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GESTÃO PRODUTIVA DA BOVINOCULTURA DE LEITE

TÓPICO 1 – AGRONEGÓCIO DA BOVINOCULTURA LEITEIRA

Estatística da produção de leite:


A cadeia produtiva do leite no Brasil passou por grandes transformações nas últimas
décadas. A produção de leite tem crescido a uma taxa média anual de quase 5% nos
últimos 30 anos, o que faz com que a balança comercial do leite, de negativa, torne-se
positiva. Com isso, o país passou a atender praticamente toda a demanda do mercado
interno e exportar o excedente.
A produção anual de aproximadamente 35 bilhões de litros de leite é advinda
principalmente das Regiões Sul (36%) e Sudeste (34%); Minas Gerais é o estado
responsável por quase um terço da produção nacional. Confira na tabela a seguir:
Você sabia que o leite é o alimento mais consumido no mundo?
Estima-se que aproximadamente 480 milhões de toneladas são consumidas por ano na
forma de leite fluido, iogurtes, queijos, sorvetes e outros derivados.

Enquanto a produção de leite aumentou, o número de vacas ordenhadas diminuiu. A


explicação foi o aumento de aproximadamente 60% na produtividade média de leite por
vaca, que passou, nos últimos 20 anos, de 1.618 L/vaca/ano para 2.621 L/vaca/ano.
Vamos analisar os números no gráfico a seguir.

Mas, você sabia que, apesar dos avanços na produtividade animal, ainda temos muito a
avançar nessa área?
Em comparação, a produtividade por vaca, nos Estados Unidos, é de 9.219 L/vaca/ano
(em 305 dias de lactação, o que equivale a 30,2 L/vaca/dia), em sistema caracterizado
por animais de alto potencial genético criados em confinamento.
A Nova Zelândia é o maior exportador de leite do mundo e tem menos da metade da
extensão territorial do estado da Bahia. Lá, o sistema de produção de leite é baseado em
pastagens bem manejadas, e com isso, a produtividade é de 3.817 L/vaca/ano.
Além disso, a produtividade de leite no Brasil não é uniforme. A média da Região
Nordeste é menor que a metade da média nacional, com apenas 1.178 L/vaca/ano
(equivalente a 4,4 L/vaca/dia, considerando uma lactação com 270 dias de duração).
Veja as informações no mapa a seguir.
É fato que o número de produtores de leite tem decrescido. Estima-se que 15% dos
produtores (equivalente a 200 mil) saíram da atividade nos últimos 20 anos. O
percentual de propriedades que produzem acima de 200L por dia, ainda que pouco
representativas, mais que dobraram e, assim, atingiram 7% do total.
É muito provável que a pequena escala de produção diária de leite não gere renda
suficiente para manter o produtor na atividade, o que causa um sério impacto social.
Você conhece alguém que passa ou já passou por essa situação? Se esse é o seu caso,
não se preocupe! Esse curso vai ajudar você!
A cadeia produtiva do leite é dividida em diversos segmentos.

O primeiro é o setor de fornecimento de insumos, ou seja, de tudo aquilo necessário


para a produção, tais como sementes, fertilizantes, misturas minerais, rações, vacinas,
medicamentos etc.

O segundo é o segmento onde você se insere, que se constitui pelas unidades produtivas
ou propriedades leiteiras nas quais o leite é produzido.

O leite cru (sem processamento) é captado por empresas ou cooperativas, que


constituem o terceiro segmento, nas quais ocorre o processamento, que resulta em leite
fluido pasteurizado e derivados, tais como queijo, manteiga e iogurte.

Finalmente, os processados lácteos vão para o atacado e o varejo (quarto segmento),


onde são adquiridos pelos consumidores, cada vez mais preocupados com as condições
de produção dos alimentos e exigentes quanto à qualidade.

O perfil dos produtores de leite é caracterizado geralmente pela baixa escala de


produção diária, sazonalidade da produção (concentrada na época chuvosa do ano) e a
despadronização da qualidade. Normalmente, o produtor não é organizado em
associações ou cooperativas. Apesar de todos os produtores se preocuparem com o
preço de venda do leite, poucos conhecem o custo de produção.
Para profissionalizar a atividade, é muito importante conhecer o sistema de produção e
de custos, bem como o planejamento, a execução e o monitoramento de um plano de
ação.
Mas você não está só! Saiba que organizar-se para comprar insumos e vender o leite em
conjunto é uma estratégia que resulta em preços mais atrativos!

MERCADO DO LEITE
Com o aumento da população, o consumo crescente de produtos lácteos está garantido.
Além disso, o aumento do poder aquisitivo se reverte em aumento do consumo de
produtos com mais alto valor agregado, como iogurte e diferentes tipos de queijos. Em
média, cada brasileiro consome, anualmente, 170 L de equivalente em leite. Contudo, a
desigualdade social marcante no nosso país também se reflete no consumo de lácteos.
VOCÊ SABIA?
Um grave problema enfrentado pela cadeia produtiva do leite no Brasil é o percentual
de leite informal ainda comercializado. Quase um terço do leite produzido é
comercializado de forma clandestina – uma séria questão de saúde pública!
Os preços do leite são controlados basicamente pela oferta e pela demanda. Apesar de
não ser tão simples analisar o preço do leite sem levar em consideração a conjuntura
econômica, houve elevação significativa dos valores pagos ao produtor, mas também
nos custos de produção. Os impactos da pandemia de Covid-19 sobre a produção e o
mercado de leite foram drásticos, mas estão sendo superados, e as perspectivas são
positivas.
Avance para o próximo tópico para saber mais sobre o manejo racional na produção e
qualidade do leite.

