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Montes Claros
Filipe Moan Berbet Vidal Bezerra
Montes Claros
2021
Sumário
1. Introdução ......................................................................................................... 4
6. Lactoferrina ....................................................................................................... 9
8. Conclusão........................................................................................................ 12
Referências ............................................................................................................... 13
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1. Introdução
O leite é uma das commodities agropecuárias mais importantes do mundo e todos os
dias, bilhões de pessoas consomem leite no mundo, nas suas mais diversas formas. Ele
apresenta importância econômica como fonte de renda e sobrevivência para grande parte da
população mundial, além de ser uma fonte vital de nutrição (SIQUEIRA, 2019).
Colostro
Componentes (%) Leite Tempo pós-parto
3h 72h
Gordura 3,5 6,8 3,72
Proteína total 3,2 9,42 4,68
Proteína do soro 0,5 8,5 1,6
Caseínas 2,73 0,92 3,18
Lactose 4,6 2,38 4,27
Cinza 0,7 1,02 0,74
Sólidos Totais 12 19,62 13,41
Devido a estes fatos, pesquisadores das mais diversas áreas, principalmente das áreas
humanas e animais, vem pesquisando os componentes do leite, para entenderem melhor os
seus efeitos nos organismos de todas as espécies.
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direcionadas aos fatores de crescimento tem sido focadas no colostro bovino, por causa de
seu alto teor de componentes bioativos, já que a concentração de fatores de crescimento no
colostro pode ser de 100 a 1000 vezes maior do que a concentração normal em leite bovino
(a concentração de fatores de crescimento diminui rapidamente após o parto) (GAUTHIER
et al., 2006, citado por DA SILVA, et al., 2015).
Concentração (ng/ml)
Fatores de Crescimento
Colostro Leite
Fator de crescimento epidérmico (EGF) 4-325 1-150
Fator de crescimento semelhante à insulina I (IFG-I) 100-2000 5-100
Fator de crescimento semelhante à insulina II (IFG-II) 150-600 5-100
Fator de crescimento transformador beta 1 (TGF-β1) 10-50 <5
Fator de crescimento transformador beta 2 (TGF-β2) 150-1150 10-70
Fator de crescimento do fibroblasto (FGF) NA* <1
Fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) NA* NA
*NA= presentes, mas sem dados de concentração disponíveis; ng/ml= nanogramas por
mililitro. Fonte: adaptado de Gauthier e colaboradores (2006).
Fator de
Fonte principal Atividade primária
crescimento
Estimula a proliferação de células
Tecidos e fluidos
EGF epidérmicas, epiteliais e embrionárias.
corporais
Inibe a secreção de ácido gástrico
Estimula a proliferação de muitos tipos de
IGF-I Fígado
células
O IGF-I é um mitogênio mais forte do que
o IGF-II, que estimula principalmente as
células de origem fetal. Influencia a
IGF-II Variedade de células diferenciação de algumas células. Causa
hipoglicemia, melhora do equilíbrio de
nitrogênio, redução do colesterol e potássio
e melhora das funções renais.
Estimula o crescimento de células,
especialmente no tecido conjuntivo. Inibe
outras células, como linfócitos e células
Plaquetas e outras
TGF-B2 epiteliais. Papel importante na
células
embriogênese, cicatrização de feridas,
formação de ossos e cartilagens e controle
do sistema imune.
Fonte: Adaptado de Gauthier et al., (2006).
Segundo Kopchick; Andry (2000), citado por Santos et al., (2003), houve a constatação
desse hormônio após observarem que o hormônio do crescimento (GH) não atuava
diretamente sobre os tecidos e sim de por meio de mensageiros que levavam a proliferação
e crescimento dos tecidos. Ainda segundo os mesmos autores, o IGF-1 tem um efeito de
promover o crescimento, porém, em altas concentrações, ele pode inibir a liberação do
hormônio liberador de gonadotrofina (GNRH) ou do hormônio do crescimento (GH).
6. Lactoferrina
A lactoferrina bovina foi identificada no leite no ano de 1939, sendo isolada do leite
bovino no ano de 1960. A lactoferrina é uma proteína de cadeia simples, composta de
aproximadamente 700 resíduos de aminoácidos, encontrada no soro do leite. Representa
aproximadamente 0,3% das proteínas do leite e possui efeito antiviral, antibacteriano,
antifúngico, imunomodulador e cicatrizante, sendo comercializada em alguns países como
nutracêutico (CAMARGOS, 2014).
Vardasca (2017) citou Good et al. (2014), onde ele dizia que a lactoferrina, é uma
glicoproteína com propriedades antimicrobianas, e há estudos que revelam que ela é
responsável por atenuar a liberação de citocinas pró-inflamatórias, além de estimular a
proliferação de enterócitos, sendo assim, um componente essencial para a boa saúde
intestinal. Em sua revisão, Good et al. (2014) observou que crianças que eram alimentadas
com leite possuíam maior resistência a enterocolite necrosante (doença que atinge crianças
e está associada a significativa morbidade e mortalidade).
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O efeito antibacteriano da lactoferrina pode ser atribuído a sua afinidade pelos íons
Fe, devido a captação dos íons férricos pela lactoferrina e consequente redução de sua
disponibilidade para as bactérias (JENSSEN; HANCOCK, 2009, citados por CAMARGOS,
2014). Além disso, a lactoferrina poderia se ligar ao lipídio A do lipo-polissacarídeo (LPS)
presente na parede celular de bactérias Gram-negativas, modificando a permeabilidade da
célula limitando a ativação das reações inflamatórias e em bactérias Gram-positivas, a LB
se liga ao ácido lipoteicóico, diminuindo as cargas negativas presentes na parede celular
bacteriana e tornando mais susceptível à ação enzimática (CAMARGOS, 2014).
O TGF-α foi identificado como uma molécula com atividade semelhante ao fator de
crescimento epidermal (EGF), apresentando 35% de homologia com este e compartilhando
o mesmo receptor, o receptor de fator de crescimento epidermal (EGFR). Apesar do TGF-α
não ser encontrado no leite, estudos apontaram o EGF da placenta, da saliva e do leite como
responsável pela regulação da atividade deste fator de crescimento, e que este aparenta ser o
principal ligante entre o EGF e o EGFR na mucosa gástrica (OSAKI, 2009).
8. Conclusão
Apesar de alguns estudos serem relativamente antigos, os fatores de crescimento do leite
ainda podem ser considerados como um assunto novo. Há ainda uma grande lacuna de
informações a respeito dos mecanismos de ação dessas moléculas, que demonstram ter uma
grande importância no desenvolvimento dos neonatos (e para algumas delas, até mesmo
durante o desenvolvimento fetal).
Referências
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