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Caderno de Questões

2ª Fase Penal

2ª FASE PENAL XXXIV EXAME

Caderno
de Questões
Padrões de respostas
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2ª Fase Penal

SUMÁRIO

Instrução ................................................................................................................................ 5
Questão 01 ............................................................................................................................ 7
Questão 02 ............................................................................................................................ 9
Questão 03 .......................................................................................................................... 11
Questão 04 .......................................................................................................................... 13
Questão 05 .......................................................................................................................... 15
Questão 06 .......................................................................................................................... 17
Questão 07 .......................................................................................................................... 19
Questão 08 .......................................................................................................................... 21
Questão 09 .......................................................................................................................... 23
Questão 10 .......................................................................................................................... 25
Questão 11 .......................................................................................................................... 27
Questão 12 .......................................................................................................................... 29
Questão 13 .......................................................................................................................... 31
Questão 14 .......................................................................................................................... 33
Questão 15 .......................................................................................................................... 35
Questão 16 .......................................................................................................................... 37
Questão 17 .......................................................................................................................... 39
Questão 18 .......................................................................................................................... 41
Questão 19 .......................................................................................................................... 43
Questão 20 .......................................................................................................................... 45
Questão 21 .......................................................................................................................... 47
Questão 22 .......................................................................................................................... 49
Questão 23 .......................................................................................................................... 51
Questão 24 .......................................................................................................................... 53
Questão 25 .......................................................................................................................... 55
Questão 26 .......................................................................................................................... 57
Questão 27 .......................................................................................................................... 59
Questão 28 .......................................................................................................................... 61
Questão 29 .......................................................................................................................... 63
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Questão 30 .......................................................................................................................... 65
Questão 31 .......................................................................................................................... 67
Questão 32 .......................................................................................................................... 69
Questão 33 .......................................................................................................................... 71
Questão 34 .......................................................................................................................... 73
Questão 35 .......................................................................................................................... 75
Questão 36 .......................................................................................................................... 77
Questão 37 .......................................................................................................................... 79
Questão 38 .......................................................................................................................... 81
Questão 39 .......................................................................................................................... 83
Questão 40 .......................................................................................................................... 85
Questão 41 .......................................................................................................................... 87
Questão 42 .......................................................................................................................... 89
Questão 43 .......................................................................................................................... 91
Questão 44 .......................................................................................................................... 93
Questão 45 .......................................................................................................................... 95
Questão 46 .......................................................................................................................... 97
Questão 47 .......................................................................................................................... 99
Questão 48 ........................................................................................................................ 101
Questão 49 ........................................................................................................................ 103
Questão 50 ........................................................................................................................ 105
Questão 51 ........................................................................................................................ 107
Questão 52 ........................................................................................................................ 109
Questão 53 ........................................................................................................................ 111
Questão 54 ........................................................................................................................ 113
Questão 55 ........................................................................................................................ 115
Questão 56 ........................................................................................................................ 117
Questão 57 ........................................................................................................................ 119
Questão 58 ........................................................................................................................ 121
Questão 59 ........................................................................................................................ 123
Questão 60 ........................................................................................................................ 125
Questão 61 ........................................................................................................................ 127
Questão 62 ........................................................................................................................ 129
Questão 63 ........................................................................................................................ 131
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Questão 64 ........................................................................................................................ 133


Questão 65 ........................................................................................................................ 135
Questão 66 ........................................................................................................................ 137
Questão 67 ........................................................................................................................ 139
Questão 68 ........................................................................................................................ 141
Questão 69 ........................................................................................................................ 143
Questão 70 ........................................................................................................................ 145
Questão 71 ........................................................................................................................ 147
Questão 72 ........................................................................................................................ 149
Questão 73 ........................................................................................................................ 151
Questão 74 ........................................................................................................................ 153
Questão 75 ........................................................................................................................ 155
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Instrução

Este caderno é destinado ao treino de questões dissertativas para sua prova de 2ª Fase em
Direito Penal. Indicamos que você não o imprima, apenas utilize ele como forma de consultar
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Questão 01

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Wilson, jovem que jamais sofreu condenação criminal, foi flagrado transportando perfumes e
garrafas de vinho adquiridos em Rivera, Uruguai, cujos valores somados chegam à quantia de
R$ 8.000,00. Ao ser abordado, disse que não tinha o documento comprovando a importação
regular dos produtos, razão pela qual o Delegado da Polícia instaurou inquérito policial e, após,
remeteu ao Ministério Público Federal, que, por sua vez, ofereceu denúncia contra Wilson pela
prática do delito de descaminho, previsto no artigo 334 do Código Penal. A denúncia foi recebida
e Wilson citado no dia 09 de novembro de 2020 (segunda-feira). Atento ao caso apresentado,
responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.

a) Qual o meio de impugnação cabível à defesa de Wilson e qual o último dia do prazo previsto
em lei para ser apresentado?
b) Qual a tese de direito material pode ser alegada para buscar a absolvição de Wilson?
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a) O meio de impugnação cabível no presente caso é a apresentação de Resposta à


Acusação, com fulcro nos artigos 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal,
devendo ser protocolado no dia 19 de novembro de 2020 (último dia do prazo).

b) A tese de mérito a ser alegada em favor de Wilson é a aplicação do Princípio da


Insignificância, uma vez que, consoante jurisprudência consolidada dos Tribunais
Superiores, em se tratando de crimes contra a ordem tributária, cujo valor do débito
não supera a R$ 20.000,00, não possui lesividade jurídica, nos termos do artigo 20 da
Lei nº 10.522/2002 e Portaria 75 do Ministério da Fazenda, incidindo, pois, a
atipicidade material do delito previsto no artigo 334 do Código Penal. O pedido a ser
formulado em sede de Resposta à Acusação é o de Absolvição Sumária, com fulcro
no artigo 397, inciso III, do Código de Processo Penal.
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Questão 02

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

No dia 10 de outubro de 2011, por volta de 09h20min, Érica Lima, grávida de 06 meses, deu
entrada no pronto atendimento do Hospital de São Luiz Gonzaga, apresentado forte hemorragia
interna. Percebendo que Érica corria risco de vida, o Médico plantonista procedeu à intervenção
cirúrgica que acarretou na interrupção da gravidez com a morte do feto, único recurso para salvar
a vida da gestante. Indignado com a interrupção da gravidez, Theo, marido de Érica, registra
ocorrência na Delegacia de Polícia mais próxima. Após conclusão do Inquérito Policial, os autos
foram para o Ministério Público, que ofereceu denúncia contra o médico, imputando-lhe a prática
do delito de aborto sem o consentimento da gestante, previsto no artigo 125 do Código Penal.
Diante do fato hipotético, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Existe argumento de direito material em busca da absolvição do médico? Justifique


b) Se a interrupção da gravidez de Érica tivesse sido praticada por uma enfermeira, incidiria o
crime de aborto, previsto no artigo 125 do Código Penal?
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a) O Ministério Público, ao denunciar o médico pelo crime previsto no artigo 125 do


Código Penal, não agiu corretamente, na medida em que a referida hipótese configura
caso de aborto necessário, nos termos do artigo 128, inciso I, do Código Penal,
havendo a exclusão da ilicitude da referida conduta, uma vez que não havia outro
meio para salvar a vida da gestante.

b) Se a interrupção da gravidez no presente tivesse sido provocada por uma


enfermeira também não incidiria o crime previsto no artigo 125 do Código Penal, na
medida em que a ilicitude da conduta seria excluída em razão da existência de estado
de necessidade de terceiro devido à situação de perigo atual e demais requisitos
previstos no artigo 24 do Código Penal.
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Questão 03

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

No dia 15 de janeiro de 2013, por volta das 09 horas, funcionários de determinada agência
bancária perceberam um desfalque de, aproximadamente, R$ 100.000,00 na conta do banco X.
De imediato, acionaram a polícia civil. Chegando ao local, após as primeiras diligências, os
policiais passaram a investigar as pessoas com acesso irrestrito às senhas das contas da
agência bancária. As suspeitas passaram a recair sobre Januário da Silva, gerente da referida
agência bancária. Após ser formalmente acusado, Januário apresentou à autoridade policial
gravações telefônicas, contendo um diálogo estabelecido com pessoa desconhecida, nas quais
era comunicado que o seu filho havia sido sequestrado, o que efetivamente ocorreu, sendo a
liberação condicionada à imediata transferência de R$ 100.000,00 da conta da agência bancária
para uma conta corrente indicada pelos agentes criminosos; caso contrário, o filho seria
assassinado. Ao ser ouvido no Inquérito Policial, Januário afirmou ter ficado desesperado com o
sequestro do filho e como não tinha outro meio de levantar o dinheiro exigido, resolveu fazer o
que os agentes criminosos determinaram. Após conclusão do inquérito policial, o Ministério
Público ofereceu denúncia, imputando a Januário a prática do delito do artigo 155, § 4º, inciso II
(abuso de confiança), do Código Penal. Januário foi citado em 12 de novembro de 2014 (quarta-
feira), sendo o mandado juntado aos autos no dia 18 de novembro de 2014 (terça-feira).
Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda,
fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Qual o meio de impugnação a defesa de Januário deverá utilizar e qual o último dia do prazo
para apresentá-lo?
b) Qual tese de direito material pode ser invocada em busca da absolvição de Januário e o pedido
correspondente?
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a) O meio de impugnação deverá ser a apresentação de Resposta à Acusação, com


fundamento nos artigos 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal. Último dia
do prazo será o dia 24 de novembro de 2014, com fundamento no artigo 396, artigo
396-A e artigo 798, todos do Código de Processo Penal.

b) A tese defensiva a ser invocada é a exclusão da culpabilidade, tendo em vista se


tratar de hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, nos termos do artigo 22 do
Código Penal, em razão da coação moral irresistível. O pedido a ser elaborado em
sede de Resposta à Acusação é o de absolvição sumária, com fulcro no artigo 397,
inciso II, do Código de Processo Penal.
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Questão 04

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Wilson, desesperado com a gravidade do estado de saúde de Mariazinha, que acabara de sofrer
um infarto, resolve levar a enferma até o hospital com o seu veículo. Diante da urgência da
situação, Wilson desenvolve no seu veículo velocidade excessiva e incompatível com o local,
vindo, em razão disso, a perder o controle do veículo e atropelar uma pessoa que atravessava,
de forma inesperada, a via de rolamento, causando-lhe a morte. Diante disso, o Ministério Público
ofereceu denúncia contra Wilson, imputando-lhe a prática do delito previsto no artigo 302 da Lei
nº 9.503/97 (CTB). O Magistrado recebeu a denúncia, sendo Wilson citado no dia 15 de agosto
de 2014 (sexta-feira) e o mandado juntado aos autos no dia 20 de agosto de 2014.
Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda,
fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Qual o meio de impugnação a defesa de Wilson deverá utilizar e qual o último dia do prazo
para apresentá-lo?
b) Qual tese de direito material pode ser adotada para absolvição de Wilson e o pedido
correspondente?
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a) A defesa de Wilson deverá apresentar Resposta à Acusação, com fundamento nos


artigos 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal, no prazo de 10 dias.
Considerando a data em quem Wilson foi citado, o último dia do prazo será o dia 27
de agosto de 2014.

b) A tese defensiva a ser invocada é a ocorrência de estado de necessidade de


terceiro, uma vez que Wilson, movido por uma situação de perigo inevitável, a qual
não deu causa, foi obrigado a conduzir o seu veículo em excesso de velocidade. Desta
feita, há que se falar em exclusão de ilicitude da conduta, nos termos do artigo 23,
inciso I e artigo 24, ambos do Código Penal. O pedido a ser elaborado em sede de
Resposta à Acusação é o de absolvição sumária, com fulcro no artigo 397, inciso I, do
Código de Processo Penal.
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Questão 05

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Chega ao conhecimento do Ministério Público e da Polícia Civil que na casa de Tício estava
escondido um facão que seria instrumento de crime de homicídio ocorrido no dia anterior, ainda
sujo com sangue do autor e da vítima. O Ministério Público entra com pedido de busca e
apreensão domiciliar, sendo deferido pelo juiz. Com base nisso, monta operação com a Chefia
da Polícia Civil para cumprimento do mandado. Lá chegando, porém, deparam-se com policiais
militares, que, sem mandado, aproveitaram que a residência estava vazia e encontraram o facão,
que estava em cima da mesa da sala. A Polícia Civil formaliza o cumprimento do mandado e a
apreensão do instrumento, oferecendo o Ministério Público denúncia em face de Tício.
Considerando o caso acima narrado, responda aos itens a seguir.

a) A apreensão do facão foi válida? Justifique.


b) Existe alguma teoria que pode justificar a validade da atuação dos policiais civis e da diligência
de busca domiciliar? Fundamente.
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a) Sim. Em que pese a apreensão do facão pela Polícia Militar não ter sido precedida
de autorização judicial, o que, em um primeiro momento, resultaria na ilicitude da
medida, nos termos do artigo 5°, inciso XI, da Constituição da Federal/88, combinado
com o inciso LVI do referido dispositivo constitucional, vale destacar que o Código de
Processo Penal adota a Teoria da Descoberta Inevitável, nos termos do artigo 157,
§2°, acarretando a licitude da apreensão do facão.

b) Sim. O processo penal brasileiro adotou algumas teorias que excepcionam o


reconhecimento da ilicitude por derivação, dentre as quais podemos elencar a Teoria
da Descoberta Inevitável, resultando na licitude da apreensão do facão, uma vez que,
considerando os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação, resultado obtido
pela Polícia Militar também seria obtido pela Polícia Civil, a qual estava devidamente
autorizada pela Justiça, formalizando a diligência em questão com a apreensão do
instrumento.
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Questão 06

Andy, jovem de 25 anos, possui uma condenação definitiva pela prática de contravenção penal.
Em momento posterior, resolve praticar um crime de estelionato e, para tanto, decide que irá até
o portão da residência de Josefa e solicitará a entrega de um computador, afirmando que tal
requerimento era fruto de um pedido do próprio filho de Josefa, pois tinha conhecimento que este
trabalhava no setor de informática de determinada sociedade. Ao chegar ao portão da casa,
afirma para Josefa que fora à sua residência buscar o computador da casa a pedido do filho dela,
com quem trabalhava. Josefa pede para o marido entregar o computador a Andy, que ficara
aguardando no portão. Quando o marido de Josefa aparece com o aparelho, Andy se
surpreende, pois ele lembrava seu falecido pai. Em razão disso, apesar de já ter empregado a
fraude, vai embora sem levar o bem. O Ministério Público ofereceu denúncia pela prática de
tentativa de estelionato, sendo Andy condenada nos termos da denúncia.

Como advogado(a) de Andy, com base apenas nas informações narradas, responda aos itens a
seguir.

a) Qual a tese jurídica de direito material deve ser alegada, em sede de Recurso de Apelação,
para evitar a punição de Andy? Justifique.
b) Há vedação legal expressa à concessão do benefício da suspensão condicional do processo
a Andy? Justifique.
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) A tese de direito material a ser alegada pelo advogado de Andy é que, no caso, ele
não poderia ter sido punido pela tentativa, tendo em vista que houve desistência
voluntária. Prevê o artigo 15 do Código Penal que o agente que voluntariamente
desiste de prosseguir na execução responde apenas pelos atos já praticados e não
pela tentativa do crime inicialmente pretendido. Isso porque, o agente opta por não
prosseguir quando pode, ao contrário da tentativa, quando o agente não pode
prosseguir por razões alheias à sua vontade. No caso, a execução já tinha sido
iniciada, quando Andy empregou fraude. O benefício, porém, não foi obtido, sendo
certo que o crime não se consumou pela vontade do próprio agente. Assim, sua
conduta se torna atípica e deveria ser absolvido.

b) Não há vedação legal, podendo Andy fazer jus ao benefício da suspensão


condicional do processo. O crime de estelionato possui pena mínima de 01 ano, o que
está de acordo com as exigências do artigo 89 da Lei nº 9.099/95. Ademais, prevê o
dispositivo que não caberá suspensão se o agente já tiver sido condenado ou se
responder a outro processo pela prática de crime. Todavia, no caso, Andy havia sido
condenado pela prática de contravenção penal, logo não há vedação à concessão do
benefício.
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Questão 07

Wilson, irado e nervoso, entra em sua casa, após séria e acirrada discussão com Tobias, seu
vizinho, com quem tem profunda desavença. Desesperado, apanha a primeira arma que
visualiza. Na sequência, sai ao encalço do vizinho e, tomado por violenta emoção, aponta-lhe a
arma, acionando o gatilho várias vezes. Porém, nenhum disparo é detonado, sendo Wilson detido
por populares, que chamaram a polícia. Instaurado inquérito policial, a arma foi apreendida e
encaminhada a perícia, que constatou que a arma não deflagraria qualquer tiro, porque
apresentava defeito. O Ministério Público ofereceu denúncia contra Wilson, pela prática do delito
de tentativa de homicídio. Após regular instrução, o Magistrado pronunciou Wilson como incurso
no delito do artigo 121, "caput", c/c o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal.
Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda,
fundamentadamente, aos itens a seguir

a) Qual a peça cabível contra a decisão proferida pelo Magistrado e a quem deve ser
endereçado?
b) Qual tese de direito material pode ser invocada para absolvição de Wilson e o pedido
correspondente?
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a) A peça cabível é a interposição de Recurso em Sentido Estrito, com fundamento


no artigo 581, inciso IV, do Código de Processo Penal. Além disso, mister ressaltar
que a peça de interposição deverá ser dirigida ao Juiz da Vara do Júri e as razões ao
Tribunal de Justiça.

b) A tese defensiva é a ocorrência de crime impossível, nos termos do artigo 17 do


Código Penal, uma vez que, conforme perícia realizada na arma de fogo, não haveria
possibilidade de disparo, restando comprovada a tentativa inidônea em razão da
ineficácia absoluta do meio. O pedido a ser elaborado em sede de Recurso em Sentido
Estrito é o de absolvição sumária, com fundamento no artigo 415, inciso III, do Código
de Processo Penal.
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Questão 08

Bruna, em uma loja de departamento, apresentou roupas no valor de R$ 1.200 (mil e duzentos
reais) ao caixa, buscando efetuar o pagamento por meio de um cheque de terceira pessoa,
inclusive assinando como se fosse a titular da conta. Na ocasião, não foi exigido qualquer
documento de identidade. Todavia, o caixa da loja desconfiou do seu nervosismo no
preenchimento do cheque, apesar da assinatura perfeita, e consultou o banco sacado,
constatando que aquele documento constava como furtado. Assim, Bruna foi presa em flagrante
naquele momento e, posteriormente, denunciada pelos crimes de estelionato e falsificação de
documento público, em concurso material. Após regular instrução, a sua defesa constituída foi
intimada para apresentar os memoriais defensivos, tendo a sua advogada renunciado. O
Magistrado, de imediato, determinou o encaminhamento dos autos à Defensoria Pública para
apresentar a defesa cabível. Após a devolução dos autos pela Defensoria Pública, o Magistrado
em questão condenou Bruna a uma pena de 2 anos de reclusão em regime aberto.
Diante do caso em questão, você na condição de advogado(a) de Bruna, responda.

a) Qual argumento de direito processual deverá ser buscado em Apelação para desconstituir a
sentença condenatória?
b) Qual argumento de direito material deverá ser arguido pela defesa técnica para fins de diminuir
a responsabilização penal de Bruna?
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a) O argumento de direito processual para desconstituir a sentença condenatória é o


de que o Magistrado, diante da renúncia da advogada constituída, não poderia
encaminhar diretamente os autos para a Defensoria Pública, sob pena de violação ao
princípio da ampla defesa previsto no artigo 5°, inciso LV, da Constituição Federal/88,
bem como de violação ao artigo 263 do Código Processo Penal, o qual elenca o direito
de ser defendido por alguém de sua confiança. Assim sendo, deve ser reconhecida a
nulidade da sentença proferida pelo Magistrado, uma vez que diante da condenação
o prejuízo restou evidente, devendo o processo ser encaminhado novamente para a
primeira instância a fim de que a acusada constitua defensor de sua confiança.

