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NIVELAMENTO APRENDIZAGEM NA EAD MEDIADA POR TIC

METODOLOGIAS
VOLTADAS AO
APRENDIZADO
EAD

E
T
A
P
A
2
Nivelamento sobre Aprendizagem na EAD mediada por TIC
Conteudista: Valéria Becher Trentin
Revisão: Janicéia Pereira da Silva

_INTRODUÇÃO
O estudo que se inicia tem como objetivo compreender as metodologias que
promovem o aprendizado na educação a distância (EAD). Essa compreensão permitirá
entender que elas podem ser utilizadas com a presença das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC), tornando a aprendizagem mais significativa.
Vamos mergulhar no universo da EAD e compreender as metodologias que
norteiam essa modalidade de ensino?

2.1 COMO AS DISCIPLINAS SÃO


ELABORADAS
Você conhece algum material didático elaborado para EAD? Se sim, já percebeu
que não existe um modelo único, não é mesmo?
Isso se deve à diversidade de modelos pedagógicos implementados nos mais
diferentes contextos, os quais determinam o formato nos conteúdos.
O modelo pedagógico, segundo Zabala (1998), é uma condição ideal, ou seja,
não leva em conta o contexto real das práticas educativas, tornando-se, muitas vezes,
um modelo idealizado, composto por aspectos que dificultam a concretização na sua
totalidade. Na perspectiva educativa, os aspectos podem estar relacionados ao ambiente
físico da instituição, ao perfil de professores e de alunos, à determinação de um modelo
de gestão etc. (ZABALA, 1998). A seguir, observaremos os elementos que compõem o
modelo pedagógico, de acordo com Zabala (1998).

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Figura 10 – Modelo pedagógico, por Zabala (1998)

FONTE: Zaballa (1998, p. 50)

Desse modo, podemos compreender que se trata de uma estrutura complexa, a


qual é composta por variáveis metodológicas que necessitam de uma flexibilidade para a
elaboração da interpretação (BERNARDI, 2011). Ainda, a figura se relaciona às diferentes
composições de disciplinas, ao perfil dos alunos e às escolhas determinadas pelos
professores, de acordo com o embasamento teórico adotado pela instituição, que leva
à elaboração de um pensamento estratégico coerente com as intenções e os saberes
docentes (BERNARDI, 2011).
Para Duart e Sangrà (2005), o modelo pedagógico se relaciona a um modelo
tridimensional, elaborado a partir da crescente virtualização das instituições de ensino.
Esse modelo é formado pelos modelos conceituais centrados em três elementos:

• Modelo centrado nos meios tecnológicos: enfatiza o uso de uma ou de mais


tecnologias, atribuindo, para o conteúdo, o destaque principal, em detrimento do
professor e do aluno. Dessa forma, apoia-se um processo de autoformação, no qual a
relevância é dada à produção dos materiais. Devem ser implementados por recursos
midiáticos, como áudios, vídeos e imagens, a fim de incrementar a escrita dos materiais.
Como o foco dado é para o visual e a expressividade dos assuntos abordados, os
materiais podem contar, ainda, com listas, esquemas, marcadores, cores e formatos

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de fontes que tornem os textos e as ilustrações mais atrativos. Nesse caso, todos os
recursos são voltados para garantir uma melhor interação dos usuários (professor e
aluno) com os materiais (BERNARDI, 2011).
• Modelo centrado no professor: gera a transmissão das informações por meio de
uma abordagem tradicional de ensino. Nessa ótica, ocorre somente uma transposição
do ensino presencial para o virtual, com mínimas adaptações nas metodologias,
estratégias e formas de ensino. Reforça-se, assim, que o uso de recursos tecnológicos
não garante, por si só, mudanças de cunho pedagógico. De maneira semelhante ao
modelo anterior, os materiais e o conteúdo são produzidos por especialistas, sem
haver um cuidado com a integração às tarefas de tutorial (BERNARDI, 2011).
• Modelo centrado no aluno: apresenta uma tendência mais contemporânea,
ao colocar o aluno em uma posição central no processo de ensino-aprendizagem.
Vislumbra-se uma aprendizagem constituída de forma colaborativa, relacionada à
construção dos conhecimentos, à produção dos conteúdos e ao processo de tutoria.
Com isso, o objetivo é possibilitar a realização de atividades autônomas e críticas,
sendo uma prática que permanece na intenção (BERNARDI, 2011).

Vale destacarmos que, ao relacionarmos o modelo pedagógico à EAD, a situação


fica mais complexa, ao se estabelecer um novo patamar para a palavra modelo. Nessa
perspectiva, o conceito de modelo está vinculado, fortemente, às TIC e, particularmente,
aos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), utilizados como forma de mediação para
promover a aprendizagem (BEHAR, 2009). Assim, compreende-se que a construção do
modelo pedagógico é “um processo exclusivo, único de cada professor, adquirido pela
experiência profissional, sendo, também, intransferível”, pois, conforme ressalta Nóvoa
(1992, p. 16), “cada um tem o seu próprio modo de organizar as aulas, de se dirigir aos
alunos, de utilizar os meios pedagógicos (e tecnológicos), uma espécie de segunda pele
profissional”.
Nesse contexto, vale destacar que, na elaboração dos materiais da disciplina, deve
haver objetivos a serem seguidos:

• organizar o conhecimento prévio do aluno e indicar referências;


• incentivar a autonomia do aluno na busca de novos conteúdos e na realização de
pesquisas;
• estimular a participação na comunidade virtual de aprendizagem;
• desenvolver competências diversas;
• promover o diálogo permanente;
• possibilitar a avaliação do processo de aprendizagem.

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Outro aspecto importante, na elaboração dos conteúdos das disciplinas, é a
linguagem, pois esta pode facilitar o entendimento do conteúdo e proporcionar uma
leitura prazerosa. Diante dessa importância, recomenda-se utilizar a linguagem dialógica,
a qual proporciona um diálogo sobre o conteúdo e, consequentemente, a construção do
conhecimento, pois a linguagem dialógica possibilita a sensação de proximidade.
Vale lembrar que, na construção do texto dialógico, se torna necessário buscar,
constantemente, a articulação entre forma e conteúdo. Por isso, na elaboração de um texto
impresso ou digital, é possível incluir ilustrações, gráficos, fotografias e quadros, o que
pode tornar o texto compreensivo, contribuindo, assim, para um melhor desenvolvimento
do conteúdo na disciplina, além de dicas, glossário, anexos, entre outros.
Para enriquecer o conteúdo e desenvolver a visão crítica do aluno, também se
pode incluir, no texto, questionamentos, reflexões e atividades relacionadas ao assunto
tratado, pois o aluno deverá sempre ser incentivado a refletir e relacionar os conteúdos
ao contexto dos seus conhecimentos cotidianos.
Para melhor compreensão sobre como elaborar os conteúdos na EAD,
apresentaremos cinco etapas para você elaborar o conteúdo na prática, conforme descrito
no link: https://blog.saraivaeducacao.com.br/elaboracao-de-conteudos-ead/. Vamos lá?

_ETAPA 1: FAÇA UM
BRAINSTORM
Pode parecer simples, mas tirar alguns minutos apenas para pensar em ideias e
conteúdos facilita muito todo esse processo. Por isso, dedique parte do seu tempo a essa
primeira etapa e anote tudo que passar pela sua cabeça!
Não precisa se preocupar com a qualidade das ideias nem com a ordem em que
elas surgirem. Ao longo da elaboração do conteúdo, elas serão filtradas e tudo ficará mais
claro e organizado. No entanto, o brainstorming garante que tudo o que é essencial seja
abordado.

_ETAPA 2: PLANEJE
Uma parte fundamental da elaboração de conteúdo EAD é o planejamento. Agora
que você já sabe todas as coisas que precisa abordar ao longo do curso ou disciplina,
foque em entender de que maneira isso pode ser feito e quais são os seus objetivos.
Definir as fases do seu conteúdo faz parte dessa etapa: como ele será abordado
e organizado? Uma dica é criar um conteúdo funil, lançando mão de diversos conceitos-

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chave logo no início do curso e relacionando-os ao cotidiano do aluno. Isso faz com que o
tema seja compreendido com mais facilidade e também mostra a sua relevância.

