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Uma Aplicação da Gerência de Projetos na Implantação

de Ferramentas de EaD no Ensino Presencial

Cíntia Ricardo Lessa, cintiarlessa@gmail.com


Orlando Pereira Afonso Junior, opcefet@gmail.com
Rafael Nascimento Gomes, rofael@gmail.com
Simone Vasconcelos Silva, simonevs@iff.edu.br

RESUMO

Este artigo refere-se à documentação das atividades e o planejamento necessário para


utilização de ferramentas como o Moodle que, normalmente possuem foco na Educação à
Distância (EaD), como auxílio ao ensino presencial. O planejamento ocorre através das
práticas de gerência de projetos sugeridas pelo PMBOK (Project Management Body of
Knowledge). Este trabalho apresenta um estudo de caso, realizado no Instituto Federal
Fluminense (IFF) Campus Campos dos Goytacazes, como forma de comprovar a importância
da estruturação de um projeto nas áreas de gerenciamento de integração e escopo, além de
estabelecer um planejamento para o uso de ferramentas de EaD no ensino presencial, a fim de
que este padrão possa ser reutilizado nos demais cursos da Instituição.

Palavras-chave: Gerenciamento de Projetos, Educação à Distância, Moodle

ABSTRACT

This paper refers to the documentation of activities and research of the necessary
materials to use tools such as Moodle which focus, typically, on distance learning, and on the
contribution in presential education. The research happens through the practices in project
management suggested by the PMBOK (Project Management Body of Knowledge). This
paper presents a case study which took place at Fluminense Federal Institute (IFF) Campus
Campos dos Goytacazes as a way to prove the importance of structuring a project in the
integration and scope management areas, and establishing a plan for the use of distance
learning tools in regular education, so that this pattern may be reused by the other courses of
the institution.

Keywords: Project Management, Distance Learning, Moodle

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INTRODUÇÃO

Os avanços tecnológicos visam facilitar diversas atividades do dia-a-dia e muitos


podem ser utilizados no meio acadêmico. Mas para que a junção de tecnologia e educação
tenha sucesso é necessário realizar uma série de questionamentos e avaliações para definir
qual tecnologia utilizar, se existem profissionais capacitados para manusear e ensinar através
da ferramenta escolhida, entre outros aspectos que devem ser considerados.
Cada vez mais o ensino a distância ganha espaço no cenário nacional, oferecendo os
mais diversos cursos. Segundo a Associação Brasileira de Educação a Distância, em 2007,
mais de dois milhões de brasileiros se beneficiaram utilizando a Educação a Distância
(ABED, 2008). Partindo desta afirmativa, seria ideal acoplar algumas de suas características
ao ensino presencial, visando facilitar seu processo. Isto é, utilizando recursos que possam
otimizar a aprendizagem de uma determinada disciplina curricular através do uso de
tecnologias colaborativas.
Com isso as ferramentas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC´s)
assumem um papel importante, pois é através delas que se dará toda a comunicação necessária
para o aprendizado presencial possuir uma interface virtual. Portanto as TIC´s devem ser
escolhidas com cautela, pois irão prover todo suporte necessário para atender a demanda
exigida, além de possibilitar o fácil acesso aos envolvidos.
Uma das ferramentas de TIC existentes e que será amplamente utilizada neste projeto
é o ambiente colaborativo de aprendizagem. Um Ambiente Colaborativo de Aprendizagem
representa um lugar onde a aprendizagem ocorre (LOPEZ et. al, 2006). A idéia de ambiente
pressupõe a presença de uma série de recursos e de atividades que o aluno realiza, de
orientação e suporte de orientadores e da interação com outras pessoas (WILSON, 1996).
O projeto de implantação de um ambiente colaborativo de aprendizagem para
proporcionar o auxílio necessário ao ensino presencial deve ser planejado de modo que
garanta a qualidade dos resultados da sua utilização. Neste artigo é sugerida a utilização das
técnicas de Gerenciamento de Projetos, para estruturar o projeto de implantação e utilização
de um ambiente de aprendizagem. Normalmente utilizado no EaD, este ambiente servirá
como suporte ao ensino presencial no Instituto Federal Fluminense (IFF), onde a metodologia
proposta pode ser utilizada em todos os níveis educacionais (médio, técnico e superior)
oferecidos pelo Instituto. Como estudo de caso, apresenta o projeto do trabalho realizado na
disciplina de Qualidade de Software do curso de Pós-Graduação oferecido pelo IFF Campus
Campos-Centro, no ano de 2010.
O objetivo do trabalho é documentar e executar o planejamento da aplicação de uma
ferramenta de ensino à distância em conjunto com um modelo presencial, através da
utilização das seguintes áreas de Gerência de Projetos: integração e escopo. Sendo ainda um
diferencial para alunos e professores que utilizarão essa tecnologia, com material sempre
disponível e possibilidade de elaboração de novos exercícios, provas e dinâmicas com o
grupo, podendo ou não reaproveitar o material didático para novas turmas.
O projeto realizado neste artigo se justifica a partir da necessidade de dinamizar e
oferecer novos métodos de ensino seguindo as tendências das Tecnologias de Informação
aplicadas no Ensino a Distância. Para que estes avanços sejam medidos, no sentido de avaliar
sua eficiência a partir das novas técnicas implantadas, faz-se necessária a existência de uma
documentação que contenha todas as informações primordiais para a existência e
aplicabilidade do projeto. Os documentos e atividades gerados devem seguir práticas já
implementadas e que possuam a eficácia garantida. Os princípios norteadores de
Gerenciamento de Projetos possibilitam a adequada estruturação de todas as fases existentes
no projeto em questão e também permite criar registros de melhores práticas que podem ser

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seguidos em qualquer unidade de ensino assim como servir de base para novas
implementações.