TÓPICO 2 – IMPORTÂNCIA DO MANEJO RACIONAL NA PRODUÇÃO E


QUALIDADE DO LEITE

DIFERENÇAS DA PECUÁRIA ESPECIALIZADA E NÃO-ESPECIALIZADA NA


PRODUÇÃO LEITEIRA
A pecuária é classificada conforme o produto principal explorado no rebanho. Na
pecuária de corte, a carne é o foco. A pecuária leiteira, por sua vez, é especializada na
produção de leite. Entretanto, uma situação muito comum é o produtor querer ganhar no
leite e no bezerro por meio de animais de duplo propósito (carne e leite), ou de vacas de
corte (também chamadas de vacas de cria).
Na verdade, o produtor acaba por perder dos dois lados. Atenção, pois a orientação é
buscar a profissionalização da atividade com foco na produção de leite, muito mais
lucrativa, enquanto o bezerro torna-se um subproduto. Perde-se de um lado, mas,
quando se investe no melhoramento genético, o valor agregado das novilhas para venda
se torna mais atrativo, o que compensará uma eventual desvalorização dos bezerros.
VAMOS FAZER UM COMPARATIVO ENTRE VACAS DE CRIA E LEITEIRAS:
Ao considerar as despesas e o resultado, é melhor ter um menor número de vacas
especializadas na produção de leite do que muitas vacas com baixa produção.
Para ter sucesso e aumentar a produção de leite, o produtor deve investir em animais de
qualidade com o manejo apropriado. Muitas vacas de baixa produção aumentam as
despesas e não trazem resultado. Você já havia pensado nisso?

PRINCIPAIS FATORES QUE AFETAM A PRODUÇÃO E A QUALIDADE DO LEITE


Para que o nosso objetivo de produzir leite com eficiência e lucratividade seja
concretizado, devemos ter atenção a todos os fatores que afetam a produção e a
qualidade do leite de maneira conjunta.
O diagrama abaixo mostra que a gestão da produção de alimentos e da alimentação, do
melhoramento genético, do bem-estar animal, das instalações e dos equipamentos, da
reprodução, da saúde e do manejo do rebanho, da higiene de ordenha e a administração
são os principais fatores que merecem atenção e a aplicação de tecnologias apropriadas.
As boas práticas agropecuárias (BPA) aplicadas à pecuária leiteira tratam da
implementação de procedimentos adequados a todas as etapas da produção de leite.

TÓPICO 3 – ADMINISTRAÇÃO DA PECUÁRIA LEITEIRA

PLANEJAMENTO
O planejamento é fundamental para balizar as decisões a serem tomadas. Os primeiros
passos para elaborar um planejamento é fazer um inventário patrimonial e estudar a
região onde você se encontra, para analisar as potencialidades e desafios.
A seguir, você vai saber qual foi o passo a passo adotado na fazenda do Antenor e da
Augusta, a Santa Esperança, que você conheceu no vídeo de apresentação do curso.
Veja com atenção e siga esse exemplo!

O primeiro passo adotado pela Augusta foi atribuir valores de mercado aos itens
pertinentes. Sem isso, não tem como calcular os custos de produção.

PASSO 1

DADOS DA PROPRIEDADE:
 Inventário patrimonial
 Nome da propriedade
 Nome do proprietário
 Localização
 Área

DESCRIÇÃO DA PROPRIEDADE:
 Recursos naturais
 Solo: topografia, fertilidade, facilidade de mecanização
 Clima: índice pluviométrico, temperaturas médias, máximas, mínimas
 Fontes de água: superfície, subterrânea
 Flora e fauna
RECURSOS FÍSISCOS:
 Casa
 Curral
 Cercas
 Aguadas
 Poços
 Cochos
 Bebedouros
 Outras instalações

REBANHO:
 Touro
 Vacas em lactação
 Vacas secas
 Novilhas
 Garrotes
 Bezerras(os)

MÁQUINAS E IMPLEMENTOS:
 Trator
 Implementos
 Máquina forrageira
 Carroça
 Motobomba
 Ferramentas etc.

INSUMOS DISPONÍVEIS:
 Rações
 Sal mineral
 Medicamentos
 Adubo
 Sementes etc.

OUTROS:
 Recursos humanos
 Recursos financeiros
 Escala de produção diária

PASSO 2

Em seguida, Augusta e Antenor analisaram a conjuntura interna e externa e elencaram os pontos


fortes e fracos da propriedade e da região para exercer a atividade na sua plenitude. A partir daí,
puderam traçar o objetivo e a meta (quantificada e com prazo definido).
PASSO 3

Até agora, apresentamos a você apenas a descrição do que existe e do que se pretende fazer. A partir
de agora é que o verdadeiro exercício de planejamento começa!
Lá na fazenda Santa Esperança, Antenor e a filha conversaram entre si, mas, se você está fazendo
esse exercício sozinho, pergunte-se: para atingir essa meta, o que será necessário?
Em seguida, eles colocaram no papel o detalhamento de cada passo necessário para atingir a meta
dentro do prazo determinado. Antes de fazer um detalhamento, você poderá fazer uma listagem geral
para verificar a necessidade e o cronograma de investimento.