_ETAPA 3: REÚNA TUDO O


QUE VOCÊ PODE PRECISAR
Ninguém cria do zero. Por isso, tire um tempo para reunir tudo aquilo que pode
ser útil na elaboração do seu conteúdo EAD: bibliografia básica, livros extras, materiais
complementares, vídeos, atividades etc., tudo isso contribui para um conteúdo mais rico.
Essa etapa otimiza o tempo de elaboração do conteúdo, porque faz com que você
esteja preparado de antemão. Ela pode, inclusive, ser feita junto à etapa anterior. Afinal,
com um planejamento completo e detalhado, é mais fácil encontrar ou direcionar os
materiais necessários.

_ETAPA 4: ELABORE O
CONTEÚDO EAD
Etapa central da elaboração de conteúdo EAD. Afinal, é nela que serão colocadas
em prática todas as etapas anteriores. Por isso, além de muita organização, é primordial
que você as tenha executado com dedicação e atenção.
Nessa fase, o planejamento se transformará, definitivamente, em procedimentos
que devem ser seguidos. O docente já decidiu que objetivos deseja que seus alunos
alcancem ao longo do curso ou disciplina e também já sabe que materiais serão utilizados
nesse processo. Resta decidir a metodologia, ou seja, o modo como tudo isso será
aplicado.
Em uma plataforma digital, é essencial conseguir captar a atenção do aluno e
mantê-lo interessado. Além disso, são oferecidas diversas técnicas de aprendizagem
que podem ser aplicadas em sala de aula, para dinamizar o conteúdo e as trocas de
conhecimento. Por isso, durante essa etapa, deve-se levar em consideração quem são os
estudantes e como o conteúdo elaborado pode ser aplicado a novas interfaces.
Um bom exemplo são metodologias ativas que funcionam no ambiente on-line.
Confiram algumas outras estratégias interessantes:

• Microlearning: o conteúdo é compartilhado em pequenas doses e a partir de temas


bem definidos. Assim, ele pode ser absorvido com mais eficácia.

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• Gamificação: o conteúdo é apresentado como um jogo e pode, inclusive, ter como
parâmetros a Taxonomia de Bloom.
• Webinars: podem ser muito interessantes para apresentar um material extra, que
complementa o conteúdo principal. Convidar os próprios alunos para gravar webinars
pode, inclusive, auxiliar no seu processo de aprendizagem.

Além dessas estratégias, existem algumas dicas para que a elaboração de


conteúdo seja assertiva e eficiente. Por exemplo, intercalar o conteúdo com as atividades,
incentivando o aluno a colocar em prática o conhecimento adquirido. Outra boa ideia é
fazer links entre o conteúdo e outras disciplinas e materiais, o que estimula o estudante
a buscar mais informações de forma autônoma.

_ETAPA 5: COMPARTILHE
TODO O CONTEÚDO COM
OS SEUS ALUNOS
Uma das principais características da EAD é o currículo flexível. Por isso, durante a
elaboração do material para a EAD, tenha em mente que os estudantes devem ter acesso
a todo esse conteúdo. Isso contribui para que os alunos possam organizar seu tempo de
estudo de maneira mais otimizada e dinâmica, encaixando-o no seu dia a dia. Além disso,
pode ser uma importante fonte de estímulo: ao saber o que será visto, eles têm como
se preparar. Por fim, é uma maneira eficiente de começar a receber feedbacks e, se for
necessário, ajustar o conteúdo.
Estar aberto às opiniões dos estudantes ajuda na elaboração do conteúdo EAD,
porque permite compreender o que está funcionando e o que não está. Dessa forma,
ao disponibilizar todo o conteúdo, veja com os alunos o que efetivamente ajudou no
processo de ensino-aprendizagem.

Fonte: adaptado de https://blog.saraivaeducacao.com.br/elaboracao-de-conteudos-ead/. Acesso em:


20 jul. 2022.

2.2 PROCESSOS E MÉTODOS NA EAD


Nesta secção, compreenderemos o que são metodologias ativas, a fim de
entendermos que a sua utilização faz, cada vez mais, sentido no mundo em que vivemos,

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mediante a abundância de informação, cabendo, ao professor, um novo papel: o de
mediador e orientador, a quem caberá ensinar o “aprender a aprender”.

_METODOLOGIAS ATIVAS?
Ao se referir à aprendizagem, Filatro (2018) destaca a necessidade de se
desenvolver um trabalho pedagógico centrado em uma abordagem didática, capaz de
transcender os reducionismos históricos educativos, por meio de uma visão pluralista,
comunicativa e interativa, que possibilite relações mais complexas com as ciências, as
disciplinas e os conhecimentos cotidianos. Essa aprendizagem significativa e
contextualizada deve levar em conta também o uso das tecnologias, buscando-se, assim,
novas possibilidades, com base na aplicação de metodologias ativas.

MAS O QUE SIGNIFICA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA?

O pesquisador norte-americano David Paul Ausubel (1918-2008) propôs o


conceito de “aprendizagem significativa”, no qual o aluno aprende quando o que lhe é
ensinado faz sentido, tem significado na sua vida e, mais, quando consegue fazer relação
com aquilo que ele já conhece, ou seja, é um processo a partir do qual um novo conteúdo
ou informação se relaciona com um aspecto importante da estrutura de conhecimento
dos alunos. Essas novas informações adquiridas pelos alunos se tornam aprendizagem
significativa quando se ancoram com conceitos preexistentes da estrutura cognitiva.
Mediante o significado de aprendizagem significativa, podemos destacar que as
metodologias ativas são baseadas na atividade interativa do aluno, estabelecida com
as pessoas, com os conteúdos e com as tecnologias.
Nesse contexto, destacamos Moran (2018), que evidencia que as metodologias
ativas são as estratégias de ensino a partir das quais os estudantes têm papel central
na construção do conhecimento e do percurso formativo, sendo protagonistas nesse
processo de aprendizagem, com participação efetiva, reflexões, investigação, indagação,
análise e criação, em atividades dentro ou fora da sala de aula, em atividades analógicas
ou digitais.
Ao nos referirmos a atividades analógicas ou digitais, diante das metodologias
ativas, destacamos que há uma certa confusão em alguns textos, quando colocam que
essas metodologias só existem com o uso das tecnologias, o que faz com que alguns
professores desistam de tentar trabalhar com elas por não dominarem as tecnologias ou
pela falta de estrutura nas escolas. No entanto, vale destacar que não é a tecnologia ou
o recurso, por si só, que transformam a aula e fazem a diferença, mas a maneira como as

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atividades e as aulas são conduzidas e a maneira como se programa o uso desse recurso,
de forma que ele faça sentido naquele contexto, o qual foi elaborado e compartilhado
com os alunos.
Assim, destacamos Valente (2019, p. 100), que evidencia que:

As metodologias ativas de ensino e de aprendizagem são técnicas


procedimentos e processos utilizados pelos professores, durante as
aulas, a fim de auxiliar a aprendizagem dos alunos. O fato de elas se-
rem ativas está relacionado à realização de práticas pedagógicas para
envolver os alunos, engajá-los em atividades práticas nas quais eles
são protagonistas do próprio processo de construção de conhecimen-
to. As metodologias ativas procuram criar situações de aprendizagem
para que os aprendizes possam fazer coisas, pensar e conceituar o que
fazem, construir conhecimentos a partir dos conteúdos envolvidos nas
atividades que realizam, desenvolver a capacidade crítica, refletir a
respeito das práticas que realizam, fornecer e receber feedback, apren-
der a interagir com colegas e professor, e explorar atitudes e valores
pessoais. O aspecto inovador, atualmente, consiste na integração das
tecnologias digitais às metodologias ativas que já estavam sendo
utilizadas.

Mediante o anunciado por Valente (2019), destacamos a Figura 11, que


representará os componentes das metodologias ativas.

Figura 11 – Componentes do funcionamento das metodologias ativas

Fonte: https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=70118. Acesso em: 20 jul. 2022.

