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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOU JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE CARATINGA – MINAS GERAIS.

ProceComCiv 5014599-36.2022.8.13.0134

Requerente: Carmem Pinheiro da Silva

Requerida: Banco Pan S.A

CARMEM PINHEIRO DA SILVA, já qualifica vem muito respeitosamente a


presença de Vossa Excelência, apresentar

IMPUGNAÇÃO A CONTESTAÇÃO

Apresentada por Banco Pan S.A, haja vista, AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEX ISTENCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA c/c PEDIDO DE
ANTECPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA C/ RESSARCIMENTO EM
DOBRO.

PELA PROCEDENCIA DO PEDIDO AUTORAL

A Requerida alega que a Requerente contratou legitimamente contrato de


empréstimo, para tanto diz que foi apresentado a documentação, o endereço, a
conta e a confirmação via Selfie da parte autora, dizendo que o contrato foi
celebrado de forma remota(celular), colaciona a geolocalização que diz ser da
autora.

No entanto como se verá os seus argumentos não devem ser aceitos porque
não coadunam com a verdade.
No tópico intitulado da realidade dos fatos, a Requerida diz que no dia
13/04/2022, foi firmada a contratação do empréstimo de nº 355873985, através de
link criptografado encaminhado a parte autora com o detalhamento de toda a
contratação, sendo que a Autora segundo a Requerida deu seus aceites a cada etapa
da trilha de contratação.

No entanto Excelência, em momento algum a Requerida, disponibiliza o


dialogo estabelecido com a Autora, onde existe a transação di empréstimo, sendo
que é inquestionável que antes do suposto aceite dado pela consumidora Autora
foram realizadas tratativas do dito empréstimo.

Note que a Requerida traz telas de um telefone, onde, diz que são
exemplificativas, do que seria o aceite efetuado pela Autora.

No entanto, a proposta e o aceite nunca existiram, e as frágeis provas


trazidas são produzidas de forma totalmente unilateral.

Prosseguindo com a analise pormenorizada do apresentado pela Requerida,


nas folhas.3, a Requerida traz data e hora da suposta contratação.

Ante a isso a Autora buscou e encontrou um dialogo em seu celular que


ajuda a entender as astucia da Requerida em lesar idosos.

Exatamente no dia 13/04/22, as 18:15, um contato de nome central de


atendimento, encontrou em contato com a Requente, dizendo que a mesma teria
direito a uma restituição financeira, que precisaria de alguns de seus dados,
documentos e uma foto, vejamos:
Como se vê a Requerente foi enganada por agentes da Requerida, que
passando-se por empresa diversa fizeram a primeira acreditar que tinha fundos a
receber por ter realizado empréstimos que cobraram em excesso.

Sendo que como de costume a pratica abusiva e invasiva da instituição


Requerida, o oferecimento de empréstimos não Requeridos, inclusive creditando
na conta da autora sem que esta autoriza-se.

Alias a prática abusiva de oferecer empréstimos por telefone a aposentados


e celebrar contratos totalmente nulos, abusivos e fraudulentos, por parte da
Requerida Banco Pan, infelizmente, é prática que tem se tornado conhecida no
Estado de Minas Gerais, inclusive pelo Tribunal de Justiça Mineiro.

Que inclusive em Minas Gerais, o Banco Pan, chegou a ser PROIBIDO, de


fornecer qualquer tipo de empréstimo para seus clientes aposentados/pensionistas,
por meio de crédito em conta, sem a inequívoca concordância dos clientes,
conforme é o caso.

A decisão é da 20ª CâMARA Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais,


é resultado de um agravo de instrumento interposto pela instituição financeira em
ação coletiva de consumo apresentada pela Defensoria Pública de Minas Gerais,
por meio da Defensoria Especializada do Consumidor, e pelo Instituto Defesa
Coletiva.

Isso porque o Banco não age de forma transparente na oferta de


determinadas operações de crédito por telefone, sendo flagrante a violação aos
princípios da boa-fé objetiva e transparência.

A este respeito esta o agravo do Tribunal:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO COLETIVA – DIREITO DO


