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Os Produtos Educacionais como uma Prática Inovadora na EPT

Caio Alexandre Martini Monti


Cristiane Marques Germann

Introdução

Em virtude das constantes transformações que ocorrem na sociedade e no mundo do


trabalho, é de suma importância que práticas inovadoras sejam introduzidas no contexto da
Educação Profissional e Tecnológica (EPT) visando contribuir para a formação profissional
dos sujeitos que nela se encontram. Em relação a tais práticas, vale ressaltar que as mesmas
visam a atender as necessidades de um público heterogêneo e diversificado, que precisa atuar
em ambientes organizacionais cada vez mais complexos, que exige cada vez mais
qualificação em termos de desenvolvimento de competências, conhecimento, habilidades e
atitudes.
Diante disso, a temática do presente ensaio trata dos produtos educacionais
desenvolvidos pelos mestrandos do ProfEPT como uma prática inovadora, tendo em vista que
os mesmos podem contribuir para a transformação do mundo do trabalho, gerar impacto
social e melhorar a qualidade do ensino na EPT.
A temática foi escolhida no intuito de refletir sobre a construção dos produtos
educacionais dos mestrandos do ProfEPT sob a perspectiva de uma prática inovadora no
contexto da EPT. Para a produção da referida temática foi considerada a seguinte indagação:
O que deve ser considerado pelos mestrandos do ProfEPT para que os produtos educacionais
se transformem em práticas efetivamente inovadoras?
No que diz respeito à estrutura, o ensaio está organizado da seguinte maneira: a
primeira seção, inicia apontando os aspectos relevantes referente à inovação; já a segunda
seção, delineia aspectos referente ao Mestrado do ProfEPT (pesquisa e produto educacional);
a terceira seção, apresenta os produtos educacionais que os mestrandos Caio Monti e Cristiane
Germann pretendem desenvolver durante o Mestrado do ProfEPT. Por fim, são discorridas as
conclusões deste estudo. Ademais, vale dizer que este ensaio trata-se de um estudo do tipo
bibliográfico, embasado nos seguintes autores: Enricone (2006), Goldenberg (1995), Veiga
(2000), Castanho (2000), Lucarelli (2000), Kaplún (2003), Leite (2018), Daltro Filho (2019) e
Yves Chevallard (1998).
1 Aspectos referente à inovação

Primeiramente, é importante ressaltar que a temática da inovação é complexa e


multiforme, sendo apresentada sob as mais diferentes perspectivas. Para Enricone (2006, p.
43), “inovação […] envolve a ideia de modificação do que existe ou da forma de realizá-la. A
inovação implica revisão e transformação e pode incluir a ideia de revisão continuada”.
Portanto, trata-se de uma mudança deliberada, intencional e consciente, com vistas a
melhorar a ação educativa.
Ademais, é importante dizer que a inovação, segundo Goldberg (1995) exige que seja
introduzida alguma novidade, implica em progresso e aperfeiçoamento: planejamento e um
processo. Na concepção de Veiga (2000, p. 199), inovação e investigação estão articuladas
haja vista que “[…] ambas as atividades são intencionais, conscientes e complexas”. Em
suma, a investigação é elemento primordial para promover a inovação no contexto de uma
instituição de ensino, seja dentro da sala de aula, seja fora dela.
Castanho (2000) afirma que inovar consiste em aplicar conhecimentos existentes pela
introdução de novas formas de atuação diante de práticas pedagógicas inadequadas ou
ineficazes. Em relação à inovação em sala de aula, Lucarelli (2000) diz que a inovação busca
romper com a didática imposta pelo Positivismo, no qual o conhecimento é acabado e o aluno
é reduzido à condição de um sujeito passivo do conhecimento.
Dentre as características tidas como essenciais para uma inovação pedagógica,
destaca-se: é algo novo, ou seja, algo que ainda não foi estreado; é uma mudança intencional e
evidente; exige esforço deliberado e conscientemente assumido; requer uma ação persistente;
tenciona melhorar a prática educativa; o processo pode ser avaliado e requer componentes
integrados de pensamento e ação.
Levando em conta as características supracitadas, busca-se desenvolver durante o
Mestrado Profissional do ProfEPT produtos educacionais que sejam inovadores, isto é, com
propósitos claros e definidos, dinâmicos, que represente a realidade de cada espaço educativo
investigado, que seja significativo para o mestrando, de forma a transformá-lo no decorrer do
processo e de impactar o maior número de pessoas for possível.

