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CAPITU
Inspirado no romance Dom Casmurro, Machado de Assis
ELENCO DO JÚRI
Capitolina (ré) -
Dom Casmurro (requerente) –
Advogada de acusação –
Advogada de acusação-
Advogado de acusação-
Advogada de defesa –
Advogada de defesa-
Advogado de defesa-
Promotoria –
Juíza –
Tio Cosme (1ª testemunha de acusação) –
Dona Glória (2ª testemunha de acusação) –
José Dias (3ª testemunha de acusação) –
Sancha (testemunha de defesa) –
ELENCO DE APOIO
Escrivã -
D. Fortunata –
Guarda -
(as personagens que estarão em cena será a promotora, a escrivã e os jurados. As testemunhas estarão na
plateia.) (toque vivo da campainha para iniciar a sessão)
1. FALA DA PROMOTORIA: (promotora levanta-se dando sinal para que todo no recinto façam a
mesma coisa)
(A juíza entra. Faz sinal para que todos se sentem. Senta-se. Todos se sentam)
PROMOTORIA:
- Peço a atenção dos senhores para a chamada dos jurados. Proceda a sra escrivã, à chamada dos jurados. À
medida que forem chamados, os Srs. jurados respondam presente.
3. FALA DA JUÍZA:
- (olha para os jurados e faz sinal para eles levantarem) Levantem-se todos! Após o proferimento das
seguintes palavras, vocês devem responder: ―Assim o prometo!‖
- Srs. Jurados, em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa deci-
são de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça.
JURADOS:
- ―Assim o prometo!‖
-―Será submetido a julgamento o processo nº 148. 217, que o Sr. Bento de Albuquerque Santiago move contra
sua esposa, a Srª Maria Capitolina Santiago, por infração ao art. 250. Secção III, Capítulo II referente aos
crimes contra a segurança da honra. Dos crimes contra a segurança Individual, PARTE TERCEIRA Dos crimes
particulares do Código Penal. O qual julga que ―A mulher casada, que cometer adultério, será punida com a
pena de prisão com trabalho por um a três anos. A mesma pena se imporá neste caso ao adultero.” Declaro
aberta a sessão do Tribunal do Júri. Determino, portanto, o pregão das partes.
5. ENTRADA DA RÉ:
6. PROMOTORIA:
- Recolham-se as testemunhas a lugar de onde não possam ouvir os debates, nem as respostas umas das outras.
Separadas as de acusação das de defesa. (as testemunhas levantam-se e se retiram para uma sala isolada)
- Chamaremos agora o Sr. Bento Santiago, requerente, para depoimento.
7. DEPOIMENTO DO REQUERENTE:
JUÍZA
BENTO
PROMOTORIA
PROMOTORIA: O senhor jura dizer a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade?
BENTO: Eu juro.
JUÍZA: Senhor Bento, por favor, conte-nos sobre seu relacionamento com dona Capitolina.
BENTO: Desde criança vivíamos juntos. Meus pais ajudaram a família do Pádua durante a enchente e eles
passaram a morar conosco, na casa ao lado que mais parecia uma extensão da minha. Eu sempre gostei de
Capitu, sempre pensei que o que tínhamos era amizade, até ouvir uma conversa do José Dias. Ele falava que
vivíamos muito próximos e que talvez isso prejudicasse a promessa de minha mãe. Ela prometeu que, se tivesse
um filho saudável, ele seria padre. Foi por causa daquela conversa que comecei a pensar melhor no que sentia
por Capitu, comecei a refletir sobre nossas conversas e percebi que qualquer que fosse o sentimento que eu
tinha por ela, ela também o tinha por mim. Lembro-me de quando me elogiava, por vezes me chamava bonito,
dizia que meus cabelos eram bonitos... Tanto pensei que cheguei a conclusão: Eu amava Capitu. Capitu me
amava. E não há prova maior do que o que foi talhado no muro do quintal: dois nomes, abertos ao prego...
9. TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO:
PROMOTORIA
A.D: ADVOGADO DE DEFESA
TIO COSME
PROMOTORIA: O senhor jura falar a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade?
COSME: Juro!
(entra dono Glória ao som de Westworld Main Theme, e espera no púlpito, de pé, a fala da promotoria)
PROMOTORIA
DONA GLÓRIA
A.D.: ADVOGADO DE DEFESA
PROMOTORIA: A senhora jura falar a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade?
DONA GLÓRIA: Juro!
D. GLÓRIA: - Bentinho sempre foi um santo. Ele até ia ser padre. Eu fiz uma promessa, sabe, se Deus me
desse a graça de ter um filho, a vida dele seria dedicada à igreja. E ele até gostava, quando criança vivia
brincando de rezar a missa.
A.D: - Como era o relacionamento de Bento e Capitolina na infância?
D. GLÓRIA: - Ahhh... Os dois viviam juntos, eram muito amigos sabe! Quer dizer, eu achava que era só
amizade, mas como vemos, era mais que isso. Bem que José Dias me avisou que eles viviam muito tempo
juntos, escondidos, cochichando... Foi aí que ele começou com ideias de desistir do seminário.
A.D: - Como a senhora se sentiu quando Bento assumiu não ter vocação para o seminário?
D. GLÓRIA: - Foi um choque. Como disse, eu tinha feito a promessa. Não dava pra acreditar. Pensei na época
que o motivo fosse a falta de vocação, de certa forma foi mesmo... Mas imaginar que meu filho estava abrindo
mão do possível título de Protonotário apostólico, para ter uma vida comum.
A.D: - Como a senhora avalia Capitolina?
D. GLÓRIA: - Ela sempre foi muito amável. Você acredita que ela sempre me pedi a benção mesmo sem eu
ser nada dela? Nem madrinha, nem tia, nada. Fazia isso pelo respeito que tinha a mim. Com os pais era do
mesmo jeito, sempre ajudando a mãe nas atividades de casa, como toda boa menina deve fazer, para poder se
tornar uma boa esposa. Inclusive, acho que ela seja uma ótima esposa para meu Bento, sempre zelosa no lar,
muito cuidadora, nunca deixou faltar nada, nunca foi de fazer questão por nada e é ótima mãe, o menino a
adora.
A.D: - Como a senhora via o relacionamento de Bento com Capitolina?
D. GLÓRIA: - De certa forma, para mim, era uma tristeza, por causa da promessa. Foi um pouco
surpreendente também, porque eu sempre os vi como amigos, crianças apenas. Mas bem que José Dias me
avisava que ela era sorrateira. Bentinho sempre foi muito obediente, ela deve ter feito a cabeça dele...
A.D: - Como a senhora se sente em relação ao seu neto?
D. GLÓRIA: - O menino realmente se parece um pouco com o finado Escobar, principalmente o ar de
esperteza. Mas eu não quero acreditar que Capitu fosse capaz de fazer... de trair o meu filho. Ela cresceu sob os
meus olhos, conheço desde a infância.
A.D.: Isso é tudo, Meritíssima.
JUÍZA: A senhora está dispensada.
12. PROMOTORIA:
- Que entre, por favor, a terceira testemunha de acusação: José Dias, boticário, agregado na casa de Dona
Glória desde que seu marido ainda era vivo.
(José Dias entra ao som de Westworld Main Theme, e espera no púlpito, de pé, a fala da promotoria)
PROMOTORIA
A.D: ADVOGADO DE DEFESA
JOSÉ DIAS
PROMOTORIA: O senhor jura falar a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade?
JOSÉ DIAS: Juro!
14. PROMOTORIA:
- Que entre, por favor, a testemunha de defesa da ré: Sancha de Souza Escobar, esposa do melhor amigo da
família, Escobar, e amiga do casal.