1. ENSINO A DISTÂNCIA

O formato da educação a distância surgiu para estreitar os laços entre a educação e as


pessoas com dificuldades em utilizar os métodos tradicionais de ensino nas salas de aula, o
que pode ocorrer por diversos motivos, como: distância das escolas existentes na região falta
de oportunidade de frequentar a escola devido à situação financeira da família, onde a pessoa
tem que trabalhar e não pode se dedicar aos estudos. Mas para que os cursos a distância
tenham a mesma qualidade dos presenciais, é necessário a existência de definições e conceitos
que possam garantir a qualidade e eficiência nos processos de educação a distância.
Pensando nisso, a SEED/ MEC, criou um documento nomeado Referenciais de
Qualidade para Educação Superior a Distância, que não possui força de lei, mas “será um
referencial norteador para subsidiar atos legais do poder público no que se referem aos
processos específicos de regulação, supervisão e avaliação da modalidade citada” (MEC,
2007).
Muito embora o texto do documento citado apresente orientações especificamente à
educação superior, ele será um importante instrumento para a cooperação e integração entre
os sistemas de ensino, e também servirá como base de reflexão para a elaboração de
referenciais específicos para os demais níveis educacionais que podem ser ofertados a
distância.
Não existe um modelo único de educação a distância; existem particularidades
próprias que são definidas pela natureza do curso e as reais condições do cotidiano e
necessidades dos estudantes. A partir destas informações é que são definidas a melhor
tecnologia e metodologia a ser utilizada, Assim como o calendário de encontros presencias
que são necessários e obrigatórios previstos em lei.
De acordo com o MEC (MEC, 2007):

Apesar da possibilidade de diferentes modos de organização, um ponto deve


ser comum a todos aqueles que desenvolvem projetos nessa modalidade: é a
compreensão de EDUCAÇÃO como fundamento primeiro, antes de se
pensar no modo de organização: A DISTÂNCIA.

Para que isto ocorra, os projetos de ensino a distância precisam de forte compromisso
institucional no que se refere a garantir o processo de formação que contemple não só a
dimensão técnico-científica para o mundo do trabalho, mas também a dimensão política para
a formação do cidadão.
De acordo com o MEC (MEC, 2007), os projetos de cursos a distância devem
compreender os seguintes tópicos:
● Concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem: O projeto
político pedagógico deve apresentar claramente sua opção epistemológica de
educação, de currículo, de ensino, de aprendizagem, de perfil do estudante que deseja
formar; com definição, partir dessa opção, de como se desenvolverão os processos de
produção do material didático, de tutoria, de comunicação e de avaliação, delineando
princípios e diretrizes que alicerçarão o desenvolvimento do processo de ensino e
aprendizagem. A opção epistemológica é que norteará também toda a proposta de
organização do currículo e seu desenvolvimento. A organização em disciplina,
módulo, tema, área, reflete a escolha feita pelos sujeitos envolvidos no projeto. A

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compreensão de avaliação, os instrumentos a serem utilizados, as concepções de tutor,
de estudante, de professor, enfim, devem ter coerência com a opção teórico-
metodológica definida no projeto pedagógico;
● Sistemas de Comunicação: O desenvolvimento da educação a distância em todo o
mundo está associado à popularização e democratização do acesso às tecnologias de
informação e de comunicação. No entanto, o uso inovador da tecnologia aplicada à
educação deve estar apoiado em uma filosofia de aprendizagem que proporcione aos
estudantes efetiva interação no processo de ensino-aprendizagem, comunicação no
sistema com garantia de oportunidades para o desenvolvimento de projetos
compartilhados e o reconhecimento e respeito em relação às diferentes culturas e de
construir o conhecimento. Portanto, o princípio da interação e da interatividade é
fundamental para o processo de comunicação e devem ser garantidos no uso de
qualquer meio tecnológico a ser disponibilizado. Tendo o estudante como centro do
processo educacional, um dos pilares para garantir a qualidade de um curso a distância
é a interatividade entre professores, tutores e estudantes. Hoje, um processo muito
facilitado pelo avanço das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação);
● Material didático: O Material Didático, tanto do ponto de vista da abordagem do
conteúdo, quanto da forma, deve estar concebido de acordo com os princípios
epistemológicos, metodológicos e políticos explicitados no projeto pedagógico, de
modo a facilitar a construção do conhecimento e mediar a interlocução entre estudante
e professor, devendo passar por rigoroso processo de avaliação prévia (pré-testagem),
com o objetivo de identificar necessidades de ajustes, visando o seu aperfeiçoamento.
Em consonância com o projeto pedagógico do curso, o material didático, deve
desenvolver habilidades e competências específicas, recorrendo a um conjunto de
mídias compatível com a proposta e com o contexto socioeconômico do público-alvo;
● Avaliação: Duas dimensões devem ser contempladas na proposta de avaliação de um
projeto de educação a distância:
- a que diz respeito ao processo de aprendizagem: Na educação a distância, o
modelo de avaliação da aprendizagem deve ajudar o estudante a desenvolver graus
mais complexos de competências cognitivas, habilidades e atitudes, possibilitando-
lhe alcançar os objetivos propostos. Para tanto, esta avaliação deve comportar um
processo contínuo, para verificar constantemente o progresso dos estudantes e
estimulá-los a serem ativos na construção do conhecimento. Desse modo, devem
ser articulados mecanismos que promovam o permanente acompanhamento dos
estudantes, no intuito de identificar eventuais dificuldades na aprendizagem e
saná-las ainda durante o processo de ensino-aprendizagem;
- a que se refere à avaliação institucional: As instituições devem planejar e
implementar sistemas de avaliação institucional, incluindo ouvidoria, que
produzam efetivas melhorias de qualidade nas condições de oferta dos cursos e no
processo pedagógico. Esta avaliação deve configurar-se em um processo
permanente e consequente, de forma a subsidiar o aperfeiçoamento dos sistemas
de gestão e pedagógico, produzindo efetivamente correções na direção da melhoria
de qualidade do processo pedagógico. Para ter sucesso, essa avaliação precisa
envolver os diversos atores: estudantes, professores, tutores, e quadro técnico-
administrativo. A condução da avaliação institucional deve facilitar o processo de
discussão e análise entre os participantes, divulgando a cultura de avaliação,
fornecendo elementos metodológicos e agregando valor às diversas atividades do
curso e da instituição como um todo;
● Equipe multidisciplinar: Em educação a distância, há uma diversidade de modelos,
que resulta em possibilidades diferenciadas de composição dos recursos humanos

