Você está na página 1de 91

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

A IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES DO TUTOR NA EAD

Caroline Moreira de Moraes – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

RESUMO: Com a advento de novas tecnologias de informação e comunicação foi PALAVRAS-CHAVE:


necessário rever nossa modalidade de ensino, trazendo novas perspectivas para a educação à distância; tutor;
mediação
educação a distância, levando escolas, universidades, organizações empresariais,
grupos de profissionais de educação e centros de ensino à se dedicarem ao
desenvolvimento de cursos a distância com todo o suporte em ambientes digitais de KEYWORDS:
aprendizagem acessados via internet. Este artigo faz menção à história da Educação distance education, tutor; mediation
à Distancia – EaD, conceito do professor tutor e como objetivo, é proposto as funções
do tutor no apoio aos alunos. Podendo ser classificado como orientador acadêmico
ou facilitador, o qual visa a orientação acadêmica, acompanhamento pedagógico e
avaliação de aprendizagem dos alunos à distancia.

ABSTRACT: With the advent of new information technologies and communication was
necessary to revise our method of teaching, bringing new perspectives for distance
education, leading schools, universities, business organizations, professional groups
for education and learning centers to engage in the development of distance learning
courses with the support of digital learning environments accessed via the internet.
This article mentions the history of Distance Education - Distance Learning, the concept
of the tutor and the objective is proposed functions of the tutor in student supporting.
Can be classified as academic advisor or facilitator, which aims to academic advising,
pedagogical monitoring and evaluation of student learning at a distance.

Artigo Original
Recebido em: 23/02/2012
Avaliado em: 15/08/2012
Publicado em: 17/04/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.9-17
A Importância e Funções do Tutor na EAD

1. INTRODUÇÃO
O filósofo alemão Immanuel Kant, no século XVIII, nos iluminou com uma afirmação que
até hoje se faz pertinente: “Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de
incertezas que ele é capaz de suportar”.
O tutor tem a função de educador e é um dos responsáveis pela formação dos
estudantes, seu papel é de orientador, de promover a realização de atividades, apoiar em
sua resolução, oferecer novas fontes de informações e favorecer sua compreensão (Machado
& Machado, 2004). Também como função, o tutor tem o papel de gestor da comunicação,
cabendo a ele desenvolver estratégias para se aproximar do estudante, retirá-lo do silencio
virtual, conduzindo-o a contextuar o conhecimento.
A postura do tutor deve ser dirigida para o trabalho em parceria com o aluno,
orientando-o para o diálogo autônomo, o trabalho em projetos e a aprendizagem por
pesquisa. Para isso, ele precisa converter-se em formulador de problemas, provocador
de interrogações, coordenador de equipes de trabalho. Ele deixa de ser transmissor de
informações e passa a ocupar o lugar de agenciador de comunicação, de uma comunicação
fundamentada na interação (SILVA, 2000).
Para Forgrad (2001) ao tutor caberá criar “ambientes de aprendizagem, que oportunizem
o desenvolvimento da criatividade, da intuição, da investigação, da resolução de problemas
e do desenvolvimento do senso crítico”.
Complementando, Moran, Masetto e Behrens (2007) apresentam tais atribuições:
dialogar permanente com o que acontece no momento; trocar experiências; debater
dúvidas, questões ou problemas; apresentar perguntas orientadoras; orientar nas
carências e dificuldades técnicas ou de conhecimento quando o aprendiz não consegue
encaminhá-los sozinho; garantir a dinâmica dos processos de aprendizagem; propor
situações-problema e desafios; desencadear e incentivar reflexões; criar intercâmbio
entre aprendizagem e a sociedade onde nos encontramos nos mais diferentes
aspectos; colaborar para estabelecer conexões entre o conhecimento adquirido e
novos conceitos.

2. COMO SURGIU A EAD


A história da EAD no Brasil inicia-se em 1891, onde o Jornal do Brasil iniciou suas atividades
com o registro de anúncio oferecendo profissionalização por correspondência para datilógrafo.
Devido à pouca importância que se atribuía à EaD e às dificuldades enfrentadas com
o uso dos correios, o ensino por correspondência recebeu pouco incentivo por parte das
autoridades educacionais e dos órgãos governamentais. Entre 1923 e 1939 oferecia cursos
profissionalizantes através de Rádio, fundou-se a Radio Sociedade do Rio de Janeiro, onde os
alunos tinham prévio acesso a folhetos e esquemas de aulas, e em 1939 iniciou-se novamente o
uso dos correios. Em 1941 é fundado a IUB – Instituto Universal Brasileiro, dedicado à formação
profissional de nível elementar e médio, seguindo o sucesso da IUB outras instituições foram
fundadas nas décadas de 40 e 50.

Anuário da produção acadêmica docente


10
Caroline Moreira de Moraes

Em 1976 foi o início do marco da EAD, pois foi criado o Sistema Nacional de
Telecomunicação, que realizava experiências com rádio e televisão. O que deu início, em
1977, ao famoso Telecurso, educação à distância supletiva de 1º e 2º graus, utilizando livros,
vídeos e TV. Em 1991 foi fundado o Jornal da Educação – Edição do Professor que é um
programa de aperfeiçoamento à professores e educação continuada de alunos do magistério,
já utilizando as diversas mídias como telefone, fax, internet, TV, material impresso e há a
mediação de um orientador. Hoje o programa atinge mais de 250 mil docentes em todo o
país. Em 2007 o Sistema Escola Técnica do Brasil são cursos ministrados por instituições
públicas e voltado para a educação profissional e tecnológica à distancia, organizado em
colaboração entre União, estados, DF e municípios tendo como objetivo estruturar centenas
de pólos para milhares de alunos.
Como resumo da história da EAD podemos dizer que foi dividida em 3 gerações:
cursos por correspondências, Universidades Abertas e novas mídias (televisão, rádios, fitas
de áudio, fax, telefone) e a terceira e atual geração a EAD on line. Nesta terceira geração
é ofertado além de cursos de aperfeiçoamento profissional, cursos de graduação, pós
graduação e em 2011 (em fase de teste) há os primeiros cursos de mestrado (stricto sensu)
ofertados pela UAB – Universidade Aberta do Brasil.

3. CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA - EAD


Independente da modalidade utilizada, educação ou ensino, são utilizados como sinônimos,
porém é preciso distingui-los apesar de seus significados se assemelharem.
Para Moran (2002) “na expressão ‘ensino a distância’ a ênfase é dada ao papel do
professor (como alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra “educação” que é mais
abrangente, embora nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada. “
A Educação a Distancia – EaD vem crescendo com intensidade desde a década de 90,
juntamente com o desenvolvimento da tecnologia e da telecomunicação. Esta modalidade
prevê um menor contato físico entre colegas e professores, porém virtualmente um contato
muito amplo entre os mesmos, o que implica buscar práticas e métodos pedagógicos adequados
a essa modalidade de ensino, proporcionando ao aluno condições e autonomia na construção
do conhecimento.
José Manuel Moran define como
... um processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores
e alunos estão separados espacial e/ou temporariamente. Outro conceito importante
é o de educação contínua ou continuada, que se dá no processo de formação
constante, de aprender sempre, de aprender em serviço, juntando teoria e prática,
refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas informações e
relações. (MORAN, n/d)

Em uma formulação adaptada de Maia e Mattar (2007) a ”EaD é uma modalidade de


educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que
utiliza diversas tecnologias de educação”.
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.9-17
11
A Importância e Funções do Tutor na EAD

4. CONCEITO DE TUTOR
Os elementos fundamentais na modalidade de Educação a Distancia são: aluno, material
didático e professor tutor. E qual o conceito de professor tutor? Nos termos jurídicos
a etimologia da palavra traz implícito o termo tutela, proteção, defesa de um menor ou
pessoa necessitada. Apropriada pelo sistema de Educação a Distância, (SÁ, 1998), o tutor
passou a ser visto como um orientador da aprendizagem do aluno solitário e isolado que,
freqüentemente, necessita do docente ou de um orientador para indicar o que mais lhe
convém em cada circunstância. Podendo ser classificado como orientador acadêmico ou
facilitador, o qual visa a orientação acadêmica, acompanhamento pedagógico e avaliação de
aprendizagem dos alunos a distancia.
A tutoria deve ser vista como um atendimento à educação individualizada e cooperativa,
centrada numa abordagem pedagógica voltada no ato de aprender, permitindo aos alunos
alcançar seus objetivos acadêmicos da forma mais autônoma possível.
Nota-se que o sistema tutorial é cada vez mais indispensável no desenvolvimento das
aulas e do conhecimento.
Para Poonwassie (2001) os tutores
... consistentemente solidários, genuínos, abertos e respeitantes, geralmente
desenvolvem um relacionamento mais aberto e de maior confiança com os alunos,
e facilitam aos estudantes a oportunidade de desenvolverem relacionamentos mais
abertos e de confiança uns com os outros; o resultado é normalmente um clima de
colaboração e de permuta no processo de aprendizagem.

A aprendizagem pode
transpor a distância temporal ou espacial” fazendo recursos às tecnologias
“unidirecionais” (uma-uma, um-em-muitos), como o livro, o telefone ou à
tecnologia digital que é “multidirecional” (todos-todos), etc, eliminando a distância
ou construindo interações diferentes daquelas presenciais. Mas, muito mais do
que recorrendo à mediação tecnológica, é a relação humana, o encontro com o(s)
outro(s) que possibilita ambiência de aprendizagem. Aprendizagem e educação
são processos “presenciais”, exigem o encontro, a troca, a cooperação, que podem
ocorrer mesmo os sujeitos estando “a distância”. “Presencialidade” pode significar,
também, “estar juntos virtualmente”. O espaço físico está dando lugar ao ciberespaço
ou à construção de “redes de aprendizagem”, onde professores e alunos aprendem
juntos, interagem e cooperam entre si (PRETI, 2002).

5. FUNÇÕES DOS TUTORES NO APOIO AOS ALUNOS


A comunicação entre docente e discente exige do professor tutor novas concepções acerca do
saber envolvendo diálogos constantes e novos esquemas mentais. Pensar em novas formas
de educação exige que quebremos os paradigmas ainda existentes e que possibilitemos o re-
significado de educação em face às necessidades do mundo atual, tarefa que exige mudança
importante no papel do professor e formação específica neste sentido.

Anuário da produção acadêmica docente


12
Caroline Moreira de Moraes

Para Rodriguez (1997), é necessário rever as dimensões: educativa, tecnológica


e comunicativa, em relação ao papel e ao protagonismo que assumem os professores
implicados na organização do trabalho pedagógico. É preciso fazer entender de que as
multimídias não transformam o trabalho docente, elas apenas expressam os novos cenários
da sociedade contemporânea e permitem um armazenamento enorme de informação, por
meio de novas linguagens.
Existe uma lamentável confusão entre o emprego das tecnologias da informação
e da comunicação, como um conjunto de ferramentas da educação a distancia, e a
pratica da educação a distancia em si. O acesso à informação não é equivalente ao
acesso ao conhecimento e às oportunidades de educação. Devemos abordar as novas
formas de comunicação como oportunidades estimulantes para o uso da linguagem
com a finalidade de pensar conjuntamente e como novos meios de montagem de
andaimes dos processos de construção do conhecimento dos estudantes no uso da
linguagem como instrumento do pensamento (MERCER; ESTEPA, 2001, p.33).

Iniciar e manter contato é muito importante no desenvolvimento dos alunos,


assegurando-os de um ambiente de aprendizagem segura, dando-lhes liberdade para
questionamentos pedagógicos, facilitando a aprendizagem e explorando novos horizontes
nos estudos. Muitos alunos ainda não adeptos totalmente da modalidade EaD, aguardam
o contato do tutor para iniciarem seus estudos e trabalhos, portanto, é importante o tutor
primeiramente superar qualquer relutância do discente em iniciar o contato dizendo-
lhes que sempre estará a disposição para responder-lhes questões que queiram colocar. É
importante esclarecer ao aluno que o contato não é um evento esporádico, mas sim, um
processo contínuo.
Além de haver contato, é necessário o tutor incentivá-los a desenvolverem suas
capacidades de aprendizagem, independência e auto-encaminhamento nos estudos,
permitir-los lidar com as dificuldades de conteúdo e obstáculos, procurar maneiras de
facilitar a aprendizagem do aluno tornando-a mais proveitosa, associando as experiências
profissionais com a teoria aplicada.
O tutor também deve se atentar em reconhecer diferenciais entre os estudantes, ter
consciência de que se tratam de seres humanos com necessidades, anseios, dificuldades em
aprender, portanto deve o tutor, adaptar estratégias de facilitação, de forma a atender as
necessidades individuais de cada um. E colaborar sem paternalismo para que os discentes
encontrem as soluções para suas dificuldades acadêmicas sem se tornar evasivo ou
incoerente.
Também como função, o tutor deve ter a humildade em assumir que não tem todas as
respostas e se propor a buscar daquilo que não sabe, assim como respeitar a individualidade
de cada discente e não dispor de suas fraquezas, erros ou precipitações para que não os
desmotivem do curso.
Para criar uma cultura de auto-aperfeiçoamento, é necessário valorizar os alunos mais
esforçados.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.9-17
13
A Importância e Funções do Tutor na EAD

Estar disposto sempre a aprender, seja com os colegas, com os próprios discentes ou
outros participantes de processos educacionais, e sempre compartilhar coletivamente suas
experiências e melhores aprendizados.
Evidentemente, para alguns alunos inserir-se no mundo tecnológico, no âmbito da
EaD, não seja tão fácil quanto é para o demais, portanto, cabe também ao tutor auxiliar este
aluno que, no cotidiano de um curso superior EaD ainda não possua ferramentas para que
possa fazer as articulações necessárias para o processo de construção do conhecimento.
Para Gutierrez & Prieto (1994) o tutor deve:
- Possuir clara concepção de aprendizagem;

- Estabelecer relações empáticas com os seus interlocutores;

- sentir o alternativo;

- partilhar sentidos;

- construir uma forte instancia de personalização, embora à distancia;

- facilitar a constrição do conhecimento.

Para exercer o seu papel, o tutor deve, portanto, possuir um perfil profissional com certo
número de capacidades, habilidades e competências inerentes à função, ter conhecimentos
específicos relacionados aos conteúdos dos cursos, ter conhecimentos pedagógicos em EaD,
ou seja, conhecimentos específicos sobre a proposta pedagógica do curso, ter conhecimentos
técnicos, que são conhecimentos específicos do ambiente virtual, sendo importante ressaltar
que não deverá o tutor apenas reproduzir o modelo de ensino presencial tradicional, pois
por ser possível reunir alunos de regiões, culturas e realidades diferentes, exige do tutor
a utilização de um contexto pedagógico renovado, inovador e criativo, que garantirão o
sucesso da aprendizagem.
Na visão de Satlher (2008), dentre as perguntas que o tutor deve ter em mente para
realizar bem seu trabalho estão:
- Como valorizar adequadamente as discussões e participações propostas para que
se fortaleça o ambiente adequado à aprendizagem?

- As discussões e tarefas propostas colaboram com o atingimento dos objetivos de


aprendizagem propostos? São suficientes para tanto ou devem ser complementadas?

- Quanto tempo em média é necessário para que os alunos cumpram com as


atividades propostas?

- Como criar meios sistemáticos para evitar o plágio e garantir a reflexão necessária
por parte dos discentes?

De forma sucinta, abaixo é exposto as competências profissionais e pessoais do tutor:


- Primeiramente gostar do que faz como tutor;
- Gostar de enfrentar os desafios impostos pelos estudantes;
- Ter ética profissional e agir dentro das normas estabelecidas pela instituição;

Anuário da produção acadêmica docente


14
Caroline Moreira de Moraes

- Ter motivação;
- Ter consciência da importância do seu papel como agente de mudanças;
- Ter comprometimento e dedicação com colegas, alunos, correções...
- Ter facilidade de comunicação e relacionamento, tanto pessoal quanto virtual;
- Ser educado e respeitável na comunicação escrita e verbal;
- Conseguir se colocar no lugar do estudante;
- Antecipar-se dos problemas e dificuldades;
- Ter bom domínio da linguagem escrita, sem uso de gírias, de palavras ofensivas ou
de baixo calão;
- Utilizar linguagem profissional de um curso superior;
- Ser crítico construtivo, criativo, dinâmico, responsável;
- Ser e agir de maneira paciente com alunos;
- Estar atento aos movimentos da turma, tendo capacidade de conduzir debates, motivá-los
a buscar conhecimentos, incentivar os participantes a apresentarem suas contribuições e dúvidas;
- Interagir com os participantes utilizando as ferramentas disponíveis no ambiente
educacional;
- Conhecer a realidade e possíveis dificuldades dos participantes;
- Desenvolver meios de comunicação para evitar que os alunos não se sintam sozinhos
e desmotivados;
- Criar presença e visibilidade como tutor;
- Criar um planejamento de tutoria para cada nova turma;
- Possuir domínio do conteúdo do qual exerce a tutoria;
- Conhecer e indicar alternativas de estudos aos alunos, como exemplo, indicação de
obras literárias;
- Como tutor, buscar capacitações de aperfeiçoamentos técnicos e educacional;
- Oferecer aos discentes o seu máximo em ensino de qualidade.
O ensino à distância envolve muitas variáveis:
- Organização inovadora, aberta, dinâmica. Projeto pedagógico participativo.

- Docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente.

- Bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais.

- Relação efetiva entre professores e alunos que permita conhecê-los, acompanhá-


los, orientá-los.

- Infra-estrutura adequada, atualizada, confortável. Tecnologias acessíveis, rápidas


e renovadas.

- Alunos motivados, preparados intelectual e emocionalmente, com capacidade de


gerenciamento pessoal e grupal. (MORAN, n/d)

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.9-17
15
A Importância e Funções do Tutor na EAD

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todas as transformações das sociedades e tecnologias, fica inevitável não haver
transformações também na educação, ficando para trás o modelo tradicional inadequado de
ensino para o surgimento da nova era da educação, da era em que alunos de vários lugares
se comunicam em tempo real, trocando experiências através de fóruns e chats on-line. Tendo
como suporte e orientador um bom educador que através de seu entusiasmo e curiosidade,
saiba dialogar, motivar e instigar os alunos a enriquecerem seus conhecimentos.
Deve o tutor, portanto, estar inserido neste cenário como referência e motor de mudança
e inovação para os discentes. A mudança na forma de ensinar e aprender, estabelece novas
relações intermediadas pela tecnologia EaD, podendo desencadear ações interativas de
aproximação social ou de diminuição de lacunas entre os indivíduos.
É fundamental destacar a importância que a instituição educacional assume no papel
de transformação da sociedade. Pois é o espaço do ensinar, do aprender, do pensar, de
refletir na prática social.
Dentro deste contexto, o papel da tutoria é transcender suas atividades didático-
pedagógicas, direcionando o aluno a ter uma vida profissional repleta a partir do
conhecimento adquirido.

REFERÊNCIAS
ALVES, Carina. Propostas Metodológicas e Uso das Tecnologias em EaD. Diretoria de Extensão e
Pós-Gradução. Anhanguera Educacional. 2011.
ALVES, Carina Maria Terra. Desenvolvmento de atividades de aprendizagem eficientes.
Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Valinhos-SP.2011.
AZEVEDO, Adriana Barroso. Tutoria em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação.
Valinhos-SP: Anhanguera Educacional, 2011.
CAVALCANTI, Carolina Magalhães Costa. Tendências e Possibilidades da Educação a Distancia
como modalidade de ensino. Disponível em: <http://www.unisa.br/unisadigital/tendencias_
possibilidades_ead.pdf>. Acesso em 29 jan 2012.
DOTTA, Silvia. Estratégias para condução do diálogo a distância. Disponível em: <http://lite.
dex.ufla.br/esud2011/images/abook_file/87741.pdf>. Acesso em 02 fev 2012.
FORGRAD. Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação das Universidades Brasileiras. Educação
a Distância (EaD) na Graduação: as políticas e as práticas. Curitiba. 2001. Disponível em: <http://
www.forgrad.com.br/arquivo/forgrad_oficina_corrigido.zip>. Acesso em 18 jan 2012.
GUTIERREZ, F., & PRIETO, D.. A Mediação Pedagógica: Educação a Distancia Alternativa.
Campinas: Papirus, 1994.
INED, Instituto Nacional de Educação à Distancia. Tutoria no EAD: Um manual para tutores.
Disponível em: <http://www.abed.org.br/col/tutoriaead.pdf>. Acesso em 01 fev 2012.
MACHADO, L.D. e MACHADO, E.C. O papel da tutoria em ambientes de EaD. In: Anais do XI
Congresso Internacional de EaD. Salvador, 2004.
MACHADO, Michelle Jordão; AQUINO, Vânia; BOTELHO, Francisco. Tutoria: avaliação do papel
do professor no ambiente virtual. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2009/cd/
trabalhos/1352009105737.pdf>. Acesso em 20 jan.2012.

Anuário da produção acadêmica docente


16
Caroline Moreira de Moraes

MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da EaD: a educação a distancia de hoje. São Paulo: Pearson, 2007.
MATTAR, João. A Educação a Distância no Brasil e no mundo. Departamento de Extensão e Pós-
Gradução. Anhanguera Educacional. 2011.
MERCER, Neil; ESTEPA, Francisco Gonzáles. A educação a distância, o conhecimento
compartilhado e a criação de uma comunidade de discurso internacional. In: LITWIN, Edith
(Org.) Educação a distância – temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre:
Artmed Editora, 2001.
MORAN, José Manuel. Ensino e educação de qualidade (!?). Disponível em: <http://www.eca.
usp.br/Prof/moran/qual.htm>. Acesso em 02 fev.2012.
MORAN, José Manuel. O que é Educação à Distancia. (2002) Disponível em: <http://www.eca.
usp.br/prof/moran/dist.htm>. Acesso em 29 jan.2012.
MORAN, José Manuel; MASETTO Marcos T.; BERHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias
e mediação pedagógica. 13.ed. Campinas. Papirus. 2007.
POONWASSIE, A. Facilitating adult education: A practitioner’s approach, in Poonwassie, D. and
Poonwassie, A. (eds) Fundamentals of Adult Education:Issues and Practices for Lifelong Learning
Toronto:Thompson Educational Publishing. 2001.
PRETI, O. Bases epistemológicas e teorias em construção na educação a distancia. (2002).
Disponível em: <http://arquiteturaspedagogicas.pbworks.com/f/Oreste_EaD_bases_conceituais.
pdf>. Acesso em 20 jan.2012.
PRODEMGE, Universidade Corporativa. Guia do tutor. Disponível em: <https://ead.prodemge.
gov.br/file.php/1/Ajuda/Guia_do_Tutor.pdf>. Acesso em 30 jan.2012.
REIS, Hiliana. Modelos de tutoria no ensino a distancia. Disponivel em: <http://www.bocc.ubi.
pt/pag/reis-hiliana-modelos-tutoria-no-ensino-distancia.pdf>. Acesso em 02 fev.2012.
RODRIGUES, E. M. La Investigatición sobre educación a distancia el ámbito iberoamericano: sus
características, avances y retos. In Revista iberoamericana de Educación Superior a Distancia,
vol.1, octubre, 1997.
ROESLER, Jucimara. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade.
Departamento de Extensão e Pós-Gradução. Anhanguera Educacional. 2011.
SÁ, I. M. A. A educação a distância: processo contínuo de inclusão social. Fortaleza: CEC, 1998.
SATHLER, Luciano (Org.); AZEVEDO, Adriana (Org.) Orientação didático-pedagógica em cursos
à distância. 1. Ed. São Bernardo do Campo: Editora da Universidade Metodista de São Paulo, 2008.
SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro, Quarter, 2000.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.9-17
17
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

O PAPEL POLIVALENTE DO PROFESSOR TUTOR DE EAD


FRENTE AOS NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS

Leila Aparecida Corte Volpini Furquim – Universidade Anhanguera - Uniderp - Centro de Educação a Distância

RESUMO: Este artigo teve como objetivo analisar o papel polivalente do professor PALAVRAS-CHAVE:
tutor que atua na EAD frente aos novos paradigmas do contexto educacional atual. Papel polivalente, Professor Tutor,
EaD, Novos paradigmas.
Para tal verificação, foram analisadas diferentes concepções teóricas e em especial a
dissertação de Furquim (2010). Assim, foi possível compreender a importância do
trabalho desse profissional na formação e motivação dos acadêmicos que optam KEYWORDS:
pela EAD, visto que a presença ativa do professor tutor nos ambientes virtuais de Multi-functional role, Teacher
aprendizagem colaborativa é algo indispensável. Constatamos similaridades nas falas mentor, EaD, New paradigms.
dos autores no tocante a necessidade dos tutores de EAD associarem competências
diferenciadas como teoria, didática e técnica no exercício de suas funções. Verificamos
também que esse profissional ainda está construindo uma identidade própria e
conquistando seu espaço como docente, para que, de fato a comunidade acadêmico/
científica compreenda e valorize a relevância do papel polivalente do professor tutor
para a consolidação da qualidade na EAD.

ABSTRACT: This article aims to analyze the multi-functional role of the teacher mentor
who acts in front of EAD to new paradigms of the current educational context. To
check this, we analyzed different theoretical concepts and in particular the dissertation
Furquim (2010). Thus it was possible to understand the importance of this professional
training and motivation of students who opt for distance education, since the active
presence of the tutor in virtual environments for collaborative learning is indispensable.
We found similarities in the speeches of the authors regarding the need for tutors of ODL
associate different skills such as theory, technique and teaching in the exercise of their
functions. We also note that these professionals are still building their own identity and
conquering its space as a teacher, so that in fact the academic / scientific understands
and appreciates the important role of comprehensive tutor for the consolidation of
quality in distance education.

Artigo Original
Recebido em: 23/02/2012
Avaliado em: 07/08/2012
Publicado em: 17/04/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.19-30
O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais

1. INTRODUÇÃO
O processo pedagógico nas instituições públicas e privadas que oferecem cursos na
modalidade a distância no cenário educacional atual é mediado pelos mais modernos recursos
tecnológicos. São muitas as ferramentas que contribuem para a interação e dinamicidade
do processo ensino-aprendizagem e isso obviamente exigiu uma reestruturação geral nos
projetos pedagógicos dessas instituições, bem como mudanças bastante significativas no
tocante ao papel dos diversos profissionais que integram as equipes de trabalho de EAD.
Faria (2002), em sua tese de doutorado, a EAD representa a democratização, pelo
acesso facilitado à educação, tempo e local virtual, para os que trabalham ou moram longe
das escolas/universidades, pois o aluno pode escolher o horário e o local que melhor lhe
aprouver para realizar os estudos. Essa flexibilidade espacial e temporal não prejudica a
realização de outras atividades pessoais e profissionais, permitindo que cada aluno estude
e realize as atividades educativas segundo seu próprio ritmo. Em geral, a EAD dispensa
a impressão de textos, propicia igualdade de oportunidades, facilita o acesso às aulas e
aos conteúdos pedagógicos, evita ausências do trabalho, flexibiliza o tempo disponível e
consegue levar o ensino a regiões pouco acessíveis abrangendo um universo de acadêmicos
que provavelmente não chegaria a cursar o nível superior.
O contexto socioeconômico e o mercado de trabalho estão mudando, exigindo
uma reconceitualização das propostas pedagógicas existentes. Na sociedade da
informação, o conhecimento se tornou uma força econômica muito grande. As redes
de informação e de comunicação vêm se expandindo rapidamente e o profissional,
que quiser manter seu espaço, precisa de constante atualização para acompanhar o
mercado de trabalho. A facilidade de atualização de conhecimentos, em tempo real,
é uma importante vantagem a ser considerada. (FARIA, 2002, p.40)

No contexto em que a sociedade tem a informação como base, podemos constatar que
a evolução tecnológica tem influenciado a cultura educacional no Brasil. As instituições
que implantaram cursos na modalidade à distância têm utilizado ambientes virtuais de
aprendizagem colaborativa através da Internet, teleaulas em tempo real (via satélite),
recursos multimídias, fóruns interativos e outras ferramentas colaborativas.
Entretanto, é possível notar claramente que a utilização das TIC² não supõe a
substituição do professor, mas sim um “repensar” de suas atribuições e do seu papel
mediante as novas demandas educacionais e ao acelerado desenvolvimento tecnológico
onde o conhecimento teórico e a prática pedagógica precisam emergencialmente se
unir ao uso de diferentes estratégias técnicas para realmente propiciar a aprendizagem
significativa na EAD.

