Você está na página 1de 11

#AVALIAÇÃONUTRICIONAL

AULA 1
Conceitos,
ferramentas de
triagem e avaliação
nutricional

Rikeciane Brandão - @nutri_concursada


Nutricionista - UNIFOR, Especialização em Assistência
em Transplante de órgãos - HUWC/UFC, Pós-graduada
em Nutrição, Clínica Ambulatorial e Hospitalar

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60


O que você vai
aprender nesse
conteúdo:

Classificação dos métodos de avaliação


nutricional;
Triagem nutricional;
Ferramentas de triagem nutricional.

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60


AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

CONCEITO:
A avaliação nutricional faz parte do processo de atendimento ou assistência
nutricional a indivíduos, grupos ou populações. Todo o processo de intervenção ou
atenção nutricional inicia com a avaliação. A partir da avaliação nutricional é dado
todo o direcionamento posterior. Ela tem como objetivo identificar os distúrbios
nutricionais, possibilitando uma intervenção adequada de forma a auxiliar na
recuperação e/ou na manutenção do estado de saúde do indivíduo.

Classificação dos métodos de avaliação nutricional:

Podem ser classificados em métodos objetivos e subjetivos:

Métodos objetivos: Antropometria, composição corporal, parâmetros


bioquímicos, consumo alimentar (quando esses métodos geram resultados);

Métodos subjetivos: Exame físico, Avaliação Global Subjetiva (ASG).

Podem ser classificados ainda em métodos diretos e indiretos:

Métodos diretos: Identificação das manifestações orgânicas dos problemas


nutricionais ao nível do corpo. Os métodos diretos são classificados, ainda, de
acordo com o tipo de abordagem, em objetivos (abordagem quantitativa) e
subjetivos (abordagem qualitativa). Os métodos objetivos compreendem os
exames antropométricos (peso, altura, dobra cutânea etc); exames laboratoriais
(hemoglobina, colesterol etc); exame clínico nutricional (sinais e sintomas clínicos
nutricionais) e métodos sofisticados como a densitometria, bioimpedância etc.
Quanto aos subjetivos, tem-se a semiologia nutricional, a avaliação subjetiva
global e a avaliação muscular subjetiva.

Métodos indiretos: Buscam identificar os fatores associados ao processo de


determinação do estado nutricional, ou seja, aqueles que explicam a ocorrência
do problema nutricional, além de identificarem indivíduos ou grupos em risco
nutricional. São os demográficos (sexo, idade, faixa etária, morbidade,
mortalidade etc); socioeconômicos (salário, ocupação, escolaridade, acesso ao
serviço de saúde etc.); culturais (tabus alimentares, características locais
específicas); estilo de vida (atividade física, hábito de fumar e consumir bebida
alcoólica, etc.) e de inquérito de consumo alimentar (recordatório alimentar de 24
horas, frequência alimentar, etc.).

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60


Uma vez que um parâmetro isolado não caracteriza a condição nutricional
geral do indivíduo, é necessário empregar uma associação de vários indicadores
para melhorar a precisão e acurácia do estado nutricional.

FERRAMENTAS DE TRIAGEM NUTRICIONAL

A triagem nutricional é o processo que possibilita identificar pacientes que


devem ser encaminhados para avaliação nutricional mais detalhada. Este é um
processo de identificação de características sabidamente associadas a problemas
nutricionais.

O objetivo principal da triagem é conhecer, o mais precocemente possível,


variáveis que possam ser alteradas no estabelecimento de uma estratégia de
intervenção alimentar pelas vias oral, enteral ou parenteral, visando à reabilitação.
Ao mesmo tempo, a triagem possibilita melhor perspectiva de alta hospitalar em
virtude das ações que buscam prevenir complicações decorrentes de variáveis
nutricionais.

MALNUTRITION UNIVERSAL SCREENING TOOL (MUST):

Traduzida como: Ferramenta Universal para Triagem de Desnutrição. Foi


primariamente desenvolvida para uso em comunidades, mas pode também ser
utilizada na unidade hospitalar.

O objetivo é a detecção da subnutrição com base no conhecimento sobre


a associação da deterioração do estado nutricional ao prejuízo da função
orgânica. Baseia-se na observação de 3 componentes:

IMC (> 20 = 0; 18,5 a 20 = 1; < 18,5 = 2);


% de perda de peso nos últimos 3 a 6 meses (< 5% - 0; 5 a 10% - 1; > 10% - 2) ;
Efeito da doença (somam-se 2 pontos se houver catabolismo ou jejum
previsto > 5 dias).

É um instrumento de rastreamento simples, utilizado por diferentes


profissionais de saúde e que identifica adultos sob risco de malnutrição
(desnutrição ou obesidade).

