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Assim, com a proteção judicial ocorre a garantia da vaga bem como a obrigação de
ser oferecida em quantidade suficiente para a demanda reprimida existente. Inclusive, o
acesso deve prever a oferta às diferentes infâncias, conforme indica a a Portaria
Interministerial nº 1 de 04/04/2018, que regulamenta a intersetorialidade no âmbito do
Programa Criança Feliz (BRASIL, 2018):
De fato, a criança tem um nome, e esse nome é hoje. Decisões e mais decisões estão
aguardando o efetivo cumprimento, sendo que as crianças continuam fora do sistema
educacional. E mesmo que se cumpram tais decisões, isso não ocorre de imediato, fazendo
com que dezenas de milhares de crianças fiquem com este direito fundamental tolhido,
posto que irão ultrapassar a idade adequada para o ingresso nas creches.
Assim, deve-se buscar judicialmente esse direito fundamental, mesmo sabendo
que os reflexos serão demorados. Mas, a busca judicial tem que apontar para o
atendimento da demanda como um todo, ou seja, as ações civis públicas, termos de
ajustamento de conduta ou mesmo as políticas públicas desenvolvidas pela
municipalidade, devem ter como principal objetivo não a garantia de um direito
individual (que é indiscutível), mas a efetividade de uma gestão que direcione recursos
para o atendimento da totalidade da demanda, visando zerar as filas de espera (demandas
reprimidas).
Esta é uma questão importante, no sentido de que as ações individuais ou coletivas
atualmente propostas tem apenas o condão de “furar a fila de espera”, passando as
crianças que obtiveram uma decisão judicial à frente de outras que não buscaram a justiça.
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Isto acaba gerando uma nova injustiça, posto que, àquela mãe que não sabe nem mesmo
como buscar seus direitos e que necessita urgentemente de uma vaga, fique na fila de
espera até ser atendida pela administração, sem se socorrer do poder judiciário.
Desta forma, as ações do Ministério Público e da Defensoria Pública deveriam ser
pautadas pela concretude do direito fundamental a todas as crianças e não somente
àquelas que, individualmente, buscam o auxílio dessas instituições ─ ações de natureza
difusa e coletiva que estabeleçam planos de gestão das filas de espera com o atendimento
gradativo a cada ano, possibilitando um equacionamento orçamentário e o atendimento
da demanda em situação de risco social e pessoal (alta vulnerabilidade) de forma
preferencial. Sem contar com a necessária transparência que deve pautar todo esse
processo, divulgando as filas de esperas, até mesmo pelos meios eletrônicos, de forma a
apresentar como a demanda está sendo atendida e a situação daqueles priorizados, pois
assim estabelece o Plano Nacional de Educação.
Colaboração interfederativa
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Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:...
IX - garantia de padrão de qualidade;
Art. 4º. O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado
mediante a garantia de:
(...)
IX -padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a
variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis
ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
Aliás, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, vai pontuar
10 vezes o termo “qualidade”, seja como padrão de qualidade, padrão mínimo de qualidade,
avaliação de qualidade, melhoria da qualidade, aprimoramento da qualidade e ensino de
qualidade (Art. 3º, IX; art. 4º, IX; art. 7º, II; art. 9º, VI; art. 47, §4º; art. 70, IV; art. 71, I; art.
74; art. 75, caput; §2º da atual LDB.) (CURY, 2007).
A Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica e da Valorização da Educação – FUNDEB também
abordou a questão da qualidade da educação, anotando, em 10 artigos, referências à
qualidade da educação (4º, § 2º, 7º, 8º IV, 12, 13, 14, 30 IV, 36, §1º, 38, 39 e 40). Aliás, no
capítulo da Distribuição dos Recursos estabeleceu, na Seção II, a comissão
intergovernamental de financiamento para a educação básica de qualidade.
Contudo, não obstante toda essa legislação, afirmam Oliveira e Araújo (2005):
[...] essa incorporação não foi suficiente para estabelecer de forma
razoavelmente precisa em que consistiria ou quais elementos
integrariam o padrão de qualidade do ensino brasileiro, o que dificulta
bastante o acionamento da justiça em caso de oferta de ensino de má
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Desta forma, além da falta de vagas, que centraliza o debate na educação infantil,
há necessidade de se discutir qual educação está sendo oferecida para nossas crianças na
primeira infância. O problema não é somente de quantidade, mas também de qualidade. A
educação infantil, ofertada na primeira infância é de qualidade? Propicia o regular
desenvolvimento da criança? Ou, está ocorrendo um retorno à origem da educação infantil
com uma visão puramente assistencialista, como um depósito de crianças carentes?
Algumas referências são importantes para se buscar a qualidade do ensino infantil,
como:
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Nessa direção, uma forte propensão em debate é fazer sobressair a função socializadora
das instituições de educação infantil. Permitindo-nos compreender a educação infantil
como espaço de promoção do direito à convivência comunitária.
A relação que se firma entre educação infantil e a família na ação socializadora e
educacional da criança requer disponibilidade, não podendo ficar limitada a contatos
formais (como reunião de pais) e conhecimento, no sentido de extrair os maiores
benefícios dessa relação. Família e instituição de educação infantil são parceiros
necessários nas ações educacionais e socializadoras, ou seja, têm objetivos comuns, mas
cada uma agindo de acordo com as suas especificidades, família é família e instituição de
educação infantil é instituição, sendo a criança o elo que as une.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional referenda o que foi exposto,
estabelecendo:
Art. 12 – Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns
e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
(...)
