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INTRODUÇÃO

À EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA – EAD
Abordagem
híbrida na EAD
Tamires Pereira Duarte Goulart

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Explicar as práticas adotadas nos momentos presenciais nos polos.


> Descrever a importância dos projetos educacionais na abordagem híbrida.
> Reconhecer a aplicação prática dos projetos de extensão na EAD.

Introdução
A educação a distância (EAD) é uma modalidade que tem contribuído ampla-
mente com a popularização do ensino superior, criando oportunidades àqueles
estudantes que precisam conciliar os estudos com o trabalho e a vida pessoal. A
possibilidade de organizar o tempo e o espaço para estudar é um caminho que está
transformando a educação como um todo, não apenas ao promover uma elevação
das taxas de conclusão do ensino superior e o aperfeiçoamento e qualificação
dos profissionais, mas também ao apresentar uma nova era voltada aos alunos
nativos digitais, que alia a tecnologia ao processo de ensino e aprendizagem.
Medidas para ampliar e qualificar a EAD surgem com base em pesquisas que
viabilizam estratégias para fortalecer o vínculo do estudante com a construção
do conhecimento. Uma dessas estratégias diz respeito à abordagem híbrida de
educação.
Neste capítulo, você encontrará uma discussão sobre as práticas adotadas nos
momentos presenciais nos polos de universidades EAD. Na sequência, falaremos
da importância dos projetos educacionais na abordagem híbrida e de aspectos
de sua aplicação prática.
2 Abordagem híbrida na EAD

Práticas nos polos presenciais


A ideia de uma educação híbrida une aspectos da educação presencial com
aspectos da educação on-line, e possibilita ao aluno vivências desses dois
momentos. Essa abordagem mista, que representa a educação semipresencial,
também é encontrada na literatura sob o nome de b-learning (de blended
learning, ou aprendizado mesclado), educação bimodal, aprendizagem com-
binada, dual, semipresencial ou semivirtual (PERES; PIMENTA, 2011).
Sob essa óptica, o ensino ou educação híbrida possibilita as trocas e
diálogos “olho no olho” que a educação presencial traz, a interação entre
pares, entre aluno e professor, aliadas aos momentos virtuais, por meio de
plataformas digitais que facilitam a forma e a maneira de construir a apren-
dizagem de modo autônomo pelo próprio aluno.
O hibridismo é uma tendência internacional, e os Estados Unidos, por
exemplo, estão apostando nessa modalidade já na educação básica e con-
quistando resultados positivos (HORN; STAKER, 2015). Por sua vez, a Finlândia,
país de destaque em educação, segundo a avaliação Programa Internacio-
nal de Avaliação de Estudantes (Pisa), investe nas tecnologias digitais e na
pedagogia inovadora por meio da aprendizagem ativa, que proporciona a
experiência e a vivência ao aluno. Assim, a Finlândia acredita que, por meio
das ferramentas digitais e da abordagem híbrida desde a educação básica,
o estudante aprende a trabalhar na perspectiva do ensino on-line, especial-
mente para realizar pesquisas e projetos. Um dos diferenciais desse país
é ofertar no mínimo três professores por disciplina; assim, se o aluno não
entende o conteúdo com o professor titular, ele pode buscar auxílio junto
aos professores auxiliares daquela disciplina.
No Brasil, pode-se perceber esse movimento sendo construído na EAD
nos cursos de graduação e pós-graduação a partir da presença dos tutores.
Ainda há muito para melhorar e aperfeiçoar, mas os primeiros passos já
estão sendo dados. Além disso, o movimento híbrido brasileiro também tem
sido pensado para todas as ofertas de ensino, por meio principalmente dos
estudos de Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015) e Moran (2015).
Assim, as instituições de ensino superior que adotam esse sistema apostam
fortemente na construção do conhecimento pela proposta de no mínimo
dois momentos:

„ práticas on-line, por meio de ambientes virtuais, com materiais criados


pelos professores, leituras, videoaulas, aulas síncronas, fóruns de
interação e atividades;
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„ práticas presenciais nos polos credenciados, para que o estudante


possa assistir a uma aula com o professor titular e realizar momentos
de interação e discussão com colegas e tutor sobre uma temática
relevante para sua aprendizagem.