b) O argumento de direito material é que o delito de falsificação de documento público,


nos termos da Súmula 17 do Superior Tribunal de Justiça, deve ser absorvido pelo
delito de estelionato, uma vez que se trata de mero ato preparatório ou ato normal de
execução do estelionato, não havendo que se falar em concurso de crimes e sim em
crime único de estelionato, com fundamento no princípio da consunção. Ademais,
deve ser elencado que o crime de estelionato é de natureza material, ou seja, exige a
obtenção da vantagem patrimonial ilícita para fins de consumação, o que não houve
no caso em questão, devendo ser reconhecida apenas a tentativa de estelionato.
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Questão 09

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

João praticou em face de Pedro o delito de ameaça previsto no artigo 147 do Código Penal.
Pedro registrou ocorrência autorizando a persecução penal pelo Estado em face de João. Após
o competente registro, que culminou com o Termo Circunstanciado de Ocorrência, tem-se início
o procedimento perante o Juizado Especial Criminal. Após não ser possível a aplicação dos
institutos despenalizadores da Lei nº 9.099/95, o Ministério Público oferece denúncia em face de
João pelo crime acima narrado. Após inúmeras tentativas, não é possível a citação do pessoal
do acusado. Diante da certidão do Oficial de Justiça narrando tal impossibilidade, o juiz determina
a citação editalícia de João e, diante do não atendimento, determina a suspensão do processo,
na forma do artigo 366 do Código de Processo Penal.
Considerando apenas as informações narradas, responda aos itens a seguir.

a) O delito narrado é da competência do Juizado Especial Criminal? A intercorrência apresentada


(impossibilidade de citação) traz alguma consequência para a definição da competência?
b) Diante da impossibilidade de citação, qual o procedimento a ser adotado pelo Juiz?
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a) O delito narrado é de competência do Juizado Especial Criminal, pois a pena é


menor de 2 anos, conforme artigo 61 da Lei nº 9.099/95. A impossibilidade de citação
faz cessar a competência do Juizado Especial Criminal, devendo o expediente ser
enviado para o juízo comum, na forma do parágrafo único, do artigo 66 da Lei nº
9.099/95.

b) Diante da impossibilidade de citação do acusado, conforme prevê o parágrafo


único, do artigo 66 da Lei nº 9.099/95, o processo deve ser enviado ao juízo comum
onde deve ser adotado o rito sumário. A previsão de adoção de tal rito encontra
fundamento legal no artigo 538 do Código de Processo Penal.
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Questão 10

No dia 07 de março de 2015, Caio, 40 anos, insatisfeito e com ciúmes da beleza de sua esposa,
Sílvia, 18 anos, efetua cinco disparos de arma de fogo contra ela, com a intenção de matar.
Arrependido, após acertar dois disparos no peito da esposa, Caio a leva para o hospital, onde
ela ficou em coma por uma semana. No dia 14 de março de 2015, porém, Silvia veio a falecer,
em razão das lesões causadas pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar conhecimento dos
fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Caio, imputando-lhe a prática do crime
previsto no artigo 121, §2º, inciso VI do Código Penal, uma vez que, em 09 de março de 2015,
foi publicada a Lei nº 13.104, que previu a qualificadora antes mencionada, pelo fato de o crime
ter sido praticado contra a mulher por razão de ser ela do gênero feminino. Durante a instrução
da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da pronúncia, todos os fatos são
confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. Em seguida,
os autos são encaminhados ao advogado de Caio para manifestação.
Considerando apenas as informações narradas, responda aos itens a seguir.

a) Qual a peça defensiva deverá ser apresentada e a sua fundamentação legal?


b) Qual o argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva constante da
exordial acusatória?
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2ª Fase Penal

a) A peça defensiva que deverá ser apresentada se trata de alegações finais na forma
de Memoriais ou Memoriais no procedimento do Júri com fundamento legal no artigo
403, §3°, do Código de Processo Penal combinado com o artigo 394, §5°, do Código
de Processo Penal.

b) O argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva constante da


exordial acusatória é o de que a Lei nº 13.104/2015 se trata de uma "novatio legis in
pejus", a qual, nos termos do artigo 5°, inciso XL, da Constituição Federal/88, não
pode retroagir em prejuízo do acusado. A lei foi publicada em 09 de março de 2015 e
a conduta do agente se deu em 07 de março de 2015, considerando a teoria da
atividade, nos termos do artigo 4° do Código Penal a lei não poderá retroagir, razão
pela qual deve a defesa postular o afastamento da qualificadora do feminicídio
constante no inciso VI, do artigo 121, §2º, do Código Penal.
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Questão 11

No dia 03 de março de 2016, Vinícius, reincidente específico, foi preso em flagrante em razão da
apreensão de uma arma de fogo, calibre 38, de uso permitido, número de série identificado,
devidamente municiada, que estava em uma gaveta dentro de seu local de trabalho, qual seja,
o estabelecimento comercial “Vinícius House”, do qual era sócio-gerente e proprietário.
Denunciado pela prática do crime do artigo 14 da Lei nº 10.826/03, confessou os fatos, afirmando
que mantinha a arma em seu estabelecimento para se proteger de possíveis assaltos. Diante da
prova testemunhal e da confissão do acusado, o Ministério Público pleiteou a condenação nos
termos da denúncia em alegações finais, enquanto a defesa afirmou que o delito do artigo 14 do
Estatuto do Desarmamento não foi praticado, também destacando a falta de prova da
materialidade. Após manifestação das partes, houve juntada do laudo de exame da arma de fogo
e das munições apreendidas, constatando-se o potencial lesivo do material, tendo o Magistrado,
de imediato, proferido sentença condenatória pela imputação contida na denúncia, aplicando a
pena mínima de 02 anos de reclusão e 10 dias-multa. O advogado(a) de Vinícius é intimado da
sentença e apresentou recurso de apelação.
Considerando apenas as informações narradas, responda na condição de advogado(a) de
Vinícius.

a) Qual requerimento deveria ser formulado em sede de apelação e qual tese de direito
processual poderia ser alegada para afastar a sentença condenatória proferida em primeira
instância? Justifique.
b) Confirmados os fatos, qual tese de direito material poderia ser alegada para buscar uma
condenação penal mais branda em relação ao quantum de pena para Vinícius? Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Em sede de Apelação, deveria o advogado de Vinícius buscar o reconhecimento


da nulidade da sentença, tendo em vista que, após manifestação da defesa, houve
juntada de laudo de exame de arma de fogo, ou seja, de prova pericial, sem que fosse
aberta vista às partes em relação à documentação. O não acesso pela defesa ao
laudo de exame pericial violou o Princípio da Ampla Defesa, em sua vertente da
defesa técnica, além do próprio Princípio do Contraditório, já que aquela prova não
lhe foi submetida. Assim, deveria a sentença ser anulada, sendo certo que o prejuízo
foi constatado com a condenação do réu.

b) A tese de direito material a ser apresentada pela defesa técnica de Vinícius para
buscar uma condenação mais branda é de que o delito praticado pelo réu foi de posse
de arma de fogo e não de porte de arma de fogo, tendo em vista que o agente possuía,
em seu local de trabalho, arma de fogo de uso permitido. Prevê o artigo 12 da Lei nº
10.826/03 que o crime de posse de arma de fogo poderá ocorrer não apenas quando
o material bélico estiver na residência do agente, mas também em seu local de
trabalho, desde que o agente seja o titular ou responsável legal pelo estabelecimento.
No caso, todos os requisitos foram observados, já que a arma estava no local de
trabalho de Vinícius, estabelecimento do qual o agente era proprietário e sócio-
gerente. Assim, deveria a defesa buscar a desclassificação para o delito previsto no
artigo 12 da Lei nº 10.826/03.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 12

Larissa, revoltada com o comportamento de Renata, ex-namorada de seu companheiro, no dia


20 de julho de 2017 foi até a rua em que esta reside. Verificando que o automóvel de Renata
estava em via pública, Larissa quebra o vidro dianteiro do veículo, exatamente com a intenção
de deteriorar coisa alheia. Na manhã seguinte, Renata constatou o dano causado em seu carro,
mas não identificou, em um primeiro momento, quem seria o autor do crime. Solicitou, então, a
instauração de inquérito policial em 25 de julho de 2017. Após diligências, no dia 23 de outubro
de 2017 foi identificado que Larissa era a autora do fato e que o prejuízo seria em torno de R$
150,00. A informação foi imediatamente passada à vítima Renata. Diante de uma viagem
marcada, Renata somente procurou seu advogado no dia 21 de fevereiro de 2018, informando
sobre o interesse em apresentar queixa-crime em face da autora dos fatos. Assim, o advogado
de Renata apresentou queixa-crime em face de Larissa, imputando o crime do artigo 163,
"caput", do Código Penal, no dia 28 de fevereiro de 2018, perante o Juizado Especial Criminal
competente, tendo sido proferida decisão pelo Magistrado de rejeição da queixa, em razão da
decadência, em 07 de março de 2018. A defesa técnica é intimada da decisão.
Considerando as informações narradas, na condição de advogado(a) de Renata, responda aos
itens a seguir.

a) Qual o recurso cabível da decisão de rejeição da queixa-crime a ser interposto? Indique o


fundamento legal e o prazo de interposição.
b) Qual o argumento para combater o mérito da decisão do Magistrado de rejeição da denúncia?
Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

) O recurso cabível da decisão de rejeição da queixa-crime é o Recurso de Apelação,


no prazo de 10 dias, conforme previsão do artigo 82 da Lei nº 9.099/95. O advogado
de Renata apresentou queixa-crime em face de Larissa pela prática do crime de dano
simples, delito esse de menor potencial ofensivo, logo aplicáveis as previsões da Lei
nº 9.099/95. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa, como regra, caberá
recurso em sentido estrito, no prazo de 05 dias, conforme o artigo 581, inciso I, do
Código de Processo Penal. Todavia, o procedimento sumaríssimo dos Juizados
Especiais Criminais prevê peculiaridades que o afasta do procedimento comum
ordinário do Código de Processo Penal.

b) O argumento para combater a decisão do Magistrado é o de que a contagem do


prazo decadencial somente se inicia na data do conhecimento da autoria do crime e
não necessariamente na data dos fatos. Em sendo crime de ação penal privada, o
dano está sujeito ao prazo decadencial de 06 meses, previsto no artigo 38 do Código
de Processo Penal. Na situação apresentada, Renata somente tomou conhecimento
da autoria em 23 de outubro de 2017, de modo que nesse dia o prazo se iniciou, e
não em 20 de julho de 2017. Dessa forma, não há que se falar em decadência.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 13

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

Aroldo, Bernardo, Caio e David se conheceram em razão de todos exercerem a função de


pintores de residências. Durante diversas quartas-feiras do ano de 2015 encontravam-se na
garagem da residência do primeiro para organizarem a prática de crimes de receptação simples.
Com o objetivo de receber vantagem financeira, nos encontros, muito bem organizados e que
ocorreram por mais de 06 meses, era definido como os crimes seriam realizados, havendo plena
divisão de funções e tarefas entre os membros do grupo. Um morador da região que tinha
conhecimento dos encontros, apresenta notícia criminis à autoridade policial, mas informa que
acredita que o grupo pretendia realizar a prática de roubos. Diante disso, instaurado o inquérito
para apurar o crime de organização criminosa, o delegado de polícia determina diretamente, sem
intervenção judicial, a infiltração de agentes de polícia no grupo, de maneira velada, para
obtenção de provas. Ao mesmo tempo, realiza outros atos investigatórios e obtém, de forma
autônoma, outras provas, que, de fato, confirmam a atividade do grupo. Contudo, resta
constatado que, verdadeiramente, a pretensão do grupo era apenas a prática de crimes de
receptação simples. Após a obtenção das provas necessárias, Aroldo, Bernardo, Caio e David
são denunciados pela prática do crime previsto no artigo 2º da Lei nº 12.850/13.
Na condição de advogado dos denunciados, considerando apenas as informações narradas,
responda aos questionamentos a seguir.

a) A infiltração de agentes determinada pela autoridade policial foi válida? Justifique.


b) Qual o argumento de direito material a ser apresentado pela defesa em busca da não
condenação dos denunciados da prática do crime imputado? Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

) A infiltração de agentes determinada pela autoridade policial não foi válida, pois não
houve autorização judicial e porque havia outros meios de investigação para obtenção
de provas, como o próprio enunciado demonstra. O artigo 3º da Lei nº 12.850/13 prevê
como meio de obtenção de prova a infiltração, por policial, em atividade de
investigação, na forma do artigo 11 do mesmo diploma legal. Ocorre que os artigos
10 e 11 da Lei nº 12.850/13 trazem uma série de requisitos para a validade desse
meio de obtenção de prova. A infiltração de agentes deverá ser precedida de
circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, autorização essa que não
ocorreu no caso apresentado. Ademais, além dos indícios da prática do crime de
organização criminosa, necessário que as provas não possam ser obtidas por outros
meios. Na hipótese apresentada, as provas poderiam ser obtidas de outra forma, tanto
que assim efetivamente o foram. Diante disso, a infiltração de agentes não foi válida.

b) A defesa deveria buscar a não condenação dos denunciados pelo fato de o crime
imputado não ter sido praticado, já que não estão presentes todas as elementares do
tipo. Isso porque o artigo 2º da Lei nº 12.850/13 estabelece que é crime promover,
constituir, financiar ou integrar organização criminosa. Já o artigo 1º, §1º do mesmo
diploma traz o conceito de organização criminosa, definindo que seria a associação
de 4 ou mais pessoas (requisito atendido), estruturalmente organizada e com divisão
de tarefas, ainda que informal (requisito atendido), com objetivo de obter vantagem de
qualquer natureza (requisito atendido), mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 anos ou que sejam de caráter internacional
(requisito não atendido). O grupo de denunciados se organizou para prática de crimes
de receptação simples, cuja pena máxima não ultrapassa 4 anos. Assim, a conduta
praticada não se adequa ao tipo imputado.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 14

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Considere que, no dia 07 de janeiro de 2018, o juiz da Vara especializada em Violência


Doméstica de Santa Cruz do Sul/RS tenha imposto à Mévio, em processo atinente à Lei Maria
da Penha, a obrigação de não se aproximar de sua ex-companheira Aline, devendo manter uma
distância de no mínimo 150 metros. Considere ainda que, no dia 08 de março de 2018, após ter
sido regularmente intimado da referida decisão, Mévio compareceu ao local de trabalho de Aline
implorando o seu perdão, fazendo-a passar por intenso constrangimento na presença de várias
pessoas, entre elas a chefe de Aline. Após ser processado pelo crime previsto no artigo 24-A da
Lei nº 11.340/06 (que foi incluído pela Lei nº 13.641/18 cuja entrada em vigor se deu em 03 de
abril de 2018), Mévio é condenado a uma pena de 01 ano de reclusão, sendo intimado
pessoalmente da sentença condenatória no dia 20 de fevereiro de 2020, quinta-feira.
Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, responda
justificadamente às questões a seguir.

a) Qual a peça processual, diferente de "Habeas corpus", a ser apresentada pela defesa técnica,
sua fundamentação legal e o último dia do prazo?
b) Qual a tese de direito material para fins de afastar a responsabilidade penal de Mévio, o pedido
processual cabível e a fundamentação legal respectiva?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça processual a ser apresentada pela defesa técnica é o Recurso de Apelação,


com fundamento nos artigos 593, inciso I e 600, ambos do Código de Processo Penal.
Cumpre destacar que o último dia do prazo é 25 de fevereiro de 2020, nos termos do
artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal.

b) A tese de direito material para fins de afastar a responsabilidade penal de Mévio é


a de que a sua conduta foi praticada antes da vigência da Lei nº 13.641/2018, a qual
incriminou a conduta de descumprir medida protetiva de urgência. Desta feita, a
referida lei incriminadora somente pode abranger os fatos praticados posteriormente
à sua vigência, o que não ocorreu no caso em questão, sob pena de violação ao
Princípio da Legalidade, previsto no artigo 5º, incisos XXXIX e XL, da Constituição
Federal/88 e artigo 1º do Código Penal. O pedido processual cabível é o de
absolvição, nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 15

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Considere que Arnaldo, dirigindo veículo automotor, que acabara de sair da revisão programada
da concessionária HONDA (10 mil km), em velocidade compatível com determinada via pública,
atropela Guilherme que atravessava a rua fora da faixa de pedestre e de maneira descuidada,
eis que em tal momento estava com sua atenção totalmente direcionada ao seu celular, no qual
estava interagindo em suas redes sociais com os alunos de um famoso curso preparatório para
o exame de ordem, e não observou que o sinal estava verde. Considere ainda que Arnaldo tentou
frear o seu veículo, mas, mesmo assim, não conseguiu evitar a colisão e que, em virtude da
batida, Guilherme veio a falecer no mesmo dia. Arnaldo foi denunciado pelo crime de homicídio
culposo, previsto no artigo 121, §3° do Código Penal.
Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, responda
justificadamente às questões a seguir.

a) A tipificação efetuada pelo Ministério Público ao oferecer a denúncia está correta?


Fundamente.
b) Qual a tese de direito material para fins de afastar a responsabilidade penal de Arnaldo?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

) A tipificação efetuada pelo Ministério Público não está correta, uma vez que a morte
de Guilherme foi causada em virtude de um acidente na direção de veículo automotor,
fazendo incidir, em virtude do Princípio da Especialidade, a norma prevista no artigo
302 do Código de Trânsito Brasileiro, a qual deve prevalecer em relação ao artigo 121,
§3º, do Código Penal que se trata de uma norma geral.

b) A tese de direito material para afastar a responsabilidade penal de Arnaldo é a de


que não houve um crime culposo, uma vez que o agente não violou o dever de cuidado
objetivo, tomando todas as precauções necessárias e sendo diligente, não incorrendo
em imprudência, imperícia ou negligência, nos termos do artigo 18, inciso II, do Código
Penal. Desta feita, tendo em vista que o agente não agiu com dolo nem com culpa,
não há crime, sob pena de incorrermos na responsabilização penal objetiva, a qual é
vedada pelo Direito Penal em virtude do Princípio da Culpabilidade ou Princípio da
Responsabilização Penal Objetiva.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 16

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

Pedro, policial civil do Estado de São Paulo, a fim de obter uma confissão de Carlos, o submete
a sofrimento físico e mental no interior da Delegacia onde exerce a função de chefe do Setor de
Inteligência. Ocorre que Carlos, devido a imperícia do Policial Pedro, vem a morrer. Jorge,
delegado responsável e chefe direto de Pedro, ao chegar em dia posterior à delegacia nada faz
para apurar a prática. Após denúncia junto ao Ministério Público, Pedro é indiciado em inquérito
por homicídio doloso consumado qualificado pela tortura, sendo o delegado Jorge também
denunciado em coautoria.
Diante do acima narrado, responsa aos itens a seguir.

a) A tipificação e a denúncia em coautoria estão corretas?


b) Qual consequência administrativa e qual a forma de sua aplicação em caso de condenação
pela prática de Tortura ao Policial Pedro?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

) Nem a tipificação nem a denúncia estão corretas. O equívoco quanto a tipificação


se dá pelo fato de que o crime não é de homicídio qualificado pela tortura, mas sim de
tortura qualificada pelo resultado morte do agente, pois a intenção do Policial Pedro
era de torturar e, por imperícia sua, causou a morte de Carlos, trata-se, na espécie,
de crime preterdoloso onde temos dolo na tortura e culpa no resultado morte. Dessa
forma, a denúncia deveria ser no artigo 1º, § 3º, da Lei nº 9.455/97. Já quando ao
delegado Jorge que foi denunciado no mesmo delito, percebemos outro equívoco,
pois em momento algum ele quis participar do delito praticado por Pedro, mas sim
deixou de apurar o crime de tortura praticado, incidindo em tortura por omissão na
forma do artigo 1º, §2º da mesma legislação.

b) Quanto a consequência administrativa que poderá ser aplicada em face de Pedro


é de perda do cargo público com interdição para seu exercício pelo dobro da pena
aplicada, tudo isso sem a necessidade de que conste expressamente na sentença
condenatória, pois a lei é clara ao afirmar que “acarretará” a perda e em momento
algum exige que tal efeito condenatório conste da sentença.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 17

