Você está na página 1de 37

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE

PERSONAL DIET

Aluno:

EaD -– Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

70
CURSO DE

PERSONAL DIET

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados
aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

71
MÓDULO III

Neste módulo, serão apontados alguns exemplos de diferenciais no serviço


do personal diet. Podem-se criar especialidades por grupos específicos. Exemplos:
 Personal diet gestante;
 Personal diet baby;
 Personal diet kids;
 Personal diet teen;
 Personal diet geriátrico.
O serviço será o básico do personal diet, porém acrescido de algumas
particularidades, como descritas nos próximos tópicos.

5 PERSONAL DIET GESTANTE

5.1 ACOMPANHAMENTO DO PESO

O peso inicial da gestante está diretamente relacionado com o peso do


recém-nascido, determinando em grande parte o peso ao nascer. O ganho de peso
adequado na gestação influi positivamente no peso do neonato. Já o ganho de peso
insuficiente acarreta a desnutrição intrauterina, que é um dos principais fatores
responsáveis pelo baixo peso do recém-nascido, aumentando a probabilidade de
mortalidade neonatal.
Da mesma forma, o excesso de peso durante o período gestacional também
pode acarretar más consequências para a gestante, como risco de eclâmpsia e
diabetes, tornando o parto mais complicado, colocando em risco sua vida e a do
bebê. Daí a grande importância de acompanhamento nutricional durante este
período.

AN02FREV001/REV 4.0

72
Cálculos importantes:

Índice de Massa Corporal (IMC)

A partir do peso e da altura pré-gestacionais, pode-se calcular o IMC,


prevendo-se ganho de peso total para a gestante. Quando não se sabe a idade
gestacional, é recomendado o ganho de no mínimo de 1 kg/mês durante o segundo
e o terceiro trimestres. Na impossibilidade de identificar o peso pré-gestacional,
deve-se estimar o peso esperado para a altura de acordo com idade gestacional.
IMC e Ganho de peso recomendado
IMC CLASSIFICAÇÃO GANHO DE PESO RECOMENDADO

< 19,8 Baixo peso 12 a 18 kg

19,8 – 26 Peso normal 9 a 12 kg

26 – 29 Excesso de peso 7 a 10 kg

> 29 Obesidade Até 7 kg

FONTE: Mahan, 2002.

No caso de gestação gemelar, deve-se acrescentar 5 kg de ganho de peso.

Ganho de peso gestacional atual (GPGA):

GPGA = PAG - PPG


 PAG = peso atual gestacional

 PPG = peso pré-gestacional

Casos especiais

AN02FREV001/REV 4.0

73
a) Adolescentes: a recomendação é adicionar 1 kg ao peso sugerido como ideal.

b) Alta estatura (> 1.75m): recomenda-se aumento ponderal de:


 Mães obesas: 7,5 a 10.5 kg
 Mães eutróficas: 10,5 a 13.5 kg
 Mães abaixo do peso: 13,5 kg
 ou pode-se calcular o peso ideal como se a gestante tivesse 1.75 m
e acrescentar 500 g ao peso para cada cm de altura que exceda.

c) Baixa estatura (< 1.40 m): calcula-se o PI como se a gestante tivesse 1.40 m e em
seguida subtrai-se 500 g para cada cm abaixo.

Ganho de peso recomendado por período


1º Trim. 1 kg
2º Trim. 300 a 500 g/sem. (1,2 a 2.0 kg/mês)
3º Trim. 200 a 350 g/sem. (0,8 a 1.4 kg/mês)

Ganho de peso insuficiente


Possíveis causas: problemas digestivos, infecções.
 Avaliar se existe algum tipo de intolerâncias ou alergias alimentares,
funcionamento intestinal, patologias associadas, exames laboratoriais e
investigar a existência de tabus alimentares;
 Aumentar o fracionamento da dieta, com volume reduzido;
 Aumentar a ingestão de líquidos;
 Aumentar a ingestão de alimentos ricos em ferro, vitamina A e vitamina
C.

Ganho de peso excessivo


Possíveis causas: ingestão de alimentos muito calóricos, depressão, ansiedade.

 Aumentar a ingestão de fibras;


 Aumentar a ingestão de frutas e vegetais;
 Evitar açúcar (cuidado com adoçante a base de sacarina e ciclamato);

AN02FREV001/REV 4.0

74
 Evitar frituras, chocolates, maionese, biscoitos, doces;
 Temperar a salada com limão, vinagre, sal, salsa, ervas;
 Retirar o miolo do pão e a gordura das carnes.

5.1.1 Alimentos seguros

LEITE, IOGURTE, QUEIJO: 3 a 4 porções


 1 xícara de leite ou iogurte;
 2 fatias médias de queijo;
 3 fatias finas de queijo;

Fonte de proteínas, cálcio, riboflavina, vitaminas B12 e D, necessários para:


• Crescimento do útero e seios;
• Aumento do volume do sangue;
• Formação de ossos e dentes;
• Desenvolvimento de músculos e do sistema nervoso;
• Crescimento da placenta e do bebê.

CARNES, AVES, PEIXES, OVOS, FEIJÃO, NOZES: 2 a 3 porções


 60 g a 90 g de carne magra;
 1 bife pequeno;
 2 a 3 colheres (sopa) de carne moída;
 1 coxa de frango;
 1 ovo.
Fonte de proteínas, ferro, tiamina, vitaminas B6 e B12, ácido fólico e zinco,
necessária para:
• Crescimento do útero e seios;
• Desenvolvimento de músculos e do sistema nervoso;
• Crescimento da placenta e do bebê;
• Formação de células vermelhas do sangue.

AN02FREV001/REV 4.0

75
HORTALIÇAS: 3 a 5 porções;
 ½ xícaras de hortaliças cozidas ou cruas picadas;
 1 xícaras de folhosos crus.
Fonte de vitaminas A e C, ácido fólico.

FRUTAS – 2 a 4 porções:
 1 fruta média (ex.: laranja, maçã, pera);
 1 fatia média (melancia, mamão, melão);
 1 copo de suco (200 ml);
 ½ xícaras de frutas pequenas (morango, amora, jabuticaba).
Fonte de tiamina, niacina, ferro e zinco, necessários para:
• Pele e olhos saudáveis;
• Formação da placenta;
• Formação de sangue e vasos sanguíneos;
• Formação de ossos, dentes, pele e cartilagem.