2 Aspectos referente ao mestrado: a pesquisa e o produto educacional

No Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT), os


mestrandos têm a possibilidade de refletir acerca das suas práticas profissionais, com vistas a
construir uma postura inovadora na atividade educativa. Todavia, para que isso ocorra é
necessário que os mesmos desenvolvam ao longo do mestrado um produto educacional que
possa ser utilizado no contexto da Educação Profissional e Tecnológica (EPT).
No que se refere à pesquisa, é importante dizer que no intuito de superar os problemas
cotidianos inerentes ao mundo do trabalho, o Mestrado Profissional do ProfEPT, busca formar
profissionais por meio de uma reflexão crítica, almejando assim que os discentes incorporem
a pesquisa no seu exercício profissional. Nesse sentido, a pesquisa busca por meio da criação
dos produtos educacionais melhorar a qualidade do ensino na EPT, constituindo-se em um
material educativo que poderá ser utilizado por distintos públicos: discentes, docentes,
gestores e demais servidores.
De acordo com o Documento de Área da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), estabelecido no Seminário de Meio Termo, produto educacional
trata-se de:

um processo ou produto educativo e aplicado em condições reais de sala de aula ou


outros espaços de ensino, em formato artesanal ou em protótipo. Esse produto pode
ser, por exemplo, uma sequência didática, um aplicativo computacional, um jogo,
um vídeo, um conjunto de vídeo-aulas, um equipamento, uma exposição, entre
outros. A dissertação/tese deve ser uma reflexão sobre a elaboração e aplicação do
produto educacional respaldado no referencial teórico metodológico escolhido
(BRASIL, 2019, p. 15).

Os produtos educacionais são ferramentas didático-pedagógicas, elaboradas a partir de


um problema concreto da EPT, no intuito de estabelecer relações entre o ensino e a pesquisa
na formação docente. Contudo, para além da formação docente, os referidos produtos devem
possibilitar a formação de profissionais que saibam desenvolver e utilizar a pesquisa para
agregar valor às suas atividades profissionais, por meio de uma análise crítica da prática do
trabalho.
Um aspecto importante a ser considerado no desenvolvimento de produtos
educacionais é não restringir-se à forma do produto. Nesse sentido, para que o produto
educacional seja de fato inovador, os mestrandos precisam considerar aspectos importantes
que vão além do formato, tais como: se os conceitos do material educativo são coerentes com
a discussão realizada durante a dissertação, se a metodologia de ensino utilizada é atual e a
forma escolhida para se comunicar com o público-alvo.
Na concepção de Kaplún (2003, p. 46), material educativo é “um objeto que facilita a
experiência do aprendizado; ou se preferirmos, uma experiência mediada para o aprendizado”.
Nesse sentido, a mestranda Cristiane Marques Germann planeja desenvolver um guia para a
oferta de cursos técnicos por intermédio da Plataforma de design Canva, sendo o objetivo
principal consiste em investigar os critérios para a oferta de um curso técnico, em
conformidade com as demandas do setor produtivo local, para colaborar no planejamento da
escolha de cursos.
Já o mestrando Caio Alexandre Martini Monti planeja desenvolver um guia que tem
como objetivo principal propor uma estrutura física de cozinha didática compreendendo os
diversos setores da cozinha cujo o fluxo de trabalho bem como a disposição de equipamentos
permita ao aluno desenvolver os diversos tipos de atividades dos aluno/cozinheiros realizadas
em cozinha independente da sua tipologia. Para que o projeto do laboratório seja efetivo é
fundamental que ele parta das necessidades oriundas da formação de um cozinheiro, sendo
que as mesmas estão previstas pela Instituição de Ensino Profissional no seu PPC.
Considerando que a formação do aluno, seja ela em nível de qualificação, técnica ou
superior de tecnologia, o aspecto pedagógico deverá atender às especificidades requeridas
pelos diferentes tipos de restaurantes. Para tanto se propõe o planejamento de uma Cozinha
Didática que atenda tais especificidades.
A respeito dos materiais educativos, Kaplún (2003, p. 46) afirma que