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Ao observarmos a Figura 11, podemos compreender que, nas metodologias
ativas, o aluno é colocado como protagonista do próprio percurso de aprendizagem.
Esse protagonismo pode, ou não, ocorrer com o uso das tecnologias. No entanto, vale
destacarmos que uma escola que não leva as tecnologias para dentro dos muros está
incompleta, porque não reflete o contexto em que os alunos e a sociedade estão inseridos.
Qual o diferencial das metodologias ativas? Colocar os alunos no centro do
processo de aprendizagem, despertando a curiosidade, possibilitando que eles sejam
inseridos na construção do conhecimento e que consigam levar, para a sala de aula, novos
olhares, horizontes e conteúdos ainda não tratados nas aulas, enriquecendo as trocas no
ambiente da escola, o qual deve ser, sempre, um local de pesquisa, troca, curiosidade e
conhecimento (BERBEL, 2011).
Nesse contexto, Moran (2018, p. 22-23) destaca que “se o estudante percebe
que o que aprende o ajuda a viver melhor, de uma forma direta ou indireta, ele se envolve
mais”, porque a aprendizagem passa a se tornar mais relevante, relacionada com a vida e
os projetos.
Quais as vantagens das metodologias ativas na prática escolar? A diversificação
de práticas escolares e de metodologias de ensino é algo que enriquece muito o ensino,
aumenta a aprendizagem e abre horizontes novos para alunos e para professores.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) recomenda:

selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógi-


cas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos
complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades
de diferentes grupos de alunos, famílias e cultura de origem, comuni-
dades, grupos de socialização etc. [...] (BRASIL, 2018, p. 17).

Nesse contexto, emergem as metodologias ativas, que apresentam diversos


benefícios para a educação básica, como:

• Melhoria na qualidade do aprendizado.


• Aumento da autonomia e protagonismo do aluno.
• Aprofundamento do senso crítico.
• Maior colaboração com colegas.
• Desenvolvimento do senso de responsabilidade.
• Compreensão da importância da participação na sociedade.

Ao encontro do anunciado, destacamos a Pirâmide de Aprendizagem, de Edgar


Dale, a qual destaca que os métodos passivos de aprendizagem, como ler, assistir/ouvir e
ver o que nos é demonstrado, não nos permitem guardar a informação por muito tempo.
No entanto, aqueles considerados ativos, como uma discussão em grupo e o ensinamento
daquilo que aprendemos para outras pessoas, conseguem impactar na aprendizagem.

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Figura 12 – Pirâmide de aprendizagem Edgar Dale

Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Cone-ou-piramide-da-aprendizagem-erronea-
mente-atribuido-a-Edgar-Dale_fig1_346573942. Acesso em: 20 jul. 2022.

Como mostra a Figura 12, aprender, ativamente, então, envolve uma atitude proativa
do aluno, no sentido de não apenas pesquisar informações, mas comparar, entender,
refletir, analisar e reelaborar, ressignificar o que aprendeu de modo personalizado, o que
difere das atitudes passivas de ouvir, decorar, repetir e não transformar a informação em
conhecimento, não fazer a conexão com o contexto.
Nesse contexto, o protagonismo do aluno é a principal característica das
metodologias ativas, as quais estimulam e permitem, ao aluno, o desenvolvimento de
novas competências a partir daquilo que ele traz de conhecimento, da experimentação,
da iniciativa, da criatividade, da criticidade e da integração de espaços e de tempos, pois:

ensinar e aprender acontecem em uma interligação simbiótica, pro-


funda e constante entre os chamados mundo físico e digital. Não são
dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula
ampliada, que se mescla, hibridiza-se constantemente. Por isso, a edu-
cação formal é, cada vez mais, blended, misturada, híbrida, porque não
acontece só no espaço físico da sala de aula, mas nos múltiplos espa-
ços do cotidiano, que incluem os digitais. O professor precisa seguir,
comunicando-se face a face com os alunos, mas, também, deve fazê-lo
digitalmente, com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com
todos e com cada um (MORAN, 2015, p. 39).

Assim, o professor assume um novo papel, sendo visto como um mediador no


percurso formativo do aluno, orientando caminhos para o processo de aprendizagem. A

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nova postura do professor também permite que ele perceba que a tecnologia sozinha
não é transformadora, auxiliando a fazer uma ponte entre a escola e o mundo, a partir da
qual o professor necessita arriscar, ousar mais no uso voltado à educação.

Agora que compreendemos o que são as Metodologias Ativas, é importante


conhecermos quais tornam os alunos responsáveis pela própria aprendizagem, permitindo
que eles desempenhem uma série de tarefas que vão desde a resolução de problemas à
criação de projetos, à busca de soluções, à aplicação do conhecimento, ao estabelecimento
de metas de aprendizagem, à experimentação, à avaliação etc. Entretanto, ressaltamos
que elas podem, ou não, fazer uso das TIC, pois, independentemente disso, possibilitam
o desenvolvimento da autonomia e do protagonismo do aluno.

Vamos conhecer algumas metodologias ativas?!

_INSTRUÇÃO/
APRENDIZAGEM
POR PARES (PEER
INSTRUCTION)
Em 1991, o professor de física de Harvard, Eric Mazur, insatisfeito com o aprendizado
dos alunos, resolveu mudar a forma como ensinava, e aboliu a transmissão de conteúdos
na sala de aula. O objetivo de Eric Mazur era envolver, ativamente, os alunos na aula,
a partir de atividades nas quais eles pudessem aplicar o que aprenderam e, ao mesmo
tempo, explicar para os pares, os quais participavam como mediadores e corresponsáveis
pela aprendizagem (MAZUR, 2015).
Nesse método, inicialmente, os alunos respondem, de forma individual, a uma
questão levantada pelo professor, e, dependendo do número de acertos e da variedade
de resultados, o professor pede para que debatam as respostas com os colegas (MAZUR,
2015).
A ideia é que os alunos encontrem colegas com uma perspectiva diferente, acerca do
tema que estão aprendendo, e possam ser estimulados a discutir e a encontrar respostas.
Tudo isso sob a supervisão do professor, que, depois de um determinado tempo, a partir
da contribuição dos alunos e do resultado dos debates, apresenta a resposta e sugere
outra questão a respeito do mesmo tópico ou muda o tema da conversa (MAZUR, 2015).

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Mazur (2015) ressalta que os objetivos básicos da Peer Instruction são: interação
entre os estudantes, durante as aulas expositivas, e foco na atenção deles em relação
aos conceitos que servem de fundamento. Em vez utilizar o nível de detalhamento
apresentado nos livros ou nas notas de aula, as aulas consistem em uma série de
apresentações curtas dos pontos-chave, cada uma seguida de um teste conceitual –
pequenas questões conceituais abrangendo o assunto discutido.
Wanis (2015), com base em Mazur (2015), elaborou um fluxograma (Figura 13),
esquematizando a dinâmica de uma aula com Peer Instruction.

Figura 13 – Fluxograma da dinâmica de uma aula com Peer Instruction

Fonte: Wanis (2015, p. 8)

Segundo esse fluxograma de Wanis (2015), o primeiro passo é uma miniaula a


respeito do tema a ser tratado, com ou sem o estudo prévio do tópico no livro texto
(a pré-leitura consta na primeira caixa do fluxograma). Em sala, ministra-se uma breve
explicação de um dos tópicos a ser coberto na aula, seguida da projeção de um (ou mais)
testes conceituais, chamados, por Mazur, de ConcepTests.
Os ConcepTests são questões de múltipla escolha, que visam a testar a capacidade
de raciocínio dos estudantes a respeito de um tópico em questão. A princípio, os
estudantes devem formular as respostas em um dado um tempo, e, em seguida, discuti-
las entre si. Esse processo os força a pensar com base nos argumentos desenvolvidos e
lhes dá (incluindo o professor) um modo de avaliar a compreensão do conceito (MAZUR,
2015).
Cada teste conceitual tem, em geral, cerca de 20 minutos, com o seguinte
formato genérico, segundo Mazur (2015): a proposição da questão; o tempo para que
os estudantes possam pensar; o momento da Peer Instruction e do convencimento,

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com os estudantes a discutirem entre si; a anotação (opcional) das respostas pelos
estudantes; o momento do feedback para o professor, com as respostas registradas; e,
por fim, a exposição e a explicação da resposta correta. Se a maioria dos alunos acertar as
respostas, o professor pode seguir para o próximo tópico, mas, se menos de 30% da sala
acertar, deve retomar o conceito, explicar mais devagar e fazer um novo teste conceitual
(MAZUR, 2015).
Mediante o exposto sobre Peer Instruction, vale destacar que essa metodologia
objetiva fazer com que o aluno participe das aulas de forma ativa, envolvendo-se com o
conteúdo, questionando, interagindo, ensinando e aprendendo colaborativamente, o que
reforça os resultados, que podem ser obtidos a partir das metodologias ativas, e confirma
as tendências educacionais (MAZUR, 2015).
Um exemplo para se trabalhar essa metodologia ativa é o Kahoot, recurso gratuito
que permite a criação de questionários on-line com perguntas de múltipla escolha (com
quatro alternativas), como um “game show”. O acesso, para os alunos, é dado por um
código (gamepin). O aplicativo está disponível para os sistemas Android e iOS em: https://
kahoot.com/.

