Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ariel| 1ª Edição
Todos os direitos | Reservados
Livro digital | Brasil
Capa:Mellody Ryu
Revisão:Assessoria Grámaticalizando
Diagramação:Mellody Ryu
O artigo 184 do Código Penal tipifica como crime, apenado com detenção de 3
(três) meses a 1 (hum) ano, ou multa, a violação de direito de autor. Pela Lei nº
10.695/2003 incluiu, em seu tipo penal, a violação dos direitos conexos aos
direitos de autor, que são aqueles relacionados aos artistas intérpretes ou
executantes, aos produtores fonográficos e às empresas de radiodifusão,
conforme o disposto nos artigos 89 a 96 da Lei nº 9.610, de 19.2.1998 ("Lei de
Direitos Autorais"), mantendo-se a mesma pena.
Por sua causa, eu nunca ando muito longe da calçada...
Por sua causa, eu aprendi a jogar do lado seguro, assim não me
machuco...
Por sua causa, eu acho difícil confiar não só em mim, mas em todos
à minha volta...
Eu não posso chorar, sou forçada a fingir um sorriso, uma risada,
todos os dias da minha vida. Meu coração não pode quebrar quando
não estava inteiro para começar...
Por sua causa, eu tenho medo!
Because Of You, de Kelly Clarkson
Playlist
Nova York
— Terei que sair à sua procura toda vez que precisar dos
seus trabalhos, senhorita Self?
Minha voz sai firme, enquanto meus olhos se mantêm presos
em sua face pequena. Tento não inalar o aroma do seu perfume,
que invade meu nariz, me fazendo ter memórias dos sons suaves
que escaparam dos seus lábios enquanto ela queimava em meus
braços. Quero poder afirmar para mim mesmo que não reconheci
sua voz no momento que ouvi ela conversando com a outra
secretária, que meu coração não errou uma batida e que muito
menos fiquei ansioso, como um maldito novato que acaba de
reencontrar sua garota. Não foi para esse propósito que aceitei vir
trabalhar na Califórnia, quando Pietro me convidou, eu apenas
almejei novo ares, largar as velhas lembranças dolorosas que
estavam me consumindo em Nova York. A morte de Dolly, minha
pequena filha de dois anos, tinha devastado minha vida, e por
quatro anos depois da sua perda eu me mantive focado apenas no
trabalho, despejando toda minha concentração nos julgamentos e
nos meus clientes. Tinha cometido um erro quando me casei com
Silvia, no fundo sabia que ela apenas ambicionava uma vida
luxuosa, o status,o glamour. Seu grande amor era a boa vida que
eu lhe proporcionava, não eu, muito menos nossa filha. Eu amava
minha filha, ela era a minha conquistamais preciosa. Me recordo do
seu sorriso em sua face carinhosa na última vez que a vi, quando
parti daquela casa.
— Ei, minha princesa, papai tem que ir. — Beijo seu pescoço
apenas para ouvir o som da sua risada gostosa.
Deposito Dolly no berço, alisando seus cabelos, pegando
minha bolsa em cima da cama e caminhando para fora do quarto.
— Quer que eu faça alguma coisa? — Meus olhos pousam
na mulher parada no corredor, com os braços cruzados.
— Arrume um advogado. — Caminho reto, passando a
passos duros, sem olhar para ela. — Minha filha vai ficar comigo.
— Ariel... Ariel, não pode.
Não paro de caminhar, nem me viro para olhar sua face.
— Apenas observe.
— Não pode fazer isso, eu sempre cuidei da minha filha...
— Silvia, que horas ela dorme? Qual é o desenho preferido
dela? Sabe ao menos com qual bichinho de pelúcia ela dorme
abraçada? — grito com raiva, tendo ela alterada, caminhando atrás
de mim, me seguindo até a garagem, puxando minha bolsa com
força das minhas mãos.
— Ela fica comigo!
— Você sabe o que ela come no café da manhã? Sabe o
nome do pediatra dela? Por um acaso, tem ele anotado na sua lista
de contatos? Você não sabe nada sobre nossa filha!
— Eu não vou deixar você tirar minha filha de mim, não vou
deixar você a levar para longe. Você acha certo nunca estar
presente, trabalhando toda hora, estando sempre na merda do
telefone nos fins de semana, e me deixando triste o tempo todo?
— Triste? — Cerro meu maxilar com ódio, olhando para sua
face. — Está triste?
— Estou... — ela grita, com a voz chorosa.
— Eu lamento se estava tão triste com a vida de luxo que eu
sempre lhe dei, com toda sua forma frívola,se ludibriando em salão
e joias caras. Lhe deixei tão triste que precisou ir atrás do seu amigo
Samuel, da época da faculdade, apenas para trepar com ele dentro
da minha casa! — Puxo minha bolsa com ódio da sua mão,
respirando com força.— Realmente deve ser muito triste saber que
não vai gastar mais nenhum centavo meu, e muito menos usar
minha filha como moeda de troca para continuar se mantendo às
minhas custas.
Entro no carro e bato a porta com força,ligando-o e pisando
no acelerador.
Dois dias depois, em uma noite chuvosa, após Silvia sair de
uma festa na casa de uma amiga, mesmo ela conscienteque tinha
bebido, decidiu conduzir o veículo, dispensando o motorista. Ela
perdeu a direção do carro e colidiu contra outro automóvel. Dolly
estava adormecida no banco de trás, deitada ao invés de estar na
cadeirinha. Perdi minha filha naquela noite, restando apenas um
buraco imenso em minha alma. Me afundei no trabalho depois do
luto pela perda dela, e por todos esses anos nada mais me fez sorrir
e muito menos me despertou encanto ou curiosidade. Isso até dois
meses atrás, quando me deparei com os grandes olhos de coruja
brilhosos, olhando tão atenta para a tela do computador, distraída da
minha presença. Seu modo atrapalhado me despertou interesse e
intriga, e talvez tenha sido por isso que não desfiz seu engano.
Fiquei tão fascinado na atrapalhada senhorita Self, com suas roupas
estranhas para sua idade e gestos nervosos, falando pelos
cotovelos, que aproveitei o breve momento. Suponho que o fato
dela não se parecer com as mulheres ambiciosas que sempre me
rodeiam, me fez ficar intrigado com ela.
Dormir com a moça não foi algo intencional.Não tinha planos
de trepar com alguém quando fiz o check-in[14] no hotel e me
direcionei para o edifícioda empresa. Talvez meu primeiro erro não
foi ter omitido a verdade sobre quem eu sou, mas sim ter cedido à
tentaçãode provar seus lábios. Depois, no hotel, foi algo natural, o
que meu instinto implorava para ter, mas não foi a dor da ressaca
por conta do porre que tomamos juntos que me fez acordar de mau
humor, mas sim despertar naquela cama de hotel tendo apenas a
fragrância do seu corpo impregnada no lençol.
