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Segunda parte

A criança em crescimento
. .\uies lie o bebê nascer

0 primeiro bebê

Marido e mulher escolhem-se um ao outro, mas não po­


dem escolher os filhos, exceto quando os adotam. Os pais não
podem determinar antecipadamente o tipo dos filhos que irão
nascer do seu casamento. Essa é a grande aventura da exis­
tência. O bebê recém-nascido é um indivíduo independente e
como tal deve ser aceito.
Na verdade, a individualidade do bebê já se acha determi­
nada, num grau bastante significativo, antes de ele nascer. Mui­
to antes do quarto mês de gestação, a criança pré-natal adqui­
riu já certos traços fundamentais da sua individualidade que
irão tornar-se aparentes durante a infância. Nem toda a influên­
cia materna, nem o mais intenso desejo de que as coisas sejam
de determinada maneira, podem fazer antecipadamente com
que a criança venha a ser loira ou morena, atlética ou sedentá­
ria, ou que ela goste mais do mar que da montanha.
Já depois do nascimento, um pai ou uma mãe que possua
uma fé inquebrantável nas influências do ambiente pode con­
tinuar a acalentar com excessiva obstinação uma imagem pre­
concebida. Em casos extremos, registra-se uma autêntica fixa­
ção num tipo específico de criança. Tal fixação pode, mais tarde,
levar o pai ou a mãe, ou ambos, a tentarem com demasiada
energia amoldar o filho a essa imagem. As coisas pioram quan-
bS A criança do Oaos^n( r

do o pai tem um ideal e a mãe tem outro. Semelhantes fjXf)


v são prejudiciais ao desenvolvimento saudável do bebê
tS pais devem, logo de início, moderar os seus desejos e djs ’
ciplinar o seu afeto. Devem aceitar o bebê tal como é. Deve^
procurai , sem descanso, encontrar a resposta a uma pergunta
que esta sempre presente: Que gênero de criança é ele - qual é a
sua verdadeira natureza?
1 sta pergunta envolve-se em trevas espessas antes do nas­
cimento, mas acabará por ser respondida através de esque­
mas de comportamento visíveis. Mesmo no decorrer do pe-
:iodo pré-natal, as características de comportamento do futu-
o bebê já estão sofrendo um desenvolvimento preliminar. Os
modmentos do feto são alguma coisa mais do que um mero
■ <a de vida. São o produto de uma reação de comportamen-
to esquematizada que o amadurecimento do sistema nervoso
tornou possível. O feto de vinte semanas está já tão adiantado
na sua organização física e na aparência da sua fisionomia que
todas as suas linhas são distintamente humanas, e assume ati­
tudes e posturas, no ambiente fluido do útero, que não dife­
rem muito das que irá apresentar quando estiver confortavel­
mente aninhado na sua cestinha de bebê.
Embora as imagens criadas pela mãe possam não ser mui­
to precisas, a sua compreensão de que a individualidade do fi­
lho está se organizando coloca-a em melhor posição para se
identificar, durante o período da gravidez, com o que é mais
conveniente para o desenvolvimento da criança.
A crise iminente de um primeiro parto é, por vezes, exa­
gerada a tal ponto que os temores e ansiedades da mãe a im­
pedem de criar uma perspectiva natural e profícua. A vigilân­
cia do obstetra pode cingir-se demais ao episódio do nasci­
mento. Os futuros pais teriam muito a lucrar com um tipo de
orientação pré-pediátrica, encaminhada no sentido da ativi­
dade pós-natal da criança. Assim, por exemplo, é provável
que a amamentação ao seio materno fosse mais largamente
praticada, no interesse da criança, se tanto os obstetras como
os pediatras incitassem a mãe a dar de mamar ao filho duran
te os primeiros meses.
Semelhante preparação é especialmente importante no
caso do primeiro filho, em que a mãe tem tantas novas orien
cnunoi em crescimento ____ ___________ w

tações a seguir. Essas orientações são, por um lado, físicas e bio­


lógicas, e, por outro lado, culturais. A atitude e as expectativas
da mãe, durante o período da gestação, têm, por conseguinte,
implicações muito vastas na vida dos primeiros tempos da fu­
tura criança.
Os cuidados com a criança e a sua orientação dependerão
não só dos pormenores práticos da técnica, mas também da
filosofia dos pais. O bem-estar de um filho protege-se melhor
com uma filosofia desenvolvimentista que respeite, a cada mo­
mento, a individualidade da criança e os relativismos da ima­
turidade. Os alicerces dessa filosofia constroem-se melhor an­
tes de o bebê nascer.

O segundo bebê

O primeiro bebê é o que exige mais da mãe, tanto fisica­


mente como psicologicamente. O segundo se beneficia disso.
Os pais estão agora em melhor posição para encarar numa
perspectiva mais verdadeira o significado do nascimento e do
desenvolvimento do filho. Mas o próprio fato de já existir ou­
tro bebê arrasta consigo novos problemas que justificam uma
breve e franca apreciação.
Não é necessário dizer que o segundo bebê é tão impor­
tante quanto o primeiro e é tanto um indivíduo quanto aquele
o é. Também ele, em certa medida, deve ser criado como um
filho único, com jus aos seus próprios direitos individuais. Os
pais encaram, por vezes, o segundo filho como uma influên­
cia reformadora, que deverá servir para mitigar o egoísmo e a
agressividade atribuídos, porventura erradamente, ao primei­
ro filho. Se a segunda gravidez é determinada por tais moti­
vos, o lar pode não estar realmente apto a receber o seu novo
residente.
Certas teorias em voga podem ter exagerado os perigos
de uma reação ciumenta para com o novo bebê. Daí resulta
que os pais, na ânsia de prevenir semelhante reação, envidem
os maiores esforços para incutir sentimentos de coragem e
hospitalidade no primogênito, já solidamente instalado no
........ .................W*W;

lar Fhrte desses esforços é difícil tomar-se a sério (à luz


parcial daquilo que sabemos acerca do desenvolvimento da
criança). Talvez um pouco de bom humor nos impeça de che­
gar a extremos desnecessários ou inconvenientes, nessa pre­
paração do júnior para escolher o novo bebê que dentro de
poucos meses irá fazer dele um sênior!
Antes de mais nada, o júnior tem um pressentimento li­
mitadíssimo dos acontecimentos que ainda não se verificam.
Se ele tiver 2 anos, ainda não possui qualquer noção do futu­
ro. Se for um pouco mais velho, pode sentir-se desapontado e
aborrecido com as referências constantes a um acontecimento
tão longínquo que é anunciado dia após dia e nunca chega! A
sua idade, o seu temperamento e a sua maturidade é que irão
determinar o que se deve dizer a ele e como lhe deve ser dito.
Temos de nos lembrar de que as crianças pequenas não têm
capacidade para pensar por palavras. É difícil falar-lhes de al­
guma coisa em relação à qual não tenham tido uma experiên­
cia equivalente. Ou antes, podemos falar-lhes dela, mas não
irão entendê-la. Ou, então, interpretá-la-ão tão ao pé da letra,
que a imagem que vão criar será uma caricatura da verdade
que estamos tentando ensinar-lhes.
Uma liçãozinha a respeito de sementes de flores dificil­
mente poderá elucidar a criança sobre as complexidades da
geração. Essa abordagem botânica comporta alguns riscos,
mesmo quando se trata de uma criança perspicaz, conforme
se demonstrou com o incidente ocorrido numa catedral angli­
cana, quando um inteligente menino de idade pré-escolar rom­
peu o silêncio solene de uma cerimônia matrimonial, atirando
em voz alta esta pergunta: "Ei mamãe, quando é que ele vai
pôr o pólen?".
As crianças de espírito concreto não pensam por meio de
analogias. Pensam em termos de sementes no estômago. Uma
criança experimentadora pode engolir uma semente de tomate
ou mesmo um caroço de ameixa, com o fito de provocar a gra­
videz. E até se deu o caso de uma menina (ou teria sido um me­
nino?) que engoliu duas sementes porque queria ter gêmeos!
Estas falsas idéias, aliás divertidas, devem fazer-nos ter
bem presentes as limitações do intelecto e da imaginação da
---------------------------- —_________
71
fri.,n<a. A sua compreensão depende d .
envolvimento que se processa devagar. g £do de-
ações antes de ela ter capacidade de as aX ní'inf,lr-
de informação servira apenas para a confundi? a ° excess°
çôes não sao tao profundas como nos parecem n®Ín,er'
encará-las com naturalidade em vez de nos Ir Devem“
rante elas. Não temos necessidade de esconde P3™05 pe‘
nem de enganá-la com histórias da carochinha ™ ? coisas
geral, é sensato respeitar as noções primitivás d 'de m°do
dar-lhe um mínimo de respostas que a^atisfacamtV"3"'3 e

e lhe forneçam um ponto de partida para mnH Presente


p.„..T,o, A “ÍÍZ

lhe pode ser ensinado de uma vez. O seu aiuJ™>


novo bebê não depende tanto da informação antecipada™™
da proteção, planejada com carinho, da sua própria noção de
posição e de prestigio. *
Nesse planejamento inclui-se o espaçamento entre um fi­
lho e outro. Há aí numerosos fatores que se devem levar em
consideração, e um deles é a idade do primogênito. Em geral,
a criança de 3 anos está psicologicamente apta para se adaptar
bem a um novo bebê. Acabou de passar por uma fase em que
reviveu emocionalmente as suas primeiras idades e está em
via de se adaptar a um mundo mais vasto para além do seu
lar. A criança de 3 anos pode estar pronta a ir para a casa da
avó quando a mãe for para a maternidade. Quase que pensa
mais nessa ida do que no novo bebê. Pode até ficar lá mais
uns quinze dias, após a mãe e o bebê terem voltado para casa.
O contato com os pais poderá ser feito através de freqüentes
cartões postais. Se ficar em casa, a voz da mãe, ao telefone,
estabelece um laço entre ambos, se bem que, para a gumas
crianças, isso torne ainda mais penosa a ausência ma ema.
Para uma crianca de menos idade, de 1 ano a 1 ano e meio,
1 ara uma cnança podem não ter nenhum
as preparações especiais que seif Ç P desfavürave|mente à
significado. A cnança pode n do bebê, mas pode
hospitalização da mae ou ao ap rcga|ias h
também, inadvertidamente, s p necessidades, se a fairu-
bituais e até da satisfação de a gu >_ salvaguarda dos
lia não tiver planejado cu.dadosamente

seus legítimos direitos.

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/z
A criança de 2 anos pode participar d °°\
1
dos preparativos materiais, talvez um mês o
bebê chegar. O bercinho, os cobertores, 0 ta] d°is
brincadeiras com bonecas ajudam a iniciá-la nC° do befe’%
to que se avizinha. Nesta idade, é possível que° acoi1teçjte

à mãe à medida que o momento de ela sair de P?nda iv

ximando. É conveniente que, antes da partida d 86 W


aqueles três ou quatro dias de hospitalizaçãO/ Se pa^

criança a oportunidade de se habituar à pessoa


conta dela. Em geral, é preferível que ela continue •°niará

lar durante esse período, já que a sua mudança para


biente estranho pode agravar-lhe ainda mais as tensõe^9ln'
paração da mãe. A volta quotidiana do pai para casa aid Se'
sentir-se segura. A criança de 2 anos reage de maneira d 99
va a qualquer lembrança material da mãe, tal como uml'
de pescoço ou uma carteira, e quer que à sua repetida per^
ta, "Onde está a mamãe?", se responda sempre nos mesmo'
termos, por exemplo: "A mamãe está naquela grande casa X
rua tal." Pode até chegar ela própna a responfer a suTpet
gunta, no caso de alguém fazê-la. F

ra d S^rpreende-n?s bastante verificar a demora de uma crian­


ça de 3 anos, ou ate mesmo de 4 anos, em dar-se conta do au­
mento de volume do abdômen materno. Dos 3 anos e meio
para os 4 anos já tem, muitas vezes, nítida consciência de acen­
tuados desvios de simetria do físico das pessoas, tais como
um braço amputado ou uma perna que coxeia. Mas uma lenta
alteração de forma que se processe diante dos seus próprios
olhos não a impressiona. Quando se percebe, dá-lhe com fre-
qüência a sua interpretação pessoal imediata, como a de que a
mãe comeu demasiado ao almoço e por isso o estômago dela
cresceu. Pode até tentar imitar-lhe essa proeza! Uma mãe sen-
sata não deve impor ao filho desta idade um conhecimento
mais profundo daquilo que acontece do que aquele que ele
próprio se mostrou capaz de apreender A - j
ça de 3 anos, tal como a da de 2 anos efetrn “T° u
participação nos preparativos materiais, um ml da SUa
de o bebê nascer. ' ts °u dois antes
. prHnca de 4 anos, e às vezes a de 3 anos, está apta a re-
u 'informações e interpretações elementar^ *T Digitai0
ceber ouua» «»•
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73

xxll, procuraremos dar uma idéia das fases do desen-


f ,„l0 ao longo das quais a criança vai adquirindo um
hccimento mais profundo do significado do nascimento e

bebês.
O ingresso do novo bebe no lar da, naturalmente origem
UI11 grande tumulto. E esse o período crítico, para o qual se
requer sutileza. Tudo sera mais fácil para todos os interessa­
dos se a outra criança tiver sido afastada do lar, especialmente
no caso de ela ter 3 ou 4 anos. O ajustamento da mãe ao lar
será, então, mais simples de fazer e ela poderá dispensar toda
a sua atenção ao bebê recém-nascido. Seja qual for a idade do
mais velho, o primeiro encontro com o novo bebê é o mais di­
fícil para ele. Convém que ele participe do tumulto das boas-
vindas, encarregando-o de tarefas simples, tais como as de ir
buscar as fraldas e aplicar o talco, para que ele possa ter o sen­
timento dessa participação. Talvez se devesse desviar estraté­
gica e ostensivamente para ele boa parte da agitação ocasio­
nada pela vinda do novo bebê. Há que salvaguardar-lhe a todo
o custo o seu prestígio. Quando numa família existem dois ou
mais filhos, a mãe mais avisada faz os seus projetos atenden­
do separadamente à individualidade de cada um.
Quando surge no lar um segundo bebê, há sempre o ris­
co de querermos fazer demasiadas coisas e, conseqüente-
mente, de deixarmos de lado as mais simples, que são as mais
importantes. As explicações têm as suas próprias limitações.
O caminho mais curto para chegarmos até à criança não é
através do intelecto. Ela não está apta a seguir um curso pré-
escolar de embriologia e obstetrícia. Há mesmo um certo pe­
rigo em realçar o papel do médico anteriormente ao nasci­
mento do bebê. Sabemos de um garoto que se mostrou ine­
quivocamente desiludido ao deparar-se com a face rosada do
seu novo irmãozinho. Então, exclamou, com toda a sua sensa
tez: "Já sabia que isso aconteceria, com aquele médico da pro­

semos também notícia de uma menina que tinha sido lin­


damente "preparada" para acolher o novo bebe, mas que, po­
brezinha, ficou visivelmente deprimidt.quando
chegado. E por quê? Porque tinha rezado todas as noites para
que ele fosse uma irmã mais velha!

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\ prole subseqüente

É quase tabu, hoje em dia, fazer-se referência a urn t


ro ou quarto filho. Uma vez que a explosão da populacfCei'
impõe a família de dois filhos, ou de menos ainda, n°s
vens pais começaram a modificar os seus pontos de J 0'
Muitos deles optaram por limitar a sua prole a dois fiih0Sta-
dão-se, então, por especialmente felizes quando lhes cabe 6
sorte de ter um menino e uma menina. As famílias numer9
sas, de seis, oito ou dez filhos são coisas do passado. A noçã'
de que "a dúzia é mais barato" já não tem aplicação na vida

moderna.
As estatísticas e o pensamento lógico, bem como os pr0.
gramas que saem dos computadores, tudo isso nos impõe a
mesma orientação: "Não mais de dois filhos em cada grupo fa­
miliar." É, todavia, interessante conjecturar, em relação àque­
les que ainda procriam maior número de filhos, o que nos é
lícito esperar dessas outras crianças. Infelizmente, muito pou­
co se tem investigado acerca dessa prole ulterior. Os geneti-
cistas esquivam-se prudentemente a tais pesquisas, defenden-
do-se assim das complicações de um "excessivo número de

variáveis".
Mas aqueles entre nós que lidam, durante anos, com gru­
pos familiares, embora sem se servirem dos controles da in-
vestigação, acabam por perceber que há diferenças inatas en­
tre o primeiro, o segundo, o terceiro e os filhos subseqüentes,
realçadas pelo que alguns tem chamado os "maravilhosos ter­
ceiros Refenmo-nos,
ceiros a terceira gravidez nãoexpressão,
com eesta "maravilhosos
ao terceiro e -
filho, A poss vél
maravilha desse terceiro parece provir de oup a]m possivei
ele se afigura dotado das melhores característica?^38 PZeS'
dos precedentes. Sucede, assim, com frequência 06 Ca?a Um
consideravelmente adaptável, bem-humorado e e seja
dar. (Isto não quer dizer que não haja ocaci™ f faci^ cui'
veis terceiros".) ’ °ras,onal™nte "terrf-

No nosso
o grupo serviço
familiar. clínicoinformações
Pedimos inquirimos sempre
acerca"acdTevÍ!^0
abortos, naturais ou provocados, e óbitos. Solicitamntuais
nos a opj_

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pais a respeito de cada um dos fiih
visto por eles. Pretendemos ajudar°S'fal como e|e,
111 m darem-se °S Pais a ind'vi-
n cada um dos filhos e a darem-
f,daqtdto{aquilo que ° fez ou preXV**’^
ambiente fez,
o «mbiente
vamenle a cada um deles. Tentamos ajuda dos. J 'relati-
a compreender
até mesmo a posição de um filh0 na ordem 7"
inenlos pode ler importância. aem dos nascí-

Acabamos por reconhecer que há ws»


qlll, pelo menos na nossa mente, estão relacionadas"^”5
ordem dos nascimentos. Notamos freqüentPm com a
ineiro filho é bem dotado, começa cedoTfal " ^7 PrÍ‘

também cedo a capacidade motora dos grandw ™de"c,a


Tem dicção clara, repete corretamente aquilo que o“m
menos tendencia para falar, ou fingir que fala, "à maneira do"

bebes . Pode mostrar interesse muito cedo pelos livros e é fe-


qüente aprendei a ler, sozinho, muito antes de entrar para a
escola. r

No domínio das emoções é que ele pode ficar para trás


Pode revelar uma certa carência de expressão emocional ou
mostrar-se emocionalmente dependente da mãe. Intelectual­
mente avança a passos largos com prenúncios de genialidade.
Esta observação é corroborada pela predominância de primo­
gênitos no rol do quem équem.
Registra-se, sem dúvida, um largo espectro de possibili­
dades quanto àquilo que os primogênitos mostram condições
para vir a ser. No extremo oposto do espectro, em relação aos
superiormente dotados, situam-se os atrasados mentais. Na
realidade, os filhos primogênitos parecem apresentar mais va­
riáveis e mais posições extremas do que quaisquer dos outros

filhos.
Quanto ao segundo filho, parece, algumas vezes, que se
pode predizer o que ele será por aquilo que é o primeiro i 10.
A natureza tem um sistema de equilíbrio. A um pnmeiro filho
difícil segue-se, com freqüência, um segun o io que e a ,
ou vice-versa. Um primeiro filho menos o a o, <ou
mo atrasado, pode ser seguido de um segund filhobnihante.
Nota-se, contudo, geralmente, que os segundos filhos sao

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76 __------------------------------

.. Mmente dotados de expressão emocional Wai, ‘


êm por vezes, mais problemas emocionais <j0Pe%
1 -ói os Podem enredar-se numa teia de enjfi «í

'X8esconde uma inteligência básica muito boa qüe

X latente. Quando esse intelecto consegue mescfe.^


as emoções, pode então desencadear-se um processo
ata mente eficiente. São estas as cnanças que, muitas Ve*
nriàcipiam a revelar-se quando um irmão mais velho *Ka
far para ir freqüentar uma escola ou mesmo quando ele sai para

ir passar fora o fim de semana.


Já fizemos referência ao maravilhoso terceiro . Uma gran.
de adaptabilidade, do ponto de vista da sociabilidade, da ha­
bilidade mecânica e ainda de outros, parece fazer parte, com
freqüência, da sua natureza instintiva. Sabem como devem
reagir, sem que lhes tenham ensinado. Podem ser lentos na
fala, mas são rápidos na compreensão; demorados na leitura,
mas hábeis na resolução de problemas. Precisam que lhes dêem
tempo, permitindo-lhes assim agir a seu jeito. São, muitas ve­
zes, possuidores de um bom senso inato.
Não depositamos grande confiança nas nossas opiniões,
ou mesmo nos nossos palpites, para além do terceiro filho.
Temos visto, no entanto, um bom número de quartos e quin­
tos filhos extraordinários, especialmente em famílias nas quais
os dois primeiros eram menos dotados ou mais difíceis de
manejar. É quase como se os mecanismos da reprodução me-
orassem os seus resultados com o exercício. Mas temos vis-
nrimeTn^fíih PrtCÍ-mmente ° contrar^°/ quando, após dois
pnme ros filhos brilhantes e bem dotados, surge uma crianca
com alguma insuficiência. ° uma cnansd
Alguns pais referem-nos que os spuq
ternar um bom e um mau, ouíro bom e Õut ot
isso acontece, pode ser que se trate do sistema d Quand°
da natureza em ação. de equilíbrio
Com a explosão da população e todos r-
para a combater, como iremos permitir os nossos esforços
esrorços
nacr«** -
prole ulterior, que se espera venha a ser de ex«;mento
dade? E quando alguns pais decidem ter aDm?C'Orlal -
mesmo não ter nenhum? Não se poderia P„r fílho ou
entao aceitar
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• tivessem uma prole ligeiramente maior, mais uns
outr°s Amenos?
esti^ p iohn B. Graham, de Chapei HilP, já chegou a suge-
0 ül‘,' casai receba duas senhas representativas das sua
rir ^^filhos Se resolver não as utilizar, poderá ceder essas
senha*casais que dese’em ter maÍS filh°s!

1 — 'K.Tz>ftp

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Um bom começo

Trabalho de parto e nascimento

Quando é que tem início o bem-estar mental do bebê7


Antes do nascimento. E está claro que não é devido ao efeito
de impressões maternas sobre o filho ainda por nascer, mas,
antes, porque a mãe, já mesmo durante a gravidez, cria atitu­
des, expectativas e decisões que irão inevitavelmente influir na
marcha do desenvolvimento mental do bebê, particularmente
nos quatro meses fundamentais que se seguem ao nascimen­
to. E bom que se comece bem.
A higiene mental da criança principia, portanto, pela hi­
giene materna. Por esta razão, o obstetra tem um papel mais
importante a desempenhar do que freqüentemente ele pró­
prio supõe. É natural que as suas preocupações se concentrem
no evento crítico do nascimento e na preservação da saúde da
mãe em face dessa crise. Mas, à parte isso, a mãe ainda se di­
rige a ele com numerosas interrogações que podem ter im­
portância para a sua própria psicologia e para o bem-estar psi­
cológico do nascituro. Há também outras perguntas que e a
própria não formula, mas que o obstetra deve formulai em vez
dela, através da sua orientação.
O obstetra tem uma grande responsabilidade qit ne
sempre é levada a cabo tão eficientemente como' ‘
se ser. A "distorção cultural do parto éumaexj

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80
s
ma, não poderá haver nela certa verdade? As práHcas
e rí ia não se acham, com.frequência, mais radicadas na°>
i ão médica e hospitalar do que na fisiologia humana? >
PO houve em que os futuros pais se entregavam nas m5^
obstetra de confiança e aceitavam as indicações que £
um
lhes desse, fossem quais fossem. .
Mas os tempos mudam. Os futuros pais andam hoje mais
bem informados do que era habitual. Muitos deles desejam ter
uma participação maior do que no passado. Cuidam de se h.
formar e buscam o tipo de médico e de hospital que conside­
ram necessário para que a mãe possa ter o tipo de experiência
de parto que desejam. Não se limitam a querer um médico que
os auxilie a conseguirem um parto natural, preparado anteci­
padamente, com um mínimo de drogas ou até nenhuma: que­
rem também um hospital que lhes ofereça uma educação para
o parto e o amparo de um ambiente centrado na família.
A exigência de "alojamento em comum", uma expressão
criada há trinta anos pelo Dr. Gesell, pôs em alerta numerosos
hospitais para o fato de que estava surgindo um novo tipo de
mãe e de que os tempos iam mudando. É necessário que os
obstetras reajam também favoravelmente quando os pais que­
rem um parto natural, sem emprego de medicamentos no de­
curso da sua execução.
É difícil calcular o número de práticas não fisiológicas que
se integraram de maneira tal na obstetrícia americana que
passaram a ser aceitas como acessórios normais do nascimen­
to. Só quando comparamos a nossa taxa de mortalidade infan­
til e as nossas cotações Apgar1 pós-natais com as de outros paí­
ses (Holanda, Suécia e Japão, para só falarmos destes três) é
que nos damos conta de que temos algo mais a desejar
A nossa eficiência, a complexidade do equipamento hos
pitalar e a utilização de drogas atuam, freqüentemente contra

„ . de wqUacão
1. Método *• tonlc fdade muscular,
da capacidade irritabilidade
fisiológica reflexa, reação
do recem-nascido à
(ritmo
cardíaco, esforço respir - sessenta segundos e novamente aos

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ffj

os processos normais do nascimento e da parturípto seeura


de um bebe incólume. Recomenda-se insistentementeX a
tendência, venficada em numerosos países, de preparar en
fermeiras-parteiras com habilitação profissional seja também
seguida aqui, a fim de libertar o médico do fardo excessiva-
mente pesado de ajudar a parturiente no decurso do trabalho
de parto, no momento do nascimento e depois deste. A pre­
sença do pai, sobretudo se ele foi treinado Juntamente com a
mulher nos métodos do parto natural, é suscetível de fornecer
um apoio, tanto físico como moral.
Verifica-se com frequência que os pais não estão suficien­
temente informados. Devia-se-lhes dizer que a medicação obs­
tétrica pode ser desvantajosa para o bebê recém-nascido. No
nosso serviço clínico, nos convencemos cada vez mais de que
a medicação obstétrica é a possível origem de mínimas lesões
cerebrais das crianças que apresentam dificuldades no seu
processo de aprendizagem. É importante que as mães estejam
em condições de saber que medicação lhes é ministrada du­
rante o trabalho de parto. Se tivessem conhecimento dos ris­
cos a que se expunham, teriam possivelmente rejeitado certos
tipos de medicação.
Em termos singelos, as mães que estão "preparadas" para
a possibilidade de participarem eficazmente no processo do
nascimento podem ter um trabalho de parto consideravel­
mente mais reduzido, podem exigir menos medicação e me­
nor intervenção obstétrica e podem recordar a experiência do
parto de modo mais favorável do que aquelas que não estão.
Carecemos de um processo educativo do gênero do que é pa­
trocinado pela Associação Internacional do Rirto.

Amamentação
Antes de mais nada, surge-nos a questão da amamenta­
ção. A decisão relativa a esta questão essencial é, com frequên­
cia, deixada em suspenso até pouco tempo antes de o bebê
nascer. Essa demora tem um efeito desfavorável na orientação
emocional da mãe. Tende também a ter um efeito desfavorá-

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^03
capacidade de lactação. Uma das razões é „
vd na sua ca
,e mamilos podem exigir cuidados regulares o8
seios e os r
■OS durante os três meses antenores ao nascimento, >
máticos
que a lubrificação e a massagem dos mamilos evita as »
ü as que interferem tantas vezes no bom exito da amani "
àò Esse cuidado regular com os mamilos prepara tatnb>
mentalmente a mãe para 0 dever de amamentar, quando cta
: « momento de fazê-lo. Talvez o termo "dever" esteja
deslocado. Em tempos que ainda nao findaram ha muito, a
tura americana revelou uma tendência crescente para deixar a
mãe escolher entre a amamentação e a alimentação artificia],
e fez pender muitas vezes a escolha para 0 lado da mamadeira.'
~ Todavia, nos últimos trinta anos, tem-se registrado um
movimento cada vez mais intenso a favor da amamentação.
Antes disso, não se dava às mães 0 apoio de que elas careciam.
Muitas mães não estavam perfeitamente cônscias dos benefí­
cios da amamentação, tanto para os bebês como para elas
próprias. A escolha torna-se fácil quando a mãe compreende
essas vantagens. Desejaria alguma mãe privar 0 seu bebê do
colostro, aquela substância viscosa que precede o leite duran­
te os dois primeiros dias subseqüentes ao parto, se ela sou­
besse que tal substância contém muitos anticorpos proteto­
res? O acesso precoce ao peito, mesmo logo na sala de parto,
dá início ao processo de interacomodação da mãe e do filho.
Podemos destruir tudo isso dando ao bebê um líquido num
frasco e separando-o da mãe. O leite de transição pode apare­
cer ao fim de 24 horas após o nascimento, se for consentido ao
bebe 0 acesso ao peito sempre que ele chore.
- As vantagens que advêm ao bebê de uma imediata provi­
são do alimento que a mãe lhe fornece, de uma proteína que
ele e capaz de digerir, do íntimo contato físico com a mãe^a
proteção contra a doença (em especial, contra a diaSno
decurso dos pnmeiros seis meses, enquanto ele nãn •
da as suas próprias proteções imunológicas tudoiq?°U
acrescido de muitos outros benefícios, deveríam rn f° amda
mães e os médicos de que a amamentação pode tí™ as
tuir uma exigência fundamental e não meramente um C°nsti-
Certamente que o bebê pode sobreviver sem ter sido 3 °PÇao’
tado, mas só com determinadas carências bem definid*13”16”'

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Felizmente, as forças influentes n
as l)lW detentores de autoridade - as do 0??/anSo *<> »ó
Têm-se organizado, desde 1956, associações'? ? *
(adas pelas maes, as lagas do Leite, das a2 pu,arcs- fr™en-
Canada, uma na África e uma no Médm nW conlam duas
Sas organizações prestam pessoalmente ™ membr<» des-
mães que tem dificuldade em continuar a SeUS sendf°s às
tem nessas organizações um espírito e um amamentar. Exis-
vulgação de conhecimentos que desafia > ^Pacid^e de dí-
se opõem à amamentação. m todas as (orças que

Alojamento em comum com a mãe

Vamos imaginar agora que situamos o nosso ponto de


partida no relógio fisiológico interno do bebê e estamos aten­
tos ao seu choro. Podemos então sugerir um arranjo de aloja­
mento em comum que traga o bercinho e o bebê para o quar­
to da mãe. Trata-se de um berço transportável que se pode
pôr num canto resguardado ou, ainda com maior intimidade,
aos pés ou ao lado da cama, consoante os desejos da mãe.
Não será de desejar que coloquemos a mãe numa base de sa­
tisfação razoável das suas próprias exigências? Quando as suas
forças o consintam e os seus desejos lhe peçam, pode ser
uma solução muito sensata a de manter o bebê próximo dela
durante o dia. De noite, ou seja, depois da mamada das dez
horas, será melhor que ele fique num quarto vizinho, junto
com outros bebês, a fim de assegurar à mãe um repouso mais
completo. Quando ele acordar e chorar, podemos levá-lo de
novo.
Semelhante arranjo de alojamento em comum irá, de fato,
reduzir a necessidade de manuseamento do bebê. Basta que
ele chore com fome, para ser alimentado. Q bebê se benefi­
ciará ainda da vigilância suplementar da mãe durante os in­
tervalos das mamadas. Desde que se tomem as precauções
adequadas, não há razão para crer que o alojamento em co-
mum aumente o risco de infecção. Pelo contrário, esse risco
Será diminuído, graças às vantagens inerentes a este arranjo.

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S4 l***,’*l,
a do bebê dá à mãe um profundo S

... Aleumas vagas preocupações e dCSr„ S»


df ^'^'digam respeito à identidade do Sj

C"""’ 'Tios prementes. A mae encontra-se .m


nam-senun t um sentimento de relacionament0ÇX.
vorável pa”rimento de familiaridade que irá robust** o
bebê, um senti bem próximo, ela to
confiança quan ’ e]e poupa.se-ihe a incerteL si
05 “X ser'capaz de visualizar com exatidão, em
sultante de nao. H bebê e como e que e]e
momento, ono do fflho é de tal maneira natural e podç
proxrandade o muitas tensões e
tomat-se P rotina hospitalar.
PKSTrXça do bebê serve, de maneira sata, para prote.
ÂP- tm uma onda de visitantes. Ele passa a maior
ger a mae con q A mãe exerce sobre ele vigilância
parte do tempo incidental toma_a ^da mais per-
COTfd^s suas exigências. Tudo isto acrescenta-se às vanta-
Xns do programa de cuidados auto-regulados que ela e o me-
S adotaram. Não há uma fadiga excesso para a mae. Ela
tem sempre ao seu alcance o botão da campainha e domina a
situação, chamando a enfermeira quando precisa de ajuda. A
auto-regulação deste arranjo de alojamento em comum nao e
rígida; é flexível, e pode ser modificada de dia para dia, con­
forme as necessidades da mãe e do filho.
Do ponto de vista do bebê as vantagens são manifestas,
desde que admitamos que ele está sujeito a influências psico­
lógicas logo a partir dos primeiros tempos do período neona-
tal. Na situação de alojamento em comum com a mãe, o bebê
recebe estímulos mais naturais e mais variados. Os seus ritmos
próprios não escapam à observação e isso poupa-lhe desneces­
sários protestos. Está em condições de poder ser aquilo que na­
turalmente ele c<Dá já a conhecer à mãe, durante essa curta
estada hospitalar de tres ou quatro dias, a sua própria indivi­
dualidade. As reações reciprocas mais íntimas quese estabe
lecem entre ambos dão à mãe uma percenc™ .
das necessidades do bebê, tal como elas se manifcX^^
dos seus esquemas de comportamento. O sistema de alo^

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--------------------------------------------------

8,5
. ilo cm comum deve, no entanto, m
'Adotado em diversos graus, de acordo
\\ E, cm alguns casos, mercê de razões especiais,
1K ■ se inconveniente para a mãe ou para o bebê.
11 Gostaríamos de aconselhar a elaboração uc um Pode
mapator-
do

nportamento diário, consoante o modeloaÇao de um


apresentado na
C-°7 ra 4, P- 2981 Tentamos inicialmente simplificar o processo

egistro, efetuando este apenas uma vez por dia, ao meio-


'1 'mas é difícil recordar todos os fatos e respectivas mudan-
l'iaí diárias se o seu registro não se fizer imediatamente. Tem-
<»aS i c uve em que antevimos a possibilidade de todas as mães
P°s m 0 mapa do comportamento diário dos filhos, de
613 d°l aue ficassem sabendo o que ia acontecendo e, possivel-
modo 4 erem o que estaria para acontecer. Verificou-se, po-
mC1 ' te essa tarefa era demasiado árdua para muitas delas.
«n?'j‘L0S no entanto, um mapa exemplificativo para aquelas
jlpXn estar interessadas.

Da maternidade para o lar

Houve um tempo - e ainda era assim há trinta anos, quan­


do este livro foi escrito em sua forma original - em que a mãe
ficava hospitalizada uns quinze dias após o nascimento do
bebê. Rodeava-se, nessa época, a mãe de uma proteção desne­
cessária. A duração da estada hospitalar foi sendo gradual­
mente reduzida, em parte também porque o hospital não dis­
põe de alojamentos para uma permanência tão longa.
Atualmente, uma estadia de três ou quatro dias na ma­
ternidade prepara bem o par mãe-filho para o futuro, so re
tudo se eles tiverem vivido juntos numa situação e a oja
mento em comum. Em tais condições, o intenso conta ® 1
mãe teve com o filho faz que este já não seja um es ran P‘ ‘
ela. E, como ela observou as suas adaptações ia a ,
participou, o bebê afigura-se-lhe muito menos
o vestiam e despiam e experimentou m 1 es_
suas necessidades. Observou como o avaX. não mui-
ponja e sentiu-se aliviada por saber que o

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Sh


.„es aconselhável antes de terem decorrido mai,
semanas, quando ele poderá apreciá-lo. Esta famlü *'
,le ,n„-,al com os cuidados minuciosos com o bebê pode 'J*
taclire bons seniços quando ela t.ver de contar só consi^
ápós a volta para casa. Ibde nem sequer necessitar dos
.k demonstrativos de uma enfermem visitante, mas

lambem acolher com agrado a assistência de uma orientadora

do lar. • .
Nunca será demais salientar a importância do planeja-
mento de uma ajuda adequada, especialmente durante as pri­
meiras 6 a 8 semanas de vida do bebê. Os europeus, sobretudo
os escandinavos, resolveram este problema mediante a criação
de seniços de ajuda doméstica a expensas do Estado. O estado
de Nova Jersey já instituiu organizações desse tipo, e espera-se
que outros estados sigam em breve esse exemplo.
A necessidade de a mãe passar os três primeiros dias aca­
mada em casa, numa extensão do regime hospitalar, podería
assim ser satisfeita com maior facilidade. Podería também as­
segurar-se desse modo a proteção contra quaisquer interrup­
ções do descanso de uma hora, três vezes ao dia. Este regime
podería igualmente proteger a mãe do excesso de visitas, bem
intencionadas aliás, especialmente de pessoas da família. Fb-
deria reservar-se para essas visitas um período especial do dia
que fosse conveniente tanto para a mãe como para o filho. Os
esforços que um número excessivo de visitas lhe exige podem
íatigar a mãe a ponto de pôr em risco a sua capacidade de
amamentação.
Iodas as famílias devem elaborar um plano que seja o me­
lhor possível para todo o agregado familiar, em tudo que diga
respeito às necessidades do lar, à presença dos outros filhos, à
preparação das refeições etc. O pai passa agora a ter um papel
mais importante nesse período inicial de adaptação. Fbr vezes
os pais podem até organizar as suas férias de maneira a nessa
altura, estarem sempre presentes, no exercício de uma capaci­
dade que é simultaneamente ativa e protetora. Se o bebê dor­
me, durante a noite, num quarto separado, mas vizinho, pode
ser o pai quem se encarrega de o levar à mãe para esta lhe dar
a mamada noturna. A política doméstica deve ser tal que as

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Aiv<v^ cmarsammfo
87
tarefas sejam repartidas. O lar é
mâe é o sustentáculo do filho. SUMentáculo da mâe _

Quando se tomam as providrnn


tido de garantir à mãe o sono de que "" «n-
iíqutdos que lhe e necessária e unia ajuda dom ■’ r "***«»*
do durante aquelas primeiras seis a oifoL S"“' Atu­
ira qualquer razão para que ela não sela r™ crí,icas- não
amamentar o bebê. (O seu interesse n -> P“Z d° con,'nuar a
fortalecer-se com a noção de que esta .™ an,a,"en,aÇào Pode
na retração uterina subsequente ao nart 1 Um eí<;l,c> fmorável

Evolução do comportamento diário

Os primeiros meses tendem a ser algo tempestuosos, mas


o tempo parecerá menos variável e adquirirá maior significa­
do se o comportamento da criança for interpretado não como
um fenômeno irregular, mas como a expressão das suas ne­
cessidades e interesses orgânicos. O mapa do comportamen­
to diário, se a mãe o quiser elaborar, facilitará essa interpreta­
ção. O porta-voz mais adequado do bebê é o choro. O choro
é essencialmente uma linguagem, embora às vezes pareça
que o bebê se entrega a ele apenas com o objetivo de exerci­
tar a sua atividade. Encarada a questão do ponto de vista de
um regime de auto-exigência, a tarefa principal da mãe é es­
tar de vigia a todas as formas de choro e de agitação, ler-lhes
o significado e atender a elas tão prontamente quanto possí­
vel. A resposta imediata ao choro nas primeiras semanas re­
duz o seu quantitativo total, dado que é provável, no caso
de essa resposta demorar a efetivar-se, que o bebê retome e
prolongue o choro depois de se lhe ter prestado a atenção

necessária. , mninr intimidade,


(Algumas mães, no interesse deí u1 < à fren.
tornaram à velha prática de prender . * seíe quilos#
te, sobre o ventre, até que eles pesem P melhor o acrés-
e depois atrás, às costas, a fim de sup € extraordinária
cimo de peso. Isso pode acalmar o
rapidez.)

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-----------
níortante pata a mãe sabet com antecipação nUc.
'■■rec0" L e òma redução constante na frequência e £

wtifiWBa â oro Nas primeiras oito semanas pratica^


duraçao do cho.H fome Daí por diante, o choro £
todos OS bebes oiam g de de

fome tende a desassossego e tem maiores in.


cnança suosnw , iriteressada em várias fot.
‘'“a5 ^Xento não alimentar. Em conseqüênciadis.
mas de compo intermitente e menos prolongado. Na
idadVde 6 semanas, o choro de tome pode limitar-se quase
d Inrp à refeição da manhã. O bebe também chora, du-
"Xs primeiras seis semanas, quando tem as fraldas mo­
lhadas ou sujas. Pode até chorar por esta mesma razao duran­
te 0 período de sono. Mais ou menos das 6 semanas em dian­
te aceita aquela situação com uma indiferença que pode man­
ter-se até à idade de 12 ou 15 meses, ou, potventura, ate mais
tarde ainda. .
Por volta da idade de 4 semanas, surge um novo tipo de
choro: o bebê manifesta tendência para chorar antes de ador­
mecer. Não se trata então de choro de fome. Esse choro é um
misto de causa e efeito, um sintoma da sua crescente capaci­
dade para estar acordado. É o sintoma desenvolvimentista de
um impulso em direção a um nível de atividade mais elevado.
Esse choro de querer estar desperto tende a verificar-se à tar­
de e ao anoitecer. Perde a sua importância mais ou menos de­
pois da idade de 10 ou 12 semanas, porque então o bebê já
atingiu realmente aquele nível. Verifica-se sensivelmente nes-
sa altura uma crescente metamorfose do choro em desassos-
sego em vocahzaçao da fala .
Com o aumento da idade, o choro que ocorre no fim do
dia relaaona-se frequentemente com anseios psicolóL™ de
ordem mais elevada. A cnança pretende exercer n - °S/ úe
centes capacidades sensoriais e perceptivas, qu aS.SUas cres‘
riência das cores, da luz, dos sons, das notas m • ® exPe"
canto. Gosta de observar movimentos e deexo^SlCaÍS ®
através do seu sentido de percepção clnestésica plnlenta'los
de que falem com ela e mesmo de que lhe dêem ob’ gostar
brincar, isto já ao fim dos primeiros 4 meses. Estes no l°S para
VOS clpç_
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A criança cm crescimento
89
títes OU interesses manifestavam-se em „erín ,
rados, muitas vezes, por breves intervalos de h CUrtos' scpa‘
A mãe procederá com acerto não estimuland 'agitaçâo-
mente a criança em resposta a esse tipo de ch„r„° exa8erada-
tanto, merece ser alvo de atenção discriminativá
ern que constitui um sintoma de necessidades dodesenvoM
mento ps.cologrco. Por razões análogas, um embalo suave an­
tes do sono pode acalmar um choro mal-humorado Enuuan
to a mãe transportava consigo o filho ainda por nascer este
estava frequentemente sujeito a mudanças de posição no es­
paço. Depois de ele ter nascido, qualquer pequena deslocação
ou eventual sacudidela em nada o prejudicam.
À medida que a sua idade.vai aumentando, o bebê mos­
tra-se menos pronto a chorar em resposta a uma excitação.
Enquanto, nas primeiras semanas, qualquer sobressalto era ti­
picamente seguido de choro, a partir da idade de 12 semanas o
bebê já pode sobressaltar-se sem chorar. Cria margens de re­
serva e margens de atividade exploratória. Olhado em pers­
pectiva, o seu comportamento está, manifestamente, confígu-
rando-se e definindo-se melhor. Termina as suas refeições com
maior decisão, evidenciando sintomas de nítida recusa.' O seu
apetite é mais bem definido. O seu desejo de que o mudem do
berço para uma breve estada em cima da cama pode definir-se
com tamanha clareza a uma mãe perceptiva que ele não o ex­
primiría melhor se dispusesse do vocabulário específico.
O seu comportamento define-se, relativamente, com tan­
ta eficácia que pode dar lugar à tentação de lhe fornecerem
alimentos sólidos logo às 12 ou 16 semanas. Essa tentativa
prematura de o fazer ingerir alimentos sólidos no decurso os
primeiros quatro meses origina, por vezes, resultados lamen-
táveis. O sistema neuromuscular do bebe nao es a
amadurecido para poder lidar a contento com su s
lidas. Os seus esquemas de proteção da língua.e

dos lábios são de tal maneira quando se


os mecanismos normais da deglutição, e ' nerturba-
Ihe fornece cedo demais um alimento sup prematura de
se o equilíbrio do leite materno. A m £ acentuada
alimentos sólidos dá em resultado uma diminuição

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'*’**<,
90

.........
bebê passa a con que 0 bebê esteja c,
de 20 a 24j®1® , razoavelmente alimentos sólidos
amadurecido para ?ado em ingeri.los. Felizmente, nessa

esteja sequer,T de manter uma provisão adequada de


fura, a mae |a e p inteiro de doze horas, sem necessi.
leite durante um p ° aQ bebê. Esta circunstânda
dade do estimuio alimenlOs sólidos sem prejuízo da
permite a introd ç g a0 mesmo tempo, dá maior

a cn W pe-ste em exigir uma refeição de manhã

"volução do mapa do comportamento diário cria uma

oersnectíva que se projeta tanto para o passado como para_o


Lturo E essa noção de perspectiva acentua-se quando a mae
“m antecipação que, na 16“ semana, e provável que o

bebê apresente esquemas de comportamento bem definido^


Mas ela necessita compreender também que a tendencia para
um comportamento centrado e definido não e inteiramente
suave e regular - o bebê tem dias "bons" e dias "maus . E, de
modo bastante paradoxal, os dias "maus" podem ser, do pon­
to de vista do desenvolvimento, os seus melhores dias, por se­
rem os dias de maior tensão, aqueles em que ele está procu­
rando impelir-se a si mesmo para uma esfera de comporta­
mento mais adiantada. Nesses dias de maior tensão, o seu
choro não é tanto um choro de frustração mas de "impulsão"!
O pêndulo desvia-se para um novo extremo, numa fase de
oscilação ascendente. O bebê pode exibir, durante um curto
período, um esquema de comportamento que só daí a algu­
mas semanas virá a integrar-se no seu equipamento normal
Após um incidente, ou um dia de tensão mais forte o bebê
pode regressar a um nível mais baixo de funcionamento aoa
rentemente vegetativo que, à superfície, se apresenta comn
dia "bom". oum
Na realidade, ambos esses tipos de dias têm a sua justifi
cação na economia do desenvolvimento, que avança persíc-
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™ ^’^t0----------------------- ----------- ---------------------
91

tentemente em direção a uma meta longínqua, mas está su­


jeito a flutuações, de dia para dia, enquanto se encaminha para
essa meta. Assim, não é de se admirar que o bebê, após ter
consolidado, ao fim de quatro meses, muitas das suas capaci­
dades, comece a manifestar, passados um ou dois meses, per­
turbações e irregularidades que nos trazem à lembrança aque­
les primeiros quatro meses. Não obstante, a tendência normal
do desenvolvimento é sempre no sentido de maior organiza­
ção e consolidação. A verificação desta tendência tem o seu
valor prático, porque dá à mãe uma noção das proporções. As
coisas não são tão más como parecem. A paciência não deixa
de ser uma virtude; as capacidades de ordem mais elevada
não podem apressar-se. Tudo tem o seu tempo próprio.
Nos capítulos seguintes, tentaremos esboçar, de maneira
ordenada, as características do comportamento e as tendên­
cias do comportamento que o tempo vai fazendo surgir no
bebê em desenvolvimento. Já tivemos ocasião de salientar
que o tempo progride a ritmos diferentes em indivíduos dife­
rentes. Não há dois bebês que se desenvolvam precisamente
da mesma maneira e precisamente ao mesmo ritmo em cada
uma das duas particularidades. Mas a escada da maturidade é
feita de degraus. A série de perfis de comportamento dos ca­
pítulos que se seguem pretende apenas mostrar, deforma geral
e aproximada, como uma criança, de certo modo típico e re­
presentativa da sua espécie e da sua cultura, sobe essa com­
prida escada, de degraus colocados em idades sucessivamente
mais adiantadas.

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Uma vez demostrado que o bebê é, na verdade, um indi­
víduo, logo se coloca uma questão de ordem eminentemente
prática: até que ponto devemos ceder perante a sua indivi­
dualidade? A própria incapacidade do bebê recém-nascido e
a obscuridade em que se esconde a sua individualidade tor­
nam esta questão um tanto dolorosa.

Indivíduos e programas

Uma solução para as nossas perplexidades é a de estabe­


lecer um programa fixo de refeições e criar o bebê em harmo­
nia com ele. O programa reflete, presumivelmente, a sabedo­
ria da raça humana. Assenta em muita experiência adquirida
através do cuidar de inúmeras gerações anteriores de bebês.
Incorpora também o saber acumulado das çiências da nutri­
ção. O médico, como portador desse saber, planeja ou estabe­
lece tal programa com um grau de reconhecida autoridade. O
programa torna-se, assim, simultaneamente, o símbolo e o veí­
culo de um controle cultural.
O programa parece ser, portanto, a verdadeira essência
da ciência da higiene e dos nossos bons propósitos. Contudo,
na sua aplicação prática, a cultura revela-se frequentemente
tão inepta e o bebê tão refratário que surgem conflitos entre o

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'« ■■■■”■ ......

,ma e o indivíduo. As dificuldades multip|ic S

!’r08 Mende impor rigidamente um programa %


*’ * Pir entre bebês com diferentes ritmos e diferent H.
s Podem então ocorrer autenticas competi ? S.
PeraT lh.ra personificada no progenrtor, insiste em '
A cu!tJ' iora nrppstabelecida;
preestabelecida; o
o bebê, seu ]bJ»
por sen
bebê, por adoa' 1
refeição a uma i. o bebê chora quando devia estar adonj'*

Siste eTo até vomitar quando


1_ devia conservar
conzor a
□ refeição „Z
M'

d0; ' dX fome quando devia estar saciado; pode *

toma8 a aceitar alimentos sólidos quando devia etc.


