Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SILVOSO, Marcos Martinez (1); CORDEIRO, Patrícia Cavalcante (2); ALBUQUERQUE, Rafael
Tavares de (3)
RESUMO
O trabalho apresenta as atividades do Canteiro Experimental da FAU/UFRJ que busca aplicar
conteúdos das disciplinas – materiais de construção, resistência dos materiais, análise estrutural,
projeto e execução de estruturas de concreto armado e processos construtivos. Apesar da tradição
do curso, a implantação do Canteiro deu-se apenas em 2014, buscando atuar na convergência entre
ensino, pesquisa e extensão. São apresentadas aqui as experiências realizadas na disciplina Processos
Construtivos II, do quinto período do curso. No exercício "Projetar e Construir", os alunos são
estimulados a pensar um mobiliário urbano em concreto armado ou argamassa armada. O exercício
aborda todas as fases de projeto e execução – conceituação, projeto básico e executivo, análise
estrutural, propriedades físicas e mecânicas dos materiais, produção de fôrmas e armaduras,
execução de concretagem e montagem dos elementos. Ao final, o elemento construído é analisado
pelos alunos e avaliado criticamente. São apresentados dados obtidos pela aplicação de variações do
exercício durante três semestres, analisando a evolução dos projetos e sua complexidade. A
experiência prática de construção em escala real torna-se uma ação integradora de conteúdos,
aproximando conceitos das disciplinas de estruturas e de processos construtivos. Ao realizar o ato
construtivo, os alunos superam a abstração teórica, passam a vivenciar a materialização e as
consequências do projeto, ampliando a sua compreensão e estimulando sua capacidade de criação.
Palavras-chave: Canteiro Experimental; Construção; Ensino.
ABSTRACT
This article presents the activities of the FAU/UFRJ Experimental Construction Site that seeks to apply
contents of the disciplines - materials of construction, resistance of materials, structural analysis,
design and execution of reinforced concrete structures and constructive processes. The Construction
Site took place in 2014, seeking to act in the convergence between teaching, research and extension.
We present the experiments carried out in the discipline Constructive Processes II, of the fifth
period. In the "Design and Build" exercise, students are encouraged to think of urban furniture in
reinforced concrete or reinforced mortar. The exercise covers all steps of design and execution -
conceptualization, basic and executive design, structural analysis, physical and mechanical properties
of materials, production of formwork and reinforcement, concreting and assembly of the elements. In
the end, the constructed element is analyzed by the students and evaluated critically. It will be
presented, data obtained by application of variations of the exercise during three consecutive
semesters, the evolution of the projects and their complexity will be analyzed. The practical
experience of real-scale construction becomes an integrative action of contents, approaching
concepts of the disciplines, structures and constructive processes. In carrying out the constructive act
III ENEEEA – Ouro Preto, Brasil, 07 a 09 de junho de 2017.
students overcome theoretical abstraction, they begin to experience the materialization and
consequences of the project, broadening their understanding and stimulating their creative capacity.
Keywords: Experimental Construction Site; Construction; Teaching.
400
1. INTRODUÇÃO
O Canteiro Experimental dentro de uma Escola de Arquitetura e Urbanismo assume
diferentes significados, podendo representar um vínculo entre a arquitetura e sua dimensão
social e econômica, a reaproximação entre o trabalho manual e intelectual, a oportunidade
de sentir estímulos sensoriais físicos no ato de construir e conceber, uma vivência em
processos de trabalho de ajuda mútua, um local de experimentação de técnicas construtivas
e materiais de construção, ou mesmo, a conquista da compreensão que o desenho é apenas
um método de representação que procura dialogar com canteiro visando à construção da
arquitetura de fato. O entendimento dos múltiplos significados do Canteiro Experimental
possibilita que este se torne um espaço pedagógico para a formação do estudante de
arquitetura e urbanismo com uma visão sistêmica de seu campo de saber.
