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ABSTRACT: With the advent of new information technologies and communication was
necessary to revise our method of teaching, bringing new perspectives for distance
education, leading schools, universities, business organizations, professional groups
for education and learning centers to engage in the development of distance learning
courses with the support of digital learning environments accessed via the internet.
This article mentions the history of Distance Education - Distance Learning, the concept
of the tutor and the objective is proposed functions of the tutor in student supporting.
Can be classified as academic advisor or facilitator, which aims to academic advising,
pedagogical monitoring and evaluation of student learning at a distance.
Artigo Original
Recebido em: 23/02/2012
Avaliado em: 15/08/2012
Publicado em: 17/04/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.9-17
A Importância e Funções do Tutor na EAD
1. INTRODUÇÃO
O filósofo alemão Immanuel Kant, no século XVIII, nos iluminou com uma afirmação que
até hoje se faz pertinente: “Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de
incertezas que ele é capaz de suportar”.
O tutor tem a função de educador e é um dos responsáveis pela formação dos
estudantes, seu papel é de orientador, de promover a realização de atividades, apoiar em
sua resolução, oferecer novas fontes de informações e favorecer sua compreensão (Machado
& Machado, 2004). Também como função, o tutor tem o papel de gestor da comunicação,
cabendo a ele desenvolver estratégias para se aproximar do estudante, retirá-lo do silencio
virtual, conduzindo-o a contextuar o conhecimento.
A postura do tutor deve ser dirigida para o trabalho em parceria com o aluno,
orientando-o para o diálogo autônomo, o trabalho em projetos e a aprendizagem por
pesquisa. Para isso, ele precisa converter-se em formulador de problemas, provocador
de interrogações, coordenador de equipes de trabalho. Ele deixa de ser transmissor de
informações e passa a ocupar o lugar de agenciador de comunicação, de uma comunicação
fundamentada na interação (SILVA, 2000).
Para Forgrad (2001) ao tutor caberá criar “ambientes de aprendizagem, que oportunizem
o desenvolvimento da criatividade, da intuição, da investigação, da resolução de problemas
e do desenvolvimento do senso crítico”.
Complementando, Moran, Masetto e Behrens (2007) apresentam tais atribuições:
dialogar permanente com o que acontece no momento; trocar experiências; debater
dúvidas, questões ou problemas; apresentar perguntas orientadoras; orientar nas
carências e dificuldades técnicas ou de conhecimento quando o aprendiz não consegue
encaminhá-los sozinho; garantir a dinâmica dos processos de aprendizagem; propor
situações-problema e desafios; desencadear e incentivar reflexões; criar intercâmbio
entre aprendizagem e a sociedade onde nos encontramos nos mais diferentes
aspectos; colaborar para estabelecer conexões entre o conhecimento adquirido e
novos conceitos.
Em 1976 foi o início do marco da EAD, pois foi criado o Sistema Nacional de
Telecomunicação, que realizava experiências com rádio e televisão. O que deu início, em
1977, ao famoso Telecurso, educação à distância supletiva de 1º e 2º graus, utilizando livros,
vídeos e TV. Em 1991 foi fundado o Jornal da Educação – Edição do Professor que é um
programa de aperfeiçoamento à professores e educação continuada de alunos do magistério,
já utilizando as diversas mídias como telefone, fax, internet, TV, material impresso e há a
mediação de um orientador. Hoje o programa atinge mais de 250 mil docentes em todo o
país. Em 2007 o Sistema Escola Técnica do Brasil são cursos ministrados por instituições
públicas e voltado para a educação profissional e tecnológica à distancia, organizado em
colaboração entre União, estados, DF e municípios tendo como objetivo estruturar centenas
de pólos para milhares de alunos.
Como resumo da história da EAD podemos dizer que foi dividida em 3 gerações:
cursos por correspondências, Universidades Abertas e novas mídias (televisão, rádios, fitas
de áudio, fax, telefone) e a terceira e atual geração a EAD on line. Nesta terceira geração
é ofertado além de cursos de aperfeiçoamento profissional, cursos de graduação, pós
graduação e em 2011 (em fase de teste) há os primeiros cursos de mestrado (stricto sensu)
ofertados pela UAB – Universidade Aberta do Brasil.
4. CONCEITO DE TUTOR
Os elementos fundamentais na modalidade de Educação a Distancia são: aluno, material
didático e professor tutor. E qual o conceito de professor tutor? Nos termos jurídicos
a etimologia da palavra traz implícito o termo tutela, proteção, defesa de um menor ou
pessoa necessitada. Apropriada pelo sistema de Educação a Distância, (SÁ, 1998), o tutor
passou a ser visto como um orientador da aprendizagem do aluno solitário e isolado que,
freqüentemente, necessita do docente ou de um orientador para indicar o que mais lhe
convém em cada circunstância. Podendo ser classificado como orientador acadêmico ou
facilitador, o qual visa a orientação acadêmica, acompanhamento pedagógico e avaliação de
aprendizagem dos alunos a distancia.
A tutoria deve ser vista como um atendimento à educação individualizada e cooperativa,
centrada numa abordagem pedagógica voltada no ato de aprender, permitindo aos alunos
alcançar seus objetivos acadêmicos da forma mais autônoma possível.
Nota-se que o sistema tutorial é cada vez mais indispensável no desenvolvimento das
aulas e do conhecimento.
Para Poonwassie (2001) os tutores
... consistentemente solidários, genuínos, abertos e respeitantes, geralmente
desenvolvem um relacionamento mais aberto e de maior confiança com os alunos,
e facilitam aos estudantes a oportunidade de desenvolverem relacionamentos mais
abertos e de confiança uns com os outros; o resultado é normalmente um clima de
colaboração e de permuta no processo de aprendizagem.
A aprendizagem pode
transpor a distância temporal ou espacial” fazendo recursos às tecnologias
“unidirecionais” (uma-uma, um-em-muitos), como o livro, o telefone ou à
tecnologia digital que é “multidirecional” (todos-todos), etc, eliminando a distância
ou construindo interações diferentes daquelas presenciais. Mas, muito mais do
que recorrendo à mediação tecnológica, é a relação humana, o encontro com o(s)
outro(s) que possibilita ambiência de aprendizagem. Aprendizagem e educação
são processos “presenciais”, exigem o encontro, a troca, a cooperação, que podem
ocorrer mesmo os sujeitos estando “a distância”. “Presencialidade” pode significar,
também, “estar juntos virtualmente”. O espaço físico está dando lugar ao ciberespaço
ou à construção de “redes de aprendizagem”, onde professores e alunos aprendem
juntos, interagem e cooperam entre si (PRETI, 2002).
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A Importância e Funções do Tutor na EAD
Estar disposto sempre a aprender, seja com os colegas, com os próprios discentes ou
outros participantes de processos educacionais, e sempre compartilhar coletivamente suas
experiências e melhores aprendizados.
Evidentemente, para alguns alunos inserir-se no mundo tecnológico, no âmbito da
EaD, não seja tão fácil quanto é para o demais, portanto, cabe também ao tutor auxiliar este
aluno que, no cotidiano de um curso superior EaD ainda não possua ferramentas para que
possa fazer as articulações necessárias para o processo de construção do conhecimento.
Para Gutierrez & Prieto (1994) o tutor deve:
- Possuir clara concepção de aprendizagem;
- sentir o alternativo;
- partilhar sentidos;
Para exercer o seu papel, o tutor deve, portanto, possuir um perfil profissional com certo
número de capacidades, habilidades e competências inerentes à função, ter conhecimentos
específicos relacionados aos conteúdos dos cursos, ter conhecimentos pedagógicos em EaD,
ou seja, conhecimentos específicos sobre a proposta pedagógica do curso, ter conhecimentos
técnicos, que são conhecimentos específicos do ambiente virtual, sendo importante ressaltar
que não deverá o tutor apenas reproduzir o modelo de ensino presencial tradicional, pois
por ser possível reunir alunos de regiões, culturas e realidades diferentes, exige do tutor
a utilização de um contexto pedagógico renovado, inovador e criativo, que garantirão o
sucesso da aprendizagem.
Na visão de Satlher (2008), dentre as perguntas que o tutor deve ter em mente para
realizar bem seu trabalho estão:
- Como valorizar adequadamente as discussões e participações propostas para que
se fortaleça o ambiente adequado à aprendizagem?
- Como criar meios sistemáticos para evitar o plágio e garantir a reflexão necessária
por parte dos discentes?
- Ter motivação;
- Ter consciência da importância do seu papel como agente de mudanças;
- Ter comprometimento e dedicação com colegas, alunos, correções...
- Ter facilidade de comunicação e relacionamento, tanto pessoal quanto virtual;
- Ser educado e respeitável na comunicação escrita e verbal;
- Conseguir se colocar no lugar do estudante;
- Antecipar-se dos problemas e dificuldades;
- Ter bom domínio da linguagem escrita, sem uso de gírias, de palavras ofensivas ou
de baixo calão;
- Utilizar linguagem profissional de um curso superior;
- Ser crítico construtivo, criativo, dinâmico, responsável;
- Ser e agir de maneira paciente com alunos;
- Estar atento aos movimentos da turma, tendo capacidade de conduzir debates, motivá-los
a buscar conhecimentos, incentivar os participantes a apresentarem suas contribuições e dúvidas;
- Interagir com os participantes utilizando as ferramentas disponíveis no ambiente
educacional;
- Conhecer a realidade e possíveis dificuldades dos participantes;
- Desenvolver meios de comunicação para evitar que os alunos não se sintam sozinhos
e desmotivados;
- Criar presença e visibilidade como tutor;
- Criar um planejamento de tutoria para cada nova turma;
- Possuir domínio do conteúdo do qual exerce a tutoria;
- Conhecer e indicar alternativas de estudos aos alunos, como exemplo, indicação de
obras literárias;
- Como tutor, buscar capacitações de aperfeiçoamentos técnicos e educacional;
- Oferecer aos discentes o seu máximo em ensino de qualidade.
O ensino à distância envolve muitas variáveis:
- Organização inovadora, aberta, dinâmica. Projeto pedagógico participativo.
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A Importância e Funções do Tutor na EAD
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todas as transformações das sociedades e tecnologias, fica inevitável não haver
transformações também na educação, ficando para trás o modelo tradicional inadequado de
ensino para o surgimento da nova era da educação, da era em que alunos de vários lugares
se comunicam em tempo real, trocando experiências através de fóruns e chats on-line. Tendo
como suporte e orientador um bom educador que através de seu entusiasmo e curiosidade,
saiba dialogar, motivar e instigar os alunos a enriquecerem seus conhecimentos.
Deve o tutor, portanto, estar inserido neste cenário como referência e motor de mudança
e inovação para os discentes. A mudança na forma de ensinar e aprender, estabelece novas
relações intermediadas pela tecnologia EaD, podendo desencadear ações interativas de
aproximação social ou de diminuição de lacunas entre os indivíduos.
É fundamental destacar a importância que a instituição educacional assume no papel
de transformação da sociedade. Pois é o espaço do ensinar, do aprender, do pensar, de
refletir na prática social.
Dentro deste contexto, o papel da tutoria é transcender suas atividades didático-
pedagógicas, direcionando o aluno a ter uma vida profissional repleta a partir do
conhecimento adquirido.
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ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE
Leila Aparecida Corte Volpini Furquim – Universidade Anhanguera - Uniderp - Centro de Educação a Distância
RESUMO: Este artigo teve como objetivo analisar o papel polivalente do professor PALAVRAS-CHAVE:
tutor que atua na EAD frente aos novos paradigmas do contexto educacional atual. Papel polivalente, Professor Tutor,
EaD, Novos paradigmas.
Para tal verificação, foram analisadas diferentes concepções teóricas e em especial a
dissertação de Furquim (2010). Assim, foi possível compreender a importância do
trabalho desse profissional na formação e motivação dos acadêmicos que optam KEYWORDS:
pela EAD, visto que a presença ativa do professor tutor nos ambientes virtuais de Multi-functional role, Teacher
aprendizagem colaborativa é algo indispensável. Constatamos similaridades nas falas mentor, EaD, New paradigms.
dos autores no tocante a necessidade dos tutores de EAD associarem competências
diferenciadas como teoria, didática e técnica no exercício de suas funções. Verificamos
também que esse profissional ainda está construindo uma identidade própria e
conquistando seu espaço como docente, para que, de fato a comunidade acadêmico/
científica compreenda e valorize a relevância do papel polivalente do professor tutor
para a consolidação da qualidade na EAD.
ABSTRACT: This article aims to analyze the multi-functional role of the teacher mentor
who acts in front of EAD to new paradigms of the current educational context. To
check this, we analyzed different theoretical concepts and in particular the dissertation
Furquim (2010). Thus it was possible to understand the importance of this professional
training and motivation of students who opt for distance education, since the active
presence of the tutor in virtual environments for collaborative learning is indispensable.
We found similarities in the speeches of the authors regarding the need for tutors of ODL
associate different skills such as theory, technique and teaching in the exercise of their
functions. We also note that these professionals are still building their own identity and
conquering its space as a teacher, so that in fact the academic / scientific understands
and appreciates the important role of comprehensive tutor for the consolidation of
quality in distance education.
Artigo Original
Recebido em: 23/02/2012
Avaliado em: 07/08/2012
Publicado em: 17/04/2014
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O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais
1. INTRODUÇÃO
O processo pedagógico nas instituições públicas e privadas que oferecem cursos na
modalidade a distância no cenário educacional atual é mediado pelos mais modernos recursos
tecnológicos. São muitas as ferramentas que contribuem para a interação e dinamicidade
do processo ensino-aprendizagem e isso obviamente exigiu uma reestruturação geral nos
projetos pedagógicos dessas instituições, bem como mudanças bastante significativas no
tocante ao papel dos diversos profissionais que integram as equipes de trabalho de EAD.