“Xo d criança contra a cultura pode agravar-se ainda quan.
d°o uma mãe demasiadamente excitada e um medrco excessi.
v men e resoluto exageram a sua ins.stenc.a em programas e
Sos que não se adaptam à cnança. E nesse ponto, quase
de raptura, da tensão emocional que o problema da au o-re-
X o e da orientação cultural exige uma resolução autenh-
£. Quem deve levar a melhor - o programa ou o indivíduo? E
quem é mais sensato - a família ou o bebê?
The Wisdorn of the Body (A sabedoria do corpo) e o titulo
atraente do conhecido livro de Walter Cannon em quese dis­
cutem os mecanismos maravilhosos de auto-regulação, por
intermédio dos quais o corpo humano mantém um equilíbrio
ótimo dos seus componentes químicos e dos seus processos
fisiológicos jAqueles mecanismos atuam já com precisão con­
siderável no bebê recém-nascido, mas não atuam ainda com
precisão total. O bebê é fisiologicamente desajeitado em mui­
tos dos seus comportamentos. Não sabe como dormir, como
acordar, como manter-se a uma temperatura regular. Em mui­
tas destas funções ele está "aprendendo", está crescendo, o
esse7emoXSsaanbhpand0 maÍ°r sabedoria- Mas durante todo
fazer, aquilo que «« ETaXTstataX'’7
turidade.) as llmitaçoes da sua ma-
Acha-se mais intimamente ligado à M u
aeu turacontemporânea. As suas tolerâSte^— ° qUe
sao limites taiolopcos. Cresce num ritmo eX” 'miles- C,UC
do, o que pode aumentar-lhe as dificuldade^ ente ráPÍ-
as exigências da cultura. Encontra-se num X 7 ajusta™ento
estado um tanto in-

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/ (Vtinçti cm mscimcnto
95

seguro de progressiva organ|zaçâo e


seus altos e batxos, e as suas necessidades S?3?' Tem «
cem variar de dia para dia; não há dois dh slolcWcas pare-
tamente iguais e cada mês é diferente dn q-UC SC,'3n' pt'rfc'-
sujeito à constante necessidade de manr^7C8Uintc- Es'á
gãos internos e todos os fluidos do rnm« ÍOdos os seu ór-
peração, a fim de criar um ambiente infpr Un\esfo^° de coo-
vida e um desenvolvimento perfeitos I«n ° Íav?ráveí a uma
simples. O bebê avança à medida que vai amTdV
os seus progressos não seguem uma linha rPíl í maS
nem obedecem a um calendário X*
flutuações. ” Pngnde por

É preciso que as suas exigências individuais e as exigên­


cias da cultura sejam, de algum modo, postas em acordo feso
so e possível fazer-se atnbuindo o devido valor à sabedoria
essencial do corpo do bebê e às manifestações do seu com
portamento. Temos de respeitar as suas flutuações e interpre­
tar-lhes o significado. As flutuações exprimem as necessida­
des do seu desenvolvimento. O progresso dessas flutuações de
uma semana para outra fomece-nos um indício acerca dos seus
métodos de crescimento e de aprendizagem. Se elaborarmos
um mapa dos seus períodos de sono ao longo de vários me­
ses, verificamos que o tempo total de sono diário varia quase
de maneira rítmica. Os tempos de sono sofrem aumentos e
diminuições, mas, feitas as contas, verificamos que as dimi­
nuições excedem os aumentos, de modo que o quantitativo
médio de sono diário pode descer de dezenove horas na quar­
ta semana para treze horas na quadragésima semana. E isso
que designamos por flutuação auto-reguladora.
O desenvolvimento não progride segundo uma in a re a.
Desvia-se, ora para cima e ora para baixo, ora para a irei a
ora para a esquerda. Às vezes parece até andar para ras. <.
a tendência total é para a frente. Se os desvios e °s .
não forem muito grandes nem muito numerosos, g<•
mo readquire a cada passo o equilíbrio, para ar, c .
um novo passo em frente. As flutuações nao •_ 0* anjza-
um lapso: são esforços tateantes para atingir
Ção ulterior.

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-Ao^^
96 , %

A cultura procura reconhecer esses esforços e


-los. A criança está ligada à natureza; mas tamh^^'

senvolve-se dentro da sua cultura. Mediante a leitu e'


nais que lhe fornece o organismo da criança, a cultuf9 r°S S1~
também mais intimamente com a natureza. Regist^ &'Se
suas exigências pessoais e satisfazendo-lhes em medít °as
zoável, habilita-se o indivíduo a alcançar um máximo d da fa'
regulação. e atílo~

Programas de exigência individual

Como é que um bebê indica as suas exigências indivi­


duais7 Pelo seu comportamento: o bem-estar e o mal-estar do
seu organismo recapitulam-se nos seus esquemas de com­
portamento e nas alternâncias de repouso e atividade que
configuram o seu comportamento diário. O diário do bebe e
representado pelo seu comportamento de cada dia.
O bebê não tem palavras às suas ordens, mas dispõe de
dois conjuntos de sinais: os negativos e os positivos ^jQSjque
exprimem esquiva e rejeição e os que exprimem busca e aceitação.
Nos sinais negativos incluem-se o choro, irritação, in­
quietação, recusa e ansiedade. Nos sinais positivos incluem-
se a tranquilidade, o descanso, a saciedade, os gorjeios, o sor­
riso e uma atividade prazerosa.)Através dessa linguagem do
comportamento o bebê diz-nos a maneira como se sente e
quais as suas exigências pessoais. Diz-nos se, e quando, tem
fome ou tem sono, está cansado, contente ou indisposto. Pres­
tando atenção a essas indicações, a cultura (através dos pais)
pode planejar um programa flexível de cuidados, adaptado às
necessidades da criança, à medida que elas se manifestem
Será esse um programa de exigência individual e, como tal dis ’
tinto de um programa imposto. Um programa inflexível ba
seado em normas mais ou menos arbitrárias, despreza as in
dicações e os sinais do bebê. Insiste na regularidade de inter’
valos, nao obstante as flutuações irregulares do bebê Insiste
regularmente na hora de acordar, mesmo quando o bebê in­
siste em dormir.
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A(1i^ent contento.
97
Há duas espécies de tempo - 0 temDn A
do relógio. O primeiro assenta-se na sauF-0 e 0 tcmPo
segundo nas convenções da cultura Um nr d° corP°' 0
cia individual toma como ponto de partida r™3 de cxigôn-
0 bebê é alimentado quando está com fome° tGmp° orgânico-
ele durma quando tem sono; não é acordád°nSente-SG que
trocam-se suas fraldas quando dá sinais Hp m ° para mamar;
ti-las molhadas; proporciona-se a X«“7?° P°' Sen‘
nicativa quando ele se mostra desejoso dela O hpí'”-COmu’
preparado para viver de acordo com o Xo da ±2“
- " "l*>* ■■■■SaX

Alguns têm considerado a filosofia de Gesell como sendo


ultrapermissiva, em conseqüência de uma errada interpreta
çao do nosso método de lidar com o bebê em termos de e£

gencia pessoal e de auto-regulação. Sem dúvida que, logo no


inicio deste regime, o bebê é alimentado quando tem fome E
nos primeiros dias ou semanas, essa exigência de alimento
ocorre com bastante freqüência.
Todavia, a mãe não é, em todo esse processo, um partici­
pante passivo. O mapa do comportamento diário (ver a Figu­
ra 4, p. 298) mostra-nos a rapidez com que a criança, através
do auto-ajustamento e da orientação cultural, cria o seu pro­
grama individual em que gradualmente se incluem tanto as
expectativas da família como as ferroadas da sua própria o
me. Reduz, em pouco tempo, as suas refeições de sete a tres
por dia. A mãe recebe das exigências do filho as ®uas
ras indicações, mas o filho regula e adapta com revi a e <
suas próprias exigências às expectativas da cultura.
(O mesmo se aplica em relação a criançasidema dadj^e
a outras situações além das do sono e da a i ‘
ponto de vista desenvolvimentista ou, como p>
tem chamado, unia filosofia da
aconselha que o adulto esteja suficientemc Has crianças,
ea das expetativas referentes às d=^"ndade,

bem como às suas diferentes caracten ‘ crar e não espe-


a fim de que possa saber o que é razoavc _ a uma
rar de determinada criança. Coíbe-se, a

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98

certa criança de certa idade exigências qu0 , 'S

não sejam razoáveis, mas faz-lhe, evidentem


forem razoáveis. Somos permissivos, na mediT0'

rimos as inadequações e inaptidões normais.


missivos, na medida em que fazemos exigências^SOrtl0sh

Auto-regiilação

Este princípio das flutuações auto-reguladoras é de tal ma.


neira fundamental no desenvolvimento da criança que dele Se
extraem vastas implicações culturais. Devemos salientar que 0
princípio se aplica não só a funções tão simples como o sono,
a alimentação e as brincadeiras infantis, mas também às for­
mas mais elevadas de aprendizagem e da organização mental.
O organismo encontra-se, durante todo o período de cresci­
mento ativo, numa situação de instabilidade formativa com­
binada com um progressivo movimento no sentido da estabi­
lidade. Os chamados ganhos do crescimento representam
consolidações da estabilidade. Da oposição entre duas ten­
dências aparentemente contrárias resultam flutuações num e
noutro sentido. A estabilidade e a variabilidade coexistem não
— —- - "***'" '■ I»...—, - ■ I " *■*' ' -

como opostos contraditórios,, mas como complementos-reci-


proços. Devemos, portanto, considerar muitas flutuações como
impulsos ou esforços positivos no sentido de uma maturidade
mais elevada. Podemos representá-la como exigências pessoais
que, se adequadamente satisfeitas pela cultura, têm como re-
nahdade m c*esenvo'v’rnento ótimo da organização da perso-

ma do Znvolvimcmto tomutnto^0' adaptar’Se ao esílue"

o desenvolvimento indiVidual depende de


çao intrínseca. Não existe nenhuma alí u™ aUto-regula-
nao seja uma auto-adaptação. * ‘u*aptaçao a cultura que
Mas a exigência individual é apenas n.
da promoção do desenvolvimento'^ XJda história
portante que a mãe adquira bem çe o «. ü Cdan^ É ír«-
al8Um“ wz“ ». S

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eV1(TC^’W1,t0
99

, uuridíidc - c outras vezes deverá rcauomr


®;lapte te exigências da cultura. É importanteX^0^0
, „s mecanismos de regulaçao inata e de reJl « pren'
*‘ durante o primeiro ano de vida da crianra ° CU!lural

pectivos esquemas são ainda relativamente simnl °S


A mãe compreende, assim, a urgência dos gritos r
do bebê de 4 semanas e sabe que eles só podemTer

dos com o alimento. Percebe, quando o filho já tem entre u


28 semanas e esses gritos são menos freqüentes, que ele é <7
paz de esperar pela sua refeição. As aguilhoadas da fome sãõ

agora menos intensas, o seu trato gastrintestinal subordina


se, por vezes, a outras exigências. Por ora o excesso de enertía
do bebê desvia-se para a descoberta ativa do seu corpo, das
mãos, dos pés, e também das pessoas que povoam o seu am­
biente. O seu próprio desenvolvimento interior é um fator de
organização e de controle.
Mas esta capacidade interior de esperar é mais específica
do que geral. Deixa de manifestar-se na idade de 18 meses,
quando chega o momento de uma refeição. Semelhante com­
portamento obedece a uma razão desenvolvimentista. A crian­
ça adquire um novo controle, o de exigir o alimento quando
vê a mesa em que geralmente lhe servem. A mãe que se dá
conta do significado desta passageira fase de maturidade pro­
cede em harmonia com ela. Sabe também que aos 18 meses a
criança tem um sentimento de urgência irresistível. Sabe tam­
bém que, quando ela tiver 2 anos e meio, poderá ajudá-la a
esperar, dizendo-lhe: "]á vai." Aos 3 anos, a criança compreen­
de: "Quando for a hora"; e, aos 4 anos, pode querer ajudar a

preparar a sua refeição.


A velha e expressiva palavra curti1 reporta-se a uma forma
de controle utilizada em outros tempos. A palavra está pre­
sente ainda hoje nas nossas curbstones2. Essas antigas pedras
auxiliam-nos tanto no controle do comportamento como nos
modernos sinais luminosos do trânsito. A criança pequena so

1- Freio; restrição. (N. do T.)


2. Pedras da borda das calçadas, laneis. (N. do T.)

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100

• unhando lentamente a compreensão do qUe si


2“fio como limite da segurança. A cultura, depo^S

o ocado num mundo de carros que se deslocam vel02m^


»nrotesê-la contra o nsco de se lançar para 0 m(,^
ntffie 18 meses. Deve segurá-la por meio^H

Xsó aos 2 anos e meio e que os seus olhos veem o peti


àe nnuan-0 que recue em direção a ela, e so nessa altura t0l®
S desse perigo. Aos 3 anos, continua a

mão da mãe para atravessar a rua. Aos 4 e mais atenta, tem


n ais consciência dos objetos que se aproximam em qualquer
dos sentidos e anseia pela independencia de atravessar sozi-
nha uma rua. A cultura sabe que, nesta idade, ela exagera
amiúde as suas capacidades, mas reage a sua impaciência,
deixando-a atravessar, sem ser levada pela mao, em ruas es­
treitas e seguras (mas não avenidas de grande movimento).
Aos 5 anos é menos impaciente e mais auto-regulada, e acei­
ta, com os seus olhos sempre vigilantes, o novo e proveitoso
controle dos sinais de trânsito. Está agora apta para uma in­
dependência maior.
Se a criança não consegue ajustar-se desta maneira orde­
nada, há duas causas possíveis para isso. Pode achar-se ainda
presa a formas anteriores de ajustamento. Cabe então à cultu­
ra aguardar, com expectativa e atenção, que chegue a altura
em que o seu equipamento de comportamento se encontre
apto. É frequente, porém, a criança não ser capaz de dar sozi­
nha o último passo e carecer de um estímulo do ambiente no
momento em que está pronta a aceitar essa ajuda.
Em todos os níveis etários as relações humanas se aper-
eiçoam através destas mútuas acomodações entre a cultura e
enpina a criança' ™s a também
ensina a cultura - torna-a mais mteligentemente cônscia das
das fraquezas e das potencialidades da naturezThumana j

O significado cultural da auto-rcgulação

Será «que esta filosofia da auto-regulaçào conduz a uma


exagerada tolerância ou a um individualismo excessivo? De ma­
neira nenhuma; e isto porque nós sempre concebemos o nnO_

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.]r1n alimento
... 101
-livíduo desenvolvendo-se numa culhim
s‘-' ias de responsabilidade individual. A criacãn^ u°faz cxí‘
P’11'de exigência individual dá-lhe resistênrd0(bcbê num
pendente sentimento orgânico Um

«essenciais mais intensos do bebê dizem respeitai


5esPeito
ração e ao sono. Esses desejos têm um esquema à alimen-
orgânicoln
dividual. So individualizando os programas de atuação Tqüe
in-
poderemos satisfazer pronta e amplamente tais desejos E b
tísfezendo-os rigorosamente, multiplicamos no bebê aquelas ex
periências de expectativas realizadas que criam nele um senti­
mento de segurança e uma confiança na perfeita ordem do

universo.
É muito fácil esquecermo-nos de que o bebê tem uma
psicologia e de que os nossos métodos de cuidar dele afetam
simultaneamente o seu bem-estar físico e mental. A indivi-
dualização dos programas de atividade da alimentação e do
sono constitui uma abordagem fundamental da higiene men­
tal da infância. A educação do bebê começa pelo seu compor­
tamento diário.
x . O pnmeiro ano de vida oferece à mãe uma oportunidade
otima de se familiarizar com a psicologia individual do filho.
O que ela aprender durante esse primeiro ano irá adquirir um
valor permanente, pois é provável que ao longo da sua meni­
nice e adolescência essa criança manifeste as mesmas caracte­
rísticas dinâmicas que são evidentes nos seus primeiros tem­
pos de vida.
A adoção de uma política de programas de exigência in­
dividual cria uma atmosfera favorável àquele tipo de observa­
ções que irão habilitar a mãe a aprender as características fun­
damentais do seu bebê. A mãe livra-se do vexame que resulta
de forçar o bebê a ingerir um alimento que ele não quer e de
esperar que cheguem ao fim extensos períodos de choro > e
fome. Em vez de olhar para o relógio da P^an? *** °
seu interesse para o comportamento diário do e e a
ele se acha registrado no respectivo mapa (quari o •
Observa também de que maneira e em que £ * vaJ. se
portamento se transforma, à medida que o p j .. nte Ela
transformando. É um desafio à sua percepç

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a

Í®-------------------------------------------------- ----- ylcr"!"f'?£/oot,Q,s

satisfaz assim o seu instintivo interesse no desenvoivi


f, i ho e ganha um interesse cada vez maior no pro^%
I o esquema desse desenvolvimento. Tudo se resume si^ «
mente nisto: a mãe fez do bebe (com toda a sabedoria
que ele possui) um companheiro de trabalho. É ele que"at»
ajuda a elaborar um programa flexível que se adapte da
Ihor maneira às mudanças das suas necessidades.
Embora isto pareça muito simples, tem conseqüências
profundas nas atitudes da mãe. Em vez de pôr todo o seu em­
penho numa execução eficiente, ela esforça-se, antes de mais
nada, por entender o comportamento do filho e tomar-se sen­
sível a esse comportamento. Passa a ser assim um verdadeiro
complemento do filho, reagindo com prontidão às suas neces­
sidades. O filho é mais do que um indivíduo separado dela, e
de quem é preciso cuidar a intervalos marcados pelo relógio. E
é mais do que um tesouro muito'querido. É um organismo
vivo e em desenvolvimento, um indivíduo independente com
quem a cultura tem, ela própria, de se harmonizar, se quiser
vê-lo realizar plenamente as suas potencialidades.
Não é, de forma alguma, logo no decurso do primeiro ano
de vida que todas as coisas se determinam, mas é, sem dúvi­
da, esse período o mais favorável para adquirirmos a orienta­
ção correta em relação à individualidade da criança. Durante
esse primeiro ano não devemos fazer uso de métodos de dis­
ciplina rigorosos e emocionais. Adquirimos a compreensão de
como se deve lidar com a imaturidade da criança. Antes que
ela ande, temos de esperar que ela engatinhe. Não vamos cas-
SS™ PT°d e"gatinhy- Nâ0 a “temos a andar antes do
tempo. Todo o desenvolvimento tem o seu ritmo e as suas
etapas próprias. e as suas
Por^XZe^^

mos entregue a si mesma. A cultara kitervém emn > daXe’


siões para ajudar, dirigir, adiar, encorajar e desencZ, °Ca’
sempre em relação ao equipamento de comportaméni T
cnança e ao seu estado de maturidade. Quando o bebê

<
I
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crcsdff^ctito
103

da muito jovem, satisfazemos-lhe m


dades da sua fome. A medida que crZ?°nti(iS° as necessi
paz de esperar um pouco mais, antes “5, Se ^ando ca
Ziguada. Adquire assim, pouco a pouco fo^ f°me se> apa-
medida em que e capaz de suportá Ü J rÇa cres«nte n,
persuasão gradual não é exeqXfa me™! mét°d° de
conta fundamentalmente, dos sináis dTeX9 n°s dem“
do bebe e conformemos a nossa orientara genc,a individual
senvolvunento auto-reguladora. Ç numa base de de-

Esta filosofia do desenvolvimento e da orientação da'


criança pressupõe um tipo de cultura democrático. Um tipo
de cultura totahtarista apostaria exclusivamente num esque
ma cultural extrínseco; moldaria a criança a esse esquema e
importar-se-ia muito pouco com as suas exigências indivi­
duais. A orientação cultural, tal como é traçada neste livro, é
essencialmente individualizada. E permanece individualizada
não apenas no lar, mas na escola-creche e no mais vasto mun­
do social.

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yill, 4 semanas

Perfil do comportamento

Como é a mente de um bebê de 4 semanas? Ele não nos


pode dizer e nem o leitor nem eu somos capazes de nos lem­
brar. Os íntimos processos psíquicos do bebê e da criança es­
tão sempre escondidos das nossas vistas.,Podemos, todavia,
formar um quadro razoável e útil da psicologia de um bebê,
mesmo nessa tenra idade de 4 semanas, se observarmos as di­
ferentes espécies de comportamento de que ele é capaz. Os
seus esquemas de comportamento e as suas características de
comportamento dizem-nos o que ele realmente é.
Em quatro semanas, o bebê já fez progressos considerá­
veis. Já não é tão flácido e //moluscóide// como era ao nascer.
Os músculos do seu corpo têm mais energia; contraem-se, em
tensão, quando pegam nele. Parece, assim, menos frágil e mais
organizado.
E está realmente mais organizado. O crescimento é um
processo de organização progressiva. Não é simplesmente
uma questão de ficar maior e mais forte. O bebê de 4 semanas
está mais amadurecido do que um bebê que acabou de nascer
porque todo o seu sistema de ação está mais comp examen
organizado, mais estreitamente interligado em to as sua
partes. Muitos milhões de fibras nervosas dos sel^s ou_
celülãs nervosas efetuaram novas conexoes uma

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Amilwlbo,,

0 onexões anteriores com osórga'0sin

'ímais regular e mais funda. Eng0).

nã0 se engasga nem regurgita coni


8ura'1^ tumava fazê-lo. Não e tao suscet^
«• -f5 <1*co:
" C com o queixo tremendo, nem de espir.
frequenLl£Lr de
L fi f mneratuia é mais firme. Todas as suas
dasuatemp controladas, porque a
eiíta0 tó e, bem assim, a parte "vegetati-
ll"1ÇÕeS d«fíuidos corporais
' os seus ajustamentos ao am-
^CXane^^am

biente pós-natal. unl vegetal. Patenteia um


Mas ele nao e, de torm 6 corporais e nas suas
interesse inconfundive1 n a a0 bem-estar de
experiências corporais, rta refejçâo; aprecja a quen.
que se sente impregna P aconchego de ficar
“ 8eral t- do oS pegarem nele com firmeza. Reagepo-
bem agasalhado ou p g flCTaír0S- reage negativamente aos

desejos através do choro e da linguagem definais. Pode aquie


tar-se quando está seguro à rnãé, em íntimo contato com o
corpo dela. A sua mente não está vazia. O bebê está longe de
ser um mero autômato. Pode haver mesmo indícios de volição
em alguns aspectos do seu comportamento. Não podemos
pensar nele, em qualquer caso, como sendo uma simples mas­
sa de reflexos. Do ponlo de vista da idade de 4 semanas, o seu
comportamento é esquematizado e significativo
cercai;"™- ‘ ’

do e mais prático do due era Quin^ .deSPertar ^ ^8 decidi-


menta os olhos com a mesma^esorieX' 11^' Já não m0VÍ
antes. movi-'
nmos, mas importantíssimos, músculo Ça°'; os PeQue-
°S doze peque-
vimentos do globo ocblar assuS Coniandam os mo-
Çornar|dam os mo-
capaz de manter os dois nlk mCm COntr°le de direràn r' '
vagamente numa janela ou n°S nunia POsição fixa nr.ào.' Já
f é°

' r°cícivia
esPecial- _______
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107
itc .iienio ao rosto humano, quando este «mi,
iii* n.uior, no seu campo de visão. A sua atívirb i Ç' corn ar
""" l|U'ind° T "i"‘eressante'' cstímúlo éX e
l
1Iti aos seus olhos. Mais um mês e fará c S°dal Se
olhos sobre um objeto próximo. Fbderemòs enUfoX,0’ doi’

verdade, que começou a usar o seu binóculo r'c0,n


As 4 semanas, a amplitude de movimentos dos ik ■
mitada pelo domínio incompleto da cabeça TendeV™ .
cabeça virada para um dos lados. Podemos induzi-lo aXr
para um brinquedo suspenso diretamente diante dos Z
olhOs e ele o acompanhara ate uma curta distância quando Ô
bnnquedo se mover para um e outro lado da linha média mas
será preciso ainda um mes ou dois até que ele o siga em toda
a sua trajetória de um extremo ao outro do horizonte
Às 16 semanas^, a cabeça prefere manter-se na linha mé­
dia, encarando o zeriite. Há boas razões desenvolvimentistas
para que, durante as primeiras semanas, a cabeça prefira a po­
sição horizontal ou uma posição intermédia. Essa posição per­
mite ao bebê ver de .relance_a.própiiajnãp, pois ele mantém,
com freqüência, o braço estendido desse mesmo lado, com ó
outro dobrado para o ombro.
Esta atitude lateral da cabeça e do braço (a que, por vezes,
se chama cérvico-tôliiCQrreflexa) é uma fase normal do de­
senvolvimento com a qual devemos interferir simplesmente
porque ela nos parece assimétrica. jÉ uma forma natural deas-
simetria que serve para estabelecer a coordenação dos olhos e
das mãos, e semelhantes posturas naturais merecem o nosso
respeito. Às 4 semanas, as mãos do bebê mantêm-se geral­
mente fechadas (trata-se de outra postura natural. Seria uma
tolice teimar em fazer que ele as abra; elas se manterão aber­
tas na devida altura, quando o bebê estiver apto a agarrar).
É precisamente agora, na idade de 4 semanas, que o e e
principia a agarrar, mas o faz mais com os olhos do que com
as mãos. Os olhos assumem o comando na oiganizaçv^
seu cérebro em desenvolvimento. Ele não e capaz5
demoradamente numa roca antes da idad e e' < ^ês,

começo, agarra-a simplesmente, sem pegíl-a


agarra-a e simultaneamente olha para e

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--- ---------------------- dn™w»o«,S5

108 - j
a u A coordenação das maos e dos o|k.

u"'Censão- nâo está ainda apto para uma


não está ainda apto para uma esti.
C 0 bebê de 4 se" ® sidades vegetativas e as suas
Jão social- Asaua n« ex-
nn^iassensono-n» do nos inah®. Os SCüs
Küéncia. mais o % esta0 sendo organizadose rew.
Suemas de com bilização, quer através da ativi.
Izados, quer d g acontece porque o seu vo-
Ide. Ele nã° Pode ,S,ita a alguns sons guturais. Mas arti-
abuláno laríngeo se tan t ^volvtaento de muitas ou-
cuia as suas necessidades quando descrevermos

SSdoseucomportamWto.

Comportamento diário

Opelfitdocomp=S-"t“ê

as capacidades e as caract g características

dia? A resposta a estas perguntas ele nos da através do eu


comportamento diário. Se ele fosse capaz de escreve
diário, poderia registrar, para nosso proveito, todas as suas
atividades e interesses, e desse registro poderiamos extrair um
quadro da maneira como ele armazena e distribui as suas
energias.
Com base nas nossas próprias observações do dia-a-dia
da sua existência, podemos traçar um perfil sugestivo de um
dia mais ou menos típico do seu comportamento. Não pode­
mos assentar rigorosamente quaisquer outras porque deve­
mos contar com numerosas variações individuais e noraue
vamos supor, para efeito desta exentpliflcaçSo, que se
um bebe que esta sendo amamentado de acordo com
grama de exigência individualJOs egípcios iniciavam n ? Pí°"
gem dos dias a partir da meia-noite, os babilônios a Dl r
nascer do sol, e os atenienses a partir do pôr-do-sol-nós d°
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,„nh„ o dia do bebê a partir d
., serie lie vmte e qUatro h ' ^tc, c„nsid
l(„.,s meias noites consecutivas. mPr«.'ndi<Ja
Vimos presumir que o bebê está n t “®
|in,.nio, pelo menos na primeira meia-nX pí^^te ador
hora, entre as 2 e as 6 da manM a™Za
eh®’ decisivo e estndente. Acorda poraup 5 Acorda com J

ge que, ma.s uma vez, lhe deem uma rltín aT eWnoffl“ «í


para comer Os seus gritos são uma afirmação®entar' A»da
articulada desse fato fundamental. ScrZ ma's Amenos
talmente, para anunciar a sua presença P jmbém' 'ndden-
vagamente um sentimento de solidão , afé «Pnmir
aquieta momentaneamentequando lhe I Vez se
seja o pai ou a mãe que o faça. Mas o chorZ “ C°'°-
lhe dao o seio com brevidade. Necessita H °meça se não
da para segurar o bico do peito. O choro ""Y f’equena afu-
tabelece o contato. ro cessa k>go que se es-

Mama durante um período de_20 a 40 minutos. Pode mos­


trar-se aparentemente satisfeito com um seio, mas, muitas ve­
zes, quando lhe oferecem o outro, apodera-se dele com reno­
vado vigor. Conserva os olhos fechados enquanto mama.
Quando se avizinha da saciedade, a sucção torna-se mais in­
termitente e o bebê desliza gradualmente para o sono.
Quando o seu estomagozinho se encontra distendido por
ingestão de ar, verifica-se uma reação de saciedade análoga. A
mãe prudente cuida, pois, de o fazer arrotar quando o muda
de um seio para outro e no final da mamada. O bebê acha-se
agora sob a anestesia benéfica do sono natural. A mãe apro­
veita essa oportunidade para mudar as fraldas molhadas. O
adiamento da mudança para essa altura evita a impaciência
do bebê. Todavia, se as fraldas já estavam sujas antes da ma­
mada, a mudança faz-se primeiro.
O bebê é colocado novamente no berço. Dorme durante
um período de 2 a 5 horas e acorda, como anteriormen
o objetivo de mamar outra vez. Chamamos a es e esp<ç _
tempo em que ele dorme um período de sono,j?mv
mar-lhe uma soneca ou sesta. Estas últimas sao ge_icjOs
sono limitados e bem demarcados, prece i

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, um período igualmente bem <fcfinid


,ml'ai.>t.'"'e,1'e;i,malias de idade a sequencia mamad,.^
,..,1» M» Lsta tão intimamente ligada que o dia d
mvd.» "”1'1'11”; .'c0 ou seis zonas> sono, terminando cí
e ^d° ',of ,l nente, com um choro de fome. O bebêai^

un« 'acordar por outras razoes mars adiantada, E1


„ão aprendeu a açor idade de vigflia e muitoumatura.
„ão dorme a sesta. A tarde (típicamente, entre as 4 e as
Contudo, para ° mais larga de comportamento..pe,.
6 horas) tem uma ma B tant0/ um ótim0 momento, em-
cepúvoeprmsoc^ ' 0 seu banho diário. En-
hora não seja o onv fetar resistencia, agora da mos.
quanto de manha poa da imersão na agua tépida. Os
nas de apreciar a expe corporal geral pode reduzir-
ss^ísí.-aatíís»

no berço para outro período dei sonos do está acor-


Saber se o bebê chora porque esta acoruauu u

acordar e alargando as suas áreas de percepção


me é a causa principal do choro, mas este çomeç^JLditefe
ciar-se, e o choro associado a diversas espécies de desconforto
apresenta características distintas.
Aflige-se ou chora quando o seu processo digestivo e os
seus órgãos de eliminação não funcionam regularmente. Irra­
dia satisfação quando o seu bem-estar fisiológico foi pelo me­
nos temporariamente alcançado. Esses curtos períodos dão-
lhe margem a ajustamentos perceptivos mais adiantados. Pode
prestar uma atenção concentrada à sua sensação de bem-es­
tar. Gosta de olhar na direção da sua postura habitual çérvico-
tÔnico-refexa e, por vezes, o seu descontentamento abranda
se lhe dao a oportunidade de fixar os olhos i™„„ ■ . “
qualquer desenho do dimensões razoáveis e corS’ - t0S em
brilhantes. C0res nao muito
É desnecessário dizer que estas mostras de inr
ceptivo e pré-social são leves e passageiras Alei lleresse Pei>
b^mas crianças
O^izadocomCsmScanoe.
1 -.1 ,7T 111
f
/ AO1'1 sequer a manifestá-las antes da idade de 6 a 8 w-
/ nfio l h‘7j11 vezes o choro das primeiras semanas de vida pode
I 1 (Hramente sem razão, quase como se o bebê cho-
/ pan'lVl y11S pelo gosto de chorar. Mas o próprio fato de o bebê
raftf ’• ír em presença de ligeiras mudanças do seu ambien-
se^11 c ‘ ue ele tem direito a algumas dessas mudanças. A
I te jo bebê deve limitar-se às suas reais necessidades.
i 0rien!a^stá ainda apto para uma estimulação de caráter so-
Elc ny° ta idade não é natural encontrarem-se dois compor-
CÍãl 1 tos diários idênticos. Alguns são mais agitados do que
tanien exceSso de agitação pode significar que não se
0Ut^Liiu o ajustamento apropriado entre o organismo e o
conS ® te qbdo isto sugere a conveniência de estar atento aos
arn ie^nP o bebê nos pode transmitir no decurso do seu com-
SÍnSlS qLltr u r
nortamen to diano.
P O precedente comportamento diano nao e apresentado conio

modelo mas como um exemplo sugestivo. Isto é igualmente ver­


dade em relação aos comportamentos diários dos níveis etá­
rios subsequentes, inclusos nos Capítulos IX a X. São me­
ros comportamentos diários exemplificativos. Devemos con­
tar sempre com diferenças individuais.
No texto dão-se outros pormenores acerca dos cuidados a
ter com a criança em cada uma das idades [As sugestões de orien­
tação específicas são apresentadas entre colchetes.]

Sono

Adormecer — O bebê vai caindo gradualmente no


sono para o fim da mamada, quando a sucção se torna
intermitente. Rejeita o bico do peito quando ao sono se
junta a saciedade. Se fica acordado após a mamada, pode
ser que chore antes do próximo período de sono,
Despertar - O bebê chora ao acordar. Pode inter­
romper momentaneamente o choro quando lhe nw am
a fralda, especialmente se esta apenas estivei mo a «»•
O choro persiste, em geral, ate se lhe dar o peito.
Períodos - Quatro a cinco períodos do sono nas vm
te e quatro horas. A redução dos sete a oito peno os que

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"2 Actin<^,r
«m, após 0 nascimento efehia-se mcdlan(c A
de quatro deles, dois a dois. Pode efctuar-Sc aí *H
redução através da supressão de um período de SOn^
tre duas mamadas sucessivas. °eth
[Deve-se atender ao bebê assim que ele acordar
rando. Se chora antes de adormecer, pode-se faciíi?0'
passagem do choro para o sono balançando docente *
berço ou o carrinho durante um período curto e acompa°
nhando, porventura, o embalo com uma cantiga.]

Alimentação

Número de refeições - O bebê reduz espontaneamen­


te as suas refeições de sete ou oito à nascença, para cinco
ou seis na quarta semana. Á redução efetua-se mediante
a fusão de duas refeições adjacentes. Esta redução pode
não se manter por muito tempo e pode tomar a verificar-
se mais tarde.
Quantidade - A quantidade total ingerida pode va­
riar entre meio litro e sete decilitros, da segunda à quarta
semana, após o que se registra um aumento mais rápido,
para nove decilitros ou um litro, da sexta à oitava semana.
Duração - O tempo de sucção varia muito de crian­
ça para criança, mas é, em geral, de trinta a quarenta mi­
nutos, e pode ser ainda mais demorado nas refeições do
fim do dia.
Alimentação ao peito e à mamadeira - O choro do
bebê pode apaziguar-se quando passa para o colo da
mãe, mas é mais freqüente ele só se aquietar quando se
lhe dá o peito. Precisa de ajuda para segurar o mamilo ou
o bico. A língua tomou-se já mais eficiente no agarro do
bico ou do mamilo e na execução dos movimentos de
sucção para a frente e para trás. Atingida a saciedade, o
bebê adormece, não aceita a reintrodução do mamilo na
boca e pode apresentar, passageiramente, uma expressão
facial mais animada.
[A maior parte dos bebês sabe quando tem fome e é
capaz de exprimir essa fome através do choro. Tomam-
se mais proficientes nessa capacidade inata se os deixa­
rem exerce-la. Essa proficiência é igualmente estimulada

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113

, j|ies satisfazem prontamente as exigências e


quando sC saciar-se tanto do alimento como da sucção.
os deixan1‘ ‘ g se com major facilidade através da ama-
Isso CO11S Cada mamada devem dar-se-lhe os dois
nlentaÇa°-
seios- DeV^ se alternar0 obeprimeiro
bê possa,seio
porde mamada
vezes, para
recusar o
mamada,n
segundo.]

Eliminação

Intestino - Uma a três, ou mesmo quatro dejeções ao


acordar do sono.
Bexiga - O bebê pode chorar quando tem a fralda
molhada e acalma-se quando a mudam. Este esquema é
simplesmente ocasional e não se prolonga para além das
6 semanas de idade.
[Se o choro está relacionado com as fraldas molha­
das ou sujas, o bebê aquieta-se quando as mudam. É pre­
ciso distinguir esta causa de choro do chorar por fome.]

Banho e vestir

O bebê aprecia agora o banho. Não gosta de que o


vistam e dispam.
[O vestuário deve ser o mais simples possível. É pre­
ferível que não seja de enfiar pela cabeça.]

Atividade individual

O bebê olha fixamente para as luzes e para as jane­


las. Prefere estar de cabeça virada para um ou outro lado,
em harmonia com o seu reflexo cérvico-tônico. Pode irri­
tar-se quando o viram para o lado contrário ao da luz.
Acalma-se se o virarem na direção da luz. O desejo da
luz e do brilho, exceto do sol, ao qual opõe uma violenta
reação negativa, pode manifestar-se mais tarde, às 8 ou
10 semanas, num interesse pelas cores vermelha e aran
ja. Pode controlar-se um choro intenso com uma a mo a
da de cores vivas que ela possa olhar.

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------------------------ ------------------------------------------

114
%
..nria Visual com a luz e as cores vivas é *>
A cxpenciw. como 0 aUment0 no scu
importante para a cnar v

mago.

Sociabilidade

O bebê fita os rostos que se aproximam dele. QUan-


do chora ao fim do dia - o que é a sua maneira de pedir
uma estimulação social - aquieta-se se o pegarem ao colo
ou se o deixarem ficar nu, durante uma hora ou duas, em
cima de uma mesa, onde possa ouvir vozes e olhar para
as luzes Esta exigência é mais frequente das 6 asSsema-
nas e a sua duração total está tão relacionada comum
nrocesso de desenvolvimento que os resultados finais pa­
recem ser análogos quer lhe satisfaçam a exigência, quer
o deixem chorar. Às 8 semanas gosta de acompanhauim.
movimento e aprecia ver as pessoas deslocarem-se-de-um

lado para outro no quarto.


Quando nenhum destes métodos usuais consegue
acalmar-lhe o choro, é possível muitas vezes aquieta-lo
segurando-o junto ao corpo da mãe, especialmente se
está por perto, nas suas ocupações habituais.

Digitalizado com CamScanner


Perfil do comportamento

O bebê de 4 semanas sentia-se plenamente satisfeito em


estar deitado de costas. Ainda não era capaz de sustentar a
cabeça sobre os ombros. Mas o bebêdelósemanas compraz-
se na sua crescente capacidade de manter a çabêçãereta. Gos­
ta que o mudem dãpõsiçãõclêitada para uma posição sentada.
Os olhos abrem-se mais, o pulso toma-se mais forte, a respi­
ração acelera-sè quando o mudam da horizontal para a verti­
cal. Mantém a cabeça perfeitamente ereta, enquanto lhe refor­
çam as almofadas ou as mãos da mãe fornecem o suporte ne­
cessário ao seu tronco ainda oscilante. Saboreia, durante uns
dez minutos de cada vez, a sua nova perspectiva dominadora
do mundo que tem à sua volta.
O seu olharjá não é inexpressivo. Roda livremente a ca­
beça de um lado para outro quando está deitado no berço - e
o faz realmente com tamanha freqüência que o desgaste da
fricção chega a provocar-lhe uma pequena calva. Move os
olhos numa inspeção jttiva. Fixa-os nisto ou naquilo. Olha
para a sua própria mão; olha para a pia da cozinha; olha para
um brinquedo que a mãe balança em frente dele. Pode até
mudar os olhos do brinquedo para a mão da mãe e depois no-
vamentejaara o brinquedo, o que é sinal da sua crescente dis-

0'9italizadocomCamScanner
116

. lnll-âo Torna-se perceptivo. Torna-Se tatnb- «035' 'S


cn"1 ‘V «milha, ri baixinho, gorgoleja e até dá Ea? H »
prcSOS estímulos de todas estas vocalizações tantoS<

■ ,nws como externos, mas o bebe e agora .


’dn nue era na idade de 4 semanas, muito ”en s
Íetlv0 ; mesmo. Está mais ligado ao seu ambient".^v«ltJ.
d7-s u X da cultura, "repara” nos sons, esp^>
VC\ da voz humana, "reconhece" a mãe; está de tal

habituado a determinadas rotinas que espera que cert^>


as aconteçam à hora das refeições e a hora do banho?R§
essas expectativas nas sua atitude e nas suas posturas?.S
procidade das sugestões, em ambos os sentidos, é a base £
aculturação. , . .
Tendo já alcançado um domínio elementar dos músculos
que lhe guiam os olhos e dos músculos que lhe fazem erguer
e rodar a cabeça, a próxima tarefa do desenvolvimento exige-
lhe um comando mais perfeito das mãos. (É interessante no­
tar que ele é capaz de "agarrar" com os olhos um objeto peque­
no muito antes de conseguir agarrá-lo com os dedos.)
Às 16 semanas, a mão já não se conserva, predominante­
mente fechada. Os. músculos relaxaram-se. Os dedos são mais
ágeis, mais ativos. O bebê olha ainda, ocasionalmente, para as
mãos, mas agora tem uma nova habilidade: junta-as sobrej}
peito e ensaia mexer numa comaoutra. Dedilha os dedos
com os dedos! Consegue, assim, ao mesmo tempo, tocar e ser
tocado. Éssa dupla sensação é uma lição de^autodescqberta,
Leva-o a apreciar o que são os seus dedos e que o
eqüe os objetos são
qualquer coisa diferente. Meter os dedos e objetos
da-o também a clarificar essas di«Hnrnae —; nabocaaju-
essas distinções fundamentais. O bebê
tem de aprender a sua física
" La e a sua anatomia, bem com
sua sociologia.
E, assim, nos pró
próximos três meses vai assenhorear se
mundo físico, tanto
já deu mostras de com as mãos como com os olhos. Tal co
avidez tátil. Tem umuma avidez
desejo de manifesta agora u
visual,
voraz
___ .. uin desejo voraz de se aproximar, de con
tar, de agarrar, de apalpar e de manusear. Quer esteja dei a
no berço, quer sentado no colo, demonstra uma ansiedade ps
comotora sempre que um objeto chega ao seu alcance. As

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"7

, vinas <* w c °«braço» entram cm açâo


ini aproximamos dele um brinquedo. Daqui a mais
•*” niés *'»H mâ(W (’s,t’ndem se para o objeto, rodeiam no c
U,rHiain no <’<>m firmeza. Outro mês ainda, c ele aproxima
rètáincnle uma das mãos, à simples vista do objeto. Estas
(11 ^ jcnaçôes progressivas organizam-se através de um pro-
C?sSo regular do desenvolvimento. Às 16 semanas, pode di-

dele que mais agarra as coisas do que as segura. Aperta


71 mãos a colcha e puxa-a, sem cuidado algum, para cima do
nas. listes esquemas de comportamento são imaturos, mas
prenunciam outras formas mais adiantadas de preensão e ma-

nuseamento.
Um bebê nunca esta completo. Encontra-se permanen-
lemente em elaboração. Mas mesmo essas suas capacidades
incompletas estão carregadas de potencialidades. Há assim
um grande número de promessas nos arrulhos, na inspeção
expectante, na respiração excitada, no mútuo apalpar dos de­
dos e no agarrar a colcha do bebê socialmente risonho de ape­
nas 16 semanas.

Comportamento diário

Quando é que um bebê de 16 semanas acorda? É quase


impossível registrar cm horas do relógio um comportamento
diário típico desta idade, porque o organismo se encontra nu­
ma fase de reajustamento caracterizada por transições impor­
tantes. Além disso, a hora do despertar do bebê pode depen­
der de o terem acordado para uma refeição as 10 horas da
noite anterior. Se ele acorda às 5 ou 6 horas da manhã, é pro­
vável que nas semanas seguintes manifeste uma tendência
regular para acordar a uma hora mais tardia. Essa tendência e
bastante persistente. O bebê não apresenta as largas flutuações
da hora do despertar características das 4 semanas de idade.
Pode acordar e chorar logo cm seguida para anunciar que
está com fome. Mas se dissermos que ele acorda apenas para
comer, estaremos fazendo-lhe uma injustiça porque, muitas
vezes, em lugar de chorar, "conversa" com ele mesmo duran-

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— “ ' Acrim^oa
0^5a
le um quarto de hora ou mais. Todo o seu cornpOrt~
duindo o despertar espontâneo, e mais bem defiS^k
choro de fome é de natureza pratica. Acalma-se Z
te com a chegada da mae; mas, se abusam dasya na^i
para esperar, desata numa nova cena de choro. ’ pac%
Tem um bom apetite matinal. Aproxima a cabeça d
já com a boca aberta e os lábios em posição. Já não Ca°
ajuda para estabelecer o contato e mama com avidez. de
A mãe "conversa" com ele um pouco, depois da mani
da, porque ele tem ainda uma margeinde interessedispOn|
para as imagens e os sons. Não se incomoda por ter as fraldas
molhadas ou sujas, as quais, no entanto, deverão ser mudadas
antes do próximo período de sono. A extensão desse período
é variável. Se ele tem um programa de cinco refeições, faz ajp,
da uma curta soneca matinal. Passada, talvez, uma hora, acor­
da espontaneamente e põe-se a brincar. A sua vigília é mais
definida, tem um caráter mais intencional do que tinha às 4
semanas. O sono não está tão intimamente ligado à.refeição;
pode ser precedido e seguido de um período de vigília ativa e
brincalhona. Esse interlúdio de sono é realmente uma sesta,
muito diferente da sonolência vegetativa mais vaga do recém-
nascido.
O bebê acorda para brincar e brinca para estar acordado.
Nessas brincadeiras exercita as suas capacidades sensório-mo-
toras, cada vez mais desenvolvidas. Espraia a vista e roda a ca­
beça para inspecionar as vizinhanças. Junta os dedos das duas
mãos, agarra a roupa, gorjeia e ri.
Segue-se agora outra soneca. Gosta de fazer essa longa
soneca da manhã no seu carrinho, numa varanda exterior ou
HnTnr UpFt? Cm areiado' lon8e dos barulhos e da atividade
uma touc°i nn°P<k Uma CUrta resistência quando lhe põem
o incomodarem mais movimento' mas' se não
desperta de novo para brin^ nU? S°n° Profundo' do clual
ra tornou-se uma ocumr- ° pe<dir de comer. A brincadei-
seu desenvolvimento csscnc*al como o sono para o
ses do brincar-comerPdorm°81M‘Elabora um cicl° de trêsfa-
sempre claramente nesta sonr a aS aS ^ases nao se sucedem
U SGquencia- Após o sono do princí-

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in da tll,cíc' ^0<í aC01(^ai e C^orar c°m fome logo a seeuir
^ntão, só estará disposto para brincar depois de ter sidoT

,1K O perí°d° de vigília mais complexo e bem definido é na­


tural que ocorra ao fim da tarde ou à noitinha. Após ter enchi-
j0 o estômago, brinca sozinho com satisfação, talvez durante
unia meia hora. Depois pode mostrar-se agitado, não para
que lhe dêem de comer, mas solicitando atenção e uma esti­
mulação discreta. O seu estado de vigília é mais vivo e mais
amplo- Gosta de que o levem dos limitados confins do berço
para a extensão mais vasta do sofá ou da cama, liberto, por­
ventura, em parte, das restrições da roupa. Agrada-lhe a novi­
dade dessa mudança de cenário; pode apreciar, durante um
período curto, uma posição parcialmente sentada e conve­
nientemente apoiada, da qual vê e ouve o mundo de novos
ângulos. Os brinquedos pendurados, balançando, excitam-
lhe a curiosidade; é capaz de segurar numa roca durante al­
guns minutos. Satisfaz-se com ligeiras e curtas variações de
experiência.
A curva da sociabilidade sobe tanto que o fim da tarde é
um momento favorável para o tradicional banho "da manhã";
o banho não tem maior importância higiênica a essa hora tar­
dia; mas o seu valor de comportamento pode aumentar, tanto
para a mãe como para o filho. ■
Depois da sua refeição no fim da tarde, que pode incluir
papinha de banana, o bebê "conversa consigo mesmo". Pode
entreter-se a chupar os dedos durante alguns minutos, pois a
reação da mão na boca é tão forte nesta idade que se verifica,

geralmente, após cada refeição.


À noite, é capaz de fazer um período de sono de doze ho­
ras. Está aumentando a duração do sono noturno e a da vigília
diurna. Obedecendo ao seu despertador privado, dorme até o
dia seguinte. Acorda, em parte por necessidade (para comer)
e em parte por gosto (para estar desperto e ativo).

