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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO

SECRETARIA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


Campus Universitário – Trindade 88010-970 - Florianópolis - SC
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Disciplina: ARQ 5621 – História da Arte, Arquitetura e do Urbanismo I


Professor: Milton Luz da Conceição.
Créditos: 04– Horas/aula: 72.

PROTOMODERNISMO

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Ao mesmo tempo que ciência e arte, a ARQUITETURA também fundamenta-se nas condições particulares
de determinado momento histórico, que lhe conferem:
FORMA (firmitas),
FUNÇÂO (utilitas),
E como nos aspectos ideológicos individuais e coletivos, o que lhe garante:
SIGNIFICADO e CARATER (venustas).

Compreender o modo pelo qual a obra arquitetônica foi concebida, suas bases e princípios de criação, é
uma forma de desvendá-la, interpretando-a em todos os seus sentidos; enfim, compreendo-a como obra de
arte e, ao mesmo tempo, bem-de-consumo.

A Tríade vitruviana foi apresentada por Vitrúvio como os três elementos fundamentais da arquitetura

Vitrúvio foi um arquiteto e engenheiro romano que escreveu o tratado “De Architectura” no século I a.C.

SÓ PARA LEMBRAR
Panorama no período ENTREGUERRAS (1914 a 1945):

- A guerra estanca a Europa.


- As atenções da arte e arquitetura agora estão sobre os EUA para onde foram
os
principais lideres das vanguardas mundiais.
- Nos EUA o arquiteto Sullivan constrói o primeiro “arranha-céu”.
- Com a Europa em guerra os EUA passam a maior economia concentrando 50% de
todo
o ouro disponível no mundo.
-Finda a guerra (1918) a economia americana ganha mais impulso. Agora
fornecendo credito e produtos para a reconstrução.
- Euforia social nos EUA, exportavam também o modelo de país.
-Prosperidade EUA é vulnerável, especulação, exportação circunstancial, exploração
de trabalhadores.
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- As vanguardas europeias inspiradas em NIETZSCHE e MARX almejam um período de
liberdade e igualdade.

-Na Rússia a vitória da revolução proletária em 25 de outubro de 1917, o socialismo real


cria a União Soviética.

- Na Alemanha a Republica de Weimar (1919-1933).

- Na Espanha a Segunda Republica (1931-1939).

- A Republica Francesa cria o estado “laico” em 1905 afastando a Igreja.

-O modernismo vive seu auge neste período.

- Dois momentos importantes para a arquitetura: Na Alemanha a fundação da “DAS


STAATLICHE BAUHAUS” “CASA ESTATAL DE CONSTRUÇÃO” (1919-1933), o IV CIAM
realizado entre Marselha e Atenas (1933).
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- A filosofia do período entre guerras é impulsionada pelo “existencialismo” inspirado
em
SHOPENHAUER e NIETZSCHE.

-O grande filosofo do existencialismo é SARTRE. A existência antes da essência. Publica


seu primeiro trabalho em 1936.

- MODERNISMO e EXISTENCIALISMO são intrinsecamente ligados.

-Com a recuperação européia a partir de 1925, a vulnerável economia americana começa


a despencar ate a quebra da bolsa de NY em 1929.

- CRISE DO CAPITALISMO.

-A economia mundial fica fortemente abalada. Falências, quebra de bancos, desvalorização


de moedas e desemprego dos dois lados do atlântico.

- Estados Unidos e Europa em crise.


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-Na Europa as forças conservadoras reagem implementando regimes totalitários de
inspiração fascista . A Igreja Católica apoia estes regimes. A união soviética sofre duro
golpe com a ascensão de STALIN. A Europa vai novamente a guerra (1939/1945. Seus
principais arquitetos vão para os EUA.

- Nos EUA ( que só entram na guerra em 1943), um plano para salvar o capitalismo.

- O “New Deal” propunha o fim do velho liberalismo econômico e inicia uma recuperação de
forte intervenção estatal.

-Mesmo antes da guerra terminar este plano se expande a outros 44 países para
a recuperação do capitalismo internacional.

-Em julho de 1944 estas nações assinam um pacto de gerenciamento do


capitalismo internacional (acordo de Breton Woods).

