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MUSICALIDADE NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
A escola como um local reprodutor de uma
cultura que promove a desigualdade
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Revista Educar FCE - Abril 2019
CDD 370
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PALAVRA DO DIRETOR
O TRABALHO DE CONTEUDISTA
O conteudista é o profissional que desenvolve uma enorme energia mental
possui domínio sobre determinado para desenvolver a melhor narrativa do
assunto. Geralmente trata-se de um texto possível que ampare os diversos
especialista, podendo ser um mestre ou passos exigidos no desenvolvimento
doutor, com experiências direcionadas aos instrucional da modalidade a distância nos
Prof. Paulo Mantovan
Diretor Acadêmico
objetos de estudo do conteúdo requerido. Ambientes de Virtuais de Aprendizagem, da Faculdade Campos Elíseos
A ele é encomendado um texto que os AVAs. a ajuda instantânea de um professor, é
reflita seu saber, mas que também A modalidade a distância já não algo que exige uma programação mental
expresse as necessidades de um projeto é considerada algo novo, mas a todo diferenciada do conteudista, já que aponta
de estudos, atualmente é mais comumente momento vem agregando novos estudos para um processo de autodidatismo da
atrelado a modalidade a distância. e experiências no uso da tecnologia, o que aprendizagem, que exige do aluno uma
O pressuposto é que o trabalho a está provocando um aumento gradativo de sistemática autodisciplina para com os
ser realizado não exige uma relação interesse nos meios educacionais devido a estudos.
formal com vínculo empregatício, mas uma imensa gama de possibilidades de Nesse contexto, a exigência
uma prestação de serviços autônoma, hipertextos colaborativos. acadêmica voltada para o EAD requer
independente de supervisão ou horários Mesmo diante do atual momento que o texto seja modelado e modulado
ou de comparecimento em local evolucionista da modalidade a distância, na forma de desenho instrucional, com
específico. O resultado dessa operação ainda assim, os seus pressupostos participação, aí sim, de docentes, que
pode ou não ser utilizado pelo contratante, formais não atingem toda a comunidade deverão adaptar o texto no ambiente
é eminentemente vinculado ao talento do acadêmica, onde críticas são emanadas e virtual de aprendizagem, através do
profissional do contratado. resistências ainda são oferecidas a favor órgão acadêmico NDE – Núcleo Docente
A participação de um conteudista do conservadorismo histórico vivenciado Estruturante, além de uma grande equipe
envolve uma relação dialógica que vai nesse meio, todavia, constata-se uma de produção voltada para os quesitos
além da dimensão de docência, é muito continua evolução dos meios tecnológicos tecnológicos inerentes ao EAD.
mais voltado ao contexto profissional. tornando a aprendizagem presencial Por isso é que hoje já não basta ser
Não é simplesmente uma realização com articulada como o contexto híbrido entre um professor de sucesso no modelo
retorno financeiro, a troca que se realiza é a conservação da tríade cadeira-aluno- presencial, não basta ter escrito
muito mais ampla porque envolve algumas professor com tecnologias virtuais de inúmeros livros técnicos ou científicos,
dificuldades que permeiam o universo da apoio a aprendizagem presencial, onde não basta somente dominar o conteúdo.
pedagogia em relação ao saber, no sentido também os conteudistas profissionais Os conteudistas não necessitam ser
de que o conteúdo deverá apontar para adquirem espaços importantes. obrigatoriamente docentes, mas conhecer
os estímulos cognitivos da aprendizagem, Escrever um texto com vistas a atingir essa modalidade, sabendo que ali existem
portanto, forçosamente o conteudista especificamente o aprendiz, que não terá competências diferenciadas.
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(2008:93) define “trabalho” como é uma forma de agir, ou uma prática, própria da espécie humana, que EDITORA-ADJUNTO
desenvolveu de atividades coletivas organizadas, destinadas a assegurar a sobrevivência dos membros do Marcelo de Lima
grupo, e que se tornaram “particularmente complexas e diversificadas”. E, Clot (2006) caracteriza o “trabalho”
REVISÃO E NORMALIZAÇÃO
como uma prescrição de objetivos e procedimentos a serem realizados. Porém, o que nos chama à atenção é DE TEXTOS
o trabalho efetivamente realizado, chamado pelo autor de “trabalho real”, pois segundo ele, é uma atividade Márcia Donizete Leite Oliveira
que não se limita apenas ao que é realizado pelo indivíduo, mas também o que ele deixa de realizar, o que Rodrigo Leite da Silva
poderia ter feito, mas foi amputado de seu poder de agir, devido a impedimentos internos ou externos que
acabam surgindo no percurso de sua atividade. Quanto ao trabalho do professor, muitas pesquisas nos
PROGRAMAÇÃO VISUAL E
DIAGRAMAÇÃO
mostram uma preocupação voltada ao ensino-aprendizagem e não propriamente ao trabalho docente. Para Keter Reis
maiores esclarecimentos, Saujat (2004), preocupado com esta questão mostra em suas pesquisas que não há
uma atenção notória para o trabalho educacional, pois essas pesquisas continuam presas a uma concepção
PROJETO GRÁFICO
unificada da atividade docente. Mesmo tendo interesse pelo trabalho docente, continuam reduzindo esta
Elizandra Pires
atividade como objetiva e transmissora de conhecimentos. Assim, o autor nos adverte que este trabalho, é
uma “atividade de um sujeito que tem seus próprios fins, buscando alcançar seus objetivos, ao mesmo tempo COPYRIGTH
em que busca realizar aquilo que é determinado pela própria tarefa” (LEPLAT, 1997:4 apud SAUJAT, 2004). Revista Educar FCE
Como se pode ver, os impedimentos do trabalho docente não são levados em conta, porém muitos desses ISSN 2447-7931
podem causar o estresse ou fadiga ao professor, prejudicando seu agir. Assim, é necessário dar “voz” a esse Faculdade Campos Elíseos
trabalhador que pode estar sofrendo e prejudicando seu desempenho. Pois sua atividade é situada, a qual (ABRIL, 2019) - SP
engaja suas dimensões física e psíquica, cognitiva, emocional (...). É também mediada por instrumentos de
Publicação Mensal e
trabalho (materiais ou simbólicos) que envolve um agir coletivo, interacional e, ao mesmo tempo transpessoal, multidisciplinar vinculada
no sentido de ser guiado por outros elementos ou por outros tipos de agir. Entretanto, é também uma à Faculdade Campos Elíseos.
atividade conflituosa que provoca a aprendizagem de novos conhecimentos e de desenvolvimento humano
Os artigos assinados são de
ou pode servir de impedimentos a tudo isto, pois não se limita apenas à sala de aula porque é uma atividade responsabilidade exclusiva
que vai muito além dos espaços escolares (MACHADO, 2008, p,93). Assim, o professor está constantemente dos autores e não expressam,
reformulando seu agir, reelaborando prescrições, readaptando-se a cada situação diária com reações
necessariamente, a opinião do
Conselho Editorial.
diferentes, interesses próprios, motivações, objetivos e variados recursos para lidar com as capacidades dos
alunos por meio desta atividade complexa e multidimensional que é o trabalho docente. É permitida a reprodução total
Prof.ª. Dra. Márcia Donizete Leite Oliveira ou parcial dos artigos desta
revista, desde que citada a fonte.
Coordenadora da Revista EducarFCE
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SUMÁRIO
129 A APRENDIZAGEM EM ARTES NAS PRÁTICAS DE
EDUCAÇÃO INFANTIL: CORPO, MOVIMENTO E
DANÇA
Carla Simone Vicente Tavares De Oliveira
29 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR COMBATENDO O 160 A IMPORTÂNCIA DA ARTE NOS ANOS INICIAIS
SEDENTARISMO Daiene Furquim
Aldivânia Santos Do Nascimento
52 O ENSINO POR MEIO DOS RECURSOS 181 "O ENSINO DE MÚSICA COMO INSTRUMENTO
TECNOLÓGICOS E DAS MÍDIAS SOCIAIS DE INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE
Alessandra Ferrari Da Fonseca Teixeira APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL
Daniela Patricia Almeida Machado
105 A ARTE E SUAS LINGUAGENS - MUSICALIZAÇÃO NA 240 OS BENEFÍCIOS DOS JOGOS E BRINCADEIRAS
EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Ana Lucia Ramos Santos Diego Daniel Mascarenhas Martins
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262 "A IMPORTÂNCIA DAS CORES NOS DESENHOS NO 406 A INFLUÊNCIA DA ARTE AFRODESCENDENTE
ENSINO NA EDUCAÇÃO INFANTIL" NA CULTURA BRASILEIRA: UMA VISÃO SOBRE
Elaine Cristina Negreiros Da Silva A DIVERSIDADE E CIDADANIA NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Gisleine Ferreira De Freitas Mello
303 "UMA ANÁLISE DA ALFABETIZAÇÃO INCLUSA NA 436 "O IMPACTO DAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
PROPOSTA DA EDUCAÇÃO INFANTIL" NO COTIDIANO ESCOLAR: UM RELATO DE
Fabio Valim Dos Santos EXPERIÊNCIA EM ESCOLAS DA PREFEITURA DE
CAIEIRAS E DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO"
Gleice Kelly De Souza Guerra
313 O DIREITO DA CRIANÇA DEFICIENTE INTELECTUAL
E A RESSIGNIFICAÇÃO DA PRÁXIS PEDAGÓGICA 445 "A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NO
CONTEXTO ESCOLAR"
Flávia Aparecida Miranda
Helen De Arruda
330 A INCLUSÃO DE ALUNOS COM SÍNDROME DE 454 ARTE E INFÂNCIA: ONDE ELAS SE ENCONTRAM,
DOWN NA VISÃO DA PSICOPEDAGOGIA QUAIS BENEFÍCIOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Flávia Cristina Pereira Figueiredo Isabel Cristina De Castro Tomaz
340 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA FORMAÇÃO 465 ESCREVER E LER COMO PARTES INTEGRANTES
PEDAGÓGICA DO PROCESSO EDUCATIVO: INTERCONEXÕES
Flávia Salgueiro Menegassi E INFLUÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO DA
ALFABETIZAÇÃO
350 CONFLITO ESCOLAR Jennifer Carvalho Foster
Flaviane Ferreira Gonçalves Araújo
374 "A UTILIZAÇÃO DAS RODAS DE DANÇA COMO 482 É BRINCANDO QUE SE APRENDE: A IMPORTÂNCIA
UM RECURSO DIDÁTICO NA APRENDIZAGEM DO DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO
BALLET CLÁSSICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL" INFANTIL
Giórgia Regina Agostinho Do Nascimento Josivan Jose De Oliveira Silva
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641 CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 793 "A IMPORTÂNCIA DA CRITICIDADE: A VISÃO
Lídia Cristina Rolim De Paula Pinho DE PAULO FREIRE
Magda De Souza Ferreira
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864 O ENSINO RELIGIOSO NA ESCOLA 1043 UMA REFLEXÃO SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA ARTE
Maria Anunciação De Souza NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Marly Aparecida Corsini Alves
894 ESCOLA E COMUNIDADE NO DIVÃ COM A GESTÃO 1061 O DESENHO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
DEMOCRÁTICA Mayra Rosanna Amadasi
Maria Cleusa Ribeiro De Souza Moreno
947 DESENHO INFANTIL E AS RELAÇÕES COM AS 1124 A MÚSICA DENTRO DO CONTEXTO ESCOLAR
ARTES: DESENVOLVIMENTO E DIVERSÃO Monise Felix Delpasso
Maria Maura Moreira
976 A BAIXA AUTOESTIMA COMO GERADORA DE 1147 O ENSINO DE ARTES NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
LEGISLAÇÃO E PRÁTICAS
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Nair Francisca De Macedo Alonso
Mariana Batista Nunes
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1186 PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO 1357 TGI- STRESS INFANTIL: CRIANÇA COMO SUJEITO
Pâmela Cestare Lisboas
DO CONHECIMENTO
Rafaella Mendes
1199 O TRABALHO DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Pamela Medeiros Albuquerque 1365 O LÚDICO NO PROCESSO EDUCATIVO
Raphaela Rachel Bazílio Dielle
1208 RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS
Patricia Amaral Carvalho Caversan
1376 ALFABETIZAÇÃO: PROCESSOS E MODALIDADES
APLICADAS À EDUCAÇÃO INFANTIL
Raylane Ryara Dos Santos Mesquita
1219 A ESCOLA COMO MEIO QUE PREPARA PARA A
VIDA
Patricia De Oliveira Santos 1386 EDUCAÇÃO ESPECIAL X EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Régia Chinelato Da Silva Hitos
1228 A ÊNFASE DA MÚSICA INTRINSECAMENTE
ATRELADA AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS DAS 1395 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
INFÂNCIAS Renata de Carvalho Barra
Patricia Meg Ayres Sousa
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A cadeira de rodas, as bengalas e muletas faz parte do espaço corporal da pessoa, ou seja,
torna-se quase que uma extensão de seu corpo. Não se deve agarrar ou apoiar-se na cadeira,
pois se tem a sensação de estar faltando com respeito. Não é aconselhável movimentar a
cadeira de rodas sem antes pedir permissão para fazê-la.
Pessoas surdas – Não é respeitoso dizer que uma pessoa é surda-muda. A maioria das
pessoas surdas não fala porque não aprenderam a falar e muitas fazem a leitura labial, o que
se faz necessário falar com calma para que possam compreender.
Para conversar com uma pessoa surda é correto acenar ou tocar em braço levemente, mas
isso só acontece que ela não estiver prestando atenção em você. Não há a necessidade de
gritar, pois a pessoa surda lerá os lábios e não estará escrutando os sons. É importante falar
de frente e não de lado ou de costas.
Pessoas cegas ou com alguma deficiência visual – É sempre bom saber que nem sempre
as pessoas cegas ou com deficiência visual necessitam de ajuda, mas se caso encontrarmos
alguma pessoa que parece estar com dificuldades é bom se identificar para que ela perceba
que você está falando com ela e oferecer auxílio. Não é conveniente ajudar sem antes
perguntar. Se a ajuda for aceita é necessário colocar a mão da pessoa em nosso cotovelo
dobrado, porque dessa maneira ela vai acompanhando o movimento do nosso corpo enquanto
estamos caminhando. É bom avisar com antecedência quando há degraus, buracos, pisos
escorregadios e algum outro obstáculo durante o trajeto.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Precisamos compreender que uma pessoa com deficiência
tem capacidades, dentro de seus limites, e que não podem
ser excluídos do convívio social, escolar e profissional.
A inclusão não pode ser vista apenas como nome, ela deve
ser compreendida, ser ensinada, vivida, realizada e praticada.
ADRIANE LUZIA
Encontramos em nossas vidas pessoas com deficiência e MARTUCCI LIBERATTI
muitas vezes nos indagamos em como auxiliá-las. É claro que Graduação em Pedagogia pela
cada pessoa com deficiência possui suas especificidades, Universidade de Mogi das
mas ao ajudar essa ajuda não pode estar sendo associada Cruzes (1991) Especialista em
Psicopedagogia pela Universidade
ou confundida com dó, menosprezo, desprezo e indiferença. Castelo Branco (2005), Especialista
Precisa ser compreendida no sentido de inclusão, de em Direito Educacional pela
capacidade, de vida, de realização e superação. Faculdade de Aldeia de Carapicuíba
(2015), Especialista em Educação
Especial em Deficiência Intelectual
pela Faculdade Campos Elíseos
(2018), Professora de Educação
Infantil e Ensino Fundamental I
na EMEF Professora Célia Regina
Andery Braga na prefeitura de São
Paulo/SP e Professor Adjunto I,
prefeitura municipal de Ferraz de
Vasconcelos/SP.
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REFERÊNCIAS
ALVES, Fátima. Inclusão muitos olhares, vários caminhos e um grande desafio. Rio de Janeiro.
Ed. Wak, 2012.
CAVACO, Nora. Minha criança é diferente? Rio de janeiro. Ed. Wak, 2014
MAIA, Heber. Necessidades educacionais especiais. Rio de Janeiro. Ed. Wak, 2016.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: pontos e contrapontos. 1ª Ed. São Paulo.
Ed. Summus, 2006.
PAULA, Jairo. Inclusão: mais que um desafio escolar, um desafio social. 2ª Ed. São Paulo. Ed.
Jairo de Paula, 2006.
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UM OLHAR INTEGRADOR NA
ALFABETIZAÇÃO DE AUTISTAS
RESUMO: É sabido queo papel institucional que a escola carrega diante da sociedade é a de
socialização entre os alunos e entre toda a comunidade escolar, ou seja, a função social de
escola reside na sua importância como fonte de integração do ambiente escolar para com
as crianças. As crianças com síndrome de autismo – Transtorno do Espectro Autista (TEA) –
merecem uma maior atenção no que toca a escolarização e ao ambiente escolar. O autismo
afeta, dentro outros, os mecanismos de interação socialdo indivíduo e aguça a introspecção
e reações antissociais. Todavia, tanto a escola, como os professores devem comungar dos
mesmos objetivos para atingir esse intento, qual seja: a efetiva socialização da criança com
TEA entre os demais integrantes do grupo escolar. Porém, escusado é lembrar que, toda a
comunidade escolar, e nisso integra-se os pais, de uma forma em geral, deve proporcionar
um ambiente escolar que possa ser inclusivo, onde a criança autista se permita fazer parte
de um grupo e a encarrar a escola como um ambiente familiar. Proporcionar a inclusão
educacional, pode facilitar, de certa forma, o processo de letramento e alfabetização da
criança com Transtorno do espectro Autista e fazer cair por terra velhas práticas pedagógicas
e atitudes de desrespeitos muito comuns em algumas escolas brasileiras.
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autor, de países de terceiro mundo, em que o a escola exclui e segrega o aluno com quadro
assistencialismo dá lugar a políticas públicas de autismo.
de inclusão.
Debruçar-se sobre o tema da
Porém, postula Santos (2008), que devido alfabetização de crianças com autismo é
aos altos custos gerados por entidades o intuito desse trabalho. Por meio de uma
particulares para inclusão da pessoa com revisão bibliográfica procurou-se elencar as
autismo, que em muitos casos fica inviabilizado dificuldades enfrentadas pela comunidade
o acesso de uma maior parcela de crianças escolar, pelos pais e principalmente pelos
ao direito Constitucional de alfabetização. alunos que apresentam um quadro de autismo
Uma vez que o apoio familiar prestados no que tange aos princípios básicos da
por essas associações se faz necessário alfabetização e aos Direitos Constitucionais
e para tanto, formação e treinamento de à todos garantidos.
profissionais capacitados para essa tarefa é
de fundamental importância nesse processo,
porém bastante oneroso (SANTOS, 2008). O AUTISMO
Por outro lado, a escola, ao recebe O TEA – Transtorno Espectro do Autismo
um aluno autista, deveria estar ciente -, pode ser classificado em três graus: leve,
que está se comprometendo com uma moderado ou severo, pois essa variação
criança que se apresenta com dificuldades depende do quão é a necessidade de apoio
de relacionamento social, interação de outras pessoas para realização de suas
comunicativa, falta de concentração ou necessidades básicas. No entanto, a pessoa
seguir regras sociais. No entanto, em muitos com autismo não apresenta, fisicamente, um
casos o ambiente escolar se torna um local aspecto diferenciado de outras pessoas. Pode-
opressor, onde os alunos autistas serão se perceber o grau de autismo observando
forçados a se enquadrar em padrão pré- seu comportamento. O isolamento social e
estabelecidos e sua recusa será encarada repetitividade são algumas características da
como desrespeito, falta de motivação ou até pessoa com autismo.
mesmo preguiça (Ibidem).
Por ser a escola o primeiro local de interação Escusado é lembrar que o autismo não se
social da criança, longe de seio familiar, manifesta como uma doença, no entanto, ele
ela tem por obrigação procurar acolher, de não tem cura, dessa forma acompanhará a
forma proporcional, todos as crianças, mas pessoa perenemente. Porém, quanto mais
a falta de preparo de alguns profissionais da cedo for detectado sua presença na criança,
área, conjuntamente com a falta de interesse melhor será o desenvolvimento dessa
da classe política faz com que, ao invés de criança.
incluir para um efetivo processo educacional,
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O termo autismo é uma palavra que vem Escusado é lembrar que o autismo não
do grego, autás, e quer dizer “em si mesmo”, é considerado uma doença, pois sim, uma
e foi empregado pela primeira vez no ano de síndrome que acomete o cérebro e está
1911, pelo médico psiquiatra suíço, Eugene presente desde a infância do ser, e ele
Bleuler.Bleuler afirmou que os indivíduos se manifesta em qualquer que seja sua
com autismo sofriam com a ausência da classe social ou seu grupo étnico-racial
realidade, pois penetravam em seu mundo (MERCADANTE; ROSÁRIO, 2009).
particular, ignorando o seu redor. “O autista
mergulharia no seu interior, em sua própria e Já, no ano de 1976, uma nova percepção
fecunda imaginação” (BARBOSA 2013 apud em relação ao autismo estava surgindo com
RODRIGUES; SPENCER, 2010). o pesquisador E. R. Ritvo, que relacionou
o autismo a uma deficiência cognitiva, ou
De acordo com Priscila Barbosa (2013), seja, não mais como uma psicose infantil
o médico psiquiatra austríaco Léo Kanner ou quadros psicológicos ou distúrbio de
é considera pioneiro no que se refere à desenvolvimento, como era visto até
observação de crianças que apresentavam então, mas como uma deficiência do
comportamentos fora do normal. É também, Sistema Nervoso Central (ASSUMPÇÃO JR;
segunda a autora, o primeiro estudioso do PIMENTEL, 2000).
assunto a lançar publicações sobre seus
estudos em uma obra intitulada Distúrbios A partir daí não se tem dúvida, entre os
autísticos do contato afetivo. Em um de seus pesquisadores do TEA, acerca dos fatores
relatos lê-se: “Tais crianças estavam sempre neurológicos causadores da síndrome, no
distanciadas das outras e pareciam manter entanto, apesar dessa substancial evidência,
uma relação não funcional com os objetos, os mecanismos etiológicos não têm
inclusive brinquedos” (BARBOSA, 2013 especificamente sido identificados. Apesar
apud SUPLINO, 2009,). de muitos anos de estudos, o autismo ainda
não tem compreendida a sua patogênese
No ano de 1940, Kanner denominou de de confirmação de seu diagnóstico. Tem,
“autismo infantil precoce”, definindo-a de no entanto, o autismo como definição
síndrome e observou outras características as descrições de comportamentos
comuns nas crianças, quais sejam, “sérias caracterizados como anormais (Ibidem).
dificuldades de contato com as pessoas; ideia
fixa em manter os objetos e as situações sem
variá-los; fisionomia inteligente; alterações AUTISMO NO BRASIL
na linguagem do tipo inversão pronominal,
neologismos e metáforas”(BARBOSA, 2013 No caso brasileiro, o autismo foi tratado de
apud RODRIGUES; SPENCER, 2010). forma tardia por entidades governamentais,
no que tange ao acolhimento e ao auxílio,
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tanto à pessoa com quadro de autismo Areferida lei foi de fundamental importância,
quanto a seus familiares. Restava, até os por representar um marco histórico na luta a
anos iniciais de século XXI, para a parcela favor dos direitos dos autistas no Brasil, e foi
da população brasileira que estava direta recebida com aplausos por grupos ativistas
ou indiretamente em contato como o TEA o que lutas a favor dos autistas. A inclusão
auxílio das instituições não governamentais dos autistas como tendo os mesmos direitos
(FELDMAN; LIMA, 2017). que as pessoas com deficiência possibilita
o acesso a direitos já previstos legalmente
De acordo com Paiva Junior (2019), o Brasil para pessoas com deficiência no Brasil, como
não tem um estudo quantificativo no que se benefícios financeiros, ingresso ao mercado
toca ao número de pessoas com autismo, ou de trabalho, garantia à educação em escolas
seja, “o Brasil não tem estudos de prevalência regulares, dentre outros. Ademais, garante
de autismo. Não temos números oficiais”. aos autistas atendimentos em serviço de
Segundo ainda com o autor, nem mesmo o saúde especializada. (OLIVEIRA; FELDMAN;
IBGE tem um estudo estatístico de autismo COUTO; LIMA, 2017).
no Brasil.
No ano de 2013 foi lançado, pelo Ministério
Um estudo que prima pela estimativa da Saúde dois documentos que vão a favor
acerca do número de pessoas com autismo dos direitos da população brasileira com
no Brasil pode acarretar maior investimento, autismo. Os referidos documentos tinham
por parte do governo, em políticas públicas. por finalidade orientar o SUS no que tange
Dessa forma, tem-se a ideia de quem são e aos tratamentos das pessoas com TEA
onde residem os autistas brasileiros, para, (Ibidem).
assim, ter um maior direcionamento tanto
do governo federal quanto do governo local
para auxiliar a pessoa autista e seus familiares EDUAÇÃO E O AUTISMO
(PAIVA JUNIOR, 2019).
Na área da educação, segundo a senadora
Porém, no dia 27 de dezembro do ano de Mara Gabrilli – PSDB em entrevista ao
2012, foi dado um passo importante no que Estadão, no dia 01 de abril de 2019, as
toca os direitos da pessoa com autismo. Foi crianças com autismo são, em muitos casos,
sancionada a Lei nº 12.764, que “Institui a Política têm sua matrícula negada pelas escolas, e
Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoacom quando são aceitas a comunidade escolar
Transtorno do Espectro Autista” (BRASIL, 2012). faz prática de uma “falsa inclusão”. Quer
Essa Lei reconheceu a pessoa com TEA como dizer que o aluno autista é tratado como
sendo uma “pessoa com deficiência para todos sendo um aluno não diferenciado dos
os efeitos legais”, por meio do texto explicitado demais, em relação aos métodos de ensino-
em seu parágrafo segundo. aprendizagem. A falta de ferramentas tanto
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da escola em sala de aula como pedagógicas O autor ainda lembra que, no ano de
por parte do professor é uma deficiência 2007, o Ministério da Educação e Cultura
apontada pela senadora. Gabrilli foi relatora e a Secretaria de Educação Especial (MEC/
do projeto de lei (Lei. 1361/01) que previa SEESP) produziu um documento com a
o reconhecimento da pessoa com autismo à finalidade de disciplinar a inclusão de alunos
condição análoga à pessoa com deficiência, com Transtornos Globais do Desenvolvimento
para fins legais. A referida lei criou uma nas escolas regulares. No entanto, esse
Política Nacional de Proteção dos Direitos da processo inclusivo deve ser garantido pela
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista escola, porém, pais e professores devem
(GABRILLI, 2019). garantir uma efetiva inclusão do aluno na
comunidade escolar. (Ibidem)
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência, sancionada no ano de 2015,
tipifica como crime (multa mais reclusão de LETRAMENTO,
2 – 5 anos) a discriminação, maus tratos de ALFABETIZAÇÃO E AUTISMO
qualquer natureza, a recusa o cancelamento
da matrícula escolar ou, ainda, cobre valor Ischkanian ensina que letramento e
adicional da pessoa com deficiência, seja a alfabetização têm diferenças quanto aos
instituição de ensino pública ou privada. seus efeitos práticos. Enquanto alfabetização
Essa mesma postura é aplicada à pessoa com é um processo pedagógico tradicional,
autismo no território nacional. em que a escola se preocupa em ensinar a
criança os princípios básicos do alfabeto,
De acordo com Schmidt (2016) o processo ou seja, o ensinar a ler e a escrever sendo
de inclusão de alunos síndrome do autismo uma prioridade da escola que pensa o
trás benefícios não somente para a criança alfabetizar. Considera-se, aqui, a escrita da
autista ou para seus familiares, mas sim, língua portuguesa, basicamente, enquanto
defendo o autor, para toda a comunidade representação gráfica. Por outro lado,
escolar. Segundo ele, defende a autora, o letramento cuida de ser
“uma nova perspectiva sobre a prática social
a inclusão, a educação de alunos com da escrita” (ISCHKANIAN, s/d).
autismo, assim como oreconhecimento dos
infinitos matizes e gradientes pelas quais
estas características seapresentam ao longo Kleiman(1995) define letramento como
do espectro, se constitui como um desafio sendo um conjunto de práticas sociais, as
para todos osenvolvidos. Acredita-se que o
processo inclusivo possa gerar benefícios a quais se usam a escrita como sendo um
todos osenvolvidos, e não somente àqueles sistema simbólico, em contextos específicos
incluídos. Por exemplo, alguns estudos mostram e para objetivos específicos. Portanto,
quea inclusão de alunos com autismo no ensino
regular pode ampliar os conhecimentos eformas conclui a autora, nem todos os adultos
de ensinar a aprender entre os envolvidos alfabetizados são de fato letrados, pelo fato
(SCHMIDT, 2016).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
À criança com síndrome de autismo deve-se ter um
maior cuidado quando se é referido ao processo social de
educação. No Brasil, os autistas estão com seus direitos
amparados legalmente. A lei de n° 12.764 do ano de 2012, a
chamada Lei de Política Nacional de Proteção da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista. A partir dessa lei, a garantiu
da frequência escolar por parte das crianças com autismo
pode ser efetivada, além de possibilitar acompanhamento
especializado, caso haja necessidade por conta do aluno.
Faz-se importante lembrar que cada quadro de autismo ADRILENE BRAGA TIBA
se diferencia uns dos outros, não havendo, desse modo, um
Especialista em neurociências
processo generalista quando se refere ao seu tratamento. pela Faculdade Campos Elíseos
Logo, na escola, com as crianças autistas devem ser evitados (2018); Psicóloga, Psicopedagoga
os métodos generalistas de educação. Ademais, o ambiente e Professor de Educação Infantil
e Ensino fundamental I na EMEF
escolar deve ser um local de integração para as crianças Rodrigo Mello Franco de Andrade
com TEA, de forma que em uma ação conjunto com escola,
professores, comunidade escolar e os próprios pais devam
de responsabilizar por construir um ambiente integrador.
Por outro lado, a inclusão tende a passar por algumas barreiras, dentre elas estão a falta
de profissionais qualificados para o ensino-aprendizagem, a falta de recurso financeiros para
proporcionar um ambiente educacional inclusivo, a falta de informações e discussão com a
comunidade escolar para uma maior aceitação e quebra de preconceitos frente às crianças
com síndrome de TEA e o isolamento e abandono por parte do governo ás crianças autistas
e seus familiares, que são amparados, em muitos casos por organização particulares e de
solidariedade.
Portanto, pode perceber por meio deste que as discussões acerca do autismo,
principalmente no Brasil, são de estrema importância, porém seus estudos e suas formas de
amparo governamental estão ainda engatinhando. Avanços na legislação podem proporcionar
maior visibilidade para as pessoas com autismo, trazendo à tona discussões sobre o tema.
Diante disso, seu resultado prático pode ter reflexo no processo educacional das crianças
com síndrome de autismo e a escolarização como sendo um ponto fulcral desse debate.
Permitindo, assim, quebra de estereótipos e preconceitos e um amento da responsabilidade
social para com a comunidade de autistas no Brasil.
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REFERÊNCIAS
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O propósito desse estudo foi apresentar o que a criança com hábitos ativos se torne um
sedentarismo e suas consequências à saúde e adulto ativo, minimizando a incidência de
verificar como o professor de Educação Física várias doenças (NAHAS, 1998).
pode auxiliar no combate dessa epidemia,
através da conscientização dos alunos sobre O professor de Educação Física é
a necessidade de fazer atividade física para o responsável por orientar, incentivar e
benefício da qualidade de vida. conscientizar seus alunos sobre os benefícios
da prática da atividade física, mas para que
o seu objetivo seja satisfatório é importante
SEDENTARISMO NA ESCOLA que os alunos possam usufruir de suas aulas
em locais adequados, com vestimentas
Segundo Nahas (1998), com o avanço corretas e associados a esses fatores é
da tecnologia, o aumento da violência e importante que haja uma alimentação
a falta de espaços públicos para a prática equilibrada (ALVES, 2007).
corporal, reduziram as oportunidades de
lazer favorecendo os hábitos sedentários, o A escola não é um ambiente para que
número de crianças e adolescentes em idade se realize a prática de atividade física
escolares sedentárias e consequentemente regularmente, e as aulas de Educação Física
obesas, vem aumentando consideravelmente não são propostas com o objetivo de beneficiar
a cada ano, com objetivo de encontrar um a saúde dos educandos. Afinal as duas aulas
caminho contra esse mal destacamos o papel semanais não atendem aos objetivos para
da escola como meio para combater o avanço tornar o indivíduo fisicamente ativo. Os
dessa epidemia da era moderna e encontrar conteúdos propostos nas aulas de Educação
nela formas para lutar contra o sedentarismo, Física devem objetivar na conscientização
e apontar a importância do professor de dos alunos sobre os benefícios da atividade
Educação Física para conscientização dos física e em informar os indivíduos sobre os
alunos para que criem esse hábito saudável malefícios de um estilo de vida sedentário.
com a prática da atividade física.
A escola é o local onde existe uma
Um estilo de vida ativo em nível de atividade disciplina onde é obrigatória a prática da
física que é caracterizada como qualquer atividade física e são nessas aulas que
movimento como resultado de contração professor deve conscientizar incentivar e
muscular esquelética que aumente o gasto divulgar os benefícios da atividade física,
energético acima do repouso, em crianças para que seus alunos adotem esse hábito
e adolescentes contribui para melhoria do saudável ao longo de sua vida, onde o aluno
perfil lipídico e metabólico e para redução de busque a prática dessas atividades também
casos de obesidade. Ao promover a atividade fora do ambiente escolar, mas para que
física na infância e na adolescência é provável isso aconteça o professor deve apresentar
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propostas aos seus alunos com diversos tipos diversas práticas corporais, assim os alunos
de atividades, proporcionando liberdade de podem conhecer diferentes culturas e
escolha, o aluno encontrará a atividade que escolher uma atividade que sinta prazer em
mais se identifica e irá realizar determinada praticar e busque a mesma fora do ambiente
prática com entusiasmo e prazer (ALVES, escolar, beneficiando não apenas o seu
2007). desenvolvimento físico, mas também os
aspectos mentais, sociais e emocionais.
“O objetivo principal da prescrição da atividade
física na criança e no adolescente é criar o
habito e o interesse pela atividade física, e não Guedes e Guedes (1997) apontam duas
treinar visando desempenho. Dessa forma, metas como prioridade para o atendimento
deve-se priorizar a inclusão da atividade física da proposta de promoção da saúde: a)
no cotidiano a valorizar a educação física escolar
para que estimule a pratica da atividade física promover experiências motoras que possam
para toda vida, de forma agradável e prazerosa, repercutir satisfatoriamente em direção a um
integrando as crianças e não discriminando os melhor estado de saúde, procurando afastar
menos aptos. ” (NAHAS, 1998, p.2)
ao máximo a possibilidade de aparecimento
dos fatores de risco que contribuem para o
Segundo Guedes e Guedes (1997) as aulas surgimento de eventuais distúrbios orgânicos;
de Educação Física são ocupadas por um e b) levar os educandos a assumirem atitudes
tempo excessivamente longo com tarefas de positivas em relação a pratica de atividades
organização e aguardo entre as atividades físicas para que se tornem ativos fisicamente
ministradas, e a maior parte delas envolve não apenas na infância e na adolescência,
a pratica de esportes, as oportunidades mas também na vida adulta.
de participar de atividades voltadas as
desenvolvimento e ao aprimoramento da De acordo com os dados alcançados
aptidão física são pequenas, o que leva através de estudos, relataram informações
profissionais da área a buscarem uma nova sobre a divisão das aulas do ensino
definição do verdadeiro papel dos programas fundamental II ao ensino médio, e concluíram
de Educação Física como meio de promoção que dos 50 minutos disponíveis as aulas de
da saúde. Educação Física a proporção média do tempo
dedicado as atividades de desenvolvimento
Para que o indivíduo deixe de ser e aprimoramento dos níveis de aptidão
sedentário, é necessário que o mesmo física, revelaram valores entre 10 e 20%,
realize exercícios físicos no mínimo 30 cerca de quatro a oito minutos em cada
minutos diários, sendo ao menos 5 dias aula. A maior parte do tempo foi dedicado
por semana. O que mostra que as aulas de aos componentes motores da aptidão física
Educação Física não são suficientes para foi atribuída à realização de exercícios
tornar o indivíduo fisicamente ativo. Então aeróbicos, seguido dos exercícios que
é importante que o professor apresente exigem a participação da flexibilidade e da
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As atividades físicas praticadas dentro aos alunos nas aulas de Educação Física
das escolas não atingem as recomendações com orientações sobre qual exercício é
atuais quanto a pratica da atividade física, capaz de desenvolver as capacidades de
mas o aumento do número semanal das aulas força muscular, flexibilidade, resistência,
de Educação Física pode auxiliar no combate enfim inúmeras capacidades que devem ser
ao sobrepeso e o aumento da intensidade apresentadas aos alunos com informações
das atividades nas aulas poderia minimizar para que o mesmo possa compreender os
essa prevalência do sedentarismo, contando motivos de suas execuções, quando o aluno
com o auxílio das escolas na participação se torna ciente dos motivos das atividades
ao combate a essa epidemia que atinge um as aulas se tornam mais motivantes,
número elevado da população (HALLAL, interessantes e fazem um sentido diferente,
2006). com explicações sobre os objetivos das
aulas o aluno poderá criar um habito de
Que a atividade física é um importante meio praticar atividades físicas por toda sua vida,
para alcançar a qualidade de vida é bastante afinal ele reconhece o verdadeiro benefício
visível. Mas a preocupação surge através de e compreende qual atividade realizar para
fatores que incentivam a realização dessas alcançar o seu objetivo.
atividades, a falta de espaços disponíveis
para a prática de atividades e a falta de
informações sobre os exercícios acabam CONSCIENTIZAÇÃO DA
reduzindo a realização das atividades. A ATIVIDADE FÍSICA
escola é o local onde as pessoas devem
aprender sobre essas práticas corporais, é O aumento da urbanização, o excesso
na escola que aprendemos a ler, escrever, de veículos e o crescimento da violência
realizar cálculos, aprendemos as orientações são fatores determinantes na redução das
geográficas, a história do mundo, enfim atividades físicas, a falta de locais disponíveis
informações que facilitam e implicam em e seguros para as práticas corporais fizeram
nossas vidas e na convivência social. Mas com que as crianças permaneçam entre
muitas vezes as pessoas saem da escola sem quatro paredes optando por videogames,
conhecer quais atividades físicas podem televisão e computadores. Uma criança hoje
gerar os benefícios para a saúde. gasta em média 600 Kcal a menos do que
há 50 anos, e assiste em média 27 horas de
TV por semana, só sendo ultrapassada pelas
A principal meta a ser alcançada é horas de sono. Isso reflete na elevação dos
conscientizar as pessoas sobre a importância índices de obesidade na infância em todo
de cultivar uma vida ativa, mas a orientação mundo (ALVES, 2003).
sobre qual atividade é capaz de beneficiar
determinada capacidade física é apresentada
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ativo, além de proporcionar alegria e disposição e uma vida saudável, concluímos então os
benefícios não só na área física, mas também no campo social e emocional.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Hoje diversos fatores incentivam as crianças e adolescentes
a adotarem hábitos sedentários, a falta de espaços públicos
para a prática corporal, a violência nas ruas e a evolução
tecnológica que acaba induzindo esses indivíduos a passarem
suas horas de lazer usufruindo desses aparelhos eletrônicos.
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A Educação Física componente curricular obrigatório na escola é uma disciplina que exerce
uma participação especial nessa conscientização, afinal a mesma trabalha diretamente com
a atividade física e o profissional da área possui conhecimento especifico sobre o assunto.
As aulas de Educação Física têm o papel principal em apresentar aos alunos diferentes
práticas corporais para que os mesmos busquem pratica-las fora do ambiente escolar, adotam
um estilo de vida ativo, praticando atividade física diariamente no mínimo 30 minutos e ao
menos 5 vezes por semana.
Enfim, hoje o mundo enfrenta problemas associados aos hábitos irregulares não somente
ligados à falta de atividade física, mas também à alimentação inadequada e estresse. Todos
esses fatores acabam induzindo as pessoas a adotarem hábitos impróprios que prejudicam a
sua saúde. A escola é o local onde a criança deve aprender a importância de buscar um estilo
de vida saudável, com uma alimentação adequada e com exercícios físicos regulares.
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Portanto, a conscientização dos alunos é o fator determinante para reduzir esses casos
de sedentarismo, obesidade e o aparecimento de doenças crônicas cada vez mais precoces.
Com informações e intervenções provocadas pelos professores, os educandos podem obter
conhecimentos essências para adotarem um estilo de vida ativo, beneficiando o seu bem-
estar físico, mental, social e emocional. Afinal, as práticas corporais são capazes de beneficiar
diversos aspectos, além de enriquecer seu conteúdo cultural, então por que esperar para
começar a praticar. Afinal, esporte é vida.
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DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
RESUMO: Este artigo tem como objetivo reconhecer quais dificuldades de aprendizagem
uma criança que reside na periferia de São Paulo, estuda em escola pública e sofre agressões,
tanto físicas como psicológicas, tentar entender quais são as consequências desses atos na
vida escolar, dela buscando meios para um melhor trabalho com essas crianças em sala de
aula para que este déficit apresentado não perdure por toda sua vida acadêmica, podendo
ser sanado, ajudando assim está criança a se recuperar de possíveis traumas.
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Não é um processo fácil, visto que uma nesse ambiente que ele vai buscar conforto
criança que sofre abusos chega na escola para os seus possíveis problemas. Procurar
fragilizada, amedrontada, em busca realmente observar e estar ao lado acompanhando os
de algum tipo de carinho e atenção, ela por processos que a criança passa até chegar ao
si só já se sente inferior ao outro devido suas seu desenvolvimento pleno é um dever da
condições financeiras e emocionais. família, principalmente se está se encontra
com dificuldades em qualquer âmbito,
necessitando de maiores auxílio e atenção. A
O PROCESSO DE criança precisa sentir-se segura no ambiente
APRENDIZAGEM em que vive notando que sua família lhe
oferece carinho e dedicação isso auxilia no
A motivação faz parte do processo de seu desenvolvimento e até atenua possíveis
aprendizagem, principalmente na fase inicial problemas que se desencadeiam por conta
de escolarização, portanto crianças que não de problemas como baixa autoestima,
possuem a motivação vinda dos próprios depressão e rejeição por parte de colegas e
lares terão dificuldades maiores em lidar pessoas do convívio em geral.
com o novo e até mesmo com frustrações
oriundas de problemas escolares. Sobre Segundo Piaget a criança possui
motivação José (2016), afirma que a comportamentos diferentes em cada fase
de sua vida e um deles seria a “Afetividade
Desde o início do desenvolvimento o fator autocentrada”, que nada mais é do que a
motivação demonstra sua importância. À
medida que a criança cresce seu autoconceito “capacidade de experimentar emoções e
e o conhecimento que ela tem de si mesma vão sentimentos centrados em si mesmos”.
se estabelecendo. A maneira pela qual ela se vê,
o jeito pelo qual ela se sente irão influir muito
em tudo que ela faz e, basicamente, em sua Este tipo de comportamento se manifesta
capacidade de aprendizagem (JOSÉ e COELHO, em faixas etárias distintas e cada uma delas
2006). apresenta uma característica, como de 0 a
2 anos a criança apesar de não demonstrar
Desta forma podemos entender que necessita de muito afeto, de 2 a 4 anos é o
motivação está relacionada com a autoestima, momento em que a criança precisa de muito
que é comprometida cada vez que a criança carinho, especialmente dos pais, já dos 4 aos
é agredida psicologicamente e com isto os 7 anos ela revela grande necessidade de ser
conflitos e os problemas de aprendizagem amada e é nesta fase que gestos de carinho
começam a surgir. e atenção dos pais farão com que se sintam
amadas e mais confiantes.
A compreensão da família frente às
dificuldades encontradas pelo indivíduo Então a partir dos 7 anos a criança
é de extrema importância, uma vez que é começa a descobrir o seu valor e o do outro
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atenção que como vimos faz muita diferença darei uma nota para o cobrador e ele me
no seu desenvolvimento, mas nas questões voltara o troco exato ou senão ler os números
escolares, nas primeiras letras, na leitura da placa do ônibus que vai para minha casa.
do primeiro livro, em contar os dedinhos
da mão, em parabeniza-lo a cada atividade De acordo com Garcia (1998),
que traz da escola, isto tudo é estímulo e a
criança levará para vida estes ensinamentos, “...para resolver um cálculo, até o mais simples
que possa ser, vários mecanismos cognitivos
tornando-se forte para enfrentar os desafios são envolvidos, como o processamento
tanto da vida como da escola, entre eles a verbal e/ou gráfico da informação, percepção,
matemática. reconhecimento e produção de números,
representação número/símbolo, discriminação
viso espacial, memória de curto e longo prazo,
raciocínio sintático e atenção.”
O ENSINO DA MATEMÁTICA E
SUAS DIFICULDADES Para Smith e Strick,
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de alfabetização, do conhecimento dos fonemas, da escrita, que é sem dúvida uma das
etapas mais importantes da vida escolar de uma criança, sofrerá danos que pode com o
passar do tempo se reverter, põem dependerá muito do apoio familiar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluindo, para Vygotsky a aprendizagem ocorre sob
níveis de desenvolvimento. Segundo o teórico, existem dois
níveis de desenvolvimento: o real, que exprime o desempenho
da criança ao realizar suas tarefas sem ajuda de ninguém e o
potencial, aquele alcançado quando a criança recebe ajuda
de alguém.
Podemos notar novamente a importância do meio em
que a criança inicia sua vida escolar, desde os primeiros
momentos, antes mesmo no berçário, pois a estimulação do
bebê, a leitura que os pais fazem para crianças que ainda ALESSANDRA DE ARAUJO
não dominam os fonemas, isto é, a ajuda dita por Vygotsky MELO ZACHARIAS
influenciam o desenvolvimento da criança, já aquela que não Graduação em Pedagogia pela
foi estimulada, que os pais não possuem habito de leitura, as Faculdade Sumaré (2015);
vezes por não gostar ou até mesmo por não saber ler terão Professor de Ensino Infantil e
Fundamental I - na EMEF Bel.
peso neste desenvolvimento. Mario Moura e Albuquerque.
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Segundo José e Coelho (2006, p. 11) o processo de aprendizagem sofre várias influências:
“intelectual, psicomotor, físico, social – mas é do fator emocional que depende grande parte
da educação”.
Desse modo, o que demonstra vários autores, que deixam claro que a criança agredida
tem sem emocional abalado, que pode levar anos para restabelecer emocionalmente, que
criança deve ser feliz, cuidada e acima de tudo protegida por aqueles que ela tanto confia
que são seus pais.
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momentos. Eles colaboram virtualmente com outros jovens (de seu grupo, de outro grupo ou
do resto do mundo), observam questionam os outros têm feedbacks rápidos e muito mais.
Esses ambientes não são muito direcionados e podem até levar a projetos colaborativos às
vezes inesperados e informais fora dos espaços de aprendizagem institucional (BARON &
BRUILLARD, 2006).
Obviamente, para um uso ideal, essas plataformas exigem algum trabalho prévio do
professor, especialmente em termos de preparação do equipamento (DEVELOTTE e DERVIN,
2012).
Eles não são os únicos que podem ser usados em aula! Por exemplo, mais e mais professores,
mesmo no nível primário, estão usando a plataforma de microblogging Twittter para uma
variedade de projetos educacionais com seus alunos.
Os assuntos e as atividades escolhidas são bastante aleatórias, mas as atividades podem ser
adaptadas de acordo com o nível de escolaridade ou o campo de aprendizagem (DEVELOTTE
e DERVIN, 2012).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse projeto teve por objetivo discorrer a respeito do
uso de recursos tecnológicos em benefício da educação.
Acredita-se que professores e pedagogos com formação
tradicional pouco a pouco deixarão de lado a resistência e
o medo de utilizar recursos tecnológicos e logo passarão a
incluir essas ferramentas na rotina da sala de aula. Para isso,
é necessário preparo, além da compreensão real da proposta
aqui sugerida, para que se possa estabelecer uma conexão
concreta entre o processo de ensino-aprendizagem e as ALESSANDRA FERRARI
ferramentas tecnológicas em benefício da educação. DA FONSECA TEIXEIRA
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REFERÊNCIAS
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necessidades é a interação que faz o ser como as públicas, elas devem melhorar seu
humano se desenvolver. sistema educacional, sua infraestrutura e
estrutura humana para receber esse tipo de
O ambiente ideal para se transmitir e estudantes.
construir conhecimento, cultura e cidadania,
a todas as crianças é na escola, onde ela é A matrícula de crianças e jovens com
garantida por lei. A constituição federal de síndrome de Down é garantida por lei,
1988 Art. 205. A educação, direito de todos e não podendo a instituição alegar a falta de
dever do Estado e da família, será promovida e preparo para recebê-los.
incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da O artigo 8º da Lei 7.853/89 específica que
pessoa, seu preparo para o exercício da recusar a inscrição de um aluno em qualquer
cidadania e sua qualificação para o trabalho. escola, seja pública ou privada, por motivos
Art. 206. O ensino será ministrado com relacionados a qualquer deficiência, é crime.
base nos seguintes princípios: I – igualdade Além de receber uma multa, os diretores
de condições para o acesso e permanência ou responsáveis pela escola que se negar a
na escola; Art. 208. O dever do Estado matricular pessoas com deficiência podem
com a Educação será efetivado mediante a ser punidos com reclusão de um a quatro
garantia de: III - atendimento educacional anos.
especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino; Em 1994, a declaração de Salamanca
IV - atendimento em creche e pré-escola às enfatizava de forma quase redundante que
crianças de 0 a 6 anos de idade. Art. 213. “educação para todos efetivamente significa
Os recursos públicos serão destinados às para todos”. Requisitos, restrições e exceções
escolas, podendo ser dirigidos a escolas são inerentes à lógica da integração. Na
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, inclusão, todos têm direito à educação, não
definidas em lei, que: I – comprovem se trata só de acesso. A Convenção da ONU
finalidade não lucrativa e apliquem seus sobre os direitos das pessoas com deficiência,
excedentes financeiros em educação. Nos ratificada no Brasil com equivalência de
últimos anos, tem crescido muito a política emenda constitucional em 2008, garante
educacional com relação aos estudantes participação efetiva, sem discriminação e
com Síndrome de Down, sendo focada a com base na igualdade de oportunidades,
inclusão desses jovens na rede regular de para o pleno desenvolvimento do potencial
ensino. Isso elevou o número de matrículas, do educando.
porém esse tipo de inclusão nem sempre
é feita de maneira correta, devido a falta A lei existe, mas não garante que a
de recursos humanos e pedagógicos das instituição educacional saberá como
instituições educacionais tanto privadas trabalhar com essa criança de uma forma
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escola, para que a equipe pedagógica possa Down concluem o Ensino Médio, com ou
conhecê-lo bem e assim buscar identificar sem adaptações curriculares.
meios de garantir sua inclusão efetiva. É de
suma importância que esta inclusão seja feita A educação acadêmica é fundamental
de modo colaborativo, todos os envolvidos, para o desenvolvimento dessas crianças
inclusive a família, para participarem pois com o seu aprendizado dentro de uma
desse processo investigativo, desta forma educação acadêmica, o aluno aprende a
oferecendo apoios aos estudantes que ser crítico e formar sua própria identidade,
precisam de algum tipo de ajuda para realizar além do desenvolvimento psicoafetivo e
as propostas a fim de garantir o direito à o processo de socialização. Conviver com
igualdade de oportunidades, reiterando que pessoas de diferentes origens e formações
é preciso conhecer muito bem os alunos em uma escola regular e inclusiva pode
para saber qual é o apoio que necessitam. ajudar ainda mais as pessoas com síndrome
A Convenção da ONU, garante medidas de Down a desenvolverem todas as suas
de apoio para pessoas com deficiência, capacidades, com a ajuda dos educandos
no âmbito do sistema educacional geral, e de seus familiares poderão ser inseridas
objetivando sua “inclusão plena”. A principal na sociedade com menos restrições.
medida de apoio é o (AEE) atendimento Antigamente, pensavam que as pessoas
educacional especializado. com síndrome de Down nasciam com uma
deficiência intelectual severa, hoje já sabemos
Uma escola inclusiva é uma escola que que o desenvolvimento da criança depende
inclui a todos, sem discriminação, e a cada fundamentalmente da estimulação precoce,
um, com suas diferenças. Perseguindo a do enriquecimento do ambiente no qual ela
aprendizagem de forma ampla e colaborativa, está inserida e do incentivo das pessoas que
oferecendo oportunidades iguais para todos estão à sua volta. Com apoio e investimento
e estratégias diferentes para cada um, de na sua formação, os alunos com síndrome
modo que todos possam desenvolver seu de Down, assim como quaisquer outros
potencial. estudantes, têm capacidade de aprender,
respeitando sempre o limite de cada um.
Se a educação fundamental inclusiva no
Brasil está começando, o ensino médio e O papel da escola é ser inclusiva e dar a
o superior constituem um grande desafio. assistência de acordo com a necessidade de
Ao mesmo tempo em que os alunos com cada um, incluindo novos métodos, de maneira
síndrome de Down vão encontrando espaços em que auxilie no desenvolvimento e amplie o
para progredir e avançar na sua educação, as conhecimento dos alunos. Através do lúdico o
escolas e universidades precisam se adequar professor poderá integrar este aluno aos outros
a esta nova situação. É possível notar que com mais facilidade, onde o preconceito é deixado
cada vez mais jovens com síndrome de de lado e estimulando a interação entre eles.
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A inclusão é um processo social um pouco mais complexo, pois engloba a educação inclusiva,
e vincula o respeito e direitos humanos. A educação inclusiva evidencia o problema social
com relação à forma que os deficientes eram tratados, excluídos de ambientes comuns, sem
direito de participar de forma ampla do contexto social. De acordo com Voivodic (2008),
atualmente podemos ver na sociedade pessoas com Síndrome de Down que conquistaram
seus espaços, venceram preconceitos e suas dificuldades. Pois, vencer os desafios é a maior
conquista da luta pela inclusão dessas crianças na rede do ensino regular. Não se pode inserir
a criança na escola regular sem um acompanhamento. A criança ainda não tem preconceitos,
a escola tem que mostrar que a sociedade é formada por pessoas diferentes, a criança acaba
se tornando um cidadão mais consciente. As escolas normais ou regulares devem aumentar
as suas capacidades para identificarem e integrarem as crianças com Síndrome de Down. O
sistema de ensino tem de dar lugar à qualidade de ensino. Pesquisas de estudos evidenciaram
que, mesmo aquelas crianças com a Síndrome de Down, ao apresentarem um nível maior de
dificuldade, obtiveram melhora quando incluídas na escola regular. Entretanto, os autores
alertam que uma mesma criança inserida em diferentes contextos de inclusão, caminha para
o sucesso de modos diversos, pois muitas escolas possuem formas variadas de lidar com
estas crianças, isso ocorre também com as crianças “ditas como normais”, é comum do ser
humano, afinal cada ser é um ser, com pensamentos, atitudes e habilidades diferentes.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A criança com síndrome de Down quando frequentada
uma escola comum, ajuda a si mesma como os outros, pois os
alunos estarão trabalhando o respeito, a tolerância, quando
encontrado outra pessoa na sociedade com qualquer que
seja a síndrome saberá que é apenas uma anomalia genética,
mas também é um ser como qualquer outro com sentimentos
e capaz de aprender dentro dos seus próprios limites.
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REFERÊNCIAS
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Acesso em: 20 de fevereiro de 2019
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PSICOMOTRICIDADE E EDUCAÇÃO:
INSTÂNCIAS QUE FORNECEM
ELEMENTOS BÁSICOS PARA O
DESENVOLVIMENTO
RESUMO: Definimos como meta analisar a neurociência e o desenvolvimento do aprendizado
por meio de estudos da arte, entretanto não nos limitamos em fechar o campo em torno
de análises de obras, mas da representação que as manifestações artísticas podem trazer
para o desenvolvimento do cérebro. Entendemos que a neurociência representa um ramo
dos estudos do cérebro que tem como fulcro desenvolver as potencialidades humanas. Para
alcançarmos êxito em nosso trabalho fizemos uma pesquisa em diversas áreas para que com
uma visão multifacetada pudéssemos refletir em diversos ângulos afinando a percepção e
ampliando o lócus investigativo. Esperamos que que nosso modesto trabalho possa contribuir
para o estudo científico do tema.
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funções cerebrais, o cosmopolitismo fruto são alguns dos responsáveis pela regulação
da sociedade pós-moderna fez aumentar orgânica dos indivíduos. Essa regulação
consideravelmente a ingestão de alimentos vincula-se diretamente ao estado que garante
pobres em nutrientes, dentre os quais os o controle emocional. Não obstante, esses
referentes as vitaminas e minerais. Esses, por nutrientes fornecem energia para o corpo,
sua vez, representam grande importância para garantindo o bom humor. No momento da
as funções de todos os sistemas corporais, ingestão de um alimento, os nutrientes
incluindo aí o sistema nervoso central. Não contidos ali liberam neurotransmissores
há como comprovar cientificamente se que por sua vez são enviados ao Sistema
existe de fato uma relação direta de que a Nervoso Central que é responsável pelo
falta de nutrientes acarreta problemas no estado de humor das pessoas, a serotonina
desempenho cerebral, entretanto é em sua é o principal responsável por essa sensação.
totalidade aceitável estabelecer que a falta Contudo, existem variáveis que podem afetar
de nutrientes importantes no processo de a produção e liberação da serotonina.
alimentação pode vir a reduzir o rendimento
cerebral. A serotonina é o neurotransmissor e como
já dissemos anteriormente está ligado ao
“A formação de uma memória resulta de estado de bom humor. Se os sinais, que são
modificações ativadas por um sinal nas conexões
das redes neuronais. Quando uma informação enviados ao Sistema Nervoso Central, por
é recebida, proteínas e genes são ativados algum motivo estiverem em desequilíbrio,
nos neurônios. Proteínas são produzidas e seja por deficiência nutricional – assim como
encaminhadas para as conexões estabelecidas
entre neurônios. Essas proteínas servem ao ocorre por outros distúrbios fisiológicos
reforço e à construção de novas sinapses – –, provocam uma deficiência na produção
aprendizagem (os locais de comunicação entre de serotonina. Isso desencadeia várias
os neurônios). Quando se forma uma nova
memória, uma rede específica de neurônios alterações em nosso sistema nervoso (como
é elaborada em diversas estruturas cerebrais, depressão, ansiedade, fadiga e aumento
principalmente no hipocampo e depois a de peso). A melhora do funcionamento do
lembrança é gravada da mesma maneira no
córtex, local de seu armazenamento definitivo organismo relaciona-se com os hábitos
(MELO, 2005. P, 30)” alimentares e nesse bojo também está
contido as características cerebrais e da
Aspectos cognitivos e qualidade do sono produção dos neurotransmissores que são
são alguns exemplos que a má alimentação responsáveis pela sensação de bem-estar.
acarreta para o desenvolvimento das funções
cerebrais, além de afetar o humor por causa O sistema neurológico necessita de boas
de sua composição nutricional, tem um peso gorduras para um bom funcionamento e que
fundamental no controle das funções do uma das razões da intoxicação dos neurônios
sono as vitaminas e os minerais, presentes é a ingestão das gorduras trans e os aditivos
em frutas e verduras – ou a falta delas –, químicos em excesso, essa intoxicação
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ampliam, se suplantam. É nessa fase do trabalho que surge, amadurece e se desenvolve uma sinceridade, uma
espontaneidade construída, obtida, pode-se dizer, agindo como uma segunda natureza; inspirando, por sua
vez, reações físicas e seus dados de autoridade, de eloquência, do natural e da liberdade” (COPEAU, 1955, p.
32-33).
Cada ação humana é planejada, aprender, correr, ensinar, desenhar, pintar, dançar ou
cantar é calculada e analisada por meio do funcionamento do nosso sistema nervoso. Dessa
maneira, é o sistema nervoso quem fornece e o suporte para que seja viável a prática de
uma ação artística. Não é estranho observarmos o encantamento dos atores sociais que
se dedicam a estudar o sistema nervoso em ação. Entre os gregos havia os que diziam que
a contemplação é o primeiro passo no caminho da sabedoria, e que quando não temos a
potencialidade de nos maravilharmos, corremos o risco de deixar de saber. Torna-se um
espetáculo magistral visualizar e compreender as inúmeras possibilidades de conexões
neurotransmissoras realizadas no encéfalo para aquilo que em primeiro movimento pareça
simples e estanque, mas que ao ser movimentado efetua alterações significativas no que se
refere a tarefa contemplativa.
“[...] pois a beleza não oferece resultados isolados nem para o entendimento nem para a vontade, não realiza,
isoladamente, fins intelectuais ou morais, não encontra uma verdade sequer, não auxilia nem mesmo o
cumprimento de um dever, e é, numa palavra, tão incapaz de fundar o caráter quanto de iluminar a mente.
Pela cultura estética, portanto, permanecem inteiramente indeterminados o valor e a dignidade pessoais de
um homem, à medida que estes só podem depender dele mesmo, e nada mais se alcançou senão o fato de
que, a partir de agora, tornou sê-lhe possível pela natureza fazer de si mesmo o que quiser – de que lhe é
completamente devolvida a liberdade de ser o que deve ser.” (SCHILLER, 1995, p.110)
Ainda para os gregos a arte realiza ligações fundamentais no campo dos sentidos,
fornecendo elementos fundantes de novas sensações que pela própria natureza artística
representa no cérebro humano reações emocionas e afetivas ou de repulsa. A arte se apoia
nas estruturas emocionais para que seu sentido tenha mais veemência, ao mesmo tempo em
que as representações sociais se valem da contemplação para explicar os estados emocionais
das pessoas a neurociência se utiliza desse dispositivo para ampliar os estudos em torno do
caráter científico. As interpretações podem afetar o cérebro de diversas formas como vemos
em LOBATO (1951).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A comunidade educacional está se tornando consciente
que “entender o cérebro” pode apontar novos caminhos para
a pesquisa e melhorar as políticas e práticas educativas. Isso
em contato com os conhecimentos do meio acadêmico, com
as contribuições didáticas e com as áreas do conhecimento
estudantil vem dando um novo fôlego ao desenvolvimento
educacional. Este trabalho constitui uma síntese sintética
da aprendizagem função cerebral por meio da neurociência
e como essa relação se dá com os estímulos artísticos, e
portanto, submete temas cruciais à atenção da comunidade
educativa e neurocientífica. Ele não propõe soluções ANA CRISTINA DA SILVA
simplistas, nem afirma que a neurociência tem a resposta SACRAMENTO
para tudo. Por outro lado, constitui um inventário objetivo Graduação em Pedagogia pela
do conhecimento atual na encruzilhada da neurociência Unifai (2004); Professora de
cognitiva e aprendizagem; também indica caminhos para Educação Infantil - na EMEI Cel.
Walfrido de Carvalho.
explorar e listar as implicações ao processo de ensino. A
neurociência demonstra claramente que o cérebro tem uma
grande capacidade adaptação às demandas de seu meio
ambiente, plasticidade e conexões neurais são criadas ou
outros são enfraquecidos ou eliminados conforme necessário.
A extensão da modificação depende de tipo de aprendizado:
Aprendizado de longo prazo leva a mudanças mais profundas.
Ela também depende de quando a aprendizagem acontece.
Podemos associar cultura a arte como instrumento de
auxílio imaginativo, subjetivo, narrativo e frequentemente
controverso, mas muito raramente científica. Em contraste
a isso, nós retratamos ciência como lógica, objetiva, factual,
e integral ao nosso entendimento da natureza, tanto de nós
mesmos quanto o mundo ao nosso redor. Mas o crescente
insight que alguns cientistas tiveram veio a reconhecer o
trabalho de artistas como co-investigadores da realidade,
assim levaram suas abordagens a diferirem, artistas e os
cientistas, se esforçando para um objetivo comum em
busca pelo reconhecimento das partes constituintes do
conhecimento. Portanto acreditamos ao associarmos
neurociência à arte encontramos os elementos que além de
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sustentar nossas aspirações, contribuímos para enriquecer os estudos sobre essa ciência
que cada dia mais ganha proporções importantes. Lacunas existem e sempre hão de existir
pois o conhecimento não é algo que se esgota, sempre há de surgir uma nova possibilidade,
temos a crença de que a continuidade da pesquisa em questão possa caminhar em torno
da questão alimentar que abordamos aqui, mas para o momento estamos satisfeitos com os
resultados obtidos.
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REFERÊNCIAS
ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio
de Janeiro: J. Zahar, 1985.
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Grandes cientistas Sociais).
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA:
BARREIRAS VISÍVEIS E INVISIVEIS
RESUMO: O presente trabalho apresenta uma das maiores dificuldades encontradas pelas
escolas na atualidade, a inserção de alunos com necessidades educacionais especiais na
sala comum. A escola contemporânea deve ser capaz de fazer o atendimento adequado a
essas crianças e adolescentes e não se omitir e se ausentar em suas responsabilidades. As
pesquisas indicam que as políticas públicas assumiram compromissos por meio de legislações
apropriadas, que garantem direitos a esse alunado. Mas o obstáculo maior é que haja, de
fato, um comprometimento de todos que estão envolvidos nesse processo, principalmente
do professor, que deve acreditar na possibilidade da inclusão e trabalhar a aceitação das
diferenças com todos, tarefa que é árdua e trabalhosa, mas necessária à dignidade dessas
crianças.
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O ano de 1981 foi definido pela ONU como Em 1994, foi publicada a Política Nacional de
o ano Internacional das Pessoas Portadoras Educação Especial, documento do Ministério da
de Deficiência, desencadeando uma ampla Educação que recomendava que a educação do
discussão nacional sobre o direito de as pessoas aluno com necessidades educacionais especiais,
portadoras de deficiência estarem inseridas na fosse de preferência, realizada no ensino
sociedade (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2002, regular. O poder público assumiu o seu papel,
p.8). mas permitiu a participação do setor privado
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2002).
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da Educação Especial na Educação Básica” expressão, pois esse termo portar não
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2002, p.12). é recomendado quando nos referimos a
uma necessidade e a principio geral esse
De acordo com o autor esse foi o mais termo pode causar muitos equívocos de
significativo passo na história da Educação identificação e de encaminhamento de
Especial no Brasil. Esse documento veio alunos para o atendimento educacional
explicitar as orientações e determinações especializado.
para a construção de um sistema educacional
que desse respostas às necessidades Todavia, o marco de referência à época era o
documento “Política Nacional de Educação
educacionais dos alunos. Dessa forma esse Especial” (1994) em que no item revisão
alunado passou a ser de responsabilidade conceitual apresentava como “ alunado da
do ensino regular (MINISTÉRIO DA educação especial” os chamados “portadores
de necessidades educacionais especiais”,
EDUCAÇÃO, 2002). classificados em: “ portadores de deficiência”,
“portadores de condutas típicas” e “ portadores
de altas habilidades (superdotadas)”. Portanto, na
INCLUIR OS ALUNOS LDB/96 os direitos foram conferidos para outras
categorias além daquela que a Constituição
COM NECESSIDADES confere proteção especial por meio de normas
específicas (VICTOR, et al., 2013, p.21).
EDUCACIONAIS ESPECIAIS
NA CLASSE COMUM O documento “Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da
De acordo com Victor et al. desde a Educação Inclusiva (PNEE/08) propõe uma
Constituição Federal de 1988, a conceituação revisão da conceituação desse público alvo,
do público alvo para usufruir o direito ao que o restringe em: alunos com deficiência,
atendimento educacional especializado foi transtornos globais de desenvolvimento,
sendo modificado. A expressão “portadores altas habilidades/superdotação e transtornos
de deficiência”, usada na C.F./88, concedia funcionais específicos (VICTOR, et al. 2013).
os direitos determinados a apenas uma
categoria de pessoas, aqueles que, por O autor ainda ressalta que uma política
diversas razões, apresentavam deficiência de educação que seja responsável e efetiva,
física, auditiva, intelectual, visual, deficiência deve deixar claro, por meio de documentação
múltipla, que possuíam duas ou mais dessas legal ou de orientações às escolas, quais são
deficiências. os alunos que tem o direito ao atendimento
educacional especializado.
O autor acrescenta que na LDB/96 a
terminologia assumida foi “educandos Para Victor et al. (2013) quando a
portadores de necessidades especiais”. definição não é clara e pontual, muitos
Fazendo uma nota em relação a essa encaminhamentos de alunos a serviços de
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educação especial, são feitos erroneamente, O que se pode delatar, de acordo com
mesmo que esses serviços, sejam apenas de Victor (2013), e com certo grau de anuência,
apoio, o que não seria necessário desloca-los é o descuido que ainda marca o atendimento
para outros tipos de serviços o que muitas escolar de pessoas com necessidades
vezes acontece. especiais no Brasil.
O autor ainda esclarece que se o aluno não “Isto sim, tem configurado como um dos
apresenta necessidade educacional especial principais obstáculos à concretização da tão
e sim apresenta outras necessidades, estas da conclamada educação para todos, assumindo
competência exclusiva da educação comum, como lócus da matrícula desse alunado as
e for encaminhado para algum tipo de serviço classes comuns” (VICTOR, et al., 2013, p.27).
especializado, isto levará a prejuízos de
âmbito pessoal, pois os rótulos depreciativos Segundo o autor muitos professores
dos seus usuários ainda existem, e o outro não acreditam nessa possibilidade de
prejuízo é o financeiro, pois o recurso público inclusão e argumentam se utilizando de
da educação é valioso e deve ser usado, de suas experiências, pois estas propostas
fato, por quem necessita. têm recebido tratamento muito diverso
dos gestores de sistemas de ensino e sua
Outro fato a ser citado pelo autor é que interpretação, às vezes, tem se efetuado
a definição de educação especial tem o somente com a garantia da oferta de vagas
destaque dos recursos e serviços que são para alunos com necessidades educacionais
próprios desse atendimento, pois o foco do especiais nas classes comuns.
documento todo é o atendimento educacional
especializado com todo acompanhamento, Contudo, por variados motivos- desde a falta de
vontade política, de investimento financeiro, à
intervenções pedagógicas necessárias, sobrevivência de mecanismos de discriminação,
apoio de permanência desse aluno na classe rejeição, superproteção, enfim, de atitudes que
comum. perpetuam na sociedade brasileira- é comum
a exclusão escolar desse alunado passar de
uma condição prevista como transitória para
Porém nas duas últimas duas décadas, permanente ( VICTOR, et al., 2013, p.28).
há muitos argumentos de resistência à
escolarização de todos, sem distinção, em Victor, et al. ( 2013, p. 29) deixa claro que “
classes comuns (VICTOR, et al., 2013). a educação, com essa compreensão, antes de
E Fávero (2007, p. 17) deixa claro que “é ser adjetivo como especial, por ser educação
direito de toda criança, mesmo que apresente não deve ter marcas de assistencialistas e/ou
características muito diferentes da maioria, médico-psicológicas e sim, caráter escolar”.
conviver com sua geração, sendo que o
espaço privilegiado para que isso ocorra é a Como diz Victor et al.( 2013, p.11) “
escola”. não estamos perante uma imagem doce,
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clemente, suave. Incluir é um gesto árduo e Ainda que há uma orientação nacional, mas
trabalhoso. É um processo difícil para quem a forma como ela acontece em cada região,
incluiu e para quem é incluído”. cabe a cada grupo de educadores fazê-la, a
partir de seu conhecimento, de suas reais
E ressalta que não basta lançar o problema condições, dos profissionais presentes e das
dentro das escolas e dizer que ele existe. políticas locais.
Fazendo assim com que algumas consciências,
no plano político e social, fiquem tranquilas, Na concepção de Jesus e Effgen (2012)
pois os problemas não se resolvem por si só. para se garantir a aprendizagem de todos
Para que a inclusão ocorra na vida escolar é os alunos, é necessário assegurar o acesso
necessário criar condições para tal, formar ao currículo escolar, a partir de práticas
adequadamente professores, construir pedagógicas adequadas, que condiz com
práticas coerentes, conceituar e delimitar o percurso de aprendizagem de cada
os alunos com necessidades educacionais aluno. O que não é fácil, pois para isso
especiais. acontecer os professores precisam ter
conhecimentos teóricos-práticos, tem que
existir um planejamento coletivo, bem como
O PAPEL DO PROFESSOR estratégias e metodologias de ensino e
avaliação que permita o acompanhamento
Jesus e Effgen ( 2012) concordam que do desenvolvimento individual do aluno em
primeiramente deve se ter um grande sala de aula.
investimento na formação inicial e continuada
dos educadores. Mas uma formação educacional Os alunos tem que ter acesso a esses
pública que lhe garanta uma formação de direitos que lhe são imputados, do contrário
qualidade, que considere a diversidade sua inclusão não ocorre de fato, e os prejuízos
que se encontra na sala de aula, como no decorrentes dessa falsa inclusão serão
caso específico do aluno com deficiência, sentidos ao longo da existência dos mesmos.
transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades/superdotação. Outro ponto citado pelos autores é o fato
de que uma formação docente qualificada
É necessário um processo de formação pode muito, mas não é tudo. Há outros
condizente com as dificuldades que o aspectos que configuram os sistemas de
professor irá encontrar em sua rotina escolar, ensino e as condições de trabalho docente.
a fim de que esse possa lidar de forma eficaz
com as problemáticas que a inclusão escolar Aspectos, ao meu ver, como acessibilidade
apresenta, tanto na parte pedagógica, quanto arquitetônica, comunicação efetiva entre os
nos aspectos de convívio e interação entre envolvidos, materiais adequados disponíveis,
os envolvidos no processo educacional. equipe de apoio especializada para o
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A formação tem que ser permanente, para Valorização da singularidade do aluno e respeito
ao seu ritmo, ressaltando suas possibilidades,
que se possa atuar, efetivamente, frente aos e não apenas sua deficiência; atenção ao
alunos que estão sob sua responsabilidade, vínculo professor-aluno; uso adequado e não
por mais diversificado que seja o grupo de estigmatizante do diagnóstico e a presença de
um desejo de aprender vibrante no professor, a
educadores, dando-lhes um atendimento fim de que esteja aberto para buscar alternativas
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de intervenção diante da inegável dificuldade em aprende dos alunos com deficiência (SAMPAIO; SAMPAIO,
2009, p. 103).
Para Almeida (1986, p.123) “educar é desenvolver todas as potencialidades de cada um,
respeitando sua liberdade individual”.
O que não se deve é abrir mão da ética e todos precisam se engajar nessa empreitada
(JESUS, EFFGEN, 2012).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Enfim chego ao momento de concretizar as conclusões
adquiridas no decorrer da pesquisa. Ao iniciar esse trabalho
muitas eram as indagações que me permeava. Angústias
decorrentes do fato da inclusão ser hoje um dos maiores
desafios da educação brasileira.
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REFERÊNCIAS
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SAMPAIO, C.T., SAMPAIO, S.M.R. Análise da inclusão na prática. In: Educação inclusiva: o
professor mediando para a vida. Salvador: EDUFBA, 2009, pp. 75-143. ISBN 978-85-232-
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VICTOS, S.L. et al. A educação inclusiva de crianças, adolescentes, jovens e adultos: avanços
e desafio.1. ed. Vitória: Edufes, 2013.
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Mais adiante, contamos com a elaboração Com as diversas reformas ocorridas com
da Constituição federal de 1988 que o início do governo de Fernando Henrique
representou um avanço maior na questão Cardoso e de Luis Inácio Lula da Silva, os
da declaração dos direitos sociais, pois, além programas federais tinham propostas para
de garantir o ensino fundamental como desenvolver ações sociais de combate
um direito público subjetivo, assim como a à pobreza, erradicar o analfabetismo,
gratuidade e a obrigatoriedade do ensino programas de educação à distância e
médio, entre outros. (OLIVEIRA, 2002) ampliar o acesso ao programa Projovem aos
deficientes.
Apesar destes avanços, Oliveira ainda
adverte que: Neste período, ocorreu a publicação
de uma das leis mais importantes para a
[...] não constitui prática estranha, ainda hoje, a educação nacional que foi a Lei de Diretrizes
recusa de matricula na primeira série do ensino
fundamental a criança com dez ou mais anos, e Bases da Educação Nacional de 1996
sob alegação de que se ela aguardar mais um (LDB96), nela, encontramos a educação de
pouco, poderá ingressar no curso de suplência jovens e adultos separadamente da educação
“encurtando o caminho”. (Oliveira, 2002, p. 26)
de pessoas deficientes (Educação Especial).
Neste Sentido podemos entender, que Encontramos três artigos nesta lei que
encurtar o caminho seria cursá-lo em menos tratam da educação especial, sendo que
de 8 anos, já que o mesmo não indicava um o art. 58 garante a educação especial aos
período mínimo obrigatório. educandos com necessidades especiais
preferencialmente na rede regular de ensino,
também os serviços de apoio especializado
EDUCACAO PARA TODOS em classes, escolas ou serviços especializados
OU PARA ALGUNS e o art. 59 trata das condições necessárias
para que o atendimento seja garantido com
Em 1990, o Brasil participou da professores especialistas. Já no inciso II,
Conferencia de Educação para Todos, em aparece o termo “terminalidade específica”
que diversos países se reuniram para apontar para aqueles que não puderem atingir o
soluções e compromissos com uma educação nível exigido para a conclusão do ensino
que satisfizesse as necessidades básicas de fundamental, em virtude da deficiência.
aprendizagem, com o intuito de combater (BRASIL, 1996).
o analfabetismo, eliminar o preconceito e
garantir o acesso e igualdade à educação Ainda na mesma lei, podemos entender
de todas as pessoas com qualquer tipo de que os alunos da educação especial são
deficiência. considerados:
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fim de compreender a legislação que regem a educação
de jovens e adultos com deficiência, observamos que os
diversos estudos expostos na pesquisa, contam um uma gama
muito escassa de preceitos que unam as duas modalidades,
a educação de jovens e adultos, assim como a educação
especial.
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Deste modo, entendemos o quão grande é o caminho a ser percorrido, apesar dos avanços
que de explicitamos ao longo da história, reconhecemos a urgência destas políticas públicas
no sistema educacional, possibilitando uma educação de qualidade para todos, de maneira
que se possibilite o desenvolvimento de habilidades, competências e socialização, efetivando
assim o direito de todos à educação, sejam jovens, adultos e deficientes.
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REFERÊNCIAS
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metodológica, pois possuíam uma formação conhecem arte, mas ela faz parte de nosso
universitária insuficiente e provinham de dia a dia, desde o relógio que desperta pela
pouco tempo para se aprofundar no estudo manhã, pois este é resultado de um estudo
de arte. Em seus conceitos e metodologias, minucioso de cor, forma, volume e material
ressalta seus métodos frágeis e inadequados, para ser confeccionado, até outros objetos
principalmente no uso de recursos de seu cotidiano como os móveis, utensílios,
audiovisuais como gravadores, projetores de modelos de carro, construções, etc. De certa
slides, entre outros. Desta forma, o professor forma, em todos os objetos há um pouco de
muitas vezes bombardeava os alunos com "arte aplicada" (OLIVEIRA; GARCEZ, 2002);
imagens sem uma explicação ou discussão e está presente nas diversas culturas e
crítica sobre o assunto, o que possibilitaria civilizações esse desejo de tornar os objetos
uma significativa apreensão do saber em harmoniosos e agradáveis ao olhar. Porém:
arte.
O gosto e a sensibilidade para apreciar a arte
variam de pessoa para pessoa, de idade para
Após vários obstáculos, em 1981, idade, de região para região, de sociedade
professores de arte "(...) deram origem a para sociedade, de época para época. Assim,
movimentos de organização de professores as manifestações artísticas trazem a marca do
tempo, do lugar e dos artistas que os criaram,
de artes, como as associações de arte- pois refletem essa variação no conceito de beleza
educadores que se formaram em diferentes e na função do objeto artístico (OLIVEIRA;
estados do país" (FUSARI, 1993, p. 39). A GARCEZ, 2002, p.12).
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uma vez que estas objetivam determinados artista na escolha dos arranjos e combinações
pontos de vista. e de conhecimentos da funcionalidade musical
para a composição sucessivas de sons e silêncio
A assimilação dos conhecimentos organizados, obedecendo a um tempo. Para
artísticos é fundamental para ampliar o tanto, é necessário o uso da matemática e da
campo do já criado e desta forma, servir de física, relacionando os elementos musicais. A
base para novas criações. Mesmo que se música é um signo em si mesma, interpretada
coloque a Criação como meta principal, é pelas emoções de acordo com o que os ouvidos
indispensável, assimilar, repetir e trabalhar percebem, trazendo um poder referencial sobre
com as soluções já existentes, sem estreitar coisas, seres reais ou imaginários, pessoas,
ou limitar o trabalho escolar. formas e tipos de movimento. J. J. Rousseau,
no seu Dicionário, define a Música: "Arte
de combinar os sons de modo agradável ao
IMPORTÂNCIA DA MÚSICA ouvido". Mas, assim dizendo, parece-me que
ele limitou a ação dessa arte a uma sensação
A música é uma linguagem capaz de expressar física, descuidando da sensação espiritual que a
sentimentos e pensamentos e está presente na música provoca.
educação de todas as culturas. É um meio muito
importante para desenvolver a expressividade, Suzigam afirma que “não podemos considerar
o equilíbrio, auto estima, autoconhecimento e a música fora do princípio que ela realmente é:
interação social. A palavra música originou-se do Uma linguagem de expressão”. Howard Gardner
grego que significava a ‘Arte das Musas’. Musas (1995), em sua teoria das Inteligências Múltiplas,
eram as deusas da Arte. Eram nove as Musas; indicou a Música como uma das inteligências.
a protetora da poesia lírica e música chamava- Em sua teoria, as pessoas possuem alguns
se Euterpe. Muitos dos antigos gregos com a tipos de capacidades, que podem ser melhores
palavra — música — designavam a harmonia desenvolvidas se estimuladas. Portanto, uma
universal, reguladora da educação do homem pessoa pode não ter facilidade de aprendizado
(HOWARD, 1984, p. 18). em Matemática, ciência ou Língua Portuguesa,
por exemplo, mas pode ser muito hábil em
Aos poucos se reservou o nome de Musa música ou movimentos corporais. Gardner
para a arte dos sons, pois a Música, como arte afirma ainda que, a música é uma atividade
abstrata, se distin¬guia das outras, que são psicofísica interior, ou seja, não se pode ensiná-
representativas. Segundo o Dicionário Aurélio la, é algo que se aprende sozinho. Não se nega
da Língua Portuguesa, Música é a arte e a a importância da técnica e da presença de
ciência de combinar os sons de modo agradável elementos padronizados nos sons, mas ressalva
ao ouvido. Pode-se considerar, de acordo com que estes são unidos por apresentarem poderes
Brito (2003) que música é, além de arte, uma e efeitos expressivos (SUZIGA, 1986).
ciência, pois precisa da sensibilidade de um
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Gainza (1998, p. 22), porém, defende que “a Gramática musical (harmonia); Aspectos
música e o som, enquanto energia, estimulam semânticos; Frases, textos, obras etc.; Timbres;
o movimento interno e externo no homem; Memórias rítmicas, melódicas, harmônicas e
impulsionam-no à ação e promovem nele timbrística, na construção de um repertório
uma multiplicidade de condutas de diferentes de comunicação. Como elementos essenciais
qualidade e grau”. A música é uma forma de da música, de acordo com Brito (2003, p. 25),
representar a vida da criança, portanto contribui temos: Som e silencio - impressão produzida
para seu desenvolvimento. Pode abranger as em nosso ouvido pela vibração de um corpo
diversas áreas da educação, além de temas sonoro ou a não percepção da mesma; Ritmo –
específicos. A autora relaciona-a com uma fonte variação na intensidade, na duração e na altura;
de estímulos, de equilíbrio dos sentimentos Melodia – é uma sucessão de sons que diferem
para a criança. entre si na duração, entonação e intensidade;
Harmonia - Combinação de sons resultantes
O Referencial Curricular Nacional para a da superposição de melodias, denominados
Educação Infantil define a música como uma acordes.
linguagem capaz de expressar sensações,
sentimentos e pensamentos, através da
conciliação entre o som e o silêncio. Segundo BREVE HISTÓRICO DA
Raimundo Martins, educar musicalmente é UTILIZAÇÃO DA MÚSICA
ensinar de modo que a criança compreenda a
linguagem musical, por meio de experimentos e NA EDUCAÇÃO
convivência orientada. A música sempre esteve presente na vida das
pessoas, principalmente na religião. Os gregos
Segundo Rosa (1990), o período anterior à e referiam aos deuses com música. O ensino
alfabetização pode ser privilegiado, quando de música inicialmente se restringia apenas
se utiliza a música de maneira que facilite o aos mosteiros. Após a Reforma Protestante,
desenvolvimento de diversas habilidades. A crianças e jovens tiveram maior acesso à
música é usada atualmente, principalmente educação musical. No Brasil, a educação
na Educação Infantil, com alguns propósitos, Musical originou-se na educação jesuítica,
como formar hábitos (lavar as mãos, escovar porém com intenção de evangelização. A
os dentes etc.); realização de comemorações música brasileira teve influências europeias,
(dia do índio, dia das mães, natal etc.); indígenas e africanas. A Lei de Diretrizes e Bases
memorização de conteúdos (números, letras, da Educação Nacional instaurou a música como
cores etc.). Como pontos fundamentais que componente curricular obrigatório de diversas
compõem a música enquanto linguagem, de formas, ora como parte da Educação Artística,
acordo com Suzigam (1996), temos: Códigos ora como educação musical propriamente dita.
sonoros; Caracteres de representação gráfica;
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos no decorrer do estudo, a arte aliada à
alfabetização pode trazer consideráveis resultados à
aprendizagem, à autoestima e ao desenvolvimento da criança.
Nossa intenção é que consigamos desenvolver atividades
significativas e alegres e não continuemos a deixar nossas
crianças lidarem somente com textos mecânicos escritos
artificialmente e ou cartilhas que única e exclusivamente
ensinam a correspondência grafo-fonêmica.
ANA LUCIA RAMOS
Queremos que nossos alunos não só aprendam a ANTUNES
identificar palavras, decodificar símbolos, mas que isso
Graduação em Pedagogia pela
colabore para que não se tornem adultos problemáticos, Universidade São Marcos (2002);
depressivos, pessimistas como podemos ver atualmente, Especialista em Arte Educação
ou nos casos onde "algumas crianças com notas que vão de e Terapia pela Faculdade de
Educação e Tecnologia Iracema –
bom a excelente são, contudo, infelizes, ansiosas e sofrem FAETI (2017); Professor de Ensino
de baixa auto-estima" (MISHNE, p.50), queremos como já Fundamental I e Educação Infantil
citamos, a Arte na Educação para resgatar outros valores, na EMEI Casimiro de Abreu
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suas experiências, visto o ensino ser um dos pontos inquietantes dentro da área da educação;
por isso, novas propostas devem ser sempre contempladas pelos educadores interessados e
dedicados a sua profissão.
Uma das possibilidades, bem adotadas por alguns educadores, seria começar um ensino
utilizando embalagens de produtos que as crianças tenham em casa, painéis conhecidos,
dentre outros. Através desses objetos, que fazem parte do cotidiano de cada família, a
criança terá a oportunidade de reconhecer neles o princípio artístico, pois, a arte é forma,
cor, movimento e expressão. Estamos, com este trabalho, propondo a solução de todos
os problemas em uma sala de ensino infantil, mas tornando-a mais significativa e feliz,
procurando deixar uma sementinha para que seja cultivada por todos que os educadores
que desejam dar mais significação a sua profissão e seu real objetivo de educar. Sendo assim,
a discussão não está fechada, pois o conhecimento é histórico e a história está em constante
transformação.
Como se pode concluir, a arte tem papel crucial na Educação Infantil, sendo ela que mais
se aproxima da tarefa primordial da primeira infância, que é a construção dos sistemas
simbólicos de representação, essencial à constituição da criança como ser humano histórico
e social. Vale lembrar que, a criança é um ser em contínuo crescimento, com evolução na
transformação física, perceptiva e psíquica, o que faz com que a criança tenha um espírito
curioso, atento, experimental, buscando, conhecendo e conquistando o mundo que o rodeia.
A criança pelo que se pôde constatar é um ser sensível, que busca compreender o mundo
agindo e dando forma a seus pensamentos e sentimentos, apropriando-se da cultura e
produzindo-a, transformando a realidade ao mesmo tempo que transforma a si mesma. E
assim, a arte tem um papel essencial, o que nos faz concluir que, dançar, cantar, brincar de
faz-de-conta, desenhar, inventar brinquedos a partir dos mais variados objetos, explorando
suas possibilidades sonoras, visuais e táteis, são atividades essenciais no processo de
constituição da criança como ser humano, o que é atestado por sua presença na vida
cotidiana das crianças em diferentes tempos e lugares.
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REFERÊNCIAS
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MARQUES, I. Ensino de Dança Hoje. Textos e Contextos. São Paulo: Cortez, 1999.
OLIVEIRA, J.; GARCEZ, L. Explicando a Arte: uma Iniciação para Entender e Apreciar as
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REGO, L.L.B. Literatura Infantil: uma Nova Perspectiva da Alfabetização na Pré-Escola. 2. ed.
São Paulo: FTD, 1995.
ROSA, N.S.S. Educação Musical para 1ª a 4ª série. São Paulo: Editora Ática, 1990.
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A CONTRARIEDADE NA EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA NO BRASIL
RESUMO: Neste artigo será exposto um curto histórico das experiências em EaD no Brasil,
desde os cursos por correspondência até a educação por meios eletrônicos. São apontadas
as legislações e projetos governamentais e apresenta as contrariedades em correção a
Educação a Distancia no Brasil.
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De acordo com o Livro Verde, são “aspectos críticos, no ensino a distância, o desenvolvimento de
metodologias pedagógicas eficientes para o novo meio e de ferramentas adequadas para o estudo
individual, ou em grupo. Nesse sentido, para que o ensino a distância alcance o potencial de vantagens
que pode oferecer, é preciso investir no seu aperfeiçoamento e, sobretudo, regulamentar a atividade e
também definir e acompanhar indicadores de qualidade”.
A alfabetização digital precisa ser promovida em todos os níveis de ensino, do fundamental ao superior, por meio da
renovação curricular para todas áreas de especialização, de cursos complementares e de extensão e na educação de jovens
e adultos, na forma e concepção emanadas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. A geração de novos
conhecimentos diz respeito sobretudo à formação em nível de pós-graduação. Mas é também viabilizada pela formação
profissional em nível de graduação em áreas diretamente relacionadas com tecnologias de informação e comunicação
e sua aplicação: cursos de engenharia de computação, telecomunicações, ciências da informação, comunicação social,
cinema e animação etc. . A aplicação de tecnologias de informação e comunicação pode ser objeto de formação desde
o nível médio, sobretudo no âmbito de cursos técnicos em informática, eletrônica etc. Ela é certamente o foco central de
cursos de graduação que tratam de tecnologias de informação e comunicação. E é também preocupação dos cursos de
pós-graduação em tecnologias de informação e comunicação e áreas correlatas, especialmente quando a aplicação de
conhecimentos se refere à produção ou aperfeiçoamento de bens e serviços na própria área, o que exige o domínio dos
fundamentos conceituais básicos associados aos níveis mais elevados de ensino. Finalmente, a aplicação de tecnologias
de informação e comunicação em quaisquer outras áreas (não próximas de tecnologias de informação e comunicação),
tais como saúde, transportes, biologia etc., demanda a participação de profissionais dessas áreas, mas com conhecimentos
aprofundados em tecnologias de informação e comunicação, que transcendem em muito o nível de alfabetização digital.
Como denominar essa capacidade específica em tecnologias de informação e comunicação de profissionais de outras áreas
para aplicar tecnologias de informação e comunicação nessas suas áreas?” (Livro Verde).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos dos projetos em EaD desenvolvidos no Brasil,
especialmente pelo governo, remotamente nos apresenta
suas interrupções ríspidas. Referem-se as propostas políticas,
mais do que educacionais, articulado por uma estipulada
equipe e que eram reduzidos a cada medida das diretrizes
políticas do respectivo Ministério da Educação, por diversas
vezes no mesmo governo.
Outra problemática vem acrescentar à antipatia disseminada por parte dos educadores
em correlação à educação à distância. Referem-se ao incômodo, sobre ao que em outro
momento foi denominado de tecnologia educacional. A aplicação numerosa dos volumes
prontos e dos argumentos tecnológicos da década de 70, tempo educacional politicamente
vinculado com o clico mais rígido da ditadura no Brasil, finalizam o cenário de repulsa e
hostilidade dos educadores aos planos educação a distância mediada pelas modernas
tecnologias de informações e comunicação.
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Estas mesmas vias são igualmente utilizadas para projetos a respeito de outros modelos de
tecnologias de comunicação e informação como o rádio, revistas e a televisão e a utilização
das redes abertas na internet.
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REFERÊNCIAS
BELLONI, M.L. et al. Educação a Distância. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.
CULIK, Hugh. The Interplay of Web Site Design and Teaching -Thinking Learning Dynamics
of Education. Collaboration, Cleveland: Cleveland State UP. Disponível em: <http://www.
culik.com/hugh/resume.html>. Winter, 1999.
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“como se ensina arte” para “como se aprende não previa a formação e a qualificação dos
arte”. professores.
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conteúdo obrigatório, mas não exclusivo possível que a criança aprenda e compreenda
no ensino curricular de Arte, alterando o o seu conteúdo de forma relevante e
Artigo 26º da LDBEN de 9394/96, trazendo significativa.
a possibilidade da implantação efetiva do
ensino de música nas escolas de uma forma Quando a criança começa a desenhar ela
mais abrangente. trabalha sobre a hipótese de que o desenho
serve para imprimir tudo o que ela sabe sobre
O trabalho com as Artes Visuais na o mundo, expressando suas percepções e
Educação Infantil deve respeitar as sentimentos, observando diferentes objetos
peculiaridades das crianças e o seu nível de simbólicos e as imagens que cria. Na fase de
desenvolvimento, favorecendo o processo de simbolização, a criança vai incorporando as
criação das mesmas. O educador deve intervir regularidades e os códigos que representam
proporcionando o contato com diferentes as imagens que a cercam e aprende a
objetos agindo de forma intencional com o considerar que o desenho serve para imprimir
intuito de enriquecer a ação desenvolvida aquilo que ela vê.
pela criança.
Segundo Andrade (2009) o ensino da arte
O educador deve compreender o desenho em espaços educativos carecem de propostas
da criança como um processo de criação e que desafiem o imaginário da criança, que
como uma forma de linguagem, deve deixar explorem a linguagem visual, musical e
a criança livre para criar e representar aquilo corporal nas milhares possibilidades de
que deseja, as marcas deixadas pelas crianças criar com diferentes materiais e suportes e
são únicas e valorosas quando pensamos no diferentes formas de produzir, entender e ler
verdadeiro sentido de criação e arte. imagens, bem como investigar possibilidades
do próprio corpo e gestos com uma riqueza
Privilegiando as diversas formas expressivas, imensa de expressão
utilizando-nos de diferentes linguagens (fala,
jogos, dramatização, música, dança, desenho,
pintura, literatura, argila), ampliamos a ideia de A educação em arte propicia o desenvolvimento
arte para além da técnica – como expressividade, do pensamento artístico e da percepção
comunicabilidade. E expressar-se livremente é, estética, que caracterizam um modo próprio de
antes de tudo, direito inalienável de crianças e ordenar e dar sentido à experiência humana: o
aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção
adultos. (LEITE, 1998, p. 149). e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas
quanto na ação de apreciar e conhecer as formas
O educador deve conduzir o processo produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza
educativo dando significado aquilo que a e nas diferentes culturas. (BRASIL, 1997, p.19)
criança aprende, incluir a Arte no currículo
escolar, não é suficiente para a garantia de É importante proporcionar para as crianças
aprendizado, a Arte deve estar integrada a apreciação de figuras, ao contato com os
as demais áreas do conhecimento e tornar personagens de uma história já conhecida,
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todas as crianças, a partir dos quatro anos Os conteúdos a serem organizados para
de idade devem ter seus espaços garantidos o trabalho com o movimento na educação
em instituições especializadas e a Lei de infantil devem respeitar as diferentes
Diretrizes e Bases da Educação Nacional capacidades das crianças em suas faixas
(LDBEN 9394/96), determina que as etárias, além das diferentes culturas corporais
crianças de zero a três anos de idade sejam presentes em cada região. O ambiente vivido
atendidas pelas creches. É obrigação do no dia a dia das crianças nas instituições de
Estado oferecer a todas as crianças uma educação infantil deve propiciar um diálogo
educação na fase da infância e as instituições com as diferentes linguagens, promovendo
escolares possuem uma certa autonomia novas experiências e aproximando as
para elaboração das atividades curriculares a crianças de suas possibilidades de criação,
serem desenvolvidas nesta faixa etária. podemos citar como exemplo: a educação
física, as artes plásticas, a dança, a música, o
As Artes Visuais expressam, comunicam e teatro, a poesia e a literatura.
atribuem sentido a sensações, sentimentos,
pensamentos e realidade por meio da organização
de linhas, formas, pontos, tanto bidimensional A exploração do ambiente ocorre com o
como tridimensional, além de volume, espaço, movimento, desta maneira, é de extrema
cor e luz na pintura, no desenho, na escultura,
na gravura, na arquitetura, nos brinquedos, importância que seja oferecido às crianças
bordados, entalhes etc. O movimento, o uma grande variedade de movimentos
equilíbrio, o ritmo, a harmonia, o contraste, a para que o seu corpo possa experimentar
continuidade, a proximidade e a semelhança
são atributos da criação artística. A integração diferentes ações e situações, aumentando
entre os aspectos sensíveis, afetivos, intuitivos, gradativamente o conhecimento de seu
estéticos e cognitivos, assim como a promoção próprio corpo pela criança. A corporeidade
de interação e comunicação social, conferem
caráter significativo às Artes Visuais. (BRASIL, da criança deve ser intensamente estimulada,
1998, p.85) por meio da motricidade, experimentando,
aprimorando e aperfeiçoando os seus
A finalidade da educação infantil é movimentos.
proporcionar o desenvolvimento integral da
criança em todos os seus aspectos, físico, As instituições escolares ainda encontram
intelectual, linguístico, afetivo e social, dificuldades para integrar a linguagem musical
visando a complementação da educação ao contexto educacional, evidenciando-se
recebida da família e na comunidade, uma defasagem entre o trabalho realizado
conforme o determinado no artigo 29 da na área de Música e nas demais áreas
LDBEN 9394/96. Por meio das interações do conhecimento, na qual são realizadas
que a criança faz com outras crianças atividades de reprodução e imitação não
na escola, com os professores e com os prevalecendo as atividades voltadas à criação
outros funcionários é que ela constrói seu musical.
conhecimento nas diferentes dimensões.
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Utilizando o movimento e o corpo, que são a base para um trabalho bem sucedido com
as crianças pequenas, os professores em conjunto com os demais profissionais é capaz de
introduzir a “dança” como “arte” proporcionando às crianças um desenvolvimento que vai
além da fala e da escrita.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino da arte em espaços educativos precisam de
propostas que desafiem o imaginário da criança, que
explorem a linguagem visual, musical e corporal nas milhares
possibilidades de criar com diferentes materiais e suportes e
diferentes formas de produzir, entender e ler imagens, bem
como investigar possibilidades do próprio corpo e gestos
com uma riqueza imensa de expressão.
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REFERÊNCIAS
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Escola x família precisa estar atenta para Pensar no coletivo é o mesmo que
resgatar o sentido de convivência coletiva, entender os conceitos, mas não abrir mão
desenvolvendo uma intervenção positiva do seu individual é algo difícil para muitos,
que possibilita uma gradual participação dos por isso muitos precisam de ajuda. Esse
estudantes no ambiente escolar. papel é de todos nós, não podemos deixar
que nossos educandos sigam sua vida sem
regras fixas e sem bússolas, usando somente
COMO MINIMIZAR OS a emoção.
PROBLEMAS NAS ESCOLAS
As expressões de acomodação precisam
Será que existe uma forma de acabar com dar lugares as atitudes. Identificado o
essa violência? Quais são as práticas para problema, agora é momento de resolvê-lo.
acabar ou minimizar esse problema?
Não basta a um pai, a uma mãe ou aquele
O estudante apresenta conflito interior, que cuida considerar ofensivo. Que não olhe
baixa autoestima, desinteresse e mudança a conduta do filho, do enteado, como uma
no comportamento, é preciso ficar atento, ação ofensiva de alguém insolente.
pois ele pode estar sendo vítima de violência.
Criar um vínculo de confiança permite que A melancolia tomou conta da vida de
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O contexto social é favorável, mas precisa ser mudado. Governo, família e escola precisam
apresentar alternativas para que o individual passa a ser coletivo e o protagonista (criança/
adolescente/jovem) seja visto como responsável por uma construção de uma sociedade
mais justa e digna.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo tem como objetivo apresentar a situação
dos alunos que apresentam comportamento agressivo
e dificuldade no relacionamento pessoal. É resultado de
pesquisas bibliográficas, onde se pode concluir que o diálogo
é um processo educacional gradativo e constante. Refletir
para entender e assim combater, visto que o homem vive em
sociedade e existe educação em todos os níveis. Isolar, exaltar,
punir ou enaltecer os envolvidos. Justificar a violência permite
que ela saia do ambiente escolar. É preciso ter compromisso CRISTIANE AMARO
com a vida e não se acomodar com a indiferença. A violência é DA SILVA
uma ação que requer reação. Quem pratica precisa ser visto e
Graduação em Pedagogia pela
quem sofre precisa ser visto. Não premiar os manipuladores e Universidade da Cidade de São
os espectadores, assim como não podemos assustar ainda mais Paulo (2014); graduação em
quem está do lado da minoria. História pelo Instituto Superior de
Educação Elvira Dayrell (2016);
pós-graduada em Educação
Mediar os conflitos, de modo participativo mostra que as Inclusiva pela Faculdade Campos
regras existem para todos os envolvidos. As agressões verbais Salles (2018); Professora de
Educação Infantil e Ensino
ou físicas criam sentimento de impotência, não soma nada Fundamental I - na EMEF João
no estudante, pelo contrário. Não importa qual o motivo ou Ribeiro de Barros, Professora de
objetivo dos insultos, negros homossexuais, pobres, deficientes, Educação Básica I - na EE Annita
Guastini Eiras.
o que importa é que a intervenção quando feita a tempo,
melhora o ambiente da escola. A integridade física, emocional
ou psicológica de todos os integrantes de uma escola.
Potencializar a adaptação desses alunos torna-os mais confiante, mais compreensivos e mais
capazes. É o melhor benefício no processo ensino-aprendizado e humanizando-os.
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REFERÊNCIAS
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Cortez, 2014.
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A FORMAÇÃO INICIAL DE
PROFESSORES: HISTORICIDADE
DOS CURRÍCULOS DA EDUCAÇÃO
FÍSICA
RESUMO: A formação de professores nos cursos de Licenciatura apresenta inúmeras
lacunas e indagações a respeito de sua estrutura, currículos e práticas, apontando
uma formação destoante da realidade. Neste artigo, a partir da revisão de literatura,
abordamos a necessidade de olharmos o processo educativo a partir de sua historicidade,
compreendendo seu contexto de produção. Dessa forma, entendemos que os currículos
dos cursos de formação de professores atenderam às necessidades e interesses de cada
momento histórico, político e social. Analisamos os currículos da Educação Física, buscando
levantar as significações e sentidos atribuídos às suas práticas, e os fatores determinantes
que constituíram as transformações da área ao longo da história. Concluímos que o currículo
não é um produto neutro, mas resultado da interação entre diferentes esferas com variadas
intenções, ou seja, a formação de professores é permeada por um contexto macro, que
determina suas práticas e ações.
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Para o autor, as práticas sociais, dentre elas descrição dos fenômenos, com o objetivo
as educacionais, são construções históricas de estabelecer relações entre o sujeito e seu
permeadas pelas questões sociais e culturais tempo histórico e cultural.
de determinado momento, com significações
e sentidos específicos. Enguita (2004) apresenta que o caráter
reprodutor ou transformador da escola está
Já Buffa e Nosella (2009) complementam diretamente relacionado à estrutura social
essas colocações indicando a importância de que a cerca e ao ritmo da mudança social.
considerar as relações entre particularidade Assim, defende que quando a sociedade
e totalidade ao olharmos as instituições propõe mudanças, e acredita nelas, a
escolares, considerando o movimento real escola se torna um poderoso instrumento
da história e a sociedade que a produziu. de transformação, e ao contrário, quando
Defendem uma linha que descreva o singular a sociedade é estável a educação se torna
explicitando suas relações com os diferentes desnecessária. O autor ainda afirma que
contextos que o produzem: político, o papel do professor também se altera de
econômico, social e cultural, fazendo uma acordo com a sociedade que se pretende
leitura dialética do fenômeno. Os autores formar, exemplificando com as diferentes
sugerem assim a necessidade de relacionar o formas de organização social no decorrer
particular com o contexto social mais amplo, da história. Por fim, sugere que estamos em
evidenciando interesses contraditórios e um momento de mudança intrageracional,
as inúmeras condições que determinam o no qual a mudança da sociedade ocorre
fenômeno estudado, relacionando assim de maneira generalizada dentro de uma
suas condições às mudanças estruturais da mesma geração nos diferentes campos da
sociedade. experiência humana, e aqui ocorre a crise
do sistema educacional. Para o autor nesta
Dessa forma, é importante sociedade há a necessidade de readaptação
compreendermos de que maneira as constante a novas condições de vida, de
mudanças estruturais e a cultura permeiam trabalho e sociabilidade em um processo
e determinam as ações, as práticas e a contínuo de aprendizagem, o que estabelece
própria cultura escolar. Assim, pretendemos novas formas de organização do trabalho e
relacionar traços da particularidade (educação formação docente. Em outro texto o autor
e seus agentes) à totalidade (estrutura apresenta outras demandas que permeiam a
social). Essas contribuições são significativas escola e as políticas para a educação dentre
para a leitura do objeto desta pesquisa, uma elas as desigualdades de classes, gênero,
vez que a formação inicial está atrelada a etnia e as desigualdades culturais, reforçando
um contexto social mais amplo determinada que a escola é um espaço complexo, diante
por inúmeros fatores e intenções. Ou seja, de dilemas que não encontram soluções
fica evidente a necessidade de superar a simples.
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Dessa forma, a partir das contribuições social e cultural veio a se tornar o que é dentro
dos autores e cotejando a formação inicial á de uma dinâmica social que o produziu dessa
totalidade social e aos desafios da sociedade forma, entendendo assim que o currículo
contemporânea, podemos questionar de que não é resultado apenas de um processo
maneira esta formação tem sido suficiente social, mas de um processo constituído de
para o exercício da docência em uma conflitos e lutas entre diferentes concepções
sociedade em constante mudança e em um sociais. Aqui cabe entende-lo também
espaço complexo como a escola? Como os como instrumento político que age sobre
cursos de formação de professores fazem a as pessoas e não apenas um momento de
leitura desta sociedade, da função da escola e seleção e organização do conhecimento,
papel do professor? Estamos sendo formados como um inocente processo epistemológico.
para atuar em uma sociedade estática ou Dessa forma, através da análise dos
as propostas de formação acompanham os currículos dos cursos de formação inicial de
processos de mudança social? A formação professores ao longo da história podemos
inicial de professores está voltada para a entender que tipo de professor se espera a
compreensão desta realidade e desafios que partir daquela proposta, para aquele tempo
adentram os muros da escola? Possibilitam e contexto histórico. Este processo é
espaços e momentos de discussão sobre essencial para esclarecer como o currículo se
destes elementos? Afinal, que professor tornou o que ele é. Alves (2007) afirma que
estamos formando, para qual sociedade? o trabalho didático, e dentro dele as práticas
escolares como o currículo, são produtos e
produtores de relações específicas de cada
A HISTORICIDADE DOS época. Assim, as concepções de aluno, de
CURRÍCULOS DA professor, de ensino e aprendizagem, os
recursos didáticos, o espaço físico entre
EDUCAÇÃO FÍSICA outros elementos que constituem a relação
Partindo destes pressupostos entendo educativa são resultados de um processo
que, assim como outras práticas escolares, histórico e social que os determinaram. Essa
o currículo é uma produção histórica. Ele compreensão é fundamental ao tratarmos
atende as necessidades e realidade de um da análise das práticas formativas, revelando
momento histórico específico e é produto sua historicidade e desnaturalizando este
de luta por significação de determinados processo.
grupos. Nele estão inscritas as concepções
de mundo e a formação que se espera Como já colocado em outros momentos,
para os sujeitos que por ele passam. Para o currículo é produto de relações de poder,
Silva (1996) mais do que descrever como definido por questões sociais, políticas,
se organizava o currículo no passado, é culturais e econômicas de um contexto
fundamental entender como este artefato histórico. Buffa e Nosella (2009) apontam
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Inúmeros fatores definiram as propostas básica. Ou seja, será que estamos formando
de formação profissional em Educação Física: professores que compreendem e atuam
o contexto sociopolítico de cada tempo na realidade contemporânea das escolas,
histórico, o processo de neoliberalização da conscientes de suas funções?
economia, exigindo um perfil profissional
específico; a possibilidade de campos de Alves (2007) nos faz refletir sobre a
atuação variados; a busca por “cientificidade” necessidade de produzirmos práticas
e afirmação da área, gerando distintas condizentes ao nosso tempo histórico e as
concepções sobre sua função; e o quadro necessidades sociais atuais, relevando a
sociocultural e histórico que em diferentes importância do professor na transformação
épocas determinaram a proposição de educacional para impulsionar a transformação
políticas públicas para a formação desses social. Pensar desta forma nos permite olhar
professores (SOUZA NETO et al., 2004). a coerência e objetivos de determinadas
práticas dentro da escola, muitas vezes
Tal política curricular resultou em reforçadas nos cursos de formação, como
conflitos de representações á respeito da distantes e desconectadas de sua função
docência, sociedade, função da escola e social em nossos dias. Práticas que antes
práticas educacionais, uma vez que essa poderiam fazer sentido, hoje precisam ser
formação abrangente favorece a construção transformadas e ajustadas ás necessidades
de diferentes sujeitos-professor (da área de de nossa época. Portanto, reconhecer
saúde, das escolinhas de esportes, do fitness, as mudanças das relações educativas
da escola etc.). Mais do que isso, as críticas possibilita a superação desse anacronismo
em torno da formação inicial apontam que presente no trabalho didático, manifestado
os conhecimentos adquiridos nos cursos de diferentes maneiras: desde a utilização
de Licenciatura mostram-se inadequados de recursos didáticos até a metodologia de
para as configurações atuais da sociedade, ensino e fundamentação teórica das práticas
não atendendo as características da escola escolares.
do século XXI, fato que frequentemente
provoca um “choque com a realidade” nos O autor indica que um conjunto de
professores iniciantes. O que observamos práticas hierarquizadas ainda permeiam a
e pressupomos é que o atual pensamento organização do trabalho didático e como o
curricular dos cursos de formação em movimento da história e as transformações
educação física não rompeu com algumas sociais são ignorados pelos educadores em
lógicas e características dos primeiros suas práticas escolares. Pensando nisso, cabe
currículos propostos, dando continuidade questionarmos quais práticas e concepções
á determinadas concepções e significações vem sendo reforçadas nos cursos de
sobre o conhecimento, o currículo e a função formação inicial de professores em Educação
social da área, especialmente na educação Física e como os currículos tem colaborado
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As afirmações acima nos fazem refletir sobre quais práticas, com que objetivos e com quais
significações tem circundado as instituições escolares, neste caso os cursos de formação de
professores. Como vimos tratar de práticas educacionais está vinculado á uma construção
histórica, social e cultural que determina a formação dos sujeitos. Gonzales (2007) afirma a
utilidade como eixo central que tem orientado e subsidiado as práticas formativas no espaço
escolar e questiona a ausência do ponto de vista histórico-social, que considere a ação dos
sujeitos sobre a realidade humana.
O autor nos indaga qual opção de processo formativo, nós educadores, temos incorporado?
A formação para a produção de relações de dominação e alienação ou a formação que
possibilite práticas centradas na produção de relações que potencializem mudanças? Ou seja,
é urgente repensarmos a trajetória formativa nos cursos de Licenciatura, com práticas mais
reflexivas, dialógicas e em consonância com o projeto de uma sociedade mais democrática e
coletiva, considerando a historicidade do processo educativo e a transformação do contexto
político, social e cultural.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo destes questionamentos, das discussões
pontuadas acima e dos dilemas que enfrentam os cursos de
formação inicial de professores, fica evidente a necessidade
de entender a formação humana como elemento central
da educação, e esta como processo mediador entre a vida
do indivíduo e a sociedade, como prática mediadora de sua
humanização.
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REFERÊNCIAS
ALVES, G. L. Em busca da historicidade das práticas escolares. Em: NASCIMENTO, M. I. M.
et al. (orgs.). Instituições Escolares no Brasil. conceito e reconstrução histórica. Campinas,
SP: Autores Associados: HISTEDBR; Sorocaba, SP: UNISO; Ponta Grossa, PR: UEPG, 2007.
BUFFA, E.; NOSELLA, P. Instituições Escolares. Por que e como pesquisar. Campinas, São
Paulo: Alínea, 2009.
DEL PINO, M. A. B.; VIEIRA, J. S.; HYPOLITO, A. M. Trabalho docente, controle e intensificação:
câmeras, novo gerencialismo e práticas de governo. In: FIDALGO, F.; OLIVEIRA, M. A. M.,
FIDALGO, N. L. R. (orgs.). A intensificação do trabalho docente: Tecnologias e produtividade.
Campinas: Papirus, p.113-133, 2009.
ENGUITA, M.F. Educar em tempos incertos. Porto Alegre, RS: Artmed. 2004. Cap. 1: A
educação e a mudança social, p. 13-25, e Cap 5: Educação e justiça social, p. 75-89.
GATTI, B.A.; NUNES, M.M.R. (Org.). Formação de professores para o ensino fundamental:
estudo de currículos das licenciaturas em Pedagogia, Língua Portuguesa, Matemática e
Ciências Biológicas. Textos FCC, São Paulo, v. 29, 2009. 155p.
HARVEY, D. Espaços de Esperança. São Paulo, SP: Loyola, 2006. Parte 2. Cap. 6: O corpo
como estratégia de acumulação, p. 135-159.
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LESSA, S. Trabalho e Proletariado no capitalismo contemporâneo. Parte II. Cap. IV. O trabalho
em O Capital, pp. 127-201. São Paulo: Cortez, 2007.
SOUZA NETO et al. A formação do profissional de educação física no Brasil: uma história sob
a perspectiva da legislação federal no século XX. Revista Brasileira de Ciências do Esporte,
v. 25, n. 2, pp.113-128, Jan/ 2004.
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A IMPORTÂNCIA DA ARTE
NOS ANOS INICIAIS
RESUMO: Este artigo tem por objetivo analisar a atuação da arte nos anos iniciais. Sendo
assim, pretendeu-se mostrar que a educação por meio da arte é, na verdade, um movimento
educativo e cultural que busca a constituição de ser um ser humano completo, dentro de
um contexto na qual valorize o ser humano nos aspectos intelectuais, morais e estéticos.
Visando refletir sobre o papel da arte na educação infantil. E desta forma, procurou-se
evidenciar que, não lançando mão da arte o educando pode desenvolver seu intelecto pelo
lúdico e assim trabalhar de maneira mais produtiva.
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implantou o ensino de desenho no currículo acontecesse ela não poderia ser apresentada
escolar, com objetivo de preparar o povo para a arte do adulto, pois não servia como
para o trabalho. Para os positivistas a arte só modelo, por isso o arte/educador deveria
tinha importância quando contribuísse para o interferir o mínimo possível, pois dessa
estudo da ciência e esse ensino de arte como maneira iria conservar um valor muito
técnica é visto até hoje em algumas práticas importante divulgado pela Arte/Educação
escolares. Elas se manifestam através do modernista que seria a originalidade como
ensino de desenho geométrico, ensino dos um fator essencial do fazer artístico. Por
elementos da linguagem visual, na pintura de tanto, essa concepção é sobre ações mentais
desenhos e figuras mimeografadas. desenvolvidas durante a realização de
atividades de artes, tendo o resultado final
A partir de 1914 o desenho infantil foi sem muita importância, e a partir dessa ideia
visto como livre expressão da criança, surge a concepção de arte como lazer, auto
merecido de investigação e interpretação. expressão e catarse, o que descaracteriza
Mesmo com essa nova visão sobre o desenho a arte como conhecimento indispensável
infantil os valores estéticos só passaram a ser para a formação das novas gerações (SILVA
valorizados através das correntes artísticas e ARAÚJO, 2007). O esvaziamento dos
expressionistas, futuristas e dadaístas na conteúdos de artes ocorreu através da
cultura brasileira. Através da nova concepção concepção de ensino baseada na simples
de criança, de que ela não é um adulto em realização de atividades artísticas, e com a
miniatura mas deve ser respeitada em seu obrigatoriedade do ensino de artes no 1 º e 2
contexto, foi fundada a escolinha de artes do º grau o ensino passou a se chamar educação
Brasil. Ela recebeu diferentes contribuições artística. A lei n° 5.692, promulgada em 11 de
e influências teóricas e sua proposta buscou agosto de 1971, classificou os componentes
valorizar a arte da 9 criança, através da do currículo em duas modalidades, a
concepção de ensino baseada na livre primeira de disciplina (área de conhecimento
expressão e liberdade criadora. A valorização com objetivos, conteúdos...) e a segunda
da expressão e da espontaneidade da de atividades (desenvolvimento de práticas
criança foram um dos novos métodos, que e procedimentos). As atividades eram
através dos modernistas Mário de Andrade aplicadas apenas para cumprir horários e as
e Anita Malfatti introduziram a ideia de aulas eram ministradas por professores que
livre expressão do ensino de arte (SILVA e não compreendiam o significado da arte na
ARAÚJO, 2007). educação. Os arte/educadores conquistaram
o ensino obrigatório de artes para a
Segundo Azevedo (2005) todas as crianças educação básica através da promulgação
eram capazes de produzir e expressar-se da nova LDBEN nº 9394 (BRASIL, 1996),
através da arte, crianças com necessidade explicitando que o ensino de arte deverá
especiais também, mas para que isso promover o desenvolvimento cultural dos
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alunos. Depois dos estudos de alguns da técnica que valoriza o produto artístico
autores, compreendeu- se que o ensino de em detrimento do processo, e do ensino de
arte está baseado no interculturalismo, na arte como expressão que valoriza o processo
interdisciplinaridade e na aprendizagem dos e não da valor ao produto estético (SILVA
conhecimentos artísticos, a partir da inter- e ARAÚJO, 2007). A função do profissional
relação entre o fazer, o ler e o contextualizar em arte na educação não é simplesmente
arte (SILVA e ARAÚJO, 2007). Portanto, ministrar aulas fragmentadas de arte, mas,
o ensino de arte deve ser interdisciplinar sobretudo de organizar um espaço de cultura
com ele mesmo, através das diferentes que possibilite a ampliação das expressões e
linguagens, assim também com outras áreas das linguagens da criança.
de conhecimento humano.
Como historicamente pode-se observar, a
Assim, tem surgido a necessidade de novas arte na educação infantil possuía um perfil de
práticas para a arte na educação infantil, no recreação e de desenvolvimento emotivo e
sentido de desenvolver práxis nas quais haja a motor. Hoje, a arte na educação infantil está
total integração do profissional da educação em processo de rupturas e transformações,
infantil, do profissional da arte na educação, exigindo das políticas educacionais, dos
das crianças, da instituição e da comunidade. cursos de Formação de Professores,
Esta abordagem tem se mostrado eficiente especialmente das Licenciaturas em Arte,
e consolidada para a educação infantil na um comprometimento com os aspectos
Itália, sendo disseminada em outros países. cognitivos, sensíveis e culturais. Cabe então,
Obviamente, entende-se que cada espaço a todos os profissionais que atuam direta ou
possui especificidades próprias que devem indiretamente com o ensino da arte, uma
ser respeitadas. Portanto, a ideia não é a reflexão não somente dos processos de sala
de adotar modelos estrangeiros, mas de tê- de aula, mas também do seu papel como
los como possibilidade de referência. Nesta cidadãos, protagonistas de uma história
perspectiva, entende-se por novas propostas
que partem de uma visão de currículo não
linear ou sistêmico, considerando o contexto QUESTIONAMENTOS
histórico-social, as necessidades e interesses SOBRE A ARTE E EDUCAÇÃO
das crianças, no qual educadores, crianças,
instituição e comunidade desenham um INFANTIL
currículo que parte do trabalho coletivo. Arte! O que é arte? Com certeza já
ouvimos mães e professoras dizerem: esse
Nessa concepção, a arte como menino/menina é muito arteiro/a..., mas
conhecimento busca a valorização tanto será que arteiro tem alguma coisa haver
do produto artístico como o processo com arte? Bem, arteiro segundo minhas
desenvolvido no ensino de arte, ao contrário pesquisas significa alguém levado, que faz
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Com relação a como fazer isso dentro plano, só para quando tivermos tempo, e o
da sala de aula ou na escola, vai estar terceiro diz que se deve sempre criar novos
diretamente atrelado ao que está exposto produtos para criar novas necessidades aos
acima. Desse modo os/as educadores/as homens e assim poder vender mais produtos.
em primeiro lugar, precisam acreditar nas Por isso muitos pensadores falam que esses
crianças. Acreditar que elas, mesmo diante caminhos estão levando a destruição da
das mais diversas dificuldades, tanto de vida no planeta, pois assim estão deixando
materiais como de recursos humanos são de lado os valores e emoções. A dança, a
capazes de produzir, de criar, de representar, festa, a arte, os rituais vão se afastando
de pensar sobre. de nós e o trabalho vai tomando conta até
ficarmos alienados. Foi por conta disso
Sem essa percepção inicial por partes dos/ que começaram a surgir outras propostas
as educadores/as poderemos ter todos os que pensam na valorização na arte e no
recursos possíveis e o fazer artístico ficará brinquedo. “A arte não possibilita apenas um
ainda reduzido às atividades de coordenação meio de acesso ao mundo dos sentimentos,
motora, de passa tempo, de conotação mas também o seu desenvolvimento, a
decorativa, etc. sua educação” (DUARTE JÚNIOR, 2012,
p.66). Ou seja, através da arte podemos nos
Nesse sentido, a arte não pode reduzir- expressar, usar nossa imaginação. Muitas
se num elemento decorativo e festeiro. A vezes não vemos isso acontecer nas escolas,
arte valoriza a organização do mundo da elas querem já oferecer o produto pronto,
criança, assim como o relacionamento com o querem uma resposta pronta. “A escola hoje
outro e com o seu meio. Estimular o ensino se caracteriza pela imposição de verdades
da arte nesta perspectiva tornará a escola já prontas, às quais os educandos devem se
um espaço vivo, contribuindo assim para o submeter” (DUARTE JÚNIOR, 2012, p.72).
desenvolvimento pleno de seus educandos. Na arte-educação o aluno tem a liberdade de
se expressar em todas as suas disciplinas, de
elaborar seus sentidos em relação a cultura
OS SENTIDOS DA onde vive “Por isso, na arte-educação, o que
ARTE EDUCAÇÃO importa não é o produto final obtido; não é
a produção de boas obras de arte” (DUARTE
Na civilização ocidental existem três JÚNIOR, 2012, p.73). Através deste estudo
postulados que são: a primazia da razão, do compreendemos os objetivos de artes na
trabalho e a natureza infinita. O primeiro educação infantil. A partir disso concluo o
valoriza mais a razão, e deixa de lado os trabalho por meio de uma breve reflexão
valores e as emoções. O segundo faz sobre minha formação como Pedagoga e
com que o lúdico fique apenas como uma Arte Educadora.
atividade de lazer, que fique em segundo
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a arte se apresenta no cotidiano infantil na
forma de expressão da sua visão de mundo, sua representação
da realidade surge quando a criança rabisca ou desenha
no papel, na areia, na terra, na água; neste momento, ela
está utilizando a linguagem da arte para expressar-se.
Esses trabalhos de expressão não são apenas impressões
que a criança deixa sobre o suporte, mas explicitam o seu
desenvolvimento intelectual, emocional e perceptivo.
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REFERÊNCIAS
AZEVEDO, F. A. G. de. Arte: linguagem que articula conhecimentos na construção de
competências. 5f. Recife, 2005. BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/
Arte, 1998. BRASIL.
Parâmetros curriculares nacionais: arte. Brasília: MEC/SEF, 1997. 130p. JÚNIOR, João
Francisco Duarte. Por que arte-educação? - 22ª ed.- Campinas, SP: Papirus, 2012. 87p.
(Coleção Ágere
SILVA, Everson Melquiades Araújo. ARAÚJO, Clarissa Martins de. Tendências e concepções
do Ensino de Arte na Educação Escolar Brasileira.
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A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: O mundo que vivemos é extremamente sonoro onde grande parte dos objetos
eletrônicos e máquinas que nos rodeiam emitem algum tipo de som, nossas casas, ruas,
trabalhos, por onde andamos estamos imersos em um mundo de sons, onde a presença da
música em nossas vidas é incontestável. A música que se faz presente em várias culturas
e acompanha a história da humanidade, é uma forma de expressão artística, a linguagem
musical se faz presente em todas as classes sociais e em todos os momentos da vida.
Nesse artigo pretendemos analisar a musicalização como uma importante ferramenta para a
construção do saber e do conhecimento. Sabendo da importância da música como conceito
histórico, social, psicológico e cultural podemos classificar essa importância e colocar no
convívio das crianças os benefícios no seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor além
das influências que são inseridas no seu dia a dia principalmente no ambiente escolar onde
elas passam a maior parte do seu dia.
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sem ser uma imposição ou que busque mais eles realizarão suas experiências de
a qualquer custo que a criança domine exploração e conhecimento dos objetos e do
um instrumento, o qual pode minar sua mundo onde vivem.
sensibilidade e criatividade.
A exploração sonora de objetos do
Entendemos que o aprendizado de cotidiano, já é uma prática infantil, onde
música não deve ser algo mecânico e sim os adultos observando como educadores
uma atividade natural e completamente precisam aprender a valorizar, permitindo
prazerosa onde venha colaborar com o que as crianças tenham o tempo e o espaço
desenvolvimento infantil. necessário para as explorações sonoras,
onde é comum o ato de arrastar e bater os
As crianças logos nos primeiros estágios objetos e aos poucos ocorre a organização
da infância balbuciam, choram, sorriem e repetindo os gestos para internalizá-los, a não
adquirem independência para começar a interferência de um adulto é fundamental,
satisfazer sua curiosidade indo em busca pois permite o trabalho de exploração do
da experimentação com os objetos e universo sonoro feita única e exclusivamente
brinquedos a sua volta para cheirar, colocar pela criança.
na boca, bater, jogar no chão e movimentar
o máximo possível para auxiliar na sua As tradições musicais e o conhecimento
descoberta de mundo, assim colecionando dos adultos sobre música carregam
sons e construindo uma trilha sonora. comentários sobre a experimentação musical
infantil caracterizando como “barulho” e
Para o francês Delalande, a criança se “ruído” criando uma conotação de incômodo
interessa pela música de uma maneira e caracterizando essa atividade da criança
espontânea, logo ele defende que devemos de descobrimento do mundo ao seu redor
deixar a criança em contato com os como “indesejável” e “evitável”, no mesmo
instrumentos musicais e fontes sonoras momento a expressão “som” traz um aspecto
e incentivá-los a produzir, a sua maneira, positivo, no entanto no ponto de vista físico
música. Cada criança faz sua própria qualquer fenômeno acústico é som, seja
composição onde o papel do educador é a experimentação musical infantil ou uma
criar motivação e estímulo para esse ato. melodia de Beethoven.
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avaliar a qualidade das próprias produções propostas musicais”, combinando essa ideia
e as dos outros”. Nesse caso a música pode ao RCNEI (1998) que articula “As crianças
ser utilizada além de ferramenta para o podem perceber, sentir e ouvir, deixando-
desenvolvimento como forma de resgatar e se guiar pela sensibilidade, pela imaginação
preservar a cultura de cada pessoa. e pela sensação que a música lhes sugere
e comunica”. Entre tantas configurações,
Portanto é de extrema importância que a música se trabalhada de forma correta
a escola e os educadores tragam para a no âmbito escolar pode influenciar a
sala de aula diversos gêneros musicais, aprendizagem e o desenvolvimento das
diversos estilos para proporcionar às crianças. Quando falamos de cultura não
crianças momentos de reflexão e análise podemos esquecer a cultura que a própria
das músicas apresentadas, estimulando a criança traz para dentro da sala de aula,
exposição das opiniões e o senso crítico. seja de uma brincadeira, uma canção ou até
Assim é importante que por serem crianças mesmo uma dança, se incentivada a mostrar
os educadores não se prendam somente o seu conhecimento, a sua bagagem cultural,
as músicas infantis, que muitas vezes são criamos um sentimento de pertencimento a
padronizadas restringem o conhecimento da comunidade, a escola, além de deixá-la mais
diversidade. De acordo com o RCNEI (1998), aberta a outras propostas.
“As canções infantis veiculadas pela mídia,
produzidas pela indústria musical, pouco As crianças de cinco anos já podem
enriquecem o conhecimento das crianças”. O ser incentivadas a improvisar em grupo,
universo da música é muito vasto e rico em buscando agrupar ou coordenar diferentes
canções instrumentais e com voz, aguçando sons e criar pequenas frases musicais e
a sensibilidade da audição infantil para que canções que envolvam os nomes dos amigos
percebam as diferenças de entonação em e rimas, é importante também que elas sejam
algumas vozes, o grave, agudo ou suave. estimuladas a desenhar tudo que ouvem
Além disso o educador não deve deixar de como sons curtos, compridos, grossos,
lado a oportunidade que tem de trabalhar a agudos, produções essas que servem para
improvisação de forma lúdica e espontânea, comparar com as partituras. Esses registros
onde as crianças podem improvisar a partir podem ser enriquecidos com outros materiais
das próprias canções, assim enriquecendo como massinha, lãs, barbantes e botões para
a cultura regional e explorando a bagagem visualizar que diferentes sons são lidos de
cultural de cada educando. diferentes maneiras.
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os familiares e pessoas próximas, apreciando na maioria das vezes vários estilos musicais,
mas, ao surgir o contato com um mundo que proporciona uma vasta gama de estilos musicais,
começa a fazer parte de sua personalidade assim, adotando um ou mais estilos em tudo. Na
fase da adolescência, começa o tempo de dúvidas e dificuldades de se expressar e interagir
no meio social, entra a questão as tribos ou grupos sociais que são formadas por indivíduos
que apreciam somente um estilo e querem ser diferenciados, até causando divisões sociais
e confrontos.
Portanto tornamos essas descobertas mais prazerosas e produtivas, onde cada criança
traz o que já conhece, agrada e assimila com o que acabou de conhecer, aumentando seu
repertório cultural, o estímulo que a música provoca nas crianças contribui para que o
conhecimento caminhe de uma forma mais divertida, elas passam ter mais criatividade, mais
facilidade ao se expressar e descobrem a comunicação social, que dentro das instituições de
ensino o interesse pela aprendizagem aumenta cada vez mais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que devemos trabalhar com a música de uma
forma onde a mesma influencie no desenvolvimento das
crianças, fazendo com que o interesse pela musicalidade e
pelos vários gêneros e diferentes culturas comecem desde
cedo, assim explorando o mundo ao seu redor. O trabalho
do educador é criar um ambiente propício para a exploração
e proporcionar situações de interação com o meio e com os
outros, pois o objetivo da musicalização na educação infantil
não é formar músicos e sim crianças autônomas, com um DANIELA CARVALHO
senso crítico e com o desenvolvimento enriquecido pela PERELLI
música.
Graduação em Normal Superior
pela Universidade de São Paulo
Além disso é muito importante que seja disponibilizado (2005); Professor de Educação
para as crianças a quantidade e a qualidade de materiais de Infantil e Ensino Fundamental I -
na EMEI Professor Paulo Freire.
modo que ela se sinta incentivada a experimentá-los e que
possa oferecer o auxílio necessário para o desenvolvimento
de suas ideias.
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Na educação infantil devem fazer parte canções infantis tradicionais, canções folclóricas
de diferentes países e canções populares a fim de buscar uma maior diversidade e
representatividade no processo educativo, pois o professor deve propor atividades de escuta
e apreciação musical dessas obras diversas. É importante lembrar que as crianças possuem
formas diferentes de participar e manifestar sua preferência por determinadas músicas e
canções, logo nem todas as músicas escolhidas podem ser de agrado do educando, mas esse
deve aprender também a respeitar os múltiplos gostos e gêneros musicais.
O silêncio também deve ser bem apreciado pelas crianças, pois a música não precisa estar
presente em todos os momentos, há ocasiões na qual o silêncio é bem-vindo e cheio de
significados, pois essa experiência contribui para o tão importante descanso auditivo que
é necessário para a compreensão da música quando ela está presente. Cabe ao professor
organizar as situações onde permitirá às crianças a ouvirem e produzirem sua música em
grupo, também criando locais de silêncio com colchonetes e objetos aconchegantes.
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A música está presente em todos os momentos da nossa vida é uma das formas mais
importantes e simples de expressão humana o que justifica sua presença no contexto da
educação, de uma maneira mais geral, na educação infantil, especificamente. Ouvir música
aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos são atividades que
despertam, estimula e desenvolve o gosto pela atividade musical, além de propiciar a vivência
de elementos estruturais dessa linguagem.
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REFERÊNCIAS
______. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Vol.3, Brasília MEC/SEF, 1998.
______. Lei ordinária Nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. Disponível em: < www.planalto.gov.
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Acesso em: 16 out. 2012.
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nossas vidas, para Sacks (2014) ela modifica proporcionados pela música em ambientes
até nosso cérebro. como hospitais, escolas, empresas e outros,
vêm nos mostrar a veracidade da contribuição
O neurocientista Oliver Sacks (autor de da música para a formação integral do ser.
“Alucinações musicais”), a música não é apenas
uma forma pela qual nos conectamos e criamos Chiarelli e Barreto (2005, p. 9) destacam ainda
laços. Ela, literalmente, molda os nossos que alguns hospitais adquiriram a prática
cérebros. Sacks apud (GRANDELLE, 2014, p.02). de utilizar “a música antes, durante e após
cirurgias”, obtendo melhoras significativas na
Dessa forma a música aperfeiçoa nossas saúde dos pacientes. Nas empresas, colabora
atividades cognitivas. Vários estudos e com a integração da equipe, melhora o
pesquisas trazem resultados satisfatórios desempenho da empresa e a produtividade
empregando a música como um recurso para dos funcionários.
pessoas com dificuldades de aprendizagem
e também com necessidades educacionais Agora, falta salientar o uso da música na
especiais. escola. Ela possibilita o desenvolvimento
de algumas inteligências, são elas:
lógico-matemática, linguística, espacial,
A MÚSICA E SUA intrapessoal, musical e corporal-cinestésica,
FUNÇÃO COGNITIVA ainda contribui para interação do indivíduo,
concentração, socialização, autoestima,
A música influência muito na vida escolar formação humanística, além de auxiliar no
de nossas crianças e pode estar presente em desenvolvimento cognitivo.
todos os assuntos propostos na educação. É
uma das formas importantes de expressão A função mais evidente da escola é preparar
os jovens para o futuro, para a vida adulta e
humana e integra os aspectos afetivos, suas responsabilidades. Mas ela pode parecer
cognitivos, sensíveis e estéticos. aos alunos como um remédio amargo que
eles precisam engolir para assegurar, num
futuro bastante indeterminado, uma felicidade
Como apontam Chiarelli e Barreto (2005, bastante incerta. A música pode contribuir para
p. 07), as atividades musicais nas escolas não tornar esse ambiente mais alegre e favorável à
são com a finalidade de formar musicistas, aprendizagem, afinal “propiciar uma alegria que
seja vivida no presente é a dimensão essencial
mas sim de propiciar o contato com a da pedagogia, e é preciso que os esforços dos
linguagem musical “facilitando a expressão alunos sejam estimulados, compensados e
de emoções, ampliando a cultura geral e recompensados por uma alegria que possa ser
vivida no momento presente”. SNYDERS apud
contribuindo para a formação integral do
(CHIARELLI e BARRETO 2005, p. 05).
ser”.
Estudos mostram que a música é usada
Na medida em que várias pesquisas nas escolas habitualmente como material
são divulgadas informando os benefícios didático, prática que é contestada por
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Loureiro (2003). De acordo com esta autora que esta conscientização tem encontrado
as atividades musicais devem se igualar as nas escolas é o preconceito existente entre
outras disciplinas do currículo, por fazerem docentes, gestores, currículo, Sistema e
parte do cotidiano da maioria dos indivíduos, até mesmo na comunidade, porque julgam
são manifestações importantes que devem algumas disciplinas como mais importantes
ser consideradas como formação cultural e do que as outras e deixam que ideologias
educativa. de uma determinada classe continuem
norteando o ensino nas escolas. Tal situação
Entendemos que o ensino das artes, é criticada severamente pela autora que se
especialmente da música, deve ser considerado
na educação escolar da mesma forma que outras insurge contra este preconceito acentuando
áreas do conhecimento, como a matemática, a que a música pode contribuir para o
língua portuguesa, a história etc. Porém por desenvolvimento da criatividade e criticidade
oferecer uma forma de conhecimento especifico,
deve ser encarado de modo organizado, dos alunos e desta forma eles saberão além
coerente, que situa entre vivência, expressão e de resolver problemas do cotidiano, escolher
compreensão. (LOUREIRO, 2003, p. 143) qual a melhor música para ser ouvida por ele
e pelos seus entes.
A educação musical não podia estar
dissociada das práticas cotidianas dos O que dá a entender nas entrelinhas da obra
alunos, uma vez que atividades musicais que de Loureiro (2003) é que esta criatividade
envolvem o canto, a dança, o movimento e a e criticidade desenvolvidas segundo o
improvisação já fazem parte do ambiente de auxílio da educação musical provavelmente
crianças e jovens, seja no ambiente familiar não sejam interessantes para a ideologia
ou fora dele. São manifestações de grande da classe dominante que está infiltrada
valor, que merecem ser consideradas na dentro de nossas escolas, uma vez que os
formação cultural e educativa dos alunos desfavorecidos teriam acesso à informação
e, dessa forma com reais possibilidades de com maior capacidade de distinção entre o
constituírem uma vertente fundamental do que é certo e errado, bom ou ruim para ele e
ensino e de igualar-se as demais disciplinas a coletividade; seriam capazes de criar coisas
do currículo escolar. (LOUREIRO, 2003, p. e com isso ganharem independência em
144-145) diversos aspectos da vida; seriam capazes de
refletirem sobre as letras das músicas, não
A autora ainda explica a necessidade dando mais créditos para músicas que em
da conscientização da inclusão da música nada acrescentam, que impelem a violência,
no currículo, porque não basta apenas a o preconceito, etc., dando vez para a música
inclusão se não houver um interesse por que realmente está comprometida com a
parte dos educadores e sociedade, que deve, arte, com o esclarecimento, com a cultura.
por sua vez, se sensibilizar pelo valor do
ensino da arte na escola. Uma das barreiras Loureiro (2003) ainda ressalta que a
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isso que Sekeff (2007) descreve no trecho recurso como um aliado está perdendo um
abaixo. grande tempo na sua jornada profissional,
correndo ainda o risco do fracasso.
... a vivência musical que se pretende na
educação {...} é que motivem o indivíduo a
romper pensamentos prefixados, induzindo-o Para auxiliar o aluno a desenvolver o
à projeção de sentimentos, auxiliando-o no cognitivo, é preciso muita criatividade por
desenvolvimento e no equilíbrio de sua vida parte do educador, visto que há uma grande
afetiva, intelectual, social, contribuindo enfim
para a sua condição de ser pensante. (SEKEFF, diversidade e diferenças individuais entre os
2007, p.128) alunos. Planejar atividades para alcançar o
desenvolvimento da criança requer inúmeras
O desenvolvimento da criança e do jovem estratégias a fim de evitar o desinteresse
em sua totalidade é um desafio que vem já dos educandos e propiciar aulas prazerosas,
algum tempo sendo proposto à escola, está divertidas e atraentes. Assim, podemos
desde os primórdios vem investindo em direcioná-las as práticas relacionadas à
métodos falidos que tentam separar a cabeça música, já que colaboram bastante para a
do restante do corpo, apenas transferindo o construção do conhecimento, além de ser
conhecimento ao aluno. Discussões sobre fonte super agradável.
interdisciplinaridade enfatizam a importância
do desenvolvimento do homem como Swanwick (2010) em entrevista a revista
um todo e da apreensão e internalização nova escola dá algumas dicas em linhas gerais:
do conhecimento quando o docente
proporciona ao aluno um desenvolvimento O essencial é respeitar o estágio em que cada
aluno se encontra. Tendo isso em mente, é preciso
na sua totalidade: cabeça, tronco e membros, seguir três princípios. Primeiro, preocupar-se
ou seja, lançando mão das atividades físicas com a capacidade da criança de entender o
e artísticas, dentre elas a música como que é proposto. De, observar o que ela traz de
sua realidade, as coisas com que também pode
grande potencializadora das habilidades do contribuir. Por fim, tornar o ensino fluente,
indivíduo. como se fosse uma conversa entre estudantes e
professor. Isso se faz muito mais demonstrando
os sons do que com o uso de notações musicais.
Hoje nas escolas um dos grandes desafios (Revista Nova Escola, SWANWICK, 2010, p.03)
é garantir a aprendizagem dos alunos, e
cada um aprende de seu modo e a seu Mediante diversas pesquisas, este autor
tempo. As pesquisas no campo das artes concluiu que o indivíduo aprende música de
corporais, sobretudo na área da música vêm acordo com as oportunidades de interação
trazendo resultados positivos quanto a maior dele com a música, do ambiente musical que
compreensão e assimilação por parte dos o cerca e de acordo com sua educação. Ele
alunos aos conceitos a eles ensinados, sendo também percebeu que o aprendizado de
assim, o educador que por preconceito ou música está ligado à faixa etária do indivíduo,
por qualquer outro motivo não utiliza deste e cada uma corresponderia a um estágio.
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campo sensorial, motor, afetivo e mental”, dúvidas. Daí como compreender o que está
sendo um excelente recurso para se trabalhar sendo ensinado?
dificuldades de aprendizagem, porque é uma
forma de transmitir informações, ideias e Ao entrar em contato com a música e
sensações, tal desempenho só é possível aprendendo suas técnicas e propriedades,
se a equipe docente e equipe educacional os alunos poderão ver nela uma forma de
partilharem as necessidades dos alunados a expor suas ideias e desenvolver aptidões
fim de que a música trabalhada no dia a dia que antes lhes dificultava a conversação
da escola tenha significado e seja atraente. e a compreensão, não só dos conteúdos
escolares, mas até mesmo de uma notícia de
O aluno precisa se sentir parte integrante jornal, uma conversa informal ou formal, etc.
e fundamental no ensino de música,
constatando os reais progressos, habilidades Como discurso a música significativamente
promove e enriquece nossa compreensão sobre
e competências desenvolvidas por intermédio nós mesmos e sobre o mundo. Não é de se
da musicalização. admirar que a música seja tão frequentemente
interligada a dança e cerimônia, com ritual e cura,
A participação ativa do sujeito no ato de e que tenha um papel central em celebrações
musicalização não mobiliza apenas os aspectos de eventos marcantes da vida: nascimento,
mentais conscientes que conduzem a uma adolescência, casamento, morte. (SWANWICK,
apreciação objetiva da música, mas também 2003, p.18)
uma gama ampla e difusa de sentimentos e
tendências pessoais. Por esse motivo a música
é, para as pessoas, além de objetos sonoro, Diante de tantas propriedades benéficas
concreto, específico e autônomo, também aquilo que a música traz consigo, queremos
que simboliza, representa ou evoca. (GAINZA , mediante o auxílio destes e de outros autores
1982, p. 34).
que venham a contribuir com esse trabalho,
aprofundar nossos conhecimentos nesta
Conforme o indivíduo vai tendo contato incrível e tão útil ferramenta para buscar
com a música e enxerga nela esta propriedade, compreendê-la e auxiliar outros profissionais
de ser instrumento de expressão, este passa da área da educação neste desafio que hoje
a utilizá-la como aliada na conversação, é uma realidade: “O ensino de música nas
assim como Oakeshot (apud SWANWICK escolas”.
2003) afirma.
