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1 ALVES, Rubem. Variações sobre o prazer. São Paulo: Editora Planeta, 2011, p. 54-55.
2 BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 1996.
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7 BENITES, Afonso. Folha de São Paulo. 93% dos paulistanos querem redução da
maioridade penal. Matéria veiculada em 17/04/2013.
8 DOURADO, Kamilla. Portal R7 Notícias. Mais de 90% da população aprova a
redução da maioridade penal. Matéria veiculada em 11/6/2013.
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para sua prática; d) para reduzir essa violência promovida pelo pú-
blico juvenil, o Direito Penal é a saída mais rápida e eficaz. Esse “sa-
ber” jurídico e o sistema de comunicação de mídia produzem uma
realidade irreal, e que não dá espaço para que as pessoas permitam
perceber a deslegitimação perante os problemas colocados.
A discussão deixa os bancos das Academias de Direito para
invadir a sociedade, que com o apropriar dos meios de comuni-
cação de massa, torna toda e qualquer pessoa legitimado para
proferir juízos sobre o Direito Penal. Todos têm respostas prontas,
criativas e brilhantes quando o tema em voga é criminalidade
(ainda que imaginária) e a solução que deve se ofertar a ela.9
A filosofia10 tem demonstrado, ao longo dos séculos, que o que
torna um objeto dificilmente compreensível é o contraste entre a
compreensão do objeto e aquilo que a maior parte das pessoas quer
ver. Por isso, o que deve ser superado não é uma dificuldade de enten-
dimento que se tem sobre o Direito Penal, mas da vontade de enxer-
gá-lo como ele realmente se mostra, pois, como registrou Wittgens-
tein11, o fato de algo que parece ser, não se segue que o seja realmente.
Extrai-se, então, uma vontade quase que insuperável de se en-
contrar, no Direito Penal, um efeito farmacológico na redução daqui-
lo que se convenciona politicamente como comportamentos indese-
jáveis, desconexão que é denunciada há pelo menos três décadas por
autores adeptos àquilo que se denominou criminologia crítica.
A dificuldade, então, está em compreender as meticulosas e
perceptivas funções do Direito Penal a partir desse ponto, já que,
em tempos de (des) informação, qualquer âncora de um tele-jornal
de boa audiência é capaz de fornecer guarida e limites às políticas
criminais, vez que influencia diretamente a opinião pública que,
por sua vez, não faz ideia, ou então, comporta uma vaga ideia, uma
12 ANDRADE. Vera Regina Pereira de. Por que a Criminologia (e qual Criminologia) é im-
portante no ensino jurídico? Revista Eletrônica de Ciências Jurídicas. RECJ. 05.05/08.
Disponível em www.pgj.ma.gov.br/ampem/ampem1.asp. Acesso em 28 de janeiro de 2013.
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15 Exemplo ofertado por STRECK, Lênio. Como se mede a “régua” para aplicar a lei:
quem a fixa? In Consultor Jurídico. 24 de outubro de 2013.
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16 PLATÃO. Fedro. Tradução de Alex Marins. São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 69.
17 MORAIS DA ROSA, Alexandre. Guia Compacto de Processo Penal conforme a
Teoria dos Jogos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, p. 2.
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Uma análise criminológica da seletividade dos segmentos de controle social
22 Luís Alberto Warat. Saber Crítico e Senso Comum Teórico dos Juristas. In Epistemologia
e Ensino do Direito: o sonho acabou. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004c, p. 27-34.
23 FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 19. ed. São Paulo: Loyola, 2009, p. 10.
24 ZAFFARONI, Eugênio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimida-
de do sistema penal. Tradução de Vânia Romano Pedrosa e Amir Lopes da Concei-
ção. 5. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 237.
25 BUSATO, Paulo César. Direito Penal: parte geral. São Paulo. Atlas, 2013, p. 5.
Para que(m) serve o Direito Penal? -
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Uma análise criminológica da seletividade dos segmentos de controle social
risco, não pode ser considerado risco proibido, pois uma vida or-
denada em sociedade só é possível se o indivíduo, em princípio,
puder confiar que as pessoas com quem interage não cometerão
crimes dolosos. Do contrário, além dos punhais, igualmente não
poderiam ser vendidos ou emprestados materiais inflamáveis, fós-
foros, machados, enxadas, etc.
