lei nº 6.309/75; previa em seu artigo 7º que os processos de interesse de beneficiários não
poderiam ser revistos após 5 (cinco) anos, contados de sua decisão final, ficando dispensada a
conservação da documentação respectiva além desse prazo.

- Lei 8.422 de 13/05/1992: revogou a Lei 6.309/75 (art. 22) Assim, em se tratando de benefício
deferido sob a égide da Lei nº 6.309/75, caso decorrido o prazo de cinco anos, inviável a revisão da
situação, ressalvada as hipóteses de fraude, pois esta não se consolida com o tempo.

- Lei nº 9784 de 29/01/1999 (art. 54): institui prazo decadencial de cinco anos do desfazimento de
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, incluindo os atos de
concessão de benefício previdenciário.

- Medida Provisória 138, de 19/11/2003 (convertida na Lei nº 10.839 de 05/02/2004: institui o


artigo 103-A da Lei 8.213/91, estabelecendo prazo decadencial de dez anos para a Previdência
Social anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus
beneficiários. Como quando a MP nº 138 entrou em vigor não havia decorrido cinco anos a contar
do advento da Lei nº 9.784/99, os prazos que tiveram início sob a égide desta Lei foram acrescidos,
de tanto tempo quanto necessário para atingir o total de dez anos.

Assim, na prática todos os casos subsumidos inicialmente a regência da Lei nº 9.784/99, passaram
a observar o prazo decadencial de dez anos, aproveitando-se todavia, o tempo já decorrido sob a
égide da norma revogada.

Sobre este tema, a subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, na exposição de motivos da MP
nº 138/2003 de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei 10.839/2004, reconheceu os prejuízos
causados pelas modificações trazidas ao direito brasileiro pela decadência e procurou justificar a
urgência para o elastecimento do prazo para os originais 10 anos, in verbis:

"Trata-se de questão que, embora há muito venha reclamando reexame por parte do Poder
Público, revela-se urgente a medida que se aproxima o início da eficácia plena de dispositivos que
introduziram inovações na matéria cujos efeitos serão prejudiciais tanto aos cidadãos quanto a
própria Administração.

No que se refere ao art. 103 da Lei 8.213, de 1991, a Medida Provisória nº 1.523-9, de 27 de junho
de 1997, inovou o direito previdenciário ao alterar esse dispositivo da Lei de Benefícios para
instituir o prazo decadencial de dez anos para todo e qualquer direito ou ação do segurado ou
beneficiário para a revisão do ato de concessão do benefício, a contar do dia primeiro do mês
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seguinte ao recebimento da primeira prestação, ou quando for o caso, do dia em que o segurado
tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo. No entanto a
Medida Provisória nº 1.663, de 22 de outubro de 1998, convertida em Lei nº 9.711, de 20 de
novembro de 1998, alterou novamente o dispositivo para fixar cinco anos o prazo decadencial.

A inovação mostrou-se necessária à medida que a própria Administração deve seguir prazos para
promover a revisão de seus atos, não sendo portanto, adequado que inexistisse qualquer
limitação à revisão de atos provocada pelo interessado.

(…) Ainda que o entendimento possa ser unânime é de se considerar que melhor atende ao
interesse público que se promova a dilação do prazo decadencial, evitando-se por conflito de
normas de interpretação, a aplicação imediata da interpretação restritiva, quer pelo Poder
Judiciário, quer pelo Poder Executivo, razão pela qual se impõem ampliar para dez anos o prazo de
decadência ora firmado pelo art. 103 da Lei 8.213/99 na forma ora proposta.

Finalmente, por respeito ao Princípio da Igualdade e para melhor resguardar o direito da


coletividade de beneficiários e contribuintes da previdência social, bem como para manter a
coerência do sistema, também se altera o prazo para a Administração Previdenciária rever atos
administrativos por ela editados. (SILVA, José Dirceu de Oliveira e. EMI nº 57/CC/AGU/MPS, de 19
de novembro de 2003. Retirado do site:
http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/45/2003/138.html. Disponibilizada na íntegra no
Anexo 7.1).

Assim, segundo os apontamentos da Doutrina, salientando Jefferson Luis Kravchychyn, Gisele


Lemos Kravchychyn, Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari em sua obra Pratica
Processual Previdenciária (KRAVCHYCHYN, Jefferson Luis. e outros. Pratica Processual
Previdenciária Administrativa e Judicial. 4ª ed - Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 596), em se
tratando de prazo decadencial, a Lei 8.213/1991 deverá ser interpretada da seguinte forma:

PERÍODO FUNDAMENTAÇÃO LEGAL PRAZO

De 24/07/1991 até 27/06/1997 Lei 8.213/91 Sem Prazo

De 28/06/1997 a 22/10/1998 MP nº 1.523-9/97, convertida na Lei nº 9.528/97


Estabelece o prazo de dez anos

De 23/10/1998 a 19/11/2003 MP nº 1.663-15/98, convertida na Lei nº 9.711/98 Diminui o


prazo para cinco anos
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A partir de 20/11/2003 até os dias atuais MP nº 138 de 19/11/2003 que foi convertida na
Lei nº 10.839 de 05/02/2004 Reestabelece o prazo de dez anos

No caso em tela, verifico que o recorrente obteve o direito ao benefício Aposentadoria por Idade
em 2003, sendo a data da sua concessão (DDB) em 14/04/2003.

Portanto, em termos de período para prazo decadencial conclui-se que na época da concessão do
benefício a recorrida estava sob a égide da Lei nº 9.711/98, sendo assim a Administração possuía o
prazo decadencial de 5 anos para requerer a anulação de sua decisão.

LEI Nº 9.711, DE 20 DE NOVEMBRO DE 1998.

Art. 24. Os arts. 6º, 94, 103 e 126 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passam a vigorar com as
seguintes alterações:

(…)

"Art. 103. É de cinco anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado
ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês
seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar
conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.

Deste modo, a Lei determina a utilização do critério decadencial para inibir a Previdência Social de
rever atos administrativos após o decurso do tempo, neste caso, 5 anos, salvo má-fé. Reafirmo
que Decadência é a extinção do direito, e seu exercício após o prazo decadencial importa em
nulidade, afinal, não há mais direito. Não se confunde com prescrição, em que subsiste o direito,
mas não se pode mais exercê-lo, todavia, se for exercido após a prescrição cumprir-se-á o direito.

No caso em tela, a prática da cumulação, ou melhor, a ”data em que foi praticada” a acumulação é
04/2003, quando foi concedida a Aposentadoria por Idade e não foi cessado, como deveria, os
demais benefícios.

Tendo a primeira parcela recebida pelo segurado em 02/05/2002 e a apuração da irregularidade


iniciada em 2012, não pode mais a Previdência Social exercer o direito de anular seus atos
administrativos, pois se passaram mais de 5 anos e decaiu o direito.

Assim, ainda que o recorrente não tenha direito de receber cumulativamente os benefícios, a
Previdência Social (INSS e CRPS) também não tem mais o direito de suspender o benefício,
devendo permanecer ambos os benefícios (Aposentadoria por Idade e Auxílio-Acidente) e
continuarem a ser pagos.

Em nossa região, entende o Tribunal Regional Federal:


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“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. EX-COMBATENTE. REVISÃO


DE BENEFÍCIO NA VIA ADMINISTRATIVA. ERRO ADMINISTRATIVO. DECADÊNCIA.
VEROSSIMILHANÇA COMPROVADA. PRAZO PARA CUMPRIMENTO. MULTA. 1. A Administração
Previdenciária pode e deve rever seus próprios atos, desde que eivados de vícios que os tornem
ilegais, assegurado o contraditório e a ampla defesa. Súmula 473-STF. 2. Em respeito à segurança e
estabilidade jurídica, aliada à boa-fé do beneficiário, devem ser convalidados os atos consolidados
pelo longo decurso de tempo, representado pelo transcurso de cinco anos previsto no art. 207 do
Dec. 89.312/84 e art. 54 da Lei nº 9784/99 e, mais recentemente, se ultrapassado o marco de dez
anos, previsto no art. 103-A da Lei nº 8.213/91, com a redação imposta pela Lei nº 10.839/04,
DOU de 06-02-04, originária da MP 138, de 19-11-2003, sendo que esta não pode retroagir para
alcançar benefícios concedidos anteriormente. Precedentes. 3. Inexistindo má-fé ou fraude, não
há que se falar em revisão de ato administrativo decorrente de erro administrativo, máxime
quando superado em muito o prazo decadencial, devendo serem suspensos os descontos no
benefício da autora, bem como seja restabelecido o valor integral do benefício no montante
percebido mensalmente antes da revisão administrativa efetuada pelo INSS. 4. Determinada a
suspensão dos descontos no benefício de pensão por morte de ex-combatente da agravante, bem
como o restabelecimento do valor originalmente concedido, no prazo de 45 (quarenta e cinco)
dias, sob pena de multa diária de R$ 50,00 (cinquenta reais), em caso de descumprimento, de
acordo com os parâmetros adotados por esta Turma.”