VI – Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de
integração da sociedade com a escola.
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Considerações finais
Não há como negar que a educação é vista por todos como um instrumento de
mudança social, que busca equalizar as pessoas de modo a garantir-lhes as mesmas
oportunidades. E mais. A educação tem uma ligação direta com os fundamentos e objetivos
da República Federativa do Brasil, pois representa um instrumento de cidadania e
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Figura 1: Quadro síntese com descrição dos Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, públicos
e parâmetros para recursos humanos (Fonte: SNAS/SEDS/Ministério da Cidadania).
Efeitos da institucionalização
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VÍDEO 1– Você pode assistir à pílula do filme “O Começo da Vida” sobre o estudo
Órfãos da Romênia. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=QmKggL2oJeo
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O brincar e a autonomia
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Temporalidade
Durante o acolhimento, um aspecto que não se pode perder de vida é a questão do
tempo. A previsão no ECA de que a permanência no serviço de acolhimento institucional
não deve se prolongar por mais de 18 (dezoito) meses, salvo nos casos em que for
necessária para atender ao superior interesse da criança ou adolescente, tem como
objetivo, justamente, evitar possíveis impactos ao desenvolvimento, em razão do
prolongamento desnecessário da privação do convívio em ambiente familiar,
especialmente na primeira infância. Além disso, deve-se considerar que a percepção da de
tempo da criança não é a mesma do adulto.
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meio da atuação da equipe técnica e dos educadores/cuidadores, assim como pela rede
socioassistencial mais ampla e as demais políticas públicas.
A convivência comunitária
Toda criança que esteja em serviço de acolhimento deve ter o seu direito à
convivência comunitária resguardado. De acordo com o ECA, o acolhimento, quando
necessário, deve ocorrer em serviço o mais próximo possível da residência dos pais ou
responsáveis, como objetivo de facilitar o contato da criança e preservar vínculos
comunitários já existentes (amigos, vizinhos, pessoas com vínculos significativos na
comunidade, etc.). Nessa direção, as Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para
Crianças e Adolescentes (CNAS e CONANDA, 2009) recomendam que, sempre que possível,
as crianças sejam mantidas na mesma creche ou escola e nas demais atividades que
costumavam frequentar antes do acolhimento (esportivas, culturais, religiosas, dentre
outras).
Quando uma criança é acolhida, é importante que se busque identificar pessoas da
comunidade com vínculos significativos e se avalie o benefício de propiciar, desde o início,
a manutenção destes contatos. No caso de crianças originárias de povos e comunidades
tradicionais, a preservação da convivência e dos vínculos com sua comunidade de origem
são fundamentais para reduzir os impactos do acolhimento.
Durante o acolhimento as crianças devem ter a oportunidade de construir novos
vínculos comunitários. É importante que participem da vida diária da comunidade
(festividades, eventos, etc.) e se relacionem com crianças e adolescentes da comunidade. É
recomendado, ainda, que atividades esportivas, culturais e de lazer sejam realizadas de
modo individualizado, para facilitar o contato e o estabelecimento de vínculos com outras
crianças da comunidade, considerando, ainda, o interesse, as habilidades e o estágio de
desenvolvimento de cada criança.
Garantidas restrições essenciais à sua segurança, crianças e
adolescentes devem circular pela comunidade de modo semelhante
àqueles de sua mesma faixa etária – caminhando, usando o transporte
público ou bicicletas – contando com a companhia de
educadores/cuidadores ou outros responsáveis quando o seu grau de
desenvolvimento ou a situação assim exigir. No convívio com a
comunidade deve ser oportunizado que crianças e adolescentes possam
tanto receber seus colegas nas dependências do serviço como participar,
por exemplo, de festas de aniversário de colegas da escola. (BRASIL,
2009, p.57).
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O desligamento do serviço deve ser planejado como uma etapa que envolve o
trabalho com a situação familiar, a identificação da melhor medida para o desligamento, a
preparação dos envolvidos, o desligamento em si e o acompanhamento após o
desligamento.
No caso das crianças na primeira infância, o desligamento pode ser motivado pela
possibilidade da reintegração familiar segura - com a família natural ou extensa com
vínculos; ou da colocação em família adotiva. É importante que todos os envolvidos sejam
preparados para o desligamento e que sejam realizados rituais para despedida, de forma
gradativa, do ambiente do acolhimento, da família acolhedora, do educador/cuidador, dos
demais profissionais e das outras crianças e adolescentes com os quais se tenha construído
vínculos durante o acolhimento.
O trabalho de acompanhamento da situação familiar e de preparação para o
desligamento é essencial para se prevenir situações de retorno ao serviço de acolhimento
após tentativa mal sucedida de reintegração familiar ou adoção, as quais podem ser ainda
mais traumáticas, sobretudo, para crianças na primeira infância que já vivenciaram
experiências anteriores de separações e rupturas de vínculos.
O serviço de acolhimento precisa estar sensível e contemplar ações para o
acolhimento das angústias e reações que podem emergir nas crianças e adolescentes que
permanecem no serviço, a cada um que se desliga com a perspectiva de colocação em uma
família definitiva.