Faria (2002), em sua tese de doutorado, a EAD representa a democratização, pelo
acesso facilitado à educação, tempo e local virtual, para os que trabalham ou moram longe
das escolas/universidades, pois o aluno pode escolher o horário e o local que melhor lhe
aprouver para realizar os estudos. Essa flexibilidade espacial e temporal não prejudica a
realização de outras atividades pessoais e profissionais, permitindo que cada aluno estude
e realize as atividades educativas segundo seu próprio ritmo. Em geral, a EAD dispensa
a impressão de textos, propicia igualdade de oportunidades, facilita o acesso às aulas e
aos conteúdos pedagógicos, evita ausências do trabalho, flexibiliza o tempo disponível e
consegue levar o ensino a regiões pouco acessíveis abrangendo um universo de acadêmicos
que provavelmente não chegaria a cursar o nível superior.
O contexto socioeconômico e o mercado de trabalho estão mudando, exigindo
uma reconceitualização das propostas pedagógicas existentes. Na sociedade da
informação, o conhecimento se tornou uma força econômica muito grande. As redes
de informação e de comunicação vêm se expandindo rapidamente e o profissional,
que quiser manter seu espaço, precisa de constante atualização para acompanhar o
mercado de trabalho. A facilidade de atualização de conhecimentos, em tempo real,
é uma importante vantagem a ser considerada. (FARIA, 2002, p.40)
No contexto em que a sociedade tem a informação como base, podemos constatar que
a evolução tecnológica tem influenciado a cultura educacional no Brasil. As instituições
que implantaram cursos na modalidade à distância têm utilizado ambientes virtuais de
aprendizagem colaborativa através da Internet, teleaulas em tempo real (via satélite),
recursos multimídias, fóruns interativos e outras ferramentas colaborativas.
Entretanto, é possível notar claramente que a utilização das TIC² não supõe a
substituição do professor, mas sim um “repensar” de suas atribuições e do seu papel
mediante as novas demandas educacionais e ao acelerado desenvolvimento tecnológico
onde o conhecimento teórico e a prática pedagógica precisam emergencialmente se
unir ao uso de diferentes estratégias técnicas para realmente propiciar a aprendizagem
significativa na EAD.
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O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais
2. OS NOVOS PARADIGMAS
Nos últimos tempos o cenário educacional passou por inúmeras e significativas
transformações e, para compreendê-las precisamos refletir um pouco sobre a dicotomia
existente entre os paradigmas tradicionais (conservadores) e os paradigmas emergentes
(modernos). Através da leitura analítica de vários autores que tem contribuído com
suas pesquisas sobre as “mudanças dos paradigmas” vimos que em todas as áreas do
conhecimento ocorreu um choque entre o paradigma conservador e o paradigma emergente
e isso tem se constituído em um núcleo de grandes debates. Esses debates ocasionaram
rupturas conceituais significativas que levaram a comunidade acadêmica a uma nova visão
de mundo.
Para compreender melhor essas rupturas paradigmáticas, primeiramente achamos
importante pesquisar o conceito do termo “paradigma” no âmbito acadêmico e então nos
deparamos com uma interessante concepção do filósofo e historiador KUHN que define a
palavra paradigma da seguinte maneira: realizações científicas, universalmente reconhecidas
que, durante algum tempo fornecem problemas e soluções modelares aos praticantes de
uma ciência (KUHN apud OLIVEIRA 2003, p.23). Kuhn se refere a um “paradigma” como
um conjunto de crenças, valores e técnicas de uma mesma comunidade científica, ou seja,
na visão de Kuhn a ciência sofre uma grande transformação quando paradigma científico
é “destituído”, mas um paradigma ou um conjunto de paradigmas deve, sempre, ser
substituído por outro, conforme for julgado inadequado e insatisfatório.
Continuando nossa pesquisa, nos deparamos com MORAES (1998, p.58), que declara
que: “(...) o grande problema da Educação está no modelo da ciência, que prevalece num
certo momento histórico, nas teorias de aprendizagem que o fundamentam e que influenciam
a prática pedagógica”. Assim, podemos entender que a ciência influencia a educação de
modo realmente paradigmático, porém a educação simultaneamente determina o “modelo”
de ciência existente nos diferentes contextos históricos.
Já Morin (1996) sustenta que a definição de paradigma envolve a noção de “relação
dominadora” que determina o rumo das demais teorias.
(...) comporta um certo número de relações lógicas, bem precisas entre conceitos;
noções básicas que governam todo discurso; (...) relações que podem ser de
conjunção, de disjunção, de inclusão, etc., o que não contradiz a idéia de que, uma
vez constituídas as redes sejam mais importantes. (MORIN, 1996, p.287)
Segundo Santos (1991), foi a partir da revolução científica do século XVI (onde houve
uma ruptura com o pensamento aristotélico-medieval) que se constituiu o modelo de
racionalidade que presidia a Ciência Moderna e este modelo foi desenvolvido pelas ciências
naturais (Física, Biologia, Química e suas derivadas) até o século XVIII.
Somente no século XIX esse modelo de racionalidade passou também a abranger às
Ciências Humanas (Sociologia, Antropologia, História, Psicologia, etc). Para o paradigma
dominante ou conservador “quantificar” era sinônimo de conhecer, ou seja, a matemática era
o principal instrumento do método científico que, de acordo com Santos (1991) tinha como
base a observação, a descrição e a sistematização das informações da Natureza, mediada
pelo crivo da razão e da lógica, usando como instrumento a matemática, pois quantificar se
tornou sinônimo de conhecer. O modelo de conhecimento científico das Ciências Naturais
(ou Exatas) era o único modelo válido de conhecimento.
A crise dos paradigmas na verdade enquadra a EAD (Educação a Distância) como
uma modalidade que se encaixa perfeitamente no paradigma emergente, visto que essa
modalidade faz uso da tecnologia moderna mediada por tutores capacitados e polivalentes
para que os acadêmicos de diferentes níveis e cursos sejam orientados adequadamente para
que possam utilizar de modo efetivo ferramentas dinâmicas e interativas que auxiliarão na
construção colaborativa do aprendizado significativo.
De acordo com nossos estudos, notamos que a EAD (na grande maioria das instituições),
se coloca contra a reprodução mecânica do conhecimento, pois o desenvolvimento das
tecnologias da informação e da comunicação tem favorecido essas transformações no cenário
educacional e com isso o processo ensino-aprendizagem tem se tornado mais participativo,
mediante o uso de ferramentas tecnológicas inovadoras com ferramentas cada vez mais
interativas.
Todas essas transformações nos levam a refletir sobre a importância da mediação
pedagógica do tutor (capacitado e polivalente) nesse novo contexto, visto que é notória
a necessidade emergencial do exercício de uma pedagogia adequada aos novos recursos
tecnológicos e ao novo perfil do aluno que opta pela Educação a distância, ou seja, é
indispensável que o tutor exerça uma prática pedagógica que busque a inserção dos
estudantes em uma nova realidade cultural e tecnológica, na qual o conhecimento não pode
ser visto como algo fragmentado construído individualmente.
Podemos ensinar e aprender com programas que incluam o melhor da educação
presencial com as novas formas de comunicação virtual. Há momentos em que vale
a pena encontrar-nos fisicamente, no começo e no final de um assunto ou de um
curso. Há outros em que aprendemos mais estando cada um no seu espaço habitual,
mas conectados com os demais colegas e professores, para intercâmbio constante,
tornando real o conceito de educação permanente. (MORAN, 2009, p.66)
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O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais
Destarte, vimos que para Moran a presença física síncrona de professores e alunos não é
uma necessidade diária para a construção efetiva do conhecimento, pois na concepção deste
autor é bastante viável e interessante a construção da aprendizagem colaborativa através de
um intercâmbio constante entre os envolvidos no processo. De acordo com os outros autores
estudados neste trabalho não há dúvidas com relação a notável relevância e complexidade
do papel do tutor como orientador nos programas de EAD e isso demonstra a necessidade
de um perfil profissional com habilidades e competências quase paradigmáticas, por ser
esperado que o tutor, além de possuir domínio da política educativa da instituição na qual
ele esteja inserido e conhecimento atualizado das disciplinas sob sua responsabilidade,
exerça a mediação pedagógica adequada ao processo educativo.
O estudo aqui proposto analisou a opinião dos autores sobre as atribuições do tutor de
EAD visando compreender a relevância e complexidade dessa nova função dentro do atual
cenário educacional brasileiro. A nova realidade educacional demonstra que as instituições
que se preocupam com a qualidade da educação a distância oferecida têm como objetivo
principal compor uma equipe de mediadores pedagógicos (tutores) competentes que
busquem desenvolver nos alunos a capacidade de investigação interpretativa, qualitativa,
descritiva e subjetiva, com valores explícitos, fundamentados na realidade, para favorecer a
descoberta e a exploração do conhecimento.
Estamos vivendo a era da simultaneidade de desafios bastante complexos na educação
e em meio a esta complexidade multidimensional se consolidou a Educação a Distância
onde o tutor ocupa um papel de extrema relevância e complexidade.
Uma prática competente que dê conta dos desafios da sociedade moderna exige a inter-
relação e a instrumentalização da tecnologia inovadora, tendo como instrumentos
a rede de informações como suporte à prática docente, porém inovadora no sentido
de interconexão entre os sujeitos produtores de seus conhecimentos. (BEHRENS,
1998, p.61)
Para a autora acima a inserção das tecnologias pode potencializar a ação pedagógica
do tutor e auxiliar muito na produção do conhecimento, porém a mesma enfatiza que a
tecnologia não pode ser encarada como “salvadora” da prática pedagógica, visto que
somente a disponibilização de ferramentas não garante uma boa qualidade na educação.
Essa mediação pedagógica de qualidade realizada pelo professor tutor surge como
algo extremamente necessário para propiciar credibilidade aos cursos e especialmente à
própria Instituição que oferece cursos de EAD, visto que o processo de ensino aprendizagem
a distância requer um espaço interativo confiável, onde a responsabilidade, autonomia e
disciplina sejam itens recíprocos essenciais para a construção de uma identidade positiva
que atraiam outros estudantes fazendo com que ocorra a expansão de contratações de
novos professores tutores por conta do aumento de alunos matriculados que acreditem na
qualidade da EAD.
O programa da Universidade Aberta do Brasil (UAB), por exemplo, foi criado em
2005 permitindo o acesso ao ensino superior público e gratuito em grandes universidades
do nosso país. O surgimento desse programa cuja mantenedora é a renomada CAPES³
polemizou ainda mais as discussões sobre a questão da garantia da qualidade dos cursos
oferecidos a distância, porém esse descrédito pareceu decorrer especialmente da questão
cultural pelo o fato de que a própria sociedade ainda manifesta algum preconceito com
relação a EAD muitas vezes por falta de conhecimento acerca da dinâmica das ferramentas
tecnológicas associadas as estratégias pedagógicas utilizadas nesta modalidade de ensino.
Por conta da rápida expansão da Educação a Distância inicialmente as funções
polivalentes dos professores tutores passaram a ocorrer através de recursos tecnológicos de
última geração e com isso o processo ensino-aprendizagem sofreu grandes transformações
que exigiram reestruturações imediatas nas instituições e uma busca emergencial por
profissionais capacitados que pudessem associar seus conhecimentos teóricos e técnicos
para atender a uma grande demanda de alunos. Foi possível constatar claramente que estes
novos profissionais aqui chamados “Professores tutores de EAD” precisam ter um perfil
diferenciado, pois tiveram primeiramente que deixar para trás o paradigma tradicional
para acreditar que poderiam atuar em ambientes virtuais de aprendizagem colaborativa
utilizando diferentes ferramentas para que os alunos de fato “apreendessem” os conteúdos
com qualidade.
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O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais
[...] o tutor poderia ser aquele que instiga a participação do aluno evitando a
desistência, o desalento, o desencanto pelo saber. Talvez aquele que possibilita
a construção coletiva e percorre uma trajetória metodológica desobediente,
transgressora de receitas prontas e acabadas e construa de forma participativa com
seus alunos novos saberes, novos olhares sobre o real. (LEAL, 2004, p.2)
O autor enfatiza que em qualquer tempo o professor precisa despertar simpatia, inovar
seus métodos de ensino, investir na relação de respeito e confiança, despertar o amor para
com o conteúdo e extrapolar os limites conceituais.
“É o tutor, o tênue fio de ligação entre os extremos do sistema instituição-aluno. O
contato a distância, impõe um aprimoramento e fortalecimento permanente desse elo, sem
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27
O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De maneira geral, podemos considerar que os novos paradigmas educacionais exigem que
o professor tutor de EAD desenvolva efetivamente habilidades diferenciadas, de ordem
cognitiva, pedagógica, interpessoal e dialógica para que possa oferecer o suporte necessário
aos alunos que optam pela modalidade à distância exercendo com competência didática e
ética a função de mediador no processo educacional.
Silva (2008) no resumo de seu trabalho conclui que:
(...) a discussão sobre o significado do ser tutor está intimamente interligada com
uma perspectiva conceitual de identidade como um “ser em construção”. A sua
inserção pessoal e profissional ocorre num mundo específico e acadêmico, permeado
de expectativas, de sociabilidade, de inter-relações, de sistemas educativos, de
ações e concepções políticas e de projetos pedagógicos. Neste sentido, conforme as
dimensões fenomenológicas evidenciadas, as expectativas quanto ao significado do
ser tutor estão muito fortemente impactatadas por um passado docente, ou seja, por
uma memória de ser professor e por um projeto de vida em docência; é necessário,
portanto, caminhar em busca de uma formação e capacitação especializada que, a
cada dia, torna-se mais complexa, exigindo múltiplas competências nas dimensões
teóricas, metodológicas e tecnológicas. (SILVA, 2008)
Segundo o autor o tutor de EAD exerce um papel bem mais complexo do que o docente
que atua na sala de aula convencional e por isso necessita de uma formação diferenciada
para atender as expectativas do aluno, da instituição e da sociedade como um todo. A
comunicação ativa utilizando as ferramentas disponíveis nos ambientes virtuais precisa ser
eficiente e dinâmica, portanto o domínio tecnológico é primordial, porém para um diálogo
ritmado e formativo na educação a distância as habilidades pedagógicas e humanas do
tutor são instrumentos de inestimável valor.