CONSUMIDOR – PRELIMINARES DE INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA E
AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR – REJEIÇÃO – CRÉDITO EM CONTA
SEM A ANUÊNCIA DO CORRENTISTA – ILEGALIDADE – OPERAÇÕES
DE CRÉDITO VIA TELEFONE – “TELE SAQUE” – ABUSIVIDADE. O
ajuizamento de ação coletiva se justifica quando constatada absoluta identidade de
situações individuais, que afronta a dignidade e os interesses econômicos de uma
plêiade de consumidores, consoante art. 81 do CDC; por conseguinte, devem ser
rejeitadas as preliminares de inadequação da via eleita e de ausência de interesse
processual. A Instrução Normativa do INSS n. 39, de 2009, que estabelece critérios
e procedimentos operacionais para a consignação de descontos para pagamento de
empréstimos pessoal e cartão de crédito contraídos pelos beneficiários da
Previdência Social, prevê em seu art. 3º que a autorização do consumidor deve ser
expressa, por escrito ou meio eletrônico. Conforme entendimento do e. STJ, o
produto cartão de crédito consignado assemelha-se à contratação de empréstimo;
porém, no caso dos cartões, o crédito concedido está atrelado ao uso do cartão
emitido com o fim de conceder crédito rotativo, sendo possível ao consumidor
realizar empréstimos pontuais descontados da fatura e na sua RMC, operação esta
denominada “tele saque” (STJ, AREsp n. 1274207). Ainda que a contratação do
cartão de crédito siga a forma prescrita em lei, a oferta desse serviço “facultativo”
de saque ocorre via telefone, induzindo-se à contração de novo empréstimo,
bastando mera autorização para o lançamento do crédito na conta do consumidor.
Referida prática viola o direito à informação, a boa-fé e à função social do contrato,
sobretudo porque geralmente os consumidores a ela sujeitados – pensionistas ou
aposentados – são pessoas idosas e vulneráveis em inúmeros aspectos (saúde,
conhecimento, condição social etc.) (art. 39, IV do CDC). A abusividade não
reside propriamente na opção de saque atrelada ao cartão de crédito consignado,
mas sim na oferta deste tipo de crédito pela via da ligação telefônica. Ademais, a
norma do art. 39, III do CDC também veda ao fornecedor a execução de serviços
ou a entrega de produtos “sem prévia autorização” ou “solicitação do cliente”, o
que torna abusivo o crédito na conta bancária do consumidor sem sua clara,
informada e insuspeita autorização ou anuência. Não cabe fixação de prazo para
cumprimento de obrigação de não fazer. Recurso desprovido. AGRAVO DE
INSTRUMENTO-CV Nº 1.0000.19.145399-2/001 - COMARCA DE BELO
HORIZONTE - AGRAVANTE(S): BANCO PAN S/A - AGRAVADO(A)(S):
INSTITUTO DEFESA COLETIVA, FUNDACAO MUNICIPAL DE
PROTECAO E DEFESA DO CONSUMIDOR, DEFENSORIA PUBLICA DO
ESTADO DE MINAS GERAIS.

Sendo que, no caso em concreto, mais uma vez a Requerida age com total
abusividade e desrespeito ao consumidor Hipervulneravel.

Nota-se que a parte Requerida Banco Pan S/A em sua petição de


contestação confessa que enviou link criptografado a parte autora com
detalhamento da suposta contratação, no entanto, sem demonstrar a transação de
contratação.

Quanto a esta confissão é necessário tecer alguns comentários:

- Não existe por parte da Requerida provas de que a Autora solicitou a


contratação de empréstimo, em momento algum a Requerida traz aos autos as
conversas onde a autora pleiteia empréstimos ou a mesmo ligação telefônica,
que fosse capaz de exteriorizar a solicitação de empréstimo;

- o Tribunal de justiça Mineiro tem decidido reiteradamente que constitui prática


abusiva oferecer empréstimos a idosos por telefone;

- Não existe nenhuma prova nos autos trazida pela Requerida que a autora sabia
que estava de fato contratando o empréstimo ou mesmo das condições desse
empréstimo;

- Não existe prova nos autos de que foram respeitados os processos de aceites peça
autora, necessários para contratação remota;

- O fato de empresa Requerida possuir dados da Autora não são aptos a provar a
legalidade da contratação, uma vez que, esses dados podem ter sido acessados em
outros bancos de dados de outras instituições;

- A requerida não faz prova da geolocalização, como sendo da autora, muito menos
que o parelho celular que celebrou o contrato remotamente pertence de fato a
autora;

Sendo que fica totalmente impugnado, a Autora jamais, concordou em


celebrar o contrato de empréstimo por telefone, sendo que em nenhum momento
manteve dialogo com a empresa Requerida, ou aceitou os termos do contrato, até
mesmo porque são de seu total desconhecimento.

A requerida não manifestou o interesse na produção de mais provas, pelo


que a Requerente também pleiteia o julgamento antecipado da lide.

Ressaltando que concorda com o pedido contraposto de devolução do valor


de R$ 14.400,72 (quatorze mil, quatrocentos e setenta e dois centavos), que foi
indevidamente creditado em sua conta.

O julgamento procedente de todos os pedidos lançados na petição incial.

Termos em que

Pede Deferimento.

ALAN GUSTAVO GOMES DA SILVA

OAB/MG 148.168

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