²Tecnologias da Informação e da Comunicação

Anuário da produção acadêmica docente


20
Leila Aparecida Corte Volpini Furquim

As instituições que se propuseram a oferecer cursos na modalidade a distância tiveram


que superar desafios quase que imediatos e se adequar rapidamente a grandes reestruturações;
visto que ao invés de salas de aula convencionais os novos modelos propõem ambientes
virtuais de aprendizagem coletiva, onde os alunos podem desenvolver seus potenciais
em espaços interativos e dinâmicos. A flexibilidade da educação a distância viabiliza as
interações assíncronas onde as discussões sobre diferentes temas ajudam a desenvolver o
senso crítico dos estudantes que integram os grupos nos fóruns ou ferramentas semelhantes.
Essa significativa contribuição de chegar a todos e em qualquer lugar é um compromisso
da EAD com a sua universalização, pois uso de modernos recursos tecnológicos permite
superar a própria distância e também o tempo.
Apesar de terem ocorrido muitas transformações e reestruturações nos últimos anos
com relação a EAD e aos profissionais que atuam nessa modalidade de ensino, ainda hoje
quando paramos para refletir sobre o papel do professor tutor nos cursos de EAD nos
deparamos com questões muito polêmicas.
Quais seriam então os diferentes papéis exercidos pelo professor tutor de EAD frente
aos novos paradigmas educacionais? As instituições consideram o tutor como um professor
universitário como os demais integrantes do seu quadro docente? O tutor seria apenas
um motivador para os alunos? Ou seria ele um orientador que atua também como um
mediador de conflitos entre grupos virtuais? Estas e outras questões nortearam este estudo
que teve como foco compreender as reais atribuições cabíveis a esse “teletrabalhador” e
também reconhecer uma identidade própria para esse novo profissional que atua de modo
polivalente na EAD.
A maior parte das instituições públicas e privadas que oferecem cursos a distância
demonstra manter o foco na aprendizagem significativa e conjunta construída através da
realização de diferentes atividades visando facilitar a construção do saber dentro de um
processo mais personalizado de ensino. Este processo implica em repensar sua aplicabilidade,
conhecimentos para utilizar novos recursos e habilidades relacionadas ao tratamento da
educação. O acesso aos diferentes recursos tecnológicos e em especial, aos sistemas que
utilizam como apoio central as salas de aula virtuais, pode propiciar aos alunos novas
formas de construir o conhecimento de modo muito mais prazeroso e dinâmico. Assim,
pensamos que, o uso adequado e ético dessas ferramentas pode promover a construção
de uma efetiva autonomia, mudanças na percepção de mundo, aquisição de novos valores
e principalmente a conscientização sobre as novas formas de atuação social, acadêmica e
profissional no cenário atual.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.19-30
21
O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais

2. OS NOVOS PARADIGMAS
Nos últimos tempos o cenário educacional passou por inúmeras e significativas
transformações e, para compreendê-las precisamos refletir um pouco sobre a dicotomia
existente entre os paradigmas tradicionais (conservadores) e os paradigmas emergentes
(modernos). Através da leitura analítica de vários autores que tem contribuído com
suas pesquisas sobre as “mudanças dos paradigmas” vimos que em todas as áreas do
conhecimento ocorreu um choque entre o paradigma conservador e o paradigma emergente
e isso tem se constituído em um núcleo de grandes debates. Esses debates ocasionaram
rupturas conceituais significativas que levaram a comunidade acadêmica a uma nova visão
de mundo.
Para compreender melhor essas rupturas paradigmáticas, primeiramente achamos
importante pesquisar o conceito do termo “paradigma” no âmbito acadêmico e então nos
deparamos com uma interessante concepção do filósofo e historiador KUHN que define a
palavra paradigma da seguinte maneira: realizações científicas, universalmente reconhecidas
que, durante algum tempo fornecem problemas e soluções modelares aos praticantes de
uma ciência (KUHN apud OLIVEIRA 2003, p.23). Kuhn se refere a um “paradigma” como
um conjunto de crenças, valores e técnicas de uma mesma comunidade científica, ou seja,
na visão de Kuhn a ciência sofre uma grande transformação quando paradigma científico
é “destituído”, mas um paradigma ou um conjunto de paradigmas deve, sempre, ser
substituído por outro, conforme for julgado inadequado e insatisfatório.
Continuando nossa pesquisa, nos deparamos com MORAES (1998, p.58), que declara
que: “(...) o grande problema da Educação está no modelo da ciência, que prevalece num
certo momento histórico, nas teorias de aprendizagem que o fundamentam e que influenciam
a prática pedagógica”. Assim, podemos entender que a ciência influencia a educação de
modo realmente paradigmático, porém a educação simultaneamente determina o “modelo”
de ciência existente nos diferentes contextos históricos.
Já Morin (1996) sustenta que a definição de paradigma envolve a noção de “relação
dominadora” que determina o rumo das demais teorias.
(...) comporta um certo número de relações lógicas, bem precisas entre conceitos;
noções básicas que governam todo discurso; (...) relações que podem ser de
conjunção, de disjunção, de inclusão, etc., o que não contradiz a idéia de que, uma
vez constituídas as redes sejam mais importantes. (MORIN, 1996, p.287)

Na interpretação deste autor, esse tipo de relação dominadora possibilita ao paradigma


controlar todos os discursos privilegiando algumas relações e menosprezando outras sem
jamais deixar de controlar sua lógica.
Após analisar o conceito de “paradigma” vamos refletir um pouco sobre essa crise
entre o “Paradigma Conservador (tradicional) X Paradigma Emergente (inovador)”.
Anuário da produção acadêmica docente
22
Leila Aparecida Corte Volpini Furquim

Segundo Santos (1991), foi a partir da revolução científica do século XVI (onde houve
uma ruptura com o pensamento aristotélico-medieval) que se constituiu o modelo de
racionalidade que presidia a Ciência Moderna e este modelo foi desenvolvido pelas ciências
naturais (Física, Biologia, Química e suas derivadas) até o século XVIII.
Somente no século XIX esse modelo de racionalidade passou também a abranger às
Ciências Humanas (Sociologia, Antropologia, História, Psicologia, etc). Para o paradigma
dominante ou conservador “quantificar” era sinônimo de conhecer, ou seja, a matemática era
o principal instrumento do método científico que, de acordo com Santos (1991) tinha como
base a observação, a descrição e a sistematização das informações da Natureza, mediada
pelo crivo da razão e da lógica, usando como instrumento a matemática, pois quantificar se
tornou sinônimo de conhecer. O modelo de conhecimento científico das Ciências Naturais
(ou Exatas) era o único modelo válido de conhecimento.
A crise dos paradigmas na verdade enquadra a EAD (Educação a Distância) como
uma modalidade que se encaixa perfeitamente no paradigma emergente, visto que essa
modalidade faz uso da tecnologia moderna mediada por tutores capacitados e polivalentes
para que os acadêmicos de diferentes níveis e cursos sejam orientados adequadamente para
que possam utilizar de modo efetivo ferramentas dinâmicas e interativas que auxiliarão na
construção colaborativa do aprendizado significativo.
De acordo com nossos estudos, notamos que a EAD (na grande maioria das instituições),
se coloca contra a reprodução mecânica do conhecimento, pois o desenvolvimento das
tecnologias da informação e da comunicação tem favorecido essas transformações no cenário
educacional e com isso o processo ensino-aprendizagem tem se tornado mais participativo,
mediante o uso de ferramentas tecnológicas inovadoras com ferramentas cada vez mais
interativas.
Todas essas transformações nos levam a refletir sobre a importância da mediação
pedagógica do tutor (capacitado e polivalente) nesse novo contexto, visto que é notória
a necessidade emergencial do exercício de uma pedagogia adequada aos novos recursos
tecnológicos e ao novo perfil do aluno que opta pela Educação a distância, ou seja, é
indispensável que o tutor exerça uma prática pedagógica que busque a inserção dos
estudantes em uma nova realidade cultural e tecnológica, na qual o conhecimento não pode
ser visto como algo fragmentado construído individualmente.
Podemos ensinar e aprender com programas que incluam o melhor da educação
presencial com as novas formas de comunicação virtual. Há momentos em que vale
a pena encontrar-nos fisicamente, no começo e no final de um assunto ou de um
curso. Há outros em que aprendemos mais estando cada um no seu espaço habitual,
mas conectados com os demais colegas e professores, para intercâmbio constante,
tornando real o conceito de educação permanente. (MORAN, 2009, p.66)

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.19-30
23
O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais

Destarte, vimos que para Moran a presença física síncrona de professores e alunos não é
uma necessidade diária para a construção efetiva do conhecimento, pois na concepção deste
autor é bastante viável e interessante a construção da aprendizagem colaborativa através de
um intercâmbio constante entre os envolvidos no processo. De acordo com os outros autores
estudados neste trabalho não há dúvidas com relação a notável relevância e complexidade
do papel do tutor como orientador nos programas de EAD e isso demonstra a necessidade
de um perfil profissional com habilidades e competências quase paradigmáticas, por ser
esperado que o tutor, além de possuir domínio da política educativa da instituição na qual
ele esteja inserido e conhecimento atualizado das disciplinas sob sua responsabilidade,
exerça a mediação pedagógica adequada ao processo educativo.
O estudo aqui proposto analisou a opinião dos autores sobre as atribuições do tutor de
EAD visando compreender a relevância e complexidade dessa nova função dentro do atual
cenário educacional brasileiro. A nova realidade educacional demonstra que as instituições
que se preocupam com a qualidade da educação a distância oferecida têm como objetivo
principal compor uma equipe de mediadores pedagógicos (tutores) competentes que
busquem desenvolver nos alunos a capacidade de investigação interpretativa, qualitativa,
descritiva e subjetiva, com valores explícitos, fundamentados na realidade, para favorecer a
descoberta e a exploração do conhecimento.
Estamos vivendo a era da simultaneidade de desafios bastante complexos na educação
e em meio a esta complexidade multidimensional se consolidou a Educação a Distância
onde o tutor ocupa um papel de extrema relevância e complexidade.

3. O PROFESSOR TUTOR E SEU PAPEL POLIVALENTE NA EAD


Muitos autores que pesquisam as interfaces da EAD afirmam que devemos utilizar o termo
“Educação a distância” ao invés do termo “Ensino a Distância”, pois o primeiro propõe
colocar o aluno como agente central do processo, ou seja, de agente passivo o estudante
passa a ocupar o papel de protagonista.
Após muitas pesquisas e uma profunda análise sobre a nossa prática cotidiana na EAD
pudemos constatar que, o estudante busca constantemente o indispensável apoio do professor
tutor através das diferentes ferramentas tecnológicas a que tem acesso e que este profissional
pode e deve levar os estudantes a interagir, argumentar, questionar, investigar e formular
novos conceitos com base nos estudos realizados durante a disciplina. Assim, vimos que o
professor tutor enquanto mediador pedagógico ocupa um papel de extrema relevância na
EAD, pois é visto como alguém que, ao executar seu papel com empenho e comprometimento
mesmo a distância consegue “se fazer presente” estimulando, instruindo e auxiliando os
acadêmicos em suas diferentes necessidades pertinentes a cada etapa do processo.

Anuário da produção acadêmica docente


24
Leila Aparecida Corte Volpini Furquim

Uma prática competente que dê conta dos desafios da sociedade moderna exige a inter-
relação e a instrumentalização da tecnologia inovadora, tendo como instrumentos
a rede de informações como suporte à prática docente, porém inovadora no sentido
de interconexão entre os sujeitos produtores de seus conhecimentos. (BEHRENS,
1998, p.61)

Para a autora acima a inserção das tecnologias pode potencializar a ação pedagógica
do tutor e auxiliar muito na produção do conhecimento, porém a mesma enfatiza que a
tecnologia não pode ser encarada como “salvadora” da prática pedagógica, visto que
somente a disponibilização de ferramentas não garante uma boa qualidade na educação.
Essa mediação pedagógica de qualidade realizada pelo professor tutor surge como
algo extremamente necessário para propiciar credibilidade aos cursos e especialmente à
própria Instituição que oferece cursos de EAD, visto que o processo de ensino aprendizagem
a distância requer um espaço interativo confiável, onde a responsabilidade, autonomia e
disciplina sejam itens recíprocos essenciais para a construção de uma identidade positiva
que atraiam outros estudantes fazendo com que ocorra a expansão de contratações de
novos professores tutores por conta do aumento de alunos matriculados que acreditem na
qualidade da EAD.
O programa da Universidade Aberta do Brasil (UAB), por exemplo, foi criado em
2005 permitindo o acesso ao ensino superior público e gratuito em grandes universidades
do nosso país. O surgimento desse programa cuja mantenedora é a renomada CAPES³
polemizou ainda mais as discussões sobre a questão da garantia da qualidade dos cursos
oferecidos a distância, porém esse descrédito pareceu decorrer especialmente da questão
cultural pelo o fato de que a própria sociedade ainda manifesta algum preconceito com
relação a EAD muitas vezes por falta de conhecimento acerca da dinâmica das ferramentas
tecnológicas associadas as estratégias pedagógicas utilizadas nesta modalidade de ensino.
Por conta da rápida expansão da Educação a Distância inicialmente as funções
polivalentes dos professores tutores passaram a ocorrer através de recursos tecnológicos de
última geração e com isso o processo ensino-aprendizagem sofreu grandes transformações
que exigiram reestruturações imediatas nas instituições e uma busca emergencial por
profissionais capacitados que pudessem associar seus conhecimentos teóricos e técnicos
para atender a uma grande demanda de alunos. Foi possível constatar claramente que estes
novos profissionais aqui chamados “Professores tutores de EAD” precisam ter um perfil
diferenciado, pois tiveram primeiramente que deixar para trás o paradigma tradicional
para acreditar que poderiam atuar em ambientes virtuais de aprendizagem colaborativa
utilizando diferentes ferramentas para que os alunos de fato “apreendessem” os conteúdos
com qualidade.

³ Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.19-30
25
O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais

[...] o tutor poderia ser aquele que instiga a participação do aluno evitando a
desistência, o desalento, o desencanto pelo saber. Talvez aquele que possibilita
a construção coletiva e percorre uma trajetória metodológica desobediente,
transgressora de receitas prontas e acabadas e construa de forma participativa com
seus alunos novos saberes, novos olhares sobre o real. (LEAL, 2004, p.2)

Acreditamos que a autora coloca a função do tutor numa perspectiva de construção


de saberes que se articulam no espaço virtual, ocupando uma função que ultrapassa a visão
puramente técnica, transcende a exarcebação da especialidade adquirindo competência
para instrumentalizar a tecnologia. Contudo, enfatiza também que a função do professor
tutor requer uma prática dialógica diferenciada, uma conversação didática criativa capaz
de fomentar o pensamento, a liberdade do pensamento, a fluência de ideias, o confronto de
posições epistemológicas. Em geral, durante todo o processo de ensino, ao menos na maior
parte das instituições que oferecem cursos a distância, a orientação e a mediação ocorrem de
modo assíncrono através de recursos tecnológicos que variam de acordo com cada modelo.
Essa mediação assíncrona exige um profissional capaz de “aprender a aprender”
com competência para fazer da Educação a Distância um espaço de virtualidade criativa,
reflexiva e formativa. “Trabalhar a complexidade do saber fazer educativo, na visão do
aprender a aprender na ótica reflexiva da construção do saber é uma dos grandes desafios
do tutor” (LEAL, 2004, p.3).
Para Leal o tutor é um “educador à distância”, ou seja, alguém capaz de discutir as
estratégias de aprendizagem, suscitar a criação de percursos acadêmicos, problematizar
o conhecimento, estabelecer diálogos com os alunos, mediar problemas decorrentes do
processo, sugerir, instigar e acolher.
“Enfim, um professor no espaço virtual, exercendo a função de formar o aluno” (LEAL,
2004, p.3).
Já para Souza, a relevância e a complexidade do papel do professor tutor nos cursos de
educação a distância demonstram a necessidade de um perfil profissional com habilidades
e competências quase paradigmáticas.
Espera-se que o tutor, além de possuir domínio da política educativa da instituição onde
está inserido e conhecimento atualizado das disciplinas sob sua responsabilidade, exerça
uma sedução pedagógica adequada no processo educativo. No modelo tradicional de
ensino com a presença viva dos professores, o carisma acentuado de alguns, reduz o
desprazer e dificuldades encontradas por alunos menos empolgados na aquisição do
saber. (SOUZA, 2004. p.1)

O autor enfatiza que em qualquer tempo o professor precisa despertar simpatia, inovar
seus métodos de ensino, investir na relação de respeito e confiança, despertar o amor para
com o conteúdo e extrapolar os limites conceituais.
“É o tutor, o tênue fio de ligação entre os extremos do sistema instituição-aluno. O
contato a distância, impõe um aprimoramento e fortalecimento permanente desse elo, sem

Anuário da produção acadêmica docente


26
Leila Aparecida Corte Volpini Furquim

o que, perde-se o foco” (SOUZA, 2004. p.1).


Para ele a relação pedagógica requer uma construção diária, pois o educando precisa
de amparo, condução, encaminhamento. A educação deve ser vista sempre como uma
prática social diretamente relacionada a formação de valores e práticas que possibilitem ao
indivíduo maior autonomia, liberdade e diferenciação.
Até aqui vimos que o consenso entre os autores é que o professor tutor tem como
principal atribuição problematizar o conhecimento e criar estratégias para que o aluno
enxergue o mundo e a si próprio com criticidade, além de procurar garantir sempre a relação
teoria e prática; a investigação do real no desenvolvimento de situações de aprendizagem.
Para os autores Mill e Fidalgo (2007) emerge a necessidade de uma segunda precisão
para caracterizar o docente que atua na educação a distância como um “teletrabalhador”,
ou ainda, um profissional “polidocente”. Na verdade ambos os conceitos são inerentes à
função do tutor virtual, pois estes são caracterizados pelos autores como teletrabalhadores
da educação a distância independente do modelo organizacional da proposta pedagógica
da instituição seja ela pública ou privada. Mill e Fidalgo (2007) dividiram o grupo de tutores
nas seguintes categorias:

* Tutores virtuais, responsáveis pelo acompanhamento pedagógico de um grupo de


alunos e, ou, de um grupo de tutores presenciais, por meio de tecnologias virtuais.
Este trabalhador é especialista na área de conhecimento da disciplina em que
trabalha e está subordinado, em todos os sentidos, ao coordenador desta disciplina.
Etimologicamente, ele é a imagem mais próxima do professor da educação
tradicional.

* Tutores presenciais ou locais, responsáveis pelo acompanhamento de um grupo


de alunos do curso (em todas as disciplinas). Não é, necessariamente, especialista em
nenhuma área de conhecimento (disciplina) do curso e sua função é pouco mais que
assessorar os alunos no contato com o tutor virtual e com a instituição. Por vezes, são
denominados de monitores.

* Técnicos e monitores, responsáveis pela viabilização técnicopedagógica da


comunicação, pela produção de material didático etc. (são animadores, webdesigners,
informatas, digitadores, desenhistas ou um pouco faz-de-tudo). (MILL e FIDALGO,
2007, p.7)

As diferentes atribuições do professor tutor dependem do modelo pedagógico adotado


por cada instituição, porém os autores são unânimes ao afirmar que o empenho desse
profissional é fundamental para o sucesso do processo educacional na EAD. É consenso que
o tutor precisa de habilidades pedagógicas e técnicas diferenciadas, além de autodisciplina
e comprometimento para com o projeto político pedagógico.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.19-30
27
O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De maneira geral, podemos considerar que os novos paradigmas educacionais exigem que
o professor tutor de EAD desenvolva efetivamente habilidades diferenciadas, de ordem
cognitiva, pedagógica, interpessoal e dialógica para que possa oferecer o suporte necessário
aos alunos que optam pela modalidade à distância exercendo com competência didática e
ética a função de mediador no processo educacional.
Silva (2008) no resumo de seu trabalho conclui que:
(...) a discussão sobre o significado do ser tutor está intimamente interligada com
uma perspectiva conceitual de identidade como um “ser em construção”. A sua
inserção pessoal e profissional ocorre num mundo específico e acadêmico, permeado
de expectativas, de sociabilidade, de inter-relações, de sistemas educativos, de
ações e concepções políticas e de projetos pedagógicos. Neste sentido, conforme as
dimensões fenomenológicas evidenciadas, as expectativas quanto ao significado do
ser tutor estão muito fortemente impactatadas por um passado docente, ou seja, por
uma memória de ser professor e por um projeto de vida em docência; é necessário,
portanto, caminhar em busca de uma formação e capacitação especializada que, a
cada dia, torna-se mais complexa, exigindo múltiplas competências nas dimensões
teóricas, metodológicas e tecnológicas. (SILVA, 2008)

Segundo o autor o tutor de EAD exerce um papel bem mais complexo do que o docente
que atua na sala de aula convencional e por isso necessita de uma formação diferenciada
para atender as expectativas do aluno, da instituição e da sociedade como um todo. A
comunicação ativa utilizando as ferramentas disponíveis nos ambientes virtuais precisa ser
eficiente e dinâmica, portanto o domínio tecnológico é primordial, porém para um diálogo
ritmado e formativo na educação a distância as habilidades pedagógicas e humanas do
tutor são instrumentos de inestimável valor.
Em geral, na maioria das instituições o professor tutor orienta o desenvolvimento
de atividades referentes a conteúdos elaborados por um professor conteudista (docente
responsável pela disciplina) que por sua vez tem um conteúdo programático a cumprir e
ambos os profissionais ficam “subordinados” as diretrizes passadas pelo coordenador do
curso. Nos projetos pedagógicos de EAD analisados notamos que o professor tutor não possui
autonomia para flexibilizar conteúdos ou atividades, visto que o mesmo precisa orientar os
alunos a seguirem rigorosamente o roteiro proposto pelo material didático mediacional. Para
atender a demanda institucional positivamente é de extrema importância que o professor
tutor conheça efetivamente o conteúdo programático deste material a fim de adequá-lo às
suas competências e habilidades pedagógicas e técnicas no decorrer do processo.
A partir dos estudos realizados obtivemos subsídios para compreender que o professor
tutor que atua em cursos superiores ainda está conquistando seu espaço no meio acadêmico/
científico e que, gradativamente vem construindo e consolidando sua valiosa identidade
como docente que necessita de habilidades diferenciadas para associar devidamente o

Anuário da produção acadêmica docente


28
Leila Aparecida Corte Volpini Furquim

conhecimento às ferramentas tecnológicas da modernidade. Contudo, constatamos que o


professor tutor realmente é um elemento de fundamental relevância para os acadêmicos
e para a Instituição na qual atua, pois é ele o principal motivador da aprendizagem
significativa, colaborativa e permanente na EAD.
Verificamos também que muitas instituições públicas e privadas que oferecem cursos
na modalidade a distância ainda estão se adequando gradativamente aos novos paradigmas
educacionais e que, frequentemente precisam “aparar arestas” para que possam oferecer aos
alunos e à equipe de profissionais de EAD a estrutura e a qualidade esperada em todos os aspectos.
Pudemos constatar que o papel polivalente do professor tutor frente aos novos
paradigmas está muito além do simples acompanhamento assíncrono nos ambientes
virtuais de aprendizagem colaborativa, visto que esse profissional precisa associar de modo
adequado: conhecimento, estratégias pedagógico-motivacionais, e ainda as diferentes
ferramentas tecnológicas disponibilizadas pela instituição visando assim que o estudante
consiga realmente um bom aproveitamento. Consideramos então, que o professor tutor de
EAD é um agente indispensável ao paradigma educacional emergente, visto que pode e
deve auxiliar efetivamente no desenvolvimento global dos acadêmicos objetivando que,
quando graduados, esses indivíduos conquistem boas oportunidades no mercado de
trabalho onde utilizarão os conhecimentos construídos no decorrer do curso e exercerão na
prática a cidadania crítica e a ética na sociedade em que vivem.

5. REFERÊNCIA
BEHRENS, M. A. A formação pedagógica e os desafios do mundo moderno. In: MASETTO, M.
(Org.). Docência na universidade. Campinas: Papirus. 1998.
FARIA, E. T. Interatividade e mediação pedagógica em educação a distância, 2002. Tese
(Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.
FURQUIM, Leila Aparecida Corte Volpini. O papel pedagógico do tutor de EAD: uma abordagem
bibliométrica baseada no banco de teses da CAPES / Leila Aparecida Corte Volpini Furquim. - São
Carlos : UFSCar, 2010.
GADOTTI, M. A filosofia para crianças e jovens e as perspectivas atuais da educação.
Brasília, 1999. Disponível em: <http://www.paulofreire.org/twiki/pub/Institu/
SubInstitucional1203023491It003Ps002/ Filo_criancas_1999.pdf>. Acesso em: 05 de janeiro de 2011.
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1991. (Coleção Debates
da Ciência).
LEAL, A importância do tutor no processo de aprendizagem a distância. Disponível em:
<http://www.rieoei.org/deloslectores/947Barros.PDF>. Acesso em: 05 de janeiro de 2011.
LOBO NETO, F. J. S. Educação a distância: regulamentação e realização. Disponível em: <http://
www.senac.br/INFORMATIVO/BTS/282/boltec282e.htm>. Acesso em: 10 de janeiro de 2011.
MILL, D. Sobre tutoria virtual na educação a distância, caracterizando o teletrabalho docente.
Disponível em: <http://ihm.ccadet.unam.mx/virtualeduca2007/pdf/236-DM.pdf>. Acesso em: 03
de janeiro de 2011.
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.19-30
29
O Papel Polivalente do Professor Tutor de EAD Frente Aos Novos Paradigmas Educacionais

MORAES, M. C (1997). O Paradigma Educacional Emergente. Campinas, Papirus.


MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica.
15ª ed. Campinas: Papirus, 2009.
MORAIS, M. O papel do tutor no acompanhamento do processo de aprendizagem em EAD.
Disponível em: <http://www.diferencialbr.com.br/papel_do_tutor.html>. Acesso em: 01 de
fevereiro de 2011.
MORIN, E. Epistemologia da complexidade. In: SCHNITMAN, D.F. (Org.). Novos paradigmas,
cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. 8. ed. São Paulo: Ed. Afrontamento, 1991.
SILVA, M. B. O processo de construção de identidades individuais e coletivas do ser-tutor no
contexto da educação a distância hoje. 2008. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em
Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.
SOUZA, C. A. Tutoria na educação a distância. Disponível em: <http://www.abed.org.br/
congresso2004/por/htm/088-TC-C2.htm>. Acesso em: 01 de fevereiro de 2011.

Anuário da produção acadêmica docente


30
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL:


UM DEBATE PARA VALORIZAÇÃO E RECONHECIMENTO DESTA
MODALIDADE DE ENSINO

Noemi Correa Bueno – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

RESUMO: Constatamos nos últimos anos um considerável crescimento da educação a PALAVRAS-CHAVE:


distância (EaD) no Brasil. Porém, apesar deste crescimento, ainda existem resistências e Qualidade; Educação a Distância;
Regulamentação; Preconceito.
preconceitos em relação a esta modalidade de ensino, que ainda é vista por alguns como
um modelo de baixa qualidade. Neste cenário, os IES (Institutos de Ensino Superior)
que optam por trabalhar com esta modalidade necessitam gerenciar os processos KEYWORDS:
complexos da EaD e suas peculiaridades, buscando conquistar seu reconhecimento na Quality; Distance Education;
área educacional e provar que existe qualidade neste método de ensino. Diante disto, o regulations; Prejudice.
debate entre os agentes é fundamental para sua valorização. Por meio desta interação
é possível (re)conhecer os pontos de vistas dos pares e debater questões pertinentes,
interessantes e até polêmicas, promovendo um esclarecimento sobre esta modalidade
e, desta maneira, quebrar tabus.

ABSTRACT: We noticed in recent years a considerable growth of distance education in


Brazil. But despite this growth, there are still resistances and prejudices in relation to
this type of education, which is still seen by some as a model of low quality. In this
scenario, universities working with distance education need to manage the complex
processes of distance education and its peculiarities, seeking to gain recognition in the
educational field and prove that there is quality this method of teaching. Given this,
the debate between the agents is crucial to his recognition. Through this interaction is
possible to know the views of the others and discuss interesting issues, promoting an
insight into this mode and, thus, breaking taboos.

Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 07/08/2012
Publicado em: 17/04/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.31-40
A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino

1. INTRODUÇÃO
Apesar de a educação a distância ter se efetivado em meados do século XIX (iniciando seu
processo com cursos por correspondência), ainda é possível nos depararmos na sociedade
brasileira com idéias permeadas por preconceitos sobre esta modalidade de ensino.
Um dos pensamentos errôneo sobre esta modalidade e que reflete este preconceito é o
de que os cursos a distância não possuem a mesma qualidade de que os presenciais e desta
maneira os alunos formados nesta modalidade são menos competentes do que os formados
em salas de aula (por cursos presenciais).
Podemos verificar ainda que este preconceito não é permeado apenas por sujeitos,
mas também por instituições. Diante disto, podemos constatar que alguns órgãos, inclusive,
realizam campanhas contra a educação a distância, criticando a forma como o aprendizado
é conduzido nesta modalidade, sendo um exemplo disto a campanha “Educação não é
fast-food” realizada pelo o CFESS-CRESS (Conselho Federal de Serviço Social e Conselhos
Regionais de Serviço Social), a ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em
Serviço Social) e a ENESSO (Executiva Nacional de Estudantes em Serviço Social) divulgada
no site do Conselho Federal do Serviço Social (CFESS, 2012).
É importante entendermos que existem, sim, diferenças entre as duas modalidades
de ensino e que a educação a distância possui também suas peculiaridades e vantagens
em relação à presencial. Em relação a isto, Michael Moore (apud MATTAR, 2011a, p. 07)
desenvolveu o conceito de distância transacional, reconhecendo que existe a separação física
entre docentes e discentes na EaD e que diante disto surge um novo espaço pedagógico e
psicológico, necessitando de uma forma diferente de comunicação.
Esta nova forma de comunicação não é feita “ao acaso”, mas é planejada pedagogicamente
a fim de elaborá-la da maneira mais adequada à construção do conhecimento. Para tal,
considera a interação entre alunos e professores e que o professor não é mais o detentor
exclusivo de conhecimentos, mas estes são construídos em conjunto por meio de debates
onde todos os agentes são importantes, considera também a estrutura dos programas
educacionais (que precisam se atentar para as peculiaridades desta nova forma de ensino
criando oportunidades adequadas para o diálogo entre os agentes e não buscar “copiar” as
formas de sucesso do presencial) e a natureza e o grau de autonomia do aluno, que necessita
organizar seu próprio método e tempo de estudos.
Assim, para a educação a distância obter êxito é importante não apenas que a instituição
forneça subsídios para o ensino (entendo como já coloquei que este deve ser planejado
conforme suas especificidades e não de acordo com um modelo de sucesso do presencial),
mas também que os agentes revejam seus papéis e funções neste novo contexto, no qual
o professor ao invés de impor um conhecimento, passa acompanhar a aprendizagem,
estimulando a troca de conhecimento e mediação, e o aluno por sua vez torna-se agente
Anuário da produção acadêmica docente
32
Noemi Correa Bueno

ativo e não mais apenas um mero receptor de informações e conteúdos.


Neste novo contexto de desenvolvimento de uma nova metodologia de ensino, o
debate entre os agentes é fundamental para sua valorização. Por meio desta interação é
possível conhecer os pontos de vistas dos pares e debater questões interessantes e polêmicas.
Esta discussão propicia um contato com perspectivas e “olhares” diversos sobre a temática,
principalmente quando envolve todos agentes relacionados (instituição, alunos, docentes,
entre outros) e a sociedade, promovendo um esclarecimento sobre esta modalidade e, desta
maneira, quebrar tabus.
Considerando este cenário, este artigo busca apresentar esta modalidade de ensino (a
distância), com intuito de incentivar o debate tão necessário para mudanças de paradigmas
em relação a esta temática.
Para tal, primeiramente irá abordar o histórico desta modalidade, demonstrando que
não é um fenômeno novo no Brasil e apontando pesquisas que revelam a taxa de crescimento
e adesão à EaD.
Outro fator abordado neste artigo se refere aos aspectos legais envolvendo esta
modalidade. O apontamento da existência de leis que regulamentam e fiscalizam a EaD é
mais um fator que confere maior credibilidade e confiança a esta modalidade, pois demonstra
que esta também recebe atenção dos órgãos de educação, e, consequentemente são avaliadas
de acordo com um parâmetro e regras preestabelecidas como necessárias para a oferta de
um curso de qualidade e excelência e que alcança as exigências de formação colocadas pelo
mercado de trabalho.
Por fim, serão levantadas as contribuições da EaD à sociedade, como, por exemplo,
em relação à democratização do ensino superior que aos poucos deixa de se apresentar
concentrado a uma parcela pequena da população brasileira para se difundir e alcançar
públicos antes excluídos deste processo educacional. Neste cenário de exclusão, a EaD surge,
então, também como uma possibilidade de suprir uma carência social por educação, pois
possibilita acolher pessoas cujo acesso à educação lhes estava vetado por diversos motivos,
como por exemplo, distância física de faculdades e escassez de tempo.

2. HISTÓRICO
A trajetória da educação a distância no Brasil não é curta, ao contrário, possui mais de
um século de instituição e consolidação que é dividida em três gerações de acordo com
as exigências por capacitação e das tecnologias disponíveis, sendo a primeira geração
denominada de cursos por correspondência, a segunda de novas mídias e universidades
abertas, e a terceira de EaD on-line (MATTAR, 2011b).
A primeira geração (cursos por correspondência) é caracterizada pelo uso de materiais
impressos encaminhados por correspondência. Nesta geração a interação e a mediação
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.31-40
33
A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino

entre os agentes eram permeadas principalmente pelo Correio. Um exemplo é o curso por
correspondência para datilógrafo oferecido a partir de 1891 pelo Jornal do Brasil.
A segunda geração (novas mídias e universidades abertas) é marcada pelo uso
de mídias como televisão, fitas de áudio e vídeo, rádio e telefone e pelo surgimento das
Universidades Abertas (universidades que utilizam estas mídias para realização de suas
atividades pedagógicas). Um exemplo de instituição que trabalhava com EaD neste período
é a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (fundada em 1923) que oferecia cursos de português,
francês, silvicultura, literatura francesa, esperanto, radiotelegrafia e telefonia, via rádio.
E a terceira geração (EaD online) é caracterizada pela utilização do videotexto (possível
com o surgimento do computador, da tecnologia multimídia e do hipertexto). Com a
consolidação e disseminação da internet, houve um impulso no surgimento de associações
e instituições voltadas para o ensino a distância.
É, ainda, nesta terceira geração que constatamos uma disseminação maior do
ensino a distância, que passou a ser ofertado não somente para programas de cursos de
aperfeiçoamento pessoal e profissional, mas também para programas de graduação (iniciado
na segunda geração) e de pós-graduação, sendo que a partir de 2011 a UAB (Universidade
Aberta do Brasil) passou a oferecer em caráter de teste os primeiros cursos de mestrado
(stricto sensu) nesta modalidade de ensino.
A preocupação do Governo Federal em investir na Educação a Distância, criando
e investindo nesta modalidade demonstra que esta modalidade não desperta o interesse
apenas de instituições privadas, mas também de instituições públicas federais.
Esta ação ajuda não apenas na disseminação da EaD e seus conceitos, mas também na
disseminação da própria valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino perante
a população brasileira, já que as universidades federais (em geral) possuem reconhecimento
da sua qualidade e credibilidade por parte da população e por isto são instituições vistas
com segurança. Assim, a adoção desta modalidade de ensino por estas instituições é uma
ação que pode ajudar a quebrar paradigmas e preconceitos em relação à EaD.
Outro bom exemplo de adoção da modalidade de EaD da geração on-line é a
Universidade Anhanguera-Uniderp, que atua em várias regiões do Brasil e se encontra em
fase de crescimento e expansão, sendo que em 2010 (3 anos após o grupo Anhanguera
adquirir a Universidade Uniderp) já possuía “mais de 150.000 alunos matriculados, cerca
de 6.000 professores e 4.000 funcionários de apoio técnico-administrativo, em seus quadros
de ensino de graduação e pós-graduação” (UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP,
2010, p. 06). Este acelerado crescimento demonstra a seriedade e qualidade com que a EaD
tem sido tratada no Brasil, e o reconhecimento que esta modalidade tem conquistado perante
a sociedade.
Como observado, a EaD no Brasil conta com uma trajetória de mais de um século,

Anuário da produção acadêmica docente


34
Noemi Correa Bueno

iniciando com cursos por correspondência, mas mantendo o aperfeiçoamento constante a


ponto de agregar todas as inovações tecnológicas desenvolvidas desde seu surgimento. Por
meio deste histórico podemos verificar que a EaD da forma como é trabalhada atualmente é
resultado de uma trajetória séria que evolui e se adapta conforme o avanço da tecnologia e
as necessidades da sociedade, portanto, não é um ensino realizado sem planejamento ou ao
“acaso”, mas possui experiências que agregam valores e atualizações constantes.

2.1. A educação à distância no Brasil em números


De acordo com a pesquisa realizada pela Associação e-Learning Brasil em 2008 (apud
SENAC, 2011), a modalidade de ensino a distância manteria um crescimento de 40% ao ano
até 2010. Esse crescimento reflete a consolidação do setor que aos poucos tem agregado os
reticentes sobre a evolução dessa modalidade de ensino no Brasil.
Essa pesquisa ainda apontou que em 2006, havia 2,3 milhões de alunos no ensino à
distância (de vários graus e tipos de formação) credenciados pelo MEC, o que significa que
um a cada 80 brasileiros participou de algum tipo de ensino à distância naquele ano.
De acordo com Waldomiro Loyolla (apud SENAC, 2011) esse crescimento ocorre,
pois o ensino à distância (no formato apresentado atualmente) ainda é uma tendência
relativamente nova no Brasil, que democratiza o acesso ao ensino.

3. ASPECTOS LEGAIS
Apesar da EaD no Brasil existir desde o século XIX, como vimos no item acima, somente em
1996, a partir o Artigo 80 da Lei n° 9.394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(BRASIL, 1996), que esta foi tratada pela primeira vez na legislação brasileira. Neste artigo
foi definido que cabe à União a regulamentação dos requisitos para registro de diplomas,
a necessidade de credenciamento das instituições, da disciplina da produção, do controle
e da avaliação de programas de educação a distância, e, faz referência a uma política de
facilitação de condições operacionais para apoiar a sua implementação (MORAN, 2011).
É importante ainda ressaltar que este Artigo (80 da Lei n° 9.394) foi o primeiro de uma
discussão legal no Brasil sobre a EaD, mas não é o único. Depois deste houve outros decretos
e portarias que discutem a situação da EaD e questões relacionadas ao credenciamento e à
regulamentação, sendo os que mais se destacam os relacionados a seguir.
Em 1998, com os Decretos n°2.494 (BRASIL, 1998a) e n°2.561 (BRASIL, 1998c) e a Portaria
n° 301 (BRASIL, 1998b) são estabelecidos procedimentos necessários para as instituições
obterem o credenciamento do MEC (Ministério da Educação) para oferecerem cursos de
graduação na modalidade a distância. Ainda em relação ao ensino superior, em 2001, o
MEC, por meio da Portaria n° 2.253 (BRASIL, 2001), permitiu que 20% da carga horária dos

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.31-40
35
A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino

cursos de graduação presenciais pudessem ser ofertadas na modalidade a distância.


Convém salientar ainda que a regulamentação em si da EaD no Brasil ocorreu
principalmente através do Decreto Lei n° 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005).
De acordo com este Decreto a EaD é caracterizada como modalidade de ensino no qual a
mediação pedagógica ocorre com a utilização de meios e tecnologias de comunicação em
lugares e tempos diversos.
Este Decreto levanta também algumas diretrizes, como: a não necessidade de
autorização para ofertar novos cursos superiores para IES com autonomia universitária e
que já esteja credenciada para EaD; a duração do curso a distância não poderá ser inferior à
definida na modalidade presencial; o controle de frequência deverá ser definido no projeto
pedagógico; participação dos alunos nas avaliações do SINAES, entre outras (MORAN,
2011).
Como observado, desde 1996 o governo tem assumido uma postura em relação à EaD,
a fim de regulamentá-la, fiscalizá-la e apresentar subsídios para que as instituições de ensino
superior ofereçam cursos de qualidade. A intervenção do governo demonstra que este
também se preocupa com a modalidade de ensino a distância e não apenas presencial e que,
portanto, também tem ações voltadas para esta modalidade e que está atento às instituições
e aos cursos ofertados buscando garantir que os discentes tenham a formação necessária e
de qualidade.

4. PADRÕES DE QUALIDADE EM EAD


Como ocorre com a maioria dos produtos (bens ou serviços), na educação a distância a
qualidade também é algo importante que precisa ser discutido. Assim, neste âmbito, é
possível verificar a preocupação com a qualidade, apresentando, as organizações envolvidas
com este segmento (não apenas as instituições, mas também órgãos públicos relacionados à
educação), um conjunto de ações planejadas com intuito de garantir que as instituições que
trabalham com esta modalidade de ensino cumpram seus objetivos.
Pensando nisto (e no que seria qualidade para o ensino a distância) o MEC (Ministério
da Educação), órgãos de regulamentação e supervisão da EaD e as próprias instituições que
oferecem estes cursos criaram parâmetros e ferramentas de suporte, avaliação e controle,
conferindo bases para instituições de ensino que trabalham com esta modalidade de ensino.
Neste cenário, verifica-se que a maioria dos conjuntos de ações das instituições de
ensino que atuam com Educação a Distância é regulada e fiscalizada pelo MEC (Ministério
da Educação), que criou alguns referenciais de qualidade em EaD, conferindo um suporte
para as instituições de ensino.
Neste referencial são considerados: integração com políticas, diretrizes e padrões
de qualidade definidos para o ensino superior como um todo e para o curso específico;
Anuário da produção acadêmica docente
36
Noemi Correa Bueno

desenho do projeto; equipe profissional multidisciplinar e infra-estrutura de apoio; materiais


educacionais; comunicação entre professor e aluno; avaliação da aprendizagem e avaliação
institucional; sustentabilidade financeira (ROESLER, 2011).
Assim, podemos verificar que a gestão da EaD requer estratégias para gerenciamento
acadêmico (serviços aos estudantes), pedagógico (processos e metodologias e ensino-
aprendizagem), tecnológico (softwares de apoio), articulação com a estrutura da instituição
e avaliação constante e integral do sistema. Neste contexto o desenho pedagógico assume
uma grande importância, já que, de acordo com Roesler (2011), está relacionado à definição
dos objetivos educacionais, à concepção curricular, à escolha dos meios de comunicação e
dos materiais que serão utilizados, à definição da metodologia de ensino, à concepção dos
sistemas de avaliação e às relações entre alunos e tutores, e, alunos e aluno.
Considerando este contexto, a didática adotada pela instituição também consiste
em um indicador de qualidade. De acordo com a professora Juscimara Roesler (2011), a
didática em EaD estabelece uma nova relação educativa e, por isto, requer um novo estilo
de pedagogia e cultura educacional que integre a comunicação audiovisual e interativa; e,
exige a redefinição da prática pedagógica, favorecendo o intercâmbio e o desenvolvimento
de processos compartilhados.
Para controle desta qualidade é possível utilizar algumas ferramentas de avaliação
institucional (utilizadas para aferição qualitativa do sistema de EaD). Estas ferramentas
podem ter duas origens: advindas dos órgãos responsáveis por regulamentações e
supervisões em EaD e da própria instituição, sendo que a autoavaliação institucional busca
verificar as necessidades dos agentes que atuam na EaD (principalmente do aluno).
Para tal, deve acompanhar cada processo (para criar ações corretivas ou de melhorias),
corrigir as operações necessárias e adotar um controle total da qualidade, estabelecendo
critérios de avaliação e indicadores de desempenho durante o planejamento dos serviços
educacionais.

5. DESENVOLVIMENTO E CONTRIBUIÇÕES DA EAD


Pudemos observar que a EaD já está no Brasil há mais de um século e não consiste em uma
metodologia de ensino nova, mas tem uma história, uma trajetória que se inicia com cursos
por correspondência no final do século XIX.
A sociedade caminha para um estágio no qual tecnologia e educação se tornam
indissociáveis. Durante muito tempo focou-se o “lado prejudicial” das tecnologias,
esquecendo-se que estas podem ser grandes aliadas e não inimigas da educação.
Além disto, é preciso atentarmos para uma transformação cultural que vem ocorrendo
já a alguns anos. Hoje as crianças e adolescentes possuem uma educação e leitura digitais
ensinadas e transmitidas não pelas escolas, mas no convívio diário com outros sujeitos e
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.31-40
37
A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino

com a própria tecnologia.


E esta nova educação e leitura resultam em um tipo de comportamento, dinâmica e
aprendizagem diferentes das formas como gerações passadas entendiam, compreendiam,
interpretavam e assimilavam, por isto, é importante que as instituições de ensino também se
atentem para esta nova forma de aprendizagem e interação dos alunos (ao invés de ignorá-
las) e se readapte a esta cultura digital que já está presente em nossa sociedade.
Além disto, entendo que a EaD no Brasil também tem sua importância ao democratizar
o ensino. Pois esta modalidade permite que muitas pessoas que se encontravam excluídas
agora tenham acesso à educação. Por meio da EaD muitos puderam ter acesso à educação
que antes lhes estava vetada por diversos motivos.
Assim, acredito que esta modalidade tem muito a contribuir com nossa sociedade,
incluindo no processo educacional pessoas sem acesso à educação superior, seja devido
à necessidades especiais - auditivas, visuais - à distância física da universidade, à falta de
tempo, entre outros motivos.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se nos últimos anos um grande avanço da EaD no Brasil, verificada não apenas
por meio do número crescente de instituições e alunos que aderem esta modalidade de
ensino, mas também pela preocupação do Governo Federal, juntamente com o MEC, de
criar diretrizes e decretos que regulamentem e definem esta modalidade de ensino e de
estabelecer órgãos específicos para lidar com questões relacionadas a EaD, oferecendo
suporte e regulamentando estes cursos.
Outra ação do Governo Federal voltada a esta preocupação é a retomada da UAB -
Universidade Aberta do Brasil, que consiste em um sistema integrado por universidades
públicas que oferece cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade
de acesso à formação universitária.
Assim, pode-se observar que o preconceito e a resistência que ainda existem em relação
a esta modalidade de ensino não a têm impedido de crescer e se consolidar. Neste aspecto,
muitas universidades têm procurado se capacitar (e capacitar seus funcionários e docentes)
para atuar de maneira eficaz, garantindo recursos para produção e estimulação de materiais,
aulas e debates que promovam a qualidade do conhecimento produzido, transmitido e
construído para (e entre) os alunos.
Como coloca Moran (2011, p. 17), “as instituições estão aprendendo rapidamente a
fazer EAD e isso é uma grande vantagem”. Ou seja, ainda não se estabeleceu uma “forma”
correta de se fazer EaD, pois esta modalidade na versão apresentada atualmente (com
mediação tecnológica) ainda é recente, mas apesar disto, as instituições têm se mostrado
disponíveis para rever suas metodologias, propostas pedagógicas e suportes e plataformas
tecnológicos para se adequarem às reais necessidades desta modalidade de ensino.
Na contemporaneidade onde a qualidade é requisito em todas as áreas, é algo muito

Anuário da produção acadêmica docente


38
Noemi Correa Bueno

importante ser discutido também no âmbito da educação e mais especificamente da


Educação a Distância.
Por isto, quando observamos o número de instituições de ensino (principalmente superior)
que ofertam cursos nesta modalidade, precisamos também analisar se este crescimento
é acompanhado pela qualidade com o ensino. Neste âmbito, não apenas instituições, mas
os próprios alunos, a sociedade em geral ou outros sujeitos interessados no assunto podem
pesquisar se estas atendem requisitos mínimos exigidos pelos órgãos de regulamentação e
supervisão. Pois como afirma Roesler (2011), “a oferta qualitativa dos serviços educacionais
perpassa [primeiramente] pelo atendimento aos parâmetros legais de oferta da modalidade”.
A qualidade a cada dia assume uma importância maior, seja no âmbito empresarial,
educacional ou até mesmo no campo das relações pessoais. Na Educação a Distância (EaD)
não poderia ser diferente. A qualidade também assume uma importância e um espaço nas
discussões entre agentes e instituições envolvidas neste processo.
É possível verificar neste sentido ações de órgãos de regulamentação e de fiscalização
da Educação a Distância e de instituições de ensino que trabalham com esta modalidade
de ensino que buscam criar padrões, parâmetros, regulamentações, diretrizes e sistemas de
avaliações que oferecem suporte para ofertas deste curso.
Esta discussão é importante para as instituições de ensino que passam a ter acesso
a parâmetros e ferramentas que auxiliam na elaboração de um curso que alcance seus
objetivos de formação e educação. É importante para os discentes que recebem acesso às
avaliações destas instituições e desta forma possuem ferramental para escolher a instituição
que melhor lhes convier. E também para a sociedade, cuja população passa a ter disponível
uma formação mais qualitativa.
Conversando informalmente com as pessoas, percebemos que o preconceito em relação
à EaD ainda é muito latente em nossa sociedade. E este preconceito é ainda mais perceptível
em determinados cursos, como é o caso da medicina e do direito (ainda não autorizado sob
o formato à distância).
Apesar deste preconceito ainda vingar, esta modalidade de ensino tem crescido cada
dia mais em nosso país, aumentando o número de faculdades que oferecem cursos nesta
modalidade, o número de cursos ofertados em universidades que já haviam aderido este
método e, principalmente, o número de alunos que optam por este tipo de educação.
Acredito que com o tempo e consolidação destes cursos (e consequentemente uma
maior divulgação da qualidade e resultados da EaD) este preconceito tenda a diminuir em
todas as áreas de conhecimento. Penso que algumas áreas encontrarão maior resistência,
mas mesmo assim estas resistências não dominarão por absoluto durante muito tempo.
Penso que a EaD possui muito potencial e ainda tem um grande espaço a conquistar
no Brasil, constituindo uma grande tendência na educação e no mercado de trabalho, como

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.31-40
39
A Educação a Distância no Brasil: um debate para valorização e reconhecimento desta modalidade de ensino

já ocorre na Europa onde é possível verificar que existe, em algumas empresas, uma disputa
pelo profissional formado em EaD, devido a autonomia, capacidade de organização e
resolução mais ágil de problemas desenvolvidos durante a graduação a distância - que exige
durante todo curso de seus alunos este tipo de característica e posicionamento.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso em: 26 de janeiro de 2012.
______. Decreto n°2.494, de 10 de fevereiro de 1998a. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20
de dezembro de 1996, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto/D2494.htm>. Acesso em: 26 jan 2012.
______. Portaria n°301, de 07 de abril de 1998b. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/
arquivos/pdf/tvescola/leis/port301.pdf>. Acesso em: 26 jan 2012.
______. Decreto n°2.561, de 27 de abril de 1998c. Altera a redação dos arts. 11 e 12 do Decreto n.º
2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o disposto no art. 80 da Lei n.º 9.394, de 20 de
dezembro de 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/
D2561.pdf>. Acesso em 26 jan 2012.
______. Portaria n°2.253, de 18 de outubro de 2001. Disponível em: <http://www.ufsj.edu.br/
portal-repositorio/File/pdi/p2253.pdf>. Acesso em: 27 jan 2012.
______. Decreto Lei n° 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de
20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/decreto/D5622.htm>. Acesso em:
27 de janeiro de 2012.
CFESS. Educação não é fast food. Disponível em: http://www.cfess.org.br/noticias_res.
php?id=603. Acesso em: 28 jan. 2012.
MATTAR, João. Educação a distância no Brasil e no mundo. Departamento de Extensão e Pós-
Graduação. Anhanguera Educacional, 2011a.
______. História da educação a distância. Departamento de Extensão e Pós-Graduação.
Anhanguera Educacional, 2011b.
MORAN, José Manuel. Fundamentos, políticas e legislação em EaD. Departamento de Extensão e
Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.
ROESLER, J. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. Valinhos:
Anhanguera-Uniderp,2001.
SENAC. Educação a distância mantém crescimento de 40% ao ano. Disponível em: <http://www.
ead.sp.senac.br/newsletter/julho07/ead.asp?nome=mercado>. Acesso em: 25 fev 2011.
UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP. Manual do aluno. Anhanguera Publicações: Mato
Grosso do Sul, 2010

Anuário da produção acadêmica docente


40
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

REFERENCIAIS DE QUALIDADE NO ENSINO SUPERIOR A


DISTÂNCIA

Josiane Fernanda Sartore – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

RESUMO: Este artigo tem por objeto o estudo dos referenciais de qualidade da educação PALAVRAS-CHAVE:
a distância no Brasil. Tendo como base o dispositivo constitucional de proporcionar Referenciais de Qualidade;
Educação à Distância; Disposição
acesso à educação a todos os cidadãos, as diretrizes básicas da educação estabelecem Constitucional.
referenciais de qualidade, de onde devem basear-se o projeto pedagógico de um curso
à distância. Desta forma serão expostos os critérios elaborados pelo Ministério da
Educação e Secretaria de Educação a Distância, discorrendo sobre os mesmos e suas KEYWORDS:
finalidades. Após os temas serão correlacionados e dispostos de forma clara e objetiva Benchmarks of Quality; Distance
a conclusão do tema. Education; Constitutional
Provision.

ABSTRACT: This article focuses on studying the reference quality of distance education
in Brazil. Based on the constitutional provision of providing access to education for
all citizens, the basic guidelines of education establish benchmarks of quality, which
should be based on the pedagogical project of a distance learning course. Thus we
will show the criteria developed by the Ministry of Education and Department of
Distance Education, talking about the same and their purpose. After the subjects will
be correlated and arranged in a clear and objective conclusion on this issue.

Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 24/05/2012
Publicado em: 17/04/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.41-50
Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância

1. INTRODUÇÃO
Novos valores e novas atitudes começam a ser construídos pela sociedade em favor de uma
nova modalidade de ensino que tem como instrumento essencial de aprendizagem as novas
tecnologias da informação, principalmente a internet.
Antigamente limitava-se o conhecimento apenas a extensão de sua dimensão visual
através de costumes das regiões e lendas folclóricas; tempos depois, adotou-se o sistema de
livros, porém sem a devida interpretação merecida; e, atualmente, o foco difundiu-se entre
a troca de idéias e ao entretenimento através das ferramentas tecnológicas, fomentando a
análise crítica de informações.
Alguns pesquisadores que estudam a EAD afirmam que esta já ocorre há muito
tempo. Desde os tempos primórdios quando se desenhava em cavernas, nas relações de
mestre e aprendiz, mais tarde pelas correspondências, depois pelo rádio e televisão, até a
modernidade do mundo de hoje através da internet, teleconferências e multimídias.
No Brasil o marco principal do ensino a distância foi no ano de 1922 a 1925, no Rio
de Janeiro, quando Edgard Roquette-Pinto fundou uma rádio com o intuito de ampliar
o acesso a educação. Mais tarde ocorreu a disseminação dos meios de comunicação no
país, das radiofônicas às televisivas, até chegarmos à era da informática. Desde a década
de 60 existiram órgãos governamentais que coordenaram a teleducação, como o Prontel
(Programa Nacional de Teleducação), substituído anos mais tarde pelo Seat (Secretaria de
Aplicação Tecnológica) e a partir de 1996 o MEC criou a Secretaria de Educação a Distância.
Assim, nos tempos atuais, não mais se admite uma formação escolar, especialmente
em nível superior, com vista apenas em preparar o estudante para o mercado de trabalho,
é necessária a formação de pessoas cidadãos que adquiram o interesse de criticar, analisar
e elucidar fatos que interferem na cultura social de cada indivíduo. Para tanto, no contexto
educacional, discutir as dimensões sociais, políticas e acadêmicas por meio de análises de
estrutura e resultado implica em gerir a qualidade do ensino.

2. CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


O artigo 1° do decreto 5622/2005 define a educação à distância como:
Art. 1º. Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como
modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de
ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação
e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas
em lugares ou tempos diversos.

Portanto nesta modalidade de ensino os diversos meios de comunicação substituem


o contato pessoal entre aluno e professor forçando uma aprendizagem autônoma e flexível
pelo interessado.

Anuário da produção acadêmica docente


42
Josiane Fernanda Sartore

“O termo educação a distância cobre várias formas de estudo, em todos os níveis,


que não estão sob a supervisão contínua e imediata de tutores presentes com seus
alunos em salas de aula ou nos mesmos lugares, mas que não obstante beneficiam-
se do planejamento, da orientação e do ensino oferecidos por uma organização
tutorial.” (BELLONI apud HOLMBERG, 2008, pg. 25)

Importante frisar que educação a distância é, por todos os títulos e modos, a mesma
educação de que sempre tratamos e que sempre concebemos como direito preliminar de
cidadania, dever prioritário do Estado Democrático, política básica e obrigatória para ação
de qualquer nível de governo, conteúdo e forma do exercício profissional de professores¹ .
Contudo, a educação à distância vem se transformando, ao longo dos anos, em uma
modalidade de grande importância para o aprendizado continuado. À medida que avançam
as tecnologias de comunicação virtual, o conceito de presencialidade também se altera,
sendo possível, através destas ferramentas, conciliar estudo e trabalho, com horários mais
flexíveis, mantendo a mesma qualidade dos materiais.
Além da formação continuada, a EAD oferece ainda possibilidade de aceleração
profissional no ambiente de trabalho, sendo possível que os estudantes apliquem desde o
início de seu curso os conceitos obtidos nos materiais de estudo.
Atualmente, todas as concepções metodológicas são utilizadas nessa modalidade
de ensino, que emerge ditando novos conceitos, bem como uma nova linguagem de
comunicação, que é a educação hipertextual, cujas características são: interatividade, a
não-linearidade, a intertextualidade e heterogeneidade no ambiente eletrônico em rede
(CORREIA; ANTONY, 2003).
A EAD é, portanto, uma modalidade de realizar o processo educacional quando,
não ocorrendo - no todo ou em parte – o encontro presencial do educador e do educando,
promove-se a comunicação educativa, através de meios capazes de suprir a distância que
os separa fisicamente. Assim, não é verdade que a educação a distância seja uma educação
distante, em que o aluno esteja isolado. Ele se mantém em interação com tutores/professores,
pelo trabalho de administração de fluxos de comunicação exercido por uma organização
responsável pelo curso e suporte facilitador dessa interação (LOBO NETO, 1998).