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

João, policial civil, sabendo que havia um mandado de prisão contra Tício pelo crime de
homicídio qualificado, comparece ao local onde Tício se encontra e resolve exigir o pagamento
da quantia de R$ 10.000,00 em troca do não cumprimento do referido mandado. Com o objetivo
de obter o pagamento da vantagem econômica em questão, João constrange o meliante,
desferindo inúmeros socos e pontapés, ameaçando de atirar contra ele. Ocorre que Tício não
tinha o dinheiro no momento exigido, ficando de acertar com o policial no dia seguinte. No dia
seguinte, João liga para o seu amigo José, conta-lhe todo o ocorrido e combina com Tício de
que este compareça à casa de José, para entregar a quantia referida. Após, intensa investigação,
João e José são indiciados pelo crime de concussão. Segundo a autoridade policial, José,
mesmo não sendo funcionário público, deve responder por concussão, uma vez que concorreu
para o crime e tinha ciência da condição de funcionário público do amigo.
Com base nas informações acima narradas, responda as seguintes questões.

a) A autoridade policial agiu corretamente ao indiciar João, policial civil, pelo crime de concussão,
previsto no artigo 316 do Código Penal? Fundamente a sua resposta.
b) Em relação à José, amigo de João, qual a tese de direito material poderá ser arguida para
diminuir a sua responsabilidade penal? Fundamente.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

) A autoridade policial não agiu corretamente ao indiciar João pelo crime de


concussão, uma vez que a exigência de vantagem indevida se deu mediante violência
ou grave ameaça, razão pela qual o crime cabível seria o de extorsão, previsto no
artigo 158 do Código Penal.

b) A tese de direito material para fins de diminuir a responsabilidade penal de José é


a desclassificação para o crime de favorecimento real, previsto no artigo 349 do
Código Penal, uma vez que o seu auxílio foi posterior à consumação do crime de
extorsão, o qual possui natureza formal, conforme Súmula 96 do Superior Tribunal de
Justiça.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 18

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

No dia 10 de fevereiro de 2012, João foi condenado pela prática do delito de quadrilha armada,
previsto no artigo 288, parágrafo único, do Código Penal. Considerando as particularidades do
caso concreto, sua pena foi fixada em 06 anos de reclusão, eis que duplicada a pena base por
força da quadrilha ser armada. A decisão transitou em julgado. Enquanto João cumpria pena,
entrou em vigor a Lei nº 12.850/2013, que alterou o artigo pelo qual João fora condenado. Apesar
da sanção em abstrato, excluídas as causas de aumento, ter permanecido a mesma (reclusão,
de 1 (um) a 3 (três) anos), o aumento de pena pelo fato da associação ser armada passou a ser
de até a metade e não mais do dobro.
Você é procurado pela família de João. Responda aos itens a seguir.

a) O que a defesa técnica poderia requerer em favor de João?


b) Qual o juízo competente para a formulação desse requerimento?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

) A defesa técnica de João poderia requerer a aplicação da lei nova, que é mais
benéfica para o acusado. A redação anterior do artigo 288, parágrafo único, do Código
Penal previa que, no caso daquele crime ser praticado com armas de fogo, a pena
seria dobrada. Hoje, o dispositivo prevê que a pena, nessa mesma hipótese, será
“apenas” aumentada de, no máximo, metade. Assim, no caso de João, como sua pena
base foi aplicada em 03 anos, a pena final restaria em, no máximo, 04 anos e 06
meses. A nova lei, então, é favorável ao condenado, de modo que pode retroagir para
atingir situações pretéritas, na forma do artigo 2º, parágrafo único, do Código Penal.

b) Considerando que já houve trânsito em julgado da sentença condenatória, o juízo


competente para formulação do requerimento é o da Vara de Execuções Penais, na
forma do Enunciado 611 da Súmula não vinculante do Supremo Tribunal Federal e
artigo 66, inciso I, da Lei de Execução Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 19

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Ao sair do trabalho, Wilson costumava passar a pé por uma estrada onde comumente
aconteciam assaltos, razão pela qual, por cautela, sempre andava armado, já que detinha porte
legal de arma. Certo dia, ao atingir o local mais ermo da estrada, Wilson nota que uma pessoa
se encaminha rapidamente em sua direção, colocando uma das mãos no bolso, ao mesmo tempo
em que gesticulava de forma veemente para Wilson com a outra mão. Quando a pessoa se
aproximou ainda mais, com a mão no bolso e ainda gesticulando, Wilson sacou da sua arma e
atirou contra o indivíduo, que caiu ao solo, mas acabou sobrevivendo. Ao se aproximar do
indivíduo, Wilson verifica que ele pretendia pegar um cigarro. Diante disso, Wilson foi denunciado
e pronunciado pela prática do delito de tentativa de homicídio, previsto no artigo 121, "caput", c/c
artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal.
Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda,
fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Qual o meio de impugnação a defesa de Wilson deverá utilizar e qual o último dia do prazo
para apresentá-lo, considerando a intimação no dia 24 de novembro de 2014 (quarta-feira)?
b) Qual tese de direito material pode ser adotada em busca da absolvição de Wilson?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

) A defesa de Wilson deverá interpor recurso em sentido estrito, com fundamento no


artigo 581, inciso IV, do Código de Processo Penal. O prazo para a interposição em
questão, nos termos do artigo 586 do Código de Processo Penal, é de 5 dias.
Ademais, considerando que a defesa de Wilson foi intimada em 24 de novembro de
2014 o último dia do prazo seria o dia 29 de novembro de 2014.

b) O candidato deverá abordar a tese da legítima defesa putativa, nos termos do artigo
20, § 1º, do Código Penal, uma vez que a agressão era imaginária. Pedido de
absolvição sumária, com base no artigo 415, inciso III, do Código de Processo Penal.
Admite-se o artigo 415, inciso IV, do Código de Processo Penal.

Pela teoria limitada da culpabilidade, quando a descriminante putativa incidir sobre


pressupostos de uma situação de fato (exemplo: o agente imaginar que está diante
de uma injusta agressão, mas que era imaginária. Supor que o desafeto iria sacar
uma arma, quando, na verdade, era um celular), o efeito em relação à conduta do
agente é o mesmo do erro de tipo (artigo 20 do Código Penal): Se o erro foi invencível,
exclui o dolo e a culpa; se vencível, exclui o dolo, mas o agente responde pelo delito
culposo, se previsto em lei. Em síntese: As descriminantes putativas por situação de
fato têm o mesmo efeito do erro de tipo, podendo levar à exclusão do crime (exclusão
da tipicidade). Como, no XIV Exame da OAB, cuja tese principal dos memoriais era
erro de tipo, a FGV considerou para pontuação tanto o artigo 386, inciso III (causa
excludente de tipicidade), como o artigo 386, inciso VI (excludente de culpabilidade.
OBS: Alguns doutrinadores defendem que as descriminantes putativas deveriam ser
tratadas como causas excludentes de culpabilidade), conclui-se que temos
precedente para formular pedido de absolvição sumária tanto pelo inciso III, como pelo
inciso IV, do artigo 415 do Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 20

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Considere que, no dia 01 de janeiro de 2018, Nidal tenha adquirido uma arma de fogo de uso
permitido com o único e exclusivo objetivo de matar seu inimigo Mauro. Após a aquisição da
referida arma, imediatamente entra na casa de Mauro, posto que este era doente e nunca saia
de casa. Em seguida, Nidal efetua três disparos contra Mauro, o qual vem a falecer
imediatamente. Ato contínuo, o meliante em questão foge, sendo, todavia, preso em flagrante
delito poucos minutos depois pela Delegacia de Homicídios da cidade de Santa Cruz do Sul/RS.
Considere ainda que Nidal tenha sido regularmente denunciado e processado pelos crimes
previstos nos artigos 121 e 150, ambos do Código Penal e artigo 14 da Lei nº 10.826/03, na
forma do artigo 69 do Código Penal. Posteriormente, no dia 10 de dezembro de 2018 (segunda-
feira), a defesa é intimada da decisão de pronúncia, nos exatos termos da denúncia.
Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, responda
justificadamente às questões a seguir.

a) Qual a peça processual, diferente de "Habeas corpus", a ser apresentada pela defesa técnica,
sua fundamentação legal e o último dia do prazo?
b) Qual a tese de direito material para fins de diminuir a responsabilidade penal de Nidal?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

) A peça a ser apresentada pela defesa técnica é o Recurso em Sentido Estrito, nos
termos do artigo 581, inciso IV, do Código de Processo Penal. O último dia do prazo
é 17 de dezembro de 2018 (segunda-feira), nos termos dos artigos 586, 798, §3º,
ambos do Código de Processo Penal e Súmulas 310 e 710 do Supremo Tribunal
Federal.

b) A tese de direito material para fins de diminuir a responsabilidade penal de Nidal é


o reconhecimento de crime único devendo ser afastado o concurso material de crimes,
tendo em vista que o porte ilegal de arma de fogo e a violação de domicílio configuram
mera fase de preparação ou execução do crime principal, qual seja, o de homicídio,
devendo ser absorvido com fundamento no Princípio da Consunção.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 21

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Carleto foi denunciado pela prática do injusto de homicídio simples porque teria desferido
disparos, com sua arma regular, contra seu vizinho Mário durante uma discussão, causando-lhe
as lesões que foram a causa da morte da vítima. Logo que recebida a denúncia, Carleto foi
submetido à exame de insanidade mental, tendo o laudo concluído que ele se encontrava nas
condições do artigo 26, "caput", do Código Penal. Finda a primeira etapa probatória do
procedimento dos crimes dolosos contra a vida, no momento das alegações finais, a defesa
técnica de Carleto, escorada no exame de insanidade mental e na confissão de Carleto, a fim de
evitar o julgamento popular requereu a absolvição sumária, em razão da inimputabilidade. O juiz,
ao final da primeira fase do procedimento, pronunciou o acusado pela prática do delito de
homicídio, sustentando que a lei não permite acolher o pleito da defesa, pois não é dado ao
magistrado, neste momento, reconhecer a inimputabilidade do acusado, com base no artigo 26,
"caput", do Código Penal e evitar o julgamento popular. A família de Carleto, insatisfeita com a
decisão do juiz que resultará em um julgamento perante os jurados no Tribunal do Júri, procura
você, como advogado(a), para a adoção das medidas cabíveis.
Considerando o caso narrado, responda, na condição de advogado(a) de Carleto, aos itens a
seguir.

a) Qual o recurso cabível para a defesa combater aquela decisão? Justifique.


b) Qual a tese jurídica de direito processual que a defesa de Carleto poderá alegar para combater
a decisão respectiva? Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

) O recurso cabível será o Recurso em Sentido Estrito, nos termos do artigo 581,
inciso IV, do Código de Processo Penal.

b) O Magistrado está equivocado, pois o artigo 415, parágrafo único, do Código de


Processo Penal permite, quando a única tese de defesa for a inimputabilidade, a
absolvição sumária e, consequentemente, será evitada a segunda fase do júri.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 22

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

Cláudia, após discutir com seu marido Carlos, foi covardemente agredida por ele. Dirigiu-se ao
posto médico, onde foi atendida e encaminhada, com o laudo médico, a delegacia de polícia para
fins de registrar ocorrência contra Carlos, pois se constatou ter sido vítima de lesão corporal leve.
Após regular registro policial, o delegado responsável requereu ao juízo as medidas protetivas
que foram prontamente deferidas. Dez dias depois do ocorrido, Cláudia compareceu à delegacia
e requereu ao delegado o fim da investigação, pois o relacionamento já estava "normalizado”.
Entretanto, o Delegado afirmou não ser mais possível encerrar as investigações e que o Inquérito
Policial será encaminhado ao Poder Judiciário. Diante da negativa, Cláudia, acadêmica de
Direito, afirmou que mesmo assim o seu esposo não seria responsabilizado, pois a materialidade
do crime não restou comprovada, uma vez que não foi submetida a exame de corpo de delito
perante o perito oficial.
Diante do acima narrado, na qualidade de advogado(a), responda aos itens a seguir.

a) A negativa do delegado foi correta, considerando que se trata de lesão corporal leve?
b) O fato de Cláudia não ter sido submetida ao exame de corpo de delito perante o perito oficial,
e sim apenas a um médico que lhe forneceu um laudo, afasta a possibilidade de prosseguimento
do processo contra seu esposo agressor?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Ainda que se trate de lesão corporal leve, que exige como regra a representação,
quando ocorrer em relação doméstica ou familiar, nos moldes da Súmula 542 do
Superior Tribunal de Justiça, a ação penal relativa ao crime de lesão corporal
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. Assim,
em nada influenciará a decisão da agredida, agindo corretamente o delegado de
polícia.

b) A não realização do exame de corpo de delito para a comprovação da materialidade


delitiva, que como regra é exigido nos casos da Lei Maria da Penha, pode ser
substituída pelo laudo médico, conforme artigo 12, §3º da Lei nº 11.340/2006.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 23

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 25 de setembro de 2011, após uma discussão no trabalho quando todos comemoravam
os 20 anos de Júlio, este desfere uma facada no braço de Ricardo, que fica revoltado e liga para
a Polícia, sendo Júlio preso em flagrante pela prática do injusto de homicídio tentado, obtendo
liberdade provisória logo em seguida. O laudo de exame de delito constatou a existência de lesão
corporal grave. O Ministério Público, com base no inquérito policial, ofereceu denúncia pela
prática do crime de homicídio tentado, recebida pelo juiz em 28 de setembro de 2012. Após
regular processamento do feito, o juiz da vara criminal do Tribunal do Júri proferiu decisão de
desclassificação, pois considerou que não havia intenção de matar, sendo os autos remetidos
para o Juízo competente. O juízo da vara criminal competente, ao término da instrução,
sentenciou o feito, condenando Júlio a uma pena de 01 ano e 02 meses pelo delito de lesão
corporal grave, sendo a decisão publicada no dia 05 de outubro de 2014. O Ministério Público
não interpôs recurso.
A defesa de Júlio foi intimada da decisão. Na ocasião, você, como advogado(a) de Júlio,
responda aos itens a seguir.

a) Qual a tese defensiva a ser alegada, de modo a impedir que Júlio cumpra a pena que lhe foi
aplicada?
b) Quais as consequências jurídicas do acolhimento dessa tese? Aquela condenação poderá ser
considerada para efeito de reincidência futuramente?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Nesse caso, ocorreu a prescrição da pretensão punitiva retroativa. Considerando a


pena aplicada de 01 ano e 02 meses, bem como o trânsito em julgado para a
acusação, o prazo de prescrição seria de 04 anos, nos termos do artigo 109, inciso V,
do Código Penal. Todavia, como o réu era menor de 21 anos à época do fato, o prazo
prescricional é reduzido pela metade, nos termos do artigo 115 do Código Penal,
ficando, portanto, em 02 anos. Assim, considerando que a denúncia foi recebida em
28/09/2012 e a sentença penal condenatória foi publicada no dia 05/10/2014, concluiu-
se que incidiu no caso a prescrição da pretensão punitiva retroativa, já que entre a
data do recebimento da denúncia e da publicação da sentença condenatória
passaram mais de 02 anos.

b) A consequência seria o reconhecimento da extinção da punibilidade de Júlio, com


base no artigo 107, inciso IV, do Código Penal. A condenação não poderá ser usada
para fins de reincidência, uma vez que, com a incidência da prescrição, não há trânsito
em julgado da sentença penal condenatória.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 24

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquarema

No dia 18 de outubro de 2005, Eratóstenes praticou um crime de corrupção ativa em transação


comercial internacional (artigo 337-B do Código Penal), cuja pena é de 1 a 8 anos e multa.
Devidamente investigado, Eratóstenes foi denunciado e, em 20 de janeiro de 2006, a inicial
acusatória foi recebida. O processo teve regular seguimento e, ao final, o Magistrado sentenciou
Eratóstenes, condenando-o à pena de 1 ano de reclusão e ao pagamento de dez dias-multa. A
sentença foi publicada em 7 de abril de 2007. O Ministério Público não interpôs recurso, tendo,
tal sentença, transitado em julgado para a acusação. A defesa de Eratóstenes, por sua vez, que
objetivava sua absolvição, interpôs sucessivos recursos. Até o dia 15 de maio de 2011, o
processo ainda não havia sido definitivamente julgado.
Nesse sentido, considerando apenas os dados narrados no enunciado, responda aos itens a
seguir.

a) No caso apresentado, é possível extrair alguma tese de direito material para fins de evitar a
responsabilização penal de Eratóstenes?
b) Se Erastótenes fosse reincidente, incidiria no caso o acréscimo de 1/3 do prazo prescricional
previsto na parte final do artigo 110, "caput", do Código Penal?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A tese favorável à defesa é a ocorrência de causa extintiva de punibilidade em


razão da prescrição da pretensão punitiva, nos termos do artigo 107, inciso IV, artigo
109, inciso V e artigo 110, §1º, todos do Código Penal, uma vez que entre a publicação
da sentença condenatória com trânsito em julgado para o Ministério Público e a data
de 15 de maio de 2011 transcorreu o prazo de 4 anos.

b) Se Erástones fosse reincidente não se aplicaria o acréscimo de 1/3 do prazo


prescricional previsto na parte final do artigo 110, "caput", do Código Penal, uma vez
que tal situação somente é aplicável à prescrição da pretensão executória, nos termos
da Súmula 220 do STJ, não se aplicando a prescrição da pretensão punitiva, nos
termos do artigo 110, §1º, do Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 25

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Wilson foi denunciado pelo crime de estupro. Durante a instrução, negou a autoria do crime,
afirmando estar, na época dos fatos, no município Cipó dos Vales, localizado no Estado “X”,
distante dois quilômetros do local dos fatos. Como a afirmativa não foi corroborada por outros
elementos de convicção, o Juiz entendeu que a palavra da vítima deveria ser considerada, razão
pela qual proferiu sentença condenando Wilson como incurso no crime de estupro, previsto no
artigo 213 do Código Penal. A defesa interpôs recurso, sendo a sentença condenatória mantida
pelo Tribunal de Justiça, transitando definitivamente em julgado desfavoravelmente ao réu.
Inconformados com a possibilidade de Wilson ter de cumprir a pena imposta, familiares dirigiram-
se, por sua conta, até o Município de Cipó dos Vales em busca de provas que pudessem apontar
a sua inocência, e, depois de muito procurar, conseguiram as filmagens de um estabelecimento
comercial, que estavam esquecidas em um galpão velho. Nas filmagens, Wilson aparece
comendo um lanche em uma padaria exatamente na data e horário que teria ocorrido o suposto
delito de estupro. Considerando apenas as informações apresentadas, responda aos itens a
seguir.

a) Qual medida processual deverá ser apresentada pelo(a) advogado(a) de Wilson, diferente do
"Habeas corpus", para questionar a sentença condenatória transitada em julgado?
b) Qual fundamento deverá ser apresentado pelo(a) advogado(a) de Wilson para combater a
sentença condenatória e qual o pedido?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A medida processual que deverá ser apresentada pelo advogado de Wilson para
questionar a sentença condenatória transitada em julgado é o oferecimento de
Revisão Criminal, com fundamento no artigo 621, inciso III, do Código de Processo
Penal.

b) O fundamento que deverá ser apresentado pela defesa, com fundamento no artigo
621, inciso III, do Código de Processo Penal é o de que, após a condenação definitiva
do acusado, surgiram novas provas, as quais não foram apreciadas no processo
original, em especial a gravação de um vídeo comprovando a tese defensiva de
negativa de autoria. O pedido a ser elencado em sede de Revisão Criminal é o de
absolvição do acusado, com base no artigo 626 e artigo 386, inciso IV, do Código de
Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 26

Prof. Nidal Ahmad.


@prof.nidal

Eron Fragoso, residente no município de São Paulo, é convidado por seu pai, senhor de 55 anos
de idade, Nico Lamas, morador da cidade de Belo Horizonte, para passar o feriadão de Páscoa
em sua residência. Eron aceita o convite e comunica que levará sua namorada, Amarilys, junto.
Após jantar de confraternização, Nico Lamas se recolhe ao seu quarto, pegando, logo em
seguida, no sono. Valendo-se da situação, Eron e Amarilys subtraem uma joia preciosa
pertencente a Nico, saindo do local. Após dar falta da joia, Nico se encaminha até a Delegacia
de Polícia e registra ocorrência, manifestando sua desconfiança em relação ao próprio filho. Após
o encerramento do Inquérito Policial, o Delegado indiciou Eron e Amarilys como incursos nas
sanções do crime do Art. 155, § 4º, incisos II (abuso de confiança) e IV (concurso de pessoas),
do Código Penal, sendo ambos denunciados por tais delitos. Analise o caso narrado e, com base
apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Se ocorrer o recebimento da denúncia pelo Magistrado, qual a tese pode ser invocada a favor
de Eron em busca da rejeição da peça acusatória?

b) A tese adotada em favor de Eron também favorecerá Amarilys?


Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Trata-se de hipótese de incidência da escusa absolutória em favor de Eron,


prevista no artigo 181, inciso II, do Código Penal, segundo o qual se o crime foi
praticado contra ascendente, o agente será isento de pena. No caso, Eron era filho da
vítima, que contava com 55 anos de idade, ressaltando que o crime foi praticado sem
violência ou grave ameaça. Logo, não incide nenhuma das hipóteses do artigo 183 do
Código Penal, devendo a denúncia ser rejeitada, com base no artigo 395, II, do Código
de Processo Penal.

b) Amarilys responde pelo delito, uma vez que não terá direito à isenção de pena, já
que a escusa absolutória não lhe alcança, nos termos do artigo 183, inciso II, do
Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 27

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Filomeno foi arrolado como testemunha de um crime de estupro. Ao ser inquirido em juízo,
Filomeno faz afirmação falsa, relatando ao Magistrado que no dia e horário dos fatos ele e o
acusado estavam num bar confraternizando. Descoberta a mentira, Filomeno, antes da sentença
se retrata dizendo a verdade. Não obstante isso, o Ministério Público oferece denúncia imputando
a Filomeno a prática do delito previsto no artigo 342 do Código Penal, sendo o réu citado no dia
07 de março de 2016 (segunda-feira). Diante do fato hipotético, responda os seguintes itens.

a) Qual peça cabível no caso e o último dia do prazo legal para oferecê-la?
b) O fato de ter se retratado antes da sentença favorece Filomeno? Explique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça cabível é a apresentação de Resposta à Acusação no prazo de 10 dias,


com fundamento nos artigos 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal e o
último dia do prazo seria o dia 17 de março de 2016.

b) O fato de ter se retratado antes da sentença favorece Filomeno, na medida em que


o artigo 342, §2º, do Código Penal estipula uma causa extintiva de punibilidade para
o réu que se retrata ou declara a verdade no processo em que ocorreu o ilícito. O
pedido a ser elaborado em sede de Resposta à Acusação é o de absolvição sumária,
com fundamento no artigo 397, inciso IV, do Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 28

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Considere que um Delegado de Polícia Civil tenha ordenado a Wilson, recém-empossado policial
civil, que se deslocasse até a residência de Bráulio para fins de cumprimento de mandado de
busca e apreensão relacionado a um inquérito policial que apurava crime de roubo. Wilson
indagou ao delegado se haveria mandado judicial para tal finalidade, obtendo como resposta que
o juiz já teria autorizado a diligência em questão, porém não estava com o mandado em mãos
uma vez que o Cartório Judicial ainda não tinha confeccionado a referida peça. Tendo em vista
o relatado pelo Delegado e confiando na informação repassada, bem como se baseando na
ordem de serviço emanada pela autoridade policial, a equipe de policiais civis se dirigiu ao
endereço de Bráulio, ingressando em sua residência para fins de cumprimento da diligência.
Entretanto, posteriormente, restou confirmado que não havia mandado judicial nenhum e que
Bráulio, na verdade, se tratava de inimigo do Delegado de Polícia. Diante disso, Wilson foi
denunciado pela prática do crime de abuso de autoridade, previsto no artigo 22 da Lei nº
13.869/2019, sendo a denúncia recebida, e o réu citado. Com base nas informações expostas,
responda, como advogado(a) contratado por Wilson, aos itens a seguir.

a) Qual peça deve ser apresentada pela defesa de Wilson e qual o prazo?
b) Qual o argumento de direito material poderia ser invocado em busca da absolvição de Wilson?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça cabível seria Resposta à Acusação, com base nos artigos 396 e 396-A,
ambos do Código de Processo Penal. O prazo é de 10 dias, nos termos do artigo 396
do Código de Processo Penal.

b) A tese defensiva que pode ser invocada pela equipe de policiais civis é a de que
agiram sob o manto da obediência hierárquica, nos termos do artigo 22, 2° parte, do
Código Penal, uma vez que a ordem emanada da autoridade policial não era
manifestamente ilegal, devendo ser excluída a culpabilidade dos agentes policiais em
virtude de inexigibilidade de conduta diversa. Assim, Wilson deveria ser absolvido
sumariamente, com base no artigo 397, inciso II, do Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 29

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Tício frequentemente mantinha relações sexuais reiteradas com Mévia, adolescente de 13 anos
de idade. Joaquina, companheira de Tício e genitora de Mévia tomou conhecimento da relação
do companheiro com sua filha e nada fez para impedir a continuidade das práticas sexuais, uma
vez que nunca denunciou tal fato reprovável ao Conselho Tutelar, Polícia ou ao Ministério
Público. Com base nas informações expostas, responda aos itens a seguir.

a) Diante da sua postura omissiva, seria possível responsabilizar criminalmente Joaquina em


face das relações sexuais entre seu companheiro e sua filha?
b) Se os atos sexuais fossem consentidos por Mévia, ainda assim seria possível responsabilizar
criminalmente Tício?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Joaquina pode ser responsabilizada criminalmente pelo delito de estupro de


vulnerável previsto no artigo 217-A do Código Penal, uma vez que, nos termos do
artigo 13, § 2°, alínea “a”, do Código Penal possui a obrigação legal de evitar o
resultado, ostentando a posição de garantidora, incorrendo em uma conduta omissiva
imprópria.

b) Sim, Tício poderia ser responsabilizado pelo crime de estupro de vulnerável,


previsto no artigo 217-A do Código Penal, ainda que os atos sexuais fossem
consentidos, nos termos do artigo 217-A, § 5º, do Código Penal e Súmula 593 do
Superior Tribunal de Justiça.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 30

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Wilson, que nunca se envolveu em atividade criminosa, precisando de dinheiro para pagar
algumas dívidas, concorda em transportar, uma única vez, 50g de maconha e 30g de cocaína
para uma Comunidade localizada no Rio de Janeiro. Enquanto estava no interior de uma van
com a mala contendo todo aquele material entorpecente, vem a ser abordado por policiais
militares, que identificam a droga. Em sede policial, observadas as formalidades legais, Wilson
confessa o transporte do material, diz que é a primeira vez que adotava aquele tipo de
comportamento. O Ministério Público ofereceu denúncia contra Wilson, imputando-lhe a prática
do crime de tráfico de drogas, em concurso formal (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/2006 c/c art.
70 do Código Penal), considerando que se tratava de duas substâncias entorpecentes distintas.
Após a instrução, em que os fatos foram confirmados, as partes apresentaram alegações finais,
e o Magistrado proferiu sentença condenatória pela prática de dois crimes de tráfico de drogas,
nos termos da denúncia. Na primeira fase, fixou a pena-base em 05 anos, não reconhecendo, a
seguir, qualquer atenuante ou causa de diminuição da pena. Ao final, sobre a pena intermediária,
acrescentou 1/6 em decorrência do concurso formal de crimes, tornando a pena definitiva em 05
anos e 10 meses. Intimada a defesa técnica da sentença condenatória, responda, na condição
de advogado(a) de Wilson, aos itens a seguir.

a) Qual o argumento de direito material a ser apresentado para questionar o mérito da sentença
condenatória e, consequentemente, a pena aplicada? Justifique.
b) Qual o argumento de direito material a ser apresentado em busca da redução da pena?
Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O argumento de direito material consiste em afastar o concurso formal de crimes,


pois se trata de crime único de tráfico de drogas. Wilson foi denunciado pela prática
do crime de tráfico de drogas, em concurso formal de crimes, sendo, ao final,
condenado à pena de 05 anos e 10 meses. Todavia, a conduta descrita na denúncia
constitui crime único, e não dois crimes autônomos, uma vez que as drogas, ainda
que de natureza distintas, estavam sendo transportadas no mesmo contexto fático.

b) O argumento de direito material em busca da redução da pena seria o


reconhecimento da causa de diminuição da pena do tráfico privilegiado, previsto no
artigo 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006. Wilson nunca se envolveu em atividade
criminosa. Logo, é primário, com bons antecedentes, não integra qualquer
organização criminosa, bem como não se dedica a atividade criminosa, preenchendo
os requisitos que autorizam a diminuição da pena de um sexto a dois terços, conforme
prevê o artigo 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 31

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Wilson, holandês que reside no Brasil há dois meses, inicia em seu quintal uma plantação de
maconha, com a intenção de utilizar aquele material para fins medicinais, já que sua doença
respiratória melhora com o uso da droga. Ao tomar conhecimento de que seu vizinho, Pedro,
possui a mesma doença, decide transportar o material até a residência do vizinho, mas vem a
ser abordado por policiais civis. Após oferecimento denúncia pela prática do crime de tráfico,
durante seu interrogatório, Wilson esclarece que acreditava na licitude de sua conduta diante da
intenção de utilizar o material para fins medicinais, esclarecendo, ainda, que essa conduta seria
válida em seu país de origem. Com base na hipótese apresentada, responda, na condição de
advogado(a) de Wilson, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Qual tese de direito material pode ser adotada para buscar a absolvição de Wilson? Justifique
b) Em caso de não ser acolhida a tese absolutória, qual argumento de direito material pode ser
apresentado para buscar a pena mais branda para Wilson? Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A tese de direito material para buscar a absolvição seria a aplicação do erro de


proibição inevitável. Wilson foi acusado pela prática do crime de tráfico de drogas.
Todavia, somente transportou a maconha, porque considerou ser lícita a conduta
diante da intenção de utilizá-la para fins medicinais. Errou, portanto, sobre a ilicitude
do fato. Trata-se de erro de proibição inevitável, causa de exclusão de culpabilidade,
nos termos do artigo 21, 1ª parte, do Código Penal.

b) Em não sendo reconhecida a tese do erro de proibição inevitável, possível


considerar a incidência do erro de proibição evitável, já que Wilson considerou ser
lícito o transporte de maconha para fins medicinais. Assim, no caso de eventual
condenação, o juiz leverá considerar a causa de redução de pena de um sexto a um
terço, nos termos do artigo 21, 2ª parte, do Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 32

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 02 de agosto de 2016, Nilo Abreu, nascido em 05 de janeiro de 1996, furtou vários relógios
de ouro e outros objetos de uma Joalheria, localizada na Praça da Matriz na Cidade de São Luiz
Gonzaga. Após investigação para apurar os fatos, a autoridade policial concluiu o Inquérito
Policial em 02 de setembro de 2020. No dia 10 de setembro de 2020, o representante do
Ministério Público ofereceu denúncia, atribuindo a Nilo Abreu a prática do crime previsto no artigo
155, “caput”, do Código Penal. A denúncia foi recebida no dia 11 de setembro de 2020 (sexta-
feira), sendo o réu citado no dia 05 de outubro de 2020 (segunda-feira). Com base nas
informações expostas, responda, como advogado(a) contratado por Nilo Abreu, aos itens a
seguir.

a) Qual a peça cabível e qual o último dia do prazo para apresentá-la?


b) Qual o argumento a ser apresentado em favor de Nilo Abreu para evitar sua punição?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça cabível seria resposta à acusação, com base nos artigos 396 e 396-A,
ambos do Código de Processo Penal. O último dia do prazo seria 15 de outubro de
2020 (quinta-feira).

b) O crime em questão se encontra prescrito pela pena em abstrato, nos termos dos
artigos 107, inciso IV, 109, inciso IV e 115, todos do Código Penal. A pena máxima
cominada ao crime de furto simples é de 04 anos. Nos termos do artigo 109, inciso IV,
do Código Penal, o prazo prescricional seria de 08 anos. Todavia, considerando que
o réu era menor de 21 anos à época do fato, o prazo prescricional será reduzido pela
metade, nos termos do artigo 115 do Código Penal, sendo, portanto, de 04 anos.
Assim, como entre a data da consumação até o recebimento da denúncia já
decorreram 04 anos, incidiu, no caso, a prescrição da pretensão punitiva em abstrato,
incidindo extinção da punibilidade, com base no artigo 107, inciso IV, do Código Penal.
Como se trata de resposta à acusação, o pedido seria de absolvição sumária, com
base no artigo 397, inciso IV, do Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 33

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Em 10 de janeiro de 2007, Eliete, primária, foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do
crime de furto qualificado por abuso de confiança, já que, na qualidade de empregada doméstica,
teria subtraído a quantia de R$ 50,00 (cinquenta reais) de seu patrão Cláudio. Após a instrução
criminal, o Magistrado proferiu sentença condenando Eliete à pena final de 2 (dois) anos de
reclusão, em razão da prática do crime previsto no artigo 155, § 4º, inciso II, do Código Penal.
Após a interposição de recurso de apelação exclusivo da defesa, o Tribunal de Justiça entendeu
por bem anular toda a instrução criminal, ante a ocorrência de cerceamento de defesa em razão
do indeferimento injustificado de uma pergunta formulada a uma testemunha. Novamente
realizada a instrução criminal e apresentação de novos memoriais pelas partes, em 9 de fevereiro
de 2011, foi proferida nova sentença penal condenando Eliete à pena final de 2 (dois) anos e 6
(seis) meses de reclusão. Em suas razões de decidir, assentou que a ré possuía circunstâncias
judiciais desfavoráveis, uma vez que se reveste de enorme gravidade a prática de crimes em
que se abusa da confiança depositada no agente, motivo pelo qual a pena deveria ser
distanciada do mínimo. Com base nas informações expostas, responda, como advogado(a)
contratado por Eliete, aos itens a seguir.

a) Qual o argumento de direito processual pode ser invocado para anular a segunda sentença
condenatória?
b) Qual o argumento de direito material a ser apresentado em busca da absolvição de Eliete?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O Magistrado que proferiu a segunda sentença não agiu de forma correta, uma vez
que diante do princípio da vedação a reformatio in pejus indireta a segunda sentença,
em se tratando de recurso exclusivo da defesa, não poderia ter aplicado tratamento
mais severo à ré, fixando pena superior a da prevista na primeira sentença. Desta
feita, haveria violação indireta ao disposto no artigo 617 do Código de Processo Penal.

b) Eliete foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do crime de furto
qualificado por abuso de confiança, já que, na qualidade de empregada doméstica,
teria subtraído a quantia de R$ 50,00 (cinquenta reais) de seu patrão Cláudio. Todavia,
incide, no caso, o princípio da insignificância, diante da mínima ofensividade da
conduta da agente, nenhuma periculosidade social da ação, reduzido grau de
reprovabilidade da conduta, bem como a inexpressividade da lesão jurídica
provocada. A ré é primária e o valor subtraído não se revela expressivo. Logo, embora
formalmente típico, o fato é materialmente atípico, devendo a ré ser absolvida, com
base no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 34

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

Murilo transportava, no interior de um ônibus, maconha de Santiago/RS para Santa Maria/RS.


Ao desembarcar no seu destino, foi preso em flagrante por tráfico de drogas, tendo os policiais
consignado no auto de prisão em flagrante, que, por sua experiência, tratava-se de cocaína,
substância entorpecente que causa dependência química. O réu foi posto em liberdade.
Concluído o inquérito policial, Murilo foi denunciado pelo crime previsto no artigo 33, “caput”, da
Lei nº 11.343/06, sendo, na sequência, notificado. Com base nas informações expostas,
responda, como advogado(a) contratado por Murilo, aos itens a seguir.

a) Qual deve ser a peça processual utilizada após a notificação do acusado?


b) Qual tese pode ser invocada pela defesa de Murilo, para evitar o recebimento da denúncia?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça processual a ser apresentada após a efetiva notificação é a Defesa


Prévia/Preliminar, na forma do artigo 55 da Lei nº 11.343/06.

b) O argumento é a falta de materialidade delitiva, pois não foi nem sequer realizado
laudo de constatação da substância, conforme prevê o artigo 50, § 1º, da Lei
11.343/06, não sendo suficiente a experiência dos policiais para atestar a
materialidade do fato. Logo, a denúncia deverá ser rejeitada, com base no artigo 395,
III, do Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 35

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 11 de fevereiro de 2013, por volta das 04h da madrugada, em pleno carnaval, policiais
militares, em patrulhamento de rotina, perceberam um veículo estacionado no final de uma rua
escura. Ao chegarem próximo ao veículo, constataram que Osnar Abreu e Lucinda Maia
mantinham relação sexual. Os policiais determinaram que o casal se recompusesse e saísse do
veículo. Ao solicitarem os respectivos documentos, verificaram que Lucinda possuía 13 anos de
idade. Em razão disso, prenderam em flagrante Osnar Abreu pela prática de estupro de
vulnerável, previsto no Art. 217-A do CP. Ao ser interrogado pela autoridade policial, Osnar
relatou ter conhecido Lucinda no baile de carnaval, cujo acesso era vedado a menores de 18
anos. Disse, ainda, que Lucinda estava acompanhada de amigas todas maiores de idade.
Acrescentou que não tinha condições de perceber a idade da menina, pois, além de ter ingerido
bebida alcoólica, a compleição física de Lucinda indicava que ela tinha mais idade. A autoridade
concluiu o inquérito policial e encaminhou ao Ministério Público, que ofereceu denúncia contra
Osnar Abreu, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 217-A do CP. Após regular
andamento do processo e instrução, o Ministério Público pugnou pela condenação do réu nos
termos da denúncia. A defesa foi intimada no dia 02 de maio de 2017 (terça-feira). Atento ao
caso apresentado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

a) Qual o meio de impugnação cabível à defesa de Osnar Abreu e qual o último dia do prazo
para ser apresentado?
b) Qual a tese de direito material poderá ser invocada em busca da absolvição de Osnar e qual
pedido deve ser formulado?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça cabível é memoriais ou alegações finais por memoriais, com base no artigo
403, § 3º, do Código de Processo Penal. Último dia do prazo: 08/05/2017.

b) A tese de direito material seria a incidência do erro de tipo essencial invencível,


previsto no artigo 20, “caput”, do Código Penal, uma vez que, no caso, restou
verificada a impossibilidade de conhecimento da idade da vítima. Isso porque o réu
conheceu a vítima num baile de carnaval, onde era vedado acesso a menores de 18
anos. Além disso, as amigas da vítima eram todas maiores de 18 anos de idade. Logo,
naquelas circunstâncias, qualquer pessoa incidiria no erro essencial invencível. Diante
disso, há a exclusão do dolo e da culpa, e o fato é atípico. O pedido será de absolvição
com base no artigo 386, incisos III ou VI, do Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 36

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Wilson, pretendendo matar Lucas, de 59 anos, realiza disparos de arma de fogo contra um
homem que estava na varanda da residência da vítima, causando a morte deste. Wilson, então,
deixa o local satisfeito, por acreditar ter concluído seu intento delitivo, mas vem a descobrir que
matara um amigo de Lucas, de 70 anos, que, de costas, era com ele parecido. Após conclusão
do inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Wilson, imputando-lhe a
prática do crime de homicídio doloso, com a causa de aumento de pena em razão da idade vítima
atingida (art. 121, § 4º, do Código Penal). Após regular instrução, o Ministério Público pugnou
pela pronúncia nos termos da denúncia. A defesa foi intimada no dia 11 de novembro de 2020,
que caiu numa quarta-feira, para se manifestar. Com base na hipótese apresentada, responda,
na condição de advogado(a) de Wilson, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Qual peça deverá ser apresentada pela defesa de Wilson e qual o último dia do prazo?
Justifique.
b) Existe argumento de direito material a ser apresentado em favor de Wilson em busca de uma
decisão mais branda do que a postulado pelo Ministério Público? Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça cabível seria memoriais, com base no artigo 403, § 3º, do Código de
Processo Penal. O último dia do prazo seria dia 16.11.2020.

