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Sumário
CRIANÇA E ADOLESCENTE ...................................................................................................................................................................................... 3
DO ACESSO À JUSTIÇA ...................................................................................................................................................................................... 3
DA CURATELA ESPECIAL ................................................................................................................................................................................... 5
PROIBIÇÃO DA DIVULGAÇÃO DE ATOS JUDICIAIS, POLICIAIS E ADMINISTRATIVOS .......................................................................................... 5
“JUIZ DE MENORES” E JUIZ DA INFÂNCIA: UMA DISTINÇÃO NECESSÁRIA ........................................................................................................ 6
REGRAS DE COMPETÊNCIA............................................................................................................................................................................... 7
COMPETÊNCIA TERRITORIAL............................................................................................................................................................................ 7
JUÍZO IMEDIATO............................................................................................................................................................................................. 10
COMPETÊNCIA FUNCIONAL ........................................................................................................................................................................... 13
PORTARIA E ALVARÁ: APONTAMENTOS E CRÍTICAS ....................................................................................................................................... 15
TOQUES DE RECOLHER................................................................................................................................................................................... 17
“ROLEZINHOS” ............................................................................................................................................................................................... 17
NATUREZA JURÍDICA DAS DECISÕES QUE FIXAM PORTARIAS OU ALVARÁS: APROFUNDAMENTO PARA PROVAS ABERTAS .......................... 19
DOS SERVIÇOS AUXILIARES............................................................................................................................................................................. 20
DOS PROCEDIMENTOS EM ESPÉCIE ............................................................................................................................................................... 20
ASPECTOS GERAIS .......................................................................................................................................................................................... 21
PROCEDIMENTOS VERIFICATÓRIOS E ATUAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA ................................................................................................... 22
DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR ......................................................................................................................................... 23
DA DESTITUIÇÃO DA TUTELA .......................................................................................................................................................................... 31
DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA..................................................................................................................................................... 32
DA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUÍDO A ADOLESCENTE .............................................................................................................. 33
FASE POLICIAL .......................................................................................................................................................................................... 34
OITIVA INFORMAL OU FASE MINISTERIAL ................................................................................................................................................ 38
FASE JUDICIAL .......................................................................................................................................................................................... 39
JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TEMA ............................................................................................................................................................ 44
DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES DE POLÍCIA PARA A INVESTIGAÇÃO DE CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DE CRIANÇA E DE
ADOLESCENTE ................................................................................................................................................................................................ 45
DA APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE ATENDIMENTO ...................................................................................................... 47
DA APURAÇÃO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE .............................................. 49
DA HABILITAÇÃO DE PRETENDENTES À ADOÇÃO ........................................................................................................................................... 50
O SISTEMA RECURSAL NO ECA ....................................................................................................................................................................... 51
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DO ACESSO À JUSTIÇA
Bem, inicialmente, segundo o art. 141 do ECA, é garantido o acesso de toda criança ou adolescente à
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. A assistência
judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.
Segundo Gustavo Cives Seabra, a menção “advogado nomeado” é feita porque inúmeras comarcas no
Brasil não contam com a atuação da Defensoria Pública. Outro detalhe é que, apesar do ECA falar em assistência
“judiciária” gratuita, o correto é assistência “jurídica” gratuita, por ter este caráter bem mais amplo, já que a
atuação da Defensoria Pública transborda os limites do processo judicial.1
É importante lembrar que todas as ações judiciais da competência da Vara da Infância e Juventude - e
não apenas aquelas em que forem deferidos os benefícios da gratuidade judiciária - são isentas de custas e
emolumentos. É o que estabelece o art. 141, § 2º do ECA:
1 SEABRA, Gustavo Cives. Manual do Direito da Criança e do Adolescente. Boleto Horizonte: CEI, 2020, p.221.
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Portanto, ao que parece, todas as ações judiciais da competência da Vara da Infância e Juventude e não
apenas aquelas em que forem deferidos os benefícios da gratuidade judiciária são isentas de custas e
emolumentos.
Pergunta-se: essa isenção aplica a todos os sujeitos processuais e em todos os casos? A resposta é não,
pessoal. O Superior Tribunal de Justiça entende que a isenção de custas e emolumentos prevista na Lei 8.069/90
(ECA), deferida às crianças e adolescentes, na qualidade de autoras ou rés, nas demandas ajuizadas perante a
Justiça da Infância e Juventude, não é extensível aos demais sujeitos processuais, que, eventualmente figurem
no feito.
Dando continuidade ao nosso estudo, o ECA traz, em seu artigo 132, a seguinte previsão:
Contudo, como lembra a doutrina, “o art. 142 traduz a regra do Código Civil quanto à necessidade de
representação por parte dos menores de 16 e de assistência aos maiores de 16 e menores de 21, limite máximo
reduzido para 18 anos a partir da entrada em vigor do Código Civil de 2002.” (Fabiana Zapatta e Flávio Américo
Frasseto, 2016, p. 152).
2 Zapata, Frasseto e Gomes (Coleção Ponto a Ponto, Defensoria Pública, Editora Saraiva, Direitos da Criança e do Adolescente):
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DA CURATELA ESPECIAL
No que se refere ao parágrafo único do art. 142 acima, o ECA determina ao juiz que dê curador especial
à criança ou adolescente em dois casos:
Dessa forma, é importante anotar que o exercício da curadoria especial nos casos previstos em lei é
atribuição institucional da Defensoria Pública (Lei Complementar nº 80, art. 4º, XVI) e 72, parágrafo único do
NCPC:
Art. 4º, LC 80. São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:
XVI – exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei; (Incluído pela Lei
Complementar nº 132, de 2009).
Art. 72, NCPC. O juiz nomeará curador especial ao:
(...) Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos
termos da lei.
O ECA proíbe a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e
adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional (art. 143). Qualquer notícia a respeito do fato não
poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação,
parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.
CUIDADO: O descumprimento do estabelecido no art. 143 (visto acima) importa em infração administrativa
prevista no art. 247 do ECA e está sujeito a penas de multa de três a vinte salários de referência, dobrável no
caso de reincidência, além da apreensão da publicação. Cumpre salientar que a redação original do ECA previa,
ainda, a suspensão da programação da emissora e da publicação do periódico, mas tal sanção foi declarada
inconstitucional pelo STF na ADIn 869-2, como podemos observar da leitura do art. 247 abaixo:
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio
de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo
ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
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respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua
identificação, direta ou indiretamente.
Antes de tratar sobre detalhes previstos no ECA no que tange à justiça da infância e da juventude, é
de grande importância pontuar que com a publicação do Estatuto da Criança e da Juventude, em 1990, o papel
desempenhado pelo juiz da infância foi substancialmente alterado.
Isso porque o antigo “juiz de menores” (o todo poderoso) podia decidir com base no prudente arbítrio,
dispensado de fundamentar suas decisões, com alto nível de discricionariedade; tinha poderes normativos,
agia de ofício, por meio de procedimentos sem forma ou figura de juízo, à margem dos princípios processuais
gerais, como a inércia e o devido processo legal.3
A professora Renata Giovanoni estabelece que “a realidade de descompassos, na órbita legal vigente,
fez sentir a necessidade da elaboração de um novo texto normativo sobre a criança e o adolescente que tivesse
3 Zapata, Fabiana Botelho, Flávio Américo Frasseto. Direitos da criança e do adolescente/coordenação Marcos Vinícius Manso Lopes
Gomes. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção defensoria pública: ponto a ponto), p. 155.
4 Zapata, Fabiana Botelho, Flávio Américo Frasseto. Op.cit pag. 155/156.
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por base a doutrina da proteção integral. Nessa seara, de absoluta pertinência, veio a ser a elaboração do
Estatuto da Criança e do Adolescente”.5
O art. 145 (do ECA) aponta que os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e
exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por
número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
Antes de tudo, é importante lembrar, sobretudo para peças processuais em sua segunda fase, que o
STJ proferiu decisão no sentido de que matérias atinentes a direitos individuais, difusos ou coletivos vinculados
às crianças e adolescentes, independentemente de estarem ou não em situação de risco, são de competência
absoluta da Vara da Infância e juventude6.
Trataremos agora de vários detalhes importantes sobre o tema, começando pelo juiz da infância e
suas regras de competência.
REGRAS DE COMPETÊNCIA
A “autoridade” a que se refere o ECA é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa
função, na forma da lei de organização judiciária local (ex.: juiz de vara única em comarca do interior onde não
há vara especializada).
No que se refere à competência, temos diversos detalhes para aprofundarmos! Adianto, contudo, que
essas regras são alvos de várias polêmicas, críticas e embates doutrinários/jurisprudenciais. No entanto,
seremos muito objetivos quanto ao que importa saber, sem digressões desnecessárias ou aprofundamentos
que vocês não precisem saber.