Souza (2015) discute, com base nas premissas da Coordenação de Aper-


feiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que os polos de apoio
presencial são as unidades operacionais para o desenvolvimento descen-
tralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e
programas ofertados a distância pelas instituições públicas de ensino superior
no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB).
Você pode perceber que são nesses momentos presenciais que o modelo
de educação tradicional entra em ação na EAD, constituindo-se numa prática
de engajamento dos alunos com o curso.
Horn e Staker (2015) enxergam o ensino híbrido a partir de três elementos
fundamentais ao seu funcionamento:

„ Ensino on-line — estudos digitais e virtuais, aliados a tempo, organi-


zação, espaço e disponibilidade do estudante.
„ Local físico supervisionado — aprendizagem fora da casa do estudante,
com interação e supervisão de um professor/mediador/tutor.
„ Aprendizagem integrada — integração dos momentos on-line e presen-
ciais, para que as duas modalidades possam se complementar numa
vivência concreta e ativa pelo estudante.

Toda universidade que adota em seu currículo e em sua base legal essa
ideia rompe paradigmas. Desse modo, o centro do processo de ensino-apren-
dizagem não é mais o professor nem o tutor, mas o próprio estudante, que
assume a personalização da sua aprendizagem. Nesse sentido, os polos são
o local de apoio para que essa nova perspectiva aconteça, promovendo os
momentos de interação, debates, exposição de dúvidas e alinhamento do
trabalho.
É importante destacar que o professor precisa ter em mente que esses
dois momentos devem ser complementares entre si para que permitam uma
sequência de aprendizagens aos alunos. O polo é a referência presencial para
o aluno, não apenas para as aulas, mas também para que tenha ali todo o
suporte necessário para o engajamento em seus estudos autônomos e a
distância.
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Nos momentos presenciais no polo, o estudante de EAD necessita ter,


entre outros aspectos:

„ Incentivo institucional — o aluno precisa ter quem procurar sobre a


parte burocrática do curso, incluindo, caso necessário, aspectos como
documentação, (re)matrículas, diploma e transferências. Isso aumenta
a confiança na metodologia EAD.
„ Suporte tecnológico — muitos estudantes, especialmente os não nativos
digitais, têm dificuldades para compreender a dinâmica e a estrutura
das plataformas EAD, necessitando assim de um apoio passo a passo
para esses acessos.
„ Promoção de momentos para debate e troca de experiências — a
personalização e a autonomia propostas pela EAD não excluem a
importância das trocas de ideias, vivências e experiências entre os
alunos e entre alunos e professores e/ou tutores, tendo em vista que
são de extrema relevância para a construção do conhecimento. Eis aqui
um dos grandes objetivos da criação dos polos presencias: garantir
ao estudante a efetividade dessa prática para o aperfeiçoamento dos
conteúdos que estão sendo propostos durante o curso.
„ Experiências práticas (em especial para os cursos da área da saúde e
engenharias) — representam um momento imprescindível para a qua-
lificação de cursos EAD, em especial das áreas que exigem momentos
em laboratório, como saúde e engenharias. Os laboratórios devem
cumprir as exigências estabelecidas pelas Capes a fim de ofertar a
mesma qualidade dos cursos presenciais, de modo que o aluno EAD
não seja prejudicado por falta da práticas que potencializam sua futura
atuação profissional.
„ Alinhamento curricular — a aula no polo sempre deve estar alinhada
com a disciplina e o conteúdo ofertado no momento pelo curso, sendo,
portanto, uma prática complementar à bagagem que o estudante já vem
construindo por meio de leituras, videoaulas, podcasts e atividades.
Além disso, cabe destacar que a grade curricular EAD deve cumprir os
requisitos pré-estabecidos pelas normativas vigentes, de forma a ga-
rantir ao aluno tudo que for necessário para uma formação qualificada.
„ Apoio do professor tutor para realização de atividades — esse apoio
traz segurança ao aluno e credibilidade ao curso quando possibilita
um vínculo entre um tutor e o estudante. É essa pessoa que vai criar
um vínculo com a turma e servir de apoio para dúvidas em atividades,
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fóruns e avaliações. A figura de um tutor é muito importante e, por-


