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Mas, você sabia que, apesar dos avanços na produtividade animal, ainda temos muito a
avançar nessa área?
Em comparação, a produtividade por vaca, nos Estados Unidos, é de 9.219 L/vaca/ano
(em 305 dias de lactação, o que equivale a 30,2 L/vaca/dia), em sistema caracterizado
por animais de alto potencial genético criados em confinamento.
A Nova Zelândia é o maior exportador de leite do mundo e tem menos da metade da
extensão territorial do estado da Bahia. Lá, o sistema de produção de leite é baseado em
pastagens bem manejadas, e com isso, a produtividade é de 3.817 L/vaca/ano.
Além disso, a produtividade de leite no Brasil não é uniforme. A média da Região
Nordeste é menor que a metade da média nacional, com apenas 1.178 L/vaca/ano
(equivalente a 4,4 L/vaca/dia, considerando uma lactação com 270 dias de duração).
Veja as informações no mapa a seguir.
É fato que o número de produtores de leite tem decrescido. Estima-se que 15% dos
produtores (equivalente a 200 mil) saíram da atividade nos últimos 20 anos. O
percentual de propriedades que produzem acima de 200L por dia, ainda que pouco
representativas, mais que dobraram e, assim, atingiram 7% do total.
É muito provável que a pequena escala de produção diária de leite não gere renda
suficiente para manter o produtor na atividade, o que causa um sério impacto social.
Você conhece alguém que passa ou já passou por essa situação? Se esse é o seu caso,
não se preocupe! Esse curso vai ajudar você!
A cadeia produtiva do leite é dividida em diversos segmentos.
O segundo é o segmento onde você se insere, que se constitui pelas unidades produtivas
ou propriedades leiteiras nas quais o leite é produzido.
MERCADO DO LEITE
Com o aumento da população, o consumo crescente de produtos lácteos está garantido.
Além disso, o aumento do poder aquisitivo se reverte em aumento do consumo de
produtos com mais alto valor agregado, como iogurte e diferentes tipos de queijos. Em
média, cada brasileiro consome, anualmente, 170 L de equivalente em leite. Contudo, a
desigualdade social marcante no nosso país também se reflete no consumo de lácteos.
VOCÊ SABIA?
Um grave problema enfrentado pela cadeia produtiva do leite no Brasil é o percentual
de leite informal ainda comercializado. Quase um terço do leite produzido é
comercializado de forma clandestina – uma séria questão de saúde pública!
Os preços do leite são controlados basicamente pela oferta e pela demanda. Apesar de
não ser tão simples analisar o preço do leite sem levar em consideração a conjuntura
econômica, houve elevação significativa dos valores pagos ao produtor, mas também
nos custos de produção. Os impactos da pandemia de Covid-19 sobre a produção e o
mercado de leite foram drásticos, mas estão sendo superados, e as perspectivas são
positivas.
Avance para o próximo tópico para saber mais sobre o manejo racional na produção e
qualidade do leite.
PLANEJAMENTO
O planejamento é fundamental para balizar as decisões a serem tomadas. Os primeiros
passos para elaborar um planejamento é fazer um inventário patrimonial e estudar a
região onde você se encontra, para analisar as potencialidades e desafios.
A seguir, você vai saber qual foi o passo a passo adotado na fazenda do Antenor e da
Augusta, a Santa Esperança, que você conheceu no vídeo de apresentação do curso.
Veja com atenção e siga esse exemplo!
O primeiro passo adotado pela Augusta foi atribuir valores de mercado aos itens
pertinentes. Sem isso, não tem como calcular os custos de produção.
PASSO 1
DADOS DA PROPRIEDADE:
Inventário patrimonial
Nome da propriedade
Nome do proprietário
Localização
Área
DESCRIÇÃO DA PROPRIEDADE:
Recursos naturais
Solo: topografia, fertilidade, facilidade de mecanização
Clima: índice pluviométrico, temperaturas médias, máximas, mínimas
Fontes de água: superfície, subterrânea
Flora e fauna
RECURSOS FÍSISCOS:
Casa
Curral
Cercas
Aguadas
Poços
Cochos
Bebedouros
Outras instalações
REBANHO:
Touro
Vacas em lactação
Vacas secas
Novilhas
Garrotes
Bezerras(os)
MÁQUINAS E IMPLEMENTOS:
Trator
Implementos
Máquina forrageira
Carroça
Motobomba
Ferramentas etc.