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Vejamos, inicialmente, o que estabelece o art. 147 do ECA, que trata sobre a competência
TERRITORIAL:
Em resumo:
5Di Mauro, Renata Giovanoni. Procedimentos civis no Estatuto da Criança e do Adolescente/2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017, p. 27.
6"O Estatuto da Criança e do Adolescente é lex specialis, prevalece sobre a regra geral de competência das Varas de Fazenda Pública,
quando o feito envolver Ação Civil Pública em favor da criança ou do adolescente, na qual se pleiteia acesso às ações ou aos serviços
públicos, independentemente de o infante estar em situação de abandono ou risco, em razão do relevante interesse social e pela
importância do bem jurídico tutelado. Na forma da jurisprudência do STJ, 'a competência da vara da infância e juventude para apreciar
pedidos referentes ao menor de idade é absoluta, consoante art. 148, inciso IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente.” (STJ, AgRg
no REsp 1.464.637/ES, Rel.Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe de 28.3.2016)
REsp 1846781, REsp 1853701 e Tese IAC 10.
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COMPETÊNCIA
FORO NATURAL FORO RESIDUAL
Determinada pelo domicílio dos pais ou Determinada pelo lugar onde se encontre a criança ou
responsável. adolescente, à falta dos pais ou responsável.
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação
ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção.
COMPETÊNCIA
FORO FORO CASOS DE
NATURAL RESIDUAL ATO INFRACIONAL
Determinada pelo lugar onde se É competente a Justiça do local
Determinada pelo domicílio
encontre a criança ou adolescente, à da ação ou omissão típica.
dos pais ou responsável.
falta dos pais ou responsável.
O § 2º do mesmo artigo 147, prevê que a execução das medidas poderá ser delegada à autoridade
competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança
ou adolescente.
Portanto, como vimos, a competência territorial, segundo a Lei, será determinada da seguinte forma:
IMPORTANTE: Cuidado com um detalhe! É que, embora seja compreendido como regra de competência
territorial, o art. 147, I e II, do ECA apresenta natureza de competência absoluta. Isso porque a necessidade
de assegurar ao infante a convivência familiar e comunitária, bem como de lhe ofertar a prestação jurisdicional
de forma prioritária, conferem caráter imperativo à determinação da competência, segundo a doutrina.
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Guilherme de Souza Nucci estabelece, como vimos, que o foro natural para as ações envolvendo
crianças e adolescentes, em situação de vulnerabilidade, é o local onde os pais ou responsável fixaram a
residência, com ânimo definitivo, denominado domicílio. Para o autor,
(...) Essa escolha legal é condizente com a meta principal deste Estatuto, nesses
casos, que é fazer o possível para manter o menor em sua família natural. Portanto,
nada mais natural que instaurar o procedimento verificatório no lugar onde eles
moram, para se conduzir as avaliações psicossociais, eventual acompanhamento do
Conselho Tutelar, visitas de integração entre pais e filhos, entre outras medidas7.
Nos casos de ato infracional, como vimos acima, será competente a autoridade do lugar da ação ou
omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção. Lembrando que o critério de conexão e
continência é o estabelecido pelo Código de Processo Penal – e não pelo Código de Processo Civil.
7 Nucci, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado: em busca da Constituição Federal das Crianças e dos
Adolescentes/Guilherme de Souza Nucci. – Rio de Janeiro: Forense, out./2014, p. 455.
8 Nucci, Guilherme de Souza. Op.cit, p.456.
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Um detalhe importante a ser mencionado é que a competência do ECA não coincide com a do Código
de Processo Penal, isso porque, segundo o art.70 do CPP, a regra é que a competência se fixe no lugar do
resultado – teoria do resultado, ao contrário do ECA, que fixa a competência no lugar da ação ou omissão
(teoria da atividade), exatamente da mesma maneira que a Lei dos Juizados Especiais (art. 63, Lei nº
9.099/95).9
Em resumo:
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Ato infracional – Estatuto da Criança e do
Adota-se a teoria da atividade
Adolescente
Adota-se-, em regra, a teoria do resultado (art. 70,
Crime – CPP
CPP)
Juizados Especiais Criminais Adota-se a teoria da atividade (art. 63, JECRIM)
JUÍZO IMEDIATO
Caso você não recorde, lembre-se que o princípio do juízo imediato estabelece que a competência
para apreciar e julgar medidas, ações e procedimentos que tutelam interesses, direitos e garantias positivados
no ECA é determinada pelo lugar onde a criança ou o adolescente exerce, com regularidade, seu direito à
convivência familiar e comunitária.
“Essa regra de que competência será determinada primeiramente pelo domicílio dos
pais ou responsável e apenas subsidiariamente, na ausência deles, pelo local onde se
encontra a criança ou adolescente tem sido relativizada pela doutrina e
jurisprudência, a partir da ideia de que é mais convergente com o superior interesse
da criança e do adolescente a utilização da regra do Juízo Imediato, ou seja, de que
o juiz mais habilitado a decidir é aquele mais próximo da criança e do adolescente”.10
9SEABRA, Gustavo Cives. Manual do Direito da Criança e do Adolescente. Boleto Horizonte: CEI, 2020, p. 226/227.
10Zapata, Fabiana Botelho, Flávio Américo Frasseto. Direitos da criança e do adolescente/coordenação Marcos Vinícius Manso Lopes
Gomes. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção defensoria pública: ponto a ponto), p. 157.
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o art. 147, I e II, do ECA apresenta natureza de competência absoluta. Isso porque a
necessidade de assegurar ao infante a convivência familiar e comunitária, bem como
de lhe ofertar a prestação jurisdicional de forma prioritária, conferem caráter
imperativo à determinação da competência. 4. O princípio do juízo imediato,
previsto no art. 147, I e II, do ECA, desde que firmemente atrelado ao princípio do
melhor interesse da criança e do adolescente, sobrepõe-se às regras gerais de
competência do CPC. 5. A regra da perpetuatio jurisdictionis, estabelecida no art. 87
do CPC, cede lugar à solução que oferece tutela jurisdicional mais ágil, eficaz e segura
ao infante, permitindo, desse modo, a modificação da competência no curso do
processo, sempre consideradas as peculiaridades da lide. 6. A aplicação do art. 87
do CPC, em contraposição ao art. 147, I e II, do ECA, somente é possível se -
consideradas as especificidades de cada lide e sempre tendo como baliza o princípio
do melhor interesse da criança - ocorrer mudança de domicílio da criança e de seus
responsáveis depois de iniciada a ação e consequentemente configurada a relação
processual. 7. Conflito negativo de competência conhecido para estabelecer como
competente o Juízo suscitado. (CC 111.130/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/09/2010, DJe 01/02/2011)
Ainda, a Súmula 383 do STJ dispõe que “A competência para processar e julgar as ações conexas de
interesse de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda” é entendida pela doutrina
como um dos corolários (desdobramentos) do princípio do juiz imediato.
Atenção ainda, meus amigos e minhas amigas, ao estabelecido no art. 147, § 3º do ECA:
Esse parágrafo foi introduzido pelo ECA no art. 147, mas faz referência à infração puramente
administrativa prevista no art. 247:
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio
de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo
ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.
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Neste caso, o que o § 3º afirma é que no caso da infração do art. 247 ser cometida através de
transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, caberá ao juiz do lugar onde
a emissora (ou rede) tem sua sede estadual, ainda que a transmissão atinja vários lugares. Contudo, segundo
a doutrina, tratando-se de transmissão nacional, possuindo a emissora várias sedes, deve-se resolver pela
prevenção.11
Em síntese:
Apenas para lembrá-los, saibam que o STF entendeu que é inconstitucional a expressão “em horário
diverso do autorizado” contida no art. 254 do ECA. Assim, o Estado não pode determinar que os programas
somente possam ser exibidos em determinados horários. Isso seria uma imposição, o que é vedado pelo texto
constitucional por configurar censura. O Poder Público pode apenas recomendar os horários adequados. A
classificação dos programas é indicativa (e não obrigatória) (STF. Plenário. ADI 2404/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 31/8/2016). Vale ressaltar, no entanto, que a liberdade de expressão, como todo direito ou
garantia constitucional, exige responsabilidade no seu exercício, de modo que as emissoras deverão
resguardar, em sua programação, as cautelas necessárias às peculiaridades do público infanto-juvenil. Logo, a
despeito de ser a classificação da programação apenas indicativa e não proibir a sua veiculação em horários
diversos daquele recomendado, cabe ao Poder Judiciário controlar eventuais abusos e violações ao direito à
programação sadia, previsto no art. 221 da CF/88. Diante disso, é possível, ao menos em tese, que uma
emissora de televisão seja condenada ao pagamento de indenização por danos morais coletivos em razão da
exibição de filme fora do horário recomendado pelo órgão competente, desde que fique constatado que essa
conduta afrontou gravemente os valores e interesses coletivos fundamentais. STJ. 3ª Turma. REsp 1840463-
SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/11/2019 (Info 663). 12
11 Nucci, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado: em busca da Constituição Federal das Crianças e dos
Adolescentes/Guilherme de Souza Nucci. – Rio de Janeiro: Forense, out./2014, p.457.