Desde o planejamento do desligamento, devem-se vislumbrar ações que serão
desenvolvidas na etapa seguinte, ou seja, de acompanhamento após o desligamento, o que
deve ser assegurado pelo período de pelo menos 6 (seis) meses em quaisquer destes casos.
a. Reintegração Familiar
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De acordo com o Art. 19, § 1o do ECA “Toda criança ou adolescente que estiver inserido
em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no
máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base
em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma
fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em família
substituta”.
Estas medidas podem incluir, por exemplo, o início de visitas da criança ao lar da
família de origem para passar finais de semana, de modo a viabilizar um retorno gradativo
e as adaptações necessárias. Assim, o acompanhamento da família e da criança durante a
preparação para o desligamento deve apoiar a construção de uma perspectiva de retorno
e contemplar escuta e conversas que contribuam para seu planejamento concreto e
trabalho tanto com questões subjetivas – como inseguranças e expectativas e possíveis
mudanças na dinâmica familiar a partir do retorno, reaproximação afetiva, etc. – como com
questões objetivas – como vaga em creche ou escola no território onde vive a família,
integração dos responsáveis familiares ao mundo do trabalho e acesso à renda,
reorganização da rotina diária da família a partir do retorno da criança, assim como
mudanças na rotina diária da própria criança, compromissos por parte da família, etc.
Autorizado o desligamento pela autoridade judiciária, a criança retornará ao
convívio com a família, sendo recomendado que haja acompanhamento do CREAS, em
parceria com o serviço de acolhimento, durante o período após o desligamento.
No acompanhamento após o desligamento, é importante que os profissionais
envolvidos atuem como mediadores deste processo. Não se trata de “fazer por”, mas de
estar presente e fornecer suportes e mediações para que a família seja a protagonista
deste processo, fortalecendo sua capacidade de tomar decisões, iniciativas, de reorganizar
sua rotina diária, de reestabelecer uma relação de afeto segura com a criança, etc. Isso
contribuirá para o fortalecimento da autoestima e confiança da própria família em suas
capacidades.
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serviços socioassistenciais.http://blog.mds.gov.br/redesuas/prontuario-suas-
acolhimento/
• http://blog.mds.gov.br/redesuas/wp-
content/uploads/2019/01/Manual_Prontuario-Eletr%C3%B4nico-do-
SUAS_Acolhimento-de-Crian%C3%A7a-e-Adolescente-1.pdf
• Provimento CNJ n.º 32/2013 do Conselho Nacional de Justiça. Normativa do CNJ
que estabelece a obrigatoriedade da realização das Audiências Concentradas para
reavaliação semestral das medidas de acolhimento, por meio da homologação e
revisão dos PIAS de crianças e adolescentes acolhidos, a serem realizadas sempre
que possível nas dependências das entidades de acolhimento, com a presença dos
atores do Sistema de Garantia de Direitos da criança e do
adolescente.https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/atos-
normativos?documento=1789
https://geracaoamanha.org.br/orfaos-da-romenia/
• GRUPO INTERAGÊNCIA DE REINTEGRAÇÃO INFANTIL. Diretrizes para
reintegração familiar de crianças e adolescentes, 2016. Disponível em:
https://movimento-
nacional.s3.amazonaws.com/uploads/ckeditor/attachments/149/RG_BrazPortug
uese_digital.pdf
• BRASIL. Serviço de acolhimento para crianças e adolescentes: Proteção integral
e garantia de direitos. Brasília, MDS e Fiocruz, 2018. Disponível em:
http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/20
19/Curso_Serv_%20acolhimento_criancas_adolesc_protecaointegral.pdf
• Guia Prático de Trabalho Social com Famílias. Rio de Janeiro: Associação Terra
dos Homens (Autores: Adriana P.S. Graham e Valéria Brahim), 2013.
• Fazendo Valer um Direito. Grupo de Trabalho Nacional Pró-Convivência Familiar
e Comunitária. Rio de Janeiro: Terra dos Homens, 2008.
• De Volta para Casa: A Experiência da Casa de Acolhida Novella no Fortalecimento
da Convivência Familiar e Comunitária. (Autora: Maria Lúcia C. R. Gulassa). São
Paulo: Fundação ABRINQ, 2007. Disponível em:
https://issuu.com/fundacaoabrinq/docs/de_volta_pra_casa_fadc/35
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Contudo, “para além das questões inerentes à gestão pública, a implantação destes
Serviços implica a necessidade de uma mudança cultural da sociedade brasileira, para uma
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maior adesão a essa alternativa de acolhimento” (CASTRO e col., 2016, p. 254). De fato, a
oferta do Serviço de Acolhimento só é possível a partir da disponibilidade de famílias
pertencentes à sociedade acolherem crianças encaminhadas pela Justiça e assumirem
seus cuidados e proteção, no período em que a situação jurídica da criança seja definida,
seja para retorno à família de origem ou para colocação em família por adoção. Neste
sentido, o Serviço de Família Acolhedora representa uma parceria entre o poder público e
indivíduos comuns da sociedade, a fim de oferecer à criança um ambiente familiar, que
possibilite um atendimento individualizado e personalizado, como medida protetiva.