tanto, deve no mínimo carregar as qualidades de um professor/tutor
dinâmico, receptivo, atencioso, pesquisador e conhecedor da realidade
e necessidade de cada aluno.
„ Avaliação da aprendizagem — dentre as práticas ofertadas pelo polo
presencial, uma delas é a verificação da aprendizagem dos estudantes
por meio de avaliações sem consulta, presenciais e individuais, para
testar e aperfeiçoar os conhecimentos até adquiridos e trabalhados o
momento. Além desse tipo de avaliação, existe uma série de momentos
on-line que também constituem avaliações e, portanto, conferem a
nota do aluno, mas essa é uma oportunidade de promover o estudo
de forma a preparar o aluno para futuras provas em concursos púbicos
ou seleções em pós-graduação, por exemplo.

A partir de todos esses itens, é possível perceber a qualidade dos cursos


híbridos, ficando visível todo o processo que o aluno é convidado a percorrer,
bem como o papel protagonista que precisa desempenhar por si próprio.
Na proposta de “Referenciais de Qualidade para educação superior a
distância” (BRASIL, 2007), os polos precisam atingir qualidade mínima nos
aspectos físico, tecnológico e pedagógico, sendo mantidos por municípios
ou pelo Estado. Para que a EAD atinja seus fins, uma rede de profissionais e
de aspectos didáticos precisam estar conectados. Vale ressaltar que um polo
pode abranger alunos de mais de uma cidade, representando um polo regional.
Por muito tempo, a maior prevalência dos cursos de graduação na moda-
lidade EAD esteve voltada para licenciaturas e cursos da área administrativa.
Atualmente, uma grande procura por outros cursos está ampliando a oferta
para todas as áreas, e isso faz com que os polos se estruturem com mais
potencial para oferecer laboratórios para as aulas práticas como da saúde,
por exemplo.
O artigo 5º do Decreto nº 9.057 prevê uma estrutura básica para atender
a demanda de um polo presencial:

„ no mínimo uma sala de aula para 40 alunos;


„ laboratório de informática com no mínimo dez computadores;
„ recepção;
„ sala para coordenação do polo;
„ sala para tutoria (BRASIL, 2017).
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Porém, mesmo cumprindo todas as formalidades que um polo precisa ter,


se a parte pedagógica não acontecer, a abordagem híbrida falhará em sua
missão. Diante disso, os projetos educacionais são excelentes estratégias
nesse movimento, como veremos na próxima seção.

Projetos educacionais na abordagem


híbrida
Não se faz ensino híbrido apenas com teorias, é preciso ir além, concretizando
ações com metodologias inovadoras que promovam um estudante ativo,
pesquisador e cientista. Para isso, a EAD conta com dois tipos de modelos
híbridos: os modelos sustentados e os modelos disruptivos. Os modelos
sustentados, de acordo com Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), apresen-
tam características mais próximas do ensino tradicional e são aplicáveis à
realidade brasileira. Já os modelos disruptivos assumem outra perspectiva,
que exige uma postura diferenciada por parte dos estudantes.
A engrenagem desses modelos é baseada em metodologias ativas. Na
perspectiva sustentada, por exemplo, destacam-se o modelo de rotação
por estações, laboratório rotacional, sala de aula invertida e gamificação.

Vamos entender um pouquinho mais sobre as metodologias ativas


do modelo sustentado por Bacich e Moran (2017):
„  Rotação por estações — os alunos são convidados a participar de no mí-
nimo três estações, divididos em grupos, sendo uma delas mediada pela
tecnologia. Em cada estação, é abordado um ponto específico sobre uma
temática, e o interessante é que as atividades de cada estação permitam o
envolvimento e a interação dos alunos, havendo um último momento para
partilhar as aprendizagens construídas no grande grupo.
„  Laboratório rotacional — é uma metodologia ativa que prevê a divisão da
turma em dois grupos: um fica trabalhando no ambiente convencional e o
outro vai pesquisar e criar em um ambiente digital com acesso às redes.
Os dois grupos precisam vivenciar os dois momentos e, ao final, fazer uma
discussão juntos.
„  Sala de aula invertida — trata-se de um dos modelos mais utilizados na
educação presencial, na EAD e na abordagem híbrida, por estabelecer a
prática de ensino-aprendizagem centrada em três momentos: antes, du-
rante e depois da aula presencial ou síncrona. O aluno já vem para a aula
com leituras e estudos realizados e, a partir de suas anotações, aproveita
a interação com professor/tutor/colegas para sanar dúvidas e aprofundar
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conhecimentos. Num momento posterior, que pode ser a distância, ele deve
sintetizar seus aprendizados por meio de atividades, exercícios, resumos,
mapas mentais, etc.
„  Gamificação — o processo de ensino-aprendizagem aproveita o contexto
dos games para ampliar o conhecimento dos estudantes. Dessa forma, além
de utilizar-se dos jogos para construir significados, os elementos lúdicos
também são bem-vindos, tais como as regras, as situações de frustrações,
de estratégias, de ganhar ou de perder.

