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Tópico 1 – Agronegócio da bovinocultura leiteira

Ao fim deste tópico, você será capaz de contextualizar a bovinocultura na


conjuntura socioeconômica brasileira. Para atingir esse objetivo,
acompanhe as informações com atenção.
Estatística da produção de leite
A cadeia produtiva do leite no Brasil passou por grandes transformações
nas últimas décadas. A produção de leite tem crescido a uma taxa média
anual de quase 5% nos últimos 30 anos, o que faz com que a balança
comercial do leite, de negativa, torne-se positiva. Com isso, o país passou a
atender praticamente toda a demanda do mercado interno e exportar o
excedente.
A produção anual de aproximadamente 35 bilhões de litros de leite é
advinda principalmente das Regiões Sul (36%) e Sudeste (34%); Minas
Gerais é o estado responsável por quase um terço da produção nacional.
Confira na tabela a seguir:
Enquanto a produção de leite aumentou, o número de vacas ordenhadas
diminuiu. A explicação foi o aumento de aproximadamente 60% na
produtividade média de leite por vaca, que passou, nos últimos 20 anos,
de 1.618 L/vaca/ano para 2.621 L/vaca/ano.
Mas, você sabia que, apesar dos avanços na produtividade animal, ainda
temos muito a avançar nessa área?
Em comparação, a produtividade por vaca, nos Estados Unidos, é de
9.219 L/vaca/ano (em 305 dias de lactação, o que equivale a 30,2
L/vaca/dia), em sistema caracterizado por animais de alto potencial
genético criados em confinamento.
A Nova Zelândia é o maior exportador de leite do mundo e tem menos da
metade da extensão territorial do estado da Bahia. Lá, o sistema de
produção de leite é baseado em pastagens bem manejadas, e com isso, a
produtividade é de 3.817 L/vaca/ano.
Além disso, a produtividade de leite no Brasil não é uniforme. A média
da Região Nordeste é menor que a metade da média nacional, com
apenas 1.178 L/vaca/ano (equivalente a 4,4 L/vaca/dia, considerando uma
lactação com 270 dias de duração).

É fato que o número de produtores de leite tem decrescido. Estima-se que


15% dos produtores (equivalente a 200 mil) saíram da atividade nos
últimos 20 anos. O percentual de propriedades que produzem acima de
200L por dia, ainda que pouco representativas, mais que dobraram e,
assim, atingiram 7% do total.
É muito provável que a pequena escala de produção diária de leite não
gere renda suficiente para manter o produtor na atividade, o que causa
um sério impacto social. Você conhece alguém que passa ou já passou por
essa situação? Se esse é o seu caso, não se preocupe! Esse curso vai ajudar
você!
Você precisa saber que a cadeia produtiva do leite é dividida em diversos
segmentos.

O primeiro é o setor de fornecimento de insumos, ou seja, de tudo aquilo


necessário para a produção, tais como sementes, fertilizantes, misturas
minerais, rações, vacinas, medicamentos etc.
O segundo é o segmento onde você se insere, que se constitui pelas
unidades produtivas ou propriedades leiteiras nas quais o leite é
produzido.
O leite cru (sem processamento) é captado por empresas ou cooperativas,
que constituem o terceiro segmento, nas quais ocorre o processamento,
que resulta em leite fluido pasteurizado e derivados, tais como queijo,
manteiga e iogurte.
Finalmente, os processados lácteos vão para o atacado e o varejo (quarto
segmento), onde são adquiridos pelos consumidores, cada vez mais
preocupados com as condições de produção dos alimentos e exigentes
quanto à qualidade.

O perfil dos produtores de leite é caracterizado geralmente pela baixa


escala de produção diária, sazonalidade da produção (concentrada na
época chuvosa do ano) e a despadronização da qualidade. Normalmente,
o produtor não é organizado em associações ou cooperativas. Apesar de
todos os produtores se preocuparem com o preço de venda do leite,
poucos conhecem o custo de produção.

Tome nota

Para profissionalizar a atividade, é muito importante conhecer o sistema


de produção e de custos, bem como o planejamento, a execução e o
monitoramento de um plano de ação.
Mas você não está só! Saiba que organizar-se para comprar insumos e
vender o leite em conjunto é uma estratégia que resulta em preços mais
atrativos!

Mercado do leite

Com o aumento da população, o consumo crescente de produtos lácteos


está garantido. Além disso, o aumento do poder aquisitivo se reverte em
aumento do consumo de produtos com mais alto valor agregado, como
iogurte e diferentes tipos de queijos. Em média, cada brasileiro consome,
anualmente, 170 L de equivalente em leite. Contudo, a desigualdade social
marcante no nosso país também se reflete no consumo de lácteos.
VOCÊ SABIA?
Um grave problema enfrentado pela cadeia produtiva do leite no Brasil é o
percentual de leite informal ainda comercializado. Quase um terço do leite
produzido é comercializado de forma clandestina – uma séria questão de
saúde pública!
Os preços do leite são controlados basicamente pela oferta e pela
demanda. Apesar de não ser tão simples analisar o preço do leite sem
levar em consideração a conjuntura econômica, houve elevação
significativa dos valores pagos ao produtor, mas também nos custos de
produção. Os impactos da pandemia de Covid-19 sobre a produção e o
mercado de leite foram drásticos, mas estão sendo superados, e as
perspectivas são positivas.

Tópico 2 – Importância do manejo racional na produção e


qualidade do leite

Ao fim deste tópico, você vai poder estabelecer o conceito de


especialização da pecuária leiteira, enumerar os principais fatores que
afetam a produção e a qualidade do leite e vai descrever boas práticas do
manejo racional de bovinos leiteiros.
Tudo pronto? Então, acompanhe!

Diferenças da pecuária especializada e não-especializada na produção leiteira

A pecuária é classificada conforme o produto principal explorado no


rebanho. Na pecuária de corte, a carne é o foco. A pecuária leiteira, por
sua vez, é especializada na produção de leite. Entretanto, uma situação
muito comum é o produtor querer ganhar no leite e no bezerro por meio
de animais de duplo propósito (carne e leite), ou de vacas de corte
(também chamadas de vacas de cria).
Na verdade, o produtor acaba por perder dos dois lados. Atenção, pois a
orientação é buscar a profissionalização da atividade com foco na
produção de leite, muito mais lucrativa, enquanto o bezerro torna-se um
subproduto. Perde-se de um lado, mas, quando se investe no
melhoramento genético, o valor agregado das novilhas para venda se
torna mais atrativo, o que compensará uma eventual desvalorização dos
bezerros.
Vamos fazer um comparativo entre vacas de cria e leiteiras.

Ao considerar as despesas e o resultado, é melhor ter um menor número


de vacas especializadas na produção de leite do que muitas vacas com
baixa produção.
Tome nota

Para ter sucesso e aumentar a produção de leite, o produtor deve investir


em animais de qualidade com o manejo apropriado. Muitas vacas de baixa
produção aumentam as despesas e não trazem resultado. Você já havia
pensado nisso?

Principais fatores que afetam a produção e a qualidade do leite

Para que o nosso objetivo de produzir leite com eficiência e lucratividade


seja concretizado, devemos ter atenção a todos os fatores que afetam a
produção e a qualidade do leite de maneira conjunta.
O diagrama abaixo mostra que a gestão da produção de alimentos e da
alimentação, do melhoramento genético, do bem-estar animal, das
instalações e dos equipamentos, da reprodução, da saúde e do manejo do
rebanho, da higiene de ordenha e a administração são os principais
fatores que merecem atenção e a aplicação de tecnologias apropriadas.

As boas práticas agropecuárias (BPA) aplicadas à pecuária leiteira tratam


da implementação de procedimentos adequados a todas as etapas da
produção de leite.
BPA da pecuária leiteira trata da implementação de procedimentos
adequados em todas as etapas da produção de leite e enumera diretrizes
relacionadas à segurança do consumidor e à gestão econômica, social e
ambiental de propriedades leiteiras. Para atingir os objetivos, os
produtores de leite devem aplicar os princípios de BPA nas seguintes
áreas: nutrição, tanto alimento quanto água, bem-estar e saúde animal,
higiene na ordenha, meio ambiente e gestão socioeconômica.
A gestão dos recursos ambientais deve ser levada a sério, pois toda a
produção de leite depende dos recursos naturais, por isso a proteção das
fontes de água, a conservação do solo, o manejo dos resíduos e a
eficiência energética sempre devem ser observados de perto.
Sabendo que a pecuária é uma das atividades que mais ocupa mão-de-
obra no campo, a capacitação dos trabalhadores é de vital importância
nas propriedades.
Assim é possível compreender e mitigar os riscos envolvidos nas
atividades rotineiras, como preparo e fornecimento de alimentos, lida com
os animais, aplicação de agroquímicos, vacina e medicamentos.

Tópico 3 – Administração da pecuária leiteira

Ao concluir este tópico, você vai conseguir identificar as ferramentas de


administração rural aplicadas à bovinocultura leiteira. Vamos começar?
Planejamento
O planejamento é fundamental para balizar as decisões a serem tomadas.
Os primeiros passos para elaborar um planejamento é fazer um inventário
patrimonial e estudar a região onde você se encontra, para analisar as
potencialidades e desafios.
A seguir, você vai saber qual foi o passo a passo adotado na fazenda do
Antenor e da Augusta, a Santa Esperança, que você conheceu no vídeo de
apresentação do curso. Veja com atenção e siga esse exemplo!
PASSO 1:
O primeiro passo adotado pela Augusta foi atribuir valores de mercado
aos itens pertinentes. Sem isso, não tem como calcular os custos de
produção.
PASSO 2:
Em seguida, Augusta e Antenor analisaram a conjuntura interna e externa
e elencaram os pontos fortes e fracos da propriedade e da região para
exercer a atividade na sua plenitude. A partir daí, puderam traçar o
objetivo e a meta (quantificada e com prazo definido).
PASSO 3:
Até agora, apresentamos a você apenas a descrição do que existe e do
que se pretende fazer. A partir de agora é que o verdadeiro exercício de
planejamento começa!
Lá na fazenda Santa Esperança, Antenor e a filha conversaram entre si,
mas, se você está fazendo esse exercício sozinho, pergunte-se: para
atingir essa meta, o que será necessário?
Em seguida, eles colocaram no papel o detalhamento de cada passo
necessário para atingir a meta dentro do prazo determinado. Antes de
fazer um detalhamento, você poderá fazer uma listagem geral para
verificar a necessidade e o cronograma de investimento.
Confira abaixo como ficou o modelo de planejamento e controle de custos
adotado na fazenda Santa Esperança.

Depois desse detalhamento, foi a vez de preparar um cronograma de


desembolso. Confira esse exemplo, utilizado na fazenda Santa Esperança.
Dessa forma, você saberá o investimento necessário e o momento de
aplicação dos recursos. Caso não esteja ao seu alcance, reajuste a meta e
faça a adequação dos itens.

Ordenhando ideias

Na fazenda Santa Felicidade, Augusta sabe que as matrizes de qualidade


constituem um relevante investimento. Então, devemos começar com o
preparo das condições necessárias para uma boa produção, como a
produção de alimentos, as instalações (simples e funcionais) e outros. Em
seguida, é a hora de “trocar” as vacas mais comuns por outras, de maior
potencial genético. Às vezes, será necessário vender duas ou três vacas
comuns para comprar uma de maior qualidade, mas valerá a pena!

PASSO 4:
Este é o último passo para um planejamento bem-feito. Nesta etapa, é
feito um detalhamento de cada um dos itens da listagem geral.
Confira esse exemplo, da implantação de 2 hectares de pastagem.
A planilha deve ser atualizada à medida que você faz o trabalho. Dessa
forma, você vai ter controle sobre o que foi planejado e o que foi
executado.

Escrituração zootécnica
Agora que você já sabe como fazer seu planejamento, chegou a hora de
entender a escrituração zootécnica.
O controle do rebanho, chamado de zootécnico, contempla os registros
genealógicos, produtivos, reprodutivos e sanitários. Para fazer esse
controle, usamos dois registros: a ficha de campo e a ficha individual. A
primeira traz as anotações em cadernos de campo, de fácil acesso e uso
rotineiro. Já a segunda é onde os dados coletados no campo são
registrados e arquivados, geralmente na sede da fazenda.
Veja esses exemplos adotados na fazenda Santa Esperança.
Fichas de campo
Agora, com os dados colhidos no campo, você passa para a ficha
individual. Cada vaca deve ter um registro (nome ou número) que se
relaciona à respectiva ficha individual. Esse é o principal instrumento
aplicado na seleção dos animais e no melhoramento genético.
Essa ficha contém as informações de genealogia (pai e mãe), controles de
vacinas e medicamentos, eventuais problemas de saúde, histórico da
reprodução e produção.
Confira aqui os modelos utilizados pela Augusta e pelo Antenor lá na
fazenda Santa Esperança.
Controle financeiro

Agora que você já sabe como fazer o planejamento da fazenda e o


controle zootécnico, está na hora de aprender a estabelecer o controle
financeiro.
Os gastos (despesas) e ganhos (receitas) devem ser anotados com
detalhes, sem esquecer nenhum, para não prejudicar a contabilidade.
Lá na fazenda Santa Esperança, depois de muito estudo, Augusta e
Antenor adotaram fichas simples, mas eficientes. Confira:
Tópico 4 – Estrutura de custo da pecuária leiteira

Este é o último tópico do Módulo 1: Conceitos de gestão da pecuária


leiteira. Nesse tópico, nosso objetivo é identificar os itens da estrutura de
custo da bovinocultura leiteira.
Agora que você já tem as ferramentas de gestão zootécnica e
administrativa, vamos entender os conceitos e a estrutura de custos da
pecuária leiteira.
Conceitos aplicados no cálculo dos custos de produção

A primeira metodologia de análise de custos usa os conceitos de custos


fixos e variáveis. Os custos fixos são aqueles que não variam de acordo
com a quantidade produzida, e cuja duração é maior do que um ciclo de
produção que, no caso do leite, é de 1 ano.
Consideramos a depreciação dos itens de vida útil com duração de mais
de 1 ano, como instalações, equipamentos etc., de acordo com a equação
a seguir.

