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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

DESAFIOS DO PROFESSOR NA IMPLEMENTAÇÃO DE ATIVIDADES


EXPERIMENTAIS EM AULAS DE BIOLOGIA DE NÍVEL MÉDIO. ESTUDO DE
CASO DA ESCOLA SECUNDÁRIA DO BÚZI (2016-2018)

Manecas João Jaze

Beira, Abril de 2021


i

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de educação à distância

DESAFIOS DO PROFESSOR NA IMPLEMENTAÇÃO DE ATIVIDADES


EXPERIMENTAIS EM AULAS DE BIOLOGIA DE NÍVEL MÉDIO. ESTUDO DE
CASO DA ESCOLA SECUNDÁRIA DO BÚZI (2016-2018)

Manecas João Jaze

Monografia submetida ao Centro de Ensino à


distância – Universidade Católica de
Moçambique como requisito parcial para a
obtenção do grau de licenciado em Curso de
ensino de Biologia

Orientado por: dr. Bento Mourinho

Beira, Abril de 2021


Índice

Declaração.................................................................................................................................ii

Agradecimentos.......................................................................................................................iii

Dedicatória...............................................................................................................................iv

Lista de tabelas..........................................................................................................................v

Lista de quadros.......................................................................................................................vi

Resumo.....................................................................................................................................vii

Capítulo I: Introdução..............................................................................................................1

1.1 Contextualização..........................................................................................................1

1.2 Delimitação do tema....................................................................................................1

1.3 Problematização...........................................................................................................1

1.4 Justificativa..................................................................................................................2

1.5 Objectivos.....................................................................................................................2
1.5.1 Objectivo geral.........................................................................................................2
1.5.2 Objectivos específicos..............................................................................................2

1.6 Hipóteses......................................................................................................................3
1.6.1 Hipóteses principal...................................................................................................3
1.6.2 Hipóteses secundárias...............................................................................................3

1.7 Definição das variáveis................................................................................................3

1.8 Estrutura do trabalho...................................................................................................4

Capítulo II: Revisão bibliográfica...........................................................................................5

2.1 Noção de actividades experimentais............................................................................5

2.2 Tipos de atividades experimentais...............................................................................6

2.3 Importância de actividades experimentais para as aulas de biologia.........................8


2.4 Factores que interferem na execução de actividades experimentais em aulas de
biologia....................................................................................................................................9

2.5 Estratégia para a implementação de atividades experimentais em aulas de biologia


10

Capítulo III: Metodologia......................................................................................................11

3.1 Tipo de pesquisa.........................................................................................................11

3.2 Método de abordagem................................................................................................13

3.3 Participantes..............................................................................................................13

3.4 Instrumento de coleta de dados..................................................................................13

3.5 Técnica de análise de dados.......................................................................................13

Capitulo IV: Apresentação e análise de dados.....................................................................14

4.1 Descrição do local de estudo.....................................................................................14

4.2 Descrição dos participantes.......................................................................................14

4.3 Descrição das opiniões dos participantes sobre a atividade experimental...............16

Capitulo V: Discussão dos resultados...................................................................................24

Capitulo VI: Conclusões e sugestões.....................................................................................27

6.1 Conclusões.................................................................................................................27

6.2 Sugestões....................................................................................................................27

Referências Bibliográficas......................................................................................................29

Apêndices................................................................................................................................viii
ii

Declaração
Declaro que esta monografia científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente citadas no texto e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para a
obtenção de qualquer grau académico.

Beira,15 de Abril de 2021

_____________________________

(Manecas João Jaze)


iii

Agradecimentos
A Deus pela vida e sabedoria que me deu para a elaboração desta monografia.

Agradeço aos meus pais João Jaze e Beatriz Franque pelo moral e o esforço envidado para me
ajudar neste estágio importante da minha vida.

Aos meus amigos e colegas, que me incentivaram todos os dias e ofereceram apoio nos
momentos críticos.

Agradeço ao professor Bento Mourinho, responsável pela orientação deste trabalho.

E a todos que direta ou indiretamente deram o seu contributo para a concretização deste
trabalho.
iv

Dedicatória
Dedico este trabalho à minha esposa Leopoldina Paiva por ter-me acompanhado nesta jornada
e ter-me ajudado a concretizar este sonho.
v

Lista de tabelas
Tabela 1: Distribuição dos participantes segundo o género....................................................14

Tabela 2:Distribuição dos participantes segundo a faixa etária...............................................15

Tabela 3:Distribuição dos participantes segundo o grau de escolaridade................................15

Tabela 4:Distribuição dos participantes segundo o tempo de serviço.....................................15

Tabela 5:Importância atribuída a atividade experimental........................................................17

Tabela 6:Preparo dos participantes para realizar atividades experimentais nas aulas de
biologia.....................................................................................................................................18

Tabela 7:Participante que tem encarado dificuldades para integrar atividade experimental nas
aulas de biologia.......................................................................................................................20
vi

Lista de quadros
Quadro 1: Opinião dos participantes quanto a noção da atividade experimental....................18

Quadro 2:Opinião dos participantes quanto os principais benefícios da atividade


experimental para o ensino de biologia....................................................................................19

Quadro 3:Oportunidades encontradas pelos participantes para realizarem atividades


experimentais nas aulas de biologia..........................................................................................21

Quadro 4:Dificuldades encontradas pelos participantes para realizar atividades experimentais


nas aulas de biologia.................................................................................................................22

Quadro 5:Ações estratégicas para assegurar a integração de atividades experimentais nas


aulas de biologia.......................................................................................................................24
vii