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necessários à estruturação e funcionamento de cursos nessa modalidade. No entanto,
qualquer que seja a opção estabelecida, os recursos humanos devem configurar uma
equipe multidisciplinar com funções de planejamento, implementação e gestão dos
cursos a distância, onde três categorias profissionais, que devem estar em constante
qualificação, são essenciais para uma oferta de qualidade: docentes, tutores e pessoal
técnico-administrativo;
● Infra-estrutura de apoio: Além de mobilizar recursos humanos e educacionais, um
curso a distância exige infra-estrutura material proporcional ao número de estudantes,
aos recursos tecnológicos envolvidos e à extensão de território a ser alcançada, o que
representa um significativo investimento para a instituição. A infra-estrutura material
refere-se aos equipamentos de televisão, vídeo-cassetes, áudio-cassetes, fotografia,
impressoras, linhas telefônicas, inclusive dedicadas para Internet e serviços 0800, fax,
equipamentos para produção audiovisual e para videoconferência, computadores
ligados em rede e/ou stand alone e outros, dependendo da proposta do curso.
Deve-se atentar ao fato de que um curso a distância não exime a instituição de dispor
de centros de documentação e informação ou midiatecas (que articulam bibliotecas,
videotecas, audiotecas, hemerotecas e infotecas, etc.) para prover suporte a estudantes,
tutores e professores. A infra-estrutura estrutura física das instituições que oferecem
cursos a distância deve estar disponível na sede da instituição (em sua Secretaria,
núcleo de EaD) e nos pólos de apoio presencial;
● Gestão acadêmico-administrativa: A gestão acadêmica de um projeto de curso de
educação a distância deve estar integrada aos demais processos da instituição, ou seja,
é de fundamental importância que o estudante de um curso a distancia tenha as
mesmas condições e suporte que o presencial, e o sistema acadêmico deve priorizar
isso, no sentido de oferecer ao estudante, geograficamente distante, o acesso aos
mesmos serviços disponíveis para ao do ensino tradicional, como: matrícula,
inscrições, requisições, acesso às informações institucionais, secretaria, tesouraria, etc.
Em particular, a logística que envolve um projeto de educação a distancia - os
processos de tutoria, produção e distribuição de material didático, acompanhamento e
avaliação do estudante - precisam ser rigorosamente gerenciados e supervisionados,
sob pena de desestimular o estudante levando-o ao abandono do curso, ou de não
permitir devidamente os registros necessários para a convalidação do processo de
aprendizagem;
● Sustentabilidade Financeira: A educação superior a distância de qualidade envolve
uma serie de investimentos iniciais elevados, para a produção de material didático, na
capacitação das equipes multidisciplinares, na implantação de pólos de apoio
presencial e na disponibilização dos demais recursos educacionais, assim como na
implantação (metodologia e equipe) da gestão do sistema de educação a distancia.
Inicialmente, não há uma adequada relação custo/benefício, só sendo viável levando-
se em consideração a amortização do investimento inicial em médio prazo. No
entanto, para alguns analistas, um projeto acompanhado e avaliado permanentemente
combinado com os avanços tecnológicos faz com que um curso a distância esteja
sempre em processo de aperfeiçoamento, o que mantém elevado o investimento nos
projetos.

A instituição deve apresentar uma planilha de oferta de vagas, especificando


claramente a evolução da oferta ao longo do tempo. O número de estudantes para cada curso
deve apresentar-se em completa consistência com o projeto político-pedagógico, os meios que
estarão disponibilizados pela instituição, o quadro de professores, de tutores e da equipe

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técnico-administrativa, que irão trabalhar no atendimento aos estudantes, o investimento e
custeio a serem feitos e outros aspectos indicados nesse documento.
Além disso, é importante destacar as características que os alunos de EaD devem ter
ou desenvolver durante esta etapa,tais como: comprometimento com o estudo, o aluno deve se
dedicar, separar tempo para o estudo. Deve ter ou desenvolver um espírito de autodidata, e
demonstrar o interesse buscando novas fontes de conteúdo, através de pesquisas, livros,
consultas ao tutor, etc.
Assim como o tutor deve apresentar ou desenvolver o seu perfil para EaD: deve
dedicar uma boa parte do tempo para desenvolver material auto-explicativo e de boa
qualidade (visual e conteúdos), deve se colocar na posição do aluno no momento da
confecção do material didático, além de estar disponível para a resolução de qualquer dúvida.
A EaD vem mudando os paradigmas do ensino atualmente, mas para que a mudança
positiva possa de fato ocorrer, é necessária a mudança em todos os membros do
processo:aluno, tutor, etc.

1.1. EaD NO BRASIL

A educação a distância tem crescido em vários aspectos, demonstrados em índices


qualitativos nas áreas de: regulação, qualidade e quantitativos: no aumento na disponibilidade
de cursos, conforme relatado pelo secretário de Educação a Distância, Carlos Eduardo
Bielschowsky, em uma palestra do 5º Congresso Brasileiro de Educação Superior a Distância
e do 6º Seminário Nacional de Educação a Distância realizado em Gramado-RS em 2008.
Bielschowsky, apresentou uma análise das políticas públicas voltadas para a educação a
distância, destacando do empenho da Secretaria de Educação a Distância em ser o órgão
regulador e de credenciamento para manter a qualidade do ensino, sua principal meta (MEC,
2010).
Em dados expostos no Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a
Distância retirado do Inep/MEC revelam o grande “boom” de crescimento dos cursos a
distância, principalmente nos cursos de graduação. ”De 2003 a 2006, o número de cursos de
graduação a distância passou de 52 para 349, um aumento de 571%”(ABED, 2008).
Em relação a dados qualitativos o EaD se mostrou uma nova forma de ensino sem
perder qualidade na formação de alunos: ”Dados do Enade demonstram que é possível
oferecer cursos de graduação a distância com qualidade. Atualmente, os cursos nesta
modalidade correspondem a 5% do total de cursos de graduação” (MEC, 2010).
A Figura 1 foi construída de acordo com dados do E-MEC acerca de municípios por
região que oferecem cursos superiores de EaD. A amostra baseou-se na quantidade de
municípios que oferecem cursos de EaD por Estado e relacionados aos oferecidos em todo o
Brasil.

