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SINOPSE
PSE DOS TEXTOS E PALESTRAS
1ª edição
Campinas
2016
0
Coordenação Geral e Edição
Revisão
FICHA CATALOGRÀFICA
LÁCTEOS E SAÚDE: SINOPSE DOS TEXTOS E PALESTRAS / Leila Maria Spadoti ... [et al.];
[organização Leila Maria Spadoti; Patricia Blumer Zacarchenco; Adriana Torres Silva e Alves]. – 1. ed.
– Campinas: ITAL, 2016.
ISBN 978-85-7029-139-4
Campinas/SP
www.ital.agricultura.sp.gov.br/tecnolat
1
PATROCINADORES E APOIADORES
DO SIMPÓSIO
2
APRESENTAÇÃO
3
O leite é, indiscutivelmente, fonte importantíssima de cálcio quanto à
quantidade e biodisponibilidade deste mineral, além de conter proteínas de elevado
valor nutricional e biológico. As proteínas lácteas desempenham várias funções na
nutrição (fonte de aminoácidos para síntese protéica e de energia), funções
tecnológicas (propriedades funcionais e sensoriais) e possuem regiões de sua
estrutura com atividades latentes de proteção e regulação das funções biológicas.
Muitas delas têm propriedades biológicas específicas, fazendo desses componentes
potenciais ingredientes de alimentos promotores de saúde com benefícios ao sistema
cardiovascular, digestório, imune e nervoso. Essas características das proteínas do
leite vêm despertando a atenção para o desenvolvimento de tecnologias de separação
e concentração destes componentes e sua aplicação em alimentos.
4
1) Na palestra “O que é leite?” a Dra Leila Maria Spadoti (Tecnolat/ITAL) expôs
sobre a importância da histórica do leite para a humanidade, fez breve descrição sobre
os componentes principais do leite, sobre os principais tipos de leite utilizados para
consumo por humanos (vaca, búfala, cabra) e suas características e, tratou, também
de mitos associados aos consumo de leite. Na presente publicação eletrônica está
disponibilizado o texto elaborado pelas Dra Leila Maria Spadoti, Dra Patrícia Blumer
Zacarchenco e Dra Adriana Torres Silva e Alves sobre estes tópicos.
5
sintomas, diagnóstico e tratamento. Na presente publicação eletrônica está
disponibilizado o texto elaborado pelo Dr. Edson Credidio sobre estes tópicos.
6
presente publicação eletrônica estão disponibilizados alguns dos “slides” da palestra
apresentada por Gilmar Junior sobre estes tópicos.
7
- Dra Luciana Viriato Saboya com a palestra “Processos tecnológicos de
produtos UHT sem ou baixa lactose: exemplos no mercado brasileiro e internacional”.
8
Conteúdo
1. O QUE É O LEITE?................................
................................................................................................
.......................................... 10
2. PRODUTOS LÁCTEOS COM ALTO TEOR DE PROTEÍNAS..................................
................................ 20
3. PROTEÍNAS LÁCTEAS: INGREDIENTES SINÉRGICOS EM SISTEMAS
PROTEICOS .............................................................................................................................
................................ ............................. 24
4. GORDURA DO LEITE E SAÚDE: S RECONSTRUINDO A HISTÓRIA SOB A LUZ
DA CIÊNCIA ..............................................................................................................................
................................ .............................. 47
5. ATUALIZAÇÃO EM INTOLERÂNCIA
INTOL À LACTOSE ....................................................
................................ 52
6. MECANISMOS DE AÇÃO DE D MICRO-ORGANISMOS ORGANISMOS PROBIÓTICOS PROBIÓTIC PARA A
SAÚDE HUMANA................................................................................................
................................ ..................................................... 64
7. DESAFIOS TECNOLÓGICOS
TECNOLÓG DA APLICAÇÃO DE PROBIÓTICOS EM
PRODUTOS LÁCTEOS ................................................................................................
................................ .......................................... 67
8. LEITES INFANTIS: IMPORTÂNCIA
IMP E ASPECTOS LEGAIS ....................................
................................ 72
9. PRODUÇÃO DE LÁCTEOS SEM LACTOSE ..............................................................
.............................. 76
10. PRODUÇÃO DE LEITE COM BETA CASEÍNA A2 ................................................
................................ 80
11. LEITE COMO FONTE DE INGREDIENTES FUNCIONAIS ..................................
................................ 94
9
1. O QUE É O LEITE?
BREVE HISTÓRICO
Hoje, apesar do
o ser humano poder trocar o leite por outros alimentos é
praticamente impossível encontrar em um único alimento todos os elementos contidos
em um simples copo de leite. As descobertas científicas sobre
sobre o leite e seus
componentes reforçam a busca pela conscientização
conscientização da população sobre a
importância da valorização deste alimento como símbolo de saúde e longevidade.