12 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Emissora de TV pode ser condenada ao pagamento de indenização por danos morais coletivos
em razão da exibição de filme fora do horário recomendado pelo Ministério da Justiça. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível
em: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/cc06a6150b92e17dd3076a0f0f9d2af4. Acesso em:
18/06/2021.
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Saibam que essas regras estabelecidas no art. 148 podem ser divididas, segundo a doutrina 13, em dois
conjuntos.
1. O primeiro diz respeito à competência exclusiva da Vara da Infância ou do juiz com jurisdição para
tanto. Nele está incluído:
2. O outro conjunto de situações disciplinadas pelo art. 148 diz respeito à competência concorrente,
ou seja, trata-se de situações que tramitam no juízo comum e apenas nas hipóteses de a criança
ou adolescente estarem com seus direitos ameaçados ou violados por ação ou omissão da família,
estado, ou sua própria conduta (art. 98) correm na Justiça especializada da Infância. Ora, desde a
entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente, não se conseguiu firmar um
entendimento claro e objetivo de quando estão presentes ou não as hipóteses do art. 98 do ECA,
que são muito amplas. Assim, conflitos de competência abarrotam os Tribunais de Justiça,
ensejando decisões que, via de regra, avaliam, caso a caso, sem estabelecer padrões gerais, se há
ou não situação de ameaça ou violação de direito hábil a transferir a competência para a Vara da
Infância. Não é preciso dizer que as percepções pessoais do que é evidente situação de risco variam
muito de profissional para profissional. Assim, exceto no caso de criança acolhida, é difícil garantir
um posicionamento absolutamente unânime quanto à competência, especializada ou não de
qualquer situação que envolva as hipóteses do parágrafo único do art. 148 do ECA: guarda, tutela,
perda ou suspensão do poder familiar, suprimento de idade ou de consentimento para casamento,
discordância entre os pais no exercício do poder familiar, emancipação, alimentos, designação de
curador especial, cancelamento, retificação e suprimento de registros civis.
13Zapata, Fabiana Botelho, Flávio Américo Frasseto. Direitos da criança e do adolescente/coordenação Marcos Vinícius Manso Lopes
Gomes. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção defensoria pública: ponto a ponto).
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CAIU NA DPE-SP-2019-FCC: A ação de destituição do poder familiar, segundo previsão expressa da legislação
vigente, corresponde a uma das hipóteses de competência funcional exclusiva da Justiça da Infância e
Juventude.14
IMPORTANTE LEMBRAR: a doutrina aponta que a regra é a de que os crimes previstos no ECA não sejam de
competência da Vara da Infância, no entanto, algumas Varas de Infância, por opção das regras locais de
organização judiciária, também assumem tal competência.
Por fim, o STJ entendeu que a Justiça da Infância e da Juventude tem competência absoluta para
processar e julgar causas envolvendo matrícula de menores em creches ou escolas, nos termos dos arts. 148,
IV, e 209 da Lei nº 8.069/1990 REsp 1.846.781/MS, Rel. Min. Assusete Magalhães, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 10/02/2021 (Tema 1058).
Esse tema é um dos mais importantes para nossas provas de Defensoria. Inicialmente, saibam que o
art. 149 do ECA traz outras competências do juiz da infância que costumam aparecer em provas, vejam:
14 GAB: E.
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b) certames de beleza.
Todavia, esses dois institutos não são vistos com bons olhos por parte da doutrina, que apontam
críticas15:
“PORTARIA: Não vemos como pode o magistrado baixar portaria para disciplinar as
liberdades de terceiros, alheios à Administração Pública, como quer fazer crer este
artigo. Há muito tempo esse poder de polícia foi entregue ao juiz da infância e
juventude, o que nos parece incabível. Deveria a lei disciplinar os limites gerais de
entrada e permanência de menores desacompanhados em lugares públicos. Mas
não pertine à atividade típica do Judiciário regulamentar idas e vindas de crianças e
adolescentes, o que, em várias situações, tem dado margem a nítidos abusos, como
portarias proibindo o beijo de menores de 18 anos em lugar público.
15Nucci, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado: em busca da Constituição Federal das Crianças e dos
Adolescentes/Guilherme de Souza Nucci. – Rio de Janeiro: Forense, out./2014, p.465.
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TOQUES DE RECOLHER
Sobre o tema, é bom recordamos dos chamados “toques de recolher”, em que alguns juízes da infância
editam portarias determinando o recolhimento, nas ruas, de crianças e adolescentes desacompanhados dos
pais ou responsáveis, por exemplo: a) após as 23 horas, b) em locais próximos a prostíbulos e pontos de vendas
de drogas e c) na companhia de adultos que estejam consumindo bebidas alcoólicas, etc. Essas portarias são,
sem dúvidas, ilegais, como já afirmou o Superior Tribunal de Justiça.
“ROLEZINHOS”
No mesmo sentido podem ser citados os movimentos conhecidos como “rolezinhos”, prática comum
no estado de São Paulo onde adolescentes organizam passeios em determinado shopping. Não se pode editar
portaria de caráter genérico proibindo tais encontros, sob pena de abuso ou desvio de poder.
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Importante notícia sobre os chamados “rolezinhos” também foi noticiada no site da ANADEP16, em um
caso em que a DPE-SP conseguiu a reforma de uma decisão que impedia a entrada de crianças e adolescentes
no Franca Shopping, às sextas-feiras, desacompanhadas ou sem autorização dos pais ou responsáveis:
Ademais, é importante reforçar que o STF entendeu que são constitucionais os dispositivos do ECA
que proíbem o recolhimento compulsório de crianças e adolescentes, mesmo que estejam perambulando nas
ruas.
(...) São constitucionais o art. 16, I, o art. 105, o art. 122, II e III, o art. 136, I, o art.
138 e o art. 230 do ECA. Tais dispositivos estão de acordo com o art. 5º, caput e
incisos XXXV, LIV, LXI e com o art. 227 da CF/88. Além disso, são compatíveis com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), a Convenção sobre os Direitos
da Criança, as Regras de Pequim para a Administração da Justiça de Menores e a
Convenção Americana de Direitos Humanos. STF. Plenário. ADI 3446/DF, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 7 e 8/8/2019 (Info 946). (DIZER O DIREITO)
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NATUREZA JURÍDICA DAS DECISÕES QUE FIXAM PORTARIAS OU ALVARÁS: APROFUNDAMENTO PARA PROVAS
ABERTAS
No que se refere à natureza jurídica das decisões proferidas pelo juízo da infância em caso de portarias
e alvarás, há dois posicionamentos, lembra o professor Cives (2019, p. 232). De um lado, Ângela Maria dos
Santos entende ter natureza administrativa, pois ao agir editando portarias ou alvarás, não está agindo o
magistrado como julgador, mas como administrador.17
Por outro lado, Rossato, Lépore e Cunha entendem que a decisão tem natureza jurisdicional, sendo
inclusive, cabível o recurso de apelação previsto no art. 199, que assim estabelece:
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 caberá recurso de
apelação.
Por fim, ainda sobre esse artigo 149, eu quero que você conheça algumas nuances que a doutrina
costuma apontar18:
1) alvarás e portarias são necessários e devem ser expedidos apenas nas hipóteses
taxativas da lei, não podendo o juiz fazer uso ampliativo desses expedientes;
2) toda portaria e todo alvará devem ser baixados ou concedidos em autos próprios
nos quais se avalia uma situação concreta, caso a caso;
3) não pode haver portaria de caráter geral que discipline de uma só vez o acesso de
crianças e adolescentes a todos os estádios, bailes, teatros, sob circunscrição do
Juízo;
Por fim, o STJ já estabeleceu que conforme autoriza o art. 149 do ECA, o juiz pode disciplinar, por
portaria, a entrada e permanência de criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsáveis em
17 SANTOS, Ângela Maria Silveira dos. Procedimentos de Portaria e de expedição de alvará. Curso de Direito da Criança e do
Adolescente: aspectos teóricos e práticos – coordenação Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel. – 11 Ed. São Paulo: Saraiva
Educacão, 2018, p. 1.010.
18 Zapata, Fabiana Botelho, Flávio Américo Frasseto. Direitos da criança e do adolescente/coordenação Marcos Vinícius Manso Lopes
Gomes. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção defensoria pública: ponto a ponto), p. 161.
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estádios, bailes, boates, teatros, etc. No entanto, essa portaria deverá ser fundamentada, caso a caso, sendo
vedada que ela tenha determinações de caráter geral (§ 2º do art. 149). STJ. 1ª Turma. REsp 1292143-SP, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 21/6/2012. (DIZER O DIREITO).
O ECA estabelece que cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever
recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da
Juventude.