É por meio dessas metodologias que os polos vão se qualificando e se


adaptando aos recursos mais modernos para potencializar os momentos
on-line e presenciais. Para isso, as tecnologias da informação e comunicação
(TICs), com todos seus avanços, têm contribuído muito para alavancar o
processo de ensino-aprendizagem em EAD.
Atualmente, há uma série de projetos digitais que estão sendo utilizados
nos ambientes virtuais. Cada universidade tem a opção de escolher quais
recursos irão compor sua própria metodologia. A seguir, examinaremos alguns
desses projetos que estão ganhando espaço na modalidade EAD.

„ Simuladores: o recurso de simular situações reais aos estudantes tem


garantido com êxito muitos aprendizados, atendendo uma demanda
antiga dos cursos EAD em relação à oferta de poucas práticas durante
os cursos. Trata-se de uma maneira de aliar a teoria estudada com
momentos reais e práticos do dia a dia de cada profissão. No momento
das simulações, o estudante é convidado a refletir, tomar decisões e
ações que servirão como base para suas futuras práticas, o que resulta
em maior autoconfiança e entendimento dos conteúdos ofertados.
„ Bibliotecas on-line: um espaço virtual criado para enriquecer o reper-
tório acadêmico do aluno EAD, permitindo o rápido acesso às mais
importantes obras e livros-base para a construção do aprendizado.
Além disso, é uma ferramenta que amplia o desenvolvimento das ha-
bilidades de leitura e de escrita tão necessárias no mundo acadêmico.
As bibliotecas on-line são gratuitas para os alunos de instituições
públicas e/ou privadas, podendo ser acessadas nos formatos on-line
e off-line. A maioria das bibliotecas virtuais permite um espaço para
que o aluno teça anotações durante suas leituras.
„ Brinquedotecas virtuais: é um importante projeto utilizado tanto
para alunos da educação básica inicial quanto para a capacitação
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de professores dos cursos de licenciatura e/ou pós-graduação.


Com um universo lúdico e ao mesmo tempo educativo, essas brin-
quedotecas possibilitam momentos de vivências significativas e
práticas pedagógicas construtivas. Alguns itens propostos pelo
recurso são galeria de imagens, vídeos, jogos, atividades e espaço
para interação virtual.
„ Atlas de microscópios digitais: uma oportunidade de levar o conheci-
mento aos estudantes EAD de forma real e virtual, independentemente
do espaço em que eles se encontram. É importante em especial na
área da saúde. Com uso de imagens, vídeos, podcasts e diferentes
programas digitais, constituem um poderoso material de pesquisa,
chamando a atenção muitas vezes dos alunos presenciais também.
Seguido a mesma lógica, há também os atlas digitais do cérebro, atlas
de histologia básica, entre outros.
„ Realidade aumentada e vídeos 360°: inovação, criatividade e novas
experiências por meio de avatares são algumas das possíveis atividades
sob esse viés, por meio de previsão de ações e tomadas de decisão, em
que o aluno consegue ver imagens em tempo real e em contexto físico.
„ Podcast: com esse recurso, conceitos e ideias são ampliados e trazidos
de uma forma leve, simulando uma conversa cotidiana com o estudante
EAD. Um leve tom musical ao fundo consegue deixar as informações
mais envolventes e atrativas.
„ Laboratórios de engenharia: ofertam muitas vantagens aos estudantes
dessa área, que podem ter acesso a aulas exclusivas e a laborató-
rios equipados com modernas tecnologias, com o objetivo de terem
experiências nos variados ramos da profissão. É uma atividade que
estimula alunos pesquisadores e inovadores, permitindo que se tornem
empreendedores no exercício das engenharias.

