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PROCESSO SELETIVO Nº018/2022-PPU

PROGRAMA ASSOCIADO UEM/UELDE PÓS-GRADUAÇÃO EM


ARQUITETURA E URBANISMO - PRIMEIRO PERÍODO LETIVO 2023

Candidato: 065.867.069-71

1. TÍTULO: PROJETO PADRÃO: CONTRIBUIÇÕES DAS AVALIAÇÕES DE


DESEMPENHO NO DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE PROJETO

Projeto de pesquisa apresentado como


requisito do processo seletivo para o
ingresso no Mestrado do Programa
Associado UEM/UEL de Pós-Graduação
em Arquitetura e Urbanismo na condição
de estudante regular da Universidade
Estadual de Londrina (UEL) no primeiro
período letivo de 2023.

Londrina
2022
2. INTRODUÇÃO

O ponto de partida desse projeto de pesquisa foram os estudos desenvolvidos


no Trabalho final de Graduação, Anteprojeto de um Centro de Saúde para Crianças
Excepcionais, o qual foi desenvolvido sobre os impactos dessa edificação complexa
na cidade e na paisagem pressupondo que a humanização do ambiente hospitalar
não é compendiada somente por aspectos formais e decorativos, pode concluir que a
satisfação dos usuários não é meramente proveniente da funcionalidade do espaço,
mas também pela significação atribuída à ambientação na arquitetura.
Apresenta-se a realidade de produção de edificações públicas de assistência à
saúde, educação e social, caracterizada pela alta demanda por projetos e adoção de
edificações padronizadas como resposta.
Na maioria dos municípios brasileiros não é nova. Na década de 1990 já
apontavam preocupações com as grandes demandas públicas em face aos curtos
prazos, às equipes técnicas reduzidas e insuficientes, e aos recursos extremamente
escassos (OLIVEIRA, 1986ª); (OLIVEIRA, 1986b); (SEGAWA, 1986); (WOLFF &
RAMALHO, 1986); (ZEIN, 1986).
A adoção de projetos padrão tem sido solução recorrente, incentivada pelas
políticas públicas do Governo Federal através de Programas e Convênios para
repasse de recursos para construção.
Essa pesquisa tem como base, investigar as contribuições de trabalhos de
avaliação pós ocupação de projetos padrão implantados e como os mesmos tem
contribuído para melhoria no processo projetual (PP) de edificações públicas, analisar
além de metodologias programáticas, custos, meio ambiente a importância dos
usuários em relação aos ambientes de edificações de assistência à saúde, social e
educacional.
Nota-se que pesquisas com o objetivo de avaliar o uso pós ocupacional das
implantações destes projetos padrões, seja no âmbito da saúde com as EAS ou na
área da educação como por exemplo o Programa Proinfância, tem sido recorrente e
tem avançado bastante nesse aspecto.
Contudo, os projetos padronizados, entre quais se incluem os do Proinfância,
por basearem-se em modelos unificados para todo o país, acabam por desconsiderar
sua diversidade, seja de ordem sociocultural, econômica ou climática, o que pode
acarretar prejuízos quanto aos aspectos de conforto ambiental, funcionais e técnico-
construtivos. (MODLER N.L.; BERLEZE A.S.; TSUTSUMI E.K.; LINCZUK V.C.C;
AZEVEDO G.A.N. Avaliação de desempenho de um projeto padrão do programa
Proinfância: escola infantil no sul do Brasil).
Sabe-se que os projetos padrão são recebidos pelos arquitetos ou equipe
técnica responsável por sua implantação, e necessariamente precisam ser adaptados,
que na maioria das vezes não passou por uma análise adequada. Cabe então o
seguinte questionamento: Como os arquitetos estão adaptando os projetos
padrão a diferentes necessidades dos usuários? E/ou após avaliações de
desempenho desses projetos, o que de fato melhorou no processo de projeto e na
concepção do mesmo? Para responder essas questões é preciso entender
primeiramente, historicamente como o processo de projeto em arquitetura se
desenvolveu para que possamos delimitar o seu avanço em relação ao processo de
projeto de edificações públicas.