E na segunda-feira, quando cheguei para me apresentar ao
trabalho, apenas a cadeira vazia da sua mesa estava, pois havia
uma moça diferente, que saiu do banheiro, e muito tempo depois de
Pietro me apresentar a todos os funcionários, descobri que a
pequena vênus estaria ausente pelos próximos sessenta dias. As
lembranças da sua face, do seu sabor, a forma doce como ela se
entregou, tão viva, sem barreiras ou vergonha, me levou à lona. Por
trás daqueles óculos grandes e roupas antiquadas, uma mulher
intensa e lasciva governava seu corpo. E foi com ódio que me vi
revivendo cada momento dela em meus braços dentro da minha
mente. Os boatos que chegaram aos meus ouvidos de forma
perversa, se infiltraram dentro de mim como veneno, e eu percebi a
forma carinhosa com que Max falava constantementeda sua pupila
Self. Me senti amargo assim que soube sobre como a senhorita Self
tinha alcançado seu cargo dentro da firma de Direito. Me controlei,
tentando disciplinar minha mente, me negando a ficar pensando
nela, mas aqui estou eu, a farejando como um animal que há muito
tempo ansiava por sua doce presa.
— Eu precisei usar o toalete, e agora estava indo procurar
onde será minha nova mesa de trabalho, doutor Miller. — Sua voz
sai baixa, com seus dedos comprimindo a bolsa em suas mãos,
olhando em volta antes de repousar seus olhos nos meus.
— Me acompanhe, senhorita Self.
Giro, caminhando para minha sala, abrindo minha porta. Ao
me virar, a vejo olhar apreensiva para a sala e depois para a direção
do elevador.
— Poderia ser para hoje, temos trabalho a fazer!
O tom da minha voz sai ríspido, não consigo esconder a
forma desorientada que fico com seu retorno. Ela entra de
mansinho, balançando sua cabeça em positivo, olhando a sala
brevemente, parando ao centro dela. Aponto a segunda mesa
pequena ao canto da sala, que fica de frente para a minha, olhando
sério para ela.
— Sua mesa é aquela. — Seus olhos se expandem, ficando
arregalados com seu olhar de coruja amedrontado. — Como pode
ver, seu computador estará ligado ao meu, assim não precisará
perder tempo com vírus.
Cruzo meus braços, acompanhando os gestos nervosos dos
seus dedos, que esfregam sua face. Eu poderia dizer que me sinto
horrível por ter finalmente conseguido ela para ficar como minha
secretária, mas não me sinto. Quando dei a ideia que seria mais
vantajoso cada advogado ter uma secretária particular, ao invés de
sobrecarregá-las os três juntos, sendo que cada um trabalha em
uma área de Direito diferente, eu já pensava em ter a senhorita Self
para mim. Max saiu na frente, solicitando ela, enquanto Bete ficaria
com Pietro. Odiei todas as estagiárias, sempre reclamava de algo.
Eram sem competência, risonhas demais, desastradas, mas o que
me incomodava é que nenhuma delas era a atrapalhada babá
McPhee. Recusei todas elas. A última estagiária não chegou a ficar
nem meio período antes de pegar sua bolsa e ir embora. Pietro
reconsiderou a divisão e designou a senhorita Self para mim. E
agora percebo a armadilha que eu mesmo me fiz. Estou com ela em
minha frente, desejando quebrar o curto espaço que tem entre nós
dois, apenas para sentir outra vez o sabor dos seus beijos e saciar
essa maldita vontade que me corroeu por todos esses dias, desde a
noite que meus olhos se encantaram pela atrapalhada mulher com
olhos de coruja.
— Ariel. — Sua voz nervosa é baixa, enquanto olha para a
porta aberta atrás dela. — Sobre aquela noite. Bom, foi um engano.
— A encaro, levando meus dedos para o bolso da calça, para
mantê-los longe dela. — Eu não sou, bom... eu não sou aquilo.
— Atenha-se ao seu lado profissional, senhorita Self! — As
palavras duras saem da minha boca, cortando suas desculpas. Não
quero ouvir seus arrependimentos. — A menos que queira seu
dinheiro de volta. — Um sorriso amargo estampa minha face. — A
propósito, confesso que fique insultado por valer tão pouco no seu
ponto de vista.
Ela nega com a cabeça, mordendo seus lábios
nervosamente.
— Ariel, preciso lhe contar...
Dou um passo à frente de forma pesada, respirando com
força, cerrando meu maxilar, parando à sua frente.
— Limite-se ao seu trabalho! — falo frio, com firmeza, com
um tom de voz alto, para ela parar com o assunto.
Minha mão sai do bolso da calça e se ergue abruptamente,
com força, rumo a ela, apontando na direção da sua mesa, mas
congelo no ar meu braço quando vejo seu corpo se encolher à
minha frente, como se fosse se afundar ao chão. Seus olhos
assustados estão presos em minha mão aberta, estagnada no ar, e
seu peito sobe e desce rapidamente. Dou um passo para trás, me
distanciando dela, balançando minha cabeça em negativo, com a
forma petrificada que ela ficou apenas por um gesto abrupto da
minha parte.
— Não precisa dar uma de vítima,Cristina — digo com raiva,
passando as mãos nos cabelos, a encarando. — Se toda vez que
eu gritar dentro dessa sala, você ficar assim, estarei perdido, com
uma secretária inútil. — Respiro fundo e pego minha maleta sobre
minha mesa. — Foi um inesquecívelengano, como você bem sabe.
Digamos que adorei o presente de boas-vindas da empresa. Só que
agora acabou, quero que faça um favor a nós dois e deixe esta
história para lá. — Aponto para a mesa dela, olhando a hora no
relógio que está meu pulso. — Preciso estar no fórum, volto ao fim
da tarde. Aconselho que vá se sentar e faça seu trabalho, senhorita
Self. Pelo tantode elogios que ganhou, creio que não precisa da
minha presença para direcioná-la ao que fazer.
Abandono a sala, precisando achar meu controle outra vez.
Não imaginei que reencontrar essa mulher me deixaria tão
desestabilizado. Repuxo o nó da minha gravata, aliviando um pouco
o aperto sobre o colarinho do meu pescoço, caminhando a passos
duros para o elevador. Aperto o botão para ele subir no meu andar,
e assim que as portas são abertas, me encaminho para dentro,
respirando profundamente, fechando meus olhos.
— Quase perdi ele. — A voz ansiosa de Max é alta. Ele ri,
entrando no elevador.
Abro minhas pálpebras e observo Maximiliano olhar
atentamente para seu aparelho de celular
.
— Se perdesse o elevador, tinha grandes chances de chegar
ao fórum da família atrasado. Pietro me contou que você está com
um caso grande. — Ele ergue seus olhos para mim, enquanto
balanço a cabeça, confirmando.
— Caso Brat.
— Acho que vi alguma coisa sobre isso. Foi corajoso em
pegar esse caso, ouvi boatos na comarca que há bastanteprovas
contra o sr. Brat, o deixando como principal suspeito da morte da
esposa e do amante dela.
— Até que se prove o contrário, meu cliente é inocente —
falo calmo. Sei que será fácil retirar a acusação do Estado de cima
do meu cliente.
— Bom, eu esbarrei na advogada da tia do enteado dele, a
guarda do adolescente vai ficar com o Estado até que o caso
finalize.
— Estava pensando em encaminhar essa parte do caso para
você, não trabalho com a área da família — falo sereno, olhando
sério para ele.