Vi é o valor inicial do bem, ou seja, o valor de aquisição, ou o valor na data


do diagnóstico.

Vf é o valor final ou de sucata do bem ao término de sua vida útil.

N é o número de anos de vida útil estimada do bem.

Custos variáveis são aqueles que variam de acordo com a quantidade


produzida, cuja duração é igual ou menor do que 1 ano: mão de obra,
despesas com alimentação, reprodução, medicamentos e outras.
Na fazenda Santa Esperança, Antenor e Augusta enfrentaram dificuldades
para avaliar alguns itens que compõem o custo fixo, como a remuneração
da terra, do capital fixo e do produtor. Depois de muito estudo,
resolveram adotar a metodologia de custo operacional total e efetivo.
COE: O Custo Operacional Efetivo compreende todos os custos
efetivamente desembolsados em um ano agrícola. Também se
enquadram os custos administrativos e os custos financeiros do capital de
giro.

COT: O Custo Operacional Total compreende o custo operacional efetivo


(COE) mais as depreciações de maquinários, implementos, benfeitorias,
remuneração do produtor etc.

MB: A Margem Bruta resulta da subtração entre a receita bruta (RB, tudo
que foi capitalizado da atividade leiteira como venda de leite e de animais)
e o custo operacional efetivo (COE). Ou seja:
MB = RB – COE

ML: A Margem Líquida resulta da subtração entre a receita bruta (RB) e o


custo operacional total (COT). Ou seja:
ML = RB – COT

Estrutura de custos de produção de leite

O inventário da infraestrutura feito no planejamento é lançado na


avaliação anual do custo de produção na forma de depreciação, item a
item. Alguns itens não têm valor final, como pastagens, por exemplo.
As despesas com a produção dentro do ano são agrupadas. Por exemplo,
o item alimentação vai considerar tudo que foi gasto com a aquisição de
rações, misturas minerais, volumosos etc. A parte de sanidade considera
vacinas e medicamentos, e assim por diante.
Agora, você vai conhecer um estudo de caso que fez um diagnóstico de
uma amostra de aproximadamente 40 fazendas leiteiras na Bahia, com
média de produção diária de 74 L/dia oriundos de 23 vacas em lactação.
Como nenhum dos produtores usavam inseminação artificial, não houve
despesas com reprodução. Alguns técnicos podem considerar, nesse caso,
a depreciação do touro.

RESUMO

O Módulo 1, Conceitos de gestão da pecuária leiteira, teve como


objetivo apresentar a você, por meio de estatísticas e exemplos, a
importância socioeconômica da bovinocultura leiteira como fonte de
renda.
No primeiro tópico, você aprendeu sobre a bovinocultura na conjuntura
socioeconômica brasileira.
No segundo tópico, você pôde entender o conceito de especialização da
pecuária leiteira, enumerar os principais fatores que afetam a produção e
a qualidade do leite e descrever boas práticas do manejo racional de
bovinos leiteiros.
No terceiro tópico, você conheceu as ferramentas de administração rural
aplicadas à bovinocultura leiteira.
Por fim, no quarto tópico, você pôde aprender a identificar os itens na
estrutura de custo da bovinocultura leiteira.
Muito bem! Continue seus estudos!

Módulo 2 | Gestão do suporte forrageiro e da nutrição do rebanho


Olá! Nossas boas-vindas ao Módulo 2 do curso!
Neste módulo, você vai conhecer as principais plantas forrageiras, os
métodos de manejo de pastagens e as técnicas de conservação de
forragens e conceitos de nutrição.
Nosso objetivo é que você consiga caracterizar as principais plantas
forrageiras e conheça os métodos de manejo de pastagens. Além disso,
você vai ser capaz de analisar as reservas estratégicas e técnicas de
conservação de forragens e de outros alimentos disponíveis na região e de
buscar estratégias de suplementação alimentar.
Com o planejamento do manejo nutricional, será possível estabelecer a
nutrição balanceada do rebanho e evitar perdas econômicas.
Tudo pronto? Então vamos começar!

Tópico 1 – Planejamento forrageiro

Ao fim deste tópico, você será capaz de categorizar os animais do rebanho


e seu consumo relativo, bem como identificar as diferentes classes de
alimentos a fim de equacionar a demanda e a oferta de forragem.
Categorias do rebanho e o consumo relativo de alimentos

Na Fazenda Santa Esperança, Augusta fez um estudo para determinar a


necessidade de alimentos. Quer saber como? Então, acompanhe!
Primeiro, foi feita a contagem do número de animais do rebanho de
acordo com as categorias: bezerros(as), garrotes(as), novilhos(as), vacas
em lactação, vacas secas e touros.
Em seguida, foi feita a estimativa do consumo de alimentos. Para fazer
isso, duas maneiras são mais utilizadas.
 Forma de estimativa 1
Na primeira, é feita a pesagem dos animais. Depois, calculamos o peso
vivo (PV) médio dos animais de cada categoria.
 Forma de estimativa 2

Na segunda, trabalhamos com o conceito e a estimativa de unidade


animal (UA). Cada UA é equivalente é 1 animal de 450 kg de PV.

Antenor e Augusta optaram pela segunda maneira, dada a simplicidade de


aplicação no planejamento forrageiro. Nesse cálculo, 1 unidade animal
(UA) equivale a 1 animal com 450 kg de peso vivo (PV).

Finalmente, você soma a quantidade relativa de UA de cada categoria e faz


um somatório final de todo o rebanho em UA equivalente.
Para entender melhor, vamos analisar os números da fazenda Santa
Esperança.

No nosso exemplo, o rebanho de 54 animais, no total, é equivalente a 39


UA.

Vamos pensar juntos

Agora é a sua vez! Imagine que você tenha:


 10 bezerros(as)
 3 garrotes
 7 novilhos(as)
 20 vacas em lactação
 10 vacas secas
 2 touros
Qual é o total de unidade animal (UA) que você usará para calcular seu
planejamento forrageiro?

Demanda e oferta de forragem

Para o planejamento forrageiro, consideramos o consumo médio de 3%


do PV em matéria seca (MS). Entretanto, dada a dificuldade de muitos
produtores em determinar o teor de MS dos alimentos, vamos usar as
médias gerais e transformar os dados em consumo de matéria natural
(aquela que você vai fornecer) para facilitar seus cálculos e a aplicação da
metodologia na sua propriedade.

Selecionamos os alimentos volumosos suplementares mais comuns e seu


consumo diário por UA.
Para determinar a necessidade diária de forragem, usamos a seguinte
fórmula:

Ordenhando ideias

Vamos seguir o mesmo exemplo anterior, da fazenda Santa Esperança.


Antenor pretende alimentar seu rebanho com palma forrageira, então,
necessitaria, por dia, de:
60 kg de palma forrageira + 6 kg de feno (ou outra fonte de fibra) por UA x
39 UA = 2.340 kg de palma forrageira + 234 kg de feno (ou outra fonte de
fibra).
O tempo durante o qual você precisa fornecer os volumosos
suplementares depende da sua região. Normalmente, varia de 6 meses a
9 meses.
Então, vamos usar a seguinte fórmula para concluir:

Ordenhando ideias

Vamos considerar 7 meses de necessidade de volumosos suplementares,


ou seja, 210 dias. Continuando nosso exemplo, basta multiplicar a
quantidade calculada por dia pelo número de dias necessários:
(2.340 kg de palma forrageira x 210 dias) + (234 kg de feno x 210 dias) =
491.400 kg de palma forrageira + 49.140 kg de feno

Como vimos, a oferta de forragem pode determinar o desempenho


produtivo e o sucesso da propriedade. Agora, que tal assistir a um vídeo
que exemplifica os cálculos de amostragens para estimar o quanto é
preciso produzir de forragem?
No vídeo, você viu que os cálculos foram feitos considerando os plantios
feitos em linha. Mas, se a área foi plantada a lanço, em covas menos
uniformes, podemos fazer a amostragem em quadrilátero, como
quadrados e retângulos. Confira qual é a fórmula utilizada.
Tome nota

O produtor rural utiliza bastante tarefa ao invés de hectare. Um hectare


tem 2,3 tarefas.

Determinação de área necessária para produção de forragem

Com a demanda de forragem do rebanho calculada em função do


consumo diário e do tempo de arraçoamento, é simples determinar a área
necessária para a produção de forragem suplementar. Basta dividir a
demanda total pela produtividade da cultura.

Os dados que comumente vemos nas publicações e que usamos para o


planejamento infelizmente não se refletem na prática, ou seja, com o que
temos medido no campo ao fazer a colheita. Com certeza, investindo-se
um pouco mais em adubação e outras práticas culturais, o resultado será
uma redução de custo por quilo de alimento produzido.
Para efeito de planejamento, vamos usar os dados abaixo, medidos em
diversos produtores com diferentes graus de manejo das culturas. O valor
entre parênteses representa o potencial atingido se o manejo for
adequado e as condições, favoráveis:
Para determinar a área a ser plantada como reserva de forragem, vamos
usar a seguinte fórmula:

Vamos exemplificar: para palma forrageira, anteriormente, calculamos a


necessidade de 491.400 kg ou 491,4 t : 250 t/ha =
1,97 ha, ou, aproximadamente, 2 ha + 30 % de margem de segurança =
2,6 ha
Lembre-se de que também serão necessários 49.140 kg
(aproximadamente 50 t) de feno, que pode ser pastagem seca, outra fonte
de fibra, capim-de-corte etc.
Em áreas mais áridas, onde a estiagem pode se estender além do
planejado, essa margem de segurança é de 30% a mais que o necessário –
pode chegar a 40% ou mais.

Classificação de alimentos
A composição do alimento é determinante para estabelecer sua classe.
Os alimentos podem ser classificados como:
 Alimentos volumosos
Tem baixo teor energético, com altos teores de fibra ou água. Dividem-
se em:
Volumosos úmidos: pastagens, capineiras, silagens, cana, palma.
Volumosos secos: feno, palhadas, cascas.
 Alimentos concentrados
São aqueles com alto teor de energia. Dividem-se em:
Concentrados energéticos: com baixo teor de proteína (<20%).
Exemplos: grãos de cereais, como milho, sorgo, milheto, farelo de arroz
etc.
Concentrados proteicos: com alto teor de proteína (<20%). Exemplos:
subprodutos da industrialização de óleos, como farelo de soja, farelo de
algodão, torta de algodão etc.
 Minerais

Fornecidos por meio de mistura e núcleos minerais.


 Vitaminas

Fornecidas por meio dos núcleos ou de forma injetável.


 Aditivos

Compostos de substâncias para melhorar a conservação ou a eficiência


da utilização dos alimentos.

Tome nota

Os alimentos de origem animal com farinha de sangue e cama de frango


são atualmente proibidos para a alimentação de bovinos, segundo o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Agora que você já conhece o consumo relativo de alimentos e a


demanda e a oferta de forragem, avance para o próximo tópico para
saber mais sobre o manejo de pastagens.

Tópico 2 – Manejo de pastagens

Ao fim deste tópico, você vai poder enumerar e analisar as características


das principais plantas forrageiras, além de implementar técnicas de
manejo de pastagens para aumentar a produtividade. Acompanhe!

Plantas forrageiras
Podemos dividir as plantas forrageiras em gramíneas (capins) e
leguminosas forrageiras; os capins são os mais usados e mais persistentes
ao pastejo, apesar de as leguminosas apresentarem um teor de proteína
mais elevado.
Gramíneas tropicais: para facilitar, vamos dividi-las conforme os principais
gêneros botânicos.
Leguminosas forrageiras tropicais: As leguminosas forrageiras (de porte
herbáceo, arbustivo ou arbóreo) podem ser utilizadas consorciadas com
gramíneas ou como banco de proteína. Representam interessante fonte
de alimentos, tanto do ponto de vista nutricional, por possuírem alto teor
de proteína e de digestibilidade, quanto estratégico, para reserva de
alimento na época seca do ano, em virtude da queda mais lenta da
qualidade, da permanência verde por mais tempo em espécies arbustivas
e arbóreas, devido ao sistema radicular mais profundo. Outras vantagens
do uso de leguminosas são a fixação de nitrogênio para a gramínea em
sistemas consorciados e a reciclagem de nutrientes.

Manejo do pastejo
O manejo do pastejo é o segredo do manejo de pastagem. Plantas
forrageiras, para serem persistentes e produtivas, além da reposição de
nutrientes, devem ser submetidas a certa frequência e intensidade de
pastejo.
No gráfico abaixo, podemos ver que, com o avançar do tempo de
rebrotação, há uma relação inversa entre o aumento da massa de
forragem e a queda da qualidade.
Existe uma faixa ótima de tempo de rebrotação quando há um equilíbrio
entre a quantidade e qualidade da forragem.
No manejo da pastagem sob lotação contínua, na qual os animais
permanecem um longo tempo nas pastagens, fica difícil controlar a forma
como é feito o pastejo: observamos mosaicos entre áreas sub e
superpastejadas (geralmente perto das fontes de água e dos cochos de sal
mineral) na mesma área. Por outro lado, com o advento das cercas
elétricas, com custos compatíveis, a subdivisão de pastagens em piquetes
para a lotação rotacionada ficou viável e trouxe grandes benefícios para o
rebanho e para a pastagem, com o controle do momento de entrada e de
saída dos animais no piquete.
Para dimensionar o número de divisões da pastagem em piquetes,
usamos a fórmula a seguir.
NP = número de piquetes
PD = período de descanso
PO = período de ocupação

Outro fator que deve ser levado em consideração ao definir o momento


de entrada e de saída dos animais nos piquetes é a altura de entrada e
de saída dos capins. Vamos usar a tabela abaixo como referência.