PÃES, CEREAIS, ARROZ, MASSAS: 7 a 11 porções:


 1 fatia de pão ou ½ pão francês;
 1 pedaço de bolo;
 4 biscoitos;
 4 col. sopa de arroz ou massa;
 4 col. sopa de batata, milho, inhame, mandioca;
Necessário para:
 Formação de células vermelhas do sangue;
 Crescimento de ossos e tecidos;
 Formação de nervos e do sistema digestivo.

AN02FREV001/REV 4.0

76
5.1.2 Necessidades de suplementação

A gestante apresenta muitas particularidades na composição de sua dieta.


Devido às novas demandas nutricionais, o estado anabólico é dinâmico e constante,
promovendo ajustes contínuos em relação a diversos nutrientes.

TABELA 10 – DRI (Dietary Reference Intakes) para mulheres adultas e gestantes,


segundo a Food and Nutrition Board e o Institute of Medicine, da Academia Nacional
de Ciências dos EUA.
Mulheres adultas (19 a 50 anos) Gestantes

Energia (kcal) 2200 2500


Proteínas (g) 50 60
Vitamina A (μg) 700 770
Vitamina D (mg) 5 5
Vitamina E (mg) 15 15
Vitamina C (mg) 75 85
Tiamina (mg) 1,1 1,4
Riboflavina (mg) 1,1 1,4
Niacina (mg) 14 18
Vitamina B6 (mg) 1,3 1,9
Vitamina B12 (mg) 2,4 2,6
Folato (μg) 400 600
Cálcio (mg) 1000 1000
Fosforo (mg) 700 700
Ferro (mg) 18 27
Zinco (mg) 8 11
Iodo (mg) 150 220
Selênio (mcg) 55 60

AN02FREV001/REV 4.0

77
Valores de Recommended Dietary Allowance (RDAs) aparecem em negrito e os de
Adequate Intake, (AIs) em fonte normal.

Os micronutrientes são muito importantes para o desenvolvimento do bebê,


e quando estão deficientes no organismo, podem trazer consequência como o
aumento da incidência de partos prematuros, com recém-nascidos de baixo peso,
anomalias em bebês, aumento da morbidade perinatal, anemia materna, baixa
qualidade da lactação e, em geral, a diminuição das reservas nutricionais maternas.
Porém, em excesso, alguns micronutrientes também podem fazer mal. Por
exemplo, o excesso da vitamina A tem efeito teratogênico, causando anormalidades
no feto. Outras vitaminas em excesso podem causar calcificação óssea excessiva,
anemia hemolítica, formação de cálculos de urato, cálculos renais, entre outros.
Em populações de risco ou em gestantes que já apresentam deficiência de
algum micronutriente, torna-se necessária a suplementação. Segue a função de
cada micronutriente durante o período gestacional:

Ácido Fólico

Atua na síntese de DNA e RNA, funciona como coenzima no metabolismo


de aminoácidos, é essencial para o processo de divisão celular e síntese de
proteínas. Estudos têm demonstrado que o folato está envolvido na prevenção dos
defeitos do tubo neural.

Deficiência:
 Aumento da chance de deslocamento da placenta;
 Parto prematuro;
 Morte neonatal;
 Baixo peso ao nascer;
 Defeitos no tubo neural;
 Anemia megaloblástica.

Suplementação:

AN02FREV001/REV 4.0

78
 Previne a anemia materna, uma vez que contribui com aumento dos
níveis de hemoglobina;
 Reduz o risco de defeitos no tubo neural.
Como a formação do tubo neural ocorre três semanas após a concepção, a
suplementação deve ser feita em mulheres em idade fértil, ou no primeiro trimestre
de gestação.
Segundo a DRI (1998), a recomendação de ácido fólico em grávidas é de
600 mcg, sendo que 400 mcg são derivados de suplementação e 200 mcg da
alimentação.

Cálcio

Este mineral atua na formação de estrutura óssea e dentária do feto.


Também é utilizado para a produção de leite durante a amamentação.

Deficiência:
 Futuramente pode causar osteoporose, perda de dentes e cáries nas
mães.

Suplementação:
 Previne a hipertensão arterial e a pré-eclâmpsia.
A recomendação de cálcio é facilmente alcançada pela dieta, sendo necessárias três
porções do grupo de laticínios (leite, queijo, iogurte) ao dia.

Ferro

O consumo adequado deste mineral contribui com a redução de nascimento


de bebês prematuros e com baixo peso, redução do risco de morte materna no parto
e no pós-parto imediato, aumento da resistência às infecções e aumento da
capacidade de aprendizagem da criança, sendo fundamental para o crescimento
saudável.

AN02FREV001/REV 4.0

79
Deficiência:
 Anemia ferropriva;
 Menor resistência aos sangramentos do parto e puerpério;
 Parto prematuro;
 Baixo peso ao nascer.

Suplementação:
 Previne contra a anemia materna, já que aumenta os níveis de
hemoglobina.

Os suplementos devem ser consumidos diariamente, na forma de sulfato


ferroso. A OMS recomenda que todas as gestantes recebam dose profilática de ferro
na quantidade de 30 mg a 40 mg durante todo o terceiro trimestre.
A suplementação de ferro e ácido fólico tem se mostrado eficiente em
relação ao risco de anemia e defeitos no tubo neural, apresentando melhores
resultados que a suplementação com múltiplos micronutrientes.

Vitamina A

Importante para o desenvolvimento e crescimento fetal.

Deficiência:
 Podem ocorrer defeitos congênitos;
 Parto prematuro;
 Morte do feto;
 Retardo de crescimento intrauterino;
 Baixo peso ao nascer;
 Baixa reserva de nutrientes no recém-nascido.

Excesso:
 Malformações fetais atribuídas a alterações no metabolismo do DNA.

Suplementação:

AN02FREV001/REV 4.0

80
 A vitamina A é suplementada com o betacaroteno. Porém, são
necessários mais experimentos a fim de determinar se a suplementação
desta vitamina pode contribuir para a redução da mortalidade e da
morbidade maternas, e de quais mecanismos resultariam esses efeitos.
 Em casos de anemia, a suplementação apresentou resultados
benéficos, revertendo em 35% o grupo em não anêmicos.

Vitamina C

A vitamina C é um antioxidante, ajuda na cicatrização e aumenta a absorção


do ferro proveniente dos alimentos consumidos, além de promover a síntese de
hormônios. Contudo, até o momento não existem dados suficientes que comprovem
sua importância específica durante o período gestacional.