3. OBJETIVOS

Investigar a partir de resultados de avaliações pós ocupacional de projetos


padrão implantados na sociedade, seja edificações de assistência à saúde, social ou
educacional, como os arquitetos utilizam esses resultados em seu processo de projeto
para a implantação de projetos padrão. Pretende-se propor uma estrutura dos
problemas de projeto, a partir desse estudo, ser capaz de montar tijolos que formam
um modelo que nos permite entender a natureza dos problemas de projeto padrão em
todas as suas variações.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• investigar a estrutura dos problemas de projetos padrão;


• Reconhecer e identificar os geradores de problemas, os legisladores, clientes,
usuários e os projetistas;
• Compreender vínculos e narrativas estabelecidos entre as relações social do
usuário e o projetista;
• Analisar resultados de avaliações pós-ocupacional de projetos padrão, com o
intuito de verificar os requisitos escolhidos por arquitetos e aplicados no
processo de projeto de cada profissional na implantação dos projetos padrão;
• Propor um modelo de restrições e critérios que ajudará futuros processos de
projetos padrão a equalizar uma qualidade arquitetônica formal, funcional e
econômica.

4. JUSTIFICATIVA DO PROJETO NO ÂMBITO DA LINHA DE PESQUISA


PRETENDIDA
Na maioria dos municípios brasileiros apontam preocupações com as grandes
demandas públicas em face aos curtos prazos, às equipes técnicas reduzidas e
insuficientes, e aos recursos extremamente escassos (OLIVEIRA, 1986a);
(OLIVEIRA, 1986b); (SEGAWA, 1986); (WOLFF & RAMALHO, 1986); (ZEIN, 1986).
A adoção de projetos padrão tem sido solução recorrente, incentivada pelas
políticas públicas do Governo Federal através de Programas e Convênios para
repasse de recursos para construção.
Nota-se que pesquisas com o objetivo de avaliar o uso pós ocupacional das
implantações destes projetos padrões, seja no âmbito da saúde com as EAS ou na
área da educação como por exemplo o Programa Proinfância, tem sido recorrente e
tem avançado bastante nesse aspecto.
Nesse sentido, estudos de avaliação do ambiente construído são relevantes a
fim de, para além da análise térmica e de eficiência energética, verificar como os
projetos atendem aos aspectos de bem-estar dos usuários infantis, no sentido de
conforto ambiental, segurança, funcionalidade e potencial pedagógico. Para tanto, faz-
se uso de instrumentos de avaliação já testados e validados para conseguir aproximar
o olhar do pesquisador à percepção dos usuários. (MODLER N.L.; BERLEZE A.S.;
TSUTSUMI E.K.; LINCZUK V.C.C; AZEVEDO G.A.N. Avaliação de desempenho de
um projeto padrão do programa Proinfância: escola infantil no sul do Brasil).
Contudo, os projetos padronizados, entre quais se incluem os do Proinfãncia,
por basearem-se em modelos unificados para todo o país, acabam por desconsiderar
sua diversidade, seja de ordem sociocultural, econômica ou climática, o que pode
acarretar prejuízos quanto aos aspectos de conforto ambiental, funcionais e técnico-
construtivos. (MODLER N.L.; BERLEZE A.S.; TSUTSUMI E.K.; LINCZUK V.C.C;
AZEVEDO G.A.N. Avaliação de desempenho de um projeto padrão do programa
Proinfância: escola infantil no sul do Brasil).
O ponto de partida desse projeto de pesquisa foram os estudos desenvolvidos
no Trabalho final de Graduação, Anteprojeto de um Centro de Saúde para Crianças
Excepcionais, o qual foi desenvolvido sobre os impactos dessa edificação complexa
na cidade e na paisagem pressupondo que a humanização do ambiente hospitalar
não é compendiada somente por aspectos formais e decorativos, pode concluir que a
satisfação dos usuários não é meramente proveniente da funcionalidade do espaço,
mas também pela significação atribuída à ambientação na arquitetura.
A pesquisa, potencializará, portanto, o debate sobre os resultados de
avaliações pós ocupacional, o que elas têm contribuído de melhora no processo
projetual (PP) de edificações públicas.
Em suma, a dissertação resultante deste trabalho subsidiará futuras
investigações, na qualidade de projetos padrão com a devida preocupação em
programas funcionais, conforto ambiental e formais.