[...] material educativo não é apenas um objeto que proporciona informação, mas
sim, em determinado contexto, algo que facilita e apoia a experiência de
aprendizado, isto é, uma experiência de mudança e enriquecimento em algum
sentido: conceitual ou perceptivo, axiológico ou afetivo, de habilidades e atitudes,
etc.

Quanto à criação de materiais educativos, Kaplún (2003, p. 47) reitera que “uma
criação de qualidade requer a conjunção de vários saberes: conceptuais, educativos,
comunicacionais, artísticos, técnicos”. Além disso, o referido autor propõe que a construção
do material educativo seja orientada por três eixos peculiares que visam a contribuir com o
aprendizado e despertar reflexões sobre o tema abordado, sendo eles: eixo conceitual,
pedagógico e comunicacional.
O eixo conceitual diz respeito à escolha da temática, das ideias centrais e da
organização do recurso educacional. Sendo assim, é importante ressaltar que o conhecimento
da temática e da opinião de autores permite à pesquisadora saber quais as necessidades podem
ser respondidas por meio do produto educacional (KAPLÚN, 2003).
O eixo pedagógico, para Kaplún (2003, p. 49), “é o principal articulador de um
material educativo e expressa o caminho que estamos convidando alguém a percorrer, que
pessoas estamos convidando e onde estas pessoas estão antes de partir”. Logo, no referido
eixo, são analisados os destinatários do produto educacional e conhecidas as ideias
construtoras dos sujeitos pertinentes à temática abordada e a eventuais conflitos a provocar
(KAPLÚN, 2003).
O eixo comunicacional, na concepção de Kaplún (2003), define como se dará a
comunicação com o sujeito, ou seja, estabelece o formato, a diagramação e a linguagem
empregada no processo de criação do produto. Assim, no intuito de tornar o produto
educacional mais atrativo e compreensível aos futuros destinatários, os mestrandos
propõem-se a desenvolverem guias devidamente diagramados.