Pode-se dizer ainda que o Canteiro Experimental, na medida em que fomenta a
concepção através do ato de construir, possibilita ao estudante a apropriação de conteúdos
muitas vezes considerados abstratos. Em particular, no ensino de Estruturas, os conteúdos
de análise estrutural e dimensionamento de materiais são de difícil compreensão por
estudantes tanto do curso de Arquitetura e Urbanismo quanto dos cursos de Engenharia. Em
parte, tal dificuldade decorre da metodologia tradicional de ensino, onde inicialmente são
ensinados modelos analíticos, sem que haja a compreensão do funcionamento dos
elementos estruturais e das simplificações necessárias para construção de tais modelos.
Os métodos de ensino utilizados na formação técnica e tecnológica dos alunos em
arquitetura e engenharia passaram a ser tão abstratos que, em muitos dos casos, este
aluno não sabe o verdadeiro porquê de se aprender um determinado conhecimento
teórico. O ensino de estruturas passa por grandes dificuldades nos primeiros períodos de
ensino de teoria. Os alunos sofrem para verdadeiramente internalizar o aprendizado de
inúmeros e demasiados procedimentos matemáticos que resultarão em uma base teórica
para aplicação em uma prática que eles, provavelmente, nunca verão até o início de suas
carreiras profissionais.
O Canteiro Experimental como prática pedagógica tem sido utilizado em diferentes
instituições de ensino de Arquitetura e Urbanismo (RONCONI, 2002; RONCONI, 2005;
MINTO, 2009; PISANI et al., 2009; LOPES, 2014) com destaque para o Canteiro Experimental
da FAU/USP e para as experiências da PUC Campinas (LOPES, 2014). O presente trabalho
apresenta algumas atividades desenvolvidas no Canteiro Experimental da FAU/UFRJ que
procuram aplicar conteúdos de diferentes disciplinas, tais como, materiais de construção,
resistência dos materiais, análise estrutural, projeto e execução de estruturas de concreto
armado e processos construtivos.
III ENEEEA – Ouro Preto, Brasil, 07 a 09 de junho de 2017.
obras e ali desenvolvia seus projetos, num exercício interdisciplinar com engenheiros,
técnicos e operários, dando ao projeto um espírito coletivo e experimental. Segundo Lina
apud Camargo (2008):
a vivência de uma obra é muito maior e a colaboração entre todos esses
profissionais é total. Isso acaba também com a dicotomia ridícula entre
402
engenheiros e arquitetos, além de se poder verificar de perto as despesas, as
negociações e as eventuais negociatas... [...] Os problemas são resolvidos na obra,
às vezes com desenhos feitos à mão e no local, mas com todas as cotas.
Mas foi João Filgueiras Lima, o Lelé, o arquiteto que mais avançou nesta relação próxima
entre projeto e construção. Projetou e implantou a Fábrica de Equipamentos Comunitários
(Faec), criando um sistema de produção de suporte a sua atividade de projeto e execução de
suas obras, atuando em todos os níveis e etapas da construção. Esta experiência influenciou
uma geração de arquitetos e levou à vontade de que o meio acadêmico incorporasse esta
experiência prática no seu processo didático-pedagógico (CAMARGO, 2008).
Experiências de construção prática nas faculdades de arquitetura existiram de forma
isolada desde a década 1970, mas a maioria não teve continuidade nas escolas de
Arquitetura e Urbanismo. O arquiteto Vitor Lotufo foi o pioneiro em experiências de
construção em escala 1:1, utilizando diversos materiais, numa atividade de prática projetual
e construtiva. Esta atividade seria retomada, junto como arquiteto João Marcos de Almeida
Lopes, na experiência do primeiro canteiro experimental na Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da PUC de Campinas, em 1978 , conhecido como “Platô” (RONCONI, 2005).
O canteiro experimental da FAU USP, referência nacional para a discussão dos canteiros
nas faculdades de arquitetura, foi criado em 1997, está em funcionamento há 20 anos e foi o
responsável por pavimentar o caminho para que outras universidades implementassem
também o seu canteiro experimental.