— Realmente não sei se é um caso que eu quero me
intrometer. Por mais que seja bom para chamar a atenção dos
repórteres que estão cobrindo esse caso para nossa firma, ainda
assim repasso educadamente. — Ele respira fundo, me dando um
olhar atento, fechando seu semblante. — Optei pela carreira de
Direito para fazer a diferença, ser um profissional honrado, não me
vejo como um advogado cínico, sem nenhum respeito pela lei.
Troco minha pasta de mãos, levando a outra mão ao bolso do
terno, compreendendo o comentário mordaz.
— Devo presumir que esse segundo tipo de advogado sou
eu. — Rio, sarcástico, respirando calmo. — Eu respeito a lei,
apenas não a venero, não me sinto oprimido por ela. Se o estado da
Califórnia não puder arcar com um bônus culpado, e eu livrar meu
cliente, a culpa não é minha, e sim da promotoria, com seus
profissionais honrados e incompetentes.Argumento que gostei do
seu ponto de vista, Max... — Retiro a mão do bolso, olhando para a
tela do meu celular. — Mas, da próxima vez que desejar falar sobre
as índoles profissionais, sugiro marcarmos um almoço.
Ele fecha mais ainda sua face, cerrando seu maxilar, me
olhando acusadoramente.
— Como consegue dormir à noite, Miller? Apenas me tire
essa curiosidade. Como se sente sendo um advogado renomado,
com grandes casos, um dos mais caros atualmente?— Ele balança
a cabeça em negativo, rangendo entre seus dentes. — Como se
sente sabendo que todas as pessoas que você representa são
culpadas?
— Simples, eu não ligo. E você mesmo respondeu sua
pergunta. Como disse, eu sou caro. Inocentes não têm como me
pagar.
Finalizo a conversa e volto minha atenção para as portas do
elevador, quando elas se abrem.
Eu poderia ter optado por exercer minha profissão na área
cível, da família, até mesmo trabalhista, mas havia um certo
magnetismo na criminalista, esse é meu habitat natural: refutar,
desmoronar como um castelo de cartas cada argumento contra
meus clientes, olhar para os jurados e os fisgar em minha rede, em
cada palavra, as quais sei usar bem ao meu favor, invertendo o pior
réu em vítimaaos olhos do júri. Esse é meu mundo, meu jogo, meu
tabuleiro de xadrez, o qual sempre termina comigo dando xeque-
mate e meu cliente saindo inocentado. E o caso Brat não foge à
regra. A promotoria pode ter muitas provas, mas todas são vagas,
sem estruturaspara se manterem. Eles alegam que Brat assassinou
a sangue frio a esposa e seu amante, mas há muitas controvérsias.
Nenhuma câmara da residência comprova a entrada dele dentro da
casa, muito menos acharam a arma do crime, e não há uma única
testemunha. Consegui seu habeas corpus[15] com uma fiança
estipulada em cem mil dólares, a qual ele pagou imediatamente.Um
homem íntegro diante da sociedade, com uma grande fortuna
avaliada em mais de dois bilhões de dólares.
Respiro fundo enquanto ando pelo hall do edifício, sabendo
que Max está caminhando ao meu lado, com seus olhos presos na
porta. Dou uma olhada de lado para ele, ainda sem compreender o
que ele quer. Nossa amistosa conversa no elevador, pelo visto, não
foi o suficiente.Não que eu não tivesse boa convivência profissional
com Maximiliano, mas minha amizade é com Pietro. Raramente
troco algumas palavras com Max, nossas ideias não são
compatíveis.Max é um idealista que ainda acredita na bondade
humana, e sei que ele condena minha forma de trabalhar.
— Quer me dizer alguma coisa, Max? Ou apenas está
emocionado com nosso momento dentro do elevador?
— Na verdade, eu quero. — Max para na saída do edifício,
gira seu rosto para mim e abre a porta, apontando para fora.
Caminho a passos lentos para a calçada, me virando com
calma, confrontando seu olhar, me sentindo enfadonho com sua fala
maçante.
— Como meu irmão falou, Self foi designada para ser sua
secretária. Confesso que preferia ela sendo minha secretária, pois
trabalhamos bem juntos.
Ouço a voz de Max e o encaro sério, travando meu maxilar a
cada palavra que sai dos seus lábios.
— Compreendo. Me parou na saída do prédio para reivindicar
sua pupila?
— Poderia não ser sempre tão cínico,Ariel — ele fala com a
voz contrariada. Na sequência, esfrega seu rosto e respira fundo. —
Não estou aqui para pedir que troque de secretária comigo. Até
acho que vai ser bom para vocês dois trabalharem juntos,
principalmente para Self. Ela é uma pessoa esforçada, o que ela
não souber, ela vai dar um jeito de aprender, para poder ser útil para
você...
— Mas? — o indago, querendo saber onde ele quer chegar
com essa conversa.
— Apenas não seja um babaca com ela, como foi com as
estagiárias, sim?
Sorrio friamente para ele, retirando a chave do meu carro de
dentro do bolso do terno e olhando para ela, a balançando em meus
dedos.
— Noto que se preocupa muito com a senhorita Self. —
Arqueio minhas sobrancelhas, mantendo meu olhar sério quando
encaro sua face. — Algum interesse específico, Maximiliano?
— Cris é uma boa amiga, tenho um carinho especial por ela.
Conheço sua fama carrasca, Miller. Cristina não precisa de um
otário egocêntrico a diminuindo. Pode ter certeza de que eu vou
estar com meus olhos em você!
— Uma via de mão dupla, Maximiliano. Lembre-se que
também te conheço. Assim nós dois podemos ficar um de olho no
outro. Se me recordo bem do que seu irmão me contou, sua fama
conquistadora ainda continua a mesma da época da faculdade —
falo sério, esmagando a chave em minha mão. — Se conhece tão
bem assim minha fama, como diz, sabe que não costumo ser
complacente com distrações da minha equipe de trabalho.
Me afasto dele e caminho para meu carro, desejando poder
ter socado sua boca. Max ter me parado, apenas para me confrontar
dessa forma, só mostra que os boatos de como a senhorita Self
conseguiu esse emprego são verdadeiros.
Passo o resto do dia dentro dos fóruns e em reuniões com
juízes, trabalhando em cima dos meus casos. Poderia dizer que
realmente gosto dessa burocracia, e não que estou protelando meu
tempo, para não ter que voltar para o escritório e me sentir atraído
pelos olhos de coruja da doce vênus que me virou do avesso, mas
eu estaria mentindo, pois tive certeza que foi exatamentepor isso
quando retornei ao fim da tarde e me senti agitado ao olhá-la, a
encontrando dentro da sala, arrumando os documentos em cima da
minha mesa. Se eu não tivesse visto com meus próprios olhos suas
curvas suaves, moldadas por sua pele macia, tão quente, que se
encaixou tão perfeitamente em mim, jamais acreditaria que por
baixo da saia comprida até suas canelas e da blusa sem vida, existe
uma mulher apaixonante. Ela se vira, distraída, se assustando
quando me vê parado dentro da sala, atrás dela.
— Eu não o ouvi. — Seus dedos vão ao rosto e arruma seus
óculos, endireitando-os sobre seu nariz. Prefiro seus cabelos soltos,
moldando sua face, salientando as covinhas que tem em suas
bochechas quando ela ri.
