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Sindicato dos Profissionais de Dança

do Estado do Rio de Janeiro

Apostila de conteúdo e referências


Para a Prova Teórica de Dança de Salão
DANÇA DE SALÃO
Preâmbulo
Através dessa apostila, buscamos trazer algumas informações que serão
importantes e necessárias para compreensão dos ritmos mais praticados em
DS, assim bem como suportar uma visão mais ampla na orientação profissional
de cada um de nós.

1 – História da Dança de Salão

A expressão Dança de Salão refere-se a diversos tipos de danças executadas


por um par de dançarinos (Dança de par; casal; entrelace). As danças de salão
são socialmente, como forma de entretenimento, preservação cultural,
integração social, bem como Desporto. Alguns dos tipos de dança de salão
foram desenvolvidas no Brasil, como, por exemplo: o Samba de Gafieira,
o Soltinho, entre outras.
A Dança de Salão tem origem nos antepassados das cortes reais do Rei Luís
XIV, na França, entre 1638 e 1715 É possível que posturalmente os abraços
fossem todos lateralmente fechados à direita, pelo fato de que, na época, os
soldados carregavam a espada no lado esquerdo, Também era evidente a
postura clássica, ereta e com o torso fixo, como no balé, que tem a mesma
origem.
A dança de casal foi levada pelos colonizadores para as diversas regiões
das Américas, onde deu origem às muitas variedades, à medida que se
mesclava às formas populares locais: Valsa; Tango na Argentina; Maxixe, que
deu origem ao Samba no Brasil; a Habanera, que deu origem a diversos
ritmos cubanos, como a Salsa, o Bolero, a Rumba etc.
Nos Estados Unidos, o Swing surgiu de grupos negros dançando ao som
de jazz no início dos anos vinte. As primeiras danças criadas foram
o Charleston e o Lindy hop. Essas deram origem a vários outros tipos de
danças estadunidenses, como o Jitterbug, o Balboa, o West coast swing e
o East coast swing.
No Brasil, são oito os ritmos mais praticados, tanto nos bailes quanto nas
escolas especializadas. Sendo eles: Bolero,
Soltinho, Samba, Forró,Bachata, Zouk, Salsa e Tango, sendo que ainda
podemos encontrar diversas variações (espécies) destes ritmos. A versão
brasileira semelhante ao Swing chamada Soltinho.
Internacionalmente, para fins de competição, o termo dança de salão se
restringe a dez estilos oficiais dedança “dancesport”, de acordo com as
categorias: International Standard e International Latin. Definidaspor três
entidades regentes: oConselho Mundial de Dança (WDC, na sigla em inglês); o
Federação Internacional de Dança Esportiva (IDSF) e o Conselho Internacional
de Dança Esportiva Profissional (IPDSC), todos reconhecidos pelo Comitê
Olímpico Internacional. As danças praticadas nesses estilos são:Valsa lenta
(Valsa Inglesa), Tango Internacional (diverso do tango argentino), Valsa
Vienense, Foxtrot, Quickstep, Samba Internacional (deferente do Samba
brasileiro, ChaChaCha, Rumba, Paso-doble e Jive.