3 Os produtos educacionais dos mestrandos

O produto educacional da mestranda Cristiane Marques Germann caracteriza-se como


um material de instrução multimídia, cuja finalidade é auxiliar os atores da Educação
Profissional quanto ao planejamento da oferta de cursos técnicos. O referido produto trata-se
de um guia para a oferta de cursos técnicos, contendo aproximadamente de 25 a 30 páginas,
numeradas de forma sequencial. Quanto à organização do produto educacional, o guia deve
conter a seguinte estrutura: capa, contra-capa, apresentação, sumário, capítulo 1, capítulo 2 e
referências, conforme normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Em relação aos destinatários, o produto educacional está direcionado aos gestores e
aos demais atores das instituições de Educação Profissional. No que concerne ao conteúdo, o
guia norteador se valerá de textos, imagens ou figuras com o propósito de tornar o conteúdo
mais agradável e dinâmico para os futuros destinatários do material educativo.
Outrossim, para que as informações do material educativo possam ser suficientes e
adequadas às necessidades do público-alvo, a temática do mesmo se delimita a uma estratégia
para a articulação das ofertas de cursos técnicos às demandas do setor produtivo local.
No que diz respeito aos conteúdos dos capítulos, no capítulo 1 serão identificados e
descritos os critérios necessários para que a oferta de um curso técnico esteja em sintonia com
as demandas do mundo do trabalho. Já no capítulo 2, será feita a proposição da oferta do
curso técnico em cozinha para o IFC - Câmpus Avançado Sombrio, considerando a vocação
regional turística da AMESC, potencializada pela implantação do Geoparque Caminho dos
Cânions do Sul.
Acerca da linguagem empregada para a criação do material educativo, a escrita
ocorrerá de forma simples e objetiva, no intuito de possibilitar uma comunicação agradável e
compreensível com os futuros destinatários, tendo em vista que o guia norteador cogita ser
uma fonte de consulta para os atores da Educação Profissional.
Assim, embasado nos estudos de Leite (2018), almeja-se desenvolver um produto
educacional atrativo, compreensível e envolvente, de maneira que se possa reconhecer no
guia, uma estratégia para a articulação da oferta de cursos técnicos às demandas do setor
produtivo. Além disso, é importante dizer que o guia busca conscientizar os atores da EP
acerca da relevância da articulação da oferta de cursos às demandas do mundo do trabalho,
visando a provocar uma mudança de atitude nos mesmos (LEITE, 2018).
Enfim, a presente pesquisa tem por escopo construir um produto educacional útil,
organizado, prático, esteticamente agradável, compreensível e acessível, que possa auxiliar os
membros das instituições de EP a reduzir a distância existente entre a oferta de cursos
técnicos e a demanda do mundo do trabalho.
O mestrando Caio Alexandre Martini Monti compreendendo a importância na
construção da oferta dos cursos técnicos da área de cozinha e seus os setores distintos,
levando em consideração o fluxo de trabalho nos diversos tipos de produção de cozinhas de
forma otimizada e a segurança dos usuários bem como o conforto ergonômico, propõe a
estrutura física de uma cozinha didática. Para que cada detalhe seja partindo de uma
disposição adequada de equipamentos, que permita ao aluno desenvolver as diversas
habilidades nas atividades de uma brigada clássica realizadas em uma cozinha,
independentemente da tipologia adotada na Unidade Curricular. Sendo assim adotou-se a
abordagem do autor uruguaio Gabriel Kaplún que distingue o material educativo
analisando-o em três eixos, Kaplún (2003):
Primeiramente analisaremos pelo eixo conceitual, o qual se refere aos conteúdos, sua
seleção e organização: Para que o projeto do laboratório de cozinha didática seja efetivo é
fundamental que ele parta das necessidades oriundas da formação descrita na Classificação
Brasileira de Ocupações CBO, dos descritivos do CNCT, como também o previsto nas
competências elencadas no PPC pela Instituição de Ensino, de modo que atendam à formação
profissional do técnico de cozinha para o setor produtivo. Neste caso o layout deve ser
pensado de forma que os equipamentos sejam alocados dentro de uma lógica de trabalho, que
a escolha dos equipamentos atenda às diversas modalidades de cozinhas a serem abordadas,
para isso deve-se selecionar os equipamentos adequados que atendam às características usadas
no setor produtivo e que o layout seja organizado também pensando na segurança da
operação.
Na sequência a análise será pensada pelo eixo pedagógico, pois considerando que a
construção do eixo pedagógico implica uma análise dos destinatários da mensagem (o
aprendiz), propondo identificar suas ideias construtivas além de possíveis conflitos
conceituais, com eles devem vir os saberes da estrutura necessária, para que o aprendiz tenha
neste espaço a noção de ambiente de organização do trabalho em formato lúdico com uma
maquete onde todos os espaços se integram de forma a exibir uma interação entre os mestres e
os aprendizes. Esperamos assim, que a formação do aluno, seja ela em nível de qualificação,
técnica ou superior de tecnologia, o aspecto didático deverá atender às especificidades
requeridas pelos diferentes tipos de restaurante (churrascaria, bistrô, buffet, fast food...).
Por último a análise do eixo comunicacional, neste eixo se propõe, através de algum
tipo de exibição eloquente onde na prática visual de leitura de layout, os destinatários tenham,
de modo concreto, uma relação com o espaço organizado, para tanto a proposta de um Guia
como Produto Educacional, como apoio para criação de uma Cozinha Didática, que atenda às
especificidades das diversas formações, propõe-se a fazer alguma diferença, onde muito
pouca informação sistematizada está disponível para contribuir com a concepção dos espaços
didáticos, na maioria das escolas que acompanhamos.
Caracterizando o Produto Educacional, Segundo Daltro Filho (2019), os processos de
ensino-aprendizagem podem ocorrer de variadas formas. Entre o saber que alguém ou alguma
comunidade possui ou desenvolve, a designação desse saber enquanto conhecimento que se
pretende ensinar e o exercício pedagógico que permite que tal saber seja construído por
outros. Deve haver, de acordo com o matemático Yves Chevallard (1998), a Transposição
Didática. Dessa forma usaremos modelos “híbridos” que ocorrem no uso de ambientes
virtuais, recursos de tecnologia da informação e comunicação, ferramentas colaborativas ou
de autoria própria online.
Analisar primeiramente o contexto da Rede Federal de Educação Profissional e
Tecnológica tendo em vista a relevância, a estrutura e a capilaridade da Rede país afora, bem
como a possibilidade de obtenção de dados e acesso a pesquisas que tratam do assunto. Essa
caracterização será iniciada a partir da visão própria das práticas utilizadas no Câmpus
Florianópolis Continente sobre seus aspectos já pontuados para então descrever a
interpretação dos autores que percebem as especificidades da EPT neste contexto.
Na problematização do tema, seu conteúdo e abrangência, fica claro a necessidade de
aprofundar o instrumento colaborativo, diante da crescente escalada de novos cursos e escolas
de gastronomia, movidos pela explosão midiática sobre a profissão de chef de cozinha. Na
maioria das vezes estes novos espaços didáticos não são preparados de forma adequada,
prezando pela inter-relação onde a estrutura física faz parte do saber a ser adquirido pelos
aprendizes. Assim, avaliamos que docentes e discentes da área que têm dificuldade formativa
com os equipamentos, materiais construtivos e ergonomia dos espaços. Neste caso os
resultados deste produto deverão ser avaliados por profissionais da área com a preocupação de
compreender o significado que as escolas dão às suas práticas.
Neste contexto, verificamos que a maioria das escolas normalmente não segue uma
linha de construção física padronizada das suas cozinhas didáticas, o que torna antagônico
com a prática do dia-a-dia do trabalho no setor produtivo, visto a dissonância que há entre as
duas realidades. Sendo assim, o Produto Educacional proposto pelo mestrando, visa
principalmente a propor uma concepção básica de estrutura física, sua organização bem como
a sistematização da construção na implantação de novas unidades ou adaptações em unidades
já existentes dos laboratórios de cozinha didática, com foco na efetivo na capacitação de
gestores, docentes e demais os envolvidos na criação de laboratórios de Cozinha Didática.