Deficiência:
 Aumento do risco de infecções;
 Parto prematuro;
 Eclâmpsia;
 Ruptura prematura de membrana.

Suplementação:
 Não é necessária, já que facilmente se alcança a recomendação pela
alimentação.

Vitamina D

A vitamina D regula o metabolismo do cálcio e do fósforo, sendo estes


necessários ao bom desenvolvimento dos sistemas nervoso, muscular e
imunológico, podendo ser adquirida pela dieta ou sintetizada na pele por uma reação
catalisada pela radiação.

Suplementação:

AN02FREV001/REV 4.0

81
 Não existem evidências para a avaliação dos efeitos do suplemento da
vitamina D durante a gestação.

5.2. PERSONAL DIET BABY:

5.2.1 Amamentação

A nutricionista personal diet pode orientar a gestante quanto à importância


da amamentação para a mãe e para o bebê. Seguem algumas abordagens
interessantes:

 Importância do colostro
O primeiro leite secretado após o parto chama-se colostro e é fundamental
nos primeiros dias de vida, principalmente no caso de bebês prematuros, devido ao
alto teor de proteína. Além disso, também possui água, leucócitos, carboidratos e
outros, o que contribui para o desenvolvimento e a proteção do bebê. Durante a
primeira quinzena, no pós parto, gradativamente o colostro vai se transformando no
leite maduro.
O colostro funciona como uma primeira vacina, pois é rico em células
imunologicamente ativas, anticorpos e proteínas protetoras. Também é rico em
vitamina A, ajudando a proteger os olhos e a diminuir as infecções e ajuda a prevenir
a icterícia ao estimular os movimentos intestinais para que eliminar o mecônio.

 Oferta de água e chás


O leite materno possui a quantidade de água necessária para o bebê, até
mesmo em dias com temperatura muito elevadas. A oferta de água, chás ou
qualquer outro alimento sólido ou líquido é contraindicada, pois aumenta a
probabilidade de o bebê ficar doente, além de substituir o volume de leite materno
que será ingerido, que é mais nutritivo.

AN02FREV001/REV 4.0

82
 Amamentação exclusiva até os 6 meses
Antes do sexto mês, a criança deve receber apenas o leite materno. A
ingestão de outros tipos de alimentos poderá ocasionar doenças (principalmente se
for por meio de mamadeira) e até mesmo a desnutrição.

 Pega correta
O leite do final da mamada é rico em gordura, o que promove maior
saciedade. A pega correta contribui com o esvaziamento total da mama, fazendo
com que o bebê mame este leite. O tempo necessário para esvaziar totalmente a
mama dependerá de cada bebê. Alguns podem levar 30 minutos ou mais para isso.

 Alimentação da nutriz durante a amamentação


Para aumentar a produção de leite, a mãe que amamenta deve ser orientada
a ingerir, no mínimo, dois litros de água pura diariamente e estimular o bebê a sugar
corretamente e com mais frequência. Quanto mais o bebê mamar, e quanto mais
água a mãe ingerir, mais leite será produzido.

5.2.2 Fórmulas lácteas

Hoje em dia, existem no mercado diversos tipos de fórmulas infantis e leites


com diferentes composições e fins específicos. Fórmulas infantis são produtos na
consistência líquida ou em pó, desenvolvidas para o lactente (criança de 0-12 meses
incompletos), cujo objetivo é suprir as necessidades nutricionais, promovendo o
crescimento esperado. No Brasil, os produtos existentes no mercado são
classificados em:

Fórmulas infantis para lactentes: destinadas a lactentes (até 6 meses de


idade), em substituição parcial ou total ao leite humano, sob prescrição de médico
ou nutricionista;
Fórmulas infantis de seguimento para lactentes: desenvolvidas para
lactentes a partir do 6º mês de vida como substituto ao leite materno;

AN02FREV001/REV 4.0

83
Fórmulas infantis para necessidades dietoterápicas: são fórmulas
modificadas em sua composição, a fim de atender às necessidades específicas
ocasionadas por alterações fisiológicas e ou patológicas, temporárias ou
permanentes, do lactente e de crianças na primeira infância, como exemplo,
intolerância a lactose (redução do conteúdo de lactose) e alergia a proteína (proteína
extensivamente hidrolisada);
Fórmulas de nutrientes para recém-nascidos de alto risco: fórmulas
indicadas para a alimentação de recém-nascidos prematuros ou de alto risco (com
menos de 34 semanas de idade gestacional e muito baixo peso ou apenas de muito
baixo peso ao nascer (<1.500 g)).
Fórmulas infantis de seguimento para crianças de primeira infância: são
fórmulas líquidas ou pó, utilizadas como substitutas na primeira infância (criança de
12 meses a 3 anos de idade).
Leite: são produtos feitos com leite de vaca in natura, que mantêm suas
características podendo ou não ter sua composição alterada, por fortificação ou
redução de nutrientes, a fim de trazer algum benefício à saúde do consumidor (ex.:
quanto ao teor de lipídeos: integral, semidesnatado, desnatado, isento de colesterol,
enriquecidos, ou fortificados: cálcio, ferro, vitaminas A, D, E, B6, ômega-3, ômega- 6,
isento de lactose).

5.2.3 Introdução de novos alimentos

A transição da amamentação para a alimentação semissólida e sólida é


denominada desmame, que deve ser feito gradativamente, após o 4º ou 6º mês (6
meses, em casos de aleitamento materno exclusivo, e após os 4 meses, quando o
bebê estiver consumindo fórmulas lácteas), pois só com essa idade é que pode
receber outros alimentos além do leite materno, visto que o seu sistema digestivo
estará pronto.
A quantidade das primeiras papinhas deverá ser de uma colher de sopa,
aumentando-se gradativamente conforme a aceitação do bebê.

AN02FREV001/REV 4.0

84
Deve-se complementar com leite, oferecendo-o sempre pela manhã, à tarde
e à noite (no mínimo), pois ele é fundamental para as crianças, principalmente nas
primeiras fases da vida.
Como sobremesa, pode-se oferecer uma frutinha. Suquinhos e papinhas
podem ser oferecidos a partir dos 6 meses, de acordo com a aceitação do bebê,
tentando evoluir para consistências mais sólidas (raspadas, amassadas).
Os primeiros alimentos oferecidos devem ser os mais fáceis de engolir,
depois os de consistência mais dura, em seguida com pedaços e por fim as
comidas.

