Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CAMPUS REGIONAL DE MONTES CLAROS

Filipe Moan Berbet Vidal Bezerra

Franciane Gabrielle dos Santos

Henrique Junio Soares Santos

Tawany Kathleen Costa Cardoso

FATORES DE CRESCIMENTO DO LEITE

Montes Claros
Filipe Moan Berbet Vidal Bezerra

Franciane Gabrielle dos Santos

Henrique Junio Soares Santos

Tawany Kathleen Costa Cardoso

FATORES DE CRESCIMENTO DO LEITE

Trabalho apresentado como requisito


parcial para obtenção de notas da matéria Tópicos
Especiais em Zootecnia I - Endocrinologia e
Fisiologia da Glândula Mamária ICA – 305,
ministrada pelo professor Mário Henrique França
Mourthé.

Montes Claros

2021
Sumário
1. Introdução ......................................................................................................... 4

2. O que são os fatores de crescimento, qual a sua importância e meios de


obtenção......................................................................................................................5

3. Fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1) ........................................ 7

4. Fator de crescimento epidérmico (EGF) ........................................................... 8

5. Fatores de crescimento dos fibroblastos (aFGF, bFGF) ................................... 9

6. Lactoferrina ....................................................................................................... 9

7. Fator de crescimento transformador (TGF) .................................................... 10

7.1. Fator de crescimento transformador alfa (TGF-α) ...................................... 10

7.2. Fator de crescimento transformador beta (TGF-β) ..................................... 11

8. Conclusão........................................................................................................ 12

Referências ............................................................................................................... 13
4

1. Introdução
O leite é uma das commodities agropecuárias mais importantes do mundo e todos os
dias, bilhões de pessoas consomem leite no mundo, nas suas mais diversas formas. Ele
apresenta importância econômica como fonte de renda e sobrevivência para grande parte da
população mundial, além de ser uma fonte vital de nutrição (SIQUEIRA, 2019).

O leite possui diversos componentes que são de extrema importância para a


sobrevivência dos mamíferos em suas primeiras horas de vida. Essa composição pode variar
de acordo com diversos fatores como a espécie, a raça e a alimentação materna. No entanto,
mesmo com todas as variações que este alimento pode conter, ele é considerado essencial
para os recém nascidos, devendo ser consumidos o quanto antes.

O primeiro leite que é produzido após o nascimento dos bebês ou filhotes, é


denominado de colostro. Segundo a nutricionista Tatiana Zanin (2020), o colostro possui
uma cor amarelada, e é altamente calórico e nutritivo, além de auxiliar os recém nascidos no
sistema imune enquanto ainda não possuem o mesmo formado completamente.

Tabela 1 – Variação de composição do leite e do colostro bovino.

Colostro
Componentes (%) Leite Tempo pós-parto
3h 72h
Gordura 3,5 6,8 3,72
Proteína total 3,2 9,42 4,68
Proteína do soro 0,5 8,5 1,6
Caseínas 2,73 0,92 3,18
Lactose 4,6 2,38 4,27
Cinza 0,7 1,02 0,74
Sólidos Totais 12 19,62 13,41

Devido a estes fatos, pesquisadores das mais diversas áreas, principalmente das áreas
humanas e animais, vem pesquisando os componentes do leite, para entenderem melhor os
seus efeitos nos organismos de todas as espécies.
5

Segundo Sgarbieri (2004), os macrocomponentes do leite bovino são: água (87,30%),


lactose (4,90%), gordura (3,80%), proteínas (3,30%) e minerais (0,72%). No entanto, a
composição do leite vai além dos macrocomponentes, e um dos que vem chamando a atenção
dos pesquisadores são os fatores de crescimento. O principal e mais citado na literatura é o
fator de crescimento similar à insulina (IGF-1), que segundo as pesquisas, é o que está
presente em maior proporção. Outros que também são citados são o fator de crescimento
epidérmico (EGF), fatores ácidos e básicos de estímulo ao crescimento de fibroblastos
(aFGF, bFGF), lactoferrina e os fatores transformadores do crescimento alfa e beta (TGF-α
e TGF-β).