As formulações e reflexões vindas desta e de outras experiências influenciaram as
normativas do ministério da Educação, para a definição de um currículo mínimo para os
cursos de arquitetura e urbanismo, onde se explicitam os conteúdos necessários à plena
formação do profissional, na tentativa de incluir a discussão do ensino da construção.
Processo que se inicia na definição das Diretrizes Curriculares que integravam a Portaria
nº1770 de 1994 – diretrizes curriculares e conteúdos mínimos para os cursos de arquitetura
e urbanismo – que recomenda a implantação dos canteiros como essencial para o ensino da
arquitetura e urbanismo, mas sem especificar seu funcionamento.
Este entendimento se consagra no âmbito normativo com a Lei de Diretrizes e bases em
2006 que preconiza que os projetos pedagógicos dos cursos de arquitetura e urbanismo
deverão contemplar “modos de integração entre teoria e prática”, porém o canteiro aparece
ainda timidamente apenas em dois artigos e se apresenta apenas como objeto de visita.
No documento Perfis da Área & Padrões de Qualidade – Expansão, Reconhecimento e
Verificação Periódica dos Cursos de Arquitetura e Urbanismo, define-se de forma mais clara a
exigência da existência dos canteiros nas faculdades de arquitetura e urbanismo:
Por serem indissociáveis da atividade de ensino, serão exigidos programas e
projetos de pesquisa e extensão que envolvam alunos e professores do curso e
III ENEEEA – Ouro Preto, Brasil, 07 a 09 de junho de 2017.
materialidade no desenvolvimento de seus projetos. Isso se dá, em grande parte, pelo fato
de tais conteúdos não serem explorados em disciplinas de projeto, contribuindo para a falsa
percepção de que o conhecimento sobre comportamento estrutural e processos
construtivos não faz parte do fazer do arquiteto e pode ser delegado a outros profissionais.
404
O distanciamento das disciplinas de Projeto do eixo Construção pode ser considerado como
um retrato da fragmentação de conteúdos presentes na grade curricular do curso de
graduação da FAU/UFRJ.
O eixo Construção agrega conteúdos de tecnologia da construção, mecânica das
estruturas, sistemas estruturais, dimensionamento dos materiais, gerenciamento da
construção, topografia e instalações prediais e tecnologia do meio ambiente (conforto
ambiental). Na grade curricular do curso, no eixo Construção, tais conteúdos são apresentados
ao longo dos nove períodos que antecedem o TFG, em diferentes disciplinas, listadas a seguir:
1o Período – Modelagem dos Sistemas Estruturais; 2o Período – Topografia, Isostática; 3o
Período – Resistência dos Materiais, Conforto Ambiental I; 4o Período – Saneamento Predial,
Processos Construtivos I, Concepção Estrutural; 5o Período – Estruturas de Concreto Armado I,
Processos Construtivos II, Conforto Ambiental II; 6o Período – Estruturas de Concreto Armado
II, Processos Construtivos III; 7o Período – Estruturas de Aço e Madeira, Saneamento Urbano;
8o Período – Sistemas Estruturais; 9o Período – Gestão do Processo de Projeto, Orçamento e
Gerenciamento de Obra.
As disciplinas de estruturas estão distribuídas em três setores: Mecânica das Estruturas
(Isostática e Resistência dos Materiais); Sistemas Estruturais (Modelagem dos Sistemas
Estruturais, Concepção Estrutural e Sistemas Estruturais); e Dimensionamento dos Materiais
(Estruturas de Concreto Armado I e II e Estruturas de Aço em Madeira).
No Setor de Tecnologia da Construção, as disciplinas Processos Construtivos I, II e III (PC
I, PC II e PC III) são responsáveis por apresentar os conteúdos relacionados diretamente
com materiais de construção e processos construtivos. Na disciplina PC I, são
apresentados, de modo introdutório, diferentes sistemas construtivos (concreto armado,
aço, alvenaria estrutural, etc.). Na disciplina PC II, são apresentados aspetos mais técnicos
da tecnologia de materiais de construção, fundações, estruturas e fechamentos. Já na
disciplina PC III, são apresentados materiais e procedimentos utilizados em sistemas de
revestimento, coberturas e proteções.