_DESIGN THINKING
O Design Thinking é uma metodologia ativa, usada por designers para criar e
aprimorar produtos, ideias e soluções, a partir de um processo com etapas definidas e
com foco no usuário ou, no caso da educação, no aluno. A partir do Design Thinking, é
possível encontrar, de forma colaborativa, soluções mais criativas e assertivas para vários
desafios cotidianos.
De certa forma, o Design Thinking auxilia a preencher as demandas da educação
pelo desenvolvimento das habilidades socioemocionais, hoje, muito valorizadas e
presentes na BNCC.
Nesse momento, pode surgir a dúvida: por que o Design Thinking seria uma
resposta a essa demanda atual por habilidades socioemocionais?
Porque o primeiro princípio do Design Thinking é, justamente, a empatia, a escuta
e a busca por compreender a situação e o lugar do outro. O foco é o usuário do produto,
do processo ou da solução que se deve criar; é a transformação, a escuta, o diálogo.
Nessa metodologia, olha-se para o usuário, escutando-o e entendendo-o para, em
seguida, criar uma definição para o que será feito. O passo seguinte é a ideação e, após a
escolha de uma ideia, a prototipagem, ou a etapa da mão na massa, de criar o produto, o
processo. Por fim, surge a fase de testes, para verificar a adequação do que foi criado e,
se necessário, fazer adaptações, mudanças etc.

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Figura 14 – Etapas Design Thinking

Fonte: https://www.sienge.com.br/blog/design-thinking-paulo-oliveira/. Acesso em: 22 jul. 2022.

• Empatia: conhecer o público e ouvi-lo, entender o que quer perceber o contexto e os


problemas. É a capacidade de se colocar no lugar do outro, de perceber os sentimentos
e as ideias dele, mas sem se anular. O Design Thinking coloca o ser humano no centro
do processo de inovação e tem, na empatia, uma das características mais fortes, que
perpassa todo o processo (ROCHA, 2018).
• Definição: construção de um ponto de vista com base nas necessidades do usuário.
É a etapa de interpretar os dados coletados com o usuário, o aluno, o cliente. Nessa
fase, há análise, categorização e colaboração, construção coletiva e trabalho em
grupo, que, se registrado, inclusive, visualmente, pode ajudar em insights. Costuma-se
sugerir que o grupo de trabalho seja assertivo e faça a pergunta “como podemos...”
para resolver o problema, a situação ou o processo que está desenhando (ROCHA,
2018).
• Ideia: brainstorming, discussão, contribuição de todos, negociação, diálogo e eleição
de uma solução, de uma ideia criativa para levar adiante (ROCHA, 2018).
• Protótipo: construção do processo ou do produto a partir da representação das
ideias. Após construído o primeiro modelo ou a primeira versão, é preciso ser (ou não)
validado. Como a ideia toma vida e é tangível, é importante ter feedbacks. Algumas
formas de criar protótipos, segundo Rocha (2018), são: storyboards, anúncios,
contação de histórias, maquetes e produtos digitais, entre outras possibilidades
(ROCHA, 2018).

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• Teste: depois que se experimenta o protótipo e são coletadas as primeiras impressões,
é hora de testar o que foi construído, planejar a implementação da ideia. Em geral,
trabalha-se com ferramentas de gestão de projetos, cronogramas, planos de ação etc.
Nesse momento, é hora, também, de refletir a respeito do processo e perceber o que
deu e não deu certo, o que precisa ser aperfeiçoado (ROCHA, 2018).

Desse modo, você pode se perguntar: como um professor pode usar o Design
Thinking na sala de aula? A resposta surge a partir das habilidades socioemocionais da
BNCC, como a empatia: o professor deve entender que o Design Thinking é um processo
ou um ciclo, que pode ser trabalhado em qualquer disciplina, desde que se tenha o foco na
empatia e no usuário. Um exemplo que podemos dar é a disciplina de Geografia, em que
o professor pode pedir para os alunos pensarem em algum projeto, processo ou produto
para ser trabalhado com o tema lixo na escola e na comunidade. Esse tema, geralmente,
vira um projeto, tendo, como base, essa metodologia.

_SALA DE AULA INVERTIDA


OU FLIPPED CLASSROOM
De acordo com Valente (2018), o interesse em propor algo inovador nas salas
de aula de todo o mundo tem a ver não só com a mudança de comportamento dos
alunos, devido ao avanço das tecnologias, que permitem buscar iniciativas para resolver
problemas, como a evasão escolar e a falta de interesse dos estudantes. Cortelazzo et al.
(2018) destacam que o modelo de sala de aula invertida existe desde a década de 1920,
tendo ganhado importância na década de 1960 e sofrendo um novo impulso a partir do
desenvolvimento das TIC.
Os autores, ainda, ressaltam que esse modelo de metodologias ativas começou
nos Estados Unidos, após ter sido desenvolvido por professores do Ensino Médio que
precisavam inventar uma forma de ensinar a alunos, em geral, atletas que faltavam muito
às aulas por causa de jogos. Então, os professores começaram a gravar as aulas para
que os discentes pudessem acompanhar as matérias a distância e, ao retornarem às
escolas, tirar dúvidas. Essa iniciativa, antes restrita a um grupo, acabou sendo ampliada
para todos os alunos, que podiam ver os vídeos nos horários e nos locais mais adequados
para a rotina, quantas vezes quisessem, de acordo com o próprio ritmo de estudo. O
encontro com os professores servia não para ouvir uma exposição do conteúdo, mas para
atividades práticas (como realização de desafios, projetos e resolução de problemas),
uso de laboratórios e trabalhos colaborativos, para aprofundar e aplicar o conteúdo visto
(FERRARINI; SAHEB; TORRES, 2019).

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A sala de aula invertida pode, a princípio, não parecer uma metodologia ativa,
porque apenas inverte o modelo tradicional de aulas, ficando restrita ao conceito de
aprendizagem baseada nos modelos convencionais, por serem disseminadas explicações
prontas, centradas na figura do professor. Por outro lado, ao utilizar as tecnologias digitais,
modifica-se, substancialmente, o papel do professor em sala de aula, o qual passa a focar
na aprendizagem dos alunos, tornando-os responsáveis, também, por esse processo, o
que é um avanço considerável (FERRARINI; SAHEB; TORRES, 2019).
A sala de aula invertida permite, com o uso essencial das tecnologias digitais,
a aprendizagem ativa, ao favorecer uma atitude proativa do estudante de buscar
informações, além de pesquisar, processar, refletir, elaborar e ressignificar o que aprendeu
de forma personalizada, diferentemente do ato de, simplesmente, ouvir o professor sem
a chance da troca, de processamento ou do trabalho colaborativo em sala de aula.
Valente (2018) destaca que, na abordagem da sala de aula invertida, o conteúdo
e as instruções recebidas são estudados on-line, antes de o aluno frequentar a aula.
Essa metodologia faz uso das TIC e, mais especificamente, dos Ambientes Virtuais de
Aprendizagem (AVA).
Ferrarini, Saheb e Torres (2019) destacam que a personalização da aprendizagem
avança à medida que cada aluno desenvolve o processo de aprender nos próprios tempo
e ritmo, escolhendo as estratégias de aprendizagem mais adequadas ao seu perfil.
Essa metodologia, também, pode propiciar feedbacks imediatos a cada aluno, quando
é utilizada uma plataforma de ensino com atividades para que seja possível checar o
que foi aprendido e o que, ainda, é necessário ser aprofundado, por exemplo, ao mesmo
tempo em que o professor tem acesso a esses relatórios individuais e consegue planejar
o encontro presencial.
O fato de as atividades que o estudante realiza on-line poderem ser registradas no
AVA cria a oportunidade, para o professor, de um diagnóstico preciso do que o aprendiz
foi capaz de realizar, das dificuldades encontradas, dos interesses e das estratégias de
aprendizagem utilizadas. Com base nessas informações, o docente, com o aluno, sugere
atividades e cria situações de aprendizagem totalmente personalizadas (VALENTE,
2018).

