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A origem do Bolero

Embora de origem espanhola (de boleras [bolas] ou de volero [de volar – voar]), a
formatação musical do Bolero, como o conhecemos hoje, desenvolveu-se principalmente
em Cuba, mas também com grande vigor em Porto Rico, República Dominicana e
México, seu principal difusor. A dança Bolero praticada atualmente no Brasil tem suas
origens no Rio de Janeiro, sob grande influencia do Tango. Já em outros países latinos,
esta mais próxima de uma Rumba mais lenta, sem muitas variações de figuras, pois é tida
como dança para romance.

Conhecendo melhor a história do Bolero como musica

Temos que inicialmente dividir a historia musical do Bolero em dois momentos:


antes e depois de sofrer um processo de “cubanização” em meados do Sec. XIX.
O primeiro registro da palavra bolero que se tem conhecimento data do século X,
de uma dança de origem árabe, o Bolero de Algodre, que era dançado em grupos de três
pessoas – um rapaz e duas mocas. Embora não pareça o bolero ter ai a sua raiz, devido ao
fato dos mouros terem ocupado a Espanha por muitos séculos, não é de se estranhar que o
Espanhol tenha absorvido esta palavra, que para muitos veem das boleras (bolas) que
ornamentavam os vestidos das ciganas. Enquanto para outros vem de volero (de volar –
voar), pois estas dançarinas pareciam estar voando ao fazerem seus rodopios e
movimentos nos vestidos. De qualquer forma, estas versões nos dão uma certeza, que a
origem esta na Espanha, e não na Franca ou na Inglaterra, onde dançou com o nome de
danza e contradanza, como sugerem alguns.
Ao chegar a Cuba, Porto Rico, Republica Dominicana e México, o Bolero Espanhol
vai se formando baseado na “cancion de prosápia hispânica” e agregando elementos das
arias operísticos, da romanza francesa e da canção napolitana. Ate Ravel, compositor
clássico, deu sua versão em o “Bolero de Ravel”.
Analisando a Cuba do século XIX e de fins do XVIII, detecta-se atuante presença
inglesa desde que barcos tomaram La Hanana em 1762. Logo depois, no final do século
XVIII, franceses e seus servidores negros e mulatos chagaram a Cuba, fugindo dos
rebeldes haitianos, trazendo para a burguesia e a aristocracia cubana a contradanza e a
novidade do casal dançar entrelaçado, o que levou os pais a imporem as suas filhas que
dançassem com os quadris bem separados.
Nessa época é notável também o crescente movimento entre o México e os portos
do sul de Cuba, desde os anos da retenção da zona de San Juan de Ulua por tropas
espanholas (1825), assim como a presença de famílias e tropas, vindas das recém
instauradas republicas latino americanas, o que acabou por gerar a introdução de uma
nova forma de acompanhamento musical, a mistura de “rasgueado y punteado”, muito
segmentado e constante na primeira guitarra e acentuado tonalmente na segunda guitarra,
renovando o contato dos cubanos com os sons yucatenos.
No aspecto rítmico muito se agregou da danza, da habanera e da figura rítmica do
El cinco, proveniente das musicas folclóricas de Saint Domingue. Assim nesse caldeiral
de culturas, surge em Santiago de Cuba, “El Bolero”, que embora tenha emprestado o
nome de seu homônimo hispânico desse muito se diferencia. A começar, por exemplo, da
sua estrutura de compasso em dois por quatro, em vez dos três por quatro do bolero
espanhol.
Hoje o Bolero tem presença mundial devido principalmente à difusão pelo México,
e têm contribuído com seu romantismo para a união de muitos casais já há muitas
gerações.

Conhecendo melhor a historia do Bolero como dança

Aqui também se descatam três momentos, antes de ser “cubanizado” em meados do


século XIX, pós-Cuba e a criação do estilo carioca de se dançar Bolero. Inicialmente era
executado com acompanhamento de castanholas, violão e pandeiro, tal qual o fandango
(dança espanhola de origem árabe), enquanto o casal dançava sem se tocar, com sensuais
movimentos de aproximação e afastamento.
Em 1780 o bailarino espanhol Sebastian Cerezo criou com muito sucesso uma
variação baseada nas Seguidillas, bailados de ciganas andaluzes, cujos vestidos eram
ornados com pequenas bolas (as boleras), o que veio reforçar a versão da origem do nome
Bolero.
Trazido pelos espanhóis para suas colônias na América, ele foi se modificando
pelas influencias locais e recebendo contribuições, em especial, de ritmos vindos da
África, assim como a contradanza francesa, que levou aos dançarinos cubanos a novidade
do casal dançar entrelaçado, o que gerou grande rebuliço na burguesia e aristocracia
cubana, fazendo com que os pais orientassem suas filhas a dançarem com os quadris
afastados, somente a parte de cima teria contato, característica que hoje não se vê mais no
bolero cubano, dançado com movimentos semelhantes aos da Rumba, porem, mais lentos
e com poucas variações, mas que ainda permanece em muitos dançarinos de Son e Salsa.
Curiosamente, só no Brasil, em especial no Rio de Janeiro, essa dança adquire uma
estrutura mais complexa incorporando movimentos do Tango, como trocadilhos, esses,
caminhadas, cruzados e giros. Nos demais estados, ate o inicio da década de 90,
restringia-se praticamente a base do “do dois para lá e dois para cá” ou mesmo ao “um
pra lá e dois para cá” dos dançarinos mais antigos. Em São Paulo mesmo, como nos
lembra o Prof. Roberto Mendoza, o Bolero só se reformula para a forma como é dançada
hoje, quando sua Academia, a Strapolos, contrata em 1994, os professores cariocas Joao
Carlos Ramos e Elane Delatorre para introduzirem em São Paulo, o Samba de Gafieira, o
Bolero e o Soltinho, ainda inéditos no meio acadêmico da dança de salão paulistana.
No entanto, mesmo com toa essa trajetória de transformações sempre foi mantido
seu caráter de dança de galanteio, suave, terna e romântica, com movimentos
caracterizando uma eterna busca da conquista da mulher amada, que por sua vez seduz o
parceiro, num jogo que pode durar 3 minutos ou mesmo uma vida inteira.

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