Como vimos, o reconhecimento da importância de cuidados personalizados e
interações afetivas estáveis indica que o ambiente familiar é o mais favorável ao
desenvolvimento na primeira infância. Isso tem mobilizado a oferta da modalidade de
Acolhimento Familiar como medida protetiva mais adequada em casos de necessidade de
afastamento da criança do convívio familiar original.
Apesar da previsão no ECA de priorização da oferta de serviços de acolhimento em
famílias acolhedoras, a imensa maioria dos serviços de acolhimento para crianças e
adolescentes no Brasil ainda segue o modelo institucional. De acordo com o Censo
SUAS2018, apenas 4% das crianças e dos adolescentes estavam acolhidos em famílias
acolhedoras.
A transição do modelo prevalente de acolhimento – do institucional para o familiar
– e a redução do hiato entre o ECA e a realidade é um caminho necessário para a
concretização do direito das crianças e dos adolescentes de serem acolhidos,
prioritariamente, em famílias acolhedoras. E assim seguirem o curso do desenvolvimento
em ambiente familiar, no período em que a medida protetiva de acolhimento for necessária.
O serviço de família acolhedora é um serviço de delicadezas e sutilezas. E
necessário que os candidatos tenham uma formação inicial que contemple entrevistas com
a equipe técnica com os adultos da família, entrevistas com as crianças e adolescentes do
grupo familiar (se houver), entrevistas com o grupo familiar completo, visitas nas
residências dos candidatos para observação da dinâmica familiar. Após isto, inicia-se a
formação grupal dos técnicos (um grupo com adultos e um grupo com os filhos destes
adultos) onde irão observar a dinâmica comportamental de cada grupo e seus integrantes.
Após esta formação inicial, que de preferência deve ter no mínimo de 30 horas de
atividades, a equipe realiza nova conversa com cada grupo familiar onde dará uma
devolutiva. A este grupo novo de famílias habilitadas deve-se somar o antigo grupo de
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famílias acolhedoras para que cresçam juntos na caminhada de formação com as trocas de
experiências e construindo respostas para dúvidas comuns.
A superação do desafio de oferecer cuidados baseados no interesse superior da
criança, em uma parceria com o poder público, que por sua vez também requer revisão de
conceitos e crenças, exige uma mudança cultural e o envolvimento dos atores chaves para
a implementação do serviço de acolhimento familiar: os gestores da política de Assistência
Social, os juízes da Infância e da Juventude e as famílias da comunidade que se
disponibilizem ao acolhimento.
VÍDEO:
Você pode acompanhar um pouco mais o significado da Família Acolhedora, assistindo ao
vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=w68c24l2g34
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O PIA é uma das maiores oportunidades e um dos maiores desafios que as equipes
técnicas dos serviços de acolhimento enfrentam na atuação cotidiana. Isso porque sua
elaboração e o desenvolvimento de seus objetivos e ações exigem articulações com outros
serviços socioassistenciais, das demais políticas públicas, e órgãos do Sistema de Justiça,
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dentre outros. Para além das articulações, exigem o envolvimento de diversos atores com
responsabilidades junto à concretização das ações necessárias em cada caso.
São fundamentais nesse percurso, a comunicação sistemática e as discussões
periódicas com as equipes interprofissionais dos diferentes órgãos e serviços envolvidos
no acompanhamento de cada caso. Nesse sentido, destaca-se, ainda, a importância de
metodologias, estratégias e instrumentos que podem contribuir para a definição de
responsabilidades e acordos mútuos para o trabalho em rede com cada caso, como, por
exemplo os fluxos, protocolos e as Audiências Concentradas.
As Orientações Técnicas (BRASIL, 2018) apresentam um modelo padronizado de
“Instrumental do PIA de crianças e adolescentes em serviços de acolhimento”, bastante
simples e de fácil utilização no cotidiano do serviço. E propõe que o processo de elaboração
do PIA seja organizado em duas etapas:
• 1ª Etapa: ações para acolhida inicial, identificação de necessidades imediatas,
execução de ações emergenciais e elaboração do Estudo da Situação. Em
cumprimento ao parágrafo 4º do artigo 101 do ECA, recomenda-se o envio do PIA
com as informações desta primeira etapa no prazo de 20 dias.
https://www.mds.gov.br/webarquivos/arq
uivo/assistencia_social/Orientacoestecnic
asparaelaboracaodoPIA.pdf
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O termo utilizado para referir-se às crianças que estão nas ruas modificou-se ao
longo dos anos. Anteriormente ao ECA, o termo utilizado era “menino de rua”, atualmente
utiliza-se a terminologia “criança e adolescente em situação de rua”, designando uma
situação transitória, conforme conceito aprovado pela Resolução Conjunta
CNAS/CONANDA Nº 1, de 15 de dezembro de 2016:
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A maior parte das crianças e adolescentes em situação de rua possui casa, apesar
de passar a maior parte do tempo nas ruas. São múltiplas as causas que levam crianças e
adolescentes a esta vivência de extrema vulnerabilidade. Em nível macro estas crianças,
adolescentes e suas famílias vivenciam processos de exclusão e violências que são o
reflexo das desigualdades, pobreza, não acesso a bens e serviços públicos,
vulnerabilidades relacionais, além de ineficiência na articulação das políticas sociais que
envolvem moradia, educação, saúde, etc. As vulnerabilidades relacionais podem ser de
diversas naturezas e se expressam em conflitos, preconceito e discriminação, abandono,
apartação, confinamento, isolamento e violência (BRASIL, 2013. p. 41).