Em geral, na maioria das instituições o professor tutor orienta o desenvolvimento
de atividades referentes a conteúdos elaborados por um professor conteudista (docente
responsável pela disciplina) que por sua vez tem um conteúdo programático a cumprir e
ambos os profissionais ficam “subordinados” as diretrizes passadas pelo coordenador do
curso. Nos projetos pedagógicos de EAD analisados notamos que o professor tutor não possui
autonomia para flexibilizar conteúdos ou atividades, visto que o mesmo precisa orientar os
alunos a seguirem rigorosamente o roteiro proposto pelo material didático mediacional. Para
atender a demanda institucional positivamente é de extrema importância que o professor
tutor conheça efetivamente o conteúdo programático deste material a fim de adequá-lo às
suas competências e habilidades pedagógicas e técnicas no decorrer do processo.
A partir dos estudos realizados obtivemos subsídios para compreender que o professor
tutor que atua em cursos superiores ainda está conquistando seu espaço no meio acadêmico/
científico e que, gradativamente vem construindo e consolidando sua valiosa identidade
como docente que necessita de habilidades diferenciadas para associar devidamente o
5. REFERÊNCIA
BEHRENS, M. A. A formação pedagógica e os desafios do mundo moderno. In: MASETTO, M.
(Org.). Docência na universidade. Campinas: Papirus. 1998.
FARIA, E. T. Interatividade e mediação pedagógica em educação a distância, 2002. Tese
(Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.
FURQUIM, Leila Aparecida Corte Volpini. O papel pedagógico do tutor de EAD: uma abordagem
bibliométrica baseada no banco de teses da CAPES / Leila Aparecida Corte Volpini Furquim. - São
Carlos : UFSCar, 2010.
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Brasília, 1999. Disponível em: <http://www.paulofreire.org/twiki/pub/Institu/
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KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991. (Coleção Debates
da Ciência).
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<http://www.rieoei.org/deloslectores/947Barros.PDF>. Acesso em: 05 de janeiro de 2011.
LOBO NETO, F. J. S. Educação a distância: regulamentação e realização. Disponível em: <http://
www.senac.br/INFORMATIVO/BTS/282/boltec282e.htm>. Acesso em: 10 de janeiro de 2011.
MILL, D. Sobre tutoria virtual na educação a distância, caracterizando o teletrabalho docente.
Disponível em: <http://ihm.ccadet.unam.mx/virtualeduca2007/pdf/236-DM.pdf>. Acesso em: 03
de janeiro de 2011.
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O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais
Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 07/08/2012
Publicado em: 17/04/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
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A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino
1. INTRODUÇÃO
Apesar de a educação a distância ter se efetivado em meados do século XIX (iniciando seu
processo com cursos por correspondência), ainda é possível nos depararmos na sociedade
brasileira com idéias permeadas por preconceitos sobre esta modalidade de ensino.
Um dos pensamentos errôneo sobre esta modalidade e que reflete este preconceito é o
de que os cursos a distância não possuem a mesma qualidade de que os presenciais e desta
maneira os alunos formados nesta modalidade são menos competentes do que os formados
em salas de aula (por cursos presenciais).
Podemos verificar ainda que este preconceito não é permeado apenas por sujeitos,
mas também por instituições. Diante disto, podemos constatar que alguns órgãos, inclusive,
realizam campanhas contra a educação a distância, criticando a forma como o aprendizado
é conduzido nesta modalidade, sendo um exemplo disto a campanha “Educação não é
fast-food” realizada pelo o CFESS-CRESS (Conselho Federal de Serviço Social e Conselhos
Regionais de Serviço Social), a ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em
Serviço Social) e a ENESSO (Executiva Nacional de Estudantes em Serviço Social) divulgada
no site do Conselho Federal do Serviço Social (CFESS, 2012).
É importante entendermos que existem, sim, diferenças entre as duas modalidades
de ensino e que a educação a distância possui também suas peculiaridades e vantagens
em relação à presencial. Em relação a isto, Michael Moore (apud MATTAR, 2011a, p. 07)
desenvolveu o conceito de distância transacional, reconhecendo que existe a separação física
entre docentes e discentes na EaD e que diante disto surge um novo espaço pedagógico e
psicológico, necessitando de uma forma diferente de comunicação.
Esta nova forma de comunicação não é feita “ao acaso”, mas é planejada pedagogicamente
a fim de elaborá-la da maneira mais adequada à construção do conhecimento. Para tal,
considera a interação entre alunos e professores e que o professor não é mais o detentor
exclusivo de conhecimentos, mas estes são construídos em conjunto por meio de debates
onde todos os agentes são importantes, considera também a estrutura dos programas
educacionais (que precisam se atentar para as peculiaridades desta nova forma de ensino
criando oportunidades adequadas para o diálogo entre os agentes e não buscar “copiar” as
formas de sucesso do presencial) e a natureza e o grau de autonomia do aluno, que necessita
organizar seu próprio método e tempo de estudos.
Assim, para a educação a distância obter êxito é importante não apenas que a instituição
forneça subsídios para o ensino (entendo como já coloquei que este deve ser planejado
conforme suas especificidades e não de acordo com um modelo de sucesso do presencial),
mas também que os agentes revejam seus papéis e funções neste novo contexto, no qual
o professor ao invés de impor um conhecimento, passa acompanhar a aprendizagem,
estimulando a troca de conhecimento e mediação, e o aluno por sua vez torna-se agente
Anuário da produção acadêmica docente
32
Noemi Correa Bueno
2. HISTÓRICO
A trajetória da educação a distância no Brasil não é curta, ao contrário, possui mais de
um século de instituição e consolidação que é dividida em três gerações de acordo com
as exigências por capacitação e das tecnologias disponíveis, sendo a primeira geração
denominada de cursos por correspondência, a segunda de novas mídias e universidades
abertas, e a terceira de EaD on-line (MATTAR, 2011b).
A primeira geração (cursos por correspondência) é caracterizada pelo uso de materiais
impressos encaminhados por correspondência. Nesta geração a interação e a mediação
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.31-40
33
A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino
entre os agentes eram permeadas principalmente pelo Correio. Um exemplo é o curso por
correspondência para datilógrafo oferecido a partir de 1891 pelo Jornal do Brasil.
A segunda geração (novas mídias e universidades abertas) é marcada pelo uso
de mídias como televisão, fitas de áudio e vídeo, rádio e telefone e pelo surgimento das
Universidades Abertas (universidades que utilizam estas mídias para realização de suas
atividades pedagógicas). Um exemplo de instituição que trabalhava com EaD neste período
é a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (fundada em 1923) que oferecia cursos de português,
francês, silvicultura, literatura francesa, esperanto, radiotelegrafia e telefonia, via rádio.
E a terceira geração (EaD online) é caracterizada pela utilização do videotexto (possível
com o surgimento do computador, da tecnologia multimídia e do hipertexto). Com a
consolidação e disseminação da internet, houve um impulso no surgimento de associações
e instituições voltadas para o ensino a distância.
É, ainda, nesta terceira geração que constatamos uma disseminação maior do
ensino a distância, que passou a ser ofertado não somente para programas de cursos de
aperfeiçoamento pessoal e profissional, mas também para programas de graduação (iniciado
na segunda geração) e de pós-graduação, sendo que a partir de 2011 a UAB (Universidade
Aberta do Brasil) passou a oferecer em caráter de teste os primeiros cursos de mestrado
(stricto sensu) nesta modalidade de ensino.
A preocupação do Governo Federal em investir na Educação a Distância, criando
e investindo nesta modalidade demonstra que esta modalidade não desperta o interesse
apenas de instituições privadas, mas também de instituições públicas federais.
Esta ação ajuda não apenas na disseminação da EaD e seus conceitos, mas também na
disseminação da própria valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino perante
a população brasileira, já que as universidades federais (em geral) possuem reconhecimento
da sua qualidade e credibilidade por parte da população e por isto são instituições vistas
com segurança. Assim, a adoção desta modalidade de ensino por estas instituições é uma
ação que pode ajudar a quebrar paradigmas e preconceitos em relação à EaD.
Outro bom exemplo de adoção da modalidade de EaD da geração on-line é a
Universidade Anhanguera-Uniderp, que atua em várias regiões do Brasil e se encontra em
fase de crescimento e expansão, sendo que em 2010 (3 anos após o grupo Anhanguera
adquirir a Universidade Uniderp) já possuía “mais de 150.000 alunos matriculados, cerca
de 6.000 professores e 4.000 funcionários de apoio técnico-administrativo, em seus quadros
de ensino de graduação e pós-graduação” (UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP,
2010, p. 06). Este acelerado crescimento demonstra a seriedade e qualidade com que a EaD
tem sido tratada no Brasil, e o reconhecimento que esta modalidade tem conquistado perante
a sociedade.
Como observado, a EaD no Brasil conta com uma trajetória de mais de um século,
3. ASPECTOS LEGAIS
Apesar da EaD no Brasil existir desde o século XIX, como vimos no item acima, somente em
1996, a partir o Artigo 80 da Lei n° 9.394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(BRASIL, 1996), que esta foi tratada pela primeira vez na legislação brasileira. Neste artigo
foi definido que cabe à União a regulamentação dos requisitos para registro de diplomas,
a necessidade de credenciamento das instituições, da disciplina da produção, do controle
e da avaliação de programas de educação a distância, e, faz referência a uma política de
facilitação de condições operacionais para apoiar a sua implementação (MORAN, 2011).
É importante ainda ressaltar que este Artigo (80 da Lei n° 9.394) foi o primeiro de uma
discussão legal no Brasil sobre a EaD, mas não é o único. Depois deste houve outros decretos
e portarias que discutem a situação da EaD e questões relacionadas ao credenciamento e à
regulamentação, sendo os que mais se destacam os relacionados a seguir.
Em 1998, com os Decretos n°2.494 (BRASIL, 1998a) e n°2.561 (BRASIL, 1998c) e a Portaria
n° 301 (BRASIL, 1998b) são estabelecidos procedimentos necessários para as instituições
obterem o credenciamento do MEC (Ministério da Educação) para oferecerem cursos de
graduação na modalidade a distância. Ainda em relação ao ensino superior, em 2001, o
MEC, por meio da Portaria n° 2.253 (BRASIL, 2001), permitiu que 20% da carga horária dos
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A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se nos últimos anos um grande avanço da EaD no Brasil, verificada não apenas
por meio do número crescente de instituições e alunos que aderem esta modalidade de
ensino, mas também pela preocupação do Governo Federal, juntamente com o MEC, de
criar diretrizes e decretos que regulamentem e definem esta modalidade de ensino e de
estabelecer órgãos específicos para lidar com questões relacionadas a EaD, oferecendo
suporte e regulamentando estes cursos.
Outra ação do Governo Federal voltada a esta preocupação é a retomada da UAB -
Universidade Aberta do Brasil, que consiste em um sistema integrado por universidades
públicas que oferece cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade
de acesso à formação universitária.
Assim, pode-se observar que o preconceito e a resistência que ainda existem em relação
a esta modalidade de ensino não a têm impedido de crescer e se consolidar. Neste aspecto,
muitas universidades têm procurado se capacitar (e capacitar seus funcionários e docentes)
para atuar de maneira eficaz, garantindo recursos para produção e estimulação de materiais,
aulas e debates que promovam a qualidade do conhecimento produzido, transmitido e
construído para (e entre) os alunos.
Como coloca Moran (2011, p. 17), “as instituições estão aprendendo rapidamente a
fazer EAD e isso é uma grande vantagem”. Ou seja, ainda não se estabeleceu uma “forma”
correta de se fazer EaD, pois esta modalidade na versão apresentada atualmente (com
mediação tecnológica) ainda é recente, mas apesar disto, as instituições têm se mostrado
disponíveis para rever suas metodologias, propostas pedagógicas e suportes e plataformas
tecnológicos para se adequarem às reais necessidades desta modalidade de ensino.
Na contemporaneidade onde a qualidade é requisito em todas as áreas, é algo muito
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39
A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino
já ocorre na Europa onde é possível verificar que existe, em algumas empresas, uma disputa
pelo profissional formado em EaD, devido a autonomia, capacidade de organização e
resolução mais ágil de problemas desenvolvidos durante a graduação a distância - que exige
durante todo curso de seus alunos este tipo de característica e posicionamento.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso em: 26 de janeiro de 2012.
______. Decreto n°2.494, de 10 de fevereiro de 1998a. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20
de dezembro de 1996, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto/D2494.htm>. Acesso em: 26 jan 2012.
______. Portaria n°301, de 07 de abril de 1998b. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/
arquivos/pdf/tvescola/leis/port301.pdf>. Acesso em: 26 jan 2012.
______. Decreto n°2.561, de 27 de abril de 1998c. Altera a redação dos arts. 11 e 12 do Decreto n.º
2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o disposto no art. 80 da Lei n.º 9.394, de 20 de
dezembro de 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/
D2561.pdf>. Acesso em 26 jan 2012.
______. Portaria n°2.253, de 18 de outubro de 2001. Disponível em: <http://www.ufsj.edu.br/
portal-repositorio/File/pdi/p2253.pdf>. Acesso em: 27 jan 2012.
______. Decreto Lei n° 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de
20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/decreto/D5622.htm>. Acesso em:
27 de janeiro de 2012.
CFESS. Educação não é fast food. Disponível em: http://www.cfess.org.br/noticias_res.
php?id=603. Acesso em: 28 jan. 2012.
MATTAR, João. Educação a distância no Brasil e no mundo. Departamento de Extensão e Pós-
Graduação. Anhanguera Educacional, 2011a.