A disciplina PC II, objeto de análise neste trabalho, agrega um extenso conteúdo, como pode
ser observado a partir da ementa presente no Projeto pedagógico do curso, transcrita a seguir:
Materiais e procedimentos na execução de estrutura de concreto Armado.
Propriedades do concreto fresco e do concreto endurecido. Dosagem do concreto.
Controle tecnológico do concreto. Estudo geotécnico do terreno. Sondagem a
percussão e rotativas. Fundações superficiais e profundas. Estabilidade de talude e
muros de contenção. Materiais e procedimentos da execução de alvenarias.
Materiais e procedimentos na execução de revestimentos argamassados.
406
etc.), enquanto os alunos são responsáveis pelo material necessário para execução de
fôrmas, que podem ser executadas com diferentes materiais em função dos projetos
desenvolvidos, sendo estimulada a utilização de materiais recicláveis.
Desde a sua primeira aplicação, o exercício sofreu algumas variações nos tipos de
407
elementos construídos. Em 2015.2, foram propostos os seguintes elementos: Banco (lugares
de descanso, socialização ou contemplação); Lixeiras (separadores de lixo); Bicicletário
(guardar ou compartilhar bicicletas); Mesa; Equipamentos de Ginástica (equipamentos para
a prática de exercícios físicos); Brinquedos infantis (equipamentos para playground);
Jardineira vertical (elemento vertical para o cultivo de plantas). Em 2016.1, além dos
elementos propostos em 2015.2, foram acrescentados os seguintes: Luminária (poste
sinalizador limitado a 1,5 metros de altura); Escada (protótipo); Bebedouro urbano.
Em 2016.2, foram propostos novos tipos de elementos e também foi introduzida uma
modificação, incorporando ao exercício temas de seminários de pesquisa sobre técnicas
construtivas e materiais de construção. Dessa forma, foram desenvolvidos os seguintes
temas no exercício de canteiro experimental: Piscina/ Sistemas de contenção do solo;
Espreguiçadeira/ Argamassa armada; Churrasqueira/ Concreto com fibras; Luminária/
Concreto leve; Bebedouro/ Concreto de alto desempenho (CAD); Aparelho de ginástica/
Gerenciamento de Resíduos na Construção Civil/ RCD; Brinquedo para crianças/ Concreto
colorido; Escada/ Pré-fabricação de Estruturas de concreto armado; "Orelhão" de celular/
Concreto de alto desempenho (CAD); Estante/ Pré-fabricação de Estruturas de concreto
armado; Brinquedo para jovens/ Concreto com fibras.
As modificações realizadas no período de 2016.2 buscaram incorporar as sugestões feitas
pelos alunos durante as entregas dos trabalhos dos períodos anteriores. Também procurou
desenvolver mais fortemente o caráter de pesquisa e experimentação através dos temas de
seminário que, ao serem aplicados no exercício de Canteiro Experimental, representam uma
possibilidade de aplicação prática dos conceitos pesquisados.
As entregas dos exercícios são realizadas em diferentes etapas: Estudo preliminar com
apresentação de croquis iniciais, conceito e referências; Anteprojeto com definição da forma
representada em planta e perspectiva; Projeto executivo, incluindo a representação final do
projeto (planta, corte e perspectiva), plantas de fôrmas, plantas de armação, quantitativo de
materiais e cronograma de execução; Entrega final realizada no Canteiro Experimental com
apresentação dos Protótipos e análise crítica.
As entregas preliminares (Estudo preliminar e anteprojeto) são apresentadas em sala de
aula em formato digital (slides). Já a entrega do Projeto executivo é realizada em uma
prancha resumo apresentando sucintamente o projeto no formato A2 vertical (ou dois A3
combinados) e um caderno com as demais informações, sendo apresentado em sala em
arquivo digital (slides). No projeto executivo, pede-se: memorial descritivo abordando os
principais conceitos da proposta; perspectivas e desenhos cotados do objeto, com as
informações necessárias para a execução do mobiliário (planta baixa, cortes, vistas e
perspectivas); perspectivas e desenhos cotados das fôrmas, com as informações necessárias
para a execução do mobiliário (planta baixa, cortes, vistas, e perspectivas); planta de
III ENEEEA – Ouro Preto, Brasil, 07 a 09 de junho de 2017.
