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NARRADOR: Como nem tudo na vida é um drama, vamos mostrar o lado humorístico
desta história. Há um tempo, em um lugar de Pernambuco uma família de retirantes
buscava uma vida mais digna, Sinhá Vitória nunca perdia a Fé em Deus e isso a
ajudava. Fabiano, era um pai muito bruto e um marido carrasco, mas no fundo tinha
um bom coração. O filho mais velho do casal era um menino super curioso, ele queria
saber o porquê de tudo, e sempre acabava deixando Fabiano estressado. Já o filho
mais novo era sonhador, tinha o pai como um herói. Agora conheça um pouco da
história desta família.
Cena 01
- No meio do nada –
FABIANO- Mas é ruim mesmo, para de sonhar muié, essa é a nossa realidade. Isso é
obra do cão miúdo.
SINHÁ VITORIA- Fabiano, não vou discutir com tu, homem!!!
FABIANO- É até melhor ocê ir calando essa boca, parece um papagaio falando!!!
FILHO MAIS VELHO- Painho, eu sou igual mainha tenho um mói de sonhos, o senhor
é muito carrancudo.
FABIANO- Oh misera, cala essa boca também, se não eu vou te dá-lhe um catiripapo.
FILHO MAIS VELHO- Mas é o cão mesmo, eu já não tenho uma boa vida, e painho
ainda não deixa eu sonhar. Misera, isso é uma miséria mesmo.
SINHÁ VITORIA- Oh meu fio fica assim não, teu pai ta nervoso, mas nada nos impede
de sonhar.
FILHO MAIS NOVO- Sabe mainha, eu me sinto triste só porque eu não tenho nenhum
amigo, para brincar, conversar e me sentir feliz.
SINHÁ VITORIA- Oh meu filho, temos que agradecer a Deus só pelo fato de nois ta
tudo vivo.
Cena 02
- A família entra na fazenda -
Cena 03
ALGUNS DIAS DEPOIS...
FILHO MAIS NOVO- Painho, painho, chegou um homi jeitoso e ele tá proseando com
mainha.
FABIANO- Tu deixa de inventar história moleque.
FILHO MAIS VELHO- Mar é verdade painho, o sinhor acha que nois ia mentir, ele tá
com uma prosa, dizendo que é dono da fazenda.
FABIANO- Tô dizendo, eu tinha falado pra mãe docês, ela e aquela fé dela. Teimosa...
Eu disse, Deus não lembra de nois não.
PATRÃO- Eu quero que o senhor trabalhe pra mim, em troca te dou um lugar pra
dormir e alguns trocados.
Cena 04
- Patrão Safado -
FABIANO- Oh minha veia, eu não sei quanto aquele cão do inferno vai me pagar.
FILHO MAIS VELHO- Painho, aonde fica esse tar de inferno?
FABIANO- Vê se não me enche menino, vai caçar o que fazer vai!
FILHO MAIS NOVO- Ô abestado, o que ocê ta fazendo?
FILHO MAIS VELHO- Painho mandou eu caçar o que fazer, uai to caçando!
FILHO MAIS NOVO- Parece ser bom, deixa eu caçar com ocê?
SINHÁ VITÓRIA- Vão brincar lá fora, abençoados!
FABIANO- Então nois faz assim, ele vai pagar eu hoje, aí tu vem com eu!
Cena 05
- Diálogo dos irmãos –
FILHO MAIS NOVO- Sabe, quando eu crescer quero ser igual ao Painho.
FILHO MAIS VELHO- Por quê?
FILHO MAIS NOVO- Porque se ocê me perguntar porque de novo, eu arranco seus
dentes, infeliz!
FILHO MAIS VELHO- Por quê? -rindo-
Cena 06
- a morte da Baleia -
FILHO MAIS NOVO- -gritando- PAINHO, a Baleia ta lá estirada no chão, ajuda ela
Painho!
FABIANO- Que diacho menino, tô indo ver o que tem Baleia!
FILHO MAIS VELHO- Mainha, diz que a Baleia vai ficar curada!
-chorando- Ela nem late mais!
FABIANO- Ô diacho, essa cadela ta sofrendo, temos é que deixar ela ir descansar!
SINHÁ VITÓRIA- Não tem outro jeito não marido?
FILHO MAIS VELHO- Não, fale que o senhor vai levar ela pro céu.
SINHÁ VITÓRIA- É mió, pra ela parar de sentir dor.
FILHO MAIS NOVO- -chorando- A Baleia sempre foi boa pra nóis.
- Tela preta... Cadela andando em direção a porta –
Cena 07
- Cobrando do Patrão -
FABIANO- Mas moço, eu ralo o dia todo, e os trocados que eu ganho não dá pra
nada.
PATRÃO- A crise afetou todo mundo.
FABIANO- Eu não quero saber dessas crise não, eu vou é pegar minha famía e nóis
vai é simbora, e tu pega essa tal dessa Crise, e pague a ela pá trabaiá na sua
fazenda!
FILHO MAIS VELHO- Painho, até hoje tu não me falou onde fica esse tar de inferno,lá
é quente?
FABIANO- Cala a boca minino, bó umbora daqui.