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Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo: Um Hospital das Clínicas ou um Instituto Médico

Legal?

por Frederico Flósculo Pinheiro Barreto*

* Professor do Departamento de Projeto, Representação e Expressão da FAU - UnB

Em atenção ao convite do Centro Acadêmico da FAUUnB, venho apresentar algumas reflexões acerca do
tema do "Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo", embora o convite para a inclusão de um
artigo na homepage do CAFAU não tenha indicado previamente um tema específico. Considerei ser
oportuno propor um debate sobre o Escritório Modelo, na medida em que:

- não temos, nesta Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, do meu ponto de vista,


encaminhado adequadamente a constituição e a gestão desse tipo de organização acadêmica, pela
ausência de algumas condições fundamentais;

- todas as nossas turmas de estudantes, sem exceção, têm reivindicado a organização de um Escritório
Modelo (sendo que, no caso da FAUUnB, os próprios estudantes tomaram a iniciativa de criar estatutos
e de oferecer uma proposta organizacional, dando início a um núcleo de atividades, há cerca de três
anos, sendo registrados vários outros episódios de organização com finalidades assemelhadas às de um
Escritório Modelo), mas tem sido, seu intento, parcialmente frustrado por várias razões - as quais
interessa analisar e expor à crítica;

- a atividade de um Escritório Modelo apresenta importantes problemas (e soluções) de ordem ética,


acadêmica e gerencial, que têm sido insuficientemente discutidos e solucionados, e que revelam muito
do modo isolado da comunidade pelo qual temos atuado como Faculdade de Arquitetura e Urbanismo -
tanto no nível da Pós-Graduação quanto no nível da Graduação em Arquitetura e Urbanismo;

- um Escritório Modelo implica na ampliação do leque de oportunidades de aprendizado


profissionalizante e de iniciativas de pesquisa e extensão em Arquitetura e Urbanismo, e é fundamental
que sua discussão passe pelos eixos de trabalho universitário em ensino, pesquisa e extensão, que
expresse um solução possível de coordenação dessas "dimensões universitárias".

Um Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo pretende o desenvolvimento de projetos de


arquitetura e urbanismo com a colaboração de estudantes, professores e funcionários. Esse trabalho
de desenvolvimento de projetos visaria objetivos definidos quanto à formação de arquitetos e
urbanistas, objetivos de ensino, com o envolvimento tanto técnica quanto didaticamente planejado dos
estudantes.

Prestaria serviços para a comunidade, especialmente àquela sua fração que não tem recursos para
contratar arquitetos e urbanistas, mas que necessitaria de projetos (portadores de um mínimo de
qualidade técnica), para conseguir recursos para as obras, de cunho social, com impacto social
relevante, positivo. Transmitiria conhecimentos para a comunidade, que aplicaria técnicas alternativas,
nascidas de pesquisas originais acerca de materiais e sistemas construtivos, de soluções arquitetônicas e
mesmo de planos de ação comunitária, politizada e organizada. Seria um extraordinário instrumento
para as políticas acadêmicas de extensão e para o estímulo à pesquisa em nossa área de conhecimento.
Em alguns casos, captaria recursos, projetando também para aquela clientela que poderia pagar a um
arquiteto, a um escritório particular de arquitetura, mas que - agradável surpresa ! - trouxe para a escola
de arquitetura um problema que foi considerado de interesse acadêmico (e seu dinheiro, afinal, é bem-
vindo). Mas é isso mesmo ?

Dito assim, o Escritório Modelo parece um empreendimento razoável, até mesmo de fácil realização, de
implantação quase óbvia, no corpo de uma escola de arquitetura. Parece ser incompreensível que
a esmagadora maioria das escolas de arquitetura não possua Escritórios Modelo. Na verdade, é
prudente, em muitos casos, que as escolas de arquitetura NÃO tenham Escritórios Modelo. Sobretudo
quando lhes faltar algumas condições mínimas para iniciar e sustentar um Escritório Modelo
minimamente qualificado.