Adubação de pastagens

Na formação de pastagens, a correção do solo e a adubação de


estabelecimento, de acordo com a análise de solo, é de fundamental
importância em qualquer sistema de pastejo. A reposição de nutrientes é
feita por meio da adubação e da manutenção, na qual os fertilizantes são
aplicados em cobertura.
Primeiro, você deve retirar uma amostra de solo, enviar para análise e
procurar orientação técnica para uma maior acurácia na recomendação,
de acordo com a sua realidade.
VOCÊ SABIA?
Antes de preparar o solo com aração e gradagens, tenha certeza de que
todas as práticas de conservação do solo foram tomadas, de acordo com a
topografia e o tipo de solo, como terraços, e siga as práticas de preparo e
de plantio, seguindo as curvas nível.
Para saber mais sobre a adubação do solo, veja os elementos do
infográfico abaixo e conheça os minerais mais utilizados:
K: O potássio é aplicado de modo a buscar um equilíbrio com outros
nutrientes que influenciam a capacidade de troca catiônica (CTC) do
solo.
N: O nitrogênio é aplicado conforme a lotação desejada. Aplicamos 50
kg de N por UA.
Ca Mg: A correção do solo é feita com calcário, que corrige a acidez do
solo, nociva ao crescimento das raízes das plantas, e o fornecimento da
Ca e Mg.
P: O fósforo é baixo na maioria dos solos em áreas tropicais; ele é
essencial para o crescimento das plantas forrageiras.
Normalmente, a adubação nitrogenada é dividida em 5 ou 6 aplicações
(ciclos de pastejo), a depender da região. No caso, você deve aplicar por
piquete. Então, lembre-se de considerar o tamanho do piquete em
hectare.

Outro fator de intensificação é a irrigação de pastagens. Para tanto,


avaliar a quantidade e a qualidade de água disponível é o primeiro
passo. A necessidade de água pelas gramíneas forrageiras depende da
região, do tipo do solo e de outras variáveis. O dimensionamento de um
projeto de irrigação exige conhecimento técnico.

A irrigação também tem sido aplicada com sucesso na produção de


reservas estratégicas, com destaque na irrigação suplementar de cana,
capineiras e palma, com uso do gotejamento.
No próximo tópico, você vai saber mais sobre a conservação e a reserva
estratégica de forragens. Avance!

Tópico 3 – Conservação e reserva estratégica de forragens

Ao concluir este tópico, você vai conseguir identificar as etapas de


conservação de forragens e as principais opções para reservas
estratégicas de forragens, resíduos e subprodutos agroindustriais
utilizados na alimentação de bovinos.
A produção anual de forragens nas pastagens tropicais, ou mesmo nas
pastagens nativas, apresenta duas fases distintas a depender da época do
ano. Na época seca, além da redução abrupta na produção, que afeta
negativamente a capacidade de suporte, ocorre acentuada queda no valor
nutritivo.
O período seco é marcado por grandes prejuízos. São várias as
alternativas existentes para a reserva estratégica e a conservação de
forragem.
VOCÊ SABIA?
Silagem é o alimento úmido, conservado pela fermentação ácida em
condições na ausência de oxigênio (anaeróbica).
Ensilagem é o processo de produção da silagem.
O silo é o local de armazenamento da silagem.

Para que a fermentação ocorra na sua plenitude, e que acidez possa ser
suficiente para preservar a massa ensilada, algumas premissas devem ser
observadas:
 O teor de matéria seca da forragem é ideal entre 30 e 35%;
 alto teor de carboidratos solúveis; e
 baixo poder tampão, que é resistência ao aumento da acidez
Quer saber mais sobre a conservação de forragens?
 As culturas mais adequadas para a produção de silagens: milho,
sorgo e milheto. Todas são anuais, mas você sabia que por causa dos
veranicos o sorgo tem sido preferido pela sua maior resistência a
seca, além disso, tem grande rendimento forrageiro e boa qualidade.
Outra diferença é que para o milho o ponto de colheita adequado é
quando os grãos atingem a fase de transição de grão leitoso ao
farináceo, o chamado “ponto de pamonha”. Em quanto para o sorgo,
o ponto é mais para farináceo.
 Já os capins tem teor de matéria seca mais baixo do que o
recomendado e baixo teor de carboidratos solúveis (açucares). Para
corrigir isso você pode cortar o capim e deixar murchar algumas
horas antes de preparar a silagem. Depois adicione de 5 a 10% de
aditivos secos, picados finamente (você pode usar resíduos agrícolas
e agroindustriais), adicione mais 5 a 10% de aditivos nutritivos como
grãos de milho moídos.
 Para produzir silagem pique as plantas em tamanho de partícula
entre 1 e 3 cm, sendo o menor tamanho para milho ou sorgo e o
maior para capim. Em seguida compaquite em camadas para retirar
o ar da massa de forragem. O silo deve ser enchido o mais rápido
possível e vedado com lona resistente e filmes próprio. E lembre-se:
reduzir as perdas é fundamental para a boa gestão da propriedade.
Tome nota

Aditivos comerciais (microbianos e enzimáticos) podem melhorar a


qualidade da silagem, mas as respostas em melhorias de desempenho
animal são contraditórias. Definitivamente, eles não corrigem erros
básicos na confecção da silagem.

O descarregamento do silo e o fornecimento para os animais


também deve ser planejado, a fim de preservar a qualidade pós-abertura
da silagem e reduzir as perdas. Nunca forneça silagem estragada aos
animais, pois pode trazer sérios riscos à saúde ou mesmo a morte deles.

Ordenhando ideias

Na fazenda Santa Esperança, os silos usados são os do tipo superfície e


trincheira. Alguns produtores de pequena escala têm apostado em silos
do tipo saco. Apesar de tecnicamente possível, na prática, eles não têm
apresentado uma boa conservação da silagem por diversos motivos.

VOCÊ SABIA?
Feno é o alimento conservado pela desidratação (secagem) da forragem.
Fenação é o processo de produção de feno.

A forrageira para produção de feno deve ter bom valor nutritivo e colmos
finos. Geralmente os Cynodons e Massai são os mais utilizados.
Após o corte, o capim deve secar por igual e rapidamente, ou seja, deve
ser revolvido no campo antes do enfardamento.
Após a secagem em campo, o feno é enfardado, ou seja, prensado para
aumentar a densidade, para que mais forragem possa ser armazenada em
um menor espaço. Enfardadeiras manuais e soluções caseiras para
densificação do material são bem-vindas.

Principais opções para reservas estratégicas de forragens


Confira, a seguir, quais são as principais opções para reservas estratégicas
de forragens.
As mudas de palma forrageira destinadas ao plantio devem ser sadias,
sem a presença de pragas ou doenças, e, de preferência, retiradas do
terço médio da planta. Antes, as mudas devem ficar à sombra, em local
ventilado e livre de umidade para cicatrização. A adubação deve ser
feita de acordo com a análise de solo e a produção esperada.
Ordenhando ideias

Na prática, em sistemas de cultivos de sequeiro, onde a colheita é feita a


cada dois anos, se deixa os cladódios (raquetes) matriz e primários, ao
passo que, em cultivos irrigados, em que a colheita é feita de oito a doze
meses, se deixa apenas o cladódio matriz.
Para fornecimento aos animais, a palma deve ser fatiada e não triturada,
ou picada em máquinas próprias para essa finalidade. Não se esqueça da
fibra na dieta e a correção de outros nutrientes, notadamente a proteína.

Escolha variedades adequadas para a região. O plantio é feito em sulcos,


geralmente espaçados de 1,1 a 1,3 m. A atenção aos tratos culturais
garante um bom rendimento na colheita.
Após cortada, sem picagem, a cana pode ficar até três dias à sombra sem
problemas de fermentação. Se picada, deve ser servida imediatamente. A
picagem ideal é entre 1 e 2 cm.
Ordenhando ideias

O teor energético da cana-de-açúcar é elevado, mas o teor proteico é bem


baixo. Assim, na prática, faz-se necessária a suplementação de proteína. A
fonte mais barata de nitrogênio é o fornecimento da mistura de 9:1
ureia:sulfato de amônio, na quantidade de 1% da massa verde. Contudo, o
uso da ureia deve ser precedido de cuidados técnicos, como a adaptação.
Na primeira semana de fornecimento, é utilizada 1/3 da dose, na segunda,
2/3, e, a partir da terceira, a dose cheia.
Atenção! O máximo de ureia que o bovino adaptado pode consumir sem
problemas de intoxicação é de 40 a 50 g por cada 100 kg de peso vivo.

É importante salientar que, devido à alta concentração de ácido


cianídrico (substância tóxica), a mandioca somente deve ser fornecida
após triturada e exposta ao sol por um período de, no mínimo, 24
horas. Seria mais prático que, antes da colheita da roça, a parte aérea
fosse colhida de uma vez, triturada, seca ao sol e armazenada.

Subprodutos e resíduos agroindustriais

No Brasil, as produções agrícola e industrial são grandes fornecedoras de


subprodutos e resíduos passíveis de utilização como fonte de volumosos e
concentrados para bovinos. Como exemplos de subprodutos disponíveis,
podemos citar os obtidos pelo processamento de milho, arroz (farelo,
casca), algodão (caroço, torta, farelo, resíduo de algodoeira), soja (farelo,
resíduo da pré-limpeza) e mandioca (raspa, casca, crueira, parte aérea).
As palhadas, restolhos de culturas ou oriundas do processamento
agrícola, podem ser usadas na alimentação de bovinos. Seu baixo valor
nutritivo pode ser melhorado por tratamentos químicos e biológicos,
como demonstrado por inúmeros trabalhos de pesquisa, embora tenham
sido limitadamente usados no campo.
Os subprodutos usados como concentrados vão ser abordados no
próximo tópico. Continue seus estudos.

Tópico 4 – Manejo nutricional

Ao concluir este tópico, você vai conseguir identificar os componentes dos


requerimentos nutricionais e os princípios da mistura de alimentos e do
fornecimento de dietas para a nutrição balanceada dos animais. Continue
seus estudos!

Requerimentos nutricionais

A água é um nutriente fundamental para a produção de leite. O


requerimento de vacas em lactação é alto já que a água é o principal
componente do leite – cerca de 87% de sua composição.
VOCÊ SABIA?
Em termos gerais, podemos considerar o consumo diário de água de 30 a
40 L por UA. Vacas de até 10 a 25 L de leite diários podem consumir de 60
a 90 L de água ou mais por dia, respectivamente.
Chamamos de requerimentos nutricionais as necessidades de
nutrientes para a manutenção, o crescimento, a gestação e a produção de
leite. Usamos tabelas como base para o balanceamento de rações.
O requerimento de mantença é para a manutenção do peso corporal e
das funções vitais. Ou seja, aumenta de acordo com o peso do animal.
Para vacas jovens em lactação, deve-se aumentar os requerimentos de
manutenção em 20% durante a primeira lactação, e 10% na segunda.
Os requerimentos nutricionais para produção são baseados na produção
de leite e no teor de gordura. Podemos considerar 3,5 % de gordura para
vacas Girolandas de produção média. Para vacas Jersey, o teor de gordura
no leite é maior (5 %).

Princípios de balanceamento de dietas

Para conhecer a composição dos alimentos, o ideal é tirar amostras e


enviar ao laboratório, principalmente dos alimentos volumosos, que
possuem alta variação em termos de composição. Porém, tabelas da
literatura podem auxiliar.
A ideia por trás do balanceamento de dietas é misturar os alimentos a
fim de atender aos requerimentos nutricionais.

Ordenhando ideias

Na prática, a relação volumoso : concentrado é bem importante na


produção de leite. Na fazenda Santa Esperança, quando os animais estão
sendo arraçoados no cocho, a mistura de volumoso e concentrado é muito
usada. Normalmente, para vacas de média produção (15 L), é utilizada a
relação 60-40, com base na MS, com um bom volumoso e uma mistura de,
no mínimo, um alimento concentrado e um energético, sem deixar de lado
a nutrição mineral. Para vacas de mais alta produção (25 L), essa relação
pode ser invertida para 40-60.

Mas, na pastagem, não é fácil avaliar o consumo de forragem. Usamos a


suplementação concentrada para atingir uma maior produção do que
os nutrientes da gramínea são capazes de fornecer. A relação leite-
concentrado é, normalmente, de 3-1.

Arraçoamento das diferentes categorias do rebanho

Para melhor eficiência de alimentação, dividimos as categorias com


requerimentos nutricionais semelhantes.
 Bezerras(os): bezerros e bezerras não nascem ruminantes, ou seja,
não conseguem digerir a fibra. Começam a dieta com leite ou
sucedâneos. À medida que as bezerras crescem, a alimentação
concentrada e bom volumosos são introduzidos.
 Novilhas: controle da dieta e do peso para ajuste da dieta.

 Vacas secas: vacas gestantes próximas do parto.