 6 meses – desmame: devem-se introduzir alimentos um a um, observar


a aceitação e fatores como alergia e diarreia. A consistência recomendada
é de pastosos e líquidos em quantidade pequena. Frutas podem ser
oferecidas como sucos e papas, e são introduzidas antes das papas
salgadas. Estas devem vir logo depois. A quantidade deve evoluir conforme
a aceitação do bebê. Após testar alguns alimentos separados, comece a
misturá-los.
 7 meses – acrescente pequenos pedaços de legumes e carne, e
observe a aceitação. Vá aumentando o volume gradativamente;
 9 meses – acrescente pequenos pedaços de frutas e observe como
está a mastigação;
 12 meses – ofereça agora os alimentos em pedaços menores, de
forma que, aos poucos, seu bebê esteja pronto para comer de tudo.

TABELA 11 – Esquema alimentar no primeiro ano de vida:


6 a 7 meses 7 a 8 meses 8 a 10 meses 12 meses
Manhã leite materno leite materno leite materno leite materno ou
de vaca, pão ou
biscoito
Intervalo suco de frutas suco de suco de frutas suco de frutas

AN02FREV001/REV 4.0

85
frutas
Almoço leite materno papa salgada papa salgada papa ou refeição
básica da família
Lanche papa de fruta papa de fruta papa de fruta papa de fruta
leite materno leite materno leite materno leite materno ou
de vaca, pão ou
biscoito
Jantar leite materno leite materno papa salgada papa ou refeição
básica da família
Noite leite materno leite materno leite materno leite materno ou
de vaca

TABELA 12 – Introdução dos alimentos na dieta do bebê.


IDADE (MESES)
ALIMENTOS
6a7 8a9 10 a 12 12 a 24
arroz papa biscoitos arroz bem cozido arroz um pouco
Cereais ou
angu macarrão batata cozida, mais duro
tubérculos e
purê de batata miolo de pão em pequenos bolo
derivados
purê de inhame pedaços pão
caldo de feijão feijão amassado
idem à fase feijão cozido
Leguminosas purê de ervilhas sem casca
anterior (grão)
purê de lentilhas sopa de ervilhas
carne de boi ou outras carnes e
caldo de carne frango picada ou idem à fase (podendo servir
Carnes
(boi, frango) moída ou anterior pedacinhos
desfiada maiores)
gema de ovo idem à fase idem à fase ovo cozido
Ovos
cozida anterior anterior inteiro
cozidas ou pode servir em
cozidas e cozidas e
Hortaliças ensopadas pedacinhos
peneiradas amassadas
(picadas) maiores

AN02FREV001/REV 4.0

86
pouca
quantidade, pois
não há
necessidade de
idem à fase idem à fase
Mel não utilizar adoçar os
anterior anterior
alimentos para
aumentar a
aceitação do
bebê
sucos, pode servir em
pedaços bem idem à fase
Frutas raspadinhas ou pedacinhos
pequenos anterior
papas maiores

Óleos a partir dos 6 meses

5.2.4 Apresentação dos pratos

Os pratos podem ser decorados com carinhas e desenhos divertidos criados


com itens nutritivos para conquistar as crianças. O objetivo é fazer com que tenham
boa aceitação de alimentos essenciais como as verduras.

 Desenhos: podem-se usar forminhas, encontradas em casas de


materiais para cozinha, para montar estrelas e corações de arroz;
 Cabelo: para fazer o cabelo dos bonecos, poderá usar batata palha,
macarrão, alface cortado bem fininho, arroz;
 Boca: fitinha de cenoura ou rabanete;
 Olhos: uvas passas ou milho verde;
 Nariz: rodelinha de vagem ou de cenoura.

Lembre-se: deve-se complementar o prato com feijão, carne e outras


verduras e legumes.

AN02FREV001/REV 4.0

87
5.2.5 Lanches

O ideal é que os bebês façam um ou dois lanches por dia. Opções


saudáveis são queijo, frutas e vegetais. Os bebês crescem mais devagar no
segundo ano de vida, e também pode ser que não comam tanto quanto deveriam,
contudo, deve-se confiar no apetite deles.

5.2.6 Receituário: papas e sucos

Papinhas

Seguem em anexo (anexo 13) algumas receitas para o preparo de papinhas


para bebê. Porém, o nutricionista poderá criar receitas e montar um cardápio variado
durante a semana ou até mesmo um caderninho de receitas e oferecê-lo ao cliente.
A consistência poderá variar de acordo com a idade do bebê.
Para acertar o tempero, deve-se usar apenas uma pitada ou não colocá-lo;
evitar misturar muitos ingredientes ou condimentos.

Sucos

Muitas mães têm dúvidas sobre o preparo dos sucos e como variar os
sabores. Para ajudá-las nessa tarefa, a nutricionista poderá oferecer receitas
saudáveis da bebida. Os sucos devem ser preparados sempre com frutas frescas e
servidos sob temperatura ambiente. Adoçantes artificiais e açúcar branco devem ser
evitados. O ideal é acostumar a criança com o sabor natural.
Da mesma forma que as papinhas, seguem em anexo algumas receitas de
sucos para os bebês.

AN02FREV001/REV 4.0

88
5.2.7 Açúcar e sal

A partir do quarto ou do sexto mês de vida, o bebê já pode conhecer o


açúcar presente nas frutas. Porém o açúcar refinado industrial facilita a formação de
cáries e altera o paladar da criança, sendo permitido somente após o primeiro ano
de vida. Além disso, introduzir alimentos açucarados antes da papinha de legumes
contribuirá com a recusa de aceitação do alimento salgado.
Após o conhecimento do sabor doce proveniente das frutas, o paladar da
criança vai se modificando e ela passa a saborear também o gostinho salgado das
papinhas de legumes. A partir daí, a criança se adaptará à quantidade de sal
colocada em sua comida. Logo, muito sal poderá acostumá-la a uma alimentação
salgada e mais tarde será difícil reduzir a quantidade de sal em seus alimentos.
Na verdade, até os seis meses de idade, não é necessária a inclusão do sal
nos alimentos, principalmente se a criança é amamentada no peito, já que no leite
materno existe sódio. Já as crianças que tomam leite de vaca necessitam de
alimentos contendo sódio.