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Leite (2012) descreve no trecho abaixo. tarde, quando a equipe docente em reuniões
pedagógicas percebe que, o aluno desatento
As dificuldades de aprendizagem correspondem
a uma categoria ampla de fenômenos que podem não acompanha a classe, estando abaixo do
influenciar negativamente no aprendizado. resultado esperado. Como lidar com este(s)
Abrangem os problemas de aprendizagem e os aluno(s)? O educador precisa estar atendo a
problemas escolares, isto é, o modo como a escola
lida com o processo de ensino-aprendizagem. esta situação, identificar a necessidade do
Enquanto os problemas de aprendizagem educando, descobrir o motivo que atrapalha
concentram o peso da dificuldade no aluno, as o seu desenvolvimento e estar disposto a
dificuldades de aprendizagem incluem os fatores
externos ao aluno. No caso da escola, são os inovar sua prática, ou melhor, realizar uma
problemas de origem pedagógica. CIASCA, 2003 abordagem diferenciada, com estratégias
(apud LEITE, 2012, p. 17) de ensino e instrumentos a fim de resgatar
o aluno, trabalhar com os conhecimentos
Segundo a obra de Leite (2012, p. 07) prévios do aluno contextualizando os
ressalta que após vários estudos sobre conteúdos com a realidade dos educandos,
concepções e fatores determinantes estabelecer uma relação professor-aluno
da aprendizagem conclui-se “uma baseada no dialogo e na afetividade são
nova concepção de aprendizagem, que apetrechos fundamentais para constituir
a compreende como um fenômeno um ambiente estimulador da construção do
multideterminado”, deriva disso que tanto os conhecimento.
fatores internos do aluno/indivíduo que são
suas características orgânicas, psicológicas
e individuais quanto os fatores externos ao INTERVENÇÃO VIA MÚSICA
aluno/indivíduo, visto que se caracteriza
pelo contexto histórico familiar, cultural, Uma breve descrição sobre, o que é
social e educativo no qual este aluno esta música? A palavra música vem do grego,
inserido são fundamentais para o processo assim como muitas outras palavras que fazem
de aprendizagem eles se inter-relacionam parte do nosso vocabulário, e significa a arte
incessantemente, “formando uma complexa das musas, considerada uma manifestação
combinação de influencia”. artística que combina ritmo, altura, melodia,
timbre, andamento e harmonia e se adéqua
Geralmente é o professor o primeiro a e também se modifica conforme a época e
detectar a dificuldade da criança dentro da sociedade a qual esta inserida. E segundo
escola, e a primeira impressão é de que o Brito (2003, p.26) “música é linguagem
aluno esta no mundo da lua, não realiza as que organiza, intencionalmente, os signos
comandas, não domina com facilidade a escrita sonoros e o silêncio no espaço-tempo”.
e a leitura, não relembra o que a professora
ou um coleguinha acabara de falar, ou seja, Há muitos anos já se falavam da música
ele é preguiçoso um desinteressado. Só mais e sua contribuição para a integração do ser
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habilidades e competências desenvolvidas ela não desenvolveu como deveria. Para tal
por intermédio da musicalização. atividade podemos utilizar a música como
um instrumento de intervenção usando-a
O beneficio da música no processo de como um jogo.
ensino-aprendizagem é tão satisfatório que
passa a ser obrigatório o ensino de música Assevera Brito (2003)
em todas as escolas públicas e particulares
do Brasil, todavia, por vários motivos ainda Partindo de uma análise que considera que, em
sua essência, a música é jogo, o compositor,
não se implantaram tal exigência nas escolas, pesquisador e educador francês François
por conseguinte, esta intervenção utilizando Delalande relacionou as formas de atividade
a música como recurso dentro da intuição lúdica infantil proposta por Jean Piaget a três
dimensões presentes na música:
escolar é improvável que aconteça, visto
que se precisa de um professor de música • Jogo sensório-motor – vinculado à exploração
e, normalmente, aulas de quatro a cinco do som e do gesto;
vezes por semana, para obter um resultado • Jogo simbólico – vinculado ao valor expressivo
significatório. Caso as escolas tivessem e à significação mesma do discurso musical;
cumprido a exigência da lei (ensino de música
• Jogo com regras – vinculado à organização e a
obrigatório) estaria mais acessível o estudo estruturação da linguagem musical.
de um instrumento musical a todos.
[...] Na cadência de um concerto, por exemplo,
o solista mostra seu virtuosismo mediante o
O dialogo entre a equipe escolar e o jogo sensório-motor, enquanto trechos musicais
professor de música não pode faltar, porque líricos constituem expressões simbólicas. E
o objetivo precisa ser claro, a fim de que toda parte que diz respeito à estruturação da
composição pode ser relacionada ao jogo com
não haja cobrança excessiva das técnicas regras. (BRITO , 2003 p.31)
instrumentais e leve em consideração o
conjunto que engloba a arte da música, a
mesma promove; a sensibilidade, estética, A música é um fator presente na vida do
expressão, emoção, memorização, atenção, ser humano desde o inicio de sua geração
comunicação e a aprendizagem. (ainda no útero) até o fim da vida, e também
é considerada relaxante e estimula a
Bem, sabemos que, se a criança não aprendizagem. Nogueira (2003) afiança que
desenvolveu adequadamente suas utilizar a música no processo de intervenção
habilidades respeitando os estágios ou fases garante o desenvolvimento da criança e sua
pelas quais ela passou, é por que lhe faltou eficácia é incontestável.
algo ou deveria ter sido mais estimulada, e
certamente apresentará alguma dificuldade Giorgio Losavov, cientista búlgaro,
no futuro e cabe a escola/professor realizou uma pesquisa com crianças que
desvendar qual foi a fase ou estágio que apresentavam dificuldade de aprendizagem,
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no desenvolvimento e aperfeiçoamento da
para um grupo foi oferecido música clássica, socialização, alfabetização, capacidade inventiva,
lenta, durante as aulas e o outro grupo não expressividade, coordenação motora e tato fino,
tiveram música e as crianças que ouviram a percepção sonora, percepção espacial, raciocínio
lógico e matemático e estética. (BERTOLUCHI,
música tiveram ótimos resultados, Losavov 2009, p.03)
justifica que;
Quando uma pessoa ouve música clássica, lenta, Desta forma, o trabalho do educador
ela passa de um nível para outro, exemplificado:
ganha mais um instrumento aliado ao
Nível alfa (alerta) para o nível beta (relaxado, desenvolvimento da cognição, em que a
mas atento); diminuindo a ciclagem cerebral, música pode ser usada; para se ouvir, tocar,
aumentam as atividades dos neurônios e as
sinapses tornam-se mais rápidas, facilitando jogar, dançar, criar, reinventar e etc.. Vale
a concentração e a aprendizagem. (Apud ressaltar a importância de escutar a criança,
OSTRANDER e SCHOEDER, 1978 – In resgatar a subjetividade do aluno, só então,
NOGUEIRA, 2003, p. 06).
poderá orientá-lo e intervir dando-lhe música
para ouvir ou instrumentos para tocar, estes
A escola tem um papel imprescindível podem ser confeccionados pelo próprio
na vida de seu aluno que é desenvolver aluno oportunizando uma experiência única,
o aspecto cognitivo, psicológico e se tornará parte integrante do instrumento,
emocional, características fundamentais tendo um significado para ele.
para aprendizagem. Podemos ver a música
como um alicerce ao desenvolvimento da Conforme o indivíduo vai tendo contato
criança, um recurso útil para se trabalhar as com a música e enxerga nela esta propriedade,
dificuldades de aprendizagem. de ser instrumento de expressão, este passa
a utilizá-la como aliada na conversação,
De acordo com Bertoluchi (2009) assim como Oakeshot (apud SWANWICK
2003) afirma.
O desenvolvimento da musicalidade nas
crianças deve estar em conformidade com sua
vivência musical e com os métodos utilizados. A Sabemos que muitas das dificuldades
musicalização, por si só, já se inicia no lar, com de aprendizado, estão relacionadas à
a oferta de ferramentas à criança para que ela dificuldade de expressão dos alunos e
descubra os sons e seu universo (discos, canções,
instrumentos, objetos sonoros variados, gravuras consequentemente de compreensão, um
relacionadas, etc). Na escola, no entanto, deverá aluno que tem medo de expor suas ideias,
se realizar o direcionamento deste interesse para na grande maioria das vezes, não expõe suas
o desenvolvimento de outros aspectos ligados
à criança (criatividade, coordenação motora, dúvidas. Daí como compreender o que está
lateralidade, lógica, estética, etc). sendo ensinado?
A musicalização, além de transformar as crianças
em indivíduos que usam os sons musicais, fazem Ao entrar em contato com a música e
e criam música, apreciam música, e finalmente aprendendo suas técnicas e propriedades, os
se expandem por meio da música, ainda auxilia
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alunos poderão ver nela uma forma de expor suas ideias e desenvolver aptidões que antes
lhes dificultava a conversação e a compreensão, não só dos conteúdos escolares, mas até
mesmo de uma notícia de jornal, uma conversa informal ou formal, etc.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Iniciamos esta pesquisa com a ideia de encontramos
argumentos para comprovarmos a veracidade sobre
essa afirmação: O ensino de música: um instrumento de
intervenção nas dificuldades de aprendizagem, durante a
o Ensino fundamental I. A resposta desta foi plenamente
respondida.
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RESUMO: Este artigo indica alguns elementos e conceitos das bases biológicas do cérebro
e como estas informações sobre o funcionamento cerebral podem ajudar os educadores a
prepararem suas aulas e melhorarem suas metodologias de ensino. O artigo indica também
que os educadores devem se apropriar do conhecimento da Neuropsicopedagogia como mais
um elemento de conhecimento que ajudará o professor a refletir sobre sua prática e melhorar
sua metodologia de ensino. Com bases teóricas em Ramon Cosenza e Eduardo Novaes o
artigo busca mostrar como o professor pode tornar sua aula mais eficiente e significativa para
o aluno com vistas á aprendizagem para forma-lo cidadão crítico, protagonista na sociedade.
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INTRODUÇÃO
Nos últimos anos muitas pesquisas foram realizadas, por neurocientistas para tentar
responder a seguinte questão: como o cérebro funciona? A partir deste conhecimento
de como o cérebro funciona, varias outras áreas tentam se apropriar das pesquisas
e responder a outras questões. Na educação surgem os seguintes enigmas: Como o ser
humano aprende? Como o ser humano pode aprender mais? Será que o conhecimento
da Neuropsicopedagogia pode realmente ajudar os professores dentro da sala de aula?
Onde esta a ligação entre a Neuropsicopedagogia e a Educação? Estas são perguntas que
surgem á partir do conhecimento sobre o funcionamento cerebral. Dentro desta avalanche
de conhecimento sobre o cérebro o professor se sente confuso sem saber em que estas
pesquisas podem ajuda-lo a compor sua metodologia de ensino. Mas o quê realmente os
professores podem utilizar do funcionamento cerebral para melhorar sua aula? Este artigo
busca justamente a ponte entre Educação e Neuropsicopedagogia, busca evidenciar alguns
conceitos e elementos sobre o cérebro que realmente são relevantes para os professores
conhecerem e melhorarem suas práticas pedagógicas.
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O córtex cerebral corresponde à camada mais externa do órgão formada por tecido rugoso de cerca
de dois milímetros de espessura, sendo um importante local de processamento neural, responsável
por funções complexas como memória, atenção, consciência, linguagem, percepção e pensamento.
Constituída por massa cinzenta, essa estrutura permitiu ao ser humano desenvolver cultura, já que induziu
a elaboração do pensamento abstrato e das representações simbólicas(NOVAES, 2017).
Cada hemisfério contém cinco lobos. O lobo frontal está associado à atividade motora, articulação da
fala, pensamento e planejamento – responsável por cognição e memória. O lobo parietal responde pela
interpretação das sensações e pela orientação do corpo. O lobo occipital interpreta a visão. Nos lobos
temporais as emoções e a memória são trabalhadas, fornecendo ao indivíduo a capacidade de identificar
e interpretar objetos ao recuperar informações passadas (NOVAES, 2017).
A base do cérebro é composta por gânglios basais, tálamo e hipotálamo, atuando na coordenação de
movimentos, organização da transmissão e recepção das informações sensoriais e atividades automáticas
do corpo, respectivamente. A função do tronco cerebral é regular as atividades como a deglutição e a
frequência cardíaca. O cerebelo, abaixo do cérebro e sobre o tronco cerebral, coordena os movimentos do
corpo ao utilizar as informações enviadas pelo cérebro a respeito dos membros (NOVAES, 2017).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Neuropsicopedagogia é uma Ciência que, a partir do estudo do
cérebro e alinhada com os conhecimentos psicopedagógicos busca
melhorar o processo de ensino aprendizagem.
Neste contexto o trabalho do educador da educação básica pode ser mais significativo e eficiente se ele
conhece o funcionamento cerebral, o que lhe possibilita desenvolvimento de estratégias pedagógicas mais
adequadas assim utilizando-se da neuropsicopedagogia. A inclusão dos fundamentos, elementos e conceitos
neurobiológicos do processo ensino-aprendizagem na formação inicial do educador da educação básica
em específico, proporcionará nova e diferente perspectiva da educação e de suas estratégias pedagógicas,
influenciando também a compreensão dos aspectos sociais, psicológicos, culturais e antropológicos
tradicionalmente estudados pelos pedagogos, ou seja, conhecer sobre neuropsicopedagogia se torna
imprescindível para se ter uma formação adequada para ser professor.
Enfim conhecer sobre neuropsicopedagogia faz do docente da educação básica um professor melhor, que
conhece melhor seu aluno e proporciona uma aprendizagem mais significativa e duradoura para formação
de cidadãos críticos dentro da sociedade.
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INTRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO DA
APRENDIZAGEM A PARTIR
Cada vez mais educadores procuram
compreender como se dá o aprendizado,
DE ESTÍMULOS
nesta busca incessante entre mente e
cérebro, um desafio: Não basta aprender A aprendizagem ocorre desde o princípio
como se aprende, mas descobrir a melhor da vida, por isso a chamamos de integral. A
forma de se ensinar. aquisição de um conhecimento novo provém
do processo mental feito pela construção. é
Um levantamento demonstra que o a aprendizagem que por sua vez define-se
analfabetismo corresponde a 9,7% do total como um efeito a partir da articulação de
da população com 15 anos ou mais de idade, esquemas, são as dimensões coexistentes
de acordo com dados da Pnad (Pesquisa que possibilitam ao humano configurar
Nacional por Amostra de Domicílios), uma dinâmica própria de funcionamento,
divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro o que caracteriza o seu processo de
de Geografia e Estatística). Realidade que aprendizagem, onde o esquema evolutivo
preocupa. pode ser interacionista, estruturalista ou
construtivista.
Mais que mapear o cérebro, desvendar
meandros de seu funcionamento, Experimentos em ratos comprovam
compreender fluxos e refluxos de que quando criados em gaiolas cheias de
neurotransmissores, acompanhar dinâmicas brinquedos coloridos, rodas, escadas e
complexas e transformar passos da resolução rampas, esses animais desenvolvem maior
de um problema em modelos matemáticos, número de ramificações neurais no córtex
observar e diagnosticar; pesquisadores de cerebral. Estudos com seres humanos
diferentes segmentos estão interessados também mostram que os estímulos
nas implicações sociais da aquisição de favorecem o desenvolvimento cerebral.
conhecimentos que possibilitem a inclusão
de milhares de crianças e adultos, não Maria Anita Viviani Martins é professora
apenas em quantidade de alunos com acesso titular da Pontifícia Universidade Católica
à escola, mas possibilitando a qualidade da (PUC), coordena o grupo de Educação e
educação oferecida. Conhecimento da PUC de São Paulo com uma
equipe multidisciplinar e interinstitucional
que se reúne semanalmente para discutir
temas aplicados a educação que nasceu da
inquietude de educadores que buscavam
compreender melhor por que alguns alunos
aprendiam e outros não.
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Ministério da Educação (MEC) que apontam de alfabetização partiu do que ela sabia e
para uma realidade preocupante: 49% das não do que desconhecia. A primeira palavra
crianças matriculadas entre a primeira e a que a menina escreveu, sem copiar, e leu foi
quarta série não sabem ler. “bijuteria”.
O encontro com a educadora Elvira Ao fim do ano letivo, Ana escrevia cartas,
Souza Lima, contratada pela prefeitura desenhou o cenário de uma peça na escola
para desenvolver um projeto voltado para e decorou o texto com o qual participou da
crianças com dificuldade de aprendizagem, encenação.
porém, mudou o rumo da vida de Ana Paula.
Em quatro meses ela foi alfabetizada. O processo da menina, registrado em
vídeo, serve como material de formação para
O primeiro contato foi difícil. De um lado professores.
a menina, calada e de cabeça baixa. De
outro, a professora de História da Escrita
do Metropolitan Museum, de Nova York, e JOGOS E BRINCADEIRAS
ex-professora do Instituto de Psicologia da NA EDUCAÇÃO INFANTIL
USP. Na bagagem, aulas de antropologia com
Lévi-Strauss e neurologia no laboratório do O jogar está nos documentos oficiais
psicogeneticista Henry Wallon, na França, da educação infantil, de acordo com o
por quatro anos, doutorado em educação Referencial Curricular Nacional para a
e três pós-doutorado em neuropsicologia Educação Infantil (1998), na Educação
e desenvolvimento humano nos Estados Infantil, as brincadeiras e os jogos devem
Unidos. E a certeza de que todos podem ser bem planejados pelo educador, pois,
aprender, desde que se encontre a maneira se bem utilizadas no processo de ensino
certa de ensinar. aprendizagem, se tornam um grande aliado
na introdução dos conteúdos. Assim, os jogos
O silêncio entre elas, no entanto, se e as brincadeiras ganham cenário e espaço
prolongava e as tentativas de aproximação na rotina escolar das crianças da educação
se frustravam. Foi então que a educadora infantil e penetram nas instituições infantis
percebeu que a garota usava brincos criadas a partir de então.
coloridos e comentou sobre a beleza da
peça. Suas palavras pareceram surtir efeito O eixo movimento (que inclui os jogos
mágico. A menina levantou os olhos e disse: e brincadeiras), abrange o sentido amplo
“Eu que fiz”. Foi como se uma porta tivesse se do desenvolvimento relacionado à cultura
aberto. Elvira percebeu logo que Ana Paula corporal motora. O movimento é uma das
tinha coordenação motora fina desenvolvida, primeiras formas de expressão da criança
ideia de simetria e criatividade. Seu processo .Ele também é uma forma de interação
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Para Almeida (1993), a brincadeira obtém conduzir uma brincadeira com os seus alunos.
um papel extremante importante na formação É imprescindível a garantia do espaço para
da criança, no sentido que considera a meio o momento da brincadeira, dando direito de
social como maneira de aprendizagem do ser uma possibilidade de educação da criança
humano. Neste sentido, e no ato de brincar em uma concepção criadora, voluntária e
que a criança socializa seus pensamentos e consciente. É no momento do brincar, que
produz situações imaginárias que introduz as crianças constroem a consciência do
elementos do contexto cultural do qual faz real, e também ao mesmo instante tem uma
parte. oportunidade de modificá-la.
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essas situações devem ser vistas de maneira Existem vários tipos de brincadeiras e
normal. Gradativamente o professor vai atividades lúdicas. A brincadeira livre é uma
sugerindo que a arte seja realizada no dialeto destas atividades, na qual a criança tem
padrão, isso quando o aluno é um falante de liberdade de escolher o que quer realizar,
outra variedade. A arte é de acesso de todos, sendo uma opção de testar hipóteses,
sem distinção ou exceções, e ao deixar que a possibilidades a criança descobri o mundo
criança se identifique e se descubra. ao seu redor, solucionando problemas e
experimentando seus limites e possibilidades.
Uma dificuldade que essa concepção Há também brincadeiras em grupo, que
de ensinamento apresenta ,é de como são muito importantes, pois as crianças
diferenciar as artes e seus significados,porém estabelecem contatos entre si e sentem-se
cabe á nós professoras usarmos nossa visão parte do grupo.
de observação e distimguir a prática das
habilidades que cada aluno traz de bagagem. A brincadeira em grupo auxilia na
Ainda, de acordo com as pesquisadoras o socialização e na alfabetização, então a
indivíduo no processo de aprendizagem criança começa a aceitar críticas, dividir,
passa por fases distintas, ampliando a sua respeitar regras e normas de convivência.
reflexão sobre o seu sistema até chegar ao Segundo Ariés (2008), dentre as brincadeiras
seu domínio, vivendo o lúdico. existentes podemos citar: queimada, corre
cotia, estátua, amarelinha, batata quente,
Durante a brincadeira, a criança não se passa anel, vivo morto, telefone sem fio
preocupa com os resultados que possa obter entre outras. São brincadeiras transmitidas
na brincadeira algo possível de ser observado de geração para geração ou aprendidas nos
no momento e após a brincadeira. O que a grupos infantis, na rua, nos parques, escolas
impulsiona a explorar e descobrir o mundo é o etc.
prazer e a motivação que surgem da necessidade
de aprender por meio dos exemplos dos Entretanto o que variam as regras
pais, amigos ou pessoas próximas, desde que dependendo de cultura ou de grupo, contudo
seja está uma de seus atuais referenciais de o conteúdo do que é objetivo básico da
comportamento de mundo. brincadeira permanece, existem vários
tipos de brincadeiras, é de fundamental
Educar significa, portanto, propiciar situações de importância que as crianças brinquem na
cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas
de forma integrada e que possam contribuir para educação Infantil, devemos ressaltar, porém,
o desenvolvimento das capacidades infantis de que as formas de brincar devem existir de
relação interpessoal de ser e estar com os outros maneira equilibrada, dada a contribuição que
em uma atitude básica de aceitação, respeito
e confiança, e o acesso, pelas crianças aos cada uma delas exerce no desenvolvimento
conhecimentos mais amplos da realidade social e infantil.
cultural. (ARIÉS, 1998, p. 23, v.01).
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É possível dizer que o lúdico é uma ferramenta pedagógica que os professores podem
utilizar em sala de aula como técnicas metodológicas na aprendizagem, visto que por
meio da ludicidade os alunos poderão aprender de forma mais prazerosa, concreta
e, consequentemente, mais significativa, culminando em uma educação de qualidade.
Entretanto, o problema que gerou esse estudo foi justamente a não utilização do lúdico na
sala de aula, pela maioria dos professores, desenvolvendo situações e práticas pedagógicas
tradicionais e sem dinamismo.
A brincadeira com toda sua forma lúdica, sempre esteve presente na vida do ser humano
desde os primórdios, em todos os lugares. A brincadeira, desde a antiguidade, sempre foi
usada como um recurso para o ensino, porém a sociedade tinha o brincar como forma de
negação ao trabalho.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A professora de História da Escrita do Metropolian Museum, de
Nova York, e ex-professora do Instituto de Psicologia da USP, Elvira
Souza Lima costuma contar aos profissionais que assessora uma
experiência que viveu com índios na Amazônia. Como na maior parte
das escolas que visita, os professores de lá se queixavam da “falta de
memória” das crianças, inclusive para fixar conceitos considerados
simples, como cores. Ela, então, perguntou a um aluno de que
cor era a árvore. “Depende”, respondeu ele, sem hesitar. E de fato
depende da parte da árvore, do tipo de árvore e da hora do dia e de DÉBORA GOMES LEAL
como a luz incide sobre o vegetal. Parece banal, mas é fundamental
Professor de Educação Infantil na
que o professor compreenda como o cérebro da criança funciona Rede da Prefeitura de SP
para ajudá-la a aprender, comenta. Caso contrário, o professor vai Artigo apresentado como
teimar que a árvore é verde e o aluno apenas vai decorar a resposta, requisito parcial para aprovação
do Trabalho de Conclusão do
sem que isso tenha sentido para ele. Curso de Especialização.
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REFERÊNCIAS
DAMÁSIO, António - O ministério da Consciência. Companhia das Letras, 2000
LIMA, Elvira Souza – Diversidade na sala de Aula. Editora Sobradinho, 1997 Nabuco,
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suas parcerias com outras entidades. Em um Não o ajuda a ser o herói na família, ele
estudo foram encontrados elementos que já é levado por outro que ele conhece bem
integraram o quadro conceitual de crianças incapaz de desalojar. Assim, para ter um
agressivas e pró- sociais: cultura escolar, clima lugar tão importante em sua família, ele só
escolar, ambiente familiar, pro-socialização e tem que ir para o papel de vilão. Aquele que
agressividade. A pro-socialização representa se torna o oposto do outro. Desobediente,
um elemento de temperamento o que pode excitado e desagradável. Se a criança
favorecer o surgimento de regras devida descobre que não consegue obter o amor de
sociais e proteger comportamentos seus pais – e de outras esferas – através do
agressivos e violentos. (TAVARES, 2007, p. sucesso, pelo menos conseguirá sua atenção
75,) pelo fracasso. É muito mais recompensador
obter uma forte reação dos pais porque algo
Mas qual é o vínculo com o distúrbio foi feito de forma errada do que obter uma
de oposição na criança? Bem, este enredo reação indiferente, porque você se deu bem,
bem sucedido reproduzido em sua família, mas não tanto quanto o herói da família.
nos irmãos. Quando uma criança exibe (TAVARES, 2007, p. 75,)
naturalmente um comportamento sábio
e obediente, e o sucesso escolar é fácil, Como em um filme, aquele que se dá
naturalmente o coloca na posição de herói bem, mas não tanto quanto o herói, ou, na
em casa. Ele é elogiado por seus sucessos, melhor das hipóteses, recebe um papel de
seu bom comportamento é enfatizado, ele apoio, secundário. Nenhuma criança quer
é segurado em nossos braços, exclamando ser um papel de apoio, então o papel do vilão
como ele é orgulhoso e recompensado por se torna a alternativa para obter um papel
privilégios. A outra criança que tem uma de liderança. Tudo isso está acontecendo
personalidade corajosa, que muitas vezes inconscientemente e até insidiosamente
esquece as instruções e para o qual as durante vários meses ou anos. Mas
quais o desempenho acadêmico é menos gradualmente os papéis são acampados,
automático ao olhar do herói (irmão ou irmã) polarizados e cada criança age de acordo
e descobre que ele nunca pode chegar a este com seu caráter em construção fruto do
padrão. meio.
“Um tema ou padrão amplo, difuso; formado O estudo de TOD que começa na fase
por memórias, emoções e sensações corporais;
relacionado a si próprio ou aos relacionamentos da infância e na adolescência, leva-nos a
com outras pessoas; desenvolvido durante a considerar a agressão e violência, ligadas
infância ou adolescência; elaborado ao longo à situações e relações ambientais e sócio
da vida do indivíduo; disfuncional em nível
significativo” (YOUNG; KLOSKO; WEISHAAR, familiares. As hipóteses mais utilizadas
2008, p. 22). são baseados na aprendizagem social que
a criança faz, como a oposição violenta, e
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que geralmente têm sua expressão máxima As formas mais extremas de TOD tem
no coração dos “ambientes socialmente um transtorno co-mórbido associado a ele
desfavorecidos cronicamente mantido”. métodos de observação cada avaliador deve
empregar mais de um método de observação,
Esses comportamentos violentos tem como entrevistas, escalas declaração
uma extensão, e em muitos casos sofrem (Avaliação, Inventário de Hospedagem
solidificação, durante a adolescência Infantil e escala de Agressão Aberta),
e na idade adulta pode se transformar avaliação relatórios neuropsicológicos e
gradativamente em um transtorno de escolares.
personalidade antissocial. Encontramos aqui
uma linha de continuidade entre violência O primeiro passo, antes do início de
infantil e a do adulto, em muitos casos com qualquer Inter comportamento, é diferenciar
origem social previsíveis e, portanto, sujeitas se o comportamento de uma criança é
a normas de prevenção. Existem fatores enquadrado em uma variante de normalidade
de risco que causam metade dos casos os ou deve ser considerado patológica, tendo
distúrbios comportamentos na infância em conta os parâmetros de persistência,
podem evoluir na idade adulta de uma forma frequência e intensidade. A abordagem
negativa, bem como fatores de proteção popular baseia-se na hipótese de que as
que capacitam adequadamente podendo crianças com mau comportamento estão em
representar uma boa técnica para preservar conformidade com as seguintes suposições:
esses problemas. (BARRETO, 1981, p.307) são obstinados, manipuladores, coercitivos,
rude, controladora, desafiadora eles
procuram por atenção. Portanto, de acordo
OUVIR AS CRIANÇAS com esta abordagem, a intervenção deve
AUXILIA NO PROCESSO estar preparado para mostrar quem está no
comando e qual é o adulto correto, para que
A atitude da criança com o meio deve ser assim obedeçam. (BATISTA, 2006, p. 75)
observada antes de entrar no cerne da questão,
se apresentada uma ansiedade desproporcional Obviamente, este modelo não costuma
ao separar as partes constituintes do seu mundo, fornecer soluções prontas desde que
se ela obedece as ordens que eles lhe dão, ou o problema não é uma ignorância da
até mesmo, se o transtorno mais grave e crônico criança sobre quem dá ou o que o bom
e comportamental mostram deterioração em e mau comportamento. Os programas
várias áreas, como dificuldades na mecânica de intervenção de uma perspectiva
social, às vezes direitos, escassas realizações teórica comportamental abrange todos
acadêmicas e vocações se uma deterioração no os contextos: família, escola e a própria
desenvolvimento da comunicação interpessoal. criança. Antecedentes, comportamento e
(BARRETO, 1981, p.307) consequências, maioria dos modelos de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dissemos anteriormente que há coisas para lembrar nos
casos de oposição. O segundo (e talvez o mais importante) é:
dedicação a criança e zelar por seu sucesso, novamente dê-
lhe tempo de qualidade. Esta é a necessidade mais importante
para uma criança. Um estudo de macacos bebês mostrou
que era mais importante para eles estarem próximos de suas
mães do que se alimentar. Diante de uma escolha forçada,
preferiam privar-se de comida do que privar-se de sua mãe.
Basicamente, somos apenas primatas avançados e isso ilustra
o quanto as crianças também precisam de atenção. DENISE DOS SANTOS
SOUZA TURUBIA
Para quem não conviveu com um filho oposto, amar seu
Graduação em Pedagogia pela
filho parece óbvio. Para o pai que experimenta a oposição Universidade Nove de Julho
e a provocação de uma criança todos os dias, o amor que (2012); Professora de Educação
julgamos incondicional às vezes parece abalado. E assim Infantil – PEI
começa um ciclo em que tentamos evitar a criança porque
prevemos um contato desagradável. Quanto mais tentamos
evitá-lo, mais a criança precisará ter certeza de que seus pais
ainda estão lá para ele.
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caibam nas demandas apresentadas. Para isso, é essencial passar tempo e qualidade com ela
todos os dias por 20 a 30 minutos no mínimo.
A criança muitas vezes procura atenção negativa através de sua oposição, na qual ela
não consegue obter atenção positiva. Também deve ser notado que uma criança será mais
relutante em objetar se sentir que corre o risco de quebrar um forte vínculo positivo com os
pais, e se ele sentir que não tem nada a perder em seu relacionamento (ou mesmo se sentir
que está ganhando atenção). A criança deve sentir um vínculo de forte apego. Vale ressaltar
aqui a importância do investimento não só da mãe, mas também do pai, escola e comunidade
muitas vezes. Recomenda-se também inverter a interação negativa usando tantas palavras
positivas quanto possível para a criança oposta. Ele é elogiado por seus sucessos e esforços,
e lhe é dito que é amado e orgulhoso dele. O contato físico, como abraços e beijos, são
formas poderosas de fortalecer o vínculo entre os quais e o mundo que os cerca.
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REFERÊNCIAS
BARRETO, E. S. S. Professores de periferia: soluções simples para problemas complexos. IN:
PATTO, M. H. S. Introdução a psicologia escolar. São Paulo: T A Queiroz, 1981. p. 296 - 319.
YOUNG, J. E.; KLOSKO, J. S.; WEISHAAR, M. E. Terapia do esquema: guia das técnicas
cognitivo-comportamentais inovadoras. Porto Alegre: Artmed, 2008.
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O presente estudo foi realizado através uma “mistura” das características do pai e
de revisão bibliográfica. Pesquisa em livros, da mãe que seriam transmitidas aos filhos
artigos e teses especializadas no assunto. no momento da concepção. Essa ideia
apesar de ser incorreta, pode explicar a
maioria dos casos de herança, uma vez que
HISTÓRICO DE MENDEL aparentemente possuímos características
intermediárias de nossos genitores.
Johan Gregor Mendel foi um monge
da Morávia, nascido em uma vila atual Entretanto, algo como o nascimento de
Republica Tcheca em 22 de julho de 1822 uma criança de olhos claros filho de um
em uma família de humildes camponeses que casal de olhos castanhos, ou seja, como pais
cultivavam principalmente árvores frutíferas. podem gerar filhos que não pareçam com
Esse cultivo e reprodução de vegetais mais eles mesmos, mas com um antigo ancestral,
tarde influenciariam umas das experiências era algo inexplicável.
mais importantes que já existiram e colocaria
o nome de Mendel na posteridade. Para responder a essa questão, Mendel
apoiou-se no “ombro” de outros “gigantes”
Para estudar, o jovem moraviano, e estudou Física, Matemática, Botânica
enfrentou dificuldades financeiras, levando-o e História Natural em Viena, aplicando
a ingressar em um mosteiro agostiniano em esses conteúdos em aulas de Ciências que
Brunn (atual Brno), no final da adolescência. ministrava.
Com essa oportunidade conseguiu estudar e
há mesmo tempo garantir a sua subsistência. Paralelamente, o naturalista Charles
Darwin prosseguia em suas pesquisas sobre
Nesse mosteiro havia um jardim com uma evolução, mas a forma como ela acontecia
pequena variedade de flores da região que ainda era um mistério, mais alguém com
despertaram o interesse do noviço, que habilidades em Física e Matemática,
como muitos dos estudantes e pesquisadores como Mendel abriu o caminho para esse
da época já sabiam sobre a existência entendimento. Uma vez que não há
dos gametas. Entretanto a combinação “misturas”, como se acreditava na herança
entre essas duas estruturas (óvulo e de características, Os conhecimentos
espermatozóide), para o nascimento de um conquistados na época em que foi
novo ser com características próximas a de demonstrador na Universidade de Física em
seus ancestrais, era algo que não poderia ser Viena contribuíram de sobremaneira para
explicado com clareza. sua descoberta.
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Três anos se passaram e Mendel foi eleito Conceitos como “tipo selvagem”, ou
abade em seu mosteiro, a falta de êxito na seja, a forma mais comum das diferentes
apresentação que fez para apresentar os propriedades dos organismos e da forma
resultados de sua experiência, levou-o a como eles podem ser cruzantes com
direcionar sua atenção para problemas mais outros espécimes mutantes é abordada
imediatos. na introdução e na sequência a um relato
da biografia de Mendel, seus estudos,
Mesmo sem o reconhecimento em vida, experiências e conclusões.
Mendel tinha noção de sua descoberta,
segundo suas palavras: “Meus estudos
científicos têm me proporcionado grande ABORDAGEM DO TEMA NO
satisfação e eu estou convencido que não LIVRO BIOLOGIA - GENÉTICA;
demorará muito para que o mundo inteiro
reconheça os resultados de meu trabalho”. EVOLUÇÃO E ECOLOGIA VOL. 03
Dezesseis anos após a sua morte, seus O primeiro capitulo do livro, página 10
estudos foram revistos, e após pesquisas, (dez). Tem início com a biografia do renomado
concluiu-se que os fatores (genes), descobertos cientista, que leva o epíteto de “Pai da
por ele eram comum a toda vida na Terra. Genética” e as diferentes aplicações dessa
ciência. O conceito de herança monogênica
é acrescido de informações como meiose,
O ESTUDO DA HERANÇA mitose e a terminologia usada nessa
MONOGÊNICA NO LIVRO disciplina. A partir da pagina 19 (dezenove),
o autor usa exemplos de probabilidades,
INTRODUÇÃO A GENÉTICA como os já citados no presente trabalho
O tema inicia-se no segundo capítulo deste para posteriormente aplicá-los no conceito
livro a partir da página 25 (vinte e cinco), com de herança monogênica propriamente dita.
questões como; “Como são identificados os O livro não se estende muito pela teoria,
genes individuais”? enfatizando a aplicação do conceito na
resolução de exercícios pré-vestibulares.
Que principio de herança Mendel
descobriu? Qual é a base cromossômica do
princípio de Mendel? E como o princípio de LIVRO BIO - VOLUME 02.
Mendel é aplicado à herança humana?
Esse livro segue a mesma sequência
Com base nessas questões, observa-se didática do livro citado anteriormente,
a riqueza do assunto e porque ele atrai a entretanto, os tópicos são abordados de
atenção dos estudantes. uma maneira mais aprofundada, uma vez
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que o livro dedica um maior número de páginas ao tema. O estudo da herança de uma
característica tem início a partir da página 259 (duzentos e cinquenta e nove).
DISCUSSÃO
Os livros direcionados para o público universitário abordam o tema herança monogênica
de maneira direta, não se preocupando se o alunos conhece a terminologia utilizada no
assunto, se possuem conhecimentos fora da área específica pertencente a biologia, como o
de probabilidade.
Essa postura justifica-se, uma vez que necessariamente o aluno já deveria pelo menos ter
esse conteúdo, que tem que ser abordado no ensino médio.
Todos os livros direcionados para o Ensino Médio que foram pesquisados, possuem a
preocupação de apresentar algumas noções de probabilidade antes de entrar no conteúdo
pertencente ao domínio da genética. Mais especificamente, todos os livros, utilizam os
mesmos exemplos, como o lançar de moedas, cartas de baralho, o lançar de dados, etc.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mendel , o “pai da genética”, contemporâneo do naturalista
Charles Darwin foi um estatístico. As teorias de ambos
influenciaram o estudo da vida no que se refere à evolução
e a hereditariedade. Afinal: “Nada em biologia faz sentido
senão sob a luz da evolução” (Theodosius Dobzhansky).
experimento.
Esse direcionamento serve propósitos menos complexos, mas de grande utilidade. Afinal
os eventos aleatórios pertencentes à primeira lei de Mendel são instrumentos que serão
utilizadas pelo aluno no decorrer do Ensino Médio e em outros tantos momentos de sua
vida adulta.
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REFERÊNCIAS
Griffiths et al; Introdução à genética, 9ed. Rio de Janeiro Guanabara Koogan, 2009. 44p.
Bizzo, N; Novas Bases da Biologia, 1a Ed. São Paulo. Ática editora, 2011. 113p.
Lopes, S. Rossi S. Bio Volume 2. 1a Ed. São Paulo. Saraiva editora, 2010. 272p.
Fabrício M. Jófili Z., Semen L., Leão M. A compreensão das leis de Mendel por alunos de
biologia na educação básica e na licenciatura.
Silva, C; Sasson S; Caldini, N. Biologia, 9a ed. São Paulo. Saraiva editora, 2010. 99p.
Pezzi, A; Gowdak, D; Mattos, N. Biologia, 1a ed. São Paulo. FTD editora, 2010. 19p.
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Esta pesquisa irá mostrar o quanto Segundo PIAGET (1967, p. 13), “[...] o jogo
os jogos e brincadeiras podem ser um não pode ser visto apenas como divertimento
instrumento indispensável na aprendizagem, ou brincadeira para desgastar energia, pois
no desenvolvimento e na vida das crianças, ele favorece o desenvolvimento físico,
tornar evidente que os professores e cognitivo, afetivo e moral”. Através dele se
futuros professores devem e precisam processa a construção de conhecimento,
tomar consciência disso, saber se os principalmente nos períodos sensório-motor
professores atuantes têm conhecimento e pré-operatório.
de alguns conceitos, como o “lúdico” e a
“brinquedoteca” e muitas outras questões Agindo sobre os objetos, as crianças,
sobre a relação do brincar com a aprendizagem desde pequenas, estruturam seu espaço
e o desenvolvimento da criança. e seu tempo, desenvolvendo a noção de
casualidade, chegando à representação
O brincar e o jogar são atos indispensáveis e, finalmente, à lógica. As crianças ficam
à saúde física, emocional e intelectual e mais motivadas para usar a inteligência,
sempre estiveram presentes em qualquer pois querem jogar bem, esforçam-se para
povo desde os mais remotos tempos. superar obstáculos tanto cognitivos como
Através deles, as crianças desenvolvem a emocionais.
linguagem, o pensamento, a socialização, a
iniciativa e a autoestima, preparando-se para O jogo não é simplesmente um
ser um cidadão capaz de enfrentar desafios “passatempo” para distrair os alunos, ao
e participar na construção de um mundo contrário, corresponde a uma profunda
melhor. O jogo, nas suas diversas formas, exigência do organismo e ocupa lugar de
auxilia no processo ensino aprendizagem, extraordinária importância na educação
tanto no desenvolvimento psicomotor, isto escolar. Estimula o crescimento e o
é, no desenvolvimento da motricidade fina desenvolvimento, a coordenação muscular,
e ampla, bem como no desenvolvimento as faculdades intelectuais, a iniciativa
de habilidades do pensamento, como a individual, favorecendo o advento e o
imaginação, a interpretação, a tomada de progresso da palavra. Estimula a observar e
decisão, a criatividade, o levantamento de conhecer as pessoas e as coisas do ambiente
hipóteses, a obtenção e organização de dados em que se vive. Através do jogo o indivíduo
e a aplicação dos fatos e dos princípios a pode brincar naturalmente, testar hipóteses,
novas situações que, por sua vez, acontecem explorar toda a sua espontaneidade criativa.
quando jogamos, quando obedecemos a
regras, quando vivenciamos conflitos numa O jogo é essencial para que a criança
competição, etc. manifeste sua criatividade, utilizando
suas potencialidades de maneira integral.
É somente sendo criativo que a criança
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e relacionar esses conhecimentos, pois, só assim elas serão capazes de desenvolver uma
linguagem e aprender a dominar todo tipo de informação. Elas funcionam como exercícios
necessários e úteis a vida. E as brincadeiras e jogos são elementos indispensáveis para que
haja uma aprendizagem com divertimento, que proporcione prazer no ato de aprender. E
facilite as práticas pedagógicas em sala de aula.
O lúdico tem sido utilizado como instrumento educacional desde a pré-história onde o
homem primitivo se utilizava de rituais, que muito se assemelham as brincadeiras de roda,
para exercer domínio sobre a caça, a pesca e até mesmo o poder sobre os fenômenos da
natureza, esses rituais faziam parte de suas crenças e eram transmitidos de pais para filhos.
Já na antiguidade greco-romana as atividades lúdicas como o jogo estava ligado a atividades
para relaxamento e entretenimento.
Já que é no brincar que ocorre a aprendizagem da criança, é por meio das brincadeiras que
as crianças desenvolvem a sua competência de criar novas brincadeiras, para dar qualidade
no desenvolvimento na variedade das brincadeiras, nas informações através da troca de
experiência com outra criança ou com os professores ou com a sua família é necessário levar
em consideração o prazer e a alegria ao fazê-lo.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a realização deste trabalho, a metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho foi a
do tipo bibliográfica, com pesquisas realizadas através de livros, revistas, artigos acadêmicos,
periódicos e jornais. O referencial teórico disponibilizado através da Internet permitiu uma
ampla fundamentação teórica do trabalho. Para fundamentar este artigo, as bibliografias
consultadas focam em KISHIMOTO (2002); OLIVEIRA (2003); PIAGET (1998) e VYGOTSKY
(1991).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O lúdico aplicado à mediação de um planejamento eficaz pode
proporcionar um processo de ensino-aprendizagem competente,
principalmente na iniciação e contribuição no ensino do conteúdo
trabalhado.
Énecessárioqueoprofessordecidaosobjetivoseducativos,sabedordequeomelhormétododealfabetização
seria a integração de todos os outros, contextualizando-os tornando sua prática cada vez mais lúdica e eficaz.
O brincar favorece a criança o aprendizado, pois é brincando que o ser humano se torna capaz de viver
numa ordem social e num mundo culturalmente distinto. É o mais completo dos processos educativos, pois
entusiasma a inteligência, o emocional o e corpo da criança. Brincar faz parte da especificidade infantil e
oportunizar a criança seu desenvolvimento e a busca de sua completude, seu saber, seus conhecimentos e suas
perspectivas do mundo. Por ser importante para as crianças, a atividade lúdica e suas múltiplas possibilidades
pode e deve ser utilizada como recurso de aprendizagem e desenvolvimento.
Portanto, cabe ao professor analisar e avaliar as potencialidades educativas de inúmeros brinquedos e jogos
para um bom desempenho curricular, transformando as aulas mais práticas e interessantes para que os alunos
aprendam com mais facilidade.
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REFERÊNCIAS
______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, 1988.
A Infância Da Razão. Uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon. São Paulo,
Manole, 1990.
BRASIL. LEI N 9394/96. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Setembro de 1996. Editora
do Brasil. Brasília, 1998. Educação Infantil.
KISHIMOTO, Tisuko M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,
2002.
LELOUP, J. Y. O corpo e seus símbolos: uma antropologia essencial. Petrópolis: Vozes, 1998.
OLIVEIRA, Sâmela Soraya Gomes de, DIAS, Maria da Graça B. B. e ROAZZI, Antonio. O lúdico
e suas implicações nas estratégias de regulação das emoções em crianças hospitalizadas.
Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2003, vol.16, no.1 [cited 29 March 2006], p.1-13.
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SMOLE E DINIS, coleção Mathemoteca, volume 02, Materiais manipulativos para o ensino
de SND. SP, 2012.
VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. EM
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/82/2678.
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A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
E SUA IMPORTÂNCIA
RESUMO: Esse artigo vem buscar reflexões a respeito do Papel da contação de histórias na
Educação Infantil, a qual, com certeza, é um dos primeiros estímulos para trocar conhecimentos
de forma a trabalhar com a imaginação dos alunos. Entende-se que por meio da contação de
histórias as crianças começam a tomar gosto pela leitura, devendo ser utilizada nas escolas,
fundamentalmente na Educação Infantil. A contação de histórias incentiva a criatividade e
a manifestação de diversas formas de expressão, colaborando para o desenvolvimento da
escrita e da oralidade, desenvolvendo a percepção de representações simbólicas. Ao escutar
ou ler uma história a criança pode fazer associações com os acontecimentos em sua vida. As
situações apresentadas nas histórias fazem com que as crianças desenvolvam meios de lidar
com suas dificuldades, sentimentos e emoções.
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A contação de histórias é atividade própria Ler é um fenômeno que ocorre quando o leitor,
de incentivo à imaginação e o trânsito entre o que possui uma série de habilidades de alta
fictício e o real. Ao preparar uma história para sofisticação, entra em contato com o texto,
ser contada, tomamos a experiência do narrador essencialmente um segmento da realidade que
e de cada personagem como nossa e ampliamos se caracteriza por refletir um outro seguimento.
nossa experiência vivencial por meio da narrativa Trata-se de um processo extremamente
do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são complexo, composto de inúmeros subprocessos
do plano do imaginário, mas os sentimentos e as que se encadeiam de modo a estabelecer canais
emoções transcendem a ficção e se materializam de comunicação por onde, em via dupla, passam
na vida real. inúmeras informações entre o leitor e o texto.
A leitura tem papel fundamental na Por meio desse olhar sobre a leitura,
construção de conhecimento e crescimento pode-se observar que ela é muito mais que
intelectual dos indivíduos de maneira geral. mera decodificação de palavras. A leitura é
um processo amplo e complexo, que exige
Sabe-se que, nem sempre, ela é realizada mais do leitor do que simplesmente o
de maneira eficaz, eficiente, devido a lacunas conhecimento linguístico.
no processo de ensino-aprendizagem nas
escolas. Muitas vezes, isso ocorre pela Além da contação de histórias precisamos
própria falta de conhecimento do educador pesquisar quais outras formas de incentivo
ou de posicionamento perante um conceito à leitura podemos proporcionar às crianças,
de leitura. dando-lhes um significado e entrando no
mundo mágico das histórias infantis.
A respeito do leitor competente os PCNs
(1997, p.54) afirmam: Um leitor competente Lê-se em todos os momentos da vida. Não
é alguém que, por iniciativa própria, é capaz apenas as palavras soltas em fachadas de
de selecionar, dentre os trechos que circulam lojas e propagandas pela cidade, mas também
socialmente, aqueles que podem atender a os símbolos nas placas de trânsito, a alegria
uma necessidade sua. Que consegue utilizar de uma criança ao receber um presente, ou a
estratégias de leitura adequadas para abordá- tristeza de um garoto ao ver a derrota de seu
los de forma a atender a essa necessidade. time favorito. Desta forma, pode-se concluir
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que a leitura exige de cada um uma gama de elementos que devem ser trabalhados a fim de
elevar a capacidade leitora dos indivíduos.
Por esse motivo, a leitura deve ser incentivada desde a educação infantil. Incentivar
os filhos pequenos em casa e criar hábitos são chaves importantes para que as crianças
desenvolvam o gosto pela leitura. Uma dica é levá-los nas bibliotecas, livrarias ou mesmo
contar histórias para eles.
Quando uma pessoa começa a ler é comum que a iniciativa seja por influência ou mediação
de alguém. Pais, amigos, professores ou até mesmo a indicação feita por ídolos podem ser os
responsáveis por inserir a leitura na vida de crianças e adolescentes, por exemplo.
A leitura não deve ser concebida como um processo de decodificação, por envolver-se
muito mais do que apenas aspectos de decodificação do escrito. Ela proporciona ao leitor, o
contato com o seu significado seguindo seu conhecimento de mundo, possibilitando assim,
afirmar que todos, ao lerem o mesmo conteúdo, obterão compreensão e interpretação
diversificadamente, ao interagir com o texto. O leitor realiza o processo de maneira ativa,
enriquecendo a leitura que contribuirá com seu saber, que se propõe fazer.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A contação de histórias é extremamente importante para o
desenvolvimento da criança, a qual poderá entrar no mundo
da imaginação e consequentemente da criatividade.
Tanto a leitura como a narração oral, fazem o ouvinte ELAINE BENTO DA SILVA
experimentar o papel de co-autor. E ainda mais, são também
Graduação em Pedagogia pela
ampliadoras do repertório cultural, que é sempre cumulativo: Universidade Nove de Julho -
quanto mais histórias uma criança ouve, quanto maior o UNINOVE em 2016. Graduação
convívio orgânico com as artes – convívio ativo, que engloba em Letras, pelo Centro
Universitário Sant´Anna em
o contemplar e o fazer-, maior será a dimensão cultural 2012. Professora de Educação
vislumbrada pela criança. Infantil pela Prefeitura Municipal
de São Paulo.
As crianças que têm contato com as histórias desenvolvem
mais a imaginação, a criatividade e a capacidade de
discernimento e crítica; na medida em que se tornam ouvintes
e leitores críticos, as crianças assumem o protagonismo de
suas próprias vidas.
Toda atividade de contação de histórias pode ser aplicada em diversas faixas etárias,
podendo sofrer intervenções em sua metodologia de aplicação, na organização e nas suas
estratégias, de acordo com as necessidades peculiares das faixas etárias.
Ao contar uma história, é de fundamental importância que o contador olhe nos olhos das
crianças, como se estivesse contando para aquele ouvinte. O olhar estabelece a comunicação
imediatamente. Não se deve flutuar sobre os ouvintes ou passar roçando os olhos em todos
e em ninguém. O olhar do contador deve ater-se aos olhos das pessoas, sem exagerar, para
não perturbá-las.
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REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
CURY, Augusto. Pais brilhantes, Professores fascinantes. Rio de Janeiro. Sextante. 2003.
DIAS, Ana Flávia Araújo. A importância dos contos de fadas no desenvolvimento infantil.
Revista Pátio Educação Infantil. São Paulo, ano III, n.7, maio/junho 2005.
FRANZ, Marie-Louise Von. A interpretação dos contos de fada: Uma introdução à psicologia
dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Achiamé, 1981.
RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Cultura, arte e contação de histórias. Goiânia, 2005.
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nossas práticas e teorias educativas estão educação escolar e com o processo histórico
impregnadas de concepções ideológicas, social.
filosóficas que influenciam tal pedagogia. É
claro que isto ocorre igualmente com ensino As práticas educativas aplicadas em
escolar de arte: a concepção de mundo aula vinculam-se a uma pedagogia, ou
deve embasar as correspondências que seja, a uma teoria de educação escolar. Ao
se estabelece entre as aulas de arte e as mesmo tempo, as nossas práticas e teorias
mudanças e melhorias que acreditamos ser educativas estão impregnadas de concepção
publicitárias na sociedade. de mundo embasa as correspondências que
estabelecemos entre as aulas de arte e as
A educação escolar e o meio social mudanças e melhorias que acreditamos
exercem ação recíproca e permanente um prioritárias na sociedade.
sobre o outro. Para os educadores mais
otimistas a educação escolar é pensada de A educação escolar e o meio social exercem
forma idealística, considerando-a muito ação recíproca e permanente um sobre o
influente e capaz de mudar por si só, as outro. Para os educadores mais otimistas
práticas sociais. Em oposições a estes, existe a educação escolar é pensada de forma
um outro grupo de professores que acredita idealística, considerando-a muito influente e
que é a sociedade, com suas práticas, que capaz de mudar, por si só, as praticas sociais.
determina totalmente a educação escolar, a Percebe-se que ambas proposições precisam
qual por sua vez é considerada reprodutora ser consideradas.
dessa sociedade, sendo incapaz de mudá-la.
No entanto, é importante definir quais
Ao analisar essas proposições percebe- particularidades desses posicionamentos
se que ambas precisam ser consideradas. destaca-se em aulas de arte, quais conservar
No entanto, é importante definir quais e quais assumir para atingir uma nova
particularidades desses posicionamentos posição mais realista e progressista, na qual
ao destacar nas aulas de arte, o que se a educação escolar em arte possa contribuir
quer conservar e o que é preciso para que nas transformações sociais culturais.
se assuma uma posição mais realista e
progressista, na qual a educação escolar em Os professores que tem esse modo de ser
arte possa contribuir nas transformações acreditam que a educação escolar é capaz,
sociais e culturais. sozinha de garantir a construção de uma
sociedade mais igualitária, democrática, e de
Para compreender e assumir melhor as evitar a sua degradação. Para eles a função
nossas responsabilidades como professores da escola é também a de resolver os desvios
de Arte é importante saber como a arte e problemas sociais.
vem sendo ensinada, suas relações com a
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O professor conduz suas aulas empregando Com relação ao ensino do desenho nas
métodos que foram enunciados pelo filosofo escolas da Inglaterra. França e outros países
Johann Friedrich Herbart (FUSARI & FERRAZ, europeus predominavam, no século XIX,
1992, p.23), que podem ser sintetizados nos influências de idéias liberais e positivistas
seguintes passos: que resultam na sua utilização como uma
modalidade aplicada em ornamentos e
• Recordação da aula anterior ou preparação dos profissionais. Isso fica bem
preparação para a aula do momento; evidente na Inglaterra. onde foram criadas
“escolas de desenho” a partir de 1837 para
• Apresentação de novos conhecimentos, atender aos princípios e práticas artísticas
principalmente através de aulas expositivas; de ornamentação, decoração e manufaturas.
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Nos Estados Unidos os fIlhos das classes para decoração e desenho de orientados
média e média altas aprendiam em escolas exclusivamente para cópias de modelos
particulares a copiar reproduções famosas, que vinham geralmente de fora do país. Os
perspectiva linear e desenho geométrico. desenhos eram considerados “linguagens”
Com isso, podiam reconhecer as obras de arte úteis para determinadas profissões, e
originais dos grandes mestres e não comprar quando transformados em conteúdos de
trabalhos falsos. Os filhos dos operários, ensino dava-se ênfase aos seus aspectos
entretanto, freqüentavam a, escola pública técnicos e científicos. Os professores
onde aprendiam desenho geométrico e exigiam e avaliavam esse conhecimento dos
desenho línea destinados a serem usados em alunos empregando métodos que tinham
seus futuros trabalhos nas fábricas. por finalidade exercitar a vista, a mão, a
inteligência, a imaginação (memória e novas
No Brasil do século XIX. o desenho ocupa composições), o gosto e o senso moral.
um espaço equivalente ao do mundo em
industrialização, o que fica bem evidente no Entre os anos 30 e 70 os programas dos
parecer feito por Rui Barbosa sobre o ensino cursos de desenho abordam basicamente
primário, em 1883 onde relaciona o desenho as seguintes modalidades desenho do
com o progresso industrial. Aqui também o natural (observação, representação e
ensino do desenho adquire um sentimento cópias de objetos); desenho decorativo
utilitário, direcionado ao preparo técnico de (faixas, ornatos, redes, gregas, estudo de
indivíduos para o trabalho, tanto de fábrica letras, barras decorativas, painéis); desenho
quanto de serviços artesanais. Na prática, geométrico (morfologia geométrica e
o ensino do desenho nas escolas primárias estudo de construções geométricas)
e secundárias apresenta-se ainda com uma desenho “pedagógico” nas Escolas Normais
concepção neoclássica ao enfatizar a linha o (esquemas de construções de desenho
contorno, o traçado, e a configuração. Estas para “ilustrar” aulas). Os conteúdos desses
particularidades tão “intelectualizadas” do programas são bem discriminados e, como
desenho foram transmitidas principalmente se (Observa, centrados nas representações
pela Academia Imperial do Rio de Janeiro e convencionais de imagens: abrangem ainda
pelo grupo da Missão Francesa que chegou noções de proporção, composição, teoria da
ao Brasil em 1867. luz e sombra, texturas e perspectiva.
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motora. Esse modo de atuar com a arte Escola nova o professor utiliza
na escola remonta a João Amós Comellius encaminhamentos que consideram o ensino e
que nos apresenta em seu livro Didática a aprendizagem basicamente como processo
Magna(1627) os princípios de um “método de pesquisa individual ou no máximo de
para ensinar as artes”. Esse autor propõe para pequenos grupos. A concretização desse
o ensino da Arte de sua época a observação método exigia uma certa ordenação de
e reprodução de modelos que deveriam passos que obedeciam à seguinte seqüência.
ser “completos e perfeitos”; depois, sugere
a apresentação de novos exemplos que Se formulassem hipóteses explicativas
seriam adaptados aos modelos e, finalmente, do problema e se desenvolvesse a
apresentação de obras de “artistas de valor”, experimentação, realizada conjuntamente
para que os alunos os julgassem de acordo opor alunos e professor para confirmar ou
com os modelos e regras aplicados). rejeitar as hipóteses formuladas.
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No início dos anos 70, concomitante ao das aulas de Arte na mudança e melhoria das
enraizamento da pedagogia tecnicista no relações sociais.
Brasil, é assinada a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional nº 5692/71, que Desde os anos 60, muitos educadores,
introduz a Educação Artística no currículo preocupados com o rumo da educação escolar,
escolar de 1º e 2º graus. Desde a sua passam a discutir as reais contribuições da
implantação, observa-se que a Educação escola sobretudo da escola pública pensando
Artística é tratada de modo indefinido, o numa melhoria das práticas sociais.
que fica patente na redação de um dos
documentos explicativos da lei, ou seja, o
Parecer nº 540/77: “não é uma matéria, mas NOVAS PROPOSTAS PARA
uma área bastante generosa e sem contornos O ENSINO DE ARTE
fixos, flutuando ao sabor das tendências e
dos interesses”. Ainda o mesmo parecer fala- Essas discussões têm contribuído para
se na importância do “processo” de trabalho mobilizar novas propostas pedagógicas que
e estimulação da livre expressão. apontam para uma educação conscientizadora
do povo e para um redimensionamento
Os cursos de Educação Artística vêm histórico do trabalho escolar público,
priorizando-se em atividades artísticas mais democrático e de toda a população.
direcionadas para os aspectos técnicos, Surgem, então, novas teorias para explicar a
construtivos, uso de materiais, ou em um fazer superação do pensamento liberal na busca
espontaneístico, sem maiores compromissos de um projeto pedagógico progressista. De
com o conhecimento da arte. acordo com o processo histórico seguem-
se as pedagogias: “libertadora”, “Iibertária”
As aulas de Arte apresentam influências e “histórico-crítica” ou “crítico-social dos
das três pedagogias enunciadas – tradicional, conteúdos (ou ainda “sócio-política”)
novista e tecnicista. Estas pedagogias,
embora descritas separadamente, na Inicialmente, alguns desses educadores
prática se imbricam. Acreditamos que o mais descrentes do trabalho escolar sugerem
conhecimento dos principais aspectos uma educação do povo, de caráter “não-
pedagógicos, ideológicos e filosóficos formal”, não- diretivo, não-autoritário,
que marcam o ensino-aprendizagem de visando liberar as pessoas da opressão da
Arte, pode auxiliar o professor a entender ignorância e da dominação. São as propostas
as raízes de suas ações, bem como o seu educacionais apresentadas pelas pedagogias
próprio processo de formação. Ao mesmo libertadora (representada por Paulo Freire) e
tempo, ele pode tomar ciência de que ainda libertária (representada por Michel Lobrot,
permanecem questões referentes ao papel Célestin Freinet, Maurício Tragtenberg,
especifico da educação escolar e também Miguel González Arroyo, dentre outros)
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A Pedagogia Libertadora proposta por política -percebem, logo no início dos anos
Paulo Freire objetiva a transformação da 80, que era preciso ultrapassar esse mero
prática social das classes populares. Seu denuncismo, que não levaria a urna efetiva
principal intento é conduzir o povo para melhora da escola pública verdadeiramente
uma consciência mais clara dos fatos vividos democrática que desejavam a preciso
e, para que isso ocorra, trabalham com a ultrapassar esse quadro pessimista e
alfabetização de adultos. Na metodologia de imobilizador que tomava conta do ideário
Paulo Freire alunos e professores dialogam de muitos educadores. Ao mesmo tempo,
em condições de igualdade, desafiados assumiram que as reflexões e discussões
por situações-problemas que devem - das teorias “crítico-reprodutivistas”
compreender e solucionar. contribuíram para que muitos professores
se conscientizassem de dois aspectos
A Pedagogia Libertária por sua vez, resume- importantes”.
se na importância dada a experiências de
autogestão, não-diretividade e autonomia Conseguir uma educação escolar pública
vivenciadas por grupos de alunos e seus competente é, por si só, um dos atos políticos
professores. Acreditam na independência que precisa ser efetivado, pois a escola é
teórica e metodológica, livres de amarras direito de todos os cidadãos.
sociais (como foi o caso de Summerhill,
criada pelo educador inglês A. Neill, no início Garantir aos alunos o acesso aos
dos anos 60) conhecimentos fundamentais não faz da
escola a única responsável pela melhoria
Concomitante a essas proposições, surge da vida na sociedade (concepção idealista),
em dos anos 70 um outro grupo de professores nem a toma exclusivamente reprodutora das
em busca de caminhos para a educação relações sociais (concepção reprodutivista).
escolar pública, que já se apresentava com A educação escolar é influenciada por
baixa qualidade de ensino- aprendizagem. muitos determinantes sociais, históricos e,
De início, esse movimento coincide com a ao mesmo tempo, é capaz de influenciá-los,
retomada dos estudos teóricos críticos, que de intervir para que mudem, se transformem
colaborou para difundir a idéia da escola como e melhorem socialmente (concepção realista)
reprodutora das desigualdades sociais. Isto
gerou urna atitude pessimista, de negação A nova proposta da educação escolar
do trabalho da escola e a substituição dos não toma para si a responsabilidade
conteúdos tradicionais de ensino nas aulas, da conscientização política. A escola
por “discursos políticos”. não é o único segmento da sociedade
responsável pelo processo de ampliação da
Finalmente, parte desses professores conscientização política de cidadão e sim um
que passam a propor uma Pedagogia Sócio- dos segmentos que contribuem para isso. A
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentados estes olhares sobre o mesmo objeto de
estudo, podemos perceber o quão rico é o estudo das cores
para nossa percepção e compreensão do mundo em que
vivemos. Mais que esgotar possíveis abordagens, entendemos
ter contribuído para a ampliação deste debate, e temos claro
isso só ter sido possível por conta destes anos de estudo,
da dedicação dos educadores com quem trabalhamos e do
suporte técnico oferecido por esta instituição de ensino.
Agradecemos a todos os que contribuíram para que este ELAINE CRISTINA
projeto se concretizasse e reafirmamos nossa opção por uma NEGREIROS DA SILVA
vivência profissional que seja sinônimo de liberdade e vida.
Licenciada em Pedagogia pela
Faculdade Santa Izildinha em
Nem todos relacionariam a arte dentre suas necessidades 2011. Professora de Educação
básicas da vida, mas com certeza aqueles indivíduos privados Infantil na Prefeitura de São Paulo
Acredito que um trabalho constante, coerente e organizado será capaz de fazer emergir
todo o potencial criador do indivíduo e torná-lo um agente social em pleno exercício da sua
cidadania.
Nesse sentido, uma pessoa que desenvolva caminhos próprios de expressão, a partir do
conhecimento de materiais, técnicas, conceitos nas diversas produções artísticas, é capaz de
participar de modo mais efetivo do seu contexto sócio-cultural, contribuindo produtivamente
e transformando o seu desenvolvimento em processo contínuo de aprendizagens e de
reconstrução de seus modos de expressão. E isso é exercer cidadania, porque afirmada a
sua marca pessoal, de indivíduo presente na contextualização da sociedade em que vive.
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REFERÊNCIAS
ARNHEIM Rudolf, Arte & Percepção Visual - Editora Livraria Pioneira – 12ª edição
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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA
NA ALFABETIZAÇÃO
RESUMO: A trajetória da educação regular no Brasil, foi influenciada por diversos fatores,
econômico, social e político. O universo criado em torno do ambiente escolar é marcado por
conflitos que prejudicam progressivamente a educação brasileira. A alfabetização de crianças,
jovens e adultos é uma área que carece de maiores investimentos, tanto na disponibilidade
de recursos materiais apropriados, como na oferta de recursos financeiros para a formação
dos educandos e capacitação da classe trabalhadora docente. Foi feito pesquisa bibliográfica
e pesquisa de campo, através das indagações ao longo de toda pesquisa, foi de suma
importância as explicitações de Freire, bem como a história da educação infantil no Brasil e a
importância da literatura como ponte para a alfabetização de crianças, jovens e em especial
dos adultos.
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marcado por uma série de desafios, sendo simplesmente com intuito de promover mão
que o principal, deveria ser entender a forma de obra especializada.
de aprender dos adultos, que é diferente das
crianças e do adolescente. Na década de 80 políticas públicas
estimulam a abertura de ONG’S em troca
O adulto tem uma vida mais complexa, do perdão de impostos, o foco já não era
com emprego, família para sustentar, alfabetizar os adultos, pois a demanda de
preocupações e estresse, fatores que adultos analfabetos tinha sido resolvido o
influenciam a aprendizagem. problema.
Não é possível continuar improvisando Mas a vinda das pessoas da zona rural
educadores alfabetizadores de jovens e adultos.
Não é possível continuarmos “Zarolhos”, olhando para cidade ocasionou um crescimento
enviesados como se a Educação e Alfabetização desordenado, pois a problemática que
de Jovens e Adultos fossem uma prática envolve a alfabetização não pode ser tratada
extemporânea e passageira. (MOURA,2008,
como uma prática passageira.
p.48)
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Uma importante citação da aluna A, Pra trabalhar nesta obra é preciso saber ler e
escrever, porque senão dá prejuízo pra firma.
que aponta a realidade do povo brasileiro, Os cabras analfabetos dão muito trabalho
extraída da entrevista realizada no primeiro porque não leem avisos e aí pinta acidente de
semestre de 2018: “Eu gostaria muito de trabalho. Por isto é que tem muito trabalhador
desempregado ou rodando no serviço. Digo sim,
aprender a ler e escrever, já tentei mais não pra eles: tem que ter cuidado, ler avisos. Não
entra na minha cabeça. (Aluna A)” pode ser analfabeto aqui. (MELLO,1997,pg.42)
Essa é uma realidade de uma grande Podemos perceber que estes indivíduos
parcela da população, onde pessoas que estão alienados em relação ao que é
abandonaram a escola porque foram alfabetização, o simples ato de escrever
reprovadas, ou tinham que trabalhar. Muitos ou ler não os torna cidadãos que possam
são os motivos e conflitos que dificultam aprimorar do conhecimento, que liberta e os
o retorno a rotina escolar, a falta de uma torna reflexivo capaz de lutar por condições
literatura que possibilite incluir os indivíduos melhores, notamos a exclusão eminente
de maneira a diminuir o analfabetismo. que marginaliza aqueles que não tiveram a
oportunidade de concluir a escolaridade ou
Entender quais as dificuldades de cada até mesmo frequentar a escola.
indivíduo é um fator que requer uma prática
docente diferenciada, pois aprender fora do O analfabetismo afeta todos os campos
período ideal, numa época inapropriada que da sociedade, cultural, econômico e afetivo.
acontece além do tempo determinado causa A identidade da EJA vem se forjando desde
transtornos que podem ser irreversíveis. 1990.
Dentro dessa perspectiva, a EJA é uma Tais características, entretanto, não alteram sua
marca histórica: ser uma educação política e
prática social, que pode provocar uma pedagogicamente frágil, fortemente marcada pelo
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Sua paixão pelas crianças resultou na Com base nas obras Monteiro Lobato,
elaboração de diversas obras literárias opondo-se ao conceito de que crianças
infantis.Com uma criação Literária complexa, eram adultos reduzidos em idade e estatura,
fascinante e misteriosa Lobato teve grande embora com a mesma psicologia. Pode-se
importância na Literatura Infantil brasileira. dizer que o escritor era militante da causa do
progresso e tinha convicção que através dos
Criou um universo para crianças enriquecido jovens seria possível apressar a modificação
pelo folclore. Buscou nacionalismo na ação do mundo.
dos personagens com textos marcados por
acepções relacionados ao contexto real da Misturando sonho e realidade, Lobato
criança com conflitos, educação, família e conquistava os pequenos fãs, que logo
adaptações. Textos que despertam para o passavam a dividir com ele o universo em
imaginário e conscientizam. que tudo era possível.
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Ela queria muito ler e escrever, resolveu aprendizado, contribuir para propiciar a
matricular-se na EJA. identificação do que já é praticado pelo aluno
da EJA, o que se faz necessário é identificar
A aluna B tem 35 anos nascida no Paraná, esse conhecimento relacionando-o ao
mudou-se para São Paulo ainda pequena, método acadêmico que é aplicado no
devido a constantes desentendimentos ambiente escolar. Segundo Moura (2007):
familiares entre os pais, mudava-se
constantemente de moradia, atrapalhando Pensar na formação do professor de Jovens e
adultos, no atual contexto socioeconômico,
a conclusão do término do ano letivo e político e cultural, exige uma avaliação e uma
causando a sua repetência. De família de revisão da prática educativa e da formação
baixa renda, não tinha acesso a livros e inicial e continuada desses educadores,
principalmente se considerarmos as
frequentava pouco a escola, vivia em um especificidades e particularidade dos sujeitos-
ambiente conturbado de brigas e agressões. alunos-trabalhadores. (p.48).
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Existe uma qualidade primordial que o Esses alunos são tratados como pobres
educador, como profissional deve assumir: cognitiva e culturalmente produzindo como
postura de libertador, valorizar cada resultado a evasão escolar, aumentando o
aprendizado, contribuir para propiciar a índice de analfabetismo no brasil.
identificação do que já é praticado pelo aluno
da EJA, o que se faz necessário é identificar Entretanto destacamos que reformulações
esse conhecimento relacionando-o ao curriculares dentro de uma perspectiva de
método acadêmico que é aplicado no impulsionar a educação de jovens e adultos
ambiente escolar. Segundo Moura (2007): vem caminhando a passos lentos.
Pensar na formação do professor de Jovens e Por outro lado as Diretrizes Nacionais para
adultos, no atual contexto socioeconômico, Educação através do parecer CNE|CP009|2001 (
político e cultural, exige uma avaliação e uma Brasil,2001),que vem tratar da Formação básica,
revisão da prática educativa e da formação em nível superior, curso de Licenciatura, de
inicial e continuada desses educadores, Graduação plena, apoiada na nova LDB9394|96
principalmente se considerarmos as aponta para uma nova proposta de formação de
especificidades e particularidade dos sujeitos- professores. ( MOURA, p.4)
alunos-trabalhadores. (p.48).
Seria uma conquista qualificativa, se
A diversidade que envolve os atuantes da as concepções adotadas pelas Diretrizes
EJA é um fator que a princípio pode parecer Nacionais fossem algo que reflita
um obstáculo dentro da sala de aula, mas positivamente no ambiente da EJA.
se olharmos detalhadamente podemos
identificar que essas particularidades servem Aparentemente o discurso bonito em
como base para ingressar numa relação suas entrelinhas parece querer mudar novos
proveitosa, com troca de experiências horizontes na formação dos professores,
enriquecedoras para o processo de entretanto ainda existe um caminho árduo
aprendizagem. a percorrer. A luta por uma formação
continuada do corpo docente é uma ponte
Segundo Wallon uma relação de para possibilitar uma conquista, a fim de
afetividade possibilita o desenvolvimento diminuir a evasão dos matriculados na EJA.
das práticas pedagógicas transformando em
atividades ricas em todo aspecto, causando Segue abaixo uma importante citação que
benefícios para aqueles que procuram a EJA. reflete a face da EJA:
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sistema de ensino regular, são submetidos a distinção entre o “eu” e o mundo através dos
propostas e práticas inadequadas tanto aos livros, de gravuras de objetos de seu meio. Entre
seus perfis socioeconômico-culturais quanto 4 a 6 anos a criança prefere a leitura do realismo
às suas possibilidades e necessidades reais. mágico: contos de fadas, lendas, mitos, fábulas,
(MOURA,2007,p.15). que podem oferecer mudança imaginativa, pois
nessa fase do seu desenvolvimento a criança é
essencialmente suscetível à fantasia(p.36)
Um dos principais motivos da evasão
escolar, é porque o individuo sofre com o O processo literário é fascinante em
padrão adotado pelas instituições escolares, todas as épocas, a literatura reforça o
principalmente nas classes baixas, tendem a desenvolvimento da criança através do seu
se agravar pela falta de acesso da população contato com livros e com a magia do faz
aos livros, deixando-os em desvantagem de contas, proporcionando a imaginação,
com as normas aos quais eles culturalmente a interação, a imaginação entre o real e o
desconhece. mundo da fantasia
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A partir do momento que adquire a linguagem verbal, mesmo antes de ser alfabetizado,
consegue transitar pelo mundo da leitura. Muitas vezes utiliza-se da imaginação para criar e
recriar histórias.
Assim, a educação escolar não pode ser pensada nem realizada senão a partir da ideia de
uma formação integral do aluno, segundo suas capacidades e seus talentos e de um ensino
participativo, solidário e acolhedor, que esteja presente nos textos literários disponibilizados
aos alunos.
É evidente que todo professor prepara sua aula, estas devem atender as necessidades
dos alunos, ou seja se o aluno tem dificuldade de leitura, o professor deve providenciar
atividades e materiais para sanar esse problema.
Ainda nos dias de hoje muitas crianças têm dificuldade de linguagem, de interação social,
mas isso é uma variação de comportamento, e é difícil perceber o que é normal e o que não
é normal.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola não muda como um todo, mas os alunos têm de
mudar para se adaptar às suas exigências, o que pode ser
questionada nas entrelinhas da constituição, que garantem
o direito à educação de qualidade a todos.
Dentro do ambiente escolar deve-se reconhecer em cada criança uma pessoa única,
tornando-se, portanto, essencial estabelecer relações autênticas e adotar uma atitude de
abertura, promovendo auto estima e desenvolvimento emocional e intelectual do aluno,
fomentando o respeito e a valorização mútua entre todos os envolvidos no processo
educativo. Para tanto uma boa estratégia é a garantia do sucesso.
A inclusão de uma literatura variada, ajuda o aluno nos dias atuais ainda não pode-se dizer
que o analfabetismo ainda não foi extinto do território brasileiro.
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Currículos pobre, que não acrescentam nenhum critério significante para formação do
indivíduo. Mas entretanto, não podemos deixar de destacar que a EJA vem servir de ponte
para suprir o abismo que a evasão escolar propiciou. O universo em torno do ambiente
escolar é assolado por vários critérios que leva a levantar questionamentos. A formação,
convergências e tensões no campo da formação do trabalho docente.
Diferentemente das crianças, que têm o professor como figura modelo e que precisam
aprender o que é ensinado por ele, os adultos exigem do professor todo o conteúdo, do qual
tem interesse e dos quais precisa obter resultado na sua vida (prontidão para aprender /
orientação para a aprendizagem), eles aprendem a partir de suas experiências (assimilação).
O educador e filósofo Paulo Freire diz que o aprendizado para adultos é diferente, pois
eles já têm experiência de vida e um vasto conhecimento do mundo. Um fator determinante
enfatiza que o convívio com o outro é imprescindível ao exercício da cidadania, o precário
acesso à leitura e a escrita como causas da exclusão da cidadania oculta as causas mais
profundas dessa exclusão, que são as condições materiais de existência a que são submetidos
os excluídos.
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REFERÊNCIAS
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União N.º 7, Ano CXXXIX, 10 de janeiro de 2001.
BUORO, Ana Amélia Bueno O Olhar em Construção São Paulo: Cortez 1ª Ed., 1996
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou investigar a ação de espécies
exóticas no Brasil, mais especificamente da A. fulica, o
caramujo de origem africana. A identificação da causa que
originou a invasão e de suas consequências confirmou real
prejuízo que ela causa à biodiversidade da flora e fauna
nativa. Também se constatou danos à saúde da população,
já que o molusco não provoca apenas impactos ambientais,
mas também são conhecidos por serem hospedeiros de
duas espécies de verminoses que acometem os seres FÁBIO ROBERTO
humanos: a angiostrongilíase meningoencefálica, causada MANENTE DOS SANTOS
pelo Angiostrongylus cantonensis, e angiostrongilíase
Especialista em Gestão Escolar
abdominal, cujo agente é o Angiostrongylus costaricensis. pela Faculdade Campos Elíseos
Apesar da angiostrongilíase abdominal ser ocasionalmente (2018). Professor de Educação
diagnosticada no Brasil, geralmente ela está relacionada Básica – II Ciências Biológicas
na Rede particular de ensino no
com outros hospedeiros, entre caracóis e lesmas, que não Colégio Adventista
incluem o caramujo-africano. No entanto, estas doenças são
bons argumentos para que o controle do caramujo africano
seja mais efetivo.
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REFERÊNCIAS
BARTH, M.; RIECKMANN, M. Developing teaching staff as a catalyst for change curriculum
for education for sustainable development: a perspective of output. Journal off Cleaner
Production. (2012) Vol. 26. P.28-36, May.
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os estudantes do Ensino Fundamental moradores da Vila do Abraão, Ilha Grande, Angra dos
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snail, Achatina fulica, in Brasil. 2007. Biol. Invasions 9:693-702.
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Silva (1986), afirma que “o processo de o que pensa o leitor (FREIRE, 1995).
formação do leitor está articulado a um
cotidiano o qual existe é um intricado A construção realizada dentro dos muros
conjunto de mecanismos que acabam por escolares, então, pode ser definida segundo
neutralizar a prática da leitura”. (SILVA,1986, Silva (2002): é “de ledores”, que simplesmente
p.86). leem e aceitam o que está escrito, sem
questionar as verdades ali contidas. No
É unindo, portanto, tais informações entanto, esta deveria ser realizada para
visuais e as não visuais que nosso cérebro nos construir verdadeiros “leitores”, que pensam,
leva a caminhos que permitem desenvolver o discutem e debatem sobre o que está escrito.
significado do letramento, visualizando esta A união do processo de alfabetização e o
forma de leitura como o modo do homem letramento possuem esta função na vida
compreender-se, bem como compreender as do educando, pois, ao alfabetizar e letrar
coisas que estão à sua volta, transformando- o indivíduo, cumpre-se o papel social da
se em um ser alfabetizado e letrado. (Soares, alfabetização, que se condiciona ao processo
2001). de construção da Cidadania.
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O autor ainda afirma que o processo trilhado pela leitura é tão importante quanto o ato
de realizar registros, estando este presente em vários segmentos de comunicação. Como a
leitura se concretiza na escola e a criança, pequena leitora, passa a maior parte de sua vida
dentro de tal instituição, é necessário que está se adeque as necessidades de cada indivíduo
para que seu objetivo seja alcançado, ou seja, ensinar o aluno a ler. (Orlandi, 1988).
Baseado nesta afirmativa compreende-se que o primeiro passo a ser dado é o de transformar
o processo pedagógico de forma que este seja condizente com a proposta pedagógica da
unidade, permitindo que o trabalho a ser realizado seja flexível, utilizando-se do tempo
necessário para se alcançar o objetivo proposto.
O letramento sozinho não pode ser definido como o processo de alfabetizar, mas como
um processo de construção da leitura por meio do prazer e do lazer que este proporciona ao
ler diferentes informações e sob deferentes condições oferecidas pela escola, transmitindo
informações diversas. Usando a leitura e a escrita para orientar-se no mundo, para não se
perder neste letramento e alfabetização juntos permitem que o individue descubra o que
realmente pode ser (SOARES, 2001)
Alfabetizar uma criança na educação infantil é alfabetizá-la para que este tenha consciência
da leitura de mundo (FREIRE, 1995), compreendendo-se quanto ser formador de opinião,
favorecendo o novo e a solução de problemas que talvez só alfabetizado não fosse possível.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível comprovar que a criança aprende a ler por
meio de ações que lhe são significativas e estas ocorrem
desde a educação infantil. No primeiro momento, ela deve
experimentar, manipular e concretizar para ser capaz de
estabelecer relações por meio de pensamentos criativos e
autônomos, a construção destes pensamentos, favorecerão
o desenvolvimento das habilidades necessárias para se
construir o processo de alfabetização. FABIO VALIM
DOS SANTOS
Observa-se que o conhecimento é algo que se constrói
Graduação em Ciências Físicas
à medida que a criança toma consciência e supera as suas e Biológicas e Matemática pela
dificuldades. A alfabetização e o letramento dentro da FEOB - Faculdade Octavio Bastos
educação infantil acontecem de formas prazerosa, já que o (1997); Mestre em Educação,
Comunicação e Administração
trabalho, contribui para a construção da linguagem autônoma, pela Faculdade São Marcos
transformando a criança em senhora do seu saber e dando (2007); Coordenador Pedagógico
novo sentido ao verbo ler. Lê-se não pelo simples fato de - na EMEI Sena Madureira,
Professor de Educação Básica -
repetir palavras, mas entendendo o sentido que estas trazem Matemática- na E. E. Domingos
escondidos nas figuras, de forma mais profunda. Quirino Ferreira.
Percebeu-se que o lúdico, o ler em voz alta, o acesso à leitura diversificada, a acervos de
biblioteca, encontram-se presentes na formação de cada indivíduo desde seu nascimento,
uma vez que quando ele nasce, uma vez que se brinca, se ouve histórias, tem-se acesso
a livros, revistas desde sua primeira infância, interligando o homem ao seu ambiente por
meio de seus movimentos criando uma relação que facilita o processo de aprendizagem da
alfabetização desenvolvido na escola.
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possibilitem trabalhá-las para que, com o passar do tempo, a criança consiga reparar seus
problemas de aprendizagem e alfabetização com a cooperação de todos que lidam com seu
processo de formação.
Este pode ser o caminho para que o a alfabetização no ensino fundamental seja realmente
produtora de conhecimento e trabalhe as habilidades específicas do indivíduo, permitindo
ao coordenador deste processo, seja ele o professor, o recreado ou o psicopedagogo,
atrelar o brincar ao diagnóstico oferecido, buscando, por sua vez, a solução dos problemas
de aprendizagem apresentados, corrigindo-os e facilitando o desenvolvimento do
trabalho.
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REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Maria Amélia / MARQUES, Maria Lucia: Alfabetização hoje. São Paulo; Ed.
Cortez, SP:1998.
CAGLIARI, Gladis Massini; CAGLIARI, Luiz Carlos. Diante das letras. Campinas, SP: Mercado
das Letras – 2001
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A Lei nº 9.394/96 a LDB – Lei de Diretrizes o disposto no art.208, III, da C.F declara
e Bases da Educação Nacional, em seu Art. 58. quando refere o atendimento especializado;
”Entende-se por educação especial, para os esta escolha errônea induz a educação
efeitos desta Lei, a modalidade de educação especial à restritiva do “atender”, anulando
escolar oferecida preferencialmente na o direito subjetivo do aluno à educação, este
rede regular de ensino, os estudantes direito é próprio e único.
com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou Cabe ao Estado prover, subsidiar e
superdotação e deficiência auditiva e/ promover seguramente recursos para
ou surdez. Ratifica-se com a alteração atender ao deficiente como cidadão humano,
prevista pela Redação dada com a Lei nº adequando o ensino para que ele o faça parte
12.796 de 2013 – Art. 4º, III: “atendimento com ou sem a sua deficiência, fornecendo
educacional especializado gratuito às todos os recursos educativos possíveis às
crianças com deficiência, transtornos globais especificidades nas suas capacidades físicas,
do desenvolvimento e altas habilidades ou intelectuais, sociais e afetivas, e assim
superdotação, transversal a todos os níveis, possa conviver socialmente com efetiva
etapas e modalidades, preferencialmente na produtividade no âmbito escolar e social.
rede regular de ensino”
Na análise de (STAINBACK, pag.21),
A educação abrange os processos “educamos todos os alunos juntos, as
formativos que se desenvolvem na vida pessoas com deficiências têm oportunidade
familiar, na convivência humana, no trabalho, de se preparar para a vida na comunidade,
nas instituições de ensino e pesquisa, nos os professores melhoram as suas habilidades
movimentos sociais e nas organizações profissionais e a sociedade toma a decisão
da sociedade civil e nas manifestações consciente de funcionar de acordo com
culturais. (art.1º da Lei de Diretrizes e o valor social da igualdade para todas as
Bases da Educação Nacional – LDB). Assim, pessoas, com os conseqüentes resultados
verificamos que a educação é um processo de melhoria da paz social. Para conseguir
de formação da pessoa, e se inicia na um ensino inclusivo, os professores em geral
família, mas prossegue no convívio social, na e especializados, bem como os recursos,
escola, no trabalho e no lazer. A sociedade devem aliar-se em um esforço unificado e
é constituída pela diversidade humana, e as consistente.”
pessoas com ou sem deficiência lhes devem
ser conferidos os direitos a convivência Reitero neste estudo que não podemos
social. esquecer que o direito fundamental à
educação inclusiva é da criança e do
A inclusão escolar, tem o sentido que adolescente, e não tão somente do Estado,
ultrapassa o “preferencialmente” tal qual da sociedade ou da família.
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dele. Conhecer era descrever e predizer. O relações entre alunos e professores, além da
sujeito não entrava no quadro que ele mesmo constituição de espaços privilegiados para
pintava. Colocava-se sempre imóvel, de fora a formação dos profissionais da educação,
seguindo metodicamente as leis eternas da para que venham a ser agentes também
perspectiva. responsáveis desse processo.
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O Decreto n. 6.571/98 define o AEE, como das salas de aula e espaços educativos, e
sendo “o conjunto de atividades, recursos de também nos atendimentos educacionais
acessibilidade e pedagógicos organizados especializados providos de instrumentos de
institucionalmente, prestados de forma acessibilidade ao aprendizado.
complementar ou suplementar à formação
dos alunos no ensino regular”. V(artigo 1º, As crianças com deficiência intelectual
parágrafo 1º). sofrem barreiras diferentes das demais
crianças em suas multiplicidades de
Ainda no art. 2º, prevê-se que os deficiências. Esse atendimento é
objetivos do AEE é prover aos estudantes complementar e necessariamente diferente
com necessidades especiais, a condição de do ensino escolar e destina-se a atender as
acesso, participação e aprendizagem no especificidades dos alunos com deficiência,
ensino regular, continuidade dos estudos abrangendo principalmente instrumentos
e desenvolvimento de recursos didáticos e necessários à eliminação das barreiras que as
pedagógicos que eliminem as barreiras no pessoas com deficiência têm para relacionar-
processo de ensino aprendizagem. se com o ambiente externo. (MANTOAN,
2004, p.42)
O atendimento educacional especializado
decorre de uma nova perspectiva da
Educação Especial, que sustenta a legislação A RESSIGNIFICAÇÃO DA
pertinente indicando que as práticas DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
escolares inclusivas independem do que a
criança deficiente aprende no currículo do
NA PRÁTICA ESCOLAR
ensino comum, ele tem caráter suplementar. INCLUSIVA
Memórias pedaços de acontecimentos,
resíduos de experiência, retalhos de vida Por que precisamos conhecer para
que escolhemos para lembrar. Mesmo que significar e ressignificar? A inclusão, como os
não tenhamos consciência desta seleção, demais movimentos provocados por grupos
fica o que significa, sons, cheiros, gostos, que historicamente foram excluídos da
sentimentos, imagens, registrados na escola e da cidadania plena, é uma denúncia
memória e reelaborados na e pela linguagem. ao que Hanna Arendt chamou de “abstrata
(PÈREZ, 2003, p.103). nudez”, pois é inovação incompatível com a
abstração das diferenças, para chegar a um
É importante que numa proposta inclusiva sujeito universal, na qual nunca teremos.
o direito à escolarização seja incondicional no
ensino regular; não existem nesta condição Se o que pretendemos é que a escola
dois distintos sentidos: o regular e o especial, seja inclusiva, é urgente que seus planos se
as crianças deficientes devem ser parte ativa re-definam para uma educação voltada à
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O currículo não pode estar alheio ao contexto das culturas étnicas, raciais, lingüísticas,
religiosas, nacionais, de gênero e de orientação sexual. A pluralidade de sentidos e
significados materializa a construção dos saberes através da valorização do multiculturalismo;
pois a disciplinarização do conhecimento não mais constrói, apenas reproduz formas
comportamentais explícitas do esvaziamento do valor e respeito; e desmotivam todos os
alunos para o “aprender”, independente da condição intelectual.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em todos os meios que circundam a Educação Inclusiva,
identificamos a preocupação quanto à revisão conceitual
das influências causadas pelos paradigmas metodológicos
tradicionais. Estes ainda avaliam o desempenho escolar
através do imediatismo e ao menos apresentam a
preocupação com a revisão das concepções espontâneas que
os alunos deficientes trazem de seus cotidianos e vivências
significativas. FLÁVIA APARECIDA
MIRANDA
Os currículos escolares não são organizados em torno das
Graduação em Pedagogia pela
diferentes identidades; ao contrário ainda caracterizadas por Universidade Presbiteriana
ritos procedimentais, domínios obsoletos e desconectados Mackenzie (1992); Especialista
às experiências das crianças. A escola carece de significados em: Gestão Escolar pela
Faculdade de Educação da
e não se abstém da práxis sistêmica que processualmente Universidade São Paulo (1998);
desconsidera o aumento dos índices de crianças com Supervisão Escolar pela UNIBAN
deficiência nas classes regulares. (2001); Psicopedagogia Clínica e
Institucional pela Universidade
Nove de Julho (2011); Distúrbios
As práticas docentes ainda generalizam suas concepções do Desenvolvimento Infantil
de ensino de que a criança não aprende porque tem problemas pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie (2013); Educação
orgânicos e psicológicos. As igualdades e as diferenças não Especial com Ênfase na
são valores absolutos, entretanto apresentam relatividade Deficiência Intelectual pela
entre os fatores: biológico, geográfico, cultural, econômico UNIFESP- Universidade Federal
de São Paulo (2014); Educação
e educacional. Especial Inclusiva com Ênfase na
Deficiência Múltipla pela UnB -
As brasilidades marcam as diferenças na constituição Universidade de Brasília (2015);
Surdez e Deficiência Auditiva
real do nosso cenário escolar, entretanto ainda presume- pela Universidade Estadual “Julio
se a concepção de igualdade como condição geral de de Mesquista” – UNESP(2017);
comportamentos aceitáveis e premissas estabelecidas à Tecnologias para a Aprendizagem
(PMSP - SME – 2018); Professora
condição do “aprender”. Regente Titular do Ensino
Fundamental na EMEF “Plínio
A ressignificação das experiências nos espaços de Ayrosa” e CEU EMEF “Jardim
Paulistano”.
aprendizagem favorece a relação do conceito entre o
conhecimento e a experiência da criança. A capacidade do
ser humano em desenvolver a reversibilidade do pensamento e as habilidades construídas no
decorrer de um processo que chamamos de “aprendizagem”, esta intimamente relacionada
ao conhecer e conviver com o outro.
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Ser diferente é um direito precípuo do ser humano. As diferenças naturais entre as pessoas
nos contextos educacionais demonstram que somos o que somos, devido constituição do
que nos distingue interna e externamente. As influências do meio são fatores intervenientes
do que presumimos poder controlar, mas não podemos. (Darwin, 1859) “A sobrevivência de
um organismo depende da sobrevivência de um outro”.
A criança deficiente, precisa ser compreendida, amada e respeitada entre todos como
parte significativa de uma totalidade escolar em que todos aprendem juntos.
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REFERÊNCIAS
ARENDT. Hanna. Entre o passado e o futuro. 3.ed.São Paulo: Perspectiva. 1992.
BRASIL. LEI n. 13.146, de 06 de julho de 2015. Dispõe e Institui sobre a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto
da Pessoa com Deficiência).
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Cortez, 1996.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér (org.). O desafio das diferenças nas escolas. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2008.
MAZZOTTA, M. J.S. Educação escolar: comum ou especial. Editora Pioneira, São Paulo,1987
MITTLER, Peter. Educação inclusiva: contextos sociais. Trad. Windyz B. Ferreira. Porto
Alegre: Artmed, 2003.
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 7.ed. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2003.
PESSOTTI, Isaías. Deficiência Mental: da superstição à ciência. São Paulo: Edusp, 1994.
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A despeito da relevância do tema, ainda há Este artigo, portanto, tem como objetivo
muito o que se esclarecer quanto aos tópicos evidenciar como a psicopedagogia tem
que envolvem este paradigma, visto que, contribuído para a inclusão de alunos com
além de ser muito delicado, é um assunto Síndrome de Down, discorrendo sobre
que apresenta subjetividade de usos. Embora as legislações relativas aos direitos das
seja possível notar uma maior inclusão de pessoas com deficiências e sobre o que é
pessoas com deficiência, a inclusão não tem esta Síndrome. A discussão será dividida
integrado de maneira efetiva estes alunos ao em três seções, além desta introdução e
convívio escolar. das considerações finais: a primeira sobre
a consolidação da educação inclusiva no
Mais do que incluir, é preciso integrar a Brasil, a segunda sobre a inclusão dos alunos
criança portadora de deficiência. Adaptações com Síndrome de Down e a última sobre a
na estrutura da unidade escolar e mudanças nas intervenção da psicopedagogia.
práticas de professores, treinamentos de todos
os funcionários, bem como sensibilização de
todos os pais e outros membros da comunidade
escolar são não apenas necessários, mas
também fundamentais.
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combinar diferentes modalidades sensoriais no ensino da linguagem escrita às crianças. Ao usar as modalidades
auditiva, visual, sinestésica e tátil, esse método facilita a leitura e a escrita ao estabelecer a conexão entre
aspectos visuais (a forma ortográfica da palavra), auditivos (a forma fonológica) e sinestésicos (os movimentos
necessários para escrever aquela palavra). Informática. Sabe-se que uma pessoa com Síndrome de Down tem
limitações em sua capacidade de abstração e velocidade com que aprende principalmente comparada com
outras pessoas da sua idade. Isso não faz com que essa pessoa possua uma estrutura mental diferente, nem
que aprenda a partir de um processo diferenciado em relação às outras pessoas. Sendo isso verdadeiro, não
existe diferença entre software educacional (aberto ou fechado) utilizado por uma criança com Síndrome de
Down, na Educação Infantil. Brincadeiras em grupo. Por meio das brincadeiras, as crianças podem manifestar
certas habilidades que não seriam esperadas para a sua idade. (TRINDADE; CERQUEIRA, s/d, grifos nossos).
Ainda que o ritmo de aprendizado da criança portadora da Síndrome de Down seja mais lento do que o de
crianças sem a Síndrome e na mesma faixa etária, é possível, por meio de estímulos específicos e atividades
lúdicas, desenvolver a aprendizagem. Assim como entre as crianças que não apresentam a Síndrome, há
diversos níveis de desenvolvimento intelectual entre os portadores de Down (TRINDADE; CERQUEIRA, s/d).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível incluir uma pessoa portadora de síndrome de
Down. Segundo os estudos realizados, existem variadas
formas e âmbitos em que a inclusão pode ocorrer. Foi
constatado também que este processo de inserção
aumenta as possibilidades dos indivíduos identificados com
necessidades especiais de estabelecerem significativos
laços de amizade, desenvolverem-se física e cognitivamente
e de serem participantes reais e ativos na construção do FLÁVIA CRISTINA
conhecimento. PEREIRA FIGUEIREDO
Graduação em Matemática pela
O grande desafio hoje é transformar as escolas especiais Faculdade de Filosofia, Ciências
atuais em centros de referência de educação especial, e Letras de São José do Rio
cujo objetivo seria fornecer apoio técnico e equipamentos Pardo (2000); Pós-Graduação em
Psicopedagogia pela Faculdade
adequados às escolas regulares. Isso, além de não ser Campos Elíseos (2018); Professor
tão oneroso, também significaria uma reformulação no de Ensino Médio na ETEC Arnaldo
pensamento a respeito da educação especial, a qual, até Pereira Cheregatti.
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REFERÊNCIAS
ALONSO, M. R. Ensino para portadores de síndrome de Down. Correio Popular, Campinas,
05 out. 1997.
CERQUEIRA, Ana Beatriz S.; TRINDADE, Maria Cristina. O psicopedagogo e sua intervenção
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portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/o-psicopedagogo-e-sua-intervencao-
na-aprendizagem-de-alunos-com-sindrome-de-down/30041. Acesso em 10 ago. 2018.
MANTOAN, M.T. e col. A integração de pessoas com deficiência. Contribuições para uma
reflexão sobre o tema. São Paulo: Mennon, 1997.
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nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/ Acesso em: 16 jun. 2019.
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1990). Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-mundial-sobre-educacao-
para-todos-conferencia-de-jomtien-1990 Acesso em: 16 jun. 2019.
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A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE
NA FORMAÇÃO PEDAGÓGICA
RESUMO: O objetivo deste artigo é relatar sobre as contribuições da relação afetiva no
processo ensino aprendizagem, remetendo a compreender como ocorre a relação entre o
educando, professores e a família.Durante a vida escolar da criança pressupõe-se que haverá
várias situações, nas quais o afeto estará presente nas suas relações familiares e estudantil.
A escola deve preparar seus alunos para a vida, afetando seus educandos e contribuindo
positivamente na sua formação social e emocional a fim de formar cidadãos críticos,
conscientes e sujeitos de transformação social. As reações individuais, atitudes perante a
vida social e escolhas frente a inúmeras situações são afetadas por influências externas que
ao longo da vida resultará ou não em aluno brilhante.
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objetos culturais, tais mediações são afetivas é um princípio que só surgiu há algumas
e determinam as relações entre sujeitos e dezenas de anos. De fato, essas ideias se
objetos consagraram apenas no século 20, e assim
mesmo não em todos os lugares do mundo.
A importância da afetividade no Mas elas já eram defendidas em pleno século
desenvolvimento humano, segundo Wallon, 17 por Comenius (1592-1670), o pensador
baseia-se na afirmação que o ser humano tcheco que é considerado o primeiro grande
desde o seu nascimento é envolvido pela nome da moderna história da educação.
afetividade e que o afeto desempenha um
papel fundamental em seu desenvolvimento e Comenius destacou em sua obra a
no estabelecimento de boas relações sociais. importância da prática escolar em imitar a
O movimento é a base do pensamento e das natureza, considerando as possibilidades
emoções que dão origem a afetividade, sendo e os interesses da criança na relação
ela fundamental na construção do sujeito. professor-aluno. O autor acreditava em
Esse autor ilustrou essa ideia relatando que um aprendizado em todos os meios (social,
um bebê quando está com fome ou dor de profissional, familiar, religioso...). Com isso,
barriga chora para manifestar sua vontade, Comenius quer destacar a aprendizagem em
mesmo não tendo como se expressar pela vários contextos, seja ele formal ou informal.
fala ele induz a mãe a tentar entender sua Havendo ou não uma intenção, a relação
necessidade. Assim, o bebê simboliza através da pessoa com o meio sempre acarretará
de suas reações o afeto que necessita. O em algum tipo de aprendizagem, recriando
autor foi o primeiro a levar em consideração assim, novas possibilidades de interpretar e
não somente o corpo da criança, mas suas transformar o meio em que vive.
emoções para dentro da sala de aula.
Partindo desse pressuposto, através
Comenius - O filósofo tcheco combateu da ação educativa o meio social exerce
o sistema medieval. Defendeu o ensino influências sobre os indivíduos e estes,
“tudo para todos” e foi o primeiro teórico a ao serem afetos recriam essas influências,
respeitar a inteligência e os sentimentos da tornam-se capazes de estabelecer uma
criança. relação ativa e transformadora em relação
ao meio social.
Quando se fala de uma escola em que
as crianças são respeitadas como seres Para Pestalozzi (1746 – 1827), o principal
humanos dotados de inteligência, aptidões, objetivo da educação seria a humanização do
sentimentos e limites, logo pensamos em próprio homem, o desenvolvimento de todas
concepções modernas de ensino. Também as manifestações da vida humana, levada
acreditamos que o direito de todas as a plenitude e perfeição (Luzuriaga, 1978
pessoas - absolutamente todas - à educação p.175). Para o autor, estas manifestações
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ocorriam através de três capacidades do ser: o espírito, o coração e a mão. Ou seja, a vida
intelectual, moral e prática, devem ser desenvolvidas de forma integral e harmônica. Esta
ideia torna-se evidente quando Pestalozzi afirma que só é essencial e realmente educativo
o que influi nos homens no conjunto de suas capacidades. Tudo o que não toca a totalidade
do seu ser, não toca naturalmente e não é humanamente educativo na extensão da palavra.
Segundo Pestalozzi, não se aprende sem emoção e não se pratica o jogo social sem emoção.
A afetividade nasce dessa certeza de que o aluno aprende quando se sente valorizado,
acolhido e respeitado. Portanto, o resultado prático é a construção de um espaço mais
harmônico em que as heterogeneidades convivam em paz. E além disso, a real possibilidade
de aferir os resultados de uma educação com mais qualidade e significado para os aprendizes.
Pestalozzi, incorporou o afeto à sala de aula, pois para o educador suíço, os sentimentos
tinham o poder de despertar o processo de aprendizagem autônoma na criança. Segundo ele
“o amor deflagra o processo de auto- educação”, diz a escritora Dora Incontri.
Acredito que seria injusto falar sobre a importância da afetividade no processo de aprendizagem
sem destacar o educador em questão. Em seus escritos ele deixa transparente o quanto se faz
necessário o amor e o respeito com o outro no ato de educar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na sociedade burguesa a formação familiar era ligada aos laços
sanguíneos e a habitação em comum cujos membros se limitavam ao
pai, mãe e filhos, sendo que o pai era o provedor do sustento, tinha
contato com a vida social e o mercado de trabalho, já a mãe tinha
como obrigações os cuidados domésticos e com os filhos, desta forma
a esposa e filhos deviam obediência irrestrita ao seu provedor, esse
modelo de formação familiar era conhecido como patriarcal e nessa
época o casamento era ligado aos negócios e tido como união eterna.
FLÁVIA SALGUEIRO
Cominúmerasmudançassociais,essemodelosofreutransformações, MENEGASSI
diversas necessidades levaram a mulher a se introduzir no mercado
Graduação em Pedagogia pela
de trabalho, o que fez com que se tornasse peça importante no Faculdade UNICASTELO (1996);
provimento financeiro da família, não sendo raros os casos em que é a Pós- graduada em Psicopedagogia
única provedora. Tal fato, por sua vez, vem promovendo o afastamento e neuropedagogia pela FCE
(2017); Professor de Educação
precoce dos filhos do convívio familiar e assim fazendo com que Infantil e Ensino Fundamental I
dividam o compromisso de educar com a escola, com tudo isso a figura na Prefeitura de São Paulo EMEI
do pai passou a ser ou mais presente na educação dos filhos ou em Suzana Evangelina Felippe, Profª.
alguns casos a formação familiar não conta mais com essa figura, pois já
existem muitos casos de mães solteiras, viúvas ou separadas que comandam a família, o que não é diferente
com os pais que muitas vezes também estão frente de suas famílias sem a ajuda de uma companheira.
Outros aspectos culturais e de comportamentos ligados à família também mudaram, como por exemplo:
os casamentos passaram a ser realizados não mais como um negócio, mais sim por interesses individuais, ou
seja, do casal, a relação entre pais e filhos se tornou mais íntima, trazendo uma educação mais liberal e a figura
paterna passou a não ser mais vista apenas como o provedor do sustento fazendo com que fosse cobrado
dele mais participação na educação dos filhos e nos assuntos domésticos em geral.
Atualmente existem vários tipos de formação familiar em nossa sociedade, tendo cada uma delas suas
características e não mais seguindo padrões antigos, nos dias atuais existem famílias de pais separados,
chefiadas por mulheres, chefiadas por homens sem a companheira, a extensa, a homossexual, e ainda a
nuclear que seria a formação familiar do início dos tempos formada de pai, mãe e filhos, mas não seguindo os
padrões antiquados de antigamente.
Cabe ao professor a consciência de que seus alunos também são diferentes dos de antigamente, pois
se expressam muito mais e estão longe de serem considerados “tábuas rasas”, eles trazem consigo uma
história de vida, experiências, conhecimentos e vivências. Os alunos não são iguais, cada um traz consigo
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uma bagagem cultural, religiosa, afetiva e familiar. Deste modo, cabe ao educador a delicadeza, a sutiliza e
a ética de trazer novos conceitos sem interferir nas crenças e valores de cada família e ao mesmo tempo
ampliar seus horizontes a fim de se tornarem conhecedores de novos mundos e capazes de elaborar o
próprio pensar, recriando seus conhecimentos, ampliando seus saberes e principalmente sendo capazes de
fazer escolhas socialmente positivas. Terá o educando nesse nível, atingido o ponto de afeto necessário para
se tornar autônomo e capaz.
Em suma, somos sempre afetados, podendo ser bom ou ruim, mas certamente, o professor como adulto
e líder na relação com seus alunos sempre será o coautor da afetividade desta relação que poderá permear
o futuro social das futuras gerações.
Entende-se que os aspectos afetivos não são determinantes no processo de aprendizagem, mas um
facilitador em como trabalhar com a interação entre professor e aluno, buscando contribuições para que a
escola seja um ambiente de relações mais agradáveis.
Para que o professor conheça bem seus alunos, é preciso que não negligenciem os aspectos afetivos. É
necessário refletir sobre a importância da afetividade no contexto escolar, de modo que os alunos possam
ser aceitos, respeitados e compreendidos, e assim, os educadores possam entender seus sentimentos. É
preciso desenvolver a sensibilidade para ouvi-los, dialogar com eles e apoiá-los para que busquem superar
as suas dificuldades.
Foi possível também, perceber que quando os pais se fazem presentes, mostrando interesse pelo filho,
pela escola, pelo que ele está aprendendo, pelas coisas que está fazendo ou deixando de fazer e pelos
seus progressos e necessidades, as crianças apresentam maior motivação para aprender, pois se sentem
orgulhosas de seus feitos.
“A família é essencial para que a criança ganhe confiança, para que se sinta valorizada, para que se sinta
assistida”. (Gabriel Chalita, 2004, p. 26). Por isso é de extrema importância criar um elo de comunicação entre
a família e a escola. Ambas necessitam uma da outra.
Gabriel Chalita, ao ser entrevistado pergunta-se: há quem afirma que o computador irá substituir
o professor, e que nesta era em que a informação chega de muitas maneiras, o professor perdeu sua
importância. Ele responde com serenidade. “O computador nunca substituirá o professor.” Por mais evoluída
que seja a máquina, por mais que a robótica profetize evoluções fantásticas, há um dado que não pode ser
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desconsiderado: “a máquina reflete e não é capaz de dar afeto, de passar emoção, de vibrar com a conquista
de cada aluno. Isso é um privilégio humano”.
Ele enfatiza ainda: pode-se ter todos os poemas, romances ou dados no computador, como há nos livros,
pode haver a possibilidade de buscar informações pela internet, cruzar dados num toque de teclas, mas falta
emoção humana, o olhar atento do professor, sua gesticulação, a fala, a interrupção, a construção coletiva
do conhecimento, a interação com a dificuldade ou facilidade da aprendizagem. A interação entre a família
e a escola não deveria ser reduzida meramente a reuniões formais, onde há reclamações e contatos rápidos,
mas ocorrer regularmente em momentos de maior troca de informações.
A afetividade manifestada na relação entre professor, aluno e família constitui um elemento inseparável
no processo de construção do conhecimento, uma vez que a qualidade da interação pedagógica vai conferir
um sentido afetivo para o objeto do conhecimento, logo, é num contexto educacional moderno onde a
criança possa ter voz e se expressar das mais diversas formas que a relação de afeto poderá se manifestar,
uma vez que o ensino tradicional separava o aluno do professor.
Quando há confiança e incentivo o ato de aprender ocorre com maior facilidade, quando o professor se
demonstra como uma pessoa aberta, flexível, tolerante e cordial, ele estabelece um vínculo que deve ser
usado a favor do cumprimento das regras e combinados de grupo.
O acolhimento precisa acontecer não apenas com as crianças de inclusão física ou limitações de
aprendizagem, o acolhimento deve acontecer com cada aluno dentro da sala de aula e isso pode acontecer
através de didáticas que promovem a autonomia e a identidade de cada aluno. A confecção do crachá do
ajudante do dia, o painel dos aniversariantes, a valorização da produção e expressão das atividades realizadas
pela criança, entre outras dinâmicas colaboram com que cada indivíduo se sinta parte do grupo.
É importante ter em mente que ao praticar o afeto com seus alunos, você estará aos poucos contagiando
a todos de tal forma que chegará um momento em que entre eles haverá o zelo e o carinho de se ajudarem,
diminuindo assim as desavenças e conflitos. Praticar o afeto é exercer uma didática contagiante de postura
equilibrada e de objetivos conscientes, não é apenas ser bondoso e carinhoso, é saber da necessidade
do acolhimento e o quanto isso pode mudar a realidade de um aluno, seja no momento atual ou no seu
desenvolvimento emocional futuro.
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REFERÊNCIAS
CHALITA, Gabriel. Educação. A solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2004.
Professora sim, tia não: Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d’água, 1997.
Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,
1997.
VYGOSTSKY, L. S. A Formação social da mente. Martins Fontes – São Paulo. 5º Edição, 1994.
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CONFLITO ESCOLAR
RESUMO: O presente artigo traz como objetivo principal analisar e repensar as práticas
que tem sido desenvolvida dentro do contexto escolar em situações de conflito. Um dos
objetivos da escola atual é contribuir para a formação de cidadãos autônomos, críticos,
conscientes de suas atitudes e de seu papel na sociedade. Muitos educadores preocupam-
se em como intervir nos conflitos interpessoais vivenciados pelos alunos. Por entendermos
que esta é uma questão ligada à evolução da moralidade dos educandos, buscamos na teoria
construtivista a compreensão de como se dá o desenvolvimento moral. Preparando esse
ambiente para que eles se sintam pertencentes a ele, podendo opinar, construir regras,
pensar em soluções dos problemas, planejar conjuntamente as próprias ações. Levar os
alunos a buscar a resolução dos conflitos interpessoais que enfrentam no dia a dia, leva-los
a uma reflexão e no encontro do se “eu” e na busca de serem protagonista de sua própria
história, conquistando uma autonomia moral foram reflexões que procuramos estabelecer
com o presente artigo.
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Dentro dessa realidade, o pensamento é uma das formas de resolução para verificar
para se restaurar o equilíbrio, os conflitos a tendência de escolha de cada estudante.
devem ser evitados, contidos ou são A maior parte dos participantes escolheu
necessários. Se o vemos como necessários a resolução de tipo assertivo o que de
cabe assumir a mediação para alcançar acordo com Leme (2004) mostra que alunos
valores. brasileiros são sensíveis desde muito cedo
a perceber condutas que são consideradas
Os alunos por sua vez usam estratégias socialmente desejáveis na resolução de
impulsivas, agressivas, submissas ou conflitos interpessoais.
desrespeitosas para lidarem com os conflitos.
Nestas situações devemos buscar métodos e Segundo Deluty (1981) o comportamento
meios para modificar este quadro que parece assertivo é aquele que caracteriza-se pelo
agravar-se a cada dia. As desavenças precisam enfrentamento da situação de conflito em
ser vistas como pedagógicas e encaradas comportamentos, “explícitos de defesa dos
como intervenções que precisam ser feitas próprios direitos e opiniões, porém sem
para que haja aprendizado. O contato e a apelar para qualquer forma de coerção, como
observação contínua deste cenário levaram- violência ou desrespeito ao direito e opinião
nos a buscar na teoria construtivista um alheios” (Leme, 2004, p.371).
possível norte para ações e reflexões sobre
nossa prática pedagógica no que diz respeito No segundo estudo ao invés de solicitar
à questão de conflitos. aos estudantes que escolhessem uma
Diversos pesquisadores vêm tratando alternativa preestabelecida, foi pedido que
dessa temática e contribuindo para narrassem o tipo de resolução que dariam à
ampliarmos nossa possibilidade de análise, situação descrita. Nesse caso e ao contrário
compreensão e proposição de ações do primeiro estudo, verificou-se maior
educativas que favoreçam a intervenção nos frequência de solução submissa e agressiva,
conflitos interpessoais de forma a propiciar a “confirmando a dificuldade, já apontada
busca da autonomia. por Deluty (1981), em encontrar soluções
alternativas para conflitos” (Leme, 2004,
Leme (2004) relata uma pesquisa p.378).
compreendida por dois estudos que
avaliaram três formas de os alunos brasileiros A maneira que a escola tem lidado com
resolverem conflitos interpessoais: alunos geradores de conflitos, é através
agressivas, submissas e assertivas. No de punições, bilhetes para os pais que
primeiro estudo foram apresentadas aos acabam gerando um sentimento de fracasso
alunos descrições de situações sociais, que e angústia neles, mas não resultam nas
envolviam provocações, perdas, frustrações, mudanças que se deseja ter. A escola ao invés
com alternativas que contemplavam cada de enviar bilhetes, notificações ou telefonar,
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seria mais construtivo fazer uma análise segundo a autora os conflitos são positivos e
profunda dos fatores responsáveis pelo necessários. Para Piaget (1998), autonomia
comportamento indisciplinado desses alunos é um poder que não se conquista senão de
e atuasse de forma que os conflitos fossem dentro e que não se exerce senão no seio
oportunidades de aprendizagem, tanto para da cooperação, dessa forma, um ambiente
os alunos, quanto para os educadores. cooperativo favorece um desenvolvimento
moral.
O desenvolvimento da moralidade está
relacionado à qualidade das relações que se Se olharmos que o conflito pertence aos
apresentam nos ambientes sociais nos quais alunos e valores não deve ser impostos,
o indivíduo interage, se mais cooperativos por mais positivo que possam ser, contudo,
ou autoritários. Independente se a família necessitam da participação dos alunos para
cumpre seu papel, a escola precisa educar que essa construção surta efeito. Não se
seus alunos para viverem em uma sociedade deve deixá-los soltos, com a livre escolha
democrática e contemporânea. e também não podem ser impostos. A
construção, no entanto, envolve a concepção
de que os alunos devem ter um papel ativo
QUAL A POSTURA DO de reflexão e de tomada de consciência no
PROFESSOR DIANTE DO processo de resolução do conflito.
CONFLITO A relação professor aluno é baseada na
Educadores tem se sentido intimidado interação e analisando a situação da sala de
e desmotivado diante das situações de aula como um encontro que acontece com
indisciplina e conflitos interpessoais, que cláusulas predeterminadas como frequência,
ocorrem constantemente dentro da escola, duração da aula, matérias a serem passadas,
Vinha (2007) fala que esses conflitos são pode-se citar (ABREU E MASETTO,1990,
vistos como negativos e nocivos pela p.113), “Nesse encontro, seres vivos, seres
sociedade educativa, em contraponto a humanos, confinados dentro dos limites
teoria construtivista de Piaget compreende da classe, se defrontam, se comunicam, se
os conflitos como oportunidades para influenciam mutuamente”, mesmo estando
trabalharmos valores e regras, explicando limitados por um programa, um conteúdo,
que eles são entendidos como apontamentos um tempo predeterminado, normas da
do que os alunos precisam aprender. instituição de ensino, etc. O professor e
aluno, interagindo, formam o cerne do
As ações dos professores muitas vezes processo educativo.
caminham no sentido de fazerem os alunos
se resolverem sozinhos, dão uma bronca e Conforme o rumo que tome o
assim rapidamente resolvem a situação, mas desenvolvimento desta interação, a
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alunos um terrível monstro subversivo, pode agir na emoção. Uma ação violenta é,
corrosivo, que os aniquilará sem dó nem antes de tudo, uma forma de resolver um
piedade. conflito. Mas essa forma de uso de coerção
física ou psicológica é uma “intenção de
Contrapondo-se a essa prática, outros causar prejuízo ao outro, aliada à expectativa
professores vão para o lado da contradição. de que tal objetivo será atingido”. (LEME,
Levantam a bandeira da “liberdade” e, 2004, p.165) e leva-los a resolver de forma
em nome dela, permitem todo tipo de positiva é um caminho na busca a refletir
manifestações dos alunos. Muitos têm fobia nas maneiras distintas de restabelecer a
em relação a algumas palavras, ou a certos reciprocidade, de pensar no outro e não
significados que lhe são atribuídos, como somente em si.
por exemplo: autoridade, disciplina, limite,
poder, etc., muitos foram marcados pela O professor como mediador deve tomar
experiência do abuso de autoridade e poder. decisões justas, que não firam a integridade
Este modo de ser que denuncia o caráter de nenhuma das partes, muitas vezes os
errôneo dessa prática educacional, pois ela alunos tem uma melhor decisão do que
nasce apenas como uma reação imediata à a do professor, por isso a importância da
prática repressora. Ao querer ser “bonzinho” resolução do conflito ser uma construção
ele evita o acirramento do conflito com o com eles, levando-os a reconhecerem os
aluno, o que revela o medo ao compromisso próprios sentimentos e do próximo, construir
que isto implicaria. formas de se expressarem respeitosamente,
fortalecendo assim os sentimentos morais.
Esse método aparentemente só respeita a
natureza do educando e na verdade é, para ele, O pensamento é para se restaurar o
um abandono completo e para o educador a equilíbrio, as desavenças precisam ser
renúncia de educar, (VASCONCELLOS, 2010, vistas como pedagógicas e encaradas como
p. 37) diz que “é a corrupção pedagógica: a intervenções que precisam ser praticadas,
“compra” do aluno, seja pela falsa afetividade, desenvolvendo o hábito de conhecer os
pelo rebaixamento do nível de exigência sentimentos e as emoções, trabalhando o
[...]”, o final dessa história é conhecido por cognitivo, pois tal conhecimento implica
todos, pois o professor passar por omisso uma conscientização dos próprios estados
e é desmoralizado pelos próprios alunos emocionais, sabendo-se as possíveis causas
“libertados”, a sala se torna um verdadeiro e as consequências de suas ações.
caos pedagógico.
Gastar tempo nessa formação, por sua vez,
Quando ocorre um conflito na interação exige do professor um esforço, que é olhar
com o outro, o sujeito pode ser motivado para os conflitos escolares como um desafio.
pelo desequilíbrio causado pela situação, O professor deve pensar no cotidiano de suas
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depois a emoção. Levar o outro a se criticar, se analisar e se corrigir é muito mais profundo e
gera uma mudança que não cabe somente pra uma situação, mas é uma lição pra vida inteira.
Dentro do contexto escolar existem situações que nos deixam sem palavras de tão
surreais que são, mas as pessoas têm agido pelo impulso, tem tomado decisões no calor das
situações, é um bateu levou, fiz porque ele falou ou fez isso ou aquilo comigo, mas pensar
antes de reagir é uma das ferramentas mais nobres para usarmos Cury (2008), relata que nos
primeiros trinta segundos de tensão, cometemos os maiores erros de nossa vida, falamos
o que não devemos, expressamos e agimos de forma a nos arrependemos depois, mas é
preciso ensinar essa nova geração a fazer a oração do sábio nos focos de tensão, que é o
silêncio, pois isso preserva a sabedoria quando ameaçados, criticados ou injustiçados.
Voltando a Constituição Federal de 1988 onde no art. 205 diz que “a educação é um
direito de todos, um dever do Estado e da Família”, analisaremos a palavra “Potiron”, palavra
de origem Tupi, onde tiron significa “junto” e po que significa “mão”, juntando os dois
significados fica mãos juntas, transcrevendo para a Língua Portuguesa significa “Mutirão”,
ou seja, homens e mulheres, família, escola, educadores que se juntam no dia a dia para
construir uma outra realidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, a resolução de conflitos pode levar a um
ambiente cooperativo que é aquele que tem por objetivo
o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral.
Isso mostra que esse trabalho tem o compromisso de
favorecer o desenvolvimento das estruturas e a formação da
personalidade ética, isto é da interação, dos valores morais
à identidade dos alunos. Esse processo é longo e árduo, pois
envolve o desenvolvimento da inteligência, da afetividade,
das noções de regras e de justiça. No presente artigo mostra
que é possível evoluirmos na prática docente com uma visão
de compreender o ambiente que essa sociedade está inserida, FLAVIANE FERREIRA
qual sua realidade e o que de fato são suas necessidades, GONÇALVES ARAÚJO
contribuindo para o desenvolvimento da autonomia e não de
Graduação em Licenciatura
uma obediência cega. Educar para a conquista da autonomia em Pedagogia pela Faculdade
de modo a possibilitar que os alunos evoluam em suas formas Anhanguera (2016); Especialista
de se relacionar com o outro, assim como em suas formas de em Educação a Distância pela
Faculdade Campos Elíseos (2017)
se posicionar diante de situações conflituosas. Compreender e Docência do Ensino Superior
os conflitos como promotores do desenvolvimento nos pela Faculdade Campos Elíseos
auxilia a assumir o papel de mediadores em situações nas (2017).
quais os alunos permanecem como protagonistas. Ou seja,
possibilita que os que estão envolvidos no conflito elaborem
soluções criativas e evoluam em sua capacidade de pensar e
agir moralmente. A qualidade da interação será determinante
na construção de valores, pois essas relações são formadas na reciprocidade e no respeito
mútuo. Desse modo, as práticas de resolução de conflitos se tornam coerentes na forma que
os sujeitos deste ambiente se relacionam tendo o meio como a promoção do desenvolvimento
moral. Restam-nos algumas palavras para reforçar a possibilidade de usarmos os conflitos,
que de fato estão todos os dias nos rodeando dentro das escolas, para reforçar a busca
pela construção do auto respeito, de se colocar no lugar do outro, de pensar antes de agir
e de buscar meios de solucionar os conflitos. Dessa forma formaremos cidadãos plenos no
exercício de sua cidadania.
A escola enquanto equipe, deve colaborar para a construção de valores, conceitos e
mudanças de comportamentos através de práticas concretas, aplicadas no dia a dia escolar,
trazendo mudanças significativas aos alunos, sanado de forma mais pontual problemas que
acontecem constantemente no ambiente escolar.
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Levar os alunos a desenvolver o hábito de pensar antes de agir, ensiná-los a serem líderes
do seu “eu”, colocar-se no lugar do outro, trabalhar suas perdas, suas frustrações, levando-
os a serem pensadores e não meros repetidores. Educarmos para aprenderem enfrentar os
desafios da vida e darmos suporte para construírem sua própria história.
Diversos documentos abordam o tema apresentado, porém a muitos desafios a serem
vencidos dentro do contexto escolar. Esse presente artigo vem com intuito de pensarmos
as práticas que têm sido desenvolvidas com intuito de buscarmos atitudes que despertarão
nos alunos a consciência da sua cidadania plena e seu papel como um transformador da sua
própria história.
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REFERÊNCIAS
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Cortella. Mario Sérgio. Nos labirintos da moral / Mário Sérgio Cortella, Yves de La Taille. 5°
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Constituição Federal. 3º ed., 1998, revista e atualizada – Editora Revista dos Tribunais – São
Paulo;
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of Clinical Psychology, v. 12, n. 2, p.124-129, 1981;
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Yves de la Taille, marta kohl de oliveira, Heloysa Dantas. – São Paulo, 1992;
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Polônia, Ana da costa; Dessen, Maria Auxiliadora. Em busca da compreensão das relações
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Vygotsky, l.s. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
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Algo muito explícito no filme é a ideia de Considerando tal fato, ressalta-se o cuidado
que, quando uma pessoa perde determinada necessário para com estes professores, que
função, a partir do momento em que aceita sua demandam uma formação que atenda as
nova condição, quase que automaticamente necessidades da função, devendo sua prática
aprimora outra. pedagógica ser constantemente refletida e
revisitada a fim de um aprimoramento, tendo
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao pensarmos a educação especial de hoje, a luz das
situações pelo filme apresentadas, podemos concluir que é
essencial ao educador tomar conhecimento destas questões
pelo filme elucidadas e, não apenas identificá-las, bem
como pensar soluções e práticas possíveis que viabilizem a
execução de ações para uma transformação da realidade.
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REFERÊNCIAS
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Baseado na escola russa localizada em Zagorsk.
RODRIGUES, DAVID. Dez idéias (mal feitas) sobre educação inclusiva. In: _____.(org) Inclusão
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299-318.
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EDUCAÇÃO INFANTIL: O
CURRÍCULO EM EVIDÊNCIA
RESUMO: Discutir o tema que versa sobre o currículo na educação infantil, leva-nos a busca
de entendimento sobre o que constitui o currículo e como cada sociedade o representa.
Qual significado que damos ao protagonismo infantil na elaboração que direciona a prática
educativa, prática essa que o constitui. De acordo com Sacristan, O currículo é a expressão
e a concretização do plano cultural que a instituição torna realidade dentro de determinada
condições que determinam esse projeto (Sacristán,2013,p10) Desse modo, refletir sobre
o currículo na educação infantil e olhar a infância como sujeitos de direitos e que sujeitos
desejamos formar no contexto educacional, repensar a infância e seus significados, na
tentativa de possibilitar vivencias e percursos de aprendizagens culturais, históricas e sociais.
Ao compreender a legislação que regem o currículo na educação infantil, consideramos a
forma como o mesmo é organizado. O texto também apresenta objetivos e os eixos da Base
Nacional Curricular Comum (BNCC) para educação infantil.
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Os movimentos são reflexos (sugar) no início do desenvolvimento, uma vez que o sistema
nervoso é imaturo e com as experiências vão se alterando filogeneticamente, tornando-se
rudimentares (engatinhar), na sequência em fundamentais (correr, lançar, saltar, etc), chegando
na combinação de movimentos fundamentais ( ao dançar pode correr) e observamos os
movimentos de segurar o arco e puxar a corda para atirar a flecha, de acordo com Mattos e
Neira (1999).
As atividades feitas com crianças deverá ocorrer com embasamento nas habilidades
e movimentos específicos para o desenvolvimento motor respeitando as fases de
desenvolvimento, segundo Nanni(1989).
RODAS
A forma arredonda das rodas agrega tudo e todos, e saí de uma forma quadrada que permite
uma estrutura de organização, mas que também poderá estancar e aprisionar. Neste sentido
o círculo torna-se o princípio de tudo, ele bane as assimetrias, sem hierarquias e sem divisão.
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As danças circulares sagradas têm sua que morde a própria cauda o Oroboro, numa
origem nos diferentes povos, em que a continuidade, vida e morte, tempo infinito,
participação, o encontro e a reafirmação união, metade preto e metade branco, em
dos ciclos da vida reuniam e celebravam chinês Yin e Yang.
momentos muito importantes na história
dos grupos, atualmente as danças circulares As mandalas são círculos coloridos, que
compartilham os conhecimentos e músicas surgem na tradição oriental, elas significam
de diversos povos, dançando de mãos centro ou literalmente círculo. A mandala é
dadas, voltados para o centro da roda com formada por um círculo, com cores, formas
movimentos de abrir e fechar, e locomoções geométricas e muito usadas em meditações,
variadas. O essencial é a vontade de dançar rituais simbolizando a espiritualidade,
e todos podem entrar na roda, pois não há estimulando a concentração da mente e
um objetivo de se apresentarem para uma ampliando seus limites. No Ocidente as
plateia. mandalas foram usadas na Idade Média,
na tradição cristã, por Jesus no centro e os
O círculo dançante aparece nas danças quatro evangelistas nos pontos cardeais,
sagradas, durante a história, como uma aparecem ainda nos vitrais e arquiteturas
representação e significação de tempos e das construções das Igrejas. Segundo Jung
espaços distintos, na relação do homem (2001) a mandala leva os indivíduos ao
com a natureza, até mesmo nos desenhos centro pela força do símbolo.
mais antigos. No Sol e na Lua, nas plantas,
nas células, nos olhos, numa representação Na Índia existe dança mandálica, chamada
do universo e da totalidade, e no centro do mandala nritya, as pessoas se movem em
círculo temos a origem de tudo. círculos e em torno de sei mesmo envolvendo
todos os lados da personalidade.
Na cultura indígena oral Guarani, um ponto
ao centro significa o Sol, e é tido como o mito A história do Rei Arthur e os seus
da criação do universo chamado Ñamundu – cavaleiros, se reuniam em volta da távola
o Grande Mistério, o Imanifestado, o Um. redonda, dividindo princípios, na mesma
jornada da vida, com objetivos em comum,
Na geometria sagrada, o círculo simboliza na união da mesa circular, representando a
a transcendência, o espírito, a essência já o unidade, sem diferenças e hierarquias, pois
quadrado representa a solidez, a matéria, o todos eram iguais e bem vindos para estar
fenômeno e a estabilidade, o círculo torna- com o Rei e suas fiéis cavaleiros. O círculo
se um mistério e a fonte de toda a geometria. nos traz a perfeição e a ausência de divisões,
expandindo para a força do ilimitado.
No hermetismo, o círculo é um ideograma
da alquimia chamado uno, uma serpente
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dança tem uma trajetória histórica ao longo do
surgimento da humanidade até a atualidade com influências
e a contribuição de cada povo.
O uso das rodas de danças, num efeito espiral, une GIÓRGIA REGINA
todos na prática pedagógica, mergulhando no imaginário AGOSTINHO DO
infantil com prazer, sabor e paixão de conhecer ampliando NASCIMENTO
o conhecimento dos alunos e trazendo fundamentos que
Professor de Educação Infantil
valorizem e respeitem o protagonismo infantil num ballet e Ensino Fundamental I na Rede
encantador. Municipal de São Paulo
Artigo apresentado como
requisito parcial para aprovação
A roda de dança permitirá uma conexão entre os do Trabalho de Conclusão do
dançarinos, dentro do seu eixo que é o centro, integrando Curso de Especialização em
todos, pois todos estão participando deste momento por Educação Infantil.
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REFERÊNCIAS
ACHCAR, D. Ballet: uma arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998.
BAMBIRRA, W. Dançar & sonhar: a didática do ballet infantil. Belo Horizonte: Del Rey, 1993.
MARQUES, I. A. Ensino de dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 1999.
NANNI, D. Dança Educação – Pré –escola à Universidade. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.
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INFORMÁTICA NA
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
RESUMO: Atualmente o uso do computador tornou-se comum e necessário. Por
consequência, a escola de estar adaptada a novos métodos. É certo que há a necessidade de
capacitação de professores para que possam introduzir esta tecnologia em suas aulas como
ferramenta educativa, facilitando o ensino/aprendizagem. Neste artigo, citamos o contexto
histórico da informática educativa no Brasil, bem como a importância de sua utilização,
em uma abordagem voltada a envolver professores e alunos em aulas práticas digitais de
Matemática, por exemplo, com o software GeoGebra.
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Esses seminários estabeleceram um programa – mesmo que possam lhes faltar internet,
de atuação que originou o EDUCOM e infraestrutura ou capacitação – e devem se
uma sistemática de trabalho diferente de manifestar a favor da tecnologia, levando o
quaisquer outros programas educacionais aluno a outras dimensões, pois independente
iniciados pelo MEC, o qual tinha função da classe social, em maioria, tem acesso
de acompanhar, viabilizar e implementar ou algum entendimento sobre as novas
decisões que eram fruto de discussões tecnologias. Assim, hoje muito mais fácil
e propostas feitas pela comunidade de que antes, a educação oferece amplitude
técnicos e pesquisadores da área. de metodologias para tornar o aprendizado
mais prazeroso e eficaz.
Além deste, diversos programas foram
implementados para o uso da informática
nas escolas. Podemos destacar o Núcleo de INFORMÁTICA EDUCATIVA
Computação Eletrônica – NCE, o Núcleo de
Tecnologia Educacional para a Saúde – NUTES, O processo de ensino tem, nos últimos
o Centro Latino Americano de Tecnologia tempos, buscado um processo centrado no
Educacional – CLATES, que antecederam; a ensino cada vez mais personalizado, ou seja,
implantação dos seguintes centros de apoio: que atenda as necessidades individuais do
Centros de Informática Aplicada à Educação aluno com utilização de novas tecnologias
de 1º e 2º grau – CIED (centros de suporte nas possibilitando melhores condições, para
secretarias estaduais de educação), Centros trabalhar os conteúdos. Segundo os
de Informática na educação Tecnológica PCNEM (BRASIL, 2002, p.41), o impacto
– CIET (nas escolas técnicas federais) e os da tecnologia na vida de cada indivíduo vai
Centro de Informática na educação Superior exigir competências que vão além do simples
– CIES (nas universidades), Instituição do lidar com máquinas.
Programa Nacional de Informática Educativa
PRONINFE na Secretaria Geral do MEC; Dentro deste contexto, o uso da
Lançamento do Programa Nacional de informática na educação é indispensável,
Informática na educação – PROINFO, que tecnologias que há pouco tempo não estavam
desde o seu lançamento (até 2001) equipou disponibilizadas, já se encontram dentro do
mais de 2000 escolas e investiu na formação ambiente educacional entre elas citamos:
de mais de vinte mil professores por computadores, projetores multimídias,
intermédio dos 244 Núcleos de Tecnologia Internet e outros.
Educacional (NTE) instalados em diversas
partes do país. O computador pode ser uma ferramenta
educacional, de complementação, e de
Nos dias atuais, muitas escolas já possível mudança na qualidade do ensino,
desfrutam de laboratórios de informática pois como enfatiza (PAPERT, 1994; p.13)
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“a Informática, em todas as suas diversas do aluno são uma das vantagens para sua
manifestações, está oferecendo aos aplicação.
inovadores novas oportunidades para criar
alternativas”.
A ESCOLA E O USO DE
O trabalho com softwares educativos, COMPUTADORES
produzidos especialmente ou não para as
atividades de ensino pode ser uma alternativa Muito se tem dito a favor e contra a
para o uso da informática na educação, como utilização do computador na educação como
a utilização de softwares educativos pelas um meio de diminuir os problemas causados
escolas não só como ferramenta de auxílio ao pelo baixo desempenho dos alunos e os
professor, mas também de desenvolvimento, altos índices de repetentes e evadidos. Tem
no qual o aprendizado ocorre quando sido alvo de debates há algumas décadas
se executa tarefas por intermédio do no Brasil. O problema é que defensores e
computador. A grande quantidade de críticos, muitas vezes, podem não possuir
programas educacionais e as diferentes conhecimentos abrangentes da situação,
modalidades de uso do computador mostram opiniões concretas e também os métodos
que a tecnologia pode ser bastante útil no utilizados para garantir o sucesso no ensino-
processo de ensino-aprendizagem. aprendizagem.
A conceituação de informática educativa Há décadas os computadores estão
gerou muita discussão nos ambientes inseridos na educação, passando por
educacionais. As primeiras tentativas ampliações constantes. São conduzidas
baseavam-se no uso de programas voltados formações de professores multiplicadores
para temas específicos do currículo; alguns em TICs para o conhecimento de máquinas,
apresentavam o conteúdo trabalhado métodos e softwares educacionais, de modo
(tutoriais) e exercícios de fixação, porém não a investir na atualização dos profissionais da
passavam de verdadeiras “páginas de livros” área.
na tela do monitor. Outros apresentavam
apenas exercícios e seguiam uma linha de Um dos meios para isto são os cursos e
treinamento, criando hábitos mecânicos e plataformas online gratuitas disponibilizados
contribuindo pouco para a construção do pela Secretaria da Educação do Estado
conhecimento e para o desenvolvimento do de São Paulo (SEE–SP), como o Projeto
raciocínio e da criatividade. Mas, o fato de Currículo +, iniciativa que, a partir de uma
o computador poder apresentar o material plataforma online de sugestões de objetos
com outras características que não são digitais de aprendizagem, como vídeos,
permitidas no papel, como animação, som e animações, jogos digitais e infográficos,
a manutenção do controle do desempenho articuladas com o Currículo do Estado de São
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Paulo, visa estimular e incentivar o uso de para facilitar o cálculo, por exemplo, e
novas tecnologias como recurso pedagógico nunca fugir do cálculo. E é nesse contexto
complementar pelos professores e alunos que os educadores devem atualizar-se
da rede estadual. Também podemos citar constantemente para inserir de forma correta
o Programa M@tmídias – Matemática com e sem medo tecnologias modernas em suas
Multimídias, lançado em 2010 por meio da aulas (muitos não consideram o lápis, papel e
Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos borracha uma tecnologia). Precisam, também,
Professores do Estado de São Paulo “Paulo sair da chamada ‘’zona de conforto’’, uma vez
Renato Costa Souza” (EFAP) e composto que inovar é fundamental. Como Corbalán
de três cursos, com o objetivo de oferecer (1994) citando Alsina, p.14, menciona:
formação continuada aos professores de
Matemática do Ensino Médio da rede Ensinar e aprender Matemática pode e deve
ser uma experiência feliz. Curiosamente quase
estadual, discutindo metodologias para nunca se cita a felicidade dentro dos objetivos
o uso de objetos de aprendizagem em educativos, mas é bastante evidente que só
mídias diversas e dando oportunidade poderemos falar de um trabalho docente bem-
feito quando todos alcançarmos um grau de
para o professor utilizar na prática, com felicidade satisfatório - Traduzido da Língua
seus alunos, materiais desenvolvidos por espanhola por Fabiana Fiorezi de Marco.
outras instituições e que estão disponíveis
gratuitamente na internet. Contudo, muitos educadores têm, em
maioria, dificuldade para lidar com o uso
Essas iniciativas são ótimas medidas de computadores para fins pedagógicos.
para melhorias, pois segundo um estudo Há o receio de não conseguir focar na
realizado pelo IBOPE Inteligência e pelo LSI- aprendizagem, principalmente com
Tec nas capitais brasileiras, sob encomenda adolescentes. O que se vê nas escolas
da Fundação Victor Civita, em 2009, p.49: é, além do despreparo de profissionais,
a desatualização e falta de consideração
Na opinião dos profissionais envolvidos na acerca do que é realmente uma tecnologia.
gestão escolar (diretores e vice-diretores), o
curso de graduação não prepara o suficiente Perguntas como: ‘’Se o estudante do ensino
para o uso das TICs na Educação: 72% acham médio aperta a tecla do computador e
que seu curso preparou pouco ou nada para o gráfico da função já aparece, com ele
este fim. Entre os gestores, apenas 15% tem
conseguirá aprender a traçá-lo?’’ ‘’Se o aluno
formação específica em tecnologia na Educação.
usar calculadora, como ele aprenderá a fazer
Não se pode abrir mão da tecnologia conta?’’ tomam conta de diálogos entre
quando o que mais se vê é tecnologia. A professores e coordenadores pedagógicos.
matemática necessita de meios mais fáceis
para quebrar tabus e preconceitos. Os alunos Segundo a Proposta Curricular do Estado de
precisam ver que um software matemático São Paulo (SEE, 2008) a educação tecnológica
é uma ferramenta de aprendizagem e serve básica e uma das diretrizes que a LDB
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estabelece para orientar o currículo do Ensino Médio. A lei ainda associa a “compreensão dos
fundamentos científicos dos processos produtivos” com o relacionamento entre teoria e prática
em cada disciplina do currículo. E insiste quando detalha, entre as competências que o aluno deve
demonstrar ao final da educação básica, o “domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
presidem a produção moderna”. Assim, cabe considerar que o ensino de Matemática pode ser
realizado em um ambiente divertido e sério, no qual atingir o conhecimento passa a ser fruto de
esforço e auto desafio. Nessa perspectiva, a Informática é um dos instrumentos que possibilita
uma aprendizagem mais prazerosa e produtiva tanto para o aluno quanto para o professor.
ATIVIDADE
GEOGEBRA
O GeoGebra é um software criado em 2001 por Markus Hohenwarter. Tem como objetivo
dinamizar e facilitar o estudo da Matemática, com ferramentas simples de Geometria e outras
mais relacionadas à Álgebra e ao Cálculo. Pode ser acessado livremente pelo endereço:
http://geogebra.org e explorado por professores e alunos de Ensino Fundamental II, Médio
e Superior.
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De fácil entendimento, possui um menu e uma lista com onze botões para construções.
Dentre as opções para o uso do software está a de poder inserir a malha quadriculada no
plano cartesiano para melhor compreensão de estudos feitos antes em sala de aula de
maneira tradicional, agora, em uma forma mais contemporânea.
ATIVIDADE
Sabendo que se ele ganha R$3 por prato de milho vendido e no mês gasta R$1829 para
trabalhar, podemos concluir que a função f de seu salário será f(x) = 3x – 1829, sendo x a
quantidade de pratos de milho vendidos no mês.
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• Ao término, você pode dar zoom na função (ctrl +) e movendo para visualizá-la melhor
e renomear os pontos criados descrevendo seus respectivos meses (Janela de Álgebra, clica
com o botão direito do mouse em cima do ponto e selecione a opção Renomear). Renomear
a função também, trocando o f(x) por “salário” e o x por m.
Analisando a função, você pode notar a variação dos salários do vendedor no semestre,
como por exemplo, que ele ganhou mais no mês de agosto e teve menor salário em novembro.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso da informática tem um crescimento acelerado. Em
consequência, boa parte de produtos ligados à educação
tem sido muito usada em todas as áreas do ensino. Exemplo
disso são os softwares educativos, que usam novas formas
de aprendizado, mas com as mesmas funções pedagógicas
do método tradicional, adicionando a interação com a
tecnologia.
O software GeoGebra pode usar de forma interativa
os recursos da informática, possibilitando a fácil criação e
exploração de diversas figuras geométricas e funções. Já o GIRLEYDE BESERRA
computador é fundamental como instrumento de apoio para NUNES DA SILVA
a resolução de problemas. Com ele podemos contribuir de
Graduação em Matemática
forma significativa para atividades de aprendizagem. pela Universidade Nove de
Julho (2015); Professora de
A ausência de informação nas escolas sobre os resultados Ensino Fundamental II e Médio -
Matemática - na EMEF Saturnino
da investigação didático/pedagógica e a falta de ações de Pereira, Professora de Educação
formação sobre a utilização dos novos meios de ensino Básica – Matemática e Física - na
podem impedir a introdução e a implementação de novas EE Professor Carlos Molteni.
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REFERÊNCIAS
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Paulo: Articulação Universidade Escola. 2004.
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DANNEMANN, Angela; SAAD, David; et al. O Uso dos Computadores e da Internet nas
Escolas Públicas de Capitais Brasileiras. Fundação Victor Civita, 2009 (versão eletrônica).
Disponível em: <http://www.fvc.org.br/pdf/relatorio-computadores-internet.pdf>. Acesso
em: 04/jan./2019.
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MERLO, Clinton André; ASSIS, Raquel Trindade de. O USO DA INFOMÁTICA NO ENSINO
DA MATEMÁTICA. REUNI – REVISTA UNIJALES / EDIÇÃO 4 / Nº 4 / ANO V, 2010. ISSN
1980-8925 (versão eletrônica). Disponível em: <http://www.reuni.pro.br>. Acesso em: 12/
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PAPERT, Seymor. A máquina das crianças. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
VAZ, Duelci Aparecido de Freitas; JESUS, Paulo Cesar Cruvinel de. Uma sequência didática
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Para entender melhor, Aumont nos A imagem abaixo descoberta por diversos
revela que a imagem é um universo de pesquisadores mostra um momento de caça ou
sensações, sentimentos que podem dizer algum ritual, não sabemos exatamente o que está
muito a respeito da vida de quem desenhou representado, mas prova a existência desse povo.
exemplo quando uma pessoa olha uma obra
de arte, poderá gostar ou odiar, dependerá Hoje é possível conhecer a história dos
do seu estado emocional no momento, essa homens primitivos, em virtude dos diversos
sensação também poderá estar presente na desenhos encontrados nos interiores das
hora em que o profissional analisar o desenho cavernas, que possivelmente serviam de
do paciente. abrigo para esse povo.
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A arte é uma atividade mental fundada em sistemas de regras que a definem, diferente do
desenho realizado pelo o paciente que é algo livre de qualquer julgamento formal.
Para aprender bem a imagem contida em uma obra de arte, o espectador deve esforçar- se por aprimorar
sua capacidade de percepção. Esse aprimoramento, quando feito de modo empírico, consome um longo
tempo, pois a multiplicação de tentativas, característica do empirismo, torna moroso o processo. É possível,
porém, acelerar esse processo e abreviar o tempo necessário, desde que se obedeça a um roteiro adequado.
(COSTELLA, 1997, p.12).