Então, a doutrina funcionalista traz o Direito Penal como
instrumento para um fim. Trata-se de uma concepção metodo-
lógica segundo a qual os conceitos e o sistema do Direito Penal
devem ser construídos com base em considerações normativas,
bem como aos seus pressupostos de legitimidade.
Há, no entanto, construções funcionalistas diversas daque-
la sustentada por Claus Roxin. Exemplo disso é o Funcionalismo
Radical, estratégico normativo, idealizado pelo também penalista
alemão Günther Jakobs, com base teórica no funcionalismo sistê-
mico do sociólogo Niklas Luhmann. É chamado sistêmico porque
a preocupação dele não é com bem jurídico, mas com o sistema.
Para Jakobs, a finalidade primeira do Direito Penal é a reafir-
mação da autoridade da norma.35 A missão do Direito Penal é pro-
teger e resguardar o sistema, tanto que para Jakobs36, o delito não é
tomado como princípio de uma evolução que deve ser solucionado
de modo cognitivo, mas sim, como uma falha de comunicação so-
cial, sendo imputada, essa falha, ao autor do crime como respon-
sabilidade sua. Assim, a sociedade mantém as normas e se nega a
conceber-se a si mesma de outro modo. Por consequência, a pena
não deve ser vista apenas como um meio para manter a identida-
de social, mas a própria manutenção dessa sociedade. Enaltece-se,
neste caso, a chamada prevenção geral positiva, que objetiva preser-
var a confiança da sociedade na vigência da norma penal.
45 BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao Direito Penal Brasileiro. 8. ed. Rio de Ja-
neiro: Revan, 2002, p. 21.
46 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal
brasileiro, vol. 1: parte geral. 6 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, p. 70.
47 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal
brasileiro, vol. 1: parte geral. 6 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, p. 64-65.
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Uma análise criminológica da seletividade dos segmentos de controle social
48 BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao Direito Penal Brasileiro.8. ed. Rio de Janei-
ro: Revan, 2002, p. 116.
49 Banqueiro alemão de origem judaica e fundador do império bancário da Família
Rothschild. Viveu entre 1744 e 1812 e foi considerado pela Revista Forbes, em 2005,
como “pai fundador das finanças internacionais”.
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mas não para outra. Também não são exigíveis, pois apesar do seu
descumprimento poder gerar uma punição, não há instrumento
legal que obrigue os seus destinatários a cumpri-las. Outro exem-
plo: podemos fazer parte de uma associação religiosa que possui
regras próprias, que valem apenas para esta instituição privada,
as quais não somos obrigados a seguir, nem que para isso sejamos
expulsos da instituição, num típico ato de censura social, como
diz Russell60, o que é diverso do controle social formal, onde a lei
vigente vale para todos, querendo ou não, e o seu descumprimen-
to gera ao Estado o direito de fazer com que nós a cumpramos61.
Colocadas estas informações, passaremos a descrever cada
um dos segmentos de controle social informal que nos parecem
importantes e mais determinantes, procurando identificar a in-
fluência que este controle exerce e se ele é positivo ou negativo.
– pais, filhos, avôs, tios, primos etc. – sendo que todos conviviam
muito próximos e sempre sob as ordens do mantenedor patriarcal.
Este modelo familiar desintegrou-se com o desenvolvimento eco-
nômico e o consequente individualismo.
Importante também destacar a atuação dos movimentos de
mulheres e do movimento feminista que questionou o patriarcado e
até mesmo a naturalização da violência do homem contra a mulher
e os filhos na família. A primeira onda do movimento feminista data
do final do séc. XIX e foi marcada pela reivindicação dos direitos
civis e políticos das mulheres. O movimento de segunda onda é tri-
butário das lutas do feminismo e do movimento de mulheres nas
décadas de 1960 e 1970. Sua característica principal foi ampliar a
“questão das mulheres” para os domínios do privado, como “as lutas
pelo direito ao corpo, ao prazer, e contra o patriarcado – entendido
como o poder dos homens na subordinação das mulheres”.62
Ainda resta a família nuclear, constituída pelo casal e pela
prole reduzida, mas que também está em crise63, conforme sugere
Edgar Morin64, para quem o trabalho das mulheres65, os encon-
62 OLIVEIRA, Ana Cláudia Delfini Capistrano de. Estudos sociológicos sobre infância no
Brasil: crianças sem gênero? Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Sociologia
Política, linha de pesquisa Gerações, gênero, etnia e educação, como requisito parcial para a
obtenção do Grau de Doutora em Sociologia Política. UFSC, Florianópolis, 2011, p. 25.