Que condições seriam essas ? Para o debate, coloco algumas:

a) a existência de professores em dedicação exclusiva à Universidade e à escola de arquitetura - ou com


a dedicação e interesse necessários à manutenção do trabalho implicado;

b) a existência de espaço físico e institucional para o desenvolvimento de trabalhos comprometidos, por


sua vez, com um mínimo de qualidade técnica, estética e didática;

c) a existência de um mínimo de consenso entre docentes e estudantes sobre o papel social a ser
desempenhado por uma unidade acadêmica frente aos problemas da comunidade - sobretudo da sua
fração (majoritária) que não tem recursos financeiros para pagar os honorários do profissional liberal;

d) a existência de um fundo de extensão universitário, que subsidiasse as atividades de projeto em que


não ocorresse a chamada "captação de recursos" - ou qualquer outra forma de trabalho pago pela
comunidade, ainda que a "preços socializados";

e) a existência de instâncias de transparente prestação de contas dos recursos captados por serviços
prestados, definida a sua aplicação em favor da melhoria de condições da própria escola de arquitetura;

f) a existência de um estatuto ou protocolo de trabalho e gestão do escritório modelo, em que se


definisse claramente as condições de formação de equipes, de remuneração e concessão de bolsas, de
autoria e responsabilidade técnica, critérios e escolha / rejeição de propostas, processo decisório
democrático, etc;

g) a existência (ou o compromisso com a formação) de padrões mínimos, explicitados, de


desenvolvimento de trabalhos, orientação aos estudantes, apresentação e publicação de trabalhos,
formação de acervo, entre outros aspectos que devem ser fixados.

Gostaria de iniciar aqui a discussão dessas condições mínimas, como contribuição para o debate na
própria FAUUnB, aproveitando a oportunidade dada pelo Centro Acadêmico - e de participar de mais
oportunidades de discussão.

Muitas das experiências das escolas brasileiras de arquitetura não têm sido divulgadas e discutidas, no
que tange a um "Escritório Modelo", ou mesmo quanto às práticas de projeto de arquitetura e de
urbanismo desenvolvidas no âmbito das escolas, sob sua responsabilidade institucional, e com a
participação de professores, estudantes e funcionários (sim, é imprescindível a participação dos
funcionários, sobretudo daqueles qualificados para o apoio à atividades "laboratoriais" em arquitetura e
urbanismo).

Talvez os CA's, como o faz o da FAUUnB, possam tornar mais intensa essa troca de experiências, na
medida em que os estudantes têm-se apresentado como os questionadores mais engajados no debate
dos objetivos e da organização acadêmica de algo como um Escritório Modelo.

Os estágios supervisionados de projeto e de obra, como atividades integrantes do currículo de


graduação, são criticados por sua fraca articulação aos currículos de graduação - sobretudo quando
esses currículos pretendem ser transformadores da própria prática profissional. Os currículos são,
burocraticamente, muito parecidos com os diplomas, enquanto pedaços de papel fixados em alguma
moldura, ou dentro do portfolio guardado por alguém, para a eventual comprovação de regularidade ou
correção.

Observo que, na maioria das situações (de estágios supervisionados em escritórios), os estudantes
recebem tarefas de pouco ou nenhum mérito acadêmico, com pouco ou nenhum impacto
transformador, que eleve suas expectativas de prática profissional. Quer-se aprender arquitetura e
aprende-se AUTOCAD - com as honoráveis exceções de praxe. É comum o choque, para o estudante de
arquitetura,
entre a orientação dada nos ateliês inovadores (ou nem tanto) da academia e o que realmente se passa
num escritório. Isso não conduz à conclusão de que os escritórios (ou a academia) estejam certos ou
errados, mas que há um sério problema quando se tem uma separação tão evidente entre as práticas do
ateliê acadêmico e o ateliê "de verdade", do profissional liberal ou do escritório no serviço público.