17
Figura 15 – Sala de aula invertida

Fonte: https://site.guaranisport.com.br/como-funciona-a-sala-de-aula-invertida/tradicional-e-inver-
tido/. Acesso em: 21 jul. 2022.

Ao observarmos a Figura 15, podemos inferir que a metodologia


propõe que a experiência/vivência/descoberta venha antes da aula. Assim, as aulas
em sala são menos expositivas, mais produtivas e participativas, aumentando o
engajamento dos alunos e proporcionando um aprofundamento dos conteúdos.

Vantagens da sala de aula invertida:

• Alunos ativos.
• Aproveitamento do tempo.
• Respeito ao ritmo de aprendizagem dos alunos.
• Atividades virtuais e presenciais.
• Produção colaborativa.
• Diversidade de materiais didáticos digitais.
• Uso de TIDC.

_A APRENDIZAGEM
BASEADA EM PROBLEMAS
A Aprendizagem Baseada em Problemas (em inglês Problem Based Learning
– PBL) é uma técnica de aprendizagem que tem, como referência, a apresentação de um
problema estruturado, que dá início à elaboração de soluções, tendo, como centro, o aluno,
que deve se autoavaliar e entender a própria responsabilidade ao longo do processo. Foi,
inicialmente, introduzida no Brasil em cursos de Medicina, desenvolvida “com base na
resolução de problemas propostos, com as finalidades de que o aluno estude e aprenda
determinados conteúdos” (BERBEL, 2011, p. 32).

18
O principal objetivo dessa aprendizagem é, portanto, chegar à solução do
problema. O foco está na ação do estudante, que precisa exercer um papel ativo, sendo
responsável pelo aprendizado. O professor assume a função de facilitador, dando o auxílio
e as orientações necessárias no desenvolvimento das atividades, além da indicação de
materiais de estudo (em diferentes formatos).
A aprendizagem baseada em problemas é desenvolvida com a formação de um
grupo de alunos coordenado pelo facilitador, que indica um problema, o qual deve ser lido e
estudado pelos alunos, a fim de identificarem os termos a serem pesquisados para auxiliar
na identificação. Necessitam ser realizados, ainda, a elaboração dos objetivos do estudo
e o levantamento das hipóteses. A partir daí, os discentes praticam estudos individuais,
retornando, novamente, ao grupo, para discussão e apresentação dos apontamentos dos
dados coletados, relacionando-os com o problema. Existem estratégias para desenvolver
a aprendizagem baseada em problemas, sendo as mais comuns: o estudo de caso e as
simulações (FILATRO; CAVALCANTI, 2018).

COMO TRABALHAR ESSA METODOLOGIA NA PRÁTICA?

A metodologia PBL estrutura o ensino, apresentando problemas complexos que


devem ser resolvidos em etapas. Os projetos práticos fazem os alunos utilizarem diversos
tipos de conhecimento e ferramentas para chegar a uma solução, como dedução lógica,
tentativa e erro, aprendizado interativo e pesquisa. Por serem atividades mais
complexas, os professores formam grupos e, nesse caso, é importante que o docente
misture alunos de habilidades diversas e incentive o trabalho em equipe.

Figura 16 – Diferença entre aprendizagem tradicional e aprendizagem baseada em problemas

Fonte: https://tutormundi.com/blog/aprendizagem-baseada-em-problemas/. Acesso em: 21 jul.


2022.

19
_GAMIFICAÇÃO
A gamificação é a prática de usar elementos de design de jogos, mecânica de jogo e
pensamento de jogo em atividades não relacionadas a jogos para motivar os participantes.
A gamificação educacional propõe o uso de sistemas de regras semelhantes a jogos,
experiências de jogadores e papéis culturais para moldar o comportamento dos alunos
(AL-AZAWI; AL-FALITI; AL-BLUSHI, 2016).
Desse modo, podemos inferir que a gamificação é uma metodologia que usa as
estratégias de jogo para envolver indivíduos em uma aprendizagem ou na realização de
tarefas a serem cumpridas, como se fossem etapas de um jogo, e não atividades comuns
do cotidiano. Essa metodologia se aproveita dos instintos de competitividade do ser
humano, do gosto por premiações e recompensas quando alcançamos metas e objetivos,
do uso da criatividade para buscar soluções e superar obstáculos (passar fases como em
um jogo) etc.
Ainda, de acordo com Pimenta e Teles (2015, p. 107), é importante deixar claro
que “a Gamificação não consiste na criação ou utilização de games com fins educativos,
mas na utilização de elementos, princípios e dinâmicas de jogos, tais como recompensas,
medalhas e níveis (entre outros) no contexto dos alunos”.
Prensky (2012) defende que esse tipo de aprendizagem deve ser usado nas
escolas e justifica sua afirmação com três motivos, referindo-se à aprendizagem baseada
em jogos digitais, enxergada como algo interativo e de alto envolvimento, que estaria de
acordo com o estilo de aprendizagem da geração atual e futura, também suprimindo as
suas necessidades.
Outro motivo é a ludicidade dessa metodologia e, por causa disso, seria motivadora
para os alunos. Por fim, ele destaca sua versatilidade e a possibilidade de ser usada
em praticamente todas as disciplinas, sendo muito eficaz se aplicada corretamente,
afirmação corroborada por Santos e Ferreira (2015), que alertam para não confundirmos
gamificação com jogos eletrônicos. Os autores defendem que o fato de os jogos sempre
terem existido acaba por facilitar os processos de gamificação, pois:

os jogos e as competições sempre existiram, de modo que mesmo


antes
dos avanços tecnológicos que nos possibilitaram jogos eletrônicos
inovadores, as disputas por prêmios e conquistas já existia. Assim,
aplicar a gamificação nos métodos educacionais pode ser mais prático
e econômico do que se imagina (SANTOS; FERREIRA, 2015, p. 38).

Esse hábito com os jogos e a facilidade que os processos de gamificação podem


ter na aplicação em diversos ambientes acabam por contribuir com a queda gradual nas
barreiras que comumente separavam a aprendizagem da diversão e o trabalho do mundo

20
dos jogos, fazendo com que processos de ensino-aprendizagem e treinamentos se
tornem mais envolventes e eficazes.

_OS DESAFIOS DE
APRENDER NA EAD
Souza, Franco e Costa (2016) destacam que, no contexto atual, ainda são
presentes as marcas da escolarização vivenciada por décadas, ao mesmo tempo em que
as dinâmicas inovadoras, baseadas nas TIC, são introduzidas na educação, a ponto de
Gouvêa e Oliveira (2006, p. 107) afirmarem que:

A subjetividade, construída, durante séculos, de sistema educativo


presencial, na qual o professor se encontrava no papel de controlar o
fluxo de informação, as formas de apreensão do conteúdo e os modos
de entendimento daquilo que circulava no espaço escolar (ou, mesmo,
acreditava-se que possuía tal poder de controle), passa a ser solapada
pela distância que coloca o aluno longe do seu olhar, da sua fala e da
sua influência direta.