Todo ser humano tem capacidade para desenhar, basta ter a oportunidade para expressar
suas emoções, não devemos ficar preso à forma e sim aos detalhes que compõe o cenário.
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podem ser considerados como algo universal As imagens são cheias de simbolismos que
com enfoques: psicológicos, filosóficos podem ser compreendidos quando as peças
e religiosos, que podem indicar aspectos começam a se encaixar uma nas outras,
positivos ou negativos da vida do paciente. podem inconscientemente trazer para os
desenhos seus desejos, sonhos, frustações,
Os temas escolhidos dos desenhos são angústias, etc.
variados, o que torna difícil achar o fio
condutor que nos levará a realizar uma boa O olhar que o Neuropsicopedagogo deve
análise. O profissional pode partir a sua utilizar ao analisar um desenho deve ser o
análise mediante as formas, cores, orientação mesmo de quem observe uma obra de arte
espacial, tamanho do desenho e a pressão no museu, porque considero os desenhos
dos traços. como obras importantes.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar essa pesquisa, foi possível concluir a importância dos
desenhos para o atendimento clínico e compreender os detalhes da
vida do paciente que o Neuropsicopedagogo pode extrair e com as
intervenções mediar suas angústias e frustações.
Fica evidente a importância e os benefícios que os desenhos propõem a aprendizagem, por meio dela
podemos desvendar alguns bloqueios de aprendizagens e os seus respectivos responsáveis pelo o mesmo e
elaborar estratégias que minimizem essas dificuldades, dando ao paciente uma nova chance para recomeçar
e superar seus medos e limites.
Esse tema possibilitou compreender o quanto é importante o profissional estabelecer uma relação de
respeito, dedicação e de compromisso com o paciente e com a sua família, assim os pais sentem que o seu
filho está em boas mãos, o paciente sente confiança e contribuir com o atendimento.
Todo ser humano é capaz de aprender independente das suas dificuldades, o que de fato se faz necessário
é um uma intervenção adequada e acreditar que nós não transformamos as pessoas, mas podemos despertar
nelas o interesse em trilhar novos caminhos para conquistar a sua autonomia e a resgatar a sua autoestima.
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REFERÊNCIAS
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acesso em 28/06/18> acesso em 28/02/19.
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Definir estratégias para combater à para o futuro, sua história de vida, seu dia a
exclusão é as metas que a escola deve dia que faz parte fundamental do seu saber,
traçar pela frente, estimulando, a luz dos da construção do seu conhecimento que
seus conhecimentos, discussões sobre vai transparecer no coletivo, caracteres de
conceitos como “raça”, etnia, nação, racismo, sua personalidade e formação de sua con
preconceito, estereótipo, etnocentrismo, (vivência).
que são visões e crenças errôneas de tantas
culturas, “raça”, etnias, povos e religiões. É, portanto, no espaço cotidiano, para
compor uma “coletividade”, e para trabalhar
É importante criar um ambiente coletivamente que a realidade escolar vai
estimulante e acolhedor e incentivar sua revelando, não, diretamente na reflexão
participação nos acontecimentos históricos prática do trabalho do educador, mas na
e a sua distribuição para o desenvolvimento. reflexão sobre essa prática, na análise dos
aspectos que a compõem, que a mudança
Todos se beneficiarão na medida em vai sendo absorvida e se solidificando a
que estarão tomando conhecimento de transformação escolar.
outras culturas, outras visões de mundo e,
sobretudo, estarão aprendendo uma postura O mundo artístico compreende
de respeito ao seu semelhante, mesmo que uma quantidade imensa de materiais,
ele seja diferente ou considerado como tal. procedimentos, expressões, movimentos e
emoções, inseridos em um contexto histórico
Quando a relação do homem com esse e social, bem como de relações entre os
mundo se modifica, o próprio homem se homens, à sociedade e a natureza.
transforma, em seus valores, suas crenças,
seus conhecimentos, seus desejos. O homem A partir desse principio, observa que a arte
é histórico e historicamente tudo se atualiza. é fundamental para organizar, reorganizar e
expressar o pensamento, agindo sobre os
São no interior das escolas, na con (vivência) sentidos, a imaginação e criatividade.
diária entre educando, educadores e pais
que se descobrem no seio da comunidade Segundo TEPLOV (1991) A arte tem efeito
escolar, aspectos da realidade social, que profundo e de grande alcance nos diversos
sejam significativos para os alunos, a partir aspectos, não só sobre a imaginação, e os
dos quais será possível ingressar-nos mais sentidos, como também sobre o pensamento
complexos elementos da cultura humana. e a vontade. Daí a sua enorme importância
para o desenvolvimento da consciência,
O cotidiano no âmbito escolar é revelador. da autoconsciência e do autocontrole, da
Tanto professor com aluno traz sua bagagem autonomia. A educação artística é um dos
diária, inserido no presente abrindo caminhos mais poderosos meios para desenvolver
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bem como a organização de toda uma serie para a formação de novas mentalidades,
de vínculos históricos, políticos, econômicos voltadas para a superação de todas que se
e estéticos responsáveis pela estrutura coloca, portanto, é o desafio de a escola se
ideal e, ao mesmo tempo concreta o que constituir em um espaço de resistência, isto
chamamos de sociedade. é, de criação de outras formas de relação
social e interpessoal mediante a interação
Diante disso, o sujeito em suas práticas entre o trabalho educativo escolar e as
coletivas tende a ecoar os diferentes questões sociais, posicionando-se critica e
momentos e processos que atravessam as responsavelmente perante elas”. (Secretaria
relações entre o eu e o outro. de Educação Básica – MEC).
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Para Munanga (1996, p.32) “a negritude passa, a ter maior notoriedade, abandonada a
assimilação. A libertação do negro deve efetuar-se pela reconquista de si e de uma dignidade
autônoma”.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Devemos considerar que o ensino da Arte abre, portanto
um leque de oportunidades para o uso das mais variadas
arte africanas e afrodescendentes, e que o professor saiba
utilizá-la problematizando conteúdos para desenvolver a
solidariedade, uma visão altruísta de respeito às diferenças;
que permitam ao aluno conhecer sua história e transcrevê-
la no contexto do cotidiano, envolvendo seus costumes,
suas raízes, aguçando sua capacidade artística, participativa,
construtiva e criativa.
Essa tomada de consciência é essencial se queremos um mundo mais digno. A Arte deve
respeitar uma reflexão diante das diferentes linguagens que surgem a cada pesquisa e cultura
de povos, contemplando o multiculturalismo e o avanço na trajetória de séculos.
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A arte deve fazer conhecer, exprimir, envolver o sujeito histórico, social, cultural, enredado
na linguagem, conduzido pela expressão mediada visão da mesma.
A produção artística deve ser considerada sob a perspectiva da diversidade cultural, pois
o que faz a diferença é o olhar que se tem para a diferença.
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REFERÊNCIAS
Brasil, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais. Temas Transversais. Brasileia: MEC/SEF, 1998.
BRASIL, Constituição; República Federativa do Brasil (DF). Senado Federal, Centro Gráfico,
1988.
Parecer CNE/ CP 003/2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações
Étnica – Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, Brasília:
MEC, 2004.
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EDUCAÇÃO INFANTIL: O
CURRÍCULO EM EVIDÊNCIA
RESUMO: Discutir o tema que versa sobre o currículo na educação infantil, leva-nos a busca
de entendimento sobre o que constitui o currículo e como cada sociedade o representa.
Qual significado que damos ao protagonismo infantil na elaboração que direciona a prática
educativa, prática essa que o constitui. De acordo com Sacristan, O currículo é a expressão
e a concretização do plano cultural que a instituição torna realidade dentro de determinada
condições que determinam esse projeto (Sacristán,2013,p10) Desse modo, refletir sobre
o currículo na educação infantil e olhar a infância como sujeitos de direitos e que sujeitos
desejamos formar no contexto educacional, repensar a infância e seus significados, na
tentativa de possibilitar vivencias e percursos de aprendizagens culturais, históricas e sociais.
Ao compreender a legislação que regem o currículo na educação infantil, consideramos a
forma como o mesmo é organizado. O texto também apresenta objetivos e os eixos da Base
Nacional Curricular Comum (BNCC) para educação infantil.
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O conceito de infância, com o passar das Art. 6º São direitos sociais a educação,
décadas, vem se transformando, embasado a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a
no fato de que as crianças sempre viveram previdência social, a proteção à maternidade
inseridas em uma formação social, onde cada e à infância, a assistência aos desamparados,
qual dá um significado a essa relação Na na forma desta Constituição.
Idade Média, a sociedade tinha uma ideia de
que crianças eram adultos em miniatura, não O Parecer CNE/CEB nº 20/09 e a
existia a consciência do significado e afeição Resolução CNE/CEB nº 05/09, que definem
a palavra infância, sendo assim poderiam as DCNEIs, fazem, em primeiro lugar, uma
realizar trabalhos e envolver-se com clara explicitação da identidade da Educação
atividades juntamente com as pessoas mais Infantil, condição indispensável para o
velhas. Na idade média, no início dos tempos estabelecimento de normativas em relação ao
modernos, e por muito tempo ainda nas currículo e a outros aspectos envolvidos em
classes populares, as crianças misturavam-se uma proposta pedagógica. Eles apresentam
com os adultos assim que eram considerados a estrutura legal e institucional da Educação
capazes de dispensar a ajuda das mães ou das Infantil – número mínimo de horas de
amas, poucos anos depois de um desmame funcionamento, sempre diurno, formação
tardio – ou seja, aproximadamente, aos sete em magistério de todos os profissionais
anos de idade. A partir desse momento, que cuidam e educam as crianças, oferta
ingressavam imediatamente na grande de vagas próximo à residência das crianças,
comunidade dos homens, participando com acompanhamento do trabalho pelo órgão de
seus amigos jovens ou velhos dos trabalhos supervisão do sistema, idade de corte para
e dos jogos de todos os dias. efetivação da matrícula, número mínimo de
horas diárias do atendimento – e colocam
alguns pontos para sua articulação com o
O CURRÍCULO E SUA Ensino Fundamental.
LEGALIDADE
As novas DCNEIs consideram que a função
Nossa Constituição prevê a garantia sociopolítica e pedagógica das unidades de
de direitos fundamentais, entre eles, a Educação Infantil inclui (Resolução CNE/CEB
dignidade da pessoa humana. Refletir sobre nº 05/09 artigo 7º): a. Oferecer condições
o currículo na educação infantil remete olhar e recursos para que as crianças usufruam
sua estrutura de modo permitir e assegurar seus direitos civis, humanos e sociais; b.
esses direitos. Em seu Título II capítulo II a Assumir a responsabilidade de compartilhar
Constituição de 1998 discorre sobre essas e complementar a educação e cuidado das
garantias e deveres individuais e coletivos. crianças com as famílias; c. Possibilitar tanto
Fundamentos esses que permeia todo nossa a convivência entre crianças e entre adultos
reflexão. Nota-se: e crianças quanto à ampliação de saberes
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O que a Base Nacional Comum (BNCC), propõe para o desenvolvimento das crianças na Educação
Infantil, e como desenvolver essas diretrizes no dia a dia. O conteúdo esclarece o que são os direitos de
aprendizagem, uma novidade da BNCC, e explica um a um quais são os cinco campos de experiência
que vão reformular a organização curricular. O que a Base Curricular Nacional Comum, propõe para
o desenvolvimento das crianças na Educação Infantil, e como aplicar essas diretrizes no dia a dia?
O conteúdo esclarece o que são os direitos de aprendizagem, uma novidade da BNCC, e explica
um a um quais são os cinco campos de experiência que vão reformular a organização curricular.
Dentro dos Campos há objetivos de aprendizagem que são divididos em três grupos etários
(bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas).
Os campos de experiência e os objetivos não têm caráter de currículo, mas servem para auxiliar o
professor a planejar atividades com maior clareza do que deve ser desenvolvido em cada fase.
A Base estabelece cinco campos de experiência para a Educação Infantil, que indicam quais são
as experiências fundamentais para que a criança aprenda e se desenvolva. Os Campos enfatizam
noções, habilidades, atitudes, valores e afetos que as crianças devem desenvolver dos 0 aos 5 anos
e buscam garantir os direitos de aprendizagem das crianças. Ou seja, o conhecimento vem com a
experiência que cada criança vai viver no ambiente escolar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após ter realizado estudo sobre o currículo na educação
infantil, é chegado o momento de finalizar e reafirmar que o
presente trabalho não teve a pretensão de definir o currículo
na educação infantil, mas possibilitar a reflexão sobre o
assunto. O estudo proposto permite afirmar que se faz mais
que necessário o desenvolvimento de formação continuada
para todos envolvidos no ambiente escolar, principalmente,
os professores. Momentos de ações que permitam provocar
o comprometimento com ações educacionais para garantir
o direito às crianças à educação de qualidade. Que sejamos
sensíveis as atuais demandas educacionais e capazes de GIVANILDA VIEIRA
motivar, estimular e acreditar na construção coletiva do PINHEIRO DE SOUSA
currículo com suas expressões históricas.
Graduada em Pedagogia pela
Faculdade Universidade Paulista
UNIP (2003); Pós-Graduação em
Formação e Profissão Docente
pela Faculdade de Educação
Paulistana-FAEP (2019);
Professor de Educação Infantil e
Ensino Fundamental I -na EMEI
Dina Kutner de Souza-Dina Sfat.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Por amor e por força: rotina na Educação Infantil. Porto
Alegre: Artmed, 2016.
SACRISTÁN, José Gimeno. (Org.). Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre.
Penso, 2013.
FARIA, Vitória Líbia Barreto de; SALLES, Fátima. Currículo na educação infantil: diálogo com
os demais elementos da proposta pedagógica. 2ª ed. São Paulo: ática, 2012.
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A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE
NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL
DOS EDUCANDOS
RESUMO: O presente artigo discorre sobre a importância de inserir a educação psicomotora
no cotidiano educacional desde os anos escolares iniciais como forma de prevenir possíveis
dificuldades de aprendizagens ocasionadas por um desenvolvimento com lacunas que pode
ocorrer com a oferta de atividades inadequadas. Para isso, o artigo inicia conceituando
a psicomotricidade, a definido como prática que articula a motricidade com as emoções,
sentimentos e psiquismo, fortalecendo a visão das interações com o meio e com o outro para
aquisição de aprendizagens. Em continuidade, pontua alguns dentre a gama de benefícios
que a psicomotricidade traz para o desenvolvimento integral dos educandos na escola. Em
sequência, demonstra a necessidade dos professores em se apropriarem de conhecimentos
inerentes à educação psicomotora para que sejam capazes de ofertar atividades condizentes
a esta. Conclui, evidenciando que a educação psicomotora deve estar presente em vários
momentos do cotidiano educacional, a qual deve ser iniciada ainda na primeira etapa da
educação, primando pelo desenvolvimento mais qualificado dos indivíduos. Traz por objetivo
conscientizar os professores da importância da educação psicomotora na escola por meio da
reflexão dos argumentos de autores que dissertam sobre ela. Trata-se de uma pesquisa de
revisão de literatura.
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Nesta vertente, Rossi (2012) pontua que: [...] tem como objetivo desenvolver por
completo o ser humano em seus aspectos
motores, cognitivos e afetivos. Aquém-motora,
Entendemos que a educação psicomotora, as atividades de psicomotricidade podem ajudar
aplicada na Educação Infantil, é preponderante à criança no desenvolvimento do raciocínio, da
para o sucesso no sistema escolar. Entretanto, é imaginação, da criatividade, da afetividade e da
fundamental que a participação do o professor
socialização. (AQUINO et al, 2012, p. 247)
como pesquisador, principalmente nos assuntos
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Portanto, Aquino (2014) trazem que e Educação Psicomotora deve ser utilizada na base
do desenvolvimento humano, no início da vigência escolar do indivíduo, mas que não deve
ser apenas nesta fase e sim acompanha-lo em muitos outros momentos escolares, pois o
desenvolvimento humano não se finda, ele acompanha o indivíduo por toda vida e o seu
aperfeiçoamento constante favorece construir um conhecimento que é fundamental para
sua vivencia social e a constituição de interações tanto com o meio quanto com o outro
harmoniosas que, com os estímulos certos, permitem que inadaptações sejam sanadas,
propiciando adquirir aprendizagens significativas, qualificada e mais efetivas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante os aspectos que foram expostos no decorrer do
desenvolvimento do artigo, foi possível observar que, devido
à sua importância no desenvolvimento integral e prevenção
das dificuldades de aprendizagens, a psicomotricidade deve
ocupar mais espaço no cotidiano escolar desde as séries
iniciais da educação.
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REFERÊNCIAS
AQUINO, Gisele Braga de. RELAÇÃO ENTRE PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO
INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. Revista Científica da FAMINAS, v. 10, n. 3, 2014.
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Além da situação descrita acima, não raras universo da língua portuguesa ao não aceitar
foram as situações embaraçosas que vivenciei que a norma tida como “padrão” seja uma das
junto aos meu grupo de alunos. A título de muitas variantes linguísticas e sim a única
ilustração, vale a pena mencionar as práticas variedade possível no uso do português. É
rotineiras do cotidiano diante das quais era verdade que precisamos conhecê-la e a
comum as crianças permanecerem atônitas escola encontra-se aí para nos ensinar e
quando eu socilitava que elas pusessem a orientar quanto ao uso da normal padrão.
lição no “birô” (mesa do professor); olhassem Sendo assim, nós professores, devemos
para o “quadro” (lousa da sala); pegassem o possibilitar aos alunos compreender a
papel de “ofício” (sulfite) distribuíssem a folha complexidade, as lógicas e as regras dos
de “pautado” (almaço); que fossem no armário fenômenos de cada variedade linguística em
pegar “brochinha” (grampo/percevejo). As seus aspectos sintáticos, fonéticos, lexicais
incompreensões prosseguiam quando eu e semânticos. No entanto, devemos sempre
lhes pedia uma “lapiseira” (apontador) e eles reconhecer que a língua portuguesa não varia
me davam uma espécie de “lápis”; ou ainda, só de país para país, mas também de região
quando eu solicitava um “grafite” (lápis) e para região, de um falante para o outro, ou
as crianças traziam um (refil da lapiseira). até mesmo da zona rural para a zona urbana,
Frente a tais incompreensões eles muitas conforme ilustração do seguimento abaixo:
vezes contestavam entre si: “A professora
pedi uma coisa e quando a gente Primeiro, no Brasil não se fala uma só língua.
Existem mais de duzentas línguas ainda faladas
vai dá, ela quer outra!” Alguns retrucavam: em diversos pontos do país pelos sobreviventes
“É que ela não sabe falar direito...fala das antigas nações indíginas. Além disso, muitas
tudo errado!” Em contrapartida, outros comunidades de imigrantes estrangeiros mântem
viva a língua de seus ancestrais: coreanos,
saiam em minha defesa e imediatamente japoneses, alemães, italianos etc. (BAGNO,
rebatiam: “É isso não! É que a professora 2004,p.18)
Gleice não é desse mundo não (São
Paulo), ela veio de outro mundo (Recife) Meu contanto inicial com os pais dos
pra cá! Por isso, que ela não sabe falar meus alunos também não se deu de forma
as palavras direito”. diferente. Quanto aos pais, a minha maior
surpresa foi quando fui chamada pela direção
Frente aos falas das crianças expostas, a da escola porque havia dito que uma aluna
anteriori, podemos dizer que cabe a escola estava “assanhada”. Na ocasião, indaguei de
desmtificar a tradição educacional de que imediato qual seria o problema em dizer a
existe uma língua que seja “una”, uniforme uma criança que voltava do recreio que ela
e homogênia. Ou seja, de que existe uma deveria ajeitar seu cabelo por encontrar-
unicidade linguística no Brasil e cuja ideia se “assanhada”? (cabelo “bagunçado”).
surge, conforme sabemos, apenas para negar A questão é que dizer que alguém está
a existência de uma pluralidade dentro do “assanhada”, conforme a compreeensão
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revelada pela mãe até aquele momento e gestores, alunos, pais, etc.). Devo confessar
de acordo com uma das definições trazida que já sentia um certo incômodo no dia a
pelo dicionário Houaiss (2012), é sugerir dia quando apenas conhecia o “depósito”
que alguém “porta-se revelando excitação, (recipiente para alimentos) e não o
às vezes sem compostura ou comedimento” “tupperware”; quando ouvia alguém chamar
(p.73). Apesar de afirmar ter compreendido uma criança de “moleque” que para mim
naquele contexto o uso do termo “assanhada”, soava como um desprestígio já que no meu
a mãe de minha aluna deixou evidente entender moleque era sinônimo de “menino
em sua fala sua insatisfação; bem como seu de rua”, “trombadinha”, “maloqueiro”.
preconceito ao pedir que eu aprendesse a Ou ainda, quando eu me sentia um
falar “certo”, “direito” – referindo-se a forma extraterrestre no supermercado à procura
habitual do falar da região a qual ela pertence de mantimentos, tais como: “charque” (carne
– região sudeste. Vê-se assim que: seca); “macaxeira” (mandiaca); “jerimum”
(abóbora)”; “pinha” (fruta do conde); “bolo
Cada um de nós, professor ou não, precisa elevar de rolo” (rocambole); “mandioca” (aipim). Não
o grau da própria autoestima linguística: recusar
com veemência os velhos argumentos que diferente era quando eu pedia um “confeito”
visem menosprezar o saber linguístico individual ou um “tabu” (picolé no saco).
de cada um de nós. Temos de nos impor como
falantes competentes de nossa línhua materna.
Parar de acreditar que “brasileiro não sabe O sentimento de embaraço acompanha
português”, que “português é muito difícil”, que também minha vida amorosa. Meu marido,
os habitantes da zona rural ou das classes sociais que há oito anos atrás era meu namorado, não
mais baixas “falam tudo errado.” Acionar nosso
senso crítico toda vez que nos depararmos com suportando a dificuldade de comunicação,
um comando paragramatical e saber filtrar as decidiu-se por comprar um dicionário no
informações realmente úteis, deixando de lado intuito de ajudá-lo a lidar com os nossos
(e denunciando, de preferência) as afirmações
preconceituosas, autoritárias e intolerantes desentedimentos linguísticos. Foi o que
(BAGNO, p.140, 2011). aconteceu em certa ocasião, quando após
o término da organização de um evento e
Se a princípio a minha preocupação antes do início do mesmo, ele pedi que eu lhe
em residir em São Paulo era voltada traga uma camiseta limpa, pois encontrava-
exclusivamente com a adaptação do clima se suado e não havia tempo hábil de voltar
já que eu conhecia a cidade de São Paulo em casa. Eu prontamente dirijo-me a sua
como “A TERRA DA GAROA”; logo descobri casa e solicito a minha sogra: “(...) O Osmar
que isto não se caracterizaria como um pediu para eu pegar uma blusa para ele!” Ela
problema, mas que ele surgiria mais tarde, indaga: “Uma blusa?” Eu confirmo: “Sim, uma
sobretudo, quando iniciei minha carreira blusa!” Lá chegando, percebo a ansiedade
docente e comecei a vivenciar situações do meu namorado em se trocar, pois o suor
embaraçosas ao me comunicar e intergir lhe escorria pelo rosto. Ao abrir a sacola ele
com a comunidade escolar (professores, dispara bravo: “Não acredito nisso!” Você
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trouxe uma blusa nesse calor? Eu pedi uma camiseta! Foi nesse momento que descobri que
“blusa” era uma espécie de vestimenta para o frio e que “camiseta” não era sinônimo de
“regata”, conforme imaginava. Os contantes desentendimentos se sucedem até hoje igual
quando perdemos o ônibus na madrugada em meio a uma discussão se o cobrador “trocaria”
ou “destrocaria” o dinheiro, mas isso já faz parte de outra história....
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das questões expostas, podemos afirmar que
as variações linguísticas, fruto das diferentes formas de
falar, podem ser decorrentes das variedades geográficas,
de gênero, socioecônomicas, etárias, urbanas, rurais,
culturais, idade, de nível de instrução, entre outros fatores.
Essa compreensão é de fundamental importância porque
ela significa que não há uma única forma de se expressar.
Existem inúmeras, e a que costuma ser considerada “correta”
é apenas uma das variantes linguísticas, qual seja: a variante GLEICE KELLY DE
padrão. No entanto, isso não significa que uma pessoa que SOUZA GUERRA
a desconheça fale errado, apenas fala diferente. Nessa
Gradução em Pedagogia
perpectiva, é importante que saibamos reconhecer que falar pela Universidade Federal de
diferente não significa falar errado; e que devemos sempre Pernambuco (2006); Mestre
respeitar a bagagem social e cultural que é reconhecida em Educação também pela
Universidade Federal de
através do “falar” de uma pessoa de modo que a língua não Pernambuco (2009); Porfessora
seja concebida como uma ferramenta de exclusão social, de Educação Infantil e Ensino
frente a qual os falantes urbanos mais letrados comumente Fundamental I pela Prefeitura
Municipal de Ensino de Caieiras
manifestam seu repúdio por meio de chacotas e de (2010 a 2012); e professora de
escárnios. Educação Infantil (2013 a 2017)
e de Educação Infantil e Ensino
Fundamental I (2015 a 2017) pela
É válido pontuar, entretanto, que apesar de muitas vezes também Prefeitura Municipal do
termos clareza teórica quanto a discussão que abarca a Ensino de São Paulo - PMSP.
mitologia do “Preconceito Linguístico” e que a superação Atualmente é Diretora de Escola
no CEU CEI Perus na rede
desses preconceitos é resultado de um trabalho lento, Municipal de Ensino de São Paulo
contínuo e profunda concientização, em muitas situações (2018 a 2019).
conflitantes e embaraçosas nas quais me encontrei foi
recorrente, à priori, me deparar com um sentimento de “inferioridade” de não pertencimento
ao grupo social no qual eu me encontrava inserida. Diante dessa situação, posso afirmar
que talvez esse tenha sido o sentimento mais aterrorizante que marcou negativamente,
sobretudo, minha carreria docente, pois eu apenas não estava me incomodando com o
preconceito que as pessoas estavam exercendo sobre mim; mas, sim punindo a me mesma
por na maioria das vezes não se encaixar nos padrões pré-estabelecidos socialmente.
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apesar das mudanças decorrentes das politícas oficiais de ensino, por exemplo. E, apesar
dos avanços no âmbito educacional, ainda hoje continua sendo um consenso entre muitas
pessoas de que “português é uma língua extremamente difícil”, ou que “nem todo mundo
sabe falar português corretamente”, ou ainda, que “a língua que falamos é toda errada”. A
verdade é que a variação linguística é contitutiva das línguas humanas e ela sempre
existiu e sempre existirá, independente de qualquer ação normativa que possa
existir. Assim sendo, nos resta o reconhecimento e a valorização da diversidade
cultural brasileira.
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REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália – Novela Sociolinguística. 13ª Edição. São Paulo,
Editora: contexto, 2004;
BAGNO; Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 54ª edição. São Paulo,
Editora: Loyola, 2011.
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Os jogos cooperativos costumam ser divertidos para todos, não existe o fracasso e o
sucesso, todos os jogadores participam de sentimento de vitória, o indivíduo aprende a
respeitar os sentimentos dos outros, e o desejo de a sua vitória, pois se acredita que todos
fazem parte de uma única equipe e o sucesso de um será o sucesso de todos. Desenvolvem
a autoconfiança e a integração do grupo, e dentro do jogo todos encontram o caminho para
crescer e desenvolver.
E preciso um mundo mais humano, onde se é necessário promover a cooperação de todos,
onde o desafio é a superação coletiva, para conseguir superar os obstáculos é preciso à
colaboração de todos e a habilidade de cada um.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode ser constatado neste artigo que inexiste a exclusão
quando se joga cooperativamente, pois a parceria se torna
solidária, valoriza a diferença, desenvolve a empatia e a
capacidade de operar para interesses coletivos, priorizando
a integridade de todos. Servindo, portanto, uma importante
ferramenta para transformar hábitos e minimizar resistências
às mudanças.
É preciso entender os jogos cooperativos como um exercício
de oposição à competição, à dominação, às injustiças e às
desigualdades nas relações sociais a que as pessoas estão HELEN DE ARRUDA
submetidas na sociedade considerada civilizada.
Graduação em Pedagogia pela
Faculdade Camilo Castelo
O jogo tem o grande poder de abrir novas portas, permite Branco (2009); Especialista em
a quem joga entrar em contato com um novo mundo, sendo Educação de Jovens e Adultos
pela Faculdade Campos Elíseos
extremamente importante na formação do comportamento. (2018); Professor de Educação
Podemos também, por meio do jogo, construir uma sociedade Infantil - na EMEI Marechal
mais humana, cooperativa e pacífica ou, ao contrário, tornar Osvaldo Cordeiro.
Por isso conclui-se que os Jogos Cooperativos desenvolvem o ser humano como um todo
e auxilia no processo de valorização do homem enquanto agente de transformação social
que para transformar o outro precisa se transformar, a partir da mudança de sua própria
vida. Transformar é acreditar que eu e todas as outras pessoas estamos construindo nossa
história, para que, no final de cada capítulo, nós possamos olhar para trás e rever o que já foi
construído, renovar forças e não ter medo do novo para continuar.
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REFERÊNCIAS
AMARAL, Jader Denicol do. Jogos Cooperativos. São Paulo: Phorte, 2007.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender – o resgate do jogo infantil. São Paulo:
Moderna, 1992.
SOLER, R.. Brincando e aprendendo com os jogos cooperativos. Rio de Janeiro: Sprint, 2006.
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MOMENTO DE ENCONTRO
Não que esteja “errado” esse tipo de
ENTRE A ARTE E A INFÂNCIA atividade, uma vez que esses desenhos
O desenho está presente em muitos também fazem parte do universo infantil,
momentos da nossa vida, principalmente na mas mostrar as crianças que existem outras
infância. Serve como forma de pensar, de maneiras de desenhar as coisas, os elementos
narrar, de planejar, de projetar, de inventar da natureza e as pessoas permite que elas
outros mundos, de organizar. As crianças encontrem “o seu jeito” de desenhar, o seu
ao desenharem, assim como os artistas, jeito de fazer arte, comenta a autora.
trazem imagens ao mundo, se expressam
constituindo uma linguagem. O desenho é Desse modo, a escola ao invés de priorizar
um jogo imaginativo, no qual é permitido a escrita em vez do desenho, com a chegada
experimentar vários caminhos. da alfabetização, ou em outras palavras,
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de perceber o trabalho de arte como uma coloca BARBIERI (2012), “as escolas de
preparação para a aprendizagem da escrita, educação infantil devem privilegiar a ação,
deve evitar esse rompimento. BARBIERI o movimento, para que as crianças sejam
comenta: potentes”.
Cada momento de investigação e pesquisa das Cabe a escola oferecer então condições
crianças é relevante e não deve ser considerado
simplesmente uma preparação para momentos para que a integração da criança com o
que virão, mas devem ser encarados como mundo ocorra de fato. Hoje as crianças são
experiências relevantes entre si. (2012, p. 97) sinestésicas e na escola ouvem muitos nãos de
modo mecânico e sem reflexão. O professor
Nesse encontro entre a arte e a infância, deve ter a humildade de compreender que
em que o desenho está presente como não se controlam as aprendizagens, nem as
elo de ligação, é possível ver os benefícios suas próprias, muito menos as dos outros.
dessa relação, pois ele contribui para o Deve ajudar a criança a se conhecer, conhecer
desenvolvimento de diversos aspectos em os chamados, assim como as necessidades e
adultos e, principalmente, nas crianças. desejos de seu corpo.
Exemplos como a capacidade de síntese ao
pensar e visualizar o que temos em mente, Na arte contemporânea existe um espaço
privilegiado para discutiras questões relativas
assim como, a capacidade de planejar, pois ao corpo. Muitas obras utilizam o corpo do
desenha-se o que se tem como objeto de artista e a percepção corpórea do espectador
construção e a capacidade de desenhar um como participantes de sua constituição. O corpo
também é espaço privilegiado para as crianças
trajeto em uma cidade que se quer conhecer pequenas. Para elas nada é mais natural do que
elucidam esse processo. experimentá-lo. (BARBIERI, 2012, p. 111)
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Ainda em sua obra, BARBIERI (2012) relata que todos os lugares são lugares de aprender,
cidades, florestas, quintais, territórios a serem investigados, com árvores, rios, clareiras,
praças e praias. Portanto a natureza é um manancial de possibilidades para a formação
estética, não só para as crianças, como para todos os seres humanos, segundo ela.
A natureza traz em si desafios físicos e estéticos que mobilizam as crianças a se aventurar. [...] Enfim um
universo de possibilidades a serem observadas e investigadas, a serem brincadas, que nos levam ao sentimento
de comunhão. Somos parte da natureza, e podemos e devemos nos religar a ela. (BARBIERI, 2012, p. 116)
Reforça ainda, que o contato com a natureza reconcilia a pessoa com o seu ser. O corpo
fica mais vivo e é chamado a restaurar a natureza que existe dentro de cada um e nos lugares
em que se vive.
Assim, sendo o professor fará toda a diferença se investir em seus projetos a natureza
presente na escola ou ao seu redor. Permitir que utilizem sua imaginação e materiais de
sua realidade, muitas vezes presentes na natureza pode contribuir para muitas atividades
artísticas que vão além de livros, filmes e outros materiais.
Pensar a arte e a infância integrada a natureza remete a uma reflexão maior, onde a
atividade desenvolvida é integradora e desafiadora, pois alimenta os sentidos e percepções
das crianças. E todo aprendizado aqui adquirido não se restringe às artes, mas ao contrário,
envolve outras áreas do conhecimento, como biologia, botânica, geologia, física. Como
afirma BARBIERI (2012):
Todas as experiências humanas são experiências de aprendizagem. O ser humano é único, inteiro. As
experiências não estão separadas em áreas e a natureza é uma ótima fonte de aprendizagem para a vida.
(BARBIERI, 2012, p. 127)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho procurou abordar da melhor maneira
possível a importância da Arte na infância, como explorar a
imaginação e a criatividade na educação infantil usufruindo-
se de espaços, materiais e vivências de modo a permitir a
criança o gosto pela investigação e experimentação.
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REFERÊNCIAS
BARBIERI, Stela. Interações: Onde está a Arte na Infância. São Paulo: Blucher, 2012.
BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Editora
34, 2009.
GUSMÃO, Celina. Interações: Diálogos entre o fazer e o olhar na arte. São Paulo: Blucher,
2012.
LÉVIS-STRAUSS, Claude. Tristes trópicos. São Paulo: Cia das Letras, 2004.
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Neste momento, distinções são feitas Segundo Ferreiro (1995) quanto melhor
entre alfabetização como parte da escrita um aluno escreve, melhor e mais ele lê. Ela
e leitura e alfabetização como uma forma argumentou que, ao aprender a melhorar
de pensar e falar. O foco principal da as habilidades de escrita, a leitura “também
alfabetização é como a leitura e a escrita se é ou até mais eficaz do que as atribuições
encaixam em contextos sociais e culturais. gramaticais ou práticas escritas adicionais”.
A pesquisa moderna examina como, quando Ferreiro também observou que estudos
e onde a leitura e a escrita são usadas, por usando exemplos literários são de grande
quem são usadas e com que finalidade. A benefício para o desenvolvimento de
maioria das publicações dedicadas à “escrita habilidades de escrita.
e leitura” as estudam a partir da posição de
sua importância para o desenvolvimento da Muitos cientistas contribuíram para o
alfabetização em geral. conceito da relação entre escrita e leitura,
analisando o envolvimento dos alunos em
tarefas, descrevendo a relação entre as duas
ALFABETIZAÇÃO atividades, com base nas funções pragmáticas
UMA APRENDIZAGEM de cada uma delas. Através de tentativas
de comunicação através da escrita e da
SIGNIFICATIVA leitura, os alunos gradualmente dominam os
Escrever e ler há muito tempo são símbolos e condições de uso da linguagem,
consideradas atividades relacionadas. Além estruturas mestras e estilo imitado. Ambas
de ouvir e falar, eles são considerados os as atividades influenciam o arco umas sobre
principais componentes de toda a estrutura as outras e sobre os resultados do processo
da linguagem. Muitos estudiosos acreditam de aprendizagem como um todo.
que a escrita e a leitura são caracterizadas
por um nível mais alto de conhecimento de
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carta analítica pessoal e uma carta analítica formal, eles descobriram que uma carta limitada
e bem dirigida pode impedir a compreensão de textos literários, porque tais tarefas não
permitem que os alunos estudem e desenvolvam cuidadosamente possíveis interpretações.
Ao mesmo tempo, escrever relatórios e textos sobre um tópico específico incentiva os alunos
a estudar várias fontes, analisar várias ideias e atitudes, pensar e formular seus próprios
pensamentos. Tudo isso significa que esses tipos de tarefas de escrita criam e desenvolvem
um vínculo entre texto e pensamento, o que significa que os alunos, juntamente com a
alfabetização, desenvolvem a capacidade de assimilar, analisar e reproduzir informações.
Assim, no processo de aprendizagem é a implementação de metas educacionais básicas.
Lerner descreve estudos que mostram como os alunos pensam e raciocinam, quando estão
envolvidos no estudo da literatura e como as interações na sala de aula podem acelerar o
desenvolvimento da alfabetização. Ela descobriu que atividades literárias que incentivam o
desenvolvimento do pensamento figurativo ensinam os alunos a trocar ideias com outras
pessoas. Uma variedade de tarefas literárias oferece aos alunos a oportunidade de aprender a
compreender e discutir as diferenças linguísticas e discursivas e, ao mesmo tempo, aprender
a alfabetização. Como membros da comunidade escolar os alunos aprendem a discutir, usar
e controlar os fenômenos e formas da linguagem. Participando de diversas atividades, eles
estão constantemente e simultaneamente envolvidos na escuta, discussão, leitura e escrita,
enquanto a leitura e a escrita são inseparáveis no tempo e no propósito de uso. Os dados de
observação demonstram que a escrita e a leitura estão interligadas e fazem parte de todo o
processo de desenvolvimento da alfabetização.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É claro que o processo de ensinar os alunos deve ser visto a
partir da perspectiva de como certas tarefas e trabalhos em grupo
afetarão vários aspectos do desenvolvimento da alfabetização
e a possibilidade de usá-los em novas situações. Também é
necessário prestar atenção às habilidades e conhecimentos
específicos que os alunos aprendem nessas situações, o apoio
adicional necessário, com base no conhecimento e necessidades
do aluno e como isso pode ajudar o aluno no desenvolvimento
da alfabetização. A aprendizagem deve abordar como a
diversidade pode ser aproveitada em grupos heterogêneos e
permitir que os alunos se beneficiem da compreensão mútua. JENNIFER CARVALHO
FOSTER
Outra área de pesquisa deve ser dedicada ao currículo. Em
Graduação em Pedagogia pela
primeiro lugar, é necessário decidir quais das competências Universidade do Grande ABC
e temas devem ser incluídos, e quais deles são excluídos e - UniABC (2008); Especialista
como devem ser relacionados uns aos outros. As ferramentas em Alfabetização e Letramento
pelas Faculdades Integradas
de aprendizagem e o uso da alfabetização estão mudando Campos Salles (2017); Professora
rapidamente na sociedade moderna, forçando-nos a revisar os de Educação Infantil e Ensino
programas que estão em a base da estrutura do curso e dando Fundamental I - na EMEF
Imperatriz Dona Amélia.
significado a todo o trabalho dos alunos.
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REFERÊNCIAS
AUSUBEL, D.P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes,
1982.
FERREIRO, Emília: e TABEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita> Artmed. Porto Alegre,
2008.
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LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed,
2002.
TAILLE, Y. de La et. al. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São
Paulo: Summus, 1992.
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DIDÁTICA E METODOLOGIA: UM
OLHAR SOBREMÚSICA E LUDICIDADE
NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
DE CRIANÇAS AUTISTAS
RESUMO: Ressaltar a importância da educação lúdica como forma de estimulação ao
desenvolvimento de crianças autistas, ou seja, por meio do uso de jogos, brinquedos e
musicalização. Pode-se contribuir para que as crianças com autismo se desenvolvam e se
socializem com outras pessoas. O Autismo pode ser considerado um transtorno global do
desenvolvimento (TGD) que compromete o desenvolvimento da criança, sobretudo interferindo
no desenvolvimento de áreas da comunicação, da imaginação e da sociabilização; mesmo com
os mais recentes estudos em relação ao autismo, é correto afirmar que ainda não há cura, o
que existe são tratamentos e terapias que minimizam as dificuldades, proporcionando um
bom desenvolvimento e uma melhor qualidade de vida, como por exemplo, por intermédio das
atividades lúdicas que propiciam a essas crianças um agir espontâneo e faz com que percebam
suas habilidades e consigam desenvolver muitas outras.
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Gauderiar (1987), salienta que as crianças [...] a colocação de limites de forma clara,
através de uma atitude diretiva por parte do
com autismo, apresentam dificuldade em educador, contribui para o desenvolvimento de
aprender a utilizar corretamente as palavras, maior organização e autonomia desta criança,
mas quando participam de um programa fortalecendo sua capacidade para adaptar-
se aos ambientes domésticos, comunitários,
intenso de aulas parecem ocorrer mudanças escolar, etc.[...] a rotina diária estruturada
“significativas nas habilidades de linguagem, oferece uma previsibilidade de acontecimentos,
motoras, interação social e a aprendizagem”. que permite situar a criança no espaço e no
tempo, onde organização de todo contexto
se torna uma referência para a sua segurança
Partindo disso a escola deve oportunizar interna, diminuindo assim os níveis de
estratégias que permitam a esse aluno o angústia, ansiedade, frustração e distúrbios do
comportamento. (BEREOHFF, 1993, p.15).
desenvolvimento dos conteúdos e a interação
com as demais atividades escolares.
Partindo disso a escola deve oportunizar
O conteúdo do programa de uma criança autista estratégias que permitam a esse aluno o
deve estar de acordo com seu potencial, de
acordo com sua idade e de acordo com o seu desenvolvimento dos conteúdos e a interação
interesse. Se a criança estiver executando com as demais atividades escolares.
uma atividade nova de maneira inadequada, é
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A criança autista que consegue obter um bom rendimento intelectual pode se tornar um
adulto independente. Os conteúdos trabalhados devem ser por intermédio da socialização
(SCHWARTZMAN & ASSUMPÇÃO, 1995).
Schwartzman & Assumpção (1995), afirmam ainda que algumas das crianças autistas
conseguem ajuda por meio de tratamentos medicamentosos. A participação de um psicólogo
é indispensável, inclusive para orientar a família e a escola.
Os objetivos da intervenção educacional dependerão do grau de comprometimento nas várias áreas de atuação.
Pacientes com prejuízos cognitivos importantes, os esforços deverão se dirigir deforma específica, no sentido
de se tentar a comunicação e a interação social, na redução de alterações comportamentais, na maximização
do aprendizado e independência nas atividades da vida cotidiana. Autistas com compreendimento intelectual
podem vir a chegar como adultos a ter uma vida independente. Autor traz em sua obra um esquema do
guia curricular, isto é, são conteúdo a serem trabalhados e objetivos a serem alcançados. Os conteúdos são:
socialização, comunicação, cuidados próprios, desenvolvimento cognitivo e motor. Os objetivos são: estimular
o desenvolvimento social e afetivo visando a participação ativa no grupo social; assimilar a linguagem e
desenvolver a compreensão de conteúdos verbais; escrever corretamente e usar a escrita como meio de
comunicação; desenvolver hábitos de vida diária e cuidados pessoais; estimular o desenvolvimento cognitivo
visando aprimorar a capacidade de resolver problemas na busca de uma melhor qualidade de vida e perceber
utilizar o próprio corpo; participar de atividades e competições.(SCHAWARTZMAN & ASSUMPÇÃO, 1995, p.
53).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar no autismo e no modo de como a criança autista
constrói seu conhecimento, nos revela várias questões que
perpassam o meio social e a forma como compreendemos o
mundo. A sociedade estabelece um padrão de indivíduo e tenta
enquadrá-los nesse padrão. Cada pessoa é um ser único dotado
de singularidades e potencialidades a serem descobertas. Assim, a
aprendizagem deve ser também diferenciada, configurada em um
ambiente estimulador, de interação com outros colegas, tornando-
os todos participativos. A ludicidade consegue favorecer essa
interação, no qual o aluno é um ser que descobre e constrói seus
conhecimentos. JORGE FERNANDO
INÁCIO
Para atender a criança autista, são necessários métodos e
Graduação em Letras pela
técnicas adaptadas para que a inclusão aconteça. Um planejamento Faculdade FAENAC – Faculdade
sistematizado em que as brincadeiras, jogos e música sejam Editora Nacional (2007); E
aplicados constantemente ajudando os alunos autistas a especialista em Ensino Superior;
Professor de Ensino Fundamental
reconhecerem o mundo ao seu redor que favoreça a interação II e Médio – Língua Inglesa na
entre os pares. Este trabalho confirmou a necessidade de um Rede Pública de Ensino – EMEF
ambiente lúdico não só para atender aos alunos com necessidades Vinícius de Moraes.
Ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que cada criança com desenvolvimento
atípico seja vista em sua singularidade e adquira autonomia. A escola é uma instituição formal que
deve promover orientações para as famílias a fim de garantir seus direitos e promover a independência
dos indivíduos com necessidades educativas especiais. Daí a importância do professor ressignificar a
sua prática docente, revisar suas concepções, pois está sempre a influenciar os alunos, uma prática
pedagógica reflexiva com vistas as especificidades do aluno. Elaborar aulas dinâmicas tendo o aluno
como foco norteador de suas ações.
É comprovada a importância do lúdico presente nas práticas pedagógicas na escola infantil, para o
desenvolvimento, aprendizagem, socialização e formação pessoal e social das crianças. É no brincar
que as crianças, tendo deficiência ou não, são incentivadas e estimuladas a aprender, propiciando
que tenham o conhecimento de suas próprias capacidades, a valorização do outro nas interações e
desenvolvimento da comunicação, enriquecendo o aprendizado e contribuindo com sua formação
pessoal e social
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REFERÊNCIAS
AMARAL, João J. F. Como fazer uma pesquisa bibliográfica. Ceará: Universidade Federal
do Ceará, 2007. 21 p. Disponível em :<http://200.17.137.109:8081/xiscanoe/courses1/
mentoring/tutoting/Como%20fazerpesquisa%bibliografica.pdf>. Acesso em: 29 de Março
de 2018.
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Palavras-Chave: Brinquedo;aprendizagem;construção;significado;criança.
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Misse e Bonadio (2004), o brincar deve ser um dos eixos da organização escolar: a sala de
aula fica mais enriquecida de desenvolvimento motor, intelectual e criativo da criança. Esse
fato se mostra ainda mais importante hodiernamente, tempo em que as crianças vivem mais
isoladas em seus apartamentos pequenos, onde os pais estão cada vez mais envolvidos com
seus trabalhos e raramente têm tempo para praticar alguma recreação.
A partir dos 7 anos de idade, a criança passa a ter um entendimento melhor sobre seguir
regras. Daí a importância de brincadeiras e jogos nos quais a
criança desenvolva estratégias para tomar decisões. Desse modo, as crianças interagem
socialmente, descobrindo que não são os únicos sujeitos envolvidos nas ações, desenvolvendo
a empatia e a capacidade de entender os objetivos de outras pessoas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A brincadeira revela-se como um instrumento de extrema
relevância para o desenvolvimento da criança. Sendo uma atividade
normal da fase infantil, merece atenção e envolvimento. A infância
é uma fase que marca a vida do indivíduo e o brincar nunca deve
ser deixado de lado, mas, pelo contrário, deve ser estimulado, já
que é responsável pelo auxílio nas evoluções psíquicas. Os estudos
de Vygotsky contribuíram para a construção de conhecimentos
imprescindíveis no desenvolvimento da aprendizagem, entendendo
que o brincar satisfaz certas necessidades da criança e que essas JOSIVAN JOSE DE
necessidades são distintas em cada fase do desenvolvimento OLIVEIRA SILVA
da criança, pois as mudanças decorrem ao longo do processo
Graduação em Filosofia pela
de maturação. Com isso, o brincar toma novos contornos, Universidade Bandeirantes de
modificando-se, também, para atender às necessidades que irão São Paulo (2011);Graduação em
surgindo no contexto do desenvolvimento infantil . O crescimento Artes Visuais pela Universidade
Metropolitana de Santos (2014)
da criança vai evidenciar que, por meio do brinquedo, ela liberta seu Especialista em Psicopedagogia
pensamento para que não fique estritamente ligado aos estímulos Clínica e Institucional, e
perceptuais. Ela consegue imaginar uma situação, desligando-se Pedagogia, pela Faculdade de
Morro Agudo.(2014); Professor
do mundo material, concreto do qual tem contato, desenvolvendo de Ensino Fundamental II - Artes,
assim capacidade de se desprender do real significado do objeto, e Orientador de Ensino Integral
(da madeira, por exemplo), podendo imaginá-lo como um boneco. - na EMEF Senador Milton
Campos., Professor de Educação
Nesse momento, o pedaço de madeira passa a ter outro sentido, Básica – Filosofia - na E.E Dr.
indo além do seu aspecto e significado concreto. A relação entre Ubaldo Costa Leite
o desenvolvimento, o brincar e a mediação são primordiais para a
construção de novas aprendizagens. Existe uma estreita vinculação entre as atividades lúdicas e as
funções psíquicas superiores, assim pode-se afirmar a sua relevância sócio-cognitiva para a educação
infantil. As atividades lúdicas podem ser o melhor caminho de interação entre os adultos/criança, e
crianças x crianças a fim de gerar novas formas de desenvolvimento e de reconstrução de conhecimento.
Enfim, a brincadeira é sinônimo de aprendizagens, mas cabe ao adulto potencializar em igual medida
experiências que impliquem em interações das crianças com os mais distintos conhecimentos e bens
culturais.
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REFERÊNCIAS
ABERASTURY, Arminda. A criança e seus jogos. Petrópolis: Vozes, 1972.
AMPARO, Deise; PEREIRA, Maria Ângela; ALMEIDA, Sandra. O brincar e suas relações com
o desenvolvimento. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 24, n. 45, p. 15-24, abr./jun. 2006.
FERREIRA, Carolina; MISSE, Cristina; BONADIO, Sueli. Brincar na educação infantil é coisa
séria. Akrópolis, Umuarama, v. 12, n. 4, p. 222-223, out./dez. 2004.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1998
SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedo e infância: um guia para pais e educadores. Rio
de Janeiro: Vozes, 1999.
WAJSHOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995. WINNICOTT, D.W. O
Brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975
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associação de duas “dimensões”, uma que é por meio de ações reflexivas, já que seu
a dos conteúdos específicos e outra é a dos maior desafio é formar o cidadão capaz de
métodos, a fórmula da intervenção docente atuar na sociedade, exercendo seus deveres
resume-se em “ensino algo de alguma forma”. e direitos com autonomia.
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Esteve (1995) discorre sobre mudanças no processo de formação inicial para diminuir o
problema, sendo uma delas modificar a abordagem normativa para abordagem descritiva na
formação inicial. As abordagens descritivas consideram que o sucesso do professor depende
de um conjunto de acontecimentos que influenciam a relação professor-aluno. Nesse caso,
a culpa de fracasso não é exclusiva do professor, é uma falha no processo, não em sua
personalidade como alguns acabam acreditando.
Como defendido anteriormente por Aquino (1996) e também por Vasconcelos (2001), “a
indisciplina é o pesadelo de muitos professores, estando comumente relacionado a agitação
e o barulho, mas também o silêncio pode caracteriza-la. Ela causa transtornos a aula e deve
ser controlada pelo docente imediatamente para não agravar a situação e ter uma desordem
generalizada na sala”.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme as pesquisas bibliográficas realizadas, vimos
que a escola, na atualidade, tem enfrentado um grande
obstáculo para o andamento e desenvolvimento das práticas
escolares, em face dos índices crescentes de indisciplina. Isso
acontece porque a escola é um sistema aberto em interação
com o meio e não está imune às tensões e desequilíbrios da
sociedade que a envolve.
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REFERÊNCIAS
AQUINO, Julio Groppa. Ind: Ver. Fac.educ.24 . São Paulo jul/dez.1998. A indisciplina e a
escola atual.
D’ANTOLA, Arlete. Disciplina democrática na escola. Ind: D’ANTOLA, Arlete (org) Disciplina
na escola. São Paulo E.P.U, 1989.
DE LA TAILLE, Yves. Limites: três dimensões educacionais. 3 ed. São Paulo : Atica, 2001.
OLIVEIRA, Renato José e MAZZOTTI, Tarso Bonilha, Ciência(s) da educação. 1 ed. Rio de
Janeiro: DP7EDITORA, 2000.
PIAGET, Jean. O Julgamento moral na criança. São Paulo, editora Mestre Jou, 1997.
500
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INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NO
PROCESSO DE APRENDIZADO
RESUMO: O objetivo desse trabalho visa em trazer a discussão à importância do conhecimento
a respeito da aprendizagem de cada criança, e o que a motiva no decorrer do processo de
ensino-aprendizagem. Pois, cada um aprende de forma diferente do outro, em decorrência de
suas inteligências. Assim, vem a ser de competência do professor o conhecimento de teorias
que venham a facilitar o seu trabalho cotidiano. A escola deve cuidar e ampliar as dimensões
dos conteúdos dos componentes curriculares, incluindo o estimular das inteligências. Nesse
contexto ressalta-se que o foco central vem a ser a teoria das “Inteligências Múltiplas de
Howard Gardner”, a qual vem a ser uma alternativa plausível, tornando todo o processo de
aprendizagem eficaz, possibilitando ao docente verificar os avanços ou não de seus alunos,
podendo assim alternar ou modificar a sua metodologia de trabalho, a fim de facilitar a
aquisição de novos conhecimentos bem como na ampliação dos pré-existentes, auxiliando o
aluno a ser o construtor de o seu próprio saber. Destacando-se, também, que a teoria é uma
alternativa de conceito de inteligências como uma capacidade que permite um desempenho
maior ou menor em qualquer área de atuação do indivíduo. Para atingir os pressupostos, a
metodologia adotada foi a de revisão bibliográfica de autores que elucidam o assunto de
forma clara e concisa.
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cultural que cada área do conhecimento tem Outro fator relevante destacado nos
seu sistema simbólico próprio, sendo que inscritos no Portal Educação (s/d) vem a ser
cada sociedade desenvolve competências, que o conceito de cultura é central na Teoria
valorizadas culturalmente para sua realidade. das Inteligências Múltiplas. A definição
de inteligência como a habilidade para
Nesse sentido, as habilidades humanas resolver problemas ou criar produtos, que
não são organizadas de forma horizontal, são significativos em um ou mais ambientes
mas sim, verticalmente: por isso, ao invés culturais, sugere que alguns talentos somente
de haver uma faculdade mental geral, como se desenvolvem porque são valorizados
a memória existe formas independentes de pelo ambiente. Para Gardner, cada cultura
percepção, memória e aprendizado, em cada valoriza certos talentos, que são passados
área do conhecimento. (GAMA, 1999 apud para a geração seguinte.
PORTAL EDUCAÇÃO, 2013)
O domínio, ou inteligência, são sequências
Portanto, as crianças têm mentes muito de estágios: enquanto todos os indivíduos
diferentes umas das outras, elas possuem normais possuem os estágios mais básicos
forças e fraquezas diferentes, e é um erro em todas as inteligências, os estágios mais
pensar que existe uma única inteligência sofisticados dependem de maior trabalho ou
em torno da qual tudo pode ser comparado. aprendizado.
Para Gardner, nossa inteligência é complexa
demais para que os testes comuns sejam Nessa nuance, cita-se Oliveira (2018) que
capazes de medi-la. (PORTAL EDUCAÇÃO, em seus registros vem a retratar que para
s/d) Gardner (1995) o ser humano tem muitos
tipos de inteligência, assim se deve afastar
Ainda conforme os inscritos no referido totalmente dos testes e das correlações entre
site, para Gardner, todos os indivíduos, em eles, observar as fontes de informações mais
princípio, têm a habilidade de questionar naturalistas a respeito de como as pessoas
e procurar respostas usando todas as e o mundo se desenvolve capacidades
inteligências. Todos os indivíduos possuem importantes para seu modo de vida.
como parte de sua bagagem genética, certas
habilidades básicas em todas as inteligências. Ainda conforme o teórico, citado por
A linha de desenvolvimento de cada Oliveira (2018), vem a ser importante que
inteligência, no entanto, será determinada se tire o maior proveito das habilidades
tanto por fatores genéticos e neurobiológicos individuais, auxiliando o aluno a desenvolver
quanto por condições ambientais. Cada uma suas capacidades intelectuais, e, para tanto,
destas inteligências tem sua forma própria ao invés de usar a avaliação apenas como
de pensamento, ou de processamento de uma maneira de classificar, aprovar ou
informações, além de seu sistema simbólico. reprovar, esta deve ser usada para informar
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A saber, que os interesses dos alunos e habilidades são diferentes em cada indivíduo, em
sala de aula também se deve relevar esses fatos, percebendo que os alunos aprendem de
forma diferente e em momentos diferentes constroem seu aprendizado. Ele tem maior ou
menor afinidade com as áreas do saber, de acordo com seu tipo de inteligência. (MOREIRA,
s/d)
Nesse sentido Moreira (s/d) vem a ressaltar que: “O professor pode tranquilizar esse aluno
para que ele não se acanhe com determinada falha na área desse conhecimento. Muitas
vezes o aluno se sente frustrado e acanhado, achando que ele é o problema e isso não é
verdade”.
Em continuidade o autor vem a destacar em seus inscritos que caso o docente ter
conhecimento das inteligências múltiplas e os seus vários tipos, poderá conversar com esse
aluno e mostrar que é perfeitamente normal gostar de determinadas áreas do saber e sentir
mais dificuldade em outras. Exemplo: Se esse aluno gosta de exatas, vamos verificar que ele
possui alguma dificuldade, maior ou menor, sem prejuízo de sua formação, em outras áreas.
Nesse sentido pode-se destacar que esse fato vem a ser perfeitamente normal, assim
pode-se auxiliá-lo na construção desses conhecimentos, adequando às metodologias de
ensino, o apoiando e auxiliando em sanar suas dificuldades.
O ser humano é diferente por isso nos tornamos especiais e diferentes dos animais.
Direcionamo-nos no saber, de acordo com nossas habilidades e competências e seremos
úteis e produtivos na sociedade seguindo nossas habilidades inatas. Caso contrário esses
alunos serão infelizes nas áreas de trabalho que irão executar. (MOREIRA, s/d)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer da elaboração desse artigo, possibilitou
verificar a importância da teoria das Inteligências Múltiplas,
pois possibilita, por parte dos docentes a compreender
melhor como uma criança realiza a sua aprendizagem, por
meio de suas subjetividades.
Assim, conclui-se que trabalhar com a teoria das Inteligências Múltiplas de forma a auxiliar
os alunos na construção do seu próprio saber, vem a ser de suma importância no decorrer
do processo de ensino-aprendizagem, pois não é apenas o ensinar ou aprender, é ir além
do imaginável, é possibilitar que um ser humano externe todas as habilidades, aptidões e
conhecimentos no decorrer de sua formação e desenvolvimento.
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REFERÊNCIAS
CAMPBELL, Linda; CAMPBELL, Bruce; DICKINSON, Dee. Ensino e Aprendizagem por meio
das Inteligências Múltiplas. 2ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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A PSICOMOTRICIDADE E A AFETIVIDADE
FAVORECENDO A APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: O presente artigo tem como finalidade analisar a importância da afetividade
como estimulação psicomotora na criança na Educação Infantil. A intenção é conhecer e
compreender a importância da Psicomotricidade, particularmente da Relacional, como
promotora da interação do indivíduo com o meio em que vive, favorecendo sua estrutura
corporal e construindo sua personalidade em busca de autonomia intelectual e afetiva.
Mediante Revisão Bibliográfica foi possível averiguar que o desenvolvimento do ser humano
depende de vários fatores, sendo a afetividade o primordial e tão importante quanto à
inteligência. Na aprendizagem estão envolvidos os aspectos cognitivos, biológicos, motores,
afetivos e emocionais, que funcionam de forma inter-relacionada, e ocorrerá, à medida em
que essas funções estiverem em harmonia. Sem a afetividade não há relação possível entre
educadores e educandos, não há comunicação eficiente, não há motivação para aprender
o que precisa e pode ser ensinado. A Psicomotricidade Relacional dá essa possibilidade, de
maneira lúdica, de entender quais as reais necessidades relacionais e afetivas das crianças
oportunizando espaços para que elas sejam trabalhadas e melhor desenvolvidas, tanto
individual quanto socialmente.
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Segundo Vilar (2019), somente no século De acordo com Wallon (1995, p. 18),
XIX o corpo começou a ser estudado, Psicomotricidade “é a relação entre
primeiramente, por neurologistas, em Motricidade e a Inteligência permitindo
virtude da necessidade de compreensão relacionar o movimento ao afeto, à emoção,
das estruturas cerebrais e, em seguida, por ao ambiente e aos hábitos da criança”.
psiquiatras, para esclarecimento de fatores
patológicos. Conforme Gesell (2003), as primeiras
evidências de um desenvolvimento mental
Alguns estudiosos no campo neurológico, normal não são mais que manifestações
psiquiátrico e neuropsiquiátrico conferiram motoras. Durante toda a primeira infância
ao corpo significações psicológicas até os 3 anos de idade, a inteligência é
superiores. Contudo, é no campo patológico a função imediata do desenvolvimento
que surge o termo “Psicomotricidade”, neuromuscular.
conforme será visto a seguir.
A Psicomotricidade consiste numa
Alguns autores, como Pierre Vayer (1986), ciência relativamente recente que, por ter
dizem que a educação psicomotora é uma o ser humano como seu objeto de estudo,
ação pedagógica e psicológica que faz uso da abrange diversas outras áreas: educacionais,
educação física com o objetivo de melhorar pedagógicas e de saúde (BUENO, 1998).
o comportamento da criança.
Consoante Bueno (1998), o movimento
Ela não deve ser vista apenas como uma é o principal componente no crescimento
técnica cinestésica ou de educação física, e no desenvolvimento da criança. Toda
pois, o corpo vai além de um conjunto de ação está relacionada a um movimento e
músculos. Com fundamentos na relação todo movimento envolve uma ação e um
mútua entre o desenvolvimento cognitivo significado. Mesmo nas fases iniciais da
com o motor, a psicomotricidade é a criança, como a dos movimentos reflexos, ou
compreensão do corpo na sua totalidade, o seja, realizados instintivamente, é necessário
ser no mundo em todas as suas dimensões. que um estímulo origine essa ação.
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Singer (1980 apud BRAGA; BRAIIDE, 2019) Coste (1997, p. 39) afirma que, para a
acredita que as crianças não acompanham as psicomotricidade, “o ser humano é o seu
mesmas experiências de acordo com a idade, corpo”. Assim sendo, é necessário atuar
mas de acordo com o que chama de estágios nesse corpo.
de desenvolvimento. Gallahue (2001) dividiu
as fases do desenvolvimento motor em Para que um indivíduo se expresse
movimento reflexo, movimento rudimentar, enquanto corpo que realiza de modo mais
movimento fundamental e movimento livre seus próprios desejos, é necessário
relacionado ao esporte. que ele cresça não em sua individualidade
absoluta, mas em suas relações com os
A bibliografia consultada permitiu outros e o mundo (COSTE, 1997, p. 39).
perceber que existem diversas definições a
respeito do conceito de psicomotricidade e Para Velasco (1994, p. 27), “a partir
seu estudo é recente. Na linha de evolução do momento em que estamos vivos, que
da psicomotricidade, no início, a sua noção existimos, somos seres psicomotores”.
se fixou, sobretudo, no desenvolvimento
motor da criança. Apenas posteriormente Conforme afirma Silva (2005), na infância,
foi estudada a relação entre o atraso do a psicomotricidade é primordial para o
desenvolvimento motor e o atraso intelectual desenvolvimento e aprendizagem da criança.
da criança. “O corpo é nosso universo particular. Nele nos
movemos, sentimos, agimos, percebemos e
Nesse sentido, despontaram várias descobrimos novos universos” (SILVA, 2005,
pesquisas acerca do desenvolvimento da p. 37). Tudo está devidamente gravado nesse
habilidade manual e de aptidões motoras corpo, e é na infância que se determina de
em virtude da idade até se chegar à posição quem ficou bem gravado e de quem nem
atual da psicomotricidade: ultrapassar os tanto.
problemas motores e trabalhar também
a relação entre o gesto e a afetividade e a Aprender, movimentar, sentir esse universo
qualidade de comunicação por intermédio e compartilhar com outros, será determinante
dos mesmos (BUENO 1998). na estruturação desse indivíduo que está
sendo constituído, e tudo isso respeitando
O desenvolvimento psicomotor ocorre as limitações de cada pessoa, visto que o
num processo conjunto de todos os aspectos: processo de desenvolvimento não é igual
motor, intelectual, emocional e expressivo, pra todos. A psicomotricidade auxilia esse
dividindo-se em duas fases: primeira infância universo a se descobrir por inteiro, por meio
(0 a 3 anos) e segunda infância (3 a 7 anos), da estimulação e exploração concreta do
completando-se maturacionalmente em mundo (SILVA, 2005).
torno dos 8 anos de idade (LAPIERRE 1984).
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Do mesmo modo que Bueno (1998), e pelo outro), nos progressos da atividade
também se acredita que a psicomotricidade de relação são encarados, conforme Wallon,
caminha para sua própria identidade e a como processos básicos de intervenção
clareza de atuação dos seus profissionais psicomotora. A importância da atividade
determinará o seu percurso e sua intelectual é eminentemente defendida na
concretização. perspectiva do desenvolvimento da criança
com os célebres estádios wallonianos:
Consoante Lapierre e Le Boulch (apud impulsivo tônico-emocional, sensório-
OLIVEIRA, 2001), a educação psicomotora motor, projetivo e personalístico. Wallon
precisa ser uma formação de base é o principal responsável pelo nascimento
indispensável a toda criança. Na visão de do movimento reeducação psicomotora,
Oliveira (2001), o movimento é um suporte posteriormente conduzido por Ajuriaguerra
que auxilia a criança a obter o conhecimento (GALVANI, 2002).
do mundo à sua volta por meio de seu corpo,
de suas percepções e sensações. Ainda para À luz de Wallon e de Ajuriaguerra, a
Oliveira, a psicomotricidade se propõe a psicomotricidade concebe os determinantes
possibilitar ao ser humano “sentir-se bem biológicos e culturais do desenvolvimento da
na sua pele”, permitir que se assuma como criança como dialéticos e não como redutíveis
realidade corporal, possibilitando-lhe a livre uns aos outros. Daí a sua importância
expressão de seu ser; visto que, o sujeito não para elaborar uma teoria psicológica que
é constituído de uma só vez, mas se constrói, estabeleça relações entre o comportamento
progressivamente, por meio da interação e o desenvolvimento da pessoa e a maturação
com o meio e de suas próprias realizações e do seu sistema nervoso, pois, só assim é
a psicomotricidade desempenha aí um papel possível construir estratégias educativas,
primordial. terapêuticas e reabilitativas adequadas às
necessidades específicas de cada educando
COMO A (GALVANI, 2002).
PSICOMOTRICIDADE ATUA
O conceito de Psicomotricidade ganha
NAS RELAÇÕES HUMANAS assim, uma expressão significativa, uma vez
De acordo com Galvani (2002), Henri que traduz a solidariedade profunda e original
Wallon contribuiu muito com o seu trabalho entre a atividade psíquica e a atividade
sobre o tônus e a emoção no campo do motora. O movimento é equacionado como
desenvolvimento psicológico da criança. parte integrante do comportamento. A
Psicomotricidade é hoje concebida como a
O papel da função tônica (sobre o qual integração superior da motricidade, produto
repousam as atividades e os alicerces da vida de uma relação inteligível entre a criança e
mental) e da emoção (como meio de ação sobre meio, e instrumento privilegiado por meio do
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Para tanto, a PR faz uso de jogos e Portanto, a PR é uma prática que possibilita
brincadeiras, pois, são práticas que fazem a libertação do desejo e do prazer de ser, de
com que o corpo participe em todos os seus se comunicar, de estar vivo!
aspectos, enfatizando a comunicação não-
verbal, propondo situações que conduzam A fim de se tornar um profissional de
a expressar atitudes desencadeadas por Psicomotricidade Relacional é preciso
sentimentos muitas vezes reprimidos ou cursar uma Formação Especializada, que
inconscientes (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE, precisa ser lecionada por profissionais
2005). adequadamente preparados e reconhecidos
para desempenharem tal função (BATISTA,
Conforme Vieira, Batista e Lapierre 2019).
(2005), o foco da PR é o ser humano em
seus aspectos psicossociais e afetivos, A PR pode ser exercida na área escolar,
buscando compreender os diversos níveis de clínica e empresarial, com crianças,
comunicação corporal por meio de atividades adolescentes e adultos. Dá-se em grupo e é
lúdicas, considerando seu desenvolvimento por meio de jogos e brincadeiras que surgem
psicomotor e sócio histórico, com o intuito situações de jogo simbólico, no qual os
de atender às necessidades de indivíduo, nas indivíduos exprimem de modo autêntico seus
questões psicológicas, motoras e emocionais sentimentos. Assim, pode ser considerada
que, conjuntamente, afetam de modo direto como um recurso de trabalho revolucionário,
o desenvolvimento da personalidade. por sua forma de compreender e trabalhar
as relações e o desenvolvimento humano
Para os autores, a Psicomotricidade (BARBOSA, 2019).
Relacional consiste numa “psicomotricidade
que tem por objetivo favorecer a qualidade da Na perspectiva da instituição escolar, é
relação afetiva, a disponibilidade tônica, em possível afirmar que a finalidade central da
que o corpo e a motricidade são abordados PR é favorecer o desenvolvimento global
como unidade e totalidade do ser” (p. 110). dos educandos, abarcando as dimensões:
cognitiva, social, psicoafetiva e psicomotora
A prática da PR na escola disponibiliza um (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE, 2005).
tempo e um espaço para que o sujeito vivencie
seus medos, anseios, fantasias, agressividade, Nos dias atuais, a educação vivencia
criatividade, limites, desculpabilize a relação um período de transformação de seus
com o adulto, socialização, poder, prazer paradigmas. Inúmeros pesquisadores têm
no brincar, simbolismo, aspectos motores, reconhecido que não é mais possível que a
espontaneidade, autoestima, entre outros escola se limite apenas à transmissão dos
(COSTALLAT, 2012). conhecimentos socialmente construídos. É
preciso buscar também a formação de valores
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geralmente, esses objetos trazem ideias no dia-a-dia que não são compreendidas
definidas, com ideologias já elaboradas para por elas e, assim, colocam-se em situações
guiar o imaginário infantil. diversificadas com o intuito de compreendê-
las transformando os processos mais básicos
Conforme o Referencial Curricular de pensamentos em processos superiores. Em
Nacional - RECNEI (BRASIL, 1998), no sessões de psicomotricidade relacional, pode-
desenvolvimento infantil, a criança precisa se observar com facilidade esse jogo simbólico
brincar, ter prazer e alegria para crescer, ou faz de conta (BRASIL 1998).
precisa de atividades lúdicas como forma de
equilíbrio entre ela e o mundo. É por meio do Conforme Falkenbach (2003), para
lúdico que a criança se desenvolve. os objetivos dos fundamentos da
psicomotricidade, de um modo geral, a
Consoante Serapião (2004), a infância é psicomotricidade está subdividida em três
caracterizada por concentrar as aquisições grandes vertentes: a reeducação, a terapia,
essenciais para o desenvolvimento humano, e a educação. A primeira vertente se refere à
uma vez que é nesse estágio da vida que o soma do movimento, ao passo que a segunda
sujeito forma a base motora para a realização se preocupa com a psique do movimento. Já
de movimento mais complexo no futuro. a terceira vertente está orientada para a área
da Educação, sendo importante compreender
Ainda segundo o RECNEI, o brincar é que ela também possui uma divisão em
considerado o ato motor que as pessoas duas correntes principais: Psicomotricidade
realizam de modo consciente ou não, à Funcional e a Psicomotricidade Relacional.
procura de prazer. Brincar consiste na melhor
maneira de aprender, visto que brincando a Neste trabalho, utiliza-se a
criança desenvolve três pilares essenciais: o Psicomotricidade Relacional por se tratar
psíquico, o motor e o cognitivo, que lhe irá de um processo mais espontâneo por parte
assegurar um crescimento saudável e pleno dos envolvidos. Esse procedimento consiste
(BRASIL, 1998). em atividades mais livres que possui
modelos diversificados. Os indivíduos são
O RECNEI ainda afirma que, o trabalho livres, o que permite o desenvolvimento
fundamentado na ação do brincar possibilita da criatividade e da interatividade entre os
influenciar, por meio das observações seletivas alunos, constituindo um espaço que permita
efetuadas, nas construções de aprendizagens que os estudantes transfiram situações de
das crianças. A capacidade de imitação conflitos do mundo real para o imaginário
realizada pelas crianças indica a evolução da assumindo diferentes papéis e atitudes
capacidade perceptiva e do desenvolvimento assimilando a realidade. O educador não é
do pensamento. Valendo-se da imitação, o centro da atividade e sim um facilitador da
as crianças representam ações observadas mesma (FALKENBACH, 2003).
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De acordo com Negrine (1995), na PR, Nessa direção, os objetos também têm sua
o mais importante é trabalhar com o que a função relacional, fornecendo oportunidade
criança tem de positivo, o que ela sabe fazer, por meio do movimento, da relação com o
e não se preocupar com o que ela não sabe. outro. “Frequentemente, o objeto funciona
Muitos estudiosos acreditam que o melhor como facilitador das relações, sendo usado
método para auxiliar uma criança a superar como objeto relacional” (VIEIRA; BATISTA;
suas dificuldades é conseguir que ela esqueça LAPIERRE, 2005, p. 61).
suas inabilidades (NEGRINE, 1995, p. 58).
Todavia, na PR, o principal material
Para Rocha e Lírio (2019), analisando o ser utilizado nas sessões é o próprio corpo. Os
humano como um todo, a psicomotricidade demais materiais, na maior parte das vezes,
relacional é a mais apropriada. No entanto, servem apenas como forma de aproximação
em alguns momentos das aulas de educação para estabelecer vínculos (BARBOSA, 2019).
física, a psicomotricidade funcional serve
como alicerce para o aprimoramento de Ao relacionar o corpo como objeto, Vieira,
algumas habilidades específicas, isto é, irá Batista e Lapierre (2005, p. 68), alegam que:
depender dos objetivos que o educador
pretende atingir. Na opinião dos autores, O corpo do outro também funciona como
ambas devem ser trabalhadas dentro da objeto, pois brincar com o próprio corpo e
escola, visto que se complementam e com o corpo do outro é algo muito primitivo
aprimoram o trabalho do educador. que pode remeter ao comportamento
dos animais pela aproximação, simulação,
Nesse sentido, a PR recupera a liberdade entrosamento, ambivalência de agressão e
de criar algo por meio dos objetos, do espaço de acordo, gerando uma brincadeira corporal
e do corpo. Nas sessões são utilizados alguns conhecida como ‘regressão filogenética’.
materiais tradicionais, simples e que podem
ser explorados e manipulados pela criança, O corpo que brinca, troca, socializa,
proporcionando incontáveis possibilidades coopera, constrói, emociona-se, grita, fica
de jogo sensório motor e simbólico ansioso, aliviado, sente e ressente o prazer de
(BARBOSA, 2019). se exprimir por meio do jogo livre e simbólico;
passa a se comunicar com autenticidade e
Conforme Barbosa (2019), a forma liberdade. Na opinião de Almeida (2006, p.
de utilização desses materiais é que vai 41), “reconhecer o próprio corpo é a melhor
assegurar a liberdade de expressão por meio forma de encontrar o outro”.
do jogo livre, sendo mediado pelo adulto
que, inserido no grupo, brinca como parceiro Consoante Rocha e Lírio (2019), encontrar
simbólico imerso no mundo e na fantasia o outro numa relação mais autêntica e
juntamente com a criança. humanizada é um dos maiores desejos do
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste trabalho, verificou-se que a Psicomotricidade
pode contribuir para o desenvolvimento integral da criança,
oferecendo oportunidades para que sejam autônomos,
críticos, questionadores e capazes de cooperar.
Ao final, espera-se que seja construído um entendimento cada vez mais claro dos benefícios
da Psicomotricidade Relacional no corpo que abriga a afetividade.
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É importante entender que o aluno pensa e sente, assim como intui, deduz... interage com
e apreende o mundo por meio do sentir e do pensar. Entende-se que uma nova postura do
educador precisa ser a que trabalha com esse sujeito do modo como ele realmente entende
o mundo: integralmente e não em partes. É uma postura em que se trabalha conjuntamente
o sentimento e o pensamento, a emoção e a razão, evidenciando o quanto as estruturas
cognitivas são irrigadas pelos componentes emocionais.
Fazendo uso de um espaço, mesmo restrito, com materiais já existentes na escola e tendo
o corpo como principal objeto, é possível desenvolver um trabalho de psicomotricidade
relacional na escola com resultados satisfatórios para todo o grupo.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. R. S. A emoção na sala de aula. 4ª. ed. Campinas: Papirus, 2004.
ALVES, F. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 5ª ed. Rio de Janeiro: Wak, 2012.
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GESELL, A. L. A criança dos 0 aos 5 anos. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
SERAPIÃO; J. de A: Educação inclusiva, jogos para o ensino de conceitos. São Paulo: Papirus,
2004.
VAYER, P. O Diálogo Corporal – a ação educativa para a criança de 2 a 5 anos. São Paulo:
Manole, 1986.
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A RELEVÂNCIA DA LEITURA
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este artigo apresenta uma reflexão sobre a importância da leitura na Educação
Infantil. Inicia-se com o estudo da prática educativa na perspectiva tradicional, passando
pela teoria construtivista e sócio- interacionista. Em seguida, aborda porque é fundamental
escolher bons textos para se trabalhar com as crianças e posteriormente dá algumas sugestões
de como trabalhar a leitura na sala de aula, dando a essa prática a ênfase que ela merece.
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novos conhecimentos.
Quanto ao processo de alfabetização,
Com o sócio interacionismo, cujo grande diferentemente do que se pensava no ensino
referencial é Lev Semenovitch Vygotsky, tradicional, Emília Ferreiro faz a seguinte
psicólogo que estudou especialmente a consideração.
O desenvolvimento da alfabetização ocorre,
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sem dúvida, em um ambiente social. Mas as linguagem oral e escrita, amplia seu vocabulário
práticas sociais, assim como as informações e principalmente aprende a procurar, nos livros,
sociais, não são recebidas passivamente pelas novas histórias para o seu entretenimento.
crianças. Quando tentam compreender, elas (Barcellos & Neves, 1995, p.18).
necessariamente transformam o conteúdo
recebido (Ferreiro, 1992, p.24).
Quando a leitura é introduzida nas aulas
Dessa forma, entende-se que a concepção de maneira instigante, faz com que os
de criança e aprendizagem foi mudando ao alunos sintam vontade de participar desse
longo do tempo, sendo necessário adequar momento, facilitando o processo de ensino-
às práticas docentes a essa realidade, logo, aprendizagem.
no caso da leitura é importante que os textos
lidos em sala, façam sentido para a criança, É lendo que nos tornamos leitores e não
aprendendo primeiro para poder ler depois: não é
despertem seu interesse e curiosidade pela legítima instaurar uma defasagem nem no tempo,
prática da mesma. nem na natureza da atividade entre “aprender a
ler” e “ler”... não se ensina a ler com a nossa ajuda...
A literatura infantil também deve ser desenvolvida a ajuda lhe vem do confronto com as proporções
na escola como arte, desenvolvendo a sensibilidade dos colegas com quem está trabalhando, porém
do aluno, com expressão de sentimentos, é ela quem desempenha a parte inicial de seu
como exercício de descobertas, estimulando a aprendizado (Jolibert, 1994, p.14).
curiosidade, despertando o fruir do pensamento,
não existindo o certo ou errado como uma única
É essencial respeitar o desenvolvimento
resposta. (Penteado, 2007, p. 42).
linguístico e intelectual dos alunos, bem como
cuidar do critério de seleção de textos. Um
autor que fala da importância de considerar
POR QUE LER BONS TEXTOS? a faixa etária é Aguiar:
A leitura, mesmo quando feita para quem Neste sentido, o interesse que a criança pode
manifestar pelo ato de ler está, sem dúvida alguma,
ainda não lê convencionalmente, aproxima relacionado ao fato de que a literatura deve estar
a criança do mundo da escrita, torna o de acordo com sua fase de desenvolvimento.
ambiente, juntamente com outras propostas, Importam, por isso, o constante uso de uma
linguagem simbólica como manifestações do
bastante alfabetizador. Além disso, amplia o mundo afetivo da criança e do próprio imaginário
repertório dos alunos, seu vocabulário, seu na literatura e, também, a escolha de textos com
conhecimento geral, desenvolve a imaginação estruturas linguísticas adequadas ao estágio
cognitivo do leitor. (Aguiar, 2001, p.58).
e a criatividade. Faz com que se conheçam
novos lugares e pessoas mesmo sem estar
presente, sendo um mundo riquíssimo a ser É importante que o professor, enquanto
explorado. Os autores Barcellos e Neves leitor mais experiente proporcione nas
afirmam: aulas momentos exclusivos para a leitura.
Ao escolher textos para se trabalhar com os
Além disso, a criança que ouve histórias com alunos é indispensável que seja analisada
frequência educa sua atenção, desenvolve a
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a qualidade do conteúdo, evitar versões cima para baixo, começa a fazer a leitura de
adaptadas e de preferência que o mesmo ajuste, virar as páginas na sequência, entre
seja oferecido em seu suporte real (jornal, outras ações. Sobre isso Lerner diz:
livro, revista, caixa de jogo, etc.).
Para que a instituição escolar cumpra com sua
missão de comunicar a leitura como prática social,
Uma boa história é definida pela trama, parece imprescindível uma vez mais atenuar a linha
pelo envolvimento que pode provocar no divisória que separa as funções dos participantes
leitor, não pelo tamanho do texto ou pela na situação didática. Realmente para comunicar
às crianças os comportamentos que são típicos
quantidade de ilustrações. Vale salientar do leitor, é necessário que o professor os encarne
que as ilustrações têm o seu valor, existem na sala de aula, que proporcione a oportunidade a
livros com imagens que complementam a seus alunos de participar em atos de leitura que ele
mesmo está realizando, que trave com eles uma
ideia do texto ou dão ênfase a algo que está relação ’de leitor para leitor’. (Lerner, 2002, p. 95).
escrito, além dos livros álbuns que mesmo
sem palavras escritas dão suporte para uma Vale lembrar que a leitura também mexe
excelente observação e discussão. com valores e sentimentos, como raiva,
alegria, alívio, dor, amor, medo e tristeza.
Na tenra idade, é comum que os alunos Pode ajudar a formar na criança a consciência
ainda não tenham autonomia e experiência de mundo, compreendendo aos poucos o
para escolher autores, por isso, cabe ao que a cerca e também como se sente.
professor selecioná-los e propiciar esse
contato. Pegar um livro qualquer da Diante dessas informações, fica claro que
prateleira para o momento da roda de leitura a leitura deve receber o mesmo tratamento
sem conhecer a história previamente é um de outros conteúdos da rotina escolar, ela
erro que o educador não pode cometer, não é simplesmente um passatempo, o aluno
deve-se planejar com cuidado e dedicação. aprende enquanto escuta e interage com
Alguns autores renomados que podem estar esse universo, logo, não é qualquer texto
na seleção dos professores são: Monteiro que serve para ler na escola. É importante
Lobato, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, trabalhar diferentes gêneros, mas é
Tatiana Belink, Eva Furnari, Elias José, indispensável conferir a qualidade deles e
Ziraldo, entre outros. claro garantir sua função social. Penteado
aborda essa reflexão:
Outro ponto interessante em relação
à leitura é a possibilidade de trabalhar o Um elemento essencial na formação da criança é
a leitura, ler nos proporciona ao longo de nossa
comportamento leitor (procedimentos, existência, as condições para o crescimento, pois
atitudes e valores), já que por meio de desenvolve a reflexão e o espírito crítico, com
propostas bem estruturadas a criança inesgotável fonte de assuntos. Leva-nos a viver
diferentes emoções para melhor compreender a
pequena percebe, gradativamente, que a
si e ao mundo (Penteado, 2007, p. 41).
leitura é feita da esquerda para a direita, de
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compartilhada, leitura feita pelo professor em voz alta, visita a biblioteca da escola, cantinho
da leitura na própria sala de aula, empréstimo de livros, sacola literária para levar para casa
e ler com a família. Quanto ao uso do espaço da biblioteca Alves fala:
(...) a biblioteca escolar deve oferecer atividades variadas, buscando proporcionar um ambiente dinâmico e atrativo
dentro da escola, destacando sempre a importância da leitura e estimulando sua prática como, por exemplo, a
hora do conto, a feira do livro, o encontro com autores, as exposições, as aulas de leitura, a divulgação de novas
aquisições, as visitas semanais, o recital de poesias etc.(Alves, 2008, p.100).
Mesmo as escolas que não possuem muitos recursos financeiros ou uma biblioteca
podem adaptar espaços com criatividade usando, por exemplo, almofadas, tapete e caixas.
Recursos são excelentes aliados para o professor, entretanto, sua falta não é desculpa para
o bom andamento do trabalho. É possível fazer um espaço aconchegante com pelo menos
um pequeno acervo na própria sala de aula. É indispensável deixar os livros para fácil acesso
das crianças, ou seja, com uma altura que consigam pegar com autonomia quando assim
desejarem.
Além das histórias, existem outros momentos na rotina da Educação Infantil que podem
favorecer a aprendizagem tendo a prática da leitura diária, por exemplo, o trabalho com os
nomes próprios. A leitura diária de placas com os nomes na hora da chamada faz com que
os alunos passem a reconhecer, mesmo não sabendo ler convencionalmente, seu nome e
também de outras crianças da turma.
Fazer leitura de ajuste com textos que conheçam de memória como cantigas, parlendas e
quadrinhas, também enriquece o processo de aprendizagem da leitura e escrita.
Pré-escolares até três anos: fase mágica – histórias de bichinhos, brinquedos, objetos, seres da natureza
(humanizados) – histórias de crianças; de três a seis anos: fase mágica – histórias de repetição e acumulativas (Dona
Baratinha, A formiguinha e a neve etc.) – histórias de fadas. Escolares sete anos – histórias de crianças, animais e
encantamento, aventuras no ambiente próximo: família, comunidade, histórias de fadas; oito anos – histórias de
fadas com enredo mais elaborado, histórias humorísticas; nove anos – histórias de fadas, histórias vinculadas à
realidade; dez anos – aventuras, narrativas de viagens, explorações,
invenções, fábulas, mitos e lendas. (Coelho, 1995, p. 15).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maneira como a leitura é entendida no ambiente escolar, bem
como a importância atribuída à mesma no período da Educação
Infantil já teve avanços se compararmos com a Educação Tradicional
de anos atrás, prova disso é a quantidade de autores que discutem
esse assunto e a mudança da prática docente vista nas escolas,
entretanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido.
O educador não é o único responsável por formar um indivíduo leitor, seria um fardo muito pesado para
se carregar, mas pode ser um semeador para que isso aconteça, sua prática precisa estar em consonância
com sua fala. Se o professor não atribuir à leitura a relevância que ela merece provavelmente seu aluno
também não o fará, o exemplo deixa marcas que não são vistas instantaneamente, mas que ao longo da
vida aparecerão.
Alguns adquirem o gosto pela leitura cedo, outros demoram certo tempo para adquirirem e existem
aqueles que passam uma vida inteira sem conhecê-lo. Que a prática docente possa auxiliar no crescimento
do primeiro grupo de pessoas que se aproximam e se apaixonam pela leitura ainda na infância.
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REFERÊNCIAS
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LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre.
Artmed, 2002.
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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
RESUMO: O objetivo deste presente artigo é de retratar a importância da utilização dos
recursos lúdicos para a aprendizagem na educação de jovens e adultos, expondo a relevância
em adotar métodos relacionados ao jogo no currículo escolar dentro de um planejamento
pedagógico de qualidade e que incentiva o aprender de uma maneira mais dinâmica e
criativa, no qual o aluno possa ver a escola como um local prazeroso, e não aquele que
causa um maior desinteresse, cansaço e obrigação, que valoriza apenas um ensino rígido,
maçante e intenso, a qual considera mais quantidade de conteúdo do que qualidade, um dos
maiores desafios apresentados. O jogo e as brincadeiras possuem uma grande influência
no desenvolvimento dos educandos de maneira que exista uma mediação agregadora dos
educadores. A metodologia utilizada foi a exploratória, baseada na pesquisa bibliográfica
que aborda o assunto.
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O brinquedo junto com o jogo tem o poder social de cada um, já que traz consigo alguns
de transportar os alunos para outra realidade conhecimentos adquiridos baseados na sua
que ainda não é vivenciada por ela, ao realidade e de dentro da sua própria família.
brincar eles se transportam para seu próprio
mundo, um mundo da imaginação onde ali É possível notar que por meio da brincadeira,
seus desejos são expostos, conforme seus o aluno aprende a seguir regras, experimenta
anseios. seu cotidiano e se socializa, assim, descobre
o mundo ao seu redor, e percebe que ao
Têm-se como evidente que a brincadeira, brincar com os outros educandos, encontram
contribui para o desenvolvimento e seus pares e desenvolvem relações afetivas
aprendizagem, é por ela que é possível e sociais, essa participação irá diminuir o
recriar, interpretar e estabelecer relações egocentrismo, além de assumir papéis e
com o mundo em que o aluno vive, isso representar seu mundo exterior, a brincadeira
acontece, porque o novo meio em que possibilita relacionamentos interpessoais
o educando está inserido, é composto profundos e qualitativos. Quando os mesmos
por novos conhecimentos, dando início interagem entre si formando pares, além do
a um desenvolvimento (cognitivo, social, desenvolvimento de socialização, também
afetivo) e está em constante expansão, internalizam a cultura dos outros, o que
desenvolvimento e evolução, o que lhe aflora outras questões importantes, como a
possibilita criar, agir, sentir, pensar, aprender empatia.
e além de tudo desenvolver-se integralmente.
O brincar não é visto ainda nos dias
Vale ressaltar que o brinquedo não atuais como algo importante para o
condiciona a ação, ou seja, não é necessário desenvolvimento intelectual dos educandos,
que se tenha o brinquedo para que exista principalmente pela família e pelos mesmos,
a brincadeira, ela pode existir apenas na poucos entendem a real influência positiva
imaginação criativa do educando. para a sua própria vida. A ideia que se tem,
popularmente, enfatiza que as brincadeiras
são apenas passatempo, sem funções
O BRINCAR, A importantes e que agregam valores.
APRENDIZAGEM E A
Nos dias de hoje, a maioria das escolas
MEDIAÇÃO ainda funciona com um sistema tradicional
As atividades lúdicas são de grande de ensino, o qual limita o desenvolvimento
importância, não são apenas uma forma de do aluno, não fortalecendo o conhecimento
divertimento, mas contribuem fortemente e aquilo que possui certo domínio, deixando
para a formação integral do indivíduo, e de incluir no planejamento educacional,
elas são transmitidas conforme o contexto atividades que valorizam os movimentos
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É extremamente necessário que o educador tenha cuidado com a maneira que são fixados
os jogos em seus fins pedagógicos, para que não se transformem em atividade dirigida e
manipuladora, caso isso aconteça, o jogo deixa de ser jogo, pois não será caracterizado com
liberdade e espontaneidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o brincar é uma atividade muito séria na
vida de um ser humano, assim como precisam de alimento,
calor, carinho, precisam das atividades lúdicas para ampliar
a compreensão do mundo. Os jogos e o brincar estimulam
a explorar seu universo com inteligência, criatividade e
imaginação, ao fazer amigos amplia a sua socialização.
Com toda essa questão chegou-se à conclusão da necessidade de se retornar aos estudos
dos jogos, eles podem conduzir o conhecimento escolar de forma positiva, auxiliando
no redirecionamento de uma metodologia pedagógica dentro de um processo contínuo,
reflexivo e ativo tornando mais vivo o trabalho docente.
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Além disso é de extrema relevância a inserção ao uso de uma didática diferenciada que
utilize os recursos lúdicos na busca de motivação para uma aprendizagem mais significativa e
que proporcione novas experiências, procurando construir um ambiente produtivo, onde os
educandos possam aproveitar da melhor maneira o tempo dedicado ao brincar, na tentativa
de evitar o enfadonho, o comodismo, o desinteresse e o desânimo.
Decidir sobre o que, como, para quem e porque ensinar significa enfrentar um debate
difícil a respeito do valor, das necessidades básicas de cada pessoa, da relevância, da
objetividade, da universalidade dos conteúdos de ensino e da heterogeneidade da sala de
aula, é importante que exista um enorme respeito com o contexto social e a individualidade.
Apesar de tantas teorias defenderem uma aprendizagem por meio dos jogos e dos
movimentos espontâneos dos indivíduos, estão longe de usufruir de uma pedagogia
fundamentada na ludicidade, criatividade e na expressividade livre dos atos e da imaginação
dos alunos. Para que isso ocorra de maneira proveitosa torna-se necessário aperfeiçoar e
instruir professores, sendo que a utilização dos jogos de forma errônea é o principal ponto
negativo deste recurso.
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REFERÊNCIAS
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de ir, que peçam aos pais para levarem e saberes em relação com o ensino dos
acima de tudo, um lugar que possibilite o conteúdos.
conhecimento, a aprendizagem. Por que
então a escola, com tantas obrigações com Como educadores devemos aproveitar
seus alunos é uma das causas das dificuldades e respeitar as experiências que trazem os
de aprendizagem? nossos alunos, aproveitar os contextos e
situações que se apresentam, em evidências,
Segundo Piaget, à medida que o ser se situa sejam elas situadas no campo ou na cidade,
no mundo estabelece relação de significações, lugares estes geralmente descuidados pelo
isto é, atribui significados à realidade em poder público, discutir sobre a poluição
que se encontra. Esses significados não são dos riachos, dos córregos, os baixos níveis
faculdades estáticas, mas, ponto de partida de bem-estar das populações, os lixões
para atribuição de outros significados. Hoje, e os riscos que oferecem à nossa saúde.
os grandes objetivos da Educação são: Questioná-los fazendo comparações com
ensinar a aprender, ensinar a fazer, ensinar a estruturas e vantagens que bairros nobres
ser, ensinar a conviver em paz, desenvolver têm sobre os de periferia, dentre outras
a inteligência e ensinar a transformar questões pertinentes ao assunto.
informações em conhecimento. Para atingir
esses objetivos, o trabalho de alfabetização Desenvolvermos e construirmos com
precisa desenvolver o “letramento” das nossos alunos reflexões críticas sobre os
situações reais que estão vivendo. acontecimentos que envolvem o nosso
planeta em todos os aspectos sejam eles:
“O letramento é entendido como produto da políticos, econômicos, educacionais,
participação em práticas sociais que usam a
escrita como sistema simbólico e tecnologia [...]. ambientais, questões de cunho racial, de
São práticas discursivas que precisam da escrita etnias, ações discriminatórias, regionais,
para torná-las significativas, ainda que às vezes sociais entre tantos outros aspectos
não envolvam as atividades específicas de ler
ou escrever (Parâmetros Curriculares Nacionais relacionados a esta questão. Toda esta
BRASIL, 1998, p.19)”. dimensão sistematizada e dialogada de
forma significativa irá ajudá-los a entender
Os PCNs propõem um currículo baseado o seu contexto, incitando-o a pensar e agir
no domínio das competências básicas e que como um cidadão consciente, crítico, ativo
esteja em consonância com os diversos e participativo perante a sociedade na qual
contextos de vida dos alunos. está inserido.
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A relação ensinar e aprender não se limita Dessa forma, entendemos que o professor
ao espaço da sala de aula. Ela é muito mais deixa de ser o transmissor de conhecimentos
ampla, estendendo-se além da escola na numa relação vertical, e assume a condição
medida em que as expectativas e necessidades de educador que, num processo de interação
sociais bem como a cultura, valores éticos, dialogada com os alunos, na construção
morais e intelectuais, os costumes, as coletiva do saber valorizando a realidade
preferências, entre outros fatores presentes social do aluno.
na sociedade, tem repercussão direta no
trabalho educativo.
DIFICULDADES DE
(...) saber que ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para a sua própria APRENDIZAGEM:
produção ou a sua construção . Quando entro em
uma sala de aula de aula devo estar sendo um ser
FAMÍLIA E ESCOLA
aberto a indagações, a curiosidade, as perguntas As estruturas familiares estão mudando a
dos alunos, as suas inibições: um ser crítico e
inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho cada dia e isto está trazendo alguns reflexos
– a de ensinar não de transferir conhecimento. para o desenvolvimento do aluno em sala de
(FREIRE. 1996, p 47). aula. Muitas vezes os pais delegam a função
de educar somente á escola se ausentando
Segundo Freire é necessário desmistificar que das reuniões e atividades escolares fazendo
a escola tem como função primordial transferir com que o aluno se desinteresse de sua
conhecimentos de uma geração a outra, o carreira estudantil.
oficio do professor vai, além disso. É importante
destacar que na relação professor/aluno o A família em conjunto com a escola deve
conhecimento é construído dia a dia, onde ensino buscar bastante esforço e empenho para
e aprendizagem acontecem concomitantemente. que a aprendizagem da criança seja em
sua totalidade beneficiada. Almeida (1999,
O discente no decorrer do processo p.107 apud Leite e Tassoni, 2002, p.127),
pedagógico precisa construir a capacidade diz que: as relações afetivas se evidenciam,
de perceber-se como ser atuante e não pois a transmissão do conhecimento implica,
apenas um ser passivo, sendo “sombra” do necessariamente, uma interação entre
professor. Os alunos de diferentes meios pessoas. Portanto, na relação professor
sociais chegam até a escola trazendo uma aluno, uma relação humana, o afeto está
bagagem de características culturais e presente.
pessoais, que influenciam diretamente na
sua relação pedagógica com o conhecimento, Pelo que foi citado acima, percebemos
e consequentemente determina a maneira que a intervenção com pais é essencial e
pela qual responde as exigências próprias do deve permitir com que eles analisem os seus
processo ensino aprendizagem. comportamentos. É importante, também,
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que se façam intervenções com a criança envolvidos reflitam sobre a história vivida em
para que se aumente o repertório dela em relação à dificuldade escolar e ao estigma de
habilidades sociais. se ter ou de ser um filho que não aprendeu
na mesma velocidade que outras crianças.
A criança deve ser capaz de pedir e aceitar Assim se pode atribuir um novo significado
auxílio na realização das tarefas escolares. para as experiências de fracasso. É relevante
Iniciar, manter e terminar conversação que se percebam como únicos e valiosos,
com colegas, irmãos e pais. Expressar não necessitando se igualar a outros ou a
suas opiniões para professores, amigos e uma “normalidade”, mas sendo capazes de
familiares. Recusar-se a fazer o que não quer, aprender com as experiências vividas.
como: destruir materiais de outros colegas
e cabular aulas por influência de amigos. Os familiares comumente culpam a
Analisar situações conflitantes bem como criança pela dificuldade de aprendizagem.
formas de resolvê-las, tais como brigas entre Afirmam que os filhos são responsáveis
colegas e acusações injustas por parte de pelo problema, pois acreditam não eles não
professores e pais. tenham interesse pelos conteúdos escolares,
são preguiçosos para realizar as tarefas, são
O aumento das habilidades da criança distraídos, menosprezam os esforços que os
melhora não somente as relações familiares, pais fazem por eles e são “malcriados”.
como também o ser ajustamento em relação
à escola. Contudo, o trabalho com pais e Tal crença faz com que as crianças se
crianças, é comprometido por questões responsabilizem por algo que não compete
socioeconômicas ou pessoais. Há pais que somente a elas, o que prejudica a autoestima,
dizem: “Não posso faltar ao serviço para vir bem como gera reações emocionais de
toda semana, pois não terei dinheiro no final tristeza, irritabilidade, cansaço e, com
do mês.”, “Trabalhamos o dia todo, à noite, frequência, desinteresse pelo estudo. Além
cansados, é que não temos paciência para disso, essa ideia não oportuniza a busca de
ensinar ou ver as tarefas”. Outros pais ou auxílio adequado à criança, ou seja, uma
responsáveis, como avós, têm problemas de avaliação médica, psicológica e pedagógica
saúde, dentre tantos outros. Tais problemas que verifique os motivos da dificuldade e
comprometem o seguimento dos encontros, que direcione quais são as modificações
a execução das atividades pedidas, como necessárias, sendo estas no âmbito da
acompanhar a realização das atividades para família, da escola e da própria criança.
casa dos filhos, e conversar com professores
na escola. Os pais devem aprender a estabelecer
regras bem definidas e viáveis. É necessário
São informações que demonstram a que os pais dialoguem com a criança sobre
importância de se oportunizar que os sujeitos o motivo das regras, negociando com o filho
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o aumento do número de crianças nas escolas, as
estatísticas do fracasso escolar tornaram-se cada vez mais
evidentes. O que faz com que alguns alunos aprendam e
outros não? Encontrar explicações para o fato, bem como
os meios para sua superação constituíram-se em motivações
para a realização da pesquisa, ora em desenvolvimento,
concebida com os objetivos de detectar as causas geradoras
de dificuldades na área de leitura e de escrita em alunos de
5ª séries do Ensino Fundamental e verificar a eficiência das
atividades de reflexão e de operação sobre a língua como JULMARA DA SILVA
meios de superação dessas dificuldades, onde pretendemos RONCARI
provar que parte desse fracasso está diretamente relacionada
Licenciada em Psicologia em 2000
à questão socioeconômica, e a escola, como direito de todo pela UNG. Pós-Graduada em
cidadão deve desenvolver mecanismos que possibilitem o Educação Fundamental pela FCE
sucesso do aluno com dificuldades de aprendizagem. em 2018. Professora de Educação
Infantil e Ensino Fundamental
da Rede Pública Municipal e
O alcance social e prático deste trabalho está na Particular
possibilidade de se evidenciar que ao aluno de baixa renda,
de certa forma sofre uma espécie de exclusão pedagógica,
em função das suas dificuldades de aprendizagem oriunda
da sua condição social, que acaba tornado-se uma exclusão
social, pois este aluno, caso a escola, não assuma suas
responsabilidades acabará sendo vítima da evasão ou
repetência, em função do seu padrão linguístico, o que
resultará na reprodução da exclusão social a que ele já está
submetido.
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de humanidade e de amor entre educador educando. Ambos são cúmplices neste processo,
no qual trocam saberes, conhecimentos contínuos e ambos vão descobrindo e construindo
novos valores, conhecimentos, experiências de vida e de mundo, dentro do contexto social,
cultural e político em que vivem.
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REFERÊNCIAS
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JOGOS DE CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA: UM RECURSO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar os jogos fonológicos como recurso no
desenvolvimento da linguagem na Educação Infantil. Os jogos de consciência fonológica são
jogos que levam à consciência de que a fala pode ser segmentada, e que esses segmentos
podem ser manipulados. Quando aplicados na educação infantil, podem ser um instrumento
na construção do conhecimento acerca da linguagem oral e escrita, não só como ato de
aprendizagem significativa bem como uma atividade lúdica e prazerosa, fato que justifica a
importância desse tema no processo de alfabetização. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica
sobre os temas linguagem na educação infantil; consciência fonológica seus conceitos e
benefícios; jogos de consciência fonológica na alfabetização, relacionando esses temas ao
processo de alfabetização e construção do conhecimento da linguagem. Foi observado que
os jogos fonológicos podem estimular o prazer, a autonomia e a socialização das crianças,
além da assimilação e fixação do conhecimento acerca da alfabetização, auxiliando-as no
aprendizado da linguagem oral e escrita.
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educação infantil poderá ser uma ferramenta operação que o sujeito realiza em sua
para o desenvolvimento da linguagem pelas mente (como separar, contar, comparar as
crianças. palavras quanto ao tamanho ou quanto à
semelhança sonora), mas também ao tipo
de segmento sonoro que o sujeito utiliza
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: (como rimas, fonemas e sílabas) (BRASIL,
CONCEITOS E BENEFÍCIOS 2012). Crianças que possuem consciência
dos fonemas avançam de forma mais fácil e
A capacidade de reflexão sobre sua produtiva para a escrita e leitura. No Brasil,
própria língua é de fundamental importância foram realizados estudos com objetivo de
para a aquisição e o desenvolvimento desenvolver a consciência fonológica em
da leitura e escrita. Uma das habilidades crianças, e demonstraram que ela é um pré-
metalinguísticas que propicia essa reflexão é requisito para a aquisição de leitura e escrita.
a consciência fonológica, isto é, a consciência Um estudo realizado por Puliezi (2010),
de que a fala pode ser segmentada, e que ao analisar a consciência fonológica em
esses segmentos (palavras, sílabas, fonemas) crianças no início da alfabetização, observou
podem ser manipulados. Segundo a que a habilidade em identificar rimas e
literatura, a consciência fonológica também fonemas estava intimamente relacionada
pode ser designada como habilidade com a facilidade de leitura pelas crianças.
metafonológica (PULIEZI, 2010). Segundo o Contudo, estudos evidenciam que uma
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade consciência fonológica mal desenvolvida é
Certa - PNAIC: dizemos que um indivíduo a principal dificuldade para muitas crianças
exerce uma atividade metacognitiva quando que apresentam dificuldades para aprender
ele, conscientemente, analisa seu raciocínio a ler. Esse fato gera uma grande repercussão
e suas ações mentais, ―monitorando‖ seu no futuro profissional e pessoal da criança,
pensamento. Quando a pessoa faz isso sobre tendo em vista que o acesso à cultura
a linguagem oral ou escrita, dizemos que ela escrita possibilita que o cidadão exerça de
está exercendo uma atividade metalinguística. forma integral os seus direitos e participe
Tal reflexão consciente sobre a linguagem efetivamente da sociedade em que vive
pode envolver palavras, partes das palavras, (PULIEZI, 2010). Ao longo do processo de
sentenças, características e finalidades dos aquisição e desenvolvimento linguístico, a
textos, bem como as intenções dos que criança descobre e apropria-se do sistema
estão se comunicando oralmente ou por linguístico em que está inserida, e prejuízos
escrito. Quando reflete sobre os segmentos na consciência fonológica dificultam as
das palavras, a pessoa está pondo em ação conversões letra-som, sendo um dos
a consciência fonológica (BRASIL, 2012). principais fatores de risco para os transtornos
As habilidades de consciência fonológica de aprendizagem. A progressão da idade e,
se diferenciam não só quanto ao tipo de principalmente, dos anos escolares, influencia
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Por fim, Freitas (2004) recomenda, particularmente, a realização de atividades que estimulem
a consciência fonológica em crianças que estão na Educação Infantil, pois esses jogos as
auxiliam na reflexão e manipulação sobre os sons das palavras e aquisição da linguagem.
Os jogos aqui apresentados poderão, assim, contribuir para o desenvolvimento de uma
linguagem bem estabelecida.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, a questão de pesquisa que se pretendia
responder era a seguinte: de que maneira os jogos de
consciência fonológica aplicados na Educação Infantil
favorecem para o desenvolvimento da linguagem? Após
análises reflexivas da literatura, foi observado que o
desenvolvimento da consciência fonológica é um pré-
requisito para a aquisição da leitura e escrita. Quando
aplicada no início da alfabetização, a consciência fonológica
pode facilitar a leitura pelo desenvolvimento da habilidade
de identificar os fonemas. Quando a consciência fonológica JUSSIARA RIOS DA SILVA
é aplicada de maneira lúdica, é despertado o interesse da SANDES FIGUEIREDO
criança em avançar no processo de aprender a ler e escrever,
Graduação em Pedagogia pela
pois, além de envolverem-nas naturalmente, também as Faculdade Centro Universitário
instigam a encontrar soluções para os problemas de escrita e Assunção - UNIFAI (2009);
avançar na construção e exploração de conhecimentos sobre pós-graduada pelo curso de
Alfabetização e Letramento,
o funcionamento da língua. Como as escolas de educação (2016) e pelo curso em
infantil são um local de transmissão de conhecimento Psicopedagogia pela Faculdade
através da vivência do dia a dia das crianças com as pessoas, do Centro Universitário Assunção
– UNIFAI. (2011); Professor
torna se um ambiente favorável para o aperfeiçoamento de Educação Infantil e Ensino
do desenvolvimento da linguagem. Os jogos de rimas, de Fundamental na EMEI Canal do
escuta, de consciência silábica, dentre outros, podem ser Cocaia, SP.
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CONSTRUINDO A EDUCAÇÃO
INCLUSIVA: UMA HISTÓRIA
INACABADA
RESUMO: A proposta da educação há muito deixou de passar apenas pela necessidade de
um indivíduo torna-se capaz de ler, escrever, aprender e integrar o quadro dos inúmeros
trabalhadores deste imenso país. Estudos e pesquisas acerca do tema educação vêm ampliando
as discussões e reflexões do conceito de educação, e mais atualmente, da educação inclusiva
para pessoas com necessidades especiais. Porém, através de uma ótica transformadora, visto
que a escola enquanto instituição de formação tem o poder de manter ou inferir o “status
quo” de sua sociedade, precisamos pensar quais aspectos se tornam fundamentais para
que a transformação oportunizada pela educação inclusiva, centrado no indivíduo, em suas
necessidades individuais e como estas podem realmente permitir que se transforme num
cidadão com autonomia e capacidade de exercer seus direitos. A partir desta reflexão, o que
se espera da educação inclusiva e do sistema educacional, mediante esta especificidade?
As reflexões acerca destes questionamentos ocorreram a partir de pesquisas bibliográficas,
explorando desde as raízes históricas e políticas da educação e os aspectos particulares em
embasaram a educação especial no Brasil, de modo a fundamentar a viabilidade e os obstáculos
que se interpõem ao projeto de inclusão para uma educação de resultados e qualidade.
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Mesmo diante das mudanças concebidas Segundo o autor, as ações mais efetivas
para a expansão do ensino primário, que se efetuaram isoladamente no Brasil,
secundário e com a fundação da USP – seja através de iniciativas particulares como
Universidade de São Paulo (décadas de por órgãos governamentais foram:
30 e 40), a educação especial permanecia • 1926: criação do Instituto Pestalozzi
renegada, sem ações efetivas que no município de Canoas;
acolhessem as crianças com necessidades • 1928: criação do Instituto de Cegos
especiais. Foi apenas a partir da década de Padre Chico;
50, influenciado pelo panorama mundial, que • 1929: criação do Instituto Santa
o Brasil iniciou sua estruturação voltada à Terezinha para pessoas com deficiência
educação especial, com instituições públicas auditiva;
e privadas sem fins lucrativos, com destaque • 1931: atendimento às pessoas
especial para a Sociedade Pestalozzi do com deficiência física na Santa Casa de
Brasil/1945 e a APAE - Associação de Pais Misericórdia de São Paulo;
e Amigos dos Excepcionais, que mais tarde • 1935: criado o Instituto Pestalozzi
em 1962 já com 16 instituições criou a sua de Minas Gerais, com a colaboração da
Federação (FENAPAES). Foi apenas em professora Helena Antipoff;
1957 que o governo instituiu a educação • 1943: criação do Lar-Escola São
inclusiva pública, através de classes especiais Francisco;
de atendimento exclusivo ao deficiente, • 1946: criação da Fundação para o
formadas em escolas regulares ou mesmo em Livro do Cego no Brasil;
escolas especializadas em educação especial. • 1948: surgimento da Sociedade
Mesmo com esta iniciativa, foi apenas em Pestalozzi do Estado do Rio de Janeiro;
1988, com a Constituição Federal, que o • 1950: criação da Associação de
Brasil traz alguma regulamentação própria Assistência à Criança Defeituosa - AACD;
sobre o tema (MAZZOTTA, 1993, p.36): • 1952: criação da Sociedade Pestalozzi
de São Paulo e do I Núcleo Educacional para
• Artigo 206, inciso I – Princípios que Crianças Surdas, atualmente denominado
regem o sistema de ensino brasileiro, tendo Escola Municipal Helen Keller, em São Paulo;
como premissa “a igualdade de condições • 1954: fundação do Instituto
para o acesso e permanência na escola”; Educacional São Paulo para crianças com
inciso IV – “gratuidade de ensino público em deficiência auditiva e da Associação de Pais
estabelecimentos oficiais”; e Amigos dos Excepcionais (APAE), no Rio de
• Artigo 208 – Inciso III – relaciona os Janeiro;
deveres do Estado com a educação, garantindo • 1957: primeira Campanha para a
o atendimento especializado às pessoas com Educação do Surdo Brasileiro;
necessidades especiais “preferencialmente na • 1958: Campanha Nacional de Educação
rede regular de ensino. e Reabilitação de Deficientes da Visão;
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que a inclusão se torne uma realidade, não basta
apenas que sejam elaboradas leis ou que renomados autores
apontem em seus trabalhos e pesquisas a importância de
ações e do reconhecimento do indivíduo mesmo em suas
fraquezas. É necessário que sejam derrubados paradigmas
e pré-conceitos relacionados às pessoas com deficiência,
assegurado a diversidade como eixo central para as práticas
pedagógicas e elaboração do próprio Projeto Político
Pedagógico e planejamento de ações, não apenas em belas
palavras escritas no papel, mas sim como projetos viáveis e KARINA ZANONI DE
abraçados pela equipe educadora. OLIVEIRA
Graduação em Pedagogia pela
A inclusão implica em uma transformação considerável Universidade de Guarulhos
no espaço escolar, em romper paradigmas, buscar atenção (2006); Especialista em Educação
à diversidade humana com a ajuda de recursos, materiais Infantil pela Faculdade FAATESP
(2018); Professora de Educação
humanos e financeiros e, superar a barreira do preconceito de Infantil na CEI Vila Constança
para com o diferente. e Professora de Educação Infantil
na EMEI Margareth de Fatima
Marques de Azevedo.
A escola, como primeiro ambiente fora do âmbito familiar,
recepciona e coloca o futuro adulto na esfera das relações
sociais. Por isso mesmo, sua importância nas primeiras
experiências vividas no seu interior será decisiva para a
construção do modo desse indivíduo se colocar no mundo,
nas relações com o outro, frente ao conhecimento e ao ato
criativo. E para o indivíduo com necessidades especiais,
o ambiente de troca que a escola proporciona, mais que
um local de ensinamentos acadêmicos, é um espaço de
crescimento individual, de desafios e superações.
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REFERÊNCIAS
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XAVIER, Maria Elizabete Sampaio Prado. História da Educação: a escola no Brasil. São Paulo: FTD,
1994.
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A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA
ARTE NO PROCESSO EDUCACIONAL
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo principal analisar a importância do ensino
de artes nas escolas, além de observar as contribuições da arte para a formação humana
dos alunos. A arte é uma ferramenta importante para o desenvolvimento educacional,
psicológico e emocional dos educandos. Por meio da arte, são estimuladas nos alunos a
sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e também a capacidade cognitiva e a
coordenação motora. Sendo assim, esse estudo busca também tornar visível a necessidade
de aprimoramento dos educadores para que, assim como as outras áreas do conhecimento,
as artes sejam aplicadas em ambiente escolar de maneira satisfatória.
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nos Estados Unidos e Europa, conhecido um movimento que promovia a arte como
como Escola Nova ou Escola Progressiva. elemento essencial para o desenvolvimento
educacional. Read afirma,
O educador brasileiro Manoel Bergström
Lourenço Filho (1963, p.62), afirma que a Será minha intenção mostrar que a função
mais importante da educação diz respeito a
Escola Nova não é apenas “um só tipo de essa “orientação” psicológica, e que, por esse
escola, ou sistema didático determinado, mas motivo, a educação da sensibilidade estética
todo um conjunto de princípios tendentes a é de fundamental importância. [...] Deve ficar
claro, desde o principio, que o que eu tenho
rever as formas tradicionais do ensino”. em mente não é apenas “educação artística”
enquanto tal, o que seria mais adequadamente
No contexto da Escola Nova, a arte passa chamado de educação visual ou plástica: a teoria
a ser apresentada compreende a todos os modos
a ter uma nova finalidade: incentivar o de auto expressão, literária e poética (verbal),
aluno a expressar sentimentos e emoções. bem como musical ou auricular, e constitui uma
Apesar do avanço, nesse momento, a arte abordagem integral da realidade que deveria ser
chamada de educação estética – a educação dos
ainda não é ensinada, apenas expressada. O sentidos, nos quais a consciência e, em ultima
educador transforma- se em um facilitador estância, a integração e o julgamento do indivíduo
de experiências, que proporciona o humano estão baseados. É só quando esses
sentidos são levados a uma relação harmoniosa
ambiente e materiais necessários para o e habitual com o mundo externo que se constitui
desenvolvimento de arte nas escolas. uma personalidade integrada. (READ, 2013 p. 8).
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Para Ferraz e Fusari (2001, p.41), “[...] língua portuguesa, por exemplo. Segundo
a tendência tecnicista aparece no exato Guerra, Martins e Picosque,
momento em que a educação é considerada
insuficiente no preparo de profissionais, “Se a escola valoriza apenas o sistema de
linguagem oral ou escrita, não dará a oportunidade
tanto de nível médio, quanto de superior, para a realização de experiências que podem
para atender o mundo tecnológico em ampliar a competência simbólica. A arte tem
expansão”. um papel prioritário no desenvolvimento dessa
competência.” (GUERRA, MARTINS e PICOSQUE,
1998, p. 104).
Em 1971 é promulgada a Lei de Diretrizes
de Base da Educação Nacional, Lei nº A valorização das artes nas escolas traz
5292 de 11 de Agosto de 1971 (LDB nº resultados que podem ser observados em
5292/71)³, que introduz a educação artística diversos momentos da vida escolar. A arte
no currículo escolar, ainda não como uma promove o desenvolvimento de habilidades
disciplina oficial. Somente após 20 anos, em como a coordenação motora e a capacidade
1996, a arte-educação ganha novos rumos de criação e imaginação.
no Brasil, com a criação de uma nova e mais
moderna legislação. A arte possui um valor inerente à
construção humana, adiciona conhecimento
A Lei de Diretrizes de Base da Educação sobre o mundo e a sociedade em que vivemos
Nacional nº 9394/964, especifica que “o e, por se tratar de um patrimônio comum à
ensino da arte constituirá componente humanidade, deve ser apropriado por todos.
curricular obrigatório, nos diversos níveis
da educação básica, de forma a promover o
desenvolvimento cultural dos alunos”. (Art. O PAPEL DA ARTE
26 § 2º). Além disso, nela lê-se também E OS DESAFIOS DO
que “o ensino será ministrado com base
nos seguintes princípios: [...] II - liberdade ARTE-EDUCADOR
de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar As múltiplas linguagens artísticas aplicadas
a cultura, o pensamento, a arte e o saber;” durante o processo educacional oferecem
(Art. 3). infinitas possibilidades de evolução aos
educandos. Com o uso da arte, o aluno
A mudança na legislação tira de cena a aprende a interpretar as diversas linguagens
antiga educação artística, utilizada apenas que encontra ao seu redor e passa a manifestar
como passatempo ou distração entre o emoções por meio das representações
aprendizado de uma disciplina e outra. O artísticas. Além disso, a arte-educação
ensino da arte deve passar a atuar nas escolas estimula o desenvolvimento cognitivo e a
brasileiras como uma área do conhecimento, interação entre os alunos, tornando-os mais
assim como a matemática, a geografia e a sensíveis, críticos e participativos.
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da Arte. Criada nos anos 1980 pela educadora Ana Mae Barbosa, essa proposta permite
construir na mente dos alunos um significado para as atividades de arte desenvolvidas em
sala de aula. Assim, a arte deixa de ser um mero passatempo e torna-se conhecimento. A
base da metodologia de Barbosa é fincada no tripé apresentado abaixo:
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que os ensinamentos que aprendemos quando
crianças costumam ser levados para o resto da vida. Assim,
para que a arte e a cultura sejam realmente valorizadas
devem ser vivenciadas desde a infância. Torna-se necessário
então um novo olhar, mais cuidadoso, sobre o ensino da arte.
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REFERÊNCIAS
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tempos. 8ª edição. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010.
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GUERRA, Maria Terezinha Telles; MARTINS, Mirian Celeste e PICOSQUE, Gisa. Didática do
ensino da arte: A língua do Mundo – Poetizar, Fruir e Conhecer Arte. 1ª edição. São Paulo:
Editora FTD, 1998.
MARQUES, Isabel. A. O Ensino de dança hoje: textos e contextos. 1ª edição. São Paulo:
Cortez, 1999.
READ, Herbert. A educação pela arte. 2ª edição. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.
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O professor deve ser um mediador, deve isto, é necessário que o educador favoreça
estabelecer um contato maior com os um ambiente que não haja segregação e que
educandos entre eles, facilitando a interação não reforce as limitações do aluno, mas suas
e formação de vínculos. Promovendo o potencialidades através da afetividade que
conhecimento do outro e o respeito as suas sensibilizamos a aprendizagem.
dificuldades, características e possibilidades.
A afetividade defendida por Wallon, é um Esses são aspectos que fazem parte
dos caminhos para a inclusão escolar, pois das nossas relações sociais. Portanto, é
abrange os alunos com qualquer tipo de importante antes de tudo entendermos a
deficiência física, motora ou cognitivo dentro importância da relação social como um todo,
do ambiente escolar. uma vez que a afetividade faz parte da relação
social construídas ao longo de nossas vidas,
Para GOTTI (1998), a inclusão escolar não influenciando no processo de construção da
tem. somente problemas físicos, mentais ou identidade e personalidade humana. Cada
com características de super dotação, mas um de nós temos papel fundamental na vida
precisa incluir, também, o aluno ´´normal de outras pessoas. Assim as ligações afetivas
que é privado de estar em um ambiente estabelecidas na sociedade, desenvolve
escolar, que não tem acesso as escolas por o outro e em nós mesmos, aspectos como
uma cadeia de questões sociais, econômicas condutas e emoções únicas que dão formas
e culturais. e características especificas no processo
de criação e formação de identidade do
Mas a afetividade por si só, não é a resposta, indivíduo. A forma como nós seres humanos
mas sim um dos caminhos para uma educação e se nós relacionamos com o meio social,
mais inclusiva. Quando promovemos as organizamos as informações, fazem com
interações sociais que (GOTTI,1998), citava que, por meio da relação e os afetos que
em seus estudos, e a afetividade defendida as envolvem, possamos desenvolver certos
por WALLON (1971), damos espaços para comportamentos em relação ao meio em
que os alunos e educadores compreendam que vivemos e ás pessoas com quem nos
o diferente. A realidade social e cultural e relacionamos. Assim as ligações afetivas
que possam compartilhar conhecimentos estabelecidas na sociedade, desenvolvem
e experiências. A escola deve ser um o outro e em nós mesmos, aspectos como
ambiente rico em desafios deve estimular condutas e emoções únicas que dão formas
o desenvolvimento da aprendizagem, a e características especificas no processo
comunicação, a escuta, e o entusiasmo. O de criação e formação de identidade do
educando com ou sem deficiência quando indivíduo.
motivado, tem maior interesse, e se engaja
com maior propriedade das atividades A forma como nós seres humanos
escolares, pois quer tentar se superar. Por percebemos e se nos relacionamos com o
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meio social, organizamos as informações, saibamos lidar com o lado afetivo assim como
fazem com que, por meio da relação e lidar com os aspectos de natureza cognitiva,
os afetos que as envolvem, possamos como a escrita e as operações matemáticas.
desenvolver certos comportamentos em Cabe ao educador trabalhar com a criança
relação e ao meio em que vivemos e ás dando lhe afeto, carinho, e amor, cooperação,
pessoas com quem nos relacionamos. Assim solidariedade, tolerância, sempre
como nós adultos, as crianças também demonstrando respeito na sua relação com
organizam as informações vividas ao longo a criança, pois, é nessa relação de troca e de
de suas vidas conforme percebem o mundo interação do professor com o aluno que vai
e o meio social, apresentando constantes acontecendo, transformando e se superando
mudanças de atitudes, de comportamentos as dificuldades na aprendizagem que as
conforme vamos obtendo informações crianças possam ter resultando em pontos
novas e diversificadas, novos conhecimentos positivos e em melhorias para as crianças
e aprendizados. e para o professor. “Além de uma presença
afetiva, a relação do adulto oferece á criança,
A depender da perspectiva, há diversos modelos de referência e sentimentos de
significados para o termo afetividade, como, por
exemplo: atitudes e valores, comportamento segurança”. (VIEIRA, 2010,p. 34).
moral e ético, desenvolvimento pessoal e social,
motivação, interesse e atribuição, ternura, inter- Assim também é com as crianças na escola,
relação, empatia, construção da subjetividade,
sentimentos e emoções. Neste artigo, baseado em eles estão sempre em busca de aprovação, de
pesquisa bibliográfica e exploratória, a afetividade carinho e de atenção dos seus educadores.
é analisada no âmbito pedagógico, especificamente Eles anseiam por essa atenção sentem
na relação educativa que se estabelece entre
o professor e seus alunos na sala de aula, e é necessidade disso e quando se sentem
apresentado como sinônimo de dimensão afetiva correspondidos com este afeto acabam
e relação afetiva. Do nosso ponto de vista, a a apreciar mais as disciplinas ministradas
afetividade é impulsionada pela expressão dos
sentimentos e das emoções e pode desenvolver- por professores que agem afetivamente
se por meio da formação. (RIBEIRO,2010, p. 404). com elas e acabam se relacionando melhor
na escola e com seus colegas, Assim, a
A afetividade é extremamente importante conduta, a maneira de tratamento desses
para desenvolver a aprendizagem cognitiva profissionais para com as crianças, atribuem
das crianças como um todo, uma vez que é a eles certas influências, motivando-os, a
através da afetividade que a aprendizagem participarem mais, a se dedicarem mais a
se realiza e acontece de fato. A construção escola bem como aos estudos. Dessa forma,
dos saberes e conhecimentos são resultados o respeito e a dedicação em estabelecer e
das interações de natureza históricas, manter uma relação de afetividade com os
social e biológica do ser humano que vão alunos é extremamente importante para
se estabelecendo no dia a dia. Assim é o desenvolvimento e aprendizagem das
importante e extremamente necessário que crianças.
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sentimentos esses que faz parte e se faz nas A partir de nós mesmos e de nossas
nossas relações sociais, desenvolvidas ao longo histórias de vida, compreendemos que
da vida, principalmente na infância. Por isso nós seres humanos somos seres emotivos
é importante entendemos a importância da e carregamos conosco marcas profundas
relação social na infância como um todo, pois, desde a gestação, marcas essas, que nós
essa se desenvolve desde cedo, afetividade mesmos ignoramos e mais para frente,
é parte fundamental na relação social que professores e outros também ignoram, por
construímos ao longo de nossas vidas, logo conta de conteúdos e ações que devemos
as relações sociais são fator primordial no cumprir em um tempo determinado.
processo de construção da identidade e Entendemos que, oportunizar aos alunos
personalidade humana. (...) ``Laços de afeto momentos que relatem as suas vidas, alegres
são fatores decisivos no desenvolvimento do ou tristes, são momentos ganhos em relação
aluno.” (ARAÚJO.2005, p.17). á aprendizagem. (ARAUJO: OLIVEIRA:
CAMARGO, 2005, p.17).
A maioria dos problemas que enfrentamos
hoje, nas escolas ,onde entre eles , se destaca Exercendo uma educação emocional
a indisciplina, que é resultado de algumas junto com nossa prática em sala de aula,
situações sócio afetivas, que não foram criamos vínculos afetivos significativos
resolvidas em momentos passados, anos e oportunizamos o aprendizado e
passados ocorrendo debilitações em muitas desenvolvimento ao aluno quando acontece
crianças, lhes causando, consequências que um comprometimento mútuo entre professor
na maioria das vezes são irreversíveis, na e aluno, onde ambos devem respeitar a
escola. individualidade um do outro enquanto
pessoa. As emoções, o afeto fazem parte da
É comum vermos na sala de aula, crianças vida, do cotidiano de todos nós em todos
entrarem em conflito uma com as outras por os momentos, principalmente no ambiente
muitos motivos, todos eles emocionam, seja escolar. A cada momento de nossas vidas,
vivenciado em casa ou na rua e até mesmo vivenciamos momentos, experiências
na própria escola e vemos também como emocionais que se manifestam de muitas
esses sentimentos são capazes de influenciar maneiras e com características diversas.
na aprendizagem das crianças seja de forma
negativa ou positiva. Aqui nesse momento,
cabe a nós educadores encontrar em O PROFESSOR E A CRIAÇÃO
nossa prática maneiras de significar o que DE VÍNCULOS AFETIVOS
passamos a eles e de chegarmos a eles de
forma amorosa e produtiva, assim não vamos O professor é um exímio criador de vínculos
desperdiçar a chance de chegar até eles e de em sua profissão, ele é aquele em que todos
fazer com que eles aprendam. se espelham, admiram e almeja um dia ser
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igual. E é por meio de estímulos recebidos do que ele passa para elas naquilo que ele passa
meio em que estão inseridos, que a criança para elas.
vai construindo laços com seu professor.
Por isso cabe a nós educadores usar esse A criança está bem sintonizada naquilo que
meio de aproximação para que o ensino/ gosta de fazer, isso ocorre seus sentimentos
aprendizagem seja de fato significativo e encontraram empatia pelo que está fazendo
benéfico para a criança. e logicamente por quem está conduzindo o
que ela está fazendo.
Conhecer as próprias emoções, tomar
consciência delas em relação a si mesmo O professor é aquele que media essa
e as outras pessoas, seus motivos, são os relação ensino/aprendizagem, ele deverá
primeiros passos para trabalhar a educação estar sempre disposto a desenvolver a
emocional com os alunos da escola. (ARAUJO, linguagem capaz de conduzir o pensamento
2005, P.18). do indivíduo. Isso deve ocorrer de maneira
que a criança se sinta acolhida pelo professor.
A afetividade contribui muito e de maneira
especial para qualquer processo de ensino/ O professor é o mediador desse processo de
aprendizagem, através desse processo a aprendizagem: as relações ensinar e aprender,
criança estabelece relações com o meio aprender e ensinar entre professor e aluno
cultural criando vínculos com o meio em que acontecem constantemente. O professor
vive e a partir daí constrói conhecimentos, e não precisa exercer uma autoridade explícita.
a relação professor e aluno, que possibilitam Sua autoridade docente é conquistada pela
o desenvolvimento da criança e favorece a sua cidadania, sua liderança e sensibilidade.
conquista da autonomia. Daí a importância (ARAUJO, 2005, p.18).
de a escola respeitar e aproveitar essas
relações de cooperação que muitas vezes A dimensão efetiva pedagógica é
acontecem de forma espontânea, nascidas fundamental porque se envolve com o
entre professor e aluno. As relações entre sentimento da criança, somente a educação
professor e o aluno precisam manter uma efetiva consegue organizar os sentimentos da
linguagem reciproca para que o aprendizado criança. Proporcionar confiança, segurança,
aconteça de fato e a criança aprenda. ter um olhar diferenciado para com suas
Até nós mesmos adultos, damos mais necessidades, um olhar de afeto de cuidado
atenção aquelas coisas em que sentimos de ação que possa proporcionar um apoio
prazer em fazer do que aquilo que fazemos emocional e facilitar o seu desenvolvimento
porque temos que fazer, quando a criança na escola com a aprendizagem.
gosta do que ver ela quer fazer sempre, é
ai que o professor deve buscar caminhos e A maneira que o professor e aluno se
meios de dar significado para elas naquilo relacionam cria afetividade que faz com
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que essa relação se fortalece ainda mais. O porque é através da prática que se constrói o
aprendizado desse aluno se dá no cotidiano, conhecimento.
porque são através da prática que o constrói
conhecimentos. A interferência do professor Como a família, a escola é uma instituição
essencial na formação dos indivíduos. Tem
deve ser sempre, o efeito dessa interferência como papel contribuir não só para a aquisição
é a confiança de verbalização, a certeza para de conhecimentos do campo cognitivo,
a criança de star sempre compreendida. mas também na construção do caráter e da
personalidade, além de proporcionar o vínculo
Quando o professor não entende a linguagem afetivo entre todos. (COSTA, 2011, p.20).
irracional do aluno e não responde aos
anseios que traz com relação à escola, pode A afetividade é algo que nos acompanha
frustrá-lo, o docente fará as interferências desde os primórdios da humanidade, em
necessárias, ajudando, principalmente cada época se apresenta e desenvolve de
valorizando, a relação de autoridade situa-se acordo os costumes de um determinado
muito mais na afetividade do que na relação povo. Já alguns anos este tema vem sendo
de poder, porque e inicia no vínculo com o bastante discutido no meio educacional.
docente. Educadores a fim de melhorar suas práticas
buscam entender essa temática, como ela
se dá e quais são seus benefícios do mesmo
O PAPEL DO PROFESSOR para as crianças, bem como tal processo se
DIANTE DA INCLUSÃO nos desenvolvem diversos meios. “Do nosso
ponto de vista, a afetividade é impulsionada
ESCOLAR pela expressão dos sentimentos e das
Mesmo com as escolas abrindo as portas emoções e pode desenvolver-se por meio da
para a inclusão nos dias de hoje, ainda há formação.” (RIBEIRO, 2010, P. 404).
muito no que avançar é claro respeitando
os limites e o seu modo de pensar e agir. Por isso é importante entendermos a
O planejamento do professor de educação importância da relação social na infância
especial, não deve ser diferente do professor como um todo, pois, essa se desenvolve desde
de classes regulares, pois, num sentido mais cedo, a afetividade é parte fundamental na
amplo, deve atender a todos. É importante relação social que construímos ao longo de
que os professores demais alunos e família se nossas vidas, logo as relações sociais são
adaptem ao meio que a criança inclusa está fator primordial no processo de construção
inserida, dando a devida importância para da identidade e personalidade humana, [.].
tamanha contribuição na vida escolar dessa
criança. A maneira que o professor e aluno “Laços de afeto são fatores decisivos
se relacionam cria afetividade que faz com no desenvolvimento do aluno.” (ARAUJO:
que essa relação se fortalece ainda mais. O OLIVEIRA: CAMARGO, P. 17).
aprendizado desse aluno se dá no cotidiano,
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buscar no seu ambiente e nas alternativas que a cultura lhe-oferece, a concretização de suas
potencialidades, isto é, a possibilidade de estar sempre se- projetando na busca daquilo que
ela pode vir a ser.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O afeto é um dos principais fatores que contribuem para o
aperfeiçoamento do método de ensino e aprendizagem.
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ZENI, Talita Marchioro. A construção de limites através dos vínculos afetivos. Disponível
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WALLON, Henri. As Origens do Caráter na Criança. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,
1971.
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COMO TRABALHAR A
MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL?
RESUMO: Este trabalho tem como finalidade fazer um breve estudo sobre como a
aprendizagem e o pensamento matemático se desenvolve na primeira infância analisando
algumas das teorias da aprendizagem desenvolvidas por renomados estudiosos do tema
como Piaget, Vygostsky, Wallon, Gardner entre outros. Além de demonstrar a importância
do estudo da matemática desde a educação infantil se iniciando ainda na creche e centros
de educação infantil. Também procura fazer uma síntese de como a criança está inserida no
universo matemático em seu dia a dia de forma que mesmo intuitivamente traz conhecimentos
matemáticos prévios à escola, como o professor pode se utilizar deste conhecimento em
sala de aula por meio de atividades simples que podem ser realizadas de maneira prazerosa
e agradável para.
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sempre é o tamanho das coisas, estão sempre de símbolos que representam a ideia de
comparando que é menor ou maior, o que número, elas precisam ser apresentadas
tem mais ou menos, o que é mais rápido ou primeiramente ao universo dos números
mais lento, nesse ponto temos que observar naturais.
que a criança está fazendo comparações,
para isso ela busca um referencial, por Em um primeiro momento a criança vai
exemplo, para detectar que um carro está aprendendo a recitar os números de forma
rápido ele precisa ter um carro que está mais ordenada, um, dois, três, quatro, cinco e
lento e assim fazer a comparação, também assim por diante, nesta etapa ela ainda não
temos que observar que antes de realizar faz a relação entre o símbolo do número e a
a comparação ele precisa ter um prévio quantidade que ele representa, ainda nesta
conhecimento de quantidade que muitas etapa ela não consegue associar o número
vezes ele não traz formado para a escola e a quantidade e quando os números mudam
que deve ser introduzido em seu vocabulário a sua posição na sequência muitas vezes
pelo professor, ou seja, ele tem a noção de elas não conseguem estabelecer a relação
que existe uma diferença mas ainda não sabe entre a palavra e o símbolo, ou seja, ela não
nomeá-la. consegue relacionar a palavra cinco com o
número cinco. Cabe ao professor ajudar a
Para trabalhar esses conceitos em sala criança a fazer essa relação de forma que ela
de aula podem ser desenvolvidas atividades reconheça o número e consiga associar este
como a medição das crianças e a comparação número a respectiva quantidade.
entre seus tamanhos, divisão de materiais
como massinhas, blocos de montar etc., Essa operação parece simples, mas
culinária, horta pedagógica, corrida, etc. envolve um grande esforço mental por parte
da criança e muitas vezes serão necessárias
NUMERAÇÃO muitas tentativas e erros até se chegar a
A criança está o tempo todo exposta aos um resultado satisfatório, cabe ao professor
números, o relógio, o número da casa, do ter paciência e não desistir quando houver
ônibus, da sala de aula, de alunos na sala, dos dificuldade.
dias do mês, dos meses, do ano, etc., esse
universo dos números naturais faz parte Segundo PANIZZA (2006 p. 29):
da sua realidade e precisam também ser
trabalhados na educação infantil. O trabalho didático necessário é de longo prazo,
e compromete todos os níveis da escolaridade,
devendo começar nos primeiros anos. O critério
geral deveria ter presente tanto as questões
Neste tópico a criança está começando a especificas relativas à apropriação dos diversos
sistemas de representação, como as relações
conhecer o mundo simbólico dos números, que devem ser estabelecidas com os objetos que
ou seja, ela precisa internalizar um conjunto as representam.
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Para isso é necessário que o professor introduza os números dentro da prática nos mais
diversos momentos do dia, todos os dias a criança deve ser exposta aos números e aos
sistemas de significados que estes números representam. A contagem deve estar presente
em diferentes momentos do dia, a contagem dos materiais, da quantidade de alunos, etc.,
essa contagem deve ser sempre representada simbolicamente por meio do sistema de
numeração, ou seja, deve se apresentar os números em diferentes representações, verbais,
simbólicas e icônicas. Conforme PANIZZA (2006 p. 29) “(...) não só se deve ensinar conceitos,
como se deve ensinar a representar os números, o funcionamento do sistema (...)”
Além da exposição diária dos números e a demonstração da sua utilização por parte do
professor também podemos trabalhar os números de outras formas para auxiliar a criança
na internalização dos símbolos matemáticos.
Chocalho de tampinhas, neste brinquedo a criança pode brincar com o som e fazer a
contagem, com um arame galvanizado e dez tampinhas previamente perfuradas e colocadas
no arame, pode-se fazer diversas brincadeiras e combinações de objetos fazendo a respectiva
correspondência com o chocalho, ele funciona como um ábaco simplificado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aprendizagem humana foi objeto de estudo de diversos
pensadores ao longo do tempo, diversas teorias foram
propostas e desse estudo pode-se inferir que a aprendizagem
acontece tanto interna quanto externamente ao indivíduo,
ela se dá por meio de mecanismos próprios do indivíduo
destas experiências empíricas e sensoriais que a criança
experimenta ainda no seio materno, até as experiências
externas que são introduzidas pelo meio e pela sociedade.
KELLY CHRISTIANE
Nesse sentido a criança pequena se desenvolve DIAS MENDES
psicologicamente por meio dos estímulos que recebe do
Graduação em Pedagogia
meio em que está inserido, desde o meio familiar que é o pela Faculdade Anhembi
primeiro contato social do qual a criança participa chegando Morumbi (2016); Especialista
até a escola. Na escola a criança começa a receber os em Atendimento Educacional
Especializado e Educação
conhecimentos historicamente adquiridos e nesse sentido Inclusiva pela Faculdade Campos
a escola é espaço privilegiado para que a criança receba Elíseos (2017/2018); Professora
orientação para se desenvolver plenamente. de Educação Infantil na Prefeitura
Municipal de São Paulo no Centro
de Educação Infantil Yolanda de
A matemática deve fazer parte do currículo escolar Souza Santalúcia.
desde a educação infantil de forma a proporcionar a criança
experiências provocadoras, que a estimulem a agir e a pensar
sobre as suas ações construindo seu próprio conhecimento
de forma ativa e participativa, para isso deve-se procurar
atividades lúdicas e prazerosas com objetivos bem definidos
que busquem trabalhar conceitos matemáticos com
planejamento respeitando e aproveitando os conhecimentos
prévios trazidos pela criança.
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REFERÊNCIAS
BONDIOLLI. Anna, MANTOVANI. Susanna. Manual de Educação Infantil de 0 a 3 anos. 9ª
edição. Porto Alegre. Artmed. 1998.
PIAGET. Jean. Seis estudos de Psicologia. Tradução Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo
Sergio Lima Silva. 25ª edição. Rio de Janeiro. Editora Forense Universitária. 2014.
SHILLER, Pam. ROSSANO Joan. Ensinar e Aprender Brincando. Tradução Ronaldo Cataldo
Costa. 2ª edição. Porto Alegre. Artmed 2008.
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MULTILINGUAGEM NA ARTE
DA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: O seguinte artigo tem como objetivo, observar qual é a importância da
multilinguagem no ensino de artes da educação infantil. Para isso, fez-se uma revisão
bibliográfica baseada em livros, artigos e estudos de três linguagens específicas: O teatro,
a música e a dança. A partir daí, levantou-se uma breve história de cada linguagem, qual a
importância desta e como ela contribui para o desenvolvimento das crianças, observou-se
quais fatores restringem o uso destas linguagens em sala de aula, e por último, houve uma
reflexão sobre o que deve ser levado em conta para contornar adversidades e utilizar estas
linguagens em sala de aula de forma significativa.
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do que levar o aluno a compreender técnicas, manter a ordem. Para Gobbi (2010) o espaço
é promover um espaço para experimentação da padronização nem sempre reconhece
e compreensão. como direito as expressões das crianças.
Sendo assim, como se contrapor aos espaços
Segundo a BNCC (Base Nacional Comum cerceadores das capacidades criativas das
Curricular), a educação infantil tem por crianças?
eixo base proporcionar cinco campos
de experiências, que seriam os saberes Assim alcançamos o problema que este
e conhecimentos fundamentais a serem artigo busca responder: Qual a importância
estudados. São estes: da multilinguagem na educação infantil?
O eu, o outro e o nós: Compreende o Esta pesquisa tem como objetivo geral
autoconhecimento e as relações sociais; compreender por que esta restrição de
Corpos, gestos e movimentos: Compreende linguagens artísticas no ensino infantil deixa
todas as manifestações físicas e motoras; uma lacuna de importantes experiências na
Traços, sons, cores e formas: Compreende vida das crianças.
a produção e apreciação artística;
Escuta, fala, pensamento e imaginação: Como objetivos específicos, esta pesquisa
Compreende a comunicação, a expressão e busca abordar as singularidades de algumas
a criação; linguagens artísticas. Assim podemos melhor
exemplificar como essas linguagens são
Espaços, tempos, quantidades, relações e complementares entre si.
transformações: Compreende a percepção, e
reflexão e o pensamento crítico. O trabalho a seguir apresenta uma
revisão bibliográfica de livros, artigos e
Estes campos de reflexão estabelecidos pesquisas acadêmicas, onde trabalharemos
pela BNCC buscam compreender da sobre diferentes linguagens no ensino de
melhor forma possível todos os saberes artes na educação infantil. A escolha de
e possibilidades a serem abordados e um artigo de revisão bibliográfica se deve
trabalhados na educação infantil para uma ao fato desta pesquisa ser naturalmente
educação de qualidade. qualitativa. Ao tratar-se de um tema tão
abstrato quanto à multilinguagem das artes,
Infelizmente, o espaço escolar nem sempre dificilmente encontraremos uma resposta
compreende todas as manifestações como fechada e absoluta. A realidade se adéqua
válidas, por vezes condenando o excesso de aos conhecimentos do educador, aos alunos,
movimento ou de sons. Por este motivo, é ao contexto socioeconômico em que estes
comum que escolas restrinjam as práticas estão inseridos.
artísticas ao desenho, como forma de
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as mãozinhas das crianças, onde todas rodam ou pulam junto com a música. Tudo isso se
encaixa como dança.