5. METODOLOGIA

Este estudo baseou-se em uma estratégia qualitativa de pesquisa, de caráter


exploratório, por meio de estudo de caso. Neste capítulo, pretende-se demonstrar os
procedimentos metodológicos do tipo de pesquisa utilizado. Abordando também os
critérios para a construção do universo de estudo, o método de coleta de dados, a
forma de tratamento desses dados e, por fim, as limitações do método escolhido.

5.1 TIPO DE PESQUISA

Tomando como ponto de partida o objetivo desta pesquisa – Investigar a partir


de resultados de avaliações pós ocupacional de projetos padrão implantados na
sociedade, seja edificações de assistência à saúde, social ou educacional, como os
arquitetos utilizam esses resultados em seu processo de projeto para a implantação
de projetos padrão –, decide-se adotar o método de pesquisa qualitativa, de caráter
exploratório, que se considera o mais apropriado para o tipo de análise que
pretendemos fazer. Antes, porém, cabe contextualizar o tipo de pesquisa escolhido
para um melhor entendimento a respeito.
Quanto aos fins, o tipo de investigação escolhido para a realização da pesquisa
qualitativa enquadra-se como exploratória. Ela “é realizada em áreas na qual há
pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não
comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa”
(VERGARA, 2009). No que diz respeito aos meios de investigação, opta-se pelo
estudo de casos múltiplos, que, é um estudo profundo e exaustivo de um ou de
poucos objetos. Dentre os propósitos do estudo de caso, verifica-se a intenção de
explorar e descrever situações reais, formular hipóteses, desenvolver teorias e
explicar variáveis de causa de um fenômeno complexo. Ainda segundo VERGARA,
pode incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação participante
ou não” (VERGARA, 2009).
O estudo de caso tem origem na pesquisa médica e na pesquisa psicológica,
com a análise de modo detalhado de um caso individual que explica a dinâmica e a
patologia de uma doença dada. Com este procedimento se supõe que se pode adquirir
conhecimento do fenômeno estudado a partir da exploração intensa de um único caso.
Além das áreas médica e psicológica, tornou-se uma das principais modalidades de
pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais.
Segundo Stake RE (2000), e conforme os objetivos da investigação, o estudo
de caso pode ser classificado de intrínseco ou particular, quando procura
compreender melhor um caso particular em si, em seus aspectos intrínsecos;
instrumental, ao contrário, quando se examina um caso para se compreender melhor
outra questão, algo mais amplo, orientar estudos ou ser instrumento para pesquisas
posteriores, e coletivo, quando estende o estudo a outros casos instrumentais
conexos com o objetivo de ampliar a compreensão ou a teorização sobre um conjunto
ainda maior de casos.
Segundo Gil (1995), o estudo de caso não aceita um roteiro rígido para a sua
delimitação, mas é possível definir quatro fases que mostram o seu delineamento: a)
delimitação da unidade-caso; b) coleta de dados; c) seleção, análise e interpretação
dos dados; d) elaboração do relatório.
Com base nas aplicações apresentadas, evidenciam-se as vantagens dos
estudos de caso: estimulam novas descobertas, em função da flexibilidade do seu
planejamento; enfatizam a multiplicidade de dimensões de um problema, focalizando-
o como um todo e apresentam simplicidade nos procedimentos, além de permitir uma
análise em profundidade dos processos e das relações entre eles.
O delineamento do estudo de caso como metodologia de investigação mostrou
a possibilidade da definição de quatro fases relacionadas: delimitação da unidade
caso; coleta de dados; seleção, análise e interpretação dos dados e elaboração do
relatório do caso. Como complemento, destacou-se, também, o desdobramento do
caso naturalístico.
Quanto às aplicações do estudo de caso, são muitas e variadas. São de grande
utilidade em pesquisas exploratórias e comparadas. Como toda pesquisa apresenta
vantagens e limitações na sua aplicação, merecendo o cuidado necessário quando
buscar generalizações. Em nenhum momento, o pesquisador deverá desprezar, em
busca da simplificação, o rigor científico necessário para sua validação.
Mas há também limitações. A mais grave, parece ser a dificuldade de
generalização dos resultados obtidos. Pode ocorrer que a unidade escolhida para
investigação seja bastante atípica em relação às muitas da sua espécie.
Naturalmente, os resultados da pesquisa tornar-se-ão bastante equivocados. Por essa
razão, cabe lembrar que, embora o estudo de caso se processe de forma
relativamente simples, pode exigir do pesquisador muita atenção e cuidado,
principalmente porque ele está profundamente envolvido na investigação. Sendo
assim, os argumentos mais comuns dos críticos dos estudos de caso estão no risco
de o investigador apresentar uma falsa certeza das suas conclusões e fiar-se demais
em falsas evidências. Em decorrência disso, deixar de verificar a fidedignidade dos
dados, da categorização e da análise realizada. A recomendação para eliminar o viés
de estudo é elaborar um plano de estudo de caso que previna prováveis equívocos
subjetivos.