O contexto macroestrutural interfere nas condições das famílias de exercerem seu
papel de cuidado e proteção. Dessa forma, do ponto de vista da capacidade protetiva das
famílias, é necessário proteger a família para que essa possa proteger seus membros. As
famílias devem ser fortalecidas para, diante das incertezas, das inseguranças e rupturas
decorrentes da complexidade da vida social, serem capazes de evitar situações de
desproteção, fragilização ou rompimento de vínculos familiares, materializadas em
circunstâncias como: negligência, violência intrafamiliar, trabalho infantil, dentre outras.
Desse modo, o Estado tem um papel fundamental de proteção das famílias.
Não raras vezes nos deparamos com famílias onde os vínculos afetivos são
precários, os recursos materiais e habitacionais são insalubres e há a reprodução de
violências de toda natureza, como: física, sexual, psicológica, e negligência. Diante desta
realidade, muitas crianças e adolescentes vão para as ruas praticar mendicância e trabalho
infantil como forma de subsistência. Algumas retornam para casa no final do dia, outras
pernoitam nas ruas por dias e, ainda, uma parcela menor vive literalmente nas ruas e nos
abrigos.
Ressalta-se que o mais comum é que crianças na primeira infância que se
encontrem em situação de rua estejam acompanhadas por familiares, ao contrário das
crianças maiores e adolescentes, que, geralmente, estão desacompanhados de seus pais
e/ou responsáveis. A vivência nas ruas pode levar ao uso de drogas, exposição a outros
riscos e à prática de atos infracionais. Hoje, o uso de drogas na rua é entendido mais como
uma consequência do que propriamente uma causa da situação de vulnerabilidade social.
A complexidade da problemática do uso abusivo de drogas requer uma ação articulada
entre os diversos atores do Sistema de Garantia de Direitos (SGD) com ênfase na política
de saúde mental.
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Apesar de não haver uma pesquisa censitária (ausência do censo demográfico pelo
IBGE) sobre a população em situação de rua, incluindo crianças e adolescentes, sabe-se
que há milhares de crianças e adolescentes nestas condições no Brasil. Para dar
visibilidade à necessidade desta contagem da população em situação de rua, o Conselho
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) realizou em 2009 o
primeiro levantamento sobre o número de meninos e meninas que vivem nas ruas em todo
o país. O resultado obtido com este censo possibilitou um diagnóstico da situação das
crianças e adolescentes em situação de rua e impulsionou a demanda por políticas públicas
para o atendimento dessas crianças e adolescentes. E recentemente foi lançada a pesquisa
do Projeto Conhecer para Cuidar: https://www.neca.org.br/wp-content/uploads/Pesquisa-
amostral-sobre-CASR-no-Brasil-Conhecer-para-Cuidar.pdf
Há uma rede que envolve diversas políticas públicas setoriais e demais atores que
compõem o Sistema de Garantia de Direitos (SGD) que prestam atendimento a crianças e
adolescentes.
No âmbito do SUAS, apesar de não haver serviços exclusivos para atendimento de
crianças e adolescentes, destaca-se:
a. CRAS/PAIF
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Além disso, a rede referenciada aos CRAS também oferta o SCFV para:
b. CREAS/PAEFI
1Pode haver, em algum grau, uma dupla contagem, considerando que uma criança ou um(a) adolescente pode ser
vítima de mais de um tipo de violência ou violação. É importante destacar, ainda, que aqui são contabilizados os
atendimentos dos casos novos (que ingressaram no atendimento naquele mês/ano) e dos que já estavam em
acompanhamento (que não ingressaram, necessariamente, naquele mês ou ano).
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Masculino Feminino
Violência / Violação 0-6 7-12 13-17 0-6 7-12 13-17 Total
anos anos anos anos anos anos
Negligência ou
10.359 9.905 8.267 10.468 9.296 8.860 57.155
abandono
Violência
intrafamiliar (física ou 8.309 10.803 7.503 8.035 10.598 10.943 56.191
psicológica)
c. Serviços de Acolhimento
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Esta conclusão converge com o preconizado por nossa legislação. Sob o prisma do
quanto apresentado neste relatório, entendemos que o melhor interesse da criança reside
em um acompanhamento continuado, pré e pós-natal, com efetivo suporte às famílias,
laudos aprofundados, equipes de apoio multissetorial e a vinculação com a mãe. Apenas
com o suporte à mãe e o acompanhamento caso a caso é que se poderá decidir pela
intervenção estatal no sentido da destituição do poder familiar, sempre sendo colocada
como última opção”.
Bastante ilustrativa, a propósito, é a Nota técnica Conjunta MS e MDS nº 01/16
que estabeleceu “diretrizes e fluxograma para a atenção integral à saúde das mulheres e
das adolescentes em situação de rua e/ou usuárias de crack/outras drogas e seus filhos
recém-nascidos”. Os Ministérios responsáveis pela coordenação das políticas de Saúde e
de Assistência Social, em suma, reconhecem que as necessidades decorrentes do uso de
álcool e outras drogas requerem uma abordagem multisetorial e interdisciplinar, diante da
complexidade das situações apresentadas, que envolvem tanto aspectos relacionados à
saúde quanto à exclusão social.