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ProtoModernismo

Produção arquitetônica do final do século XIX e inicio do século XX, quando a discussão era a
renovação da linguagem arquitetônica em face das novas técnicas e demandas da sociedade
industrial.

As características desse estilo são: platibanda escalonada, motivo geométrico com funções decorativas,
bem como ranhuras e saliências, conferindo variedade e ritmo as fachadas, marquises que adornam
as janelas de canto e cores constantes. É, também, comum nesses edifícios o uso comercial no
pavimento térreo e o uso residencial no pavimento superior.

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Adolf Loos:

Arquiteto Tcheco, exercício profissional na Áustria, é o europeu


mais importante neste período.

O Looshauss (1909) em Viena é seu trabalho europeu mais


importante.

Esta coluna dórica (1922) sobre uma base cubica para o


concurso arquitetonico do Chicago Tribune marca a passagem
de Loos pelos USA e sua parceria com Sullivan.

Introduziu um novo conceito em sua obra - o “Raumplan”, que


desenvolve a planta em diferentes cotas.

Através das variações de altura das divisões, bem como das


proporções adotadas e das mudanças de materiais, é
estabelecida uma hierarquia entre os diversos espaços; criam-
se zonas dentro da casa, definindo também graus de
intimidade de cada divisão.

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Precursor da ‘nova objetividade’, polemizou com os modernistas que formavam a denominada Secessão
de Viena e que representavam um ponto de vista antagônico ao do racionalismo arquitetônico.

Em 1897, Loos deu início a uma série de artigos no ‘Neue Freie Presse’, de Viena, onde estabeleceu a
sua reputação internacional.

O arquiteto analisou uma vasta gama de males sociais, identificados como os fatores que motivam a luta
por uma transformação da vida cotidiana, cada vez mais focados no excesso de decoração ‘tradicional
vienense’ e nos produtos mais recentes da Secessão de Viena, e da Werkstätte Wiener.

Em 1898, Loos publicou um ensaio que marcou o início de uma longa oposição teórica ao popular
movimento ‘art nouveau’.

Suas teorias culminaram em um curto ensaio intitulado "Ornamento e Crime", publicado em 1908.

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Para ele, a falta de ornamento na arquitetura era um sinal de força espiritual e considerava o ornamento penal por causa da
economia do trabalho e do desperdício de materiais da civilização industrial moderna.

Ele argumentou que, como ornamento já não era mais uma importante manifestação da cultura, o trabalhador dedicado à
sua produção não poderia ter, pago, um preço justo pelo seu trabalho.

O ensaio se tornou um manifesto teórico e um documento-chave na literatura modernista e foi amplamente divulgado no
exterior.

Loos foi recebido com entusiasmo pela vanguarda francesa.

"Ornamento e Crime" foi traduzido em 1920 para a 'Esprit Nouveau', uma publicação editada por Le Corbusier, Dermee Paul e
Ozenfant. Ele se apresentou regularmente no ‘Festival d'Automne’ e foi o primeiro estrangeiro a ser eleito para o júri.

Construiu algumas das suas obras mais significativas durante este período - A Casa Tzara em Paris (1926-1927), Moller Villa,
em Viena (1928), Villa Muller (1930), Villa Winternitz em Praga (1931-1932) e o Khuner Country House, em Payerbach, na
Áustria inferior.

Monolítico na natureza, estas obras contrastavam fortemente com a arquitetura de vidro que dominou o estilo racionalista da
década de 1920.

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ESCOLA DE AMSTERDAM

Movimento na arquitetura com conexões expressionistas. Irradiado


desde Amsterdã entre 1915 e 1930.

Contido dentro do Modernismo, e tendo como inspiração as formas


orgânicas destaque para o uso do tijolo aparente em estrutura de
concreto.

Henry Van der Velde, o ícone do art noveau belga, é sua grande
influencia.

Outra influencia importante Hendrik Petrus Berlage.

Seus principais membros foram Michel de Klerk, Pieter Lodewijk


Kramer, e Johan van der Mey, que trabalharam conjuntamente
múltiplas vezes, contribuindo para o desenvolvimento urbanístico de
Amsterdã, com um estilo orgânico inspirado na arquitetura tradicional
holandesa, destacando-se as superfícies onduladas.