63 A crise pode ser também o start para mudanças positivas, como por exemplo, a capaci-
dade de negociação familiar, as liberdades individuais versus a “estatização” da família,
o processo de reflexividade social, maior diversidade nos relacionamentos amorosos, os
novos tipos de casamento enfim, as novas dinâmicas familiares quebram a idealização
da família tradicional e nos colocam desafios novos. Afinal de contas, as mudanças na
família nada mais são do que reflexos das mudanças sociais, culturais, políticas etc.
64 MORIN, Edgar. A via para o futuro da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2013, p. 357.
65 Destacamos que são 22 milhões de mulheres que assumiram a responsabilidade em
38,7% dos lares. Nas estatísticas, as mulheres são as responsáveis em 38,7% dos
domicílios, o que representa 22 milhões de unidades, de acordo com o último censo
demográfico do IBGE, de 2010. No levantamento anterior, em 2000, essa chefia fe-
minina estava em 24,9% dos lares, o que indica a importância da mulher como man-
tenedora familiar (IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2010, dis-
ponível em http://oglobo.globo.com/infograficos/familias/ acesso em 13 fev. 2014).
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67 SOU DA PAZ. Mortes violentas na cidade de São Paulo: estudo divulgado em janeiro de
2014, referente a dados de 2011. Disponível em http://www.soudapaz.org/o-que-fazemos/
noticia/mortes-violentas-na-cidade-de-sao-paulo/25, acessado em fevereiro de 2014.
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71 NASSIF, Aramis. Direito penal e processual penal: uma abordagem crítica. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2002, p. 135.
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75 GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. 9 ed., Porto
alegre: L&PM, 2007, p. 11 e 20.
76 OLIVEIRA, Carmen Silveira de. Sobrevivendo no inferno: a violência juvenil na
contemporaneidade. Porto Alegre: Sulina, 2001. p. 60-63.
77 GUARESCHI, Pedrinho A. Sociologia crítica: alternativas de mudança. 36. ed.
Porto Alegre: Mundo Jovem, 1995. p. 83.
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83 ZANELLA, Andréa Vieira. Psicologia social e escola In STREY. Marlene Neves et al.
Psicologia social contemporânea: livro texto. 2. ed., Petrópolis: Vozes, 1998, p. 227.
84 ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. Tradução Mauro W. Barbosa de
Almeida. 7 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013, p. 238.
85 GUARESCHI, Pedrinho A. Sociologia crítica: alternativas de mudança. 36 ed.,
Porto Alegre: Mundo Jovem, 1995, p. 69/78.
86 Segundo o autor, a matriz dos condicionamentos utiliza como método de ensino a imitação
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e a repetição. O aluno imita e repete o que o professor faz, sem reflexão e análise crítica.
87 RUSSELL, Bertrand. No que acredito. Porto Alegre: L&PM, 2011, p. 65.
88 Segundo dados do IBGE-PNAD, a taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais
de idade é 8,6%, o que representa 12,9 milhões de pessoas e a média de anos de estudo do
brasileiro é de 7,3 anos. Disponível em http://www.ibge.gov.br, acessado em agosto de 2013.
89 O Brasil ocupa a posição 53, num total de 65 países avaliados pelo Programa In-
ternacional de Avaliação de Alunos, em pesquisa divulgada no ano de 2010 pela
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
90 GRACINDO, Regina Vinhaes. O Sistema Nacional de Educação e a escola públi-
ca de qualidade para todos. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 4, n. 6, p. 53-64,
jan./jun. 2010. Disponível em: <http//www.esforce.org.br>.
91 FRIGOTTO, Gaudêncio. A nova e a velha face da crise do capital e o labirinto
dos referenciais teóricos. In FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria (Org.).
Teoria da educação no labirinto do Capital. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. p.1.
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92 ERRY, Luc. A revolução do amor: por uma espiritualidade laica. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012, p. 186.