INSUMOS DISPONÍVEIS:
Rações
Sal mineral
Medicamentos
Adubo
Sementes etc.
OUTROS:
Recursos humanos
Recursos financeiros
Escala de produção diária
PASSO 2
Até agora, apresentamos a você apenas a descrição do que existe e do que se pretende fazer. A partir
de agora é que o verdadeiro exercício de planejamento começa!
Lá na fazenda Santa Esperança, Antenor e a filha conversaram entre si, mas, se você está fazendo
esse exercício sozinho, pergunte-se: para atingir essa meta, o que será necessário?
Em seguida, eles colocaram no papel o detalhamento de cada passo necessário para atingir a meta
dentro do prazo determinado. Antes de fazer um detalhamento, você poderá fazer uma listagem geral
para verificar a necessidade e o cronograma de investimento.
Depois desse detalhamento, foi a vez de preparar um cronograma de desembolso. Confira esse
exemplo, utilizado na fazenda Santa Esperança.
Dessa forma, você saberá o investimento necessário e o momento de aplicação dos recursos. Caso
não esteja ao seu alcance, reajuste a meta e faça a adequação dos itens.
ORDENHANDO IDEIAS
Na fazenda Santa Felicidade, Augusta sabe que as matrizes de qualidade constituem um
relevante investimento. Então, devemos começar com o preparo das condições
necessárias para uma boa produção, como a produção de alimentos, as instalações
(simples e funcionais) e outros. Em seguida, é a hora de “trocar” as vacas mais comuns
por outras, de maior potencial genético. Às vezes, será necessário vender duas ou três
vacas comuns para comprar uma de maior qualidade, mas valerá a pena!
PASSO 4
Este é o último passo para um planejamento bem-feito. Nesta etapa, é feito um detalhamento de cada
um dos itens da listagem geral.
A planilha deve ser atualizada à medida que você faz o trabalho. Dessa forma, você vai ter controle
sobre o que foi planejado e o que foi executado.
ESCRITURAÇÃO ZOOTÉCNICA
O controle do rebanho, chamado de zootécnico, contempla os registros genealógicos,
produtivos, reprodutivos e sanitários. Para fazer esse controle, usamos dois registros: a
ficha de campo e a ficha individual. A primeira traz as anotações em cadernos de
campo, de fácil acesso e uso rotineiro. Já a segunda é onde os dados coletados no campo
são registrados e arquivados, geralmente na sede da fazenda.
Confira esses exemplos, adotados na fazenda Santa Esperança. Clique no título das
colunas para conhecer os detalhes.
FICHAS DE CAMPO
Controle de reprodução
Controle de produção
Identificação
Reprodução
Produção de leite
Controle financeiro
Agora que você já sabe como fazer o planejamento da fazenda e o controle zootécnico,
está na hora de aprender a estabelecer o controle financeiro.
Os gastos (despesas) e ganhos (receitas) devem ser anotados com detalhes, sem
esquecer nenhum, para não prejudicar a contabilidade.
Lá na fazenda Santa Esperança, depois de muito estudo, Augusta e Antenor adotaram
fichas simples, mas eficientes. Confira:
Atenção ao preenchimento, pois esse controle é a base dos nossos cálculos de custo de
produção.
Para fazer esse controle, você pode usar livros de fluxo de caixa, disponíveis na maioria das
papelarias.
Custos variáveis são aqueles que variam de acordo com a quantidade produzida, cuja
duração é igual ou menor do que 1 ano: mão de obra, despesas com alimentação,
reprodução, medicamentos e outras.
Na fazenda Santa Esperança, Antenor e Augusta enfrentaram dificuldades para avaliar
alguns itens que compõem o custo fixo, como a remuneração da terra, do capital fixo e
do produtor. Depois de muito estudo, resolveram adotar a metodologia de custo
operacional total e efetivo. Para saber mais sobre o assunto:
COE
O Custo Operacional Efetivo compreende todos os custos efetivamente desembolsados em um ano
agrícola. Também se enquadram os custos administrativos e os custos financeiros do capital de giro.
COT
O Custo Operacional Total compreende o custo operacional efetivo (COE) mais as depreciações de
maquinários, implementos, benfeitorias, remuneração do produtor etc.