As suas principais obras foram Scheepvaarthuis (van der Mey , 1911-


1916) e Eigen Haard Estat (De Klerk, 1913-1920). Het Schip em Amsterdam, 1917-1920 (Michel de Klerk)

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Scheepvaarthuis (van der Mey , 1911-1916)
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A Wiener Sezession (Secessão Vienense) é uma associação criada em 1897 por artistas, escultores e arquitetos,
como Gustav Klimt (1862-1918), seu primeiro Presidente, Koloman Moser (1868-1918), Josef Hoffmann (1870-1956)
e Joseph Olbrich (1867-1908).

A associação constrói sua própria sede, em 1898, local em que divulga o Sezessionstil (estilo Secessão), através da
realização de exposições periódicas e, ainda, pela publicação da revista Ver Sacrum (Primavera Sagrada).

A criação do Wiener Werkstätte (Ateliê Vienense), em 1903, pelos dissidentes Hoffmann e Moser, representa a intenção de
integrar o trabalho artístico de modo mais decidido ao sistema produtivo, empregando uma estética mais funcional.

Esta associação desenha móveis e utensílios de uso cotidiano, bem como joias, padrões têxteis e roupas, com produção
em escala industrial, de grande sucesso comercial.

A associação opera até 1932 e alguns de seus produtos seguem sendo vendidos na atualidade.

Dentro da Wiener Werkstätte, neste período, as formas orgânicas evoluem em direção ao geometrismo e à abstração
formal, sob inspiração da ‘Escola de Glasgow’ , indicando os caminhos que o modernismo tomará no século XX.

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Otto Wagner (1841-1918) é reconhecido, em geral, como membro
da Secessão Vienense, porém não é seu co-fundador.

Sendo o mais velho do grupo, professor e mestre de alguns de seus


membros, evolui desde os estilos historicistas até novos motivos
decorativos e a exploração plástica dos materiais modernos – aço,
concreto e alumínio.

O projeto das estações para o metrô de Viena, como a do (1894-


98), ornamentado por Olbrich, inaugura esta sua nova fase.

A mudança pode ser percebida na comparação entre


a Majolikahaus (Casa de Cerâmica, Viena, 1898-99) e o
Austrian Postal Savings Bank (Caixa Econômica Postal Austríaca,
Viena, 1904).

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Mas o projeto da Igreja de Steinhof (1904-07), junto a uma
instituição para doentes mentais, marca definitivamente
suas preocupações funcionalistas, que o identificam mais
claramente com as correntes proto-modernas, ainda que
persista uma grande intenção ornamental. Wagner também
tem uma importante atuação como urbanista, desenhando
uma nova fisionomia para Viena, em que a rede viária e os
sistemas de transportes modernos assumem o
protagonismo.

Joseph Olbrich (1867-1908) projeta a Sede da Secessão


Vienense (1897-98). Esta obra, emblemática do movimento
austríaco de renovação das artes, é realizada com a
colaboração dos artistas Koloman Moser e Gustav Klimt.

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Josef Hoffmann (1870-1956), também pupilo de Wagner, acaba lecionando na Wiener Staatsgewerbeschule (Escola
de Artes Aplicadas de Viena).

Sua obra mais conhecida é o Palais Stoclet, construído em Bruxelas (1905-11) e listada pela UNESCO como
Patrimônio Universal.

O ideal da ‘estética total’ é aí completamente realizado, integrando murais de Klimt e esculturas de Franz Metzner no
edifício, que também é totalmente mobiliado e equipado com produtos desenvolvidos pela Wienner Werkstätte.

Hoffmann desenha, ainda, a cadeira Sitzmachine(Máquina de Sentar), em 1905.

Não é um equívoco pensar que suas obras influenciam o desenvolvimento posterior das ideias funcionalistas de Le-
Corbusier: há indícios de que este trabalha em seu ateliê de Viena, presumivelmente, em 1909.

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ESCOLA DE
G. LASCOW.
A arte moderna transmite ao século XX o fundamental da herança do século XIX.

Suas raízes estão no Revivalismo Gótico, na Arquitetura do ferro, no movimento artístico Arts and Crafts e na pintura
impressionista.

Pode-se dizer que a arte nova afastou-se conscientemente dos modelos históricos.

É identificada por uma série de características comuns, e ao mesmo tempo pelas suas variações.