Ao pontuar o novo aprendente, Guimarães (2012) associa o aumento de matrículas


na educação superior à elevação do poder aquisitivo de uma grande parcela da população,
que passa a sair de uma situação desfavorável, com o apoio da educação. Assim, “[...] há,
marcadamente, um novo perfil socioeconômico dos estudantes brasileiros, que aprendem
de maneira diferente e desafiam o elitismo, que sempre marcou a educação superior”
(GUIMARÃES, 2012, p. 126).
Souza, Franco e Costa (2016) relacionam uma série de características que
compõem o perfil desse novo aluno, como: a matrícula tardia na educação superior; a
dedicação parcial ou integral ao trabalho; os estudos no período noturno; a independência
financeira ou a participação expressiva na renda familiar; e a existência de esposos(as),
filhos(as) e parentes. Os conhecimentos desenvolvidos durante a educação básica são
diferenciados daqueles dos universitários tradicionais; são jovens adultos, adultos ou
mais velhos que possuem objetivos claros, por exemplo, melhores salários ou mudar de
profissão (GUIMARÃES, 2012).
Outros autores também descrevem os estudantes da EAD como adultos,
geralmente, com idades entre 25 e 50 anos, trabalhadores, que buscam uma aprendizagem
mais orientada para a prática, possuem experiências de vida e de trabalho, apreciam ter o
controle sobre os próprios atos e entendem essa modalidade como uma rica possibilidade
de estudos, não oportunizada, a eles, quando mais jovens (SOUZA; FRANCO; COSTA,
2016).

21
Moore e Kearsley (2011) acrescentam, a esse rol de características, os fatores
subjetivos, com destaque para a ansiedade. A inexperiência com a modalidade a distância
e o receio de não atender às expectativas pessoais e às do curso podem colaborar para
desistências. É preciso citar, também, outros perfis, quando pensamos no estudante
usuário de tecnologias. Behar e Silva (2012), por exemplo, utilizam as expressões nativos
digitais e imigrantes digitais para delinear os principais comportamentos dos adultos
(SOUZA; FRANCO; COSTA, 2016).
Em geral, os nativos digitais nasceram após 1980, possuem conhecimento
tecnológico, atribuem credibilidade à rede e a utilizam para encontros virtuais e ajuda
mútua. Além disso, são multitarefas, entendem o mundo do conhecimento como público,
demandam transparência e desconfiam das autoridades. Em contrapartida, os imigrantes
digitais nasceram até o ano de 1980 e estão aprendendo a lidar com a tecnologia. Fazem
uma coisa de cada vez, de forma linear e sequencial.
Entendem o conhecimento como particular, preferem se conhecer pessoalmente
para, depois, acessar a rede, aceitam a não transparência e se submetem às hierarquias,
acreditando nas autoridades (SOUZA; FRANCO; COSTA, 2016).
Os comportamentos diferenciados entre eles confirmam o impacto causado
pelas TIC na cognição humana, as quais alteram, substancialmente, a forma pela qual
aprendem. Um paradoxo se apresenta quando um nativo digital não consegue romper
com o papel passivo do aluno tradicional. Conforme Tarouco, Moro e Estabel (2003), os
estudantes que usufruem das relações que as tecnologias proporcionam aprendem a
navegar rapidamente, trabalham em grupo e não encontram dificuldades em produzir
materiais audiovisuais. O desafio está em mudar o papel passivo do aluno expresso
como um executor de tarefas. Essa condição afeta, substancialmente, a prerrogativa de
que o estudante de EAD deve ser autônomo. Segundo Belloni (2006), trata-se de uma
condição embrionária e de uma exceção nas nossas universidades (SOUZA; FRANCO;
COSTA, 2016).
Maia e Mattar (2007) acrescentam, à problemática do estudante autônomo, a
distinção em relação aos alunos presenciais em um cenário de alteração cultural do ensino
para a aprendizagem, permeada por outros “auto”, entre os quais se fazem presentes a
aprendizagem autorregulada, a autoplanejada e a auto-organizada. Assim, a vinculação
do aluno à aprendizagem autônoma necessita ser compreendida como uma posição em
construção, da qual emanam as peculiaridades das populações, os objetivos de cada
curso e a superação das dificuldades de um processo educativo tecnológico (SOUZA;
FRANCO; COSTA, 2016).
No entanto, vale destacar que a EAD apresenta desafios, os quais foram
evidenciados ao longo da pandemia de Covid-19. Vamos conhecer os maiores desafios
da EAD para quem aprende? Os desafios para quem aprende na EAD estão descritos
no seguinte link: https://www.criativaead.com.br/blog/desafios-do-ensino-a-distancia/.

22
Os alunos enfrentaram alguns problemas recorrentes dentro da EAD.
Nesse primeiro momento, alguns deles serão expostos. Falaremos so-
bre os desafios e algumas formas que os alunos têm para superá-los.
Mais adiante, mostraremos como os educadores podem ajudar nesse
sentido. Isso posto, alguns dos problemas da EAD mais comuns para
quem aprende são:

INTERNET

A conexão de internet é um problema nacional, seja em no meio rural, seja urbano.


Todavia, longe das grandes cidades, essa questão se acentua. Quem deseja estudar
na modalidade EAD, precisa contornar esse obstáculo. Isso porque apenas 44% dos
domicílios da zona rural brasileira, segundo pesquisa divulgada em 2019, tinham conexão
com a internet.
Na área urbana, o número é mais alto: 70%. Entre classes, as classes A e B têm,
em 97% de suas residências, acesso à internet. Já na base da pirâmide, esse número não
chega a 60%. A EAD, por ser flexível, permite que os alunos acessem o conteúdo na
hora que for possível. Então, não é preciso estar constantemente on-line para absorver o
conhecimento oferecido nas disciplinas. Os alunos têm a liberdade de poder se programar
e escolher o melhor momento para estudar e entregar suas tarefas.

ESPAÇO ADEQUADO EM CASA

Para usufruir, de forma adequada, do ensino remoto, é preciso ter um espaço


propício para o estudo. Contudo, essa nem sempre é a realidade, especialmente para
pessoas que moram com filhos ou em locais com estrutura reduzida. O ideal, nesses
casos, é conseguir separar um canto da residência, mesmo que pequeno, para assistir às
aulas.
Por exemplo, uma mesa e uma cadeira já resolvem o problema. Usar fones de
ouvido para isolar o som ambiente também é uma boa opção para se focar na aula.

ADAPTAÇÃO

Muitos alunos tiveram que se adaptar, da noite para o dia, às aulas por EAD.
Todavia, nem todos possuem, às vezes, o perfil necessário para se manterem engajados
com o curso on-line. Administrar o tempo e engajar-se com as aulas são grandes desafios
da EAD no Brasil e no mundo. Para manter o empenho do aluno, cabe aos professores e
criadores de curso usarem os recursos certos para tal.

23
_QUAIS OS MAIORES
DESAFIOS DO EAD PARA
QUEM EDUCA?
A educação, na modalidade EAD, exige bastante de professores e instituições de
ensino. Afinal, para vencer os desafios da EAD, é preciso estar atento a tudo. Isso é algo
que engloba desde escolher a plataforma EAD correta até criar um programa de ensino
que seja atraente e eficiente.
O empenho de quem educa pesa, decisivamente, no desempenho e interesse dos
alunos. Por isso, errar em alguns desses detalhes pode jogar fora todo um planejamento.
Separamos alguns dos desafios da EAD para quem educa (e como vencê-los).

ESCOLHER A PLATAFORMA EAD

A escolha da plataforma para EAD é o primeiro passo a ser dado – e, a bem da verdade,
um dos mais importantes. Muitas são as opções de ferramentas para universidades,
escolas, empresas e autônomos que oferecem cursos livres. Entre tantas ferramentas,
algumas são mais comuns, como:

• Blackboard.
• Google Workspace.
• Udemy.
• EADBOX.
• Sambatech.
• Moodle.

PLANEJAMENTO DO CONTEÚDO DOS CURSOS

Dentro do Moodle, as formas que os professores têm para comunicar o conteúdo


são diversas. Por ser uma ferramenta EAD completa, ela oferece opções como:

• Videoaulas: são adotadas para transmitir cursos on-line e podem se adequar


facilmente à rotina do aluno. Cada vídeo gravado e oferecido é uma aula diferente. O
educador fica livre para estipular o tempo, e o aluno livre para assistir quando puder.