Depois desse detalhamento, foi a vez de preparar um cronograma de desembolso. Confira esse
exemplo, utilizado na fazenda Santa Esperança.

Dessa forma, você saberá o investimento necessário e o momento de aplicação dos recursos. Caso
não esteja ao seu alcance, reajuste a meta e faça a adequação dos itens.
ORDENHANDO IDEIAS
Na fazenda Santa Felicidade, Augusta sabe que as matrizes de qualidade constituem um
relevante investimento. Então, devemos começar com o preparo das condições
necessárias para uma boa produção, como a produção de alimentos, as instalações
(simples e funcionais) e outros. Em seguida, é a hora de “trocar” as vacas mais comuns
por outras, de maior potencial genético. Às vezes, será necessário vender duas ou três
vacas comuns para comprar uma de maior qualidade, mas valerá a pena!

PASSO 4

Este é o último passo para um planejamento bem-feito. Nesta etapa, é feito um detalhamento de cada
um dos itens da listagem geral.

A planilha deve ser atualizada à medida que você faz o trabalho. Dessa forma, você vai ter controle
sobre o que foi planejado e o que foi executado.

ESCRITURAÇÃO ZOOTÉCNICA
O controle do rebanho, chamado de zootécnico, contempla os registros genealógicos,
produtivos, reprodutivos e sanitários. Para fazer esse controle, usamos dois registros: a
ficha de campo e a ficha individual. A primeira traz as anotações em cadernos de
campo, de fácil acesso e uso rotineiro. Já a segunda é onde os dados coletados no campo
são registrados e arquivados, geralmente na sede da fazenda.
Confira esses exemplos, adotados na fazenda Santa Esperança. Clique no título das
colunas para conhecer os detalhes.

FICHAS DE CAMPO

Controle de reprodução
Controle de produção

Controle de desenvolvimento ponderal (crescimento) das fêmeas do nascimento ao


parto
Agora, com os dados colhidos no campo, você passa para a ficha individual. Cada vaca
deve ter um registro (nome ou número) que se relaciona à respectiva ficha individual.
Esse é o principal instrumento aplicado na seleção dos animais e no melhoramento
genético.
Essa ficha contém as informações de genealogia (pai e mãe), controles de vacinas e
medicamentos, eventuais problemas de saúde, histórico da reprodução e produção.
Confira aqui os modelos utilizados pela Augusta e pelo Antenor lá na fazenda Santa
Esperança.

Identificação

Reprodução

Pesagens e ocorrências (sanitárias e de outras ordens)

Produção de leite
Controle financeiro

Agora que você já sabe como fazer o planejamento da fazenda e o controle zootécnico,
está na hora de aprender a estabelecer o controle financeiro.
Os gastos (despesas) e ganhos (receitas) devem ser anotados com detalhes, sem
esquecer nenhum, para não prejudicar a contabilidade.
Lá na fazenda Santa Esperança, depois de muito estudo, Augusta e Antenor adotaram
fichas simples, mas eficientes. Confira:
Atenção ao preenchimento, pois esse controle é a base dos nossos cálculos de custo de
produção.
Para fazer esse controle, você pode usar livros de fluxo de caixa, disponíveis na maioria das
papelarias.

TÓPICO 4 – ESTRUTURA DE CUSTO DA PECUÁRIA LEITEIRA

CONCEITOS APLICADOS NO CÁLCULO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO


A primeira metodologia de análise de custos usa os conceitos de custos fixos e
variáveis. Os custos fixos são aqueles que não variam de acordo com a quantidade
produzida, e cuja duração é maior do que um ciclo de produção que, no caso do leite, é
de 1 ano.
Consideramos a depreciação dos itens de vida útil com duração de mais de 1 ano, como
instalações, equipamentos etc., de acordo com a equação a seguir. Clique nos itens para
mais detalhes.

Custos variáveis são aqueles que variam de acordo com a quantidade produzida, cuja
duração é igual ou menor do que 1 ano: mão de obra, despesas com alimentação,
reprodução, medicamentos e outras.
Na fazenda Santa Esperança, Antenor e Augusta enfrentaram dificuldades para avaliar
alguns itens que compõem o custo fixo, como a remuneração da terra, do capital fixo e
do produtor. Depois de muito estudo, resolveram adotar a metodologia de custo
operacional total e efetivo. Para saber mais sobre o assunto:

COE
O Custo Operacional Efetivo compreende todos os custos efetivamente desembolsados em um ano
agrícola. Também se enquadram os custos administrativos e os custos financeiros do capital de giro.

COT
O Custo Operacional Total compreende o custo operacional efetivo (COE) mais as depreciações de
maquinários, implementos, benfeitorias, remuneração do produtor etc.