 Vacas em lactação:

o Vacas no início da lactação (0-3 m)

o Vacas no meio da lactação (4-6 m)

o Vacas no final de lactação (7-10 m)

O touro é alimentado com as vacas do início da lactação, caso o sistema


seja de monta natural. Mas, atenção: subprodutos de algodão, como
caroço e farelo podem reduzir a sua fertilidade.
Estamos encerrando este módulo. Abordamos tantos conteúdos
importantes que vale a pena revisá-los!
RESUMO

O Módulo 2 teve por objetivo apresentar a você a Gestão do suporte


forrageiro e da nutrição do rebanho.
No primeiro tópico, categorizamos os animais do rebanho e seu consumo
relativo de alimentos, bem como identificamos as diferentes classes de
alimentos, a fim de equacionar a demanda e oferta de forragem.
No segundo tópico, você pôde enumerar as características das principais
plantas forrageiras e aprender a implementar técnicas de manejo de
pastagens para aumentar a produtividade.
No terceiro tópico, você conheceu as etapas de conservação de forragens
e as principais opções para reservas estratégicas de forragens, resíduos e
subprodutos agroindustriais usados na alimentação de bovinos.
Por fim, no quarto tópico, você pôde aprender a identificar os
componentes dos requerimentos nutricionais e os princípios da mistura
de alimentos e do fornecimento de dietas para a nutrição balanceada dos
animais.
Avance! Ainda há muito a aprender neste curso!

Módulo 3 | Gestão das instalações e equipamentos

Olá! Nossas boas-vindas ao Módulo 3 do curso!


Neste módulo, você vai estudar a importância do bem-estar animal na
criação de bovinos leiteiros e conhecer as principais instalações e
equipamentos usados em propriedades leiteiras. Como não faz parte da
realidade da grande maioria dos produtores de leite no Brasil, o sistema
de confinamento não será abordado. Nosso foco será o sistema de
pastagens com suplementação alimentar.
Nosso objetivo é que você consiga planejar e executar a manutenção da
infraestrutura para a atividade leiteira e conheça as técnicas de contenção
dos animais de acordo com a legislação de segurança e saúde do trabalho,
a segurança ambiental e as boas práticas.
Bons estudos!

Tópico 1 – Importância do bem-estar animal na bovinocultura


leiteira

Ao fim deste tópico, você será capaz de relacionar o bem-estar e o


conforto animal às instalações, à reprodução e à produção de leite.
Conceitos de bem-estar e conforto animal
O bem-estar animal se refere ao estado do animal e ao tratamento que ele
recebe em termos de cuidados e criação, que devem seguir princípios
humanitários. Proteger o bem-estar animal significa atender às
necessidades físicas e mentais.
A interpretação do comportamento se relaciona com o bem-estar animal.
O estudo do comportamento inicia-se com observações dos movimentos,
da postura, das atitudes e de outros aspectos do animal. O
comportamento social, que envolve dois ou mais animais na alimentação,
nas atividades sexuais ou parentais, também é observado.
Diante disso, avalie constantemente a produção de leite, a reprodução, o
estado de saúde, o crescimento, as atitudes (mugidos, disputa acirrada
por sombra, água ou alimento) e os comportamentos (curiosidade,
vivacidade, apatia, medo, agressividade) dos animais para identificar
quaisquer desvios.

Tome nota

Rotina é bom! Toda mudança no manejo e na alimentação dos animais


deve ser feita de forma lenta e gradual. Alterações abruptas e radicais
levam a resultados desastrosos quanto à produção de leite.

Um importante aspecto a se observar é a interação humana com o animal.


Humanos e bovinos dividem vários momentos de interação durante o
desenvolvimento das atividades de rotina de uma propriedade leiteira
(ordenha, alimentação, cuidados sanitários e outras práticas zootécnicas)
que se refletem no comportamento, na fisiologia e na produtividade
animal.
A ação de manejo (como fornecimento de alimento) e de contato (como
coçadinhas, palmadinhas, carícias e falar com o animal), bem como as
experiências prévias, influenciam o bem-estar e a produtividade dos
animais.
VOCÊ SABIA?
O comando de voz – chamar o animal pelo seu nome – associado à
recompensa (ração, por exemplo) tem efeito positivo. Assim, a ordenha é
um dos momentos mais importantes nessa interação.
Seja sempre paciente e gentil no trato com os animais. Melhore suas
atitudes e seu comportamento com suas vacas e veja os resultados dessa
prática!

Importância das instalações no bem-estar animal

Dependemos das instalações para o manejo dos animais e das operações


de rotina na propriedade leiteira. Elas têm muita importância no bem-
estar animal, pois, se mal dimensionadas ou sem manutenção, podem
trazer problemas diversos. Aspectos como temperatura, qualidade do ar,
iluminação, ruídos, entre outros, podem influenciar a saúde e o bem-estar
do gado leiteiro.
O estresse térmico é um dos principais fatores restritivos para o gado
leiteiro. Esse estresse está relacionado a fatores.

As instalações devem ter temperatura e umidade favoráveis, além de


espaço adequado para que os animais se locomovam. Nesse sentido, leve
em consideração os seguintes aspectos:
 orientação: de leste a oeste;
 dimensionamento: de acordo a categoria e funcionalidade; e
 distribuição das instalações na propriedade: devem ser simples,
baratas e funcionais.

Tópico 2 – Instalações básicas da pecuária leiteira

Ao fim deste tópico, você vai poder planejar e executar a manutenção das
instalações básicas da pecuária leiteira. Continue seus estudos!

Estruturação das pastagens e instalações relacionadas à alimentação do rebanho

Adaptar a pastagem (ambiente) a um animal mais produtivo,


principalmente no tocante a altas temperaturas durante o dia, é um
desafio a ser superado. Uma das opções práticas para atenuar esse
problema é o pastejo noturno. As vacas são mudadas para o novo piquete,
após a segunda ordenha do fim da tarde, uma realidade em propriedades
que se profissionalizam na atividade.
Sombra
A melhor é a oferecida pelas árvores. Contudo, não plante bosques e, se
já existem, não os elimine. Dê preferência por plantar fileiras de árvores
no sentido norte-sul. Enquanto as árvores estiverem crescendo,
sombreiros artificiais devem ser instalados – de sombrite, bambu,
folhas de coqueiro, telhas ou outro material. Em relação às árvores, é
importante que: não percam suas folhas na seca ou no inverno; não
sejam tóxicas para o gado; não tenham uma copa muito densa, pois a
melhor sombra é difusa, e não sejam muito lentas no crescimento.

Água
Os bebedouros são instalados próximo às áreas de descanso. Não há a
necessidade de que sejam grandes, mas que apresentem um fluxo
contínuo de água e uma vazão que sejam mantidos sempre repletos. O
importante é que o bebedouro ofereça água de qualidade e em
quantidade suficiente para todos os animais. Atenção: aguadas em
açudes, ribeirões e córregos podem atender ao quesito quantidade,
porém não oferecem qualidade.

Cercas
As cercas são construídas para a contenção do gado dentro da
propriedade, para dividir as pastagens e criar corredores de condução
do gado. Cercas de arame farpado estão em desuso. Cercas de arame
liso, com quatro a cinco fios, são usadas no perímetro da propriedade.
A divisão de pastagens é o principal instrumento para o manejo do
pastejo. Cercas elétricas são utilizadas nas divisões de pastagens. Elas
são eficientes, de fácil construção e de significativo menor custo. Porém,
cercas elétricas exigem monitoramento, pois, ao encostar no fio
eletrificado, o capim rouba carga. Para instalar a cerca elétrica,
parâmetros técnicos devem ser observados, como a adequação do
eletrificador, os aterramentos e o uso de isoladores. O treinamento
para o uso de cercas elétricas é muito importante. Visite uma
propriedade que usa esse recurso e consulte um especialista antes de
montar seu projeto.

Corredores
Os acessos aos piquetes, à água e à sombra devem ser planejados com
o objetivo de reduzir as distâncias, a lama e facilitar o deslocamento.
Nunca use cascalhos, pedras e entulhos de construção nos corredores
ou em volta de cochos e bebedouros, pois machucam os cascos dos
bovinos. Os corredores devem ser largos e de forma abaulada para que
a água não se acumule.

Pasto-maternidade
O pasto-maternidade deve ser próximo da casa do responsável pelo
manejo do gado, para permitir a vistoria frequente. O local deve ser
tranquilo, livre de plantas daninhas, com capins de porte baixo (como
os Cynodons) e acesso à água e à sombra.

Bezerreiros
Os bezerreiros geralmente fazem parte dos estábulos e das salas de
ordenha, quando é feita com o bezerro ao pé. Atenção: O bezerreiro, no
estábulo (curral), normalmente é um local insalubre. Isso aumenta a
incidência de doenças e a taxa de mortalidade dos bezerros, que
podem ser separados por lotes, principalmente se o aleitamento for
artificial. As baias podem ser individuais ou coletivas (de acordo com o
peso), com piso ripado ou de cimento. Elas devem dar acesso ao solário
ou ao piquete gramado. O uso de abrigos individuais facilita o manejo, a
limpeza, a desinfecção e oferece baixo custo. Além disso, os animais
apresentam menos problemas sanitários, menor mortalidade e maior
consumo de ração.

Pista de alimentação
A alimentação com volumosos suplementares pode ser servida em
cochos próprios, móveis ou fixos, na pastagem ou em áreas de
descanso. A depender da região, o período em que as vacas vão ser
alimentadas em cochos é de 6 meses ou mais. Portanto, uma instalação
mais bem estruturada será favorável ao seu trabalho. A pista de
alimentação dos animais deve ser estruturada a fim de facilitar o acesso
para servir a ração, principalmente quando feito por maquinários ou
mesmo em carroças.
Ordenhando ideias

Na fazenda Santa Esperança, o combinado é servir a ração nos momentos


mais agradáveis do dia, como no início da manhã e no fim da tarde, sem
se esquecer de prover um local confortável para o descanso das vacas nas
horas mais quentes.
Porém, o início das chuvas é um período crítico, pois o pasto ainda não se
recuperou e a alimentação suplementar ainda será servida por cerca de 30
dias. Então, a lama pode ser um fator causador de estresse, doenças nos
cascos e acidentes.
É importante se atentar a isso!

Instalações de manejo dos animais

Que tal saber mais sobre as instalações de manejo dos animais?


 A área de manejo deve ser planejada pensando na rotina da fazenda,
por isso deve permitir a separação de lotes, os exames clínicos,
vacinações, entre outros procedimentos.
 As vezes instalações para gado de corte são usadas para gado
leiteiros, mas o temperamento desses gados é diferente. Então
currais muito reforçados são desnecessários.
 Como devem ser essas instalações?
O tamanho do curral varia conforme o tamanho do rebanho e o
sistema de exploração.
A área recomendada por vaca varia de 2 a 10 m2, dependendo do
tempo que o gado permanece preso.
Fique atento ao piso! Ele deve ser revestido por concreto para evitar
lama e poeira. Fuja do calçamento com piso de pedra, pois ele é
escorregadio e pode provocar acidentes.
Você pode usar diferentes materiais para as divisórias dos currais.
Uma dica é usar mourões pré-moldados ou eucalipto tratado e
cordoalhas de aço, pois são resistentes, duráveis e econômicos.
O tronco facilita a vacinação, a marcação e outras atividades que
dependem da contenção dos animais. Ao final do tronco deve ter um
brete para contenção individual do animal, servindo para
inseminação artificial e exames reprodutivos. É importante que o
troco termine em um embarcadouro, facilitando a carga e descarga
de animais diretamente em caminhões. E lembre-se: as instalações
adequadas não são um luxo, elas garantem segurança para o
trabalhado e o animal.

Instalações para ordenha

Ainda é prática comum a ordenha em curral a céu aberto. Esse não é um


local ideal para o ordenhador, para os animais ou para se obter leite com
qualidade.
A ordenha, em muitas propriedades, é feita no estábulo. Normalmente,
usamos adaptações em instalações existentes para atender aos
requerimentos de boas práticas na ordenha.
À medida que o volume de leite e a frequência de ordenha aumentam, os
produtores têm optado por sistemas mecânicos, como latão ao pé (linha
alta), circuito fechado (linha alta) ou em sala de ordenha.
Armazenagem e tratamento de dejetos

O manejo inadequado dos dejetos é um problema grave em muitas


propriedades leiteiras. Você sabia que o acúmulo dos dejetos afeta
pessoas e animais devido à proliferação de doenças, de vetores de
doenças e à poluição ambiental?
A aplicação de dejetos sem tratamento nas lavouras pode contaminar o
solo e a água, espalhar plantas daninhas e até matar as plantas cultivadas.
Por outro lado, com tratamento adequado, o esterco pode ser um ótimo
condicionante de solo e, inclusive, favorecer a reciclagem de nutrientes e a
redução de custos com fertilizantes. Portanto, apesar de alguns
produtores comercializarem o esterco, verifique a possibilidade de usá-lo
na sua propriedade.

As esterqueiras são construções simples nas quais os dejetos ficam


armazenados. Elas são escavações no solo ou construções de alvenaria
onde os dejetos são curtidos durante um determinado período; podem
possuir uma variante, com poço de urina. Podem ser associadas a
outras formas de tratamento.
O esterco pode ser submetido à compostagem ou, após curtido,
também pode ser usado para a criação de minhocas, a chamada
vermicompostagem.
Os dejetos podem ser separados em fração líquida e sólida com o uso
de decantação ou separadores mecânicos. As lagoas de estabilização
são sistemas muito usados na pecuária leiteira em sistema de
confinamento. Outro tipo de tratamento de dejeto é o uso de
biodigestores (tanques anaeróbicos), que permite a fermentação do
dejeto, que resulta em biogás (fonte de energia térmica e elétrica) e
biofertilizante.