Glasgow representou a arquitetura moderna da Escócia.

Associada ao artista Charles Rennie Mackintosh, apoiava-se na idéia de resgatar as linhas “mãe” do movimento inglês
Arts and Crafts, ligando o trabalho contemporâneo de arquitetos inovadores na realização de casas com a sensibilidade
pictórica e arquitetônica.

Sem esquecer de sua mulher Margaret Macdonald, cujo sem seu apoio não teria triunfado.

Suas obras reúnem tendências do movimento de renovação das artes, a tradição da arquitetura pura e a dos castelos
escoceses juntamente com a simplificação geométrica.

Mackintosh aplica-se no desenho de todos os componentes da arquitetura: móveis, lâmpadas, tecidos, papéis pintados,
pinturas sob decalques, painéis, cadeiras e candeeiros.
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Ele, Margaret Macdonald, sua irmã, Francês Macdonald e Herbert McNair, formavam um
grupo conhecido como “Os Quatro de Glasgow”, que expuseram na amostra de London Arts
and Crafts Exhibiftion Society, onde foram criticados por Walter Crane, e aclamados por
Gleeson White.

Desde 1894 “Os Quatro” faziam design de móveis, as irmãs projetavam castiçais, relógios e
espelhos, já McNair e Mackintosh produziam escrivaninhas e armários.

O sucesso da exposição em Londres fez com que em 1896, Mackintosh tivesse seu projeto
abrir a nova escola de artes de Glasgow e seus trabalhos começaram no ano seguinte.

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A sede da Escola de Arte de Glasgow tem uma grande
massa.
É construída com um granito local, de coloração cinza,
em três lados.
No quarto lado o fechamento é feito por tijolo rebocado.
Porém o vidro e o ferro são elementos abundantes nos
estúdios voltados para o norte, que ocupa a fachada
principal, essas aberturas são colocadas de modo
irregular permitindo uma grande penetração solar.

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A fachada oeste foi radicalmente alterada por Mackintosh que a deixou envidraçada
para bem iluminar e expressar o volume e acolher a biblioteca.

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A escola hoje com a ampliação de STEVEN HOLL inaugurada em 2014.
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ESCOLA DE CHICAGO

Desde 1832, antes mesmo dos dois incêndios que vão convulsionar
Chicago na década de 1870, as estruturas predominantemente usadas
eram de madeira tipo balloon frame (gaiola de ripa de madeira com uso
de pregos metalicos).

A cidade era extremamente vulnerável ao fogo. Chicago sofre um


grande incêndio em 1871, liberando uma grande área central da cidade,
muito cobiçada para ser reconstruída.

Vinte anos antes, aparece um avanço tecnológicos importante:


O elevador de segurança – equipado com um sistema de freio em caso de
acidente, tinha sido apresentado pela primeira vez por Elisha Otis na Exposição
do Cristal Palace (1851), sendo popularizado nos EUA no final do século XIX.

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O problema fica resolvido com um segundo avanço técnico:
O sistema estrutural em ferro protegido conta o fogo – desenvolvido por Le
Baron Jenney, consistia em “uma rede metálica equilibrada com precisão,
solidificada e protegida contra o fogo” com um sistema de acabamento que
retardava a chegada do calor até a estrutura de ferro. Utilizada em 1879 no Leitter
Building e no Home Insurence Building em 1884.

Outros elementos, como a janela Chicago pré-fabricada e


sem qualquer ornamento, é introduzida em 1877. Facilitava a
construção dos arranha-céus pois podia ser fabricada em
série.

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Pragmatismo rege o projeto:
“A forma segue a função”
Caráter constitucional do Arranha-céu segundo Sullivan:
1) Muitos andares iguais – exceto o primeiro e o último – que não podem ser diferenciados
em perspectiva sem uma grave contradição estrutural;
2) A zona intermediária como elemento unitário;
3) O verticalismo.