(...) Infeliz educação a que pretende, pela explicação teórica, fazer crer aos indivíduos que podem ter acesso ao
conhecimento pelo conhecimento e não pela experiência. Produziria apenas doentes do corpo e do espírito,
falsos intelectuais inadaptados, homens incompletos e impotentes. (Freinet, 1991, p. 42)
Outra coisa que deve ser levada bastante em conta, ao realizar um projeto pedagógico
que atribui a dança como linguagem, é a acessibilidade daquele projeto. Ao trabalhar com
crianças pequenas, ou crianças com qualquer tipo de deficiências física, motora ou cognitiva,
o mais importante de tudo é que a atividade não seja excludente.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste trabalho, podemos verificar alguns
aspectos curiosos do ensino de artes na educação infantil.
Aspectos estes que vão além do processo criativo de
desenhar. A vivência escolar nos apresenta a triste realidade
de que, em grande parte do tempo, o processo artístico
restringe a criança ao desenho e as artes plásticas. Muitas
vezes condenando o excesso de movimentos e sons em prol
da ordem.
A noção de sons e músicas. Não há maneiras de se trabalhar este eixo arte sem a experiência
concreta com sons, músicas e barulhos.
A coordenação motora, embora haja outras disciplinas que façam uso de movimentos físicos, a
dança e o teatro permitem uma experiência diferenciada, ritmada e coreografada. Às vezes com
poucas partes do corpo e que darão às crianças ritmo, coordenação, firmeza nas mãos e nos pés.
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A escuta e a fala. O teatro e a música contribuem não apenas para habilidades motoras,
mas também verbais. A criança pode exercitar as cordas vocais, perceber a diferença entre
seus diferentes tons de voz, desenvolver a fala.
Não apenas isso, o ensino de artes com estas diferentes linguagens também proporciona
outros campos de desenvolvimento. Como: a socialização, quando a criança passa a
desenvolver um trabalho em coletivo; a desenvoltura, quando a criança se vê com liberdade
para falar e se expressar em frente a outras pessoas; A noção de espaço e transformação, ao
observar mudanças de músicas, cenários, sons; e a própria expressão artística, que quando
não é limitada, se torna mais ampla e rica.
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REFERÊNCIAS
BARROS, Marcelo Diniz Monteiro de; ZANELLA, Priscilla Guimarães; ARAUJO-JORGE,
Tania Cremonini de. A música pode ser uma estratégia para o ensino de ciências naturais?
Analisando concepções de professores da educação básica. Ens. Pesqui. Educ. Ciênc. (Belo
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BUENO, Paula Alexandra Reis; COSTA, Rosa Maria Cardoso Dalla; BUENO, Roberto Eduardo.
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OLIVEIRA, Thiago Ranniery Moreira; PARAÍSO, Marlucy Alves. Mapas, dança, desenhos: a
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PERIC, Thereza. No exercício da arte: o professor criador. Diálogo entre o fazer artístico e a
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SCARPATO, Marta Thiago. Dança educativa: um fato em escolas de São Paulo. Cad. CEDES,
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CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: A presente pesquisa traz o enfoque da contação de história na educação infantil
como ferramenta facilitadora no processo da construção dos leitores, trazendo para essa
discussão autores que defendem essa temática. As crianças, sobretudo da educação infantil,
têm tido uma atenção especial em todas essas mudanças propostas para a educação em
nosso país, sendo ressaltada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
9.394/96) como a primeira etapa da educação básica. Neste contexto, aliar o lúdico, os
jogos, a preparação do ambiente, se faz necessário, e neste sentido, a contação de histórias
na educação infantil, pode entrar como instrumento a fim de despertar o interesse pela
leitura. A contação de história é um ato que pode ter uma finalidade educativa, construtiva
ou simplesmente um momento de descontração, de relaxamento, de deleite, imprescindível
para todas as crianças, que vai de encontro com os preceitos dos PCN’s, do RCNEI e da
LDB, no diz respeito ao desenvolvimento dos seus aspectos psicológico, intelectual e social,
merecendo planejamento. Contar histórias é uma arte oral milenar mediante costumes,
tradições, culturas, são passadas de geração em geração. Abordar ou adaptar histórias que
estejam no contexto da vida das crianças, no seu cotidiano, utilizando gêneros como contos,
fábulas, poemas, poesias, traz significância ao aprendizado.
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ferramenta importante, pois é por intermédio ou um cordeirinho, ser do bem ou ser do mal,
delas que sabemos de que lugar viemos, sem limites ou contestações. Abramovich
para que lugar iremos, e quem somos. Todas (1989) diz que “o livro da criança que ainda
elas transmitem conhecimentos e valores não lê é a história contada.” (p. 24).
fundamentais no desenvolvimento humano
e na formação do cidadão. Antes que possam ler sozinhas as crianças
devem escutar histórias, a fim de desenvolver
o interesse pelos livros e conscientizar-se da
[...] a voz constitui o mais antigo meio de variedade de livros disponíveis. Quando estão
transmissão. [...], preenche diferentes funções, aprendendo a ler, a escuta de histórias funciona
dando conselhos, estabelecendo normas e como uma influência modelizadora para a leitura.
valores, atentando os desejos sonhados e
(KUHLTHAU, 2002, p. 50).
imaginados, levando às regiões mais longínquas
a sabedoria dos homens experimentados.
(PATRINE, 2005, p.118). Para tanto é preciso uma preocupação
a mais com esse contar história para os
Temos também que, segundo o dicionário pequeninos. Ambiente acolhedor e seguro,
Michaelis (2008), a definição de história é: calma, paciência, entoação, respeito,
1 Narração ordenada, escrita, dos fatos fantasias, cores, sabores, cheiros, sons,
e dos acontecimentos (sociais, políticas, tudo isso é sentido, percebido e registrado
econômicas e culturais) na vida dos povos, pelas as crianças. “O narrador tem que
de uma localidade e da humanidade, em transmitir confiança, motivar a atenção e
geral, ocorridas no passado [...]. 2 Registros despertar admiração” (ELIZAGARAY apud
cronológicos desses acontecimentos (em ABRAMOVICH, p. 20). O faz de conta, conta
livros, principalmente). (MICHAELIS, 2008, e encanta quem as ouve. Histórias bem
p. 442). Há diferentes formas de se contar contadas fazem querer ouvi-las mais e mais.
uma história, o que diferencia uma da outra
é a sua intencionalidade. Umas são contadas É importante para a formação de qualquer
criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá –
para descrever fatos e acontecimentos las é o início da aprendizagem para ser um leitor,
importantes de tempos remotos, umas para e ser leitor é ter um caminho absolutamente
passar uma moral, uma ideia, outras para infinito de descobertas e de compreensão de
mundo [...]” (ABRAMOVICH, 1989, p. 16).
divertir, descontrair, imaginar, sonhar, se
deleitar. A autora faz uma reflexão pessoal e
intrigante, sobre o contar histórias para
Precisamos de todas elas e as crianças nossas crianças:
precisam ainda mais, desde muito cedo, para
embalar seus sonhos e encher de alegria Como falar mais de encantamento da história, das
emoções sentidas e vividas pelos personagens,
seus dias, pois, as histórias tem o poder de das sofrências e alegrias, dos sufocos e
encantar, fascinar, de nos apaixonar por deslumbrâncias, se eu deixei passar batido tudo
esse mundo da imaginação, na qual tudo é isso em mim? Como fazer a criança ou o jovem
lerem se eu leio tão pouco?(ABRAMOVICH,
possível: ser polícia e ser ladrão, ser um lobo 1989, p. 61)
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[...] os contos de fadas têm um valor inigualável, Nesse sentido é fundamental que o
conquanto oferecem novas dimensões à
imaginação da criança que ela não poderia contador de história seja prático e criativo
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para que visualize em diferentes materiais a bonecos ficam atrás de um cenário, como
oportunidade de se contar boas histórias, pois uma televisão, uma casinha. É interessante
cada uma exigirá conhecimento e domínio da deixar as crianças tocá-los. Possui uma face
técnica. Com base nesse pressuposto está com grande expressividade. A contação
claro que o cantador de história deve ter um de história por fantoches, palitoches e
repertório amplo de maneiras diferentes de dedoches, auxilia na contação de histórias,
contar histórias, respeitando e adequando- estimulando a curiosidade da criança e
as a cada faixa etária. proporcionando a interação. Para facilitar a
interpretação da história e manipulação dos
Abramovich (1989), afirma que as histórias: fantoches é interessante que o mediador
saiba as histórias de memória, assim elas
Chegaram ao seu coração e à sua mente, na fluirão naturalmente o que tornara o
medida exata do seu entendimento, de sua
capacidade emocional, porque continham esse momento atrativo e prazeroso.
elemento que a fascinava, despertava o seu
interesse e curiosidade, isto é, o encantamento, História no avental: A arte de se contar
o fantástico, o maravilhoso, o faz de conta.
(ABRAMOVICH, 1989, p. 37). história no avental é um instrumento versátil,
pois as figuras e imagens são manuseadas
de acordo com o momento que a história
vai acontecendo, é uma forma atrativa que
A PRÁTICA DE CONTAÇÃO faz com que a criança e o contator interajam
DE HISTÓRIA NA ESCOLA criando situações, usando o imaginário. É
importante abordar histórias que estão no
Existem várias formas de se contar história, contexto da vida das crianças, tais como
seja com objetos dentro de uma caixa surpresa, contos, fábulas, dentre outras que tragam
peça teatral, avental, dedoche, fantoche, prazer e identificação com sua vivencia, como
leitura de roda, leitura deleite, porém, todas ir para escola, passear no parque, interações
elas trazem a magia e o encantamento para familiares, amigos, brincadeiras.
os ouvintes. Para conduzir e dar mais vida
as belas histórias, destacamos e explicamos História com papel: O contador contará a
algumas ferramentas e possibilidades: história utilizando o papel para materializar
os pontos fortes da história. Pode-se utilizar
História com fantoche, palitoche e o papel também o moldando como uma
dedoche: É utilizado um ou mais bonecos, que dobradura, para que assim se transforme
são animados pelos contadores. O fantoche em algo após a finalização. Nesse sentido,
é manipulado internamente, seus braços podem ser apresentadas histórias com
e mãos são movimentados pelos dedos, interferência, na qual os personagens são os
assim como os dedoches. Os palitoches são próprios ouvintes.
manuseados pelas mãos. Geralmente esses
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Tapete de velcro: O tapete de velcro é composto por placas de tatame com o cenário das
histórias e forração apropriada para colar os personagens. Pode ser montado horizontalmente
ou verticalmente. Os personagens devem possuir velcro para que sejam fixados no tapete
no momento da contação.
Caixa surpresa: A caixa surpresa é um elemento mágico indispensável. Tanto para contar
histórias. Ela se presta a esse papel pela alta carga lúdica que contém. Uma caixa, qualquer
caixa, provoca o desejo, a expectativa, a curiosidade, o desafio de descobrir o há lá dentro,
que mistérios ela esconde. A caixa surpresa é como a caixa de pandora... que provoca.
Baú de histórias: O baú de histórias pode ser utilizado sempre que quiser. É preciso que
o organize de modo que possa transportá-lo com facilidade, mas que ao mesmo tempo
comporte diferentes tipos de acessórios. Procure enfeitar o seu baú para que possa ser
usado para diferentes narrativas. Evite colar personagens muito conhecidos e que possam
remeter a uma única história.
É através das histórias que a criança reflete sobre o seu próprio comportamento social e sobre o círculo em
que convive. Como já vimos, contar histórias é um manifesto cultural que é passado de geração em geração
e encontra-se marcada pelo interesse literário, proporcionando á criança a operosidade de sua fantasia, de
sua imaginação, despertando ainda exemplos morais e de prazer espiritual, além da efervescência do belo no
universo das palavras. Ao destacarmos um livro que possua todos esses atributos, podemos considerá-lo uma
ótima literatura para as crianças assim, Que reinações vamos ter hoje, narizinho? (Lobato 2008, p.14).
Quando se pergunta: Por que contar histórias para crianças? Encontram-se várias
respostas, e entre elas, simplesmente falar do prazer que ouvi-las proporciona já seria o
bastante, porém, os estudos realizados pelos teóricos mostram que vão mais além...
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa assumiu como objetivo a contação de história
como parte integrante na formação do leitor competente,
autônomo e dinâmico. O processo de desenvolvimento das
crianças se dá a partir das interações que vivenciam, sendo
assim, acredita-se que a contação de histórias na educação
infantil, contribui para este desenvolvimento, pois as histórias
que ouvem desde a mais tenra idade, permitem discutirem,
internalizar e externalizar valores morais, relacionamentos
familiares e o uso real da escrita, levando-as a conhecer LÍDIA CRISTINA ROLIM
novas palavras, a usarem a imaginação, desenvolvendo o DE PAULA PINHO
pensamento crítico, a oralidade, a criatividade, melhorando
Graduação em Pedagogia
seus relacionamentos afetivos interpessoais, auxiliando na pela Universidade Hermínio
construção da identidade do indivíduo, e abrindo espaço Ometto (2010); Professora de
para novas construções significativas e aprendizagens, que Educação Infantil no CEI Jocelyne
Guimarães Fernandes de Mello.
os motive e os inquietem na busca pelo conhecimento.
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REFERÊNCIAS
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leitura. São Paulo: Ática, 1986.
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O ENSINO DE ARTE
FRENTE ÀS TIC’S
RESUMO: O presente Artigo aborda “O Ensino de Artes Visuais frente as Tecnologias de
Informação e Comunicação”. Os objetivos foram pesquisar sobre o campo do ensino da
arte e suas relações com as tecnologias; oportunizar o estudo para os professores de arte
sobre o olhar para as tecnologias no ensino da arte e analisar como o uso das tecnologias de
informação e comunicação podem auxiliar no aprendizado dos alunos nas aulas de Artes. A
arte faz parte de to-das as transformações sociais e não teria como ficar fora dos avanços
tecnoló-gicos e ao mesmo tempo a escola também deve se adequar aos novos contex-
tos. O referencial teórico trouxe estudos sobre as tecnologias na educação e no ensino da
arte, as tecnologias da informação e comunicação, mídia e edu-cação. O estudo revelou que
os professores conhecem o termo referente às Tecnologias de Informação e Comunicação,
porém, não sabem transpor a seus alunos por isso pode-se concluir que é necessário
formação continuada, para que possam sempre se manter atualizados em seus estudos e
respecti-vamente ao surgimento de novas tecnologias para o ensino.
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Não há como realizar um estudo da arte de ordem, [...] agora, passaram a ser: co-
ou da educação em arte, na atualidade, sem nectividade, interatividade e emergência”
considerar as possibilidades da utilização do (VENTURELLI, 1998, p. 181).
computar coo instrumento de aprendizagem
da arte ou, como um meio de produzi-la. Dessa forma, pesquisas realizadas no
campo pedagógico não podem ignorar o
Burgos (1995), afirma que os computadores potencial dos recursos do ciberespaço, como
auxiliam na formação de novas relações com espaço de desenvolvi-mento sensível da
o conhecimento, comunicação, por meio do qual brotam novos
conceitos de “partilha do conhecimento,
de maneira ‘a se eliminar a barreira que separa interatividade, extensão do pensamento e a
a ciência dos seres humanos, e estes do
conhecimento que têm de si mesmos’, alijando, cons-trução coletiva da obra, onde o autor
de forma definitiva, o analfabetismo científico, e leitor não se distinguem” (VENTU-RELLI,
uma vez que esta tec-nologia estabelece um 1998, p. 185).
contato íntimo com algumas das ideias mais
profundas da ciência, da matemática e da arte de
construir novos modelos intelectuais (BURGOS, Tais conceitos serão abordados na
1995, p. 1). terceira seção, que apresenta a pro-posta
de formação continuada dos educadores em
Fundamentada nessa premissa ela propõe arte. É importante ter em mente, ao propor
a criação de um museu vir-tual para a Arte estratégias de atuação nesse processo
Computacional, desenvolvido no Laboratório de formação, que os educadores estarão
de Imagem e Som da Universidade de Brasília, mediando o contato dos alunos com a cultura
com um meio de veiculação de produções que abriga essa nova forma de manifestação
artísticas construídas por mio de imagens e artística. Esses educadores deverão,
sonos sintéticos. portan-to, buscar no contato com a arte da
tecnociência, os conhecimentos necessá-
Este laboratório foi criado em 1989, rios ao desenvolvimento de experiências de
com o objetivo de possibilitar pes-quisas formação desses novos fruidores.
de professores e alunos de graduação e
pós-graduação do Departa-mento d Artes A próxima seção apresenta alguns fatores
Visuais, nas áreas de arte e design. relevantes para a continuida-de do processo
histórico da educação em arte. Antes, porém,
Em sua narrativa, Venturelli (1998), de dar prosse-guimento à contextualização
apresenta vários exemplos de cria-ção cultural histórica, apresentando a situação curricular
e interativa, fundamentada em comunicação atu-al, é importante destacar algumas
verbais, imagéticas, sonoras, instantâneas conclusões relevantes que deverão ser con-
entre várias pessoas distribuídas em várias sideradas na formulação da proposta.
partes do mundo ao afirmar que “as palavras
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sempenho para focar os poderes potenciais como o “segundo dilúvio”, gerado pela
– a competência: poderes que po-diam tanto natureza exponencial, explosiva e caótica
transformar quanto ser transformados” das telecomunicações. Neste mar de
(DOLL, 1997, p. 66). informações navegam as arcas, que diferem
da arca do primeiro dilúvio por não serem
Ana Mae Barbosa (2001), vai mais além estanques. Elas trocam sinais e abrigam
na demonstração da pós-modernidade pequenas totalidades que não se pretendem
de Dewey, ao analisar duas posições universais. Apenas o dilúvio é universal
contraditórias acerca da arte: de um lado (LÉVY, 1999).
naturalista, em Experience and nature e, de
outro, pragmatista, em Art as experience. Tal Outro dilúvio é representado pelo
contradição seria o reflexo de uma grande crescimento demográfico. Os homens
ruptura ocorrida na história da arte, que inundam a terra. Frente a este novo dilúvio,
separa o contexto em que foram escritas as telecomunicações podem ser utilizadas
as duas obras: o salto da arte naturalista, para a exaltação do humano, valor maior,
considerada como representação da sem preço. Essa valoriza-ção implica a
natureza - contemporânea dos primeiros tecitura de relações, “o reconhecimento do
anos de Dewey como intelectual - para valor do outro, a acei-tação e ajuda mútuas,
uma arte liberta (no início do século XX) do a cooperação, a associação, a negociação,
“comando naturalista/realista”, porém, ainda para além das diferenças de pontos de vista
desvinculada do expressionismo modernista. e de interesses” (LÉVY, 1999, p. 14).
Segundo Barbosa (2001), justamente “[...] Nesse novo dilúvio universal se constrói
em função do modernismo e já respondendo uma nova forma de cultura, a cibercultura,
e se opondo ao conceito modernista de resultado do progresso das tecnologias
expressão que Dewey constrói a teoria da digitais de informação e comunicação “que
arte como experiência” (BARBOSA, 2001, p. se encontra em andamento e da mutação
19). global que dela resulta”. Esta nova espécie
de cultura revela um “conjunto de técnicas
(materi-ais e intelectuais), de práticas, de
O ENSINO DE ARTE atitudes, de modos de pensamento e de
FRENTE AS TECNOLOGIAS valo-res que se desenvolvem juntamente
com o crescimento do ciberespaço” (LÉ-VY,
DE INFORMAÇÃO E 1999, p. 17).
COMUNICAÇÃO – TIC’S
O ciberespaço, ou simplesmente rede,
Fomos invadidos por um dilúvio de segundo Parente (1999), é um novo
informações, denominado por Roy Ascott espaço de comunicação que integra a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As teorias educativas refletem as concepções filosóficas
que a socieda-de anseia para a educação e que, seus
pressupostos sofrem, também, in-fluências de interferências
socioculturais. É o conhecimento dessas teorias que
instrumentaliza o educador para a construção das bases
de sua filosofia de educação e que irá conduzir sua prática
pedagógica. É na reflexão funda-mentada na práxis que o
educador evolui e é na vivência/convivência que ocorre a
construção do conhecimento. LIDYANE RAFAELA
ALMEIDA SANTOS
É de fundamental importância basear o processo de
Graduação m em Pedagogia com
formação dos pro-fessores em um eixo epistemológico, habilitação com Administração
fundamentado na articulação entre teoria e prática, esperamos pela FICS – Facul-dades Integradas
estar contribuindo para a concretização das aspirações Campos Salles, 2006; Professora
de Ensino Fundamental na EMEF
de educadores compromissados com a reconfiguração do Júlio de Oliveira.
cenário educacional no qual a arte, certamente, desempenha
um papel primordial.
Para um uso significativo das tecnologias, que traga resultados no pro-cesso de ensino e de
aprendizagem, evidencia-se a necessidade da formação e o aperfeiçoamento dos docentes
quanto ao uso das tecnologias da informa-ção e coamunicação.
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REFERÊNCIAS
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por uma fonoaudióloga, que avaliou cada álcool na gravidez é prejudicial à criança, não
um deles e constatou que apesar dos dois somente quando a mesma está sendo gerada,
irmãos possuírem a mesma síndrome e mas por toda vida, uma vez que a SAF é uma
partilharem do mesmo contexto familiar, condição que a acompanhará por toda a sua
o perfil fonoaudiólogo deles era diferente. existência.
Estes estudos mostram que dificuldades Devido a essa condição permanente, deve-
mais graves na capacidade comunicativa se pensar na criança com a síndrome como
podem estar associadas a períodos mais todo, ou seja, como ser social, indivíduo este
elevados de exposição ao álcool durante as que com apoio e suporte tem totais condições
fases mais críticas de desenvolvimento fetal. de se relacionar com o mundo ao seu redor,
(GARCIA,ROSSI e GIACHETI, 2007). Sendo mesmo com suas limitações. A escola tem
assim, pode-se afirmar que os efeitos do papel fundamental nesse processo, pois é nela
álcool se apresentam em diferentes graus de que os alunos com Necessidades Especiais
comprometimento de acordo com a idade interagem com o outros, mostram seus
gestacional. Sobre sito, Costa nos fala que: potenciais e se desenvolvem. Carneirocita
que:
No primeiro trimestre da gravidez, o
feto corre o risco de sofrer malformações ...os portadores de deficiência precisam ser
e dimorfismo facial, uma vez que se trata considerados, a partir de suas potencialidades
de uma fase crucial da organogénese. No de aprendizagem. Sobre esse aspecto é
segundo trimestre, aumenta a incidência de facilmente compreensível que a escola não
abortos espontâneos. No terceiro trimestre, tenha de consertar o defeito, valorizado as
outros tecidos do sistema nervoso são habilidades que o deficiente não possui, mas
afetados, como o cerebelo, o hipocampo, o ao contrário, trabalhar sua potencialidade, com
córtex pré-frontal; assim como se verifica vistas em seu desenvolvimento. CARNEIRO
um atraso no crescimento intrauterino e há (1997, p.33)
comprometimento do parto, aumentando a
probabilidade de infecções, descolamento da Por esse motivo a escola deve estar
placenta antes do tempo, parto prematuro preparada para receber o alunocom
e sofrimento do feto devido à presença de necessidades especiais, ter consciência da
mecônio no líquido amniótico. (Costa 2012, sua importância na vida deles. Este é um
p.35) ponto chave que deve ser trabalho com os
profissionais de educação, para que se possa
Como descreve a autora acima o feto fica atender as necessidades de todos os alunos,
exposto aos efeitos nocivos do álcool desde respeitando suas particularidades e garantindo
quando é concebido, correndo o risco de assim a permanência dos educandos na Rede
sofrer uma série de comprometimentos. Regular de Ensino.
É importante ressaltar que o consumo do
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DESENVOLVIMENTO
COGNITIVO DE ALUNOS
COM SAF
Levando em consideração que o processo
de aprendizagem não depende somente do
educador, mas também do aluno que possui
seu próprio tempo para aprender, o professor
deve ter sensibilidade e organizar um ambiente
propício para o avanço do aluno, respeitando
suas limitações e evitando qualquer atitude
discriminatória.
O professor que recebe uma criança com SAF
deve compreender que ela pode aprender e que a
escola é fundamental e útil para sua vida. Muitos
professores apresentam dificuldades em aceitar
alunos que não progridam a um ritmo tido como
normal, mostrando-se resistente a estes alunos
com SAF, por estes apresentarem dificuldades.
De acordo com Costa:
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suas funções executivas, logo tem dificuldade em e as dificuldades do aluno com SAF para que
manter comportamentos dirigidos para metas, dessa forma faça a intervenção pedagógica
utilizando informações armazenadas na memória adequada. Deve ser observador e estar atento às
de trabalho. O professor pode adotar estratégias potencialidades dos seus alunos, bem como, às
baseadas na orientação visual externa para gerir suas individualidades. O papel do professor é de
seu comportamento (COSTA, 2012, p.56). suma importância, assim como relata Fernandes:
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Estas são estratégias que fazem toda a diferença profissionais da educação vão favorecer essa
para o aluno com NEE, portanto, elas devem criança no processo de ensino e aprendizagem, se
ser repensadas e adequadas de acordo com a muitos deles não possuem informações suficientes
necessidade de cada um. Essas adaptações são sobre esse quadro clinico e social?Deve-se,
possíveis quando desenvolvidas por professores então, esclarecer suas causas e características,
flexíveis, que buscam meios de motivar o aluno para que possa contribuir de forma efetiva nas
mesmo quando ele parece não demonstrar práticas escolares e junto aos demais profissionais
interesse ou até mesmo quando o resultado envolvidos.
apresentado não é o desejado. Nesse contexto, o Em se tratando da escola, a mesma deve ter
professor atua como mediador e facilitador, não só mudanças significativas, não cabendo somente ao
do aluno especial, mas de todos os educandos.E, professor à responsabilidade do sucesso escolar
tal atitude favorecerá a inclusão e levará em conta dessa criança. O ponto fundamental é a relação
as particularidades, gerando assim um ambiente com a família dessas crianças acometidas pela
favorável ao aprendizado. SAF, que apesar da ausência devem ser acolhidas e
entendidas dentro de seu contexto biopsicossocial.
Muitas vezes nós professores nos esquecemos
CONSIDERAÇÕES FINAIS do papel que temos perante a sociedade, nos
esquivando de nossas responsabilidades, achando
O vicio alcoólico é um problema de saúde pública que isso não é um problema meu. "É através da
e mesmo com as diversas campanhas realizadas, escola que a sociedade adquire, fundamenta e
inclusive sobre o consumo da substância na modifica conceitos de participação, colaboração
gravidez, estas não foram suficientes para mudaros e adaptação. Embora outras instituições como
dados estáticos atuais. A importância desse tema família ou igreja tenha papel muito importante,
vai muito além do que uma simples aquisição de é da escola a maior parcela". MANTOAN (1997,
conhecimento. p.13).
Falar da SAF e expor sobre ela é indispensável, Não podemos fechar os olhos perante a um
já que a mesma pode ser prevenida, uma vez que fato tão importante, uma criança acometida pela
esta síndrome tem causa ambientalprovocada pela SAF precisa de apoio e suporte a vida toda. Assim
genitora. A maternidade deve ser um momento como já citamos nesse trabalho, outros órgãos
mágico na vida de qualquer mulherem que ela se devem ser acionados para melhorar aqualidade
prepara da melhor maneira possível, para receber de vida dessa criança como assistentes sociais,
o filho saudável, em um ambiente aconchegante, psicólogas, fisioterapeutas, médicos e etc., mas nós
com uma família presente ecom valores éticos. professores também temos nossa parcela nesse
Mas neste caso, infelizmente, não é isso que processo. Devemos ser facilitadores e buscar
ocorre e a preocupação com as crianças com a estratégias para favorecer a criança com SAF
SAF perpassam os muros de suas casas e acabam através de currículos adaptado e planejamento
chegando às escolas. só assim a escola irá garantir avanços na vida
Fica, neste caso, a pergunta: Comoos educacional e social do aluno com SAF.
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REFERÊNCIAS
Aragão, M. J., & Sacadura, R. (2002). Guia Geral das Drogas: explicar
o seu mecanismo e as suas consequências.Lisboa: Terramar.
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maior ludicidade faz com que repensemos o professor precisa interagir com ludicidade,
nossa metodologia e que tenhamos a se permitir romper as fronteiras professor e
necessidade de em planejar nossas aulas aluno, tornando-se mais próximo e coautor
de forma a inserir o lúdico como pratica desse processo de aprendizagem e, também
pedagógica e metodológica. aprender a ensinar brincando.
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JUSTIFICATIVA
OS BRINQUEDOS, OS
A necessidade de inserir e reconhecer JOGOS, O BRINCAR PARA A
o lúdico como ferramenta pedagógica, em
que há a necessidade de professor e aluno CRIANÇA E PARA O ADULTO –
se doarem afetivamente e totalmente nesse CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS
processo de ensino e aprendizagem, dirimindo
a barreira professor- aluno e rotulações como: A origem dos brinquedos remontam as
“brinquedos não é coisa de escola”, “brinquedo civilizações antigas, há quem diga que um
é para professor matar o tempo”, “brinquedo brinquedo pode trazer toda uma cultura,
é só lazer, não se aprende nada”, etc. social e histórica de um povo. Outros, que a
origem dos brinquedos e do próprio homem
Precisamos repensar a nossa pratica, de forma está intrinsecamente relacionada, que não
a adaptar a nossa metodologia e didática, pois, o há como precisar a sua origem.
lúdico com os padrões convencionais de ensino não
compete. O professor precisa de forma responsiva Inicialmente os brinquedos eram
utilizar o lúdico em sala de aula, corroborando para produzidos em pequenas escala para
uma aprendizagem efetiva e significativa. atendimentos de necessidades particulares.
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No faz-de-conta, há forte presença da situação O lúdico não cabe nos métodos tradicionais
imaginária, no jogo de xadrez, as regras externas
padronizadas permitem a movimentação das de ensino, mas assim como as TICs , se
peças. Já a construção de um barquinho exige mostram uma ferramenta necessária no
não só a representação mental do objeto processo de aprendizagem e para o docente
a ser construído, mas também a habilidade
manual para operacionalizá-lo. (KISHIMOTO, repensar a sua prática pedagógica.
1994,p.105).
O primeiro passo é reaprender a brincar,
Foi somente na segunda metade do século levando em conta que a brincadeira é algo
XIX que o brinquedo, que tinha sua origem na internalizado, afetivo e “sinequanon” para
indústria doméstica, passou a ser produzido quem deseja conhecer a criança:
em larga escala e ganhou caráter industrial.
Já no século XX, surgem os vídeo games, A brincadeira é a fase mais alta do
desenvolvimento da criança — do
com plataformas cada vez mais interativas desenvolvimento humano neste período; pois
(kinects, aplicativos, plataformas virtuais, ela é a representação auto-ativa do interno —
etc), em que torna-se possível romper a representação do interno, da necessidade e do
impulso internos. A brincadeira é a mais pura,
fronteira do virtual e real por meio de um a mais espiritual atividade do homem neste
simples objeto como: um óculos 3D, nos estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida
transportando para uma realidade virtual tão humana como um todo — da vida natural interna
escondida no homem e em todas as coisas. Por
real que nos da uma sensação tênue dessa isso ela dá alegria, liberdade, contentamento,
barreira tempo/ espaço, realidade e ficção. descanso interno e externo, paz com o mundo.
Ela tem a fonte de tudo o que é bom. A criança
que brinca muito com determinação auto-ativa,
perseverantemente até que a fadiga física proíba,
O LÚDICO EM SALA DE AULA certamente será um homem determinado, capaz
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O padrão de comportamento para como bebê e para com a criança na primeira infância se modificaram, e as
crianças de hoje são mais espertas e mais inteligentes do que as crianças de algumas décadas atrás, gerando
situações inesperadas. Atualmente, pais trabalham fora , as famílias são menos numerosas, e as crianças
frequentam, desde cedo, berçários, creches e escolinhas maternais, na qual recebem estímulos diferentes
dos que recebiam aquelas que eram criadas em casa pelos irmãos e que só eram levadas para a escola aos
sete anos. É, portanto, com essas crianças que o educador tem que saber lidar, tem que reconhecer suas
necessidades e procurar atendê-las dentro do contexto educacional atual (COSTA, 2007, p. 14)
Neste sentido, podemos pensar no Origami (técnica japonesa de dobrar papel), aplicada
ao ensino da matemática, são infinitos os conceitos que a criança pode aprender brincando,
além de explorar sua competência motora e trabalhar pontos, retas e ângulos. Da mesma
maneira, são oferecidos infinitos sites e plataformas que introduzem conceitos matemáticos,
por exemplo, tidos como dificílimos na escola, ou como baixo rendimento de aprendizagem,
que por meio de jogos e plataformas digitais, a criança aprende, memoriza e estabelece
alguma relação conceitual de forma prática, em algum momento, da sua vida.
Ensinar uma receita para uma criança, simplesmente, lendo ou mostrando as características
do gênero é diferente de coloca-la como protagonista de todo o processo. Por exemplo,
ensinar a criança a fazer uma pizza, um bolo, a separar os ingredientes, a aplicar as unidades
de medida, conseguiu aplicar infinitos conceitos de forma lúdica e teremos um envolvimento
maior dos alunos, consequentemente um rendimento melhor de aprendizagem.
É importante a escolha de um jogo e dos meios adequados para oferecê-lo à criança, particularmente quando
visamos retirar dele o maior proveito educativo. Advém disso a necessidade de transferir à escola as mesmas
motivações que a criança encontra para jogar fora desse espaço. (PIMENTEL, 2004, p. 57)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O lúdico é tudo que é vivenciado e não encontre palavras
concretas para definir as sensações. Este trabalho, portanto,
por meio de embasamento teórico, tentou dar subsídios para
os professores melhorarem sua prática docente, aplicando
a ludicidade em sala de aula, em prol de um ensino-
aprendizagem significativo.
Que ao repensar a sua pratica o professor precisa planejar
suas aulas de modo a torná-las mais atrativas e motivadoras, LILLIAN MARIKO
mudar sua postura, se permitir envolver-se afetivamente e KAMISAKI
integralmente no processo de aprendizagem por meio do
Graduação em Letras pela
brincar. Faculdade de Filosofia Letras
e Ciencias Humanas da
Neste sentido, o jogo possibilita a integração do Universidade de São Paulo (2009);
Especialista em Ludopedagogia
pensamento, sentimento e ação, faz com se estimule, por .pela Faculdade Campos
meio da combinação: lúdico e pedagógico, a criatividade, a Elíseos (2018); Professora de
vivência e as interações sociais do discente. Ensino Fundamental II - Língua
Portuguesa - na EMEF Professora
Iracema Marquês da Silveira,
O lúdico se mostra como ferramenta pedagógica eficiente, Professora de Educação Básica –
que pode ser aplicada em qualquer idade, formação Língua Portuguesa - na EE Doutor
Francisco Brasiliense Fusco.
acadêmica e disciplina, pois, se mostra como uma ferramenta
transdisciplinar e transversal.
Por meio dos teóricos apresentados neste trabalho, podemos perceber que o lúdico é
uma questão inerente à criança, que está há tempos relacionado e centralizado na infância,
mas que perpassa em todas as épocas da nossa vida. E, se mostra como uma ferramenta
importantíssima para aprendizagem de qualquer disciplina, em qualquer formação acadêmica.
Devendo, portanto, romper-se as rotulações e limitações de que brincar e o lúdico é só
atividade para crianças.
Portanto, uma formação que recorra a ludicidade promove um maior envolvimento do
discente no processo de aprendizagem, pois, desperta afetivamente sentimentos e sensações
neste aprendizado do aprender- brincando e, quando o discente se envolve no processo
de aprendizagem, motivando-se a aprender, a aprendizagem se torna leve, prazerosa e
significativa.
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REFERÊNCIAS
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SANTOS, Santa Marli Pires dos e Colaboradores. Brinquedoteca: Sucata Vira Brinquedo.
Porto Alegre: Artmed, 2007.
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A RELEVÂNCIA DA MÚSICA NO
CENÁRIO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: O ensino de música nas escolas tem suas fundamentações em correntes filosóficas
contribuindo para o desenvolvimento de um cidadão. Com base na importância de uma
criança ter contato com diversas linguagens artísticas foi decretado por meio do art.26 da
LDB 9394/96 a inclusão no currículo da educação básica o ensino de arte, o que inclui a
música. Contudo, é preciso dar condições aos licenciados para lidar com as especificidades
do trabalho escolar nesta área e realizar as implementações curriculares nas instituições de
ensino.
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Desta forma, com um currículo que [...] aluno trazer músicas para a sala de aula,
acolhendo-a, contextualizando-a e oferecendo
abrangia as linguagens plásticas, musical acesso a obras que possam ser significativas para
e corporal, o que se mostrou inadequado, o seu desenvolvimento pessoal em atividades de
visto que é difícil que apenas um docente apreciação e produção. (PCN – Arte, 1998, p.75).
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Propõe que os alunos tenham uma vasta experiência exploratória do som antes de registrá-lo graficamente e
dedicarem-se ao estudo de um instrumento. Tem uma grande preocupação com a “paisagem sonora” na qual
estamos inseridos: com sons agradáveis ou desagradáveis aos nossos ouvidos e como nos relacionamos com tais
sons. (MENDES e CUNHA, 2001, p.90).
O domínio de outras formas de conhecimento não tira as nossas raízes, mas assegura o acesso a esse pensamento
crítico e permite estabelecer outros modelos de sociedade. Isso significa ouvir sons e escutá-los, percebê-los
sem julgá-los, apreciando-os por sua forma e textura, sem preconceitos. (MENDES e CUNHA, 2001, p.96).
Já no pensar das autoras Martins, Picosque e Guerra (1998) nesse período é importante
que a criança aprenda uma música que goste e que esteja no seu meio social. No entanto,
cabe ao professor apresentar a criança o universo musical das diversas culturas para que ela
desenvolva a “escuta ativa” e perceba os diferentes aspectos estruturais e emocionais da
música.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do trabalho desenvolvido percebeu-se que o
ensino de artes e música na educação infantil é uma parte
tão essencial do currículo quanto as demais disciplinas, e
não apenas uma mera pausa inserida no estudo de conteúdo
de disciplinas ditas como mais importantes. Pois esta serve
para se aprofundar e explorar nas salas de aula os meios mais
diversificados de mostrar para as crianças que arte não é só
“pintura”, é algo que está inserido em nossas vidas desde o
nascimento, a partir do momento em que demonstramos
nossos gostos e preferências.
E com a música não é diferente, através de um estágio, LUCI BARRETO
encontramos professores, que inseriam a música clássica em DE ARAÚJO
sala de aula, e por fim, seus alunos tiveram um rendimento
Graduação em Pedagogia pela
escolar muito positivo, sendo a sala escolhida como a que Faculdade UNIARARAS em 2008,
obteve o melhor aprendizado em comparação as outras Professor de Ensino de Educação
classes, tendo um melhor desempenho nas atividades. Infantil na CEI Cidade Pedro José
Nunes.
Dessa forma, ainda temos um longo caminho a percorrer
para que a mesma seja reconhecida como sendo essencial
para o desenvolvimento do alunado, e principalmente,
mostrar seu valor intrínseco como construção humana, como
patrimônio comum a ser apropriado por todos.
Enfatizar o ensino da Arte na sua essência, pois existem vários caminhos de se fazer arte,
então procuramos seguir um foco e abrir caminhos para novos projetos e também de novas
perspectivas de melhoras.
Sendo que a escola é a mola propulsora para grandes voos, para isso precisamos trabalhar
com as crianças novas maneiras de se acreditar em um futuro promissor, é através da
educação que plantamos a semente da sabedoria, tendo crianças preparadas para um futuro
de sucesso.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
GUERRA, M.T.T.; VENTRELLA, R.C. O Ensino de Arte nas Series Iniciais – Ciclo I São Paulo –
Governo do Estado de São Paulo, 2003
LIMA, Elvira Souza. Como a criança pequena se desenvolve. São Paulo: ed. Gedh, 2001.
MARTINS, Mirian C.; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do ensino de
arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte, São Paulo: FTD, 1998.
CUNHA, G.; MENDES, A. Um universo sonoro nos envolve. In. FERREIA, Sueli (Org.) O
Ensino das Artes: construindo caminhos. 1 ed. Campinas, SP. Ed. Papirus, 2001.
ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde et al. Os Fazeres na Educação Infantil, ed. São Paulo:
Cortez, 2011.
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[...] o modo mais violento de fazer a invisibilização das desigualdades, diversidades e diferenças é pela segregação,
isto é, retirar do espaço público aqueles que apresentam características diferenciadas e que não são desejadas
pelos grupos majoritários. As deficiências físicas, intelectuais, mentais, sensoriais foram tratadas muitas vezes
com segregação na educação. O primeiro passo – mas não suficiente – para superar a exclusão educacional
é reconhecer que existem grupos e populações que foram (e ainda são) desconsiderados como sujeitos de
direitos. (SÃO PAULO, 2019, p. 33)
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a primeira instituição apareceu em 1874 no ainda, escolas privadas com alta qualidade
Hospital Juliano Moreira, em Salvador, no técnica para crianças com problemas de
estado da Bahia e em 1887, a Escola México, comportamento, para deficientes mentais,
era criada no Rio de Janeiro oferecendo deficientes neuromotores graves e com
o ensino regular para deficientes mentais, distúrbios neuropsicomotores pouco
visuais e físicos. acentuados.
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ingresso, independentemente de suas origens, diferenças e diversidades, mas garantir que todos possam ter o
seu lugar como sujeito, cidadão e aprendente igualmente assegurado. A hipótese de que todos os que estão
presentes na U.E podem aprender é fundamental para que ela possa cumprir com a promessa de igualdade. (SÃO
PAULO, 2019, p. 30)
O conceito de inclusão, apesar de estar profundamente vinculado as deficiências das crianças, ampliou-se nos
debates e nas políticas educacionais. A concepção de diversidade e singularidade das pessoas mostra que cada
bebê e cada criança devem ser vistos como uma pessoa diferente das demais, com interesses e necessidades
próprias e que precisa de uma intervenção pedagógica construída a partir das suas características e de seu
grupo de colegas. Se uma Unidade Escolar consegue incorporar em suas práticas o respeito à alteridade humana,
certamente conseguirá atender as necessidades de todos os bebês e crianças. (SÃO PAULO, 2019, p. 33)
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O desafio que o Parecer das Diretrizes Nacionais traz para a educação é o de promover a
inclusão escolar para todos os alunos, independentemente de suas diferenças. O movimento
para a inclusão escolar está ligado a uma reforma no sistema educacional, prevista em
legislação específica, que promova uma educação de qualidade para todos.
O enfoque atual da inclusão escolar pressupõe que todos tenham as mesmas condições de
acesso e permanência, não há espaço para a segregação, para a integração ou para a exclusão
escolar. A efetiva inclusão escolar traz um conceito muito amplo e exige modificações de
conceitos e paradigmas, não é o aluno que deve se ajustar aos padrões estabelecidos na
escola ditos como “normais”, com a mudança de paradigma a escola tem o compromisso de
realizar os ajustes necessários aos alunos, atendendo as suas dificuldades e diversidades e
garantindo o sucesso na aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história da educação especial sempre foi marcada por
discriminação e rejeição. Os deficientes eram excluídos da
sociedade e não havia a preocupação com a sua escolarização.
Somente a partir do século XVIII os deficientes passam a ser
integrados à sociedade e as preocupações com a educação
desta clientela passam a ser discutidas. Ao longo dos anos
foram criadas instituições especializadas no atendimento
ao deficiente e as escolas especiais e/ou classes especiais
funcionavam como um preparatório para a criança acessar a
escola regular.
O conceito de inclusão escolar pressupõe que todos os alunos são capazes de aprender
juntos, participar das mesmas atividades e compartilhar o mesmo espaço. As deficiências
devem ser respeitadas e o acesso às oportunidades devem ser os mesmos, nesta visão
incluem todas as crianças que possam ter alguma dificuldade de acesso e permanência à
escola.
O desafio da escola é criar espaços inclusivos para que todos os alunos possam aprender
independente de qualquer diferença, buscando uma escola de qualidade para todos. As ações
educativas devem ser pautadas no objetivo de proporcionar ao aluno com deficiência o
sucesso na aprendizagem e o direito à igualdade de oportunidades de acesso e permanência
na escola.
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Com base nos aspectos observados e analisando a legislação em vigor, a escola como
órgão do Estado e tendo o dever de cumprir e desenvolver a sua função social, deve
trabalhar no sentido de difundir as práticas de respeito e tolerância as diferenças, sejam
elas de qualquer espécie, e promover a conscientização para a formação de alunos para a
diversidade, desenvolvendo ações de maneira democrática e construído uma cultura escolar
pautada em tais princípios.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de
1988. Brasília, 1988.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. A integração de pessoas com deficiência: contribuições para
uma reflexão sobre o tema. 1. Ed. São Paulo: Memnon: Editora Senac, 1997.
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A DEPRESSÃO NO CONTEXTO
ESCOLAR: UM OLHAR DIFERENCIADO
RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar e discutir a depressão no contexto escolar
com um olhar diferenciado, levando em consideração o fato de que a Escola tornou-se um
espaço estratégico, democrático e privilegiado na promoção e prevenção contra problemas
de saúde mental como é o caso da depressão. É importante ressaltar que as Unidades
Escolares são mais acessíveis à população e proporcionam a realização de intervenções
sociais com menos estigma tanto para alunos como familiares. Os conflitos, situações
de bullying, indisciplina, falta de cooperação e desrespeito são fatores que desgastam as
relações e influem o clima escolar. Nesse contexto, alunos, gestores, professores e outros
profissionais da escola possuem a responsabilidade social de tornar o ambiente escolar um
espaço mais acolhedor e inclusivo não excludente. A célebre frase de William Shakespeare
que diz que todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente resume bem o
tema abordado nesse artigo.
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feito por psicólogos ou psiquiatras. Trata-se pois programas de educação em saúde mental
de uma avaliação cuidadosa dos sentimentos, voltados aos professores, coordenadores,
pensamentos e comportamentos da pessoa; gestores, aos alunos ou a todos podem levar a
portanto, pode levar tempo. intervenções direcionadas aos alunos podem
ser colocadas em prática por professores
Porém, como a questão de saúde mental treinados ou por profissionais da área da
dos alunos nas escolas tornou-se assunto saúde. O fortalecimento da “alfabetização”
recorrente nas reuniões e no cotidiano em saúde mental da comunidade escolar
escolar, a figura do educador na promoção ocorre por meio da disseminação do
e prevenção da saúde mental pode ser de conhecimento e das mudanças de atitudes
grande vantagem na prática educativa, uma adquiridas pelos profissionais da área da
vez que os alunos convivem mais tempo com Educação.
os professores do que com os próprios pais
e/ou responsáveis. Para ilustrar melhor tudo o que foi
mencionado até aqui, vale citar alguns
Cabe destacar também que o envolvimento programas de capacitação em saúde mental
da família com a educação dos filhos é um de educadores que abordam a identificação,
fator fundamental não apenas para o bom o encaminhamento e o apoio ao aluno,
rendimento escolar do aluno como também e podem ser adaptados para aplicação
para seu desenvolvimento socioafetivo. A em qualquer ambiente escolar, são eles:
família e a escola devem funcionar como Teen Mental Health, que é um programa
uma equipe, que se complementa, valoriza e canadense disponível em inglês no site: www.
oferece suporte, para enfrentar e saber lidar teenmentalhealth.org, e o REACH (Response
da melhor maneira possível com as questões Early Intervention Assessment Community
conflituosas dos alunos. Mental Health), em Singapura, no sudeste
Asiático. As avaliações desses programas
A promoção em saúde mental e prevenção demonstraram avanços significativos no
de doenças mentais como a depressão conhecimento e nas atitudes dos educadores
vêm ganhando mais espaço e um número treinados, bem como na agilidade na busca
cada vez mais maior de pessoas passou a por atendimento das pessoas acometidas
enxergar as questões de saúde mental de por problemas de saúde mental.
modo mais consciente, responsável e menos
preconceituosa. A comunidade escolar internacional
preocupada com os prejuízos atrelados
Sendo assim, a escola por ser considerada o aos transtornos mentais como a depressão
local ideal para a educação em saúde mental, passou a ressaltar a necessidade de ações
não só pela construção de conhecimentos intervencionistas sobre esse assunto no
como também pelo tempo de permanência, ambiente escolar. O chamado Pacto Europeu
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para a Saúde Mental e o Bem-Estar (em tradução livre de “European Pact for Mental Health
and Well-Being”) estabeleceu a introdução estratégicas de políticas de promoção e
prevenção da saúde mental em atividades curriculares e extracurriculares nas escolas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo abordou-se o tema: “Depressão no contexto
escolar: um olhar diferenciado” e, após diversas leituras,
discussões e reflexões, concluiu-se que a depressão ainda é
um assunto considerado tabu, por isso, uma doença muito
pouco discutida pela nossa sociedade, apesar de constituir
um grave problema de saúde pública, não só no Brasil como
no mundo inteiro.
Durante a realização desse artigo, pode-se observar que diversos estudos apontam as
melhorias que o clima escolar positivo acarreta, pois elas não promovem apenas o bem-estar
emocional dos alunos mas também de educadores, funcionários e até das famílias. Com
espaços de acolhimento, equipe preparada e bem informada e parceiros mobilizados, os
indivíduos se sentem seguros, apoiados, engajados, pertencentes à escola e respeitosamente
desafiados.
Sendo assim, percebe-se que a escola representa um importante espaço de convívio social,
pois representa inúmeros reflexos dessa realidade exposta acima, além de os alunos muitas
vezes passarem mais tempo na escola do que em casa. A família e a escola devem funcionar
como uma equipe , que se complementa, valoriza e oferece suporte para proporcionarem
soluções ou alternativas eficientes e eficazes para situações problema que surgirem.
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Concluo esse artigo com a seguinte frase: “O conhecimento sobre saúde mental é a
maior arma contra o preconceito”, não tenha vergonha de procurar ajuda de um profissional
especializado em saúde mental, seja um psiquiatra ou psicólogo, afinal, você não está sozinho
nessa jornada!
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REFERÊNCIAS
Azevedo, Thiago. Depressão psicótica: O que é, Causas, Sintomas e Tratamento. Disponível
em:< https://psicoativo.com/2015/12/depressao-psicotica-o-que-e-causas-sintomas-
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ABCMED, 2015. Depressão psicótica versus depressão maior: quais são as diferenças?
Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/759437/depressao-
psicotica-versus-depressao-maior-quais-sao-as-diferencas.htm>. Acesso em: 25 out. 2018.
Coleman, Daniel. Inteligência Emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente. Brasil: Objetiva, 1996
Silva, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Depressivas: as três dimensões da doença do século. 1ª
Ed. São Paulo: Pricipium, 2016.
Equipe IPAN. Depressão: a doença que afeta o humor. Disponível em: <http://hwww.ipan.
med.br/estudos-producao-cientifica/> . Acesso em: 05/09/2018
Equipe SBie. Conheça os sintomas de uma depressão reativa e como evitá-la. 2017. Disponível
em: <http://www.sbie.com.br/blog/conheca-os-sintomas-de-um-depressao-reativa-como-
evita-la>. Acesso em: 28/09/2018.
Equipe SBie. Entenda como a psicologia explica a depressão bipolar e o seu tratamento.
Disponível em: <www.sbie.com.br/entenda-como-psicologia-explica-depressao-bipolar-e-
o-seu-tratamento/>. Acesso: 11/09/2018.
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Neto, Tito Paes de Barros. Depressão psicótica: culpa e hipocondria. Disponível em: <http://
www.medosefobias.com.br/depressao-psicotica/>. Acesso em: 04/09/2018.
Souza, Denise Caramori de. Depressão na Escola. 2017. Disponível em:< www.progresso.
com.br/opiniao/depressao-na-escola/276464>. Acesso em: 02/10/2018.
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SUSTENTABILIDADE UM
DESAFIO PARA A ESCOLA
RESUMO: A realidade socioambiental com a qual nos deparamos em nossos dias atuais,
nos faz repensar na formação dos professores, quanto a sua postura crítica e reflexiva. O
trabalho pedagógico desenvolvido de sustentabilidade nas escolas, deve valorizar o diálogo,
assim como as vivências individuais de cada um, para que as ações dos professores junto
a seus alunos, possa ter a possibilidade de tornar no futuro, uma sociedade mais justa e
equilibrada ecologicamente. A escola deve ser sede de um espaço, onde professores e alunos
se tornem cada vez mais sujeitos ativos, trabalhando dentro do âmbito escolar, problemas
reais, concretos e trazendo para dentro do ambiente escolar dificuldades do cotidiano
socioambiental.
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A educação está altamente atrelada às atitudes sociais, sendo que a escola é tida como
base para formação de indivíduos conscientes e responsáveis. Portanto, um aprendizado
focado na educação sustentável pode gerar cidadãos preocupados com os problemas
ambientais e com suas devidas soluções. Mas para isso, é preciso difundir a importância
da sustentabilidade na escola e como ela interfere na formação dos alunos, seja no ensino
infantil ou na universidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Qualquer tema quando abordado na educação escolar,
faz-se necessária uma pesquisa, para saber o que e como
está sendo trabalhado, o teor da qualidade e quais os
recursos utilizados para que os alunos o compreendam
verdadeiramente.
As escolas de um modo geral trazem em seu currículo
o tema ecologia, mas cada uma diferencia à sua maneira o
assunto como lhe convém.
Felizmente existem escolas que se tornam modelos LUCIANA ESTEVES
a serem seguidos devido aos seus exemplos e práticas DE FARIA
sustentáveis, levando seus alunos a participarem ativamente
Graduação em Pedagogia pela
desse processo escolar e ainda disseminando a ideia em seus Faculdade Unifeob (2009);
lares. Especialista em Orientação
Escolar pela Faculdade Finom
(2011); Especialista em Educação
A maioria das escolas não se preocupam em trabalhar esse Inclusiva pela faculdade Finom
tema todos os dias, nem tão pouco se preocupam em fazer (2010); Professora de Educação
da sustentabilidade um tema transversal, apenas trabalham Infantil e Ensino fundamental 1 -
na Emei Profª Dinah Galvão.
o que acreditam ser o essencial para o mero cumprimento do
currículo, o que não tornam essas escolas exemplos a serem
seguidos por seus alunos.
Existem escolas ainda que infelizmente lembram-se da sustentabilidade uma vez por ano,
apenas na semana da Ecologia. Os alunos procuram demonstrar tudo nessa semana o que
sabem apresentando trabalhos maravilhosos, ouvindo palestras, participando de debates e
gincanas.
Quando acaba a semana da Ecologia, o que foi trabalhado e divulgado nela também se
acaba, como se fosse apenas uma comemoração, algo para ser lembrado de tempos, em
tempos, como se fosse uma data comemorativa. Aí volta tudo a ser como era anterior a
essa semana "Ecológica", papeis e restos de lanche espalhados pelo pátio. Carteiras ganham
novamente desenhos e rabiscos, e nada mais do que aprenderam é lembrado.
Até mesmo as escolas, apagam os seus ensinamentos, que foram ensinados durante a
semana da Ecologia, pois as luzes continuam acesas, torneiras continuam a pingar e seus
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alunos agem como se apagassem a tudo que aprenderam e pregaram até então, voltando
aos velhos hábitos, tanto dentro, quanto fora dos muros escolares, alunos continuam agindo
como antes tanto dentro da escola, quanto fora dela.
As crianças e os adolescentes quando não vivenciam um ensinamento e não são
sensibilizados a ponto de tornar o assunto significativo para eles, com um assunto tão
importante como o meio ambiente, demonstra que a escola não despertou seu papel principal
o de educar todos os dias e não simplesmente uma vez por ano.
O estudo da sustentabilidade nas escolas não pode se tornar uma bola de neve para a
sociedade, que forma a cada dia, mais e mais educandos que se tornaram cidadão adultos
que continuarão a poluir a natureza.
As escolas devem ter por meta a educação da sustentabilidade como meta a educação
por um todo, citando exemplos, ensinando e cobrando atitudes de respeito a si próprio, à
sociedade e ao meio ambiente.
As escolas devem dar mais importância a educação ambiental e a ecologia com um todo,
pois sem equilíbrio ambiental não haverá mais vida em nosso magnânimo planeta Terra.
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REFERÊNCIAS
JACOBI, Pedro. Educar para a Sustentabilidade: complexidade, reflexividade, desafios- In:
Revista Educação e Pesquisa- vol. 31/2- maio-agosto 2005, FEUSP. WALS 2007
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AVALIAÇÃO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: A avaliação é contínua, o tempo inteiro está observando os alunos, para avaliar
devemos ter um olhar sensível voltado á criança, verificando se estão se desenvolvendo
e atingindo os objetivos estabelecidos pelo plano pedagógico. Trata-se de um trabalho
constante e complexo. O trabalho deve ser aperfeiçoado para se tornar ainda mais
minucioso, mais objetivo e, também, mais claro para as famílias entenderem o processo e
os critérios pelos quais seus filhos são avaliados. A avaliação na educação infantil parte de
um importante processo ensino-aprendizagem, tem se tornado tema de muitas pesquisas,
debates e discussões acadêmicas.
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INTRODUÇÃO AVALIAÇÃO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Considerando-se que as crianças se
desenvolvem de forma aceleradíssima em É imprescindível que o professor busque
termos da oralidade, da evolução motora e de constantemente mecanismos que o tornem
novas descobertas, em tempos e em aspectos observador, não só do aluno como de si próprio,
muito diferentes de uma criança para outra, analisando a sua prática pedagógica e o que
a avaliação da aprendizagem contempla ela influencia no desenvolvimento do aluno.
várias interrogações e indefinições quanto É necessário que o professor tenha, além
à efetivação, na prática, de uma concepção de um alicerce teórico, autoconhecimento,
que tenha por intenção a melhoria da ação senso crítico e humildade para reconhecer
educativa. seus erros, suas falhas e estar aberto a novas
tentativas, sempre visando ao melhor para
Segundo Jussara Hoffmann, no seu livro seus alunos.
realizado sobre Avaliação e Educação Infantil
– Um olhar sensível e reflexivo sobre a Em relação à escolha do tema de estudos,
criança, avaliação refere-se a um conjunto de um assunto não surge de maneira espontânea,
procedimentos didáticos que se estendem é decorrente de situações e interesses que
por um longo tempo e em vários espaços influenciam as escolhas do pesquisador.
escolares, de caráter processual e visando, A fim de relevar a escolha pelo tema há
sempre à melhoria do objeto avaliado. três vertentes que justificam a opção pelo
objeto de estudo: o interesse profissional
Avaliar tem por conceito: não julgar, não e pessoal, a relevância para a educação
apontar, mas acompanhar um percurso brasileira e o preenchimento das lacunas
de vida da criança, através de registros e do conhecimento. Esta pesquisa ajuda
olhares, durante o qual ocorrem mudanças profissionalmente professores a refletirem
em múltiplas dimensões com a intenção sobre sua prática e sobre concepções de
de favorecer o máximo possível seu avaliação até refutadas pelos mesmos, mas
desenvolvimento. assim mesmos empregados no cotidiano
escolar. Além da questão profissional, o
Falar de avaliação é algo que mexe interesse pessoal, pois a vida escolar é
instantaneamente com todos os sujeitos cercada de práticas avaliativas desvinculadas
envolvidos no processo ensino aprendizagem. da aprendizagem.
Usando uma expressão popular, discorrer
sobre o tema é “cutucar a ferida” de muitos Apesar de haver muitos estudos
professores e provocar reações distintas e acadêmicos pertinentes a avaliação escolar e
conspícuas em alunos. a relação professor-aluno, não há trabalhos,
de acordo com os bancos de pesquisa
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analisados, que articule avaliação, poder, e o novo conteúdo. Sabe o que realmente
punição e perpetuação de um ciclo. conta? Um professor criativo e amável, que
tem paciência e percebe quais as diferenças
Além de apresentar as possíveis cognitivas de cada um e age para que todas
concepções de avaliação dos professores e as dificuldades sejam superadas.
alunos, as relações de poder legitimadas pela
avaliação e as percepções e sentimentos dos A Avaliação é um instrumento para
sujeitos quanto à avaliação, temos a questão Aprendizagem Professor/Aluno ambos
das conseqüências da perpetuação de uma aprendem juntos e assim vão construindo e
avaliação independente do processo ensino- adquirindo conhecimentos. È um processo
aprendizagem, e a perpetuação de um ciclo de constantes acontecimentos e é nesses
aparentemente infindável. acontecimentos que se constrói que se
aprende que se realiza que se conquista
Seguindo o Parecer CNE/CEB nº que enfrenta desafios e se supera conflitos.
20/2009 a avaliação deve acontecer da È durante este tempo/ momentos que se
seguinte maneira: A avaliação interna seria busca o esperado e até mesmo o que não se
a avaliação da aprendizagem e está voltada espera.
para os acontecimentos e experiências que
acontecem na sala de aula e na escola como Avaliar nunca foi fácil. Este texto contribui
um todo, onde os sujeitos envolvidos são para a reflexão de nossa prática docente.
aqueles que fazem parte do processo ensino Rever alguns conceitos sobre “Avaliar”. No
aprendizagem. É por meio desta avaliação que contexto acima ficou evidente que a avaliação
se pode avançar e construir conhecimento a não é meramente uma forma de quantificar
partir do erro. A avaliação externa seria a a aprendizagem, mas um processo imbuído
avaliação de sistemas educacionais. nesta. A relação professor/aluno também é
edificada neste processo e o docente deve
estar atento às diversas formas de aprender,
A AVALIAÇÃO DA respeitando a diversidade na turma.
APRENDIZAGEM
Todos os dias nós passamos por avaliações
Apesar de toda a subjetividade das e ao mesmo tempo avaliamos, portanto, a
avaliações, não podemos nos eximir da avaliação no decorrer da aprendizagem é
responsabilidade de avaliar o quanto o aluno essencial para que possa ter evolução no
efetivamente aprendeu de determinado crescimento escolar, profissional e social, já
assunto. O progresso acadêmico depende do que, a avaliação é um instrumento e o fator
aprendizado linear, caso contrário, o aluno principal para que se tenha a certeza que está
chegará em um estágio muito defasado e havendo o conhecimento e a aprendizagem.
não conseguirá acompanhar o raciocínio Porém a avaliação é uma prática complexa por
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não ter uma definição, mas sim uma forma de para o desenvolvimento, para o aprendizado;
ajudar o desenvolvimento da aprendizagem o papel do avaliador é de testar e estimular os
do aluno, averiguando os pontos fortes e sujeitos a serem testados; e os métodos são
fracos, para chegar ao objetivo proposto. objetivos, técnicos, enquanto na avaliação
Onde sabemos que existem outras formas responsiva não há prazo, pois a avaliação
que levam a punição, autoritarismo, retenção é contínua, o avaliador é estimulado pelos
e outras que serve de medidas e controles. sujeitos e suas atividades e os métodos
Todavia, a avaliação é um trabalho minucioso não são objetivos e formais, são subjetivos,
que requer conhecimento quando se trata de não estão centrados em exames ou testes,
avaliar alguém, nos aspectos quantitativos mas na contínua observação. A avaliação
ou qualitativos. formativa descrita por Scriven (1978 apud
Depresbiteris, 1989) seria aquela que fornece
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a informações importantes para a melhoria
Educação Infantil (DCNEI) determinam, desde de um programa no todo como também em
2009, que as instituições que atuam nessa partes, seções ou até parcelas do programa
etapa de ensino criem procedimentos para a que podem ser melhorados.
avaliação do desenvolvimento das crianças.
Esse processo não deve ter como objetivo Afonso (2000) afirma que a avaliação
a seleção, a promoção ou a classificação formativa é a avaliação contínua, que pode ser
dos pequenos e precisa considerar “a realizada por “uma pluralidade de métodos e
observação crítica e criativa das atividades, técnicas”. Estes métodos e técnicas incluem
das brincadeiras e interações das crianças observação livre e sistemática, auto-
no cotidiano” e empregar múltiplos registros. avaliação, entrevista, trabalho em grupo,
Tais apontamentos, no entanto, ainda geram dentre outras atividades. Perrenoud (1999)
dúvidas e interpretações equivocadas. utiliza-se desta avaliação formativa para
descrever a lógica de uma avaliação voltada
A avaliação tradicional é formal, é única e para a aprendizagem.
não há espaço para conflitos e debates ao
contrário da avaliação sensível e responsiva Avaliar é construir e reconstruir o
que é informal e que admite o conflito, não conhecimento. É buscar estratégias que
é apenas consensual. A base do design, permitem a formação do aluno para sua
ou seja, a base da criação, idealização e inserção na sociedade com conhecimento
desenvolvimento na avaliação tradicional prévios, ou seja, que o aluno tem a condição
é objetiva e técnica enquanto na avaliação de prosseguir sua caminhada com a base
responsiva a base deste desenvolvimento alicerçada. Para que o sistema avaliativo
está relacionada aos sujeitos envolvidos. venha ao encontro da realidade a “rede”
Ainda confrontando as diferenças, na precisa contribuir (família, equipe diretiva,
avaliação racional há um prazo estabelecido professores, SME, conselho tutelar,
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Segundo Ariés (1981), as modificações era logo introduzido meio dos adultos,
ocorreram a partir de mudanças econômicas compartilhando de todos os seus trabalhos
e políticas da estrutura social. Com o passar e jogos. De uma criança inocente e pequena,
do tempo, como demonstra a história, está se transformava rapidamente em um
encontramos diferentes concepções de jovem, deixando passar as etapas da infância.
infância. A criança era vista como um adulto
em miniatura, e seu cuidado e educação A transferência de valores e dos
eram realizados somente pela família, em conhecimentos, e de modo mais amplo, a
especial pela mãe. Havia algumas instituições socialização da criança, não era, portanto de
alternativas que serviam para cuidado das nenhuma forma assegurada nem direcionada
crianças em situações prejudicadas ou pela família. Esta criança se distanciava
quando rejeitadas. rapidamente de seus pais, e podemos dizer
que durante muitos séculos a educação e
Ariés (1981) relata que até por volta do a aprendizagem foram garantidas graça a
século XVI, não havia nenhum sentimento convivência da criança ou do jovem com
com relação ao universo infantil. A concepção outros adultos. Neste sentido a criança era
de infância, até este momento, baseado inserida em meio aos adultos para aprender
no abandono, pobreza, favor e caridade, as coisas que devia saber ajudando os adultos
neste sentido era ofertado um atendimento a fazê-las.
precário às crianças; havia ainda grande
número de mortalidade infantil, devido Naquela época, a criança era levada
ao grande risco de morte pós-natal e às à aprendizagem através da prática. Os
péssimas condições de saúde e higiene da trabalhos domésticos não eram considerados
população em geral. Em virtude dessas humilhantes, era constituído como uma
decorrências e dessas condições uma criança maneira comum de inserir a educação tanto
que morria era logo substituída por outra em para os mais abastados, como para pobres.
sucessivos nascimentos, pois na época ainda Porém pelo fato da criança sair muito
não havia, como hoje existe, o sentimento cedo do seio da família, fazia com que ela
de cuidado, ou paparicação, pois as famílias, escapasse do controle dos pais, mesmo que
naquela época, entendiam que a criança que um dia voltasse a ela, tempos mais tarde,
morresse não faria falta e qualquer outra depois de adulta, o vínculo primordial havia
poderia ocupar o seu lugar. se quebrado.
Para o autor o período da infância era Durante muito tempo segundo o Ariés,
minimizado a seu período mais frágil, a infância foi colocada à margem pela
enquanto a criança ainda não conseguia sociedade e do seio familiar, exposta à
bastar-se; ficava no seio da família, porém, vontade e as ordens dos adultos, ficando
mal adquiria algum desembaraço físico, até mesmo numa situação de invisibilidade
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proposta era de algum modo auxiliar Como afirma Aranha (2006), a infância
as crianças para futuramente levá-las a nem sempre foi concebida como nos dias
fazerem aprendizagens abstratas e para atuais, pois esteve sujeita as mudanças
isso, suas recomendações eram que, as socioeconômicas, políticas culturais que
crianças deveriam desfrutar de materiais as sociedades passaram. A composição da
e atividades que sejam diversificadas, família, os registros familiares e eclesiásticos,
materiais pedagógicos ricos em um ambiente entre outros aspectos, também não foram
que fossem favoráveis para educação das os mesmos, as mudanças demonstram que
crianças ,Comenius responsabilizou os pais ocorreram transformações, não se podendo
pela educação antes dos 7 anos de idade, tomar cada período como algo acabado.
pois afirmava que dentro dos lares que inicia
o ensino. No ano de 1657 usou a palavra Dessa forma, nesta época a criança era
Jardim da Infância para nomear o local de considerada um pequeno adulto, que podia
aprendizagem das crianças. executar as mesmas tarefas de um adulto.
A rápida passagem da infância para a vida
Portanto, Aranha (2006) fala da pouca adulta era o que importava. Nesse sentido,
discussão sobre a infância e sua educação, havia necessidade de distinção entre essas
limitando a organização de um sistema de duas etapas da vida, crianças e adultos
ensino e de propostas metodológicas para usavam o mesmo traje.
o ensino das crianças pequenas. Isso limitou
as potencialidades e as oportunidades de De acordo com LeGoff (1984), a partir do
desenvolvimento, comprometendo a visão século XVII, há um crescimento das cidades
educacional na infância e dos trabalhadores devido ao comércio, a Igreja Católica perde o
nesse nível educativo. poder com o surgimento da burguesia, sendo
a Igreja a responsável pela assistência social
De acordo com Aranha (2006), desde a e educação.
Idade Moderna existe o entendimento de que a
criança é um ser diferente do adulto,portadora No período seguinte, época moderna, a
de características específicas, psíquicas educação passa por transformações, novos
e comportamentais.Contudo, isso não é métodos educacionais são propostos.
uma característica natural, que sempre se E segundo Aranha (2006), João Amos
manifesta da mesma maneira, ao contrário, Comenius (1592-1670) se tornou o grande
existe entre o período infantil e o adulto uma educador da época, pois defendeu novas
concepção cultural e histórica, que determina práticas educativas além de uma educação
os papéis das crianças e dos adultos, sendo em total para todos, “ensinar tudo a todos”, para
virtude disso, necessário estudar a educação que todos possam atingir o ideal da pansofia.
infantil dentro dos contextos próprios e não
pela natureza da infância.
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Aranha (1998), afirma que atualmente a concepção de que a criança é um ser com
características bem diferentes dos adultos, um ser particular e de direitos, tem gerado as
maiores mudanças na Educação Infantil. Essa nova concepção tem tornado o atendimento às
crianças de 0 a 5 anos ainda mais específico, exigindo do educador uma postura consciente
de como deve ser realizado o trabalho com as crianças pequenas, mostrando as suas
especificidades e as suas necessidades enquanto criança e enquanto cidadão.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI 1998) traz a concepção
de infância como construída historicamente e a ideia de que atualmente não há apenas uma
maneira de se considerar a criança, pois há múltiplas diversidades de realidades sociais,
culturais, étnicas e etc. que podem interferir nessa noção de infância. Sabemos que existem
crianças que trabalham que são exploradas, que sofrem maus tratos e abusos, que não
possuem seus direitos garantidos.
As pesquisas feitas por (RCNEI-1998), relativas à infância apontam que ao propormos algo
às crianças devemos aproximar nosso ponto de vista ao delas. Não existe um método ideal
de relações entre adultos e crianças, porém devemos levar em consideração as diferentes
condições de vida de um grupo escolar e perceber a criança como sujeito de direitos e capaz
de criar seu próprio espaço.
A concepção de infância (RCNEI-1998), que temos nos dias atuais é uma visão construída
historicamente, em que é possível perceber o contraste existente entre a atualidade e
algumas décadas atrás. A criança passou a ocupar um local de destaque na sociedade muito
diferente da época em que sua presença era praticamente imperceptível. Nesta época na
sociedade medieval, as crianças eram inibidas de participar socialmente da vida comunitária
e eram tratadas como um pequeno adulto, passando despercebidas suas características e
peculiaridades.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com todas essas considerações, a avaliação
deverá ser realizada para observar, registrar, acompanhar e
interferir no processo de apropriação do conhecimento da
criança, e o professor deverão e acompanhar o grupo de
crianças e também cada criança individualmente. Pudera fazer
parte de um filme, mas longe disso a poderosa avaliação está
não é atriz, nem personagem, mas garantiu sua personificação
na realidade das salas de aula. Para muitos o sentido e a
função da avaliação é de salvadora e heroína por garantir LUCIANA SANTOS
benefícios a quem abraça um instrumento que legitima poder.
Professora de Educação Infantil
Para outros, o medo e o poder de palavras que os limitam na Rede da Prefeitura de SP.
fazem da avaliação uma vilã. Ao longo de séculos o sentido Artigo apresentado como
da palavra avaliação, exame ou teste foi se modificando. requisito parcial para aprovação
do Trabalho de Conclusão do
Denominações como avaliação classificatória, verificação, Curso de Especialização em
avaliação tradicional, racional, responsiva, criterial, somativa, Ludopedagogia.
formativa, mediadora e emancipatória são algumas das que
são utilizadas por autores que discorrem sobre o tema.
Perante algumas situações presenciadas ao longo de quatro
meses e meio em um estágio no magistério, algumas questões
surgiram tais como: Quais são as concepções que professores
e alunos tem sobre avaliação? Ela é uma forma de legitimar
o poder? A avaliação é considerada ainda em pleno século
XXI uma forma de punir, disciplinar, certificar e excluir? Como quebrar este ciclo? Ao longo
do estudo pode-se observar que a concepção de avaliação presente na atmosfera escolar, e
está vinculada a classificação, seleção e punição se tornando uma forma de legitimar o poder
e autoridade dos professores. A punição está atrelada a avaliação e também a disciplina
dos alunos. Podemos concluir então que, a avaliação na Educação Infantil não é utilizada
como instrumento de retenção das crianças, mas ela é usada para observar constantemente
de maneira crítica o seu envolvimento e desenvolvimento nas atividades promovidas pelo
educador no que diz respeito às brincadeiras e as interações ocorridas no cotidiano, em
seu processo de ensino e aprendizagem. O olhar do professor sempre deve estar atento e
voltado para o progresso da criança.
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REFERÊNCIAS
ANDRÉ, Marli E.D.A. Estudo de caso: seu potencial na educação. Cadernos de pesquisa,
maio de 1984 p. 51-54.
AQUINO, Júlio Groppa. A violência escolar e a crise da autoridade docente. São Paulo:
Caderno Cede ano XIX, nº 47, dezembro/1998.
BARRIGA. A.D. Uma polêmica em relação ao exame. In ESTEBAN. M.T (org). Avaliação: uma
prática em busca de novos sentidos. 2ª ed. Rio de Janeiro: DP&A,2000, p 51-82.
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EDUCAÇÃO COMPARADA NA
CONTRIBUIÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO
PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
RESUMO: O presente trabalho traz a concepção da situação atual da educação comparada
como ramo de estudos e a presença do pensamento comparado nas falas sobre educação
na comunidade e sociedade em geral. Parte-se de algumas exemplificações em que esse
raciocínio está presente hoje, para, em seguida, examinar o percurso dos estudos e seu
papel no plano das organizações internacionais e na formulação das políticas públicas de
educação em todo o mundo. Desde o início, a educação comparada se ocupou de observar
e descrever os sistemas educativos dos países vistos como mais avançados, com o propósito
de ofertar subsídios para a reforma do sistema escolar nacional e, ao mesmo tempo, para
constituir uma ciência da educação. Porém, na atualidade, a Educação Comparada pode
seguir novos caminhos diante dos estudos e comparações, tirando objetivos de equidade
social e promoção de competitividade, a Educação Comparada pode trazer um consenso de
caracterização regional ou social, específica de cada civilização.
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Assim, Ferreira (2008) coloca que Independentemente das possibilidades de estudos para
marcar as diferenças, a Educação Comparada tem tido por especial preocupação e referência
a dimensão escolarização, ou seja, ela está omnipresente nos muitos e muitos estudos das
diferentes abordagens, porque é na relação com a aprendizagem que definem o objeto a
estudar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Comparada traz objetivos dentro do ensino,
fazendo vários processos dos grupos sociais, integrando
dentro da sociedade nacional, caracterizado por cada
região, considerando o pensamento humano e seu processo
histórico na sociedade. Desde a Antiguidade, a Educação
Comparada manteve essa compreensão da dinâmica dos
sistemas educacionais e as relações por comparação.
Desta forma, é necessário refletir também em cima das LÚCIO RODOLFO ROSA
políticas educacionais, e no Brasil, as políticas públicas
formaram um caminho de uma educação para produção em
Doutorando em Ciências da
vista a uma competitividade com base de uma Educação Educação pela Universidad
Comparada com o modelo internacional. Assim, criaram Columbia del Paraguay; Mestre
mecanismos de avaliação em cima dessa perspectiva para em Ciências da Educação pela
Universidad Columbia del
qualidade da educação, ocasionando o fracasso escolar Paraguay (2018); Graduação em
devido perder o foco para aprendizagem. Matemática pela Universidade
do Vale do Paraíba (2015) e em
Pedagogia pela Faculdade Casa
Logo, a educação comparada deve seguir seus objetivos Branca (2016); Especialista em
de valorizar cada região específica socioeducativa, criando Novas Tecnologias para o Ensino
critérios específicos da escolarização e aprendizagem. E de Matemática pela Universidade
Federal Fluminense (2012) e
mesmo que traga resultados para uma realidade nacional ou em Gestão Empresarial pela
comparativa para modo mundial, é preciso dentro do tempo, Universidade do Vale do Paraíba
o espaço, as condições e os efeitos, buscar o equilíbrio (2014); Professor de Ensino
Fundamental II - Matemática
mediante a análise educacional com apontamentos de - na EMEF Profª Célia Regina
melhoria para uma aprendizagem significativa. Lekevícius Consolin.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Educação e Conhecimento: Eixo da transformação Produtiva com Equidade. Brasília:
INEP, 1993.
DOURADO, Luiz Fernandes; PARO, Vitor Henrique. Políticas Públicas & Educação Básica.
São Paulo: Editora Xama, 2001.
SHIROMA, Endeide Oto; MORAES, Maria Cecília Marcondes de. Política Educacional. Rio
de Janeiro: DP&A, 2004.
SOUSA, Sandra Zákia. Concepções de qualidade da educação básica forjadas por meio de
avaliações em larga escala. Sorocaba, SP: Unisinos, 2013. Disponível em < http://www.scielo.
br/pdf/aval/v19n2/a08v19n2.pdf> Acesso em 20 de junho de 2019.
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O PROFESSOR E AS IDENTIDADES
A ELE ATRIBUÍDAS
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise em torno das identidades
atribuídas aos professores e ao mesmo tempo verificar a natureza delas: são positivas ou
negativas? Ou será que as duas ao mesmo tempo? Ter uma identidade é de suma importância
para o indivíduo, principalmente para o professor, uma vez que este é o principal responsável
pela formação de indivíduos capazes de exercer sua plena cidadania e cujo exercício dela
deve ocorrer de forma satisfatória. Então, como proporcionar algo positivo se o próprio
formador não a possuir? Vivemos em uma sociedade que não valoriza a educação e que não
obstante também não valoriza o professor, sendo assim atribuem muitas identidades aos
mestres e é fácil percebermos que a maioria delas é negativa. Além disso, o professor ainda
sofre com atribuições identificativas promovidas pela mídia, pelos alunos e muitas vezes por
ele mesmo, sendo que algumas são intrínsecas, outras são formadas inconscientemente,
enquanto outras são reveladas conscientemente, mas tudo é identidade, algo passivo de
estudos.
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É o nosso discurso que nos diferencia ou Se um texto é colocado no papel e lido por
outra pessoa em outro momento, será uma
nos identifica. Isso quer dizer que a nossa nova escritura, pois a primeira trama sempre
identidade, ou porque não dizer a nossa será desfeita e, ao mesmo tempo, será tecida
identificação, é resultado da forma e do novamente, mas formando outros fios, tecendo-
se, a cada fio, a ilusão de se prender os sentidos
conteúdo que usamos para nos expressar desejados na nova malha (ECKERT-HOFF, 2003,
aos nossos semelhantes. É o estilo de cada p.288)
um que o diferencia, que o torna objeto
de apreciação, mesmo sabendo que esse Através dessa reflexão, entendemos que
discurso não é construído do nada, mas é cada discurso se transforma em um novo
resultado das relações que estabelecemos no momento que fazemos novas leituras
ao longo da vida e que nos permitem adquirir ou quando esse é apreciado por um outro
novas experiências, experiências essas que sujeito que ainda não tenha tido contato
nos transformam no que somos. com tal texto, portanto, os discursos nunca
“envelhecem”, mas são renovados a cada
Dessa forma se pode perceber que nova leitura que fazemos e composto por
nem sempre expressamos apenas aquilo novas utilidades.
que queremos, mas como o nosso falar
é perpassado por outros falares, então Esses dizeres são formados por ditos ou
acabamos expressando os nossos desejos não ditos e que muitas vezes levamos o outro
e os desejos daquele(s) que fazem parte a criar a nossa própria identidade. Digo não
do nosso dizer. Daí, resultar o que Eckert- dito, pois muitas vezes em um processo de
Hoff (2003, p. 287) esclareceu: “os sentidos negação de algo acabamos por transmitir
nunca são únicos, nem definitivos: há sempre inconscientemente determinados fatores
pontos de deriva possíveis”. que não gostaríamos que viesse à tona, uma
vez que o sujeito tenta se defender por meio
da ocultação daquilo que de certa forma
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iria comprometer a sua imagem. Portanto, Ser professor, no Brasil, nunca foi ocupar
se torna a verdade do inconsciente, daquilo lugar de honra, de valorização. Desde os
que não é declarado abertamente, mas primórdios da educação nacional até hoje, a
é resultado de um “dito não dito”. Para realidade sempre foi à mesma - ocupar o lugar
Eckert-Hoff (2003, p.290), esse processo é de desprestígio, função sem credibilidade.
considerado denegação. Basta lembrarmos que quem ocupava o
cargo de professor era, na maioria das vezes,
Aponta-se como denegação, uma vez que aquele sujeito sem formação, alguém que
“a verdade é revelada e ocultada ao mesmo não havia frequentado uma academia e que
tempo”. Ela é transmitida através de uma não possuía conhecimentos necessários e
negação que se faz no intuito de levar o outro nem metodologias apropriáveis para cumprir
a perceber e a criar uma imagem positiva de tal função. Mesmo assim, como o número
si como resultado do dito, entretanto, acaba de pessoas que lecionavam ainda era muito
resultando no contrário, pois na maioria pequeno, o nível de desvalorização não
das vezes as identificações formuladas são chegava a tanto. A partir dos anos 70, com a
resultado do não revelado, daquilo que se universalização do ensino, o quadro piorou.
pretendeu ocultar, uma vez que revelado
acarretaria a formulação de imagem Essa perda de prestígio que surgiu com o
negativa, indesejada pelo eu. Dessa forma, o aumento do número de alunos se deu porque
dito transforma-se numa dissimulação onde ocorreu uma banalização do processo de
a outra voz encontra-se mascarado com o ensino do país e com ele caiu também à
revelado. imagem do professor. Se antes quem tinha
acesso ao conhecimento eram apenas as
pessoas da classe alta, com o intermédio
O PROFESSOR E AS de professores particulares nos próprios
IDENTIDADES domicílios, a partir dessa década o ensino foi
expandido para dar oportunidades aos mais
Há muito tempo, ser professor era sinônimo carentes, então, foi necessário que o governo
de poder, pois como mestre, era aquele que passasse a ofertá-lo, daí começou o aumento
detinha nas mãos o saber, ensinava técnicas, da desvalorização do professor. Isso nos faz
artes, matérias e transmitia conhecimentos. perceber que os governantes de nosso país
E como possuidor dessas imagens devia ser nunca deram prioridade à educação e resta a
respeitado, valorizado e imitado por todos, nós, ainda hoje, sofremos os reflexos desse
mas principalmente pelos discípulos. Porém, processo.
nem sempre funcionou dessa maneira,
principalmente em nosso país. Se fizermos uma Porém, foi a partir da década de 80 que
retrospectiva ao longo do tempo chegaremos à essa desvalorização passou a ser mais visível.
conclusão de que a realidade era bem diferente Foi quando surgiram outros profissionais na
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Cabe salientar que, além desses e sentia-se capaz de realizá-la, mas como
conhecimentos, é necessário que o professor um homem frágil, carente do apoio e da
esteja preparado para exercer as diferentes compreensão daqueles que lhe rodeiam. É
funções a ele atribuídas e com elas as suas nesse sentido que muitas vezes ouvimos
identidades. O professor que não é apenas os professores afirmarem: “É uma missão
o mestre, é o pai, mãe, psicólogo, amigo, árdua, mas é prazerosa quando percebemos
companheiro, médico, enfermeiro, ator, nos olhos dos nossos alunos algum gesto de
sábio, modificador de destinos, modelo, agradecimento”.
paciente, responsável enfim, uma série de
outras funções que lhe acarretam um árduo Como ator, o professor é aquele que tem
trabalho, mas que é fruto de sua história e de como função transformar a sala de aula em
sua formação. palco para poder competir com as tecnologias
que avançam a cada dia e que tem se tornado
Também é interessante frisar que, ao seus principais “oponentes”. São elas que
lado dessas identidades, surge também a de têm roubado a cena e como se mostram
herói, de batalhador, muitas vezes atribuída mais interessantes, mais prazerosas, ocupam
ao professor por ele próprio e que é fruto da o lugar do mestre, por isso é necessário que
ação da disposição para ajudar o aluno não só o professor, principalmente os das séries
na aprendizagem, no exercício da cidadania iniciais, muitas vezes se transforme em
e na busca por um futuro brilhante, mas em ator, para contracenando manter os alunos
ajudá-lo a ser uma pessoa melhor, a libertá- frequentando suas aulas.
lo dos traumas, das drogas e dos inúmeros
vícios que lhe perturbam a alma. Muito Coracini (2003, p.247), nos faz entender
embora o professor perceba que cumprir que “paralelamente as outras identificações,
essas tarefas não é tão simples e que muitas emerge a imagem de professor como ator,
vezes lhe é doloroso, persegue esse sonho tarefa herdada, provavelmente, do papel de
em busca de contribuir para a mudança de animador que o professor conquistou graças
vida dos seus aprendizes. É um tipo homem/ aos métodos audiovisuais.” No entanto,
herói, a exemplo dos missionários, como bem a meu ver essa imagem de ator não lhe é
expressou Coracini (2003, p. 246): atribuída apenas pelos métodos audiovisuais
que adentram a escola, mas principalmente
Assim, muito embora o professor se intitule pelas tecnologias que habitam o mundo fora
herói, diante de determinadas situações dos muros escolares: televisão, computador,
é um ser fragilizado, muitas vezes incapaz internet, jogos em rede, games, entre outros.
de cumprir as tarefas a que lhe atribuem e
que no íntimo se sente na responsabilidade Se voltarmos os nossos olhares, dando
de realizá-las. Não como Cristo que a todo ênfase a professores das séries iniciais,
o momento estava convicto da sua missão encontraremos também a identidade de
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Todas essas identidades estão presentes no inconsciente de cada um, seja-nos próprios
professores, alunos ou em outro sujeito que componha a sociedade, a qual o professor
está inserido, e são expressas voluntárias ou involuntariamente através da linguagem. São,
portanto, manifestadas pelos nossos discursos, pela heterogeneidade de vozes que compõem
o nosso falar, ou seja, pela pluralidade de vozes que perpassam o nosso dizer.
Porém, cabe ressaltar que inúmeras outras identidades que não mencionei nesse texto
são atribuídas aos professores e que, muito embora muitas das identidades mencionadas
nesse presente trabalho sejam utópicas e idealizadas, o professor continua na luta para
cumprir a sua missão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todas as leituras feitas durante o curso e
principalmente das bibliografias selecionadas para o presente
artigo é perceptível que o professor é sujeito formado por
diversas identidades, sendo muitas delas intrínsecas, outras
formadas conscientes e outras inconscientemente, além
daquelas atribuídas por outros.
Entretanto, cabe salientar que como apresentadas nos LUIZA MARIA MOURA
autores citados ao longo dessa pesquisa, essas identidades
Graduação em Letras pela FESPE
podem ser positivas e negativas e que muitas delas são, (FUNDAÇÃO DE ENSINO
como supunha, resultado do discurso da sociedade em que SUPERIOR DE PERNAMBUCO
ele está inserido, bem como fruto das relações que possui 1986); Graduação em Pedagogia
UNIBAN (1986)
com os próprios colegas de profissão, dos seus superiores ou
até mesmo dos educandos.
Portanto, como apontei no início dessa pesquisa, ser professor, no Brasil, não é tarefa fácil,
tendo em vista as constantes discriminações sofridas por esse profissional, na sociedade
em geral e na mídia. Assim, como fruto dessa discriminação, o professor, muitas vezes é
identificado injustamente e de forma negativa.
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REFERÊNCIAS
CORACINI, Maria José. Identidade & discurso: desconstruindo subjetividades. Campinas:
Editora da UNICAMP. Chapecó: Argos Editora Universitária, 2003.
GENTILE, Paola. Como se constrói Identidades. Nova Escola. ed. 146, São Paulo. Disponível
em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/como-se-constroi-
identidade-423066.shtml> Acesso em: 2 de junho de 2010 21:56
INDURSKY, Freda. Discurso, memória e identidade. Porto Alegre: editora Sagra Luzzato,
2000.
LOPES, Luis Paulo da Moita &Liliana Cabral Bastos (org.). Identidades: recortes multi e
interdisciplinares. In: Dois olhares sobre como é “ser professora”: vozes da literatura infanto-
juvenil e vozes de alunos (as)do Ensino Fundamental. Campinas, SP. Mercado das Letras,
2002.
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM
OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS
RESUMO: Todos os indivíduos nascem com seus direitos inalienáveis a vida, mas há aqueles
que nascem também características fora do padrão social. O direito fundamental a educação
passou por modificações para garantir à pessoa com deficiência o direito do convívio em
sociedade. A escola inclusiva tem esse objetivo de integrar a pessoa com deficiência ao
mesmo ambiente que a pessoa sem deficiência. Este artigo em discorre o que os autores
falam a respeito da forma que a escola inclusiva está sendo criada através de atos de políticas
públicas. Buscando enxergar o quanto cada umas dessas políticas estão sendo aplicada na
sociedade, elenca-se alguns fatos e estudos que ampliam essa visão seguida da análise entre
o que está sendo escrito para a efetivação da inclusão e o que a realidade está mostrando.
Conclui-se que o caminho precisa de novos e melhores esforços para uma escola inclusiva.
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Na atualidade existem vários esforços para “Somente a partir da segunda metade do século
XX, em função de vários fatores, como os
que as pessoas sejam incluídas no ambiente econômicos, os políticos, os sociais e os referentes
escolar. A educação inclusiva quebra com a aos direitos humanos e educacionais, é que se
educação tradicional para que o estudante inicia outro modelo que tem como premissa
básica a integração de pessoas com deficiências
com necessidades especiais seja objeto das em ambiente comuns, baseado no paradigma de
práticas educativas (BATISTA, ENUMO, 2004). serviços.” (CARNEIRO, SCHIAVON, CAPELLINI,
2014, p.6)
O objetivo desse estudo é encontrar as
práticas educativas inclusivas que as Leis Como elucidado acima, o ideal da
brasileiras e os acordos internacionais tem integração de pessoas com deficiência
ditado e verificar os resultados obtidos em ganhou força e vem ganhando cada vez
outras pesquisas sobre o assunto. mais destaque. O princípio norteador é o da
normalização que visa “introduzir a pessoa
com deficiência na sociedade, ajudando-a a
REVISÃO DE LITERATURA adquirir as condições e os padrões da vida
cotidiana o mais próximo do normal, quanto
No 26º artigo da Declaração Universal dos possível” (ARANHA, 2001, p.14).
Direitos Humanos, podemos ler:
Como destacado por Batista e Enumo, há
“2.A educação deve visar à plena expansão da uma diferença entre integração e inclusão.
personalidade humana e ao reforço dos direitos
do Homem e das liberdades fundamentais e deve Para eles, ambos se propõem a integrar o
favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade estudante com deficiência na sala regular,
entre todas as nações e todos os grupos raciais mas “inclusão remete-nos a uma definição
ou religiosos, bem como o desenvolvimento das
atividades das Nações Unidas para a manutenção maisampla, indicando uma inserção total e
da paz.” (ONU, 1948) incondicional” (BATISTA, ENUMO, 2004, p.
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2). “A inclusão, implica mudança desse atual seus direitos a educação e alicerça o ideal da
paradigma educacional, para que se encaixe escola inclusiva:
no mapa da educação escolar” (ROMITO et
al, 2011, p. 1). Como pode ser visto nessas “Escolas regulares que possuam tal orientação
inclusiva constituem os meios mais eficazes de
afirmações, a busca da inclusão vai além combater atitudes discriminatórias criando-se
de simplesmente integrar o estudante com comunidades acolhedoras, construindo uma
necessidades especiais ao ambiente escolar, sociedade inclusiva e alcançando educação
para todos; além disso, tais escolas proveem
é preciso mudar a forma com a educação uma educação efetiva à maioria das crianças e
é realizada para atender o estudante com aprimoram a eficiência e, em última instância, o
deficiência em condição similar aos demais custo da eficácia de todo o sistema educacional.”
(ONU, 1996, p.1)
estudantes.
Parte desse esforço pôde ser sintetizado Também proclama o que os governos
na Declaração de Salamanca que proclama os precisam mudar em sua educação para
direitos dos estudantes com deficiência e em priorizar a educação inclusiva e como os
seu texto direciona mudanças na estrutura organismos internacionais podem cooperar
do sistema educacional a ser adotado nos para atingir e melhorar as bases da educação
países signatários e modos de cooperação inclusiva.
entre eles. Uma parte muito significativa
está na forma em que a Declaração elenca Na parte seguinte, ela torna claro para
os pontos a serem aprimorados na escola e todos os atores envolvido o papel que
na formação dos profissionais envolvidos na cada um terá de fazer para universalizar a
educação especial (ONU, 1996). educação inclusiva. De modo prático, ela
lista desde o que o governo até as escolas,
professores e demais profissionais em como
A DECLARAÇÃO atuar e se instruir para estar preparado para
DE SALAMANCA os anseios de todos os estudantes.
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abordagem passa a ser substituída por uma educação oferecida no contexto regular de
ensino. Esta percepção é vigorada no cenário brasileiro com a Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva Inclusiva(BRASIL, 2008), que orienta que seja oportunizado o acesso
ao ensino comum para as pessoas com NEE, considerando a importância de ambientes
heterogêneos e que promova uma educação a todos.
No último Censo mostrou-se que ainda há uma menor porcentagem de pessoas com
deficiência alfabetizada comparada com a média geral e essa tendência foi observada em
todos os níveis de instrução (BRASIL, 2012), pois muitos dos adultos não tiveram a proteção
de direitos que as Leis atuais garantem.
Os esforços atuais estão mostrando a direção da escola inclusiva e, pelo menos, 81% dos
estudantes com deficiência estão estudando em salas comuns (TENENTE, 2016). A Sala
de Recursos Multifuncionais e a forma com a escola estrutura o apoio do estudante (SÃO
PAULO, 2016) está em conformidade com a Declaração de Salamanca.
Como é destacado por Enumo e Batisa (2011, p. 9) “Não é só pela proximidade que alguém
se acha pertencendo ao grupo, ele tem de se identificar com este, pois é esse o processo
básico de formação do grupo.” Ainda que estejam sendo postos em pratica, há caminhos a
trilhar pelos relatos expostos sobre a exclusão que os estudantes com deficiência sofrem
dentro da escola. Some-se a essa exclusão a falta de preparo dos profissionais que ainda
são temas recorrentes quando se fala sobre inclusão (TENENTE, 2016 e GUADAGNIN,
DUARTE, 2016) e teremos um ambiente fora do ideal para o desenvolvimento do estudante
com deficiência. A evolução dos alunos que apresentam dificuldades na escola ressalta os
desafios das relações entre psicologia e educação, numa perspectiva de ação para todos,
uma vez que fatores da diversidade apresentada favorecerá e enriquecerá o ambiente
educacional, daí a importância do permanente diálogo acerca dos meios e sistemas escolares
que permeiam a sociedade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao pensar e refletir o processo de escolarização de alunos
com NE, considerando as políticas públicas que tratam do
segmento, percebe-se, na maioria das vezes que a inclusão
é reduzida ao acesso a sala de aula do ensino regular. O que
presume a inexistência de um compromisso com o ensino
acadêmico e sistematizado de conteúdos, uma vez que
a educação escolar ocupa um espaço secundário em seu
processo de formação, se mostrando incapaz de auxiliar
na construção de uma concepção crítica de mundo. Nesse LUIZ FERNANDO
sentido há recorrentes discussões, nas quais se interrogam NOGUEIRA OLIVEIRA
como as dinâmicas inclusivas estão se estruturando.
Graduação em Letras pela UNESP
(2003); Graduação em Pedagogia
A educação inclusiva insere-se no contexto de respeitar a pela UNIBAN. (2007); Supervisor
individualidade de cada pessoa e garantir o direito universal a Escolar na Prefeitura de São
Paulo.
educação. O fato de ainda termos profissionais sem o devido
preparo para atender a esse público da educação inclusiva
gera insegurança nos professores durante as aulas e de todos
os profissionais envolvidos. A escola em si acaba sendo a
porta da inclusão ao aceitar o aluno em sala de aula regular e
a porta da exclusão por não ter profissionais preparados para
esse atendimento.
As políticas públicas estão melhores, mas ainda há uma lacuna entre a teoria e a prática
dentro das escolas para garantir a permanência e o desenvolvimento do estudante com
deficiência. Ainda é importante ressaltar a necessidade de melhorar a preparação dos
profissionais com cursos dedicados ao tema e também dos recursos disponíveis para esses
profissionais.
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REFERÊNCIAS
ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência.
Artigo publicado na Revista do Ministério Público do Trabalho, Ano XI, n. 21 março, 2001.
pp.160-173. Disponível em:<http://www.adion.com.br/mznews/data/paradigmas.pdf>.
Acesso em: 28 março 2019.
______. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 26 março 2019
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A INCLUSÃO NO MERCADO
DE TRABALHO: UMA
CO-EMANCIPATÓRIA
RESUMO: “A Inclusão no Mercado de Trabalho: promovendo uma condição emancipatória”
tem como objetivo fazer uma reflexão a partir da inclusão das pessoas portadoras de
deficiências no Mercado de Trabalho. Essa atividade vem sendo considerada um ambiente
importante para as pessoas com deficiência por representar a possibilidade de construção
da identidade, desenvolvimento social e emocional condição necessária para promoção
emancipatória da cidadania. Objetivou-se analisar o processo de inclusão no mercado de
trabalho de pessoas com deficiência com base em suas aptidões e qualificações necessárias
na obtenção da tão sonhada vaga e assim, a partir do trabalho ter sua dignidade humana
reconhecida. Os resultados da nossa pesquisa demonstraram que a inclusão no mercado de
trabalho é um direito e um meio de capacitação das habilidades. Porém, ainda há falta de
oportunidades, de profissionalização, de vagas de emprego e de valorização da pessoa com
deficiência. Ressalta-se a importância da inclusão no trabalho para o desenvolvimento das
pessoas com deficiência e a necessidade de aprimoramento desse processo.
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sentido pleno. Aplica-se a todos os que se excluir, discriminar e agir com preconceito
encontram permanente ou temporariamente segregando as pessoas portadoras de
incapacitados pelos mais variados motivos necessidades especiais.
para que possam agir e interagir com
autonomia e dignidade no meio em que Sem dúvida, basta atentar para o cotidiano de
nossa sociedade para se ver que pessoas com
vivem. necessidades especiais não circulam pelos
espaços sociais – supermercados, farmácias,
A melhoria da qualidade de vida humana cinemas, shopping’s etc. – os que ocupam algum
espaço, são geralmente cegos vendendo bilhetes,
tem sido foco da ciência e de profissionais deficientes físicos graves expondo sua condição
voltados a ela com o desafio de obtenção para a mendicância. Essa observação demonstra,
de propostas, projetos sem se deixar mais uma vez, que o objetivo dos serviços em
Educação Especial não tem sido alcançado (SILVA,
“homogeneizar” soluções, mas criar, dar
2001, p. 183).
condições para que avancemos deixando
de lado os preconceitos e as discriminações
que permeiam nossas ações diárias a fim A partir do século XIX houve a criação
de atingir soluções para as pessoas com de Escolas Especializadas residenciais,
portabilidades especiais sejam incluídas e consideras como marco inicial da Educação
não excluídas como na maioria dos casos. Especial em que as pessoas portadoras de
deficiência passaram a serem contempladas
Reconhecer o processo de inclusão educacionalmente.
com pessoas com deficiência requer a
compreensão do que aconteceu ao longo A Educação nesse período esteve relegada
da história e como as pessoas portadoras de a uma postura terapêutica, ou seja, médico-
deficiência foram tratadas. Por outro lado, pedagógico, em que as pessoas portadoras
requer a compreensão do contexto histórico de deficiência eram consideradas como
da educação e as concepções pedagógicas “doentes incapazes”, ou seja, estavam fora
acerca da deficiência em cada época e como dos padrões da normalidade da sociedade.
se deu o seu processo de desenvolvimento. Há uma visão de que a pessoa com deficiência
precisa ser transformada e não a sociedade.
Trata-se, portanto se situar o processo de
desenvolvimento da Educação Inclusiva e a A partir da metade do século XIX há
sua aplicabilidade das leis para a inserção uma expansão para os recursos destinados
dos portadores de necessidades especiais à Educação Especial, mas ainda com uma
foram conquistando em nossa sociedade, visão segregacional. Só que o foco, com a
garantindo-lhes direitos e estabelecendo finalidade de normalização relacionava-se
o respeito devido às diversidades sem a com a ideia de [...]aceitação das diferenças
preocupação com os princípios normativos à condição da deficiência (BARBOS, 2006, p.
impostos pela sociedade que continua a 25).
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Com base neste contexto, iniciativas de Essa Lei não apresenta uma proposta de um
âmbito nacional se iniciam com a criação ensino capaz de atender às especificidades
de Campanhas voltadas para essa finalidade educacionais dos alunos com deficiência
especificamente. Em 1957, acontece a encaminhando-os para Classes e Escolas
Primeira Campanha para a Educação do Especiais (BRASIL, 2008a). Novamente
Surto Brasileiro – C ESB – pelo Decreto a segregação está presente impedindo
Federal Nº 42.728. Em 1958, segundo o o convívio com os demais determinados
Decreto Nº 44.236 de 1 de Agosto, foi “normais” pelos padrões vigentes na
realizada a Campanha Nacional de Educação sociedade.
e Reabilitação de Deficientes da Visão.
Ressaltamos a Campanha de 1960, com a Em 1973, o MEC cria o Centro Nacional
influência de Movimentos liderados pela de Educação Espacial – CENSP, responsável
Sociedade Pestalozzi e Associação de Pais e pelo acompanhamento da Educação Especial
Amigos dos Excepcionais (APAE) no Brasil, impulsionando ações educacionais
voltas às pessoas dom deficiência e às
No século XX, por volta de 1960, de forma pessoas com superdotação. Foram iniciativas
mais intensa nos anos de 1970, com as isoladas do Estado.
Reformas Educacionais contempla a Educação
Especial com uma perspectiva de integração Não se tem uma preocupação específica
e normalização. O atendimento educacional e efetiva com uma Política Pública
às pessoas portadoras de deficiência passou comprometida com o acesso universalização
a ser definido pela Lei de Diretrizes e Bases à educação, permanecendo a concepção de
da Educação Nacional – LDBEN, Lei Nº “Políticas Especiais” para tratar da Educação
4.024/61, que afirma a respeito do direito à de Alunos com Deficiência (BRASIL, 2008).
educação dos “excepcionais” porque ainda se
mantinha arraigada a visão de que as pessoas A década de 1980 é marcada pela
portadoras de deficiência eram inferiores integração das pessoas com deficiência
em relação aos membros da sociedade na Rede Regular de Ensino e há também a
considerados pelos padrões “normais”. criação de Movimentos que consolidam o
grupo de pessoas portadoras de deficiência
Em 1970, com a promulgação da LDBEN com identidade única.
– Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei Nº 5.692/71 avança e define Em 1981, a ONU – Organização das
o atendimento educacional especializado Nações Unidas – declara “Ano Internacional
como “tratamento especial” destinado às das Pessoas Deficientes – AIPD”. Esse
pessoas portadoras de deficiências físicas ou acontecimento converge em ações para
mentais e aos superdotados. efetivação de igualdade de oportunidade
para todos(as) com deficiência de forma
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a garantir a plena participação social das sobre Educação Para Todos e o documento
pessoas portadoras de deficiência na final “Declaração Mundial sobre Educação
sociedade. para Todos” traça um Plano de Ação para
satisfazer as necessidades básicas da
O processo de integração ocorre dentro Aprendizagem. Esse assunto abordaremos
de uma estrutura educacional que oferece no próximo capítulo de nossa Reflexão.
ao aluno(a) a possibilidade de estar inserido
na classe regular, mesmo assim ainda é
uma inserção parcial até porque o sistema A INCLUSÃO NO
educacional sempre segregacionou pessoas. MERCADO DE TRABALHO
Muitas tentativas de integração das A inserção de pessoas portadoras de
pessoas portadoras de deficiência acabavam necessidades especiais no Mundo do Trabalho
por excluir as pessoas deficientes ao invés é necessária e exige preparação e qualificação
de inclui-las e hoje ainda vivemos esse tipo profissional, elementos fundamentais para
de situação nas Escolas. Não há recursos preencher a vaga almejada dentro das Empresas.
necessários para que os portadores de
necessidades especiais sejam atendidos em A Lei Nº 8.213/91, também conhecida
sua especificidade. como Lei de Cotas, estabelece a reserva
de vagas de emprego para pessoas com
A proposta de integração das pessoas com deficiências habilitadas ou para pessoas que
deficiência no sistema educacional não atendia
ao que era proposto, nem tampouco ao que sofreram acidente de trabalho, beneficiários
era esperado pelo movimento. Os alunos que da Previdência Social reabilitados.
não conseguiam sozinhos superar as barreiras
ali encontradas eram excluídos das classes
regulares, e aqueles que conseguiam permanecer A Legislação é utilizada no caso das
na Escola, foram, muitas vezes, esquecidos pelos empresas que tem em seu quadro de
Professores num cantinho de suas classes. A funcionários tomando-se por base 100
integração, pois, pouco contribui para a superação
da discriminação e preconceito desses alunos empregados, sendo aplicada a cota de 2 a
(BARBOSA, 2006, pp. 28-29). 5% a depender dos postos de trabalho que a
empresa disponibiliza.
A Escola que deveria ser a promotora de
condições igualitárias, acabava contribuindo A inclusão de pessoas com deficiência no
para a exclusão desses alunos. Portanto os Mercado de Trabalho ainda gira em torno do
alunos continuam a serem segregados no preconceito mesmo com as Leis que terminam
Ensino Regular. a contratação e a manutenção desses
trabalhadores existem muitas dificuldades
Em 1990 acontece em Jomtien, Tailândia, entre elas: a falta de oportunidades e a
de 5 a 9 de Março a Conferência Mundial qualificação que faz a diferença.
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A partir do momento que a empresa tem 100 funcionários ela já está susceptível sofrer uma
fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho Emprego uma vez que é convidada a
colocar em seu quadro de funcionários, pessoas com deficiência.
Existe um conflito ideológico dentro da Empresa de duas naturezas com relação à inclusão
de pessoas portadoras de necessidades especiais no Mundo do Trabalho:
1º) A inclusão numérica que é aquela que a empresa coloca os 5% de empregados
independente da deficiência.
2º) O desenvolvimento da inclusão qualitativa na qual a empresa absorve todas as
deficiências, fazendo o processo seletivo e beneficiando para que a deficiência seja uma
característica e não uma qualidade ou um defeito profissional.
Portanto, a Lei de Cotas existe, mas ela precisa ser cumprida com mais responsabilidade,
sobretudo no que se refere à inclusão qualitativa.
Não existe uma determinação da Lei quanto ao tipo de deficiência. Existem empresas
que proporcionam as vagas, mas, por outro lado, não incluem o portador de necessidades
especiais ou selecionam o tipo de deficiente à possível contratação e isso não leva a uma
mudança de comportamento social. As empresas precisam entender a amadurecer sua
compreensão de forma diferenciada sobre a questão da inclusão da pessoa com deficiência.
Há todo um trabalho de sensibilização para que a empresa acolha, inclua sem limitar a
pessoa com deficiência, caso contrário a inclusão não acontece. É preciso que a empresa
tenha um novo olhar sobre essa nova contratação. É imprescindível escolher trabalhadores
com diferencial, colocando por potencial e não pela deficiência em si.
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Por se tratar de uma experiência recente, Por cidadania regulada entendo o conceito de
cidadania cujas raízes encontram-se, não em um
existem poucos estudos acadêmicos sobre a código de valores políticos, mas em um sistema
inclusão da pessoa portadora de deficiência de estratificação ocupacional, e que, ademais, tal
no mercado formal de trabalho. Este foi um sistema de estratificação ocupacional é definido por
forma legal. Em outras palavras, são cidadãos todos
dos motivos que orientou a realização deste aqueles membros da comunidade que se encontram
estudo. localizados em qualquer uma das ocupações
reconhecidas definidas em lei” (SANTOS, 1998, p. 75).
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a qualidade dos serviços é vista inicialmente têm procurado agregar valor para garantir a
com desconfiança e resistência. Muitas identificação do consumidor ao seu produto.
vezes, a empresa quer primeiro verificar As ações sociais das empresas surgem
a qualidade de serviços e como serão as muitas vezes como parte dessas ações que
relações de trabalho. agregam valor ao produto e possibilitam uma
identificação do consumidor com ele.
O que se percebe é que esta prática que,
a princípio, é altamente discriminatória, pode A chamada solidariedade pode ser
ser revertida em vantagens, por possibilitar desenvolvida como mais uma estratégia da
uma inserção ou uma primeira participação da economia de aglomeração e esse trabalho
empresa e do próprio portador de deficiência social gera um lucro secundário. Na busca de
no processo. Diante da total exclusão, abre-se produtos mais personalizados, que marcam
a possibilidade de uma inserção no processo de uma diferença, os consumidores procuram
trabalho, mesmo que seja pela via do trabalho comprá-los de empresas que agregam à sua
informal, percebida como uma conquista pela marca tal diferença. Nesse caso, as ações
pessoa portadora de deficiência. sociais da empresa fazem essa diferença.
Esta prática está sendo utilizada pelas [...] Num mundo altamente competitivo,
não são apenas os produtos, mas a imagem
empresas para fortalecimento da sua corporativa que tem caráter essencial, não
imagem idealizada e que surge como uma somente em termos de marketing como no
das consequências (direta ou indireta) tocante a levantar capital, realizar fusões e
obter vantagens no campo da produção de
da globalização e dos novos modelos de conhecimento, das políticas governamentais e
produção é a chamada responsabilidade da promoção dos valores culturais. O patrocínio
social. corporativo das Artes, de universidades e de
projetos filantrópicos é o lado prestigioso de
uma escala de atividades que inclui tudo, de
As ações das empresas voltadas para perdulárias brochuras, relatórios sobre empresas
o social vêm crescendo nos últimos anos e promotores de relações públicas a escândalos
– desde que se mantenha constantemente o
em nível mundial. Um dos aspectos dessa nome da empresa diante do público (HARVEY,
prática é a necessidade de se agregar valor ao 1992, p. 152).
produto. O modelo de produção mais flexível
trouxe a obrigação de inovação constante do
produto para se atenderem às exigências de Tal situação leva a uma preocupação da
uma economia em constante mutação. empresa em desenvolver sua imagem de
mercado e lhe dar cada vez mais publicidade.
A inovação tecnológica cria sua própria Muitas empresas incorporam no seu marketing
demanda; existe uma busca pelo produto este tipo de ação, com a denominação de
personalizado em substituição ao produto marketing social, associando o trabalho de
barato da economia de escala. As indústrias solidariedade à imagem da empresa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estilo de vida independente é fundamental no processo
de inclusão, uma vez que com ele as pessoas com deficiência
terão maior participação de qualidade na sociedade, tanto na
condição de beneficiários dos bens e serviços que ela oferece
como também na de contribuintes ativos no desenvolvimento
social, econômico, cultural e político da nação.
Em outras palavras, vida independente e exercício da
cidadania são os dois lados dessa mesma moeda. Uma LUIZELINA FARIAS LIMA
empresa inclusiva é, então, aquela que acredita no valor da
Graduação m em Pedagogia
diversidade humana, contempla as diferenças individuais, com habilitação com Supervisão
efetua mudanças fundamentais nas práticas administrativas, Escolar e Administração Escolar
implementa adequações no ambiente físico, adequa pela UNIP – Universidade Paulista,
2002; Professora de Educação
procedimentos na questão da inclusão, etc. Infantil CEI Jardim Taipas.
Uma empresa pode tornar-se inclusiva por iniciativa e
empenho dos próprios empregadores que para tanto buscam
informações pertinentes ao princípio da inclusão, e/ou com
consultoria de profissionais inclusivistas que atuam em vários
segmentos e/ou entidades sociais.
A inclusão no mercado de trabalho competitivo não é
um sonho impossível de ser realizado, desde que os empregadores sejam tratados como
parceiros. Ou seja, as pessoas com deficiência têm encontrado sua realização profissional
em vários tipos de trabalho.
Para a efetivação de pessoas portadoras de deficiência no mercado do trabalho são
necessárias cada vez mais leis de caráter inclusivista, caminho ideal para que todas as
pessoas, com ou sem deficiência, possam sentir que realmente pertencem à sociedade,
como oportunidades iguais de participação como cidadãos de nosso país.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, V. L. B. Por uma Pedagogia Inclusiva. João Pessoa: Manufatura, 2006.
BRASIL. Lei Nº 3.298. Dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência. 20/12/1999.
BRASIL. Lei Nº 7.853. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua
integração social, sobre a Coordenadoria Nacional da Pessoa Portadora de Deficiência –
CORDE institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas,
disciplina a atuação do ministério Público, define crimes e dá outras providências. 24/101989.
BRASIL. Lei Nº 8.213. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá
outras providências. 24/07/1991.
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INSTITUTO ETHOS. O que as Empresas podem fazer pela Inclusão das Pessoas com
Deficiência. Coordenação Marta Gil. São Paulo: Instituto Ethos, 2002. Disponível em:
http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/publicacoes/manuais/manual_pessoas_
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MANTOAN, M. T. E.; OLIVEIRA, J. R. & QUEVEDO, A. A. F. Mobilidade, Comunicação e
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KOLTAI, Caterina. A segregação, uma questão para o Analista. In: KOLTAI, C. (Org.). O
Estrangeiro. São Paulo: Escuta – FAPESP, 1998.
SILVA, Márcio Felipe Albuquerque Prazim da. Educação e Direito: Caminhos para a Cidadania
das Pessoas com Deficiência. Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina de
Estágio Supervisionado em Educação Especial na Universidade Federal da Paraíba. João
Pessoa, 2001.
VASSALO Cláudia. Um novo Modelo de Negócios. Exame, suplemento Guia de Boa Cidadania
Corporativa. V. 728, 2000.
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A IMPORTÂNCIA DA CRITICIDADE:
A VISÃO DE PAULO FREIRE
RESUMO: Este artigo visa integrar as noções adquiridas com o posicionamento de Freire a
cerca da importância a crítica de educação no Brasil, representada pelo educador e filósofo
Paulo Freire. Tendo como principal objetivo elucidar a importância da formação crítica e a
desconstrução a cerca de relações de poder e desigualdade econômica. Visando a importância
da formação de sujeitos questionadores sejam eles educadores e/ou educandos, permitindo
que todo este processo reflexivo se permeie frente a esta sociedade dominadora a qual
estamos inseridos. Através do pensamento busca a libertação dos indivíduos e os auxilia
na luta pelos seus direitos enquanto cidadãos, para que haja uma sociedade mais justa e
democrática. Sendo Paulo Freire e Henry Giroux (1968) os principais referenciais utilizados
para a elaboração deste estudo.
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ou seja apenas determinados possuem o metódica com que devem se “aproximar” dos
conhecimento que carrega consigo a maior objetos cognoscíveis. A visão do educador é
chance de sucesso, quando tudo isso foi o que diferencia a maneira do aprender do
inicialmente estudado, meados do século educando. E esta rigorosidade metódica não
XX, percebeu-se que este processo de tem nada que ver com o discurso “bancário”
formação arcaica começou a muito tempo meramente transferidor do perfil do objeto
atrás e obviamente tem sido mantido para ou do conteúdo. É exatamente neste sentido
evitar que as grandes massas levantem que ensinar não se esgota no “tratamento”
questionamentos que possam ameaçar o do objeto ou do conteúdo, educar é o abrir
poder daqueles que os detém: “A teoria sem de “portas” para o inimaginável, e isto, jamais
a prática vira ‘verbalismo’, assim como a deve ser obscurecido pelo engessamento
prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, educacional, mas se alonga à produção das
quando se une a prática com a teoria tem-se condições em que aprender criticamente
a práxis, a ação criadora e modificadora da é possível. Condições essas que implicam
realidade” (FREIRE, 1969, p.19). ou exigem a presença de educadores e
de educandos criadores, instigadores,
Defende a criticidade como premissa de inquietos, rigorosamente curiosos, humildes
que todo conhecimento adquirido tem valor e persistentes. Faz parte das condições
e todos podem e devem aprender sobretudo, em que aprender criticamente é possível a
adequando-se ao educando então o educador pressuposição por parte dos educandos de
e a instituição a qual ele pertence. que o educador já teve ou continua tendo
experiência da produção de certos saberes e
O educador tem como ideologia originaria que estes não podem a eles, ser simplesmente
o dever de ser democrático não podendo transferidos.
negar-se ao dever de, na sua prática docente,
reforçar a capacidade crítica do educando, Sendo os educadores os responsáveis
sua curiosidade, sua insubmissão, cabe ao pela oferta das devidas condições de
educador formar uma sociedade consciente aprendizagem dos educandos que os
de seu próprio espaço e fazer com o que transformam em reais sujeitos da construção
ele aproprie-se de todos os conhecimentos e da reconstrução do saber ensinando e
necessários para sua evolução. Despertar aprendido pelos educandos.
este processo de interesse educacional é
o verdadeiro obstáculo do educador, assim Seus estudos tiveram como base
sendo preparar-se para amparar de adequada entender este processo de alienação das
maneira seus educandos, é o que deve motivar classes excluídas, assim sendo, Freire
seus objetivos a serem atingidos dentro de explorou a natureza reprodutora da cultura
sala de aula. Uma de suas tarefas primordiais dominante, analisando sistematicamente
é trabalhar com os educandos a rigorosidade como ela funciona, por meio de práticas
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que valoriza uma prática social, vinculando sujeito à abertura de todo um leque de novos
assim todas as classes a um único objetivo, questionamentos que permitirão que ainda,
a superação das injustiças sociais na busca mas conhecimentos sejam adquiridos.
da humanização da própria vida. Estes são os
principais marcos objetivamente elaborados Freire defende ainda que existem analogias
das teorias educacionais defendidas por sobre o empoderamento das classes, e suas
Freire (1972), Giroux (1966) segue a mesma concepções a cerca do poder que o ensino
diretriz, a qual se mantém sobre a afirmação lhes trás sendo elas:
de que retirar do sujeito a sua consciência
e remover o seu direito de transformar o Conquista: A necessidade de conquista
mundo, é opressivo. Retirar o poder de se dá desde as mais duras às mais sutis; das
crítica de um ser humano é o mesmo que mais repressivas às mais adocicadas, como o
retirar seu cerne, fazer com que ele se torne paternalismo.
uma sombra do que poderia ser. Este nunca
será o papel de um educador, e sim, auxiliar Divisão: Na medida em que as minorias,
o educando a alcançar o máximo de seu submetendo as maiorias a seu domínio, as
potencial e o que os define. Freire veemente oprimem dividi-las e mantê-las divididas são
afirma que práticas como estas praticadas condições indispensáveis à continuidade de
na educação tradicionalista, impedem que seu poder.
as pessoas alcancem seu máximo potencial
e permaneçam fixas apenas naquilo que Manipulação: Através da manipulação, as
lhes foi previamente determinado pelos elites dominadoras vão tentando conformar
dominantes sociais, sendo estes que as massas populares a seus objetivos. E
controlam os grandes poderes, qual a melhor quanto mais imaturas politicamente estejam,
forma de agir, se não, através da educação. tanto mais facilmente se deixam manipular
É preciso entender antes de qualquer coisa, pelas elites dominadoras que não podem
que este processo entra mais como uma querer que se esgote seu poder.
vinculação ao sistema já existente, do que
uma nova adoção. Não é abrir mão sobre Invasão cultural: a invasão cultural é
o que se ensina, é ensinar de uma maneira a penetração que fazem os invasores no
que criem-se cidadãos críticos, capazes de contexto cultural dos invadidos, impondo
formar suas próprias opiniões e concepções a estes sua visão de mundo, enquanto lhes
a cerca de qualquer tema, evitando assim, freia a criatividade, ao inibirem sua expansão.
que estes permaneçam alienados e presos
a uma roda que constantemente os manterá Uma educação autenticamente é
presos a aquilo que querem que eles saibam. necessário uma ação consciente a fim
Expandir os conhecimentos vai além de uma de transformar a realidade em que nos
prática educacional, é a conscientização do encontramos, é preciso modificar todo um
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pensamento longamente construído e este processo não se dá de uma hora para outra,
Au (2011, p.251) elucida que, Freire gira em torno de uma ideia central de , em que os
estudantes e professores tornam-se sujeitos que sabem ver a realidade, refletir criticamente
sobre a realidade e assumir uma ação transformadora para mudar essa realidade. Para que
a práxis seja desenvolvida, Freire toma como ponto de partida duas diferentes abordagens:
a problematização e o diálogo, os quais se configuram como condições indispensáveis para
o exercício da liberdade. A problematização do diálogo é outro ponto central na pedagogia
crítica e libertadora de Freire. Em termos gerais, para o autor, o diálogo é parte da história do
desenvolvimento da consciência humana, sendo ele, o momento em que os seres humanos
se encontram para refletir sobre a realidade. Pelo fato do diálogo acarretar uma reflexão
ativa com relação a outros seres humanos, ele é fundamentalmente social, exigindo um
pensamento crítico.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo da pesquisa, busco apresentar a perspectiva
crítica de educação, longamente estudada abordada e
praticada por Paulo Freire. Desse modo, considero que as
formas tradicionais de educação, alienam todo o sistema de
ensino educacional Brasileiro e que a problematização sobre
a qual tão amplamente falamos é a maneira de se “fugir”
a este modo de educação, ao qual somos constantemente
submetidos. Através da ideologia educacional freiriana
é possível entender a maneira de superar a dominância
educacional dos superiores, ou seja, criar cidadãos conscientes
de seus próprios direitos críticos dentro de suas noções e
tudo isso, tem início dentro da educação. Os professores MAGDA DE SOUZA
moldam caráter, educam, além do letrar e alfabetizar, abrem FERREIRA
portas para o conhecimento não só daquele instante, mais
Graduação em Matemática pela
também do futuro. O engessamento educacional ocorre, e Universidade Uniban 2009;
este despreparo tradicionalista impede que uma supremacia Especialista em Pedagogia pela
do saber seja adquirida. Pessoas que questionam aprendem Faculdade Associada Brasil 2015;
Professor de educação infantil na
mais, pois criam autonomia dentro de todo seu contexto CEI JARDIM NAKAMURA.
social e a partir disso, entende-se a importância do educador
de formação crítica, do entendimento de que toda forma de
conhecimento é válida e tem seu próprio valor. O exercício da
emancipação e da transformação social deve ocorrer desde
o mais tenro processo de formação não só do educando, mais também do educador. Em
suma, a pedagogia crítica abre caminhos e possibilidades para o sujeito conhecer e exercer
a liberdade, tornando-se apto a construí-la responsavelmente buscando a igualdade social,
a garantia de seus direitos, o respeito à dignidade humana, o fim das injustiças sociais e da
opressão.
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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
DO DESENHO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
RESUMO: O desenho infantil é muito importante para o desenvolvimento da criança,
inclusive durante o processo de alfabetização. No início, o que se vê é um emaranhado de
linhas, traços leves, pontos e círculos, que, muitas vezes, se sobrepõem em várias demãos.
Poucos anos depois, já se verifica uma cena complexa, com edifícios e figuras humanas
detalhadas. O desenho acompanha o desenvolvimento dos pequenos como uma espécie
de radiografia. Nele, vê-se como se relacionam com a realidade e com os elementos de
sua cultura e como traduzem essa percepção graficamente. O presente artigo tem como
finalidade apresentar um estudo sobre essa importância evidenciando as fases do desenho
infantil e demonstrando sua relação com a alfabetização. Para tanto, a metodologia utilizada
foi o levantamento bibliográfico de livros, periódicos e sites que abordam o tema e a reflexão
e análise desse material.
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Na adolescência, o desenho esteve imbuído Após a leitura, era solicitado aos alunos
nas minhas confissões pessoais, na expressão que realizassem uma produção de desenhos
das minhas vontades e desejos, nas aulas no baseado no que foi lido. O resultado era
colegial e na escolha do curso de vestibular. que muitas crianças não participavam deste
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momento, pois diziam que não sabiam sentido, para atingir o intento proposto nesta
desenhar. Desse modo, durante minha investigação, estruturamos este trabalho
observação, percebi que no processo em três capítulos. No primeiro capítulo,
de alfabetização existe uma inibição do intitulado “O desenvolvimento da linguagem
desenho infantil, pois é dado mais ênfase da criança na alfabetização”, discutimos
na aprendizagem da escrita. Mais cedo inicialmente a construção histórica do
ou mais tarde, todos os pequenos se conceito de infância, a partir das concepções
interessam em registrar no papel algo que teóricas dos autores Philippe Ariès (2006) e
seja reconhecido pelos outros. No começo, Bernard Charlot (1979).
é comum observar o que se convencionou
chamar de boneco girino, uma primeira Diante das inquietações sobre o tema
figura humana constituída por um círculo de abordado, investigamos o seguinte problema
onde sai um traço representando o tronco, de pesquisa: Qual a contribuição do desenho
dois riscos para os braços e outros dois para infantil para a aquisição da língua escrita da
as pernas. Depois, essa figura incorpora cada criança na alfabetização? Para desenvolver
vez mais detalhes, conforme a criança refine este estudo a metodologia, utilizada
seu esquema corporal e ganhe repertório constituiu-se da pesquisa bibliográfica
imagético ao ver desenhos de sua cultura e com base nos pressupostos de autores
dos próprios colegas. considerados renomados e que analisam
o conceito de infância e as suas diferentes
Por isso, acreditamos que a temática linguagens. Entre os principais estudiosos,
abordada neste trabalho monográfico é há uma cizânia. Há os que defendem que o
relevante para os fins acadêmicos e também desenho é espontâneo e o contato com a
para a atuação do educador em sala de aula, cultura visual empobrece as produções, até
visto que é necessário o conhecimento que a criança se convence de que não sabe
da essência do desenho infantil como desenhar e para de fazê-lo. E há aqueles que
linguagem gráfica e seu papel na construção depositam justamente no seu repertório
do conhecimento da criança. Assim, para visual o desenvolvimento do desenho. Nas
que pudéssemos compreender o processo discussões atuais, domina a segunda posição.
de aquisição da língua escrita da criança na “A única coisa que sabemos ser universal no
alfabetização, utilizamos como referenciais desenho infantil é a garatuja”.
teóricos os estudos de autores como:
Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1999), Ainda neste capítulo, discutimos sobre as
Suely Amaral (2005), Maria Graça Azenha diferentes formas de linguagens da criança
(1993) e Analice Pillar (1996). Vale ressaltar na alfabetização, destacamos as principais
que também consultamos os documentos formas de expressões que fazem parte da
oficiais do Ministério de Educação sobre o vida da criança e aquelas que se encontram
Ensino Fundamental de Nove Anos. Neste imbuídas neste processo. Os desafios e as
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Aos poucos, o desenho passou a ser o mundo à sua maneira. Desse modo, o
representado em diferentes materiais, como: desenho assume várias possibilidades para
barro, pedras, argilas, madeiras e finalmente, a criança, a “possibilidade de brincar, o
no papel conhecido atualmente. (ZATZ, desenho como possibilidade de falar (...)”
2002, p.20) Do passado ao presente, vemos (MOREIRA, 2009, p.26), o desenho como
que “o homem sempre desenhou. Sempre possiblidade de criar, cantar, sonhar, e outras
deixou registros gráficos, índices de sua finalidades. Esta linguagem gráfica “marca
existência, comunicados íntimos destinados o desenvolvimento da infância, porém em
à posterioridade” (DERDYK, 1993, p.10). cada estágio, o desenho assume um caráter
Como aponta a autora, o desenho sempre próprio” (Ibidem).
foi significativo para a trajetória humana,
e ainda contribuiu para o desenvolvimento Levando em consideração essas
da linguagem nas antigas civilizações, como especificidades do desenho infantil, e por esse
também propiciou o nascimento da escrita. ser uma forma de revelar o desenvolvimento
Da mesma forma que o desenho constituiu-se cognitivo, emocional e expressivo da
como forma de expressão para as civilizações criança, ele tem sido um objeto de estudo
primitivas, ele continua sendo a primeira abordado por diferentes profissionais, tais
manifestação gráfica da criança. Desde a como: psicólogos, sociólogos, psiquiatras,
pré-história que os homens “(...) tinham a educadores, psicanalistas e outros
mesma necessidade que nós de comunicar especialistas. Nesta perspectiva, diversos
o que estavam pensando e sentindo. Devem teóricos se dedicaram especialmente
ter feito isso de várias formas. Umas delas ao estudo do desenvolvimento gráfico
foi desenhando e pintando” (ZATZ, 2002, infantil, entre eles podemos nos referir, por
p.16). Dentre as diferentes linguagens exemplo, Georges Henri Luquet (1969),
utilizadas pelas sociedades primitivas para Viktor Lowenfeld e Brittain (1977), Florence
se comunicar, consideramos que o desenho de Mèredieu (1994), Edith Derdyk (1993),
foi o primeiro registro produzido pelo ser Analice Pillar (1996), Angélica Albano (2009).
humano para se expressar graficamente. O Alguns desses estudiosos propuseram
homem pré-histórico fez uso dos desenhos diferentes estágios para classificar a evolução
registrados nas paredes das antigas cavernas do desenho na criança. Apresentaremos
que se constituíram como meio de expressão a seguir as concepções teóricas sobre os
para revelar a sua forma de viver e a maneira estágios de desenvolvimento gráfico infantil
com que transmitiam os seus conhecimentos abordado pelos autores Georges Henri
e as experiências vividas naquela época. Luquet (1969), Viktor Lowenfeld e Brittain
(1977).
Ao desenhar, a criança registra as suas
marcas, suas alegrias, suas descobertas, A escolha por esses autores pode ser
suas fantasias, tristezas e também escreve justificada pela importância dessas obras
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estágio, ele apresenta mais detalhes, pois a escrituras imaginárias e também se comunicar
criança agora começa a ter maior consciência do seu jeito com o mundo do adulto. Assim,
do mundo à sua volta, já que o compreende e observamos que no decorrer de cada estágio do
o interpreta ao seu modo. Apesar dos autores desenho infantil, a criança evolui graficamente,
Viktor Lowenfeld e Brittain apresentarem pois quando se apropria desse sistema
os estágios evolutivos do desenho infantil de representação gráfica, adquire a maior
através da delimitação pela faixa etária capacidade de representar os seres humanos,
da criança, estes tiveram a dificuldade de as figuras geométricas e outros sinais gráficos.
demarcar precisamente quando começa e Chega um momento que as letras se misturam
termina cada estágio aqui apresentado, pois e se entrelaçam aos desenhos da criança, que
o desenvolvimento do desenho na criança é elabora diferentes representações gráficas até
um processo contínuo, cheio de idas e vindas, atingir a escrita alfabética.
mediado por constantes transformações.
Foi feito um breve levantamento inicial
Muitos autores acreditam que ao se para elaboração do projeto de pesquisa a
desenvolver os estágios de evolução respeito dos Contadores de Histórias para
do desenho na criança, ocorre também que possamos verificar a importância destes
paralelamente o desenvolvimento da sua contadores para o publico em geral, no banco
escrita. A expressão esquema citada pelos de teses e dissertações biblioteca digital
autores refere-se às diferentes formas da USP, usando os seguintes descritores,
utilizadas pela criança para desenhar uma contação de histórias, a arte de contar
figura. Segundo os autores, neste estágio histórias. Encontramos um trabalho de Vivian
a criança elabora os seus desenhos com Munhoz Rocha (2010), “Aprender pela arte e
riquezas de detalhes. Por exemplo, a figura arte de narrar: educação estética e artística
humana adquire formas, como: boca, nariz, na formação de contadores de histórias”.
olhos, duas pernas, dois braços, cabeça agora Rocha (2010) nos mostra o encanto de
com cabelo. um contador de histórias, que através de
musica, dança, objetos e narrando de mil
A escrita aparece como uma imitação das formas diferente leva as crianças ao mundo
atividades do adulto”. Diante das posições imaginário onde tem o talento de direcionar
destes autores, ressaltamos que o desenho e e encantar todos os seus ouvintes.
a escrita são duas linguagens que apesar de
serem distintas, se interagem, e muitas vezes É necessário que os contadores pesquisem,
se complementam, pois cada uma tem a sua tenham conhecimento e preparem-se para
especificidade e a sua derivação particular. poder contar e encantar seu publico.
Contudo, acreditamos que o desenho é a
primeira escrita da criança, pois ela se serve Pensar deste modo significa entender que
desta linguagem para inventar mensagens e por meio do desenho a criança terá acesso
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fluir natural do tempo, o exercício constante, Contar apenas para preencher os vazios do
sem a pressa tão comum a quem quer sair tempo é como usar anéis e pulseiras de ouro
por aí, fazendo, antes de observar os sinais para trabalhar a terra.
de maturação das coisas (até das palavras-
histórias!) Essa visão idealista e humanista da
arte de contar histórias integra nossa
Há, contudo, uma omissão imperdoável história mais íntima: a memória guardou
nessa crença de que apenas as crianças em envoltórios de seda pura, presos pelos
gostam e devem ouvir histórias. Os adultos laços da afeição, aquelas narrativas que
recebem, com igual prazer, encantamento e nos tocaram profundamente o coração e
curiosidade. que representaram um conhecimento todo
especial da vida e dos homens. Foi o leite
Não se trata, portanto, de encarar a imaginário, que fortaleceu nosso crescimento
formação de um repertório de narrativas rumo à maturidade.
populares pelo atrativo exótico ou
nacionalista. Essas histórias são documento Através do texto “A Contação de Histórias
vivo e seu contador, o guardião dessa riqueza. da Vídeo Livraria”, Eliana Yunes (1998),
Da mesma forma, a manutenção da infância podemos observar a importância de um
e dos valores nela aprendidos encontra contador de histórias, que nos remete as
nesses relatos uma forma de fixação e, nossas mais remotas lembranças, ele nos
simultaneamente, de resgate. Contá-los empresta seu corpo sua voz para recriar
é reviver a aprendizagem, cristalizada nos momentos, dos quais muitas das vezes
acontecimentos da ação, nas características guardados em nossas remotas lembranças.
das personagens, na significação do conjunto Mas é através deles também que conhecemos
textual. nosso passado, aonde muitas vezes, não
A seleção dos textos será, sempre, a pedra se tem registros escritos, estes contadores
de toque do contador. O repertório deverá foram enaltecidos e idolatrados, mas com
compreender uma diversidade de histórias, a evolução dos tempos as histórias foram
não apenas quanto à temática, mas também utilizadas nas escolas como um meio de
quanto à forma escrita. Não se deve, porém, incentivo ao aprendizado, e por este motivo
sacrificar a identidade do narrador com passou-se a acreditar que as histórias era
as histórias em favor de uma variedade somente um reforço nas praticas pedagógica.
desencontrada. Inventando ou reproduzindo
as palavras mesmas do escrito, ao narrador Embora realmente sejam utilizadas
compete, acima de tudo, dar vida às palavras nas escolas para reforço e incentivo
e às ideias suscitadas a partir do texto. A ao aprendizado, mas o principal papel
escolha dos textos deve passar ainda pela não somente das histórias, mas sim dos
qualidade poética e humana do relato. contadores que hoje além de ensinar de
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uma forma prazerosa as crianças, encantam O ambiente, mesmo que simples, deve ser
também os adultos e mostra a importância favorável à “contação de história”. Pode ser
que eles têm e tiveram em nossa evolução ao ar livre ou em locais fechados, porém é
humana e social. necessário estar livre de qualquer distração
ou desconforto. Ruídos, pessoas transitando,
O primeiro contato da criança com o excesso de sol, muito frio, muito calor, muito
texto, geralmente, é por meio das histórias iluminado, pouco iluminado… tudo isso
apresentadas, oralmente, por pais e poderá dificultar o trabalho do “contador”.
familiares. Elas podem ser contadas em Procure o ambiente e o momento ideais para
diversas ocasiões, como, por exemplo, ao contar suas histórias.
acordar, durante uma tarde chuvosa, antes de
dormir, preparando para um sono tranquilo e Como em qualquer área, é importante
restaurado. que o “contador” busque aperfeiçoamento
contínuo. Algumas universidades, como,
Em seu livro Contar Histórias: Uma arte por exemplo, a Faculdade Paulista de Artes,
sem idade, COELHO (1999, p.47) nos ensina possuem cursos de especialização em
que “antes de narrar a história deve-se abrir “contação de histórias”.
espaço para uma boa conversa. Por exemplo,
se a história gira em torno de animais A escritora e pedagoga Fanny Abramovich
domésticos e começa-se diretamente, os (1989, p. 17) nos diz que “é ouvindo
ouvintes poderão interromper dizendo: eu histórias que se pode sentir (também)
também tenho um gato, um cachorro, um emoções importantes como: a tristeza, a
passarinho, o que for”. A autora reforça que raiva, a irritação, o medo, a alegria, o pavor,
o espaço para as crianças falarem antes da a impotência, a insegurança e tantas outras
narração é indispensável. Neste momento mais, e viver profundamente isso tudo que
o “contador” conhece melhor as crianças as narrativas provocam e suscitam em quem
e concede a oportunidade aos pequenos as ouve ou as lê, com toda a amplitude,
de falarem. Isto acalma e os prepara para a significância e verdade que cada uma delas
aventura. faz (ou não) brotar”.
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valores de conduta, e até mesmo começar já é reconhecida, mas ainda esta começando
a formar seu caráter, aprendendo com os uma longa caminhada, para mostrar o quanto
próprios personagens que são apresentados é importante, mostrando que a educação
nestas histórias. não se faz somente em salas de aulas, que a
educação acontece em todos os ambientes,
Entretanto quando estas histórias são e que mesmo em um ambiente informal
apresentadas fora do ambiente familiar, como é o SESC onde as pessoas acreditam,
através de contadores, que parece somete que ali somente é um lugar de laser e
um ambiente de laser, é um grande descanso, acontece um dos momentos mais
equivoco esta visão do publico a respeito importantes de muitas crianças e adultos
dos contadores, pois estes não somente onde deparam e conhecem uma maneira
preparam o ambiente para que a contação prazerosa de aprendizado sem muros, sem
aconteça de uma maneira prazerosa, mas regras tão formais, de uma maneira lúdica,
também, preocupam-se com os valores acolhedora e sem perceber o quanto estes
que estão transmitindo com suas histórias, indivíduos estão aprendendo verbalizando,
estes contadores buscam sempre ampliar seus próprios anseios.
seus conhecimentos, alguns fazem cursos
especializados nesta área, já existem muitos, O campo de atuação destes contadores já é
outros tem nível superior em várias áreas. bastante amplo, mas ainda não os enxergam,
Eles sabem o quanto é importante sua como parte integrante da educação de nossas
atuação, pois além de divertir, eles têm crianças aliás estes contadores atuam na vida
importante papel na formação destas de muitas pessoas adultas também que por
crianças, mesmo não estando voltados para influencia deles voltam a se interessar pelo
o aprendizado dentro das salas de aulas. o mundo da leitura e escrita para que como
eles possam fazer diferença na vida de muitas
Os contadores de histórias cada vez mais pessoas. A arte de contar histórias, que
mostram a sua real importância na nossa chegou a ter seu desaparecimento anunciado
sociedade, através deles, podemos dizer devido às modernas formas de comunicação
que estão sendo criada uma nova geração e mesmo à alteração dos hábitos familiares,
de pessoas, com a capacidade de unir sua vem sendo revigorada no Brasil e no mundo
história no passado, ao presente para que inteiro por uma nova geração de contadores.
possa fazer um futuro melhor para todos. A Influenciados pela literatura escrita e
importância deles é tão grande que o SESC, pelo teatro, com técnicas aprimoradas em
se uniu e fez parceria com estes contadores, oficinas e cursos, trabalhando em grupo
para que sua história pudesse também ou individualmente, eles recriam no meio
ser modifica, e com isso através de seus urbano uma prática que também é objeto de
cursos de formação e uma ação conjunta, a estudo nas universidades, tema de grandes
contação de histórias hoje é uma profissão, eventos nacionais e internacionais e que já
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ganhou até espaços específicos nos cadernos cultura. Passei a narrar para crianças em
de programação cultural dos grandes jornais. escolas públicas e privadas histórias que
Um bom exemplo da nova fornada de aprendi com meu pai, meus avós. Com isso
narradores é o Tapetes Contadores de resgatei uma tradição que morava em mim e
Histórias, formado em 1998 por alunos da me tornei um contador.
escola de teatro da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Warley No Brasil, como em qualquer país que
Goulart, um dos coordenadores do grupo, tenha uma cultura rural, existem ainda
que participou do Simpósio Internacional ativos contadores de histórias tradicionais.
de Contadores de Histórias, realizado pelo A antropóloga, escritora e pesquisadora de
SESC do Rio de Janeiro em julho deste literatura Heloisa Pires Lima lembra que na
ano, revela que a primeira inspiração veio África, ainda que abalada pelo colonialismo,
do artesão francês Tarak Hammam, que também permanece viva e atuante a tradição
há mais de 20 anos utiliza tapetes como da narrativa.
cenários de suas narrativas – característica
adotada por Warley e seus colegas nas Ao pesquisar a literatura oral como forma
apresentações em escolas, centros culturais de enriquecer a escrita, ela descobriu naquele
e outras instituições. Ele diz que no início continente contadores tradicionais em
seus temas eram relacionados a tapetes, países como Mali, Costa do Marfim, Senegal
mas que viagens pelo Brasil e pela América e Cabo Verde, entre outros. “No sudoeste da
Latina e o estudo de narrativas tradicionais e África há festivais dedicados à arte de contar
da literatura infanto-juvenil permitiram que histórias”. É uma prática muito forte daquela
o grupo ampliasse seu repertório. região, mas que não se restringe a ela.
Ouço histórias desde criança, faz parte da Com o avanço das tecnologias acreditou-se
minha tradição, que é a dos povos indígenas. que os contadores tenderiam a desaparecer,
“Através delas a gente vai aprendendo coisas mas neste momento alguns jovens
significativas da nossa vida, para entender o universitários viram a necessidade de não se
mundo, o sentido, enfim, da nossa própria deixar esta arte morrer e assim criaram-se
existência”, diz Daniel Munduruku. Contador novos grupos de contadores, durante este
e escritor, com vários livros publicados, ele processo surgiu também um encontro entre
deixou há muitos anos a aldeia mundurucu no contadores de História que ficou conhecido
Pará e veio para São Paulo estudar filosofia como Boca do Céu, que acontece a cada dois
na USP. Daniel leva para crianças e jovens anos, com a presença de vários contadores,
da cidade um pouco do modo de vida de oficinas entre outros, costumam se apresentar
seu povo. “A necessidade de contar histórias em vários locais para que todos tenham a
aflorou em determinado momento de minha oportunidade de presenciar este evento, mas
vida, como uma forma de voltar para minha um dos principais locais é no SESC.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O professor precisa primeiramente se educar, em outras
palavras, se o educador não valoriza o seu ato de desenhar,
não se acha capaz de experimentar as diversas linguagens
(gesto, música, dança...), não levará em consideração, os
desenhos feitos pelas crianças e o sentido desta construção
para o desenvolvimento da sua linguagem gráfica.
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O que pretendemos abordar é que essas duas linguagens, apesar de serem distintas, se
complementam e são fundamentais para o processo de alfabetização da criança. Sendo
assim, é necessário entender que o processo de alfabetização se dá a partir da interação
das diferentes formas de expressão apresentadas ao longo deste trabalho e não apenas na
aprendizagem de um tipo de linguagem.
Assim, não dá para falar de um momento tão importante na vida de uma criança, que
é aprender a escrever, sem pontuar sobre a atuação do professor neste processo. Neste
aprendizado, o docente tem um papel fundamental de desenvolver as propostas e atividades
educativas, as quais valorizem os conhecimentos e as diferentes linguagens já vivenciadas e
construídas pela criança, como também, criar um ambiente que possa valorizar as produções
gráficas infantis e o desenho produzido por ela.