MB
A Margem Bruta resulta da subtração entre a receita bruta (RB, tudo que foi capitalizado da
atividade leiteira como venda de leite e de animais) e o custo operacional efetivo (COE). Ou seja:
MB = RB – COE
MB
A Margem Líquida resulta da subtração entre a receita bruta (RB) e o custo operacional total (COT).
Ou seja:
ML = RB – COT
vermífugo
vacina de aftosa
mistura mineral
farelo de algodão
nitrogênio líquido para conservação de sêmen
Agora, você vai conhecer um estudo de caso que fez um diagnóstico de uma amostra de
aproximadamente 40 fazendas leiteiras na Bahia, com média de produção diária de 74
L/dia oriundos de 23 vacas em lactação. Clique em cada área do gráfico para saber mais
sobre cada item.
RESUMO
Forma de estimativa 1
Na primeira, é feita a pesagem dos animais. Depois, calculamos o peso vivo (PV) médio
dos animais de cada categoria.
Forma de estimativa 2
RESPOSTA:
Ordenhando ideias
(2.340 kg de palma forrageira x 210 dias) + (234 kg de feno x 210 dias) = 491.400 kg de
palma forrageira + 49.140 kg de feno
você viu que os cálculos foram feitos considerando os plantios feitos em linha. Mas, se
a área foi plantada a lanço, em covas menos uniformes, podemos fazer a amostragem
em quadrilátero, como quadrados e retângulos. Confira qual é a fórmula utilizada.
Os dados que comumente vemos nas publicações e que usamos para o planejamento
infelizmente não se refletem na prática, ou seja, com o que temos medido no campo
ao fazer a colheita. Com certeza, investindo-se um pouco mais em adubação e outras
práticas culturais, o resultado será uma redução de custo por quilo de alimento
produzido.
Para efeito de planejamento, vamos usar os dados abaixo, medidos em diversos
produtores com diferentes graus de manejo das culturas. O valor entre parênteses
representa o potencial atingido se o manejo for adequado e as condições, favoráveis:
Para determinar a área a ser plantada como reserva de forragem, vamos usar a
seguinte fórmula:
Em áreas mais áridas, onde a estiagem pode se estender além do planejado, essa
margem de segurança é de 30% a mais que o necessário – pode chegar a 40% ou mais.
Classificação de alimentos
Tem baixo teor energético, com altos teores de fibra ou água. Dividem-se em:
Alimentos concentrados
Minerais
Vitaminas
Aditivos
Tome nota
Ao fim deste tópico, você vai poder enumerar e analisar as características das
principais plantas forrageiras, além de implementar técnicas de manejo de pastagens
para aumentar a produtividade. Acompanhe!
Plantas forrageiras
Gramíneas tropicais
Como exemplo de leguminosas forrageiras podemos citar estilosantes, calopogônio, soja-perene, leucena, andu ou
guandu, e amendoim-forrageiro.
Elas devem ser escolhidas de acordo com a adaptação às condições de solo, ao clima e ao manejo.
Manejo do pastejo
No gráfico abaixo, podemos ver que, com o avançar do tempo de rebrotação, há uma
relação inversa entre o aumento da massa de forragem e a queda da qualidade.
Existe uma faixa ótima de tempo de rebrotação quando há um equilíbrio entre a
quantidade e qualidade da forragem.
Outro fator que deve ser levado em consideração ao definir o momento de entrada e
de saída dos animais nos piquetes é a altura de entrada e de saída dos capins. Vamos
usar a tabela abaixo como referência.
Adubação de pastagens
Primeiro, você deve retirar uma amostra de solo, enviar para análise e procurar
orientação técnica para uma maior acurácia na recomendação, de acordo com a sua
realidade.
VOCÊ SABIA?
Antes de preparar o solo com aração e gradagens, tenha certeza de que todas as
práticas de conservação do solo foram tomadas, de acordo com a topografia e o tipo
de solo, como terraços, e siga as práticas de preparo e de plantio, seguindo as curvas
nível.
Ensilagem
VOCÊ SABIA?
Silagem é o alimento úmido, conservado pela fermentação
ácida em condições na ausência de oxigênio (anaeróbica).
Ensilagem é o processo de produção da silagem.
O silo é o local de armazenamento da silagem.
