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1. OBJETIVOS
O objetivo desse trabalho é criar um espaço para apresentação e discussão de
experiências e abordagens da educação em engenharia no Brasil e no mundo. O
nosso propósito é criar um ambiente de debate e reflexão que leve à descoberta de
novas possibilidades e caminhos para a educação em engenharia, a partir do
conhecimento das abordagens que estão sendo implementadas, atualmente, em
algumas unidades de ensino de engenharia da América, Europa, Ásia, África e
Oceania.
Dentre as várias experiências encontradas, este artigo destaca a aprendizagem
baseada em projetos tutorados (Project Led Education)[2][4][5][6][7] ou não (Problem
Based Learning[8][9][10][11]. A aprendizagem baseada em projetos contribui para o
desenvolvimento de habilidades, competências técnicas e transversais, aprendizagem
do trabalho em equipe, comunicação oral e escrita, preocupação com a
sustentabilidade e a responsabilidade social e a ética profissional.
2. ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
A Resolução N 11/2002 (CFE/CES) que estabeleceu as novas Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCNs) dos Cursos de Graduação em Engenharia, definiu em
seu Art. 3, o perfil do egresso para atender às demandas atuais da sociedade. Essas
diretrizes tiveram como objetivo promover mudanças que pudessem reduzir
deficiências na educação do engenheiro já encontradas àquela época, conforme
apontou o documento da Confederação Nacional da Indústria – CNI (2006)[1].
A educação em engenharia deve estar alinhada com a globalização,
considerando-se que este fenômeno envolve alterações significativas na vida humana.
O avanço tecnológico e o crescimento econômico mundial estão tornando as relações
internas e externas entre os países e regiões mais complexas, o que demanda
competências e habilidades diferentes do período anterior. Os profissionais de
engenharia deverão estar cada vez mais preparados para apresentar soluções para
demandas variadas e com níveis de complexidades crescentes. Toda essa
transformação passa, além da formação e treinamento dos docentes envolvidos nesse
desafio de mudança de paradigma, pelo apoio institucional e o crédito de seus
gestores.
Segundo Powell & Weenk (2003)[2], as principais competências a serem
desenvolvidas na educação em engenharia são conhecimento, habilidades e atitudes.
Para tanto, a abordagem educacional deve ser mudada não o conteúdo. É preciso que
o professor estimule a mudança de atitude do aluno fazendo-o trabalhar arduamente,
efetivamente e com entusiasmo.
É um fato notório entre a comunidade educacional (professores, estudantes e
gestores acadêmicos), as empresas, os políticos e a sociedade em geral o crescente
interesse no desenvolvimento de novos currículos para a educação superior.
A aprendizagem ativa se projeta como alternativa viável para a educação
superior. A engenharia, dada a sua natureza, apresenta os requisitos para tirar maior
1
proveito desta abordagem do processo educacional, visto que o engenheiro lida,
cotidianamente, com projetos, os quais demandam atitude ativa.
Segundo o PMI (2008)[3] um projeto é um esforço temporário empreendido para
criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza temporária indica um
inicio e um término bem definidos.
No desenvolvimento de um projeto deve-se ater para o seu gerenciamento
adequado com a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às
atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos.
Uma vez que todos os projetos têm um início e um fim bem definidos as
atividades específicas conduzidas nesse ínterim deverão obedecer rigorosamente ao
tempo estipulado, isto é, o ciclo de vida do projeto com suas fases sequenciais
cumprindo ao organograma de trabalho.
2
Puente, Jongeneelen e Terrenet[12] desenvolvem um projeto de coordenação
de um grupo de apoio para o desenvolvimento de competências didáticas para os
professores de engenharia da Eindhoven University of Technology (TU/e).
Arvid Andersen[13], Dinamarca, criou o projeto EPS (European Project
Semester), como um programa para graduandos em engenharia, com grupos de
estudantes internacionais que trabalham, durante um semestre, em projetos
interdisciplinares cuidadosamente selecionados, atendendo as necessidades reais das
empresas, visando desenvolver as capacidades e especializações, assim como as
comunicações inter-culturais e habilidades de trabalho em grupo. Atualmente, este
projeto está sendo implementado em dez universidades europeias.