3. REFERENCIAIS DE QUALIDADE DA EAD


Tendo em vista a grande expansão desta modalidade de ensino, o MEC – Ministério da
Educação e Cultura estabeleceu diretrizes básicas como meio referencial de qualidade do
ensino às instituições para que estas possam ofertar os cursos à distância.
É importante ressaltar que o documento disponibilizado pelo MEC sobre o assunto
em questão não tem força de lei, apesar de ter sido elaborado por especialistas da área, mas
tem função norteadora dos processos de organização e sistematização da EAD.

¹ROESLER, J. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. 2011. Pág. 3

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.41-50
43
Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância

O Ministério da Educação ressalta que a preocupação central do documento é


apresentar um conjunto de definições e conceitos de modo a, de um lado, garantir qualidade
nos processos de educação a distância e, de outro, coibir tanto a precarização da educação
superior, verificada em alguns modelos de oferta de EAD, quanto a sua oferta indiscriminada
e sem garantias das condições básicas para o desenvolvimento de cursos com qualidade².
Portanto, ficou assim definido os tópicos principais do Referencial de Qualidade:
Concepção de educação e currículo no processo de Ensino e aprendizagem; Sistemas de
comunicação; Material didático; Avaliação; Equipe Multidisciplinar; Infra-estrutura e apoio;
Gestão acadêmico-administrativa e Sustentabilidade financeira.

3.1. Concepção de educação e currículo no processo de ensino e de aprendizagem


Observa-se que não existe um modelo único de educação à distância, por isto, as instituições
se diferenciam na oferta desta modalidade através dos recursos educacionais e tecnológicos, e
estes podem variar de acordo com a cultura e necessidade de cada região. No entanto, a filosofia
de aprendizagem deve ser a mesma em qualquer lugar: na modalidade a distância, todos
os recursos disponíveis devem propiciar a integração com o estudante com vistas a garantir
o desenvolvimento educacional, possibilitando angariar novas habilidades e competências
profissionais a que o curso se propõe. Assim, a determinação do MEC é que os instrumentos
a serem utilizados devem ter coerência com a opção teórico-metodológica definida no projeto
pedagógico do curso3. Compreende-se por instrumento todos os recursos humanos, financeiros,
tecnológicos e estruturais a serem utilizados na organização de um curso EAD.
De todo modo, o ponto focal da educação superior - seja ela presencial ou à distância, nas
inúmeras combinações possíveis entre presença, presença virtual e distância - é o desenvolvimento
humano, em uma perspectiva de compromisso com a construção de uma sociedade socialmente
justa. Daí a importância da educação superior ser baseada em um projeto pedagógico e em
uma organização curricular inovadora, que favoreçam a integração entre os conteúdos e suas
metodologias, bem como o diálogo do aprendiz consigo mesmo (e sua cultura), com os outros
(e suas culturas) e com o conhecimento historicamente acumulado4 .
Outro ponto bastante ressaltado pelo documento do MEC, acerca deste critério, se
refere ao conhecimento básico sobre as tecnologias e o conteúdo programático previsto no
projeto do curso de modo a garantir que todos os ingressantes do curso superior tenham um
ponto de partida em comum.

² Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância – Versão Preliminar. Ministério da Educação. Secretaria de Edu-
cação a Distância. 2007, pág. 2.
³Idem. Pag. 8.
4
Idem. Pág. 9.

Anuário da produção acadêmica docente


44
Josiane Fernanda Sartore

Observa-se, portanto, que, esta nova modalidade exige a construção de uma nova
visão do conhecimento, que deverá ser pautada na interdisciplinaridade e contextualização,
sendo possível perceber como os conteúdos se combinam e se interpenetram, colaborando
no processo acadêmico de ensino-aprendizagem.

3.2. Sistemas de Comunicação


Os sistemas de comunicação são os meios pelos quais as informações são integradas e
disponibilizadas de maneira a possibilitar a interação entre os agentes responsáveis do
ensino-aprendizagem.
Desta forma, as tecnologias da informação, em especial a internet, tornam-se
instrumentos indispensáveis na produção de novas metodologias de angariação de novos
conhecimentos, através do uso das ferramentas síncronas ou assíncronas.
Salienta-se que as formas de comunicação devem permitir ao aluno a resolução de
questões pertinentes desde o material didático utilizado até os aspectos de orientação de sua
aprendizagem, articulando todos os agentes (professor, tutor, colegas) de forma a garantir a
qualidade e eficiência do sistema adotado.
Embora a modalidade de ensino seja a distância, se faz necessário também a previsão
de momentos de encontros presenciais. Assim, todos os alunos serão acompanhados por
vários especialistas tidos como motivadores e facilitadores da aprendizagem, garantindo
uma comunicação privilegiada ao estudante e de forma flexível. Neste sistema integrado,
os agentes envolvidos são responsáveis pela monitoração da evolução do aluno, de forma
a personalizar as conversas e contribuir ainda mais para seu desenvolvimento, criando
condições para diminuir a sensação de isolamento.
Portanto, para os cursos a distância, todo o processo educacional deve estar pautado
em um eficiente sistema de comunicação, que atenda as necessidades do aluno e seja capaz
de atingir os objetivos propostos de cada curso.

3.3. Material Didático


O material didático deve ser produzido de forma a facilitar a construção do conhecimento
e mediar a interlocução entre aluno e professor . Assim, todo material disponível deve estar
em consonância com o projeto pedagógico do curso, e, ainda, propiciar o desenvolvimento
de habilidades e competências específicas de cada área de atuação a que o curso se destina.
Importante ressaltar que por se tratar de educação a distância, este material abrange
todos os procedimentos que serão utilizados na aprendizagem, tais como vídeos das
teleaulas, fóruns de discussão e chat, mensagens e documentos impressos, mesclando todos
os recursos disponíveis e favorecendo a integração dos agentes envolvidos neste processo.
Outra determinação importante sobre este aspecto é que todo o material deve especificar
a equipe multidisciplinar responsável por esta tarefa, bem como os demais profissionais
nas áreas de educação e técnica que contribuíram para a criação dos recursos audiovisuais
utilizados.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.41-50
45
Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância

3.4. Avaliação
A avaliação dos cursos superiores a distância deve contemplar as duas dimensões propostas
pela instituição que são relacionadas ao processo de aprendizagem e ao projeto pedagógico
do curso.
A avaliação da aprendizagem trata do acompanhamento do aluno no decorrer do curso
e se destina a identificar o grau de desenvolvimento obtido nas etapas do processo de ensino-
aprendizagem e a motivá-los a serem ativos na construção de seu próprio conhecimento.
É importante ressaltar ainda que em conformidade com as normas do Decreto
5.622/2005, as avaliações devem ser realizadas nos pólos de apoio presencial, com as datas
definidas antecipadamente. Este critério é válido também para os trabalhos de conclusão de
curso e estágios, quando for o caso.
Já a avaliação institucional é voltada para o aperfeiçoamento dos procedimentos
acadêmicos e pedagógicos dos cursos oferecidos pela instituição de ensino, de forma a
melhorar e aprimorizar os recursos otimizando todos os processos e garantindo a qualidade
exigida pelo Ministério da Educação. Para ter credibilidade nos feedbacks obtidos, todos
os agentes devem ser envolvidos, tais como, aluno, professor, tutor, corpo técnico-
administrativo, etc.
Para ROESLER (2011, p. 5) as avaliações, em seus momentos individuais ou coletivos,
precisam apresentar estratégias pedagógicas que permitam o alcance dos objetivos propostos
para o curso. Portanto, trata-se de uma ferramenta de grande valia tanto para a instituição
quanto para o MEC, pois tem condições de apresentar as falhas que precisam ser melhores
trabalhadas bem como apontar as qualidades estabelecidas para cada curso.

3.5. Equipe Multidisciplinar


A equipe multidisciplinar é considerada um grupo de especialistas em diversas áreas
do conhecimento que atuam juntos na concretização de um objetivo. Na modalidade de
educação à distância, isto se tornou essencial para garantir sua qualidade. Para tanto,
são indispensáveis três tipos de profissionais: os docentes, os tutores e o corpo técnico-
administrativo.
Os docentes são responsáveis pela elaboração de todo o conteúdo curricular da grade
de cada curso, definindo as bibliografias, videografia, iconografia, etc. que serão utilizadas,
bem como pela gestão acadêmica do processo de ensino-aprendizagem, orientando e
avaliando os estudantes rotineiramente.
Os tutores são peça chave da modalidade EAD. São os agentes que participam
ativamente do processo educacional que contribuem para a compreensão de temas e fixação
do conteúdo. O MEC prevê a atuação de duas categorias de tutores: presencial e a distância.

5
Idem. Pág. 13

Anuário da produção acadêmica docente


46
Josiane Fernanda Sartore

O tutor presencial é responsável pelo acompanhamento dos alunos nos períodos em


que forem determinados os encontros presenciais. Eles devem auxiliar no desenvolvimento
de atividades previstas na grade do curso e é responsável pela aplicação de provas, aulas
práticas, etc. O tutor a distância media o processo da EAD através de um ambiente virtual.
Neste ele é responsável por esclarecer as dúvidas e instigar o aluno a construção de seu
próprio conhecimento através de materiais de apoio. Ambos os profissionais devem ser
altamente capacitados no domínio específico do conteúdo e nos recursos tecnológicos
utilizados para tanto.
E por fim, o corpo técnico-administrativo, que oferecem todos os meios necessários
para a plena realização dos cursos propostos. Este grupo de profissionais envolve duas
categorias distintas: a administrativa e a tecnológica. A primeira refere-se ao profissional
que atua em funções acadêmicas, acompanhando todos os procedimentos de matrícula,
certificados, etc. dos alunos e certificando-se da distribuição e recebimento dos materiais
didáticos aos docentes e tutores. A área tecnológica fazem o suporte e manutenção de todos
os equipamentos tecnológicos, em especial dos sistemas de informática garantindo desta
forma a disposição destes materiais aos estudantes e professores.
Verifica-se, portanto, que, este grupo deve estar bem entrosado com todos os
procedimentos da modalidade de ensino a distância, pois o trabalho de um depende de
outro.

3.6. Infra-estrutura de Apoio


A infraestrutura pode ser material ou física. A infraestrutura material refere-se aos recursos
e equipamentos a serem disponibilizados para a realização do curso, tais como, televisão,
internet, computador, videoconferências, etc. Já a física é composta por duas instalações
básicas, segundo o MEC: a coordenação acadêmico-operacional nas instituições e os pólos
de apoio presencial.
A coordenação acadêmico-operacional configura-se o centro da gestão acadêmico-
operacional dos cursos ofertados. Ou seja, são unidades responsáveis por garantir as ações e
as políticas da educação a distância, devem, portanto, promover ensino, pesquisa e extensão6.
Já o pólo de apoio presencial tem seu conceito definido pela Portaria Normativa nº
02/2007, no § 1º do artigo 2º:
Art. 2º [...]

§ 1º. O pólo de apoio presencial é a unidade operacional para desenvolvimento


descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos
e programas ofertados a distância, conforme dispõe o art. 12, X, c, do Decreto nº
5.622/2005.

6
Idem. Pág. 25

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.41-50
47
Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância

Essa unidade, portanto, desempenha papel de grande importância para o sistema de


educação a distância. Sua instalação auxilia o desenvolvimento do curso e funciona como
um ponto de referência fundamental para o aluno7. Como se trata de descentralização das
instituições, importante ressaltar que este contribui para a viabilização da educação no
país, respeitando as peculiaridades de cada região. No entanto, todos devem contar com a
estrutura física de sistemas de biblioteca, laboratórios integrados, secretarias de apoio, etc.

3.7. Gestão Acadêmico-administrativa


Este referencial consiste em planejamento acadêmico aos alunos EAD para que estes tenham
a mesma condição e suporte do ensino presencial. Este suporte inclui a rede administrativa/
financeira, banco de dados, controle do processo de tutoria, equipamentos/recursos
adequados, sistema acadêmico de cada aluno, etc.
Todos estes recursos de gestão devem estar eficientemente integrados para que o
aluno esteja cada vez mais motivado com seu processo de ensino-aprendizagem, dando
credibilidade a instituição.

3.8. Sustentabilidade Financeira


Segundo o MEC, o ensino EAD envolve uma série de investimentos iniciais elevados, seja
para a criação e produção de materiais didáticos, ou no treinamento e capacitação dos
recursos humanos e os custos dos equipamentos tecnológicos.
Nem sempre o retorno do custo/benefício ocorre em curto prazo, sendo necessário
cada vez mais investimentos para aperfeiçoar as técnicas de ensino nesta modalidade de
educação.
Todo este processo exige um planejamento técnico e detalhado onde conste todas as
informações sobre o investimento a ser realizado e o custeio destes recursos, com o intuito de
que ao final do projeto, seja possível identificar o número de alunos para o desenvolvimento
de cada curso nos pólos de ensino.
Para ROESLER (2011, p. 6), para o bom planejamento da sustentabilidade serão
previstos os custos fixos e variáveis demandados nas etapas de produção dos materiais,
de capacitação dos profissionais, de logística, da infraestrutura tecnológica, humana e
material, nas diferentes etapas de implementação do projeto. Evitando dessa forma falhas e
arquivamento do curso.

7
Idem. Pág. 25

Anuário da produção acadêmica docente


48
Josiane Fernanda Sartore

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ponto mais discutido nesta modalidade de ensino é a qualidade oferecida pelas
instituições. Assim o documento elaborado pelo Ministério da Educação conjuntamente com
a Secretaria de Educação a Distância visa a conceituação dos principais critérios que devem
ser observados na elaboração de projetos pedagógicos de cursos EAD e na organização
dos sistemas adotados. Isto para que não restem dúvidas acerca das disposições legais que
regulam esta matéria.
Com base nos referenciais elencados, não há dúvidas de que muitos processos ainda
precisam ser melhorados. Assim, professores, tutores e equipe técnica-administrativa devem
ser capacitados para atender a demanda de forma especializada, ou seja, considerando as
peculiaridades deste público alvo. Pois, de nada adiantaria todas as regulamentações legais
sem os instrumentos humanos para aplicá-los com eficiência.
Segundo ROESLER apud Demo, a qualidade em educação implica em:
a) Qualidade acadêmica, que surge na produção original do conhecimento por meio
da docência. Refere-se às capacidades do professor de transmitir conhecimentos
advindos das práticas de pesquisa que convergem em soluções para problemas
específicos da sociedade;

b) Qualidade social, que significa que, decorrente das atividades de ensino, de


pesquisa e de extensão, as instituições educacionais atuem de forma relevante no
desenvolvimento da sociedade;

c) Qualidade educativa, que é a capacidade das instituições atuarem na formação


plena do cidadão para que possam contribuir e interferir em suas respectivas
realidades sociais. (2011, p. 3)

Portanto, a EAD como modalidade de ensino que amplia as possibilidades de acesso à


educação, através das tecnologias da informação, deverá ser categoricamente cobrada pela
eficiência de todos os processos, nas três áreas distintas – acadêmica, social e educativa –
garantindo o desenvolvimento de habilidades e competências profissionais bem como a
educação para o convívio em social.
Estamos caminhando na definição de estratégias e abordagens que assegurem cada
vez mais a plena aprendizagem dos estudantes, e para isso, é imprescindível a participação
e colaboração de todos os envolvidos com a educação a fim de priorizar esta matéria e
colocá-la em destaque na sociedade.

REFERÊNCIAS
BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. 5ª ed. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2008.
BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o Artigo 80 da Lei 9.394, de 20
de Dezembro de 1996, que Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial
da União, Brasília, 20 dez. 2005.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.41-50
49
Referencias de Qualidade no Ensino Superior a Distância

. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 21 dez. 1996.
. Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância: Versão
Preliminar. Ministério da Educação/Secretaria de Educação a Distância. 2007.
BLOIS, M. A busca da qualidade na educação superior a distância no Brasil: situação atual e
algumas reflexões. RIED Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, v.7: n.1/2, 2004, p.
97-111. Disponível em: http://www.utpl.edu.ec/ried/images/pdfs/vol7-1-2/a_busca.pdf. Acesso
em 10 novembro de 2011.
CORREIA, Ângela Álvares; ANTONY, Geórgia. Educação hipertextual: diversidade e interação
como materiais didáticos. In: FIORENTINI, Leda Maria Rangearo; MORAES, Raquel de Almeida
(orgs) Linguagens e interatividade na educação a distância. Rio de Janeiro: DP& A, 2003.
LOBO NETO, Francisco José da Silveira. Educação a Distância:Regulamentação, Condições
de Êxito e Perspectivas.http://www.intelecto.net/ead_textos/lobo1.htm Acesso 30/03/2005.
Anotações de uma palestra, em 06 abril 1998. Acesso em 26 de janeiro de 2012.
MORAN, José Manuel. Fundamentos, Políticas e Legislação em EaD. Departamento de Extensão
e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.
ROESLER, Jucimara. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. 2011.

Anuário da produção acadêmica docente


50
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

UM BREVE PANORAMA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Thalita Silva Neves Veloso Costa – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

RESUMO: Este artigo se propõe a refletir sobre os Referenciais de Qualidade em PALAVRAS-CHAVE:


EaD na legislação educacional, discorrendo sobre algumas práticas utilizadas pelas Educação a Distância;
Qualidade em EaD; Legislação e
instituições de ensino, com o objetivo de contribuir para a compreensão do tema Regulamentação em EaD.
proposto. Devido à abrangência do assunto, foram identificados alguns conceitos
importantes para se tratar os referenciais de qualidade na Educação a Distância, como
a definição de qualidade na EaD. Nesta perspectiva, a oferta qualitativa de produtos KEYWORDS:
e serviços em educação a distância deverá levar em consideração a elaboração de Distance Education; Quality in
um bom material didático que propicie ao aluno uma aprendizagem autônoma. O Distance Education; Law and
Regulation in Distance Education.
processo de produção de conteúdo, o processo do serviço educacional, juntamente
com o processo de avaliação da metodologia se destaca como principais indicadores
para a autoavaliação institucional.

ABSTRACT: This article intends to reflect on the Benchmarks of Quality in Distance


Education in educational legislation, talking about some practices used by educational
institutions, aiming to contribute to the understanding of the theme. Due to the scope
of the subject, identified some important concepts to address the benchmarks of
quality in distance education, as the definition of quality in distance education. In this
perspective, offering qualitative products and services in distance education should
consider drawing up a good educational material that provides the student with an
autonomous learning. The process of content production, the process of the education
service, together with the evaluation methodology stands out as key indicators for the
institutional self-assessment.

Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 30/07/2012
Publicado em: 17/04/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.51-59
Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil

1. INTRODUÇÃO
O panorama da educação no Brasil vem se modificando em decorrência da aplicação de
tecnologias de informação e comunicação. Tais inovações tecnológicas, como por exemplo,
a internet, propiciou a expansão da Educação a Distância e a colocou no ranking dos
assuntos mais discutidos atualmente no âmbito educacional. Este artigo tem por finalidade
fazer um breve levantamento sobre a história da Educação a Distância no Brasil, abordar
as regulamentações existentes que normatizam a Educação a Distância (EaD) no território
brasileiro e o referencial de qualidade para a oferta do Ensino Superior na EaD, bem como
apresentar dados atualizados desta modalidade.
Referente à evolução da EaD à nível mundial, Mattar afirma que:
Comparando o desenvolvimento da EaD no Brasil com a experiência mundial,
algumas diferenças saltam aos olhos. Num primeiro momento, a EaD brasileira
segue o movimento internacional, com a oferta de cursos por correspondência.
Entretanto, mídias como o rádio e a televisão serão exploradas intensamente e com
bastante sucesso em nosso país, através de soluções específicas e, muitas vezes,
criativas, antes da introdução da Internet. Além disso, no Brasil, a experiência das
universidades abertas é retardada praticamente até há poucos anos, com a criação
da Universidade Aberta do Brasil – UAB. (2011, p. 1)

Com o rápido desenvolvimento e a grande expansão da Educação a Distância - EaD,


temas como qualidade vem se tornando questões estratégicas para oferta desta modalidade.
A preocupação em oferecer um curso de graduação na modalidade EaD com qualidade,
cresce concomitantemente com a procura do consumidor por bons serviços educacionais.
Intuindo evitar a precarização do Ensino Superior, principalmente na modalidade
EaD que vem passando por um processo dinâmico de evolução, o Ministério da Educação
(MEC) elaborou um documento, sem a pretensão que se tornasse um dispositivo legal, mas
que fosse utilizado como referencial de qualidade para a oferta do Ensino Superior. Quando
falamos em qualidade na EaD, cabe observar alguns temas estratégicos como autonomia do
estudante, a didática e não menos importante, a autoavaliação.

2. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL


Educação a distância não é uma modalidade recente, seu surgimento no Brasil seguiu o
movimento internacional, no início do século XIX, com a proposta de oferecer cursos por
correspondência, porém tal modalidade de ensino só foi reconhecida oficialmente, em 1996
por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, como observado o artigo que
segue abaixo:
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas
de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação
continuada.

§ 1.o A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será


oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.
Anuário da produção acadêmica docente
52
Thalita Silva Neves Veloso Costa

§ 2.o A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de


diploma relativos a cursos de educação a distância.

§ 3.o As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a


distância e a autorização para sua implementação caberão aos respectivos sistemas
de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.

§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:

I -- custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e


de sons e imagens;

II -- concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;

III -- reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários
de canais comerciais. (BRASIL, 1996)

No entanto, até chegarmos ao reconhecimento legal dessa modalidade de ensino, bem


como a utilização de tecnologias inovadoras, grande foram as dificuldades enfrentadas, por
exemplo, no ensino por correspondência havia problemas desde a utilização dos correios até
a falta de incentivo dos órgãos governamentais; quanto ao material pedagógico, o impresso
foi um instrumento viabilizador desta modalidade de ensino-aprendizagem, posteriormente
se modernizando com a utilização dos recursos de áudio e vídeo (transmissão de rádio e
televisão, videotexto, computador e tecnologia de mídia).
Em 1939, o Brasil obteve experiências bem sucedidas com a fundação do Instituto Radio
Técnico Monitor e o Instituto Universal Brasileiro que proporcionavam sistematicamente a
sociedade, cursos profissionalizantes por correspondência. A partir da década de 70, cursos
supletivos à distância começaram a ser oferecidos por algumas fundações e organizações
não-governamentais, um forte exemplo é o Telecurso, um programa de educação supletiva
a distância para 1º e 2º grau, implantado pela Fundação Roberto Marinho, que se utilizava
das tecnologias de teleducação, satélite e materiais impresso e que também disponibilizava
salas para seus alunos em todo o país.
A primeira experiência em oferta de cursos a distância no âmbito da educação superior
se deu em 1979 pela Universidade de Brasília com o Programa de Ensino a Distância (PED).
Com o desenvolvimento de recursos tecnológicos da informação e da comunicação, novas
universidades passaram a oferecer cursos superiores de graduação na modalidade a
distância, como a Escola do Futuro – USP, Universidade Federal do Pará, Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC, Universidade Federal do Mato Grosso, e com grande
destaque, em 2005, a Universidade Aberta do Brasil – UAB¹.

¹A UAB é um consórcio entre instituições públicas que oferecem cursos de graduação a distância, principalmente para formação
de professores.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.51-59
53
Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil

3. OS REFERENCIAIS DE QUALIDADE NA
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL A DISTÂNCIA
Para clarificar o que venha a ser Referenciais de Qualidade:
Os Referenciais de Qualidade circunscrevem-se no ordenamento legal vigente em
complemento às determinações específicas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
do Decreto 5.622, de 20 de dezembro de 2005, do Decreto 5.773 de junho de 2006 e das
Portarias Normativas 1 e 2, de 11 de janeiro de 2007. Embora seja um documento que
não tem força de lei, ele será um referencial norteador para subsidiar atos legais do
poder público no que se referem aos processos específicos de regulação, supervisão
e avaliação da modalidade citada. Por outro lado, as orientações contidas neste
documento devem ter função indutora, não só em termos da própria concepção
teórico-metodológica da educação a distância, mas também da organização de
sistemas de EaD. Elaborado a partir de discussão com especialistas do setor, com
as universidades e com a sociedade, ele tem como preocupação central apresentar
um conjunto de definições e conceitos de modo a, de um lado, garantir qualidade
nos processos de educação a distância e, de outro, coibir tanto a precarização da
educação superior, verificada em alguns modelos de oferta de EAD, quanto a sua
oferta indiscriminada e sem garantias das condições básicas para o desenvolvimento
de cursos com qualidade.

Além do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, uma das


molas propulsoras da EaD foram os dispositivos legais que vieram estabelecer critérios
regulatórios, os quais propiciaram a expansão dos cursos a distância no Brasil. Podemos
destacar na legislação educacional a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada
em 1996 que possibilitou a implementação do Ensino Superior a Distância, documentos
legais subsequentes abordam a regulamentação e normatizam a da oferta de cursos de
graduação a distância, em alguns motes, indicando questões como a qualidade e a avaliação.
Demo (2001), alega que qualidade aponta para a dimensão da intensidade, tem a ver
com profundidade, perfeição, principalmente com participação e criação, está mais para
ser, do que para ter. Complementando o conceito deste autor, Roesler (2011) afirma que
para se conceituar qualidade no contexto educacional é necessário discutir as dimensões
sociais, políticas e acadêmicas, o que nos levará a analisar as estruturas, os processos e
os resultados decorrentes das práticas de ensino presenciais ou a distância. A qualidade
em educação implica em se ter qualidade acadêmica, que surge na produção original do
conhecimento por meio da docência; qualidade social, que significa a atuação de forma
relevante da instituição no desenvolvimento da sociedade; e qualidade educativa, sendo
a capacidade das instituições atuarem na formação plena do cidadão para que possam
contribuir e interferir em suas respectivas realidades sociais (ROESLER apud DEMO, 2011).
As características da EaD são apontadores fundamentais para atender aos referenciais
de qualidade. Uma gestão eficaz, prima por oferecer a seus acadêmicos uma didática²
que atenda sua condição geográfica, proporcionando um modelo educativo de ensino-
aprendizagem por meio do qual o indivíduo adquira autonomia em sua condição de aluno.

²A didática tem por objetivo o como fazer a prática pedagógica, mas só tem sentido quando articulado ao para que fazer e ao por
que fazer. (CANDAU, 2002, p. 18 apud ROESLER, 2011).

Anuário da produção acadêmica docente


54
Thalita Silva Neves Veloso Costa

A concepção de ensino e de aprendizagem expressas no Projeto Pedagógico do Curso


nortearão a estruturação didática do material instrucional³ que produzirá, por um lado, o
planejamento educacional da disciplina e, por outro, as ações pertinentes aos estudos de
forma autônoma.
O processo de produção de conteúdo, o qual concretiza os recursos e materiais didáticos,
o procedimento do serviço educacional (que compreende a tutoria e o acompanhamento
do aluno), juntamente com o processo de avaliação da metodologia se destacam como
principais indicadores para a autoavaliação institucional, que se tornará uma ferramenta
importante para tomada de decisão. A autoavaliação permitirá um conhecimento profundo
da instituição e dos cursos oferecidos em todos os aspectos básicos; diante deste diagnóstico
a instituição poderá tomar as decisões pertinentes ao atendimento dos referenciais de
qualidade.

4. JUSTIFICATIVAS LEGAIS A PARTIR DAS


REGULAMENTAÇÕES EXISTENTES
A EaD vem responder às demandas pleiteadas pela evolução da sociedade e a limitação
do sistema educativo convencional. Para que todas as ferramentas tecnológicas sejam
empregadas de maneira adequada com a finalidade de garantir a qualidade aos processos
de ensino-aprendizagem na EaD, inúmeros decretos, leis e portarias foram sancionadas
visando sua regulamentação.
Em 1996, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394),
ocorreu a primeira menção oficial a EaD, discorrendo em seus artigos sobre o credenciamento
das instituições; regulamentação dos quesitos para registro de diplomas; a submissão da
produção, controle e avaliação dos programas de EaD a seus respectivos sistemas de ensino;
e por fim, menciona sobre a política de facilitação de condições operacionais para apoiar a
implementação da EaD.
O artigo 80 da LDB propiciou a criação dos Decretos nº 2.494 e 2.561 de 1998 e da
Portaria nº 301 de 1998, tais dispositivos regulamentadores instrumentalizaram os
procedimentos a serem seguidos pelas instituições que objetivavam o credenciamento do
MEC para ofertar cursos de graduação a distância. Em 2001, através da Portaria nº 2.253
(posteriormente atualizada pela Portaria nº 4.059 de 10/12/2004), o Ministério da Educação
permitiu a oferta de até 20% da carga horária de cursos já reconhecidos na modalidade EaD
pelas universidades, faculdades e centros tecnológicos.