Também deve ficar claro, por outro lado, que existem significativas diferenças na organização das
escolas brasileiras de arquitetura, portadoras de diferentes histórias e com diferentes contribuições
dadas ao ensino e à prática da arquitetura. Em especial, essas diferenças são notáveis quanto à
(in)existência de linhas consistentes de pesquisa a nível de graduação e pós-graduação, a existência de
experiências de trabalhos de extensão universitária (sobretudo na linha da prestação de serviços à
comunidade, ainda que com lapsos de continuidade), a existência de professores que tenham condições
de dedicar-se exclusiva ou majoritariamente (face ao uso de seu tempo e de seus conhecimentos) à
tarefas de ensino, pesquisa e extensão. Todos esses são fatores fundamentais para a implantação de um
Escritório Modelo minimamente qualificado em uma escola de arquitetura.

A implantação e a gestão de um Escritório Modelo pode ter conseqüências de maior impacto do que se
pode julgar preliminarmente. Tanto sua discussão deve ser inserida no atual quadro de definição da
autonomia universitária, quanto tem conseqüências curriculares e acadêmicas importantes.

Para as escolas de arquitetura existentes nas Universidades Federais, em especial, um Escritório Modelo
pode representar forma de captação de recursos que deve ser considerada com extremo cuidado.

Baseamo-nos em pressupostos éticos que buscam evitar ao máximo a caracterização do Escritório


Modelo como um escritório semi-privado funcionando no corpo de uma Universidade Pública. A frase
AO MÁXIMO é utilizada por que considero inconsistente atribuir caráter público à função de captação
de recursos através da prestação de serviços. Captar, recolher, auferir, entesourar, capitalizar - enfim –
recursos nomeadamente pela prestação de serviços é característica fundamental do setor privado da
economia - e, nessa frente, a autonomia universitária transita, neste momento, em uma área de limbo,
ambiguamente pública e privada. Contudo, há algumas formas de captação de recursos (e não duvido
da impropriedade do termo nesses casos) pelo setor universitário público que já são bem definidas e
aceitas, como no caso da pesquisa científica, e que podem se aplicar ao Escritório Modelo. (E isso
levanta um outro problema, acerca das formas de "pesquisa científica em pelo privilégio indiscutido de
algumas escolas às oportunidades de financiamento de pesquisas, seja pela escassa publicização do que
é efetivamente pesquisado com o apoio das verbas federais, estaduais e, eventualmente, de
Municípios).

Sobretudo para as escolas de arquitetura com maior tradição e melhor reputação, a criação de uma
organização que "faça projetos" sem ser criteriosa na escolha dos trabalhos com que se envolverá,
implica em riscos sérios à sua credibilidade como instituição pública.

Não se desconhece que todas as escolas brasileiras de arquitetura - sobretudo as públicas, mais
prestigiadas até o momento - são assediadas, com maior ou menor paixão, para que desenvolvam
estudos e projetos de arquitetura e urbanismo para órgãos e organizações privadas e públicas. Para que
associem seu nome a empreendimentos que se querem qualificados pela marca da academia.

Em alguns casos, essa associação é cabível, e até necessária: que escola não contribuiria para um
programa habitacional de baixa renda, se convidada a participar ? Em outros casos, essa associação é
descabida e perniciosa: que escola avalizaria a especulação imobiliária e o oportunismo de
determinados detentores de capital, que tudo querem comprar ou alugar ? Ponto crítico: os critérios de
aceitação ou rejeição de trabalhos no Escritório Modelo são claramente discutidos ? Que tipo de
formação se terá no Escritório Modelo ? (Entre nós, na FAUUnB, tem sido usada a metáfora do "Hospital
das Clínicas" para a concepção de um Escritório Modelo: lugar onde se aprende o ofício, junto a quem
entende do ofício, em
benefício da população. Proponho que se lance também a metáfora do IML: lugar onde vão parar os
casos que não deviam acontecer, onde o idealismo da formação profissional se choca com a prática
inversa da profissão).