10
COMPOSIÇÃO DO LEITE
11
PRINCIPAIS LEITES UTILIZADOS PARA CONSUMO E SUAS CARACTERÍSTICAS
Leite de cabra
12
Outra diferença significativa entre os lipídeos do leite das duas espécies está
na composição dos seus ácidos graxos. O leite caprino possui elevados teores de
ácidos graxos de cadeia curta e média e o consumo destes ácidos graxos, bem como
dos triacilgliceróis de cadeia média, é indicado em tratamentos médicos para uma
série de distúrbios clínicos. Entre estes distúrbios estão: ressecamento intestinal,
síndromes de má absorção, desnutrição infantil, alimentação de bebês prematuros,
fibrose cística, esteatorreia e cálculos biliares. Esta indicação ocorre devido à
capacidade metabólica exclusiva desses ácidos graxos de fornecer energia
diretamente, ao invés de serem depositados no tecido adiposo, bem como a
capacidade deles de reduzir o nível de colesterol sérico e de inibir a deposição de
colesterol nos vasos sanguíneos. O leite caprino também contém mais ácidos graxos
monoinsaturados e poli-insaturados, os quais são conhecidos por serem benéficos
especialmente para as doenças cardiovasculares (HAENLEIN, 2004; CENACHI et al.,
2011).
13
O leite caprino possui maior teor de potássio e de sódio, em relação ao bovino,
tornando-o ligeiramente salgado (CENACHI et al., 2011). Também possui mais cálcio
e fósforo, que são fundamentais para a formação e manutenção dos ossos e para
prevenção da osteoporose (ANTUNES et al., 2009). Este leite também apresenta
maior teor de vitamina A que o leite de vaca, porém, tem um nível cinco vezes menor
de ácido fólico e de vitamina B12 (CENACHI et al., 2011).
Leite de búfala
O leite de búfala tem coloração branca intensa, pois possui maior quantidade
de vitamina A e não da provitamina A. A provitamina A, que é abundante no leite
bovino, é responsável pela pigmentação mais amarelada do leite de vaca (ANTUNES
et al., 2009).
14
menos duas porções de leite por dia, consomem também derivados e são
apreciadoras do paladar de produtos lácteos. No segundo grupo incluem-se as
pessoas que, embora não apreciem o paladar do produto, procuram consumir uma
quantidade mínima de leite e ou buscam algum derivado com a preocupação de obter
nutrientes dos quais os lácteos são sabidamente fontes. Por último cita-se o grupo de
pessoas que não consomem leite por opção.
Pode-se dizer que este terceiro grupo pode ser subdividido em três subgrupos:
o de pessoas que não consomem leite ou seus derivados por motivos de saúde
(intolerância à lactose, principal açúcar do leite; ou por alergia à proteína do leite); o de
pessoas que não gostam do seu paladar e não acham importante o seu consumo e,
por fim, o de consumidores que decidiram excluir o leite de suas dietas por conta de
afirmações populares contrárias ao seu consumo, muitas delas sem qualquer
embasamento científico.
Quando o filhote fica adulto, o desmame feito pelas fêmeas das diversas
espécies ocorre não porque o leite deixou de ser adequado para a cria, mas sim para
que o filhote passe a ingerir outros alimentos. Também serve para poupar energia da
fêmea para um novo processo de gestação.
A mesma lógica acontece conosco. O leite não deixa de ser eficiente por
sermos adultos ou por ter origem diferente da humana, apenas abrimos espaços para
outros alimentos em nossa dieta, tanto por terem outros nutrientes que não estão
15
presentes no leite, quanto por aumentarem nossa capacidade gustativa. Por mais que
exista uma vertente contrária ao seu consumo, o leite traz benefícios, sim. Ele ajuda
na prevenção da síndrome metabólica, na redução da pressão arterial, na prevenção
do diabetes tipo 2 e, claro, da osteoporose, pois quando o assunto é ingestão de
cálcio, a bebida ainda é uma das fontes mais importantes.
Com relação a esta afirmativa, relatos com base científica (ANTUNES et al.,
2009) e texto da pesquisadora Zacarchenco (MEDEIROS, 2016) explicam que:
16
Afirmação 3: “O único leite adequado para consumo humano é o materno,
visto que cada leite é específico para sua espécie”.
Com relação a esta frase, duas interpretações podem ser obtidas: a) o único
leite adequado para consumo de humanos lactentes é o materno, visto que cada leite
é específico para sua espécie e b) o único leite adequado para consumo humano em
qualquer idade é o materno, visto que cada leite é específico para sua espécie.
17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MCSWEENEY, P. L. H. (eds.). Encyclopedia of Dairy Sciences, 2 ed., v. 3. San
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Dairy Science , v. 83, n. 5, p. 940-944, 2000.
COMINETTI, C.; BORTOLI, M.C. de; COZZOLINO, S.M.F. Leite: fonte de proteínas,
minerais e vitaminas. In: ANTUNES, A.E.C.; PACHECO, M.T.B. Leite para Adultos-
Mitos e Fatos Frente à Ciência. São Paulo: Livraria VARELA Ltda, 2009. Cap.7, p.177-
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v.68, n.1–2, p.64–72, mar., 2007.
FOX, P.F.; MCSWEENEY, P.L.H. Dairy Chemistry and Biochemistry. 1998. 396p.
18
HAENLEIN, G. F. W. Goat milk in human nutrition. Small Ruminant Research, v. 51, p.
154-163, 2004.
SILVA, P.H.F. et al. Lácteos e Nutrição. In: CRUZ et al. Química, bioquímica,
análise sensorial e nutrição no processamento de leite e derivados. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2016. cap. 11, p.221-258.