³ O material instrucional deve ter estruturação didática composta pela arquitetura dos conteúdos, pelos recursos midiáticos, pelas
estratégias avaliativas e pelas interações pedagógicas.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.51-59
55
Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil

Dentre a vasta legislação que regulamenta a EaD, ainda podemos destacar: o Decreto nº.
5.622 de 20/12/2005; Decreto nº 6.303, 12/12/2007 que regulamenta o processo de avaliação
e regulação do Ministério da Educação; Decreto nº 5.800 de 05/06/2006 que institui o Sistema
Universidade Aberta do Brasil; Portaria Ministerial nº. 4.361 de 29/12/2004 que norteia os
procedimentos de credenciamento e recredenciamento de instituições da educação superior
(IES); e a Portaria Ministerial nº. 4.059 de 10/12/2004 que dispõe sobre a oferta de 20% da
carga horária dos cursos de graduação na modalidade semipresencial.
Quanto aos órgãos reguladores da EaD, temos o Decreto nº 7.480 de 16/05/2010 que
extingue a Secretaria de Educação a Distância (Seed) e cria no âmbito do MEC a Secretaria
de Regulamentação e Supervisão da Educação Superior.
Alguns estudiosos acreditam que esta vasta legislação que normatiza e regulamenta a
EaD no Brasil limita a ação desta modalidade de ensino.
Especificamente para o Brasil, com tradição européia na educação superior e
colonização patrimonialista portuguesa, a tendência para centralização do controle
e a necessidade do estabelecimento de uma legislação detalhista a ser seguida impõe
uma “camisa de força”, principalmente às iniciativas inovadoras. No caso da EaD,
apesar dos avanços conquistados, corre-se o risco de paralisação de um processo
cuja dinâmica, principalmente tecnológica, requer a máxima flexibilidade possível,
deixando para os indivíduos julgarem os resultados alcançados, e uma legislação
apenas direcionadora, com princípios mais gerais. (KIPNIS, 2009, p. 212)

5. DADOS ATUALIZADOS SOBRE A


EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL
Ainda hoje, um dos grandes empecilhos para a expansão da EaD é o preconceito e a
estigmatização desta modalidade. Muitos ainda acreditam que as novas propostas
pedagógicas de ensino que utilizam-se das inovações tecnológicas, não são capazes de
promover um ambiente de ensino-aprendizagem de modo eficiente e com qualidade como
na modalidade presencial ou ensino tradicional, porém este preconceito não encontra
respaldo nos dados estatísticos apresentados em pesquisas recentes.

Anuário da produção acadêmica docente


56
Thalita Silva Neves Veloso Costa

Tabela 1 – Número de alunos a distância em instituições autorizadas pelo Sistema de Ensino a ministrar EAD no Brasil
2004-2006.

Fonte: ABRAEAD/2007

Entre o ano de 2008 e 2009, os cursos a distância aumentaram 30,4%, sendo que
os presenciais tiveram um aumento de 12,5%. As matrículas em cursos de graduação
na modalidade EaD em 2001, correspondiam a 0,2% do total entre presencial e EaD, no
entanto, em 2008 já representavam 14,1% do total, dado este que concebe um crescimento
considerável de 70% em sete anos.
Gráfico 1 – Evolução do número de instituições de Educação Superior no Brasil 2000-2009

Fonte: Censo da Educação Superior/MEC/Inep/Deed

Segundo o Censo de Educação Superior, em 2009 os cinco maiores cursos em números


de matrícula na EaD foram: Pedagogia com 34,2%, Administração com 27,3%, Serviço
Social (8,1%), Letras (5,9%) e Ciências Contábeis (3,6%). Quanto ao material pedagógico
empregados na EaD, 84% das instituições utilizam-se dos materiais impressos, seguido da
internet (63%). No quesito suporte ao aluno, o e-mail ocupa a primeira posição com 87%,
seguido do telefone com 82%, auxílio do professor presencial com 76% e 66% de suporte do
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.51-59
57
Um Breve Panorama da Educação a Distância no Brasil

professor on-line ou tutores a distância.

Tabela 2 – Os dez maiores cursos de graduação em número de matrículas por modalidade de ensino no Brasil - 2009

Fonte: Censo da Educação Superior/MEC/Inep/Deed

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, a Educação a distância está submetida a uma vasta legislação que estabelece
parâmetros e referenciais de qualidade. Além dos dispositivos legais, o consumidor/aluno
se torna cada vez mais exigente quanto aos serviços educacionais. Nesta perspectiva, para
que a instituição conquiste o sucesso por meio de um projeto EaD é necessário atender
aos referenciais de qualidade, construir um material didático que promova a autonomia do
aluno e potencialize sua capacidade de aprender, e não menos importante, se submeter ao
processo de autoavaliação para como ferramenta para tomada de decisão.
A EaD apresenta soluções, possibilidades e perspectivas que pelo modelo presencial,
seria no mínimo difícil ou impossível de se obter. Os resultados alcançados com o emprego
da nova metodologia que se utiliza de instrumentos tecnológicos, o reconhecimento formal
da validade e da qualidade dos cursos a distância, assim como a expansão desta modalidade
nas IES, são apresentados em recentes pesquisas realizadas por órgãos respeitados na área
educacional, porém Moran (2011), nos alerta sobre a dificuldade de se fazer uma avaliação

Anuário da produção acadêmica docente


58
Thalita Silva Neves Veloso Costa

abrangente e objetiva do ensino superior a distância no Brasil, visto que as pesquisas


focam experiências isoladas e ainda não acompanham a rápida evolução das propostas
pedagógicas da modalidade EaD. O mesmo autor nos afirma que o Brasil está numa etapa
de amadurecimento da Educação a Distância por meio da legitimação e consolidação das
instituições competentes. Para que possamos alcançar maiores progressos na EaD temos que
nos inquietar e militar em prol de obter maior expressividade no incentivo governamental
para implementação e continuidade da modalidade, da qualidade dos cursos oferecidos,
capacitação dos profissionais da área e também minimizar as tensões geradas pela ampliação
voraz da Educação a distância no Brasil.
Podemos concluir que apesar da complexidade que envolve o processo educacional na
modalidade a distância, este campo vem evoluindo rapidamente e possibilitando a difusão
e a democratização da educação de qualidade no território nacional.

REFERÊNCIAS
ALVES, J. R. M. Os reflexos da nova regulamentação da educação a distância nas escolas de
educação básica e superior e nas instituições de pesquisa científica e tecnológica. Disponível em:
<http://www.ipae.com.br/et/14.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2012.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996.
______. Ministério da Educação. Referenciais de Qualidade de EaD para Cursos de Graduação
a Distância. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.
pdf>. Acesso em: 26 jan. 2012
______. Ministério da Educação.Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira. Resumo Técnico: censo da educação superior de 2009. Disponível em: <http://www.
anaceu.org.br/conteudo/noticias/resumo_tecnico2009.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2012.
KIPNIS, B. Educação superior à distância no Brasil: tendências e perspectivas. In: LITTO, F.;
FORMIGA, M. (Org.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2009.
MATTAR, J. História da Educação a Distância. Departamento de Extensão e Pós-Graduação.
Anhanguera Educacional, 2011.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resumo Técnico – Censo da Educação Superior de 2009.
Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/superior/censo/2009/resumo_
tecnico2009.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2012.
MORAN, J. M. Fundamentos, Políticas e Legislação em EaD. Departamento de Extensão e Pós-
Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.DEMO, P. Educação e qualidade. 6. ed. São Paulo:
Papirus, 2001.
ROESLER, J. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. Anhanguera
Educacional, 2011.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.51-59
59
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O PERFIL DO APRENDIZ VIRTUAL

Camila de Melo Andriotti – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar aspectos relevantes sobre a PALAVRAS-CHAVE:
Educação a distância e o perfil do aprendiz virtual. Nessa modalidade de ensino, a Educação à distância; aprendiz
virtual; recursos tecnológicos
mediação didático-pedagógica acontece por um distanciamento físico e temporal entre aplicados a educação à distância;
professor e aluno, para superar esse distanciamento há necessidade de uma interação
por meio de recursos tecnológicos. Neste contexto educacional, o aprendiz virtual deve
ser autônomo, ter flexibilidade de tempo e espaço, além de dedicação aos estudos. KEYWORDS:
Para realizar este trabalho, elaborou-se uma revisão da bibliografia disponível sobre o Distance education, virtual
perfil dos estudantes que utilizam a Educação a Distância. Esta pesquisa propõe uma learner; technological resources
applied distance education;
reflexão sobre a Educação à Distância e o que é esperado do estudante virtual. Por fim,
neste estudo observou-se que o sucesso acadêmico não depende apenas do perfil do
aluno virtual para uma boa qualidade. No entanto há necessidade das instituições de
ensino oferecerem uma infraestrutura e apoio pedagógico suficiente para que o aluno
atinja os objetivos dos cursos, com uma mediação de tutores, recursos tecnológicos,
transmissões de tele aulas e equipamentos altamente qualificados.

ABSTRACT: This article aims to present relevant aspects about the distance education
and virtual profile of the learner. In this mode of teaching, didactic and pedagogic
mediation happens for a physical and temporal distance between teacher and student,
to overcome that distance is no need for an interaction through technological resources.
In this educational context, the learner should be autonomous virtual, have flexibility
of time and space, and dedication to study. To carry out this work, prepared by a
review of available literature on the profile of students who use distance education.
This research proposes a reflection on the Distance Education and what is expected
of the virtual student. Finally, this study found that academic success does not only
depend on the student profile for a virtual good quality. However there is need of
educational institutions offer a sufficient infrastructure and educational support for
the student to meet the objectives of the courses, with a mediation tutors, technological
resources, broadcast tele classes and highly qualified equipment.
Artigo Original
Recebido em: 18/05/2012
Avaliado em: 03/08/2012
Publicado em: 17/04/2014

Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72
Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, ao mesmo tempo em que as inovações tecnológicas são incorporadas
à educação, também é perceptível a falta de tempo disponível para estudos. Em meio
este contexto, o Ensino a Distância, uma modalidade flexível a local físico e que utiliza
meios tecnológicos para atingir conhecimento, vem tomando maior proporção em ensino
formal. Contudo, já lidava com ensino décadas atrás, na qual pessoas que não tiveram a
oportunidade de concluir seus estudos e não tinham condições de ir até as instituições
escolares, ou pretendiam realizar cursos livres, tinham a chance de realizá-los por meio de
televisão e rádio. (MORAN, 2011b)
Como se vê, a correria do dia-a-dia, a escassez de tempo, o excesso de trabalho,
constituições familiares e alta utilização dos meios tecnológicos, percebe-se uma maior
ultilização de recursos tecnológico, como meio facilitador da comunicação.Devido a essa
inclusão digital, as pessoas optam pelo ensino a distância, havendo assim uma economia do
tempo se comparado à freqüência em cursos presenciais.
Dentre vários autores que se dedicam a estudar a Educação a Distância, Maia e Mattar
(2007), Moran (2011) e Belloni (2009) a definem como uma modalidade de ensino na qual os
alunos e professores estão separados fisicamente, porém realizam a interação por meio de
recursos tecnológicos, sem espaço e horários fixos.
Mediante tais definições, irão surgir novas características de estudante do ensino a
distância, que podem ser resumidas na idéia de aluno virtual. Segundo Maia e Mattar (2007),
o aluno virtual é um aluno diferente do estudante de cursos presenciais, pois o mesmo não
precisa estar todos os dias fisicamente na instituição de ensino, podendo estar em contato
com professores e materiais, por meio dos recursos tecnológicos.
Ao escolher uma instituição que ofereça esta modalidade de ensino, este estudante
deve-se atentar para os seguintes requisitos: autonomia, autodisciplina e auto estudo. Além
disso, é necessário que tenha disponível uma ótima mediação pedagógica, com auxílio dos
mediadores virtuais – Tutores (AZEVEDO; SATHLER, 2008).
Para isso, objetivou-se realizar uma pesquisa bibliográfica, descrevendo nos próximos
tópicos um breve histórico desta modalidade de ensino, com dados sobre a EAD no Brasil
e subseqüente descrever como é caracterizado o perfil do aprendiz virtual, este estudante
que se deve apropriar e estar disposto a utilizar os recursos tecnológicos como meio de
interação, a fim de atingir o conhecimento de cada curso pretendido.
Como procedimento metodológico, foi realizado um levantamento de dados de cunho
qualitativo, com idéias e definições sobre a Educação a Distância e o perfil dos alunos que
optam por esta modalidade de ensino, por meio de leitura de vários materiais como artigos,
livros e sites de internet.
Contudo, percebo a necessidade dessa clientela virtual estar fortemente objetivada a
ser autônoma, autogestora, motivada em seus estudos e dominar os recursos tecnológicos,
levando em consideração a proposta do ensino EAD, que segue no próximo tópico.
Anuário da produção acadêmica docente
62
Camila de Melo Andriotti

2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Este tópico pretende abordar brevemente as definições da Educação a Distância e descrever
suas regulamentações e decretos desde seus primeiros experimentos até os dias atuais.
Certo tempo atrás, as únicas formas de comunicação aconteciam apenas em momentos
presenciais, nos quais necessariamente deveriam estar lado a lado, um receptor e emissor do
assunto ou mensagem que seria tratado. (MATTAR, 2011)
A partir da invenção da escrita, a comunicação liberta-se no tempo e no espaço: não
é mais necessário que as pessoas estejam presentes, no mesmo momento e local,
para que haja comunicação. Numa sociedade primitiva, ao contrário, não ocorre
comunicação sem que a pessoa com quem desejamos nos comunicar esteja presente.
(MATTAR, 2011, p.3)

Como se vê, com esta comunicação deixando de ser necessariamente presencial entre
as pessoas, as mesmas utilizaram e isso permeia até os dias de hoje, formas distintas de se
comunicar e a buscar conhecimento, seja ele formal ou informal. Quando queremos saber
sobre determinado assunto, buscamos em livros, revistas, telefonemas e principalmente por
meio da internet, que é parte fundamental da modalidade de ensino EAD no ensino formal
ou em cursos profissionalizantes e livres. “E é evidente que o acesso rápido e eficiente na
obtenção de informações proporciona uma melhoria na qualidade da comunicação entre
professores e alunos” (ALVES, 2011, p. 4).
Dentre os autores que definem a EAD, podemos citar Moran (2011, p. 7):
Processos de ensino e aprendizagem que se utilizam mais de tecnologias de
comunicação do que da presença física e que flexibilizam tempos, espaços e formas
de ensinar e aprender, que independem da presença física ou a integram em
momentos pontuais.

Os autores Maia e Mattar (2007, p. 6) definem a EAD como “modalidade da Educação


em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas
tecnologias de comunicação.”
Belloni (2009, p. 29) caracteriza a EAD “essencialmente pela flexibilidade, abertura dos
sistemas e maior autonomia do estudante”
Mediante a apresentação das definições da EAD, as regulamentações e decretos
existentes que serão descritos no decorrer deste texto, esta modalidade de ensino continua
em pleno desenvolvimento e estudo no decorrer dos anos.
Inicialmente, a EAD teve alguns experimentos no século XVIII, na qual ocorria por
meio de correspondências, cujo aluno enviava o material estudado através do correio. Esta
educação se ampliou para o rádio até chegar à televisão, uma modalidade de ensino voltada
para cursos profissionalizantes, como o Telecurso 2000, com videoaulas gravadas, em que
aluno realizava as atividades em casa. (SIQUEIRA, 2006)
Esse modelo consagrou-se na metade do século, com a criação do Instituto
Monitor (1939), do Instituto Universal Brasileiro (1941) e de outras organizações
similares, responsáveis pelo atendimento de mais de três milhões de estudantes
em cursos abertos de iniciação profissionalizante pela modalidade de ensino por
correspondência. (MORAN, 2011 p.34)

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72
63
Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

Ao final do século XIX no Brasil, a EAD passou a ser usada em mais de 80 países,
servindo não só de uma educação formal em cursos de graduação e Educação Básica, mas
também em cursos de extensão, treinamentos e aperfeiçoamentos. (LIMA, 2003, p. 6).
Já no século XX no ano de 1996, o assunto EAD foi tratado na legislação Brasileira e
implementado pelo Artigo 80 da Lei nº 9394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
incentivando a Educação a Distância em todas as modalidades de ensino e como forma de
educação continuada, possuindo assim decretos, resoluções e portarias para amparar toda
esta oferta. (BRASIL, 2005).
O artigo 1º deste Decreto 5.622 de 2005 que regulamenta o artigo 80 da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (9.394/96) caracteriza a EAD como:
Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de
ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação
e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas
em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2005).

Bem como estes decretos, muitos autores definem a Educação a Distância e desenvolvem
materiais bibliográficos, a fim de auxiliar novos estudantes e docentes envolvidos neste processo
de ensino – aprendizagem, além de ampliar os estudos nesta modalidade da educação.
De fevereiro a abril de 1998, os Decretos n°2.494 e 2.561 e Portaria n° 301 descreveram
indicações e procedimentos que deveriam ser adotados para que uma instituição programe
esta modalidade de ensino. (MORAN, 2011b).
Já em 2001, o Ministério da Educação liberou que as instituições oferecessem 20% da
carga horária à distância, tendo respaldo pela Portaria 2.253 e dando inicio a Educação a
Distância em instituições de ensino que fossem credenciados pelo MEC (MORAN, 2011b).
Em 2003, o documento com os Referencias de Qualidade da Educação a Distância
foi elaborado e modificado no ano de 2007, na qual subsidia as instituições de ensino nos
métodos de avaliação, estruturas físicas, regulação e supervisão (MORAN, 2011b).
No ano de 2004, a Portaria Ministerial nº4361/04 normatizou as instituições de Ensino
Superior (MORAN, 2011b p.7). Atualmente também pode ser oferecida em mestrado e
doutorado, como descreve o artigo 9º da Lei nº 5622/05 (BRASIL, 2005):
O ato de credenciamento para a oferta de cursos e programas na modalidade a
distância destina-se às instituições de ensino, públicas ou privadas.

Parágrafo único. As instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou


privadas, de comprovada excelência e de relevante produção em pesquisa, poderão
solicitar credenciamento institucional, para a oferta de cursos ou programas a
distância de:

I - especialização;

II - mestrado;

III - doutorado; e

IV - educação profissional tecnológica de pós-graduação.

Anuário da produção acadêmica docente


64
Camila de Melo Andriotti

Com isso, percebe-se que esta nova possibilidade de acesso ao conhecimento em


modalidade de mestrado e doutorado permite aos acadêmicos, uma maior flexibilidade de
tempo e espaço físico, porém sempre com auxílio de um professor tutor, na qual orienta
todo este processo Educativo. (MORAN, 2011b)
Segundo Moran (2011a, p. 3):
A educação a distância está modificando todas as formas de ensino e aprendizagem,
inclusive as presenciais, que utilizarão cada vez mais metodologias semipresenciais,
flexibilizando a necessidade de presença física, reorganizando os espaços e tempos,
as mídias, as linguagens e os processos. Outro avanço é a inserção significativa das
universidades públicas na EaD, através da Universidade Aberta do Brasil.

Por isso, pensa-se que cada vez mais os sistemas educacionais estão sofrendo modificações
e se inovando, pois a partir dos interesses dos alunos em relação aos recursos tecnológicos
utilizados por eles, os mesmos se tornam os fundamentais responsáveis pelo aprendizado,
autogerindo os horários de estudos e locais de acesso. (PALLOFF; PRATT, 2004)
Para Moran (2011a, p. 59):
Educação a distância não é um fast-food aonde o aluno vai e se serve de algo
pronto. Educação a distância é ajudar os participantes a equilibrar as necessidades e
habilidades pessoais com a participação em grupos presenciais e virtuais – por meio
da qual avançamos rapidamente, trocamos experiências, dúvidas e resultados

Este autor sublinha que, a EAD é uma troca de experiências, sejam elas em encontros
presenciais, mas principalmente em grupos virtuais, com a utilização de recursos
tecnológicos, na qual os envolvidos tenham contato com os materiais e conteúdos. A EAD
não é algo pronto com “fórmulas” ou “receitas” enviadas pelo professor, há necessidade das
instituições estarem embasadas em Referenciais de qualidade pré-estabelecidos pelo MEC,
bem como o envolvimento de todos os participantes deste processo educativo, cada qual
com sua função, tutores a distância, tutores presenciais e alunos. (MORAN, 2011a)
Hoje a EAD tomou uma maior proporção devido o conhecimento estar caminhando
com muita rapidez, a inclusão digital e a busca por ações inovadoras cada vez mais
idealizadas pela sociedade. Além disso, esta modalidade da educação congrega cada vez
mais recursos tecnológicos e logísticos para distribuir os cursos em instituições que ofertam
vagas tanto na graduação quanto na pós-graduação lato sensu, indicando uma evolução
na busca por alternativas aos cursos cem por cento presenciais, que exigiam tempo e
deslocamento constantes do aluno.
Contudo, estes alunos modificarão perfis tradicionais e passarão a serem autônomos,
gestores de seu próprio aprendizado e dominar os recursos tecnológicos existentes, como
descritos abaixo.

3. PERFIL DO APRENDIZ VIRTUAL


Na educação em geral, seja ela presencial ou à distância, uma das maiores dificuldades é levar
o aluno a ser reflexivo, responsável, “interessado, motivado e envolvido no compromisso de
construir seu conhecimento” (ALVES, 2011a).

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72
65
Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

Com a evolução das tecnologias, “originadas na década de 60 e consolidadas nos anos


90, corroborou sensivelmente para o crescimento do ensino a distância. (ALVES, 2011b, p.
13), “o surgimento das novas mídias interativas” (MATTAR, 2007, p.83) a ênfase da mudança
de modalidade de ensino presencial para EAD, além de ser aderidos aspectos de qualidade
indicados pelo MEC na estruturação física das instituições, é necessário que o público alvo
destinado a esta modalidade de ensino, que terá os mesmos critérios de ingresso como
vestibulares e entrevistas, tenha características distintas das pré-estabelecidas no modelo de
ensino presencial, a respeito do qual estão acostumados a possuir um local destinado aos
estudos, horário e espaço pré- estabelecidos e um professor transmitindo todo conhecimento,
indicados nos currículos dos cursos.
Para Moran (2011b, p. 8):
O grande desafio da metodologia usada neste modelo de ensino-aprendizagem é
encontrar a melhor maneira de apresentar os conteúdos a serem trabalhados, de
forma a atender ao princípio da flexibilidade das dimensões espaço e tempo e da
diversidade dos aprendizes, para que resulte no aprendizado efetivo do aluno

Neste contexto educacional, acredita-se que seja fundamental esclarecer quem será
este acadêmico ingressante no Ensino a Distância, pois além dos concluintes do ensino
médio, o retorno de muitos trabalhadores buscando uma melhor qualificação e inserção no
mercado de trabalho está levando as pessoas de idades mais avançadas a retomar os estudos,
concluintes de mais de uma graduação e também idosos e portadores de necessidades
especiais. (BELLONI, 2009)
Para a autora Belloni (2009, p.46):
A EAD visa prioritariamente a populações adultas que não têm possibilidade de
freqüentar uma instituição de ensino convencional, presencial e que têm pouco tempo
disponível para dedicar a seus estudos. A separação física do contexto convencional
de sala de aula é em geral considerada apenas em seus aspectos relacionados com
a ausência de integração entre professor e aluno e entre os estudantes. Há, porém
outros aspectos fundamentais desta separação, como a ausência de contato com
o ambiente da escola (acesso a bibliotecas, laboratórios, etc), o deslocamento aos
colegas, que modificam radicalmente as condições de estudo.

O aprendiz virtual, este aluno EAD que diferentemente do aluno de cursos presenciais
não precisará se deslocar até a instituição de ensino, pois ”poderá estar em diversos lugares,
sem contar que seu aprendizado será contínuo e permanente, sem limitações de espaços e
horários fixos, gerindo seu próprio conhecimento” (MAIA; MATTAR, 2007).
Os alunos que estudam on-line são adultos, pois essa espécie de aprendizagem, que
se dá em qualquer lugar e a qualquer hora , permite-lhes continuar trabalhando em
turno integral sem deixar também dar atenção a família. O aluno on-line “típico”
é geralmente descrito como alguém que tem mais de 25 anos , está empregado,
preocupado com o bem estar social da comunidade, com alguma educação superior
em andamento, podendo ser tanto do sexo masculino quanto do feminino (GILBERT,
2001 p.74 apud PALLOFF; PRATT, 2004, p.23)

Anuário da produção acadêmica docente


66
Camila de Melo Andriotti

“A educação a distância é uma combinação de tecnologias convencionais e modernas”


(ALVES, 2011a, p. 9) e além da utilização da internet ter uma importância muito grande
para divulgação de produtos, acesso rápido as informações, noticias e fatos do mundo,
pode fazer com que a pessoas realizem cursos profissionalizantes, graduações e até mesmo
pós-graduação em nível de mestrado e doutorado como citado no decorrer deste texto, a
mesma tem uma grande utilização no processo de ensino- aprendizagem, pois o contato
entre professores e alunos irá ultrapassar os limites de locais pré-estabelecidos como em
ensinos presenciais (ALVES, 2011a).
Como retrata Mattar (2007, p.83):
Com a internet, um aluno de qualquer lugar do planeta pode complementar sua
aprendizagem, formal e informalmente, por intermédio de disciplinas, conteúdos e
cursos à distância. Não é mais preciso estar na mesma cidade, na mesma região, nem
no mesmo país da instituição de ensino.

Com esta inclusão digital, além de estar em contato com noticias de entretenimento e
em redes sociais, é possível que a internet tenha a função, se utilizada de forma significativa,
de agregar assuntos relevantes aos conteúdos que serão transmitidos em sala de aula. Pode
ser realizados debates em redes sociais, exercícios online e métodos motivacionais para que
os alunos aprendam determinado assunto, não por obrigação, mas por prazer e interesse,
por meio de recursos que os mesmos
Levando em conta esta maior demanda de pessoas de classe trabalhadora, considera-
se a falta de tempo a ser destinado aos estudos, falta de possibilidade de mobilidade a
instituição e melhor acessibilidade de custo, devem possuir os recursos tecnológicos
necessários para atender os conteúdos e atividades propostas. (BELLONI, 2009)
Estes novos acadêmicos estão buscando economizar no transporte que seria necessário,
tempo de trajeto, ou seja, poder estar na própria casa ou no trabalho estudando, por exemplo.
(ALVES, 2011a).
Com as mudanças do perfil do aprendiz virtual, o mesmo passou a ser agente de
sua própria aprendizagem, modificando seus comportamentos perante o professor e
direcionamento de seus estudos, nas quais pode programar suas horas de comprometimento,
dedicação e flexibilizar os espaços de aprendizagem, em que tempo e espaço não são mais
limites para as ambições de conhecimento do aprendiz virtual. (PALLOFF; PRATT, 2004)
Mesmo com uma clientela de pessoas interessadas em economia de tempo, espaço e
custo-benefício, é de extrema importância que estes novos alunos, tenham características
voltadas para um ensino a distância. Devem modificar as formas de pensamento e atitudes
frente os estudos, sendo necessário que atendam “um mínimo de exigências, ou até excedê-
las, para participar” desta informatização de conhecimento (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 25)

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72
67
Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

O perfil do novo acadêmico, em contato com os atualizados recursos tecnológicos, faz


com que além da necessidade de dominá-los, deve aprender a aprender, cada qual em seu
tempo de estudo, área de interesse, sem uma maior cobrança por parte dos professores,
utilizando-os apenas como mediações e para sanar as suas dúvidas quanto ao conteúdo
estudado. (MORAN, 2011b)
Para Palloff e Pratt (2004 p. 25-35)
O perfil do aluno virtual de sucesso. Ele precisa ter acesso a um computador e a
um modem ou conexão de alta velocidade e saber utilizá-los; ter a mente aberta e
compartilhar detalhes sobre sua vida, seu trabalho e outras experiências educacionais;
não se sentir prejudicado pela ausência de sinais auditivos ou visuais no processo de
comunicação; desejar dedicar uma quantidade significativa de seu tempo semanal
a seus estudos e não ver o curso como „a maneira mais leve e fácil de obter créditos
ou um diploma; ser, ou passar a ser, uma pessoa que pensa criticamente; ser capaz
de refletir; e acreditar que a aprendizagem de alta qualidade pode acontecer em
qualquer lugar e a qualquer momento.