Também disciplina a Lei 9.784/99, que normatiza sobre os processos administrativos federais:

“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”

Por tais razões, vejo que a lei a ser aplicada é aquela vigente na concessão do benefício. Assim,
decaiu o direito da Previdência Social em 2008 em revisar ao ato administrativo ilícito que
permitiu a cumulação dos benefícios.

Voto com a relatora.

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente
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Decisório

Nº Acórdão: 201 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR
PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua
fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) AMANDA DE MIRANDA MAISTER.

LUSIA MASSINHAN PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Relator(a) Presidente

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O INSS suscita que o Acórdão 286/2014, que reconhece períodos em gozo de Auxílio-Doença
como carência, somente o poderia computar a partir de 14/05/2012, com base na ACP
2009.71.00.004103-4-RS. Antes dessa data, prevalece o Decreto e a Lei.

4 - Analiso.
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5 - Não verifico violação literal a Lei ou Decreto, uma vez que tais normas jamais proibiram
literalmente o cômputo do Auxílio-Doença como carência. Trata-se de divergência da
interpretação das normas, a qual foi decidida pelo Poder Judiciário na referida ACP, e não de literal
disposição de Lei ou de Decreto.

6 - Por fim, rejeito o pedido do INSS por não haver qualquer violação à Lei 8.213/91 e ao Decreto
3.048/99, e em restrita obediência à ordem ministerial insculpida no art. 60 do Regimento do
CRPS, indefiro o pedido de Revisão de Ofício.

7 - Considerando que o pedido de Revisão de Ofício não suspende os efeitos do Acórdão, retorne
ao INSS para que cumpra imediatamente o julgado.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

1 - Visto.

2 - A Portaria Ministerial 548/2011, que aprova o Regimento do CRPS, determina em seu artigo 56:

“Art. 56. É vedado ao INSS escusar-se de cumprir, no prazo regimental, as diligências solicitadas
pelas unidades julgadoras do CRPS, bem como deixar de dar efetivo cumprimento às decisões do
Conselho Pleno e acórdãos definitivos dos órgãos colegiados, reduzir ou ampliar o seu alcance ou
executá-lo de modo que contrarie ou prejudique seu evidente sentido.

§ 1º É de trinta dias, contados a partir da data do recebimento do processo na origem, o prazo


para o cumprimento das decisões do CRPS, sob pena de responsabilização funcional do servidor
que der causa ao retardamento.”

3 - Além do mais, diferente dos Embargos de Declaração (§ 2º do art. 58), não há previsão
regimental para suspender o cumprimento da decisão do CRPS quando é solicitada a Revisão de
Ofício.

4 - Considerando que o INSS foi cientificado da decisão desta Câmara de Julgamento em


20/03/2014 e só interpôs o pedido de Revisão de Ofício em 08/05/2014, após o prazo de trinta
dias, fica caracteriza a inobservância ao art. 56 da Portaria Ministerial MPS 548/2011.
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5 - Retorne ao INSS para que cumpra o art. 56 da Portaria Ministerial 548/201 juntando o
comprovante da reativação do benefício e, após, retorne os autos para esta Câmara de
Julgamento.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

27ª Junta de Recursos

Número do Processo: 44232.066551/2013-19

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DOIS CÓRREGOS

Benefício: 88/124.153.730-2

Espécie: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO

Recorrente: PATRICIA RAQUEL LANCIA MOINHOZ - Procurador

Recorrente: ANA LUIZA DE OLIVEIRA RODRIGUES - Titular Capaz

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Assunto: RESTABELECIMENTO

Relator: CARLOS MENEZES DINIZ JUNIOR

EMENTA:

BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO. LEI 8742/93 -


BENEFÍCIO DA ESPÉCIE 88 - NECESSIDADE DA COMPROVAÇÃO DA IDADE MÍNIMA DE 65 ANOS E
DA CONSTATAÇÃO DA RENDA PER CAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE À ÉPOCA
DA ENTRADA DO REQUERIMENTO - IMPOSSIBILIDADE DA MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO
ASSISTENCIAL DA ESPÉCIE 88, UMA VEZ QUE COMPROVADO QUE À ÉPOCA DA CONCESSÃO HAVIA
RENDA MÍNIMA DESDE O ANO DE 1983 - DECADÊNCIA DO DIREITO DA AUTARQUIA À COBRANÇA
DE VALORES ATRASADOS POR HAVER DECORRIDO MAIS DE 10 ANOS ENTRE A CONCESSÃO
INDEVIDA E A PRIMEIRA COMUNICAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE DEFESA - POSSIBILIDADE.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE.

Relatório
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Recurso ordinário interposto por ANA LUIZA DE OLIVEIRA RODRIGUES contra decisão do INSS
acerca de cobrança de valores indevidos em face de concessão de amparo social ao idoso à
recorrente que detinha pensão por morte.

A recorrente era beneficiária de uma pensão por morte (NB 21-076.537.434-0) desde 03/09/1983.

Posteriormente requereu amparo social ao idoso (NB 88 - 124.153.730-2) em 21/02/1994, o qual


foi concedido por decisão judicial.

Noto ainda que a recorrente em ambos os benefícios informou à autarquia a mesma data de
nascimento, o mesmo CPF, o mesmo NIT e o mesmo endereço.

O órgão administrativo oficiou a recorrente para apresentar defesa administrativa das possíveis
irregularidades com primeira comunicação em 17/05/2013 pelo Ofício 21023080/100/2013 da APS
Dois Córregos - SP.

A recorrente apresentou defesa administrativa e posteriormente recurso ordinário.

A autarquia apresentou uma cobrança dos valores alegadamente indevidos de R$ 36.119,94 (trinta
e seis mil e cento e dezenove reais e noventa e quatro centavos) relativa ao período quinquenal
anterior à primeira comunicação.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 18/09/2013 para sessão nº 0086/2013, de 26/09/2013.

Voto

Tendo em vista os termos do relatório e de que o recurso ordinário interposto atendeu aos
critérios de prescrição e decadência do Decreto 3.048/99, Regulamento da Previdência Social
(RPS) e da constatação da ausência dos pressupostos do art. 54 do Regimento do CRPS (Portaria
MPS 548/11);

CONHEÇO DO RECURSO ORDINÁRIO

A autarquia fez a primeira comunicação acerca da suposta ilegalidade em 17/05/2013 com


remessa de ofício para que a recorrente apresentasse defesa administrativa, o que foi feito pela
autarquia.

Nota-se que não há possibilidade da manutenção do benefício assistencial, uma vez que desde a
data de seu requerimento em 21/02/1994 já existia renda mínima relativa a pensão por morte da
qual era titular desde 1983, no grupo familiar da recorrente, composto conforme texto da petição
inicial datada de 08/02/1994 somente dela mesmo, uma vez que tal fato jurídico, a existência de
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renda advinda da pensão por morte, não supriria desde o nascedouro o critério de renda inferior a
¼ do salário mínimo do art. 20 da Lei 8.742/93.

Portanto, uma vez que concedido benefício assistencial à recorrente sem ao menos a verificação
de renda por parte da autarquia, e estando este benefício a violar lei federal desde o seu
nascedouro, tenho que deva ser cessado permanentemente.

Contudo, em face do art. 103-A da Lei 8.213/91, a autarquia deixou transcorrer in albis o prazo
decadencial de dez anos, para somente depois informar à recorrente a ilegalidade do ato
concessório.

Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004)

§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do


primeiro pagamento. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004)

§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa


que importe impugnação à validade do ato. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004)

Desta forma, não há que se falar em devolução das quantias recebidas, uma vez que cabia a
autarquia nem ter concedido o amparo assistencial, uma vez que existia renda advinda de
benefício previdenciário administrado também pelo próprio INSS, fato este que deveria ter sido
informado em sua contestação à ação proposta pela recorrente, ainda em 1994, fato jurídico este
que este que afrontaria o art. 20 § 4º da Lei 8.742/93 em sua versão original, vigente em 1994,
que à época, determinava:

§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer
outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica.

Posto isto, deve ser cessado o benefício assistencial, uma vez que este já nasceu com ilegalidade
em face da existência de renda. Quanto à devolução dos valores percebidos, desobrigada está a
recorrente, pelos fatos e fundamentos acima delineados, acrescidos do caráter alimentar da
prestação, razão pelo qual não se presta a ser repetido (devolvido).

Por fim, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, determinando a cessação do benefício


assistencial NB 88 - 124.153.730-2 e indeferindo a obrigação da devolução dos valores pagos por
culpa exclusiva da autarquia.