6. REFERENCIAL TEÓRICO

6.1 CONCEITUAÇÃO E PRINCIPAIS PONTOS DE VISTA

Os objetivos do Design Research são o estudo, pesquisa e investigação do


artificial feito por seres humanos, e a forma como essas atividades têm sido
direcionadas tanto em estudos acadêmicos quanto em organizações manufatureiras.
No final dos anos 50 e início dos anos 60 foi a ideia de que as maneiras pelas quais
os problemas tecnológicos da NASA e do tipo militar em larga escala foram abordados
poderiam ser lucrativamente transferidos para áreas civis ou de design. Nos anos 70,
dois líderes pioneiros da metodologia de design anunciaram um manifesto contra a
metodologia de design da época. Os métodos de projeto da primeira geração eram
simplistas, não maduros o suficiente e incapazes de atender os requisitos de
problemas complexos do mundo real.
O envolvimento do usuário nas decisões de design e a identificação de seus
objetivos foram as principais características do método de projeto da segunda
geração. Houve alguns obstáculos na aplicação do design participativo em projetos
de maior escala, como os de planejamento urbano. A cibernética influenciou muitos
metodologistas e teóricos de design. A partir de 1970, houve o interesse de cientistas
da computação por métodos sistemáticos de design e ciência do design.
Em 1984 alguns pesquisadores estavam trabalhando na área de projeto
auxiliado por computador e desenvolvendo seus métodos em relação a problemas de
projeto de arquitetura e engenharia. A história da pesquisa em design com referência
a metodologias de design, bem como a ciência do design, é um assunto amplo e
abrangente que precisa de pesquisas adicionais extensas.
Praticamente pesquisadores trabalhavam como consultores de indústria.
Segundo Asimow, morfologia de projeto como estrutura vertical e o processo de
projeto como estrutura horizontal. Passou a usar sequencias de decisão que vai desde
quando o problema é detectado até a finalização do projeto. Page, concluía que não
existe uma sequência no processo projetual, que muitas vezes é preciso voltar do
início por diversas vezes, para solucionar determinado problema.
Construção de uma lista assistemática de fatores, em seguida realizar
interações entre categorias atribuída ao longo da formação da lista, por fim, análise
do design Spec. Jones, porém, conclui que conforme a complexidade do projeto essa
análise perde a eficácia, foi quando ele propõe um método de avaliações estatísticas.
Mapas e diagramas se tornaram a essência do Design Sistêmico. Tavistock aponta
que o processo de design não pode ser linear, ele precisa levar em conta a
possibilidade de feedback. O empirista que vê o edifício como algo real e tangível que
modifica o ambiente físico e, ao fazê-lo, influencia os sentidos do usuário.
Tavistock concebe como uma estrutura física que sustentam os espaços físicos
nos quais ocorrem as ações físicas. « Sua mentalidade como designer geralmente
será análoga à repetitiva, e sua abordagem ao design dependerá tanto quanto
possível da comparação de sua experiência com coisas que você observou no mundo
real. Alguns dos melhores designers da história da arquitetura trabalharam dessa
maneira, apesar de, ter havido uma tradição paralela em que a geometria abstrata de
design análogo parecia mais importante até para o arquiteto do que o estímulo que
ele via.
Alexander começou seu argumento delineando uma história do design.
Segundo ele, isso é bastante significativo, o primeiro design foi icônico, para usar
nossa terminologia. O design icônico, que ele chamou de inconsciente, representa um
bom "ajuste" entre o edifício e o usuário, um acoplamento que o design analógico não
alcançará. Portanto, o problema de qualquer projeto era determinar as variáveis
relevantes. Como auxílio na visualização dessa divisão do problema em seus menores
componentes, Alexander achou útil usar a árvore da teoria dos grafos.
Gerou quatro soluções, uma para cada método de design. O Design
Pragmático é baseado em inicialmente em uso experimental materiais para
estabelecer a forma construída. No entanto, o pragmatismo pode ir muito além do
projeto. Além de formas planas e retas que podem ser usados como fechamento e
estruturas, ou cilindros que permitem uma solução estrutural melhor, mas que não são
ideais para fechamentos.
Dados essas características podemos determinar o tipo de estrutura, entramos
na próxima etapa do projeto, uma vez definido a casca do edifício, poderemos prever
seu desempenho e modificador do clima e avaliar até que ponto ele não atende os
requisitos previstos das atividades. O Design Icônico pode nos ajudar muito em ambos
os casos. Design analógico, tem como mecanismo central da criatividade a analogia.
Design Canônico estabelece uma grade bi ou tridimensional que garanta a
coordenação modular ou pelo menos dimensional no projeto ou na construção, com a
matriz ambiental como base.
Os tipos de problemas com os quais os planejadores lidam, problemas sociais
são inerentemente diferentes dos problemas que os cientistas e talvez os engenheiros
lidam. Os problemas perversos em contrataste, não tem nenhum desses traços de
clandestinidade e incluem quase todas as questões de política pública.
(BROADBENT, 1976)