— Como foi seu retorno? — Tento respirar o mínimo que
posso, para não ser traídopelo meu próprio corpo a cada segundo
que inalo seu perfume.
— Foi bom, senhor. Consegui ficar a par dos meus novos
afazeres, também gostei de poder rever meus colegas de trabalho.
Sugo as paredes internas da minha bochecha, mordiscando-
as com meus dentes, balançando minha cabeça em confirmação
para ela.
— Analisei seu histórico aqui na empresa e achei
interessante ter uma advogada desempenhando a função de
secretária — falo sereno, caminhando para minha mesa, escorando
minha bunda nela, olhando para a senhorita Self. — Está correta
essa informação, minha cara colega de profissão?
— Na verdade, em partes, doutor. — Os movimentos dos
seus ombros, os encolhendo, me faz ficar atentoem seus braços,
que vão para trás das costas, negando com um movimento de
cabeça. — Me formei em Direito, mas não cheguei a ter meu
registro diante da Ordem dos Advogados.
— Reprovou ou apenas se formou e desistiu da carreira?
Posso saber o motivo para ter abdicado de anos de estudos em sua
formação acadêmica?
— Para ser franca, não pode. — Sua voz não falha quando
ela me responde rápido, respirando com força.
— Que seja! A única coisa que me importa é que sua
formação será útil para mim. Ter alguém que saiba o que quero é
melhor do que ficar me estressando com as estagiárias
temporárias...
— Na verdade, se não abrisse sua boca para despejar todas
essas palavras pomposas do seu vocabulário, elas poderiam
entender... — Ouço seu resmungo, me provocando, o que me faz ter
apenas um leve deslumbre da mulher de língua felina que me
encantou.
— Está me recriminando, senhorita Self, por não ter
paciência com jovens acadêmicas? — Me afasto da mesa, dando a
volta nela com passos lentos.
Sento em minha cadeira e olho para minha mesa organizada
cuidadosamente.
— Eu tomei a liberdade de fazer uma agenda dos seus
compromissos da semana, senhor Miller. — Balanço minha cabeça
em positivo, olhando para ela, que ignora minha pergunta.
Seu rosto ficou gravado em minha mente e me assombrou
por muitas noites, me fazendo ver o brilho dos seus olhos negros
em cada face que enxergava. Não me recordo de ter passado por
isso em toda minha vida, nem com Silvia foi assim. Mas a
atrapalhada senhorita Self tem, de alguma forma, se esgueirado
para dentro de mim, me fazendo ficar condicionado a ela, me
levando do céu ao inferno em uma única noite.
— O senhor recebeu três ligações de clientes antigos de
Nova York, marquei os recados e deixei à esquerda, no bloco
amarelo em cima da sua mesa. Também agendei novos clientes
para semana que vem...
— Como foram suas férias? — pergunto, ansioso, desejando
ouvir qualquer disparate da sua boca atrevida, testandoaté onde ela
se mantém nesse papel de funcionária exemplar.
Quero enxergar a Cris daquela noite, que me encantou, não
essa forma robótica,que repassa seus afazeres e os meus como se
fosse uma inteligência artificial.
— Como?
— Suas férias, relaxou? — Pego uma caneta sobre a mesa, a
rodando em meus dedos. — Bateu em alguém com sua bolsa
estranha e pesada?
Quero ouvir qualquer coisa, um grito, uma risada, algo natural
e espontâneo, qualquer sinal de calor daquela mulher que ela
esconde dentro dela a sete chaves. Seu lábio superior suga o canto
do inferior, mordiscando sua boca lentamente.Seus olhos piscam,
com ela desviando-os de mim, olhando para a janela do escritório,
respirando fundo, batendo seus pés no chão.
— Ariel, eu estou...
— Você voltou, Miller. — O som da voz estridenteda mulher
parada na porta da sala silencia as palavras de Self.
Ergo meus olhos para Malvina. Nunca odiei tantoela como
estou nutrindo esse sentimento agora.
— Passei o dia no fórum, agora a senhorita Self está
passando minha agenda para mim. Gostaria de esperar lá fora até
nós dois terminarmos nossa conversa? — falo sério para a
advogada trabalhistado segundo andar, que está a me infernizar há
vários dias.
— Na verdade, já terminamos, senhor — Self fala rápido,
quase como se estivesse aliviada pela intrusão de Malvina.
— Mas eu não. — Olho para Malvina, a deixando
compreender que desejo que ela saia.
Mas, ao invés de sair, ela apenas se mantém na porta, com
seus braços cruzados.
— Precisa de mais alguma coisa, senhor Miller? — Volto meu
olhar para a senhorita Self e a vejo se encaminhar para sua mesa.
— Amanhã terei uma audiência de apresentação de provas,
você vai me acompanhar. — Solto a caneta, falando sério para ela.
— Mas eu sou funcionária interna, não faço serviço de
campo. Max nunca me pediu para acompanhá-lo.
— Como pode ver, não sou Maximiliano.
— Mas não vejo necessidade de precisar de uma secretária
nos tribunais... — Ela se cala, notando pela minha expressão facial
que não estou nem um pouco inclinado a mudar de ideia. — Como
desejar... — O som baixo da voz de Self sai em tom bravo, me
dando um pequeno sinal de zanga. — Já estou no meu horário,
posso ir ou deseja mais alguma coisa?
Arqueio minha sobrancelha, lhe dando um sorriso malicioso.
Nego com a cabeça, erguendo minha mão, a dispensando.
— Excelente, isso quer dizer que não preciso ficar lá fora. —
Malvina se desencosta da porta, caminhando pela sala, puxando a
cadeira que fica de frente para minha mesa. — Bom descanso, meu
anjo!
Acompanho o andar apressado de Cris para fora da sala,
mantendo seus olhos ao chão.
— Passei três vezes por aqui hoje, para saber se já tinha
chegado.
— Estava ocupado, trabalhando — respondo seco, me
levantando e caminhando para a porta da minha sala, segurando a
maçaneta dela.
— Imagino, ainda mais agora com esse caso que pegou...
Minha mente se desliga do que Malvina tagarela dentro da
sala, me concentrando apenas na imagem de Cris caminhando para
o elevador, deixando um sorriso largo em sua face se abrir, o
mesmo sorriso que eu desejo ver, mas que não é direcionado a
mim, e sim a Max, que se aproxima, conversando e entrando no
elevador junto com ela.
— Vai quebrar desse jeito. — A risada de Malvina me faz
virar para ela, sem entender o que ela fala.
— Desculpe, mas o que disse?
— A maçaneta. Está segurando-a tão forte, que cheguei a
ouvir o estalo do metal, então disse que vai quebrar. — Movo meus
olhos para lá, vendo os nervos dos meus dedos vermelhos pela
pressão que faço.
Solto a maçaneta, esfregando minha mão, olhando apenas
uma vez na direção do elevador, onde os dois partiram.
— Estava pensando, o que acha de irmos jantar juntos essa
noite?
— Tenho trabalho a fazer, mas agradeço seu convite,
Malvina. — Caminho para minha mesa, me sento na cadeira e olho
para o pequeno bloco, com as anotações que Cristina deixou. — Se
recorda sobre aquele boato que me contou sobre Max e a senhorita
Self?