(Sancha entra ao som de Westworld Main Theme e espera no púlpito, de pé, a fala da promotoria)
9. TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO:
PROMOTORIA
A.A: ADVOGADO DE ACUSAÇÃO
SANCHA
PROMOTORIA: A senhora jura falar a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade?
SANCHA: Juro!
17. INTERROGATÓRIO DA RÉ
PROMOTORIA
CAPITU
A.A: ADVOGADA DE ACUSAÇÃO
PROMOTORIA: A senhora jura falar a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade?
CAPITU: Juro!
PROMOTORIA
A.A.
A.D.
PROMOTORIA: Daremos início agora aos debates. Com a palavra a acusação. Vossa Excelência terá até uma
hora e meia para a acusação.
1º ADVOGADA DE ACUSAÇÃO:
- Excelentíssima senhora Juíza presidente, Ilustre promotora, diletos colegas de defesa, primorosos servidores
da Justiça, gloriosa polícia militar, familiares da vítima, familiares da ré (cumprimento à ré e por último aos
jurados sorteados). Venho aqui mostrar-lhes que a Srª Maria Capitolina enganou não apenas a Bento Santiago,
meu cliente, como também a toda sua família, fazendo-os acreditar que ela era apenas uma jovem doce e
ingênua, quando na verdade, desde a tenra idade, ela já corrompia o meu cliente.
- Desde jovem já tinha um comportamento inadequado. Posso provar isso através de um diálogo entre Dona
Glória, o Sr. Cosme e o Sr. José Dias, exibido aqui (ergue o livro Dom Casmurro na mão), capítulo 3, página
14-15, no qual José Dias adverte Dona Glória através das seguintes palavras: ―Não me parece bonito
que o nosso Bentinho ande metido nos cantos com a filha do Tartaruga, e esta é a dificuldade, porque se eles
pegam de namoro, a senhora terá muito que lutar para separá-los.‖ E ainda acrescentou que sua opinião não
vinha de mera suposições, dizendo: ―creia que não falei senão depois de muito examinar...‖. É tanto
verdade que, posteriormente, o casal pede ajuda ao próprio José Dias para que ele convença dona Glória a
desistir de por Bento no seminário. E toda a sequência é incitada por Capitu que pressiona Bento a falar
com o José Dias, como comprovado no capítulo 32, página 68: ―Eu já nem sei se José Dias poderá influir
tanto... Você teime com ele, Bentinho!‖. Como se já não bastasse ela ser manipuladora, ainda exigia isso do sir.
Bento.
- Também podemos provar que desde tenra idade dona Capitolina sempre apresentou-se ser bastante
dissimulada, fingindo situações e mascarando sentimentos e reações, como foi retratado no episódio do
penteado, página 71, no qual, enquanto o jovem Bento ainda estava atordoado por ter-lhe dado o primeiro beijo,
ela, por sua vez, ao ver a mãe aproximar-se fingiu, com calma descontração, que nada havia acontecido, como
podemos perceber no trecho: ―Capitu compôs-se depressa, tão depressa que, quando a mãe apontou à porta,
ela abanava a cabeça e ria. Nenhum laivo amarelo, nenhuma contração de acanhamento, um riso espontâneo e
claro‖.
- Senhores jurados, quem aqui não lembra o primeiro beijo? E como alguém poderia ignorar tão prontamente
esse momento se não fosse justamente pela ausência de amor e respeito e um excesso de cinismo? O próprio
José Dias já dissera ―Olhos de cigana oblíqua e dissimulada‖. O que são os ciganos senão, um povo,
historicamente conhecido por serem traiçoeiros e enganadores? Pois, é com respaldo histórico que lhes indago,
se ela pôde dissimular o primeiro beijo, o que mais não poderia, uma vez que, ao longo dos anos, adquirira
prática no ato do fingimento?