6.2 PADRONIZAÇÃO DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES PÚBLICAS: BREVE


HISTÓRICO

De uma maneira geral, a revisão bibliográfica sobre padronização na


arquitetura, em âmbito internacional, aponta que esta prática não é nova, nem
preconizada pela arquitetura moderna ou pela revolução industrial, embora estes dois
eventos tenham importante papel em fortalecer o princípio de padronização, mas tem
origem em períodos anteriores. Barros aponta como um dos primeiros eventos de
padronização através da pré-fabricação a arquitetura renascentista que utilizava
elementos construtivos provenientes do corte de pedra, com a ideia de repetição
implícita. A autoria também associa a ideia de padronização aos estilos
arquitetônicos, que estabeleceram regras, como indicam os projetos de Palladio e os
manuais com referências estéticas de Durand. Princípio de racionalização dos
projetos de edifícios ganham forma em razão de mudanças culturais, sociais e
políticas.
Aponta a importância de projetos públicos e de interesse social que agreguem
valor para apropriação e identificação por parte do usuário. Kowaltowski afirma que
desde a época do Brasil Colônia adotavam-se projetos com partidos muito
semelhantes para construção de edifícios escolares, como os grupos escolares e as
escolas normais. Estes edifícios já apresentam padronização, adaptados à diferentes
tipos de terrenos, através de porão alto. Na época do Império adotava-se sistema
unificado para construções escolares em todo o território nacional.
Um dos exemplos apresentados por Wolff e Ramalho (1986) trata-se de projeto
elaborado por Ramos de Azevedo para o grupo escolar Campinas, não concebido
com intenção explicita de projeto-padrão, mas utilizado em inúmeros munícipios com
variação apenas de fachada. Posteriormente, uma adaptação desde modelo feita por
Vitor Dubugras é definida pelas autoras como o primeiro projeto-tipo para o grupo
escolar, repetido em vários municípios por oito anos, com variações insignificantes na
disposição das salas de aula. Estes projetos apresentados demonstram soluções
padronizadas que eram adotadas e replicadas, sendo elaborados independentemente
de terrenos. Preconizaram a adoção de projetos padrão para edifícios públicos em
geral.
Segundo Wolff (1986), a partir do século XX, o servidor público assina grande
número de projetos de edifícios escolares, como no caso de projeto para escola em
Jaú, desenvolvido pelo arquiteto e servidor municipal José Humbeeck, considerado
pela autora como o primeiro modelo inteiramente padronizado a ser efetivamente
utilizado pelo governo paulista. De acordo com Wolff e Ramalho (1986), a utilização
de projetos tipo possibilitou racionalização do processo de trabalho nos serviços de
arquitetura, de forma que poucos arquitetos puderam resolver a demanda por muitos
prédios elaborando apenas alguns projetos. Dos 1379 projetos catalogados no
IPESP, 637 prédios haviam sido construídos com projeto padrão, elaborados tanto por
arquitetos desconhecidos, quanto por arquitetos «de assinatura. Apesar da
experiencia com projeto padrão, a administração pública paulista, persistiu com a
estratégia da diversidade nas edificações públicas escolares, preservando a
metodologia que se originou no Convênio Escolar, teve continuidade com a Conesp e
desde 1987 até hoje é adotada pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação.
Esta metodologia consiste da contratação de arquitetos terceirizados para
elaborar projetos específicos, subsidiados por catálogos técnicos, com padronização
de elementos e ambientes, elaborados pela própria FDE, que também disponibiliza
levantamento topográfico e lista de normas a serem seguidas. Desta forma, a
Fundação gerencia os programas e projetos. No Paraná às experiencias das
administrações públicas com padronização de edificações, a concentração
populacional na capital em razão do êxodo rural determinada carência de
habitação, escolas, postos de saúde e outros equipamentos. Em atendimento a essa
demanda, a Fundação Educacional do Paraná adotava projetos-padrão
escolares, elaborados por seu próprio departamento de engenharia.
Segundo Ana Maria Muratori, então superintendente da Fundação, estes
projetos obedeciam a um partido padrão, justificados pelo custo de construção
reduzido, e eram disponibilizados aos munícipios do estado através de
convênios, podendo ser adaptados segundo peculiaridades do local escolhido, com
assistência técnica da Fundepar. Esses projetos são descritos como de baixo custo e
fácil execução, com volumes arquitetônicos facilmente adequados ao espaço urbano
onde estão inseridos. Atualmente, a prática de projeto é ainda amplamente adotada.

