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BIOMEDICINA
MICROBIOLOGIA DO LEITE
Resumo
Ao longo do tempo várias pesquisas têm sido conduzidas e inúmeros estudos realizados com
o objetivo de determinar o papel desse alimento presente desde os primeiros momentos de
vida do ser humano. Os resultados apontam para funções muito mais diversificadas do que as
já tradicionalmente reconhecidas, como fonte de cálcio. Entre essas funções surgem
propriedades anticarcinogênicas, de controle de peso, aumento da massa muscular, prevenção
de diarreias, redução de desmineralização dos dentes, entre muitas outras. (RENHE,2013.
Para chegar ao consumidor final, o leite passa por um longo processo que inicia na ordenha,
veja as etapas deste processo:
FONTE:https://www.nsctotal.com.br/noticias/novas-regras-para-a-producao-de-leite-preocupam-o-campo-e-as-
industrias-de-sc
3.0 MICROBIOLOGIA DO LEITE
O leite, por mais que venha de um animal totalmente completamente saudável, sempre tem
uma certa quantidade de microrganismos “cuja taxa é variável de 10³ até 106 UFC/ml
dependendo das condições higiênicas adotadas durante a ordenha e das condições de
armazenamento na granja, nos centros regionais de coleta e nas centrais” (ORDÓÑEZ, 2005).
Existem duas vias por onde o leite pode ser contaminado através do exterior do úbere (o
úbere, no caso da vaca, é órgão que faz a produção do leite) ou também por equipamentos que
são usados na hora de fazer a ordenha. A seguir, vamos falar sobre essas duas vias de
contaminação:.
– É a contaminação feita por microrganismos que são produzidos pelo próprio corpo do
animal.
Mesmo que o animal esteja saudável sempre há bactérias banais que contaminam o
leite no interior do úbere, sendo essa carga original pequena e composta,
principalmente, por micrococos, bactérias corineformes e estreptococos, mas
também pode haver grande variedade de bactérias Gram-positivas esporuladas ou
não e Gram-negativas. Agora, se o animal estiver doente os microrganismos podem
atingir o interior do úbere por via endógena como no caso do Mycobacterium
tuberculosis e das brucelas (ORDÓÑEZ, 2005).
Existem três tipos de grupos de bactérias que são responsáveis também pela contaminação
patogênica, são elas:
BACTERIAS MESÓFILAS – Surgem quando o leite não é refrigerado muito rápido e são
muito ágeis na hora de se multiplicar, principalmente nas épocas mais quentes. Que são as
bactérias dos grupos dos lactobacilos, estreptococos, lactococos e coliformes. Elas produzem
ácido lático, entre outros, que causam a acidez no leito através da fermentação.
BACTERIAS TERMODURICAS – São super resistentessuper-resistentes a pasteurização
porque elas aguentam temperaturas de até 100°c, ou então elas produzem esporos que para
serem destruídos precisam ficar durante 25 minutos expostos a 120°c. As bactérias Bacillus e
Clostridium são exemplos de bactérias que tem esporos.
Por serem bactérias que resistem a pasteurização, logo, elas diminuem a validade do leite
pronto para consumo e também a qualidade, ainda mais se elas forem psicotróficas.
BACTERIAS PSICOTRÓFICAS – Esse tipo de bactéria se multiplica em temperaturas
baixas. Existem várias que também são mesófilas. Quando acontece a multiplicação dessas
bactérias no leite cru, é quando ele começa a estragar, por isso, são os microrganismos que
mais ameaçam a vida útil do leite.
A maioria das bactérias psicotroficas não são patogênicas, como por exemplo, as do gênero
Pseudonomas, Aeromonas, Lactobacillus, Arthrobacter, Favobacterium e
Chromobaterium. Porém, tem algumas que são do gênero Yersinia eterocolitica, Bacillus
Cerus e Listeria monocytogeneses que causam intoxicação alimentar.
Estes microrganismos aparecem geralmente quando não tem higiene correta na ordenha ou
qualquer equipamento usado depois dela, quando o leite não é armazenado numa refrigeração
adequada e até mesmo se ficar tempo demais no refrigerador
O grupo de microrganismos psicrotróficos inclui bactérias gram-negativas e gram-
positivas. Os principais gêneros isolados, em estudos conduzidos em países de clima
temperado, são: Pseudomonas, Flavobacterium e Alcaligenes (gram-
negativas), Clostridium, Microbacterium, Streptococcus, Corynebacterium, Arthro
bacter e Bacillus (gram-positivas). Bactérias patogênicas como Listeria
monocytogenes, Yersinia enterocolitica e algumas estirpes de Bacillus
cereus isoladas de leite também são psicrotróficas (SHAH, 1994; SØRHOUG &
STEPANIAK, 1997).
3.3 PROBIÓTICOS
Já sabemos que as bactérias nem sempre são “vilãs”. No caso do leite nós temos os
probióticos.
Os probióticos fazem bem a nossa saúde. São microrganismos que atuam na absorção de
nutrientes e em nossa digestão, ajudam a deixar a imunidade forte, criando um escudo para
doenças.
É na flora intestinal, ou microbiota intestinal, que acontece a ação dos “mocinhos” em nosso
corpo. Segundo Charteris “O íleo terminal e o cólon parecem ser, respectivamente, o local de
preferência para colonização intestinal dos lactobacilos e bifidobactérias (Charteris et al.,
1998; Bielecka et al., 2002Com)”. Com a ajuda de todo um ecossistema que temos no
intestino, essas bactérias têm a importantíssima função de nos manter páreos para qualquer
microrganismo ruim que aparecer.
Lembramos que os benefícios do leite e derivados não param por aí. Eles também são ricos
em cálcio, potássio, proteínas, aminoácidos, fosforo e vitaminas.
Tendo em vista os aspectos observados, concluímos que assim como o leite é um dos
alimentos mais consumidos, tendo em consideração os benefícios, principalmente em bebês e
crianças, este também é um alimento com alto nível de perecibilidade.
O leite requer de manipulação e armazenamento adequados para garantir um produto com o
menor risco possível de contaminação por agentes patogênicos.
Nem todos os microrganismos que contaminam o leite são ruins, alguns deles são benéficos,
no entanto quando não existe uma atividade microbiana controlada, isso torna o leite
improprio para o consumo.
Métodos como a pasteurização, são utilizados para acabar com as bactérias que são
desvantajosas para o nosso organismo.
A contaminação não somente pode causar alterações nutricionais, mas representa um grande
risco a saúde da população e é devido a isto que as análises realizadas na indústria assim
como os controles de qualidade devem ser realizadas de forma severa.
REFERENCIAS
BRINQUES, 2015
ORDÓÑEZ, J.A. Tecnologia de Alimentos: Alimentos de Origem Animal. vol. 2. Porto Alegre: Artmed; 2005.
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SIQUEIRA, K. B. (ed.). Na era do consumidor: uma visão do mercado lácteo brasileiro. Juiz de Fora: Ed.
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RENHE, Isis R. T.. O papel do leite na nutrição. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, [S.l.],
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STEIJNS, J. M. Dairy products and health: Focus on their constituents or on the matrix? International
Dairy Journal v. 18, p. 425-435, 2008.
VIEIRA, L. C.; Kaneyoshi, C. M.; Freitas, H. de. Criação de Gado Leiteiro na Zona Bragantina – Cadeia
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