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● Quando Capitu não foi ao teatro com Bentinho alegando estar mal e na volta
ele encontra Escobar de saída e Capitu bem melhor.
● D. Glória com o passar do tempo passa a não querer ver mais o neto, talvez
por também desconfiar da traição mostrando que não era invenção da
cabeça de Bentinho.
● Bentinho e Capitu passam muito tempo tentando ter filhos sem sucesso(o
que sugere infertilidade de Bentinho) e Escobar foi duas vezes à casa deles
sem a presença de Bentinho.
● O amigo já tinha ido em sua casa duas vezes em sua ausência e ele nem
sequer reclamou (coisa rara na época em questão, o que demonstrava 0
maldade da parte de Bentinho).
● O problema no enterro não foi o fato de Capitu ter chorado, pelo contrário, foi
a forma na qual ela olhou para o cadáver de Escobar. Embora depois disso
ele ainda tenha tentado justificar o que percebeu, buscando desculpas ou
explicações para o acontecido, analisando a própria Sansha e comparando-a
com Capitu, e por fim decidindo deixar pra lá, a semelhança física que
Ezequiel tinha com Escobar, a qual crescia e aflorava com o tempo, tornou a
traição para ele uma certeza.
● "Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente
fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas..."
● "Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da
viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a
vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã."
● "Aproximei-me de Ezequiel, achei que Capitu tinha razão; eram os olhos de
Escobar, mas não me pareceram esquisitos por isso. Afinal não haveria mais
que meia dúzia de expressões no mundo, e muitas semelhanças se dariam
naturalmente."
● "Capitu e eu, involuntariamente, olhamos para a fotografia de Escobar, e
depois um para o outro. Desta vez a confusão dela fez-se confissão pura.
Este era aquele; havia por força alguma fotografia de Escobar pequeno que
seria o nosso pequeno Ezequiel. De boca, porém, não confessou nada;
repetiu as últimas palavras, puxou do filho e saíram para a missa."
● "Era o próprio, o exato, o verdadeiro Escobar. Era o meu comborço; era o
filho de seu pai. Vestia de luto pela mãe; eu também estava de preto.
Sentamo-nos."
● "A voz era a mesma de Escobar, o sotaque era afrancesado. Expliquei-lhe
que realmente pouco diferia do que era, e comecei um interrogatório para ter
menos que falar e dominar assim a minha emoção. Mas isto mesmo dava
animação à cara dele, e o meu colega do seminário ia ressurgindo cada vez
mais do cemitério. Ei-lo aqui, diante de mim, com igual riso e maior respeito;
total, o mesmo obséquio e a mesma graça."
● "Eu, posto que a idéia da paternidade do outro me estivesse já familiar, não
gostava da ressurreição. Às vezes, fechava os olhos para não ver gestos
nem nada, mas o diabrete falava e ria, e o defunto falava e ria por ele."
● "Como quisesse verificar o texto, consultei a minha Vulgata, e achei que era
exato, mas tinha ainda um complemento: "Tu eras perfeito nos teus
caminhos, desde o dia da tua criação”. Parei e perguntei calado: "Quando
seria o dia da criação de Ezequiel?" Ninguém me respondeu. Eis aí mais um
mistério para ajuntar aos tantos deste mundo."
● "E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas,
ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior
amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que
acabassem juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve!"
Porém, o mais importante aparece logo no título deste mesmo capítulo. Machado o
nomeou ‘Embargos de terceiro’ — uma terminologia jurídica que o autor já havia
utilizado no romance ‘A Mão e a Luva’. ‘Machado usa muitas metáforas jurídicas em
sua obra’, diz Matos. Em ‘Dom Casmurro’, o termo ‘embargos de terceiro’ é uma
metáfora para disputa pela posse. No caso, a ‘posse’ de Capitu. O mesmo aparece
em ‘A Mão e Luva’ para falar sobre uma pessoa que quer conquistar a outra.
Machado não iria fazer essa associação à toa”.