Tópico 3 – Equipamentos para a produção de leite

Ao concluir este tópico, você vai conseguir enumerar os principais


equipamentos usados na alimentação, na reprodução, no manejo
sanitário, na ordenha, na armazenagem do leite e no controle zootécnico.
Acompanhe!
Equipamentos utilizados na alimentação do rebanho

O equipamento mais usado em fazendas leiteiras de pequena escala para


a alimentação dos animais é a máquina forrageira. Adquirir um moinho de
grãos (que pode ser associado à máquina forrageira) será relevante para o
preparo de concentrados balanceados. A picagem da palma forrageira
exige máquinas apropriadas para essa finalidade.
Tratores com implementos agrícolas, como arado, grades, calcareadeiras,
roçadeiras, pulverizadores, sulcadores, adubadoras e plantadeiras
participam do preparo do solo e do cultivo de pastagens ou de plantas
para reservas estratégicas de forragens.

Ordenhando ideias

Na fazenda Santa Esperança, Antenor começou com o aluguel dos


equipamentos necessários. Em algumas ocasiões, o trabalho junto a
associações e cooperativas de produtores, que viabilizam o acesso às
máquinas e aos implementos, foi fundamental para que a fazenda se
tornasse próspera.

Equipamentos utilizados na reprodução e manejo sanitário

Quando o manejo da reprodução ocorre com o uso da inseminação


artificial, alguns equipamentos são necessários, tais como botijões com
nitrogênio líquido, para a conservação do sêmen, e outros utensílios,
como aplicadores, bainhas, luvas e termômetros.
Recomendamos que os produtores adquiram pistolas de vacinação para
facilitar o trabalho de aplicação de vacinas e medicamentos. Outros
utensílios são importantes na farmácia básica, como amochadores,
tesouras, pinças, bisturis e outros materiais.
Equipamentos de ordenha e armazenagem do leite

Na ordenha manual, o banquinho do ordenhador atrelado à cintura


facilita o trabalho, bem como o balde e o latão de armazenagem. Mas,
como funciona a ordenha mecânica?
Tópico 4 – Condução e contenção dos animais

Ao concluir este tópico, você vai conseguir enumerar os métodos de


contenção e de identificação de bovinos, considerando a facilidade de
utilização, o custo, a segurança do trabalhador e o bem-estar animal.
O gado leiteiro sempre é conduzido a pé, a curtas distâncias. Cavalos e
cachorros estressam os animais e não devem ser utilizados. Sempre
conduza os animais de forma calma. Deixe que a vaca líder tome a
dianteira. Para movimentar animais mais novos, pode-se usar um outro,
mais experiente, de mais idade, para facilitar o manejo.
Para melhor interagir com os bovinos, devemos compreender seus
sentidos e seu comportamento. Se queremos conduzir os animais para a
frente, teríamos que nos posicionar dentro da zona de fuga e numa
posição caudal a partir do ponto de equilíbrio, até um ângulo de 45º em
relação a esse ponto. O posicionamento mais caudal, entre 45 e 60º ao
ponto de equilíbrio, geralmente, resulta na paralisação do deslocamento.
No caso de tomarmos uma posição mais frontal em relação ao ponto de
equilíbrio, a tendência é que o animal se mova para trás.
Tome nota

As boas instalações levam em conta a segurança do trabalhador e do


animal no trabalho de contenção, que deve ser feito sempre com atenção
e cautela. Evite a presença de pessoal não autorizado e crianças quando
estiver ao lidar com os animais.

Técnicas e equipamentos de contenção dos animais

Tronco, brete e cordas são usados para a contenção física do animal para
os procedimentos necessários. A contenção química é feita com o uso de
produtos como anestésicos, para procedimentos específicos, de acordo
com a orientação de médicos veterinários.
Para garantir a execução adequada das atividades, é necessário que o
tronco fique cheio, de modo a evitar a movimentação dos animais.
Para touros, a argola facilita o manejo. Porém, a fixação das argolas requer
o uso de tranquilizantes e anestésicos. Portanto, um médico veterinário
deverá ser consultado para fazer o procedimento.
O trabalhador pode usar corda com diversos tipos de técnicas a depender
da necessidade. Por exemplo, o “nó-de-porco”, o nó de carreteiro, o
cabresto, o laço e a peia.
RESUMO

O Módulo 3 tratou da Gestão das instalações e dos equipamentos.


No primeiro tópico, relacionamos o bem-estar e o conforto animal às
instalações, à reprodução e à produção de leite.
No segundo tópico, você aprendeu a planejar e a executar a manutenção
das instalações básicas na pecuária leiteira.
No terceiro tópico, você conheceu os principais equipamentos usados
para a alimentação, a reprodução, o manejo sanitário, a ordenha, a
armazenagem do leite e o controle zootécnico.
E, no último tópico, você pôde aprender quais são os métodos de
contenção e de identificação de bovinos, considerando a facilidade de uso,
o custo, a segurança do trabalhador e o bem-estar animal.
Continue seus estudos!
Módulo 4 | Gestão do melhoramento genético e da reprodução
Olá! Nossas boas-vindas ao Módulo 4 do curso!
Neste módulo, vamos identificar as principais raças bovinas para
produção de leite e implementar o programa de melhoramento genético e
de manejo reprodutivo dos bovinos leiteiros a fim de melhorar os índices
de produtividade.
Nosso objetivo é que você saiba identificar as principais raças bovinas
para produção de leite e quais são as estratégias de melhoramento
genético. Além disso, é importante que você possa enumerar os critérios
da escolha de touros e matrizes e saiba implementar o manejo
reprodutivo dos bovinos com técnicas adequadas a fim de melhorar os
índices de produtividade.
Vamos começar?

Tópico 1 – Raças bovinas para produção de leite

Ao fim deste tópico, você será capaz de identificar as principais raças de


bovinos leiteiros e relacioná-las ao perfil do rebanho e às possibilidades de
mudanças. As raças apresentadas no nosso curso seguem o critério de
terem linhagens leiteiras reconhecidas e relativa disponibilidade de
animais nos cenários regional e nacional.
Há duas principais características que fazem uma raça ser especializada na
produção de leite: alta produção de leite e alta persistência de lactação.
A interação genética e o ambiente são primordiais para o sucesso da sua
atividade. Isso significa que animais geneticamente superiores só vão
demonstrar seus melhores resultados em condições de manejo
favoráveis.
Agrupamos as raças bovinas em duas subespécies. Observe!
As raças chamadas de compostas ou sintéticas são aquelas obtidas por
meio de cruzamentos com outras raças.
Quer saber mais sobre cada raça?
Tópico 2 – Seleção e cruzamento

Ao fim deste tópico, você vai poder enumerar os critérios de seleção de


bovinos leiteiros e as modalidades de cruzamentos para melhoramento
genético do rebanho. A seleção e o cruzamento são as ferramentas
básicas para promover o melhoramento genético.
Antes de continuar, você precisa saber que seleção é o processo de
escolher os animais de uma geração que vão se tornar os pais da próxima.
O termo acasalamento é usado para a ação que resulta em concepção,
gestação e nascimento de filhotes. Quando o acasalamento ocorre entre
indivíduos de raças diferentes, denomina-se cruzamento.

Modalidades de cruzamento na pecuária leiteira

O cruzamento é a maneira mais rápida de se obter o melhoramento


genético, com as vantagens de se explorar a complementaridade das
características das raças e o vigor híbrido, ou heterose. A heterose é o
fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho do que a
média dos pais nas mesmas condições de criação. Quanto mais
divergentes geneticamente forem as raças ou as linhagens envolvidas no
cruzamento, maior a heterose.
A heterose é máxima nos animais de primeira geração, ou F1. Isso se
reflete em diversas características produtivas importantes. Porém, a
heterose invariavelmente vai cair a partir da segunda geração em diante.
Há diversas modalidades de cruzamento que podem ser utilizadas.
Tome nota

Além dos PC, outros termos comuns em relação ao grau de pureza racial
são o PO, ou puro de origem, que significa que todos os ancestrais do
animal estão registrados no livro genealógico da raça e o POI, ou puro de
origem importado, que se refere ao PO de origem estrangeira ou a
animais nascidos no Brasil com ascendentes POI.
No livro aberto (LA), são incluídos os animais PC que atendam ao padrão
da raça.
Critérios na seleção de matrizes

A seleção das matrizes é fundamental para o melhoramento genético do


rebanho. Não raro, o produtor utiliza-se do aspecto visual para seleção
dos animais. O exterior do animal, as características indicativas de
funcionalidade, tais como formato de cunha, capacidade respiratória e
digestiva, conformação de úbere, padrão racial, entre outros, são
indicativos da produção de leite (tipo leiteiro), mas não os garantem.

São várias as características importantes a serem melhoradas, tais como:


 produção de leite;
 composição do leite;
 conformação de úbere e tetos; e
 características ligadas à reprodução, entre outras.
Cada caraterística tem uma herdabilidade, que se refere à proporção da
característica atribuída aos efeitos dos genes. Quanto maior a
herdabilidade, maior será o progresso genético.
As herdabilidades das diferentes características podem ser classificadas
em três formas.
Baixa: Equivale a (< 0,1 ou 10%) intervalo entre partos, idade no primeiro
parto, números de serviços/prenhez.
Moderada: (0,1 a 0,3 ou de 10 a 30%) – velocidade de ordenha, tipo,
longevidade, eficiência alimentar.
Alta: (> 0,3 ou 30%) – tamanho à maturidade, produção e composição do
leite.

Ordenhando ideias

Na fazenda Santa Esperança, um estudo concluiu que, para haver a


seleção, é preciso que o descarte ocorra em uma taxa de cerca de 20% ao
ano com reposição por novilhas.
O descarte pode ser voluntário ou involuntário. No descarte
involuntário, muitas vezes associado a problemas de manejo,
praticamente, não há como reter o animal. Por exemplo, animais que não
reproduzem, com idade muito avançada ou frequentemente doentes.
A seleção voluntária ocorre para atender aos índices produtivos
desejados.

Escolha de touros

O impacto do touro no melhoramento genético é muito grande, em razão


do número de filhos que ele deixa no rebanho. Mas, atenção! Ser filho de
uma grande matriz produtora de leite ou de um campeão na exposição
local não garante ao touro os atributos necessários para ser considerado
um melhorador. O teste de progênie (filhas avaliadas) é que prova a sua
qualidade.
Quer saber mais sobre os pontos que devem ser observados na escolha
de um touro?
 Uma das principais causas da produtividade do gado leiteiro é a
qualidade genética do animal. Mas você sabia que com um animal
adequado é possível investir no melhoramento genético do rebanho?
 Na hora de adquirir um touro observe estes pontos:
- Primeiro a genealogia. Analise se o animal é filho de touro provado
e vaca boa de leite, com irmãs com boa produção e persistência de
lactação.
- Veja se ele é livre de defeitos nos aprumos e nos cascos, além de
qualquer doença contagiosa.
- Verifique se o animal foi aprovado no exame andrológico, ou seja,
na avaliação clínica e de esperma.
- Verifique sobre a libido do animal.
- De preferencia para touros novos. Entre 2 e 3 anos de idade.
- Deve-se evitar a consanguinidade para diminuir o aparecimento de
defeitos congênitos.

Tópico 3 – Fisiologia de reprodução

Ao concluir este tópico, você vai conseguir identificar as fases reprodutivas


do gado leiteiro e relacioná-las aos manejos alimentar e reprodutivo.
Continue seus estudos!

Fases de desenvolvimento reprodutivo

Para começar, é importante que você conheça o ciclo reprodutivo. Clique


em cada área do infográfico para obter mais detalhes sobre cada uma das
fases.
A fase de puberdade, que compreende o período desde o desmame até o início da
reprodução das fêmeas, tem sido tratada com menor atenção pelos produtores, que
não associam os cuidados com as novilhas ao lucro imediato. Isso pode resultar em
atraso no desenvolvimento sexual e, consequentemente, um período de recria mais
longo, aumento de custos e redução da eficiência produtiva.
A maturidade sexual das novilhas está relacionada ao peso corporal e não à idade. A
puberdade das fêmeas é caracterizada pela primeira ovulação. Isso ocorre quando o
animal atinge cerca de 45% do peso adulto da raça. Em rebanhos com manejo
adequado, por volta de 9 a 10 meses de idade para as raças europeias. Raças zebuínas
são normalmente mais tardias: entre 18 e 21 meses, a depender do sistema de
criação.

Com a ovulação, a fêmea biologicamente tem condições para engravidar (concepção),


porém a condição corporal ainda não está adequada. Uma concepção precoce pode
prejudicar o desenvolvimento da matriz pelo resto de sua vida. Por isso, é importante
separá-las do touro e de outros machos em idade reprodutiva. A fase pós-púbere
engloba o desenvolvimento corporal, que torna a fêmea capaz de sustentar uma
gestação com eficiência.
Ciclo estral

Agora que você conhece as fases do desenvolvimento reprodutivo, é


preciso saber que, para haver a reprodução e, consequentemente, a
produção de leite, o primeiro fator necessário é a ocorrência do cio. O cio
indica a produção do óvulo pela fêmea, que será fecundado pelo
espermatozoide, produzido pelo macho.
Chamamos, tecnicamente, o cio de estro. O ciclo estral se refere ao
intervalo entre um cio e outro. O ciclo estral de uma vaca é de 21 dias e
varia de 17 a 24 dias.
Ordenhando ideias

Antenor, proprietário da fazenda Santa Esperança, cresceu na propriedade


da família e aprendeu, desde cedo, como é a reprodução por monta
natural. Nela, o touro identifica as vacas em cio e faz a cobertura.
Porém, sua filha, Augusta, que é veterinária, trouxe para a fazenda outro
tipo de reprodução: a inseminação artificial. Nela, a detecção do cio é um
fator de alta relevância.
Uma vaca que fica em aberto (sem a concepção do embrião) um ciclo a
mais significa 21 dias de alimentação sem produção. Parece pouco, mas é
significativo, principalmente quando ocorre com muitas vacas.
Por isso, compreender como funciona a fisiologia da reprodução é
fundamental para a saúde financeira da fazenda!

