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A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NAS AÇÕES DE GUARDA

Silvania Alves Nepomuceno Pires (Matrícula 09039163)


Paula da Silva Reis (Matrícula 09039356)
Disciplina: Avaliação Psicológica
Psicologia / Noturno

O Direito e a Psicologia têm muito em comum, principalmente levando em


consideração que além de serem disciplinas da área de humanas, ambas buscam
entender, resolver e/ou intervir de alguma maneira nas relações interpessoais, seja
resolvendo questões conflituosas, ou pelo interesse nas complexas relações e
comportamentos humanos. A principal diferença é o objeto de cada uma das
matérias: enquanto o Direito atua no campo do “dever ser”, a Psicologia atua no
âmbito do “ser” (TAVARES, 2018).

Partindo da premissa de que as complexas relações interpessoais, é uma


interseção entre o Direito e a Psicologia, vale destacar que nas ações judiciais das
Varas de Família, devido à alta complexidade das questões envolvidas, há uma
grande demanda de práticas de avaliação psicológica, principalmente nas ações
onde ocorrem as disputas judiciais pela guarda.

Em verdade, é absolutamente importante que o Psicólogo que for atuar como


perito nas Varas de Família tenha plena capacitação, técnica e domínio do
instrumento de avaliação que será aplicado, tendo em vista que muitos juízes
baseiam suas sentenças nos resultados dessas avaliações psicológicas, pois a
preocupação primeira do Judiciário é sempre buscar soluções que expressem o
melhor para a criança, em atenção ao que determina a própria Constituição Federal
de 1988 e o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Deste modo, é muito
importante o uso dos instrumentos adequados a avaliação da situação com base na
individualidade do caso concreto (de PDM Penna. s.d).

Assim, o psicólogo que for nomeado perito para um processo envolvendo


disputa de guarda, deverá utilizar estratégias psicológicas que podem conter o uso
1
de testes psicológicos, mas não deve se limitar ao uso deles, devendo sempre que
possível buscar a melhor estratégia para preservar o poder familiar por meio de
intervenções que valorizem o papel dos pais na tomada de decisão, podendo
realizar atividades com o objetivo de entender mais a dinâmica familiar por parte
daqueles que atuam no processo de guarda, sempre em busca de auxiliar o juiz na
tomada da decisão que melhor atenda aos interesses da criança envolvida no litigio
judicial em questão (TAVARES, 2018).

Nessa esteira de pensamento, da busca pelo melhor para a criança, Lago e


Bandeira (2008) destacam a importância de se investigar com bastante
individualidade a qualidade das relações existentes entre as partes envolvidas no
processo em relação à questão da guarda, tendo em vista a alta complexidade
demandada e o fato de que muito provavelmente o juiz vai formar seu
convencimento e tomar decisões importantes no processo usando o resultado
dessa perícia ou avaliação psicológica como base e fundamento.

Por fim, a escassez de estudos que discutam sobre o que deve se buscar
avaliar em situações de disputa de guarda, permite que diferentes estratégias sejam
aplicadas num processo de avaliação psicológica. Contudo, Lago e Bandeira (2008)
destacam que os psicólogos devem avaliar além da saúde mental de cada um dos
pais e da criança, a atitude da criança frente a cada um dos seus genitores e vice e
versa, fazendo uma verificação da natureza e da qualidade do relacionamento
existente.

Deveras, os psicólogos que trabalham no âmbito do Direito de Família têm


apresentado diferentes formatos de entrevistas e métodos para proceder às
avaliações das famílias em questão, mas as entrevistas clínicas individuais com
cada um dos genitores e cada um dos filhos são as estratégias mais comuns
utilizadas atualmente no processo de avaliação, além de visitas à escola e às
residências, e entre os testes utilizados, destacaram-se o HTP, Rorschach, TAT e
Desenho da Figura Humana (LAGO; et al. 2008).

2
REFERÊNCIA

LAGO, Vivian de Medeiros e BANDEIRA, Denise Ruschel. As práticas em


avaliação psicológica envolvendo disputa de guarda no Brasil. Aval.
psicol. [online]. 2008, vol.7, n.2, pp. 223-234. ISSN 1677-0471. Disponível em: <
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
04712008000200013> Acesso em 13/09/2022.
TAVARES. Kaylla Maria Castro. 2018. Avaliação psicológica no contexto
jurídico: demandas e práticas no direito de família. ISSN 2179-5568 – Revista
Especialize. Instituto de Pós Graduação - On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição
nº 15 Vol. 01 julho/2018. Disponível em: < https://ipog.edu.br/wp-
content/uploads/2020/11/kaylla-maria-castro-tavares-psvit002-218213.pdf> Acesso
em 14/09/2022.
de PDM Penna. (s.d). A perícia psicológica e o Direito de Família. Disponível em:
<https://ibdfam.org.br/_img/artigos/A%20per%C3%ADcia%20psicol%C3%B3gica
%20e%20o%20Direito%20de%20Fam%C3%ADlia.pdf> Acesso em 14/09/2022.
BRASIL. Lei nº 8069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do
Adolescente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>
Acesso em 14/09/2022.

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