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MORAN, José Manuel. Fundamentos, políticas e legislação em EaD. Departamento de Extensão e
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UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP. Manual do aluno. Anhanguera Publicações: Mato
Grosso do Sul, 2010
RESUMO: Este artigo tem por objeto o estudo dos referenciais de qualidade da educação PALAVRAS-CHAVE:
a distância no Brasil. Tendo como base o dispositivo constitucional de proporcionar Referenciais de Qualidade;
Educação à Distância; Disposição
acesso à educação a todos os cidadãos, as diretrizes básicas da educação estabelecem Constitucional.
referenciais de qualidade, de onde devem basear-se o projeto pedagógico de um curso
à distância. Desta forma serão expostos os critérios elaborados pelo Ministério da
Educação e Secretaria de Educação a Distância, discorrendo sobre os mesmos e suas KEYWORDS:
finalidades. Após os temas serão correlacionados e dispostos de forma clara e objetiva Benchmarks of Quality; Distance
a conclusão do tema. Education; Constitutional
Provision.
ABSTRACT: This article focuses on studying the reference quality of distance education
in Brazil. Based on the constitutional provision of providing access to education for
all citizens, the basic guidelines of education establish benchmarks of quality, which
should be based on the pedagogical project of a distance learning course. Thus we
will show the criteria developed by the Ministry of Education and Department of
Distance Education, talking about the same and their purpose. After the subjects will
be correlated and arranged in a clear and objective conclusion on this issue.
Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 24/05/2012
Publicado em: 17/04/2014
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Anhanguera Educacional Ltda.
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Desenvolvimento Educacional - IPADE
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Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância
1. INTRODUÇÃO
Novos valores e novas atitudes começam a ser construídos pela sociedade em favor de uma
nova modalidade de ensino que tem como instrumento essencial de aprendizagem as novas
tecnologias da informação, principalmente a internet.
Antigamente limitava-se o conhecimento apenas a extensão de sua dimensão visual
através de costumes das regiões e lendas folclóricas; tempos depois, adotou-se o sistema de
livros, porém sem a devida interpretação merecida; e, atualmente, o foco difundiu-se entre
a troca de idéias e ao entretenimento através das ferramentas tecnológicas, fomentando a
análise crítica de informações.
Alguns pesquisadores que estudam a EAD afirmam que esta já ocorre há muito
tempo. Desde os tempos primórdios quando se desenhava em cavernas, nas relações de
mestre e aprendiz, mais tarde pelas correspondências, depois pelo rádio e televisão, até a
modernidade do mundo de hoje através da internet, teleconferências e multimídias.
No Brasil o marco principal do ensino a distância foi no ano de 1922 a 1925, no Rio
de Janeiro, quando Edgard Roquette-Pinto fundou uma rádio com o intuito de ampliar
o acesso a educação. Mais tarde ocorreu a disseminação dos meios de comunicação no
país, das radiofônicas às televisivas, até chegarmos à era da informática. Desde a década
de 60 existiram órgãos governamentais que coordenaram a teleducação, como o Prontel
(Programa Nacional de Teleducação), substituído anos mais tarde pelo Seat (Secretaria de
Aplicação Tecnológica) e a partir de 1996 o MEC criou a Secretaria de Educação a Distância.
Assim, nos tempos atuais, não mais se admite uma formação escolar, especialmente
em nível superior, com vista apenas em preparar o estudante para o mercado de trabalho,
é necessária a formação de pessoas cidadãos que adquiram o interesse de criticar, analisar
e elucidar fatos que interferem na cultura social de cada indivíduo. Para tanto, no contexto
educacional, discutir as dimensões sociais, políticas e acadêmicas por meio de análises de
estrutura e resultado implica em gerir a qualidade do ensino.
Importante frisar que educação a distância é, por todos os títulos e modos, a mesma
educação de que sempre tratamos e que sempre concebemos como direito preliminar de
cidadania, dever prioritário do Estado Democrático, política básica e obrigatória para ação
de qualquer nível de governo, conteúdo e forma do exercício profissional de professores¹ .
Contudo, a educação à distância vem se transformando, ao longo dos anos, em uma
modalidade de grande importância para o aprendizado continuado. À medida que avançam
as tecnologias de comunicação virtual, o conceito de presencialidade também se altera,
sendo possível, através destas ferramentas, conciliar estudo e trabalho, com horários mais
flexíveis, mantendo a mesma qualidade dos materiais.
Além da formação continuada, a EAD oferece ainda possibilidade de aceleração
profissional no ambiente de trabalho, sendo possível que os estudantes apliquem desde o
início de seu curso os conceitos obtidos nos materiais de estudo.
Atualmente, todas as concepções metodológicas são utilizadas nessa modalidade
de ensino, que emerge ditando novos conceitos, bem como uma nova linguagem de
comunicação, que é a educação hipertextual, cujas características são: interatividade, a
não-linearidade, a intertextualidade e heterogeneidade no ambiente eletrônico em rede
(CORREIA; ANTONY, 2003).
A EAD é, portanto, uma modalidade de realizar o processo educacional quando,
não ocorrendo - no todo ou em parte – o encontro presencial do educador e do educando,
promove-se a comunicação educativa, através de meios capazes de suprir a distância que
os separa fisicamente. Assim, não é verdade que a educação a distância seja uma educação
distante, em que o aluno esteja isolado. Ele se mantém em interação com tutores/professores,
pelo trabalho de administração de fluxos de comunicação exercido por uma organização
responsável pelo curso e suporte facilitador dessa interação (LOBO NETO, 1998).
¹ROESLER, J. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. 2011. Pág. 3
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43
Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância
² Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância – Versão Preliminar. Ministério da Educação. Secretaria de Edu-
cação a Distância. 2007, pág. 2.
³Idem. Pag. 8.
4
Idem. Pág. 9.
Observa-se, portanto, que, esta nova modalidade exige a construção de uma nova
visão do conhecimento, que deverá ser pautada na interdisciplinaridade e contextualização,
sendo possível perceber como os conteúdos se combinam e se interpenetram, colaborando
no processo acadêmico de ensino-aprendizagem.
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45
Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância
3.4. Avaliação
A avaliação dos cursos superiores a distância deve contemplar as duas dimensões propostas
pela instituição que são relacionadas ao processo de aprendizagem e ao projeto pedagógico
do curso.
A avaliação da aprendizagem trata do acompanhamento do aluno no decorrer do curso
e se destina a identificar o grau de desenvolvimento obtido nas etapas do processo de ensino-
aprendizagem e a motivá-los a serem ativos na construção de seu próprio conhecimento.
É importante ressaltar ainda que em conformidade com as normas do Decreto
5.622/2005, as avaliações devem ser realizadas nos pólos de apoio presencial, com as datas
definidas antecipadamente. Este critério é válido também para os trabalhos de conclusão de
curso e estágios, quando for o caso.
Já a avaliação institucional é voltada para o aperfeiçoamento dos procedimentos
acadêmicos e pedagógicos dos cursos oferecidos pela instituição de ensino, de forma a
melhorar e aprimorizar os recursos otimizando todos os processos e garantindo a qualidade
exigida pelo Ministério da Educação. Para ter credibilidade nos feedbacks obtidos, todos
os agentes devem ser envolvidos, tais como, aluno, professor, tutor, corpo técnico-
administrativo, etc.
Para ROESLER (2011, p. 5) as avaliações, em seus momentos individuais ou coletivos,
precisam apresentar estratégias pedagógicas que permitam o alcance dos objetivos propostos
para o curso. Portanto, trata-se de uma ferramenta de grande valia tanto para a instituição
quanto para o MEC, pois tem condições de apresentar as falhas que precisam ser melhores
trabalhadas bem como apontar as qualidades estabelecidas para cada curso.
5
Idem. Pág. 13
6
Idem. Pág. 25
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Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância
7
Idem. Pág. 25
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ponto mais discutido nesta modalidade de ensino é a qualidade oferecida pelas
instituições. Assim o documento elaborado pelo Ministério da Educação conjuntamente com
a Secretaria de Educação a Distância visa a conceituação dos principais critérios que devem
ser observados na elaboração de projetos pedagógicos de cursos EAD e na organização
dos sistemas adotados. Isto para que não restem dúvidas acerca das disposições legais que
regulam esta matéria.
Com base nos referenciais elencados, não há dúvidas de que muitos processos ainda
precisam ser melhorados. Assim, professores, tutores e equipe técnica-administrativa devem
ser capacitados para atender a demanda de forma especializada, ou seja, considerando as
peculiaridades deste público alvo. Pois, de nada adiantaria todas as regulamentações legais
sem os instrumentos humanos para aplicá-los com eficiência.
Segundo ROESLER apud Demo, a qualidade em educação implica em:
a) Qualidade acadêmica, que surge na produção original do conhecimento por meio
da docência. Refere-se às capacidades do professor de transmitir conhecimentos
advindos das práticas de pesquisa que convergem em soluções para problemas
específicos da sociedade;
REFERÊNCIAS
BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. 5ª ed. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2008.
BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o Artigo 80 da Lei 9.394, de 20
de Dezembro de 1996, que Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial
da União, Brasília, 20 dez. 2005.
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Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância
Thalita Silva Neves Veloso Costa – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância
Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 30/07/2012
Publicado em: 17/04/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.51-59
Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil
1. INTRODUÇÃO
O panorama da educação no Brasil vem se modificando em decorrência da aplicação de
tecnologias de informação e comunicação. Tais inovações tecnológicas, como por exemplo,
a internet, propiciou a expansão da Educação a Distância e a colocou no ranking dos
assuntos mais discutidos atualmente no âmbito educacional. Este artigo tem por finalidade
fazer um breve levantamento sobre a história da Educação a Distância no Brasil, abordar
as regulamentações existentes que normatizam a Educação a Distância (EaD) no território
brasileiro e o referencial de qualidade para a oferta do Ensino Superior na EaD, bem como
apresentar dados atualizados desta modalidade.
Referente à evolução da EaD à nível mundial, Mattar afirma que:
Comparando o desenvolvimento da EaD no Brasil com a experiência mundial,
algumas diferenças saltam aos olhos. Num primeiro momento, a EaD brasileira
segue o movimento internacional, com a oferta de cursos por correspondência.
Entretanto, mídias como o rádio e a televisão serão exploradas intensamente e com
bastante sucesso em nosso país, através de soluções específicas e, muitas vezes,
criativas, antes da introdução da Internet. Além disso, no Brasil, a experiência das
universidades abertas é retardada praticamente até há poucos anos, com a criação
da Universidade Aberta do Brasil – UAB. (2011, p. 1)
III -- reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários
de canais comerciais. (BRASIL, 1996)
¹A UAB é um consórcio entre instituições públicas que oferecem cursos de graduação a distância, principalmente para formação
de professores.
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Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil
3. OS REFERENCIAIS DE QUALIDADE NA
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL A DISTÂNCIA
Para clarificar o que venha a ser Referenciais de Qualidade:
Os Referenciais de Qualidade circunscrevem-se no ordenamento legal vigente em
complemento às determinações específicas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
do Decreto 5.622, de 20 de dezembro de 2005, do Decreto 5.773 de junho de 2006 e das
Portarias Normativas 1 e 2, de 11 de janeiro de 2007. Embora seja um documento que
não tem força de lei, ele será um referencial norteador para subsidiar atos legais do
poder público no que se referem aos processos específicos de regulação, supervisão
e avaliação da modalidade citada. Por outro lado, as orientações contidas neste
documento devem ter função indutora, não só em termos da própria concepção
teórico-metodológica da educação a distância, mas também da organização de
sistemas de EaD. Elaborado a partir de discussão com especialistas do setor, com
as universidades e com a sociedade, ele tem como preocupação central apresentar
um conjunto de definições e conceitos de modo a, de um lado, garantir qualidade
nos processos de educação a distância e, de outro, coibir tanto a precarização da
educação superior, verificada em alguns modelos de oferta de EAD, quanto a sua
oferta indiscriminada e sem garantias das condições básicas para o desenvolvimento
de cursos com qualidade.
²A didática tem por objetivo o como fazer a prática pedagógica, mas só tem sentido quando articulado ao para que fazer e ao por
que fazer. (CANDAU, 2002, p. 18 apud ROESLER, 2011).
³ O material instrucional deve ter estruturação didática composta pela arquitetura dos conteúdos, pelos recursos midiáticos, pelas
estratégias avaliativas e pelas interações pedagógicas.
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Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil
Dentre a vasta legislação que regulamenta a EaD, ainda podemos destacar: o Decreto nº.
5.622 de 20/12/2005; Decreto nº 6.303, 12/12/2007 que regulamenta o processo de avaliação
e regulação do Ministério da Educação; Decreto nº 5.800 de 05/06/2006 que institui o Sistema
Universidade Aberta do Brasil; Portaria Ministerial nº. 4.361 de 29/12/2004 que norteia os
procedimentos de credenciamento e recredenciamento de instituições da educação superior
(IES); e a Portaria Ministerial nº. 4.059 de 10/12/2004 que dispõe sobre a oferta de 20% da
carga horária dos cursos de graduação na modalidade semipresencial.
Quanto aos órgãos reguladores da EaD, temos o Decreto nº 7.480 de 16/05/2010 que
extingue a Secretaria de Educação a Distância (Seed) e cria no âmbito do MEC a Secretaria
de Regulamentação e Supervisão da Educação Superior.
Alguns estudiosos acreditam que esta vasta legislação que normatiza e regulamenta a
EaD no Brasil limita a ação desta modalidade de ensino.
Especificamente para o Brasil, com tradição européia na educação superior e
colonização patrimonialista portuguesa, a tendência para centralização do controle
e a necessidade do estabelecimento de uma legislação detalhista a ser seguida impõe
uma “camisa de força”, principalmente às iniciativas inovadoras. No caso da EaD,
apesar dos avanços conquistados, corre-se o risco de paralisação de um processo
cuja dinâmica, principalmente tecnológica, requer a máxima flexibilidade possível,
deixando para os indivíduos julgarem os resultados alcançados, e uma legislação
apenas direcionadora, com princípios mais gerais. (KIPNIS, 2009, p. 212)
Tabela 1 – Número de alunos a distância em instituições autorizadas pelo Sistema de Ensino a ministrar EAD no Brasil
2004-2006.