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Figura 1: Distribuição dos cursos de ensino a distância no Brasil. Fonte: E-MEC (2010)

2. AMBIENTE COLABORATIVO DE APRENDIZAGEM – MOODLE

Sem dúvida alguma é necessário um ambiente virtual que agregue todo conceito de
EaD, conseqüentemente trazendo consigo: segurança, facilidade de uso e acessibilidade, a fim
de suportar tutores e alunos tornando dinâmico o aprendizado e o acesso ao conteúdo didático.
Com esse objetivo o Moodle surgiu. Segundo informações disponibilizadas no próprio site do
projeto, ele foi desenvolvido pelo australiano Martin Dougiamas em 1999 e disponibilizado
em vários idiomas, inclusive em português, sob a licença GNU Public License, o que torna
sua distribuição gratuita, além de ser multiplataforma e ser implementado em diversos tipos
de banco de dados (MOODLE, 2010a). O Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem
(AVEA) Open Source Moodle (Modular Object Oriented Distance Learning) tornou
referência de ferramenta de EaD e passou a ser utilizado por instituições de ensino em todo o
mundo.
A plataforma apresenta uma grande comunidade, graças a abertura que foi dada a sua
estrutura de software open source, possibilitando desde a manutenção e aperfeiçoamento do
sistema como também abertura para o desenvolvimento das pedagogias que são utilizadas
para o ensino (Junior, 2007) O ambiente foi desenvolvido a partir de filosofias de
aprendizagem, podendo ser resumidamente chamada de Pedagogia Social Construcionista, as
quais tornam o Moodle um diferencial sobre outras ferramentas dessa categoria. Ele agrega
idéias como: construtivismo (conhecimento é enriquecido se você pode usá-lo de maneira
iterativa); Construcionismo (aprendizagem é particularmente eficaz quando se dá construindo
alguma coisa para que outros experimentem) e o construcionismo Social (pessoas construindo
coisas umas para as outras, criando de maneira colaborativa uma pequena cultura de coisas
compartilhadas com significados compartilhados) (MOODLE, 2010b) Além de possuir fortes
ferramentas de comunicação/compartilhamento e a criação e administração de elementos de
aprendizado, além dos amplos conceitos didáticos utilizando ferramentas do dia-a-dia de
muitos internautas, as quais serão listadas mais a baixo.
Configurado como um ambiente para uso à distância, o Moodle é um ambiente
colaborativo de aprendizagem que utiliza a tecnologia Internet e é um local onde os
professores/tutores poderão disponibilizar materiais, referências, discutir estudos de caso,
aprender sobre os novos modelos e práticas educacionais, oferecendo aos alunos acesso às

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TICs e produção de novos conhecimentos, permitindo a concepção, administração e
desenvolvimento de diversos tipos de ações (LOPES et. al., 2007).
O Moodle apresenta vários recursos para serem utilizados, tais como:
● Adicionar Material: textos elaborados a serem discutidos e realizados pelos alunos
com o professor e entre aluno-aluno;
● Fazer link a um arquivo ou página: oferecer ao aluno, materiais na WEB ou
desenvolvidos para o curso pelo professor (objetos de aprendizagem);
● Inserir um rótulo: pode ser um gráfico ou figura, de maneira que o aluno possa ter uma
visão do objeto do estudo;
● Chat ou Bate-papo: atividade síncrona em que os alunos, os monitores e os
professores, estabelecem uma comunicação on-line, com dia e hora previamente
agendados;
● Diário: local onde o aluno insere suas anotações como tarefas a serem cumpridas,
dúvidas para serem postadas posteriormente na ferramenta Fórum ou Chat;
● Glossário: esta ferramenta permite que todos os participantes criem e atualizem uma
lista com suas definições como um dicionário;
● Fórum: recurso que serve de ponte na construção do conhecimento entre o professor e
o aluno e/ou entre alunos, base para aprendizagem assíncrona, dentro de uma
abordagem colaborativa, permitindo a interação aluno-aluno e aluno-tutor. Segundo
Lopes et al. (2007), as discussões on-line entre estudantes e professores participantes
de uma comunidade virtual de aprendizagem constituem-se, por sua natureza, em
atividades colaborativas;
● Questionários: este módulo permite que o professor crie e aplique os testes, que
podem ser de múltipla escolha, verdadeiro/falso ou resposta curta. Essas questões são
armazenadas em uma base de dados classificada por categorias e podem ser
reutilizadas em outros eventos do curso ou mesmo em outros cursos. As notas obtidas
pelos alunos ficam armazenadas no banco de dados do curso;
● Visualizar um diretório: permite agrupar arquivos de assuntos relacionados em uma
única pasta;
● Modalidade avançada de carregamento de arquivos: através deste recurso é possível o
aluno postar diversos arquivos para responder uma atividade.

O Moodle permite quatro níveis de participação para interagir com o ambiente:


Administrador, Professor, Aluno e Visitante. O Administrador tem como funções gerenciar as
configurações do ambiente, cadastrar e editar novos cursos, como também gerenciar a entrada
de alunos nos cursos. O Professor tem como responsabilidade gerenciar os cursos, assumindo
o papel de: Professor Autor que pode criar novos cursos e dar aula; Professor Editor, que tem
a função de criar o material didático de um curso; Professor Tutor, onde ele pode interagir,
avaliar e modificar as atividades, e o Aluno como “cliente” dessa estrutura, que vai acessar os
conteúdos programáticos, desenvolvidos pelos professores e por ultimo o visitante que possui
apenas acesso a leitura, não podendo interagir com o sistema.
O gerenciamento da aprendizagem é realizado pelo aluno que a medida que vai
avançando a medida que resolve e absorve o conteúdo proposto, os materiais que irá utilizar
(apresentações, textos), a interação com o tutor, com outros alunos, por meio de chats, e-
mails, fóruns, entre outros. Lembrando que é tudo independente de quando e onde irá resolver
as atividades propostas.
Segundo Custódio (2008), o Ambiente Moodle é adequado para atividades totalmente
à distância, podendo ainda ser uma ferramenta para apoiar e complementar as atividades do
ensino presencial.