6.3 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DO PROGRAMA


PROINFÂNCIA

O Proinfância foi criado em 2007 pelo Governo Federal com objetivo principal de
prestar assistência aos municípios e Distrito Federal para construção e aquisição de
equipamentos e mobiliário para creches e pré-escolas públicas (COELHO, 2015). Tal
assistência é dada em caráter suplementar visto que é responsabilidade da União,
bem como dos estados, exercer ação supletiva técnica e financeira, conforme
afirmam os artigos 30 e 211 da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
Conforme Coelho (2015), a implementação do Proinfância abrange cinco
dimensões: (1) disponibilização de projetos arquitetônicos-padrão; (2) financiamento
de obras; (3) aquisição de mobiliário e equipamentos; (4) assessoramento técnico-
pedagógico; (5) custeio de novas matrículas.
Ao Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) foi atribuída a
gestão nacional do Programa. O acompanhamento das etapas de execução das
obras ocorre a partir do registro no Sistema Integrado de Monitoramento Execução
e Controle do MEC - Simec (COELHO, 2015).
Segundo Flores e Albuquerque (2015, p. 22), o referido Programa “tem
sido uma ação indispensável para a ampliação do acesso e da qualidade na oferta
da Educação Infantil” no país, o que, se acredita, tende a minimizar as carências de
instalações apontadas no documento preliminar de referência do MEC, Padrões de
Infraestrutura para as Instituições de Educação Infantil.
Contudo, os projetos escolares padronizados, entre os quais se incluem os do
Proinfância, por basearem-se em modelos unificados para todo o país, acabam por
desconsiderar sua diversidade, seja de ordem sociocultural, econômica ou climática,
o que pode acarretar prejuízos quanto aos aspectos pedagógicos, de conforto
ambiental, funcionais e técnico-construtivos.
O Tribunal de Contas da União realizou auditoria operacional em algumas
escolas municipais de educação infantil (Emei) do Proinfância com projetos padrão
Tipo B e Tipo C para identificar os riscos associados ao processo de expansão e
funcionamento da rede pública de educação infantil (BRASIL, 2012). Os resultados
apontam para a existência de fragilidades nos projetos, entre as quais estão
inadequações em relação às variáveis climáticas que tornam os projetos padrão
incapazes de se adequar às diferentes regiões do país. A partir dos apontamentos
da auditoria, em 2013, o FNDE promoveu algumas alterações nos modelos Tipo B e
C, entre elas a possibilidade de haver algumas adaptações no projeto para regiões
de clima frio, tais como fechamento do pátio coberto/refeitório com vidro e piso em
manta sintética.
Considera-se que, para além da contribuição técnica com a retroalimentação
de projetos padrão de escolas de educação infantil, a experiência desta APO
fortalece a importância de que o projeto do ambiente escolar infantil deve partir de
diretrizes transdisciplinares da pedagogia e da arquitetura a fim de que o espaço-
ambiente não tenha só função de proporcionar condições adequadas de
habitabilidade, mas sim possa contribuir no processo educativo. Dessa forma será
possível, cada vez mais, superar os conceitos de creches assistencialistas, comuns
no Brasil há pouco mais de uma década, as quais eram instaladas em edificações
adaptadas para esse uso.
Já a observação dos pesquisadores, no caso arquitetos, é capaz de identificar
aspectos que passam despercebidos aos professores por estes já estarem
acostumados com espaço da escola, como, por exemplo, a insuficiência de
ventilação das salas de berçário e fraldário, ocasionado pela área reduzida de
esquadrias prescrita pelo projeto-padrão e pela dificuldade de manuseio dos
caixilhos em ferro. Ao encontro dessas constatações, os comentários das
professoras apontam a necessidade de manter fechadas as esquadrias voltadas
para o pátio coberto em função do ruído advindo desse espaço, o que prejudica a
qualidade do ar interno, pois dessa forma não ocorre a ventilação cruzada e
higiênica.
Por fim, acredita-se que o estudo contribui com a comunicação de uma
experiência de observação sobre como o projeto padrão Proinfância/FNDE é
vivenciado por seus usuários infantis e educadoras. Nesse sentido, conclui-se que
há necessidade de o modelo atual de projetos do Programa Proinfância serem
revistos no intuito de que haja um processo de qualificação constante a fim de
atender as diversidades do país.