MB
A Margem Bruta resulta da subtração entre a receita bruta (RB, tudo que foi capitalizado da
atividade leiteira como venda de leite e de animais) e o custo operacional efetivo (COE). Ou seja:
MB = RB – COE

MB
A Margem Líquida resulta da subtração entre a receita bruta (RB) e o custo operacional total (COT).
Ou seja:
ML = RB – COT

ESTRUTURA DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE LEITE

O inventário da infraestrutura feito no planejamento é lançado na avaliação anual do


custo de produção na forma de depreciação, item a item. Alguns itens não têm valor
final, como pastagens, por exemplo.
As despesas com a produção dentro do ano são agrupadas. Por exemplo, o item
alimentação vai considerar tudo que foi gasto com a aquisição de rações, misturas
minerais, volumosos etc. A parte de sanidade considera vacinas e medicamentos, e
assim por diante.
Vamos pensar juntos

Saber agrupar os itens regularmente adquiridos na atividade leiteira é muito importante


para montar a estrutura de custo de produção. Vamos pensar juntos? Analise os insumos
que estão na segunda coluna e numere-os de acordo com as respectivas categorias de
custo operacional (primeira coluna).
1. alimentação
2. mão de obra
3. sanidade
4. reprodução
5. outras despesas
 
milho para ração

vermífugo

diária para enchimento de silo

eletricidade para o conjunto motobomba levar água para o gado

vacina de aftosa

sêmen para inseminação artificial

mistura mineral

farelo de algodão
nitrogênio líquido para conservação de sêmen

Agora, você vai conhecer um estudo de caso que fez um diagnóstico de uma amostra de
aproximadamente 40 fazendas leiteiras na Bahia, com média de produção diária de 74
L/dia oriundos de 23 vacas em lactação. Clique em cada área do gráfico para saber mais
sobre cada item.

RESUMO

O Módulo 1, Conceitos de gestão da pecuária leiteira, teve como objetivo apresentar


a você, por meio de estatísticas e exemplos, a importância socioeconômica da
bovinocultura leiteira como fonte de renda.
No primeiro tópico, você aprendeu sobre a bovinocultura na conjuntura socioeconômica
brasileira.
No segundo tópico, você pôde entender o conceito de especialização da pecuária
leiteira, enumerar os principais fatores que afetam a produção e a qualidade do leite e
descrever boas práticas do manejo racional de bovinos leiteiros.
No terceiro tópico, você conheceu as ferramentas de administração rural aplicadas à
bovinocultura leiteira.
Por fim, no quarto tópico, você pôde aprender a identificar os itens na estrutura de custo
da bovinocultura leiteira.
Muito bem! Continue seus estudos!

Módulo 2 | Gestão do suporte forrageiro e da nutrição


do rebanho

Tópico 1 – Planejamento forrageiro

Ao fim deste tópico, você será capaz de categorizar os


animais do rebanho e seu consumo relativo, bem como
identificar as diferentes classes de alimentos a fim de
equacionar a demanda e a oferta de forragem.

Categorias do rebanho e o consumo relativo de alimentos

Na Fazenda Santa Esperança, Augusta fez um estudo para


determinar a necessidade de alimentos. Quer saber como?
Então, acompanhe!
Primeiro, foi feita a contagem do número de animais do
rebanho de acordo com as categorias: bezerros(as),
garrotes(as), novilhos(as), vacas em lactação, vacas secas e
touros.
Em seguida, foi feita a estimativa do consumo de alimentos.
Para fazer isso, duas maneiras são mais
utilizadas. Clique para saber mais.

Forma de estimativa 1

Na primeira, é feita a pesagem dos animais. Depois, calculamos o peso vivo (PV) médio
dos animais de cada categoria.
Forma de estimativa 2

Na segunda, trabalhamos com o conceito e a estimativa de unidade animal (UA). Cada


UA é equivalente é 1 animal de 450 kg de PV.

Antenor e Augusta optaram pela segunda maneira, dada a simplicidade de aplicação


no planejamento forrageiro. Nesse cálculo, 1 unidade animal (UA) equivale a 1 animal
com 450 kg de peso vivo (PV)

Finalmente, você soma a quantidade relativa de UA de cada categoria e faz um


somatório final de todo o rebanho em UA equivalente.

Para entender melhor, vamos analisar os números da fazenda Santa Esperança.

No nosso exemplo, o rebanho de 54 animais, no total, é equivalente a 39 UA.

Vamos pensar juntos

Agora é a sua vez! Imagine que você tenha:


 10 bezerros(as)
 3 garrotes
 7 novilhos(as)
 20 vacas em lactação
 10 vacas secas
 2 touros
Qual é o total de unidade animal (UA) que você usará para calcular seu planejamento
forrageiro?

RESPOSTA:

Demanda e oferta de forragem

Para o planejamento forrageiro, consideramos o consumo médio de 3% do PV


em matéria seca (MS). Entretanto, dada a dificuldade de muitos produtores em
determinar o teor de MS dos alimentos, vamos usar as médias gerais e transformar os
dados em consumo de matéria natural (aquela que você vai fornecer) para facilitar
seus cálculos e a aplicação da metodologia na sua propriedade.
Selecionamos os alimentos volumosos suplementares mais comuns e seu consumo
diário por UA.
Para determinar a necessidade diária de forragem, usamos a seguinte fórmula:
Ordenhando ideias

Vamos seguir o mesmo exemplo anterior, da fazenda Santa Esperança. Antenor


pretende alimentar seu rebanho com palma forrageira, então, necessitaria, por dia,
de:

60 kg de palma forrageira + 6 kg de feno (ou outra fonte de fibra) por UA x 39 UA =


2.340 kg de palma forrageira + 234 kg de feno (ou outra fonte de fibra).

O tempo durante o qual você precisa fornecer os volumosos suplementares depende


da sua região. Normalmente, varia de 6 meses a 9 meses.