O acadêmico ingressante em um curso modalidade EAD deve possuir recursos


tecnológicos, que contenha uma internet de alta velocidade, um espaço individual de estudos
ou ambientes em que possa formar grupos de mais acadêmicos e momentos de dedicação que
ele irá determinar. Será, assim, por meio de ferramentas existentes no modelo de Programa
oferecido pela instituição que deverá participar de seu aprendizado. Esses recursos e
ferramentas podem ser chats, email, videoaulas, entre outros. (PALLOFF; PRATT, 2004)
Uma das características que devem fazer parte do perfil virtual dos acadêmicos é a
autonomia, essa por sua vez, construída ao longo dos anos.
Lima e Silva e Paiva (2010, p.3) relatam que:
A necessidade de formação de alunos autônomos torna-se uma constante, sobretudo
na Educação a Distância (EaD), modalidade de educação que vem ganhando
significativo espaço notadamente no Brasil e no mundo como modalidade de
educação capaz de equacionar o desafio de um aprendizado contínuo, centrado no
aprendente, crítico, reflexivo, inovador, flexível fazendo frente às barreiras de tempo
e espaço e ajustando-se às necessidades e demandas contemporâneas

Cabe acrescentar, que esta autonomia deve partir das vivências que os alunos possuem,
cada qual em sua realidade, por isso os mesmos devem possuir iniciativas de busca nos
ambientes virtuais de aprendizagem, disponíveis como meio de estudo e buscarem cada um
seu objetivo de aprendizagem.( LIMA; SILVA; PAIVA, 2010)
Tal característica proporciona aos estudantes “que estes avancem no seu aprendizado de
acordo com o grau de maturidade, interesse e conhecimento prévio que detêm sobre determinado
objeto de estudo, garantindo a autogestão do conhecimento”. (ROESLER, 2011, p. 5)
Os requisitos básicos para ser um aluno virtual com excelência são: Ter disposição para
compartilhar fatos de suas vidas, trabalhos e assuntos pertinentes ao conteúdo, em ambientes
de aprendizagem e redes sociais; estudar continuamente dedicando horas conectadas, com
comprometimento e dedicação; possuir automotivação e autodisciplina; responsabilidades

Anuário da produção acadêmica docente


68
Camila de Melo Andriotti

para manter um contato direto com os envolvidos do processo - professores; trabalhar os


temas propostos com colegas por meio de grupos virtuais e ou encontros presenciais em
seus devidos pólos; serem pessoas questionadoras e críticas; refletir sobre a aprendizagem
e os materiais disponibilizados para estudos e sobre os temas indicados em trabalhos;
autonomia e autogestão do conhecimento. (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 26-33).
Além dos conteúdos disponibilizados impressos ou pelo professor, o aluno virtual
conta com os ambientes virtuais de aprendizagem, na qual utilizam como ferramenta
intermediária para se comunicar, acessar materiais, estar em contato com os professores e
teleaulas e esclarecer as dúvidas existentes (ALVES, 2011b)
Neste ambiente, a qualidade do processo educativo depende de vários fatores,
como: o envolvimento do aprendiz; a proposta pedagógica; os materiais veiculados;
a estrutura e qualidade de professores, tutores, monitores e equipe técnica; assim
como das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados no ambiente, um processo
que envolve uma equipe multidisciplinar (ALVES, 2011b, p. 11)

Na Educação a Distância não existe modelos propostos e fechados como nos ensinos
presenciais, como por exemplo, utilizar apenas o livro didático ou certas atividades impressas.
Qualquer forma de interação que envolva os recursos tecnológicos e transmita o objetivo
proposto pelo conteúdo, será válido, desde que seja bem planejada. Um professor pode utilizar
redes sociais para interagir com seus alunos, podendo criar debates sobre os temas das aulas,
propor grupos de estudos e convalidar as participações dos alunos, desde que sejam feitas de
maneiras significativa e não apenas como forma de interação (LEITE, 2006).
Neste contexto, é importante que seja verificado por parte da instituição sobre o
atendimento oferecido aos alunos virtuais, uma vez que devem receber todo respaldo dos
serviços de uma instituição presencial e “deve-se prestar atenção a outras necessidades e
questões criadas pelo trabalho a distância, tais como sensação de isolamento e problemas
potenciais no acesso aos recursos” (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 82)
Atualmente, as instituições utilizam ambientes virtuais de aprendizagem, que é
definido por Alves (2011b, p. 11), como “programas que permitem o armazenamento, a
administração e a disponibilização de conteúdos no formato web”, que proporcionam o
vínculo tecnológico entre professores, alunos e materiais. Esta plataforma de aprendizagem,
tem como “objetivo o envolvimento do próprio curso” (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 38),
possui ferramentas como: Fóruns, Chats em tempo real com professores e alunos, Enquetes,
Glossários, Questionários, Tarefas, entre outros (LEITE, 2006, p. 9-18)
Neste ambiente, a qualidade do processo educativo depende de vários fatores,
como: o envolvimento do aprendiz; a proposta pedagógica; os materiais veiculados;
a estrutura e qualidade de professores, tutores, monitores e equipe técnica; assim
como das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados no ambiente, um processo
que envolve uma equipe multidisciplinar (ALVES, 2011b, p. 10)

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72
69
Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

Estes recursos possibilitam diálogos e compartilhamentos de informações, experiências


e saberes entre alunos/as, professores/as, tutores/as, viabilizando a integração, interação,
intercâmbio de idéias e informações e interatividade em cursos on-line. (LIMA; PAIVA;
SILVA, 2010 apud PUNILHO FILHO, 2007).
O sistema computacional em um curso on-line é o site do curso, no qual todos
instrutores e alunos se encontram de maneira regular para levar o curso a diante.È
provável que seja um site hospedado no servidor de uma universidade e acessado das
casas dos alunos, de laboratórios no campus ou terminais públicos.A tecnologia serve
como um veículo pelo qual o curso é conduzido (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 39)

Com a utilização destas tecnologias, é de grande valia que, tendo suporte desta plataforma
com as ferramentas necessárias para os alunos, os Tutores, mediadores virtuais, além de
disponibilizar todo o conteúdo aos alunos, não deixem que eles alunos se sintam “parcialmente
respondidos ou não-respondidos. É preciso atenção para evitar retrabalho e a insatisfação que
pode prejudicar as relações no âmbito da turma” (AZEVEDO; SATLHER, 2008, p.12)
Contudo, nota-se que os estudantes estão optando cada vez mais pela Educação a
Distância, porém há necessidade das instituições de ensino oferecer uma infraestrutura
e apoio pedagógico suficiente para que o aluno atinja os objetivos dos cursos, com uma
mediação de tutores, recursos tecnológicos, transmissões de tele aulas e equipamentos
altamente qualificados. Além disso, o aluno deve ter em mente características fundamentais
para que o ensino a distância não seja algo “fácil” e “pronto”, como descrito no decorrer
do texto, usufruindo de todas as oportunidades oferecidas, participando das formas de
interação, como nos ambientes virtuais, por exemplo, tendo responsabilidade, horários de
estudos e recursos tecnológicos capazes de oportunizar todo esse estudo.
Este envolvimento dos estudantes não garantirá cem por cento de aproveitamento dos
cursos, pois cada pessoa possui maneiras particulares e ritmos de aprender determinados
assuntos, mas uma boa parte de toda proposta desta modalidade de ensino, tornando o
aluno autônomo e gestor de seu conhecimento.
As características indicadas são apenas pré requisitos para estes alunos já estarem
conectados com a modalidade EAD, porém acredita-se que no decorrer dos textos as pessoas
serão cada vez mais autônomas, independentes e flexíveis como o objetivo deste ensino.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A EAD esta tomando conta de todos os níveis de ensino, afinal neste mundo globalizado em
que o tempo é algo precioso e as tecnologias estão tomando conta até das relações sociais, as
pessoas devem se aperfeiçoar cada vez mais para o mundo profissional.
A tendência será cada vez mais as pessoas buscarem o conhecimento através de
tecnologias e as instituições de ensino deverão oferecer respaldo quanto à flexibilização
de currículo, horário, infraestrutura, recursos tecnológicos condizentes com a demanda e
possibilitando que os alunos sejam autônomos.
Anuário da produção acadêmica docente
70
Camila de Melo Andriotti

Assim como o ensino presencial, o ensino a distância deve-se oferecer qualidade nos
materiais educacionais, na equipe de docentes e infraestrutura adequada para atender toda
demanda de alunos.
Em contra partida não depende apenas da instituição de ensino, para que esta
qualidade suceda, pois o aluno deve ter em mente quais características e posturas ele deve
possuir para estudar e manter os canais de comunicação diretamente com os professores
responsáveis pela mediação.
Há necessidade de refletir também sobre a garantia de sucesso em meio tantas
exigências quanto a estes alunos, pois será que se todos os estudantes seguirem tais itens
citadas no decorrer do texto irão obter sucesso em sua carreira acadêmica? Cada estudante
possui suas próprias características, suas maneiras de aprender e lidar com o aprendizado
e desempenho nos estudos.
Percebe-se que o perfil indicado no texto para que um aluno virtual tenha à distância,
mas são critérios necessários para um bom desenvolvimento.Devem–se ter responsabilidade
quanto ao estudo e a junção de todos estes aspectos trará o sucesso de ambos, tanto aluno
como instituição.
Dentre as várias leituras realizadas como estudo para concluir este artigo e percebendo
as modificações existentes neste mundo globalizado, percebo que cada vez mais a EAD irá
crescer e o corpo acadêmico também.

REFERÊNCIAS
ALVES, C.M.T. Aula 1 – Fundamentos Pedagógicos em Educação a Distância. Propostas
Metodológicas e o Uso das tecnologias em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação.
Anhanguera Educacional, 2011a.
ALVES, C.M.T. Aula 2 – Fundamentos da Comunicação e Interação. Propostas Metodológicas
e o Uso das tecnologias em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera
Educacional, 2011b.
AZEVEDO, A. B. SATLHER, L. Orientação Didática Pedagógica em cursos a Distância.
Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo: Ed. Metodista, 2008.
BELLONI, M. L. Educação a Distância. Campinas – SP: Editora Autores Associados, 2009
BRASIL. Decreto lei n°5622, de 19 de dezembro de 2005. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br.
Acesso em: 05 out. 2011.
BRASIL, SEED/MEC: Referenciais de Qualidade de EAD de Cursos de Graduação a
Distância, 2007. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/ReferenciaisdeEAD.pdf>. Acesso em: 7 fev. 2012
LEITE, M.T. M. O ambiente virtual de aprendizagem Moodle na prática docente: conteúdos
pedagógicos. Disponível em: http://www.virtual.unifesp.br/cursos/oficinamoodle/
textomoodlevvirtual.pdf Acesso em: 07 fev. 2012
LIMA, J.M.; SILVA, C.V.A.P.; PAIVA, C.M. Autonomia em Educação a Distância: Relato a partir

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.61-72
71
Educação a Distância e o Perfil do Aprendiz Virtual

da prática de tutoria na disciplina Fundamentos Psicológicos da Educação em dois Cursos


de Licenciatura da UFBP Virtual. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2010/
cd/352010000839.pdf> João Pessoa – Paraíba, 2010. Acesso em: 7 fev. 2012.
LIMA, M. G. S. Educação a Distância: Conceituação e Historicidade. Revista Trilhas, BELÉM/PA, v.
4, p. 61-76, 2003.
MATTAR, J. MAIA, C. ABC da EAD – A educação a Distância Hoje. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2007.
MORAN, J.M. Aula 1 – Fundamentos da Educação a Distância. Fundamentos, políticas e
legislação em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011a.
MORAN, J.M. Aula 2 – Diretrizes da Educação a Distância: modelos educacionais. Fundamentos,
políticas e legislação em EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera
Educacional, 2011b.
MORAN, J.M. Aula 3 – Política e Legislação em EAD. Fundamentos, políticas e legislação em
EAD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011c.
MORAN, J.M. Ensino e Aprendizagem Inovadores com Tecnologias Audiovisuais e Telemáticas.
In: MORAN, J.M.; MASETTO, M.T; BEHRENS, M.A. Novas tecnologias e mediação pedagógica.
17ºed. Campinas, SP: Papirus, 2000. p. 11-65.
PALLOFF, R.M.; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line.
Trad. Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004.
ROESLER, J. Aula 2 – A gestão na Educação a Distância. Os parâmetros legais para uma educação
a distância de qualidade. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Valinhos: Anhanguera
Educacional, 2011.
SIQUEIRA, S.H. Os Recursos Televisivos usados pelo Telecurso 2000 para abordagem do gênero
discursivo relatório. 2006. 61f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós Graduação em Lingüística
Aplicada. Universidade de Taubaté. 2006.

Anuário da produção acadêmica docente


72
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A interação aluno-professor tutor através do ambiente
virtual de aprendizagem-moodle no ano de 2011

José Carlos Kammer – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

RESUMO: Pretendeu-se neste estudo construir um quadro comparativo e evolutivo das PALAVRAS-CHAVE:
interações entre aluno-professor do curso de Administração EaD, no ano letivo de 2011. Educação à distância (EaD),
Tutoria, Interação professor-aluno,
Mudanças intensas nos recursos de informação e comunicação provocam profundas Ava-Moodle.
transformações na sociedade, afetando as Instituições de Ensino Superiores (IES). Ao
quantificar as mensagens recebidas por estes alunos e seus conteúdos, foi possível
conhecer melhor o perfil atual destas interações e permitir a todos OS envolvidos traçar KEYWORDS:
um curso de ação no sentido de confirmá-las ou mesmo modificá-las, nos períodos quê Distance Education (DE),
se seguiram. Para fins de estudo, foram considerados todas as interações ocorridas tutoring, teacher-student
interaction, Ava-Moodle.
no ano de 2011, entre professores tutores e alunos do curso de administração EaD. Os
resultados obtidos demonstram que as interações experimentaram um crescimento
substancial, porém ainda fora do padrão idealizado que é o total de alunos alocados na
tutoria interagindo com o professor-tutor. Algumas ações de incremento desta interação
já estão em implantação o que enseja um novo estudo ao longo do corrente ano.

ABSTRACT: The aim of this study was to construct a comparative and evolutionary
interactions between student-professor of Distance Education Administration in
academic year 2011. By quantifying the messages received by these students and their
contents, you can better understand the current profile of theses interactions and allow
all chart a course of action to confirm current actions or even change them during
the periods that follow, intense changes in information resources and communication
cause profound changes in society, affecting the Higher Education Institutions
(HEI). For purposes of study, we considered all interactions and tutors students of
Distance Learning Administration. The results show that the interactions experienced
substantial growth, but still outside the idealized pattern which is the total number
of students allocated to mentoring interacting with the teacher-tutor. Some actions
of growth of this interaction are already in development which entails a new study
throughout the yea.
Artigo Original
Recebido em: 26/02/2012
Avaliado em: 30/07/2012
Publicado em: 17/04/2014

Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.73-82
A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011

1. INTRODUÇÃO
Pode-se definir a modalidade de educação a distância (EaD) tendo como característica
principal uma separação temporal e espacial entre professores e alunos. Considera-se, para
efeito de classificação quanto a evolução em três gerações.
Em termos de primeira geração, o ensino por correspondência, utilizando apenas
material impresso no início do século XIX, pioneiro no Brasil. Alguns exemplos podem ser
citados como Instituto Monitor e o Instituto Universal Brasileiro. Os meios de comunicação
(rádio e televisão) foram os recursos utilizados na segunda geração, assim como aulas
expositivas e todo material impresso pertinente, como exemplo no Brasil, o Projeto Minerva.
Quando se pensa em internet, em interatividade e modernos meios de comunicação
referem-se à terceira geração. Hoje, utilizam-se chats, correio eletrônico e principalmente
plataformas de ambientes virtuais de aprendizagem. Estes por sua vez permitem uma
comunicação instantânea e bidirecional entre professores tutores e alunos.
Pelas facilidades que as mídias digitais proporcionam como a disponibilidade de
estudar a qualquer hora e em qualquer lugar, é cada vez mais transparente que a Educação
a Distância torna-se um importante instrumento para aprender ao longo da vida, para a
formação continuada e aceleração profissional, operando como excelente ferramenta para
quem precisa conciliar estudo e trabalho.
A evolução dos cursos EaD no Brasil já transcendeu barreiras e tem ajudado crianças
do Hospital Sarina Rolim. Segundo site aprendervirtual.com, através do Grupo de Pesquisas
e Assistência ao Câncer Infantil, pode-se amenizar o problema de ter suas atividades diárias
interrompidas por meio do Projeto de EaD desenvolvido pela Universidade de Sorocaba
(Uniso). Estas crianças têm acesso a conteúdos multidisciplinares, criados em ambientes
virtuais pelo setor de e-learning da universidade.
Este projeto dá às crianças contato desde cedo com ambientes educacionais inovadores
e permite relacionarem-se com os professores, mantém o contato como universo exterior e
facilita a retomada das atividades normais quando término dos tratamentos.
Segundo Sampaio & Leite (1999, p. 25)
a tecnologia educacional, aqui referida como recurso de ensino, merece estar presente
no cotidiano escolar porque está presente no mundo e também para diversificar
as várias maneiras de produzir e apropriar-se do conhecimento, estudá-la como
objeto e como meio de chegar ao conhecimento, possibilitar aos alunos, por meio
de sua utilização, familiarizar-se com a gama de tecnologias existentes e dinamizar
o trabalho docente.

Uma modalidade de educação desenvolvida que carece da presença física do aluno e


do professor em sala de aula. Assim podem apresentar de forma simplista e incompleta a
Educação a Distância, ao menos nos cursos EaD da Anhanguera-Uniderp.
Esta modalidade por muitos considerada nova na educação, para algumas instituições
de ensino superior (IES) já estão em pleno funcionamento desde muito tempo no mundo.
Anuário da produção acadêmica docente
74
José Carlos Kammer

Devido a ascensão do Ensino a distância, muitos professores estão recorrendo aos


cursos que auxiliem a trabalhar com este novo método. Os professores estão aprendendo a
ensinar, utilizando novas ferramentas tecnológicas, novas didáticas de ensino que podem
auxiliar suas aulas e facilitar a interação com a realidade dos alunos.
A formação inicial de professores tem, pois, que prepará-los par a inovação
tecnologia e suas conseqüências pedagógicas e também para a formação continuada,
numa perspectiva de formação ao longo da vida (BELLONI, Maria Luiza. Educação
a distância. p. 85.)

As ferramentas tecnológicas utilizadas nessa modalidade valem ser destacadas, pois


permitem com rapidez e eficácia a comunicação, o acesso aos materiais de aulas e também
aos canais de interação com o professor.
A maioria das tecnologias é utilizada como auxiliar no processo educativo. Não são
nem o objeto, nem a sua substância, nem a sua finalidade. Elas estão presentes em
todos os momentos do processo pedagógico, desde o planejamento das disciplinas,
a elaboração da proposta curricular até a certificação dos alunos que concluíram
o curso. A presença de uma determinada tecnologia pode induzir profundas
mudanças na maneira de organizar o ensino (KENSKI, Vani Moreira. Educação e
Tecnologias, o novo ritmo da informação, p 44).

Entendida como processo educativo que possui características diversas da educação


presencial, o tutor experimenta um novo papel neste processo. Papel este que se configura
como educador-orientador , mais adequado às exigências desta nova modalidade.
Podemos ensinar e aprender com programas que incluam o melhor da educação
presencial com as novas formas de comunicação virtual. Há momentos em que vale
a pena encontrar-nos fisicamente, no começo e no final de um assunto ou de um
curso. Há outros em que aprendemos mais estando cada um no seu espaço habitual,
mas conectados com os demais colegas e professores, para intercâmbio constante,
tornando real o conceito de educação permanente. (MORAN, 2009, p.66)

Já o Ministério da Educação (MEC), tradicionalmente o órgão, “vê com bons olhos”


a capacitação dos docentes, pois trabalha com a indução de que toda instituição tenha
prevista a capacitação permanente de sua equipe multidisciplinar, professores, tutores e
corpo técnico e administrativo.
Destacam-se alguns pontos positivos desse método de ensino: quebras de paradigmas
dos alunos, professores e da sociedade em geral; a democratização do ensino; o acesso ao
conhecimento diminuindo barreiras geográficas; o custo-benefício por ser mais acessível,
flexibilizando o local e o horário das aulas; aluno ser o agente ativo na construção de
seu próprio conhecimento, o professor utilizar de diferentes estratégias pedagógicas e o
desenvolvimento do próprio aluno, tornando-se mais pró-ativo, interessado, dedicado,
focado e solucionador de problemas.
Para a Educação a distância: muito mais do que no ensino convencional, onde a
inter subjetividade pessoal entre professores e alunos e entre os estudantes promove
permanentemente a motivação, na EAD o sucesso do alunos depende em grande
parte da motivação do estudante e de suas condições de estudo (BELLONI, Maria
Luiza. Educação a distância. p. 30).

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.73-82
75
A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011

João Roberto Moreira (ABED,2008) diretor da ABED (Associação Brasileira de


Educação a Distância), também defende que as universidades devam preparar seus
docentes para o método. “O conhecimento hoje é um bem de domínio público e os alunos se
antecipam, exigindo que os professores se preparem mais. Um dos primeiros passos para a
EaD é oferecer mecanismos modernos, como computadores com conexão em banda larga e
processos de educação permanente aos professores”, afirma ele.
Para a Professora Dra Adriana B. de Azevedo(ABED,2008), no ensino presencial
clássico e tradicional, a figura do professor presencial é de exclusiva importância. Já para a
EaD, a questão é mais complexa e abrangente, pois importante é a aproximação entre todos
os profissionais envolvidos, tais como tutores, assessores pedagógicos e técnicos, além
da função planejamento, produção e coordenação deste processo. Todos estes elementos
devem estar integrados em sintonia.
Joberto Martins (2010), adjunto de reitor para educação a distância da Unifacs
(Universidade de Salvador) afirma em entrevista a Revista Aprender virtual que a estrutura
do curso é bastante complexa e necessita de um bom planejamento:
O projeto deve ser articulado, pois envolve professores, educadores responsáveis
pelo conteúdo, coordenadores, tutores locais e virtuais, além de sistemas, ferramentas
de web, ambientes de aprendizagem, pólos, logística, produção e distribuição das
mídias (material impresso e eletrônico).

A partir do início dos anos 1990, os recursos associados à multimídia passaram a ser
integrados à rede (internet), sendo considerada uma das mais inovadoras ferramentas de
comunicação e informação, um canal privilegiado para troca de idéias e experiências. Como
tal, define-se a necessidade de explorar as possibilidades de sua utilização como ferramenta
educacional. Como a internet foi criada em plena Guerra Fria, nos anos 1960, para uso
militar, na educação inicialmente tornara possível a comunicação entre pesquisadores de
universidades americanas. Através das ferramentas de busca, a procura por informações
em bancos de dados, ou por meio de assuntos ou por meio de palavras chaves, tornou-se a
primeira forma de utilização de internet para fins de educação.
Segundo o site www.aprendervirtual.com, a interação via transmissão de imagens para
educação a distância ganha nova força com o Vídeo Webcast, plataforma e-learning completa
que reúne vídeo, chat, avaliações on-line, módulo de informações e banco de dados. A TV
digital pode transmitir ao vivo a um custo bem menor que sinais de satélite. Os alunos
podem interagir em tempo real por chat e avaliações on-line. As aulas gravadas podem ser
acessadas pelos alunos a posteriori. Existe ainda a facilidade de o professor oferecer feedback
instantâneo dos grupos de alunos, além do controle da participação de cada um.
Para a Anhanguera-Uniderp, isto já não é novidade desde 2009, pois toda a metodologia
de ensino está baseada numa plataforma e-learning que evolui constantemente, adaptada
às específicas e reais necessidades dos alunos dos cursos de graduação à distância. Todas

Anuário da produção acadêmica docente


76
José Carlos Kammer

estas possibilidades estão disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) –


Moodle, acrescido da geração de relatórios gerenciais sofisticados que permitem a gestão de
aproximadamente 100.000 alunos matriculados nos cursos EaD em todo o país. Associada a esta
ferramenta, utiliza-se o Google Apps for Business com importantes ferramentas para a educação.
Para Nancy Gorgulho Chaves Braga (COFECON, 2006), existe certa confusão entre
informação e conhecimento. Esta discussão é relevante ao considerar que os alunos,
às vezes não aceitam facilmente a inovação na forma de ensinar e de aprender. Estão
acostumados a receber tudo pronto do docente, esperando deste que continue trabalhando
da mesma maneira de sempre, como sinônimo de que o docente fala e os alunos escutam.
Mas, alguns docentes também criticam as inovações tecnológicas utilizadas na educação,
consideram uma forma de não dar aula, de fingir que se ensina. Existe ainda a possibilidade
de dispersão, pois muitos alunos se perdem no emaranhado de possibilidades de navegação
e de informação, deixando-se arrastar por áreas de interesse pessoal.
Para Leite (2004, p. 3), o domínio do professor deve se concentrar no campo crítico e
pedagógico, decidindo-se pela opção de integrar ou não a tecnologia em seu currículo, de
acordo com os objetivos, e ainda escolher o momento apropriado para fazê-lo, evitando
assim, a imposição tecnológica. Assim, o professor não pode perder a dimensão pedagógica.
Ressalta Sampaio & Leite (apud Leite,2003, p. 14) que os recursos de ensino servem
como instrumento para os profissionais e pesquisadores realizarem seus trabalhos na
interpretação e construção do conhecimento. A simples presença do recurso de ensino na
sala não garantirá a qualidade e, muito menos, o dinamismo à prática docente. Porém, a sua
existência poderá fornecer ao docente subsídio para que este, ao utilizar o recurso de ensino,
ofereça possibilidades para que os alunos ampliem sua leitura de mundo e sua ação crítica
com base nas informações que o recurso venha a oferecer.

2. A INTERAÇÃO ALUNO-PROFESSOR
Pretendeu-se neste estudo construir um quadro comparativo e evolutivo das interações
entre aluno-professor do curso de Administração EaD, no ano letivo de 2011. Ao quantificar
as mensagens recebidas por estes alunos e seus conteúdos, foi possível conhecer melhor o
perfil atual destas interações, o que permitirá aos gestores traçarem um curso de ação no
sentido de confirmar atuais ações ou mesmo modificá-las nos períodos que seguirão.
Conhecer o padrão da interação do aluno – professor ao longo do período em estudo ,
delimitado no segundo semestre de 2011, permitiu construir um quadro da realidade deste
relacionamento, trazendo informações importantes do comportamento do aluno EaD e
suas necessidades, na busca pela qualidade do processo ensino-aprendizagem. Este estudo
preliminar, aponta para dados significativos das interações que ocorrem, oferecendo uma
radiografia desta realidade. Como o planejamento é uma ferramenta importante para
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.73-82
77
A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011

intervenção na realidade, qualquer que ela seja, diagnosticar estas interações a fim de
conhecer seu caráter pode ser importante na busca de um modelo idealizado de interação.

3. METODOLOGIA
O período foco deste estudo compreendeu os meses de fevereiro a dezembro de 2011. O
número total de alunos alocados no 1º semestre foi de 370 e no 2º. Semestre foi de 400. Todos
estes são alunos do sexto semestre do curso de Administração EaD da Anhanguera-Uniderp,
de diferentes pólos próprios da instituição em todo o Brasil. Cursaram dois módulos por
semestre, seqüencialmente em cada bimestre. Cada módulo possui três avaliações, a saber:
prova com valor até 7,0, desafios de aprendizagem laboratório e questionário com valor de
1,5 para cada atividade.
Importante ressaltar que estes alunos tiveram contato recente (ano de 2010) com o
ambiente virtual de aprendizagem Moodle e muitos deles conhecem pouco das novas
Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
Todos os dados aqui citados foram obtidos diretamente do Ambiente Virtual de
Aprendizagem Moodle (AVA-Moodle).

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS:


Os primeiros dados coletados se referem ao número de alunos que fizerem contato com
a tutoria ao longo do período foco deste estudo. Entretanto, foi considerado significativo
qualquer aluno que tenha enviado pelo menos uma mensagem à tutoria, sem considerar o
conteúdo da mensagem. A seguir, apresenta-se o Quadro 1 com o total de alunos alocados
em cada semestre de 2011 e o número de alunos que interagiram com a tutoria neste período,
com seus respectivos percentuais.
Quadro 1 – Número de alunos que enviaram mensagens no ano de 2011. 

Número de alunos que enviaram mensagem no ano de 2011


1º sem 2011 2º. Sem 2011
150 de um total de 370 alunos (41%) 300 de um total de 490 alunos (61%)

Pode-se perceber através dos gráficos 1 e 2, que o percentual dos alunos que não
contataram (59%) é superior aos que fizeram contato. Isto facilmente se explica pelas
diversas mudanças ocorridas ao longo do semestre, que amadurecidas no segundo semestre,
mostraram resultados mais satisfatórios, porém não ideais.

Anuário da produção acadêmica docente


78
José Carlos Kammer

Gráfico 1 – Percentuais de alunos que interagiram no primeiro semestre 2011.