19
2. PRODUTOS LÁCTEOS COM ALTO TEOR DE PROTEÍNAS
20
FIGURA 1: Evolução mundial do consumo de alimentos com alto teor de proteínas
desde 2010 até o momento atual.
Fonte: MINTEL (http://tolsonedtc620.weebly.com/uploads/4/0/7/1/40716697/protein-whitepaper-ntel.pdf)
22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MINTEL (http://tolsonedtc620.weebly.com/uploads/4/0/7/1/40716697/protein-
whitepaper-mintel.pdf);
23
3. PROTEÍNAS LÁCTEAS: INGREDIENTES SINÉRGICOS EM
SISTEMAS PROTEICOS
24
O leite bovino normal contém aproximadamente 35 g.L-1 de proteína total, a
qual pode ser fracionada em caseínas e soroproteínas. Segundo Walstra e Jenness
(1984), as caseínas são um grupo de fosfoproteínas específicas do leite, as quais se
precipitam com acidificação a pH 4,6, presente na forma de micelas. Nesta categoria
são inclusos quatro tipos de cadeias polipeptídicas, designadas αS1, αS2, β e κ-
caseínas, junto com alguns derivados formados pela proteólise destas. Micelas de
caseína são partículas coloidais com 80 nm a 300 nm de diâmetro (média aproximada
de 150 nm), consistindo em uma base seca de aproximadamente 94% de proteína e
6% aproximadamente de matéria inorgânica como cálcio, fosfato, magnésio e citrato,
sendo um importante composto inorgânico presente o fosfato de cálcio coloidal.
25
A desnaturação das soroproteínas afeta a conformação tridimensional e as
características funcionais das mesmas. O grau de desnaturação térmica das
soroproteínas varia em função da intensidade do tratamento térmico aplicado ao leite
no processamento de diferentes derivados. Dessa forma, a desnaturação deve ser
conduzida de forma a beneficiar as propriedades importantes para cada derivado
lácteo.
26
Oldfield et al. (1998b) sugerem que existem pelo menos três possíveis
espécies de desnaturação da β-LG que podem associar com as micelas: (i) monômero
de β-LG desdobrado, (ii) autoagregação de β-LG e (iii) agregados de β-LG/α-LA. A
taxa relativa de associação destas espécies com as micelas de caseína depende da
temperatura e do gradiente de aquecimento que, por sua vez, afetam as taxas
relativas de desdobramento e formação das diferentes espécies agregadas. Em
temperaturas elevadas e taxas de aquecimento rápido, todas as soroproteínas do leite
começam a se desdobrar em um curto período de tempo, apresentando assim mais
oportunidade para os monômeros de β-LG desdobrados se autoagregarem, fato que,
consequentemente, fará a associação com as micelas de caseína menos eficientes.
Estes agregados de β-LG poderiam sobressair da superfície da micela de caseína
promovendo um efeito estérico para novas associações de β-LG. Além disso, estes
agregados podem ter seus grupos reativos sulfidrílicos enterrados no interior do
agregado e, portanto, indisponíveis para as reações de transferência sulfidril-dissulfeto
com a κ-caseína micelar. A formação de β-LG desdobrada pode ser promovida por
longos períodos de aquecimento a temperaturas baixas, ou por aquecimento em uma
taxa lenta até a temperatura desejada. Estas moléculas monoméricas de β-LG
desdobradas penetram na camada capilar da κ-caseína com maior facilidade e tem o
grupo sulfidrílico mais facilmente acessível.
As proteínas de origem animal e vegetal estão sendo cada vez mais utilizadas
como ingredientes em um grande número de alimentos formulados. Os benefícios das
proteínas do leite como ingredientes em outros alimentos originam-se de suas
27
excelentes propriedades nutricionais e sua capacidade de contribuir para propriedades
tecno-funcionais,
funcionais, sensoriais e reológicas nos produtos finais.
28
Analisando o mercado dos produtos enquadrados na 2ª Geração, verificamos
que o Brasil é hoje um grande importador destes itens, mas já se visualizam os
primeiros passos das indústrias nacionais no intuito de atender este mercado,
principalmente pensando em concentrado proteico de soro (WPC).
29
AVALIAÇÃO DO EFEITO SINÉRGICO DE PROTEÍNAS LÁCTEAS
30
direta e indiretamente, afetar as propriedades reológicas do sistema alimentar e
impactar, positiva ou negativamente, na aceitação do consumidor de um produto
lácteo.
31
FIGURA 2 - Composição típica das proteínas do leite.
Fonte: Adaptado de WALSTRA et al.(2006) pelos autores.
32
FIGURA 3 - Composição típica das frações proteicas do leite.
Fonte: Adaptado de WALSTRA et al. (2006) pelos autores.
33
FIGURA 4 - Composição típica das frações de soroproteínas do leite.
Fonte: Adaptado de WALSTRA et al. (2006) pelos autores
Sistemas proteicos - SP
A B C D E
34
FIGURA 5 - Composição calculada das proteínas de um sistema proteico com 30% de
MPC e 70% de WPC.
Fonte: Adaptado de WALSTRA et al.
al (2006) pelos autores.
35
FIGURA 6 - Composição calculada das frações proteicas de um sistema proteico com
30% de MPC e 70% de WPC.