Então, vamos usar a seguinte fórmula para concluir:

Ordenhando ideias

Vamos considerar 7 meses de necessidade de volumosos suplementares, ou seja, 210


dias. Continuando nosso exemplo, basta multiplicar a quantidade calculada por dia
pelo número de dias necessários:

(2.340 kg de palma forrageira x 210 dias) + (234 kg de feno x 210 dias) = 491.400 kg de
palma forrageira + 49.140 kg de feno
você viu que os cálculos foram feitos considerando os plantios feitos em linha. Mas, se
a área foi plantada a lanço, em covas menos uniformes, podemos fazer a amostragem
em quadrilátero, como quadrados e retângulos. Confira qual é a fórmula utilizada.

O produtor rural utiliza bastante tarefa ao invés de hectare. Um hectare tem 2,3


tarefas.

Determinação de área necessária para produção de forragem

Com a demanda de forragem do rebanho calculada em função do consumo diário e


do tempo de arraçoamento, é simples determinar a área necessária para a produção
de forragem suplementar. Basta dividir a demanda total pela produtividade da cultura.

Os dados que comumente vemos nas publicações e que usamos para o planejamento
infelizmente não se refletem na prática, ou seja, com o que temos medido no campo
ao fazer a colheita. Com certeza, investindo-se um pouco mais em adubação e outras
práticas culturais, o resultado será uma redução de custo por quilo de alimento
produzido.
Para efeito de planejamento, vamos usar os dados abaixo, medidos em diversos
produtores com diferentes graus de manejo das culturas. O valor entre parênteses
representa o potencial atingido se o manejo for adequado e as condições, favoráveis:
Para determinar a área a ser plantada como reserva de forragem, vamos usar a
seguinte fórmula:

Vamos exemplificar: para palma forrageira, anteriormente, calculamos a necessidade


de 491.400 kg ou 491,4 t : 250 t/ha =
1,97 ha, ou, aproximadamente, 2 ha + 30 % de margem de segurança =
2,6 ha
Lembre-se de que também serão necessários 49.140 kg (aproximadamente 50 t) de
feno, que pode ser pastagem seca, outra fonte de fibra, capim-de-corte etc.

Em áreas mais áridas, onde a estiagem pode se estender além do planejado, essa
margem de segurança é de 30% a mais que o necessário – pode chegar a 40% ou mais.
Classificação de alimentos

A composição do alimento é determinante para estabelecer sua classe.

Os alimentos podem ser classificados como:


Alimentos volumosos

Tem baixo teor energético, com altos teores de fibra ou água. Dividem-se em:

Volumosos úmidos: pastagens, capineiras, silagens, cana, palma.


Volumosos secos: feno, palhadas, cascas.

Alimentos concentrados

São aqueles com alto teor de energia. Dividem-se em:

Concentrados energéticos: com baixo teor de proteína (<20%). Exemplos: grãos de


cereais, como milho, sorgo, milheto, farelo de arroz etc.
Concentrados proteicos: com alto teor de proteína (<20%). Exemplos: subprodutos
da industrialização de óleos, como farelo de soja, farelo de algodão, torta de algodão
etc.

Minerais

Fornecidos por meio de mistura e núcleos minerais.

Vitaminas

Fornecidas por meio dos núcleos ou de forma injetável.

Aditivos

Compostos de substâncias para melhorar a conservação ou a eficiência da utilização


dos alimentos.

Tome nota

Os alimentos de origem animal com farinha de sangue e cama de frango são


atualmente proibidos para a alimentação de bovinos, segundo o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
TÓPICO 2 – MANEJO DE PASTAGENS

Ao fim deste tópico, você vai poder enumerar e analisar as características das
principais plantas forrageiras, além de implementar técnicas de manejo de pastagens
para aumentar a produtividade. Acompanhe!

Plantas forrageiras

Podemos dividir as plantas forrageiras em gramíneas (capins) e leguminosas


forrageiras; os capins são os mais usados e mais persistentes ao pastejo, apesar de as
leguminosas apresentarem um teor de proteína mais elevado.

Gramíneas tropicais

Para facilitar, vamos dividi-las conforme os principais gêneros botânicos. Clique nas


setas para conferir os detalhes.
Leguminosas forrageiras tropicais

As leguminosas forrageiras (de porte herbáceo, arbustivo ou arbóreo) podem ser


utilizadas consorciadas com gramíneas ou como banco de proteína. Representam
interessante fonte de alimentos, tanto do ponto de vista nutricional, por possuírem
alto teor de proteína e de digestibilidade, quanto estratégico, para reserva de alimento
na época seca do ano, em virtude da queda mais lenta da qualidade, da permanência
verde por mais tempo em espécies arbustivas e arbóreas, devido ao sistema radicular
mais profundo. Outras vantagens do uso de leguminosas são a fixação de nitrogênio
para a gramínea em sistemas consorciados e a reciclagem de nutrientes.

Como exemplo de leguminosas forrageiras podemos citar estilosantes, calopogônio, soja-perene, leucena, andu ou
guandu, e amendoim-forrageiro.

Elas devem ser escolhidas de acordo com a adaptação às condições de solo, ao clima e ao manejo.

Manejo do pastejo

O manejo do pastejo é o segredo do manejo de pastagem. Plantas forrageiras, para


serem persistentes e produtivas, além da reposição de nutrientes, devem ser
submetidas a certa frequência e intensidade de pastejo.

No gráfico abaixo, podemos ver que, com o avançar do tempo de rebrotação, há uma
relação inversa entre o aumento da massa de forragem e a queda da qualidade.
Existe uma faixa ótima de tempo de rebrotação quando há um equilíbrio entre a
quantidade e qualidade da forragem.