- Quanto à criança, Ezequiel, sabemos que crianças têm o hábito de imitar os adultos, mas não os olhos, os
cabelos... Como nos é mostrado no capítulo 116, suas imitações de Escobar apareciam de forma natural, como
se fosse uma herança: ―Alguns dos gestos já lhe iam ficando mais repetidos, como os das mãos e pés
de Escobar; ultimamente, até apanhara o modo de voltar a cabeça deste, quando falava, e o de deixá-la cair,
quando ria.‖
- Quero ainda lembrar-lhes do dia do teatro, apresentado a nós no capítulo 113, no qual dona Capitolina, fingiu-
se de doente para ficar em casa e quando meu cliente retornou ao lar encontrou, para seu espanto, Escobar. ―Era
tarde para mandar o camarote a Escobar; saí, mas voltei no fim do primeiro ato. Encontrei Escobar à porta do
corredor. Capitu estava melhor e até boa. Confessou-me que apenas tivera uma dor de cabeça de nada, mas
agravara o padecimento para que eu fosse divertir-me. Não falava alegre, o que me fez desconfiar que mentia,
para me não meter medo, mas jurou que era a verdade pura.‖
- Ela mentiu. Não era a primeira vez, como já apresentei aqui. Provavelmente para marcar um encontro com
Escobar, que foi arruinado por Bento, pois ele resolveu voltar mais cedo para casa. A noite não é hora de se
visitar ninguém, Escobar poderia muito bem ter aparecido no dia seguinte, mas porque ir justamente à noite?
Dessa forma, mostro a vocês uma mulher que está acostumada a ter tudo a seus pés, e um homem inteiramente
apaixonado que está em choque ao ver que a mulher que ele amou durante a vida inteira, seu primeiro e único
amor, não lhe é recíproca, que, o coração e o corpo foram de outro homem. Que ambos ridicularizaram o meu
cliente embaixo do seu nariz e que o tornaram um homem com uma carga psicológica traumática.
- Senhores, espero ter sido clara quanto a posição humilhante do meu cliente e sobre como essa mulher pode ser
traiçoeira. Espero que os senhores tomem a decisão correta. Isso é tudo Meritíssimo. (senta-se)
PROMOTORIA: É dada a palavra à defesa. Vossa Excelência terá até uma hora e meia para a acusação.
2º ADVOGADA DE DEFESA
- Excelentíssima senhora Juíza presidente, Ilustre promotora, diletos colegas de defesa, primorosos servidores da Justiça,
gloriosa polícia militar, familiares da vítima, familiares do réu, (cumprimento ao réu e por último os jurados sorteados)
venho por meio deste mostrar-lhes que minha cliente, a senhora Maria Capitolina Santiago é inteiramente inocente,
uma vez que não há nenhuma prova contra ela e todos os depoimentos foram baseados em especulações. Onde
estão as fotos provando a traição? O próprio sr. Bento assume diversas vezes que é ciumento. Quem garante
que o ciúme não o fez imaginar todas essas situações? Ele mesmo assume isso no capítulo ―UMA PONTA DE
IAGO‖, página 113-114 e no capítulo ―EMBARGOS DE TERCEIRO‖, pág. 186. (ler o grifo do livro)
- Quanto à insistência de minha cliente, ainda durante a infância, de que eles ficassem juntos era completamente
válida, uma vez que o próprio Bento tenha confessado a ela que não queria ser padre, que não queria ir para o
seminário, como ele assumiu no cap. 18, pág. 38. (ler grifo na pág.)
- Quanto ao comportamento de Ezequiel, por favor, já nos foi revelado em diversas partes do texto que a
criança parecia-se muito com os demais parentes de ambas as famílias: os olhos claros como de dona
Capitolina, assim descrito, a princípio pelo próprio Bento, e depois mudado, provavelmente devido ao seu
ciúme; o espírito animado tal qual o do avô, o Tartaruga.
- Além disso, o próprio Bento acreditava que o filho era dado a imitações. E todos sabemos que existem
pessoas que nascem com esse dom, sabem imitar os outros com perfeição. Não o bastante, o pai também já
considerou o fato de Ezequiel e a pequena Capitolina formarem um casal e virem a casar-se. Como nos é
mostrado no cap. ―AMIGOS PRÓXIMOS‖, PÁG. 193. Se ele duvidava de sua paternidade porque levantaria
tal ideia? Que ser monstruoso levantaria a hipótese de ver dois irmãos casados?