Conclusão

Por fim, denota-se que para desenvolver um produto educacional que gere as
transformações que a sociedade e o mundo do trabalho necessita é preciso ir além do formato
do produto. Para gerar produtos efetivamente inovadores e de fato modificar o que já existe
ou a forma de realizar algo, a mudança precisa ser intencional, consciente e planejada.
Todavia, vale dizer que ser criativo não basta para poder inovar. Para desenvolver um produto
que de fato atenda as necessidades dos diferentes sujeitos da EPT deve-se levar em conta
aspectos conceituais, metodológicos e a forma como se dá a comunicação com os
destinatários.
Nesse sentido, recomenda-se que os futuros discentes Mestrado do ProfEPT
considerem os eixos propostos por Kaplún (2003), bem como, os descritores propostos por
Leite (2018) ao elaborar um material educativo. Fundamentado nos referidos atores, sugere-se
que o produto educacional a ser desenvolvido pelos estudantes seja atrativo para o grupo a
qual de destina (visualmente agradável); compreensível (com utilização de linguagem simples
e direta para facilitar o entendimento dos conteúdos); envolvente (ser desenvolvido
especialmente para o público que foi destinado); estimular uma mudança de ação e de atitude
e por fim, ser aceito (validado) pelo público destinatário (LEITE, 2018).
Enfim, tais sugestões tem por finalidade proporcionar o desenvolvimento de um
produto educacional efetivamente inovador, que seja significativo para o mestrando,
satisfazendo parte de suas necessidades e ao mesmo tempo útil para a sociedade, de forma a
impactar o maior número de pessoas possível, transformando a realidade delas.
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