CARLOS MENEZES DINIZ JUNIOR


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Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

MARIA DO ROSÁRIO COUTINHO DO NASCIMENTO

Conselheiro(a) Representante do Governo

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

SANTIAGO NUNES DOS SANTOS FILHO

Conselheiro(a) Representante dos Trabalhadores

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

MARIA APARECIDA DE OLIVEIRA

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 4096 / 2013

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 27ª
Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR
UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros MARIA DO ROSÁRIO COUTINHO DO


NASCIMENTO e SANTIAGO NUNES DOS SANTOS FILHO.

CARLOS MENEZES DINIZ JUNIOR MARIA APARECIDA DE OLIVEIRA

Relator(a) Presidente

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:
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"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O INSS suscita que a decisão proferida no Acórdão 597/2014 considerou para a manutenção da
qualidade do segurado instituidor recolhimentos efetuados após o óbito deste e, segundo seu
entendimento, violaria literal disposição no inciso II do art. 30 da Lei 8.212/91, litteris: "Art. 30. A
arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade
Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) (...) II - os
segurados contribuinte individual e facultativo estão obrigados a recolher sua contribuição por
iniciativa própria, até o dia quinze do mês seguinte ao da competência; (Redação dada pela Lei nº
9.876, de 1999)."

4 - Analiso.

5 - Verifico junto ao Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS, juntado ao evento 1


PROC_CON2, que o segurado RICARDO XXXXXX teve sua última contribuição em vida na
competência 09/2010, recolhendo no dia 14/10/2010. Após, consta no CNIS recolhimentos para as
competências 11/2012 até 01/2013, efetivadas dia 28/02/2013, após seu óbito ocorrido em
15/02/2013.

6 - Como o voto divergente é vencedor, o Representante dos Trabalhadores passa a ser Relator,
nos termos do § 3º do art. 46 do Regimento do CRPS.

7 - Assim sendo, encaminho ao novo Conselheiro Relator, com base no § 2º do art. 60 do


Regimento do CRPS, para que exponha as razões de seu convencimento caso opte pela Revisão de
Ofício.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN


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Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

Número do Processo: 44232.145122/2013-07

Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL PASSO FUNDO

Benefício: 31/601.317.735-3

Espécie: AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido: IRES SALETE PEREIRA - Titular Capaz

Assunto: RESTABELECIMENTO

Relator: AMANDA DE MIRANDA MAISTER

EMENTA:

AUXÍLIO-DOENÇA. RECURSO NÃO CONHECIDO AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL ARTIGO 16 DO


REGIMENTO INTERNO DO CRPS. RECURSO DO INSS NÃO CONHECIDO.

Relatório

Ires Salete Pereira, teve seu benefício de auxílio-doença de nº 601.317.735-3 cessado em


31/07/2013.

Ainda sentindo-se impossibilitada requereu a prorrogação do benefício, sendo o mesmo


indeferido.

A perícia de prorrogação sem qualquer fundamentação apenas considerou que a interessada não
comprova incapacidade.

Já a perícia de reconsideração conclui que a interessada não está incapacitada para função de
dona de casa.

Cumpre desde logo ressaltar que a segurada trata-se de contribuinte individual.

Junta aos autos:


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Receituário datado de 02/08/2013 com prescrição de diversas medicações com validade de 6


meses;

Solicitação de 10 sessões de fisioterapia datada de 23/10/2013;

Atestados médicos datados de 23/10/2013 e 25/10/2013 emitidos por cardiologista e cirurgião da


coluna os quais minuciosamente explicam a patologia da interessada bem como ressalvam que a
mesma está impossibilitada de exercer suas atividades diárias;

Exames médicos.

A 10ª Junta de Recursos, através de acórdão de nº 489/2014, proferiu a seguinte decisão:

Como se trata de matéria médica, se deve ter presente a abreviação do rito processual visando a
decisão.

Assim sendo, para o julgamento do recurso, vale lembrar os termos da Nota Técnica CGMBEN nº
177/2006 em seus itens a seguir:

Item 6: O Colegiado das Juntas de Recursos e das Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos
da Previdência Social (CRPS) é soberano em suas decisões.

Item 7: Não está o Colegiado adstrito ao laudo médico para prolatar sua decisão. Item 8: Os
médicos peritos não são os juízes da causa, mas, sim, os conselheiros, que, além dos laudos
médicos, analisam todo o conteúdo processual e o acervo probante, ...

Item 17: Os Conselheiros não se podem desviar do cumprimento das leis, dos decretos e dos
pareceres aprovados pelo ministro; mas têm como juízes (art. 330, I, do CPC c/c o art. 72 da
PT/MPS/GM nº 88/2004) a prerrogativa do livre convencimento a respeito dos fatos, das provas e
da aplicação da lei, parta atingir a melhor prolação de justiça.

(...)

Assim sendo, com base no dispositivo acima e na documentação médica relatada, temos o
convencimento de que, a interessada não estava em condições para o retorno ao trabalho e voto
pela prorrogação do benéfico em questão, devendo ser seguidas as datas técnicas abaixo, que
foram estabelecidas na concessão do benefício pela perícia médica.

O INSS interpôs Embargos de Declaração sob o argumento que a Junta de Recursos não
estabeleceu a DCB (data de cessão do benefício), embargos que não foram admitidos pois afirma o
acórdão de primeiro grau que a Autarquia é quem deve marcar nova perícia para estabelecer os
parâmetros.
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Consta dos a seguir Memorando - Circular Conjunto nº 30 DIRBEN/DIRSAT/INSS encaminhado Aos


Superintendentes-Regionais, Gerentes-Executivos, Gerentes de Agências da Previdência
Social-APS, Especialistas em Normas e Gestão de Benefícios, Chefes de Divisão/Serviço de
Benefícios, Chefes de Serviço/Seção de Reconhecimento de Direitos, Chefes de Serviço/Seção de
Saúde do Trabalhador Gerentes de Agências da Previdência Social-APS.

A Autarquia comunica a segurada que houve interposição de recurso especial, não havendo
manifestação da interessada.

É o relatório apresento o feito para julgamento em mesa.

Inclusão em Pauta

Incluído em Pauta no dia 24/04/2014 para sessão nº 0119/2014, de 08/05/2014.

Voto

No âmbito recursal administrativo do CRPS o INSS tem autorização restrita para apresentação de
recurso especial, estão elas dispostas no art. 16 do Regimento Interno deste conselho recursal:

Art. 16. Compete às Câmaras de Julgamento julgar os Recursos Especiais interpostos contra as
decisões proferidas pelas Juntas de Recursos.

Parágrafo único. O INSS poderá recorrer das decisões das Juntas de Recursos somente quando:

I - violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria ministerial;

II - divergirem de súmula ou de parecer do Advogado-Geral da União, editado na forma da Lei


Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de pareceres da Consultoria Jurídica do MPS ou da Procuradoria Federal


Especializada - INSS, aprovados pelo Procurador-Chefe;

IV - divergirem de enunciados editados pelo Conselho Pleno do CRPS;

V - tiverem sido fundamentadas em laudos ou pareceres médicos divergentes emitidos pela


Assessoria Técnico-Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos peritos do INSS; e

VI - contiverem vício insanável, considerado como tal as ocorrências elencadas no § 1º do art. 60.

Pois bem o que se visualiza nos autos é que sequer foi apresentado Recurso Especial e tão
somente um memorando aos departamentos da Previdência Social estabelecendo os
procedimentos a serem adotados com relação ao cumprimento das decisões prolatadas pelo
Conselho de Recursos.
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Diante do exposto não conheço do recurso devendo a decisão proferida pela 10ª Junta de
Recursos ser cumprida em sua integralidade.

AMANDA DE MIRANDA MAISTER

Relator(a)

Declaração de Voto

Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

BRUNA CORREIA

Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas

Declaração de Voto

Presidente concorda com voto do relator(a).

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

Decisório

Nº Acórdão: 1105 / 2014

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª


Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em NÃO CONHECER DO RECURSO DO
INSS, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação.

Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) BRUNA CORREIA.

AMANDA DE MIRANDA MAISTER

Relator(a)

PAULO VITOR NAZARIO SERMANN

Presidente

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:
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"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O INSS suscita, em apertada síntese, que a decisão proferida no Acórdão 579/2014 está em
desacordo com o § 3º do art. 20 da Lei 8.742/1993 (LOAS), uma vez que considerou como
comprovada a condição de miserabilidade com base em constatação e parecer de Assistente
Social do INSS ainda que a renda per capta seja superior a 1/4 do salário mínimo vigente. Alega a
Autarquia (1) que a decisão do STF na Reclamação 4374 não afastou o dispositivo legal por
inconstitucionalidade. Também, justifica (2) que a decisão da Administração Pública que se funda
na jurisprudência não possui amparo legal, e acaba por afastar-se da legalidade. Por fim, suscita
(3) que a decisão colegiada violou o art. 70 do Regimento do CRPS por afastar um dispositivo legal
por inconstitucionalidade sem a Resolução do Senado Federal.