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situação de rua, ao menos sem que se analise de forma mais minuciosa os reais e concretos
fatores de risco existente num dado contexto de convivência.
Não por outro motivo que o próprio Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente (CONANDA) se posicionou contrariamente às práticas de retirada
compulsória de bebês de mães usuárias de substâncias psicoativas, entendendo-as como
discriminatórias, desproporcionais, desnecessárias e violadoras dos direitos da criança e
do/a adolescente e reconhecendo que tal medida:
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E conclui:
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Também o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (6ª Região) emitiu nota
técnica sobre o exercício da maternidade por mães que fazem uso de crack e outras drogas,
preconizando que:
E arremata:
Dessa forma, é indispensável que se realize a devida avaliação dos casos
individuais pelas equipes dos serviços de saúde e assistência social de
referência, não sendo eticamente possível tomar encaminhamentos com
base em generalizações, preconceitos e estigmas, quando se entende de
antemão que a mãe não tem condições de cuidar do bebê. Observa-se
também que há a penalização da mãe que muitas vezes não teve direitos
garantidos relativos à sua condição de vulnerabilidade e é novamente
prejudicada com a perda do direito de exercer a maternidade (...) tendo
em vista o exposto, vimos alertar para a necessidade de um olhar
fundamentado na promoção de laços sociais e na garantia de direitos da
mãe, da criança e da família, em casos envolvendo mães usuárias de crack,
outras substâncias, e/ou em situação de rua e seus bebês. Assim, a/o
psicóloga/o baseará seu trabalho na promoção da saúde e qualidade de
vida das pessoas, estando impedido de participar ou ser conivente com
violações de direitos, seja por meio de avaliações sem fundamentação ou
produção de documentos decorrentes destas.
que os casos avaliados como de risco tanto para a mulher quanto para os
recém-nascidos sejam encaminhados para acompanhamento e que o
acolhimento institucional, bem como a adoção, só sejam solicitados ao
poder judiciário após esgotadas todas as possibilidades de permanência
da criança junto à família de origem ou família extensa (...)
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III
VÍDEO
Para conhecer uma atuação da Defensoria Pública na proteção contra a ruptura do vínculo
familiar em decorrência da vivência em situação de rua, você pode assistir o seguinte
vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=yZh6W31otno&feature=youtu.be
VÍDEO
Reflexão sobre a separação de bebês das mães pelo uso de drogas (Juíza Katy Braun,
AMB): https://www.youtube.com/watch?v=CwAehC2Q8n4&feature=youtu.be
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III
2Sobre o direito ao planejamento sexual e reprodutivo, cf. Declaração e Plataforma de Ação da IV Conferência
Mundial sobre a Mulher (PEQUIM, 1995).
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III
3No documento intitulado Marco Legal: Saúde, um Direito de Adolescentes (Brasília, 2007), editado pelo Ministério
da Saúde, é previsto que “qualquer exigência, como a obrigatoriedade da presença de um responsável para
acompanhamento no serviço de saúde, que possa afastar ou impedir o exercício pleno do adolescente de seu direito
fundamental à saúde e à liberdade, constitui lesão ao direito maior de uma vida saudável. Caso a equipe de saúde
entenda que o usuário não possui condições de decidir sozinho sobre alguma intervenção em razão de sua
complexidade, deve, primeiramente, realizar as intervenções urgentes que se façam necessárias, e, em seguida,
abordar o adolescente de forma clara a necessidade de que um responsável o assista e o auxilie no acompanhamento.
A resistência do adolescente em informar determinadas circunstâncias de sua vida a família por si só demonstra uma
desarmonia que pode e deve ser enfrentada pela equipe de saúde, preservando sempre o direito do adolescente em
exercer seu direito à saúde. Dessa forma, recomenda-se que, havendo resistência fundada e receio que a
comunicação ao responsável legal, implique em afastamento do usuário ou dano à sua saúde, se aceite pessoa maior
e capaz indicada pelo adolescente para acompanhá-lo e auxiliar a equipe de saúde na condução do caso, aplicando-
se analogicamente o princípio do art. 142 do Estatuto da Criança e do Adolescente”.
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III
➢ Garantia de acesso pela mulher em situação de rua (com ou sem histórico de uso de
drogas) vítima de violência sexual aos métodos de profilaxia pós-exposição e, se
desejado, aos Centros de Referência à Mulher em situação de violência.
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III
4 O Manual do Ministério da Saúde sobre Amamentação e Uso de Medicamentos e Outras Substâncias (BRASÍLIA,
2010) indica que “A Organização Mundial de Saúde considera que o uso de anfetaminas, ecstasy, cocaína, maconha
e opioides não são contraindicados durante a amamentação. Contudo, alertam que as mães que usam essas
substâncias por períodos curtos devem considerar a possibilidade de evitar temporariamente a amamentação. Há
carência de publicações com orientações sobre o tempo necessário de suspensão da amamentação após o uso de
drogas de abuso. Assim, recomenda-se que as nutrizes não utilizem tais substâncias. Se usadas, deve-se avaliar o risco
da droga ‘versus’ o benefício da amamentação para orientar sobre o desmame ou a manutenção da amamentação”
(item 4.22.1).