5.2.8 Louças e utensílios, higienização

Deve-se ferver por cinco minutos em fogão convencional ou em micro-ondas


qualquer tipo de bico artificial (mamadeira ou chupeta) antes do primeiro uso
(esterilização). Eles devem ser colocados em um recipiente onde fiquem
completamente cobertos por água.
As próximas lavagens deverão ser com sabão neutro e água corrente
(limpeza); usar escovas próprias para a higienização de mamadeiras, encontradas
em lojas especializadas.
Todas as vezes que o bebê for usar os bicos artificiais, bem como as
mamadeiras, deve-se novamente esterilizá-los. Limpeza e esterilização são

AN02FREV001/REV 4.0

89
processos diferentes. A limpeza é a remoção de resíduos, enquanto a esterilização
se refere à eliminação de micro-organismos.
O mesmo procedimento deve ser feito com copos e pratos utilizados para as
refeições do bebê. Com relação às panelas, sugere-se que se escolha uma para
preparo exclusivo dos alimentos do bebê.

5.3 PERSONAL DIET KIDS

5.3.1 Hábitos alimentares adequados

Os hábitos alimentares corretos, que acompanharão a criança para o resto


da vida, devem ser adquiridos na infância. Nesta opção de serviço, o nutricionista
deve preparar e conduzir atividades com as crianças. Deve mostrar como e o que
fazer para resolver problemas e orientar os pais a aproximarem a criança do
alimento de algumas formas, como exemplo:
 Levando-a à feira livre e ao supermercado;
 Deixando-a ajudar no preparo de alimentos, como salada de frutas,
suco, entre outros.
Assim, o objetivo do personal diet kids é educar para instituir hábitos alimentares
corretos.

5.3.2 Comportamento alimentar

Observamos com frequência crianças que comem inadequadamente,


apresentando recusa para alimentos saudáveis, como frutas, legumes e verduras,
preferindo sanduíches e lanches calóricos, balas, doces, etc. Por meio da educação
nutricional, é possível impor limites e educar a criança. Para isso, a participação dos
pais é fundamental, pois os exemplos devem começar por deles.

AN02FREV001/REV 4.0

90
O objetivo do personal kids é promover a saúde e prevenir doenças, por
meio de atividades lúdicas, nas quais as crianças aprendem conceitos de nutrição,
higiene pessoal e dos alimentos, para manter a boa saúde. Essas atividades podem
ser por meio de teatrinho, caderno de atividades, jogos, etc.

5.3.3 Problemas comuns

Os problemas nutricionais mais comuns observados na infância são a


obesidade, a anemias e a desnutrição.

Obesidade infantil

Para tentar combater o problema, são necessárias mudanças no cardápio e


na rotina das crianças, que são diariamente bombardeadas por propagandas que
associam a ingestão de salgadinhos e fast food a um estilo de vida sedentário,
contribuindo com o aumento de peso e a obesidade.

Anemia

Recomendam-se alterações na dieta, aumentando a quantidade de


alimentos ricos e ferro com alimentos ricos em vitamina C (para aumentar absorção)
e o consumo destes alimentos em horários diferentes daqueles em que serão
consumidos alimentos ricos em cálcio.

Desnutrição

O tratamento está relacionado com aumento na oferta de alimentos de forma


gradual em função dos distúrbios intestinais que podem estar presentes (diarreia).
Após a reversão deste quadro, pode-se oferecer dieta hipercalórica a fim de
recuperar o peso da criança.

AN02FREV001/REV 4.0

91
5.3.4 Lanche

Na infância, observa-se uma predisposição à preferência por alimentos com


alto valor calórico, como doces e gorduras nos lanches. Se não houver insistência
no oferecimento dos alimentos saudáveis, a criança poderá habituar-se
exclusivamente ao consumo de doces e gorduras, com más consequências no
futuro.
Não é das tarefas mais fáceis oferecer lanches saudáveis para crianças.
Para a mãe, é difícil aliar qualidade com praticidade e para a criança, a dificuldade
está em aceitar a escolha da mãe. O prático nem sempre é o mais saudável, mas é
o preferido pelas crianças. E assim, esses alimentos passam a ser os mais
consumidos.
O personal diet kids tem o objetivo de ajudar a tornar essa tarefa mais fácil.
Podem-se passar aos pais algumas orientações, como:
 Variar o máximo possível as opções de lanches e as cores para a
criança sentir prazer e desejar comer, evitando a monotonia;
 Evitar colocar na lancheira lanches contendo queijos, frios, requeijão,
iogurtes ou produtos que precisem de refrigeração, pois são alimentos
fáceis de estragar;
 Sempre oferecer frutas em casa e colocá-las na lancheira. Mas deixe a
criança participar da escolha da fruta que ela quer levar no dia. Caso ela
não queira nenhuma, escolha frutas que não estragam com facilidade. Se
não for consumida na escola, será em outra oportunidade;
 Além da fruta, é necessário consumir uma fonte de carboidrato,
responsáveis pela energia. Pode-se colocar na lancheira pães,
bisnaguinhas, biscoitos integrais e barras de cereais;
 Para passar no pão, boas sugestões são geleias de frutas
e polenguinho, pois não precisam de refrigeração;
 No caso de biscoitos, não se deve colocar na lancheira o pacote
inteiro. Coloque porções de 4 ou 5 biscoitos, evitando que a criança
consuma além da quantidade adequada;

AN02FREV001/REV 4.0

92
 Orientar a criança quanto ao consumo de salgados em cantinas da
escola, para que ela dê preferência aos assados e evite as massas
folhadas. Boas opções são pão de queijo, enroladinho e esfiha;
 Colocar uma garrafinha de água na mochila, pois crianças se
esquecem de beber água. Peça à professora para lembrar o seu filho de
tomar a água;
 Evitar colocar achocolatado todos os dias na lancheira, pois são ricos
em açúcar e gordura.
Seguem abaixo algumas sugestões de combinações saudáveis:
1) 3 bisnaguinhas integrais com geleia de morango, 1 caixinha de
achocolatado e 1 pera.
2) 5 biscoitos integrais, 1 caixinha de suco de soja e 1 goiaba.
3) 3 torradas integrais com geleia de uva, 1 caixinha de achocolatado e 1
maçã.
4) 1 barra de cereais, 1 caixinha de suco de soja e 1 banana.
5) 1 sanduíche de pão de forma integral com polenguinho e suco de fruta
de caixinha.