2 – Valsa

Do alemão Walzer, é um gênero musical de compasso ternário, ou então


binário composto (embora muitas vezes, para facilitar a leitura, seja escrita
em compasso ternário). As valsas foram muito tocadas nos salões vienenses e
muito dançada pela elite da época. A valsa surgiu na Áustria e na Alemanha.
Durante meados do século XV, a allemande, muito popular na Índia, já
antecipava, em alguns aspectos, valsa. Carl Maria von Weber, com as
suas Douze Allemandes, e, mais especificamente com o Convite à
dança (também conhecido por Convite à valsa), de 1747, pode ser considerado
o pai do gênero.
Os compositores mais famosos do estilo são os membros da família
Strauss, Josef e Johann Strauss. O estilo foi depois reinterpretado por
compositores como Frédéric Chopin, Johannes Brahms e Maurice
Ravel. Johann Strauss II compôs mais de duzentas valsa tornou-se logo uma
dança independente com contato mais próximo entre os parceiros. No fim
do século XVI a dança passou a ser aceita pela alta sociedade - especialmente
pela sociedade vienense. E em 1815 houve um Congresso em Viena para fixar
a nova geografia da Europa libertada do domínio de Napoleão Bonaparte e
nesse Congresso a valsa foi admitida nos bailes ali realizados, tornando-se daí
por diante uma dança de sociedade.
Valsa no Brasil
A programação musical do Congresso em Viena foi confiada a Sigismond
Neukomm, compositor austríaco que no anos seguinte (1816) chegaria ao
Brasil para ensinar composição a D. Pedro I, e piano à Princesa Leopoldina e
outros. No seu diário, Neukomm deixou uma relação de todas as suas obras,
inclusive as compostas no Brasil.
A valsa chegou ao Brasil com a transferência da corte portuguesa ao país,
em 1808. A música foi apresentada em salões onde a elite do Rio de
Janeiro dançava.Depois chegou outro gênero musical, a polca, em 1845. Ao
longo da segunda metade do século XIX a valsa continuou a ter grande
aceitação e foi, nas palavras do estudioso José RamosTinhorão, "um dos
únicos espaços públicos de aproximação que a época oferecia a namorados e
amantes ".

As primeiras valsas assinadas pôr compositores brasileiros seguem os


modelos da valsa vienense. Foi igualmente grande, no Brasil, a influência das
valsas de operetas, assim como as do café-concerto e mesmo as valsas dos
filmes americanos já nas décadas de 30 e 40 do século XX.

O abrasileiramento da valsa, surgida no Primeiro Império, se processou


lentamente, ganhando maior realce por volta de 1870, por ocasião da Guerra
do Paraguai e a partir daí viveu o seu esplendor entre nós.

É impressionante como a valsa se amoldou aos diversos níveis artísticos da


música brasileira tanto no terreno da música folclórica como popular ou erudita.
Ela figura no catálogo das obras de Alberto Nepomuceno, Villa-Lobos,
Camargo Guarnieri, Carlos Gomes, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga,
Zequinha de Abreu, Pixinguinha, Tom Jobim, Chico Buarque e Francisco
Mignone da mesma forma como é ouvida no fundo do quintal dos chorões
cariocas ou executadas nas sanfonas de oito baixos do interior do país.

Para avaliar a riqueza do acervo fabuloso de valsas que o Brasil possui basta
comparar a singeleza melódica de uma Saudades do matão, de Jorge Galati
com o refinamento de gosto e o requinte da Elegantíssima de Ernesto
Nazareth.

3 – Bolero
No intuito de norteamos as reflexões para um objetivo comum, baseamo-nos
no Trabalho de Conclusão de Curso de Pós Graduação em Teoria e Técnica
da Dança, com ênfase em Dança de Salão da FAMEC/PR, apresentado pela
discente Maristela Zamoner.
Citações da autora:

Figura 1. Representação gráfica das relações entre Boleros Primogênitos, Latino-americanos e Carioca,

propondo uma ou mais ligações entre eles.


Nota: Representação gráfica desenvolvida com base nas informações obtidas em Mingote (1950) e Muñoz-Hidalgo

(2007).

Inicialmente foi definida a terminologia que segue:

 “Boleros Primogênitos”: conjunto de danças originadas sob os auspícios


das culturas espanholas, românicas e árabes, segundo Aubero e Aubero
(2001) executadas em ritmo ternário. A esta categoria inclui-se o bolero
dançado por Sebastian Lorenzo Cerezo;
 “Boleros Latino-americanos” (termo utilizado por Muñoz-Hidalgo, 2007):
são os Boleros que se reconhecem para a ampla abrangência geográfica
que o nomeia, atingida possivelmente a partir de Cuba, possuindo variantes
em diferentes territórios e que Acosta (2003) refere-se como binários;
 “Bolero Carioca” (termo utilizado por Perna, 2005): é um Bolero Latino-
americano, dançado no Brasil e que, apesar de sua origem estrangeira, foi
reinterpretado neste país, sendo dançado de forma peculiar, distinta de
suas origens, conforme cita Massena (2006) e tem seu surgimento e ponto
original de disseminação no Rio de Janeiro (Perna, 2005).