A vaca apresenta alterações comportamentais que indicam o estro, tais


como:
 inquietude e nervosismo, com mugidos frequentes;
 cauda erguida e micção (urina) frequente;
 redução do consumo de alimentos e produção de leite;
 vulva (parte exterior do aparelho reprodutivo feminino) inchada, com
liberação de muco vaginal (semelhante à clara de ovo);
 se agrupa em torno do touro e outras vacas;
 monta outras vacas; e
 deixa ser montada (principal sinal).
Tópico 4 – Manejo reprodutivo

Este é o último tópico do Módulo 4: Gestão do melhoramento genético


e da reprodução. Nesse tópico, nosso objetivo é que você consiga
implementar as técnicas de manejo reprodutivo para aumentar a
eficiência reprodutiva do rebanho e reduzir a sazonalidade na produção
de leite. Acompanhe!

Preparo das novilhas para a reprodução


A primeira cobertura deve ser feita quando a fêmea atingir
aproximadamente 60% do peso adulto (em condições de manejo não
ideais, recomenda-se 70%).
Com o manejo adequado, isso ocorre, em média, aos 15 meses de idade
para raças especializadas, e aos 18 meses para vacas mestiças. Nesse
contexto, a alimentação adequada na recria das novilhas é fundamental:
deve haver a disponibilidade de forragem de qualidade e suplementação
concentrada. A divisão dos animais em lotes uniformes ajuda no manejo e
evita a dominância intensa.
Para atingir essas metas, o ganho de peso diário para as novilhas de raças
leiteiras a serem cobertas aos 15 meses deve ser de 700, 560 e 520 g para
raças grandes, médias e pequenas, respectivamente.
Além de entrar mais rápido no sistema de produção, a inclusão de
novilhas no plantel produtivo vai ser interessante pois, devido ao
programa de melhoramento genético, o resultado será matrizes mais
produtivas.

Ordenhando ideias

Um dos problemas enfrentados na fazenda Santa Esperança foi que, na


ânsia de que as novilhas atingissem o peso mais rapidamente, os
trabalhadores forneciam muito concentrado nas dietas, o que levou a um
ganho de peso exagerado (> 800 a 900 g). Isso acarretou acúmulo de
gordura no trato reprodutivo e no úbere, o que comprometeu a
reprodução e a produção de leite das futuras vacas.
Depois que o manejo nutricional foi ajustado, conforme explicado no
Módulo 2, esse problema não mais se repetiu. Lição aprendida!

Monta natural, controlada e inseminação artificial

Antes de nos aprofundarmos no tipo de reprodução que causa mais


dúvidas, que é a inseminação artificial, convém esclarecer os outros
demais.
Monta natural: A monta natural é aquela que ocorre quando se deixa o
touro solto em meio às vacas. O touro deve estar o tempo todo com as
vacas, principalmente as recém-paridas, inclusive quando elas forem para
a ordenha. A relação vaca-touro normalmente é de 25 a 30-1.
Monta controlada: Na monta controlada, o touro fica separado das
fêmeas. Cabe ao vaqueiro detectar o cio das vacas e levá-las para o touro
fazer a cobertura. A vantagem seria aumentar a relação vaca-touro para
100-1, o que poderia permitir um maior investimento em touros de
melhor qualidade genética.
Inseminação artificial: Com a IA, além da possibilidade de escolha de
touros provados, é possível controlar doenças reprodutivas infecciosas
(como brucelose), o controle zootécnico mais eficiente, a possibilidade de
usar uma quantidade maior de touros e reduzir custos e riscos. Além
disso, permite o uso de sêmen sexado, ou seja, você pode escolher que
nasçam apenas fêmeas, com um índice de acerto mínimo de 85%.

Agora, vamos tratar da inseminação artificial. A técnica de IA é simples.


Com o treinamento adequado e prática, você será capaz de inseminar
suas vacas com eficácia.
A IA se inicia com a identificação do cio. Além dos sinais que podem ser
observados na rotina, para facilitar o trabalho e aumentar a eficiência na
identificação de cio, poderíamos usar um macho rufião ou uma fêmea que
recebe tratamento hormonal (androgenizada) com o burçal marcadorpara
marcar as vacas em cio.

*Macho rufião: Pode ser um macho com desvio cirúrgico do pênis para
evitar a penetração ou epididectomia.
*Androgenizada: Vacas (ou novilhas) com características fenotípicas
(aparência externa) mais masculinizadas.
*Burçal marcador: Tipo de cabresto com uma cápsula que contém tinta
apropriada.
A duração do cio é de 14 a 18 horas, e a ovulação ocorre de 12 a 14 horas após
o término do cio. Atenção! O momento adequado para a monta controlada ou
IA é o 1/3 final do cio. Na prática, as vacas identificadas em cio pela manhã são
inseminadas à tarde, e as identificadas à tarde são inseminadas na manhã
seguinte.
O sêmen deve ser conservado em botijões próprios, com nitrogênio líquido, que
mantêm a temperatura a -196ºC.
O diagnóstico de gestação feito pelo médico veterinário pode ser por
ultrassonografia, palpação ou testes químicos. O produtor também pode
observar a falta de retorno em cio como um sinal positivo de prenhez.
Além de tudo que já tratamos até aqui, é importante você saber que é
possível fazer a sincronização de cio. Além dessa, existem outras técnicas
de biotecnologia aplicadas à reprodução e ao melhoramento genético.
Sincronização de cio e outras técnicas de biotecnologia aplicadas à reprodução e ao
melhoramento genético
A sincronização de cio é um protocolo hormonal que pode ser usado em
algumas situações. Por exemplo, quando o produtor não tem a estrutura e
o treinamento adequados para a realização da IA. Chamamos a técnica de
IATF (inseminação artificial em tempo fixo). São vários os protocolos e
produtos existentes no mercado para a sincronização de cio. Consulte um
médico veterinário para esclarecimentos sobre os protocolos.
A sincronização tem eficiência de 40 a 60% em vacas de até 25 L de leite
por dia. Outra limitação é que a utilização de sêmen sexado não será
indicada devido a alguns fatores, tais como: valor mais elevado (três vezes
mais, em média), índice de concepção é menor (15 a 40% em relação ao
sêmen convencional), custo do protocolo e menor fertilidade da
sincronização.
A área de biotecnologia aplicada à reprodução e ao melhoramento de
bovinos leiteiros está bem avançada. Conta hoje com a utilização de
marcadores moleculares para avaliação genômica (pelo DNA), clonagem e
edição genética.
Além da porteira

A “roda da reprodução” é um quadro criado pela Embrapa que auxilia no


manejo reprodutivo do rebanho. Você consegue consultar o estágio
reprodutivo das vacas e planejar as parições. Há também uma versão em
aplicativo para celular. Confira!

Manejo da vaca gestante e do parto

No período final de gestação, o animal exige cuidados especiais em


decorrência do aumento de peso e da dificuldade de locomoção. Daí a
importância de se adotar o piquete-maternidade.
A vaca “amoja” (aumento do úbere) 2 a 3 semanas antes do parto. Mais
perto do parto (2 a 3 dias), os músculos da pelve relaxam, os tetos se
enchem de leite e é comum a saída de gotas de leite (colostro). Logo antes
do momento do parto, a vagina libera um muco viscoso e a vulva aumenta
de tamanho.
Tome nota

Há algumas situações de parto com dificuldade, chamado de distócico, em


que a intervenção é necessária. O treinamento é fundamental, pois é
frequente, no campo, o uso de práticas inadequadas que comprometem
os resultados.
Primeiro, é importante realizar um diagnóstico da situação. As causas
principais de parto distócicos são:
 ossatura estreita;
 abertura insuficiente do canal cervical;
 feto grande demais para o tamanho da vaca; e
 anomalias de posição ou postura.

Existem algumas técnicas para corrigir alguns casos no campo. Às vezes, o


tracionamento também será necessário. Todas as operações devem
respeitar as recomendações técnicas, o bem-estar animal e a higiene.
Porém, em alguns casos, apenas o médico veterinário será capaz de
resolver, pois pode haver a necessidade de uma cesariana.
Em todos os casos, preste atenção à necessidade de tratamento pós-parto
para prevenir possíveis infecções uterinas. Lembre-se de registrar o
ocorrido na ficha do animal para que o fato seja levado em consideração
na seleção.
Os problemas pós-parto mais comuns são: metrites (inflamações e
infecções uterinas), retenção de placenta, cetose (problema metabólico
relacionado à mobilização da gordura) e febre do leite (hipocalcemia ou
deficiência aguda de cálcio). Devem ser tratados de acordo com as
recomendações técnicas e os registros anotados nas respectivas fichas
individuais.
Em situações normais de bom manejo, em 45 dias, há involução uterina e
retorno ao ciclo estral. Se a vaca parir com baixo ECC, vai emagrecer ainda
mais após o parto, o que acarreta falta de cio por um longo tempo.
Ordenhando ideias

Augusta, lá da fazenda Santa Esperança, aprendeu na faculdade de


veterinária que o intervalo entre partos (IEP) ideal é de 12 meses.
O período de gestação é de cerca de 280 a 290 dias (9,5 meses). Para
fechar dentro dos 12 meses, o período de serviço (do parto à primeira
cobertura fértil) deve ser de, no máximo, 3 meses, ou 90 dias.
Por problemas de manejo, principalmente alimentar, a média do IEP, em
diversas fazendas leiteiras, é de 18 a 22 meses, o que resulta em baixo
percentual de vacas em lactação em relação ao total de vacas no plantel.
Preste atenção para que isso não ocorra na sua propriedade!

RESUMO

O Módulo 4 teve por objetivo apresentar a você a Gestão do


melhoramento genético e da reprodução.
No primeiro tópico, você viu como identificar as principais raças de
bovinos leiteiros e relacioná-las ao perfil do rebanho e às possibilidades de
mudanças.
No segundo tópico, você conheceu os critérios de seleção de bovinos
leiteiros e as modalidades de cruzamentos para melhoramento genético
do rebanho.
No terceiro tópico, conheceu as fases reprodutivas do gado leiteiro e as
relacionou aos manejos alimentar e reprodutivo.
E, para finalizar, no quarto tópico, você pôde aprender quais são as
técnicas de manejo reprodutivo para aumentar a eficiência reprodutiva do
rebanho e reduzir a sazonalidade na produção de leite.
Não pare por aqui! Ainda tem muita informação interessante para você
aprender neste curso!

Módulo 5 | Gestão do manejo e da sanidade do rebanho


Olá! Nossas boas-vindas ao Módulo 5 do curso!
Neste módulo, vamos discutir sobre o manejo das diferentes categorias do
rebanho, os impactos da composição do rebanho sobre a produção de
leite e os procedimentos aplicados à saúde animal que visam o manejo
racional e a manutenção da sanidade do rebanho.
Nosso objetivo é que você consiga discorrer sobre o manejo das
diferentes categorias da pecuária leiteira e os procedimentos aplicados à
manutenção da saúde animal, com destaque para as enfermidades, as
medidas de controle e os cuidados na aplicação de vacinas e
medicamentos, de acordo com as recomendações técnicas, de modo a
zelar pela sanidade do rebanho.
Tópico 1 – Composição do rebanho
Ao fim deste tópico, você será capaz de comparar os efeitos de diferentes
composições de rebanho sobre a produção de leite. Acompanhe!
Estruturação do rebanho e seus impactos sobre a produção de leite
A composição do rebanho, medida em proporção de animais de cada
categoria, tem um imenso impacto financeiro na pecuária leiteira. São dois
os índices principais que devemos avaliar: percentual de vacas no
rebanho e percentual de vacas em lactação.
Observe no infográfico a seguir.
A meta é ter de 65 a 70% de vacas no rebanho (novilhas em crescimento
representariam 30 a 35%), das quais, aproximadamente 85% em lactação.
Para atingir essa meta, seria necessário que as vacas tivessem o manejo
reprodutivo ajustado para um IEP de 12 meses e lactação de 10 meses,
com 2 meses de secagem antes do próximo parto.

*IEP: Intervalo entre partos.

Para esse cálculo, utilizamos uma das fórmulas abaixo:

ou

Esses são cálculos simples, mas a interpretação dos resultados tem alta
relevância. Todos os produtores gostariam de ter a maior parte do
rebanho em vacas, e quase todas elas dando leite. Contudo,
existem fatores determinantes para resultados aquém dos ideais. A
idade média brasileira ao primeiro parto é de 4 anos e pode ser reduzida
pela metade com os cuidados necessários.
Outro ponto comum em fazendas leiteiras é termos IEP de 18 a 22 meses,
devido principalmente, ao manejo nutricional inadequado. A isso somam-
se vacas de baixa persistência de lactação e duração de lactação curta (6 a
8 meses) e temos um quadro indesejável. Essa é uma realidade que todos
queremos evitar, certo?
Ordenhando ideias

Nem sempre a fazenda Santa Esperança foi um caso de sucesso. Houve


uma época em que havia um rebanho composto por 20 vacas, com
produção de 10 L diários, com 18 meses de IEP e 8 meses de lactação. Isso
resultava em apenas 44% de vacas em lactação.
Ao fazer as contas, os proprietários concluíram que só tinham 9 vacas (90
L leite por dia x valor do leite na sua região) para pagar a conta de 20
vacas e mais o restante dos animais das outras categorias do rebanho.
O primeiro passo foi conhecer a realidade da fazenda. Depois, com muito
esforço e dedicação, a fazenda atingiu a marca de 80% de vacas em
lactação. Esse resultado subiria para 16 vacas na ordenha (160 L por dia),
ou seja quase 80% a mais de renda bruta.
Agora que você já sabe a importância de estruturar o rebanho e seus
impactos sobre a produção de leite, avance para o próximo tópico para
aprofundar seus conhecimentos sobre o manejo de bezerras, novilhas e
vacas leiteiras.