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120 4nW*0^

Sono

Noite

,, n bebê adormece bastante “do- d«-


)flc, P)l Adormecer - U neu
, u pois da refeição das 6 da *5 varia/ de criança
nn
Despertar- A hora cmanhã. Os que
criança, entre as 5 e as choram, mas brincam
dam mais cedo gera ,n1^ da cama até sentirem fome,
com as mãos ou com a ravés da agitação. Nem to-
Ü31 Indicam o desejo de co
dos domem a noite intena num so sono.
10 1

rnu
*9V Sesta

Adormecer e despertar - 0 bebê não adonnece logo


em seguida a uma refeição, mas conversa consigo pro-

Prio ou brinca com as mãos ainda durante um certo
tempo. O chora pode preceder o sono, embora isso nao
aconteça em todos os períodos de sesta. Se o bebe nao
chora, pode carecer do efeito tranqüilizante de um em­
6/1 balo do carrinho ou do berço, especialmente depois das
IfJ refeições das 10 da manhã e das 2 da tarde. Quando
acorda das suas sonecas, parece satisfeito e não chora.
Períodos - Três sestas durante as vinte e quatro ho­
II ras são um número característico desta idade, muito em­
bora possam verificar-se duas ou quatro, em vez de três.
A soneca de manhã cedo pode ligar-se ao sono da noite,
especialmente se o despertar é tardio (cerca das 8 da ma-
nhã). A do fim da manhã pode alternar com a da tarde.
Nao e normal uma sesta ao fim da tarde, a qual só se ve-
"fma quando torna a ocorrer uma vigília à noitinha ca­
racter,st,ca de uma idade anterior.

para o berço fixo O ca n*? lr;lns^r'u'sC da cestinha


'Uear Para« Wu a, S'mente °

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/ tyii/iiii eiiicirstínienlo
121
Alimtntȍio

Aulo-^ulação - A exigência de alimento expressa


através de um choro intenso ao acordar torna-se menos
frcqücntc a partir das doze semanas, andando gcralmcn-
te ligada apenas ao primeiro despertar da manhã. Às ou­
tras refeições o bebê dispõe de maior capacidade de es­
pera e é capaz de se adaptar, com certa medida, às exi-
eências do ambiente. Pode indicar o desejo de comer
através do seu desassossego. Nesta idade pode haver re­
jeições ocasionais (que vão até o ponto de ele gritar) das
refeições do meio-dia e das 6 da tarde. Os que comem
pior podem ter a tendência de subdividir uma destas re­
feições em duas partes, tomando a segunda parte após
um intervalo de uma hora.
Há frequentemente nesta idade uma diminuição de
apetite pelo leite e aos que comem pior pode acontecer
que vomitem.
Número de refeições - Há, nesta idade, três a cinco re­
feições diárias, ligando-se com freqüência as duas primei­
ras refeições da manhã. O bebê já não acorda esponta­
neamente para mamar entre as 10 e as 11 horas da noite.
Quantidade - A ingestão diária total de alimento
pode variar entre 7,5 decilitros e cerca de um litro. Os
que comem mal não variam tanto como os que se ali­
mentam bem, e é natural que se mantenham em tomo
dos 7,5 decilitros. As refeições individuais dos que co­
mem bem podem variar, em quantidade, de um decilitro
e meio a quase dois decilitros; os que comem pior não
apresentam uma flutuação tão grande. O bebê serve-se
de ambos os seios em todas as refeições, exceto na das 10
horas da manhã, em que, geralmente, só utiliza um. Se
ainda acordarem o bebê para uma mamada às 10 horas
da noite, então pode ser que ele tome apenas um seio, na
primeira refeição da manhã.
Duração - Ambos os seios - quinze a vinte minutos.
Um seio - dez a quinze minutos. A refeição das 5 ou 6
horas da tarde pode demorar até vinte e cinco ou tr nta

minutos. ,
Alimentação ao seio e com niamadeira - O bebe po c
manifestar agitação antes de lhe darem de comer, mas
freqüentemente espera até que chegue mais ou menos a

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_________________________ __________________ Acria^do0
122
‘X
. ai mussolUTii vigorosos gritog de eXDPí,
hora da refeição. Alp . seio à vista> Quando lhe of
tativa, quando a n1i’^dcjxa de chupar os dedos ou a |f®‘
recem o bico do pci < em posição e agarrar com as
gua para colocar os < q ge-0 ou a roupa, enquantQ
mãos. Estas poden - ,iÇanlij0 com muito pouca ajuda da
o bebê se apossa do de ]eVantar os olhos do seio
mãe. Enquanto n}an^ ' ara aS circunvizinhanças - e es-
para o rosto da mae, o peggoas que pOSSam estar
pecialmente paia aS sentarn-se contraídos nos can-
presentes. Os lábios p^ pode ger até muit0 maig
tos e a sucção é for e. resultando daí o bebê
do que a capacida ação a mamadeira requer, com
engasgar-se. A a a)-uste do bico de borracha,
freqüência, que 0 cbupar, mais 0 bico se achata,
ató que eleaXpor ser capaz de largar o bico e esperar

que 7noVaÍatóaçãoS, o bebê pode largar e tomar

a agarrar o seio repetidamente, em jeito de brincadeira e


mesmo com um sornso. Quando atinge, por fim, a sacie-.
dade, arqueia o corpo para trás e pode resmungar se qui­
serem forçá-lo a pegar novamente no seio. Em geral, ar­
rota espontaneamente depois de acabar o primeiro seio.
Embora possa parecer saciado quando o mudam para o
segundo seio, a sua avidez impaciente leva-o, em regra, a
reagir à mudança de uma forma positiva. Com a sacieda-
de final, dispõe-se a chupar a língua ou o polegar e mos­
tra-se, com freqüência, muito conversador.
[A exigência de sucção é tão forte, nesta idade, que
é melhor esperar que ele a satisfaça antes de se lhe darem
alimentos sólidos,
_ Alimentação com colher - A projeção da língua é ain­
da tão acentuada que 0 bebê engole muito pouco alimen-
uí/f qUC ° c°locluem na parte de trás da língua-
recusam o esPecia'n}ente quando são amamentados,
enquantorrôoch^05 S°^0S/ ou tomam-nos muito mal,
XZtTmaos5ou6mesesdeid^.
«aborda ^XaT^™ ' A aPro™^ão dos lábios

tan(lo daí entornar-se Pouco adequada, resul-


gosta muitas vezes deste si°tIC|Uido' APesar disso, o bebê
cos de fruta. wslcma para beber água ou su-

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Eliminação

Intestino - O bebê tem uma ou duas dejeções diá


nas, embora falhe com frequência um dia. A hora do dia
em que a dejeção se verifica varia de uma criança para ou­
tra, embora se mantenha geralmente a mesma para cada
criança. O momento mais comum é depois de uma refei­
ção. Quando a dejeção não se segue à refeição, é natural
que ocorra durante o período de vigília, entre as 6 e as 10
horas da manhã. Se ocorre durante a refeição, o bebê
pode vomitar.

Banho e vestir

Nesta idade, o bebê exprime o seu agrado pelo ba­


nho com pontapés e risadas. Não gosta que a banheira
tenha uma grande altura de água e pode gostar de deitar
de barriga para baixo enquanto lhe dão o banho. Por vol­
ta das 20 semanas, pode agarrar-se à borda da banheira e
mostrar-se irritado quando o tiram para fora.

Atividade industrial

Os períodos de vigília são agora mais longos e o bebê


preenche-os muitas vezes com atividades físicas, como,
por exemplo, dar pontapés, rodar a cabeça para um e ou­
tro lado, ou virar-se para um dos lados. Já é capaz agora
de agarrar objetos e aprecia particularmente um brinque­
do que alcance. Também gosta de juntar as mãos e pode
chupar o polegar ou os outros dedos antes e depois das
refeições. É agora muito falador, fazendo muitas vezes
com prazer os seus exercícios vocais, em especial de ma­
nhã cedo e à tarde. "Conversar" e chorar são atividades
que podem seguir-se muito de perto uma à outra. Entre-
tem-se menos do que antes soprando bolhas de saliva.
Gosta de mudar, à tarde, para um sofá ou uma cama lar­
ga e pode sentir-se satisfeito sozinho, por cerca de uma
hora, das 3 às 4, muito embora se interesse também pelas
outras pessoas. Gosta de ter a luz acesa depois das 6 da

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114 Acrian^do0^f
'--------------------- .- ------------- ---------- —----------- —

. •Sc n deixam acesa, isso píxJn


tarde, mas já não a cxigt .
mantê-lo acordado.

Sociabilidade
ia exigência cada vez maior de
;.! Há, nesta idade, u”‘da pode aparecer relacionada
convívio social. Essa exig<- antes de cada refeição,
com as refeições, muitas venfique durante a refei-
embora em algumas enan^^^ de atenção social é parti­
ção ou depois dela. A c do dia, cerca das 5 da tarde,
cularmente forte para o berço durante o seu pe-
O bebê gosta que o m Jmente de estar no seu carri-
ríodo social. Gosta e p semanas, um forte
XssTpéto pai Xtóm pelas crianças pequenas. As
Sn adeiras sociais com o pai podem ocorrer com mais
X do que com a mãe porque o bebe nao associa o par
ao alimento. Gosta que as pessoas lhe prestem atençao,
falem com ele e cantem para ele. Tem tendencia para
chorar na posição deitada e parece gostar mais de estar
sentado. Às 20 semanas, gosta tanto que falem com ele
que pode até chorar quando as pessoas vão embora.
[O bebê tem tendência para exigir maior atenção so­
cial se dormir no mesmo quarto com a mãe, especial­
mente no caso de ela se levantar de manhã muito cedo.]

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X. 28 semniuis

perfil do comportamento

O bebê de 28 semanas gosta de ficar sentado numa


dera alta Quando desperta de uma soneca, é muito prXl
que levante a cabeça, como que tentando colocar-se em posi
ção ereta. Quer sentar-se e ver o que se passa; e quer acima
de tudo, apoderar-se de qualquer objeto (uma peça de roupa
pode servir) que ele seja capaz de manusear, de levar à boca e
de bater com ele. Não são necessários brinquedos caros e
complicados.
O seu gosto por manusear está no auge. O bebê já "apren­
deu" a equilibrar a cabeça, está quase em via de equilibrar o
tronco, sabe como agarrar um objeto que tem à vista e está an­
sioso por experimentar o mais depressa possível a eficiência
das suas crescentes capacidades.
Essa ansiedade e concentração revelam-nos que as suas
brincadeiras são um assunto sério. Está descobrindo o tama­
nho, a forma, o peso e a textura das coisas. Já não se contenta
simplesmente em mexer nas suas próprias mãos, como tazia
na idade de 16 semanas. Quer apalpara roupa, expeniiun ar
a sensação que ela proporciona. Mete-a na boca, tuai a, o u
para ela, gira-a com uma rotação do pulsa |K „tnnietem
na boca, tira-a, dá-lhe outra rotação, aproximai a i
livre, muda a roupa de uma mão para ou ra, <

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V

126

. • .i i cair, apanha-a, torna a rnnaz


tabuleiro da cadeira,cajr para longe do seu^í4*'*
uma mão para outra, u • ^consegue,agita-seporJ?
inclina-se para apanha « , * ma0 vazja no tabuleiro etc18‘ mo.'
I _,

mentes e, então, bate c traba|ho Nunca está ocioso'^


isto ao longo do seu di<■. Porr''
oinpUlsiva de se servir das ’*'J?
que sente uma necessr * ^àos
aos
paramanusear_ee^lorar s.o uma espécie de
As suas maos ja . do polegar com mais perfri,'
como eram. Começa' * ■ te antes de agarrar. No entant()e
a inclinar a mao imed ‘ dedos é ainda grosseira em c ;
a coordenação delicad 4fl semanas E mais hábj. "
paração com o que■ vnt com as maos; olha penetr^

objeto que ainda não conse.

A □íZt manusear é tão grande que é capaz de brin­

car soz nho, feliz da vida, durante curtos penodos de tempo.


Nessa dtur , devemos deixá-lo entregue aos seus planos E
característico dele ser tão independente como sociável. Irá
manifestar uma independência análoga, em um nível mais
elevado, quando estiver na fase de andar daqui para ah, aos 18

meses.
Agora é um sedentário. Por isso, está sentado na sua ca­
deira. Observa com interesse as atividades do lar. Dá voz ao
seu desejo impetuoso, para não dizermos à sua impaciência,
quando descobre uma mamadeira ou um prato e vê a mãe
preparar-lhe uma refeição. Pode tentar apanhar um prato que
está inteiramente fora do seu alcance, porque ainda tem algo
que aprender acerca das distâncias - e do tempo também. Tem,
contudo, a boca e os músculos da garganta muito mais perfei-
tamente organizados do que os tinha com 16 semanas. É ago-
aZt e • man°brar' alimentos sólidos que antes tendiam a

fora com Ia nao ProJeta a língua para


te Zm S±t‘nfanlde °utros te-Pos. Os seus lá-
gua lambe os lábios c 01^°?^ lhe levam a boca; a lín'
fechada. Tudo isso denot nd°Sacia<^0' mantém a boca bem
Ção neuromuscular. 3 Um 8rande avanço na sua organiza-

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’27

3'”"
x é claro, não é capaz ainda de segurar adcquadamen-
-olher pelo cabo, nem dc se servir dela como um utcn-
* Guando tiver 1 ano, já saberá introduzir a colher numa
Mas, antes dos 2 anos, não conseguirá levar à boca, so-
uma colher cheia, sem lhe entornar excessivamente o
Z'n teúdo. A colher é um instrumento cultural complicado. O
28 semanas está, através dos seus manejos, assentan-
a]icerces do domínio motor desse instrumento.
d0 °q bebê de 28 semanas apresenta uma mistura de versatili­
dade e de incapacidade. É largamente superior ao bebê de 16
semanas no comando conjunto dos olhos e das mãos; mas
encontra-se ainda apenas à beira das capacidades que virão a
amadurecer durante o resto do seu primeiro ano. Está perto
de se sentar sozinho; quando chegar a 1 ano, pôr-se-á, sozi­
nho, de pé. É capaz de segurar dois objetos, um em cada mão;
a seu tempo, será capaz de os juntar. Vocaliza grande diversi­
dade de vogais e consoantes que em breve ganharão o estatu­
to de palavras. Através de incessantes manuseamentos e de
levar à boca um grande número de objetos, adquire um cabe­
dal de percepções que fazem-no sentir-se mais à vontade no
seu ambiente físico. Acumula também um tesouro de percep­
ções sociais; interpreta as expressões faciais, as atitudes pos-
turais e as idas e vindas da rotina doméstica. Estas percepções
sociais não são ainda muito complexas, mas são apuradas; são
esquematizadas; e são essenciais ao continuado desenvolvi­
mento da sua personalidade.
Nesta idade, as capacidades da criança acham-se relati­
vamente equilibradas. Os esquemas de comportamento do
bebê de 28 semanas estão bem focados; os seus interesses são
equilibrados; é, ao mesmo tempo, independente e sociável;
alterna, com facilidade, uma atividade espontânea relaciona­
da consigo mesmo e uma atividade de relações sociais. Gosta
de ficar sentado (com apoio), mas sente-se igualmente bem
deitado de costas. Gosta de manusear brinquedos, mas qua
quer objeto lhe serve; e govema-se mesmo sem objeto nen um,
pois, então, entretém-se deslocando a mão dentro do seu cam
po de visão, pelo simples prazer (e valor educacional, tam em;
de vê-la mover-se. Tudo considerado, as suas caractens íca

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1M 4

. ÍJ0Í
X

128 ______________________
de comportamento contrabalançam-se bem °\
Acria,^do0
cias do desenvolvimento em breve irão desvú i 9s te
parativo equilíbrio, enquanto ele for abrind'^
níveis mais altos de maturidade. 0 CaihinhnC°n’-
°

Co^“"nc"tOllÍArÍO

Hphê de 28 semanas acorda quase sempre a


° n°SS?»lauer entre as 6 e as 8 da manhã. Tem fama de
uma hora <lu^ , „ A produção do seu aparelho urinário
acordar e"s0P nt desde a idade de 16 semanas. Mas
aUnK nte indrferente, e é típico ele deixar-se ficar
tSS° e ndo d seu jeito. Uma vez ou outra, um bebê de apetite
bnTvômz pode erigir uma refeição imediata ao acordar, mas
XSas são uma idade relahvamente amrstosa e sere­
na e s mães referem-nos que as crianças desta idade acor-
Sam, geralmente, "bem" e brincam sossegadamente duran e
uns vinte a trinta minutos. Uma ponta do cobertor, uma fita
desatada, ou até a sua própria mão mexendo-se livremente
servem para elas brincarem. Podem entreter-se exercitando a
voz, mas não tanto como às 16 semanas, porque agora, às 28
semanas, estão no auge os manuseamentos e as brincadeiras
visiomanuais.
A alimentação ao peito é muito satisfatória no que res­
peita à primeira refeição da manhã. Essa mamada matinal
traz uma grande comodidade à mãe, dada a considerável va­
riação na hora de acordar de manhã que se verifica durante o
intervalo entre as 16 e as 28 semanas e a exigência imediata de
a imento que, com freqüência, se segue ao despertar. Quer ao
° bebê de— crescente eficien­

te, dwXel^iaXXtcs™Ó' “P™™"-

muito confortável sozinho no seu qwrto "h °' ° bebê 5cnte‘se


zinho, durante uns vinte minutei ™ca Afeito, so-
“m brinquedo c, passados 'P“ls gosta que lhe dêem
Sen emn0 berço para inspecionar as redonZT 0

Digitalizado com CamScanner


//<///( llllfllto

— 129

mn até a r .
,,i,. o colocmn nunin cndeira seguro que
■ lhe
'->rmi> Zlnha'
‘ . .|()inliuulora dos preparativos d
rert<>
flflv cxpechitlva que aguarda a comiH^1"3 ^ÇâoT?
quando a aproxi.nnm dele. 7bma 0 n|i* c excitad„
ril poivenlura, no colo, se as SUM Xotado na cad“°

temperamentais assim o exigem. Coopero JCas Parais e


posição para receber a colher e termina n °-0 os láblc« em
riso de contentamento c de saciedade ‘ G,Çao corn Um sor-

A sua dejeção diária pode ocorrer nessa alh,


primeira refeição da manhã. No período entro ou após a
as 16 e as 20
semanas manifesta uma certa reação acomodará cal “ -
no vaso, mas dai por diante começa a demonstro jáo
ça
uma
pertinaz. A mãe já se resignou, nesta altura a arLro" “ recusa
cusa e vai adiando o “treino” sistemático. O bebê nãodTi re-
mos-
tras de se sentir incomodado com as fraldas sujas.
As 10 horas, pocm-no no carrinho, que é empurrado para
fora da porta ou para uma varanda e, após uma mamada ao
peito ou na mamadeira, cai no sono relativamente depressa
Desperta por volta do meio-dia ou da 1 hora. Acorda bem-dis-
posto e mais uma vez brinca satisfeito, sozinho, no seu carri­
nho. Quando mostra uma ligeira agitação, acalma-se rapida­
mente com um brinquedo e, mais tarde, com a mudança para
a posição sentada, convenientemente amparado.
Por volta das 2 da tarde, está pronto para uma refeição de
vegetais, seguida da mamada. Se o tempo o permitir, é o mo­
mento de dar um passeio no carrinho. Não aceita com muito
Hlc ____________i touca, mas aprecia indubitavel-
agrado que lhe ponham uma
portunidades de gozar os panoramas que o carri-
mente as ojrano ri «cH n nrimeira idade em que o bebê se por-
nho lhe oferece. É esta a primeira..
ta muito bem" nestes passeios.
cipia em torno das 3 horas e meia, e
A sesta da tarde principia
O bebêemdesperta com mais lentidão
dura cerca de uma hora. L -o menos autodependente.
dessa sesta e mostra-se um pouco
nas idades anteriores, gosta de um P°^°5tarcJe
Miiiuciue,
Tal —
como ai________ ‘ambém de succ, dc«• * ara ue
bilidade, à tarde, e
sao, portanto, uma hora favoravel Par‘ da manhã tome
n Fafn dp ele acordar muito cedo da s

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f

1,W

onvenicnlc para a família o banho ao i


casos, o bebê aprecia extremamente
,7ei°'dla i, S
qlK ' è SÓ por si, um prazei; e é também
nia «nteX
cotos boas que estão para w
A ultima refeição e por volta das 5 e meia p,„,
. nias é geralmente de mamadeira. E às 6 •S
«a cama-onde ele ad°imeCe Prontarnente
de doze horas a fio. Ulh

Sono

Noite

Adormecer - O bebê tem tendência a adormecer


10„ após a sua refeição das 6 horas da tarde-.
Despertar - São muito poucos os bebes que, nesta
idade são acordados para uma refeição às 10 horas da
manhã e ainda menos os que acordam espontaneamente
a essa hora. Se os acordam, tomam muito pouco leite ou
recusam inteiramente a refeição; mas, se acordam volun­
tariamente, só se acalmam com uma refeição. A maioria
dorme a noite inteira de um só sono de onze a treze ho­
ras, acordando por volta das 6 da manhã ou mais tarde.
Os bebês desta idade portam-se geralmente "bem" du­
rante meia hora ou mais, depois de acordarem e antes de
exigirem uma refeição.

Sesta

Adormecer e despertar - Não há agora dificuldades


no adormecer e no acordar. O sono anda, em geral, es-
reitamente associado às refeições das 10 da manhã e das
o da tarde.
Rrande a^°S ~ nesta idade, uma variedade bastante
!> <1= esquemas de sesta. O bebê faz, em geral, três

das refeições (10 horas ^nas Por Uma questão de comodidade, a horas certas
horas, Choras, 6 horas).


4fHfw' 131
«oneras diárias. As do meio da manhã c da tarde <ri
mais estáveis. Algumas crianças têm um esquema rei?
lar de uma sesta comprida, de manhã, e uma curta, à tár
de (ou vice-versa), enquanto outras alternam a extensão
dessas sestas, dependendo da duração da sesta da ma­
nha. Não se verifica, em geral, uma soneca à noitinha a
menos que ela seja determinada por um despertar às 10
da noite.
Lugar- Os bebês dormem melhor a sesta da manhã
ao ar livre no seu carrinho. Alguns dormem também a
sesta da tarde no carrinho, durante o passeio. Quando isso
não acontece, fazem esta sesta em casa, no berço, duran­
te o fim da tarde.

Alimentação

Auto-regulação - A exigência individual registra-se


principalmente em relação à primeira refeição da manhã.
O momento em que a exigência é feita varia de acordo
com a hora do despertar. Alguns bebês exigem esta refei­
ção logo após acordarem, mas a maioria deles aguarda
mais ou menos uma meia hora. As outras refeições são
aceitas às horas estabelecidas pela mãe, de acordo com
as necessidades crescentes do bebê e a facilidade ou difi­
culdade do seu ajustamento às exigências do programa
familiar.
O bebê aceita bem os alimentos sólidos; melhor,
talvez, às refeições das 8 às 10 da manhã e das 2 da tarde.
[Em vista da diminuição de exigências de sucção,
podem-se dar agora os alimentos sólidos no início de cada
refeição.]
Das 32 às 36 semanas, o bebê mostra-se muito im­
paciente, enquanto aguarda que lhe preparem a refeição.
Isto pode ser remediado, tendo-se a refeição já pronta an­
tes que ele a veja.] ,
Número de refeições - Três ou quatro por dia. nu
mero de quatro mantém-se quando o bebê exige uma re
feição às 6 da manhã ou quando se continua a ar
refeição das 10 da noite.

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I
132 ....................

anoi
Quantidade-Ê difícil, agora, determinar a
de total, em virtude da adição de alimentos sóhd^1^'
dana, os maus comedores mantêm ainda um ní T I()'
lar de ingestão de alimentos, sem flutuações sun °rCgu'
três a seis centifítros em cada refeição, ao passo^^8a
grandes comilões podem apresentar flutuações de^ °S
três decilitros. A primeira refeição da manhã e a das^
horas da tarde são as melhores (mais ou menos três de 6

litros) e a das 2 da tarde é a mais fraca (um decilitro a urn


decilitro e meio). Se lhe dão o peito às 2 da tarde, o bebê
pode aceitá-lo mal ou mesmo recusá-lo.
Duração - Oito a doze minutos por cada refeição
quer ao peito, quer à mamadeira.
Alimento ao peito e com mamadeira - O bebê exprime
vocalmente a sua ânsia de alimento, quando vê o seio ou
a mamadeira. Pousa as mãos no seio ou na mamadeira,
assenhorando-se com facilidade do bico. Pratica uma
boa sucção continuada, com o lábio inferior rolado para
fora e para diante e com uma boa contração dos cantos
da boca. Durante a refeição, as mãos agarram e largam
repetidamente o seio ou a mamadeira. Esta alternância
de agarrar e largar é análoga ao esquema de agarrar com
a língua e largar das 16 semanas. O bebê olha para o ma­
milo ou o bico quando se afasta do seio ou empurra a
mamadeira para longe da boca.
Quando está saciado, o bebê procura erguer-se
para a posição de sentado e, quando o ajudam a sentar-
se, sorri para a mãe ou para as outras pessoas presentes e
pode abanar a cabeça para a direita e para a esquerda,
como se estivesse dizendo "não".
[Dado que o bebê tem tendência a morder o mami­
lo, especialmente à refeição das 2 horas da tarde, após ter
ingerido apenas alguns centilitros, pode ser preferível eli­
minar esta refeição.]
Alimentação com colher - O bebê desta idade aguar­
da com avidez a refeição à colher, colocando a boca em
posição e avançando a cabeça em direção à colher. Pode
conservar as mãos fechadas ao nível dos ombros ou pou­
sá-las no tabuleiro de cadeira alta - se é capaz de tomar o
alimento na cadeira alta. Chupa a comida da colher. A
sua avidez aumenta com as sucessivas colheradas e ele

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....picn-scí"''"1'-

pode agarrar a colher ou os dedos do adulto n


está saciado morde a colher, e sorri no fim rh ro'c _ ndo
Alimentação com xícara - O bebâ mo ^lçao‘
pela xícara e pede espontaneamente que ofac^u^
por ela. Associa aparentemente o correr á? beber
encher da xícara e, à vista desta, aproxima r°T °
da, a cabeça, já com a boca em posiX e 4?^"-

Aproxima melhor os lábios do bordo da xícara m “ ma°S'


do esta é retirada, tem dificuldade em reter'o íLT"’
boca. É incapaz de tomar mais do que um ou * ,™
de cada vez. Prefere decididamente a asm n d 8° “
leite, e pode recusar-se a tomar leite poTurru"ST “

Eliminação

Intestino - Uma dejeção por dia (na fralda), em geral


entre as 9 e as 10 horas da manhã, embora possa ocasio­
nalmente ocorrer à tardinha. A reação favorável ao vaso
deixou de registrar-se e cedeu o lugar, em muitos casos, a
uma forte oposição. Não exige que lhe mudem as fraldas,
excetuando-se apenas o caso de algumas meninas mais
sensíveis, que choram com violência, enquanto não são
trocadas. Os bebês desse gênero têm maior tendência a
deixar-se treinar mais cedo e com mais facilidade no uso
do vaso e, uma vez criado esse comportamento, geral­
mente mantém-se.
Bexiga — As micções continuam a ser freqüentes e de
uma quantidade tal que o bebê está muitas vezes enchar­
cado quando vão trocá-lo. As diferenças de sexo notam-
se, nesta idade, no fato de as meninas criarem um inter­
valo mais longo — de uma a duas horas, findo o qual po­
dem reagir positivamente ao vaso.
Banho - Nessa idade, o bebê gosta de que o dispam
para ir para o banho e gosta também do banho. As suas
mãos são tão ativas que os objetos já não estão em segu
rança em cima da mesinha do banho. Dentro a ani ui
ra, o bebê chapinha vigorosamente, *
mãos, mas, por vezes, também com os ps. oc e; t
olhos, quando aproximam dele a esponja c e < ’ n_
convir, tanto às exigências do bebê como as
tar a hora do banho para o meio-dia.

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134 l
~~ ~
IQuantfo n bfiW nenviK <-<>m «Ireagmd» ,
maçto d,, toalha dl, |,wgem,11 «P'<’xi»ná. j0,
Ms ddc L. Iftvn.-Ihc « * * lKm do Wí IW, ,
fróhté.| >!.,-<' ...
1' ViWr - O bebê p»l< "™r a±«"h“ ‘
gosta de btincir com os «mlões das botinhas e do c0|clc.

Atividade individual

O bebê volta agora a gostar de ficar deitado de cos.


U bebe V( b rneia, estende as pernas para
tas. Arquea o ttaTO « P à boca, ta as botinhas e
ama, agarra os Pe .Je movimentos da mão. Leva
meas. Gosta de obserna
menos vezes adormecer. Gosta de brincar com
das refeiçoe borracha macia que guinchem
papes, com bnnquedos * > . boca e morde.
e com mordedores. Leva os inuiu ,
os. Faz, com prazer, exercícios vocais so para ele: gorgo-
leia, rosna e solta gritos estridentes. Sente-se ma,s fehz
sozinho, tanto de manhã como ao fim da tarde, durante
os penbdos de vigília, até o momento em que rndica, atra­
vés da sua agitação, o desejo de ter uma companhia.
[Por volta da idade de 32 semanas, o bebe pode gri­
tar e precisar de auxílio com freqüência para sair de algu
ma posição incômoda.]

Sociabilidade

Os bebês desta idade gostam das outras pessoas


não somente por elas próprias, mas por aquilo que essas
pessoas possam fazer por eles. Depois de o adulto dar
nas mãos o brinquedo ambicionado, ou de o ter posto,
como ele queria, sentado, pode não se importar nem um
pouco que ele se vá embora e o deixe brincando sozinho
ale o momento de fazer a sua próxima exigência. Gosta
IheTJn /.VLni ° Passe’° Pe^a rua no carrinho e, embora
também gosJX'k dXdodcdl'ran‘C P™”*09
uma pessoa na mesma d S°mcCa a rea8^ a mals de
ocasiao e gosta de passar vezes
Digitalizado com CamScanner
U(w. ns7WV//(>

IV,
seguidas dos braços de uma
Também aprecia o ritmo e agrada-lhe n !* dt>
saltar sobre os joelhos. Diferencia nH ín,*
gente com aquela que lhe dá o alimento fi\" M
pessoas conhecidas, mas pode mostraram„ ' COm
estranhos, especialmente em luonma mid° (,f>m
para ele. luMrcs

[Por volta das 30 semanas, o bebê, embor. ,h


de a companhta de outras pessoas, P<)dc "’1ea^'-
tar-se em demasia. A instabilidade da sua e Z'''
aonal expnme-se, nessa altura, pela ínti^ . emo'
tre choro e riso.] ” *ma ,n^3ção en-

Dl9ltalizadocomcamScanner
%jt 40 semanas

Perfil do comportamento

O bebê de 40 semanas já não se acostuma à posição dei­


tada. Para o bebê adormecido, ela ainda pode servir; mas quan­
do ele acorda, vira-se no berço e se senta. Pode mesmo er­
guer-se até ficar em pé, agarrando-se às grades do berço. O
homem foi destinado a ser bípede. Há um inequívoco impul­
so das pernas para a vertical, que faz o bebê pôr-se de pé. Mas
o alinhamento horizontal é o que ele ainda domina melhor.
Durante mais alguns meses, o bebê continua a ser quadrúpe­
de, servindo-se das mãos quer para a locomoção, quer para o
manuseamento dos objetos.
Na evolução da espécie, a postura ereta foi adotada com
o propósito de liberar as mãos para usos mais nobres e mais
delicados. O bebê de 40 semanas está, do ponto de vista do
desenvolvimento, nessa fase transicional de emancipação, e
os usos mais hábeis da mão encontram-se já bem em evidên­
cia. Coloca o polegar e o indicador numa delicada oposição,
em jeito de pinça; com o indicador estendido, empurra e apal­
pa, dedilha e sonda. Pode dedilhar uma corda ou dar-lhe um
puxão. Começa a segurar um utensílio pelo cabo, de forma mais
adequada. A curiosidade do seu indicador leva-o cada vez
mais longe na terceira dimensão. Sonda buracos e cavidades e
as profundezas de uma xícara. Através destes manejos mais

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138 ---- -----------------------------------------------

noções de oco e de maciço; de continente


apurados adquire a embaix0; de lado a lado; de dentro e
C conteúdo; ae en
fora; de junto esep está muito longe, portanto, da
O bebe de w 28 semanas. Começa a ver e a ma-
simpbcidadejngen da perSpectiva. O universo é
nusear os objetos s Tem a noçao de doiS/ as_
agora menos pian Com eíeit0/ junta duas corsas uma à
sim como tem a a • vez de uma/ para satisfazer
outra.Precisaideduasreupa , °
0 seu impulso de co de «dois" reflete-se na sua in-
Essa consciência vag d s CQm que brinca. Os seus
:»SiSo mais discriminados e, por vezes, são mes-

mo graciosos.
É, de igual modo, mais discriminativo no aspecto social e
mais perceptivo de pequenas variações à vista e ao ouvido.
Essa maior .perceptividade faz que ele pareça mais sensível,
como efetivamente é. É sensível a um maior número de acon­
tecimentos no seu ambiente social; é suscetível de receber li­
ções e de ser ensinado. Tem uma nova capacidade de imita­
ção. Assim, "aprende" novas habilidades infantis, como a de
bater palma e a de dizer adeus. Às 28 semanas era incapaz de
"aprendê-las" porque não tinha a mesma perceptividade das
ações alheias, nem possuía ainda no seu repertório o esque­
ma de movimentos apropriado. O seu repertório de movi­
mentos depende da maturidade do sistema nervoso. Não é
capaz de imitar nenhuma ação, enquanto não conseguir exe­
cutar essa ação, mercê do seu desenvolvimento natural. Se
quisermos iniciá-lo, com a idade de 40 semanas, no jogo de
receber e devolver uma bola, pode desapontar-nos, segurando
a bola e limitando-se .a acenar com ela. Mas, na verdade, não
devemos ficar desapontados. A capacidade motora de largar
irá amadurecer a seu tempo e, então, ele fará rolar a bola em
direção a nós. Todas as coisas têm o seu momento certo.

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n9

CoHportomeftto diiírio

O bebê de 40 semanas acorda a qualquer hora entre 3< -


e as 7 da manha. E provável que tenha as fraldas molhai
n1as a sua desinquietaçao destina-se essencialmente a soliá'
tar atenções de índole social. E provável também que esteja
esfomeado e esvazie rapidamente a sua mamadeira. Segura a
mamadeira, que está parcialmente apoiada, e faz-lhe festas
Se o bico se achatar durante a sucção, ele agora é perito em
esperar até que ele inche de novo. Com o incremento da ali­
mentação ao peito, a tendência atual é a de prosseguir na
amamentação do bebê até ele a rejeitar espontaneamente, o
que tanto pode suceder já às 40 semanas como só por volta
dos 18 meses. A maioria dos bebês abandona o peito entre os
9 e os 15 meses. Terminada a refeição, levam-no no carrinho
para outro quarto, a fim de ficar parcialmente isolado, a não
ser que já tenha um quarto só para ele. Se não lhe dermos
esse isolamento, é natural que ele se torne demasiado exigen­
te. Brinca satisfeito durante uma hora ou mais, se tiver à sua
disposição dois ou três brinquedos diferentes.
Às 8 horas está pronto para a primeira refeição. Pode
tomá-la na sua cadeira alta. Com viva impaciência, diz "ma­
ma" e "nã-nã", mas já aprendeu a refrear parte da sua excita­
ção e aguarda que lhe apresentem o prato da papa. Todavia,
essa exigente impaciência volta a manifestar-se, se a mãe faz
um intervalo grande demais entre uma e outra colherada. Re­
laciona o prato vazio com o fím da refeição e transita com faci­
lidade para um período de brincadeiras.
Entre as 8 e as 10 horas, gosta de associar-se ao grupo fa­
miliar. Entretém-se brincando na cadeira alta, no quadrado ou
no berço e pode agradar-lhe mudar de uma destas situações

para outra, só pelo prazer de variar.


Pode ter uma dejeção durante este período de brincadeiia
da manhã, ou, em alguns casos, deve-se colocá-lo no vaso ime­

diatamente após o primeiro almoço.


As 10 horas são, com frequência, um momento conve­
niente para o banho. Gosta muito do banho e mostra-se an­
sioso por ele, quando vê a água correr e observa os prepaiati-

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140 Aoia^do0oi>s!}

vos. O banho acaba quase sempre cedo dem •


gosto. É natural que se divirta protestando risonfi5 Para 0 «eu

tra a lavagem do rosto com o pano apropriado e


com um brinquedo flutuante. e entretenha

Por volta das 10 e quinze está pronto para ir d


me bem dentro de casa. É esta agora a sua sesta 01°^ D°r'
da. Acorda por volta de 1 hora, em geral com as frLCOnipri'
lhadas. (As meninas têm maior tendência a se ma f In°'
xutas.) Pode brincar sossegado durante um período
toma-se irrequieto, pedindo que lhe dêem atenção C depois

Almoça por volta de 1 e meia, vegetais que lhe são dados


com colher Abre a boca com decisão quando lhe apresentam
a colher e engole rapidamente. Come com maior eficiência,
levando a refeição a contento até o fim. Só então e que se dis­
põe a brincar com 0 prato vazio ou com a colher. Come com
os dedos os pedacinhos de comida que se entornaram, exerci­
tando desse modo as suas novas capacidades de preensão de­
licada, à maneira de pinça.
Às 2 horas, quando o tempo permite, levam-no a dar um
passeio no carrinho. Não aceita ainda de muito bom grado
que lhe enfiem a touca, mas gosta de ver as imagens. Apesar
disso, não se concentra inteiramente na paisagem. Está nas
primeiras fases de se sentar sozinho e de fazer manipulações
digitais. Gosta, portanto, de se entreter com um brinquedo,
mesmo nos seus passeios fora de casa. Pode ter uma propen­
são tão forte para se pôr de pé que seja necessário colocar-lhe
um cinto de segurança.
Se, ao voltar para casa, por volta das 3 horas, estiver ain­
da enxuto, pode ser que reaja positivamente à colocação no
vaso. A essa hora pode dar mostras de estar com sono. Ador­
mece prontamente e faz uma sesta de meia hora a uma hora.
Pode acordar enxuto por volta das 4 horas. À sesta segue-se,
em geral, um copo de suco de' laranja, que ele adora. Esse pe­
ríodo do dia é, tipicamente, o mais social de todos. Apraz-lhe
então ser um membro do grupo familiar. Agradam-lhe as brin­
cadeiras de tipo social, incluindo os habituais jogos infantis. A
sua sociabilidade pode conduzir a uma estimulação exagera­
da. Está começando a mostrar o seu temperamento, ou por

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141

sistências ou como um processo de comunicação,


via já de utilização do ambiente. Ainda não faz uso
narana° as suas vocalizações são mais articuladas e
L oaWaS'11J
áe ‘ prsistentes.
nraispei a jas 5 da tarde, come a sua ceia de papa de ce-
F°r.V Quinze minutos depois, está, geralmente, pronto
reais e ‘ noite pode "conversar" consigo mesmo, de um
parao s°n° ora a uma hora, ou pode adormecer logo a seguir,
quarto de taneamente, no decurso da noite, sem acor-

nenhuma atenção.

Sono

Noite

Adormecer O bebê tem tendência ainda para ador­


mecer logo em seguida à refeição das 6 da tarde. Alguns
poucos bebês que tenham tido anteriormente mais difi­
culdade em conciliar o sono e que costumavam chorar
antes de alguns períodos de sono podem agora "conver­
sar" entre quinze minutos e uma hora antes de adorme­
cerem. Outros reagem favoravelmente a um contato ínti­
mo com a mãe, andando seguros às costas dela, e ador­
mecem com freqüência nessa situação.
[Se o bebê resiste a ir para a cama às habituais 6 ho­
ras da tarde, pode adiar-se a hora de dormir uns trinta
minutos ou mais.]
Despertar - Muitos bebês dormem a noite inteira de
um só sono, até entre as 5 e as 7 da manhã, sendo a ten­
dência mais geral para a hora mais tardia. Acordar du­
rante a noite parece depender tanto das condições do lar
como do próprio bebê. Um bebê que dorme com os pais
no mesmo quarto pode acordar quando eles vão se dei­
tar, mas geralmente adormece logo depois que lhe troca­
rem as fraldas. Alguns gritam momentaneamente de
noite, sem acordarem nem necessitarem de qualquer
atenção. Uns poucos bebês começam a ter períodos de
vigília esporádicos, de uma hora ou mais, entre as 2 e as
zíi T>nrani-p psse oenodo, o bebe pode entreter ,
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142 ---- --------------------------------------------------- Acri^doOani!i

muito satisfeito, a conversar consigo mesmo, ou Mir dc


4nixo das cobertas e brincar. No fim desse período
b ficar inquieto e não ser capaz de voltar a adormecer,
P° mie lhe mudem as fraldas ou lhe dêem o peito
a menos quv
ou a ’^an^e‘”ordam cedo (entre as 5 e as 6 da manhã)

* >re, aue lhes mudem as fraldas e entreter-se


podem q JJcídos de vocalização, deitados para bai-
depois co do, sentados na cama. Nessa altu-
xo, ou com sat^feitos se os deixarem num quarto, e
ra' se assim durante uma hora a uma hora e meia
mantem-se as a(ritar_se para lhes darem alimen-
antes de começara g disposição dois ou três
,ft COn‘dntX "s Os que acordam mais tarde (das 7
horas> tendem a pedir o alimento logo depois
de acordarem.

Sesta

Adormecer e despertar - O bebê indica que tem ne­


cessidade de dormir, agitando-se, virando a cabeça para
um lado, chupando o polegar ou um pedaço de tecido,
movendo a bacia ou empurrando com os pes, e, se o dei­
tarem no berço nessa altura, adormece bastante depres­
sa. Se não manifestou essa necessidade, pode aceitar que
o deitem à hora habitual, mas pode também deixar-se fi­
car acordado.
A sesta matinal segue-se mais freqüentemente ao
período do banho das 10 horas da manhã (se o banho for
dado a essa hora) e a sesta da tarde pode vir a seguir ao
passeio no carrinho - cerca das 3 horas.
Períodos - Não há uma diversidade tão grande de
esquemas de sesta como às 28 semanas. Pode haver qua­
tro períodos curtos de sesta - um em cada um dos quatro
períodos do dia - ou apenas uma longa sesta no meio da
manhã. O esquema mais comum é uma longa sesta da
man ia e uma sesta incerta à tarde, a qual se verifica uns
dias e outros não.
bebê nref iS,<? •* Peno^° c'e transição em que o
bebe prefere dormir doniro do cosa „ dormir ao ar livro.

i
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b?!. dão sinal do quererem menos luz, cobrindo
Al,’',ll,S,?coin as mãos, c dormem geralmcntc melhor
os. >cn com as persianas fechadas.

Alimentação

Aiito-regtdação - O bebê pode dar sinal de uma exi-


ência logo de manhã cedo, mas essa sua exigência é
Quitei mais de companhia do que de alimento. A pri­
meira refeição não lhe é servida habitualmente antes das
7 ou 8 horas. Esta refeição é precedida, com freqüência,
de um período de brincadeira solitária, de uma hora a
uma hora e meia.
Se lhe dão mamadeira à primeira refeição da ma­
nhã, o bebê toma-a sozinho. É preciso, em geral, apoiar-
lhe a mamadeira, embora no fim da refeição o bebê a
segure sozinho. Às outras refeições, o bebê exige que
lhe segurem a mamadeira e toma-a muitas vezes com
gosto, sentado na sua cadeira alta, depois de ter ingeri­
do o alimento sólido. Aceita bem a maioria dos alimen­
tos sólidos, mas rejeita desdenhosamente aqueles que
lhe desagradarem. Pode aceitar dois ou três centilitros
de leite dados numa xícara, mas sacia-se rapidamente
de beber e geralmente faz bolhas com o líquido que res­
ta na xícara. Todavia, bebe bem pela xícara suco de la­
ranja ou água.
Embora esteja ainda ansioso pelas refeições, não se
mostra, em geral, tão impaciente, quando vê que lhe es­
tão preparando uma refeição, como das 32 às 36 sema­
nas. Tende mais a vocalizar a sua expectativa do que a agi­
tar-se ou a chorar.
[O bebê carece ainda de chupar um pouco no seio
ou na mamadeira. Se não o faz, as refeições tornam-se
mais difíceis e morosas, porque nos intervalos das colhe­
radas chupa os dedos.]
Número de refeições - Três refeições diárias e suco de
fruta no meio da tarde. Pode-se dar a ele ainda uma ma­
madeira extra, como primeira refeição da manhã, logo
depois de ele acordar. É muito raro dar a ele a mamadeira
à noite. Algumas crianças tomam só duas mamadeiras

Digitalizado com CamScanner


144

o*
diárias, às 7 da manhà c às 6 da tarde; outras
tomar três. a
Quantidade - A ingestão total depende at'
ponto, da quantidade que se lhe oferece. O
agora pressa em acabar a mamadeira e, assim, denoJ^
esvaziá-la, não pede mais. Também "limpa" n Í7? de
tem como certo que aquilo e o fim. Alguns bebês já in
geriram maior quantidade de alimento antes dessa ida
de, outros estão predsamente agora aumentando essa
quantidade. O ponto de sadedade indica se estamos
dando alimento em demasia, e a ausênda de quaisquer
esquemas de sadedade pode indicar que deveriamos dar-
lhe mais.
Duração - Três a quatro minutos para a mamadeira.
Cinco a dez minutos para o alimento sólido.
Mamadeira ou alimentação ao peito - Os esquemas
da alimentação com mamadeira são semelhantes aos es­
quemas das 23 semanas, com exceção do fato de a sucção
ser agora mais enérgica e mais rápida e de as mãos terem
um papel mais importante em segurar a mamadeira. O
bebê predsa ser ajudado no prindpio, enquanto a ma­
madeira está cheia, mas inclina-a com facilidade à medi­
da que ela se esvazia e é capaz de a segurar melhor, sem­
pre que necessário. De modo geral, prefere que lhe segu­
rem a mamadeira. A alimentação ao peito não dá origem
a nenhuma destas complicações.
Alimentação com colher - Nessa idade o alimento é
dado à maioria dos bebês numa cadeira alta. O bebê ex­
prime a sua expectativa ansiosa através de vocalizações,
tais como "dá-dá" ou "nã-nã". Abre a boca quando lhe
apresentam a colher e engole rapidamente, metendo, ao
mesmo tempo, o lábio inferior para dentro. Os movi­
mentos laterais de mastigação estão agora no seu início.
O bebê pode querer agarrar o prato ou manifestar impa­
ciência quando a mãe demorar para dar o alimento. A sa­
dedade é claramente expressa no momento em que o
prato fica vazio. Quando a sadedade se manifesta antes,
exprime-se pelo morder da colher ou da própria língua,
pelo abanar da cabeça em sinal de negação e por um des­
dém bem-humorado, mas decisivo. O bebê gosta de brin­
car com o prato vazio e a colher.
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14Ò

'
Al minas crianças podem precisar ‘dH
ainda de que
Z Lm ao colo, ou semi-reclinadas numa cadeira
aSalinu’nteni

dC g preferível utilizar um prato inquebrável, que pos-


•f para brincar no fim da refeição.]
83 51 Alimentação com xícara - O bebê bebe dois a três cen-
tilitros, um ou dois de cada vez, com boa aproximação
dos lábios. Tem ainda tendência a derramar o líquido que
tem na boca, quando lhe retiram a xícara. O bebê gosta
de fazer bolhas soprando para dentro do líquido e tam­
bém gosta de brincar fingindo que bebe uma xícara vazia.
Auto-ajuda - O bebê apanha com os dedos os peda­
cinhos de alimento que caíram no tabuleiro e come-os.

Eliminação

Intestino - Uma ou duas dejeções diárias, das 8 às 10


da manhã e/ou das 6 às 7 da noite. O bebê pode reagir
bem ao vaso, especialmente se a dejeção ocorrer depois
da refeição. Alguns bebês, especialmente meninas, mos­
tram-se inquietos quando precisam que lhes mudem as
fraldas.
Bexiga - O bebê pode continuar enxuto após uma
soneca de uma hora ou um passeio de carrinho e reagir
bem ao vaso se o puserem lá imediatamente. Pode, toda­
via, não urinar senão logo após tirarem-no dali. No meio
da noite pode gritar para que lhe mudem a fralda.

Banho e vestir

A hora do banho continua sendo o meio-dia ou o


fim da tarde, mas o banho de manhã é, com freqüência,
mais conveniente para a organização do lar. O bebê ex­
prime vigorosamente a sua expectativa ao ouvir correr a
água para o banho. Prefere, em muitos casos, que o dei­
tem na banheira de barriga para baixo, rasteja melhor
dentro da água do que no chão, ou balança-se para trás e
para diante. Pode chorar quando lhe lavam o rosto, mas
muitos divertem-se com a luta que travam para não dei-

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146

»»> ■V"'0 '"Si, c«M 0p*Wa° ewcutane


«ttw» c?m h,lnptvtótn
'<'1-'"'M.
"<!■
mrnir * <’ * üw, <!<• pó n» b«nh«U..

Atividade individual

As vocalizações são muito variada» nessa Idade, o


bcbé já pôs dc lado os grunhidos. Agora diz "cama",
"nana", "gaga" c "dada". Gosta dc íazcr ruídos com os lá'
bíos, dc vocalizar num tom muito agudo c dc experimen­
tar uma mesma palavra, tal como "dadá", cm tons varia­
dos. Muitas vezes pára de repente e ri dos sons que ele
próprio produz, em especial dos sons agudos.
Concentra-se na inspeção e utilização dos seus brin­
quedos. Gosta de brincar com uma xícara e fingir que bebe
por ela. Leva coisas à boca e entretém-se em mordê-las.
Agarra uma das mãos com a outra ou acena com ambas.
Percebe a ausência de objetos que estava acostuma­
do a ver, como o relógio de pulso da mãe ou um brinque­
do flutuante. Gosta das atividades motoras violentas; de­
pois de o terem sentado, brinca inclinando-se todo para a
frente e reerguendo-se. Apanha um brinquedo que dei­
xou cair; dá pontapés; passa da posição de sentado à de
rastejar; pode elevar e abaixar o corpo nessa posição. Co­
meça a deslocar-se. Gosta de virar-se de lado ou de barri­
ga para baixo. Pode deixar-se prender entre as grades do
quadrado.
[Em razão das suas maiores capacidades motoras, é
arriscado deixar agora o bebê sem vigilância, ainda que
seja por um curto período, em cima da cama ou da mesa
do banho.]

Sociabilidade

Embora o bebê brinque sozinho durante períodos


relativamente longos, não tarda a manifestar de viva voz
o seu desejo de que lhe mudem os brinquedos ou lhe fa­
çam companhia. Gosta principalmente de estar com o
grupo familiar entre as 8 e as 10 horas da manhã, e à tar-

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llllfllla W

.k. (das 4 -is 6) e, nessas ocasiões, manlém-se multo salls-


feito no berço, no quadrado ou na cadeira alia TimhZ
um passeio de carrinho no «m da mX:
gosta de dar
no princípio da tarde - conforme a hora da sua sesta
dades sociais que ele aprecia são as de es­
conder (cobrir e descobrir alternadamente o rosto dizen
d0 u-u!), brincar com os lábios (dar palmadinhasnos lá­
bios, emitindo ao mesmo tempo um som que assim se
toma intermitente), dar uns passinhos seguro pelas duas
mãos, e que o deitem de barriga para baixo, no chão ou
o coloquem num brinquedo que balance (um cavalinho
de pau).
As meninas mostram os seus primeiros sinais de
graça, inclinando a cabeça de lado, quando sorriem Isso
acontece com mais freqüência no banho.
O bebê ainda é tímido com as pessoas estranhas e
parece ter especialmente receio das vozes desconhecidas.
[O bebê continua a ser mais exigente com a mãe do
que com os outros membros da família. Muitas vezes com-
porta-se melhor quando está com alguma outra pessoa.]