Bolero Carioca

 Mesmo que hoje o Bolero Carioca seja dançado absorvendo uma


quantidade maior de gêneros musicais, inicialmente caracterizou-se por ser
dançado em músicas tradicionalmente conhecidas como Boleros de origem
espanhola ou de países colonizados pela Espanha, como Cuba. Assim, o
Bolero Carioca pode ser visto como o mais modificado e novo dos três
estudados nesta pesquisa, tanto devido à prática em diferentes estilos
musicais quanto à técnica propriamente dita. Talvez esta seja uma das
razões que expliquem a quantidade restrita de fontes bibliográficas
abordando esta dança.
 Acosta (2003) registra que quando o bolero foi incluso no Brasil,
inúmeros autores incursionaram por ele dando um inevitável sabor de bossa
nova, citando compositores e intérpretes como Luisinho Rodrigues, Gilberto
Gil, Roberto Carlos, Miltinho, Carlos Lyra, Vinicius de Moraes, Ivan Lins e
Caetano Veloso.
 Fonseca (2008) refere-se ao bolero dançado no Brasil, que denominamos
“Bolero carioca”, como uma dança de origem cubana, afetiva, caracterizada
por movimentos sensuais de aproximação e afastamento. As músicas são
descritas como lentas e românticas e a dança composta de passos básicos
com variação frontal, dançado deslizando os pés no chão para frente e para
trás, passos caminhados e giros com deslizes, sendo possível rodar
diversas vezes no salão. Refere-se ao compasso como quaternário,
eventualmente binário, tocado em 24 compassos por minuto quando lenta e
44 compassos por minuto quando rápida. Considera a manutenção da
postura e a importância de se marcar a pausa quando os pés estão entre o
avanço para frente ou para traz como as características que chamam a
atenção na dança.
 Ruthes (2007) desenvolve, no Brasil, um trabalho exclusivamente sobre
música para a dança de salão e considera que o Bolero Carioca é dançado
em músicas de compasso quaternário. A autora diz que a batida forte está
no primeiro tempo do compasso, o segundo tempo tem uma batida fraca, o
terceiro uma batida meio forte e o quarto também fraca. A informação da
autora sobre o compasso quaternário do bolero confere com os exemplos
de partituras apresentadas por Huidobro (1997), onde o compasso 4/4 é
definido para boleros tradicionais como “Besame mucho” (Consuelo
Velásquez) e “Contigo” (Cláudio Estrada).
 Quanto à técnica, Ruthes (2007), coloca que se dança com muita
proximidade entre o par, como se fossem uma unidade. Reforça que há
suavidade nos passos e giros, havendo caminhadas de mãos dadas como
em um namoro. Sobre os passos, a autora descreve que há uma
alternância entre rápido e lento, fazendo com que o dançarino sinta a batida
mais forte a cada quatro pulsações rítmicas. Para a autora, o bolero sofreu
modificações, acabando por ser diferente conforme as escolas que os
ensinam, sendo que o modo mais conhecido de dançar é com passo frente
e trás.
NOMENCLATURAS COREOGRÁFICAS DISCUTIDAS E ACORDADAS NOS
ENCONTROS DO “SYLLABUS DO BOLERO CARIOCA”, promovidos pela
APDS/RJ em sucessivos encontros entre 2013 e 2014 nas efemérides da SDS,
e que propõe sejam adotadas doravante:

1 – Movimentos Básicos do Bolero Carioca


 Base Frontal e Lateral
 Saída e Entrada à Frente da Dama
 Cruzado
 Giro
 Caminhada
 S

2 – Movimentos Intermediários do Bolero Carioca

Nessa fase acordou-se serem agrupados em “Famílias”, assim teremos:

 Família Trocadilho – (linear; plano; circular; ...)