7. RESULTADOS ESPERADOS

É possível determinar futuros caminhos aos projetos padrão, propondo e


recomendando diretrizes ligadas às questões funcionais, comportamentais e de
custo dos edifícios públicos.
Os tipos de problemas com os quais os planejadores lidam, problemas sociais
são inerentemente diferentes dos problemas que os cientistas e talvez os engenheiros
lidam. Os problemas perversos em contrataste, não tem nenhum desses traços de
clandestinidade e incluem quase todas as questões de política pública.
(BROADBENT, 1976).
Conforme Ana Maria Muratori, então superintendente da Fundação, projetos
padrão obedeciam a um partido padrão, justificados pelo custo de construção
reduzido, e eram disponibilizados aos munícipios do estado através de
convênios, podendo ser adaptados segundo peculiaridades do local escolhido, com
assistência técnica da Fundepar. Esses projetos são descritos como de baixo custo e
fácil execução, com volumes arquitetônicos facilmente adequados ao espaço urbano
onde estão inseridos. Atualmente, a prática de projeto é ainda amplamente adotada.
Acredita-se que o estudo contribui com a comunicação de uma experiência de
observação sobre como o projeto padrão Proinfância/FNDE é vivenciado por seus
usuários infantis e educadoras. Nesse sentido, conclui-se que há necessidade de o
modelo atual de projetos do Programa Proinfância serem revistos no intuito de que
haja um processo de qualificação constante a fim de atender as diversidades do
país.( MODLER N.L.; BERLEZE A.S.; TSUTSUMI E.K.; LINCZUK V.C.C; AZEVEDO
G.A.N., 2017).

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FLORES, M. L. R.; ALBUQUERQUE, S. S. (Orgs.). Implementação do PROINFÂNCIA
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1986.

9. CRONOGRAMA

Quadro 1: Cronograma de execução das atividades do mestrado

ATIVIDADES OBRIGATÓRIAS 2023.1 2023.2

Metodologia de Pesquisa X
Seminário e Desenvolvimento de Pesquisa X
Disciplinas X X

ATIVIDADES DE PESQUISA 2023.1 2023.2 2024.1 2024.2

Levantamento de Leitura Bibliográfica X X X X


Revisão Bibliográfica X
Sistematização da Revisão X
Apreensões e análises dos materiais
coletados e produzidos
X
Participação em eventos científicos X X
Elaboração de Artigos Científicos X
Redação da Dissertação da Qualificação X X
Banca de Qualificação X
Correções e Revisões X
Revisão e Finalização X X
Preparação Banca de Defesa X
Defesa Final X
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

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