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LE CORBUSIER

Esse mestre da arquitetura brilhou também em outros segmentos. Atuando na área


acadêmica e intelectual, aplicou o seu conhecimento em diversas artes. Assim, deixou seus
pensamentos registrados em publicações, livros e artigos, fabulosos legados para quem o
admira.
O seu ótimo desempenho como pintor e escultor rendeu-lhe prêmios e reconhecimento.
A sua arte replicava o seu ideal de arquitetura e design, pois utilizava estruturas e formas claras
e rejeitava os ornamentos e cores, um conceito que ficou conhecido Estilo Internacional.
Ele ficou bastante conhecido por elaborar processos de construção racionalistas e
funcionais. Com uma visão futurista, este gênio foi um dos primeiros a antecipar a influência do
automóvel no desenvolvimento das cidades.
Outro marco importante na sua vida foi a criação das Unités d’Habitation (unidades de
habitação). Por meio desse tipo de construção, o profissional estabeleceu a dinâmica da vida
urbana em um edifício de proporções imensas e com grande número de unidades.
Le corbusier revolucionou os conceitos de arquitetura e urbanismo com trabalhos que
garantiam, além de funcionalidade, conforto. Além disso, seu estilo vanguardista e sua visão
crítica sobre a sociedade renovaram as construções e projetos de todo o mundo.

BIOGRAFIA DE LE CORBUSIER

Charles-Edouard Jeanneret-Gris nasceu em 6 de outubro de 1887, na Suíça. Foi filho de


um profissional que trabalhava numa renomada indústria de relógios e de uma professora de
piano.
Aos 13 anos, iniciou seus estudos na escola de artes decorativas de sua cidade com o
objetivo de seguir a profissão do pai e, logo, recebeu prêmios por seus trabalhos. No entanto,
seguiu os conselhos de um dos seus professores para se dedicar à arquitetura e, aos 18 anos,
projetou a sua primeira casa.
A partir de 1907, com o objetivo de aperfeiçoar o seu conhecimento, fez diversas viagens
pelo mundo afora. Começou pela Itália, onde ficou cerca de dois meses, um lugar que o
influenciaria bastante nas suas construções futuras. Foi lá também que muitas das suas
inspirações surgiram. A visita ao Mosteiro de Galluzzo, por exemplo, o impressionou pelo fato
do espaço ressaltar as suas preocupações sócio-políticas.
Já em Berlim, trabalhou no escritório de Peter Behrens até 1911, outro pioneiro da
construção moderna. No ano seguinte, percorreu a Europa Central e a Grécia, produzindo
desenhos que fariam parte do seu livro “Viagens do Oriente”.
Em 1917, mudou-se para Paris e começou a trabalhar na Sociedade de Aplicação do
Concreto Armado. Logo em seguida publicou o Après le cubisme, junto com o pintor Amédé
Ozenfant. Por meio desse manifesto purista, eles criticavam o movimento e propunham o
retorno ao desenho rigoroso do objeto.
Já sob o pseudônimo de Le Corbusier, ele deu início ao seu trabalho de pintor, fazendo
exposições regulares até 1924. No mesmo período, sua habilidade como arquiteto também
chamou a atenção, atraindo olhares da vanguarda parisiense. Assim, graças à sua notoriedade, o
brilhante profissional conseguiu diversas encomendas para construir casas de campo.
O sucesso foi tanto que, entre 1927 e 1930, o escritório do arquiteto Le Corbusier
elaborou projetos revolucionários de urbanismo para vários países, incluindo para o Brasil. Foi
também nessa época que ele se casou com a parisiense Yvonne Gallis, e assim, tornou-se cidadão
francês.
Em 1936, viajou ao Brasil para orientar o projeto do prédio do Ministério da Educação e
Saúde. Como um dos fundadores do grupo CIAM, influenciou fortemente a arquitetura
moderna no Brasil, levando seu conceito de cinco pontos de arquitetura a novos níveis.
Além disso, o arquiteto Le Corbusier desenvolveu planos urbanos novos e fantásticos
para o Rio de Janeiro e outras cidades sul-americanas. Os esboços sugeriam um prédio de
concreto, com vários andares e muitos quilômetros de extensão ao longo das encostas.
Em 1940, fechou seu escritório e se refugiou no sul da França, pois Paris havia sido
invadida pelos alemães. Nos anos seguintes, intensificou seus contatos internacionais, firmando-
se como autoridade e pensador da nova arquitetura.
De 1945 a 1949, atuou como consultor para a reconstrução de cidades destruídas, e viu a
execução de dois de seus projetos, sendo um deles o do Unités D’Habitation. Nos anos seguintes,
junto com Oscar Niemeyer, participou de estudos relacionados à edificação da sede da ONU, em
Nova York.
O seu reconhecimento merecido aconteceu, de forma mais intensa, ao fim de sua carreira,
entre 1950 e 1965. Nesse meio tempo, recebeu o título de doutor honoris causa pela
Universidade de Cambridge.
Sua morte, em 1965, não apagou nem as ideias e nem o legado desse célebre gênio
moderno. Com declarações polêmicas, como “uma casa é uma máquina de morar” e
pensamentos inovadores, ele foi uma das principais figuras do século XX.
Uma das mais nobres ideias desse mestre foi acreditar que a arquitetura poderia (e
deveria) melhorar as questões sociais e, até mesmo, resolver problemas da sociedade que
envolvessem planejamento urbano e paisagístico.
A jornada desse gênio foi marcada por intensa produção, como a criação de manifestos,
publicação de livros, elaboração de projetos e construções incríveis, sem falar em suas pinturas.
Não foi à toa que deixou diversos admiradores pelo mundo todo.