b) A tese de direito material seria o afastamento da causa de aumento de pena. O


Ministério Público ofereceu denúncia pela prática do crime de homicídio, com a
incidência da causa de aumento de pena, porque a vítima era maior de 60 anos, nos
termos do artigo 121, § 4º, do Código Penal. Todavia, a causa de aumento de pena
deve ser afastada, uma vez que a pessoa supostamente pretendida seria Lucas, de
59 anos de idade, e não o amigo de Lucas, que contava com 70 anos de idade. Trata-
se de erro quanto à pessoa, devendo, pois, o agente ter tratamento penal
considerando as condições e qualidades da pessoa pretendida, e não em relação à
pessoa diversa, nos termos do artigo 20, § 3º, do Código Penal. Como a pessoa
supostamente pretendida não era maior de 60 anos de idade, deve ser afastada a
majorante do artigo 121, § 4º, 2ª parte, do Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 37

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Após ríspida discussão de bar, Rodrigo feriu Bento com uma faca, causando-lhe sérias lesões
no ombro direito. O Promotor de Justiça ofereceu denúncia contra Rodrigo, imputando-lhe a
prática do crime de lesão corporal grave contra Bento, arrolando uma testemunha que presenciou
o fato. A defesa de Rodrigo também arrolou uma testemunha. Durante a audiência de instrução,
a testemunha da acusação disse que estava bêbado no momento dos fatos e não lembra quem
deu início à briga. A testemunha arrolada pela defesa disse que Bento também estava armado
com uma faca e partiu para atacar o réu, que se esquivou do golpe e reagiu atingindo a vítima
no braço, saindo, após, do local. Encerrada a instrução, o Ministério Público pediu a condenação
do réu, nos termos da denúncia. A defesa de Rodrigo foi intimada no dia 13 de maio de 2016,
sexta-feira. Considerando as informações narradas, responda aos itens a seguir.

a) Qual a medida processual, diferente de habeas corpus, a ser adotada pela defesa técnica de
Rodrigo e qual o último dia do prazo para ser apresentada?
b) Qual tese de direito material pode ser invocada em busca da absolvição de Rodrigo?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A medida processual a ser adotada seria memoriais ou alegações finais por


memoriais, com base no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal. Último dia do
prazo seria o dia 20/05/2016.

b) A tese de direito material seria a incidência da legítima defesa, causa excludente


da ilicitude prevista no artigo 23, inciso II e artigo 25, ambos do Código Penal, já que
Rodrigo reagiu à injusta agressão praticada por Bento, que tentou lhe agredir com
uma faca, usando moderadamente dos meios que tinha à sua disposição para reagir
à injusta agressão praticada por Bento. Pedido seria de absolvição, com base no artigo
386, inciso VI, do Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 38

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Mauro, respeitável advogado de Santa Maria/RS, querendo fazer um churrasco em


comemoração ao empate de 2 a 2 de seu time contra o Flamengo pelo campeonato brasileiro,
resolve fazer o download do aplicativo da Caixa referente ao auxílio emergencial do Governo
Federal e solicita o auxílio emergencial no valor de R$ 1.200,00 (Hum mil e duzentos), com o
intuito de usar o referido valor na festinha, já que, apesar de extremamente feliz com o resultado
de seu time, não queria ter gastos adicionais. Ao preencher os seus dados no sistema da Caixa,
Mauro sabia que não se encontrava nos parâmetros para fazer jus ao referido benefício, uma
vez que inseriu no sistema a informação falsa de que sua renda familiar era inferior a 2 salários-
mínimos quando, na realidade, era de 100 (cem) salários-mínimos. Após o cruzamento de dados
entre a Caixa Econômica Federal e a Receita Federal, foi descoberta a fraude, tendo sido Mauro
denunciado perante a Justiça Federal pelos crimes de falsidade ideológica (Art. 299 do CP) e
estelionato majorado (Art. 171, § 3º, do CP), em concurso material de crimes. Após regular
instrução processual, o Ministério Público se manifestou pela condenação de Mauro, nos exatos
termos da denúncia. A defesa foi intimada no dia 04 de novembro de 2020 (quarta-feira) para
apresentar a peça processual cabível. Com base nas informações acima narradas, responda aos
itens a seguir.

a) Qual a peça processual cabível a ser apresentada pela defesa técnica e a sua fundamentação
legal? Indique também o último dia do prazo.
b) Qual a tese de direito material para fins de diminuir a responsabilidade penal de Mauro?
Fundamente a sua resposta.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Deve a defesa apresentar memoriais escritos, com fundamento no artigo 403,


parágrafo 3°, do Código de Processo Penal, devendo a referida peça ser protocolada
no dia 09 de novembro de 2020 (último dia do prazo).

b) A tese de direito material para fins de diminuição da responsabilidade penal de


Mauro é o afastamento do concurso de crimes e reconhecimento do crime único, tendo
em vista a aplicação do princípio da consunção. Desta feita, nos termos da Súmula
17 do Superior Tribunal de Justiça, deve o crime de falsidade ideológica previsto no
artigo 299 do Código Penal ser absorvido pelo crime de estelionato previsto no artigo
171 do Código Penal, tendo em vista que a falsidade é mero ato preparatório/ato
executório para a obtenção da vantagem indevida em detrimento da União.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 39

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Wilson, recém havia completado 20 (vinte) anos de idade, e, além do aniversário, comemorava
também sua aprovação no vestibular para ingressar no curso de Engenharia Elétrica. No dia 04
de março de 2015, primeiro dia de aula, como era de tradição, os veteranos prepararam a
recepção aos calouros do curso de Engenharia Elétrica. As brincadeiras dos acadêmicos
transcorriam normalmente até que um grupo de veteranos passou a obrigar os calouros a
ingerirem bebida alcoólica. Wilson, que não estava acostumado a ingerir bebida alcoólica, negou-
se a participar da “brincadeira”. Não obstante sua negativa, foi forçado a ingerir quase uma
garrafa de cachaça pura, ficando completamente embriagado. Por conta do seu estado etílico,
Wilson pegou uma barra de ferro e desferiu um violento golpe contra Fabinho, um dos veteranos
do Curso de Engenharia, mas que não participava do grupo que obrigou os calouros a ingerirem
bebida alcoólica, causando-lhe lesões corporais graves, já que ficou incapacitado para as
ocupações habituais por mais de trinta dias. Diante disso, o Ministério Público ofereceu denúncia
contra Wilson, imputando-lhe a prática do delito do Art. 129, § 1º, I, do CP, sendo a denúncia
recebida e o réu citado. Ao final da instrução, o Ministério Público pugnou pela condenação. A
defesa foi intimada em 12 de agosto de 2016 (sexta-feira). Analise o caso narrado e, com base
apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Qual o meio de impugnação, diverso de habeas corpus, a defesa de Wilson deverá utilizar e
qual o último dia do prazo para sua interposição?
b) Qual a tese de direito material pode ser invocada em favor de Wilson e qual o pedido
correspondente?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça cabível seria memoriais ou alegações finais por memoriais, com base no
artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal. O último dia do prazo será o dia
19/08/2016.

b) A tese de direito material seria a incidência da inimputabilidade pela embriaguez


completa e acidental. Isso porque Wilson ingeriu bebida alcóolica por força maior,
porque foi obrigado pelos veteranos a beber cachaça, restando, em razão disso,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da sua conduta e determinar-se de
acordo com esse entendimento. Logo, incidiu a causa excludente de culpabilidade,
prevista no artigo 28, § 1º, do Código Penal, sendo o réu inimputável pela embriaguez
completa e acidental. Pedido será de absolvição, com base no artigo 386, VI, do
Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 40

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

No dia 03 de janeiro de 2017, Ramón, com o auxílio de outras duas pessoas não-identificadas,
constrangeu Lívia à prática de conjunção carnal forçada, vindo a ser indiciado nas iras do artigo
213 do Código Penal. Posteriormente, Ramón foi denunciado pelo crime em questão perante a
1º Vara Criminal de Santa Cruz do Sul. Após regular instrução processual, foi condenado pelo
crime do artigo 213 do Código Penal, tendo a juíza fixado a pena-base no mínimo legal (6 anos),
pois não houve nenhuma agravante a ser reconhecida. Entretanto, a douta Magistrada
reconheceu a causa de aumento pena referente ao estupro coletivo (Art. 226, inciso IV, alínea
“a”, do CP), aumentando a pena em 2/3, restando a pena definitiva em 10 anos de reclusão a
ser cumprida em regime inicialmente fechado. Considere que Ramón é primário e possui bons
antecedentes. A defesa foi intimada da sentença condenatória no dia 29 de outubro de 2020
(quinta-feira). Com base nas informações acima narradas, responda aos itens a seguir.

a) Qual a peça processual cabível, a fundamentação legal e o último dia do prazo?


b) Qual a tese de direito material para fins de diminuir a responsabilidade penal de Ramón e,
consequentemente, abrandar o regime inicial de cumprimento de pena?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça processual cabível é a interposição de Recurso de Apelação, com


fundamento no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal, devendo ser
protocolada no dia 03 de novembro de 2020 (último dia do prazo).

b) Em relação ao direito material a tese cabível é a não aplicação da lei mais gravosa
(Lei nº 13.718/18), uma vez que, segundo os artigos 5º, inciso XL, da Constituição e
artigo 1º do Código Penal a lei penal somente pode retroagir para beneficiar o
acusado, razão pela qual a lex gravior (Lei nº 13.718/18) não pode ser aplicada no
caso concreto, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade (Art. 5º, inciso XXXIX,
da CRFB/88 e Art. 1º do CP). Ademais, para fins de abrandar o regime inicialmente
fechado previsto no artigo 2°, § 1°, da Lei nº 8.072/90, deve a defesa técnica postular
a inconstitucionalidade de tal dispositivo legal, uma vez que consoante amplamente
reconhecido pelo STF (HC 111.840/ES – INF. 670) há violação ao princípio da
individualização da pena previsto no artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal/88.
Desta feita, com o reconhecimento da causa de aumento em ¼ a pena definitiva
restaria inferior a 8 anos e considerando que o réu é primário e ostenta bons
antecedentes, poderia a defesa pleitear o reconhecimento do regime inicial
semiaberto, nos termos do artigo 33, § 2°, alínea “b”, do Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 41

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

Pedro praticou na cidade de Santa Maria/RS, um crime de furto contra uma agência da Caixa
Econômica Federal e, em conexão, um roubo contra a agência, da mesma localidade, do Banco
do Brasil. Investigado em Inquérito Policial pela Polícia Federal e pela Polícia Civil, aquela
investigando o furto praticado na Caixa Econômica Federal e essa o roubo contra o Banco do
Brasil. Pedro restou denunciado pelos delitos de furto na Justiça Federal e roubo junto a Justiça
Estadual de Santa Maria. O juiz estadual suscitou conflito de competência afirmando que ele
deveria julgar os dois crimes, pois o delito de roubo é mais grave e que, segundo o Código de
Processo Penal, esse é o critério a ser adotado. Diante da situação acima narrada, pergunta-se,

a) A quem deve ser dirigido o conflito de competência e qual a fundamentação legal?


b) Estava correto o posicionamento do juiz estadual afirmando ser ele o competente para
julgamento, poiso crime sob sua análise é mais grave?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A competência para julgar o conflito existente é do Superior Tribunal de Justiça,


pois o mencionado conflito ocorre entre justiças vinculadas a tribunais diferentes,
conforme artigo 105, alínea “d”, da Constituição Federal/88.

b) O posicionamento do juiz estadual não está correto. Ainda que o artigo 78, inciso
II, alínea "a”, do Código de Processo Penal, afirme que nos casos de conexão ou
continência a unificação deva levar em consideração o delito mais grave, o que na
espécie, realmente, é o roubo, a súmula 122 do Superior Tribunal de Justiça afasta
sua aplicação quando os crimes forem de competência da justiça federal e estadual.
Neste caso, aduz a mencionada súmula, que a competência da justiça federal deverá
prevalecer.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 42

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Considere que, no dia 30 de outubro de 2017, Caio, após uma minuciosa investigação efetuada
pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado de Santa Cruz do Sul/RS foi preso em
flagrante pela Polícia Civil, uma vez que mantinha em um depósito cinco armas de fogo de uso
de uso restrito desde janeiro de 2017. Após o indiciamento formal de responsabilidade da
autoridade policial, o Ministério Público local ofereceu denúncia pelo crime previsto no artigo 16
da Lei nº 10.826/03, cinco vezes, na forma do artigo 69 do Código Penal, tendo o juiz da 1° Vara
Criminal de Santa Cruz do Sul/RS recebido a denúncia. Após regular processamento, foi
declarada encerrada a instrução, tendo o Ministério Público pugnado pela condenação nos
termos da denúncia. A defesa é intimada no dia 07 de novembro de 2019 (quinta-feira). Nesse
sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, responda
justificadamente às questões a seguir.

a) Qual a peça processual, diferente de habeas corpus, a ser apresentada pela defesa técnica,
a sua fundamentação legal e o último dia do prazo?
b) Qual a tese de direito material cabível para fins de diminuir a responsabilidade penal de Caio?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça processual a ser apresentada pela defesa técnica é Memoriais escritos,


conforme o artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal. O último dia do prazo é o
dia 12 de novembro de 2019.

b) A tese de direito material para diminuir a responsabilidade penal do réu é a de que


não houve concurso material de crimes, tendo em vista a não existência do requisito
básico, qual seja, a pluralidade de crimes. Ademais, vale destacar que as 5 armas de
fogo de uso restrito foram apreendidas no mesmo contexto fático, ensejando o
reconhecimento de crime único e não de 5 crimes, previsto no artigo 16 da Lei nº
10.826/03, na forma do artigo 69 do Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 43

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

Sabendo que Vanessa, uma vizinha com quem nunca tinha conversado, praticava diversos furtos
no bairro em que morava, João resolve convidá-la para juntos subtraírem R$ 1.000,00 de um
cartório do Tribunal de Justiça, não contando para ela, contudo, que ele era funcionário público
e nem que exercia suas funções nesse cartório. Praticam, então, o delito, e Vanessa fica
surpresa com a facilidade que tiveram para chegar ao cofre do cartório. Descoberto o fato pelas
câmeras de segurança, os dois são denunciados, em 10 de março de 2015, pela prática do crime
de peculato. João foi notificado e citado pessoalmente, enquanto Vanessa foi notificada e citada
por edital, pois não foi localizada em sua residência. A família de Vanessa constituiu advogado
e o processo prosseguiu, mas dele a ré não tomou conhecimento. Foi decretada a revelia de
Vanessa, que não compareceu aos atos processuais. Ao final, os acusados foram condenados
pela prática do crime previsto no artigo 312 do Código Penal à pena de 02 anos de reclusão.
Ocorre que, na verdade, Vanessa estava presa naquela mesma Comarca, desde o dia 05 de
março de 2015, em razão de prisão preventiva decretada em outros dois processos. Ao ser
intimada da sentença, ela procura você na condição de advogado(a). Considerando a hipótese
narrada, responda aos itens a seguir.

a) Qual argumento de direito processual poderia ser apresentado em favor de Vanessa em sede
de apelação? Justifique.
b) No mérito, Vanessa foi corretamente condenada pela prática do crime de peculato? Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Em relação à Vanessa, o processo é nulo desde a citação. Quando Vanessa foi


citada por edital, ela estava presa em estabelecimento na mesma unidade da
Federação do juízo processante, logo sua citação foi nula, conforme Enunciado 351
da Súmula de Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Como ela não tomou
conhecimento da ação e nem mesmo foi interrogada, pois teve sua revelia decretada,
o prejuízo é claro. Assim, em sede de apelação, antes de enfrentar o mérito da
apelação, deveria o advogado buscar a anulação de todos os atos após sua citação,
inclusive da sentença. Poderia, ainda, justificar a nulidade na exigência trazida pelo
artigo 360 do Código de Processo Penal, que prevê que o réu preso deve ser citado
pessoalmente.

b) Vanessa não foi corretamente condenada pela prática do crime de peculato. Em


que pese o artigo 30 do Código Penal prever que as “circunstâncias” de caráter
pessoal se comunicam quando elementares do crime, não é possível, no caso
concreto, a aplicação desse dispositivo, porque o enunciado deixa claro que Vanessa
não tinha conhecimento da condição de funcionário público de João, não sendo
possível responsabilizá-la por peculato. A simples afirmação de que as circunstâncias
pessoais não se comunicam é insuficiente para atribuição da pontuação, pois, quando
elementares, poderá haver comunicação, desde que o agente tenha conhecimento
dessa situação. Da mesma forma, inadequada a afirmativa no sentido de que o
particular não pode ser responsabilizado pelo crime próprio de peculato, pois
insuficiente.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 44

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Wilson, em uma loja de departamento, apresentou roupas no valor de R$ 1.200 (mil e duzentos
reais) ao caixa, buscando efetuar o pagamento por meio de um cheque, inclusive assinando
como se fosse a titular da conta. Todavia, o caixa da loja desconfiou do seu nervosismo no
preenchimento do cheque, apesar da assinatura perfeita, e consultou o banco sacado,
constatando que aquele documento constava como furtado. Assim, Wilson foi preso em
flagrante, sendo, após, concluído o inquérito policial. O Ministério Público ofereceu denúncia
pelos crimes de tentativa de estelionato e falsificação de documento público, em concurso
material. Após regular processamento da ação penal, o Magistrado declarou encerrada a
instrução. O Ministério Público pugnou pela condenação de Wilson, nos termos da denúncia. A
defesa foi intimada no dia 14 de setembro de 2020, que caiu numa segunda-feira, sendo terça-
feira dia útil em todo o País. Com base na hipótese apresentada, responda, na condição de
advogado(a) de Wilson, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Qual peça deve ser apresentada na defesa de Wilson e qual o último dia do prazo?
b) Diante da capitulação atribuída pelo Ministério Público, existe argumento de direito material a
ser apresentado em favor de Wilson?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça que deve ser apresentada seria memoriais, com base no artigo 403, § 3º,
do Código de Processo Penal. O último dia do prazo seria 21.09.2020, uma vez que
o quinto dia caiu no sábado, devendo ser, portanto, prorrogado para o primeiro dia útil,
conforme artigo 798, § 3º, do Código de Processo Penal.

b) O argumento de direito material seria a impossibilidade de condenação pelos


crimes de estelionato tentado e falsificação de documento público. Wilson foi acusado
de ter praticado os crimes de falsificação de documento público e estelionato tentado,
em concurso material. Todavia, a falsificação do cheque foi apenas um meio para a
prática do crime de estelionato, aplicando-se, no caso o princípio da consunção. Logo,
incide somente o crime de estelionato tentado, que absorve o crime de falsificação de
documento público, nos termos da Súmula 17 do Superior Tribunal de Justiça,
segunda a qual “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade
lesiva, é por este absorvido”.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 45

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Caio, policial federal, após desmantelar uma perigosa organização criminosa responsável por
inúmeros crimes contra a administração pública, passou a receber inúmeras ameaças. Uma
semana depois da operação policial que culminou na prisão do líder do grupo criminoso em
questão, seu filho adotivo Tício foi assassinado por Mévio (número 2 na hierarquia do grupo
criminoso), tendo a investigação chegado à conclusão de que o motivo do homicídio foi o fato de
Tício ser filho de Caio, havendo um nexo funcional entre a morte de Tìcio e a profissão de policial
federal exercida por seu pai. Posteriormente, Mévio foi denunciado pelo crime de homicídio
qualificado, previsto no artigo 121, § 2º, inciso VII, do Código Penal, tendo sido o réu citado e
respondido à acusação. Encerrada a instrução processual, o Ministério Público se manifestou
pela pronúncia de Mévio, nos exatos termos da denúncia. No dia 07 de outubro de 2020, a defesa
é intimada para se manifestar. Com base nas informações acima narradas e, considerando que
dia 12 de outubro é Feriado Nacional, responda aos seguintes questionamentos.

a) Qual a peça processual cabível, a fundamentação legal e o último dia do prazo?


b) Qual a tese de direito material poderá ser alegada para fins de diminuição da responsabilidade
penal de Mévio?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça processual cabível é o oferecimento de Memoriais Escritos, nos termos do


artigo 403, §3º, do Código de Processo Penal c/c artigo 394, §5º, do Código de
Processo Penal, sendo o último dia do prazo o dia 13 de outubro de 2020.