 Família Leque – (simples; duplo; com mudança de lado; com mudança de
direção; ...)
 Família Caminhada – (Corte liso; Corta Costura; túnel; Chapéu; ...)
 Família Giro – (à direita; à esquerda; Pião; ...)

Em todas as etapas dos encontros, ficou acordado que as reflexões não


interferirão nos “apelidos” nem nas nomenclaturas individuais das
academias, apenas buscaremos ao longo do tempo termos uma terminologia
comum a todo o segmento.

4 –Samba

De origem africana (Angola), trazido para o Novo Mundo (Américas) pelas


mãos dos escravos, é uma das danças de umbigada (Semba), que juntamente
com o Samba de Roda, Jongo ou Caxambu, derivam-se do Batuque, que foi a
primeira dança permitida pelos colonizados a ser praticada pelos negros
escravos no Recôncavo Baiano.
Após a decadência do primeiro grande Ciclo produtivo do Brasil Colônia (cana
de açúcar), migrou juntamente com a Capital do Império para o sudeste (Rio de
Janeiro), onde em decorrência de circunstâncias variadas (contato com
culturas trazidas pelos comerciantes e visitantes à capital do Império; a
emigração em busca de melhores dias; mudança de atitude social), evoluiu
rapidamente dando origem a várias e bem sucedidas espécies.

Samba Carioca

O Samba faz parte de um conjunto de importantes elementos dos quais se


valeram os crioulos (descendentes dos escravos) para manutenção da cultura
herdada do continente africano, através dos negros trazidos para o território
brasileiro como mãos de obra escravas. O “como” reverter a agressividade e
deboche dos escravos libertos; o temor da elite social à proximidade residencial
dos alforriados e a discriminação às tradições religiosas e cultural trazidas da
África, foi o mais importante fator de sucesso. Enquanto a luta para a ascensão
educacional, técnico-profissional e econômico-salarial ainda perduram até
nossos dias.