JARDINEIRA VERTICAL
ORELHÃO - CELULAR
JARDINEIRA colmeia
ESPREGUIÇADEIRA
CHURRASQUEIRA
BRINQ. INFANTIL
BRINQ. INFANTIL
BRINQ. INFANTIL
JARDINEIRA PET
BRINQ. JOVENS
EQ. GINÁSTICA
EQ. GINÁSTICA
EQ. GINÁSTICA
BICICLETÁRIO
BICICLETÁRIO
BEBEDOURO
BEBEDOURO
LUMINÁRIA
LUMINÁRIA
ESTANTE
ESCADA
PISCINA
ESCADA
LIXIERA
LIXIERA
BANCO
BANCO
MESA
MESA
SETORES - CONTEÚDOS
mesmo projeto, foram desenvolvidas quatro sapatas de concreto para apoio do brinquedo
no solo do canteiro experimental. A Figura 5 ilustra o desenvolvimento do exercício.
Durante a execução do brinquedo, alguns problemas foram percebidos pelos alunos, que
tiveram dificuldade em montar a armadura dos pilares cilíndricos. A necessidade de elaborar
410
os estribos pequenos o suficiente para caber no interior das fôrmas e ainda assim manter o
cobrimento mínimo exigido por norma foi bastante desafiador aos alunos. Outro ponto
crítico na execução foi a concretagem dos pilares de concreto no local, com dificuldade no
ajuste dos prumos. De um modo geral, o exercício atingiu satisfatoriamente o seu objetivo,
faltando apenas as cordas e as redes de acabamento, que foram suprimidas da execução por
falta de espaço no canteiro de obras. O experimento do brinquedo exigiu dos alunos a
utilização de diversos conhecimentos obtidos em muitas disciplinas como estrutura,
processos construtivos, topografia, projeto, expressão gráfica e outras.
conhecido como Tsuru. O projeto previa um bebedouro acessível em duas alturas que
pudesse ser acessado tanto por uma pessoa em pé como por uma criança ou uma pessoa
em cadeira de rodas. A jardineira central previa o reaproveitamento de parte da água que
seria descartada; sendo assim, foi proposta uma instalação que dividiria essa água: parte
412
passando pela jardineira e parte indo diretamente para o esgoto. Utilizou concreto armado,
madeira para as bandejas, tirantes metálicos para a junção dos perfis, instalação hidráulica
simplificada (mangueira de borracha) e vegetação (Figura 8).
concretagem. Foi necessária a confecção de peças extras para estrutura a fôrma e evitar a
perda da forma final da peça. Este contratempo gerou certo atraso na concretagem, mas
nada que comprometesse o resultado final e a entrega na data prevista.
O uso do concreto leve também foi outro desafio da execução, para diminuir o peso da
415
haste parte do agregado graúdo, foi substituído por argila expandida e parte da areia
substituída por vermiculita. Como estes elementos entram na mistura já hidratados, a
quantidade de água do traço era algo a ser observada. Além da armadura, foi também
executada a instalação elétrica da luminária, incluindo as lâmpadas, acesas no dia da
entrega do trabalho.
O desafio era pensar uma espreguiçadeira que tirasse partido das possibilidades da
argamassa armada: neste sentido, o exercício foi muito satisfatório. O projeto executado
atendeu às expectativas, embora tenha ruído no momento da apresentação por excesso de
carga. A “armadura” utilizada foi uma tela de aço fina, que se mostrou insuficiente para
garantir a resistência da peça. Ao sentarem três pessoas, a peça ruiu em pedaços.
III ENEEEA – Ouro Preto, Brasil, 07 a 09 de junho de 2017.