2. O que são os fatores de crescimento, qual a sua importância e meios de obtenção


O soro do leite é um subproduto obtido a partir da fabricação de queijo que apresenta
vários compostos de natureza proteica ou não proteica, que possuem mecanismos de ação
fisiológica ainda pouco elucidados. Esses componentes bioativos são chamados de fatores
de crescimento celular, como por exemplo a lactoferrina, os fatores de crescimento
semelhantes à insulina I e II (IGF-I e IGF-II), fatores ácidos e básicos de estímulo ao
crescimento de fibroblastos (aFGF, bFGF), fatores de crescimento transformador beta (TGF-
β1 e TGF-β2), dentre outros (DA SILVA, et al., 2015).

Os fatores de crescimento do leite são peptídeos bioativos que tem despertado o


interesse de pesquisadores como potenciais ingredientes para a indústria de lácteos (DA
SILVA, et al., 2015). Segundo Da Silva e colaboradores (2015), pressupõe-se que estes
peptídeos possam vir a ser explorados como ingredientes bioativos na formulação de
alimentos funcionais para crianças e pessoas que sofrem de doenças intestinais. Os fatores
de crescimento são proteínas ou polipeptídios que se ligam a receptores na superfície celular,
com objetivo de proliferação e ou diferenciação celular. Muitos fatores de crescimento são
relativamente inversos, estimulando a divisão celular em diferentes tipos de células,
enquanto outros são específicos para um determinado tipo de célula. Os fatores de
crescimento presentes no colostro e leite bovino são: o fator de crescimento semelhante à
insulina (IGF-I), o fator de crescimento transformador beta (TGF-β2), alguns membros do
fator de crescimento epidérmico (EGF) e da família dos fatores de crescimento fibroblasto
básico (bFGF) (GAUTHIER et al., 2006).

A recuperação dos fatores de crescimento no soro é difícil, pois envolve diversos


fatores para seu isolamento e concentração em maiores teores, por isso, pesquisas
6

direcionadas aos fatores de crescimento tem sido focadas no colostro bovino, por causa de
seu alto teor de componentes bioativos, já que a concentração de fatores de crescimento no
colostro pode ser de 100 a 1000 vezes maior do que a concentração normal em leite bovino
(a concentração de fatores de crescimento diminui rapidamente após o parto) (GAUTHIER
et al., 2006, citado por DA SILVA, et al., 2015).

Tabela 2 – Concentração dos fatores de crescimento no leite e no colostro bovino.

Concentração (ng/ml)
Fatores de Crescimento
Colostro Leite
Fator de crescimento epidérmico (EGF) 4-325 1-150
Fator de crescimento semelhante à insulina I (IFG-I) 100-2000 5-100
Fator de crescimento semelhante à insulina II (IFG-II) 150-600 5-100
Fator de crescimento transformador beta 1 (TGF-β1) 10-50 <5
Fator de crescimento transformador beta 2 (TGF-β2) 150-1150 10-70
Fator de crescimento do fibroblasto (FGF) NA* <1
Fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) NA* NA
*NA= presentes, mas sem dados de concentração disponíveis; ng/ml= nanogramas por
mililitro. Fonte: adaptado de Gauthier e colaboradores (2006).

A extração e separação dos fatores de crescimento do leite ou do colostro depende de


suas diferentes massas molares e pontos isoelétricos em relação aos demais constituintes do
leite. A separação dos fatores de crescimento pode ser realizada em colostro desengordurado
e descasenado (serocolostrum) ou de soro de leite pela cromatografia de troca catiônica ou
por meio da combinação de microfiltração, ultrafiltração e diafiltração (DA SILVA, et al.,
2015).
7

Tabela 3 – Fatores de crescimento do leite, fonte e função.

Fator de
Fonte principal Atividade primária
crescimento
Estimula a proliferação de células
Tecidos e fluidos
EGF epidérmicas, epiteliais e embrionárias.
corporais
Inibe a secreção de ácido gástrico
Estimula a proliferação de muitos tipos de
IGF-I Fígado
células
O IGF-I é um mitogênio mais forte do que
o IGF-II, que estimula principalmente as
células de origem fetal. Influencia a
IGF-II Variedade de células diferenciação de algumas células. Causa
hipoglicemia, melhora do equilíbrio de
nitrogênio, redução do colesterol e potássio
e melhora das funções renais.
Estimula o crescimento de células,
especialmente no tecido conjuntivo. Inibe
outras células, como linfócitos e células
Plaquetas e outras
TGF-B2 epiteliais. Papel importante na
células
embriogênese, cicatrização de feridas,
formação de ossos e cartilagens e controle
do sistema imune.
Fonte: Adaptado de Gauthier et al., (2006).

3. Fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1)


Os fatores de crescimento semelhantes à insulina IGF-I e IGF-II são polipeptídios de
cadeia simples que compartilham cerca de 70% de homologia estrutural entre si e 50% com
a estrutura pró-insulina. Estão presentes no colostro e no leite, estimulando a mitogênese e
a diferenciação celular. O IGF-I denominado “insulin-like growth factor” é responsável por
aumentar a captação de glicose e aminoácidos pelas fibras musculares, atuando também
como mediador do hormônio do crescimento (GH) no crescimento ósseo e muscular do
organismo. Presente no colostro o IGF-I ajuda a melhorar as condições de absorção dos
macronutrientes pela cicatrização e manutenção do revestimento intestinal (GAUTHIER et
al., 2006).
8

O IGF-1 é um hormônio que desempenha um papel importante no crescimento infantil e


continua a ter efeitos anabólicos em adultos (BURRIN et al., 1997, citado por WATSON et
al., 2017).

Segundo Kopchick; Andry (2000), citado por Santos et al., (2003), houve a constatação
desse hormônio após observarem que o hormônio do crescimento (GH) não atuava
diretamente sobre os tecidos e sim de por meio de mensageiros que levavam a proliferação
e crescimento dos tecidos. Ainda segundo os mesmos autores, o IGF-1 tem um efeito de
promover o crescimento, porém, em altas concentrações, ele pode inibir a liberação do
hormônio liberador de gonadotrofina (GNRH) ou do hormônio do crescimento (GH).

Gerrard et al., (1998), investigaram o papel desse hormônio no crescimento muscular, a


expressão e a sua localização em suínos in vivo. Foram examinados os músculos esqueléticos
fetal, pós-natal e adultos, e observaram que, no musculo fetal, o IGF-1 aumentou a níveis
máximos por volta do nascimento. Posteriormente, foi realizado a hibridização de tecidos
musculares congelados, onde constataram que a maioria do IGF-1 e IGF-2 estão localizadas
nas fibras musculares em desenvolvimento. Após analisarem todos os dados, concluíram que
ambos os IGF’s (IGF-1 e IGF-2), são expressos e produzidos principalmente em células
musculares dentro do tecido muscular em desenvolvimento e sustentam a hipótese de que
IGF-I e -II modulam o desenvolvimento muscular fetal.

4. Fator de crescimento epidérmico (EGF)


É um polipeptídio de baixo peso molecular produzido principalmente pelas glândulas
submandibulares e parótida capaz de estimular a proliferação, diferenciação e sobrevivência de
células epidérmicas. É um potente regulador da proliferação das células mamárias, porém não
altera a diferenciação das células epiteliais mamárias (TURKINGTON, 1969).

O fator de crescimento epidermal (EGF) é considerado pertecente à família EGF, detectado


em produtos lácteos em quantidade suficiente para induzir efeitos fisiológicos. O EGF é
sintetizado como uma grande molécula precursora de 1207 resíduos de aminoácidos a partir da
qual o fator bioativo é liberado por clivagem proteolítica. A forma ativa do EGF é uma única
cadeia de 53 resíduos de aminoácidos e três ligações dissulfeto (GAUTHIER et al., 2006).

Os membros da família EGF estimulam a proliferação de células epidérmicas, epiteliais e


embrionárias, inibem a secreção de ácidos gástricos e modulam a síntese de vários hormônios.
Além disso, promovem a reabsorção óssea e estão envolvidos nos processos de cicatrização de
feridas (GAUTHIER et al., 2006).
9

No trato gastrointestinal, interagem com os fatores de crescimento especifico da mucosa e


fatores inibitórios da hiperplasia do epitélio da cripta, modulando a expansão da superfície
intestinal (CUMMINS, 2002).

O EGF protege contra a ruptura da barreira intestinal, normaliza a expressão de proteínas


nas junções de oclusão do intestino e inibe a apoptose de enterócitos e se mostrou eficiente ao
combate e prevenção da doença enterocolite necrosante (VARDASCA, 2017).

5. Fatores de crescimento dos fibroblastos (aFGF, bFGF)


Sendo produzidas pelos Macrófagos (parácrina) ou pela própria célula (autócrina),
os FGFs são um grupo de proteínas de sinalização com ação sistêmica e/ou local que
induzem a mitose e mecanismos de sobrevivência celular. A partir da sua interação com a
heparina foram divididos em: ácidos (aFGF) e básicos (bFGF). O bFGF está mais
correlacionado com ação reguladora da Caseína Quinase 2 (CK2) (BURGESS, 1989;
BONNET et al., 1996).