Resumo
Este estudo teve como finalidade analisar os desafios do professor na realização de atividades
experimentais nas aulas de Biologia no nível médio, sobretudo, na Escola Secundária do Búzi
(2016-2018). Para tal, o mesmo foi de natureza aplicada, com uma abordagem mista, de
carácter exploratório, descritivo quanto os objectivos, bibliográfica e estudo de caso sob ponto
de vista dos procedimentos de coleta de dados. A amostra foi constituída por 5 professores de
Biologia da Escola Secundária do Búzi, selecionados intencionalmente. Os dados foram
analisados com base na combinação das técnicas de análise de conteúdo e estatística. O estudo
foi norteado pela seguinte pergunta: quais os desafios do professor na implementação de
atividades experimentais nas aulas de biologia no nível médio, especialmente, na ESB (2016-
2018)? Os resultados apontaram que os participantes inqueridos têm a noção do que é uma
atividade experimental e reconhecem os benefícios desta atividade para as aulas de biologia.
E, além do mais, sentem-se preparados para realizar atividades experimentais nas aulas de
biologia, embora nem todos as efetivam em suas aulas. Mais ainda, observou-se que alguns
participantes inqueridos têm enfrentado dificuldades, tais como a ausência de laboratório,
matérias e equipamentos; fraco domínio de metodologias de ensino aplicáveis nas aulas
experimentais de biologia e insegurança nos professores para realizar experiencia, Falta de
reagentes; falta de capacitação dos professores, Falta de motivação e incentivos para realizar
experiências. Em face destes resultados sugere-se a submissão dos participantes a uma
capacitação em matéria de atividades experimentais. Intensificar-se o uso do material de fácil
acesso nas aulas de biologia. Promover-se debates nos grupos de disciplinas, bem como
elaborar-se um Manual de Práticas com abordagens dos conteúdos trabalhados em sala.

Palavras-chave: atividades experimentais, aulas de biologia, desafios.


1

Capítulo I: Introdução

1 Contextualização
Atividades experimentais são modalidades de procedimento que objetivam conseguir
informações, como nos casos da observação ambiental, observação laboratorial, da leitura, da
escrita, do dialogar com colegas e professor, e ainda, desenvolvidas de forma que se
complementem e possam contribuir com o aluno, no sentido de chegar a internalização do
conhecimento formal. (Barreto, 2001)

O ensino de ciências e biologia através da experimentação é indispensável para a


compreensão e construção do saber científico. A importância da atividade experimental é
inquestionável no ensino devendo ter um lugar central na educação (Mello, 2010).

Segundo Lima et al (1999), a experimentação inter-relaciona o aprendiz e os objectos de seu


conhecimento, a teoria e a prática, ou seja, une a interpretação do sujeito aos fenómenos e
processos naturais observados, pautos não apenas pelo conhecimento científico já
estabelecido, mas pelos saberes e hipóteses levantadas pelos estudantes, diante de situações
desafiadoras.

Este trabalho encontra-se organizado em seis capítulos. O primeiro capítulo abrange a


contextualização, delimitação do tema, problematização, justificativa, objetivos, hipóteses, e a
respectiva organização do trabalho. No segundo capítulo, aborda-se a noção de atividades
experimentais, tipos de atividades experimentais, importância de atividades experimentais
para as aulas de biologia, factores que interferem na execução de atividades experimentais em
aulas de biologia e os desafios dos professores na implementação de atividades experimentais.
No terceiro capítulo apresenta-se a metodologia utilizada no trabalho, iniciando por descrição
do tipo de pesquisa, método de abordagem, sujeitos de pesquisa, instrumentos de coleta de
dados e técnicas de análise de dados. No quarto capítulo apresentam-se os dados e faz-se a
respetiva análise, iniciando com a descrição do local de estudo, descrição dos sujeitos de
pesquisa, e dados referentes as opiniões dos participantes quanto integração das atividades
experimentais nas aulas de biologia. No quinto capítulo faz-se a discussão dos resultados,
apoiando-se nas teorias de outros autores que fundamenta o tema. No sexto capítulo são
apresentadas as conclusões e as respetivas sugestões para assegurar a integração de atividades
experimentais nas aulas de Biologia. Em fim, são apresentadas as referências bibliográficas
das obras citadas ao trabalho.
2

2 Delimitação do tema
Esta pesquisa limitou-se na análise dos desafios do professor na implementação de atividades
experimentais, nas aulas de biologia de nível médio, sobretudo, na Escola Secundária do Búzi
(2016-2018).

3 Problematização
A falta de um espaço específico para a implementação de atividades experimentais nas aulas
de biologia é um problema constatado pelo autor no período 2016-2018, na Escola Secundária
do Búzi, após uma conversa informal com vários professores que lecionam a disciplina de
Biologia no segundo ciclo nesta escola.

Sabendo que as atividades experimentais são fundamentais para a ligação da teoria com a
prática, especialmente, nas aulas de biologia, viu-se necessária realizar um estudo para
analisar os desafios enfrentados pelos professores da Escola Secundária do Búzi, no âmbito da
implementação das experiencias laboratoriais neste nível de ensino.

Diante do exposto, pelo presente estudo procurou-se responder a seguinte questão de


pesquisa: Quais os desafios do professor na implementação de atividades experimentais nas
aulas de biologia no nível médio, especialmente, na Escola Secundária do Búzi (2016-2018)?

4 Justificativa
A motivação para a efetivação do presente estudo proveio por um lado, da necessidade de
analisar os desafios do professor na implementação de atividades experimentais nas aulas de
biologia no nível médio, especialmente, na Escola Secundária do Búzi (2016-2018).

Por outro lado, por saber que as atividades experimentais são fundamentais para as aulas de
biologia, dado que possibilitam ao aluno uma aprendizagem efetiva dos conteúdos, bem como
a ligação da teoria com a prática.

O resultado desta pesquisa utilizar-se-á para ampliar a visão do autor e dos professores de
biologia sobre a utilidade das atividades experimentais nas aulas. Este ainda pode ser
empregue pela comunidade científica na elaboração da fundamentação teórica de seus
trabalhos científicos.
3

5 Objectivos

5.1 Objectivo geral


Analisar os desafios do professor na realização de atividades experimentais nas aulas de
biologia no nível médio, especialmente, na Escola Secundária do Búzi (2016-2018)

5.2 Objectivos específicos


Para a concretização do objectivo geral foram elaborados os seguintes objectivos
intermediários:

a) Identificar as oportunidades encontradas pelos professores, para a realização de


atividades experimentais nas aulas de Biologia.

b) Identificar as limitações encontradas pelos professores, para a realização de atividades


experimentais nas aulas de Biologia.

c) Descrever as oportunidades encontradas pelos professores, para a realização de


atividades experimentais nas aulas de Biologia.

d) Descrever as limitações encontradas pelos professores, para a realização de atividades


experimentais nas aulas de Biologia.

e) Propor ações estratégicas para assegurar a integração de atividades experimentais nas


aulas de biologia.

6 Hipóteses

6.1 Hipóteses principal


Supõe-se que a falta de um espaço específico, pode estar a interferir na implementação de
atividades experimentais nas aulas de Biologia.