b) A tese de direito material aplicável para fins de diminuição da responsabilidade


penal de Mévio é o afastamento da qualificadora prevista no artigo 121, §2º, inciso VII,
do Código Penal, uma vez que no Direito Penal, em razão do Princípio da Legalidade,
previsto no artigo 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal/88 e no artigo 1º do Código
Penal, é vedada a analogia in mallan partem, tendo em vista que a qualificadora em
questão somente é aplicável ao parentesco consanguíneo, não abrangendo a filiação
adotiva.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 46

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Pedro e Marilda iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de janeiro de 2011. No dia 19
de janeiro de 2011, o casal teve uma séria discussão, e Marilda, nitidamente enciumada, proferiu
diversos insultos contra Pedro no dia de sua festa de formatura, perante seu amigo Paulo,
afirmando ser ele “covarde”, “corno” e “frouxo”. A requerimento de Pedro, os fatos foram
registrados perante a Delegacia de Polícia, onde a testemunha foi ouvida. Pedro comparece ao
seu escritório e contrata seus serviços profissionais, a fim de serem tomadas as medidas legais
cabíveis. Você, como profissional diligente, ajuíza queixa-crime ao juízo competente no dia 18
de julho de 2011, imputando a Marilda a prática do crime de injúria, previsto no artigo 140 do
Código Penal. O Magistrado ao qual foi distribuída a peça processual profere decisão rejeitando-
a, afirmando tratar-se de clara Decadência. A decisão foi publicada dia 25 de julho de 2011. Com
base somente nas informações acima, responda:

a) Qual é o recurso cabível contra essa decisão e qual o prazo para sua interposição?
b) Qual o argumento a ser adotado para combater a decisão que rejeitou a queixa-crime?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O recurso cabível contra a decisão que rejeitou a queixa-crime é o de Apelação,


com fundamento no artigo 82 da Lei nº 9.099/95, tendo em vista que o crime de injúria
é de menor potencial ofensivo, nos termos do artigo 61 da referida lei. O prazo para a
interposição do recurso de Apelação é de 10 dias, com fulcro no artigo 82, § 1º, da Lei
nº 9.099/95.

b) A tese defensiva a ser abordada é a não ocorrência da decadência, uma vez que
não transcorreu o prazo de 6 (seis) meses previsto no artigo 38 do Código de Processo
Penal. Neste caso, considerando se tratar de um prazo penal, nos termos do artigo 10
do Código Penal, o prazo fatal para ajuizamento da queixa-crime é o dia 18 de julho
de 2011.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 47

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Tício foi denunciado pela prática de homicídio qualificado pelo motivo torpe (Art. 121, § 2º, inciso
I, do CP). A denúncia foi recebida e, no decorrer da instrução processual, a defesa requereu
exame de insanidade mental do acusado (Art. 149 e seguintes do CPP). Ao final do referido
incidente, restou devidamente comprovado que Tício, ao tempo da ação, em razão de doença
mental, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento. Nos debates, a defesa alegou que Tício teria agido em legítima
defesa. O Magistrado, com base no exame de insanidade mental, proferiu decisão absolvendo
sumariamente o réu, com aplicação de medida de segurança, consistente na internação. Com
base nas informações expostas, responda, como advogado(a) contratado por Tício, aos itens a
seguir.

a) Qual peça deve ser apresentada pela defesa de Tício?


b) Qual o argumento de direito material poderia ser invocado contra a decisão proferida pelo
Magistrado?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O recurso cabível é o de Apelação, com base no artigo 416 do Código de Processo


Penal.

b) O Juiz absolveu sumariamente o réu em razão da inimputabilidade. Todavia, nos


termos do artigo 415, parágrafo único, do Código de Processo Penal, o juiz não
poderia ter absolvido sumariamente em razão da inimputabilidade porque essa não
era a única tese defensiva. No caso, o Magistrado somente poderia absolver
sumariamente com reconhecimento da legítima defesa e sem aplicação de medida de
segurança, ou submeter o réu a julgamento perante o Tribunal do Júri para análise da
excludente de ilicitude.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 48

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 15 de março de 2016, Licurgo Moicano constrangeu, mediante restrição da liberdade da


vítima, Leonildo Santos a seguir com ele até o caixa eletrônico localizado na agência bancária
onde a vítima tinha conta. Chegando ao local, Licurgo Moicano obrigou a vítima, mediante grave
ameaça, a sacar a quantia de R$ 50.000,00 e lhe entregar. Após a conclusão do inquérito policial,
o Ministério Público ofereceu denúncia, imputando a Licurgo Moicano a prática do crime de
extorsão qualificado, previsto no artigo 158, § 3º, do Código Penal, sendo o réu, ao final da
regular instrução, condenado. Na dosimetria da pena, o Magistrado fixou a pena-base no mínimo
legal, qual seja, 06 anos, tornando-a definitiva, já que não havia circunstâncias agravantes e
atenuantes, bem como causas de aumento ou diminuição da pena. Após estabelecer a
quantidade de pena, o Magistrado fixou o regime inicial fechado ao condenado, por considerar o
crime de extorsão qualificado pela privação de liberdade da vítima grave. A defesa foi intimada
da decisão no dia 18 de junho de 2020, quinta-feira. Considerando o fato hipotético, responda,
na qualidade de advogado(a) de Licurgo Moicano, aos itens a seguir.

a) Qual peça processual, diferente de habeas corpus, deve ser adotada pela defesa de Licurgo
e qual o último dia do prazo para sua interposição? Justifique.
b) No mérito, qual argumento de direito material poderia ser formulado para garantir regime de
cumprimento da pena mais brando do que o fixado na sentença? Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O recurso cabível será Apelação, com base no artigo 593, inciso I, do Código de
Processo Penal. Último dia do prazo: 23/06/2020.

b) O Magistrado condenou Licurgo pela prática do crime de extorsão qualificada,


previsto no artigo 158, § 3º, do Código Penal, aplicando a pena de 06 anos e fixando
o regime inicial fechado, fundamentando que o crime era grave. Todavia, a opinião do
Magistrado acerca da gravidade em abstrato do delito não constitui motivação idônea
para fixar regime inicial de cumprimento de pena mais severa do que a quantidade da
pena aplicada prevê, conforme se extrai das Súmulas 718 e 719 do Supremo Tribunal
Federal. Além disso, o juiz aplicou a pena-base no mínimo legal, não sendo possível
fixar regime inicial de cumprimento mais severo, sob o fundamento da gravidade em
abstrato do delito, nos termos da Súmula 440 do Superior Tribunal de Justiça. Logo,
deveria o Magistrado fixar o regime inicial semiaberto, nos termos do artigo 33, § 2º,
alínea “b”, do Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 49

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Wilson recebeu do seu irmão, Félix Solano, um embrulho em papel opaco e, sem qualquer razão
para desconfiar dele, atende seu pedido para levar o pacote, que considerava conter
medicamento, até a cidade de Niterói/RJ, para onde se dirigia, com o fito de entregá-lo no local
indicado por Félix. Durante o trajeto, Wilson é abordado por policiais rodoviários federais, que,
valendo-se de cães farejadores, procederam a uma revista no automóvel. Diante da agitação
dos cães, ao se aproximarem do pacote, os agentes policiais resolveram verificar o conteúdo,
constatando que se tratava de cocaína, substância entorpecente. Diante disso, Wilson foi preso
em flagrante e, após conclusão do respectivo inquérito policial, denunciado pela prática do crime
previsto no artigo 33, “caput”, da Lei nº 11.343/2006. Após regular instrução, o Magistrado julgou
procedente a ação, condenando Wilson como incurso nas sanções do artigo 33, “caput”, da Lei
nº 11.343/2006. A defesa foi intimada no dia 19 de agosto de 2014 (terça-feira). Analise o caso
narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens
a seguir.

a) Qual o meio de impugnação a defesa de Wilson deverá fazer, datando a peça no último dia
do prazo fatal?
b) Qual tese de direito material pode ser adotada para a absolvição de Wilson?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A defesa de Wilson deverá interpor o Recurso de Apelação da sentença


condenatória, com fundamento no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal,
no prazo de 5 dias, o qual terminaria no dia 25 de agosto de 2014.

b) A tese defensiva a ser aplicada é a ocorrência de erro de tipo invencível, inevitável


ou escusável, uma vez que Wilson não poderia imaginar que a substância
transportada por ele se trava de droga, nos termos do artigo 20 do Código Penal.
Neste caso, haveria a exclusão do dolo e da culpa, não persistindo a
responsabilização criminal do agente. Mister ressaltar que ainda que se tratasse de
erro de tipo vencível, evitável ou inescusável não haveria punição, pois o crime de
tráfico de drogas previsto no artigo 33 da Lei nº 11.343/06 não permite a punição da
modalidade culposa. O pedido correspondente seria o de absolvição com fundamento
no artigo 386, incisos III OU VI, do Código de Processo Penal. Também considera-se
o erro determinado por terceiro, previsto no artigo 20, § 2º do Código Penal. OBS:
Como, no XIV Exame da OAB, cuja tese principal dos memoriais era erro de tipo, a
FGV considerou para pontuação tanto o artigo 386, inciso III (causa excludente de
tipicidade), como o artigo 386, inciso VI, conclui-se que temos precedente para
formular pedido de absolvição, no caso de erro de tipo, tanto pelo inciso III, como pelo
inciso VI, do artigo 386 do CPP.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 50

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Félix Solano nutria inimizade com Bruno Salvador, por conta de disputa de uma área de terras.
No dia 25 de março de 2016, Félix Solano percebeu a camioneta de Bruno estacionada num
local distante da movimentação urbana, e, não satisfeito, pegou um prego e passou sobre a
lataria do veículo. A ação foi visualizada por Lutero Fontoura, conhecido de Bruno, que, por
acaso, passava pelo local no momento em que Félix danificou o referido veículo. Dois dias depois
(27 de março de 2016), Lutero contou a Bruno que Félix foi o autor do dano provocado no seu
veículo. Diante disso, Bruno contrata um advogado, que ajuíza, no dia 26 de setembro de 2016,
perante o Juizado Especial Criminal, queixa-crime contra Félix pela prática do delito de dano,
previsto no artigo 163, “caput”, do Código Penal. O magistrado, no momento processual
oportuno, profere decisão rejeitando a queixa-crime, afirmando se tratar de clara hipótese de
decadência. Você na condição de advogado(a) de Félix, foi intimado da decisão no dia 04 de
outubro de 2016 (terça-feira). Com base somente nas informações acima, responda aos itens a
seguir.

a) Qual é o recurso cabível contra a decisão que rejeitou a queixa-crime e qual o último dia do
prazo?
b) Agiu corretamente o Magistrado ao rejeitar a queixa-crime?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Como o crime de dano simples, previsto no artigo 163, “caput”, do Código Penal,
trata-se de infração de menor potencial ofensivo, o recurso cabível será de apelação,
com base no artigo 82 da Lei nº 9099/95. Último dia do prazo será o dia 14/10/2016.

b) O Magistrado não agiu corretamente, uma vez que o prazo decadencial começa a
contar da ciência da autoria do fato, nos termos do artigo 38 do Código de Processo
Penal. No caso, o prazo decadencial de 06 meses começou a correr no dia 27 de
março de 2016, sendo, portanto, o último dia do prazo para o ajuizamento da queixa-
crime o dia 26 de setembro de 2016.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 51

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 15 de dezembro de 2011, por volta das 18 horas, na Rua Boa Sorte, nº 254, São Luiz
Gonzaga/RS, Tadeu Lombardi, por meio de golpes de barra de ferro, ofendeu a integridade física
de Jacinto Dor, sendo acusado de praticar lesão corporal grave, consistente na impossibilidade
de exercer ocupações habituais por mais de 30 dias. Todavia, não foram acostados aos autos
boletim de atendimento médico e exame de corpo de delito da vítima, não sendo, ainda, ouvidas
testemunhas acerca do fato. No seu interrogatório, o réu confessou ter praticado a agressão. O
Magistrado proferiu sentença, condenando Tadeu Lombardi, que é réu primário, como incurso
nas sanções do artigo 129, § 1º, inciso I, do Código Penal, fixando-lhe a pena de 01 ano e 08
meses de reclusão. Como o crime foi praticado com violência, o Magistrado não substituiu a pena
privativa de liberdade em restritiva de direitos.

a) Em sede de recurso de apelação, qual argumento poderá ser apresentado em busca da


absolvição de Tadeu Lombardi? Justifique.

b) Ainda em sede de apelação, existe algum benefício legal a ser requerido pela defesa de Tadeu
para evitar a execução da pena, caso sejam mantidas a condenação e a sanção penal imposta?
Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Deveria o advogado de Tadeu buscar sua absolvição em razão da ausência de


prova da materialidade do delito, tendo em vista que não foi acostado nos autos o
boletim de atendimento médico ou exame de corpo de delito, direto ou indireto.
Também não foram ouvidas testemunhas, não podendo a confissão suprir a
necessidade de exame de corpo de delito, nos termos do artigo 158 do Código de
Processo Penal, que exige tal exame nos crimes que deixam vestígios. O pedido seria
de absolvição, com base no artigo 386, inciso II, do Código de Processo Penal.

b) Sim, existe o benefício da suspensão condicional da execução da pena, ou seja,


“sursis”, já que se trata de pena privativa de liberdade não superior a 02 anos, o réu é
primário e não é cabível a pena restritiva de direitos, já que o crime foi praticado
mediante violência, preenchendo, portanto, os requisitos do artigo 77 do Código
Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 52

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Mariquinha, apavorada com o fato de ter engravidado de seu namorado, Félix Solano, de vinte e
oito anos de idade, resolveu interromper a gravidez, provocando a morte do feto. Diante disso,
após ingerir medicamento contendo substância abortiva, começou a passar mal, sendo levada
ao hospital, oportunidade em que revelou ao médico a substância ingerida, recebendo a notícia
de que o feto estava bem e em desenvolvimento. Observando o seu dever de ofício, o médico
comunicou o fato à autoridade policial, que, de imediato, deslocou-se até o hospital. No curso do
inquérito policial, uma amostra da referida substância foi recolhida para análise e enviada ao
Instituto de Criminalística, ficando comprovado que, pelas condições de armazenamento e
quantidade ingerida, não seria hábil para produzir os efeitos a que estava destinada, qual seja,
causar o aborto. A autoridade policial concluiu o inquérito policial e encaminhou ao Ministério
Público, que, após constatar que Mariquinha respondia a outro processo criminal, ofereceu
denúncia, imputando a ela a prática do delito aborto tentado, previsto no artigo 124 c/c o artigo
14, inciso II, ambos do Código Penal. Durante a instrução, Mariquinha exerceu o seu direito de
permanecer em silêncio. Ao fim da instrução, o Ministério Público pugnou pela decisão pronúncia,
sustentando a comprovação da autoria, bem como a materialidade do fato, por meio do exame
de laboratório e da conclusão da perícia pela existência da gravidez. A defesa foi intimada para
apresentar a peça correspondente no dia 20 de novembro de 2017 (segunda-feira). Em face
dessa situação hipotética, analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas,
responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Qual a peça de defesa que Mariquinha deverá apresentar e qual o último dia do prazo para
apresentá-la?
b) Qual a tese defensiva deve ser invocada e o pedido correspondente?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Mariquinha deverá apresentar Memoriais Escritos, com base nos artigos 403, § 3º,
do Código de Processo Penal, utilizando-se na forma subsidiária as regras do
procedimento comum ordinário no procedimento do júri, conforme artigo 394, § 5º, do
Código de Processo Penal. O prazo para apresentação dos memoriais é de 5 dias,
logo considerando que a intimação se deu no dia 20/11/2017, segunda-feira, o prazo
final será o dia 27/11/2017 (segunda), pois o último dia seria 25/11/2017, sábado,
sendo prorrogado para o próximo dia útil, nos termo do artigo 798, § 1º e § 3º, do
Código de Processo Penal.

b) A tese defensiva a ser sustentada é a incidência do crime impossível, previsto no


artigo 17 do Código Penal, visto que o meio utilizado era absolutamente ineficaz para
produzir o resultado pretendido. O pedido a ser postulado é a absolvição sumária, nos
moldes do artigo 415, inciso III, do Código de Processo Penal, em face da atipicidade
da conduta.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 53

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Cross Fox está cumprindo penal desde o ano de 2018, pela prática do delito de extorsão. Diante
do preenchimento dos requisitos postulou a liberdade condicional, o magistrado da Vara de
Execução Penal, ouvindo o Ministério Público, deferiu a liberdade mediante condições,
estipulando entre as condições a monitoração eletrônica do apenado. Você, na condição de
defensor de Cross Fox foi intimado da decisão no dia 12/04/2021, responda de forma
fundamentada:

a) É cabível impugnação da decisão?


b) Qual o argumento poderia ser invocado contra a decisão proferida pelo Magistrado?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça cabível seria o recurso de Agravo em Execução, com base no artigo 197 da
Lei nº 7.210/84.

b) O juiz não poderá no caso concreto estipular a monitoração eletrônica, pois não há
previsão legal no artigo 146-B, da Lei de Execução Penal para utilizá-la neste caso, o
que viola o princípio da legalidade .
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 54

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

Carlitos usufrui de livramento condicional desde o dia 19/09/2018 (quarta-feira), faltando a partir
desta data exatos dois anos para o término do período de provas, consequentemente, para o
término de sua pena. Trata-se de apenado primário, condenado pela prática do delito de roubo,
previsto no artigo 157, § 2º, inciso II, do Código Penal. Ocorre que no dia 10/04/2020 (sextafeira),
foi comunicado no processo de execução penal que Carlitos estava respondendo a outro
processo criminal, pela prática de um delito de extorsão, praticado em janeiro de 2020.
Entretanto, até o momento não houve qualquer manifestação do Ministério Público ou do Juiz da
Vara de Execução Penal sobre a questão. Carlitos sempre cumpriu corretamente todas as
condições estipuladas nos moldes do artigo 132 da Lei nº 7.210/84. Diante dos fatos narrados,
a defesa de Carlitos formulou, no dia 19/10/2020 (segunda-feira), perante o Juiz da Vara de
Execução Penal, a extinção da punibilidade, tendo o Magistrado, após ouvir o Ministério Público,
decidido pela suspensão do livramento condicional em razão da prática de novo crime durante o
período de provas. Na condição de advogado(a) de Carlitos, você foi intimado(a) da decisão.
Responda aos itens a seguir.

a) A decisão do Magistrado da Vara de Execução Penal está em consonância com a


jurisprudência dos tribunais superiores? Justifique.
b) Há algum recurso cabível para atacar a decisão? Indique a base legal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Não. A decisão contraria a Súmula 617 do Superior Tribunal de Justiça. Não há


revogação ou suspensão do livramento condicional de forma automática. Se o juiz não
fez no momento correto, deverá reconhecer a extinção da punibilidade, nos termos do
artigo 90 do Código Penal e da Súmula 617 do Superior Tribunal de Justiça.

b) O recurso cabível será o Agravo em Execução, nos termos do artigo 197 da Lei de
Execução Pena.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 55

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

No dia 15 de novembro de 2017, dez presos que ocupavam diferentes celas, durante o
deslocamento para o Fórum dentro de uma viatura quebraram a proteção das lâmpadas do
corredor do veículo. Questionados sobre o responsável pelo dano ao patrimônio público, todos
os presos permaneceram em silêncio. Instaurado o Procedimento Administrativo, diante do
silêncio dos apenados, a administração optou por aplicar uma sanção coletiva aos apenados,
consistente na suspensão do direito à visita por 10 (dez) dias, em razão da prática de falta grave.
Em juízo, no momento da audiência de justificativa, os apenados novamente silenciaram quanto
ao fato, dois se limitaram a alegar que ao ingressarem na viatura a iluminação já estava
prejudicada. Após a manifestação da defesa e do Ministério Público, o magistrado da Vara de
Execução Penal reconheceu a prática de falta grave, homologando o Procedimento
Administrativo. Considerando que a decisão foi dada em audiência realizada no dia 09 de janeiro
de 2018 (terça-feira), na condição de advogado(a) de Cleiton, um dos apenados envolvidos,
responda:

a) A decisão judicial é passível de impugnação por qual instrumento?


b) Qual argumento pode ser invocado para combater a decisão proferida pelo Magistrado?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A decisão judicial é passível de impugnação pela via recursal, através da utilização


do recurso de Agravo em Execução, nos termos do artigo 197 da Lei de Execução
Penal (Lei nº 7.210/84).