“A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz”
Em 1948 o arquiteto Charles-Édouard Jeanneret-Gris, lançou uma de suas publicações
mais famosas, intitulada O modulor, em 1953. Nesses textos, Le Corbusier fez conhecer a
sua abordagem às investigações que tanto Vitruvio quanto Da Vinci e Leon Battista Alberti
haviam começado, em um esforço por encontrar a relação matemática entre as medidas do
homem com a natureza.
Tratava-se de uma arquitetura conceitual, que se produzia com objetos e medidas
locais que não precisavam atravessar o mundo, por isso não era necessário estabelecer
certos padrões, apesar disso, com o passar do tempo, isso foi se transformando devido à
expansão da visão do mundo que conectada novos continentes. A Revolução Francesa abriu
portas que conduziam a um futuro promissor, que seria palco para os avanços da ciência
que expandia seus limites até então conhecidos. A partir disso, iniciou-se um processo de
padronização estratégica que utilizou o metro como ferramenta que deveria ser inserida e
adotada como medida padrão.
Essa nova medida representava a décima-milionésima parte do quadrante do
meridiano terrestre, uma medida muito distante do referencial do corpo humano, o que
implicou complicações evidentes ao não poder ser dividida com exatidão quando se tratava
de medir ou representar o corpo, produzindo uma ruptura significativa na linguagem
arquitetônica. Este salto deixou muitas coisas de fora- como algumas das mudanças mais
radicais que experimentamos na história- e enfrentou-se uma dissociação do corpo com seu
habitat em uma tentativa global de progresso para um mundo novo onde predominava a
ordem.

Cabe mencionar que o Sistema Anglo-saxão representava uma padronização


necessária, que deveria ser estudada em profundidade, e esta necessidade de encontrar o
comum e poder representa-lo é um dos desejos mais humanos. O modulor surge a partir
destas mudanças, representando a inquietude da mente obsessiva de Le Corbusier por
devolver a harmonia aos espaços em relação ao corpo humano. Ele representa um passo a
mais no caminho de vincular o corpo com o mundo da arquitetura e isso foi o que detonou
diversas investigações que fizeram arquitetos concordarem ou discordarem de ditas
teorias.
Não é necessário ser um especialista em
arquitetura ou anatomia para deduzir que a
medida do modulor aludia ao corpo de um homem
caucasiano de 1,83 metros que aparecia
constantemente nos filmes de Hollywood, nas
revistas ou na televisão - o que nos da algumas
pistas de como se consumia a arquitetura neste
momento e sobre sua relação com o espetáculo.
Era de se esperar que este corpo representasse
uma porcentagem muito pequena da população do
mundo e, ainda que as tentativas de Le
Corbusier pretendessem devolver a ordem do
corpo ao espaço representassem uma das teorias
mais admiradas e adotadas sem críticas por parte
dos arquitetos, são também uma forma de
redesenhar o Neufert com os mesmos meios de produção que entendiam a arquitetura
como um objeto de consumo para as massas ou como um marco dentre os objetos de desejo.

O modulor marca um avanço importante dentro da história da arquitetura pois nos fez
perceber a desarticulação corporal que a indústria produz nas constantes tentativas de
padronização. Esses esforços falam de nosso desejo por entender o comum para que possa
ser compreendido e adotado por todos.

Le Corbusier põe sobre a mesa uma lição importante: é necessário seguir redesenhando as
lições de nossos antecessores para descobrir o que se adapta a nosso contexto e, assim,
encontrar as falhas e seguir descobrindo tudo o que nos transcende quando algo novo surge.
Os guias e manifestos são alguns dos documentos mais importantes da história da
humanidade, pois nos falam de como nos relacionamos em momentos específicos e não
devem por nenhuma razão deixar de ser revisados e reescritos pelas novas gerações como
se se tratassem de documentos sagrados e inalteráveis.

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