6.2 Hipóteses secundárias


Diante da hipótese antes referida, foram elaboradas as seguintes hipóteses secundárias:

a) A falta de espaço físico e dos materiais, podem estar a contribuir na fraca


implementação de atividades experimentais nas aulas de biologia;

b) A falta de criatividade do professor na implementação de atividades experimentais


pode estar na origem do problema;
4

c) A capacitação dos professores em matérias de actividades experimentais, pode


contribuir para assegurar a integração de atividades experimentais nas aulas de
biologia.
5

Capítulo II: Revisão bibliográfica

7 Noção de actividades experimentais


A atividade experimental é um objeto didático, produto de uma transposição didática de
concepção construtivista da experimentação e do método experimental, e não mais um objeto
a ensinar. Como objeto didático a sua estrutura deve agregar características de versatilidade,
de modo a permitir que o seu papel mediador se apresente em qualquer tempo e nos mais
diferentes momentos do diálogo sobre o saber no processo de ensino e de aprendizagem.
(Alves, 2000)

Em Barreto (2001) as atividades experimentais são consideradas como modalidades de


procedimento que objetivam conseguir informações, como nos casos da observação
ambiental, observação laboratorial, da leitura, da escrita, do dialogar com colegas e professor,
e ainda, desenvolvidas de forma que se complementem e possam contribuir com o aluno, no
sentido de chegar a internalização do conhecimento formal.

Para Almeida (2001), as atividades experimentais não se restringem apenas a experimentação


e observação, mas envolve a especulação teórica, o debate e confrontação de ideias que
contribuam para o crescimento do estudante, não há uma metodologia específica, bem
definida, mas uma multiplicidade de métodos e processos a selecionar atendendo aos
objetivos a atingir, aos conteúdos científicos em jogo, e ao contexto de aprendizagem. (p.59)

Em vista disso, é possível inferir que a atividade experimental é um objeto didático, ou ainda
uma modalidade de procedimento com o intuito de obter informações, envolvendo
especulação teórica, o debate e confrontação de ideias que contribuam para o crescimento do
estudante.

8 Tipos de atividades experimentais


Alves (2000, p.10) a atividade experimental divide-se em sete categorias: histórica, de
compartilhamento, modelizado, conflitiva, crítica, comprovação e, de simulação.

Atividade experimental histórica é uma atividade baseada na história que faz a ligação entre a
realidade e a lógica de uma questão. Essa atividade dá a possibilidade de reconstituir o
cenário histórico, valorizar o contexto histórico e permite ao professor ensinar de forma
menos dogmática.
6

Atividade experimental de compartilhamento é uma atividade que implica negociação, para


que os mesmos fenómenos fossem analisados pela mesma ótica. Essa atividade tem
possibilidade de comunicação por meio de uma linguagem comum e interpretações dentro do
mesmo quadro teórico.

Atividade experimental modelizado é uma atividade baseada no modelo. O modelo é uma


construção arbitrária e provisória, e será substituído no momento em que se mostrar inepto
para explicar um conjunto maior de eventos.

Atividade experimental conflitiva é uma atividade que permite o professor colocar em choque
as conceções não formais dos estudantes viabilizando o conflito, vai direcionando o diálogo
construtivista. E por fim os estudantes aceitar e dominar a conceção científica pela
autocorreção de suas ideias prévias.

Atividade experimental crítica é uma atividade de formatação muito próxima da categoria


conflito. As ideias prévias também se mostram presentes, só que de forma diferente. E essa
atividade é muito particular, pois é preciso que consiga mostrar explicitamente os diferentes
conceitos.

Atividade experimental comprovação é uma atividade que tem como objetivo a comprovação
de leis, verificar previsões teóricas e exercitar o método experimental. A atividade era
predominante e estava atrelada a uma conceção de ensino empirista. O aluno comporta-se
como um cientista que resolve problemas.

Atividade experimental de simulação é uma atividade por via de computador ou vídeo, porque
a atividade de laboratório consome muito tempo e não oferece experiências eficientes de
aprendizado.

Oliveira (2010, p. 147), resumidamente, apresenta três tipos de atividades experimentais,


sendo elas: de demonstração, de verificação e de investigação.

As atividades experimentais de demonstração, o professor executa o experimento fornecendo


as explicações para os fenômenos; e o estudante observa o experimento que tem geralmente
roteiro fechado, estruturado de posse exclusiva do professor. Demandam pouco tempo e
podem ser integradas à aula sendo úteis quando não há recursos materiais ou espaço físico
suficiente para realização de atividades experimentais. Porém, a simples observação do
experimento pode ser um fator de desmotivação e desinteresse do estudante.
7

As atividades experimentais de verificação: o estudante executa a atividade a partir de um


roteiro fechado, e o professor fiscaliza; diagnostica e corrigi erros. Geralmente ocorre após a
abordagem do conteúdo em aula expositiva, favorece a elaboração de explicações para os
fenômenos por parte dos estudantes, permitindo ao docente verificar através de tais
explicações se os conceitos abordados foram bem compreendidos. No entanto, podem não
acrescentar muito do ponto de vista da aprendizagem de conceitos e não estimular a
curiosidade dos estudantes.

As atividades experimentais de investigação: o docente orienta as atividades; incentiva e


questiona as decisões dos estudantes que pesquisam, planejam e executam a atividade
discutindo explicações. Pode ou não ter roteiro, quando tem é aberto ou não estruturado. Este
tipo de atividade pode ser a própria aula ou pode ocorrer previamente à abordagem do
conteúdo, remete o estudante para a posição ativa, incentiva a criatividade e o erro pode
contribuir para o aprendizado, mas demanda tempo para sua realização e experiência por parte
dos estudantes na realização de atividades experimentais.

Dado o exposto, pode-se inferir que existe uma diversidade de actividades experimentais, no
entanto, a sua aplicabilidade depende dos objectivos pretendidos pelo professor em cada uma
das suas aulas.