b) Conforme o artigo 45, § 3º, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal) é vedada
qualquer espécie de sanção coletiva. Aliás, pelo princípio constitucional da
individualização da pena (Art. 5º, inciso XLVI, da CF/88), qualquer espécie de
responsabilização deverá ser pautada pela individualização da conduta praticada, o
que se fundamenta na necessidade de identificar a contribuição de cada suspeito.
Também poderá ser indicado como fundamento em defesa do apenado, a vedação
de responsabilidade objetiva, eis que somente podemos responsabilizar alguém pela
prática de delitos, no caso em tela, caracteriza-se como o crime de dano contra o
patrimônio público, quando houver identificação de dolo ou culpa, o que no caso em
tela não é possível identificar.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 56

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 10 de fevereiro de 2016, por volta das 03h, na Rua Fina Estampa, nº 24, na Cidade de
Niterói/RJ, o denunciado Tício Mévio, agente reincidente em face de condenação definitiva pela
prática do crime de furto, constrangeu uma criança de 12 anos de idade a com ele praticar ato
libidinoso, consistente em sexo oral, cometendo, assim, o crime previsto no artigo 217-A do
Código Penal, considerado hediondo, nos termos do artigo 1º, inciso VI, da Lei nº 8.072/90. Após
implementar 2/3 da pena imposta pelo crime de estupro de vulnerável, Tício formulou pedido de
livramento condicional, sendo indeferido pelo Juízo da Execução Penal, sob o fundamento de
que, na condição de reincidente, não teria direito ao benefício pleiteado. Com base nas
informações expostas, responda, como advogado(a) contratado por Tício, aos itens a seguir.

a) Qual o meio de impugnação seria cabível contra a decisão proferida e qual o prazo para
interposição?
b) Qual o argumento a ser apresentado para questionar a decisão que indeferiu o pedido de
livramento condicional?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O meio de impugnação cabível é a interposição do recurso de agravo em execução,


com fundamento no artigo 197 da Lei nº 7.210/84. Considerando o disposto na Súmula
700 do Supremo Tribunal Federal, o prazo para a interposição do recurso de agravo
em execução é de cinco dias.

b) Após implementar 2/3 da pena imposta pelo crime de estupro de vulnerável, Tício
formulou pedido de livramento condicional, sendo indeferido pelo Juízo da Execução
Penal, sob o fundamento de que, na condição de reincidente, não teria direito ao
benefício pleiteado. Todavia, nos termos do artigo 83, inciso V, do Código Penal, a
vedação do livramento condicional ocorre na hipótese de o agente ser reincidente
específico em crimes de natureza hedionda. No caso, o réu registra sentença
condenatória definitiva pela prática do crime de furto. Logo, Tício não é reincidente
específico pela prática de crime de natureza hedionda, razão pela qual tem direito ao
livramento condicional.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 57

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Cross Fox estava cumprindo pena pelo delito de tráfico de drogas, praticado em 28 de maio de
2014. Trata-se de condenação à pena de 9 anos de reclusão em regime inicial fechado, até o
momento o apenado já cumpriu mais de 7 anos, encontrando-se em regime aberto. O apenado
já cumpriu pena anteriormente por tráfico privilegiado de drogas (Art. 33, § 4º, da Lei nº
11.343/06), motivo pelo qual foi reconhecida a condição de reincidente. Por intermédio de seu
defensor constituído, pleiteou liberdade condicional, a qual restou indeferida pelo Juiz da Vara
de Execução Penal, após a devida oitiva do representante do Ministério Público, em razão da
reincidência específica em delito de tráfico de drogas. Diante dos dados narrados, responda:

a) Está correta a decisão do Juiz? Justifique.


b) Há previsão legal de recurso neste caso? Indique o fundamento e o prazo legal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A decisão judicial merece reparo, pois no presente caso não há reincidência


específica nos delitos descritos no artigo 44, parágrafo único, da Lei nº 11.343/06,
tampouco naqueles do artigo 83, inciso V, do Código Penal. Ao contrário, muito
embora Cross Fox possua duas condenações por tráfico, uma delas refere-se ao
tráfico privilegiado, que não é equiparado a delito hediondo. Logo, faz jus ao
livramento condicional, preenchendo, inclusive, o requisito temporal para tanto.

b) Sim, das decisões do juiz da Vara de Execução Criminal caberá Agravo em


Execução, com base no artigo 197 da Lei nº 7.210/84. O prazo para o recurso é de 5
dias, nos termos da súmula 700 do Supremo Tribunal Federal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 58

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 20 de fevereiro de 2020, Alexandre Maia, primário, foi preso em flagrante pela prática do
crime de roubo majorado pelo emprego de faca. Após oferecimento da denúncia e regular
andamento do processo, o Magistrado proferiu sentença condenatória, aplicando a pena de 5
(cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, em regime semiaberto, iniciando a cumprir em julho
de 2020. Após cumprir 25% da pena, considerando o período de remição, Alexandre Maia
postulou a progressão de regime, sendo indeferido pelo Magistrado, sob o fundamento de que
teria de cumprir 40% da pena, já que o crime de roubo com emprego de arma é considerado
hediondo. Com base nas informações expostas, responda, como advogado(a) contratado por
Alexandre, aos itens a seguir.

a) Qual o meio de impugnação seria cabível contra a decisão proferida, e qual o prazo para
interposição?
b) Qual o argumento a ser apresentado para questionar a decisão que indeferiu o pedido de
progressão de regime?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O meio de impugnação cabível é a interposição do recurso de agravo em execução,


com fundamento no artigo 197 da Lei nº 7.210/84. Considerando o disposto na Súmula
700 do Supremo Tribunal Federal, o prazo para a interposição do recurso de agravo
em execução é de cinco dias.

b) Após cumprir 25% da pena, considerando o período de remição, Alexandre Maia


postulou a progressão de regime, sendo indeferido pelo Magistrado, sob o fundamento
de que teria de cumprir 40% da pena, já que o crime de roubo com emprego de arma
é considerado hediondo. Todavia, nos termos do artigo 1º, inciso II, alínea “a”, da Lei
nº 8.072/90, apenas o crime de roubo majorado com emprego de arma de fogo passou
a ser considerado hediondo. Logo, o crime de roubo majorado pelo emprego de faca
não é considerado hediondo, razão pela qual Alexandre tem direito à progressão de
regime, já que implementou o requisito objetivo para obtenção do benefício, qual seja,
25% da pena, nos termos do artigo 112, inciso III, da Lei nº 7.210/84.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 59

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 02 de janeiro de 2004, Nilo Abreu, que contava com 19 anos de idade na época do fato,
furta vários relógios de ouro de uma Joalheria, localizada na Praça da Matriz na Cidade de São
Luiz Gonzaga. Após longa instrução para apurar os fatos, a autoridade policial conclui o Inquérito
Policial em 02 de junho de 2008. Após receber vista do procedimento policial, no dia 08 de junho
de 2008, o representante do Ministério Público ofereceu denúncia, atribuindo a NILO ABREU a
prática do crime previsto no Art. 155, “caput”, do CP. O Magistrado recebeu a denúncia e
determinou a citação de Nilo Abreu, sendo o mandado de citação devidamente cumprido.
Considerando as informações narradas, responda aos itens a seguir.

a) Qual a peça processual, diversa de habeas corpus, a ser adotada pela defesa técnica de Nilo
Abreu?
b) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado em favor de Nilo Abreu e qual o
pedido a ser formulado?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça processual cabível será Resposta à Acusação, com base nos artigos 396 e
396-A, ambos do Código de Processo Penal.

b) O argumento de direito material a ser apresentado é que ocorreu a prescrição da


pretensão punitiva em abstrato, pois entre a data do fato até a data do recebimento
da denúncia, decorreu o prazo de 4 anos, com fulcro no artigo 109, inciso IV, do
Código Penal. Nota-se que, neste caso, conforme dispõe o artigo 115 do Código
Penal, o prazo prescricional do delito de furto simples será reduzido pela metade, pois
o autor era menor de 21 anos na data do fato, devendo, portanto, ser considerado
como prazo prescricional a metade de 8 anos, ou seja, 4 anos. Logo, incidiu, no caso
de prescrição da pretensão punitiva, causa de extinção da punibilidade, conforme o
artigo 107, IV, Código Penal. Como se trata de resposta a acusação o pedido a ser
formulado é a absolvição sumária, com base no artigo 397, inciso IV, do Código de
Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 60

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Luísa, insatisfeita com o fim do relacionamento amoroso com Bruno, vai até a casa deste na
companhia da amiga Vanessa e ambas começam a quebrar todos os porta-retratos da residência
nos quais estavam expostas fotos da nova namorada de Bruno. Quando descobre os fatos,
Bruno procura um advogado, que esclarece a natureza privada da ação criminal pela prática do
crime de dano. Diante disso, Bruno opta por propor queixa-crime em face de Luísa pela prática
do crime de dano (Art. 163, caput, do Código Penal), já que nunca mantiveram boa relação e ele
tinha conhecimento de que ela era reincidente, mas, quanto a Vanessa, liga para ela e diz que
nada fará, pedindo, apenas, que o fato não se repita. Apesar da decisão de Bruno, Vanessa fica
preocupada quanto à possibilidade de ele mudar de opinião, razão pela qual contrata um
advogado junto com Luísa para consultoria jurídica. Considerando apenas as informações
narradas, responda:

a) Qual o prazo para o ajuizamento da queixa-crime?


b) Qual argumento poderá ser formulado pelo advogado de Luísa, para evitar a sua punição?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O prazo é de 6 (seis) meses, a contar da ciência da autoria do fato, nos termos do


artigo 38 do Código de Processo Penal e 103 do Código Penal.

b) O argumento a ser formulado pela defesa é o de que ocorreu a renúncia ao direito


de queixa em relação à Vanessa. E, nos termos do artigo 49 do Código de Processo
Penal e artigo 104 do Código Penal, a renúncia ao exercício do direito de queixa em
relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Logo, deverá ser declarada
extinta a punibilidade de Luísa e Vanessa, nos termos do artigo 107, V, do Código
Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 61

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 05 de novembro de 2006, Félix Salvador, nascido em 07 de junho de 1986, após manobra
imprudente, atropelou Cidinha Coitada, causando-lhe a morte. Diante disso, a autoridade policial
instaurou o respectivo inquérito policial pela prática do crime de lesão corporal culposa na
condução de veículo automotor, previsto no Art. 302, “caput” do Código de Trânsito Brasileiro.
No dia 05 de abril de 2009, a autoridade policial encaminhou o inquérito policial ao Poder
Judiciário. Os autos foram remetidos ao Ministério Público, que ofereceu denúncia contra Félix
Salvador, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 302, “caput”, do Código de Trânsito
Brasileiro. A denúncia foi recebida em 10 de abril de 2009. Após várias intercorrências na
elaboração da prova pericial, aliada à dificuldade de localizar uma testemunha da defesa, foi
realizada audiência de instrução no dia 24 de junho de 2013, sendo ouvidas as testemunhas da
acusação, a testemunha da defesa, com final interrogatório do réu. Declarada encerrada a
instrução, o Ministério Público pugnou pela condenação nos termos da denúncia. Você, na
condição de advogado(a) de Félix, foi intimado(a). Considerando as informações narradas,
responda aos itens a seguir:

a) Qual a peça processual, diversa de habeas corpus, a ser adotada pela defesa técnica de
Félix?
b) Qual argumento de direito material, diverso da absolvição, para evitar que Félix seja punido
pelo delito que lhe foi imputado?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A peça processual cabível será Alegações Finais por Memoriais OU Memoriais


Escritos, com base no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal.

b) O argumento de direito material a ser apresentado é que ocorreu a prescrição da


pretensão punitiva em abstrato, pois entre a data do recebimento da denúncia
(10/04/2009) até a data da audiência de instrução (24/06/2013), decorreu o prazo de
4 anos. Nota-se que, neste caso, conforme dispõe o artigo 115 do Código Penal, o
prazo prescricional do delito de homicídio culposo na condução de veículo automotor,
previsto no artigo 302, “caput”, do Código de Trânsito Brasileiro será reduzido pela
metade, pois o autor era menor de 21 anos na data do fato. Logo, o prazo prescricional
que seria de 08 anos, nos termos do artigo 109, V, do Código Penal, será reduzido
pela metade, sendo, portanto, de 04 anos.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 62

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 16.03.2019, por volta das 16h, em Santa Cruz do Sul, ocorreu a prática do delito de roubo
majorado, com emprego de arma de fogo, previsto no Art. 157, § 2º-A, inciso I, do CP. A vítima
descreveu as características físicas do autor do delito, já que não visualizou seu rosto porque
encoberto com uma touca ninja. No dia seguinte, a polícia encontrou WILSON DA ROSA,
apenado que cumpre pena no regime semiaberto, mas que tinha autorização para exercer
serviço externo. Após procederem à revista pessoal, nada encontrando em seu poder, levaram-
no para que a vítima pudesse reconhecê-lo. A vítima disse que Wilson tinha as mesmas
características físicas do autor do roubo, acrescentando que se tratava da mesma pessoa que
assaltara seu estabelecimento comercial há um ano. Diante da narrativa da vítima, os policiais
militares deram voz de prisão em flagrante a Wilson e o conduziram até a Delegacia local, onde
a autoridade policial determinou a lavratura do auto de prisão em flagrante. Considerando a
narrativa apresentada, responda, na condição de advogado de Wilson os seguintes itens.

a) Qual requerimento deverá ser formulado buscando a soltura de Wilson?


b) Qual fundamento deverá ser invocado para a soltura de Wilson?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O requerimento a ser formulado é o de relaxamento de prisão em flagrante, com


base no artigo 310, inciso I, do Código de Processo Penal, e artigo 5º, inciso LXV,
Constituição Federal/88.

b) O fundamento a ser invocado é o de que a prisão é ilegal, uma vez que não estão
presentes nenhuma das hipóteses do artigo 302 do Código de Processo Penal. O
requerente não foi preso cometendo o delito, nem quando acabou, em tese, de
cometer. Também não ocorreu perseguição, logo após, à prática do suposto crime,
nem tampouco foi encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que indicassem que seria autor do crime. Logo, porque ausentes as hipóteses
do artigo 302, incisos I, II, III e IV, do Código de Processo Penal, a prisão ilegal deverá
ser relaxada.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 63

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Durante investigação para apurar a prática de roubos a agências bancárias ocorridos em Volta
Redonda/RJ, agentes da polícia civil, embora desconfiados que Pedro Rocha esteja envolvido
nos crimes, não conseguiram reunir provas suficientes para apontá-lo como um dos assaltantes
de banco. Diante disso, deliberaram que um dos policiais iria se aproximar do investigado Pedro
Rocha para com ele estabelecer relação de confiança. Ao manter reiterados contatos com Pedro
Rocha, o agente policial se passa por assaltante e convence o investigado a praticar um roubo
em determinada agência bancária. Assim, no dia 15 de outubro de 2012, previamente
engendrados, o policial disfarçado e o investigado dirigem-se ao banco e, no instante que
ingressaram na agência bancária e anunciaram o assalto, diversos policiais, que monitoravam
toda a ação, prenderam Pedro Rocha em flagrante, sob a acusação da prática do crime de roubo
majorado tentado. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser
inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de Pedro Rocha, responda os
itens a seguir:

a) Qual requerimento deve ser formulado em busca da liberdade de Pedro Rocha?


b) Qual o fundamento pode ser invocado para buscar a soltura de Pedro Rocha?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O requerimento a ser formulado é o relaxamento da prisão em flagrante, com base


no artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal/88 e artigo 310, inciso I, do Código
de Processo Penal.

b) O fundamento a ser invocado é no sentido de que o auto de prisão em flagrante é


ilegal, porque se trata de flagrante provocado, já que Pedro Rocha somente deu início
à execução do delito, porque foi convencido por um policial, sendo adotadas
providências para tornar impossível a consumação do delito, tratando-se, portanto, de
hipótese de crime impossível, nos termos da Súmula nº 145 do Supremo Tribunal
Federal e artigo 17 do Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 64

Prof. Arnaldo Quaresma Jr.


@profarnaldoquaresma

Sabendo que Joana, uma moradora de rua com quem nunca tinha conversado, praticava
diversos furtos no bairro em que morava, Carlos resolve convidá-la para juntos subtraírem R$
1.000,00 da sede do Ministério Público de Niterói/RJ, não contando para ela, contudo, que era
funcionário público e nem que exercia suas funções no prédio em questão. Praticam, então, o
delito, e Joana fica surpresa com a facilidade que tiveram para chegar ao cofre da Secretaria de
uma das Promotorias. Descoberto o fato pelas câmeras de segurança, são os dois agentes
denunciados em 15 de julho de 2018, pela prática do crime de peculato. João foi notificado e
citado pessoalmente, enquanto Joana foi notificada e citada por edital, pois não foi localizada em
sua residência. A família de Joana constituiu advogado e o processo prosseguiu, mas dele a ré
não tomou conhecimento. Foi decretada a revelia de Joana, que não compareceu aos atos
processuais. Ao final, os acusados foram condenados pela prática do crime previsto no artigo
312 do Código Penal à pena de 02 anos de reclusão. Ocorre que, na verdade, Joana estava
presa naquela mesma Comarca, desde 05 de março de 2017, em razão de prisão preventiva
decretada em outros dois processos. Ao ser intimada da sentença, ela procura você na condição
de advogado(a). Considerando a hipótese narrada, você na condição de advogado(a) de Joana,
responda aos itens a seguir.

a) Qual argumento de direito processual poderia ser apresentado em favor de Joana em sede
de apelação? Justifique.

b) No mérito, Joana foi corretamente condenada pela prática do crime de peculato? Justifique
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O examinando deveria alegar que, em relação à Joana, o processo é nulo desde a


citação. Quando Joana foi citada por edital, ela estava presa em estabelecimento na
mesma unidade da Federação do juízo processante, logo sua citação foi nula,
conforme artigo 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal/88, artigo 360 do Código
de Processo Penal e Súmula 351 do Supremo Tribunal Federal. Como ela não tomou
conhecimento da ação e nem mesmo foi interrogada, pois teve sua revelia decretada,
o prejuízo é claro. Assim, em sede de Apelação, antes de enfrentar o mérito da
apelação, deveria o advogado buscar a anulação de todos os atos após sua citação,
inclusive da sentença. Poderia, ainda, o candidato justificar a nulidade na exigência
trazida pelo artigo 360 do Código de Processo Penal, que prevê que o réu preso deve
ser citado pessoalmente.

b) Joana não foi corretamente condenada pela prática do crime de peculato. Em que
pese o artigo 30 do Código Penal prever que as “circunstâncias” de caráter pessoal
se comunicam quando elementares do crime, não é possível, no caso concreto, a
aplicação desse dispositivo, porque o enunciado deixa claro que Joana não tinha
conhecimento da condição de funcionário público de Carlos não sendo possível
responsabilizá-la por peculato. A simples afirmação de que as circunstâncias pessoais
não se comunicam é insuficiente para atribuição da pontuação, pois, quando
elementares, poderá haver comunicação, desde que o agente tenha conhecimento
dessa situação. Da mesma forma, inadequada a afirmativa no sentido de que o
particular não pode ser responsabilizado pelo crime próprio de peculato, pois
insuficiente. Vale destacar que Joana deveria ser responsabilizada penalmente pelo
delito de furto previsto no artigo 155 do Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 65

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Chivitos, uruguaio, primário, cumprindo pena no Brasil, recolhido desde o dia 20 de janeiro de
2018, pela prática do delito de homicídio, artigo 121, “caput”, do Código Penal (duas vezes), foi
condenado à pena de 12 anos de reclusão, regime inicial fechado. Sabe-se que Chivitos possui
bom comportamento carcerário, não registra falta grave durante a execução, atualmente está em
regime semiaberto. A situação de Chivitos é irregular no Brasil. Considerando as informações
acima, a defesa postulou o livramento condicional, em março de 2022. Após a oitiva do Ministério
Público, o magistrado da Vara de Execução Penal indeferiu o pedido com base nos seguintes
argumentos: “Trata-se de apenado condenado por crime hediondo com resultado morte. Logo,
não é possível a obtenção de livramento condicional. Além disso, a situação irregular no Brasil é
fator impeditivo para obtenção do instituto”.