93 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3 ed. São Paulo:
Cortez, 2001, p. 58.
94 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3 ed. São Paulo:
Cortez, 2001, p. 13-18.
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Uma análise criminológica da seletividade dos segmentos de controle social
do que jovens com maior escolaridade e, também, são três vezes mais
prováveis de se ferir em brigas e precisar de intervenção médica99.
Dados divulgados em junho de 2013, pela Organização para
a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE),100 tam-
bém indicam que o Brasil tem o mais baixo nível de população
que completa o ensino superior e o terceiro pior entre os que
acabam o ensino médio, dentre os 35 países pesquisados.
O estudo, que coletou dados nas escolas públicas entre 2009
e 2011, revela que apenas 12,74% da população entre 25 e 34
anos e 11,61% entre 25 e 64 anos atingiu o nível universitário
no Brasil em 2011, ranqueando o país entre o pior de todos os
pesquisados. Na Coréia do Sul, primeiro lugar no ranking, esses
índices chegam a 63,82% e 40,41%, respectivamente.
Esta mesma organização divulgou dados em 01 de abril de
2014, referente ao Relatório do PISA 2012 (Programa Interna-
cional de Avaliação de Alunos),101 onde os alunos brasileiros fica-
ram com a 38a colocação, entre jovens de 44 países, em um teste
de solução de problemas matemáticos.
Mas a responsabilidade não é apenas dos governantes ou
da política educacional adotada pelo Brasil. Os professores têm
um papel fundamental neste processo. Devem eles se apresentar
com qualificação e autoridade, onde a qualificação do professor
consiste em conhecer o mundo da criança e do adolescente e ser
capaz de instruir os outros acerca deste, porém sua autoridade
se assenta na responsabilidade que ele assume por este mundo.
108 SOU DA PAZ. Mortes violentas na cidade de São Paulo: estudo divulgado em janeiro de
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110 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade
do sistema penal. 5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 126.
111 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade
do sistema penal. 5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 126; ZAFFARONI, Eugenio
Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema penal. 5 ed.
Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 127.
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112 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade
do sistema penal. 5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 127.
113 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade
do sistema penal. 5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 128.
114 BAUMAN, Zygmunt. Medo líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2008, p. 8-9.
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115 GLASSNER, Barry. Cultura do medo: porque tememos cada vez mais o que deverí-
amos temer cada vez menos. São Paulo: Francis, 2003, p. 33.
116 CARNELUTTI, Francesco. As misérias do processo penal. São Paulo: Editora Pi-
lares, 2009, p. 7.
117 ANIYAR DE CASTRO, Lola. Criminologia da libertação. Rio de Janeiro: Revan/
ICC, 2005, p. 216.
118 WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. Tradução de José Carlos Bru-
ni, São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 36.
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Uma análise criminológica da seletividade dos segmentos de controle social
119 GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. 9 ed., Porto
alegre: L&PM, 2007, p. 107.
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120 GUARESCHI, Pedrinho Arcides. Ideologia. In STREY. Marlene Neves et al. Psicolo-
gia social contemporânea: livro texto. 2 ed., Petrópolis: Vozes, 1998, p. 91.
121 THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos
meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995, p. 76.
122 THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos
meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995, p. 80/89. Ver: ROSO,
Adriane. Comunicação. In STREY. Marlene Neves et al. Psicologia social contem-
porânea: livro texto. 2 ed., Petrópolis: Vozes, 1998, p. 146.
123 Sem informar que a regalia é uma recompensa possível de ser dada ao preso, confor-
me autoriza o artigo 56, inciso II, da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal).
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124 CARMO, Paulo Sérgio do. Merleau-Ponty: uma introdução. 2 ed., São Paulo:
EDUC, 2011, p. 101.
125 DOTTI, René Ariel. Curso de direito penal: parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 13.
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126 Segundo pesquisa IBGE/PNUD (2011), 96,9%dos lares brasileiros estão equipados
com televisão, enquanto 95,8% possuem geladeira. Disponível em www.ibge.gov.br,
acessado em junho de 2013.
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127 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade
do sistema penal. 5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 128.
128 HULSMAN, louk. Temas e conceitos numa abordagem abolicionista da justiça cri-
minal. InVERVE: Revista Semestral do NU-SOL - Núcleo de Sociabilidade Liber-
tária/Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP. Nº 3 (abril
2003) - São Paulo: o Programa, 2003, p. 190.