Fonte: Adaptado de WALSTRA et al.(2006)
al pelos autores.
36
FIGURA 7 - Parâmetros configurados no RVA.
Fonte: STEPHANI et al.(2015).
37
FIGURA 8 - Parâmetros analíticos coletados: viscosidade inicial (Vi), viscosidade de
pico (Vp), temperatura inicial de pico (Ti), temperatura final de pico (Tp), tempo inicial
do pico (ti) e tempo final de pico (tf); parâmetros analíticos calculados: viscosidade de
arranque (∆V), diferença ça de temperatura (∆T),
( T), intervalo de tempo do pico (∆t)( e
(∆ ∆t).
relação viscosidade de arranque por intervalo de tempo do pico (∆V/∆t).
Fonte: STEPHANI et al.(2015).
Assim, confirma-se
se o fato que quando as proteínas do soro sofrem
aquecimento, reações competitivas e interdependentes ocorrem e a importância de
cada reação é determinada pela condição de aquecimento e/ou
composição/concentração de cada tipo de proteína e/ou
e/ou ambiente químico.
Considerando a composição do WPC, a reação de particular importância representa a
desnaturação das soroproteínas e as interações destas com outras proteínas.
38
10000 90 10000 100
85 95
9000
A85 80
9000
A95 90
8000 8000 85
75
80
Viscosidade (mPa.s)
7000 7000
Viscosidade (mPa.s)
70
75
Temperatura (°C)
Temperatura (°C)
6000 65 6000 70
60 65
5000 5000
55 60
4000 50 4000 55
50
3000 45 3000
45
40
2000 2000 40
35
35
1000 1000
30 30
0 25 0 25
500 1000 1500 2000 2500 3000 460 920 1380 1840 2300 2760
Tempo (s) Tempo (s)
10000 100
10000 90 95
85
9000
B95 90
9000
B85 80 8000 85
8000 80
75
Viscosidade (mPa.s)
7000
7000 75
Temperatura (°C)
Viscosidade (mPa.s)
70
6000 70
Temperatura (°C)
6000 65
65
60 5000
5000 60
55 4000 55
4000 50 50
3000
3000 45 45
2000 40
40
2000 35
35 1000
1000 30
30
0 25
0 25 460 920 1380 1840 2300 2760
500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (s)
Tempo (s)
10000 90
10000 100
85
9000
C85 80 9000
C95
95
90
8000
75 8000 85
Viscosidade (mPa.s)
7000 70 80
Viscosidade (mPa.s)
7000
Temperatura (°C)
65 75
Temperatura (°C)
6000
6000 70
60
5000 65
55 5000
60
4000 50
4000 55
3000 45 50
3000
40 45
2000
35 2000 40
1000 35
30 1000
30
0 25
500 1000 1500 2000 2500 3000 0 25
460 920 1380 1840 2300 2760
Tempo (s)
Tempo (s)
7000
Viscosidade (mPa.s)
70 7000
75
Temperatura (°C)
Temperatura (°C)
6000 65
6000 70
60 65
5000 5000
55 60
4000 50 4000 55
45 50
3000 3000
45
40
2000 2000 40
35
35
1000 1000
30 30
0 25 0 25
500 1000 1500 2000 2500 3000 460 920 1380 1840 2300 2760
Tempo (s) Tempo (s)
10000 90
10000 100
85
9000
E85 80
9000
E95
95
90
8000
75 8000 85
80
Viscosidade (mPa.s)
7000 70
Viscosidade (mPa.s)
7000
Temperatura (°C)
75
65
Temperatura (°C)
6000
6000 70
60
5000 65
55 5000
60
4000 50 4000 55
3000 45 50
3000
40 45
2000
35 2000 40
1000 35
30 1000
30
0 25
0 25
500 1000 1500 2000 2500 3000
460 920 1380 1840 2300 2760
Tempo (s)
Tempo (s)
FIGURA 9 - Perfis viscográficos dos experimentos das amostras A até E (variável X3)
nos tratamentos térmicos (variável X1) 85°C/15minutos (A85 – E85) e 95°C/5minutos
(A95 – E95) nos diferentes pH (variável X2): 5,5 ( ), 6,5 ( ) e 7,0 ( ) ( STEPHANI
et al.,2015).
39
As interações de vários grupos reativos, como tiol ou as porções hidrofóbicas
expostas na superfície das moléculas de proteína, conduzem à formação de ligações
intermoleculares covalentes ou não covalentes, que resultam em agregações proteicas
e/ou polimerização. Essas mudanças moleculares alteram as características
funcionais das proteínas como hidratação, solubilidade, viscosidade de soluções,
formação de filmes, gelificação e adsorção na interface entre as fases aquosas e
lipídicas (DAMODARAN, 1996).
40
7,0, há uma forte presença de carga líquida negativa, proporcionando repulsão
eletrostática intramolecular, que promove o desdobramento das moléculas de β-LG
(principalmente) e α-LA com grande velocidade durante o aquecimento, permitindo
ainda a ocorrência de agregações resultantes de ligações intermoleculares
hidrofóbicas, que podem levar à precipitação e, com isto, à perda da homogeneidade
no compartimento de amostra do RVA.