— Oh, aquilo nunca foi comprovado! Max sempre alega que
só a vê como uma irmã caçula. Sabe como são os funcionários,
adoram aumentar — ela fala, rindo, olhando para mim. — Mas,
como diz o ditado, onde há fumaça, há fogo, e Max nunca escondeu
a superproteção que tem com ela. Pelo que me recordo, acho que
Cristina foi uma cliente dele... Tem certeza de que não quer ir
jantar?
Nego com a cabeça, repousando meu olhar na cadeira vazia
da mesa ao canto da sala.
Capítulo 09
Gatilhos
Cristina Self
— Gosta?
Desvio meus olhos do grande jardim para Ariel, que entra na
varanda da sala com suas mãos nos bolsos.
— É bem espaçosa. — Volto a olhar o jardim, percorrendo
meus olhos pela piscina. — Para ser franca, achava que você ainda
estava hospedado no hotel.
Ouço a risada baixa dele, enquanto dá um passo à frente, se
virando de frente para mim.
— Para ser franco, vim apenas três vezes aqui, ainda durmo
naquele mesmo quarto de hotel. — Ariel olha em volta, parando sua
atenção em mim. — Eu comprei ela tem quatro semanas. Um antigo
cliente de Nova York, que é corretor de imóveis, entrou em contato
com alguns conhecidos e conseguiu achar essa casa para mim.
— Ela é linda, muito linda! — Desvio meus olhos dos seus,
abaixando para meus sapatos. Esfrego meu braço com minha mão,
podendo imaginar como as crianças vão ficar felizes aqui, quando
vierem visitar o pai.
— Tem bastante espaço, é distante, gosto disso.
— Sim, tem bastanteespaço, e parece ser muito segura. —
Ergo meu rosto para ele, tentando não me sentir melancólica. — Vai
ser bom para você ter todo esse espaço com a chegada dos bebês.
Veja se aquele quarto lhe agrada, escolhi ele para ser o quarto de
casal por conta do quarto ao lado, que vai ficar com as crianças.
— Como? — Pisco, confusa, olhando na direção dos
corredores do quarto. — Quarto de casal?
— Não pensou que vou dormir no sofá, não é?
— Não somos um casal, Ariel, a gente apenas...
— Transa e faz filhos no tempo livre?!
Ele arqueia a sobrancelha, me encarando, negando com a
cabeça. Esfrego minha nuca, batendo meu pé no chão, preocupada.
— O que está querendo dizer com quarto de casal, Ariel?
— Estou falando sobre onde os casais dormem juntos depois
que se casam.
— VOCÊ QUER CASAR?!
— Esperava pelo menos um anel ou você de joelho, um
pedido romântico. Mas, pedindo assim, tão eufórica... eu aceito! —
Ariel passa por mim e entra na casa, me deixando atrapalhada com
o cinismo dele e com essa mania de distorcer minhas palavras.
— Ariel... Ariel, volte aqui, eu não lhe pedi em casamento,
você sabe muito bem disso! — Caminho rápido atrás dele. — Não
pretendo me casar.
— Uma pena, porque você já pediu e eu aceitei. — Ele
aponta para a mesa, nem sequer se dando ao trabalho de disfarçar
sua arrogância. — Tem que se alimentar, se sente.
— Não vamos nos casar, doutor Miller! — Puxo a cadeira, me
sentando emburrada, discordando completamente dessa ideia
absurda. — Não existe casamento por conta de filhos, está me
entendendo? Somos dois adultos e podemos agir como tais.
— Preparei torradas, se quiser tem frutas, o que prefere?
— Ariel, pare de me ignorar!
— Não estou lhe ignorando, fiz uma pergunta comum. — Ele
aponta para a torradeira e para as frutas em cima da mesa. — O
que prefere?
Filho da puta prepotente,está fazendo isso de propósito, nem
sequer dá ouvidos para o que eu falo! Retiro os óculos e esfrego
meu rosto, bufando com raiva pelas minhas narinas.
— Não vou me casar com você...
— Torrada. — Ele pega um prato, indo para a torradeira,
caminhando com preguiça. — Entenda uma coisa, Cristina, não vou
ver meus filhos em horários estipulados ou festas de final de ano,
muito menos deixar outro homem criá-los.
— Não funciona assim. Você, melhor do que ninguém,
entende de leis e sabe que podemos ter a guarda compartilhada.Eu
já tenho vontade de matar você apenas por trabalharmos juntos,
imagina se for sua esposa?
— Pequenos detalhes matrimoniais que podemos chegar em
comum acordo.
— Casamento não é um acordo. E eu vou deixar claro para
que entenda: não vou me casar com você!
Ariel se vira rápido, depositando o prato à minha frente e o
empurrando para mim. Mesmo sobre seu olhar zangado, não desvio
nem por um centímetro meus olhos dos dele.
— Entenda uma coisa:não vou deixar meus filhos em perigo
por conta da sua teimosia, e muito menos lhe deixar voltar para
aquele apartamento. — Seus punhos se fecham ao lado do corpo,
cerra seu maxilar. — Quem segurou você no colo foi eu, quem teve
que descobrir a existência dos meus filhos enquanto você estava
entrando no pronto-socorro foi eu, não estou inclinado a revogar
minha sentença.
— Não sou uma das suas clientes, doutor Miller! Muito menos
um acordo comercial será feito pela segurança dos meus filhos. Vou
voltar para minha casa...
— PELO AMOR DE DEUS! O FILHA DA PUTA ENTROU NO
SEU APARTAMENTO, CRISTINA!
Me calo, ficando congelada assim que sua voz estoura dentro
da cozinha, seguida de um soco forte em cima da mesa. Sinto meu
corpo trêmulo e assustado, meus olhos arregalados, e respiro com
força. Ariel amaldiçoa baixo, recolhendo seu braço, com sua face
vermelha de raiva, virando de costas para mim. Não consigo falar,
nem sequer sei se posso me mexer, me sinto paralisada com seu
rompante.
— Merda! — Vejo suas mãos passarem por seus cabelos,
com ele soltando uma respiração pesada. — Preciso que entenda
que não está segura. Renan entrou dentro daquele apartamento
sem ninguém ver. Ele deve ter entrado no quarto enquanto você
dormia, depois de disparar o alarme do meu carro, o que me obrigou
a descer para o desligar. Ele não teve medo de ser pego, ele foi frio,
deixando um animal degolado dentro do seu banheiro, Cristina. —
Fecho meus olhos, desejando poder esquecer aquela barbaridade
feita ao pobre animal. — Nossos filhos não estão seguros. Quero
cuidar de vocês.
Ariel gira seu corpo e caminha lento, parando perto de mim.
Observo sua mão tão grande, com os nervos vermelhos, por ter
socado a mesa. Ele poderia me derrubar apenas com um tapa, se
ele quisesse.
— Não me olhe assim, por favor. — A voz rouca dele sai
baixa. Se aproxima mais um pouco de mim, com cautela. — Estou
zangado, isso é visível, mas eu nunca machucaria você. Nunca na
minha vida eu lhe faria mal, Cris.