129 FERRY, Luc. A revolução do amor: por uma espiritualidade laica. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012, p. 70.
130 GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. 9 ed., Porto
alegre: L&PM, 2007, p. 13.
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131 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade
do sistema penal. 5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 129.
132 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade
do sistema penal. 5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 130.
133 O crime de contrabando ou descaminho está previsto no artigo 334 do CP, sendo
que o contrabando é a entrada ou saída de mercadoria proibida do Brasil, enquanto
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mesmo de tal modo que ele acaba por ser uma pessoa desacredi-
tada frente a um mundo não receptivo.
O estigma é tão representativo em nossa cultura que se
acredita que o estigmatizado não seja um humano “normal”, de-
rivando, daí, as discriminações, onde os termos pejorativos es-
tigmatizantes acabam por reduzir o indivíduo a um “ser” cego,
aleijado, criminoso, homossexual, malandro etc.
Explica Goffman que construímos uma teoria do estigma, uma
ideologia para explicar a sua inferioridade e dar conta do perigo que
ela representa, racionalizando algumas vezes uma animosidade ba-
seada em outras diferenças, tais como as de classe social. Utilizamos
termos específicos de estigma como aleijado, bastardo, retardado, em
nosso discurso diário como fonte de metáfora e representação, de
maneira característica, sem pensar no seu significado original.
E a mídia é um dos principais fomentadores do estigma so-
cial, na medida em que ideologicamente manipula as informações
no sentido de desqualificar determinados grupos sociais. O medo
com relação aos negros nos Estados Unidos está franqueado na
perpetuação da atenção excessiva dada aos perigos causados por
uma pequena porcentagem de afro-americanos com outras pesso-
as, assim como por uma relativa falta de atenção para os perigos
que a própria maioria de negros enfrenta138.
Glassner139 apresenta-nos alguns fatos que evidenciam a rea-
lidade da manipulação midiática. Segundo ele os arautos do medo
projetam sobre os negros exatamente aquilo que a escravidão, a po-
breza, a exclusão educacional e a discriminação garantiram que eles
não tivessem: poder e influência. Segundo o autor, em 1998, depois
que dois garotos brancos atiraram contra alunos e professores em
um pátio de uma escola no Arkansas, políticos, educadores e diver-
sos pseudo-especialistas sugeriram – com absoluta seriedade – que
138 GLASSNER, Barry. Cultura do medo: porque tememos cada vez mais o que deverí-
amos temer cada vez menos. São Paulo: Francis, 2003, p. 193.
139 GLASSNER, Barry. Cultura do medo: porque tememos cada vez mais o que deverí-
amos temer cada vez menos. São Paulo: Francis, 2003, p. 208.
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Uma análise criminológica da seletividade dos segmentos de controle social
140 WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2012: a cor dos homicídios no Brasil.
Rio de Janeiro: CEBELA, FLACSO; Brasília: SEPPIR/PR, 2012, p. 9/26, disponível em
http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_cor.pdf, acesso em mar. de 2013.
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141 Estudo divulgado em janeiro de 2014, referente a dados de 2011. Fonte www.soudapaz.org.
142 GLASSNER, Barry. Cultura do medo: porque tememos cada vez mais o que deverí-
amos temer cada vez menos. São Paulo: Francis, 2003, p. 194.
143 JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 7.ed. Petrópolis: Vo-
zes, 2011, p. 129.
144 SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada. 10.ed. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 538.
145 DE MASI, Domenico. Criatividade e grupos criativos. Rio de Janeiro: Sextante,
2003, p. 327.
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Uma análise criminológica da seletividade dos segmentos de controle social
146 JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 7.ed. Petrópolis: Vo-
zes, 2011, p. 228.
147 LUHMANN, Niklas. A realidade dos meios de comunicação. Tradução de Ciro
Marcondes Filho. São Paulo: Paulus, 2005, p. 60/61.