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perfil do comportamento

0 primeiro aniversário é, sem dúvida, uma ocasião im­


portante. Os usos populares requerem um bolo e uma vela
acesa para celebrar o acontecimento; e, numa base cronológi­
ca, isso está perfeitamente certo. Mas, do ponto de vista bio­
lógico, esse aniversário não assinala uma época, porque o bebê
de 1 ano passa por transformações de caráter desenvolvimen-
tista que não se completam antes da idade de 15 meses. E se
pensarmos antes nele como sendo uma criança de 15 meses
em via de elaboração, isso nos ajudará a compreender melhor
as suas características de comportamento.
Aos 15 meses, a criança dos nossos dias já adquiriu, ge1-
ralmente, a postura ereta; é capaz de ficar em pé sem nenhu­
ma ajuda; é capaz de caminhar sozinha; prefere andar de pé;
deixou de engatinhar e começou a palrar de uma forma que
promete para breve a mais humana de todas as realizações - a
fala. A criança de 1 ano está ainda a caminho de ganhar essas
capacidades. É capaz de sentar-se sozinha, mas prefere enga­
tinhar; é capaz de ir de um lado para outro, e de trepar, se ar­
ranjar um bom apoio para as mãos. Mas esses esquemas são
quadrúpedes e não bípedes. Muitas crianças, já no final do
primeiro ano, caminham sobre as mãos e as plantas dos pés,
em lugar de o fazerem sobre as mãos e os joelhos. Essa é a úl-

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150
^(rian.

tima de duas dezenas dc fases que a levam, final


sumir a postura ereta. Quando os pes se tornam o 9ü?a *
mãos depressa se libertam. _
Todavia, o bebê de 1 ano ja e capaz de uma coorden
mais delicada nas suas atividades de comer e de brin^’
nha os pedacinhos de comida do tabuleiro com a preens>
•um fórceps, e mastiga-os e engole-os, derramando muito
nos comida da boca. A capacidade de comer com os dedos ad
quire-se antes da de comer sozinho com a colher. Mas o bebê
de 1 ano é capaz de agarrar numa colher pelo cabo e varrer
com ela o tabuleiro. Também é capaz de a mergulhar numa xí­
cara e largá-la; tudo isto mostra que ele progride no comando
dos utensílios e na geometria oca e maciça do espaço. Obser­
vemos atentamente as suas brincadeiras e poderemos concluir
da sua espontânea atividade quais os esquemas de comporta­
mento que estão se desenvolvendo. Quase podemos vê-lo
crescer, tal é a vivacidade com que exercita os seus novos po­
deres em vias de elaboração.
Gosta mais de brincar com vários pequenos objetos do
que só com um. Pega neles, um de cada vez, deixa-os cair e
apanha-os de novo, um por um. Este comportamento, super­
ficialmente visto, afigura-se-nos um tanto desordenado; mas
é, realmente, muito ordenado, do ponto de vista do desenvol­
vimento natural, porque este esquema de ação de um-por-um
é um gênero rudimentar de contagem. Não é tão complexo
como um jogo propriamente de contar, mas é um pré-requisi­
to do desenvolvimento.
O bebê tem outra razão para estes manejos de apanhar e
deixar cair. Está exercitando as suas capacidades de largar,
ainda imaturas, mas em vias de amadurecimento. Depois de
ter aprendido como se agarra, tem agora de aprender como se
larga. Se parece exagerar essa atividade é porque não domina
ainda com precisão os seus músculos extensores. Daí a sua
brusquidão de movimentos e também a sua incapacidade de
largar na altura própria.
Mas se começarmos a jogar com ele um jogo simples de
fazer rolar uma bola para cá e para lá, notaremos os significa-
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ir,i
nnHMCss<)H que ele fez dende a Idade de 40 «emana». An
H** LnU ‘Í1,V('E encnrnRHe flH ní,HRflH propoMan cOm ri^r-
eivando os nossos movimento», mas sem responder
v**' ‘ Èm vez disso, segurava a bola e levava a ò boca ou dc-
* •*' ! com uin gesto mal definido. Com a Idade de 1 ano, a
"Janeira de largar a bola constitui uma resposta; há nela
511,1 jèinento de imitação voluntária e de iniciação. Mais um
ÜI^C larga a bola, dando-lhe um impulso ligeiro, mas bem
nK's Jo _ c tudo isso nos leva a pensar quanto esses simples
esquemas são complicados e quantas coisas dependem da

As oportunidades de convívio social facilitam incontesta-


I ?nte a conformação dos esquemas e favorecem uma or-
nização saudável das emoções que os acompanham. A crian-
£ de 1 ano gosta de ter uma platéia. É essa uma das razões
norque eia é tantas vezes o centro do grupo familiar. Nessa
aualidade, revela uma tendência teatral para repetir habilida­
des que fazem os outros rirem. Gosta dos aplausos. Isso pode
ajudá-la a sentir a sua própria identidade, tal como aprendeu
a sentir melhor a roupa, batendo fortemente com ela no tabu­
leiro. Está agora definindo uma distinção psicológica difícil - a
diferença entre ela própria e os outros.
É suscetível a certas formas primitivas de afeto, ciúme,
simpatia e ansiedade. Pode ser sensível ao ritmo. Pode até ma­
nifestar um certo senso de humor, porque se ri de sons bruscos
inesperados e de incongruidades espantosas. Pode ser um imi­
tador prodigioso. Mostramos-lhe como se faz soar uma sineta
e ela põe-se a agitá-la furiosamente, numa manifestação de
reciprocidade social. Mas pára, de súbito, em meio de toda
aquela animação, para empurrar o badalo com um dedo in­
quiridor! Isso não fazia parte da demonstração, mas faz parte
da criança. Devemos estar gratos à natureza que a piotegeu
com esse grau de independência. Afinal, nós não pretende­
mos inundá-la de aculturação!

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152

Contportaotcnfo diário

O bebê de 1 ano acorda entre as 6 e as 8 da


perta geralmente com um apelo comunicativo que^’ ^s-
que um grito infantil. Esse apelo é um "eh!" guturaf 01918
vocalização equivalente. Pode brincar sozinho até °U °utr£>
minutos, antes de chamar. Palra com alguma excitacã S V‘nte
do aparece a mãe ou a pessoa que toma conta dele^11911'
molhado e, depois de trocado e arranjado, colocam-no d C°^a
no berço, onde se diverte mexendo nos brinquedos e -0*0
o seu moderado apetite com um biscoito. Satisfaz

Dentro de meia hora ou uma hora, digamos às 8


segue-se a primeira refeição. Esta consiste geralmente6
papa de cereais, exprimindo ele uma preferência bem m?1*9
da pelo tipo que aprecia mais. Come com apetite modera?'

mas tem uma certa dose de atividade espontânea ao lomm a


refeição. Gosta de brincar com um brinquedo em cada mà?

sendo um deles um recipiente e o outro um objeto que ek


possa meter la dentro. A sua exigência de manuseamento é
de tal maneira violenta e indiscriminada que o próprio ora?

so esta seguro fora do seu alcance. No fim da refeição põe-se


pe. Pode ser que tome a sua xícara de leite já nessa posição
ou ainda enquanto está sentado.
Depois da refeição podem pô-lo no vaso. E comum que
ele tenha uma dejeção nessa altura. Fica contente por volta­
rem a colocá-lo no berço, onde brinca sozinho com brinque­
dos fáceis de manejar. Pode ser que às 10 horas o ponham
dentro do quadrado, no quintal, se o tempo o permitir, ou en­
tão numa varanda, e fica aí entregue a si próprio, muito satis­
feito, durante, talvez, mais uma meia hora, começando depois
a mostrar-se inquieto, em parte pela expectativa do seu banho
matinal, que aprecia muito. Se ele tivesse um diário, é prová­
vel que registrasse nele o banho como o ponto mais alto da
sua rotina quotidiana. Prefere ficar sentado na banheira e já
não se entusiasma tanto com as brincadeiras aquáticas.
As 11 horas está pronto para uma soneca. Prefere fazê-la
dentro de casa, num quarto semi-escurecido. Esta sesta no meio
do dia prolonga-se, com freqüência, por umas duas horas. Em
geral, o bebê acorda molhado. Em qualquer caso, podem pô-

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^fi***”*' 153
A#1'
. n0 vaso e mudar-lhe a fralda. Dão-lhe uma bolacha e en-
" tanto, ob«™ a ™c a Preparar-lhe o almoço. Come habí-
Hialinnntn o almoço tal como ja comera a primeira refeição, na
çua cadeira alta.
As 2 horas esta pronto para um passeio de carrinho que
ele aprecia muito, mas de uma maneira que reflete uma ma­
turidade superior à das 40 semanas. Nessa altura, os brinque­
dos absorviam-lhe ainda grande parte da atenção durante o
passeio. Agora, gosta de seguir os movimentos das pessoas e
dos automóveis, e de observar a paisagem. Pode ser que esteja
ainda enxuto ao regressar do passeio. 7

O fim da tarde continua a ser um período de sociabilida­


de. Embora tenha se mostrado relativamente independente
durante todo o dia, gosta de ter agora uma brincadeira comu­
nicativa com adultos e com crianças. Está aprendendo a andar
e gosta de passear para cá e para lá, seguro pelas duas mãos.
Gosta, analogamente, de mudar de uma cadeira para outra.
Está pronto a responder, à mínima sugestão, em jogos infan­
tis, tais como "Onde está o bebê?", ou a dar e tomar repetida­
mente qualquer objeto. À maneira de conclusão dessa ativi­
dade social, gosta de subir no colo de um adulto, esfregando o
rosto contra a mão dele, ou dando-lhe outras demonstrações
de afeto.
Segue-se depois, por volta das 5 e meia, uma refeição de
papa de cereais e fruta. Às 6 horas vai para a cama. Antes de
adormecer, toma uma mamadeira, que pode ser eliminada aos
15 meses. Cai no sono entre as 6 e as 8 horas, completando
assim precisamente um ciclo de doze horas desde o despertar
da manhã.

Sono

Noite

Adormecer - O bebê de 1 ano adormece geralmente


entre as 6 e as 8 horas da noite. Alguns bebês associam
ainda o sono à refeição. Há, porém, um certo número de­
les nnp <;p rpcucam a ir nara a cama enquanto não estive-
Digitalizado com CamScanner
p,„ com «no. Dfp* * b™ P»<lo c ad^
^menie. OuW «am-se a hora habltua|,, J
d„ jantar, e brincam cm ama da roupa ou ptMe*
u , berço, acabando por adormecer descobertos. Ncss"
caso' unia roupa dc dormir bem quentinha pode fa2er 0

^'líXar^A maior parte dos bebês dorme de Um


■ lté entre as 6 e as 8 da manhã. Podem ficar sos.
50,10 f' durante uns vinte minutos depois de acordarem,
M?g mais comum é chamarem a mãe, chorando ou gri-
?phr Após esse apelo, parecem esperar decidida­
mente por uma resposta e, quando a mãe aparece dão-
me as boas-vindas com uma palraçao animada e chegam
X a olhar para trás dela, como se estivessem tam-
Xá espera dos outros membros da família. _
Depois de o terem posto no vaso (caso ele nao recu­
se) „„ de lhe terem mudado a fralda dao ao bebe um
Xito, que ele agora prefere à mamadeira. Bnnca satis­
feito no berço, enquanto come o biscoito e se diverte com
os brinquedos mais manuseáveis, durante meia hora a
uma hora. A esse período de brincadeira segue-se a pri­
meira refeição, sem que o bebê tenha feito até então
qualquer exigência de alimento.

Sesta

Adormecer e despertar - Quando a sesta se segue a


um banho matinal ou a uma refeição cedo, o bebê aceita-
a com facilidade e adormece rapidamente, mas, se o de­
sejo de dormir ocorre em meio a um período matinal de
brincadeira, o bebê manifesta-o pela sua inquietação ou
puxando pelas orelhas, e, depois de o deitarem, adorme­
ce depressa. Fal como acontece com o primeiro desper­
tar, o bebê exige uma atenção imediata, manifesta a sua
alegria quando a mãe aparece e, depois de o terem posto
no vaso ou lhe terem mudado a fralda, pode tolerar uma
",d* S m"“ h” Sozl"ho Auadrndo, com
um biscoito e brinquedos, antes de lhe darem o almoço
(Se o bebe interrompe a sesta com um choro anròo
urinar, talvez seja melhor não tlrá-lo do berço* para

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155

-olocá l<>110 va90' Portluc Podc n3° Pe8flr °utra vez no


sono. Se o deixarem simplesmente urinar na fralda, ador­
mece, em geral, logo a seguir.]
Períodos - l’az, habitualmente, apenas uma sesta diá­
ria das 11 ou 11 e meia até meio-dia e meia ou 2 horas.
Niím caso ou no outro, observa-se ainda irregularmente
uma sesta de manhã cedo ou ao fim da tarde.
Lugar-O carrinho já não é lugar seguro para a sesta
do bebê, que dorme melhor e durante mais tempo num
quarto com pouca luz.

Alimentação

Auto-regulação - As exigências motoras violentas


podem ser ainda tão fortes que talvez seja melhor dar a
refeição ao bebê com ele de pé na cadeira alta, mas segu­
ro a ela por uma correia. Pode ficar sentado se lhe derem
algum brinquedo ou, preferivelmente, dois brinquedos
que se conjuguem com facilidade, para lhe absorver a
atenção disponível. Em geral, não exige que lhe ponham
o prato em cima do tabuleiro, onde não ficaria em segu­
rança e seria provavelmente virado ao contrário, enquan­
to tiver qualquer outra coisa em que ocupar as mãos.
Muitos bebês desta idade (ou até mais novos) recu­
sam-se a tomar o leite em mamadeira, especialmente
quando se tenha introduzido qualquer mudança, como,
por exemplo, um bico de feitio diferente. Isto não quer
dizer, forçosamente, que o bebê tome melhor o leite em
uma xícara, porque alguns se negam, uma vez ou outra, a
utilizar esse processo até os 18 meses ou ainda até mais
tarde. A mamadeira preferida é a das 6 da tarde, à qual
podem estar ainda bastante apegados.
A preferência por determinados alimentos toma-se
razoavelmente bem definida. A papa de cereal pode ser
rejeitada de manhã, mas também pode ser tomada à tarde
com agrado. O bebê pode rejeitar a papa de farinha de tri­
go e tomar gostosamente a papa de aveia. Ou pode rejeitar
a papa quente e aceitá-la fria. Pode preferir certos vegetais.
Número de refeições - Três refeições diárias, mais o
suco de fruta no meio da tarde. Pode-se dar-lhe uma bo-

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156

Iflchfl ou uin biscoito, quando acorda dc mm


da sesta. Se ainda lhe dão mamadeira, o bebê t * d<H
ralmcnte uma vez ao dia, logo depois da ceia
de estar deitado. 1
A/vtite - O apetite do bebê é geralmcnte bo
todas as refeições, embora possa ser um tanto m
primeiro almoço. *
Alimentação com colher - Análoga à das 40 semana
O bebê não manifesta tanto interesse pelo alimento «
dedica parte da sua atenção a outras coisas que não à co­
mida. Gosta de comer com os dedos e pode tirar o ali­
mento da boca para olhar para ele e metê-lo depois na
boca outra vez. Pode esfregar no tabuleiro a comida en­
tornada. Para o fim da refeição, roda, muitas vezes, na
posição de sentado, flecte as pernas no assento da cadei­
ra e põe-se de pé.
Alimentação com xícara - Os esquemas são semelhan­
tes àqueles que observamos às 40 semanas, mas agora o
bebê gosta de segurar sozinho a xícara. Comprime os la­
dos ou o fundo com as palmas das mãos. Inclina a cabeça
para trás, para conseguir beber até a última gota.
[Se lhe dermos só até meio decilitro de cada vez na
xícara, o bebê poderá ter a satisfação de a esgotar.]
Auto-ajuda ~ O bebe come habitualmente com os
dedos uma parte da refeição, tanto no almoço como no
jantar. Alguns meninos, de índole dominadora, mas emo­
cionalmente dependentes, querem, nesta idade, comer
tudo com as próprias mãos. Recusam terminantemente
qualquer ajuda, mesmo quando necessitam dela, e os re­
sultados podem ser desastrosos. Esses mesmos meninos
vêm, depois, muitas vezes, pedir ajuda, dos 2 aos 3 anos
de idade.

Eliminação

Intestino - Uma a duas dejeções diárias, entre as 8 e


9 horas da manhã e durante a tarde. O bebê po <- rt<
positivamente ao vaso, quando a dejeção ocorre logo e
seguida ao primeiro almoço. Os "êxitos" no vaso são me
nos freqüentes do que já foram e o bebê opõe-lhe maior

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157
çistènóa- P<HÍCIa nâo dar'como dava antes, uma indi-
^■ão (8n,nWdo^ dc qUC a dcle<$o está prestes
x-onvr, mas pode mostrar-se irrequieto, depois de ela
3 °ocorrido, para que lhe mudem a fralda.
** iW’ " É mais freqücnte agora o bebê manter-se
após a sesta e, ocasionalmente, quando acorda de
C te ou de manhã cedo, se o puserem no vaso logo em
n°miida ao despertar, embora possa haver algumas recaí­

das Das 40 às 52 semanas, as meninas riem com fre-


.. -ncia enquanto urinam, estão interessadas no proces-
T-) de urinar e olham depois para o vaso, para ver o que

fizeram Podem querer meter os dedos na urina ou pôr o


el higiênico dentro do vaso e querer fazer funcionar a
descarga. Começa a ser uma regra os bebês mostrarem-
se irrequietos para que lhes mudem a fralda, embora al­
guns demorem mais para ter essa reação.

Banho e vestir

Banho - O banho continua a ser ainda mais uma


parte favorita da rotina diária. Pode ser dado a qualquer
hora do dia que se adapte melhor à rotina familiar; no
mais das vezes é ao fim da tarde. Nesta idade, a maioria
dos bebês prefere tomar banho sentados na banheira e
já não se mostram absorvidos nas brincadeiras com a
água ou na sua própria atividade motora. Estão agora
interessados na esponja de banho, no sabão e nos brin­
quedos flutuantes. Agarram e largam esses objetos den­
tro da banheira ou põem-nos para fora desta, por exem­
plo, deixando escorrer a água da esponja para o chão do
banheiro.
[Os brinquedos do banho são mais fáceis de contro­
lar do que o toalete. Quando o bebê se recusa a largar a
esponja, podemos muitas vezes convencê-lo a depositá-
la num recipiente, o qual é depois colocado fora das suas
vistas.]
Vestir- Chapéu, sapatos e calças são os seus princi­
pais interesses no tocante ao vestuário, mas tem maior
interesse em descartar-se deles do que em usá-los. Quan
do lhe perguntam se quer ir à rua, o bebê pode dar pa

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158
madinhas na cabeça para indicar o seu desejo de levar
um chapéu. Brinca com os sapatos pelo interesse qUe cs.
tcs e os cordões lhe despertam, mas também pelo prazer
dc tirá-los. O bebê desta idade começa a despir as calci­
nhas sozinho, especialmente se tem as fraldas sujas ou
molhadas e se não tem ninguém junto dele. Mas esse
comportamento não ocorre com freqüencia. Coopera
agora na operação de vestir, enfiando o braço numa man­
ga ou estendendo as pernas para que lhe vistam as calças.
[Um bebê que manifeste uma exigência excessiva
de passear seguro pelas mãos pode ser inibido, depois de
lhe termos satisfeito razoavelmente essa exigência, tiran­
do-lhe os sapatos. A sua atenção desvia-se imediata­
mente para a idéia de brincar com os sapatos e esquece-
se do passeio.]

Atividade individual

O bebê dá largas à sua grande atividade motora no


berço e no parque, erguendo-se para a posição de pé,
deslocando-se de um lado para outro, mantendo-se de
pé sem apoio e engatinhando. Gosta mais de engatinhar
no soalho do que no quadrado. De manhã mantém-se
habitualmente bem disposto dentro do quadrado, no
quintal ou dentro de casa, durante uma hora ou mais, en-
tretido com a sua atividade motora e com os brinquedos.
Gosta de pôr coisas em cima da cabeça, como se fossem
um chapéu, um cestinho ou uma xícara. Atira, muitas ve­
zes, coisas para fora do quadrado e depois tem dificulda­
de em recuperá-las.
As atividades que mais aprecia são as grandes ativi­
dades motoras: pôr objetos dentro de outros objetos e
tirá-los de lá (por exemplo, pôr roupas dentro de um ces­
to e tirá-las do cesto); e brincar com botões, o que consis­
te em olhar para os botões e mexer neles com os dedos.
[Um dispositivo para aprender a andar pode ser útil
àqueles bebês que não se mantêm bem sentados e enga­
tinham mal, mas gostam de ficar de pé.]

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159

As 52 semanas, a sociabilidade do bebê está no auge


Aprecia uma sociabilidade dc mútuas concessões e as
oportunidades sociais tendem a surgir espontaneamente
sem ser planejadas. Durante a manhã, fica habitualmen­
te só, no seu quarto, embora possa brincar um pouco
com o grupo familiar.
A maior parte do seu convívio social, com exceção
daquele relacionado com as rotinas usuais, ocorre durante
a tarde. Gosta do passeio de carrinho, gosta de ir de pé
seguro pela trela, e interessa-se especialmente pelos ob­
jetos em movimento, como os automóveis e as bicicletas.
Os brinquedos já deixaram de lhe absorver a atenção.
Gosta de caminhar seguro pelas duas mãos e adora
a brincadeira de o perseguirem quando engatinha. Gosta
de se esconder atrás das cadeiras para jogar o jogo "On­
de está o bebê" e gosta de dar "adeus". Interessa-se em
abrir portas. Diz "eh" ou "tá", quando dá um objeto a
um adulto, mas espera que ele lhe seja restituído imedia­
tamente depois. Atira as coisas dele no chão, na expecta­
tiva de que as devolvam. Chora ou grita quando lhe tiram
coisas.
Gosta de ritmos. Pode inibir-se com um "não, não!",
mas também pode divertir-se com a brincadeira de sor­
rir, ou rir, e continuar com a sua atividade, apesar daque­
la advertência. Pode ser que esteja justamente entrando
num período de se envergonhar diante das pessoas es­
tranhas ou, se já passou por essa fase, pode mostrar-se,
de novo, amistoso com elas.

Digitalizado com CamScanner


XIII. 15 meses

Perfil do comportamento

Por volta dos 15 meses, o bebe passa a scr mais do que


um "mero" bebê. Deixa de engatinhar c começa a andar, com
uns passinhos ainda incertos. Está abandonando a mamadei
ra, em conformidade com os usos da cultura. Por força de ou
tras pressões culturais, diz "tá-tá" em ocasiões mais ou menos
apropriadas; mediante a linguagem dos gestos, chama a aten­
ção para as calcinhas molhadas; faz um risco imitativo com
um lápis; ajuda a virar as páginas de um livro de figuras, em
bora, numa investida rápida, passe diversas folhas de uma
vez. Numerosos esquemas que estavam em elaboração quan
do ele tinha 1 ano acham-se agora relativamente completos.
Está pronto para encetar um novo capítulo da aculturação.
Ultrapassada a situação de "mero" bebê, dc modo algum
fica por aí. Parece, pelo contrário, disposto a experimentar e a
exercitar, quase de maneira excessiva, as suas novas capacida­
des. Toma-se exigente; é incapaz de conter a sua impaciência.
Quando o estão vestindo, pode scr necessário segurá-lo à for
ça. Sentado na sua cadeira, estica-sc todo para a frente, que­
rendo agarrar os objetos que estão fora do seu alcance. Quer
andar sempre com alguma coisa em cada mão. Começa agora
a insistir em fazer as coisas sozinho. Gosta de tirar, ele mes
mo, os sapatos. Gosta de despejar ou, pelo menos, derrubar os
162
A. cnança do 0 aos 5 anos

cestos de papéis, não uma vez só, mas muitas vezes. E, se nào
se mostra igualmente disposto a enchê-los de novo, é porque
o seu sistema nervoso não está suficientemente amadurecido
para esse esquema de comportamento mais complicado.
Por ora, a sua energia motora é muito forte; está constan­
temente ativo, em breves rompantes de locomoção; põe-se
em marcha, pára, põe-se em marcha outra vez e trepa com
maior ou menor dificuldade. Gosta de ir dar um passeio de
automóvel ou no carrinho, mas mesmo então tem tendência a
pôr-se de pé e a prosseguir na sua espontânea atividade. Se o
deixam no quadrado, é muito provável que atire de lá para
fora os seus brinquedos.
Atirar é uma atividade muito característica. E o que é ati­
rar, senão largar com energia? A capacidade voluntária de lar­
gar da mão um objeto é um intrincado esquema de ação que
requer um desenvolvimento complexo das células nervosas
do cérebro que controlam esse esquema. É preciso tempo para
levar a cabo esse desenvolvimento; a criança tem de aprender
a regular a largada, a marcar-lhe corretamente o tempo, para
que ele obedeça às suas intenções. Tal como qualquer outra
função em vias de desenvolvimento, esta carece de exercício -
de prática, como se costuma dizer, muito embora a prática
seja, em primeiro lugar, mais um sintoma do que uma causa
do desenvolvimento.
A criança de 1 ano era capaz de equilibrar um bloco em
cima de outro; a criança de 15 meses é capaz de soltar da mão
o bloco, com precisão bastante para construir uma torre de
dois blocos. Da mesma forma é capaz de largar uma bolinha
para dentro de uma garrafa. O amadurecimento da capacidade
de largar habilita-a também a jogar melhor o jogo de receber
e devolver uma bola. A bem da verdade, é capaz de atirá-la de
maneira canhestra. Mas aos 18 meses será capaz de arremes­
sá-la pelo ar. E até o homem primitivo começou por ser desa­
jeitado a atirar pedras. São necessários anos de organização
neuromotora antes de uma criança ser capaz de arremessar de
forma amadurecida. Atirar é um primeiro passo rudimentar
no desenvolvimento dessa complicada habilidade. Se isso não
constituísse um esquema de ação importantíssimo, não figu-
163
A criança em crescimento

raria tão predominantemente nas características do compor­


tamento da idade dos 15 meses.
Dissemos que a criança de 15 meses é "exigente". Talvez
fosse mais correto dizer que é "afirmativa"; isto porque ela
não exige tantas coisas de nós, os seus guardiões, como exige
de si própria: afirma a sua autodependência embrionária.
Quer comer pela sua mão. Pega resolutamente na xícara com
as duas mãos (e dá-lhe, claro, uma inclinação excessiva). Mer­
gulha intrepidamente a colher na papa e depois enfia-a na
boca, virada ao contrário (entornando, evidentemente, o con­
teúdo). Será preciso ainda mais um ano para ela conseguir
evitar virar a colher ao executar essa manobra. (O homem pri­
mitivo levou muito tempo até conseguir dominar os princí­
pios da alavanca.) As exigências significativas são aquelas que
a criança faz a si própria.
Agora, como sempre, é necessário realizar um equilíbrio
funcional entre o indivíduo e a sociedade. O perigo é que a
própria cultura exerça pressões demasiadamente fortes sobre
este organismo em desenvolvimento que deixa de ser um
"mero" bebê. Ele já não goza de uma proteção igual à que ti­
nha até a idade de 1 ano. O bebê de 15 meses encontra-se no
limiar de capacidades de comportamento que deixam antever
já a escola-creche e o jardim-de-infância. Tem uma compreen­
são vaga das figuras de um livro; é capaz de ajustar um bloco
cilíndrico numa cavidade cilíndrica; palra e gesticula; está efe­
tivamente começando a construir alguma coisa com os blocos;
é capaz de imitar um traço de lápis num papel; já não é um
"mero" rabiscador. Tudo isto são prenúncios da sua educabili-
dade, mas é ainda muito imaturo.
Os adultos portadores da cultura podem ter a tentação de
o estimular depressa demais e com demasiada insistência na
direção da civilização. É bom lembrar que a natureza precisa
de tempo para organizar o seu sistema neuromuscular - pos­
tura!, manual, laríngeo e esfincteral - ainda em botão. Todas as
coisas têm o seu momento.
164

(.(nti/KH t íirtirrlt <> litíif ilt

b-. O • !• ii', M .i, o . j., a , ij(! j ’ ''


nança ernboia ,,i<- dc ai< ,
é tanto um bebé como era aos 12 meses A criara d< is /ór
- !• ;■< ' ■ u/.'/. < orno ■ (J,
c ho u manha Mí-s/óg que b tnl i afrald
exige que a mudem. Nem precisa dc brinqiu
no berço com umas simples brincadeiras poshjrai. c dc ma
nuseio que ela mesma improvisa Mas quando ouve alguém
mwimentar-se, esse esquema muda subitamente para uma
expectativa atenta que se transforma em alegria txansbordan
te assim que a mãe, ou a pessoa que toma conta dela, surge
para dar-ihe bom-dia É agora muito sensível a sugestões /j
suais e auditivas que tenham um significado social
Pode caber ao pai a tarefa de vestir o bebê. Este diverte-se
muito com roda aquela agitação que a operação implica.
Agora já tem capacidade de locomoção bípede e, assim,
marcha para a primeira refeição. (Isto é um acontecimento novo
no seu comportamento diário j Vai mordiscando uma bola­
cha, enquanto observa a refeição da família e, por volta das 8
noras, está pronto para tomar a sua, sentado, geralmente, na
cadeira alta. O seu apetite matinal é grande. Aceita que lhe
deem a comida com uma colher, mas exige que lhe coloquem
o prato em cima da bandeja. Domina já melhor a sua energia
motora, de rriodo que o prato está agora mais seguro na ban­
deja, embora possa precisar de alguma vigilância. Gosta de
segurar na colher e de a mergulhar vez por outra na papa. É
mais eficiente no manejo da xícara.
Por volta das 9 horas, mudam sua fralda e põem-no no
/aso ’ .essa idade, não é provável que oponha resistência. Vol­
ta então para o berço, onde se entretém com brinquedos fá­
ceis de manusear — uma bola, uma boneca, uma panela, rou­
pas ou recipientes vanados. O sinal para uma mudança de ce-
ráno pode ser dado pela criança arremessando vigorosamen­
te os brinquedos, batendo com eles ou atirando-os ao chão. É
então levada para o quadrado. Aos 12 meses ficava inteira-
765
. irtan(armcT^imfnl/j

satisfeita com o quadrado no quintal dos fundo-, da


rasa Agora prefere-o no jardim ou na varanda da frente Gos
ra de observar o trânsito. Está prestes a abandonar o quadrado
e o âmbito dos seus interesses alarga-se. Gosta de olhar para
o jardim ou para a varanda do vizinho, especíalmente se nela
houver outro quadrado com outra criança. Essa necessidade
de se expandir para além dos limites do quadrado pode ser
satisfeita por antecipação, colocando alguns dos seus brinque
dos do lado de fora dele. A criança consegue puxar esses brin -
quedos para dentro do quadrado e, tendo-os obtido dessa for­
ma, é um pouco menos provável que os atire para fora. Atirar
é, contudo, um esquema de comportamento desenvolvímen
tista que, portanto, não devemos lamentar.
A criança brinca satisfeita até cerca do meio-dia, altura em
que está pronta para almoçar. Exige com decisão o almoço.
Não está muito interessada nos seus preliminares, mas mos­
tra-se um pouco mais desejosa de contribuir com a sua auto-
ajuda no decurso desta refeição, muito embora seja natural
que meta a colher na boca com a parte inferior voltada para
cima. Para o fim da refeição já está inteíramente disposta a
aceitar o auxílio alheio, se bem que possa insistir em ser ela a
segurar a xícara para beber o leite ou a água.
Por volta do meio-dia e meia põem-na no vaso e pode ter
nessa altura a sua primeira ou segunda dejeção, após o que
volta para o berço. Os efeitos da aculturação estão agora toman­
do-se notórios. É típico a criança não fazer nenhum protesto
contra a sesta iminente. Aconchega-se bem dentro da roupa.
Gosta de ver descer as persianas. Sente-se contente por estar
na cama e, num tom de finalidade satisfeita, diz "tá-tá" e ador­
mece por uma ou duas horas.
É natural que acorde com a fralda molhada. Mudam-na
então e põem-na outra vez no vaso. Desperta geralmente mui­
to ativa, ansiosa por sair do berço e prosseguir com o seu com­
portamento diário. Já começa a estabelecer associações bem
definidas entre as horas do dia e os acontecimentos. Está
criando uma noção da sua própria rotina diária que mal podia
.„ nresente nas idades anteriores. Percebe que nao tardara a
Ar ,.m oasseio no carrinho e aguarda com uma certa pa
ir ciar uu* y
166
A do 0 aos 5 Anos

ciência que chegue esse momento - paciência que é ajudada a


manter com uma bolacha que ela vai mastigando enquanto
espera.
Após terem chegado ao jardim público ou a um parque
infantil das vizinhanças, gosta que a deixem em liberdade na
vastidão de um relvado ou de um passeie Entrega-se então a
diversas brincadeiras, posturais ou de manuseio. De forma um
tanto acrobática, dobra-se toda para a frente e espreita por
entre as pernas; apanha pauzinhos do chão e Date com eles na
terra; oferece-os a um adulto, com um "tá-tá" modulado, e
não fica à espera de que ihos tomem a dar, como fazia aos 12
meses. Palra; interessa-se agora de maneira mais complexa
pelos sons que ela própria produz. Enquanto anteriormente
ficava, de certo modo, surpreendida com eles, agora escuta-os
de forma sugestiva. Por intermédio dessa palração, comunica-
se consigo própria, tal como com as outras pessoas.
Volta para casa por volta das 4 e meia e prossegue nas
suas características atividades de brinquedo, utilizando os ob­
jetos da sala de estar, com especial interesse por todos os reci­
pientes, particularmente pelos cestos de papéis. Mas também
gosta de ouvir música, de dançar ao ritmo dela, e até, com a
ajuda de um adulto, de dar umas breves olhadas em um livro
de figuras.
O banho diário pode ser às 5 horas. É predominantemen­
te um período de brincadeiras. Gosta de permanecer no ba­
nho durante um quarto de hora. Uma das suas atividades fa­
voritas é a de despejar água com um recipiente.
A seguir vem o jantar. Corne um pouco com sua mão, mas
aceita de bom grado que lhe déem a comida. Acabada a janta,
gosta de ir refugiar se no colo da mãe ou do pai, fazendo-lhe
demonstrações de afeto. Estende a mão para que a beijem ou
lhe façam festas. E, mais ou menos ãs 6 horas, volta contente
para o berço, onde dorme um sono de umas doze horas. Esta­
belece contatos pessoais cada vez mais definidos e, depois de
lhe terem aconchegado bem a roupa, estende ainda a mão
por entre as grades do berço, para um adeus e boa -noite.
167

Sono

Noite
Adormecer - A hora de deitar é agora entre as 6 e as
8 da noite e segue-se, num estilo regular e ordenado, aos
acontecimentos do dia. A ordem desses acontecimentos
pode ser, por exemplo, banho, jantar, cama. O bebê pa­
rece ter adquirido a noção da "hora de ir para a cama",
uma expectativa de ir deitar-se após certos acontecimen­
tos do programa diário. (Mais tarde, tanto essa ordem
como o horário podem mudar.) Algumas crianças po­
dem, a princípio, chorar, mas na sua maioria sentem-se
contentes em voltar para a cama. Podem "conversar" en­
tre meia hora a duas horas. Algumas crianças mais ativas
podem escapar de debaixo das cobertas e ficar muito en-
tretidas no berço, até acabarem, finalmente, por adorme­
cer, porventura aos pés do berço.
[Se a criança demora a cair no sono, é melhor não
ir para junto dela antes que tenha adormecido ou esteja
prestes a adormecer. De outra forma, a presença da mãe
pode estimulá-la e fazer que ela leve ainda mais tempo
para adormecer.]
Despertar - Acordar de noite é uma questão indivi­
dual e mais comum nas crianças ativas. Muitas crianças
acordam chorando (com mais freqüênda antes da meia-
noite) e não se aquietam só por lhes pegarem ao colo.
Podem, muitas vezes, aquietar-se olhando pela janela para
as luzes, ou quando alguém lhes cante uma cantiga, to­
cando-lhes ao mesmo tempo nos dedos dos pés e das
mãos ao ritmo da melodia. Não é aconselhável voltar a
colocá-las na cama antes de estarem prontas para ador­
mecer, e a transição pode, muitas vezes, conseguir-se me­
lhor deixando-as segurar qualquer objeto, por exemplo,
uma escova de dentes em que elas se mostraram interes­
sadas, no banheiro.
O despertar da manhã ocorre entre as 6 e as 8 ho­
ras. A criança está geralmente bem disposta nessa altura
e deixa-se ficar sob as cobertas conversando consigo mes­
ma. Pode, mais tarde, sair de debaixo das cobertas e ficar
brincando de um lado para outro, no berço, sem necessi­
dade de brinquedos.
168
A criança do 0 aos 5 anos

Sesta

A sesta segue-se, em geral, ao almoço do meio dia


Um sinal de que a criança está pronta para ir dormir c ela
tentar tirai' os sapatos. Normalmente, deita-se logo e ador­
mece em seguida. Algumas crianças demoram a adorme­
cer e entretêm-se alguns minutos com os brinquedos an­
tes de se deitarem por cima da coberta. Após um período
de sono de duas a três horas, acordam e estão logo pron­
tas para se levantar.

Alimentação

Auto-regulação — A criança domina agora melhor a


sua energia motora do que anteriormente o fazia. É capaz
de ficar sentada ao longo de uma refeição completa e
quer, geralmente, comer pela sua mão. Os meninos con­
tinuam à frente nestas exigências. Executam um trabalho
partícula oriente eficiente comendo com os dedos, e é esse,
sem dúvida, o seu método preferido. Ainda têm propen­
são para virar a colher quando a levam à boca, tendendo
assim a derramar-lhe o conteúdo, a menos que este se
agarre à colher. Quando já estão cansados, mostram-se
mais dispostos a consentir que a mãe lhes dê a comida.
Uma exigência ainda mais comum é a de segurar
numa colher e mergulhá-la no alimento que tem no pra­
to, o qual se encontra agora em segurança na bandeja. A
criança aceita que lhe dêem a comida, enquanto estiver
agradavelmente entretida com outra coisa. Os pedaci­
nhos de comida derramados na bandeja são geralmente
comidos com os dedos. Muitas crianças preferem comer
de diferentes maneiras as diferentes refeições. Podem
aceitar que lhes dêem a primeira refeição sem exigirem
comê-la pela sua mão. O almoço pode ser parcialmente
aceito, com algumas exigências. Podem insistir em jantar
sozinhas, com uma única exceção possível, que será a de
a criança consentir que o pai lhe dê a comida. Muitas
crianças também gostam de dar a comida ao pai ou à
mãe, e podem sair-se melhor dessa tarefa do que quando
o fazem a elas próprias.
169
Acnmçaemcrtsámento
Aquelas que ainda estão habituadas à mamadeira
da noite - ou porque elas mesmas o exigem ou porque os
pais acharam que é essa a maneira melhor e mais simples
de garantir uma ingestão de leite adequada - bebem com
mais freqüência a mamadeira antes de ir para a cama e,
muitas vezes, chamam-lhe z/mamá . Podem até pedir que
a dêem, na expectativa de irem se deitar.
Tanto as preferências como as rejeições têm os seus
altos e baixos, mas, em conjunto, os respectivos esque­
mas são muito semelhantes aos descritos em referência à
idade de 1 ano.
Número de refeições e apetite - O mesmo que quando
com 1 ano de idade.
Alimentação com colher - Nesta idade, a grande maio­
ria das crianças insiste em ter uma participação ativa, em
maior ou menor grau, nas suas refeições e quer ensaiar-
se no manejo da colher. Seguram-na próximo da concha,
numa posição deitada, e têm dificuldade em enchê-la
porque a mergulham, mais do que a arrastam, dentro da
comida. Levam depois à boca o que ficou agarrado à co­
lher, mas esse percurso do prato até a boca é arriscado
porque podem virar a colher e entornar o pouco conteú­
do que ela ainda conserva. Se conseguem chegar com ela
direita até a boca, viram-na geralmente após a inserção.
A mão livre está totalmente inativa e só é chamada em
auxílio em caso de emergência. A criança consente nor­
malmente que a mãe lhe dê a comida desde que a dei­
xem comer por sua mão uma parte da refeição.
[Muitas vezes, a criança aceita melhor a ajuda da
mãe, se esta lhe encher a colher da colher dela e ajudá-la
depois a segurar no cabo, enquanto a criança a leva à
boca.]
Alimentação com xícara - A criança agora gosta de
manusear a xícara sozinha, segurando-a mais com o po­
legar e o indicador ou com as pontas dos dedos. Bebe
mais segufdamente (cinco ou seis goladas de cada vez) e
inclina agora a xícara mais por ação dos dedos do que
pela inclinação da cabeça. Tende, no entanto, a inclinar a
xícara depressa demais, resultando daí algum derrame
do conteúdo.
[Embora a criança exija que a deixem segurar sozi­
nha na xícara, pode consentir que a mãe a ajude, pondo-
1 o
A criança do 0 aos 5 ano*

lhe nin drdo debaixo do queixo para limitar os movimen


tos rxagrtados da cabeça,]
Autv regulação As exigências são semelhantes às
que rxpiinua com I ano, mais a de comer com colher so
/mha e a dc* podei insistir em comer sozinha uma refei­
ção inteiia, dc preferência o almoço ou a ceia.

Mim inação

Intestino Uma ou duas dejeções diárias, embora


possa, ocasionalmente, saltar um dia. Em algumas crian­
ças, a dejeção ocorre ainda de manhã, ou ao acordar ou
perto da hora do primeiro almoço. Em algumas outras,
poucas, muda para a tarde, com um esquema mais per­
sistente, ou para depois do almoço, ou em relação à ses­
ta. A oposição ao vaso, comum entre os 12 e os 15 me­
ses, está cedendo lugar à sua aceitação. Se a criança for
posta no vaso num momento favorável, como após uma
refeição — geralmente o primeiro almoço —, pode ter fa­
cilmente uma dejeção. Outras vezes, porém, não "resol­
ve" antes de a tirarem do vaso, muito embora possa ficar
lá, muito satisfeita, todo o tempo que ali a queiram ter.
Outra ocasião favorável será quando a mãe obser­
var que a criança ficou de repente muito sossegada, ou
quando ela se põe a olhar para a mãe, ou se acocora e
ronca. Está começando a tomar consciência de ter feito
uma dejeção na calça e pode ficar inquieta, dizer "uh"
e, especialmente se estiver com um adulto, pode agar­
rar-se à calça para exprimir o desejo de que a troquem.
Exige menos a atenção das pessoas quando está no ber­
ço ou no quadrado e pode mesmo tentar tirar as calças
sozinha.
[Nesta idade registram-se, incidentalmente, casos
de a criança espalhar as fezes e besuntar-se com elas,
quando está sozinha no quadrado ou no berço. Nessas
condições, é importante que a criança use uma roupa bem
justa ao corpo e também que ela seja vigiada, de prefe­
rência sem que ela veja o adulto. Então é preciso cuidar
dela imediatamente após ter tido a dejeção.]
171
Atnunpirmcrrsdmeiito

Bcxím - A criança pode manter-se enxuta depois da


sesta se Ihclatenderem imediatamente. Nesta idade, pa­
rece estar mais cônscia de ter as fraldas molhadas do que
anteriormente. Se traz calças de treino1 e faz poças no
chão, pode apontar para elas e designá-las com um ter­
mo particular, como "ti-ti" ou "pi-pi", ou dizer simples­
mente, "olha". Pode chapinar com as mãos na poça ou
mostrar interesse em enxugá-la com qualquer peça dc
roupa que tenha à mão. Reage bastante bem a que a po­
nham no vaso, especialmente em ocasiões favoráveis,
tais como depois das refeições e antes e depois dos perío­
dos de sono. Pode não urinar ou defecar até a tirarem do
vaso. Opõe resistência a que a coloquem no vaso, se a
puserem lá quando não precise, ou no meio da manhã ou
no meio da tarde. Algumas crianças podem aumentar
agora (temporariamente) para duas ou três horas o perío­
do em que não necessitam urinar.
[Uma cadeirinha com vaso ajustável pode ser, nesta
idade, o melhor equipamento para estas funções, espe­
cialmente para aquelas crianças que gostam de fazer as
coisas sem ajuda.
Como muitas crianças não urinam nem defecam en­
quanto não as tiram do vaso, é melhor não deixá-las ali
muito tempo. Mantê-las por períodos muito longos não
produz o efeito desejado.
Dá pouco resultado, ou mesmo nenhum, castigar a
criança por ela se urinar. Se a castigam, ela tende a deixar
de dizer quando está molhada. É preferível pôr-lhe uma
fralda e vestir-lhe a calça plástica.
Se a criança se opõe a que a coloquem no vaso, de­
vemos respeitar-lhe essa oposição.]

Banho e vestir

Banho - Agora que a sesta é geralmente de tarde e o


jantar é às 5 horas, há pouco tempo para o banho da tar­
de Pode ser preferível adiá-lo para imediatamente antes

..........1" Calcinhas de algodão com reforços especiais com que se vestiam os be


bês na transição das fraldas para as roupas comuns. (N. do T.)
172 Acnarl0l do 0 aos 5 ano,

de a criança ir se deitar Nessa hora, aprecia muito o ba


nho, especialmente se o tomai junto com um nmào rnais
velho.
Continua a querer pegar no sabão e no toalhete da
lavagem. Chupa muitas vezes a água da esponja ou colo
ca a em cima da cabeça, à guisa de chapou Paia bnncar
na água pretere recipientes, tais como bacias ou regado
res. A criança pode tentai beber a agua do banho Pode
protestai quando a tiram da banheira, mas, em geral,
aquieta-se se lhe derem um brinquedo qualquer que a
distraia.
Vestir — Nesta idade, a operação de vestir pode ser
muito difícil. A atenção da criança está geralmente presa
a outras coisas. É nesta idade que o adulto precisa segu
rar bem a criança e enfiá-la dentro das peças de roupa.
De manhã, pode deixar-se vestir com maior facilidade ao
colo da mãe, estando esta sentada junto ao berço, de
modo a que a criança possa chegar até lá com a mão e
entreter -se com os brinquedos. Também podem vesti-la
de pé, num canto que lhe deixe muito pouca liberdade de
movimentos e onde ela tenha uma prateleira à altura do
peito para os brinquedos.
As peças de vestuário que lhe interessam mais são
ainda o chapéu, os sapatos e as calças, todas elas relacio­
nadas, em geral, a ocasiões especificas: o chapéu quando
vai sair as calças quando estão sujas ou molhadas e os
sapatos quando esta com sono e pronta para ir dormir a
sesta.
[Quando acorda da sesta, o seu interesse principal é,
muitas vezes, sair de casa quer esteja ou não vestida. As­
sim. se a vestirmos junto à janela ou porta aberta, quando
o tempo permitir, essa provação poderá ser menos difícil.
Dar-lhe uma bolacha também muitas vezes ajuda.]

Atividade individual

A criança entretém-se sozinha feliz da vida, nos se­


guintes momentos: de manhã cedo antes de a tirarem
do berço durante uma hora no quarto ou no berço- e de­
pois ainda de manhã durante mais uma hora no qua-
173
,Unan(ne<n crescimento

drado fora de casa. Não é capaz de ficar durante muito


Ímpo em seguida no mesmo lugar e gosta que a mudem
dc lugar. As suas exigências aumentam a medida que o
dia vai passando. Ao acordar, não exige brinquedos, mas
entretém-se com prazer exercitando a sua atividade mo­
tora. Só quer os brinquedos quando a levam de novo
para o quarto; e também gosta de uma ligeira atividade,
quando está no quadrado, do lado de fora da casa, entre-
tida observando o trânsito de carros ou vendo as pessoas
passarem. As coisas com que mais gosta de brincar são
bolas, colheres, bacias, roupas, caixas e alguns brinque­
dos que se encaixam uns nos outros. É freqüente entre­
ter-se mais com os brinquedos no quarto, entre as 9 e as
10 da manhã, após ter terminado os seus violentos exer­
cícios motores. Então mete umas coisas dentro de outras
e tira-as para fora de novo, atira bolas e corre atrás delas,
e, quando se cansa, atira as coisas para fora do berço ou
do quadrado, ou coloca-as atrás dela.