Em prova oral para o cargo de Defensor Público do Estado já foi perguntado ao candidato o que seria
essa equipe interprofissional, que poderia ser conceituada da seguinte forma:
Segundo o art. 151 do ECA, compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe
forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na
audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção
e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto
de vista técnico. O parágrafo único, cuja redação fora dada pela Lei nº 13.509/2017, estabelece que “na
ausência ou insuficiência de servidores públicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela realização
dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras espécies de avaliações técnicas exigidas por esta Lei ou por
determinação judicial, a autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de perito, nos termos do art. 156
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil)”.
O ECA traz, a partir do art. 152, uma série de procedimentos a serem observados em processos sobre
alguns temas, sendo eles:
19Zapata, Fabiana Botelho, Flávio Américo Frasseto. Direitos da criança e do adolescente/coordenação Marcos Vinícius Manso Lopes
Gomes. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção defensoria pública: ponto a ponto), p. 163.
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ASPECTOS GERAIS
Nessa esteira, é importante lembrar que é assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade
absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos no ECA, assim como na execução dos atos e
diligências judiciais a eles referentes.
SEGUNDA FASE: em caso de peças processuais envolvendo procedimentos previstos no ECA, você deve abrir
um tópico (pequeno) preliminarmente para tratar sobre “a prioridade processual”, assim como prevê o ECA e
no NCPC. Isso com certeza estará no espelho e poucos candidatos lembram.
A Lei nº 13.509/2017 incluiu o § 2º ao art. 152, para estabelecer que os prazos previstos no ECA - e
aplicáveis aos seus procedimentos - são contados em dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia
do vencimento, vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público. Veja que nada é dito
quanto ao prazo em dobro para Defensoria Pública, razão pela qual entende-se que a DP goza de prazo em
dobro.21
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 21
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Além disso, veremos mais adiante que nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude,
inclusive os relativos à execução das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal previsto no
Código de Processo Civil, nos termos do art. 198 do ECA:
Inclusive, o STJ entendeu, em 2019, que por força do critério da especialidade, os prazos dos
procedimentos regulados pelo ECA são contados em dias corridos, não havendo que se falar em aplicação
subsidiária do art. 219 do CPC/2015, que prevê o cálculo em dias úteis. STJ. 6ª Turma. HC 475.610/DF, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/03/2019 (Info 647).
CUIDADO: No caso de ações que não se enquadrem nos procedimentos especiais expressamente enumerados
pelo ECA, os prazos são regidos pelo CPC/2015. Assim, não se enquadrando a demanda entre os
procedimentos especiais previstos no ECA, o prazo recursal a ser observado no agravo de instrumento é
quinzenal, computado em dias úteis, consoante estipulado pelo CPC/2015, e não o prazo de 10 dias do art.
198, II, do ECA. STJ. 4ª Turma. REsp 1697508/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/04/2018.
O art. 153 do ECA registra que se a medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento
previsto no ECA ou em outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as
providências necessárias, ouvido o Ministério Público. Trata-se do chamado “poder geral de cautela” conferido
ao magistrado.
Na prática vocês vão ouvir falar desse procedimento como “pedido de providências” ou mais
comumente como “procedimento verificatório”.
ATENÇÃO: O STJ já entendeu que A Defensoria Pública pode ter acesso aos autos de procedimento
verificatório instaurado para inspeção judicial e atividade correicional de unidade de execução de medidas
socioeducativas. STJ. 6ª Turma. RMS 52.271-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/06/2018 (Info 629).
Contudo, esse instituto (poder geral de cautela visto acima) não se aplica para o fim de afastamento
da criança ou do adolescente de sua família de origem e em outros procedimentos necessariamente
contenciosos (art. 153, PU), precisando neste caso de requerimento formal, evitando que o judiciário atue de
ofício em temas mais delicados como estes.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 22
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Esse artigo quer dizer que, em um desses procedimentos que estamos estudando, caso haja
condenação à pena de multa, estas deverão ser revertidas ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da
Criança e do Adolescente do respectivo município.
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos
Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.
Iniciaremos, agora, a análise de cada procedimento (são, ao total, oito, mas o assunto é muito legal e
você nem verá a hora passar, prometo).
O primeiro procedimento previsto no ECA está no art. 155. Trata-se do procedimento para a perda ou
a suspensão do poder familiar (antes chamado pátrio poder), que terá início por provocação do Ministério
Público ou de quem tenha legítimo interesse.
Note, portanto, que o art. 155 deixa claro que o MP pode propor a ação visando a perda ou a
suspensão do poder familiar. A pergunta é: a Defensoria pode propor a referida ação em nome próprio?
Para responder a essa pergunta devemos lembrar que entre as funções institucionais da Defensoria
Pública está a defesa dos interesses individuais e coletivos da criança e do adolescente, nos termos do art. 4º,
XI da LC 80/1994.
(...) Diante dessa necessidade de buscar agir sempre com amparo na vontade da
criança/adolescente, entendemos que a Defensoria não pode, por si só, ingressar
com ação de destituição do poder familiar, cabendo tal múnus somente ao MP.
Deixa-se claro que, na prática, não haverá qualquer embaraço para a Defensoria
Pública ingressar com a ação porque ou estará representando os adotantes ou
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 23
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No entanto, surge a seguinte pergunta: quando o procedimento de destituição de poder familiar for
iniciado pelo Ministério Público, haverá necessidade de nomeação de curador especial (no caso a Defensoria
Pública) em favor da criança ou adolescente?
Aqui, portanto surgem duas principais teorias: de um lado, a teoria que dispensa a nomeação de
curador especial em favor da criança ou adolescente (também chamada de teoria demóbora ou da
substituição ministerial exclusiva), e outra teoria que exige a nomeação de curador especial em favor da
criança ou adolescente (teoria democrática ou da legitimidade concorrente).
Infelizmente, o art. 162, § 4º do ECA, editado em 2017, adotou a teoria demóbora ou da substituição
ministerial exclusiva, ao estabelecer o seguinte:
22Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro:
Forense, 2018, p. 576.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 24
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Antes mesmo da edição do art. 162, § 4º do ECA, o TJ-RJ contava com inúmeros julgados pela
inadmissão da nomeação da Defensoria Pública para atuar como curadora especial nesses casos:
Ação de destituição de poder familiar ajuizada pelo Ministério Público em face dos
genitores da menor. Nomeação de Curador Especial. Desnecessidade. Dispensável,
ao caso em exame, a nomeação de Curador Especial para atuar em prol dos
interesses dos menores, cuidando-se de ação ajuizada pelo Ministério Público,
instituição que, além de figurar em um dos polos da demanda, atua também como
fiscal da lei, não se despindo do compromisso de fiscalizar a regularidade
procedimental e de zelar pelo interesse dos menores, os quais, ademais, não
integram a lide. (TJ/ RJ - Terceira Câmara Cível - Agravo de Instrumento no 0017758-
70.2012.8.19.0000 - Relator Des. Mario Assis Goncalves, decisão: 1 8-07-2012).
(GRIFOS NOSSOS).
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 25
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parquet ter cunho protetivo, conforme se infere dos artigos 155 e 201, inciso III, do
Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. Tendo em vista o princípio da celeridade
processual, a nomeação de curador à lide acarretaria tumulto processual,
prejudicando os interesses dos próprios incapazes e, consequentemente, violaria o
princípio do melhor interesse da criança. (TJ/ RJ - Décima Quarta Câmara Cível -
Agravo de Instrumento no 0044004-40.2011.8.19.0000 - Relator Des. Jose Carlos
Paes, decisão: 26-08-2011). (GRIFOS NOSSOS).
Porém, como vimos, há a outra teoria, que deve ser adotada em fases mais avançadas (subjetivas ou
orais).
(...) sempre que a demanda restar fundada em situação de risco ocasionada por ação
ou omissão dos pais ou responsáveis, a atuação da curadoria especial será co gente,
nos termos do art. 72, I, do CPC/20 15 e do art. 142, parágrafo único, do ECA, sendo
o art. 162, § 4º, do ECA inconstitucional e inconvencional.23
Um dos argumentos que a doutrina aponta é que quando o Ministério Público deflagra medida
judicial objetivando afastar a criança ou o adolescente do convívio familiar, este atua como legitimado
extraordinário autônomo. Porém, essa legitimação extraordinária autônoma não goza natureza exclusiva. O
fato é que a atuação do Ministério Público e da curadoria especial não possui qualquer identidade de função
ou de finalidade.
Contudo, como vimos, com as modificações trazidas pela Lei nº 13.509/2017, o art. 162, § 4º do ECA
passou a afastar expressamente a atuação da curadoria especial nos procedimentos de destituição de poder
familiar propostos pelo Ministério Público, adotando, assim, a chamada teoria demóbora ou da substituição
ministerial exclusiva.
Quanto ao procedimento, ele tem início com a petição apresentada pelo MP (ou pelo legítimo
interessado), que deve observar as regras estabelecidas no art. 156. É importante lembrar que na hipótese de
haver motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do
poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade.
23Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro:
Forense, 2018, p. 580.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 26
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Segundo a jurisprudência do STJ, a mãe biológica detém legitimidade para recorrer da sentença que
julga procedente o pedido de guarda formulado por casal que exercia a guarda provisória da criança, mesmo
se já destituída do poder familiar em outra ação proposta pelo Ministério Público e já transitada em julgado.
Vejam:
(...) A mãe biológica detém legitimidade para recorrer da sentença que julgou
procedente o pedido de guarda formulado por casal que exercia a guarda provisória
da criança, mesmo se já destituída do poder familiar em outra ação proposta pelo
Ministério Público e já transitada em julgado. O fato de a mãe biológica ter sido
destituída, em outra ação, do poder familiar em relação a seu filho, não significa,
necessariamente, que ela tenha perdido a legitimidade recursal na ação de guarda.
Para a mãe biológica, devido aos laços naturais, persiste o interesse fático e jurídico
sobre a criação e destinação da criança, mesmo após destituída do poder familiar.
Assim, enquanto não cessado o vínculo de parentesco com o filho, através da
adoção, que extingue definitivamente o poder familiar dos pais biológicos, é possível
a ação de restituição do poder familiar, a ser proposta pelo legítimo interessado, no
caso, os pais destituídos do poder familiar. STJ. 4ª Turma. REsp 1845146-ES, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 19/11/2019 (Info 661). (DIZER O DIREITO).
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 15 (quinze) dias para
o ingresso com a ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária
a realização de estudos complementares ou de outras providências indispensáveis
ao ajuizamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Além disso, é importante lembrar que em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é ainda
obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional ou multidisciplinar, da FUNAI, órgão federal
responsável pela política indigenista.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 27
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Va lembrar que havendo intervenção da FUNAI, o feito deverá ser apreciado pela Justiça Federal, nos
termos do art. 109, I, da CF/88:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União,
entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
Nesse sentido: STJ. Decisão monocrática. CC 133798/SC, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 12/02/2015.
Galera, agora uma novidade que eu preciso que vocês anotem, porque é quase 100% de chance de
cair em prova, fica por conta da Lei nº 14.340/2022, que alterou a Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010,
para modificar procedimentos relativos à alienação parental, e também o Estatuto da Criança e do
Adolescente), acrescentando esses dois parágrafos ao art. 157:
24 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É obrigatória a intervenção da FUNAI em ação de destituição de poder familiar que envolva
criança cujos pais possuem origem indígena. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/34f98c7c5d7063181da890ea8d25265a>. Acesso em:
17/06/2022
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 28
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nos termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de
2022)
Dando continuidade, no que se refere à citação do requerido nesse procedimento, o art. 158 do ECA
aponta que este será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem
produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. A regra é que a citação seja pessoal,
salvo se esgotados todos os meios para sua realização. No caso do requerido encontrar-se privado de
liberdade, deverá ser citado pessoalmente.
Pessoal, é que a Lei nº 13.509/2017 trouxe o § 3º ao art. 158 a fim de estabelecer a citação por hora
certa nas ações de perda ou suspensão do poder familiar, portanto fiquem atentos a essa “novidade”.
A Lei nº 13.509/2017 também trouxe o § 3º ao art. 158, positivando no ECA a citação por edital.
Neste ponto reside uma crítica feita pela doutrina, pelo fato de que até mesmo em ações patrimoniais
a citação por edital precede o esgotamento da localização dos réus através de requisições de informações,
pelo juízo, do endereço dos requeridos em cadastros públicos ou de concessionárias de serviços públicos (art.
256, § 3º, NCPC). Portanto, em uma ação que visa suspender ou destituir o poder familiar, essa previsão
deveria constar expressamente no referido procedimento, o que não foi feito pelo ECA, que dispensou a
requisição das informações.
25 GAB: C.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 29
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Continuando, não sendo contestado o pedido e tiver sido concluído o estudo social ou a perícia
realizada por equipe interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao
Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o requerente, e decidirá em igual prazo.
Lembrem-se que, segundo o ECA, é obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem identificados
e estiverem em local conhecido, ressalvados os casos de não comparecimento perante a Justiça quando
devidamente citados. Além disso, se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a autoridade judicial
requisitará sua apresentação para a oitiva.
CAIU NA DPE-SP-2019-FCC: A ação de destituição do poder familiar, segundo previsão expressa da legislação
vigente, prevê, em seu rito processual, a obrigatoriedade da oitiva dos pais, ainda que, devidamente citados,
não se apresentem perante a Justiça.26
O art. 162, § 4º do ECA, com redação dada pela Lei nº 13.509/2017, estabelece que quando o
procedimento de destituição de poder familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade
de nomeação de curador especial em favor da criança ou adolescente.
Contudo, a doutrina institucional tem considerado tal previsão inconstitucional e inconvencional por
alguns pontos:
26 GAB: E.
27 GAB: E.
28 GAB: E. Art.162, § 4º Quando o procedimento de destituição de poder familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá
necessidade de nomeação de curador especial em favor da criança ou adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017).
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 30
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“Em síntese conclusiva, portanto, o art. 162, § 4º, do ECA deve ser considerado
inconstitucional, por violar a garantia do contraditório efetivo (art. 5º, LV, da CRFB),
e inconvencional, por violar o direito inerente à criança de participar efetivamente
dos processos judiciais e administrativos que versem sobre matéria de seu interesse
(arts. 9º e 12 da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989 ou Convenção de
Nova Iorque). Com isso, a atuação funcional da curadoria especial deve ser
considerada cogente sempre que a criança ou o adolescente estiver em situação de
risco ocasionada por ação ou omissão dos pais ou responsáveis (art. 98, II, do ECA).
Nesses casos, em virtude da manifesta colidência de interesses entre o incapaz e seu
representante legal, a representação processual do menor será exercida pela
curadoria especial, nos termos do art. 72, I, do CPC/20 15 e art. 1 42, parágrafo
único, do ECA.”
O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz,
no caso de notória inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou
o adolescente com vistas à colocação em família substituta. Por fim, a sentença que decretar a perda ou a
suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente.
CAIU NA DPE-SP-2019-FCC: A ação de destituição do poder familiar, segundo previsão expressa da legislação
vigente, tem como efeito a averbação da sentença de procedência à margem do registro da criança ou do
adolescente, desligando-os de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. 29
DA DESTITUIÇÃO DA TUTELA
Nos termos do art. 64 do ECA, na destituição da tutela será observado o procedimento para a remoção
de tutor previsto na lei processual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior (perda ou suspensão do
poder familiar).
Vocês lembram as hipóteses legais que autorizam a tutela? Pois bem. O Código Civil prevê a tutela
para os casos dos filhos menores de 18 anos que não estejam sob o poder familiar dos genitores, seja porque
eles morreram, foram declarados ausentes, são desconhecidos ou porque foram destituídos do poder familiar.
Assim, nomeia-se um tutor para prestar apoio aos tutelados.
29GAB: E. Segundo o art. 41 do ECA, a adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive
sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. Na sentença de destituição
do poder familiar não há o desligamento de qualquer vínculo com os pais e parentes, como aponta o examinador.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 31
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Lembrem-se que a tutela é uma forma de colocação em família substituta (ao lado da guarda e da
adoção), e segue as disposições do ECA, do Código Civil (art. 1.728 e seguintes) e do CPC.
Esse procedimento de destituição da tutela está previsto do art. 761 ao art. 763 do NCPC:
Art. 763. Cessando as funções do tutor ou do curador pelo decurso do prazo em que
era obrigado a servir, ser-lhe-á lícito requerer a exoneração do encargo.
Antes de comentar esse procedimento, lembrem-se que as formas de colocação em família substituta
são a guarda, a tutela e a adoção.
Inicialmente, prevê o art. 166 do ECA que se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou
suspensos do poder familiar, ou houver aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta,
este poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes,
dispensada a assistência de advogado.
Contudo, o § 1º, cuja redação fora dada pela Lei nº 13.509/2017 estabelece o seguinte:
§ 1º Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação dada pela Lei nº 13.509,
de 2017)
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, devidamente assistidas por
advogado ou por defensor público, para verificar sua concordância com a adoção,
no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou da
entrega da criança em juízo, tomando por termo as declarações; e (Incluído pela Lei
nº 13.509, de 2017)
II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 32
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• O consentimento prestado por escrito não terá validade se não for ratificado na
audiência a que se refere o § 1º do art. 166 do ECA.
• O consentimento é retratável até a data da realização da audiência especificada
no § 1º deste artigo, e os pais podem exercer o arrependimento no prazo de 10
(dez) dias, contado da data de prolação da sentença de extinção do poder
familiar.
• O consentimento somente terá valor se for dado após o nascimento da criança.
Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar constituir
pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, será observado o procedimento
contraditório previsto nas Seções II e III (os últimos dois procedimentos que vimos, respectivamente).
Por fim, a colocação de criança ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de
acolhimento familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este responsável no prazo
máximo de 5 (cinco) dias.
Sobre o procedimento de apuração de ato infracional, trata-se do mais importante para nossas provas
de Defensoria Pública, estando regulado a partir do art. 171 do ECA.
Primeiro, saiba que o adolescente poderá ser apreendido (e não preso) por ordem judicial ou em
flagrante de ato infracional.
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo,
encaminhado à autoridade judiciária.
1. Fase policial;
2. Fase da oitiva informal (ou ministerial);
3. Fase judicial.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 33
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FASE POLICIAL
O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade
policial competente. Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se
tratando de ato infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição
especializada, que, após as providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição
policial própria.
Em resumo:
CAIU NA DPE-AL-2017-CESPE: Considerando que determinado adolescente de dezessete anos de idade tenha
sido apreendido em flagrante de ato infracional análogo ao crime de furto, assinale a opção correta.
A) Em caso de não liberação, e sendo impossível a sua apresentação imediata ao Ministério Público, o
adolescente será encaminhado pela autoridade policial a entidade de atendimento, que o apresentará ao
Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas, ou, não havendo na localidade entidade de atendimento
e na falta de repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência
prisional, ainda que junto a maiores.
B) Apresentado o adolescente, o Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de
ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os
antecedentes do adolescente, dará início a imediata e informal audiência de custódia com a participação dos
pais do adolescente ou de seu responsável, da vítima e de testemunhas.
C) O Ministério Público poderá oferecer representação à autoridade judiciária propondo a instauração de
procedimento para a aplicação da medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada, devendo a
representação ser oferecida por petição, que conterá obrigatoriamente breve resumo dos fatos, a classificação
do ato infracional, prova pré-constituída da autoria e materialidade e, quando necessário, o rol de
testemunhas.
D) Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente e
o adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da representação, e notificados a
comparecer à audiência, acompanhados de advogado, devendo a autoridade judiciária determinar a condução
coercitiva dos pais ou do responsável se eles não forem localizados.
E) Com o comparecimento de qualquer dos pais ou do responsável, o adolescente será prontamente liberado
pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao Ministério
Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do
ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para a garantia de sua
segurança pessoal ou da manutenção da ordem pública.30
30 GAB: E.
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Contudo, a situação será um pouco diferente em caso de flagrante de ato infracional cometido
mediante violência ou grave ameaça.
A lavratura do auto de apreensão (e não de prisão) em flagrante de ato infracional (e não de crime) é
exigida em caso de apuração de ato cometido com violência ou grave ameaça à pessoa31. Nas demais
hipóteses, permite-se que o auto seja substituído pelo registro de boletim de ocorrência circunstanciado. É o
que estabelece o art. 173 do ECA, vejam:
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser
substituída por boletim de ocorrência circunstanciada.
Ademais, comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado
pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante
do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela
gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para
garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.
31 A lei é clara ao
estabelecer a violência ou grave ameaça à pessoa. Portanto, a grave ameaça ou a violência exercida sobre a coisa não
exige, a princípio, a existência de lavratura de auto de apreensão.
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ATENÇÃO, DEFENSOR(A): A Quinta Turma do STJ, em 15.09.2020, afastou o precedente do STF sobre a
condução coercitiva (ADPF nº 395) sob o argumento de que as normas do ECA possuem natureza
essencialmente educativa e protetiva (AgRg no Recurso Especial nº 1.886.148 – MG). Segundo a decisão da 5ª
Turma, é obrigatória a presença do menor na audiência de apresentação (art. 187 do ECA) – pois permite o
contato direto entre o infante e o juiz. Nas demais audiências, ele passa a exercer o seu direito de defesa, não
podendo ser conduzido coercitivamente.
O art. 175 do ECA prevê que em caso de não liberação do adolescente, a autoridade policial deverá
encaminhar, desde logo (portanto, naquele mesmo dia), o adolescente ao representante do Ministério
Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. Sendo impossível a
apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento 32, que
fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
Contudo, nas localidades onde não houver entidade de atendimento, porque não é em todas as
comarcas do Brasil que há, a apresentação será feita pela autoridade policial. À falta de repartição policial
especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da destinada a maiores, não
podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo de 24 horas.
32Segundo o art. 90 do ECA, As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo
planejamento e execução de programas de proteção e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de orientação
e apoio sociofamiliar; II - apoio socioeducativo em meio aberto; III - colocação familiar; IV - acolhimento institucional; etc...
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Por outro lado, se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de adolescente
na prática de ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público
relatório das investigações e demais documentos.
Apesar de infelizmente ocorrer na prática, o art. 178 do ECA estabelece que o adolescente a quem se
atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de
veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou
mental, sob pena de responsabilidade.
Gostaria de trazer à colação que após Habeas Corpus da DPE-PR, o STF decidiu que o direito de ser
interrogado por último no processo penal também se aplica a adolescentes em conflito com a lei.
Penso, todavia, que a norma especial prevalece sobre a geral apenas nas hipóteses
em que estiver presente alguma incompatibilidade manifesta e insuperável entre
elas. Nos demais casos, considerando a sempre necessária aplicação sistemática do
Direito, cumpre cuidar para que essas normas aparentemente antagônicas convivam
harmonicamente”, escreveu o ministro.
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O art. 179 trata da famigerada “oitiva informal”, também conhecida como “fase ministerial”. Segundo
estabelece o próprio art.179 do ECA, apresentado o adolescente ao MP, o representante do parquet, no
mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados
pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e
informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas, todavia,
em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público notificará os pais ou responsável para
apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias civil e militar.
TESE DEFENSIVA E APROFUNDAMENTO P/PROVAS ABERTAS: Pessoal, cuidado com essa previsão da oitiva
informal, sobretudo em provas discursivas e orais. Segundo parte da doutrina institucional, há alegação
defensiva de que a oitiva informal possui viés inconstitucional e que a presença de defensor seria obrigatória.
Importante salientar que, neste ato, as informações colhidas do adolescente, pelo representante do Ministério
Público, são levadas ao processo, instruindo a representação ofertada, o que, a depender do conteúdo, causa
evidente prejuízo ao adolescente. Esse prejuízo é patente, sobretudo, quando este confessa a prática do ato
frente ao Promotor de Justiça, devendo, pois, ter se reunido antecipadamente com seu defensor, para
formulação de melhor defesa, especialmente por se tratar de pessoa em condição peculiar de
desenvolvimento. Afora tais fundamentos, ainda é preciso ressaltar que ao adolescente não se pode oferecer
tratamento mais gravoso que ao adulto, sendo certo que na área criminal já está consolidada a garantia da
defesa técnica em todas as fases do processo penal.34
Ademais, no II Congresso Nacional de Defensores Públicos da Infância, foi editada a seguinte súmula:
33 https://www.defensoriapublica.pr.def.br/Noticia/Apos-Habeas-Corpus-da-DPE-PR-STF-decide-que-o-direito-de-ser-
interrogado-por-ultimo-tambem. Acesso em 23/08/2022.
34 Zapata, Fabiana Botelho, Flávio Américo Frasseto. Direitos da criança e do adolescente/coordenação Marcos Vinícius Manso Lopes
Gomes. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção defensoria pública: ponto a ponto), p. 172.
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O art. 180 estabelece que adotadas as providências a que alude o art. 179, o representante do
Ministério Público poderá tomar três medidas:
Neste caso, promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remissão pelo representante do
Ministério Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão conclusos
à autoridade judiciária para homologação. Assim, homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade
judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida.
FASE JUDICIAL
Caso o magistrado discorde, fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante
despacho fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para
apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada
a homologar.
CAIU NA DPE-PE-2018-CESPE: No caso de remissão de ato infracional praticado por adolescente, a autoridade
judiciária estará obrigada a homologar e a determinar o cumprimento da medida, não podendo discordar do
Ministério Público.35
Contudo, se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não promover o arquivamento
ou conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a instauração de
procedimento para aplicação da medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada (ex.: liberdade
assistida, internação, etc.).
É importante lembrar que compete ao MP conceder remissão como forma de exclusão do processo,
nos termos do art. 201 do ECA:
A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do
ato infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária
instalada pela autoridade judiciária.
35 GAB: E.
36 Vale lembrar que após a Lei nº 14.344/2022, o art. 201 ganhou o seguinte inciso: XIII - intervir, quando não for parte, nas causas
cíveis e criminais decorrentes de violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente.
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Continuemos...
Nos termos do art. 184 do ECA, oferecida a representação pelo MP, a autoridade judiciária designará
audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da
internação.