Essas são algumas das viabilidades projetadas pela EAD para potencializar
o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. A expectativa é que surjam
muitos outros projetos com a crescente tecnológica e digital que estamos
vivendo. Dessa forma, o ensino a distância tem muito a crescer e contribuir
com a qualificação profissional futura. Um importante passo para que essa
qualificação se intensifique está presente nos projetos de extensão, tema
da próxima seção
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Projetos de extensão na EAD


A pesquisa e os projetos de extensão são elementos vitais para o aperfeiço-
amento do aluno, não apenas o de EAD. São projetos que visam a ampliação
de experiências, levando em conta as realidades local, regional e nacional
em que os estudantes estão inseridos, de forma a conduzi-los no caminho da
reflexão, enriquecimento cultural, conhecimento científico, teórico e prático,
para que sejam capazes de se reinventar e empreender diante das mais
variadas situações que a vida pode ofertar.
A maioria dos projetos de extensão propõe ações formativas de qualifica-
ção numa das áreas do conhecimento, sendo possível encontrar esse tipo de
trabalho para todos os cursos, desde a formação continuada para professores
até o ensino do uso de um determinado software da engenharia ou área da
informática, por exemplo, podendo assim surgir inúmeras possibilidades de
temáticas para um curso de extensão.
Dependendo do objetivo do projeto, as aulas podem ser teóricas ou práti-
cas, ou ainda de ambas esferas, unindo horas em certificação específica que
podem gerar horas complementares e ampliação curricular para o estudante.
Entre as muitas possibilidades de oferta, estão:

„ cursos de capacitação;
„ cursos de línguas;
„ projetos comunitários;
„ atividades voluntárias;
„ eventos extracurriculares;
„ observações em sala de aula;
„ monitorias em laboratórios, hospitais, etc.;
„ seminários;
„ participação em grupos de pesquisas.

Os projetos de extensão são, na verdade, uma ação das universidades e


instituições na e para a comunidade, estabelecendo um elo de interação entre
o estudante e o seu meio, de forma que ele entenda que seu conhecimento e
seu estudo podem fazer a diferença em muitas situações vivenciadas.
O estudante que participa dessa oferta obtém qualificação extra, pois
amplia os horizontes, vivencia a prática, entende situações e busca a resolução
de problemas. É uma maneira de avançar em relação às práticas teóricas e
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de ir além pessoal e profissionalmente. Ademais, é uma oportunidade de


levar a produção acadêmica para fora da universidade e dos campos virtuais,
valorizando a construção do conhecimento perante a sociedade.

Muitas vezes, a proposta de um curso de extensão vem para suprir


uma necessidade atual e engajar o estudante nesse movimento,
contribuindo para o campo de trabalho de forma interventiva. Por isso, esses
projetos têm prazo determinado para início e término, podendo ser de curta
ou longa duração.

Entendendo a importância e a necessidade desse movimento acadêmico,


a Lei nº 13.005 estabeleceu que no mínimo 10% do total dos créditos curri-
culares exigidos para a graduação em programas e projetos devem ser de
extensão universitária (BRASIL, 2014). Por sua vez, a Portaria nº 1.350, de 2018,
assegurou as diretrizes para as políticas de extensão da educação superior
brasileira, entendendo:

[...] a extensão como a ação que se integra à matriz curricular e à organização


da pesquisa, constituindo-se em processo interdisciplinar, político educacional,
cultural, científico, tecnológico, de forma única. O processo interdisciplinar em
referência deve promover, portanto, a interação transformadora entre as insti-
tuições de ensino superior e outros setores da sociedade, por meio da produção
e da aplicação do conhecimento, em articulação permanente com o ensino e a
pesquisa (BRASIL, 2018, documento on-line).