Esta mesma avaliação foi observada por Law e Leaver (2000), que destacaram
reação acentuada de desnaturação da β-LG e α-LA quando o pH do leite é
incrementado e retardada quando o pH é reduzido. Outra observação em relação a
este grupo de proteína é o aumento das interações hidrofóbicas ocorridas após a
desnaturação o que representa um grande fator de impacto na perda de solubilidade
destas proteínas.
Uma empresa de ingredientes que vem atuando neste segmento é a Tate &
Lyle Gemacom Tech. A mesma tem investido fortemente em pesquisas para
apresentar ao mercado sistemas proteicos (SP) que proporcionem melhor tecno-
funcionalidade dentro de cada perfil de produto. Atualmente, oferece ao mercado uma
completa linha de proteínas lácteas isoladas e combinadas a diferentes estabilizantes
e espessantes, atendendo à crescente demanda de produtos com maior teor proteico.
41
No seu Centro de Inovação Tecnológica (CIT) é uma realidade a apresentação
de inovação em produtos com alto teor de proteína. Este CIT se configura como um
dos mais modernos do Brasil no segmento de alimentos, contendo: planta piloto UHT,
spray dryer, liofilizadores, sistema de homogeneização de alta pressão, setor de
padaria e confeitaria. Dentro desta configuração já é grande o número de pesquisas
realizadas que tem gerado sucesso na apresentação de produtos inovadores ao
mercado de alimentos, onde os produtos com alto teor de proteína são o principal
sucesso nos últimos anos (TATE & LYLE GEMACOM TECH, 2015).
42
FIGURA 10 – Healthy Cheese.
Fonte: SÉRVULO (2015).
CONCLUSÃO
43
Outro aspecto relevante desta linha de pesquisa é a necessidade da
construção de relações interinstitucionais, visando à inovação e à pesquisa científica e
tecnológica consubstanciada no ambiente produtivo. Estas relações são incentivadas
pela Lei n° 10.973, de 2 de dezembro de 2004 (com alterações recentes pela Lei n°
13.243, de 11 de janeiro de 2016), conhecida como “Lei da Inovação”, que reflete a
necessidade do país contar com dispositivos legais eficientes que contribuam para o
delineamento de um cenário favorável ao desenvolvimento científico, tecnológico e ao
incentivo à inovação (BRASIL, 2004.).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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46
4. GORDURA DO LEITE E SAÚDE:
S RECONSTRUINDO A HISTÓRIA SOB A LUZ
DA CIÊNCIA
47
do tipo 2 (KRATZ et al., 2013; MOZAFFARIAN, 2014; ASTRUP, 2014; YAKOOB et al.,
2014). Estas conclusões são corroboradas pelos seguintes achados: 1) Somente parte
da gordura saturada presente no leite (ácidos láurico, mirístico e palmítico) é
hipercolesterolêmica (i.e. aumenta os níveis de colesterol no sangue) e, além disso,
parte deste aumento é decorrente da fração colesterol-HDL, popularmente conhecido
como colesterol ‘bom’, cujas concentrações plasmáticas são inversamente associadas
ao risco cardiovascular (MAIJALA, 2000); 2) O aumento do colesterol-LDL (conhecido
como colesterol ‘ruim’) resultante da ingestão de parte da gordura saturada presente
no leite está associado às partículas grandes de colesterol-LDL, as quais,
diferentemente das partículas pequenas e densas, não aumentam o risco de doenças
cardiovasculares (SIRI-TARINO et al., 2010); 3) A gordura do leite de ruminantes (ex.:
vacas, cabras, ovelhas, búfalas) apresenta composição única na natureza devido às
particularidades do sistema digestivo e do metabolismo mamário destes animais, o
que resulta na presença de inúmeros compostos, alguns bioativos com propriedades
benéficas à saúde (SHINGFIELD et al., 2008). O exemplo mais notável é o do CLA
cis-9, trans-11 (ácido rumênico), um isômero do ácido linoleico (C18:2 n-6) cujas
propriedades funcionais têm sido objeto de grande interesse da comunidade científica
desde que suas atividades anticarcinogênicas foram descobertas acidentalmente
cerca de 30 anos atrás (PARIZA et al., 2004). Estudos conduzidos pela Embrapa
Gado de Leite em parceria com Universidades (LOPES et al., 2015) têm mostrado que
a ingestão de manteiga naturalmente enriquecida em CLA (obtida por meio da
manipulação da dieta de vacas leiteiras) apresenta efeitos positivos sobre
biomarcadores de doenças crônicas tanto em modelos animais (ALMEIDA et al., 2014;
GAMA et al., 2015) quanto em humanos (PENEDO et al., 2013). Além do ácido
rumênico, a gordura do leite é também fonte importante de ácidos graxos incomuns
com efeitos potencialmente positivos à saúde humana, como o ácido vacênico
(precursor da síntese endógena do ácido rumênico nos tecidos humanos via ação da
enzima ∆-9 desaturase), o ácido butírico, os ácidos graxos de cadeia ímpar e
ramificados (sintetizados pelas bactérias ruminais), o ácido trans-palmitoléico e o ácido
fitânico (KRATZ, 2013). Avanços obtidos nos métodos e técnicas analíticas (ex.: uso
de colunas capilares de alta polaridade na cromatografia gasosa) têm permitido a
identificação de um número notável de compostos na gordura do leite (>400 tipos de
ácidos graxos já identificados), cujos efeitos biológicos ainda não são completamente
conhecidos (JENSEN, 2002; DELMONTE et al., 2012). Outro aspecto da composição
da gordura do leite de particular interesse do ponto de vista nutricional é seu elevado
teor de ácido oleico (20-25% dos ácidos graxos totais), o ácido graxo majoritário do
azeite de oliva, um dos principais ingredientes da aclamada ‘Dieta do Mediterrâneo’; 4)
48
Os ácidos graxos com configuração ‘trans’ encontrados naturalmente na gordura do
leite (dentre eles os ácidos vacênico e rumênico), diferentemente dos ‘trans’ de origem
industrial, não estão associados a um maior risco de doenças cardiovasculares (LOCK
et al., 2005; UAUY et al., 2009), mesmo quando ingeridos em quantidades bastante
superiores (~4g/dia) às tipicamente observadas em muitas populações (JAKOBSEN et
al., 2008).