Sociabilidade

O período de timidez que se registra no primeiro ano


de idade normalmente já passou, e a criança de 15 meses
está ansiosa por sair para o mundo no seu carrinho ou ao
lado dele. Algumas ainda se sentam ou se põem de pé no
carrinho e gostam particularmente dos ruídos do exte­
rior. A criança escuta o ladrar de um cão, o trotar de um
cavalo ou o zumbido de um avião. Um ruído violento
inesperado pode até fazê-la choramingar. Também ob­
serva, mas sobretudo escuta. Algumas, as de mais forte
energia motora, ao fim de um quarto de hora ou meia
hora teimam em sair do carrinho e em irem elas próprias
empurrá-lo.
Um passeio de uma hora de carrinho basta perfeita-
mente para esta idade. A criança de 15 meses quer estar
livre para se dedicar aos seus assuntos particulares, como
nassear abaixar-se para apanhar pauzinhos, dobrar-se
para a frente para espreiuu
Lisas que encontra para seu acompanhante e exercitar o
Xído vocabulário deque dispõe. Gosta n juito de cães
174

e diz muitas vezes "au-au . Gosta de imitar as outras pvs


soas oinuajo. tossindo, assoando-se, espirrando c apa
gando tostoros.
Esta etetix amente, ganhando uma consciência tão
apurada das coisas que se toma necessano reprimir lhe
as suas atividades. Quando esta à mesa tem tendência
para exigir tudo o que estiver à vista 'Dá volta a tudo na
sala de estar e ja não aceita o jogo de não, não.’ mas
insiste atrevidamente em levar a sua vontade avante
Quando brinca na saia de estar, e preciso pôr as coisas
tora do seu alcance. Contudo, o seu principal interesse
nesse cômodo e o cesto dos papéis Os seus olhos pei-
conem toda a sala e parecem invariavelmente atraídos
pelo cesto dos papéis. Adora atirar tudo de la para fora e,
com menos freqüènda, metei lá tudo outra vez
\o fim da taide, pode gostar de ver figuras colori­
das de um livro e de virar as paginas, e pode também
reagir com um balançar de quadris a uma música bem
ritmada.
[Quando a criança faz exigências impossíveis de sa­
tisfazer - como a dc querer passear em lugar proibido
pode reagir favoravelmente se lhe pegarem ao colo. Em
tais casos, a mudança de postura parece suprimir imedia­
tamente a exigência.
Algumas crianças recusam se a aceitar coisas da mão
de um adulto, mas aceitam-nas se as apresentarem den­
tro de um recipiente ]
Perfil do comportamento

A criança de 18 meses está tão cheia de compulsões para


se movimentai de um lado para outro que prefere empurrar o
seu carrinho a ir dentro dele. A sua energia locomotora é tão
forte que se mete constantemente por todos os cantos, recan­
tos e veredas, e sobe e desce escadas por este ou aquele pro­
cesso. Por essa mesma razão, gosta de correr atrás dos outros
c de que corram atrás dela. Introduz pei manentemente varia­
ções nos seus movimentos, como se andasse experimentando
a versatilidade do seu equipamento motor. Anda de costas e
puxa o carrinho para trás. Faz isso, em parte, porque está
"aprendendo" a fazer as mudanças no seu automóvel fisiolo
gico - ou seja, o seu sistema nervoso. Esse neuro automóvel
está ainda longe de estar completo. É capaz de arrancai c < (
parar bastante bem (quando estiver disposto a isso), mas nao
sabe virar esquinas; a criança terá ainda que dobrai a h <u<
que tem hoje antes de ser capaz de pedalar no trkk o (>u c <
aguentar sobre uma perna só.
A sua postura ereta ainda nao é perfeita. I’aia andar, *ais
lenta se numa base larga com os pés bastante afastados e
corre numa atitude propulsiva, rígida Acocora se bastante, o
Ventre é assaz proeminente; afasta bil.ileralmerile os braço-
do corpo, quase como se fossem barbatanas; move o naço
176
A cnança do 0 aos 5 ano-.

todo para jogar a bola e para "pintar"; as mãos não têm amlí
dade nos pulsos; tem dificuldade em coordenar os movimen
tos das mãos e dos pés. 7èm até problemas em levar a colher
a boca.
Arrasta, reboca, deixa cair, puxa, empurra, bate com for
ça. Quando agarra no ursinho de pelúcia, segura-o com rude
za de encontro ao peito. Há nela também qualquer coisa de
urn carregador de móveis. A atividade motora dos seus gran­
des músculos tem primazia sobre a dos mais delicados. Há
um certo prirnitívismo nas suas posturas e no seu manejo das
coisas, como se ainda pesassem sobre ela algumas reminis-
cênc ias do homem de Neanderthal.
Mas não se devem perder as esperanças. Aos 2 anos, já
terá os pulsos mais flexíveis e virará as páginas de um livro,
uma por urna! Mesmo agora já é capaz de tirar os sapatos, o
chapéu e as luvas, e de abrir um zíper, se ele não for muito fino.
Ern breve há de fazer muito mais coisas. Aos 3 anos, já calça
os sapatos; aos 4 ata lhes os cordões.
A sua atenção, tal como a sua atividade física, é irregular.
A criança está atenta ao aqui e agora. Tem escassa percepção
dos objetos distantes. Precípíta-se sobre eles, com uma fraca
noção dc direção. Podemos falar lhe acerca do futuro, mas ela
não nos escutará, porque o futuro não lhe diz nada por en­
quanto. Está embebida no imediato; mas, mesmo agora, as
forças do desenvolvimento estão a empurrá-la já para além
do imediato, dando lhe um sentido de "conclusões".
Esse espontâneo interesse por conclusões é uma das suas
características psicológicas mais interessantes. Mete uma bola
dentro de uma caixa e depois solta uma exclamação deliciada,
urn "oh!" ou urn "uf!", numa explosão de satisfação conclusi­
va. Gosta de fechar uma porta, de nos dar o prato quando aca­
bou de comer, dc enxugar uma poça, dc puxar a descarga e de
"avisar" depois dc ter sujado a cueca ou a calcinha. Quando se
senta numa cadeira, o faz numa atitude decisiva, com a qual
parece dizer nos: "Já fiz o que tinha de fazer."
Tudo isto são juízos elementares, muito embora não se
€*xprimarn ainda por palavras ou por frases. A criança pensa
mais com o corpo do que com a laringe, e a sua mente já tra
177
A aiança em crescimento

balha a um nível visivelmente mais elevado do que quando ti­


nha 1 ano. A sua atenção é dispersa e movediça, funciona em
surtos breves e rápidos. Nas suas brincadeiras, gosta de trans
portar objetos de um lado para outro. Aprende desse modo o
que é um lugar. Gosta mesmo de tomar a pôr as coisas nos
seus lugares - um sentido embrionário de método que em bre­
ve será ultrapassado. Mas esta nesga do seu comportamento é
um bom sinal de que uma forte soma de organização está se
processando dentro dela, não obstante a aparente carência de
objetivo da sua atividade. Como é possível descobrir sem ex­
plorar? E como é possível explorar sem viajar? E como é pos­
sível encontrar o lugar de onde partimos, se não voltarmos
atrás? Há, pois, no fim de contas, uma lógica neste compor­
tamento de andar para trás e para diante - a lógica do desen­
volvimento.
Essa lógica não pode acelerar-se por meio de palavras. A
criança tem de começar por uma lógica prática. Primeiro tem
de fazer coisas. Tem apenas cerca de uma dúzia de palavras ao
seu dispor. Apóia-se num vocabulário mais abundante de ges­
tos expressivos e de curiosos sons cacarejados (reminescentes,
uma vez mais, de um ser humano muito primitivo). "Acabou",
obrigado , tchau-tchau", z/oba", contam-se entre as suas
palavras favoritas e são, todas elas, designativas de conclusões.
Reage a umas poucas orientações verbais simples, mas carece
de ser orientada principalmente através de coisas e não de pa­
lavras. Se quisermos que ela se mantenha quieta, precisamos
geralmente lhe dar nas mãos um objeto interessante. O ma-
nuseamento desse objeto serve para lhe desviar a energia mo­
tora. A música pode produzir o mesmo efeito. A criança fica
onde está e acompanha a música com o ritmo do corpo todo.
Pode cantarolar espontaneamente. Se experimenta cantar, o
faz repetindo sempre a mesma palavra. Não é muito sedentá­
ria, nem está ainda apta para as belas-artes, embora goste de
fazer riscos no solo com um pauzinho.
Com semelhante sistema de ação e com percepções tão
elementares do tempo e do espaço, não podemos esperar dela
reações interpessoais complexas ou apuradas. E ate duvidoso
que veja as outras crianças que correm à sua volta como pes-
17S

soas semelhantes a ela. Da-lhes puxões belisca-as empurra-


as e bate nelas como se tossem objetos para manusear. Brinca
sozinha muito satisfeita, de costas para outra criança da mes­
ma idade.
E no entanto, está assentando os alicerces de uma com­
preensão mais inteligente do que a outra pessoa é. Observa
muito. Aprende, pelos olhos muitas vezes ao dia Faz isso em
surtos e períodos breves de atenção, mas que vão se adiao-
nando. Fbr vezes, chega a imitar aqueles maravilhosos adul­
tos que ela contempla: cruza as pernas e lê um jornal! Gosta
de jogar jogos de "esconder" mais complicados: gosta de se
esconder e de ser encontrada. Este gênero de brincadeira recí­
proca ajuda-a a criar uma identificação de si própria como
uma pessoa distinta das outras, mas semelhante a elas. Quan­
do agarra numa vassoura para varrer, segura-a pela extremi­
dade do cabo e empurra-a à maneira de uma pá. sinal de que
ainda tem tanto que aprender acerca das relações espaciais
como das relações humanas.

Comportamento diário

A criança de 18 meses é relativamente independente,


embora tenha sobretudo fama de nunca estar parada. Acorda
entre as 6 e as 8 horas da manhã e brinca satisfeita até a mãe
aparecer. Dá-lhe bom-dia, mas sem aquela exuberância esfu-
ziante e excessiva de três meses antes. A mãe muda-lhe a
roupa e devolve-a ao berço com uma bolacha e alguns brin­
quedos. Fica contente brincando, durante meia hora ou mais,
até a primeira refeição, que é por volta das 8 e meia e pode não
começar antes de o pai sair de casa. A primeira refeição é, mui­
tas vezes, servida num conjunto de cadeira baixa e mesinha.
Agrada-Une o isolamento que lhe dá esse conjunto. Aceita que
a mãe lhe dê a comida, embora insista em segurar a xícara,
enquanto bebe.
Depois da refeição, põem-na no vaso. Pode ser que tenha
uma dejeção, mas, nesta idade, é muito típica a irregularida­
de. Se for verão, passa o penodo de tempo mais ou menos en-
179

• ' ° e 11 e meia brincando no exterior da casa, na \ aian


' ™ X ™.» fechado do quintal. Se esse teemto lhe der
«da liberdade, de modo que lhe permita exercitar as
suas capacidades motoras, e se estiver equipado com uma cai­
xa de areia e outros brinquedos, deixa-se ficar afi, feliz da vida.
Carece apenas de ligeira vigilância. Pode ser necessário acu­
dir-lhe, se ela cair ou chorar, e reage então favoravelmente a
uma mudança de brinquedos. Está tão ocupada e preocupada
com as suas atividades que não tem necessidade de que a tro­
quem durante toda a manhã. A sua calça plástica serve-lhe
bem para o efeito e, se vão interrompê-la, pode resistir a que a
ponham no vaso.
O almoço do meio-dia pode ser servido na cozinha. Nes­
ta refeição insiste mais em comer pela sua mão. Depois do al­
moço, põem-na no vaso e daí a pouco tempo está em condi­
ções de dormir a sesta da tarde, durante mais ou menos umas
duas horas. Acorda da sesta muito bem disposta, Pstá ansiosa
por ficar de pé e em atividade. Pstá tão interessada em se ves­
tir que vai até o ponto de ajudar a calçar as meias e os sapatos.
Todavia, é mais hábil para despir-se do que para vestir-se.
Após uma refeição ligeira de suco de fruta e bolachas, le-
vam-na a dar um passeio no carrinho. Não gosta de ficar mui­
to tempo dentro do carrinho e sente-se mais feliz em sair de lá
e ir ela a empurrá-lo. Pode ser necessário restringir a sua ativi­
dade com o auxílio de uma trela. Volta para casa de bom grado
dentro do carrinho e entretém-se talvez durante um quarto
de hora na sala de estar, dançando ao som do rádio, vendo as
ilustrações das revisteis e brincando com o cesto de papéis.
Sendo relativamente independente como é, concorda perfei-
tamente em que a deixem no quarto com a porta fechada, en­
quanto a mãe lhe prepara o jantar.
O jantar é por volta das 5 horas. Tendo já satisfeito no al­
moço o desejo de comer pela sua mão, aceita agora uma certa
ajuda à refeição da tarde. Põem-na de novo no vaso e pode
ser que tenha uma segunda dejeção.
Toma o seu banho diário um pouco antes das 6 horas.
Anrecia-o tanto como aos 15 meses, mas é um pouco menos
louvada nas suas brincadeiras; é mais calma e mais cuida-
180 A criança do 0 aos 5 anos

dosa. Depois do banho, vai ter com o pai para brincar com ele,
um pouco antes de ir para a cama.
Pouco depois das 6 horas metem-na na cama, juntamen­
te com o ursinho de pelúcia ou a boneca, com quem ela palra,
num convívio mais ou menos social. Em que pesem suas ca­
pacidades locomotoras, deixa-se ficar debaixo das cobertas e
adormece entre as 6 e meia e as 8 horas, até acordar na manhã
seguinte para mais um dia de atividade.

Sono

Noite

18 meses — A hora de deitar continua a ser entre as 6


e as 8 da noite. A criança desta idade gosta de levar para
a cama com ela algum dos seus brinquedos, como o ursi­
nho de pelúcia, ou até mesmo um sapato. Pode ser que
brinque algum tempo com esse objeto antes de adorme­
cer, geralmente debaixo da roupa. Acorda, por vezes, du­
rante a noite, e isso está, geralmente, associado a um dia
demasiado ativo ou excitante. Aquieta-se com facilidade,
falando com ela, dando-lhe de beber ou pondo-a no
vaso, se for necessário.
Acorda entre as 6 e as 8 da manhã. Em geral, deixa-
se ficar debaixo das cobertas, conversando com o ursinho
ou brincando com o sapato, e quando acha que são horas
de se levantar, pode mostrar-se inquieta ou chamar. Fica
contente quando vê a mãe e está ansiosa para que a tirem
da cama.
21 meses' — O sono, até agora, tem sido tranquilo,
mas é muitas vezes nesta altura que começa um período
de dificuldades, que pode se prolongar durante trinta me­
ses. Essas dificuldades ocorrem não só ao ir para a cama e
durante o sono, mas também ao acordar. A dificuldade é

1. O nível etário dos 21 meses é uma idade de transição. bJão Lhe demos ca­
tegoria para um capítulo especial, mas tratamo-lo em separado, nesta seção, sob
cada uma das seis rubricas do comportamento diário (Sono, Alimentação, Elimi­
narão, etc.).
181
rííru>^"'crrXÍ'"en“’

nbretudo evidente ao deitar, quando a criança, que pa-


reda ter se aquietado com um livro, a boneca ou o ursi­
nha chama outra vez a mãe para lhe fazer a pnmeira de
uma série de exigências: quer que a mae a ponha no
vaso, que lhe dê água, ou um lenço, ou um beijo, ou
qualquer outra coisa que lhe venha à mente. Nesta idade,
o sono é mais agitado e a criança acorda maior número
de vezes durante a noite, mas nessa fase acalma-se ge­
ralmente com facilidade, a mãe pondo-a no vaso ou dan­
do-lhe de beber ou uma bolacha. Algumas crianças ficam
acordadas durante uma hora ou mais, conversando con­
sigo mesmas, de manhã muito cedo. A duração total do
sono fica ainda mais reduzida pelo fato de elas acorda­
rem agora mais cedo, de manhã, do que acordavam
quando eram menores. Têm tendência para se mostrar
irrequietas, mas se a mãe for para junto delas e lhes pres­
tar atenção, podem voltar a dormir ainda por uma hora
ou mais.

Sesta

x ( ^ meses Tal como aos 15 meses, a sesta segue-se


a refeição do meio-dia. A criança pode levar ou não brin­
que os com ela para a cama, mas, muitas vezes, está de
maneira pronta para dormir que adormece logo em
seguida. Algumas crianças podem demorar para ador­
mecer, como sucedia aos 15 meses. A sesta dura de uma
hora e meia a duas horas. A criança acorda geralmente
bem disposta e quer logo pôr-se de pé. Uma vez ou ou­
tra, acorda chorando e então reage melhor se a deixarem
andar um pouco por ali exercitando as suas capacidades
motoras antes de a porem no vaso.
21 meses - Tal como acontece no período noturno,
as crianças têm dificuldade em pegar no sono, mas a
maioria delas fica brincando sossegada e não chama as
mães Podem ficar acordadas durante uma hora ou mais,
e só vêm finalmente a adormecer se a mãe coloca-las de­
. ■ riac cobertas no momento apropnado. Dormem mais
03 SaXTas a duas horas e meia) e, embora acor-
demPge«^ente bí”n disPostas' P°dem "
182
A cnança do 0 aos 5 anos

rabugentas. Nesse caso, é melhor dar-lhes tempo para se


recomporem, antes de as tirar da cama.

Alimentação

Apetite — O apetite pode estar diminuindo e é ge­


ralmente menor do que antes. A refeição do meio-dia
é, com freqüência, aquela em que a criança come me­
lhor. Aceita melhor o leite dado na mamadeira do que
na xícara.
[Quando a criança bebe sensivelmente menos leite
na xícara do que na mamadeira, pode ser preferível con­
tinuar a dar-lhe, pelo menos, uma mamadeira diária.]
Refeições e preferências: 18 meses — As refeições e pre­
ferências são variáveis e não se definem com suficiente
clareza.
21 meses — As preferências começam a tomar-se mais
nítidas. Se já lhe davam anteriormente alimentos enlata­
dos para bebês, a criança exige agora que continuem a
dar-lhe de uma determinada qualidade.
Alimentação com colher — A criança pega na colher
com a palma da mão virada para baixo. Segura a colher
horizontalmente e ergue o cotovelo quando a leva a
boca. Alinha a colher obliquamente em relação à boca e
pode virá-la antes de colocá-la na boca. A mão livre está
pronta para acudir, empurrando a comida dos lábios para
o interior da boca ou repondo na colher a comida entor­
nada. As partículas miúdas, como ervilhas ou pedacinhos
de carne, come-as de preferência com os dedos. Tira da
boca a comida que não consegue engolir.
A criança "limpa" bem a colher, inclinando-lhe o
cabo para cima ao retirá-la da boca. Ajusta a posição da
cabeça como quando bebe pela xícara. Executa um movi­
mento mastigatório lateral da maxila e da língua. A lín­
gua lambe seletivamente as partículas de comida, do quei­
xo e dos lados da boca.
Alimentação com xícara - A criança agarra a xícara
com as duas mãos, segurando-a e inclinando-a com fir­
meza. Possui agora um bom domínio dos dedos ao incli­
nar a xícara e derrama muito pouco. Quando pára para
183

rrtSCÍ"1^10
4^'’ ■ ar de maneira audível. Recomeça
•rar deixa sair o g ^dQ afé Q fím q risco de
loÍa bcbeí, ^eSeém a criança, quando pára de be-
íetrpela ^matícamente a xícara para a mae e se
ber, estender au^ após a OTança a ter cha.
ela não esta au ncja a deixar cair a xícara ou mesmo
mado, esta tem
ao chao. .
a A to ajuda-18 meses - A maiona das cnanças gosta
Ç,er pela sua mão e pode ser capaz de fazê-lo em
das as três refeições. Pode ser preciso que a mãe ajude
‘°encher a colher. Algumas crianças que anteriormente
exprimiam o desejo ocasional de comerem pela mão de­
las podem preferir agora que lhes dêem a comida. À me­
dida que cada prato vai ficando vazio, é entregue à mãe.
A criança toma inteiramente à sua conta a tarefa de
beber pela xícara, mas no fím tem de entregar a xícara
à mãe.
21 meses - Se a criança come pela sua mão, come
melhor se a deixarem sozinha, estando a mãe por perto,
mas sem lhe prestar atenção antes de ela a chamar. Se na
bandeja há mais do que um prato, gosta de transferir coi­
sas de um prato para outro. A criança ainda não tem,
realmente, capacidade para lidar com mais de um prato
de cada vez. Gosta de ver os seus esquemas repetidos - o
mesmo babador e a mesma colher.
[Como a criança desta idade é muito sensível aos
estímulos periféricos, é importante não lhe interromper a
refeição com distrações, sejam estas pequenas ou gran­
des. Ter a sobremesa à vista, haver uma exagerada inter­
ferência da mãe ou a chegada do pai em casa - tudo isto
pode servir de interrupção e até, porventura, pôr um pon­
to final na refeição. Assim, é mais fácil, muitas vezes,
controlar esses estímulos, deixando a criança comer sozi­
nha na cozinha.J

Eliminação
Intestino: 18 meses - Nesta idade, registra-se uma
grande diversidade de alturas e contextos para a dejeçao,
mas cada criança segue com relativa persistência o seu
f'f ' r< ?
a variação e a in-
rr < < t ■' > ir rr.y,, , portanto, durante
r< í' )'/>' '>< r conexão com uma das
o meio da manhã e depois,
■ ; ’ '* 'r,rr'-‘ <‘'(í(A conseguir
' ' ' XjtO /, r < ■ tá p'/d|r
r ' >r rri‘ 1'f ,irr}') palavra, e a rnãe pode
, /f r' Pf anormal que tação, que ela

rir f iaver dois tipos distintos de crianças um que


psfab* fr urna íntirria associação entre a refeição e a de-
çzio f outro, rnais irregular, que funciona em qualquer
rihura no inh rvalo das refeições. As que estabelecem aquc-
la asso' iaçào são, cm geral, mais fáceis de treinar. As duas
d» jo^o^s díarias ocorrem normalmente depois do primei­
ro almoço e depois da ceia. Essas crianças tem, muitas ve­
zes, u/na 'levada < apacidade de linguagem e referem-se
a dejeção, designando-a pelo nome do recipiente - por
exemplo, " privada" O nome c mais vulgarmente usado
depois do que antes dc terem funcionado.
Aquelas que não têrn urn momento regular de fun-
( lonaiem, tom geralmcnte a dejeção quando estão sozi­
nhas, mais geralmcnte no meio da manhã e, de preferên­
cia, dc pé, no parque ou apoiadas às grades do berço.
Querem normalmente que as troquem e, portanto, dizem
depois, proferindo um som significativo ("uh-uh" ou "ca­
ca"). Podem também fazer simplesmente o gesto de tirar
a cueca ou calcinha. Essas crianças opõem, em geral, re­
sistência a que as coloquem no vaso, e muitas delas têm
incidentes ocasionais de espalharem as fezes, os quais
têm início quando tentam cias próprias mudar de roupa,
se as deixam sozinhas no quadrado ou no berço. Quando
reagem favoravelmente ao vaso durante a manhã, é fre­
quente não acabarem e então têm mais uma ou duas de-
jeções na fralda, ao longo do dia, particularmente quando
estão sozinhas.
21 meses — O comportamento é análogo ao dos 18
meses. Registram-se mais incidentes de espalhar as fe­
zes, especialmente depois das sestas. Algumas crianças
ainda recusam o vaso, ao passo que outras estão perfeita-
mente treinadas, em especial aquelas que têm um horá­
rio regular. Algumas que já estiveram bem treinadas an-
185

teriormente têm, com freqüenaa, nesta .dade, uma re­


caída assodada a um episódio diarreico. Este pode estar
relacionado com a dentíção, mas pode também relacio­
nar-se com um novo e excessivamente poderoso meca­
nismo de descarga. Referem-nos que numerosas crian­
ças têm uma dejeção explosiva, o que é sinal de um me­
canismo de descarga projetivo e violento.
As crianças têm também plena consciência do ato e
do respectivo resultado. É freqüente, quando sujam as
fraldas, parecerem incapazes de se moverem e ficarem de
pé, chorando, numa aflição, e continuarem a chorar en­
quanto estão sendo trocadas. Esta reação não está forço-
samente relacionada com algum castigo anterior. Por ve­
zes, são capazes de inibir a descarga após ela se ter ini­
ciado cedo demais, o que pode provocar também uma
reação de choro. Quando conseguem reagir favoravelmen­
te ao vaso, esse êxito dá-lhes muitas vezes uma grande
satisfação.
Algumas crianças, meninos sobretudo, são incapa­
zes de ter a sua dejeção a não ser que estejam completa­
mente despidos. Isso pode estar associado à tendência
própria dos 21 meses de se despirem e correrem nus de
um lado para outro.
Bexiga: 18 meses - A maior parte das crianças não faz
objeções a que as coloquem no vaso, a não ser que as po­
nham lá vezes demais. Podem até gostar de ficar ali sen­
tadas. Algumas delas, porém, resistem ainda energica­
mente. Certas crianças tomam agora elas próprias a ini­
ciativa, pedindo com antecedência para irem ao vaso,
caso esse em que usam a mesma palavra que empregam
para a dejeção. Reagem melhor quando lhes perguntam
se querem ir ao vaso, antes de as levarem para lá. A res­
posta é geralmente bastante correta e a reação ao vaso é
razoavelmente rápida.
Se a criança traz calças de treino e faz poças no chão,
continua a apontar para elas e a dizer "Olha" ou "pi-pi"
e gosta de ser ela a limpá-las. É nesta idade que os adul­
tos introduzem muitas vezes o castigo e a vergonha,
dado que alguma coisa na atitude da criança lhes faz sen­
tir aue ela podería ter-se conduzido melhor. Quando ha­
bitualmente a castigam e a envergonham, a criança apon­
ta para a poça e diz "Oh-oh", como se aquilo fosse uma
186
A cnança do 0 aos 5 anos

coisa horrível, e se lhe perguntam "Quem fez isto?" pode


passar a culpa para o gato ou para o avô; se lhe pergun­
tam ainda se foi ela, pode responder: "Não, não fui." Ou­
tra reação de vergonha é ela manifestar uma ternura súbi­
ta e inesperada para com a mãe, logo após ter se urinado.
A criança vai aparecendo maior número de vezes
enxuta depois da sesta, mas o mais freqüente é ainda es­
tar molhada. Mantê-la enxuta depende da rapidez com
que a puserem no vaso depois de ela ter acordado.
Esta é uma idade em que se começa muitas vezes a
tirar a criança da cama por volta das 10 horas da noite
para pô-la no vaso. Nessa altura, ela está geralmente mo­
lhada e pode não acordar enquanto é trocada ou posta no
vaso. Pode, no entanto, opor resistência à colocação
no vaso, caso em que não se deve continuar com essa
prática. A criança acorda, em geral, molhada, de manhã,
mesmo que a tenham posto no vaso à noite, mas algu­
mas, com a ajuda dessa prática às 10 da noite, apresen­
tam-se persistentemente enxutas ao acordar.
[Como o controle da bexiga se encontra numa fase
de transição, é preferível que a criança continue a usar
fraldas, ou calças de treino almofadadas e calça plástica,
especialmente durante o período de brincadeiras da ma­
nhã, em que ela não gosta de ser incomodada, e durante
o período de sono noturno, em que esse vestuário pode
evitar que ela se sinta molhada e acorde. As cuecas de
treino usadas em conjunto com a calça plástica deixam a
criança mais confortável e, quando estiver fora do lar,
pode necessitar delas, já que é natural que se recuse a
usar um vaso estranho.]
27 meses — Embora a criança possa objetar a que a
ponham no vaso em certos momentos em que não preci­
se dele, há, de modo geral, muito pouca oposição nesta
idade. A criança pode servir-se de palavras ou de gestos,
e muitas delas começam agora a ir espontaneamente para
o banheiro, embora ainda não sejam capazes de se de­
sembaraçar sozinhas. Os "descuidos" são mais freqüen-
tes durante a tarde, em que o período de retenção é uma
ou duas horas mais curto do que de manhã. As crianças
têm maior tendência a pedir o vaso à noite, depois de já
estarem deitadas, do que à hora da sesta.
187
A rrimiça em crescimento

A maioria delas aparecem molhadas depois da sesta,


muito embora já anteriormente pudessem ter aparecido
enxutas. Isso pode também depender, em grande parte,
da rapidez com que a mãe cuidar delas após o acordar.
Muitas crianças opõem-se fortemente a que as tirem
da cama às 10 da noite, de modo que se permite a muitas
delas ficar deitadas a essa hora. De manhã, essas crian­
ças acordam geralmente molhadas.

Banho e vestir

Banho: 18 meses - Tal como aos 15 meses, o banho é


geralmente dado depois do jantar. Pode haver ocasional­
mente períodos curtos de resistência ao banho, cuja cau­
sa é difícil de determinar. Talvez a criança tenha caído na
banheira ou tenha se sentido insegura nela devido ao seu
fundo escorregadio, ou tenha se perturbado com o ruído
gorgolejante da água escapando pelo escoamento.
[Um tapete de borracha colocado no fundo da ba­
nheira pode ajudar a dar-lhe uma sensação de segurança.
Nas crianças que ficam excitadas, em vez de relaxa­
das, com o banho imediatamente antes de irem deitar,
deve-se dar o banho mais cedo.]
21 meses - A criança mostra-se interessada em aju­
dar a lavar a banheira, o que é uma expressão do seu in­
teresse em imitar as atividades domésticas.
Vestir: 18 meses - A criança desta idade começa a
mostrar interesse pela operação de a vestirem e, de modo
geral, revela-se bastante cooperadora. Pode mesmo ten­
tar calçar ela os sapatos, mas é mais hábil para despir-se
do que para vestir-se. Tira o chapéu, as luvas e as meias,
abre os fechos e começa a querer despir-se sozinha.
21 meses - A criança despe-se completamente até
chegar à camiseta e, por vezes, despe também esta, se ela
for fácil de tirar. Faz isso quando está sozinha no quarto
ou no quintal dos fundos da casa. É um espetáculo co­
mum ver uma criança de 21 meses pulando de um lado
oara outro no quintal, sem nada em cima da pele - so o
£ do inverno consegue inibi-la de tirar a roupa que traz
vestida.
AmançüíbOa^San^

1//4 individual

18 meses - A criança desta idade é essencial mente


egocêntnca A maiona das suas reações relacionam-se
cem ela mesma e com as suas próprias atividades. O seu
humor tem iniciativa própria e está relacionado cm gran
de parte com o seu eu. Algumas relações sociais que es­
tabelece com adultos também são, cm grande parte, dc
iniciativa sua. A criança ignora quase por completo as
outras crianças. Defende e fortalece o sentimento do eu,
opondo-se aos outros. A sua palavra favorita c "Não". As
suas principais atividades são motoras
A criança de 18 meses é "metida". Está tão segura
das suas pernas como dos seus próprios interesses. Não
possui conhecimento suficiente das pessoas para ser de­
masiado exigente com elas, c as exigências ocorrem so­
bretudo quando tem problemas com as suas atividades.
Já abandonou, cm regra, o quadrado, embora, se não ti­
ver muita energia e poucas atividades motoras, possa ain­
da ter predileção pelo seu antigo posto dos 15 meses, no
quadrado, à frente da casa. Quando se recusa a perma­
necer no quadrado, essa recusa é enérgica e deve ser res­
peitada. Instala-se com agrado para um período de brin­
cadeiras no seu próprio quarto, num recinto fechado, ou
num espaço vedado no quintal, que não seja excessiva­
mente grande, mas que lhe deixe largueza bastante para
correr de um lado para outro. Pode preferir ficar num
desses lugares durante a maior parte da manhã, se bem
que possa gostar igualmente de que a mudem de dentro
de casa para o exterior.
O êxito das suas brincadeiras depende da presença
de brinquedos que lhe despertem interesse e da ausência
de equipamento arriscado. Como é uma grande carrega-
dora de moveis e principia a ser uma grande acrobata, c
prudente retirar as cômodas e as mesas pequenas e ca -
dc iras que ela possa deslocar enquanto brinca no quarto.
>< d< ixaimos ficai uma cômoda, devemos fechar-lhe as
g.ivt í.ts a chave ou vira la de frente para a parede, para
it.ir que ela vá mexer la As janelas e portas devem es­
tar i uidado^amente fechadas
Quand< • t -r.i dentro de casa, muda incessantemen
t< dr << rtos brinquedos para outros dos camnhos de pu
189

nsra a boneca, para o ursinho, para as vasühas e pa-


ntíe as para as bolas para um brinquedo de montar e des -
montar, para os blocos, para o martelinho e para as revts-
tas ilustradas (em especial, para aquelas que trazem anún­
cios em cores). Abraça-se por um momento a boneca e
corre em seguida a apalpar a tomada, depois senta-se
para folhear a revista e, quando acabou de ver, rasga-lhe
a página, levanta-se e vai brincar com o martelinho. Pode
ficar zangada quando as coisas não correm da maneira
que ela pensa que deviam correr, mas, em geral, não cha­
ma ninguém para pedir ajuda. Fora de casa, na varanda
ou no quintal, diverte-se também com os seus brinque­
dos, mas gosta sobretudo de brincar com a areia e é ca­
paz de ficar sentada durante longos períodos enchendo
de areia vários recipientes e despejando-os depois, espe­
cialmente fora do tanque de areia.
Além de ficar sozinha durante os periodos de brin­
cadeira da manhã, a criança de 18 meses aceita que a
deixem sozinha no quarto, com a porta fechada, uns
quinze ou trinta minutos, enquanto lhe preparam o jan­
tar, desde que tenha tido uma tarde de sociabilidade agra­
dável. Quando não tencionem metê-la na cama à hora
habitual (6 horas) é sensato arranjar as coisas de manei­
ra que ela possa ter um período de brincadeiras, no quar­
to, ao fim da tarde, caso os pais jantem cedo. Esse perío­
do inicia-se melhor com um brinquedo novo, e não deve
prosseguir para além do momento em que a criança co­
meça a ficar inquieta.
[Os brinquedos que ofereçam sérias dificuldades de
manejo e que, por essa razão, façam a criança chorar de­
vem ser retirados do quarto e reservados para os perío­
dos de brincadeira em que ela esteja acompanhada. Os
livros que ela possa rasgar também devem ser retirados
do quarto, embora possam ser deixadas lá revistas ve­
lhas, para as suas brincadeiras de rasgar.
As tomadas de corrente do quarto da criança devem
estar desligadas ou tapadas, para evitar o perigo de um
choque elétrico resultante de ela enfiar na tomada obje-
, ntíiirns pontudos, tciis como alfmc tt sj
t0S n\t miJ- A prolongada atividade da criança de 18
t i aijora diminuindo, em virtude de ela estai mais
meses esra e pessoas. Os seus períodos de bnn. ai
cònscia das ou., r
sozinha são agora rr.ais frequentes e~ _
Gosta de ficar . a cozinha de marhà'Í- “ a;s

i: heras artes de ir ?ara c ~_c-


-s rs-;.- -- -c .
quarto se for ela quem feche a porta S “ erer ficar

Dentro
de enfiar de casa
ou uma pequena cômoda de
um telefone r~
de Z ^sdc ^golas

:as são seus passatempos preddetos cXÍG*0 Com gâVe'


tas das tarefas domésticas que tem
Continua a rasgar rexístac —, ',âs prateleiras
^s, mas uur.berr pode reparar ro
papel de parede e entreter-se arrancando-lhe peda d-
r_- os. ?\esta i^ade ter de a na ver maior núm ero de inter­
rupções dos períodos de brincadeira. A criança tem maic,
teardência para cair ou para se er curralar em quaJcmer lu­
gar de or de rão conseg-je sair sozinha. Após uma queda,
aqu:eta-se com algumas carícias.
Pode gntar pedindo ajuda e também se estiver com
medo, quando faz, subitamente, uma dejeção na calça
depois de a mae ter .io ter com ela, pode recusar-se a
voltar para a sua bnr cadeira a sós. Xíaís tarde, porém,
ueixar-se-á bcar r o quarto com satisfação, enquarto lhe
prepararri almoço ou o jantar Pode também arranjar
>rr penodo de ór r.cadeira mais longo a tardinha, de até
•^ma hora, quando os pa;s jantem cedo, embora hoje em
J jô seja m ajs com um e]a hcar jur. to ao grupo famnhar

SoriaMidadr

_ ( nesta >dade que a cnança rr>rr,rl 1

trxia, r ,r ra p^rrr ^r.ecr muito f^rnp'> no rn< cmo ug^r


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1 1 z capazA iraow!ugare< ond< sr’g«j<-r
/L,rf •, ^fr,r , jr-.z ^/Jh.>riHo OU HpOU
191
(---------
undo. fazendo os sons de pedrr ("eh-eh") ou, por vezes,
^‘‘cTsÍu pri^dpàí^ríodo de exigências sociais não
surge senão depois da sesta. Gosta, então, de dar um pas­
seio a pé. Pode até preferir que o carrinho fique em casa,
embora também possa gostar de ir um pouco dentro dele
e querer depois empurrá-lo. Gosta de andar a pé e de fazer
explorações. Enfia-se por todos os caminhos que encontra
e sobe todos os degraus que lhe aparecem na frente. Corre
também para o meio da rua. Não deixa que lhe toquem
nem que a levem pelo braço, mas, em geral, admite que
lhe ponham uma trela, desde que a utilizem só quando for
necessário. A trela deve ser usada com a correia frouxa, ex­
ceto para impedir uma queda, enrolando-se a correia
quando não for necessária. A criança de 18 meses não ca­
rece de que a levem a passeio para longe de casa, uma vez
que já se diverte suficientemente andando para diante e
para trás e metendo-se por todos os cantos.
Quando brinca dentro de casa com um adulto, não
fica muito tempo na sala de estar sem mexer nas coisas
que lá estejam. Gosta agora de despejar o cesto de pa­
péis. Também gosta de girar o botão do rádio, a fim de
ter música para poder dançar. Pode entreter-se durante
um período curto olhando um livro de figuras, virando as
paginas, apontando objetos e, uma vez ou outra, desig­
nando-os pelos nomes.
Mas, assim que se cansa, tem tendência a pegar os
objetos que estão à vista e resiste energicamente quando
não deixam. Nessa altura, pode sentar-se no chão e cho­
rar, só se conseguindo fazê-la parar dando-lhe o objeto
desejado ou pegando-a ao colo. Às vezes, quando perce­
be que agarrou numa coisa em que não devia ter mexido,
foge, correndo, com ela na mão e deixa-a cair em meio
da corrida. Após uma breve permanência na sala de es­
tar, brinca satisfeita com um adulto no seu quarto, que é o
lugar de que ela mais gosta. Depois de um período de
brincadeira dc quinze a vinte minutos ao fim da tarde,
gosta de ir para a sala de jantar, onde, se tiver os moví
rnentos limitados, fica tranquilamente sentada olhando
lim livro ou mastigando qualquer coKa. Apreoa sobrelu
... ,.ntrs de ir deitar, um período de «>< labllldade com o
p ij que traga urn pouco dc agitaçao.
192
A™nçaíto()afa5Qrt(

21 meses - Aos 21 meses, a cnança não só esta mais


cônscia das outras pessoas, mas sabe também quai^ as
coisas que pertencem a cada uma delas Compreende o
sentido de expressões como "Isto é da mamãe", Isto é
do papai" e "Isto é do bebê" Está despontando-lhe na
mente a noção do direito de propriedade Gosta dc ter
um lugar na prateleira dos livros, uma gaveta para si na
escrivaninha dos pais e o seu cantinho, com alguns dos
seus brinquedos, no quarto da mãe. Cada aposento ga­
nha, efetivamente, um significado novo para ela, se lã ti­
ver alguma coisa que seja sua Assim já sabe sempre o
que há de fazer em cada aposento, logo que entra lá, e
quando tiver esgotado as possibilidades das coisas que aí
tem, será o momento de a fazer sair desse aposento, por­
que é então que ela principia a mexer nas coisas das ou­
tras pessoas. Não se pode confiar em deixá-la sozinha
em nenhum quarto, a não ser no seu.
Também está agora mais consciente das atividades
domésticas e quer participar delas. Uma das divisões da
casa que ela prefere é a cozinha. Gosta de tirar coisas das
gavetas, servir-se delas e tomar a pô-las onde estavam
Gosta de arrumar os artigos de mercearia e sabe realmen­
te onde os deve pôr. Depois de ter brincado na cozinha,
vai contente para o quarto ou para o exterior da casa, go­
zar o seu período de brincadeiras da manhã. Em geral,
exige uma companhia por volta das 11 horas e quer dar
um passeio a pé durante o fim da manhã, antes da hora
do almoço. Mas, ainda antes do passeio, ajuda de bom
grado a apanhar os brinquedos do chão e a arrumá-los.
O passeio é análogo ao dos 18 meses, com a única
diferença de implicar uma maior consciência da parte da
cnança Enquanto aos 18 meses andava impulsivamente
daqui para lá, agora dirige-se para os mesmos lugares,
sabendo para onde vai e lembrando-se desses lugares. Os
seus olhos já estão descobrindo muros e não tardará que
queira andar por cima deles. Reage agora com menos ra­
pidez aos pedidos e tem a tendência de fazer o contráno
daquilo que lhe é pedido, como seguir na direção oposta.
Isso verifica-se sobretudo quando é hora de voltar para
casa. No entanto, um estímulo qualquer, como a repeti­
ção constante de "Vamos ver a Suzana" (que tanto pode
193
. <r . .■m-nxcimmto

ser o cão. o gato, a empregada ou a boneca), leva-a a se­


guir o caminho de casa sem se desviar da direção certa.
A criança é agora mais sensível ao adulto e faz-lhe
também mais exigências. Pega na mão do adulto e puxa
por ele para lhe mostrar coisas. Tem mais consciência
dos seus atos naquilo em que eles se relacionam com os
adultos e da aprovação ou da censura que eles lhes mere­
cem. Tem consciência de que a irão censurar por ter ras­
gado o papel da parede e desvia com muita habilidade a
atenção do adulto para longe do lugar da parede que está
danificado.
Também é capaz de solicitar a atenção do adulto,
chamando-o pelo nome. Muitas crianças, especialmente
meninos, não chamam "mamãe" às mães antes dos 21
meses. Agora já têm palavras para exprimir os seus dese­
jos e combinam o pedido que fazem e a pessoa a quem
pedem, como, por exemplo, quando chamam, "Mamãe,
xixi" ou "Mamãe, cocô".
E nesta idade que essa sua nova aquisição (a lingua­
gem) pode ser utilizada de maneira repetitiva, e é nesta
idade também que a criança começa a insistir em chamar
muitas vezes a mãe depois de a terem metido na cama.
Isto é particularmente notório quando a criança vai para
a cama às 6 horas e não adormece realmente antes das 7
ou 8 horas. Os adultos devem convencer-se então de que
a criança já deixou para trás os seus hábitos infantis e
deve-se lidar com ela de forma mais amadurecida.
XV. 2 anos

Perfil do comportamento

Aos 2 anos rompem os últimos dentes de leite. A criança


já deixou de ser bebê, embora seja ainda muito imatura, se a
compararmos com uma criança de 3 anos. Corre-se o risco de
avaliar exageradamente as suas capacidade apenas pelo fato
de ela se aguentar bem nas pernas e começar a juntar algu­
mas palavras. Não passa ainda de uma criança-bebê. Tem
tanta coisa do seu comportamento para coordenar e organizar
neste terceiro ano de vida que precisamos dar tanta importân­
cia às suas limitações como à sua prodigiosa capacidade de
desenvolvimento.
Ainda não caminha em posição ereta. Subsiste na sua pos­
tura um resto da angularidade do homem primitivo. Tem os co­
tovelos e os joelhos ligeiramente dobrados e as costas encurva-
das. Anda com os braços para fora e para trás. Contudo, o ven­
tre não é tão proeminente como aos 18 meses. Quando apanha
qualquer coisa do chão, dobra-se tanto pela cintura como pelos
joelhos, ao passo que aos 18 meses apenas se agachava. Do­
brar-se é um esquema de comportamento mais adiantado do
que agachar-se. Mas a criança de 2 anos ainda se inclina para a
frente quando vai correr. Se ela cair, se ferirá na testa; aos 2
anos e meio irá bater com o nariz; aos 3 e aos 4 anos, com os
dentes. Tudo isso são conseqüências da sua organização física,
198
A cnança da 0 aos 5 anm

rem atrás dela. Gosta de encher e esvaziar, de pôr e tirar, de


desmanchar e armar, de saborear (até mesmo argila e madei­
ra), de apalpar e de esfregar. Prefere os brinquedos de ação,
como os trens, os carros e os telefones. A água e a lavagem ex­
citam-lhe a curiosidade. Embora não seja ainda um humanis­
ta, gosta de observar o quadro da existência humana. Imita as
tarefas domésticas da lavagem da roupa e entretém-se brin­
cando com bonecas. Interessa-se verdadeiramente pelas rela­
ções entre mãe e bebê.

Comportamento diário

A criança de 2 anos acorda, com um certo vagar, por volta


das 7 horas da manhã. Gosta de estar acordada, mas não está
interessada em sair logo do berço. Acorda molhada, mas su­
porta essa situação e brinca satisfeita durante cerca de meia
hora. Acolhe com prazer a mãe, que lhe muda a roupa e lhe
veste um roupão de banho. Gosta de ir para o banheiro nesse
intervalo em que tem oportunidade de observar o pai fazer a
barba. Mas também volta satisfeita para o quarto, onde mor­
disca uma bolacha e brinca protegida pela porta fechada. Na
hora da primeira refeição aceita a importante ajuda da mãe,
comendo apenas uma coisa ou outra pela sua mão. (À refei­
ção do meio-dia tomará as coisas a seu cargo de forma mais
completa.)
Depois da primeira refeição, põem-na no vaso e é prová­
vel que tenha uma dejeção. Vestem-na e ela continua a ofere­
cer a sua ajuda para essa tarefa. Brinca durante algum tempo
na cozinha e, por volta das 9 e meia, retorna ao quarto, onde
se deixa ficar sem protestos, por trás da porta fechada. Se a
mãe aparecer à sua vista, pode gritar para que a tirem dali. Se­
não, brinca sozinha, talvez durante uma hora. Às 10 e meia
põem-na no vaso e, em seguida, se o tempo o permitir, le­
vam-na para o exterior da casa. Não faz oposição ao vaso por­
que considera aquilo uma transição para novas brincadeiras
no seu tanque de areia.
No quintal, entrega-se a um animado exercício de ativi­
dades posturais, levando brinquedos de um lado para outro e
199
.Tunjçfl #n cnsámento _
.. .Pando por cima das caixas, de modo que por volta do meio-
^a iá ganhou um robusto apetite para o almoço. E essa a sua
grande refeição do dia. Ela própria ajuda a prepara-la. Insiste
também agora em comer pela sua mão. Pode ate, nessa oca­
sião, pedir à mãe que saia daquele aposento, chamando-a de­
pois novamente para lhe servir o outro prato.
Depois do almoço põem-na no vaso e, em seguida, vai
para a cama, para um período de descanso, que geralmente
conduz a uma soneca, embora o sono possa não chegar antes
das 2 e meia da tarde. Essa sesta pode durar uma hora. A crian­
ça acorda sem pressa e, normalmente, enxuta, reagindo bem
ao vaso. Adquire um certo interesse em se vestir. Começa a
revelar um gosto bem definido por certas peças do vestuário.
Gosta de escutar a conversa da mãe e de contribuir também
ela um pouco para a conversa.
Depois do suco de fruta e das bolachas, está pronta para
sair de casa. Prefere uma cadeirinha de rodas ao carrinho. Gos­
ta de andar a pé e não se opõe a que a levem pela mão. Gosta
de passear em cima de muros. Não se mostra contrária a um
passeio de automóvel e aprecia especialmente o trânsito e os
sinais luminosos que o regulam e cujo funcionamento ela
anuncia com os seus próprios comentários.
Gosta de observar os preparativos para o jantar. Pode até
ajudar um pouco. Come o jantar em parte pela mão dela.
Vai mais uma vez para o vaso e pode ter uma segunda
dejeção.
As 6 horas está pronta para um período de brincadeira a
sós, no seu quarto. Se o arranjo deste o permite, gosta de tre­
par para o berço e de sair de lá. Tira os sapatos, com jeito de
antecipação da ida para a cama. É freqüente ter nessa altura
uma breve sessão de brincadeira com o pai. É um tanto exigen­
te no que respeita a esse episódio da "vida com o pai", pois in­
siste em que ele venha imediatamente para o quarto dos brin­
quedos, sem se demorar lendo o jornal!
Após esse período de brincadeiras chega a hora do banho
diário Também aqui a criança gosta de dar algum auxílio e
ajuda a lavar-se com a esponja .
Vai para a cama às 7 e meia. Gosta de ter ah consigo um
brinquedo, que pode ser um animal de pêlo macio. Após ter
200
A cnança do 0 aos 5 «nos

brincado cerca de um quarto de hora, pode chamar a mãe para


lhe pedir para ir ao vaso ou alguma coisa para beber Volta a
brincar e, passado outro intervalo, é muito provável que chame
de novo a mãe. Por volta das 8 horas, decide-se a dizer "Boa
noite", o que geralmente significa que está disposta a dormir.

Sono

Noite

A hora de adormecer depende, até certo ponto, da


hora em que a criança é levada para a cama, mas, em ge­
ral, nunca é antes das 8 ou 9 horas. A sesta tende a atra­
sar o sono da noite e, se ela não tiver sesta, adormece
mais cedo. Os seus esquemas de adormecer são seme­
lhantes aos dos 21 meses, entremeados de muitas exi­
gências e pedidos. As crianças que começaram com essas
exigências aos 21 meses estão já muitas vezes diminuin­
do-as nesta altura. As que não as iniciam antes dos 2
anos ou 2 anos e meio continuam com esses esquemas
até os 3 anos ou 3 anos e meio. Aos 2 anos, entre as exi­
gências de antes de adormecer incluem-se dois ou três
animais de brinquedo, um livro ou dois e uma almofada.
A criança chama ainda a mãe para lhe fazer diversos ou­
tros pedidos, se bem que o número destes possa estar di­
minuindo. Adormecer não é coisa fácii para a criança de
2 anos, que pode registrar excessos de tensão em vários
setores — da brincadeira ou da atividade motora dos gran­
des músculos: saltar, chamar pela mãe ou pedir o vaso. A
criança pode, realmente, ter necessidade do vaso três ou
quatro vezes e, mesmo quando não chega a urinar, é
muito provável que experimente sensações que a levem a
pedi-lo. Em relação a algumas crianças, se lhes deixar­
mos a porta do quarto ligeiramente entreaberta ou uma
luz acesa no corredor, isso parece tomar a mãe mais aces­
sível e diminuir-lhes a ansiedade.
Quando a criança é capaz de conseguir adormecer
sem ajuda, canta, entretém-se com os brinquedos, tira a
fronha da almofada, dá pulos na cama e pode, finalmen­
te, enfiar-se sozinha debaixo da coberta. Depois de ter

Á
201
A iTWiffl ffll crescimento

adormecido, resiste com freqüência a que a tirem da cama


para a porem no vaso, e esse despertar pode efetivamen­
te transtornar-lhe o esquema do sono. No entanto, algu­
mas crianças, especialmente meninas, acordam esponta­
neamente e pedem para ir ao banheiro três a cinco vezes
por noite. E não só querem ir ao banheiro, mas podem
também querer beber água ou comer uma bolacha.
De manhã, depois de acordar entre as 6 e meia e as
7 e meia, a criança fica geralmente brincando sozinha no
berço com os seus brinquedos. Se chama pela mãe, satis­
faz-se rapidamente com a mudança da roupa, uma bola­
cha e alguns brinquedos. Fica então muito entretida até a
hora de se levantar e, nessa altura, gosta especialmente
de estar com a mãe ou o pai no banheiro.
[É nesta idade que a criança começa a prender-se à
mãe quando ela a põe na cama. Isso não acontece tanto
com o pai e pode acontecer ainda menos com outra pes­
soa que esteja tomando conta dela. Assim, a operação de
deitar pode ser mais calma se for outra pessoa, e não a
mãe, a levá-la para a cama.
Algumas crianças acordam à mais leve perturbação
durante a noite. Em tais casos, é preferível fazer todos os
preparativos necessários à segurança e ao conforto da
criança antes de a deixar sozinha, e não voltar mais ao
seu quarto.l

Sesta

Os esquemas de adormecer à hora da sesta são aná­


logos aos da noite, mas a criança, na altura da sesta, adia
as suas exigências relativamente ao adulto até a hora de se
levantar. Algumas crianças deixam de dormir à hora da
sesta, durante algumas semanas ou alguns meses, ou dois
ou três dias por semana, mas ficam brincando satisfeitas
no berço ou no quarto, durante uma hora ou mais. Se aca­
bam por adormecer, é muitas vezes um adulto que as in-
^17 a isso, metendo-as debaixo da coberta, e então dor­
mem geralmente bem, durante duas ou três horas. Algu­
mas ficam mais bem dispostas, se as deixarem acordar por
si mas uma sesta excessivamente longa atrasa o sono da
202 A criança do 0 aos 5 anos

noite e, por isso, algumas crianças precisam de ser acor­


dadas. Quando acordam por si, fazem-no muitas vezes
devagar e não querem que as apressem nas suas rotinas.