Uma das informações mais importantes que eu quero te passar hoje, é que o prazo máximo e
improrrogável para a conclusão desse procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente, será
de 45 dias. Portanto, caso o magistrado tenha determinado a internação provisória do adolescente e tal prazo
seja ultrapassado sem que tenha sido aplicada a medida socioeducativa cabível, deverá este ser posto em
liberdade, podendo inclusive ser impetrado habeas corpus pela defesa para sanar tal ilegalidade.
Nesse ensejo, é importante lembrar que o art. 47 da Lei nº 12.594/2012 (Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo - Sinase) prevê que os mandados de busca e apreensão de adolescente têm
vigência máxima de 06 meses:
CAIU NA DPE-SP-2019-FCC: Não sendo localizado o adolescente para dar início ao cumprimento da medida
socioeducativa em meio aberto, o juiz determinará o sobrestamento do processo de execução, até o decurso
do prazo prescricional, renovando-se periodicamente as buscas pelo executado.38
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A título de aprofundamento, é importante lembrar que o STJ decidiu que não cabe habeas corpus para
impugnar decisão judicial liminar que determinou a busca e apreensão de criança para acolhimento em família
devidamente cadastrada junto a programa municipal de adoção. STJ. 4ª Turma. HC 329147-SC, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, julgado em 20/10/2015 (Info 574).
Continuando, é interessante notar que no procedimento de apuração de ato infracional a revelia não
produz efeito material (presunção de que os fatos são verdadeiros) nem processual (porque o processo
continua suspenso).
Todavia, o Código de Processo Penal estabelece em seu art. 366 que se o acusado, citado por edital,
não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar
prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312 do CPP.
Percebam, meus amigos e minhas amigas, que no art. 184, § 3º do ECA, diferente do CPP, não se
suspende o prazo prescricional, mas tão somente o processo.
Art. 184.
Em síntese:
CPP ECA
Suspende o processo sem suspender o prazo
Suspende o processo e o prazo prescricional
prescricional
Continuando, estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da
notificação dos pais ou responsável.
IMPORTANTE: A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
estabelecimento prisional. Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art. 123 39, o
adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima. Sendo impossível a pronta
transferência, o adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos
adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de
responsabilidade.
Para que você não faça confusão entre esse prazo máximo de cinco dias e outro prazo acima que
vimos (de 24h), vou fazer uma tabela para distingui-los.
39 Art.
123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo,
obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.
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Nessa fase judicial, comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade judiciária
procederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. Contudo, se a autoridade
judiciária entender adequada a remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão
(remissão judicial). Lembremos que a remissão, segundo o art. 188 do ECA, como forma de extinção ou
suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser
aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.
Assim, o advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo de três dias contado da audiência
de apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
CAIU NA DPE-PE-2018-CESPE: No prazo impreterível de cinco dias contados da ciência do adolescente, de seus
pais ou do responsável, o advogado constituído ou o defensor nomeado apresentará defesa prévia e rol de
testemunhas acerca do oferecimento da representação.40
40 GAB: E.
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O art. 189 do ECA estabelece que a autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que
reconheça na sentença:
Por fim, no que se refere à intimação da sentença, o art. 190 prevê que a intimação da sentença que
aplicar medida de internação ou regime de semiliberdade será feita da seguinte forma:
REGRA EXCEÇÃO
Quando não for encontrado o adolescente, a seus pais
Ao adolescente e ao seu defensor.
ou responsável, sem prejuízo do defensor.
Contudo, sendo outra a medida aplicada (ex.: liberdade assistida), a intimação será feita unicamente
na pessoa do defensor. No mais, recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se
deseja ou não recorrer da sentença.
SE LIGA: O STF tem entendimento sumulado de que a renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada
sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este imposta (Súmula 705, STF).
Entendimento que também se aplica aos processos de ato infracional.
CAIU NA DPE-SP-2019-FCC: Quando não for encontrado o adolescente, a intimação da sentença que aplicar
medida de internação ou regime de semiliberdade será feita a seus pais ou responsável, sem prejuízo do
defensor. 43
41 GAB: E. ECA. Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação,
a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coercitiva.
42 GAB: E. A fundamentação está na súmula 705 do STF.
43 GAB: C.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 43
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Antes de passar para outro procedimento, é importante que vocês leiam a chamada Lei Henry Borel,
como foi chamada a recente Lei nº 14.344/2022, que cria mecanismos para a prevenção e o enfrentamento
da violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente, alterando o ECA e diversas leis, como o
Código Penal, Lei de Execução Penal e Lei de Crimes Hediondos.
Esse procedimento foi inserido no ECA em 2017, por intermédio da Lei nº 13.441/2017.
A infiltração de agentes não é novidade em nosso ordenamento jurídico, tendo em vista sua existência
na Lei de Drogas (art. 53, I) e na Lei de Organização Criminosa (art. 10).
Contudo, o ECA positiva a infiltração de agentes de polícia em ambiente virtual (abrange a internet e
a deep web, sendo esse segundo um espaço virtual mais utilizado para a prática de ilícito.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 45
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III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais
renovações, desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja
demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial.(Incluído pela
Lei nº 13.441, de 2017)
Esses prazos previstos no inciso III do art. 190-A são importantes. Vamos condensar as informações
acima:
O art. 190-C estabelece que não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio
da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B,
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 46
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241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Código Penal. Ex.: policial que
armazena fotografia contendo cena de sexo explícito de um adolescente para utilização de como meio de
prova na futura demanda judicial não responde pelo crime previsto no art. 241-B do ECA. Contudo, o agente
policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos excessos
praticados.
Sobre esse procedimento, inicialmente vocês precisam entender que as entidades de atendimento,
sejam governamentais ou não, têm inúmeros deveres (estabelecidos no ECA do art. 90 em diante).
Basta lembrar que o art. 97 do ECA traz inúmeras medidas aplicáveis às entidades que descumpram
as obrigações previstas no art. 94.
I - às entidades governamentais:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
II - às entidades não-governamentais:
a) advertência;
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
d) cassação do registro.
44 GAB: D.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 47
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Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo dos fatos. Contudo, havendo motivo grave, poderá a
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento provisório do
dirigente da entidade, mediante decisão fundamentada.
Quanto à defesa, anote-se que o dirigente da entidade será citado para, no prazo de dez dias, oferecer
resposta escrita, podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 48
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Neste caso, apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a autoridade judiciária designará
audiência de instrução e julgamento, intimando as partes. Salvo manifestação em audiência, as partes e o
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual
prazo.
IMPORTANTE: Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar prazo para a
remoção das irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julgamento de
mérito. Contudo, em sendo aplicada a multa ou advertência, estas serão impostas ao dirigente da entidade ou
programa de atendimento.
Lembrem-se que do art. 245 a 258-A o ECA traz as chamadas infrações administrativas.
Segundo o art. 194, o procedimento para imposição de penalidade administrativa por infração às
normas de proteção à criança e ao adolescente terá início por:
• Petição inicial;
• Citação (aqui chamada intimação);
• Defesa (10 dias também);
• Instrução;
• Alegações finais e
• Sentença.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 49
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Por fim, cabe diferenciar a legitimidade ativa entre o procedimento de apuração de irregularidade
administrativa em entidade de atendimento do procedimento de apuração de infração administrativa às
normas de proteção à criança e ao adolescente.
Em regra, como sabemos, para que uma pessoa possa adotar outra, deverá passar por um
procedimento prévio de habilitação e inscrição em cadastro por parte dos adotantes, salvo as exceções legais
(art. 50, § 13).
Contudo, para que o adotante entre para o cadastro, é necessária prévia habilitação decretada por
sentença judicial proferida neste procedimento que veremos agora, a partir do art. 197-A do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Segundo a doutrina institucional (2016, Frasseto e Zapata, p. 177), esse procedimento possui as
seguintes peculiaridades:
a) não há parte contrária, podendo ser iniciado por pedido dos interessados sem
assistência de advogado;
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 50
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Segundo a redação dada pela Lei nº 13.509/2017, sempre que possível e recomendável, a etapa
obrigatória da preparação incluirá o contato com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar
ou institucional, a ser realizado sob orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância
e da Juventude e dos grupos de apoio à adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de
acolhimento familiar e institucional e pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência
familiar.
Por fim, o prazo máximo para conclusão da habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias,
prorrogável por igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária (portanto, 120 + 120).
Galera, entraremos agora no tema “recursos” em procedimentos previstos no ECA. Saibam, antes de
tudo, que nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução das
medidas socioeducativas e atos infracionais, o sistema recursal adotado é o previsto no Código de Processo
Civil, com algumas adaptações, como falamos em linhas passadas.
No que se refere a atos infracionais e medidas socioeducativas, vimos que em primeiro grau aplicam-
se subsidiariamente as regras previstas no CPP (Código de Processo Penal). Contudo, quanto ao sistema
recursal, adotaremos o previsto no NCPC (Novo Código de Processo Civil), com algumas adaptações.