A verdade é que, no fundo do meu coração, eu desejo poder
acreditar nisso, mas as memórias que me prendem me seguram ao
meu medo. Eu nunca conheci Ariel verdadeiramente, não sei como
era sua vida em Nova York, muito menos como foi sua relação
antiga. As palavras de Max voltam a me assaltar e tudo me
amedronta.
— Só quero cuidar de você. — Ariel estica sua mão para
tocar as minhas em cima da mesa, mas para seus movimentos
assim que eu recolho as minhas, as depositando em minhas pernas.
— Eu vou ficar aqui até minha mãe retornar de viagem, Ariel.
Já tem minha resposta sobre sua ideia de casamento, e ela é
irrevogável.
Empurro meu corpo para fora da cadeira e me levanto
apressada. Sinto minhas pernas fraquejarem pelos tremores
enquanto caminho, voltando para o quarto, tentando manter o
controle da minha respiração. Fecho a porta atrás de mim, meu
rosto se inclina para frente, repousando minha testa na madeira,
sentindo toda as lembranças me rasgarem de dentro para fora.
Gatilhos, malditos gatilhos sendo disparados dentro da minha
mente!
— Não faznada, absolutamente nada nessa porra de vida, e
a única coisa que te peço, ainda faz errado! — Renan se move
rápido, me deixando encurralada na porta do banheiro. — Tem
alguma coisa aqui dentro? Hein? Sabe usar isso que tem na sua
cabeça? — Seu dedo esmaga com força minha testa, cutucando
com raiva. — O nome dessa porcaria é cérebro, mas acho que você
não tem, é oco aí dentro, vazio igual seu útero!
— Eu não fizde propósito, sinto muito. — Fecho meus olhos,
desejando desaparecer.
— Você sempre sente muito. Sente pelo quê, Cristina? — O
som do punho socando a porta do banheiro, ao lado do meu rosto,
me faz ficar paralisada. — Pelo que sente? Por ser uma
imprestável? — ele grita com raiva, empurrando sua camisa
estragada com força para meu peito.
Continuo petrificada, enquanto ele se afasta, entrando no
chuveiro, me xingando por conta do tecido da sua camisa polo que
diminuiu durante a secagem na máquina de lavar e secar. Me
arrasto de mansinho, saindo do quarto, usando como abrigo a
lavanderia. Tapo meu rosto, chorando por ser tão burra, por não ter
separado as peças de roupas na hora da lavagem. Estou tão
atarefada, que apenas peguei todas as roupas e joguei dentro da
máquina, não conferindoquais estavam misturadas. Nem para lavar
a porcaria de uma muda de roupa eu presto!
— Ei, bonequinha. — A voz baixa fala tão lenta perto do meu
ouvido, abraçando meu corpo por trás. — Estou zangado, não
queria te magoar. — Renan beija o topo da minha cabeça,
acariciando sua face em meus cabelos. — Eu nunca machucaria
você, nunca na minha vida eu lhe faria mal, amor. Você é minha
bonequinha de porcelana.
Sinto seu peito úmido pelo banho se colar em minhas costas.
Sua mão empurra meus cabelos para meus ombros, beijando meu
pescoço. Sinto a lágrima escorrer pela minha bochecha, tão
dolorosa, como se seu toque me machucasse.
— Eu cuido de você, protejo você.
O arrepio que percorre meu corpo não é de prazer, e muito
menos de emoção por seus carinhos, é apenas a mais pura
melancolia.
— Eu cuido, não cuido?
Sua mão esmaga meu peito por cima do tecido do vestido,
mordendo minha orelha com força.
— Responda minha pergunta, Cristina! — Sua voz não é
mais baixa, o tom carregado de agressividade escondido em
rouquidão é firme. Ele leva a outra mão para a barra do vestido.
— Sim, sim, você cuida. — Tento segurar sua mão, para ele
não erguer meu vestido, mas isso apenas o instiga. Nos empurra
para perto da máquina e pressiona a frente do meu corpo nela. —
Renan, por favor... Por favor, hoje não.
Minhas palavras são apenas um murmúrio em meio ao choro.
Não quero seu toque em meu corpo.
— Cuido de você, lhe dou uma vida de princesa. Sabe que
sem mim, você não seria nada, Cris. — Sua respiração quente
acerta minha nuca, enquanto ele beija minha pele. — É tão
distraída, atrapalhada, delicada como uma bonequinha, por isso eu
lhe protejo.
— Renan, por favor...
Sinto o empurrão em minhas costas abruptamente, meu tórax
é inclinado em cima da máquina de lavar, com a lateral do meu rosto
colando ao frio do material de inox do eletrodoméstico.
— E quando eu peço uma coisa, uma única coisa simples,
você ainda faz errado. Isso me deixa chateado, amor. — Sua mão
joga o vestido para cima das minhas costas, enquanto sua perna
empurra a minha para o lado. Sinto seus dedos puxarem a calcinha
para o lado e ouço o som forte da sua respiração. — Você me deixa
bravo, me fazficarzangado com besteira. Por que fazisso, boneca?
Por que gosta de me deixar chateado? Isso é culpa sua.
Mordo meu pulso com força,abafando o grito de dor quando
sinto minha boceta ser invada de forma bruta, sem lubrificação
alguma. A mão forte se prende na minha cintura, tendo a outra
sendo posta em meu ombro, sustentando os impactos do seu
quadril em meu traseiro.
— Eu cuido de você, sempre vou cuidar de você, amor.
O som da sua voz em meio aos gemidos sai alta. Me fodendo
com mais rapidez, seus dedos comprimem meu ombro, me fazendo
sentir dor com a forçaque ele deposita no toque. Abro meus olhos,
focando no azulejo branco da lavanderia, tendo apenas o som da
respiração forte de Renan dentro do cômodo.
— Não cuido bem de você?
— Cuida — sussurro, sentindo minha alma morta, tendo as
lágrimas quentes transbordando pelos meus olhos.
Capítulo 18
Lei e ordem
Ariel Miller
— Não voltou para mim porque não quis. Deve ter descoberto
como é ser como a sua mãe, não é, Cris? Ser a vagabunda imunda
que sempre foi — ele fala com raiva, ficando mais agressivo a cada
segundo.
— Renan, por favor...
— Cristina? — A voz de Max atrás de mim me dá um alívio
imediato quando a ouço.
Renan me solta na mesma hora, olhando para trás de mim
com raiva. Sinto as mãos de Max passarem por meus ombros,
parando ao meu lado, e ele me puxa, me levando para perto dele.
As memórias me acertam,me deixando perdida. Max sempre
esteve ao meu lado, como um bom amigo em quem eu confiava. Me
sentia segura ao lado dele. Sua amizade verdadeira era
reconfortante.Desde o primeiro dia que nos conhecemos, dentro do
tribunal, a empatia que ele sentiu por mim, o acolhimento... Agora
tudo é tão cínico, tão distorcido.
— Você estava me seguindo... Fez aquilo com o pobre gato...
O presente mórbido... Deus, Max... Eu confiava em você...
— Você errou, precisava ser disciplinada. — Ele joga a xícara
no chão, balançando sua cabeça para os lados. — Se comportou
como uma vagabunda suja, se deitando com qualquer um de forma
promíscua, sentindo prazer em ser fodida na parede, como uma
cadela.