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153 O Superior Tribunal de Justiça não tem aceitado a decretação da prisão cautelar
com fundamento no clamor popular: “CRIMINAL. HABEAS CORPUS. ROU-
BO. LIBERDADE PROVISÓRIA INDEFERIDA.GRAVIDADE ABSTRATA DO
DELITO. PERICULOSIDADE DO AGENTE NÃODEMONSTRADA. NECES-
SIDADE DE COIBIR NOVOS CRIMES NÃO EVIDENCIADA. RÉU PRIMÁ-
RIO. CLAMOR PÚBLICO QUE NÃO JUSTIFICA A CUSTÓDIA CAUTELAR.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL VISLUMBRADO. ORDEM CONCEDIDA.
(...);III. A simples menção aos requisitos legais da custódia preventiva, à necessida-
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155 GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. 9 ed. Porto
alegre: L&PM, 2007, p. 161.
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156 Não olvidamos que a religião, além de apresentar múltiplas formas de representação
da fé, também possui função social (integradora, agregadora) e cultural. Contudo, o
enfoque dado no trabalho será verificar a religião enquanto controle social.
157 ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. Tradução Mauro W. Barbosa de
Almeida. 7 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013, p. 131.
158 Necessário esclarecer que os reformadores Lutero, Calvino, Wesley tinham objetivos
que se fundavam em outras bases, distantes dos meros interesses individuais. A crí-
tica aqui é inspirada nos atuais evangélicos e igrejas neopentencostais, que definem
claramente objetivos mais particulares do que coletivos, o que não se vê nas igrejas
reformadas, históricas. Segundo o censo demográfico divulgado pelo IBGE em 2012
(dados de 2010), os evangélicos aumentaram 61,45% em 10 anos no Brasil, o que
representa 22,2% dos brasileiros (42,3 milhões).
159 NIETZSCHE, Friedrich. O anticristo. São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 73.
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via o cristianismo pós Jesus Cristo. Para Nietzsche, Jesus foi o úni-
co que conseguiu viver plenamente o evangelho, a boa nova, que
morreu junto com ele na cruz. A igreja de Paulo, para Nietzsche, é
um Dysangelum (uma má nova), pois em momento algum procura
vivenciar os ensinos de Cristo, mas dominar e impor, através de dog-
mas e “verdades” construídas em salas fechadas. Para o filósofo, “só
(...) uma vida tal como a viveu aquele que morreu na cruz, é cristã”.
O “fora da Igreja não há salvação” é uma demonstração da
arrogância da igreja e da intenção de controle social pela ameaça
e pelo medo. O recado é claro: somente minha igreja pode te sal-
var do sofrimento eterno, “do fogo do inferno”, somente minha
igreja, que não aceita opiniões, que muitas vezes se fecha em um
mundo pequeno e ultrapassado, que reluta em não acompanhar
os anseios sociais, que não areja os posicionamentos ortodoxos
e ilógicos é que pode te mostrar o caminho que leva a Deus160.
Tudo o mais é “errado”, é pecado161 e deve ser evitado. Venham
até mim que eu os controlo. Muitas igrejas estão de braços aber-
tos esperando uma população carente de atenção e que se deixa
iludir facilmente em busca da “salvação”.
É isso. A salvação é estar num local, é pertencer a uma institui-
ção de “fé”. A igreja retira do indivíduo a responsabilidade de “salva-
ção” e centra nela própria, no estar nela, fazer parte dela. E a retirada
deste fardo do indivíduo o agrada, cativa, o faz ser fiel aos ensinos da
160 “O ‘reino dos céus’ é um estado da alma, e não o que quer que seja que suceda ‘para
além da Terra’, ou ‘depois da morte’ (...). O ‘reino dos céus’ não é algo que se espere,
não tem ontem nem amanhã, não vem dentro de ‘mil anos’ – é uma experiência do
coração; está em toda a parte e não está em parte alguma...” in NIETZSCHE, Frie-
drich. O anticristo. São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 70.
161 “O pecado, digamo-lo uma vez mais, essa forma de poluição da humanidade por
excelência, foi inventado para tornar impossível a ciência, a cultura, toda a elevação
e toda a nobreza do homem: o sacerdote reina pela invenção do pecado” in NIETZS-
CHE, Friedrich. O anticristo. São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 88. Neste mesmo
contexto assinala Russell: “Originalmente certos atos eram tidos como desagradáveis
aos deuses, sendo, desse modo, proibidos por lei por temer-se que a ira divina pudesse
recair sobre toda a comunidade, e não apenas sobre o indivíduo culpado. Daí nasceu
a concepção do pecado, como aquilo que desagrada a Deus” (RUSSELL, Bertrand.