24
• Apresentações: geralmente, são usadas para apoiar as videoaulas criadas. Elas
sempre ficam à disposição para consultas futuras dos alunos e podem ser vistas no
tempo que desejarem.
• Áudios: que tal criar um podcast com o conteúdo da aula? O Moodle é uma plataforma
flexível e permite esse tipo de mídia. Essa é uma opção que serve, e muito, para
aqueles alunos que não possuem uma boa conexão de internet.
• E-books: oferecer conteúdo escrito, em formato de PDF, é uma ótima maneira de
disponibilizar literatura complementar aos alunos. É, ainda, um jeito de estimular (e
premiar) aqueles que conseguiram concluir as atividades e exames que foram exigidos.
• Infográficos: são ótimas alternativas para, visualmente, fazer a explicação de um
tema. Por exemplo, professores podem usar esses recursos para tornar a aula mais
atrativa, compartilhando pesquisas ou estatísticas.
• Lives: com plugins Moodle, os professores realizam videochamadas ao vivo com os
alunos. É possível ter o Moodle integrado com:
º Big Blue Button.
º Microsoft Teams.
º Open Meetings.
º Zoom.
º Aplicação de provas on-line: um dos desafios da EAD que sempre aparece.
Entretanto, em ferramentas como o Moodle, essa tarefa é facilitada, por conta das
diversas possibilidades para aplicar avaliações. Um dos recursos que mais ajuda a
superar essa questão é o “Módulo Questionário”. Nele, os professores podem definir
uma base de dados de questões. Para facilitar o trabalho, essas perguntas podem
ser replicadas em outros questionários. Para tornar as provas mais interessantes,
há uma grande variedade de formatações de exames. Os professores podem criar
exames de:
- respostas breves;
- verdadeiro ou falso;
- associação;
- respostas aleatórias;
- numéricas (com escalas permissíveis);
- respostas embutidas etc.
º Acompanhar o progresso dos alunos: acompanhar a evolução dos seus alunos
não é problema dentro de plataformas como o Moodle. Esse quesito é crucial para
que os professores tenham a capacidade de identificar em que nível está cada
estudante. E, dentro disso, planejar alguma atividade que o engaje e o estimule a
melhorar. É possível ver se o aluno está indo bem ou mal por meio de:
- Notas.
- Competências.

25
- Conclusão de cada atividade.
- Conclusão do curso e relatório do curso: dão informações valiosas para
educadores entenderem onde o curso oferecido foi eficaz e onde não foi. O
uso desses dados serve para repensar alguns pontos e tornar as aulas ainda
mais interessantes. Plataformas como o Moodle ajudam continuamente os
educadores a fornecerem uma experiência completa aos seus alunos. Por conta
disso, tanto estudantes como professores têm os recursos necessários para
superar todos os desafios da EAD.

Fonte: adaptado de https://www.criativaead.com.br/blog/desafios-do-ensino-a-distancia/. Acesso


em: 20 jul. 2022.

2.3 TRILHAS QUE CONDUZEM A


APRENDIZAGEM
A trilha de aprendizagem na EAD pode ser compreendida como um caminho a ser
seguido, ou seja, um trajeto, um itinerário, uma rota. Logo, uma trilha de aprendizagem
pode ser considerada um caminho, um modelo para aprender (LOPES; LIMA, 2019).

Figura 17 – Trilhas de Aprendizagem

Fonte: https://www.researchgate.net/profile/Cassio-Giordano/publication/335764450/figure/fig2/
AS:808125150027783@1569683458934/Exemplo-de-trilha-de-aprendizagem.png. Acesso em:
20 jul. 2022.

26
Lopes e Lima (2019) ressaltam que o termo “trilha de aprendizagem” pode ser visto
como um caminho que se torna fundamental para o processo de aprendizagem, uma vez
que integra um conjunto de atividades em uma sequência apropriada, possibilitando ao
aluno apreender os conteúdos. No entanto, vale destacar que a trilha de aprendizagem
evidencia a ideia de que o aluno é o protagonista da sua aprendizagem, por meio da
autonomia e do desenvolvimento de competências.
Agora que você já sabe o que são trilhas de aprendizagem, compreenderemos
como elas funcionam na prática.

Fonte: adaptado de https://blog.saraivaeducacao.com.br/trilha-de-aprendizagem/. Acesso em: 20


jul. 2022.

_COMO AS TRILHAS
DE APRENDIZAGEM
FUNCIONAM?
O objetivo das trilhas de aprendizagem é fazer com que o aluno passe por uma
sequência contínua de materiais sobre determinado conteúdo e, assim, melhore o seu
nível de entendimento sobre o assunto.
Nesse sentido, as trilhas funcionam com uma junção de conteúdos, para que o
aprendizado do aluno possa ser mais rico e de maior qualidade. Isso acontece a partir do
envolvimento de diversos materiais sobre um só tema, fazendo com que o estudante
tenha contato com várias frentes e não veja o assunto de uma ótica só.
Esse caminho a ser seguido e os materiais a serem estudados deverão ser
selecionados pelos professores e coordenadores, visando às necessidades de cada
disciplina e turma/estudante.
É importante que uma trilha apresente as seguintes características:

• Experiência: proporcionar boas experiências para o aluno é uma característica


fundamental para a trilha de aprendizagem. É necessário fazer com que os estudantes
consigam colocar em prática o que está sendo passado, só assim eles assimilarão o
conteúdo.
• Flexibilidade: o principal benefício da trilha de aprendizagem é ter o aluno como foco,
priorizando suas dificuldades e interesses. Por isso, criar algo flexível, em que o aluno
tenha passos para a seguir, mas que, em alguns momentos, possa escolher o caminho
é muito importante, para que ele tenha certeza da sua autonomia sobre o conteúdo e
possa ir aonde realmente se interessa.

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• Estímulo: estimular os estudantes é uma característica marcante da trilha de
aprendizagem. Ela precisa motivar o aluno na assimilação do conteúdo. Invista em
diversas formas de montar a trilha, com conteúdos diversos, como vídeos, podcasts e
mapas mentais. Isso aumentará o seu dinamismo.

QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DAS TRILHAS DE APRENDIZAGEM?

Por se tratar de um método que potencializa o aprendizado e promove o


desenvolvimento integral do aluno, as trilhas de aprendizagem mostram-se vantajosas
para a educação. A seguir, apresentamos os principais benefícios:

1. Proporcionam um aprendizado inclusivo: as trilhas de aprendizagem combinam


diversas ferramentas no processo de transmissão do conteúdo. Assim, os estudantes
podem optar pelo uso das ferramentas que mais se encaixam em seu perfil pessoal
e em suas individualidades. Por exemplo, o aluno que possui maior facilidade em
assimilar a matéria lida será contemplado, assim como o aluno que tem preferência
pelo conteúdo em vídeo.
2. Promovem autonomia: a utilização das trilhas de aprendizagem permite que o
aluno opte pelo melhor caminho para seu desenvolvimento.
3. Incentivam o ensino por competências: a aprendizagem por competências é uma
metodologia que se opõe à educação tradicional de ensino por disciplinas. Ela conecta
diferentes áreas do saber e combina conhecimentos, recursos, atitudes, valores,
estímulos e habilidades. Um dos benefícios da utilização das trilhas de aprendizagem
é romper com o modelo tradicional de ensino. Nesse sistema, os alunos passam a
aprender por combinações de ferramentas que complementam o seu aprendizado e
desenvolvem novas capacidades, como habilidades práticas, técnicas, cognitivas e
socioemocionais.
4. Nivelamento do conhecimento: outro benefício das trilhas de aprendizagem é
conseguir auxiliar no processo de nivelamento da aprendizagem, fazendo com os
estudantes estejam no mesmo lugar em relação ao conteúdo. Não havendo atrasos e
desigualdades muito grandes, os alunos ficam mais motivados, pois caminham juntos
no assunto estudado e o professor pode seguir com a matéria sem se preocupar com
quebras; assim, a qualidade do ensino da instituição será melhor!

COMO MONTAR UMA TRILHA DE APRENDIZAGEM?