— Meu Deus, Max, o que fez?
— Eu te vi, enxerguei você quando ninguém mais te viu,
avistei a mulher linda que você é, mas você ficou feia, ficou
asquerosa, como uma vadia barata, trepando com Ariel e gostando
de ser fodida feito uma porca nojenta. — Ele suaviza sua face,
sorrindo para mim. — Mas eu perdoei você, eu perdoei sua traição,
porque eu cuido de você, sempre cuidei de você, Cris, nunca te
deixei sozinha.
— Não... Não, por favor, para. — Tapo meus ouvidos,
batendo minhas costas na parede quando recuo, fechando meus
olhos. — Fez eu me sentir uma louca, uma louca que não conseguia
provar que estava sendo ameaçada...
— CUIDEI DE VOCÊ! E até agora eu cuido de você... Então
você disse que queria casar. Não vê que ninguém nunca vai cuidar
de você como eu cuido? — Abro meus olhos e vejo sua mão
esticada em minha direção.
Meu corpo se encolhe, sinto medo, pavor do olhar
desequilibrado de Max. Ele recolhe seus braços para o lado do seu
corpo, abaixando seus olhos para o meu ventre.
— Tentei fazer você enxergar que essas coisas dentro de
você foram um erro, que precisava tirá-las, mas não saiu como eu
esperei.
— Mandou aquela mulher para o meu quarto...
— Eu não queria chegar a esse ponto, mas precisei. Pietro
me contousobre sua pressão alta, ele não me deixou ir te ver. Miller
afastou você de mim, tirou você de mim, por conta desses estorvos
que ele pôs dentro de você. — Sua boca se esmaga com ódio.
— Você mandou um feto morto para mim, Max, fez isso para
me machucar.
— Não, não. Eu nunca machucaria você... — Ele nega com a
cabeça, sorrindo. — Eu precisei agir rápido. Você se apaixonou por
aquele verme... Se perdesse seus filhos, você não teria mais
serventia para Ariel, e o veria como ele realmente é. Mas não
perdeu as sementes dele, elas são maléficas igual a ele,
entranhadas dentro de você, se negando a morrerem. — Max
respira fundo. — Eu vou cuidar de você agora, para sempre. Ele não
vai afastar você de mim, nunca mais ninguém vai machucar você.
— Max, não faz isso, por favor...
— Devia ter deixado a mulher te dar a injeção, Cris, devia ter
tomado o maldito chá. Assim, pelo menos, seria menos doloroso.
O som dos seus passos aumenta, com ele caminhando em
minha direção de forma fria, me encarando.
Aperto meus olhos, os fechando com força, enquanto meus
braços se erguem sobre minha cabeça. O grito de dor que invade o
quarto sai dos meus lábios quando o terceiro chute desferido em
puro ódio acerta minhas costelas. Sinto o ar faltar dentro dos meus
pulmões e me retorço de dor.
As lembranças me inundam, me pegando com força, me
paralisando a cada passo que Max dá em minha direção.
— Você não vai sofrer por conta dessas coisas que estão
dentro de você, não vai. — Max retira o cinto da sua calça, o
esticando em sua mão, olhando para o couro. — Nunca mais vai
sentir dor, medo, nunca mais vai chorar... Nunca mais vai sofrer ou
ser chamada de louca, eu vou cuidar para sempre de você.
O instinto primitivo de sobrevivência pura, de proteção de
uma mãe pelos seus filhos, é o que me arranca da minha paralisia e
me faz chutar suas pernas quando ele se aproxima de mim, com
seus braços esticados, prontos para me estrangular com seu cinto.
O rompante do meu corpo, que se move em disparada para a saída
do quarto, é ligeiro. Ouço os gritos de ódio de Max, que vem atrás
de mim. Ouço o som da respiração dele se aproximando. Meus pés
estabanados se atrapalham, me levando ao chão quando ele puxa
meus cabelos. Sinto o impacto e a dor dos meus joelhos sendo
pregados no chão, a textura do cinto em minha pele, sendo
comprimido tão forte, como se fosse ultrapassar minha garganta e
quebrar minha traqueia. Meus gritos roucos e grotescos são
abafados pelo ar que me falta, e entre tudo, o caos, o medo, o terror
que submerge, minha mão se estica, como se eu pudesse de
alguma forma alcançar a porta da saída da casa, que está tão
distante.Vejo a madeira ser arrombada, escancarando a porta. Um
vulto alto se move. Apenas um único som se faz em meio ao caos, é
frio, sonoro, latente e inabalável. O aperto do couro cede, me
fazendo sugar com todas as minhas forças o ar para meus pulmões,
tombando a parte superior do meu corpo para frente, com meus
dedos espalmados no chão. Rapidamente, tudo fica lento, distorcido
com os gritos de ódio e passos pesados, que parecem minas
terrestres explodindo dentro da minha mente. Então tudo se silencia,
abafa, os zumbidos, os ecos... Sinto apenas o calor quente da mão
firme que segura minha face em seus dedos. A escuridão me suga
no segundo que meus olhos se chocam com os seus, em um azul
tão angelical, mas em uma face demoníaca, violenta, agressiva e
cruelmente perversa. É como ir do céu ao inferno.
Ariel Miller
— Chefe, precisa ficar calmo, vamos chegar a tempo! —
Brow fala nervoso, sentando-se ao meu lado enquanto dirijo o carro
em alta velocidade.
Sinto tudo me sufocar. Um anseio de medo, desejo de morte
e incompetência por tê-la deixado sozinha. Como não vi, como não
consegui enxergar a verdade que estava diante de mim por todo
esse tempo? Meu desejo por vingança me fez ficar concentrado em
Renan Pener e em todo mal que ele causou na vida de Cristina, me
fez ficar restritoa uma única linha de raciocínio.Não abri os leques.
Estava tão assertivo, todos os índicesapontavam que era o maldito
do Renan, que não me atenteia única outra pessoa que estava ao
lado dela desde o divórcio dela.
Greg me passou o endereço pelo celular, e estacionoo carro,
o deixando atravessado na frente do jardim. Em seguida, pego o
revólver da mão de Brow. Os gritos, que vêm da residência, faz eu
sentir meu sangue congelar dentro das minhas veias. Corro rápido e
estouro a porta da frente. A imagem dela ajoelhada ao chão, com
seu rosto ficando pálido, completamente lavado por lágrimas,
esticando a mão para mim, me faz não pensar. Vejo apenas ela
lutando para tentarrespirar. Meu dedo pressiona o gatilho da arma
assim que a ergo em um rápido movimento. Miro em Maximiliano e
disparo contra ele. Seu corpo desaba no chão, próximo a ela, que
tentase arrastar para outra direção. Eu estou ao lado de Cris em
questão de segundos. Retiro o couro do seu pescoço e a pego em
meus braços.
— Não... Não! — Minha voz, carregada de cólera, sussurra
enquanto tentonão cair na insanidade, a tendo desmaiada em meus
braços.
— Cretino de merda! Seu cretino doente de merda, você não
pode tirá-la de mim! — Ergo meu rosto para Max, que grita,
tentando fugir, segurando seu ombro baleado.