E pesquisas recentes mostram a ação farmacológica do aFGF que, em modelo murino


com insulino-resisntência induzida, foi capaz de alcançar os níveis de sensibilidade a
insulina novamente (SUH et al., 2014).

6. Lactoferrina
A lactoferrina bovina foi identificada no leite no ano de 1939, sendo isolada do leite
bovino no ano de 1960. A lactoferrina é uma proteína de cadeia simples, composta de
aproximadamente 700 resíduos de aminoácidos, encontrada no soro do leite. Representa
aproximadamente 0,3% das proteínas do leite e possui efeito antiviral, antibacteriano,
antifúngico, imunomodulador e cicatrizante, sendo comercializada em alguns países como
nutracêutico (CAMARGOS, 2014).

Vardasca (2017) citou Good et al. (2014), onde ele dizia que a lactoferrina, é uma
glicoproteína com propriedades antimicrobianas, e há estudos que revelam que ela é
responsável por atenuar a liberação de citocinas pró-inflamatórias, além de estimular a
proliferação de enterócitos, sendo assim, um componente essencial para a boa saúde
intestinal. Em sua revisão, Good et al. (2014) observou que crianças que eram alimentadas
com leite possuíam maior resistência a enterocolite necrosante (doença que atinge crianças
e está associada a significativa morbidade e mortalidade).
10

O efeito antibacteriano da lactoferrina pode ser atribuído a sua afinidade pelos íons
Fe, devido a captação dos íons férricos pela lactoferrina e consequente redução de sua
disponibilidade para as bactérias (JENSSEN; HANCOCK, 2009, citados por CAMARGOS,
2014). Além disso, a lactoferrina poderia se ligar ao lipídio A do lipo-polissacarídeo (LPS)
presente na parede celular de bactérias Gram-negativas, modificando a permeabilidade da
célula limitando a ativação das reações inflamatórias e em bactérias Gram-positivas, a LB
se liga ao ácido lipoteicóico, diminuindo as cargas negativas presentes na parede celular
bacteriana e tornando mais susceptível à ação enzimática (CAMARGOS, 2014).

A lactoferrina pode ser considerada como uma molécula moduladora de resposta


imune inata e adquirida e auxilia na proliferação, diferenciação e ativação das células do
sistema imune. Estudos em roedores indicaram que a ingestão oral de lactoferrina reduziu a
tumorigênese, induzindo apoptose e inibindo o crescimento do tumor e estudos in vivo
apontaram que a ingestão de lactoferrina reduziu o risco de câncer de colón em humanos,
mas apesar de haver estudos que demonstram que a lactoferrina possui ação anti-
carcinogênica o seu mecanismo de ação ainda não foi elucidado (CAMARGOS, 2014).

Ainda, a lactoferrina contribui para o aumento da mobilidade de fibroblastos,


migração de queratinócitos e contração de colágeno, tendo um papel importante na
cicatrização (CAMARGOS, 2014).

7. Fator de crescimento transformador (TGF)


No ano de 1978, o peptídeo que posteriormente seria descrito como TGF-α foi
adicionado a um meio de cultura de fibroblastos transformados por vírus sarcoma, o que
resultou no surgimento de fenótipos malignos. Devido a essa alteração na natureza dos
sarcomas, o peptídeo foi denominado como um fator transformador do crescimento.
Posteriormente, foi descoberto que a atividade transformadora era causada por duas
proteínas distintas: TGF-α e TGF-β (OSAKI, 2009).

7.1.Fator de crescimento transformador alfa (TGF-α)


O fator de crescimento transformador alfa (TGF-α) foi apontado como uma das
moléculas que podem afetar o desenvolvimento pós-natal do estômago em roedores. O TGF-
α, pode ser encontrado na mucosa gástrica de humanos e roedores em células superficiais,
do colo e parietais, e sua expressão inicia-se durante o desenvolvimento fetal, aumentando
no crescimento pós-natal, tendo como função o estímulo à proliferação, migração e
diferenciação celular, e inibição de secreção ácida (OSAKI, 2009).
11

O TGF-α foi identificado como uma molécula com atividade semelhante ao fator de
crescimento epidermal (EGF), apresentando 35% de homologia com este e compartilhando
o mesmo receptor, o receptor de fator de crescimento epidermal (EGFR). Apesar do TGF-α
não ser encontrado no leite, estudos apontaram o EGF da placenta, da saliva e do leite como
responsável pela regulação da atividade deste fator de crescimento, e que este aparenta ser o
principal ligante entre o EGF e o EGFR na mucosa gástrica (OSAKI, 2009).