Alimentação

Apetite - Razoável a moderadamente bom. A pri­


meira refeição é agora relativamente fraca. A refeição do
meio-dia é, em regra, a melhor, mas, para algumas crian­
ças, a única refeição boa é o jantar.
Refeições epreferências — É nesta idade que se costu­
ma dizer da criança que ela é "birrenta" ou "esquisita".
Agora é capaz de dizer os nomes de muitos alimentos e
tem idéias mais definidas acerca daquilo de que gosta.
"Eu quero" ou "O bebê quer" são expressões correntes
nesta idade. Testemunham o seu afeto não apenas à mãe,
mas igualmente aos alimentos que ingere. O seu sentido
da forma leva a criança a exigir coisas inteiras - feijões ou
grandes pedaços de batata - a menos que exija precisa­
mente o contrário, ou seja, que continuem a dar-lhe os
alimentos em forma de purê. Não gosta de alimentos
misturados, como, por exemplo, o molho por cima das
batatas, ou leite na papa de cereal, a menos, é claro, que
ela mesma faça a mistura. As suas preferências podem
estar relacionadas com o gosto, a forma, a consistência e
até a cor dos alimentos, pois os vermelhos e amarelos ca­
tivam a sua fantasia. Tem tendência a repetir a exigência
de determinado alimento até acabar por enjoar dele e
afeiçoar-se furiosamente a outro.
[É melhor deixar que a criança de 2 anos tenha es­
sas fúrias em relação a certo alimento e só lhe apresentar
novos alimentos em circunstâncias novas ou especial­
mente agradáveis. A criança desta idade não necessita de
grande variedade de alimentos. Quando ela se deixa ficar
com a comida na boca, pode considerar-se isso como um
sinal de sadedade.]
Alimentação com colher - A criança manifesta agora
menor interesse experimental na colher e no prato como
objetos de brincadeira. Segura mais a colher entre o po­
legar e o indicador (principalmente as meninas), e numa
203
^íinçaancrtscimento
posição deitada. Pode encher a colher, introduzindo-lhe
o bico dentro do alimento e sem utilizar os dedos da
mão livre para o empurrar. Insere o bico da colher, de­
pois de cheia, no meio da boca. Há um derrame consi­
derável de alimento, e as crianças que se aborrecem com
isso podem recusar-se a comer pela mão delas, mas
aceitam prontamente a comida, quando esta lhes é dada
por outra pessoa.
Alimentação com xícara - A criança pode segurar ago­
ra a xícara ou o copo com uma das mãos, conservando a
mão livre em posição de poder ajudar, se for necessário.
É capaz de erguer o copo da mesa, beber e pousá-lo de
novo, tudo com perfeição.
Auto-ajuda - Algumas crianças de 2 anos são capa­
zes de comer pela sua mão uma refeição completa e não
aceitam nenhuma ajuda. Parecem saber que se desem­
baraçam melhor sozinhas e dispensam a mãe com um
mamãe, vai!". Se a mãe permanece no mesmo aposen­
to, terá de ter o cuidado de nem sequer olhar para o filho.
Há, no entanto, algumas crianças que comem me­
lhor quando lhes é dada uma parte da comida. Podem
comer melhor o prato principal se lhe forem dando, de
vez em quando, uma colherinha da sobremesa. Outras,
que são realmente fracas comedoras, podem necessitar
da distração de lhes lerem ou contarem uma história, es­
pecialmente quando estão comendo alimentos de que
não gostam.
Os dois grupos extremos, dos comedores irrepreen­
síveis e dos porcalhões, já aos 2 anos se definem com
bastante clareza. Os irrepreensíveis têm maior tendência
a exigir que lhes dêem a comida, para se apegar a certos
rituais, para exigir até que lhes coloquem um resguardo
especial sob o prato da sobremesa, se alguma vez já lhes
fizeram isso, e também para insistir na repetição de de-
terminados alimentos.

Eliminação
Intestino - Os "descuidos" são mais raros, embora
surjam periodicamente, em geral depois das refeições. Os
que levam mais tempo para corrigir são aqueles relado-
A criança do 0 aos 5^

nados com a sesta. A criança agora distingue verbalmente


as funções do intestino e da bexiga. Pode pedi las usando
o termo que lhe serve para designar cada uma delas. Em­
bora ainda precise de ajuda para ir ao vaso, quer que a dei­
xem sozinha e, muitas vezes, ordena imperiosamente à
mãe: "Vai", "Vai embora", ou "Vai lá para baixo' Mas,
depois de ter acabado, chama-a novamente para que a
ajude. Algumas crianças só têm a dejeção indo elas pró­
prias para o vaso, mas não se as puserem lá.
[Uma criança de 2 anos que não tem a sua dejeção
quando é posta no vaso pode se sair melhor se a deixarem
ir para lá sozinha. A melhor maneira de o conseguir é,
muitas vezes, deixando-a andar à vontade pelo banheiro
ou pelas suas imediações, já sem as calças, à hora em que a
dejeção habitualmente se registra. O equipamento respec­
tivo deve, naturalmente, ter forma e dimensões que per­
mitam à criança utilizá-lo sozinha.]
Bexiga — Há menos "descuidos" diurnos, embora
ainda possam ocorrer periodicamente. O penodo de re­
tenção da criança é agora razoavelmente longo (uma hora
e meia a duas horas) e ela própria pede com frequência o
vaso. "Fazer xixi" é expressão corrente. Em geral, não se
opõe à rotina de a colocarem no vaso, antes e depois de
dormir, e no meio da manhã e da tarde, exceto se não ti­
ver vontade de urinar. Entre as 5 e as 8 da noite, a maior
parte das crianças tem um período de freqüência cres­
cente das micções, podendo o intervalo entre elas ser de
apenas vinte minutos. Algumas tentam ir sozinhas ao ba­
nheiro e podem mesmo ser capazes de tirar as calças, mas
não conseguem chegar a tempo.
Estão agora começando a sentir-se orgulhosas dos
seus êxitos no banheiro e dizem, muitas vezes, "Menino
bonito" ou "Menina bonita" depois de terem acabado.
Também se mostram agora mais preocupadas com os
seus mal o gr os. Podem desatar a chorar quando se urinam
e sentem dificuldade em andar com a calça molhada. Ou
tentam remediar a situação despindo as calças molhadas
e pondo-as no cesto de roupa suja.
Agora estão mais frequentemente enxutas do que
molhadas, após a sesta. Algumas podem ter um perío­
do de uma semana em que urinam todos os dias e ou-
205
, ^«ncnsdmento
podem voltar a urinar-se uma ou duas vezes por

‘™”hí uma grande diversidade no que respeita a uri-


narem-se durante a noite, indo as meninas muito a fren­
te dos meninos na percentagem dos que se mantêm en­
xutos Há certas crianças que acordam enxutas de ma­
nhã, mas isso não sucede com a maioria delas, mesmo
que as tenham posto para urinar durante a noite.

Banho e vestir

Banho - A criança agora fica mais interessada em


ajudar a lavar-se e pode preferir a esponja aos brinque­
dos do banho. Interessa-se principalmente por lavar as
mãos e enxugá-las, embora não faça lá muito bem ne­
nhuma das duas coisas.
[Se a criança recusar o banho, aceite-se-lhe a recu­
sa. No entanto, pode apreciar qualquer mudança, como a
de ter uma esponja de banho ou de a lavarem em cima
do cesto da roupa, com os pés dentro de uma bacia.]
Vestir — A criança de 2 anos é capaz de tirar sozinha
os sapatos, assim como as meias e a calça. Pode também
tentar vestir sozinha uma parte da roupa, mas os resulta­
dos não são brilhantes. Enfia quase invariavelmente os
dois pés na mesma perna da calça e põe o chapéu ao
contrário na cabeça. Quando a estão vestindo, não só
procura cooperar como ajuda eficazmente. Enfia os bra­
ços pelas mangas e levanta os pés para lhe vestirem a cal­
ça. Algumas crianças ainda gostam de se despir vezes se­
guidas, à maneira de um jogo, e divertem-se correndo de
um lado para outro, sem nada em cima da pele. No en­
tanto, aos 2 anos, este esquema de a criança se despir re­
gistra-se apenas durante períodos curtos, tal como acon­
tece com muitas outras facetas do seu comportamento.

Atividade individual

Se as dificuldades dos 21 meses não tiverem sido


adequadamente contornadas ou resolvidas, a cnança pode
e ajustar a um período matinal de brinca-
ser incapaz de s
20b
*‘™ní»A>0a<>s5rows

deiias em que a deixem sozinha. Toi soite sào com he


quência as cuanças que mais se excitam na companhia
das ouhas pesso<is aquelas que melhoi se entivtèm so?i
nhas e as que brincam sosscgadamente junto dos adul
tos sem mteileni na sua atividade aquelas que se negam
a brincai sozinhas.
\ cuança dc 2 anos pode ticai bi incando com satis
taçao sozinha no quarto depois de tei estado um pouco
na cozinha se lhe deixarem a poita aberta emboia com
uma cancela a piotegei a entrada Mas também pode
consentu que lhe techem a poria se estiver na expectati
\a de que lhe metam qualquer coisa por debaixo dela
uma carta ou um cartão postal
b agoia mais sossegada para brincar e tem maior
persistência naquilo que taz Gosta sobretudo de coisas
que se movam ou que girem, como carrinhos e rodas Na
cozinha a maquina de moer carne e o batedor dos ovos
sào os seus encantos. Brinquedos de parafusar, e até uma
chave de tenda que ela nào e capaz de manejar sozinha,
também a divertem Agora põe os blocos em linha, e
gosta daqueles que se prendem uns aos outros ou que se
encaixam uns nos outros. A criança desta idade prefere
com freqüência coisas pequenas, como pedrinhas, peda
cinhos de barbante, bolinhas, vidros e Livros pequenos. Os
cartões de boas-festas do Natal também são muito apre­
ciados Na linha das atividades domesticas, da agora de
comer à boneca ou ao ursinho e pode ate metê-los na
cama ou levá-los a passear num carrinho de boneca
Só aos 30 meses e que a criança sera capaz de orga
nizar convenientemente um cha, mas agora, aos 2 anos,
ja gosta de colocar a xícara no respectivo pires e de pór
água na xícara. No quintal, a areia continua a absorver-
lhe o interesse e ela toma-se mais eficiente nos trabalhos
de escavação O seu desejo de misturar agua com a areia
e muito intenso, mas a tarefa não e das mais fáceis quan­
do ela esta sozinha, e parece levá-la sempre à necessidade
de pedir constantemente mais agua. As suas ocupações
pretendas ao ar livre, são empurrar uma carroça ou um
carrinho de boneca e outras atividades motoras violentas
como correr e trepar.
207
. .... ^^"nent0 ---------

Sociabilidade

A criança de 2 anos está se tomando um membro


nerfeitamente aceitável do grupo farruliar. Já tem melhor
Compreensão dos direitos de propriedade e mexe menos
nas coisas alheias. Mas chegou também agora à fase de
querer possuir tudo o que lhe for possível e, desde que
tenha a mínima razão para reclamar, insiste nos seus di­
reitos com um "É meu". A energia das suas exigências
domésticas está, muitas vezes, em nítido contraste com a
docilidade submissa do seu comportamento fora do lar.
Gosta de colaborar nas tarefas caseiras, levando re­
cados, ajudando a fazer as camas ou a limpar o banhei­
ro, e pondo os talheres na mesa. Gosta de ir buscar um
cinzeiro e de levar outros objetos às pessoas. Parece tão
amadurecida em muitas das coisas que faz que, muitas
vezes, não é sufi ciente mente vigiada. Se a deixarem en­
tregue a si mesma é capaz de, num curtíssimo período
de tempo, pôr um quarto em completa desordem, espe­
cialmente o quarto dos pais, abrindo as gavetas e tirando
tudo de lá para fora, e remexendo em todos os produtos
da penteadeira.
Os seus passeios são agora mais calmos. Gosta de
pegar na mão do adulto que a acompanha. Pode parar
para apanhar pauzinhos ou pedrinhas, mas não se detém
por muito tempo. Gosta de caminhar por cima dos mu­
ros ou pelas pedras da borda do passeio, segura pela
mão. Esta é uma forma de se lhe dar a noção dos limites
acessíveis da rua. Se se deixa ficar parada atrás da mãe,
vem geralmente correndo quando esta continua a andar
e lhe diz adeus. Agrada-lhe agora passear na cadeirinha
de rodas e, se ainda utiliza o carrinho, gosta de se escon­
der debaixo da capota, especialmente quando passa per­
to de pessoas desconhecidas.
O seu melhor período de brincadeira é à tarde, em
casa, com livros e música. Reage com agrado às melodias
infantis, e qualquer gênero de livro com figuras em rele­
vo é tateado repetidas vezes. Quando agora dança ao
som de música, corre, anda em círculos e começa tam­
bém a dar uns saltos.
Nesta idade, o pai é ainda o grande favorito, embo
ra a criança possa querer a mãe quando tem algum pro
208
A criança do 0 aos 5 anos

blema, ou à noitinha, se estiver cansada, e especialmente


quando acorda de noite. Pode demonstrar uma depen­
dência considerável em relação à mãe e exigir toda a sua
atenção quando estejam presentes outras pessoas. É uma
idade em que a criança patenteia todo o seu afeto pelos
pais ou pelas pessoas que cuidam dela, especialmente à
noitinha, antes de ir se deitar.
A criança de 2 anos, com a consciência cada vez
maior que tem das outras pessoas, atravessa um período
de timidez em relação aos estranhos, especialmente os
adultos. Em casa, pode enfiar os dedos na boca e escon­
der-se nas dobras das cortinas ou de encontro à saia da
mãe. Fora de casa, pode fazer a mesma coisa, ou passar
muito ao largo quando cruza com um desconhecido, ou
segurar a mão do adulto que a acompanha e ficar muito
colada a ele. Mas, depois de se ter relacionado com um
estranho, e especialmente se ele for do sexo que ela pre­
fere, vai buscar generosamente todos os seus brinquedos
e os coloca no colo desse estranho.
Aumenta agora seu vocabulário, de "bebê" para
"homem" e "mulher", e até para "menino" e "menina".
Adora estar com outras crianças e brinca particularmente
bem com as mais velhas. Já ultrapassou a sua anterior fase
agressiva com outras crianças e brinca particularmente
com outra criança. Precisa quase sempre de severa vigi­
lância quando brinca com outra criança, em especial de­
pois dos primeiros vinte minutos de brincadeira.
É melhor que tanto o pai como a mãe lidem separa­
damente com a criança. Isso poderá evitar lhes conflitos.
^1.2^osernel0

Perfil do comportamento
Se um grupo de pais fizesse uma votação secreta para de­
terminar qual a idade mais terrível do período pré-escolar, é
muito provável que essa honra coubesse à criança de 2 anos e
meio, devido à reputação que ela tem de passar de um extre­
mo para o extremo oposto. A curva das palmadas atinge, con­
sequentemente, um dos seus picos, mais ou menos por essa
altura. Desnecessário é dizer que nós não estamos de acordo
com essa fraca opinião - nem com as palmadas.
A criança de 2 anos e meio acha-se num período de tran­
sição. Ela é fundamentalmente a mesma criança simpática que
era aos 2 anos; e está transformando-se numa agradabilíssima
criança de 3. Na verdade, mesmo agora há nela qualquer coisa
de encantador, na sua energia, na sua exuberância desproposi­
tada (aparentemente) c nos sinais inconfundíveis de uma so­
ciabilidade embrionária, de prestabilidade e dc imaginação que
ela nos dá. Se esses sinais são confusos e compensados preci-
samente pelos seus contrários é porque a criança de 2 anos e
meio se encontra numa fase de encruzilhada do desenvolví-
mento do seu sistema de ação. Tem um trabalho muito gran­
de* a fazer como intennediária dos seus próprios impulsos em
sentidos contrários. Temos de nos lembrar, uma vez mais, de
que ela age desse modo porque é feita assim. E se, em vez de
210
'Arn‘",OJ^0<j<x5<n>,x
castiga -la, a orientarmos nos termos das suas limitações Pecu
hares, ela passara a ser uma pessoa tolerável e simpática
Por que razão ela vai até esses extremos arreliadorcs’ f
porque o seu domínio do sim e nào, do ;r c vir, do correr e pa
rar, do dar e reaárar, do pegar e largar, do >ux»re empurrai < do
atacar e recuar se encontram em perfeito equilíbrio A vida está
cheia de alternativas. Todos os caminhos da cultura sâo, para
elaz vias de trânsito nos dois sentidos, devido à sua grande
inexperiência. (Lembremo nos, porém, de que aos 18 meses
todos os caminhos eram simples vias dc sentido único.) O seu
sistema de ação é, semelhantemente, um sistema de dois sen
tidos, cujas alternativas são quase de igual modo aliciantes,
devido ao fato de ela ser tão imatura. A sua situação de equilí
brio é instável porque os seus mecanismos inibitórios sâo ain
da muito imperfeitos. Além disso, a vida e o ambiente aíigu
ram-se de tal maneira complexos, nesta fase dc transição, que
a criança é quase obrigada a ir por ambas as vias, a expcrimcn
tar ambas as alternativas, para poder descobrir qual e realmen
te a melhor. Não há motivos para se desesperar se ela experi
menta as duas vias e nos experimenta também a nós. Quando
ela tiver 3 anos, o seu amadurecimento já será, comparativa
mente, tão grande que sentirá verdadeiro prazer em que lhe
peçam que escolha entre duas alternativas familiares.
Por enquanto, a sua capacidade de escolha e fraca, então,
escolhe ambas as alternativas, náo por franca teimosia, mas
porque não tem facilidade de avaliar essas alternativas, nem de
pensar numa delas com exclusão da outra. Em vez de seguir
por uma linha, segue por duas (e uma delas parece ao obser
vador uma teimosia). A organização dc células nervosas que
preside a inibição acha se insuficientemente desenvolvida Isso
manifesta se até em ações "neurológicas" como as dc* agarrar
<• laigar Não possui o domínio perfeito dos seus; músculos íle
xoies e extcnsoic^s Agarra com demasiada força e larga com
um impulso exagerado Ainda nao aprendeu a "soltai", lem
diht iildcide em descontrair se prontamente paia adoi mecci
I / quando adoi mee e, pode» levelai uma tendénc ia paia dormi i
deinuis. Analogamente, pode nao relaxar com facilidade* as
‘•stiiH teies dc contiole da bexiga e sustei a eliminação tempos
2JÍ

kwis - outro caso de ir para um dos extremos, o qual difícil -


mente poderá atribuir-se a uma conduta voluntana. _ .
As limitações peculiares do seu sistema de ação justifi­
cam, portanto, a sua característica incapacidade de ajustar o seu
comportamento. Tem tal dificuldade em efetuar transições que
tende a usar de delongas, como se lhe custasse mudar de uma
situação que lhe é familiar para outra diferente. É tão conser­
vadora que combate as inovações. Quer que as coisas se fa­
çam da maneira costumeira. É uma ritualista, particularmente
em casa, e insiste em ter as coisas assim, tal c qual. Nessas oca­
siões, pode ser tão insistente que pareça autenticamente im­
periosa. A sua "imperiosidade" pode parecer tirânica, mas
trata-se, simplesmente, de uma intensidade desajustada - o
mesmo tipo de largada propuisiva desinibida que ela demons­
tra quando lida com objetos. Ainda assim, é melhor levar essa
sua feição dominadora fictícia com uma pontinha de humor, e
deixá-la reinar dentro de limites razoáveis. Utilizando algu­
mas das técnicas que esboçamos a seguir, podemos ativá-la na
boa direção. Não podemos forçá-la; a ativação tem de aca-
ar por vir de dentro dela. Para lidar com ela temos de ser um
pouco malabaristas. Isto quer dizer que ela própria é, de certo
modo, um equilibrista que tem em mente alternativas opostas
- tentando manter no ar duas bolas, quando devia atirar ape­
nas uma. Mas faz isso devido a sua inexperiência. E também o
faz por ser esse o método desenvolvimentista através do qual
ela aprendeu os contrários. Esse seu comportamento é o equi­
valente psicológico das dores do crescimento. Convém que
pensemos nela como sendo a réplica, na idade pré-escolar, de
um adolescente um pouco confuso que ainda não encontrou
o seu caminho.
Apesar de tudo, a criança de 2 anos e meio descobre o
seu caminho através desse mesmo processo. A sua teimosia,
a sua hesitação, as suas oscilações entre dois extremos opos­
tos sao transitórias. Aos 3 anos, há de espantar nos com o seu
conformismo, o seu desejo de agradar e o seu interesse em
r não duas opções, mas apenas uma so. Agora esta apren
i í i fazei uma, praticando duas, lí podemos permitir nos
dtMU ° ‘ . ni.ostào filosoficamente, pois a criança esta nos dan
encarar a quvM«
212
A rniiHfu do o oos 5

do um lampejo do método de desenvolvimento favorito da


natureza o método de entretecimento recíproco, mediante
o qual ela conduz a um equilíbrio estável os flexores e os ex
tensores, o sim e o não, o ir e vir, o pegar e largar e o puxar e
empurrar.
listas feições características não são, é claro, igualmentc
marcadas em todas as crianças. São particularmente nítidas
nas de tipo perseverante. O seu estado de tensão e um cansa­
ço repentino manifestam se, às vezes, numa espécie dc ga­
gueira que vence mais tarde. Os temperamentos calmos sào
aqueles que, com menor probabilidade, manifestam sintomas
evidentes; mas é rclativamente normal, do ponto de vista de­
senvolví mentista, que as crianças desta idade revelem, em
maior ou menor grau, os extremos anteriormente apontados
a mudança súbita de uma intensa atividade para uma tran­
quilidade passiva, acompanhada do chupar de dedos passa
geiro; mudanças da exuberância para a timidez; do desejo ar­
dente de possuir um objeto para a indiferença logo que ele vem
a ser seu; do frenesi pela comida para a sua rejeição; da agita
ção e dos gritos para a quietação e os segredos, de um imitati
vismo de rebanho para um isolamento ensimesmado; dos ri­
sos para os gemidos; e da precipitação para a lentidão.
Estas mudanças de um extremo para outro não são tanto
variações de humor como oscilações provocadas por uma es
freiteza de bases. Essas bases se alargarão à medida que a crian
ça for amadurecendo e fizer cada vez maior número de dislin
ções entre dois contrários e duas alternativas. A experiência
irá organizar as opções que ela fará com facilidade aos 3, 4 e 5
anos. Precisa de tempo para o seu desenvolvimento; merece a
nossa paciência compreensiva.
Mais ainda, nao é ela, pelo menos, interessante, quando
nos revela dc forma tão transparente as suas limitações inle
lectuais? E nao c atraente, com todas as suas combinações pro
metedoras de exuberância e timidez, a sua aproximação dos
adultos, as suas perguntas amistosas, a sua imaginação, a sua
conquista de palavras difíceis, as suas imitações sociabiliza
das, os seus cantos tribais e a sua generosidade? Sim, porque
ela é generosa, quando mostra ansiosarnenle os seu;, brinque
213
Acrimçoemcmdmento

dos .1 um amigo e depois não o deixa brincar com eles. Como


é que se pode apreciar um brinquedo sem o mostrar aos ou
Iros? E como é que o podemos partilhar, se não o conservar
mos? A vida e a cultura estão, para todos nós, cheias de para
doxos. ()s 2 anos e meio são uma idade paradoxal.

Comportamento diário

A criança de 2 anos e meio pode, praticamente, acordar a


uma hora qualquer entre as 5 e as 9 da manhã. Tende mais a
acordar para o fim desse período, digamos entre as 8 e as 8 e
meia. Chama pela mãe pouco tempo depois de acordar e é
logo posta no vaso.
Aprecia tomar descansadamente uma primeira refeição
ligeira em roupão de banho e chinelos. Depois da primeira re­
feição é que a vestem. O espaço limitado do banheiro torna
mais fácil a operação de vestir. Precisa geralmente de ajuda ao
longo de toda essa operação.
Então, está pronta para uma hora de brincadeira no seu
quarto, que se encontra previamente preparado para dar satis­
fação às exigências da sua larga atividade espontânea. Conver­
sa muito com ela mesma durante essa hora feliz e ativa. Os
ruídos de uma crescente atividade motora, em que ela pode vi­
rar de pernas para o ar a cadeira do quarto, chamam a atenção
para o fim dessa hora de brincadeira. Então a mãe acorre e vai
po la no vaso. Gosta de se demorar no banheiro, mas também
está pronta para uma sessão de brincadeira ao ar livre.
O almoço do meio dia é a sua maior refeição. Gosta de
comer pela sua mão pelo menos metade da refeição, no decur­
so da qual vai escolhendo os alimentos que são da sua prefe­
rência. Pode afirmar a sua independência, pedindo à mãe que
saia, mas chama por ela, e aceita a sua ajuda, para a última re
feição do dia, voltando, na sobremesa, a comer pela sua mão.
Após a refeição levam na para o banheiro e tem, com freqüên
cia, uma dejeção nessê momento.
A sesta habitual pode começar cerca do meio dia e meia,
mas geralmente a criança gosta mais de ficar ainda uma hora
214
---------- A. cnança do 0 aos 5 anos

em espontânea atividade antes de adormecer. Gosta de ter a


guarda da cama retirada para poder subir e descer duas ou
três vezes. Conversa muito com ela mesma durante esse perío­
do que antecede a sesta. Pode cair finalmente no sono, após a
mãe ter ido aconchegá-la dentro da coberta. Dorme durante
uma hora ou mais e acorda devagar e, em geral, enxuta. Não
chama pela mãe antes de ter terminado o período de transi­
ção do seu lento despertar.
Às 3 horas está pronta para ir dar um passeio ou fazer
uma visita, muito embora, caso freqüente de manhã a escola-
creche, possa brincar das 3 às 5 no seu próprio quintal. Depois
de regressar do passeio, pode ter um curto período de brinca­
deira na sala de estar.
Janta por volta das 5 horas. Aceita maior ajuda para esta
refeição do que para o almoço. Pode então brincar um pouco
com o pai. Pode ser uma brincadeira ativa; mas pode ser tam­
bém uma brincadeira de gênero mais receptivo — ouvir música
ou ver as figuras de um livro.
O banho é em tomo das 7 horas e continua a ser uma das
suas experiências favoritas. A criança de 2 anos e meio gosta
de lidar com as situações de forma um tanto autoritária. Insis­
te em determinadas rotinas, gosta de que lhe façam as coisas
da maneira de costume e gosta de encontrar as coisas nos
seus lugares habituais. Com estas exigências, afirma a sua cres­
cente percepção daquilo que ela pensa que lhe é exigido. Insis­
te em outras rotinas semelhantes quando a metem na cama.
Estas podem ser nitidamente "ritualistas" e demorarem, por­
tanto, muito tempo. Continua com os seus solilóquios e con­
versa também com o ursinho de pelúcia. Pode chamar pela
mãe para que lhe dê determinada ajuda. Adormece por volta
das 8 e meia. Podem tirá-la da cama entre as 10 horas e a meia-
noite para a porem no vaso, sem que por isso ela acorde. Dor­
me doze horas a fio.
215
^iníii^an/icrcscinicnlo

Sono

Noite
A hora de deitar depende muito claramente da dura­
ção da sesta, a qual pode variar entre nem chegar a ador­
mecer até dormir três, quatro ou mesmo cinco horas. As­
sim, não é incomum que a hora de adormecer, à noite,
varie entre as 6 e as 10 horas. A hora de deitar tem de ser
alterada, portanto, de acordo com as necessidades da crian­
ça, mas é preferível não a retardar para além das 8 horas.
A operação de deitar acha-se agora complicada por
uma nova interferência, pois as exigências da criança de 2
anos e meio, na hora de ir para a cama, adquiriram uma
estrutura rígida e minuciosa que pode levar entre meia
hora a uma hora para ser executada. Há o ritual de subir
as escadas, o ritual de tomar banho, o ritual de escovar os
dentes, de se meter na cama, de fechar as persianas, de
beijar, e até um ritual de dar boa-noite com palavras es­
pecialmente escolhidas. Se a tampa da banheira for reti­
rada de maneira diferente da habitual, toda a rotina da
hora de deitar pode ser transtornada pela ocorrência de
uma terrível birra. E as persianas da janela têm de ser
baixadas precisamente até à altura devida, nem mais,
nem menos.
A criança desta idade faz a maior parte das suas exi­
gências antes de se meter na cama. Depois de estar dei­
tada e de ter dado boa-noite, chama menos vezes a mãe
do que aos 2 anos, e as suas exigências exprimem geral -
mente reais necessidades. Quando, finalmente, se instala
para dormir, muitas vezes ainda canta e conversa com ela
mesma. Gosta de aconchegar-se bem dentro da coberta.
As que adormecem mais cedo têm maior tendência para
acordar durante a noite. Podem chorar ou não, quando
acordam, e muitas vezes pedem para fazer xixi ou beber
água. Levantar a criança entre as 10 horas e a meia-noite
para pô-las a urinar dá, com freqüência, mais resultado
nesta idade do que anteriormente; mas, quando não dá,
é sensível a perturbação que causa à criança.
O acordar matinal é tão variável e tem um âmbito
tão largo como o adormecer à noite. Há algumas crianças
216 A criança do 0 aos 5 mios

que, quanto mais tarde adoimecem, mais cedo acordam.


Assim, o adormecer às 10 horas da noite pode provocar
um despertar às 5 da manhã. Contudo, a maioria das
crianças dorme "todas as horas do relógio" c não acorda
antes das 8 e meia ou 9 horas da manhã. Se acordam
cedo, brincam muitas vezes com os seus brinquedos e
vêem as figuras das revistas, antes de chamarem a mãe.
Por vezes, uma mudança de brinquedos ajuda o madru
gador a conservar-se no berço, mas ao fim de mais ou
menos uma hora exige que o levantem. Não há problc
mas com as que acordam tarde porque vão diretamente
para a primeira refeição.
[A criança abandona com maior facilidade as ativi­
dades preliminares do sono se puder participar ativa -
mente na arrumação dos materiais de brinquedo. A mãe
não deve deixá-la sozinha, em meio daqueles prelimina­
res, para atender a qualquer outra exigência doméstica.
Esses preparativos, uma vez iniciados, terão de ser leva
dos até o fim, ou haverá que recomeçá-los. Se a mãe ten­
tar acabá-lo, depois de uma interrupção, sem voltar ao
princípio, a criança poderá fazer uma birra séria.]

Sesta

Aos 2 anos e meio, a sesta é, com freqüência, um


verdadeiro problema. A criança desta idade não se im­
porta, geralmente, de ir para a cama fazer a sua sesta e
gosta de levar um certo número de brinquedos com ela,
mas não se deixa ficar no berço durante muito tempo.
Agora é capaz de escalar facilmente a guarda do berço e
está sempre saindo do quarto, a menos que a porta esteja
fechada. A cnança, em geral, não se incomoda por ter a
porta fechada, desde que possa descer livremente do ber­
ço e voltar para lá, e tenha os seus brinquedos no quarto
para brincar com eles. .As janelas devem ser muito seguras,
porque as crianças têm a tendência de subir no peitoril.
Muitas crianças recusam-se, nesta idade, a dormir a
sesta no berço. Podem dormi-la melhor noutro quarto e
noutra cama mas a noxidade dessa situação pode apa­
gar-se depressa e depois comportam-se ainda muito pior
217
^crvm^mcnsàmmto

d0 que se comportavam nos seus quartos. Se for possível


introduzir alguma variante (sob a sua fiscahzaçao) nos
seus próprios quartos, reagem majs depressa, com maior
continuidade e interferindo menos com o resto da famí­
lia. Gostam especialmente de dormir no chão, debaixo
do berço ou numa gaveta da cômoda. Se a criança não foi
capaz de manobrar sozinha essa situação, após a mãe ter
feito alguns arranjos preliminares e algumas sugestões
no momento de levá-la para o quarto, pode ser que reaja
bem a uma pequena ajuda que ela lhe dê por volta das 2
horas ou 2 e meia, quando a criança está mais inclinada a
adormecer. Então, por exemplo, fazer-lhe uma barricada
em tomo do cobertor da cama estendido no chão pode
ser justamente o que ela necessita. Algumas crianças
aceitam ir para a cama se, com um toque de imaginação,
a transformarem em qualquer outra coisa, como um car­
ro ou uma locomotiva de trem.
A mãe tem de decidir não só se deve ajudar a pôr a
criança para dormir, mas também se deve despertá-la
antes de ela se dispor a acordar por si. Algumas crianças
são capazes de dormir uma sesta muito comprida e, ape­
sar disso, irem depois para a cama à hora habitual. Com
outras, o retardamento do sono da noite causado por
uma sesta muito longa perturba bastante a calma do se­
rão doméstico dos pais. Contudo, se a criança não supor­
ta que a acordem às 3 horas ou 3 e meia e fica simples­
mente chorando o resto do tempo que teria dormido, é
mais sensato não a acordar. Algumas crianças reagem
bem ao toque do telefone ou a um despertador colocado
num quarto vizinho, quando não aceitam ser acordadas
por uma voz humana. A única maneira por que estas de­
cisões poderão ser tomadas será, provavelmente, por um
método de tentativas. E a criança pode, eventualmente,
resolver por si mesma o problema, não chegando a dor­
mir, ou dormindo apenas uma sesta mais curta.
[Quando uma criança acorda da sesta chorando, es­
peramos até que o choro passe a um tom mais modera
do, antes de ir ter com ela ao quarto. Será melhor come­
çar por executar qualquer tarefa, como a de erguer as
persianas, sem abordar diretamente a criança até que ela
própria tome a iniciativa, porventura com um meigo "Ola,
mamãe".]
218 AenaH{ U doOaos

Alimentação

Apetite O apetite oscila, com frequência entre mu»


to bom e muito fraco l ma das refeições o almoço ou o
jantar, é geralmcnte boa
Rr/rHves e preferências Sâo minto semelhantes à> da
criança de 2 anos, mas com esquemas de exigências mJ,s
rígidos- Fm regra, a criança prefere carne, fruta c manteiga
e não gosta de hortaliças. Agora, toma razoavelmente bem
o leite.
Podemos formar uma idéia das suas pi eteiêneias c
rejeições, graduando-as desta maneira alimentos de que
a criança gosta tanto que os come pela mão dela; alimen
tos de que ela gosta suficientemente para consentir em
tomá-los pela mào de outrem; alimentos que ela recusa
de forma absoluta. Tal como aos 2 anos, continua a ter as
suas "fúnas" por certos alimentos, e um deles, que já te
nha sido preferido a todos os outros, pode ser agora for­
malmente rejeitado.
[É melhor deixar que a criança tenha as suas oscila­
ções de apetite. A mãe pode até, se achar necessário, or­
ganizar um mapa para convencer a si mesma de que os
dias bons equilibram os dias mais fracos. Se deixarmos a
cnança colocar ela própria o leite da leiteira, pode ser que
isso lhe aumente o apetite para bebê-lo.J
Auto-ajuda — Os esquemas de auto-a/uda são tam­
bém muito semelhantes aos dos 2 anos. A mãe pode es­
tabelecer agora facilmente uma sequência de operações e
dizer, por exemplo, à criança: "Chame-me quando esti­
ver pronta para a sobremesa/' A criança pode comer pela
mão dela metade do jantar e nessa metade íncluir-se-ão
os alimentos de que ela gosta. Estará então pronta a acei­
tar que lhe dêem o resto do jantar, se este não incluir ali-
mentos que normalmente ela rejeite.
Os rituais definem-se mais claramente nesta idade,
tanto nos esquemas da alimentação como nos da hora de
deitar. Exige a repetição de alimentos, de pratos e do ar­
ranjo dos pratos, e até do momento em que um certo ali­
mento lhe é dado. Se, por exemplo, lhe derem um ovo à
hora do jantar, pode comê-lo então com prazer, e rejeita -
io se o derem a hora do almoço.
219

fi nesta idade que se registra uma exigência m.uor


de pequen.H refeições durante OS intervalos das refetçoes
principais, as quais vão muitas vezes interferir com o ape
hteàs refeições normais. Algumas crianças, poucas, co
rnem muito mal à hora das refeições, mas comem brm
nus intervalos entre elas.
[É melhor tentar estabelecer uma hora certa para cs
sas pequenas refeições intercalares, como, por exemplo,
às 10 e meia da manhã e às 4 da tarde, e ver se é possível
tapear a criança com palavras até essa hora. Bolachas e
frutas secas, acompanhadas de suco de frutas, são prova
velmente a melhor coisa a dar à criança, quer do ponto de
vista da facilidade, quer por serem alimentos mais acon
selháveis. As guloseimas devem estar longe da vista e do
alcance da criança, mesmo fora de casa, pois a sua exigen
cia delas será, nesta idade, francamente excessiva. Se as
guloseimas só lhe forem apresentadas em ocasiões es
peciais e com pouca freqüência, a criança as considerará
como um presente e não as exigirá constantemente.]

Eliminação

Intestino - O número de dejeções varia de uma a


duas por dia, com tendência cada vez maior a falhar um
dia, ou mesmo dois. Os "descuidos" são raros. A tendên­
cia geral é a criança pedir para ir ao banheiro, mesmo que
não precise de ajuda. Algumas vão sozinhas e dizem de­
pois que já foram. Preferem a cadeirinha com urinol à
privada. Ainda precisam de ajuda para tirar as calças. As
que demoram mais para dar um nome à dejeção desig­
nam-na muitas vezes por um termo onomatopaico como
"pum" ou "cocô".
São muito poucas as que ainda agora oferecem re­
sistência à utilização do vaso sanitário do banheiro, em­
bora algumas pareçam persistir na necessidade postural
de funcionarem de pé ou deitadas. Quando uma criança
que ainda recusa o vaso sanitário ou qualquer outro tipo
de receptáculo mostra tendência para localizar o seu fun­
cionamento num canto do quarto ou atrás de uma porta,
podemos, em muitos casos, transferi-la para o banheiro,
220
A cnança do 0 aos 5 anos

onde utilizará um papel colocado no chão, a um canto.


Desde que tenha começado a funcionar no banheiro, se
adaptará mais rapidamente à cadeirinha ou ao assento
apropriado, mas não devemos esperar que se adapte tão
depressa à descarga. Mesmo que a mãe ajude a colocá-la
no vaso, a criança geralmente não quer que ela permane­
ça no banheiro e exige-lhe, como aos 2 anos, mas agora
de forma um pouco mais direta: "Vai embora", ou "A
mamãe vai lá para baixo?". Agora já é capaz de ficar com
a camiseta, as meias e os sapatos, mas exige que lhe
tirem completamente a calça ou o macacão.
Tal como aos 2 anos, chama depois de ter acabado,
"Mamãe, já fiz", e fica à espera de que a limpem e lhe
vistam de novo a roupa.
A hora em que tem a dejeção varia muito; em algu­
mas crianças continua relacionada com uma refeição, em
outras é mais irregular, mas há uma tendência bem defi­
nida para ter a dejeção à tarde, sobretudo antes ou de­
pois da sesta. Em geral, nessas ocasiões a criança pede
para ir ao banheiro. Nesta idade é relativamente raro es­
palhar as fezes.
[Embora seja comum as crianças falharem um dia
ou dois nas suas dejeções, os pais devem estar atentos ao
fato e, quando a interrupção for mais longa do que isso,
podem dar-lhes laxantes. A permanência de um adulto
no quarto ou o entretenimento com um livro de figuras
pode ajudar a criança a resolver o seu problema.]
Bexiga — Nesta idade, há muito poucos "descuidos"
durante o dia. A maior parte das crianças vai sozinha ao
banheiro, dependendo da maior ou menor facilidade de
tirarem a roupa e utilizarem sozinhas o vaso. Contudo,
algumas "avisam" sempre antes de irem, mesmo que não
precisem de ajuda. Precisam, no entanto, de ajuda verbal,
tal como a autorização para irem. É uma idade de longos
períodos de retenção, especialmente nas meninas, que
chegam a ter, de manhã, um intervalo de cinco horas en­
tre as micções (desde o levantar até depois do almoço).
Quando demoram tempo demais, podem começar
a urinar antes de chegarem ao banheiro. Incomoda-as
muito sentirem a calça molhada, nem que seja só uma
gota, e exigem que a troquem imediatamente. (Entre os
221
A iníuipi oh crescimento - ■

meninos, este tipo de intervalos longos e de demoras ex­


cessivas verifica-se mais dos 3 anos aos 3 anos e meio.)
Muitas crianças experimentam mais dificuldade em un-
nar num banheiro estranho.
[Se a criança tem dificuldade em urinar depois de
um longo intervalo, pode reagir bem a certos estímulos
auxiliares, como o ruído da água corrente ou a ingestão
de uma bebida. Pode também ser útil dizer-lhe que feche
os olhos e escute o ruído que a urina fará.]
Para aquelas que não dizem, pode-se facilmente es­
tabelecer uma rotina. Esta função é agora controlada de
tal maneira pela própria criança, que ela começa até a to­
mar consciência do controle das outras pessoas. Mostra
interesse em observar as idas dos outros ao banheiro e in­
teressa-se também em observar os animais fora de casa.
Contudo, geralmente não expressa os seus comentários
até chegar à idade de 3 anos. Os meninos urinam com
freqüência ao ar livre, no exterior da casa, se os autoriza­
rem a fazê-lo.
_ É difícil generalizar, no que respeita a urinarem ou
não durante a sesta, porque as diferenças individuais são
muito acentuadas. Algumas crianças, especialmente me­
ninos, que anteriormente já acordavam enxutas, apare­
cerem agora outra vez molhadas. As meninas apresen­
tam-se enxutas com maior freqüência. A duração da ses­
ta pode ter alguma coisa a ver com essas recaídas, dado
que ela se prolonga nesta altura por duas, três ou mes­
mo quatro horas. Assim, a criança pode aparecer enxuta
se a acordarem da sesta, e molhada se a deixarem dor­
mir até quando ela quiser. A preocupação da criança
com os seus "descuidos" depende sobretudo do trata­
mento cultural da questão, e a estimulação, da parte dos
adultos, de um sentimento de vergonha pode, pelo con
trário, determinar na criança uma reação de orgulho de
sua "cama suja".
Depende de um grande número de fatores que a
criança se mantenha enxuta durante a noite. As pou­
cas crianças que se conservam enxutas podem dormir a
noite inteira sem acordar ou podem chamar duas ou três
vezes durante a noite para que as levem ao banheiro. A
maioria delas, porém, necessita de que as ponham para
222
AcnançadoGaosSanos

urinar e, mesmo assim, podem ainda acordar molhadas,


de manhã. Se estão molhadas às 8 ou 9 horas da noite, c
provável que ainda urinem mais duas ou três vezes du
rante a noite. Se já estão molhadas às 10 da noite, há
50% de probabilidade de aparecerem molhadas de ma­
nhã. Se ainda estiverem enxutas à meia-noite, estarão ge
ralmente também de manhã. Levantar a criança da cama
para levá-la para urinar não é, porém, tarefa fácil, porque
muitas delas opõem resistência. Quando isso acontece, a
prática deverá ser interrompida até que mais tarde a acei­
tem. Nesta idade, levantá-la de noite é mais paliativo do
que instrutivo. A calça plástica e as fraldas ainda são indi­
cadas para manter a criança mais confortável, física e
emocionalmente, para limitar as despesas de lavanderia
e para eliminar o cheiro de urina que pode ser tão desa­
gradável num quarto de criança.

Banho e vestir

Banho — O banho, que é agora dado por volta das 7


horas da noite, continua a ser, nesta idade, uma atividade
agradável. Tal como acontece com muitas outras das
suas atividades, é a criança quem "dirige", muito embora
seja incapaz de o fazer. Quer ser ela a manobrar as tor­
neiras e procura criar um ritual em tomo dessas opera­
ções. Quer também polir os metais e perde muitas vezes
toda a noção de que o banho seja o momento de a lava­
rem. Gosta de escorregar para trás e para diante dentro
de água, e ficaria assim interminavelmente, se não a in­
terrompessem.
Tirar a criança da banheira é uma coisa que depen­
de muito da perícia da mãe. A retirada da tampa e o sub-
seqüente refluxo da água levam algumas crianças a re­
cearem ser também chupadas para o cano. Então saltam
imediatamente para fora da banheira. Mas há muitas
que não têm medo nenhum e continuam a deslizar para
trás e para a frente, mesmo depois de toda a água já ter
desaparecido. Então deve-se usar de truques para a fa­
zer sair dali, como uma contagem ou qualquer outro es­
tratagema útil.
223
A criança ent crescimento

Vestir - A criança de 2 anos e meio continua a ser


mais hábil para despir-se do que para vestir-se. Em ge
ral, é capaz de despir a roupa toda, mas as suas capaci
dades de vestir limitam-se ao calçar as meias e, por ve
zes também, enfiar as calças e a camiseta ou o casaco.
Nem mesmo nisso ela é muito eficiente e o seu trabalho
necessita quase sempre de correção. O calcanhar da
meia pode ter ficado para cima, é capaz de ter enfiado
os dois pés na mesma perna da calça, a camiseta pode
estar virada ao contrário e o casaco torcido. Se insiste em
vestir-se sozinha, aceita normalmente uma orientação
prévia das peças de roupa, por exemplo que lhe esten­
dam a camisa no chão com as costas viradas para cima.
Aceita também alguma ajuda verbal, mas não consente
que a mãe lhe toque.
Estas exigências de independência se alternam com
fases de exigência de dependência total, em que não faz
nada daquilo que é capaz de fazer sozinha e recusa até a
mais rudimentar colaboração para a vestirem, negando-
se, por exemplo, a enfiar um braço na manga respectiva.
Nessas ocasiões, pode deixar-se ficar completamente iner­
te e dizer que é uma boneca ou um bebê. Se a mãe não
estiver perfeitamente cônscia das oscilações do pêndulo
dos 2 anos e meio, ou não atender a elas, terá, sem dúvi­
da, muitos problemas.
É nesta idade que são comuns as birras furiosas re­
lacionadas com a operação de vestir. Além das exigências
de se vestir ela própria ou de ser a mãe a vesti-la, a crian­
ça foge muitas vezes assim que começam a vesti-la. Gos­
ta principalmente de que corram atrás dela e, mal a al­
cançam, foge outra vez para outro quarto ou outro canto.
Se a agarram a sério e pegam-na ao colo, fica furiosa,
mas, em geral, vem logo correndo, se a mãe não fizer
caso dela e lhe disser: "Venha para o banheiro quando
estiver pronta." Se a mãe for fechando as portas atrás de
si, isso mobiliza quase imediatamente as forças da crian­
ça para dar meia-volta e correr na direção que a mãe de­
seja, chamando por ela e bradando: "Estou pronta, estou
pronta." Uma vez que ela esteja dentro do banheiro, é
prudente fechar a porta e até mesmo dar a volta à chave.
Uma cesta alta é um bom lugar para vestir uma criança
224
A criança do 0 aos 5 anos

desta idade Faz menos palhaçadas porque não quei cair


dali e quer vestir se rapidamente para que a tirem de lá o
mais depressa possível.
[O jogo da descoberta das várias partes do corpo,
cabeça, mãos e pés, à medida que elas vão surgindo de
dentro das peças de roupa, é, para esta idade, um jogo de­
licioso.]

Atividade individual

O período de brincadeiras matinal da criança de 2


anos e meio assume um caráter novo de repouso e re-
descoberta. Vai satisfeita para o quarto, depois do pri­
meiro almoço, mas, com a sua proficiente capacidade
para dat meia volta, segue com a mesma rapidez na di­
reção oposta, se o quarto não se lhe apresentar suficien­
temente atraente e sedutor. É, portanto, essencial dis­
por -lhe o quarto como se fosse um palco, com os vários
centros de interesse planejados - aqui um canto com as
bonecas, os brinquedos de encaixar ali, uma revista ilus­
trada em cima da cama.
A criança deixa-se ficar, geralmente, bem disposta
no banheiro, lavando as mãos e fazendo bolas de sabão,
enquanto a mãe leva a cabo aquele arranjo cênico. Como
último retoque, a mãe pode esconder qualquer coisa de­
baixo de uma caixa para que a criança a descubra. O inte­
resse desta desperta rapidamente; acaba com as suas la
vagens e enfia se no quarto. Enquanto lhe fecham a por
ta, descobre a sua "surpresa" e depois instala-se para dar
início às suas atividades matinais.
Acompanha as brincadeiras com uma conversa per
manente. Todas as suas experiências passadas vêm à
tona, num aspecto ou em outro. Há qualquer coisa de
encantador no registro textual do discurso de uma crian
ça desta idade conversando com ela mesma, enquanto
brinca A linguagem está agora vindo lhe em boi botões
* tem um tal predomínio no seu espírito que a usa cons
tantemente As palavras que tem ouvido e as atividades
que tem observado, dentro e fora de casa, sào postas
agora em pratica na segurança inocente do seu quarto.
225
Àmonçaeniawdmn1*0

Aover aboneca, lembra se de pô-la no colo, como a avó


lhe faz, ou de aconchega la na cama, como viu outra
criança fazer.
As suas brincadeiras e o respectivo equipamento
são semelhantes aos da criança de 2. anos. 1 ode havei
agora mais uma cama de boneca e um ferro de passar e a
respectiva tábua no canto das bonecas, alguns outros
carrinhos nas prateleiras, um quebra-cabeças simples.
Nao domina ainda suficientemente as tesouras e os lápis
paia poder maneja los sozinha no quarto, embora estes
objetos se encontrem inegavelmente na esfera dos seus
interesses.
Algumas crianças querem que todos os brinquedos
estejam à vista ou ao alcance delas e têm, em relação a
eles, um forte sentimento de propriedade e, também, da
respectiva localização. São muito ordenadas na arruma­
ção dos seus brinquedos e ficam de olho neles, enquanto
lhes limpam o quarto, para que não lhes deixem nada
fora do seu lugar. A maioria das crianças, porém, preocu­
pa-se apenas momentaneamente com os brinquedos.
Apreciam realmente mais as mudanças de cenário. É,
pois, a mãe quem decide, nos seus arranjos preliminares,
o que mais convém à criança naquela altura. Esta pode
ajudá-la a decidir, perguntando lhe por certas coisas. Não
é prático ter muitas coisas num quarto dc criança, mas
também não o é ter muito poucas. Algumas crianças con­
tentam-se com brincar só com um ou dois brinquedos de
encaixar, ao passo que outras exigem uma grande diver­
sidade dc brinquedos.
Quando uma criança desta idade se cansa de deter
minado brinquedo, deixa-o cair, muitas vezes para trás
de si. Pode, no entanto, voltar a brincar com ele mais tar
dc. Quando já está cansada, geralmente ao fim de uma
hora, muda para uma atividade motora mais violenta,
dá saltos dc cima de uma caixa, esconde se num arma
rio e fecha a porta, e pode, por fim, virar todas as cadei­
ras de pernas para o ar. Pode também, eventualmente,
voltar a estragar o papel ou o reboco da parede Se ago
ra o faz é já com uma técnica mais apurada, utihzando
um objeto qualquer como ferramenta para melhorar a
sua eficiência.
Am^(h()lios5(lflos

O barulho da sua crescente atividade motora «mun


cia à mãe que esta chegando o momento de levá ki p,H tl
fora. Nada é mais grato à criança desta idade do quc (>u
vir então a mãe bater à porta e convida la a enliai Sc .1
mãe estiver ciente das vias do desenvolvimento, nao dira
"Meu Deus, mas que desordem está este quarto' mas
antes, "Ei, isso e que foi uma boa brincadeira, hem ?
Sabe também que não c esse o momento dc a
criança a ajudar a pôr novamente o quarto em ordem
Deve é leva la logo para o banheiro e depois para fora da
casa, onde o espaço é mais vasto e os movimentos do
corpo são mais livres. O equipamento das brincadeiras
ao ar Ií\tc dos 2 anos continua ainda a interessar a crían
ça. Mas agora também é capaz de lidar com caixas resis
tentes, vazias, que ela adora levantar do chão e transpor
tar de um lado para outro, e de cima das quais gosta dc
saltar, e com caixas de papelão bastante grandes para
que possa meter-se dentro delas. Um balde de água que
ela seja capaz de encher e depois de despejar no seu tan
que de areia faz as delicias de uma criança desta idade.
Brinca, contente, até a hora do almoço e, chegada ela,
não quer, muitas vezes, largara brincadeira. Cumpre en­
tão à mãe levá-la para dentro de casa, sem que ela perce­
ba que está sendo enganada.
[Entre as desculpas mais eficazes inclui-se uma alu­
são da mãe a qualquer alimento predileto, uma missão
"importante" a confiar à criança, tal como a de levar um
pão para dentro de casa, ou jogar o jogo de "encontrar a
mamãe", quando a criança já sabe previamente atrás de
que porta é que ela está escondida.]