– L. Sullivan, teórico da Escola de Chicago, define o princípio deste tipo de arquitetura


verticalizada com o lema:
“forma deve seguir a função”.
Os 3 ‘f”:
Form
Follows
Fuction

– Em
1896,
Sulliv
an
defin
ea
tipolo
gia
do Milton Luz da Conceição 27
"É lei das coisas orgânicas e inorgânicas,de todas as coisas físicas e
metafísicas,das coisas humanas e sobrehumanas,de todas as
verdadeiras manifestações da mente,do coração e da alma,que a vida é
reconhecida na sua expressão,que a forma sempre segue à função"
L.Sullivan

Os edifícios do Meio-Oeste americano do final do século XIX


evidenciavam a luta para conciliar arquitetura e engenharia ,buscando
atender à diversas funções e que fossem, ao mesmo tempo, baratos,
Vista do Centro comercial de Chicago.
utilitários, rápidos, flexíveis e à prova de fogo.

E a Escola de Chicago quem atendeu à essas demandas.

Juntos com William Le Baron Jenney, que marca o inicio da Escola de


Chicago com seus edifícios solucionando problemas da engenharia e suas
fachadas em vidro e sem ornamentação, se destacam Daniel Burnham,
John Wellborn Root, John Holabird ,Martin Roche, Henry Hobson
Richardson, Dankmar Adler e Louis Sullivan.

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A escola de Chicago foi a primeira a utilizar extensivamente as potencialidades técnicas do
período, criando arranha-céus essenciais ao estilo natural de Chicago e dos Estados
Unidos como um todo no que se refere às aplicações práticas, e mudando a fisionomia da
cidade moderna.

As experiências desta escola são fundamentais para o movimento moderno, porém logo
perdem força no fim do século, já que seus integrantes se voltam para dilemas culturais
próprios, seja na volta aos estilos históricos como Burnham, ou em experiências de
vanguarda ,como Sullivan e F.L. Wright.

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O Chicago Building de Holabird & Roche (1904-1905) é um
exemplo principal da Escola de Chicago, exibindo ambas as
variações das janelas de Chicago.

A rejeição das artes do passado sob a influencia da Escola de Glascow,


são importantes na reconstrução e na nova arquitetura de Chicago.

Em Glasgow desenvolveu-se um novo tipo de planeamento dos


edifícios, que ao contrário da Arte Nova, rejeitava a ornamentação as
volumetrias não racionais.

A estrutura ortogonal de ferro dava uma maior resistência, mas também


permitia uma maior organização das plantas.

A paredes são lisas, em pedra, e existem grandes superfícies de vidro.

Desta escola destaca-se Mackintosh já visto no Arts & Crafts) devido ao


seu racionalismo geométrico e grande percepção das volumetrias.

A Secessão Vienense é outra grande influencia da Escola de Chicago.

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Nova York começa a construir arranha-céus segundo a
experiência de Chicago, tais como o Flat Iron Building
(Nova York, 1902) O verticalismo da Escola de Chicago começa a
decair em 1898, quando Ernest Flagg sugeriu
que a seção básica dos edifícios abrangesse o
tamanho da rua, e a torre apenas ¼ do total
adaptando-se como lei em 1916.

O resultado eram edifícios em redan (forma de


‘bolo de noiva’) que por um lado permitiam
mais entrada de luz no nível da rua, mas
impediam recriar essa imagem impactante do
verticalismo.

McGraw Hill Building (Nova York,


1931) Ernest Flagg
Organizado em redán.

Flat Iron Building (Nova York, Broadway,1902)


Daniel Burnham Milton Luz da Conceição 30
A Escola de Chicago foi o mais notável movimento arquitectónico dos E.U.A. na
segunda metade do século XIX, contribuindo para a afirmação do Modernismo,
pela sua utilização arrojada de todas as novas tecnologias e soluções
(arquitectura do ferro, introdução do elevador, construção em altura, revestimento
em vidro de grandes superfícies, etc.) e, ainda, pela afirmação da racionalidade e
funcionalidade como valores estéticos.

Com esta vanguarda surgem, também, novas tipologias adequadas ao


crescimento de Chicago, tais como, os primeiros arranha-céus, os edifícios de
escritórios, os armazéns e os edifícios industriais.

Este movimento valorizou a naturalidade dos materiais e simplificou a decoração.


Deixou-se, também, dominar pelo rigor da engenharia (pela invenção da estrutura
em aço), originando, assim, aos primeiros arranha-céus, que permitiram a
rentabilidade dos pisos térreos, destinados a grandes lojas, esta rentabilização
deveu-se ao facto dos terrenos estarem caros devido ao aumento populacional
desmedido, tornando, então, necessário agrupar no mesmo edifício o maior
número de pisos.