5.3.5 Açúcares e gordura

Segundo a Pro Teste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor,


uma criança de 4 a 7 anos, que come dois biscoitos recheados, acaba de consumir
6,5% da quantidade de açúcar de que precisa em um dia. Um potinho de petit suisse
corresponde a 27% desse total. Com uma fatia de bolo pronto, a criança já ingeriu
metade de sua necessidade diária de gordura.
O personal diet deve instruir a família quanto ao consumo desses alimentos
pelas crianças, substituindo-os por opções mais saudáveis, como exemplo:
 Trocar os biscoitos recheados por biscoitos sem recheio e/ou integrais;
 Trocar o petit suisse por iogurte
 Trocar o bolo pronto por bolo caseiro, cuja farinha de trigo utilizada pode ser a
integral ou substituída por aveia;

AN02FREV001/REV 4.0

93
 Trocar refrigerantes por sucos naturais.
O excesso de açúcares e gorduras pode ter como consequência a
obesidade e outras patologias associadas.

5.3.6 Louças e utensílios

As práticas alimentares são adquiridas durante a vida toda. Estabelecer


horários regulares para as refeições e selecionar utensílios adequados para cada
idade (copos, pratos e talheres) são importantes para as crianças aprenderem a
comer corretamente.
Existem várias marcas do mundo todo que oferecem modelos divertidos
para agradar ao gosto das crianças. Com elas, a hora das refeições acaba se
tornando um momento mais agradável.
Pratos, copos, talheres coloridos atraem os pequenos, porém, é preciso ficar
atento ao material. Se a criança for muito pequena ainda, devem-se evitar pratos e
copos de vidro ou de plástico, que se quebram facilmente. O ideal é de plásticos
mais maleáveis que não se quebram com facilidade.
Os talheres também podem ser de plástico. Existem no mercado alguns
feitos com silicone que, por serem bem macios, não apresentam risco de machucar
a boca da criança.

5.4 PERSONAL DIET TEEN

5.4.1 Hábitos alimentares

Estudos relatam que os adolescentes preferem não ter trabalho para se


alimentar, procuram as comidas prontas, congeladas, salgadinhos e sanduíches que
normalmente estão prontos para o consumo.

AN02FREV001/REV 4.0

94
Atualmente, com a falta de tempo das pessoas, com a modernidade e a
praticidade proporcionadas pela indústria de alimentos, muitos tornaram-se adeptos
das comidas congeladas e fast foods. Já que estes alimentos são bem
“recomendados” pela publicidade, com embalagens coloridas, atrativas e
apresentados por pessoas bonitas e saudáveis. Isso acaba promovendo a recusa
por alimentos mais saudáveis (naturais) pelos adolescentes, podendo causar danos
para a saúde, uma vez que o alimento industrializado é gostoso, mas não tem valor
nutricional.
Daí a grande importância do nutricionista, que através do serviço de
personal diet teen poderá desenvolver atividades e jogos sobre noções de
alimentação saudável em sessões de educação nutricional voltada para esta idade.

5.4.2 Vegetarianos

Desde que mantenha uma alimentação equilibrada, com alternativas aos


nutrientes da carne ou do peixe, não há problema em ser um adolescente
vegetariano.
A carne possui nutrientes como proteína, ferro, vitaminas do complexo B,
zinco, que são essenciais para o crescimento. Porém, podem-se obter tais nutrientes
em outros alimentos, como exemplo:
 Ferro – cereais fortificados, pão, frutas secas, feijão, ervilha e lentilha. São
recomendadas duas porções, duas vezes ao dia junto com fontes de vitamina
C (frutas cítricas, tomate, pimentão), para aumentar sua absorção.
 Vitaminas do complexo B – são encontradas no leite e nos derivados, porém
os Vegans podem utilizar o leite de soja ou cereais;
 Zinco – é encontrado em leguminosas e cereais.

AN02FREV001/REV 4.0

95
5.4.3 Transtorno alimentares

Ocorre principalmente em adolescentes do sexo feminino. As vítimas sofrem


com sua baixa autoestima e têm uma imagem ruim do seu corpo. Usam a comida
para compensar suas fraquezas, como forma de controlar algum aspecto em sua
vida. Pode ser pelo excesso – desencadeando a obesidade, ou a restrição de
comida – desencadeando a desnutrição. O excesso calórico decorre da compulsão
alimentar, em que se ingere grande quantidade de alimentos sem purgá-los,
causando o aumento do peso.
A restrição calórica pode ocorrer pela bulimia, quando o alimento é ingerido
em grande quantidade, mas depois força-se a sua saída, por meio de vômitos, uso
de laxantes ou até mesmo um exagerado exercício físico; ou ainda pela anorexia,
quando o alimento não é ingerido, ou ingere-se uma quantidade muito restrita ao
longo do dia.
O tratamento nutricional divide-se em duas etapas:
 Educacional – deve-se conduzir uma anamnese detalhada dos hábitos
alimentares do paciente e do histórico da doença. É importante que se
avaliem medidas de peso e altura, intolerâncias e aversões alimentares,
crenças nutricionais e a relação com os alimentos. Sessões de educação
nutricional podem ser feitas, abrangendo conceitos de alimentação
saudável, tipos, funções e fontes dos nutrientes, recomendações
nutricionais, consequências da restrição alimentar e das purgações;

 Experimental – nesta fase, pode-se trabalhar de forma mais


aprofundada a relação que o paciente tem para com os alimentos e o seu
corpo, ajudando-o a identificar os significados do corpo e da alimentação.
O tratamento nutricional deve, mais uma vez, promover hábitos alimentares
saudáveis, cessação de comportamentos inadequados (restrição, compulsão e
purgação) e a melhora na relação do paciente para com o alimento e o corpo.

AN02FREV001/REV 4.0

96
5.4.4 Motivo para adesão a dieta

Algumas barreiras identificadas por adolescentes para adotar uma


alimentação saudável são:
 o sabor e a praticidade dos alimentos considerados pouco saudáveis;
 o fato de os alimentos menos saudáveis (prontos para consumo) não
exigirem habilidades culinárias.
Logo, estes são aspectos que podem ser trabalhados em intervenções
nutricionais (sessões de reeducação alimentar), enfatizando as opções de alimentos
saudáveis e palatáveis em receitas de preparo rápido.