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3. GERÊNCIA DE PROJETOS

O Gerenciamento de Projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas


e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos (PMI, 2008).
Atualmente a eficácia no gerenciamento de qualquer projeto é fundamental para o seu
sucesso. Mas afinal, o que vem a ser um projeto?
De acordo com o PMI (2008) um projeto é um esforço temporário empreendido para
criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza temporária indica um início
e um término definidos. O término é alcançado quando os objetivos tiverem sido atingidos ou
quando se concluir que esses objetivos não serão ou não poderão ser atingidos e o projeto for
encerrado, ou quando o mesmo não for mais necessário.
Desta forma, o mesmo não pode ser confundido com as ações rotineiras exercidas pela
empresa.

Para a efetiva realização do gerenciamento de projetos, é necessário que haja aplicação


e integração dos 42 processos agrupados logicamente abrangendo 5 grupos. Estes grupos são:
Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento, conforme
Figura 2.

Figura 2: Processos da Gerência de Projetos. Fonte: SATO (2011)

Segundo o PMI (2008), o gerenciamento de projetos compreende nove áreas de


conhecimento (figura 3), tais como:
● Gerenciamento de integração do projeto: inclui os processos e as atividades
necessárias para identificar, definir, combinar, unificar e coordenar os vários processos
e atividades dos grupos de processos de gerenciamento;
● Gerenciamento do escopo do projeto: inclui os processos necessários para assegurar
que o projeto inclui todo o trabalho necessário, e apenas o necessário, para terminar o
projeto com sucesso;
● Gerenciamento de tempo do projeto: inclui os processos necessários para gerenciar o
término pontual do projeto;
● Gerenciamento de custos do projeto: inclui os processos envolvidos em estimativas,
orçamentos e controle dos custos, de modo que o projeto possa ser terminado dentro
do orçamento aprovado;
● Gerenciamento da qualidade do projeto: inclui os processos e as atividades da
organização executora que determinam as políticas de qualidade, os objetivos e as
responsabilidades, de modo que o projeto satisfaça às necessidades para as quais foi
empreendido;
● Gerenciamento de recursos humanos do projeto: inclui os processos que organizam e
gerenciam a equipe do projeto. A equipe do projeto consiste nas pessoas com papéis e
responsabilidades designadas para a conclusão do projeto;

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● Gerenciamento das comunicações do projeto: inclui os processos necessários para
assegurar que as informações do projeto sejam geradas, coletadas, distribuídas,
armazenadas, recuperadas e organizadas de maneira oportuna e apropriadas;
● Gerenciamento de riscos do projeto: inclui os processos de planejamento,
identificação, análise, planejamento de respostas, monitoramento e controle de riscos
de um projeto;
● Gerenciamento de aquisições do projeto: inclui os processos necessários para comprar
ou adquirir produtos, serviços ou resultados externos à equipe do projeto.

Figura 3: Processos da área de conhecimento. Fonte: VERAS (2010)

Este trabalho irá abordar apenas a gerência de integração e de escopo, as quais serão
detalhadas nas seções a seguir.

3.1. GERENCIAMENTO DE INTEGRAÇÃO

Um dos itens do Gerenciamento de integração e, consequentemente do ciclo de vida


do projeto, é o Termo de Abertura do Projeto (TAP). Este documento inicia formalmente o
projeto além de formalizar a autorização de um projeto ou fase e a documentação dos
requisitos iniciais que satisfaçam as necessidades e expectativas das partes interessadas.
O Termo de Abertura do Projeto é composto por várias entradas que possibilitam uma
visão do projeto a ser realizado. As entradas necessárias para criação do Termo de Abertura
do Projeto são (PMI, 2008):
● Declaração do trabalho do projeto: esta declaração é uma descrição dos produtos ou
serviços a serem fornecidos pelo projeto. Nela contém as informações sobre as
necessidades do negócio, a descrição do escopo do produto e o plano estratégico;
● Business case: este documento fornece as informações necessárias para determinar se
o projeto justifica ou não o seu investimento. Contém também informações sobre as
necessidades do negócio e a análise de custo e benefício;
● Contrato: este documento é utilizado apenas nos casos em que o projeto é realizado
por cliente externo;
● Fatores ambientais da empresa: Nesta entrada são listados todos os fatores que podem
influenciar na criação do Termo de Abertura do Projeto, como por exemplo, padrões
governamentais ou industriais, infraestrutura organizacional, entre outros;
● Ativos de processos organizacionais: Alguns ativos podem influenciar na criação do
Termo de Abertura do Projeto, como por exemplo, processos organizacionais

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padronizados, políticas e definições padronizadas de processos para uso na
organização, modelos de documentos já existentes, assim como bases de
conhecimento e informações históricas.

Segundo o PMI (2008), processadas essas entradas, que influenciam diretamente na


criação do Termo de Abertura o resultado final, ou seja, as saídas esperadas deste documento
são:

● Propósito ou justificativa do projeto;


● Objetivos mensuráveis do projeto e critérios de sucesso relacionados;
● Requisitos de alto nível;
● Descrição do projeto em alto nível;
● Riscos de alto nível;
● Resumo do cronograma de marcos;
● Resumo do orçamento;
● Requisitos para aprovação do projeto (o que constitui o sucesso do projeto, quem
decide se o projeto é bem sucedido, e quem assina o projeto);
● Gerente do projeto, responsabilidade, nível de autoridade designados e
● Nome e autoridade do patrocinador ou outra(s) pessoa(s) que autoriza o termo de
abertura do projeto.

3.2. GERENCIAMENTO DE ESCOPO

A técnica recomendada pelo PMBOK para definição dos resultados do projeto,


diretamente relacionados com os objetivos, é a Estrutura Analítica de Projetos (EAP),
conforme definição: “Um agrupamento dos elementos orientados ao produto do projeto que
organiza e define o escopo global do projeto. Cada nível inferior representa uma definição
crescentemente detalhada de um componente do projeto. Os componentes do projeto podem
ser produtos ou serviços” (PMI, 2008).
A EAP é a representação gráfica dos resultados do projeto, sendo parte essencial para
a especificação e estimativa de recursos, tempos e custos, ou seja, abrangendo uma boa gama
de fases que envolvem o gerenciamento de projetos como um todo. É através da EAP que
poderemos ter uma visão mais precisa do gerenciamento de escopo, identificando-o e
possibilitando assim novas tarefas, como definição da equipe de trabalho, que materiais serão
utilizados, etc.
A Estrutura Analítica do Projeto, também conhecido como EAP, é a ferramenta de
gerenciamento do escopo do projeto. Cada nível descendente do projeto representa um
aumento no nível de detalhamento do projeto, como se fosse um organograma (hierárquico)
(VARGAS, 2009).
Em uma EAP podem ser observados dois níveis de detalhamento: o nível do topo
(projeto) e o nível da base (pacote de trabalho). O nível do topo contém o projeto e todas as
macroinformações, enquanto o nível da base é o nível operacional do projeto, onde cada
pacote de trabalho vai ser detalhado e planejado para garantir que o nível do topo seja
atingido dentro do planejado (VARGAS, 2008)
Qualquer trabalho que não esteja incluído na EAP está fora do escopo do projeto e não
deve ser realizado pela equipe (CHUERI e XAVIER, 2008).