Minha mão se ergue mais uma vez, e miro o revólver em sua
direção, tendo cada canto do meu ser implorando para matar esse
desgraçado. Brow entra na frente, marchando como um demônio
enfurecido em sua direção.
— Doente filho da puta! — Brow o amaldiçoa, e seu punho se
fecha, acertando a face de Max com toda força, o derrubando no
chão. Ele retira o celular do bolso e disca para a emergência.
Aperto as costas dela, a mantendo colada em meu corpo.
Ainda quero acabar com a vida de Max, pelo que ele fez por todos
esses anos a ela. Max usou do trauma dela para aprisioná-la,
melindrá-la tão fodidamente, a ponto de fazê-la se sentir sozinha e
louca.
— Sai da frente, Brow! — Cerro meu maxilar, ainda com a
arma empunhada para o filho da puta que é Max. Brow se vira e
olha o revólver em minha mão.
— Ariel, não faça isso... — Ele tentasoar calmo, esticando
sua mão para mim.
— Sai da frente dele, Brow!
— Chefe, ela precisa de você. Eu sei o que está sentindo, e
eu sei também quais são as consequências de fazer algo por
impulso. — Ele abaixa seus olhos para ela, voltando a encarar a
arma. — Não precisa da morte desse verme lhe assombrando. Me
entregue a arma, chefe. Te garanto que ele vai pagar pelo que fez.
Cuide dela e deixe o resto comigo.
Não reluto quando Brow se aproxima de mim e retira a arma
dos meus dedos, a tirando lentamenteda minha mão. Me volto para
Cris, tiro os fios de cabelos da sua face e vejo sua pele molhada.
Arrumo ela em meu colo e me levanto. Brow segura a arma e usa
sua camisa para não tocar nela, enquanto a limpa. O vejo caminhar
de volta para Max. Saio com ela rumo à porta e o som da
ambulância ao longe vai ficando alto. Os paramédicos estão se
aproximando da residência.
A giro pouco a pouco, a fazendo ficar de frente para mim. A
quentura da sua respiração morna me acerta, tendo seus olhos
brandos me fitando. Nada do que sinto ao seu lado é o que eu
dividia com Silvia. Meu mundo tinha encontrado o ponto de
equilíbrio desde o segundo que entrei naquele escritório e meus
olhos repousaram nela.
— Aprecio sua companhia, babá McPhee — murmuro com
rouquidão, não conseguindo dizer para ela que não só aprecio estar
ao seu lado, mas que eu a amo. Ergo minha mão e seguro seu
queixo, observando cada centímetroda sua face.Solto seu queixo e
retiro os óculos dos seus olhos, os deixando no cantinho da pia. —
Aprecio muito sua companhia.
— Eu te amo, babá McPhee... — A aperto mais forte em
meus braços.
Cristina Self
Fim!
Epílogo
Ariel Miller
KATORZE - LIVRO 1
PAOLO A RENDIÇÃO DO MONSTRO - LIVRO 2
PAOLO O DESPERTAR DO MONSTRO - LIVRO 3
Tudo nessa vida tem um preço, e Yara sabia disso quando salvou a vida
do monstro que entrou em seu caminho. Tendo que escolher entre o homem
que amava e os frutos dessa paixão que cresciam em seu ventre, partiu,
deixando-o sem olhar para trás. O que ela não sabia é que sua magia deixou
rastros, e agora algo muito pior vêm atrás dela.
Seu mundo desaba quando suas filhas são levadas por um mal maior, e
o destino brinca com a pequena bruxa, colocando-a frente a frente com o
homem que tanto assombrou suas lembranças por longos anos.
O monstro se perde assim que seus olhos pousam na pequena mulher
solitária que vê em seus sonhos, e que agora está em carne e osso na sua
frente. Algo dentro de Paolo desperta, puxando-o para ela cada vez mais, sem
entender o que os liga.
O Cão e a Bruxa estão de volta em mais uma batalha.
Yara lutará com toda sua força para ter suas filhas de volta. No meio da
sua jornada, precisará mostrar ao monstro o poder e a força da magia do amor,
e encarar a ira de cinco anos longe dos olhos tão sombrios quanto o portão do
inferno.
Poderá o cão de caça perdoar a bruxa que o jogou no limbo por cinco
anos, sem despertar o monstro que habita nele?
Um inimigo antigo uniu os irmãos Ávilas em uma derradeira vingança.
Daario e Paolo juntos, lado a lado, abriram as comportas do inferno, trazendo
carnificina e sangue para aqueles que machucaram suas famílias.
A cada percurso da caçada, em uma busca cruel e implacável pelas suas
mulheres, os monstros estavam famintos por morte e justiça, fazendo aliados
poderosos e alianças inquebráveis, deixando um rastro de corpos por onde
passavam.
A pequena bruxa Yara encontrou forças para lutar pela sua sobrevivência e
do seu filho quando a destemida pantera Katorze cruzou seu caminho de uma
forma inesperada. As duas mulheres traziam fé em seus corações de que seus
monstros iriam libertá-las, afinal nem todo predador é fatal, mas todos os
monstros Ávilas criados pelo cruel Joaquim são assassinos.
História e conto Irmãos Falcon
Recomendando para maiores de 18 anos
Este livro contém descrição de sexo explícito e palavrões
Doty só queria uma coisa:achar o miserável que engravidou Tifany e chutar seu
rabo até Dallas.
A única coisa que Joe queria era dobrar o demônio de olhos negros que o tirou do
sério, fazê-la pagar por sua língua afiada e boca suja.
Uma proposta!
Sete dias!
E tudo foi para os ares!
Bem-vindo à Arena
Billi tinha traçado seu destino, já não era mais o menino delinquente, tinha se
transformado em um homem, foi atrás do seu sonho e criou seu mundo em cada
touro que montou aos 32 anos.
Arena Ranger lhe trazia apenas um desejo, o grande touro Asteroide 8 segundo
que valeria sua carreira, mas o pequeno cometa que cruzou seu caminho. Fez o
Cowboy mudar seus planos.
Únicos
Dylan Ozborne sabia que a pior época da sua vida era dezembro. Ainda
não acreditava que seu irmão havia o obrigado a ser o Papai Noel para o evento
beneficente.
Elly poderia ter sido a boa menina o ano inteiro, mas deixou para ser a menina má
justamente três dias antes do Natal, indignada com o nada bonzinho e muito
menos velhinho Noel. Então resolveu se vingar do tirano e por fim lhe dar uma
lição que nenhum
Yane Rinna tem sua vida mudada da água para o vinho quando se torna
testemunha principal de um assassinato. Ela se vê obrigada a entrar em um
disfarce para garantir sua segurança até o dia do julgamento. E de uma stripper
desastrada, inteiramente azarada, se torna uma freira monitora de quatro
adolescentes rebeldes. O que ela não imagina é que no último lugar que poderia
sonhar, o amor e o desejo puro estarão no ar. Dener Murati, o vizinho aristocrata
do convento, tem seu autocontrole testado por uma fajuta freira sexy, nada santa,
que invade sua residência para se refrescar na calada da noite, pelada, em sua
piscina. A pequena feiticeira que o encanta vai virar sua vida meticulosamente
organizada de cabeça para baixo.