No manejo da pastagem sob lotação contínua, na qual os animais permanecem um


longo tempo nas pastagens, fica difícil controlar a forma como é feito o pastejo:
observamos mosaicos entre áreas sub e superpastejadas (geralmente perto das fontes
de água e dos cochos de sal mineral) na mesma área. Por outro lado, com o advento
das cercas elétricas, com custos compatíveis, a subdivisão de pastagens em piquetes
para a lotação rotacionada ficou viável e trouxe grandes benefícios para o rebanho e
para a pastagem, com o controle do momento de entrada e de saída dos animais no
piquete.

Para dimensionar o número de divisões da pastagem em piquetes, usamos a fórmula


a seguir. Clique nos elementos para conhecer os detalhes.

Outro fator que deve ser levado em consideração ao definir o momento de entrada e
de saída dos animais nos piquetes é a altura de entrada e de saída dos capins. Vamos
usar a tabela abaixo como referência.
Adubação de pastagens

Na formação de pastagens, a correção do solo e a adubação de estabelecimento, de


acordo com a análise de solo, é de fundamental importância em qualquer sistema de
pastejo. A reposição de nutrientes é feita por meio da adubação e da manutenção, na
qual os fertilizantes são aplicados em cobertura.

Primeiro, você deve retirar uma amostra de solo, enviar para análise e procurar
orientação técnica para uma maior acurácia na recomendação, de acordo com a sua
realidade.
VOCÊ SABIA?
Antes de preparar o solo com aração e gradagens, tenha certeza de que todas as
práticas de conservação do solo foram tomadas, de acordo com a topografia e o tipo
de solo, como terraços, e siga as práticas de preparo e de plantio, seguindo as curvas
nível.

Para saber mais sobre a adubação do solo, clique nos elementos do infográfico abaixo


e conheça os minerais mais utilizados:
K: O potássio é aplicado de modo a buscar um equilíbrio com outros
nutrientes que influenciam a capacidade de troca catiônica (CTC) do solo
N: O nitrogênio é aplicado conforme a lotação desejada. Aplicamos 50 kg de
N por UA.
CAMG: A correção do solo é feita com calcário, que corrige a acidez do solo,
nociva ao crescimento das raízes das plantas, e o fornecimento da Ca e Mg.
P: O fósforo é baixo na maioria dos solos em áreas tropicais; ele é essencial
para o crescimento das plantas forrageiras.

Normalmente, a adubação nitrogenada é dividida em 5 ou 6 aplicações (ciclos de


pastejo), a depender da região. No caso, você deve aplicar por piquete. Então, lembre-
se de considerar o tamanho do piquete em hectare.
Outro fator de intensificação é a irrigação de pastagens. Para tanto, avaliar a quantidade e a qualidade de água disponível
é o primeiro passo. A necessidade de água pelas gramíneas forrageiras depende da região, do tipo do solo e de outras
variáveis. O dimensionamento de um projeto de irrigação exige conhecimento técnico.

A irrigação também tem sido aplicada com sucesso na produção de reservas


estratégicas, com destaque na irrigação suplementar de cana, capineiras e palma, com
uso do gotejamento.

Tópico 3 – Conservação e reserva estratégica de forragens

Ao concluir este tópico, você vai conseguir identificar as


etapas de conservação de forragens e as principais opções
para reservas estratégicas de forragens, resíduos e
subprodutos agroindustriais utilizados na alimentação de
bovinos.
A produção anual de forragens nas pastagens tropicais, ou
mesmo nas pastagens nativas, apresenta duas fases
distintas a depender da época do ano. Na época seca, além
da redução abrupta na produção, que afeta negativamente
a capacidade de suporte, ocorre acentuada queda no valor
nutritivo.
O período seco é marcado por grandes prejuízos. São várias
as alternativas existentes para a reserva estratégica e a
conservação de forragem.
Conservação de forragens: ensilagem e fenação

Ensilagem

VOCÊ SABIA?
Silagem é o alimento úmido, conservado pela fermentação
ácida em condições na ausência de oxigênio (anaeróbica).
Ensilagem é o processo de produção da silagem.
O silo é o local de armazenamento da silagem.

Para que a fermentação ocorra na sua plenitude, e que acidez possa ser suficiente
para preservar a massa ensilada, algumas premissas devem ser observadas:

 O teor de matéria seca da forragem é ideal entre 30 e 35%;


 alto teor de carboidratos solúveis; e
 baixo poder tampão, que é resistência ao aumento da acidez
Tome nota

Aditivos comerciais (microbianos e enzimáticos) podem melhorar a qualidade da


silagem, mas as respostas em melhorias de desempenho animal são contraditórias.
Definitivamente, eles não corrigem erros básicos na confecção da silagem.

O descarregamento do silo e o fornecimento para os animais também deve ser


planejado, a fim de preservar a qualidade pós-abertura da silagem e reduzir as perdas.
Nunca forneça silagem estragada aos animais, pois pode trazer sérios riscos à saúde
ou mesmo a morte deles.
Ordenhando ideias

Na fazenda Santa Esperança, os silos usados são os do tipo superfície e trincheira.


Alguns produtores de pequena escala têm apostado em silos do tipo saco. Apesar de
tecnicamente possível, na prática, eles não têm apresentado uma boa conservação da
silagem por diversos motivos.