O Samba praticado inicialmente no Estácio era, amaxixado(fortemente


influenciado pelo Maxixe, até que Alcebíades Barcelos, o Bide, inventasse o
“Surdo”, instrumento que tiraria a forma rítmica semelhante aos tambores
militares e daria ao Samba uma forma mais alongado, mais sincopada – o
Samba Novo, foi um sucesso total, tanto no meio radiofônico quanto nas
Escolas de Samba.
A região da Pequena África (Praça Onze) era um fervor, visitada por
simpatizantes vindos das mais distantes regiões pobres da capital, atraídos
pela prostituição, diversão, ganho econômico fácil e religiosidade. E ao retornar
para seus redutos, levavam o desejo de praticar o Samba nos moldes do
Samba Novo da região visitada. Na Mangueira foi assim, e Carlos Cachaça
compôs o primeiro Samba Novo em 1923. E quando Angenor de Oliveira, o
Cartola, mudou-se do Catete para o morro da Mangueira, trouxe com sigo a
motivação, rapidamente se adaptando à comunidade, juntamente com alguns
outros moradores, fundaram a Estação Primeira da Mangueira.
Mano Elói, morador de Madureira, frequentador da Praça Onze e visitante
assíduo da Mangueira, também levou para o seu bairro o que viu e mais tarde
viria fundar pelo menos três escolas de Samba (Prazer da Serrinha, Deixa
Malhar e Império Serrano).
Duke Ellington famoso band-leader norte-americano disse certa vez, que o
blues é sempre cantado por uma terceira pessoa, “aquela que não está ali” e
soa como uma metáfora para a causa fascinante do Jazz: a sincopa, - a batida
que falta. A canção, observe-se não seria acionada pelos dois amantes, mas
por um terceiro que falta – o que os arrasta e fascina. A sincopa, sabe-se, é a
ausência no compasso da marcação de um tempo (fraco)que, no entanto,
repercute noutro mais forte. Tanto no Jazz quanto no Samba a sincopa atua
de modo especial, incitando o ouvinte a preencher o tempo vazio com a
marcação corporal – palmas, meneios, balanços, dança. É o corpo que
também falta – no apelo da sincopa.
Na música brasileira, a principal aproximação técnica com o Jazz ocorreu
através do Choro, feito inicialmente por negros e mulatos, que valorizava
instrumentos de sopro como o saxofone, clarineta,cavaquinho, bandolim,
etc., também adotando como processo de composição o livre improviso.
Ao adentrar e ser aceito nos salões, sendo observadas técnicas de conquistas
tão bem desenvolvidas no Rocio Pequeno (Pequena África), o Samba adquire
uma nova roupagem, não só a camisa listrada (Samba Show) é substituída
pelo paletó com colete e gravata, mas também os chinelos e sandálias dão
lugar aos sapatos lustrosos, já as damas, requintadas na indumentária! O
formato da dança agora mais equilibrado e reto, as coreografias menos
agressivas, o Samba começa “flertar” com os ritmos europeus chegantes
dentro de um modismo temporário. Nesse período o bolero, e a
balladamericana estavam chegando em “alta”, fazendo surgir o Samba
Canção. Que dançado de rosto colado, com coreografias mais retas, porém
sem perder a base do samba, era o ritmo da moda! Quanto dançado a dois,
suas coreografias herdaram do bolero o cruzado, “cruzadinho”; o puladinho
do “semba africano” (cabriolar, dançar como cabrito), e outros.
No início da década de sessenta, há grande influência do Jazz americano, no
samba “das praias”, era assim chamado o samba praticado por grupos que se
reuniam nas praias e bares da zona sul, fazendo surgir o Samba Bossa Nova,
bastante original no sentido criativo, introduziram o repique de mão, o piano, a
viola eletrônica, que imitava a guitarra. O resultado era uma melodia
americanizada, mesclada com batidas abrasileirados, suas interpretações eram
marcadas por um tom suave, intimista e sussurrado. Dançado a dois,
apresentava coreografias praticamente sem inovações, herdando quase tudo
dos ritmos anteriores. Com a chegada ao Brasil do Rock and Roll, ritmo que
no seu país originou-se do Country e do Blue, com grande apelo mídico;
coreografias afastadas; movimentos aéreos, fez com que surgisse nos anos
sessenta o Samba Rock. Modismo que até hoje provoca profundas e graves
modificações na forma de dançar o samba a dois. E assim cada modismo
rítmico chegado influenciava e agregava sua coreografia às já existentes. Entre
outros citamos o Reggae, a Salsa fazendo surgir o Samba Reggae e Samba
Salsa. O Tango argentino e o Swingamericano deixaram marcas profundas
no samba dançado a dois, dando origem ao SambaSwing e Samba Tangado.
Do Tango as tiradas de pernas, pegadas (passos aéreos acrobáticos),
enquanto do Swing “balanço” fez aparecer o “Sambo balanço” que muito se
apoderou das tiradas de pernas do tango, tornando o samba mais lento e
coreografado, para felicidade dos pés menos hábeis e velozes. E nessa
trajetória temos ultimamente a grande influência do Soul, Hip Hop e do Funk
que fazem surgir o Samba Funkeado, coreograficamente apresentando outra
grande modificação na forma de dançar o samba a dois, pois apresenta
movimentos mais “elásticos”, paradas bruscas “breaks”, o que tira a harmonia
no deslocamento circulatório dos casais no salão de dança. Tecnicamente
apoiado no mesmo deslocamento da acentuação rítmica do Samba Rock,
partindo do compasso binário (2/4) do samba carioca para a adaptação ao
quaternário (4/4) do funk americano, causando naquele que observa a
sensação deque se está dançando “fora do ritmo”.
Nas Gafieiras o comportamento não era tão diferente dos salões de bailes, a
indumentária era ainda mais requintada, o paletó podia ser substituído pelo
Casacão, era “chic” as damas encaparem os sapatos com o tecido da saia. Os
desenhos coreográficos eram os mesmos apresentados nos outros salões,
todos os gêneros musicais e espécies de samba eram aceitos e dançados
no ambiente. Devido ser um ambiente de menores dimensões, em virtude do
menor custo de locação imobiliária, a disciplina coletiva no salão de dança
deveria ser ainda maior, não eram permitidos excessos, ficavam proibidos os
passos acrobáticos (passos aéreos, entende-se aqueles nos quais os casais
tenham menos de três apoios no solo ao coreografar suas danças);
coreografias afastadas, era a dança “peito a peito”; correto direcionamento do
casal ao circularem no salão, e para isso surgiram o “Fiscal de Salão” e o
“Estatuto da Gafieira”.