4 - Analiso.

5 - A Constituição da República, o Documento Maior que constitui a existência do nosso Estado,


formaliza-nos como nação, protege os direitos fundamentas e sociais, organiza o Estado e seus
Poderes, assim determina:

“Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.”

6 - O Pergaminho Pátrio assegura a participação dos representantes das classes trabalhadora e


empregadora nos órgãos colegiados de interesse previdenciário. Este órgão é o CRPS.
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7 - A aplicação do direito pela Administração Pública (INSS e CRPS) é regida pela Lei 9.784/99, que
regulamenta o Processo Administrativo Federal. Esta lei, que todos devemos obedecer, assim
determina:

“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito;

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou


competências, salvo autorização em lei;

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou


autoridades;

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;

V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na


Constituição;

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em


medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

VIII - observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e
respeito aos direitos dos administrados;

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas


e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
litígio;

XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”
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8 - Analisando ao texto normativo, é de fácil percepção de que a Administração Pública deve


aplicar a lei e o Direito. Portanto, é possível sim as decisões administrativas fundarem-se, também,
em outras fontes que moldem o Direito.

9 - Dentre elas, encontramos a Jurisprudência, que por sua vez reflete o direito aplicado pelo
Poder Judiciário. O CRPS, que efetua o controle jurisdicional das decisões do INSS de interesse dos
beneficiários (art. 303 do Decreto 3.048/99), deve se aproximar dos precedentes da natural
autoridade judicante. Não pode se distanciar daquilo que a sociedade precisa e quer, e que são
providas pelo Poder Judiciário. Por tais razões, a jurisprudência, em respeito à legalidade
promovida pelo inciso I do art. 2º da Lei 9.784/99, é fundamento jurídico para a aplicação do
Direito Previdenciário.

10 - A interpretação da norma administrativa, que não é mera aplicação mas uma hermenêutica
jurídica, de ser feita da forma que a própria Lei estabeleceu, ou seja, que MELHOR GARANTA o
atendimento do FIM público a que se dirige. No caso do BPC/LOAS, qual é o fim público? Sem
dúvida, a garantia, por via da proteção, da dignidade da pessoa humana, que deve estar a salva de
situação de vulnerabilidade social que o coloque em risco. A Lei 9.784/99 claramente permitiu a
quem decide administrativamente interpretar a regra e de atender à finalidade para a qual foi
criada.

11 - Quanto a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei 8.742/1993 (LOAS), tem razão o INSS


em afirmar que o STF não o declarou inconstitucional a ponto de afastá-lo do ordenamento
jurídico. A bem da verdade, declarou parcial inconstitucionalidade, sem declarar sua nulidade,
conforme transcrito abaixo:

“Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da


Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da
Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário
mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir
meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei
8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI
1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção
da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a
1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei teve sua
constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente
miserabilidade social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto
constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo
Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3. Decisões judiciais
contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos
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critérios definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não
pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da renda familiar per capita
estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de se
contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado de
miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas
leis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais,
tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o
Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei
9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem
programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal
Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da
intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do processo de
inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e
jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios
de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de
inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5.
Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 567985, MARCO AURÉLIO, STF.) ”

12 - Após a leitura da decisão do STF, podemos concluir que o Plenário da Corte Constitucional da
República Federativa do Brasil, repito, o Plenário da Corte Constitucional entendeu que a
interpretação de que apenas aqueles que têm renda per capita inferior a 1/4 do Salário Mínimo
vigente cumprem o requisito de miserabilidade é inconstitucional. Como não há nulidade da
norma, não há requisição ao Senado Federal.

13 - A hermenêutica a ser utilizada a esta espécie de benefício deve ser conduzida pela busca da
conciliação entre o postulado constitucional do mínimo existencial, inciso III do art. 1º da
Constituição da República que tutela a dignidade da pessoa humana, e o propósito maior da LOAS,
expresso no seu art. 4º, III, é dizer, o "respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu
direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária,
vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade".

14 - Estabelecidas tais premissas, o requisito pobreza (ou miserabilidade) disposto no § 3º do


artigo 20 da LOAS deve ser entendido como um limite objetivo, presumindo que todos cuja renda
per capita seja menor que um quarto do salário mínimo estejam nessa condição. Passa-se a ser um
critério objetivo uma vez que todas as pessoas cuja renda per capita seja menor que um quarto do
salário mínimo estão em condições de hipossuficiência, automaticamente.

15 - Contudo, é possível ser hipossuficiente econômico possuindo renda per capita superior a este
limite, não sendo o § 3º do artigo 20 da LOAS o único critério válido. Outros fatores podem ser
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considerados para a constatação do estado de pobreza, sendo admitidos outros meios de prova. A
avaliação da pobreza do grupo familiar, na hipótese da superação daquele limite, não deve ser
procedida abstratamente, e sim avaliada caso a caso. Nessa linha, deverá ser considerada a real
situação econômica e de penúria da família, levando-se em conta as despesas com medicação,
alimentação, taxas, impostos e também se analisando as condições de moradia e a necessidade de
constante atendimento ao requerente, para só então concluir-se se a renda familiar auferida
afigura-se insuficiente para o seu sustento.

16 - A constatação da Assistente Social do INSS, profissional da área do Serviço Social, serve como
prova de miserabilidade por força do artigo 332 do Código de Processo Civil, nos termos “Todos os
meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são
hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa”, aplicável em razão
da permissão do artigo 72 do Regimento do CRPS, a saber “Nos casos de omissão deste
Regimento, aplicam-se sucessivamente, se houver compatibilidade das regras, as disposições
pertinentes da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, que institui o Código de Processo Civil e da
Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal”.

17 - Portanto, verifico que o Acórdão impugnado não afastou o § 3º do artigo 20 da LOAS e,


portanto, não violou o art. 70 do Regimento do CRPS. Apenas interpretou a norma em
consonância com o ordenamento jurídico, com a decisão do STF, cumprindo o que a Lei determina
nos incisos I e XIII do parágrafo único do art. 2º da Lei 9.784/99.

18 - Por fim, o ordenamento jurídico deve ser analisado de forma sistemática, com um conjunto
interligado de princípios e regras.

19 - Por todos estes motivos, indefiro o pedido do INSS.

20 - Lembro o pedido de Revisão de Ofício não enseja em suspensão da decisão do Acórdão


proferido por esta Corte Administrativa, razão pela qual deve ser cumprido o julgado.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, 06 de Maio de 2014

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS


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Protocolo: 44232.090867/2013-13

NB: 31/601.612.129-4

Assunto: Auxílio-doença previdenciário

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O INSS suscita, em apertada síntese, que a decisão proferida no Acórdão 404/2014 acabou por
ratificar uma decisão ilegal da Junta de Recursos, deixando de cumprir com o § 3º do art. 64 da Lei
9.784/99. Aduz que o fato de haver um erro material no pedido de Recurso Especial não afasta o
dever da Administração Pública de rever o ato ilegal. Aponta que a decisão da Junta de Recursos
em reconhecer o direito ao Auxílio-Doença é ilegal em razão de computar como recolhimento da
segurada as competências 03/2012 e 04/2012, as quais foram feitas extemporaneamente e acaba
por violar o art. 29-A da Lei 8.213/91.

4 - Passo a analisar.

5 - Verifico que a recorrida tem contribuições no CNIS (documento CNIS2) até 04/2012. Segundo o
INSS, os recolhimentos de 03/2012 e 04/2012 foram feitos de forma extemporânea e são,
portanto, inválidos.

6 - Consta registrado no CNIS a atividade de empresária desde 05/02/2012 (documento CNIS2),


sem o encerramento da atividade, o que presume a continuidade desta por interpretação do § 1º
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do art. 56 da IN 45/2010 (Art. 56. Após a cessação da atividade, os segurados contribuinte


individual e empregado doméstico deverão solicitar o encerramento de sua atividade em qualquer
APS, mediante a apresentação dos seguintes documentos (...) § 1º Enquanto não ocorrer os
procedimentos previstos neste artigo, presumir-se-á a continuidade do exercício da atividade sem
necessidade de comprovação, e em consequência o contribuinte será considerado em débito no
período sem contribuição).

6 - Sua incapacidade (DII) emergiu em 19/04/2013.

7 - Considerando os recolhimentos extemporâneos, então a qualidade de segurada se estenderia


até 15/06/2013 e haveria direito ao benefício. Se não considerarmos as contribuições
extemporâneas, então a perda da qualidade ocorreria em 16/04/2013, antes da DII, e não haveria
direito ao benefício.

8 - A lide reside sobre a ilegalidade do reconhecimento das contribuições extemporâneas no CNIS.