Fonte: Adaptada pelo autor

Gráfico 2 – Percentuais de alunos que interagiram no segundo semestre de 2011.

Fonte: Adaptada pelo autor

A seguir, foram coletados dados referentes aos períodos do dia em que os alunos
interagiram com o professor. Foram agrupados pelo período matutino, vespertino e noturno.
Considerou-se para isto o horário que o sistema de mensagens do AVA-Moodle apresenta a
data e a hora junto a mensagem recebida, a seguir apresentados no Quadro 2:
Quadro 2 – Período em que os alunos enviaram mensagem em porcentagem.

Período em que os alunos enviam mensagem (em %)


Manhã 20%
Tarde 35%
Noite 45%

Considerando as aproximações dos dados e seus arredondamentos, percebe-se que os


alunos procuram interagir com a tutoria no período da tarde (35%) e principalmente à noite
(45%) conforme Gráfico 3 apresentado a seguir. Estes resultados podem fornecer um mapa
das atividades dos alunos ao longo do dia. Considerando-se que a grande maioria trabalha
durante o dia, na parte da manhã encarregam-se das atividades no trabalho. Após almoço,
acessam o ambiente virtual para levar as questões suscitadas nas atividades acadêmicas,
enviar e receber e-mails dos colegas, entre outros.
Sabe-se que estes alunos podem encontrar computadores com acesso à internet no
trabalho, na Instituição de Ensino e em muitos casos, na própria residência. Isto explica o
grande número de alunos que interagem com a tutoria à noite, possivelmente da própria
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.73-82
79
A Interação Aluno-Professor Tutor Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem-Moodle no Ano de 2011

residência ou dos laboratórios do pólo onde freqüenta as aulas presenciais.


Pode-se perceber que durante o fim de semana, não existe um padrão de interação
consistente e importante para a pesquisa, por isso não discutido aqui.

Gráfico 3 – Período em que ocorre a interação nos dias úteis

Fonte: Adaptada pelo autor

Por último, foram analisados os conteúdos das mensagens recebidas e classificadas


pelo grau de importância do ponto de vista da tutoria.
Quadro 3 – Classificação do conteúdo das mensagens recebidas dos alunos

60% Dirimir dúvidas sobre o conteúdo das aulas e das atividades em sala de aula
63% Solicitar ajuda para resolver a atividade avaliativa
22% Solicitar esclarecimentos quanto a correção do desafio de aprendizagem e nota
15% Buscar ajuda para problemas no AVA Moodle
8% Saber datas de postagem das atividades e início das aulas
13% Reclamações em geral
10% Outros conteúdos não classificados

Com relação ao quadro 3, pode-se observar que o somatório dos percentuais de cada
tipo de mensagem dos alunos não totaliza 100%, pois em uma única mensagem podem
surgir tipos diferentes de mensagens.
Como se pode observar não se apresenta um padrão único de interação com relação
aos conteúdos das mensagens. Isto se explica facilmente por ser a tutoria algo novo na vida
acadêmica do aluno e muitos ainda estão bastante confusos com relação às atribuições e
funções desta. Porém, não só os alunos experimentam esta novidade na escola, mas também
os professores lidam com uma nova realidade pedagógica e experimentam novas formas de
relacionamento com seus alunos. Assim como o ambiente virtual de aprendizagem Moodle
e os conteúdos e tarefas dos módulos estão sendo atualizados permanentemente pelas IES,
a tutoria também se inclui neste processo.

Anuário da produção acadêmica docente


80
José Carlos Kammer

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma vez que a motivação deste estudo esteve focado na descoberta do perfil da interação
do aluno EaD com o seu professor tutor a distância, pode-se perceber que estes alunos não
apresentam um comportamento homogêneo e as interações se dão pela necessidade maior
de (63%) solicitar ajuda para resolver a atividade avaliativa saber datas de postagem das
atividades (60%) dirimir dúvidas sobre o conteúdo das aulas e das atividades em sala
de aula solicitar ajuda para resolver a atividade avaliativa (22%) solicitar esclarecimentos
quanto a correção do desafio de aprendizagem e nota (15%) buscar ajuda para problemas no
AVA moodle (13%) reclamações em geral e em menor percentual, outros contatos.
Pode-se considerar também que, uma vez que as interações ocorrem em maior
percentual no período da tarde e noite (35% e 45% respectivamente) e em muito menor
percentual no período da manhã (20%) , verificou-se adequada a decisão da instituição em
alterar, desde o 2º. Segundo Semestre do ano passado (2011), os horários de tutoria para o
período vespertino. Como se estipulou um período máximo de respostada mensagem ao
aluno em até 24 horas do recebimento, permitiu-se assim respostas quase que imediatas às
questões formuladas por estes.
Ao comparar estes resultados com os dados obtidos empiricamente no primeiro
semestre de 2011, constata-se um aumento significativo de interações comparativamente
à este período (de 41% para 61%). Credita-se este aumento a consolidação do trabalho
da tutoria junto aos alunos, haja vista terem sido estes alunos foco de uma campanha de
conscientização ocorrida no período de janeiro a junho de 2011, buscando motivá-los a
interação, através de mensagens semanais, solicitação de inclusão de foto do aluno, bem
como todas as mensagens dos alunos enviadas por e-mail foram respondidas pelo AVA
Moodle, sendo notificados via e-mail deste procedimento.
Este estudo exploratório pode ser ainda embrionário e relativamente significativo das
interações que ocorrem. Recomenda-se um aprofundamento desta pesquisa, ampliando
seu escopo da população alvo, podendo ser importante insumo para o planejamento
das atividades de tutoria dos cursos a distância para o anos seguintes. Uma vez que o
planejamento se propõe a intervenção de forma adequada no modelo existente, na busca de
um modelo idealizado de interação, conhecer profundamente esta realidade pode ser muito
interessante.

REFERÊNCIAS
ABED-Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta a Distância. Disponível em <http://www.abed.
org.br/revistacientifica/_brazilian/. Acesso em 10junho 2010.
BELLONI, Maria Luiza. Educação à distância. 5 ed. Editora Associadops.Campinas: Reimpressão,
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.73-82
81
2009.
COFECON. Tecnologia, Informática e Comunicação: Dilúvio de Conhecimento ou Dilúvio
de Informação?. Disponível em http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_
content&task=view&id=416&Itemid=99. Acesso em 10jan. 2012.
GODOY, Anterita Cristina de Souza. Didática: procedimentos e recursos de ensino. -Campinas,SP:
Editora Alínea,2008.
KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologias, o novo ritmo da informação. São Paulo: Papirus,
2007).
LEITE, Lígia Silva. (Coord.). Tecnologia educacional: descubra suas possibilidades na sala de aula.
Colaboração de Cláudia Lopes Pocho, Márcia de Medeiros Aguiar, Marisa Narcizo Sampaio. 2. Ed.
Petrópolis-RJ: Vozes, 2003
MARTINS, Joberto. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta a Distância - Aprender virtual – @
aprender – O portal do Ensino Superior. EAD faz professores buscarem nova formação. Disponível
em: <http:www.aprendervirtual.com; Maio-junho 2010.Acesso em 28jan. 2012.
Ministério da Educação. Secretaria de Educação à distância. Referenciais de Qualidade para
Educação Superior à Distância. Brasília, DF: Editora Artmed, 2007.
MORAN, José Manuel; Masseto, Marcos T; Behrens, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e
mediação pedagógica. Campinas,15ª EDIÇÃO,SP: Papirus,2009.
SAMPAIO, Marisa Narcizo & LEITE, Lígia Silva. Alfabetização tecnológica do professor. 2ª
ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

Anuário da produção acadêmica docente


82
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Edina Domingues – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

RESUMO: Este artigo foi construído em três momentos. O primeiro momento traz um PALAVRAS-CHAVE:
pouco da linha histórica do Professor Educador Paulo Freire: o educador que marcou Tecnologia Educacional; Educação
Libertadora; Educação Democrática
sua época com suas ideologias libertadoras presentes em seus métodos educacionais
inovadores. O segundo momento visa propiciar a discussão sobre as abordagens
metodológicas utilizadas em cursos a distância e por último a reflexão sobre a KEYWORDS:
qualidade de profissionais formados em curso de EaD Educational Technology; Liberating
Education; Democratic Education

ABSTRACT: This article was constructed in three stages. The first moment brings a bit
of storyline Teacher Educator Paulo Freire: the educator that marked his time with
his ideologies present in liberating their innovative educational methods. The second
phase aims to provide a discussion of the methodological approaches used in distance
learning courses and last reflection on the quality of graduates in distance education
course and if they are able to meet the current needs of the professional market in
globalized times. Literature search was used to having as a backdrop the relationship
between distance education and the ideas of Paulo Freire.

Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 25/07/2012
Publicado em: 17/04/2014

Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.83-93
Paulo Freire e a Educação a Distância

1. O PROFESSOR PAULO FREIRE


Em 19 de setembro de 1921, nascia Paulo Reglus Neves Freire, na estrada do encanamento
nº 724,em Recife no Estado de Pernambuco. Filho de Joaquim Temistocles Freire, capitão
da Policia Militar de Pernambuco e da bordadeira Senhora Edeltrudes Neves Freire que
tiveram além de Paulo, mais três filhos: Stela, professora primária do Estado, Armando que
foi funcionário da prefeitura da cidade de Recife e Temistocles que entrou para o exército.
Em 1934, faleceu o pai de Freire, em decorrência a família passa por muitas privações
e os irmãos largam os estudos para trabalhar e ajudar nas despesas da casa e também para
que Paulo Freire continuasse seus estudos. Em Jaboatão, Freire conclui o curso primário e
iniciou o ensino ginasial no Colégio 14 de Julho, no Bairro de São José, mas sem recursos
econômicos, Freire, larga seus estudos logo na primeira série. Mas sua mãe a Senhora
Edeltrudes, sai em busca de apoio para que seu filho pudesse dar continuidade aos estudos,
quando encontra no Professor Aluizo Pessoa de Araujo, do colégio de Oswaldo Cruz, o
apoio para que seu filho estudasse gratuitamente e conseguisse concluir seus estudos no
curso secundário. Rosas (1987apud FREIRE, 1996).
Paulo iniciou sua carreira em 1941, como professor de Português pelo Colégio Oswaldo
Cruz em Recife e em 1943 ingressou pela Faculdade de Direito de Recife e em 1944 casou-
se com professora primária Elza Maria da Costa de Oliveira com quem teve 5 filhos: Maria
Madalena, Maria Cristina, Maria de Fátima, Joaquim e Lutgardes.
Nas décadas de 50 a 60, Paulo Freire participou do “Serviço de Extensão Cultural”
pela Universidade Federal de Pernambuco. Do período de 1947 a 1957, Freire trabalhou
pelo SESI com famílias operarias nos Círculos de Pais e Professores, denominado por ele
de “Educação Social” e em 1959, conclui sua tese de docência para a Cadeira de História e
Filosofia da Educação pela Escola de Belas Artes de Pernambuco.
Em 1962, no Rio Grande do Norte, Freire participou da Campanha: “Pé no chão também
se aprende a ler” sobre a liderança de Moacir de Góis em Recife, Pernambuco. Participou nesta
mesma época do projeto MCP – Movimento Cultural Popular- que promoviam ações nas praças
como espaço de cultura cujo objetivo era o de reciclar culturalmente a população mais carente.
Obteve êxito com o projeto de alfabetização que ocorreu no Rio Grande do Norte, em
1963, quando ensinou 300 alunos a escrever e a ler em apenas 45 dias através do método
inovador de alfabetização que unia a teoria e prática através das metodologias de ensino:
codificação, palavras geradoras, cartazes com as famílias fonética, quadros ou ficha de
descobertas e material complementar.
Segundo Bello (1993) na pedagogia de Paulo Freire há a junção de profissionais e
elementos da comunidade que preparam o material de acordo com a realidade a quem se
destina a alfabetização fundamentada nos seguintes pressupostos:

Anuário da produção acadêmica docente


84
Edina Domingues

• Pensamento-linguagem a partir da realidade concreta;


• Elaboração da codificação especifica para cada comunidade;
• Escolha da palavra geradora a partir da realidade da comunidade
Em 1964,Paulo Freire, foi perseguido pelo Regime Militar sobre a alegação de ser
subversiva, propagador da desordem e do comunismo. Foi preso em 31 de março de 1964,
ficou 72 dias e foi exilado para o Chile, onde trabalhou por cinco anos pelo Instituto Chileno
para a Reforma Agrária -ICIRA e em 1968 escreveu o livro: Pedagogia do Oprimido,uma
das suas obras mais importantes.
No período que esteve fora do Brasil, em 1963, teve oportunidade de ministrar aulas nos
Estados Unidos da América, pela Universidade de Harvard. Em 1970 foi convidado para participar
como consultor do conselho mundial das igrejas –CMI- Genebra na Suíça e um ano mais tarde,foi
consultor Educacional dos governos dos países africanos: Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe e influenciando também no processo de alfabetização de Angola e Moçambique.
Em 1980, com a anistia política, Freire após 16 anos de exílio, retornou para ao Brasil e
escreveu a obra Pedagogia da Esperança (1992) e a Sombra desta Mangueira (1995).
Em 1986, morre sua primeira esposa e em 1988, casa-se com Ana Maria Araújo Freire.
Filha do Diretor do Colégio Oswaldo Cruz, onde Freire foi aluno e professor de Português.
Ana foi também sua orientanda do programa de mestrado pela PUC-SP.
Ministrou aulas pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAM,e pela Pontifícia
Católica de São Paulo, PUC. De 1989 a 1991, foi Secretario da Educação pela Prefeitura da
cidade de São Paulo, pela gestão da Luiza Erundina.
No dia 2 de maio de 1997, Paulo Freire, morre de enfarto em São Paulo, às 6h35, no
Hospital Albert Einstein, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias.
Em 1991, foi fundado o Instituto Paulo Freire para propagação de seis idéias e de suas
obras. Freire foi reconhecido mundialmente e recebeu o título de Doutor Honoris Causa por
27 universidades, recebeu prêmios como: Educação para a Paz (das Nações Unidas, 1986) e
Educador dos Continentes (da Organização dos Estados Americanos, 1992).

2. A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM EAD


A história da Educação à distância no Brasil, não é recente. Existe há pelo menos 80 anos e
inicia-se ao longo da história com o surgimento do serviço de rádio-difusão do Ministério
da Educação como objetivo de promover a alfabetização, passando para a utilização dos
materiais sendo enviados aos alunos do Instituto Universal Brasileiro via correio e mais
tarde sendo veiculado através das câmeras de televisão do tele-curso 1º e 2º graus da
fundação Roberto Marinho.
v. 05 • n. 13 • 2011 • p. 83-93
85
Paulo Freire e a Educação a Distância

Com o movimento da expansão da rede de alcance mundial , WWW - Word Wide


Web- , o computador passa a fazer parte como ferramenta utilizada na modalidade de ensino
a distância. Em 1995, a Universidade Federal do Mato Grosso foi a primeira a oferecer curso
de Pedagogia de 1ª a 4ª série em caráter experimental para professores da Rede Municipal e
Estadual de Ensino. (MORAN, 2002)
Com a LDB – Lei de diretrizes e Bases da Educação- em 1996, os cursos de modalidade
a distância passaram a ser incentivados segundo o Art. 8º: O Poder Público incentivará o
desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e
modalidades de ensino, e de educação continuada( BRASIL, 1996)
Com a melhora do poder de aquisição econômica das classes C e D no Brasil, mais
alunos conseguiram avançar seus estudos em nível de graduação e muitos destes optaram
por esta modalidade de estudos pela flexibilidade de horários o que facilita a conciliação
dos estudos entre trabalho e ou família. A EaD rompe barreiras geograficamente distantes
o que favorece a democratização do conhecimento, um bem cultural e de direito do cidadão.
Na visão de Freire a tecnologia não era a solução para a Educação, pois não pode
mudar sozinha, mas muita coisa ela pode fazer (ALMEIDA, 2001). A Educação a distância
está inserida na sociedade da informação. Atualmente as pessoas têm mais possibilidade
de ingresso as Universidades, até o século passado, os cursos superiores eram restritos ao
público elitizado. Filhos dos das classes A e B, tinham acesso as Universidades Federais e
Estatuais, pois eram preparados desde o ensino fundamental em escolas da rede privada
e enquanto as Classes C, pagavam pelos seus estudos em Instituições Privadas, quando
conseguiam pagar.
Mas hoje com a expansão dos cursos de graduação a Distância, mais pessoas têm a
oportunidade de avanços em seus estudos independente a posição geográfica e no tempo
disponível. Junto à expansão da Educação à Distância, cresce também o paradigma de que
a Educação a Distância não oferece qualidade e é vista por muitos por educação pronta para
consumo ou seja “Fast- food”. Mas como oferecer um curso a distância com qualidade?
Segundo Almeida (2003), Freire defendia o pressuposto de que a pedagogia deve deixar
espaço para o aluno construir seu próprio conhecimento, sem a preocupação em repassar de
conceitos prontos, como ocorre freqüentemente na prática tradicional das salas de aula.
O conhecimento não é algo pronto a ser repassado como um objeto, ou liquido a
ser depositado em um recipiente. É sim construído através das relações sociais e só pode
transformar o mundo quem é transformado pelo conhecimento, e conhecendo o mundo o
homem transforma a si próprio, ou seja,a educação para Freire (1979) é uma busca constante
do homem, que deve ser sujeito de sua própria educação. Freire, poeticamente expôs em sua
obra: Professora sim, tia não, sua visão sobre o saber:
Anuário da produção acadêmica docente
86
Edina Domingues

[...] Em que ensinar já não pode ser este esforço de transmissão do chamado saber
acumulado, que faz uma geração á outra, e aprender não é a pura recepção do objeto
ou do conteúdo transferido. Pelo contrário, girando em torno da compreensão do
mundo, dos objetos, da criação, ela boniteza, da exatidão científica, do senso comum,
ensinar e aprender giram também em torno da produção daquela compreensão,
tão social quanto a produção da linguagem, que é também conhecimento.(FREIRE,
1997, p. 5)

Como quebrar o fazer pedagógico que ao longo dos anos, foi construído na linha
tradicionalista de que ensinar é o transmitir conhecimento que ao longo dos anos foi construído?
Olha-se para a maioria das salas de aulas das escolas hoje, século XXI, e o que se
percebe?À frente a professora que escreve no quadro negro e sentado em suas carteiras,
umas atrás das outras os alunos preocupados em fazer cópias. E na Educação a Distância,
como ocorre a aprendizagem?
Nos cursos em EaD, os alunos podem contar com vários recursos disponíveis no
ambiente de aprendizagem virtual: vídeos das tele-aulas, apostilas digitalizadas, fórum,
chats e entre outros e ainda podem contar com a mediação dos professores tutores a
distância e presenciais. Com toda esta riqueza de materiais, e este para obter sucesso se
faz necessário a reflexão sobre sua autonomia, responsabilidade, senso de organização e
compromisso. Sem estes atributos, o aluno corre o risco de perder o ritmo, e se perder ao
longo do curso.
Diferente das salas de aulas tradicionais, cabe ao aluno em EaD, uma reflexão crítica
em relação aos conteúdos apresentados pelas tela aulas, não podendo este apenas a ação
passiva de receber informações,mas segundo Freire (1996,p.13) “quanto mais criticamente
se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e se desenvolve na curiosidade
epistemológica”.
E de acordo com Freire (1996) cabe aos alunos aguçar e estimular sua curiosidade,
arriscando-se, aventurando-se e nesta força criadora do aprender, imune contra o poder
apassivador da Educação Bancária.
Na educação a distância, mesmo com todos os recursos disponíveis também corre-
se o risco da reprodução de um ensino totalmente instrucional, onde os alunos recebem
os materiais, assistem as aulas e respondem a um questionário em que se é cobrado as
“respostas prontas” das “perguntas prontas”. E depois a mera classificação da avaliação em
uma planilha automaticamente gerada.
Para Freire (1996, p.14), ”o ensino não se esgota no tratamento do objeto ou conteúdo,
superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente
é possível”. Então no processo, não cabe apenas o assistir por assistir as tele-aulas, ler por
ler, responder apenas por responder. Se faz necessário materiais e aulas que convidem aos
alunos a participarem de forma ativa e que promovam o conhecimento de forma colaborativa
e construtiva.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p. 83-93
87
Paulo Freire e a Educação a Distância

O aluno que opta por cursar a modalidade em EaD, é adulto, e como tal, possui
um riquíssimo repertório de conhecimentos construídos no dia a dia de sua vida cotidiana
e através de suas relações do trabalho e segundo Freire (1996), é fundamental conhecer
o conhecimento existente quando o saber que estamos aberto e aptos a produção do
conhecimento ainda não existente.
E para a abordagem construcionista, em cursos de EaD, há o respeito pelos
conhecimentos já adquiridos pelos aprendentes, e o professor tutor ou professor presencial,
assumem o papel de mediadores , desafiadores, motivadores e também provocadores a
medida que fazem questionamentos, fazem indagações a partir de debates estimulantes
tanto em tempo real como através de fóruns e ou chats.
Segundo Almeida ( 2001 apud PERRENOUD, 2000, p.139),” o papel do professor é
mais do que ensinar, trata-se de fazer aprender, concentrando-se na criação, gestão e na
regulação das aprendizagens cuja a mediação propicia a aprendizagem significativa aos
grupos e a cada aluno”. Mesmo sendo o professor em EaD, seu papel não é o transmissor de
informações, mas um gestor das aprendizagens.
Os fóruns disponíveis nos ambientes virtuais, são ambientes onde ocorrem a dialética
entre participantes, alunos e professores, a partir do compartilhar conhecimentos e nesta
troca há a construção e reconstrução dos saberes. E segundo Almeida (2001) pela abordagem
Construcionista o professor assume o seguinte posicionamento:
Cabe a ele criar uma situação de parceria e colaboração com os alunos e entre os
alunos, incitando o levantamento de perguntas ou elegendo coletivamente um
tema de estudos, questionando os alunos, propondo desafios que possamser
significativos, convidando-os a verbalizar suas expectativas, dificuldades e
descobertas, provocando a formalização de conceitos e sua evolução em relação às
intenções e metas atingidas.(ALMEIDA, 2001, p.12)

Em alguns cursos de EaD, após os alunos assistirem as tele-aulas, os professores


presenciais coordenam atividades como debates, estudos de casos, momentos estes em que
os alunos podem verbalizar suas experiências de vidas, compartilhar trocas de conhecimento
em busca de novos saberes. Para Freire (1996) uma das estratégias mais importantes da
prática-educativo-critico são os momentos em que o professor propicia a seus alunos os
ensaios das experiências mais profundas de se assumirem como ser social e histórico, seres
pensantes, comunicadores e transformadores e a medida que os alunos se assumem como
sujeito assumem-se também como objeto.
E nesta ação de serem respeitados pelo grupo de estudos como seres pensantes e
explanadores de opiniões autônomas, os alunos transformam-se em sujeitos construtores
e ativos durante o processo de ensino e aprendizagem. Durante as discussões dos alunos
do grupo de estudos, a aprendizagem ocorre pela troca de conhecimentos ou seja forma
colaborativa e com isto a auto estima de cada participante é elevada a medida que se
sentem importantes, e valorizados pelo grupo sentem-se motivados e estimulados o que

Anuário da produção acadêmica docente


88
Edina Domingues

propicia a quebra dos obstáculos “da omissão da verbalização” e estes vão mais além
do previsível para suas aprendizagens. Viajam na construção do conhecimento de forma
prazerosa e significativa.

3. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, E A FORMAÇÃO DE SEUS ALUNOS


Segundo Almeida (2003) nas últimas décadas a preocupação com a disseminação e a
democratização e acesso a Educação evidencia a importância da Educação a distância e
favorecida ao advento das tecnologias da informação e da comunicação propiciando
novas perspectivas ao campo educacional.
Com a expansão dos cursos de EaD, mais alunos estão sendo formados nesta
modalidade, e por conseqüência mais profissionais a procura de oportunidades, mas frente
as novas exigências deste novo milênio, os cursos a distância estão preparando seus alunos
para esses novos desafios?
Segundo Silva (2002) ter um diploma não significa ter seu emprego garantido e para
manter sua empregabilidade o profissional precisa desenvolver competências e habilidades
como a capacidade de decisão, comunicação oral e escrita e saber trabalhar em equipe e a
estes são denominados como “trabalhadores do conhecimento” por serem capazes de usar
seu conhecimento em prol da melhoria da produtividade.
Ao observarmos as metodologias empregadas em diferentes cursos de EaD, existem
algumas universidades que estruturaram seus cursos seguindo modelos similares as dos
presenciais, ou seja moldados nos pressupostos que o mais importante é a transferências de
conteúdos profissionais desconectados entre a teoria e a prática.
Segundo Not (1993) a transmissão do conhecimento firma-se no pressuposto de
que alguém do exterior pode exercer sobre alguém uma ação que consiste modelar sua
inteligência ou seu saber. Esta ideia caminha junto à teoria de que é possível a transmissão
de conhecimentos por aquele que julga dominar o conhecimento para outro alguém que
“está vazio” do conhecimento.
Para Werthein (2000 apud MARINEZ e PERIC, 2009)a educação do século XXI não tem
a finalidade única de preparar alunos para o mercado de trabalho, mas facilitar a adaptação
aos diferentes trabalhos que surgem da evolução da produção diante da globalização, onde
talentos e criatividade são importantes, assim como formar cidadãos críticos e conscientes.
Havia em Paulo Freire, a preocupação constante sobre a importância da formação do
cidadão como ser consciente e crítico, capaz de agir de forma reflexiva e sendo este capaz
de provocar mudanças e fazer mudanças no mundo em que vive.
“A Educação pode ser em qualquer lugar e em qualquer tempo”, hoje esta ideia
defendida por Freire se transportamos para a esfera da Educação a distância, onde a

v. 05 • n. 13 • 2011 • p. 83-93
89
Paulo Freire e a Educação a Distância

dialética educacional ocorrem rompendo a barreira do espaço temporal e geográfico. A


escola ultrapassa a barreira concreta de suas paredes. E segundo Aquino:
O uso dessas tecnologias reflete uma nova forma de aprendizagem por meio da
interação multimídia e da comunicação entre pessoas. Especificamente, com esta
segunda, a partir do advento da internet, expande-se o processo educativo para além
dos muros das escolar e das universidades com a modalidade de ensino a distância. As
tecnologias podem ser utilizadas também como espaço de luta.(AQUINO, 2009, p.4)

Em resposta as atuais exigências ampliam-se as responsabilidades das universidades,


sobretudo as da modalidade a distância, a de não ser apenas formadora de profissionais
“cheios” de saberes técnicos, mas cabe a formação da consciência para o formando de que
mesmo apesar do término do curso de graduação, devem manter sua sede acessa de:
aprender a aprender. Como dizia Paulo Freire, somo seres inacabados.
Nesta modalidade: Educação à distância o aluno, durante seu transcurso, aprende a
não esperar por respostas prontas, é estimulado e motivado a pesquisar, procurar soluções,
dialogar através dos fóruns ou chats, promovendo a construção e reconstrução de saberes.
E este aluno enquanto profissional formado, não encontrará empecilhos em continuar a
aprender mesmo sem o suporte do ambiente virtual de aprendizagem, pois foi formado
para ser autônomo em relação a suas aprendizagens.
Delorsem (1997), tendo como pressuposto a visão futurista quem em decorrência da
explosão de informações que estaria por ocorrer no século XXI, reflete sobre o papel da Educação:
[..]o próximo século submeterá a educação a uma dura obrigação que pode
parecer, à primeira vista, quase contraditória. A educação deve transmitir, de
fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos,
adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das competências do futuro.
Simultaneamente, compete-lhe encontrar e assinalar as referências que impeçam as
pessoas de ficarem submergidas nas ondas de informações, mais ou menos efêmeras,
que invadem os espaços públicos e privados e as levem a orientar-se para projetos
de desenvolvimento individuais e coletivos. À educação cabe fornecer, de algum
modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo
tempo, a bússola que permita navegar através dele.(DELORS, 1997, p. 89)

E pensando nesta Educação foi traçado os 4 pilares da Educação, a partir do


Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação do Século XXI que são: aprender
a ser, aprender a conviver, aprender a fazer e a aprender a conhecer ( aprender). Quando
falamos de Educação, não podemos imaginar a escola do passado, preocupada apenas com
a transmissão de informações e do repasse do conhecimento, pois outros meios já o fazem
de maneira mais veloz: Jornais, Telejornais e até mesmo as redes sociais se encarregam de
espalharem as notícias. A questão é como propiciar a construção do conhecimento que é não
é o mesmo que informação.
No âmbito da Educação a distância, precisamos pensar em Educação que promove a
construção do conhecimento de forma realmente significativa, as universidades têm seus
modelos fundados nos pressupostos dos 4 pilares:

Anuário da produção acadêmica docente


90
Edina Domingues

• O aprender a aprender contempla o domínio dos instrumentos do conhecimento


através do desenvolvimento da compreensão e o pensamento dedutivo e intuitivo;
• O Aprender a fazer constitui o domínio de colocar em prática os conhecimentos
teóricos e agir no mundo em que vive;
• Aprender a viver com os outros está no domínio do campo das atitudes e valores,
a fim de participar e cooperar com os outros;
• Aprender a ser está relacionada aos outros três domínios, pois integra o “individuo”
como social envolto em sensibilidade e responsabilidade.
• Analisando como exemplo atividades propostas para os alunos do 2º semestre do
curso de Pedagogia a distância de uma conceituada instituição de Ensino Superior
percebemos objetivos que contemplam o 4 pilares:
• Objetivos:
• Promover o estudo, a convivência e o trabalho;
• Promover a aplicação da teoria e dos conceitos para a solução de problemas
relativos a profissão;
• Promover a emancipação intelectual, através dos estudos independentes,
sistematizados e o auto aprendizagem.
• Favorecer a aprendizagem.
A tarefa citada consistia em um desenvolvimento de atividades pedagógicas planejadas,
desenvolvidas e aplicadas pelo grupo de alunos, e a produto final foi a apresentação de um
seminário a partir das reflexões sobre o desafio da prática docente. Esta atividade foi apresentada
a em sala de aula, nos momentos presenciais e postada no ambiente virtual de aprendizagem.
Este tipo de atividade em que os alunos precisam colocar em prática os saberes
construídos a partir das interações, mediações, tele-aulas, são comuns em todos os cursos de
EaD desta instituição de Ensino, promovem a construção do conhecimento através do diálogo
entre aluno e aluno, no momento que discutem, trocam saberes, pautados não somente em
teorias, mas muitas vezes nas vivências de cada elemento do grupo -Aprender a conviver-.
Em meio à discussão, podem surgir dúvidas e questionamentos e na motivação da busca
pela informação, ocorre pesquisa o que propícia o auto aprendizagem e de forma colaborativa
os membros do grupo passam a compartilhar as informações – Aprender a aprender-.
E ao aplicar as atividades pedagógicas em um contexto escolar, os alunos aplicam os
conceitos apreendidos em uma situação real, ou seja colocam na prática os conhecimentos,
metodologias e técnicas – Aprender a fazer -.
E para que ocorra o sucesso do grupo,se faz necessário a integração, a responsabilidade
e respeito as diferentes posições e o bom senso de todos do grupo – Aprender a ser-.
Segundo Ribas (2010) Paulo Freire ao defender o diálogo na relação pedagógica
reforça a sua defesa da relação ensino-aprendizagem como um processo de busca e troca de
v. 05 • n. 13 • 2011 • p. 83-93
91
Paulo Freire e a Educação a Distância

saberes permanentes. Para Freire ninguém nos ensina a fazer essas coisas, mas também não
aprendemos a fazê-las sozinhos, aprendemos a fazê-las interagindo com os outros.
De acordo com Freire ( 1987) não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino e
que estes fazeres se encontram no corpo do outro e enquanto o aluno segue buscando e re-
procurando e indagando. Na busca pela informação, pelo conhecimento, para constatação
que compõem a ação de pesquisar, e ao pesquisar, o aluno apreende informações para
constatar a realidade, um fato, uma resposta e nesta composição compõem seu conhecimento,
e quando conhece é capaz e sendo capaz, modificar a si, ao meio e a sociedade.
Com a realização de atividades que promovam a ação do sujeito sobre o objeto, e não
o objeto sobre o sujeito, propicia a construção de saberes que são edificados na medida que
ocorre sua ação. Se faz necessário o compromisso das Universidades, em edificar seus cursos
a distância com compromisso e responsabilidade pela formação de futuros profissionais
que estarão edificando uma sociedade mais justa e democrática.