Fonte: ABRAEAD/2007
Entre o ano de 2008 e 2009, os cursos a distância aumentaram 30,4%, sendo que
os presenciais tiveram um aumento de 12,5%. As matrículas em cursos de graduação
na modalidade EaD em 2001, correspondiam a 0,2% do total entre presencial e EaD, no
entanto, em 2008 já representavam 14,1% do total, dado este que concebe um crescimento
considerável de 70% em sete anos.
Gráfico 1 – Evolução do número de instituições de Educação Superior no Brasil 2000-2009
Tabela 2 – Os dez maiores cursos de graduação em número de matrículas por modalidade de ensino no Brasil - 2009
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, a Educação a distância está submetida a uma vasta legislação que estabelece
parâmetros e referenciais de qualidade. Além dos dispositivos legais, o consumidor/aluno
se torna cada vez mais exigente quanto aos serviços educacionais. Nesta perspectiva, para
que a instituição conquiste o sucesso por meio de um projeto EaD é necessário atender
aos referenciais de qualidade, construir um material didático que promova a autonomia do
aluno e potencialize sua capacidade de aprender, e não menos importante, se submeter ao
processo de autoavaliação para como ferramenta para tomada de decisão.
A EaD apresenta soluções, possibilidades e perspectivas que pelo modelo presencial,
seria no mínimo difícil ou impossível de se obter. Os resultados alcançados com o emprego
da nova metodologia que se utiliza de instrumentos tecnológicos, o reconhecimento formal
da validade e da qualidade dos cursos a distância, assim como a expansão desta modalidade
nas IES, são apresentados em recentes pesquisas realizadas por órgãos respeitados na área
educacional, porém Moran (2011), nos alerta sobre a dificuldade de se fazer uma avaliação
REFERÊNCIAS
ALVES, J. R. M. Os reflexos da nova regulamentação da educação a distância nas escolas de
educação básica e superior e nas instituições de pesquisa científica e tecnológica. Disponível em:
<http://www.ipae.com.br/et/14.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2012.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996.
______. Ministério da Educação. Referenciais de Qualidade de EaD para Cursos de Graduação
a Distância. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.
pdf>. Acesso em: 26 jan. 2012
______. Ministério da Educação.Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira. Resumo Técnico: censo da educação superior de 2009. Disponível em: <http://www.
anaceu.org.br/conteudo/noticias/resumo_tecnico2009.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2012.
KIPNIS, B. Educação superior à distância no Brasil: tendências e perspectivas. In: LITTO, F.;
FORMIGA, M. (Org.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2009.
MATTAR, J. História da Educação a Distância. Departamento de Extensão e Pós-Graduação.
Anhanguera Educacional, 2011.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resumo Técnico – Censo da Educação Superior de 2009.
Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/superior/censo/2009/resumo_
tecnico2009.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2012.
MORAN, J. M. Fundamentos, Políticas e Legislação em EaD. Departamento de Extensão e Pós-
Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.DEMO, P. Educação e qualidade. 6. ed. São Paulo:
Papirus, 2001.
ROESLER, J. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. Anhanguera
Educacional, 2011.
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ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE
RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar aspectos relevantes sobre a PALAVRAS-CHAVE:
Educação a distância e o perfil do aprendiz virtual. Nessa modalidade de ensino, a Educação à distância; aprendiz
virtual; recursos tecnológicos
mediação didático-pedagógica acontece por um distanciamento físico e temporal entre aplicados a educação à distância;
professor e aluno, para superar esse distanciamento há necessidade de uma interação
por meio de recursos tecnológicos. Neste contexto educacional, o aprendiz virtual deve
ser autônomo, ter flexibilidade de tempo e espaço, além de dedicação aos estudos. KEYWORDS:
Para realizar este trabalho, elaborou-se uma revisão da bibliografia disponível sobre o Distance education, virtual
perfil dos estudantes que utilizam a Educação a Distância. Esta pesquisa propõe uma learner; technological resources
applied distance education;
reflexão sobre a Educação à Distância e o que é esperado do estudante virtual. Por fim,
neste estudo observou-se que o sucesso acadêmico não depende apenas do perfil do
aluno virtual para uma boa qualidade. No entanto há necessidade das instituições de
ensino oferecerem uma infraestrutura e apoio pedagógico suficiente para que o aluno
atinja os objetivos dos cursos, com uma mediação de tutores, recursos tecnológicos,
transmissões de tele aulas e equipamentos altamente qualificados.
ABSTRACT: This article aims to present relevant aspects about the distance education
and virtual profile of the learner. In this mode of teaching, didactic and pedagogic
mediation happens for a physical and temporal distance between teacher and student,
to overcome that distance is no need for an interaction through technological resources.
In this educational context, the learner should be autonomous virtual, have flexibility
of time and space, and dedication to study. To carry out this work, prepared by a
review of available literature on the profile of students who use distance education.
This research proposes a reflection on the Distance Education and what is expected
of the virtual student. Finally, this study found that academic success does not only
depend on the student profile for a virtual good quality. However there is need of
educational institutions offer a sufficient infrastructure and educational support for
the student to meet the objectives of the courses, with a mediation tutors, technological
resources, broadcast tele classes and highly qualified equipment.
Artigo Original
Recebido em: 18/05/2012
Avaliado em: 03/08/2012
Publicado em: 17/04/2014
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v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72
Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, ao mesmo tempo em que as inovações tecnológicas são incorporadas
à educação, também é perceptível a falta de tempo disponível para estudos. Em meio
este contexto, o Ensino a Distância, uma modalidade flexível a local físico e que utiliza
meios tecnológicos para atingir conhecimento, vem tomando maior proporção em ensino
formal. Contudo, já lidava com ensino décadas atrás, na qual pessoas que não tiveram a
oportunidade de concluir seus estudos e não tinham condições de ir até as instituições
escolares, ou pretendiam realizar cursos livres, tinham a chance de realizá-los por meio de
televisão e rádio. (MORAN, 2011b)
Como se vê, a correria do dia-a-dia, a escassez de tempo, o excesso de trabalho,
constituições familiares e alta utilização dos meios tecnológicos, percebe-se uma maior
ultilização de recursos tecnológico, como meio facilitador da comunicação.Devido a essa
inclusão digital, as pessoas optam pelo ensino a distância, havendo assim uma economia do
tempo se comparado à freqüência em cursos presenciais.
Dentre vários autores que se dedicam a estudar a Educação a Distância, Maia e Mattar
(2007), Moran (2011) e Belloni (2009) a definem como uma modalidade de ensino na qual os
alunos e professores estão separados fisicamente, porém realizam a interação por meio de
recursos tecnológicos, sem espaço e horários fixos.
Mediante tais definições, irão surgir novas características de estudante do ensino a
distância, que podem ser resumidas na idéia de aluno virtual. Segundo Maia e Mattar (2007),
o aluno virtual é um aluno diferente do estudante de cursos presenciais, pois o mesmo não
precisa estar todos os dias fisicamente na instituição de ensino, podendo estar em contato
com professores e materiais, por meio dos recursos tecnológicos.
Ao escolher uma instituição que ofereça esta modalidade de ensino, este estudante
deve-se atentar para os seguintes requisitos: autonomia, autodisciplina e auto estudo. Além
disso, é necessário que tenha disponível uma ótima mediação pedagógica, com auxílio dos
mediadores virtuais – Tutores (AZEVEDO; SATHLER, 2008).
Para isso, objetivou-se realizar uma pesquisa bibliográfica, descrevendo nos próximos
tópicos um breve histórico desta modalidade de ensino, com dados sobre a EAD no Brasil
e subseqüente descrever como é caracterizado o perfil do aprendiz virtual, este estudante
que se deve apropriar e estar disposto a utilizar os recursos tecnológicos como meio de
interação, a fim de atingir o conhecimento de cada curso pretendido.
Como procedimento metodológico, foi realizado um levantamento de dados de cunho
qualitativo, com idéias e definições sobre a Educação a Distância e o perfil dos alunos que
optam por esta modalidade de ensino, por meio de leitura de vários materiais como artigos,
livros e sites de internet.
Contudo, percebo a necessidade dessa clientela virtual estar fortemente objetivada a
ser autônoma, autogestora, motivada em seus estudos e dominar os recursos tecnológicos,
levando em consideração a proposta do ensino EAD, que segue no próximo tópico.
Anuário da produção acadêmica docente
62
Camila de Melo Andriotti
2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Este tópico pretende abordar brevemente as definições da Educação a Distância e descrever
suas regulamentações e decretos desde seus primeiros experimentos até os dias atuais.
Certo tempo atrás, as únicas formas de comunicação aconteciam apenas em momentos
presenciais, nos quais necessariamente deveriam estar lado a lado, um receptor e emissor do
assunto ou mensagem que seria tratado. (MATTAR, 2011)
A partir da invenção da escrita, a comunicação liberta-se no tempo e no espaço: não
é mais necessário que as pessoas estejam presentes, no mesmo momento e local,
para que haja comunicação. Numa sociedade primitiva, ao contrário, não ocorre
comunicação sem que a pessoa com quem desejamos nos comunicar esteja presente.
(MATTAR, 2011, p.3)
Como se vê, com esta comunicação deixando de ser necessariamente presencial entre
as pessoas, as mesmas utilizaram e isso permeia até os dias de hoje, formas distintas de se
comunicar e a buscar conhecimento, seja ele formal ou informal. Quando queremos saber
sobre determinado assunto, buscamos em livros, revistas, telefonemas e principalmente por
meio da internet, que é parte fundamental da modalidade de ensino EAD no ensino formal
ou em cursos profissionalizantes e livres. “E é evidente que o acesso rápido e eficiente na
obtenção de informações proporciona uma melhoria na qualidade da comunicação entre
professores e alunos” (ALVES, 2011, p. 4).
Dentre os autores que definem a EAD, podemos citar Moran (2011, p. 7):
Processos de ensino e aprendizagem que se utilizam mais de tecnologias de
comunicação do que da presença física e que flexibilizam tempos, espaços e formas
de ensinar e aprender, que independem da presença física ou a integram em
momentos pontuais.
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Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual
Ao final do século XIX no Brasil, a EAD passou a ser usada em mais de 80 países,
servindo não só de uma educação formal em cursos de graduação e Educação Básica, mas
também em cursos de extensão, treinamentos e aperfeiçoamentos. (LIMA, 2003, p. 6).
Já no século XX no ano de 1996, o assunto EAD foi tratado na legislação Brasileira e
implementado pelo Artigo 80 da Lei nº 9394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
incentivando a Educação a Distância em todas as modalidades de ensino e como forma de
educação continuada, possuindo assim decretos, resoluções e portarias para amparar toda
esta oferta. (BRASIL, 2005).
O artigo 1º deste Decreto 5.622 de 2005 que regulamenta o artigo 80 da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (9.394/96) caracteriza a EAD como:
Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de
ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação
e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas
em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2005).
Bem como estes decretos, muitos autores definem a Educação a Distância e desenvolvem
materiais bibliográficos, a fim de auxiliar novos estudantes e docentes envolvidos neste processo
de ensino – aprendizagem, além de ampliar os estudos nesta modalidade da educação.
De fevereiro a abril de 1998, os Decretos n°2.494 e 2.561 e Portaria n° 301 descreveram
indicações e procedimentos que deveriam ser adotados para que uma instituição programe
esta modalidade de ensino. (MORAN, 2011b).
Já em 2001, o Ministério da Educação liberou que as instituições oferecessem 20% da
carga horária à distância, tendo respaldo pela Portaria 2.253 e dando inicio a Educação a
Distância em instituições de ensino que fossem credenciados pelo MEC (MORAN, 2011b).
Em 2003, o documento com os Referencias de Qualidade da Educação a Distância
foi elaborado e modificado no ano de 2007, na qual subsidia as instituições de ensino nos
métodos de avaliação, estruturas físicas, regulação e supervisão (MORAN, 2011b).
No ano de 2004, a Portaria Ministerial nº4361/04 normatizou as instituições de Ensino
Superior (MORAN, 2011b p.7). Atualmente também pode ser oferecida em mestrado e
doutorado, como descreve o artigo 9º da Lei nº 5622/05 (BRASIL, 2005):
O ato de credenciamento para a oferta de cursos e programas na modalidade a
distância destina-se às instituições de ensino, públicas ou privadas.
I - especialização;
II - mestrado;
III - doutorado; e
Por isso, pensa-se que cada vez mais os sistemas educacionais estão sofrendo modificações
e se inovando, pois a partir dos interesses dos alunos em relação aos recursos tecnológicos
utilizados por eles, os mesmos se tornam os fundamentais responsáveis pelo aprendizado,
autogerindo os horários de estudos e locais de acesso. (PALLOFF; PRATT, 2004)
Para Moran (2011a, p. 59):
Educação a distância não é um fast-food aonde o aluno vai e se serve de algo
pronto. Educação a distância é ajudar os participantes a equilibrar as necessidades e
habilidades pessoais com a participação em grupos presenciais e virtuais – por meio
da qual avançamos rapidamente, trocamos experiências, dúvidas e resultados
Este autor sublinha que, a EAD é uma troca de experiências, sejam elas em encontros
presenciais, mas principalmente em grupos virtuais, com a utilização de recursos
tecnológicos, na qual os envolvidos tenham contato com os materiais e conteúdos. A EAD
não é algo pronto com “fórmulas” ou “receitas” enviadas pelo professor, há necessidade das
instituições estarem embasadas em Referenciais de qualidade pré-estabelecidos pelo MEC,
bem como o envolvimento de todos os participantes deste processo educativo, cada qual
com sua função, tutores a distância, tutores presenciais e alunos. (MORAN, 2011a)
Hoje a EAD tomou uma maior proporção devido o conhecimento estar caminhando
com muita rapidez, a inclusão digital e a busca por ações inovadoras cada vez mais
idealizadas pela sociedade. Além disso, esta modalidade da educação congrega cada vez
mais recursos tecnológicos e logísticos para distribuir os cursos em instituições que ofertam
vagas tanto na graduação quanto na pós-graduação lato sensu, indicando uma evolução
na busca por alternativas aos cursos cem por cento presenciais, que exigiam tempo e
deslocamento constantes do aluno.