No que acredito. Porto Alegre: L&PM, 2011, p. 61).
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“igreja”, pois, afinal, é ela quem irá lhe salvar, basta fazer o que ela
diz, e de preferência sem pensar, refletir ou questionar. Para qualquer
questionamento, a resposta é padrão e rápida: “está na Bíblia”, “está
na palavra”, ainda que ninguém saiba ao certo quem a escreveu, pois
se trata a Bíblia do livro anônimo mais lido no planeta.
A igreja secular, enquanto instituição criada pelo homem, é
verdade, é regida por questões nem sempre sagradas. Guareschi
já afirmava que a igreja também é um instrumento de controle
social a serviço do modelo de produção do Estado e, como tal,
não se diferencia dos demais segmentos.
Para tanto, a igreja oferece “justiça” eterna se houver reden-
ção nesse mundo de “injustiça” terrena. Essa questão é muito bem
trabalhada por Bertrand Russell162, quando trata “do argumento
quanto à reparação da injustiça” vivida no plano terreno. Con-
forme o autor, dizem que a existência de Deus é necessária a fim
de que haja justiça no mundo. Na parte do universo que conhe-
cemos há grande injustiça e, não raro, os bons sofrem e os maus
prosperam, e a gente mal sabe qual dessas coisas é mais molesta;
mas, para que haja justiça no universo como um todo,temos de
supor a existência de uma vida futura para reparar a vida aqui na
terra. Por isso, a igreja sustenta que deve haver um Deus, e que
deve haver céu e inferno, a fim de que, no fim, possa haver justiça.
Ocorre que, como não conhecemos o resto do universo,
tanto quanto se pode raciocinar acerca das probabilidades, pode-
ríamos dizer que este mundo constitui uma bela amostra e, se há
aqui injustiça, é bastante provável que também haja injustiça em
outras partes. É que, como lembra Russell, os argumentos intelec-
tuais sobre os quais falamos aqui não são, na verdade, de molde a
estimular as pessoas. O que realmente leva os indivíduos a acre-
ditar em Deus não é nenhum argumento intelectual. A maioria
das pessoas acredita em Deus porque lhes ensinaram, desde tenra
infância, a fazê-lo, e essa é a principal razão.
162 RUSSELL, Bertrand. Porque não sou cristão: e outros ensaios sobre religião e assun-
tos correlatos. Tradução de Brenno Silveira. Livraria Exposição do Livro, 1972, p. 13.
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165 MORIN, Edgar. A via para o futuro da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2013, p. 26.
166 NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos Ídolos (ou como filosofar com o martelo). Tra-
dução de Marco Antônio Casa Nova. 2. ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000, p. 52-53.
167 WITTGENSTEIN, Ludwig. Cultura e valor. Lisboa: Edições 70, 1996, p. 51.
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168 WITTGENSTEIN, Ludwig. Cultura e valor. Lisboa: Edições 70, 1996, p. 56.
169 Conforme explica FERRY, Luc. A revolução do amor: por uma espiritualidade laica.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 49/77.
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170 DE MASI, Domenico. O ócio criativo. 3 ed., Rio de Janeiro: Sextante, 2000, ps. 58/70.
171 Expressão que significa “fuga ao sentimento”, fuga “da confusão da verdadeira inti-
midade, para o mundo do sexo fácil, do divórcio casual, de relações não possessivas”
in BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança nos dias de hoje. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2003, p. 50.
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172 BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2004, p. 121.
173 GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. 9 ed., Porto
alegre: L&PM, 2007, p. 25 e 26.
174 MORIN, Edgar. A via para o futuro da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.
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175 GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. 9 ed., Porto
alegre: L&PM, 2007, p. 164.
176 CZERMAK, Rejane; NEVES DA SILVA, Rosane Azevedo. Comunicação e pro-
dução da subjetividade. In GUARESCHI, Pedrinho A. (Coord). Comunicação &
controle social. 2 ed., Petrópolis: Vozes, 1993, p. 50.
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177 Conforme sintetiza nas obras “A via para o futuro da humanidade” e “Os sete saberes
necessários à educação do futuro”.
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