VOCÊ SABIA?
Feno é o alimento conservado pela desidratação (secagem) da forragem.
Fenação é o processo de produção de feno.

A forrageira para produção de feno deve ter bom valor nutritivo e colmos finos.
Geralmente os Cynodons e Massai são os mais utilizados.
Após o corte, o capim deve secar por igual e rapidamente, ou seja, deve ser revolvido
no campo antes do enfardamento.
Após a secagem em campo, o feno é enfardado, ou seja, prensado para aumentar a
densidade, para que mais forragem possa ser armazenada em um menor espaço.
Enfardadeiras manuais e soluções caseiras para densificação do material são bem-
vindas.

Principais opções para reservas estratégicas de forragens

Confira, a seguir, quais são as principais opções para reservas estratégicas de


forragens.

Pastagem reservada + suplementos proteinados no cocho

Apesar de ser satisfatoriamente aplicada para o gado de corte, dada a exigência em nutrientes para produção de leite,
essa técnica tem aplicabilidade extremamente limitada para o gado leiteiro.

Capineira, capim de corte, capim-elefante

O capim-elefante é muito comum em propriedades leiteiras como forma de reserva de forragem. Porém, o produtor
deixa o capim crescer nas “águas” para ser cortado na seca, e assim, chega a atingir de 3 a 4 m, mas com baixo valor
nutritivo.

A melhor estratégia de utilização seria a ensilagem quando o capim atinge 2m de altura, o que possibilita de 3 a 4 cortes
ao ano e resulta em aumento de produtividade de forragem com maior qualidade.
Leguminosas forrageiras (banco de proteína)

Banco de proteína é uma área mantida exclusivamente com leguminosas forrageiras, nas quais os animais têm acesso
programado; também podem ser cortadas e fornecidas no cocho.
Palma forrageira

O cultivo da palma forrageira de forma tradicional perdurou por muito tempo. Nos últimos anos, passou-se a optar pelo
cultivo intensivo, com o objetivo de produzir uma grande quantidade desse volumoso em áreas cada vez menores.
Agora que você já conhece as principais opções para reservas estratégicas de
forragens, clique nos ícones a seguir para saber mais.

Clima (temperatura e umidade relativa do ar).

Manejo do solo (correção e adubação).

Sistema de cultivo (tradicional ou intensivo).

Trato cultural empregado no palmal (controle de plantas indesejáveis, pragas e


doenças).

As mudas de palma forrageira destinadas ao plantio devem ser sadias, sem a presença
de pragas ou doenças, e, de preferência, retiradas do terço médio da planta. Antes, as
mudas devem ficar à sombra, em local ventilado e livre de umidade para cicatrização.
A adubação deve ser feita de acordo com a análise de solo e a produção esperada.
Ordenhando ideias

Na prática, em sistemas de cultivos de sequeiro, onde a colheita é feita a cada dois


anos, se deixa os cladódios (raquetes) matriz e primários, ao passo que, em cultivos
irrigados, em que a colheita é feita de oito a doze meses, se deixa apenas o cladódio
matriz.
Para fornecimento aos animais, a palma deve ser fatiada e não triturada, ou picada em
máquinas próprias para essa finalidade. Não se esqueça da fibra na dieta e a correção
de outros nutrientes, notadamente a proteína.

Cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar é uma planta forrageira para corte detentora de excelentes vantagens para suplementação estratégica
no período de escassez de pastagem. São elas: facilidade na formação e manutenção da cultura, alta produção de massa
de forragem, baixo custo de produção e não precisa ser ensilada ou fenada.
Escolha variedades adequadas para a região. O plantio é feito em sulcos, geralmente
espaçados de 1,1 a 1,3 m. A atenção aos tratos culturais garante um bom rendimento
na colheita.

Após cortada, sem picagem, a cana pode ficar até três dias à sombra sem problemas
de fermentação. Se picada, deve ser servida imediatamente. A picagem ideal é entre 1
e 2 cm.
Ordenhando ideias

O teor energético da cana-de-açúcar é elevado, mas o teor proteico é bem baixo.


Assim, na prática, faz-se necessária a suplementação de proteína. A fonte mais barata
de nitrogênio é o fornecimento da mistura de 9:1 ureia:sulfato de amônio, na
quantidade de 1% da massa verde. Contudo, o uso da ureia deve ser precedido de
cuidados técnicos, como a adaptação. Na primeira semana de fornecimento, é
utilizada 1/3 da dose, na segunda, 2/3, e, a partir da terceira, a dose cheia.

Atenção! O máximo de ureia que o bovino adaptado pode consumir sem problemas
de intoxicação é de 40 a 50 g por cada 100 kg de peso vivo.

Mandioca

A mandioca é uma cultura muito tradicional no Brasil. Quando se trata dela na alimentação de bovinos, podemos usar as
raízes e a parte aérea. As raízes podem ser fatiadas e secas ao sol. Subprodutos da produção de farinha, como crueira e a
casca, podem ser usados nas rações. A parte aérea também pode ser usada na dieta dos animais.
É importante salientar que, devido à alta concentração de ácido cianídrico (substância
tóxica), a mandioca somente deve ser fornecida após triturada e exposta ao sol por
um período de, no mínimo, 24 horas. Seria mais prático que, antes da colheita da roça,
a parte aérea fosse colhida de uma vez, triturada, seca ao sol e armazenada.