Vejamos o que o Decreto 3.048/99 dispõe sobre o tema:

“Art. 59. Considera-se tempo de contribuição o tempo, contado de data a data, desde o início até
a data do requerimento ou do desligamento de atividade abrangida pela previdência social,
descontados os períodos legalmente estabelecidos como de suspensão de contrato de trabalho,
de interrupção de exercício e de desligamento da atividade.”

9 - Observando o preceito normativo, é aceitável como tempo de contribuição o período de labor


exercido por segurado em atividade abrangida pela previdência social, como a do contribuinte
individual.

10 - Vejamos o que mais dispõe o Regulamento da Previdência Social:

“Art. 216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras importâncias devidas à


seguridade social, observado o que a respeito dispuserem o Instituto Nacional do Seguro Social e a
Secretaria da Receita Federal, obedecem às seguintes normas gerais:”

“I - a empresa é obrigada a:”

“a) arrecadar a contribuição do segurado empregado, do trabalhador avulso e do contribuinte


individual a seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração; (Redação dada pelo Decreto
nº 4.729, de 2003)”

“b) recolher o produto arrecadado na forma da alínea “a” e as contribuições a seu cargo incidentes
sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, inclusive adiantamentos
decorrentes de reajuste salarial, acordo ou convenção coletiva, aos segurados empregado,
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contribuinte individual e trabalhador avulso a seu serviço, e sobre o valor bruto da nota fiscal ou
fatura de serviço, relativo a serviços que lhe tenham sido prestados por cooperados, por
intermédio de cooperativas de trabalho, até o dia vinte do mês seguinte àquele a que se referirem
as remunerações, bem como as importâncias retidas na forma do art. 219, até o dia vinte do mês
seguinte àquele da emissão da nota fiscal ou fatura, antecipando-se o vencimento para o dia útil
imediatamente anterior quando não houver expediente bancário no dia vinte; (Redação dada pelo
Decreto nº 6.722, de 2008).”

“XII - a empresa que remunera contribuinte individual é obrigada a fornecer a este comprovante
do pagamento do serviço prestado consignando, além dos valores da remuneração e do desconto
feito, o número da inscrição do segurado no Instituto Nacional do Seguro Social; (Redação dada
pelo Decreto nº 4.729, de 2003)”

“(...)”

“Art. 225. A empresa é também obrigada a:”

“IV - informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de
Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na
forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição
previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto;”

“§ 1º As informações prestadas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de


Serviço e Informações à Previdência Social servirão como base de cálculo das contribuições
arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, comporão a base de dados para fins de
cálculo e concessão dos benefícios previdenciários, bem como constituir-se-ão em termo de
confissão de dívida, na hipótese do não recolhimento.”

“§ 3º A Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à


Previdência Social é exigida relativamente a fatos geradores ocorridos a partir de janeiro de 1999.”

“§ 4º O preenchimento, as informações prestadas e a entrega da Guia de Recolhimento do Fundo


de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social são de inteira
responsabilidade da empresa.”

“(...)”

“Art. 348. O direito da seguridade social de apurar e constituir seus créditos extingue-se após dez
anos, contados:”

“§ 1º Para comprovar o exercício de atividade remunerada, com vistas à concessão de benefícios,


será exigido do contribuinte individual, a qualquer tempo, o recolhimento das correspondentes
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contribuições, observado o disposto nos §§ 7º a 14 do art. 216. (Redação dada pelo Decreto nº
3.265, de 1999)”

11 - Observando o regulamento, podemos depreender que, para o contribuinte individual, é


necessário o efetivo recolhimento das contribuições previdenciárias para agregar o labor ao
tempo de contribuição, consoante artigo 348 § 1º do Diploma Previdenciário.

12 - Também é possível observar, com base no § 1º do artigo 348, que os recolhimentos do


contribuinte podem ser feitos em atraso, sendo exigíveis para a concessão de benefícios. O atraso
do recolhimento, portanto, não é óbice para reconhecer o tempo de contribuição, desde que
reconhecida a filiação.

13 - O texto da letra “a” inciso I do artigo 216 do Decreto 3.048/99, determinava como
responsabilidade da empresa o recolhimento das contribuições dos seus empregados e
trabalhadores avulsos. Com a publicação do Decreto 4.729/2003, passou a ser também da
responsabilidade da empresa o recolhimento das contribuições do contribuinte individual. O
Decreto 4.729/2003 acabou por equiparar a desnecessidade da exigência dos recolhimentos do
segurado empregado e avulso ao contribuinte individual prestador de serviço à empresa.

14 - Fortalecendo este procedimento, o Diploma Previdenciário desonera o contribuinte individual


que presta serviço à empresa de comprovar o efetivo recolhimento em dia para sua contagem
como carência. Exige, apenas, que dele sema descontadas as referidas contribuições sociais,
conforme claramente dispõe o § 4º do artigo 26, in verbis:

“§ 4º Para efeito de carência, considera-se presumido o recolhimento das contribuições do


segurado empregado, do trabalhador avulso e, relativamente ao contribuinte individual, a partir
da competência abril de 2003, as contribuições dele descontadas pela empresa na forma do art.
216. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003)”

15 - Como a relação de custeio tem natureza tributária, vejamos o que normatiza o Código
Tributário Nacional, Lei 5.172/66:

“Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária.”

“Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: ”

“I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo
fato gerador; ”

“II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de
disposição expressa de lei.”
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16 - No caso em tela, o responsável pelo recolhimento não é o contribuinte, uma vez que ele,
ainda que tenha relação direta com o fato gerador (prestação do serviço), não lhe compete
efetuar o pagamento do tributo por força da alínea “a” do inciso I do artigo 116. Portanto a
responsável, sujeito passivo da obrigação tributária, é a empresa.

17 - Ora, se a competência para o recolhimento não é da recorrente, como explicitado acima, e,


sendo ele segurado obrigatório por força do inciso V do artigo 12 da Lei 8212/91, é devido sim
acatar os recolhimentos extemporâneos existentes no CNIS para os períodos de 03/2012 até
04/2012, do mesmo modo que se empregado fosse.

18 - Como a qualidade de segurada se mantém até 15/06/2013, e a incapacidade iniciou dia


19/0/2013, faz jus ao benefício de Auxílio-Doença.

19 - Portanto, não verifico que a decisão da Junta de Recursos seja ilegal. Assim, por consequência,
a decisão desta Corte Administrativa não viola o § 2º do art. 63 da Lei 9.784/99.

20 - Deste modo, embora admirável os fundamentos e a luta pelo Direito, indefiro o pedido de
Revisão de Ofício por não encontrar violação a literal texto de lei ou de Decreto nos termos do art.
60 do Regimento do CRPS.

21 - Retorne ao INSS.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - Analisado.

2 - O INSS interpõe tempestivamente pedido de Embargos de Declaração alegando, em apertada


síntese, que a decisão colegiada contrariou o § 2º do art. 51 do Decreto 3.048/99 ao considerar
como carência período não contributivo de trabalhador rural em um benefício de segurado que
não é trabalhador rural. Alega que a decisão "subverte a aposentadoria híbrida".

3 - Quanto aos Embargos de Declaração, regulamenta a Portaria Ministerial MPS Nº 548/2011, in


verbis:
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“Art. 58. Caberão embargos de declaração quando houver no acórdão dos órgãos julgadores do
CRPS, obscuridade, ambiguidade ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos ou
quando for omitido ponto sobre o qual deveriam pronunciar- se.”

4 - Não vislumbro obscuridade, ambiguidade ou contradição que justifique o pedido de Embargos


de Declaração. Indefiro.

5 - No entanto, vejo que a matéria precisa ser novamente discutida em mesa colegiada uma vez
que se questiona seu fundamento de validade no § 3º do art. 48 da Lei 8.213/91.

6 - Deste modo, vejo por bem Revisar de Ofício o Acórdão 717/2014. Mas não cabe a mim fazer tal
Revisão uma vez que a decisão é colegiada e não monocrática.

7 - Vejamos o que a Portaria Ministerial 548/2011, que aprova o Regimento do CRPS, determina:

“Art. 60. As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei Nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

(...)

§ 2º O Conselheiro relator ou, na sua falta, o designado para substituí-lo, deverá reduzir a termo as
razões de seu convencimento e determinar a intimação das partes do processo, com cópia do
termo lavrado, para que se manifestem no prazo sucessivo de trinta dias, antes de submeter o seu
entendimento à apreciação da unidade julgadora.

§ 3º A revisão de ofício terá andamento prioritário nos órgãos do CRPS.”

8 - Assim, em obediência à Portaria Ministerial, encaminho o processo à Conselheira Relatora para


que exponha por escrito as razões de seu convencimento sobre a realização ou não da Revisão de
Ofício, nos termos no § 2º do art. 60 do Regimento do CRPS.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, 05 de Maio de 2014

Recorrente: VALDIMAR CLEMENTINO DA SILVA


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Protocolo: 44232.064519/2013-91

NB: 21/149.212.233-2

Assunto: Pensão por morte previdenciária

1 - Visto.