Sociabilidade

O ritualismo característico da criança de 2 anos e


meio pode fazer sentir arduamente o seu peso sobre toda
a família. É natural que a criança desta idade saiba os lu­
gares de todas as coisas e insista em que todas elas se
conservem nos seus lugares. Não é este um bom mo­
mento para modificar a disposição dos móveis da sala de
estar. As cadeiras devem ser colocadas numa determina-
,^an^eximen,°

da posição e certos retratos devem continuar em cima de


certas mesas.
É nesta altura que o pai aprende a pendurar o casa­
co, porque o filho de 2 anos e meio pode não tolerar que
ele o atire para cima da cadeira do vestíbulo. A criança é,
no entanto, muito mais eficiente em cuidar das coisas das
outras pessoas do que das suas, que se encontram, fre­
quentemente, numa situação caótica. Também pode lem­
brar-se exatamente da maneira como as rotinas domésti­
cas têm sido processadas e insistir na sua repetição exata.
O pai tem de calçar os chinelos, quer queira quer não. Só
ela é que deve levar para dentro de casa as embalagens
de leite. Se se levanta tarde e já as encontra na geladeira,
a única coisa a fazer é pô-las de novo no alpendre da en­
trada, fechar a porta e repetir a rotina toda como se nada
tivesse acontecido.
As suas atitudes dominadoras são, por vezes, difí­
ceis de aceitar pelas outras pessoas. Pode ordenar a uma
que se sente aqui, a outra que faça outra coisa, e ainda a
uma terceira que vá embora. Se a mãe compreender que
o filho está simplesmente atravessando uma temporária,
mas esplêndida, fase ditatorial, poderá reagir às ordens
dele com um pouco mais de afabilidade e bom humor. A
criança precisa realmente ser tratada com uma certa sub­
serviência para abandonar a sua posição defensiva. Um
toque de humor adicionado a essa subserviência pode
produzir nela o efeito desejado.
Apesar dos seus modos imperiosos, a criança pode
realmente ser um membro muito útil da sociedade fami­
liar. Pode dar uma ajuda considerável, arrumando coisas
e executando tarefas domésticas simples, como esvaziar
os cinzeiros.
Em geral, é agora mais independente nos seus pas­
seios e tem tendência a correr à frente do acompanhante
ou a ficar para trás. Faz exigências precisas relativamente
ao lugar onde quer ir e executa-as, seguindo o seu desti­
no com verdadeiro desembaraço. Todavia, na volta, ten­
de a cair numa marcha arrastada ou a tropeçar nas per­
nas das outras pessoas. Assim, é conveniente dispor de
aualquer meio de transporte, um carrinho de boneca
onde a criança caiba, ou uma cadeirinha de rodas, para
228 A criança do 0 aos 5 anos

ajudá-la a chegar em casa. Melhor ainda será pcrmanc


cer nas imediações de casa ou efetuar os percursos de
carro. \o penodo de brincadeiras sociais, à tarde, em
casa ainda se incluem a música, a dança e os livros. Mas
a cnança também gosta de colorir figuras com lápis de
cor cortar com tesoura e resolver quebra-cabeças sem
nenhuma ajuda.
A maioria das crianças desta idade manifesta clara
preferência ou pelo pai ou pela mãe, variando essa pre­
ferência de uma criança para outra. Às vezes a criança
prefere um dos progenitores durante uma certa parte do
dia e para determinadas atividades, e o outro durante o
resto do tempo. Em geral, é menos dependente do que
era aos 2 anos. O seu afeto não tem o calor exuberante
que tinha naquela idade, mas exprime-se, com frequên­
cia, num esquema rígido de certas coisas que se tem de
fazer, como, por exemplo, um ritual de beijos. Tal como
aos 2 anos, a criança tende a exigir mais a mãe, quando
tem problemas ou durante a noite. Contudo, pode aquie­
tar-se mais depressa com o pai, no caso de aceitar a aju­
da dele.
A timidez e o retraimento dos 2 anos apresentam-
se agora com sinal contrário. No entanto, o comporta­
mento dos 2 anos e meio inclui extremos de timidez e re­
traimento, por um lado, e de aproximação e agressivida­
de, por outro. A criança reage consoante as exigências da
situação. Pode exigir a mão da mãe quando encontra uma
pessoa estranha, na rua, ou pode repentinamente "so­
car" o estranho, com poucos ou nenhum sinal prévio.
Quer muito a companhia de outras pessoas, tanto
adultos como crianças, mas não é capaz de lidar bem
com elas. E a idade de bater e atirar, especialmente quan­
do está com crianças mais novas do que ela. Contudo,
uma mesma criança pode passar de um período em que
seja habitualmente submissa demais, para outro em
que seja excessivamente dominadora. De modo geral,
brinca melhor com outra criança ao ar livre e entende-se
muito melhor com uma criança de 5 ou 6 anos, a quem
respeite e que ela aceite bem. As brincadeiras com crian­
ças da mesma idade correm geralmente melhor se forem
vigiadas, fora do lar, e, preferivelmente, num grupo de
não mais de duas ou três crianças.
229
\ criança em crescimento

Algumas crianças brincam melhor com outras no


seu próprio lar, outras brincam melhor fora dele. As que
brincam melhor em casa são, em geral, aquelas que se
ajustam mais dificilmente a lugares novos. Mas são tam­
bém as que têm maior dificuldade em consentir que as
outras crianças brinquem com os seus brinquedos. É me­
lhor, portanto, combinar com elas para que guardem as
coisas a que dão mais apreço antes de chegar a outra
criança. Então é mais fácil para elas partilhar os brinque­
dos a que não têm amor.
As que brincam melhor fora de casa são, com fre-
qüência, aquelas que se ajustam depressa e variam tam­
bém rapidamente. Gostam de novidades e é fácil ajusta­
rem-se a uma criança que se prende àquilo que já tem.
Para levar estes dois tipos de criança a se realizarem de
forma mais completa, o ambiente ajuda a criança caseira
a desapegar-se finalmente do lar e das suas coisas, sain­
do para fora dele, ao mesmo tempo que ajuda também a
criança aventureira a prender-se um pouco mais às coi­
sas do lar, ajustando-a a brincar em casa com outras
crianças. Este processo de ajustamento aos outros toma-
se mais urgente nesta idade dos 2 anos e meio.
Perfil do comportamento

Os 3 anos são uma espécie de maioridade. As linhas de de­


senvolvimento anteriores convergem para um mesmo ponto.
Os extremos contraditórios de há seis meses cederam o lugar
a um elevado grau de autodomínio. Fàra a pouca idade que tem,
a criança de 3 anos está perfeitamente senhora de si. Longe
de contrariar, procura agradar e obedecer. Chega mesmo a
perguntar "Faço assim?", como se ela própria fosse sensível
as exigências da cultura. É sensível aos elogios e aprecia um
humorismo simpático. Presta notável atenção às coisas que
lhe dizem e demonstra muitas vezes uma seriedade invulgar.
Se um grupo de pais fizesse novamente uma votação secreta,
desta vez para decidir qual a idade mais encantadora do pe-
nodo pré-escolar, seria talvez a criança de 3 anos quem rece­
bería maior número de votos.
O crescente autodomínio da criança desta idade tem uma
base motora. Os seus pés são mais firmes e mais ágeis; cami­
nha em posição ereta e é capaz de dar voltas apertadas sem
fazer as complicadas manobras que há poucos meses fazia.
Toda a sua organização motora está mais equilibrada e mais
fluida; já não anda com os braços esticados, mas balança-os
um pouco à maneira do adulto. Gosta de subir e descer esca­
das correndo, mas agradam-lhe também os passatempos se-
232 .
i ------------------- A criança do 0 aos 5 anos

dentários que exigem uma delicada coordenação motora. É sig­


nificativa a maneira como consegue limitar e orientar convc-
nientemente os traços do lápis para imitar o desenho de uma
cruz. Aprende bem as formas e isso dá-nos a idéia de que os
pequeninos músculos que comandam os seus olhos atuam com
maior facilidade do que antes. Adquiriu também um conside­
rável domínio inibitório dos esfíncteres e é capaz de ir sozinha
ao banheiro quando é preciso, durante quase todo o dia. E para
não passar em claro outro pormenor doméstico importante,
note-se que é capaz de abotoar e desabotoar os seus botões
sem os arrancar!
Há, no âmbito da sua atenção e percepção, qualquer coi­
sa especificamente ligada ao número "três". É capaz de repe­
tir três algarismos e começa a contar até três; enumera três
objetos de um quadro; já está familiarizada com as três formas
fundamentais, o círculo, o quadrado e o triângulo; é capaz de
combinar três blocos de maneira a construir uma ponte. A
I maioria das suas frases e perguntas é constituída por três pa­
lavras. Gosta de comparar dois objetos e isso implica uma ope-
1 ração lógica de três fases.
Escuta as palavras com uma segurança e uma compreen­
são cada vez maiores. Gosta mesmo de se relacionar com pa­
lavras novas, mostrando-se aparentemente intrigada com a
sua novidade fonética. Aprendeu já a ouvir os adultos e ouve-
os para aprender com eles. Emprega as palavras com maior
confiança e com uma inflexão inteligente, embora não consi­
ga vencer a pronúncia infantil antes do 4 ou 5 anos. A fim de
as praticar, monologa e representa, combinando assim a ação
com as palavras. Cria situações teatrais para experimentar e
aplicar as palavras do seu vocabulário. Alarga, desse modo,
em extensão e profundidade, o seu domínio das palavras. Es­
tes esquemas de ação e pensamento, bem como os esquemas
posturais, virão a salientar-se no seu comportamento da esco-
la-creche.
A vida de grupo da escola-creche, para a qual ela se en­
contra agora perfeitamente apta, irá revelar também os pro­
gressos que estão se registrando no seu comando das relações
interpessoais. Essas relações são as mais difíceis e complica-
233
A cnança em crescimento

„ A..AÍS a criança em desenvolvimento irá se de-


parar°A natureza dotou a criança de 3 anos com um interesse
nelas outras pessoas. Observa-lhes as expressões do rosto a
fim de descobrir o que essas expressões significam. Nao esta
lendo um livro, mas está lendo as expectativas dos mais ve­
lhos do que ela. Está fazendo uma distinção importante entre
um obstáculo físico e um obstáculo pessoal. Por vezes, no en­
tanto, ainda se lança contra um ou outro deles, não obstante
o fato, em geral, de sentir o desejo de agradar. É capaz de ma­
nifestar simpatia. A sua indiferença infantil desfez-se junta­
mente com outras inaptidões. A emoção desenvolve-se como
se desenvolve a inteligência.
A sua noção do tempo é fraca, mas bem definida dentro
das suas limitações. Distingue entre o dia e a noite. É capaz de
dizer e de compreender a expressão "Quando chegar a hora".
Da mesma maneira, é capaz de se deixar dissuadir um pouco
pela cultura e de se manter em expectativa. Por outras pala­
vras, podemos chegar a acordo com ela e é capaz de aguardar a
sua vez.
Isto constitui um progresso psicológico notável e um bom
prenuncio para o futuro — se a cultura for capaz de organizar-
e as suas crescentes capacidades para um comportamento
de auxílio mútuo. Estas capacidades e as suas limitações pa­
tenteiam-se na liberdade organizada de um grupo de escola-
creche convenientemente orientado. Mas não devemos nos
esquecer de que o seu espírito de cooperação se encontra ain­
da numa fase nascente. Ela é ainda uma criança em idade
pré-escolar. Os seus atos de colaboração na creche serão ain­
da vagos e desconexos. Precisa desenvolver também a sua in­
dependência, brincando sozinha. Não devemos contar com
ela em demasia.

Comportamento diário
a cna hora de acordar ainda é variável, se bem que a mar-
A não seia tão grande como anteriormente. A
gem de vanaçacord^ digamos, por volta das 7 horas. Pode
criança ae^
. Acriançnd,-t

acordar enxuta E frequente choramingar um pouc o ll(J fj, (|jf


so desse primeiro despertar e chamar pela mãe, qu< pronid
mente acode e a leva ao banheiro. Se parece ainda
como muitas vezes acontece, volta para a cama, talvr / p,lfd jí>r
mir um soro suplementar. Um despertar destr hpn <'■
que um processo de descongelamento Por volta das 7 <• rrHjd/
esta' pronta a ir para o quarto dos pais e, agora, jã totahnf*ni<
desperta, gosta de brincar com certa atividade, no c hao ou on
cirra da cama.
Veste-se, enquanto os pais se vestem, necessitando pi­
nas de uma Lgeira ajuda durante essa operação.
Toma a primeira refeição em torno das 8 horas, soz/nha
ra sua mesinha pequena ou então juntamente com os pais, <■
come pela mão dela quase roda a refeição. Pode mesmo ir de­
pois sozinha ao banheiro. Passa a ter mais confiança em si rr\( s
ma e gosta de ajudar sempre que pode. Assim, pode dar uma
ajuda para tirar a mesa da primeira refeição pode ser a (‘Ia a
Lavar os talheres.
A criança de 3 anos mostra se disposta para qualquer ah
vidade de grupo em duas ou três manhãs por semana. Apron
ta se com entusiasmo para esse passeio estimulador. Se ína
em casa, esta pronta, por volta das 9 horas, para uma sessão d<>
brincadeira independente, Essa brincadeira é urn pouco m<
nos estouvada do que era seis meses antes. Quando a mãe a
.em buscar, a criança pode ajuda la a arrumar os brinquedos,
Lã: para o banheiro Jogo que lhe deem a mais leve sugestão
Por volta das 11 horas, pode acompanhar a mãe ao mer
cado, no que ela agora não tem nenhuma dificuldades ít uma
experiência sempre bem acolhida, lambem gosta de ir para o
extericir da casa dar uma volta de triciclo ou brincar um pouco
no gjr>ásio caseiro do pátio.
fmdo esse període^ de brincadeira, vai para o banheiro
assim qup a façam lembrar e lava as mãos sozinha, a sua ma
ne;ra. O alrnoço, por volta das 2 e meia da tarde, pode ser a
sua melhor refeição. Corne o quase todo pela mão dela, mas
gosta de ter a mãe junto de si. Esta intervém com uma ajuda
fortuita, rr as não precisa ajuda la a acabar a refeição como
arderiormenu O almoço é ainda servido melhor em pratos
235
' ncífiWWEnw

Na sua próxima ida ao banheiro pode -,< r qu<- tenha ,lrr,;i


dejeção.
Nãoé preciso apressa la nas rotinas diárias A < nança f;i/
r ^♦□ralmente as suas transições e adaptações õ<*nt<* s< mais
independente e pode exigir que a s<*sta de urna hora seja sirn
plesmente uma "sesta de re< r<do,z, isto é, um período d< d<-,
contração e de descanso. Sobe < des< <• da < ama /árias v< z< s (
pode adormecer ou não. Se nao < hega a adorrne< <-r, vai apr<
sentar se a mãe, como que a dizer lh<s "Já está na hora " ‘
ainda não está, volta para a sua sesta de biin< adejra, p/'r;ilm<'n
te sem protestar.
Vai novamente ao banheiro, quando a lembram, por volta
das 3 horas. Precisa de muito pouca ajuda, (insta de h <j,jr Uín
passeio à tarde, ate a casa de outra criança sua amiga Brinca
rnelhor ao ar livre.
No regresso a casa, não é natural que faça quaisquer <-/i
géndas excessivas. Gosta de ajudar nos preparativos para a
refeição da tarde e apresenta mesmo as suas sugestões rrlati
vamente às coisas que gostaria de ter para o jantar, que é mais
ou menos as 5 e meia da tarde. Pode pre< isar um pouco mais
de ajuda da mãe para concluir essa refeição da tarde
Brinca satisfeita até cerca das 6 e meia, preferindo ím
qüentemente brincar com os quebra cabeças ou fazer repre
sentações teatrais. Gosta de brincar uma meia hora com o pai
Aprecia um entretenimento social tranqüilo, como ouvir dís
cos ou histórias.
O banho pode continuar a ser em torno das 7 horas. Mos
tra se mais uma vez interessada em ajudar nos preparativos,
mas os seus "ritualismos" são muito menos rígidos Estão se
transformando numa cooperação mais ajustada. Aquelas exi
gências que faziam perder muito tempo estão desapanu endo
e, por volta das 7 e meia, a criança já está deitada, podendo vn
a dormir dali a meia hora. Não precisa de grande auxilio para
adormecer; todavia, a mãe pode contar lhe uma histona s>m
pies, por exemplo, acerca do que a criança fazia quando era
a"‘d Pode não necessitar de que a levantem de noite paia ir ao
banheiro. Dorme cerca de doze horas.
236 A cnança do 0 aos 5

Sono

Noite

Há numerosos vestígios do comportamento dos 2


anos e meio que persistem ainda na criança de 3 anos.
A maturidade que revela à luz do dia parece abandona
la pouco a pouco, à medida que a noite se avizinha e a
criança volta a ser, pelo menos em parte, aquilo que era
antes. Está, no entanto, deixando de lado muito do seu
ritualismo, e o que dele ainda resta pode ser tratado
mediante expedientes simples, tal como o de a mãe fe­
char os olhos e dizer que não os torna a abrir enquanto
a criança não estiver sob as cobertas. Aos 2 anos e meio,
a mãe teria de retirar-se do quarto e fechar a porta.
Agora basta que retire dali o seu olhar, cerrando as pál­
pebras. Tal como aos 2 anos e meio, a criança muitas
vezes adormece mais depressa com outra pessoa do que
com a mãe.
A criança desta idade não se importa, em geral, de
que a levantem entre as 10 horas e a meia-noite para a
levarem ao banheiro, embora a maioria delas não tenha
necessidade dessa precaução. A insônia é, no entanto,
um fenômeno comum aos 3 anos e é muitas vezes nesta
idade que uma vida noturna principia. Um certo tipo de
criança sai facilmente sozinha do berço, vai ao banheiro,
desce a escada, tira da geladeira qualquer coisa para co­
mer, "lê" uma revista ilustrada depois de ter acendido a
luz da sala de estar e pode ser encontrada na manhã se
guinte dormindo no sofá. Outro tipo de criança conversa
sozinha na cama durante uma ou duas horas; e ainda um
tcrceno tipo insiste em ir meter se na cama com os pais
í: nesta idade que a criança começa a fazer referência aos
Honhou que tem Embora estes possam acordá la, é raro
que ela seja c apaz de os t ontar
o acordar de manha é ainda mair, diíí< il do que o
adormer er à noite lal como aos ? anos e meio, a hora de
a< ordat Varia entre as 6 e as 8 da manha A < riança apre -
tenla se mudas ver.es fatiada ao a< ordat, < hupa o dedo
cho,ammK„de modo geral, atravessa um período ddí '
mi< iar o seu dia Iende mar, a chamar para que vao
237
AcnanfBem crescimento

levantá-la do que a levantar-se sozinha. Se consenti


rem que vá brincar na cama dos pais (quando for hora
razoável de o fazer), começa o dia com maior facilidade e
satisfação.
Algumas crianças acordam durante a noite, se os
pais saírem de casa, e choram até vomitarem ou até o re­
gresso dos pais. Algumas podem ser capazes de se con­
formar, se os pais lhes disserem antecipadamente que
tencionam sair. Pode bastar à criança que os pais lhe di -
gam no momento em que estão para sair de casa, ou pode
ser necessário que a avisem até com um dia ou dois de
antecedência. Quando tais avisos não produzem o efeito
desejado e a criança persiste em chorar, os pais poderão
ter que passar as noites em casa até que a criança seja ca­
paz de se adaptar, mais tarde, à situação de eles saírem.
Quando a criança se levanta de noite e perambula
pela casa sem chamar ninguém, pode ser que, deixando-
lhe a porta do quarto fechada, isso a obrigue a chamar.
Muitas delas têm necessidade de ir ao banheiro ou de co­
mer alguma coisa.
Quando a criança insiste em meter-se na cama com
a mãe, pode ser razoável ceder à sua exigência, mas avi­
sando-a antecipadamente de que a irão pôr outra vez no
berço depois de ela adormecer. Se acorda e chora quando
a repõem no berço, a mãe pode ter que deixá-la dormir
junto dela. Este tipo de exigência é, muitas vezes, limitado
pela própria criança a uma semana de duração. Quando,
porém, persiste por mais tempo, a criança poderá reagir
melhor se o pai substituir a mãe no manejo da situação.

Sesta

É nesta idade que começam as "sestas de recreio"


() próprio fato de se chamar a esse período em que a
cnança fica repousando no seu quarto "sesta de recreio'
ou "sesta de brincar" parece, muitas vezes, torna Io rnais
aceitável Pode haver um período dc dois a trés meses,
entre os 2 anos e meio e os 3 anos de Idade, em que a
cnança nao durma durante a sesta Volta, muitas vezes,
jos 3 anos, a dormir uma sesta verdadeira, mas isso nem
238 A criança do 0 aos 5 anos

sempre acontece. Quando uma criança desta idade dor­


me a sesta, pega geralmente no sono mais depressa do
que aos 2 anos e meio. A duração da sesta reduz-se para
uma ou duas horas, e o despertar, embora lento, não en­
volve as complicações que envolvia seis meses antes.

Alimentação

Apetite - As variações dos 2 anos e meio estão agora


mudando para um apetite razoável. A primeira refeição e
jantar são, com mais ffeqüênda, as refeições melhores,
embora haja muitas variantes. A ingestão de leite está ni­
tidamente aumentando.
Refeições e preferências - São menos acentuadas do
que eram dos 2 anos para os 2 anos e meio. A carne, as
frutas e o leite encontram-se agora na lista das preferên­
cias. As sobremesas e os doces são os mais desejados,
mas não podem ser considerados ainda como uma meta
a ser atingida (conforme serão aos 4 anos). As hortaliças
vão sendo aceitas pouco a pouco. A criança quer muitas
vezes alimentos que exijam maior mastigação, tais como
vegetais crus, batatas com a casca ou came com osso
(costeletas).
Alimentação com colher- A criança segura agora mais
a colher entre o polegar e o indicador. Algumas meninas
seguram-na mais à maneira dos adultos, com a palma
da mão virada para dentro. Os meninos, no entanto, é
mais natural que virem a palma da mão para baixo. En­
chem a colher com facilidade, empurrando o bico para
dentro da comida e rodando ao mesmo tempo a colher
em direção a eles. A comida pode ser introduzida na boca
de lado ou de bico. A criança executa uma boa rotação
do pulso e, se há algum derrame, é muito pequeno. Exi­
ge, muitas vezes, um garfo, especialmente para espetar
pedacinhos de came.
Beber na xícara - Segura agora a xícara pela asa, à
maneira adulta. Já não precisa da ajuda da mão livre.
Continua a inclinar a cabeça para trás, para não perder
nem uma gota. Mais tarde, esta função será desempenha­
da unicamente pelas mãos.
239
A cnança em crescimento __------- ---

Auto-ajuda - Embora a criança de 3 anos coma bem


pela mão dela, pode não comer adequadamente à mesa
com a família. A situação pode tomar-se excessivamente
complicada. Tende a exigir a atenção de toda a gente e
quer ter as coisas todas à sua vista. A tendência que tem
para se atrasar obriga a insistir com ela, a dar-lhe a comi­
da, ou a deixá-la ficar sozinha à mesa, depois de a família
já se ter levantado; assim, talvez seja melhor dar-lhe a re­
feição mais cedo.
Começa nesta altura a pedir que lhe dêem as comi­
das de que mais gosta quando lhe estão preparando as
refeições.

Eliminação

Intestino — O número de dejeções diárias é de uma


ou duas, podendo falhar ocasionalmente um dia. Quan­
do há uma dejeção só, esta ocorre com mais freqüência
depois do almoço; quando há duas, a outra ocorre com
mais freqüência depois da primeira refeição. São muito
poucas as crianças desta idade em que uma das dejeções
esteja associada com a sesta. Muitas crianças vão para o
banheiro sozinhas, quer avisem antes ou não, mas ainda
querem ajuda depois de terem acabado.
Bexiga - A maior parte das crianças tem as suas roti­
nas estabelecidas, com um período de retenção bastante
longo e sem "descuidos" durante o dia. Se ocasional­
mente há um descuido, a criança insiste em que lhe mu­
dem a cueca ou a calcinha logo em seguida. A maneira
mais corrente de pedir exprime-se em termos gerais,
como: "Vou ao banheiro."
A maior parte das crianças aparece normalmente
enxuta depois da sesta e assim também de manhã, sem
ter havido necessidade de as levantar durante a noite.
Há, no entanto, um certo número de crianças que ainda
estão dependentes de as levantarem por volta das 10 da
noite, e algumas aparecem molhadas uma ou duas vezes
por semana, ou altemadamente enxutas e molhadas du­
rante várias semanas a fio.
240
- A cnança do 0 aos 5 flflOs

Banho e vestir

Banho - Persistem muitos dos esquemas dos 2 anos


e meio, embora os rituais do banho sejam menos compli­
cados e mais sujeitos a mudanças. As crianças insistem
mais agora em ajudar a lavar-se, pelo menos parcialmen­
te. Ainda resistem a sair do banho, mas, em geral, dá
bom resultado o estratagema de fazerem à mãe a surpre­
sa de saltar da banheira enquanto ela está com os olhos
fechados.
Vestir - Nesta idade, a operação de vestir decorre
com mais calma do que aos 2 anos e meio, uma vez que a
criança está mais interessada em ajudar e, por conse-
qüência, é menos provável que fuja. Despem-se ainda
com maior interesse e habilidade do que se vestem. A
maioria das crianças despe-se bem e com bastante rapi­
dez. A capacidade recém-adquirida de desabotoarem
não só os botões da frente mas também os laterais, facili­
ta-lhes essa operação.
Calçam as meias e os sapatos e vestem a cueca ou a
calcinha e, por vezes, também as camisolas ou os vesti­
dos. Contudo, nem sempre conseguem distinguir a parte
de trás e a parte da frente, nem abotoar os botões e, em­
bora tentem amarrar os cordões dos sapatos, geralmente
fazem-no mal. A auto-ajuda, no que respeita ao vestuá­
rio, depende também da boa ou má disposição da crian­
ça, pois um dia faz bem o que no dia seguinte já não faz.

Atividade individual

O planejamento da atividade da criança é agora


muito mais fácil. Podem-se usar as técnicas com muito
menos rigidez, e a maneira de lidar com uma criança de 3
anos é, em muitos casos, tão simples e natural que nem
há necessidade de utilizar conscientemente nenhuma
técnica. Tal como nas idades anteriores, a criança, quan­
do não está na escola-creche, passa melhor as manhãs
bnncando sozinha no seu quarto ou num recinto vedado
do pátio. Aceita com satisfação esses locais preparados
I para seu uso, desde que não a obriguem a permanecer
241
Acnan(‘>^cresciment° '----------------------

neles tempo demais. Mas, em geral, brinca tão satisfeita


e tão bem que é agora a mãe que tem de interromper-
lhe a brincadeira quando chega o momento de passar
para outra atividade. A criança satisfaz ela própria as
suas exigências e precisa apenas de uma ajuda concreta
para lembrar que é hora de ir ao banheiro ou de comer
sua refeição.
Abre-se para a criança de 3 anos um novo mundo
de imaginação. Pode ter agora um carro de bombeiros a
mais, blocos de construção maiores e um novo quebra-
cabeças e, se é capaz de lidar sozinha com os lápis sem
rabiscar as paredes, pode ter também um livro de figuras
para colorir e os respectivos lápis de cor. Nesta idade, co­
meçam a acentuar-se mais do que antes as diferenças de
sexo, no tocante à escolha dos materiais de brinquedo.
É interessante ver o quarto de uma criança de 3 anos
após ela ali ter estado brincando sozinha. Não tem o as­
pecto caótico do quarto de uma criança de 2 anos e meio.
Há escassos vestígios da sua atividade lúdica e ela pode
ter algumas histórias para contar a respeito daquilo que
esteve fazendo. Gosta de se demorar por ali e ajuda mes­
mo a arrumar os brinquedos, embora não tome ela pró­
pria essa iniciativa e apenas o faça por um sentimento de
camaradagem e somente quando isso lhe for sugerido.
Após ter ido ao banheiro e, possivelmente, depois
de uma soneca no meio da manhã, fica contente por ir
para fora. O triciclo, que pode ter sido a sua aquisição
mais recente, é, muitas vezes, o que lhe desperta maior
interesse. Em geral, já sabe andar nele, mas, quando ain­
da não sabe, gosta pelo menos de andar com ele às vol­
tas. Outra novidade no seu recinto de brinquedos pode
ser um ginásio, com escadas, balanços e argolas de sus­
pensão. Pode ficar indefinidamente brincando com essas
coisas e sentir dificuldade em largá-las quando chegar a
hora do almoço.

Sociabilidade

A criança de 3 anos tem idéias menos concretas do


que a de 2 anos e meio acerca do arranjo da casa. Por
isso, é-lhe mais fácil aceitar sugestões e pode dar à mãe
242
A cnança do 0 aos 5 anos

unia ajuda considerável na limpeza dos pratos, na arru­


mação de coisas e transmitir recados simples. É uma
criança mais fácil de aguentar dentro de casa, agora que
já não se intromete demasiadamente com as coisas em
que não deve tocar.
Gosta de dar os seus passeios fora de casa, à tarde, e
muitas vezes prefere ir no triciclo. Quando se planejou a
saída com um destino determinado, guarda em mente o
plaino estabelecido, mas é raro pedir espontaneamente
que a levem a visitar algum amigo.
Agrada-lhe, no entanto, que o passeio projetado
seja uma ida à casa de outra criança. Prefere, realmente,
à tarde, a companhia de outras crianças, mas ainda não
é capaz de revelar esse desejo, a menos que seja habitual
ir encontrar-se com determinada criança. Duas crianças
de 3 anos brincam melhor ao ar livre, com equipamento
apropriado para uma atividade motora violenta, e podem
entreter-se bem sozinhas durante vinte a trinta minutos
Para além desse período, precisam geralmente ser vigia­
das e orientadas. Se uma criança de 3 anos não for vi­
giada, tende a abandonar o companheiro, ou então a
agredi-lo: morde-o, arranha-o, empurra-o e dá-lhe pon­
tapés.
Se tiver dificuldade em ajustar-se a outras crianças
da sua idade, mesmo quando vigiada, é melhor deixá-la
andar sozinha e planejar pequenos passeios para ir ver
coisas e lugares, ou arranjar uma maneira de ela brincar
com uma criança de 5 ou 6 anos, a qual a obrigará a fazer
um jogo franco ou cederá aos seus desejos imaturos quan­
do não conseguir manobrá-la de outra forma.
Conforme mencionamos ao tratar do comporta­
mento dos 2 anos e meio, há um tipo de criança que brin­
ca melhor em casa e partilha mal, e outro tipo que brinca
melhor fora do lar e partilha com generosidade. O pri­
meiro tipo é o da criança que brinca melhor com crianças
de idade superior à sua.
O progenitor preferido é geralmente a mãe. A crian­
ça gosta de se referir a ela própria e à mãe, em conjunto,
dizendo "nós". Acaba justamente de ganhar uma nova
I consciência emocional de si própria Dos 2 anos e meio
para os 3 anos progrediu para além do sentimento de
A criança cin crescimento 243

"eu" e das suas próprias necessidade, e de "você", com as


respectivas exigências à outra pessoa. "Eu" e "você" são
complementares, porque muitas vezes ela quer fazer so­
zinha coisas de que não é capaz e pede ajuda da mãe
para aquelas que pode fazer sozinha.
O desenvolvimento e a reorganização fazem com
que ela perca parcialmente esse sentimento de "eu" e
"você" e regresse, de algum modo, à primeira infância.
Com a ajuda da mãe, toma a viver emocionalmente a sua
vida inteira. Quando está fatigada, pede que lhe peguem
ao colo e quer ser um bebê. Pode, efetivamente, chegar a
dizer: "Sou um bebê. Não sei falar, não tenho dentes e
não tenho cabelo." E, se se levar a sério, pode mesmo ar­
rancar alguns cabelos. Mas, se se apega com mais afinco
à realidade presente, o que é mais comum, pode dizer:
"Sou um bebê. Quero a mamadeira. Durmo lá fora no
carrinho, mas sei falar."
Uma mãe sensata ajuda a criança a reviver a sua
primeira infância. Responde a todas as suas perguntas e
conta-lhe coisas de quando ela era pequena. A criança
quer saber o que é que vestia e como é que chorava, como
falava e como ria, onde dormia e como a alimentavam.
Gosta de que lhe falem mesmo dos receios que já deixou
de ter. Gosta particularmente de ouvir essas histórias de­
pois de a terem metido na cama e pode entreter-se ou-
vindo-as vezes e vezes sem conta.
Mas, finalmente, perto dos 3 anos, ela é um pouco
mais velha e já viveu, passo a passo, muita coisa da sua
vida anterior à idade que agora tem. Então está pronta
para adiantar-se à mãe, para olhar para a frente em vez
de olhar para trás, para pensar nela própria em relação ao
futuro, quer o futuro seja amanhã, o próximo dia de esco­
la ou o próximo dia de festa. Algumas crianças aferram -
se a esse reviver das suas vidas passadas, e especialmente
da sua primeira infância, até perto dos 5 anos.
[A criança pode estar apta, nesta idade, a escolher
entre duas alternativas e gostar de fazer opções simples
Assim, quando ela demora a entrar em casa para o almo­
ço, podemos perguntar-lhe. "Quer entrar pela porta da
frente ou pela porta de trás?". Ou. quando demora muito
para vestir-se, podemos fazer-lhe esta pergunta: "Quer
vestir o macacão azul ou o verde?"
244
•'5,p;,.,

As que ainda nào são capazes de escolher precisam


de que lhes planejem as coisas antecipadamente. "Vamos
à loja comprar as bolachas de chocolate.' Se deixarmos
que uma criança deste tipo faça a sua escolha, irá com cer­
teza mudar de opção no meio do caminho de casa e fará
uma birra séria porque não lhe fizeram a vontade.
Não deve repartir-se a autoridade sobre uma mes­
ma situação concreta entre a mãe e o pai. A criança tem
de saber que é a mãe quem decide acerca das roupas, das
bolachas, etc., e o pai acerca do conserto dos brinquedos,
dos passeios à estação do trem, etc. Não deve consentir-
se, especialmente, que a criança lance um dos pais contra
o outro.
XVIIL 3 anos e meio

Perfil do comportamento

Rarece acontecer qualquer coisa de confuso e inesperado


à criança de 3 anos, insinuante e submissa, quando ela chega
aos 3 anos e meio. De onde lhe vem todo aquele desassosse-
go e rebeldia? Por que tamanha oposição e tantas recusas a
obedecer, ou, sequer, a tentar obedecer?
A compreensão dos mecanismos da criança de 3 anos e
meio, que primeiro atira a linha para muito longe e depois a
puxa para muito perto, pode ajudar-nos um pouco. E será van­
tagem que os pais se disponham a enfrentar a provação numa
atitude calma, mas enérgica e decidida, pois este período é
muito difícil. A mãe, em especial, poderá manter-se mais se­
rena, se for capaz de criar um vivo interesse por todas as va­
riadas manifestações de uma fase incontestavelmente confusa
e trabalhosa como é esta. Terá de desenvolver a capacidade de
mobilizar todo o seu engenho para contornar ou superar as
inúmeras dificuldades que a criança exprime e experimenta.
Seja qual for a tarefa e seja qual for a situação, a criança
de 3 anos e meio parece encontrar o seu maior prazer em re­
cusar e em insistir em que as coisas se façam de maneira dife­
rente - a sua maneira.
Os 3 anos são uma idade submissa. Os 3 anos e meio são
precisamente o contrário. Recusar-se a obedecer é, talvez, o
246
A cnança do 0 aos 5 anos

aspecto básico deste período agitado e perturbado da vida da


criança. Parece, às vezes, à mãe, que a preocupação dominan­
te da criança é a de robustecer a sua vontade, e que a robuste
ce opondo-se a tudo quando lhe seja exigido por aquela que é
ainda a pessoa mais importante na sua vida, ou seja, a mãe.
São muitas as mães que descobrem que o fato ou a oca­
sião mais inocentes podem provocar uma rebelião total. Ves­
tir, comer, ir ao banheiro, levantar e deitar - toda e qualquer
rotina pode servir de palco e de cenário a uma luta sem trégua.
As técnicas e os estratagemas que davam bons resultados já
não são de êxito seguro. Contudo, a reação materna, de idên­
tica oposição, pode abrandar-se, se ela souber que, em breve,
o filho, quando chegar aos 4 anos, irá desenvolver um concei­
to de si próprio suficientemente forte para, algumas vezes, ser
capaz de obedecer, e, outras, dar-se o gosto de sair dos limites
e dizer e fazer coisas que ele sabe perfeitamente bem que não
lhe são permitidas.
Por vezes, a criança de 3 anos e meio parece ser incapaz
de fazer mesmo uma coisa tão simples como ir dar um pas­
seio com a mãe, o que antes era tão do seu agrado. Agora é
uma característica sua parar no meio do caminho e teimar em
não dar nem mais um passo. Nesta idade pode até nem gos­
tar de passear e preferir ficar em casa. Nesse caso, a melhor
técnica poderá ser a de alterar consideravelmente o programa
do dia, ficar em casa e criar-lhe ali novos interesses, especial
mente na cozinha. A atividade relacionada com a feitura de
coisas simples, como molho de maçã ou biscoitos de gengi­
bre, com os aromas apetitosos que a acompanham e aos quais
a criança está se tomando cada vez mais sensível, pode dimi
nuir-lhe a tensão.
A criança desta idade, embora se recuse energicamente a
fazer o que exigem dela, exige muito dos outros. Não faz ceri­
mônia nos seus conselhos e advertências: "Não sente aí", "Não
ria para o papai", "Não leia o jornal", "Brinque comigo". Tem
de ser ela a ditar todas as leis e parece que só se sente segura
quando está comandando.
Mas também se deixa apanhar na sua própria armadilha
Pode dominar os outros com os seus "Não olhe" e "Não ria';
247
/A criança cm crescimento

mas, mais tarde, há de querer que eles olhem e riam, e sente-


se posta à margem quando não consegue captar-lhes toda a
sua atenção. Põe os pais a dançar na corda bamba. E o íaz de
maneira tal, que certas mães, mesmo das mais treinadas em li­
dar com filhos, só se sentem felizes quando deixam uma crian­
ça desta idade entregue a uma jovem que tome conta dela.
Pode ser uma grande frustração para uma mãe experimentada
e normalmente eficiente ver que uma moça qualquer conse­
gue entender-se melhor com o filho do que ela própria. O
fato, porém, é que a criança de 3 anos e meio parece ser ex­
traordinariamente perceptiva às reações alheias. Ela sabe que
aquela moça não se importa, realmente, que ela coma ou fique
com fome, que ela repouse ou se canse. Então, a criança, com
requintada sensibilidade, dá o desgosto à pessoa que o sente,
isto é, à mãe. Nenhuma mãe de uma criança desta idade de­
veria hesitar em lançar o fardo das rotinas diárias para os om­
bros de uma pessoa estranha, mas que, no momento, pode
ser a mais indicada para essa tarefa.
A mãe pode entreter-se melhor com o filho se compreen­
der as autênticas dificuldades que ele está atravessando. Em­
bora aos 3 anos já trepasse com facilidade, agora tem medo
das alturas e quer que o tirem de lá para baixo. Ele, que tinha
anteriormente uma coordenação tão segura, anda agora sem­
pre tropeçando e caindo. Pede constantemente a um adulto
que lhe pegue na mão, em especial para subir a escada. A ma­
neira de romper com isso pode ser desafiá-lo a uma corrida
escada acima. Mas só a característica rapidez dos 4 anos virá
finalmente resolver essa temporária descoordenação.
A coordenação motora delicada pode agora manifestar
uns tremores. Aos 3 anos, a criança era capaz de construir uma
torre bastante estável de dez pequenos cubos. Agora tem difi­
culdade em colocar esses cubos uns em cima dos outros. Ao
chegar ao quinto cubo, o braço e a mão tremem, e, em geral, a
torre desaba. O seu erro de cálculo das relações espaciais tam­
bém se patenteia com esses mesmos cubos quando constrói
uma ponte de três cubos. Alguns meses antes construía-a fa­
cilmente. Mas agora deixa os dois cubos da base afastados de­
mais e tem de ir aproximando-os lentamente, por tentativas,
24S ------------- A cnança do 0 aos 5 anos

ate que o cubo de cima abranja o espaço que fica entre os dois
outros.
A \oz aguda, trêmula e lamurienta revela-nos o seu des
conforto. Quando sente que está dominando e se divertindo
com isso, a sua voz pode tomar-se forte e estridente. Mas nu­
ma situação nova e difícil essa voz pode reduzir-se a um so­
pro. Os pais receiam, por vezes, que um filho desta idade seja
surdo, mas descobrem com surpresa que ele ouve melhor
quando lhe falam baixinho. A verdade é que a criança de 3 anos
e meio tem uma apurada consciência dos sons e pode ter nu­
merosos receios auditivos, tais como a explosão de um tubo
de escapamento, o apitar de uma sirene e, especialmente, o
soar de uma campainha de alarme e o ribombar de um trovão.
O gaguejar pode tomar-se uma expressão aborrecida da
descoordenação. Uma criança muito loquaz, que gagueja aos
2 anos e meio, pode voltar agora a gaguejar. Essa gagueira é
muitas vezes uma fase passageira a que não deve dar-se exa­
gerada importância.
A visão pode apresentar dificuldades especiais. A criança
desta idade não só tem medo das alturas como se queixa com
freqüência de que não consegue ver, quando lhe estão lendo
um livro, num grupo. Quer pôr-se mesmo em cima do livro e,
quando está olhando sozinha para um livro de figuras, segu­
ra-o muitas vezes quase em cima dos olhos. É melhor ler para
ela só, tendo-a, de preferência, sentada nos joelhos, de ma­
neira que ela possa ajustar o livro à sua distância visual ótima.
Com todas estas crescentes dificuldades, não devemos
admirar-nos de que a criança de 3 anos e meio diga, com fre­
qüência, que se sente confusa. Por vezes, essa confusão inte­
rior vai aumentando sempre até um ponto em que a criança
perde inteiramente o domínio de si e acaba por se sentir des­
troçada. A mãe pode tentar evitar que isso aconteça, mas, se
chegar a acontecer, pode sempre desanuviar o ambiente e aju­
dar a criança a se recompor com o calor dos seus braços. É en­
tão que a criança poderá ser capaz de exprimir-lhe os seus
verdadeiros sentimentos de sincero amor por ela.
Felizmente, nem tudo nesta idade é oposição, confusão e
incerteza. Aquela mesma criaturinha resoluta e insegura, que
A cnança cm crescimento_____________________________________ _

pode tornar a vida tão infeliz à mãe, e tantas vezes a faz, pode
também, quando estiver inclinada a isso e durante períodos
curtos, ser um verdadeiro encanto. Pode ser imaginativa e in­
ventiva, com uma autêntica capacidade para brincar. Pode ter
consciência dos sentimentos alheios e mostrar-se muito tema
nas expressões do seu afeto. A sua capacidade de linguagem é
agora abundante e variada e ela tem numerosas coisas de que
falar. O seu maior interesse pelos livros e por ouvir contar his­
tórias dá-lhe muitas horas felizes em companhia do pai ou da
mãe. O que é importante é evitar tanto quanto possível as di­
ficuldades desta idade complicada. Então a vida junto dela
poderá ser extremamente compensadora.

Comportamento diário

As mudanças verificadas nesta idade sempre nos têm


preocupado e intrigado, mas foi só depois de analisarmos a
idade dos 7 anos, na obra que em seguida escrevemos, A crian­
ça dos 5 aos 10 anos, que pudemos ter uma idéia clara da im­
portância do comportamento observado aos 3 anos e meio,
comportamento que quase se repete no nível mais elevado
dos 7 anos.
Para podermos dar ao comportamento diário dos 3 anos
e meio o frescor da vida real, teríamos de nos embrenhar de
novo nas vidas de numerosas crianças desse nível etário. Mas,
infelizmente, temos de nos contentar com o resumo geral pre­
cedente e os pormenores que se vão seguir, acerca dos diferen­
tes aspectos do seu viver.

Sono

Noite

A ida para a cama pode ser mais fácil do que era aos
3 anos. A criança é menos ritualista do que era nessa al­
tura, mas ainda gosta que a mãe lhe dê um bom espaço
do seu tempo e da sua atenção. Tal como sucede com as
250
A cnança do 0 aos 5 anos

outras rotinas, pode portar-se melhor com qualquer ou


tra pessoa do que com a mãe.
Muitas crianças dormem agora a noite inteira de
um sono só. Mas, quando isso não acontece, os pais
evitarão muitas canseiras se lhe arranjarem uma luz no­
turna que ela própria possa acender e lhe deixarem al­
gum alimento (passas, ou qualquer outro que não suje
muito) e qualquer coisa com que possa brincar. Muitas
crianças ficam de bom grado no quarto, mas, quando
não, pode-se encostar a porta para impedir que fiquem
vagueando pela casa e se metam em dificuldades.
A maioria não necessita de que as levantem de noi­
te para irem ao banheiro, mas, se isso for necessário, a
maior parte aceita-o sem oposição. A hora de deitar é,
para muitas delas, por volta das 7 horas e é comum uma
média de 11 horas de sono. Isto quer dizer que acordam
cedo. Se se planejam as coisas com eficiência, muitas
crianças levantam-se e ficam brincando sozinhas até a
hora de os pais se levantarem. Uma "surpresa" (deixada
ali pelos pais quando estes se vão deitar) pode manter
sossegadas muitas crianças de 3 anos e meio até os adul­
tos saírem da cama. Um alimento constituí uma boa sur­
presa.
Algumas delas têm sonhos e também insônia e cho­
ro provocados pelos sonhos, mas só muito poucas con­
tam o que sonharam.

Sesta

Algumas crianças podem dormir ainda à hora da


sesta, mas para a maioria delas a sesta é apenas uma
"sesta de brincadeira". A maior parte não revela grande
entusiasmo por esta rotina. É preferível que as que não
dormem tenham ao seu alcance uma porção razoável de
coisas para elas brincarem. De outra forma, tendem a
causar danos consideráveis a tudo quanto haja no quarto
e que elas possam danificar. Mesmo em relação às que
não dormem, aquele breve período de folga que uma
sesta de recreio proporciona é repousante para a criança
e essencial para a mãe, quando esta não pode contar com
251
A (Ttíinçn em crescimento

a ajuda de uma pessoa estranha. Um dia inteiro sem des­


canso com uma criança desta idade pode ser extrema­
mente exaustivo.

Alimentação

Apetite - O apetite da maioria das crianças tende a


ser razoavelmente bom. Não é tanto a falta de apetite,
mas a imperiosa necessidade da criança de 3 anos e meio
de decretar e dominar em qualquer situação, incluindo
esta mesma, o que traz mais problemas à hora das re­
feições.
Refeições e preferências - A criança desta idade tende
a rejeitar qualquer alimento que lhe ofereçam e a preferir
todos aqueles que não haja nessa altura. Tal como nas
outras rotinas, a necessidade de mandar na mãe e de fa­
zer a sua própria vontade sobrepõe-se a qualquer agrado
ou desagrado que ela sinta por determinadas espécies de
alimentos. Assim, a criança pode rejeitar ambos os gêne­
ros de sanduíches que lhe ofereçam e aceitar um terceiro,
se a mãe o propuser logo em seguida, mas então exige
que o sanduíche seja cortado ao meio. Se a mãe cortar o
sanduíche em diagonal, pode dizer que o quer cortado
de outra maneira". Se a mãe lhe faz a vontade, pode en­
tão queixar-se de que "agora são quatro pedaços e eu só
queria dois".
Uma atitude razoavelmente firme e realista da parte
da mãe dá, em geral, melhor resultado. Lidar simpatica­
mente com a criança e demonstrar que não se irrita nem
se deixa enredar em demasia. Se há quaisquer alimentos
de que ela goste ou não goste especialmente (à parte a
sua necessidade básica de recusar seja o que for que lhe
ofereçam), poupa-se muito tempo e trabalho atendendo
a essas preferências. Mas até a mais treinada e a mais efi­
ciente das mães pode achar difícil a hora das refeições.
Conforme observava a mãe de uma criança de 3 anos e
meio: "Assusta-me a idéia de sair da cama de manhã, sa­
bendo já que terei de obrigar aquela criança a engolir três
refeições, antes de poder deitar-me outra vez." Tal como
acontece com as demais rotinas, a qualquer outra pessoa
A criança do 0 aos 5 anos

que não a mãe a cnança pode opor menos resistência


quando chega a hora da refeição.

Eliminação

Intestino - É possível que a maioria das crianças se


tenha fixado em uma dejeção diária, a uma hora mais ou
menos regular. Muitas delas ainda sentem necessidade
de avisar antes e depois de irem ao banheiro. A maio-
na ja tem poucas dificuldades com este comportamento.
Mas há ainda umas poucas (geralmente meninos) que,
nesta idade, e até mesmo aos 4 anos, continuam a ter pro­
blemas. Uma ou outra criança pode recusar-se a utilizar
o vaso e "fazer" ainda na calça.
Em geral, obtêm-se melhores resultados, tirando-
lhe a calça e deixando a criança brincar no banheiro, mais
ou menos à hora que se espera que ela funcione. (Se essa
hora ainda não está definida, é óbvio que esta técnica se
toma inexeqüível.) Põe-se um papel no chão, porventura
a um canto, e diz-se à criança que, quando tiver vontade,
poderá utilizá-lo. É freqüente que, dentro de poucas se­
manas, esteja em condições de utilizar o vaso ou uma ca-
deirinha com urinol.
Bexiga - Nesta idade, muitas crianças são capazes de
tomar conta de si neste ponto e têm poucos descuidos.
Algumas delas, especialmente quando há um novo bebê
na família e/ou estão na fase de reviver a sua primeira in­
fância, podem voltar a urinar-se e precisar de ajuda para
irem ao banheiro.
Há agora um número considerável de crianças que
são capazes de dormir a noite inteira enxutas, quer as le­
vem ou não ao banheiro à hora de os pais irem se deitar.
No entanto, como há muitas crianças perfeitamente
normais que não conseguem manter-se toda a noite en­
xutas antes dos 4 ou 5 anos, o fato de elas se urinarem de
noite não deve ser motivo de preocupações. Basta pôr na
criança uma fralda espessa, bem apertada, e uma calça
plástica, e utilizar um plástico para poupar as lavagens
de roupa.
/\ criança cm crescimento 2rrt

Banho c vestir

Banho - A maior parle das crianças toma ainda o


banho logo antes de ir para a cama ez em geral, oh r«"
poucas dificuldades. Efetivamente, pode até ser esh .igo
ra um momento agradável, tanto para a mãe como para o
filho, a menos que a confusão das inúmeras batalhas do
dia tenha deixado ambos de muito mau humor N</>>■■
caso, a criança pode ser extremamente difícil, a ponto dc
a mãe poder decidir que, "só por essa vez", não quer sa
ber e desistir de lhe dar banho.
Vestir - Nesta idade, a operação de vestir, contrana
mente ao que foi aos 3 anos e será de novo aos 4, pode ser
extremamente difícil e dar origem a um número excessivo
de problemas. A criança pode opor-se de tal maneira a
vestir e despir qualquer peça de vestuário que entre e saia
pela cabeça que a mãe pode ser levada a escolher somen
te roupas de abotoar nas costas, por serem essas que ela
consegue vestir-lhe e despir-lhe com um mínimo de re­
sistência. A rapidez é aqui uma questão essencial; de ou­
tro modo, a criança, com aquele feitio contrariamente ca­
racterístico dos 3 anos e meio, pode irritar-se e protestar
contra tudo quanto tenha de vestir. Da mesma maneira
que com as outras rotinas, qualquer pessoa que não seja a
mãe pode conseguir vesti-la e despi-la com mais eficiên­
cia. A criança ainda não tem muita habilitade para vestir-
se, especialmente quanto à roupa exterior.