7.2.Fator de crescimento transformador beta (TGF-β)


A família dos fatores transformadores de crescimento-β (TGF-βs) compreende fatores
multifuncionais de crescimento e diferenciação que atuam na maioria dos tipos de células
com atividades dependentes do tipo de célula, estágio de proliferação e ambiente. É
composta por isoformas com atividades semelhantes, mas não idênticas (TGF-β1 a -β5),
sendo o TGF-β2 a forma predominante no colostro e leite bovino. O TGF-β2 tem função
desconhecida no leite, mas pode ser um mediador da imunidade da mucosa e na
diferenciação epitelial intestinal nos recém-nascidos. Além disso, desempenham um papel
importante na embriogênese, cicatrização de tecidos, formação de osso e cartilagem e no
controle do sistema imunológico (GAUTHIER et al., 2006).

Estima-se que o TGF-β tem como função o estímulo ao crescimento celular,


especialmente aquelas do tecido conectivo, participando da formação de ossos e cartilagens,
do controle do sistema imune, da cicatrização de ferimentos e do controle de inflamações
intestinais (DA SILVA, et al., 2015). O TGF-β se refere a um grupo de polipeptídios que
incluem os TGF-β1, TGF-β2 e TGF-β3, que possuem a função de regular o desenvolvimento
do tecido mamário.

A forma TGF-β2 é a que está presente em maior concentração no leite (85%) e


apresenta-se ligada a uma proteína, o TGF-β1 também é encontrada no leite, porém, em uma
concentração muito menor e o TGF-β3 não é encontrado no leite bovino (DA SILVA, et al.,
2015).

Portanto, os fatores de crescimento transformadores beta tem função importante


durante a embriogênese, no controle de respostas do sistema imune e na reparação tecidual.
São apontados como estimuladores da proliferação celular para alguns tecidos
(especialmente o conjuntivo, como citado anteriormente) enquanto podem atuar como
inibidores para outras células, como por exemplo as células epiteliais e os linfócitos (DA
SILVA, et al., 2015; GAUTHIER et al., 2006).
12

8. Conclusão
Apesar de alguns estudos serem relativamente antigos, os fatores de crescimento do leite
ainda podem ser considerados como um assunto novo. Há ainda uma grande lacuna de
informações a respeito dos mecanismos de ação dessas moléculas, que demonstram ter uma
grande importância no desenvolvimento dos neonatos (e para algumas delas, até mesmo
durante o desenvolvimento fetal).

Para além de elucidar suas funções biológicas e papeis metabólicos, os fatores de


crescimento do leite tem grande potencial de se tornarem produtos a favor da saúde animal
e humana e dando um uso mais eficiente a um coproduto abundante, o soro de leite.
13