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A EAP, por definição, não aborda questões de tempo (portanto, não é um
cronograma), nem questões de precedência (portanto, também não é um diagrama de
sequencia) (NETO, 2009).
A profundidade da EAP depende do tamanho e da complexidade do projeto, bem
como das informações necessárias ao seu planejamento e gerenciamento. Alguns critérios e
dicas devem ser levados em consideração, no momento da criação de uma EAP (RENAPI,
2010):

● Colocar no primeiro nível da EAP o nome do projeto;


● Colocar no segundo nível as fases do projeto;
● Para o terceiro nível, devem-se identificar os principais marcos das etapas do projeto;
● Decompor cada elemento da EAP, subdividindo os resultados principais do projeto em
componentes menores, até que esteja detalhado o suficiente para a ele ser atribuído
recurso ou grupo de trabalho. Após essa decomposição, será possível estimar custos e
prazo. O nível mais baixo da EAP é denominado Pacote de Trabalho;
● Rever e refinar a EAP até a concordância dos interessados de que o planejamento do
projeto alcançará o sucesso e que a gerência produzirá os resultados esperados;
● EAP não necessariamente dá origem ao cronograma do projeto, já que os pacotes de
trabalho podem ser ainda subdivididos em atividades;
● Cada nível da EAP deve representar resultado tangível e verificável;
● A EAP não deve conter insumos como despesas de viagens, de pessoal, manutenção
de computadores e outros insumos;
● Os resultados principais devem estar explícitos na EAP. O que não estiver na EAP não
fará parte do escopo do projeto;
● Os resultados principais devem explicitar o trabalho a ser realizado. Não se deve
utilizar nomes ambíguos para os elementos da EAP;
● Os resultados principais devem ser decompostos até o nível de detalhe que permita o
planejamento e o gerenciamento do trabalho (estimativa de recursos, prazos e risco);
● A decomposição não deve ser demasiada de forma que o custo de controle não traga o
benefício esperado;
● Cada elemento da EAP deverá contribuir para o elemento ao qual está subordinado;
● Ao descer um nível na EAP, a soma dos resultados dos níveis mais baixos
corresponde à soma dos resultados do nível superior (prazo e custos);
● Um elemento da EAP não pode ter somente um filho e este não pode ter mais que um
pai;
● Os resultados principais necessários ao gerenciamento (reuniões, relatórios, artefatos
de gerência) devem ser incluídos na EAP.

O EAP pode ser elaborado em forma de diagrama ou de lista encadeada. A Figura 4


mostra um exemplo de EAP em forma de diagrama para o projeto de implantação de curso de
EAD no IFF.

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Figura 4 – Exemplo de Estrutura Analítica do Projeto (EAP). Fonte: Autor

4. PLANEJAMENTO DAS AÇÕES NO AMBIENTE COLABORATIVO DE


APRENDIZAGEM

Para elaborar o TAP e o EAP do projeto de implantação do ambiente colaborativo de


EaD no ensino presencial foi utilizada a ferramenta de Gestão Integrada, desenvolvida pelo
projeto GESTÃO-EPCT. Esta ferramenta é totalmente colaborativa e livre, utilizou-se como
base a plataforma do Redmine. A ferramenta é atualmente utilizada pela RENAPI (Rede
Nacional de Pesquisa e Inovação) do Ministério da Educação (MEC) e pela Formação
GESAC (Projeto de Inclusão Digital) do Ministério das Comunicações.
O Redmine é uma ferramenta muitiplataforma de código aberto e colaborativa,
distribuida gratuitamente, de acompanhamento de projetos bem adaptável a qualquer
realidade, possui suporte a plugins, com os mais variados fins, além de trazer consigo
acompanhamento das tarefas cadastradas, calendário, gráfico de Gantt, cálculo de tempo gasto
e ainda possui o recurso de armazenar documentos (textos e imagens, por exemplo) referentes
as tarefas ou projeto (REDMINE, 2010). Possui uma grande comunidade que o mantem
sempre em aprimoramento e é uma forma de manter o histórico digital de todas as
informações dos trabalhos realizados, pois gerencia vários projetos ao mesmo tempo. Seu
controle de acesso é feito através de cadastramento de usuários, que possuem ou não
visibilidade nos projetos, já que o administrador define quais os usuários formarão a equipe e
seus respectivos papeis. Cada usuário possui um ou mais papeis em um determinado projeto,
sendo que ele pode assumir papeis diferentes nos demais existentes.
O termo de abertura do projeto documenta as necessidades de negócio, a justificativa
para o projeto, o entendimento das necessidades do cliente, também descreve o produto ou
serviço que vai ser abordado e seus requisitos (Martins, 2007).
Portanto, o termo de abertura é de suma importância nesta padronização, pois é através
dele que é possível constatar que o projeto a ser realizado seria viável, além de conter as
principais informações acerca do mesmo. O TAP inicia formalmente o projeto.

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A ferramenta Gestão Integrada disponibiliza um formulário eletrônico para o Termo
de Abertura do Projeto (TAP). Conforme mostra a Figura 5, este formulário contém campos
como: descrição do projeto, objetivos, justificativa, premissas, restrições, ciclo de vida,
cronograma resumido, orçamento resumido, plano de entrega, infra-estrutura e equipe.