Tópico 2 – Manejo de bezerras, novilhas e vacas leiteiras

Ao fim deste tópico, você vai poder enumerar e aplicar as técnicas de


manejo racional das diferentes categorias de bovinos leiteiros. Continue
seus estudos!

Manejo das bezerras e novilhas


A bezerra será a futura vaca, que vai compor seu rebanho, o que justifica
todos os cuidados nos manejos alimentar e sanitário.

O produtor pode exercer um controle da mamada natural e reduzir o


consumo de leite por meio do rodízio de tetos no primeiro mês e deixar
leite residual no segundo mês. A alimentação artificial é adotada com
sucesso em criações com vacas mais especializadas, que não precisam de
bezerro ao pé para a descida do leite. O leite ou sucedâneo (fórmula) é
servido em quantidades programadas, individual ou coletivamente.

VOCÊ SABIA?
O trato digestivo dos bezerros não é capaz de digerir os alimentos
fibrosos. De modo geral, recomenda-se fornecer cerca de 5% do PV em
leite (4 a 6 L), dividido em, pelo menos, 2 tratos. A desmama precoce (60 a
90 dias) reduz a demanda de leite por bezerro e, portanto, é mais
econômica. O princípio é substituir um alimento líquido caro, como o leite,
por um maior uso de alimentos sólidos e mais baratos.
Isso é possível por meio da transição alimento líquido-sólido e do
desenvolvimento rápido do rúmen. Para tanto, o concentrado deve ser
fornecido por meio de consumo estimulado. Um volumoso com excelente
qualidade deve estar disponível. Água fresca e limpa à vontade, higiene,
bem como um ambiente salubre e confortável devem ser providenciados.

Os cuidados sanitários para prevenção de agentes causadores de diarreia,


como salmonelose, colibacilose e coccidiose (eimeriose), incluem um
rigoroso esquema de prevenção, higiene e inspeção regular.

Agora chegou o momento de conhecer o manejo das vacas leiteiras. As


vacas de primeira cria são uma categoria diferente das demais, pois têm
exigência do crescimento, além da manutenção da produção e da
gestação. Portanto, atenção à qualidade e ao balanceamento da dieta.
Vamos pensar juntos

Você aprendeu que, em relação ao manejo, é possível inter-relacionar a


nutrição, o escore corporal, a reprodução e a produção de leite em um só
contexto. Aprendeu também que a vaca atinge o pico de lactação em um
momento de baixo consumo pré e pós-parto, que leva a um balanço
energético negativo. Isso reduz o escore da condição corporal (ECC) de 3,5
para 2,5.
Agora, se uma vaca em manejo inadequado já parisse magra (2,5), elevaria
seu ECC para 4,5 porque não teria mais as exigências de gestação, o que
aumentaria a produção de leite.
Essa última afirmação é verdadeira ou falsa? Escolha sua resposta!
Falsa. Condições de baixo ECC impactam negativamente o retorno da
atividade reprodutiva. Se a vaca pare magra, perde ainda mais o escore
para priorizar a lactação em detrimento da reprodução. Quando a vaca
reduz o ECC para níveis tão baixos, o impacto na reprodução é negativo,
ou seja, aumenta o tempo de retorno à atividade reprodutiva e o IEP.

Tópico 3 – Manejo sanitário

Ao concluir este tópico, você vai conseguir caracterizar a sintomatologia


das principais doenças infecciosas, parasitárias e distúrbios metabólicos.
Além disso, vai poder implementar um plano completo de medidas
profiláticas para a prevenção de doenças no rebanho.
Sem um manejo sanitário adequado, o produtor não consegue boa
produtividade, os índices zootécnicos da propriedade vão diminuir, os
custos com tratamentos vão aumentar e pode ocorrer até mesmo a morte
de animais. Queremos evitar essa situação, certo? Acompanhe para saber
como!

Medidas profiláticas

As medidas profiláticas previnem a introdução e a transmissão de doenças


no seu rebanho. Todas são importantes e devem ser colocadas em
prática.
Quarentena: Nunca misture um animal recém-introduzido na propriedade
com o restante do seu rebanho. Reserve um piquete para fazer a
quarentena e a observação. Faça um protocolo básico de exames e
vacinações, caso necessário.
Isolamento de animais doentes: Para evitar a transmissão de doenças e
fazer o tratamento e o monitoramento adequado, reserve um “piquete-
hospital” com água, sombra e cocho para alimentação, que tenha acesso
às instalações de manejo, para deixar animais com algum sintoma de
anormalidade (depressão de consumo, afastamento dos demais, urina e
fezes anormais, respiração irregular, manqueira etc.) para investigação e
tratamento.
Higiene, limpeza e outros: A higiene e o cuidado com a limpeza das
instalações, dos equipamentos e dos utensílios são fundamentais. Veja as
atitudes que você deve tomar:
 faça o controle de insetos, roedores e demais vetores de doenças;
 faça testes periódicos para diagnosticar doenças, como brucelose,
tuberculose, bem como exames parasitológicos de fezes;
 tenha um saneamento ambiental com destino adequado dos dejetos,
das embalagens e do lixo;
 destrua os cadáveres adequadamente, por meio de incineração ou
enterro; e
 não se esqueça das vacinações, de acordo com as recomendações
técnicas.

Principais doenças e seu controle

Vamos dividir as principais enfermidades do rebanho leiteiro em: doenças


infecciosas, parasitárias e distúrbios metabólicos. Analise o infográfico
abaixo e depois continue seus estudos para mais detalhes sobre cada
doença citada.
Doenças parasitárias

Os parasitas passam parte de sua vida no animal e parte no ambiente. Por


isso, é difícil o controle, pois os animais se reinfestam no campo. Conhecer
a biologia dos parasitas auxilia no controle integrado.

Endoparasitos

Coccidiose: Causada pelo protozoário chamado de Eimeria. É comum em


bezerros o chamado curso negro. A higiene é fundamental para a
prevenção da doença, tratada com antibióticos específicos.

Verminose: Os vermes pulmonares são mais comumente encontrados em


bezerros, que se contaminam quando mamam, e causam tosse. Porém,
são os vermes gastrintestinais os de distribuição mais ampla e que
causam maiores prejuízos. Os parasitas causam perda de peso, queda no
consumo, redução da produção de leite, entre outros prejuízos.
VOCÊ SABIA?
Como os sinais normalmente são subclínicos, os vermes causam prejuízos
de forma silenciosa. Utilizamos exame de fezes para detectar a presença
de ovos para quantificar o nível de infecção. O controle se baseia em
medidas estratégicas, que levam em consideração o ciclo de vida dos
parasitos.

A aplicação de diversos produtos antiparasitários de largo ou curto


espectro é uma ferramenta muito útil no controle. Porém, o longo período
de carência – período no qual não é permitido comercializar o leite – de
vários deles limita a aplicação durante a lactação. Outro fator limitante é a
ocorrência de resistência dos parasitas a produtos químicos.

Ectoparasitas

Bicheira:
feridas podem ser usadas pela mosca-varejeira para colocar ovos, que se
desenvolvem como larvas. O uso de mata-bicheira nas feridas é uma
prática que repele as moscas.
Carrapato:
causa redução de ganho de peso, baixa produção de leite, pela sucção de
sangue, transmissão da tristeza parasitária bovina (Anaplasma sp. e
Babesia spp.), danos no couro, além aumentos das despesas para o
controle. A estratégia mais comum é a aplicação de banhos carrapaticidas.
Os cuidados na aplicação exigem proteção humana e ambiental, por tipo e
dose do produto, uniformidade de aplicação, avaliação da eficácia ou
resistência dos parasitas aos produtos e adoção de medidas integradas,
como troca de pastagem. Para vacas leiteiras, certos produtos exigem o
descarte do leite.
Mosca-de-berne:
em algumas regiões, a mosca-de-berne é um parasita de importância, pois
causam queda na produção de leite e danificam muito o couro.
Geralmente, o controle é feito pela aplicação de antiparasitários de largo
espectro.
Mosca-dos-chifres:
É uma mosca menor que a doméstica, mas que suga sangue (hematófaga),
o que causa irritação ao animal, que deixa de comer normalmente para
tentar se livrar da alta infestação. Ela voa a longas distâncias, coloca
muitos ovos em fezes frescas e tem ciclo curto, o que faz com que
rapidamente desenvolva resistência a produtos químicos usados no
controle. Medidas integradas de controle são necessárias, que envolvam,
entre outras, o monitoramento e o uso de produtos antiparasitários
menos agressivos aos besouros rola-bosta, que auxiliam a controlar o
parasita.

A febre do leite e a cetose estão relacionadas ao manejo das vacas


gestantes e ao parto. A acidose ruminal é influenciada pelo manejo da
alimentação e tem maior ocorrência em dietas de alto concentrado.
Com a mineralização adequada, é provável que não ocorra a carência de
minerais, conforme pontuamos no Módulo 2, que tratou da nutrição dos
animais. As doenças de cascos, como laminites, mais comuns em vacas
confinadas, são causadas por fatores genéticos, sanitários, ambientais e
nutricionais. A intoxicação pode ocorrer quando os animais ingerem
plantas tóxicas ou alimentos contaminados.

Calendário sanitário

Para facilitar o manejo sanitário na propriedade, o produtor pode


organizar as práticas em um quadro ou tabela, divididas por mês, no qual
ocorre a indicação da categoria e a prática a ser executada. Veja o
exemplo a seguir, adotado na fazenda Santa Esperança.
Tome nota

Esse quadro sanitário é um exemplo. Para adequá-lo à sua situação


específica, procure um médico veterinário ou o órgão de defesa sanitária
mais próximo para obter orientações adequadas à sua região.

Tome nota

Embalagens vazias descartadas inadequadamente (jogadas no piquete, no


curral, queimadas ou enterradas) geram impacto ambiental, pois poluem
o solo, a água e o ar, além de causarem riscos à saúde do trabalhador
rural, pois esses são resíduos perigosos.
De acordo a legislação que instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, os consumidores deverão efetuar a devolução das
embalagens após o uso aos comerciantes ou distribuidores, na forma
de logística reversa.

RESUMO

O Módulo 5 teve por objetivo apresentar a você a Gestão do manejo e da


sanidade do rebanho.
No primeiro tópico, você viu como comparar os efeitos de diferentes
composições de rebanho sobre a produção de leite.
No segundo tópico, você aprendeu as técnicas de manejo racional das
diferentes categorias de bovinos leiteiros.
No terceiro e último tópico, você aprendeu sobre as principais doenças
infecciosas, parasitárias e os distúrbios metabólicos. Além disso, viu como
implementar um plano de medidas profiláticas para prevenir doenças no
rebanho.
Continue seus estudos!
Módulo 6 | Gestão da ordenha, qualidade do leite e resultado
técnico-econômico

Olá! Nossas boas-vindas ao Módulo 6 do curso!


Este é o último módulo do nosso curso. Aqui, nós vamos discutir as
técnicas de manejo de ordenha para obtenção de leite de qualidade e
encerrar com índices produtivos e financeiros da atividade leiteira.
Nosso objetivo é que você consiga demonstrar técnicas de manejo de
ordenha e use produtos e equipamentos apropriados para obter,
higienicamente, o leite e manter a saúde da glândula mamária das vacas,
além de, é claro, a saúde do trabalhador. Você também vai aprender a
calcular os índices zootécnicos e os resultados econômicos da atividade
leiteira.

Tópico 1 – Manejo de ordenha e qualidade do leite


Ao fim deste tópico, você será capaz de enumerar as etapas de obtenção
higiênica do leite, identificar seus componentes físico-químicos e
microbiológicos e avaliar os efeitos da mastite na produção e na qualidade
do leite. Acompanhe!
Manejo e higiene da ordenha manual e mecânica
As boas práticas no manejo de ordenha consideram três segmentos.
A atitude do ordenhador deve ser positiva durante a interação com as
vacas. O uso de cavalos e cachorros, a presença de pessoas estranhas ou,
ainda, gritar e bater nos animais são exemplos de atitudes negativas que
atrapalham a interação e afetam negativamente o bem-estar animal.
Você já sabe quais comportamentos devem ser evitados na hora da
ordenha. Mas, afinal, o que deve ser feito?
Após a ordenha, as vacas devem receber água e alimento. Faça a
higienização da sala de ordenha, dos utensílios e dos equipamentos. Não
se esqueça de verificar o material utilizado! A armazenagem de baldes e
utensílios deve ser feita em locais limpos e secos.

Importância da qualidade da água na higiene da ordenha

Você já aprendeu que precisa higienizar todos os utensílios para fazer uma
ordenha de qualidade e evitar a contaminação do leite. Mas, você já parou
para pensar que a qualidade da água utilizada nessa higienização é
importante?
1: A qualidade da água é requisito básico para higienização do
ordenhador, das instalações, dos equipamentos e dos utensílios. Sem
água de qualidade, haverá problemas com a limpeza de equipamentos de
ordenha e a armazenagem do leite, que contribuem para aumentar a
população de bactérias e reduzir a qualidade do leite.
2: Em relação à qualidade da água, podemos observar os seguintes
parâmetros:
• propriedades físico-químicas favoráveis;
• características sensoriais normais;
• livre de compostos tóxicos e metais pesados; e
• aspectos microbiológicos (isenta de coliformes fecais e demais
causadores de doenças).
3: Água com alta concentração de sais de carbonato de cálcio e magnésio
(água dura) dificulta a limpeza, pois, em contato com alguns detergentes,
eles se precipitam e são de difícil remoção.
4: A formação de filmes dentro de superfícies internas dos equipamentos
favorece a adesão e o crescimento de bactérias. Além da água,
detergentes específicos (alcalinos) devem ser usados, conforme a
recomendação do fabricante.
5: A água usada deve ser potável. Para tanto, a fonte deve ser segura e a
água deve passar por tratamentos, como filtração e cloração (exemplos:
hipoclorito de sódio a 10%, com água sanitária; hipoclorito de cálcio;
pastilhas ou granulado; cal clorada).