- Senhores, espero ter sido clara quanto a posição humilhante da minha cliente e sobre como esse homem é
possessivo, dominador, inseguro e manipulador, porque ele manipula os fatos a seu favor, distorcendo a
mensagem e criando uma personalidade para a minha cliente que não faz jus a quem ela realmente é. Espero
que os senhores tomem a decisão correta. Isso é tudo Meritíssimo. (senta-se)
JUÍZA
- "Dar-se-á um intervalo de 10 minutos pra se proceder ao julgamento. Retirem a acusada. Convido o público
em geral que deixem o recinto. Convido os srs. Jurados, escrivão, oficiais de justiça e drª. Promotora, a se diri-
girem comigo à sala secreta."
SE INOCENTE:
JUÍZA - Este tribunal declara a srª Maria Capitolina Santiago inocente, tendo em vista que não há provas
relevantes para uma condenação, uma vez que todas as acusações estão baseadas em especulações das
testemunhas e no imaginário do requerente. Podendo ainda o Tribunal levantar uma ação contra o requerente
por manipulação de fatos e por exigir um julgamento aberto em uma causa perdida. Agradeço aos srs. Jurados a
presença e o cumprimento do dever. Os srs. Jurados estão dispensados.
CAPITU: (levanta-se e segue em direção a Bentinho) Nunca pensei que você pudesse ser tão baixo e
mesquinho. Depois de tudo que vivemos, depois de tanto tempo, amor e paciência que dediquei a você... Uma
vida toda guardando o mesmo amor... Mas não se preocupe, não guardarei mágoas ou ressentimento, mas o
meu amor por você está acabado, seco e sem vida, você não é merecedor nem de pena.
SE CULPADA:
JUÍZA - Este tribunal declara a srª Maria Capitolina Santiago culpada e condenada por adultério, sendo
sentenciada a um período de prisão de 3 anos. Podendo a condenada, dentro de um prazo de 10 dias, recorrer da
decisão desse Tribunal, caso esteja inconformada com a decisão que lhe foi inferida. Agradeço aos srs. Jurados
a presença e o cumprimento do dever. Os srs. Jurados estão dispensados.
CAPITU: (levanta-se e segue em direção a Bentinho) Nunca pensei que você pudesse ser tão baixo e
mesquinho. (começa a falar com a voz fraca e chorosa) Depois de tudo que vivemos, depois de tanto tempo,
amor e paciência que dediquei a você... Uma vida toda guardando o mesmo amor... Eu esperei por você quando
foi estudar fora, se eu quisesse te trair, teria feito naquela época, não depois de casados... Mas isso não importa
mais, minha alma, meu corpo e minha honra estão ofendidos... Não preciso mais viver, porque o que já foi
vivido foi uma ilusão, não preciso continuar nessa vida de desenganos...
(Capitu desmaia e é socorrida pelo “amante” (Escobar dos flashbacks) que a leva nos braços. O júri congela.
Entra o teatro, apenas com Bentinho.)
BENTINHO: Meus caros, eis o homem que por não dar ouvidos aos versos de um poeta que o acaso me
trouxe, recebeu a alcunha Dom Casmurro, sentença que carrego juntamente com outros infortúnios trazidos
pela existência. Ao fim de tudo, só o ciúme me foi companhia após o muito penar em minha própria insanidade,
a qual sinto ter contaminado a minha primeira amiga e a todos os que me cercavam. Contudo, não creio assim e
vocês hão de concordar comigo; a Capitu menina e aquela a quem votei matrimônio estavam uma dentro da
outra, como a fruta dentro da casca. Só me resta dizer o quão arrependido estou dadas as acusações levantadas
por mim e que por tal injustiça é remorso o que sentirei até o último suspiro meu.