4. CONCLUSÕES
Para vencer todos os desafios que aparecem com a implementação de uma
nova metodologia de ensino/aprendizagem, é essencial o desenvolvimento de um
modelo de gestão de ensino e do corpo docente envolvido, além de uma revisão na
matriz curricular. Outras dificuldades encontradas estão relacionadas com os
processos de avaliação discente. Os diversos instrumentos de avaliação utilizados
devem contemplar além do caráter formativo dos alunos, o aprimoramento do curso e
superação dos desafios que se interpõem constantemente. Além disso, uma maior
interação entre os docentes, alunos e gestores contribui para o trabalho num ambiente
agradável, dinâmico e produtivo para a formação do profissional em engenharia.
A função da coordenação do curso, dos gestores institucionais e dos docentes
deverá estar continuamente em discussão e análise crítica visando atingir os objetivos
propostos.
5. REFERÊNCIAS
[1] Confederação Nacional da Indústria –CNI- (2006). “Propostas para a
modernização da Educação em Engenharia no Brasil”, Inova Engenharia, Athalaia
Gráfica e Editora, ISBN 85-87257-21-8, Brasília, DF.
[2] Powell, P., & Weenk, W. (2003). Project-Led Engineering Education. Ultrech:
Lemma.
[3] PMI (2008). A Guide to the Management Body of Knowledge (PMBOK Guide)
Fourth Edition. PA, Project Management Institute (PMI).
[4] Van Hattum-Janssen, N. (2009). ”Staff Development for Project Led Engineering
Education: the Portuguese case”. Proceedings of 2nd International Research
Symposium on PBL, Melbourne, Australia.
[5] Lima, R. M., et al. (2009). “Management of interdisciplinary Project Approaches in
Engineering Education: a case Study”. 1st Ibero-American Symposium on Project
Approaches in Engineering Education – PAEE2009, UMINHO, Portugal.
[6] Fernandes, S., Flores, M. A., Lima, R. M. (2009). “Engineering Students’
Perceptions about Assessment in Project-Led Education”. In International Symposium
on Innovation and Assessment of Engineering Curricula, Curriculum Development
Working Group (CDWG), European Society for Engineering Education (SEFI).
Valladolid, Spain.
[7] Weenk, W., van der Blij, M. (2009). “Students Teamwork in Project Led Engineering
Education (PLEE)”. 1st Ibero-American Symposium on Project Approaches in
Engineering Education – PAEE2009, UMINHO – Portugal.
[8] Campos, L.C., et al (2009). “PBL in the teaching of biomedical engineering: a
pioneer proposal in Brazil”. 1st Ibero-American Symposium on Project Approaches in
Engineering Education – PAEE2009, Uminho, Portugal.
[9] Campos, L. C.; Manrique, A. L.; Dirani. E. A. T (2009). “Desafios na implementação
do curso de engenharia biomédica em PBL na PUC-SP”. III Congreso Mundial sobre
las Competências Laborales – COMCOM2009 – Bogotá, Colômbia.
3
[10] Balthazar, J. C. e Mello da Silva, J. (2010). “A Aprendizagem Baseada em Projeto
no Curso de Engenharia de Produção da Universidade de Brasilia”. 2nd Ibero-
American Symposium on Project Approaches in Engineering Education – PAEE2010,
Barcelona, Spain.
[11] Xiangyun D., Stojcevski, A. (2009). “Educational Innovation – Problem – Project –
Practice Approaches in Engineering Education”. 1st Ibero-American Symposium on
Project Approaches for Engineering Education – PAEE2009, UMINHO,Portugal.
[12] Puente, S. M. G.; Jongeneelen, C. J. M.; Perrenet, J. C. (2009).”The different roles
of the tutor in Design-Based Learning”. 1st Ibero-American Symposium on Project
Approaches in Engineering Education – PAEE2009, UMINHO, Portugal.
[13] Andersen, A. (2009). “The European Project Semester -EPS”. 1st Ibero-American
Symposium on Project Approaches in Engineering Education -(PAEE2009). UMINHO,
Portugal.