Composição e qualidade do leite

O leite é o produto da ordenha completa, ininterrupta, em condições de


higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas, e deve
apresentar alguns requisitos específicos.

Caracteristicas sensoriais: Liquido branco, opalescente e homogêneo.


Sabor e odor característicos.
Requisitos gerais: Ausência de neutralizantes da acidez e reconstituintes
de densidade.
Ausência de resíduos de antibióticos e de outros agentes inibidores do
crescimento microbiano.
Atingimento dos requisitos físico-químicos, microbiológicos, contagem de
células somáticas (CCS) e resíduos químicos.
Anatomia e fisiologia da glândula mamária

Agora que você já sabe reconhecer as características do leite, está na hora


de saber como ele é produzido no interior da vaca.

É importante entender a anatomia e a fisiologia da glândula mamária. Ela


se divide em quatro quartos completamente individualizados:
 direito e esquerdo - separados por ligamentos; e
 anterior e posterior - separados por septo de tecido conectivo.
A produção de leite nos quartos posteriores corresponde a 60% do total.
VOCÊ SABIA?
Os pontos importantes da anatomia do úbere a serem observados em
relação à eficiência de ordenha são:
 posição dos tetos (se muito distantes, há dificuldades para fazer a
ordenha);
 ângulo dos tetos (falta de equilíbrio do conjunto de ordenha);
 úbere penduloso (pode resultar em dificuldade de ordenha);
 vascularização rica no teto (congestão e edema no mecanismo de
ordenha); e
 sustentação (ligamento central e ligamento lateral).

A síntese e a secreção do leite nos alvéolos mamários é um processo que


ocorre de maneira praticamente estéril em animais saudáveis. São
milhares de alvéolos que retiram os nutrientes do sangue para sintetizar o
leite.

1- O leite dos alvéolos só pode ser retirado pelo mecanismo de


ejeção (descida do leite) causado pela contração das células
miopiteliais que circundam os alvéolos.
2- O estímulo do toque ou da lavagem nos tetos ativa as
terminações nervosas receptoras na pele e causam impulso
eferente até o hipotálamo, que, por sua vez, promove a
liberação da ocitocina estocada na glândula pituitária.
3- Os sinais e os sons relacionados à rotina de ordenha podem
iniciar o reflexo de ejeção do leite. Quando o reflexo é
desencadeado, o animal deve ser ordenhado.
4- A ocitocina liberada nos capilares sanguíneos chega à glândula
mamária num intervalo de 19 a 22 segundos. Em 6 segundos,
induz a contração das células mioepiteliais e a ejeção do leite e,
em mais 20 a 30 segundos, ficam cheios os grandes dutos e as
cisternas. Daí o tempo de 30 a 60 segundos para se colocar as
teteiras após a estimulação.
5- A meia vida da ocitocina é de 3,5 minutos. Mas, se algo causar
estresse nas vacas, como pessoas estranhas, maus tratos ou
quebra na rotina, ocorre a liberação de adrenalina, que causa a
vasoconstrição e a redução do efeito da ocitocina na glândula
mamária. Na linguagem popular, diz-se que a vaca “escondeu o
leite”.

Atenção! A contaminação do leite ocorre nas etapas de ordenha,


manuseio e armazenamento do leite, quando algumas regras de higiene
não são seguidas.
Os microrganismos que contaminam o leite podem ser originários do
interior da glândula mamária, da superfície dos tetos e do úbere, de
utensílios e equipamentos de ordenha e de armazenamento do leite, além
de outras fontes presentes no ambiente.
Problemas relacionados à falta de higiene, à temperatura e ao tempo de
estocagem do leite propiciam a contaminação e favorecem a multiplicação
de microrganismos deterioradores. Isso resulta em sérios prejuízos,
devido à redução do rendimento industrial, às alterações nas
propriedades sensoriais e à redução da vida de prateleira do leite e seus
derivados.
Diagnóstico e controle de mastite
Agora que você já conhece o processo de “fabricação” do leite, que ocorre
no interior das vacas, é importante ter informações sobre a mastite.
Trata-se da inflamação da glândula mamária e se destaca como um dos
principais fatores que diminuem a produção e a qualidade do leite. Além
disso, as perdas econômicas da mastite incluem gastos com
medicamentos, descarte de leite e de vacas, bem como a eventual morte
de animais. Por isso, é importante prestar atenção.
A qualidade do leite in natura é influenciada por muitas variáveis. Dentre
elas, destacam-se os fatores zootécnicos associados ao manejo, à
alimentação, ao potencial genético dos animais e aos relacionados à
obtenção e à armazenagem do leite. Uma das causas que exerce uma
influência extremamente prejudicial sobre a composição e as
características físico-químicas do leite é a mastite.
Tome nota

A mastite é causada por microrganismos que passam do exterior para o


canal do teto, invadem o tecido mamário e provocam inflamações. A
forma mais comum é aquela transmitida pela mão do ordenhador ou
pela ordenhadeira.

Normalmente, as células somáticas estão presentes no leite em baixa


quantidade. Em um quarto mamário infectado, a CCS aumenta
significativamente durante a evolução da mastite.
Os microrganismos que causam a mastite podem ser classificados em três
categorias:
 contagiosos (Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae);

 ambientais (coliformes, Streptococcus uberis e outros); e

 microflora normal do teto (Staphylococcus hyicus, Staphylococcus

epidermidis e Corynobacterium bovis).


A principal delas é a contagiosa, transmitida principalmente pela mão do
ordenhador ou por teteiras de ordenhadeiras mecânicas contaminadas. A
mastite pode se apresentar sob duas formas: clínica e subclínica.
A ordem de ordenha para prevenir a transmissão da mastite é:
1- vacas de primeira cria;
2- vacas sadias;
3- vacas com mastite subclínica;
4- vacas em colostro (fornecimento ou banco de colostro);
5- vacas com mastite clínica (descarte do leite).

Tópico 2 – Comercialização do leite

Ao fim deste tópico, você vai saber reconhecer a importância do


resfriamento para armazenagem e identificar os canais de comercialização
do leite. Acompanhe!
Armazenagem do leite

Após a ordenha, o leite deve ser resfriado imediatamente. Caso contrário,


a interação entre tempo e temperatura faz com que as bactérias se
multipliquem dramaticamente. Esses microrganismos acidificam o leite, a
principal causa de rejeição pelos laticínios.
Na refrigeração e no transporte do leite, os seguintes limites máximos de
temperatura devem ser observados:

Ordenhando ideias

O tanque de expansão (resfriamento) ainda é incomum em propriedades


de pequena escala. Normalmente, tem-se o tanque coletivo, instalado por
associações de produtores ou laticínios. O transporte do leite deve ser
feito por caminhões com tanques isotérmicos em aço inoxidável.
IN 76/2018 e IN 73/2019

Mesmo com todo o conhecimento prático sobre a gestão produtiva da


pecuária do leite, é importante conhecer também alguns aspectos legais
que regem essa prática. Continue seus estudos!
A Instrução Normativa (IN) 76/2018, do Mapa, tem como objetivo
regulamentar e fixar a identidade do leite, bem como os requisitos
mínimos de qualidade. O leite cru refrigerado, de tanque individual ou de
uso comunitário, deve apresentar médias trimestrais de contagem de
bactérias (em unidades formadoras de colônias) de, no máximo, 300.000
UFC/mL, e de CCS de, no máximo, 500.000 CS/mL.

Tome nota

Alguns produtores tentam fraudar o leite com a adição de água e outros


aditivos/coadjuvantes. Isso é proibido! O leite é analisado periodicamente
pelas empresas e, se descoberta adulteração, o produtor pode ser
penalizado e ter sua reputação manchada.

A IN 73/2019, do Mapa, estabeleceu o Regulamento Técnico de Boas


Práticas Agropecuárias (BPA), destinado aos produtores rurais
fornecedores de leite, para a fabricação de produtos lácteos artesanais. As
avaliações de comprovação do cumprimento das BPAs são feitas pelos
serviços de assistência técnica e extensão rural estaduais, que são
concedentes do selo Arte.
Vamos conhecer os indicadores zootécnicos, produtivos e as análises dos
resultados econômicos no próximo tópico? Então, siga em frente!

Tópico 3 – Indicadores zootécnicos, produtivos e análises dos


resultados econômicos
Ao concluir este tópico, você vai conseguir calcular os indicadores da produção
e de produtividade de leite. Vai conseguir calcular, também, os indicadores
econômicos da pecuária leiteira. Acompanhe!
Índices zootécnicos e produtivos

O cálculo de índices zootécnicos e produtivos é importante para o


monitoramento do sistema de produção e tem impactos diretos na análise
econômica, pois são calculados com base nos registros.

• Taxa de natalidade: Taxa de natalidade = Número de bezerros nascidos


por ano : número de vacas x 100
Meta: > 90%

• Taxa de mortalidade dos bezerros: Taxa de mortalidade de bezerros =


Número de bezerros mortos : número de bezerros nascidos x 100
Meta: < 5%

• Intervalo entre partos: IEP = Número de dias entre um parto e outro


Meta: 12 meses

• Período de serviço: Período de serviço = número de dias do parto até a


concepção (acasalamento fértil)
Meta: 90 dias

• Media geral de produção de leite por vaca: Média geral da produção


de leite por vaca = Produção diária de leite : número de vacas ordenhadas
É uma conta bem simples, usada frequentemente para comparar
diferentes épocas do ano e propriedades.
Meta: dependente do sistema de produção

• Produção de leite por lactação de uma vaca: Produção de leite por


lactação de uma vaca = Somatório da produção de leite do primeiro ao
último dia de lactação.
O leite é pesado, vaca por vaca, uma vez ao mês. Consideramos esse valor
como referência diária para o respectivo mês.
Meta: dependente do sistema de produção
• Produção media de leite: Produção média de leite de uma vaca =
Produção por lactação : período de lactação em dias
Meta: dependente do sistema de produção

• Produção de leite por vaca por dia de IEP: Produção de leite por vaca
por dia de IEP = Produção de leite por lactação : IEP
Esse é um índice interessante, pois une produção e reprodução. Com ele,
pode-se medir a capacidade de retorno de cada animal. A média nacional
é de menos de 3 L.
Meta: em rebanhos mestiços, é de 10 a 11L; em raças especializadas, de
15 a 16L.

• Persistência de lactação: Persistência de lactação: 1- [(volume do


controle anterior - volume do controle atual) x (30 dias de intervalo entre
as pesagens) / volume do controle anterior] x 100
Meta: > 90-95%

• Duração da lactação: Duração da lactação: número de dias de lactação


Meta: 10 meses (305 dias)

• Produtividade: Produtividade (produção/ha): Produção anual de leite


(média diária da produção de leite por dia x 365) / área utilizada pela
pecuária leiteira)
Mede a eficiência e competitividade do seu sistema. A média, em sistemas
de pastagens sem tecnificação, é, geralmente, de 1000 a 2000 L/ha/ano,
mas o potencial pode ultrapassar 30.000 L/ha/ano com uso de pastejo
superintensivo.
Cálculos dos índices financeiros

Nesse subtópico, vamos usar os conhecimentos adquiridos no Módulo 1.


Se necessário, revise-o antes de continuar seus estudos.
A renda (receita) da pecuária leiteira é proveniente da venda do leite
associado à venda de animais. Em propriedades especializadas, mais de
85% da receita vem do leite!
Com base no controle das operações financeiras e na estrutura de custos,
vamos calcular alguns índices importantes.
 Litros por vaca = custo por vaca : preço do leite (converter moeda
em L de leite para custear cada vaca)
 Custo por vaca em lactação = custo operacional : número de vacas
em lactação (interessante, pois as vacas em lactação pagam a conta
do rebanho)
 Custo por litro de leite = custo total / total de L produzido por ano
(índice extremamente importante, pois permite avaliar a relação
entre preço pago e custo)
 Preço de equilíbrio = custo total : produção total (para operar com
lucro, o preço de mercado deve ser maior do que o preço de
equilíbrio calculado)
 Produção de equilíbrio = custo total : preço de venda (para operar
com lucro, a produção maior real deve ser maior do que a produção
de equilíbrio calculada)
 Margem Bruta (MB) = Receita bruta (RB) – custo operacional efetivo
(COE)
 Margem líquida (ML) = RB – custo operacional total (COT)
 Custo por vaca = custo operacional: número de vacas
RESUMO

O Módulo 6 tratou da Gestão da ordenha, da qualidade do leite e do


resultado técnico-econômico.
No primeiro tópico, você viu as etapas de obtenção higiênica do leite;
aprendeu a identificar os componentes físico-químicos e microbiológicos
do leite e a avaliar os efeitos da mastite na produção e na qualidade do
leite.
No segundo tópico, você aprendeu sobre a importância do resfriamento
para a armazenagem e descobriu como identificar os canais de
comercialização do leite.
No terceiro e último tópico, você aprendeu a calcular os indicadores da
produção e produtividade de leite e os indicadores econômicos da
pecuária leiteira.
Parabéns por ter chegado até aqui!

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