2 - O INSS alega, em apertada síntese, que o recorrente não comprova a qualidade de dependente
por não apresentar os três documentos previstos no § 3º do art. 22 do Decreto 3.048/99, e isso
importaria em violação a literal disposição do Decreto 3.048/99.

3 - Entretanto, antes de analisar o direito ao Sr. Valdimar Clementido da Silva em receber a pensão
por morte, é imperioso salientar que os autos já transitaram pelas três instâncias administrativas
(INSS/JR/CAJ) e foi decidido, com o exaurimento da esfera administrativa, que Ana Paula Maia era
segurada do RGPS quando veio a falecer.

4 - Além do mais, restou comprovado e reconhecido pelo INSS que Adrielle Cristina Silav é filha da
segurada instituidora e, por ser nascida em 2002, mantém a qualidade de dependente nos termos
do art. 16 do Decreto 3.048/99.

5 - Por fim, antes de analisar se o Sr. Valdimar era dependente ou não, o que poderia ensejar uma
possível Revisão de Ofício, adoto medida acauteladora, com fulcro no art. 45 da Lei 9.784/99
permitida pelo art. 72 da Portaria MPS 548/2011, para que seja concedida a pensão por morte à
criança dependente Adrielle Cristina Silav com pagamentos desde o óbito.

6 - Em seguida, deve ser orientado o Sr. Valdimar por Assistente Social do INSS, nos termos do art.
161 do Decreto 3.048/99, a apresentar documentos que comprovem sua condição de dependente.
Caso ele não tenha, de antemão autorizo o processamento da Justificação Administrativa em
razão da certidão de nascimento da Adrielle consistir em início razoável de prova material.

7 - Após, retornem os autos para esta Corte Administrativa.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento, 06 de Maio de 2014

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS


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Protocolo: 44232.022756/2012-01

NB: 42/159.955.708-5

Assunto: Aposentadoria por tempo de contribuição

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O recorrido apresenta pedido incidental pleiteando o processamento da Justificação


Administrativa para comprovar o período de 21/03/1973 até 11/04/1978. Junta também um
formulário PPP.

4 - Analiso.

5 - Verifico que a Autarquia Previdenciária tentou, por diversas vezes, processar a Justificação
Administrativa (fl. 52 no evento 2, evento 9) mas o recorrido não deu qualquer satisfação ao
processo. Assim, confirmo que o INSS fez o que estava ao seu alcance para produzir a prova
necessária, mas restou prejudicada pelo interessado.

6 - Deste modo, não vejo que as decisões do CRPS ou do INSS tenham violado a lei para que
justificasse uma Revisão de Ofício.

7 - Além do mais, nos estritos termos do inciso IV do art. 63 da Lei 9.784/99, houve o exaurimento
da esfera administrativa e não cabe novo julgamento.
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8 - Retorne ao INSS para que cientifique o recorrido.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável.”

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa.

3 - O INSS suscita, em apertada síntese, que a decisão proferida no Acórdão 521/2014 está em
desacordo com o inciso III do art. 17 do Decreto 3.048/99.

4 - Analiso.

5 - O assunto foi amplamente discutido em mesa colegiada, sendo inclusive retirado de pauta para
melhor análise pelo Representante do Governo. Tais discussões e deliberações, asseguradas pelo
artigo 10 da Constituição da República, restou em Acórdão não unânime e decidido por
desempate. Ressalta-se que os pontos que sustentam a decisão estão bem definidos no corpo do
Acórdão.

6 - O Decreto 3.048/99 em sua redação original, assim determinava:

“Art. 17. A perda da qualidade de dependente ocorre:


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III - para o filho e o irmão, de qualquer condição, ao completarem vinte e um anos de idade ou
pela emancipação, salvo se inválidos; e”

7 - Em 29/11/1999, o Decreto 3.265 alterou sua redação para o seguinte texto:

“Art. 17. A perda da qualidade de dependente ocorre:

III - para o filho e o irmão, de qualquer condição, ao completarem vinte e um anos de idade, salvo
se inválidos, ou pela emancipação, ainda que inválido, exceto, neste caso, se a emancipação for
decorrente de colação de grau científico em curso de ensino superior; e (Redação dada pelo
Decreto nº 3.265, de 1999)”

8 - Já em 18/08/2009, a interpretação dada pela inalterada Lei 8.213/91 foi alterada pelo Decreto
3.048/99 pelo Decreto 6.939/09, ipsis littteris:

“Art. 17. A perda da qualidade de dependente ocorre:

III - para o filho e o irmão, de qualquer condição, ao completarem vinte e um anos de idade, salvo
se inválidos, desde que a invalidez tenha ocorrido antes: (Redação dada pelo Decreto nº 6.939, de
2009)

a) de completarem vinte e um anos de idade; (Incluído pelo Decreto nº 6.939, de 2009)”

9 - O INSS invoca o texto de 2009.

10 - A aplicação do direito pela Administração Pública é regida pela Lei 9.784/99, que regulamenta
o Processo Administrativo Federal. Inclusive os processos do INSS e do CRPS. Esta lei, que todos
devemos obedecer, assim determina:

“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito;

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou


competências, salvo autorização em lei;

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou


autoridades;

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;


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V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na


Constituição;

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em


medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

VIII - observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e
respeito aos direitos dos administrados;

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas


e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
litígio;

XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”

11 - Analisando o texto normativo, é de fácil percepção de que a Administração Pública deve


aplicar a lei e o Direito. Portanto, é possível sim as decisões administrativas fundarem-se no que a
Lei determina, observando o ordenamento jurídico e a jurisprudência como bem fez a Conselheira
Representante das Empresas.

12 - A Jurisprudência reflete o direito aplicado pelo Poder Judiciário. O Ministério da Previdência


Social, através do CRPS, efetua o efetua o controle jurisdicional das decisões do INSS de interesse
dos beneficiários (art. 303 do Decreto 3.048/99), e se aproxima dos precedentes da natural
autoridade judicante. Não pode se distanciar daquilo que a sociedade precisa e quer, e que são
providas pelo Poder Judiciário. Por tais razões, a jurisprudência, em respeito à legalidade
promovida pelo inciso I do art. 2º da Lei 9.784/99, é fundamento jurídico para a aplicação do
Direito Previdenciário.

13 - Nessa esteira, junto recente julgado da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados
Especiais Federais, publicado no Diário Oficial da União (DOU) de 10/01/2014, pág. 121/134:
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“INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELO INSS. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE.