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OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E A BASE NACIONAL COMUM
CURRICULAR PARA ENSINO FUNDAMENTAL
RESUMO: Este estudo, através de revisão bibliográfica, tem por objetivo verificar de que
forma e em quais momentos os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2017)
permeiam a Base Nacional Comum Curricular, de forma a estudar, como a Educação Nacional,
através de seu currículo obrigatório, planeja auxiliar na formação de pessoas capazes de
alcançar estes Objetivos e a Agenda 2030 (BRASIL, 2019). O texto foi estruturado em
introdução e 17 itens cada um relativo a um Objetivo para o Desenvolvimento Sustentável,
onde se identifica no currículo de qual componente da BNCC este objetivo é tratado e Unidade
Temática, assim como, se este objetivo aparece nas competências a serem desenvolvidas
pela BNCC.
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VIDA TERRESTRE
VIDA NA ÁGUA O objetivo 15 para o desenvolvimento
sustentável visa:
O Objetivo do Desenvolvimento
Sustentável “Vida na Água” busca: a “proteger, recuperar e promover o uso
sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir
“conservação e uso sustentável dos oceanos, de forma sustentável as florestas, combater a
dos mares e dos recursos marinhos para o desertificação, deter e reverter a degradação
desenvolvimento sustentável” (ONUBR, da terra e deter a perda de biodiversidade”
(ONUBR, 2019)
2019). Abrangendo a prevenção e redução
da poluição marinha, assegurar oceanos
saudáveis e produtivos, combater a Este objetivo proposto aborda os
acidificação dos oceanos, acabar com a ecossistemas terrestres, sua conservação,
sobrepesca ilegal, aumentar benefícios utilização sustentável, reduzindo e eliminando
econômicos aos pequenos estados para formas de utilização predatórias. Em relação,
a pesca sustentável e cuidados marinhos, à Base Nacional Comum Curricular, este tema
implementação do direito internacional a é tratado de forma transversal no currículo
este respeito. do componente de Geografia e Ciências.
Entretando, não foi possível localizar uma
Esta ODS é abrangida por todo o abordagem sistemática e contextualizada
currículo proposto na Base Nacional Comum deste objetivo.
Curricular, como objeto de estudo de
alguns componentes curriculares - Ciências,
Geografia - e transversalmente todo o PAZ, JUSTIÇA E
currículo (MEC, 2019). Não foi possível INSTITUIÇÕES EFICAZES
localizar um tratamento mais aprofundado do
assunto, através da discussão dos recursos O Objetivo para o Desenvolvimento
oriundos do oceano e a degradação de sua Sustentável 16 propõe:
coleta, considerando que o Brasil é um país
costeiro e que a utilização do Oceano impacta “Promover sociedades pacíficas e inclusivas para
o desenvolvimento sustentável, proporcionar
economicamente o país. Poderia-se entender o acesso à justiça para todos e construir
que o tratamento deste Objetivo pela Base instituições eficazes, responsáveis e inclusivas
Nacional Comum Curricular não daria conta em todos os níveis”. (ONUBR, 2019)
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Este objetivo trata da promoção do Estado de Direito, do respeito aos Direitos Humanos,
redução da corrupção e do suborno, direito a registro de identidade e certidão de nascimento
para todas as pessoas.
A partir da análise do Currículo Proposto pelo MEC (MEC, 2019), podemos inferir que a
Base Nacional Comum Curricular trata das temáticas relacionadas a este Objetivo para o
Desenvolvimento Sustentável de forma sistemática e incisiva.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste estudo, foi possível verificar que a Base
Nacional Comum Curricular está parcialmente alinhada
com a Agenda 30 e os Objetivos para o Desenvolvimento
Sustentável. Alguns objetivos são totalmente contemplados
com abordagem multidisciplinar, transversal e sistemática
ao longo da escolarização dos alunos, enquanto outros são
abordados de forma pontual e alguns não são abordados.
MARCELA MOREIRA
CERENCIO
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REFERÊNCIAS
MEC, Educação é a Base. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ , acesso em 11
de fevereiro de 2019.
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TRANSTORNO DE DÉFICIT DE
ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
E O PROCESSO EDUCACIONAL
RESUMO: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, doravante, TDAH tem
sido o foco de inúmeros estudos científicos, buscando convergir para um ponto comum
às diversas opiniões divergentes sobre como ela se relaciona com a escola, família, suas
características e os danos causados no indivíduo. O TDAH não é considerado um transtorno
de desenvolvimento infantil por toda a sociedade. Este estudo evidencia o papel importante
que a sociedade e a família exercem sobre a vida de uma criança que desenvolve traços
característicos de TDAH, são tão importantes quanto o papel do educador que lida com esta
criança e tem a responsabilidade de educá-la formalmente, e que precisam de uma prática
pedagógica sistematizada. Serão apresentadas leis que amparam a criança com TDAH e
processos avaliativos que contribuem no processo de diagnóstico realizado por profissionais
especializados.
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sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I) Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II) Direito de ser respeitado por seus educadores
III) Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores
IV) Direito de organização e participação em entidades estudantis
V) Acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar
da definição das propostas educacionais. (ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE, ARTIGO 53)
De acordo com Martins (2008), não é possível pensar em apenas um tipo de ensino padrão
e universal, não há apenas uma forma de ensinar indivíduos tão particulares e diversos entre
si. Essas diferenças devem ser atendidas e respeitadas. No tocante ao direito de educação
igualitária, as crianças com TDAH, são amparadas por lei que regem os princípios da Educação
Especial.
As crianças com TDAH tem o direito de serem tratadas como cidadãos, com acesso ao
conhecimento de forma igualitária sem serem estereotipadas e /ou rotuladas simplesmente
como incapazes. Em 1994, um dos documentos mais importantes no que diz respeito a
pessoas com deficiência foi criado, trata-se da Declaração de Salamanca, e com respeito a
educação igualitária afirma:
[...] As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais,
sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas;
crianças que vivem nas ruas ou que trabalham; crianças de populações nômades; crianças de minoria
linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas, desfavorecidos ou marginalizados.
(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.18)
É necessário que a criança receba todo o apoio necessário para realizar suas atividades,
mesmo com suas limitações. As lições de casa, geralmente, não são concluídas pelo portador
de TDAH, mas os pais podem auxiliá-los, incentivá-los e apoiá-los de modo que o lar seja uma
extensão da escola. Um trabalho em conjunto permitirá que esta criança se sinta segura e
amparada, desenvolvendo uma relação de confiança entre os envolvidos que impulsionarão
seu desenvolvimento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo demonstrou que uma criança portadora
de TDAH pode passar por diversos tipos de dificuldade em
sua vida escolar; com isso um trabalho em conjunto entre
escola e família faz toda a diferença no sucesso de formação
deste indivíduo.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, MEC, Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Livro
1- MEC, SEESP. Brasília, 1996. Disponível no site: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/
pdf/diretrizes.pdf . Acesso em 18 FEV; 2019
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Pessoas com Deficiência. Brasília, DF, CORDE, 2007. Disponível no site: http://www.
pessoacomdeficiencia.gov.br/app/publicacoes/convencao-sobre-os-direitos-das-pessoas-
com-deficiencia. Acesso em 18 FEV; 2019
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SENA, Simone da Silva. Distraído e a 1000 por hora: guia para familiares, educadores e
portadores de transtorno de deficit de atenção/hiperatividade/ Simone da Silva Sena,
Orestes Diniz Neto. – Porto Alegre: Artemed, 2007
UNICEF. Declaração Universal dos Direitos das Crianças. 1959. Disponível no site: http://
www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/c_a/lex41.htm Acesso em 18 FEV; 2019
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A INTERAÇÃO DAS
CRIANÇAS COM A ARTE
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo trazer o papel do professor dentro da sala de
aula, que é observar e escutar o que as crianças deixam transparecer ao longo do percurso,
pois cada criança é um universo de expressões, oferecendo diferentes pontos de partida para
o professor criar diversas ações poéticas e momentos de interação, ampliando as ideias e a
imaginação das crianças, encorajando-as a fazer perguntas, por meio de projetos, buscando
sua realização. Sendo importante que o professor crie oportunidades que ofereça tempo
para que as crianças consigam realizar seus trabalhos. Diversas criações artísticas marcaram
a história da humanidade, por vezes influenciando toda uma geração. As pessoas que se
envolvem com a linguagem das artes geralmente são mais sensíveis e observadoras, por
isso é tão importante levar a arte para dentro das salas de aula de educação infantil. Somos
intérpretes dos cenários sociais e de diferentes manifestações culturais.
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A arte como um todo tem muito à ensinar simultaneidade nos acontecimentos, muitos
sobre como lidar tanto com o passado que acontecimentos acontecem ao mesmo
foi sendo registrado em diversas obras e tempo, podendo interferir uma nas outras.
até mesmo o nosso presente, percebendo
caminhos de diálogos e formas de devaneios, Com as crianças acontece o mesmo, elas
que nos levem a diferentes possibilidades de cantam enquanto desenham, levantam para
agir, e maneiras de olharmos para as questões dançar e possuem uma atenção ampliada
para as questões para poder solucionar podendo perceber diferentes situações
problemas atuais das formas mais inusitadas. ao mesmo tempo e até ouvirem conversas
paralelas e comentarem essa conversa.
As crianças pequenas são sinestésicas,
pois seus sentidos estão despertos a cada Infelizmente em algumas escolas o
momento, tudo é interessante, a curiosidade impulso das crianças acaba sendo represado,
é uma característica muito importante nas há nas crianças uma necessidade potente,
crianças, fazendo com que elas façam diversas conectada, presente de movimento
indagações sobre o que as rodeia, colocando- constante, não tendo espaço e nem lugar
as sempre em movimento. As crianças são para desenvolverem suas habilidades.
tomadas por inúmeros interesses, adoram
escalar, correr, abrir e fechar caixas e garrafas, Os professores precisam reconhecer que
o brincar é muito importante, ver animais as crianças pensam de forma peculiar que
de jardim, animais livres e até mesmo um precisa ser levada em conta nas condições
avião é demasiadamente interessante para a que oferecemos a elas dentro das escolas de
observação das crianças. educação infantil.
Para as crianças arte geralmente significa Dentro das Leis de Diretrizes e Bases (LDB
uma bagunça, pois muitas são chamadas 9394/96) que estabelecem orientações
pelos adultos de arteiras, mas se formos para a educação nacional e relacionam-
pensar tanto a arte como as crianças são se diretamente com o Ensino das Artes ao
pura expressão, tendo uma afinidade enorme afirmarem os princípios de que:
por conta da espontaneidade, da capacidade
de comunicação, do diálogo como o mundo, A educação deve ter abrangência de processos
formativos pelas manifestações culturais; que é
com a vida e ambas se alimentam da mesma um fim da educação “a liberdade de aprender,
fonte. ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber”. (GOVERNO
FEDERAL, 1996).
Os artistas plásticos na sua maioria não
colocam fronteiras em seus trabalhos,
construindo diferentes obras com diferentes As criticas pelo ponto de vista de todas as
materiais, mas na vida, há permeabilidade e linguagens artísticas, acaba se tornando uma
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realidade. Podemos pontuar uma falha que tentando transmitir pelo seu desenho, como
reflete na distância entre a teoria descrita e as obras de arte as crianças também pedem
a prática na linguagem específica do Teatro. uma interpretação ativa, solicitando que
o professor seja um interprete para seus
O professor deve ajudar as crianças a desenhos e trabalhos.
realizarem suas ideias, as crianças assim
como os artistas sabem o que querem e o que Muitas crianças perguntam se ficou
precisam para concluírem seus trabalhos. bonito, se o professor conseguiu descobri
o que ela desenhou, essas interpretações
Pelos desenhos das crianças podemos se transformam em ações que oferecem
observar algumas questões sobre suas vidas, ferramentas necessárias para que as crianças
geralmente contam algo seus desenhos, interajam com o mundo e a arte é uma
misturando fantasia com realidade. ferramenta muito importante.
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A relação entre arte e cultura é muito As aulas de arte tem objetivos conceituais
peculiar, a arte é a singularidade da que desenvolvem as capacidades para
experiência e a cultura é compartilhada da trabalhar com artes visuais na educação
sociedade. infantil; reconhecendo a importância de
apresentar obras de artistas importantes,
A cultura acaba integrando as propondo as crianças uma releitura de
singularidades e vai muito além delas. determinada obra; fazendo com que
adquiram conhecimentos que proporcionem
A arte e a acultura vão se constituindo, diversas experimentações em desenho,
de alimentando das experiências singulares, pintura, escultura, recorte e colagem, pois
criando experiências coletivas. a releitura não necessariamente precisa
utilizar o mesmo material que a obra foi
Toda crianças é rica em cultura e dentro feita, fazendo com que seja uma experiência
da escola toda essa cultura trazida por cada muito rica em detalhes e sensações para as
indivíduo pode ser incluída no currículo, crianças.
fazendo com que o trabalho acabe singular,
sendo um currículo vivo, feito por todas as
crianças e pessoas da escola. OS BENEFÍCIOS DO
TRABALHO COM ARTES
As cantigas, as histórias, os brinquedos
e as brincadeiras da cultura na infância são As oportunidades e vivências em
trazidos por todos adultos que trabalham autoestima e as aprendizagens, por meio de
na escola por isso que há diferenças nos procedimentos, atividades de artes, jogos
repertórios das canções entre as escolas pois lúdicos e brincadeiras coletivas. Podemos
cada professor apresenta o que conhece, e coletar muitas atividades que a criança de
cada criança traz o que aprendeu em outros cinco anos pode aprender e utilizar; ela
lugares, com pessoas da família geralmente. será capaz de resolver problemas criativos e
abstratos; também é capaz de expressar suas
Cada indivíduo tem um repertório que fica opiniões e de fazer perguntas complexas
perdido na memória, é preciso que a escola para saber as opções disponíveis.
utilize esse repertório para fortalecer assim
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Toda criança é curiosa por natureza, e, diante de tudo o que acontece a sua volta, pergunta
às pessoas tudo que observa; necessidades iniciam a fase dos “porquês”, e querem saber
sobre tudo, situações que não se pode coibir e sim, saber lidar, com determinados assuntos
que ainda não são pertinentes a sua idade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os professores precisam aproveitar quando as crianças
estão concentradas em alguma ação, pois é por meio desses
momentos que trazem a eternidade consigo, as crianças
se entregam por inteiro, fazendo dessa atividade a mais
importante naquele momento, vivendo a eternidade, com
plenitude.
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REFERÊNCIAS
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BUORO, Anamélia. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da Arte. Editora Cortez.
São Paulo, 2002.
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COLL, César. Fazendo arte para aprender: A importância das artes visuais no ato educativo.
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ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 4 ed. São Paulo: Global, 1985.
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ALFABETIZAÇÃO E AS DIFICULDADES
DE APRENDIZAGEM NA LEITURA: UM
DISTÚRBIO CHAMADO DISLEXIA
RESUMO: Esse trabalho discute as causas sobre as dificuldades de aprendizagem sintetizando
a dislexia. A caracterização da pesquisa se deu por meio de pesquisa bibliográfica sobre
dificuldades de aprendizagem e dislexia, apresentando os distúrbios de e na leitura, escrita
e articulação. Iniciou-se apresentando a origem do problema relativo às dificuldades de
aprendizagem, a partir daí apresentou-se os problemas que interferem na alfabetização,
argumentando-se segundo as teorias dos vários autores pesquisados, sobre as dificuldades
na leitura, além de dissertar sobre algumas concepções pedagógicas sobre alfabetização.
Aponta o texto como ferramenta para a aprendizagem mostrando concepções sobre
leitura e escrita e como compreender um texto. A dislexia aqui é vista como um tormento
na aprendizagem da alfabetização sobre o ponto de vista psicopedagógico que aponta os
desafios, dificuldades e transtornos na aprendizagem, contudo mostra a importância da
relação professor aluno nesse processo de alfabetização.
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acima nas escalas verbais ou de desempenho o fator ambiental que influencia a dislexia é
do teste Wechsler Intelligence Scale for o tipo de instrução para a alfabetização que
Children; 2. Visão e audição adequada; 3. a criança recebe, pois, são dois métodos
Ausência de deficiências neurológicas ou de alfabetização especialmente indicados
físicas graves; 4. Ausência de problemas para os indivíduos disléxicos: o método
sociais ou emocionais significativos; 5. multissensorial e o método fônico (SALES,
Padrão socioeconômico favorecido; 6. 2011).
Oportunidades adequadas para aprender a
ler. Nas crianças disléxicas, os canais da visão,
audição, fala e sinestésico-motor, não estão
Os leitores atrasados embora integrados entre codificação e decodificação
apresentem problemas cognitivos, devido dos estímulos. Por essa razão, nos métodos
suas capacidades já internalizadas e o alfabetizadores para crianças disléxicas,
conhecimento de mundo individual sejam prevalecem, a reelaboração da diversidade
diferentes, não são considerados disléxicos. metodológica e os estímulos a todos os
canais, sensoriais e motores, para que sejam
O conceito de dislexia implica a existência de adequados e organizados para a aquisição
uma síndrome de comportamentos que distingue
a dislexia dos outros tipos de dificuldades de e desenvolvimento da linguagem falada e
leitura além de conferir a ideia de se trata de escrita.
uma síndrome de origem genética (DOCKRELL
e MCSHANE, 2000, p. 89).
Priorizando o desenvolvimento e inclusão
do educando a principal meta, já que o ser
De acordo com a Associação Brasileira humano é ser de múltiplas dimensões e que
de Dislexia (ABD) a Dislexia é definida aprende em tempos e ritmos diferentes, e
como sendo um distúrbio ou transtorno de também, o desenvolvimento humano é um
aprendizagem na área da leitura, escrita e processo contínuo que se desenvolve na
soletração, tornando-se o distúrbio de maior escola comprometida com a aprendizagem
incidência nas salas de aula. Justificam-se inclusiva, que respeita as características
ainda dizendo que pesquisas realizadas em etárias, sociais, psicológicas e cognitivas,
vários países do mundo apontam que entre considerando o desenvolvimento e
5% e 17% da população é disléxica. aprendizagem do educando (CAPOVILLA,
2012).
Seguindo a divisão feita por Jardini (2003),
a dislexia faz parte do grupo de Distúrbios Zorzi (2004) destaca as seguintes
de aprendizagem, com características dificuldades quanto ao domínio da leitura:
próprias e peculiares e que pode também ser Emprego de estratégias inadequadas
chamada de Distúrbio específico da leitura de interação com o texto. Leitura
e da escrita. Já Capovilla (2011) ressalta que acentuadamente dedutiva procurando
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adivinhar o que está escrito; leitura Portanto, ele distinguirá estes dois
estritamente limitada ao sentido literal mundos como sendo o da natureza e o da
das palavras. Conhecimento elementar cultura; o papel do homem na realidade e
das relações entre sons e letras. Falta de com ela; as relações entre a natureza e a
compreensão ou de domínio do sistema comunicação dos homens; a cultura como
ortográfico. Desconhecimento ou pouca resultado de seu trabalho, de seu esforço (re)
familiaridade com os símbolos gráficos, o criador. O analfabeto aprende criticamente
que provoca dificuldades de reconhecimento a necessidade de aprender a ler e a escrever.
e diferenciação entre eles. Falta de fluência. “É entender o que se lê escrever o que se
Velocidade na leitura. Não compreensão ou entende” (FREIRE, 2011, p. 72). Por isso,
desconhecimento do sistema de pontuação a alfabetização não pode ser como uma
e seu papel na estrutura do texto. Falhas na doação, de fora para dentro, mas de dentro
compreensão. Dificuldade na organização para fora, pelo próprio analfabeto, ajustado
espacial do texto, e emprego de pontuação. pelo professor.
Ausência de clareza e coerência, dificuldade
de explorar um tema, limitações de ordem Ler é um conjunto de habilidades e
comportamentos que se estendem desde
gramatical Não conhecimento ou domínio simplesmente decodificar sílabas ou palavras até
elementar dos estilos próprios da escrita. ler Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa.
Uma pessoa pode ser capaz de ler um romance
um bilhete, ou uma história em quadrinhos, e
não ser capaz de ler um romance, um editorial de
AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES jornal. Assim ler é um conjunto de habilidades,
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As principais dificuldades apresentadas pela criança disléxica, de acordo com a Associação Brasileira de
Dislexia (ABD) seriam a demora a aprender a falar, a fazer laço nos sapatos, há reconhecer as horas, a pegar e
chutar bola, a pular corda (JOSÉ & COELHO, 2004, p. 90).
Tem dificuldade para escrever números e letras corretamente, ordenar as letras do alfabeto,
meses do ano e sílabas de palavras compridas, distinguir esquerda e direita. Necessita usar
blocos, dedos ou anotações para fazer cálculos. Apresenta dificuldade incomum para lembrar
a tabuada. Sua compreensão da leitura é mais lenta do que o esperado para a idade.
O tempo que leva para fazer as quatro operações aritméticas parece ser mais lento
do que se espera para sua idade. Demonstra insegurança e baixa estima sobre si mesma.
Confundem-se às vezes com instruções, números, lugares, horários e datas. Atrapalham-se
ao pronunciar palavras longas. Tem dificuldade em planejar e fazer redações.
Conforme José & Coelho (2004, p. 92) muitas vezes uma dificuldade na aprendizagem
da Matemática está mais relacionada à compreensão do enunciado do que ao processo
operatório da solução do problema. Os disléxicos, em geral, sofrem também de discalculia
(dificuldade em calcular) porque encontram dificuldade de compreender os enunciados das
questões.
Dessa forma se faz necessário um diagnóstico precoce da dislexia, já nos primeiros anos
da Educação Infantil, onde, pais e educadores devem se preocupar em encontrar indícios de
dislexia em crianças de 4 a 5 anos aparentemente normais. Uma criança disléxica encontra
dificuldade para ler e as frustrações acumuladas podem conduzir a comportamentos
antissociais, à agressividade e a uma situação de marginalização progressiva.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Melhorar a pedagogia da leitura e escrita é, em longo
prazo, uma questão política, vinculada a um desejo de
mudança. Mesmo que o professor não possa mudar o
mundo, poderá realizar o trabalho melhor se compreender o
que é a leitura e como as crianças aprendem a ler. Contudo,
é preciso lembrar que o domínio da leitura envolve uma série
de habilidades complexas que precisam ser desenvolvidas
progressivamente. Muitas são desenvolvidas fora da escola,
mas a maioria precisa da escola para realizar tal tarefa. MARCIA SILVÉRIO
PEREIRA SETE
Embora haja grande quantidade de pesquisas sobre o tema,
Graduação em PEDAGOGIA
ainda não foram desvendados completamente os mistérios pela Faculdade UNIP (2014);
da leitura e a diversidade de fatores que nela interferem. Professora de Educação Infantil
e Ensino Fundamental no CEI JD
DIONISIO.
A criança não se transforma em um leitor de um dia para
o outro, com a ajuda de um método: ela percorre um trajeto
cujas bases são as concepções iniciais sobre o que é ler.
E esse trajeto tem início, a partir do momento em que as
condições do meio lhe sejam favoráveis.
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REFERÊNCIAS
ABD. Associação Brasileira de Dislexia. Dislexia – Definição, sinais e avaliação. Disponível
em: http://www.dislexia.org.br/abd/dislexia.html. Acesso em 01/março/2019.
ZILBERMAN, R.; SILVA, E. T. (Org.). Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Ática,
2005.
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conjunto de valores humanos, que envolve o manipulação dos dados em uma análise
constante processo de educação entre todos percentual e comparativa. Os dados foram
os indivíduos. A educação de um país reflete coletados em dez (10) unidades escolares da
a sua sociedade e vice-versa, pois os valores rede pública da zona sul do município de São
de cidadania, as responsabilidades sociais, Paulo por meio de questionário com 08 (oito)
o respeito ao próximo e o desenvolvimento questões junto aos coordenadores.
cognitivo e emocional também são formas
de educação.
ORGANIZAÇÃO E
ANÁLISE DOS DADOS
PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS A pesquisa foi organizada tendo com
suporte o questionário apresentado aos
Por meio de questionário, a abordagem coordenadores das escolas. Os resultados
da pesquisa está direcionada em saber dos dados são apresentados através de
como os coordenadores escolares avaliam a gráficos de barras. Dessa forma, os gráficos e
inserção da disciplina do Ensino Religioso na comentários abaixo representam a avaliação
matriz curricular do Ensino Fundamental e realizada sobre os dados coletados.
se esta contribuiria para o ensino de valores
na escola e na comunidade. Os sujeitos da
pesquisa são dez (10) coordenadores de QUESTÃO 1
escolas de Ensino Fundamental da rede
pública, localizada na região sul do município Você tem conhecimento que a LDB de
de são Paulo. Os resultados são apresentados 1996 estabelece que o Ensino Religioso
observando-se a questão, a apresentação do faça parte da matriz curricular em todo o
percentual dos dados obtidos no formato de território nacional?
gráfico de barras e a análise dos resultados Resultados: Sim 100%
correspondentes a cada questão.
INSTRUMENTOS E
COLETA DE DADOS
O instrumento de pesquisa é um
questionário escrito com questões fechadas,
permitindo o recolhimento de dados que
podem ser mensurados de forma quantitativa Gráfico 1 – Conhecimento do Ensino
e percentual, facilitando a tabulação e Religioso na LDB de 1996
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QUESTÃO 2
Esta escola consta da disciplina de Ensino
Religioso em sua matriz curricular?
Resultados: Sim 10%; Não 80%; Nulo 10%
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QUESTÃO 5
Há professores habilitados para ministrar a
disciplina de Ensino Religioso nesta unidade
escolar?
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positivo que ela exerce. Tanto é verdade, que dos professores, 60%, não manifestaram
metade dos coordenadores (50%) não têm nenhum interesse que a disciplina constasse
a percepção da influência positiva que os na matriz curricular de suas escolas. Mas,
conteúdos religiosos poderiam exercer sobre 40% dos coordenadores apoiam que a
seus alunos. Os coordenadores de quatro disciplina conste da matriz curricular de suas
escolas (40%) demonstraram crer que se a escolas.
disciplina fosse oferecida, contribuiria para
o desenvolvimento integral dos seus alunos.
O coordenador de uma escola (10%) não se QUESTÃO 8
manifestou quanto ao assunto.
Com a democratização da gestão escolar,
não seria óbvio a participação da comunidade
QUESTÃO 7 escolar na decisão da implantação da
disciplina de Ensino Religioso?
No seu ponto de vista, os professores
desta escola concordariam, com facilidade, Resultados: Sim 50%; Não 10%; Nulos
com a implantação da disciplina do Ensino 40%
Religioso?
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo com sua aprovação para inclusão na matriz
curricular nacional, há grandes dificuldades para fazer com
que o Ensino Religioso seja oferecido e efetivado nas escolas.
Desmistificar a associação entre ensino religioso e religião,
ou seja, de que irá se ensinar religião na escola constitui-
se em uma das saídas para atenuar o problema do Ensino
Religioso no Brasil. Mas, a saída para a sua efetivação vai
além de transformá-la em disciplina de matrícula facultativa
como tem sido legislado. Conforme visto na pesquisa por MARIA ANUNCIAÇÃO
amostragem, entre os fatores que dificultam a inserção da DE SOUZA
disciplina nas escolas, estas alegam não dispor de docentes
Graduação em Pedagogia pela
preparados para conduzir seu conteúdo em sala de aula. Universidade Metropolitana
Também há a preocupação da escola em não criar impasses Unidas (2011); Professora de
com os alunos e seus responsáveis, uma vez que muitos Ed.Infantil e Ensino Fundamental
I no CEU – Emef. Prof. Antonio
não compreendem a abordagem pedagógica do ensino Carlos Rocha.
da disciplina, podendo gerar equívocos, na concepção
dos coordenadores. Portanto, das dez unidades escolares
pesquisadas, apenas uma escola oferece aos alunos o Ensino
Religioso.
O Ensino Religioso praticado nas escolas tem a intenção
de conduzir o estudante a desenvolver a criticidade quanto à
religião e à religiosidade, no discernimento das suas atitudes
e escolhas e o respeito ao próximo e à diversidade, sem abrir
espaço para o predomínio de julgamento e discriminação das várias concepções religiosas
existentes. A formação de um profissional devidamente qualificado para o exercício do Ensino
Religioso é o ponto de partida para o enfrentamento do desafio de exercer a disciplina sem
proselitismo. No Brasil, ainda não existem cursos de licenciatura em Ensino Religioso e nem
uma posição do Ministério da Educação e Cultura (MEC), órgão regulador da educação no
país, sobre a criação de uma licenciatura específica para a disciplina.
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REFERÊNCIAS
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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO
FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
RESUMO: Este artigo teve como objetivo verificar a importância da Educação Física no
desenvolvimento psicomotor de crianças de três a seis anos de idade. Foi possível verificar
que, quando bem estimulados, os alunos tendem a ter um melhor desenvolvimento motor,
além de ter um bom convívio em grupo. A criança que possui um bom controle motor poderá
descobrir o mundo exterior, fazer experiências concretas, obter diversas noções básicas para
o próprio desenvolvimento da mente, o que possibilitará tomar conhecimento de si mesmo
e do mundo que a cerca. Vale ressaltar a importância do professor de Educação Física como
mediador nesse processo de desenvolvimento motor, visto que todas as crianças que têm
um estímulo aplicado corretamente tendem a desenvolver melhor o seu potencial físico e
psicológico. Portanto, concluiu-se o quanto a Educação Física escolar se faz importante
quando iniciada na Educação Infantil, em se tratando do desenvolvimento psicomotor e
desenvolvimento motor. Suas características levam a criança a um desenvolvimento mais
amplo, que forma indivíduos com autonomia de movimento, execução e expressão física,
cujos resultados serão observados na fase adulta.
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Desse modo, a Educação Física tem motor, seu esquema corporal além de
uma função fundamental nesse processo habilidades psicomotoras. E nas aulas de
de desenvolvimento motor, que servirá Educação Física isso pode ser amplamente
como mediador entre o aluno e seu trabalhado (PINTO; SANTOS, 2019).
desenvolvimento completo, no qual cada
uma das etapas a serem passadas pelo aluno De acordo com o Referencial Curricular
devem ser marcantes em sua vida de forma Nacional (1998), a criança precisa brincar,
positiva, haja vista que todos os estímulos ter prazer e alegria para crescer, precisa do
servirão de base para futuros movimentos jogo como forma de equilíbrio entre ela e
mais complexos e para que o indivíduo possa o mundo, pois, é por meio do lúdico que a
alcançar o desenvolvimento pleno (PINTO; criança se desenvolve.
SANTOS, 2019).
Diante desses aspectos, entende-se por
Nesse sentido, este trabalho tem como Gonçalves (2010), que a Educação Física
objetivo central verificar como funciona o e a Psicomotricidade são metodologias
desenvolvimento psicomotor de crianças na contextualizadas, perceptivas, em que
Educação Infantil e como a Educação Física o desenvolvimento dos aspectos motor,
pode contribuir para esse desenvolvimento, social, emocional e lúdico da personalidade
e porque se torna importante a atuação e o e a destreza dos movimentos corporais são
estímulo psicomotor na vida de crianças com vivenciados, por meio de atividades motoras
idades entre três e seis anos. organizadas e sequenciais, desenvolvidas
individualmente e em grupo.
Assim, por meio de Revisão Bibliográfica,
este estudo visa apresentar como a Educação
Física contribui para a formação da criança, PERÍODO INICIAL
como deve ser desenvolvido todo o processo DA INFÂNCIA:
de estímulos nas aulas, bem como a atuação
do professor como mediador do processo, DESENVOLVIMENTO FÍSICO,
planejamento e desenvolvimento das COGNITIVO E PSICOSSOCIAL
aulas, fazendo assim com que o trabalho se
torne sério e que efetivamente apresente O desenvolvimento, no período da
benefícios e resultados para as crianças. infância, é marcado por alterações estáveis
e progressivas das áreas cognitiva, afetiva
Uma maneira usual de desenvolver a e motora. O período da infância pode ser
psicomotricidade num ambiente escolar é dividido em período inicial da infância, de
por intermédio de jogos e brincadeiras, que 2 a 6 anos de idade, e período posterior
levam a criança a se socializar, expressar, da infância que vai dos 6 aos 10 de idade
desenvolver seu equilíbrio, coordenação (VALLE, 2019).
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oportunidade e estímulo de vivenciar nesse Educação Infantil deveria ser uma escola
espaço. Nesse sentido, Gallahue e Ozmun de símbolos, de imaginação e fantasia.
assinalam que: Raramente encontramos uma criança menor
de 7 anos de idade realizando uma atividade
As crianças na Educação infantil livre que não seja a de fantasiar, isto é, brincar
rapidamente ampliam seus horizontes, com símbolos” (p. 14).
consolidando suas personalidades,
desenvolvendo habilidades e testando seus Quando se fala em Educação Infantil, é
próprios limites e os da família e de outros importante compreender que ela precisa
à sua volta. Em síntese, estão ambientando- ser um espaço socioeducativo no qual é
se no mundo de modo complexo e primordial possibilitar que o educando tenha
extraordinário. Os responsáveis pelas crianças acesso a elementos da cultura universal e
devem compreender suas características da natureza, com trocas de experiências
desenvolvimentistas da Educação Infantil, com outras crianças e com mediação do
suas limitações e potenciais. Apenas educador, para que assim possa construir
assim poderemos estruturar experiências e elaborar hipóteses para compreender
desenvolvimentistas que, efetivamente, e intervir no mundo, vivenciando, desse
possam atender às necessidades e aos modo, um processo de desenvolvimento
interesses das crianças, respeitando seu e aprendizagem mais rico e significativo
nível de habilidade (GALLAHUE e OZMUN, (PINTO; SANTOS, 2019).
2013, p. 206).
Acredita-se que, se a habilidade de
Por ser uma instituição social inserida num representação mental é tão importante e se
contexto histórico-cultural que influencia e ela é construída no período correspondente
é influenciada por esse contexto, a escola é à Educação Infantil, a escola deve investir no
um local no qual acontece uma intervenção exercício dessa habilidade por meio de uma
pedagógica intencional que produz processos atividade simbólica por excelência: o jogo.
de ensino e de aprendizagem entre os Quem, quando criança, nunca brincou de faz
indivíduos que lá se encontram. Diante disso, de conta? (FREIRE; SCAGLIA, 2009, p. 16).
a função pedagógica tem como propósito
promover estímulos auxiliares e ajudas Porém, esse processo de mediação e de
externas aos educandos durante a Educação intervenção não é nada simples, uma vez que é
Infantil, confirmando uma aquisição que preciso identificar as construções simbólicas
não ocorre de modo natural (GALLAHUE; que as crianças possuem nesse momento e
OZMUN, 2013). que serão a base para o desenvolvimento
das funções psicológicas superiores. Esse
Dentro dessa perspectiva, Freire e Scaglia processo de desenvolvimento das funções
(2009) ressaltam: “podemos dizer que a psicológicas superiores ocorre, consoante
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O processo de formação vivenciado pela Conforme Valle (2019), para ser eficaz,
criança permite vivenciar, experimentar qualquer processo de ensino precisa
situações diferenciadas e desafiadoras considerar o nível de desenvolvimento efetivo
que contribuem diretamente para com da criança (os conhecimentos e as habilidades
sua maturação não só de suas habilidades que já ela já possui) e mensurar seu nível
motoras quanto às intelectuais. Tanto de desenvolvimento potencial apropriado
maturação quanto experiências ambientais para sua idade (as habilidades que pode
são importantes para o processo de aquisição vir a desenvolver com o estímulo do meio).
e desenvolvimento de habilidades motoras, Na Educação Infantil, é fundamental que o
no entanto, adquirir um estágio maduro profissional de Educação Física compreenda
das habilidades motoras fundamentais e os estágios de desenvolvimento desse nível
especializadas só será possível se a criança de ensino com o intuito de promover os
receber oportunidades diversificadas de estímulos apropriados. Atuando assim, o
movimento (CAMPÃO, 2019). desenvolvimento será mais harmônico nas
áreas motora, cognitiva e psicossocial, isto é,
Nesse sentido, percebe-se que a abrangendo o indivíduo de uma forma plena.
Educação Física tem um papel primordial
na aprendizagem e, consequentemente, no De acordo com pesquisas de Keogh
desenvolvimento dos educandos, desde que (1977) e Hebb (1949) apud Campão (2019),
sejam estabelecidas situações desafiadoras. é primordial que o profissional de educação
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Geralmente, o avanço infantil segue uma sequência motora, cognitiva e psicossocial que
se dará mais lentamente ou rapidamente, conforme estímulos recebidos. Na idade de um
ano e meio ou dois anos, a criança age sem pensar, isto é, o ato antecede o pensamento.
Após esse período, ela já começa a adquirir duas funções importantíssimas: o andar e o falar.
O pensamento passa a ser exteriorizado por meio dos movimentos e da fala, possibilitando
maior relação com o meio. A ação da criança sobre o meio incentivará sua atividade mental.
Na sequência, ela passa a ter maior consciência sobre si mesma, dando início à formação
de sua autoimagem. A partir daí, começa sua vida social ao constituir pequenos grupos,
contudo, acontece uma troca frequente de amizades e de grupos (escola, igreja, clubes, etc.).
Esse intercâmbio social é fundamental, visto que conduz a criança a se adaptar a diferentes
papéis, reconhecendo-se como indivíduo (CAMPÃO, 2019).
Fica claro que, para que a criança consiga obter êxito na sua vida escolar, é preciso na
Educação Infantil, fase assinalada pela organização psicomotora e estruturação da imagem
corporal, sejam desenvolvidos trabalhos que envolvam seu desenvolvimento motor,
promovendo situações em que ela possa ter segurança em seu corpo e em suas potencialidades
(SILVEIRA, 2014). Assim sendo, a Educação Física permite trabalhar a psicomotricidade e
desenvolver o potencial da criança, proporcionando uma base para uma boa aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, é possível constatar que a Educação
Física é de suma importância na fase inicial da vida do ser
humano, na qual ele está em processo de transformação,
descobrindo diferentes formas de conhecer o corpo. E
é nessa fase que ele mais precisa de orientação, para que
seu corpo e mente se desenvolvam sem nenhum problema
motor.
A criança que possui um bom controle motor poderá descobrir o mundo exterior, fazer
experiências concretas, obter diversas noções básicas para o próprio desenvolvimento da
mente, o que possibilitará tomar conhecimento de si mesmo e do mundo que a cerca.
Daí a relevância da Educação Física estar presente na Educação Infantil, para que as crianças
possam ter a oportunidade de experimentar diversas formas de movimentos importantes
para a educação de seu corpo e mente, fazendo com que a mesma possa alcançar o ápice do
desenvolvimento psicomotor de seu corpo.
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A Educação Física, em suas várias vias de estímulos para o desenvolvimento da criança, tem
uma influência significativa, sobretudo na fase inicial de sua vida. Nesse sentido, os jogos e
brincadeiras têm uma grande importância, pois, é por meio de um estímulo psicomotor que a
criança recria suas próprias formas de movimento de modo organizado que posteriormente
levará pra vida cotidiana.
Analisou-se ainda que a psicomotricidade utilizada nas aulas de Educação Física como
forma de ampliar as práticas pedagógicas, em especial, na primeira infância, proporciona à
criança um ganho de autonomia em suas ações de movimentos corporais e coordenados,
ultrapassando o que lhe é proposto, fazendo com que seus limites sejam superados por
intermédio de um repertório de atividades diversificadas e direcionadas, tendo planejado
um objetivo final.
É precisamente nas idades dos 3 aos 9 anos que se situa a maior receptividade para as
aprendizagens motoras. A prática da atividade física nessas idades deve ser diária, pois, além
de proporcionar grandes benefícios nos aspectos morfológicos, promovem também, ganhos
no plano de saúde, formação pessoal e social e na eficácia das aprendizagens cognitivas.
Portanto, concluiu-se neste estudo o quanto a Educação Física escolar se faz importante
quando iniciada na Educação Infantil, em se tratando do desenvolvimento psicomotor e
desenvolvimento motor. Suas características levam a criança a um desenvolvimento mais
amplo, que forma indivíduos com autonomia de movimento, execução e expressão física,
cujos resultados serão observados na fase adulta.
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REFERÊNCIAS
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Um bom diretor tem sempre a preocupação de Só se pode aprender a democracia por meio
auscultar os demais participantes, colhendo suas do fazer e da vivência de processos e espaços
sugestões, ideias, contribuições espontâneas. participativos avaliados, constantemente, em
Não põe em execução uma decisão, sem antes sua qualidade democrática: a aprendizagem
certificar-se de que foi bem compreendida conceitual e teórica da democracia tem, na
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verdade, menor relevância nesse processo. A participação adulta pode ser prognosticada pela participação
como estudante, daí a importância de a escola dedicar tempo para fazer democracia e promover a participação.
(WERLE, 2003, p.24)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em vista dos argumentos apresentados sobre a tríade
Escola-Familia-Comunidade, concluímos que para a escola
alcançar seus objetivos que é a formação humanista e
integral dos seus sujeitos, é necessário que a comunidade
escolar esteja alinhada de forma harmônica com a família do
aluno, em sintonia com a comunidade na qual está inserido
e ser orquestrado por um gestor educacional democrático.
Sabemos, entretanto que o estudo ora apresentado se encontra aberto para novas reflexões,
visto que, o Projeto Político Pedagógico é como um instrumento musical desafinado, ou
seja, ele está em constante processo de afinação, aprimoramento e harmonia de ideias do
compromisso assumido pela instituição escolar e a comunidade.
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FORMAÇÃO CONTINUADA
RESUMO: Neste artigo propõe se uma reflexão a respeito das constantes mudanças e avanços
da sociedade e a necessidade de os profissionais estarem atualizados e informados, aptos a lidar
com múltiplas realidades. A forma de interação e comunicação transformou-se drasticamente
com as novas pesquisas e os avanços tecnológicos, contudo essas mudanças não impactaram
o ambiente escolar da mesma maneira que revolucionaram o cotidiano. Diversas vertentes
dificultaram a apropriação significativa desses novos conhecimentos pela escola. Em alguns
casos, acreditava-se que a aquisição de maquinário tecnológico como computadores, projetor,
lousa digital entre outros bastava para que a escola estivesse pronta a atender e provocar
rupturas com a forma de ensino tradicional e fragmentado. No passado pouca importância se
deu a atualização e formação de todos os atores do ambiente escolar. Mesmo esse tema sendo
previsto em leis e orientações pedagógicas, era comum a prática da capacitação profissional
individualizada e pessoal, não favorecendo a troca de saberes e vivencias, apresentando
assim numa mesma escola docentes atualizados e outros ainda dependentes de uma forma
de ensino baseado na transmissão de conteúdos. Atualmente é notória a necessidade de
constante aprimoramento profissional, que amplie as oportunidades e ressignifique o trabalho
docente. Este aprimoramento pode acontecer no ambiente escolar, pois ele não se vincula
pela quantidade de cursos que um profissional é capaz de fazer, mas sim nas mudanças que
esta provoca na busca por impulsionar e motivar a melhoria constante.
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A escola precisa estar apta para, além de Numa tentativa de sanar essa dificuldade,
proporcionar a busca pelo desenvolvimento o artigo 67 da Lei de Diretrizes e Bases da
pleno das competências e habilidades dos Educação (LDB) assegura aos professores da
alunos, assegurar uma educação de qualidade rede pública o direito a um período reservado
para todos. Essa educação envolve satisfazer para estudo, planejamento e avaliação dentro
as novas demandas da sociedade que exige da carga horária semanal de trabalho:
cada vez mais profissionais que possuam
conhecimento de negócio, sejam flexíveis, Os sistemas de ensino promoverão a valorização
dos profissionais da educação, assegurando-
saibam trabalhar em equipe, tenham visão lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos
geral de tudo que o cerca e estejam inteirados planos de carreira do magistério público:
a respeito do universo tecnológico.
V - período reservado a estudos, planejamento e
avaliação, incluído na carga de trabalho.
Frente a isso, torna-se impossível aceitar
que a escola se apresente ainda como um Nas escolas do Estado de São Paulo,
ambiente de mera transmissão de conteúdos dois terços da jornada do professor devem
fragmentados e desconexos. Paro destaca ser cumpridos em sala de aula e o terço
que a educação envolve tudo aquilo que o restante deve ser utilizado para atividades
indivíduo produz: pedagógicas extraclasses e aperfeiçoamento,
enriquecimento e atualização de suas
[...] entendida como agência educativa, em práticas pedagógicas.
seu sentido mais radical, tomada a educação
como apropriação da cultura, e entendida esta
como o conjunto de conhecimentos, valores, Nas escolas estaduais de São Paulo há
crenças, arte, filosofia, ciência, tudo, enfim, que períodos denominados aula de trabalho
é produzido pelo homem em sua transcendência
da natureza e que constitui como ser histórico. pedagógico coletivo (ATPC), antigo HTPC,
(PARO, 2007, p.33) regulamentado pela resolução Resolução
SE 8, de 19-1-12, que visa a realização
Apesar de conhecerem a importância de reuniões, com o objetivo de propiciar
de aperfeiçoamento contínuo, muitos momentos democráticos para estudos,
educadores não possuem disponibilidade discussões, formações e outras atividade
de tempo para participar de programas de pedagógicas, como atendimento a pais de
formação, pois a demanda do trabalho em aluno, com a intenção de alcançar melhorias
sala de aula, a necessidade de acumular no processo de ensino aprendizagem. Dois
diversos empregos, o excesso de trabalho terços da jornada do professor, portanto,
extra que são obrigados a levar para suas deve ser cumpridas em sala de aula e o terço
residências, impede-os de assumir mais restante deve ser utilizado para atividades
um compromisso, mesmo que o objetivo pedagógicas extraclasses e aperfeiçoamento,
seja e melhoria do trabalho ofertado aos enriquecimento e atualização de suas
educandos. práticas pedagógicas.
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2 - As Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo - HTPC deverão ser planejadas e organizadas pelo Professor
Coordenador de cada segmento do ensino fundamental e médio, em sintonia com toda equipe gestora da
escola, com vistas a integrar o conjunto dos professores do respectivo segmento, objeto da coordenação.
5 - O horário do cumprimento das HTPCs, a ser organizado pelo Professor Coordenador, deverá assegurar que
todos os professores do respectivo segmento de ensino participem num único dia da semana, em reuniões de,
no mínimo, duas horas consecutivas;
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola e, consequentemente, a educação enfrenta uma
nova realidade, e o ensino não pode mais basear-se apenas
em giz, lousa e aulas exclusivamente expositivas. O aluno
leva para o ambiente escolar vivências e experiências que
precisam ser absorvidas pela comunidade escolar e que faz
parte do cotidiano que enfrenta diariamente.
A atualização permanente é de suma importância para uma escola democrática, que enxerga
o aluno o como protagonista do saber, possibilita a avaliação das práticas adotadas frente
aos novos conhecimentos adquiridos na formação. Trata-se, portanto, de um mecanismo
de socialização, interação e autonomia que envolve todos os integrantes da comunidade
escolar.
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REFERÊNCIAS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo assim, o ensino das artes deve ser considerado
na educação escolar da mesma forma que outras áreas do
conhecimento, como a matemática, a língua portuguesa, a
história, etc. Em nossas pesquisas para a elaboração desse
trabalho pudemos constatar que a artes está presente em
nossas vidas desde muito cedo.
MARIA DA GLÓRIA
A nova LDB vem dar essa garantia na medida em que torna MOREIRA BASTOS
o conhecimento artístico obrigatório no currículo do ensino Licenciatura em Pedagogia com
fundamental e médio. O difícil é sair do papel, chegar ate Habilitação em administração,
as escolas, ser incluído no currículo e oferecido aos alunos Educação Infantil, ensino
Fundamental e Supervisão Escolar
no horário escolar. Isso requer um maior, interesse por parte pelas Faculdades Integradas
dos administradores escolares e dos próprios docentes, e Torricelli-. (2010). Professora de
uma infraestrutura física, técnica e de serviços necessários Educação Infantil- Cei Santa Inês.
ao desenvolvimento de todas as etapas de educação básica,
caso contrário, ficará mais uma vez, só no papel ou na boa
intenção de alguns.
A educação artística não pode ser separada do dia-a-dia dos discentes, pois o canto, a
dança, as brincadeira, o movimento, o improviso, já fazem parte do ambiente da criança
e jovens, seja no ambiente familiar ou fora dele. São manifestações de grande valor que
merecem ser considerados na formação cultural e educativa dos alunos
Sabemos que muitos professores não possuem conhecimentos suficientes para desenvolver
um bom trabalho, mas considerando a importância da educação artística no desenvolvimento
humano, o governo poderia investir em curso de formação para a capacitação dos mesmos,
na formação de professores com especialização na educação de artes.
A atual lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9.394.146, a disciplina de artes
é a junção de conhecimentos de diferentes áreas do saber, construindo um único espaço
para o teatro, música e artes plásticas. A tendência dos docentes é optar por uma dessas
áreas, geralmente a que ele domine.
Resgatar o ensino das artes no currículo escolar é defendê-lo como uma área de
conhecimento sério e dotada de valor e significado.
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Paulo: Autores Associados, 2001.
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A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este trabalho, de abordagem teórico-empírica, tem como objetivo principal a
apresentação da discussão da importância do ato de brincar para o desenvolvimento das
crianças na Educação Infantil. A importância de abordar esta temática é atual e necessária,
pois, o ato do brincar deve ser visto com uma ferramenta em potencial para o melhor
desenvolvimento das crianças tanto no contexto educacional quanto no social. A educação
e o brincar devem ser considerados paralelamente eficazes e potentes no processo de
aprendizagem e construção de conhecimento. Portanto, este artigo compõe-se pela
fundamentação teórica do ato de brincar, por meio da abordagem da concepção de vários
autores, seguida pela apresentação da conceituação do ato de brincar propriamente dito
e a seguir, pela apresentação de uma abordagem histórica do brincar, assim como a sua
importância dentro da aprendizagem na Educação infantil.
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seriação, dentre outros; além de impulsionar a são altamente orgânicas, de maneira que
motivação para trabalhar em equipe na busca contribuem para que o ser humano se
pela resolução de problemas, aprendendo conheça melhor. A raiva, o medo, a tristeza,
a expressar seus próprios pontos de vista a alegria e os sentimentos mais profundos,
em relação ao outro. A atividade lúdica é, possuem uma função de grande relevância
portanto, uma das formas pelas quais a criança no relacionamento da criança com o meio. O
se apropria do mundo, e pela qual o mundo movimento tem um caráter pedagógico tanto
faz parte de seu processo de constituição, na pela qualidade do gesto e do movimento
qualidade de sujeito histórico. No entanto, quanto pela maneira com que ele é
é comum em muitas instituições de ensino, representado. A escola ao insistir em manter
uma atmosfera pautada pela ordem e a criança imobilizada, acaba por limitar o fluir
pela harmonia, cujas práticas educativas de fatores necessários e importantes para
simplesmente buscam suprimir o movimento, o desenvolvimento completo da pessoa. E,
impondo às crianças de diferentes idades, por fim, a formação do “eu” está diretamente
restrições bastante rígidas. Podemos relacionada à construção da personalidade da
exemplificar com os longos momentos de criança, a qual depende essencialmente do
espera em fila ou sentados, nos quais as outro, com maior ênfase a partir de quando
crianças precisam ficar quietas realizando ela começa a vivenciar a “crise de oposição”,
atividades mais sistematizadas, escrevendo na qual a negação do outro funciona como
ou lendo, e qualquer deslocamento ou uma espécie de instrumento de descoberta
alteração de posição pode ser visto como de si própria. Isso acontece mais ou menos em
uma desordem ou indisciplina. Isso é comum torno dos três anos, quando é a hora de saber
também nas creches nas quais os bebês devem que “eu” sou. As atividades e brincadeiras de
permanecer em espaços cujas limitações imitação e manipulação são características
os impedem de expressar ou explorar seus comuns nesta fase.
recursos motores. O brincar, o lúdico e o
brinquedo na educação infantil são quase tão
importantes como dormir, comer e cuidados O PAPEL DO PROFESSOR
de higiene. É através desses instrumentos que NO BRINCAR
o indivíduo desenvolverá sua personalidade e
demostrará suas habilidades. Os ambientes O papel do professor dentro do processo
de bonecas e brinquedos para as crianças não de aprendizagem vai muito mais além do que
são meros decorativos são fundamentais para o mero repassar de conteúdos e informações
que as crianças possam elaborar seu mundo e ou indicar caminhos, mas auxiliar a revelar às
sua forma de interagir com ele. De acordo com crianças, quem são e do que são capazes. De
Wallon (2007), as transformações fisiológicas acordo com Referencial Curricular Nacional
de uma criança revelam importantes traços da Educação Infantil:
de caráter e personalidade. Já as emoções
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de respeito, confiança, cooperação e tolerância. Assim, a brincadeira não deve ser utilizada
apenas com divertimento, mas o professor pode e deve inclui-la em seu planejamento.
Portanto, é responsabilidade do professor proporcionar atividades significativas que facilitem
a construção de ideias, e também invistam na preparação para trabalhar futuramente com
a leitura, números, que envolvem a classificação, a seriação, a ordenação e lógicas, dentre
outras habilidades.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente com as grandes transformações pelas quais
nossa sociedade vem passando, dentre elas, as mudanças de
hábitos, a falta de tempo dos pais em proporcionar atividades
lúdicas e de lazer aos filhos, a imensa oferta de brinquedos
industrializados e as novas tecnologias tais como: tabletes,
videogames, internet, celulares etc., terminam interferindo
na saúde e qualidade de vida de todos, principalmente das
crianças e adolescentes. Portanto, a responsabilidade da
escola e dos pais no incentivo de práticas que envolvam o MARIA DE FATIMA
corpo em movimento, incluindo brinquedos, brincadeiras e QUINTANILHA DE
jogos são de fundamental importância. Inúmeras pesquisas ALMEIDA
garantem que, a criança que pratica atividade física, que
Licenciatura em Pedagogia e
brinca, corre, anda de bicicleta, apresenta mais chances de Especialização em Gestão e
tornar-se um adulto mais ativo e saudável. Evidencia-se Ensino de Projetos na Ed. Infantil.
também que o professor assume papel de grande relevância
no espaço escolar, sendo o principal responsável pela
organização das situações de aprendizagem significativa,
atuando como mediador, possibilitando às crianças atuarem
de forma crítica, reflexiva e sensível, utilizando jogos,
brincadeiras e atividades lúdicas, como um ato intencional
de aprendizagem relevante para o desenvolvimento integral
das crianças, pois favorece o maior conhecimento de seus
próprios corpos, ampliando as possibilidades motoras,
cognitivas, afetivas e sociais, além de introduzir e integrar
as crianças no mundo da imaginação e do conhecimento, estimulando cada vez mais novas
formas de aprendizagens e construção de conhecimento.
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REFERÊNCIAS
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EDUCAÇÃO SOCIOEMOCIONAL
E CURRÍCULO
RESUMO: Esse artigo tem como objetivo principal contribuir com processos formativos que
desencadeiem maior compreensão do papel de cada um na melhoria da gestão de políticas
de educação na cidade. Também objetiva promover o fortalecimento de conceitos e práticas
curriculares na ação educacional, corroborando para a construção coletiva dos Projetos
Escolares. Outro grande objetivo é proporcionar maior acesso e condições de análise de
conhecimentos e práticas relacionadas ao tema orientação curricular e criatividade, bem
como buscar maior compreensão e análise de conceitos e práticas que instituem os processos
de construção curricular das escolas. Como decorrência importante, esse artigo busca
contribuir para o debate, reflexão e pesquisa, ampliando a capacidade dos profissionais da
educação junto aos seus locais de atuação a fim de favorecer a consolidação de propostas
curriculares que desenvolvam qualidade de educação, maior equidade e participação da
comunidade escolar. O tema aqui proposto reveste-se de significado especial uma vez que
se dedica ao principal aspecto que media as relações entre os educadores e estudantes:
currículo. As ações escolares estão todas marcadas, reguladas e legitimadas por uma noção
ou orientação curricular construída em nossa sociedade e motivo de preocupações e
reformulações envolvendo a todos.
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CONCEPÇÃO E PRÁTICA
Claramente é necessário observar o caráter plural das construções curriculares
inevitavelmente por sua natureza polivalente no tocante às bases que oferecem suporte aos
objetivos locais, mais ainda pelo seu compromisso com uma dada cultura local comunitária
ou pelo traço marcante estabelecido pelas identidades de seus protagonistas subalternizadas
precisam integrar o currículo e ser objeto de apreciação e crítica.
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O processo também pode acontecer por meio de atividades específicas, mas não
desconectadas de outras disciplinas, como a orientação para projeto de vida e para mercado
de trabalho ou a realização de intervenções sociais e comunitárias.
O trabalho também demanda a redefinição de papéis entre professores e alunos. Ao
passo que os estudantes assumem maior nível de protagonismo nos processos e práticas
pedagógicas desenvolvidos na escola, os docentes transformam-se em mediadores e adotam
práticas mais inovadoras de ensino-aprendizagem.
Importante observar nessas orientações a relevância assumida pela ação dos estudantes
como fundamental para os processos de parceria na aprendizagem com os professores.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As redes também devem estimular que os gestores escolares
promovam a utilização de outros espaços e estabeleçam
parcerias com organizações e agentes da comunidade, a fim de
que os alunos também vivenciem experiências fora dos muros da
escola que impactem o seu desenvolvimento socioemocional.
O documento também especifica práticas que recomenda serem desenvolvidas nas escolas,
tais como:
a) Desenvolvimento de projeto de vida;
b) Tutoria;
c) Assembleias e fóruns democráticos para resolução de conflitos;
d) Fortalecimento das instâncias de participação estudantil, para trabalhar o coletivo, o bem
comum, desenvolver habilidade de negociação e resolução de problemas reais;
e) Contação de histórias de vida com base em metodologia do Museu da Pessoa;
f) Cursos criados pelos próprios alunos, em que eles são multiplicadores dentro e fora da
escola;
g) Empresa Júnior, que ajuda o estudante a desenvolver autonomia, tomada de decisão e
gestão;
h) Práticas esportivas, artísticas e culturais com participação da família, incluindo oficinas,
cursos, aulas etc.
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REFERÊNCIAS
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para a elaboração dos regimentos educacionais das unidades integrantes da Rede Municipal
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de Ensino de São Paulo – Mais Educação São Paulo. Diário Oficial da Cidade de São Paulo,
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SÃO PAULO (SP). Portaria n.º 5.941, de 15 de Outubro de 2013. Estabelece normas
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digamos o psiquismo humano não surge sem que reforça o esforço intelectual e conexões
condições humanas de vida. sinápticas que estimular o desenvolvimento
do pensamento.
A realidade é que as principais tendências
existem atualmente respeitando às
concepções de desenvolvimento psíquico, OBJETIVO DA SITUAÇÃO
coincidem e apontam ao todo, à consideração E REFLEXÃO ACERCA DA
de que, no desenvolvimento psíquico
humano, eles têm papel importante tanto EDUCAÇÃO INICIAL
nas estruturas internas, constitucionais, O desenho espontaneamente iniciado
biológicas e funcionais, como condições mostra processos de crianças durante a
externas, sociais, culturais e educacionais. inscrição progressiva em seu ambiente
O essencial deve ser tentar avaliar em que social. Toda interação humana tem um
medida o biológico e o social são inter- correlato psicofisiológico que estabelece
relacionados na educação da criança, em e reflete as capacidades em cada domínio
que sentido os fatores internos, basicamente da vida cotidiana. Essa estrutura primordial
constituídos pelo sistema nervoso central e é constituída a partir do surgimento do
atividade nervosa superior, exerce influência indivíduo, até mesmo das mensagens
sobre o que é determinado pelos fatores intrauterinas, na troca entre estímulos
externos, e em que a educação desempenha filtrados pela mãe e as respostas do embrião.
um papel crucial.
Entretanto, esses signos primitivos
Não há dúvida que todas as crianças não poderiam ser decifrados dentro de
nascem com grande potencial cognitivo, códigos de comunicação sem a elaboração
se a estimulação desse potencial depende simbólica, já que antes do advento da
ou não, em grande medida, do seu linguagem articulada, porque a simbolização
desenvolvimento. Por esta razão, é de é responsável por organizar as interações
grande importância que os professores de a partir dos significados, inscrevendo a
Educação Inicial sejam conscientes de sua experiência concreta na memória e na
intencionalidade educacional, porque suas fantasia.
ações poderiam parar e inibir e mesmo
impedir o desenvolvimento de bebês. Nesse Meninos e meninas recriariam
entendimento, é fácil de observar as crianças progressivamente uma forma relativamente
em algumas salas de aula pré-escolares para passiva de interação (direta com a mãe),
realizar repetidamente atividades simplistas por meio de uma forma mais proativa
como colagem, desenho de silhuetas e (reencenação de situações e brincadeira
preenchimento de figuras, entre outros, com objetos), o segundo revela o significado
ações que não vão além do exercício motor, do primeiro, sempre baseado em interações
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da linguagem e seus significados estão Nessa idade, você pode mudar os padrões
ancorados em um nível mais profundo da básicos de desenho (uma pessoa que não
personalidade. pode existir, não pode ser) há números
existentes, por "distorções" (várias cabeças,
muitos dedos) ou "substitutos" (fantasma,
AS IMPLICAÇÕES DA palhaço) ou ao solicitar um objeto familiar,
INTERFERÊNCIA ADULTA mas pouco frequente em seus desenhos
(bicicleta), sucedidos pelo slogan de desenhar
NAS INTERAÇÕES GRÁFICAS uma bicicleta que não existe, não pode ser,
Os valores e expectativas dos adultos com resultados semelhantes, evidência de
medeiam à interação gráfica, como sua mudança, permanência de estruturas básicas
importância e sua relação com as habilidades e capacidade de pensar antecipadamente
posteriores (por exemplo, escrita), bem como e variar padrões; a história discrimina a
o ensino do desenho. Ao produzir recursos capacidade inicial de variar os temas.
básicos, o novo designer deve combinar
habilidades simbólicas. Primeiro novos As variantes preferidas (distorção
esquemas gráficos são produzidos em conjunto ou substituição) mostram a construção
com outros incorporados como um repertório. de soluções. A importância da história
associada também tem sido estudada, com
Desde o início da história da humanidade a base no motivo de entrada nas aulas, e com
arte sempre esteve presente em praticamente
todas as formações culturais. O homem que resultados semelhantes.
desenhou um bisão numa caverna pré-histórica
teve que aprender, de algum modo, seu ofício. A arte na educação como expressão pessoal e
E, da mesma maneira, ensinou para alguém o como cultura é um importante instrumento para
que aprendeu. Assim, o ensino e a aprendizagem a identificação cultural e o desenvolvimento
da arte fazem parte, de acordo com normas e individual. Por meio da arte é possível desenvolver
valores estabelecidos em cada ambiente cultural, a percepção e a imaginação, aprender a realidade
do conhecimento que envolve a produção do meio ambiente, desenvolver a capacidade
artística em todos os tempos. No entanto, a crítica, permitindo ao indivíduo analisar a
área que trata da educação escolar em artes tem realidade percebida e desenvolver a criatividade
um percurso relativamente recente e coincide de maneira a mudar a realidade que foi analisada
com as transformações educacionais que (BARBOSA, 2002 p. 18.)
caracterizaram o século XX em várias partes do
mundo (BRASIL, 2001, p.21).
Agora, descrição tridimensional interna
Os primeiros rabiscos são explorações da durante a cópia de objetos familiares ou
realidade, forma e movimento, para crianças não familiares como a chave para a nitidez
até aos cinco anos de idade, retirados do da imagem e sua representação linear que o
realismo intelectual (não "visual"), a partir de fator reflete ao conhecimento e familiaridade
suas cabeças, não do observado, porque são sobre os objetos que contribuem para o
"principalmente simbolistas". seu significado e gráficos, favorecendo
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nascido e só mais tarde ativará um dispositivo Como linguagem visual primária, essencial
endógeno, responsável pelo conhecimento para comunicação e expressão, o desenho é
explícito, resultante da (re-) descrição tão importante quanto o desenvolvimento de
representacional. Este dispositivo favorece habilidades verbais e escritas. A necessidade
a sensibilidade a estruturas complexas no de entender o mundo através de meios
ambiente. visuais pareceria mais aguda do que nunca;
as imagens transcendem as barreiras da
linguagem e aprimoram as comunicações em
O DESENHO ENQUANTO um mundo cada vez mais globalizado.
ATIVIDADE CENTRAL “[...] porque o desenho é para criança uma
NO DESENVOLVIMENTO linguagem como o gesto e a fala. A criança
desenha para falar e poder registrar sua fala. Para
INFANTIL escrever. O desenho é sua primeira escrita. Para
deixar sua marca, antes de aprender a escrever, a
criança se serve do desenho. A criança desenha
O desenho continua a ser uma atividade para falar de seus medos, suas descobertas, suas
central e fundamental para o trabalho de alegrias e tristezas.” (MOREIRA, 2009, p. 20).
muitos artistas e designers - uma pedra
de toque e uma ferramenta de exploração Juntamente com a necessidade de
criativa que informa a descoberta visual. Ele habilidades de desenho para aqueles que
fundamentalmente permite a visualização entram em emprego identificados por
e desenvolvimento de percepções e ideias. uma variedade de indústrias nos setores
Com uma história tão longa e intensa quanto criativos – animação, arquitetura, design,
a história de nossa cultura, o ato de desenhar moda, cinema, teatro, desempenho e as
continua sendo um meio fundamental para indústrias de comunicação – o desenho
traduzir, documentar, registrar e analisar os também é amplamente utilizado dentro de
mundos que habitamos. O papel do desenho uma variedade de outras profissões como
na educação permanece crítico, e não apenas meio de desenvolver, documentar, explorar,
nas disciplinas criativas da arte e do design, explicar, interrogar e planejar. Isso inclui os
para as quais é fundamental. campos da ciência, tecnologia, engenharia,
matemática, medicina e esporte.
“A passagem da produção de imagens involuntárias
à execução de imagens premeditadas faz-se por
intermédio de desenhos em parte involuntários Focando no processo de desenhos das
e em parte voluntários. A semelhança fortuita crianças, chama a atenção para a narrativa
entre o traçado e o objecto a que a criança dá que acompanha as marcas feitas no papel
o nome é das mais rudimentares, e a criança, ao
mesmo tempo que percebe isso, reconhece sua antes de escrever: Reconsiderando os
imperfeição” (LUQUET, 1969, p. 141). caminhos para a alfabetização ligando o
significado das crianças às marcas feitas
à medida que desenham (MÈREDIEU,
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os outros e com o meio ambiente. Esses espaços são evidentes em uma educação inicial de
qualidade. A educação inicial é um processo permanente e contínuo de interação e qualidade
de relações sociais, pertinentes e oportunas, que permitem que as crianças melhorem suas
habilidades e desenvolvam aquelas baseadas em seu pleno desenvolvimento como sujeitos
de direitos.
Ao indivíduo criativo torna-se possível dar forma aos fenômenos, porque ele parte de uma coerência interior
que absorve os múltiplos aspectos da realidade externa e interna, os contém e os compreende coerentemente,
e os ordena em novas realidades significativas para o indivíduo (FAYGA, 1977 pg.132).
A partir desta perspectiva, todos os atores responsáveis pela educação na primeira infância
(pais, cuidadores, professores e agentes especializados no campo do desenvolvimento da
criança) para fazer um acompanhamento com a intenção, relevante e oportuno é convidado
a com base nos interesses, características e capacidades das crianças. Este acompanhamento
implica liderar uma mudança cultural que promove práticas pedagógicas baseadas nas
linguagens expressivas de crianças, como jogos, arte e literatura.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, nos acostumamos a um mundo onde as
mudanças ocorrem com velocidade sem precedentes. Isso nos
força a questionar a noção de nosso conhecimento em suas
várias esferas. A teoria desenvolvida a partir da objetividade
do quantitativo e, além disso, as ciências naturais com base
no pensamento científico, incorporou outros conhecimentos,
a construção de um pensamento crítico baseado em
fenômenos incluindo o conceito de interpretação. É uma
extensão do paradigma cognitivista, que posiciona a
subjetividade em um lugar mais relevante. O conhecimento
que é construído a partir da experiência e pensamento das MARIA MAURA MOREIRA
Artes Visuais é configurado a partir do interpretativo e da
Graduação em Pedagogia pela
práxis. Essa expansão é largamente inspirada nas possíveis Unisa (1992); Professora do
leituras da produção artística baseadas na interpretação Ensino Fundamental II - na EMEF
hermenêutica. É essa mesma interpretação que nos permite Prof.ª Marina Melander Coutinho
– DRE Capela do Socorro
inserir um pensamento sobre o fenômeno estético como um
evento que não é isolado ou restrito a formas sensíveis não
condicionadas pela racionalidade. Trata-se mais de considerar
o ensino das artes visuais como um conjunto de fenômenos
que podem ser experimentados a partir de diferentes abordagens de pensamento e ação.
Por fim, propõe alguns princípios que devem ser considerados na educação artística e,
com ela, o que podemos chamar de experiência artística. O primeiro princípio é em relação
ao objetivo primário da educação artística visual, que é colocar em primeiro plano o que as
artes têm de diferente, o que significa que nenhuma justificativa deve ser buscada ao que as
artes existem, mas valorizá-las por aquilo que diferem das demais disciplinas e por seu valor
intrínseco, o que permite evidenciar aspectos do mundo com recursos plásticos e visuais,
mostrando aos alunos o caráter significativo da própria arte.
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O princípio está relacionado com a inteligência artística, que deve ser promovida a
partir da reflexão que ocorre como uma condição fundamental para a criação, professores
de arte devem ajudar seus alunos a se tornar mais inteligível a relação com todas as suas
manifestações, incluindo a cultura popular. Essas conquistas entregam cognição sobre as
artes e seu desenvolvimento histórico, técnico e cultural, possui potenciais ferramentas que
orientam o esclarecimento dos atributos estéticos das obras produzidas, ou seja, aqueles
atributos que demonstram as características visuais sustentar elementos cognitivos extra-
artística
Os próprios estudantes para as artes tornam uma oportunidade para que sejam
conscientes de sua própria individualidade, que pode contribuir para criar uma visão pessoal
de desenvolver observando sutilezas de suas próprias obras. A experiência estética ocorreria,
nesse contexto, na medida em que o sensível estivesse diretamente ligado a si mesmo.
Cada uma das abordagens envolve uma perspectiva teórica potencialmente aplicável ao
mundo educacional e, dentro dessa perspectiva, uma postura do que é esperado na formação
artística visual de crianças e jovens. O que este texto quer enfatizar é a ausência de uma
abordagem predominante para outro: a chave é a de considerar a sua aplicação em sala de
aula, desde a sua coerência com os objetivos e conteúdos perseguidos, as características
dos alunos que irão acessar a educação artística visual e as concepções subsequentes do
fenômeno estético que ocorre a partir das ações realizadas em sala de aula.
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os alunos devem aprender. Em segundo lugar, trata-se também de o professor ser capaz de
deslocar-se em relação às suas próprias inclinações metodológicas, seus preconceitos em
relação ao que ele considera uma experiência válida para produções artísticas particulares,
e que, em suma. Ser capaz de entender o que significa ensinar as artes visuais na esfera do
desenho infantil.
Talvez seja para saber que na transição de uma abordagem para outra desempenha um
quadro de referência que dá propósito, compreensão e significado à obra de arte, que por
sua vez representa uma diversidade cultural em que os alunos estão imersos. A fim de dar à
educação a abordagem, metodologia e didática mais adequadas aos contextos, necessidades
e possibilidades de transformação que a arte pode trazer de uma perspectiva formativa e
transformadora da experiência individual, social, escolar e comunitária.
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das matrículas de alunos com deficiências no Nos primeiros anos de vida da criança, o
ensino regular. aprendizado é muito importante para o seu
desenvolvimento ao longo da vida. Para isso, a
A LDB da Educação Nacional 9394/96 Educação Infantil tem seu papel fundamental
foi aprovada se pronunciando favorável aos utilizando métodos que possam de certa
artigos 58 e 59 de inclusão, assim o Brasil forma facilitar a absorção de todo o conteúdo
caminha em prol a inclusão. ensinado. O lúdico é um dos primeiros
métodos utilizados para o desenvolvimento
da criança, pois brincando, a criança
A CRIANÇA E O MOVIMENTO desenvolve a identidade e a autonomia,
assim como a capacidade de socialização,
A Psicomotricidade é a ciência que tem através da interação e experiências de
como objeto de estudo o homem por meio regras perante a sociedade. O brinquedo
do seu corpo em movimento e em relação é um item essencial e dinâmico onde
ao seu mundo interno e externo, bem como possibilita o surgimento de comportamentos
suas possibilidades de perceber, atuar, agir espontâneos, é um transporte para o
com o outro, com os objetos e consigo desenvolvimento e crescimento, onde leva a
mesmo. Está relacionada ao processo de criança a descobrir seus sentimentos e sua
maturação, onde o corpo é a origem das forma de agir e reagir.
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
(S.B.P.1999) Psicomotricidade, portanto, é Outra etapa a se cumprir na Educação
um termo empregado para uma concepção Infantil é a alfabetização que surgiu através
de movimento organizado e integrado, em de uma necessidade de comunicação no
função das experiências vividas pelo sujeito dia a dia da humanidade, ensina o aluno a
cuja ação é resultante de sua individualidade, decifrar símbolos formando palavras, ou seja,
sua linguagem e sua socialização. uma pessoa alfabetizada é aquela pessoa
que domina habilidades básicas para fazer
Por ser uma ciência ainda em busca de bases uso da leitura e escrita. Já o letramento, que
mais sólidas, o psicomotricista ainda não tem acompanha esse método indispensável, é
todos os seus papéis definidos. Sabemos levado para o lado cultural, onde ensina a
que ele pode atuar em conjunto com outras criança a se desenvolver lendo, tendo prazer
especificidades, mas também percebe- em fazer leituras de livros, notícias e ter
se sua atuação clínica e institucional. Já é ideias próprias como um uso social para a
possível compreender que psicomotricista é escrita e leitura.
o profissional da área de saúde e educação
que pesquisa, ajuda, previne e cuida do A educação tem por finalidade propiciar
homem na aquisição, no desenvolvimento e o desenvolvimento pleno da criança, o jogo
nos distúrbios da integração somapsíquica. e a brincadeira são fundamentais para o
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É importante que o tema autismo seja estudado de uma forma bastante abrangente e
com bastante flexibilidade, aceitando a diversidade de abordagens, a fim de poder interagir
e unir todas as visões distintas, pois, é desta maneira que se poderá contribuir para o
desenvolvimento do conhecimento sobre o autismo. Antes mesmo de iniciar uma analise
com maior profundidade da difícil trajetória do aluno com autismo, é importante conhecer
o universo que envolve o aluno com autismo e não limitar seu funcionamento mental e suas
capacidades de aprendizagem.
No texto acima Vigotski estabelece num processo de relação com o outro, partindo
do pressuposto que as relações pessoais constituem o sujeito e potencializa o seu
desenvolvimento. No caso do autista essa relação com o outro se torna um motivo de
intrusão, sendo que o autista quase nunca estabelece uma relação com o outro.
Conforme RIBEIRO e KANNER (2006) ―tudo que é trazido para a criança do exterior,
tudo que altera seu meio externo ou interno, representa uma intrusão assustadora.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desenvolver uma escola de qualidade para alunos,
professores e colaboradores, incluindo alunos autistas é
responsabilidade de todos, isso inclui; estado, município,
comunidade, familiares, educadores, alunos, e corpo docente.
A tarefa é de todos (....) construir uma escola democrática
sem privações culturais, elaborando uma educação
com a finalidade de ensinar sem desconsiderar a visão
ideológica da realidade do autista. Trabalhar na construção
de uma Pedagogia inclusiva mostra alguns argumentos MARIA ODELICE
que beneficiam todos os alunos, independente das suas MAGRO PEREIRA
habilidades ou dificuldades, a função primeira do educador
Graduada pela PUC/SP, em
deve ser identificar as necessidades de todos e promover o Língua e Literatura Inglesa-1989.
seu autodesenvolvimento. Graduada em Pedagogia pela
Uninove-2000; Professora de
Língua Inglesa da Rede Municipal
Quanto aos professores, saber reconhecer as dificuldades de Ensino.
da síndrome de autismo é reconhecer suas limitações. Cabe
também ao professor, compartilhar com outros professores
sobre novas técnicas e soluções para aprimorar seus
conhecimentos. Para o educador entender o comportamento
do autista favorece na aprendizagem e no diagnóstico. Identificar o aluno com autismo não
é tarefa muito fácil, pois, algumas crianças em seus aspectos são muito sutis e costumam ser
mal interpretados como mau comportamento.
O Pedagogo deve ter em mente que cada interação com o aluno autista parece o primeiro
contato, e necessita ser aprendidos todos os dias. A vida estudantil do autista é ampla
e minuciosa e deve ser elaborada com cautela e dedicação, sabemos que muitos alunos
autistas têm uma compreensão precária dos sentimentos dele mesmo e das outras pessoas.
Ensinar crianças autistas a se comunicarem é um processo lento e difícil, entender palavras,
figuras e símbolos em geral é muito complicada e complexa.
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REFERÊNCIAS
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Essas taxas de repetência e evasão escolar No início do século XX, médicos, terapeutas
evidenciam a baixa qualidade de ensino. E e educadores eram orientados por um
para combater tais situações na educação. A conceito de anormalidade nas questões de
Lei de Diretrizes e Bases (LDB), fundamenta- dificuldades de aprendizagem.
se em princípios e ideais constitucionais,
nos quais estabelecem oportunidades de Esse conceito era fundamentado ou
instrução em todos os aspectos para todas baseado em testes de inteligência, que
as pessoas, valorizando e respeitando as buscavam comprovar que a capacidade
diversidades, a heterogeneidade de cada intelectual é fruto de aptidões naturais
indivíduo, garantindo sua dignidade. e humanas, herdadas geneticamente.
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com que esse indivíduo tenha dificuldade A criança precisa do afeto da família para
em atingir seus objetos e superar obstáculos. que tenha um desenvolvimento saudável e
feliz, sendo a segurança um dos fatores da
A autoconfiança é definida pela forma autoestima, visto que quanto mais segurança
como a família encara os fracassos e sucessos a criança tiver, mais probabilidade de êxito,
de cada um ao passo que estamos na fase de para isso é necessário que a família e a escola
formação de personalidade. contribuam positivamente, desenvolvendo a
vontade e o prazer físico.
A autoestima pode ser dividida
basicamente em quatro categorias: A criança segura, não depende do outro
para ser ela mesma, ela beija, abraça, dá a
1. Autoestima estável: pessoas que estão mão, assume riscos e busca alternativas. Esse
preparadas para o sucesso ou fracasso sem processo leva a criança ao autoconceito, ou
abalar sua autoconfiança. seja, a percepção que ela tem de si mesmo
2. Autoestima instável: pessoas que só a partir de seus desempenhos intelectuais,
estão preparadas para o sucesso e, portanto, das nossas habilidades, da identidade e do
quando fracassam sua autoconfiança se social e isso permite uma confiança de si
abala; mesma e dos outros (MOYSÉS, 2001). Esse
3. Baixa autoestima estável: pessoas que auto- conceito desenvolve mecanismos que
acreditam que o fracasso é o seu troféu, a levam a ter liberdade e se sentir à vontade
já que julgam não ter competência para quando observada, aceitando críticas e
alcançar o sucesso; mudanças.
4. Baixa autoestima instável: pessoas que
acreditam que caso alcancem o sucesso, o O processo de integração está ligado a
acaso foi o responsável. esta etapa, na qual a criança sente-se parte
do grupo, contribuinte no compartilhar
A família tem um papel marcante na dos seus conhecimentos e a partir daí
construção da autoestima da criança, o trocar ideias, experiências e fazer novas
amor será um importante ponto, com a elaborações, construindo novos conceitos
responsabilidade de educar, na qual o afeto e conhecimentos. Constrói a sensibilidade
venha de exemplos e não de palavras com e compreensão com os integrantes,
atitudes contrárias. desenvolvendo a ação de participar,
colaboração, entrelaçando os elos de
A família é a célula-mãe da sociedade, é amizade, levando a criança à motivação,
ela que deve preparar para a vida, formar o pela própria segurança no ato de agir e
caráter, assim como, perpetuar os valores compartilhar ideias.
éticos e morais.
Desta forma a criança constrói a liberdade
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como produtores da sua construção no A escola precisa ampliar nos alunos uma
meio social, assim como, da aquisição do visão que favoreça o enxergar o outro,
conhecimento, esse tipo de aprendizagem não como objetos, mas como sujeitos
permite que os alunos explorem suas corresponsáveis no processo democrático.
habilidades, aprendendo e construindo E o caminho é defender as conquistas e os
novos conhecimentos juntos, sem exposição direitos adquiridos da democracia, ampliando
de suas dificuldades, e sim com valorização e aprimorando para uma sociedade mais
das potencialidades de cada um, como forma democratizada.
de contribuição para o grupo.
A educação tem um importante papel na
A construção do conhecimento implica vida do homem, o de despertá-lo. Baseada
não só estabelecer relação entre os numa visão humanista, todos os indivíduos
conhecimentos prévios e os novos que têm capacidades a serem desenvolvidas,
foram adquiridos, mas, em introduzir novas saberes a serem construídos.
atitudes na vida do educando diante do novo
conhecimento. A Pedagogia Humanista (corrente
pedagógica fundamentada em uma concepção
de natureza humana, surgida na Grécia que
A ESCOLA COMO ESPAÇO teve como grande precursor Platão) não
DE FORMAÇÃO DA AUTO- objetiva educar a criança para simplesmente
oferecer-lhe algo para ser acrescentado à sua
ESTIMA, NUMA PERSPECTIVA vida, à parte consciente, à sua personalidade.
HUMANISTA Objetiva sim, inspirar, despertar e motivar o
poder que a criança já possui; é ajudá-la a
A escola precisa formar para a vida, para crescer interiormente e, em consequência, a
uma sociedade melhor, mais do que o papel expressar-se exteriormente, para que possa
da escola vai além dos conteúdos, a escola ajudar a si mesmo e ao outro, convivendo
deve se preocupar em formar cidadãos em harmonia com os cidadãos da sociedade
críticos e conscientes da possibilidade de em que está inserida. O trabalho docente em
intervenção social. É preciso que tenhamos uma perspectiva humanista vai além do ato
claro, que a escola tem como missão preparar ensinar. É preciso tratar as crianças com muito
para a liberdade, ajudando as vítimas das amor, disciplina, compreensão e firmeza,
várias formas de escravidão. sem perder de foco de que ensinar também
é aprender. Baseado nisso, o professor irá
Segundo RIOS (2002), a escola tem proporcionar o bem-estar na sala de aula e o
como função ser um lugar de construção “estar bem” de cada aluno, criando assim um
da “felicidadania”, devendo ser o objetivo clima amoroso e evitando a discriminação e
principal dos educadores. exclusão, num ambiente propicio ao respeito
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que tem sua história e traz consigo não preparado para mudanças e transformações.
apenas a sua história, mas também suas Essas transformações devem acontecer
expectativas e necessidades, cabe ao no ambiente favorável e afetivo, no qual
professor ter a sensibilidade para olhar isso, o professor se coloca no lugar do aluno,
dar atenção a esse aluno, pensando em seu atendendo seus anseios e necessidades.
processo de ensino aprendizagem, ajudando
com que ele expresse e se relaciona com a Os professores serão orientados pelo
sua aprendizagem. O professor estimulará o psicopedagogo a promover a interação
aluno a estabelecer relação com os saberes social nas salas de aula e encorajar o
e seu cotidiano no processo de ensino- questionamento e o exame de qualquer
aprendizagem, durante esse processo é problema que pode ser levantado pele
importante que o aluno saiba se auto avaliar criança. Existe valor intelectual em trabalhar
na escola e, consequentemente diante de com os interesses intelectuais espontâneos
outras situações: da compreensão, do amor, da criança e, para o desenvolvimento moral
do agir, a auto avaliação é levada para a vida. dela, é igualmente valioso lidar com as
questões morais espontâneas. Isso cabe
É preciso também que seja trabalho a também aos pais.
questão do vínculo entre professor e aluno,
afinal é este que proporcionará que os O papel do psicopedagogo é promover
“caminhos da aprendizagem” se abram, a reflexões nas quais os professores e
aproximação entre professor e aluno, além família percebam que a responsabilidade, a
de ser muito enriquecedora para ambas cooperação e a autodisciplina não podem
as partes, proporciona que o professor ser transmitidas à criança autoritariamente.
consiga ajudar esse aluno ainda mais em Tais conceitos devem ser construídos por ela
suas dificuldades (abre espaço para a valendo-se de suas próprias experiências,
investigação) e para que assim faça também para o quê as relações de respeito mútuo
pequenas intervenções a fim de trabalhar a são essenciais. Pais e professores são os
baixa autoestima dessa criança no ambiente que, em geral, organizam o meio social ao
escolar. qual a criança se adapta e a partir do qual ela
aprende. É discutível a ideia de que a criança
As interações entre professores e pode desenvolver os conceitos de justiça,
alunos devem se aprofundar no campo de baseados na cooperação, em um ambiente
ação pedagógica, no qual os professores cujo o sentido de justiça tenha por base
precisam ter um olhar voltado para o apenas a autoridade.
ensino-aprendizagem, procurando envolver
os alunos em seus trabalhos, sendo um O trabalho com as famílias é essencial,
professor articulador, que desenvolva mas sei o quão árduo é. Atualmente, a família
o seu trabalho com interação, estando encontra-se afastada da escola, ou por
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Os pais e professores devem assumir relações de respeito mútuo com as crianças, e não
autoritárias, pelo menos alguma parte do tempo em que permanecem juntos. Os pais podem
encorajar as crianças a resolver problemas, por si mesmas e a desenvolverem a autonomia.
Pais e professores precisam respeitar as crianças.
O psicopedagogo precisa orientar a família deste individuo com baixa autoestima, para
que esses consigam construir um vínculo afetivo, uma relação de confiança, em que os pais
elogiem e valorizem os pequenos progressos que seus filhos irão ter, melhorando a sua
autoestima dessa criança que em muitos casos, era desassistida pela família.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A autoestima é o sentimento de querer-se bem, de
apreciar-se, de sentir e, ao mesmo tempo amar a si mesmo,
visão do próprio eu e autoconfiança. É a saborosa emoção
da felicidade de ser.
É preciso que o professor se torne um profissional capaz de contribuir para uma escola
de afeto e amor com o ato de ensinar. Deve-se ter compromisso ético e político com a
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Diante das pesquisas, conclui que se a autoestima for bem trabalhada, com responsabilidade
e compromisso, pela família, escola e se preciso pelo psicopedagogo, dificilmente iremos nos
deparar com o fracasso escolar e muitas das dificuldades de aprendizagem serão superadas,
se não extintas.
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negativa, pois era um ser inacabado, sem observação da infância foi essencial nesse
nada específico e original, sem valor positivo. momento para aquisição de um olhar mais
Mas com o passar dos anos, a partir do século cuidadoso em relação ao desenvolvimento,
XVIII, Rousseau, defende a especificidade principalmente no âmbito infantil. Froebel ao
infantil, sendo assim, a criança passou a perceber a unidade ou a continuidade entre
ser vista como portadora de uma natureza a infância, juventude e maturidade, verifica a
própria que deve ser desenvolvida. A criança necessidade de educar a criança desde que
é, como adulto, um sujeito histórico social, e, nasce para garantir o pleno desenvolvimento
inserida em determinada sociedade e cultura do ser humano. (Kishimoto, 2002, p. 60).
em um determinado momento histórico, faz
parte de uma organização familiar (Brasil, As primeiras instituições brasileiras de
1998). De acordo com o (RCNEI), Referencial atendimento às crianças de zero a seis anos
Curricular para a Educação Infantil: de idade surgiram no Império, com o intuito
de amparar, o objetivo exclusivo de atender
As crianças possuem uma natureza singular, às famílias de baixa renda e as crianças
que as caracteriza como seres que sentem e
pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas abandonadas, A inclusão das pré-escolas na
interações que estabelecem desde cedo com as Educação Básica, intenção concretizada na
pessoas que lhe são próximas e com o meio que Constituição de 1998. A Lei de Diretrizes e
as circunda, as crianças revelam seu esforço para
compreender o mundo em que vivem. (RCNEI, Bases da Educação Nacional, de 1996, dá
1998). início ao cenário da educação física infantil,
enfatizando que a educação é um direito da
Kuhlmann (2004), expõe que as pré- criança e que deve, portanto, ser universal.
escolas surgiram a partir de mudanças (LDB, 9394/96).
econômicas, políticas e sociais que
ocorreram na sociedade: pela incorporação Segundo Tani (1988) o período do
das mulheres, revolução industrial, à força nascimento aos seis anos de idade é
de trabalho assalariado, e também pelo considerado cruciais para o indivíduo, neste
fato de relação que se identificam com um processo que ocorre durante toda a vida do ser
conjunto de considerações novas sobre humano as experiências das habilidades básicas
a infância, o vislumbre sobre o papel da que acontecem principalmente na infância
criança na sociedade e de como permiti-la, são fundamentais. A Educação Física adquire
por intermédio da educação, um indivíduo um papel importantíssimo à medida que ela
produtivo e ajustado ás exigências desse possa estruturar o meio ambiente adequado
meio social. para a criança, oferecendo experiências,
resultando num grande auxiliar e promotor
Segundo Kishimoto (2002), em 1870 do desenvolvimento humano, em especial
Friedrich Froebel, um médico, foi o ao desenvolvimento motor e ao garantir a
idealizador dos Jardins de Infância. Sua aprendizagem de habilidades específicas.
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A Educação Física infantil não é apenas corporal. Não são poucos os autores que
educação do ou pelo movimento, um enfatizam a relevância do desenvolvimento
fragmento deste ou daquele, configura como integral do indivíduo, compreendendo os
a educação de corpo inteiro, é um corpo aspectos motor, cognitivo e afetivo-social,
em relação com outros corpos e objetos, e havendo uma interdependência entre esses
sua correlação e inter-relação no espaço. aspectos, daí a emergente necessidade de
Segundo Gallahue (2005): os aspectos do entendimento, valorização e apropriação
desenvolvimento infantil estão definidos na da prática de educação física já na primeira
fase dos movimentos fundamentais. Refere- infância.
se aos atos de pegar, gatinhar, andar, correr,
saltar, girar, rolar, são esses movimentos que
constatamos na fase de educação infantil. E A EDUCAÇÃO FÍSICA
assim define: INFANTIL E O PROFESSOR
a. 3 a 4 anos as atividades das crianças são Sumariamente, devemos compreender
tarefas motoras de estabilização, locomoção que as crianças brincam, o fazem por
e manipulação podendo ser coordenadas por necessidade de aprender, compreender,
movimentos. adaptar-se e adquirir mecanismos de
sobrevivência e socialização, o brincar e
b. 4 a 5 anos nas atividades as crianças jogar, além do prazer que as proporciona
começam, aceitar melhor as regras e é uma importante ferramenta de registro
compreendê-las, elas já começam a e replicação, por meio dos caminhos da
apresentar maior atenção e concentração, sensação e percepção, para, além disso, um
começam a se organizar em grupos e, esse modo excelente de como se conhecer, ir se
é um elemento muito importante nessa fase, descobrindo, explorar suas potencialidades,
a de aceitarem as outras crianças, (Gallahue, também com os objetos, os outros e o mundo
2005). (ambiente). Kishimoto (2002) aponta que
para Froebel as brincadeiras são o primeiro
A experiência motora adequada reflete-se recurso no caminho da aprendizagem. Não
também na alfabetização e raciocínio lógico- são apenas diversão, mas um modo de criar
matemático (Freire,1997). A criança tem a representações do mundo concreto com a
capacidade de transformar o mundo simbólico finalidade de entendê-lo. Quando brinca,
em experiência corporal. O movimento na a criança assimila o mundo à sua maneira,
educação infantil seria um instrumento sem compromisso com a realidade, pois
utilizável para facilitar a aprendizagem de sua interação com o objeto não depende
outros conteúdos. (Freire, 2003, p. 36). Não da natureza do objeto, mas da função que
se passa do mundo concreto à representação a criança lhe atribui (PIAGET, 1971, apud
mental senão por intermédio da ação KISHIMOTO p. 59).
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Dessa forma o professor deve lançar mão uma forma descontraída. As aulas podem ser
das atividades na educação física infantil ministradas através de brincadeiras e jogo
sem o caráter restritivo, militarista e/ou de tendo o foco a ludicidade, fazendo com que
imposição de regras dos jogos. Deve não estas não sejam “mecanizadas”, pois sendo
se preocupar tanto com que formulações trabalhadas de forma repetitivas, tornam-
e execução de regras dos jogos tenham se monótonas, causando o abandono e
fluência, mas dar fato, principalmente ao desinteresse por parte dos alunos, que nada
prazer. É importante que o professor elabore mais seriam se não objetos, sem expressão
atividades de caráter educativo e ao mesmo voluntária, e provavelmente desestimularão
tempo lúdico, pois na fase de 4 a 5 anos, o profissional, e é justamente isso que
a criança brinca e tem o maior prazer de devemos evitar em se tratando de crianças.
brincar, cabe a ele desenvolver brincadeiras,
jogos educativos com o intuito de ampliar Segundo Kishimoto: “o jogo visto como
o conhecimento da criança não somente recreação, desde a antiguidade greco-
corporal, mas também como um todo. É nesse romana, aparece como relaxamento
período de 4 a 5 anos que se possibilita na necessário a atividades que exigem esforço
criança a melhor compreensão do mundo ao físico, intelectual e escolar. “Por longo tempo,
redor, a percepção de que sua atuação pode o jogo infantil fica limitado a recreação”
surtir efeitos no mundo social e diminuição (1999, p. 28). Não se pode esquecer uma
do egocentrismo. das máximas de PIAGET (1978), que reza
que o desenvolvimento da criança acontece
É necessária a compreensão que nesta através do lúdico, “existe a necessidade de
fase do desenvolvimento o cunho das brincar para crescer”.
atividades deve levar em conta para além,
do implementar dos objetivos pedagógicos, O professor deve levar em conta também o
esses devem ser permeados justamente pela momento da recreação e definir claramente o
necessidade da fase, devem acima de tudo ser seu objetivo, respondendo à pergunta: oque
atividades prazerosas e divertidas; atividades a escola pretende com a educação física? “O
que possam empreende as potencialidades que a escola deve buscar não é que a criança
das crianças, propor desafios cada vez mais aprenda mais esta ou aquela habilidade para
estimulantes, explorar novos mundos e inter- saltar ou escrever, mas que, por meio dela,
relações. Posteriormente darei conceitos de possa se desenvolver plenamente” (Freire, J.
atitudes grupai que considero essenciais B., 1991, p. 76).
para o trabalho em grupo.
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faz só beneficia a si próprio e pode até prejudicar (B); o que (B) faz também pode ter o mesmo efeito.
A competição surge quando nosso objetivo é conseguir um resultado melhor, gerando oposição
com outros; há menor sensibilidade às necessidades dos outros e as pessoas se ajudam com pouca
frequência.
São divertidos apenas para alguns e a maioria tem sentimento de derrota; alguns são excluídos,
ficando de fora por sua “falta” de habilidade, e todos aprendem a ser desconfiados. Os perdedores
ficam de fora do jogo e simplesmente se tornam observadores. Os jogadores não se solidarizam,
ficando até felizes quando “algo de ruim” acontece aos outros. Há pouca tolerância com a derrota e
isso desenvolve um sentimento de resistência diante das dificuldades, e finalmente poucos tornam-
se melhor sucedidos nos jogos.
As atividades cooperativas? Para que o objetivo de cada um seja alcançado ou; quando um realiza
sua tarefa com o outro; jogar com o outro, “ o objetivo de todos também deve ser”; o que a pessoa (A)
faz beneficia a ela própria e também a pessoa (B); e o que a pessoa (B) faz beneficia ambas também.
A cooperação surge quando trabalhamos juntos para conseguir um objetivo comum, com êxito
para todos.
Há maior sensibilidade às necessidades dos outros e todos se ajudam com frequência; a qualidade
das produções coletivas é maior.
A vivência é possível para todos: “devemos ganhar juntos; somos parceiros e amigos”. São atividades
divertidas para todos, existe um sentimento de vitória. Existe a mistura de grupos que brincam
juntos, e ninguém é rejeitado ou excluído. Os jogadores aprendem a ter um senso de unidade e a
compartilhar o sucesso. Desenvolvemos autoconfiança porque todos são aceitos e a habilidade de
continuar tentando é fortalecida diante das dificuldades.
Para cada um, o jogo é um caminho coletivo de evolução. Os aspectos cooperativos são capazes
de proporcionar às crianças características que fomentem um ser social com pensamento coletivo,
sem deixar de lado a importância individual de sua ação para o sucesso geral. Essas características
devem ser fortalecidas nas atividades propostas no âmbito escolar, buscando, assim uma estrutura
social que facilite a relação ensino/aprendizagem dos conceitos, dos procedimentos e das atitudes. E
assim a importância da ação individual para o sucesso coletivo. Adaptado de Brotto (1995).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste texto não é de forma alguma incitar a
inclusão da educação física infantil como regra curricular, ou
qualquer outra regra, mesmo por que não é nosso objetivo
nessa fase da infância (o de alfabetizar no sentido restritivo do
termo), tampouco ser a premissa definitiva sobre o assunto,
mas trazer novamente à pauta a valorização da questão e
a necessidade de que os professores da educação infantil MARILDA PEREIRA DA
tenham minimamente conhecimento e curiosidade sobre SILVA DE LEÓN ALVEZ
o assunto em questão para o melhor desenvolvimento do
Graduação em 2001 pela
trabalho, a fim de poder desenvolver no seu trabalho diante Faculdade Integradas de
de tantas vicissitudes e revezes no processo de ser educador. Guarulhos (2001); Especialista
O professor deve ser o interventor, ajudando o aluno a em Pedagogia pela Faculdade
Integradas de Guarulhos (2001);
desenvolver seus conhecimentos, habilidades e relações Professor de Ensino Fundamental
sociais; precisa entender cada estágio de desenvolvimento, I e Educação Infantil – Educação
para estimular corretamente cada etapa. Esses estímulos Infantil - na EMEI. Professora
Célia Ribeiro Landim.
podem fazer a criança se desenvolver de uma forma mais
acelerada.
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REFERÊNCIAS
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EDUCAÇÃO INFANTIL
E ARTES VISUAIS
RESUMO: Este artigo irá analisar a relevância e importância do ensino de artes visuais na
educação infantil. Assim como a magnitude do professor nesse processo de formação, para
que o aluno aprimore sua capacidade de expressão e percepção de mundo. As artes visuais é a
linguagem da primeira infância, e se constitui em um relevante meio para o desenvolvimento
da aprendizagem, visto que o conhecimento da imagem é subsídio para o desenvolvimento
cognitivo, afetivo, motor e perceptivo da criança, bem como na ampliação do conhecimento
e formação, dessa forma desperta sua sensibilidade. Diante da nova concepção de educação,
o educador é um interlocutor, mediador da relação da criança com o conhecimento, um
colocador de limites, apoiador afetivo em inúmeras ocasiões, organizador do espaço físico e
de muitas atividades que despertem o interesse do aluno, e, que o leve a enfrentar desafios
que contribuirão para o processo de construção do seu conhecimento. Para atingir essa
finalidade, é preciso que os educadores repensem o conteúdo e sua prática pedagógica
substituindo a rigidez, a passividade, pela alegria, entusiasmo de aprender, maneira de ver,
pensar, compreender e reconstruir o conhecimento.
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linguagem precisa ser bem elaborada (em palestras e danças, exposições de pintura,
caso de um anúncio de produto em especial), escultura e arquitetura, no intuito de renegar
para não ocorrer ambiguidade ou que corra a arte europeia e determinar autenticidade
o risco de não ser passada realmente. A identitário-brasileira.
Linguagem não verbal tem o grande poder
de prender a atenção do leitor bem mais do Segundo Pimentel (1999), a partir dessa
que um texto verbal. semana, no que se refere ao ensino de arte,
duas são as tendências que se tornam mais
O ensino de Arte no Brasil passou por relevantes, passando a apreciar a expressão
diversas mudanças em toda sua história infantil: a valorização do desenho como
até os dias atuais, e certamente continuará técnica voltada para o trabalho e uma forte
transformando-se ao longo dos tempos. identificação com o estudo do desenho
Tais alterações ocorreram em razão de geométrico.
situações e necessidades vividas em cada
época: a educação vai se renovando, e, por Ferraz e Fusari (2009) afirmam que o
conseguinte o ensino de arte. Segundo Ferraz significado da Arte na Educação se dá desde
e Fusari (2009) “[...] assim como outras áreas os primórdios da civilização, o que a torna
do conhecimento, surgem de mobilizações um dos fatores eficazes de humanização.
políticas, sociais, pedagógicas, filosóficas, É essencial, portanto, perceber que ela
e, no caso da arte, também de teorias e se institui com modos específicos de
posições artísticas e estéticas”. manifestação da atividade criativa dos seres
humanos, ao interagirem com o mundo em
Com a fundação de centros artísticos, como que vivem e ao conhecerem a si próprios.
a Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro e o
Conservatório Dramático em Salvador, bem De acordo com a Lei de Diretrizes e
com a presença da Missão Francesa e de Bases da Educação Nacional (LDB), a
artistas europeus, elencou-se um momento disciplina é obrigatória nos diversos níveis
determinante na formação de profissionais da Educação Básica, de forma a promover o
da arte. No século XX, por exemplo, foram desenvolvimento cultural dos alunos. Para
muitos os fatores sociais, educacionais e além da lei, o próprio conceito de ensino de
culturais a se expandirem no ensino dessa arte evoluiu com o tempo. Só que durante
disciplina. Começa consequentemente, muitos anos, o ensino de Arte resumiu-se
com o movimento modernista da “Semana a tarefas pouco criativas e marcadamente
de Arte Moderna”, em 1922. O marco do repetitivas, que além de serem desvalorizadas
modernismo no Brasil: quando um grupo perante a grade curricular, dificilmente havia
de artistas plásticos e intelectuais reuniu- continuidade de aulas ao longo do ano
se no Teatro Municipal de São Paulo, para letivo. “As atividades iam desde ligar pontos
proporcionar recitais de música e poesia, até copiar formas geométricas. A criança
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não era considerada uma produtora e, por Tem a função de favorecer a ação
isso, cabia ao professor dirigir seu trabalho espontânea, facilitar a livre expressão e
e demonstrar o que deveria ser feito”, permitir a comunicação. Ela contribui para a
afirma Rosa Lavelberg, diretora do Centro formação intelectual da criança e desenvolve
Universitário Maria Antônia, em São Paulo, conhecimentos e habilidades, utilizando as
e coautora dos Parâmetros Curriculares mais diferentes linguagens para expressar
Nacionais (PCNs) sobre a disciplina. experiências. A Arte na escola não se
preocupa em formar artista. Dewey escreve
Segundo Vygotsky (1987), a Arte “surge que:
inicialmente como o mais forte instrumento
na luta pela existência, e não se pode admitir É comum nas crianças o desejo de se expressarem
pelo desenho e pela cor. Se nos limitarmos a
nem a ideia de que o seu papel se reduza a deixá-las dar vazão a esse instinto permitindo
comunicar sentimentos e que ela não implique que atue sem controle, o desenvolvimento da
nenhum poder sobre eles.” (2001; p.310). criança será puramente ocasional. É necessário,
mediante crítica, sugestões e perguntas, excitar
Aponta-nos o autor a experiência grandiosa nela a consciência do que já fez e do que deve
e excepcional que a humanidade acumulou fazer. Suponhamos: uma criança desenha uma
na Arte - a educação estética, assim como o árvore. Seu desenho será típico de uma criança:
uma linha vertical e retas horizontais de um e
sistema da educação em geral, visa “ampliar outro lado. Levemos agora a criança a observar
ao máximo os âmbitos da experiência as árvores para compará-las com o desenho
pessoal e limitada, estabelecendo contato feito e, assim, examinar conscientemente seu
trabalho. Ela estará agora apta a desenhar
entre o psiquismo da criança (ou do adulto) árvores observadas e não convencionais, porque
e as esferas mais vastas da experiência, a observação obriga ao trabalho combinado
acumulada na rede mais ampla possível da da memória e da imaginação, produzindo
expressões gráficas de arvores reais. (DEWEY
vida”. (2001; p.323-363).
apud BARBOSA, 2002, p.79).
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trajetória. Deste modo “o homem ao nascer Essas produções são uma importante
não passaria de um candidato à humanidade, ferramenta para saber se o aluno está
cada indivíduo aprende a ser um homem, não desenvolvendo ou não o seu aprendizado,
bastando viver em uma sociedade e sendo já que o desenho evolui de acordo com a
necessário adquirir o que foi alcançado no criança, os traços ficam mais firmes, mais
percurso do desenvolvimento histórico mensagens do consciente e do inconsciente
da sociedade humana” (LEVONTIEV, também. “A Arte é uma mentira que nos
1978:267). Isto é, a comunicação é faz compreender a verdade”. Lembremos,
essencial à aprendizagem, é por intermédio portanto, que as representações artístico-
da comunicação que as interações são visuais são apenas uma representação. E que,
constituídas, e os objetos vão ganhado no entanto, estabelece uma correspondência
significado. Para ele, toda aprendizagem é com a realidade. A verdade, desse modo,
mediada, seja por um livro ou uma pessoa. pode ser compreendida observando relações
entre o objeto e a sua representação, bem
O desenho é uma linguagem que a criança como na mente e no contexto do observador.
domina até mesmo antes da escrita, pois Dessa forma, trabalhar com imagens
expressam coisas que jamais diriam, assim produzidas pelos alunos faz com que haja
como demonstram suas ideias, sentimentos, exploração do dia a dia, de cada qual, e, que
história de vida. O desenho na educação os incentive ao efetivo aprendizado. Em razão
infantil como forma de linguagem e expressão disso que muitos teóricos defendem o uso
da subjetividade da criança, perpassando por de tais produções no contexto escolar, desde
processos de maturidade durante a jornada que os arte/educadores tenham consciência
de desenvolvimento de suas produções. de como explorarem, e, que estejam
preparados para facilitarem a aquisição
As produções visuais são instrumentos dessa habilidade, tão em voga mediante o
primordiais ao desenvolvimento infantil, seguimento contínuo do espaço-tempo: a de
e por intermédio destas a criança retrata se ter uma atitude crítico-reflexiva diante dos
seus mais íntimos conflitos, além de ser uma milhões de possibilidades interpretativas em
maneira muito relevante de difusão e de relação às leituras do universo, da natureza,
subjetividade, por trata-se de uma ferramenta das sociedades, de seu entorno e de si
lúdica de expressividade emocional. Por isso, mesmo.
a sua análise é tão importante, uma vez que
revela a complexidade, e flexibilidade do
emblemático procedimento de adaptação ALFABETIZAÇÃO VISUAL: AS
ao meio, visto que a criança participa às CORES JUNTO AO TRAÇADO
incitações recebidas do meio e das inter-
relações que funda com ele. Muitos são os autores que defendem a
presença das Artes Visuais na educação
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(entre eles BARBOSA, DUARTE JR., visual do sujeito desde a infância. O professor
MARTINS, ALMEIDA), e a respeito do que de Artes, munido do conhecimento sobre
se pode denominar Educação Estética, Arte- essa importância, pode e deve estimular
educação, ou Educação por intermédio da a apreensão de seus alunos, visando à
Arte. Ana Mae Barbosa, por exemplo, que preparação destes para a leitura de um
é precursora da arte-educação no Brasil, mundo repleto de perspectivas que nem
afirma que “não se alfabetiza fazendo apenas sempre são abrangidas no seu contexto,
a junção das letras. Há uma alfabetização já que na atualidade é uma exigência da
cultural sem a qual a letra pouco significa” sociedade que o indivíduo saiba ler figuras,
(BARBOSA, 1991, p. 27-28), assim como, visto que estas trazem quantidades absurdas
para Paulo Freire, “a leitura de um texto, de informação cultural.
tomado como pura descrição de um objeto
e feita no sentido de memorizá-la, nem é A principal meta da educação com Arte
real leitura, nem dela, portanto, resulta o Visual é a de desenvolver seres humanos
conhecimento do objeto de que o texto fala” capazes de, por eles próprios, darem sentido
(FREIRE, 1993, p. 17). Ana Mae acrescenta e direção às suas vidas, desenvolvido por
ainda que “as artes plásticas também intermédio de um currículo que balanceia as
desenvolvem a discriminação visual, que atividades escolares. Assim, os professores
é essencial ao processo de alfabetização: buscam despertar o gosto pelo aprendizado,
aprende-se a palavra visualizando”, visto fazendo desta uma atividade criativa, sendo
que “a representação plástica visual ajuda a partir da análise de dimensões específicas
na comunicação verbal” (BARBOSA, 1991, do ser humano, como o pensar, o sentir e o
p. 28). A autora propõe a Metodologia querer, Rudolf Steiner firmou as bases de
Triangular, utilizada por ela no Museu de uma educação que tende a responder às
Arte Contemporânea da Universidade de necessidades atuais e futuras da humanidade.
São Paulo, que integra três pontos principais: Segundo ele, uma sociedade só pode
a leitura da obra de arte, a história da arte configurar-se e desenvolver-se de forma
e o fazer artístico. Nessa metodologia, “o sadia e adequada às solicitações da época
conhecimento em artes se dá na interseção em que está inserido, se levar em conta as
da experimentação, da decodificação e da dimensões essenciais do ser humano.
informação” (1991 p. 31-32).
Assim sendo, o alfabetismo visual, além
Saber interpretar e organizar as de despertar/aprimorar a inteligência ótica
informações visuais presentes numa imagem e a experiência já existente, ainda oferece
é de extrema relevância para a compreensão subsídios para que o indivíduo desenvolva
das mensagens presentes na sociedade habilidades que poderão vir a ser úteis no
contemporânea. Por isso, entende-se que seu convívio com os meios e informações
se faz necessária a educação/alfabetização presentes e/ou integrantes na sociedade a
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qual se esteja inserido. É por esta razão, e por fatores apontados pelos teóricos consultados,
que se institui a importância da alfabetização visual do sujeito para seu aprimoramento
pessoal e profissional. Isso tornará possível e completo, o processo de leitura e interpretação
da transmissão de mensagens por meio de imagens. É necessário perceber também, que
esse é um processo veloz, e em decorrência disso, o alfabetismo visual faz-se imprescindível.
Sabe-se que a percepção é inata no ser humano, mas não só pode como deve ser aprimorada
com estudos. Em consequência, haverá o conhecimento dos elementos visuais que compõe
qualquer imagem.
Olhar o mundo apresenta-se, portanto, como uma interação entre a visão do sujeito e
a experiência de quem observa, de acordo com Arnheim (1986). Isto é, ao mesmo tempo
em que não existe uma norma, também é preciso entender que o processo de ler imagens
depende de vários fatores, entre eles culturais, psicológicos, ambientais, etc. Mas alguns
elementos básicos da visualidade como: cor, textura, proporção, forma, movimento e outros
são usados como matéria-prima para todos os níveis de inteligência visual, e também "a
partir deles que se planejam e expressam todas as variedades de manifestações visuais,
objetos, ambientes e experiências” (DONDIS, 1991, p.23).
Desse modo, é importante também agregarmos outros saberes junto à dita alfabetização
exposta neste item, uma vez que o ensino de Artes Visuais engloba outros conteúdos de
grande acuidade, como é o caso das culturas de outros locais e épocas. Saber a respeito
delas sempre será útil, sobretudo para estabelecer um paralelo das mentalidades de cada
povo, que imprescindivelmente vêm intrínsecas nas cores, nos traços e nas formas dos seus
trabalhos artísticos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É proveitoso que a alfabetização se desenvolva em um contexto de
letramento cujo início seja a aprendizagem da escrita e o incremento
de habilidades que promulguem o uso da leitura nas práticas sociais.
Com atitudes de caráter prático em relação a esses aprendizados,
entende-se que a alfabetização e o letramento devem ter tratamentos
metodológicos diversificados entre si, o que propiciará o alcance do
sucesso nos processos de ensino e aprendizagem da língua escrita,
falada e contextualizada nas escolas. É no recinto escolar que a criança
deve ser incentivada a interagir firmemente com o caráter social da
escrita, lendo e escrevendo textos significativos, sejam eles verbais ou
não.
MARILEIDE SANTOS
Na alfabetização há a aquisição da escrita pelos indivíduos, o LEITE DA SILVA
letramento trabalha os aspectos sócios históricos desta aquisição por
Graduação em Pedagogia pela
uma sociedade, incluindo as imagens deixadas por todos os povos em Faculdade Sumaré (2015); Pós-
todas as áreas. graduação em Educação Infantil
pela Faculdade Campos Elíseos
(2018); Professora de Educação
Desde cedo se aprende a valorizar a cultura de uma sociedade, Infantil no CEI Mitiko Matsushita
portanto pede-se um novo olhar neste ensino nas escolas, com uma Nevoeiro.
aprendizagem significativa, com o comprometimento do educador,
planejamento e atividades coerentes, ter bem definido os objetivos e metas a serem alcançadas e com
materiais e aulas diversificada.
Conforme recomendam os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's), as aulas de Arte devem contemplar
as linguagens das Artes Visuais. Observa-se que umas das grandes dificuldades encontradas nesse tipo de
ensino são os profissionais sem a devida formação necessária para que uma interação aconteça, bem como
a compreensão dos objetivos a serem alcançados.
Para que uma aprendizagem eficiente ocorra, é importante que o educador labore com a criança como
um mediador, capaz de proporcionar situações que possam dilatar a compreensão e a leitura da sua
cultura particular ou de outras estirpes, com o intuito de estreitar a relação entre Arte e universo infantil.
Do mesmo modo, proporcionar que o educando obtenha o conhecimento de Arte enquanto faz a própria
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Arte, trabalhando conectado com o lúdico, por via de diversas experiências artísticas, visto que é na fase
da Educação Infantil que as crianças têm mais facilidades de aprender com as atividades recreativas, em
relação aos quais possam interagir e desenvolverem a imaginação, a criatividade e o raciocínio, sendo
vantajoso também para o desenvolvimento afetivo, mental, social, e intelectual, integralizando as habilidades
da criança e possibilitando-as de superior capacidade de criação. Portanto, nota-se que as Artes Visuais
podem proporcionar profusos caminhos nos quais a peregrinação possibilita cada vez mais a criança ao
desbravamento de novidades.
Um dos itens importantes para que as aulas procedam de maneira eficaz, é articular a concepção da língua
escrita como sistema formal (de regras, convenções e normas de funcionamento) com as múltiplas leituras
passíveis em imagens artísticas, já que esse artifício se legítima pela possibilidade de uso efetivo nas mais
diversas situações, e para diferentes fins. Desse modo, somos levados a admitir o paradoxo inerente à própria
língua: por um lado, uma estrutura suficientemente fechada que não permite transgressões, sob pena de
perder a dupla condição de inteligibilidade e comunicação; por outro, um recurso suficientemente aberto
que permite dizer tudo, isto é, um sistema permanentemente disponível ao poder humano de criação.
O ensino de Artes Visuais é tão importante quanto lecionar, em relação a ler e escrever instruir o aluno
a observar o mundo; a ver e sentir o que a natureza e a sociedade lhes oferecem. Não se pode de maneira
nenhuma fechar os olhos diante de tais conhecimentos, faz parte do crescimento individual e coletivo
interagir-se com aquilo que estiver ao redor.
Sob essa ótica de interação, constatou-se, que é justo e considerável reconhecer o Ensino de Artes
Visuais na Educação Infantil como de fundamental importância por causa de seus aspectos emocional,
social, cultural, cognitivo e intelectual. E que se evidencia a necessidade de melhoria nas práticas educativas,
bem como, investimento em capacitação e formação continuada para os profissionais da área, na intenção
de buscar aulas mais diversificadas e significativas, que realmente alcancem objetivos educacionais, já que
para a transformação efetiva da sociedade, é preciso que o indivíduo esteja inserido em um quadro no qual
a atuação de qualidade seja prioridade. É desse modo que, em momentos posteriores, as desigualdades
sociais poderão ser amenizadas, gerando uma sociedade mais justa e igualitária, uma vez que a alfabetização
e o letramento tanto de textos verbais, quanto voltados à apreensão figurativa, são processos muitíssimo
relevantes para a inclusão social.
A disciplina de Arte na educação infantil é importante para que ocorra a ampliação do conhecimento,
do desenvolvimento e pensamento criativo-estético do mundo, já que a alfabetização visual condiciona a
criança a conhecer melhor a sociedade em que vive e as outras com quais se relacionam. O aluno descobrirá
as próprias concepções e emoções ao apreciar ou criar uma imagem, dessa maneira é muito relevante o
professor despertar o seu olhar curioso, para que desvende, interrogue e produza alternativas frente às
representações do universo visual.
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A RELEVÂNCIA DA MÚSICA
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este trabalho tem como foco a musicalização na educação infantil, assim,
é importante compreender que a abrangência e o compromisso dessa fase da educação
escolar é cuidar e educar crianças entre zero e cinco anos e o educar está associado à
garantia de aprendizagens em todos os momentos, através de atividades lúdicas com base
nos eixos do currículo para educação infantil, propostos pelo Referencial Curricular da
Educação Infantil. Esses eixos são norteadores da prática das instituições e dosprofessores,
contribuindo para o desenvolvimento psicomotor, afetivo, cognitivo e social da criança por
meio das interações com outras crianças e adultos. A linguagem musical é um dos eixos
norteadores da educação infantil, portanto, necessita ser assegurada na faixa etária entre
zero e cinco anos para contribuir efetivamente no desenvolvimento integral da criança. Em
muitas instituições de educação infantil há uma lacuna na integração da linguagem musical
aos trabalhos pedagógicos, pois a música éapenas utilizada para controle comportamental
das crianças ou na memorização de conteúdos de outras áreas do conhecimento. Por isso,
a realização deste artigo tem como objetivo principal analisar e discutir a importância da
efetiva presença da música como atividade pedagógica intencional e eficientena educação
infantil.
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dos primeiros anos de vida, o bebê apresenta as ideias das crianças e possibilitando que
um ritmo de desenvolvimento muito elas sejam colocadas em prática, através do
acelerado (PAPALIA, OLDS, FELDMAN, planejamento de atividades diversificadas que
2006), sendo os ganhos desenvolvimentais oportunizem a ampliação de conhecimentos.
potencializados em função da maior Para que isso ocorra, é necessário a
plasticidade cerebral e aumento das redes promoçãode sua interação e envolvimento
neurais (GABBARD, 1998). Os principais em diferentes atividades musicais. Na faixa
movimentos que o indivíduo apresenta etária entre zero e cinco anos, é interessante
nessa fase são os movimentos reflexos, as que a música seja apresentada de forma
estereotipias e os movimentos voluntários lúdica, estimulando a participação das
(GALLAHUE, OZMUN, 2005; HAYWOOD, crianças de maneira significativa, ou seja,
GETCHELL, 2004; PAYNE, ISAACS, 2007).A proporcionando atividades que propiciem
criança manifesta espontaneidade ao se relações com as suas vivências. É por
expressar, é sincera ao demonstrar se gosta meio da exploração de diferentes sons,
ou não de algo. A aprendizagem ocorre pela interação, pelo canto, brinquedos e
realmente quando faz sentido e a música está jogos cantados, sonorização de histórias,
presente em todos os lugares, estabelecendo apreciação e reflexão da produção musical
relações diretas com as diversas sensações e que a criança experiencia e vivencia a música,
emoções. Infelizmente a música é utilizada tornando-a parte de sua vida, incorporando
na educação infantil formal, na maioria das estes conceitos, naturalmente. Segundo
vezes, como uma mera reprodução de cantos, Schroeder (2011, p. 108), é possível observar
não oportunizando a possibilidade da criação o processo de apropriação da linguagem
das crianças. O “cantar da rotina” é o que mais musical, nessa faixa etária, também, ou talvez
é utilizado, talvez pela falta de conhecimento principalmente, em situações nas quais as
musical dos educadores ou pela ausência crianças não estão propriamente “fazendo
de propostas musicais que envolvam a música”, mas vivenciando-a de diversas
criança e auxiliem no seu desenvolvimento, outras formas: dançando, representando,
brincando. Trazer a música para o ambiente imitando, fazendo gestos, brincando. O
de trabalho exige, prioritariamente, uma lúdico contribui para que a música seja
formação musical pessoal e também vivenciada pela criança ao envolvê-la por
atenção e disposição para ouvir e observar meio da brincadeira, da dramatização, do
o modo como bebês e crianças percebem teatro, da dança, do movimento. Através
e se expressam musicalmente em cada do brincar, a criança submerge na fantasia
fase de seu desenvolvimento, sempre com e na imaginação, englobando suas vivências
o apoio de pesquisas e estudos teóricos e experiências reais e criando suas próprias
que fundamentam o trabalho. (BRITO, regras. Isso ocorre com a música, pois segundo
2003, p. 35) O professor deve favorecer as Schroeder (2011, p. 110), “os processos de
iniciativas individuais e coletivas, acolhendo apropriação da linguagem musical passam
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oportunidades para que a criança aprimore atividades que relacionam sons e gestos.
sua habilidade motora, aprenda a controlar A criança pode fazer gestos para produzir
seus músculos e mova-se com desenvoltura. sons e expressar-se corporalmente para
O ritmo tem um papel relevante na formação representar o que ouve ou canta; Simbólico:
e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque a busca por representar o significado da
toda expressão musical ativa age sobre a música, o sentimento, a expressão. O som
mente, favorecendo a descarga emocional, tem função de ilustração, de sonoplastia e,
a reação motora e aliviando as tensões. Analítico ou de Regras: jogos que envolvem
Atividades como cantar fazendo gestos, a estrutura da música, nos quais são
dançar, bater palmas, pés, são experiências necessárias a socialização e organização.
importantes para a criança, pois elas Ela precisa escutar a si mesma e aos outros,
permitem que se desenvolva o senso rítmico, esperando sua vez de cantar ou tocar.
a coordenação motora, fatores importantes (CHIARELLI; BARRETO, 2005). A música
também para o processo de aquisição da está bastante ligada ao lúdico e ao brincar.
leitura e da escrita. Em todos os povos, as crianças brincam com
a música. Jogos e brinquedos musicais, como
• Desenvolvimento sócioafetivo: a as rodas cantadas, são encontrados nos
criança aos poucos vai construindo sua lugares aonde houver crianças. (UNESCO,
identidade, percebendo-se diferente dos 2005). As brincadeiras de roda integram
outros e ao mesmo tempo buscando poesia, música e dança, sendo também muito
integrar-se com os outros. Através do apreciadas pelas crianças, principalmente
desenvolvimento da autoestima, ela aprende por causa do movimento. (FERREIRA et al,
a se aceitar como é, com suas capacidades 2007). Rosa (1990) destaca a importância de
e limitações. As atividades musicais se proporcionar momentos eficazes para que
coletivas favorecem o desenvolvimento da a criança descubra, analise e compreenda
socialização, estimulando a compreensão, a os ritmos do mundo, através da observação
participação e a cooperação. e do contato com instrumentos musicais,
com a dança, com o folclore, etc. Devemos
Dessa forma a criança vai desenvolvendo o estar atentos a valorizar todas as formas de
conceito de grupo. Além disso, ao expressar- expressão escolhidas pelas crianças, pois a
se musicalmente em atividades que lhe deem mesma comunica-se principalmente através
prazer, ela demonstra seus sentimentos, do corpo. No interior do Brasil existem
libera suas emoções, desenvolvendo um inúmeras danças, cantigas de roda e ciranda
sentimento de segurança e autorrealização. que incentivam movimentos de diferentes
(CHIARELLI; BARRETO, 2005). Bréscia qualidades expressivas e rítmicas realizadas
(2003) ressalta que os jogos musicais podem em grupo, que possuem um rico sentido
ser de três tipos, correspondentes às fases do socializador, estético e transcendentes, mas
desenvolvimento infantil: Sensório-Motor: que, infelizmente ainda não são devidamente
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valorizados no dia a dia das escolas. Estas músicas que cantam histórias, dançam mitos e
falam da memória e da alegria do povo são rituais vivenciados por todas as idades que
podem se tornar o vínculo afetivo e cultural entre a escola e a comunidade. (GÓES, 2009).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Investir na educação infantil tanto na música como nas
diferentes linguagens culturais não significa apenas preparar
a criança para o futuro, mas ofertar possibilidades de
conhecimentos diferenciados, de ampliação de conceitos e
proporcionar meios de reflexão para que a criança construa
sua criticidade e autonomia. A educação infantil e, em especial,
a educação musical, necessitamofertar oportunidades às
crianças para que tenham acesso e usufruam da riqueza
cultural musical. Para que isso ocorra de forma efetiva e
significativa, o professor necessita aprimorarsempreseus
conhecimentos, tanto didáticos quanto pedagógicos, com o
objetivo de estimular as crianças a aprenderem e conhecerem MARIZETE PEREIRA
sobre as diferentes manifestações musicais, tornando o DE SOUSA SANTANA
aprendizado interessante, envolvente e significativo. A
Graduação em Pedagogia pela
música, como área de conhecimento e linguagem, possui Faculdade UNIESP (2009);
imensa relevância no desenvolvimento psicossocial, Especialista em Alfabetização
cognitivo, afetivo e motor das crianças. Por meio da música, e Letramento pela Faculdade
Sumaré (2011); Professora de
a criança expressa seus sentimentos, suas emoções, troca Educação Infantil no CEI Parque
informações e amplia conhecimentos. Ao possibilitar Bristol.
o acesso e a vivência da criança com a música na escola,
estaremos oportunizando a ampliação de seu repertório sobre “músicas”, exponenciando suas
experiências e escolhas. Infelizmente a música está presente nas instituições de educação
infantil, mas ainda é tida pelos profissionais da educação como uma ferramenta apenas para
contribuir nas aprendizagens das demais áreas, não como potência, como linguagem e área
do conhecimento. Os educadores continuam demonstrando insegurança para trabalhar em
uma área do conhecimento que não seja sua especialidade ou que não tiveram nenhum
contato. Por isso a relevância do educador musical estar atuando desde a educação infantil,
proporcionando maior variedade de experiências musicais para a criança entre zero e cinco
anos, ofertando a educação musical como prática pedagógica qualificada a ser desenvolvida
também nesta faixa etária, abrindo-se um espaço para o trabalho com de exploraçãoda
linguagem musical das mais diversas maneiras. É preciso preocupar-nos em relação à
formação das crianças, não apenas com o ensino dos conhecimentos sistematizados, mas
também com o ensino de expressões, movimentos corporais e percepção. (SILVA, 2010).
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REFERÊNCIAS
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A partir disto, a discussão de uma escola Segundo Bueno e Resa (1995), a Educação
para todos tem suscitado inúmeros debates Física Adaptada para portadores de
sobre programas e políticas de inserção de deficiência não se diferencia da Educação
alunos com necessidades especiais. A grande Física em seus conteúdos, mas compreende
polêmica está centrada na questão de como técnicas, métodos e formas de organização
promover a inclusão na escola de forma que podem ser aplicados ao indivíduo
responsável e competente. deficiente.
A Educação Física Adaptada "é uma área da A autora coloca que o educador pode
Educação Física que tem como objeto de estudo
a motricidade humana para as pessoas com selecionar a atividade em função do
necessidades educativas especiais, adequando comprometimento motor, idade cronológica
metodologias de ensino para o atendimento às e desenvolvimento intelectual. Na escola, os
características de cada portador de deficiência,
respeitando suas diferenças individuais" educandos com deficiência leve e moderada
(DUARTE E WERNER, 1995: 9). podem participar de atividades dentro do
programa de Educação Física, com algumas
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É importante que o professor tenha os conhecimentos básicos relativos ao seu aluno como:
tipo de deficiência, idade em que apareceu a deficiência, se foi repentina ou gradativa, se é
transitória ou permanente, as funções e estruturas que estão prejudicadas. Implica, também,
que esse educador conheça os diferentes aspectos do desenvolvimento humano: biológico
(físicos, sensoriais, neurológicos); cognitivo; motor; interação social e afetivo-emocional
(Cidade e Freitas, 1997).
[...] falam e lutam por uma sociedade; todos sejam iguais, as pessoas tenham as mesmas condições, os mesmos
direitos e deveres. Porém, trabalham com o Homem concreto, diferente, discriminado e desigual, e uti como
instrumental os conhecimentos (adaptados) gerados historicamente para atender a características e valores
dos homens iguais (CARMO, 2006, p. 55)
A atuação profissional vai nesse sentido, muito além do conhecer, visto que nos coloca
como autor e ator da singularidade das intervenções. A educação física historicamente
carrega as marcas de conteúdos rígidos esportivizados e competitivos e inúmeras dispensas
médicas que sustentam a constatação do não enfrentamento dos professores diante da falta
de conhecimento sobre o outro e suas possibilidades.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta nova situação, a Inclusão, é preciso como forma
adicional, considerar as peculiaridades da população
associadas as estratégias que serão utilizadas. Com base
no que foi colocado, o professor de Educação Física poderá
conhecer a necessidade, os interesses e as possibilidades de
cada aluno e de cada grupo com que trabalha (o que já têm
sido feito por ele).
Nessa direção, entendemos, como Costa e Sousa (2004), que é preciso romper com a atual
organicidade escolar e buscar novos princípios filosóficos como diretriz para a Educação/
Educação Física, procurando entender que os homens são diferentes e é na diferença que
ocorre a compreensão dos seus limites e possibilidades. É preciso redimensionar o tempo e o
espaço do trabalho escolar, flexibilizar os conteúdos, rompendo com a compartimentalização
dos saberes, e ainda aprender a lidar com o uno e o diverso simultaneamente, que é, em
nosso entendimento, o grande desafio para a Educação/Educação Física neste século X.
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das capacidades criativas das crianças. fazer, a partir de dois ou três anos de idade,
(EDUCAÇÃO, 1998, p. 91). uma série de perguntas, como “O que está
escrito aqui?”, ou “O que isto quer dizer?”,
Os trabalhos realizados com recursos das indicando sua reflexão sobre a função e o
artes visuais, na educação infantil, via de regra, significado da escrita, ao perceberem que
trabalham apenas as datas comemorativas, ela representa algo. (EDUCAÇÃO, 1998, p.
produzindo e/ou reproduzindo lembranças 127).
paras as mães, pais, dia do índio, dia da árvore,
páscoa, cartões de Natal, entre outras. Sendo A oferta de diferentes materiais e gêneros
consideradas como “arte”, estas atividades literários proporciona à criança um amplo
não exploram a criatividade das crianças repertório social e cultural, propiciando
e são meras reproduções de modelos pré- momentos de interação, exploração, a partir
produzidos, não produzem significado para de um processo ativo de construção de
as crianças. conhecimento e troca de experiências.
Com essa visão errônea da arte na Vivenciar juntamente com grupo momentos
educação infantil, desvaloriza-se o fazer da de trocas e exploração contribui para a
criança, não dando importância à capacidade ampliação do conhecimento. O educador
que ela tem de criar. Para que as artes visuais pode gerar meios para que as crianças
propiciem contribuições, faz-se necessário tenham acesso a obras de arte, instigando
que as atividades sejam espontâneas, ativem na criança o interesse e a curiosidade, por
a criatividade e valorizem a auto expressão. meio do abstrato e o concreto. A ampliação
Um trabalho assim irá integrar o pensamento, do seu repertório artístico contribuirá para
o sensibilidade, a imaginação, a percepção, que a criança desenvolva sua linguagem oral
a intuição e a cognição, favorecendo o e escrita, conhecendo a si mesma por meio
desenvolvimento de criatividade na criança. de produções próprias; desenvolvendo o
gosto, o cuidado e o respeito pelo processo
Com relação à linguagem oral e escrita, de criação própria e pelo de outras pessoas.
parece ser válido mencionar que, nas
sociedades letradas, as crianças, desde os
primeiros meses, estão em permanente ARTE E A CONSTRUÇÃO DO
contato com a linguagem escrita. É por CONHECIMENTO
meio desse contato diversificado em seu
ambiente social que as crianças descobrem Na perspectiva de Piaget (1985), o
o aspecto funcional da comunicação escrita, conhecimento configura-se como uma
desenvolvendo interesse e curiosidade por construção contínua de mediação entre o
essa linguagem. Diante do ambiente de sujeito e o objeto, ou seja, entre o meio físico
letramento em que vivem, as crianças podem e o social. Nessa ação, o indivíduo constrói
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novas estruturas mentais, estabelecendo Por mais que uma pessoa tente fazer uma
condições e capacidades próprias de pintura igual à outra, nunca será, sempre
conhecer. apresentará algo diferente. Como processo de
criação do novo, a arte favorece a superação,
Se os antigos teóricos da inteligência do que é igual, da reprodução, favorece o
(empirismo associacionista etc.) punham em desenvolvimento de uma aprendizagem
evidência a compreensão (assimilando-a a mais significativa e criativa. Por esta razão,
uma redução do complexo ao simples sobre a arte tende a desencadear, na educação de
um modelo atomístico, na qual a sensação, crianças, um processo de fazer próprio, de
a imagem e a associação desempenham os almejar o que está dentro de si, a partir do
papéis essenciais) e consideravam a invenção que se vivencia socialmente, de buscar não
como uma simples descoberta de realidades somente a memorização e repetição do que
já existentes, as mais recentes teorias, se ouviu ou leu, mas a criação.
cada vez mais controladas pelos fatos,
subordinam, inversamente, a compreensão à A arte se constitui num estímulo
invenção, considerando a última a expressão permanente para que nossa imaginação
de um organismo contínuo de estruturas de flutue e crie mundos possíveis, novas
conjunto. (Piaget, 1985, p. 35). possibilidades de ser e sentir-se. Pela arte a
imaginação é convidada a atuar, rompendo o
Para o autor, o indivíduo é sujeito do estreito espaço que o cotidiano lhe reservava.
processo de construção do seu conhecimento (Junior, 1985, p. 67)
e esse processo só é possível mediante a
sua ação. É importante ressaltar que um Liberar as potencialidades criadoras do
trabalho artístico sempre carrega a marca do indivíduo é condição fundamental para
seu criador, ou seja, traz embutida, em si, a uma verdadeira educação. O ato de criar
ação do sujeito que a criou, que é fruto de pressupõe um ato de autonomia, pois não
sua interação com o meio e com o próprio há como criar sem autonomia. As atividades
objeto criado. Nesse processo, o indivíduo é artísticas provocam o “pensar com
capaz de construir o entendimento de novos autonomia”, portanto, as artes desempenham
conceitos referentes a materiais e a técnicas um papel importante para o desenvolvimento
utilizadas, o que se dá nas artes plásticas, na autônomo da criança.
dança, no teatro, na música, e na produção
de poesias. As Artes constituem atividades Se o processo educacional se estagna
pelas quais o indivíduo é despertado para a no que diz respeito a ideias e propostas de
criatividade, a qual se acentua com a prática. aprendizado, isso implica em pobreza, sua
morte, ou seja, ele não terá sentido de existir
O ato criativo é um processo que sempre em uma sociedade que está em constante
traz algo singular da pessoa que o executa. mudança, mudança esta gerida pelo próprio
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho fez uma breve explanação sobre o processo
de inclusão da arte no currículo nacional e sua estruturação
na historia brasileira. Chegamos ao Referencial Curricular
da Educação Infantil, que assegura o ensino de arte desde
a tenra idade, em pró ao direito à dignidade da formação
humana. O direito da criança em ter a liberdade de se
expressar socialmente e culturalmente, fortalecendo como
ser criativo, ativo e autônomo. Concluo que todos estes MARLY APARECIDA
“direitos” fortalecem uma educação e um ensino que devem CORSINI ALVES
caminhar juntos nesta sociedade que exige um cidadão
Graduada em Pedagogia pelo
instruído, participativo e livre para exercer sua criatividade Centro Universitário UNIFIEO
e explorar as diferentes culturas que miscigenam nosso (2007); Especialista em
mundo. Psicopedagogia pela Faculdade
Integrada da Grande Fortaleza
(2013); Professora de Educação
Assim, é solidificada a importância da arte na educação Infantil e Ensino Fundamental I
brasileira, sendo uma condição necessária e essencial para o na EMEI Educadora Nida Maldi
Corazza - DRE Butantã.
desenvolvimento humano por meio das diversas linguagens,
musical, corporal e social. Garantida pelo RCNEI e pela LDB,
que determina a suma importância da expressão artística,
sendo ela ampliada com qualidade a todos, capaz de
contribuir para o avanço social de uma nação.
Meu maior objetivo foi mergulhar na história sobre a arte e educação, e contribuir para
outras reflexões sobre o tema, na medida em que a prática perpassa pela teoria.
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PRÁTICAS DE LETRAMENTO E
CONTEXTOS DE APRENDIZAGEM
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Esta pesquisa traz uma revisão bibliográfica cujo tema aborda as práticas
pedagógicas na educação infantil na perspectiva do Letramento. O termo Letramento é
bem recorrente na área educacional nos dias atuais e é de suma importância a compreensão
deste conceito quando pensamos em alfabetização e aprendizagem na escola de Educação
Infantil. Neste sentido apresentamos como objetivo geral para estudo pesquisar e conhecer
as teorias e metodologias que englobam este tema e podemos destacar como objetivos
específicos: descrever algumas práticas pedagógicas que ocorrem na educação infantil
e evidenciar as práticas de letramento na educação infantil. Brincando de ler as crianças
desenvolvem habilidades e aprendem a refletir sobre a língua, familiarizando-se com os
textos literários, ampliando o repertório textual e apropriando-se da linguagem escrita e
oral. As brincadeiras com palavras incluem brincadeiras de roda, adivinhas e jogos de regras.
A escola deve considerar as práticas de leitura e escrita que são vivenciadas fora do espaço
escolar para que as práticas de letramento realmente sejam contextualizadas e não apenas
uma forma de aprendizagem em que a escrita e as produções de texto servem apenas para
demonstrar habilidades e competências totalmente desvinculadas da função social que a
leitura e a escrita possui na vida social e nas práticas cotidianas.
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não é capaz de garantir que o aluno seja capaz de No conceito de alfabetização defendido
comunicar-se socialmente e possa estabelecer pela autora, as atividades que têm o foco
relações no meio social no qual está inserido. na coordenação motora fina, o controle
da pressão do traço no papel ou o
É possível propor atividades para as tamanho do traçado são importante para o
crianças em que elas utilizem a escrita, fazendo desenvolvimento da escrita mas assumem
de conta que está lendo e escrevendo. O um papel secundário, que representa
professor deve estimular estas práticas para apenas uma parte entre as tantas outras
ampliar os conhecimentos da criança sobre a aprendizagens relativas à leitura e a escrita.
leitura e a escrita.
É importante trabalhar as habilidades
Segundo Brandão (2011) na brincadeira motoras em contextos lúdicos como
de faz de conta pode-se fazer uma lista de atividades de passatempo, labirintos,
compra ou de convidados para uma festa, construindo brinquedos com sucatas,
deixar recados escritos, anotar nome de desenhando e pintando e nas atividades de
remédios para o filho doente, dentre outras modelagem. O contato das crianças com a
situações em que a escrita se faz presente história é mediado pela voz da professora
com diferentes finalidades. aproximando a criança e situando-a no
mundo simbólico.
É possível ainda estimular as crianças a fazer
“leituras” diversas, tentando antecipar o que A relação que se dá entre o adulto e a criança
está escrito em notícias, anúncios, embalagens, durante a roda de histórias é, portanto,
convites, legendas e outros textos ou propor mediada pela linguagem. Assim, considerando
às crianças a “leitura” de livros de literatura já que as crianças estão numa etapa da vida cuja
conhecidos e de textos memorizados como principal “tarefa evolutiva” é a emergência
parlendas, poemas e canções. Temos visto da função simbólica, a professora lê ou conta
que, embora esses textos rimados estejam há histórias na Educação Infantil está contribuindo
muito tempo presentes nas salas de Educação para o desenvolvimento da linguagem e para
Infantil, nem sempre as professoras permitem a socialização de seu grupo, ampliando seu
que as crianças visualizem suas formas escritas, repertório de experiências e sua competência
sendo incentivadas a imitar a leitura feita pela sócio comunicativa. Ser capaz de ouvir traz o
professora. (BRANDÃO, 2011, p. 26) potencial de ser capaz de dizer. (BRANDÃO,
2011, p. 36-37)
De acordo com Brandão (2011) os jogos
e atividades de análise fonológica chamam Ainda de acordo com a autora a participação
a atenção da criança sobre sílabas, rimas, das crianças em rodas de história oportuniza
fonemas, e tais propostas são importantes a formação de uma comunidade de ouvintes,
na Educação Infantil que levam a criança ampliando o repertório de narrativas e
a pensar sobre os sinais gráficos que têm manifestando seus gostos, personagens e
relação com a pauta sonora e não com as histórias favoritas.
propriedades físicas do objeto.
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Com base nas ideias de ARIÈS (1981) analisando o material existente sobre a história da infância
é possível afirmar que a preocupação com a criança passa a aparecer somente a partir do século
XIX, tanto no Brasil como em outros lugares do mundo e no campo da pesquisa não existiam
estudos sobre a infância.
Na Antiguidade, a criança era considerada um adulto em miniatura e não havia distinção entre
as atividades e ações no mundo adulto e no mundo infantil, a criança desde muito pequena fazia
parte do contexto social do adulto. Neste período os estágios não eram definidos de acordo com a
idade das pessoas, passando a fase de dependência da física da mãe, as crianças passavam a fazer
parte do mundo dos adultos. Antes de iniciarem na escola, as crianças participavam de todas as
situações da vida cotidiana com o adulto, em casa, no trabalho ou nas festas.
O reconhecimento da educação infantil como a primeira etapa da educação básica, surge com a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN 9.394/96, de acordo com a Constituição
de 1988, as instituições de educação infantil, expressa como parte dos deveres do Estado com
a Educação, trata-se de uma formulação almejada por aqueles que lutaram pela implantação de
creches e pré-escolas para que os direitos das crianças sejam respeitados.
Segundo Stemmer (2007) a aprendizagem da leitura e da escrita não tem sido sequer
considerada na Educação Infantil, existindo um desconhecimento sobre o assunto. O resultado é
que os professores diante do evidente interesse das crianças em querer aprender a ler e a escrever
ficam sem saber o que fazer e acabam reproduzindo práticas de ensino a que eles mesmos foram
submetidos, sem subsidio teórico para alicerçar suas práticas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As contribuições dos estudos sobre a psicogênese da língua escrita,
desenvolvidos por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, são de fundamental
importância para o entendimento das relações entre os termos
alfabetização e letramento, no qual um termo complementa o outro
e onforme as ideias das autoras é necessário alfabetizar letrando e o
ensino deve prever ações para que o indivíduo possa comunicar-se em
sociedade e participar das práticas sociais no meio no qual está inserido.
MARTA ALMEIDA
A escola deve considerar as práticas de leitura e escrita que são DE OLIVEIRA
vivenciadas fora do espaço escolar para que as práticas de letramento
Graduação em Pedagogia pela
realmente sejam contextualizadas e não apenas uma forma de Faculdade das Américas - FAM
aprendizagem em que a escrita e as produções de texto servem apenas (2013); Pós-graduada em
para demonstrar habilidades e competências totalmente desvinculadas Formação Docente pela Faculdade
de Ciências e Tecnologia
da função social que a leitura e a escrita possui na vida social e nas Paulistana – FACITEP (2018).
práticas cotidianas. Atua como Professora de
Educação Infantil na Prefeitura do
Município de São Paulo no Cei
Com a perspectiva de Letramento temos um desafio aos educadores, Maria da Costa Barboza.
que possam desenvolver uma prática de aprendizagem em que o
aluno se torne um cidadão consciente e crítico que possa contribuir
nas práticas sociais e posicionar-se em seu meio social, nas relações sociais de uma sociedade letrada.
Quando a escola cria condições de oferecer diferentes espaços buscando favorecer os alunos em relação
a aprendizagem, está contribuindo para a construção do conhecimento e aprendizagem significativa, nesta
perspectiva o ambiente alfabetizador traz diversas possibilidades de interação e aprendizagem.
As práticas de leitura, escrita e de produção de textos que são desenvolvidas no ambiente escolar não
são capazes de contemplar as práticas de letramento necessárias para a vida em sociedade e para as práticas
cotidianas. O método tradicional de aprendizagem, por si só não é capaz de garantir que o aluno seja capaz
de comunicar-se socialmente e possa estabelecer relações no meio social no qual está inserido.
Ao longo dos anos os conceitos e concepções que envolvem o tema Letramento foram esclarecidos e as
práticas pedagógicas baseiam-se nesta concepção de “alfabetizar letrando”, dando oportunidades para que
as crianças tenham contato com o mundo da leitura e da escrita já na educação infantil.
O trabalho do professor consiste em propor atividades que permitam à criança manifestar-se por escrito
e oralmente de modo livre, sem perder de vista a necessidade de se apresentarem situações que levam ao
aprendizado de novas regras de leitura e escrita, elaboradas pela própria criança.
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REFERÊNCIAS
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2006.