9 Importância de actividades experimentais para as aulas de biologia


Oliveira (2010) aponta algumas contribuições das atividades experimentais, no Ensino e
Aprendizagem de Ciências:

Motivar e despertar a atenção dos alunos; desenvolver a capacidade de trabalhar em


grupo; desenvolver a iniciativa pessoal e a tomada de decisão; estimular a criatividade;
aprimorar a capacidade de observação e registro de informações; aprender a analisar
dados e propor hipóteses para os fenômenos; aprender conceitos científicos; detectar e
corrigir erros conceituais dos alunos; compreender a natureza da ciência e o papel do
cientista em uma investigação; compreender as relações entre ciência, tecnologia e
sociedade; aprimorar habilidades manipulativas. (p.141-146)

Para Moraes (2000) a atividade experimental é apenas uma entre as várias modalidades
didáticas que o professor deve dispor para trabalhar os conteúdos escolares, no entanto, se
tratando do ensino de biologia esta se configura como uma ferramenta importante que otimiza
8

o ensino dos conceitos científicos, possibilitando uma maior interação entre professor e
alunos, podendo contribuir para uma melhor compreensão dos processos das ciências.

Enquanto Krasilchik (2004) enfatiza o valor das atividades experimentais no ensino de


Biologia, por permitirem que os alunos tenham contato direto com os fenômenos,
manipulando os materiais e equipamentos e observando organismos. Ademais, reforça que o
contato dos alunos com resultados não previstos desafia-lhes a imaginação e raciocínio,
permitindo ainda que vivenciem diferentes etapas, como a manipulação, observação,
investigação e interpretação.

Conforme descrevem Miranda, Leda e Peixoto (2013), as atividades experimentais favorecem


uma dinamização dos conteúdos de Biologia, pois estimulam através do contato dos alunos
com as práticas, a curiosidade, a atenção e em alguns casos a vocação científica. Por meio das
atividades práticas, o aluno consegue visualizar melhor os fenômenos, reações e todo o
assunto abordado em sala, uma vez que é o sujeito da aprendizagem. O manusear, ver e anotar
desperta no aluno o interesse por tais atividades. Assim, é de suma importância que uma
instituição de ensino, seja ela pública ou particular, valorize as atividades práticas, pois elas
contribuem para o desenvolvimento do ensino de Biologia. (p.89)

Em síntese, pode-se afirmar que as atividades experimentais, para além de motivar e despertar
a atenção dos alunos, permitem que os alunos tenham contato direto com os fenômenos,
manipulando os materiais e equipamentos e observando organismos. E, além disso, favorecer
uma dinamização dos conteúdos de Biologia.

10 Factores que interferem na execução de actividades experimentais em aulas de


biologia
As razões para a pouca atividade experimental nas escolas são excessivo número de alunos
em sala de aula, formação insatisfatória dos professores e escassez de bibliografia disponível,
indisponibilidade ou qualidade de material, ausência de tempo para o professor planejar e
montar suas atividades, carência de recursos para a compra, manutenção e substituição de
equipamentos e de materiais de reposição, falta de laboratorista, pouca carga horária
disponível na grade curricular, dificuldade de manter a disciplina dos alunos, etc. (Borges,
2002).

A falta de um espaço para a realização dessas atividades, como um laboratório. O


cumprimento do currículo escolar também é um dos fatores que impedem a realização de
9

atividades práticas, pois o professor muitas vezes não dispõe de tempo para realizá-las.
(Miranda, 2013, p. 100).

O uso de atividades experimentais nas aulas de Biologia, por parte dos professores, ocorre
esporadicamente e na maioria das vezes vem acompanhada de justificativas como: pouco
tempo para montar e preparar as aulas, falta de espaço físico, ausência de um Manual de
Orientação de Práticas, falta de laboratorista, deficiência da graduação dos professores.
(Rodrigues, 2013, p.1).

11 Estratégia para a implementação de atividades experimentais em aulas de biologia


Para assegurar a implementação de atividades experimentais nas aulas de biologia, é
necessário, antes conhecer algumas estratégias.

O professor deve propiciar situações que possibilitem o desenvolvimento de habilidades


metacognitivas, como a capacidade de compreender, discutir e avaliar o conhecimento
adquirido (Rosa, 2012).

Para Galiazzi e Gonçalves (2004, p. 327) um professor, ao pretender desenvolver uma


atividade experimental com êxito, precisa ter como objetivo a aprendizagem dos alunos mais
do que a transmissão de algum conhecimento pela prática. Para isso precisa estar atento ao
aluno, percebendo seu conhecimento e suas dificuldades, que podem ser identificados a partir
da observação atenta do professor nas ações dos alunos em aula.

Em Silva e Cavassan (2006) encontramos o seguinte esclarecimento:

Na falta de materiais e reagentes no laboratório, os profissionais podem improvisar as


aulas prática de acordo com a realidade encontrada nas escolas, com materiais fáceis e
existentes no dia-a-dia. Uma outra proposta, são as aulas práticas pensadas para os
ambientes externos, como o campo, sendo essencial para os estudantes relacionarem
seus conhecimentos prévios com as diversidades existentes na natureza.

Em adição, Reginaldo, Sheid e Güllich, (2012) defendem que torna-se evidente a necessidade
de uma formação crítica e qualificada, que faça com que o professor reflita sobre o papel da
experimentação. (p.11).
10

Capítulo III: Metodologia

12 Tipo de pesquisa
Esta pesquisa é descrita como aplicada quanto a sua natureza. Como referem Prodanov e
Freitas (2013), seu objetivo é “gerar conhecimento para aplicação prática voltada à solução de
problemas específicos” (p.51). Nesse contexto, esse estudo valeu-se do conhecimento da
pesquisa básica para resolver a problemática da fraca integração de atividades experimentais
nas aulas de Biologia, sobretudo, na Escola Secundária do Búzi.

Do ponto de vista de seus objectivos, a pesquisa é classificada como exploratória e descritiva.


Conforme visto em Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa exploratória

é toda aquela que se encontra na fase preliminar; seu objetivo é fornecer mais
informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua definição e
delineamento; orientar o estabelecimento de metas e a formulação de hipóteses ou
descobrir um novo tipo de abordagem para o assunto (p.51).

Optou-se por esse tipo de pesquisa, para melhor proporcionar uma visão panorâmica sobre as
possibilidades e limitações encontradas pelos professores, para a realização de atividades
experimentais nas aulas de Biologia, assim como descobrir as estratégias significativas para
ajudar os professores a superar as limitações que enfrentam ao tentar implementar atividades
experimentais nas aulas de Biologia.