A arquitectura desta vanguarda caracteriza-se por frentes simples e por uma


estrutura composta por linhas verticais e horizontais e ainda pela a padronização
das janelas na fachada, apelidadas também como “Janelas de Chicago”, tal como
pela utilização de coberturas planas.
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VKHUTEMAS.

Esta Escola é a contrapartida soviética a alemã BAUHAUS

Constituiam oficinas superiores de artes e tecnicas.

Fundada um ano depois de Bauhaus, compartia com ela


conhecimentos e objetivos.

Depois da Revolução vitoriosa de 17 o governo que se impos


eliminou as antigas academias de arte e as substituiu por
oficinas livres: centros de formação profissional de vies
socialista adequado a nova politica.

Assim surgiram os centros técnicos e artísticos destinados a


formar os novos artistas do povo.
Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou e a
Escola Industrial Stróganov.

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Estas novas oficinas deviam preparar, segundo as
proprias declarações dos novos governantes
“mestres artistas da mais alta qualificação da
industria, construtores e administradores da
educação tecinica e profissional”.

Deste modo, se decidiu dar um passo adiante e,


seguindo postulados das tendencias das
vanguardas artisticas como o suprematismo e o
construtivismo , apostouse em eliminqar a
distinção entre arte, artesanato e desenho
indutrial.

É esta a ideia central da fundação da VKHUTEMAS


em 1920 atraves de decreto assinado por Vladimir
Lenin.

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STAATLICHES BAUHAUS

A escola foi fundada por Walter Gropius em 25 de abril de 1919, a partir da reunião
da Escola do Grão-Duque para Artes Plásticas .

A intenção primária era fazer da Bauhaus uma escola combinada de


arquitetura, artesanato, e uma academia de artes, e isso acabou sendo a base de muitos
conflitos internos e externos que se passaram ali.

A maior parte dos trabalhos feitos pelos alunos nas aulas-oficina foi vendida durante
a Segunda Guerra Mundial.

A Alemanha havia sido esmagada na 1a. Guerra e humilhada em Versalhes.

A economia estava em colapso.

Multidões de desempregados vagavam pelas ruas aguardando a explosão de uma


revolução ao estilo da soviética.

Em novembro de 1918 o Kaiser Guilherme II foi deposto e assume o poder uma coalizão de
sociais-democratas e liberais, conhecida como República de Weimar.

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Em reação ao cenário catastrófico e ao clima depressivo, surge um novo homem, uma
criatura sensível, dotada de extrema criatividade intelectual e artística, capaz de inventar o
presente e o futuro de um século marcado pela modernidade.

A esta visão , o arquiteto Walter Gropius (1883-1969) ) deu-lhe em 1919 um nome que se
tornaria todo um programa, e o principal fenômeno de arquitetura e design do sec. XX:
BAUHAUS.

Bauhaus é a inversão do termo HAUSBAU (construção da casa) para BAUHAUS (casa da


construção).

Por seu neologismo, Gropius fazia referência à Bauhütte,


loja ou centro das corporações de construtores de
catedrais na Idade Média.

A Idade Média viu na catedral um templo de união entre


vida e arte.

A própria escola fundada por Gropius identificava-se com


uma casa em forma de catedral ou farol, destinada, como
as igrejas da Idade Média , a divulgar as boas novas.

Uma entalhe em madeira intitulado "Catedral", de Lyonel


Feininger (1871/1956) ilustra em 1919 o manifesto de
criação da Bauhaus.
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Ancorada nas idéias da Escola de Arts and Crafts (Artes e Ofícios) ,de Henry van de Velde,
aberta em 1906 em Weimar , inspirada no movimento de mesmo nome surgido na Inglaterra
no apogeu do Período Vitoriano, do Deutscher Werkbund , (grupo de artistas arquitetos e
artesão cujo objetivo era aperfeiçoar o design dos produtos industrializados), bem como em
outras correntes reformadoras, a Bauhaus atinge uma notoriedade que ultrapassa as
fronteiras da Alemanha. "Arte e técnica, uma nova unidade",é a fórmula que resumia o
programa de uma vasta exposição em 1923,"Staatliches Bauhaus" e contribui rapidamente a
divulgar a Bauhaus.