Descargas de tensão

Esta é uma idade na qual, mais do que em todas as


outras, a criança experimenta uma grande tensão, que
exprime ativamente através de numerosos escapes. Além
de outros esquemas compulsivos mais ou menos sim­
ples, não só lhe acontece gaguejar, como piscar os olhos,
roer as unhas, chupar o dedo, esfregar os órgãos sexuais,
mastigar o lençol ou uma peça de roupa, salivar em ex­
cesso, cuspir e ter tiques. As lamúrias frequentes desta
idade podem ser consideradas como descargas de tensão.
Algumas crianças queixam-se igualmente de que
não conseguem ver, mesmo que se lhes ponha um livro
A CHírcp] Jp () d<x

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dos oího

O eu e a atividade individual

\os 3 anos era n?lati\amente facd planejar a atm


dade da cnança Aos 3 anos e meio já não é assim. Não
>ão so as rotina^ d.anas que podem apresentar dihculda-
□es mas também as bnncadeiras da cnança, uma vez que
suas exigências são tão rigidas e a sua capacidade de
adaptação e tão traca A escola-creche é, nesta altura, uma
autêntica benesse para a mãe, e espera-se que a cnança
possa ter o pnvdegjo de frequentá-la, pois, se assim não
for toma-se essencial a ajuda de uma pessoa que tome
conta dela
Embora as pesadas exigências que uma cnança des­
ta idade faz às outras pessoas possam dar a impressão de
que eia é uma criatura resoluta, firme e segura de si, há
todas as probabilidades de que a verdade seja precisa­
mente o contráno. Parece-nos provável que a criança te­
nha essas fortes exigências para com os outros e se esfor­
ce por ser o centro do mundo porque realmente se sente
insegura e não está convencida da sua capacidade de
mandar
A principal tarefa desenvolvimentista da criança des­
ta idade é, possivelmente, a de fortalecer a sua vontade, e
o faz exercitando-se na arte de dominar. Quando ela es­
tiver um pouco mais segura de si, como irá acontecer
mais tarde, será capaz de ceder e de se adaptar mais facil­
mente aos outros.
Na realidade, por mais difíceis que possam ser, às
vezes, essas horas de brincadeira, é nos extensos perío­
dos de bnnquedo que se sucedem nos intervalos das ro­
tinas que a criança dá o melhor que tem de si. Vemo-la
fazer agora uma criativa utilização de alguns ou de todos
os seus bnnquedos. O seu interesse pelos livros e para que
os leiam é muito forte. As crianças desta idade parecem
A cnfln(drmm a mento 23 >

adorar os jogos c os brinquedos compo ^r d< r --u -


sas peças pequeninas diferentes c as maos t< rr •’» d‘
^empenhar da tarefa de recolher essas peça • p '
pela casa toda Os quebra -cabeças só deve m ' r g ,. r<
dos depois dc reconstruídos, para haver a certvz< d<
conservar completos.
As brincadeiras de uma cnança de 3 anos e meio
com companheiros imaginános consbtuem um dos <_>•
pectos mais encantadores do seu jeito de brincar A vide
imaginativa da cnança desenvolve-se lentamente até a tin
gir um pico nesta idade de 3 anos e meio. A frequência
dessas brincadeiras varia de uma criança para outra, mas
entre algumas é muito elevada1.
Esta idade assinala com frequência, sobretudo em
meninos que têm tido até aqui um desenvolvimento va­
garoso e têm seguido um caminho de certo modo atípico,
o início de um surto de desenvolvimento em que, pela
primeira vez, o comportamento se revela bem equilibra­
do e bem organizado, dentro das expectativas da sua ida­
de. Ainda bem que assim é, porque, nesta idade, a crian­
ça, seja ela menino ou menina, suporta muito mal um fra­
casso. Trata de se defender rapidamente com um "Não"
ou "Não sou capaz". Tem tendência a proteger-se pelo
isolamento contra a possibilidade de muitos fracassos.
Mas a sua sensibilidade deixa-se ferir facilmente, quer por
um malogro, quer porque as pessoas não lhe dêem aten­
ção ou não façam o que ela quer que elas façam.
Esta é também uma idade de extremos emocio­
nais. Assim como a criança pode exigir toda a nossa aten­
ção, num determinado momento, e insistir, logo em se­
guida, em que não demos pela sua presença, também
pode, analogamente, mostrar-se, a princípio, extrema-
mente tímida e depois, à medida que uma dada situa­
ção se desenvolve, torna-se buliçosa e exuberante. A sua
própria variabilidade pode constituir uma nova fonte de
dificuldades para a criança desta idade, tantas vezes tão
difícil.

1. Ver na Quarta parte, "A escola-creche", uma desenção minuciosa desses


companheiros imaginários.
256 A cnança do 0 aos 5 anos

Sociabilidade

São árduas nesta idade as relações sociais. Aquela


reação simpaticamente aquiescente de "eu também", da
criança de 3 anos, desapareceu. E a alegre animação dos
4 anos ainda está por vir. A criança de 3 anos e meio é
muito suscetível no tocante a relações sociais e tem pa­
drões muito elevados e definidos acerca da maneira como
as coisas devem processar-se. Mas todas as concessões
têm de partir dos outros. A criança tem idéias bem defi­
nidas e revela fraca capacidade para se adaptar aos dese­
jos ou às maneiras das outras pessoas.
Assim, as suas insistências em "Não olhe", "Não ria",
"Senta aqui" ou "Faz isto assim", são muito fortes, parti­
cularmente com a mãe. E se alguma coisa lhe corre mal
na vida, o que acontece muitas vezes, é na mãe que ela
se vinga. O papel da mãe não é, nesta altura, fácil de
desempenhar.
E não é só a mãe que passa maus momentos com
ela. Pode também ser extremamente imperiosa e exigen­
te com os outros adultos. Estes têm de fazer todas as coi­
sas do seu jeito. Nas suas contendas com outras crianças,
as quais são frequentes, reclama o auxílio dos adultos. E,
embora se mostre intratável com eles, exige-lhes ainda
por cima a sua aprovação.
Novas complicações advêm igualmente do fato de,
em certos momentos, não admitir sequer que um adulto
a encare, seja ele ou não da família, e, noutras ocasiões,
exigir-lhe toda a sua atenção, com pedidos constantes de
"Olha para mim". Pode até ter ciúmes de o pai ler o jor­
nal ou de a mãe falar com o pai. De modo geral, pode
afirmar-se com razão que é, muitas vezes, difícil para o
adulto manter-se à altura das exigências precisas e con­
traditórias de uma criança de 3 anos e meio.
Os amigos são extremamente importantes para uma
criança desta idade, mas a sua habilidade em lidar com
eles é ainda muito incipiente. Aos 3 anos, a criança pare­
ce, muitas vezes, gostar das outras crianças e entender-se
bem com elas, mas de maneira um tanto indiscriminada
Aos 3 anos e meio, começam a revelar-se as amizades
em relação a certas pessoas em especial, e o desagrado,
A cnança em crescimento 257

ou mesmo a repulsa, em relação a outras. (Essa repulsa


não é necessariamente uma reação imatura, pois pode in­
dicar uma crescente observação de diferenças e uma cres­
cente seletividade.) As amizades podem consistir mera­
mente em ir sentar-se junto ao amigo escolhido. Podem
também incluir verbalizações e abordagens delicadas, ta-
teantes e desejosas de agradar, tais como: "Posso brincar
com você?" ou "Gosta de fazer isto?". Duas crianças que
se conheçam uma à outra há certo tempo podem já cons­
tituir um par muito unido.
XJX. 4 anos

Perfil do comportamento

A criança de 3 anos tem um espírito conformista. A de 4


tem um espírito vigoroso. A de 3 é conciliadora; a de 4 é afir­
mativa. Na verdade, a criança de 4 anos tende a sair dos limi­
tes, quer com os músculos, quer com a mente. E por que
não? Se ela continuasse a ser a mesma criança encantadora e
dócil dos 3 anos, não se desenvolvería. Avança então por ja­
tos de imaginação e movimento. A curva da sua atividade re­
pete o esquema versátil dos 18 meses. Mas não se trata de
uma regressão, porque ela funciona agora a um nível mais
alto em todos os setores do seu comportamento: motor, de
adaptação, de linguagem e sociopessoal. Alarga o seu campo
de ação, não somente correndo, saltando, pulando e trepando,
mas também nas animadas construções e extravagâncias da
sua mente imaginativa.
Se às vezes nos parece um pouco tagarela, sentenciosa,
gabola e mandona é porque não passa de uma alegre princi­
piante, a tatear novos terrenos de expressão individual. Será
difícil para ela, ainda durante algum tempo, preocupar-se mui­
to com os sentimentos alheios. Não é tão sensível a elogios
como era aos 3 anos e como irá ser de novo aos 5. Em vez dis­
so, elogia a si própria com as suas gabolices. De resto, tem mui­
to menos experiência do que os seus ousados dogmatismos
260
------ - -------------------------------- -- ----------------------- ------------------- AcnançüdoOatKSan^

verbais nos podem fazer crer. Tem pouca consciência dos de­
sapontamentos e das emoções alheias. Interessa-se com gran-
de curiosidade pela morte, mas tem escasso entendimento do
seu significado. Epersuasfva porque as suas palavras transcen­
dem muitas vezes os seus conhecimentos.
Fbssuz elevada energia motora. Sobe e desce as escadas
correndo: lança-se para a frente no seu triciclo. Mostra habili­
dade no trapézio do ginásio do pátio, e faz comentários en­
quanto as executa: "Aposte que não é capaz de fazer isto!"
Consegpe, ao mesmo tempo, falar e comer. Quando era mais
nova, ou falava ou comia; agora faz ambas as coisas mais ou
menos simultaneamente. É uma nova capacidade que ela tem
Aos 3 aros. tinha de parar de se despir enquanto falavaj
A criança de 4 anos domina melhor todo o seu equipa­
mento motor, incluindo a voz. É capaz de atirar com a mão :e-
vantada acima do ombro; é capaz de cortar direito com uma
tesoura, serra com uma serra de mão; amarra os sapatos;
aguenta-se de pé numa perna só. Embora lhe agrade uma ati­
vidade motora violenta, também é capaz de se deixar ficar sen­
tada bastante tempo executando tarefas manuais que lhe
interessam. Mãos, braços, pernas e pés estão tomar, do-se in­
dependentes da totalidade do conjunto posturaL Se o seu de­
senvolvimento postura! geral tem sido bom até aqui, os seus
passos de dança e os movimentos das mãos assumem agora
uma graciosidade natural e espontânea.
A criança de 4 anos é muito faladora. Ela própria comer­
ía os seus discursos e constitui, muitas vezes, o seu auditório.
Gosta de utilizar palavras, de experimentá-las e de brincar
com elas. Gosta de palavras novas e diferentes ("diferente" é,
ra verdade, uma das suas palavras favoritas;. Também gosta
de inventar palavras tolas para descrever coisas concretas. O
fluxo das suas perguntas atinge o máximo. Os seus incessar -
tes "como" e "por que" não representam uma simples busca
de conhecimentos; são também expedientes que ela usa para
exercitar a linguagem e a audição. Por isso, uma criança de 4
anos inteligente e loquaz tem tendência a não largar um tema
antes de o esgotar e a exaurir todas as possibilidades verbais
Assim como tenta subir sempre até mais acima no ginásio de
261

brinquedo, sobe também no vocabulário e na gramática- Na­


turalmente que a sua sintaxe tropeça com freqüência.
A explicação da psicologia da criança de 4 anos reside na
sua mtensa energia conjugada com uma organização mental
de grande flui dez. A sua imaginação está em quase perpétuo
movimento. Desloca-se de umas formas para as outras com
despreocupada facilidade. Começa a desenhar uma tartaruga
e. antes de a ter acabado, já é um elefante ou um caminhão.
Esta mesma flui dez faz dela um mentiroso e um ativo criador
de álibis. Toma-lhe igualmente possível teatralizar qualquer
experiência que chegue ao seu conhecimento. Um episódio
observado junto a um leito de hospital é logo reposto em
cena, com os mais simples materiais servindo de acessórios.
Lm bloco transforma-se num vidro de remédio e, dali a ins­
tantes, num estetoscópio. Estas representações teatrais re­
cheadas de diálogo e de incessantes comentários são uma for­
ma constante do seu comportamento na creche.
A criança de 4 anos é loquaz porque a sua imaginação é
variada; e também porque ela pretende exprimir as suas expe­
riências numa fraseologia mais flexível e mais amadurecida. Já
não é capaz de contentar-se com as simples frases alinhadas
da criança de 3 anos; quer dominar as conjunções, os advér­
bios e as expletivas. Serve-se deles, então, com uma coragem
louvável <e íncidentalmente divertida): "sabe que", "acho que",
"pode ser", "realmente", "nem mesmo", "enorme", "só", "faz
de conta que", "ainda", "ora", "e tudo o mais". Tem tendência
a repetir frases feitas, da cultura linguística em que vive, tais
como: "Não adivinha, nem que fique aí toda a vida." A sua
^dhzação dos números é mais experimental do que crítica:
Estavam lá setenta e sete pessoas." "Exagera", porque está
ensaiando as palavras. Mas, às vezes (fiquem alerta os pais),
relata com fidelidade absoluta o que aconteceu em casa, sem
Lhe escaparem as divergências familiares: "A mãe gasta di­
nheiro demais."
Realmente, a criança de 4 anos tem inúmeros talentos. O
que é que ela não é capaz de fazer? Pode ser sossegada, baru­
lhenta, calma, arrogante, meiga, imperiosa, insinuante, inde­
pendente, social, atlética, artística, formal, caprichosa, coope-
262 A cnança do 0 aos 5 anos

rativa indiferente, curiosa, franca, falante, jovial, dogmática,


tola e competidora.
Está numa fase de desenvolvimento, em particular no
que respeita às relações interpessoais e à comunicação social.
É um período de aquisição e de rápida aculturação. Aos 3 anos,
a criança tinha consolidado as suas anteriores aquisições e
achax^a-se numa fase de ajustamento relativamente estável;
aos 4 anos caminha para uma nova consolidação, vindo a en­
contrar-se mais uma vez ajustada aos 5 anos. Não é, pois, de
estranhar que a criança de 4 anos tenda a sair dos limites, es­
pecialmente no domínio da linguagem, mas o que ela essen-
dalmente faz é esforçar-se (através dos impulsos do desen­
volvimento) por se identificar com a sua cultura e compreen­
der as suas complexidades. Os seus alicerces são mais firmes
do que aparentam ser.
Tenta crescer, às vezes quase conscientemente. Está inte­
ressada em ter 5 anos; fala a respeito disso. Claro que ainda
não tem uma compreensão concreta do ano como unidade de
tempo; está apenas começando a entender que a quarta-feira
vem depois da terça-feira. Mas está iniludivelmente interes­
sada na marcha dos aniversários. As festas de aniversário são
um dos temas prediletos das suas conversas. Ser convidado
por uma criança de 4 anos, porventura com meses de antece­
dência, é uma marca de aprovação social; ser expressamente
excluído denota uma rejeição, pelo menos temporária. Na
vida de grupo das crianças de 4 anos, quando elas se juntam
na escola-creche, surgem fragmentos e vestígios de uma so­
ciologia tribal. Organizam-se em grupos de três ou quatro,
muitas vezes com separação entre meninos e meninas. Dão
ordens e criam tabus. Erguem barreiras sólidas e excluem os
intrusos. Numa perspectiva desenvolvimentista, este compor­
tamento negativo tem um significado decididamente positivo.
O sentimento de pertencer ao grupo é um passo para a com­
preensão da natureza de um grupo social. A mãe é o tribunal
de última instância e a sua autoridade é invocada com fre-
qüência: "A mamãe disse para eu fazer assim/'
Os padrões sociais equilibram-se e definem-se parcial­
mente por uma conduta anti-social. A criança de 4 anos gosta
4 cnança em crescimento 263

de insultar as pessoas: "Você é um bandido." Toma se provo


cadora: "Estou bravo!", "Vou te dar um soco!". Recusas que
anteriormente se exprimiam por um "Não" acentuam se
agora com um enérgico. "Não quero!" ou "Não faço!". A sua
gabolice atinge os píncaros mais altos do egocentrismo. Mas
todas essas fanfarronadas não têm a violência que à primeira
vista aparentam. A criança está sentindo suas forças e tam­
bém experimentando-as. As suas incoerências assemelham-se
ao espirito de contradição que ela demonstrava quando era
mais nova. Na lógica paradoxal do desenvolvimento, os extre­
mos tocam-se. Os freios culturais do lar e da escola-creche
ajudam-na a manter esses extremos dentro de limites normais.
Fundamentalmente, a criança de 4 anos está mais inte­
ressada numa socialização do que na oposição que a domina­
va aos 3 anos e meio. Revela isso mesmo no grande prazer
que sente em se vestir como um adulto e em imitar-lhe as
ações. Esse é um processo de amadurecimento muito eficaz.
Não se limita a pôr na cabeça o chapéu de um adulto, mas en­
trega-se também a longas conversas telefônicas que repetem
com exatidão todas as inflexões de voz do adulto. Os seus in ­
cessantes "por quês" tanto dizem respeito aos fenômenos na­
turais como aos sociais. A criança desta idade experimenta
um prazer significativo em ouvir explicações. E também gosta
de fazer caretas. É outro processo de se identificar com os adul­
tos e de aperfeiçoar a sua habilidade de leitura das expressões
faciais. Está efetivamente lendo, falando e agindo no interior
das complexidades da sua cultura.

Comportamento diário

A criança de 4 anos acorda geralmente bem disposta, por


volta das 7 horas ou um pouco mais tarde. Gosta de se levan­
tar e ir para o quarto dos pais para lhes dar o bom-dia e con­
versar com eles. Perdeu já aquela espontaneidade exuberante
de um ano atrás.
Veste-se enquanto os pais se vestem. É capaz de o fazer
sem grande ajuda, desde que lhe tenham disposto previamen-
264 A criança do 0 aos 5 anos

te as peças do vestuário, no chão ou em cima de uma cadeira.


Executa todas as operações de vestir, com exceção de dar laça­
das e abotoar os botões das costas.
Pode entreter-se sozinha, se for necessário, vendo as fi­
guras dos livros ou das revistas. Pode ajudar a pôr a mesa para
o primeiro almoço e é muito provável que acompanhe o gru­
po familiar nessa refeição.
Se está inscrita numa escola-creche, passa, em regra, três
ou quatro manhãs por semana fora de casa. Gosta de freqüen-
tar a escola com regularidade, mas não se preocupa demasia­
damente quando chega um pouco atrasada.
Em casa, brinca satisfeita, sozinha, durante uma ou duas
horas a fio. Prefere um tipo de brincadeira que se preste a tea-
tralizações. Gosta muito de blocos de construção e converte-
os, imaginativamente, em múltiplos objetos animados e ina­
nimados, conforme as conveniências das suas fantasias tea­
trais. Se é um menino, gosta de brincar com barbantes, e amar­
ra as cadeiras e os móveis em labirintos complicados, mas que,
para ele, têm um significado qualquer.
Depois de brincar dentro de casa, gosta de ir até às vizi­
nhanças mais próximas, visitar alguém ou dar algum recado.
Sai-se melhor quando lhe dão uma ajuda ocasional nos mo­
mentos críticos de iniciar ou concluir uma experiência. Pede
licença para ir ao banheiro e, na volta, relata o que foi fazer.
Embora disponha já de certo grau de confiança em si, a famí­
lia faz bem em tê-la debaixo dos olhos!
Ao meio-dia pode almoçar sozinha ou com a família. 0
seu apetite está aumentando. Come com limpeza e perícia,
mas também precisa, vez por outra, de estímulo e incentivo.
Depois do almoço, vai ao banheiro. Pode ser que tenha
nessa altura a sua dejeção habitual. Despacha-se sem auxílio
de ninguém.
Cerca de uma hora da tarde, está pronta para uma sesta
de recreio de uma ou duas horas. Repousa com mais facilida­
de do que antes, estende-se na cama, folheia uns livros de fi­
guras, brinca sossegada. Pode adormecer ou não, mas adqui­
riu já uma noção do tempo bastante apurada. Parece saber
quando acaba o período oficial da sesta e comunica esse fato
com regularidade cronométrica.
\ criança m crescimento 265

Mesmo que tenha ido de manhã à escola-creche, adora


ter companhia durante as horas da tarde, entre as 3 e as 5.
Quer ir visitar um amigo ou então que o amigo venha à casa
dela. Prefere, em geral, as crianças da sua idade, com quem se
entretém em atividades motoras violentas ou em brincadeiras
de teatro. Duas crianças fazem boa companhia uma à outra,
mas três são demais e dão origem a uma algazarra.
Por volta das 5 e meia está pronta para jantar. Pode ser
que faça sua refeição antes da hora do jantar da família. É ca­
paz de se entreter até a hora de dormir com uma sessão de
brincadeiras com o pai. Gosta de que ele leia para ela ouvir;
gosta de fazer construções com blocos juntamente com ele. Vê
os seus programas preferidos de televisão. Estes despertam-
lhe agora um interesse mais contínuo.
Toma banho no início da noite, por volta das 7 horas. Pode
ser capaz de tomá-lo sozinha, com os ocasionais incitamentos do
costume, se bem que ainda precise de um mínimo de orientação.
Embora já seja bastante auto-suficiente, pode gostar de
levar consigo para a cama o ursinho de pelúcia, para as suas
conversas teatralizadas. Gosta de ficar com a luz acesa duran­
te um breve período de tempo, mas, quando aparecem os pais
para dar-lhe boa-noite, adormece sem protestos.

Sono

Noite

A criança vai agora para a cama com relativa facili­


dade e, aos 4 anos e meio, ela mesma pode pedir para ir
deitar. Gosta de ouvir histórias antes de ir para a cama.
Sabe que a hora de deitar é às 7 horas e é capaz de ler
essa hora no relógio. Reage melhor ao fato de ser o reló­
gio a anunciar-lhe que é hora de ir para a cama do que se
a mãe ou o pai o fizerem. Pode até reagir ainda com maior
prontidão, se lhe puserem um despertador para tocar a
essa hora.
Algumas crianças precisam não só de ter uma hora
de ir para a cama, mas também de ter uma hora de apa-
266 A criança do 0 aos 5 anos

gar a luz. Sem aquele quarto de hora e meia para se ins­


talarem bem na cama com a luz acesa podem tomar-se
muito exigentes. A criança gosta de ver estampas ou de
colorir desenhos a essa hora. O seu ursinho, ou uma fa­
mília inteira de ursinhos (pai, mãe e bebê) ou de bonecas
são muitas vezes os companheiros prediletos da hora de
deitar. Quer despi-los e vesti-los e tratá-los como autên­
ticas pessoas. Quer muitas vezes metê-los na cama com
ela e puxa-lhes cuidadosamente a coberta até o pescoço.
Um beijo de boa-noite na mãe e um abraço longo e aper­
tado significam que a criança está pronta para dormir.
Adormece agora bastante depressa.
A criança de 4 anos acorda, em geral, por si, quando
precisa ir ao banheiro durante a noite. Algumas crianças
são capazes de ir sozinhas ao banheiro, mas em regra di­
zem primeiro à mãe. Podem precisar apenas de uma aju­
da verbal, e a parte mais difícil de todo o processo é, mui­
tas vezes, fazê-las voltar para a cama. Há ocasiões em que
a simples sugestão verbal não é suficiente e a mãe pode
ter de se levantar e ajudar a criança a deitar-se de novo.
Aos 5 anos estará apta a levar a cabo todo o processo sem
nenhuma ajuda da mãe.
Aos 4 anos há muito menos insônia provocada por
sonhos do que havia aos 3 anos e meio; mas aos 4 anos e
meio a criança pode ter um novo período de sonhar com
animais, especialmente com lobos. Pode ser particular­
mente sensível a qualquer estímulo luminoso que apare­
ça no quarto e, por isso, deve ter a cama colocada num
canto mal iluminado. Se a criança tiver medo do escuro,
uma luz acesa no corredor é, muitas vezes, bastante para
lhe dissipar os receios.
A criança desta idade acorda entre 7 e 7 e meia da
manhã. Agora já é capaz de vestir o roupão de banho e
calçar os chinelos, se os tiverem deixado no jeito, de fe­
char a janela, de ir ao banheiro e de ficar depois no quar­
to até que seja a hora de ir para o quarto dos pais. Quan­
do vai, gosta muitas vezes de que leiam para ela ou então
de ficar olhando para livros de figuras até a hora de se
vestir. Essas transições são especialmente fáceis de fazer
quando há toques de apitos ou de sinos de igreja que lhe
sirvam para marcar as respectivas horas.
267
/I criança cm crescimento -

As crianças que acordam de noite e têm dificuldade


em tomar a adormecer podem reagir favoravelmente a
histórias de outras crianças que também costumavam
acordar de noite, mas que deixaram de o fazer.
A criança de 4 anos está agora apta a dormir numa
cama grande. Esta mudança do berço para a cama pode
ser proveitosamente utilizada para planejar quaisquer me­
lhorias necessárias nos esquemas do sono.

Sesta

Nesta idade, só uma pequena percentagem de crian­


ças dorme a sesta. Uma vez ou outra fazem uma sesta
como preparação para, à noite, ficarem de pé até mais
tarde. Isto contrasta marcadamente com o comportamen­
to da criança de 2 para 3 anos que, se lhe disserem o que
irá acontecer depois da sesta, ficará tão excitada que será
incapaz de dormir.
A criança de 4 anos gosta de fazer uma sesta de re­
creio, da 1 às 3 da tarde. Pode passar a primeira meia
hora ou uma hora na cama, vendo figuras dos livros, e a
segunda hora fora da cama. Pode já não precisar de que
lhe encostem a porta, vai ao banheiro se tiver necessida­
de disso e aprecia francamente esse período em que fica
sozinha no quarto.
Essas horas são, muitas vezes, de grande criativida­
de, desde que a criança disponha dos materiais necessá­
rios para trabalhar. Precisa estar só, liberta da pressão de
influências alheias, para poder utilizar as suas reservas de
conhecimentos e capacidades. O seu relógio interior pa­
rece andar agora mais em harmonia com o relógio da pa­
rede, porque ela sente quando chegam as 3 horas e per­
gunta se já é tempo de sair do quarto.

Alimentação

Apetite - O apetite da criança de 4 anos é ainda ape­


nas razoável, mas perto dos 4 anos e meio já é bom, ou
mesmo muito bom, sem que qualquer uma das refeições
26S A criança do 0 aos 5 anos

seja melhor do que outra. A criança bebe o seu leite bem


e depressa.
Refeições e preferências - Há uma certa tendência a
exigir repetições de um mesmo alimento. A criança de 4
anos ou tem "fúrias" por determinados alimentos ou faz
greve a outros; liberta-se, em geral, dessas práticas aos 4
anos e meio, quando o seu apetite é mais sólido.
Auto-ajuda - A criança de 4 anos começa a ajudar a
planejar as suas refeições e também a prepará-las. Gosta
de ajudar a pôr a mesa para toda a família. Muitas crian­
ças de 4 anos têm dificuldade em evitar que a conversa
interfira com a comida; não se mantêm bem sentadas à
mesa durante toda a refeição e podem ter necessidade de
interrompê-la (especialmente a refeição da tarde) para ir
ao banheiro.
Quando comem sozinhas têm tendência a se atra­
sar, mas, em geral, não precisam de que lhes dêem a co­
mida. Determinados incentivos, tais como o de comer
para crescer mais depressa, comer em desafio com o bebê,
acabar dentro de certo tempo, ou comer na expectativa
de certa sobremesa, podem ajudá-la a apressar-se. O
simples toque de campainha, planejado de antemão para
anunciar que terminou um prato e vai começar outro,
pode ser todo o incentivo de que a criança necessita. Aos
4 anos e meio começa a ser mais rápida, pode tomar mais
refeições com a família, é tão capaz de ouvir como de fa­
lar e principia a ser sensível a influências exteriores, como,
por exemplo, as que lhe vêm da televisão.

Eliminação

Intestino - Uma dejeção diária, depois da primeira


refeição ou do almoço, é um esquema comum na criança
de 4 anos. Algumas crianças têm mais do que uma deje­
ção, e em hora incerta de ocorrência. Embora algumas
ainda "avisem" antes de ir ao banheiro, a maioria só diz
depois de ter ido, porque precisa de ajuda para se lim­
par. Há já um número razoável que toma inteiramente
conta de si. Embora muitas crianças encarem com a
maior naturalidade o seu funcionamento intestinal, ou-
269
/I criança em crescimento

tras consideram-no assunto muito particular que exige


a porta do banheiro fechada e, aos 4 anos e meio, até
mesmo trancada.
Bexiga - As crianças desta idade são, em regra, ca­
pazes de se responsabilizar inteiramente por si e, se têm
um descuido ocasional ao fim da manhã ou da tarde, é
que adiaram por tempo demais a sua ida ao banheiro.
Nesses períodos de reincidência precisam novamente das
sugestões oportunas da mãe e de um planejamento por
parte desta. Não manifestam tanto recato como em rela­
ção ao funcionamento intestinal, mas mostram-se muito
interessadas em observar as outras pessoas no banheiro
e revelam pronunciada curiosidade por esse cômodo da
casa. Têm maior tendência a avisar à mãe antes de irem
ao banheiro numa casa estranha. Essa exigência ocorre
não só por uma real curiosidade de verem banheiros es­
tranhos, mas também porque a situação social cria-lhes
tensões que necessitam de descarga.
São relativamente poucas as crianças que se urinam
de noite nesta idade ou que precisam que as despertem
entre as 10 horas e a meia-noite. Algumas ainda acordam
durante a noite para ir ao banheiro e podem ainda preci­
sar de ajuda, especialmente para voltarem para a cama.

Banho e vestir

Banho - Agora o banho é uma rotina fácil. A criança


é capaz, muitas vezes, de se lavar bastante bem, desde
que a mãe vá indicando, uma a uma, as partes do corpo
que ela tem de lavar. Tem tendência a perder-se numa de­
las, deixando-se ficar indefinidamente a lavá-la. Também,
quando lembram, esvazia a banheira e lava-a. É capaz de
se enxugar depois do banho, mas o faz a seu modo. É mais
hábil em fazer os ajustamentos necessários do pulso e da
mão para escovar os dentes corretamente.
Aos 4 anos e meio, pode muito bem mudar-se a
hora do banho para antes do jantar. A criança despacha-
se mais depressa quando está menos cansada e, além dis­
so, pode estar desejosa de comer o jantar na cama. Esta
mudança de horário é especialmente vantajosa durante
os meses de inverno.
270 A criança do 0 aos 5 anos

Veshr - A cnança desta idade veste-se geralmente


sozinha com muito pouca ajuda alheia, embora possa
precisar que lhe disponham a roupa no chão, cada uma
das peças separadamente orientada de maneira que lhe
soía facd enfiar-se dentro dela. É agora capaz de distin
guir a frente das costas, de amarrar os sapatos, c algu
mas abotoam mesmo todos os seus botões. A criança
pode continuar ainda durante algum tempo a vestir se
junto com os adultos. Quando essa situação perde o sa­
bor da novidade, a criança veste-se melhor, muitas ve
zes, sozinha no quarto. Algumas irritam-se quando as
coisas correm mal e, nessa altura, recusam qualquer
ajuda da mãe. Para evitar essas explosões de mau gênio,
é preferível ensaiar previamente com elas a maneira de
vestir com êxito qualquer peça de roupa mais difícil.
Quase todas as crianças, mesmo aquelas que não con­
seguem vestir-se, gostam de pôr sobre si peças ou aces­
sórios de vestuário dos adultos, especialmente chapéus,
luvas, sapatos, cintos e carteiras.

Atividade individual

A criança de 4 anos está apta a freqüentar a esco-


la-creche três ou quatro vezes por semana. Prefere
brincar com outras crianças a brincar sozinha. Assim,
as suas brincadeiras a sós podem limitar-se à sesta de
recreio e a um período de brincadeira ao fim da tarde.
Combina agora os seus brinquedos de maneira a criar
um cenário com eles. Introduz pessoas nas construções
de blocos e dispõe carros em frente das casas. As meni­
nas, e mesmo os meninos, podem entregar-se a ativi­
dades caseiras importantes, que incluem o vestir e des­
pir as bonecas ou os ursinhos. Devido a sua rapidez ca­
racterística, a criança de 4 anos é um veloz consumidor
de matenais, especialmente de lápis, papel e cola. Pre­
fere, com frequência, desenhar livremente a colorir li­
vros de figuras. Sente-se perfeitamente feliz enquanto
dispuser de larga provisão de materiais, e cada elemen­
to que acrescenta ao seu sortimento parece estimular-
g lhe novas capacidades.
277
A criança em crescimento

Principia agora a admirar as suas obras e quer qur


os outros as admirem também. Gosta de apresentar os
seus quadros num expositor (a porta do quarto é, com
freqüência, o lugar escolhido, com fita adesiva no lugar
de percevejos). Quer que as suas estruturas de blocos
continuem de pé e gosta de explicar as respectivas com­
plexidades de construção e de significado. Mas o seu en
tusiasmo não é duradouro. Quando volta para o quarto
não prossegue com aquelas estruturas. Quer fazer qual­
quer coisa "diferente". Se a mãe a prevenir com antece­
dência, não se importa que ela lhe ponha de novo o quar­
to em ordem. É mais natural que se oponha, se estiver
presente durante a arrumação, embora às vezes ela pró­
pria arrume as coisas espontaneamente.
Opõe-se agora a que lhe restrinjam a sua liberdade
de movimentos, tanto no quarto como no pátio, a menos
que seja ela quem imponha a si própria essas restrições.
Não quer que lhe fechem a porta do quarto. Se for capaz
de entender as "regras", pode ficar no quarto o tempo es­
tabelecido, com as idas e vindas ao banheiro que forem
necessárias. Algumas crianças podem já ter ensaiado aos
3 anos esta fase dos 4, ficando com a porta do quarto
aberta vez por outra, quando o solicitarem. Embora a
maior parte das crianças precise deste tipo de limitações
(fecharem-lhe a porta), há algumas que não precisam de
maior restrição do que a porta encostada, e outras que
não toleram sequer a porta fechada a menos que tenham
sido elas próprias a fechá-la e chegam mesmo a entrar
em pânico se lhes trancam a porta.
A criança de 4 anos consegue abrir a cancela ou
trepar por cima da vedação quando a cancela não se
abre. Precisa agora de mais espaço, de mais liberdade,
mas precisa também de controle e de regras, porque
tende a passar rapidamente dos limites. Quando aban­
dona o pátio para ir para a parte da frente da casa, anun­
ciará de bom grado essa mudança à mãe, tocando a
campainha da porta. Está agora autorizada a andar sozi­
nha de triciclo na calçada. Muitas aceitam sem protesto
os limites que imponham à sua deslocação para um e
outro lado, contanto que, pouco a pouco, lhes alarguem
esses limites.
________________________________ A criança do 0 aos 5 anos

A criança de 4 anos gosta de ir recebendo assim,


pouco a pouco, novos privilégios, em resposta ao cum­
primento das regras". Cansa-se muito depressa, se lhe
dão completa liberdade, ou fica ressentida, se a prendem
demais. Neste último caso, tende ainda mais a sair dos li­
mites. São essas as crianças de 4 anos que fogem de casa.

Sociabilidade

A criança de 4 anos é um ser verdadeiramente so-


dal. Não só quer reunir-se todas as manhãs a um grupo
de companheiros de brinquedos como também quer ter
companheiros todas as tardes. Prefere agora de tal ma­
neira a companhia de crianças que pode até recusar-se a
ir a lugares onde sabe que não as encontrará. Está efeti­
vamente tão ocupada com a sua vida de brincadeiras que
perdeu grande parte do seu antigo interesse em ajudar
nas coisas de casa. Contudo, não deixará de levar peque­
nos recados fora de casa, desde que não a obriguem a
atravessar ruas.
Está adquirindo agora um forte sentimento da famí­
lia e do lar. A mãe e o pai são muitas vezes citados como
autoridades. Compara as coisas que vê fora do lar com as
que têm em casa, geralmente com vantagem para estas.
Tem realmente inclinação para a gozação. Põe agora em
cena, nas suas brincadeiras teatrais, os processos de orien­
tação utilizados para com ela pelos diversos membros da
família. Algumas famílias podem ficar bem surpreendi­
das com essas representações.
Embora a criança de 4 anos tenda a ser mandona e
dominadora, comporta-se bem brincando sozinha com
outra criança ou num grupo vigiado. As suas brincadeiras
são mais sossegadas do que as que se observam aos 3
anos, devido à índole social de suas atuais brincadeiras
teatrais (brincar de casinha, de médico e doente etc.) e à
sua capacidade de mudar rapidamente de uma situação
para outra. Embora brinque bem sozinha com outra crian­
ça sem vigilância, pode ter dificuldade em ajustar-se a
uma terceira. Os 4 anos carecem ainda de supervisão
atenta. Esta é uma idade em que, muitas vezes, se expõe
273
A criança cm crescimento

demais a criança. Ê certo que ela agora é capaz de se d*'


fender nas suas lutas e ganha maior domínio de si mes
ma, sabendo que pode resolver sozinha uma determinada
situação. Mas muitas dessas lutas nunca chegariam a ocor
rer, se tivesse havido antes uma vigilância cuidadosa Isto
se aplica igualmente aos anos que vêm após os 4.
A criança de 4 anos adora os passeios com o pai e o
tempo que passa junto dele. O sábado e o domingo ad­
quirem um significado novo porque o pai está em casa e
ela tem coisas especiais para fazer com ele. O pai perce­
be que esses passeios são ainda melhores quando são
dados com a criança, que é capaz de se ajustar a um gru­
po maior, especialmente num piquenique, mas que se
sente mais tranqüila e mais feliz quando sozinha com
um adulto.
XX. 5 anos

Perfil do comportamento

Os 5 anos, na perspectiva dos pais, são uma das mais sim­


páticas de todas as idades. São uma espécie de idade de ouro
em que, durante um período curto, as marés do desenvolvi­
mento correm com suavidade. A criança contenta-se agora em
organizar as experiências que recolheu um tanto indiscrimi­
nadamente no decurso de um ano mais tempestuoso.
Aos 4 anos, a criança parecia que estava experimentando
todas as suas forças contra a autoridade. Andava decidida­
mente fora dos limites. As suas experimentações levavam-na
demasiado longe em quase todas as direções. Em contraparti­
da, aos 5 anos, gosta de ficar em casa, perto daquilo que sabe
que é seguro e, acima de tudo o mais, junto à mãe. A mãe é o
centro do mundo da criança, e o que esta mais gosta é de estar
junto dela, de ajudá-la, de observar, de brincar a seu lado. Ao
contrário da criança de 4 anos, que fazer aquilo que estiver
certo e, por isso, adora pedir licença. Ainda mais, adora que a
elogiem por fazer as coisas "bem".
A criança de 5 anos é, assim, com tamanha freqüência o
menino ou menina da mamãe, que as mães às vezes se preo­
cupam, especialmente quando se trata de um menino, por ele
ser demasiado dependente. Mas não têm, na grande maioria
276 A criança do 0 aos 5 anos

dos casos, razão para se afligir. O tempo irá trazer mudanças,


nem sempre bem acolhidas, no sentido da independência.
É uma idade muito apreciada pela maior parte dos pais
de crianças pré-escolares, pois surge após a desenfreada tur­
bulência dos 4 anos e logo a seguir à idade intermediária e, de
algum modo, incerta dos 4 anos e meio, fase em que a criança
não era realmente nem uma coisa nem outra. A transição da
criança de 4 anos, sempre fora dos limites, para a de 5 anos,
calma, confiante e confiada, dependente e segura, não é fácil
para muitas delas. É como se, durante algum tempo, por volta
dos 4 anos e meio, a criança não saiba realmente se está nos 4
anos, com toda a sua exuberância, ou nos 5, com toda a sua
calma, e oscile de cá para lá. Tão depressa se mostra segura
como incerta.
A criança de 4 anos e meio está tentando separar aquilo
que é verdadeiro do que é falso. Não se deixa absorver tanto
pelos seus fingimentos como aos 3 anos e meio e 4 anos, quan­
do ela era, efetivamente, um gato, um carpinteiro ou um pilo­
to de avião. "É verdade?" é a sua pergunta constante. Quando
faz um desenho verdadeiro de um avião, inclui nele um com­
prido fio condutor, para que as pessoas possam ligá-lo à cor­
rente. No entanto, ainda pode ficar muito confusa, quando
pretende distinguir entre aquilo que ela finge, o que acontece
na TV e o que é verdade. Essa mistura de realidade e imagina­
ção pode tomar-se muito irritante para os pais.
As crianças de 4 anos e meio mostram-se um pouco mais
motivadas do que estavam no período imediatamente ante­
rior. Quando dão início a uma tarefa, seguem com ela muito
melhor do que aos 4 anos e necessitam muito menos de auxí­
lio dos adultos. Se começam a construir uma casinha com os
seus blocos, essa construção acaba realmente por ser uma ca­
sinha, não acontecendo como aos 4 anos, quando começavam
por um castelo, que depois virava um caminhão e, por fim, um
posto de gasolina.
As crianças de 4 anos e meio gostam muito de discutir. A
leitura de um livro a respeito de incêndios pode levar a uma
longa discussão acerca dos prós e contras do fogo. Têm, mui­
tas vezes, uma inesperada riqueza de materiais e de experiên-
277
cnança cm crescimento _-----------

cia e parecem movidas por uma espécie de interesse intelec­


tual e filosófico. Interessam-se por minúcias e gostam de que
lhes mostrem as coisas. O seu desejo de realismo é, por vezes,
excessivamente cru aos olhos dos adultos - as crianças chegam
a parecer demasiado rudes quando pedem pormenores a res­
peito, por exemplo, da morte.
As crianças desta idade estão melhorando o controle de
si próprias e aperfeiçoando a sua habilidade sob muitos as­
pectos. Brincam de modo menos violento do que aos 4 anos;
são mais capazes de aceitar uma frustração.
O seu controle motor delicado, expresso, por exemplo,
através do desenho, melhorou consideravelmente e, muitas ve­
zes, passam muito tempo desenhando. Começam a manifes­
tar interesse pelas letras e os números.
A criança desta idade principia também a mostrar inte­
resse em ver os diversos lados das coisas. Tem a noção do que
seja a parte da frente e de trás, a parte de dentro e a de fora.
Os 4 anos e meio, com o maior domínio de si próprias
que as crianças possuem e o interesse que têm em melhorar e
aperfeiçoar as suas capacidades, são um bom momento de re­
cuperação para aquelas, especialmente meninos, cujo desen­
volvimento motor e da linguagem tem sido mais demorado; e
podem ser também uma idade de rápido desenvolvimento in­
telectual para as que já se adiantaram.
Mas os 5 anos, uma vez atingida pela criança essa confor­
tável posição, são muito diferentes. A criança, agora, é preci­
sa, factual e bem sucedida (visto que só tenta fazer coisas em
que possa ter êxito). É sincera, risonha, sensível e responsável.
Estes são apenas alguns dos adjetivos lisonjeiros de que po­
demos servir-nos para descrever a criança desta idade. Pudes­
se ela ser sempre assim, suspiram alguns pais.
Agora, segura e competente, dá-se por satisfeita em ficar
na sua casa ou perto dela fazendo aquilo que pensa que a mãe
quer que ela faça. Não parece sentir a necessidade de se lan­
çar no desconhecido, nem de tentar fazer coisas que lhe sejam
difíceis. E como só tenta fazer aquilo de que é capaz, é capaz
de fazer aquilo que tenta. Isso leva-a ao êxito e a uma maior
presunção e confiança em si mesma.
A cnança do 0 aos 5 anos

Ê justo dizer-se que a criança de 5 anos se sente verda


deiramente à vontade no seu mundo. E qual é o seu mundo?
É um mundo do aqui e agora; é o pai e a mãe, especialmcntc a
mãe; e o lugar à mesa da sala de jantar; é a sua roupa, particu­
larmente aquele boné de que ela se orgulha tanto; é o triciclo;
o pátio, a cozinha e a cama; a farmácia e a mercearia, ao voltar
da esquina; a rua; e talvez a grande sala do jardim-de-infância,
com as outras crianças e a professora de quem ela geralmente
gosta tanto. Mas, se o seu universo tem um centro, esse cen­
tro é a mãe.
Gosta de assumir pequenas responsabilidades, mas não
devemos deixar-nos iludir pelo seu ar de competência. Por
exemplo, adora pegar ao colo o irmãozinho ou irmãzinha bebê.
Podemos consentir que o faça, mas sob vigilância, pois não é
sensato confiar-lhe uma responsabilidade excessiva. Com­
petente como é, ou parece ser, ainda precisa de ajuda dos
adultos.
A criança de 5 anos tem tendência a ser uma grande
tagarela e, em regra, já pôs inteiramente de lado toda a pro­
núncia infantil. Utiliza mais à vontade os elementos de liga­
ção, quando nos conta uma história. Pode ser que exagere, mas
não é dada, como antes, a invenções excessivamente fantásti­
cas. Os diálogos das suas brincadeiras teatrais são cheios de
naturalidade.
A vida emocional da criança de 5 anos sugere-nos, de
modo geral, um bom ajustamento à sua própria pessoa e con­
fiança nos outros. Tem as suas inquietações e receios, mas es­
tes são, em regra, temporários e concretos. Os trovões e as si­
renes despertam-lhe medo. O escuro e a solidão provocam-
lhe timidez. Muitas crianças desta idade têm crises de medo
de que a mãe as abandone, ou de que ela não esteja em casa
quando voltarem do jardim-de-infância. O seu sono pode ser
perturbado por pesadelos, e não é raro que uma criança de 5
anos acorde gritando.
Embora a criança considere muitas vezes o seu mundo
como um mundo simpático, o que se evidencia no maior nú­
mero de temas agradáveis das histórias que ela conta espon­
taneamente, os temas de violência, tal como nas outras ida­
des, continuam a predominar.
A cnança cm crescimento
279

"Uma menina", "a mamãe", ou qualquer animal são as


principais personagens das histórias que as meninas contam,
"os meninos", qualquer adulto sem ser o pai ou a mãe, e ani
mais vários predominam nas histórias dos meninos, A mãe
tende a desempenhar um papel de certo modo negativo nas
histórias das meninas, mas todos os meninos vêem as mães
como pessoas simpáticas e amigas. Tanto eles como elas enca­
ram o pai desta última forma.
As meninas, como sempre, e os meninos, pela segunda
vez, contam, nesta idade, histórias cujos temas são de índole
mais social que egocêntrica. Tal como no período imediata-
mente anterior, a maioria das histórias acontecem em lugares
muito distantes. Nas histórias dos meninos predomina a fan­
tasia, mas há um número considerável de meninas que já está
mais próxima da realidade.
Aumenta o uso do humor, que toma a forma de ações ri­
dículas, desgraças ou infelicidades, tolices de linguagem e ab­
surdos. Como em todas as idades, registra-se uma forte ten­
dência de proteção do eu. As meninas manifestam essa tendên­
cia fazendo que os males aconteçam aos irmãos ou a outros
meninos, ou falando de violências que realmente não se veri­
ficam. Os meninos protegem-se fazendo que os males re­
caiam sobre coisas ou animais, ou que seja castigada a malda­
de dos outros.
Se ainda existe um companheiro imaginário que participe
da vida da criança, isso é agora um assunto de caráter pessoal e
privado. A maioria das crianças não fala nele (ou nela) às outras
pessoas, como fazia dos 3 anos e meio para os 4. Todavia, a
criança de 5 anos é tão realista na sua maneira de encarar a
vida, que bem podemos presumir que um antigo companheiro
imaginário lhe desperte agora muito pouco interesse.
Vistas as coisas no seu conjunto, a criança de 5 anos ten­
de a apresentar-se numa situação de equilíbrio excelente. A
sua saúde tende a ser boa e, do ponto de vista emocional, é
uma pessoa bem disposta. Tem poucas birras de mau gênio e
exprime as suas recusas, quando muito, batendo o pé, ou com
um "Não, não quero". Não é uma criatura nervosa. Com efei­
to, depara-se-nos muitas vezes uma graciosidade e uma perí-
280 A criança do 0 aos 5 anos

da inconscientes nas suas coordenações motoras dos grandes


ou dos pequenos músculos. Há nela uma perfeição acabada e
uma economia de movimentos que mais uma vez nos suge­
rem que os 5 anos sejam uma idade focal, para onde conver­
gem todas as linhas do desenvolvimento, a fim de se organi­
zarem para uma nova avançada - a ruptura de equilíbrio que
caracteristicamente se registra por volta dos 5 anos e meio.
Na verdade, o desejo de alguns pais, quando se dá o co­
lapso de comportamento habitual dos 5 anos e meio para os 6
e o seu "bom" Glhinho de 5 anos se transforma num filhinho
menos que bom, de 6 anos, seria o de poderem ver de volta
outra vez aquela dócil criança de 5. Claro está que é inútil
olhar desta maneira para o passado. E uma criança que está
crescendo precisa, para enfrentar o mundo, de um equipa­
mento melhor que o dos 5 anos. Precisa se expandir, tal como
faz aos 6 anos, muito embora, ao fazê-lo, se meta por certas
vias que ocasionam a todos os interessados boa soma de difi­
culdades.

Características de maturidade

O leitor pode encontrar a descrição das características de


maturidade da criança de 5 anos em A criança dos 5 aos 10
anos, de Gesell e Ug. Descrevemos pormenorizadamente nes­
se livro a criança de 5 anos, relacionando-a com os anos que
vêm a seguir.
Terceira parte
Orientação do desenvolvimento

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