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III
➢ Garantia de que a mulher seja sempre informada sobre para qual Vara da Infância
e Juventude o relatório conjunto será encaminhado e, se for o caso, em qual serviço
de acolhimento institucional/familiar o bebê eventualmente será acolhido.
O artigo 1634 do Código Civil (Lei 10.406/2002) enfatiza que é direito e dever de
ambos os pais o pleno exercício do poder familiar em relação aos filhos, tal como criá-los e
educá-los, tê-los sob sua guarda, conceder ou negar consentimento para viajarem ao
exterior, conceder ou negar consentimento para mudança para outra cidade, dentre
outros. Antigamente, este direito era apenas do pai, chamando-se pátrio-poder. Mas a
partir da Lei 12.010/2009, este termo foi ajustado para “poder familiar”, adequando-se à
sua aplicação tanto ao pai como à mãe.
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III
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III
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele
que: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida
de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência
doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de
mulher;
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de
reclusão;
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente:
A perda do poder familiar pode ser requerida por qualquer parente ou pelo
Ministério Público, e cabe ao juiz, sempre com o apoio da equipe interdisciplinar e com
pareceres psicossociais, deliberar sobre as melhores medidas que resguardem a segurança
da criança e do adolescente. Esta decisão é respaldada por estudo técnico, em que a criança
deve ser adequadamente ouvida e seu contexto analisado em conjunto com a rede de
atendimento, que é parte fundamental para a tomada de decisão por meio de uma análise
conjunta do caso e da situação da criança.
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido
o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou
incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança
ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de
responsabilidade. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
§ 1 o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária determinará,
concomitantemente ao despacho de citação e independentemente de
requerimento do interessado, a realização de estudo social ou perícia
por equipe interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a
presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder
familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e observada
a Lei n o 13.431, de 4 de abril de 2017 . (Incluído pela Lei nº 13.509, de
2017)
§ 2 o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é ainda
obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional ou
multidisciplinar referida no § 1 o deste artigo, de representantes do órgão
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III
A destituição do poder familiar só deve ser realizada após atuação da rede na busca
de apoio para enfrentar as dificuldades de cuidado dos filhos pelos pais, como ilustrado a
seguir:https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2020/julho/pais-
perdem-poder-familiar-por-negligencia-em-cuidados-com-crianca.
Os procedimentos para destituição do poder familiar estão regulamentados nos
artigos 153 a 163 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Se houver a chance de
recomposição dos laços de afetividade entre os pais e a criança ou adolescente, a
suspensão do poder familiar deve ser preferida ao invés da perda.
É importante ressaltar que a destituição de poder familiar de um dos responsáveis
não é uma medida punitiva para o infrator, mas uma medida que visa proteger o melhor
interesse da criança e do adolescente.
Ainda, faz-se importante destacar que apesar da negligência ser um dos
fundamentos mais usuais em processos de suspensão ou destituição do poder familiar, ela
não está prevista no Código Civil como hipótese e não pode ser confundida com situações
de privação econômica ou vulnerabilidade social da família, cuja constatação deve ensejar
medidas de apoio e assistência social.
Por fim, ao se determinar a suspensão ou destituição do poder familiar, deve-se
sempre considerar as políticas alternativas de cuidado presentes no território, dando
preferência àquelas que possibilitam um acolhimento em ambiente familiar e menos
institucionalizado, como os programas de famílias acolhedoras ou casa-lar.
VÍDEO
Maiores questões relacionadas aos problemas que levam à destituição do poder familiar
podem ser vistas no vídeo a seguir, na perspectiva do Direito e da Saúde:
https://www.youtube.com/watch?v=xc9-e1XMKDA
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III
do desenvolvimento humano integral. Por isso, a restrição de liberdade dos genitores pela
prática de crimes ou atos infracionais não pode ser determinante para o rompimento ou
enfraquecimento dos vínculos familiares.
O Estatuto da Criança e do Adolescente já preconizava, desde sua alteração em
2014, que devia ser garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai
privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas
hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de
autorização judicial (Lei 8.069/1990, art. 19, § 4 o (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014))
A partir do disposto acima, visando concretamente a manutenção dos vínculos
familiares, é direito da criança, inclusive na primeira infância, realizar visitas periódicas ao
pai e/ou à mãe privado de liberdade, cuja responsabilidade recai sobre o responsável pela
criança. E se a criança estiver em serviço de acolhimento institucional, o responsável pelo
acolhimento deve proporcionar essas visitas, abrangendo-as no Plano Individual de
Atendimento (PIA).
Importância dos cuidados diante da permanência dos filhos no cárcere
A gestação vivida no ambiente do cárcere, assim como os primeiros dias e meses de
vida transcorridos neste contexto, também são contrastantes com o reconhecimento da
importância de ambientes saudáveis para formação do ser humano durante a primeira
infância.
Os cuidados com os bebês e as mães no Sistema Penitenciário são um desafio.