A Bauhaus foi dividida em dois setores: Academia de Arte Pictórica e a Academia de Artes e
Ofícios.

O principal objetivo era o de acomodar as multidões em pouco espaço, promovendo moradia


para os sobreviventes.

Em 1932, nenhum outro país construiu mais habitações populares e sua maior parte erguida
com o dinheiro de impostos.

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Milton Luz da Conceição 41
Gropius e os seguidores da Escola Bauhaus desejavam alterar a face da sociedade, através
de uma arquitetura que apelasse ao espírito e à inteligência e exaltasse a modernidade,
despojada dos excessos da época Imperial,.

Esta arquitetura era baseada em 3 princípios:

1. direcionamento da nova arquitetura para os trabalhadores.

2. rejeição de todos os objetos e adereços burguesas.

3. retorno aos princípios clássicos da arquitetura ocidental.

Cada estudante era treinado por 2 professores, um artista e um artesão.

Como a grande maioria dos arquitetos aderiu aos princípios da Bauhaus, o resultado foi uma
forma clássica de moradia social racional, com paredes brancas ( a cor era considerada
burguesa) e mobílias funcionais em aço, tecido com fibras, desenhos e texturas inovadores.

Externamente, as construções eram brancas, cinzas, beges ou pretas, verdadeiras teorias


construídas em forma de concreto, aço madeira, estuque, pedra e vidro, com seu telhado
plano e fachada pura e a predominância da linha horizontal, excluindo-se as cornijas.

Assim como a arquitetura, os objetos da vida cotidiana deveriam possuir uma qualidade
material e atingir a harmonia da forma e da função sem detalhes decorativos supérfluos,
inaugurando assim a era funcionalista.Milton Luz da Conceição 41
Milton Luz da Conceição 43
Durante um curto período de 14 anos, a Bauhaus e a jovem República Alemã compartilham
desse desejo de renovação.

Enquanto que a primeira, na ebulição de seus ateliers propunha uma nova cultura ao homem
e seu ambiente, a segunda, através de seus políticos se esforçava em democratizar a
sociedade.

Além da Bauhaus, outras escolas de arquitetura e correntes ( Futurista, Wendingen, De Stijil,


Construtivista , Elementarista) competiam umas com as outras por uma visão mais pura.

As contribuições nas áreas das artes plásticas, cinema, teatro, literatura e filosofia no período
da Cultura de Weimar abrigou nomes como Otto Dix, Grosz, Kandinsky, Nolte, Gropius,
Lubitsh, Lang, Murnau e Pabst, Hauptmann, Brecht, Reinhardt, Piscator, Os irmãos Mann,
Husserl e Heidegger.

1. Chaleira criada por Marianne Brandt;


2.Xadrez criado por Josef Hartwing. Cada peça do jogo indica o movimento que
elas podem fazer.
Milton Luz da Conceição 44
Desde sua criação a Bauhaus passou por 3 diferentes e sucessivas fases.

A primeira, na época de Weimar, a poética e charmosa capital da Thuringia, relaciona-se com


revolução estética preconizada pelos vanguardistas russos.

Em seu manifesto de fundação, escreve o pai espiritual Gropius que a meta de toda atividade
plástica é a construção e a decoração é a tarefa mais nobre das artes.

Portanto, a arte deveria integrar-se à arquitetura.

Vangloria-se a produção artesanal .

A Bauhaus tornou-se, durante a República de


Weimar, o catalisador de atitudes inteiramente
novas em relação à existência.

Seu mérito consiste em abarcar posições artísticas contrárias ao espírito acadêmico e integrá-
las numa abordagem pedagógica não convencional.

Novas modas, exemplos originais de vida comunitária, todas as formas de expressão


testemunham a excepcional criatividade da Bauhaus e sua influência sobre o espírito do
tempo.

A segunda fase da Bauhaus dá-se quando a escola se estabelece em 1926 em Dessau um


idealizado centro
crescente por Gropius, um marco
industrial, da arquitetura
como um moderna. da pesquisa formal em um edifício
verdadeiro laboratório
Milton Luz da Conceição 44
O construtivismo do húngaro Lazlo Maholy-Nagy domina a escola.