Para que se descaminhe toda a ingenuidade: é evidente a vantagem que foi obtida com a Lei 8.958, de
20 de dezembro de 1994 (que dispõe sobre as relações entre as instituições federais de ensino superior
e de pesquisa científica e tecnológica e as fundações de apoio). Vale a pena conhecer e debater essa Lei,
que possibilitou a criação de centenas de fundações de apoio à pesquisa junto às Universidades Públicas
de todo o País. Essas fundações, para o bem e para o mal, são eficientes captadores de recursos
indiscutidos nas instâncias acadêmicas mais elementares, e podem representar a mais séria (e
duradoura e irreversível) confusão para o caráter público de nossas Universidades. Por outro lado, têm
representado uma excelente solução para determinados setores da pesquisa universitária, que
ganharam mais desenvoltura no trato financeiro, e com inegável benefício para o setor público.

Essa Lei, em pleno vigor há quase cinco anos, ainda não foi objeto de uma séria avaliação. Tem atingido
os seus objetivos ? A desenvoltura ganha por alguns setores universitários não se transformou em
descompostura para outros ? Fico a imaginar o que o simples dispositivo da dispensa de licitação para os
serviços prestados - intermediados, pois são como bancos - por essas fundações para órgãos da área
pública, com o uso da instituição universitária pública, pode ter gerado.

Mas, disso, quem sabe, se não houver transparência ?

Quero crer que a privatização do ensino público tem data certa de nascimento: o da sanção da Lei
8.958 / 94. Em nossa FAUUnB, é notória a polêmica causada pela falta de transparência quanto à
captação de recursos com o intermédio dessas fundações, com o desenvolvimento de projetos. Entre
nós, a prestação de contas foi tida como atitude "policialesca". Rejeitamos assim a discussão da
capitalização
das oportunidades de projeto e gestão financeira do escritório universitário de projetos pelos próprios
dirigentes universitários. É aceitável que prevaleça o "princípio Ademar de Barros de administração
pública" ?

No atual ambiente institucional de autonomia universitária com progressiva privatização, a implantação


de um Escritório Modelo pode ser um péssimo passo, em termos éticos e profissionais: a arquitetura e o
urbanismo que esse Escritório Modelo venha a produzir pode até ser de alguma qualidade. Mas sobre
que terreno incógnito está sendo modelada a formação do estudante ? Que exemplo de conduta
profissional e pública está sendo colocado ?

E ainda: por conta de toda a ambigüidade que vai tomando conta da Universidade (semi)pública da
atualidade, é justo censurarmos a criação e a manutenção de um Escritório Modelo ? É evidente que há
solução para essa questão, mas sem transparência e orientação acadêmica consistente, é bem melhor
insistir no debate. Criticamente.

Artigo originalmente publicado na página do Centro Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e


Urbanismo UnB em Agosto de 1999, gentilmente cedida pelo autor
ESCRITÓRIO MODELO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Práticas Profissionais

Através do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo:

O acadêmico é incentivado a participar de concursos públicos e privados, locais,

nacionais e internacionais, que o encaminham para a realidade do mercado e ao mesmo

tempo da responsabilidade social. O incentivo se dá pela divulgação e pela disponibilização

dos espaços e equipamentos deste escritório para o desenvolvimento dos trabalhos, bem

como da assessoria constante dos professores que fazem parte da equipe do Escritório

Modelo.

Vale ressaltar que por regulamento nenhuma atividade do escritório modelo

poderá ser realizada se considerada concorrente com o mercado formal dos Arquitetos e

Urbanistas.

A grande demanda do escritório está na elaboração de projetos para a população

de menor renda. De modo geral, as pessoas atendidas são mutuários da COHAB, ou

necessitam do projeto para se cadastrar neste programa ou da Caixa Econômica Federal.