49
suportadas à luz das evidências científicas acumuladas nos últimos anos. Na verdade,
os resultados indicam uma associação inversa entre a ingestão da gordura do leite e o
risco de diabetes do tipo-2 e de obesidade, os quais são, reconhecidamente,
importantes fatores de risco para doenças cardiovasculares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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50
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51
5. ATUALIZAÇÃO EM INTOLERÂNCIA À LACTOSE
EDSON CREDIDIO
INTRODUÇÃO
52
TERMINOLOGIA
53
podem ser comprovados, como os mediados por células, deve-se empregar o termo
hipersensibilidade não alérgica. O termo hipersensibilidade deve ser usado para
descrever sinais e sintomas objetivamente reprodutíveis desencadeados por
exposição a um estímulo definido em dose tolerada por pessoas normais.
(JOHANSSON et al., 2004). Dentre as alergias, oito alimentos são responsáveis por
90% das reações alérgicas alimentares: leite, ovo, amendoim, frutos do mar, peixe,
castanhas, soja e trigo. A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é a mais frequente
(DELGADO et al., 2010). A alergia à proteína do leite de vaca ocorre quase sempre
em crianças geneticamente predispostas, afetando de forma significativa o bem-estar
da criança e da família. Sua gênese está associada à introdução precoce do leite de
vaca na alimentação de lactentes e desmame do leite materno também precoce
(BRASIL, 2012). O aleitamento materno promove crescimento e nutrição adequada,
proteção contra doenças e infecções, além de fortalecer o vínculo entre mãe e filho. A
amamentação no seio deve ser exclusiva nos primeiros quatro a seis meses de vida e
complementada até os dois anos de idade, sendo recomendada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS). Verifica-se que o número de crianças amamentadas (com
leite materno) ainda é pequeno e que a introdução precoce de outros tipos de leite é
comum. O leite de vaca é frequentemente usado em substituição ao leite materno;
logo, as suas proteínas são os primeiros antígenos alimentares com os quais o
lactente tem contato (BRASIL, 2012). As reações não-tóxicas imunomediadas
recebem o nome de alergia. Diferentemente da intolerância, a alergia ocorre devido às
reações com o componente protéico do leite, provocando liberação de anticorpos,
histaminas e outros agentes defensivos (ANTUNES e PACHECO, 2009). As proteínas
envolvidas no processo alérgico possuem massa molecular entre 10 mil e 70 mil
unidades de massa atômica. Dentre os fatores que mais afetam o desenvolvimento da
APLV na infância estão a permeabilidade da barreira do trato gastrintestinal, a
predisposição genética e a imaturidade fisiológica do sistema imunológico e do
aparelho digestório, inerentes às crianças nos primeiros dois anos de vida (PEREIRA
e SILVA, 2008). A alergia à proteína do leite de vaca pode ser classificada em:
mediadas por IgE, não mediadas por IgE e mistas (BRASIL, 2008). As reações IgE
mediadas são de fácil diagnóstico, por apresentarem manifestações rápidas, até 30
minutos após a ingestão do leite e pela formação de anticorpos específicos da classe
IgE. As reações não mediadas por IgE ocasionam 20 manifestações tardias, podendo
ocorrer horas ou dias após a ingestão do leite (CAFFARELLI et al., 2010). As reações
mistas são mediadas por anticorpos IgE e por células (linfócitos T e citocinas pró-
inflamatórias) (BRASIL, 2008). Dentre as proteínas do leite de vaca as de maior poder
alergênico são a caseína, α-lactoalbumina, β-lactoglobulina, globulina e albumina
54
sérica bovina, podendo causar tanto reações alérgicas IgE mediadas quanto não IgE
mediadas (MORAIS et al., 2010).
55
PREVALÊNCIA
56
Prevalência de hipolactasia primária do adulto em diferentes populações
FISIOPATOLOGIA
57
A absorção da glicose e galactose é determinada pela quantidade de lactase
presente na mucosa intestinal. Os monossacarídeos são transportados de maneira
ativa até a corrente sanguínea
sangu e ambos dependem do sódio para serem
transportados. Na corrente sanguínea, caminham pela veia
veia aorta até o fígado, onde
são metabolizadas.. .A ausência de lactase
lactase nas vilosidades da mucosa intestinal causa
uma diarréia
réia osmótica pela permanência de lactose
se não digerida na luz intestinal, com
a produção anormal de hidrogênio, ácido lático, ácido acético e pela decomposição
bacteriana.