Opostamente da pesquisa exploratória, a pesquisa descritiva é “aquela que o pesquisador


apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir neles” (Prodanov e Freitas, 2013,
p.51). Optou-se por esse tipo de pesquisa, por pretender-se descrever o local de estudo e o
perfil dos sujeitos de pesquisa, bem como as oportunidades e limitações encontradas pelos
professores, para a realização de atividades experimentais nas aulas de Biologia. Não só, mas
também a estratégia significativa para ajudar os professores a superar as limitações que
enfrentam ao tentar implementar atividades experimentais nas aulas de Biologia.

Do ponto de vista de sua abordagem, a pesquisa é caracterizada como mista. Segundo Frick
(2013) neste tipo de pesquisa, “métodos qualitativos e quantitativos são combinados
pragmaticamente” (p.238). Empregou-se esse tipo de pesquisa, devido a necessidade de
empregar dados combinados (qualitativos e quantitativos) no estudo de um só problema.
11

Quanto ao procedimento para coleta de dados, utilizou-se a pesquisa bibliográfica e estudo de


caso. Pode ser entendida como pesquisa bibliográfica, segundo Prodanov e Freitas (2013)

Toda pesquisa preparada a partir de material já publicado, composto principalmente


por livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins,
monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, para colocar o
pesquisador diretamente em contato com todo o material já escrito sobre o assunto da
pesquisa (p.54).

Recorreu-se a esse tipo de pesquisa, devido a necessidade de uso de material bibliográfico que
fundamenta o tema em estudo.

Por outro lado, o estudo de caso, “envolve o estudo minucioso e exaustivo de um ou alguns
objetos de uma maneira que lhes permita ter seu conhecimento completo e detalhado” (Yin,
2001 citado por Prodanov e Freitas, 2013, p.60). Detetou-se ser estudo de caso na medida que
procurou-se analisar de modo minudente os desafios do professor na realização de atividades
experimentais nas aulas de biologia no nível médio, especialmente, na Escola Secundária do
Búzi (2016-2018)

13 Método de abordagem
No que respeita ao método de abordagem, optou-se pelo método hipotético-dedutivo, que
segundo Prodanov e Freitas (2013) inicia-se com um problema no conhecimento científico,
passando pela formulação de hipóteses e por um processo de inferência dedutiva, o qual testa
a predição da ocorrência de fenómenos abrangidos pela referida hipótese (p.32). A escolha
deste método deveu-se a necessidade de fazer a verificação das hipóteses elaboradas com base
no problema investigado.

14 Definição das variáveis


Para esse estudo foram definidas as seguintes variáveis:

a) Variável independente: implementação de atividades experimentais nas aulas de biologia.

b) Variável dependente: domínio das estratégias e metodologias de ensino aliadas a


atividades experimentais por parte dos professores;

c) Variáveis Intervenientes: elaboração de Manuais de Práticas com abordagens dos


conteúdos trabalhados em sala; efetivação de capacitação dos professores em matérias de
actividades experimentais para aulas de biologia.
12

d) Variáveis Estranhas: fraco domínio das estratégias e metodologias de ensino aliadas a


atividades experimentais por parte dos professores; insegurança do professor para efetivar
as atividades experimentais; inexistência de um laboratório, bem como a não alocação de
matérias e equipamentos do laboratório por parte da escola por falta de recursos
financeiros; inexistência de material acessível nas comunidades onde vive o aluno e o
professor, para a efetivação das actividades experimentais.

15 Participantes
População é “um conjunto definido de elementos que possuem certas características” (Gil,
2008, p.90). Nesse contexto, a população foi composta por todos os professores de biologia da
Escola Secundária do Búzi.

Em contraste, a amostra refere-se ao “subconjunto da população, através do qual as


características dessa população são estabelecidas ou estimadas” (Gil, 2008, p.90). Para essa
pesquisa, a amostra foi formada por cinco professores de Biologia da Escola Secundária do
Búzi, selecionados intencionalmente.

16 Instrumento de coleta de dados


Para a coleta de dados, utilizou-se o questionário que de acordo com Gil (2008) pode ser
definido como a técnica de pesquisa composta por um conjunto de perguntas submetidas a
pessoas com o objetivo de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos,
valores, interesses, expectativas, aspirações, medos, comportamentos presentes ou passados,
etc (p.121). Nesse caso, o questionário foi constituído por duas partes: descrição do perfil dos
participantes e de dados relacionados com a percepção destes na integração de atividades
experimentais nas aulas de biologia.

17 Técnica de análise de dados


Os dados foram estudados com base na combinação das técnicas de análise de conteúdo e
estatística descritiva.
13

Capitulo IV: Apresentação e análise de dados

18 Descrição do local de estudo


O estudo sobre a análise dos desafios do professor na implementação de atividades
experimentais, nas aulas de biologia de nível médio teve lugar na Escola Secundária do Búzi.
Esta fica situada na Vila Sede do Búzi, no Bairro de Macurungo, no Distrito de Búzi,
localizado a sudeste da província de Sofala, delimitada a norte pelos distritos de Nhamatanda
e Dondo, a oeste pelos distritos de Chibabava e Gôndola (Manica) e a leste pelo Oceano
Índico.

Ademais, a escola contém um bloco administrativo com secretaria e gabinetes para a direção
da escola, quatro blocos compostos por quatro salas de aulas cada, uma cantina, uma
biblioteca, um campo para basquetebol, um campo de futebol, três balneários, um internato
com três blocos e um terreno anexo para recreio.

E, por final, a escola opera com 66 funcionários, dos quais um Director da escola, quatro
DAE, um chefe da secretária, um chefe do internato, cinco guardas e os restantes são
professores.

19 Descrição dos participantes


Tabela 1: Distribuição dos participantes segundo o género

Género Fi %

Masculino 04 80

Feminino 01 20

Fonte: Autor, 2020.

Com base na tabela1, é possível perceber que dos participantes inquiridos, 80 % são do
género masculino, enquanto 20 % são do género feminino.

Tabela 2:Distribuição dos participantes segundo a faixa etária

Faixa etária Fi %

Menos de 21 anos 0,0 0,0

Entre 21 a 26 anos 0,0 0,0

Entre 27 a 32 anos 1,0 20


14

33 e mais anos 4,0 80

Fonte: Autor, 2020.

A tabela 2 mostra que dos participantes inqueridos, 80 % estão na faixa etária de 33 e mais
anos. Enquanto 20 participantes estão entre 27 a 32 anos.

Tabela 3:Distribuição dos participantes segundo o grau de escolaridade

Escolaridade Fi %

Mestrado 0,0 0,0

Licenciatura 3,0 60

Bacharelato 2,0 40

Médio 0,0 0,0

Fonte: Autor, 2020.