Na prática, o aluno desenvolve projetos de pequenas residências (máximo 70,00

m2, em conformidade com o Programa Casa Fácil, que dispensa o recolhimento de ART

até a referida metragem) e executa tal trabalho com a mesma formalidade e seriedade de

um escritório real de Arquitetura: atende o cliente, discutindo com ele o projeto, a insolação

e outros elementos, elabora o projeto e agenda nova reunião para ajustes e entrega do

produto final. Na grande maioria dos casos, o processo não termina no projeto arquitetônico

e o escritório modelo de Engenharia Civil passa a atuar. Além de discutir aspectos técnicos

e da construção, os alunos desenvolvem com base no arquitetônico, os projetos


complementares (hidráulico, elétrico, estrutural).

O acadêmico participa ainda, de estágios na Secretaria de Urbanismo de Curitiba e

na COHAB, através de Convênio de tais órgãos com a Universidade, onde participa de

todas as atividades desenvolvidas pela Secretaria, além de desenvolver projetos de

habitação social.

Escritório Modelo

O Escritório Modelo de Arquitetura da Universidade Tuiuti do Paraná desenvolve

atividades de extensão que venham a contribuir com a comunidade e complementar a

formação acadêmica. O princípio consiste na aplicação do conhecimento adquirido em prol

da sociedade e deste obter resultados relevantes para a otimização da tríade proposta

(ensino, pesquisa e extensão).

Objetivos:

• Proporcionar aos acadêmicos experiências práticas de projeto, bem como a vivência

com o funcionamento e administração de um escritório, essenciais à verossimilhança na

formação profissional;

• Disponibilizar recursos humanos, técnicos e científicos à comunidade, de modo a

contribuir para a melhoria da qualidade de vida desta e do próprio espaço físico;

• Estreitar a relação aluno – profissionais – entidades competentes;

• Promover a integração do aluno com o setor público e normativo com o propósito de

absorver noções de legislação as quais estará sujeito posteriormente;


• Possibilitar o desenvolvimento permanente de pesquisa nas áreas de interesse

profissional;

• Ressaltar os princípios da ética profissional já no âmbito acadêmico;

• Estabelecer convênios que possam contribuir para a viabilização dos objetivos acima

citados.

O escritório modelo conta com uma equipe de professores representantes das

principais áreas de interesse do curso. Deste modo, consegue-se obter respaldo técnico para

todo e qualquer projeto desde que relevante. Os princípios normativos adotados pelo

Escritório Modelo opõem-se completamente ao conceito de empresa júnior, uma vez que

busca-se atender à comunidade sem qualquer remuneração.


EMAU

EMAU significa Escritório modelo de Arquitetura e Urbanismo, é um projeto de Extensão Universitária


unida à pesquisa e ao processo de graduação. Esse escritório surge da discussão a respeito da vivência e
das práticas dos estudantes de Arquitetura durante a graduação, com a finalidade não só de completar a
educação universitária, mas também para afirmar um compromisso com a realidade social da
comunidade onde a universidade está inserida.

É de livre participação a todos os estudantes de arquitetura e urbanismo e outros interessados, sendo


um espaço de debate e produção aberto a toda a sociedade.

É desenvolvido para extrapolar a vivência da sala de aula e encontrar formas de contatos com a
sociedade. Dessa forma, a tríade: Ensino + pesquisa + Extensão Universitária, deve ser tomada como
base para o entendimento dos princípios dessa proposta, caracterizada por uma comunicação
constante entre sociedade e a universidade, de forma que cada indivíduo envolvido entenda a
importância e a responsabilidade da existência da mesma.

Busca o intercâmbio de informações com a comunidade de trabalho, sem que haja qualquer tipo de
opressão a qualquer uma das partes, de maneira horizontal, sem hierarquização e com o exercício do
diálogo para encontrar soluções condizentes com sua realidade social. Esse diálogo entre as partes
envolvidas, resulta na apropriação e conseqüente sustentabilidade da comunidade. A união do
conhecimento técnico com o conhecimento empírico.

O EMAU não propõe a realização de projetos prontos e acabados, mas sim uma ação compartilhada e
flexível, tendo a arquitetura vivida como processo.