O processo que envolve a construção de uma trilha de aprendizagem deve


considerar diversos fatores, como o perfil da turma e do estudante que se pretende
desenvolver, as limitações e as individualidades de professores e alunos e o tipo de
conhecimento.
28
Ainda é importante considerar quais habilidades e competências deseja-se nutrir
em seus estudantes. Desse modo, é necessário traçar objetivos a serem alcançados por
meio da utilização das trilhas de aprendizagem.
Confira alguns passos que você pode desenvolver:

• Passo 1: conhecer o perfil dos estudantes – na construção de uma trilha de


aprendizagem, é muito importante conhecer o perfil do seu público. Por isso, entenda
quem são os seus estudantes, saiba o que os motiva mais, quais são seus interesses
e dificuldades. Isso irá ajudar a montar uma trilha mais assertiva. Não existe uma trilha
de aprendizagem ideal: quanto mais adaptada à realidade e às necessidades de seus
alunos, mais engajadora e eficaz essa ferramenta se tornará!
• Passo 2: trabalhe diferentes níveis de dificuldade – é necessário que a trilha contenha
níveis de dificuldade diversos, para estimular o aprendizado dos alunos. Se forem
focados apenas em conteúdos fáceis, o aluno pode se desmotivar e sentir falta de
algo ou, até mesmo, de um desafio. Dessa forma, abranger níveis básico, médio e
avançado, para que o estudante possa escolher por onde começar a partir das suas
dificuldades e curiosidades, é fundamental. Para atingir esse objetivo, uma estratégia
possível é a gamificação. Recursos e técnicas dos jogos são boas ferramentas para
adicionar complexidade e desafios por meio de pontuações e recompensas.
• Passo 3: conte com atividades diversas – por se tratar de um aprendizado contínuo,
a trilha precisa conter diversos tipos de atividades e conteúdos. Isso irá ajudar
no estímulo e na participação de alunos e professores. Quanto mais atividades à
disposição dos alunos, mais rico e estimulante será o seu aprendizado. Utilize todos
os recursos, principalmente as ferramentas digitais. Veja alguns exemplos de recursos
que podem ser utilizados para compor as trilhas de aprendizagem:
º Vídeo.
º Podcast.
º Mapa mental.
º Textos.
º Fóruns.
º Práticas individuais.
º Práticas em grupo.
• Passo 4: tenha uma sequência – sabemos que a flexibilidade é uma forte característica
de uma trilha de aprendizagem. Entretanto, mesmo assim, é preciso montá-la de
maneira sequencial, para que o estudante não se perca ao longo do caminho, mesmo
que, em alguns momentos, ele possa escolher para onde seguir. Por isso, é importante
pensar nos níveis e, dentro de cada um deles, ter uma continuação lógica. A técnica de
storytelling pode ser de grande ajuda nesse momento, pois contar histórias faz com
que se crie um raciocínio sequencial.

29
• Passo 5: observe os resultados – por último, para criar uma trilha de aprendizagem, é
importante observar resultados. Veja se o que você colocou em prática deu certo ou
não e saiba como melhorar para as próximas. Para isso, você pode aplicar avaliações,
elaborar projetos nos quais será possível identificar como os alunos se comportaram,
resolveram os problemas e se eles raciocinaram de maneira lógica, ou seja, se a trilha
trouxe as melhorias esperadas.

Com esses insumos em mãos, os professores terão um diagnóstico mais preciso e


detalhado de cada aluno. Isso contribui para um processo de ensino-aprendizagem mais
personalizado e eficaz, pois cada estudante se desenvolverá no seu próprio ritmo. No
final, todos conseguirão alcançar o seu objetivo de trilhar o próprio caminho profissional.

_COMO COLOCAR A TRILHA


DE APRENDIZAGEM EM
PRÁTICA?
Agora que você já sabe como montar uma trilha de aprendizagem, mostraremos
como é possível colocá-la em prática no ensino presencial e no ensino híbrido. O ponto
básico é utilizar as principais ferramentas disponíveis em cada um dos modelos.

ENSINO PRESENCIAL

No ensino presencial, é importante utilizar a infraestrutura da escola para promover


práticas com as metodologias ativas de aprendizagem. Pense em trabalhos em grupos,
leituras de livros, criação de projetos, orientação com professores.
Em uma instituição de ensino, o espaço físico é um dos principais pontos que
chamam a atenção dos alunos, quando procuram um curso superior presencial. Entre
os principais aspectos dessa infraestrutura educacional, podemos listar os seguintes
componentes como os mais atrativos para os estudantes:

• Salas de aula.
• Biblioteca.
• Informatização.
• Ambiente acolhedor.

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Na escola, os alunos buscam estrutura, suas ferramentas e suas funcionalidades
que não são encontradas em casa. Por isso, as trilhas de aprendizagem, no ensino
presencial, devem levar em conta atividades como grupos de leitura, visitas à biblioteca,
laboratórios e trabalhos em campo.
Além disso, a instituição deve estar preparada para receber todos os estudantes.
Por isso, é fundamental que a escola pense em maneiras de tornar seu espaço acessível
também aos alunos com deficiência, garantindo que desenvolvam plenamente sua
aprendizagem.
Um ambiente acadêmico acessível é também um ambiente diverso. Isso impacta
diretamente em toda a comunidade acadêmica, criando um espaço de acolhimento e
inclusão que só melhora a aprendizagem de todos.

ENSINO HÍBRIDO

Mais do que um meio-termo entre o ensino presencial e a EAD, o ensino híbrido é


uma modalidade com características e necessidades próprias, que devem ser observadas,
pois se utilizam, ao mesmo tempo, a estrutura e as funcionalidades de uma escola e as
diversas ferramentas digitais de aprendizagem.
Ao proporcionar uma integração bem planejada entre as práticas presenciais
e as ferramentas virtuais, o ensino híbrido torna-se uma modalidade. São diversas as
possibilidades de adequação da carga horária que o ensino híbrido oferece, e a instituição
deve decidir qual a mais adequada para seu público-alvo.
Existem diversos modelos que podem ser aplicados no ensino híbrido. A seguir,
conheça algumas das principais práticas nessa modalidade, para auxiliar na montagem
das trilhas de aprendizagem:

• Laboratório rotacional: nesse modelo, os alunos são separados em dois grupos – o


primeiro trabalhará com o professor em sala de aula, enquanto o segundo desenvolverá
as atividades em um laboratório com o apoio das ferramentas digitais. Após a
realização das tarefas, os grupos são invertidos. Com essa dinâmica, o laboratório
rotacional ensina autonomia aos alunos, ao mesmo tempo que o professor atua como
facilitador da aprendizagem, ao apresentar os conteúdos em classe. Protagonistas de
sua própria aprendizagem, os alunos aprendem mais e melhor!
• Rotação por estações: é uma dinâmica de trabalho que estimula diversas habilidades e
competências durante toda a trajetória do estudante. A turma é dividida e organizada
em diferentes estações de trabalho, com atividades e tarefas diferentes a serem
realizadas por todos os grupos. Com esse modelo de ensino, as trilhas de aprendizagem

31
ganham corpo por meio das diferentes etapas de trabalho. O dinamismo trazido pela
rotação por estações ajuda a manter os estudantes engajados e envolvidos com todo
o seu processo de construção do conhecimento.
• Sala de aula invertida: é uma modalidade de ensino muito popular para o ensino híbrido.
Por meio dessa metodologia, os alunos têm acesso aos conteúdo a serem estudados
em casa, deixando o encontro em sala de aula para realização de atividades, debates
e tirar suas dúvidas. Com o auxílio das metodologias ativas, a sala de aula invertida
se mostra uma importante aliada da aprendizagem dos alunos, pois torna o estudo
mais focado e o momento de encontro mais produtivo. O professor assume o papel de
facilitador da aprendizagem, auxiliando os alunos nos encontros presenciais.

Fonte: adaptado de https://blog.saraivaeducacao.com.br/trilha-de-aprendizagem/. Acesso em: 20


jul. 2022.

Agora que compreendemos as metodologias adotadas na EAD, também é


importante fazer reflexões sobre como as tecnologias contribuem para a transformação
da educação. Essa abordagem, apresentada na próxima etapa, pretende trazer
reflexões acerca de como as tecnologias têm transformado os processos de ensino e
de aprendizagem, ampliando os sentidos e favorecendo a criação de novas formas de
compreender e de lidar com a construção do conhecimento.

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