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O DESENHO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
RESUMO: Este trabalho surge da necessidade em entender a importância do desenho na
construção da aprendizagem infantil, principalmente na construção da escrita. Será abordado
a importância do desenho e o desenvolvimento da criança, considerando as fases do desenho
na Educação Infantil, o contexto escolar e o papel do professor diante das descobertas. A
pesquisa bibliográfica e este artigo foi estruturado em quatro capítulos: O desenho e o
desenvolvimento da criança, a importância do desenho na aquisição da linguagem escrita, o
desenho e a escrita no contexto da Educação Infantil e o Papel do professor. O
desenho na Educação Infantil, enquanto linguagem gráfica e artística contribui não só na
aquisição da escrita, mas também como forma da criança se expressar, brincar e vivenciar o
mundo em que vive.
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INTRODUÇÃO O DESENHO E O
DESENVOLVIMENTO
A criança desde muito pequena começa
utilizar o desenho como forma de expressão DA CRIANÇA
da realidade, representando sentimentos A criança desde a mais tenra idade
e emoções; num certo momento as letras começa a utilizar o desenho como forma de
se misturam e se entrelaçam aos desenhos expressão da realidade, representando assim
da criança, que a partir de diferentes seus sentimentos, emoções e pensamentos.
representações gráficas passa a atingir a
escrita, e tem a oportunidade de desenvolver É na interação da criança com o seu meio
as suas habilidades e construir este que a aprendizagem se inicia e a expressão
conhecimento devido às suas experiências artística, antes mesmo do primeiro rabisco,
vividas dentro e fora do ambiente escolar. com as experiências sensoriais, como tocar,
cheirar, ver, manipular, saborear, escutar,
O processo de aquisição e compreensão enfim, qualquer modo de perceber o meio e
da língua escrita possibilita a inclusão e a agir sobre ele.
participação da criança no mundo letrado.
Assim, ao vivenciar situações de escrita, Quando nos referimos ao desenho, como
a criança se arrisca e até mesmo constrói forma de representação, assim como a
hipóteses sobre o que supostamente linguagem, temos que destacar Vygotsky (1988),
escreveu e desenhou. pois segundo o autor o desenho é um percurso
do desenvolvimento da linguagem escrita para
Este trabalho tem como finalidade analisar a base de outros sistemas de signos.
a contribuição do desenho infantil para a
aquisição da língua escrita da criança na A fala é o ponto de partida para a formação
Educação Infantil. A escolha por esta temática de esquemas de significação, entre esses
baseou-se nas inquietações pessoais sobre o esquemas há também o desenho. Ainda
desenho infantil e sua relação com a escrita. segundo o autor o desenho é uma linguagem
gráfica que surge tendo por base a linguagem
O presente trabalho é relevante para os verbal. Neste sentido, os esquemas que
fins acadêmicos e também para a atuação caracterizam os primeiros desenhos infantis
do educador em sala de aula, visto que é lembram conceitos verbais que comunicam
necessário o conhecimento da essência do somente os aspectos essenciais dos objetos.
desenho infantil como linguagem gráfica e “Esses fatos nos fornecem os elementos
seu papel na construção do conhecimento para passarmos a interpretar o desenho
da criança. das crianças como um estágio preliminar
do desenvolvimento da linguagem escrita”
(VYGOTSKY, 1988, p. 127).
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dela própria poder traçar os verdadeiros seus registros e por meio dela transmitem os
signos” (MÈREDIEU, 2006, p.10). seus conhecimentos.
Assim, como apresenta o autor o desenho Aliada à criatividade, os desenhos
é essencial na vida de qualquer criança, pois traduzem o pensamento da criança, ela
é a ponte para instigar a sua imaginação e expressa no papel a sua subjetividade, os
permite que ela conheça as regras e práticas seus ideais, manifesta as alegrias e tristezas,
adotadas na sociedade em que vive. Acima impulsos e curiosidade.
de tudo, revela-se como a sua primeira
representação gráfica. Antes de aprender convencionalmente a
escrever, a criança se serve da sua produção
O interesse da criança em grafar sinais gráfica para se comunicar, o desenho é um
gráficos surge da observação do mundo alicerce importante para a aquisição da
adulto e da vontade de imitá-lo, sendo que: língua escrita da criança.
“[...] o meio em que a criança se desenvolve
é o universo adulto, e esse universo age O professor passa a ter uma importância
sobre ele na mesma maneira que o contexto significativa no processo educativo e na
social, condicionando-a ou alienando-a” criação artística, a criança passa a ter
(MÈREDIEU, 2006, p. 3). outros modelos gráficos e é nesse momento
que o professor deve propor atividades
O desenho aparece no mundo infantil significativas para o desenvolvimento
muito antes da criança ir à escola, é possível artístico e intelectual da criança.
que mesmo antes de entrar na escola a criança
já tenha tido contato com desenhos de seus O desenho realizado pela criança é o
familiares, com livros com gravuras, revistas, registro do gesto, o que constitui a passagem
jornais e outros meios de representação do gesto à imagem, que diz respeito ao
gráfica, portanto, grande maioria das crianças processo de representação.
já entra na escola com contato com os mais
variados tipos de desenhos (SILVA, 2002). Em seguida ocorre a nomeação, antes da
realização do desenho, transforma-se assim
Desde muito cedo, a criança utiliza o em simbólico por meio da linguagem oral.
lápis e o papel ou qualquer outro material
e superfície semelhante para registrar Neste momento de transição a criança
graficamente as suas marcas, seus traços, ou se dá conta de que é capaz de criar
imitar a escrita de um adulto. A imitação surge graficamente uma ideia mediante marcas
não como uma cópia, mas revela o desejo da deixadas no papel ou num suporte qualquer,
criança em produzir a sua própria escrita. aos poucos a criança introduz modificações
Desta vontade de representar, nascem os no desenho em razão do domínio crescente
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dos movimentos, mas principalmente dos a Educação Infantil passa a fazer parte do
progressos representativos. currículo escolar da Educação Básica, junto
com o Ensino Fundamental e o Médio,
desligando-se, assim das secretárias de
DESENHO E A ESCRITA NO assistência social e atrelando-se as secretarias
CONTEXTO DA EDUCAÇÃO de educação municipais e partindo da ideia
da criança ser completo, singular e único.
INFANTIL
A educação e os cuidados das crianças Atualmente, a criança vai à escola cada
por muitos séculos ficaram somente sobre a vez mais cedo, a independência financeira
responsabilidade da família, principalmente das mães e a ascensão no âmbito profissional
das mães ou mulheres da família. Com as deixa a cargo da escola a responsabilidade
mudanças sociais, principalmente a revolução de educar integralmente o seu filho.
industrial, as mulheres foram levadas a sair de
casa em busca de trabalho, surgindo assim, No ambiente escolar ou familiar que a
a necessidade de um espaço que pudesse criança ficará boa parte do seu tempo, e
amparar os filhos das mães trabalhadoras. são estes lugares que deverão proporcionar
experiências significativas para o seu
[...] a concepção de infância é, portanto, uma desenvolvimento.
construção social e histórica e varia de acordo
com a organização da sociedade. As mudanças
ocorridas na Educação Infantil estão ligadas a Nesse processo de aprendizagem e
fatores políticos e econômicos, nos séculos XV e processo criativo, o desenho será o ponto de
XVI, novos modelos educacionais foram criados
para contrapor aos desafios constituídos pelo partida. Desenhar, para uma criança torna-se
modo como a sociedade europeia se desenvolvia algo tão natural e prazeroso quanto o brincar.
(OLIVEIRA, 2002, p 28).
E é do entusiasmo do educador que nasce o
Nesse período a educação torna-se área brilho dos olhos das crianças, “Pois o educador
de pesquisa e debate teórico. Podemos é aquele que prepara uma refeição, que propõe
destacar a promulgação da Constituição a vida em grupo, que compartilha o alimento,
Federal (BRASIL, 1988) do Estatuto da que celebra o saber. “(MARTINS, 1998 p. 129)
Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990)
e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Diante dessa afirmação o principal papel
Nacional LDB nº 9.394/96 (BRASIL, 1996). nesse processo é do professor, pois as
crianças estão em constante procura do novo,
A Constituição Federal (BRASIL, 1988) experimentam, inventam, têm seus olhares
passa, então, a reconhecer o dever do Estado curiosos a respeito do mundo, descobrem
e o direito da criança a ser atendida, em novas possibilidades, tem necessidade de tocar
creches e pré-escolas, e consequentemente em objetos e descobrir diferentes sensações.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve a intenção de analisar a
contribuição do desenho infantil na aquisição da escrita da
criança na Educação Infantil.
Salientando a importância das diferentes linguagens para
o desenvolvimento integral da criança e o desenho é o ponto
de partida para a aquisição da escrita, surge como a vontade
de imitar o adulto.
MAYRA ROSANNA
O desenho na Educação Infantil, antecede à aprendizagem AMADASI
da escrita convencional e, por isso, ele é a primeira forma
Graduação em Pedagogia pelo
de representação gráfica utilizada pela criança para se Centro Universitário Fundação
comunicar. Santo André (2003); Especialista
em Educação Infantil pela
Faculdade Campos Elíseos (2018);
A partir dos estudos apresentados e discutidos Professora de Educação Infantil
anteriormente, é possível concluir que o desenho infantil no CEI Santa Teresa.
enquanto linguagem gráfica e artística contribui não só para
o brincar, como também para o desenvolvimento da escrita.
Este trabalho nos possibilitou refletir sobre a importância do desenho para a aquisição da
escrita, e a redução do mesmo quando a criança está no processo de alfabetização, devido
à importância que a escola atribui à alfabetização.
Vale destacar que esse processo de aprendizagem, no qual as duas linguagens são
inseridas, não se pode deixar de lado o papel do professor e sua metodologia, que tem um
papel fundamental de desenvolver as propostas e atividades educativas, as quais valorizem
os conhecimentos e as diferentes linguagens já vivenciadas e construídas pela criança, como
também, criar um ambiente que possa valorizar as produções gráficas infantis e o desenho
produzido por ela.
É importante compreender que é por meio do desenho que a criança pode se expressar,
comunicar e atribuir sentido aos seus sentimentos, pensamentos e sensações.
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REFERÊNCIAS
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O jogo pessoal “se denomina faz-de-conta com A evolução do jogo na criança se dá por fases
personificação e diz respeito ao engajamento que constituem estruturas de desenvolvimento
ativo (corporal) da criança em papéis de da inteligência: jogo sensório-motor, jogo
representações cênicas de natureza lúdica, simbólico e jogo de regras. O jogo de regras
tanto solitárias como em grupo. O faz-de-conta aparece por volta dos sete/oito como estrutura
projetado refere-se à brincadeira na qual a de organização do coletivo e se desenvolve até a
criança se utiliza de brinquedos “animados” por idade adulta nos jogos de rua, jogos tradicionais,
intermédio de manipulações (JUPIASSU, 2007, folguedos populares, danças dramáticas. O
p.35). jogo de regras favorece a aprendizagem da
co-operação, no sentido piagetiano. Na teoria
biológica de Piaget, o processo de equilibração
é promovido pela relação dialética entre a
A IMPORTÂNCIA DO JOGO assimilação da realidade ao eu e a acomodação
do eu ao real.
NO DESENVOLVIMENTO
DA CRIANÇA Tomando como referência a visão do
“Na Grécia antiga um dos maiores construtivismo sócio-histórico, Neves e
pensadores, Platão, afirmava que os primeiros Santiago (2010, p. 59) destacam que se
anos da criança deviam ser ocupados com pode pensar a função educativa do jogo em
jogos educativos praticados em comum “sua possibilidade em mediar oportunidades
pelos dois sexos” (ALMEIDA, 2003, p. 19). de desenvolvimento cognitivo (funções
psicológicas superiores) por meio de
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os jogadores entendem que fazem parte de um todo, são envolvidos pelo jogo junto aos
jogadores da plateia. Dessa forma colabora-se com a formação de um cidadão cooperativo,
tolerante e crítico (SANTOS e FARIA, 2010; SPOLIN, 2008).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a obrigatoriedade do ensino fundamental de nove
anos e o novo paradigma sobre como ocorre a aprendizagem
na infância, a escola precisa rever suas práticas, tempos e
espaços.
Para que o brincar cumpra sua função pedagógica, é essencial que a escola intervenha
nesse processo por meio de situações planejadas, otimização do espaço físico e estratégias
que proporcionem liberdade para que o professor possa abordar os componentes curriculares
através de jogos teatrais.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. Loyola, 2003
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SPOLIN, Viola. Jogos teatrais: o fichário de Viola Spolin. São Paulo: Perspectiva, 2008
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A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
NA FORMAÇÃO DE LEITORES
RESUMO: Esta pesquisa teve como objetivo compreender de que forma a contação de
histórias contribui no processo formação de leitores a partir do questionamento de como
esta prática colabora de forma significativa na apreciação pelo ato de ler. Para tanto, foi
realizado um estudo bibliográfico a partir de análises e estudos. Regina Machado, Gislayne
Avelar de Matos, Paulo Freire entre outros autores e autoras fundamentaram as concepções
apresentadas neste estudo. Foi possível concluir que as crianças, a partir do momento de
contar histórias, se constroem, produzem culturas e tem acesso ao mundo do imaginário,
se repertoriando contribuindo para que elas construam seu significado de mundo, e isso
proporciona o gosto pelo ler, estimulando esta pratica. As crianças, por meio da contação
de histórias, podem organizar maneiras diferentes de pensar o mundo que as cerca, dar
“lugar” à imaginação, ao lúdico, às brincadeiras, as formas de organização entre elas. Ouvir
histórias é essencial na formação das crianças e do adulto leitor, pois é um dos primeiros
contatos que elas estão tendo com o mundo letrado, mesmo que não saibam ler as palavras
convencionalmente.
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Existem algumas teorias de leitura, que ato de ler. Inicia-se com a decodificação,
buscam retratar como o leitor faz a aquisição posteriormente passa a compreender o
da captação das informações obtidas em texto de forma central, e por fim unifica
uma leitura. Cosson (2009) divide essas essas práticas, compreendendo que a leitura
teorias em três grupos, que se aproximam exige a união do leitor e do texto, e que não
pela forma de compreensão dos textos. podem sem dicotomizados.
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da floresta, que “faz sentido para o mundo as histórias tal quais estão escritas, imprimindo
socialmente aceitável” de modo tão correto ritmo à narrativa e dando a criança a ideia de
como dois e dois são quatro. (MACHADO, 2004, que ler significa atribuir significado ao texto e
p. 28) compreende-lo (BRASIL, 1998, p. 144).
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todos os saberes, é uma atividade ligada às trazem por vezes significados diferentes
emoções e sentidos, e voltando ao inicio do a determinados objetos e personagens. O
estudo, a aprendizagem se dá na interação mundo do “faz de conta”, leva às crianças
com externo e o interno, promovendo a para lugares “fora”, mas ao mesmo tempo
acomodação do conhecimento. dentro de si mesmo e da sua realidade.
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capaz de aplicar a estratégia adequada para compreender o que se lê. Um texto informativo
não se compreende da mesma forma que um conto de fadas, ambos têm características
especificas, e seus desafios de compreensão. Reforça-se que a única maneira de formar um
bom leitor é fazendo-o ler, além de destrinchar e estudar as especificidades de cada leitura
para que possam ser aprofundadas as diferentes maneiras de ler.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa buscou identificar quais os efeitos da
contação de história no processo de formação do leitor.
Pode-se concluir que contar história enriquece as crianças e insere-as no mundo letrado,
antes mesmo de saber ler. A contação de histórias promove um momento de apreciação,
de descoberta de mundo e saberes. É por meio do ler e do ouvir histórias que o indivíduo
adquire e constrói conhecimentos, se transforma e reflete sobre o mundo que o cerca.
Freire (1989, p.8), nos diz que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, ou seja, a
compreensão das palavras e do texto escrito se dá a partir de uma leitura crítica da vivência
de quem lê, fazendo uma relação entre o texto e o contexto. Portanto ouvir muitas histórias,
mesmo antes de saber ler, estimula o gosto e apreciação pela leitura faz com que a criança
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aprenda desde cedo a valorizar os momentos de ler, para que quando cresça, torne-se um
adulto critico, reflexivo e consciente. Esses estímulos devem começar com a contação
de histórias, uma das ações necessárias para a formação de um leitor e contribuir com os
processos de alfabetização e letramento.
Ouvir histórias é essencial na formação das crianças enquanto leitor e as práticas que
envolvem a leitura, a escrita e a comunicação, tornam o ambiente favorável ao letramento.
A inserção da criança ocorre de forma paralela, e por isso tem significados relevantes no
processo de aprendizagem do aluno.
Cabe aos docentes, saber introduzir esse material tão rico em detalhes na aprendizagem
da criança, de modo consciente, para que as histórias consigam despertar na criança o desejo
por ouvir e ler mais histórias futuramente, tornando-se assim, possivelmente, um amante
dos livros.
Afirma-se que a contação de histórias é uma das ferramentas que proporciona que as
crianças tenham acesso a um mundo novo, visando o uso da imaginação, criatividade e
proporcionando aos educandos um contato com o mundo da fala e da escrita, o que se torna
decisivo em seus processos aquisitivos de conhecimento. E cabe aos professores garantir o
acesso às diferentes modalidades da literatura para seus alunos, aproximando-os ao mundo
mágico das histórias.
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REFERÊNCIAS
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NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO
RESUMO: O texto aborda a possibilidade de inserção dos significativos avanços da
neurociência, como constituintes de saberes disciplinares, nos cursos de formação de
professores. Na perspectiva adotada, esses saberes, que fundamentam um saber pedagógico,
proporcionam subsídios teóricos para a ação docente, uma vez que a compreensão de como
o cérebro funciona permite um melhor entendimento da aprendizagem e o consequente
aprimoramento da transposição didática. Como resultado, destaca-se a necessidade de
revisão das estruturas curriculares dos cursos de formação de professores, em especial das
licenciaturas, indicando como alternativa a inserção de disciplinas, ou a reestruturação de
disciplinas já existentes, com vistas a propiciar a interlocução entre neurociência, ensino e
aprendizagem.
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as situações prazerosas da vida originam- 1973; Saavedra, 2002; Mari, 2002, Flores,
se da atividade dos circuitos neuronais no 2003). A neurociência investiga o processo
cérebro (Johnston, 1999; LeDoux, 2002). de como o cérebro aprende e lembra, desde
Nossa habilidade de pensar e armazenar o nível molecular e celular até as áreas
lembranças depende de atividades físico- corticais. A formação de padrões de atividade
químicas complexas que ocorrem nos neural considera-se que correspondam a
circuitos neuronais (Dudai, 1989; Rose, determinados “estados & representações
1992; Schacter, 1996; Fields, 2005). Os mentais” (Kelso, 1995; Shepherd, 1998).
circuitos neuronais existentes no cérebro e
medula espinhal programam todos nossos O ensino bem sucedido provocando
movimentos, desde colocar fio no buraco alteração na taxa de conexão sináptica,
da agulha até chutar uma bola na partida afeta a função cerebral. Por certo, isto
de futebol. Este entrelaçado de processos também depende da natureza do currículo,
neuronais também controla inúmeras da capacidade do professor, do método de
funções no organismo humano. ensino, do contexto da sala de aula e da
família e comunidade. Todos estes fatores
interagem com as características do cérebro
NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO dos indivíduos (Lowery, 1998; Westwater &
Wolfe, 2000; Ramos, 2002). A alimentação
O aprender e o lembrar do estudante afeta o cérebro da criança em idade escolar.
ocorre no seu cérebro. Conhecer como Se a dieta é de baixa qualidade, o aluno não
o cérebro funciona não é a mesma coisa responde adequadamente à excelência do
do que saber qual é a melhor maneira de ensino fornecido.
ajudar os alunos a aprender. A aprendizagem
e a educação estão intimamente ligados
ao desenvolvimento do cérebro, o qual é DINÂMICA DO
moldável aos estímulos do ambiente (Fischer FUNCIONAMENTO
& Rose, 1998). Os estímulos do ambiente
levam os neurônios a formar novas sinapses. CEREBRAL
Assim, a aprendizagem é o processo pelo qual Tanto em nível funcional como estrutural,
o cérebro reage aos estímulos do ambiente, esse tema tenta saber como o cérebro se
ativando sinapses, tornado-as mais “intensas”. organiza. Nos últimos anos ela foi mais além,
Como conseqüência estas constituem-se em querendo não apenas saber como funciona
circuitos que processam as informações, com o cérebro, mas também a repercussão que
capacidade de armazenamento molecular esse funcionamento tem sobre nossos
( Shepherd, 1994; Mussak, 1999; Koizumi, comportamentos, nossos pensamentos e
2004). O estudo da aprendizagem une a nossas emoções.
educação com a neurociência (Livingstone,
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O objetivo de relacionar o cérebro com ciência. Inclui desde a pesquisa básica até a
a mente é tarefa da neurociência cognitiva. aplicada que trabalha com a repercussão dos
É uma mistura entre a neurociência e a mecanismos subjacentes no comportamento.
psicologia cognitiva. Essa última preocupa-se Dentro da neurociência cognitiva , os
com o conhecimento de funções superiores estudos visam entender como funcionam
como a memória, a linguagem ou a atenção. aspectos ligados ao sistema nervoso, como
Assim, o objetivo principal da neurociência a linguagem, a memória ou a tomada de
cognitiva é relacionar o funcionamento decisões.
do cérebro com as nossas capacidades
cognitivas e emocionais. A neurociência cognitiva tem como
objetivo principal estudar as representações
nervosas dos atos mentais. Ela se concentra
OBJETIVOS DA nos substratos neurais dos processos mentais.
NEUROCIÊNCIA Isto é, qual é a repercussão do que ocorre
no nosso cérebro em nosso comportamento
Para explicar o que a neurociência tem em e nossos pensamentos? Foram detectadas
mente, precisamos primeiro saber o que é a áreas específicas do cérebro encarregadas de
neurociência, de acordo com a Enciclopédia funções sensoriais ou motoras, mas somente
Larousse, descrevê-la como: Um conjunto de representam uma quarta parte do total do
disciplinas científicas e médicas que estuda córtex.
o sistema nervoso. Assim, a neurociência é
uma disciplina com muitos ramos, com os São as áreas de associação, que não
quais também terá objetivos diferentes. possuem uma função específica, as
encarregadas de interpretar, integrar e
O principal objetivo da neurociência é coordenar as funções sensoriais e motoras.
revelar o que é o funcionamento biológico Seriam as responsáveis pelas funções mentais
subjacente ao pensamento, emoções, superiores. Áreas cerebrais que governam as
comportamento e processos superiores da funções como a memória, o pensamento, as
mente humana (aprendizagem, memória, emoções, a consciência e a personalidade
atenção, linguagem ...). são muito mais difíceis de localizar.
A neurociência é responsável por descrever A memória está vinculada ao hipocampo,
a estrutura do sistema nervoso e o processo situado no centro do encéfalo. Em relação
de desenvolvimento que leva desde sua às emoções, sabe-se que o sistema límbico
formação antes do nascimento até a morte. controla a sede e a fome (hipotálamo), a
agressão (amígdala) e as emoções em geral.
O estudo científico do sistema nervoso No córtex, onde se integram as capacidades
abarca um espectro muito amplo dentro da cognitivas, é o lugar em que se encontra
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visual, auditivo, olfativo, tátil etc. Neurônios dúvida e se dá por satisfeito ao ouvir “não,
dessas áreas estabelecem conexões com um entendemos sim”, ele perde a oportunidade
terceiro grupo de neurônios que integram, de verificar se de fato os alunos estavam
assim, todas as informações relacionadas, atentos à aula e compreendendo o que ele
por exemplo, à referida maçã. explicava. Só temos certeza de que nosso
cérebro processa uma informação recebida
A rede neural que se estabeleceu, a partir passivamente se ele tiver de usá-la de alguma
da ativação de neurônios relacionados forma. O aluno pode ter ficado o tempo
às várias modalidades sensoriais, dá um todo olhando para o professor e pensando
significado mais completo, detalhado e rico no quanto ele o acha legal (ou não), sem
sobre a maçã e poderá ser mais facilmente sequer saber sobre o que o professor falava.
reativada por qualquer estímulo, seja ele o Ou pode ocorrer também que a aula tenha
cheiro, a evocação de sua forma ou de seu sido espetacular: o aprendiz consegue
gosto. Reativação mais frequente dessa compreender tudo o que o professor
rede neural levará a melhor consolidação da apresentava de forma muito didática e ficou
memória da fruta. As estratégias pedagógicas com a sensação de que entendeu tudo.
devem utilizar recursos multissensoriais,
para ativação de múltiplas redes neurais Qualquer que seja a situação, o professor
que estabelecerão associação entre si, deveria perguntar ao aluno “o que você
proporcionando um pensamento mais entendeu sobre o que eu falei?” ou poderia
complexo sobre o que se aprende e também solicitar a ele que explicasse para um colega
favorecendo a memorização do que foi o que entendeu da aula ou incentivar
aprendido. todos os aprendizes a elaborar um texto
relembrando as informações apresentadas,
ou ainda motivar, por meio de perguntas,
ESTIMULAR OS SENTIDOS a discussão de tópicos da aula entre os
colegas. Essas estratégias dariam aos alunos
Recursos multissensoriais ativam a oportunidade de usarem a memória
múltiplas redes neurais. Aprender sobre o operacional que ainda estiver processando a
corpo humano num museu interativo tem aula, para fazer associações e comparações
efeito bem diferente daquele de apenas ler com outros conhecimentos e experiências já
a matéria. armazenados na memória e relacionados ao
que foi apresentado. Assim, o aluno poderá
perceber lacunas no seu entendimento
RETOMAR O CONTEÚDO sobre o que foi abordado. O estudante só
aprenderá algo novo se o cérebro dele tiver
Quando um professor, ao finalizar a aula, oportunidade e for motivado a processar o
pergunta aos alunos se eles têm alguma que lhe é apresentado. Aprendizagem resulta
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são importantes para comportamentos do sido bem diferente de uma aula expositiva
cotidiano do indivíduo. sobre o mesmo tema.
O cérebro se estruturou ao longo da
DORMIR BEM evolução, proporcionando ao indivíduo
aprendizagem e, portanto, aquisição de
Enquanto dormimos, o cérebro reorganiza comportamentos que possibilitem sua melhor
suas sinapses, elimina aquelas em desuso adaptação e sobrevivência aos contextos
e fortalece as que são importantes para
comportamentos do cotidiano do indivíduo.
DESPERTAR CURIOSIDADE
DESAFIAR O (DES) Aprendemos o que é significativo e
CONHECIMENTO necessário para vivermos bem e esquecemos
aquilo que não tem relevância para a nossa
Por que temos chulé? Por que temos vida.
espinhas? Por que os preços sobem? Toda
chuva tem trovão? Quais são os erros de A escola deve ser um local onde o
português na música Shopis centis? Despertar aprendiz se transforma, desenvolvendo
curiosidade, tornar o assunto interessante, suas habilidades para analisar situações,
fazer uso de conhecimentos prévios e dar identificar problemas e pensar em soluções.
significado ao que se aprende são estratégias Ele precisa sentir que a participação naquela
valiosas para promover aprendizagem. aula o tornará mais apto ao seu contexto de
Uma aula que começa com uma pergunta vida.
que se desdobra noutras que despertem
o interesse do aluno e desafiem seu (des) O cérebro, por meio da atenção, seleciona
conhecimento tem maior chance de recrutar as informações mais relevantes para o bem
a atenção do aprendiz. Para levar os alunos estar e a sobrevivência do indivíduo. E ignora
a responder às perguntas, o professor pode o que não tem relação com sua vida, seus
fazer uso de estratégias variadas, utilizando desejos e necessidades.
um vídeo para ilustrar e solicitando aos
grupos de alunos que busquem a resposta Dificilmente um aluno prestará atenção
em diferentes fontes – eles podem usar a em informações que não compreende,
biblioteca ou os computadores da escola não tenham relação com o seu arquivo de
ou até seus celulares. As respostas podem experiências, com seu cotidiano, ou não
ser comparadas com dados do livro-texto e, sejam significativas para ele. Sabemos que a
ainda, cada grupo pode apresentar a defesa atenção é imprescindível para o registro de
de sua “resposta”. Se assim for, essa aula terá memórias. A abordagem dos conteúdos das
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disciplinas por meio de assuntos, exemplos descanso ou para contar um caso curioso ou
e ferramentas que estejam relacionados ao surpreendente.
cotidiano do aluno, ou que sejam novidade
e despertem sua vontade de conhecer,
motivará o aprendiz. Atualmente, o uso EMOÇÕES
bem planejado e dosado da tecnologia em
sala de aula, por meio de mídias variadas, São valiosas para a aprendizagem.
para contemplar objetivos de aprendizagem Influenciam funções importantes, como
interessantes e desafiadores, favorece o atenção e memória. O professor deve ser
engajamento do aprendiz na aula e previne perspicaz em relação às suas emoções, às
sua distração pela própria tecnologia. dos alunos e às da turma como um todo.
A abordagem de temas sob a forma de
problemas, que geram curiosidade, até pelo
desconhecimento que o aluno é levado a PRAZER EM APRENDER
perceber que tem, aumenta o interesse do
aprendiz, favorecendo sua atenção. Aliás, contextos, estratégias e conteúdos
que desencadeiam emoções favorecem a
No entanto, a atenção flutua ao longo do aprendizagem. As emoções influenciam
tempo, principalmente quando a atividade funções importantes para a aprendizagem,
em questão não é motivadora. Podemos nos como atenção, percepção, memória, funções
distrair pensando em situações passadas executivas. Aprendemos aquilo que nos
ou futuras ou mudando o foco de atenção emociona. As emoções indicam para o
para outro estímulo do ambiente, como cérebro o que é importante à sobrevivência
um ventilador, o colega ao lado ou uma do indivíduo e o que vale o esforço e gasto
mensagem no celular. O cérebro não energético necessários à aprendizagem. No
processa dois estímulos simultaneamente, e cérebro, áreas que regulam as emoções,
sim alterna sua atenção entre um estímulo relacionadas ao medo, ansiedade, raiva,
e outro, perdendo parte da informação, prazer, motivação, influenciam áreas
o que compromete a memória. Por isso, importantes para a formação de memórias.
é recomendável evitar aulas longas, sem Situações que favorecem a aprendizagem
intervalos e com conteúdos muito densos, são aquelas prazerosas, motivadoras,
pois muito da aula é “perdido” com essas que produzam curiosidade e expectativa,
distrações. Se longas, as aulas devem contar signifiquem desafios, seguidas de sensação
com alternância de atividades (exposição de bem-estar pela solução da questão,
de tema, perguntas que motivem discussão permeadas por afeto ou até mesmo por
do tema entre colegas, vídeos, produção pequeno e transitório estresse, como em
de textos, entre outros), de entonação de caso de tarefas difíceis, mas transponíveis.
voz e posição do professor e pausas para A ativação de circuitos neurais de prazer e
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chances para a formação de memórias de Notas não deveriam ser a força motriz
longa duração. E é mais eficiente do que da aprendizagem. Avaliações, e as notas
o aluno apenas reler ou rever o conteúdo consequentes, deveriam funcionar como
apresentado. A recordação de determinada indicadores de que as estratégias de ensino
informação contribui para sua maior retenção e de estudo estão sendo eficientes ou não e
na memória, o que é chamado “efeito motivar o professor e o aluno para adoção de
testagem”. Uma aprendizagem baseada estratégias alternativas. Por isso, a devolução
em evocação do que foi apresentado ao das provas corrigidas é importante, pois
aluno melhora o desempenho dele. Isso é possibilita ao aluno constatar o erro e o
constatado quando, dias depois, o aluno é que o causou, quer seja uma dificuldade de
submetido a uma avaliação tradicional. O compreensão, retenção da informação ou
uso de testes do tipo “falso ou verdadeiro” distração. O aluno precisa saber por que
e de múltipla escolha também é uma está errando e onde está falhando para
forma de evocar a informação por meio poder refletir sobre o que ele pode fazer
de reconhecimento – o aluno compara a para melhorar. E, em alguns casos, precisa
informação armazenada na memória e os ter orientação sobre o que deve fazer, se não
estímulos apresentados durante o teste. No conseguir descobrir isso por conta própria.
entanto, esses testes não são tão eficientes Nem sempre o aluno sabe como estudar uma
quanto a recordação livre, porque o aluno matéria, como transformar o que lê em algo
pode, ao ser apresentado a uma afirmativa que faça sentido. Às vezes, uma orientação
falsa e considerá-la verdadeira, armazená-la sobre “como pensar” aquele conteúdo
como tal na memória. O feedback em relação específico pode ajudar. Na aprendizagem,
às questões ameniza esse efeito negativo e é imprescindível o estabelecimento de
dá oportunidade ao aluno de constatar o que uma relação de confiança entre professor e
interpretou de forma equivocada. Solicitar aprendiz, na qual este tem a convicção de que
a ele que justifique ou corrija afirmativas o outro está ao seu lado, não para escolher o
falsas também é uma forma de testar por caminho a trilhar, mas para orientá-lo sobre
evocação. Esse processo de apresentar como trilhar um caminho que lhe dê mais
conteúdos e dar oportunidade de evocação, condições de ser bem-sucedido.
aplicação, constatação de erros, dúvidas e
discussão do que não foi compreendido e
nova oportunidade de verificação do que AVALIAÇÕES
foi armazenado é a base da aprendizagem.
A partir desse fundamento, o professor pode As avaliações é um dos temas muito
criar estratégias de avaliação diversificadas discutido ao longo do século XX até os dias
que tenham como objetivo auxiliar a atuais. O aluno precisa saber por que está
aprendizagem ou verificá-la. errando e onde está falhando para poder
refletir sobre como melhorar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A neurociência oferece um grande potencial para nortear
a pesquisa educacional e futura aplicação em sala de aula.
Pouco se publicou para análise retrospectiva. Contudo,
faz-se necessário construir pontes entre a neurociência e a
prática educacional. Há forte indicação de que a neurociência
cognitiva está bem colocada para fazer esta ligação de
saberes. Políticas educacionais devem ser planejadas através
da alfabetização em neurociência, como forma de envolver o
público em geral além dos educadores. É preciso aprofundar
o estudo de ambientes educativos não tradicionais, que
privilegie oportunidades para que os alunos desenvolvam MIRIAM CRISTINA
entendimento, e que possam construir significado à partir DA SILVA SANTOS
de aplicações no mundo real.
Graduação em Pedagogia pela
Universidade Norte do Paraná
(2006).
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REFERÊNCIAS
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1998.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... sim, mas como? Porto Alegre: Artmed, 1998.
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MORIN, Edgar. O método III: o conhecimento do conhecimento. Porto Alegre: Sulina, 1999.
ZABALZA, Miguel A. O ensino universitário: seu cenário e seus protagonistas. Porto Alegre:
Artmed, 2004.
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Almeida (2013), afirma que em inúmeros fóruns, o Brasil tem realizado compromissos
acerca dos direitos humanos, com seus respectivos mecanismos de proteção para assegurar
o seu exercício pleno.
O referido autor ainda mostra que a legislação educacional que trata sobre inclusão
baseia-se na Constituição Federal de 1988. Chamada de constituição cidadã, visto que
deu alta relevância aos direitos do cidadão, o artigo 208 – inciso III, diz que o Estado tem
como dever efetivar a educação através de medidas de garantia ao atendimento educacional
especializado aos alunos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino. Tal norma possibilitou a edição de diversas outras leis relacionadas ao atendimento
inclusivo especializado. Entre elas apresentam-se:
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Porém, na prática, dados do IBGE em uma análise feita pelo UNIFEC (2000), mostram que
mesmo com todo embasamento, há uma necessidade de adaptação na prática, pois crianças
e os adolescentes com qualquer tipo de deficiência, com idades entre 7 e 14 anos, possuem
chances dobradas de estarem fora do ambiente escolar, em comparação com as crianças
que não possuem nenhum tipo de deficiência no nosso país. E aqueles com idade entre 12
e 17 anos, que apresentam paralisia, falta ou amputação de algum membro, ou aqueles que
apresentam deficiência mental têm quatro vezes mais possibilidade de estar fora da escola
do que os adolescentes sem nenhuma deficiência.
Ainda de acordo com dados divulgados pelo IBGE (2000), 32,9% da população sem
instrução ou com até três anos de estudo possuem alguma deficiência. Além disso, onze
milhões de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, na faixa etária dos 15 anos, não
possuem algum estudo ou baixíssima escolaridade.
Dessa forma, conforme afirma Mendes (2001, p.17), “ao mesmo tempo em que o ideal de
inclusão se populariza, e se torna pauta de discussão obrigatória, surgem às controvérsias,
menos sobre seus princípios e mais sobre as formas de efetivá-la.”
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, pode-se observar uma falência no sistema
público educacional, e neste sistema, o professor tem papel
fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Em
geral, há muito o que ser melhorado, desde ambiente físico
à formação dos professores, números de aluno em classe,
participação da equipe gestora, entre outros. Ao pensar
no aluno especial, o assunto é muito mais delicado visto
que cada caso é extremamente especifico e cabe a equipe
educacional inseri-lo da melhor maneira para que toda sua
capacidade mental seja explorada.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA. Márcio José Magalhaes. Reflexo da legislação sobre a educação inclusiva nas
escolas públicas e privadas. Direto em ação, Brasilia, v.10, n.1, 2013.
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deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, v. 11, n. 21, mar. 2001, p. 160-173.
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www.ufjf.br/virtu/files/2010/04/artigo-2a8.pdf> Acesso em: Acesso em 25 Jan 2019.
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Adolescência Brasileiras, Diversidade e Equidade, 2003, baseando-se em dados colhidos
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o Censo Demográfico 2000.
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A MÚSICA DENTRO DO
CONTEXTO ESCOLAR
RESUMO: Esse artigo tem como objetivo mostrar que a música é uma forma de expressão
da humanidade, quando observamos que, por dificuldades diversas, a música vem perdendo
espaço dentro das escolas, sendo preciso que seja feita alguma coisa. É necessário estudar
sobre o trabalho com música em sala de aula, a inserir a música no contexto escolar e
dar a oportunidade das crianças de tomar contato, experimentar e vivenciar a música. A
música é muito importante para o ser humano, especialmente para as crianças, em fase de
desenvolvimento e aprendizado do mundo, sendo uma forma de se expressar suas emoções,
pela sociabilidade, pela disciplina, pelo raciocínio lógico, são valiosíssimos para toda a vida. É
interessante aos professores que busquem embasamento teórico e atividades práticas para
cada faixa do ensino fundamental, sendo uma porta que abre e apresenta um amplo campo
de sugestões para o desenvolvimento de um trabalho sério de música dentro da escola.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As crianças precisam estar em contato com diversos
estímulos sonoros, mas são necessários cuidados com o
que apresentamos para as crianças, para que a música seja
usada em diversas atividade, mas que não seja apenas um
fundo, deixando de usufruir e valorizar o silêncio, atividades
com fundo musical que acalme as crianças quando é preciso
que se façam uma atividade de avaliação, às vezes acaba
atrapalhando, precisamos valorizar a música e o silêncio para
que tudo flua da melhor maneira possível.
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REFERÊNCIAS
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Escolas Públicas do Rio de Janeiro. Tese de Dourado. FE/UFRJ, 1998.
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GAINZA, V. Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo: Summus, 1988.
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GIROUX, Henry A. Os Professores como intelectuais transformadores: rumo a uma nova pedagogia crítica
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LURIA, A. R. Desenvolvimento cognitivo: seus fundamentos culturais e sociais. São Paulo: Ícone, 1994.
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MÁRSICO, Leda Osório. A criança e a Música: um estudo de como se processa o desenvolvimento musical
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Porto Alegre: Kuarups, 1988.
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TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS NO BRASIL
RESUMO: O objetivo principal deste trabalho é relatar a trajetória da Educação de Jovens
e Adultos, remontando-a desde o Brasil República até a contemporaneidade. Destacando
também a legislação na Educação de Jovens e Adultos, tais como: Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB 9.394/96); Constituição Federal de 1988 e Parecer CEB 11/2000, que
foram de suma importância pela Educação de Jovens e Adultos chegar nos moldes atuais e
pela sua melhoria ao longo dos anos. Tem como principal objetivo mostrar como foi e como
se desenvolveu a trajetória da Educação de Jovens e Adultos desde o Brasil República até a
atualidade e as mudanças significativas que ocorreram com o passar dos anos. A metodologia
utilizada foi a qualitativa e como abordagem a pesquisa bibliográfica visando demostrar como
ocorria o processo de alfabetização antigamente e como ele se modificou ao longo dos anos.
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deveria ser dividido em duas seções: uma 1891, pois eram vistos como incapazes de
para os que não tinham nenhuma instrução e decidirem por si próprios. A Constituição de
outra para aqueles que já possuíam alguma” 1891 não trouxe muitas mudanças para a
(p. 31). educação de jovens e adultos, ela continuou
pautada a uma orientação descentralizadora
O mesmo autor ainda complementa da educação popular. A única ação que
dizendo que: teve amplitude nacional ocorreu em 1913,
e foi realizada pelo Exército, em escolas
“O ensino para adultos parecia assumir, em alguns regimentais criadas, para proporcionar o
casos, um caráter de missão para aqueles que a eles
se propusessem, na medida em que os professores ensino educacional primário aos soldados
que ensinavam durante o dia não receberiam analfabetos, as aulas eram ministradas por
nenhum salário ou gratificação a mais para abrir professores civis. Mas foi uma ação que não
aulas noturnas” (p.31).
se expandiu e de caráter numérico pouco
expressivo.
Na metade do século XIX a educação de
jovens e adultos ainda era vista como uma “O Recenseamento Geral de 1940, um dos produtos
do processo de modernização do Estado, colocara
forma de acabar ou diminuir a “ignorância” em grande evidência a gravidade da situação
dos não alfabetizados, ou seja, iluminando educacional, revelando, entre outras realidades
suas mentes com o saber. No final do século inquietantes, que mais da metade da população
de maiores de 15 anos era constituída por jovens e
XIX ainda existiam restrições às questões adultos analfabetos” (p.208-209).
relacionadas à escolarização que fazia
com que somente a minoria da população Segundo Galvão (2005), muitos dos
tivesse acesso a ela. De acordo com a intelectuais brasileiros traziam consigo um
UNESCO (2008), “Até fins do século XIX, as sentimento de “vergonha”, devido ao grande
oportunidades de escolarização eram muito índice de analfabetos, onde cerca de 80%
restritas, acessíveis quase que somente da população se encaixava nessa situação.
às elites proprietárias e aos homens livres Sendo que, desses 80% analfabetos pode-
das vilas e cidades, minoria da população” se retirar o percentual de 02 a cada 10
(p.24). que conseguiam ler cartas, jornais, livros
e documentos, ou seja, um número muito
baixo de pessoas alfabetizadas e um altíssimo
A EDUCAÇÃO DE JOVENS índice de analfabetos
E ADULTOS NO BRASIL
Em 1946 com o retorno da democracia no
REPÚBLICA Brasil a lei que atendia ao Ensino Primário
De acordo com Beisiegel (1998), o direito expandiu-se para o ensino supletivo.
ao voto ainda não era admitido aos sujeitos Entretanto somente em 1947 a educação
analfabetos durante a Constituição de de adultos ganha força com a Campanha de
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Educação de Adultos lançada pelo governo no que diz respeito ao aprendizado, pois,
com o intuito de alfabetizar a população, eram efetivadas em um curto prazo, os
sendo que, um dos motivos para sua criação programas eram inadequados e os materiais
foi o alto índice de analfabetos com idade utilizados não levavam em consideração as
de 15 anos ou mais. O autor ainda diz que especificidades dos adultos nelas envolvidos
a Campanha criou uma infraestrutura para e nem as diferenças regionais. (UNESCO,
atender aos jovens e adultos, produziu 2008).
vários materiais pedagógicos para trabalhar
com os mesmos. Galvão (2005) diz que, “A
Campanha fez vários apelos ao engajamento DÉCADA DE 1960
de voluntários para erradicar o “mal
do analfabetismo” do País” (p.42). Essa No início da década de 1960 surgem os
Campanha tinha como objetivo erradicar movimentos de educação e cultura popular.
o analfabetismo, ainda tinha-se um olhar A educação de adultos passa a ser vista como
assistencialista para com a educação de um problema político, pois, mais de 50% da
adultos. população era constituída de analfabetos e
por esse motivo o direito ao voto eram-lhes
Os políticos e intelectuais da época vetado. De acordo com a UNESCO (2008)
republicana acreditavam que a alfabetização nessa época:
tinha o poder de regenerar a massa
populacional pobre como, brancos e negros “[...] a alfabetização de adultos compôs estratégias
de ampliação das bases eleitorais e de sustentação
libertos, fazendo com que houvesse a política das reformas que o governo pretendia
iluminação e disciplina dessas camadas realizar. A efervescência político-social do período
sociais consideradas incivilizadas e incultas. compôs o cenário propicio à experimentação
de novas práticas de alfabetização e animação
(UNESCO, 2008). Ainda na década de 1940, sociocultural popular, que em sua maioria adotaram
fica em grande evidência a grave situação a filosofia e o método de alfabetização proposto
educacional do país, em meio a outros por Paulo Freire” (p.26).
problemas.
Nesse período o analfabeto passa a ser
Nos anos de 1950 surgiram inúmeras e visto como construtor de seu aprendizado,
diversas outras campanhas de alfabetização, assim como diz Galvão (2005), “[...] a
mas nenhuma delas obteve resultados alfabetização de adultos deveria contribuir
concretos. Dentre elas destacam-se a CEAA para a transformação da realidade social”
(Campanha de Educação de Adolescentes e (p.44). Por isso Paulo Freire propunha que
Adultos), Campanha Nacional de Educação a produção do conhecimento tivesse como
Rural, em 1952 e a Campanha Nacional de ponto de partida a realidade do aluno e
Erradicação do Analfabetismo, em 1958. partisse de palavras geradoras que eles já
Essas campanhas eram de caráter superficial conhecessem.
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alfabetização de adultos não é de caráter adultos passou a ser mantida pelos estados
profissional, podendo assim, qualquer um e municípios. Como pode ser observado na
com o mínimo de treinamento realizar essa citação seguinte referente a UNESCO (2008)
função. (BARREYRO). “[...] são os estados e municípios, que mantém
as redes escolares, capazes de acolher a
O Programa Brasil Alfabetizado, assim maior parte dos estudantes jovens e adultos
como o Alfabetização Solidária faz parte das [...] proporcionando-lhes a continuidade dos
políticas públicas recentes de educação de estudos e a consolidação das aprendizagens”
jovens e adultos, ambas assumem funções (p.42).
subsidiarias de financiamento e apoio aos
Estados, Municípios e organizações sociais. A partir do ano de 2004 o Ministério
O Programa Brasil Alfabetizado é uma da Educação (MEC) reuniu a gestão dos
iniciativa do Governo Federal do Brasil, criado programas de apoio à alfabetização e
em 2003 por Cristovam Buarque e ampliado ensino fundamental de jovens e adultos
em 2007 por Fernando Haddad, atualmente na Secretaria de Educação Continuada,
é instituído pelo Decreto 6.093/2007. Alfabetização e Diversidade (SECAD),
(CARDONA, 2010) que era uma nova secretaria, instituindo
uma Comissão Nacional para consulta aos
Foi um programa criado pelo Governo municípios, organizações e estados.
Federal, mas o MEC que é o responsável
por sua execução, tem como objetivo
alfabetizar jovens de quinze anos ou mais, A DÉCADA DAS NAÇÕES
adultos e idosos, com o intuito de promover UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO
a universalização do ensino fundamental e
assim tentar erradicar o analfabetismo no A Assembleia Geral da resolução de n°
Brasil. Possibilitando a todos os cidadãos 56/116 fala que a alfabetização é importante
o acesso a cidadania por intermédio da para a aquisição de habilidades essenciais
educação, sendo que, sua prioridade é para a vida. PAIVA et al. (2007):
atender aos municípios que apresentarem os
piores índices de analfabetismo. “[...] a alfabetização é de importância crucial para a
aquisição, por todas as crianças, jovens e adultos,
de habilidades essenciais para a vida, que os
Embora o Governo Federal tenha capacitem a enfrentar os desafios que eles podem
concedido, financiado e coordenado à vir a encontrar na vida, representando um passo
essencial para a educação básica, que consiste num
alfabetização de jovens e adultos durante meio indispensável para a participação efetiva nas
muito tempo, ele não é mais o responsável sociedades e nas economias do século 21.” (p.146).
em atender a essa modalidade de ensino.
Pelo fato da educação básica no Brasil ser De acordo com a visão aplicada na Década
descentralizada, a educação de jovens e da Alfabetização, a Alfabetização para Todos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na presente pesquisa, foi possível notar que a
Educação de Jovens e Adultos passou por grandes e notáveis
avanços e mudanças. Por muitos anos a Educação de Jovens
e Adultos foi vista como uma forma de iluminar as mentes
com o conhecimento, somente pequena parte da população
tinha acesso a escolarização, ou seja, as elites detentoras do
poder eram privilegiadas.
Os jovens e adultos são sujeitos que já chegam ao âmbito escolar com objetivos traçados
e metas a serem alcançadas, por isso os professores juntamente com a equipe pedagógica
deveriam planejar aulas diferenciadas que prendam e chamem a atenção dos educandos,
adaptando os conteúdos de acordo com o que eles vivenciam em sua realidade, em seu dia-
a-dia. Mostrar na prática como que as disciplinas escolares são importantes e auxiliam na
resolução de problemas. Por exemplo, as disciplinas de Matemática e Português poderiam ser
trabalhadas contextualizando o dia-a-dia dos alunos que em sua maioria são trabalhadores
do lar, comércio, construção civil e donas de casa, tendo como recurso panfletos de
lojas, supermercados, lista telefônica, receitas de culinária entre outros favorecendo o
desenvolvimento, competências de leitura, cálculos e resolução de problemas encontrados,
mostrando-lhes situações reais, de como comprar um produto à vista ou parcelado, quais
as vantagens e desvantagens de ambas as opções e partes, fazer com que eles percebam,
calculem e descubram quanto irão pagar de juros e assim sucessivamente. As outras
disciplinas também devem fazer parte desse planejamento que articuladas e dialogando entre
si por meio da interdisciplinaridade o resultado poderia ser melhor, com aulas prazerosas,
dinâmicas e produtivas.
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REFERÊNCIAS
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no Brasil, In ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correa de; LEAL, Telma Ferraz. A alfabetização de Jovens
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uma memória Contempôranea 1996-2004. Brasília: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização
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SOARES, Leôncio José Gomes. Educação de jovens e adultos-Diretrizes Curriculares Nacionais. Rio de
Janeiro: DP&A, 2002.
UNESCO. Alfabetização de jovens e adultos no Brasil: lições da prática. Brasília: UNESCO, 2008.
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uma forma que se componha de instrumentos contornos a partir dos séculos XVI e XVII. As
adequados que possam oferecer às crianças mudanças de sensibilidade que se começam
suporte suficiente para o seu desenvolvimento a verificar a partir do Renascimento tendem
biopsicossocial completo. A disponibilidade a deferir a integração no mundo adulto cada
destes instrumentos deve ter por meta a vez mais tarde e, a marcar, com fronteiras
atuação profissional qualificada para que bem definidas, o tempo da infância,
se constitua como elemento propiciador progressivamente ligado ao conceito da
de técnicas instrumentalizadas de forma a aprendizagem e de escolarização. Importa,
prevenir possíveis dificuldades no processo no entanto, sublinhar que se tratou de
de desenvolvimento infantil que possam um movimento extremamente lento,
ocasionar a defasagem na aprendizagem inicialmente bastante circunscrito às classes
escolar. mais abastadas.
Com base nas Diretrizes Curriculares Com a Constituição de 1988 teve início ao
Nacionais podemos definir a Educação reconhecimento da educação infantil, depois
Infantil como a primeira etapa da educação em 1990, com o Estatuto da Criança e do
básica, oferecida em creches e pré-escolas, Adolescente (ECA, Lei federal 8069/90), que
às quais se caracterizam como espaços dentre os direitos estava o de atendimento
institucionais não domésticos que constituem em creches e pré-escolas para as crianças
estabelecimentos educacionais públicos ou até os 6 anos de idade. Pela primeira vez
privados que educam e cuidam de crianças na história, uma constituição do Brasil faz
de 0 a 5 anos de idade no período diurno, referência a direitos específicos das crianças,
em jornada integral ou parcial, regulados e que não sejam aqueles circunscritos ao
supervisionados por órgão competente do âmbito do Direito da Família. Também pela
sistema de ensino e submetidos a controle primeira vez, um texto constitucional define
social. claramente como direito da criança de 0
a 6 anos de idade e dever do Estado, o
Nos séculos XV e XVI foram criados os atendimento em creche e pré-escola.
modelos educacionais surgindo assim as
concepções sobre a criança e como ela A partir destas Leis, a Educação Infantil
deveria ser educada. Neste novo cenário a foi colocada como a primeira etapa da
imagem da infância mudou, desencadeando Educação Básica no Brasil, abrangendo as
uma preocupação da sociedade em crianças de 0 a 6 anos, concedendo-lhes
estabelecer métodos de educar e escolarizar um olhar completo, perdendo seu aspecto
as crianças. assistencialista e assumindo uma visão e um
caráter pedagógico.
Segundo Pinto (1997) a infância constitui
As Artes Visuais estão presentes no cotidiano da
uma realidade que começa a ganhar vida infantil. Ao rabiscar e desenhar no chão, na
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Com a Reforma Educacional de 1971 foi educadores ligados à Arte têm empreendido
estabelecido a prática da polivalência no o movimento de resgate de sua valorização
ensino de artes. A partir desta reforma, as profissional e da valorização da Arte como
artes plásticas, a música e as artes cênicas um conhecimento que deve estar presente
deveriam ser ensinadas conjuntamente por nos currículos em todos os níveis de ensino.
um mesmo professor da 1ª à 8ª séries do 1ª Articulam, assim, diretrizes diferentes para a
grau. Foram criados os cursos de licenciatura presença desse conhecimento na escola.
em educação artística com duração de
dois anos para preparar estes professores Essas diretrizes emergem como fruto
polivalentes. da luta em defesa da presença da Arte no
currículo e de mudanças conceituais no seu
O processo de elaboração da LDBEN ensino. Mudança e valorização conceitual
9394/96 durou cerca de oito anos desde a no intuito de devolver Arte à educação e
sua proposta inicial até chegar ao documento favorecer a todos o acesso aos códigos
final que traz em seu texto: Art. 26, § 2º: artísticos e às possibilidades de expressão
“O ensino de Arte constituirá componente desses códigos. O objetivo daqueles que
curricular obrigatório, nos diversos níveis acreditam nesses pressupostos conceituais
de educação básica, de forma a promover é contribuir para a difusão da Arte na escola,
o desenvolvimento cultural dos alunos.” garantindo a possibilidade igualitária de
Com a LDBEN 9394/96 a denominação acesso ao seu conhecimento. É preciso
de “Educação Artística” foi substituída por levar a Arte, que está circunscrita a um
“Ensino da Arte”, assim, a Arte passa a ser mundo socialmente limitado a se expandir,
entendida não mais como uma atividade, um tornando-se patrimônio cultural da maioria.
mero “fazer por fazer”, mas como uma forma
de conhecimento. Não basta ensinar Arte com horário marcado,
é necessário ensinar interdisciplinarmente para
provocar a capacidade de estabelecer relações,
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, por assim como é recomendável introduzi-la
sua vez, contemplam a área de arte, dando-lhe transversalmente em todo o currículo provocando
a imbricação de territórios e a multiplicação de
mais abrangência e complexidade. Embora interpretações. (BARBOSA, 2003, p. 26)
não apresentem caráter de obrigatoriedade,
os Parâmetros Curriculares Nacionais vêm Na sala de aula, o tratamento da Arte
servindo para a elaboração de planos e baseia-se em três dimensões: Arte como
projetos pedagógicos nas escolas das redes linguagem, como expressão da cultura e
pública e privada em todos os níveis de como conhecimento. A Arte como linguagem
ensino. no sentido de realizar leituras e estabelecer
sentidos interpretando as relações da
De acordo com Barbosa (2003) nas mensagem artística; a Arte como expressão
últimas décadas do século XX, no Brasil, da cultura no sentido da preocupação com
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com diferentes objetos agindo de forma intencional com o intuito de enriquecer a ação
desenvolvida pela criança.
A Arte na educação infantil pode ser vista de diferentes pontos de vista, para a criança
a arte é uma forma de expressão onde ela é capaz de utilizar o lúdico e o imaginário como
fontes de inspiração e o professor deve estar atento para fornecer os elementos e as
condições necessárias para auxiliar as crianças em suas criações, realizando as intervenções
necessárias.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino de Artes, por muitas vezes é visto como
um passatempo ou uma mera atividade de desenhar ou
pintar, descontextualizadas de aprendizado, outra prática
equivocada é considerar o trabalho com Artes como simples
ilustrações de datas comemorativas ou temas específicos
não deixando lugar para a criação e criatividade das crianças.
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REFERÊNCIAS
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ANGOTTI, Maristela. Educação Infantil. Campinas: Alínea, 2009.
AYRES, Sonia Nunes. Educação Infantil: teorias e práticas para uma proposta pedagógica.
Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.
BRASIL. MEC, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9394, de 20 de dezembro
de 1996.
Brasil. MEC. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010.
LOWENFELD, Viktor; MAILLET, Miguel (Trad.). A criança e sua arte: um guia para os pais. 2.
ed. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas, SP: Autores
Associados, 2007.
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NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
RESUMO: O objetivo deste trabalho visa compreender as contribuições da neurociência
para os alunos que têm dificuldades de aprendizagem e para a educação de forma geral.
Inicialmente, será abordada uma visão teórica sobre o tema, estabelecendo algumas práticas
importantes que vêm sendo utilizadas com alunos de baixo rendimento de aprendizagem,
que são cada vez mais frequentes nas instituições de ensino. Este é um assunto de relevante
importância para psicopedagogos, psicólogos, professores, pais, diretores de escola, enfim,
todas as pessoas e profissionais direta e indiretamente relacionados com o trabalho educativo.
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escola. Desta forma, ela vem permeando Além disso, é necessário que se seja capaz
novas formas de aprendizagem, respeitando de dedicar a atenção àquilo que se está
a funcionalidade do cérebro do indivíduo, fazendo, e para Herculano-Houzel (2005), o
com base em experiências em sala de aula, fator principal é a motivação. É preciso que o
e ajudando na verificação dos espaços e sujeito tenha interesse por aquilo que ele está
ambientes que proporcionam ou não a fazendo, ou, caso contrário, pode até praticar,
aprendizagem. mas não haverá o aprendizado propriamente
dito. Esse é um dos conceitos que se aplicam
Segundo Stern (2005), a neurociência não somente em sala de aula, mas, de certa
fornece insights sobre a capacidade de forma, na vida, em todos os momentos, uma
limitação do cérebro diante do que se está vez que funciona com base no princípio de
ensinando e já existem contribuições das que quando o indivíduo reconhece que o
neurociências que fundamentam a prática que o move é o interesse, a motivação de
educacional. Sabe-se que não existem receitas fato, e que isso depende da oportunidade de
prontas para os problemas educacionais, experimentar coisas diferentes, ele aceita se
mas é evidente que a neurociência ajuda em expor a novas situações, se desafiando.
aspectos cotidianos relacionados às práticas
de ensino. Um dos fatores essenciais para que o
aprendizado ocorra é a atenção, que de certa
Desta forma, forma é limitante para todos. Logo, ela é a
porta de entrada para o aprendizado, visto
O aprendizado é um processo que depende que é mais fácil aprender em um ambiente em
fundamentalmente de experiências, vivências,
tentativas e erros. Já que o cérebro aprende que haja menos fatores e coisas diferentes
se modificando, se esculpindo conforme ele é acontecendo, que possam chamar para si a
usado, na medida em que o sujeito se expõe a atenção do aluno.
novas situações (HERCULANO-HOUZEL 2005,
p. 45).
Para que o indivíduo tenha interesse em
Para a neurociência é possível saber quais aprender, é preciso que seja algo interessante,
são os fatores importantes que influenciam o estimulante, ou que de certo modo, o cérebro
aprendizado. Além da prática, da experiência, seja capaz de criar expectativas sobre o que
é necessário dispor de métodos que melhor se pode vir a dar certo. Nesses casos, o sistema
adequem – sempre levando em consideração de recompensa é ativado por antecipação e
que não existe um método perfeitamente esse prazer antecipado que se tem pode ser
adequado –, já que cada indivíduo possui chamado de motivação, que é a expectativa
as suas idiossincrasias, as suas dificuldades de um resultado positivo.
particulares, e que cada um precisa de um
método diferente para aprender. De acordo com Herculano-Houzel (2007),
uma das grandes fontes do sistema de
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apontem as observações acima e que o conhecimento que ele traz. Todo aluno,
possam levar a uma orientação de como o ao chegar na escola, já traz consigo alguma
ser humano deve ser ensinado, revelando bagagem – dos mais variados âmbitos da vida
as suas potencialidades individuais, a fim de –, ou seja, já sabe de algo, possui algum tipo
maximizar o seu aprendizado. de conhecimento. Sendo assim, é importante
que o professor ouça o seu aluno, tenha um
Há estudos que indicam que, associando o olhar individualizado sobre ele e perceba os
ensino com algumas práticas, a aprendizagem estágios em que ele se encontra, para tentar
tende a acontecer com mais facilidade, potencializá-los.
especialmente, por aqueles alunos que
apresentam maior dificuldade. Quando o Pelo fato de o cérebro ser o órgão primordial
aluno está em um processo de aprendizagem na aprendizagem, os estudos neurocientíficos
que tem como cenário um ambiente com vêm de encontro com a compreensão das
“alto desafio” e “baixa ameaça”, há processos regiões cerebrais e de como cada parte é
moleculares que controlam a comunicação responsável por uma função, seja a emoção,
entre células, ou seja, mudanças físicas a atenção, os comportamentos. Dentro desse
acontecendo nas sinapses, que mais tarde contexto, algumas tarefas são de extrema
podem ser usadas para se reconstruir importância durante o processo de ensino-
parcialmente o que foi armazenado. aprendizagem, como: regras durante as
atividades; rotina e objetivos; diálogo diário;
Existem inúmeras possibilidades de materiais que explorem a sensibilidade,
aprendizagem para o ser humano, do aguçando os sentidos; trabalhos coletivos;
nascimento até a morte. Nossa experiência espaço agradável; descanso e reflexão para
na inclusão de alunos com necessidades ativar o hipocampo; diferentes estratégias
especiais já sinaliza que não temos como para trabalhar o mesmo conteúdo; entre
afirmar até que ponto cada um deles pode outras.
chegar. No entanto, percebemos que, na
maioria das vezes, quando modificamos Segundo Lima (2007, p.33), “todas as
as estratégias de ensino os alunos acabam crianças são capazes de aprender, segundo
alcançando, total ou parcialmente, os a sua capacidade”, estando isso previsto
objetivos propostos. na Constituição Brasileira de 1988, no art.
A neurociência, por sua vez, vem fazendo 208, que diz que o dever do Estado com a
pesquisas do ponto de vista de como a educação será efetivado mediante a garantia
pessoa aprende, de forma que ela investiga de acesso aos níveis de ensino mais elevados,
como as possibilidades de aprendizagem da pesquisa e da criação artística, segundo a
acontecem nas salas de aula. Desta forma, capacidade de cada um.
Guerra (2002), aponta que é necessário
investigar aquilo que o aluno já sabe, ou seja,
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Esse artigo da constituição chama a atenção A escola, por sua vez, diante dessas
no que diz respeito à afirmação de que o questões, tem como um dos seus maiores
ensino será garantido mediante a capacidade desafios tratar os alunos em suas diferentes
de cada um. Em vista disso, sabemos que dificuldades, de forma individualizada,
dentro de uma sala de aula cada criança tem porque ela os unifica diante da estrutura em
o seu próprio tempo e, sendo assim, existem que é organizada, especialmente no que diz
crianças que necessitam de um tempo maior respeito à estrutura física. Ou seja, em uma
do que o dos colegas para terminar uma mesma sala de aula, podemos encontrar os
lição ou até mesmo para compreender um mais distintos tipos de alunos: desde aqueles
determinado comando e aprender algum que chegam lendo e escrevendo e tendo
conteúdo. Portanto, o final de um bimestre, absoluto domínio sobre a leitura, a escrita
trimestre ou semestre acaba se tornando um e a matemática; passando por outros que
limitante da capacidade, já que se o aluno mal conseguem escrever seu próprio nome
aprender até o dia do fechamento das notas ou realizar um cálculo dos mais básicos;
ele terá um desempenho positivo, e se não passando também por aqueles que já viajaram
aprendeu, não o terá. o mundo com a família, ou por meio de leitura,
e que possuem um amplo conhecimento de
Essa visão conteudista da escola tradicional geografia a história, ao passo que outros
há muito tempo limitou a aprendizagem dos nunca sequer saíram de seu bairro. Logo,
alunos, uma vez que acaba abreviando o quando um aluno chega na escola, ele fará
tempo e as oportunidades de significação parte de um grupo diversificado, composto
do que é ensinado, deixando faltar, assim, a por pessoas que nem sempre compartilham
associação prática para que se compreenda das mesmas experiências e competências
a importância de se aprender determinado sobre determinados assuntos que ele tem.
conteúdo.
Neste contexto, quando se tem alunos com
Como mencionamos anteriormente, competências muito diferentes, a escola que
existem duas dificuldades básicas de trabalha quase que numa produção fabril,
aprendizagem: aquela que é uma dificuldade se perde. Da mesma forma que existem
de ler e escrever – que é “concreta”, já que escolas que nem conseguem perceber
o professor ao analisar as condições de essas diferenças entre os indicadores da
aprendizagem deste aluno vai saber que aprendizagem de seus alunos, já que estão
o problema dele é na leitura e na escrita – organizadas por idade e não por dificuldade.
e tem aquela que é uma dificuldade mais Logo, voltamos a questão de que essas
subjetiva, que se apresenta no raciocínio perspectivas são processos incoerentes,
lógico, na relação com os amigos, na relação uma vez que o papel da escola é gerenciar
com o próprio conhecimento. a aprendizagem, mas ela tem trabalhado
gerenciando idades cronológicas e séries.
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O NEUROEDUCADOR
O neuroeducador atua com o objetivo de trabalhar os conhecimentos neurocientíficos com
o foco na sua relação com o processo de ensino-aprendizagem. O seu trabalho consiste em
atividades avaliativas e intervenções, de forma que se busque detalhar como a aprendizagem
ocorre em determinada pessoa. O trabalho que é feito neste âmbito é preventivo, já que
é por meio dos resultados dessas avaliações do processo que se pode buscar um auxílio
na didática e metodologia, assim como na dinâmica estabelecida pela instituição, com a
finalidade de alcançar a melhoria da aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É fato que as dificuldades em sala de aula existem e que no
modelo de ensino atual se tenha certa atenção para o aluno
que não consegue aprender. Diferentemente do passado,
que nos propunha um ensino tradicional, em que se o aluno
não aprendesse ele simplesmente repetia o ano. Toda essa
dificuldade em aprender desses alunos gera desconforto aos
professores e isso muito tem angustiado os profissionais da
educação, fazendo com que eles busquem novas estratégias
e metodologias para ensinar.
NATIELE CAVALCANTI
A neurociência vem trazendo a possibilidade de um novo DE LIMA
olhar no processo de ensino, a fim de que ele se torne um olhar Licenciatura em Letras
mais individualizado para cada criança que tem dificuldade - Português/Inglês pela
de aprendizagem, possibilitando novas formas de ensinar, Universidade Presbiteriana
Mackenzie (2013); Professora de
sob as perspectivas de métodos que se enquadrem melhor a Ensino Fundamental II - Língua
cada indivíduo, tomando-se por base o que já foi visto. inglesa - na EMEF Professor
Franklin Augusto de Moura
Campos e na EMEF Dom Pedro I.
Sendo assim, é necessário compreender que o aluno é
um ser integral, que está em desenvolvimento em diversos
aspectos de sua vida, e que a aprendizagem escolar precisa estar conectada com a diversidade
presente na sala de aula. Portanto, cabe a todos envolvidos no processo de ensinar e aprender,
buscar novos caminhos para uma educação justa e eficaz.
Por fim, podemos concluir que essa relação entre a educação e a neurociência possibilita um
rico intercâmbio de experiências, de modo que ajuda o professor a conhecer como o cérebro
do seu aluno funciona, para que assim ele possa, de fato, direcionar uma aprendizagem
significativa com base nesse diálogo entre essas duas áreas.
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REFERÊNCIAS
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à educação. EDUCERE - Revista da Educação, Umuarama, v. 9, n. 1, p. 7-32, jan./jun. 2009.
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LIMA, Elvira Souza. Neurociência e aprendizagem. São Paulo: Inter Alia, 2007.
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pelo ambiente que foi de seus pais e de seus As concretizações dos discursos que
avós em confronto com outros exemplos de permeiam as mais variadas situações estão
cidades de maior progresso e adiantamento”. inseridas nesses textos, e estão impregnados
(CAMPOS, 1977, p.67). de visão de mundo congruente pela cultura
e tem como resultado, necessariamente, das
A inclusão da poesia cordelística trouxe escolhas e combinações feitas no complexo
uma ressignificação nas aulas, a partir universo que é a língua. Isso porque, tais
dos olhares de notáveis pesquisadores, textos orais e escritos denotam de forma
como por exemplo, de Melo (1982, p.9). A concreta o cotidiano de seu autor: o que
literatura de cordel é tudo isso e muito mais. pensa, como pensa e, como expressa esse
É acontecimento da cultura brasileira que pensamento. Demonstrando seu universo em
vem sendo questionada em universidades sua plenitude. Este fato pôde ser observado
do país e no exterior – em simpósios, na entrevista que foi realizada com o senhor
seminários, conferências em nossos centros Catica de Suré, poeta popular, que por meio
culturais. Há vivo interesse pelo cordel de seu folheto narra acontecimentos reais
na própria chamada opinião pública, que ocorridos em sua comunidade.
acompanha, paralelamente, que ocorre no
país e no mundo por meio dos folhetos ou na Em 22 de agosto, dia dedicado ao folclore
apresentação dos contadores pela televisão, algumas unidades escolares preparam
no noticiário do dia-a-dia. atividades que trazem essa temática como
eixo a ser trabalhado, trazendo biografia
Nesse contexto a literatura de cordel se de cordelistas e apresentações deste
apresenta como um elemento riquíssimo gênero tão rico evidenciando assim sua
por meio do qual podemos alcançar o descrição de fatos cotidianos e produzidas
letramento, que envolve inúmeras práticas pelos educandos realidade cultural de cada
sociais que integram de forma direta ou cordelista. A escola tem papel fundamental
indireta a produção e a leitura de materiais na divulgação e difusão dessas tão
escritos. Nesse contexto, pretende-se importantes partes cultural de nosso país,
possibilitar nos discentes maior visão no apresentando aos educando esse gênero
sentido de levar a integração leitor-texto, que traz como premissa uma linguagem de
pois, é imprescindível que essa integração fácil compreensão, que permite a facilidade
some elementos constitutivos específicos na leitura e na interpretação textual. Cabe
do poema que estão enraizados no contexto destaque a algumas dicas de desenvolvimento
cultural e social do leitor, por isso a inclusão metodológico a ser ultizado:
deste gênero discursivo, o cordel, aqui se
destaca como indispensável no currículo • Leitura e exposição de vários folhetos
escolar. de cordéis na sala de aula;
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• Entrevistas; e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde meados dos anos 70 as discussões a cerca de
como oferecer uma melhor qualidade do ensino de língua
portuguesa. O ponto principal dessa discussão tem como
centralidade o enfoque na leitura e aponta esse como fator
responsável pelo insucesso escolar. Após varias propostas
de reestruturação das práticas de ensino da língua materna,
buscando ressignificação do então considerado erro
caminhando assim para uma admissão das variedades
linguísticas, que até então sofria descredito social. Assim
a poesia de cordel assume o papel de ressaltar o universo NIVALDA APARECIDA
cultural desta arte coletiva cuja riqueza poética destaca DA SILVA SOUZA
a ressignificação das aulas de língua materna, a partir dos Graduada em Pedagogia
olhares de pesquisadores como MELO (1982, p.9). - licenciatura plena pela
Universidade Bandeirante.
Professora da educação
A literatura de cordel é tudo isso e muito mais. É fundamental I e Educação Infantil
acontecimento da cultura brasileira que vem sendo na EMEF Professor Edivaldo dos
questionada em universidades no país e no exterior -, em Santos Dantas
simpósios, seminários, conferências em nossos centros
culturais. Há vivo interesse pelo cordel na própria chamada
opinião pública, que acompanha, paralelamente, o que ocorre no país e no mundo por meio
dos folhetos ou na apresentação dos contadores pela televisão, no noticiário do dia-a-dia.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Secretaria de Educação.
Brasília: MEC/SEF, 2001.
CAMPOS, Renato Carneiro. A ideologia dos poetas populares.2 ed. Recife: MEC: Instituto
Joaquim Nabuco: FUNARTE, 1977.
DIONÌSIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros,
textos e ensino. 2. Ed. Rio de Janeiro: Lucena, 2002.
LUYTEN, Joseph M. O que é literatura popular. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1992.
MELO, Veríssimo de. Literatura de Cordel: visão histórica e aspectos principais. In: LOPES
Ribamar. (org.). Literatura de Cordel: antologia. Fortaleza: BNB, 1982.
SILVA, Manoel Caboclo e. Os Milagres da Estátua do Frade Frei Damião. Juazeiro. Abril de
1976.
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PSICOMOTRICIDADE
NA EDUCAÇÃO
RESUMO: Reaver a infância e o direito de ser criança dentro da escola, é nossa situação
atual. Antes, porém é preciso esclarecer que a escola não é só um ambiente de ensino,
devendo ser também um local prazeroso de trocas que promove a vivência da infância
em sua totalidade. Fatores individuais equivalem a uma das peças da intricada logicidade
do fracasso. A ação pedagógica, algumas vezes, leva ao fracasso porque não está bem
estruturada para lidar com a diversidade de contextos. É importante que os professores
entendam os elementos do movimento a ser usado, por isso, deve-se ter em mente as etapas
do desenvolvimento motor (psicomotricidade) e os estágios da aprendizagem. O profissional
da educação infantil necessita ter conhecimento concreto do domínio psicomotor que o
qualifique à organização das atividades próprias nesse domínio. Sendo assim, este trabalho
tem como objetivo evidenciar a importância da psicomotricidade no ambiente escolar a
partir da educação infantil, bem como o papel da escola e dos professores como mediadores
deste processo. A metodologia utilizada será a bibliográfica referenciada por obras, sites
de pesquisas acadêmicas como Google acadêmico, Scielo entre outros. Espera-se que este
estudo possa auxiliar os profissionais que trabalham com psicomotricidade a adentrarem
nos espaços escolares em um trabalho coletivo visando a aprendizagem global do aluno.
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INTRODUÇÃO HISTÓRICO DA
PSICOMOTRICIDADE
A psicomotricidade é considerada
um campo transdisciplinar que estuda A história da psicomotricidade está ligada
e investiga as relações e influências à história do corpo, e, embora o seu estudo
recíprocas e sistêmicas entre o psiquismo seja recente, fez um percurso longo muitas
e a motricidade. Com uma visão holística vezes marcado por mudanças profundas
do ser humano, a psicomotricidade engloba e renovações decisivas, que acabaram
funções cognitivas, sócio emocionais, resultando em nossas avançadas perspectivas,
simbólicas, psicolinguísticas e motoras, bem como de entendê-las (COSTE, 1992).
promovendo assim a capacidade de ser e agir
em um contexto psicossocial. Vale ressaltar A viabilidade deste estudo tornou-
que na educação infantil (primeira etapa da se possível recorrendo-se a outras áreas
educação básica), o corpo é considerado do conhecimento, em especial as que
a primeira ferramenta pedagógica da pesquisavam o comportamento motor e
criança, já que é por meio dele que a mesma desenvolvimento humano.
começa ter a percepção de mundo, além de
proporcionar o saber se localizar no espaço, A história da psicomotricidade,
o qual está inserido. representada já um século de esforço de
ação e de pensamento, a sua cientificidade
Este estudo tem como objetivo evidenciar na área da cibernética e da informática, vai
a importância da psicomotricidade no nos permitir certamente, ir mais longe da
ambiente escolar desde a educação infantil, descrição das relações mútuas e recíprocas
bem como o papel da escola e dos professores da convivência do corpo com o psíquico.
enquanto mediadores deste processo. Esta intimidade filogenética e ontogenética
representam o triunfo evolutivo da espécie
O presente trabalho iniciará com um humana; um longo passado de vários
breve histórico da psicomotricidade, seus milhões de anos de conquistas psicomotora
conceitos, finalizando-o com o tópico: a (FONSECA; 1988, p.99).
educação psicomotora na escola, na qual
aborda a importância da psicomotricidade Podemos encontrar parâmetros sobre
neste ambiente. o tema já na Grécia antiga, posto que o
corpo humano foi algo sempre consagrado,
Desta forma, espera-se que estudo possa valorizando-se a devoção ao fulgor do físico,
auxiliar os profissionais que trabalham com justificando que o corpo exteriorizava a
psicomotricidade realizar um trabalho de beleza da alma, e que a saúde do corpo
parcerias entre professor, escola e família, era uma virtude. Estudava-se o dualismo
tendo como objetivo a aprendizagem. do corpo; movimento juntamente com as
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O domínio voluntário é tão complicado e Corpo e mente deve ser entendido como
componentes que integram um único organismo.
importante que levou mais de vinte anos para Ambos devem ter um assento na escola, não um
se desenvolver física e mentalmente. Para (a mente) para aprender e o outro (o corpo) para
alguns autores, dos 5 aos 10 anos, a criança transportar, mas ambos para emancipar. Por
causa dessa concepção de que a escola só deve
faz parte de uma situação centralizada, mobilizar a mente, o corpo fica reduzido a um
tanto no sentido biológico como no sentido estorvo que, quanto mais quieto estiver, menos
cultural. atrapalhará (FREIRE; 1989, p.13).
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Isso significa que ela deve ter condições de realizar múltiplos movimentos ao mesmo tempo, cada membro
realizando uma atividade diferente, havendo uma conversação de unidade do gesto (OLIVEIRA; 2009, p. 41).
Todo ser humano tem seus direitos, especialmente o de fazer e entender, viabilizando
e fornecendo a criança condições de conhecerem, descobrirem, e de destinarem novas
convicções e relevância aos sentimentos, valores, ideias, costumes e papeis sociais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste trabalho possibilitou verificar que
embora não seja um assunto recente, ao contrário, bem atual,
pouco se fala em psicomotricidade no ambiente escolar.
Pode-se verificar que além de vários conceitos relatados
por diversos autores ressaltando suas especificidades, ainda
é muito baixa as tentativas de viabilizar meios para que a
psicomotricidade faça parte do currículo, principalmente na
educação infantil.
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REFERÊNCIAS
AJURIAGUERRA, J. de. A Escrita Infantil: Evolução e Dificuldades. Iria Maria R. de Castro
ALVES, F. Como Aplicar a Psicomotricidade: Uma Atividade Multidisciplinar com Amor e
União. 1. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2008.
BASTOS FILHO, A.; SÁ, C. M. F. de. Psicomovimentar. São Paulo: Papirús Editora, 2001.
COLELLO, S. M. G. Formação de Educadores: Desafios e Perspectivas para o Século XXI, São
Paulo: Editora Paz e Terra, 2003.
COSTE, J.C. A psicomotricidade. Álvaro Cabral (trad.). Rio de Janeiro: Editora Guanabara,
1992.
CUNHA, M. V. et al. Uma filosofia para educadores em sala de aula. Coleção pensar. v. 1 São
Paulo: Nova Alexandria, 1990.
FREIRE, J. B. Educação de Corpo Inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo:
GOMES, Vera Miranda. Prática Psicomotora na Pré-escola. São Paulo: 3. ed. Ática, 1998.
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MEYER, I. C. R. Brincar e viver: Projetos em Educação Infantil. Rio de Janeiro: Wak, 2001.
MITRA, G.; MOGOS, A. O desenvolvimento das qualidades motoras no jovem atleta. Lisboa:
Livros Horizonte, 1982.
VAYER, P. O diálogo corporal: a ação educativa para a criança de dois a cinco anos. São
Paulo: Manole, 1984
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O TRABALHO DOCENTE NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Algumas instituições de educação infantil ainda demonstram dificuldades em
adequar seus espaços tradicionais para transformá-lo em espaços lúdicos. Por este motivo foi
pertinente desenvolver um estudo sobre espaços para as brincadeiras na educação infantil,
levando em consideração os espaços fora da sala de aula. Mediante a revisão da literatura,
foi possível discorrer acerca da interação entre crianças e adultos, bem como a construção
de ambientes educativos, especificamente no que se refere aos espaços. Contempla-se que
os espaços devem ser organizados com base na proposta pedagógica de cada instituição
favorecendo a ampla circulação das crianças organizadamente. Partindo deste pressuposto,
se faz necessário que as instituições de educação infantil tenham uma proposta curricular
que atenda às necessidades das crianças, configurando-se como um instrumento de apoio
a organização do espaço físico, a atuação dos professores, as práticas de cuidar e educar e
materiais específicos.
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Podemos notar que nos últimos O que queremos ostentar neste trabalho
tempos a criança vem sendo notada é que o espaço sendo grande ou pequeno
como ser participativo pelo fato de suas seja transformado em ambiente que garanta
especificidades serem um referencial cultural. a interação entre adultos e crianças. Com
Elas conquistam aos poucos este espaço, e ou sem a presença do adulto deve ser
a nova proposta de trabalho pedagógico em um espaço que permita que as crianças
razão destas mudanças concede as crianças tenham criatividade, que se sejam criativas,
autoridade e respostas assegurando sua sujeitos ativos, formuladores de hipóteses,
competência nas relações sociais. Nesta transformadores, ou seja, que lhe deem com
nova construção social o espaço deve ser de os seus próprios saberes.
direito das crianças.
É preciso organizar os espaços de maneira que
permitam o descanso e, ao mesmo tempo,
Tomando-se por base que aja uma espaços que permitam uma atividade intensa e
separação em reconhecer que as escolas de enérgica. [...]. Espaços que seja muito semelhante
educação infantil não é uma preparação para ao lar e com muitos elementos familiares [...].
(ZABALZA, 1998, p. 252).
a próxima etapa do ensino, as realizações
arquitetônicas devem dar espaço para a
construção do ambiente infantil. Isso implica Neste caso, estamos pensando em um
em manter o foco nas relações pedagógicas espaço construído segundo a percepção
educativas no cuidar e educar e no direito e a participação da criança. A construção
das crianças em se considerar como atores concreta do espaço dependerá do infantil,
sociais. que se dará por meio da sedução ou da
rejeição (sem que se tenha consciência disto).
As escolas de educação infantil são
instituições que abrigam crianças de diversos Segundo Faria (1999, p. 40) Projetar, fazer
tipos de situações financeiras e sociais, arquitetura é uma das maneiras de relacionar
vários tipos de raça, sexo, crenças, culturas com o espaço, com o lugar e com o mundo.
além de atender crianças portadoras de
necessidades especiais. Além de serem As crianças passam a maior parte de seu
espaços privilegiados de convivências, na tempo na instituição, a cada mudança de
qual as crianças terão a oportunidade de ambiente em decorrer das atividades se
vivenciar experiências que as fizessem se identificarão ou não com os espaços e terão
sentir por inteiro, e necessário que haja a sensações boas ou ruins a respeito deste. A
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O repertório de cantiga, brincadeiras criança, nos anos seguintes, será sem dúvida
cantadas, trava-línguas, parlendas, um dos componentes mais importantes do
quadrinhas populares, joguetes e etc., seu desenvolvimento. Deixando de lado
possibilitam muitas oportunidades de o egocentrismo, a criança passa a usar a
brincar com as palavras. Estes textos são linguagem para coordenar atividades de
antigas manifestações da cultura popular, grupo visando algum objetivo comum.
universalmente, conhecida e mantida vivas
por meio da tradição oral. A criança que participa de atividades
grupais manifesta-se algumas vezes
Estes textos pertencem a uma longa por meio de comportamento agressivo,
tradição de uso da linguagem para cantar, mas gradativamente suas investidas
recitar e brincar. A maioria deles é de tornam-se mais aceitáveis. Por trás deste
domínio público, ou seja, não se sabe quem comportamento pode estar uma tentativa
inventou: foram simplesmente passados de de chamar atenção, uma necessidade de
boca a boca, das pessoas mais velhas para as conversa, demonstração de interesses,
mais novas, por isso podemos dizer que as estímulo ou afeição. Seus acessos de raivas
brincadeiras com palavras são experiências e seu “não” são essências para a formação
que contextualizam na cultura lúdica. do caráter e da autoafirmação. Aos poucos,
elas utilizarão meios mais socializados de
Nestes espaços também deverá ter lugares expressão.
para atividades em grandes ou pequenos
grupos com ou sem a presença do adulto. Desta forma o professor deve possibilitar
Espaços que lhe propiciem informações a criança vínculos para a exploração do
além das que obtém das suas famílias ou que mundo, no qual tanto o adulto como as
obterão na escola. crianças encontrem oportunidade de
desenvolvimento.
Participar das brincadeiras e dos jogos
organizados exige muito da criança. É É imprescindível que as crianças sejam
necessário que ela saiba respeitar a si divididas em pequenos grupos facilitando
mesma e aos outros. Precisam compreender a responsabilidade do professor no que diz
a lógica das normas e reconhecer o certo e o respeito ao cuidado. As atividades propostas
errado. O educador precisa ter claro que são pelo professor devem ter como finalidade
necessárias qualidades emocionais, sociais pedagógica às brincadeiras porque é por
e intelectuais para que a criança atinja esse intermédio delas que despertará nas crianças
estágio de desenvolvimento. a curiosidade em saber cada vez mais sobre
as coisas existentes que as rodeiam. No
O aspecto social compreende o elemento decorrer das brincadeiras o professor deve
mais marcante na atividade lúdica da ser flexível deixando as crianças escolherem
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Brincar é algo que deveria levar o brincante a desenvolver as suas próprias capacidades
de descoberta e de imaginação. Isso não significa que as situações de brincadeiras precisem
acontecer só de forma espontânea. A observação atenta dos educadores nas brincadeiras e
o respaldo teórico colaboram para que suas invenções sejam apropriadas, sobretudo no eixo
da comunicação oral.
As escolas devem dispor de espaços para que os professores possam trocar experiências
vivenciadas em salas de aula, fazer relatos e projetos, registrar experiências, avaliar seu
próprio trabalho e do grupo. Também devem dispor de recursos para que façam cursos de
aperfeiçoamento fora do seu ambiente de trabalho, incentivando-os na sua formação.
Contudo, a organização do espaço deve fazer parte do currículo da escola, pois organizar
o espaço é abrir novos horizontes para que as crianças possam se sentir à vontade para
realizar deferentes atividades.
O espaço educativo não deve ser considerado apenas como um local de trabalho e sim,
um recurso e um companheiro do professor. Neste espaço a criança deve se descentralizar
da figura do adulto e procurar se auto gerirem naquilo que mais os interessam.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos espaços da Educação Infantil, o atendimento
abrange crianças de zero até cinco anos de idade. Fase, que
a criança está em seu desenvolvimento pleno; mediante
as aprendizagens se constroem o real e o imaginário, por
isso, conclui-se que os espaços escolares visa a privilegiar a
qualidade de vida da criança em suas relações entre o corpo
e os movimentos, pois ela é integradora, por intermédio do
controle corporal, cognitivo e social.
Ao elaborar a sua proposta pedagógica, os profissionais PAMELA MEDEIROS
envolvidos com a Educação Infantil, devem estabelecer ALBUQUERQUE
objetivos que promovam o brincar, a criação, o desenvolvimento Graduação em Pedagogia
de suas habilidades, autonomia, incentivando a exploração, pela Universidade do Grande
a curiosidade e o questionamento. ABC (2011); Especialista em
Psicopedagogia pela Faculdade de
Monte Alto (2013); Professor de
O ambiente escolar precisa estar propício para que Ensino Fundamental I - na EMEI
isso aconteça, é importante a utilização de jogos, valioso Mario de Andrade, Professor de
Educação Infantil na CEI Jardim
instrumento para ativar o desenvolvimento infantil. Vera Cruz.
A sequência dos capítulos abordados permitiu uma visão
ampla de como a escola contribui para o desenvolvimento
global da criança, com a intenção de instigar os educadores
a verem seus educandos com outro olhar. Que eles possam
entender que os jogos, brincadeiras e atividades no âmbito
escolar, não é uma “bagunça”, mas sim, uma possibilidade de a criança interagir com o seu
mundo particular, proporcionando um desenvolvimento significativo.
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REFERÊNCIAS
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HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores e aromas: a organização do espaço na Educação
Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
KRAMER, Sonia. Com a pré-escola nas mãos. 43º edição. São Paulo: Ática, 1989.
ZABALZA, Miguel A. Qualidade em Educação Infantil. 8. edição. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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públicas, anos depois mais ou menos perto No Brasil a complexidade que envolve
de 1878 houve mais um decreto o de nº a construção da identidade da raça negra
7.31, ainda em relação aos escravos, este é marcada por uma sociedade onde os
decreto determinou que os negros poderiam negros são constantemente discriminados,
apenas estudar no período noturno, isso desvalorizados de uma cultura riquíssima
foi decretado para que a dificuldade e que é a cultura Africana, poucos sabem,
a oportunidade para que muitos negros pois, nas escolas não se ensinam tudo o que
aprendessem a ler e escrever fossem para se passou naquela época, mas os aspectos
impedi-los, para que fosse estabelecido uma físicos herdados pelos descendentes
divisão étnico racial, onde foi implantado africanos são complexos, pois aqui no Brasil,
nos sistema escolares. as pessoas de pele clara e traços europeus
não são descriminalizadas, pois seus pais são
Anos depois buscaram alterar o quadro de peles brancas.
para mudanças a melhorar esta questão
dos estudos noturnos, mas infelizmente o Segundo Borges (2002),
preconceito e a desqualificação dos negros
eram muito difícil mudar esta situação. “o fato é que a sociedade brasileira encontra-se
marcada pela exclusão social e pela discriminação
racial. Essa situação reflete a existência
Décadas depois de muita luta passa-se de um racismo efetivo, com repercussões
então a obrigatoriedade de inclusão de História negativas na vida cotidiana da população negra,
principalmente quando cidadania é o tema em
e da Cultura Afro-brasileira e Africana como
questão”. (BORGES, 2002).
currículos da Educação Básica, tratando-se de
muito luta de decisões políticas, com imensas Ainda no pensamento de Borges, (2002),
repercussões pedagógicas. o Brasil tornou-se um pais multiétnico e
pluricultural, ou seja, na visão de Borges, é
Com a luta árdua de décadas para e com preciso de organizações escolares em que
a conquista do currículo, com esta medida, todas as pessoas estejam incluídas onde as
se reconhece que os negros precisam ser mesmas possam ter garantias e direitos de
inseridos com garantias nas escolas, onde aprender ampliando seus conhecimentos
são valorizados devidamente e a história igualmente.
e a cultura de seu povo, busca atualmente
reparar danos irreversíveis que ainda se A partir do princípio a inaptidão de um a
repetem há mais ou menos cinco séculos, favor de uma afirmação esteve atualmente
para que os negros possam ter dignidade nas relações étnico-raciais no Brasil, para
à sua identidade e a seus direitos assim Borges (2002), afirma que:
como todos os cidadãos do pais, o negro foi
pejorativamente rotulado naquela época, e “ainda na Antiguidade Heródoto (século V a.C.)
escrevia textos sobre os não-gregos, chamando-
até hoje eles são chamados desta forma. os de bárbaros, baseando essa denominação na
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Resumindo, o art. 26 fará valer acontecer De acordo com Chiavenato (1999), o autor
onde os estabelecimentos de ensino, terá sua declara que acerca da cultura:
responsabilidade de diminuir ou extinguir o
falso moralismo, estipulado pela sociedade, " a entrada do negro no Brasil foi simultânea com
a descoberta do país. Ele conhecia a escravidão,
ou seja, poderá se tratar de uma contribuição cultiva-a, e praticava-a como um sistema
dos africanos escravos e seus descendentes político. A escravidão era praticada na própria
para uma sociedade melhor. África. Os próprios africanos transplantaram-na
para a América". (CHIAVENETO, 1999, p.11-13)
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Alguns autores, possuem visões diferenciadas a própria noção de identidade de uma cultura se
dá por meio da consciência de suas diferenças
e de acordo com Trevisan (1988) outro autor em relação às outras culturas, sem que, para
citado na pesquisa, qualquer sociedade que tanto, se criem juízos de valor que desqualifique
uma em detrimento de outra .(BORGES, 2002).
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Neste contexto, o Conselho de Educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
devem adaptar tais diretrizes, pois dentro do âmbito de uma colaboração e da autonomia de
entidades federativas, e seus sistemas, ofertando à importância para que seus planejamentos
futuros tenham valor, onde não é preciso omitir outras regiões e sim dar a participação dos
afrodescendentes.
As Diretrizes são dimensões que regulam certos caminhos são normas estabelecidas
para serem seguidas, são baseadas nas determinações iniciais, onde se possam tomar seus
rumos, oferecem referencias para as ações já implantadas e fazem reformulações quando se
é necessário, ela se adequa a realidade de fatos, é a partir deste pressuposto que as diretrizes
possuem competência dos órgãos executores, serve para definir estratégias, viabilizando
efetivo da Lei de Diretrizes e Base, onde está estabelece a formação básica a respeitos não
somente de valores mas também de princípios constitucionais da educação.
(inciso III do art. 1º), garantindo-se a promoção do bem de todos, sem preconceitos (inciso IV do art. 3º), a
prevalência dos direitos humanos (inciso II do art. 4º) e o repúdio ao racismo (inciso VIII do art. 4º). Cumprir
a lei é, pois, responsabilidade de todos, e não apenas do professor em sala de aula. Exige-se, assim, um
comprometimento solidário dos vários elos do sistema de ensino brasileiro, tendo-se como ponto de partida
o presente parecer, que, junto com outras diretrizes, pareceres e resoluções, tem o papel articulador e
coordenador da organização da educação nacional.( LDB)
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No Brasil a relação étnico-racial, possui sua identidade,
analisando o trabalho e suas relações entre diversidade
tornou-se pertinente o valor que muitos possuem com essa
causa tão importante na sociedade.
Contudo, na Unidade Escolar, é um espaço aberto, onde suas opiniões são colocadas, é
um espaço de conflitos também, mas onde esses podem ser refeitos e construídos de uma
forma harmoniosa, o professor precisa entender e ter uma excelente didática para que seus
conhecimentos ao ser passado aos alunos, sejam completamente de certeza.
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REFERÊNCIAS
BORGES, Edson, et al..Racismo, preconceito e intolerância. São Paulo: Atual, 2002. Acessado
em 20/02/2019. http://escoladadiversidade.blogspot.com/2011/03/insercao-da-cultura-
afrodescendente-no.html
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Paulo: Abril, 2003.
OLIVEIRA, Iolanda (org.). Relações raciais e educação: novos desafios. Rio de Janeiro: DP&A,
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alunos. Ensina técnicas, valores e ideais, depositado. Professores podem ser vistos
ou seja, vem cada vez mais substituindo as como adultos autoritários que impõem
famílias na orientação para a vida sexual, atividades e conteúdos sem importância ou
profissional, enfim, para a vida como um valor. Estas duas visões dificultam a relação
todo. Talvez possa não estar preparada entre professores e alunos. Confrontos,
para essa tarefa, necessitando de mudanças violência e abusos de autoridade ou
consideráveis para alcançar a expectativa indiferença, são fatos que surgem no cenário
em torno da vida escolar da criança. Os da escola, lugar designado pela sociedade
professores muitas vezes, não dispõem de como de preparo para a vida social.
métodos e técnicas adequadas para cumprir
tal função, buscando formações fora do seu O vínculo professor-aluno é o
horário de trabalho e se submetendo a uma sustentáculo da vida escolar. Tal vínculo
jornada dupla de aula para poder se manter deve se estabelecer de forma a viabilizar
financeiramente. Algo que compromete a todo o trabalho de ensino-aprendizagem.
qualidade do trabalho e acaba refletindo Precisamos ter professores preparados, que
em sua prática docente. Observamos na estabeleçam uma parceria com seus alunos, a
realidade do ambiente escolar do dia a dia. qual permita o diálogo com o conhecimento.
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'É preciso trazer a realidade para dentro do diploma na hora de obter um emprego
das escolas, porém algo bom, proveitoso, melhor lhes dão a certeza de que é preciso
acolhedor, para que os alunos se sintam insistir.
pertencentes ao ambiente. Onde eles, possam
falar da vida cotidiana, pois o conhecimento A maior parte de nossas crianças
aprendido deve ampliar o conhecimento pobres são “evadidas” da escola. Uma
que temos do mundo e, consequentemente, sequência de tensões, dificuldades,
contribuir para torná-lo um lugar cada vez fracassos, desinteresses dos professores,
melhor para se viver. desencorajamento e reprovação afastam-
nas da escola - um mundo que fala coisas
As regras morais, são rigidamente estranhas, em linguagem estranhas,
cobradas, mesmo sabendo que não serão comandado por adultos estranhos. É preciso
cumpridas. Ao aluno cabe escutar, obedecer, fazer a escola para os alunos e não o inverso.
acreditar e submeter-se. Ao professor cabe
saber, ordenar, decidir, punir. Ambos estão As crianças não chegam às escolas em pé de
predestinados a papéis rigorosamente igualdade, pois tiveram experiências de vida
definidos. Sanções estão previstas para os diferentes. Os programas universais, com o
deslizes. As regras não podem ser ensinadas discurso da busca da igualdade, colaboram
como “acordos sociais” para melhorar nossas para a manutenção das desigualdades. Os
relações. Esta é a única função das regras programas escolares não levam em conta
sociais. Mas se elas tornam-se instrumentos as diferenças sociais. Exigem os mesmos
de tortura e fonte de conflitos, há que se produtos, avaliam da mesma forma, ensinam
perguntar se algo não está errado. da mesma maneira a crianças que têm vidas
muito diferentes. Ignorar as diferenças é
A escola tem sido uma continuidade da trabalhar para aprofundá-las. Hoje fala-se
vida das crianças das classes média e alta de em equidade!
nossa sociedade. Elas viajam, vão a museus,
conhecem outros países, outras línguas, têm
uma riqueza de informações e estimulações A RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA
que pode ser trabalhada e aprofundada
na escola. No entanto, para as crianças Segundo a editora Betriz Vichessi da
e os jovens que têm o mundo do trabalho revista Nova Escola, (2009, p.79) em geral,
como seu espaço cotidiano, a escola é uma a maioria dos professores imagina que
quebra. As rotinas escolares, as atividades e o trabalho de disciplinarização moral da
os conteúdos apresentados estão distantes criança (de introjeção das regras e, portanto,
de suas vidas e não há como ver na escola da constituição dos famigerados "limites"),
qualquer utilidade para seu desenvolvimento. é um pré-requisito para o trabalho de sala
Apenas o discurso da sociedade e a exigência de aula. Ou seja, acreditam que é função
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dos pais educarem seus filhos em casa, para e do adolescente para que, só a partir
que os professores possam realizar um bom daí, ele possa desencadear o trabalho do
trabalho com essas crianças. pensamento. Um bom exemplo disso é um
outro tipo de máxima muito frequente no
Aquino (1996) destaca que quando meio pedagógico, porém equivocada, que diz
falamos genericamente em "educação" de "para ser professor, é preciso antes ser um
uma criança ou jovem, compreendemo-la pouco pai, amigo, conselheiro etc.". Esse tipo
como resultado conjunto da intervenção de enfrentamento do trabalho pedagógico é
da família e da escola. Embora essas desaconselhável por três razões, pelo menos:
duas instituições sejam complementares Trata-se de um desperdício da qualificação e
e possam chegar a se articular, elas são do talento específico do professor. No caso
bastante diferentes em suas raízes, objetos do professor, exige-se uma preparação lenta
e objetivos. O trabalho familiar diz respeito e especializada, devendo ele atuar de maneira
à moralização da criança, essa é a função semelhante aos seus colegas de profissão e
primordial dos pais ou seus substitutos. de modo diverso dos profissionais de outras
A tarefa do professor, por sua vez, não é áreas; Trata-se também de um desvio de
moralizar a criança. Acredita-se que o objeto função, porque ele não foi contratado para
do trabalho escolar é fundamentalmente o exercer tarefas parentais, e dele não se espera
conhecimento sistematizado, e seu objetivo, isso. Por mais que o trabalho em sala de aula
a recriação deste. O resto é efeito colateral, demande muitas vezes exigências adicionais
indireto, mediato. ao âmbito estritamente pedagógico, não
se podem delegar ao professor funções
Apesar do papel da família ser a formação para as quais ele não esteja explicitamente
de valores e a ordenação da conduta da habilitado. É preciso, então, que o trabalho
criança, atualmente a escola compartilha docente restrinja-se a um alvo específico: o
essa função, além da reapropriação do conhecimento sistematizado, por meio da
legado cultural, ordenação do pensamento recriação de um campo lógico-conceitual
e de se destacar como um espaço propício particular. Não confundir seu papel com o
para a socialização e integração social. de outros profissionais e outras ocupações:
eis uma tarefa de fôlego para o professor
Muitas vezes, a falta de postura de hoje em dia; Por último, trata-se de uma
identificadas nas crianças durante o trabalho quebra do "contrato" pedagógico, porque o
em sala de aula, se torna um empecilho para seu trabalho deixa de ser realizado.
a realização da prática docente. Aquino
(1996) relata que muitos professores,
diante das dificuldades do dia a dia, acabam
se colocando como tarefa principal a
normatização moral dos hábitos da criança
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“O senhor... Mire e veja que o mais importante e bonito do mundo é
isto, que as pessoas não estão sempre iguais, não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam...”
Guimarães Rosa
Por volta dos 9 anos, abre-se espaço para a moral autônoma, quando o respeito mútuo se
sobrepõe à coação. Mas a mudança não é mágica. O cientista suíço Jean Piaget (1896-1980)
questionava a possibilidade de a criança adquirir essa consciência se todo dever sempre
emana de pessoas superiores. Assim, é possível dizer que a autonomia só passa a existir
quando as relações entre crianças e adultos (e delas com elas mesmas) são baseadas, desde
a fase heterônoma, na cooperação e no entendimento do que é ou não moralmente aceito
e por quê. Sem isso, é natural que conforme cresçam, mais indisciplinados fiquem os alunos.
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REFERÊNCIAS
AQUINO, Júlio Groppa de Indisciplina na Escola: Alternativas Teóricas e Práticas, 1° edição,
São Paulo, SP, Editora Summus, 1996.
BOCK, A. M. B. Psicologia: uma introdução do estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo:
Saraiva, 2002.
CUNHA, Maria Isabel da. O Bom Professor e sua Prática, 18° edição, São Paulo, SP, Editora
Papirus, 2006.
CURY, Augusto Jorge, Pais Brilhantes, Professores Fascinantes, Rio de Janeiro: Sextante,
2003.
TIBA, Içami. Ensinar Aprendendo: Novos Paradigmas na Educação, 18° edição, São Paulo,
SP, Integrare Editora, 2006.
VICHESSI, Beatriz. Revista Nova Escola. Indisciplina, 226 edição, São Paulo, SP, Editora Abril,
2009.
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como montar um quebra-cabeça sem ter cultural de infância que a criança vivencia,
todas as peças”. Sendo que, nos primórdios ou seja, contexto em que essa criança vive.
dos primeiros seres humanos não houve
como fazer registro sonoro da música, por Portanto é fundamental para a criança
isso não temos ideia de como era tocado pequena a música, pois, promoverá não só
nesse período. Mas através de objetos, a socialização, mas também, descortinara
desenhos rupestres e textos podemos desde muito cedo o maravilhamento cultural.
abstrair informações, trabalho que é feito
por estudiosos que pesquisam, estudam
e compartilham para todos a “história da BENEFÍCIO DA
música”. MUSICALIZAÇÃO NAS
Através dessas pesquisas podemos DIFERENTES INFÂNCIAS
imaginar o universo maravilhoso da origem De acordo com o Referencial Curricular
da música, concomitantemente descrever a Nacional de Educação Infantil (RCNEI, 1998)
vida e hábitos em sociedade da época. A introdução da música na Educação Infantil
deve abordar a ideia de que é uma das
Coelho (2006) afirma: Em cada lugar do maneiras com a qual as crianças e os bebês
mundo a música é diferente dos demais. E podem se expressarem, incluindo as com
em cada canto os povos tem uma forma ou “necessidades especiais educacionais”. Ainda
maneira específica de cantar e tocar seus assim tem a ênfase na aquisição do equilíbrio
instrumentos musicais, paulatinamente da autoestima e autoconhecimento,
ocorrem as trocas e misturas entre as destacando a socialização que proporciona.
diferentes culturas, assim iniciando um novo
tipo musical. Ainda o documento citado, destaca o
objetivo para a proposta da musicalização
De acordo com as Orientações Curriculares na pequena infância, ou seja, a criança de
(2012): A criança pequena ao ser inserida (0 a 3 anos) inserida na Educação Infantil é
no contexto da Instituição de Educação desenvolver-se como ouvinte, a percepção
Infantil, já adentra esse novo ambiente e discriminação de sons como também a
com uma bagagem musical e cultural do realização que a criança desenvolve com a
contexto familiar em que se encontra música, sendo a brincadeira musical ao iniciar,
inserida. Assim, música e canções já estão ou seja, o maravilhamento através de toda
intimizado alfabeticamente através da voz ludicidade que a música pode proporcionar,
dos responsáveis, promovendo interações como a introdução de maneira prazerosa na
dos vínculos familiares. Concomitantemente, cultura concomitantemente intimizando com
essas músicas, canções e brincadeiras a produção e apreciação musical.
cantadas conectará a criança no universo
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de escuta musicais para crianças com intuito que ensinam a criança pensar”, ou seja,
de auxiliá-las a reconhecer a qualidade dos significar e ressignificar as atividades
sons? cotidianas sempre planejadas e com as
7 – É criterioso a escolha musical interações com as linguagens da infância.
adequada para crianças pequenas? E essa
oferta musical acontece cotidianamente? É uma formação que fala da vida, dos sons do
mundo, dos gestos das pessoas, do movimento,
8 – Há a oportunidade de a criança escutar das cores, das luzes, dos espaços dos ambientes,
não só as músicas infantis, como também dos cheiros, das texturas e das percepções. Por
contemplar a criança com a experiência de exemplo como nossa mão percebe determinada
superfície? Como sentimos as coisas? Se
ouvir aspectos de qualidade dos sons e dos estivermos abertos para perceber e sentir,
diferentes instrumentos musicais? comunicaremos a nossos alunos, e eles vão se
9 – Dentro da Instituição de Educação sentir à vontade para isso também (Barbieri,
2012, p.147).
Infantil oportuniza-se para a criança pequena
a construção e a exploração de instrumentos
musicais com intuito de favorecer a escrita Ainda a autora afirma, ser fundamental
infantil. a reflexão ao ser professor na pequena
infância. Acredita-se que professores que
A importância do professor da pequena trabalham na Instituição de Educação
infância em planejar as ações cotidianas, infantil revisitem e pensem nas suas práticas
se questionando de que maneira a música pedagógicas, para que aconteçam inúmeras
será introduzida na sala de vivências das formas diferenciadas, contemplando e
Instituições de Educação Infantil, segundo o ampliando sua formação de educador. Apesar
critério de saber o que irá contemplar, através de historicamente existir uma tradição entre
da linguagem musical, o que favorecerá e os professores da Instituição de Educação
significará para essas crianças pequenas. Infantil e da observação e do incentivo para o
pleno desenvolvimento da criança pequena.
Sabendo-se que, a criança ao experenciar
a musicalidade cotidianamente poderá Assim, na contemporaneidade, ou seja,
ter o benefício do universo lúdico, do no século XXI a reflexão nas instituições de
sonho do impossível, podendo experenciar Educação Infantil se tornou-se de grande
outros universos muito diferentes de suas ênfase para o pleno desenvolvimento
realidades. da criança pequena e de acordo com
Oliveira (2002) p.43: De acordo com a
Barbiere (2012) confirma a necessidade visão Educacional, combater a “exclusão
de formação dos professores diferenciados, social e auxiliar a criança nas aquisições do
atentos à especificidades e singularidades conhecimento, desde a pequena infância,
da pequena infância, que crianças possam ensinando as “diferentes linguagens, valores
experenciarem com qualidade as “questões culturais, padrões estéticas e formas de
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Vivemos neste novo século XXI, o paradoxo de inúmeras
mudanças entre elas se encontra a Educação infantil, que
passou a fazer parte da Educação Básica. E foi consolidada
com novas políticas públicas que embasaram as instituições.
As diferentes infâncias na contemporaneidade, convivem
concomitantemente na escola da pequena infância, trazendo
cada criança na sua bagagem a história social e cultural de
cada uma.
E entre essas infâncias culturais a que mais se destaca é a
linguagem musical. Por contemplar através da musicalidade PATRICIA MEG
saberes socialmente construídos há milênios. Construindo AYRES SOUSA
através da música cotidianos das salas de vivências das
Graduação em Pedagogia pela
infâncias maneiras lúdicas de se comunicarem e expressarem Universidade Paulista UNIP
os seus reais sentimentos, inquietude e até sofrimento. (2006); Especialista em Pós
Docência Universitária pela
Universidade Paulista UNIP
Incentivando a todas as crianças, através da mediação (2012); Professora de Educação
consciente dos professores e educadores o pleno Infantil no CEI Ver. Laercio Corte.
desenvolvimento da criança da pequena infância.
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REFERÊNCIAS
BARBIERI, Stela. Interações: onde está a arte na infância. São Paulo, Blucher, 2012.
BRITO, Teca, Alencar. Música na Educação Infantil: proposta para formação integral da
criança. 2º ed. São Paulo Peirópolis, 2003.
COELHO, Nelly, Novaes. Panorama Histórico da Literatura Infantil. São Paulo, Moderna,
2006.
GARDNER, H. Mentes que criam: Uma anatomia da criatividade observada através das vidas.
Porto Alegre, Artemed, 1996.
OLIVEIRA, Zilma, Ramos de. Fundamentos e Métodos. São Paulo, Cortez, 2002.
SILVA, Léa Stahischmidt. O brincar como portador de significados e práticas sociais. Revista
do Departamento de Psicologia, UFF, Niterói, v.17, nº, jul/dez, 2005.
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organização que se está falando. Acredita- sintéticos, como por exemplo, a palavração.
se que não é possível trabalhar explorando Com o intuito de evitar as diferenças de
apenas o que aparece no contexto da sala cada ser humano na aprendizagem inicial
de aula, sem refletir sobre uma organização da leitura e da escrita e os possíveis
sistemática do trabalho. Nos dias de hoje, o fracassos que os métodos não conseguiam
que se recrimina é um planejamento rígido, contornar, estabeleceu-se uma série de pré-
que funcione independente dos educandos, requisitos para uma alfabetização efetiva,
de sua cultura, de suas preocupações, de privilegiando-se, sobretudo, uma sensatez
seus conhecimentos prévios e de suas dos fatores perceptuais e motores vinculada
conceituações acerca dos os conteúdos que a um domínio da linguagem oral.
aprendem.
Essa prática estava ligada a um conceito
Na elaboração da pesquisa, utilizou-se de alfabetização conforme o qual, a
como metodologia a revisão bibliográfica, aprendizagem inicial da leitura e da escrita
procurando levantar o máximo de informações tinha como propósito fazer o educando
a respeito do tema e um panorama sobre os reconhecer as palavras, assegurando-lhe o
trabalhos já realizados na área. domínio das correspondências fonográficas.
No máximo, procurou-se garantir que
esse conhecimento fosse construído num
ANÁLISE DAS ATUAIS conjunto de palavras que fossem expressivas
POLÊMICAS NA para o educando no seu espaço cultural,
como nas tradicionais cartilhas regionais. No
ALFABETIZAÇÃO entanto, de um modo geral, consistia numa
Com o passar do tempo, a alfabetização visão comportamental da aprendizagem
escolar passou a ser foco de incontáveis que era vista como de caráter cumulativo,
polêmicas teóricas e metodológicas, fundamentada na cópia, na repetição e
obrigando que a escola e, particularmente, no reforço. A grande prioridade estava
os profissionais relacionados com o desafio nas associações e na memorização das
de alfabetizar, situem-se quanto às mesmas, correspondências fonográficas, visto que
o que provavelmente gerará consequências era desconhecida a relevância do educando
para as práticas didáticas que irão utilizar. desenvolver o seu entendimento acerca
Segundo Militão (2019), por um longo de como funcionava o sistema de escrita
período, no Brasil, prevaleceu o debate alfabética e de como fazer uso dele desde
a respeito da eficiência dos métodos de o princípio em situações concretas de
alfabetização, provocando embates entre comunicação (MILITÃO, 2019).
os intitulados métodos sintéticos e métodos
analíticos, obtendo-se uma junção dos Na década de 80, a alfabetização escolar
dois nos denominados métodos analítico- no país gerou novas discussões. No entanto,
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Infelizmente, no Brasil, foram poucas as (2004, p. 31) e que parece muito sensata ao
pesquisas que examinaram as consequências afirmar que:
geradas pelas inovações pedagógicas
inseridas no processo de alfabetização a Alfabetizar letrando ou letrar alfabetizando pela
integração e pela articulação das várias facetas
partir da década de 80. do processo de aprendizagem inicial da língua
escrita é sem dúvida o caminho para superação
Um desses estudos foi o de Nunes (1995), dos problemas que enfrentamos nesta etapa da
escolarização; descaminhos serão tentativas de
que comparou a atuação em leitura e escrita voltar a privilegiar esta ou aquela faceta como
de grupos de educandos de classe média se fez no passado, como se faz na atualidade,
alta alfabetizados por diferentes métodos. sempre resultando no reiterado fracasso da
escola brasileira em permitir às crianças acesso
Denominou de Escola A aquela que enfocava
efetivo ao mundo da escrita.
na aprendizagem das correspondências
fonográficas e de Escola B aquela que
combinava atividades de alfabetização e
letramento, dando prioridade às atividades ESTRATÉGIAS PARA
com leitura e produção de texto. Os resultados ALFABETIZAR CRIANÇAS
revelaram uma superioridade dos educandos
da Escola B para produzir texto e uma maior COM DIFICULDADES DE
relação entre leitura e compreensão de APRENDIZAGEM
texto. Já os educandos da Escola A, apesar
de revelarem um maior conhecimento da Neste momento, serão apresentadas
ortografia ao reconhecerem e escreverem algumas estratégias para aplicar em crianças
palavras, não mostraram melhor desempenho com dificuldades de aprendizagem, que
em compreender e produzir textos. precisam ser incentivadas para que venham
a ter um melhor desempenho na escola e,
Percebeu-se que, nesses estudos, as em consequência, em sua vida.
escolas inovadoras estavam experimentando
uma metodologia de caráter misto, na Nesse sentido, não somente a escola,
qual havia tanto atividades de letramento mas também a família e a sociedade
como de alfabetização, sem se priorizar precisam repensar, já a partir das séries
um ou outro. Assim, pode-se afirmar que iniciais, a possibilidade de transformações
existe alguma evidência dos benefícios tanto no sistema educacional como na vida
que uma metodologia mais abrangente da pessoal a fim de que se ajuste sempre ao
alfabetização tem sobre a qualidade do desenvolvimento dessas crianças, de forma
desempenho inicial dos educandos em leitura que sejam consideradas e respeitadas em
e escrita. São pesquisas dessa espécie, que suas particularidades e ritmo de aprendizado.
poderão fornecer o sustentáculo empírico
necessário à postura defendida por Soares
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Existem diversas estratégias que podem ser utilizadas para lidar com todos os aspectos
da vida e no processo de alfabetização dos alunos com dificuldade de aprendizagem não
é diferente. Muitas vezes, determinam o sucesso ou insucesso da aprendizagem dessas
crianças. Infelizmente, muitos alunos com dificuldades de aprendizagem têm dificuldade em
adquirir e utilizar essas estratégias.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na sociedade contemporânea, a escrita está presente em
praticamente todos os lugares: nas paredes, nas camisetas,
nos computadores, nos rótulos e embalagens dos produtos,
nas placas de sinalização de trânsito e, para ser cidadão que
exerce seus direitos, é necessário estar capacitado para fazer
uma leitura crítica das mensagens escritas. Daí a importância
da alfabetização e da formação docente, que precisa buscar
metodologias adequadas que promovam melhores condições
de aprendizagem.
O fator família é de suma importância para o bom rendimento escolar, podendo atuar
como principal motivador para o sucesso escolar. Do contrário, a má influência familiar pode
ser a grande causadora das reprovações, desinteresse e das dificuldades na aprendizagem.
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escolar dá a sensação de que está tudo resolvido. A atitude do não aprender traz em si o
subtexto da denúncia de que algo deverá ser feito. E esse feito não poderá jamais ser a duas
mãos.
Por isso, a proposta exposta neste trabalho reforça o pensamento de que é preciso
exercer uma prática docente em parceria, em equipe, em que todos deverão voltar seu
“olhar” e sua “escuta” para o sujeito da aprendizagem. Não adianta refletir sobre o trabalho
docente e buscar de modo contínuo agregar valores à formação, ressignificar os conteúdos e
adotar novas posturas avaliativas, se não conhecer o ser que está sendo educado e a grande
responsabilidade que é a de participar da sua formação.
Ao realizar a prática docente elaborando vínculos afetivos com esse ser que aprende,
mesmo que ele não deseje aprender naquele momento, por algum motivo, certamente se
estará fazendo a parte que lhe cabe: prepará-lo para operar de forma autônoma seu futuro
utilizando sua mente para pensar em alternativas viáveis para os problemas da sua sociedade,
seu coração para sentir as exigências e apelos sociais e suas mãos para agir em prol do bem
comum.
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REFERÊNCIAS
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série do ensino fundamental. Campinas: PUC, 2007.
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______. Uma Reflexão sobre a Língua Oral e Aprendizagem da Língua Escrita. Pátio, 29, 2004,
p. 8-12.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas,
1986.
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PERROTTI, E. Leitores, ledores e outros afins (apontamentos sobre a formação do leitor). In:
PRADO, J; CONDINI, P.(Org.). A formação do leitor: pontos de vista. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Argus, 2006.
SILVA, E. T. da. Leitura & Realidade Brasileira. 5ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2004.
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A EDUCAÇÃO INFANTIL,
OS JOGOS E AS BRINCADEIRAS
RESUMO: O presente artigo analisa a aprendizagem na educação infantil estimulada por
meio de ações lúdicas, como os jogos e as brincadeiras, contribuindo para a formação de seres
críticos e ativos sobre a realidade do seu cotidiano e despertando uma maior consciência de
si mesmo. A psicologia provou que a participação dos jogos e das brincadeiras, no dia-a-dia da
criança, traz bons resultados na formação do “eu”, ou seja, brincando a criança além de estar
desenvolvendo diferentes aspectos como: o afetivo, o social, o físico e o cognitivo, estarão
ao mesmo tempo aprendendo a compreender o mundo que o cerca. Sabemos que o brincar
faz parte do cotidiano da educação infantil e das séries iniciais, mas não damos a devida
importância aos mesmos. Sem brincar a criança acabará perdendo etapas importantes para
o seu desenvolvimento, podendo consequentemente desenvolver estresse, agressividade e
lentidão mental.
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Os jogos e as brincadeiras são ações que igual para todas as idades, não havia uma
estão intimamente ligadas à aprendizagem, ideia de estágios da vida.
não fazendo referência apenas a educação
dita formal, que trata de conteúdos, mas A infância tomou seu lugar na história
também a social, já que nela a criança acaba alcançado pelo avanço dos conhecimentos,
por reproduzir situações já vivenciadas. na valorização de seus direitos na vida
familiar e social e nas instituições de modo
Existe uma forte ligação entre a reflexão geral.
a respeito da criança e o surgimento da
educação infantil. Devido à concepção da O sentimento de infância nasce no
ideia de que a criança nem sempre foi aceita, é Brasil no século XIX, com a necessidade
possível afirmar que tal fato mostra-se como da instrução e da ampliação das escolas
um ponto de vista recente, se observados os para atender o avanço social da época. No
dados históricos. início, o atendimento à infância foi marcado
pelo assistencialismo e amparo às crianças
Na Idade Média as idades da vida humana necessitadas, com o objetivo de diminuir a
começaram a ter importância. Durante esta mortalidade infantil.
época, existiam seis etapas de vida. As três
primeiras, que correspondem à primeira idade A partir da década de 1970, criou-se um
(do nascimento aos sete anos), à segunda modelo voltado para a educação da camada
idade (dos sete anos ate os quatorze anos), menos favorecida, na qual a educação infantil
e a terceira idade (entre quatorze até vinte e passou a fazer parte da educação básica
um anos), eram etapas não valorizadas pela nacional, sendo motivo de preocupação dos
sociedade, uma vez que somente a partir da órgãos que legislam sobre educação, que,
quarta (dos vinte e um anos até os quarenta por sua vez, determinaram ser dever do
e cinco anos), os indivíduos começavam a Estado disponibilizar a educação ao infante,
ser reconhecidos socialmente. Ainda existia e a garantia de atendimento em creches e
a quinta idade (a senectude, considerando a pré-escolas para crianças de zero a seis anos,
pessoa que não era velha, mas que já tinha sendo este o grande marco na historia da
passado da juventude), e a sexta idade (a educação brasileira.
velhice, a partir dos sessenta anos até o fim
da vida). Tais etapas alimentavam, desde O conceito de infância, a partir do século
aquela época, a ideia de uma vida dividida em XIX, gerou um novo tipo de pensamento,
fases (ARIÉS, 1978). Na sociedade medieval a partir da observação dos movimentos de
antes da escolarização das crianças e os dependência das crianças muito pequenas.
adultos compartilhavam os mesmos lugares
e situações, fossem eles domésticos, de Apenas com a institucionalização da
trabalho ou de festa. A vida era relativamente escola é que o conceito de infância começa
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Por meio dos jogos e das brincadeiras as crianças desenvolvem aspectos físicos e
emocionais, como expressão corporal, gestos, regras e posturas, estabelecendo uma relação
entre o corpo, a mente e o seu ambiente.
Segundo Luckesi (2002):
No estado lúdico, o ser humano está inteiro, ou seja, está vivenciando uma experiência que integra sentimento,
pensamento e ação, de forma plena. A vivência se dá nos níveis corporal, emocional, mental e social, de
forma integral e integrada. Esta experiência é própria de cada indivíduo, se processa interiormente e de forma
peculiar em cada história pessoal. Portanto, só o indivíduo pode expressar se está em estado lúdico. Uma
determinada brincadeira pode ser lúdica para uma pessoa e não ser para outra (p. 25).
Portanto o lúdico não advém apenas do mundo exterior a cada um de nós, mas, também,
do nosso mundo interior, que se relaciona com o exterior.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A visão dos jogos e das brincadeiras como estratégias
capazes de contribuir no processo de ensino aprendizagem
da educação infantil e das séries iniciais, tem sido muito
discutida e trazida aos poucos para os ambientes escolares.
Conclui-se que pensar em educação é pensar no ser humano, em sua totalidade, em seu
corpo, em seu meio ambiente, nas suas preferências, nos seus gostos, nos seus prazeres,
enfim, em suas relações vivenciadas.
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REFERÊNCIAS
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1978.
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da Criança e do Adolescente. Brasília; 1990.
_______. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília. 2005.
GADOTTI, Moacir. Educação e Poder: Introdução a Pedagogia do Conflito. 11ª São Paulo:
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SANTOS, Santa Marli pires dos. Brinquedo e infância: um guia para pais e educadores. Rio
de Janeiro: Vozes, 1999.
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Apesar disso, elas continuavam sendo Porém, essas ideias começaram a sofrer
ignoradas à própria sorte e algumas chegavam criticas, pois se criou uma expectativa muito
a ser fonte de diversão, como bobos da corte, grande de que a pessoa com necessidades
como material de exposição etc. educacional especial se assemelhasse ao não
deficiente, como se fosse possível ao homem
Nessa época, a educação era ministrada “ser igual” a outro e como se o “diferente”
de duas formas e possuía objetivos distintos: fosse razão para que o ser humano tivesse
Natureza religiosa e militar. menor valia como ser humano.
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Os mais afortunados que haviam nascido No Brasil, a partir da década de 60, surgiram
em ‘berço de ouro’ ou pelo menos remediado, centros de reabilitação para todos os tipos
certamente passaram o resto de seus dias de deficiência. Para regulamentar essas
atrás dos portões e das cercas vivas de suas ações, tornou-se necessário uma legislação
mansões, ou então, escondidos, voluntária especifica às pessoas com necessidades
ou involuntariamente, nas casas de campo educacionais especiais.
ou nas fazendas de suas famílias.
Em 1971, o Ministério da Educação e
Essas pessoas deficientes menos pobres Cultura propôs a criação de um grupo tarefa
acabaram não significando nada na vida para tratar da educação especial, e por meio
social ou política no Brasil, permanecendo da lei nº. 5. 692-71 foi introduzida a visão do
com um ‘peso’ para suas respectivas famílias tecnicismo para o atendimento da deficiência
” no contexto escolar.
O primeiro internato criado no Brasil foi o
Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atual Na década de 90, o Brasil adotou a
Instituto Benjamin Constant, criado no Rio proposta de Educação para Todos na
de Janeiro pelo imperador D. Pedro 1º, por conferência mundial da UNESCO, assumindo
meio do Decreto Imperial nº 1.428, de 12 de o compromisso de transformação do sistema
setembro de 1854. educacional brasileiro, de maneira a acolher
a todos com qualidade e igualdade de
O segundo internato foi o Instituto dos condições.
Surdos Mudos, atual Instituto Nacional de
Educação de Surdos, também criado no Rio Em seguida, o Brasil adotou a proposta
de Janeiro e oficialmente instalado em 26 de da declaração de Salamanca, em 1994,
setembro de 1857. comprometendo-se com a construção
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Assim, pode-se afirmar que só a partir da Para FERREIRA (1993, p. 34), a Educação
década de 90 o Brasil passou a entender e Especial:
a realizar ações que realmente condiziam
com a ideia de inclusão, respeito, dignidade [...] abrange, como principio, o conjunto de
serviços educacionais não disponíveis nos
e favorecimento do desenvolvimento de ambientes sócios educacionais “normais”
pessoas com necessidades educacionais ou “regulares”. Ela visaria o atendimento e a
especiais. promoção do desenvolvimento de indivíduos
que não se beneficiaram significativamente de
situações tradicionais de educação, por limitações
A conceituação de Educação Especial tem ou peculiaridades de diferentes naturezas.
levado a Diversos autores uma preocupação
com o estudo pedagógico, metodológico, Para esse autor, a natureza dos serviços
com a definição e conceituação dessa área. fornecidos aos alunos com necessidades
educacionais especiais deve ser diferenciada
MAZZOTA (1996, p.23) define a Educação e deve ter como objetivo o atendimento e a
Especial como: promoção dos alunos que a rede comum não
pode atender por meio de seus serviços.
[..] a modalidade de ensino que se caracteriza
por um conjunto de recursos e serviços
educacionais especiais organizados para apoiar, Pode-se notar que tal definição pode
suplementar e, em alguns casos, substituir apontar a democratização dos serviços
os serviços educacionais comuns, de modo a educacionais a um grupo de alunos não
garantir a educação formal dos educandos que
apresentem necessidades educacionais muito beneficiado potencialmente no ensino
diferentes das da maioria das crianças e jovens. regular, por meio de ampliação do quadro
de serviços de educação especial. Por outro
Segundo esse mesmo autor, os alunos lado, também pode reiterar a ideia de déficit
com necessidades educacionais especiais vinculado ao aluno diante da impossibilidade
podem ter apoio de um conjunto de recursos dos serviços de educação comum atenderem
e serviços organizados de modo a garantir à sua escolarização formal.
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A partir de 1994, com a Declaração “os sistemas de ensino devem matricular a todos
os alunos, cabendo às escolas organizar-se para
de Salamanca, resultado da Conferência o atendimento aos educandos com necessidades
Mundial sobre Necessidades Educativas educacionais especiais, assegurando às
Especiais: Qualidade e Acesso solidificam-se condições necessárias para uma educação de
qualidade para todos”.
as metas do Congresso Mundial de Educação
para Todos, realizado em 1990, na Tailândia,
que previa a erradicação do analfabetismo O Plano Nacional de Educação destaca
e a universalização do ensino fundamental. no seu capítulo da Educação especial, que
Na Espanha, acrescentam-se os princípios o grande avanço que a década da educação
norteadores da Educação Inclusiva. deveria produzir seria a construção de
uma escola inclusiva que garantisse o
Se por um lado a educação inclusiva enfatiza atendimento à diversidade humana. Para
a qualidade de ensino para todos, por outro, a MAZZOTA (2002, p. 25):
escola precisa urgentemente de reorganizar
para dar conta da multiplicidade de questões “Na Educação Inclusiva serão também
obedecidos os princípios e igualdade de viver
inerentes ao trabalho educacional. Somente socialmente com direitos, privilégios e deveres
mediante a uma profunda revisão da pratica iguais; participação ativa na interação social e
pedagógica docente é que será possível observância de direitos e deveres instituídos
pela sociedade.”
ultrapassar os preconceitos que acabam
gerando a exclusão.
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classe de ensino regular. Para que isso alunos, apesar dos comprometimentos
aconteça, é fundamental o suporte dos que apresentam, para que as propostas a
serviços da área de Educação Especial por serem elaboradas sirvam de horizonte a ser
meio de seus profissionais. A inclusão é um atingido, indicado, ainda, as metas seguintes.
processo inacabado que ainda precisa ser
frequentemente revisado. O termo necessidades educativas especiais
nos leva a refletir sobre sua importância no
Dado ao pluralismo cultural do alunado contexto educacional.
faz-se importante a busca de respostas
que atendam às necessidades individuais e Diante destes novos posicionamentos
grupais desta nova clientela. educacionais é inevitável o aperfeiçoamento
das praticas docentes, redefinindo novas
A importância de um currículo que busque alternativas que favoreçam a todos os alunos, o
tornar os conteúdos vivos e de interesse que implica na atualização e desenvolvimento
do grupo é fundamental, pois o processo de conceitos em aplicações educacionais
educacional precisa estar de acordo com compatíveis com esse grande desafio.
os alunos concretos e não para uma visão
abstrata, na qual uns podem se desenvolver e Apesar de complexo, com uma proposta
outros não. É preciso pensar em um processo grandiosa, o processo de inclusão ainda galga
que desenvolva a capacidade critica e de os primeiros patamares de uma montanha a
construção de significado, sem perder de ser escalada. Isso, no entanto, não impediu
vista o ponto de chegada. que algumas escolas públicas e privadas
começassem a fazer esta escalada.
Um currículo para todos requer a
capacidade de apresentar adaptações aos que Na visão inclusiva, será também necessária
dele necessitam, porque é preciso lembrar a revisão do papel da avaliação, não cabendo
que alguns levarão mais tempo do que mais o caráter classificatório, por meio de
outros na execução das tarefas pedagógicas, notas, provas, que deverá ser substituído
o que não significa que deixarão de alcançar por diagnósticos contínuos e qualitativos,
o objetivo final proposto pela escola. É destinadas a depurar o ensino e torná-
tempo de se conhecer outros caminhos, que lo cada vez mais adequado e eficiente à
estarão sendo construídos nesse processo, aprendizagem de todos os alunos.
às vezes mais longo, porém com chegada em
uma determinada produção. Muito se tem falado e poucas escolas
conseguem elaborar o seu projeto político-
O trabalho pedagógico em uma escola pedagógico, considerando que o conceito e
inclusiva deve partir de uma avaliação as observações técnicas não foram, ainda,
que indique o caminho já percorrido por devidamente absorvidos pelo professorado.
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Neste sentido, duas questões são de fundamental importância para o êxito da escola
inclusiva: a formação dos professores e a proposta político- pedagógico da escola,
considerando que sem o conhecimento básico sobre as diversidades culturais e sociais
destes novos personagens que chegam à escola e sem uma proposta pedagógica definida,
não há como se manter as crianças na escola.
A política de acesso é muito fácil de ser exercida do que a política de manutenção das
crianças na escola, mesmo por um período considerado mínimo necessário para a aquisição
de uma escolarização bem-sucedida.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho conclui-se que uma das contratações
possíveis neste momento é que nossas tarefas são inúmeras,
mas devemos identificar prioridades, denunciar ações
reprodutoras de iguais atitudes sociais para com essas
pessoas, acompanhar ações do poder público em educação,
cobrar compromissos firmados pelos governantes, além de
ampliar e sedimentar espaços de participação coletiva para
defender uma política educacional inclusiva pautada em
praticas com apoio pedagógico teórico e pratico.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. MAS/CORDE. Declaração de Salamanca e Linha de Ação Sobre Necessidades
Educativas Especiais. Brasília, 1994.
. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394. Brasília: Diário Oficial da
União, nº 248 de 20/12/1996.
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momento em que se priorizou a mão de obra opuseram à catequese dos negros por isto se
africana, toda a economia de exportação da tornar um fator de perigo, pois se os escravos
colônia portuguesa passou a estar integrada aprendessem uma língua comum, poderiam
aos circuitos do mercado internacional e ao se comunicar com diferentes grupos étnicos
capital mercantil. africanos para se rebelarem contra o sistema
escravista (NOVAIS, 1989). Além dos negros
Fora a lucratividade, a implantação da serem considerados animais, cuja alma era
escravidão africana foi imprescindível para o pecaminosa e sem salvação. As relações
controle das terras americanas conquistadas. entre colonos e jesuítas nem sempre foram
Desde a instituição do Governo-Geral harmoniosa, embora fossem essências para
em 1548, a Coroa portuguesa pretendeu o funcionamento da colonização.
exercer uma vigilância mais efetiva sobre
os destinos da colonização. A limitação Após a travessia atlântica, praticada em
da escravidão indígena e a introdução da condições inumanas, com índices elevados
escravidão africana – o índio era tido como de mortalidade e enfermidade, ficavam à
“naturalmente indisposto” para a lavoura mercê de abusos sexuais e tinham suas
e o negro, ao contrário, tinha uma “afeição famílias dissolvidas com a venda de seus
natural” para ela – foi uma estratégia integrantes em separado. Os cativos sofriam
exitosa, pois os colonos e os donos de terras inúmeros tipos de violências físicas como
ficaram mais subservientes ao controle da as palmatórias, açoites, acorrentamento
Metrópole, se tornando mais dependente e vários outros tipos de castigos, sendo
do fornecimento contínuo da mão de obra muitas vezes mutilados para garantir a sua
necessária para manterem os seus negócios. submissão e disciplina. Em geral, os castigos
eram aplicados pelo feitor, que poderia ser
Nesse sentido, podemos destacar o papel um homem livre pobre, um índio, um negro
da Igreja e, principalmente, dos jesuítas na forro e até mesmo um escravo de confiança
colonização. Defensores de certo modo da do senhor. Na definição do jesuíta André João
causa indígena, interessados na direção Antonil, todos os feitores (do feitor-mor do
de seus braços e de suas almas, os jesuítas engenho aos outros feitores menores) eram
foram aliados importantes do Estado lusitano os “OS BRAÇOS DE QUE SE VALE o senhor
até o final do século XVIII. Ao reprovarem do engenho para o bom governo da gente e
e denunciarem as injustiças cometidas da fazenda” (ANTONIL, 1982, p. 47).
contra os indígenas e, simultaneamente,
defenderem o ingresso de africanos na Para o mesmo cronista, eram necessários
América, os membros da Companhia de três “p” para o bom desempenho do escravo
Jesus contribuíam politicamente com a e para manter a sua sobrevivência: “pau, pão
Coroa portuguesa no exercício de seu poder e pano”, ou seja, a dureza dos castigos devia
sobre os colonos. Os senhores coloniais se ser complementada pelo sustento e pelas
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vestimentas (ANTONIL, 1982, p. 3). No que los a serem mais eficientes, ao mesmo passo
tange aos três “p”, Candido realça que: que o senhor economizava com a “ração”
necessária para a manutenção e reprodução
(...) o que é próprio do homem se estende da força de trabalho. Esse tipo de relação não
ao animal e permite, por simetria, que o que
é próprio do animal se estenda ao homem. era pautada pela solidariedade ou compaixão
Pão para o homem e também para o burro; para com o escravo, e sim para auferir mais
pano para o homem e também para o burro; lucro e produtividade com a exploração do
pau para o burro e também para o homem.
Conclusão: equiparação do homem ao animal, e trabalho escravo mais eficiente.
não do animal ao homem, estendendo-se (e aí
está a chave de tudo) que se trata de homem
= trabalhador. O dito não envolve, portanto,
uma posição ontológica, mas sociológica, e visa
REPRESENTAÇÕES SOBRE
ocultamente a definir uma relação de trabalho
(ligada a certo tipo de acumulação de riqueza),
O ESCRAVO NEGRO
na qual o homem pode ser confundido com o
bicho e tratado de acordo com esta confusão Sobre os escravos africanos foram
(CANDIDO, 2002, p. 69-70). projetadas imagens e imaginários que
representavam os negros como seres
A confusão entre negro e animal era tônica inferiores, pecaminosos, demoníacos e
da relações senhor-escravo, assim como naturalmente propensos ao trabalho escravo.
usavam burros e jumentos para carregar A África era tida como o lugar do pecado, das
cargas a base da paulada e chicotada, o trevas e da infidelidade. Ao revés do que se
escravo deveria exercer o seu trabalho da projetava sobre os indígenas, não haveria
mesma forma, ou seja, a base da violência, nenhuma ligação dos negros da Guiné, como
da coação e opressão. eram identificados, com o paraíso terrestre.
Segundo o mito da danação, as origens
Nem sempre os senhores comportaram- bíblicas destes estariam relacionadas a duas
se conforme essa orientação, sendo maldições, ambas posteriores ao pecado
comum uma atenção maior aos animais, original. Eles seriam descendentes de Caim,
principalmente aos cavalos, do que aos aquele que por inveja matou seu irmão Abel,
cativos. Muitos senhores, ao contrário do e carregavam na pela a cor negra, marca do
que pregava a moral cristã pregada pelo sinal fixado por Deus, ou, então, membros
clero na colônia, abriram prostíbulos em da geração de Cam, filho de Noé, que
vilarejos, sítios e nas cidades, destinando difamou seu pai e por isso foi sentenciado e
suas escravas aos “trabalhos da carne”. Por amaldiçoado, juntamente com seus filhos, à
outro lado, em alguns engenhos brasileiros, escravidão.
os escravos podiam cultivar as suas roças nos
dias santos e nos domingos, delas tirando seu A retirada forçada dos africanos de seu
sustento e podendo até mesmo negociar o continente era, para as justificativas que se
excedente. Essa era uma forma de estimulá- elaboraram principalmente no século XVII,
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ocorrer aqui também, já que “os quilombos, Coimbra, já chamava a atenção de D, João VI
os assaltos às fazendas,as pequenas revoltas para a “necessidade de se formar no Brasil
individuais ou coletivas e as tentativas de uma população homogênea e integrada
grandes insurreições se sucederam desde num todo social” (AZEVEDO, 1987, p. 37).
o desembarque dos primeiros negros em Segundo Moura, esse desejo de construir
meados de 1500” (AZEVEDO, 1987, p. 35). uma pátria levou o negro a participar nas
lutas pela independência. Conforme ressalta
O medo branco da onda negra, em Moura, o negro, seja ele escravo ou livre,
outras palavras, o perigo do “haitianismo”, participou da independência de quatro
foi reforçado no primeiro quartel do século maneiras fundamentais:
XIX com as sublevações baianas que foram
encabeçadas pelos haussás e nagôs, bem 1) aproveitou-se da confusão e fugiu para as
matas debandando dos seus senhores;
como a Revolta dos Malês ocorrida em 1835 2) aderiu ao movimento da Independência para
na cidade de Salvador. com isto tentar conseguir a sua alforria, como
fora prometida;
3) lutou por simples obediência aos seus
senhores; e
A ESCRAVIDÃO QUESTIONADA 4) participou ao lado dos portugueses (MOURA,
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espaço era de “uma país marcado por uma Em 1840, no período do Segundo Reinado
profunda heterogenia sócio-racial, dividido (1840-1889), o senador liberal Nicolau de
entre uma minoria branca, rica e proprietária Campos Vergueiro, endossando a perspectiva
e uma maioria não-branca, pobre e não- emancipacionista imigrantista, iniciou uma
proprietária” (AZEVEDO, 1987, p. 36). experiência de substituição de escravos
por homens livres. Patrocinando a viagem
Além do mais, a escravidão passou a ser de imigrantes alemães e suíços para as suas
colocada em questão pelos efeitos que fazendas em São Paulo, Vergueiro introduzia
produzia à economia brasileira, colocando o “contrato de parceria”, por meio do qual
obstáculos ao desenvolvimento da os trabalhadores tornavam-se “sócios” da
agricultura e da indústria, bem como pela produção cafeeira de suas propriedades.
degradação moral e social que provocava, Mendes (2009) sublinha que:
tanto nos escravos quanto em seus senhores,
desqualificando e desmotivando o trabalho Em 1840, o senador Nicolau Pereira de Campos
Vergueiro trouxe 90 lavradores da região do
manual, embrutecendo as relações sociais e Minho, Norte de Portugal, para trabalhar como
bestializando a maior parte da população. parceiros em sua Fazenda Ibicaba, próxima à
cidade de Limeira, na província de São Paulo
(Vergueiro [Carta], 1852). O contrato de
Conforme ressalta Azevedo (1987), parceria, firmado antes do embarque para o
foram várias as soluções que procuravam Brasil, estipulava que cada agricultor e sua
superar a heterogenia social provocada pelo família deveriam cultivar certa extensão de pés
de café na fazenda que os acolhesse, recebendo
escravismo e instituir uma nacionalidade. No em pagamento uma porcentagem do lucro
transcurso do século XIX, os reformadores líquido anual da venda do produto por eles
buscavam a criação de um povo mais coeso, e gerado. A parceria empenhava daquele modo,
por antecipação, o resultado do trabalho futuro
os emancipacionistas, no primeiro momento, do imigrante, com o qual ele deveria saldar os
enxergavam nos próprios habitantes do gastos feitos em seu benefício, desde a viagem
país, sendo eles escravos ou livres, um saída marítima até os adiantamentos para compra de
alimentos e subsistência (MENDES, 2009, p.
para um projeto de uma “sociedade unida, 174).
harmoniosa e progressiva”, mas para isto
teria que tirar esta gente das suas “vidas Teoricamente o negócio era vantajoso para
vistas como abjetas, inúteis e isoladas”. os trabalhadores: tinham viagem marítima
Já no segundo momento, a partir de 1840 e o transporte do porto de Santos até a
e 1850, os emancipacionistas passaram fazenda financiados; recebiam mantimentos
apoiar as “soluções imigrantistas” e viam nos e instrumentos para o trabalho, um número
estrangeiros europeus “o povo ideal para determinado de pés de café para plantio,
formar a futura nacionalidade brasileira” acompanhamento e colheita, um pequeno
(AZEVEDO, 1987, p. 36-37). pedaço de terra para o cultivo de gêneros
alimentícios e uma casa rústica para a sua
moradia. Em troca deviam dar ao proprietário
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Em 1850, ao mesmo tempo que ocorriam 1827, cuja determinação era o término do
as experiências de parceria, o Estado nacional comércio ilegal transatlântico de africanos
anunciava duas medidas de forte impacto: o no período de três anos. Na tabela abaixo
fim do tráfico negreiro e a Lei de Terras. podemos conferir a movimentação de
escravos entre a África e o Rio de Janeiro.