O escritório tem a idéia do trabalho em grupo para melhor entender as complexas relações humanas
como também o exercício de multidisciplinaridade na tentativa de estimular a mobilização da
comunidade e de outras áreas do conhecimento (medicina, odontologia, serviço social, etc.) que
contribuam para a melhoria da qualidade de vida dessa comunidade.

O EMAU direciona a sua atividade para a parcela da população que não possui ou não acredita poder ter
acesso ao trabalho de um arquiteto, mas que seja minimamente organizada para que o escritório não
acabe atendendo a um número reduzido de pessoas.

Aos olhos da lei, é ilegal, quando se pensa estar atribuindo atividades profissionais a estudantes e
também por não existir nenhuma lei que regulamente o trabalho destes dentro dos EMAU´s. No
entanto, desenvolvem atividades puramente acadêmicas, com o interesse didático dentro da
universidade, possuindo autonomia para desenvolver tais atividades. Todo e qualquer atividade
desenvolvida é orientada por professores universitários que possuem responsabilidade técnica e legal
para os projetos.

O escritório não interfere no mercado de trabalho dos profissionais por ter como enfoque as
comunidades mais excluídas. Procura envolver-se com as dinâmicas sociais responsáveis pela
construção do espaço. Essas pessoas correspondem a 80 % das cidades e são agentes transformadores
em potencial. Suas construções são denominadas “informais” por não contarem com a intervenção
técnica de um profissional arquiteto e por serem alvo do descaso do poder público. As cidades
necessitam de“arquitetos-urbanos” que saibam ler a cidade para entender as nuances e trabalhar a
partir delas. Com esse trabalho também visa-se difundir a atividade do arquiteto e promover a
ampliação do mercado profissional .
Não têm fins lucrativos, apenas o ganho da vivência social, a experiência prática aliada à teoria com o
intuito de melhorar o ensino e a experiência teórica dentro da universidade.

Deve seguir os 4 postulados da Unesco e da União Internacional de Arquitetos para a educação em


Arquitetura e Urbanismo que são:

 Garantir qualidade de vida digna para todos os habitantes dos assentamentos humanos;
 Uso tecnológico que respeite as necessidades sociais, culturais e estéticas dos povos;
 Equilíbrio ecológico e desenvolvimento sustentável do ambiente construído;
 Arquitetura valorizada como patrimônio e responsabilidade de todos.

POEMA
O POEMA - Projeto de Orientação a Escritórios Modelo de Arquitetura e Urbanismo começou a ser
concebido em meados dos anos 1990, com o objetivo de orientar a criação e manutenção dos EMAUs -
Escritórios Modelo de Arquitetura e Urbanismo. Sua construção foi realizada pelos Escritórios Modelo já
existentes e por estudantes interessados nesse projeto, para que o mesmo fosse uma radiografia das
atividades dos EMAUs, contendo seus princípios, ações e relações com as comunidades. Desse trabalho
surgiu o SENEMAU - Seminário Nacional sobre Escritórios Modelo de Arquitetura e Urbanismo (mais
informações no link Seminários), no ano de 1997, como mais um instrumento de articulação dos EMAUs
e construção coletiva do POEMA.
Hoje, o POEMA é uma realidade, onde os estudantes interessados em realizar atividades por meio dos
EMAUs podem se orientar mais facilmente. No entanto, o POEMA é um projeto contínuo, que
acompanha a dinâmica de transformações nas comunidades e na Universidade, transformando-se e
adaptando-se às diferentes realidades e sempre aberto a novas contribuições, para que melhore cada
vez mais e consiga ajudar os EMAUs efetivamente.
O POEMA está disponível para download, logo abaixo. A última versão revisada é da gestão 05/06, e a
Carta de Definição é a que foi aprovada na plenária final do ENEA Florianópolis, em 2007.

A continuação dessa história depende de você. Para possíveis dúvidas e contribuições, entre em contato
com a DIEPE - Diretoria de Ensino Pesquisa e Extensão pelo email diepe@fenea.org e/ou acompanhe o
tópico EMAU no GT Extensão.

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