Embora o Conselho Nacional de Justiça tenha contribuído nos últimos anos com as
Audiências de Custódia, os avanços consistem em aplicar medidas alternativas à prisão
preventiva, tais como as medidas cautelares e domiciliares para as gestantes e mulheres
com criança na primeira infância. A lei ainda não garante de forma ampla esse direito, de
modo que as crianças afastadas de sua mãe – quando não se trata de prisão preventiva -
carecem de acompanhamento psicossocial, bem como as que estão com elas nas prisões
domiciliares. A estrutura prisional oferta um precário acesso em saúde emergencial, intra
ou extramuros. Neste cenário viola-se o direito das crianças de obterem seus cuidados
básicos de vida e o direito das mães de exercerem a maternidade, em um cenário de
desassistência ao direito à convivência familiar e comunitária.
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III
O direito à prisão domiciliar incluído no Código de Processo Penal pelo Marco Legal da
Primeira Infância
Diante da importância de proteção da criança no contexto de encarceramento de
seus pais, o Marco Legal da Primeira Infância determinou a possibilidade de substituição
da prisão preventiva pela prisão domiciliar da gestante, da mulher com filho de até doze
anos de idade incompletos e do homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do
filho nesta mesma circunstância (art. 318, IV, V e VI, do Código de Processo Penal –
alterado pelo art. 41 da Lei 13.257/2016).
Pois como vimos na Unidade 1, a ciência tem apontado que “experiências
estressantes durante os períodos sensíveis alteram a função e arquitetura de circuitos neurais
específicos, pois esses circuitos adaptam suas propriedades funcionais à adversidade que vem
sendo vivida” (SHONKOFF, 2012, p. 4). Desde a vida intrauterina as condições adversas
podem impactar negativamente na formação do ser humano, de maneira que as interações
e a vivência da gestante em um ambiente seguro e condizente ao atendimento de sua
dignidade nessa fase peculiar da vida já atende alguns marcos de desenvolvimento
ocorridos nessa primeira etapa da vida.
Assim sendo, o Estado deve garantir à criança na primeira infância um ambiente
seguro e afetivo que permita interações com seus pais ou qualquer deles que seja alvo de
uma ação persecutória penal, a fim de que possam aproveitar ao máximo os marcos de
desenvolvimento que esteja experimentando, de maneira que, a princípio, se possibilite o
deferimento da prisão domiciliar em seu favor.
Com isso, o Marco Legal da Primeira Infância procurou ressaltar que a principal
privação que se pretende evitar é a do afeto e a da interação com os filhos, de maneira
que devem ser garantidos meios para o desenvolvimento integral da criança mesmo nas
circunstâncias de seus pais serem alvos da ação persecutória estatal. Justificando-se o
cumprimento da pena em local mais adequado ao exercício da parentalidade,
especialmente na primeira infância.
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III
• Existem Impactos duradouros na vida dos bebês e crianças vivendo com suas mães
nas prisões, sobretudo, os efeitos psicológicos da separação.
• Todo o processo da justiça criminal pelos quais os pais passam, geram impactos
psicossociais nas crianças e adolescentes, ainda não mensurados.
Cabe mencionar a Intersetorialidade prevista na Resolução CNAS Nº 7, de 18 de maio de 2016, a qual contém entre seus principais
objetivos a universalização do Sistema Único da Assistência Social, bem como a garantia de apoio para as crianças na primeira
infância, plena integralidade da proteção socioassistencial e a intersetorialidade.
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Criar pontes entre os sistemas está sendo alternativa viável para a atenção ao
cuidado das crianças, e o direito a maternidade de paternidade. Algumas experiências
estão sendo experimentada em alguns estados brasileiros.
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Nesse sentido, o Marco Legal da Primeira Infância também alterou, em seu artigo
41, o Código de Processo Penal nos artigos 6°, 185 e 304, propondo estas redações:
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III
A coleta pela autoridade policial e também pelo magistrado das informações sobre
a existência de filhos, idades, eventuais deficiências e o contato de eventual outro
responsável é necessário não apenas para preenchimento de dados estatísticos ou
simplesmente se angariar elementos para eventual conversão de prisão preventiva em
domiciliar, mas para promover o princípio da intervenção precoce previsto no art. 100,
parágrafo único, inciso VI, do Estatuto da Criança e do Adolescente. De fato, a primeira
providência é certificar-se de que a criança estará sob os cuidados necessários, diante da
prisão em flagrante de seu(s) responsável(is).
A fim de garantir a imediata tutela da criança, sobretudo na primeira infância, deve-
se antes de tudo pressupor que, observada eventual situação de risco ou vulnerabilidade
decorrente do encarceramento, deve-se saber o passo que necessita ser tomado para a
promoção e proteção dos interesses das crianças indiretamente atingidas pelo ato
conflitante com a lei penal praticado pelos genitores, que resultaram em sua privação da
liberdade.
Deve ser realizada também articulação imediata com a rede socioassistencial local
para que a proteção da família seja empreendida, sobretudo à luz do desenvolvimento
integral da criança que estava sob os cuidados diretos da pessoa que recebe uma medida
de encarceramento.
Nesse sentido, a Resolução n° 02/2017 do Conselho Nacional de Política Criminal
e Penitenciária assinala o dever da autoridade policial em encaminhar uma cópia do auto
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Nos quadros elaborados pela ABTH em conjunto com o Grupo de Trabalho segue
o referencial resultante deste importante projeto:
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Conclusão
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