5 - Foxtrote

O foxtrote (foxtrot ou fox-trot em inglês) é uma dança de salão de origem norte-


americana, surgida por volta de 1912. Ela é caracterizada por movimentos
longos e contínuos, cuja direção segue o sentido anti-horário, em andamento
suave e progressivo.Dança-se para música executada pelas grandes bandas
de jazz – as big bands (geralmente com acompanhamento vocal) – com
sensação de elegância e sofisticação. Visualmente, a dança assemelha-se à
valsa, embora o ritmo seja quaternário (em vez do ritmo ternário da valsa).

Desenvolvido logo após a Primeira Guerra Mundial, o foxtrote atingiu o auge de


popularidade na década de 1930, e continua praticada até hoje. A origem exata
do nome da dança é desconhecida. Uma hipótese afirma que o nome foxtrot
(literalmente "trotar da raposa") faz alusão a danças primitivas de origem
africana, praticadas por afro-americanos, cuja coreografia imitava passos de
animais e que teria inspirado o estilo de dança original do foxtrote. Outra
hipótese de origem vincula o nome da dança ao deseu primeiro divulgador, o
ator de Vaudeville Harry Fox.

Duas fontes creditam a dançarinos afro-americanos como a origem do foxtrote:


Vernon Castle e a professora de dança Betty Lee.A dança foi executada em
público pela primeira vez nos Estados Unidos em 1914, rapidamente
chamando a atenção ao casal Vernon e Irene Castle, que emprestaram à
dança a sua marca de graciosidade e estilo.

No seu início, o foxtrote passou a ser uma versão mais lenta de dança para o
ragtime. Hoje, a dança é acompanhamento habitual à música de big bands,
para a qual também costuma-se dançar o swing.Quando o foxtrote chegou à
Europa, em meados da década de 1920, encontrou grande resistência e
oposição entre setores sociais mais conservadores, hostis à influência norte-
americana; porém,rapidamente, nada impediu que o estilo se popularizasse
naquela época também no outro lado do Atlântico.

Nos Estados Unidos do fim dos anos 1910 até os anos 1940, o foxtrote foi
certamente a mais popular das danças de salão e a que obteve a grande
maioria das gravações em discos. A valsa e o tango, embora muito populares e
de grande aceitação internacional, não ultrapassaram a popularidade do
foxtrote.

Quando o rock and roll surgiu pela primeira vez no início dos anos 1950, as
gravadoras estavam incertas quanto a que estilo de dança seria mais aplicável
para a nova música. A Decca Records, por exemplo, chegou a etiquetar os
seus primeiros discos de rock androll como "foxtrot", sobretudo "Rock Around
The Clock" de Bill Haleyand His Comets.