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60


Classificação da MUST: 0 = baixo risco; 1 = médio risco; ≥ 2 = alto risco.

Baixo risco: Repetir triagem semanalmente.


Médio risco: Realizar registro alimentar por 3 dias. Se houver ingestão
inadequada: aplicar cuidados nutricionais do local. Repetir triagem
semanalmente.
Alto risco: Prescrever nova dieta, suporte nutricional ou implementar política
local. Melhorar e aumentar a ingestão nutricional. Monitorar e rever o plano de
cuidado nutricional semanalmente.

NUTRITION RISK SCREENING (NRS - 2002):

É um método que contém os componentes abordados pela MUST e


acrescenta a análise do grau de gravidade da doença como modo de
considerar seu impacto nas condições nutricionais. É composto por 4 questões,
para as quais são atribuídos pontos, cujo somatório é utilizado para o
diagnóstico. Baseia-se em entrevista com o paciente e o seu objetivo é igual ao
da MUST. É considerado o método de triagem nutricional mais indicado para o
âmbito hospitalar, podendo ser utilizado para vários grupos (cirúrgicos, câncer,
observação clínica, etc). Divide-se em 2 partes.

A NRS-2002 utiliza os seguintes parâmetros:

Parte 1: IMC (se é < 20,5 ou não); perda de peso nos últimos 3 meses;
redução da ingestão alimentar na última semana; saúde gravemente
comprometida ou não (ex: terapia intensiva).

Parte 2: Classificação de alterações no estado nutricional e da gravidade


da doença em: Ausente, leve, moderada e grave.

Caso um dos ítens da primeira etapa esteja presente, passa-se para a segunda.
Além disso, o método considera a idade > 70 anos um fator de risco adicional para a
desnutrição.

Os pacientes são classificados como de risco quando obtêm pontuação ≥ 3


pontos.

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60


MALNUTRITION SCREENING TOOL (MST):

É um método para triagem, desenvolvido na Austrália, com base na


verificação dos tipos de perguntas sobre o estado nutricional que mantinham
melhor relação com os resultados da ASG referente à especificidade e à
sensibilidade. O método foi proposto com as 3 perguntas que melhor
apresentaram essa correlação.

A MST utiliza as seguintes perguntas:

1: Você vem perdendo peso, mesmo sem querer? (não - 0; sim - 2;).
2: Em caso positivo, quanto peso (em quilogramas) perdeu? (1 A 5kG - 1; 6
A 10 Kg - 2; 11 a 15 Kg - 3; > 15 KG - 4).
3: Você vem se alimentando mal porque seu apetite diminuiu? (não - 0;
sim - 1).

À semelhança de outros métodos, cada questão recebe pontuação específica


e o somatório é utilizado para a interpretação. Escore total ≥ 2 pontos indica que o
paciente se encontra em risco nutricional.

MINI NUTRITIONAL ASSESSMENT (MAN):

A MAN compreende 18 ítens divididos em 2 partes (triagem nutricional e


avaliação global) e agrupados em 4 categorias (antropometria, cuidados gerais,
avaliação dietética e autoavaliação). Apesar de ser considerado um método de
alta especificidade, sensibilidade e confiabilidade, a MAN apresenta média
complexidade e lentidão, necessitando de um aplicador capacitado (pois
questões como antropometria requerem treinamento). Isso impede o seu uso
como uma ferramenta breve de triagem. Por isso foi desenvolvida a MAN
reduzida (MAN-SF), que preserva as qualidades da MAN, mas ao mesmo tempo
reduz o tempo e o treinamento necessários para sua aplicação.

Apesar de ser uma ferramenta validada pra idosos, tem sido


rotineriamente aplicada em indivíduos adultos hospitalizados.

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60


A MAN utiliza os seguintes parâmetros:

Triagem nutricional: Redução da ingestão nos últimos 3 meses; Perda de


peso nos últimos 3 meses; mobilidade; estresse psicológico ou doença
aguda nos últimos 3 meses; problemas neuropsicológicos; IMC.

Avaliação global: Habitação, medicamentos, lesões de pele/escaras,


número de refeições, consumo de proteínas, consumo de frutas e
verduras, ingestão de líquidos, modo de se alimentar, autoavaliação,
circunferência do braço (CB) e circunferência da panturrilha (CP).

A MAN reduzida possui os seguintes parâmetros:

- A. Redução da ingestão nos últimos 3 meses;


- B. PP involuntária nos últimos 3 meses;
- C. Mobilidade;
- D. Estresse psicológico ou doença aguda nos últimos 3 meses;
- E. Problemas neuropsicológicos;
- F1. IMC (se o cálculo do IMC não for possível, substituir a questão F1
pela F2. Se a F1 estiver completa, não precisa da F2).
- F2. CP (circ. da panturrilha), em cm.

AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL (ASG):

Foi proposta por Detsky et al. (1984), inicialmente para utilização em


pacientes cirúrgicos, porém mostrou viabilidade de seu uso em outras
populações, sendo amplamente utilizada atualmente. É o método que abrange
informações sobre a história clínica (peso corporal e alimentação, bem como
sintomas gastrintestinais que podem interferir de maneira negativa na ingestão
alimentar, e considera as condições patológicas) e exame físico, com
observação quanto à depleção de massa muscular e adiposa, e com a
investigação de edema. Possibilita diagnóstico nutricional mais rápido, porém
subjetivo. Pode ser utilizado pelos profissionais que compõem a EMTN,
independentemente da formação acadêmica.

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60


Vantagens: Simples, de baixo custo, não invasiva e poder ser realizada à beira do
leito.
Desvantagens: Quanto a precisão/acurácia, pois depende da experiência do
examinador; por isso, o treinamento anterior à execução é fundamental.

A ASG utiliza os seguintes parâmetros:

História: 1. Alterações de peso (quantidade perdida últimos 6 meses, % de


perda de peso, alterações nas últimas duas semanas); 2. Alterações na
ingestão alimentar em relação ao habitual; 3. Sintomas GI persistentes
por mais de 2 semanas (náuseas, vômitos, diarreia, anorexia); 4.
Capacidade funcional (sem disfunção nas atividades ou com disfunção);
5. Estresse da doença (demanda metabólica).

Exame físico: Depleção da massa corporal (perda de tecido subcutâneo,


músculo - tríceps, deltoides), edema de tornozelo, edema sacral e ascite.

Classificação da ASG: A (bem nutrido), B (moderadamente nutrido ou com


suspeita de subnutrição) e C (gravemente subnutrido).

A ASG é um método amplamente utilizado, porém, considerando que é mais


extenso/abrangente, e com o desenvolvimento de métodos mais simplificados para
a triagem, tem sido mais utilizada como uma das etapas da avaliação nutricional e
importante auxiliar para o estabelecimento do diagnóstico nutricional em adultos.

ASG PRODUZIDA PELO PRÓPRIO PACIENTE (ASG-PPP):

A ASG-PPP foi desenvolvida especificamente para atender às


características dos pacientes com câncer. Foram incluídas questões sobre
sintomatologia de impacto nutricional presente nestes pacientes. Parte do
instrumento é preenchido pelo paciente e parte preenchido pelo profissional
(médico, enfermeiro ou nutricionista).

Permite não só a avaliação nutricional em três categorias (A = bem nutrido,


B = desnutrição suspeita ou moderada e C = desnutrição grave), como também
gera um escore numérico.

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60


A ASG-PPP utiliza os seguintes parâmetros:

Peso (atual, de um mês e 6 meses atrás, avaliação de alteração).


Ingestão alimentar atual e no último mês (avaliação de alteração).
Sintomas de impacto nutricional presentes nas últimas duas semanas.
Atividades e função no último mês.
Parte preenchida pelo profissional: Doença e relação com os
requerimentos nutricionais. Demanda metabólica. Exame físico.

STRONG-KIDS:

É um instrumento de triagem para crianças a partir de 1 mês de vida.,


sendo rápido, de fácil compreensão e aplicação. Sua classificação se dá de
acordo com os seguintes escores: 0 = Baixo risco / 1-3: Médio risco / 4-5: Alto
risco.

A STRONG-KIDS utiliza os seguintes parâmetros:

1. A criança parece ter déficit nutricional ou desnutrição?


2. Doença (com alto risco nutricional) ou cirurgia de grande porte?
3. Ingestão nutricional e/ou perdas nos últimos dias (diarreia ≥ 5x/dia;
vômito > 3x/dia; dificuldade em se alimentar devido a dor; intervenção
nutricional prévia; diminuição da ingestão alimentar).
4. Perda de peso ou ganho insuficiente nas últimas semanas ou meses
(perda de peso: crianças > 1 ano; não ganho de peso: <1 ano).

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60


ANOTAÇÕES:

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60


Referências bliográficas:

Avaliação nutricional (SAMPAIO, 2012).


Avaliação nutricional: Novas perspectivas (ROSSI, 2015).
Avaliação nutricional: Teoria & Prática (RIBEIRO, 2020).
Nutrição Clínica no Adulto (CUPPARI, 2019).
Nutrição Clínica no dia a dia (CALIXTO-LIMA, 2017).

Conteúdo licenciado para Josefa Stéfani Oliveira Reis - 081.055.595-60

Você também pode gostar