4. AS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Paulo Freire, conhecido mundialmente por sua pedagogia libertadora fundada na liberdade
do oprimido, em que o conhecimento liberta as pessoas para a vida digna de serem
respeitados pela sociedade, foi professor Educador e nos deixou mais que uma lição , deixou-
nos uma mensagem de vida! E numa visão Freireana de ser, olhamos para a Educação
a distância, como uma Educação de fato democratizadora, pois avança e atinge muitos
alunos, que em outras épocas se quer teriam a possibilidade de começar a graduação. Com
a era da Tecnologia, ampliam-se os cursos de EaD, mas o questionamento: O cursos de EaD
promovem de fato uma formação pronta para atender as exigências do mercado de trabalho
globalizado? A resposta foi encontrada nas metodologias, nos recursos, nos profissionais,
nas atividades que são fundamentas nos 4 pilares da Educação, e como Paulo Freire diria,
uma educação de fato libertadora!

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. E. B. Educação Projetos Tecnologia e Conhecimento. 1ª Edição. São Paulo: PROEM,
2001.
______. Tecnologia e educação a distância: abordagens e contribuições dos ambientes digitais e
interativos de aprendizagem. In: 23a Reunião Anual da ANPED, 2003, Poços de Caldas, 2003.
AQUINO, Mirian de Albuquerque. Educação para a autonomia: um diálogo entre Paulo Freire e o
discurso das Tecnologias da Informação e Comunicação. Disponível em <www.biblioteca.sebrae.
com.br/bds/BDS.nsf/.../NT000A3742.pdf.
Acesso em 19 de agosto. 2012.
BELLO, J.L.P. Paulo Freire ,E uma nova Filosofia para a Educação , Vitória – 1993. Disponível em:
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per01.htm> Acesso em: 14 de fevereiro.2012.

Anuário da produção acadêmica docente


92
Edina Domingues

BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>.


Acesso em: 10 de Maio.2012.
DELORS, J Educação: Um Tesouro a Descobrir.UNESCO, MEC, Cortez Editora, São Paulo, 1997, 2ª
edição 199.
FREIRE, P. Educação e Mudança. 14 ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1979. Coleção e
Comunicação.
______.Conscientização: teoria e prática da libertação. 3.ed. São Paulo:
Moraes, 1980.
______.Pedagogia do Oprimido. 11ª Ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra.1987.
______. Pedagogia da Autonomia. Ano da Publicação Original: 1996
São Paulo: Paz e Terra. A educação na cidade, 1991.
______. Professora sim, tia não: Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo. Olho d’água, 1997.
Ferrari. M. Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência. Revista Nova Escola. 2011.
Disponível em:
<http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/mentor-educacao-
consciencia-423220.shtml> Acesso em: 14 de fevereiro.2012.
MORAES, S. A. DE ; TERUYA, T. K. . Paulo Freire e a formação do professor na sociedade
tecnológica. 2007. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).
<http://nt5.net.br/publicacoes/paulo_freire.pdf> Acesso em: 15. fevereiro.2012.
MARTINEZ, S.R.MO. PERIC, R.B.A.As exigências educacionais para o mercado de trabalho no sé-
culo XXI. Revista Interfaces: ensino, pesquisa e extensão. Ano 1. Nº 1.2009.
Disponível em: <http://www.revistainterfaces.com.br/Edicoes/1/1_4.pdf>Acesso em: 22. feverei-
ro.2012.
NOT, L. Ensinando a aprender: Elementos da piscodidática geral.2ª Ed. São Paulo: Summuns edi-
torial, 1993.
PROINFO: Informática e formação de professores. Secretaria de Educação a Distância. Brasília:
Ministério da Educação,Seed, 2000.
SILVA, E. L. CUNHA, M. V. ,A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas.Disponível
em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-19652002000300008&script=sci_arttext
Acesso em 23.fevereiro.2012.
SOARES, M.S. A. (Org.) A Educação Superior no Brasil. José Manuel Moran. Brasília, CAPES -
UNESCO, 2002
RIBAS, I.C. Paulo Freire e a EaD: Uma relação próxima e possível. Relatório de Pesquisa.Gerência
de Educação. SESI.Curitiba. Paraná, 2010.
Disponível em:<http://www.abed.org.br/congresso2010/cd/3042010090204.pdf>
Acesso em: 23. Fevereiro. 2012.
Rosas, P. . Paulo Freire: Aprendendo com a própria história.Disponível em:
<http://www.fundaj.gov.br/observanordeste/obex06.pdf> Acesso em: 14 de fevereiro.2012.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p. 83-93
93
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
As novas tecnologias e o papel do professor tutor

Tatiane Borges Bispo – Universidade Anhanguera-Uniderp - Centro de Educação a Distância

RESUMO: O presente trabalho tem por finalidade refletir sobre as novas tecnologias PALAVRAS-CHAVE:
aplicadas à educação e o papel do professor tutor presencial e a distância. A Educação Educação à distância;
conhecimento; qualidade; tutor.
a Distância vem crescendo rapidamente em todo o mundo, em decorrência das
novas tecnologias da informação e da comunicação e todos os processos produtivos
envolvidos. Cada vez mais as pessoas e instituições vêem nessa forma de educação KEYWORDS:
um meio de acesso ao conhecimento e expandir as oportunidades para o mercado de Distance Education, knowledge,
trabalho e na aprendizagem para toda a vida. Frente as constantes e rápidas mudanças quality, tutor.
e a falta de tempo que atinge a sociedade moderna, a EaD vem ganhando destaque
entre aqueles que procuram uma graduação ou especialização de qualidade, mas que
não exija sua presença em sala de aula diariamente. A modalidade “EaD” tem um
caráter mais amplo e versátil no ensino. Sua aceitação pela comunidade acadêmica e
pelos educadores tem sido ampla.

ABSTRACT: This paper aims to reflect on the new technologies applied to education
and the role of tutor and distance. The distance education has been growing rapidly
worldwide as a result of new information technologies and communication and all
the processes involved. Increasingly, individuals and institutions that see education
as a means of access to knowledge and expand opportunities for the labor market and
learning for life. Front and the constant rapid changes and the lack of time that reaches
modern society, the DE is gaining prominence among those seeking a degree or
specialization in quality, but that does not require his presence in the classroom daily.
The modality “DL” has a broader character and versatile in teaching. Its acceptance by
the academic community and the educators has been extensive.

Artigo Original
Recebido em: 24/02/2012
Avaliado em: 30/07/2012
Publicado em: 17/04/2014

Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.

Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Correspondência
Sistema Anhaguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.95-102
As Novas Tecnologias e o Papel do Professor Tutor

1. INTRODUÇÃO
A educação a distância está presente a cada dia mais na sociedade contemporânea, como
outra modalidade de ensino adequada para atender as novas demandas educacionais. A
sociedade está mudando repentinamente as suas formas de organizar-se, de ensinar e de
aprender. O campo da educação está pressionado por mudanças. Além do ensinar, é relevante
integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação. Diante de tantas inovações não
seria possível considerar a EaD apenas como um meio de superar problemas emergenciais
ou de cessar os fracassos dos sistemas educacionais, mas, a tecnologia apresenta-se como
um meio para colaborar no desenvolvimento do processo ensino aprendizagem. Ela tem
sua relevância como instrumento significativo para favorecer a aprendizagem. Porém,
temos que deixar claro que não é a tecnologia que irá solucionar ou amenizar o problema
educacional do Brasil. Sendo usada coerentemente poderá colaborar no desenvolvimento
educacional dos nossos alunos.
A ênfase estará na necessidade de competências múltiplas do indivíduo, no trabalho
em equipe, na capacidade de aprender e adaptar-se as novas situações.
A EaD tende doravante a se tornar cada vez mais um elemento regular dos sistemas
educativos, necessário não apenas para atender a demanda e/ ou grupos específicos,
mas assumindo funções de crescente importância, especialmente no ensino pós-
secundário, ou seja, na educação da população adulta, o que inclui o ensino superior
regular e toda a grande variada demanda de formação contínua gerada pela
adolescência acelerada da tecnologia e do conhecimento (BELLONI, 2009.p 4).

Entretanto, a EaD é um sistema complexo que exige dinamismo, responsabilidade,


adaptabilidade, flexibilidade e autonomia de todos os envolvidos nesse processo educacional,
sejam professores, coordenadores e alunos. Contudo, o papel do professor tutor presencial e
a distância é de extrema importância.

2. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
Atualmente, a tecnologia tem ampla influência na sociedade contemporânea e na educação,
tanto na escolar como na informal, na presencial, como na educação a distância.
Educação e tecnologia caminham juntas. A tecnologia na educação é o reflexo do modelo
mental da sociedade atual. O ser humano procura inovar-se constantemente atualizando-se com
novos instrumentos, facilitando sua maneira de viver diante do mundo globalizado que o cerca.
Não existem caminhos curtos na arte de aprender. Tecnologia é uma arte de aprender.
Com isso o uso das tecnologias na área educacional está cada vez mais freqüente no
dia-a-dia, criando novas relações, novos conhecimentos e inovações na forma de aprender e
também de pensar. Nesta modalidade à distância a uma perspectiva grande na construção
do conhecimento oportunizando crescimento e desenvolvimento profissional. Fornece
recursos para uma aprendizagem mais envolvente. As tecnologias promovem a interação
Anuário da produção acadêmica docente
96
Tatiane Borges Bispo

entre professores e alunos, estando separados espacialmente e temporariamente, vencendo


as barreiras de distância, levando formar cidadãos nos variáveis espaços incluindo e
interagindo com as diferenças.
[...] o processo de construção do conhecimento pressupõe que não basta apenas
“saber”, é preciso no mínimo saber fazer, saber buscar as informações necessárias,
saber produzir resultados [...] Enfim, um elenco de saberes para saber, que antes e
acima de tudo diríamos se faz necessário “pré-disposição” para saber, pois somente
assim, com esse comportamento e essa postura, estaremos por meio do conhecimento
agindo para modificar o sistema social vigente e dando um novo perfil à formação
de professores (KNECHTEL, 2010, p.16)

A partir do século XX, houve toda essa transformação tecnológica para a humanidade.
Ao falarmos em tecnologia na área da educação não estamos nos referindo apenas na
utilização de computadores, da internet, mas também de todos os objetos que antigamente
já eram utilizados como mediadores do processo de ensino e aprendizagem.
Nos dia de hoje, as tecnologias e as novas formas de se comunicar virtualmente
atende as novas expectativas da demanda dos alunos nos diferentes níveis de educação. As
expectativas dos alunos frente ao novo cenário estão ficando cada vez mais aceleradas em
função da globalização.
Hoje a tecnologia é útil ao aprendizado, pois o seu desconhecimento vem gerando
no mundo atual o mesmo tipo de exclusão que sofre o analfabetismo no mundo da
escrita. Mas agora vem a seguinte pergunta, o que é necessário? Esta é uma pergunta
difícil de ser respondida, pois, depende do contexto da realidade em que se vive e da
autonomia de cada um. O que pode afirmar, sem erro, é que é preciso entender que
o essencial é acreditar no potencial de cada um.

Na verdade, a internet proporcionou para o processo de ensino e aprendizagem não


ficar limitada apenas na sala de aula, mas, que ele ultrapassasse limites físicos, dando
oportunidades para o aluno construir o conhecimento no ambiente que desejar. Pensando de
outra forma, a distância física consiste em buscar práticas e métodos pedagógicos adequados
para essa modalidade de ensino, vivenciando conhecimento e proporcionando autonomia.
Segundo Moran, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer
dúvidas e inferir resultados. De agora em diante, as práticas educativas, cada vez mais,
vão combinar cursos presenciais com virtuais, uma parte dos cursos presenciais será feita
virtualmente, uma parte dos cursos à distância será feita de forma presencial ou virtual-
presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, intercalando períodos de pesquisa indivi-
dual com outros de pesquisa e comunicação conjunta.

3. O PAPEL DO PROFESSOR NO CONTEXTO EAD


Assim como o aluno, o professor também deve assumir novos papéis em EaD. Essas
modificações apresentam novos desafios e novas funções a serem desempenhadas. Assim
como o aluno virtual, o professor precisa aprender a estudar a distância, ele precisa aprender
a ensinar sem que esteja o mesmo lugar e no mesmo instante que o aluno.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.95-102
97
As Novas Tecnologias e o Papel do Professor Tutor

Na maioria das vezes os alunos ingressantes na EaD apresentam num primeiro


momento certa dificuldade para adaptar-se ao contexto. Normalmente não possui os
quesitos necessários e primordiais para se ter um bom desenvolvimento nos objetivos que
lhe forem proporcionados durante o curso. Entretanto, a função do professor desempenha
diferentes papéis em EaD.
A função do professor é de extrema importância, facilita e conduz o acadêmico às
adaptações e ameniza os anseios durante toda a caminhada de aprendizagem.
Segundo Moran,
São poucos os educadores que integram teoria e prática e que aproximam o pensar
do viver. Os educadores marcantes atraem não só pelas suas idéias, mas pelo contato
pessoal. Transmitem bondade e competência, tanto no plano pessoal, familiar
como no social, dentro e fora da aula, no presencial ou no virtual. Há sempre algo
surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem, na sua forma
de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. E eles, numa sociedade cada vez mais
complexa e virtual, se tronarão referências necessárias.

O trabalho principal do professor tutor é o de orientar o progresso das competências


do aluno, tendo com ponto de partida os objetivos específicos dos materiais pedagógicos. O
professor tutor leva esse processo de forma contínua e dinâmica, de modo a auxiliar o aluno
de maneira prazerosa e eficiente alcançando os objetivos de aprendizagem. O professor
tutor deve ter clareza na intencionalidade e ser hábil para estimular o aluno buscar respostas
e novas questões, conduzi-lo a desenvolver o pensamento crítico e a autonomia, e isto, deve
partir tanto do professor como do aluno pelo entusiasmo para aprender. Contudo, nesta
modalidade, o trabalho do professor passa a ser um elemento imprescindível, o elemento
chave para a aprendizagem. Afinal, como Oliveira, (2003, p.43) ressalta:
[...] as TICs não mudam necessariamente a relação pedagógica. Elas tanto servem para
reforçar uma visão conservadora, individualista, autoritária, como para dar suporte
a uma visão emancipadora, aberta, interativa, participativa. Neste caso, transgredir
a relação está mais na mente das pessoas do que nos recursos tecnológicos, embora
sejam inegáveis suas potencialidades pedagógicas.

O professor necessita estar preparado e ser capaz de produzir os conhecimentos


através da construção e da reconstrução dos conhecimentos já existentes.

3.1. MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA


A “mediação pedagógica” e auto-aprendizagem ou aprendizagem tem a mesma definição,
é centrada no aluno provocando nos maior motivação.
A mediação pedagógica busca abrir um caminho a novas relações do estudante: com
os materiais, com o próprio contexto, com outros textos, com seus companheiros de
aprendizagem, incluído o professor, consigo mesmo e com seu futuro. (PEREZ e
CASTILHO, 1999, p.10)

Ao planejar o professor necessita estar centrado em uma nova perspectiva para atuar
na sua função, portanto, o de ser ele mesmo, um mediador pedagógico.
Segue abaixo algumas características para o professor que se propõe a ser um mediador
pedagógico:
Anuário da produção acadêmica docente
98
Tatiane Borges Bispo

• Diante de um processo de ensino, o aprendiz deve ser o centro do processo e em


função da fase que ele se encontra é o ponto de partida para planejar suas ações.
Esta é uma ação contínua, construindo e compartilhando.
• Professor e aluno devem ser constituídos como célula comum do desenvolvimento
da aprendizagem, sejam nas relações de empatia, nos momentos de incertezas,
dúvidas, erros, nos momentos de conquistas e de sucesso.
• Uma ação conjunta e responsável. São atitudes básicas incluindo o planejamento,
sua aplicação e a avaliação.
• Considerar o aluno como um adulto. Faz-se necessário vivenciar num clima de
mútuo respeito para com todos os participantes, trabalhar em grupos, estabelecer
um ambiente de confiança, motivá-lo a reconhecer os recursos necessários para
atingir os objetivos que lhes forem propostos, envolvê-lo na avaliação de sua
aprendizagem, principalmente utilizando de métodos de avaliação qualitativa.
• Dominar a sua área de conhecimento. Demonstrar conhecimento nos assuntos
relacionados a essa área. A construção do conhecimento é o eixo da articulação da
prática educativa e ela jamais poderá faltar. Não deve ser feita sem estudo.
• Incentivar a pesquisa e ajudá-lo a desenvolver uma metodologia adequada.
Desenvolver a criatividade.
• Estar disponível para dialogar com seus alunos. Na EaD, com as novas tecnologias,
o diálogo deve ser freqüente e contínuo, com outra dimensão de espaço e tempo é
claro, não necessitando somente do momento presencial para expor as dúvidas que
surgem durante o auto- estudo.
• O professor deve cuidar da expressão e comunicação para que estejam sempre em
condições de ajudar a aprendizagem e incentivar o aprendiz em suas tarefas.
A mediação pedagógica significa a atitude do professor, caracteriza-se pelo seu
comportamento de facilitador e orientador da aprendizagem. Consiste em estabelecer uma
ponte entre o aprendiz e os conhecimentos a serem construídos, de forma que o aprendiz chegue
a seus objetivos pelo exercício de sua autonomia, tornando-se o sujeito de aprendizagem.

4. TUTORIA
A tutoria desempenha um papel fundamental no processo educacional dos cursos superiores
na modalidade à distância. O tutor deve participar ativamente da prática pedagógica,
contribuindo para o desenvolvimento dos processos educacionais tanto nas atividades
desenvolvidas a distância e/ou presencialmente. Para se ter uma educação da modalidade
a distância de qualidade é necessário prever a atuação de profissionais que se disponham da
tutoria à distância e da tutoria presencial.

v. 05 • n. 13 • 2011 • p.95-102
99
As Novas Tecnologias e o Papel do Professor Tutor

A tutoria a distância tem como principal atribuição o esclarecimento de dúvidas


realizadas através de fóruns de discussão, pelo telefone, participações em videoconferências,
entre outros. Tem a responsabilidade de promover espaços de construção de conhecimento,
indicar materiais de apoio de acordo com o conteúdo e participar dos processos avaliativos
de ensino-aprendizagem.
A tutoria presencial atende os alunos nos pólos, nos horários estabelecidos. Este tutor
deve conhecer o projeto pedagógico do curso, o material didático e todo o conteúdo, a fim
de conduzir os alunos ao pleno desenvolvimento das atividades individuais e em grupo,
incentivando ao hábito de pesquisa, esclarecendo as dúvidas dos conteúdos específicos,
bem como auxiliar no uso das tecnologias disponíveis.
Entretanto, ressalta-se que o domínio do conteúdo é imprescindível, tanto para
o tutor presencial quanto para o tutor à distância. As funções atribuídas aos tutores é a
orientação pedagógica, pois grande parte dos alunos não possui o hábito de autoestudo
e autodisciplina característicos dessa modalidade de educação. É necessário ser flexível,
perseverante, persistente e sensível para lidar com eventuais dificuldades encontradas por
parte dos alunos.
Segue algumas atribuições para tutores:
• Estimular a interação e a participação nas atividades propostas em aulas ao vivo ou
nos fóruns e mensagens do Ambiente Virtual de Aprendizagem.
• Conduzir os alunos a um bom aproveitamento nos momentos de autoestudo.
• Orientar a desenvoltura das atividades (presencialmente ou no AVA).
• Aplicar as avaliações e realizar as cabíveis correções das tarefas avaliativas.
• Conhecer o perfil dos alunos presencialmente ou pelo AVA e estar sempre os
questionando se estão realizando as atividades e atingindo os objetivos desejados.
• Estimular a cooperação e o trabalho em grupo.
• Desenvolver a habilidade comunicativa através das ferramentas disponíveis para
a comunicação eficiente.
• Conhecer os regulamentos que normalizam as atividades dos estudantes
(regulamento de Estágio, TCC, Avaliação, Normas de uso do AVA).
Enfim, segundo o dicionário Houaiss (2001) o significado do tutor é: Etimologicamente
a palavra tutor vem do latim tutor, óris, que significa guarda defensor, protetor, curador, ou
seja, aquele que exerce uma tutela, que ampara, protege, defende, é o guardião.

5. EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
Hoje em dia há uma preocupação muito grande com a educação de qualidade. Qualidade
em educação implica em qualidade acadêmica, qualidade social e qualidade educativa.
Ensinar é um processo social e pessoal. Ensinar depende se o aluno quer aprender e se
Anuário da produção acadêmica docente
100
Tatiane Borges Bispo

está apto a aprender em um determinado nível, sendo eles: maturidade, motivação e


competência adquirida. A modalidade a distância exige muito da autonomia do aluno,
uma das principais características centrais da EaD. O aluno não consta com a presença
física do professor e por esta razão é necessário desenvolver método de trabalho que
oportunize confiança, proporcionando não só o processo de elaboração de seus próprios
juízos, mas também a capacidade de analisá-los. Modalidade de ensino capaz de ampliar
as possibilidades de acesso à educação é vista a partir da incorporação das Tecnologias da
Informação e Comunicação e de modelos pedagógicos e gerenciais que possibilitam sua
expansão. A qualidade em EaD envolve organização inovadora, aberta e dinâmica.
A qualidade em educação é um conjunto de ações que foram planejadas e organizadas
de modo a garantir determinado controle para que o produto cumpra todos os objetivos
necessários para o bom aproveitamento do curso de forma eficiente. O conceito de
qualidade no contexto educacional implica na discussão de diversas dimensões. Sendo elas:
sociais, políticas e acadêmicas resultando na análise das estruturas e dos resultados finais
decorrentes das práticas de ensino presenciais e a distância.
Qualidade em educação implica em:
• Qualidade educativa: é a capacidade das instituições de ensino trabalhar para a
formação plena do aluno, contribuindo em suas realidades sociais.
• Qualidade social: o compromisso das instituições educacionais atuarem de maneira
relevante no desenvolvimento da sociedade nas atividades de ensino, de pesquisa
e de extensão.
• Qualidade acadêmica: Refere-se à capacidade do professor transmitir com eficiência
os conhecimentos específicos da área.
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB proporcionou a possibilidade
de programar o ensino superior a distância.
O Decreto 2.494/98 estabeleceu os critérios para a validação dos cursos à distância em
todos os níveis e modalidades. Definiu a EaD como uma modalidade de educação por auto-
aprendizagem e esta, se realizaria pelo acadêmico a partir de estudos apoiando em recursos
didáticos conforme é preconizado:
Art. 1º - Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita auto-
aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados,
apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou
combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação.

Parágrafo Único – Os cursos ministrados sob a forma de educação à distância serão


organizados em regime especial, com flexibilidade de requisitos para admissão, horários e
duração, sem prejuízo, quando for o caso, dos objetivos e das diretrizes curriculares fixadas
nacionalmente. (BRASIL, 1998a).
v. 05 • n. 13 • 2011 • p.95-102
101
As Novas Tecnologias e o Papel do Professor Tutor

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que na primeira década do século XXI as instituições educacionais brasileiras
vêm passando por um processo de mudança muito significativo, com destaque na Educação
à Distância (EaD).
As tecnologias da informação e comunicação vieram facilitar e modificar as possibili-
dades de aprender.
Enquanto tutora à distância e aluna de curso de graduação e pós-graduação à distância,
gostaria de compartilhar as expectativas encontradas em ensinar e aprender no mundo
contemporâneo frente às tecnologias inseridas e presentes cada dia mais na Educação Brasileira.
Podemos dizer que este é um momento de total transformação para todos os envolvidos.
Portanto, não podemos nos considerar sábios perante a Educação à Distância, e sim
considerarmos aprendizes, pois como mencionado anteriormente, apesar do conhecimento,
dos estudos, da dedicação, tem muito a ser aprendido e conquistado nesta modalidade.

REFERÊNCIAS
BEHAR, P. A. Modelos Pedagógicos em Educação a Distância. Porto
BELLONI, M.L. Educação a distância. 5. Ed. Campinas/ SP: Autores Associados, 2009
BEZERRA, R.M.S. Desenvolvimento WEB, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria Ministerial nº 4.059, de 10 de Dezembro de 2004.
Legislação. Disponível em: http://meclegis.mec.gov.br/documento
______. Lei nº 9394. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.
______. Decreto-lei nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. DOU, Brasília, 11 fev. 1998a.
DEMO, P. Educação de qualidade. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2001.
KNECHTEL,M.R.Metodologia de Investigação em Educação à Distância. 01. Ed. Curitiba:
IBEPX Ltda, 2003.
MASETTO, M. T. Mediação Pedagógica e o uso da tecnologia. In: Novas tecnologias
e Mediação Pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.
MORAN, M. J.; MASETTO, M.T.; BEHRENS, M.A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógicas.
Campinas/SP: Papirus, 2000.
MORAN, M. J.A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campias: Papirus, 2007.
OLIVEIRA, E. G. Educação a distância na Transição paradigmática. Campinas: Papirus, 2003.
PEREZ, F. G; CASTILHO, D. P. La Mediación pedagógica. Buenos Aires: Ciccus, 1999.

Anuário da produção acadêmica docente


102

Você também pode gostar