Da tabela 3, pode-se perceber que dos participantes inqueridos, 60 % possuem o grau de


licenciatura. Enquanto 40 % são bacharéis.

Tabela 4:Distribuição dos participantes segundo o tempo de serviço

Tempo de serviço Fi %

Menos de 5 anos 0,0 0,0

Entre 5 e 10 anos 4,0 80

11 e mais anos 1,0 20

Fonte: Autor, 2020.

Pela tabela 4, fica evidente que dos participantes inqueridos, 80 % estão entre 5 e 10 anos de
serviço. Enquanto 20% estão a 11 e mais anos.

20 Descrição das opiniões dos participantes sobre a atividade experimental


Diante da questão: o que você entende por atividade experimental? Constatou-se o seguinte:

Quadro 1: Opinião dos participantes quanto a noção da atividade experimental

Participante (P) Descrição dos relatos

P1 […] É a união da teoria e pratica que pode ser realizada na


15

sala de aulas, laboratório ou ao ar livre.

P2 […] É demonstrar o que se aprendeu na aula teórica.

P3 […] É a forma de adquirir conhecimentos mais correcto e


confiante que se confirma por si mesmo.

P4 […] É fazer a ligação do conteúdo aprendido na teoria com


a prática.

P5 […]é uma atividade que complementa a teoria.

Fonte: Autor, 2020.

O quadro 1 mostra que todos os participantes são unanimes em afirmar que a atividade prática
permite a ligação da teoria e a prática, independentemente do local que a mesma se possa
efetivar, quer no laboratório, na sala de aulas ou ao ar livre.

Diante da questão: na sua opinião, acredita que a atividade experimental é essencial no ensino
de biologia? Constatou-se o seguinte:

Tabela 5:Importância atribuída a atividade experimental

Itens Fi %

Sim 5,0 100

Não 0,0 0,0

Fonte: Autor, 2020.

A tabela 5 mostra de modo claro que todos os participantes reconhecem a importância da


atividade experimental.

Diante da questão: quais são os principais benefícios da atividade experimental? Constatou-se


o seguinte:

Quadro 2:Opinião dos participantes quanto os principais benefícios da atividade experimental para
o ensino de biologia.

Participante (P) Descrição dos relatos

P1 […] O aluno pode observar os fenómenos, manipulá-los e


16

chegar a conclusões.

P2 […] Torna o ensino dinâmico e prazeroso; possibilita que os


alunos observem diretamente o fenómeno e os organismos,
manipulem materiais e equipamentos.

P3 […] Possibilita a melhor visibilidade e compreensão dos


fenómenos.

P4 […] Os alunos não ficam limitados em imaginar apenas o


que aprendem, vão realmente ver na prática.

P5 […] Para além de ouvir apenas os conteúdos abordados na


sala de aulas, o aluno pode observar os fenómenos
observados, assim como manipula-los.

Fonte: Autor, 2020.

Do quadro 2, é evidente que os participantes reconhecem os benefícios das atividades


experimentais para as aulas de biologia, apesar de apresentar seus argumentos de modo
diferenciado.

Diante da questão: sobre a sua preparação para realizar as atividades experimentais nas aulas
de biologia: sente-se ou não preparado. Constatou-se o seguinte:

Tabela 6:Preparo dos participantes para realizar atividades experimentais nas aulas de biologia.

Itens Fi %

Sente-se apto (a) 5,0 100

Não se sente apto(a) 0,0 0,0

Fonte: Autor, 2020.

Na tabela 6, fica claro que todos os participantes sentem-se aptos para realizar atividades
experimentais nas aulas de biologia.

Diante da questão: qual a facilidade por si encontrada para realizar atividades experimentais
nas aulas de biologia? Constatou-se o seguinte:

Quadro 3:Oportunidades encontradas pelos participantes para realizarem atividades


experimentais nas aulas de biologia.
17

Participante (P) Descrição dos relatos

P1 […] Recorro a material de fácil acesso, existente na


comunidade onde leciono as aulas, para realizar algumas
experiências.

P2 […] Tem-me sido difícil realizar experiências, na ausência de


alguns equipamentos, para alguns conteúdos.

P3 […] Recorro a atividades experimentais de investigação, onde


oriento o aluno a seguir um roteiro específico com perguntas
a serem respondidas no campo durante a atividade, isso em
casa.

P4 […] Recorro a atividades experimentais de demonstração,


onde executo o experimento dando as explicações para os
fenômenos estudados.

P5 […] A falta de reagentes e equipamentos próprios, tem-me


impedido a efetivar as atividades experimentais.

Fonte: Autor, 2020.

Do quadro 3, é possível perceber que por um lado, os participantes (P1, P3 e P4) são
unanimes em afirmar que tem encontrado oportunidades para realizar as atividades
experimentais, embora essas oportunidades sejam diferenciadas. E, por outro lado, os
participantes (P2 e P5) lhes tem-me sido difícil realizar experiências devido a vários fatores
como, ausência de alguns equipamentos, reagentes e manuais didáticos que mostram os passo
a passo, para a efetivação de atividades experimentais com material existente na comunidade.

Diante da questão: você encontra dificuldade para integrar atividade experimental nas aulas
de biologia? Constatou-se o seguinte:

Tabela 7:Participante que tem encarado dificuldades para integrar atividade experimental nas
aulas de biologia.

Itens Fi %

Sim 3 60

Não 2 40

Fonte: Autor, 2020.


18

Pela tabela 7, pode-se perceber que dos participantes inqueridos, 60 % afirmaram ter encarado
dificuldades para integrar atividade experimental nas aulas de biologia. Enquanto 40 %
afirmaram uma opinião adversa.

Diante da questão: qual a dificuldade encontrada na escola para realizar atividades


experimentais nas aulas de biologia? Constatou-se o seguinte:

Quadro 4:Dificuldades encontradas pelos participantes para realizar atividades experimentais nas
aulas de biologia.

Participantes (P) Descrição dos relatos

P1 […] Ausência de equipamentos para realizar experiências.

P2 […] Falta de laboratório, materiais e equipamentos.

P3 […] Laboratório não apetrechado;

P4 […]Fraco domínio de metodologias de ensino aplicáveis nas


aulas experimentais de biologia e insegurança nos professores
para realizar experiencias.