Referências
Bonnet, H., Filhol, O., Truchet, I., Brethenou, P., Cochet, C., Amalric, F., & Bouche, G.
(1996). Fibroblast Growth Factor-2 Binds to the Regulatory β Subunit of CK2 and Directly
Stimulates CK2 Activity toward Nucleolin. Journal of Biological Chemistry, 271(40),
24781–24787. doi:10.1074/jbc.271.40.24781.
Burgess, W. H., & Maciag, T. (1989). The Heparin-Binding (Fibroblast) Growth Factor
Family of Proteins. Annual Review of Biochemistry, 58(1), 575-602.
doi:10.1146/annurev.bi.58.070189.
CAMARGOS, Daniel Páscoa. Purificação da lactoferrina bovina a partir de soro de leite e
sua incorporação como princípio ativo em uma formulação semi-sólida. Programa de Pós-
Graduação em Tecnologias para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
https://www.ufsj.edu.br/portal2repositorio/File/ppgtds/DISSERTACOES/Daniel_Pascoa.p
df. Acesso em: 21 jul 2021.
Cummins, A. G. (2002). Effect of breast milk and weaning on epithelial growth of the
small intestine in humans. Gut, 51(5), 748–754. doi:10.1136/gut.51.5.748
DA SILVA, Fernanda Lopes et al. FATOR DE CRESCIMENTO TRANSFORMADOR
BETA (TGF-β) EM LEITE: UMA REVISÃO. Revista do Instituto de Laticínios
Cândido Tostes, v. 70, n. 4, p. 226-238, 2015. Disponível em:
https://rilct.emnuvens.com.br/rilct/article/view/384/380. Acesso em: 10 jul 2021.
GAUTHIER, Sylvie F.; POULIOT, Yves; MAUBOIS, Jean-Louis. Growth factors from
bovine milk and colostrum: composition, extraction and biological activities. Le Lait, v.
86, n. 2, p. 99-125, 2006. Disponível em: https://lait.dairy-
journal.org/articles/lait/abs/2006/02/L0556/L0556.html. Acesso em: 10 jul 2021.
GERRARD, D. E. et al. Developmental expression and location of IGF-I and IGF-II
mRNA and protein in skeletal muscle. Journal of animal science, v. 76, n. 4, p. 1004-1011,
1998. Disponível em: https://academic.oup.com/jas/article-abstract/76/4/1004/4625219.
GOOD, Misty; SODHI, Chhinder P.; HACKAM, David J. Evidence-based feeding
strategies before and after the development of necrotizing enterocolitis. Expert review of
clinical immunology, v. 10, n. 7, p. 875-884, 2014. Disponível em:
<https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1586/1744666X.2014.913481>. Acesso em 02
ago 2021.
OSAKI, Luciana Harumi. O papel do alimento, do fator de crescimento transformante alfa
e do receptor do fator de crescimento epidermal na proliferação e diferenciação celular
durante o desenvolvimento pós-natal do epitélio gástrico de ratos. 2009. Tese de
Doutorado. Universidade de São Paulo. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42134/tde-06102009-104706/en.php. Acesso
em: 20 jul 2021.
SANTOS, Paula de Souza et al. Análise do polimorfismo no gene IGF-1 sobre a produção
de leite em bovinos da raça Girolando 5/8. 2003. Disponível em:
http://clyde.dr.ufu.br/bitstream/123456789/24943/1/AnalisePolimorfismoGene.pdf
SGARBIERI, Valdemiro Carlos. Propriedades fisiológicas-funcionais das proteínas do
soro de leite. Revista de Nutrição, v. 17, p. 397-409, 2004. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rn/a/kQ9Wndcg9kRT6dpZkbywkXt/?lang=pt&format=pdf>.
Acesso em: 15 jul 2021.
14

SIQUEIRA, Kennya Beatriz. O mercado consumidor de leite e derivados. Circular Técnica


Embrapa, v. 120, p. 1-17, 2019. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/199791/1/CT-120-
MercadoConsumidorKennya.pdf>. Acesso em: 15 jul 2021.
Suh, J. M., Jonker, J. W., Ahmadian, M., Goetz, R., Lackey, D., Osborn, O.,… Evans, R.
M. (2014). Endocrinization of FGF1 produces a neomorphic and potent insulin sensitizer.
Nature, 513(7518), 436–439. doi:10.1038/nature13540.
Turkington, R. W. (1969). The role of epithelial growth factor in mammary gland
development in vitro. Experimental Cell Research, 57(1), 79–85. doi:10.1016/0014-
4827(69)90369-3.
VARDASCA, Margarida João Costa. Importância do leite humano na prevenção da
enterocolite necrosante em recém-nascidos prematuros. 2017. Tese de Doutorado.
Disponível em:
https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/32265/1/MargaridaJCVardasca.pdf. Acesso em:
02 ago 2021.
WATSON, Ronald Ross; COLLIER, Robert J.; PREEDY, Victor R. (Ed.). Nutrients in
dairy and their implications for health and disease. Academic Press, 2017. Disponível em:
https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=SzJHDgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PP1&dq=CAPUCO,+A.+V.%3B+AKERS,+
R.+M.+The+origin+and+evolution+of+lactation.+Journal+of+Biology,+Dordrecht,+v.+8,
+p.+14,+2009&ots=agg2zr7Qzv&sig=1_ODF9N2Vmb_OWwgRwwB9JCyhVY#v=onepa
ge&q&f=false.
ZANIN, Tatiana. Colostro: o que é, para que serve e composição nutricional. Tua
Saúde. 2020. Disponível em: https://www.tuasaude.com/colostro/. Acesso em: 15 jul.
2021.

Você também pode gostar