Diante da decisão acima, aos itens a seguir.

a) Qual o recurso cabível para atacar a decisão?

b) Quais os fundamentos que poderão ser utilizados em favor de Chivitos? Fundamente.


Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O recurso cabível é o Agravo em Execução, nos termos do artigo 197 da LEP.

b) Em relação aos argumentos que fundamentaram o indeferimento do pedido,


primeiramente o acusado não foi condenado por delito hediondo, visto que se trata
de condenação por homicídio simples e sendo primário o lapso temporal exigido para
o livramento condicional, conforme o artigo 83, inciso I, do CP, é o cumprimento de
mais de 1/3 de pena, o que está plenamente satisfeito. No tocante à situação
irregular, não há no artigo 83 do Código Penal qualquer menção neste sentido, ou
seja, não há qualquer óbice, sendo ilegal a exigência de tal condição. Desta forma,
Chivitos faz jus ao livramento condicional.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 66

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Cross Fox, primário, está cumprindo pena em regime semiaberto, desde o dia 20 de agosto de
2020, pois foi condenado à pena de 5 anos, pelo delito descrito no artigo 35 da Lei nº 11.343/06,
associação ao tráfico de drogas praticado em novembro de 2019. A Defensoria Pública requereu
progressão de regime, em fevereiro de 2022, tendo o Juiz da Vara de Execução Penal, após
ouvir o Ministério Público, indeferido o pedido, apesar do preenchimento das condições
subjetivas, justificou com base na ausência de preenchimento do lapso temporal exigido por lei
de 40% de pena cumprida, ou seja, de 2/5 da pena.

Você foi contratado pela família de Cross Fox para acompanhar a execução penal, tendo sido
intimado(a) da decisão judicial, responda de forma fundamentada aos itens a seguir.

a) O que deverá ser alegado na defesa de Cross Fox em prol da progressão de regime?
Fundamente.

b) Caso Cross Fox pretenda pleitear o livramento condicional, qual o requisito objetivo que deverá
preencher para obter o direito? Fundamente.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Deverá ser alegado o preenchimento do lapso temporal de 16% da pena, uma


vez que o delito de associação ao tráfico não é delito equiparado a crime hediondo,
pois não há previsão no rol do artigo 1° da Lei nº 8.072/90, tampouco no artigo 2º da
referida Lei. Logo, dar um tratamento mais gravoso afrontaria a legalidade. Assim,
Cross Fox preenche o requisito temporal necessário, fazendo jus à progressão de
regime.

b) Caso Cross Fox pretenda pleitear o livramento condicional, deve demonstrar o


preenchimento de mais de 2/3 de pena cumprida, nos termos do artigo 44, parágrafo
único, da Lei nº 11.343/06, muito embora não se trate de delito equiparado
legalmente a crime hediondo.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 67

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Sílvio foi condenado pela prática de crime de roubo, ocorrido em 10 de janeiro de 2017, por
decisão transitada em julgado, em 05 de março de 2018, à pena base de 4 anos de reclusão,
majorada em 1/3 em razão do emprego de arma branca, totalizando 5 anos e 4 meses de pena
privativa de liberdade, além de multa. Após ter sido iniciado o cumprimento definitivo da pena
por Sílvio, foi editada, em 23 de abril de 2018, a Lei nº 13.654/18, que excluiu a causa de aumento
pelo emprego de arma branca no crime de roubo. Ao tomar conhecimento da edição da nova lei,
a família de Sílvio procura você, como advogado(a), neste contexto responda:

a) O que poderá ser pleiteado em favor de Silvio? Justifique.


b) Caso seja indeferido o pedido, poderá ser impugnada a decisão por intermédio de algum
recurso? Indique a base legal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Poderá ser pleiteado ao Juiz da Vara de Execução o afastamento da majorante


aplicada a Silvio, com a aplicação da nova lei mais benéfica, Lei nº 13.654/18, com
base no artigo 66, inciso I, da Lei de Execução Penal, combinado com a Súmula 611
do Superior Tribunal Federal e artigos 2º, parágrafo único, do Código Penal e 5º, inciso
XL, da Constituição Federal/88.

b) Caso seja indeferido, caberá recurso de Agravo em Execução, com base no artigo
197 da Lei de Execução Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 68

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Andriotti, líder local do Movimento dos Sem Terras, foi pronunciado pela prática de homicídio
qualificado tendo como vítima um Fazendeiro chamado João Netto, o qual era muito conhecido
na comunidade por suas benfeitorias à região. O fato ocorreu no município João Gabriel, local
conhecido por constantes conflitos envolvendo terras. Sabe-se que as pessoas da Comarca
repercutem o assunto, sempre se posicionando a respeito do caso, havendo fundadas suspeitas
sobre a imparcialidade do Júri. Desta forma, na condição de advogado de Andriotti, responda de
forma fundamentada:

a) Qual seria a medida adequada para assegurar da melhor maneira os interesses de seu cliente,
considerando que o julgamento foi designado para ocorrer daqui três meses?
b) A quem deverá ser endereçada?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A medida adequada é o Pedido de Desaforamento, nos termos do artigo 427 do


Código de Processo Penal, em razão das fundadas suspeitas da imparcialidade dos
Jurados.

b) A medida deverá ser endereçada ao Tribunal de Justiça, conforme o "caput" do


artigo 427 do Código de Processo Penal. Trata-se de uma medida excepcional que
desloca a competência de julgamento.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 69

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Desempregado, Adriano se deslocou até uma agência de emprego, levando o seu currículo na
mão. Ao chegar em frente ao local, foi abordado por Wilson, que se apresentou como funcionário
da agência de emprego, e, ao analisar rapidamente o currículo de Adriano, afirmou que teria um
emprego a oferecer para ele. Para isso, Adriano precisaria inicialmente apresentar seus
documentos. Posteriormente, Wilson solicitou que Adriano lhe entregasse seu aparelho de
telefonia celular, afirmando que iria ao interior da agência de empregos para cadastrar o
aparelho. Adriano, então, entregou a Wilson seu celular, combinando de aguardá-lo em via
pública. Uma hora depois, considerando que Wilson estava demorando, Adriano o procurou na
agência, descobrindo que, na verdade, ele nunca trabalhara no local e que deixara a localidade
na posse do seu telefone assim que o recebeu. Indignado, Adriano registrou ocorrência na
Delegacia de Polícia. Após conclusão do inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia
contra Wilson pela prática do crime de furto qualificado pelo emprego de fraude (art. 155, § 4º,
inciso II, do Código Penal). Diante do fato hipotético, responda, na condição de advogado(a) de
Wilson, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Em sede de memoriais, qual argumento de direito material pode ser usado para questionar a
capitulação atribuída pelo Ministério Público na denúncia? Justifique
b) Em sendo acolhida a tese defensiva quanto à capitulação do delito, o juiz poderá, de imediato,
proferir sentença condenatória?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A tese de direito material seria que a capitulação atribuída pelo Ministério Público
está equivocada, uma vez que se trata de crime de estelionato, previsto no artigo 171,
“caput”, do Código Penal. Wilson foi acusado de ter praticado o crime de furto
qualificado pela fraude. Todavia, eventual fraude não foi empregada para diminuir a
vigilância da vítima sobre o celular, a fim de que pudesse se apossar do aparelho. No
caso, a vítima, induzida em erro, supondo que se tratava do funcionário da agência
de empregos, entregou o celular para ser cadastrado. Logo, deve ser dada definição
jurídica diversa à atribuída pelo Ministério Público na denúncia, classificando o fato
imputado a Wilson como sendo o crime de estelionato, previsto no artigo 171, “caput”,
do Código Penal.

b) O juiz não poderá, de imediato, proferir sentença condenatória. Wilson foi


denunciado por ter praticado o crime de furto qualificado mediante fraude, cuja pena
cominada é de 02 a 08 anos, de reclusão. Todavia, com a definição jurídica diversa,
já que o fato narrado na denúncia consiste, na verdade, no crime de estelionato,
previsto no artigo 171, “caput”, do Código Penal, a pena mínima do delito é de 01 ano.
Logo, nos termos do artigo 383, § 1º, do Código de Processo Penal e Súmula 337
Superior Tribunal de Justiça, o Magistrado não poderá proferir sentença condenatória,
devendo proceder conforme a lei, concedendo vista dos autos ao Ministério Público
para fins de proposta de suspensão condicional do processo, conforme o artigo 89 da
Lei 9.099/95.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 70

Profa. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Carmelindo cumpre pena de 12 anos de reclusão, em regime inicial fechado, por homicídio
qualificado, praticado em 12 de março de 2015. Iniciou o cumprimento da pena em 20 de
setembro de 2015. O comportamento de Carmelindo é plenamente satisfatório, tendo trabalhado
durante todo o período de recolhimento. Atualmente, está em regime semiaberto. O advogado
contratado por sua família, pleiteou o direito à saída temporária tendo sido indeferida pelo
magistrado, que acompanhou o parecer do Ministério Público, considerando a nova redação do
artigo 122, § 2º, da Lei de Execução Penal. Na condição de advogado(a) de Carmelindo,
responda de forma fundamentada aos itens a seguir.

a) A decisão judicial é passível de impugnação por qual instrumento?


b) Caso positivo, quais os fundamentos jurídicos que poderão ser utilizados?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) A decisão judicial é passível de impugnação pela via recursal, através da utilização


do recurso de Agravo em Execução, nos termos do artigo 197 da Lei de Execução
Penal (Lei nº 7.210/84).

b) A nova redação do artigo 122, §2º, da Lei de Execução Penal, dada pela Lei nº
13.964/2019, não poderá retroagir a fatos praticados antes da sua vigência, nos
termos do artigo 5ª, inciso XL, da Constituição Federal/88. A norma produz efeitos
sobre a liberdade do apenado, restringindo direitos, logo não poderá incidir em casos
praticados antes do dia 23 de janeiro de 2020.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 71

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

Cross Fox foi denunciado pelo crime de estelionato, artigo 171, “caput”, do Código Penal, sendo
que, excetuando uma condenação definitiva pela prática de contravenção de perturbação de
sossego, jamais foi condenado criminalmente. Com base nas informações expostas, responda,
como advogado(a) contratado por Cross Fox, aos itens a seguir.

a) Cross Fox poderá ser beneficiado por alguma medida despenalizadora, para evitar o
prosseguimento do processo penal?
b) Na hipótese de prosseguimento do processo até final sentença, o juiz, na fixação da pena,
poderá reconhecer a agravante da reincidência?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Cross Fox poderá ser beneficiado com a suspensão condicional do processo, visto
que preenche os requisitos do artigo 89 da Lei nº 9.099/95. Ressalta-se que o fato de
Cross Fox já ter sido condenado por uma contravenção não impede que usufrua da
suspensão condicional do processo, pois o artigo 89 da Lei nº 9.099/95 inviabiliza o
benefício para aquelas pessoas que já foram condenadas ou estejam sendo
processadas somente por crime.

b) O Magistrado não poderá reconhecer a agravante da reincidência, uma vez que a


condenação anterior por contravenção penal não enseja agravante da reincidência,
por absoluta ausência de previsão legal, visto que não se enquadra na hipótese do
artigo 63 do Código Penal e artigo 7º do Dec. Lei 3688/41, que preveem condenação
definitiva anterior pela prática de crime, e não por contravenção penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 72

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

No dia 15 de janeiro de 2012, por volta das 21 horas, Ziah Mansur subtraiu, para si, coisa alheia
móvel, consistente numa TV de plasma, avaliada em R$ 2.000,00 (dois mil reais), ingressando
na residência, prevalecendo-se da porta aberta deixada de forma descuidada pela vítima. A
autoridade policial instaurou inquérito policial, indiciando Ziah Mansur como incurso no crime do
art. 155, “caput”, do Código Penal. O Ministério Público, por sua vez, ofereceu denúncia contra
Ziah, atribuindo-lhe a prática do delito do artigo 155, § 1º (furto durante o repouso noturno), do
Código Penal. Após regular instrução, o Magistrado proferiu sentença, julgando procedente a
denúncia, para condenar Ziah nas penas do artigo 155, § 1º, do CP. Na primeira fase da
aplicação da pena, o juiz considerou todas as circunstâncias judiciais favoráveis, fixando a pena-
base no mínimo legal, qual seja, 01 ano. Na segunda fase, agravou a pena em 06 meses, em
razão da reincidência. Na terceira fase, aumentou a pena em 1/3 por força da majorante do
repouso noturno, tornando a pena definitiva em 02 anos de reclusão. Após, o juiz fixou o regime
inicial de cumprimento de pena como sendo o fechado, em razão da reincidência. Diante disso,
pergunta-se:
a) Considerando entendimento adotado na Jurisprudência, agiu corretamente o Magistrado ao
fixar o regime inicial de cumprimento de pena como sendo o fechado? Justifique.
b) Se a reincidência tivesse decorrido da condenação anterior pela prática do crime de
estelionato, haveria possibilidade de Ziah obter a substituição da pena privativa de liberdade em
restritiva de direitos? Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O Magistrado não agiu de forma correta, porque, nos termos da Súmula 269 do
Superior Tribunal de Justiça, é admissível a adoção do regime prisional semiaberto
aos reincidentes condenado à pena igual ou inferior a 04 anos, se favoráveis as
circunstâncias judiciais. Como a pena aplicada foi de 02 anos, e o juiz considerou as
circunstâncias judiciais favoráveis, deveria fixar o regime inicial semiaberto.

b) Ziah tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de


direitos, pois preenche os requisitos previstos no artigo 44 do Código Penal, e, ainda,
a reincidência não é pela prática do mesmo crime, já que o crime anterior foi de
estelionato, sendo, ainda, socialmente recomendável a substituição, tanto que o juiz
considerou todas as circunstâncias judiciais favoráveis, nos termos do artigo 44, § 3º,
do Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 73

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Manuela, sócia de um grande escritório de advocacia, especializado na área criminal, recebeu,


no dia 02 de outubro de 2017, duas intimações de decisões referentes a dois clientes diferentes.
A primeira intimação tratava de decisão proferida pela 1ª Câmara Criminal de determinado
Tribunal de Justiça denegando a ordem de habeas corpus que havia sido apresentada perante
o órgão em favor de Gérson (após negativa em primeira instância), que responde preso a ação
pela suposta prática de crime de roubo. A segunda intimação foi de decisão proferida pelo Juiz
de Direito da 1ª Vara Criminal de Fortaleza, também denegando ordem de habeas corpus, mas,
dessa vez, a medida havia sido apresentada em favor de Rodolfo, que figura como indiciado em
inquérito que investiga a suposta prática do crime de tráfico de drogas. Insatisfeita com as
decisões proferidas, responda aos itens a seguir.

a) Qual recurso Manuela deverá interpor contra a decisão proferida em face de Gérson?
b) E para atacar a decisão proferida contra Rodolfo?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) Em relação à Gerson o recurso cabível contra a decisão que denegou o Habeas


Corpus, será o recurso ordinário constitucional, com base no artigo 105, inciso II,
alínea “a” da Constituição Federal/88.

b) Em relação ao Rodolfo, o recurso cabível contra a decisão que denegou o Habeas


Corpus, será o Recurso em Sentido estrito, com base no artigo 581, inciso X, do
Código de Processo Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 74

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

Em uma discussão de futebol, Rubens e Enrico, em comunhão de ações e desígnios, chamaram


Eduardo de “ladrão” e “estelionatário”, razão pela qual Eduardo formulou uma queixa-crime em
face de ambos. No curso da ação penal, Rubens procurou Eduardo para pedir desculpas pelos
seus atos, razão pela qual Eduardo expressamente concedeu perdão do ofendido em seu favor,
sendo esse prontamente aceito e, consequentemente, extinto a punibilidade de Rubens.
Eduardo, contudo, se recusou a conceder o perdão para Enrico, pois disse que não era a primeira
vez que o querelado tinha esse tipo de atitude. Considerando apenas as informações narradas,
responda aos itens a seguir.

a) Qual o crime praticado, em tese, por Rubens e Enrico?


b) Que argumento poderá ser formulado pelo advogado de Enrico para evitar sua punição?
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O crime praticado por Rubens e Enrico foi o de injúria, na forma do artigo 140 do
Código Penal. Apesar das ofensas serem relacionadas à pessoa que pratica crimes,
já que Eduardo foi chamado de “ladrão” e “estelionatário”, não há que se falar em
crime de calúnia. A calúnia exige, para sua configuração, que seja atribuída ao
ofendido a prática de determinado fato que configure crime. No caso, não foram
atribuídos fatos, mas sim qualidades pejorativas.

b) O argumento a ser formulado pela defesa é o de que o perdão do ofendido oferecido


a um dos querelados irá aproveitar para todos, conforme artigo 51 do Código de
Processo Penal, gerando a extinção da punibilidade de todos os coautores, caso seja
aceito (artigo 107, inciso V, do Código Penal). Ao conceder o perdão para Rubens,
necessariamente esse perdão deve ser estendido para Enrico, de modo que, com sua
aceitação, haverá extinção da sua punibilidade.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

Questão 75

Prof. Nidal Ahmad


@prof.nidal

Carlos, 50 anos, foi condenado, de maneira definitiva, pela prática de crime de tentativa de roubo
simples, ao cumprimento de pena de 02 anos de reclusão, em regime inicial semiaberto em razão
das peculiaridades do caso, já que reincidente. Após o cumprimento de 02 meses da pena
aplicada, Carlos veio a praticar, no dia 10 de março de 2015, falta grave, consistente na fuga do
estabelecimento carcerário. Após processo administrativo disciplinar, inclusive com participação
da defesa técnica de Carlos, foi reconhecida a prática de falta grave. O juiz da execução penal,
em procedimento regular, ainda no ano de 2015, confirmou o reconhecimento da prática de falta
grave e determinou o reinício do prazo para obtenção do livramento condicional. No dia 14 de
março de 2019, em um patrulhamento de rotina, a autoridade policial abordou Carlos e percebeu
que havia mandado de prisão expedido contra ele. Preocupados, familiares de Carlos procuram
você, para na condição de advogado(a), adotar as medidas cabíveis. Considerando apenas as
informações narradas, na condição de advogado de Carlos, responda aos itens a seguir.

a) Em sede de Agravo à Execução, qual argumento deverá ser apresentado para combater a
decisão do Magistrado que determinou o reinício da contagem do prazo para livramento
condicional? Justifique.
b) Por meio de habeas corpus, qual argumento de direito material poderá ser apresentado para
evitar a execução do restante da pena de Carlos? Justifique.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

a) O argumento a ser apresentado pela defesa técnica de Carlos é no sentido de que


a prática de falta grave não gera o reinício do prazo de contagem do livramento
condicional. De acordo com o artigo 118, inciso I, da Lei nº 7.210/84 (LEP), a prática
de falta grave enseja à regressão de regime. Todavia, a Lei de Execução Penal não
prevê como consequência da prática de falta grave o reinício do prazo para obtenção
do livramento condicional, sendo certo que a execução penal também está sujeita ao
princípio da legalidade. Dessa forma, equivocada a decisão do Magistrado ao
determinar a interrupção do prazo para obtenção de livramento condicional, nos
termos da Súmula 441 do Superior Tribunal de Justiça.

b) O argumento de direito material para evitar a execução do restante da pena


privativa de liberdade é o reconhecimento da prescrição da pretensão executória. Isso
porque o prazo da prescrição da pretensão executória, quando há início do
cumprimento da pena, inicia-se quando da interrupção deste cumprimento, conforme
artigo 112, inciso II, do Código Penal, que ocorreu em 10/03/2015. Ademais, o prazo
prescricional deverá ser contado considerando a pena que resta a ser cumprida e não
a aplicada, nos termos do artigo 113 do Código Penal. No caso, restavam menos de
02 anos de pena a ser cumprida, de modo que, na forma do artigo 109, inciso V, do
Código Penal, o prazo prescricional da pretensão executória seria de 04 anos. Assim,
considerando que entre a data da fuga (10.03.2015) e a data em que foi recapturado
(14.03.2019) passaram-se mais de quatro anos, conclui-se que incidiu a prescrição
da pretensão executória, devendo ser declarada a extinta a punibilidade de Carlos,
com base no artigo 107, IV, do Código Penal.
Caderno de Questões
2ª Fase Penal

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