Em síntese:
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 51
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O art. 199-A do ECA estabelece que a sentença que deferir a adoção produz efeito desde logo, embora
sujeita a apelação, que será recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção
internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando.
De igual maneira, a sentença que destituir ambos ou qualquer dos genitores do poder familiar fica
sujeita a apelação, que deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.
Considerando a relevância dos temas, o ECA prevê que os recursos nos procedimentos de adoção e
de destituição de poder familiar, serão processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente
distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados
em mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente do Ministério Público.
O relator deverá colocar o processo em mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
contado da sua conclusão, vejam:
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para julgamento no prazo
máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua conclusão.
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do julgamento e poderá
na sessão, se entender necessário, apresentar oralmente seu parecer. (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Vejamos, por fim, alguns aspectos importantes envolvendo a Defensoria e o sistema recursal.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 52
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Perceba que o art. 198, II do ECA prevê que em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração,
o prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10 (dez) dias.
Inclusive, o art. 152, § 2º, anota que “os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, vedado
o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público”.
Observe-se, como já falamos aqui, que não há vedação de prazo em dobro para Defensoria Pública,
apenas para o MP e para a Fazenda Pública. Neste caso, a doutrina institucional estabelece que o prazo em
dobro para Defensoria tem amparo no art. 166, caput do NCPC e no art. 128, I da LC nº 80 de 1994. Doutrina
especializada aponta que se trata de silêncio eloquente, isso porque se fosse intenção do legislador vedar o
prazo em dobro para Defensoria, assim o teria feito.
Segundo ponto: o prazo do art. 198, II do ECA, que vimos acima, se aplica a todos os recursos de
competência da Vara da Infância e da Juventude?
A resposta é não. O entendimento do STJ é de que o prazo específico de 10 dias exposto no art. 198
se aplica aos procedimentos específicos no ECA (art. 152 a 197) e não a todos os procedimentos que tramitam
na Vara da Infância.
Imaginem, por exemplo, uma Ação Civil Pública proposta que tenha como objeto tutelar direitos de
criança e adolescente (ex.: educação, saúde, etc.). Neste caso, o prazo para eventual apelação será de 15 dias
(30 (trinta) para DP), pois não se trata de procedimentos específicos do ECA. Neste caso, além de não seguir
o prazo de 10 dias previsto no art. 198, II do ECA, o prazo recursal será contado em dias úteis, porque o
regramento processual, para essa situação, é estabelecido em outra lei (Lei da ACP, NCPC, etc.).
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 53
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Terceiro ponto: a técnica de julgamento do art. 942 do NCPC é aplicada no caso de apelação não
unânime em processo no qual se apura a prática de ato infracional por adolescente?
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores,
que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em
número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial,
assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas
razões perante os novos julgadores.
A doutrina aponta que esse mecanismo, conquanto não tenha natureza recursal, faz lembrar os
embargos infringentes (que existiam no CPC de 1973, lembram?). Contudo, por não ser recurso, não depende
de interposição, constituindo apenas uma fase do julgamento da apelação, do agravo de instrumento contra
decisão de mérito e da ação rescisória, não unânime.”46
46GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 885.
47CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Inaplicabilidade do art. 942 do CPC/2015. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/63a8f9e307f0bf4473c24dd4db17cebd. Acesso em: 18/06/2021.
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É isso, galera. Ufa. Esse material é bastante rico em informações. Agora vamos testar nossos
conhecimentos sobre os pontos estudados.
Um abraço.
Até mais!
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CERTO ERRADO
Questão 02
Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de
infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
CERTO ERRADO
Questão 03
Conforme o ECA, a competência territorial será determinada pelo domicílio dos pais ou responsável ou pelo
lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável.
CERTO ERRADO
Questão 04
Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras
de conexão, continência e prevenção.
CERTO ERRADO
Questão 05
Não compete à Justiça da Infância e da Juventude aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações
contra norma de proteção à criança ou adolescente.
CERTO ERRADO
Questão 06
Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará a entrada e
permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável em bailes ou promoções
dançantes.
CERTO ERRADO
Questão 07
Por força do critério da especialidade, os prazos dos procedimentos regulados pelo ECA são contados em dias
corridos, não havendo que se falar em aplicação subsidiária do art. 219 do CPC/2015, que prevê o cálculo em
dias úteis.
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CERTO ERRADO
Questão 08
O ECA registra que se a medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento previsto no ECA ou
em outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias,
ouvido o Ministério Público.
CERTO ERRADO
Questão 09
Conforme entendimento do STJ, a Defensoria Pública não pode ter acesso aos autos de procedimento
verificatório instaurado para inspeção judicial e atividade correicional de unidade de execução de medidas
socioeducativas.
CERTO ERRADO
Questão 10
Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo
de 10 (dez) dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a localização.
CERTO ERRADO
Questão 11
O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
CERTO ERRADO
Questão 12
O mandado de busca e apreensão do adolescente terá vigência máxima de 03 (três) meses, a contar da data
da expedição, podendo, se necessário, ser renovado, fundamentadamente.
CERTO ERRADO
Questão 13
O ECA estabelece que a sentença que deferir a adoção produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação,
que será recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou se houver
perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando.
CERTO ERRADO
Questão 14
A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do
procedimento, antes da sentença.
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CERTO ERRADO
Questão 15
CERTO ERRADO
Questão 16
CERTO ERRADO
GABARITO
1.E 2.C 3.C 4.C 5. E 6.C 7.C
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GAB: E. O art. 142 do ECA prevê que os menores de 16 anos serão representados e os maiores de 16 e menores
de 21 anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores.
Questão 02
Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de
infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
Questão 03
Conforme o ECA, a competência territorial será determinada pelo domicílio dos pais ou responsável ou pelo
lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável.
Questão 04
Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras
de conexão, continência e prevenção.
Questão 05
Não compete à Justiça da Infância e da Juventude aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações
contra norma de proteção à criança ou adolescente.
GAB: E. Com base no art. 148, VI do ECA, a Justiça da Infância e da Juventude é competente para aplicar
penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente.
Questão 06
Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará a entrada e
permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável em bailes ou promoções
dançantes.
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Questão 07
Por força do critério da especialidade, os prazos dos procedimentos regulados pelo ECA são contados em dias
corridos, não havendo que se falar em aplicação subsidiária do art. 219 do CPC/2015, que prevê o cálculo em
dias úteis.
GAB: C. A questão está de acordo com o art. 152, § 2º do ECA e o entendimento do STJ, HC 475.610/DF, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/03/2019 (Info 647).
Questão 08
O ECA registra que se a medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento previsto no ECA ou
em outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias,
ouvido o Ministério Público.
GAB: C. Previsão do art. 153 do ECA.
Questão 09
Conforme entendimento do STJ, a Defensoria Pública não pode ter acesso aos autos de procedimento
verificatório instaurado para inspeção judicial e atividade correicional de unidade de execução de medidas
socioeducativas.
GAB: E. O entendimento do STJ é que a Defensoria Pública pode ter acesso aos autos de procedimento
verificatório instaurado para inspeção judicial e atividade correicional de unidade de execução de medidas
socioeducativas. STJ. 6ª Turma. RMS 52.271-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/06/2018 (Info 629).
Questão 10
Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo
de 10 (dez) dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a localização.
Questão 11
O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
GAB. C. Previsão do art. 171 do ECA.
Questão 12
O mandado de busca e apreensão do adolescente terá vigência máxima de 03 (três) meses, a contar da data
da expedição, podendo, se necessário, ser renovado, fundamentadamente.
GAB: E. O art. 47 da Lei nº 12.594/2012 (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - Sinase) prevê que
os mandados de busca e apreensão de adolescente têm vigência máxima de 06 meses.
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Questão 13
O ECA estabelece que a sentença que deferir a adoção produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação,
que será recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou se houver
perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando.
Questão 14
A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do
procedimento, antes da sentença.
Questão 15
No procedimento de suspensão e perda do poder familiar, a concessão da liminar será, sempre, precedida
de entrevista da criança ou do adolescente perante equipe multidisciplinar e de oitiva da outra parte, nos
termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017.
GAB: E. É preferencialmente (e não sempre), consoante previsão do § 3º do art. art. 157 cuja redação fora
dada pela nova Lei nº 14.340/2022: § 3º A concessão da liminar será, preferencialmente, precedida de
entrevista da criança ou do adolescente perante equipe multidisciplinar e de oitiva da outra parte, nos termos
da Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022)
Questão 16
No procedimento de suspensão e perda do poder familiar, se houver indícios de ato de violação de direitos de
criança ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao Ministério Público e encaminhará os documentos
pertinentes.
GAB: C. Conforme previsão do § 4º do art. art. 157 cuja redação fora dada pela nova Lei nº 14.340/2022: § 4º
Se houver indícios de ato de violação de direitos de criança ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao
Ministério Público e encaminhará os documentos pertinentes. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022)
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