Figura 5. Formulário do Termo de Abertura

Após a aprovação do TAP, a ferramenta disponibiliza o lançamento da Estrutura


Analítica do Projeto (EAP), conforme mostra a Figura 6. Esta funcionalidade da EAP permite
o lançamento dos macros do projeto, seus pacotes de trabalho e suas sub-divisões quando
necessários. Todos os lançamentos das tarefas do projeto ocorrem a partir do pacote do nível
mais baixo da EAP. É possível utilizar diversos filtros, assim como gerar diagramas de Gantt
de acordo com o nível da EAP. Para o cumprimento desse resultado, a ferramenta possibilita a
criação do Plano de Projeto, desenvolvido no Wiki (tipo específico de coleção de documentos
em hipertexto ou o software colaborativo usado para criá-lo) da própria ferramenta, contendo
links para todos os documentos do projeto e também para as atas das reuniões de
planejamento, conforme Figura 7.

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Figura 6. Exemplo de EAP do Projeto Formação Gesac

Figura 7. Exemplo do Plano de Projeto do GESTÃO-EPCT

15
4.1. PLANEJAMENTO DO PROJETO

O planejamento do projeto foi baseado nos documentos da gerência de integração e de


escopo, onde na gerência de integração foi elaborado o Termo de Abertura do Projeto (TAP) e
na gerência de escopo foi elaborada a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), através do uso de
Gestão Integrada.
A ferramenta de Gestão Integrada é baseada no framework do Redmine, e, está sendo
desenvolvida pelo projeto Quali-EPT para atender cada uma das nove áreas de conhecimento
da gerência de projetos, isto é, cada fase do projeto e etapas como as descritas no PMBOK
podem ser realizadas de acordo com esta ferramenta. A Figura 8 mostra o TAP do projeto de
utilização do Moodle para o ensino presencial.

Figura 8 - TAP do Projeto

O EAP do projeto, utilização do Moodle para o ensino presencial, descreve as


atividades necessárias para a realização efetiva do projeto. Segue abaixo o EAP (em forma de
lista encadeada) do projeto contendo a descrição dos pacotes macros e de seus pacotes de
trabalho:
1 Preparar o ambiente Moodle
1.1 Selecionar os componentes de interação
1.2 Organizar a forma como os componentes serão apresentados
1.3 Elaborar as divisões por aula
1.4 Elaborar o design do ambiente
1.4.1 Elaborar a logo marca do curso
1.4.2 Selecionar o design de fundo utilizado

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2 Elaborar conteúdos
2.1 Elaborar ementa
2.2 Elaborar apostilas
2.3 Elaborar vídeo-aulas
2.4 Elaborar componentes de aprendizagem
2.5 Criar interação através dos fóruns
2.6 Criar componentes para postagem das atividades
2.7 Elaborar simulado
2.8 Elaborar pesquisa de satisfação
3 Analisar o aprendizado e interação
3.1 Fazer um levantamento das interações por atividades
3.2 Analisar o resultado da pesquisa de satisfação
3.3 Prover um relatório contendo as análises e resultados obtidos
3.4 Comparar os resultados obtidos na turma usando métodos de suporte de EaD com
turma utilizando métodos convencionais

A Figura 9 demonstra o gráfico de Gantt, gerado através da ferramenta de Gestão


Integrada, contendo o início e o término de cada pacote macro da EAP, ou seja, o cronograma
resumido do projeto.

Figura 9 - GANTT – Cronograma dos Pacotes Macros do Projeto

A Figura 10 mostra a EAP do projeto de utilização do Moodle para o ensino


presencial através da ferramenta Gestão Integrada.

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Figura 10 - EAP do Projeto

5. UTILIZAÇÃO DO MOODLE NO IFF

O estudo de caso deste artigo foi focado no IFF Campus Campos-Centro, e em seu
projeto de ensino a distância.
O IFF é um dos 38 institutos criados, em dezembro de 2008, pelo Governo Federal, a
partir dos Cefets, escolas agrotécnicas e vinculadas às universidades. O projeto de expansão
da Rede Federal foi iniciado em 2005 e tem o término previsto para o final de 2010.

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O IFF nasceu voltado para o mercado de trabalho com a responsabilidade de contribuir
para o desenvolvimento econômico das regiões onde está instalado. São sete campi: campus
Campos-Centro, campus Campos-Guarus, campus Macaé, no norte do estado do Rio; Campus
Itaperuna e Campus Bom Jesus do Itabapoana, no noroeste e Campus Cabo Frio na Região
dos Lagos. Também no norte do Rio funcionam os núcleos avançados de Quissamã e São
João da Barra, além, da Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental, que atende pequenos
produtores rurais.
A oferta de cursos leva em consideração o arranjo produtivo local com o intuito de
garantir a permanência dos estudantes em suas próprias regiões. O IF Fluminense atua nos
três níveis da formação profissional: médio, técnico e superior. Trabalhando na educação
inicial e continuada de trabalhadores, oferecendo doze Cursos Técnicos, onze Cursos
Superiores de Tecnologia, Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos, três Licenciaturas,
três Bacharelados, quatro Cursos de Pós-Graduação e um Mestrado em sua unidade principal
(IFF, 2010).
Através da URL http://EaD.iff.edu.br/, conforme Figura 11, são disponibilizados
cursos à distância nos quais pode-se destacar: Capacitação de Tutores em EaD na Plataforma
Moodle, Leitura Instrumental em Inglês a Distância, Reforço: Engenharia de Controle e
Automação Industrial, Técnico de Segurança do Trabalho, entre outros.

Figura 11: Tela inicial do site http://EaD.iff.edu.br/. Fonte: IFF (2010)

Os cursos de EaD no IFF estão distribuídos na plataforma Moodle que é um ambiente


colaborativo de aprendizagem. Assim sendo, dispõem de vários recursos que possibilitam a
integração entre aluno-disciplina-professor/tutor.
Além do Campus Campos-Centro, outro que está disponibilizando curso de EaD é o
Campus de Itaperuna. Lá estará disponível a população um curso técnico de Segurança do
Trabalho. A população sempre será beneficiada com a realização de cursos a distância, porém
para que sejam realmente eficazes, os mesmos devem ser estruturados e oferecer qualidade.
Para isso existem as técnicas de gerenciamento de projetos, que funcionam como guia neste
processo.