Segundo Florentino (2014), até o término
oficial do tráfico negreiro pelo Atlântico O circuito Moçambique-Rio de janeiro,
(1830), era predominante o número de estabelecido tardiamente, foi um dos
adultos escravos que viviam nas cidades e responsáveis pelo incremento da população
no agro, as crianças atingiam uma cifra de cativa no Rio de Janeiro, o tráfico negreira
30% da população total de cativos, pois a nessa rota trouxe para província carioca
alta taxa de mortalidade entre os escravos cerca de duzentos mil moçambicanos entre
reduzia os índices de fecundidade. Havia a última década do século XVIII e o ano de
também um grande desequilíbrio entre o 1850. A importação de africanos ainda era
número de homens e mulheres escravos, cuja fundamental para assegurar a ampliação das
predominância era masculina. Florentino plantations de açúcar e de café no Sudeste,
aponta que: bem como para o aumento das estâncias de
gado no Sul do país, da economia urbana
[...] os dados acerca da evolução da população e a produtividade para o guarnecimento
escrava na província do Rio de Janeiro revelam
um extraordinário incremento na primeira (FLORENTINO, 2014).
metade do século XIX: de cerca de 82 mil cativos,
em 1789, passou-se para 150 mil em 1823. Nas Contudo, O fim do tráfico não
freguesias estritamente urbanas da cidade do
Rio de Janeiro, os escravos passaram de apenas representou o encerramento da escravidão:
1/3 dos 45 mil moradores contados em 1799, navios continuaram a descarregar,
para quase metade dos oitenta mil habitantes clandestinamente, contingentes de escravos
de 1821, alcançando cerca de 40% dos 230 mil
habitantes dessas freguesias (FLORENTINO, em portos brasileiros, ainda que em escala
2014, p.182) bem mais reduzida; o comércio interno era
incentivado e um grande número deles vinha
O comércio de africanos entre 1826 e do Nordeste para trabalhar nas rentáveis
1830 foi pautado, sobretudo, no processo de fazendas de café do Centro-Sul. Conforme
reconhecimento da independência do Brasil enumera Florentino, cerca de cinquenta mil
pela Inglaterra em 1822, no qual já previa o africanos desembarcaram no Brasil em cada
fim do tráfico de escravos. no período de 1846 a 1850. A venda de
escravos passou a ser uma alternativa para
As elites escravocratas do Sudeste algumas regiões brasileiras economicamente
compraram compulsoriamente o máximo enfraquecidas. De acordo com Peregalli
de africanos que podiam antes mesmo da (1997), mesmo com a emancipação do Uruguai
ratificação do tratado em 13 de março de em 1828, a importância da região fronteiriça
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Brasil-Uruguai para o tráfico atlântico era terras e capital, apesar das vastas extensões
significativa, pois muitos escravos eram territoriais não ocupadas.
transportados por este caminho e desviados
para o Império, principalmente a região Sul e Mesmo com o abastecimento interno de
Sudeste. escravos, o fim do tráfico provocou uma
relativa escassez de mão-de-obra e seu
Da mesma forma que os farroupilhas utilizaram respectivo encarecimento, o que incentivou
os portos de Montevidéu e Maldonado para
escoamento e aprovisionamento, entre 1849 e a busca de métodos de produção que
1853 o Uruguai foi uma alternativa para burlar dispensassem o maior número possível
o bloqueio que o almirante inglês Reynolds de trabalhadores. Assim, ampliou-se a
efetuava nas costas brasileiras para reprimir o
tráfego negreiro. Ainda após ratificar o convênio mecanização das atividades cafeeiras,
internacional de abolição do tráfego, em 1841, como o descaroçamento, a classificação e o
uma pequena frota de bandeira uruguaia fazia ensacamento do produto, o que acabou por
um estranho e velho comércio entre África
e o Rio da Prata. Os registros dos navios estimular a produção brasileira de máquinas
declaravam transportar colonos africanos, ainda cujo emprego generalizou-se no Oeste
que acorrentados e amontoados nos porões. A Paulista. Por se tratar de uma agricultura
fronteira foi efetivamente uma zona de tráfego
negreiro, espetáculo que levou o governo em expansão, quando da extinção do tráfico
uruguaio, em 1853, a declarar pirataria todo o os cafeicultores dessa região de São Paulo
comércio de seres humanos, abrindo ainda mais dispunham de capital para a aquisição desses
o conflito com o Império (PEREGALLI, 1997, p.
69). caros maquinários. No Vale do Paraíba, ao
contrário, o esgotamento do solo dava início
A Lei de Terras proibia a ocupação e ao declínio da produção, o que viria impedir
a doação de terras. Estas só poderiam sua modernização local (FRANCO, 1997).
ser adquiridas por compra. Com isso, os
imigrantes que viessem ao Brasil – pobres em Suspenso o tráfico e garantidas as limitações
sua esmagadora maioria –, os ex-escravos para a posse de terras, a elite dirigente do
e os homens livres brasileiros não teriam Estado nacional indicava sua tentativa de
acesso à base da agricultura e, portanto, branquear a população e aproximá-la dos
seriam forçados a trabalhar nas propriedades padrões europeus (AZEVEDO, 1987). Para
já existentes (MENDES, 2009). os fazendeiros, era necessário garantir um
fluxo imigratório contínuo e intenso que
As duas medidas estavam interligadas não dependesse de iniciativas isoladas
e deixavam explícito que a abolição da dos proprietários paulistas, ou seja, que o
escravatura seria lenta e gradual. Pela Estado arcasse com os custos do transporte
Lei de Terras, os fazendeiros tinham uma dos imigrantes e despejasse no Brasil um
contrapartida para essa previsível abolição: enorme contingente de trabalhadores livres.
a concentração da propriedade fundiária era Sem dívidas para desmotivá-los e sem
garantida para aqueles que já dispusessem de investimentos por parte dos proprietários,
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O Estado assumiria, mais uma vez, No mesmo ano de 1871, a elite dirigente
sua vocação de agenciador de mão-de- continuou a implementação de seu projeto
obra. Fora fundamental até 1850 para a gradual de abolição, procurando uma forma
manutenção da escravidão e seria também o menos agressiva aos proprietários que ainda
avalista da abolição da escravatura e da sua não haviam substituído os escravos de suas
substituição pelo trabalho livre. Todavia, com fazendas. A Lei do Ventre Livre ditava que
impossibilidade de importação de escravos todos os filhos de escravas nascidos a partir
africanos, os latifundiários e fazendeiros de de então seriam livres, tendo o proprietário
café das províncias Sudeste pensaram em as opções de entregá-los ao governo, em
uma saída criativa para o problema, importar troca de uma indenização, ou de mantê-los
negro escravo de outras províncias: trabalhando até completarem 21 anos.
(...) os fazendeiros de café do Rio de Janeiro, São Em 1885, uma nova lei revelava a timidez
Paulo e Minas no início do surto [da proibição
do tráfico de africanos] usam o recurso de do projeto abolicionista. Pela Lei dos
importar o negro escravo de outras províncias Sexagenários, também chamada de Saraiva-
que já se encontravam decadentes, como Cotegipe, todo escravo que chegasse aos
Pernambuco, Bahia e Ceará. Essa necessidade
de importação interprovincial desarticulava 65 anos de idade adquiriria sua liberdade.
novamente a população negra, que é deslocada Devido aos maus-tratos e aos exaustivos
para novas áreas prósperas, muitas vezes vendo trabalhos, poucos conseguiam chegar a idade
fragmentada a sua família, pois os seus membros
podiam ser vendidos para senhores diferentes tão avançada e mesmo os que pudessem
(MOURA, 1988, p. 55). se beneficiar da medida teriam poucas
possibilidades de sobrevivência na sociedade
A partir de 1871, o governo provincial de brasileira. Apesar de tudo, a escravidão tinha
São Paulo passou a destinar recursos para a seus anos contados. Moura (1988) assinala
entrada de imigrantes na região, a maioria que:
composta por italianos que deixavam sua
terra natal devastada por uma profunda crise A Lei do Sexagenários, a do Ventre-Livre, a
extinção da pena de açoite, a proibição de se
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venderem para senhores diferentes membros da e, de outro, para justificar a política imigrantista
mesma família escrava e outras são mecanismos que era patrocinada por parcelas significativas
que protegem mais a propriedade do senhor do capitalismo nativo e pelo governo de D.
do que a pessoa do negro escravo. A Lei Pedro II (MOURA, 1988, p. 57, grifo do autor).
Sexagenária, por exemplo, serviu para descartar
a população escrava não produtiva, que apenas
existia como sucata e dava despesas aos Após o extermínio de grande parte da
senhores. A Lei do Ventre-Livre condicionava população negra na Guerra do Paraguai,
praticamente o ingênuo a viver até os vinte anos
numa escravidão disfarçada trabalhando para o o movimento abolicionista ganhou novo
senhor (MOURA, 1988, p.56-57). impulso no seio do Império brasileiro. Os
abolicionistas passaram a chamar a atenção
Ao mesmo tempo em que o governo para o exemplo dos Estados Unidos onde
procurava não descontentar a maioria dos a escravatura fora abolida em 1863. Da
proprietários, crescia no Brasil a campanha mesma forma, criticavam as tímidas leis
abolicionista. Iniciada nas grandes cidades governamentais que adiavam a resolução
por membros mais ilustrados da sociedade sobre o cativeiro dos negros. Para o deputado
brasileira, a mobilização levou à organização Joaquim Nabuco, um dos principais líderes
de clubes, associações e jornais com do movimento, era urgente implementar um
o intuito de alertar a população para a projeto que não só trouxesse a liberdade
necessidade de modernização das relações para os cativos, como também permitisse
no país e contou com a liderança de mulatos, integrá-los como cidadãos na sociedade.
como o farmacêutico José do Patrocínio e
o engenheiro André Rebouças. Para Moura As medidas parlamentares causavam
(1988), a crise do sistema escravocrata significativo descontentamento em
entrava em sua última fase: determinados grupos com características
mais radicais, na década de 1880, os quais
Do ponto de vista estritamente econômico, passaram a organizar associações que se
capitais de nações europeias mais desenvolvidas
no sistema capitalista investiam nos ramos encarregavam de auxiliar a fuga de escravos.
fundamentais, como transportes, iluminação,
portos e bancos, criando uma contradição Caifazes era o nome de um grupo
que irá aguçando-se progressivamente entre
o trabalho livre e o escravo. Tudo isto irá constituído por advogados, estudantes,
culminar com a Guerra do Paraguai, na qual os comerciantes e até mesmo ex-escravos.
negros serão envolvidos na sua grande maioria Tal grupo estimulava e realizava fugas
compulsoriamente, nela morrendo 90.000.
Aqueles que fugiram ao cativeiro, apresentando- de fazendas localizadas em São Paulo.
se como voluntários, acreditando na promessa Entretanto, Azevedo (2010) problematiza
imperial de libertá-los após o conflito, foram a imagem cristalizada dos Caifazes e do
muitos deles reescravizados. Essa grande sucção
de mão-de-obra negra, provocada pela Guerra do seu líder Antonio Bento, para autora, a
Paraguai, abriu espaços ainda maiores para que construção dessa imagem dos caifazes como
o imigrante fosse aproveitado como trabalhador. grupo pioneiro da luta pela abolição ganhou
Essa tática de enviar negros á guerra serviu, de
um lado, para branquear a população brasileira força a partir da construção de Luiz Gama
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como legendário abolicionista depois de sua morte. O Antonio Bento aproveitou-se da morte
de Gama para fazer dela um ato político e de propaganda abolicionista, cuja ideia era fazer
dele o “redentor da escravidão”. A partir daí, as interpretões posteriores que atribuem ao Luiz
Gama a figura de “herói da escravidão”, reduziram o movimento abolicionista – movimento
multifacetado de interesses e atores sociais – aos membros do movimento caifazes Luiz
Gama e Antonio Bento, destituindo de sentido a presença dos sujeitos escravizados no
processo abolicionista.
Após saírem do cativeiro, o destino da maior parte dos escravos era o quilombo do
Jabaquara, situado em Santos, o qual atingiu a marca de dez mil pessoas reunidas. Em 1886,
a cidade de santos não possuía mais escravos e isso fez com que o local fosse considerado o
lugar mais seguro para instalar um Quilombo. A província do Ceará, antes mesmo de Santos,
aboliu a escravidão em 1884, os jangadeiros, movimento abolicionista cearense liderado pelo
mestiço Francisco José do Nascimento, que ganhou força em 1881, foram imprescindíveis
para conquistarem a liberdade dos escravos (FRANCISCO, 2013).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da presente pesquisa foi possível verificar que,
apesar de todas as condições desfavoráveis e dos discursos
legitimadores da escravidão, os negros cativos não deixaram
de apresentar formas de resistência à sua situação: sabotavam
a produção do açúcar; arranjavam fugas de modo individual
ou coletivo; promoviam assassinatos, tanto de senhores,
como de feitores; causavam revoltas e a própria morte.
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REFERÊNCIAS
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século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000026.pdf>.
Acesso em: 05 mar. 2019.
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Disponível em: <http://www.usp.br/cje/anexos/pierre/brasil_mitofundador_e_sociedade_
autoritaria_marilena_chaui.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2019.
FERREIRA JR, Amarílio; BITTAR, Marisa. A pedagogia da escravidão nos Sermões do Padre
Antonio Vieira. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 84,n. 206/207/208, jan/
dez, p. 43-53, 2003. Disponível em: <http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/
viewFile/102/104>. Acesso em: 03 mar. 2019.
FRANCO, Maria Sylvia de C. Homens livres na ordem escravocrata. São Paulo: Unesp, 1997.
MELLO E SOUZA, Laura. O diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular
no Brasil colonial. São Paulo: Cia das Letras, 1986.
1300
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MOURA, Clóvis. História do Negro Brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1988.
NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). São
Paulo: Hucitec, 1989.
PEREGALLI, Enrique. Como o Brasil ficou assim? Formação das fronteiras e tratados dos
limites. São Paulo: Global, 1997.
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O JOGO NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR
RESUMO: Buscamos, por meio do método de revisão literária, refletir sobre o papel
do Jogo na Educação Física Escolar, visto que é uma das estratégias mais utilizadas em
aula, não só nesta disciplina, como também em outros componentes curriculares. Buscar
a origem da palavra Jogo, e os autores que refletiram sobre ela. Outro fator presente é
sobre os valores éticos intrínsecos ao jogo e se bem conduzido e orientado pode promover
mudança significativa no educando e, consequentemente, na sociedade. Porém, o contrário
é verdadeiro. A má condução do andamento do jogo e comportamento do educando no
mesmo, poderá produzir cidadãos extremamente competitivos e egocêntricos. Enfim, o Jogo
é um motivador por si mesmo, porém a condução do educador determinará um papel e
importância na vida do educando. Por fim o posicionamento em defesa do uso do Jogo na
Educação Física Escolar.
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O jogo está presente desde épocas mais Araújo (1992) analisa o jogo como “uma
remotas, em diversos lugares e em diferentes atividade espontânea e desinteressada,
sociedades. O jogo é algo transcendente ao admitindo uma regra livremente escolhida,
homem o qual assemelha-se em uma fuga da que deve ser observada, ou um obstáculo
realidade que o cerca. deliberadamente estabelecido, que deve ser
superado”.
Para Huizinga ao analisar a transcendência
do jogo: Antunes (2003, p.11), define jogo:
“É uma função significante, isto é, encerra um “A palavra jogo provém de jocu, substantivo
determinado sentido. No jogo existe alguma masculino de origem latina que significa gracejo.
coisa “em jogo” que transcende as necessidades Em seu sentido etimológico, portanto, expressa
imediatas da vida e confere um sentido à ação. divertimento, brincadeira, passatempo sujeito
Todo jogo significa alguma coisa” (1992, p. 3). a regras que devem ser observadas quando
se joga. Significa também balanço, oscilação,
astúcia, ardil, manobra. ”
Para Moratori (2003), a origem dos jogos
é desconhecida, entretanto, sabe-se que os Kishimoto (1993, p.15), afirma que os
mesmos foram conservados e transmitidos, jogos foram transmitidos de pais para filhos:
oralmente, de geração em geração. Desta
feita, percebe-se que estes mantêm em “A tradicionalidade e universalidade dos jogos
assenta-se no fato de que povos distintos e
sua constituição, cognições de culturas, de antigos como os da Grécia e Oriente brincavam
formas de viver de um povo, mantidas e de amarelinha, de empinar papagaios, jogar
evoluídas em diferentes partes do mundo. pedrinhas e até hoje as crianças o fazem
quase da mesma forma. Esses jogos foram
transmitidos de geração em geração por meio
Segundo Gadamer (2002), “aquele que de conhecimentos empíricos e permanecem na
joga sabe, ele mesmo, que o jogo é apenas memória infantil. O jogo tradicional infantil é
considerado como parte da cultura popular, o
jogo, e que se encontra num mundo que é jogo tradicional guarda a produção espiritual de
determinado pela seriedade dos fins. Mas isso um povo em certo período histórico [...] e por
não sabe na forma pela qual ele, como jogador ser um elemento folclórico, esse jogo assume
características anônimas, tradicionalidade,
imaginava essa relação com a seriedade”. transmissão oral, conservação, mudança e
universalidade”
Para Huizinga,( 1999, p.53),
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso do Jogos na Educação Física Escolar é um dos
recursos que possibilita a promoção do conhecimento pelo
educando que forma lúdica e motivante. O educador, agente
de promoção do ensino e aprendizagem ao educando deve
manter em sua prática a utilização dos jogos como parte
do seu trabalho pedagógico na sala de aula, pois estes
desempenham o contato com o mundo da imaginação e no
estabelecimento da autonomia e formação de valores.
Assim como o Jogo em sua essência intrínseca de envolver
os participantes, o educador deve conduzir o andamento
do decorrer dos jogos, as regras tanto da flexibilização ou PRISCILA APARECIDA
manutenção rígida das mesmas, e orientar o educando na SPOLI ALBERTO
sua participação e o que se espera em relação as atitudes de
Professora de Educação Física
cooperação, respeito, participação e justiça social. na Rede Municipal de São Paulo,
Especialização em Gestão Escolar
Além do ponto crucial da condução na forma com esse
Jogo será jogado, destaque para a ação do Educador.
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REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
ANTUNES, Celso, 1937 – Jogos para estimulação das múltiplas inteligências/ Celso Antunes.
15. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
CARVALHO, A.M.C. et al. (Org.). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 1992.
EIRAS, Denise Barbosa; EIRAS, Suélen Barbosa. Dinâmicas, jogos e brincadeiras – Diversão
para todos – 12ª ed. Curitiba: A. D. SANTOS EDITORA, Julho de 2010.
HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1992.
MORATORI, Patrick Barbosa. Por Que Utilizar Jogos Educativos no Processo de Ensino
Aprendizagem? UFRJ. Rio de Janeiro, 2003.
VYGOTSKY, L. 1989. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
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(DES) EDUCAÇÃO
RESUMO: Este artigo apresenta a experiência de uma professora de educação infantil
utilizando as Linguagens da Arte no cotidiano de uma escola municipal de São Paulo
cheia de dificuldades, como: número elevado de crianças na sala, falta de materiais, falta
de infraestrutura adequada para as crianças, falta de cursos de formação e reciclagem e
falta de apoio ao trabalho do professor, e uma reflexão a respeito da realidade e da prática
pedagógica que a auxiliam na busca por sua identidade profissional.
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No ano de 2011, a professora ao trabalhar Nesse contexto, foi difícil para a professora
pela primeira vez numa EMEI e assumir uma fazer alguma atividade relacionada à arte,
sala de 1.º Estágio com 35 crianças na faixa e tornou-se mais viável reproduzir o velho
de cinco anos de idade, dentre as quais, e temido sistema educacional da qual foi
uma criança com necessidade educacional vítima, em que o aluno é aprisionado na
especial, tinha um desafio a ser superado. carteira escolar por horas, sem poder se
movimentar dentro da sala, e obrigado a
Já com alguma experiência docente em aprender conteúdos que lhe são impostos
algumas escolas particulares, em 2004, e que podem ser pouco significativos.
por meio de concurso de Professora de Ela se pergunta com frequência: de que
Desenvolvimento Infantil, ela ingressou em maneira ela pode trabalhar nesse sistema
um Centro de Educação Infantil (CEI). educacional diante de uma realidade adversa
e pode contribuir para que as crianças se
Em 2010, ela optou pela transformação desenvolvam de forma segura, respeitando
de cargo: de professora de CEI passou para suas condições de ser criança?
o cargo de professora de educação infantil e
fundamental I. No livro A Ética na Educação Infantil (1998),
Devries e Zan mostram três classes de jardim
A falta de uma infraestrutura que respeite de infância em um bairro de baixa renda a
as necessidades das crianças da faixa etária fim de ilustrar diferentes tipos de ambiente
da Educação Infantil, com um espaço seguro sociomoral. As autoras classificam-nas como:
para que elas possam se movimentar e brincar o campo de treino de recrutas, a comunidade
com liberdade, um parque com brinquedos e a fábrica. Em cada uma delas, reflete-
adequados, e a falta de conhecimento por se sobre a postura e a forma da professora
parte da direção da importância do brincar se relacionar com seus alunos e os efeitos
na educação infantil foram fatores que a psicológicos que isso gera nas crianças.
intimidaram a sair para fora da sala de aula.
Por meses, o parque não foi liberado para No campo de treino de recrutas, a
brincar e as crianças, quando não estavam professora, por ser muito autoritária, impede
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seus alunos de expressarem-se. Não há diante delas. Por serem numerosas e ainda ter
interação entre as crianças, por causa do seu uma criança com necessidade educacional
controle. Com isso, a resolução dos conflitos especial, um silêncio absoluto por um certo
fica totalmente a cabo da professora, tempo na sala de aula é complicado de se
impedindo que as crianças exercitem sua conseguir. Ela tem que ser autoritária para
competência social e moral e desenvolvam ser ouvida por todos, a fim de comunicar
um comportamento que não depende da a atividade a ser realizada. Ela gostaria de
coerção do outro para se regular. ser mais democrática com seus alunos, mas
é impossível de se realizar qualquer coisa
Na comunidade, o ambiente sociomoral em alguns momentos em que ela dá mais
é de respeito e a professora permite que as liberdade. Talvez, por estarem acostumadas
crianças participem na tomada de decisões com essa postura mais autoritária, as crianças
para a resolução de um problema e aceita as não sabem se comportar de outra forma,
suas sugestões. Nesse tipo de ambiente, a somente respeitam e comportam-se diante
resolução dos conflitos se dá com o auxílio da do grupo em que se encontram se elas se
professora, de forma a permitir que a criança sentirem coagidas.
exercite o seu raciocínio para que passe de
ações mais impulsivas para negociações que A professora pode estar enganada
respeitem os direitos e sentimentos dos com relação a tudo isso, mas ainda não
outros. encontrou um jeito em que pode ser liberal
e, concomitantemente, manter a ordem,
Na fábrica, o que prevalece é a produção e fazendo que seus alunos compreendam que
a execução do trabalho dirigido às crianças. é impossível de se realizar qualquer atividade
O ambiente, apesar de ser mais relaxado do na bagunça e no barulho. Ela se pergunta
que o campo de treino de recrutas, ainda é se é culpa do sistema, da família em que
um ambiente em que as crianças têm pouca os alunos estão inseridos, da sua falta de
interação entre si, o que impede que haja um experiência ou se é da política da escola em
maior relacionamento entre elas. A resolução que está atualmente.
dos conflitos fica sob a responsabilidade da
professora e não há um incentivo de sua Em razão do elevado número de crianças
parte para que as crianças exercitem esse por sala, à falta de suporte ao trabalho do
tipo de atividade. professor e à visão de educação infantil
por parte da direção, fica angustiada por
Ao analisar esses modelos, a professora não poder ter uma postura mais liberal, de
se identifica com eles e percebe que a sua forma que contribua para que essas crianças
prática transita entre as posturas das três tenham mais autonomia na resolução dos
professoras. Para ser ouvida e conseguir conflitos e mais liberdade dentro do espaço
uma ordem com as crianças, precisa se impor que, teoricamente, foi planejado para elas,
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mas que, na prática, este ambiente não notório ver o prazer que elas sentem quando
favorece para que a aprendizagem ocorra desenham, fazem alguma atividade com
de forma mais natural, humana e prazerosa tinta, têm liberdade de se movimentar pelo
possível. espaço da sala ou do pátio, brincam com
massinha de modelar ou mesmo quando
VIVÊNCIAS COM AS podem criar, dentro do seu universo infantil,
LINGUAGENS DA ARTE possibilidades para explorar e descobrir, a
todo momento, outras formas de se fazer a
As atividades de artes nas linguagens de mesma coisa, só que de outra maneira, seja
dança, música, teatro e artes visuais facilitam nas brincadeiras, seja nas atividades, seja na
a comunicação com as crianças, pois estão forma de se relacionar com os colegas e com
mais próximas ao universo infantil. Elas os educadores da escola.
escutam melhor e sentem-se mais motivadas
e interessadas a participar das propostas. O Atualmente, é possível refletir sobre a
envolvimento acontece de forma natural e importância que a escola tem na formação da
espontânea. criança e que a convivência, a possibilidade
de experimentar e vivenciar de forma
O interesse que essas linguagens concreta os conteúdos são mais importantes
despertam nas crianças de dois anos já é que a teoria apresentada de forma mecânica.
perceptível quando se trabalha no CEI. Em
vários momentos em que ocorre atividades Por isso, é necessário propiciar vivências
de pintura, desenho, colagem e modelagem, é de brincadeiras dirigidas ou livres, a fim de
visível a forma como as crianças se entregam que as crianças possam ter mais momentos
à experiência de manusear os materiais, de socialização e convívio entre si. Apesar
arriscando e explorando as diversas de trabalhar com muitas crianças na
possibilidades que aquelas atividades sala, é possível refletir sobre a prática e
propiciam. Na hora da roda de música, por experimentar soluções para amenizar as
exemplo, a forma como elas participam e dificuldades do dia a dia. Fazer as mudanças
como seus corpos vão espontaneamente necessárias no planejamento para que a
acompanhando o ritmo é notável. Quando experiência escolar seja mais interessante,
se encena alguma peça de teatro, suas significativa e prazerosa.
atenções são captadas e as crianças mantêm
a concentração ao que é mostrado e, a seu Apesar de o sistema educacional municipal
modo, participam com risos, palmas, gritos e não favorecer a um trabalho mais voltado
outras demonstrações de que estão atentas. para a arte, é possível criar situações dentro
dessa realidade para que as crianças possam
Hoje na EMEI, essas linguagens também ter momentos que entrem em contato com a
atraem muito a atenção das crianças. É sua sensibilidade, espontaneidade e possam
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fantasiar e explorar seu imaginário, seja por Segundo o “Referencial Curricular Nacional
meio de um desenho com giz de lousa no chão para a Educação Infantil”:
do pátio, elementos da natureza do parque e
do uso de retalhos de tecidos e fantasias que (...) A observação e o registro se constituem
nos principais instrumentos de que o professor
podem ser usados como suporte para criar dispõe para apoiar sua prática. Por meio deles
suas próprias brincadeiras. o professor pode registrar, contextualmente,
os processos de aprendizagem das crianças;
a qualidade das interações estabelecidas com
No livro Vida de Professores (NÓVOA, outras crianças, funcionários e com o professor
1995), são levantadas algumas reflexões a e acompanhar os processos de desenvolvimento
respeito da influência que a vida pessoal e a obtendo informações sobre as experiências das
crianças na instituição.
formação inicial tiveram na vida profissional
das professoras que participaram da Esta observação e seu registro fornecem aos
pesquisa e como a vida pessoal e profissional professores uma visão integral das crianças ao
mesmo tempo que revelam suas particularidades.
misturam-se na prática pedagógica.
São várias as maneiras pelas quais a observação
No decorrer dos onze anos de exercício de pode ser registrada pelos professores.
sua profissão na rede pública, a professora A escrita é, sem dúvida, a mais comum e
se percebe em conflito entre o vivido – na acessível. O registro diário de suas observações,
sua formação inicial, sua experiência em impressões, ideias etc. pode compor um rico
material de reflexão e ajuda para o planejamento
escolas particulares – e a influência disso educativo. (Referencial Curricular Nacional para
na construção da sua identidade pessoal a Educação Infantil - volume 1,1998: p. 58-59)
e profissional, pois, numa expectativa de
transformar a realidade, busca uma nova
identidade profissional. Um bom planejamento não basta para
obter sucesso nos resultados. A forma
Em vários momentos em sala de aula, de se comunicar, a escuta atenta, o olhar
faz um questionamento se sua prática sensível, o conhecimento sobre as fases
está “correta” ou não. Procura seguir as do desenvolvimento infantil, a paciência,
orientações a respeito do currículo infantil e a tolerância para o tempo dos processos
busca aprimorar a sua formação acadêmica são ingredientes primordiais para facilitar a
para dar sustentação a sua prática. É aprendizagem das crianças.
necessária, entretanto, uma reflexão diária
sobre seus métodos de trabalho, sobre a O registro é uma ferramenta que auxilia
sua postura diante das situações de maior o professor a refletir sobre a sua prática,
dificuldade e, finalmente, uma análise dos a encontrar outras maneiras de agir e a
resultados obtidos. compreender melhor a realidade na qual ele
se encontra. E a partir daí, se necessário for,
mudar sua prática pedagógica.
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A escuta atenta e o olhar sensível também são bons instrumentos para o professor perceber
as necessidades dos seus alunos e, assim, desenvolver um currículo que seja interessante,
contribuindo para o desenvolvimento dos seus alunos e respeitando suas condições.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho apresenta retrospectivamente a trajetória
desta professora como aluna vigiada por uma estrutura
autoritária de ensino formal e a reflexão sobre sua prática
como professora de crianças de Educação Infantil e
Fundamental I.
Outro dia, um plantador disse que suas frutas levariam um certo tempo para amadurecer,
por isso, ele poderia não ter a possibilidade de colher o que havia plantado. Na educação,
também é preciso dar esse tempo de espera para que o resultado do trabalho do professor
aconteça.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
FUNDAMENTAL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, volume 1. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Currículo e Identidade Social: Territórios Contestados. In: ______
(org). Alienígenas em Sala de Aula: Uma Introdução aos Estudos Culturais da Educação.
Petrópolis: Vozes, 1995. p.190-207.
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O aluno é capaz de criar, recriar, escrever, reescrever, ler, reler, pesquisar, desde que sua
manipulação e utilização seja orientado e acompanhado pelo educador, com compreensão
de seu objetivo.
O processo de alfabetização transcorre no ambiente digital, se dá através de atividades
lúdicas e interativas, nas quais o aluno desenvolve habilidades na leitura e na escrita,
permitindo ao aluno buscar o que quer saber, o que lhe é interessante e necessário,
despertando maior interesse em aprender.
Atividades como enviar e-mail para colegas, utilizar o corretor ortográfico, usar dicionário
virtual, montar listas de palavras, atividades de completar com letras ou sílabas, ler/ ouvir
histórias, brincar com palavras de diversas maneiras e objetivos definidos, aprimoram o
processo de alfabetização do aluno.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, conclui-se que os progressos tecnológicos
transformaram a vida das pessoas em todos os sentidos. A facilidade
de informação fez com que o mundo se tornasse pequeno, acabando
com as barreiras geográficas. Mas, alguns problemas podem ser
identificados após essa liberdade criada pela internet.
A escola precisa aceitar essa realidade e buscar alternativas para não se perder diante do
mundo virtual, usando-o ao seu favor. É um desafio para a escola ensinar a língua padrão,
já que seus alunos passam a maior parte do tempo conectados e escrevendo sem nenhum
respeito às normas ortográficas. O maior perigo do internetês é que ele pode se tornar
um vício para seus criadores e usuários, que na maior parte são adolescentes com muitas
dificuldades ortográficas. A escola precisa estar atenta a esses acontecimentos. O educador
precisa investigar seus alunos e identificar quais variedades linguísticas os influenciam na
hora da escrita e sempre incentivar seus alunos a lerem com mais frequência e sempre que
possível escreverem a norma padrão na internet.
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O educador deve conhecer os recursos digitais disponíveis aos seus alunos e oferecer
aos mesmos, de maneira enriquecedora e direcionada aos objetivos propostos, sendo um
facilitador do processo de apropriação da leitura e escrita no processo de alfabetização e
letramento.
Toda sociedade precisa estar atenta às mudanças que a Internet trouxe, considerando que
ela é uma nova forma de comunicação com constantes atualizações.
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REFERÊNCIAS
CRYSTAL, D. A Revolução da Linguagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
DEMO, P. Pedro Demo aborda os desafios da linguagem no século XXI. Disponível em:https://
caldeiraodeideias.wordpress.com/2009/08/05/pedro-demo-aborda-os-desafios-da-
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TIBA, I. Adolescentes: Quem Ama, Educa! São Paulo: Integrare Editora, 2005.
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PSICOPEDAGOGIA EM CONTEXTO
PERCURSO HISTÓRICO E O PAPEL DO
PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO
RESUMO: O presente artigo pretende apresentar com brevidade, por meio de pesquisa
bibliográfica, o percurso histórico da Psicopedagogia na Europa, na Argentina e posteriormente
no Brasil, apontando fatores chaves que fizeram dela uma ciência comprometida em conhecer
pesquisar, analisar, compreender, buscar e prevenir, oferecendo possíveis alternativas para
corrigir problemas relacionados à aprendizagem e ao apresente desajuste comportamental
apresentado pelo indivíduo. Muitas vezes, a criança, por motivo orgânico ou não, não
consegue desenvolver-se cognitivamente, ele parece incapaz de aprender, de adquirir novos
saberes ou mesmo galgar os processos próprios da aquisição do conhecimento. Diante disto,
o Psicopedagogo, profissional multidisciplinar que pode atuar na área clinica ou institucional,
por meio de seus estudos e conhecimentos amplos das muitas outras ciências, tais como: a
Psicologia, Pedagogia, Psicanalise, Neolinguística, dentre outras, procura apresentar meios
para que o educando/paciente consiga se desenvolver em suas potencialidades. Cabe
ao Psicopedagogo viabilizar a inclusão social desse sujeito, que, devido sua dificuldade
de aprendizagem e aparente desajuste social, acaba vivendo a margem da sociedade. O
trabalho do Psicopedagogo juntamente com o profissional da educação permitirá que ocorra
a reeducação da criança, possibilitando que ela consiga reencontrar a alegria de aprender e
viver ativamente em sociedade.
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amor, apresentar meio para que os indivíduos apresentar sugestões a fim de resolvê-las.
desenvolvam-se em suas potencialidades E, diante da complexidade apresentada por
cognitivas e assumam, na sociedade, um essas lacunas, somente os conhecimentos
papel atuante, autônomo e cidadão. advindos da Pedagogia e da Psicologia não
eram o bastante para saná-las.
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Todavia, sabe-se que mesmo antes dos profissionais que lá atuavam eram tanto
estudos realizados na área médica sobre o da área da saúde, quanto da educação e, a
desenvolvimento cognitivo do indivíduo e partir 1948, passou a propor a metodologia
acerca das dificuldades de aprendizagem psicopedagogia curativa, que procurava
por ele apresentadas, a própria instituição oferecer uma readaptação pedagógica
escolar, tentava, rudimentarmente, promover ao educando atendido. Essa metodologia
diagnósticos, e procurava apresentar buscava desenvolver a criança em suas
possíveis soluções para tais déficits, esses potencialidades, fazendo-a agregar novos
trabalhos eram realizados por professores conhecimentos aos seus, bem como
que, buscavam intuitivamente, promover desenvolver seu caráter. Rubinstein (1999)
uma educação igualitária, partindo do complementa que:
pressuposto de que todos são capazes de
aprender. Rubinstein (1999) acrescenta que: Jeanine Mery, em seu livro Pedagogia Curativa
(1985), faz um histórico bastante interessante
da definição do termo ‘pedagogia terapêutica’
Muito antes de se falar em Psicopedagogia, e do percurso dessa modalidade de intervenção
Educação Especial, Pedagogia Terapêutica, na Europa e especialmente na Franca. Segundo
Reeducação, já havia notícias de experiências a autora, já no século XIX havia uma intervenção
educacionais voltadas para situações especificas pedagógica curativa para atender a todas as
que envolviam limitações na aprendizagem áreas de desadaptação e deficiência infantil. No
de natureza orgânica ou mesmo social. Esse início do século XX, na Europa Central, também,
trabalho era desenvolvido algumas vezes de a atitude dos pedagogos modifica-se graças à
forma intuitiva por educadores que tinham o influência da Psicanalise: ‘O juízo é substituído
idealismo e a utopia como bandeira (p. 17). por uma atitude de compreensão’(p. 18 – grifos
do autor).
Diante do posto, surge então a
Psicopedagogia, ciência que procura
compreender como ocorre efetivamente PSICOPEDAGOGIA NA
a aprendizagem. Rubinstein (1999, p. 13) ARGENTINA
a define como “[...] disciplina que estuda e
trabalha com as aprendizagens humanas, Historicamente, existem estudos na área
oferece um campo de intervenção, cujos de Psicopedagogia que apontam que após seu
limites são amplos”. Rossi (2007, p. 12) a surgimento na Europa, a Argentina passou
sintetiza como “uma área do conhecimento a realizar ensaios que eram inicialmente
que se dedica exclusivamente ao estudo do oferecidos somente por psicólogos,
processo de aprendizagem e como os diversos posteriormente, por psicopedagogos que
elementos envolvidos nesse processo podem promoviam diversas investigações para,
facilitar ou prejudicar o seu desenvolvimento”. por fim, diagnosticar a crianças e então,
apresentar o tratamento destinado a cada
Voltando ao Centro administrado caso.
por Mauco, é viável salientar que, os
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Inicia-se, neste período, uma reeducação ganhar força e forma na Argentina. “Desta
do indivíduo, que, por meio do apoio forma a Psicopedagogia inscreve-se no
terapêutico, procurou-se distinguir os âmbito pedagógico, dada a necessidade de
problemas educacionais e apresentar a orientar o processo educativo, oferecendo
estes possíveis tratamentos e soluções. Para um conhecimento mais profundo dos
minimizar o atual fracasso escolar, buscou-se processos de desenvolvimento, maturidade
então oferecer um trabalho que, articulado e aprendizagem humana” (BOSSA, 2011, p.
entre a educação e a saúde, conseguisse ter 63).
sucesso em fomentar respostas às sérias
questões pedagógicas. Cada vez mais procurado agora, não
somente na Argentina, mas em várias outras
[...] a dinâmica histórico-social determinou a partes do mundo; em 1956, em Buenos
necessidade de um profissional que respondesse
aos graves problemas que a Pedagogia enfrentava: Aires, o curso de Psicopedagogia passa a
crise na escola, métodos inadequados, aumento ser oferecido. O Curso de Graduação, com
de matrículas diante da expansão demográfica duração de três anos, posteriormente, em
do pós-guerra, evasão escolar, repetência e
sérias dificuldades sistemática (BOSSA, 2011, p. 1969, ganha o acréscimo de mais um ano,
63). bem como, passa a oferecer um currículo
mais extenso, e recebe efetivamente o título
Os psicopedagogos argentinos, mais de Psicopedagogia (PERES, 1998).
precisamente de Bueno Aires, analisaram
e acompanharam as crianças durante A Psicopedagogia passa a despertar a atenção
de vários países que, preocupados com os
o período de um ano, e ao final deste, altos índices de fracassos escolares passam a
perceberam que a intervenção utilizada buscar novas alternativas de trabalho. Dentre
obtivera sucesso, quanto à aquisição e estes países, na Argentina, a psicopedagogia
tem recebido um enfoque especial, sendo
desenvolvimento da aprendizagem, porém, considerada uma carreira profissional (PERES,
surgiram outras sequelas e desvios no campo 1998, p.42).
comportamental das crianças assistidas.
Surge, pois, na Argentina, a necessidade A Psicopedagogia argentina atua tanto
de agregar os saberes da psicanálise para na educação – com o objeto de solucionar
melhor diagnosticar e tratar os distúrbios os problemas de aprendizagem, quanto
de aprendizagem, sem correr o risco de na saúde – como forma de diagnóstico e
desenvolver outras síndromes nas crianças prevenção dos fatores que levam a problemas
estudadas. relacionados à aprendizagem.
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Contudo, o diagnóstico de DCM não era Foram profissionais como: Jorge Visca,
o único aplicado pelo médico da época, pois, Alicia Fernàndez, Sara Pain e Marina
ainda segundo Bossa (2011) esses “rótulos” Müller que viabilizaram a propagação do
em partes, davam uma resposta, mesmo conhecimento técnico, metodológico, psico
que erronia aos problemas de aprendizagem e pedagógico da Psicopedagogia no Brasil.
apresentados nas escolas:
No final da década de 1970, tanto no Rio
O rótulo DCM foi apenas um dentre os vários de Janeiro, quanto em Curitiba, os estufo
diagnósticos empregados para camuflar
problemas sociopedagógicos traduzido de Jorge Visca, psicopedagogo argentino,
ideologicamente em termos de psicologia começaram a fazer diferença na compreensão
individual. Temos como dislexia, disritmia e do aprendiz e de suas dificuldades de
outros também foram usados para esse fim
(p.77). aprendizagem.
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É essencial que o psicopedagogo tenha em mente essa demanda e estabeleça com o professor uma relação
de troca. Ele tem muito a contribui no diagnóstico psicopedagógico e é personagem fundamental no processo
de intervenção. O inverso também é verdadeiro: o professor deve lembrar que o psicopedagogo muito pode
ajudar na difícil tarefa de ensinar (BOSSA, 2007, p. 16).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No percurso histórico da Psicopedagogia observa-se que a
Argentina constituiu o berço de seu maior desenvolvimento
e graças a isto, e talvez pela semelhança linguística, o
Brasil pode inserir em sua cultura e na área acadêmica os
conhecimentos, conceitos, metodologias dessa nova ciência,
que muito contribui para solucionar, em partes, o fracasso
escolar. Mas, para que o profissional possa executar seu
papel, é necessário que as instituições escolares permitam
que o Psicopedagogo realize suas investigações e aponte
as possíveis ações para corrigir determinado problema. O
educador precisa estar sempre atento para perceber que seu
aluno está dando indicativos de que, por alguma razão, não PRESCILIA BENTO
está aprendendo.
Graduação em Letras pela
No ambiente escolar, a criança realmente dá indícios de Faculdade “FASB – Faculdade
que algo não está caminhando como o esperado durante de São Bernardo” (1996);
seus processos de aprendizagem, ela não demonstra alegria, Especialista em Psicopedagogia
Clinica e Institucional pela
curiosidade e disposição em aprender, vive envolva ao Universidade “Cândido Mendes”
fracasso escolar. Sua atitude, observada pelo professor, (2016); Professor de Ensino
profissional encarregado de realizar a mediação entre o Fundamental II - Língua inglesa na
EMEF “Presidente Campo Salles”.
sujeito e a aquisição de novo saberes, mostra-se, muitas
vezes alheia a dinâmica escolar, não conseguindo realizar
atividades próprias de seu ano/serie ou, quando as realiza é
de modo sofrível e com grande lentidão. Cabe ao professor,
através de grande e minuciosa observação, buscar ajuda profissional para auxiliar na
reeducação desses educando, fazendo com que ela retome a alegria de aprender e esteja
aberta a realizar novas e continuas investigações para agregar aos seus, novos e importantes
conhecimentos.
O psicopedagogia assume então, um papel vital na vida desses educando, pois é ele que,
através de testes e atividades lúdicas, quem vai decodificar as mensagens apresentadas
durante as atividades para, então, compreender as lacunas presentes, que prejudicam sua
aprendizagem. Muitas vezes estes espaços são ocasionados por problemas neurológicos, ou
mesmo por problemas emocionais, como baixa autoestima, conflitos internos e sentimento
de desajuste social.
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REFERÊNCIAS
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VALENTE, Maria Ester A. (et al). O formal e o não-formal na dimensão educativa do museu.
Rio de Janeiro: Museu da Vida, 2002.
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HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E O
PROCESSO DE ENSINO
APRENDIZAGEM NAS AULAS DE ARTE
RESUMO: O objetivo geral deste artigo é aferir sobre a compreensão e possíveis maneiras
que o professorado de Artes pode utilizar as Histórias em Quadrinhos (HQs) em sala de aula.
Por meio dos conceitos da linguagem mista das Histórias em Quadrinhos e explanações
artísticas. Para tanto, em conformidade com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),
os estudos propõem analisar os sistematicamente questões da leitura, interpretação e
produção de Arte. E a Abordagem Triangular será a teoria base para esta aferição e com
os fundamentos de diversos educadores bem como: Ana Mae Barbosa, Rama e Vergueiro,
Paulo Freire e Paulo Ramos. Seguiremos a metodologia de uma análise empírica a fim de
explanar as inferências que compõem o sentido educacional e artístico na linguagem das
HQs. Refletimos aqui as potencialidades do uso dos quadrinhos nas aulas de Arte como
um recurso pedagógico apropriado e metodologicamente sistematizado. A partir de uma
construção teórica e analítica, constatamos que entre essas potencialidades passíveis de
desenvolvimento estão o pensamento crítico, a leitura de mundo, a contextualização e a
imaginação.
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“Nível Médio: Os estudantes dessa fase se Estimula-se de acordo com Freire (2013) o
caracterizam pela mudança de personalidade,
devido à passagem da adolescência para a pensamento crítico, a imaginação e a leitura
idade adulta. Passam a ser mais críticos e de mundo, que se amplia quando saímos do
questionadores em relação ao que recebem mundo “fictício” e interpretamos o “mundo
em aula, não se submetendo passivamente a
qualquer material que lhes é oferecido. Tendem real”.
também a ter uma desconfiança natural (e
saudável) em relação aos meios, demandando Dessa maneira, ao decorrer de todo
um tipo de material que desafie sua inteligência.
Por outro lado, são também, muito pressionados processo de ensino aprendizagem na
pelo coletivo perdendo às vezes um pouco da Educação Básica o professor de Artes deve
sua espontaneidade ao terem que confrontar afiançar a emancipação intelectual e cultural
suas opiniões pessoais com as do seu grupo.
Nas produções próprias, buscam reproduzir do alunado:
personagens mais próximos da realidade, com
articulações, movimentos e detalhes de “É isso que nos leva, de um lado, à crítica e
roupas que acompanham o que veem ao seu à recusa ao ensino “bancário”, de outro, a
redor. “ (RAMA; VERGUEIRO, 2014, p. 29). compreender, apesar dele, o educando a ele
submetido não está fadado a fenecer; em
que pese o ensino “bancário”, que deforma
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a necessária criatividade do educando e do educador, o educando a ele sujeitado pode, não por causa do
conteúdo cujo “conhecimento” lhe foi transferido, mas por causa do processo mesmo de aprender, dar, como
se diz na linguagem popular, a volta por cima esperar o autoritarismo e o erro epistemológico do “bancário”.”
(FREIRE, 2013, p. 27)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo procurou elucidar estratégias a partir de
referenciais teóricos da utilização das Hqs como ferramenta
pedagógica, a ser utilizado em sala de aula com uma proposta
metodológica estruturada.
Verificou-se que é possível, através desta ferramenta
estimular a imaginação e o pensamento crítico do aluno
desde o ciclo de alfabetização (ensino fundamental I) até
o ensino médio, dada as especificidades de cada ciclo é
possível estimular as potencialidades de cada aluno através
de uma arte que muitas vezes se viu marginalizada no campo
educacional. RAFAEL DA
SILVA PEREIRA
Partindo de um princípio freiriano, que prioriza a
Graduação em Letras pela
significação e a contextualização como eixos norteadores Faculdade UNISANTANA (2014)
da ação pedagógica, propõe-se a partir do uso das Hqs uma e Artes Visuais pela Faculdade
construção metodológica, não só no campo do ensino das FAMOSP (2016); Especialista
em Especialista em Docência no
artes, mas em um contexto de interdisciplinaridade trazer ensino superior pela Faculdade
para a sala de aula um recurso que é estimulante e concreto FMU. (2015); Professor de Ensino
para o alunado. Fundamental II e Médio - Artes
- na EMEF Prof. André Rodrigues
de Alckmin.
Revisada as possibilidades teóricas e concretas do uso das
Hqs em sala de aula, elencamos que, de acordo com cada ciclo
se faz necessário as adaptações que requerem do professor,
com maior enfoque, o de artes, uma habilidade para reconhecer as reais necessidades de seu
público, que pode se dar por uma estimulação da criação de outras imagens, da ampliação
da linguagem, da escrita e leitura ou da ressignificação de sentidos históricos atribuídos ao
campo da ficção.
Em uma sociedade complexa, como a nossa, dita uma “sociedade das imagens” não se
pode negar a potencialidade deste recurso em sala de aula. Aponta-se como um possível
futuro diálogo para a linguagem “mimética” estabelecida no campo das redes sociais (não
discutido neste artigo), que incide no mesmo campos ideológico, discursivo que durante
muitos anos apresentou-se restrito ao mundo dos quadrinhos.
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Buscou-se construir então uma forma de exprimir uma ação pedagógica que se baseia
na criatividade e releitura de mundo, enxergando potencialidades em uma arte renegada
historicamente no ambiente escolar. Mais que um manual de orientações práticas o
que propomos neste artigo é estimular e inquietar a ação docente para explorar outros
instrumentos que superam as visões limitadoras do livro didático que aprisionam o sistema
escolar e empobrecem outras leituras e estímulos criativos no ambiente escolar.
Portanto, cabe ao professor de artes e também aos especialistas das demais áreas construir
um diálogo interativo com metodologias alternativas, e que a partir de uma elaboração
sistemática possam trazer para a sala de aula os quadrinhos como um recurso metodológico
e pedagógico transformador no ambiente escolar.
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REFERÊNCIAS
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à Prática Educativa. 47 ed. Rio
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LARROSA, Jorge. Pedagogia Profana. 5. ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2013
MEC, Gov. PNBE na Escola Literatura Fora da Caixa. Disponível em: < file:///C:/Documents%20
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pdf> Acesso em: 28 de Fev. 2019
RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. 2. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2012
RAMA, Angela; VERGUEIRO, Valdomiro. Et al, Paulo. Como usar as histórias em quadrinhos
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BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino da Arte: anos oitenta e novos tempos. 7º ed. São
Paulo: Perspectiva, 2009
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(Org.). Inquietações e mudanças no ensino de arte. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2008b.
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Ana Mae (Org.). Inquietações e mudanças no ensino de arte. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.
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PILLAR, Analice Dutra. A educação do olhar no ensino das artes. 3. ed. Porto Alegre:
Mediação, 2003.
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Tal problema pode atingir em particular Segundo Marilda Lipp (1998, p.193) “o
as populações que estão passando por uma stress acontece quando a criança assume
transformação sócio cultural rápida e por papéis e tarefas inadequadas à sua idade”.
uma mudança de valores que causam a perda
de referenciais básicos à vida social. Em situações extremas, o stress pode
levar a criança a crises de depressão ou até
Posso citar como exemplo a situação mesmo ao suicídio.
econômica atual, que leva os pais a trabalhar
praticamente o dia inteiro e a deixar seus Esse fato fez com que a procura de pais
filhos nas mãos de babás ou escolas de aos especialistas terapêuticos triplicasse nos
período integral. Com toda essa correria do últimos cinco anos.
dia a dia, as crianças passam a ser lançadas
à própria sorte, tornam-se responsáveis por Mas a que se deve esse aumento de casos
coisas demais e acabam vítimas do stress. de stress infantil?
Frio excessivo, fome, falta de cuidados, Basicamente por causa de uma grande
superproteção, doenças, morte na família, mudança de comportamentos.
maus professores, brigas familiares, pais
neuróticos, viagens e nascimento de irmãos Antigamente as crianças ficavam mais
estão entre as causas mais comuns de stress soltas na rua e descarregavam a tensão em
infantil. brincadeiras que envolviam exercícios físicos,
nos quais se exigiam menos resultados que
No Brasil, pesquisadores da USP, nos esportes atuais. Era o esconde-esconde,
concluíram que dois terços das crianças entre a amarelinha, o pega-pega.
6 e 14 anos que vivem nas grandes cidades,
apresentam sintomas de stress.
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Hoje a maior parte das crianças brinca O que observamos como futuras
em condomínios ou com os vídeos-games e educadoras é o completo desrespeito com as
computadores. crianças e com suas fases de desenvolvimento
biológico e psicológico.
Essas novas maneiras de brincar quase
sempre envolvem competição e avaliação de E a fase das descobertas, e o respeito à
desempenho. individualidade de cada criança, onde ficam?
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inesperada e sua ação ainda não está clara Novamente concordamos com a autora:
à população, muito menos em relação ao a prevenção do stress infantil é a única
mal causado às crianças, por isso a atenção maneira de eliminarmos de uma vez esse
com que devemos observa-las deve ser mal. O que nos preocupa realmente é que
redobrada. não há um esclarecimento sobre o tema aos
pais e professores, principalmente, sendo
Lipp (1991, p.58) concluiu que mudanças assim, normalmente não sabem como agir
radicais, brigas, morte e atividades em nesses casos, agravando ainda mais o quadro
excesso, são as causas mais evidentes de de stress da criança. É necessária uma troca
stress infantil, mas a escola ocupa um lugar de informações, conhecimento do assunto
privilegiado entre elas. A escola é o primeiro e comprometimento com o bem-estar da
agente socializante fora da família o que criança para que essa prevenção ocorra de
assusta praticamente todas as crianças, pois fato e o stress infantil seja exterminado da
elas têm que seguir regras com as quais não nossa sociedade.
estão acostumadas e impostas por pessoas
“estranhas” (os professores).
A PALMADA EDUCA
Concordamos com a autora, há fatos que
acontecem no cotidiano que nos influenciam Os pais e mães de hoje que viveram com
de forma boa ou ruim. É importante sabermos intensidade a liberação dos costumes nos anos
que isto também acontece com as crianças, 60 e 70 estão tendo dificuldade em educar
que por serem mais frágeis, acabam sofrendo seus filhos. Muitos deles simplesmente não
muito mais que os adultos. sabem se devem disciplinar as crianças.
Lipp (1991, p.58) nos alerta sobre a Não sabem quando dizer não, ou mesmo se
importância da prevenção do stress nos devem fazê-lo. Isso ocorre porque associam
dois ambientes mais frequentados pelas autoritarismo a educação. Só que disciplina
crianças, a casa e a escola, e para que isso é fundamental na criação dos filhos e, em
de fato ocorra, é necessário que os pais e alguns casos, pode-se e deve-se recorrer às
os professores tenham claro como podem tradicionais palmadas como meio de educar.
ajudar seus filhos e alunos caso tenham que
enfrentar esse problema. O problema é mais grave do que parece. Para
que a criança aprenda a viver em sociedade,
Sabemos como é importante o trabalho ela necessita que os pais lhe mostrem os
preventivo, e acima de tudo, como esse limites, as fronteiras entre o certo e o errado.
trabalho pode diminuir o número de casos Quando eles não o fazem, a criança se torna
de stress infantil que vem alarmando os instável e insegura. Esse comportamento
especialistas. frouxo não faz com que ela ame mais os pais.
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Precisamos entender que temos as rédeas Algum tempo depois, quando a garota
nas mãos, que controlamos tudo na vida voltou ao meu consultório, ela me disse: “Foi
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um alívio meus pais terem me proibido de sair com ele porque eu não estava sabendo como
resolver essa situação”. Conclusão: a menina, ainda imatura, precisava de limites.
A criança não nasce sabendo, e o único meio que tem de aprender o que é certo ou errado
é por intermédio dos pais. Se não a ensinamos, ela poderá desenvolver um comportamento
estranho como forma de pedir socorro. Uma criança manhosa e agitada pode estar agindo
assim para chamar nossa atenção para seus problemas.
Enfim, os pais precisam dosar a liberdade que dão aos filhos. Essa liberdade deve depender
da habilidade que a criança tenha para lidar com responsabilidades. Quando os pais deixam
de punir convenientemente os filhos, muitas vezes pensam que estão sendo liberais. Mas a
única coisa que eles estão sendo é irresponsável.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa visou a investigação e a manifestação do
estresse infantil em crianças na sala de aula, e como ele é
percebido por essas crianças, por meio de uma pesquisa
bibliográfica, com análise de autores, indicando a manifestação
de pelo menos um sintoma físico de estresse e ao menos três
psicológicos nas crianças.
A dificuldade de aprendizagem se caracterizou nesse estudo como algo que prejudica a criança
a se sentir integrada à sua escola. Além disso, o aluno que apresenta esta dificuldade traz o
sentimento de incapacidade, uma vez que acredita não conseguir atender os objetivos escolares.
O estudo respondeu ao objetivo principal que foi de analisar como a criança se sente física e
psicologicamente no ambiente escolar, podendo trazer benefícios futuros para essas crianças,
seus pais ou responsáveis e para a escola, por meio do desenvolvimento de práticas de apoio
que permitam um desenvolvimento adequado no processo de ensino-aprendizagem, além de
equilíbrio de seus sentimentos.
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REFERÊNCIAS
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OLIVEIRA, Thais. Gastrite Infantil. A causa: estresse. Cláudia, São Paulo: abril, p.192-3,
jul.1998.
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O LÚDICO NO
PROCESSO EDUCATIVO
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo estudar o resgate do lúdico no processo
educativo, revelando práticas pedagógicas que desenvolvam um processo de aprendizagem
significativa na Educação Infantil. Por meio das atividades lúdicas pode se perceber com mais
naturalidade e liberdade à forma com que a criança comunica-se com ela mesma e com o
mundo, com as quais estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-
se integralmente.
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Assim, as atividades lúdicas contribuem no papel social que o indivíduo vai desenvolver, logo,
a brincadeira na escola, pode ser pensada além de uma prática de lazer, que interfere em sua
formação integral.
No século XX, por exemplo, eram comuns as brincadeiras como: batata quente, boca do forno,
corre cotia, ciranda, pega-pega, peteca, bola de gude, dentre outras. Atualmente a infância é
diferente, pois as crianças compõe um público muito especial com vontades próprias, altamente
consumistas possuindo incrível poder de decisão em produtos e brinquedos de alta tecnologia
influenciando as decisões da família. O contato com o outro e com o mundo dá possibilidades para
as crianças adaptarem e transformarem suas brincadeiras conforme o tempo e o espaço de vida.
No século XXI percebe-se que algumas brincadeiras caíram no esquecimento e foram substituídas
por jogos eletrônicos (videogame, Tablets, Notebooks, Mp3, Mp4, TVs, computadores, andar de
patins e/ou bicicleta). Vivemos a Era da infância da alta tecnologia, tanto para os que têm acesso
à ela economicamente e falando como aqueles que não têm. É imprescindível incentivar de forma
lúdica o desenvolvimento da imaginação das crianças na Educação Infantil, visando estimular as
crianças na sua formação enquanto indivíduos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da pesquisa bibliográfica realizada neste
trabalho, foi possível observar que na Educação Infantil é
relevante para as abordagens, descobertas, socializações
e aprendizados que somos capazes de proporcionar aos
nossos alunos. Instigando-os a tornarem-se cidadãos do
mundo, sempre abordando práticas diversificadas para total
o desenvolvimento (cognitivo, motor, afetivo e social) da
criança.
As crianças precisam de tempo, espaço, companhia e material para brincar. Quanto mais
as crianças vejam, ouçam ou experimentem, quanto mais aprendam e assimilam, quanto
mais elementos reais disponham em suas experiências, tanto mais considerável e produtiva
será a atividade de sua imaginação. A escola pode e deve reunir todos esses fatores e o
papel do professor nesse processo é fundamental (ALMEIDA, [200-]; ARIÈS, 2006; BORBA,
2007; KISHIMOTO, 2001).
Atualmente, as crianças começam a frequentar cada vez mais cedo as instituições voltadas
para elas, como as creches e as escolas de Educação Infantil. Nesses espaços, o brincar é,
muitas vezes, desvalorizado em relação a outras atividades, consideradas mais produtivas
(BORBA, 2007). A brincadeira acaba ocupando o tempo da espera, do intervalo. Valorizar a
brincadeira não é apenas permiti-la, é suscitá-la.
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Os jogos são meios que a criança utiliza para se relacionar com o ambiente físico e social
de onde vive, despertando sua curiosidade e ampliando seus conhecimentos e habilidades.
Promovem o desenvolvimento cognitivo, sendo que, são utilizados em crianças que
começam entender a importância de regras, exercendo assim a heteronomia com autonomia
(KISHIMOTO, 2001).
Independente das definições de jogos e brincadeiras, não se esquecerá dele como elemento
da cultura lúdica, de onde emergem marcadores históricos, culturais, sociais etc. que o tornam
um tema importante de ser estudado na escola (DAOLIO, 2012), haja vista a necessidade da
compreensão da dimensão do aspecto lúdico na formação humana, e por que não dizer nos
processos de ensino–aprendizagem, os jogos são meios possíveis de facilitar esse processo,
bem como podem proporcionar o diálogo com diversas culturas e oferecer aos educandos a
possibilidade de mostrar um pouco de sua identidade e a produção de novas significações
(NEIRA; NUNES, 2009), favorecendo a prática, a crítica e a aprendizagem de manifestações
culturais significativas.
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REFERÊNCIAS
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ALFABETIZAÇÃO: PROCESSOS
E MODALIDADES APLICADAS À
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este artigo objetiva apresentar, por meio de revisão bibliográfica, os aspectos
cognitivos dos processos de alfabetização e letramento em crianças em idade pré-escolar,
sob a ótica de duas teorias: o construtivismo e o enfoque histórico-cultural. A escolha dessas
teorias deve-se à aproximação com as ideias de Vygotsky, quanto à importância de uma fase
precedente da apropriação do código linguístico escrito pela criança: o desenho. Enquanto
não domina o sistema de escrita de sua língua materna, a criança vai formulando hipóteses,
atribuindo nomes e funções aos objetos que, embora não correspondam à realidade,
encaixam-se nas ideias formuladas durante a brincadeira, a primeira forma de aprendizado.
A interação social, a riqueza de estímulos e o reconhecimento das conquistas em cada fase
de seu desenvolvimento mostram-se imprescindíveis ao sucesso do processo de ensino e
aprendizagem em ambas as teorias abordadas.
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No entanto, uma coisa é certa – o Para tanto, a leitura em voz alta para as
desenvolvimento da linguagem escrita nas
crianças se dá, conforme já foi descrito, pelo crianças permite que elas entendam as
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funções e a estrutura da linguagem escrita. ter esse papel, quando a criança assume por
Além dos livros de história, que tem função inteiro a escrita, em uma dimensão discursiva
lúdica, a leitura de folhetos, cartazes ou que surge, possibilitando a compreensão da
jornais tem função de informação, e a leitura escrita dos outros. É pela presença da outra
de livros de receitas ou manual de instrução, pessoa que a criança percebe a necessidade
tem a função de orientar a ação. de produzir uma escrita compreensível, tanto
quanto deseja ler o que o outro produziu.
Seja qual for o tipo de leitura, ela serve Para isso, é necessária a apropriação de um
como ponte entre a linguagem oral e a código escrito.
escrita, pois atuam sobre as motivações
para aprender a ler e a escrever. As crianças As primeiras grafias que a criança faz no
devem ser encorajadas a pensar, a discutir, papel, para lembrar-se de algo que foi dito,
a conversar e, especialmente, a raciocinar permaneceriam como meros rabiscos, não
sobre a escrita alfabética. fosse a presença de outros sujeitos com
os quais ela convive. Essa forma gráfica
Nesse ponto, a participação da família tem uma significação e pode ser fixada
é fundamental. Crianças que vivem em convencionalmente devido aos elementos
ambientes onde os pais compreendem histó-rico-culturais que condicionam a vida
como se produz o desenvolvimento infantil da criança. Dito de outra forma: a criança faz
e assumem o papel que a família tem nesse algumas marcas ou rabiscos que têm sentido
desenvolvimento, onde o ler e o escrever para ela e fazem parte das suas experiências
são práticas habituais, têm mais facilidade e e cultura. A leitura, por sua vez, também não é
vontade de aprender. apenas decodificação nem apreensão de um
único sentido já estabelecido anteriormente.
Por meio dessas relações interpessoais, As primeiras experiências de “leitura” que a
momentos de rico aprendizado, a criança criança vive, certa-mente não atingem, nem
passa a ter controle sobre os processos mesmo se limitam, às convenções do sistema
de aprendizagem e passa a internaliza-los. alfabético. Ela não “lê” o que está escrito,
Assim, gradativamente a linguagem passa mas o que acredita estar escrito.
da esfera oral para a gramatical, ortográfica
e semântica, evoluindo para a escrita das Embora nas próprias representações
palavras de modo correto e compreendendo gráficas haja diferença quanto à materialidade
seu significado. dos traçados, e a criança já saiba muito bem
apontar o que desenhou e o que escreveu,
A compreensão da linguagem escrita vai as interpretações da escrita ocorrem a partir
ocorrer em função da linguagem falada que, do desenho.
ini¬cialmente, funciona como elo mediador
(entre a fala e a escrita) e que vai deixando de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A alfabetização e o letramento contemplam aspectos muito
mais complexos do que o domínio das letras, sua junção em
sílabas e palavras, às quais não se atribui significado.
Assim, entende-se que a ação pedagógica mais adequada
e produtiva é aquela que contempla, de maneira articulada e
simultânea, a alfabetização e o letramento.
Importa considerar os conhecimentos prévios do aluno, seu
contexto social e cultural, além do desenvolvimento físico, RAYLANE RYARA DOS
intelectual e emocional – os estágios de desenvolvimento SANTOS MESQUITA
devem estar articulados com os processos de ensino.
Graduação em Pedagogia
pela Faculdade Brasil ( 2015),
Graduação em Letras pela
Pontifícia Universidade de São
Paulo( 2011).
Professor de Educação Infantil,
Ensino FundamentaI I- na EMEI
União de Vila Nova
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REFERÊNCIAS
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EDUCAÇÃO ESPECIAL X
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
RESUMO: A educação inclusiva acontece quando o objetivo não é apenas de escolarizar a
criança com deficiência junto com as outras crianças, mas de promover a inclusão dessas
crianças na sociedade como um todo, dando a ela oportunidades semelhantes às de crianças
com desenvolvimento típico.A educação especial atende apenas alunos portadores de
deficiências ou altas habilidades. Consideram-se alunos com deficiência àqueles que têm
impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em
interação com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na
escola e na sociedade. Ambas se desenvolvem em torno da igualdade de oportunidades,
atendendo às diferenças individuais de cada criança através de uma adaptação do sistema
educativo, mas, comparando a Educação Inclusiva com a Especial, percebem-se diferenças
significativas. Esse artigo apresenta recortes de estudos baseados em Educação Inclusiva
e Educação Especial, fomentando reflexões que contribuam para a construção de práticas
pedagógicas inclusivas.
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A Educação Especial encontra-se voltada A LDB (1996) em seu art. 58 cita a Educação
para o atendimento e educação de pessoas Especial como “[...] modalidade de educação
com alguma deficiência, preferencialmente escolar oferecida preferencialmente na
em instituições de ensino regulares ou rede regular de ensino, para educandos
ambientes especializados (como por com deficiência, transtornos globais do
exemplo, escolas para surdos, escolas para desenvolvimento e altas habilidades ou
cegos ou escolas que atendem a pessoas superlotação”.
com deficiência intelectual).
No Brasil, o Plano Nacional de Educação
Crianças com necessidades especiais são (PNE, 2011-2020)que norteia a organização
aquelas que, por alguma espécie de limitação
requerem certas modificações ou adaptação do sistema educacional, estabelece a função
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A educação especial atua nas específica que a escola regular não consiga
especificidades das deficiências e suprir durante sua jornada escolar, da
especificidades dos alunos no processo educação infantil ao ensino superior.
educacional passando a integrar a proposta
pedagógica da escola regular. A educação especial é aquela feita em
escolas especiais, em escolas que trabalham
A educação especial atua de forma articulada com especificamente com pessoas com
o ensino comum, orientando para o atendimento
desses estudantes. [...] [o atendimento deficiência, como as APAES, por exemplo.
educacional especializado] complementa e/ou A mesma pode acontecer também dentro
suplementa a formação dos estudantes com da escola regular mediante um atendimento
vistas à autonomia e independência na escola e
fora delas. (BRASIL, 2008, p. 11). especializado voltado às necessidades
individuais de cada um, como o trabalho
Diferente do ensino inclusivo, a educação realizado nas salas de AEE (Atendimento
especial se mostra em uma grande variedade Educacional Especializado), por exemplo.
de forma que incluem escolas especiais,
unidades pequenas e a integração das A presença de necessidades educacionais
crianças com apoio especializado. especiais irá indicar se o aluno deve receber
educação especial, e não apenas a presença
Esta interface, da educação regular com a de uma deficiência ou superdotação, pois,
educação especial, deve acontecer na escola
regular, mas com sala de recursos e pessoal a existência de uma deficiência, não torna
técnico para desenvolver ali, atividades que obrigatória que seu portador não possa
possam complementar o aprendizado de sala de ser bem atendido mediante os processos
aula. É com esta sala de recursos que se pode
evitar que o aluno seja desestimulado e acabe comuns de educação.
por evadir-se da escola (ANJOS, 2017, p.1).
A ausência de laudos periciais muitas vezes,
Não existem alunos sem deficiência na leva a escola classificar alunos indisciplinados,
educação especial. Já na educação inclusiva ou alunos que não conseguem acompanhar
todos os alunos com e sem deficiência tem a os seus o grupo/classe, como PNEE (Pessoa
oportunidade de conviverem e aprenderem com Necessidades Educacionais Especiais).
juntos. É o que MANTOAN (2015) chamou de
“cidadania global, plena, livre de preconceitos Isso justifica os desmandos e transgressões
e que reconhece e valoriza as diferenças”. ao direito à educação e a não discriminação
que algumas escolas e redes de ensino estão
De acordo com Plano Nacional de praticando, por falta de um controle efetivo
Educação, o aluno com deficiência está dos pais, das autoridades de ensino e da
matriculado na escola regular, mas tem a justiça em geral.
sua disposição o Atendimento Educacional
Especializado para qualquer necessidade O caráter dúbio da educação especial é
acentuado pela imprecisão dos textos legais que
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fundamentam nossos planos e nossas propostas educacionais e, ainda hoje, fica patente a dificuldade de se
distinguir o modelo médico-pedagógico do modelo educacional-escolar dessa modalidade de ensino. Essa
falta de clareza faz retroceder todas as iniciativas que visam à adoção de posições inovadoras para a educação
de alunos com deficiência (MONTOAN, 2015, p. 21).
Incluir não significa apenas garantir o acesso à entrada de alunos e alunas nas escolas.
O objetivo é eliminar obstáculos que limitam a aprendizagem e participação discente no
processo educativo.
Os fins da educação especial devem ser os mesmos da educação geral: a auto realização,
a qualificação para o trabalho e o exercício da cidadania.
Sendo assim, “é preciso que as instituições se preparem para receber qualquer indivíduo,
dando-lhe o atendimento educacional adequado” (BRASIL, 2008).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil políticas relacionadas às pessoas com deficiências
têm avançando, mas a escola ainda está baseada em moldes
tradicionais de ensino, no que tange a seleção dos alunos e
na forma de trabalho.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo discorrer sobre as inúmeras mudanças que a
sociedade passa ao longo dos tempos e, muitas dessas mudanças, acarretam em destruição
e degradação do meio ambiente, ocasionando consequências devastadoras. Também aborda
uma ferramenta muito importante e que pode contribuir de forma muita positiva no ambiente
escolar: a educação ambiental. Apesar de constar na grade curricular, a educação ambiental
vai além de um conteúdo. Mais que isso, educar no tocante meio ambiente é educar para
mudanças de estilos de vida e dos modos como vivemos e vemos o mundo e tudo o que
está em nossa volta. Através desse trabalho, abra-se um caminho para a reflexão sobre o
quão fundamental é abordar esse tema e de como podemos mudar essa realidade a partir de
projetos sobre o tema meio ambiente, que possam de fato ocasionar mudanças nas atitudes
dos alunos e, consequentemente, na vida como um todo.
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2000). Dias (1992) reforça essa problemática quando cita a Conferência de Tbilisi de 1977,
que já apontava uma preocupação a esse respeito e que pesquisas referentes a esses
obstáculos deveriam ser feitas, a fim de diminuir os inevitáveis conflitos quando tratamos
de assuntos que envolvam mudanças de comportamento.
Dessa forma, podemos evidenciar que o diálogo é uma ferramenta muito importante para
dar início a qualquer projeto que envolva mudanças no modo de agir das pessoas. Assim,
como cita Narcizo (2009):
Projetos impostos por pequenos grupos ou atividades isoladas, gerenciadas por apenas alguns indivíduos
da comunidade escolar – como um projeto de coleta seletiva no qual a única participação dos discentes seja
jogar o lixo em latões separados, envolvendo apenas um professor coordenador- não são capazes de produzir
a mudança de mentalidade necessária para que a atitude de reduzir o consumo, reutilizar e reciclar resíduos
sólidos se estabeleça e transcenda para além do ambiente escolar (NARCIZO, 2009, p. 98).
Por isso o constante trabalho com a reflexão de todos os indivíduos envolvidos no projeto
deve ser algo rotineiro, principalmente nos que mantem posições mais fechadas, fazendo
com que as mudanças não sejam apenas ilustrativas, mas que se tornem atitudes para toda
a vida. Essa é a verdadeira educação ambiental. É importante que a participação dos alunos
na construção do conhecimento não seja apenas trazida pelo professor, ou seja, é necessária
a participação coletiva através do diálogo e reflexão na solução dos problemas.
Outro projeto que faz a diferência é o de Bentes e Silva (2007), que realizam um trabalho
desde o ano de 2003 na cidade de Cerrados, onde discutem com os alunos do ensino médio,
através de uma base teórica, questões ambientais da região.
Inúmeros trabalhos são realizados nas escolas do Brasil. E podemos perceber que parte-
se sempre de um diálogo de conscientização e de troca de experiências.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos através desse artigo que o mundo vem pensando
de forma diferente a respeito do ambiente. No decorrer da
história, as mudanças, processo natural da evolução humana,
são consequências que naturalmente criam raízes na vida
dos seres humanos. Junto à essas mudanças, a natureza
vem sofrendo cada vez mais com a histórica evolução das
sociedades. Nesse momento, com tantas informações não
podemos, nós educadores, darmos as costas a um assunto
tão pertinente.
RENATA DE
A escola, sendo um ambiente social, é um local muito CARVALHO BARRA
apropriado para trabalharmos com a educação ambiental.
Graduação em Pedagogia pela
Processo que exige muito esforço, pois trata-se de mudanças Faculdade Anhembi Morumbi
de comportamento e de mentalidade. (2014); Especialista em
Educação de Jovens e Adulto
pela Faculdade Campos Elíseos
Temos o apoio dos PCN’S, da Constituição Federal do Brasil (2016); Professora de Ensino
e de tantos outros documentos que reforçam a importância Fundamental I e Educação
desse trabalho, como também serve de apoio para coloca-lo Infantil - na EMEF João Ramos
Pernambuco, Abolicionista
em prática. Mas, acima de tudo, as mudanças devem ocorrer
de forma individualizada para se disseminar no grupo, ou
seja, as atitudes devem servir de exemplo para que os alunos percebam que todo o trabalho
realizado não ficará somente exposto em um cartaz, mas será prioritariamente seguido na
prática, na sua rotina, e que levará por toda a vida.
Um dos pontos mais importantes da educação ambiental é abrir espaço para a reflexão e
diálogo que, através de um trabalho em conjunto (interdisciplinariedade) pode ser conquistado
e realmente posto em prática.
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técnicas, sem ideologia política ou religiosa, plenamente seu papel como linguagem.
voltada para si mesma, a arte pela arte Buscam também novas técnicas e formas
com novos conceitos e materiais. A arte mais eficazes e econômicas de reprodução.
contemporânea rompeu com barreiras e
quebrou paradigmas, modificando a forma O uso artístico da gravura contemporânea
de ver e fazer. é caracterizado pela tendência do artista
em assumir pessoalmente todas as etapas
É a arte marcada pela quebra de padrões, do processo do trabalho como parte do
pela liberdade de criar, pela utilização de processo criativo.
métodos mecânicos de reprodução e uso de
novas tecnologias. Escreve Ferreira, (p.92) o próprio impressor
torna-se “uma figura que está rapidamente
Nesse período a obra de arte é objeto, desaparecendo: as gravuras se tornam tão
uma ideia e pensamento em busca da complexas, tão pessoais, com a mistura de
reflexão, sempre de forma original, criativa e processos e certos virtuosismos de impressão
contextualizada socialmente. que só mesmo o gravador é capaz de tirá-las
com resultados inteiramente satisfatórios”
Fazendo um breve histórico da gravura
nas últimas três décadas, Riva Castleman Em termos mais especificamente gráficos,
relembra que: a mesma ideia é expressa por Marco Buti, no
livro Gravura em Metal, (2002, p. 12):
“A experimentação com vários processos
associados à impressão ocorrida na década “Conforme os conceitos possíveis de arte, o
de setenta, vai gerar, entre outras coisas, a momento histórico e as estéticas vigentes,
incorporação de papel artesanal, muitas vezes identifica-se a técnica artística com a própria
produzido ou projetado pelo artista. A ideia de arte ou, no outro extremo, pode-se relegá-la a
gravura passou a incorporar muitas formas de uma posição secundária no processo de criação.
trabalho feito à mão, depois de um período (...)
prolongado de fastio com a produção Há trabalhos que devem ser realizados com
de edições impressas uniformemente” precisão mecânica, outros exigem a colaboração
(CASTLEMAN, p.11). sensível de uma equipe, alguns só adquirem
sentido se executados pessoalmente pelo
A gravura traz consigo o sentido da
artista”
reprodução deixando marcas por onde passa,
perpetuando-se até os dias de hoje. Na gravura, a valorização do fazer como
momento decisivo para a criação da obra de
A gravura nasceu associada à ideia de arte leva o artista a colocar-se subjetivamente
multiplicação da imagem, mas o que move em todos os aspectos da sua execução: a
os gravadores contemporâneos são a preparação da matriz, dos instrumentos e das
qualidade e a possibilidade de dialogar com ferramentas; a escolha do papel, os mínimos
outras linguagens, na qual a gravura assume detalhes do processo de impressão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fayga Ostrower artista plástica, escritora e educadora,
sempre defendeu a arte como linguagem universal,
posicionando-se de forma ética perante o mundo e aos
problemas sociais. “A arte é a linguagem natural da
humanidade e representa um caminho de conhecimento da
realidade humana” (OSTROWER, 1998, p.25-26).
Para Fayga a sensibilidade e a criatividade são características
humanas, de qualquer pessoa. Não aceitava a arte como
manifestação elitista e objeto de luxo. "Não existe um RENATA MANFRA
momento ou compreensão que não seja ao mesmo tempo LUCENA DIAS
criação. O ser humano é por natureza um Ser Criativo. No
Graduação em Pedagogia pela
ato de perceber, ele tenta interpretar. Nesse interpretar, já Universidade Bandeirante de São
começa a criar." (OSTROWER, Fayga. Criatividade e processo Paulo (2009); Especialista em
de criação. Petrópolis: Vozes,1978). Artes Visuais pela Universidade
Metropolitana de Santos (2012);
Professora de Educação Infantil e
Fayga Ostrower (1987, p.224), admite que todos os Ensino Fundamental I - na EMEF
seres nascem com potencialidades sensíveis. Persegue o Octávio Pereira Lopes, atua como
Diretora de Escola no Centro de
lirismo sem limites, com grande densidade e uma visão Educação Infantil Cidade Nova do
única, investigando possibilidades, mantendo-se na Parque Novo Mundo.
essência da linguagem gráfica e priorizando a criatividade,
processo inerente ao ser humano, no qual o fazer artístico
é a possibilidade de o homem dar sentido a sua vida. Nos
processos criativos importam - percepção, formas, intuição
e imaginação, assim como o crescimento e a maturidade das pessoas.
Para Ostrower, as formas de arte representam a única via de acesso ao mundo interior,
de sentimentos, reflexões e valores de vida e representam, também, um caminho de
conhecimento da realidade humana.
Fayga elevou a gravura no cenário nacional, imprimindo uma natureza sensível e subjetiva,
tendo como ponto de partida sua visão estética e uma crescente preocupação com os
elementos constitutivos da obra, planos, linha e ritmos.
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O PAPEL DO ESPAÇO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este artigo tem como finalidade demonstrar o quanto os espaços são importantes
e contribuem para a aprendizagem das crianças na Educação Infantil. Sabe-se que nos
tempos atuais, a Educação Infantil vem sendo enxergada com outros olhos, um olhar voltado
para criança que muito tem a nos ensinar, protagonista da sua vivência no cotidiano escolar,
a qual aprende e desenvolve-se com tantos estímulos que a cerca, conforme pensadores
afirmam que aprendem de acordo com o meio em vivem, deixando de lado a ideia de que
é um papel em branco esperando ser preenchido. Tanto que faz valer, que tudo pode ser
aprendizado para criança e contribuir para seu desenvolvimento social, intelectual, emocional
e físico. Contudo, o espaço e o ambiente escolar são recursos imprescindíveis no processo
de aprendizagem na Educação Infantil.
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contextuais” (ambiente e escola) e outro num micro contexto (sala de aula e espaços anexos).
(FORNEIRO, 1998)
Primeiramente faz-se necessário destacar o ambiente, o qual possui dois aspectos que
podem provocar condicionamento das ações e interações: as condições climáticas e os
recursos do ambiente.
O clima pode ser um condicionante na organização do espaço, uma vez que é preciso
contar com ambientes abertos para permitir a movimentação das crianças, cobertos por
período de chuva, áreas bem ventiladas para o período do verão.
A autora Forneiro (1998, p.232) difere espaço e ambiente no momento em que faz
referência aos espaços das salas de aula, apesar de considerar que estão intimamente
relacionados, diz que “o termo espaço se refere ao espaço físico, ou seja, aos locais para
a atividade, caracterizando pelos objetos, pelos materiais didáticos, pelo mobiliário, pela
decoração. Já o termo ambiente refere-se ao conjunto do espaço físico e as relações que
se estabelecem no mesmo (os afetos, as relações interpessoais entre as crianças, crianças e
adultos, crianças e sociedade).”
O ambiente pode favorecer também recursos materiais (naturais ou artificiais) muito úteis
para serem aproveitadas nas atividades, tais como pedrinhas, plantas, gravetos, pinhas,
ou até mesmo materiais fornecidos por alguma fábrica próxima da escola, uma oficina de
costura que forneça tecidos para montarem cabanas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste trabalho pode-se concluir que a criança
na Educação Infantil está inserida em um ambiente rico em
possibilidades de aprendizagens, onde existe relações com
meio e o outro, promovendo interações.
Contudo, esse ambiente para garantir a aprendizagem deve ser organizado adequadamente,
sendo de fácil acesso. O espaço deve ser legível e os objeto diversificados, para serem
utilizados com criatividade. E é de extrema importância a organização intencional para
provocar novos desafios as crianças.
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Adimanto - Parece-me.
Sócrates - Portanto, como dizíamos de início, indispensável para o desenvolvimento da
os nossos filhos devem logo participar em jogos alma e corpo da criança, participando dos
mais conformes com a lei, pensando que, se eles jogos e outras atividades lúdicas, em sua
lhe forem contrários, é impossível que daí se
forme homens cumpridores da lei e honestos. visão, o preparo para convivio em sociedade
Adimanto - Como não? ocorreria de maneira natural, em que a ética
Sócrates - Quando, portanto, as crianças e outras regras de convívio seriam práticadas
principiam por brincar honestamente, adquirem,
através da música, a boa ordem e, ao contrário de maneira lúdica como preparo para a fase
daqueles, ela acompanha-os para toda parte, e adulta.
com o seu crescimento, endireita qualquer coisa
que anteriormente tenha decaído na cidade.
Adimanto - É verdade. Diante de tantas reflexões, assim como
Sócrates - E sem dúvida descobrirão aquelas Platão, o dever da sociedade, das suas tarefas
leis, que pareciam pequenas e que os seus para formação dos futuros adultos requer
antecessores tinham deitado todas, a perder.
Adimanto - Quais? adotar conceitos que possam estabelecer uma
Sócrates - As seguintes: o silêncio que os mais linha de comunicação de fácil assimilação,
novos devem guardar perante os mais velhos; no qual a criança em seu universo criativo
o dar-lhes lugar e levantarem-se; os cuidados
para com os pais; o corte de cabelo, o traje, o possa adquirir conhecimentos e saberes
calçado, e toda a compostura do corpo e demais inerentes ao processo de crescimento do
questões desta espécie. Ou não achas? individuo, portanto, fazer dos momentos
Adimanto - Acho, sim.
Sócrates - Legislar sobre o assunto seria de brincadeiras, oportunidades de
ingênuo, a meu ver, porquanto as disposições aprendizagem e aperfeiçoamento das suas
estabelecidas não se realizariam nem se competências sociais.
manteriam, oralmente nem por escrito.
Adimanto - Como o fariam, efetivamente?
Sócrates - Parece-me, Adimanto, que o impulso
que cada um tomar com a educação, determinará
o que há de seguir. Ou cada ovelha não busca
FRIEDRICH FROEBEL E SUA
sempre sua parelha? [...] (PLATÃO, A Republica. CONTRIBUIÇÃO PARA A
Apud MACHADO, Daniel, p. 108 e 109, 2012)
EDUCAÇÃO INFANTIL
Do ponto de vista de ambos, ao analisarmos Friedrich Froebel, nascido na Alemanha
suas perspectivas, estes grandes pensadores em 1782, faleceu em 1852, adotou práticas e
e idealizadores da prática filosófica, artística e defendeu seus ideias de maneira que pudesse
cultural, defendem a verdadeira importância contribuir para a reflexão educacional em
do lúdico, ou seja, dos jogos e brincadeiras torno da primeira infância, período, segundo
para o desenvolvimento humano em suas ele, de importância indiscutível para a
capacidades para ativa participação na formação do indivíduo.
sociedade.
Conceitos abordados no contexto
Platão derramava ideologias e defentia educacional infantil se devem aos grandes
o brincar como um processo acertivo indealizadores, como Froebel que defendia
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Em relação ao aprendizado: gostaríamos que as crianças fossem alertas, curiosas, criticas e confiantes na
sua capacidade de imaginar coisas e dizer o que realmente pensam. Gostaríamos também que elas tivessem
iniciativa, elaborassem idéias, perguntas e problemas interessantes e relacionassem as coisas umas às outras.
(KAMII, 1991, p. 15.)
Segundo o Referencial Curricular Para a Educação Infantil (1998, vol 1, p. 28): “como
um meio de poder observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das
crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das
linguagens, assim como suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que
dispõe”.
“A educação infantil tem uma identidade que precisa considerar a criança como um sujeito de direitos,
oferecendo-lhe condições materiais, pedagógicas, culturais e de saúde para isso, de forma complementar à
ação da família”. (ROCHA, 2001, p. 69)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A brincadeira é um importante mecanismo para a
aprendizagem da criança, por meio da interação entre
crianças e brincadeiras ocorre troca de experiências e,
consequentemente, desenvolvimento das habilidades e
competências responsáveis pelo amadurecimento físico,
emocional e intelectual do indivíduo.
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REFERÊNCIAS
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A PSICOPEDAGOGIA PRESENTE
NO ENSINO FUNDAMENTAL I
RESUMO: O presente trabalho foi elaborado com o objetivo de trazer ao leitor uma visão
da importância da psicopedagogia no Ensino Fundamental I. A existência de um profissional
preparado para prevenir, diagnosticar e tratar dos problemas de aprendizagem escolar. O
conhecimento de uma metodologia específica de trabalho do profissional que tem a seu cargo
a condução de atividades didáticas. A questão torna-se significante, uma vez que relaciona
o contexto em que se desenvolve a ação pedagógica, a família, a escola e a comunidade.
Uma visão de que a psicopedagogia como complemento é uma ciência nova que estuda o
processo de aprendizagem e suas dificuldades contribuindo para explicar a causa destas
dificuldades de aprendizagem, tendo como objetivo central de estudo o processo humano
do conhecimento. A necessidade deste conhecimento profissional de uma forma ampla, nos
campos didático, psicológico e psicopedagógico para garantir uma contínua qualidade do
ensino, a formação do cidadão e do futuro professor do qual, em última análise, dependerá
a evolução do processo didático no Brasil.
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INTRODUÇÃO A IMPORTÂNCIA DO
CONHECIMENTO
A psicopedagogia é uma área de estudos
recente no nosso tempo, que resultou De acordo com Bossa (2000), a
da união dos conhecimentos não só da psicopedagogia se ocupa da aprendizagem
psicologia e da pedagogia, mas também de humana, que adveio de uma demanda sobre
diversas outras áreas como fonoaudiologia, o problema de aprendizagem. Como se
medicina e psicanálise. Historicamente preocupa com este problema, deve ocupar-se
a psicopedagogia tem-se ligado mais a inicialmente do processo de aprendizagem,
educação do que a outras áreas. estudando assim as características da mesma.
A especificidade da psicopedagogia para É necessário comentar que a psicopedagogia
a educação, aliado a sua característica é comumente conhecida como aquela
interdisciplinar são os motivadores deste que atende crianças com dificuldades de
artigo de compilação. A necessidade deste aprendizagem. É notório o fato de que as
conhecimento específico para o ensino e a dificuldades, distúrbios ou patologias podem
aplicação de uma metodologia que possibilite aparecer em qualquer momento da vida e,
a obtenção de resultados mais positivos para portanto, a psicopedagogia não faz distinção
a aprendizagem são os objetivos a serem de idade ou sexo para o atendimento.
destacados.
O conhecimento é envolvente e abrange
Por meio de uma análise documental transtornos de aprendizagens aos quais os
bibliográfica entre autores de destaque, alunos vêm enfrentando e nas adversidades
procura-se mostrar, sequencialmente, que os professores encontram para lidar
a importância deste conhecimento e da com estes transtornos, sobretudo quando se
atuação do profissional neste processo; a deparam com alunos indisciplinados e sem
identificação de determinados problemas controle. Por essa razão a formação destes
que afetam a aprendizagem e; sem esgotar educadores deveria ser multidisciplinar,
o assunto, oferece a possibilidade de assentada em diversas ciências, abrangendo
acompanhamento dos problemas quer pelas a psicopedagogia.
habilidades do educador, pela observação
constante dos alunos ou pela existência de A psicopedagogia enfrenta um dos
material adequado. maiores desafios de nossa época, ou seja,
o lidar com o aprender do ser humano
O presente artigo também possibilita, num cenário em que o homem se debate
àqueles que já possuem uma bagagem inicial entre o real e o virtual, submerso cada dia
sobre o assunto e aos interessados sobre o mais em informações complexas. A busca
tema, o prosseguimento de suas pesquisas. de uma resposta demanda, em primeiro
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e mantenedores das diferentes dificuldades Deste modo, fica evidente que as relações
para o ensino em nosso país. interpessoais representam os ingredientes
essenciais para uma convivência harmoniosa
e saudável, uma vez que o aprender na
O ACOMPANHAMENTO escola envolve vários fatores, dentre eles os
DO PROFISSIONAL aspectos afetivos que influenciam tanto no
desempenho escolar, como na personalidade
Falar da relação professor x aluno implica, do sujeito que aprende. É imprescindível que o
inicialmente, relatar algumas considerações psicopedagogo/professor possa compreender
acerca das concepções de ensino- todo o corpo da estrutura organizacional da
aprendizagem visto que tal processo de escola, sem esquecer o meio em que vive o
ensinar e de aprender não ocorre de forma aluno e sua fase de desenvolvimento.
isolada, ou seja, fora de um contexto sócio-
histórico. Nestas circunstâncias, cabe refletir O material com o qual o profissional deverá
sobre como se dá a prática psicopedagógica, trabalhar deve estar, no mínimo, adequado
ou seja, como se dá a atuação do aos alunos. A elaboração de pesquisas quanto
psicopedagogo/professor segundo uma ao que se pode empregar durante uma
abordagem construtivista na qual o aluno atividade recreativa, lúdica, física e outras,
é considerado como sujeito ativo de sua são significativas e devem ser levadas adiante
própria aprendizagem. de modo que a instituição possa adquirir ou
adaptar os instrumentos necessários.
Convém destacar que a relação
psicopedagogo/professor, aluno e Considerando que o ensino, capaz de
conhecimento se dá por meio da interação formar outros profissionais, não está ao
destes três elementos no processo de alcance de muitos brasileiros, o professor tem
reeducação, sem esquecer sua história de o dever de dedicar-se no preparo daqueles
vida e seu meio sociocultural. Para que esta que vão lhe substituir, sob pena de ter-se
relação seja fecunda é essencial a presença plantado uma semente que não frutifique ou
das seguintes características: diálogo, que seus frutos, os alunos, não sejam de boa
participação, colaboração, respeito mútuo qualidade.
e, sobretudo, afetividade. Com base nessa
afirmação, é possível concordar com o Pelo que se pode constatar, não se
argumento de que “o aprender a viver juntos pensa no profissional ligado às atividades
representa, hoje em dia, um dos maiores didáticas, ou mesmo psicopedagógicas, sem
desafios da educação”. (KULLOK, 2002, o necessário preparo e desenvoltura em uma
p.18). sala de aula e sem associá-lo ao aluno como
elemento motivador, incentivador, formador
de personalidade e caráter.
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Os alunos mais bem orientados têm condições de apresentar uma melhora significativa
por poder conhecer seus problemas e como resolvê-los. O despreparo do professor, na
condução de suas atividades, pode acarretar um desvio irrecuperável na formação básica
necessária ao aluno para poder agregar conhecimentos e progredir em sua ascensão.
O professor consciente deve estabelecer limites a serem atingidos pelos alunos, criar
situações problema para que a criatividade possa surgir, ouvir as propostas dos alunos para
a resolução de problemas e apreciar os acertos e erros para enriquecimento do aprendizado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dificuldade de aprendizagem é um problema que está
presente em todo o meio educacional e quando as dificuldades
não são identificadas, acaba se tornando um peso para
muitas crianças e adolescentes. Quando a dificuldade não
é diagnosticada a criança é taxada de preguiçosa e outros
adjetivos negativos. “A criança que se esforça, mas não
consegue obter êxito escolar é frequentemente rotulada
de “lenta, preguiçosa e burra”. Isto pode lhe causar danos”.
(GUERRA, 2002, p.15).
RITA MARIA SILVA TURA
Por vezes a deficiência do educador é fruto de uma
formação mal direcionada para a aplicação prática dos
Graduada em Letras (Português-
conhecimentos. Normalmente, a figura do educador, por Inglês) pela FMU (1987) e
estar à frente de seus alunos, é relacionada com o sucesso ou Pedagogia pela UNINOVE (2016);
insucesso deste aluno na escola. Este insucesso não deve ser Especialista em Supervisão Escolar
pela UFRJ-CEP (1998); Professora
considerado apenas como reprovação, mas também como do Ensino Fundamental II e Médio
motivo de abandono escolar, dificuldades da aprendizagem, - Língua Inglesa - na EMEF Cel.
problemas de adaptação e sociabilização entre outros. ROMÃO GOMES.
Sendo assim, cabe a reflexão sobre de que forma o
insucesso escolar deve ser visto pelos professores, pela escola, pela família e, em especial,
pelo psicopedagogo, como obstáculo a ser superado, uma vez que, quando o aluno fracassa
nos estudos estará caracterizado que todos, também, fracassaram na atribuição de educá-lo.
Com este objetivo, todos devem agir de forma consciente lembrando-se que é
responsabilidade de todos darem estímulos e motivação para que o aluno possa manifestar
seu desejo de aprender ao longo de sua trajetória escolar.
Saber lidar com o diferente; estruturar o sujeito, não é uma tarefa fácil, mas o psicopedagogo
deve ter sempre este compromisso social. E tomando-se por base as reflexões envolvidas no
processo de intervenção, contribuir para o esclarecimento destes déficits na aprendizagem,
que não tem como causa apenas deficiências do aluno, mas que são consequência de
problemas tanto na instituição escolar, quanto na família e outros membros da comunidade,
que interferem no processo. É importante que se tenha em mente, que o trabalho do
psicopedagogo se dá numa situação entre pessoas.
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REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA. Diretrizes Básicas da Formação de
Psicopedagogos no Brasil. São Paulo. 2008.
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EDUCAÇÃO INFANTIL E AS
PRÁTICAS DE APRENDIZAGEM
EM ARTE E EDUCAÇÃO
RESUMO: Este estudo trata do tema Arte e Educação e das Práticas de Aprendizagem na
Educação Infantil. Para atingir ao pressuposto nesta pesquisa apresentamos os principais
conceitos relativos ao Ensino de Arte na Escola de Educação Infantil e como tais práticas se
tornam significativas na infância. Os conteúdos trabalhados e a maneira como se desenvolvem
as atividades são fundamentais para a aprendizagem da criança pequena e neste sentido as
práticas devem ser pensadas para atingir este objetivo. O trabalho com as Artes Visuais deve
respeitar as particularidades das crianças e o seu nível de desenvolvimento, favorecendo o
processo de criação e produção das mesmas. O educador deve intervir proporcionando o
contato com diferentes objetos agindo de forma intencional com o intuito de enriquecer
a ação desenvolvida pela criança. O educador é o responsável por conduzir o processo
educativo dando significado aquilo que a criança aprende, a simples inclusão do ensino
de Arte no currículo escolar, não é suficiente para a garantia de aprendizado, a Arte deve
estar integrada as demais áreas do conhecimento e tornar possível que a criança aprenda e
compreenda o seu conteúdo de forma relevante e significativa.
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escolas especializadas para o ensino de arte para adolescentes e para crianças, surgindo
assim, o ensino de Artes como atividade extracurricular. Na Escola Brasileira de Arte de
Theodoro Braga, localizada em São Paulo, as crianças estudavam desenho, música e pintura,
a faixa etária das crianças atendidas era de 08 a 14 anos e o ensino era gratuito, apresentando
como orientação temas sobre a fauna e a flora brasileira.
Ainda com base na autora uma orientação baseada na espontaneidade e expressão livre
da criança surge com Anita Malfatti, na mesma época. A valorização da expressão infantil
em artes passa a ser sinalizada com a semana da Arte Moderna em 1922 onde os modelos
de educação técnica voltados para o trabalho com desenho clássico e geométrico são
contestados.
Quando a criança começa a desenhar ela trabalha sobre a hipótese de que o desenho
serve para imprimir tudo o que ela sabe sobre o mundo, expressando suas percepções e
sentimentos, observando diferentes objetos simbólicos e as imagens que cria. Na fase de
simbolização, a criança vai incorporando as regularidades e os códigos que representam as
imagens que a cercam e aprende a considerar que o desenho serve para imprimir aquilo que
ela vê.
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Com base no RCNEI (1998) o trabalho com música nas práticas da Educação Infantil
auxiliam no desenvolvimento dos bebês e crianças e tais práticas vão iniciando o processo
de ambientação musical. Desde muito pequenas, as crianças convivem em ambientes nos
quais a música é parte do contexto, os adultos cantam, realizam brincadeiras com músicas,
histórias, rimas, etc., e nessas interações as crianças vão se familiarizando com este contexto
de aprendizagem musical permitindo que desde pequenos utilizem a música como uma
forma de comunicação.
As crianças menores podem ter contato com a prática musical por meio das brincadeiras
e atividades lúdicas que desenvolvem a percepção, um exemplo deste tipo de atividade
e quando o professor canta para os bebês e a criança passa a imitar alguns sons e ruídos.
As canções de ninar, os brinquedos sonoros e as brincadeiras com sons e palmas também
contribuir para repertoriar a música na educação infantil, favorecendo a interação, por meio
da criação, dos gestos, da imitação e das expressões corporais.
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As Artes Visuais expressam, comunicam e atribuem sentido a sensações, sentimentos, pensamentos e realidade
por meio da organização de linhas, formas, pontos, tanto bidimensional como tridimensional, além de volume,
espaço, cor e luz na pintura, no desenho, na escultura, na gravura, na arquitetura, nos brinquedos, bordados,
entalhes etc. O movimento, o equilíbrio, o ritmo, a harmonia, o contraste, a continuidade, a proximidade e a
semelhança são atributos da criação artística. A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, intuitivos,
estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo
às Artes Visuais. (BRASIL, 1998, p.85)
A dança na educação infantil é uma parte do trabalho que deve ser desenvolvido utilizando
a linguagem corporal, tornando-se significativo e respeitando a movimentação espontânea e
criativa da criança, sem uma mera reprodução de estereótipos.
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De acordo com Andrade (2009) ensinar arte requer propostas desafiadoras que possam
despertar a imaginação da criança e permitir que ela explore as mais diferentes linguagens, a
linguagem corporal é uma das principais linguagens abordadas quando pensamos no ensino
de Arte e no movimento criativo na escola, tais práticas podem ser abordadas com o ensino
do Teatro, Dança e Música na escola. Os gestos corporais e os movimentos despertam
diferentes possibilidades de trabalho com o corpo na Educação Infantil.
Segundo o RCNEI (1998), a maneira como são organizados os materiais em sala de aula
e a qualidade destes materiais vão interferir diretamente na qualidade de aprendizagem e
na qualidade da “Arte” que se pretende desenvolver neste espaço educativo. As atividades
propostas devem ser planejadas considerando o espaço para a sua realização e execução
de maneira eficaz. O ambiente agradável e organizado favorece a aprendizagem e o
desenvolvimento das atividades.
Utilizando o movimento e o corpo, que são a base para um trabalho bem sucedido com
as crianças pequenas, os professores em conjunto com os demais profissionais é capaz de
introduzir a “dança” como “arte” proporcionando às crianças um desenvolvimento que vai
além da fala e da escrita.
As crianças menores podem ter contato com a prática musical por meio das brincadeiras
e atividades lúdicas que desenvolvem a percepção, um exemplo deste tipo de atividade
e quando o professor canta para os bebês e a criança passa a imitar alguns sons e ruídos.
As canções de ninar, os brinquedos sonoros e as brincadeiras com sons e palmas também
contribuir para repertoriar a música na educação infantil, favorecendo a interação, por meio
da criação, dos gestos, da imitação e das expressões corporais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação dos professores que atuam nas séries iniciais e
na educação infantil ainda produz alguns equívocos de como
se trabalhar com este conteúdo, alguns profissionais não se
veem capazes de realizar determinadas atividades musicais,
justificando que é necessário ter certas aptidões para trabalhar
com música.
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Brasil, mostrando estatísticas da violência Sobre o exposto Mota e Santos (2016, p.3)
provocada por esse comportamento. afirmam que para entender o fenômeno da
violência nas escolas, devem-se considerar
Através de estudos e pesquisas fatores externos e internos ligados às
bibliográficas, o artigo trará uma discussão instituições de ensino. E que as escolas
sobre bullying e a indisciplina nas escolas, as reproduzem a violência vivida em sociedade,
correlações e implicações. Além disso, será o espaço que deveria ser de aprendizagem
discutido o papel da escola, da família e das e conhecimento, torna-se, cada vez mais,
mídias. a proliferação de atitudes violentas em
diferentes níveis.
E por fim, a pesquisa se concluí com ações
de intervenção com objetivo de reduzir o Onde nasce a violência escolar? A quem
bullying nas escolas. Serão mostrados casos de diga que as causas para a violência que
sucessos no combate à essa prática, assim como ocorre nas escolas venham da desmotivação
soluções, encontradas dentro e fora do Brasil, de alunos e professores, da ineficácia do
para a criação de uma consciência em toda sistema educacional, da falta de projetos
comunidade escolar do quão alarmantes são pedagógicos efetivos, das relações familiares
as consequências provocadas por quem sofre instáveis etc. A violência escolar pode
diariamente, vítimas de bullying nas escolas. também ser fruto da ausência de valores,
de limites, de regras de convivência, do
recebimento de punição através de violência
VIOLÊNCIA NO ou intimidação, levando à criança a resolver
ÂMBITO ESCOLAR seus problemas e dificuldades através de
violência, da reprodução da violência vivida
A violência é um fenômeno que se propaga no seio familiar.
na sociedade como um todo, um dos meios
de propagação letal desse fenômeno está a Mota e Santos assinalam que:
escola. Em maior ou menor grau, a violência
é fruto do cotidiano escolar e acompanha No espaço familiar quase não se impõe limites em
crianças e jovens. Com a liberdade de satisfazer
crianças e adolescentes interferindo em sua suas próprias vontades sem qualquer orientação
aprendizagem e comportamento. Contudo a de boa conduta, o público jovem acaba sendo
análise da violência escolar não pode ser feita espelho do próprio ambiente de origem, quase
sempre fazendo parte de uma rotina em que se
de maneira isolada, ela é parte de um grande desconhece que a educação começa em casa. A
processo, que vai além dos muros escolares, ausência do acompanhamento da família é um
abrangendo fatores que envolvem todo o fator agravante. (MOTA E SANTOS, 2016, p. 3).
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a diferenciar uma brincadeira de algo que aparece, as escolas tornam públicas para os
passou dos limites. Segundo a coordenadora demais alunos, provocando uma onda de
é mais que um projeto, e sim uma filosofia reflexão em toda a escola, o que, de acordo
de vida, visando o bem-estar, a criação de com a publicação, faz toda a diferença no
ambiente escolar onde os alunos sejam combate ao bullying.
tolerantes e respeitosos.
Aqui no Brasil, um dos mais tradicionais
Na Holanda, o projeto anti-bullying colégios particulares de São Paulo, o
implementado já tem cinco anos de existência Colégio Bandeirantes, adotou um projeto
e diminuiu em 50% os casos de bullying, intitulado Grupo de Apoio do Programa de
segundo dados do site Redes de Experiência. combate ao Bullying. No projeto, os próprios
Ainda de acordo com o site: alunos criaram uma espécie de rede de
proteção, onde funcionam como um grupo
Para conseguir essa transformação, desde 2015, de apoio para crianças e adolescentes que
o país realiza uma intensa política anti-bullying,
onde as escolas primárias e secundárias devem demonstram um isolamento maior em relação
seguir uma rigorosa lei de combate ao bullying. aos demais alunos. A intenção do projeto
Desde os quatro anos, as crianças aprendem é fazer os alunos participantes do mesmo
a sinalizar quando avaliam que uma situação
passou dos limites. Além disso, a orientação se aproximarem desses jovens, criando um
dada às crianças é de que conversem sobre o vínculo, estabelecendo uma relação de
problema com um adulto tão logo ele aconteça. confiança, para que eles se sintam seguros
para conversar ou desabafar. Os alunos do
O projeto não apenas vem reduzindo os projeto recebem uma formação, através de
números de situações envolvendo bullying, cursos com profissionais especialistas no
como também, está aproximando os alunos assunto, como psicólogos e advogados. Caso
uns dos outros. Uma pesquisa do Unicef, o a situação seja de maior gravidade, os alunos
Fundo das Nações Unidas para a Infância, repassam o caso à coordenação da escola.
revelou que os alunos holandeses possuem
o maior índice de satisfação em relação aos Em entrevista ao site da revista Isto é,
colegas, cerca de 85% delas acham seus a orientadora do Colégio Bandeirantes,
amigos legais. Marina Schwarz diz que: “A estratégia está
funcionando, observamos a redução de
Uma das estratégias do projeto holandês casos. Hoje temos mais acesso aos episódios
reside no fato de que os comportamentos de de provocação, que normalmente ocorrem
bullying não são mantidos em sigilo, a política por trás das autoridades.”
de atuação nas escolas geralmente é a de
manter o fato apenas entre os envolvidos De acordo com dados trazidos pelo site
e seus familiares, lá acontece justamente o em 2012 36,2% dos alunos sofreram algum
contrário. Quando uma situação de bullying tipo de intimidação ou perseguição, esse
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número subiu para 46,6% em 2015. Dados da pesquisa revelaram também que de cada 10
estudantes, 2 praticavam bullying. Segundo a revista, numericamente ainda são poucas as
escolas que tem adotado medidas específicas no combate à intimidação dos alunos, contudo
elas têm desenvolvido metodologias específicas nesse combate, diminuindo a propagação
do ódio nas escolas, o caminho é complexo, mas os resultados mostram que é possível coibir
essa prática.
Um aluno de uma escola pública de Paulínia, cidade do interior de São Paulo, não tinha
dinheiro para levar seu cachorro ao veterinário, os alunos da escola então organizaram
uma arrecadação de dinheiro para que o colega conseguisse realizar a consulta. A ideia de
arrecadar o dinheiro surgiu dentro do grupo de combate ao bullying existente na escola,
chamado de Equipes de Ajuda. Segundo matéria de Marina Estarque ao Jornal Folha de São
Paulo, o referido projeto fora implantado em 2015 em 11 escolas públicas e privadas em
quatro cidades do Estado de São Paulo. Esse modelo foi inspirado em escolas espanholas
e finlandesas, o projeto aposta no sistema de apoio entre os próprios colegas, ou seja, seus
pares. Segundo pesquisa realizada por uma das idealizadoras do projeto, 75% dos casos
de bullying em que a intervenção foi feita por outro aluno, ao invés de um adulto, tiveram
resolução positiva. Segundo a pesquisadora, quando um aluno diz ao outra para parar, pois
a pessoa não está gostando, o agressor tende a ouvir.
Os alunos são eleitos pelos colegas, baseados no critério da confiança, e não pela
popularidade, por isso pergunta-se para qual dos colegas candidatos à função, ele contaria
um segredo e assim é feita a eleição dos componentes do grupo, que assim como no exemplo
do Colégio Bandeirantes, também funciona como uma espécie de grupo de ajuda. No caso
relatado acima, o aluno que precisava de dinheiro para levar seu cachorro ao veterinário, era
membro do grupo de ajuda, mas sofria bullying, por ser catador de latinhas, era chamado de
lixeiro pelos colegas de escola. O caso do aluno foi debatido no grupo, que decidiu realizar
a arrecadação.
Exemplos como os citados acima deixa claro que através de projetos planejados com
seriedade, levando em consideração a cultura da escola e da comunidade, além do olhar
atento e da escuta ativa, e da necessidade de se implantar uma cultura de paz nas escolas, o
caminho para o combate ao bullying, pode ser complexo, mas os efeitos são extremamente
significativos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Viu-se ao longo do trabalho que a violência está inserida
na sociedade de tal forma que vem determinando a maneira
como as pessoas se comportam, vem transformando a maneira
de pensar a sociedade. Por estar presente na rotina diária das
pessoas, ela interfere diretamente na maneira de ser e de agir,
ou seja, a violência é hoje um problema sistêmico.
As práticas da violência existem desde a antiguidade e chega
nos dias atuais tomando as mais variadas formas. Ela está em
tudo, na televisão, nas rodas de conversa, nas brincadeiras das ROBERTA RODRIGUES
crianças, na internet, dentro das escolas, criando nesse espaço, DA SILVA
talvez uma de suas formas mais covardes, através do bullying, o
Graduação em Letras pela
objeto de discussão desse artigo. Faculdade Unipaulistana (2009);
Especialista em Administração
A escola, como espaço educativo e cheio de possibilidades em Educação com Ênfase em
Bullying na Escola pela Faculdade
para o desenvolvimento intelectual e social dos indivíduos Campos Eliseos (2018); Professor
humanos, muito embora reproduza os mais variados aspectos da de Ensino Fundamental II e Médio
sociedade, inclusive a violência, tem o dever de, se necessário, - Língua Portuguesa - na EMEF
Álvares de Azevedo.
se reinventar, enquanto espaço do saber. Não é admissível, que
ainda hoje, face a todas as comodidades tecnológicas e acesso
a toda gama de informações, seja nesse espaço que crianças e adolescentes sejam cruelmente
aniquilados enquanto indivíduos; tenham sua individualidade reprimida e violentada da maneira
mais covarde, isso pois são seus pares os algozes de todo esse mal. E o espaço onde elas poderiam
ser o que quisessem e que deveriam protege-las, acaba se tornando palco de tais atrocidades,
cujas consequências as acompanham por toda a vida.
Enfim, é preciso tomar os bons exemplos, como os citados neste artigo, e traçar um plano,
uma meta nas escolas, com o intuito de educar para a paz, nunca foi tão necessário esse tipo de
educação, haja vista, no ano de 2018 criou-se uma legislação específica de promoção da cultura
de paz e não violência nas escolas, com o objetivo de prevenir, refletir e agir no combate a todo
e qualquer tipo de violência no âmbito escolar. Segundo estatísticas abordadas nesse artigo, o
Brasil não está no topo dos países em que mais os jovens sofrem com bullying, ainda assim, quase
20% das crianças brasileiras padecem com essa prática, esse percentual pode e dever ser zero.
Na maioria das vezes as ações são simples, basta que a tríade escola-família-sociedade abrace a
causa, pois como dissera Paulo Freire: “De anônimas gentes, sofridas gentes, exploradas gentes,
aprendi, sobretudo, que a paz é fundamental, indispensável, mas que a paz implica lutar por ela”.
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REFERÊNCIAS
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maltratado por eles. Tradução: Débora Guimarães Isidoro, Rio de Janeiro, RJ: Ed. BestSeller,
2010.
ESTARQUE, Marina. Projeto em escolas de São Paulo forma estudantes para combater
bullying. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/12/1945911-
projeto-em-escolas-de-sp-forma-estudantes-para-combater-bullying.shtm. acesso em 31
de janeiro de 2019.
FANTE, Cleo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para paz.
6 ed. Campinas: Editora Verus, 2011.
LIMBER, S. P., & Olweus, D. (2010). Bullying in School: Evaluation and Dissemination of the
Olweus Bullying Prevention Program. American Journal of Orthopsychiatry, 80, 124-134.
MOTA Jesus, Kallyne; SANTOS Soares, Ligia Michelle. Violência nas escolas: propostas
pedagógicas por uma cultura de paz. Fslf, 2016. Disponível em: https://portal.fslf.edu.br/
wp-content/uploads/2016/12/tcc18.pdf. Acesso em: 28 jan. 2019.
PEREIRA, Sônia Maria de Souza. Bullying e suas implicações no ambiente escolar. São Paulo:
Paulus, 2009.
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SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva,
2010.
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A PSICOPEDAGOGIA E SUA
CONTRIBUIÇÃO NA ÁREA
HOSPITALAR
RESUMO: Esse artigo refere-se a prática do Psicopedagogo no processo do ensino
aprendizagem, no contexto hospitalar e a importância da formação interdisciplinar
juntamente com os profissionais da saúde, possibilitando uma melhor qualidade de vida
ao paciente pediátrico. O Psicopedagogo como mediador na recuperação de sentimentos
como: amor próprio, autoestima, aceitação, segurança e valorização da vida do paciente, a
fim de construir uma aprendizagem com comprometimento. Atualmente, a Psicopedagogia
vem ganhando espaço não só nas escolas como também em unidades clínicas, formando
uma parceria entre Universidades, através de estagiários e a instituição escolar de onde o
paciente/aluno é oriundo, dando continuidade ao desenvolvimento do ensino aprendizagem,
através de métodos diferenciados, que respeitem o quadro clínico de cada paciente. O lúdico
como ferramenta pedagógica, acrescido pela afetividade, e a base teórica de estudiosos que
contribuíram e contribuem na área da Psicopedagogia no Brasil e no mundo.
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devido a fatores orgânicos, mas na década A classe hospitalar tem sua identidade
de 70 descobre-se que, a causa estava em formada na promulgação da lei 9394/96
uma disfunção neurológica não detectada (LDB), art.58 §§. II que cita:
em exame clínico, DCM Disfunção Cerebral
Mínima. O atendimento educacional será feito em classe,
escola ou serviços especializados sempre que,
em função das condições específicas dos alunos,
Ao final da década de 70, surgiram não for possível a sua integração nas classes
os primeiros cursos de especialização comuns de ensino regular.
em psicopedagogia no Brasil, a fim de
complementar a formação de psicólogos e Segundo a ABPp a psicopedagogia é a
educadores que buscavam uma solução para area de conhecimento, atuação e pesquisa
o problema do ensino aprendizagem. que lida com o processo de aprendizagem
humana, visando o apoio aos indivíduos e
Em 1980, é criada a ABPp, Associação aos grupos envolvidos neste processo, na
Brasileira de Psicopedagogia, e fica perspectiva da diversidade e da inclusão.
determinado que a Psicopedagogia é uma A Associação Brasileira de Psicopedagogia
área que estuda o processo de aprendizagem (ABPp), como órgão representativo dos
e suas dificuldades, tendo como objeto de Psicopedagogos, entende que o curso de
estudo o sujeito do conhecimento, como Psicopedagogia deve formar profissionais
as instituições e os agentes de transmissão para garantir a aprendizagem como direito
(Documento publicado em 1990, com o de todos.
número 19 de boletim).
PRINCÍPIOS NORTEADORES
PSICOPEDAGOGIA DA FORMAÇÃO, HABILIDADES
HOSPITALAR: FORMAÇÃO E COMPETÊNCIA
DO PSICOPEDAGOGO Segundo as diretrizes de formação de
O Psicopedagogo em uma instituição Psicopedagogia no Brasil, os princípios da
hospitalar tem que ter em mente que sua formação norteadora são:
atuação é diferente de um professor de
uma classe regular e também sua função a) Conscientização da diversidade,
não é de um professor particular. Unidos, respeitando as diferenças de natureza
psicopedagogos e a equipe de saúde, cultural e ambiental, de gêneros, de faixas
utilizando técnicas como reuniões e geracionais, de classes sociais, de religiões,
discussões, para conseguir a ressignificação de necessidades especiais, de orientação
do educador em relação ao aprendizado. sexual, entre outras;
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Para Mello (2004, p.2), é importante que o Psicopedagogo interaja com uma equipe
multidisciplinar de profissionais como: psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas,
pedagogos e outros dentro da Instituição Hospital, a fim de que a criança hospitalizada através
da aprendizagem possa desenvolver uma relação entre a afetividade e o desenvolvimento
mental.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O atendimento Psicopedagógico hospitalar vem a cada dia
abrindo caminhos para novas concepções de tratamento para
crianças que pode ser amenizado através de uma proposta
inovadora.
Ao embasar nas falas de vários teóricos no decorrer desse trabalho, concluo que o
Psicopedagogo é essencial não só na vida das crianças hospitalizadas, como também de apoio
a pais desesperados que em um primeiro momento, não conseguem lidar com a situação.
Complemento com as ideias de Freire apud Matos e Migiatti (2006, p.68-69), quando
discorrem que o desenvolvimento de uma consciência crítica que permite ao homem
transformar a realidade se faz cada vez mais urgente. Na medida em que os homens, dentro
de sua sociedade, vão respondendo aos desafios do mundo, vão temporizando os espaços
geográficos e vão fazendo história pela sua própria atividade criadora.
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REFERÊNCIAS
________. Associação Brasileira de Psicopedagogia/ABPp. Disponível em: http://www.abpp.
com.br/ . Acesso: 27/02/2019.
BOSSA, Nadia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir das práticas. Porto Alegre:
Artes Médicas, 2000.
CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. Uma visão holística de educação. São Paulo: Sammus,
1995.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 5ª edição. São Paulo: Cortez; 2001.
FERREIRA, A.B. O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1986.
GASPARIAN, MCC. Psicopedagogia Institucional Sistêmica. São Paulo: Abril Cultural; 1997.
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LIMA, Michelle Cristina Carioca de; NATEL, Maria Cristina. A Psicopedagogia e o atendimento
pedagógico hospitalar. Revista Psicopedagogia vol.27 nº 82 – São Paulo 2010. Versão
impressa ISSN 0103-8486. Disponível em: www.scielo.br . Acesso em 02/03/2019.
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A CONTRIBUIÇÃO DA
LUDOPEDAGOGIA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este artigo busca refletir sobre a contribuição da Ludopedagogia na Educação
Infantil. E, tem base de estudo livros com autorias a respeito do tema, vivências de
professores e atividades desenvolvidas durante as docências. A importância dos jogos e das
brincadeiras, que de uma forma significativa, contribuem para a Educação Infantil, devendo
ambas articuladas aos conteúdos trabalhados em sala de aula. No decorrer deste artigo
será apresentada a necessidade do planejamento e da organização do tempo e do espaço
para a realização do jogo e da brincadeira de forma efetiva. O trabalho com os jogos e as
brincadeiras no período da educação infantil é extremamente importante, pois por meio
deles a criança apresenta vários aspectos sócios – emocionais. Considero que a realização
deste artigo proporciona inquietações e desencadeia pensamentos acerca das novas formas
de trabalho que associam os jogos e as brincadeiras à rotina em sala de aula.
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Solitária: o brincar da criança é individual, nesse momento ela vivencia a exploração do mundo, as formas, as
texturas, os sons, as cores, os espaços, as possibilidades de seu corpo etc. a fim de conhecer e descobrir o seu
próprio eu. Solitária compartilhada: o brincar ainda é individual, porém surge o interesse nas atividades de outras
crianças. É através da observação que a criança demonstra seu interesse pelo brincar do outro. As atividades
nessa fase estão ligadas ao desenvolvimento psicomotor da criança. Cooperativa: o brincar da criança passa a
ser compartilhado. As atividades agora são realizadas em conjunto, há predominância do trabalho em grupo.
Nessa fase o brincar refere-se à ordenação dos aspectos corporais com os espaços temporais. Cooperativa
complexa: o brincar está relacionado à ideia de regra. E as atividades são realizadas em grupo, porém o bom
desempenho na atividade depende do conjunto do grupo. Nessa fase a criança apresenta uma motricidade
bem desenvolvida e brinca de faz de conta, manifestando suas ações numa esfera imaginativa que combina
situações reais com elementos fantasiosos. (MALUF, 2009 apud MORAES, 2012, p. 30)
O jogo constitui o mais alto grau de desenvolvimento da criança, a manifestação espontânea e natural do
mundo intuitivo, imediatamente provocada por uma necessidade anterior. Por isso, quando brinca, a criança,
está imersa em um mundo de alegria, contentamento, paz e harmonia, proporcionados pelo brincar espontâneo.
(FROEBEL 2001, apud TEIXEIRA 2012, p.38).
Os educadores já perceberam que a atividade lúdica é uma das mais educativas atividades humanas e não
serve somente para aprender os conteúdos escolares, mas também para afiar as habilidades e educar as
pessoas a serem mais humanas. (SANTOS, 2011, p.07).
Kishimoto (2008, p.24) afirma que “Dispor de uma cultura lúdica é dispor de um número
de referências que permitem interpretar como jogo atividades que poderiam não ser vistas
como tal para outras pessoas”.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente percebe-se o quanto é importante a
Ludopedagogia, ou seja, olhar os jogos e brincadeiras como
formas de aprendizagens. O aprendizado deve ocorrer da
forma mais eficiente e produtiva.
O brincar pode ser visto como uma atividade de estimulação ROSANGELA LUÍSA
para o desenvolvimento físico psicossocial, devendo o DOS SANTOS SILVA
professor criar e preparar espaços e materiais adequados
Graduação em Pedagogia pela
para o máximo de aproveitamento nesse processo. Universidade UniSantana.
Graduação em Artes Visuais pela
Por meio dos jogos e brincadeiras, a aprendizagem se Faculdade Faculdade Mozarteum
de São Paulo. Especialização
processa a partir das relações e na troca de experiências em Alfabetização e Letramento
gerando conhecimento. pela Faculdade das Conchas.
Especialização em Ludopedagogia
pela Faculdade de Educação e
A Ludopedagogia contribui para um melhor aproveitamento Tecnologia (FAETI).
dos conteúdos trabalhados em sala de aula, especialmente
na Educação Infantil.
Durante este artigo foi possível observar que as brincadeiras sempre estiveram presentes
na vida do ser humano, mas de formas diferentes, dependendo de fatores históricos elas
eram vistas só como recreação, e atualmente são vistas como aprendizagens.
É por meio da brincadeira que a criança vive e reconhece a sua realidade. Pode-se dizer
que a brincadeira não é uma atividade que gera um significado social, no qual necessita de
aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
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ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
BEYER, Esther. Os Múltiplos Caminhos da Cognição Musical: algumas reflexões sobre seu
desenvolvimento na primeira infância. Revista da ABEM. Vol.3, p.9-16, Junho/1996.
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MANSON, M. História dos Brinquedos e dos Jogos. Brincar através dos tempos. Lisboa,
Portugal: Teorema, 2002.
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VYGOTSKY, Lev. S. A formação Social da Mente. 8ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
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PSICOPEDAGOGO:
SUAS COMPETÊNCIAS E DESAFIOS
NAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES
RESUMO: Neste artigo pretende-se elencar as principais competências e desafios
do profissional Psicopedagogo nas Unidades escolares, apresentar brevemente o seu
surgimento, sua historicidade e, por conseguinte, sua formatação acadêmica nas últimas
décadas, além de apontar a importância e desafios no processo de diagnóstico da dificuldade
do docente, personalização do processo ensino-aprendizagem nas unidades escolares
viabilizando, assim, equalizar os meios disponíveis para sociabilizar e alcançar os objetivos
pedagógicos de forma satisfatória. Poder-se-ia concluir ao final deste estudo que a atuação
profissional do psicopedagogo em escolas é de grande valia estabelecendo a posteriori a
troca de experiências com o grupo docente, promovendo um novo espectro para com nossos
discentes, envolvendo neste processo os pais e responsáveis.
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sua atuação estava vinculada a prática de educando como um ser capaz de aprender,
reeducação, sem dar ênfase para as questões porem dentro do seu ritmo, ou seja,
psicológicas. repensando as dificuldades de aprendizagem,
levando-o a refletir sobre o processo da
Acredita-se que ao realizar intervenção linguagem. O papel do psicopedagogo é
esse profissional iria cuidar dos aspectos do promover o “querer aprender” é “despertar”
ensino aprendizagem somente, visto que o desejo e a descoberta de novos caminhos.
ainda não se tinha como objetivo um trabalho
investigativo sobre as causas da dificuldade A Psicopedagogia institucional acontece
de aprendizagem. nas escolas e tem por objetivo prevenir
as dificuldades de aprendizagem e,
Segundo a autora Alice Beatriz B. “Na consequentemente, o fracasso escolar.
década de 1980, em razão do fracasso escolar Atualmente, em função do novo contexto
extensivos aos alunos e aos docentes, pela educacional do ensino regular que recebe
falta de formação adequada, bem como em as crianças com necessidades educacionais
consequência das dificuldades encontradas especiais, a Psicopedagogia tem papel
nas instituições educacionais, os cursos importante auxiliando os professores, os
de Psicopedagogia voltaram – se para uma pais e a equipe escolar no trabalho com a
atuação clínica mais preocupada com os inclusão, pois entendemos que somente
aspectos preventivo e terapêutico das conceder a vaga à criança com necessidades
diversas dificuldades de aprendizagem”. especiais não é suficiente.
Nas instituições de Ensino as funções Podemos, contudo, afirmar que esse
do psicopedagogo eram utilizadas para profissional é de suma importância dentro
classificar os educandos e agrupá-los por das instituições, trabalhando em parceria
hipóteses de aprendizagem. Com o tempo, com a Equipe Gestora, educadores e
esse profissional foi construindo um olhar familiares, em um trabalho integrado,
amplo, dinâmico e investigativo, com articulando e apoiando na implementação
intuito de verificar as causas da dificuldade de projetos e discussões reflexivas que leve
de assimilação da aprendizagem, fazendo todos os envolvidos a pensar nos educandos
novas descobertas e busca de alternativas como capazes de aprender, apreender e
e estratégias para dar conta das situações interagir. Consolidando as premissas de que
adversas referente ao ensino aprendizagem. educar é “revelar saberes significativos” além
de “proporcionar momentos adversos para
Assim, tendeu-se a repensar a função construção humana”.
do psicopedagogo, relacionando-a com
o pedagógico e com o passar do tempo Portanto, aprender envolve desafios e
sistematizou-se a ideia que pressupõe o exercita-se num ato social, mas também
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos considerar que Psicopedagogia tem seu
papel fundamental dentro das unidades escolares,
independentemente de serem particulares ou públicas,
ou até mesmo em atendimento em consultórios. Embora
ainda não contemos com sua atuação diretamente dentro
das unidades públicas já que algumas Diretorias de Ensino,
contam com o apoio desse profissional que atuam dentro
das DREs e em atendimento as unidades, e nem sempre
atendendo às demandas das instituições escolares que
necessitam de apoio diariamente e em momentos pontuais. ROSELI FRANÇA BATISTA
FLOSE BARREM
Diante desses fatores, podemos considerar que as
Graduação em Licenciatura Plena
dificuldades de aprendizagem, agressividades, problemas em História pela Faculdade UNISA
indisciplinares e emocionais, sociais e até mesmo cognitivos (2003); Especialista em Pedagogia
são situações decorrentes dos seres humanos e surgem no e Administração Escolar pela
UNIBAN (2006); Professora
cotidiano e se evidencia nas rotinas escolares necessitando de Educação Infantil e Ensino
de intervenção pedagógica nos momentos pontuais, Fundamental I - na EMEI JARDIM
individuais e em grupo, com atividades de sondagem para LUCÉLIA - São Paulo – SP.
possíveis diagnósticos.
Para que o psicopedagogo reflita sobre o diagnóstico e assim possa realizar um trabalho
em equipe com todos os envolvidos nesse processo de ensino aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, Laura Monte Serrat. A História da Psicopedagogia contou também com Visca,
in Psicopedagogia e Aprendizagem. Coletânea de reflexões. Curitiba, 2002.
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APRENDER BRINCANDO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: O presente artigo apresenta uma reflexão sobre ludicidade no qual procura
enfatizar a importância da aplicação das brincadeiras na educação infantil que está
embasado em autores estudiosos sobre o assunto como Almeida (1998) e Pozas (2014),
entre outros. Demonstrando como as brincadeiras e os jogos são de suma importância para o
desenvolvimento humano, considerando assim o lúdico fundamental para o desenvolvimento
cognitivo. A autonomia das crianças advém das brincadeiras que as crianças conseguem
desenvolver e a linguagem, a produção cultural. O presente material tem como principal
objetivo aguçar a capacidade profissional docente e apontar como finalidades de sua
pesquisa a especificação de aspectos para desenvolvimento prático e teórico de ações e
métodos para uma visão global de trabalho.
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Para concretizarmos este estudo foi deveriam ser preenchidos com jogos
utilizado a pesquisa bibliográfica para a educativos e também com prática comum ao
inicial construção efetiva usamos diversos sexo masculino e feminino.
estudiosos, de diferentes épocas, pois foi
necessária uma revisão bibliográfica do Almeida (1998) também relata que o
tema apontado. Auxiliando a escolha de pensamento grego da época de Platão era
um método mais apropriado, assim como de que a educação da criança deveria ser
num conhecimento das variáveis e na iniciada aos sete anos de idade.
autenticidade da pesquisa.
Foi a partir do século XVI que se iniciou
Logo, a pesquisa bibliográfica é definida a valorização dos jogos educativo, no Brasil,
Lakatos e Markoni (1993), como uma e iniciou com os “colégios jesuítas” os quais
sondagem, uma seletiva de documentos introduziram a prática na formação educativa,
em todo acervo que possa contribuir para o e desde passou a ser valorizada e respeitada
estudo, as ações detalhadas pelos autores pela sociedade dominante da época.
tem como objetivo posicionar o estudioso, no
tema, em contato direto com todo material Ariès (1960 apud ALMEIDA,1998)
disponível. pesquisou sobre a vida social da criança e da
família e explica que em relação aos jogos,
O trabalho procurou-se analisar materiais os padres - jesuítas, foram os primeiros a
cientificamente e, portanto, apoiando compreender a sua importância, por isso não
em notáveis contribuições teóricas que os suprimiu ou mesmo viam como proposta
permitiu a refletir sobre as diversas formas subversiva. Pelo contrário, eles sugeriram
de compreender o tema em questão, a absorção e a admissão oficialmente em
proporcionando um olhar mais amplo seus programas de ensino. Logo que foi
para ludicidade e sua contribuição na introduzido ao programa os jogos passaram
aprendizagem das crianças. a ser recomendado e considerados como
meios de educação tão estáveis como os
outros estudos.
OS ESTUDIOSOS DA
EDUCAÇÃO LÚDICA Os jesuítas editaram em latim tratados de
ginástica que forneciam as regras dos jogos
recomendados e passaram a aplicar nos
Nas inúmeras leituras sobre o tema para colégios: a dança, a comédia, e os jogos de azar,
este trabalho deparamos com o capítulo transformados em práticas educativas para
aprendizagem da ortografia e de gramática.
intitulado por Paulo Nunes de Almeida (ARIÈS, 1960 apud ALMEIDA, 1998, p. 21)
(1998) como “Gêneses da Educação Lúdica”,
que segundo o autor, Platão afirmou que Já Jean-Jacques Rousseau (1758, apud
os primeiros anos de vida de uma criança ALMEIDA,1998) concluiu que as crianças
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em quatro partes, no qual a criança tentar equilibrar-se colocando cada mão e cada pé em
uma cor diferente e tem que mudar, uma parte do corpo de cada vez, sem cair. O jogo,
segundo as autoras, desenvolve a atenção, a autoconfiança, a lateralidade e o equilíbrio.
As autoras exemplificam que os jogos podem ser desestruturados, sem regras fixas, sem
competição, apenas o uso da criatividade do participante. O importante e que a criança ao
brincar, como participante espontâneo, possa criar opções vencer as dificuldades.
E o conto de fadas pode ser utilizado como instrumento de comunicação entre adultos
e crianças. Ela cita Coelho (1990, apud Branco,2001) no qual afirma que quando ouvimos
história ela tem força que nos sensibilizam a ponto de envolvermos com as personagens, e a
sucessão de acontecimentos, estruturados na história, que causa comoção quase indesatável
dos acontecimentos, pois os pensamentos estão concomitantes com as ações vividas pelas
personagens, nos adentramos aos seus problemas na história.
Como toda arte significativa, o sentido mais profundo dos contos de fadas será diferente para cada pessoa,
e diferente para a mesma pessoa em momentos diversos de sua vida. A criança extrairá um sentido diferente
do mesmo conto de fadas ou da mesma história infantil, dependendo dos seus interesses e necessidades do
momento. Sendo-lhe dada a oportunidade, ela voltará ao mesmo conto ou história quando estiver pronta a
ampliar significados ou substituí-los por novos. (BRANCO, 2001, p. 74)
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Considerando a abordagem do tema, buscou-se pautar a
pesquisa numa abordagem cientifica de cunho qualitativo.
Procurando compreender a importância da ludicidade na
educação infantil.
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REFERÊNCIAS
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Ludeterapia e Arteterapia. Rio de Janeiro. Wak Editora. 2016.
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São Paulo: Edições Loyola, 1998.
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POZAS, Denise. Criança que brinca mais aprende mais: a importância da atividade lúdica
para o desenvolvimento cognitivo infantil. 1º ed. Rio e Janeiro: Ed.Senac. Rio de Janeiro,
2014.
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O comportamento violento resulta, portanto, da qual for, mas sempre notória e abrangente,
interação do desenvolvimento individual e seus envolvendo religião, raça, estrutura física, peso,
contextos sociais, como a família, a escola e a cor de cabelo, deficiências visuais, auditivas e
comunidade. Infelizmente em todas as escolas, vocais; ou uma diferença de ordem psicológica,
esse tipo de fenômeno aparece interferir em social, sexual e física; ou está relacionada
intensidades variáveis com os estudantes ao aspecto de força, coragem e habilidades
reproduzindo o que aprendem no mundo desportivas e intelectuais. (FANTE, 2005, p.62).
interior.
Sobre os motivos que levam os alunos a Monteiro (2010, p.109) nos diz que: “A
praticar o bullying Silva (2010, p.21) nos traz tirania observada no âmbito educacional
que: são a falta de clareza de papeis e do não
reconhecimento do “outro” como o “outro”
É fundamental explicitar que atitudes tomadas e não como um “eu” ou como um “si mesmo”
por um ou mais agressores contra um ou
alguns estudantes, geralmente, não apresentam nas relações do cotidiano institucional”.
motivações específicas ou justificáveis. Isso
significa dizer que, de forma quase que “natural”,
os mais fortes, utilizam os mais fracos como
meros objeto de diversão, prazer e poder, com
OS ENVOLVIDOS
o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e
amedrontar suas vítimas. E isso, invariavelmente, O bullying se faz presente em todas as
sempre produz, alimenta e até perpetua muita
dor e sofrimento nos vitimados. escolas sendo elas públicas ou privadas.
Os personagens dessa onda de violência
segundo Fante (2005) e Silva (2010) são: os
Não existe uma única causa determinante agressores, as vítimas e as testemunhas.
para as condutas violentas dentro das
instituições escolares. Geralmente • Os agressores: são classificados por
os agressores, possuem famílias bullies, o objetivo do agressor na maioria das
desestruturadas, vivem em um ambiente vezes, é obter o poder e ter autoridade sobre
permissivo com excesso de tolerância, suas vítimas através de atos de violência,
sofrem com a ausência dos pais, com a falta usando da força física e/ou psicológica que
de afeto e sofrem violência doméstica. ocorre de forma repetitiva e intencional.
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• Física e material: bater, empurrar, que atendam. Segundo Fante (2005, p.67)
roubar, furtar ou destruir pertences das “[...] as condutas bullying não se referem a
vítimas, espancar, beliscar, ferir, chutar, uns casos isolados de tipos violência, de um
arremessar objetos contra as vítimas... fenômeno que se desenvolve e se alastra
em todas as escolas com menor ou maior
Essas agressões são mais comuns entre intensidade [...]”.
meninos.
Para inibir o surgimento do bullying
• Sexual: abusar, assediar, insinuar, nas escolas a figura do professor é muito
violentar... importante, pois é através dele que que os
alunos podem vir a apreender novas visões
Esse tipo de bullying pode acontecer de mundo, de sujeito e novas possibilidades
tanto entre meninos com meninas, quanto de convivência.
meninos com meninos.
Segundo Silva (2010, p.138) “Educar é
• Virtual (cyberbullying): uso de fornecer conteúdos e também preparar os
aparelhos e equipamentos de comunicação jovens para a vida [...]”.
(celulares, filmadoras e internet) que
podem propagar conteúdos caluniosos e Jamar Monteiro (2010, p.134) nos traz
comprometedores podendo afetar de forma que:
avassaladora a reputação das vítimas.
Educar para a vida é um processo contínuo e
permanente, que implica o aprimoramento e
desenvolvimento de habilidades específicas,
O PAPEL DA ESCOLA entre elas: conviver, ouvir, dialogar, interpretar,
O bullying é praticado em todas as Lopes Neto (2011, p.63) nos diz que:
instituições escolares independente de onde
elas estejam localizadas e da classe social Todos os programas entendem as escolas como
um sistema dinâmico e complexo e que elas
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precisam se empenhar para proporcionar aos discentes um ambiente seguro e que lhes
garanta dignidade e respeito.
O bullying é uma realidade presente nas instituições e deve ser combatido severamente
com a participação de todos os atores educacionais, tornando assim a escola propicia para
se manter boas relações interpessoais e fértil no crescimento intelectual e pessoal.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O bullying se faz presente em todas as escolas do mundo inteiro,
independente das classes social, públicas e privadas. O bullying
pode ser considerado como uma postura violenta sendo ela física
e/ou psicológica, de cunho intencional e repetitiva praticado por
um agressor contra uma ou mais vítimas que se encontram, por
algum motivo, impossibilitadas de se defender.
O bullying traz consequências negativa para a vida de todos os envolvidos, entretanto, a vítima é a
mais afetada, podendo levar o reflexo da violência sofrida por toda a sua vida interferindo no âmbito
familiar, social e profissional.
As instituições escolares ainda sentem dificuldade em identificar o que é bullying e o que é apenas
brincadeira entre pares e os profissionais da educação ainda se encontram despreparados para lidar
com essa situação. Para se combater a intimidação sistemática dentro da escola faz-se necessário
admitir a existência do problema e que todos busquem informação sobre o assunto para criar medidas
interventivas sempre considerando o contexto e a realidade da comunidade ao qual está atendendo.
A escola tem a brilhante missão de preparar o jovem para que vivam as relações interpessoais de
uma forma saudável, respeitando as diferenças e atuando com tolerância em relação ao próximo e
qualquer circunstância que cause ameaça a essa missão, deve ser precocemente combatida pela
comunidade escolar.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Sandra. O Retrato da Mente de um Monstro. Veja, São Paulo: Abril, ano 44, Nº 16,
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CARPENTER, Deborah; FERGUSON, Christopher J. PhD. Cuidado! Proteja seus Filhos dos
Bullies; tradução Yama Vick. São Paulo.Butterfly Editora, 2011.
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: Como Prevenir a violência nas escolas e educar para a
paz. Campinas, SP. Verus, 2005.
LOPES NETO, Aramis Antônio. Bullying saber identificar e como prevenir. São Paulo,
Brasiliense,2001.
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de 6 de novembro de 2015.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.
htm. Acesso em:14/Mar/2019.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullyng: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro. Objetiva,
2010.
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Segundo Fusari e Ferraz (2012) para Assim, pode-se organizar exercícios e atividades
como busca de soluções para problemas de arte
desenvolver um bom trabalho de arte o pensados a partir da realidade dos alunos. Esses
professor precisa descobrir quais são os trabalhos escolares podem levar o aluno ao ato
interesses, vivências, linguagens, modos de de comparar e contrapor produções artísticas
próprias e de outros autores (FUSARI e FERRAZ,
conhecimento de artes e práticas de vida
2012, p. 18).
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Todos sabem que uma obra de arte causa um impacto e um interesse na criança na medida
em que ela própria busca automaticamente o significado da mesma.
Ela visa alcançar o tema da obra por meio de um conjunto de elementos que articula de
forma a conseguir explorar uma história, um acontecimento, etc. A análise desses elementos
potencia não só o aspecto cognitivo, como a ajuda a verbalizar comunicar e experiências
ideias, sentimentos e emoções.
Para que esta situação melhore é necessário criar um conjunto de estratégias e medidas
educativas capazes de minimizar as dificuldades relativas à formação específica desta área.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A arte pode ser considerada uma expressão do universo
cognitivo e afetivo de cada um, pois revelamos o que
sentimos e pensamos, quando trabalhamos com ela. A arte
pode ser uma reelaboração da realidade, pois cada pessoa vê
uma mesma coisa de maneira diferente e reconstrói usando
formas, ritmos, linguagens e elementos diversos.
Conclui-se que o conhecimento técnico, o uso das diversas técnicas de forma correta
permite a quem desenvolve um trabalho em arte uma capacidade infinita de possibilidades
diante das coisas e do mundo que o rodeia, ou seja, se oferecermos, desde a educação
básica, uma orientação adequada, com materiais, meios e suportes diversificados, mantendo
um diálogo constante sobre a importância das artes, dos artistas e do papel que ela exerceu
e exerce na construção do conhecimento, formaremos adultos melhores relacionados não
só entre si, mas com o fazer artístico.
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REFERÊNCIAS
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BARBOSA, A. M. T. B. (Org.). Ensino da arte: memória e história. São Paulo: Perspectiva, 2008.
BOCK, A. M. B. Psicologias: uma Introdução ao Estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008.
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FROIS, J. P. Notas sobre a educação estética e artística. In Revista Formar, Porto: APEVT, n. 16, 2001.
STUMM, R. L. O contexto sociocultural na formação do artista plástico: um estudo em atelier de cerâmica. In:
CORRÊA, A. D. Ensino de Artes: múltiplos olhares. Ijuí: Unijuí, 2007.
VIGOTSKY, L. S. et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone; EDUSP, 2006, 10 edição.
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A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO
AFETIVO ENTRE PROFESSOR E
CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: O presente trabalho tem como tema a importância do vínculo afetivo entre
professor e criança na educação infantil. Para isso foi feito um estudo sobre os conceitos
de afetividade, buscando entender como ela está presente no vinculo entre professor e
aluno, como este se constrói e os benefício que tem no processo de ensino-aprendizagem,
utilizando como base minha experiência em sala de aula e trazendo como referencial teórico
as teorias de Henry Wallon.O vínculo afetivo pode ser extremamente benéfico no processo de
aprendizagem, especialmente na educação infantil, em que a criança ainda está em processo
de formação e o sentimento de medo e insegurança faz parte de seus primeiros contatos
com a escola. Por isso cabe ao professor buscar transformar a relação aluno-professor em
um vínculo afetivo, tornando mais fácil para ambos o processo de ensino-aprendizagem.
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tenha ocorrido com sucesso, já que por se Quando a criança confia e admira seu
tratar dos primeiros vínculos afetivos da professor, ela absorve melhor o que está
criança, este pode influenciar na construção aprendendo, além de desenvolver suas
dos vínculos dentro da escola e da sociedade. habilidades no meio social, visto que passa
a interagir com outros adultos e até com as
Se uma criança não receber em seu lar o outras crianças.
amor e atenção que lhe era devido, ela pode
ter passado pelos primeiros estágios de sua De acordo com Fernández (1991), é
vida, sem construir um vinculo adequado no decorrer do desenvolvimento que os
com aqueles que mais importam: sua família. vínculos afetivos vão se ampliando na figura
Desta forma, dificultando mais o papel do do professor e na importante relação de
professor, uma vez que o mesmo tem de ensino e aprendizagem na época escolar.
identificar em meio a vários alunos, aquele Diz também, que para haver aprendizagem
que terá de trabalhar de forma diferenciada é necessário que haja no mínimo dois
para construir um laço de afetividade. personagens, o ensinante e o aprendente.
Nessa relação é necessário confiança,
porque não aprendemos de qualquer um,
BENEFÍCIOS DO VÍNCULO mas aprendemos daquele a quem damos o
NO PROCESSO DE direito de ensinar.
APRENDIZAGEM Pode-se observar em sala de aula, que se
Aprendizagem é o processo pelo uma criança e seu professor não criam uma
qual os indivíduos adquirem ou mudam boa relação afetiva, a criança se fecha não
de competências, habilidades, valores, somente para o professor, o que já é ruim por
comportamentos e conhecimentos e tem si só, mas se fecha também para o ambiente
como consequência o ganho de experiências, escolar. O que pode impedir diversas
desenvolvimento do raciocínio e grandes experiências para ela. Já quando esse vínculo
contribuições para seu desenvolvimento existe, a criança se abre para participar das
intelectual. atividades e interagir, já que ela deixa de lado
o sentimento de medo e desconfiança, sente
O ato de aprender muitas vezes é atribuído que está segura naquele ambiente e inicia da
somente à aquisição de conhecimentos, melhor forma seu aprendizado, porque é por
mas não é só isso. É também a ampliação meio das interações sociais que se constrói a
dos conhecimentos adquiridos a partir da aprendizagem.
vivência em relacionamentos com o outro, o
que oportuniza ao indivíduo evoluir mediante Conforme Almeida (2008, p.147):
suas próprias experiências.
