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Amamentação e Dieta "Low Carb"

A alimentação em baixa ingestão de carboidratos está


ganhando cada vez mais praticantes. Isso ocorre,
principalmente, por que ela promove perda de peso,
sem fome. A obesidade no mundo só aumenta em
estatísticas e uma dieta que promete a perda de peso
rápida e sem sentir fome parece ser uma excelente
proposta.
A alimentação “Low Carb” é difundida através de redes
sociais, mídia e pelo “boca-a-boca” e quando ela é feita
de forma inadequada pode levar a riscos à saúde e/ou
até a falha na perda de peso decorrente da: possível
deficiência de vitaminas (micronutrientes), excesso em
ingesta de gorduras de má qualidade, excesso em
ingesta proteica, deficiência em fibras e até um hábito
alimentar que não é "Low-Carb", mas sim Cetose. Essas
consequências são bastantes reduzidas se a forma de se
alimentar for orientada por um profissional da área.

Dentro desse contexto de obesidade, ganho de peso,


perda de peso rápida e ausência de fome, encontramos
as mulheres que acabaram de gestar (puérperas). São
mulheres que estão amamentando e que sofrem dupla
cobrança. De um lado a exigência (pessoal e da
sociedade) em perder o peso ganhado na gestação e
apresentar-se esteticamente bem, de outro, o incentivo
a alimentação desenfreada para produção de um leite
saudável ao lactente (aquele que se alimenta do seu
leite).
É grande a exigência em perder peso no pós-parto
nessas mães, especialmente após a conclusão científica
de que a cada gestação, a mulher costuma reter 2 quilos
a mais que seu peso anterior e outro estudo que mostra
que mulheres que retornam seu peso ao inicial à
gestação após 6 meses do parto costumam reter mais
quilos que se perdesse antes de 6 meses. Dessa forma,
os médicos devem incentivar a perda do peso adquirido
na gestação, ao mesmo tempo que fornecer orientação
alimentar equilibrada.

A proposta de alimentação com baixa oferta de


carboidratos na amamentação poderia ser uma
alternativa para aquelas mães que pretendem perder
peso e ainda manter-se na amamentação. Apesar dos
estudos com a "Low-carb" só mostrarem bons
resultados à saúde do praticante, para mulheres que
estão amamentado pode ser um hábito alimentar
arriscado.
Não há estudos que avaliam o efeito de uma alimentação
com baixa ingestão em carboidratos na formação do
leite materno e as consequências ao lactente (que está
mamando).

Há relatos de que vacas produzem menos leite quando


são submetidas a dietas de baixa oferta de carboidratos,
sendo que esse resultado é de pouca significância para
levar a conclusões à humanos. Não se sabe se no leite de
mulheres que se alimentam com redução de
carboidratos haveria deficiência em micronutrientes e
macronutrientes e nem se essas mulheres estão em
estado de cetose (com formação de corpos cetônicos).
Não se sabe, também, quais os riscos da dieta cetogênica
em mulheres que amamentam.

Entidades americanas orientam a ingestão em 210g/dia


de carboidratos para formação de leite materno
adequado ao lactente, enquanto que a “Low Carb”
orienta que essa ingestão esteja abaixo de 150g/dia.
Diante dessa disparidade de conceitos, falta de
evidencias e segurança, e em colocar em risco a saúde
de um lactente (que depende de leite materno), o ideal
é que se siga as orientações tradicionais, até que mais
estudos sejam realizados.

Conclusão:

• Alimentação “Low Carb”, de fato, perde peso.


• Mas nem tudo são flores: Comer “Low Carb” de forma
inadequada, pode levar a deficiências ou exageros
alimentares.
• Mulheres que estão amamentando sofrem com a auto
exigência em perder peso, e a perda através da
alimentação “Low Carb” apresenta-se com poucas
evidências científicas na formação da quantidade e
qualidade do leite fabricado, levando a pouca
segurança em indicar tal hábito nessa fase.
• Apesar de parecer inocente a dieta "Low Carb" na
amamentação, existe o risco de pessoas que
amamentam realizarem a dieta de forma incorreta e
sem acompanhamento profissional.
• Pessoas que fazem uma alimentação reduzida em
carboidratos, evitando apenas os refinados e
industrializados, com menor exigência na redução
da quantidade de ingesta dos carboidratos de origem
da natureza (os tubérculos, frutas, hortaliças,
leguminosas), acompanhado por especialistas, não
parecem apresentar com risco de produzir um leite
inadequado, apesar que, ainda faltam evidências para
confirmar tal conclusão.
O que eu oriento é que:

• Mulheres que amamentam e que gostariam de perder


peso e regressar ao peso anterior ao de gestar devem
buscar realizar atividades físicas.
• A alimentação deve ser saudável: sem industrializados,
refinados e guloseimas. Se dúvida, não há benefícios em
consumir tais alimentos para formação de um bom
leite.
• Sugiro consumir as 210g de carboidratos ao dia através
de tubérculos e frutas. Mais tubérculos que frutas.
Preferir os tubérculos nas grandes refeições e as frutas
nos lanches. Lembrar que os tubérculos são
nutricionalmente e metabolicamente melhores que as
frutas.
• A gordura do tipo insaturada pode ser consumida, isso
fornece o aporte de ácidos graxos essenciais ao
lactente. Você os encontra no azeite, abacate, coco, açaí,
oleaginosas.
• Não esqueça de ingerir muita, mas muita água. A
ingesta de água não é somente necessária para
fabricação do leite, como ajuda na perda de peso e na
redução em ingesta de bebidas adoçadas.
• Deixar registrado que essa fase de amamentação é uma
fase de doação e que é temporária, de forma que, se
você fizer as minhas dicas acima e não perder todo o
peso pretendido, não é motivo de fracasso, é por um
motivo maior: a segurança na saúde do seu neném.

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