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5.1. EaD AUXILIANDO O ENSINO PRESENCIAL

Um projeto criado com o objetivo de auxiliar as aulas presenciais da disciplina de


Qualidade de Software na Pós-Graduação Latu-Sensu em Análise, Projeto e Gestão de
Sistemas, aplicada no IFF-Campus Campos, será utilizado como base para o estudo de caso
presente neste artigo.

Para a criação de um ambiente de suporte as aulas presenciais, o ambiente foi


configurado da seguinte forma:
● Texto explicativo sobre a disciplina, figuras relacionadas ao tema central da disciplina
e o conteúdo que será abordado durante o período;
● Fóruns gerais: Fórum de Notícias e Fale com o Professor;
● Links úteis sobre a disciplina;
● Diretório contendo artigos e monografias sobre a disciplina;
● A página é dividida em tópicos de acordo com o número de aulas, onde cada aula tem
um tema principal a ser trabalhado;
● Cada aula contém os seguintes recursos:
- Visualizar diretório: contendo o material de aula (textos, slides, etc);
- Fórum: integração entre alunos e professores, com intuito de ampliar o
aprendizado através do esclarecimento de dúvidas e discussões sobre os assuntos
tratados na aula presencial;
- Modalidade avançada de carregamento de arquivos: contendo a explicação dos
trabalhos sobre os conteúdos abordados e onde o aluno poderá postar arquivos
contendo as respostas do trabalho concluído;
- Questionário: contendo simulados com questões objetivas sobre os conteúdos da
aula, onde o aluno visualiza a nota obtida e o gabarito assim que concluí o
encerramento do questionário.

Este ambiente foi desenvolvido pelos projetos GESTÃO-EPCT e QUALI-EPCT a


partir da plataforma Moodle e está disponível através da URL ead.iff.edu.br/quali.
Os projetos GESTÃO-EPCT e QUALI-EPCT são dois projetos patrocinados pela
RENAPI (Rede Nacional de Pesquisa e Inovação em Tecnologias Digitais) no âmbito da
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação –
SETEC/MEC. Estes projetos atuam respectivamente nas áreas: Gestão de Projetos e
Qualidade de Software, conforme pode-se observar no site oficial da RENAPI (RENAPI,
2010).
Observa-se na Figura 12 a tela inicial da disciplina Qualidade de Software, contendo
um resumo da ementa da disciplina, exibindo para os alunos de forma clara e objetiva, o
conteúdo que será abordado.

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Figura 12 – Tela da disciplina Qualidade de Software

Na Figura 13 podem-se observar os recursos oferecidos para uso geral de toda a


disciplina:
● Fóruns de notícias e avisos;
● Fale com a professora;
● Foto da turma;
● Links para principais publicações e congressos na área.

Após os recursos de uso geral, foi feita uma divisão de acordo com as aulas do curso,
onde cada aula tratou um assunto específico do conteúdo da disciplina através de recursos
como:
● Material de aula;
● Material de apoio;
● Fórum de dúvidas e discussões;
● Links para sites específicos do assunto tratado.

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Figura 13 – Tela da disciplina Qualidade de Software, contendo os recursos de interação do ambiente

22
Na Figura 14 pode-se observar a aula de encerramento da disciplina, onde os recursos
utilizados foram destinados à exposição do conteúdo explicativo e área de upload para cada
trabalho que os grupos de alunos da turma deverão postar para compor uma das notas
necessárias para conclusão da disciplina. Além disso, para conclusão da disciplina foi
elaborada uma prova através de um simulado contendo várias questões objetivas sobre os
conteúdos abordados durante as aulas. Para o encerramento da disciplina foi desenvolvida
uma pesquisa de satisfação entre os alunos em relação à disciplina e ao ambiente de EaD
como suporte ao presencial.

Figura 14 – Tela da disciplina Qualidade de Software, contendo os recursos utilizados para o encerramento da
disciplina

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação a distância no Brasil, através das novas tecnologias de ensino, possui um


enorme potencial para servir como um meio de aproximar os mais carentes do conhecimento,
eliminar o déficit de profissionais qualificados no mercado brasileiro e ainda, poder
transformar os tradicionais cursos presenciais em ambientes mais interativos. Contudo, não
havia um padrão, servindo de base para incorporar essa ideia em cursos formais, por isso,
tornou-se necessário elaborar uma metodologia amparada por recursos e padrões que
norteariam essa ideia. Ferramentas as quais são encontradas e muito bem conceituadas no
Gerenciamento de Projetos, com sua principal característica de fragmentar grandes
empreendimentos em tarefas menores, possibilitando assim o reuso do método.
Tendo a teoria formada, era necessário avaliar seus benefícios. Os resultados
encontrados (produção de artigos, entrega de trabalhos no prazo, atividades dos alunos
reunidas em um único ambiente, ambiente utilizado para consulta do material de aula e
materiais extras, ambiente utilizado para discussões sobre assuntos tratados em sala de aula
através dos fóruns, repositório de material, etc) na disciplina de Qualidade de Software foi
satisfatório e serve como exemplo de que é possível implantar este procedimento em qualquer
disciplina, tornando-a mais interativa e dando oportunidade ao aluno de ampliar a sua
capacidade de pesquisar, interagir e colaborar com os assuntos abordados em sala de aula.
Importante ressaltar a utilização de ferramentas de apoio ao ensino à distância, como o
Moodle, pois todo o acesso às informações realizadas pelos estudantes é feito por meio dele.
Sem esse tipo de suporte não poderia ocorrer tal iniciativa.
O desenvolvimento do trabalho também visa a sua manutenção. Após implantado, o
modelo deve ser reavaliado como forma de fomento nos ajustes do próprio projeto. Essa
forma de reavaliação torna o projeto ainda melhor, pois se adapta às novas tendências
pedagógicas e se auto ajusta para as diversas realidades encontradas nas Instituições de
Ensino.

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Como sugestões de trabalhos futuros incluem-se também avaliações de impactos e
resultados de aplicações da ferramenta, tendo como tópicos: satisfação dos usuários, nível de
aprendizagem, etc. Com a avaliação dos resultados obtidos, será possível obter uma resposta
para este modelo, podendo o mesmo ser ajustado para novas perspectivas.

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