Uma educação que segue rumo ao
desenvolvimento da totalidade do individuo
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está mais além de princípios que defendem propostas pedagógicas e currículos que apenas se ocupam das
competências básicas, dos conteúdos e das formas de transmissão da instrução em cada nível. O homem de
hoje e de sempre nunca de desenvolveu plenamente sem o concurso do desenvolvimento afetivo. Desenvolver
a totalidade humana deve ser a prática de uma educação que se diz humanista e libertadora.
O professor que utiliza o afeto oportuniza aos alunos a vivenciarem valores, ética e
sentimento de amizade e amor desenvolvendo não só suas dimensões cognitivas, mas
também sociais e afetivas, contribuindo para o processo de aprendizagem e de formação de
uma criança que futuramente irá transparecer melhor sua forma de lidar com a escola e com
o meio social.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando todos os estudos realizados, confrontando-
os com a realidade da sala de aula, foi possível compreender
melhor o conceito e o processo de construção da afetividade
e entender seu benefício no processo de aprendizagem e na
relação professor-aluno.
Também foi possível constatar que o desenvolvimento afetivo da criança com os adultos
e com outras crianças faz parte do desenvolvimento humano dela e não só o aprendizado
cognitivo.
Por fim, é importante ressaltar que o vínculo da criança com sua família é o primeiro
contato que ela tem com a afetividade e é muito importante para que os outros vínculos
venham a ocorrer de forma saudável dentro da escola e da sociedade.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Ana. A vida afetiva da criança. Maceió: Edufal, 2008.
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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO E DA
SOCIEDADE NO CONTEXTO FAMILIAR
E NO CENÁRIO EDUCACIONAL
RESUMO: O sistema educacional tem um processo de evolução, portanto quando os
resultados escolares não vão bem é porque à insuficiência no processo pedagógico, e deve
ser urgentemente corrigido. Nas escolas, verifica-se o emprego de um ensino “mecanizado”,
que remetem a época militar, em que o conceito de ensino é relacionado diretamente a uma
“cadeia de produção”, onde o professor é o detentor de todo o ensino dentro da sala de aula,
e o aluno não é educado a pensar criticamente sobre o mundo que o rodeia. O objetivo do
presente trabalho se encontra na necessidade de analisar mais profundamente a importância
da afetividade a escola, ressaltando conceitos segundo as ideias de Vygotsky que destaca a
importância das relações sociais no processo de aprendizagem. Em relação a problemática
tratada nesse estudo cabe realizar a seguinte indagação: de que maneira as relações afetivas
podem contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem? A metodologia do presente
trabalho será essencialmente, relacionada a pesquisa bibliográfica, que é desenvolvida por
meio de material já elaborado (livros, artigos, periódicos, jornais, etc)
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seu modo de ser e assim, garantir um bom em ambientes com pessoas que não tiveram
relacionamento, possibilitando um clima de uma boa formação escolar, sua linguagem
confiança. terá muitas falhas. O estudante carente usa
uma linguagem pobre em vocabulário e em
sua estruturação. Seus colegas de famílias de
O ESPAÇO DA ESCOLA melhor posição social, que cresceram entre
pessoas com algum grau de instrução, teriam
O perfil da educação brasileira apresentou domínio de um proveitoso vocabulário.
significativas mudanças nas últimas décadas. COLL (1996:95) afirma que:
O desempenho dos alunos remete-nos à
necessidade de considerarem a formação do Os regulamentos e exigências escolares
professor, como sendo requisito fundamental também são vistos como causas dos
para a melhoria dos índices de aprovação, problemas que a educação enfrenta. Logo
repetência e evasão do ensino. de início há uma extrema falta de vagas, a
escola tem uma localização que dificulta
As expectativas do professor sobre o o trajeto de ida e volta dos alunos. Depois
desempenho dos alunos podem funcionar temos os horários estabelecidos pelas
como uma “suposição de autorrealização”. escolas, que são muito criticados por não
Isto é: o aluno de quem o professor espera atenderem a realidade da população. Outro
menos é o que realiza menos, ao passo fator que dificulta a permanência e o bom
que aqueles de quem se espera um bom desempenho dos alunos na escola são, as
desempenho acabam, na realidade, por despesas com materiais exigidos pela escola
apresentá-lo. Assim, as taxas de evasão como: uniforme, livros, taxas, etc..., Isso
evidenciam a baixa qualidade do ensino e a porque na maioria dos casos, os pais não
incapacidade dos sistemas educacionais e das podem comprar o que a escola exige.
escolas de garantir a permanência do aluno,
penalizando os alunos de nível de renda mais Todos esses regulamentos não são
baixos. Exatamente por fazerem parte de problemas para as crianças de classe média,
famílias desprovidas de recursos, as crianças cujos pais são bem empregados. No entanto,
não têm acesso ao mínimo de informações para as crianças de famílias pobres, estas
culturais no lar, e por isso, chegam à escola exigências representam grandes dificuldades
em situação de inferioridade em relação à e obstáculos para conseguir aprovação na
maioria dos estudantes de classes mais altas. escola.
Uma criança que faça parte de uma família A família é colocada como principal
de poucos recursos, sua alimentação será responsável pelo fracasso dos alunos, não
deficiente e, por isso, seu desenvolvimento sendo questionadas, as condições materiais
físico e sua saúde serão deficientes. Por viver de vida dessas famílias, nem sua participação
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Procura-se, portanto, romper as diferenças “Somente uma outra maneira de agir e de pensar
pode levar-nos a viver uma outra educação que
de professor e aluno consagrados pela escola não seja mais o monopólio da instituição escolar
tradicional. Os papéis tradicionalmente e de seus professores, mas sim uma atividade
desempenhados pelo professor que é o de permanente, assumida por todos os membros
de cada comunidade e associada de todas as
ensinar, transmitir e dominar e pelo aluno dimensões da vida cotidiana de seus membros”.
que é o de aprender, receber passivamente FREIRE (1980:117)
e obedecer devem ser mudados. Só assim a
escola poderá efetivamente atender a sua
mais elevada finalidade: permitir o aluno a RESGATANDO A HISTÓRIA
chegar ao conhecimento. DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
Nesse contexto, a qualidade de atuação A História da Educação no Brasil é o
da escola não pode depender somente estudo da evolução da educação do ensino,
da vontade de um ou outro professor. É da instrução e das práticas pedagógicas no
preciso a participação conjunta da escola, da Brasil. Evolui em rupturas marcantes e fáceis
família, do aluno e dos profissionais ligados de serem observadas.
à educação, assim como, o professor deve
reorganizar suas ideias e reconhecer que o A história da educação no Brasil começa
aluno não é um sujeito que só faz receber em 1549 com a chegada dos primeiros padres
informações, suas capacidades vão além do jesuítas, inaugurando uma fase que haveria
conhecimento que lhes é “depositado”. Para de deixar marcas profundas na cultura e
tanto, o professor não mais será o “dono do civilização do País. Movidos por intenso
saber” e passará a ser um orientador, alguém sentimento religioso de propagação da fé
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cristã, durante mais de 200 anos, os jesuítas Esta característica haveria de ter uma
foram praticamente os únicos educadores enorme influência na evolução da educação
do Brasil. superior brasileira. Acrescente-se, ainda,
que a política educacional de D. João VI, na
Embora tivessem fundado inúmeras medida em que procurou, de modo geral,
escolas de ler, contar e escrever, a prioridade concentrar-se nas demandas da Corte, deu
dos jesuítas foi sempre a escola secundária, continuidade à marginalização do ensino
grau do ensino onde eles organizaram uma primário.
rede de colégios de reconhecida qualidade,
alguns dos quais chegaram mesmo a oferecer Com a Independência do País, conquistada
modalidades de estudos equivalentes ao em 1822, algumas mudanças no panorama
nível superior. sócio-político e econômico pareciam
esboçar-se, inclusive em termos de política
Em 1759, os jesuítas foram expulsos de educacional. De fato, na Constituinte de
Portugal e de suas colônias, abrindo um 1823, pela primeira vez se associa sufrágio
enorme vazio que não seria preenchido nas universal e educação popular - uma como
décadas subseqüentes. As medidas tomadas base do outro. Também é debatida a criação
pelo Ministro de D. José I - o Marquês de de universidades no Brasil, com várias
Pombal - sobretudo a instituição do Subsídio propostas apresentadas.
Literário, imposto criado para financiar o
ensino primário, não surtiram nenhum efeito. Como resultado desse movimento de
Só no começo do século seguinte, em 1808, ideias, surge o compromisso do Império,
com a mudança da sede do Reino de Portugal na Constituição de 1824, em assegurar
e a vinda da Família Real para o Brasil-Colônia, "instrução primária e gratuita a todos os
a educação e a cultura tomariam um novo cidadãos", confirmado logo depois pela Lei
impulso, com o surgimento de instituições de 15 de outubro de 1827, que determinou
culturais e científicas, de ensino técnico e a criação de escolas de primeiras letras em
dos primeiros cursos superiores (como os de todas as cidades, vilas e vilarejos, envolvendo
Medicina nos Estados do Rio de Janeiro e da as três instâncias do Poder Público. Teria
Bahia). sido a "Lei Áurea" da educação básica, caso
tivesse sido implementada.
Todavia, a obra educacional de D. João
VI, meritória em muitos aspectos, voltou- Da mesma forma, a idéia de fundação
se para as necessidades imediatas da Corte de universidades não prosperou, surgindo
Portuguesa no Brasil. As aulas e cursos em seu lugar os cursos jurídicos em São
criados, em diversos setores, tiveram Paulo e Olinda, em 1827, fortalecendo o
o objetivo de preencher demandas de sentido profissional e utilitário da política
formação profissional. iniciada por D. João VI. Além disso, alguns
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As próprias relações entre seus membros se dão de cima para baixo; alunos que obedecem
ao professor que obedece ao coordenador, que obedece ao diretor, que obedece à secretaria
de estado e assim por diante. Isso acaba por gerar descontentamento, que inconscientemente,
ou não, reflete nas relações em sala de aula.
Sendo assim o comportamento indisciplinar não é simplesmente uma ação, mas uma
reação aos fatores externos ao aluno.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional define para a educação básica, nos níveis
fundamental e médio, a carga horária mínima anual de oitocentas horas, distribuídas por um
mínimo de duzentos dias letivos de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado
para os exames finais; para a educação superior, o ano letivo regular tem a duração de, no
mínimo, duzentos dias de efetivo trabalho acadêmico, também excluído o tempo destinado
aos exames finais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É preciso considerar o fato de que o professor, quando
se torna comprometido com o aluno e com uma educação
de qualidade, fazendo do aluno alvo do processo ensino-
aprendizagem, e cumprindo seu papel de orientador e
facilitador do processo, legitima assim a teoria de uma
facilitação da aprendizagem, através da interação entre
sujeitos, ultrapassando, desse modo, a mera condição de
ensinar. SIMONE ALVES CARDOSO
Graduação em Pedagogia, pela
No entanto, muitos fatores levam a questionar se esta Faculdade, Faculdades Campos
prática educativa vem realmente acontecendo de maneira Elíseos (2012); Especialista
satisfatória nas instituições. Muitas vezes, as relações entre em História da Educação, pela
Faculdade, Universidade de
os sujeitos acabam por se contrapor, seja por motivos Guarulhos (2015); Professor de
econômicos, sociais, políticos ou ideológicos, demonstrando Ensino Fundamental I –Professor
falhas no cotidiano e lar, bem como limitações quanto de Ensino Infantil, Simone Alves
Cardoso, no CEI Parque Edu
à aquisição do conhecimento no processo ensino- Chaves.
aprendizagem.
Com toda essa mínima produtividade, o que ocorre é a morte da criatividade, reproduzindo
assim o que já existe.
Para o educador, o ensinar deve ser uma arte, uma ciência e um conjunto de técnicas
que são utilizadas para se alcançar um objetivo. Através de alguns subsídios, toma-se fácil
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De fato, a teoria legitima a prática, embora esta, sem o constante aprofundamento teórico,
perca rapidamente sua consistência. Atualmente, o questionamento para a melhoria gira
em tomo de cursos de capacitação, materiais didáticos, melhores condições de trabalho e
remuneração. Felizmente, ainda existem professores que faz do ensino um ideal e lutam
para ajudar a construir um mundo melhor, onde se tenha acesso a uma educação digna e
extensiva a todos, sem fome emocional, educacional e física, sem drogas e sem miséria.
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REFERÊNCIAS
AQUINO, J. R. G. A desordem na relação professor-aluno: indisciplina, moralidade e
conhecimento. In. J. R. G. AQUINO (Org.) Indisciplina na escola: alternativas teóricas e
práticas. São Paulo: Summus editorial, 1996.
CECCON, et al. A vida na escola e a escola da vida, 33 ed. Rio de Janeiro, Petrópolis: Vozes,
1998.
LIBÂNEO José Carlos: Democratização da escola pública-A pedagogia crítico - social dos
conteúdos, São Paulo, Loyola, 1985.
PILLETTI, Nelson. Estrutura e funcionamento do ensino de 1o grau. 22. ed. São Paulo: Ática,
1996.
________ . Estrutura e funcionamento do ensino de 2o grau. 3. ed. São Paulo: Ática, 1995.
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TARDIFF, Maurice. C. Lessárd. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência
como profissão de interações humanas: Petrópolis, RJ. Vozes, 2005.
WERNECK, H. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo. 16 ed. Petrópolis: Vozes,
1999.
ZAGURY, Tânia, O professor Refém: Para pais e professores entenderem porque fracassa a
educação no Brasil: Rio de Janeiro, Record, 2006.
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A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA
NA MODERNIDADE
RESUMO: A didática é entendida como a ferramenta em que se acontece o processo ensino-
aprendizagem, onde o professor consegue organizar de forma sistemática todo seu trabalho,
buscando oferecer meios que induzam o aluno a perceber suas necessidades e criar seus
mecanismos, a fim de adquirir novos conhecimentos sem excluir os anteriores. Assim, pode-se
afirmar que a didática deve ser como uma peça importantíssima na aprendizagem. A didática é
uma prática pedagógica que tem um papel importante na construção do conhecimento, pois
esse recurso transforma muitas vezes a dificuldade que um aluno poderia ter em entendimento.
Por meio de uma boa didática o aluno terá melhor apreensão do real dentro de conceitos que,
dependendo da série ou da realidade de cada escola, não teriam sentido para os alunos. Entre
as várias abordagens sobre didática neste artigo, demonstra-se a contribuição da didática para a
formação de um indivíduo crítico que se inquieta com o ritmo homogeneizante da globalização.
Nesse contexto, a Didática enquanto campo de estudo visa propor princípios, formas e diretrizes
que são comuns ao ensino de todas as áreas de conhecimento. Não se restringe a uma prática de
ensino, mas se propõe a compreender a relação que se estabelece entre três elementos: professor,
aluno e a matéria a ser ensinada. Ao investigar as relações entre o ensino e a aprendizagem
mediadas por um ato didático, procura compreender também as relações que o aluno estabelece
com os objetos do conhecimento. Para isso privilegia a análise das condições de ensino e suas
relações com os objetivos, conteúdos, métodos e procedimentos de ensino. Este artigo buscará
mostrar a importância da didática praticada nas escolas com suporte de autores referenciais.
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eram defendidas em pleno século XVII por seu sistema de ações e operações exercem
Comenius (1592-1670), o pensador tcheco influências na formação de convicções para
que é considerado o primeiro grande nome o desenvolvimento humano do ser social e
da moderna história da educação. do ser individual.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho procurou esclarecer alguns aspectos na
evolução da didática atualmente, já que ela é considerada
como uma disciplina que valoriza o ser humano. Pode-se ver
no decorrer do trabalho que a didática e a pedagogia tem
se misturado na história, que em alguns momentos, as duas
disciplinas se tornam uma. Também a multifuncionalidade da
didática que está integrada no currículo escolar favorecendo
as aulas.
Já para Paulo Freire 1979, a razão pela qual se faz necessária a educação é a percepção
humana do próprio inacabamento, da própria imperfeição, onde mediante a esta reflexão,
somente o homem é capaz de em sua reflexão-ação. Freire ainda no seu livro Educação e
Mudança afirma ser o homem um ser de relações. Desta forma com tantas contribuições
percebi que a didática transforma o indivíduo, fazendo uma transformação da teoria na
prática.
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REFERÊNCIAS
____________et AL. Pedagogia, ciência da educação? 3. Ed. São Paulo: Cortez, 2001.
COMENIUS, John Amos. Didática Magna. Tradução de Ivone Castilho Benedetti. São Paulo:
WMF Martins Fontes, 2016.
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MOREIRA, Antônio F.B. Currículo: políticas e práticas. 4ª ed., São Paulo: Editora Papirus,
1999.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 6. Ed. São Paulo: Cortez, 2002.
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O DESAFIO DA ALFABETIZAÇÃO
EM CONTEXTO DE LETRAMENTO
RESUMO: Vive-se em uma sociedade letrada e tecnológica. A contemporaneidade cria, a todo
momento, desafios que exigem uma visão crítica e ampliada sobre os novos acontecimentos.
Pensando assim é que foi dada a direção da pesquisa, já que é tempo de a escola adequar
a ação pedagógica a essa realidade, pois ela continua a ser um dos poucos espaços em
que a sociedade pode se comprometer com a democratização do acesso às linguagens que
constroem o pensamento e o cidadão. A escola tem o compromisso de formar cidadãos
solidários e conscientes. Baseado em pesquisadores como Mortatti, Kleiman, Geraldi, Seber,
Cunha e outros mais, o trabalho propõe a interação dos alunos entre si e com o educador
através de brincadeiras diversas, que adquirem sentido nos contextos sociais que lhe deram
origem e que são utilizados com diferentes intenções e propósitos comunicativos. Aborda-
se a estrutura alfabetizadora no Brasil como um todo até chegar a uma maturidade didática
de letramento atual no processo de desenvolvimento para crianças iniciantes do Ensino
Fundamental. Esse suporte pedagógico vem atender melhor o processo de aprendizagem,
para ambos desempenharem seu papel educacional.
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As práticas didáticas devem ser É inevitável que o professor proporcione
engrandecidas pelas ferramentas condições dos alunos desenvolverem uma
pedagógicas, desde as coletivas quanto as leitura adequada, além deles já gostarem
individuais, o professor precisa elaborar a muito do ambiente escolar pela forma
melhor maneira de abordar seus alunos a fim como a escola conduz a aprendizagem e
de que ele processe bem a aprendizagem. principalmente respeitando a cultura e
Desse modo, o professor não pode estar conhecimento de mundo de cada um.
despreparado perante os alunos em uma
sala de aula, é preciso buscar sempre novos As análises feitas sobre os comportamentos
envolvidos nos processos de leitura, permitiram,
conhecimentos para enriquecer as aulas, a classificação das várias habilidades básicas
ser um pesquisador assíduo. As atividades ou conhecimentos prévios necessários à
alfabetização. Estes conhecimentos prévios
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podem ser definidos como determinados que o próprio aprendiz realiza sobre seus
“conceitos” que a criança deve adquirir durante conhecimentos prévios [...] (MORAIS, 2002,
o período de educação infantil (refiro-me a todo p.53).
o período anterior à fase do ensino fundamental)
que facilitam e permitam a aprendizagem
da leitura e da escrita. A aquisição destas Diante do exposto, nota-se que o aluno
habilidades não se dá de forma espontânea utiliza dos recursos existentes para fazer suas
com o decorrer do tempo. É necessário que compreensões em suas leituras. O professor
a criança seja submetida a um treinamento
programado e especifico, de acordo com a precisa fazer as alterações necessárias para
fase de desenvolvimento em que se encontra que seu aluno consiga realmente ler, escrever
(MORAIS, 2002, p. 21). e interpretar os mais variados tipos de textos,
usando todos os recursos disponíveis a favor
Assim sendo, a importância de trabalhar do aluno.
na leitura, é acreditar na potencialidade que
ela pode realizar dentro de uma realidade
cultural e social, dentro de uma perspectiva A AFETIVIDADE EM
de mundo e de vida. O aluno fazendo AMBIENTE ESCOLAR
suas próprias leituras, ele vai elaborar sua
verdadeira história de vida. A autora diz que A aprendizagem envolve o aspecto
o aluno: social da criança, seu meio é um forte
influenciador, cada criança vê o mundo de
Aborda a leitura de mundo através da atuação do sua forma, à sua maneira, somando com tudo
conhecimento prévio, essencial à compreensão,
pois é o conhecimento que o leitor tem sobre já que experimentou na vida. Seu modo de
o assunto, mundo, que lhe permite fazer as adquirir conhecimento e refletir sobre suas
inferências necessárias para relacionar partes de observações, são únicos. O letramento vem
um texto num todo coerente (KLEIMAN, 2007,
integrar os saberes, as vivências, as práticas
p. 45).
sociais. A criança ao ter suas próprias ideias
ao longo da alfabetização e letramento, o
O professor dos anos iniciais do Ensino professor poderá ajudá-lo a acrescentar
Fundamental deve considerar o período de novos pensamentos e mediar esses saberes.
alfabetização e letramento, não como uma Sabe-se que cada aluno tem seu tempo
fase de memorização mas de valorização de aprender, pois não há homogeneidade
como pessoa, no âmbito cultural, social, na aprendizagem, em função disso que é
pessoal, religioso, entre outros. Nessa fundamental a mediação para a aquisição e
acepção, compartilha-se que: a constituição dos conhecimentos. O autor
elucida que:
Seguindo a perspectiva piagetiana, as autoras
da psicogênese da escrita assumiram que um Ao direcionar a atenção para os processos de
novo conhecimento sobre o sistema alfabético aprendizagem, em vez de focalizar os métodos
não surge, simplesmente, do exterior, a partir de de alfabetização, o professor toma consciência
informações transmitidas pelo meio (a escola, de que ninguém precisa correr atrás de nada nem
a professora), mas é fruto da transformação de ninguém. Isso significa professor e criança
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caminhando juntos. Ele se orienta por aquilo Em qualquer circunstância, o primeiro caminho
que vê a criança realizar, e ela, por sua vez, se para a conquista da atenção do aprendiz é o
deixa guiar pelos questionamentos, desafios, afeto. Ele é um meio facilitador para a educação.
contraexemplos e solicitações que lhe são feitos Irrompe em lugares que, muitas vezes, estão
(SEBER, 2010, p. 54). fechados ás possibilidades acadêmicas.
Considerando o nível de dispersão, conflitos
familiares e pessoais e até comportamentos
Ser professor alfabetizador é ser mediador agressivos na escola hoje em dia, seria difícil
encontrar algum outro mecanismo de auxílio ao
também, precisa vincular a sua prática com
professor mais eficaz (CUNHA, 2008, p.51).
sua teoria em sua aula. É um profissional
que exerce enorme influência sobre o
aluno em formação e por sua vez tem Dessa forma, deve-se analisar sempre a
que estar em constante aprimoramento criança contextualizada em correspondência
profissional. Melhorar constantemente com seu meio. A infância é um meio social
sua prática pedagógica, sua performance real, por isso cada uma tem o seu em
como profissional. Como bem esclarece o particular que difere do outro. Em cada um
pesquisador em: tem seu sentimento, idealismo, formação,
ilusão, criação, interação.
Na práxis pedagógica, o educador é aquele que,
tendo adquirido o nível de cultura necessário
para o desempenho de sua atividade, dá direção A afetividade tem uma função importante
ao ensino e à aprendizagem. Ele assume o no crescimento infantil. É por intermédio
papel de mediador entre a cultura elaborada, dela que a criança expressa suas vontades e
acumulada e em processo de acumulação pela
humanidade e o educando. O professor fará a conta suas vivências. O modelo tradicional
mediação entre o coletivo da sociedade (os não ouvia as crianças, pouco se importava
resultados da cultura) e o individual do aluno. o que elas tinham a dizer ou sentiam. Nos
Ele exerce o papel de um dos mediadores sociais
entre o universal da sociedade e o particular do moldes atuais, o professor tem obrigação
educando (LUCKESI, 2001, p.15). de inseri-la num contexto real e dar voz à
criança. Em suas palavras:
Uma metodologia adequada é o que
permite o professor solucionar uma falha A professora ou o professor é o guardião do seu
ambiente. A começar pelos seus movimentos em
didática, mas para corrigir, é preciso analisar sala, que devem ser adequados e gentis. A postura,
o contexto em que se estabelece o impasse, o andar, o falar são observados pelos alunos que
pois pode ser falta de empatia por parte do vê como modelo. Independentemente da idade,
da pré-escola à universidade, o professor será
aluno. Então, é preciso conquistá-lo para sempre observado. Então um bom ambiente na
frequentar a escola, pela integração do afeto, pratica do ensino começa por ele que canalizará a
pela socialização positiva. Essas são ações atenção do aprendente e despertará o interesse
em aprender (CUNHA, 2008, p.80).
que podem desfazer fatos embaraçosos que
podem estar atrapalhando a aprendizagem
infantil. Por esse fato, acrescenta-se que: Por essa razão que ao ser ampliado o Ensino
Fundamental para nove anos, um obstáculo
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desenvolvimento\aprendizagem. É através de
suas inter-relações com os outros sociais que a O autor acredita que o fenômeno
criança se desenvolve cultural e individualmente. linguístico por meio do discurso leva às
Por ser basicamente um ser social, a criança interações espontâneas. Para Geraldi (1997),
necessita do outro para o seu desenvolvimento
e aprendizagem (GARCIA, 1997, p.89) quanto mais natural a língua melhor, ele não
acredita na artificialidade das produções
O aprender a falar para expressar o próprio de textos ensinadas por grande parte dos
pensamento de cunho reflexivo e crítico professores. Para o autor, é preciso o
provoca os alunos a atuar sobre a língua e acompanhamento direto do professor junto
construir recursos naturais de defesa, como com o aluno caso faça uma leitura errada, é
entonação de voz, de repente aumenta a voz importante alertá-lo que fez uma estratégia
ou diminui, faz gestos, expressões faciais. equivocada de leitura. Explicando que “(...)
Utiliza espontaneamente ferramentas um ensino que não seja de reconhecimento,
linguísticas e levanta hipóteses. A construção mas de conhecimento; que não seja de
da linguagem cresce de forma regular, ora reprodução, mas de produção” (GERALDI,
falada, ora por desenho, ora por rabiscos, ora 1997, p.183).
por músicas.
É sempre interessante reforçar que quando
Portanto, é preciso ressaltar que o processo de o aluno chega na escola, ele já é um leitor de
construção da linguagem escrita é um processo
discursivo, marcado por uma rede de interações mundo. Tudo que está em sua volta a criança
que integra a criança ao seu meio sócio histórico observa e explora, reconhece de uma certa
cultural. A construção e a apropriação de forma, busca significado, quer entender tudo.
conhecimentos sobre a escrita pela criança não
são um processo gradual de transformações Ao ser alfabetizada, é o mesmo processo
isoladas, mas um processo totalizador, em que que acontece, ela tenta decifrar os códigos
desenvolvimento e aprendizagem constituem e compreender as letras. Como assegura a
uma unidade dialética. (GARCIA, 1997, p.89).
autora ao dizer que:
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Para Kleiman (2007), há o conhecimento prévio das crianças para fazer a leitura e
textual, de mundo e linguístico. Para fazer escrita de modo satisfatório, só assim se
bem uma leitura, é preciso que o professor fará o letramento com levantamento de
reconheça e aceite o conhecimento prévio perguntas em torno de um tema dentro de
do aluno, esse resgate ele vai precisar para um contexto trabalhado. Dessa forma, os
fazer uma boa leitura de textos variados. alunos poderão se utilizar das benesses da
Acrescenta dizendo que: alfabetização. A autora aponta que:
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se tornar um bom leitor na vida adulta. As fases leitoras são valiosas e o professor não pode
deixar que passe nenhuma, pois ali se instala a fantasia, imaginação, afetividade, sonhos,
sentimentos. A criança vai formando seu gosto e predileções textuais. Os livros têm magias,
contam histórias, têm sua linguagem escrita e visual. Se forem coloridos, as gravuras ajudam
muito na imaginação infantil, são atrativas.
Várias propostas de atividades podem ser feitas na escola que vão ajudar muito a
desenvolver a linguagem infantil em fase de alfabetização e letramento. A contação de
histórias nos anos iniciais do Ensino Fundamental é benéfico em sua formação leitora,
podendo refinar a escuta, o desenvolvimento cognitivo e ilusório, estimula a memória, aguça
a afetividade, aperfeiçoa a oralidade, promove a socialização, integra melhor os colegas e
professores.
Nesse sentido, para cada criança aprender a ler e escrever ocorre num momento, pois
não há um padrão a ser obedecido nem um momento predestinado. Seja quem for, tem seu
ritmo diante de diferentes estímulos e é preciso respeitá-lo. Ao chegar à escola, a criança já
tem sua bagagem cultural e de vida em formação, igualmente a escola não pode deixar de
lado, ignorá-la. Tem-se que incorporar esses fatos aos novos conhecimentos que o aluno vai
passar a apreender. Como o pesquisador indica que:
Existentes, estando no mundo, eles nos fornecem, é claro, o resultado de um trabalho de construção sobre o qual
nos debruçamos, com os quais convivemos e dos quais nos apropriamos. Mas não é para serem “modeladores”
que se tornam modelos inspiradores: inspiram porque convivendo com eles vamos aprendendo, no e com o
trabalho do outros, formas de trabalharmos também (GERALDI,1997, p. 81).
Portanto, alfabetizar e letrar depende de muitos fatores e um deles está entre o coletivo
e o individual, quando se fundem numa sala de aula, o professor deverá ter uma percepção
aguçada para conduzir satisfatoriamente a aprendizagem de diferentes alunos com suas
formações, origens, etnias, valores, religiões, linguagens únicas dentro de um único universo
na escola.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao iniciar a alfabetização e letramento do aluno iniciante no
Ensino Fundamental, jamais pode-se esquecer os antecedentes
de vida dele, pois o conhecimento prévio precisa ser prestigiado
pela escola. É desse historial que vai favorecê-lo na fase de
letramento, já que é necessária uma bagagem de conhecimento
para fazer as leituras possíveis. O domínio do sistema ortográfico
é relevante, mas paralelo à leitura tem que haver a compreensão
textual. SONIA MARIA PEREIRA
Portanto, para autores como Geraldi (1997), Cunha (2008) e Kleiman (2007), depois que a criança
souber ler os códigos escritos, é preciso verificar se está conseguindo compreendê-los, se não está
fazendo uma leitura errônea, tem que ter cuidado nessa fase pois também está desenvolvendo a
escrita. Cada aluno tem sua regularidade de aprendizagem a ser respeitada, porque cada um ao
chegar à escola, tem seu momento diferente de conhecimento. Por todos esses motivos, há de
entender e observar o desenvolvimento motor, afetivo, psicológico, educativo, intelectual e social
de cada criança em sala de aula, pois ele é o protagonista da educação.
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REFERÊNCIAS
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de Nove Anos: orientações para a Inclusão da Criança de Seis Anos de Idade. Brasília: MEC,
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GERALDI, João Wanderley. Portos de Passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
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MORAIS, Antonio Manuel Pamplona. Distúrbios da aprendizagem. São Paulo: Edicon, 2002.
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Educação e letramento. São Paulo: UNESP, 2000.
SEBER, Maria da Glória: A escrita infantil: O caminho da construção. São Paulo: Scipione,
2010.
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PSICOPEDAGOGIA, ESCOLA
E A MODERNIDADE LÍQUIDA
RESUMO: Este artigo traz reflexões acerca das implicações pós-modernidade no
atendimento das múltiplas necessidades de alunos em instituições escolares e busca reforçar
a necessidade da psicopedagogia para auxiliar a comunidade escolar no desafio de contribuir
para o desenvolvimento integral do educando. A pesquisa é de cunho teórico, baseada
nos autores Oliveira (2005), Visca (1987), Morrin (2000), Ferreira (2008) e observações da
prática docente. O conceito de modernidade líquida e suas consequências na atualidade são
trabalhados a partir de Bauman (2001; 2010; 2013).
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ou hiperativos, sem que a escola saiba como Em tempos sólidos, a educação era
lidar com as implicações de tais diagnósticos. um projeto para o sucesso profissional
e financeiro, mas em tempos líquidos
A maneira como o conhecimento é estas certezas caem por terra e é preciso
ensinado em nossas instituições escolares ressignificar o papel da educação. De acordo
também precisa ser repensado para atender com Bauman (2009b, p.157-158),
os anseios de aprendizado do aluno pós-
moderno. A aprendizagem, mais do que [...] para ser de alguma utilidade, a educação
e a aprendizagem devem ser contínuos e,
nunca, precisa ser significativa e relevante. inclusive, estender-se por toda a vida. Não é
A repetição mecânica produz pouca concebível nenhuma outra forma de educação
incorporação e atribuição de significado do e/ou aprendizagem; é impensável que se possam
“formar” pessoas ou personalidades de outro
novo conteúdo. Segundo Ausubel (1982), modo que não seja por meio de uma reformação
para haver aprendizagem significativa, continuada e eternamente inacabada
são necessárias duas condições: o aluno
precisa ter uma disposição para aprender e
o conteúdo escolar a ser aprendido tem que
ser potencialmente significativo. A educação, O PAPEL DO
inserida na modernidade líquida, segue o PSICOPEDAGOGO NA
exemplo do mercado. Há um acúmulo de
informações sem precedentes, mas estas são ERA PÓS-MODERNA:
desconexas e descartáveis. A sabedoria dos A educação precisa ultrapassar os muros da
mais antigos perde seu valor pragmático. O escola e ser feita na vida e para a vida. Nesta
que importa é aprender depressa para suprir perspectiva, qual seria o sentido de manter o
uma demanda, mesmo que o conhecimento ambiente escolar nos moldes do modernismo,
seja esquecido rapidamente (BAUMAN, se ela já não é relevante? Assim, é necessário
2010). Como afirma Bauman (2008, p.225), pensar em práticas que venham apoiar este
aluno em um contexto inclusivo, que acolha
O traço distintivo da sociedade de consumo e as dificuldades e diferenças em um lugar
de sua cultura consumista não é, no entanto,
o consumo como tal; nem sequer o elevado e de pertencimento e que abranja o saber de
cada vez mais crescente volume de consumo. maneira mais ampla. A Psicopedagogia pode
O que diferencia aos membros da sociedade de auxiliar no entendimento das estruturas
consumo de seus antepassados é a emancipação
do consumo da antiga instrumentalidade que e estágios de aprendizagem, para que
marcava seus limites: o desaparecimento das haja conflitos cognitivos que representem
‘normas’ e a nova plasticidade das ‘necessidades’ desequilíbrios e reequilíbrios a fim de que
que liberam o consumo das travas funcionais e
o Zygmunt Bauman (1925-) 22 exoneram da haja assimilação das aprendizagens. Ferreira
necessidade de justificar-se em outros termos (2008, p.141) coloca que o psicopedagogo
que sua capacidade de reportar prazer. Na também "busca possibilitar o florescimento
sociedade de consumo, o consumo é o seu
próprio fim [...]. de novas necessidades, de modo a provocar
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O modelo de educação mais ampla permite uma redefinição dos sujeitos envolvidos,
tornando todos corresponsáveis pela ação educativa. Diferente do modelo tradicional de
ensino, o aluno deixa de ser o agente central da dificuldade de aprendizagem e o professor
deixa de ser o único responsável pelo atendimento das demandas deste aluno. Segundo
Rubeinstein (1987), a proposta da psicopedagogia é compreender o indivíduo como aprendiz
que faz escolhas ao longo de sua vida e tomando decisões a cada passo. Para Alessandrini
(1996), a psicopedagogia é uma área interdisciplinar de prestação de serviços por meio da
qual médicos, psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos, fonoaudiólogos e outros profissionais
buscam auxiliar pessoas com dificuldades de aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
“É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”.
O provérbio africano expressa a ideia de responsabilização
coletiva pela aprendizagem de crianças e adolescentes.
Vivemos em uma sociedade em que a falta de segurança,
falta de espaços públicos enclausura os indivíduos em seu
individualismo. A escola se torna um dos poucos lugares
de socialização e contato com experiências importantes
para aprendizagem mais integral. No entanto, vemos que,
principalmente em instituições públicas de ensino, não
há investimento necessário para que haja uma equipe TALITA KEIKO SAITO ONO
multidisciplinar de profissionais das mais diferentes áreas que
Graduação em Pedagogia pela
possam contribuir para um olhar mais global da educação. Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo (2007);
O psicopedagogo pode contribuir com a comunidade Especialista em Alfabetização
pela Faculdade de Educação
escolar para que dificuldades escolares sejam enfrentadas de da Universidade Cidade de São
maneira mais eficaz e não responsabilizar apenas o professor Paulo (2013); Especialista em
pelo fracasso escolar. Em uma sociedade líquida, em que Psicopedagogia Institucional pela
Faculdade Campos Elíseos (2019);
as transformações se dão de forma rápida, há necessidade Professora de Educação Infantil
de preparar a escola para lidar com as consequências na Prefeitura Municipal de São
desta característica da era em que vivemos. Surgem novas Paulo – no Centro de Educação
Infantil Vereador Nazir Miguel.
configurações de família, nova organização do trabalho,
novas demandas de aprendizagem e do mercado de trabalho
e a escola está no cerne desta base formativa, como veículo de conhecimento e inserção no
mundo.
Com um olhar mais sensível e crítico quanto às novas demandas que se estabelecem,
o psicopedagogo pode intervir além dos muros da escola, estendendo sua intervenção às
famílias e comunidades envolvidas. De acordo com Fernandez (2011, p.87),
Tal objeto poderá ser trabalhado não apenas e nem principalmente no consultório: no seio da família, nos
meios de comunicação, nas escolas, nas universidades, nos hospitais, no cinema, na arte, nas relações de
amizade, nas relações fraternas, nas relações de mulher e marido, nas de terapeuta e paciente. Em todos e em
cada um dos espaços cabe uma leitura psicopedagógica.
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REFERÊNCIAS
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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO: As atividades lúdicas facilitam o desenvolvimento pessoal, social e cultural,
bem como colaboram para uma boa saúde mental e facilitam os processos de socialização,
comunicação e construção do conhecimento. A brincadeira é uma atividade natural da criança,
que não implica em compromissos, planejamento e seriedade; envolve comportamentos
espontâneos e geradores de prazer. Brincando a criança se diverte, faz exercícios, constrói
seus conhecimentos e aprende a conviver com o outro. Atividades lúdicas não se restringem
ao jogo e à brincadeira, mas incluem atividades que possibilitam momentos de prazer,
entrega e integração dos envolvidos. Dentro da educação infantil as brincadeiras são muito
importantes, pois as crianças vão aprendendo vários conceitos que irão ser ensinados.
Elas também aprendem melhor quando o professor faz jogos e brincadeiras lúdicas, onde
necessitam diferenciar o concreto. Atualmente, percebe-se cada vez mais cedo o uso de
aparelhos eletrônicos pelas crianças. Nesse contexto, é fundamental que a escola ofereça às
crianças outras formas de atividades lúdicas, diferentes daquelas oferecidas em casa. Esse
artigo procura mostrar a relevância da ludicidade no processo educativo dentro das escolas
de educação infantil e tem como objetivo apresentar uma reflexão teórica aos profissionais
da educação sobre importância das ferramentas, lazer e recreação, para a educação.
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ludicidade.
Precisa-se sempre enfatizar a importância
“Toda criança que brinca tem uma infância do brincar na vida da criança para que ela
feliz, além de tornar-se um adulto muito mais
equilibrado física e emocionalmente, conseguirá tenha oportunidade de um desenvolvimento
superar com mais facilidade os problemas que infantil saudável que favoreça a sua formação
possam surgir no seu dia a dia” (MALUF, 2003, integral.
p.21).
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vivido.
Para Vygotsky (1998 apud MAFRA, 2008,
Essas atividades possibilitam a quem as p. 15): “A arte de brincar pode ajudar a criança
vivencia, momentos de encontro consigo com necessidades educativas a desenvolver-
e com o outro, momentos de fantasia e de se, a comunicar-se com os que a cercam e
realidade, de ressignificação e percepção, consigo mesma”.
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Com isso pode-se observar que a criança O lúdico deve ser contemplado nas
aprende brincando e consequentemente propostas pedagógica da Educação Infantil
também se desenvolve a partir das atividades e, numa perspectiva não utilitária apenas,
de lazer e recreação. possibilitar experiências reflexivas e
significativas uma vez que envolve emoção,
É possível perceber que as atividades de participação, prazer, descobertas, entre
lazer e recreação se tornaram ferramentas outros.
importantes para o desenvolvimento e
aprendizagem de crianças na educação “Há momentos variados da atividade da criança
na escola em que o gozo e o prazer são os móveis
infantil. da atividade lúdica, e o jogo (espontâneo ou
dirigido) é só ludicidade mesmo; isso significa,
O desejo de brincar com o outro é a então, que há trabalho (prazeroso) e jogo na
escola, tendo ambos os aspectos distintos”,
principal razão que leva as crianças a se (KRAMER, 2009, p. 36).
engajarem em grupos. Para brincar juntas,
precisam ter um espaço interativo para
que haja a partilha de objetos, valores, As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos
conhecimentos e significados, disputas de construção e aqueles que possuem
e conflitos. Nesse contexto, as crianças regras, como os jogos de sociedade
adquirem laços de sociabilidade e constroem (também chamados de jogos de tabuleiro),
sentimentos de amizade e solidariedade. jogos tradicionais, didáticos, corporais etc.,
propiciam a ampliação dos conhecimentos
O lúdico desempenha um importante papel infantis por meio da atividade lúdica.
na aprendizagem, pois através desta prática
o sujeito busca conhecimentos do corpo, do Cabe ao professor, ajudar a estruturar o
ambiente, dos colegas e tem a percepção campo das brincadeiras na vida das crianças.
de si mesmo como parte integrante na Consequentemente é ele que organiza
constituição de sua aprendizagem, que sua base estrutural, por meio da oferta de
resulta numa nova dinâmica de ação, determinados objetos, fantasias, brinquedos
possibilitando uma construção significativa. ou jogos, da delimitação e arranjo dos
espaços e do tempo para brincar.
“Através da brincadeira, a criança se apropria de
conhecimentos que possibilitarão sua ação sobre “Por meio das brincadeiras os professores podem
o meio em que se encontra, ou seja, através das observar e constituir uma visão dos processos
atividades de lazer e recreação será produzida de desenvolvimento das crianças em conjunto
uma reação dentro do meio em que elas estão e de cada uma em particular, registrando suas
inseridas, modificando-as ou modelando-as de capacidades de uso das linguagens, assim como
acordo com a experiência vivenciada no grupo” de suas capacidades sociais e dos recursos
(MAFRA, 2008, p. 11). afetivos e emocionais que dispõem”, (BRASIL,
1998, p. 28).
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É necessário que haja uma capacidade de criar e aprender e por isso a brincadeira constitui
um dos meios mais importantes que podem levar a crianças a um crescimento global.
“As crianças precisam não apenas de tempo e espaço para brincar e praticar habilidades, elas precisam também
de pais que as ajudem a aprender essas habilidades”. (MOYLES, 2006, p. 46).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O brincar é uma atividade natural da criança, sendo assim
deve-se dar mais importância às práticas lúdicas.
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REFERÊNCIAS
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MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Atividades lúdicas para educação infantil. Conceitos,
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Raul (2011) afirma que um objeto é considerado sugestões de brincadeiras e jogos que podem ser
um brinquedo quando atende à função lúdica, que desenvolvidos em sala de aula, de acordo com a
significa propiciar momentos de diversão. faixa etária dos educandos.
A brincadeira é uma atividade espontânea, O professor da educação infantil poderá trazer
que a criança poderá desenvolver sozinha ou em jogos cooperativos para seus alunos, estimular o
grupo, por meio da brincadeira, leva a criança a compartilhamento, nestes jogos todos cooperam
solucionar conflitos por meio da imitação, amplia e ganham, estimula as interações em grupo, a
suas questões afetivas, cognitivas, motoras e empatia e o potencial criativo dos envolvidos.
sociais. As brincadeiras podem ser educativas,
tradicionais, faz de conta e construção.
Duprat (2015) “afirma que a brincadeira tem CONSIDERAÇÕES FINAIS
um aspecto mais libertário, pois ela estimula a
imaginação, e deixa que a criança exponha seus As brincadeiras auxiliam as crianças a exporem
raciocínios, pensamentos e ideias, ou seja, ela sentimentos, situações vividas, a aliviar tensões do
se mostra ao mundo, ao mesmo tempo que se dia a dia, a entender melhor o mundo adulto e criar
descobre”. sua própria cultura infantil.
O jogo é caracterizado pela presença das A criança ao brincar de faz de conta, por exemplo,
regras, através dele é possível fazer um trabalho se sente importante, pois começa a interagir com
em equipe, trazer um bom relacionamento o outro, aprende que existem responsabilidades
interpessoal com a turma, desenvolver autonomia, mesmo na brincadeira (como ao brincarem de
desenvolver a coordenação motora, trabalhar profissões ou de casinha), conseguem passar para
limites e a ansiedade. Portanto, o jogo é uma o adulto o jeito que ela vê o mundo, as dúvidas,
excelente ferramenta para o professor trabalhar medos e suas angústias.
com os seus alunos. Por meio das brincadeiras imaginárias a criança
desenvolve sua criatividade e não há nada melhor
Os jogos de regras são um excelente recurso do que aprender brincando sem aquela sensação
a ser utilizado na educação infantil e anos iniciais de dever, mas sim uma maneira leve e divertida de
do ensino fundamental, pois auxiliam o trabalho adquirir conhecimento.
educativo do professor, que percebe algumas Para o adulto é mais fácil entender a criança
lacunas no processo de desenvolvimento e observando suas brincadeiras, é possível saber o
aprendizagem infantil nos aspectos sociais, que elas mais gostam e também entender e acalmar
afetivos e motores. (RAUL, 2011, p.160) alguns comportamentos por meio de jogos lúdicos.
Jogos e brincadeiras são importantes, pois a
A autora traz várias sugestões de jogos de criança aprende regras, melhoram o relacionamento
regras que podem ser aplicados em sala como com o outro, interagem e se desenvolvem
queimada, corrida de canguru, berlinda, entre cognitivamente e afetivamente, além de ser um
outros. O interessante é a proposta que ela traz, momento muito prazeroso.
pois ao final de cada capítulo traz um questionário Jogos, brinquedos e brincadeiras são
de atividades para o leitor e ao final do livro, várias
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REFERÊNCIAS
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Petrópolis – Rio
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A IMPORTÂNCIA DO
NEUROPSICOPEDAGOGO PARA O ALUNO
COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
RESUMO: Visto que a educação abre portas para a sociedade, todos devem receber a
mesma grade curricular em todo o território nacional. Porém é sabido que muitos alunos
que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA) não recebem a devida atenção de seus
professores enquanto estão estudando em uma escola regular. Logo o objetivo deste trabalho
é realizar uma comparação de estudos e perspectivas teóricas desde os aspectos históricos
até ensino e aprendizagem de maneira eficaz na sala de aula e como o professor pode se
preparar para ensinar os alunos com Transtorno do Espectro Autista.
INTRODUÇÃO
A educação escolar é um tema recorrente no âmbito acadêmico, com direito a inovações na
escola, novos pensamentos sobre aquisição/ aprendizagem da língua materna e tantas outras
maneiras que faça comigo o aluno possa aprender de maneira eficaz. Estas dissertações e
correntes teóricas são aplicadas em diversas escolas por alguns meses ou anos e no final são
avaliadas e até mesmo reestruturadas. Devido a isso, deu-se a escolha do tema da mediação
do aluno autista em sala de aula.
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O objetivo geral desta pesquisa é perceber de aula, alunos esses que necessitam de mais
que a grande preocupação em fazer com que atenção. Isso acontece porque a rotina na sala
todos os alunos aprendam faz com que o de aula tem um ritmo que deve ser seguido
professor deixe a desejar alguns alunos na sala e é cobrado pela gestão escolar. Se algum
de aula, alunos esses que necessitam de mais aluno tem defasagem na aprendizagem, o
atenção. Isso acontece porque a rotina na sala professor deve reajustar seu modo de ensinar
de aula tem um ritmo que deve ser seguido e planejar outras atividades. Por isso muito se
e é cobrado pela gestão escolar. Se algum fala atualmente sobre como ensinar alunos
aluno tem defasagem na aprendizagem, o que tem dificuldades motoras, mentais entre
professor deve reajustar seu modo de ensinar outras.
e planejar outras atividades. Por isso muito se A justificativa da pesquisa é que uma dessas
fala atualmente sobre como ensinar alunos dificuldades se refere ao aluno que tem autismo
que tem dificuldades motoras, mentais entre ou Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um
outras. aluno autista pode apresentar um tipo de
A justificativa da pesquisa é que uma dessas comportamento diferente dos demais alunos.
dificuldades se refere ao aluno que tem autismo Por exemplo: o aluno pode ter problemas na
ou Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um interação social, pode apresentar dificuldades
aluno autista pode apresentar um tipo de ao se comunicar e também pode ter alterações
comportamento diferente dos demais alunos. comportamentais repentinamente.
Por exemplo: o aluno pode ter problemas na A metodologia utilizada é uma revisão
interação social, pode apresentar dificuldades bibliográfica e terá como método comparar
ao se comunicar e também pode ter alterações os autores com o fim de proporcionar um
comportamentais repentinamente. melhor levantamento bibliográfico e ajudar
A metodologia utilizada é uma revisão outros leitores em futuras investigações.
bibliográfica e terá como método comparar
os autores com o fim de proporcionar um DESENVOLVIMENTO-
melhor levantamento bibliográfico e ajudar NEUROPSICOPEDAGOGIA E O
outros leitores em futuras investigações.
TEA
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que os alunos inclusos em uma sala de aula tão recentes, porém trazem uma boa carga
se sintam bem e adquira conhecimento de teórica que pode proporcionar uma riqueza
mundo juntamente com os demais colegas de de conhecimentos neste trabalho acadêmico.
classe. Também é muito estudado sobre como Cabe ressaltar também que a inclusão do aluno
o professor pode avaliar um aluno de inclusão, diagnosticado com Transtorno do Espectro
visto que o ritmo escolar deste é diferenciado. Autista é mais aceita que outros transtornos
A teoria sobre a inclusão proporciona de aprendizagem.
uma visão utópica. Isto porque os ideais são Devido a tantos estudos e a uma gama de
maravilhosos, mas na prática os professores questões pedagógicas levantadas com o passar
não possuem o conhecimento nem o do tempo, este levantamento bibliográfico
treinamento necessário para garantir o ensino/ sobre o Transtorno do Espectro Autista também
aprendizagem dos alunos em uma sala de aula. falará sobre algumas sequências didáticas
Por isso é muito importante que a gestão, propostas para que a aprendizagem seja eficaz
os professores e principalmente a família para o aluno portador de (TEA).
respeitem a subjetividade de cada aluno/ A educação brasileira tem um sistema que
familiar. facilmente exaltam alguns e excluem a maioria.
Como dito anteriormente, não somente Começando pelo primeiro contato com outras
os professores e a gestão devem se adaptar crianças, a creche é um dos lugares que mais
à inclusão: a família e quem cerca tais alunos as excluem. Isto porque a grande demanda
devem socializar e interagir normalmente como de crianças para poucas vagas faz com que a
fazem com qualquer outro indivíduo. Portanto, criança que lá consegue entrar seja encarada
este trabalho visa compreender melhor sobre como “premiada”, pois os pais conseguirão
o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e trabalhar tranquilamente, enquanto outros
buscar referências teóricas sobre como ensinar pais tentarão trabalhar e cuidar dos filhos ao
e avaliar este tipo de aluno. Tendo como mesmo tempo.
objetivos específicos, analisar e orientar à Para Mazzota (1996) as creches de
família as características e os comportamentos alguma maneira eram consideradas exclusão
das crianças autistas; estabelecer diagnósticos porque eram feitas para pessoas sem recursos
e os devido graus do autismo. financeiros e automaticamente as crianças
De fato, ensinar é um desafio e cabe ao eram tratadas como inferiores. Após o
professor mais do que nunca se desdobrar surgimento de algumas leis foi que as crianças
para que o aluno entenda o que lhe é proposto passaram a receber cuidado e educação
(também um desafio para este). Por isso, este necessários, passando assim a serem incluídas
trabalho também buscará relacionar referências na sociedade. Mesmo com este incentivo as
teóricas sobre a história da inclusão no Brasil verbas dadas às creches não são muitas até
e como está sendo desenvolvidos projetos na hoje e as educadoras passam pelo problema
educação infantil. de como cuidar das crianças presentes no
Muitos projetos desenvolvidos não são local. Mesmo dentro da creche há crianças
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que são mais assistidas pelos cuidadores do autismo, há dezenas de transtornos do espectro
que outros. Nesta etapa da vida, a aquisição de autista que podem influenciar facilmente na
aprendizagem é mínima e qualquer transtorno aprendizagem do aluno. Logo, neste trabalho
educacional é minimamente observado pelas será discorrido sobre alunos com TEA e com
educadoras. grau leve a moderado.
Sobre a creche ainda, é entendido na Segundo o estudo de Zanon et al (2014)
Educação Infantil as crianças devam adquirir quanto mais cedo o reconhecimento do TEA,
a Educação Básica. Porém, mais exclusões melhor será o tratamento. Segundo a autora:
são vistas nesta etapa da vida da criança: os Esse aspecto é fundamental porque é um gatilho
próprios pais a excluem. Isto porque, segundo na busca por auxílio médico, em uma cadeia
os pais e a família em geral, a criança não tem de acontecimentos que pode culminar com o
maturidade para expor suas opiniões. diagnóstico precoce. Os comprometimentos
Passando por esta etapa, a criança chega no no comportamento social foram os mais
Ensino Fundamental I. Na maioria dos casos, precocemente observados pelos cuidadores,
alunos que possuem Transtorno do Espectro sobretudo a qualidade da interação social.
Autista (doravante TEA), são identificados e Cabe concluir então que um dos primeiros
a maioria dos pais recorrem a tratamentos sinais de que a criança possa ter desenvolvido
ou escolas especiais, a fim de que o filho se TEA é o seu comportamento social e o
desenvolva e interaja com a sociedade. O desenvolvimento da fala.
objetivo aqui seria de não haver exclusão. Com o diagnóstico em mente, o termo
Entretanto, se o aluno continua em uma inclusão se faz importante, pois, segundo
escola regular, provavelmente este encontrará as Diretrizes Curriculares Nacionais para
dificuldades para aprender e para acompanhar Educação Especial na Educação Básica (2001)
o ritmo da sala de aula, visto que este aluno inclusão não significa, simplesmente, matricular
possuirá seu ritmo próprio. os educandos com necessidades especiais na
Segundo Oliveira e Sertié (2017, p.23) o classe comum, ignorando suas necessidades
transtorno do espectro autista (TEA) é um específicas, mas significa dar ao professor
grupo de distúrbios do desenvolvimento e à escola o suporte necessário à sua ação
neurológico de início precoce, caracterizado pedagógica.
por comprometimento das habilidades sociais Se uma sociedade não aceita a inclusão,
e de comunicação, além de comportamento certamente haverá certo grau de tolerância
comportamentos estereotipados. quanto aos alunos com inclusão, mas não uma
O aluno que possui TEA pode ter dificuldades aceitação. No decorrer da história a deficiência
de interação social, déficit de comunicação e física e mental tem tido estudiosos que
padrões comportamentais inadequados para a separavam essas pessoas simplesmente por
ocasião. Há graus diferentes (leve, moderado não terem o ritmo capitalista (concorrência) e
e severo), mas nota-se que muitos conseguem tais pessoas eram deixadas de lado.
ser incluídos no sistema educacional regular. Com o passar do tempo, outros estudiosos
Sabe-se que não há um tipo somente de resolveram formular estudos e atividades com
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crianças apresentando prejuízos nas áreas Por ser uma ciência ainda em busca de
da comunicação, do comportamento e da bases mais sólidas, o psicomotricista ainda
interação social, e caracterizou essa condição não tem todos os seus papéis definidos.
como sendo única e não pertencente ao grupo Sabemos que ele pode atuar em conjunto com
das crianças com Deficiência Mental. outras especificidades, mas também percebe-
Desde 1938 nossa atenção foi se sua atuação clínica e institucional. Já é
atraída por certo número de crianças cuja possível compreender que psicomotricista é o
condição difere tão marcada e singularmente profissional da área de saúde e educação que
de tudo que foi relatado até o momento, que pesquisa, ajuda, previne e cuida do homem
cada caso merece, e espero que acabe por na aquisição, no desenvolvimento e nos
receber. Uma detalhada consideração de suas distúrbios da integração soma psíquica.
fascinantes peculiaridades. Neste artigo, a Nos primeiros anos de vida da criança,
limitação necessariamente imposta pelo espaço o aprendizado é muito importante para o seu
pede uma apresentação resumida do material desenvolvimento ao longo da vida. Para isso, a
clínico; pela mesma razão as fotografias Educação Infantil tem seu papel fundamental
também foram omitidas. utilizando métodos que possam de certa
forma facilitar a absorção de todo o conteúdo
A CRIANÇA E O MOVIMENTO- ensinado. O lúdico é um dos primeiros
DESENVOILVIMENTO PSICO E métodos utilizados para o desenvolvimento
da criança, pois brincando, a criança
NEUROPSICOPEDAGÓGICO desenvolve a identidade e a autonomia, assim
como a capacidade de socialização, através
da interação e experiências de regras perante
A Psicomotricidade é a ciência que tem a sociedade. O brinquedo é um item essencial
como objeto de estudo o homem por meio e dinâmico onde possibilita o surgimento
do seu corpo em movimento e em relação de comportamentos espontâneos, é um
ao seu mundo interno e externo, bem como transporte para o desenvolvimento e
suas possibilidades de perceber, atuar, agir crescimento, onde leva a criança a descobrir
com o outro, com os objetos e consigo seus sentimentos e sua forma de agir e reagir.
mesmo. Está relacionada ao processo de Outra etapa a se cumprir na Educação
maturação, onde o corpo é a origem das Infantil é a alfabetização que surgiu através
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. de uma necessidade de comunicação no
(S.B.P.1999) Psicomotricidade, portanto, é dia a dia da humanidade, ensina o aluno a
um termo empregado para uma concepção decifrar símbolos formando palavras, ou seja,
de movimento organizado e integrado, em uma pessoa alfabetizada é aquela pessoa
função das experiências vividas pelo sujeito que domina habilidades básicas para fazer
cuja ação é resultante de sua individualidade, uso da leitura e escrita. Já o letramento, que
sua linguagem e sua socialização. acompanha esse método indispensável, é
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levado para o lado cultural, onde ensina a do adolescente referentes a vida, saúde,
criança a se desenvolver lendo, tendo prazer alimentação, educação, esporte, lazer, cultura,
em fazer leituras de livros, notícias e ter ideias dignidade, respeito, liberdade, convivência
próprias como um uso social para a escrita e familiar e comunitária e profissionalização.
leitura. Brasil (1996) a LDB estabelece o
A educação tem por finalidade propiciar atendimento às crianças de 0 a 6 anos,
o desenvolvimento pleno da criança, o jogo tendo como finalidade o desenvolvimento
e a brincadeira são fundamentais para o integral da criança em todos os seus aspectos
desenvolvimento sensório-motor, afetivo; físicos, psicológicos, intelectuais e sociais.
cognitivo e sociocultural da mesma. Além Afirmando ainda ser dever do Estado garantir
de ser uma necessidade tanto física como o atendimento gratuito em creches e pré-
emocional da criança, portanto, neste escolas.
contexto a legislação visa assegurar que tais Brasil (1998) a elaboração do Referencial
necessidades e direitos sejam garantidos e Curricular Nacional para a Educação Infantil,
respeitados em sua totalidade. tem a finalidade de estruturar a educação e
Brasil (1961) instituiu-se a Lei de Diretrizes fundamentar as concepções de crianças, e
e Bases da Educação Nacional, que incluiu as visa contribuir para a construção de propostas
escolas maternais e os jardins-de-infância no educativas que considerem a pluralidade,
sistema de ensino. diversidade étnica, religiosa, de gênero, social
Kuhlmann (1998) afirma que as e cultural. Lima (2009) afirma que durante
políticas educacionais na década de 70, muito tempo a infância no Brasil era vista
pautaram-se na educação compensatória, como uma fase de necessidades, portanto
ainda com um olhar voltado para suprir as era tratada em instituições assistencialistas a
necessidades básicas de cuidar, proteger e partir da Constituição Federal de 1988 e a LDB
compensar as defasagens afetivas. 1996, essa visão começou a mudar, pois em
Brasil (1988) a Constituição Federal afirma seus artigos traz uma perspectiva educativa
o dever do Estado com a educação, garantindo para essa faixa etária, essa nova visão coloca
o atendimento em creches e pré-escola as a educação infantil como a primeira fase da
crianças de 0 a 6 anos de idade. Assim a educação básica. Vários estudos trazem à
educação infantil passa a ser considerada tona a importância da educação infantil do
como a primeira fase da educação básica, e desenvolvimento das crianças. Lima (2009) a
o Estado e os municípios passam a oferecer educação infantil detém a função de oferecer
creches e pré-escolas como melhoria da e favorecer um processo significativo de
qualidade de vida da população. aprendizagem e desenvolvimento para essa
São Paulo (2008) indica que o Estatuto da faixa etária, visto que educar e cuidar faz
Criança e do Adolescente, Lei n°8.069, de parte do mesmo processo de construção do
13 de Julho de 1990, traz em seus artigos saber.
a explicitação dos direitos da criança e Crianças em fase de desenvolvimento;
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bebês de alto risco; crianças com dificuldades/ visto em relação a este comportamento.
atrasos no desenvolvimento global; pessoas Para piorar esta situação, a Psicomotricidade
portadoras de necessidades especiais: necessita de um mínimo de objetos para que
deficiências sensoriais, motoras, mentais e as intervenções possam ser desencadeadas.
psíquicas; pessoas que apresentam distúrbios Isto por si só já causa uma reflexão primária
sensoriais, perceptivos, motores e relacionais naquele professor que necessita desenvolver
em consequência de lesões neurológicas; os trabalhos psicomotores nos espaços
família e pessoas da terceira idade. de educação infantil e nas séries iniciais.
Em que mercado de trabalho o Para ele, se não houver materiais, se não
psicomotricista atua? Creches, escolas, houver recursos, não poderá haver trabalho
escolas especiais, clínicas multidisciplinares, psicomotor, e isso não é verdade. Um bom
consultórios, clínicas geriátricas, postos de trabalho de Psicomotricidade na escola básica
saúde, hospitais e empresas. precisa de uma junção de fatores: concepção,
A razão dos insucessos de muitas comportamento, compromisso, materiais e
experiências educacionais pode estar na espaços.
dificuldade de a escola construir ambientes A - Concepção: todo e qualquer trabalho
educativos com as características peculiares precisa primeiramente ser planejado. O não
de seu corpo docente, com as estruturas planejamento do trabalho leva o executor
apresentadas por suas localidades e com a sérios problemas de condução, de
os recortes de cada método ou teoria de direcionamento das práticas e principalmente
ensino em prol de sua escola. É urgente de perda do foco. Se não houver objetivos
que profissionais de educação descubram claros, se não houver uma linha de
a importância e as diferenças entre espaços pensamento para seguir, o professor poderá
de educação formal e ambientes educativos começar a pegar tudo que aparece e assim
(formais e informais). Tem-se difundido acabar perdendo efetivamente a direção e
enormemente a ideia de que os recursos e os objetivos que deveriam ser propostos. O
os insumos precisam chegar cada vez mais resultado disso é quase sempre caótico: o
e, em grandes quantidades, à escola. Isto professor não consegue avaliar se o trabalho
é importante. No entanto, é importante que ele executou foi bom ou não, se as ações
lembrar que recursos físicos não se educam que ele desencadeou valeram ou não a pena
sozinhos. Por trás dos recursos, por trás dos e se deve ou não uma prática ou outra. Toda
materiais, é preciso ter um grande profissional. esta problemática surge e acaba levando
Profissional este capaz de usá-los, de explorá- fatalmente o professor ao desânimo.
los e de interferir nas práticas diárias, fazendo Afinal, como ele não percebe nenhuma
uso destes recursos todos, sempre pensando modificação de comportamento, sobra-lhe
e buscando o desenvolvimento global das somente desqualificar a teoria e a técnica
crianças. (SANTIN, 1987, p. 35). que advêm dali. Outro problema considerável
É muito preocupante o que temos neste caso é a busca exagerada do professor
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simples ato de brincar, para nós é muito mais, as necessidades de todos e promover o seu
é um momento de aprender, de experimentar, autodesenvolvimento.
vivenciar e desenvolver. Quanto aos professores, saber reconhecer
Quando a criança brinca, ela desenvolve as dificuldades da síndrome de autismo é
os domínios cognitivo, afetivo e motor. Além reconhecer suas limitações. Cabe também
de ser um momento repleto de processos e ao professor, compartilhar com outros
situações que privilegiam o desenvolvimento professores sobre novas técnicas e soluções
de ações internas e externas para ela. Outro para aprimorar seus conhecimentos. Para
fato de destaque refere-se à questão de o educador entender o comportamento
que, por meio do brincar, a criança aprende do autista favorece na aprendizagem e no
a conviver em grupo (relações sociais), a diagnóstico. Identificar o aluno com autismo
respeitar regras, a aceitar o outro e a suas não é tarefa muito fácil, pois, algumas
próprias limitações (emoção e afeto). crianças em seus aspectos são muito sutis e
Ao brincar a criança estabelece a relação costumam ser mal interpretados como mau
corpo e movimento, sendo traduzidos e comportamento.
expressos, por meio da gestualidade, e essa, O Pedagogo deve ter em mente que cada
por sua vez, refere-se a representação, o interação com o aluno autista parece o primeiro
entendimento e percepção de mundo que a contato, e necessita ser aprendidos todos os
criança tem. dias. A vida estudantil do autista é ampla e
minuciosa e deve ser elaborada com cautela
e dedicação, sabemos que muitos alunos
CONSIDERAÇÕES FINAIS autistas têm uma compreensão precária dos
sentimentos dele mesmo e das outras pessoas.
Desenvolver uma escola de qualidade para Ensinar crianças autistas, principalmente a se
alunos, professores e colaboradores, incluindo comunicarem é um processo lento e difícil,
alunos autistas é responsabilidade de todos, entender palavras, figuras e símbolos em geral
isso inclui; estado, município, comunidade, é muito complicada e complexa.
familiares, educadores, alunos, e corpo Falamos muito em comportamento e
docente. A tarefa é de todos (....) construir desenvolvimento, porém, se observarmos o
uma escola democrática sem privações comportamento das crianças, não se difere
culturais, elaborando uma educação com das demais crianças tidas como “normais”.
a finalidade de ensinar sem desconsiderar Qualquer criança faz birras, têm manias, são
a visão ideológica da realidade do autista. instáveis no seu humor, querem atenção
Trabalhar na construção de uma Pedagogia exclusiva, têm rotinas próprias, a maioria tem
inclusiva mostra alguns argumentos que déficit de aprendizagem e outros problemas.
beneficiam todos os alunos, independente
das suas habilidades ou dificuldades, a função
primeira do educador deve ser identificar
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REFERÊNCIAS
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das que se encontram na mais tenra idade. a discussão se estendeu a escola para que
Muitas vezes, o que para a criança é um essa pudesse receber e incluir as crianças.
simples ato de brincar, para nós é muito mais, Por vários momentos a escola se recusou
é um momento de aprender, de experimentar, assumir a responsabilidade, parte da
vivenciar e desenvolver. preocupação era a formação dos professores e
Quando a criança brinca, ela desenvolve a outra se direcionava para a falta de estrutura
os domínios cognitivo, afetivo e motor. Além e conhecimento da comunidade escolar como
de ser um momento repleto de processos e um todo, além do preconceito enraizado sobre
situações que privilegiam o desenvolvimento a inserção não apenas de pessoas, mas da
de ações internas e externas para ela. Outro diferença. E é nesse confronto de aceitação
fato de destaque refere-se à questão de e não aceitação que a escola se tornou para
que, por meio do brincar, a criança aprende muitos dos alunos uma instituição onde a
a conviver em grupo (relações sociais), a mistura de expectativa e frustração convivem
respeitar regras, a aceitar o outro e a suas lado a lado.
próprias limitações (emoção e afeto). O fato de a escola ter resistido a mudanças
Ao brincar a criança estabelece a relação para receber os alunos, adaptar e transformar
corpo e movimento, sendo traduzidos e currículo e espaço, precisando se desfazer de
expressos, por meio da gestualidade, e essa, ideologias se dá ao fato de que a mesma é
por sua vez, refere-se a representação, o uma instituição construída através dos ideais
entendimento e percepção de mundo que a capitalistas. Por isso,
criança tem.
Para as lideranças políticas e econômicas
a linguagem é direta. Cada população
HISTÓRICO DA INCLUSÃO NO deve ter um tipo de instrução, não por
BRASIL causa das diferenças psicopedagógicas no
processo de ensino-aprendizagem, mas pelo
destino que terão na diversificada estrutura
A educação especial em um passado recente socioeconômica (ARROYO, 1984, p.4).
tinha a finalidade assistencialista, visto que,
acreditava-se que as pessoas que possuíam A educação para a classe popular só passou
necessidades educacionais especiais a fazer sentido para o sistema capitalista
precisavam somente de cuidados para se quando o ensino destinado ao pobre serviria
sentir melhor. Após alguns estudos realizados de subsidio para o crescimento da classe
sobre o que seria necessidade especial, novas dominante.
reflexões começaram a surgir através de De acordo com Domingues (2005) somente
concepções trazidas por médicos e psicólogos. no século XIX o Brasil passa a se orientar
Devido às mudanças de interpretação das através dos estudos realizados nos Estados
necessidades que as pessoas deficientes têm Unidos e na Europa sobre educação especial.
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Isso só foi possível por que estudiosos ROGALSKI (2010) revela que a inclusão se
brasileiros passaram a estudar as práticas caracteriza como “política de justiça social”,
novas no atendimento de pessoas com já que alcança alunos portadores de alguma
deficiência mental, física e sensorial. deficiência, assim cita o conceito construído
na Declaração de Salamanca, onde afirma
A partir de 1930, a sociedade civil começa que:
a organizar-se em associações de pessoas
preocupadas com o problema da deficiência: O princípio fundamental desta linha de
a esfera governamental prossegue a Ação é de que as escolas devem acolher
desencadear algumas ações visando à todas as crianças independentemente de
peculiaridade desse alunado, criando escolas suas condições físicas, intelectuais, sociais,
junto a hospitais e ao ensino regular, outras emocionais, linguísticas ou outras. Devem
entidades filantrópicas especializadas acolher crianças com deficiência e crianças
continuam sendo fundadas, há surgimento bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e
de formas diferenciadas de atendimento em que trabalham, crianças de minorias linguística,
clínicas, institutos psicopedagógicos e outros étnicas ou culturais e crianças e crianças de
de reabilitação geralmente particular a partir outros grupos ou zonas desfavoráveis ou
de 1500, principalmente, tudo isso no conjunto marginalizadas (ROGALSKI, 2010, p. 7 apud
da educação geral na fase de incremento da Declaração de Salamanca 1994, p. 17- 18).
industrialização do BR, comumente intitulada
de substituição de importações, os espaços No nosso país a educação inclusiva é
possíveis deixados pelas modificações conhecida também como educação especial,
capitalistas mundiais (ROGALSKI, 2010, p. 4 que teve sua ascendência nos Estados Unidos,
apud JANNUZZI, 2004 p.34). “quando a lei pública 94.142, de 1975,
resultado dos movimentos sociais de pais e
Em 1954 se instaura a Associações dos alunos com deficiência, que reivindicavam
Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) o acesso de seus filhos com necessidades
onde foi possível pensar a educação educacionais especiais” (ROGALSKI, 2010, p.
diretamente voltada para pessoas com 7 apud STAINBAK E STAINBAK, 1999, p.36).
necessidades educacionais especiais e que Vale salientar que todos os processos e
viviam a marguem da sociedade. Nesse conquistas da educação inclusiva esteve
período até a década de 70 a escola era relacionado a pesquisas, descobertas
incumbida de funcionar para atender aos cientificas sobre transtornos globais do
interesses dominantes, consequentemente desenvolvimento, conscientização da família
a produtividade e o consumo desmedido e comunidade escolar. Nessa conjectura,
proporcionado pelo capitalismo. Não existia a elaboração da Lei de Diretrizes e Bases
possibilidade de inserção dos deficientes na da Educação 9394/96, ressalta que é
escola, muito menos no mercado de trabalho. dever do Estado e da família promove-la.
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Tem como finalidade da educação, o pleno título III “Do direito à educação e dever de
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para educar”, a LDB diz que o dever do Estado com
a cidadania e sua qualificação para o trabalho a educação escolar será efetivado mediante
que garante a todos o direito à educação de algumas garantias. No seu artigo 4º, inciso
qualidade (ROGALSKI, 2010). III, a lei postula; 3.
Atendimento educacional especializado
gratuito aos educandos com necessidades
CONCEITUANDO EDUCAÇÃO especiais, preferencialmente na rede regular
INCLUSIVA/ESPECIAL de ensino.
Na Constituição Brasileira: o inciso III do
Art. 208 da Constituição Federal fundamenta
Educação inclusiva é o processo que ocorre a Educação no Brasil e faz constar a
em escolas de qualquer nível preparadas obrigatoriedade de um ensino especializado
para propiciar um ensino de qualidade a para crianças portadoras de deficiência. Este
todos os alunos independentemente de seus é o texto: O dever do Estado com educação
atributos pessoais, inteligências, estilos de será efetivado mediante a garantia de: III –
aprendizagem e necessidades comuns ou Atendimento educacional especializado aos
especiais. A inclusão escolar é uma forma de portadores de deficiência, preferencialmente
inserção em que a escola comum tradicional na rede regular de ensino.
é modificada para ser capaz de acolher
qualquer aluno incondicionalmente e de É direito garantido por Lei o acesso de
propiciar-lhe uma educação de qualidade. pessoas portadoras de deficiência e com
Na inclusão, as pessoas com deficiência necessidades educacionais especiais à
estudam na escola que frequentariam se não escola. Esses direitos surgem quando há
fossem deficientes (DOMINGOS, 2005, p. necessidades de promover acesso dos
57 apud SASSAKI, 1998c, p. 8). cidadãos a categorias já estabelecidas ou
não pela política social.
Nessa perspectiva inclusão é o mesmo
que inserir, ou seja, tornar possível a inserção A valorização dos direitos pressupõe que a
de pessoas com necessidades educacionais cidadania não é apenas fato e meio, mas sim
especiais a um ambiente tradicionalmente princípio. A dignidade do homem é sagrada
construído com o objetivo de garantir a e constitui dever de todas as autoridades
educação integral de todos os envolvidos. do Estado promover medidas de ação
Tanto na Lei de Diretrizes e Bases da significativas, que garantam igualdade real
Educação, de 1996, quanto na Constituição de oportunidades na prevenção à violação
Brasileira percebemos o incentivo a inclusão: dos direitos humanos (DOMINGOS, 2005,
p.68).
Na lei de Diretrizes e Bases de 1996: No Dessa maneira, compreende-se que
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INTRODUÇÃO
Durante muito tempo, as desigualdades entre as etnias foram excluídas da agenda política,
sendo, quando muito, denunciadas pelas associações sociais do movimento negro, estudiosos e
ativistas.
A democratização das relações sociais no Brasil é um processo historicamente relacionado à
capacidade de luta e de organização da sociedade. Diante da diversidade de problemas e das
questões que se apresentam como desafios para a construção de uma sociedade mais justa, e
diante da negação de direitos e oportunidades para parcelas significativas da população brasileira
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(o que acontece desde a colonização e atinge E esses custos englobam livros, material
preferencialmente alguns grupos sociais, como didático em geral, passagens, alimentação e em
os negros e índios), organizaram-se e continuam alguns casos, hospedagem nas proximidades
organizando-se vários movimentos sociais. da Universidade. Não é qualquer aluno (pelo
O mito da democracia racial brasileira revelou- menos a maioria, considerando as diferenças
se útil à dominação. Esse discurso contempla sociais em nosso país) que consegue arcar com
uma elite branca que, diferentemente de outros todas essas despesas.
países que institucionalizaram o racismo, Por isso, o acesso às Instituições Federais
camuflou essa dominação racial e produziu se torna mais cruel com o passar dos anos.
desigualdades que vitimaram negros e mestiços: A competitividade por vaga é muito alta.
É que, quando acreditamos que o Brasil E considerando a desigualdade, alunos de
foi feito de negros, brancos e índios, estamos escolas particulares possivelmente tem
aceitando sem muita crítica a ideia de que esses maiores chances e possibilidades de ingresso,
contingentes humanos se encontraram de ganhando vantagem sobre os da rede pública
modo espontâneo, numa espécie de carnaval (no geral, sofrem com as greves, escola com
social e biológico. Mas nada disso é verdade. estrutura sucateada e qualidade de ensino
O fato contundente de nossa história é que não tão priorizada). Por esses e vários outros
somos um país feito por portugueses brancos motivos, o Governo Federal instituiu as cotas
e aristocráticos, uma sociedade hierarquizada e nas universidades.
que foi formada dentro de um quadro rígido de Cotas Raciais consiste na prática de reservar
valores discriminatórios (Da Matta, l990, p. 46). uma parte de vagas do ensino público ou de
Enquanto 76% dos jovens brancos entre 15 trabalho para indivíduos de um mesmo grupo
e 17 anos estão matriculados no Ensino Médio, étnico desfavorecido.
esse número cai para 62% entre a população Este o tema que vivemos discutir nesta
preta - uma diferença de 14 pontos percentuais pesquisa., mostrando os pros e contra da lei
(p.p.). Ou seja, uma proporção maior de negros Lei nº 12.711/2012 que se refere as cotas nas
está em situação de atraso escolar (matriculado universidades.
na série inadequada para sua idade) ou fora É incontestável que o Brasil tem,
da escola. O levantamento é do Todos Pela constitucionalmente, o objetivo fundamental
Educação, com base em dados do Instituto de construir uma sociedade livre, justa e
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). solidária, assim como promover a redução
Ingressar na Universidade é o desejo de das desigualdades, sem preconceito de raça
muitos estudantes que esteja cursando o ensino ou qualquer outra forma de discriminação. A
médio – principalmente se ela for publica. Este questão a ser analisada neste trabalho é reflexão
desejo muitas vezes é barrado alto custo que da adoção de cotas raciais seria, de fato, uma
uma graduação pode ter. Afinal, arcar com os boa política para concretizar a integração do
custos de uma faculdade, na média de 4 a 6 negro nas universidades públicas.
anos de duração, dependendo do curso, não sai
nada barato.
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permanência dos estudantes cotistas na A lei das cotas nada mais é que uma rampa
universidade. A política de assistência para facilitar o acesso das classes menos
estudantil foi reforçada. Desde o orçamento favorecidas. É mais uma oportunidade para os
de 2013 já estava previsto um aumento para o mais pobres terem acesso o ensino superior.
Programa Nacional de Assistência Estudantil A aprovação de cotas raciais provocou -
(Pnaes). e ainda provoca - um intenso debate na
O MEC articulou com os reitores a política sociedade brasileira. Selecionamos alguns dos
de acolhimento dos alunos cotistas, que argumentos a favor e contra desta questão:
também gira em torno da política de tutoria
e nivelamento.
Foram mantidas as iniciativas já existentes, A FAVOR DAS COTAS
desde que as exigências da lei, ou seja, 12,5% RACIAIS
das vagas, sejam implementadas conforme o
Congresso Nacional estabeleceu. Então, no O curso universitário é um dos que mais
mínimo, esses 12,5% têm que corresponder favorece a ascensão social e a maioria dos
integralmente aos critérios da lei. A partir alunos das universidades brasileiras são
desse 12,5%, podem ser criados critérios estudantes brancos.
adicionais. O Brasil tem uma dívida histórica com a
A Lei de Cotas determina o mínimo de população negra por conta da escravidão.
aplicação das vagas, mas as universidades Ajuda a promover a diversidade étnica em
federais têm autonomia para, por meio de profissões que são ocupadas tradicionalmente
políticas específicas de ações afirmativas, por brancos.
instituir reservas de vagas suplementares. O Dá exemplo para que outros jovens negros e
acompanhamento fica a cargo de um comitê indígenas sintam-se motivados para ingressar
composto por representantes do Ministério na universidade.
da Educação, da Secretaria de Políticas de Como as cotas raciais promovem a
Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e da convivência entre vários grupos étnicos, isto
Fundação Nacional do Índio (Funai), com a ajuda a diminuir o racismo.
participação de representantes de outros As cotas no Brasil não beneficiam apenas
órgãos e entidades e da sociedade civil. negros. Na Região Norte, por exemplo, as
A aprovação de uma lei desse tipo é uma cotas raciais são concedidas aos indígenas e
demandou de muito tempo. Podemos fazer em algumas outras universidades para pardos.
uma analogia desse projeto com as leis que Muitos alegam ainda que a tal política fomenta
determinam um tratamento diferenciado a o racismo e coloca os negros numa posição de
deficientes, idosos e gestantes. Ninguém inferioridade aos demais não cotistas, tendo
questiona a necessidade de instalação de em vista que assumiram a vaga pela cota, e
rampas para facilitar o acesso de idosos e não por merecimento e bom desempenho
deficientes. em processo seletivo. Entretanto, esta uma
avalição que nega o processo histórico que
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orgulho para estes alunos e alunas. Porque, Como as cotas raciais promovem a
nessa condição, há um passado de lutas, convivência entre vários grupos étnicos, isto
de sofrimento, de derrotas e, também, de ajuda a diminuir o racismo.
conquistas. Há um compromisso assumido. As cotas no Brasil não beneficiam apenas
Há um direito realizado. negros. Na Região Norte, por exemplo, as
Hoje, como no passado, os grupos cotas raciais são concedidas aos indígenas e
excluídos e discriminados se sentem mais em algumas outras universidades para pardos.
e não menos reconhecidos socialmente Muitos alegam ainda que a tal política fomenta
quando seus direitos são afirmados, quando o racismo e coloca os negros numa posição de
a lei cria condições efetivas para lutar inferioridade aos demais não cotistas, tendo
contra as diversas formas de segregação. A em vista que assumiram a vaga pela cota, e
multiplicação, nas nossas universidades, de não por merecimento e bom desempenho
alunos e alunas pobres, de jovens negros e em processo seletivo. Entretanto, esta uma
negras, de filhos e filhas das mais diversas avalição que nega o processo histórico que
comunidades indígenas é um orgulho para
todos eles. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sistema de cotas no Brasil surgiu com
a Constituição de 1988 que contém uma A exclusão educacional no Brasil é um
lei que garantia uma reserva de vagas para processo histórico e de longa duração.
pessoas portadoras de deficiências físicas em Superamos a exclusão explícita do sistema
empresas privadas e públicas. formal dos tempos coloniais e avançamos
para a “universalização do ensino”. A oferta
O POTENCIAL DAS COTAS de educação para todos, discurso corrente
nas políticas governamentais, está longe
PARA A REDUÇÃO DO de atender nossa diversidade sóciocultural.
PRECONCEITO A expansão do ensino e a consequente
O curso universitário é um dos que mais ampliação de vagas na escola pública
favorece a ascensão social e a maioria dos promoveram um fosso ainda maior entre
alunos das universidades brasileiras são os modelos de educação, fortalecendo a
estudantes brancos. criação de uma escola dualista: a que oferece
O Brasil tem uma dívida histórica com a formação que pode se estender até os graus
população negra por conta da escravidão. superiores para uma elite e a que se restringe
Ajuda a promover a diversidade étnica em ao aprendizado elementar da leitura e
profissões que são ocupadas tradicionalmente escrita e ao possível encaminhamento para
por brancos. profissionalização, reservada a maior parte
Dá exemplo para que outros jovens negros e da população brasileira (Aranha, 1996).
indígenas sintam-se motivados para ingressar
na universidade.
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A GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO
INCLUSIVO NA ESCOLA PÚBLICA
RESUMO: Este artigo apresenta de forma resumida alguns aspectos legais no que tange a
educação inclusiva e sua democratização na escola pública e algumas reflexões acerca deste
tema tão atual. A Constituição Federal garante a educação para todos e para atingir o pleno
desenvolvimento humano e o preparo para a cidadania, entende-se que essa educação
não pode se realizar em ambientes segregados. Aqueles com necessidades educacionais
especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma
Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer as tais necessidades. Escolas regulares
que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes
discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva
e alcançando educação para todos.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho se desenvolveu por meio de pesquisas bibliográficas embasadas
na LDB, em autores que tratam da questão da inclusão como Maria Teresa Égler Mantoan,
e em documentos como a Declaração de Salamanca e Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
O documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva aponta que o movimento mundial pela inclusão é uma ação política, cultural,
social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem
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mesma Lei traz o tema Do Direito à Educação especial é responsável pelos serviços no qual
e do Dever de Educar que cita: O dever do seus alunos público alvo possam necessitar,
Estado com a educação escolar pública será Dentre seus serviços, a política orienta para o
efetivado mediante a garantia de: I – ensino AEE Atendimento Educacional Especializado,
fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive que assegura que os alunos aprendam o que
para os que a ele não tiveram acesso na é diferente do currículo do ensino comum, no
idade própria, III – atendimento educacional entanto são necessários para que estes alunos
especializado gratuito aos educandos possam ultrapassar as barreiras impostas pela
com necessidades educacionais especiais, deficiência.
preferencialmente na rede regular de ensino. O conceito de educação segundo Priscila
O preferencialmente, refere-se a atendimento Silva e Andréa Vital pode ser entendido como o
educacional especializado, ou seja, o que é processo de inclusão de todos aqueles que, por
necessário para que o ensino atenda melhor algum motivo estiveram excluídos do sistema
às especificidades de sua clientela com regular de ensino: pessoas com deficiência,
deficiência, contemplando os instrumentos transtornos globais do desenvolvimento,
necessários a eliminação das barreiras que as superdotação, dificuldade de aprendizagem,
pessoas com deficiência naturalmente têm problemas de comportamento, etc. Entende-
para relacionar-se com o ambiente externo. se por escola inclusiva, uma escola na qual o
Dentro da concepção inclusiva e na processo educativo é construído objetivando
legislação, esse atendimento especializado garantir que todas as crianças tenham o
deve estar disponível em todos os níveis direito ao aprendizado de qualidade na escola
de ensino, e de preferência na rede regular comum.
de ensino, desde a educação infantil até a A LDB tem o capítulo 5 voltado para a
universidade. E ressalta que a escola comum Educação Especial em seus artigos 58, 59 e 60
é ambiente mais adequado para se garantir e em resumo estes trazem que o atendimento
o relacionamento dos alunos com ou sem educacional será feito em classes, escolas
deficiência e de mesma faixa etária. ou serviços especializados, sempre que, em
Outro documento que aborda a inclusão função das condições específicas dos alunos,
de alunos com necessidades especiais é a não for possível a sua integração nas classes
Política da Educação Especial na Perspectiva comuns de ensino regular. Os sistemas
de Educação Inclusiva que assegura o direito de ensino assegurarão aos educandos
de toda criança frequentar a escola comum, com necessidades especiais: currículos,
trazendo de forma clara ações que são de métodos, técnicas, recursos educativos e
competência da educação especial daquelas organização específicos, para atender às suas
que são de competência do ensino comum, especificidades; terminalidade específica
sendo que o ensino comum é o responsável para aqueles que não puderem atingir o
pela escolarização de “todos” os alunos nas nível exigido para a conclusão do ensino
classes comuns de ensino, já a educação fundamental em virtude de suas deficiências
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forma, se torna difícil que a inclusão realmente de alunos, que já foi anteriormente excluído.
aconteça no âmbito escolar. A autora aponta A inclusão por sua vez, não deixa ninguém no
que para que a escola seja de fato inclusiva, exterior do ensino regular. As escolas inclusivas
é urgente que seus planos se redefinam para propõem um modo de organização do sistema
uma educação voltada para a cidadania global, educacional que considera as necessidades de
plena, livre de preconceitos e que reconhece todos os alunos e que é estruturado em função
e valoriza as diferenças. dessas necessidades. A inclusão questiona as
Mantoan também aborda dois vocábulos políticas e a organização da educação especial
atuais e atuantes em nossa sociedade são eles e da regular, mas também o próprio conceito
“integração e inclusão”, que embora tenham de integração, e prevê a inserção escolar
significados semelhantes são empregados para de forma radical, completa e sistemática,
expressar situações de inserção diferentes e onde todos os alunos, sem exceção, devem
seus fundamentos teórico-metodológicos são frequentar as salas de aula do ensino regular,
divergentes. Desta forma, segundo Mantoan, a inclusão
A autora esclarece que integração se implica uma mudança de perspectiva
refere à inserção de alunos com deficiência educacional, pois não atinge apenas alunos com
nas escolas comuns, mas seu emprego dá- deficiência e os que apresentam dificuldades
se também para designar alunos agrupados de aprender, mas todos os demais, para que
em escolas especiais para pessoas com obtenham sucesso na corrente educativa
deficiência, ou mesmo em classes especiais, geral.
grupos de lazer ou residências para deficientes. De acordo com Mantoan a inclusão total e
Pela integração escolar, o aluno tem acesso às irrestrita é uma oportunidade para reversão
escolas por meio de um leque de possibilidades da situação das maiorias das nossas escolas,
educacionais, que vai da inserção às salas de que atribuem aos alunos as deficiências que
aula do ensino regular ao ensino em escolas são do próprio ensino ministrado por elas,
especiais. e enfatiza que avalia-se sempre o que o
Nas situações de integração escolar, há aluno aprendeu, o que ele não sabe, porém
uma seleção prévia dos alunos que são aptos raramente se analisa o que e como a escola
à inserção, desta forma, nem todos os alunos ensina.
com deficiência cabem nas turmas de ensino Mantoan aponta que ao avaliarmos
regular, e para esses casos, são indicados a propostas de ação educacional que visam à
individualização dos programas escolares, inclusão, habitualmente encontraremos nas
currículos adaptados, avaliações especiais, ou orientações dessas ações, dimensões éticas
seja, a escola não muda como um todo, mas os conservadoras, e em geral, essas orientações,
alunos é que precisam mudar para se adaptar são expressas pela tolerância e pelo respeito ao
às suas exigências. outro, sentimentos esses que segundo a autora
Mantoan ressalta que o objetivo da precisam ser analisados com mais cuidado,
integração é inserir um aluno, ou um grupo para entender o que podem esconder em suas
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Intelectual. Ano 2 – número 2. Janeiro/Julho 2012.
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INTRODUÇÃO
A criança nasce num contexto social: a família. E para se viver bem, os limites são
imprescindíveis (Içami Tiba, 1995).
A maioria das crianças, ainda no século passado, foram educados pelos seus pais e
pela escola num contexto ao qual as crianças pouco falavam e obedeciam aos adultos
que eram detentores do saber e de todas as regras da moralidade. Caso desobedecessem
a uma ordem eram punidos com castigos e algumas vezes, com agressão física.
A escola de educação infantil tem um modo específico e especial de organizar e propor
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A troca de saberes entre as crianças tratam da eficácia do uso de jogos nos ambientes
participantes da ação lúdica, ativa o pensamento escolares, ainda existe resistência por parte de
cognitivo e afetivo. Brincando a criança cria, recria alguns educadores descrentes na possibilidade de
e inventa novas manifestações adequando-se a unir a brincadeira ao conteúdo pedagógico. Para
sua realidade, ela é capaz de entrar num estado estes profissionais brincar e aprender são duas
de sonhos e fantasias, onde encontra espaço para instâncias distintas que não devem ser utilizadas
representar o mundo de sua forma, descobrindo simultaneamente.
ao mesmo tempo soluções para os obstáculos Após presenciar inúmeras situações escolares
surgidos no seu faz de conta e que servirá para em que existe a verdadeira separação entre o
sua vivência ao longo do seu desenvolvimento. aprender e o brincar, foi possível entrar em contato
Contudo, percebe-se que o brincar é uma com uma realidade em que as crianças eram
troca de aprendizagem, nas quais as crianças são estimuladas e educadas através de atividades
as protagonistas, interagindo, aprendendo com o lúdicas. Surgiu, então, o interesse de estudar essa
outro e ensinando, de forma significativa. realidade que trazia o lúdico como um elemento
O uso de jogos, e da ludicidade como um presente em sua proposta pedagógica.
todo, está presente na vida humana desde os De acordo com Kishimoto (2009, p. 37) “a
seus primórdios. Na Grécia antiga, assim como na utilização de atividades lúdicas no ambiente
idade média já havia a utilização de jogos. Durante escolar representa um fator importante para que
esse período, e por muito tempo, a atividade se alcance uma melhor aprendizagem”.
lúdica era vista apenas como sinônimo de jogo e
de divertimento, possuindo um caráter não sério.
Posteriormente o brincar foi trazido como um
O DESENVOLVIMENTO DA
forte instrumento da educação. Frobel (1782- AFETIVIDADE E A RELAÇÃO
1852), em sua proposta para a educação infantil, DO BRINCAR
realizou estudos nos quais foi atribuída grande
relevância ao brinquedo. Estudiosos como Por meio das brincadeiras e dos jogos,
Vygotsky e Piaget fizeram análises de todo o as crianças desenvolvem sua afetividade,
processo do desenvolvimento infantil, mostrando manipulam de objetos, praticam ações sensório-
a importância da presença do jogo na vida humana motoras e vivem ativamente os contextos de
demonstrando que eles favorecem não apenas a participação e interação social, fatores que
aprendizagem, mas também o desenvolvimento e contribuem para o seu desenvolvimento e
a interação social do indivíduo. para a aprendizagem. O jogo pode ser usado
A visão do brincar como estratégia capaz com dimensão educativa com o propósito de
colaborar no processo de ensino-aprendizagem contribuir para a aprendizagem, desde que haja
da educação infantil, tem sido muito discutida e um planejamento por parte do educador.
trazida aos poucos para os ambientes escolares, No momento em que brinca a criança trabalha
por ser a brincadeira é um dos universos da diversas dimensões de aprendizagem, envolvidas
criança. Mesmo com todos os estudos que pelo mundo do faz-de-conta que a brincadeira
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lhe oferece. Como afirma Kishimoto (2009, atividades lúdicas. Em creches, escolas e
p.36): “O uso do brinquedo/jogo educativo com universidades há brinquedotecas com fins
fins pedagógicos remetemos para a relevância especificamente educacionais (FRIEDMAN,
desse instrumento para situações de ensino- 1996, p.16)
aprendizagem e de desenvolvimento infantil”. Pela existência destes diversos espaços
Para que a inserção da atividade lúdica no lúdicos, e de como estes são utilizados, torna-se
cotidiano da escola seja uma ação de sucesso, importante observar as formas de brincar que
é preciso que os profissionais tenham seus podem ser sugeridas e criadas no momento do
objetivos de trabalho bem definidos, conheçam uso destes espaços. A partir desta observação,
o nível de aprendizagem de sua turma e o estágio torna-se um elemento da investigação identificar,
de desenvolvimento em que os seus alunos se diferenciar e caracterizar as brincadeiras livres,
encontram. A formação desses profissionais em que são as crianças que decidem suas
é um fator relevante para que as atividades funções e regras, das brincadeiras utilizadas
realizadas tenham um retorno satisfatório. pelas professoras com foco pedagógico.
A brincadeira é um universo que envolve a No decorrer do desenvolvimento da criança,
criança, apresentar novos elementos partindo diversos tipos e modalidades de brincadeira
do olhar que ela tem do mundo que a cerca, vão sendo agregados a sua rotina devido a
do mundo que pode ser criado através do faz- fatores como preferência e empatia, mas o que
de-conta, oportuniza um maior interesse por determina com maior intensidade a aceitação
estas novas informações e por consequência e a participação nas brincadeiras é a fase do
possibilita um maior aprendizado. Através da desenvolvimento em que cada criança se
contextualização entre o conteúdo que se encontra.
pretende trabalhar e uma atividade lúdica, é Acriança é um ser complexo, com suas próprias
possível acreditar no trabalho em educação sem características, com uma forma específica de
haver a dissociação entre o brincar e o aprender. observar o mundo de modo muito singular, que
O ambiente da sala de aula pode ser fornece perspectivas para transformar o mundo
transformado em um espaço de brincar, – perspectivas que devem ser entendidas
utilizando as mesas, cadeiras ou afastando-as dentro do seu estágio de vida. Neste sentido,
para que se tenha um espaço livre. Fora das salas a escola não complementa ou molda a criança,
existem os parques e pátios onde predominam mas sim, proporciona condições para que se
as brincadeiras de grande atividade física. Outra desenvolva plenamente. É um conceito variável
alternativa é a utilização de espaços planejados e que se estabelece nas dimensões psicológica,
para o brincar, chamados de brinquedoteca, social e afetiva (SANTOS, 1999, p. 38).
que Friedman assim define: Percebe-se que a criança transforma o
São espaços públicos e/ou privados que mundo de acordo com a sua história de vida
funcionam como bibliotecas de brinquedos, e a escola proporciona condições para que o
organizados de forma para que as crianças desenvolvimento seja significativo.
possam desenvolver criativamente suas O lúdico esteve presente em diversos
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períodos históricos, desde a Grécia clássica, e a 6ª. idade – a velhice, a partir dos sessenta
Roma antiga, passando pela Idade Média e pelo anos até o fim da vida. Tais etapas alimentavam,
Renascimento, possuindo em cada período desde aquela época, a ideia de uma vida dividida
características e interpretações distintas sobre em fases (ARIÉS, 1973, p. 64).
sua função. É importante citar a presença do Na medida em que recebem estímulos
lúdico nesses períodos, entretanto a pesquisa externos do mundo, a criança pode transformar
referida terá início a partir de um recorte tais estímulos e produzir novos significados aos
histórico em que o lúdico se apresenta numa objetos e ao mundo que a cerca, atribuindo-lhe
perspectiva educacional. um novo conceito que expressa seu caráter no
A aprendizagem presente no jogo relacionada curso de seu próprio desenvolvimento pessoal
a questões sociais e da vida, também estão e social. Além disso, a maior parte de seu
presentes nesses estudos em que ele desenvolvimento se produz sobre influência
compreende o jogo e a brincadeira como ações de processos educativos, o que implica na
que estão intimamente ligadas à aprendizagem, importância da ação do meio e na configuração
não fazendo referência apenas a educação dita de um órgão tão importante como o cérebro.
formal, que trata de conteúdos, mas também a (PANIAGUA; PALÁCIOS, 2007, p. 32).
social, já que nela a criança acaba por reproduzir Portanto, nota-se que a criança vai produzindo
situações já vivenciadas e observadas em nos significados em sua vida a medida dos
situações anteriores. Assim em seus estudos estímulos que recebe.
sobre Froebel, Kishimoto (2001, p.74) afirma: De acordo com Aurélio (2003, p. 12) o brincar
“Froebel entende que, nas brincadeiras, a significa “divertir-se, recrear-se, entreter-
criança tenta compreender o seu mundo e se, distrair-se, folgar” e segundo o dicionário
reproduzir situações da vida”. Michaelis (2012, p. 17) significa: “entreter-se
Foi na Idade Média que as idades da vida com jogos infantis e divertir-se fingindo exercer
começaram a ter importância. Durante esta atividades cotidianas do dia a dia adulto”. Dessa
época, existiam seis etapas de vida. As três forma, o brincar é extremamente presente na
primeiras, que correspondem à 1ª idade – vida do indivíduo.
compreendendo do nascimento aos sete O papel do educador enquanto mediador do
anos, à 2ª idade – tendo início aos sete anos conhecimento se faz necessário no sentido que,
até os quatorze anos, e a 3ª idade – entre os ao interagir com a criança em desenvolvimento,
quatorze e os vinte e um anos, eram etapas ele estará estimulando a produção de aberturas
não valorizadas pela sociedade, uma vez que nas zonas de desenvolvimento proximal desses
somente a partir da 4ª idade – dos vinte e um sujeitos, portanto, a distância entre o nível
anos até os quarenta e cinco anos, a juventude, de desenvolvimento real e potencial, e essa
os indivíduos começavam a ser reconhecidos interação propicia a aprendizagem que por sua
socialmente. Ainda existiam a 5ª a idade – a vez promove o desenvolvimento.
senectude, considerando a pessoa que não era Segundo Vygotsky (1989, p. 101):
velha, mas que já tinha passado da juventude,
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KISHIMOTO, TizukoMorchida. Jogo brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo.
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AS CONTRIBUIÇÕES DO LÚDICO NO
CONTEXTO ESCOLAR
RESUMO: Este artigo tem como objetivo contribuir para o trabalho dos professores em
relação à utilização do jogo como subsídio para enfrentar as dificuldades de aprendizagem,
assim como favorecer a socialização, o espírito crítico e criativo, desenvolver alunos
dinâmicos, autônomos e colaborativos, já que os jogos não se pode jogar sozinho, ele
precisará se relacionar com outros indivíduos para alcançar o objetivo final. Assim esta
pesquisa trará reflexões sobre as funções e contribuições dos jogos e brincadeiras que
tem o poder de tornar as aulas significativas e prazerosas, auxiliando no desenvolvimento
cognitivo, físico, motor, emocional e social das crianças, e trazendo resultados valiosos no
processo de aprendizagem.
INTRODUÇÃO
Quando entramos em uma sala de aula, muitas vezes nos deparamos com alunos
desmotivados e desinteressados pelos conteúdos que são transmitidos pelo professor,
simplesmente por não compreenderem o sentido de tudo aquilo. (Macedo, 2005).
Refletindo neste assunto é que constantemente buscam-se estratégias que atinjam o
interesse dos alunos. E o trabalho com jogos possibilita essa dinâmica, porque propõem
desafios, resoluções de problemas, elaboração de estratégias. O aluno que é desafiado
sente-se mais motivado, nesta motivação consegue-se desenvolver diversas habilidades
que promovem o desenvolvimento e a aprendizagem.
Desta forma, a escolha do tema teve o intuito de apresentar a professores, por meio
de algumas pesquisas bibliográficas de autores como Kishimoto, Vygostky, Weiss que
há diversas formas de trabalhar com as crianças por meio de jogos e brincadeiras,
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seu lado espontâneo e criativo, favorecendo dada na busca de soluções pela ausência de
a resolução das dificuldades de aprendizagem avaliação ou punição. (KISHIMOTO, 2002, p.
apresentadas pelo sujeito e dando as 144).
condições necessárias para a construção de
conhecimento mais concreto e dinâmico. É necessário destacar que o jogo para a
Podemos ressaltar que é indispensável que criança é um prazer, ela coloca nele tudo
todos os profissionais que trabalham com aquilo que sabe, assim como o que não sabe,
crianças, criem espaço e tempo para a criança por isso o professor precisa planejar a situação
brincar, jogar, representar e dramatizar para didática do jogo e ter bem claro suas finalidades
assim conseguir se comunicar e se revelar, e objetivos, para poder intervir de modo em
apresentando tudo do que é capaz. que a criança consiga avançar naquilo que
Para Weiss (2008) o profissional que aplicar está sendo proposto, assim como observar as
o jogo, terá a oportunidade de provocar reações despertadas por elas. Isso não quer
intervenção para observar como a criança dizer que o jogo não possa ser aplicado como
reage diante aos desafios e frustrações, se lazer ou divertimento pelo divertimento, mas
aceita ou não as propostas, se revela como que não use essa importante ferramenta
quer ou pode brincar naquela situação, enfim, como um simples passatempo.
como ela enfrenta as situações criadas por “Os jogos nas suas diversas formas
ele. auxiliam no processo de aprendizagem, tanto
De acordo com a pesquisa, o Professor no desenvolvimento psicomotor, como nas
C identifica que “Na brincadeira a criança habilidades do pensamento, imaginação,
tem oportunidade de socializar as suas criatividade, no levantamento de hipóteses,
ideias, refletir e respeitar a opinião do outro, na socialização entre os alunos, etc.”, vem de
extravasar as suas emoções e expressar encontro com o que diz Kishimoto (2002):
sentimentos conflitantes e angustiantes”, o
que vai de encontro com o que Kishimoto Ao permitir a ação intencional (afetividade),
(2002) diz: a construção de representações mentais
(cognição), à manipulação de objetos
Ao brincar, a criança não está preocupada e o desempenho de ações sensório-
com os resultados. É o prazer e a motivação motoras (físico) e as trocas nas interações
que impulsionam a ação para explorações (social), o jogo contempla varias formas
livres, A conduta lúdica, ao minimizar as de 56 representações da criança ou suas
consequências da ação, contribui par a múltiplas inteligências, contribuindo para a
exploração e a flexibilidade do ser que brinca, aprendizagem e o desenvolvimento infantil.
incorporando a característica que alguns (KISHIMOTO, 2002, p 36).
autores denominam futilidade, um ato sem
consequência. Qualquer ser que brinca
atreve-se a explorar, a ir além da situação
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REFERÊNCIAS
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WEISS, Maria Lúcia Lemme. “Psicopedagogia Clínica: Uma visão diagnóstica dos problemas de
aprendizagem escolar”. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.
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INTRODUÇÃO
Neste trabalho iremos pesquisar sobre a inclusão de portadores de necessidades especiais
e as ações que as escolas realizam para que esse processo aconteça e seja favorável a todos.
Sabemos que os portadores de necessidades especiais já passaram por diversas dificuldades
para alcançar as conquistas que obtiveram hoje, porém sabemos que na educação o processo
de inclusão é recente e que muita coisa ainda falta acontecer, mas com envolvimento, podem
acontecer ações que promovam a inclusão de maneira satisfatória, atendendo as condições de
todos e de políticas que facilitem e auxiliem os portadores de necessidades especiais.
Para entendermos melhor o processo de inclusão, iremos estudá-la em três capítulos,
conhecendo o histórico e as leis, a importância da inclusão na escola incluindo a formação
de professores para o atendimento dos alunos especiais e por fim, apresentando projetos
com alunos especiais que apresentaram resultados positivos na escola publica, conhecendo
metodologias e as ações para atender a inclusão.
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Observamos em nossa prática em sala mas toda e qualquer criança que apresentar
de aula e nos estágios desenvolvidos que a dificuldade de aprendizagem e fazê-la
inclusão está presente em muitas escolas participativa, preparando-a para viver em
e observamos também o despreparo dos sociedade. No sistema educacional devem-
professores e dos demais sujeitos no se obter recursos, materiais para o auxílio das
processo educacional com a inclusão. A crianças na aprendizagem e no ensino.
falta de conhecimento sobre o assunto e o Mantoan, 2002, ressalta ainda que é de
medo de lidar com as particularidades dos grande importância que ocorra mudanças
alunos faz com que deixem esses alunos no ambiente para que ocorra a inclusão e
isolados e não promovam a inclusão. Por esse essas informações beneficiem todos os que
motivo escolhemos a inclusão como tema de participam do ambiente, não se deve pensar que
nossa pesquisa, para podermos, enquanto a inclusão é somente benefício dos portadores
professores, conhecermos e sabermos de necessidades especiais, mas também das
lidar com os portadores de necessidades demais crianças, e dos professores que terão
especiais e assim promover a inclusão de oportunidades e auxílio para trabalhar e ensinar
maneira positiva e facilitadora no processo de a todos seus alunos com qualidade.
conhecimento Portanto, inclusão é quando há a
participação de todos os indivíduos na escola.
Essa participação é geral e produtiva quando
CONCEITO DE INCLUSÃO as crianças portadoras de necessidades
especiais se sintam valorizadas e que as façam
Nos dias de hoje, há grande dificuldade entre participativas, auxiliando em suas atividades
os profissionais da Educação em entender a com recursos diferenciados e respeitando suas
inclusão. Desde a década de 90 que a escola particularidades.
lida com a inclusão, porém, ainda hoje pensam A inclusão nos coloca uma questão que ainda
que incluir é quando a escola recebe alunos não conseguimos responder: Como podemos
com necessidades especiais e os deixam juntos conviver uns com os outros, sem preconceitos
com outros alunos, não realizando nenhuma ou discriminação? Como exercer nosso direito
intervenção pedagógica ou projeto para de igualdade e liberdade se não tratam todos
receber esses alunos. Porém essa maneira de iguais? Se ainda há diferenças nos tratamentos
incluir não é correta. de diferentes pessoas?
Segundo Mantoan 2002, inclusão é quando Mantoan, 2002 relata que “inclusão é
há a preparação do ambiente para acolhimento viver com, estar com... é compreensão,
do indivíduo, portanto a escola deve mudar seu envolvimento, estar com o outro, cuidar do
ambiente e suas ações para receber as crianças outro”. Nesses aspectos todos falham achando
portadoras de necessidades especiais. que inclusão é apenas a presença de uma
Inclusão não diz respeito somente às pessoa com necessidades especiais na escola,
crianças portadoras de necessidades físicas, sem os devidos cuidados, sem a devida atenção
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seus filhos. Apesar de figurar essa preferência não há preparação de ninguém para acolher
na nossa Constituição Federal, observa-se os portadores de necessidades especiais e o
uma tendência dos pais se organizarem em mesmo apenas frequenta a escola publica,
associações especializadas para garantir onde está se torna a única alternativa
o direito à educação de seus filhos com disponível.
deficiência. Só muito recentemente, a partir Sabemos que o atendimento dos portadores
da última década de 80 e início dos anos 90 de necessidades especiais na escola publica
as pessoas com deficiência, elas mesmas, têm esta crescendo, porém o que esta sendo
se organizado, participando de Comissões, de feito para um atendimento de qualidade?
Coordenações, Fóruns e movimentos, visando Bueno apud Magalhães (1998) relata que
assegurar, de alguma forma os direitos que é necessário um serviço de qualidade para
conquistaram de serem reconhecidos e atendimento desses alunos. Uma preparação
respeitados em suas necessidades básicas e capacitação de profissionais que o processo
de convívio com as demais pessoas. Esses de inclusão seja gradativo e planejado
movimentos estão se infiltrando em todos Sabemos que é de grande necessidade o
os ambientes relacionados ao trabalho, trabalho especializado dos professores para
transporte, arquitetura, urbanismo, segurança lidarem com os portadores de necessidades
previdência social, acessibilidade em geral. especiais, e que é grande a dificuldade de
As pessoas buscam afirmação e querem ser trabalharem com alunos ditos normais, mas
ouvidos, como outras vozes das minorias, que como realizarmos um bom trabalho com a
precisam ser consideradas em uma sociedade inclusão no Brasil?
democrática, como a que hoje vivemos neste De acordo com Magalhães (2001), a
país. Mas, infelizmente, apesar de estarem mudança é necessária, a inclusão, querendo
presentes e terem mostrado suas atuações ou não, já está sendo implantada no nosso
em vários aspectos da vida social, os referidos país, através da desativação dos serviços
movimentos não são ainda fortes no que de educação especial, e essa inclusão deve
diz respeito às prerrogativas educacionais, ser também implantada da consciência de
aos processos escolares, notadamente os nossos profissionais da educação. Magalhães
inclusivos. (2001) nos fala que a Educação Especial tem
Percebemos que nas escolas públicas o compromisso com os chamados excluídos
brasileiras o processo de inclusão é bem lento. da sociedade, e com os mesmos, partir
Iniciamos esse processo a pouco mais de 10 do momento em que ela nos exige uma
anos e ainda observamos que nem todos estão autotransformação interna, de pensamento
incluídos e que as escolas ainda se norteiam e atitudes, sabemos que o mundo hoje exige
no processo de exclusão. (Magalhães,2001). uma convivência geral, pacífica com todos os
O que ocorre em nosso país é uma indivíduos, e é essa convivência necessária
verdadeira integração não planejada no no Brasil e em nossas escolas para que
sistema educacional (Mrech, 2001), ou seja, possamos adotar para que ocorra a inclusão.
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importantes citados na Declaração, que diz das pessoas com deficiência, desde que não
respeito às escolas regulares: limite sua convivência em sociedade.
Neste ponto a Declaração de Salamanca cita Como podemos perceber, a luta pela inclusão
a escola como ambiente principal e acolhedor é mundial e todos estão envolvidos, porém
dos portadores de necessidades especiais, é necessário um comprometimento maior
fazendo participarem desse sistema, sendo em nossas escolas, em nossos professores
eficaz com todos os participantes. para realizar a inclusão de maneira concreta
Por fim, a Declaração de Salamanca é e efetiva. Talvez a falta de conhecimento,
um documento importante que garante a recursos ou o medo, acaba deixando os
participação de todas as crianças, auxiliando profissionais inseguros e com medo de lidar
a Educação Especial, reconhece o direito dos com os portadores de necessidades especiais,
portadores de deficiência e garante o acesso e porém como diz Mantoan, “Inclusão é todos
permanência na escola, relatando a importância juntos dando suporte á todos”.
desse grupo para o desenvolvimento e como A LDB 9394/96 foi a primeira a destinar
realizar uma inclusão que garanta a educação um capítulo para tratar da Educação Especial
integral e acessibilidade dos portadores de e foi também a partir dela que começou a usar
necessidades especiais. o termo “portador de necessidades especiais”
Em oito de outubro de 2000 entra em vigor e a se falar em inclusão.
a Convenção Interamericana que decreta a Esta lei contém três artigos que se destinam
eliminação de toda forma de discriminação á a atenção aos portadores de necessidades
pessoa portadora de necessidades especiais. especiais, como se deve ser destinada a
Essa Convenção foi realizada na Guatemala, educação e como se deve ser atendida:
a favor das pessoas deficientes, tendo que Artigo 58—Relata que a Educação
promover ações e medidas que auxiliam escolar deve ser oferecida aos portadores
as situações dessas pessoas na sociedade, de necessidades especiais e essa deve
lembrando que todos os homens nascem ser preferencialmente na rede regular de
iguais e por isso possuem os mesmos ensino, iniciando-se na educação infantil, e
direitos independente de suas limitações. A que o atendimento será realizado em escola
Declaração de Guatemala inicia-se dando especial quando for possível e sua integração
o conceito de deficiência no qual se refere nas classes comuns.
à restrição que limita ao sujeito a exercer Artigo 59- Refere-se ao papel das escolas
suas atividades do dia-a-dia, por relatar o em assegurarem essa educação aos portadores
que é a descriminação contra as pessoas de necessidades especiais, observando
portadoras de deficiência comentando o os currículos, métodos, professores com
que é a exclusão dessas pessoas por causa especialização para o atendimento, educação
dessa deficiência, impedindo de exercer seus especial para o trabalho e sua integração
direitos e privando-os da liberdade, e termina em via social e a igualdade de benefícios em
explicando que deve promover a integração programas sociais.
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Artigo 60- A ação dos órgãos normativos devem fazer parte de cursos de capacitação,
do sistema de ensino estabeleceram critérios graduação e pós-graduação, assim como
de caracterização das instituições provadas vincularem-se a prática destes profissionais.
sem fins lucrativos, especializada na educação O professor não deve ter sua formação
especial para apoio técnico e financeiro. como mais um curso de extensão para obter
Já o artigo 58, ele relata a integração dos certificado, mas sim deve se atualizar para
alunos com necessidades especiais, porém saber mais e realizar um bom papel com os
queremos que esse aluno seja incluído não alunos e com a inclusão. Saber lidar , obter
integrado, e que essa inclusão seja realizada informações científicas que o auxiliem em seu
de maneira que beneficie a todos. trabalho.
O trabalho com portadores de necessidades
A FORMAÇÃO DO especiais não é através de regras. Esse trabalho
PROFESSOR NO PROCESSO é realizado através de aperfeiçoamento,
profissionalismo e aceitação. (Mantoan 54).
DE INCLUSÃO De acordo com Mantoan (2002), o professor
É de grande importância para que o é visto como exemplo ao aluno, a formação
professor consiga exercer sua profissão. Essa do professor deve conscientizar a importância
formação deve incluir todos os aspectos para desse papel que o professor exerce, tanto
entender o desenvolvimento do indivíduo, no aspecto pedagógico como mediato na
saber lidar com as mudanças decorrentes no construção do conhecimento como na
ambiente escolar. Mantoan, (1997), relata que formação além dos aspectos pedagógicos.
os professores esperam que em seu curso de A inclusão escolar não evolui em uma escola
formação seja necessário uma preparação ou tradicional e a formação do professor tem que
uma receita ensinando como trabalhar com ser pensada de uma forma diferente, moderna,
a inclusão, que tipo de ensino, de atividades, pois a escola não será a mesma em um projeto
que métodos pedagógicos aplicam os alunos inclusivo. Também a formação do professor
portadores de necessidades especiais. não deve ser a mesma e é importante
Para o professor trabalhar com a inclusão encontros em serviço onde professores
ele deve antes de tudo ser na questão da discutem a realização de projetos e trocas de
formação e capacitação dos professores experiências. Esses encontros poderiam ser
que trabalham com alunos portadores de realizados nos horários de HTPCs ou palestras
necessidades especiais , consideramos que com profissionais de saúde onde responderiam
atuar com a diversidade em sala de aula as dúvidas de funcionários da educação.
pressupõe conhecimentos e disponibilidade É importante que haja uma formação
para aceitar o novo, o diferente. Esta formação eficiente aos professores para o trabalho com
deve incluir conteúdos sobre os fatores que a inclusão. Se verdadeiramente queremos que
levam a deficiências e as necessidades especiais ela ocorra, é importante uma junção de todos
apresentadas pelos alunos, temas estes que na sociedade, em trabalho em conjunto, que
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turno oposto. É o que define o Decreto 6.571, ensinando a língua brasileira de sinais (Libras),
de setembro de 2008. O prazo para que todos por exemplo. Quem souber se adaptar não
os municípios se ajustem às novas regras sobre correrá o risco de perder espaço. "O profissional
inclusão pois há preocupação em entender maleável é bem-vindo", garante MariaTeresa.
esses conceitos. O momento atual é de construção. De fato,
O texto não acaba com as instituições a inclusão na sala de aula está sendo aprendida
especializadas no ensino dos que têm no dia a dia, com a experiência de cada
deficiência. Em lugar de substituir, elas passam professor. "Mas não existe formação dissociada
a auxiliar a escola regular, firmando parcerias da prática. Estamos aprendendo a fazer", avalia
para oferecer atendimento especializado no Cláudia Pereira Dutra, secretária de Educação
contraturno. Especial do Ministério da Educação (MEC).
Na prática, muda radicalmente a função
do docente dessa área. Antes especialista em CONSIDERAÇÕES FINAIS
uma deficiência, ele agora precisa ter uma
formação mais ampla. "Ele deve elaborar um O presente trabalho poderá trazer grandes
plano educacional especializado para cada contribuições à estudo de Acessibilidade e inclusão
estudante, com o objetivo de diminuir as das pessoas com deficiência no ambiente escolar,
barreiras específicas de todos eles", diz Maria buscando uma sociedade mais justa e consciente
Teresa Eglér Mantoan, professora da Faculdade Sabemos também que há muita coisa a ser
de Educação da Universidade Estadual de trabalhada de forma que garanta a todos os seus
Campinas (Unicamp) e uma das pioneiras nos direitos e respeito a essa diversidade, os obstáculos
estudos sobre inclusão no Brasil. e barreiras são encontrados no passado e no
Ensinar os conteúdos das disciplinas passa presente de forma que se não forem levados a
a ser tarefa do ensino regular, e o profissional sério trarão graves consequências no futuro.
da Educação Especial fica na sala de recursos Sabemos das dificuldades encontradas para
para dar apoio com estratégias e recursos tornar realidade a inclusão no convívio escolar,
que facilitem a aprendizagem. É ele quem sabemos também que todos devem estar
se certifica, ainda, de que os recursos que preparados para torná-la realidade e para que
preparou estão sendo usados corretamente. isso ocorra deve-se contar com um conjunto de
"Ele informa a escola sobre os materiais a ferramentas que começa desde o cumprimento
serem adquiridos e busca parcerias externas das leis de forma precisa e séria, como também
para concretizar seu trabalho", afirma Maria na estrutura física e pedagógica através da
Teresa. A princípio, esse educador não precisa preparação dos professores, contando com o
saber tudo sobre todas as deficiências. Vai se apoio técnico e médico de profissionais que
atualizar e aprender conforme o caso. Ele pode trabalhem a deficiência do aluno dando suporte e
atuar na sala comum de longe, observando se continuidade ao trabalho a ser desenvolvido pelo
o material está sendo corretamente usado, professor em sala de aula.
ou estender os recursos para toda a turma, Nesse contexto, podemos perceber que a
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REFERÊNCIAS
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SANTOS, Mônica Pereira dos, PAULINO, Marcos Moreira. Inclusão em educação – São Paulo: Cortez, 2008.
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const. Acesso em 21 de Julho de 2013
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O PAPEL DO NEUROPSICOPEDAGOGO
RESUMO: Muitos são os desafios encontrados pelo professor quando recebe em sua sala
uma criança com transtornos mentais por se tratar de uma situação que está na contra mão
do convencional, onde nos deparamos com uma criança com tais transtornos, o professor
necessita recorrer a diversas fontes que sejam capazes de contribuir para uma prática
docente que visem alcançar todas as crianças. Com base de uma revisão bibliográfica, busco
com este estudo repensar as estratégias de ensino para que o currículo seja adequado
ao estudante e o auxilio do neuropsicopedagogo, por meio de propostas de ensino e
aprendizagem que respeitem o tempo de cada criança e suas habilidades e competências
que necessitam de uma constante prática.
INTRODUÇÃO
Além de o psicopedagogo estudar as características da aprendizagem, o processo de ensino
e de onde se originam os problemas na aprendizagem, o neuropsicopedagogo frente aos seus
conhecimentos pode elaborar relatórios para encaminhar as crianças ou adolescentes com
distúrbios mentais para o neurologista, pediatra e psiquiatra, caso seja necessário, auxiliando
na identificação do diagnóstico.
Na escola ele irá auxiliar os pais a entenderem o problema de seus filhos e o tipo de trabalho
que será desenvolvido para o tratamento e as intervenções necessárias, mostrando à família
que esta é o principal agente de sucesso na intervenção.
Esse trabalho será feito sempre de forma interdisciplinar com a presença do Coordenador
Pedagógico, do professor e, caso haja na escola, do especialista.
Para que o sucesso ocorra é preciso também que os educadores mantenham junto a seus
alunos relações de cordialidade, afeição, simpatia, de maneira que possam motivar esses
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Disponível em http://www.agostinhoarranca.n. Acesso em 28 de Março de 2019.
BARBOSA, L.S.M. A Psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba: Expoente; 2001.
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FALCÃO, G. Marinho. Psicologia da Aprendizagem. Editora Ática 10ª ed, 2005, P.54.
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INTRODUÇÃO
O presente artigo demonstra como é importante reconhecer a brincadeira no processo da
alfabetização. Utilizar desse recurso junto aos jogos para um caminho mais harmonioso e que
desperte o interesse das crianças em aprender.
Entende-se que as brincadeiras e os jogos são inerentes a infância. E por esse motivo,
tornam-se peças fundamentais que auxiliarão nas descobertas da leitura e escrita.
O professor, mediador de todo o processo, junto a unidade escolar devem encontrar
maneiras criativas e divertidas para que a alfabetização seja alcançada de maneira eficaz e
significativa no universo infantil.
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O contato com os materiais de escrita como O grande desafio é o percurso que levará
livros, rótulos, jornais, revistas, etc. devem
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assim poderão inventar jogos de nomeação, que a escola deve considerar a criança como
montagem de historia coletiva, quadrinhos, atividade criadora e despertar, mediantes
jogos dramáticos, jogos de adivinhações, de estímulos, as suas faculdades próprias para a
encontrar palavras etc. criação produtiva.
A partir do momento que o professor
compreende a utilização dos jogos e A interação que o aluno estabelece com
brincadeiras na sua pratica cotidiana dentro seus colegas, professores, parentes e com
das salas de aulas, é possível e quase inevitável os objetos e atividades que estão para lhe
que conclua seu trabalho de forma bem proporcionar ferramentas para aquilo que se
sucedida. Silva e Lira (2003, p. 244) dizem: quer conquistar, o ajuda e o incentiva a querer
Conduzir a criança na sua formação retribuir de maneira clara aos estímulos que
educacional, misturando habilmente uma lhes foram empregues. É comum observar
parcela de trabalho com uma dose de alunos que ao menos aprenderam as letras,
brincadeira, transformaria a aprendizagem ler as palavras que estão no livro e formar
num jogo bem sucedido. uma narrativa completa de acordo com
as ilustrações apresentadas, ou vê-las
Então, nada adianta a utilização de escrevendo cartinhas, histórias, músicas,
cabeçalhos, atividades de cópia e de poemas, dentre outros textos, utilizando
memorização do alfabeto. É preciso pensar rabiscos, letras desconexas e desenhos. A
no que é significativo no processo ensino partir desse momento, o aluno demonstra a
aprendizagem dos alunos. O pensador sua curiosidade e interesse em aprender o
americano, Dewey (1996, p. 147) diz: proposto. Para Cagliari (1998, p. 225)
(...) o jogo faz o ambiente natural da Quando as crianças se propõe a redigir
criança, ao passo que as referencias abstratas textos espontâneos, mesmo que não saibam
e remotas não correspondem ao interesse quase nada sobre o funcionalismo do sistema
da criança. Em suas palavras, somente no da escrita, e, menos ainda, a respeito da
ambiente natural da criança é que ela poderá ortografia das palavras, nota-se que escrevem
ter um desenvolvimento seguro. com uma grafia muito idiossincrática
(individual) . Apesar disso, os textos têm um
Assim, a escola compreende seus educandos certo sabor interessante e, do ponto de vista
como autores do seu próprio aprendizado, do valor, são no mínimo razoáveis.
utilizando o que há de real e de significativo,
que são os jogos e as brincadeiras dentro A medida que seu reconhecimento e
desse processo de construção da leitura e afinidade vão aumentando a alfabetização
escrita. Froebel (1966, p. 246) relata se concretiza. Tudo aconteceu pelo contato
A educação mais eficiente é aquela que e a intenção do professor me provocar o
proporciona atividades, autoexpressão e aluno através dos jogos e brincadeiras para
participação social às crianças. Ele afirma despertar seu interesse e hipóteses quando
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INTRODUÇÃO
Diante de paradigmas educacionais em crise, ao focar o ensino do português como
língua materna, deparar-se-á com as diversas críticas a ele feitas, a começar pela prática
escolar, marcada por seu caráter fragmentário e descontextualizado do ensino da gramática
tradicional ou normativa. Além disso, pela desarticulação da vida da escola com a vida
da comunidade, ou seja, não se leva em conta o conhecimento implícito da língua que o
aluno aprendeu fora da escola, no seio familiar e na comunidade em que vive, e mais que
isso: não se aceita esse conhecimento como válido, como afirma Luft "Mantida pela classe
dominante, a escola impõe no ensino obviamente a variedade idiomática culta, relegando
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observadas produzidas por pessoas cultas, sem qualquer dúvida que o objetivo da
de prestígio. [...] funciona como modelo, escola é ensinar o português padrão, ou,
acabando por representar a própria língua. talvez mais exatamente, o de criar condições
Eventualmente, a restrição é ainda maior, para que ele seja aprendido." Brito defende
tomando-se por representação da língua a uma redefinição do objeto de ensino,
expressão escrita elaborada literariamente. pois considera equivocada e ideológica a
É a essa variante que se costuma chamar associação entre norma culta e escrita.
"norma culta" ou "variante padrão" ou Vale ressaltar que Possenti (1996, p.
"dialeto padrão". (POSSENTI, 1996, p.74) 18) defende que impor o ensino da língua
padrão como se fosse o único dialeto válido
A crítica de Possenti (1996), bem como de consistiria uma violência cultural, pois
Luft (2008), Neves (2003), Antunes (2007) e considera uma violência impor a um grupo
Perini (2000), reside no fato de a gramática social valores de outrem, entretanto, acredita
normativa, além de seu teor prescritivo, que "[...] os menos favorecidos socialmente
desconsiderar todos os fatos que divergem só têm a ganhar com o domínio de outra
da variante padrão, apontando-os como forma de falar e de escrever." Advoga, ainda,
erros ou vícios de linguagem. Sendo assim, que a escola não ensina língua materna a
acaba por servir apenas a um pequeno grupo, nenhum aluno, pois não se ensina aquilo que
excluindo os grupos socioeconomicamente já se sabe, restando a ela sua função que
desfavorecidos, os quais constituem seria ensinar o padrão, em especial o escrito.
atualmente a grande maioria dos alunos da No dia em que as escolas se dessem
escola pública. conta de que estão ensinando aos alunos o
Além disso, Perini (2000, p.35) chama a que eles já sabem, e que é em grande parte
atenção para o fato de a gramática normativa por isso que falta tempo para ensinar o que
só considerar a escrita, não levando em conta não sabem, poderia ocorrer uma verdadeira
a língua falada pelos brasileiros no seu dia a revolução. (POSSENTI, 1996 p. 32)
dia, afirmando que "A língua que aprendemos
com nossos pais, irmãos e avós é a mesma O referido autor sintetiza a discussão,
que falamos, mas não é a que escrevemos." afirmando que não é papel da escola ensinar
Para esse autor, existem duas línguas: uma uma variedade no lugar da outra, mas criar
que se escreve ou "de civilização", que é o condições para que o aluno aprenda as
português, e a que se fala, a verdadeira língua variedades que não domina, partindo de
materna. sua gramática internalizada, observando
As críticas mais severas quanto ao ensino as ocorrências que se tornam regras,
da língua portuguesa no Brasil encontram-se sem se fixar em prescrições de "certo" ou
em Brito (2003), posicionando-se contrário "errado", assim, no reconhecimento de sua
às ideias de outros pesquisadores, como variedade linguística entre outras, ganharia
Possenti (1996, p.17), que afirma "Adoto a consciência de sua identidade linguística e
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A CONTRIBUIÇÃO DO COORDENADOR
PEDAGÓGICO PARA FORMAÇÃO DO
DOCENTE REFLEXIVO
RESUMO: A pesquisa relata sobre a reflexão do professor sobre sua prática em sala de
aula, ressalta sobre a consciência crítica que o educador tem e como o coordenador faz a
mediação nesse processo de sua práxis.
Para tanto, destacam-se três tipos de conhecimentos: declarativo, procedimental e
metacognitivo. O primeiro refere-se aquilo que o sujeito diz saber. Exemplo: o professor
sabe que errar faz parte do processo de aprendizagem. O procedimental refere-se ao
“como”, ou seja, o professor corrige o erro através da repetição de forma certa. Por fim,
encontra-se o condicional, é responsável pelo entendimento do “porque” e “quando” agir
de determinada forma. Assim, percebemos que somente pela tomado de consciência
desses três tipos de conhecimento que o professor se tornaria reflexivo e teria chance de
entender e transformar sua prática tornando-se assim senhor de suas próprias ações.
Para que se obtenha tal conhecimento faz-se necessário a mediação do Coordenador
Pedagógico (CP). Para tanto, analisa-se também o que motiva esse profissional a permanecer
em sua função, quais são suas motivações para permanecer na função, quais são suas
dificuldades, limitações, como ele pode ou deve agir e instigar o professor para que esse
reflita sobre sua práxis?
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dos outros para trocar informações válidas de formação específica para exercer a
e para fazer escolhas livres e informadas. função. (ALMEIDA,PLACCO e SOUZA;
(LIBERALI,1996). 2016).
Nesse contexto, Magalhães aput Verificou-se que as demandas do
Liberali (1996), cria-se um relacionamento Coordenador Pedagógico são varias e
colaborativo, no qual professor e de diversas fontes, pesquisar realizadas
coordenador confiam um no outro, na área revelam “a tensão permanente
explicitam seus processos mentais e criam produzida pelo excesso de demandas e as
oportunidades de reflexão. condições de trabalho que impossibilitam
Além disso, segundo Liberali (1996), a seu atendimento leva ao questionamento
diversas formas do coordenador formatar sobre o que os manteria na coordenação
sua participação, dando instruções, pedagógica com satisfação”. (Almeida,
propor atividades, dar instruções, analisar Placco, e Souza (2016; p. 62).
e reformular problemas e falar sobre Constatou-se que, Almeida, Placco, e
as próprias reflexões, questionar de Souza (2016), os benefícios da carreira,
forma a dirigir atenção do aprendiz para questões afetivas, e relacionais mantinham
determinado aspecto. o coordenador na carreira, mas também
Assim segundo, Shon aput Liberali verificou-se que existem fatores que
(1996), existem algumas formas do desmotiva esse profissional a permanecer
coordenador levar o aprendiz a lidar a na área entre elas: profissional mal
reflexão com a reflexão sobre sua ação remunerado, com condições de trabalho
Segundo, Almeida, Placco, e Souza inadequadas e com demanda de trabalho
(2016), foi realizada uma pesquisa nos que ultrapassa suas reais possibilidades
anos de 2010 e 2011 em escolas das de ação.
cinco regiões geográficas brasileiras para Dessa forma, vimos que os sentidos da
analisar os processos de coordenação Coordenação Pedagógica, implica voltar-
pedagógica, constatar o reconhecimento se para os processo de subjetivação dos
da função para o funcionamento da sujeitos que assumem essa atividade
escola por governantes e trabalhadores profissional “buscando aproximações com
da educação. Buscou-se analisar o papel o modo como se apropriam e constituem
do coordenador pedagógico na formação suas ações, o qual se relaciona com sua
continuada de professores. experiência, sua história profissional
Os depoimentos dos CP nas entrevistas e pessoal, seus conhecimentos, afetos
revelam que são muitas e de diversas e motivos para exercer a sua função”.
naturezas as dificuldades enfrentadas em (Almeida, Placco, e Souza, 2016; p. 64).
seu trabalho, como a baixa remuneração, O CP é um sujeito historicamente
a grande quantidade de tarefas, o constituído, isto é sua constituição se faz
pouco tempo para realiza-las e a falta a partir de todas as apropriações culturais
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Paulo. 2016.
ALMEIDA. Laurinda Ramalho, PLACCO. Vera Maria Nigro de Souza e SOUZA.
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LIBERALLI. Fernanda Coelho. “As linguagens das Reflexões”, In:
MAGALHÃES, M.C.M. (org). A Formação do professor como um profissional
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ensinos fundamental anos iniciais e finais. etária dos alunos matriculas, para a nossa
De acordo com os dados coletados surpresa podemos perceber que a faixa
na secretaria da escola, em média a etária destes alunos vem a cada ano
escola possui certa de 980 alunos, até ficando mais jovem. Separamos os dados
o presente momento da pesquisa. Deste para melhor compreensão em Faixa Etária
total de alunos, 98 estão matriculados na do sexo feminino e masculino em gráficos
Educação de Jovens e Adultos no ensino separados.
fundamental anos iniciais e 122 alunos
nos anos finais do ensino fundamental.
Neste caso vamos considerar apenas os
alunos da modalidade Educação Jovens
e Adultos sendo referencias de nossos
estudos, totalizando 220 alunos ou seja
23% dos alunos matriculados na escola.
Agora passamos a analisar a quantidade
de pessoas do sexo feminino e masculinos Fonte: Revista Escola 2018
matriculado na escola.
Em relação ao sexo feminina o maior
número de pessoas matriculadas na
modalidade de ensino nasceu no ano
de 1991, portanto possuem 24 anos, as
alunas mais novas nasceram em 1992,
as pessoas do sexo feminismo mais com
maior idade nasceu no ano de 1971,
portanto apresentam 44 anos.
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ensinos fundamental anos iniciais e apenas as mães e não os pais. Apenas uma
finais. pessoa apresentou atestado médico para
De acordo com os dados coletados a dispensa da atividade Física.
na secretaria da escola, em média a A análise realizada e apresentada até
escola possui certa de 980 alunos, até este momento na pesquisa foi realizada por
o presente momento da pesquisa. Deste documentações presente nos prontuários
total de alunos, 98 estão matriculados na dos alunos matriculados na escola. A partir
Educação de Jovens e Adultos no ensino deste ponto apesentaremos resultados
fundamental anos iniciais e 122 alunos realizados com uma amostra dos alunos
nos anos finais do ensino fundamental. em pesquisa informal, durante o estágio
Neste caso vamos considerar apenas os realizado, nos meses de fevereiro, março
alunos da modalidade Educação Jovens e abril destes anos vigente em uma escola
e Adultos sendo referencias de nossos da capital de São Paulo, na região leste da
estudos, totalizando 220 alunos ou seja cidade.
23% dos alunos matriculados na escola. Por tanto, foram utilizadas três
Agora passamos a analisar a quantidade temáticas ao conversar de forma informar
de pessoas do sexo feminino e masculinos com os alunos:
matriculado na escola. Por que revolveu voltar a escola
para concluir seus estudos?
O que levou ao atraso escolar?
O que pretende fazer após a
conclusão da Educação básica?
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que da escola”.
“No meu caso foi por causa do “Eu morava na roça e lá não tinha
trabalho, na empresa em que estou se não escola, meus pais eram muito pobres e
estuda é mandado embora” sempre mudavam de sítios e cada veze ia
“Agora que meus filhos estão para mais longe”.
grandes e sabem se virar sozinhos, vou
fazer a minha parte, pois eles já estão Os apontamentos indicam que o
encaminhados”. trabalho sempre foi um dos motivos que
“Voltei a estudar por que me separei levam os alunos a abandonarem a escola,
de meu marido, antes não podia porque pois precisam optarem ou trabalham
ele não deixava, agora posso realizar o e se sustentam ou estudam e passam
meu sonho de ser professora”. necessidades. Outra alegação perante as
“Voltei a estudar, pois pretendo fazer alunas do sexo feminino é sobre a criação
faculdade, quero ter uma vida melhor”. dos filhos, muitas são mães muito cedo e
“Além de aprendem, voltei para a não há outra alternativa a não ser cuidado
escola para ver os meus amigos, conversar, com os filhos.
ficar por dentro das atualidades, ter um Sobre a última temática, o que
momento de prazer” pretende fazer após a conclusão da
educação básicas, tivemos as seguintes
É interessante notar que os motivos respostas:
que trazem os alunos de volta a escola
são vários, alguns alegam, a satisfação “Ainda não sei, pois vai depender
pessoal, outros motivos de trabalho, a das minhas condições financeiras, se eu
pretensão em fazer faculdade e até de tiver condições quero fazer um curso para
socializar com amigos. aprender a falar inglês, acho muito bonito
Partimos para a próxima temática, que fala”.
sobre o atraso no processo e escolaridade: “Pretendo fazer um curso de Técnico
“Estou atrasada em relação a escola, de Segurança do Trabalho ou Logística,
pois tive que parar para cuidar de meus acho boa a profissão”.
filhos enquanto o meu marido trabalhava, “ Quero fazer faculdade para ser
mas agora estão todos crescidos e posso professora, este sempre foi o meu sonho
voltar a estudar”. e sei que posso conseguir”
“Quando eu era criança tinha que “ Quero conseguir um emprego
trabalhar para ajudar a minha mãe que melhor, com carteira assinada e ter um
tinha muitos filhos e o meu pai foi embora plano de saúde para a minha família, pois
de casa, como sou o mais velho tive que trabalho hoje sem registro e ganho pouco”,
parar de estudar para ajudar a minha mãe” “Quero fazer concurso para a Policia
“O trabalho foi sempre um grande Civil! ”
problema, pois a maioria das vezes o
horário do emprego era no mesmo horário A perspectiva sobre a sua formação
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A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO
PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
DOS EDUCANDOS DO ENSINO INFANTIL
Este artigo apresenta como tema principal a importância da afetividade e da participação
familiar no processo de ensino aprendizagem dos educandos do ensino infantil. Cada dia
que passa a função de ensinar tem sido mais árdua e os pais, por sua vez têm se afastado
de sua prole devido à correria diária. Assim, a afetividade aparece como um instrumento
determinante para aproximar professores de alunos e pais de filhos; favorecendo dessa
forma sucesso para a vida pessoal e consequentemente para a vida escolar, uma vez que
a aproximação de ambas provoca diálogo, conhecimento, harmonia e comprometimento
contribuindo para uma atmosfera positiva no processo de ensino aprendizagem.
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professor e aluno.
INTRODUÇÃO Faz se necessário estimular o
O artigo apresenta a importância da aprendente afim de que vislumbre o
afetividade no processo de ensino e desejo da aquisição de conhecimentos.
aprendizagem e ressalta que o educando , a relação à afetividade perpassara
precisa vivenciar uma relação em que haja sobre os cuidados da importância devida
uma parceria concreta e real entre escola entre professor e aluno, que somarão e
e família, a fim de propiciar seu bem estar absorverão quaisquer dificuldades que
afetivo e emocional. Essa dicotomia nasce surjam, pois há o compromisso não só de
não só na própria escola, mas se estende ensinar, mas de participar ativamente da
a partir da família. Segundo Vygotsky, o vida desse aluno; dessa forma a pesquisa
interesse, a motivação e a emoção devem visa focar as atitudes que os professores
estar necessariamente interligados como podem ter para utilizar a afetividade como
ponto de partida é base para qualquer um instrumento valioso para a conquista
ação que vise à busca do sucesso do das relações sociais e cognitivas no âmbito
processo ensino-aprendizagem. escolar.
No fortalecimento a convivência começa Quando se constrói uma cumplicidade
a criar vínculos afetivos que norteiam de grande valor em que o objetivo maior
a sua relação de conduta inserida ao se seja a criança, não se pode pensar em
desempenho cognitivo. Para a criança nada a não ser uma família, sendo assim
esses vínculos são essenciais porque esta pesquisa indaga esta instituição
refletirá na pessoa do professor que tem quanto ao seu papel de moldar o caráter,
o papel de ser o elo, a ponte do ensino de compartilhar emoções e sentimentos
aprendizagem dos alunos. É ele que vai e que sempre vai existir e sempre terá
fortalecer esses laços de afeto que podem uma participação decisiva no sucesso ou
interferir no outro através de um olhar e insucesso na aprendizagem do aluno.
provocar afetividade no falar, no sentir,
no aprender, no ser. Com certeza, tudo FAMÍLIA E ESCOLA COMO
isso recairá sobre ele, numa relação direta SUCESSOS AFETIVOS
de professor-aluno que irá mensurar
possibilidades criativas e motivacionais A família e a escola constroem no ser
em sala de aula. humano valores na sua autoestima, na
Na busca do equilíbrio, em qualquer confiança do que se quer, na certeza
ambiente, é necessário estabelecer regras das emoções e nos recônditos dos
de boa convivência. Ninguém pode ocupar sentimentos, tudo isso são atributos que
o espaço do outro, devendo respeitar para corroboram permeando e solicitando
ser respeitado. É uma troca constante suas estruturas pessoas e gerando seus
numa dinâmica de relações contínuas. vínculos afetivos. Não podem, nunca,
Assim deve a relevância da relação entre andar separadas, estão juntas como
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As emoções e a afetividade são desenvolvidas e recebidas pelo ser humano desde
o ventre materno. A relação que é gerada entre a mãe e o bebê ultrapassa qualquer
limite e vai além de toda mensuração. São laços que traduzem o singelo e o mais
puro amor e chegam com o crescimento até a fase escolar e estreitam as relações
sociais que estão continuamente se formando.
As teorias da afetividade no processo do ensino-aprendizagem englobam também
o cognitivo da criança que a cada dia precisa manter um convívio agradável na
relação com o outro. O professor precisa gerar possibilidades através das atividades
desenvolvidas com o objetivo de alcançar o bem-estar sócio afetivo e cognitivo
do aluno, por isso é grande a importância da afetividade do professor para que o
aprendizado do seu aluno seja concreto.
A afetividade exerce uma influência de suma importância no exercício da
aprendizagem; assim como a família é para a sociedade o alicerce, sendo o ponto
referencial de qualquer criança. Nisto resvala também a parceria entre escola e
família que devem visar a fundamentação do alcance do ensino-aprendizagem do
aluno.
A criança precisa acreditar mais em suas potencialidades para melhorar a imagem
que tem de si mesma. Desta forma, quando há incentivo, as pessoas se sentem
capazes e esta capacidade deve ser estimulada a todo momento, no ritmo certo e
reflexivo da afetividade.
O professor tem que valorizar o saber e o indivíduo; precisa desenvolver uma
formação solidária que leve e desperte o aprender a conhecer, a fazer e a ser, criando
assim a capacidade que gere o espírito crítico na interação do aluno com a sociedade.
Com a conclusão deste trabalho foi possível constatar que desde a Educação
Infantil, a escola começa a exercer e desempenhar um papel muito importante na
vida da criança, pois é na instituição escolar que a criança começa a estabelecer elos
de contatos com outras crianças e com outros adultos também. É a maneira como
ela desenvolve estes elos e cria laços afetivos que influenciarão todo o processo
ensino-aprendizagem, bem como sua capacidade de socialização e mudança em seu
meio e convívio social. Desta forma a criança necessita de não só estar inserida
no ambiente escolar, mas que este ambiente proporcione todo o seu despertar de
habilidades, criatividades e afetividades, se sentindo muito feliz e parte integrante
deste ambiente.
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REFERENCIAS
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