5.4.5 Orientações para quem mora sozinho

 Ter telefones de disk entrega de alimentos saudáveis, como comida


japonesa, sanduíches (Subway);
 Ter sempre em casa frutas práticas que não necessitam de muita
manipulação, como maçã, pera, banana, pêssego, ameixa;
 Higienização das verduras cruas com hipoclorito ou água sanitária sem
odor (1 colher de sopa para cada litro de água, durante 15 minutos),
enxaguar, picar e guardar na geladeira assim que chegar do
supermercado;
 Adquirir potes transparentes hermeticamente fechados, sacos plásticos
transparentes (para armazenar alimentos);
 Usar as sacolas plásticas coloridas para lixo, evitando utilizá-las para
armazenar alimentos (pois são produtos reciclados);
 Deixar sempre prontos na geladeira potinhos com gelatina;
 Deixar na geladeira, numa tigela ou em potinhos, salada de frutas (usar
no mínimo 3 frutas);
 No congelador, acondicionar:

AN02FREV001/REV 4.0

97
 Carne magra (filé, cubinhos, isca, moída);
 Frango (coxa e sobrecoxa, peito);
 Lasanha (caseira) congelada;
 Polpa de frutas.
 Na despensa:
 Café;
 Chá;
 Adoçante;
 Sucos de caixinha;
 Biscoitos sem recheio;
 Macarrão;
 Leite desnatado;
 Leite e/ou suco de soja;
 Pão integral;
 Milho, ervilha e legumes em conserva (e quando for consumir, lavar
em água corrente, para diminuir conservantes);
 Aveia, linhaça, granola (para misturar com leite, frutas e iogurtes);
 Azeite extravirgem para temperar saladas.

5.5 PERSONAL DIET GERIÁTRICO

5.5.1 Alimentos antienvelhecimento

Vitamina A
Onde encontrar: Fígado, gema de ovo, iogurte, leite e derivados desnatados.
Ação: Antioxidante, restaura e constrói novos tecidos, auxilia no tratamento de acne
e queda de cabelo.

Betacaroteno
Onde encontrar: Abóbora, agrião, batata-doce, brócolis, cenoura, couve, damasco,
espinafre, mamão, melão, pêssego, tomate.
Ação: Funções iguais às da vitamina A, porém sem exercer toxicidade em excesso.

AN02FREV001/REV 4.0

98
Vitamina C
Onde encontrar: Abacaxi, acerola, agrião, caju, goiaba, laranja, limão, morango,
salsão, pimentão, tangerina, tomate.
Ação: Protege a pele dos raios ultravioleta. Preserva a estrutura dos fibroblastos
(fibras da musculatura) e do colágeno.

Vitamina E
Onde encontrar: Abacate, amêndoa, avelã, azeite de oliva, castanha-do-pará,
cereais integrais, gérmen de trigo, pães integrais, repolho.
Ação: Antioxidante, atua na membrana das células e protege a ação da vitamina C.

Magnésio
Onde encontrar: cenoura, frutos do mar, leguminosas, milho e nozes.
Ação: Melhora a troca celular, atua na formação de tecidos, participa da contração e
do relaxamento muscular.

Selênio
Onde encontrar: castanha-do-pará, grãos integrais, peixes.
Ação: Antioxidante, protege as células da ação dos radicais livres, ajuda na firmeza
dos tecidos.

Zinco
Onde encontrar: Algas, carnes, grãos, iogurte, leite e ostras.
Ação: Aumenta a ação de enzimas que destroem os radicais livres, melhora o
sistema imunológico.

Licopeno
Onde encontrar: goiaba vermelha, melancia, molho de tomate morango, suco de
tomate, tomate.
Ação: Antioxidante, atua na cicatrização de pequenos cortes, ajuda na prevenção
do câncer de próstata.

AN02FREV001/REV 4.0

99
Ômega 3
Onde encontrar: atum, bacalhau, salmão, sardinha, sementes de linhaça.
Ação: Melhora processos inflamatórios e protege os vasos sanguíneos.

Polifenóis
Onde encontrar: ameixa, sementes de uva, suco de uva, vinho tinto.
Ação: Combate radicais livres, ajuda no tratamento contra a celulite e protege os
vasos sanguíneos.

5.5.2 Osteoporose – receitas ricas em cálcio

É a diminuição substancial de massa óssea, desenvolvendo ossos ocos,


finos e de extrema sensibilidade, mais sujeitos a fraturas.
A prevenção se faz com a ingestão de alimentos ricos em cálcio (leite e
derivados, brócolis, etc.)
Em anexo, seguem receitas ricas em cálcio (anexo 14).

5.5.3 Nutrientes importantes

Líquidos
Recomenda-se de 1 ml a 1,5 ml de líquidos por Kcal de alimento, ou seja, 8-10
copos de líquidos por dia. Deve-se incentivar o consumo de sucos naturais, água de
coco, gelatina, chá de ervas e água.

Fibras
A recomendação é de 20-30 g/dia, sendo 25% de fibras solúveis (6 g), como: frutas,
aveia, legumes e cevada, e fibras insolúveis: folhas, trigo, grãos e alguns legumes.

AN02FREV001/REV 4.0

100
Proteínas
A recomendação é de 0.8 g/Kg/dia ou alguns autores recomendam para as pessoas
com idade acima de 55 anos 1g/Kg/dia.

Carboidratos
Recomenda-se 45-65% do valor energético total da dieta ou 130 g de
carboidratos/dia ou menos de 5% do valor calórico total das dietas em açúcar
(sacarose).

Lipídios
As recomendações devem ser de 25% a 35% do valor calórico total da dieta. Em
alguns casos, recomenda-se o aumento de 30%-40% do valor calórico, o que torna
a dieta mais palatável ao idoso com caquexia ou anorexia. As recomendações de
ômegas são, respectivamente, de 5%-10%, de ômega 3, e de 0,6%-1,2%, de ômega
6.

Vitaminas e minerais
As necessidades de minerais, oligoelementos e vitaminas são maiores em
idosos do que em jovens adultos. Alguns dos micronutrientes em especial podem ter
sua absorção diminuída, como exemplo, a vitamina B12 e o ácido fólico.
É importante que a pessoa doente ou em recuperação coma diariamente
carnes e leguminosas, pois esses alimentos são ricos em ferro. O ferro dos vegetais
é mais bem absorvido quando se comem junto alimentos ricos em vitamina C, como
laranja, limão, caju, goiaba, abacaxi e outros, em sua forma natural ou em sucos.
Todas as pessoas se beneficiarão de uma dieta rica em cálcio ou da sua
suplementação para manutenção da saúde em geral, e, em particular, do tecido
ósseo. Os maiores de 50 anos e os idosos devem consumir 1.200 mg de cálcio por
dia.
Com relação à vitamina D, para mulheres com osteoporose, é preconizado o
consumo de 1.500 mg por dia, associados a 400 mg-800 mg de vitamina D.