1 – D – Galactose 2 – D - Glicose
SINTOMAS
58
lactose e não apresentar os sintomas (ANTUNES e PACHECO, 2009). A constipação
é observada possivelmente pela produção
produção de metano. A dor abdominal e inchaço são
normalmente causados pela fermentação da lactose pela microbiota intestinal que leva
à produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), hidrogênio, metano e dióxido de
carbono (LOMER et al., 2008).
MÉTODOS
S DIAGNÓSTICOS
59
produz ou não a enzima lactase. O aumento de 20 ppm de hidrogênio no ar expirado,
após 60 minutos da ingestão da lactose, pode indicar intolerância à mesma.
TRATAMENTO
CONCLUSÃO
60
geneticamente, porém uma mutação ocorre em parte da população para que possa
tolerar o leite na fase adulta. No Brasil 43% dos brancos e dos mulatos tem alelo de
persistência da lactase, sendo a hipolactasia mais frequente entre negros e japoneses.
O diagnóstico pode ser feito clinicamente, ou com auxílio do teste de tolerância a
lactose. O exame mais recomendado, porém, é o teste de hidrogênio expirado. Com a
descoberta do polimorfismo associado com a persistência da lactase, principalmente
no norte da Europa, o exame genético passou a ser outra ferramenta diagnóstica mais
confortável para o intolerante. A exclusão total da lactose deve ser evitada, pois pode
acarretar prejuízos nutricionais. O leite é uma rica fonte de proteína de alto valor
nutricional, gorduras, carboidratos, vitaminas e sais minerais, especialmente, cálcio,
fósforo, ácido linoléico conjugado (ALC) e vitaminas B2 e B12 e no leite integral
vitaminas A e D. O leite é um produto importante para os seres humanos por ser de
alto valor nutricional (MATTANNA, 2011). No tocante à intolerância, a exclusão total e
definitiva da lactose da dieta deve ser evitada, pois pode acarretar prejuízo nutricional
de cálcio, fósforo e vitaminas, podendo estar associada com diminuição da densidade
mineral óssea e fraturas. Caso a exclusão seja necessária pela gravidade dos
sintomas, a reintrodução dos produtos lácteos deve ser feita o mais breve possível,
sempre respeitando o limiar de tolerabilidade do paciente (MATTAR e MAZO, 2010).
Segundo RUZYNYK e STILL (2001), 45% das mulheres intolerantes, restabelecem a
habilidade de digerir a lactose durante a gestação. ANTUNES e PACHECO (2009)
sugerem que este fenômeno seja uma adaptação, tendo em vista que durante a
gestação a necessidade dietética é aumentada em vários nutrientes, os quais o leite é
rico, sobretudo o cálcio. Neste cenário a lactose também ocupa lugar de destaque por
ter importante função durante a fase de amamentação para o lactente refletindo
também na sua fase adulta. A lactose garante fonte importante de energia para o
lactente e como acidifica o pH intestinal é um auxiliar na absorção do cálcio, além de
guardar relação entre reforço do sistema imunológico e baixo pH intestinal
(MEDEIROS et al., 2012). Como o leite de vaca é importante fonte de nutrientes, a sua
eliminação da dieta sem adequada substituição pode prejudicar o crescimento normal
e a qualidade nutricional da dieta. Dessa forma, tão importante quanto à orientação
aos pais é a avaliação da ingestão alimentar e do estado nutricional das crianças
durante a dieta de exclusão. Esta necessidade é reforçada pelos resultados de
estudos que demonstram menor ingestão de energia, podendo levar à desnutrição
energético-protéica e à deficiência de nutrientes, principalmente o cálcio, em crianças
com alergia às proteínas do leite de vaca, quando comparadas a crianças sem alergia
(MEDEIROS et al., 2004). Os resultados mostraram que crianças que receberam
fórmulas de substituição apresentaram, aos dois anos, um desenvolvimento pôndero-
61
estatural similar à de uma população sadia. A utilização da lactase endógena não cura
a intolerância à lactose, porém evita os desconfortos gastrintestinais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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63
6. MECANISMOS DE AÇÃO DE
D MICRO-ORGANISMOS
ORGANISMOS
PROBIÓTICOS PARA A SAÚDE
SAÚDE HUMANA
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ);
(IFRJ
2
Instituto de Tecnologia de Alimentos
64
Em 2009, Galdeano e colaboradores publicaram os mecanismos de
imunoestimulação do leite fermentado probiótico com Lactobacillus paracasei
DN114001, em um modelo de experimentação animal. Foi verificado que existe uma
comunicação entre as bactérias probióticas, ou seus fragmentos, com as células
imunes associadas com a mucosa intestinal, proporcionando uma estimulação, que
resulta em um número de diferentes contagens de células imunes: linfócitos T,
linfócitos IgA+ e B e células relacionadas com a resposta inata e adaptativa, os
macrófagos, que consequentemente, proporcionaram a liberação de citocina IL-6.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
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LOLLO, P.C.B, MOURA, C.S., MORATO, P.N., NISISHIMA, L., FARIA, J.A.F.,
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International, v.54, p.119-124, 2013.