5. CONSIDERAÇÕES
Ao propor um problema no qual os alunos são desafiados a construir aquilo que
projetaram, estes são colocados frente a uma situação real prática. Assim, aqueles
conteúdos apresentados em diferentes disciplinas passam a ser necessários para a solução
do problema. Por exemplo, o cálculo de esforços solicitantes deixa de ser uma abstração
para tornar-se uma ferramenta que irá possibilitar uma análise estrutural e garantir a
estabilidade do elemento projetado. Ao experimentar, com formas e seções diferentes
III ENEEEA – Ouro Preto, Brasil, 07 a 09 de junho de 2017.
interdisciplinar surge como uma ideia para o necessário debate sobre um novo projeto
pedagógico para a FAU/UFRJ.
AGRADECIMENTOS
418 Os autores agradecem: à Direção da FAU/UFRJ pelo apoio na implantação e consolidação
do Canteiro Experimental; a agências financiadoras de bolsas de pesquisa, CAPES, CNPq,
FAPERJ; ao arquiteto Paulo Costa do LEMC pelo apoio técnico no desenvolvimento dos
trabalhos; aos alunos da FAU/UFRJ, em especial aos monitores de PC2 e àqueles envolvidos
no desenvolvimento dos projetos apresentados neste trabalho.
REFERÊNCIAS
BARDI, L. B. Uma aula de arquitetura. In: RUBINO, S.; GRINOVER, M. (Orgs.) Lina por escrito: textos
escolhidos de Lina Bo Bardi 1943-1991. São Paulo: CosacNaify, 2009.
CAMARGO, M. J. A construção como uma possibilidade de reflexão e criação. Revista Pós, São Paulo,
2010. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/posfau/article/viewFile/43719/47341>. Acesso
em: 20 jun. 2017.
FAU/UFRJ. Projeto Pedagógico, 2006. Disponível em: <www.fau.ufrj.br>. Acesso em: 20 jun. 2017.
LIMA, J. F. O que é ser arquiteto: memórias profissionais de Lelé (João Filgueiras Lima). Rio de
Janeiro: Record, 2004.
LOPES, J. M. A. Quando menos não é mais: tectônica e o ensino tecnológico da Arquitetura e do
Urbanismo. In: III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.anparq.org.br/dvd-enanparq-
3/htm/Artigos/ST/ST-NPNT-005-5-LOPES.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2017.
LOTUFO, T. A. Rural Studio: Um novo ensino para uma outra prática. In: Encontro Latinoamericano de
Edificações e Comunidades Sustentáveis, Paraná, 2013. Disponível em:
<http://www.elecs2013.ufpr.br/Anais/edifica%C3%A7%C3%B5es/147.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2017.
MINTO, F. C. N. A experimentação prática construtiva na formação do arquiteto. 2009. Dissertação
(Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
PISANI, M. A. J.; CORRÊA, P.; CALDANA, V.; VILLÀ, J.; GRAZIOSI, J. Canteiro Experimental: Prática ou
Invenção?. In: III Fórum de Pesquisa FAU Mackenzie, São Paulo, 2007. Disponível em:
<http://www.mackenzie.com.br/fileadmin/Graduacao/FAU/Publicacoes/PDF_IIIForum_a/MACK_III_
FORUM_MARIA_AUGUSTA_2.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2017.
RONCONI, R. L. N. (apresentação). O canteiro experimental: 10 anos na FAUUSP. São Paulo: FAUUSP,
2008. (Coletânea)
RONCONI, R. L. N. Canteiro experimental: uma proposta pedagógica para a formação do arquiteto e
urbanista. Revista Pós, São Paulo, 2005. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/posfau/article/view/43406/47028>. Acesso em: 20 jun. 2017.
UIA; UNESCO. Carta para a Formação dos Arquitetos. In: Assembleia Geral da União Internacional de
Arquitetos (UIA), Tóquio, 2011. Disponível em: <http://www.abea.org.br/?page_id=304>. Acesso em:
20 jun. 2017.