Contudo, estes alunos modificarão perfis tradicionais e passarão a serem autônomos,
gestores de seu próprio aprendizado e dominar os recursos tecnológicos existentes, como
descritos abaixo.
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Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual
Neste contexto educacional, acredita-se que seja fundamental esclarecer quem será
este acadêmico ingressante no Ensino a Distância, pois além dos concluintes do ensino
médio, o retorno de muitos trabalhadores buscando uma melhor qualificação e inserção no
mercado de trabalho está levando as pessoas de idades mais avançadas a retomar os estudos,
concluintes de mais de uma graduação e também idosos e portadores de necessidades
especiais. (BELLONI, 2009)
Para a autora Belloni (2009, p.46):
A EAD visa prioritariamente a populações adultas que não têm possibilidade de
freqüentar uma instituição de ensino convencional, presencial e que têm pouco tempo
disponível para dedicar a seus estudos. A separação física do contexto convencional
de sala de aula é em geral considerada apenas em seus aspectos relacionados com
a ausência de integração entre professor e aluno e entre os estudantes. Há, porém
outros aspectos fundamentais desta separação, como a ausência de contato com
o ambiente da escola (acesso a bibliotecas, laboratórios, etc), o deslocamento aos
colegas, que modificam radicalmente as condições de estudo.
O aprendiz virtual, este aluno EAD que diferentemente do aluno de cursos presenciais
não precisará se deslocar até a instituição de ensino, pois ”poderá estar em diversos lugares,
sem contar que seu aprendizado será contínuo e permanente, sem limitações de espaços e
horários fixos, gerindo seu próprio conhecimento” (MAIA; MATTAR, 2007).
Os alunos que estudam on-line são adultos, pois essa espécie de aprendizagem, que
se dá em qualquer lugar e a qualquer hora , permite-lhes continuar trabalhando em
turno integral sem deixar também dar atenção a família. O aluno on-line “típico”
é geralmente descrito como alguém que tem mais de 25 anos , está empregado,
preocupado com o bem estar social da comunidade, com alguma educação superior
em andamento, podendo ser tanto do sexo masculino quanto do feminino (GILBERT,
2001 p.74 apud PALLOFF; PRATT, 2004, p.23)
Com esta inclusão digital, além de estar em contato com noticias de entretenimento e
em redes sociais, é possível que a internet tenha a função, se utilizada de forma significativa,
de agregar assuntos relevantes aos conteúdos que serão transmitidos em sala de aula. Pode
ser realizados debates em redes sociais, exercícios online e métodos motivacionais para que
os alunos aprendam determinado assunto, não por obrigação, mas por prazer e interesse,
por meio de recursos que os mesmos
Levando em conta esta maior demanda de pessoas de classe trabalhadora, considera-
se a falta de tempo a ser destinado aos estudos, falta de possibilidade de mobilidade a
instituição e melhor acessibilidade de custo, devem possuir os recursos tecnológicos
necessários para atender os conteúdos e atividades propostas. (BELLONI, 2009)
Estes novos acadêmicos estão buscando economizar no transporte que seria necessário,
tempo de trajeto, ou seja, poder estar na própria casa ou no trabalho estudando, por exemplo.
(ALVES, 2011a).
Com as mudanças do perfil do aprendiz virtual, o mesmo passou a ser agente de
sua própria aprendizagem, modificando seus comportamentos perante o professor e
direcionamento de seus estudos, nas quais pode programar suas horas de comprometimento,
dedicação e flexibilizar os espaços de aprendizagem, em que tempo e espaço não são mais
limites para as ambições de conhecimento do aprendiz virtual. (PALLOFF; PRATT, 2004)
Mesmo com uma clientela de pessoas interessadas em economia de tempo, espaço e
custo-benefício, é de extrema importância que estes novos alunos, tenham características
voltadas para um ensino a distância. Devem modificar as formas de pensamento e atitudes
frente os estudos, sendo necessário que atendam “um mínimo de exigências, ou até excedê-
las, para participar” desta informatização de conhecimento (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 25)
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Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual
Cabe acrescentar, que esta autonomia deve partir das vivências que os alunos possuem,
cada qual em sua realidade, por isso os mesmos devem possuir iniciativas de busca nos
ambientes virtuais de aprendizagem, disponíveis como meio de estudo e buscarem cada um
seu objetivo de aprendizagem.( LIMA; SILVA; PAIVA, 2010)
Tal característica proporciona aos estudantes “que estes avancem no seu aprendizado de
acordo com o grau de maturidade, interesse e conhecimento prévio que detêm sobre determinado
objeto de estudo, garantindo a autogestão do conhecimento”. (ROESLER, 2011, p. 5)
Os requisitos básicos para ser um aluno virtual com excelência são: Ter disposição para
compartilhar fatos de suas vidas, trabalhos e assuntos pertinentes ao conteúdo, em ambientes
de aprendizagem e redes sociais; estudar continuamente dedicando horas conectadas, com
comprometimento e dedicação; possuir automotivação e autodisciplina; responsabilidades
Na Educação a Distância não existe modelos propostos e fechados como nos ensinos
presenciais, como por exemplo, utilizar apenas o livro didático ou certas atividades impressas.
Qualquer forma de interação que envolva os recursos tecnológicos e transmita o objetivo
proposto pelo conteúdo, será válido, desde que seja bem planejada. Um professor pode utilizar
redes sociais para interagir com seus alunos, podendo criar debates sobre os temas das aulas,
propor grupos de estudos e convalidar as participações dos alunos, desde que sejam feitas de
maneiras significativa e não apenas como forma de interação (LEITE, 2006).
Neste contexto, é importante que seja verificado por parte da instituição sobre o
atendimento oferecido aos alunos virtuais, uma vez que devem receber todo respaldo dos
serviços de uma instituição presencial e “deve-se prestar atenção a outras necessidades e
questões criadas pelo trabalho a distância, tais como sensação de isolamento e problemas
potenciais no acesso aos recursos” (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 82)
Atualmente, as instituições utilizam ambientes virtuais de aprendizagem, que é
definido por Alves (2011b, p. 11), como “programas que permitem o armazenamento, a
administração e a disponibilização de conteúdos no formato web”, que proporcionam o
vínculo tecnológico entre professores, alunos e materiais. Esta plataforma de aprendizagem,
tem como “objetivo o envolvimento do próprio curso” (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 38),
possui ferramentas como: Fóruns, Chats em tempo real com professores e alunos, Enquetes,
Glossários, Questionários, Tarefas, entre outros (LEITE, 2006, p. 9-18)
Neste ambiente, a qualidade do processo educativo depende de vários fatores,
como: o envolvimento do aprendiz; a proposta pedagógica; os materiais veiculados;
a estrutura e qualidade de professores, tutores, monitores e equipe técnica; assim
como das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados no ambiente, um processo
que envolve uma equipe multidisciplinar (ALVES, 2011b, p. 10)
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Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual
Com a utilização destas tecnologias, é de grande valia que, tendo suporte desta plataforma
com as ferramentas necessárias para os alunos, os Tutores, mediadores virtuais, além de
disponibilizar todo o conteúdo aos alunos, não deixem que eles alunos se sintam “parcialmente
respondidos ou não-respondidos. É preciso atenção para evitar retrabalho e a insatisfação que
pode prejudicar as relações no âmbito da turma” (AZEVEDO; SATLHER, 2008, p.12)
Contudo, nota-se que os estudantes estão optando cada vez mais pela Educação a
Distância, porém há necessidade das instituições de ensino oferecer uma infraestrutura
e apoio pedagógico suficiente para que o aluno atinja os objetivos dos cursos, com uma
mediação de tutores, recursos tecnológicos, transmissões de tele aulas e equipamentos
altamente qualificados. Além disso, o aluno deve ter em mente características fundamentais
para que o ensino a distância não seja algo “fácil” e “pronto”, como descrito no decorrer
do texto, usufruindo de todas as oportunidades oferecidas, participando das formas de
interação, como nos ambientes virtuais, por exemplo, tendo responsabilidade, horários de
estudos e recursos tecnológicos capazes de oportunizar todo esse estudo.
Este envolvimento dos estudantes não garantirá cem por cento de aproveitamento dos
cursos, pois cada pessoa possui maneiras particulares e ritmos de aprender determinados
assuntos, mas uma boa parte de toda proposta desta modalidade de ensino, tornando o
aluno autônomo e gestor de seu conhecimento.
As características indicadas são apenas pré requisitos para estes alunos já estarem
conectados com a modalidade EAD, porém acredita-se que no decorrer dos textos as pessoas
serão cada vez mais autônomas, independentes e flexíveis como o objetivo deste ensino.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A EAD esta tomando conta de todos os níveis de ensino, afinal neste mundo globalizado em
que o tempo é algo precioso e as tecnologias estão tomando conta até das relações sociais, as
pessoas devem se aperfeiçoar cada vez mais para o mundo profissional.
A tendência será cada vez mais as pessoas buscarem o conhecimento através de
tecnologias e as instituições de ensino deverão oferecer respaldo quanto à flexibilização
de currículo, horário, infraestrutura, recursos tecnológicos condizentes com a demanda e
possibilitando que os alunos sejam autônomos.
Anuário da produção acadêmica docente
70
Camila de Melo Andriotti
Assim como o ensino presencial, o ensino a distância deve-se oferecer qualidade nos
materiais educacionais, na equipe de docentes e infraestrutura adequada para atender toda
demanda de alunos.
Em contra partida não depende apenas da instituição de ensino, para que esta
qualidade suceda, pois o aluno deve ter em mente quais características e posturas ele deve
possuir para estudar e manter os canais de comunicação diretamente com os professores
responsáveis pela mediação.
Há necessidade de refletir também sobre a garantia de sucesso em meio tantas
exigências quanto a estes alunos, pois será que se todos os estudantes seguirem tais itens
citadas no decorrer do texto irão obter sucesso em sua carreira acadêmica? Cada estudante
possui suas próprias características, suas maneiras de aprender e lidar com o aprendizado
e desempenho nos estudos.
Percebe-se que o perfil indicado no texto para que um aluno virtual tenha à distância,
mas são critérios necessários para um bom desenvolvimento.Devem–se ter responsabilidade
quanto ao estudo e a junção de todos estes aspectos trará o sucesso de ambos, tanto aluno
como instituição.
Dentre as várias leituras realizadas como estudo para concluir este artigo e percebendo
as modificações existentes neste mundo globalizado, percebo que cada vez mais a EAD irá
crescer e o corpo acadêmico também.
REFERÊNCIAS
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Metodológicas e o Uso das tecnologias em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação.
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e o Uso das tecnologias em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera
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BELLONI, M. L. Educação a Distância. Campinas – SP: Editora Autores Associados, 2009
BRASIL. Decreto lei n°5622, de 19 de dezembro de 2005. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br.
Acesso em: 05 out. 2011.
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Distância, 2007. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/ReferenciaisdeEAD.pdf>. Acesso em: 7 fev. 2012
LEITE, M.T. M. O ambiente virtual de aprendizagem Moodle na prática docente: conteúdos
pedagógicos. Disponível em: http://www.virtual.unifesp.br/cursos/oficinamoodle/
textomoodlevvirtual.pdf Acesso em: 07 fev. 2012
LIMA, J.M.; SILVA, C.V.A.P.; PAIVA, C.M. Autonomia em Educação a Distância: Relato a partir
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72
71
Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A interação aluno-professor tutor através do ambiente
virtual de aprendizagem-moodle no ano de 2011
RESUMO: Pretendeu-se neste estudo construir um quadro comparativo e evolutivo das PALAVRAS-CHAVE:
interações entre aluno-professor do curso de Administração EaD, no ano letivo de 2011. Educação à distância (EaD),
Tutoria, Interação professor-aluno,
Mudanças intensas nos recursos de informação e comunicação provocam profundas Ava-Moodle.
transformações na sociedade, afetando as Instituições de Ensino Superiores (IES). Ao
quantificar as mensagens recebidas por estes alunos e seus conteúdos, foi possível
conhecer melhor o perfil atual destas interações e permitir a todos OS envolvidos traçar KEYWORDS:
um curso de ação no sentido de confirmá-las ou mesmo modificá-las, nos períodos quê Distance Education (DE),
se seguiram. Para fins de estudo, foram considerados todas as interações ocorridas tutoring, teacher-student
interaction, Ava-Moodle.
no ano de 2011, entre professores tutores e alunos do curso de administração EaD. Os
resultados obtidos demonstram que as interações experimentaram um crescimento
substancial, porém ainda fora do padrão idealizado que é o total de alunos alocados na
tutoria interagindo com o professor-tutor. Algumas ações de incremento desta interação
já estão em implantação o que enseja um novo estudo ao longo do corrente ano.
ABSTRACT: The aim of this study was to construct a comparative and evolutionary
interactions between student-professor of Distance Education Administration in
academic year 2011. By quantifying the messages received by these students and their
contents, you can better understand the current profile of theses interactions and allow
all chart a course of action to confirm current actions or even change them during
the periods that follow, intense changes in information resources and communication
cause profound changes in society, affecting the Higher Education Institutions
(HEI). For purposes of study, we considered all interactions and tutors students of
Distance Learning Administration. The results show that the interactions experienced
substantial growth, but still outside the idealized pattern which is the total number
of students allocated to mentoring interacting with the teacher-tutor. Some actions
of growth of this interaction are already in development which entails a new study
throughout the yea.
Artigo Original
Recebido em: 26/02/2012
Avaliado em: 30/07/2012
Publicado em: 17/04/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
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v. 05 • n. 13 • 2011 • p.73-82
A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011
1. INTRODUÇÃO
Pode-se definir a modalidade de educação a distância (EaD) tendo como característica
principal uma separação temporal e espacial entre professores e alunos. Considera-se, para
efeito de classificação quanto a evolução em três gerações.