Para que a fermentação ocorra na sua plenitude, e que acidez possa ser suficiente
para preservar a massa ensilada, algumas premissas devem ser observadas:
VOCÊ SABIA?
Feno é o alimento conservado pela desidratação (secagem) da forragem.
Fenação é o processo de produção de feno.
A forrageira para produção de feno deve ter bom valor nutritivo e colmos finos.
Geralmente os Cynodons e Massai são os mais utilizados.
Após o corte, o capim deve secar por igual e rapidamente, ou seja, deve ser revolvido
no campo antes do enfardamento.
Após a secagem em campo, o feno é enfardado, ou seja, prensado para aumentar a
densidade, para que mais forragem possa ser armazenada em um menor espaço.
Enfardadeiras manuais e soluções caseiras para densificação do material são bem-
vindas.
Apesar de ser satisfatoriamente aplicada para o gado de corte, dada a exigência em nutrientes para produção de leite,
essa técnica tem aplicabilidade extremamente limitada para o gado leiteiro.
O capim-elefante é muito comum em propriedades leiteiras como forma de reserva de forragem. Porém, o produtor
deixa o capim crescer nas “águas” para ser cortado na seca, e assim, chega a atingir de 3 a 4 m, mas com baixo valor
nutritivo.
A melhor estratégia de utilização seria a ensilagem quando o capim atinge 2m de altura, o que possibilita de 3 a 4 cortes
ao ano e resulta em aumento de produtividade de forragem com maior qualidade.
Leguminosas forrageiras (banco de proteína)
Banco de proteína é uma área mantida exclusivamente com leguminosas forrageiras, nas quais os animais têm acesso
programado; também podem ser cortadas e fornecidas no cocho.
Palma forrageira
O cultivo da palma forrageira de forma tradicional perdurou por muito tempo. Nos últimos anos, passou-se a optar pelo
cultivo intensivo, com o objetivo de produzir uma grande quantidade desse volumoso em áreas cada vez menores.
Agora que você já conhece as principais opções para reservas estratégicas de
forragens, clique nos ícones a seguir para saber mais.
As mudas de palma forrageira destinadas ao plantio devem ser sadias, sem a presença
de pragas ou doenças, e, de preferência, retiradas do terço médio da planta. Antes, as
mudas devem ficar à sombra, em local ventilado e livre de umidade para cicatrização.
A adubação deve ser feita de acordo com a análise de solo e a produção esperada.
Ordenhando ideias
Cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar é uma planta forrageira para corte detentora de excelentes vantagens para suplementação estratégica
no período de escassez de pastagem. São elas: facilidade na formação e manutenção da cultura, alta produção de massa
de forragem, baixo custo de produção e não precisa ser ensilada ou fenada.
Escolha variedades adequadas para a região. O plantio é feito em sulcos, geralmente
espaçados de 1,1 a 1,3 m. A atenção aos tratos culturais garante um bom rendimento
na colheita.
Após cortada, sem picagem, a cana pode ficar até três dias à sombra sem problemas
de fermentação. Se picada, deve ser servida imediatamente. A picagem ideal é entre 1
e 2 cm.
Ordenhando ideias
Atenção! O máximo de ureia que o bovino adaptado pode consumir sem problemas
de intoxicação é de 40 a 50 g por cada 100 kg de peso vivo.
Mandioca
A mandioca é uma cultura muito tradicional no Brasil. Quando se trata dela na alimentação de bovinos, podemos usar as
raízes e a parte aérea. As raízes podem ser fatiadas e secas ao sol. Subprodutos da produção de farinha, como crueira e a
casca, podem ser usados nas rações. A parte aérea também pode ser usada na dieta dos animais.
É importante salientar que, devido à alta concentração de ácido cianídrico (substância
tóxica), a mandioca somente deve ser fornecida após triturada e exposta ao sol por
um período de, no mínimo, 24 horas. Seria mais prático que, antes da colheita da roça,
a parte aérea fosse colhida de uma vez, triturada, seca ao sol e armazenada.
Requerimentos nutricionais
Estamos encerrando este módulo. Abordamos tantos conteúdos importantes que vale
a pena revisá-los!
RESUMO
Por fim, no quarto tópico, você pôde aprender a identificar os componentes dos
requerimentos nutricionais e os princípios da mistura de alimentos e do fornecimento
de dietas para a nutrição balanceada dos animais.