Subprodutos e resíduos agroindustriais

No Brasil, as produções agrícola e industrial são grandes fornecedoras de subprodutos


e resíduos passíveis de utilização como fonte de volumosos e concentrados para
bovinos. Como exemplos de subprodutos disponíveis, podemos citar os obtidos pelo
processamento de milho, arroz (farelo, casca), algodão (caroço, torta, farelo, resíduo
de algodoeira), soja (farelo, resíduo da pré-limpeza) e mandioca (raspa, casca, crueira,
parte aérea).

As palhadas, restolhos de culturas ou oriundas do processamento agrícola, podem ser


usadas na alimentação de bovinos. Seu baixo valor nutritivo pode ser melhorado por
tratamentos químicos e biológicos, como demonstrado por inúmeros trabalhos de
pesquisa, embora tenham sido limitadamente usados no campo.

TÓPICO 4 – MANEJO NUTRICIONAL

Ao concluir este tópico, você vai conseguir identificar os


componentes dos requerimentos nutricionais e os princípios
da mistura de alimentos e do fornecimento de dietas para a
nutrição balanceada dos animais. Continue seus estudos!

Requerimentos nutricionais

A água é um nutriente fundamental para a produção de


leite. O requerimento de vacas em lactação é alto já que a
água é o principal componente do leite – cerca de 87% de
sua composição.
VOCÊ SABIA?
Em termos gerais, podemos considerar o consumo diário de água de 30 a 40 L por UA.
Vacas de até 10 a 25 L de leite diários podem consumir de 60 a 90 L de água ou mais
por dia, respectivamente.

Chamamos de requerimentos nutricionais as necessidades de nutrientes para a


manutenção, o crescimento, a gestação e a produção de leite. Usamos tabelas como
base para o balanceamento de rações. O requerimento de mantença é para a
manutenção do peso corporal e das funções vitais. Ou seja, aumenta de acordo com o
peso do animal. Para vacas jovens em lactação, deve-se aumentar os requerimentos
de manutenção em 20% durante a primeira lactação, e 10% na segunda.
Os requerimentos nutricionais para produção são baseados na produção de leite e no
teor de gordura. Podemos considerar 3,5 % de gordura para vacas Girolandas de
produção média. Para vacas Jersey, o teor de gordura no leite é maior (5 %).
Princípios de balanceamento de dietas

Para conhecer a composição dos alimentos, o ideal é tirar amostras e enviar ao


laboratório, principalmente dos alimentos volumosos, que possuem alta variação em
termos de composição. Porém, tabelas da literatura podem auxiliar. Clique no
título das colunas para conhecer os detalhes.

A ideia por trás do balanceamento de dietas é misturar os alimentos a fim de atender


aos requerimentos nutricionais.
Ordenhando ideias

Na prática, a relação volumoso : concentrado é bem importante na produção de


leite. Na fazenda Santa Esperança, quando os animais estão sendo arraçoados no
cocho, a mistura de volumoso e concentrado é muito usada. Normalmente, para vacas
de média produção (15 L), é utilizada a relação 60-40, com base na MS, com um bom
volumoso e uma mistura de, no mínimo, um alimento concentrado e um energético,
sem deixar de lado a nutrição mineral. Para vacas de mais alta produção (25 L), essa
relação pode ser invertida para 40-60.
Mas, na pastagem, não é fácil avaliar o consumo de forragem. Usamos a
suplementação concentrada para atingir uma maior produção do que os nutrientes da
gramínea são capazes de fornecer. A relação leite-concentrado é, normalmente, de 3-
1.

Arraçoamento das diferentes categorias do rebanho

Para melhor eficiência de alimentação, dividimos as categorias com requerimentos


nutricionais semelhantes.

 Bezerras(os): bezerros e bezerras não nascem ruminantes, ou seja, não


conseguem digerir a fibra. Começam a dieta com leite ou sucedâneos. À
medida que as bezerras crescem, a alimentação concentrada e bom volumosos
são introduzidos.
 Novilhas: controle da dieta e do peso para ajuste da dieta.
 Vacas secas: vacas gestantes próximas do parto.
 Vacas em lactação:
o Vacas no início da lactação (0-3 m)
o Vacas no meio da lactação (4-6 m)
o Vacas no final de lactação (7-10 m)
O touro é alimentado com as vacas do início da lactação, caso o sistema seja de monta
natural. Mas, atenção: subprodutos de algodão, como caroço e farelo podem reduzir a
sua fertilidade.

Estamos encerrando este módulo. Abordamos tantos conteúdos importantes que vale
a pena revisá-los!

RESUMO

O Módulo 2 teve por objetivo apresentar a você a Gestão do suporte forrageiro e da


nutrição do rebanho.
No primeiro tópico, categorizamos os animais do rebanho e seu consumo relativo de
alimentos, bem como identificamos as diferentes classes de alimentos, a fim de
equacionar a demanda e oferta de forragem.

No segundo tópico, você pôde enumerar as características das principais plantas


forrageiras e aprender a implementar técnicas de manejo de pastagens para
aumentar a produtividade.

No terceiro tópico, você conheceu as etapas de conservação de forragens e as


principais opções para reservas estratégicas de forragens, resíduos e subprodutos
agroindustriais usados na alimentação de bovinos.

Por fim, no quarto tópico, você pôde aprender a identificar os componentes dos
requerimentos nutricionais e os princípios da mistura de alimentos e do fornecimento
de dietas para a nutrição balanceada dos animais.

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