Em termos de primeira geração, o ensino por correspondência, utilizando apenas
material impresso no início do século XIX, pioneiro no Brasil. Alguns exemplos podem ser
citados como Instituto Monitor e o Instituto Universal Brasileiro. Os meios de comunicação
(rádio e televisão) foram os recursos utilizados na segunda geração, assim como aulas
expositivas e todo material impresso pertinente, como exemplo no Brasil, o Projeto Minerva.
Quando se pensa em internet, em interatividade e modernos meios de comunicação
referem-se à terceira geração. Hoje, utilizam-se chats, correio eletrônico e principalmente
plataformas de ambientes virtuais de aprendizagem. Estes por sua vez permitem uma
comunicação instantânea e bidirecional entre professores tutores e alunos.
Pelas facilidades que as mídias digitais proporcionam como a disponibilidade de
estudar a qualquer hora e em qualquer lugar, é cada vez mais transparente que a Educação
a Distância torna-se um importante instrumento para aprender ao longo da vida, para a
formação continuada e aceleração profissional, operando como excelente ferramenta para
quem precisa conciliar estudo e trabalho.
A evolução dos cursos EaD no Brasil já transcendeu barreiras e tem ajudado crianças
do Hospital Sarina Rolim. Segundo site aprendervirtual.com, através do Grupo de Pesquisas
e Assistência ao Câncer Infantil, pode-se amenizar o problema de ter suas atividades diárias
interrompidas por meio do Projeto de EaD desenvolvido pela Universidade de Sorocaba
(Uniso). Estas crianças têm acesso a conteúdos multidisciplinares, criados em ambientes
virtuais pelo setor de e-learning da universidade.
Este projeto dá às crianças contato desde cedo com ambientes educacionais inovadores
e permite relacionarem-se com os professores, mantém o contato como universo exterior e
facilita a retomada das atividades normais quando término dos tratamentos.
Segundo Sampaio & Leite (1999, p. 25)
a tecnologia educacional, aqui referida como recurso de ensino, merece estar presente
no cotidiano escolar porque está presente no mundo e também para diversificar
as várias maneiras de produzir e apropriar-se do conhecimento, estudá-la como
objeto e como meio de chegar ao conhecimento, possibilitar aos alunos, por meio
de sua utilização, familiarizar-se com a gama de tecnologias existentes e dinamizar
o trabalho docente.
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.73-82
75
A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011
A partir do início dos anos 1990, os recursos associados à multimídia passaram a ser
integrados à rede (internet), sendo considerada uma das mais inovadoras ferramentas de
comunicação e informação, um canal privilegiado para troca de idéias e experiências. Como
tal, define-se a necessidade de explorar as possibilidades de sua utilização como ferramenta
educacional. Como a internet foi criada em plena Guerra Fria, nos anos 1960, para uso
militar, na educação inicialmente tornara possível a comunicação entre pesquisadores de
universidades americanas. Através das ferramentas de busca, a procura por informações
em bancos de dados, ou por meio de assuntos ou por meio de palavras chaves, tornou-se a
primeira forma de utilização de internet para fins de educação.
Segundo o site www.aprendervirtual.com, a interação via transmissão de imagens para
educação a distância ganha nova força com o Vídeo Webcast, plataforma e-learning completa
que reúne vídeo, chat, avaliações on-line, módulo de informações e banco de dados. A TV
digital pode transmitir ao vivo a um custo bem menor que sinais de satélite. Os alunos
podem interagir em tempo real por chat e avaliações on-line. As aulas gravadas podem ser
acessadas pelos alunos a posteriori. Existe ainda a facilidade de o professor oferecer feedback
instantâneo dos grupos de alunos, além do controle da participação de cada um.
Para a Anhanguera-Uniderp, isto já não é novidade desde 2009, pois toda a metodologia
de ensino está baseada numa plataforma e-learning que evolui constantemente, adaptada
às específicas e reais necessidades dos alunos dos cursos de graduação à distância. Todas
2. A INTERAÇÃO ALUNO-PROFESSOR
Pretendeu-se neste estudo construir um quadro comparativo e evolutivo das interações
entre aluno-professor do curso de Administração EaD, no ano letivo de 2011. Ao quantificar
as mensagens recebidas por estes alunos e seus conteúdos, foi possível conhecer melhor o
perfil atual destas interações, o que permitirá aos gestores traçarem um curso de ação no
sentido de confirmar atuais ações ou mesmo modificá-las nos períodos que seguirão.
Conhecer o padrão da interação do aluno – professor ao longo do período em estudo ,
delimitado no segundo semestre de 2011, permitiu construir um quadro da realidade deste
relacionamento, trazendo informações importantes do comportamento do aluno EaD e
suas necessidades, na busca pela qualidade do processo ensino-aprendizagem. Este estudo
preliminar, aponta para dados significativos das interações que ocorrem, oferecendo uma
radiografia desta realidade. Como o planejamento é uma ferramenta importante para
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.73-82
77
A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011
intervenção na realidade, qualquer que ela seja, diagnosticar estas interações a fim de
conhecer seu caráter pode ser importante na busca de um modelo idealizado de interação.
3. METODOLOGIA
O período foco deste estudo compreendeu os meses de fevereiro a dezembro de 2011. O
número total de alunos alocados no 1º semestre foi de 370 e no 2º. Semestre foi de 400. Todos
estes são alunos do sexto semestre do curso de Administração EaD da Anhanguera-Uniderp,
de diferentes pólos próprios da instituição em todo o Brasil. Cursaram dois módulos por
semestre, seqüencialmente em cada bimestre. Cada módulo possui três avaliações, a saber:
prova com valor até 7,0, desafios de aprendizagem laboratório e questionário com valor de
1,5 para cada atividade.
Importante ressaltar que estes alunos tiveram contato recente (ano de 2010) com o
ambiente virtual de aprendizagem Moodle e muitos deles conhecem pouco das novas
Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
Todos os dados aqui citados foram obtidos diretamente do Ambiente Virtual de
Aprendizagem Moodle (AVA-Moodle).
Pode-se perceber através dos gráficos 1 e 2, que o percentual dos alunos que não
contataram (59%) é superior aos que fizeram contato. Isto facilmente se explica pelas
diversas mudanças ocorridas ao longo do semestre, que amadurecidas no segundo semestre,
mostraram resultados mais satisfatórios, porém não ideais.
A seguir, foram coletados dados referentes aos períodos do dia em que os alunos
interagiram com o professor. Foram agrupados pelo período matutino, vespertino e noturno.
Considerou-se para isto o horário que o sistema de mensagens do AVA-Moodle apresenta a
data e a hora junto a mensagem recebida, a seguir apresentados no Quadro 2:
Quadro 2 – Período em que os alunos enviaram mensagem em porcentagem.
60% Dirimir dúvidas sobre o conteúdo das aulas e das atividades em sala de aula
63% Solicitar ajuda para resolver a atividade avaliativa
22% Solicitar esclarecimentos quanto a correção do desafio de aprendizagem e nota
15% Buscar ajuda para problemas no AVA Moodle
8% Saber datas de postagem das atividades e início das aulas
13% Reclamações em geral
10% Outros conteúdos não classificados
Com relação ao quadro 3, pode-se observar que o somatório dos percentuais de cada
tipo de mensagem dos alunos não totaliza 100%, pois em uma única mensagem podem
surgir tipos diferentes de mensagens.
Como se pode observar não se apresenta um padrão único de interação com relação
aos conteúdos das mensagens. Isto se explica facilmente por ser a tutoria algo novo na vida
acadêmica do aluno e muitos ainda estão bastante confusos com relação às atribuições e
funções desta. Porém, não só os alunos experimentam esta novidade na escola, mas também
os professores lidam com uma nova realidade pedagógica e experimentam novas formas de
relacionamento com seus alunos. Assim como o ambiente virtual de aprendizagem Moodle
e os conteúdos e tarefas dos módulos estão sendo atualizados permanentemente pelas IES,
a tutoria também se inclui neste processo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma vez que a motivação deste estudo esteve focado na descoberta do perfil da interação
do aluno EaD com o seu professor tutor a distância, pode-se perceber que estes alunos não
apresentam um comportamento homogêneo e as interações se dão pela necessidade maior
de (63%) solicitar ajuda para resolver a atividade avaliativa saber datas de postagem das
atividades (60%) dirimir dúvidas sobre o conteúdo das aulas e das atividades em sala
de aula solicitar ajuda para resolver a atividade avaliativa (22%) solicitar esclarecimentos
quanto a correção do desafio de aprendizagem e nota (15%) buscar ajuda para problemas no
AVA moodle (13%) reclamações em geral e em menor percentual, outros contatos.
Pode-se considerar também que, uma vez que as interações ocorrem em maior
percentual no período da tarde e noite (35% e 45% respectivamente) e em muito menor
percentual no período da manhã (20%) , verificou-se adequada a decisão da instituição em
alterar, desde o 2º. Segundo Semestre do ano passado (2011), os horários de tutoria para o
período vespertino. Como se estipulou um período máximo de respostada mensagem ao
aluno em até 24 horas do recebimento, permitiu-se assim respostas quase que imediatas às
questões formuladas por estes.
Ao comparar estes resultados com os dados obtidos empiricamente no primeiro
semestre de 2011, constata-se um aumento significativo de interações comparativamente
à este período (de 41% para 61%). Credita-se este aumento a consolidação do trabalho
da tutoria junto aos alunos, haja vista terem sido estes alunos foco de uma campanha de
conscientização ocorrida no período de janeiro a junho de 2011, buscando motivá-los a
interação, através de mensagens semanais, solicitação de inclusão de foto do aluno, bem
como todas as mensagens dos alunos enviadas por e-mail foram respondidas pelo AVA
Moodle, sendo notificados via e-mail deste procedimento.
Este estudo exploratório pode ser ainda embrionário e relativamente significativo das
interações que ocorrem. Recomenda-se um aprofundamento desta pesquisa, ampliando
seu escopo da população alvo, podendo ser importante insumo para o planejamento
das atividades de tutoria dos cursos a distância para o anos seguintes. Uma vez que o
planejamento se propõe a intervenção de forma adequada no modelo existente, na busca de
um modelo idealizado de interação, conhecer profundamente esta realidade pode ser muito
interessante.
REFERÊNCIAS
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de Informação?. Disponível em http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_
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Colaboração de Cláudia Lopes Pocho, Márcia de Medeiros Aguiar, Marisa Narcizo Sampaio. 2. Ed.
Petrópolis-RJ: Vozes, 2003
MARTINS, Joberto. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta a Distância - Aprender virtual – @
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Educação Superior à Distância. Brasília, DF: Editora Artmed, 2007.
MORAN, José Manuel; Masseto, Marcos T; Behrens, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e
mediação pedagógica. Campinas,15ª EDIÇÃO,SP: Papirus,2009.
SAMPAIO, Marisa Narcizo & LEITE, Lígia Silva. Alfabetização tecnológica do professor. 2ª
ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
RESUMO: Este artigo foi construído em três momentos. O primeiro momento traz um PALAVRAS-CHAVE:
pouco da linha histórica do Professor Educador Paulo Freire: o educador que marcou Tecnologia Educacional; Educação
Libertadora; Educação Democrática
sua época com suas ideologias libertadoras presentes em seus métodos educacionais
inovadores. O segundo momento visa propiciar a discussão sobre as abordagens
metodológicas utilizadas em cursos a distância e por último a reflexão sobre a KEYWORDS:
qualidade de profissionais formados em curso de EaD Educational Technology; Liberating
Education; Democratic Education
ABSTRACT: This article was constructed in three stages. The first moment brings a bit
of storyline Teacher Educator Paulo Freire: the educator that marked his time with
his ideologies present in liberating their innovative educational methods. The second
phase aims to provide a discussion of the methodological approaches used in distance
learning courses and last reflection on the quality of graduates in distance education
course and if they are able to meet the current needs of the professional market in
globalized times. Literature search was used to having as a backdrop the relationship
between distance education and the ideas of Paulo Freire.
Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 25/07/2012
Publicado em: 17/04/2014
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Anhanguera Educacional Ltda.
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v. 05 • n. 13 • 2011 • p.83-93
Paulo Freire e a Educação a Distância
[...] Em que ensinar já não pode ser este esforço de transmissão do chamado saber
acumulado, que faz uma geração á outra, e aprender não é a pura recepção do objeto
ou do conteúdo transferido. Pelo contrário, girando em torno da compreensão do
mundo, dos objetos, da criação, ela boniteza, da exatidão científica, do senso comum,
ensinar e aprender giram também em torno da produção daquela compreensão,
tão social quanto a produção da linguagem, que é também conhecimento.(FREIRE,
1997, p. 5)
Como quebrar o fazer pedagógico que ao longo dos anos, foi construído na linha
tradicionalista de que ensinar é o transmitir conhecimento que ao longo dos anos foi construído?
Olha-se para a maioria das salas de aulas das escolas hoje, século XXI, e o que se
percebe?À frente a professora que escreve no quadro negro e sentado em suas carteiras,
umas atrás das outras os alunos preocupados em fazer cópias. E na Educação a Distância,
como ocorre a aprendizagem?
Nos cursos em EaD, os alunos podem contar com vários recursos disponíveis no
ambiente de aprendizagem virtual: vídeos das tele-aulas, apostilas digitalizadas, fórum,
chats e entre outros e ainda podem contar com a mediação dos professores tutores a
distância e presenciais. Com toda esta riqueza de materiais, e este para obter sucesso se
faz necessário a reflexão sobre sua autonomia, responsabilidade, senso de organização e
compromisso. Sem estes atributos, o aluno corre o risco de perder o ritmo, e se perder ao
longo do curso.