P5 […] Falta de reagentes; falta de capacitação dos professores;

Fonte: Autor, 2020.

Pelo quadro 4, fica evidente que dos participantes inqueridos, (P1, P2 e P3) são unanimes em
apontar que a ausência de laboratório, matérias e equipamentos constituem as principais
dificuldades para realizar as atividades experimentais. Enquanto os participantes (P4 e P5)
apresentam uma opinião adversa, apontando com as principais dificuldades, Fraco domínio de
metodologias de ensino aplicáveis nas aulas experimentais de biologia e insegurança nos
professores para realizar experiencias, Falta de reagentes; falta de capacitação dos
professores, Falta de motivação e incentivos para realizar experiências.

Diante da questão: que ações estratégicas podem ser adotadas na escola, para assegurar a
integração de atividades experimentais nas aulas de biologia? Constatou-se o seguinte:

Quadro 5:Ações estratégicas para assegurar a integração de atividades experimentais nas


aulas de biologia.

Participantes (P) Descrição dos relatos


19

P1 […] Equipar o laboratório; Promover debates no grupo de


disciplina sobre a importância da integração de atividades
experimentais nas aulas de biologia.

P2 […] Incentivar os professores a fazer o uso de materiais de


fácil acesso.

P3 […] Pedir o aluno a procurar o material necessário na sua


comunidade para a efetivação da experiência.

P4 […] Elaboração de um Manual de Práticas com abordagens


dos conteúdos trabalhados em sala.

P5 […] Capacitar os professores em matéria de uso do


laboratório e produção de experiências de baixo custo
acessíveis nas comunidades.

Fonte: Autor, 2020.

Do quadro 5, é possível perceber que os participantes (P2, P3 e P4) embora apresentem ideias
adversas no âmbito de sua abordagem, são unanimes no reconhecimento do uso do material
de fácil acesso nas aulas de biologia. Enquanto os participantes (P1 e P5) reconhecem a
necessidade de promoção de debates nos grupos de disciplinas, bem como a elaboração de um
Manual de Práticas com abordagens dos conteúdos trabalhados em sala.
20

Capitulo V: Discussão dos resultados


Os dados da tabela1, permitem perceber que dos participantes inquiridos, 80 % são do género
masculino. Esses dados revelam que a grande parte da amostra foi composta por participantes
do género masculino.

Os dados da tabela 2 mostram que dos participantes inqueridos, 80 % estão na faixa etária de
33 e mais anos. Esses dados mostram que a amostra foi composta por participantes com idade
acima de 32 anos.

Os dados da tabela 3, permitem entender que dos participantes inqueridos, 60 % possuem o


grau de licenciatura. Os dados indicam que a grande parte da amostra foi composta por
participantes com o grau de licenciatura.

Pela tabela 4, fica evidente que dos participantes inqueridos, 80 % estão entre 5 e 10 anos de
serviço. Os dados indicam que a grande parte da amostra foi composta por participantes com
tempo de serviço entre 5 e 10 anos.

O quadro 1 mostra que todos os participantes são unanimes em afirmar que a atividade prática
possibilita a ligação da teoria com a prática. Esses dados revelam que os participantes
inqueridos, possuem a noção do que é uma atividade experimental.

Diante disso, Moraes (2000) conceitua as atividades experimentais como apenas uma entre as
várias modalidades didáticas que o professor deve dispor para trabalhar os conteúdos
escolares, no entanto, se tratando do ensino de biologia esta se configura como uma
ferramenta importante que otimiza o ensino dos conceitos científicos, possibilitando uma
maior interação entre professor e alunos, podendo contribuir para uma melhor compreensão
dos processos das ciências.

A tabela 5 mostra que todos os participantes reconhecem a importância da atividade


experimental. Ora, esse reconhecimento verifica-se na medida que os mesmos apontam os
principais benefícios da atividade experimental para o ensino de biologia conforme se pode
observar no quadro 2. Os dados acima demostram que os participantes reconhecem os
benefícios de atividades experimentais param as aulas de biologia.

Sobre esse assunto, Oliveira (2010, pp.141-146) aponta algumas contribuições das atividades
experimentais, no Ensino e Aprendizagem de Ciências: motivar e despertar a atenção dos
21

alunos; desenvolver a capacidade de trabalhar em grupo; desenvolver a iniciativa pessoal e a


tomada de decisão; estimular a criatividade; aprimorar a capacidade de observação e registro
de informações; aprender a analisar dados e propor hipóteses para os fenômenos; aprender
conceitos científicos; detetar e corrigir erros conceituais dos alunos; compreender a natureza
da ciência e o papel do cientista em uma investigação; compreender as relações entre ciência,
tecnologia e sociedade; aprimorar habilidades manipulativas.

Na tabela 6, fica claro que todos os participantes sentem-se preparados para realizar
atividades experimentais nas aulas de biologia. Diante desses resultados era esperado que os
mesmos participantes integrassem essas atividades em suas aulas de biologia.

O quadro 3, mostra claramente que nem todos os participantes têm encontrado as mesmas
facilidades para realizarem atividades experimentais nas aulas de biologia.

Pela tabela 7, pode-se perceber que dos participantes inqueridos, 60 % afirmaram ter encarado
dificuldades para integrar atividade experimental nas aulas de biologia. Esses dados mostram
que acima da metade dos participantes inqueridos tem enfrentado dificuldades.

Pelo quadro 4, fica evidente que dos participantes inqueridos, (P1, P2 e P3) são unanimes em
apontar que a ausência de laboratório, matérias e equipamentos constituem as principais
dificuldades para realizar as atividades experimentais. Enquanto os participantes (P4, P5)
apresentam uma opinião adversa, apontando com as principais dificuldades, Fraco domínio de
metodologias de ensino aplicáveis nas aulas experimentais de biologia e insegurança nos
professores para realizar experiencias, Falta de reagentes; falta de capacitação dos
professores, Falta de motivação e incentivos para realizar experiências. Esses dados revelam
que as atividades experimentais, não apenas são dificultadas pela falta de laboratório, matérias
e equipamentos.

A esse respeito, Rodrigues (2013) explica que o uso de atividades experimentais nas aulas de
Biologia, por parte dos professores, ocorre esporadicamente e na maioria das vezes vem
acompanhada de justificativas como: pouco tempo para montar e preparar as aulas, falta de
espaço físico (p. 1).