Nesse parecer, ainda foram destacados os seguinte princípios dos pro-


jetos de extensão para promoção e qualificação do processo de ensino-
-aprendizagem (BRASIL, 2018):

„ Contribuição para a formação integral do estudante, estimulando sua


formação como cidadão crítico e responsável.
„ Estabelecimento de diálogo construtivo e transformador com os de-
mais setores da sociedade brasileira e internacional, respeitando e
promovendo a interculturalidade.
„ Promoção de iniciativas que expressem o compromisso social das
instituições de ensino superior com todas as áreas, em especial as
de comunicação, cultura, direitos humanos e justiça, educação, meio
ambiente, saúde, tecnologia, produção e trabalho, em consonância com
as políticas ligadas às diretrizes para a educação ambiental, educação
étnico-racial, direitos humanos e educação indígena.
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„ Promoção de reflexão ética quanto à dimensão social do ensino e da


pesquisa.
„ Incentivo à atuação da comunidade acadêmica e técnica e sua con-
tribuição ao enfrentamento das questões da sociedade brasileira,
inclusive por meio do desenvolvimento econômico, social e cultural.
„ O apoio em princípios éticos que expressem o compromisso social de
cada estabelecimento superior de educação.
„ A atuação na produção e construção de conhecimentos, atualizados e
coerentes com a realidade brasileira, voltados para o desenvolvimento
social, equitativo e sustentável.

Esse movimento é uma iniciativa que vem se destacando de forma contínua,


processual, social, cultural, científica e tecnológica, promovendo um inter-
câmbio de aprendizagens na construção de ações efetivas para os diferentes
setores da sociedade.
O pensamento de uma abordagem híbrida para a EAD abre um leque
de caminhos capazes de promover um processo de ensino-aprendizagem
altamente qualificado. A distância entre professor e aluno torna-se apenas
um detalhe diante da diversidade de alternativas de engajamento que a EAD
pode oferecer a partir de um ensino híbrido.
Nesse contexto, os polos presenciais das universidades e instituições são
locais importantíssimos para as práticas, interações, construções coletivas,
apoio acadêmico e institucional. Para isso, precisam estar equipados física e
pedagogicamente de modo a proporcionar ao estudante todas as condições
necessárias para um bom rendimento e engajamento com os estudos. De
modo geral, os projetos digitais com vários recursos tecnológicos, bem como
com os projetos de extensão, são ferramentas necessárias e atuais para que
o aluno transfira seus conhecimentos em prol da sociedade e dos diferentes
ramos de atuação de cada profissão.

Referências
BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abor-
dagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2017.
BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (org.). Ensino híbrido: personalização e
tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
BRASIL. Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Brasília: Presidência da República, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ ato2015-2018/2017/decreto/D9057.htm. Acesso em: 13 set. 2022.
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BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o plano nacional de educação


— PNE e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2017. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso
em: 13 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 1.350, de 17 de dezembro de 2018. Diretrizes
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Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=dow
nload&alias=102551-pces608-18&category_slug=novembro-2018-pdf&Itemid=30192.
Acesso em: 13 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Referenciais de qualidade para educação superior a
distância. Brasília: MEC, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/
pdf/legislacao/refead1.pdf. Acesso em: 13 set. 2022.
HORN, M. B.; STAKER, H. Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a
educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
MORAN, J. Educação híbrida: um conceito-chave para a educação, hoje. In: BACICH, L.;
TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (org.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na
educação. Porto Alegre: Penso, 2015. E-book.
PERES, P.; PIMENTA, P. Teorias e práticas de b-learning. Lisboa: Edições Sílabo, 2011.
SOUZA, J. B. A. A contribuição dos polos presenciais na EaD: um estudo exploratório. In:
CONAHPA, 7., 2015, São Luis. Anais [...]. São Luís, 2015. Disponível em: https://conahpa.
sites.ufsc.br/wp-content/uploads/2015/06/ID32_Souza.pdf. Acesso em: 13 set. 2022.

Leituras recomendadas
MORAN, J. M. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA, C. A.; MORALES,
O. E. T. (org.). Convergências midiáticas, educação e cidadania: aproximações jovens.
Ponta Grossa: UEPG/PROEX, 2015.
VALENTE, J. A. Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala
de aula invertida. Educar em Revista, n. 4, p. 79-97, 2014. Disponível em: https://www.
scielo.br/j/er/a/GLd4P7sVN8McLBcbdQVyZyG/. Acesso em: 13 set. 2022.

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