Arte e tecnologia deveriam convivessem traumas.

É a vez do artesanato executar apenas modelos


para serem destinados à fabricação industrial.

A pesquisa deveria ser rentável.

A nova construção em ferro e vidro concebida por Gropius abrigaria agora os ateliers de
produção.

Ocorre então uma cisão: antigos alunos como Feininger desconfiavam desse funcionalismo,
mas venceu o racionalismo e, em 1927, a Bauhaus cria a sua escola de arquitetura por
Hannes Meyer, um marxista radical que dirigiu a instituição até 1930.

A última fase é marcada pela tentativa do arquiteto Mies van der Rohe em salvar a Bauhaus
do extremismo de Meyer e recuperar o projeto inicial, ou seja, conciliar forma, função
e espiritualidade, através de uma rigorosa preocupação com arquitetura.

A democratização termina com o surgimento do Reich de 1000 anos.

Os nacional-socialistas já consideravam a escola uma agremiação de bolcheviques (não sendo


explicitamente comunista o propósito era comunitário), "demasiadamente internacional"
incapaz de traduzir um ideal ariano de criação e distante das tradições alemãs.
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Em 1933 os nazistas colocam um fim à nova cultura intelectual e artística: fecham a Bauhaus.
3. Revolucionária cadeira de Wassily, feita por Marcel. Breve em homenagem a
Wassily Kandisky;
4. Provavelmente a peça mais icônica da Bauhaus, o abajur de William Wagenfeld,
construído em metal e vidro precisamente cortado.

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Marcel Breuer
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No exterior, no exílio, sobretudo nos EUA e Palestina, continua a se desenvolver a utopia
social da Bauhaus com a mesma energia que na época de Weimar, Dessau e Berlin.

Muitas das estrelas do movimento Bauhaus migraram para os EUA.

Gropius tornou-se presidente da escola de arquitetura de Harvard. Maholy-Nagy abriu a New


Bauhaus que evolui para o Instituto de Design de Chicago e Mies van der Rohe, diretor da
Bauhaus em 1930 foi nomeado reitor de arquitetura no Armour Institute em Chicago.

Logo os arquitetos americanos estavam aprendendo os princípios do novo estilo


Internacional, nome tirado do livro Arquitetura Internacional por Walter Gropius.

A tradição das belas artes, o estilo Romanesco americano, a Chicago School e até mesmo o
legado de Frank Llooyd Wright foram relegados à margem da estória da arquitetura pelo
novo estilo.

Ludwig Mies van der Rohe, afirma mais tarde, com sua concisão costumeira: somente uma
ideia possui essa força de difundir-se tão amplamente.

Esta ideia encarnava uma filosofia da concepção formal capaz de unir representantes além
das fronteiras.

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Gunta Stölzl (German, 1897-1983). Tapestry, “Aufgenommen wird jede unbescholtene Person
1922-23. ohne Rücksicht auf Alter und Geschlecht” (serão
Cotton, wool, and linen. 100 13/16 x 74 in. aceitas na Bauhaus todas as pessoas idóneas,
(256 x 188 cm).
independentemente da sua idade ou sexo) — foram
palavras escritas por Walter Gropius, fundador da
Bauhaus, para definir o carácter “democrático” da
escola.

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A expressão corrente "estilo Bauhaus" é sobretudo associada a algumas obras imutáveis da
concepção moderna.

No final do século XX a Bauhaus louvada e elevada ao nível de clássico da vanguarda, pode


ser considerada a pedra fundamental em design e arquitetura dos Modernos de uma 2a. ou
3a. geração.

Entre as contribuições específicas da escola destaca-se o célebre curso preliminar e a


concepção pedagógica de uma estreita fusão entre trabalho de atelier e ensino teórico.

A multiplicidade dos aspectos abordados e a riqueza da documentação iconográfica, em


parte inédita, permitem apreender o vasto conjunto temático da Bauhaus em toda a sua
diversidade.

A Bauhaus foi reaberta em 1994 em Weimar, Alemanha, justamente a primeira república


vítima dos seguidores de Hitler.

Ainda hoje, após 80 anos de sua fundação e apesar de uma breve existência de apenas 14
anos, a Bauhaus fascina por sua vitalidade.

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FIM

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