Do quadro 5, torna-se evidente, portanto, que os participantes (P2, P3, P4) embora apresentem
ideias adversas no âmbito de sua abordagem, são unanimes no reconhecimento do uso do
material de fácil acesso nas aulas de biologia. Por outro lado os participantes (P1 e P5)
22

admitem a necessidade de promoção de debates nos grupos de disciplinas, bem como a


elaboração de um Manual de Práticas com abordagens dos conteúdos trabalhados em sala.

Os dados indicam que dentre várias estratégias apontadas pelos participantes, o uso de
materiais de fácil acesso é o mais indicado para assegurar a integração de atividades
experimentais nas aulas de biologia, para uma escola em que pouco se realiza experiencias
por falta de laboratório, materiais e equipamentos.

Sobre esse assunto, Silva e Cavassan (2006) defendem o seguinte:

na falta de materiais e reagentes no laboratório, os profissionais podem improvisar a


aula prática de acordo com a realidade encontrada nas escolas, com materiais fáceis e
existentes no dia-a-dia. Uma outra proposta, são as aulas práticas pensadas para os
ambientes externos, como o campo, sendo essencial para os estudantes relacionarem
seus conhecimentos prévios com as diversidades existentes na natureza.

Em adição, Reginaldo, Sheid e Güllich, (2012), asseguram que torna-se evidente a


necessidade de uma formação crítica e qualificada, que faça com que o professor reflita sobre
o papel da experimentação. (p.11)
23

Capitulo VI: Conclusões e sugestões

21 Conclusões
O presente estudo possibilitou analisar os desafios do professor na realização de atividades
experimentais nas aulas de Biologia no nível médio, especialmente, na Escola Secundária do
Búzi (2016-2018).

De um modo geral, os resultados deste estudo evidenciaram que os participantes inqueridos


possuem a noção do que é uma atividade experimental; reconhecem os benefícios de
atividades experimentais para as aulas de biologia. Além do mais, sentem-se preparados para
realizar atividades experimentais nas aulas de biologia, apesar de nem todos realizam essas
atividades em suas aulas de biologia.

Mais ainda, observou-se que os participantes inqueridos têm enfrentado dificuldades para
realizar as atividades experimentais, pois estas se resumem em a ausência de laboratório,
matérias e equipamentos; fraco domínio de metodologias de ensino aplicáveis nas aulas
experimentais de biologia e insegurança nos professores para realizar experiencia, Falta de
reagentes; falta de capacitação dos professores, Falta de motivação e incentivos para realizar
experiências.

Também, os resultados mostram que os participantes são unanimes no reconhecimento do uso


do material de fácil acesso nas aulas de biologia. Por outro lado admitem a necessidade de
promoção de debates nos grupos de disciplinas, bem como a elaboração de um Manual de
Práticas com abordagens dos conteúdos trabalhados em sala.

22 Sugestões
Diante do problema estudado, foram sugeridas como estratégias para ajudar os professores a
superar as limitações que enfrentam ao tentar implementar atividades experimentais nas aulas
de Biologia, as seguintes:

A direção da escola deve incluir no seu plano, a criação de um laboratório, alocação de


matérias e equipamentos do laboratório; a realização de seminários e capacitações dos
professores em matéria de metodologias de ensino aplicáveis nas aulas experimentais de
biologia; a realização de feiras de ciências; a inserir nos horários das turmas, pelo menos uma
aula de laboratório para a efetivação de atividades experimentais;
24

O grupo de disciplina deve promover de debates sobre a importância da integração de


atividades experimentais nas aulas de Biologia, bem como a elaboração de um Manual de
Práticas com abordagens dos conteúdos trabalhados em sala. Incentivar nos colegas
professores a integrarem as atividades experimentais nas aulas de biologia usando material de
fácil acesso; Planificar em coletivo as aulas, de modo a apoiar aos professores com
dificuldades de integrar as atividades experimentais em certos conteúdos programados;

Os professores de biologia devem integrar as atividades experimentais nas de biologia a partir


de material de acesso fácil, enquanto não houver um laboratório equipado, material e
equipamento ao nível da escola.

Os alunos devem colaborar na procura de material de fácil acesso nas suas comunidades para
a realização de atividades experimentais.
25

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26

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viii

Apêndices
Apêndice A: Questionário direcionado aos Professores (as)

Caro Professor (a),

Estou efetivando uma pesquisa sobre os “desafios do professor na implementação de


atividades experimentais, nas aulas de biologia de nível médio. Caso da Escola Secundária do
Búzi (2016-2018) ”. Os dados coletados com base neste instrumento serão úteis, para a
elaboração do Trabalho para a conclusão de curso de Licenciatura em Ensino de Biologia, na
Universidade Católica de Moçambique.

Lembre-se de que sua opinião é importante para a concretização dos objetivos deste trabalho.
Além disso, garantimos o anonimato da sua identificação e depoimentos, se fornecidos. Com
isso, responda ao questionário de forma clara e sem medo.

Gostaria de agradecer desde já a sua cooperação.

Manecas João Jaze

Dados dos participantes

Género

( ) Masculino

( ) Feminino

Faixa etária

( ) Menos de 21 anos

( ) Entre 21 a 26 anos

( ) Entre 27 a 32 anos

( ) 33 e mais anos

Grau de escolaridade
ix

( ) Mestrado

( ) Licenciatura

( ) Bacharelato

( ) Médio

Tempo de serviço

( ) Menos de 5 anos

( ) Entre 5 e 10 anos

( ) Mais de 10 anos

Dados sobre os desafios do professor na implementação de atividades experimentais em


aulas de biologia de nível médio.

O que você entende por atividade experimental?

Na sua opinião, acredita que a atividade experimental é essencial no ensino de biologia?

() Sim

() Não

Se for afirmativo, justifique sua resposta, apontando os principais benefícios da atividade


experimental para o ensino de biologia.

Sobre a sua preparação para realizar as atividades experimentais nas aulas de biologia:

() Sente-se preparado (a)

() Não se sente preparado(a)

Qual a facilidade por si encontrada para realizar atividades experimentais nas aulas de
biologia?

Você encontra dificuldade para integrar atividade experimental nas aulas de biologia?
x

() Sim

() Não

Quais são as principais dificuldades por se encontradas na escola para realizar atividades
experimentais nas aulas de biologia?

Que ações estratégicas podem ser adotadas na escola, para assegurar a integração de
atividades experimentais nas aulas de biologia?

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