FILHO MAIOR APOSENTADO POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE OCORRIDA APÓS A MAIORIDADE E
ANTES DO ÓBITO DA GENITORA. POSSIBILIDADE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. PRESUNÇÃO
RELATIVA. QUESTÃO DE ORDEM Nº 20 DA TNU. INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO. 1. Proferida sentença que, entendendo não restar demonstrada a dependência
econômica do filho - que se tornou inválido após a maioridade -, em relação à genitora, julgou
improcedente o pedido de concessão de pensão por morte. A Primeira Turma Recursal do Rio
Grande do Sul reformou o decisum monocrático sob o fundamento de que a presunção de
dependência é absoluta. 2. Pedido de uniformização de jurisprudência interposto,
tempestivamente, pelo INSS, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001. Alegação de
que o acórdão recorrido é divergente do entendimento do STJ e da TNU. 3. Incidente inadmitido
na origem, sendo os autos remetidos a esta Turma Nacional após agravo. 4. O INSS trouxe como
paradigmas os julgados do STJ (REsp 718.471/SC e REsp 751.757/RS), que entendem que se
extingue a qualidade de dependência do filho que completa 21 (vinte e um) anos de idade e o
PEDILEF nº 2005.71.95.001467-0 desta Casa, no sentido de ser relativa a presunção de
dependência do filho que se torna inválido após a maioridade. 5. Não há similitude fática e jurídica
entre o acórdão recorrido (que tratou de dependência econômica de filho que se torna inválido
após a maioridade) e os acórdãos do Eg. STJ aqui colacionados pelo Requerente, pois estes tratam
de extinção da qualidade de segurado de filho não inválido que adquire a maioridade e que cursa
ensino superior (ou seja, não cuida de “reaquisição” de qualidade de dependente). 6. Entendo,
entretanto, configurado dissídio jurisprudencial com o julgado da TNU apresentado, com o que
conheço do Incidente. Não olvido que recente jurisprudência deste Colegiado era no mesmo
sentido do acórdão recorrido - pela presunção absoluta da dependência econômica (ex vi o
PEDILEF nº 2010.70.61.001581-0). Contudo, na sessão de julgamento passada - de 09.10.13 -, no
PEDILEF nº 0500518-97.2011.4.05.8300, o Nobre Relator Juiz Federal Gláucio Maciel trouxe à baila
jurisprudência da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça que passou a julgar causas
previdenciárias, e com isso renovou o tema para debate. 7. Ultrapassado a questão do
conhecimento, passo à análise do mérito. 8. Embora já tenha decidido no sentido de que não se
afigura mais possível o “retorno” à classe dos dependentes a pessoa que ingressa à vida adulta,
economicamente produtiva, seja pela maioria ou emancipação (pois para o sistema de proteção
previdenciário, traduz-se em um novo contribuinte, ou seja, um novo segurado), curvo-me à
Jurisprudência sedimentada pelas Cortes Superiores, para entender ser possível que filho maior ou
emancipado que se torna inválido seja dependente nos termos do artigo 16, inciso I, da Lei nº
8.213/91. 9. Isto posto - possibilidade de o filho que se torna inválido após a maioridade ou
emancipação ser considerado dependente dos pais -, o cerne da controvérsia cinge-se em
estabelecer se a presunção de dependência econômica é absoluta ou relativa. 10. Embora a
literalidade do artigo 16, inciso I e § 4º, da Lei nº 8.213/91 possa levar à conclusão de que é
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absoluta a dependência econômica que estamos a tratar, a melhor exegese deve ser aquela que
torna relativa essa presunção, máxime quando o filho maior inválido possui renda própria, como
no caso em tela. 11. Consta da sentença como um dos argumentos para a relativização da
presunção ora tratada, o princípio da seletividade da Seguridade Social, e cita lição do Ilustre Juiz
Federal Luiz Cláudio Flores da Cunha, atual integrante desta Casa, segundo o qual, “o princípio da
seletividade é aquele que propicia ao legislador uma espécie de mandato específico, com o fim de
estudar as maiores carências sociais em matéria de seguridade social, e que ao mesmo tempo
oportuniza que essas sejam priorizadas em relação às demais” (Direito Previdenciário, aspectos,
Porto Alegre, Livraria do Advogado, 1988, p. 35). 12. Diz-se que a proteção aos dependentes
elencados no inciso I do artigo 16, da Lei nº 8.213/91 excluiu as demais classes e cria para eles a
presunção iures et de iure de dependência econômica, e o fundamento encontra-se no direito de
família. E aqui não posso deixar de fazer um paralelo entre o filho maior que posteriormente
adquire invalidez e o cônjuge ou companheiro que se separa e se defronta com a necessidade de
alimentos (os doutrinadores a denominam de “dependência econômica superveniente”). Note-se
que em ambos os casos houve uma ruptura da relação, seja pela maioridade ou emancipação do
filho, seja pela separação do convívio marital, no caso de cônjuge/companheiro. Neste último
caso, a lei previdenciária prevê expressamente nos §§ 1º e 2º do artigo 76, da Lei de Benefícios a
possibilidade de percepção da pensão por morte ao cônjuge ausente ou separado desde que haja
prova da dependência econômica. E a mesma regra deve ser aplicado ao filho maior que se torna
inválido, pois onde existe a mesma razão, deve-se estatuir o mesmo direito - “ubi eadem ratio, ibi
idem jus statuendum”. Deveras, há de estar caracterizado o restabelecimento do amparo material
fornecido pelo segurado ainda em vida, para aqueles com quem, a despeito da “ruptura”
(entendida como a maioridade/emancipação, no caso dos filhos ou separação judicial/ou de fato,
tratando-se de cônjuge/companheiro), manteve-se (caso de recebimento de alimentos) ou
retornou à condição de dependente econômico. Não será demais recordar que a pensão por
morte destina-se aos “dependentes supérstites”, ou seja, não será devida para aqueles que não
dependiam economicamente do falecido quando este ainda era vivo. 13. O Eg. STJ tem-se
manifestado igualmente no sentido de ser relativa a presunção de dependência econômica em se
tratando de filho maior inválido. Confira-se: AgRg no REsp nº 1.369.296/RS, Rel. MINISTRO
MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 23/04/13; AgRg no REsp nº 1.254.081/SC, Rel. MIN. ALDERITA
RAMOS DE OLIVEIRA, DJe 25/02/13; AgRg nos EDcl no REsp 1.250.619 / RS, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS DJe 17/12/2012. 14. Incidente de Uniformização de Jurisprudência
conhecido e parcialmente provido para firmar o entendimento de que (i) o filho que se torna
inválido após a maioridade ou emancipação, mas antes do óbito dos genitores pode ser
considerado dependente para fins previdenciários; (ii) essa presunção da dependência econômica
é relativa. Retornem os autos à Turma Recursal de origem para adequação do julgado conforme as
premissas jurídicas ora fixadas.”
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14 - Observando a decisão do Poder Judiciário, percebemos que a TNU uniformizou no âmbito dos
Juizados Especiais Federais o mesmo entendimento proferido por esta unidade julgadora.

15 - Ainda discorrendo acerca da Lei 9.784/99, não podemos deixar de pronunciar a respeito do
inciso XIII do art. 2º, litteris: "interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta
o atendimento do fim público a que se dirige". A primeira palavra imposta pelo legislador é
interpretação. Interpretar significa "aclarar", "explicar o sentido". Também, a Lei não nos manda
apenas interpretar, mas afirma que precisa ser da "forma que melhor garanta o atendimento do
fim público a que se dirige". A palavra "interpretar" por si só já significa buscar a finalidade, mas
mesmo assim o legislador normatizou que buscar a finalidade é garantir o atendimento do fim
público a que se dirige a norma.

Tenho para mim que essa redundância foi proposital, para que ficasse claríssimo o dever de
sempre buscar a finalidade da norma, e não aplicá-la cegamente como se fôssemos um programa
de computador.

16 - Então devemos questionar: qual é o fim público que se dirige o benefício de pensão por
morte? É garantir aos dependentes do segurado a renda que lhe garanta a subsistência, em face
do óbito do segurado. No caso em tela, vejo que o segurado mantinha a qualidade de segurado
por ser aposentado por idade, e que a beneficiária é sua filha e comprovadamente inválida pela
perícia médica do INSS, cuja incapacidade iniciou em 2006.

17 - Ainda, para que não restem mais dúvidas do direito a ser aplicado, ressalto, conforme parecer
da perícia médica do INSS de fl. 40/41 do processo de benefício, que a incapacidade
caracterizadora da invalidez da Sr.ª Luiza XXXXXXXX teve início em 01/08/2006, portanto, ela era
sim dependente do segurado antes da alteração dada pelo Decreto 6.939/09 e, em respeito à
segurança jurídica imposta pelo art. 2º da Lei 9.784/99 e, principalmente a literalidade do texto do
inciso XIII do parágrafo único do art. 2º da Lei 9.784/99, que veda a aplicação retroativa de nova
interpretação da Lei.

18 - Quanto ao artigo 70 do Regimento do CRPS, verifico que, com sábias palavras, o Exmo
Ministro de Estado da Previdência Social proibiu aos órgãos julgadores do CRPS afastar a
aplicação, por inconstitucionalidade ou ilegalidade, de tratado, acordo internacional, lei, decreto
ou ato normativo ministerial em vigor. Mas não proibiu a interpretação. Portanto, em obediência
à Portaria Ministerial, nada tenho a me pronunciar quanto a legalidade do Decreto 6.939/09.
Todavia, em respeito a ordem do Ministro insculpida no inciso I do art. 60 do Regimento do CRPS,
não podemos violar literal texto da Lei 8.213/91 ou do Decreto 3.048/99.

19 - Deste modo, protelar o reconhecimento do direito com mais um julgamento, que já discutiu e
rediscutiu o assunto, acabará por violar literalmente os inciso I e XIII do parágrafo único e o caput
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do art. 2º da Lei 9.784/99. Como a violação à Lei é a primeira regra prevista no inciso I do art. 60
do Regimento do CRPS, sendo esta soberana, e somado a todos os motivos expostos acima,
indefiro o pedido de Revisão de Ofício mantendo o que foi discutido e deliberado em mesa, e em
restrita obediência à ordem ministerial insculpida no art. 60 da Portaria 548/2011.

20 - Como o pedido de Revisão de Ofício não suspende o Acórdão da Câmara de Julgamento,


retorne ao INSS para que cumpra com o art. 56 da Portaria Ministerial 548/2011.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O INSS suscita, em apertada síntese, que a decisão proferida no Acórdão 511/2014 está em
desacordo com o § 3º do art. 55 da Lei 8.213/91.

4 - Analiso.

5 - A Lei de Benefícios da Previdência Social, nº 8.213/91, invocada pelo INSS, possui a seguinte
redação:
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“Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento,


compreendendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados
de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado:

§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação
administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada
em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na
ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.”