Diferente das salas de aulas tradicionais, cabe ao aluno em EaD, uma reflexão crítica
em relação aos conteúdos apresentados pelas tela aulas, não podendo este apenas a ação
passiva de receber informações,mas segundo Freire (1996,p.13) “quanto mais criticamente
se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e se desenvolve na curiosidade
epistemológica”.
E de acordo com Freire (1996) cabe aos alunos aguçar e estimular sua curiosidade,
arriscando-se, aventurando-se e nesta força criadora do aprender, imune contra o poder
apassivador da Educação Bancária.
Na educação a distância, mesmo com todos os recursos disponíveis também corre-
se o risco da reprodução de um ensino totalmente instrucional, onde os alunos recebem
os materiais, assistem as aulas e respondem a um questionário em que se é cobrado as
“respostas prontas” das “perguntas prontas”. E depois a mera classificação da avaliação em
uma planilha automaticamente gerada.
Para Freire (1996, p.14), ”o ensino não se esgota no tratamento do objeto ou conteúdo,
superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente
é possível”. Então no processo, não cabe apenas o assistir por assistir as tele-aulas, ler por
ler, responder apenas por responder. Se faz necessário materiais e aulas que convidem aos
alunos a participarem de forma ativa e que promovam o conhecimento de forma colaborativa
e construtiva.
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Paulo Freire e a Educação a Distância
O aluno que opta por cursar a modalidade em EaD, é adulto, e como tal, possui
um riquíssimo repertório de conhecimentos construídos no dia a dia de sua vida cotidiana
e através de suas relações do trabalho e segundo Freire (1996), é fundamental conhecer
o conhecimento existente quando o saber que estamos aberto e aptos a produção do
conhecimento ainda não existente.
E para a abordagem construcionista, em cursos de EaD, há o respeito pelos
conhecimentos já adquiridos pelos aprendentes, e o professor tutor ou professor presencial,
assumem o papel de mediadores , desafiadores, motivadores e também provocadores a
medida que fazem questionamentos, fazem indagações a partir de debates estimulantes
tanto em tempo real como através de fóruns e ou chats.
Segundo Almeida ( 2001 apud PERRENOUD, 2000, p.139),” o papel do professor é
mais do que ensinar, trata-se de fazer aprender, concentrando-se na criação, gestão e na
regulação das aprendizagens cuja a mediação propicia a aprendizagem significativa aos
grupos e a cada aluno”. Mesmo sendo o professor em EaD, seu papel não é o transmissor de
informações, mas um gestor das aprendizagens.
Os fóruns disponíveis nos ambientes virtuais, são ambientes onde ocorrem a dialética
entre participantes, alunos e professores, a partir do compartilhar conhecimentos e nesta
troca há a construção e reconstrução dos saberes. E segundo Almeida (2001) pela abordagem
Construcionista o professor assume o seguinte posicionamento:
Cabe a ele criar uma situação de parceria e colaboração com os alunos e entre os
alunos, incitando o levantamento de perguntas ou elegendo coletivamente um
tema de estudos, questionando os alunos, propondo desafios que possamser
significativos, convidando-os a verbalizar suas expectativas, dificuldades e
descobertas, provocando a formalização de conceitos e sua evolução em relação às
intenções e metas atingidas.(ALMEIDA, 2001, p.12)
propicia a quebra dos obstáculos “da omissão da verbalização” e estes vão mais além
do previsível para suas aprendizagens. Viajam na construção do conhecimento de forma
prazerosa e significativa.
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Paulo Freire e a Educação a Distância
saberes permanentes. Para Freire ninguém nos ensina a fazer essas coisas, mas também não
aprendemos a fazê-las sozinhos, aprendemos a fazê-las interagindo com os outros.
De acordo com Freire ( 1987) não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino e
que estes fazeres se encontram no corpo do outro e enquanto o aluno segue buscando e re-
procurando e indagando. Na busca pela informação, pelo conhecimento, para constatação
que compõem a ação de pesquisar, e ao pesquisar, o aluno apreende informações para
constatar a realidade, um fato, uma resposta e nesta composição compõem seu conhecimento,
e quando conhece é capaz e sendo capaz, modificar a si, ao meio e a sociedade.
Com a realização de atividades que promovam a ação do sujeito sobre o objeto, e não
o objeto sobre o sujeito, propicia a construção de saberes que são edificados na medida que
ocorre sua ação. Se faz necessário o compromisso das Universidades, em edificar seus cursos
a distância com compromisso e responsabilidade pela formação de futuros profissionais
que estarão edificando uma sociedade mais justa e democrática.
4. AS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Paulo Freire, conhecido mundialmente por sua pedagogia libertadora fundada na liberdade
do oprimido, em que o conhecimento liberta as pessoas para a vida digna de serem
respeitados pela sociedade, foi professor Educador e nos deixou mais que uma lição , deixou-
nos uma mensagem de vida! E numa visão Freireana de ser, olhamos para a Educação
a distância, como uma Educação de fato democratizadora, pois avança e atinge muitos
alunos, que em outras épocas se quer teriam a possibilidade de começar a graduação. Com
a era da Tecnologia, ampliam-se os cursos de EaD, mas o questionamento: O cursos de EaD
promovem de fato uma formação pronta para atender as exigências do mercado de trabalho
globalizado? A resposta foi encontrada nas metodologias, nos recursos, nos profissionais,
nas atividades que são fundamentas nos 4 pilares da Educação, e como Paulo Freire diria,
uma educação de fato libertadora!
REFERÊNCIAS
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2001.
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com.br/bds/BDS.nsf/.../NT000A3742.pdf.
Acesso em 19 de agosto. 2012.
BELLO, J.L.P. Paulo Freire ,E uma nova Filosofia para a Educação , Vitória – 1993. Disponível em:
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per01.htm> Acesso em: 14 de fevereiro.2012.
v. 05 • n. 13 • 2011 • p. 83-93
93
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
As novas tecnologias e o papel do professor tutor
RESUMO: O presente trabalho tem por finalidade refletir sobre as novas tecnologias PALAVRAS-CHAVE:
aplicadas à educação e o papel do professor tutor presencial e a distância. A Educação Educação à distância;
conhecimento; qualidade; tutor.
a Distância vem crescendo rapidamente em todo o mundo, em decorrência das
novas tecnologias da informação e da comunicação e todos os processos produtivos
envolvidos. Cada vez mais as pessoas e instituições vêem nessa forma de educação KEYWORDS:
um meio de acesso ao conhecimento e expandir as oportunidades para o mercado de Distance Education, knowledge,
trabalho e na aprendizagem para toda a vida. Frente as constantes e rápidas mudanças quality, tutor.
e a falta de tempo que atinge a sociedade moderna, a EaD vem ganhando destaque
entre aqueles que procuram uma graduação ou especialização de qualidade, mas que
não exija sua presença em sala de aula diariamente. A modalidade “EaD” tem um
caráter mais amplo e versátil no ensino. Sua aceitação pela comunidade acadêmica e
pelos educadores tem sido ampla.
ABSTRACT: This paper aims to reflect on the new technologies applied to education
and the role of tutor and distance. The distance education has been growing rapidly
worldwide as a result of new information technologies and communication and all
the processes involved. Increasingly, individuals and institutions that see education
as a means of access to knowledge and expand opportunities for the labor market and
learning for life. Front and the constant rapid changes and the lack of time that reaches
modern society, the DE is gaining prominence among those seeking a degree or
specialization in quality, but that does not require his presence in the classroom daily.
The modality “DL” has a broader character and versatile in teaching. Its acceptance by
the academic community and the educators has been extensive.
Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 30/07/2012
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As Novas Tecnologias e o Papel do Professor Tutor
1. INTRODUÇÃO
A educação a distância está presente a cada dia mais na sociedade contemporânea, como
outra modalidade de ensino adequada para atender as novas demandas educacionais. A
sociedade está mudando repentinamente as suas formas de organizar-se, de ensinar e de
aprender. O campo da educação está pressionado por mudanças. Além do ensinar, é relevante
integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação. Diante de tantas inovações não
seria possível considerar a EaD apenas como um meio de superar problemas emergenciais
ou de cessar os fracassos dos sistemas educacionais, mas, a tecnologia apresenta-se como
um meio para colaborar no desenvolvimento do processo ensino aprendizagem. Ela tem
sua relevância como instrumento significativo para favorecer a aprendizagem. Porém,
temos que deixar claro que não é a tecnologia que irá solucionar ou amenizar o problema
educacional do Brasil. Sendo usada coerentemente poderá colaborar no desenvolvimento
educacional dos nossos alunos.
A ênfase estará na necessidade de competências múltiplas do indivíduo, no trabalho
em equipe, na capacidade de aprender e adaptar-se as novas situações.
A EaD tende doravante a se tornar cada vez mais um elemento regular dos sistemas
educativos, necessário não apenas para atender a demanda e/ ou grupos específicos,
mas assumindo funções de crescente importância, especialmente no ensino pós-
secundário, ou seja, na educação da população adulta, o que inclui o ensino superior
regular e toda a grande variada demanda de formação contínua gerada pela
adolescência acelerada da tecnologia e do conhecimento (BELLONI, 2009.p 4).
2. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
Atualmente, a tecnologia tem ampla influência na sociedade contemporânea e na educação,
tanto na escolar como na informal, na presencial, como na educação a distância.
Educação e tecnologia caminham juntas. A tecnologia na educação é o reflexo do modelo
mental da sociedade atual. O ser humano procura inovar-se constantemente atualizando-se com
novos instrumentos, facilitando sua maneira de viver diante do mundo globalizado que o cerca.
Não existem caminhos curtos na arte de aprender. Tecnologia é uma arte de aprender.
Com isso o uso das tecnologias na área educacional está cada vez mais freqüente no
dia-a-dia, criando novas relações, novos conhecimentos e inovações na forma de aprender e
também de pensar. Nesta modalidade à distância a uma perspectiva grande na construção
do conhecimento oportunizando crescimento e desenvolvimento profissional. Fornece
recursos para uma aprendizagem mais envolvente. As tecnologias promovem a interação
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Tatiane Borges Bispo
A partir do século XX, houve toda essa transformação tecnológica para a humanidade.
Ao falarmos em tecnologia na área da educação não estamos nos referindo apenas na
utilização de computadores, da internet, mas também de todos os objetos que antigamente
já eram utilizados como mediadores do processo de ensino e aprendizagem.
Nos dia de hoje, as tecnologias e as novas formas de se comunicar virtualmente
atende as novas expectativas da demanda dos alunos nos diferentes níveis de educação. As
expectativas dos alunos frente ao novo cenário estão ficando cada vez mais aceleradas em
função da globalização.
Hoje a tecnologia é útil ao aprendizado, pois o seu desconhecimento vem gerando
no mundo atual o mesmo tipo de exclusão que sofre o analfabetismo no mundo da
escrita. Mas agora vem a seguinte pergunta, o que é necessário? Esta é uma pergunta
difícil de ser respondida, pois, depende do contexto da realidade em que se vive e da
autonomia de cada um. O que pode afirmar, sem erro, é que é preciso entender que
o essencial é acreditar no potencial de cada um.
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As Novas Tecnologias e o Papel do Professor Tutor
Ao planejar o professor necessita estar centrado em uma nova perspectiva para atuar
na sua função, portanto, o de ser ele mesmo, um mediador pedagógico.
Segue abaixo algumas características para o professor que se propõe a ser um mediador
pedagógico:
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4. TUTORIA
A tutoria desempenha um papel fundamental no processo educacional dos cursos superiores
na modalidade à distância. O tutor deve participar ativamente da prática pedagógica,
contribuindo para o desenvolvimento dos processos educacionais tanto nas atividades
desenvolvidas a distância e/ou presencialmente. Para se ter uma educação da modalidade
a distância de qualidade é necessário prever a atuação de profissionais que se disponham da
tutoria à distância e da tutoria presencial.
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As Novas Tecnologias e o Papel do Professor Tutor
5. EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
Hoje em dia há uma preocupação muito grande com a educação de qualidade. Qualidade
em educação implica em qualidade acadêmica, qualidade social e qualidade educativa.
Ensinar é um processo social e pessoal. Ensinar depende se o aluno quer aprender e se
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que na primeira década do século XXI as instituições educacionais brasileiras
vêm passando por um processo de mudança muito significativo, com destaque na Educação
à Distância (EaD).
As tecnologias da informação e comunicação vieram facilitar e modificar as possibili-
dades de aprender.
Enquanto tutora à distância e aluna de curso de graduação e pós-graduação à distância,
gostaria de compartilhar as expectativas encontradas em ensinar e aprender no mundo
contemporâneo frente às tecnologias inseridas e presentes cada dia mais na Educação Brasileira.
Podemos dizer que este é um momento de total transformação para todos os envolvidos.
Portanto, não podemos nos considerar sábios perante a Educação à Distância, e sim
considerarmos aprendizes, pois como mencionado anteriormente, apesar do conhecimento,
dos estudos, da dedicação, tem muito a ser aprendido e conquistado nesta modalidade.
REFERÊNCIAS
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BELLONI, M.L. Educação a distância. 5. Ed. Campinas/ SP: Autores Associados, 2009
BEZERRA, R.M.S. Desenvolvimento WEB, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria Ministerial nº 4.059, de 10 de Dezembro de 2004.
Legislação. Disponível em: http://meclegis.mec.gov.br/documento
______. Lei nº 9394. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.
______. Decreto-lei nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. DOU, Brasília, 11 fev. 1998a.
DEMO, P. Educação de qualidade. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2001.
KNECHTEL,M.R.Metodologia de Investigação em Educação à Distância. 01. Ed. Curitiba:
IBEPX Ltda, 2003.
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e Mediação Pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.
MORAN, M. J.; MASETTO, M.T.; BEHRENS, M.A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógicas.
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MORAN, M. J.A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campias: Papirus, 2007.
OLIVEIRA, E. G. Educação a distância na Transição paradigmática. Campinas: Papirus, 2003.
PEREZ, F. G; CASTILHO, D. P. La Mediación pedagógica. Buenos Aires: Ciccus, 1999.