AN02FREV001/REV 4.0

101
5.5.4 Fatores econômicos, sociais e psicológicos x comportamento alimentar e
estado nutricional

Os hábitos alimentares nessa fase da vida estão muito condicionados aos


chamados fatores psicossociais:
• Convívio social e familiar;
• Capacidade de deslocamento
• Capacidade mental;
• Independência econômica.
Muitos idosos acabam consumindo alimentos mais baratos devido à
escassez dos recursos econômicos provenientes de aposentadorias e ou pensões,
favorecendo a monotonia alimentar.
A solidão familiar e social faz também com que se alimente mal devido à
falta de ilusão e de preocupação consigo (falta estímulo para preparar alimentos
variados e nutritivos). Assim, acabam lançando mão de produtos industrializados e
com fácil preparo, o que afeta a adequação de nutrientes para o organismo.
Outro fator é a depressão, que pode ser causada pela perda de pessoa
queridas, levando à perda de apetite ou à recusa de alimento, ou até mesmo o
consumo excessivo de alimentos e o consequente aumento de peso desencadeado
pela ansiedade.
O personal diet deve orientar o consumo de alimentos saudáveis, com
preparações fáceis e rápidas, além de gostosas e saudáveis, que estimulem hábitos
corretos e ofereçam os nutrientes nas quantidades de que o idoso necessita.

AN02FREV001/REV 4.0

102
5.5.5. Alterações fisiológicas e adequações na alimentação

• Declínio da altura é observado com o avançar da idade, devido à


compressão vertebral, mudanças nos discos intervertebrais, perda do tônus
muscular e alterações posturais.
Dieta: adequar quantidade de proteínas.

• O peso também pode diminuir com a idade devido à redução do conteúdo


da água corporal e da massa muscular, com variações segundo o sexo, sendo mais
evidente no masculino.
Dieta: adequar quantidade de calorias

• Alterações nos ossos em decorrência da osteoporose.


Dieta: adequar quantidade de cálcio.

• Mudança na quantidade e distribuição do tecido adiposo subcutâneo.


Dieta: adequar quantidade de lipídeos, carboidratos e calorias totais.

• Redução da massa muscular devida à sua transformação em gordura


intramuscular, o que leva à alteração na elasticidade e na capacidade de
compressão dos tecidos.
Dieta: adequar quantidade de proteínas.

• Perda de apetite e diminuição da sensação de sede e da percepção da


temperatura dos alimentos.
Dieta: aumentar quantidade de líquido.

• Perda parcial ou total da visão que dificulte a seleção, o preparo e o


consumo dos alimentos.
Dieta: adequar quantidade de vitaminas.

AN02FREV001/REV 4.0

103
• Perda ou redução da capacidade olfativa, interferindo no seu apetite.
Dieta: usar mais ervas aromáticas, alho e cebola nas preparações.

• Dificuldade de mastigação por lesão oral, uso de prótese dentária ou problemas


digestivos.
Dieta: adequar consistência dos alimentos (mais macios).

• Se existe alguma dificuldade no movimento das mãos, devem-se utilizar alimentos


mais macios, fáceis de serem cortados.

5.5.6 Doenças crônicas ou degenerativas: Mal de Alzheimer, de Parkinson, artrite


reumatoide

Alzheimer

É caracterizada como uma doença degenerativa, atualmente incurável, mas


existe tratamento que visa a melhorar a saúde, retardar o declínio cognitivo, tratar os
sintomas, controlar as mudanças comportamentais e proporcionar conforto e
qualidade de vida ao idoso e sua família.

Orientação nutricional:
• Consumir legumes e frutas, como a batata, o rabanete, o brócolis, a
laranja e a maçã, pois podem melhorar a memória;
• Aumentar o consumo de alimentos ricos em vitamina C, zinco
(melhoram sistema imunológico);
• Aumentar o consumo de peixe e soja (possuem ácido
docosahexanoico (DHA) reduz impacto do AB42 (responsável pela
doença)).

AN02FREV001/REV 4.0

104
Parkinson

É caracterizada por uma desordem progressiva do movimento devido à


disfunção dos neurônios.

Orientação nutricional:
 Variar bem a alimentação, a fim de receber todos os nutrientes e evitar
possíveis carências;
 Comer diariamente frutas, verduras cruas, verduras cozidas, pães,
bolachas, cereais, feijão, lentilha, grão de bico, carnes, leite, queijo, iogurte;
 Fracionar a alimentação, fazendo cinco ou seis pequenas refeições/dia,
evitando-se comer grandes quantidades de alimentos de uma só vez;
 Não pular refeições durante o dia;
 Ingerir aproximadamente de 8 a 10 copos de água por dia (pode ser
em forma de sucos não muito açucarados ou chás, exceto o mate e o
preto);
 Fazer alguma atividade física que lhe agrade: fisioterapia, caminhada,
exercícios na água, atividades domésticas ou qualquer outra;
 Preferir carnes assadas, grelhadas ou cozidas com pequena
quantidade de óleo;
 Cozinhar com óleos vegetais (soja, milho, canola, girassol), pois não
possuem colesterol.

Artrite reumatoide

Trata-se de uma doença autoimune sistêmica, que tem como característica


inflamação das articulações (artrite), podendo levar à incapacitação funcional dos
pacientes acometidos.

Orientação nutricional:
• Consumir dieta rica em alimentos anti-inflamatórios, pois podem
prevenir e bloquear o processo inflamatório;

AN02FREV001/REV 4.0

105
• Aumentar a ingesta de ômega-3, encontrado no azeite de oliveira
extravirgem e peixes (salmão, atum, bacalhau, arenque, cavalinha,
sardinha e truta);
• Colocar no cardápio chá-verde, alho, aveia, cebola, crucíferas (brócolis,
couve-flor e repolho), semente de linhaça, soja, tomate e uva – alimentos
que atuam na modulação do processo inflamatório.

------ FIM DO MÓDULO ------

AN02FREV001/REV 4.0

106

Você também pode gostar