6 - O Decreto 3.048/99, por sua vez, regulamenta a matéria nos seguintes termos:

“Art. 62. A prova de tempo de serviço, considerado tempo de contribuição na forma do art. 60,
observado o disposto no art. 19 e, no que couber, as peculiaridades do segurado de que tratam as
alíneas "j" e "l" do inciso V do caput do art. 9º e do art. 11, é feita mediante documentos que
comprovem o exercício de atividade nos períodos a serem contados, devendo esses documentos
ser contemporâneos dos fatos a comprovar e mencionar as datas de início e término e, quando se
tratar de trabalhador avulso, a duração do trabalho e a condição em que foi prestado.(Redação
dada pelo Decreto nº 4.079, de 2002)

§ 2º Subsidiariamente ao disposto no art. 19, servem para a prova do tempo de contribuição que
trata o caput: (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

I - para os trabalhadores em geral, os documentos seguintes: (Redação dada pelo Decreto nº


6.722, de 2008).

a) o contrato individual de trabalho, a Carteira Profissional, a Carteira de Trabalho e Previdência


Social, a carteira de férias, a carteira sanitária, a caderneta de matrícula e a caderneta de
contribuições dos extintos institutos de aposentadoria e pensões, a caderneta de inscrição pessoal
visada pela Capitania dos Portos, pela Superintendência do Desenvolvimento da Pesca, pelo
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e declarações da Secretaria da Receita Federal
do Brasil; (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).”

7 - Observando o texto regulamentador, vejo que o segurado não apresentou uma reclamatória
trabalhista para comprovar o tempo de contribuição, mas sim a Carteira de Trabalho e Previdência
Social devidamente anotada pelo empregador nos estritos termos da alínea "a" do inciso I do § 2º
do art. 62 do Decreto 3.048/99. Rejeitar o contrato firmado na Carteira de trabalho, sem uma
prova em contrário, é uma afronta ao Decreto 3.048/99. Assim, por se tratar de violação a literal
texto do Decreto, rejeito o pedido do INSS em restrita obediência à ordem ministerial proferida no
art. 60 do Regimento do CRPS.
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8 - Teria razão o INSS em invocar o Enunciado nº 4 do CRPS ou o Parecer da PFE 236/2013 ou


ainda o art. 55 § 3º da Lei 8.213/91, se o vínculo fosse reconhecido pela Previdência Social com
base numa reclamatória trabalhista e, certamente, seria exigível um início de prova material. Mas,
como dispõe literalmente o Decreto 3.048/99, a CTPS não é início de prova, mas sim prova.

9 - Por todos estes motivos, indefiro o pedido do INSS, em cumprimento ao que me determina o
art. 60 da Portaria MPS 548/2011.

10 - Lembro o pedido de Revisão de Ofício não enseja em suspensão da decisão do Acórdão


proferido por esta Corte Administrativa, razão pela qual deve ser cumprido o julgado nos termos
do art. 56 do Regimento do CRPS.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.
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3 - O INSS suscita que o Acórdão 512/2014 viola o § 2º do art. 68 do Decreto 3.048/99, uma vez
que foi enquadrado como especial o tempo de contribuição de 01.10.1976 a 02.05.1996 sem o
formulário PPP.

4 - Analiso.

5 - Vejamos o que dispõe os § 3º do Art. 68 do Decreto 3.048/99:

“Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de aposentadoria
especial, consta do Anexo IV.

§ 3º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições
ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do
trabalho. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)”

6 - Deste modo, vejo que o INSS tem razão ao afirmar que a eficácia do EPI encontra fundamento
no Decreto 3.048/99, após a alteração promovida pelo Decreto nº 8.123 de 16 de outubro de
2013. Entretanto, precisamos analisar outros dispositivos previstos no próprio Decreto 3.048/99:

“Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade
comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: (Redação dada pelo Decreto nº 4.827, de 2003).

§ 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá


ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. (Incluído pelo Decreto nº
4.827, de 2003)”

7 - Para não violarmos literal disposição do § 1º do art. 70 do Decreto 3.048/99, deve ser
observado o tempo de serviço disciplinado pela lei em vigor à época em que efetivamente
exercido, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. Desse
modo, uma vez prestado o serviço sob a égide de legislação, o segurado adquire o direito à
contagem como tal, bem como à comprovação das condições de trabalho na forma então exigida.

8 - Também precisamos verificar o que a Lei 9.784/99, que regulamenta o Processo Administrativo
Federal, determina como parâmetro para a análise dos processos previdenciários:

“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,


finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
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I - atuação conforme a lei e o Direito;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”

9 - A exigência de formulário para o reconhecimento da atividade especial só foi imposta por Lei
em 10/12/1997. Nos dias de hoje, sempre que ocorre a rescisão contratual de empregado, a
empresa é obrigada a lhe entregar o formulário PPP. Mas isso é nos dias de hoje. Nas décadas de
70, 80 e até o ano de 1997, tal obrigação não existia. Exigir do administrado formulários para
enquadramento até 1997 está em desacordo com o § 1º do artigo 70 do Decreto nº 3.048/99. A
CANSB não é lei.

10 - Por fim, rejeito o pedido do INSS por não haver qualquer violação ao § 2º do art. 68 Decreto
3.048/99 e, em restrita obediência à ordem ministerial insculpida no art. 60 do Regimento do
CRPS, indefiro o pedido de Revisão de Ofício.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:

"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."


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2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O INSS suscita que o Acórdão 492/2014 viola o art. 78 do Decreto 3.048/99. Justifica que o
segurado retornou ao trabalho e, portanto, não tem direito ao Auxílio-Doença.

4 - Analiso.

5 - Não verifico violação ao Decreto 3.048/99 como alega o INSS pois a incapacidade laboral foi
reconhecida pela perícia médica. Além do mais, precisamos ser razoáveis (art. 2º da Lei 9.784/99).
Qualquer ser humano que necessite sobreviver, ou melhor, da renda que garanta sua subsistência,
por mais incapacitado que esteja, tenta sobreviver. Precisamos levar em conta, também, que a
demora da Administração Pública em garantir a renda do trabalhador acaba por colocá-lo em
condições de vulnerabilidade social, que o obriga a trabalhar quando seu corpo e saúde não o
permitem. Estaríamos violando o princípio da razoabilidade previsto no art. 2º da Lei 9.784/99 se
adotarmos um entendimento diferente, punindo o trabalhador. Não é este o objetivo da
Previdência Social. Também violaríamos o § 1º da Lei 8.213/91, litteris: "Previdência Social,
mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de
manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de
serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente".

6 - Além do mais, já houve o exaurimento da esfera administrativa e não cabe mais nova discussão
do direito.

7 - Lembro o pedido de Revisão de Ofício não enseja em suspensão da decisão do Acórdão


proferido por esta Corte Administrativa, razão pela qual o benefício precisa ser concedido de
imediato.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

DECISÃO

1 - A Revisão de Ofício é um instituto previsto no art. 60 da Portaria 548/2011, que aprova o


Regimento do CRPS - RICRPS, in verbis:
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"Art. 60 As Câmaras de Julgamento e Juntas de Recursos deverão rever suas próprias decisões, de
ofício, enquanto não ocorrer a decadência de que trata o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, quando:

I - violarem literal disposição de lei ou decreto;

II - divergirem dos pareceres da Consultoria Jurídica do MPS, aprovados pelo Ministro de Estado da
Previdência Social, bem como do Advogado-Geral da União, na forma da Lei Complementar nº 73,
de 10 de fevereiro de 1993;

III - divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno; e

IV - for constatado vício insanável."

2 - Este procedimento é feito de ofício pelo CRPS, sendo, portanto, de sua iniciativa. Todavia, é
comum as partes provocarem o Órgão julgador para que este inicie a reanálise de sua revisão.

3 - O INSS suscita que a decisão proferida no Acórdão 245/2013, que considerou intempestivo o
Recurso do INSS, deve ser revisto. Alega, em síntese, que o Recurso Especial foi interposto no
prazo de 30 dias, pois tiveram ciência da decisão em 18/07/2013 (evento 17) e impugnaram a
decisão da Junta de Recursos em 13/08/2013, conforme evento 22 "Comunicação de interposição
de Recurso do INSS".

4 - Analiso.

5 - Tem razão o INSS. Equivocou-se o Instituto Previdenciário ao usar o sistema e-Recursos. Mas,
ao meu ver, formalizou o interesse em recorrer quando lançou o evento 22.

6 - Encaminho ao Conselheiro relator, com base no § 2º do art. 60 do Regimento do CRPS, para


que exponha as razões de seu convencimento caso opte pela Revisão de Ofício.

7 - Em seguida, deve incluir o processo em pauta para decisão colegiada.

PAULO VITOR NAZÁRIO SERMANN

Presidente da Câmara de Julgamento no Paraná

Matrícula 1449889

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