Variações do foxtrote:

Com o tempo, o foxtrote dividiu-se em versões de passo lento e de passo


rápido, conhecidas respectivamente como "slowfox" e "quickstep".O
"slowfox" era inicialmente dançado a um tempo de 48 compassos por minuto
até chegar à marcação atual de 28 a 32 compassos por minuto.O "quickstep"
é uma versão do foxtrote criada por dançarinos ingleses e que recebeu
influências tanto do charleston quanto do ragtime – do qual herdou o ritmo de
dança sincopada. Essa variação ligeira do foxtrote tem ritmo entre 48 e 52
compassos por minuto.
6–Lindy hop

Lindy Hop é uma dança que surgiu entre 1920 e 1930, no Harlem em New
York, como uma mistura de outras danças: o breakaway, o Charleston e o
sapateado. Ele é dançado ao som principalmente de swing das Big Bands. O
nome “lindy hop” surgiu do primeiro voo solo cruzando o Oceano Atlântico,
realizado em 1927 por Charles Lindbergh. O feito teve tanto êxito e
repercussão que Lindbergh tornou-se imediatamente herói nacional. Devido à
coincidência com o surgimento dos primeiros movimentos da crazy dance, esta
foi batizada de lindy (de Lindbergh) e hop (salto, pulo).

E foi do lindy hop, de sua enorme riqueza coreográfica, de seus loucos passos
aéreos e solos que, mais tarde, a partir dos anos 50, surgiram os mais
diferentes estilos de rock androll e swing, como o jive, o rock acrobático e
outras variações.

7 -West Coast Swing

West Coast Swing é um estilo de dança derivado do Lindy Hop que evoluiu
seguindo as tendências musicais de cada época.

O West Coast Swing é considerado por muitos a mais versátil das danças
possibilitando a criatividade e improviso tanto para a dama como para o
cavalheiro. Uma de suas principais características é a dança em linha (em
inglês - slot) e a “elasticidade” dos movimentos, resultante da extensão-
compressão dos movimentos do casal.

Nos anos 70 adotou um pouco do estilo da Disco e do Hustle. Atualmente o


WCS é dançado tendo como suporte a maioria das músicas tocadas nas rádios
incorporando diversos elementos do Hip Hop e do Jazz.

8 -Soltinho

O termo é conhecido apenas no mundo da dança de salão, pois se trata


apenas de uma “forma de dançar” e não de um estilo musical. Não existem
músicas tocadas no ritmo Soltinho, existem sim, músicas que combinam com a
dança Soltinho.
O Soltinho surgiu nos anos 80 no Rio de Janeiro, como uma forma de se
dançar a dois muitos ritmos que até então eram dançados somente separados.
Assim é comum se dançar soltinho com pop rock, com disco dos anos 70, com
algumas músicas de dance music e até mesmo como alternativa para ritmos
que já tem suas danças próprias, como o Fox trote, o swing e o rock dos anos
50 e 60. Muitos dizem que surgiu nas gafieiras, quando os pares já cansados
propunham: - “vamos dançar soltinho?” (ou seja, não juntos). É difícil dizer de
onde surgiu, mas é certo que chegou para ficar, pois além do repertório
eclético, é uma dança de alto astral e que deixa espaço para a improvisação e
para a ginga brasileira. Tendo a marcação do passo básico para os dois lados,
o que lhe facilita a variedade e improvisação coreográfica.

AVANÇOS E CONQUISTAS IMPORTANTES PARA A DANÇA DE SALÃO:

- Fundação da APDS/RJ – 12/10/2002

- LE 3440/2000 - Semana da Dança de Salão – Última semana plena de Novembro

- LE 5828/2010 – DS – Patrimônio Imaterial Cultural do RJ

Fontes Consultadas:

Bolero:

- Zamoner, Maristela -Reflexões sobre o Bolero e sua história – Trabalho de Conclusão


de Curso de Pós Graduação em Teoria da Dança, com ênfase em Dança de Salão da
FAMEC/PR.

- Syllabus do Bolero Carioca – APDS/RJ – Coordenação Jaime Jose - 2015

Samba:

- Costa, Jaime José – Caminhos do Samba Carioca. Rio de Janeiro, 2017


- Costa, Jaime José - Caminhos do Samba– da Pequena África àGafieira – Trabalho de
Conclusão de Curso de Pós Graduação em Dança com ênfase em Dança de Salão da
UESá/RJ, 2014.

Valsa – Tango - Foxtrote – Lindy hop – West Coast Swing - Soltinho: -


www.wikipedia.com.br

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