65
LOLLO, P.C.B., CRUZ, A.G, MORATO, P.N., MOURA, C.S., CARVALHO-SILVA, L.B.,
OLIVEIRA, C.A.F., FARIA, J.A.F., AMAYA-FARFAN, J. Probiotic cheese attenuates
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66
7. DESAFIOS TECNOLÓGICOS
TECNOLÓGICOS DA APLICAÇÃO DE
PROBIÓTICOS EM PRODUTOS LÁCTEOS
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ),
2
Instituto de Tecnologia de Alimentos
67
restrições impostas pela EFSA (European Food Safety Authority) às alegações de
benefícios à saúde dos probióticos.
68
Também é possível a incorporação de probióticos em sorvetes. A forma mais
comum de encontrar os probióticos em sorvetes é nos chamados “frozen yogurts”,
embora também possam ser adicionados às versões tradicionais dos sorvetes ou
picolés. Tamine, Robinson (2007) colocaram que o iogurte congelado (frozen yogurt)
pode ser dividido em três categorias: macio (soft), duro ou mousse (aerado). Estes três
tipos de produtos se assemelham a sorvetes quanto ao seu estado físico e são
caracterizados por ter o sabor do iogurte e a refrescância do sorvete. Podem conter
altos teores de açúcares e maiores quantidade de espessantes/emulsificantes se
comparados ao iogurte, pois estas substâncias são requeridas durante o processo de
congelamento para manutenção da estrutura das bolhas de ar.
69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TAMINE, A. Y.; ROBINSON, R.K. Yogurt: Science and Technology. 2007. New York:
CRC Press. 2007.
71
8. LEITES INFANTIS: IMPORTÂNCIA
IMPORTÂNCIA E ASPECTOS LEGAIS
1
PATRÍCIA BLUMER ZACARCHENCO
ZACA ; ADRIANA TORRES SILVA
SIL E ALVES1;
LEILA MARIA SPADOTI1
1
Instituto de Tecnologia de Alimentos
72
além da presença de proteínas espécie-específicas. O grupo dos carboidratos, por sua
vez, é composto por grande diversidade de oligossacarídeos e glicopeptídeos, muitos
dos quais são os chamados fatores bífido da composição do leite humano com
influência sobre a microbiota bifidogênica no intestino da criança. O leite humano
também apresenta baixa osmolalidade, baixo conteúdo de minerais e, portanto, baixa
carga renal. A taxa cálcio/fósforo maior que no leite de vaca leva a uma maior
proteção contra a hipocalcemia. Além disto, os teores equilibrados de minerais,
elementos em traços, vitaminas e coenzimas, presença de numerosos fatores de
imunidade específicos e não específicos, altos teores de lactoferrina e lisozima, altos
teores e variedade de nucleotídeos são características únicas do leite humano. Todos
estes fatores são a garantia para o excelente crescimento e desenvolvimento de
bebês com menores riscos de sobrepeso e obesidade (BOURNE, 1981; RIVA et al.,
2007; CAMPOS et al., 2008).
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
73
Nestas três resoluções está ainda definido o conceito de “limites superiores de
referência” (LSR) que são limites para nutrientes e outras substâncias obtidos a partir
das necessidades nutricionais dos lactentes ou crianças de primeira infância e do
histórico de uso estabelecido aparentemente seguro, não devendo ser interpretados
como valores a serem alcançados. O conteúdo de nutrientes e de outras substâncias
nas fórmulas infantis não pode ultrapassar os LSR, a menos que níveis mais elevados
não possam ser evitados devido ao alto ou ao variável conteúdo destes nutrientes
naturalmente presentes nos ingredientes do produto ou devido a razões tecnológicas,
desde que sejam devidamente justificados e tenham a segurança comprovada.
Também está estabelecido no Brasil que, se o leite de vaca for a única fonte de
proteína, o produto pode ser designado como "Fórmula infantil para lactentes à base
de leite de vaca" e se a soja for a única fonte de proteína, o produto pode ser
designado como "Fórmula infantil para lactentes à base de soja".
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2011. Regulamento técnico para fórmulas infantis para lactentes destinadas a
necessidades dietoterápicas específicas e fórmulas infantis de seguimento para
lactentes e crianças de primeira infância destinadas a necessidades dietoterápicas
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lactentes: repercussões na qualidade da nutrição e saúde infantil. Revista de Pediatria,
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RIVA, E.; VERDUCI, E.; AGOSTINI, C.; GIOVANNINI, M. Comparison of the nutritional
values of follow-on formulae in Italy. The J Int Med Res, v. 35, p.20-27, 2007.
75
9. PRODUÇÃO DE LÁCTEOS SEM LACTOSE
GILMAR JR.
PROZYN
76
Corrigir, se possível “Intolerância
“ à lactose” (linhas 2 e 3; e 4)
77
78
79
10. PRODUÇÃO DE LEITE COM BETA CASEÍNA A2
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
11. LEITE COMO FONTE DE INGREDIENTES
FUNCIONAIS
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
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109
110
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112
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